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GABRIEL DIMITRI GRANEMANN SANTANA

SIMULAÇÃO APLICADA PARA AVALIAÇÃO DA CORREÇÃO DE FATOR


DE DESLOCAMENTO PARA CARGAS LINEARES E NÃO LINEARES.
Avaliação de modelos de cargas não lineares para correção da reativa
gerada.

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Elétrica do Centro Universitário Avantis
(UNIAVAN), como requisito parcial para obtenção
do título de Bacharel.

Professores Orientador:
Wilmer Johan Lobato Malaver, Dr.

Balneário Camboriú

2021
GABRIEL DIMITRI GRANEMANN SANTANA

SIMULAÇÃO APLICADA PARA AVALIAÇÃO DA CORREÇÃO DE FATOR


DE DESLOCAMENTO PARA CARGAS LINEARES E NÃO LINEARES.
Avaliação de modelos de cargas não lineares para correção da reativa
gerada.

Este trabalho de conclusão de curso foi


julgado adequado à obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Elétrica e aprovado em sua forma
final pelo Curso de Engenharia Elétrica do Centro
Universitário Avantis (UNIAVAN).

Balneário Camboriú (SC), julho de 2021

_________________________
Prof. Wilmer Johan Lobato Malaver, Dr.
Professor orientador

_________________________
Prof. Miguel Gustavo Filippi, Dr.
Coordenador do Curso
Apresentada perante a Banca Examinadora composta pelos Professores

_________________________
Nome e titulação

_________________________
Nome e titulação
AGRADECIMENTOS

Faço meus votos de agradecimento aos meus pais, pela oportunidade de me


auxiliarem durante todo o trajeto durante a minha graduação até o momento, a Deus pelo
privilégio da saúde, além dos professores presentes no processo de formação, e ao meus
orientadores e amigos, Dr. Victor da Silva Freitas e Dr. Wilmer Johan Lobato Malaver, que
quando preciso foi, sempre auxiliaram no processo e desenvolvimento da pesquisa,
dispondo tempo e conhecimento para comigo.

O mesmo refiro aos grandes profissionais que corroboram pela disposição de


tempo e pelo auxílio e companheirismo no meu processo de formação sendo eles Eng.
Francisco Carlos Teles e Eng. Dr. Angelo Alfredo Hafner pela amizade, sempre quando
preciso foi, a estes meu muito obrigado.
O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra.

Aristóteles.
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo
aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando o Centro Universitário
Avantis, a coordenação do Curso, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e
qualquer responsabilidade acerca do mesmo.

Balneário Camboriú (SC), julho de 2021.

GABRIEL DIMITRI GRANEMANN SANTANA


RESUMO

Em ambientes industriais devido a disposição de grandes blocos de cargas existem


situações as quais os valores referenciados para o fator de potência (0,92 – 1 – indutivo) e (0,92-
1– capacitivo) não sejam mais assíduos, com isso é cobrado uma tarifa pela energia reativa
estabilizada fora desta faixa permissível, embasado no (Decreto N. 62.724/1968 e decreto
número 75.887/1975 e decreto N. 479/1992) da legislação nacional embasada na condição de
consumo de energia elétrica.
Avaliando as cargas temos a referência de dois modelos, as lineares e não lineares, a
primeira tendo resolução baseada em métodos de correção mais direcionados, as quais a relação
utilizada é referencialmente o triângulo de potências, ou seja, simplesmente uma relação
trigonométrica, enquanto a segunda é solucionada de forma mais complexa, pois nesta há a
presença dos harmônicos na rede elétrica em questão.
O tratamento desta problemática refere-se exatamente a contextualização de
cargas na presença de harmônicas, com sinal da frequência fora da faixa da primeira hârmonica,
na presença de ruídos, acarretando em problemas, até então maiores que a tarifa excedente,
causando até nos casos mais extremos um colapso do sistema elétrico, sendo objetivo desta
monografia levantar uma simulação de carga não linear, aplica-la em um sistema elétrico de
potência utilizando de modelagem computacional, afim de que, para com isso, se corrija o fator
de deslocamento na presença de sinais de maior frequência aplicada, sob o efeito da
ressonância.

Palavras-chave: Potência reativa (kVar), fator de potência, banco de capacitores,


cargas não lineares.
ABSTRACT

In industrial environments due to the disposition of large load blocks, there are
situations in which the values referenced to the power factor (0.92 - 1 - inductive) and (0.92-1
- capacitive) are no longer assiduous, which means that a tariff for reactive energy stabilized
outside this permissible range is charged, based on (Decree N. 62.724 / 1968 and decree number
75.887 / 1975 and decree N. 479/1992) of national legislation based on the condition of
electricity consumption.
Evaluating the loads we have the reference of two models, the linear and non-linear,
the first having resolution based on more directed correction methods, which the relation used
is referentially the power triangle, that is, simply a trigonometric relation, while the the second
is solved in a more complex way, because in this there is the presence of harmonics in the
electrical network in question.
The treatment of this problem refers exactly to the treatment of loads in the presence
of harmonics, with a frequency signal outside the range of the first harmonic, in the presence
of noise, resulting in problems, which until then were greater than the excess rate, causing even
in the most extremes a collapse of the electrical system, the objective of this monograph is to
raise a simulation of non-linear load, apply it in an electrical power system using computational
modeling, in order to correct the displacement factor in the presence of higher frequency signals
applied under the effect of ressonance

Keywords: Reactive power (kVar), power factor, capacitor bank, non-linear loads.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Defasagem no indutor………………………………………...………….…..19


Figura 2: Defasagem no capacitor……………………………………………......….…21
Figura 3: Carga resistiva, plot…………………………………………………...….…..21
Figura 4: Triangulo das potencias para cargas lineares...................................................22
Figura 5: Etiqueta do motor trifásico de indução............................................................24
Figura 6: Fator de potência normatizado.........................................................................26
Figura 7: Gráfico demonstrando relação tensão corrente no resistor..............................28
Figura 8: Avaliação de sinal com diversas faixas de frequência.....................................30
Figura 9: Sinal de saída de lâmpada fluorescente alimentada por reator
eletrônico.........................................................................................................................31
Figura 10: Efeito da aplicação das harmônicas no sinal de saída da rede.......................33
Figura 11: Tetraedro de potências...................................................................................34
Figura 12 : Instalação de banco de capacitores em subestação geradora de
energia.............................................................................................................................40
Figura 13: Banco de capacitores instalado para correção em baixa tensão.....................41
Figura 14: Correção de fator de potência por agrupamento de cargas............................42
Figura 15: Correção de fator de potência individual.......................................................43
Figura 16: Banco ligado em triangulo com resistores e contatores para fins de
manobra...........................................................................................................................44
Figura 17: Circuito resistivo, capacitivo e indutivo série em ressonância......................46
Figura 18: Aplicação do indutor de dissintonia...............................................................48
Figura 19: Avanço da eficiência energética de motores elétricos...................................50
Figura 20 : Diagrama de blocos para correção do fator de deslocamento.......................52
Figura 11: Triângulo de potências...................................................................................53
Figura 22: Triângulo de potências sem potência reativa.................................................54
Figura 23: Triângulo de potências com fator angular e reativa.......................................55
Figura 24: Triângulo de potências com fator de deslocamento entre 0,76 (antes da
correção e 0,98 (desejado após a correção).....................................................................56
Figura 25: Decomposição das novas relações de potência e ângulo...............................56
Figura 26: Circuito de força modelado para simulação de correção de fator de
deslocamento para carga linear........................................................................................58
Figura 27: Circuito de controle modelado para simulação de correção de fator de
deslocamento para carga linear........................................................................................59
Figura 28: Sinal medido na entrada da concessionária....................................................60
Figura 29: Circuito de força, aplicado com banco de capacitores para correção do fator
de deslocamento para carga linear...................................................................................61
Figura 30: Circuito de controle, aplicado com banco de capacitores para correção do
fator de deslocamento para carga linear..........................................................................62
Figura 31: Circuito de força, com carga não linear representada pela fonte de
corrente............................................................................................................................63
Figura 32: Composição de um sinal de tensão medido em instrumento TRUE
RMS.................................................................................................................................64
Figura 33: Cargas equilibradas a 60 ciclos por segundo. ...............................................65
Figura 34: Diagrama fasorial de circuito de sequência zero à 180 Hertz........................65
Figura 35: Exemplo de contextualização da ressonância................................................67
Figura 36: Exemplo de efeito pelicular...........................................................................68
Figura 37: Exemplo de circuito de força para correção do fator de deslocamento e
correção do fator de distorção harmônica........................................................................74
Figura 38: Série de Fourier para as harmônicas instrumentadas.....................................74
Figura 39: Circuito de controle e instrumentação das correntes no banco de
capacitores.......................................................................................................................75
Figura 40: Circuito de controle e instrumentação dos demais parâmetros da rede e da
carga.................................................................................................................................76
Figura 41: Circuito de força da correção de fator de deslocamento de carga linear com
indicativos........................................................................................................................77
Figura 42: Circuito de controle e instrumentação...........................................................78
Figura 43: Circuito de força, carga não linear.................................................................79
Figura 44: Instrumentação das harmônicas.....................................................................80
Figura 45: Instrumentação das harmônicas no banco de capacitores..............................80
Figura 46: Módulos de instrumentação e controle do circuito de cargas não
lineares.............................................................................................................................81
Figura 47: Circuito de força de sistema elétrico sem correção de fator de
deslocamento...................................................................................................................84
Figura 48: Circuito de força de sistema elétrico com correção do fator de
deslocamento...................................................................................................................85
Figura 49: Circuito de controle instrumentado.................................................................85
Figura 50: Plot do sinal de corrente..................................................................................86
Figura 51: Análise da saída do estado transitório a partir do tempo para a
corrente............................................................................................................................87
Figura 52: Análise do sinal de tensão da fonte..................................................................87
Figura 53: Referência para dimensionamento de contatores............................................92
Figura 54: Controlador para banco de capacitores VarLogicRT – R12............................94
Figura 55: Circuito simulado com ênfase no bloco capacitor...........................................96
Figura 56: Parametrização do bloco capacitor..................................................................97
Figura 57: Indicativo do bloco fonte de corrente.........................................................................97
Figura 58: Parametrização do bloco fonte de corrente......................................................98
Figura 59: Instrumentação das correntes..........................................................................98
Figura 60: Análise do sinal da corrente elétrica...............................................................99
Figura 61: Análise da corrente eficaz............................................................................99
Figura 62: Análise da corrente com harmônicos..........................................................100
Figura 63: Análise de corrente eficaz com carga não linear.........................................100
Figura 64: Análise de corrente aplicada no banco de capacitores................................101
Figura 65: Sinal distorcido da corrente elétrica............................................................101
Figura 66: Novo modelo de circuito de controle para a correção do fator de
deslocamento.................................................................................................................102
Figura 67: Circuito completo de força para correção de fator de deslocamento e
ressonância.....................................................................................................................103
Figura 68: Informações acerca do indutor e capacitor.................................................103
Figura 69: Corrente resultante da harmônica da fonte...................................................104
Figura 70: Após estabilização do sinal de tensão...........................................................104
Figura 71: Corrente no banco de capacitores, pós instalação do filtro............................105
Figura 72: Corrente de entrada, pós filtro......................................................................105
Figura 73: Corrente de entrada, pós filtro, vista do osciloscópio....................................106
Figura 74: Corrente eficaz no banco de capacitores.......................................................106
Figura 75: Circuito de controle para correção de fator de deslocamento em
ressonância..............................................................................................................................107
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Ordem de harmônicos do sistema elétrico..........................................................66


Tabela 2: Harmônicos aos quais é possível obter o efeito da ressonância..........................66
Tabela 3: Dados da rede elétrica para início da interpretação dos dados............................82
Tabela 4: Ângulo do fator de deslocamento pré correção..................................................83
Tabela 5: Ângulo do fator de deslocamento pós correção.................................................83
Tabela 6: Reativa nova para Fdesl pós correção................................................................84
Tabela 7: Reativa nova para Fdesl pré correção.................................................................84
Tabela 8: Reativa nova para Fdesl do banco de capacitores...............................................84
Tabela 9: Ciclos aplicados do banco de capacitores...........................................................89
Tabela 10: Cálculo da corrente dos ciclos de banco de capacitores...................................90
Tabela 11: Dimensionamento da corrente dos elementos de proteção...............................90
Tabela 12: Escolha dos fusíveis para proteção dos circuitos..............................................91
Tabela 13: Tabela com dimensionamento de fiação...........................................................91
Tabela 14: Tabela com o dimensionamento completo.........................................................93
LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1: Lei de Faraday-Neumann-Lenz, Eletromagnetismo................................................19


Equação 2: Determinação da reatância indutiva........................................................................20
Equação 3: Determinação da reatância capacitiva.....................................................................20
Equação 4: Fator de potência para cargas lineares.....................................................................22
Equação 5: Relação trigonométrica do fator de potencia...........................................................23
Equação 6: Determinação de fator referentes à cobrança por baixo fator de
potencia.....................................................................................................................................25
Equação 7: Lei de Ohm, tensão elétrica.....................................................................................27
Equação 8: Cálculo da corrente elétrica.....................................................................................28
Equação 9: Obtenção da potencia ativa a partir do triangulo das potencias................................28
Equação 10: Obtenção da potencia reativa a partir do triangulo das potencias...........................29
Equação 11: Obtenção da potencia aparente a partir do triangulo das potencias........................29
Equação 12: Obtenção do fator de potencia em termos e corrente e tensão eficaz......................29
Equação 13: Dimensionamento da corrente eficaz....................................................................30
Equação 14: Frequencia de uma onda.......................................................................................32
Equação 15: Potencia aparente flutuante no sistema do tetraedro das potencias........................35
Equação 16: Potencia aparente para cargas não lineares............................................................35
Equação 17: Fator de potencia para cargas não lineares.............................................................36
Equação 18: Parcela do fator de distorção..................................................................................36
Equação 19: Proporcionalidade de distorção no sinal................................................................36
Equação 20: Fator de distorção da tensão..................................................................................36
Equação 21: Fator de distorção da corrente................................................................................37
Equação 22: Fator de distorção da carga....................................................................................37
Equação 23: Fator de deslocamento...........................................................................................37
Equação 24: Determinação de ressonância eletromagnética na carga........................................46
Equação 25: Determinação de ressonância em termos da frequência ........................................46
Equação 26: Modelagem matemática da ressonância em termos de LC....................................46
Equação 27: Ressonancia eletromagnética em termos da frequência angular............................47
Equação 28: Frequencia de ressonância admitida no controlador..............................................47
Equação 29: Frequencia aparente..............................................................................................54
Equação 30: Determinação de fator de deslocamento em termos de ativa e
aparente.....................................................................................................................................54
Equação 31: Determinação da frequência angular.....................................................................69
Equação 32: Dimensionamento das perdas no núcleo do transformador...................................70
Equação 33: Cálculo da resistência série do transformador em PU............................................70
Equação 34: Cálculo da reatância série do transformador..........................................................70
Equação 35: Cálculo da impedância série do transformador em coordenadas retangulares e
polares.......................................................................................................................................70
Equação 36: Cálculo da indutância de dispersão........................................................................70
Equação 37: Frequencia de ressonância, banco e transformador...............................................71
Equação 38: Lei de Kirchoff das tensões em forma derivativa...................................................71
Equação 39: Frequencia angular levando em consideração a harmônica...................................72
Equação 40: Obtenção do indutor do filtro passivo LC para capacitor de 2517µF.....................73
Equação 41: Cálculo da corrente máxima no banco de capacitores............................................89
LISTA DE SÍMBOLOS, ABREVIATURAS E SIGLAS

• 𝜃 – Fator de deslocamento.
• ⍵ - Frequência angular
• Ω - Ohms – Resistência elétrica, ou reatância elétrica
• ANEEL – Agência nacional de energia elétrica
• CFP – Correção de fator de potência
• kVA – quilo volt ampère.
• kVAr – quilo volt ampère reativo
• kW – quilo watts
• W – watts.
• H – Henrys – Indutância
• Farads - Capacitância
• FP = fator de potência
• A.T = alta tensão
• B.T = baixa tesão
• Fdesl: fator de deslocamento
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 15
1.2 OBJETIVOS .............................................................................................................................................. 16

1.2.1 Objetivo Geral......................................................................................................................................... 16

1.2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................................................. 16

1.3 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................................................... 17

2.FUNDAMENTAÇÃOT EÓRICA.......................... .......................................................................................18


2.1 INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE POTÊNCIA ELÉTRICA EM REGIME ................................ 18
2.1.1 POTÊNCIA REATIVA E MODELOS DE CARGAS.......................................................................... 18

2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ...................................................................... 22

2.3 NORMATIVA ACERCA DO FATOR DE POTÊNCIA ......................................................................... 25

2.4 COMPORTAMENTO DE CARGAS ...................................................................................................... 27

2.5 INTRODUÇÃO A HÂRMONICAS......................................................................................................... 32

2.6 MODELAGEM MATEMÁTICA PARA CARGAS NÃO LINEARES ................................................. 34

2.7 METODOLOGIAS APLICADAS PARA CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA ....................... 38

2.7.2 PROBLEMAS CAUSADOS POR CORRENTES DE ELEVADA FREQUÊNCIA EM BANCOS DE


CAPACITORES ............................................................................................................................................. 45

