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FACULDADE DOCTUM DE JUIZ DE FORA

PATRICK GONÇALVES RITTMEYER


RODRIGO MIRANDA NASCIMENTO

PROJETO DE SMART GRID EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO:


AUTOMAÇÃO DE REDES

Juiz de Fora
2017
PATRICK GONÇALVES RITTMEYER
RODRIGO MIRANDA NASCIMENTO

SMART GRID EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO

Projeto apresentado à Faculdade Doctum


de Juiz de Fora, como requisito parcial para
a conclusão da disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso II.

Orientador (a): Prof. M.Sc. Mozart Ferreira


Braga Junior

Juiz de Fora
2017
RITTMEYER, Patrick Gonçalves.
NASCIMENTO, Rodrigo Miranda. Smart
Grid em Redes de Distribuição. Projeto
apresentado ao Centro de Engenharias da
Faculdade Doctum de Juiz de Fora, como
requisito para a conclusão da disciplina
Trabalho de Conclusão de Curso II,
realizada no 2° semestre de 2017.

BANCA EXAMINADORA

Prof. D.Sc. Alberto Luiz Costa Losqui

Prof. Luis Gustavo Schröder e Braga

Prof. M.Sc. Mozart Ferreira Braga Junior


Orientador

Examinado(a) em: ____/____/______.


RESUMO

Com o aumento da demanda de consumo de energia elétrica ao passar dos


anos, se fez necessário a modernização do Sistema elétrico de Potência (SEP) para
uma melhor operacionalização.
Com este objetivo iniciou-se projetos de desenvolvimento e pesquisa de
tecnologias para uma melhor eficiência e confiabilidade do SEP.
Um desses projetos trata-se da implantação de um novo conceito nas redes
elétricas de distribuição, este conceito conhecido como Smart grid, se baseia na
automação e implementação de novos equipamentos que facilitem a
operacionalização das redes elétricas.

PALAVRAS CHAVES: Automação de redes, distribuição de energia, smart grid, self


healing.
ABSTRACT

With the increase in the demand for electric energy consumption over the years,
it became necessary to modernize the Electric Power System (SEP) for better
operationalization.
With this objective, projects for the development and research of technologies
for better efficiency and reliability of the SEP were initiated.
One of these projects is the implementation of a new concept in the distribution
grid, this concept known as Smart grid, is based on the automation and implementation
of new equipment that facilitate the operation of the electric networks.

KEYWORDS: Network automation, energy distribution, smart grid, self healing.


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Relés e suas funções . ............................................................................ 30


Tabela 2 - Motivadores Institucionais do Projeto Estratégico . ................................. 36
Tabela 3 -- Funcionalidades da Automação Divididos em Grupos .......................... 38
Tabela 4 - Tipos de Self Healing .............................................................................. 41
Tabela 5 - Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração .................... 43
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Arranjo do SEP ............................................................................................ 16


Figura 2 - Matriz energética brasileira ........................................................................ 17
Figura 3 - Sistema de linhas de transmissão no Brasil ............................................... 19
Figura 4 - Concessionárias Brasileiras de Energia Elétrica ........................................ 20
Figura 5 - Imagem do Diagrama Unifilar do Sistema de Distribuição .......................... 21
Figura 6 - Disjuntor classe de tensão de 15kv ............................................................ 23
Figura 7 - Religador de tensão nominal 15Kv ............................................................. 24
Figura 8 - fusíveis classe A e classe B, variação do nível de tensão nominal ............. 24
Figura 9 - chave seccionadora..................................................................................... 25
Figura 10 - transformador de distribuição ................................................................... 26
Figura 11 - Alimentador da Rede de Distribuição ...................................................... 27
Figura 12 - Associação do relé ao equipamento de proteção ..................................... 29
Figura 13 - Curva de carga desagregada por classe de consumidor ......................... 32
Figura 14 - Estrutura Organizacional e os agentes do setor elétrico brasileiro ........... 33
Figura 15 - Rede Elétrica (REI) vista como Convergência Tecnológica ..................... 35
Figura 16 - Sistema de Distribuição Centralizado e Distribuído .................................. 41
Figura 17 - gráfico com os indicadores de qualidade ................................................. 43
Figura 18 - Arquitetura de comunicação da Rede de Distribuição .............................. 46
Figura 19 - Circuito de distribuição simplificado antes da falha . ................................. 49
Figura 20 - Circuito de distribuição simplificado com funcionalidades de Self Healing 49
LISTA DE SIGLAS

SEP – Sistema Elétrico de Potência


REI – Rede Elétrica Inteligente
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso
CEMAR – Companhia de Energia do Maranhão
ABRADEE – Associação Brasileira de Distribuição de Energia Elétrica
PRODIST – Procedimentos de Distribuição
SE - Subestação
IEEE – Institute of Eletrical and Electronics Engineers
ANSI – American National Standards Institute
IEC – International Electrotechinical Commisssion
CNPE – Conselho Nacional de Política Energética
MME – Ministério de Minas e Energia
CMSE - Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
ONS – Operador Nacional do Sistema
CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
PDRI – Programa Brasileiro de Redes Elétricas Inteligentes
P&D – Pesquisa e Desenvolvimento
SDAT – Sistema de Alta Tensão
SED – Subestação de Distribuição
SDMT – Sistema de Média Tensão
SDBT – Sistema de Baixa Tensão
SCADA – Supervisory Control and Data Acquisition
NA – Normalmente Aberto
QEE – Qualidade de Energia Elétrica
DEC – Duração Equivalente de Interrupção por unidade Consumidora
FEC – Frequência Equivalente de Interrupção por unidade Consumidora
DIC – Duração de Interrupção por unidade Consumidora
FIC – Frequência de Interrupção por unidade Consumidora
TMP – Tempo Médio de Preparação da Equipe de Atendimento de Emergência
TMD – Tempo Médio de Deslocamento da Equipe de Atendimento de Emergência
TME – Tempo Médio de Execução do Serviço
TMAE – Tempo Médio de Atendimento a Ocorrências Emergenciais
GPRS – General Packet Radio Service
TP – Transformador de Potencial
TC – Transformador de Corrente
UTR – Unidade Terminal Remota
TI – Tecnologia da Informática
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 11
1.1.CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................. 11
1.2. CONTEXTUALIZAÇÃO: .................................................................................... 12
1.2.1. HISTÓRICO: ................................................................................................... 12
1.2.2. SMART GRID NO MUNDO: ........................................................................... 12
1.2.3. SMART GRID NO BRASIL ............................................................................. 13
1.3. ESTADO DA ARTE ........................................................................................... 13
1.4 CONTRIBUIÇÕES E RELEVÂNCIAS ................................................................ 14
1.5 OBJETIVO: ......................................................................................................... 15
2. INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP) .......................... 16
2.1. GERAÇÃO DE ENERGIA ELETRICA ............................................................... 17
2.2. TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ....................................................... 17
2.3. DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ........................................................ 19
2.3.1. SUBESTAÇÕES DE ENERGIA ................................................................... 21
2.3.2.EQUIPAMENTOS ......................................................................................... 23
2.3.2.1. DISJUNTOR ............................................................................................. 23
2.3.2.2. RELIGADOR ............................................................................................. 23
2.3.2.3. CHAVES FUSÍVEIS .................................................................................. 24
2.3.2.3. CHAVES SECCIONADORAS ................................................................... 25
2.3.2.4. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA ........................................................ 25
2.3.2.5. ALIMENTADORES ................................................................................... 26
2.3.2.6. SISTEMA DE PROTEÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO.................... 27
2.3.2.7. RELÉS DE PROTEÇÃO ........................................................................... 28
2.4. AS CARGAS INSTALADAS EM UM SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO .............. 30
2.5. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SETOR ELÉTRICO NO BRASIL ...... 32
3.INTRODUÇÃO AO SMART GRID ........................................................................... 35
3.1. POLITICAS PÚBLICAS E REGULAÇÃO .......................................................... 36
3.2. AUTOMAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO. .................................................................. 37
3.3 A TECNOLOGIA SELF HEALING ...................................................................... 38
3.4. CONDIÇÕES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO SELF HEALING ...................... 39
3.5. TIPOS DE SELF HEALING ............................................................................... 40
3.6. INDICADORES DE QUALIDADE ...................................................................... 42
4) ESTUDO DE CASO ................................................................................................ 45
4.1) CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................ 45
4.2) IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA SELF HEALING CENTRALIZADO NA REDE DE
DISTRIBUIÇÃO DE MÉDIA TENSÃO DA CEMAR. .................................................... 45
4.2.1) ATUAÇÃO DO SELF HEALING ..................................................................... 48
5) CONCLUSÃO ......................................................................................................... 51
REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 52
11

