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Prática 5: Carga Específica do Electrão.

1. Objectivos:
(a) Compreender o movimento de partículas carregadas quando submetidas a um campo magnético
uniforme.
(b) Determinar a razão entre a carga e a massa do electrão.

2. Teoria

2.1. Acção de uma força magnética sobre cargas eléctricas em movimento


Cargas elétricas em movimento originam campo magnético. Estando a carga eléctrica em movimento em um
campo magnético, há uma interação entre esse campo e o campo originado pela carga. Essa interacção
manifesta-se por forças que agem sobre a carga eléctrica, denominadas forças magnéticas. Considere uma
carga puntiforme 𝑞 positiva, movendo-se com velocidade 𝑣 em um campo magnético uniforme.

Figura 1: Força magnética sobre uma carga em movimento, numa região de campo magnético uniforme.

Verifica-se, experimentalmente que, se a carga se deslocar na direção paralela de 𝐵 ⃗ , ela não ficará sujeita à
acção de força, como indicado na figura 19-A; se a carga se desloca em outra direção, como a da figura 19-B,
em que 𝑣 forma um ângulo 𝜙 com a direcção de 𝐵 ⃗ , ficará sujeita à acção da força magnética 𝐹𝑚 . A direção de
𝐹𝑚 é sempre perpendicular ao plano contendo 𝑣 e 𝐵 ⃗ e é dada por:


𝐹𝑚 = 𝑞𝑣 × 𝐵 (1)

O módulo da força magnética é dado por 𝐹𝑚 = |𝑞|𝑣⊥ 𝐵, ou seja:

𝐹𝑚 = 𝑞𝑣𝐵𝑠𝑒𝑛𝜙 (2)

⃗.
onde, 𝜙 é o ângulo medido no sentido da rotação do vector 𝑣 para o 𝐵

2.2. Movimento de cargas eléctricas em um campo magnético uniforme

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Quando uma partícula carregada se move no interior de um campo magnético, actua sobre ela uma força
magnética dada pela equação Erro! A origem da referência não foi encontrada., e seu movimento pode ser
determinado pelas leis de 𝑁𝑒𝑤𝑡𝑜𝑛. A figura 2 mostra um exemplo simples. Uma partícula com carga positiva
𝑞 está em um ponto 𝑂 e se move com velocidade 𝑣 em um campo magnético uniforme 𝐵 ⃗.

Figura 2: Uma partícula carregada se move em um plano perpendicular a um campo magnético uniforme.

⃗ são perpendiculares, de modo que a força magnética 𝐹𝑚 = 𝑞𝑣 × 𝐵


Os vetores 𝑣 e 𝐵 ⃗ possui módulo 𝐹 = 𝑞𝑣𝐵
e sua direção é indicada na figura. A força é sempre perpendicular a 𝑣, de modo que ela não pode alterar o
módulo da velocidade, apenas sua direção. Isto origina um movimento circular e a força magnética identifica-
se com a força centrípeta.

𝑣2
𝐹 = |𝑞|𝑣𝐵 = 𝑚 (3)
𝑟

Então, a partícula descreve uma circunferência de raio 𝑟 dado por

𝑚𝑣
𝑟 = |𝑞|𝐵 (4)

3. Material a utilizar
✓ Fonte de tensão 𝑐𝑐: 𝜀1 , de 0 a 300 𝑉 e 𝜀2 , de 0 a 50 𝑉
✓ Fonte de corrente 𝑐𝑐;
✓ Fonte de tensão 𝐶𝐴;
✓ Bobinas: 𝑅 = 15 𝑐𝑚 e 𝑁 = 130 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠;
✓ Tubo de raios catódicos;
✓ Amperímetro e voltímetro;
✓ Conectores.

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4. Esquema Experimental e Princípio de Funcionamento
4.1. Esquema experimental.
A experiência é montada, conforme indica afigura abaixo:

Figura 3: Esquema expeimental para a determinação da carga específica do electrão.

4.2.Princípio de funcionamento

A ampola ilustrada na figura 3 contém no seu interior o gás hidrogénio a baixa pressão, um filamento e duas
placas (cátodo e ánodo). A fonte de corrente alternada, alimenta o filamento, de modos que este, pelo efeito
termo-iónico, produz um feixe de eletrões. A fonte de tensão contínua, é ligada sobre as duas placas, formando
assim uma região de maior potencial e outra de menor potencial eléctrico. Denominados como cátodo e ánodo.
O campo eléctrico gerado por essas placa, acelera os electões, movimentando-os para a região de maior
potencial. Este feixe, filiforme e colimado, emerge de um furo circular existente no centro do ânodo. Ao
saírem do ânodo, os eletrões acelerados colidem com os átomos de hidrogênio que se encontra na ampola,
induzindo nestes um processo chamado de fluorescência. Como resultado, temos um rastro visível da trajetória
descrita pelo feixe de eletrões.