2.7.3 CORREÇÃO DO FATOR DE DESLOCAMENTO PARA SISTEMAS EM RESSONÂNCIA ......... 48

2.8 MODELOS DE CARGAS NAS INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS......................................................... 49

2.9 PROPOSTA .............................................................................................................................................. 51

3. METODOLOGIA CIENTÍFICA ............................................................................................................... 52

3.1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DOS MODELOS DE CARGAS ..................................................... 52

3.2 DIMENSIONAMENTO E SIMULAÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES PARA CARGAS


LINEARES ...................................................................................................................................................... 53

3.2.1 CIRCUITO DE SIMULAÇÃO PARA CORREÇÃO DO FATOR DE DESLOCAMENTO DE


CARGA LINEAR ............................................................................................................................................ 58

3.3 CIRCUITO DE SIMULAÇÃO PARA CORREÇÃO DO FATOR DE DESLOCAMENTO DE


CARGA NÃO LINEAR ..................................................................................................................................62

3.3.1 IDENTIFICADORES DE CORRENTES DE ORDEM SUPERIOR NA REDE ELÉTRICA ............ 63

3.4 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA PARA APLICAÇÃO EM CIRCUITO DE MODELO


COMPUTACIONAL ....................................................................................................................................... 69

3.4.1 APLICAÇÃO DOS PARÃMETROS CALCULADOS EM MODELO DE SIMULAÇÃO


COMPUTACIONAL PARA CARGA NÃO LINEAR .................................................................................. 74
3.5 INFORMAÇÕES APRESENTADAS NOS CIRCUITOS MODELADOS ............................................. 76

3.5.1 CARGA LINEAR, CORREÇÃO DE FATOR DE DESLOCAMENTO .............................................. 77

3.5.2 CARGA NÃO LINEAR, CORREÇÃO DE FATOR DE DESLOCAMENTO E GARAÇÃO DA


CORRENTE DE ORDEM SUPERIOR ......................................................................................................... 79

4.ANÁLISE DE RESULTADOS..................................................................................................................... 82

4.1.1 ANÁLISE DE CIRCUITOS SIMULADOS ........................................................................................... 82

4.1.2 CIRCUITO PARA CORREÇÃO DO FATOR DE DESLOCAMENTO SEM CAPACITOR (Baixo


Fdesl) ................................................................................................................................................................ 82

4.2 PROJETO DE BANCO DE CAPACITORES PARA CORREÇÃO DO FATOR DE


DESLOCAMENTO EM CARGA LINEAR.......................................................................................................88
4.2.3 MODELAGEM COMPUTACIONAL DE CORREÇÃO DO FATOR DE DESLOCAMENTO
PARA MODELOS DE CARGAS NÃO LINEARES .......................................................................................96
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................108
6.ANEXOS..........................................................................................................................................................111
7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................................................112

14
1 INTRODUÇÃO

Os sistemas elétricos industriais são comumente vistos como grandes blocos de carga,
e a estes são atribuídos projetos de complexidade operacional e da alta demanda aplicada nos
processos fabris para atuar de maneira determinística visando o desempenho das atividades de
maneira harmônica.
Os valores para as grandezas elétricas envolvidas devem ser especificadas para que o
funcionamento dos equipamentos ocorra de forma a obter-se a maior eficiência possível,
gerando menor custo, além de segurança em sua operação. Entretanto, na grande maioria das
vezes, isto não ocorre devido a elementos não parametrizados corretamente na etapa de projeto.
A estabilização do baixo fator de potência em ambientes com alto consumo de carga
traz diversos malefícios à rede elétrica industrial, como favorecimento de sobrecargas, aumento
da perda de energia nos condutores, além da necessidade de manobras em instalações com
subestação, afim de suprir a potência reativa escassa da rede (COTRIM,2008).
Um fato é que na maioria das vezes o ajuste de fator de potência influencia no
faturamento mensal do consumo de energia elétrica, então fazendo com que o viés financeiro
indique a necessidade de solução eminente.
Além da alteração do consumo de potência reativa, através do ajuste do fator de
potência, é necessário que haja a regulação da qualidade de energia, efetuada por meio da
avaliação em loco e da análise das frequências poluentes do sistema, chamadas harmônicas, as
quais são intrínsecas dos sistemas com cargas, não lineares.
Para satisfazer os requisitos de operação em níveis adequados, buscam-se por soluções
que necessitam de uma análise mais sofisticada para estabilização operacional da indústria.
A importância deste trabalho consiste em retratar a avaliação necessária afim de sanar
as problemáticas causadas por faixas não satisfatórias de fator de potência, e da presença de
harmônicas na rede elétrica, relatando e instrumentando por meio de linguagem computacional
as situações problema.
Tais distúrbios deterioram a qualidade da energia, fazendo então a partir das soluções
descritas a possibilidade da operação de instalações industriais com alta potência instalada
funcionarem dentro da normativa.

15
1.1 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Aplicar ferramentas computacionais para avaliar a correção do fator de deslocamento


na presença de cargas não lineares e lineares em sistemas industriais.

1.2.2 Objetivos Específicos

Levantar aspectos teóricos com o objetivo de apresentar as causas e soluções para


sistemas com baixo fator de potência

Discriminar a utilização de métodos para correção do fator de potência para correção


de cargas não lineares

Utilizar de ferramentas computacionais para realizar as simulações do fator de


deslocamento de cargas não lineares e lineares

Realizar a correção do fator de deslocamento com banco de capacitores e com banco


em série com indutor representando um filtro passivo, e sem o filtro passivo, avaliando a
diferença em ambos tratamentos

16
1.3 JUSTIFICATIVA

O setor industrial opera com uma curta margem de erro, com alta demanda do mercado
e a necessidade crescente de consumo. O estabelecimento da parametrização do sistema
elétrico, juntamente com os fatores normativos, impõe a necessidade da obtenção de uma
instalação com níveis de operação dentro das restrições impostas pelo equipamento e o custo
de produção.
Para que estes fatores sejam alcançados, é necessário estabelecer padrões sobre a
qualidade de energia na rede elétrica, sendo que o principal parâmetro da qualidade de energia
é exatamente o que o fator de potência representa.
O fator de potência é um índice adimensional que indica a representatividade da
energia ativa perante a energia total (aparente) absorvida em uma instalação ou um equipamento
(SILVA, 2009).
Em outras palavras, quanto maior o nível do fator de potência maior será o
aproveitamento de todo o potencial elétrico das máquinas elétricas do ambiente industrial.
A adequação em níveis menores de fator de potência faz com que seja necessária a sua
correção, realizada de maneira adequada para manter a qualidade de energia elétrica do sistema
e a operabilidade fabril (SILVA, 2009).
Estabelecendo as regulamentações e considerações efetuadas, tem-se que o tema
proposto é justificado pela sua aplicabilidade na busca pela eficiência e qualidade de energia
dos sistemas e subsistemas industriais.

17
2. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

2.1 INTRODUÇÃO AOS CONCEITOS DE POTÊNCIA ELÉTRICA EM


REGIME

Em ambientes industriais, existem equipamentos que são comuns em todas as vertentes


de produção, sendo assim o dimensionamento da instalação elétrica é direcionado para o
atendimento destas cargas. De tal forma, devem ser satisfeitos o consumo de potência ativa,
efetivamente transformada em energia mecânica, a potência aparente, medida em VA, sendo
classificada como potência eficaz do sistema elétrico em questão. Outro parâmetro que merece
atenção e controle, é a potência reativa, cuja intensidade depende da energia eletromagnética
gerada pelos parâmetros indutivos ou capacitivos dos equipamentos, e com base nessas três
potencias há a fundamentação para o tratamento das cargas.

2.1.1 POTÊNCIA REATIVA E MODELOS DE CARGAS

O consumo de potência reativa dependente da natureza da carga aplicada no sistema


elétrico, podendo ser indutiva, capacitiva, ou ainda resistiva. O ideal para um bom
funcionamento do sistema elétrico instalado é que haja um balanceamento entre os tipos de
cargas, afim de melhorar a eficiência de transmissão de energia e a qualidade do sinal
transmitido.
Na indústria, o tratamento para balancear cargas indutivas e capacitivas não é trivial.
A dificuldade aplicada no processo se deve às características operacionais e aplicação
de capital no maquinário visando custo benefício, ou seja, cada empresa produz um tipo de
material, e para que este possa ser produzido, faz-se necessário determinada característica de
equipamento. Alguns exemplos de cargas indutivas são os motores elétricos de gaiola de
“esquilo”, um forno de indução e até os transformadores, em geral são todos equipamentos os
quais seus aspectos construtivos beneficiam-se de bobinas. Enquanto os equipamentos
capacitivos são por exemplo os bancos de capacitores, os computadores e as lâmpadas
fluorescentes.
A partir do conhecimento dos tipos de cargas, leva-se também em consideração suas
características elétricas embasando-se nos próprios componentes de origem.
18
Relacionemos um carga indutiva a um tradicional e comercial indutor, sua indutância
é medida em Henry (H), além disso, o mesmo opera armazenando energia em formato de campo
magnético, tendo esta explicação baseada na lei de ampère, do conjunto de equações de
Maxwell, a qual explicita que um campo magnético rotacional é resultado da taxa de variação
temporal da densidade de fluxo elétrico e da aplicação da densidade de corrente elétrica, em um
meio condutor, ou seja, o efeito da indução eletromagnética dá se pela aplicação de uma
corrente elétrica, com o intuito de gerar-se um campo magnético, ou vice versa
(SADIKU,2004).

𝜕𝐷
𝑟𝑜𝑡 𝐻 = 𝐽 +
𝜕𝑡 Equação 1

Na equação citada acima, temos que:

• H representa o campo magnético


• J é a representação da densidade de corrente elétrica do material
• D representa da densidade de fluxo elétrico, que ao apresentarmos por meio da
derivada em função do tempo ilustra a taxa de variação temporal da densidade de fluxo
elétrica.
Estes equipamentos possuem a característica de atraso do seu sinal de corrente em
relação a tensão. Caso uma tensão aplicada nos terminais de um indutor, a corrente alternada
terá o atraso de 90°, conforme demonstra simulação abaixo:

Figura 1: Demonstração de defasagem no indutor

Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/359089/


19
Em indutores a reatância representa a oposição do material à aplicação de uma
corrente elétrica alternada, esta oposição, ou resistência/impedância tem como representação
de unidade no sistema internacional a letra grega Ω (ohm), esta impedância é originada por
meio do campo magnético gerado pelo indutor, obtendo-se dependência somente pela
frequência, conforme demonstra equação abaixo: (SADIKU, 2013)

𝑋𝐿 = ⍵𝐿 Equação 2

Para tal equação temos que L representa a indutância do indutor (Henry), enquanto ⍵
representa a frequência angular, dada em rad/s.
Sendo assim, quanto maior a frequência, maior a oposição do indutor à corrente.
Da mesma maneira ocorre com o capacitor, porém a oposição a corrente alternada dá
se por meio do campo elétrico, e não por meio da frequência, como no indutor.
Os capacitores tem seu princípio de funcionamento baseado no acúmulo de cargas
elétricas, quando em situação de circulação de corrente em suas placas paralelas (tanto a
corrente elétrica, quanto a de condução e deslocamento), para que então no período transitório
haja o descarregamento dos mesmos, tendo seu funcionamento efetuado de maneira cíclica,
oscilando entre os turnos de carga e descarga da corrente elétrica.
A reatância capacitiva é demonstrada a partir da seguinte relação numérica:

1
𝑋𝑐 =
⍵𝐶 Equação 3

Em que:
• C é a capacitância do material, cuja unidade no S/I é apresentada em Farads.
• ⍵ é a frequência angular, utiliza-se rad/s.
A partir do modelo matemático da equação 3, percebe-se que a reatância capacitiva é
em inversamente proporcional à frequência elétrica, ou seja, a medida em que a frequência
aumenta, a retância (impedância) capacitiva diminui, até se tornar um zero absoluto.
No capacitor, inversamente ao fenômeno que ocorre no indutor, a corrente
elétrica adianta-se 90° em relação a tensão elétrica aplicada em seus terminais.

20
Figura 2: Demonstração de defasagem no capacitor

Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/1625036/

Por meio de tal explanação, percebe-se que o comportamento do capacitor não se


assemelha na aplicação de filtro de baixa frequência, tampouco de alta, utilizando-se então do
mesmo em outras situações, como na proteção de outros componentes em circuitos eletrônicos,
por exemplo.

As cargas resistivas possuem características distintas das demais, estes modelos de


cargas são aplicados em situações as quais oportuniza-se a mudança de polaridade na mesma
fase para a corrente e a tensão elétrica a cada ciclo, resultando em um fator de potência unitário,
aplicado também para limitação da corrente elétrica em circuitos CC de menor complexidade,
conforme demonstra imagem abaixo:

Figura 3: Modelo de sinal senoidal para carga resistiva.


Disponível em: https://blog.rhmateriaiseletricos.com.br/o-que-e-o-fator-de-potencia-e-como-
corrigir/

21
2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO FATOR DE POTÊNCIA

Contextualizando o triângulo de potências apresentado na figura abaixo obtemos uma


ideia sobre a maneira correta de tratarmos o fator de potência.

Figura 4: Triângulo de potências aplicado a sistemas de cargas lineares.

Disponível em: https://es.mathworks.com/solution/power-eletronics-


control/powerdactorcorrection/_jer_content/mainParsys/band_copy_1227855798/mainParsys/columns_
1606542234_c/1/image_1099151254_cop.adapt.full.high.jpg/1592818274964.jpg

O fator de potência representa um índice de qualidade de energia (adimensional)


aplicado, quando se busca por compreender a eficiência de um equipamento, ou instalação
perante ao sistema elétrico, a partir da análise da quantidade de potência ativa (P) presente está
sendo transformada, tendo em vista a potência aparente total (S).
Nesta aplicação o dimensionamento do FP é simplesmente a relação entre a
potências ativa e a aparente, conforme a equação 4.

𝐹𝑃 = 𝑃/𝑆 Equação 4

22
Ou ainda, através da relação trigonométrica entre estes, proposta por meio do triângulo
retângulo:

𝑄 Equação 5
cos(𝜃 ) → cos (𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 )
𝑃

A necessidade de tratamento do fator de potência faz-se por meio da busca da maior


eficiência do sistema elétrico como um todo, além de evitar o ônus cobrado pela concessionária
em relação a energia “desperdiçada” pelo excedente. A atuação da concessionária ocorre
quando o fator de potência de um ambiente industrial encontra-se abaixo de 0,92. Na prática,
quando se diz que uma instalação apresenta baixo fator de potência, isso significa que as
energias totais consumidas pelo conjunto de seus equipamentos em operação são
compreendidas por uma parcela de energia ativa e por uma parcela de energia reativa superior
a 0,426kVArh para cada kWh consumido” (ANEEL,2000).
A tarifação cobrada pela concessionária pode não ser o maior dos problemas
quando fator de potência está em níveis inadequados em uma instalação industrial, como por
exemplo (CODI,2004):
• Atuação de uma parcela maior de corrente de natureza reativa passa a circular
pela rede elétrica, temos uma maior queda de tensão e/ou perda de energia nos condutores
• Tensão elétrica acima da nominal aplicada na rede (resultado de alguma
sobrecarga no sistema elétrico)
• Da disposição e aplicação de motores elétricos de indução durante longos
períodos e simultaneamente.
Para um correto dimensionamento da instalação industrial deve-se conhecer o local
adequado para a busca de informações sobre as máquinas instaladas, para então satisfazer os
parâmetros, como por exemplo, em motores o fator de potência encontra-se na etiqueta do
equipamento, conforme demonstrado no motor de indução gaiola trifásico da empresa WEG™:

23
Figura 5: Etiqueta do motor trifásico de indução.

Disponivel em: https://www.robertdicastecnologia.com.br/2014/08/placa-de-identificacao-


de-motores/

Além da disposição de informações como o número de rotações por minuto, os


modelos de ligação em estrela, triângulo, grau de proteção e indicativos de potência em CV e
watts, o fator de potência também é um fator descriminado por meio deste descritivo, por
cos 𝜑 = 0.87 e rendimento equivalente a 0,92.
Os principais fatores que causam o baixo fator de potência em uma instalação
industrial são (MAMEDE,2007):

• Transformadores operando a vazio ou com carga leve


• Superdimensionamento de motores para suas cargas
• Fornos de indução eletromagnética.
• Grande número de motores de pequena potência em operação durante
longos períodos.
Equipamentos eletrônicos (inversores, soft starters, entre outros).