1. INTRODUÇÃO

1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Com o aumento da demanda de consumo de energia elétrica ao longo dos


anos, a necessidade de modernização no Sistema Elétrico de Potência (SEP)
tornou-se fundamental para a sua operacionalização. Neste cenário, iniciou-se o
desenvolvimento de pesquisas e desenvolvimento tecnológico com o objetivo de
aumentar a eficiência e a confiabilidade do SEP, proporcionando uma maior
qualidade do fornecimento de energia e custos operacionais otimizados.
As redes de distribuição de energia elétrica são suscetíveis à ocorrência de
falhas devido a sua extensão e topologia, visto que em sua maioria são construídas
através de redes aéreas. Em virtude dessas características as redes de distribuição
estão mais vulneráveis a falhas e interrupções no fornecimento, que podem ser
causados por diversas ocorrências, tais como:
• Fenômenos da natureza: descarga atmosférica, temporais, ventos, enchentes
e erosão.
• Meio ambiente: arvores, pássaros, objetos estranhos e animais em geral.
• Falhas em equipamentos: Queima de transformadores, chaves defeituosas,
ruptura de cabos e para raios com defeito.
• Operacionais: sobrecarga, desequilíbrio e manobras.
• Falhas Humanas.

Diante deste contexto, a redução do tempo de restabelecimento tornou-se


uma prioridade para as concessionárias, não somente do ponto de vista de se
melhorar os indicadores de qualidade, mas também devido a fiscalização dos órgãos
reguladores.
Para isso, o conceito de redes elétricas inteligentes, também conhecidas
como Smart Grids, começou a se aplicar no sistema de distribuição de energia, que
se baseia em uma estrutura de softwares e equipamentos com a possibilidade de
aumentar a flexibilidade operativa, a partir de manobras na rede elétrica de maneira
automatizada executadas por elementos inseridos para este objetivo, além de
auxiliar nas ações preventivas e corretivas, aumentando a eficiência e confiabilidade
da rede elétrica.
12

1.2. CONTEXTUALIZAÇÃO:

1.2.1. HISTÓRICO:

A evolução do sistema elétrico de distribuição pode ser dividida em três


etapas:
A primeira etapa é constituída por redes elétricas aéreas, caracterizadas
principalmente pelo baixo custo, fator decisivo na sua implantação na área de
distribuição de energia, que a tornou difundida, assim como a facilidade de
instalação e manutenção de equipamentos.
Na segunda etapa foi aplicado o conceito de redes elétricas isoladas, onde
destacaram-se as redes subterrâneas, de alto custo de instalação e manutenção,
geralmente utilizado próximo aos grandes centros de cargas para uma melhor
confiabilidade.
Por fim, a terceira etapa veio com o objetivo de implementar equipamentos
que pudessem otimizar o tempo de restabelecimento de faltas de energia e
flexibilizar a operacionalização do SEP, daí implementou-se a tecnologia de
automação na rede elétrica, também conhecida como Smart Grid.

1.2.2. SMART GRID NO MUNDO:

Os estudos voltados para as redes elétricas inteligentes (REI’s) se iniciaram


na década de 70, entretanto, somente na década de 90, houveram avanços
tecnológicos e impulsionamento das pesquisas, quando projetos maiores
começaram a ser desenvolvidos.
O Japão, país pioneiro na área, alavancou um grande desenvolvimento na
área de automação de redes, atualmente se encontra no topo de pesquisas e
projetos neste setor.
Algumas concessionárias japonesas desenvolveram projetos inovadores na
área de automação da distribuição, por exemplo, dividindo os alimentadores em
várias zonas de proteção, reduzindo a duração média das interrupções em 91%
(Sperandio, 2008).
13

Nos EUA o desenvolvimento na área de automação das redes elétricas de


distribuição iniciou-se com a união das empresas concessionárias de energia,
fabricantes de equipamentos, telecomunicações e as empresas de tecnologia da
informação, juntamente ao departamento de energia para a definição de
metodologias garantindo a interoperabilidade de protocolos e produtos em diversas
áreas do setor elétrico (ALCÂNTARA, 2010).
Na Europa, os maiores investimentos em Smart Grid de desenvolveram no
setor de geração distribuída, com objetivo de impulsionar a alteração da matriz
energética, através de fontes alternativas e renováveis. Entretanto, diversos projetos
na área de automação de redes de distribuição de energia foram desenvolvidos em
vários países do continente europeu.

1.2.3. SMART GRID NO BRASIL

O sistema elétrico brasileiro enfrenta grandes desafios no que se refere a


mudanças estruturais e políticas no setor regulatório, diante do crescente aumento
de demanda, disponibilidade de fornecimento de energia, e ainda a manutenção da
qualidade do produto (JUNIOR, 2016).
A melhoria na performance do sistema elétrico comprova-se através da
eficiência operacional e do aumento da continuidade no fornecimento de energia
elétrica, proporcionando uma redução da taxa de interrupções, sendo um dos fatores
decisivos para impulsionar investimentos em automação e telecontrole de
equipamentos na rede elétrica no Brasil.
As concessionárias de energia elétrica vêm priorizando desenvolvimento e
aplicação de Smart Grid, tendo em vista o rígido acompanhamento da agência
reguladora dos indicadores de qualidade, incentivando o desenvolvimento das REI’s
no âmbito das redes de distribuição do país (LOUREIRO, 2016).

1.3. ESTADO DA ARTE

O conteúdo a seguir apresenta referenciais literários sobre o tema de estudo


associado ao conceito de Self Healing e automação de redes.
(BOVOLATO, 2013) descreve o Self Healing como um conceito que
proporciona a identificação, a isolação dos componentes com faltas no sistema e a
14

restauração do serviço de fornecimento do consumidor. Isso é possível a partir da


implantação da automação da distribuição através da proteção inteligente e de
dispositivos de chaveamento que auxiliam a redução do índice de interrupções
durante um momento de contingência através da isolação automática do elemento
em falha, transferindo a carga para uma fonte ativa após a perda de sua alimentação
normal.
(LAMBIASE, 2012) define o sistema Self Healing como aquele que detecta,
averigua, responde e repara defeitos na rede elétrica, de maneira automática. Essa
tecnologia utiliza informações em tempo real consolidadas através de sensores
inseridos na rede de distribuição para gerar o feedback a partir do momento em que
já ocorreu a falha do serviço, ou de maneira pró-ativa, ou seja, quando ainda não
ocorreu a restrição do serviço contratado, evitando automaticamente quedas de
energia elétrica, redução da qualidade de fornecimento e ruptura de serviços,
produzindo o aumento da confiabilidade no fornecimento de energia elétrica.
Para (PRAMIO, 2014), o principal objetivo das redes inteligentes é resguardar
o sistema elétrico contra falhas e torná-lo mais eficiente. Quando se trata de
sistemas de distribuição, a ideia central é a inclusão de tecnologias de
monitoramento, processamento de dados e rede de comunicação, com a intenção
de otimizar a operação. Dentro desta filosofia se insere o Self Healing, sistema
capaz de monitorar, avaliar e autorregenerar a rede elétrica, na ocorrência de
qualquer alteração da operação normal do SEP. É possível desta maneira, a partir
da implementação desta tecnologia, o sistema elétrico de redes tomar decisões
operativas utilizando da lógica de automação e softwares de forma automática em
tempo real.
O fabricante de equipamentos SIEMENS, resume o conceito de Self Healing
em uma tecnologia capaz de isolar o defeito no ramal de distribuição de energia,
restabelecer o maior número de clientes possível no trecho por meio de manobras
de equipamentos na rede aérea de distribuição, baseado em lógicas de controle que
garantem a recomposição dos religadores da rede elétrica, sendo muito interessante
no âmbito do custo/benefício para a companhia distribuição de energia elétrica
(disponível em: https://www.siemens.com.br).

1.4 CONTRIBUIÇÕES E RELEVÂNCIAS


15

As principais contribuições e relevâncias deste trabalho consiste em


apresentar os benefícios da automação para o sistema elétrico de distribuição a
partir da implementação de equipamentos que serão descritos neste trabalho,
através de um caso de aplicação real da tecnologia na rede elétrica de distribuição
da CEMAR, no estado do Maranhão, destacando a experiência da concessionária
durante uma falha e consequente a atuação eficiente do Self Healing.

