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FUNDAMENTOS DE
ELETRICIDADE E MAGNETISMO
UNIDADE 4
COMPETÊNCIAS:
Conceituar Fenômenos Elétricos e Magnéticos e diferenciar os comportamentos dos resis-
tores, indutores e capacitores.
1. INTRODUÇÃO
A Lei de Gauss é uma equação usada para o cálculo do vetor campo elétrico em situ-
ações problema que envolvem uma geometria favorável, ou seja, utiliza – se a Lei de
Gauss no cálculo do campo elétrico em problemas que envolvem um alto grau de sime-
tria. Vale a pena mencionar que associado ao campo elétrico, há o vetor deslocamento
elétrico. Esses vetores estão relacionados por meio da constante de proporcionalidade
ε 0 ou permissividade absoluta no vácuo. Tal relação pode ser expressa pela equação
1, abaixo.
C
D = ε 0 E 2 (equação 1)
m
Em nossa unidade focaremos nossa atenção no campo elétrico, E . A Lei de Gauss é
uma das equações básicas da eletrostática e compõe as quatro equações de Maxwell
(Hayt, 1995, 265) mencionada anteriormente. Inicialmente será definido o conceito de
fluxo elétrico através de uma superfície, seguida da expressão característica da Lei de
Gauss e suas aplicações.
1
Fluxo Elétrico. Lei de Gauss U4
Figura 01. Fluxo elétrico através de uma superfície perpendicular as linhas de campo
N m2
φ = E A (equação 2)
C
O caso acima representa a forma mais simples de calcular o fluxo elétrico. Vamos ago-
ra, determinar o fluxo elétrico de forma mais geral, ou seja, suponha que o campo elé-
trico gerado pela carga, forme um ângulo θ qualquer com a superfície, conforme mostra
a figura 02, abaixo.
Figura 02. Fluxo elétrico através de uma superfície qualquer
Se n̂ for o vetor unitário (e, portanto, possui módulo igual a 1), perpendicular a superfí-
cie, então, o fluxo elétrico através da superfície, será representado pelo produto escalar
do vetor campo elétrico e n̂A , ou seja:
N m2
ˆ
φ = E • nA (equação 3)
C
Perceba que θ é o ângulo formado entre os vetores E e n̂ , na figura 02. O vetor
unitário ou versor nˆ será sempre perpendicular a superfície não importando a dire-
ção do vetor campo elétrico. Essa característica é de suma importância para o cál-
culo do fluxo elétrico, independente do ângulo entre a superfície e o campo elétri-
co. Note que no primeiro caso, o da figura 01, o ângulo θ = 0 (caso particular), já
que a superfície é perpendicular ao campo. Assim, o fluxo elétrico dado pelo pro-
duto escalar entre vetores E en̂ , como expresso na equação 3, se resume a:
ˆ = E nˆ A cos θ= E 1 A cos 00= E A →φ= E A. Esse resultado é exata-
φ= E • nA
mente o mesmo obtido na equação 2.
Nota importante: A equação 3 define o cálculo para o fluxo elétrico através de super-
fícies. Entretanto, o fluxo elétrico através de uma superfície é definido através do uso
de integração, trata – se de uma integral dupla através de uma superfície fechada (por
exemplo, uma superfície esférica, ou uma casca cilíndrica, daí a aplicação da Lei de
Gauss em problemas com alto grau de simetria), conforme a equação 5, abaixo.
Para expressarmos a Lei de Gauss, na forma integral, devemos tomar o limite sobre um
elemento infinitesimal de área, nˆ dA e em seguida somarmos a contribuição de cada
um desses elementos, conforme a equação abaixo.
lim ∑ E • nˆ dA =
φ= ∫ E • nˆ dA (equação 4)
dA →0
Se a superfície for fechada e veremos nos problemas que esta é a condição perfeita, o
fluxo elétrico pode ser definido como:
φ = ∮ E • nˆ dA (equação 5)
S
A equação 5, diz que o fluxo elétrico é igual a integral, através de uma superfície fecha-
da, do campo elétrico escalar a área da superfície. Dessa forma, a sugestão do autor,
é que o professor poderá utilizar essa abordagem sempre que houver conhecimento
prévio de cálculo.