24
2.3 NORMATIVA ACERCA DO FATOR DE POTÊCIA

Um baixo fator de potência em ambientes industriais faz com que haja a necessidade
de compensação da reativa por parte da concessionária, sobrecarregando em algumas situações
o sistema elétrico de transmissão afim de suprir a demanda dos equipamentos, principalmente
sobre o consumo de energia reativa proveniente de cargas indutivas, e neste caso ocorre
tarifação complementar.
As condições para medição e afins da energia reativa que circula pela rede é
estabelecida na portaria N° 1569/DNAEE de 1993, a qual justifica a cobrança com os seguintes
meios:
• Necessidade de liberação de grandes blocos de cargas da capacidade do
sistema elétrico nacional
• Conscientização acerca do uso racional de energia, de maneira com que
a reativa é vista como desperdício de energia na perspectiva da concessionária
• Diminuição do consumo parcial de energia reativa capacitiva em
períodos de carga leve, devido à elevação dos níveis de tensão na rede da concessionária.
Além da busca pela qualidade de energia nos ambientes relatados, ao corrigir o fator
de potência ocorre um alívio grande nas cargas do sistema elétrico de distribuição, facilitando
custos de ampliação de linhas de transmissão, o que resulta em uma distribuição de custos mais
justa, por meio de um maior alcance de energia elétrica para a população (ANEEL, 2013).
Outros fatores de regulamentação são estabelecidos por meio do Art.95 da ANEEL
569 de 23.07.2013. A seguinte equação estabelece o valor da tarifa correspondente aos
excedentes de consumo de potência reativa para as unidades consumidoras do grupo A, as quais
recebem a energia elétrica proveniente das redes de alta tensão da concessionária (ANEEL,
2013):

𝑛
𝑓𝑟 Equação 6
𝐸𝑅𝐸 = ∑[𝐸𝐸𝐴𝑀𝑇 ∗ ( − 1)] ∗ 𝑉𝑅𝐸𝑅𝐸
𝑓𝑇
𝑇=1

Na qual Ere faz menção a energia reativa presente na rede elétrica e:


• EEAMT = energia ativa mensurada em ciclos de uma hora, (T)
• Fr = fator de potência equivalente a 0,92
25
• fT = fator de potência da UC, visto pela concessionária, calculado em
ciclos de T= 1 hora.
• VRERE = referência de valor tarifário á energia (TE) da bandeira verde,
aplicada ao subgrupo de consumo B1, parametrizado em Reais por Megawatt Hora.
• DREP = valor por UC que estabelece relação com o excedente de energia
reativa, instrumentado a partir da demanda e estabelecido sob o fp normativo (0,92 cap-
ind).
• PAMT = este parâmetro representa a demanda de potência ativa medida
no intervalo de uma hora, durante o prazo de medição estipulado pela concessionária,
kW.
A partir da aplicação da nova normativa legislada, o monitoramento do fator de
potência baseia-se no estudo e levantamento de informações acerca do consumo ou
fornecimento de energia reativa em avaliações diárias no período de 24 horas/dia.
A instrumentação realiza medições do consumo de energia reativa no período das 6:00
(AM) até a 00:00 (PM), em intervalos de tempo definidos para uma hora cada avaliação, ou
seja no período supracitado, faz-se necessário que o consumo de energia reativa estabeleça um
fator de potência no intervalo de 0,92 a 1,00.
Enquanto o fornecimento de energia reativa é mensurada no período de 00:00 (AM)
ás 06:00 (AM), de modo que se mantenha a mesma faixa de tolerância para o fator de potência.
A figura abaixo ilustra a faixa de aplicação do fator de potência normatizada.

Figura 6: Fator de potência embasado normatizado

Disponível em: https://www.ppgee.ufmg.br/defesas/129M.PDF


26
A perícia da rede elétrica pode ser avaliada por duas metodologias distintas de
medição do fator de potência, a primeira instrumentada ocorre dentro da faixa de horários
conforme citado, além deste método, dispõe-se também da avaliação mensal, na qual é aplicada
tão somente a energia reativa indutiva produzida, obtida esta por meio dos valores
instrumentados na medição da energia ativa com a energia aparente, medidos durante o ciclo
fiscal da concessionária, ficando a critério da mesma a instituição das datas para análise,
resultando ou não na instituição do ônus, aplicando a medição mensal, e não a horária.

2.4 COMPORTAMENTO DE CARGAS

Para introduzir os métodos de correção de fator de potência de deslocamento, faz-se


necessário que se compreendam os tipos de cargas que estão sendo admitidos no sistema
elétrico em questão.
A avaliação do fator de potência de deslocamento relaciona a frequência
fundamental (60Hz) à defasagem causada por uma carga, no sinal de tensão e corrente no
sistema.
As cargas ditas lineares são os modelos de cargas mais comuns encontrados em
ambientes residenciais. Estas apresentam tão somente um comportamento contínuo
discretizado e não dinâmico, ou seja não há modificação dos seus parâmetros durante sua vida-
útil.
Então, o modelo de uma carga linear pode ser avaliado de acordo com a queda de
tensão de um resistor e a corrente que circula pelo equipamento, dado pela seguinte equação:

𝑉 =𝑅∗𝐼 Equação 7

Sendo assim, a corrente é proporcional entre a resistência do mesmo e a tensão aplicada,


conforme demonstra gráfico abaixo:

27
Figura 7: Gráfico demonstrando relação tensão corrente no resistor

Disponível em: https://www.blogdovestibular.com/questoes/questao-comentada-grafico-


resistencia-eletrica-corrente-enem.html

Considerando uma instalação elétrica residencial de baixa tensão, um circuito com


tomadas de uso geral possui uma relação linear para obtenção da carga, já que a potência elétrica
envolvida depende tão somente da corrente e da tensão do circuito, ou ainda, pode-se
estabelecer a corrente elétrica através da seguinte operação:

𝑆 (𝑉𝑒𝑓 ∗ 𝐼𝑒𝑓)
=𝐼 Equação 8
𝑉

Nestas situações o fator de potência é obtido pelo cosseno do ângulo entre a potência
ativa e a potência aparente, demonstrado na figura 4 do capítulo 2.2, e a partir deste parâmetro
pode-se realizar a averiguação do fator de potência para cargas lineares e senoidais a partir de
modelos matemáticos.

Além disso, por meio da relação trigonométrica, pode-se obter os valores de qualquer
uma das potências, como demonstrado nas equações 9 a 11.
𝑃 = √𝑆 2 − 𝑄 2 Equação 9

28
𝑄 = √𝑆 2 − 𝑃 2 Equação 10

𝑆 = √𝑃2 + 𝑄 2
Equação 11

Resumindo, em cargas de natureza somente restiva, indutiva ou capacitiva não há


distorção no formato oscilatório da tensão ou da corrente. É observado apenas o deslocamento
temporal de um sinal em relação ao outro.

Enquanto as cargas não lineares, ocorre uma grave distorção no sinal da corrente
ou/e da tensão. Portanto, não há uma relação definitivamente expressa para o impulso elétrico
aplicado pela rede e o sinal de saída apresentado por essa carga, devido ao seu comportamento
dinâmico., ou seja, este sinal varia de acordo com a frequência.

Para essas cargas ocorre uma variação muito grande no comportamento da tensão e da
corrente, causado pela inserção de harmônicas ou sinais de valor médio, sendo assim a forma
de onda já não é mais apresentada no formato sinusoidal devido a presença de diversas
frequências de variadas ordem de harmônicas nesse sinal, já então ruidoso, diminuindo assim
o FP e gerando outras problemáticas
O estudo acerca da interferência das harmônicas no fator de potência é
estabelecido através da seguinte equação:

𝑃 Equação 12
𝐹𝑃 =
𝑉𝑖𝑒𝑓 ∗ 𝐼𝑒𝑓

A qual:
*Vief representa a tensão eficaz do equipamento conectado à rede elétrica

*Ief refere-se a corrente eficaz.

29
Nesta avaliação, temos então a relação entre a potência ativa P (Watts) e a aparente
S, produto da tensão eficaz com a corrente eficaz (Volt-Ampère)

Na inspeção da presença de harmônicas a corrente eficaz pode ser obtida através da


série de Fourier sob o sinal avaliado.


𝐼2𝑚
𝐼𝑒𝑓 = √𝐼𝑜 ² + ∑ Equação 13
2
𝑛=1

O valor da corrente RMS, ou corrente eficaz objetiva (𝐼𝑜 ), representa para um sinal
de característica contínua que o módulo da tensão é capaz de proporcionar a equivalente
dissipação de potência elétrica quando relacionado ao sinal da corrente elétrica em regime
periódico.
Entretanto, conforme ilustrado na figura abaixo, quando uma corrente é consumida por
uma carga de natureza não linear, avalia-se as harmônicas que causam a distorção na corrente.
Verifica-se que a única frequência capaz de produzir potência elétrica útil para o
sistema elétrico é a de 60 Hz, assim como se espera do sinal recebido pela concessionária, que
é aproximadamente 60Hz, com baixa incidência de ruídos.

Figura 8: Avaliação de sinal com diversas faixas de frequência.

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FkUWMnv-xWM

30
Estes tipos de cargas (não lineares) são comumente encontrados em aparelhos
eletrônicos com a presença de semicondutores, fontes chaveadas, nobreaks, máquinas de solda
e lâmpadas fluorescentes com reator eletrônico, conforme demonstra imagem abaixo:

Figura 9: Sinal de saída de lâmpada fluorescente alimentada por reator eletrônico

Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-


17592010000400006

Pode-se dizer que uma carga é não é linear quando uma tensão senoidal é aplicada no
circuito, porém o formato do sinal da corrente consumida pela carga não é senoidal, devido às
características elétricas dos componentes inseridos e seus fatores construtivos (SILVA,2009).

31
2.5 INTRODUÇÃO A HÂRMONICAS

A frequência é uma grandeza que representa a quantidade de ciclos no qual um


sinal percorre em um estimado período de tempo, esta pode ser representada de maneira
genérica como:
𝐹 = 1/𝑇 Equação 14

Na qual F representa a frequência em Hertz, e T o período, demonstrando que são


grandezas inversamente proporcionais, na qual o período representa o tempo necessário para
que se complete uma oscilação. A frequência fundamental da rede elétrica em território nacional
é de 60 Hertz.

Em CA a frequência elétrica representa o número de ciclos pelo qual a corrente


alternada oscila. O comprimento de onda sofre alteração de acordo com a frequência aplicada,
e um maior número de oscilações pode causar uma série de problemas quando relacionados á
um sistema elétrico instalado.
A possibilidade de ocasionar distorções no sinal da tensão e corrente elétrica é
um destes problemas, o chamado de fator de distorção, aplicado então à corrente elétrica e a
tensão elétrica do sinal, sendo também relacionado ao fator de potência.
Para definir qual harmônica pertence determinada frequência, faz-se necessário
estabelecer a relação entre a frequência medida e a frequência fundamental, e o resultado desta
será a harmônica a qual determinada faixa de frequência está inserida.
A figura 12 apresenta sinais senoidais com as frequências de 60 Hz (frequência
fundamental), 300 Hz (quinta harmônica) e 420 Hz (sétima harmônica), além do sinal resultante
entre a aplicação de todas estas no sinal fundamental, discriminando suas contribuições no sinal
resultante:

32
Figura 10: Harmônicas de frequência e sinal de saída da rede após aplicação.
Disponível em: https://www.researchgate.net/figure/Influencia-das-distorcoes-
harmonicas_fig2_242681596

De acordo com WEG (2009) as cargas não lineares são classificadas em três
categorias, sendo tais descritas a partir da causa da deformação:

a) CATEGORIA 1: Instrumento com características operacionais baseada na


formação de arcos fotovoltaicos, na qual a distorção no sinal da corrente do equipamento é
causada pelo comportamento não linear do próprio arco formado.

b) CATEGORIA 2: Nesta categoria se encontram os materiais cujos núcleos


magnéticos encontram-se em situação de saturação, o comportamento não linear dá-se por meio
da não linearidade do circuito de magnetização.

c) CATEGORIA 3: Esta classe representa os equipamentos de natureza eletrônica,


estes os quais causam deformação no sinal da corrente é resultante dos componentes aplicados.

33
2.6 MODELAGEM MATEMÁTICA PARA CARGAS NÃO LINEARES

Os sinais distorcidos provenientes de cargas não lineares causam não só a


compensação por parte da concessionária para a reativa, como também a ressonância entre o
banco aplicado para correção e os transformadores das subestações refletindo no mal
funcionamento dos equipamentos que produzem ou recebem este sinal, devido a isso faz-se
necessário um tratamento especial para com estas situações.
Trata-se como fator de suma importância para manter a qualidade da energia
fornecida uma correção de fator de potência parametrizada, com injeção de reativa e filtro
aplicado bem dimensionados, levando não só em conta os parâmetros elétricos, como também
a operabilidade do banco, questões construtivas, térmicas, afim de corrigir o fator de potência
e facilitar a verificação de outras nuances respeitando as questões operacionais e os sinais
permissíveis a correção aplicada.
Para avaliar as situações tais quais algum equipamento está sofrendo
interferência operacional devido a um baixo fator de potência com a presença de harmônicos,
aplica-se o Tetraedro de potências.

Figura 11: Tetraedro de potências

Disponível em: Ensino do fator de potência na presença de harmônicos: uma abordagem


sociointeracionista – UNESP.

34
Nesta situação a correção do fator de potência é realizada a partir das três potências
fundamentais, e uma potência de distorção “D”, então necessária afim de estabelecer a relação
da distorção causado sobre o sinal da frequência fundamental.

A Potência de distorção consiste no efeito da potência proveniente das harmônicas de


ordem diferente da fundamental, mesmo tendo como unidade o (VA) esta potência e a potência
aparente não representam a mesma coisa.

Além do ângulo da relação linear (θ) no tetraedro de potências, tem-se também o


ângulo λ ,presente na relação da potência de distorção com a potência aparente, diminuindo de
maneira significativa e distanciando o fator de potência do sistema do seu valor ideal (0.98 –
1.0) conforme a amplitude da potência de distorção aumenta.

De acordo com a relação da corrente eficaz aplicada no sistema e da harmônica que


causa esta distorção, quanto mais harmônicas forem “poluir” o sinal de corrente, maior a
corrente eficaz, menor o fator de potência, conforme demonstrado na equação 12.

Afim de se estipular a potência aparente flutuante no sistema, temos a seguinte relação:

Equação 15
S’² = P² + Q² + D²

A partir da avaliação da figura 13, na hipótese de não haver o sinal de distorção, a


potência aparente seria representada tão somente de maneira unilateral pela linha tracejada em
vermelho, porém com a presença de harmônicas no sistema, ocorre um deslocamento angular,
gerando um tetraedro de potências.

O cálculo desta potência aparente é realizado a partir da seguinte expressão:

𝑆 = √(𝑃2 + 𝑄 2 + 𝐷 2 ) Equação 16

Na verificação de cargas não lineares, o fator de potência torna-se:

35
𝐼1
𝐹𝑃 = ( √2 )(𝑐𝑜𝑠𝜑1 − ∅1 )
√𝐼𝑜 2 + 𝐼𝑛2
∑∞
1 2 Equação 17

Conforme a expressão acima, o fator de potência é resultado do produto do fator


de distorção, causado pela adição das harmônicas na rede, com o fator de deslocamento,
causado pelas cargas, que representa a defasagem entre o sinal de tensão e corrente.
Portanto, tem-se a representação da parcela do fator de distorção:
𝐼1
√2
𝐹𝐷 = ( ) Equação 18
√𝐼𝑜 2 + ∑∞ 𝐼𝑛2
1 2

Além desta modelagem pode-se indicar a proporcionalidade do sinal de distorção,


por exemplo, do sinal da tensão de um equipamento após aplicação das harmônicas, a partir da
ordem da frequência de distorção causada e da fundamental sob os sinais de tensão
(WEG,2009):
𝑉𝑛 Equação 19
𝐷𝐹 = ∗ 100%
𝑉1

Nesta equação temos Vn como tensão da harmônica de série “n”, e V1 como sinal
de tensão de ordem fundamental.

Para obter a distorção harmônica total do sinal de tensão e corrente utilizam-se as


seguintes relações, respectivamente:

Equação 20
𝑉22 + 𝑉32 + 𝑉42 + ⋯ 𝑉𝑛2
𝑇𝐻𝐷𝑉 = [ √ ] ∗ 100
𝑉1

36
𝐼22 + 𝐼32 + 𝐼42 … 𝐼𝑛2
𝑇𝐻𝐷𝐼 = [ √ ] ∗ 100 Equação 21
𝐼1

E finalmente, o fator de distorção é obtido por:

𝐹𝐷 = 𝑇𝐻𝐷𝑉 ∗ 𝑇𝐻𝐷𝐼 Equação 22

Para que haja a verificação do fator de distorção, deve-se avaliar a contribuição de


cada harmônica de ordem diferente da fundamental (3ª, 5ª, entre outras) para a distorção dos
sinais de corrente e tensão, efetuando o somatório destes sinais e relacionando-os a amplitude
de tensão e corrente entregues pela frequência fundamental, de maneira com que se possa
avaliar o índice de distorção como um todo, respeitando a avaliação determinística tanto para o
sinal de tensão, quanto para o sinal da corrente, para assim, a partir de então, estipular a
frequência de distorção total.

Sabendo que I1 é a corrente de ordem fundamental, e ainda o fator de deslocamento


representa a relação de deslocamento angular entre a corrente/tensão proveniente da frequência
fundamental (∅1) e da corrente/tensão de ordem diferente da fundamental como 𝜑, temos então
seguinte expressão para representar o fator de deslocamento:

𝐹𝑑 = (𝑐𝑜𝑠𝜑1 − ∅1) Equação 23

Contextualizando, temos que o fator de distorção tem como objetivo relacionar a


corrente elétrica da fundamental e o valor da corrente eficaz de todas as harmônicas, enquanto
o fator de potência de deslocamento apenas avalia a distorção entre a corrente e a tensão na
frequência fundamental frente as demais frequências do sistema. Desta forma, o fator de
potência de deslocamento tem como objetivo mensurar a eficiência da transformação da
potência aparente em ativa.