1.5 OBJETIVO:

O objetivo deste trabalho será propor uma análise acerca da automação


aplicada em redes de distribuição de energia elétrica, com ênfase no
restabelecimento automático de redes elétricas.
A partir da análise de um estudo de caso pretende-se descrever a eficiência
operacional de um sistema elétrico, composto de equipamentos dotados da
tecnologia Smart Grid aplicada através de um procedimento operacional
automatizado, com o objetivo de reduzir o tempo de atendimento dos clientes
interrompidos e quantidade de falhas na rede de distribuição.
Este procedimento operacional, conhecido como Self Healing, será
demonstrado através de uma abordagem teórica.
16

2. INTRODUÇÃO AO SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA (SEP)

A complexidade de um sistema elétrico de potência passou por diversas


transformações ao longo dos anos, desde a geração até o consumidor final, uma
trajetória que teve início no século XIX, com os pioneiros e empreendedores da
eletricidade, tais como Thomas Edison (1847-1931), fundador e sócio da General
Eletric Company, responsável pela instalação da primeira usina de geração de
energia elétrica do mundo para fins comerciais, localizada nos EUA.
Outros pesquisadores começaram a aprofundar no tema e desenvolver novas
tecnologias, dentre eles, destacou-se Nicola Tesla, inventor do sistema polifásico.
Provou os benefícios da transmissão em Corrente Alternada, revolucionando e
impulsionando o setor elétrico.
George Westinghouse, fundador da Westinghouse Eletric Company, aderiu ao
conceito de Tesla, comprando suas patentes e construindo equipamentos em
corrente alternada, um dos grandes legados para o início da construção do SEP
(Leão, 2009).
A necessidade de se integrar as fontes geradoras de energia elétrica aos
seus respectivos consumidores finais de maneira eficiente e otimizada foi um dos
principais fatores que levou ao desenvolvimento de estudos por parte das
companhias até se chegar ao modelo atual do SEP. A Figura 1 apresenta a
disposição do SEP, ilustrando a integração entre geração, transmissão, distribuição
e consumo.

Figura 1- Arranjo do SEP (ABRADEE, 2017).


17

2.1. GERAÇÃO DE ENERGIA ELETRICA

O sistema de geração de energia é responsável pela conversão de fontes


primárias em energia elétrica. Dentre os principais tipos de fontes de geração,
destaca-se as usinas hidrelétricas, térmicas, eólicas, solar, nuclear.
A matriz energética brasileira pode ser classificada como hidrotérmica de
grande porte, com predomínio de usinas hidrelétricas com múltiplos proprietários,
conhecidos como agentes de produção.
A Figura 2 apresenta um gráfico da matriz energética brasileira,
demonstrando a representatividade em percentual de cada fonte de geração de
energia no âmbito nacional.

Figura 2 - Matriz energética brasileira (ANEEL,2017).

importação Matriz energética brasileira


5% Biomassa
9%
Solar Eólica
0,2353% 7% Biomassa
Eólica
nuclear
1% Fóssil
Fóssil
Hídrico
17%
nuclear
Hídrico
61% Solar
importação

2.2. TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

As linhas de transmissão possuem a finalidade de transportar energia elétrica


interligando subestações (elevadora, abaixadora e de transmissão) aos centros de
carga.
No Brasil, as linhas de transmissão são extensas, visto que as usinas de
energia elétrica, em sua maioria composta por hidroelétricas, estão localizadas
distantes dos grandes centros de carga.
18

Segundo (Sena, 2011), alguns fatores influenciam no projeto de uma linha de


transmissão, tais como a localização e o relevo, a capacidade de potência
transmitida, aglomeração urbana e os custos de instalação impactam diretamente no
tipo da linha a ser utilizada, em diferentes níveis de tensão.
Dentre os tipos de linhas de transmissão, destacam-se:
• Linhas aéreas ou cabos;
• Linhas subterrâneas ou submarinas;
• Linhas mistas.

Um dos fatores determinantes que definem a utilização das linhas de


transmissão aéreas basicamente diz respeito a sua geometria e os atributos físicos
na performance do SEP.
No Brasil, as linhas de transmissão aéreas são mais utilizadas, principalmente
devido ao custo, por ser mais viável em relação as demais, ao relevo e ao modelo de
um sistema interligado do SEP.
As linhas subterrâneas, por sua vez, possuem uma modelagem mais
complexa, principalmente pelo fato da existência de cabos com blindagem especial,
o que dificulta a manutenção da rede, e ainda caracterizada pelo alto custo. As
linhas de transmissão subterrâneas são aplicadas principalmente em situações onde
as redes aéreas tornam-se inviáveis, como por exemplo centros urbanos.
As linhas de transmissão submarinas, possuem um nível de utilização ainda
menor, por serem específicas para a travessia de rios e canais.
Por fim, as linhas de transmissão mistas, basicamente se resumem em uma
associação de duas ou mais linhas construídas nos modelos apresentados.
Quanto a classificação das linhas de transmissão, em relação aos níveis de
tensão, estes divergem a partir da potência a ser transportada, entretanto, existem
critérios para o emprego correto do nível de tensão aplicando normas que delimitam
esta utilização. No Brasil, os níveis de tensão existentes são: 765 kV, 500 kV, 440
kV, 345 kV e 230 kV e ±600 Vcc.
A Figura 3 apresenta as linhas de transmissão do sistema interligado nacional
(SIN) e seus níveis de tensões no Brasil. Os traços contínuos representam as linhas
de transmissão existentes e os traços pontilhados novos projetos de linhas de
transmissão.
19

Figura 3 - Sistema de linhas de transmissão no Brasil (ONS, 2017).

2.3. DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

O sistema de distribuição de energia elétrica é responsável pelo fornecimento


de energia elétrica aos consumidores finais. Sua conexão com as redes de
transmissão é feita através de subestações abaixadoras que diminuem a tensão
nominal de transmissão para níveis de distribuição que podem variar de 13,8 até
34,5 kv.
A Associação Brasileira de Distribuição de Energia Elétrica (ABRADEE) soma
o total de 47 concessionarias privadas e estatais no território nacional, conforme
ilustra a Figura 4.
20

Figura 4 - Concessionárias Brasileiras de Energia Elétrica (ABRADEE, 2017).

Para uma melhor qualidade e confiabilidade do sistema, as concessionárias


de energia elétrica estão sob a legislação conforme resoluções da ANEEL que se
encontram no documento que definem os procedimentos de distribuição (PRODIST),
composto por onze módulos:
• Módulo 1: Introdução
• Módulo 2: Planejamento da Expansão do Sistema de Distribuição;
• Módulo 3: Acesso aos Sistemas de Distribuição;
• Módulo 4: Procedimentos Operativos do Sistema de Distribuição;
• Módulo 5: Sistemas de Medição;
• Módulo 6: Informações Requeridas e Obrigações;
• Módulo 7: Perdas Técnicas Regulatórias;
• Módulo 8: Qualidade da Energia Elétrica;
• Módulo 9 - Ressarcimento de Danos Elétricos;
• Módulo 10 - Sistema de Informação Geográfica Regulatório;
• Módulo 11 - Fatura de Energia Elétrica e Informações Suplementares.
21

O sistema de distribuição de energia elétrica pode ser dividido em subáreas


para uma melhor compreensão do seu funcionamento, como mostrado na Figura 5.

Figura 5 - Imagem do Diagrama Unifilar do Sistema de Distribuição (Leão, 2009).

2.3.1. SUBESTAÇÕES DE ENERGIA

De acordo com o PRODIST, as subestações (SE’s) são definidas como um


grupo de instalações elétricas em média ou alta tensão que agrupa os elementos,
condutores e acessórios, disponibilizados para a proteção, medição, manobra e
transformação de grandezas elétricas.
As SE’s podem ser classificadas conforme a sua função:
SE de Manobra: São responsáveis pela manobra de partes do sistema, colocando-
as ou retirando-as de serviço, estando no mesmo nível de tensão.
• SE de Transformação:
• SE elevadora: localizam-se na saída das usinas geradoras e tem a função de
elevar a tensão para os níveis de transmissão e sub-transmissão,
22

proporcionando assim uma transmissão de energia mais viável


economicamente, a partir da redução de custos com cabeamento (redução da
bitola do cabo devido ser uma baixa corrente que irá transitar).
• SE abaixadora: Localizam-se nas zonas periféricas das cidades, atuam
reduzindo o nível de tensão de maneira a evitar problemas para a população
da região, como por exemplo grande intensidade de campos magnéticos e
rádio interferência.
• SE de Distribuição: Reduz a tensão para o nível de distribuição primária
(13,8kV – 34,5kV). Elas podem ser de concessionárias, ou de consumidores
de grande porte.
• SE de Regulação de Tensão: Realizam a regulação da tensão a partir de
compensadores, como por exemplo capacitores, reatores, compensadores
estáticos, etc.
• SE Conversoras: Atuam em sistemas de transmissão em CC, e sua principal
função é realizar a conversão de corrente contínua para corrente alternada e
vice-versa.

