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Sistemas de

Comunicação II

Prof. Sandro Rodrigo G. Bastos


SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II Prof. Sandro Rodrigo G. Bastos

Como toda obra semelhante, esta também contém


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apontá-los, ou queira enviar críticas e sugestões, o
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SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II Prof. Sandro Rodrigo G. Bastos

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 5
1.1 Sistemas de Telecomunicações ................................................................................ 5
1.2 Histórico .................................................................................................................. 7
1.3 Telecomunicações no Brasil .................................................................................... 8

2. PCM - MODULAÇÃO POR CÓDIGO DE PULSO..................................................... 9


2.1 Teorema da Amostragem...................................................................................... 10
2.2 Quantização........................................................................................................... 11
2.3 Compressão ........................................................................................................... 12
2.4 Codificação ............................................................................................................ 13
2.5 Multiplexação por Divisão no Tempo (TDM) ...................................................... 14
2.6 Regeneração do Sinal na Linha ............................................................................ 15
2.7 Demultiplexação, Decodificação, Expansão e Filtragem...................................... 15
2.8 Exercícios Propostos ............................................................................................. 17

3. PDH - HIERARQUIA DIGITAL PLESIÓCRONA ................................................... 18


3.1 Exercícios Propostos ............................................................................................. 22

4. SDH - HIERARQUIA DIGITAL SÍNCRONA ........................................................... 23


4.1 Estrutura de Multiplexação da SDH .................................................................... 24
4.2 O Módulo de Transporte Síncrono – STM........................................................... 27
4.3 Elementos de Rede SDH........................................................................................ 31
4.4 Arquitetura de Rede.............................................................................................. 33
4.5 Implementação de uma Rede PDH/SDH .............................................................. 35
4.6 Exercícios Propostos ............................................................................................. 37

5. TRANSMISSÃO EM BANDA BÁSICA ..................................................................... 38


5.1 Classificação dos sinais.......................................................................................... 38
5.2 Técnicas de Codificação ........................................................................................ 39
5.3 Exercícios Propostos ............................................................................................. 42

6. INTRODUÇÃO À REDE TELEFÔNICA .................................................................. 43


6.1 A Central Telefônica ............................................................................................. 44
6.2 Evolução das Centrais........................................................................................... 46

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6.3 Requisitos das Centrais ......................................................................................... 47


6.4 Digitalização da Rede Telefônica .......................................................................... 47
6.5 Central CPA – Controle por Programa Armazenado.......................................... 48
6.6 Exercícios Propostos ............................................................................................. 50

7. COMUTAÇÃO TELEFÔNICA .................................................................................. 51


7.1 Comutação Espacial.............................................................................................. 51
7.2 Comutação Temporal............................................................................................ 52
7.3 Sistema TST .......................................................................................................... 54
7.4 Exercícios Propostos ............................................................................................. 57

8. SINALIZAÇÃO TELEFÔNICA ................................................................................. 59


8.1 Sinalização entre Terminal e Central ................................................................... 59
8.2 Sinalização entre Centrais .................................................................................... 60
8.3 Exercícios Propostos ............................................................................................. 67

9. TRÁFEGO TELEFÔNICO......................................................................................... 68
9.1 Medidas de Tráfego Telefônico............................................................................. 69
9.2 Exercícios Propostos ............................................................................................. 72

10. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 73

ANEXO: LABORATÓRIOS ............................................................................................... 74


Experiência 1 – PCM Linear ........................................................................................... 74
Experiência 2 – PCM Diferencial..................................................................................... 78
Experiência 3 – CODEC .................................................................................................. 83
Experiência 4 – Multiplexação por Divisão no Tempo (TDM) ....................................... 86

