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Electrodinâmica

Clássica
1
Aula 6
2020
2 4. Electrodinâmica

4.1. Força electromotriz


4.2. Indução electromagnética
4.3. Equações de Maxwell
4.1. Força electromotriz
3
4.1.1. Lei de Ohm

 Para fazer uma corrente fluir, as cargas


deve ser “empurradas”. E a velocidade
com que elas se movem após o empurrão
depende da natureza do material.
 Para a maioria das substâncias, a
densidade de corrente J é proporcional à
força por unidade de carga f:
 𝐽 = 𝜎𝑓
 Onde σ é a condutibilidade no meio
4

 A força que move as cargas pode ser de


qualquer natureza – química, gravitacional etc.
Para o objectivo a que nos propomos, é
geralmente uma força electromagnética que
garante esse movimento. E assim sendo:
𝐽 =𝜎 𝐸+𝑣×𝐵
 Uma vez que a velocidade é tão pequena, o
segundo termo pode ser ignorado ficando
apenas:
 𝐽 = 𝜎𝐸 … esta é a conhecida Lei de Ohm.
5 Exemplo
Dois cilindros longos (de raios a e b)
estão separados por material com
condutividade σ. Se eles forem
mantidos a uma diferença de
potencial V, que corrente passa entre
um e outro, em um comprimento L?
6

𝜆
 O campo eléctrico entre os cilindros é 𝐸 = 𝑠,
2𝜋𝜀0 𝑆
onde λ é a carga por unidade de comprimento
do cilindro interno. A corrente é, portanto
𝜎
𝐼 = 𝐽 ∙ 𝑑𝑎 = 𝜎 𝐸 ∙ 𝑑𝑎 = 𝜆𝐿
𝜀0

 A integral é sobre qualquer superfície


envolvendo o cilindro interno. Enquanto isso, a
diferença de potencial entre os dois cilindros é
𝑎 𝜆 𝑏
𝑉 =− 𝑏
𝐸 ∙ 𝑑𝑙 = 𝑙𝑛 , então:
2𝜋𝜀0 𝑎
2𝜋𝜎𝐿
 𝐼= 𝑉
𝑙𝑛 𝑏 𝑎
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 O exemplo mostra que a corrente total que flui
entre um eléctrodo e outro é proporcional à
diferença de potencial entre eles:
𝑉 = 𝐼𝑅
Esta é a forma mais conhecida da Lei de Ohm,
onde a constante de proporcionalidade é a
grandeza chamada Resistência, que é uma
função da geometria do arranjo e da
condutividade do meio entre os eléctrodos.
Para correntes estacionárias e condutividade
uniforme:
1
𝛻∙𝐸 = 𝛻∙𝐽 =0
𝜎
Onde J é a densidade de corrente.
8

 Num condutor, durante o processo de


condução da corrente eléctrica, como
resultado de todas as colisões, o trabalho feito
pela força eléctrica é convertido em calor no
resistor.

 Sendo V o trabalho feito por unidade de carga e


I a carga que flui por unidade de tempo, a
potência resultante é:

𝑃 = 𝑉𝐼 = 𝐼 2 𝑅

Esta é a chamada Lei de aquecimento de Joule


9 4.1.2. Força electromotriz
As duas forças envolvidas na movimentação de
uma corrente por um circuito são:

 A força da fonte fs, que normalmente está


confinada a uma parte do circuito (digamos
à bateria);

 A força electrostática que serve para


normalizer o fluxo e comunicar a influência da
fonte às partes distantes do circuito.

𝑓 = 𝑓𝑆 + 𝐸
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O agente físico responsável por fs,pode ser


qualquer uma de várias coisas:

 Em uma bateria é a força química;


 Em um cristal piezoeléctrico a pressão
mecânica é convertida em impulso eléctrico;
 Em um termopar é o gradiente de temperatura
que executa a tarefa;
 Em uma célula fotoeléctrica é a luz;
 Em um gerador de Van de Graaff os electrões
são depositados numa esteira rolante que os
leva adiante.
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Seja qual for o mecanismo, seu efeito final é
determinado pela integral de linha de f em volta do
circuito:
𝜀≡ 𝑓 ∙ 𝑑𝑙 = 𝑓𝑠 ∙ 𝑑𝑙

Em um campo electrostático 𝐸 ∙ 𝑑𝑙 = 0, por isso


não importa se se usa f ou fs.