As subestações são também classificadas de acordo com o nível de tensão


em que se insere, onde podem ser de alta tensão, possuindo uma tensão nominal
de 230kV, ou SE de extra alta tensão, tendo sua tensão nominal acima de 230kV.
Para o funcionamento e operação de uma subestação, vários elementos e
dispositivos são inseridos em seu circuito, com o objetivo de proteger a rede elétrica
e os equipamentos nela existente, assim como efetuar manobras sempre que
necessário. Serão descritos a seguir os principais elementos de uma subestação e a
sua função pertinente na rede elétrica (Leão, 2009).
23

2.3.2. EQUIPAMENTOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO

Serão apresentados a seguir os principais equipamentos que constituem o


sistema de proteção de uma rede elétrica de distribuição, descrevendo suas
características e funcionalidades

2.3.2.1. DISJUNTOR

Dispositivo que auxilia na manobra e na proteção da rede elétrica, através da


abertura/fechamento do sistema em situações adversas, tais como curto circuito na
rede ou até mesmo para uma manobra de carga. Seu funcionamento se dá através
da abertura ou fechamento dos contatos internos, são acionados através de relés
que recebem informações de equipamentos de leitura das informações da rede
elétrica ou de um sistema de comunicação (BRAGA JR., 2011).
A Figura 6 apresenta um disjuntor de Alta tensão.

Figura 6 - Disjuntor classe de tensão de 15kv (SCHUARTZ,2014)

2.3.2.2. RELIGADOR

Dispositivo comutador autocontrolado capaz de fazer o religamento


automático do circuito após abertura, assim restaurando-o em caso de faltas
transitórias ou temporárias ou mantendo o sistema desligado em caso de faltas
permanentes (Leão, 2009).
24

A Figura 7 apresenta o religador de tensão nominal de 15KV.

Figura 7 - Religador de tensão nominal 15Kv (disponível em: www.ecilenergia.com.br).

2.3.2.3. CHAVES FUSÍVEIS

Este dispositivo de proteção funciona através da passagem de corrente, após


a ocorrência de algum distúrbio no circuito provocando uma sobrecorrente.
Composta por um filamento interno sensível (denominado elo fusível) a uma
determinada corrente, a sobrecorrente gerada no circuito rompe o filamento isolando
o trecho do circuito (Leão, 2009).
A Figura 8 apresenta os fusíveis de classe A e B.

Figura 8 - fusíveis classe A e classe B, variação do nível de tensão nominal (Disponível em:
construnormas.pini.com.br).
25

2.3.2.3. CHAVES SECCIONADORAS

São dispositivos de manobra responsáveis por manter a continuidade do


circuito quando seus contatos estiverem fechados e o circuito isolado quando seus
contatos estiverem abertos. (Leão, 2009).
A Figura 9 apresenta o modelo de chave seccionadora.

Figura 9 - chave seccionadora (disponível em: www.maurizio.com.br).

2.3.2.4. TRANSFORMADOR DE POTÊNCIA

São equipamentos responsáveis pela conversão de tensão para níveis


adequados ao suprimento. São capazes de aumentar a tensão para níveis de
transmissão de energia a longa distância e abaixar para níveis de distribuição a
valores nominais de fornecimento aos clientes finais, tais como 220V e 127V (Silva,
2011).
A Figura 10 apresenta um transformador de distribuição.
26

Figura 10 - transformador de distribuição (disponível em: htpp//:www.weg.net).

2.3.2.5. ALIMENTADORES

Os alimentadores primários de distribuição são constituídos por um conjunto


de cabos nus, protegidos ou isolados, em média tensão.
De uma subestação de distribuição partem diversos alimentadores de
distribuição, chamados alimentadores principais (tronco). Se subdividem em diversos
circuitos que geralmente são chamados de laterais, taps, derivações, ramos, etc. A
Figura 11 apresenta um alimentador da rede de distribuição.
27

Figura 11 - Alimentador da Rede de Distribuição (disponível em: http://www.portalodia.com).

2.3.2.6. SISTEMA DE PROTEÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO

Segundo (BRAGA JR., 2011) um sistema de proteção baseia-se na


capacidade de selecionar, coordenar, aplicar e ajustar diferentes equipamentos de
proteção dentro de um sistema elétrico, de maneira que qualquer anormalidade no
sistema seja detectada, isolada e removida não levando a propagação do problema
a outras partes do sistema.
Sua finalidade é isolar o menor trecho possível do sistema em caso de falta,
isolando-o em um tempo mínimo com o intuito de reduzir danos a pessoas,
equipamentos e animais.
Para um melhor entendimento, define-se como principais termos utilizados
dentro de um sistema de proteção:
• Falta: expressão utilizada para toda ocorrência acidental que impossibilite o
funcionamento de um sistema ou equipamento elétrico.
• Curto-circuito: contato entre partes de um circuito, através de impedância. 1
• NA: estado de normalmente aberto. Neste estado o circuito se manterá
desligado até o momento em que o dispositivo de acionamento enviar um
comando para fechar os contatos e ligar a carga externa.

1
Impedância: é a oposição que um circuito elétrico faz à passagem de corrente quando é submetido
a uma tensão.
28

• NF: estado de normalmente fechado. Neste estado o circuito se manterá


ligado até o momento em que o dispositivo de acionamento enviar um
comando para abrir os contatos e desligar a carga externa.
• Corrente de curto-circuito: sobrecorrente resultado de um curto-circuito.
• Sobrecorrente: intensidade superior a máxima corrente nominal permitida no
sistema, componente ou equipamento elétrico.
• Coordenação: prática de ter mais de um equipamento de proteção em série
com sequência de operação preestabelecida.
• Seletividade: responsável por identificar o ponto defeituoso e isolar o trecho
refletindo o mesmo ao menor número de clientes.
• Zona de proteção: é o trecho da rede elétrica protegido por um ou mais
equipamentos de proteção.
• Capacidade nominal: valor de corrente que um equipamento ou circuito é
capaz de conduzir, sem danificar equipamentos ou matérias vizinhos excesso
de temperatura.
• Rapidez e velocidade: eficácia do sistema de proteção em atuar no menor
tempo exequível presando para continuidade do sistema e normalidade de
trabalho nas partes não afetadas pelo defeito.
• Sensibilidade: é a capacidade de resposta do sistema de proteção ao
identificar anomalias no estado de operação acima de um limite mínimo pré-
definido da corrente, tensão, potência, etc.
• Confiabilidade: é a expectativa de atuação correta dos equipamentos de
proteção em caso de faltas. E também a segurança dos equipamentos não
atuarem em caso de normalidade no sistema, ou seja, apenas atuar quando
houver defeito.

2.3.2.7. RELÉS DE PROTEÇÃO

Os reles de proteção são dispositivos elétricos que funcionam associados a


equipamentos de proteção ou manobra modificando o estado de funcionamento de
um ou mais circuitos de saída quando alcançadas situações pré-determinadas.
Os relés de proteção são sensibilizados pelas correntes de curto-circuito e
enviam sinais de comandos para aberturas e fechamentos dos contatos de
disjuntores ou religadores.
29

A passagem de corrente que faz com que o fluxo magnético pré-determinado


possa acionar a abertura ou fechamento dos contatos de outro dispositivo.
Conseguem medir grandezas como: temperatura, tensão, isolamento, sequência de
fases e outros (disponível em: www.centraldalapa.com) acesso em 13/10.
Os reles de proteção possuem várias funções, tais como:
• Relés Instantâneos: atua instantaneamente se a corrente de curto-circuito
ultrapassar um valor pré-ajustado.
• Relés Temporizados: são configurados para atuarem após um tempo pré-
determinado de seu acionamento.
• Relés Térmicos: tem por objetivo evitar o sobreaquecimento de
equipamentos, também conhecido como relé de sobrecarga.

A Figura 12 apresenta a associação do relé ao equipamento de proteção.

Figura 12 - associação do relé ao equipamento de proteção (disjuntor) (Leão,2009).

Os relés de proteção têm suas funções identificadas por códigos elaborados


por institutos de padronização de normas, tais como o Institute of Electrical and
Electronics Engineers (IEEE), American National Standards Institute (ANSI) e
International Electrotechnical Commission (IEC) (Leão, 2009).
A Tabela 1 apresenta as principais funções de relés utilizadas na rede de
distribuição de energia.
30

Tabela 1 - Relés e suas funções (Tabela ANSI).


