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Prática 1: Leis de Kirchhoff

1. Objectivos:
(a) Verificação experimental das leis de Ohm e de Kirchhoff.
(b) Medição de diferenças de potencial, correntes eléctricas e resistências
eléctricas.

2. Teoria

2.1.Lei de Ohm
A aplicação de uma diferença de potencial, V , a um dado material dá origem ao aparecimento de um campo
eléctrico, 𝐸⃗ , no interior do material, que tem como consequência a movimentação das cargas eléctricas livres.
Estabelece-se assim uma densidade de corrente eléctrica, 𝐽, que é directamente proporcional à força por
unidade de carga aplicada ao material (𝐹 /q = 𝐸⃗ ), isto é, ao campo eléctrico

𝐽 = σ 𝐸⃗ (1)

onde σ corresponde à condutividade eléctrica do material. Esta lei é conhecida como lei de Ohm na forma
diferencial (ou também lei de Ohm local).

Tendo em conta a relação entre a diferença de potencial aplicada e o campo eléctrico no interior do material,
⃗ , e que a corrente eléctrica que percorre cada secção do material resulta da integração da densidade
dU = -𝐸⃗ · dℓ
de corrente na secção do condutor, 𝐼 = ∫ 𝐽 . 𝑛⃗𝑑𝑆, obtém-se a lei de Ohm, que estabele uma relação de
proporcionalidade entre a diferença de potencial observada, U , e a corrente eléctrica que percorre o material,
I:
𝑈 = 𝑅𝐼 (2)

ℓ ℓ
sendo 𝑅 = 𝜎𝑆 = 𝜌 𝑆 é a resistência eléctrica do material (𝜌 é a resistividade ou resistência específica do
material de que é feito o condutor).

Figura 1: Condutor sendo aplicado uma diferença de potencial nos seus terminais.

Podemos ainda esquematizar da seguinte forma:

Figura 2: Circuito eléctrico com fonte de tensão, resistência, amperímetro e voltímetro.

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2.2.Leis de Kichhoff

As leis de Kirchhoff, conhecidas como lei dos nós e lei das malhas, são ferramentas de grande utilidade na
resolução de problemas em circuitos eléctricos. A carga eléctrica é uma grandeza que se conserva. Assim,
imagine-se que temos cargas eléctricas a deslocarem-se, ou seja, correntes eléctricas, através de uma superfície
fechada. A variação de carga eléctrica no interior da superfície fechada é obtida a partir do balanço de correntes
eléctricas, sendo que por convenção os fluxos de carga eléctrica que saiem da superfíce, são positivos e os
fluxos de carga que entram na superfície, são negativos:
𝑑𝑄
∑𝑖 𝐼𝑖 = ∮ 𝐽. 𝑛⃗𝑑𝑆 = − (3)
𝑑𝑡

Em regime estacionário não existe variação de carga eléctrica no interior da superfície


𝑑𝑄
fechada, = 0, obtendo-se então a lei dos nós:
𝑑𝑡
∑𝑖 𝐼𝑖 = 0 (4)

Esta lei, que de forma prática se


aplica aos nós de ligação dos circuitos eléctricos (pode-se imaginar aí uma superfície fechada), estabelece que
a soma das correntes que chegam e partem do nó é nula.

Figura 3: Ilustração da lei dos nós de Kirchhoff

Uma malha do ponto de vista matemático corresponde a um caminho fechado. No estudo da electrostática
(cargas estacionárias) verificou-se que a força electrostática só depende das posições daí resultando que o
campo electrostático 𝐸⃗ é conservativo e portanto o trabalho realizado pelo campo sobre as cargas ao longo de
um caminho fechado deve ser nulo:
⃗ =0
∮ 𝐸⃗ . 𝑑ℓ (5)

Este resultado mantêm-se válido para a corrente estacionária. De facto, em rigôr, este resultado é válido desde
que não existam campos magnéticos variáveis. Dividindo a malha em troços, obtém-se então a chamada lei
das malhas que estabelece que a soma das diferenças de potencial numa malha fechada é nula,

∑𝑖 𝑈𝑖 = 0 (6)

Figura 4: Ilustração da lei das malhas de Kirchhoff

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3. Material a utilizar

✓ Fonte de alimentação
✓ Multímetro digital
✓ Placa para montagem do circuito
✓ Condutores
✓ Resistências de 10 Ω, 47 Ω, 100 Ω, 470 Ω e 1 kΩ.

