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A formulação completa das equações de Maxwell só será possível quando estudarmos os campos
eletromagnéticos variáveis no tempo. Por enquanto, vamos fazer uma abordagem inicial destas
equações, apenas para campos invariantes no tempo. Este capítulo tem por objetivo resgatar os
conceitos apresentados até o momento e formulá-los de uma forma mais concisa, de modo que
permita uma melhor compreensão dos fenômenos já estudados. Em seguida formularemos as
equações de Poisson e de Laplace, deduzidas a partir das equações de Maxwell.
Como pudemos observar em todo o desenvolvimento deste curso, as leis básicas do eletromagnetismo
foram formuladas por cientistas do século XIX, a partir da observação de fenômenos elétricos e
magnéticos, complementadas por pesquisas experimentais. Com o auxílio das técnicas empregadas em
cálculo diferencial e integral, essas equações receberam uma apresentação formal, mais elegante e
sofisticada. Esse trabalho é devido a James Clerk Maxwell, cientista inglês que deu origem a um famoso
grupo de equações conhecido por Equações de Maxwell.
As equações de Maxwell podem ser escritas tanto na forma integral, como na forma diferencial. Na
verdade, o grupo de equações de Maxwell, na sua forma integral, nada mais é do que a expressão de
leis e conceitos já conhecidos e estudados de campos elétricos e magnéticos.
r r
∫l E ⋅ dL = 0 (17.2)
r r r r
∫l
H ⋅ d L = ∫ J ⋅ dS (A)
S
(17.3)
r r
∫ B ⋅ dS=0 (17.4)
S
A equação (17.1) é a justificativa matemática para a lei de Gauss, mostrando que o fluxo total que
atravessa uma superfície fechada corresponde à carga elétrica líquida por ela envolvida. Em seguida, a
equação (17.2) mostra que a integral de linha do campo elétrico estático sobre um caminho fechado é
nula, numa clara expressão da lei de Kirchhoff para as malhas em circuitos elétricos em corrente
contínua. Em seqüência a equação (17.3) expressa a lei circuital de Ampère onde a integral de linha do
campo magnético estático sobre um caminho fechado corresponde à corrente elétrica enlaçada por este
percurso. Finalmente, a equação (17.4) mostra que o fluxo total do campo magnético sobre uma
superfície fechada é nulo e demonstra, em um paralelo com a lei de Gauss na equação (17.1), a
inexistência de cargas magnéticas.
A pura aplicação dos teoremas de Stokes e da Divergência permite que as equações de Maxwell sejam
expressas na sua forma diferencial ou pontual. Assim, pela ordem:
r
∇ ⋅ D = ρ (C / m 3 ) (17.5)
r
∇ × E= 0 (17.6)
r r
∇ × H = J (A / m 2 ) (17.7)
r
∇ ⋅ B= 0 (17.8)
A interpretação física dada para as equações (17.1) e (17.5) é a de que podem existir cargas elétricas
isoladas e que o fluxo elétrico total que atravessa uma superfície fechada é igual à carga total (líquida)
por ela envolvida.
A segunda dupla, ou seja, as equações (17.2) e (17.6), nos dizem que o campo elétrico estacionário é
de natureza conservativa.
As equações (17.3) e (17.7) da terceira dupla informam que a corrente total que atravessa uma
superfície aberta é igual à integração do vetor intensidade de campo magnético ao longo do contorno
(caminho fechado) que envolve essa superfície. Passando ao limite, quando essa superfície aberta
tende a zero, a circulação do vetor intensidade de campo magnético nos fornece a densidade e a
direção da corrente elétrica naquele ponto.
Por fim, a quarta dupla, formada pelas equações (17.4) e (17.8), de uma forma elegante mostra que não
é possível a existência de pólos magnéticos isolados; eles sempre ocorrem aos pares.
r r r r
A estas equações adicionamos as expressões relacionando D com E e B com H (chamadas de
relações constitutivas) presentes em qualquer meio onde:
r r
D = εE (C / m 2 ) (17.9)
r r
B = μH ( Wb / m 2 ) (17.10)
O conjunto formado pelas equações de Maxwell, mais essas duas últimas relações, constituem o cerne
da teoria eletromagnética.