FUNÇÃO DESCRIÇÃO
50 Função de sobrecorrente instantânea de fase
50G Função sobrecorrente instantâneo de terra
50N Função de sobrecorrente instantânea de neutro
51 Função de sobrecorrente temporizada de fase
51N Função de sobrecorrente temporizada de neutro
50/51NS Funação de sobrecorrente neutro sensível
51BF Função de falha de disjuntor
46 Função de sequência negativa
67 Função de sobrecorrente direcional de fase
67N Função de sobrecorrente direcional de neutro
21 Função de proteção de distância
27 Função de subtensão
59 Função de sobretensão
79 Função de religamento
50BF Função de falha do disjuntor
51G Função de sobrecorrente de terra
87 Função de diferencial
61 Função de desequilíbrio de corrente
25 Função de sincronismo

2.4. AS CARGAS INSTALADAS EM UM SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO

O conceito de cargas elétricas em um sistema de distribuição se relaciona


com a absorção da potência elétrica a partir de uma determinada fonte de
fornecimento. Logo, com base em uma determinada fonte, é possível discernir tipos
de cargas distintos. Segundo (BRAGA JR, 2017), dentre os vários tipos de cargas,
podemos destacar:
• Carga de um consumidor;
• Carga de um transformador;
• Carga de uma rede primária ou linha de distribuição;
• Carga de uma SE.

Na carga referente ao consumidor considera-se a potência absorvida por


todos os seus motores e aparelhos elétricos, incluindo lâmpadas, chuveiro, etc. No
caso de um transformador, a potência total absorvida será o somatório das potencias
dos consumidores ligados a ele. A carga de uma rede primária será a potência
absorvida por todos os transformadores a ela ligados. Em uma SE considera-se a
31

totalidade da potência absorvida por todos os alimentadores ligados aos seus


barramentos de distribuição.
Para o funcionamento do sistema de distribuição de maneira eficiente e
dinâmica, é fundamental conhecer o perfil de consumo das cargas, evitando o
superdimensionamento do sistema de distribuição.
A carga elétrica instalada em um alimentador é o somatório das cargas de
todos os consumidores. A carga no consumidor se caracteriza pela soma da
potência de todos os aparelhos e equipamentos.
São diversas as características das cargas ligadas aos consumidores. Elas
podem ter variações de acordo com o horário, temperaturas, estações do ano
(sazonais), variação do valor de acordo com o nível da tensão, etc.
Além disso, as características de consumo de energia são critérios para a
classificação das cargas:
• Cargas residenciais: iluminação, carga resistiva (chuveiro e ferro de passar
roupa), carga indutiva (eletrodomésticos em geral);
• Cargas comerciais: iluminação e ar condicionado em prédios, lojas, edifícios
de escritórios, lojas, etc;
• Cargas industriais: constituída pela predominância de motores de indução, em
geral trifásicas;
• Cargas de Iluminação Pública: iluminação de ruas, praças, avenidas, túneis,
jardins, vias, estradas, etc
• Cargas rurais: irrigação, agroindústrias, motores de máquinas agrícolas, etc.

A Figura 13 apresenta as curvas típicas por tipo de carga, conforme sua


classificação.
32

Figura 13 - Curva de carga desagregada por classe de consumidor (JUNIOR, 2017)

2.5. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SETOR ELÉTRICO NO BRASIL

Um dos passos essenciais para se chegar ao modelo atual de estrutura


organizacional do setor elétrico no Brasil foi a criação de um novo marco regulatório.
A desverticalização do setor elétrico, juntamente com a flexibilizaçao do
mercado de energia elétrica, proporcionou o gerenciamento do setor elétrico pelo
governo federal, com a criação da estrutura organizacional. (Leão, 2009).
A Figura 14, ilustra a estrutura e os agentes do setor elétrico brasileiro,
indicando o nível hierárquico, suas responsabilidades e suas funções.
33

Figura 14 - Estrutura Organizacional e os agentes do setor elétrico brasileiro (ONS, 2017).

• Conselho Nacional de Política Energética – CNPE: Unidade de suporte do


Presidente da República para elaboração de políticas nacionais e diretrizes de
energia, com o principal objetivo de proporcionar o aproveitamento natural
dos recursos energéticos, revisão periódica da matriz energética e a definição
de diretrizes para programas específicos do nosso país.
• Ministério de Minas e Energia – MME: Encarregado de elaborar, planejar e
implementar ações do Governo Federal no campo da política energética
nacional. O MME detém o poder concedente.
• Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE: Composto no domínio
do MME e sob seu gerenciamento direto, possuí a função principal de
acompanhar e avaliar constantemente a continuidade e a segurança do
suprimento eletro energético em todo o território nacional.
• Empresa de Pesquisa Energética – EPE: Empresa pública federal ligada ao
MME e tem o propósito de prestar serviços na área de estudos e pesquisas
voltados ao subsidio do planejamento do setor energético.
• Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL: Autarquia vinculada ao MME,
com objetivo de regular a fiscalização a produção, transmissão, distribuição e
comercialização de energia, de acordo com as políticas e diretrizes do
Governo Federal. A ANEEL possui os poderes regulador e fiscalizador.
34

• Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS: Pessoa jurídica de direito


privado, sem fins lucrativos, sob domínio e fiscalização da ANEEL, possui a
finalidade de executar as atividades de gerenciamento e controle da operação
de geração e transmissão, no domínio do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O ONS é encarregado pela operação física do sistema e pelo despacho
energético centralizado.
• Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE: Pessoa jurídica de
direito privado, sem fins lucrativos, sob domínio e fiscalização da ANEEL, com
o objetivo de proporcionar a comercialização de energia elétrica no SIN.
Administra os contratos de compra e venda de energia elétrica, sua
contabilização e liquidação. A CCEE é encarregada pela operação comercial
do sistema.
35

3.INTRODUÇÃO AO SMART GRID

Smart Grid, também denominada redes elétricas inteligentes (REI), trata-se


do gerenciamento do transporte da eletricidade em tempo real com fluxo de energia
de informações bidirecionais entre a concessionária de energia e o cliente final
através de tecnologia digital avançada, empregando para este objetivo sensores,
acesso remoto, automação e sistemas integrados (CGEE, 2012).
As REI’s podem ser consideradas como um conjunto de sistemas
tecnológicos, que possuem correlação entre si, com funcionalidades e objetivos
específicos, utilizando a automação de rede como base de operação.
A Figura 15 apresenta as convergências tecnológicas de uma REI.

Figura 15 - Rede Elétrica (REI) vista como Convergência Tecnológica (Kagan, 2014).
36

3.1. POLITICAS PÚBLICAS E REGULAÇÃO

A crescente demanda de aplicação do Smart Grid no modelo do SEP


incentivou as grandes organizações e entidades governamentais a desenvolver
projetos no âmbito de políticas públicas acerca do tema, como forma de impulsionar
de forma normatizada a expansão das REI’s no Brasil.
Um avanço neste contexto foi a criação do Projeto Estratégico – Programa
Brasileiro de Redes Elétrica Inteligentes (PDRI), com a finalidade de atender as
demandas de grande relevância do setor, sendo estas de complexidade científica
e/ou tecnológica.
Os principais objetivos segundo Kagan (2014) do Projeto PDRI foram:
• “Oferecer subsídios para a definição de políticas públicas visando a
adoção do conceito de REI no Brasil;
• Avaliar Políticas Públicas de P&D, industrial e de financiamento,
incluindo o desenvolvimento da cadeia de equipamentos e serviços;
• Avaliar o “estado da arte” das tecnologias disponíveis no mundo e
definir funcionalidades e requisitos associados ao conceito no Brasil;
• Avaliar a situação das redes de distribuição de energia elétrica
brasileira;
• Avaliar possíveis cenários de penetração das tecnologias de
microgeração distribuída, armazenamento de energia e veículos elétricos;
• Avaliar, considerando as diferenças características regionais das
redes de distribuição, custos e benefícios da implantação das REI’s;
• Promover o envolvimento no tema de diversos atores do setor
publico, do setor privado e do terceiro setor;
• Avaliar o impacto nas tarifas e as principais barreiras regulatórias e
legais para a implantação das REI’s;
• Fazer uma avaliação inicial da receptividade dos consumidores frente
a nova tecnologia e as possíveis mudanças no seu relacionamento com a
concessionaria”.
A Tabela 2 exibe os motivadores institucionais do projeto estratégico.

Tabela 2 - Motivadores Institucionais do Projeto Estratégico (Kagan, 2014).