A grandeza 𝜺 determinada pela expressão acima é


a chamada Força Electromotriz ou fem do circuito.
Uma vez que a força electromotriz é a integral de
linha de 𝑓𝑆 , pode-se interpreter que 𝜺 é o trabalho
feito por unidade de carga pela fonte.
4.1.3. Força electromotriz devida ao
12 movimento

Outra fonte comum de fem, senão a mais


comum, é o gerador. Estes exploram a força
electromotriz devida ao movimento, e surge ao
movimentar o fio através de um campo
magnético.
13

 Se analisarmos um gerador, onde existe um


campo magnético uniforme B a apontar para
dentro do quadro (na zona sombreada). R
representa um resistor, pelo qual pretendemos
fazer passar uma corrente. Se a espira for
puxada para a direita à velocidade v, as
cargas do segmento ab serão afectadas por
uma força magnética cujo componente
vertical 𝑞𝑣𝐵 impulsiona a corrente à volta toda
no sentido horário. Logo:
𝜀= 𝑓𝑚𝑎𝑔 ∙ 𝑑𝑙 = 𝑣𝐵ℎ
14

 Outra forma simples de encontrar a


força electromotriz gerada por uma
espira em movimento é relaccionando
o fluxo do campo magnético B que
passa através dela:

𝑑Φ
𝜀=−
𝑑𝑡

Esta expressão (regra dos fluxos) permite


determinar a fem através de uma espira,
independente da sua forma geométrica.
15
4.2. Indução
electromagnética
4.2.1. Lei de Faraday
 Em 1831, Michael Faraday propos uma série de
3 experimentos que revolucionaram a forma
como a física era entendida.
 Estas levaram ao entendimento de que Um
campo magnético que varia induz um campo
eléctrico.
 Esta variação do campo magnético, irá
causar, claramente, uma mudança no fluxo
magnético
𝑑Φ
16 𝜀= 𝐸 ∙ 𝑑𝑙 = −
𝑑𝑡

Dado ao facto de E surgir pela variação de B:


𝜕𝐵
𝐸 ∙ 𝑑𝑙 = − ∙ 𝑑𝑎
𝜕𝑡

Esta é a Lei de Faraday na forma integral.


Que na sua forma diferencial após a conversão pela
aplicação do teorema de Stokes:
𝜕𝐵
𝛻×𝐸 =−
𝜕𝑡
QUESTÃO:
O que acontece à lei de Faraday se o campo
magnético for estacionário?
17

 Tendo em conta o surgimento da


corrente induzida na espira, a
determinação do sentido desta tem em
conta que o fluxo que ela produz tende a
anular a mudança do campo que o
gerou.

 Esta é definida pela Lei de Lenz.


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4.2.2. Campo eléctrico
induzido
De acordo com Faraday, existem 2 tipos
distintos de campos eléctricos:

1. O campo eléctrico devido à uma


carga eléctrica (Lei de Coulomb);

2. O campo eléctrico devido às variações


de um campo magnético
atravessando um condutor (Lei de
Faraday).
19 Assim pela lei de Faraday:

𝜕𝐵
𝛻×𝐸 =−
𝜕𝑡

E pela lei de Ampére:

𝛻 × 𝐵 = 𝜇0 𝐽

Em termos do divergente, se o campo gerado for


puramente devido à variação de B (com 𝜌 = 0):

𝛻∙𝐸 =0 e 𝛻∙𝐵 =0
20 Exemplo
 Um campo magnético uniforme B(t),
que aponta directamente para cima,
preenche a região circular sombreada
da figura abaixo.

 Se B varia com o tempo, qual é o


campo eléctrico induzido?
21

 O campo eléctrico aponta na direcção da


circunferência. E por isso, vamos assumer uma
espira de raio s e sobre ela aplicar a Lei de
Faraday:
𝑑Φ 𝑑 𝑑𝐵
 𝐸 ∙ 𝑑𝑙 = 𝐸 2𝜋𝑠 = − =− 𝜋𝑠 2 𝐵 𝑡 = −𝜋𝑠 2
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
 Logo:
𝑠 𝑑𝐵
𝐸 = − 𝜑
2 𝑑𝑡
 Se B aumenta, E aponta para o sentido horário
visto de cima.
22 4.2.3. Indutância

 Suponhamos que temos 2 espiras de fio


em repouso.