Uma das maneiras encontradas para resolver problemas de campo eletrostático é pela utilização do
potencial escalar eletrostático V. Dada uma configuração de cargas, a intensidade de campo elétrico
pode ser obtida pelo gradiente dos potenciais eletrostáticos uma dada região. Devido à grande
semelhança nas formulações da eletrostática, somos levados a perguntar se esta forma de solução não
pode ser utilizada na magnetostática, ou seja, definir uma função potencial escalar magnético, a partir
de uma distribuição de correntes, e a partir dela determinar a intensidade de campo magnético. Esta
questão pode ter uma resposta afirmativa, sob certas circunstancias.
Vamos então designar uma função potencial escalar magnético Vm, numa analogia com a eletrostática e
definir que:
r
H = − ∇Vm (A / m) (17.11)
O sinal negativo para o lado direito da equação 17.11 deve-se estritamente à analogia com a
eletrostática.
Escrevendo a Lei de Ampère na forma pontual e substituindo o vetor intensidade de campo magnético
pelo gradiente negativo da função escalar potencial magnético teremos;
r r
∇ × H = ∇ × (− ∇Vm ) = J (17.12)
Como muitos problemas magnéticos envolvem geometrias em que os condutores ocupam uma fração
muito pequena do domínio, o potencial escalar magnético pode ser útil. O potencial escalar magnético
também é aplicável a problemas envolvendo ímãs permanentes.
Uma diferença fundamental entre a função potencial escalar eletrostático e a função potencial escalar
magnético é que a primeira é um campo conservativo, ao passo que a segunda não o é. O potencial
elétrico V é uma função unívoca, ou seja, uma vez que a referência zero seja fixada, existe um, e
somente um valor de V associado a cada ponto do espaço. Este não é o caso de Vm. Para que Vm seja
uma função unívoca, é necessário que não somente a densidade de corrente seja nula no ponto
considerado, mas também que a corrente envolvida pela circuitação do vetor intensidade de campo
magnético na região de interesse também seja nula.
Por exemplo, um condutor conduzindo uma corrente elétrica apresenta uma densidade de corrente
somente no seu interior, o que implica na inexistência de linhas de corrente fora dele. No entanto, fora
do condutor, a circuitação do campo magnético enlaça toda a corrente existente no condutor, mostrando
que neste caso, o potencial escalar magnético não pode ser determinado de forma única.
Sabemos que as linhas de força do campo magnético são fechadas, numa clara mostra da inexistência
de cargas magnéticas. Desta forma, o fluxo magnético total que atravessa uma superfície fechada
resulta sempre nulo, ou seja, numero de linhas de campo que entram na superfície é igual ao numero de
linhas que dela saem. A aplicação do teorema da divergência faz então com que a indução magnética
resulte nula. Daí:
r
∇ ⋅ B= 0 (17.14)
O vetor potencial magnético (bem como a função potencial escalar magnético) não possui nenhum
significado físico (pois, ao contrário da eletrostática, não existem cargas magnéticas isoladas). A sua
definição provém de uma lei do cálculo vetorial, que afirma que o divergente do rotacional de qualquer
função vetorial é nulo.
r
Desta forma, deve existir uma função A tal que sua circuitação produza a densidade de fluxo magnético
r
B . Assim,
r r
B=∇ × A (17.15)
r
A função A é conhecida como o vetor potencial magnético e sua dimensão é Wb/m no Sistema
Internacional de Unidades.
Embora seja possível encontrar expressões matemáticas para o vetor potencial magnético, análogas
àquelas para o potencial eletrostático, em termos de uma integral envolvendo corrente (ou densidade de
corrente), elementos diferenciais de comprimento (ou de superfície, ou de volume) e as distâncias
r
dessas distribuições a pontos onde se deseja calcular o valor de A , não o faremos aqui. Essas
expressões são de uso bastante limitado em casos voltados à prática, com soluções analíticas bastante
complexas e até mesmo impossíveis. Ao invés disso, partindo da definição do vetor potencial magnético
e das leis já conhecidas do eletromagnetismo, vamos formular as equações de campo que servem
como ponto de partida para o cálculo de campos elétricos e magnéticos por métodos numérico-
computacionais.