Redução perdas técnicas e comerciais
Comercial
Eficiência Relacionamento com o consumidor
Energética Mudança de comportamento do consumidor
Gestão de ativos
Operacional Controle de Acesso
Qualidade da energia - Redução da energia não distribuida
Segurança
Distribuição da geração
Sistêmica Controle automático de contingências e auto recomposição
Sub redes (Microgrids )
Diversificação do negócio - Novas oportunidades
Econômica
Diversidade tarifária - Novas modalidades
Sustentabilidade Energias renováveis
Ambiental Micro geração distribuida
Controle dos impactos negativos
37

A implementação das REI’s gerou a necessidade de regulação para o pleno


estabelecimento no SEP com a criação de portarias e resoluções seguindo critérios
dos órgãos governamentais.
Segundo o artigo workshop 5: Redes inteligentes (2014), em resumo, as
principais considerações destes marcos regulatórios são:
• “Portaria MME N° 440/2010: Criação do grupo de trabalho para
identificar ações necessárias para implementação do programa brasileiro de
rede elétrica inteligente;
• Chamada ANEEL N° 011/2010: Publicação dos critérios e
procedimentos para elaboração do projeto estratégico “Programa Brasileiro
de Rede Elétrica”;
• Resolução Normativa N° 482/2012: Estabelece condições para o
acesso de micro/minigeração distribuída à rede;
• Resolução Normativa N° 502/2012: Resolução dos requisitos básicos
para os sistemas de medição eletrônica para o grupo B”.

Para a implantação de tais projetos, estima-se a necessidade de


investimentos no setor de 46 a 91 bilhões das distribuidoras até o ano de 2030.
(Kagan,2014).

3.2. AUTOMAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO.

O sistema elétrico convencional de distribuição é formado por sistema de alta


tensão (SDAT), subestações de distribuição (SED) do sistema primário de média
tensão (SDMT), e o sistema de baixa tensão (SDBT), composto pela rede
secundária.
Estes sistemas são compostos por equipamentos, dispositivos e instalações,
associados à sistemas de informação, monitoramento e controle.
A automação da distribuição apoiada pela telecomunicação e medição são o
sustentáculo para a REI, pois interligam os sistemas supervisórios, religadores,
microprocessadores entre outros, possibilitando a operação de uma rede de
distribuição de energia elétrica mais segura e eficiente (Kagan,2014).
Para uma melhor aplicação a automação é dividida em subáreas dentro da
rede de distribuição conforme demostrado na Tabela 3.
38

Tabela 3 -- Funcionalidades da Automação Divididos em Grupos (Kagan,2014).


Grupos de Funcionalidades
Segmento Grupos Descrição
Monitoramento de Carregamento de instalações e equipamentos
Grupo 1 Telecomando de Equipamentos de manobra
transferência automática de carga entre transformadores
Grupo 2 Sistema automático de rejeição de carga na subestação
SED
Grupo 3 Manutenção preditiva focada na condição dos equipamentos
Ajuste remoto dos dispositivos de proteção
Grupo 4
Análise automática de oscilografia para diagnóstico de ocorrências
Grupo 5 Esquemas lógicos de proteção e controle
Monitoramento de carregamento ao longo do alimentador
Telecomando de Equipamentos de manobra
Grupo 1
Monitoramento de Power Quality
localização de defeito - nível I (chaves e religadores)
Grupo 2 Manutenção preditiva focada na condição dos equipamentos
SDMT
Grupo 3 Localização de defeito - nível II (chaves, religadores,AMR e/ou localizadores de falta)
Grupo 4 Self Healing - nivel I (automação local)
Self Healing - nivel II (automação central)
Grupo 5
Reconfiguração automática para gerenciamento dos índices técnicos
Grupo 6 Controle de tensão/VAR
Grupo 1 Resposta a Demanda
SDBT
Grupo 2 Rejeição de carga pela baixa tensão

Em seguida, apresentam-se uma descrição do funcionamento e a forma de


atuação de uma rede de distribuição baseado na tecnologia Self Healing, uma das
subáreas da automação.

3.3 A TECNOLOGIA SELF HEALING

O Self Healing se apresenta no setor da automação como uma das


funcionalidades do Smart Grid, com objetivo de proporcionar a melhoria da
confiabilidade da rede através de uma rápida resposta a ocorrência de falhas na
rede elétrica de distribuição, fazendo as devidas analises acerca do problema e
efetuando a ação necessária ao restabelecimento do circuito, onde na maioria das
situações, isolando o trecho de forma a interromper o menor número de clientes
possível (IEA, 2011).
A definição do termo Self Healing refere-se a auto regeneração do sistema,
ou seja, a capacidade do mesmo de identificar, isolar, e recompor de forma
automatizada as falhas que a rede elétrica está sujeita, atendendo os consumidores
através de um caminho alternativo.
39

O sistema Self Healing busca o controle distribuído em redes elétricas de


forma a tratar os elementos individuais como agentes independentes inteligentes,
agregando e atuando de maneira a otimizar a performance geral do sistema elétrico
ao qual está inserido. Sua implantação inclui a modelagem, programação,
sensoriamento e controle.
O uso cada vez maior de sistemas de monitoramento, controle e registro da
rede elétrica possibilita um ambiente favorável para a implementação desta
tecnologia, onde, a partir de um sistema elétrico integrado, permite-se uma resposta
mais rápida a eventualidades se tratando tanto de um nível mais baixo, como a
proteção de equipamentos, como de subsistemas, quando aplicado, por exemplo,
em subestações.
Para a implementação do Self Healing, torna-se necessário um estudo prévio
do sistema elétrico de forma a analisar, além dos requisitos básicos (softwares,
equipamentos, etc), a topologia da rele elétrica, para que a mesma disponha de
caminhos alternativos, promovendo uma flexibilidade operacional para o
atendimento aos clientes no caso de uma falha (LAMBIASE, 2012).

3.4. CONDIÇÕES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO SELF HEALING

O padrão atual do SEP possui uma modelagem de inteligência no sistema de


proteção ou na central de controle por meio do sistema Supervisory Control and
Data Acquisition - Controle supervisório e aquisição de dados (SCADA). Este
software desempenha o monitoramento e controle de dados na área de automação
industrial e é conhecido como supervisório.
Este sistema possibilita controlar e gerenciar em tempo real as informações
da rede elétrica com base na interação direta com equipamentos utilizados para o
monitoramento como os relés, e a leitura de dados a partir de TC’s e TP’s, por
exemplo. Também é possível executar manobras de seccionamento a partir de
chaves telecomandadas e religadores, permitindo uma flexibilidade tanto para
situações operacionais quanto para manutenções de rotina e emergenciais.
Além disso, o software também pode armazenar dados gerando
rastreabilidade de informações do sistema elétrico, o que é extremamente relevante
pois além de possibilitar a geração de relatórios, otimiza a gestão da concessionária.
(http://www.lcds.com.br/automacaoindustrial.asp).
40

Para viabilizar a implantação deste sistema na rede de distribuição de


energia, torna-se necessário incorporar inteligência a partir de processamentos
independentes em cada equipamento, subestação e subsistemas, munidas de um
sistema operacional capaz de ser habilitado para operar como um administrador
independente, que interage e opera com os demais, construindo assim uma ampla e
distribuída plataforma de comunicação (LAMBIASE, 2012).
Outra ação necessária para a implementação do Self Healing é verificar a
necessidade de uma restruturação do sistema elétrico levando em consideração não
somente chaves seccionadoras mas outros equipamentos do SEP.
Os religadores automáticos são responsáveis por desligar o circuito durante
uma falha e religar após sanar o defeito. São capazes de transmitir a informação aos
equipamentos da proximidade que o circuito está em condição de NA (normalmente
aberto), após um número pré-determinado de tentativas. Com isto, os componentes
da rede elétrica que se localizam próximos ao evento poderão executar ações pré-
definidas e coordenadas com o objetivo de isolar o trecho em avaria, transmitindo a
energia elétrica até os consumidores através de rotas alternativas (Lambiase, 2012).

3.5. TIPOS DE SELF HEALING

O sistema Self Healing possui três subdivisões distintas disponíveis no


mercado. A escolha do tipo de Self Healing que se pretende adotar varia desde as
características construtivas da rede elétrica até o nível de complexidade e
confiabilidade ao qual se pretende obter no empreendimento.
De acordo com (Lambiase,2012), existem três possíveis variações para a
implantação de um sistema Self Healing:
• Self Healing Distribuído: A lógica de recomposição nesse método é
direcionada nos controladores dos religadores dispersos na rede de
distribuição;
• Self Healing Semi-Centralizado: A lógica de restauração do sistema elétrico
encontra-se alocada no servidor de Self Healing, que pode ser inserido na
subestação de energia da região;
• Self Healing Centralizado: Caracterizado por residir no centro de controle
regional da concessionária de distribuição de energia elétrica.
41

A figura 16 ilustra os esquemas de Self Healing centralizados e distribuídos.