37
2.7 MÉTODOLOGIAS APLICADAS PARA CORREÇÃO DO FATOR DE
POTENCIA

Entre os métodos possíveis para correção do fator de potência, deve-se levar em


consideração o tipo de carga empregada no sistema, a faixa de tensão na qual opta-se por
estabelecer a correção, e ainda, a situação de avaliação das cargas, para que as medições da rede
sejam executadas sempre com equipamentos true RMS1.
Para corrigir o FP de deslocamento em ambientes industriais alimentados em baixa
tensão utilizam-se das seguintes metodologias (COTRIM,2008):

• Aumento do consumo da potência ativa

Esta forma de correção do fator de potência na faixa de baixa tensão acaba que por
se tornar a mais onerosa entre as demais, devido a necessidade de investimento em mais
equipamentos, conectados a rede elétrica tão somente para desempenhar a relação necessária
para satisfazer o fator de potência ser estabelecido, e dependendo da relação de consumo e
investimento no equipamento, muitas vezes acaba não sendo vantajoso a opção por essa
metodologia.
Ao aumentar o consumo de potência ativa, de modo a deixa-la mais próxima do valor
nominal da potência aparente, permite-se equilibrar as cargas do triangulo de potência fazendo
com que seu FP fique mais próximo do valor de tolerância (0,92 indutivo- 0,92 capacitivo).
Para que esta metodologia seja aplicada, necessita-se do conhecimento de toda a
instalação elétrica do ambiente industrial, das informações da infraestrutura da subestação, por
meio do diagrama unifilar, quadro de cargas, gerando uma análise mais determinística,
respeitando todas as tolerâncias então normativas estabelecidas, para que o sistema não esteja
subdimensionado para este aumento de carga, e que haja previsão deste aumento respeitando
os parâmetros da instalação já executados.

1 um registrador de grandezas elétricas por exemplo, pois instrumentos desta natureza possuem a capacidade de

mapear a onda distorcida e determinam instantaneamente os valores do sinal avaliado.

38
• Utilização de motores síncronos superexcitados.

A correção de fator de potência por motores síncronos superexcitados dá-se através da


injeção de potência reativa fornecida à carga ou um equipamento dentro da instalação industrial,
visando então o alívio do sistema de transmissão.

Os motores síncronos, quando superexcitados, realizam o avanço da corrente em


relação a tensão, tornando-o um circuito capacitivo. Exemplo destes, é um banco de capacitores
injetando potência reativa na rede.

• Utilização de banco de capacitores

Esta é a mais aplicada em ambientes industriais pela facilidade de instalação, custo-


benefício, e eficiência dos controladores de energia e instrumentos aplicados ao controle da
qualidade da rede.

Estes controladores têm como objetivo realizar a inspeção da rede e injetar potência
reativa somente nos momentos em que há alguma divergência na leitura, a partir de um
chaveamento automático, estabelecendo ciclos de injeção para determinados capacitores do
banco.

Além da aplicação de bancos automatizados, possui-se também vários formatos


para que haja a correção do fator de potência.

Este é avaliado de acordo com a disposição das cargas e com a necessidade de


compensação, pois dependendo do nível do FP na empresa, há a necessidade de compensar
várias cargas em operação, necessitando de uma verificação mais consistente e outras medidas
para não instalar diversos bancos pela empresa, como funcionamento por turnos dos
instrumentos, entre outros.

39
Tem-se como métodos de correção (WEG,2009):

a) Correção nos medidores ou subestação a em A.T.


Neste caso é feita a avaliação da instalação pela perspectiva da concessionária,
porém isto não corrige o FP interno da instalação industrial.
Tal procedimento possui um custo elevado.
A imagem abaixo ilustra aplicação dos bancos para correção da linha.

Figura 12: Instalação de banco de capacitores em subestação geradora de energia

Disponível em: https://bree.com.br/quais-sao-os-tipos-de-bancos-de-capacitores/

Em linhas de transmissão o capacitor instalado tem como objetivo realizar além da


injeção da energia reativa a proteção dos elementos e o alívio dos níveis de tensão em
equipamentos elétricos, protegendo-os contra possíveis sobrecargas.

b) Correção na entrada da rede de baixa tensão


Adota-se este arranjo quando não há harmonia entre as características de cargas e
seu regime de utilização, não havendo uniformidade no sistema. A grande problemática consiste
na não eficiência quanto ao alívio nos alimentadores de cada máquina elétrica. Neste caso,

40
normalmente se opta pela aplicação de bancos com controladores de FP automáticos conforme
citado em outro momento.

Figura 13: Instalação de banco de capacitores automático na baixa tensão.

Disponível em: http://www.engerey.com.br/paineis-eletricos/banco-de-capacitores

c.) Correção por agrupamento


Nesta situação dispõe-se na instalação elétrica industrial, de uma série de cargas com
as mesmas características elétricas, e portanto, sendo este conjunto de cargas que provoca o
baixo fator de potência da instalação.
Com isso, instala-se o banco de capacitores em paralelo ao barramento que alimenta
estes equipamentos.
Convencionalmente, esta correção deve ser efetuada para pequenos blocos de cargas
(motores com potência nominal superior a 10cv).
Sendo assim, injeta-se a potência reativa necessária para compensação das cargas do
quadro de comando destas.

41
Figura 14: Correção de fator de potência por agrupamento de cargas
Disponível::https://www.udesc.br/arquivos/udesc/id_cpmenu/9731/corre_a__do_fp_5_16_156415100
00793_9731.pdf

Neste modelo, não ocorre a diminuição significativa da corrente dos circuitos


envolvidos, sendo assim não haverá alívio nos circuitos de alimentação.

d.) Correção localizada do fator de potência

É obtida no processo de instalação do banco de capacitores em paralelo à carga na qual


se deseja fazer a injeção da potência reativa.

Os benefícios são (WEG, 2009): A carga de alimentação nos circuitos elétricos


sofre alívio na amplitude do seu sinal, devido ao comportamento dos capacitores, e utiliza-se
um único quadro para acionamento da carga e do capacitor de forma com que haja uma inspeção
dos valores tanto da carga, como do banco e assim da rede elétrica, desta maneira ocorre geração
de potência reativa somente no ponto onde é necessário.
Além de tudo que fora citado, a aplicação do banco reduz perda de energia em toda a
instalação elétrica.

42
Figura 15: Correção de fator de potência individual

Disponível em: http://www.engerey.com.br/paineis-eletricos/banco-de-capacitores

Ainda há outros fatores construtivos que devem ser levantados em consideração além
dos necessários para a correção do fator de potência que podem parecer lógicos, mas muitas
vezes são desconsiderados, como a tensão de aplicação da carga da rede em que ela está
instalada (127 V, 380 V, 440 V, entre outras) (Baixa tensão), e o esquema de ligação do banco
de capacitores.
Por exemplo, porque se deve instalar o banco de capacitores em triângulo (380 V) e
não em estrela (220 V)?
Neste caso opta-se por instalar o banco de capacitores trifásicos a 380 V pela maior
injeção de potência reativa na relação trifásica, devido a injeção de potência reativa depender
fortemente da tensão aplicada nas células do capacitor. Logo, quando há incidência de uma
tensão mais elevada no sistema, a injeção da potência reativa é maior, assim fazendo com que
se obtenha no produto final, pós montagem, bancos com menor robustez e maior capacidade de
injeção.
É de suma importância também aplicar resistores de descarga em paralelo ao capacitor,
este resistor tem a função de operar na carga e descarga do banco de capacitores, visando
preparar e proteger o mesmo para os ciclos de injeção de potência reativa efetuada pelo banco
de capacitores, operando de maneira a evitar os picos de corrente e facilitar o manuseio dos
mesmos assegurando o responsável pela manutenção quando o banco está sem energia,
evitando descargas.

43
Na operação dos bancos de capacitores temos 3 resistores instalados para o
acionamento:
• 1 em paralelo na célula que tem a função de descarregar apenas quando o
capacitor for desligado
• 2, estão conectados no contator, e servem para a pré-carga e pré-descarga da
tensão no capacitor, atuando também na proteção das correntes inrush, além de operarem no
controle de sinal da tensão aplicada (subida e descida).

Figura 16: Banco ligado em triangulo com resistores e contatores para fins de manobra
Disponível em: https://slideplayer.com.br/slide/349422/

44
2.7.2 PROBLEMAS CAUSADOS POR APLICAÇÃO DE CORRENTES DE
ELEVADA FREQUENCIA NO BANCO DE CAPACITORES

Ao aplicar um banco de capacitores para correção do fator de deslocamento


conforme citado em outro momento, faz-se necessário com que haja o devido cuidado com
relação ao comportamento das frequências das correntes produzidas pelas cargas.
A presença de harmônicas na rede elétrica, por menor que seja o módulo da corrente
elétrica produzem uma grande variação da corrente do banco de capacitores, além da
apresentação de distorções no sinal da corrente, ocasionando na perda da qualidade de energia,
além disso, demonstra-se de suma importância o entendimento de qual a fonte da corrente de
natureza não linear está presente no sistema, para assim aplicar o devido emprego do banco de
capacitores na hipótese de correção do fator de potência.
Mesmo em situações as quais o banco de capacitores seja aplicado para correção do
fator de potência do sistema, o componente capacitor não atua como filtro de frequências, ou
seja, permanecem as correntes de frequência elevada, e nesta situação não há atuação efetiva
do banco para a devida correção do fator de potência, este comportamento é explicado com
base na reatância do capacitor, utilizado na equação , o capacitor comporta-se de maneira
inversamente proporcional ao aumento da frequência, quanto maior a frequência do sistema,
menor a impedância do capacitor, maior a corrente que circula no banco.
Devido a isso, é importante ressaltar que ocorram medições constantes das correntes
de 3°,5°,7° e 9º harmônico do banco e da carga, para controle do comportamento dos mesmos,
atualizando sempre o diagrama unifilar da planta em questão, evitando possíveis desavenças
entre estas e o sistema instalado em loco, pois, quando se conhece os equipamentos instalados
se consegue compreender as possíveis problemáticas no tratamento.
A situação de ressonância entre as frequências de elevada ordem talvez seja o principal
problema causado por cargas de natureza não linear nos bancos.
Este fenômeno elétrico refere-se à frequência que estabelece a situação em que as
reatâncias capacitivas e indutivas do sistema sejam equivalentes, ocorrendo, portanto, o
fenômeno da ressonância.
Esta frequência de ressonância é vista pelo sistema como preferencial para que o
sistema oscile, sendo tal diferente de 60Hz por meio do circuito elétrico abaixo podemos
verificar tal comportamento:

45
Figura 17: Circuito RLC em situação de ressonância

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8kT_ZEVSQO0

A ressonância pode ser compreendida pela fonte, (no ambiente industrial visto como
o transformador) como a busca pela menor impedância possível, de forma com que as reatâncias
XL e Xc se anulem. O comportamento de ressonância estabelece-se tão somente na relação
entre o indutor e o capacitor instalados em série, descrita pela seguinte equação:

𝑋𝐿 − 𝑋𝐶 = 0 Equação 24

Ainda podemos encontrar a frequência de ressonância do sistema, por meio da seguinte


expressão:

1
2𝜋𝑓0 𝐿 =
2𝜋𝑓0 𝐶 Equação 25

A partir da relação de igualdade entre as reatâncias conseguimos obter a frequência de


ressonância entre os componentes:
1 Equação 26
𝑓0 =
2𝜋√𝐿𝐶

E então substituindo a frequência angular temos:


46
1
𝜔 =
√𝐿𝐶 Equação 27

No circuito relatado o FP é unitário, devido a fonte observar apenas o resistor


como impedância do sistema, e por ser uma carga linear, este não afeta a frequência de
ressonância.
A ressonância também pode ocorrer em sistemas elétricos os quais não há presença
de correntes harmônicas.
Em uma instalação industrial, este fenômeno ocorre entre o transformador e o banco
de capacitores aplicado na correção, quando instalados em conjunto no mesmo barramento.
Ao levarmos em conta o SEP da instalação e a interferência de correntes de natureza
maior a 60Hz, deve-se considerar: a Fr de ressonância admitida, a frequência fundamental, a
impedância do transformador conectado à rede elétrica, a potência aparente do transformador.
a potência reativa de cada estágio realizada pelo controlador, e a injeção fixa do banco Qc.

𝑆𝑡𝑟
𝑓𝑟 = 𝑓𝑜 √ Equação 28
𝑍 𝑄𝑐

A frequência de ressonância consiste na frequência capaz de estabelecer a igualdade


entre as reatâncias capacitivas e indutivas aplicadas na correção do fator de potência, na
aparição deste fenômeno o cancelamento das reatâncias faz com que a impedância LC se torne
equivalente ao valor da resistência elétrica do circuito (da figura 17) , ocorrendo uma
diminuição drástica em seu módulo, resultando na aparição de sobrecorrentes no circuito devido
a perda da característica elétrica de ambos componentes, colocando em risco o funcionamento
do banco de capacitores, expondo-o a possíveis sobrecorrentes e surtos de tensão.

47
2.7.3 CORREÇÃO DE FATOR DE DESLOCAMENTO PARA SISTEMAS EM
RESSONÂNCIA

Na presença de cargas de natureza não lineares com índice superior a 20% de


harmônicas conforme normativa na instalação, faz-se necessária a instalação de indutores de
dessintonia em série com o banco de capacitores.
O comportamento do circuito elétrico em relação ao banco aplicado demonstra-se
como um filtro passa baixa na disposição de indutores de dissintonia em série com o banco de
capacitores.
A restrição do fluxo de harmônicas para o capacitor ocorre devido ao comportamento
do indutor em relação ao aumento das frequências relativas ás harmônicas devido a sua
reatância.

Figura 18: Aplicação filtro LC em série com o banco de capacitores.

Disponível em: http://paginapessoal.uftpr.edu.br – Qualidade_05_Projeto de Filtro.pdf

A associação do indutor no circuito se dá de maneira com que quando instalado à


uma frequência de 60 Hertz o circuito seja somente o capacitor, com o indutor visto pela fonte
como um curto-circuito.
Quando ocorre a presença de frequências mais elevadas no circuito, o indutor atua
como filtro passa baixa, evitando que harmônicas de ordem superiores atinjam o capacitor, ou
seja o circuito é visto pela fonte apenas como um indutor.

48
Para que haja harmonia na aplicação do método de correção, julga-se necessário obter
os seguintes parâmetros (WEG, 2009):
• Potência, tensão e frequência dos capacitores
• Avaliação do espectro das harmônicas
• Análise da corrente, tensão e fator de potência para cada ordem de
harmônica do sistema.

Para a proteção da linha contra os elementos na presença de harmônicas, dispõe-se de


dois tipos de equipamentos, o indutor anti-harmônica e o filtro anti-harmônica.
O indutor anti-harmônica opera na proteção dos capacitores contra as harmônicas e
surtos de corrente, não evitando a presença delas na rede elétrica nem no banco de capacitores.
Já o filtro anti-harmônica, adotado no tratamento computacional aplicado opera
eliminando a faixa de frequência de determinada ordem de frequência da rede elétrica, evitando
assim o contato destas tanto com o banco, possibilitando sua operação em valores nominais de
tensão e corrente, quanto para os equipamentos.

2.8 MODELOS DE CARGAS NAS INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS

Predominantemente no setor industrial, a maioria de equipamentos tem


características indutivas, e são motores elétricos. Em plantas industriais com necessidade de
trabalho com eletropneumática (para acionamento de compressores, bombas de recalque,
equipamentos com alta rotação, entre outros) as cargas que prevalecem são motores de indução,
ou motores síncronos.
Nas avaliações dos equipamentos elétricos de termoquímicas, como a troca de calor é
uma necessidade empírica do sistema, na disposição e controle de elevadas temperaturas as
cargas possuem natureza predominantemente resistiva.
Nos sistemas com necessidade de trabalho a alta rotação, também se empregam
sistemas de motores de corrente contínua, estes apresentam maior velocidade de rotação em seu
eixo, conectados então a motores de indução para alcançar a demanda necessária.
O levantamento de informações acerca da relação do motor elétrico com o fator de
potência sustenta-se simplesmente pela sua relação de eficiência energética.

49
A imagem da empresa WEG™ apresenta o avanço da eficiência energética de 1960 a
2010:

Figura 19: Avanço da eficiência energética de motores elétricos

Disponível em: https://revimaq.com/blog/a-evolucao-na-eficiencia-energetica-de-motores-eletricos/

A relação da eficiência da energia estabelece-se com base no elevado fator de potência,


levando a sua operação à valores crescentes de eficiência.
Isto diminui os índices de manutenção, geram produtividade e sucessivamente o
retorno financeiro (resultado mais buscado) no setor industrial.
Todas as informações acerca de seus aspectos de funcionamento são demonstradas nos
próprios motores elétricos.
Caso não esteja em situação visível, opta-se por instrumentar o motor, ou
simplesmente a partir de sua potência em cavalos (HP), realizar a modelagem necessária e a
partir desta, relaciona-las por meio de modelagem matemática buscando os resultados mais
adequados.