∆φ = E • nˆ ∆A = E nˆ ∆A cos θ = E 1 ∆A cos 00 = E ∆A → ∆φ = E ∆A (equação 7)
Essa é a contribuição para o fluxo elétrico, através do elemento de área. O fluxo elétri-
co total, através de toda a superfície de Gauss, é resultado da soma de cada uma das
contribuições do fluxo através dos n elementos de área, que resulta em:
n n
φ=
=i 1 =i 1
∑E • nˆ∆A= ∑E ∆A →φ= E A (equação 8)
Qlíquida
Se substituirmos E=k que corresponde ao campo elétrico gerado pela carga
r2
líquida e a área da superfície esférica, A = 4π r , na equação 8, teremos:
2
Qlíquida Qlíquida
φ = E A= k
r 2
A → φ= k
r2
( 4π r )
2
(equação 9)
1
Como k =
4πε 0 , a equação 9 torna – se:
1 Qlíquida Qlíquida
= φ
4πε 0 r 2
= 4π r 2
→ φ ( )
ε 0 (equação 10)
Se igualarmos as equações 3 e 10, obteremos a expressão para a Lei de Gauss.
Qlíquida
=φ E= ˆ
• nA (equação 11)
ε 0
Qlíquida igual a carga líquida envolvida (no interior) pela superfície. Na figura 03, a carga
Qlíquida é considerada positiva e com isso, conforme dito anteriormente, o campo elé-
trico e o versor n̂ possuem mesma direção e sentido. Se a Qlíquida fosse negativa, a
direção entre esses campos continuaria a mesma, e o sentido seria contrário, de forma
que a equação 6 tornaria – se igual a:
∆φ =E • nˆ ∆A =E nˆ ∆A cos θ =E 1 ∆A cos1800 =− E ∆A → ∆φ =− E ∆A (equação 12)
Dessa forma, o sinal negativo na equação acima e que leva em conta uma carga posi-
tiva expressa o sentido do campo elétrico (entrando na carga).
Q
A partir da Lei de Gauss, ˆ = líquida temos:
E • nA
ε0
Qlíquida Qlíquida Qlíquida
ˆ =
E • nA → E nˆ A cos θ = → E (1) A cos 00 =
ε0 ε0 ε0
Q Qlíquida
Mas, λ= →λ= que se substituída na equação anterior, torna – se:
L L
λL
E (1) A cos 00 = .
ε0
Se substituirmos E = E simplesmente para simplificação e A = 2 π r L que represen-
ta a área da superfície cilíndrica de Gauss na equação anterior, teremos:
λL λL
E (1) A cos 00 =→ E ( 2 π r L ) =que resulta em:
ε0 ε0
λ N
E= (equação 13)
2π r ε 0 C
Esse é o módulo do campo elétrico, a uma distância r do centro do fio (sobre a super-
fície) devido a um fio retilíneo com densidade linear de carga constante.
Q
ˆ = líquida
E • nA
A partir da Lei de Gauss, ε 0 vamos separar a superfície fechada em três
partes: a tampa superior, a inferior, ambas de área A e a lateral, dessa forma, temos:
Qlíquida Qlíquida
ˆ =
E • nA → E ns A cos θ + E ni A cos θ + E nl A cos θ = →
ε0 ε0
Qlíquida
E (1) A cos 00 + E (1) A cos 00 + 0 =
ε0
Repare que o produto escalar, tanto na tampa superior quanto inferior resultam em
( E A) uma vez que os vetores E n̂ possuem a mesma direção. A contribuição para
e
o campo elétrico da lateral da superfície cilíndrica é zero, uma vez que os vetores E
e n̂ são perpendiculares e, portanto, formam um ângulo de 900, com produto escalar
nulo. Assim a equação anterior torna – se igual a:
Qlíquida
E A+ E A =
ε0
Q Qlíquida
Mas, σ= →σ = que se substituída na equação anterior, torna – se:
A A
σA
2 E A= .
ε0
Se substituirmos E = E simplesmente para simplificação, na equação anterior, teremos:
σA
2E A = que resulta em:
ε0
σ N
E=
2ε0 C (equação 14)
Esse é o módulo do campo elétrico, devido ao plano longo carregado com densidade
superficial de carga constante.