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1. INTRODUÇÃO

Os sistemas de telecomunicações desempenham um papel muito importante na


sociedade e os desenvolvimentos atuais indicam que esse papel tornar-se-á ainda mais
importante no futuro. Por telecomunicações entendemos aqui como todos os processos que
tornam possível transferir voz, dados e vídeo, com o auxílio de alguma forma de sistema
eletromagnético, incluindo métodos de transferência óptica. O rádio, a televisão, o telefone e a
internet são as partes mais visíveis de uma estrutura complexa. Essa estrutura, formada por
diversas redes, demanda planejamento, especificação, regulamentação, implantação,
manutenção e administração. Para essas atividades as empresa precisam de técnicos e
engenheiros.
No entanto, formam-se menos engenheiros que a demanda prevista para a área de
telecomunicações. Certamente os indivíduos que se dedicarem a participar desse mercado
promissor irão encontrar diversas oportunidades de crescimento profissional.
Este livro tem por objetivo mostrar de forma sucinta os conceitos básicos e uma
análise dos Sistemas de Telecomunicações. Teremos contato com diversos aspectos da
Telefonia Digital, como a digitalização dos sinais de voz, os processos de multiplexação dos
sinais, o estudo de redes telefônicas, e análise das modernas centrais CPA. Veremos ainda uma
apresentação das técnicas de modulação digital e os princípios das redes de computadores.

1.1 Sistemas de Telecomunicações


Podemos dividir em quatro tipos de serviços, caracterizados pela forma como a
informação é apresentada ao usuário:
- Voz;
- Dados e imagens;
- Vídeo;
- Multimídia.

Para que as operadoras e empresas de telecomunicações possam oferecer todos os


serviços desejados pelo usuário, é necessária uma estrutura complexa, envolvendo diversos
equipamentos como centrais telefônicas, satélites, rádios, fibras, servidores, roteadores, gerência
de rede, etc. A figura 1.1 mostra alguns desses equipamentos. É evidente que o atual estágio de
desenvolvimento contempla mais tecnologia que a ilustrada na figura.

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SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES





COMUTAÇÃO TRANSMISSÃO TRANSMISSÃO COMUTAÇÃO
FIXA FIXA
Computador Computador

Satélite Satélite
SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO II

Fax E E Fax
N N
T T
MUX MUX
R R
DEMUX DEMUX
O Rádio O
Rádio
N N
PBX/PABX C C PBX/PABX
CPA CPA

Modem Óptico Modem Óptico

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Telefone Telefone

Modem Modem

SISTEMA
CELULAR

Figura 1.1 – Sistemas de Telecomunicações


X.25
TCP / IP
Frame Relay
CCC ERB

GERÊNCIA DE REDE
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1.2 Histórico
Desde a pré-história, o homem já se comunicava. É evidente que nessa época a
comunicação era direta de pessoa para pessoa. Com o advento da escrita, passou o homem a se
comunicar por mensagens inscritas em pedras que eram transportadas por mensageiros. Mais
tarde, o homem descobriu que codificando as mensagens por sinais visuais ou sonoros poderia
aumentar a velocidade da comunicação: o uso de tambores e fogueiras data desta época.
As telecomunicações se iniciaram verdadeiramente em 1844, quando Samuel MORSE
transmitiu a primeira mensagem em uma linha metálica entre Washington e Baltimore. Estava
inventado o Telégrafo! A partir desse feito a tecnologia dos sistemas de comunicação foi
evoluindo, devagar no princípio, assustadoramente veloz nos dias atuais, nos permitindo antever
um mundo totalmente interligado. A figura 1.2 mostra de forma concisa toda a história das
tecnologias da informação.

Figura 1.2 – História das Tecnologias da Informação

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1.3 Telecomunicações no Brasil


Aparentemente, a história das comunicações no Brasil começou com a chegada da
família real em 22 de janeiro de 1808, quando D. João VI decidiu implantar o primeiro telégrafo
em terras brasileiras.
Durante o Império, o Brasil foi um dos países pioneiros na montagem de uma
estrutura de telecomunicações, chegando a instalar uma central telefônica no mesmo ano em que
Paris ativou a sua. Durante a República o crescimento do setor foi irregular, tendo períodos de
forte crescimento alternados com uma certa estagnação.
Anos 50: Mais de 1.000 companhias telefônicas, geralmente estrangeiras, com grande
dificuldade de operação de integração.