50
2.9 PROPOSTA DE TRABALHO

A partir da fundamentação teórica referenciada no capítulo dois, apresenta-se como


proposta deste trabalho de conclusão de curso, uma abordagem computacional para correção
do fator de potência de uma carga não linear.
Apresentadas as deficiências do sistema quanto às grandezas elétricas frente a uma
carga não linear, estabelecida por das interações apresentadas no circuito composto pelo
secundário do transformador, representado por um circuito RL, um banco de capacitores com
indutor de dessintonia e uma fonte de corrente, representando a carga, porém esta carga terá
característica dinâmica, ou seja, uma carga não linear.
A simulação do sistema consiste em aplicar à uma carga não linear, sinais de corrente
com presença de harmônicas, constituídas por diversas ordens, e apresentar por meio da
ferramenta Matlab/Simulink, os resultados obtidos de variação do sinal de saída desta carga
frente estas dinâmicas, além da aplicação do sistema de correção.
Em sistemas as quais está aplicada a hipótese de ressonância será realizada a avaliação
dos parâmetros operacionais e da instrumentação elétrica do banco de capacitores,
referenciando a relação do efeito da ressonância, das harmônicas e dos componentes do banco
de capacitores, medindo os sinais de entrada, saída do banco de capacitores
Além disso será avaliado os sinais no indutor, frente a aplicação da carga de alta
frequência, representando seu dimensionamento, como filtro de altas frequências.

51
3. METODOLOGIA CIENTÍFICA

3.1. BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DOS MODELOS DE CARGA

Quando tratamos do fator de potência em uma instalação indiferente do seu porte,


estamos referenciando o ambiente quanto a eficiência do aproveitamento do sistema elétrico,
estabelecendo o parâmetro entre o que se produz para alimentar a carga e o quanto desta é
consumida. O diagrama de blocos da Figura 20 elucida o processo envolvido para a correção
do fator de deslocamento:

Figura 20 : Diagrama de blocos para correção do fator de deslocamento


Fonte: Autor
Ao deparar-se com os parâmetros indicativos para o tratamento do então denominado
fator de potência, agora fator de deslocamento conforme apresentado na figura 1, faz se
necessário a parametrização e coleta de dados por meio de instrumentação, ou do diagrama
unifilar, valores como potência da carga, capacidade de entrega da rede, potência da subestação,
são dados fundamentais para o tratamento destes, já que quando se corrige o fator de
deslocamento, não estamos fazendo-o com o objetivo de melhorar a efetividade da carga, mas
sim, da instalação que o alimenta como um todo, pois corrige-se o fator de deslocamento da
instalação, e não da carga.
No caso da opção pela correção a instalação do banco de capacitores já resolveria o
problema em uma situação ideal, busca-se por esta aplicação pelo fácil acesso à bancos já
montados, custo benefício, muito mais fácil que instalar bancos de reatores por exemplo, que
contornem as reativas por meio da reatância dos mesmos.

52
Nos piores casos, a não correção do fator de deslocamento agrava como um todo o
funcionamento da instalação elétrica, e muito provavelmente a tarifação não seja o pior dos
problemas, a menor efetividade do sistema elétrico, aumento de correntes no condutor neutro,
sobrecarga de transformadores, entre outros problemas que também são tratados em outro
momento desta monografia.
Um exemplo tradicional desta modelagem se dá com motores, equipamentos de
natureza indutiva, na qual o sinal da corrente é atrasado em relação à tensão, e que possuem
baixo fator de deslocamento, ou cos ∅, já que a potência reativa é extremamente necessária
neste caso, pois tem função de magnetização das bobinas do motor, essenciais ao seu
funcionamento.
Ao conectar um banco de capacitores em paralelo com a carga, a instalação “enxerga”
a injeção, ou compensação do capacitor para o baixo fator de deslocamento do motor, através
da redução de corrente na entrada.

3.2. DIMENSIONAMENTO E SIMULAÇÃO DE BANCO DE CAPACITORES PARA


CARGAS LINEARES

Nesta situação, um sistema linear pode ser modelado a partir de relações


trigonométricas do triângulo de potências, por exemplo:
Supõe-se que a rede possua:

𝐼𝑖𝑛 = 420 𝐴𝑚𝑝è𝑟𝑒𝑠


𝑉 = 220/380 𝑉𝑜𝑙𝑡𝑠
𝐹𝑑𝑒𝑠𝑙 = 0,76
Na condição expressa, o processamento da energia no ambiente está desfavorável, e
uma multa por baixo fator de deslocamento será aplicada. Para solução da problemática recorre-
se ao dimensionamento do banco de capacitores.

Figura 21: Triângulo de potências


Fonte: Autor

53
Observando a figura 21, é possível estabelecer a metodologia de cálculo do processo.
O primeiro passo nesta etapa é encontrar a Potência Aparente 𝑆 (VA), ou potência
demandada para o funcionamento da carga. Como já fora instrumentado os valores de corrente
e tensão da rede, tem se (MAMEDE, 2013):

𝑆 = √3 𝑉 𝐼 29

Desta maneira encontramos como potência fornecida 277,2 kVA.


A próxima etapa consiste na obtenção da potência ativa do sistema, esta sendo a
potência de fato transformada em trabalho (grande maioria) e perdas Joule. Deste modo
tratamos está na seguinte relação (MAMEDE, 2013):

𝑃 [W]
𝐹𝑑𝑒𝑠𝑙 = cos 𝜙 = 30
𝑆 [𝑉𝐴]
Tem se então:
𝑃
0,76 = → 𝑃 = 210 kW
277,2

Transforma-se agora o índice do fator de deslocamento na proporção angular do


deslocamento da tensão com a corrente na frequência de 60 hertz:
𝑃
𝜙 = cos −1 ( ) = 40,53°
𝑆
Nesta situação temos todas as informações pertinentes para início do tratamento da
potência reativa da rede.
A configuração a partir das informações obtidas até o momento são definidas na
seguinte representação:

Figura 22: Triângulo de potências sem potência reativa.


Fonte: Autor

54
Conforme especificado na figura para especificação da Potência Reativa 𝑄 (VAr)
temos (MAMEDE, 2013):
𝑄
sin 𝜙 =
𝑆

Considerando o ângulo 𝜙 então como a proporção angular.

𝑄
sin(40.53°) =
277.2 VA

𝑄 = 180.13 kVAr

Neste momento o triângulo das potências caracteriza-se da seguinte forma:

Figura 23: Triângulo de potências com fator angular e reativa.


Fonte: Autor

Percebe-se na aplicação do contexto a partir da figura 23, que tem-se a partir de então
um novo plano de trabalho para o triangulo das potencias, relacionando o fator de deslocamento
pré correção há uma quantidade necessária de reativa consumida pela carga sob o ângulo de
40.53°, conforme determinado anteriormente, nesta etapa então procura-se pela nova relação
angular, capaz de estabelecer a relação da nova reativa sob o fator de deslocamento de 0,98,
conforme modelado nas figuras 23,24 e 25 sucessivamente.
No plano complexo e fasorial, temos:

𝑆 = 210.6 kW + 𝑗180.13 kVAr

𝑆 = 277.2∠40.53° kVA

55
O fator de deslocamento desejado para a rede elétrica deve ser 0,98, muito próximo ao
unitário, e longe do 0,92 na qual já é cobrado tarifação. Para se obter a compensação angular
necessária fazemos:
cos 𝜙 = 0,98
acos(0,98) = 𝜙
𝜙 = 11,47°

Figura 24: Triângulo de potências com fator de deslocamento entre 0,76 (antes da correção e 0,98
(desejado após a correção).
Fonte: Autor

A partir das potências reativas atual e desejada, como da potência ativa (que não
mudará), monta-se os dois triângulos de potência, aqui apresentados sobrepostos:

Figura 25: Decomposição das novas relações de potência e ângulo.


Fonte: Autor

56
Nesta etapa se dimensionará o banco necessário para correção de 0,76 para 0,98, para
a nova taxa de reativa gerada/consumida 𝑄’ faz-se:
𝑄′
tan(11.47°) =
210.6 kW

𝑄 ′ = 42,7 kVAr

Analisando o triangulo de potências da Figura 25, percebe-se o alívio tratado


anteriormente da potência aparente na diminuição da parcela 𝑄 para 𝑄’, na qual o fator de
deslocamento é quase unitário. O alívio da potência aparente é demonstrado a partir da injeção
de reativa compensada por parte do banco de capacitores abaixo dimensionado.

𝑄 ′ = 𝑄 − 𝑄𝑐

42.7 𝑘𝑉𝐴𝑟kVAr = 180.13 kVAr − 𝑄𝑐

Nesta equação há a subtração da reativa gerada no Fator de deslocamento inicial, e no


sistema já ideal a 0,98, desta maneira encontra-se:

𝑄𝐶 = 137,43 kVAr
Para correção do fator de deslocamento de 0,76 para 0,98 é necessário um banco de
137,43 kVAr.
Poderíamos imaginar que somente a instalação do banco de capacitores já será o
suficiente para correção do fator de potência. Contudo, não, nos dias atuais não é tão simples,
pois desconsiderou-se o fator de distorção e as dificuldades do tratamento quando há consumo
e geração de correntes múltiplas de 60 Hz.
Por ora nossa carga consome apenas a corrente fundamental, pois trata-se de uma carga
linear, onde tensão e corrente ocorrem de maneira proporcional, diferente de cargas eletrônicas
como inversores de frequência e fornos a arco.
A instrumentação desta carga será efetuada a partir da constituição do seguinte circuito
elétrico, simulado no software Simulink™:

57
3.2.1. CIRCUITO DE SIMULAÇÃO PARA CORREÇÃO DO FATOR DE
DESLOCAMENTO DE CARGA LINEAR

Figura 26: Circuito de força modelado para simulação de correção de fator de deslocamento para
carga linear.
Fonte: Autor

No modelo discriminado acima percebemos a presença de alguns elementos


indicativos, cujo objetivo é levar as informações a um barramento para um sistema de
instrumentação, de maneira que a simulação ocorra em duas etapas:

• Circuito de força
• Circuito de instrumentação e controle

O circuito de força é o responsável pela alimentação das informações consistentes


acerca das grandezas dos modelos de correção de fator de deslocamento, como o
dimensionamento dos componentes e a modelagem matemática do sistema.
Circuito de instrumentação e controle é o responsável por tornar palpáveis e de fácil
acesso as informações instrumentadas no circuito de força.

58
Figura 27: Circuito de controle modelado para simulação de correção de fator de deslocamento para
carga linear.
Fonte: Autor

Nesta situação, percebe-se que a modelagem matemática apresentada no início da


metodologia encontra-se em concomitância com o sistema simulado, visto que pré correção o
sistema modelado possui aproximadamente 0,76 de valor do fator de potência pré correção, o
que indica fortemente que uma boa parcela da energia que vinha pelo transformador.
Neste caso para atender a uma carga de 277kVA deve ser um de 300kVA com medição
em BT, não está sendo consumida, e este transformador está compensando a reativa suficiente
para alimentação do sistema, por isso a cobrança da tarifa.
Percebe-se também que a medição do sinal proporcionado pelo osciloscópio em
paralelo com a entrada de energia apresenta um sinal senoidal puro (somente 60 Hz), sem
presença de frequências de ordens diferentes no sistema, ou seja, neste caso não há harmônicos
(distorções).

59
Figura 28: Sinal medido na entrada da concessionária.
Fonte: Autor
O próximo passo é configurar a carga atribuindo a ela um modelo de circuito, neste
caso um RL, conforme representado no circuito de força.
Sabe-se que a potência consumida por essa é de 277,2 kVA, e temos que:

𝑆 = 210.6 kW + 𝑗180.13𝑗 kVAr

𝑆 = 277.2𝑘𝑉𝐴∠40.53° kVA

Para modelarmos este bloco de carga em função da sua impedância, real e imaginária,
sabe-se que (HAYT, 2014) :
|𝑉²|
𝑍=
𝑆
Então temos:
𝑍 = (396.222 + 𝑗338.765) mΩ
A parte real da impedância da carga representa a magnitude do resistor, 0,396 Ω,
enquanto o indutor a ser dimensionado é a relação da parcela imaginária da impedância e a
frequência angular da rede:

Im(𝑍)
𝐿=
2𝜋𝑓

338.765 × 10−3
𝐿= = 898.6 μH
2 𝜋 60
60
Sabendo então estes valores dimensiona-se o capacitor, afim de que para a nova
relação, o fator de deslocamento seja corrigido e o sistema obtenha maior qualidade de energia
sendo assim, maior eficiência.
A fim de estabelecer esta relação, sabendo que o banco deve injetar 137,4 kVAr para
compensação do fator de deslocamento à 380 volts, devemos então dimensionar a capacitância
necessária do banco para tal (SADIKU, 2013):

𝑄
𝐶=
(2𝜋𝐹(𝑉 2 ))

(137.43 × 103 )
𝐶=
(2 𝜋 60 (3802 ))

𝐶 = 2517μF

Ou seja, um banco de capacitores de capacitância equivalente a 2517μF devem ser


adicionados ao sistema afim de satisfazer a relação.

O circuito com o banco de capacitores fica desta forma:

Figura 29: Circuito de força, aplicado com banco de capacitores para correção do fator de
deslocamento para carga linear.
Fonte: Autor
61
Da mesma forma como fora efetuado anteriormente a instalação do banco de
capacitores, instrumentou-se o 𝜙 = 11,56∘ e o novo fator de deslocamento = 0,979, pós
correção, encontrando valores bem próximos ao antes modelado matematicamente.

Figura 30: Circuito de controle, aplicado com banco de capacitores para correção do fator de
deslocamento para carga linear.
Fonte: Autor

3.3. CIRCUITO DE SIMULAÇÃO PARA CORREÇÃO DO FATOR DE


DESLOCAMENTO DE CARGA NÃO LINEAR

Na situação anteriormente citada, percebe-se o funcionamento harmônico do sistema, de


maneira com que em uma avaliação prévia de um ambiente industrial modelado a caráter, e sem
plena possibilidade de expansão, o que é uma situação bem improvável, pois com o avanço do
instrumental, a expansão e/ou substituição dos equipamentos torna-se inevitável, e na grande
maioria dos casos, o diagrama unifilar não é atualizado com o passar dos anos, fazendo então
com que já não se tenha aparato suficiente para o tratamento de algumas grandezas, como o até
então tratado fator de deslocamento, e na próxima etapa, o fator de distorção.
Neste novo circuito de força, uma nova carga foi apresentada ao sistema, com bloco
modelado por uma fonte de corrente, de maneira com que a frequência desta seja na faixa do
7° harmônico.

62
Figura 31: Circuito de força, com carga não linear representada pela fonte de corrente.
Fonte: Autor

3.3.1. IDENTIFICADORES DE CORRENTES DE ORDEM SUPERIOR NA REDE


ELÉTRICA

Alguns indícios podem demonstrar a presença de harmônicos na instalação, em geral


quando estes alcançam elevados índices, como por exemplo ( IEEE-519):

• Disparos inconvenientes de disjuntores

Talvez esta seja a hipótese mais comum tratada em um ambiente de larga escala, o
seccionamento dos disjuntores traz consigo uma série de questionamentos, além do
levantamento pertinente das informações acerca da carga, nestes casos a situação mais comum
é instrumentá-lo e substitui-lo com um multímetro por exemplo, detalhe, nesta situação
desfavorável a medição muitas vezes executada é levando em consideração tão somente as
correntes consumidas pela carga na harmônica fundamental, tendo uma grande diferença, salvo
os equipamentos com true rms, tendo tais a capacidade de leitura da composição de toda a onda,
conforme referenciado na imagem abaixo:

63
Figura 32: Composição de um sinal de tensão medido em instrumento TRUE RMS.

Disponível em: https://renatoelectric.wordpress.com/2015/04/15/harmonicas-em-instalacoes-eletricas/

Neste caso um disjuntor de 25 A, pode estar desarmando mesmo com uma corrente de 20
A medida no equipamento, visto que a corrente de amplitude maior encontra-se fora do domínio
de frequência que o equipamento utilizado é capaz de instrumentar.

• Aquecimento de transformadores com carga abaixo da nominal

Uma outra problemática apresentada em loco é também demonstrada por meio do


aquecimento de transformadores operando com cargas abaixo da nominal.

Por exemplo, um transformador como no caso que será tratado no software de 300kVA,
medição em BT, e neste temos um bloco de carga de 270 kVA, e mesmo desta maneira o fator
de temperatura do equipamento está fora dos índices à plena carga.

Isso ocorre devido à presença de correntes harmônicas no sistema, desta forma temos
correntes de maior frequência circulando pelo sistema, se a frequência das correntes é maior,
há maior perda por correntes de Foucault, já que estas são proporcionais ao quadrado da
frequência, além das perdas por Histerese estas proporcionais a frequência, e desta forma se
minhas perdas aumentam, a temperatura o acompanha, pois o transformador neste modelo, deve
transformar além de tudo as harmônicas para alimentar as cargas que devem consumi-las, a não
ser que se aplique ao sistema, um filtro passivo, tendo este a função de fornecimento desta

64
corrente de natureza reativa à carga ( correntes de natureza harmônica são reativas) ,
analogamente como ocorre no fator de deslocamento.

• Aquecimento de condutores neutros aparentemente bem dimensionados

Mesmo com cargas equilibradas é possível que haja aquecimento dos condutores neutros,
por exemplo:

Figura 33: Cargas equilibradas a 60 ciclos por segundo.

Disponível:https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4865807/mod_resource/content/6/Exp_2_RoteiroRelatorio.
pdf.

Neste sistema trifásico, percebe-se que as três cargas estão equilibradas, pois L1, L2 e
L3 estão defasadas de 120°, na frequência fundamental, a 60 hertz.