 Se passar uma corrente estacionária 𝐼1


pela espira 1, ela produzirá um campo
magnético 𝐵1 . Algumas das linhas do
campo passam pela espira 2; considere
𝜙2 o fluxo de 𝐵1 passando por 2.
23
 Com a ajuda da Lei de Biot-Savart,
podemos determinar 𝐵1 como:
𝜇0 𝑑𝑙1 × 𝑟
𝐵1 = 𝐼1
4𝜋 𝑟2

O que mostra que 𝐵1 é proporcional à


corrente 𝐼1 .
Esse mesmo campo 𝐵1 atravessa a espira
num fluxo:
𝜙2 = 𝐵1 ∙ 𝑑𝑎2
Assim
𝜙2 = 𝑀21 ∙ 𝐼1
Onde 𝑀21 é a Indutância Mútua entre as
duas espiras.
24

 Sejam quais forem os formatos e posições


das espiras, o fluxo através da espira 2
quando passamos uma corrente I pela
espira 1 é idênctico ao fluxo através da
espira 1 quando passamos a mesma
corrente I pela espira 2

 Por isso, em nada importa a designação


𝑀21 ou 𝑀12 , chamemos ambas apenas por
𝑀.
4.3. Equações de Maxwell
25

 As equações de Maxwell surgem na Física


como uma forma de unificar teorias e saberes.

 Elas explicam desde a orientação da agulha


de uma bússola, o desvio da luz ao entrar na
água, até ao sinal de partida de um carro ao
ligar a sua ignição.

 Fundamentalmente, elas explicam os principios


de todos os dispositivos electromagnéticos e
ópticos como motores eléctricos, telescópios,
ciclotrons, óculos, transmissores e receptors de
televisão, telefones, electroímans, aparelhos de
radar, fornos de microondas, etc.
26
À semelhança da

Mecânica Leis de Newton

Termodinâmica Leis da Termodinâmica

Electromagnetismo Equações de Maxwell


4.3. Equações de Maxwell
27

Este conjunto de equações:


1
𝑖) 𝛻∙𝐸 = 𝜌 (𝐿𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝐺𝑎𝑢𝑠𝑠)
𝜀0
𝑖𝑖) 𝛻∙𝐵 =0 (𝑆𝑒𝑚 𝑛𝑜𝑚𝑒)
𝜕𝐵
𝑖𝑖𝑖) 𝛻 × 𝐸 = − (𝐿𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝐹𝑎𝑟𝑎𝑑𝑎𝑦)
𝜕𝑡
𝑖𝑣) 𝛻 × 𝐵 = 𝜇0 𝐽 (𝐿𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝐴𝑚𝑝é𝑟𝑒)

Juntamente com a lei da força:


𝐹 = 𝑞(𝐸 + 𝑣 × 𝐵),
Resumem todo o conteúdo teórico da
electrodinâmica clássica.
28
Estas equações mostram nos seus lados
esquerdos simetrias aos pares:

As equações i) e ii) refletem divergentes


(integrais de superfície) dos campos E e B
respectivamente, sobre superfícies
fechadas.

As equações iii) e iv) refletem rotacionais


(integrais de linha em torno de curvas
fechadas) dos campos E e B
respectivamente.
29

 Entretanto, analisando os lados direitos das


equações, essas simetrias não se verificam:

 1ª ASSIMETRIA

 Apesar de existirem centros isolados de carga


eléctrica (protões e electrões por exemplo),
não há evidências de existirem os centros
isolados de magnetismo (os monópolos
magnéticos) na natureza.
30 E a experiência nos
mostra que
 2ª ASSIMETRIA: esse termo importante
está em falta!!!!!

 Analisando o lado direito da equação


iii) – a Lei de Indução de Faraday, que
traduz o facto de ser possível produzir
um campo eléctrico pela variação do
campo magnético. E pela simetria,
assume-se que o oposto também seja
verdadeiro, ou seja,
 Variando um campo eléctrico produz-se
um campo magnético.
31
 Uma vez verificado que o campo
magnético podia ser criado de duas
formas, houve necessidade de corrigir a
lei de Ampére (campo é criado à volta
de um condutor percorrido por
corrente), levando à expressão da Lei
de Ampére com a correcção de
Maxwell:

𝜕𝐸
𝛻 × 𝐵 = 𝜇0 𝐽 + 𝜇0 𝜀0
𝜕𝑡

E cabe identificar e cada situação


específica o termo que é nulo.
32
Exemplo:
 Um capacitor de placas circulares paralelas está
sendo carregado como na figura abaixo.
a) Deduza a expressão para o campo magnético
induzido num ponto interno ao capacitor, ou seja,
para 𝑟 ≤ 𝑅.
𝑑𝐸
b) Calcule B para 𝑟 = 𝑅 = 55𝑚𝑚 e = 1,5 × 1012 𝑉/𝑚𝑠
𝑑𝑡

c) Deduza uma expressão para o campo magnético


induzido em pontos externos ao capacitor, ou seja,
para 𝑟 ≥ 𝑅.
33 a)

1. Entre as placas do capacitor, não


existe nenhuma corrente, de tal forma
que i=0. Se a corrente é nula, então:
𝜕𝐸
𝛻 × 𝐵 = 𝜇0 𝐽 + 𝜇0 𝜀0
𝜕𝑡
O termo 𝜇0 𝐽 se anula, ficamos então com:
𝜕𝐸
𝛻 × 𝐵 = 𝐵 ∙ 𝑑𝑙 = 𝜇0 𝜀0
𝜕𝑡
𝑑Φ𝐸
𝐵 ∙ 𝑑𝑙 = 𝜇0 𝜀0
𝜕𝑡
34
2. Para uma curva amperiana de raio arbitrário 𝑟 ≤ 𝑅, o
lado esquerdo da equação fica B ∙ 2𝜋𝑟
O fluxo envolvido por esta espira 𝐸 ∙ 𝜋𝑟 2
O que permite escrever a Lei de Ampére como:
𝑑 𝐸 ∙ 𝜋𝑟 2
B ∙ 2𝜋𝑟 = 𝜇0 𝜀0
𝜕𝑡
2
𝑑𝐸
B ∙ 2𝜋𝑟 = 𝜇0 𝜀0 𝜋𝑟
𝜕𝑡

3. Resolvendo para B ficamos com:


1 𝑑𝐸
B = 𝜇0 𝜀0 𝑟
2 𝜕𝑡
Para 𝑟 ≤ 𝑅.
4. No centro do capacitor, onde r=0, o campo magnético B
é igualmente nulo, e vai crescendo linearmente com r.
35 b)

𝑑𝐸
 Calcule B para 𝑟 = 𝑅 = 55𝑚𝑚 e = 1,5 × 1012 𝑉/𝑚𝑠
𝑑𝑡
 Substituindo na expressão encontrada em a):
1 𝑑𝐸
B = 𝜇0 𝜀0 𝑟
2 𝜕𝑡

1 𝑇 ∙ 𝑚 𝐶 2 𝑉
−7 −12 −3 12
B = ∙ 4𝜋 ∙ 10 ∙ 8,85 × 10 ∙ 55 × 10 𝑚 ∙ 1,5 × 10
2 𝐴 𝑁 ∙ 𝑚2 𝑚∙𝑠

B = 4,59 × 10−7 𝑇 = 459𝑛𝑇


36 c)
37
38 Resumindo

1
𝑖) 𝛻∙𝐸 = 𝜌 (𝐿𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝐺𝑎𝑢𝑠𝑠)
𝜀0
𝑖𝑖) 𝛻∙𝐵 =0 (𝑆𝑒𝑚 𝑛𝑜𝑚𝑒)
𝜕𝐵
𝑖𝑖𝑖) 𝛻×𝐸 =− 𝐿𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝐹𝑎𝑟𝑎𝑑𝑎𝑦
𝜕𝑡
𝜕𝐸
𝑖𝑣) 𝛻 × 𝐵 = 𝜇0 𝐽 + 𝜇0 𝜀0 (𝐿𝑒𝑖 𝑑𝑒 𝐴𝑚𝑝é𝑟𝑒 + 𝑀𝑎𝑥𝑤𝑒𝑙𝑙)
𝜕𝑡

Estas equações são válidas na ausência de materiais


magnéticos e dieléctricos!!!
39 1
𝛻∙𝐸 = 𝜌
𝜀0

Descreve a carga e o campo eléctrico


40 𝛻∙𝐵 =0

Descreve o campo magnético


41 𝜕𝐵
𝛻×𝐸 =−
𝜕𝑡

Descreve um campo eléctrico produzido por


um campo magnético variável
42 𝜕𝐸
𝛻 × 𝐵 = 𝜇0 𝐽 + 𝜇0 𝜀0
𝜕𝑡

Descreve um campo magnético produzido


por um campo eléctrico variável ou por
uma corrente ou por ambos.
43

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