Anos 60: Marco inicial para o desenvolvimento ordenado das telecomunicações, passando o
controle para a autoridade federal. Criação da EMBRATEL para implementar comunicação a
longa distância.

Anos 70: Telefonia urbana muito deficiente. Constitui-se a TELEBRÁS com uma empresa pólo
por estado. Promove-se a incorporação das empresas existentes. Expressiva expansão da planta
de 1,4 milhões para 5 milhões de terminais telefônicos. Criado o CPqD da Telebrás.
Estabeleceu-se política industrial para consolidação de um parque industrial brasileiro.

Anos 80: Consolidou-se o processo de incorporação de empresas, permanecendo somente 5.


Lançados satélites de comunicação BrasilSat I e II, conseguindo-se a integração total do país.
Com isso, possibilitou-se a popularização e interiorização das telecomunicações.

Anos 90: Telebrás inicia a introdução de telefonia móvel celular e rede inteligente. Atinge a
cifra de 10 milhões de terminais telefônicos instalados. Em 1995 é aprovado o fim do
monopólio estatal da operação de serviços de telecomunicações. Aprovada em 1997 a Lei Geral
de Telecomunicações e criada a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL).

2000: O número de telefones celulares supera o número de terminais fixos. A internet, criada
em 1995, cresce de forma exponencial. Crescimento da internet em banda larga. O uso de
sistemas VoIP (Voz sobre IP) vêm concorrendo com a Rede de Telefonia Pública Comutada
(RTPC).

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2. PCM - MODULAÇÃO POR CÓDIGO DE PULSO

Existe atualmente uma forte tendência à transformação dos atuais sistemas telefônicos
em redes inteiramente digitais, tanto no que diz respeito à transmissão como à comutação. Esta
transformação teve início quando da introdução, em escala comercial, dos sistemas de
transmissão PCM. A evolução no campo da computação e dos sistemas digitais propiciou a
continuidade dessa transformação através da introdução de processamento de dados no controle
de centrais telefônicas, criando assim as denominadas centrais CPA (Controle por Programa
Armazenado).
As principais vantagens da introdução de tecnologia digital em centrais telefônicas,
podem ser classificadas:

VANTAGENS TÉCNICAS

- Melhor qualidade de transmissão;


- Maior dificuldade de interceptação de conversação e maior facilidade de codificação para
ligações sigilosas;
- Maior capacidade de sinalização entre centrais através do aproveitamento adequado dos
canais de sinalização dos sistemas PCM (64 Kbit/s);
- Menor tempo para o estabelecimento de chamadas, quer pelo menor tempo de acesso aos
componentes da matriz de comutação, devido a compatibilidade entre as tecnologias da
matriz e do controle, quer pela maios facilidade de determinação de rotas livres na matriz;
- Maior facilidade de projeto e implementação de matrizes de comutação de grande
capacidade e bloqueio pequeno;
- Compatibilidade com futuros meios de comunicação digital.

VANTAGENS ECONÔMICAS

- Redução de custo;
- Redução de peso e espaço ocupado pela matriz de comutação;
- Possibilidade de integração de serviços, permitindo a transmissão e comutação mais
eficiente de dados de qualquer natureza;
- Simplificação de operação e dos procedimentos de pesquisa e correção de falhas

O PCM (Modulação por Código de Pulso) transforma um sinal analógico em uma


série de pulsos binários que podem ser manipulados. Esse procedimento resulta em um erro, ou
ruído intrínseco, provocado pela etapa de atribuições de níveis quânticos ao sinal.
O PCM consiste em relacionar o sinal a ser emitido com uma codificação de pulsos. É

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a técnica mais utilizada atualmente pelos sistemas de transmissão, sendo mostrada a seguir.