Agora para uma corrente de terceiro harmônico, temos 3*f, ou seja, o ângulo
anteriormente apresentado, que era 120°, agora passa a ser 120°*3, o resultado da aplicação
desta, é que o produto da interferência da terceira harmônica no sistema resulte nas 3 correntes,
Ia, Ib e Ic em fase, conforme demonstrado na figura abaixo:

Figura 34: Diagrama fasorial de circuito de sequência zero à 180 Hertz.

Disponível:https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4865807/mod_resource/content/6/Exp_2_RoteiroRelatorio.
pdf.

65
Realizando uma contextualização percebemos que estas três correntes no neutro irão
se somar, e não se cancelar, como era realizado na fundamental, e como na terceira
harmônica, na nona harmônica isto também acontece, e a determinação destas é facilmente
explicita pela seguinte relação:

Imagina-se as frequências separadas em harmônicas, pensa-se como:

ORDEM DOS HARMONICOS

1 2 3

4 5 6

7 8 9

10 11 12

Tabela 1

Fonte: Autor

Sendo que estas sublinhadas se somam no neutro:

ORDEM DOS HARMONICOS

1 2 3

4 5 6

7 8 9

10 11 12

Tabela 2

Fonte: Autor

As correntes de 3ª, 6ª, 9ª e 12ª ordem são as correntes que se somam no neutro, entretanto,
as harmônicas de ordem par normalmente não existem, só existem correntes harmônicas pares
quando o equipamento não chavear em igual, na parte superior e inferior, na onda de tensão e

66
corrente, pois indiferente da sequencia da corrente (+,- ou zero) o chaveamento do equipamento
funciona como um espelho.

• Sobrecorrente e queima de capacitores instalados

Talvez este seja o mais comum alerta de que há algum problema na instalação em relação
a correntes de natureza superior a fundamental, sendo esta contextualização a mais simples
possível, relatada pelo equacionamento abaixo:

1
𝑍𝑐 =
𝑗𝜔𝐶

Sabemos também que:

𝜔 = 2𝜋𝑓

Ou seja, logo, se a frequência aumenta, a impedância do banco diminui, haverá uma maior
corrente circulando pelo banco, dimensionado para um possível faixa já estimada, fazendo
então com que as células capacitivas expostas a essas sobrecorrente abram e o banco já não atue
corretamente com as injeções de reativa.

• Ressonância elétrica

A ressonância é um fenômeno eletromagnético causado entre um indutor e um capacitor,


quando suas reatâncias se anulam, nesta situação a ressonância ocorre entre a reatância de
dispersão e o banco de capacitores, ou seja, só há ressonância em caso de correção do fator de
deslocamento, caso não haja a correção do fator de deslocamento se desvia deste problema, e
se encontra com diversos outros, como por exemplo, a tarifa da concessionária e o baixo
rendimento da instalação.

Figura 35: Exemplo de contextualização da ressonância.


Disponível em: https://vatlycapba.com/dao-ng-v-sng-in-t/

67
• Aumento da corrente eficaz dos condutores:

Este efeito é tratado pois as correntes harmônicas possuem uma forte tendência a se
concentrarem na extremidade mais externa dos condutores por meio do skin effect 2ou efeito
pelicular, a relação é diretamente proporcional a frequência, ou seja, quanto maior a frequência,
mais as correntes de ordem harmônica tendem a circular pela periferia dos condutores

Figura 36: Exemplo de efeito pelicular


Disponível: https://www.researchgate.net/figure/Skin-effect-visualization_fig1_333516236

Além disto, nesta etapa também se faz necessário referenciar o modelo de sistema
aplicado para o tratamento destas correntes de ordem harmônica.
A referência para tal indica dois métodos mais convencionais, sendo estes, a aplicação
de um filtro passivo em série com o banco de capacitores, ou um indutor de dissintonia com
disposição semelhante ao sistema, tendo então perspectivas de tratamento completamente
diferentes.
O indutor de dissintonia tem a função de dessintonizar a frequência de ressonância a
partir da frequência de corte estipulada pelo filtro aplicado.
Enquanto o filtro passivo funciona como um gerador de corrente para a faixa de
corrente de ordem superior à carga, sendo assim, a carga recebe do filtro passivo a correndo de
ordem superior, aliviando o sistema elétrico da necessidade de geração destas.

2
“ Efeito pelicular é um fenômeno físico caracterizado pela repulsão entre linhas de corrente
elétrica, criando a tendência desta fluir na superfície dos condutores elétricos”.
68
3.4. DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA PARA APLICAÇÃO EM CIRCUITO DE
MODELO COMPUTACIONAL

Para o início da modelagem computacional relativiza-se as informações necessárias,


para a aplicação do modelo.
Sabe-se que a ressonância ocorre entre a indutância de dispersão do circuito do
secundário do transformador e o banco de capacitores, e a partir destes parâmetros encontramos
valores como a frequência de ressonância, intrínseca ao modelo registrado.
O transformador necessário para alimentar a carga encontra-se conectado a rede de
distribuição da concessionária com medição em baixa tensão, este transformador possui
300kVA de potência.
Algumas informações do sistema descrito foram retiradas do catálogo da WEG3.
A impedância considerada do transformador foi de 4%.
Inicia-se a análise a partir da frequência angular nominal do transformador, sabendo-
se que a frequência nominal é de 60 Hz:

𝜔 = (2𝜋𝑓) (31)

𝜔 = 377 𝑟𝑎𝑑/𝑠
E então calcula-se a impedância nominal do transformador (CHAPMAN, 2013):
𝑉²𝑛𝑜𝑚𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜
𝑍𝑛𝑜𝑚𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜 =
𝑆𝑛𝑜𝑚𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜

𝑍𝑛𝑜𝑚𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜 = 0,481Ω𝜋
A partir do catálogo do fabricante encontramos também as perdas totais e as perdas no
entreferro do núcleo do transformador, estas grandezas são aplicadas afim de possibilitar o
cálculo da resistência e da reatância série.

𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠/𝑡𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠 = 4060 𝑊 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠𝐹𝑒𝑟𝑟𝑜 = 810 𝑊

3
Catálogo de transformadores disponível em:
http://ecatalog.weg.net/tec_cat/tec_transf_ficha.asp
69
As perdas no cobre são obtidas a partir da diferença entre as perdas totais e a perda no
ferro, sendo assim:

𝑃𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 = 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠/𝑡𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠 − 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠𝐹𝑒𝑟𝑟𝑜 (32)

Ou seja:

𝑃𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒 = 3250 𝑊

E assim podemos calcular em PU a resistência série do Trafo:

𝑃𝑐𝑜𝑏𝑟𝑒
𝑅𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑡𝑟𝑎𝑓𝑜𝑃𝑈 = 𝑆 (33)
𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙𝑑𝑜𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜

𝑅𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜𝑃𝑈 = 0.011

Também a reatância.

𝑋𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜𝑃𝑈 = √𝑍²𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜𝑃𝑈 − 𝑅2 𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜𝑃𝑈 (34)

𝑋𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜𝑃𝑈 = 0.039

A impedância série:

𝑍𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜 = 𝑍𝑛𝑜𝑚𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜 . (𝑅𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜𝑃𝑈 + 1𝐽 ∗ 𝑋𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜𝑃𝑈 ) (35)

𝑍𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜 = (0.005 + 0.019𝑗) 𝑜𝑢 (0.019 < 74.286°)

Sabendo disto calcula-se a indutância de dispersão do transformador:

𝐼𝑚( 𝑍𝑠𝑒𝑟𝑖𝑒𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜 )
𝐿𝑑𝑖𝑠𝑝𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜 = (36)
𝜔𝑛𝑜𝑚

𝐿𝑑𝑖𝑠𝑝𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜 = 49.162 ∗ 10−6 𝐻

70
Sabendo que a capacitância nominal do banco é de 2517 ∗ 10−6 𝐹
Temos como frequência de ressonância:
1
𝐹𝑟𝑒𝑠𝑠𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜𝐵𝑎𝑛𝑐𝑜 = (37)
2𝜋√𝐶𝑛𝑜𝑚𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜 ∗ 𝐿𝑑𝑖𝑠𝑝𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜

𝐹𝑟𝑒𝑠𝑠𝑇𝑟𝑎𝑓𝑜𝐵𝑎𝑛𝑐𝑜 = 452.441 𝐻𝑒𝑟𝑡


Neste sistema, a frequência que ocorre a ressonância é de 7ª ordem
aproximadamente.
A frequência de ressonância pode ser obtida também a partir de uma equação
diferencial, na qual o circuito corresponde ao princípio da figura 36, sendo que o campo
magnético é proveniente do indutor de dispersão do secundário do transformador, e o campo
elétrico do circuito do banco de capacitores:
Tem-se então que:

∑𝑉 = 0

Abaixo realiza-se a relação das correntes, no indutor e no capacitor, estabelecido


pela Lei de Kirchoff, das tensões:

𝑑𝑖 𝑄
𝐿 + =0 (38)
𝑑𝑡 𝐶
Assim faz-se:
𝑑²𝑄 𝑄
𝐿 + =0
𝑑𝑡 𝐶

𝑑²𝑄 1
+ 𝑄=0
𝑑𝑡² 𝐿𝐶

Sabendo então que:


𝑄 = 𝐴𝑒 𝑠𝑡

1
𝐴𝑠²𝑒 𝑠𝑡 + 𝐴𝑒 𝑠𝑡 = 0
𝐿𝐶

1 1
𝑠2 + = 0 → 𝑠2 =
𝐿𝐶 𝐿𝐶
71
1
𝑠 = ±𝑗 + √
𝐿𝐶

Simplificando tem-se então a modelagem da frequência de ressonância a partir


das tensões do indutor de dispersão e do banco de capacitores (WEG, 2008):

1
𝐹𝑟 =
√𝐿𝐶

Após esta etapa faz-se necessário dimensionar o filtro (parcela do indutor), para
que esta frequência seja retratada.
Na figura 32, percebemos o circuito já com a carga responsável por consumir
correntes de ordem superior, neste caso a corrente de natureza reativa, sem a presença do filtro
passivo, circularia entre o transformador a carga, e o banco de capacitores, neste novo processo,
esta circulará somente entre o filtro LC e a carga não linear, evitando que circuitos com outras
características elétricas sofram com estes efeitos, além dos já citados em outra etapa do
processo.
Neste modelo o ideal é analisar a impedância do filtro, frente a harmônica
aplicada principalmente instrumentando, afim de estabelecer a curva mais adequada para o
sistema.
Esta curva representa a situação de em baixas frequências, ou frequências úteis para a
carga, o filtro se comporte como um capacitor, e em altas frequências, aquelas que não são
aplicadas a nenhum elemento do sistema o filtro forneça somente o necessário para suprir a
demanda da carga, isso obviamente para um filtro passivo.
O indutor de dissintonia tem o comportamento baseado no ato de evitar que esta
frequência circule pelo sistema, bloqueando-a, ou seja, nas baixas será um capacitor, nas altas
um indutor, quanto maior a frequência maior a impedância indutiva.
As curvas dos filtros representam a habilidade dos mesmos quanto a capacidade de
filtragem do sinal, os sinais parametrizados nesta curva apresentam no eixo y, a impedância do
filtro (Ω) e no eixo x a harmônica fundamentada, sendo assim, no ponto em que há conversão
entre essas duas grandezas é a frequência em que o filtro deve operar.
Para o dimensionamento do filtro passivo, necessário para correção desta problemática,
faz-se a seguinte modelagem, sendo que cada arranjo, representa uma curva:
𝜔0 = 2𝜋𝑓 ∗ ℎ𝑎𝑟𝑚ô𝑛𝑖𝑐𝑎 (39)
72
Como já se calculou a frequência na qual ocorrerá a ressonância, tem-se:

𝑟𝑎𝑑
𝜔0 = 2637,6
𝑠

Percebe-se que o capacitor para correção do fator de deslocamento incide diretamente


sobre esta relação, sabe-se que o capacitor dimensionado anteriormente é de 2517µF, faz-se
então três arranjos para obter a melhor eficiência e qualidade do filtro, obviamente para cada
sistema um determinada capacidade de filtro é necessária, e quanto maior a capacidade de
frequências que o filtro tem por gerar, maior será sua corrente, e da mesma forma o inverso, da
mesma maneira em que uma tolerância deve ser admitida, afim de que para o sistema qualquer
ruído não convencional venha a queimar o filtro.
A dimensão do indutor do filtro passivo LC é determinado pela seguinte expressão
matemática:
1
𝐿1 = (40)
𝜔02 𝐶1
O primeiro filtro analisado será baseado na capacidade de 2517µF, sendo assim:

1
𝐿1 = → 5.71𝑥10−5 𝐻𝑒𝑛𝑟𝑦
(2637,6)2 ∗ 2517µ𝐹

Já o segundo será de 25170 µF:

1
𝐿2 = → 5.71𝑥10−18 𝐻𝑒𝑛𝑟𝑦
(2637,6)2 ∗ 25170µ𝐹

E o terceiro com 251,7 µF:


1
𝐿3 = → 5.71𝑥10−4 𝐻𝑒𝑛𝑟𝑦
(2637,6)2 ∗ 251.70µ𝐹

Após as devidas parametrizações temos então o filtro necessário para aplicação no


sistema de maneira com que o mesmo permita que o sistema continue corrigindo o fator de
deslocamento da maneira apropriada, e ainda combater as harmônicas causadoras de problema
no sistema elétrico.

73
3.4.1. APLICAÇÃO DOS PARÂMETROS CÁLCULADOS EM MODELO DE
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL PARA CARGA NÃO LINEAR.
O circuito de força modelado para correção do fator de deslocamento com a presença
de harmônicos e dissintonia é representado da seguinte maneira:

Figura 37: Exemplo de circuito de força para correção do fator de deslocamento e correção do fator de
distorção harmônica.
Fonte: Autor

Também avalia-se alguns outros parâmetros no circuito de controle, como a aplicação


de uma série de Fourier, para verificação da intensidade de corrente elétrica de cada harmônica,
para então averiguar o que fora proposto em outro instante do dimensionamento.

Figura 38: Série de Fourier para as harmônicas instrumentadas.


Fonte: Autor

74
Então a partir destes valores conseguimos obter a dimensão da corrente, além da
instrumentação do sinal de saída do osciloscópio das correntes no banco, verificando
previamente a correção e pós correção.

Figura 39: Circuito de controle e instrumentação das correntes no banco de capacitores.


Fonte: Autor

É no circuito da figura acima e que se consegue verificar o quanto há influência da


intensidade de corrente de ordem superior gerada pela carga não linear, no produto final, sendo
este a corrente eficaz no banco, logo se há uma alta sobrecorrente fora da tolerância do banco e
o sinal levantado no osciloscópio for distorcido há um grande risco ao sistema, pois se uma
célula do banco de capacitor sofrer sobrecarga é eminente a chance de abrir e não corrigir mais
nem o fator de deslocamento, tampouco o de distorção, resultando além de tudo na aplicação
da tarifa.
Também há o circuito de controle responsável pela instrumentação da corrente de
entrada, tensão de entrada e na medição do fator de deslocamento, apresentado na figura 44.

75
Figura 40: Circuito de controle e instrumentação dos demais parâmetros da rede e da carga.
Fonte: Autor

3.5. INFORMAÇÕES APRESENTADAS NOS CIRCUITOS MODELADOS

A modelagem computacional consiste então, além na comparação de valores por via


dos métodos numéricos estabelecidos com, a capacidade de instrumentação e verificação dos
sistemas, facilitando a ambientação e o estudo em diversas situações de caso, como fora
proposto nos modelos.
Analisando os modelos de circuitos percebemos que algumas informações são
instrumentadas por meio dos elementos de medição.
Estas informações são de suma importância pois graças a elas aplicamos a síntese dos
parâmetros tratados em ambos modelos, linear e não linear.

76
3.5.1 CARGA LINEAR, CORREÇÃO DE FATOR DE DESLOCAMENTO.

Na figura abaixo percebemos a medição e transferência de diversos parâmetros


diferentes em tag, a utilização das tags convenciona a visualização do valor em módulo, além
da manipulação daqueles referenciais em outro sistema.

Figura 41: Circuito de força da correção de fator de deslocamento de carga linear com indicativos
Fonte: Autor

Dentro da sequência tratada são instrumentados:

1: A corrente de entrada da fonte


2: A tensão de entrada, considerando já a queda de tensão do ramo RL,
circuito do secundário do transformador
3: A corrente da carga, modelada como circuito RL.
4: A corrente no banco de capacitores.

77
O circuito de controle mede os parâmetros conforme indicado na imagem,
respectivamente:

Figura 42: Circuito de controle e instrumentação


Fonte: Autor

1: Medição da tensão de entrada da fonte


2: Medição da corrente de entrada da fonte.
3: Análise do sinal de corrente de entrada da fonte
4: Análise do sinal de tensão da entrada da fonte

Os sinais medidos 1 e 2, possuem fundamentalmente o objetivo de medir, sob a


fundamental, o fator de deslocamento da corrente em relação a tensão da instalação, seria o
sinal instrumentado pela concessionária, afim de aplicar ou não a tarifa.

5: cos Ø de circuito já corrigido.


6:. Índice do fator de deslocamento

78
3.5.2 CARGA NÃO LINEAR, CORREÇÃO DE FATOR DE DESLOCAMENTO E
GERAÇÃO DA CORRENTE DE ORDEM SUPERIOR

Para o modelo aplicado da com uma carga não linear os módulos 1,2,3 e 4 da figura 45
continuam sendo respeitados, afinal independente da natureza da carga, as correntes e tensões
são fundamentais para o funcionamento harmônico dentro do dimensionamento do sistema,
porém agora é adicionado a fonte de corrente, operando na faixa do 7° harmônico, indicada
com o número 1, esta faixa foi a escolhida especialmente pois a partir do cálculo referido, seria
nesta faixa que haveria ressonância.