A lei de Ampère para campos eletromagnéticos estáticos na sua forma pontual informa que:
r r
∇ × H=J (17.17)
A definição do vetor potencial magnético em (17.15) faz com que a expressão acima fique:
1 r r
∇ × ( ∇ × A) = J (17.19)
μ
By B
Bx
Az
∂ ⎛ ν∂A ⎞ ∂ ⎛ ν∂A ⎞
⎜ ⎟+ ⎜ ⎟ =− J (17.20)
∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎜⎝ ∂y ⎟⎠
∂ ⎛ ∂A ⎞ ∂ ⎛ ∂A ⎞ J
⎜ ⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟ = − = −μJ (17.21)
∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎠ ν
∂ 2A ∂ 2A
+ =0 (17.22)
∂ x2 ∂ y2
A solução da equação (17.20), que naturalmente engloba as equações (17.21) e (17.22), permite o
conhecimento do campo magnético em qualquer ponto de um circuito magnético. Entretanto esta
equação não possui uma solução analítica conhecida. Por essa razão, a única maneira de fazê-lo é
através de métodos numéricos.
r
Da definição de D :
r r
D =ε E (17.24
r
Sabendo também que o campo elétrico E é determinado pelo gradiente negativo dos potenciais
elétricos, tem-se que:
r
E = − ∇V (17.25
− ∇ ⋅ ( ε ∇V ) = ρ (17.26)
ou:
ρ
∇2V=− (17.27)
ε
Essa é a equação de Poisson para a eletrostática, válida para uma região onde a permissividade
elétrica ε do meio é constante. Expandindo-a em coordenadas cartesianas temos:
∂2 V ∂2 V ∂2 V ρ
∇2 V = 2
+ 2
+ 2
=− (17.28)
∂x ∂y ∂z ε
Se o meio não possuir cargas livres, ou seja, se ρ for igual a zero, a equação (17.28) recairá na
equação de Laplace abaixo:
∂ 2V ∂ 2V ∂ 2V
∇2V = + + =0 (17.29)
∂x 2 ∂y 2 ∂z 2
1 ∂ ⎛ ∂V ⎞ 1 ∂ 2 V ∂ 2 V
∇ 2V = ⎜r ⎟+ + =0 (17.30)
r ∂r ⎝ ∂r ⎠ r 2 ∂φ2 ∂z 2
1 ∂ ⎛ 2 ∂V ⎞ 1 ∂ ⎛ ∂V ⎞ 1 ∂ 2V
∇ 2V = ⎜ r ⎟ + ⎜ senθ ⎟ + =0 (17.31)
r 2 ∂r ⎝ ∂r ⎠ r 2senθ ∂θ ⎝ ∂θ ⎠ r 2sen 2θ ∂φ2
As equações de campo obtidas na seção anterior são equações diferenciais onde as soluções
analíticas só são possíveis para problemas muito simples. Os meios devem ser homogêneos e
lineares, bem como a geometria de tratamento bastante simples.
Nesta seção apresentaremos uma maneira para se obter a solução analítica da equação de Laplace
em duas dimensões. Em coordenadas retangulares, teremos para o caso bidimensional:
∂ 2V ∂ 2V
+ =0 (17.32)
∂x 2 ∂y 2
Esta é uma equação diferencial a derivadas parciais de segunda ordem (possui derivadas de
segunda ordem) e primeiro grau (não possui potências além da primeira). A equação (17.27) é a
maneira mais geral de se expressar a variação do potencial eletrostático V em relação à posição
(x,y,z), não sendo específica a nenhum problema em particular. Em outras palavras, para se resolver
um problema em eletrostática utilizando esta equação de um modo particular para cada caso, deve-
se conhecer as condições de contorno do problema.
Vamos resolver a equação (17.32), caso particular da equação (17.27), utilizando o método da
separação de variáveis, onde assumimos que V pode ser expresso como o produto de duas funções
F e G tal que:
V( x, y)= F( x ) G( y) (17.33)
d 2 F(x ) d 2 G (y )
G +F =0 (17.34)
dx 2 dy 2
1 d 2 F(x ) 1 d 2 G (y )
+ =0 (17.35)
F(x ) dx 2 G (y ) dy 2
Tendo em vista que a soma destes dois termos resulta numa constante e que o primeiro termo é
independente de y e o segundo de x, cada qual será uma constante. Então, podemos escrever:
1 d 2 F(x ) 2
=a (17.36)
F(x ) dx 2
ou:
d 2 F(x )
=a 2 F(x ) (17.37)
2
dx
e, similarmente:
d 2 G (y )
= − a 2 G (y ) (17.38)
2
dy
O problema agora consiste em achar a solução para cada variável separadamente (daí o nome
“separação de variáveis”).
A expressão dada em (17.37) mostra uma equação diferencial ordinária de 2ª ordem e homogênea
cuja solução geral é obtida pelas raízes do correspondente polinômio característico. Desta forma, a
solução geral para a equação (17.37) é:
onde C1 e C2 são constantes arbitrárias, obtidas a partir das condições de contorno do problema
específico.
ou,
Qualquer termo em (17.39) é uma solução e a soma deles também é uma solução. Para verificar
isso, basta substituir o valor de F da equação (17.40) na equação (17.37).
ou
Assim como as constantes A1, A2, A3 e A4, ou C1, C2, C3 e C4 serão determinadas em função das
condições de contorno do problema em estudo.