Canal 1 Chave Chave Canal 1


S1 S2
Canal 2 Meio de Canal 2
Transmissão
Canal 3 Canal 3

Canal 4 Sincronismo Canal 4

Figura 2.1 – Chaveamento de canais

O sistema PCM compõe-se de várias etapas nas quais o sinal é tratado devidamente
para ser transmitido. Estas etapas são apresentadas no diagrama de blocos seguinte.

CH1 Amostragem Quantização Compressão Codificação

M
U
X

CH30 Amostragem Quantização Compressão Codificação

Regeneração

Decodific Expansão FPB CH1


D
E
M
U
X
Decodific Expansão FPB CH30

Figura 2.2 – Etapas da Modulação por Código de Pulso

2.1 Teorema da Amostragem


Consiste em substituir o sinal analógico por uma sucessão de amostras de curta
duração em intervalos regulares. Essa sucessão de amostras contém as informações necessárias
para posterior recuperação do sinal original, sem perdas de informação. Os sinais de entrada
aplicados a cada um dos canais correspondentes devem ser periodicamente amostrados para que

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possam ser codificados e em seguida multiplexados no tempo.


A freqüência de amostragem deve ser maior ou igual a duas vezes a máxima
freqüência do sinal a ser amostrado (usualmente denominada de freqüência de Nyquist).

fa ≥ 2 fs
Onde Fa = Freqüência de amostragem
Fs = Maior freqüência do sinal amostrado

A voz humana ocupa uma faixa de freqüências de 20 a 20 KHz. A faixa de freqüências


utilizada em telefonia é de 300 a 3400 Hz, sendo que a freqüência de amostragem foi fixada em
8000 Hz. Esta faixa de freqüências foi escolhida porque representa 90% da inteligibilidade do
sinal. O intervalo de tempo entre uma amostra e outra de um mesmo sinal é de 125 µs. Este
valor foi obtido através de:

1 1
Ta = = = 125µ
f a 8000
Onde Ta = intervalo de amostragem

A figura 2.3 ilustra o processo de amostragem de um sinal telefônico analógico.

Figura 2.3 – Amostragem de um sinal de voz

2.2 Quantização
Como os sinais amostrados PAM são analógicos, a primeira etapa para a conversão
destes em sinais digitais é a quantização, que consiste em aproximar as amplitudes das amostras
para valores pré-determinados (níveis de quantização).
Para que ele seja codificado, é necessário que assuma valores discretos, sendo

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aproximado para um valor pré-estabelecido mais próximo (valor de decisão). Na quantização


uniforme, como os intervalos de quantização são uniformemente distribuídos, sinais de menores
amplitudes sofrerão maiores efeitos do erro de quantização, ou seja, a relação sinal/ruído é
menor para sinais de pequena amplitude e maior para sinais de maiores amplitudes. As
estatísticas dos sinais de voz revelam que sinais de pequena intensidade são predominantes, o
que inviabiliza a quantização desse sinal de maneira uniforme.

Figura 2.4 – Quantização e Relação Sinal Ruído

Como vimos, o sinal quantizado traz consigo um erro de quantização (Eq). Podemos
definir esse erro como sendo:

Eq = Va − Vq

Onde: Va = Valor da Amostra


Vq = Valor Quantizado

2.3 Compressão
Na figura anterior verificamos que a Relação Sinal Ruído (RSR) é maior para valores
maiores de amplitude. Deste modo teremos uma RSR variável. Para se conseguir uma RSR
melhor ao longo de toda a dinâmica do sinal, e obter uma maior inteligibilidade, é necessário
que a quantização seja não - linear, onde os níveis de quantização são distribuídos de forma não
- linear. Assim, teremos uma menor aproximação para níveis mais baixos.
O processo de compressão consiste em comprimir os níveis mais altos, sendo assim, a
quantização não - linear associada a um compressor permite que a relação sinal / ruído seja
constante para todos os níveis. A característica básica que define o funcionamento de um
compressor é a Lei de Compressão. Atualmente existem as seguintes Leis de Compressão:

Lei µ: Não é utilizada no Brasil. A curva característica da Lei µ apresenta 15 segmentos e é


utilizada para um sistema PCM de 24 canais. Adotada nos EUA e Japão.
Lei A: Adotada para os sistemas de 32 canais onde a curva é aproximada para 13 segmentos de
reta. Utilizada na Europa e Brasil.

Para execução prática dos equipamentos PCM, as curvas definidas pela Lei de

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Compressão são aproximadas por segmentos de reta, onde cada segmento (trecho) tem o mesmo
número de níveis (igual a 16). A figura abaixo mostra a curva característica da Lei A..

p=1 b a
 

SEG8 111 0000 a 1111




SEG7 110 0000 a 1111



SEG6 101 0000 a 1111 1
 2


SEG5 100 0000 a 1111 3



4
SEG4 011 0000 a 1111


5
SEG3 010 0000 a 1111



6
SEG2 001 0000 a 1111

SEG1 000 0000 a 1111 7

SEG1 000 0000 a 1111


7

SEG2 001 0000 a 1111










78
SEG3 010 0000 a 1111


9
SEG4 011 0000 a 1111

 

10
SEG5 100 0000 a 1111

11 
SEG6 101 0000 a 1111

12 

SEG7 110 0000 a 1111
13

 

SEG8 111 0000 a 1111


p=0 b a

Y: Saída de níveis quantizados SEG: Segmento b: Segmento


X: Nível do sinal de entrada P: Polaridade do Pulso a: Nível dentro do segmento

Figura 2.5 – Curva Característica da Lei A

2.4 Codificação
A codificação é usada após a compressão para converter a amplitude de cada pulso
PAM em uma combinação de bits zero e um. Os 128 intervalos positivos mais os 128 intervalos
negativos formam os 256 (28) intervalos do sistema de transmissão PCM, sendo representados
por palavras código (código binário) de 8 dígitos, isto é, 8 bits.

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O formato da palavra código utilizado para representar cada valor codificado, é


ilustrado na figura abaixo.

1 2 3 4 5 6 7 8

p b a

Figura 2.6 – Formato da Palavra Código de 8 bits

P: Indica a polaridade do pulso PAM, isto é, se ele se encontra na metade superior (p


= 1) ou inferior da curva de compressão (p = 0);
B: Indica o segmento dentro da metade definida por p, em que se encontra a amostra
em questão (3 bits podem representar 8 segmentos). Para a característica de compressão
utilizada, a curva é dividida em 13 trechos. Porém, como o trecho número 7 é subdividido em 4
segmentos, tem-se na realidade um total de 16 segmentos;
A: Indica o nível dentro do segmento ou trecho do segmento (4 bits podem representar
16 níveis).

2.5 Multiplexação por Divisão no Tempo (TDM)


A multiplexação permite que os vários sinais amostrados sejam transmitidos por uma
única via de transmissão. Para um sistema PCM de 32 canais (30 canais para informação, uma
canal para sinalização e outro para alinhamento e sincronismo), a chave eletrônica da etapa de
amostragem varre um determinado canal num intervalo de tempo t.
T é o período de varredura de um quadro, que por sua vez é composto de 32 canais.
Portanto, o tempo de varredura de um canal é de 3,9 µs e o tempo de um único bit é.