Figura 43: Circuito de força, carga não linear.


Fonte: Autor

A instrumentação da medição na corrente do banco de capacitores ocorre de uma


maneira um pouco diferente, neste caso são instrumentadas correntes de ordem fundamental,
3ª,5ª,7ª e 9ª harmônica, com o intuito de auxiliar no desenvolvimento e seleção da melhor banda
de atuação para o filtro.

79
Figura 44: Instrumentação das harmônicas
Fonte: Autor

Já o circuito de controle, concentra-se na aplicação de uma maior quantidade de


informação, como por exemplo na implementação de um sistema com um bloco somador, para
avaliar a incidência de cada ordem de corrente de operação do banco de capacitores, ou seja,
irá avaliar em função do módulo, o impacto causado na rede por esse harmônica.

Figura 45: Instrumentação das harmônicas no banco de capacitores


Fonte: Autor

O objetivo desta, consiste na verificação na corrente do capacitor, pois sabe-se que


estes possuem capacitância normalmente cíclica, e cada bloco do banco possui capacitância
definida, assim como corrente, e em caso de um surto, algumas dessas células capacitivas
podem abrir, causando o mal funcionamento do filtro passivo, pois as que efetuam a injeção de
reativa para compensação do fator de deslocamento.
80
Os indicativos presentes na imagem referenciam:

4
1: A corrente modular da fundamental, todos estes blocos, são divididos por sqrt2
pois este bloco fornece a amplitude.
2: E nesta etapa se eleva a corrente dividida por raíz de 2 ao quadrado.
3: Somam-se todos os blocos, já trabalhados, por meio de um bloco somador

E por fim faz-se a raíz do somatório das correntes para se saber a corrente eficaz no banco.

Figura 46: Módulos de instrumentação e controle do circuito de cargas não lineares


Fonte: Autor
Além do que já fora relatado no circuito de cargas lineares, nesta etapa há a ressalva para a adição de três
novos blocos, sendo estes responsáveis sucessivamente, pela:

• 1: Medição da tensão da fonte geradora.


• 2: Medição da tensão do banco de capacitores, afinal estes são comprados de acordo com uma tensão de
funcionamento, em caso de sobretensão, também podem não funcionar.
• 3: Potência aparente consumida pela carga.

4
Srqt – notação utilizada para raíz quadrada no software trabalhado.
81
4. ANÁLISE DE RESULTADOS

Conforme explicitado outrora, o objetivo da abordagem apresentada nesta monografia


é a aplicação de simulação computacional para aplicação com fins relacionados à correção do
fator de deslocamento, para com sistemas de cargas lineares, como não lineares.

4.1.1 ANÁLISE DE CIRCUITOS SIMULADOS

Embasado no que fora descrito nos capítulos 3.5.1 e 3.5.2 serão analisados os circuitos
e seus valores apresentados pré parametrização e pós parametrização, afim de que se estabeleça
relação com o dimensionamento apresentado em 3.2 , respeitando o cálculo proposto e
apresentando o resultado desejado.

4.1.2 CIRCUITO PARA CORREÇÃO DO FATOR DE DESLOCAMENTO SEM


CAPACITOR (BAIXO Fdesl)

Para uma melhor compreensão das informações apresentadas utiliza-se a tabela


abaixo, afim de referenciar e facilitar o dimensionamento da atual situação da rede elétrica no
modelo proposto.
Conforme demonstrado na página 52, capítulo 3.2, os dados do modelo em
análise são:

CORREÇÃO DO FATOR DE DESLOCAMENTO


CARGA LINEAR
DADOS DA REDE
I 420 Ampères
V 380 Volts
Fdesl 0,76 FP pré correção

Tabela 3
Fonte: Autor

82
A partir destas informações sabe-se que:

A rede elétrica é trifásica, ou seja, da mesma forma deve-se fazer as células capacitivas
instaladas em triangulo, conforme citado em outro momento desta monografia, conduto caso
não haja necessidade de aplicar 440v nas células por questões de necessidade de reativa.
O fator de deslocamento da rede elétrica é baixíssimo, faz-se necessário inspecionar a
causa e corrigir:
ÂNGULO FI
Ø 40,54
Tabela 4
Fonte: Autor

Avalia-se também o ângulo apresentado em situação pré correção, afim de que a partir
desta relação possa-se saber o resultado necessário a ser adotado no banco de capacitores para
compensação.

O fator de deslocamento a ser aplicado pós inspeção foi de 0,98, sabendo que a
normativa explicita a situação de 0,92 para não aplicação de tarifa, tem-se esta relação angular
pós correção:

Fdesl DESEJADO PARA CORREÇÃO


Fdesl ÂNGULO Ø
0,98 11,47834095

Tabela 5
Fonte: Autor

A opção de escolha de um fator de deslocamento de 0,98 fez-se com base em fugir da


hipótese de tornar a rede elétrica capacitiva, isto é provocar na rede elétrica o atraso no sinal de
tensão em relação ao sinal de corrente, podendo assim ocasionar sobretensão na rede,
desencadeando problemas como sobreaquecimento de condutores, aumento da corrente de
curto circuito, entre outros.

83
Sabendo que o após a correção teremos:

REATIVA NOVA PARA NOVO Fdesl


42,66076352 REATIVA CORRIGIDA Q'
Tabela 6
Fonte: Autor
Enquanto pré correção era:

POTÊNCIA REATIVA DA CARGA


180 kVAr
Tabela 7
Fonte: Autor

Parametrizando estes valores temos como reativa gerada no banco (kVAr):

REATIVA GERADA NO BANCO (kVAr)


137

Tabela 8
Fonte: Autor

No aplicativo Simulink™, o modelo de circuito que apresenta a seguinte configuração


de sistema elétrico é o apresentado na figura abaixo:

Figura 47: Circuito de força de sistema elétrico sem correção de fator de deslocamento
Fonte: Autor
84
Os objetos apresentados no sistema respeitam o mesmo sequencial demonstrado na
página 77, capítulo 3.5.1, de maneira com que a única diferença será a ausência da
instrumentação no banco de capacitores até então não aplicado, na não conformidade da tabela
3 em relação ao sistema elétrico pautado.
Após aplicarmos o capacitor com o intuito de corrigirmos o fator de deslocamento da
rede elétrica, temos:

Figura 48: Circuito de força de sistema elétrico com correção do fator de deslocamento
Fonte: Autor

Simulando então o circuito da figura 48, encontramos:

Figura 49: Circuito de controle instrumentado.


Fonte: Autor

85
Com base no modelo apresentado acima percebe-se que o objetivo de corrigir o fator
de deslocamento nesta situação fora alcançado em concomitância com o dimensionamento
apresentado em no capitulo 3.2, fazendo então do instrumento modelagem computacional como
ferramenta aplicável para inspeção de valores adotados para a metodologia.
Avaliou-se também por meio de um osciloscópio conectado a rede elétrica o
sinal de tensão de entrada e corrente, com o objetivo de verificar se a instalação do banco de
capacitores não causou nenhum distúrbio suficientemente preocupante no sinal.
Na evidência do sinal de corrente elétrica, podemos perceber que em questão de
módulo não houve nenhuma variação no sinal, além que a variação mais brusca causada foi a
do transitório5, este intrínseco ao sistema na partida por exemplo de algum equipamento, ou no
chaveamento da carga, estabilizado logo após um período t de tempo.

Figura 50: Plot do sinal de corrente.


Fonte: Autor

5
O termo transitório para energia elétrica é aplicado a situação em que é analisada a variação
brusca e momentânea do sistema de energia elétrica, sendo tais em resposta a algum impulso local ou
nas proximidades aplicado a rede elétrica.
86
Ampliando o zoom, pode-se analisar a estabilização do sinal de corrente:

Figura 51: Análise da saída do estado transitório a partir do tempo para a corrente.
Fonte: Autor

E o sinal de tensão, o que ocorre é que na partida, há um pico de tensão, estabilizado


em seguida.

Figura 52: Análise do sinal de tensão da fonte.


Fonte: Autor

87
É necessário que após um curto período de tempo esta tensão de pico seja estabilizada
afim de evitar danos aos equipamentos eletrônicos mais sensíveis conectados à rede elétrica.
Com base nos modelos propostos e no dimensionamento efetuado percebemos que o
banco de capacitores operaria de maneira harmônica afim de alcançar o objetivo proposto em
uma situação de correção de fator de deslocamento para carga linear.

4.2. PROJETO DO BANCO DE CAPACITORES PARA CORREÇÃO DE FATOR DE


DESLOCAMENTO EM CARGA LINEAR

Em um ambiente industrial aplicado sabe-se que muitas vezes o dimensionamento


somente da potência reativa a ser complementar pelo banco não é o suficiente para solucionar
o problema, desta forma optou-se por demonstrar neste como de fato operaria para determinada
situação o banco de capacitores em campo.
O primeiro fator a ser levado em consideração é a segurança, todo e qualquer elemento
conectado ao sistema elétrico independente da sua rede de alimentação seja esta baixa, média
ou alta tensão deve ser capaz de seccionar e efetuar manobras independente também de sua
carga de maneira com que a vida do operador e a integridade do sistema não seja colocada em
risco, preservando não só a vida, como também os aspectos econômicos do cliente final,
pensando nisso, o banco de capacitores dimensionado possui para proteção das células
contatores e fusíveis, além de fiação compatível.
Com base no catálogo do fabricante WEG optou-se por adotar células capacitivas cuja
disposição das células deu-se por meio de 12 ciclos, determinados por um controlador de
estágios, que realiza a medição do fator de deslocamento e injeta a reativa que o próprio sistema
necessitou de maneira instantâneo.
A configuração dos ciclos se dá por meio de ciclos nas faixas de 5 kVAr, 10 kVAr, 15
kVAr e 25kVAr, distribuídos conforme tabela demonstrada abaixo:

88
Estágio Q (kVAr)
1 5
2 5
3 10
4 10
5 10
6 15
7 15
8 15
9 15
10 25
11 25
12 25

Tabela 9
Fonte: Autor

O banco referenciado possui uma capacidade de fornecimento de 175kVAr, de maneira


com que este pode ser obtido a partir do somatório das reativas de cada estágio.
A diferença aplicada no banco de capacitores simulado com o relacionado no modelo
acima consiste na análise de uma possível ampliação futura do sistema elétrico, e caso haja,
muito provavelmente esta diferença compensará o aumento de carga, e estabilizará ainda em
valores toleráveis normativamente o fator de deslocamento (0,92), sendo este um dos fatores
aos quais se aplicou o parâmetro em 0,98.
Sabendo que a reativa total do banco é de 175 kVAr, sua corrente elétrica será explicita
pela seguinte equação:
(175) (41)
𝐼𝑏𝑎𝑛𝑐𝑜 = ≈ 265 𝐴
(0.66)
A partir desta corrente podemos dimensionar o disjuntor geral de proteção do banco de
capacitores, além de seus cabos alimentadores e disjuntor.
O dimensionamento do disjuntor geral ocorre de forma a realizar a soma do somatório
das correntes com uma taxa de sobrecorrente baseada no produto da maior corrente por um
fator de sobrecorrente de 60%, para tal devemos dimensionar as correntes das células
capacitivas.
Sabendo que possuem disposição conforme a tabela 7, dimensiona-se a corrente para as
determinadas células:

89
Q (kVAr) Corrente Elétrica ( A)
5
5 = ≈ 7,6𝐴
(0.66)
10
10 = ≈ 15,2𝐴
(0.66)
15
15 = ≈ 22,7𝐴
(0.66)
25
25 = ≈ 37,9𝐴
(0.66)

Tabela 10
Fonte: Autor

O dimensionamento dos elementos de proteção dá se seguindo a linha de raciocínio que


no momento em que há a injeção de reativa na rede há também uma sobrecorrente momentânea
conforme demonstrado no plot da figura 55 e sobretensão da figura 56, além de evitar o
aquecimento do fusível nestas situações, para tal optou-se então pelo fator de sobreccorente de
1,6 𝑥 𝐼𝑛 para os elementos protetores.
Realizando então esta parametrização ficamos com a seguinte tabela:

Corrente Prot.
Estágio Q (kVAr)
(A) Calc. (A)
1 5 7,6 12,1
2 5 7,6 12,1
3 10 15,2 24,2
4 10 15,2 24,2
5 10 15,2 24,2
6 15 22,7 36,4
7 15 22,7 36,4
8 15 22,7 36,4
9 15 22,7 36,4
10 25 37,9 60,6
11 25 37,9 60,6
12 25 37,9 60,6

Tabela 11
Fonte: Autor

90
E assim obtemos os fusíveis mais adequados para proteção dos circuitos:

Prot. Fusível
Q Corrente
Estágio Calc. (NH00)
(kVAr) (A)
(A) (A)
1 5 7,6 12,1 16,0
2 5 7,6 12,1 16,0
3 10 15,2 24,2 25,0
4 10 15,2 24,2 25,0
5 10 15,2 24,2 25,0
6 15 22,7 36,4 35,0
7 15 22,7 36,4 35,0
8 15 22,7 36,4 35,0
9 15 22,7 36,4 35,0
10 25 37,9 60,6 63,0
11 25 37,9 60,6 63,0
12 25 37,9 60,6 63,0

Tabela 12
Fonte: Autor
A escolha da fiação dos circuitos faz-se com embasamento na tabela 37 da NBR
5410:2008, estabelecendo esta em relação harmônica com os fusíveis e contatores ainda não
escolhidos, observa-se que todos os condutores presentes nesta lista possuem isolação em EPR
(0,6 – 1kV):
Prot. Fusível
Q Corrente Fiação – Isol (EPR) (0,6 –
Estágio Calc. (NH00)
(kVAr) (A) 1kV) (mm²)
(A) (A)
1 5 7,6 12,1 16,0 2,5
2 5 7,6 12,1 16,0 2,5
3 10 15,2 24,2 25,0 4,0
4 10 15,2 24,2 25,0 4,0
5 10 15,2 24,2 25,0 4,0
6 15 22,7 36,4 35,0 6,0
7 15 22,7 36,4 35,0 6,0
8 15 22,7 36,4 35,0 6,0
9 15 22,7 36,4 35,0 6,0
10 25 37,9 60,6 63,0 16,0
11 25 37,9 60,6 63,0 16,0
12 25 37,9 60,6 63,0 16,0

Tabela 13
Fonte: Autor

91
Os contatores a serem selecionados tem como função responderem ao controlador
realizando as manobras necessárias afim de que o banco de capacitores opere de maneira segura
e eficiente.
A partir do catálogo da empresa WEG e das informações presentes na tabela 11 deste
referencial e da tabela disposta abaixo retirada do catálogo da empresa dimensiona-se os
contatores:

Figura 53: Referência para dimensionamento de contatores


Disponível: https://static.weg.net/medias/downloadcenter/hfa/heb/WEG-contactors-for-switching-of-
capacitors-cwmc-50065084-brochure-english-dc.pdf

92
Prot. Fusível
Q Corrente Fiação
Estágio Calc. (NH00) Contator
(kVAr) (A) (mm²)
(A) (A)
CWMC
1 7,6 12,1 16,0 2,5
5 25
CWMC
2 7,6 12,1 16,0 2,5
5 25
CWMC
3 15,2 24,2 25,0 4,0
10 25
CWMC
4 15,2 24,2 25,0 4,0
10 25
CWMC
5 15,2 24,2 25,0 4,0
10 25
CWMC
6 22,7 36,4 35,0 6,0
15 25
CWMC
7 22,7 36,4 35,0 6,0
15 25
CWMC
8 22,7 36,4 35,0 6,0
15 25
CWMC
9 22,7 36,4 35,0 6,0
15 25
CWMC
10 37,9 60,6 63,0 16,0
25 32
CWMC
11 37,9 60,6 63,0 16,0
25 32
CWMC
12 37,9 60,6 63,0 16,0
25 32

Tabela 14: Tabela com o dimensionamento completo.


Fonte: Autor
As escolha das células capacitivas para o sistema deu-se por meio também do
catálogo6 da WEG.

E então pode-se dimensionar o disjuntor geral, o barramento o cabo de alimentação


dando sequência na abordagem da página 91.
Para o disjuntor geral utilizou-se a somatória das correntes das células capacitivas,
com um parâmetro de sobrecorrente de 60% da corrente nominal da célula de maior corrente
do banco, ou seja, estabelece-se a relação validada por meio da corrente de partida do banco de
capacitores:

6
Catálogo utilizado disponível no link: “https://static.weg.net/medias/downloadcenter/hda/ha0/WEG-
capacitores-para-correcao-do-fator-de-potencia-50009818-pt.pdf”, página 6 e 7.

93
𝐼𝑑𝑖𝑠𝑗𝑢𝑛𝑡𝑜𝑟 = 265𝐴 + ( 37,9 ∗ 60% ) = 287𝐴 13

Sendo assim aplica-se para proteção de todos os elementos do banco de capacitores


um disjuntor caixa moldada de 320A, com ajuste da caixa entre 290A à 320A.
O cabo alimentador será 3#185 mm² em EPR trifásico e barramento de 359A,
com diâmetro de 1x ¼ “ mm².
Neste modelo, o controlador adotado para fazer o monitoramento e gerar os
impulsos necessários para a atuação das células capacitivas é um controlador de fator de
potência R12 – VarLogicRT de doze estágios da empresa Schneider Eletric™, estes estágios
para o tratamento sendo coordenados ciclicamente conforme determinado na tabela 12.

