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ENE – UnB – Laboratório de Eletromagnetismo 2 Experiência 3A

LEI DE FARADAY
CONVERSÃO DE ENERGIA MECÂNICA EM ELÉTRICA
ALUNO: ____________________________________________ MATRÍCULA: ___________

1. Introdução Teórica
Heinrich Friedrich Lenz (1804-1864) foi um cientista alemão que, sem o conhecimento dos trabalhos
de Joseph Henry e de Michael Faraday, duplicou, quase que simultaneamente, muitas de suas descobertas
sobre a relação existente entre campos elétricos e magnéticos. O presente experimento tem por objetivo
verificar na prática a lei de Lenz.

1.1 A Lei de Faraday

A lei da indução de Faraday refere-se a um dos fenômenos fundamentais do eletromagnetismo. Os


experimentos que levaram à descoberta da relação entre os campos elétricos e magnéticos foram realizados na
Inglaterra em 1831 por Michael Faraday, e também nos Estados Unidos, mais ou menos na mesma época, por
Joseph Henry.

A Figura 1 mostra uma bobina cujos terminais estão ligados a um galvanômetro. Não há nenhuma
força eletromotriz no circuito, sendo que a ausência de corrente é indicada pelo aparelho. Se fizermos uma
barra imantada atravessar a bobina, de maneira que o seu pólo norte passe primeiro, notamos que, enquanto o
ímã estiver deslocando-se, a agulha do mostrador do galvanômetro apresentará uma deflexão, demonstrando a
existência de uma corrente elétrica na bobina. Se segurarmos o ímã, de modo que ele fique parado em relação
à bobina, o galvanômetro não apresentará deflexão nenhuma. Se o mesmo movimento do ímã for repetido em
sentido contrário, o ponteiro do galvanômetro sofrerá um deslocamento na direção oposta, indicando que
também mudou o sentido da corrente elétrica na bobina. O mesmo tipo de mudança no sentido da corrente
será observado se repetirmos a experiência com o ímã invertido, isto é, com o pólo sul no lugar do pólo norte.
Estes resultados demonstram que o fator determinante na geração da corrente é o movimento entre a bobina e
o ímã. Observe que o que importa é o movimento relativo, não importando quem se move. A corrente que se
observa nesta experiência é chamada de corrente induzida. Dizemos que a sua presença é devida à existência
de uma força eletromotriz (f.e.m.), também induzida.

Figura 1 – Bobina ligada a um galvanômetro

Consideremos um outro arranjo experimental, onde são utilizadas duas bobinas com
circuitos elétricos independentes, como mostrado na Figura 2.

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Figura 2 – Duas bobinas com circuitos independentes

Aqui, as duas bobinas colocadas próximas uma da outra, porém sem movimento relativo. Quando
fechamos a chave S, dando origem a uma corrente constante na bobina da direita, o ponteiro do galvanômetro
sofre um salto súbito, o que também acontece quando a chave é desligada, só que agora o salto ocorre em
sentido inverso. A experiência mostra que surge uma f.e.m. induzida na bobina ligada ao galvanômetro toda
vez que ocorrer uma variação no valor da corrente que percorre a bobina oposta, o que gera um determinado
fluxo magnético. O fator importante para a produção deste efeito não é a intensidade absoluta da corrente na
bobina oposta, mas sim a rapidez com que ela varia com o tempo.
Faraday entendeu que a grandeza relevante na interação entre as duas bobinas era a variação do fluxo
magnético ΨB que passa através de ambas, que é quase o mesmo se as bobinas estão posicionadas bem
próximas.
Esta variação de fluxo magnético também pode ser usada para explicar a f.e.m. produzida pelo
movimento de uma barra imantada. Como pode ser visto na Figura 3, a distribuição de densidade de linhas de
campo não é uniforme na vizinhança de uma barra imantada. O deslocamento da barra muda o número de
linhas que atravessam o circuito da bobina, conseqüentemente o fluxo magnético total muda também.

Figura 3 – Densidade de campo na vizinhança de uma bobina imantada

A lei da indução de Faraday diz que a f.e.m induzida no circuito é proporcional à taxa de variação do
fluxo através do circuito. Se esta taxa de variação é dada em Webers/segundo, a f.e.m. será expressa em
Volts. A lei de indução de Faraday é representada por:
dψ B (1)
V fem ∝
dt

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Pode-se modificar a Equação 1 para uma bobina de N espiras. Neste caso surge uma f.e.m. em cada
uma das espiras, as quais devem ser somadas ao se considerar todo o circuito. Se as espiras forem enroladas
tão próximas quanto possível umas das outras, de forma que se possa dizer que todas elas ocupam
praticamente a mesma região do espaço, o fluxo magnético será praticamente o mesmo para todas as espiras.
Basta, portanto, adicionar um fator N à Equação 1.