T 125 tc 3,90625
tc = = = 3,90625µs tb = = = 488,28ns
32 32 Nb 8

Logo, o restante do tempo T - t pode ser utilizado para transmissão, na, mesma linha,
de outros canais de comunicação, obtendo assim a Multiplexação por Divisão no Tempo
(TDM). Os 32 canais do PCM formam o quadro básico de 2.048 Kbps, ou 2 Mbps. O quadro
repete-se 8.000 vezes por segundo, ou seja, cada quadro tem a duração de 125  s. Cada byte do
quadro, portanto, tem a capacidade de transportar 8 x 8.000 = 64 Kbit/s.
O intervalo de tempo (Time Slot) zero é utilizado para transportar o sinal de
alinhamento de quadro. Os bits desta palavra têm sempre o mesmo formato: 10011011. O
receptor determina a posição do quadro de pulsos baseado nas palavras de alinhamento dos
quadros entrantes, para que os bits entrantes possam ser distribuídos aos circuitos telefônicos na
seqüência correta. A palavra de alinhamento de quadro é transmitida alternadamente com a
palavra de alarmes.

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0 1 2 15 16 17 31

Canal para
palavra de
Canal Canal Canal Canal Canal
alinhamento Canal de
Telefônico Telefônico Telefônico Telefônico Telefônico
do quadro e sinalização
1 2 15 16 30
palavra de
alarme

1 2 3 4 5 6 7 8

a b c d a b c d

Figura 2.7 – Quadro PCM de 1º Ordem (2.048 Kbit/s)

O canal 16 é normalmente utilizado para transportar a sinalização associada aos canais


úteis; com a introdução da sinalização por canal comum, o Time Slot 16 passa a ser utilizado
para transportar mais um canal útil. O canal 16 funciona da seguinte maneira:
- No quadro 0: Sincronismo de multiquadro (conjunto de 16 quadros);
- No quadro 1: Sinalização dos canais 1 e 17;
- No quadro 2: Sinalização dos canais 2 e 18;
- ...
- No quadro 15: Sinalização dos canais 15 e 31.

2.6 Regeneração do Sinal na Linha


No sistema de transmissão PCM, a forma de onda de pulso transmitida é deformada na
linha, mesmo se for bipolar. Entretanto, ela pode ser regenerada, sem distorção, através do uso
de repetidores instalados em intervalos regulares.
O repetidor digital apresenta vantagens sobre o repetidor analógico, pois além de
reconstituir o pulso no formato original, elimina completamente o ruído que estava presente
junto com o sinal na entrada do repetidor. Com o repetidor analógico, isto não acontece, pois
este amplifica tanto o sinal de informação quanto o ruído existente no sinal de entrada do
repetidor, além de inserir o próprio ruído, tornando difícil a reconstituição do sinal original.
Nos enlaces PCM são utilizados repetidores de 2 a 5 Km.

2.7 Demultiplexação, Decodificação, Expansão e Filtragem


Estas etapas realizam as operações inversas da Multiplexação, Codificação e
Compressão.
Na demultiplexação, as informações contidas nos bits de sincronismo permitem que os
pulsos PAM sejam encaminhados para seus respectivos canais por meio de uma seqüência de
portas que se abrem sucessivamente.
A decodificação, executada na recepção, é a operação inversa à codificação realizada
na transmissão. Nesta fase o sinal digital é transformado na forma de pulsos PAM.
Na recepção, após a decodificação, o pulso precisa ser restaurado, ou seja, expandido
através de um processo denominado Expansão. Consiste em aplicar uma Lei exatamente inversa

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à da Compressão.
Finalmente, os pulsos PAM, passando através de filtros existentes em cada canal,
reconstituem os sinais originais.

Exercício 1: Suponha um sistema PCM com freqüência de amostragem 8 KHz, 24 intervalos de


tempo e 8 bits de palavra de codificação. Pergunta-se:
a) Qual a freqüência máxima que pode ser amostrada sem distorção?
b) Qual o tempo de quadro (Tq), tempo de canal (Tc) e tempo de bit (Tb)?
c) Qual a taxa de transmissão do quadro (Vq) e de cada canal (Vc)??