Figura 16 - Sistema de Distribuição Centralizado e Distribuído (Saraiva, 2012)

A Tabela 4 descreve de forma sucinta as principais diferenças entre os tipos


de Self Healing, relacionando os princípios de funcionamento, as características de
telecomunicações e os custos envolvidos.

Tabela 4 - Tipos de Self Healing (LAMBIASE, 2012).


Self-Healing Distribuído Self-Healing Semi-Centralizado Self-Healing Centralizado
A lógica de recomposição do sistema
A lógica de recomposição é alocada nos O sistema reside no Centro de
Princípio de elétrico fica alocada no servidor de self-
controladores dos religadores espalhados Controle regional da empresa de
Funcionamento healing, que pode ser instalado na
pela rede de distribuição distribuição elétrica
subestação de energia da região
Tempo de reconfiguração
Inferior a 10 segundos (depende do meio Inferior a 3 minutos (depende do
da Rede Aérea de Inferior a 1 minuto
de comunicação) meio de comunicação)
Distribuição
Pode ser implementado
Normalmente não, é necessário um IED Sim, desde que controlador do religador Sim, desde que controlador do
usando o controlador
que tenha IEC-61850 com mensagens se comunique via protocolo aberto (e.x. religador se comunique via
padrão do religador – Base
GOOSE DNP 3.0) protocolo aberto (e.x. DNP 3.0)
instalada?
Requer uma infraestrutura de
Requer uma infraestrutura de
telecomunicação mais simples do
Exige um sistema de comunicação que telecomunicação mais simples do que o
Característica do Sistema que o Self-Healing distribuído, pois
permita a troca de dados entre os Self-Healing distribuído, pois não há
de Telecomunicações não há necessidade de troca de
controladores dos religadores necessidade de troca de telegramas
telegramas entre os controladores
entre os controladores dos religadores
dos religadores
Sistemas de
GPRS, 3G, WiMax, Fibra Óptica, RF
Telecomunicação aptos a WiMax, Fibra Óptica, RF MESH GPRS, 3G, WiMax, Fibra Óptica, RF MESH
MESH
trafegar os dados
Exige um sistema de
telecomunicações robusto
entre a Subestação e o Não Não Sim
Centro de Controle
Central?
Pode operar como
Gateway do sistema de
Não Sim Não
automação da Subestação
na região do Self-Healing?
Custo de Implementação
(comparativamente entre $$ $ $$
as opções)
42

3.6. INDICADORES DE QUALIDADE

Com o objetivo de normatizar a qualidade no fornecimento da energia elétrica


(QEE) e dos serviços prestados pelas concessionárias de distribuição, a ANEEL
elaborou os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica (PRODIST).
O PRODIST determina as condições e prazos apurados para indicadores de
continuidade e dos tempos de atendimentos a situações emergenciais aos quais as
concessionárias são responsáveis, dentre os indicadores mais relevantes,
destacam-se:
• DEC – Duração equivalente de interrupção por unidade consumidora;
• FEC – Frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora.

As Equações 1 e 2 apresentam a fórmula para o cálculo destes indicadores.

∑𝑪𝒄
𝒊=𝟏 𝑫𝑰𝑪(𝒊)
𝑫𝑬𝑪 = (1)
𝑪𝒄
∑𝑪𝒄
𝒊=𝟏 𝑭𝑰𝑪(𝒊)
𝑭𝑬𝑪 = (2)
𝑪𝒄
Sendo:
𝒊 = índice de unidades consumidoras atendidas em SDBT ou SDMT faturadas
no conjunto;
Cc = número total de unidades consumidoras faturadas do conjunto no
período de apuração, atendidas em SDBT ou SDMT
DIC – Duração de interrupção por unidade consumidora;
FIC – Frequência de interrupção por unidade consumidora.
O DEC é expresso em unidade de horas ou centésimos de horas e o FEC não
possui unidade uma vez que expressa o número de interrupções.
A apuração destes indicadores estão associadas ao tempo mínimo de
duração da interrupção no fornecimento.
A Tabela 5 apresenta o intervalo de tempo para a aferição dos indicadores.
43

Tabela 5 - Classificação das Variações de Tensão de Curta Duração (PRODIST, 2017).


Amplitude de tensão (valor
Duração da
Classificação Denominação eficaz) em relação à
Variação
tensão de referência
Interrupção
inferior ou igual a 3
momentânea de inferior a 0,1 p.u.
segundos
tensão
Variação Afundamento superior ou igual a 1
superior ou igual a 0,1 e
momentânea momentâneo de ciclo e inferior ou
inferior a 0,9 p.u.
de tensão tensão igual a 3 segundos
Elevação superior ou igual a 1
momentânea de ciclo e inferior ou superior a 1,1 p.u.
tensão igual a 3 segundos
Interrupção superior a 3
temporária de segundos e inferior a inferior a 0,1 p.u.
tensão 3 minutos
Variação Afundamento superior a 3
superior ou igual a 0,1 e
temporária de temporário de segundos e inferior a
inferior a 0,9 p.u.
tensão tensão 3 minutos
Elevação superior a 3
temporário de segundos e inferior a superior a 1,1 p.u.
tensão 3 minutos

A Figura 17 mostra os índices de evolução de qualidade de fornecimento DEC e


FEC.

Figura 17 - gráfico com os indicadores de qualidade (ABRADEE,2017).


44

A ANEEL estabelece que as concessionárias devem enviar os registros dos


atendimentos emergenciais ao final de todo mês para a agência, contendo as etapas
de tempo das equipes de atendimentos emergenciais, são eles:
• TMP - tempo médio de preparação da equipe de atendimento de
emergência;
• TMD - tempo médio de deslocamento da equipe de atendimento de
emergência;
• TME - tempo médio de execução do serviço até seu restabelecimento
pela equipe de restabelecimento de emergência;
• TMAE – tempo médio de atendimento a ocorrência emergenciais.

As Equações 3, 4, 5 e 6 apresentam as fórmulas para o cálculo dos tempos


de atendimentos.

𝒏
∑𝒊=𝟏 𝑻𝑷(𝒊)
𝑻𝑴𝑷 = (3)
𝒏
𝒏
∑𝒊=𝟏 𝑻𝑫(𝒊)
𝑻𝑴𝑫 = (4)
𝒏
𝒏
∑𝒊=𝟏 𝑻𝑬(𝒊)
𝑻𝑴𝑬 = (5)
𝒏

𝑻𝑴𝑨𝑬 = 𝑻𝑴𝑷 + 𝑻𝑴𝑫 + 𝑻𝑴𝑬 (6)


Sendo:
n = Número de ocorrências emergências verificadas no conjunto de unidades
consumidoras no período de apuração considerado;
TP - Tempo de preparação da equipe de atendimento de emergência
ocorrência emergencial;
TD – Tempo de deslocamento da equipe de atendimento de emergência para
cada ocorrência emergencial;
TE – Tempo de execução do serviço até seu restabelecimento pela equipe de
atendimento de emergência para cada ocorrência emergencial.
A medição do tempo de atendimento é realizada em segundos (s).
45

4) ESTUDO DE CASO

4.1) CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Neste capitulo apresenta-se um caso real de aplicação da tecnologia Self


Healing em redes de distribuição, cujo objetivo será observar os benefícios das REI’s
com a tecnologia instalada, sua eficiência, ações implementadas, o tempos de
atendimento e a quantidade de clientes atingidos durante o processo.
Apresentam-se os principais desafios enfrentados pela concessionária para
implementar este sistema na rede elétrica, os principais equipamentos envolvidos no
processo de automação do sistema elétrico e o comportamento dinâmico da rede
após identificação de falhas pelos equipamentos instalados na rede de distribuição.

4.2) IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA SELF HEALING CENTRALIZADO NA


REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE MÉDIA TENSÃO DA CEMAR.