Figura 54: Controlador para banco de capacitores VarLogicRT – R12


Disponível em: http://www.4a-engineering.com/images/sub_1304952554/Manual-varlogic_r12.pdf

4.2.1. APLICABILIDADE DO PROJETO E DO MODELO TRATADO


Mesmo não sendo o objetivo principal desta modelagem a aplicação em loco, faz-se
com que por conveniência este modelo seja viável em diversos aspectos, sustentando a
viabilidade prática da instalação do mesmo, sendo estes:

a) Facilidade de tratamento e manuseio das informações


Este parâmetro é dado pela necessidade de muitas vezes ir a campo para realizar
determinadas inspeções, com a utilização da modelagem computacional de sistemas de
potência é possível utilizar, além das informações obtidas no ato da medição (reafirmando
a necessidade de faze-las) a aplicação dos dados instrumentados para obtenção mais rápida
e com nível de confiabilidade semelhante à um dimensionamento manual, de forma a
encurtar o processo e exibir os mesmos resultados, ou até melhores, ou seja, o resultado que
eu teria com um multímetro true RMS posso ter com o módulo do modelo simulado.

94
b.) Análise de qualquer valor modular de Fator de deslocamento

Além dos valores aplicados no modelo, qualquer situação real pode ser utilizada
na simulação, independente dos valores da carga e das características da rede, tornando o
processo adaptativo e dinâmico.

c.) Capacidade de mapeamento do sistema elétrico

Mapeando e simulando o sistema elétrico com blocos de carga como um todo é


possível adotar a melhor topologia de banco de capacitores e além disso verificar possíveis
incompatibilidades com o sistema já instalado, ocasionando o melhor funcionamento possível
dentro dos parâmetros atualizados
Além dos fatores citados, o dimensionamento dos elementos de proteção, bem como
dos elementos de potência do banco seguiram as orientações normativas da NBR 8763/98, NBR
5410:2008 e IEE para seu dimensionamento, assim como os catálogos reais da empresa WEG™
e Schneider Eletric para os periféricos do sistema de proteção, sendo assim, todos os valores
aplicados são palpáveis e aplicáveis, da mesma maneira com que ocorre com as simulações
comprovando que para uma demanda real, seria possível ter como base os dados
fundamentados.

95
4.2.3. MODELAGEM COMPUTACIONAL DE CORREÇÃO DO FATOR DE
DESLOCAMENTO PARA MODELOS DE CARGAS NÃO LINEARES

Quando se trata de modelagem de sistemas, independente do porte, faz-se necessário


relativizar todas as variáveis possíveis no sistema instalado, neste modelo de carga não linear
especificamente este parâmetro é a natureza das correntes.
Em um ambiente industrial, conforme tratado em outro momento desta monografia, as
correntes de ordem superior muitas vezes ignoradas quando na ocasião de instalação de um
banco de capacitores, este fator influencia diretamente tanto no comportamento das grandezas
elétricas do banco, como da rede elétrica na qual ele está instalado.
No modelo proposto fora considerado como fonte, um transformador de 300kVA com
4% de perdas no núcleo, e no mesmo barramento fora instalado um banco de capacitores de
2517µF para correção de fator de deslocamento de uma carga de 277kVA, o circuito da figura
52 é a representação do sistema elétrico tratado.
Analisando os blocos é possível perceber a fixação dos valores necessários para
referenciar os dados no Simulink, na figura abaixo podemos perceber os dados do capacitor,
aplicados após dimensionamento em concomitância com o que fora estabelecido outrora.

Figura 55: Circuito simulado com ênfase no bloco capacitor.


Fonte: Autor
A partir deste pressuposto é possível adicionar informações pertinentes ao bloco para
que o modelo tratado possua uma fidelidade com as informações obtidas no dimensionamento.

96
Figura 56: Parametrização do bloco capacitor
Fonte: Autor

Um fato interessante a ser citado é que ao efetuar a fixação do comportamento do


capacitor por meio da “capacitance model” neste modelo “constant”, ignoramos algumas perdas
importantes e que realmente interferem no processo, como por o envelhecimento das células
capacitivas, após determinados ciclos de atuação, com o passar dos anos as células capacitivas
perdem um pouco da sua capacidade de injeção de reativa, sendo que uma célula de 5kVAr
possa por exemplo se tornar uma de 4KVAr, diminuindo sua capacidade em relação ao banco.

Outro elemento adicionado neste novo escopo de simulação fora relacionado nesta
etapa, a carga não linear é retratada por meio de uma fonte de corrente, na qual a frequência de
operação desta fonte fora ajustada na faixa em que ocorre o efeito da ressonância, ou seja 452
Hertz, ou aproximadamente 7ª harmônica.

Figura 57: Indicativo do bloco fonte de corrente.


Fonte: Autor
97
Nesta situação não foi fixado valor de amplitude de corrente intencionalmente, com o
intuito de posteriormente aplicar valores de maneira a resultar no efeito da ressonância.

Figura 58: Parametrização do bloco fonte de corrente


Fonte: Autor

Aplicando então na fonte de corrente 10A de sétima harmônica (ímpar) percebemos o


estrago capaz de ser apresentado por meio deste tipo de carga ao banco de capacitores como
um todo, simplesmente pela análise das correntes nominais e da eficaz no banco de capacitores.
Removendo a fonte de corrente do sistema elétrico, e realizando a simulação tem-se
as seguintes correntes provenientes das devidas harmônicas, a disposição do circuito elétrico
encontra-se como da figura 12, e as medições de correntes:

Figura 59: Instrumentação das correntes


Fonte: Autor

98
E desta o sinal visto do osciloscópio da corrente do banco de capacitores é quase uma
senóide.

Figura 60: Análise do sinal da corrente elétrica


Fonte: Autor

Sendo a corrente eficaz do banco de capacitores caracterizada com amplitude:

Figura 61: Análise da corrente eficaz.


Fonte: Autor

Sendo assim, em uma situação ideal, a 60Hz fundamentalmente, o sistema calculado


no módulo anterior seria o necessário para atuação segura do banco de capacitores.

99
Agora analisemos o problema que é a presença de uma corrente de ordem superior no
sistema adicionando a fonte uma corrente de ordem superior de 10A (7ª harmônica):

Figura 62: Análise da corrente com harmônicos.


Fonte: Autor

Percebe-se pela análise das correntes que 10A, já se tornaram 27,63A, e na corrente
eficaz do banco para um banco para 350A.

Figura 63: Análise de corrente eficaz com carga não linear.


Fonte: Autor
Aparentemente a problemática analisando os dados acima não se faz tão evidente,
porém realizando a avaliação do sinal da corrente no capacitor já se pode mensurar a magnitude
do problema que o banco de capacitores está encontrando para operar de maneira instável.

100
Figura 64: Análise de corrente aplicada no banco de capacitores
Fonte: Autor

E aumentando o zoom, é possível verificar assiduamente que o problema encontrado


no modelo é a ressonância.

Figura 65: Sinal distorcido da corrente elétrica


Fonte: Autor

Estas variações de corrente para a faixa de 460 ampères, são um sério problema para o
banco de capacitores, como por exemplo o disparo inconveniente dos disjuntores, abertura das
células, aquecimento indevido dos condutores, aumento de perdas por correntes parasitas
(Foucault), entre outros tratados neste modelo.

101
Para que esta problemática fosse tratada fez-se necessário da atuação direta sobre o
problema, adotando a topologia do filtro passivo para tal, este já dimensionado no módulo
anterior.
O filtro passivo atua com o objetivo de fornecer para o sistema a corrente de ordem
superior, evitando que o transformador (agora em ressonância7 com o banco de capacitores)
tenha que realizar este fornecimento, correndo o risco de estar em sobrecarga.
Este filtro é aplicado no modelo computacional como um indutor, sendo este o
responsável pelo alívio do sistema elétrico, assim como do banco de capacitores como um todo.
Neste momento então para as novas aferições faz-se necessário analisar a amplitude
da tensão de 7ª harmônica, harmônica esta cuja se encontra a frequência de ressonância do
sistema.
Para este parâmetro ser avaliado faz-se necessário adicionar um bloco chamado
“Fourier mask”, bloco este necessário para instrumentar somente as tensões necessárias, na
simulação referida é chamado de “Tensão de 7th”.
Por normativa, o máximo de tensão harmônica que pode circular pela rede é 3%, assim
como a sobretensão máxima no capacitor é de 4%.
O novo modelo de circuito caracterizado é demonstrado pela figura abaixo:

Figura 66: Novo modelo de circuito de controle para a correção do fator de deslocamento
Fonte: Autor

7
Efeito eletromagnético referenciado pelo anulação das reatâncias capacitivas e indutivas
entre o banco de capacitores e a indutância de dispersão localizada no circuito RL do secundário do
transformador.
102
No novo circuito de força analisa-se a introdução do filtro passivo LC, com o valor de
indutância e capacitância calculadas em outra etapa, não referenciando os valores comerciais,
mas sim, os valores calculados.
O circuito RLC do banco, caracteriza a resistência do fio do indutor (parcela R), o
indutor e o capacitor, presentes no filtro LC.

Figura 67: Circuito completo de força para correção de fator de deslocamento e ressonância
Fonte: Autor

Figura 68: Informações acerca do indutor e capacitor


Fonte: Autor
103
Adicionando as informações acima no novo aplicativo, e simulando-o obtemos
como sinal de tensão de entrada de 7th:

Figura 69: Corrente resultante da harmônica da fonte.


Fonte: Autor
Após a aplicação do filtro a corrente de sétimo harmônico circula simplesmente a partir
da demanda cedida pelo filtro, sendo esta parcela após o transitório ficando em amplitudes de
0.2 volts, valores insignificantes para o banco de capacitores e para a carga, bem abaixo dos
3%.

Figura 70: Após estabilização do sinal de tensão.


Fonte: Autor
104
Quando analisadas as correntes, a relação de instalação do filtro passivo dá a entender
qual a sua importância, quando comparada à figura 62, podemos ver uma diminuição
significativa da corrente de 7th no banco de capacitores, esta cedida então pelo filtro.

Figura 71: Corrente no banco de capacitores, pós instalação do filtro.


Fonte: Autor
Da mesma maneira percebe-se o aumento relativo pós filtro da corrente de ordem
fundamental, e a atuação do filtro em relação à corrente de entrada, antes distorcida na figura
68, agora é quase uma senoidal pura:

Figura 72: Corrente de entrada, pós filtro.


Fonte: Autor

105
Figura 73: Corrente de entrada, pós filtro, vista do osciloscópio.
Fonte: Autor

E conforme efetuado no modelo prévio a instalação do filtro passivo, avalia-se também


a corrente no banco de capacitores após a instalação do filtro LC:

Figura 74: Corrente eficaz no banco de capacitores


Fonte: Autor
A corrente no banco de capacitores aparentemente demonstra um comportamento mais
próximo de um sinal senoidal, isto ocorre pois o indutor anti harmônica elimina do sistema a
frequência de ressonância devido ao fornecimento desta faixa de frequência estar sendo cedida
pelo filtro LC, e não pelo sistema elétrico
106
A corrente de primeira harmônica no banco de capacitores aumenta, em relação as
demais que diminuem, isto se dá devido à aplicação do indutor (função filtro) no circuito LC,
quando adicionado em série a um capacitor, o indutor anula o efeito do capacitor, desta maneira
diminuindo sua reatância e sucessivamente se aumenta a carga e sua corrente sucessivamente,
comportamento este já explanado em outrora do referencial,
Nesta figura consegue-se avaliar a atuação do filtro quanto a corrente de 7º harmônico,
que já não causa mais perturbação ao sistema elétrico, devido a sua atuação, bloqueando as
frequências próximas da frequência de ressonância, ou seja, nesta situação Xc ≠ Xl, reatâncias
antes equivalentes ressonavam, desta maneira, não mais o fazem, protegendo não só o sistema
elétrico como garantindo acima de tudo a correção do fator de deslocamento como proposto
nos objetivos deste, e garantido no circuito de controle:

Figura 75: Circuito de controle para correção de fator de deslocamento em ressonância


Fonte: Autor

107
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É primordial para que o tratamento do fator de deslocamento no ambiente industrial seja


um parâmetro de qualidade de energia elétrica controlado, a não só instalação do banco de
capacitores, como também perícia regular, instrumentação e levantamento de informações
cíclicas em sua manutenção demonstram-se como fator chave para o funcionamento ideal do
mesmo.
A utilização de ferramentas computacionais aplicada para realizar os arranjos de
informações durante o processo de correção do fator de deslocamento, tanto no tratamento de
cargas lineares, as quais consomem somente a 1ª harmônica, quanto nos casos em que há uma
corrente de ordem superior sendo consumida demonstraram de maneira ativa a eficiência da
metodologia quando aplicada em paralelo ao conhecimento técnico e às indicações das
normas nacionais e internacionais.
Ainda sim, há fortes evidencias de problemáticas durante este processo, o custo
computacional é uma delas, o grau de precisão adotado no processo de amostragem das
informações tratadas já relatadas era bem próximo dos valores dimensionados em
matematicamente, devido à isso adotou-se a postura de correlacionar os parâmetros de
dimensionamento casuais, aos modelados computacionalmente para obter os melhores
resultados.
A adoção também destas ferramentas, conforme citado mediante o decorrer desta
monografia não dá nenhum indício que o projetista do banco deva confiar arduamente no
modelo proposto, de maneira à não realizar as devidas instrumentações em loco, adotando sim
os parâmetros e modelos matemáticos tratados, e da maneira com que tratado no texto,
utilizando destes dados para averiguar ou não a eficácia do banco de capacitores, filtro passivo,
e de seus respectivos sinais, afim de evitar problemas posteriores.
Em ambas situações modeladas foi possível realizar a correção do fator de
deslocamento, em 0,97 para a aplicação em um sistema sem distorção harmônica, apenas com
o banco de capacitores em paralelo à carga, e 0,98 em um sistema com distorção harmônica,
com ressonância na faixa da 7ª harmônica com a aplicação da indutância em série ao banco,
correlacionando aos modelos de circuitos elétricos, o circuito RLC, ou, filtro passivo.

108
Com base no que fora citado, conclui-se que os objetivos relatados no inicio deste foram
atingidos, aplicados modelos e métodos conforme esperado, possibilitando a novos
pesquisadores da área, a continuidade e evolução, tanto da pesquisa quanto do software
desenvolvido para a modelagem.

109
6. ANEXOS

Utilizando ferramentas computacionais, é possível analisar as problemáticas causadas


por frequências de ordem elevada, conforme demonstrado em figura abaixo:

Anexo 1 : Sinal senoidal puro.

A obtenção deste sinal em linguagem computacional dá se por meio do seguinte script.

>>Fs= 1000; >> f=60; >> t=[0:1/Fs:1]; >> w= 2*pi*f; >> x1= cos (w*t); >> plot
(t,x1);
>> axis ([ 0 0.1 -1 1]);

Na qual ⍵ representa a frequência angular, t o período e f a frequência de estudo.


Já para se fazer a avaliação na faixa de 150 Hz temos o seguinte código:

>>Fs= 5000; >> f=150; >> t=[0:1/Fs:1]; >> w= 2*pi*f; >> x1= cos (w*t); >> plot
(t,x1);
>> axis ([ 0 0.1 -1 1]);

110
Nota-se que a partir desta, a frequência de amostragem deve conter valor
numericamente superior, afim de que a parcela avaliada da frequência seja significativa.
O comportamento oscilatório da mesma também sofre variância, em um mesmo
período de tempo, devido ao valor elevado de f, o número de ciclos triplica, a frequência de
amostragem é dada a partir do Teorema de Nyquist, na qual a frequência de amostragem deve
ser o dobro da frequência do sinal em análise.

Anexo 2: Sinal de 150 Hertz

111
REFERÊNCIAS

ALEXANDER, C. K. & SADIKU, M. N. O. Fundamentos de Circuitos Elétricos.


Porto Alegre, Bookman Cia. Editora, 2003, 857p.

CHAPMAN, S. J. Fundamentos de máquinas elétricas. 5. ed. Porto Alegre: AMGH,


2013. 700p.

CODI (Comitê de distribuição de energia elétrica), 2004.

COTRIM, Ademaro. Instalações Elétricas. 5.ed. Pearson Universidade, 2008.

FILHO, João Mamede. Instalações Elétricas Industriais. 9. ed. LTC, 2017

HAYT, KEMMERLY,. Análise de circuitos em engenharia. 7. ed. McGraw Hill 2013.

IEEE Recommended Practices and Requirements for Harmonic Control in Electric


Power Systems." Project IEEE-519. October 1999.

Módulo 8 – Qualidade de energia ANEEL (2000).

SADIKU, M. N. O. Elementos de Eletromagnetismo, 3ed., Porto. Alegre, Bookman,


2004.

SILVA, Marcos, Correção de fator de potência de cargas industriais com dinâmica


rápida: 2009. 241f. Dissertação de Mestrado - Programa de pós graduação em Engenharia
Elétrica, Universidade Federal de Minas Gerais, 2009.

112

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