A fonte de corrente contínua alimenta as bobinas de Helmholtz, originando assim, um campo magnético
⃗ , perpendicular ao vector velocidade 𝑣 dos electrões. O feixe de electrões que é acelerado no tubo
uniforme 𝐵
de raios catódicos pela aplicação de uma diferença de potencial conhecida 𝑉 entre o cátodo e o ánodo, sofre a

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influência da força magnética, devido a presença do campo magnético gerado pela bobina de Helmhotz.
Então, o módulo da força magnética que actua sobre os electrões será dada por:

𝐹𝑚 = 𝑒𝑣𝐵
(5)

Como a direção da força magnética é sempre perpendicular ao vector velocidade dos electrões, segue-se que,
é uma força centrípeta, fazendo com que o electrão se mova numa trajectória circular. Em virtude do módulo
𝑚𝑣 2
da força centrípeta ser , onde 𝑟 é o raio da trajectória circular descrita pelo electrão, a equação Erro! A
𝑟

origem da referência não foi encontrada. transforma-se em:

𝑚𝑣 2
= 𝑒𝑣𝐵
𝑟 (6)

A energia cinética adquirida pelo electrão que é acelerado por uma 𝑑𝑑𝑝 é:

𝑚𝑣 2
𝑒𝑉 =
2 (7)

As equações Erro! A origem da referência não foi encontrada. e Erro! A origem da referência não foi
encontrada. conduzem à fórmula:

𝑒 2𝑉
= 2 2
𝑚 𝐵 𝑟 (8)

O campo magnético gerado no centro do conjunto das bobinas de Helmholtz, é dado por:

8 𝜇0 𝑁𝐼
𝐵= ∙ (9)
5√5 𝑅

Então, podemos escrever a equação Erro! A origem da referência não foi encontrada. como:

2
𝑒 5√5𝑅 2𝑉
=( )
𝑚 8𝜇0 𝑁𝐼 𝑟 2 (10)

Como dito anteriormente, para este experimento, foi usado duas bobinas na configuração bobina de Helmhotz,
de raio𝑅 = 15 ∙ 10−2 𝑚 e 𝑁 = 130 𝑒𝑠𝑝𝑖𝑟𝑎𝑠. Então:

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𝑒 𝑉
= 3,33 ∙ 106 ∙ 2 2
𝑚 𝐼 𝑟 (11)

O raio 𝑟 da trajectória circular dos electrões depende do potencial de aceleração 𝑉 e da corrente 𝐼 nas bobinas
de Helmholtz, de acordo com a seguinte expressão:

3,33 ∙ 106 √𝑉
𝑟=√ ∙
𝑒 ⁄𝑚 𝐼 (12)

Mantendo-se a 𝑑𝑑𝑝 constante e variando-se𝐼, obtém-se a curva experimental 𝑟(𝐼). Pelo contrário, mantendo-
se𝐼 constante e variando-se a 𝑑𝑑𝑝, obtém-se a curva 𝑟(√𝑉). A interseção entre as curvas experimentais 𝑟(𝐼)
e 𝑟(√𝑉), fornece-nos o valor experimental do raio da trajectória circular descrita pelos electrões,
correspondente aos valores determinados para a intensidade de corrente 𝐼𝑒 e a raíz da tensão de aceleração
√𝑉𝑒 . Daqui, é determinado o valor da carga específica do electrão.

𝑒 𝑉𝑒
= 3,33 ∙ 106 ∙ (𝐼 2 2
𝑚 𝑒 ) (𝑟𝑒 ) (13)

5. Procedimento Experimental

1. Montar o circuito conforme a figura 3;


2. Ligar a fonte de alimentação 1 e esperar aproximadamente 3 minutos pelo aquecimento do cátodo,
cujo brilho pode ser observado;
3. Abrir o regulador de tensão da fonte 1, até observar o feixe de electrões;
4. Sobre a mesma fonte, abrir o regulador de tensão para a focagem do feixe de electrões, até obter
um feixe devidamente colimado;
5. Sobre a fonte de tensão 2, abrir o regulador da fonte, de modos a deflectir o feixe de electrões e se
obter uma trajectória curvilínea dos mesmos;
6. Manter constante o valor de 𝑉, em 180,0 𝑉 e varir a corrente eléctrica 𝐼, de modos que o diâmetro
𝑑 da trajectória circular do feixe de electrões coincida com um dos valores da tabela 1 e efectuar a
leitura dos correspondentes valores de 𝐼;
7. Efectuar o mesmo procedimento, mantendo constante 𝐼, em 1,4 𝐴 e variando 𝑉;

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8. Anotar os valores medidos na tabela 1 e fazer o devido tratamento de dados;
9. No relatório, elaborar um gráfico da relação do diâmetro da trajectória circular do feixe de electrões
com a intensidade de corrente eléctrica e a raíz quadrada da tensão (fig.4). A interseção entre as
curvas experimentais 𝑑(𝐼) e 𝑑(√𝑉) no gráfico, fornece-nos o valor experimental do raio da
trajectória circular descrita pelos electrões, correspondente aos valores determinados para a
intensidade de corrente 𝐼𝑒 e a raíz da tensão de aceleração √𝑉𝑒 . Em seguida, substituir esses valores
na equação (13).

Tabela 1: Rario da trajectória do feixe de electrões em função da tensão e da intensidade da corrente eléctrica

𝐝 (𝐜𝐦) 7,5 8 8,5 9 9,5 10 10,5 11


𝐫 (𝐜𝐦)
𝐈 (𝐀)
𝐕 (𝐕)

√𝐕

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Figura 4: Relação do diâmetro da trajectória circular do feixe de electrões com a intensidade de corrente
eléctrica e a raíz quadrada da tensão.

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