O projeto de aplicação da tecnologia Self Healing em redes de distribuição do


estado do Maranhão desenvolvido pela concessionaria de energia elétrica CEMAR
(Companhia de Energia do Maranhão), teve como principal finalidade a
implementação de um sistema centralizado nas redes elétricas de 13,8KV, utilizando
uma infraestrutura de comunicação de alta performance, direcionadas para a
realização de manobras de equipamentos controlados por IED’s (Intelligent Eletronic
Devices) com recursos de supervisão e controle na rede elétrica.
O processo de automação de equipamentos do sistema de distribuição da
CEMAR iniciou-se em 2007, a partir das primeiras chaves seccionadoras
telecomandadas digitalizadas instaladas na ilha de São Luís, com o objetivo inicial
de supervisionar e telecontrolar a abertura e o fechamento das mesmas, a partir de
uma estrutura simples, com comunicação de dados via GPRS (General Packet
Radio Service).
Com o avanço na área de automação, o sistema implantado tornou-se
obsoleto, além de apresentar problemas operacionais. Com o passar dos anos,
novas formas de comunicação foram desenvolvidas, e a CEMAR substituiu seu
sistema de comunicação das chaves telecomandadas para fibra ótica, apoiada em
uma estrutura ethernet, que é um padrão de transmissão de dados para rede local
46

A empresa aumentou gradativamente o número de chaves no sistema de


distribuição, passando para 20 chaves telecomandadas em 2012, em 2013 esse
número subiu para 65 e em 2014 a concessionária instalou 157 equipamentos
integrados à rede de fibra óptica.
A Figura 18 apresenta a estrutura de comunicação de equipamentos da
CEMAR, com destaque para o sistema de redundância a partir de um sistema em
anel, com uso de fibra óptica.

Figura 18 - Arquitetura de comunicação da Rede de Distribuição (LOUREIRO, 2016).

Pode-se verificar quatro níveis principais na arquitetura apresentada:


Nivel 0: constituído por TP’s (Transformadores de potencial), TC’s
(Transformadores de Corrente) e atuadores (chaves seccionadoras e religadores).
• Nível 1: Formado por relés digitais, IED’s e conversores de mídia
(elétrico/óptico);
• Nível 2: Formado por UTR’s (Unidades Terminais Remotas), switches e
modens GPRS;
• Nível 3: Neste último nível, se localiza o sistema de monitoramento e controle
(SCADA).

As informações utilizadas no monitoramento e na gestão são captadas pelos


TC’s e TP’s, digitalizadas pelos IED’s nos níveis 00 ou 1, e enviadas via protocolo
DNP 3.0, que se trata de um sistema de comunicação projetado para a leitura de
variáveis como corrente e tensão.
47

A informação passa para a unidade terminal remota através de switches


ópticos, concentrando-a no nível 2, em seguida os dados são transportados para o
nível 3, onde as informações são apresentadas via supervisório (SCADA) para os
controladores despachantes em tempo real.
Para garantir o aumento da confiabilidade do sistema de comunicação, as
informações localizadas no nível 2 possuem meios redundantes para seguir até o
próximo nível. Os dados podem seguir o fluxo através do caminho estabelecido
pelos trechos 01, 02 e 03, entretanto, caso haja falha no trecho 03 estiver rompido, o
trecho 04 entra em operação automaticamente, garantindo que a informação chegue
até o operador via supervisório, gerando a possibilidade de se reestabelecer o
trecho em falta sem interromper o fluxo do sistema.
O módulo de Self Healing trabalha continuamente no monitoramento do
sistema, executando varreduras de indicações de atuações permanentes no sistema
de proteção de forma a apurar a melhor ação a ser tomada, visando reduzir a carga
desenergizada para que então seja verificada quais equipamentos podem ser
operados e em seguida enviar os comandos de abertura e fechamento para os
religadores.
O Self Healing foi implantado utilizando a estrutura da rede elétrica na capital
São Luís, onde se instalaram 55 novos religadores, além de algumas chaves
seccionadoras, sendo necessário apenas em alguns casos, o reposicionamento
visando aumentar a flexibilidade operativa.
O alimentador foi dividido em três circuitos através da área de pré-operação
da empresa, levando em consideração a otimização de manobras e divisões de
carga.
O primeiro circuito dispõe de 13 religadores instalados em 5 subestações
distintas, 16 religadores ao longo dos alimentadores e 9 chaves telecomandadas.
O segundo circuito possui 21 religadores e 8 subestações, 34 religadores e 13
chaves telecomandadas.
O terceiro circuito é constituído por 6 religadores vindos de 2 subestações, 6
religadores e 2 chaves telecomandadas.
Para possibilitar o funcionamento do Self Healing, foram pré-estabelecidas as
seguintes condições que necessariamente precisam ser satisfeitas para a atuação
do módulo:
• Estado aberto (NA);
48

• Funções de proteção de sobre corrente instantâneo e temporizado 50, ou


50G, ou 51, ou 51G;
• Função Religamento bloqueada (lockout) ou desabilitada;
• Self Healing habilitado.
Para a atuação em regime de sobrecarga, devem ser adotadas as seguintes
condições:
• Corrente atual maior que 90% da Corrente de atuação, por um período maior
que um minuto;
• Self Healing habilitado.
As condições ideais para que um equipamento seja inserido na rede elétrica
com participação no módulo do Self Healing, deve atender aos seguintes requisitos:
• Funcionamento da chave em estado normal;
• Chave Local/Remoto em estado remoto;
• Comunicação em estado normal;
• Fonte de alimentação em estado normal;
• Bateria em estado normal.

4.2.1) ATUAÇÃO DO SELF HEALING

A primeira atuação do modulo Self Healing após a sua implantação aconteceu


em 03 de fevereiro de 2015, devido à queda de uma árvore na rede elétrica. A figura
19 apresenta o diagrama do circuito referente ao trecho onde ocorreu o incidente,
antes da atuação do self healing.
49

Figura 19 - Circuito de distribuição simplificado antes da falha (LOUREIRO, 2016).

A proteção do religador do alimentador 11C1 atuou, na subestação Itaqui


(IAQ), após seu ciclo de religamento foi a bloqueio, iniciando a atuação do Self
Healing. O modulo Self Healing isolou o trecho com defeito, entre o religador da
subestação 11C1 e o religador no 2752239, e restabelecendo o trecho
desenergizado através do alimentador 11C5, pertencente a mesma subestação.
Nesta situação foi possível recuperar 9.463 clientes de um total de 9.756
(aproxidamente 97%) do Alimentador 1 num período máximo de 10 segundos. A
Figura 20 ilustra a atuação do módulo Self Healing nesta falha, expondo o trecho
utilizado pelo módulo para restabelecer a energia aos consumidores afetados.

Figura 20 - Circuito de distribuição simplificado com funcionalidades de Self Healing (LOUREIRO,


2016).
50

Com a atuação do Self Healing no evento, observou-se uma otimização dos


recursos operacionais e de manutenção e do tempo de resposta ao defeito, uma vez
que o operador se ocupou exclusivamente em enviar as equipes de plantão para o
local em falha.
Após a equipe restabelecer o trecho avariado, os controladores normalizarem
o circuito a condição inicial.
51

5) CONCLUSÃO

A aplicação do modulo Self Healing no sistema de distribuição é um


investimento que as concessionárias aplicam, não somente com o objetivo de
atender as exigências dos órgãos regulamentadores, como os indicadores DEC e
FEC, que determinam a duração e a frequência equivalente de interrupção por
unidade consumidora, ambos regulados pelo PRODIST, mas proporcionando um
fornecimento de energia mais eficiente, seguro e confiável para os consumidores.
O objetivo deste trabalho permitiu uma ampla percepção acerca da
importância da aplicação desta tecnologia nos sistemas de distribuição, além dos
desafios técnicos e estruturais na implantação da tecnologia na rede, como as
instalações de softwares de comando e automatização da rede elétrica com
equipamentos como religados e chaves telecomandadas,
O custo-benefício comprovou-se a partir dos ganhos relacionados a
flexibilidade operacional das redes elétricas, a drástica redução do tempo de
manobras em situações de falhas associada a precisão que o automatismo garante
nessas operações, aumentando a confiabilidade oferecida pela rede de distribuição.
A partir do estudo de caso retratado pela implementação do modulo Self
Healing ilha de São Luís no estado do Maranhão pela CEMAR, foi possível mensurar
a magnitude dos ganhos na análise da atuação da tecnologia em uma falha ocorrida
na rede, onde a partir da identificação do problema, isolamento da falha, e
reestabelecimento de parte da rede através de outro circuito, foi possível recuperar
aproximadamente 97% dos clientes atendidos pelo alimentador do circuito avariado,
todo este processo em questão de segundos, comprovando a eficácia do modulo.
Com a compreensão do Self Healing e de suas vantagens baseado em
sistemas que já o possuem como foi apresentado neste trabalho, espera-se que
empresas que ainda estudam implanta-lo consigam projetar o sistema para a sua
realidade, de forma a alcançar uma melhoria contínua no índice de continuidade,
redução de custos e a potencialização da qualidade do fornecimento de energia
elétrica no Brasil.
52

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