1.2 A Lei de Lenz

A lei de Lenz estabelece o sentido da corrente induzida em um circuito elétrico em função da


variação do fluxo magnético que o atravessa. Enuncia-se da seguinte forma: "A corrente induzida tem um
sentido tal que induz um fluxo magnético que contraria a variação do fluxo indutor". Se esta variação de
fluxo magnético for positiva o fluxo magnético induzido opõe-se ao inicial. Se a variação for negativa o fluxo
induzido soma-se ao inicial. Dito de outra forma, o campo magnético associado à corrente induzida tende a
restaurar o campo magnético indutor. Se este cresce, o campo induzido tende a diminuí-lo. Se este decresce, o
campo induzido tende a aumentá-lo. Esta lei está diretamente relacionada com a lei de Faraday da indução
eletromagnética, e é um auxiliar claro na determinação prática do sentido da corrente induzida.

Para se estabelecer o sentido da força eletromotriz induzida, ainda que este sentido possa ser
determinado por meio de uma análise formal da lei de Faraday, será dada preferência ao método baseado no
princípio da conservação de energia, o qual, neste caso, toma a forma da chamada lei de Lenz, deduzida por
Heinrich Friedrich Lenz em 1834.

O princípio da conservação de energia permite extrair conclusões sobre o sistema eletro-mecânico


proposto, sem a necessidade de analisá-lo em detalhe. No arranjo da Figura 4, o agente (mão) que causa o
movimento no ímã, seja num sentido ou no outro, sofrerá sempre a ação de uma força resistente, o que
implica obrigatoriamente à realização de uma determinada quantidade de trabalho. Este trabalho, pelo
princípio da conservação de energia, deve ser aproximadamente igual à energia térmica (efeito Joule)
produzida na bobina, uma vez que não há outra possibilidade de transferência de energia no sistema. Para se
mover o ímã mais rapidamente, será necessária também a realização de trabalho em uma taxa maior, o que
acarretará um aumento correspondente na potência dissipada pelo efeito Joule. Se a experiência é realizada
usando uma espira com circuito elétrico interrompido, não haverá corrente induzida, nem energia térmica
dissipada, nem força sobre o ímã, e nem trabalho realizado para movimentá-lo (ignorando-se o efeito de sua
massa inercial e da resistência do ar). Ainda assim, uma f.e.m será induzida na espira, mas, como no caso de
uma bateria ligada a um circuito aberto, não haverá produção de corrente.

O campo magnético induzido sempre se opõe ao deslocamento da barra magnetizada e, portanto as


suas linhas de campo devem orientar-se de forma que surja uma força magnética apropriada. Na Figura 4
podem-se visualizar tais linhas de campo resultante da corrente induzida na bobina, pelo movimento da barra
em direção à bobina, tendo em mente que os pólos iguais de ímãs se repelem. Observe a direção da corrente,
que obedece à conhecida "regra da mão direita".

A lei de Faraday (1) deve ser reescrita com a inclusão de um sinal negativo, para exprimir justamente
este tipo de oposição, então
dψ B
V fem = − (2)
dt

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Figura 4 – Linhas de campo devido à corrente induzida

2. Parte Experimental

2.1 Material Utilizado

• Tubo de alumínio de 1,5m de comprimento


• Dinamômetro com suporte
• Massas
• Bússola magnética

2.2 Procedimento Experimental

1. Meça o peso de cada massa com a ajuda do dinamômetro.

gt 2
2. Sendo que L= , onde L=1,5m e g=9,8m/s2, calcule o tempo que cada massa levaria para percorrer o
2
tubo de alumínio em queda livre.

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3. Meça o tempo de queda das duas massas dentro do tubo, anotando o valor registrado no dinamômetro
durante a queda.

4. Explique qualitativamente o que está ocorrendo no experimento, observando o desenho esquemático da


Figura 5.

5. Mostre que a velocidade de equilíbrio está relacionada com a intensidade e a forma do campo magnético,
a aceleração gravitacional e com a condutividade e dimensões do tubo.

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Dicas:
- Considere que as seções retas do tubo de alumínio formam anéis ou espiras condutivas onde pode surgir
uma corrente elétrica sob ação de campos magnéticos externos.
- A força gravitacional é oposta pela força eletromagnética, resultando em uma velocidade uniforme na maior
parte do percurso dentro do tubo.

Figura 5 – Diagrama da massa caindo no tubo de alumínio

3. Questões e Relatório
1. Faça conclusões sobre o experimento.

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