Exemplo 17.1
Considere um capacitor de placas paralelas, de área 100 cm2 e distância entre as placas 0.01 m.
Sabe-se que a placa inferior está no potencial zero e a placa superior no potencial 100 V. Utilizando a
equação de Laplace, determine a distribuição de potencial entre as placas, desprezando o
espraiamento das linhas de força do campo elétrico estabelecido.
Solução:
O problema pede na verdade o campo elétrico estabelecido entre as placas. Neste caso, podemos
desconsiderar o efeito das bordas ou o espraiamento das linhas de campo visto que a distância entre
as placas planas é muito menor do que a área delas. Assim o nosso problema recai no clássico
capacitor de placas planas paralelas e infinitas, representado pela figura 17.2 abaixo.
z V = 100 V
z1
V=0
y
Figura 17.2 - Capacitor de placas paralelas.
Não há variação do potencial nas direções y e x, mas apenas na direção z. Portanto a equação de
Laplace se reduz a:
d 2V
=0
dz 2
Pelo fato da segunda derivada de V em relação a z ser zero, a primeira derivada deve ser igual a uma
constante. Desta forma:
dV
= C1
dz
ou:
dV = C1dz
integrando:
∫ dV = ∫ C1dz
ou:
V= C1z + C 2
Em z = 0, temos V = 0. Portanto:
0= 0 + C 2 ⇒ C 2 = 0
V =10 4 z (V )
O campo elétrico entre as placas será então determinado pelo gradiente dos potenciais onde
r
E = − ∇V . Assim,
r
E = − 10 4 â z
Exemplo 17.2
Calcule a distribuição da função potencial eletrostático na região interna entre dois planos radiais,
isolados por um gap infinitesimal, conforme ilustrado na figura 17.3.
Solução
Para essa configuração, as superfícies equipotenciais também são planos radiais, e a equação de
Laplace em coordenadas cilíndricas se reduz a:
1 ∂ 2V
∇2V = =0
r 2 ∂φ2
Excluindo r = 0, teremos:
∂ 2V
=0
∂φ2
V = Aφ + B
Para φ = 0, V = 0 → B = 0.
Para φ = α, V = V0 → A = V0/α.
Portanto:
φ
V = V0 (V)
α
Exemplo 17.3
Calcule a distribuição da função potencial eletrostático na região interna da calha retangular mostrada
na figura 17.4.
Solução:
z
V =V0
d
V=0 V=0
V=0 x
c
Figura 17.4 Calha retangular (topo isolado).
Este problema recai no caso onde os potenciais são como um produto de funções independentes,
cuja solução geral já discutimos anteriormente. O potencial é uma função de x e de z sob a forma:
V = 0 em x = 0, V = 0 em z = 0,
Estas condições fazem nulos os termos com C2 e C4, sendo requerido então que as constantes C1 e
C3 sejam nulas para que V seja igual a zero.
Por outro lado, a condição V = 0 em x = c, leva-nos a concluir que a = nπ/c, onde n é um número
inteiro.
Tendo C1 e C3 nulos a expressão geral contém apenas o produto C2C4 que substituído por C faz com
que a expressão para o potencial torne-se:
⎛ nπz ⎞ ⎛ nπx ⎞
V = C senh ⎜ ⎟sen ⎜ ⎟
⎝ c ⎠ ⎝ c ⎠
Como n pode ser qualquer número inteiro, a expressão para V deve ser escrita como sendo uma
série infinita em que:
∞
⎛ nπz ⎞ ⎛ nπx ⎞
V = ∑ C n senh ⎜ ⎟ sen ⎜ ⎟
n =1 ⎝ c ⎠ ⎝ c ⎠
∞
⎛ nπd ⎞ ⎛ nπx ⎞
V0 = ∑ C n senh⎜⎝ c ⎠
⎟ sen⎜
⎝ c ⎠
⎟
n =1
O produto formado pelos dois primeiros termos resulta numa constante e a expressão acima pode ser
escrita
∞
⎛ nπx ⎞
V0 = ∑ b n sen⎜⎝ c ⎠
⎟
n =1
Cada constante bn pode ser determinada como um coeficiente de uma série de Fourier em seno
(função ímpar) para f(x) = V0 constante onde 0 < x < c. Desta forma,
⎧ 0 n par
bn = ⎨
⎩4V0 / nπ n ímpar
Daí :
4V0 1
Cn = p / n impar
nπ senh (nπd / c)
Na seção anterior apresentamos uma solução exata para a equação de Laplace em um problema
extremamente simples, para efeitos práticos. Apesar da simplicidade da configuração analisada, a
solução analítica já se mostrou bastante complexa. Configurações mais complexas tornam a solução
analítica extremamente difícil, e, na maioria dos casos, impossível. É por essa razão que a solução
de problemas envolvendo as equações de Poisson e Laplace, na maioria dos casos práticos, só é
possível com o uso de métodos numéricos. Métodos numéricos permitem uma solução aproximada
para o problema, de acordo com uma tolerância pré-estabelecida. Para ilustrar a utilização dos
métodos numéricos, nesta seção vamos apresentar um método bastante primitivo para a solução
numérica da equação de Laplace. Este método serviu como ponto de partida para a formulação do
método das diferenças finitas, que em sua formulação no domínio do tempo, FDTD, é largamente
utilizado na solução de problemas envolvendo campos eletromagnéticos variáveis no tempo.