Figura 06. Cálculo do campo elétrico, através da Lei de Gauss, devido a uma densidade volumétrica
constante de cargas
Q
A partir da Lei de Gauss, ˆ = líquida temos:
E • nA
ε0
Qlíquida Qlíquida Qlíquida
ˆ =
E • nA → E nˆ A cos θ = → E (1) A cos 00 =
ε0 ε0 ε0
Q Qlíquida
Mas, ρ= →ρ= que se substituída na equação anterior, torna – se:
V V
ρV
E (1) A cos 00 = .
ε0
como nos casos anteriores, A = 4 π r
2
Se substituirmos E =E que representa a
4 3
área da superfície esférica de Gauss e V = π r que é numericamente igual ao volu-
3
me líquido com carga, envolvido pela superfície de Gauss de raio rint < R na equação
anterior, teremos:
4
ρ π r3
ρV 3
E (1) A cos 00 =→ E 4 π r 2 =
ε
(ε
)
que resulta em:
0 0
ρr N
E= (equação 15)
3ε 0 C
Esse é o módulo do campo elétrico, a uma distância rint tomada no interior da esfera
carregada com densidade volumétrica de carga constante. Perceba que na região inter-
na da esfera, o campo elétrico tem um comportamento linear, ou seja, o campo elétrico,
aumenta à medida que o raio cresce a partir do zero até próximo a superfície da carga.
rext representa agora, o raio da casca esférica de Gauss em um ponto externo a esfera.
Q
ˆ = líquida
E • nA
Utilizamos o mesmo procedimento, ou seja, como ε0 temos:
Q Qlíquida
Mas, ρ= →ρ= que se substituída na equação anterior, torna – se:
V V
ρV
E (1) A cos 00 = .
ε0
como nos casos anteriores, A = 4 π r que representa a
2
Se substituirmos E =E
área da superfície esférica de Gauss (repare que a área da superfície e a mesma do
4
caso anterior) e V = π R 3 que é numericamente igual ao volume líquido com carga,
3
envolvido pela superfície de Gauss de raio rext > R na equação anterior, teremos:
4
ρ π R3
ρV 3
E (1) A cos 00 =→ E 4 π r 2 =
ε0
(
) ε0 que resulta em:
ρ R3 N
E= (equação 16)
3r2 ε0 C
Esse é o módulo do campo elétrico, a uma distância rext tomada no exterior da esfera
carregada com densidade volumétrica de carga constante. Note que o comportamento
ρr
do campo elétrico é distinto daquele calculado em um ponto interno ( E = ). Para
3ε 0
pontos externos a esfera, o campo elétrico diminui com o quadrado da distância, ou
seja, à medida que a distância em relação a superfície da esfera tende ao infinito, o
campo elétrico nesse ponto tende a zero.
2. ATIVIDADES PRÁTICAS
Exercício
Novamente a sugestão aqui é assistir ao vídeo (link abaixo) dessa série, de forma atenta,
cujo título é “As equações de Maxwell” especificamente o que se refere a Lei de Gauss. Após
assistir ao vídeo produza um texto com suas anotações a respeito do assunto estudado.
A sugestão é que o aluno não se prenda especificamente as equações matemáticas, mas
sim, os conceitos que envolvem as equações. Discuta em sala de aula com seu professor e
colegas os conceitos vistos no vídeo e os compare com os tópicos abordados na unidade 3.