4. Procedimento Experimental
Antes da montagem, preste atenção ao seguinte: Não ultrapasse a potência máxima das resistências
indicada acima delas. Os resultados de todas as medições realizadas devem ser apresentados com as suas
Incertezas. Use sempre as escalas mais baixas possíveis (melhor resolução).

Exercício 1: Monte um circuito eléctrico com duas resistências em paralelo, de acordo com a figura abaixo.
Escolha R1 = 1 kΩ e R2 = 100 Ω. Aplique a tensão U = 10 V meça as correntes em todos os ramos. Verifique
a lei de nós de Kirchhoff (equação 4). Calcule a resistência equivalente, a corrente em cada resistor e a corrente
total pela Lei de Ohm (equação 2) e compare com os valores medidos.

Figura 5: Circuito eléctrico para o exercício 1.

Exercício 2: Monte um circuito com duas resistências em serie, de acordo com a figura abaixo. Escolha R1 =
470 Ω e R2 = 10 Ω. Aplique a tensão U = 10 V e meça a tensão em cada resistência e a corrente total do
circuito. Compare os valores de tensão medidos com os valores calculados aplicando a lei de Ohm. Verifique
a lei das malhas de Kirchhoff (equação 6). Calcule a resistência equivalente, determineo valor da corrente
empregando a Lei de Ohm (equação 2)e compare com o valor medido.

Figura 6: Circuito eléctrico para o exercício 2.

Exercício 3: Monte um circuito eléctrico conforme a figura abaixo. Escolha R1 = 100 Ω, R2 = 470 Ω e R3 =
47 Ω. Aplique a tensão U = 10V e meça as correntes em todos os ramos e a tensão em cada resistência.
Verifique a lei de nós e das malhas de Kirchhoff (equação 4 e 6). Calcule a resistência equivalente, a corrente
em cada resistência e a corrente total pela Lei de Ohm (equação 2) e compare com os valores medidos.

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Figura 7: Circuito eléctrico para o exercício 3.

Exercício 4: Monte um circuito eléctrico conforme a figura abaixo. Escolha R1 = 100 Ω, R2 = 47 Ω e R3 = 10


Ω. Aplique a tensão U = 10V e meça as correntes em todos os ramos e a tensão em cada resistência. Verifique
a lei de nós e das malhas de Kirchhoff (equação 4 e 6). Calcule a resistência equivalente, a corrente em cada
ramo, a tensão em cada resistência e a corrente total pela Lei de Ohm (equação 2) e compare com os valores
medidos.

Figura 8: Circuito eléctrico para o exercício 4.

Exercício 5: Medir directamente todas as resistências usadas com o multímetro e compare com os valores
reportados pelo fabricante.

5. Tabelas com resolução e incertezas para as faixas de medição de tensão, corrente e resistência
do multímetro.
Tabela 1: Características da parte Voltímetro dependente da faixa de medição
Faixa de medição Resolução Incerteza
200mV 100 μV
2V 1 mV +/-0,5% do valor + 2 dígitos
20V 10 mV
200V 100 mV
1000 V 1V +/-0,8% do valor + 2 dígitos

Tabela 2: Características da parte Amperímetro dependente da faixa de medição


Faixa demedição Resolução Incerteza
2 mA 1 μA +/-1% do valor + 3 dígitos
20 mA 10 μA +/-1.5% do valor + 3 dígitos
200 mA 100 μA
20 A 10 mA +/-2,5% do valor + 10 dígitos

Tabela 3: Características da parte Ohmímetro dependente da faixa demedição


Faixa demedição Resolução Incerteza
200Ω 0,1Ω +/-1% do valor + 4 dígitos
2kΩ 1Ω +/-1% do valor + 2 dígitos
20kΩ 10Ω +/-1,2% do valor + 2 dígitos
200kΩ 100Ω
2 MΩ 1kΩ
20MΩ 10kΩ +/-2% do valor + 5 dígitos

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