Para simplificar a variação na direção z não existe. Isso reduz o nosso problema a um problema de
campo bidimensional:
∂2 V ∂2 V
+ =0 (17.45)
∂x 2 ∂y 2
O primeiro termo na equação 17.45 é a derivada parcial segunda de V em relação a x, isto é, a taxa
de variação em relação a x da taxa de variação de V em relação a x. Idem para o 2º termo, em
relação a y. Vamos reescrever a equação 17.45 da seguinte maneira:
(
∂ ∂V ∂x
=
)
∂⎛⎜ ∂V ∂y⎞⎟
⎝ ⎠ (17.46)
∂x ∂y
V3 3
Δy
V1 V0 V2
Δx Δx
1 P 2
Δy
V4 4
V1 + V2 + V3 + V4 − 4 V0 ≈ 0 (17.48)
ou:
1
V0 ≈ (V1 + V2 + V3 + V4 ) (17.49)
4
Exemplo 17.4
Considere a configuração Mostrada na figura 17.6. A placa superior está a um potencial de 40 V, e
isolada. O perfil em forma de U está no potencial zero. Calcular a distribuição de potenciais para esta
configuração, utilizando o método de solução repetitiva da equação de Laplace.
Solução:
Gap Gap
40 V
40+0+0+0
=10 (V )
4
O potencial no gap será a média aritmética entre o potencial na placa superior e o potencial nulo:
40+ 0
=20V
2
40 V
20 V 20 V
10 V 0
0
0
Fig 17.7 - 1º cálculo do potencial
40+ 20+10+0
=17.5 ( V)
4
0+0+10+0
=2..5 (V )
4
2.5+ 2.5+0+10
= 3.75V
4
40 V 20 V 40 40 40 20
20 V 20
0 0
0 10 V 0 0 7.5 10 V 7.5 0
0 0 0 0 0 0
0 20 40 40 40 20
0
0 7.5 10 V 7.5
0 0 0 0
0
Apresentamos neste capítulo dois exemplos, um com a solução analítica da equação de Laplace,
outro com uma solução numérica. A solução analítica das equações de Laplace e Poisson se
restringem a casos onde a geometria é bastante simples, e por isso ela não é muito utilizada. A
solução numérica dessas equações é bastante comum, e métodos bastantes avançados já foram
desenvolvidos. Apesar de termos realizados exemplos de eletrostática, o mesmo procedimento é
realizado no caso de campos magnéticos, onde as complexidades de geometria e meios magnéticos
não lineares são ainda maior.
EXERCÍCIOS
30 V
gap = 1 mm
a 5 cm
40 V 20 V
15 cm
10 cm b
5 cm
10 V
figura 1 - figura do problema 1
3 cm
V=0
V = 100
9 cm
P1
3 cm
P2 9 cm
4) – Encontre uma expressão para V0 na figura abaixo, em função de V1, V2, V3 e V4, sabendo que
h1, h2, h3 e h4 são diferentes entre si.
V3 3
h3
V1 V0
h1 h2 V2
1 P 2
h4
V4 4
r
5) Dado o campo potencial V(r, φ) = V0 cos φ :
d
a) Mostre que satisfaz a equação de Laplace.
b) Descreva as superfícies de potencial constante.
c) Descreva especificamente as superfícies onde V = V0 e V = 0.
d) Escreva a expressão para o potencial em coordenadas cartesianas.