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Exercício 2: Dado o sinal abaixo, e utilizando apenas 8 níveis de quantização, preencha a tabela
para cada valor amostrado.

Valor Real da Amostra 1,3 V 3,6 V 2,3 V 0,7 V -0,7 V -2,4 V -3,4 V
Valor Quantizado
Número do Código
Seqüência PCM

2.8 Exercícios Propostos


1- Quais são as etapas que compõem um sistema PCM ?

2- Por que é utilizada a compressão ?

3- Suponha um sistema PCM com freqüência de amostragem 16 KHz, 22 intervalos de tempo


e 6 bits de palavra de codificação. Pergunta-se:
a) Qual a freqüência máxima que pode ser amostrada sem distorção?
b) Qual o tempo de quadro (Tq), tempo de canal (Tc) e tempo de bit (Tb)?
c) Qual a taxa de transmissão do quadro (Vq) e de cada canal (Vc)??

4- Esboce o quadro PCM de 1º ordem.

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3. PDH - HIERARQUIA DIGITAL PLESIÓCRONA

A comunicação digital utiliza como base o canal de voz digital de 64 Kbit/s que por
sua vez é multiplexado segundo técnicas TDM (multiplexação em tempo) nos diversos enlaces e
troncos de comunicação que compõem o sistema. O sistema de multiplexação é hierarquizado,
geralmente com 4 níveis, começando com o canal básico de 64 Kbit/s, agregando a seguir feixes
de canais básicos, segundo esquemas próprios, padronizados pelo ITU ou um padrão americano.
As principais características dos níveis de multiplexação da hierarquia de transmissão
digital do ITU e americana estão resumidas na Tabela 3.1. Em cada nível de multiplexação é
levado em conta o fato de que os relógios dos tributários, além de serem distintos, não são
exatamente iguais, mas quase iguais, dentro de certa tolerância, e por isso chamados sinais
plesiócronos (plésio, do grego; quase igual).

Tabela 3.1 – Padrões PDH

Hierarquia Digital Plesiócrona PDH

Hierarquia Digital Européia Hierarquia Digital Americana Hierarquia Digital Japonesa


(ITU)
Designa Taxa Equiv. Designa Taxa Equiv. Designa Taxa Equiv.
ção [Kbit/s] Canal B ção. [Kbit/s] DS0 ção [Kbit/s] Canal B
Canal B 64 - DS0 64 - Canal B 64 -
E1 2.048 30 DS1 1.544 24 DS1 1.544 24
E2 8.448 128 DS1C 3.152 48 DS2 1.312 96
E3 34.368 512 DS2 6.312 96 J1 32.064 501
E4 139.264 2048 DS3 44.736 672 J2 97.728 1527
DS4NA 139.264 2016
DS4 274.176 4032

DS: Digital Signal E: Europeu J: Japonês

Devido a este fato, o sistema de multiplexação assim estruturado, é chamado de


sistema PDH (Plesiochronous Digital Hierarchy). Aos relógios de cada tributário deste sistema
é permitida uma pequena variação ou tolerância em torno de um valor nominal. Somente no
primeiro nível da hierarquia de multiplexação digital (32canais de 64 Kbit/s = 2.048 Kbit/s),
como os fluxos digitais dos tributários (canais de voz de 64 Kbit/s) provêm dos codecs
(conversores AD/DA) de entrada, que são cadenciados sincronamente a partir de um relógio
único do próprio MUX, a multiplexação é do tipo TDM.

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o
A partir do 2 . nível de multiplexação, os tributários são inseridos em um buffer que é
lido a uma taxa ligeiramente superior à taxa do tributário. Quando não há nenhum bit no
registrador de entrada, porque os bits vêm a uma taxa um pouco menor, é adicionado um bit de
enchimento (stuff bit) no fluxo de bits agregado. É claro que existe um mecanismo que
sinalizará ao demultiplexador que foi feito um "enchimento" e que este bit deverá ser retirado
do fluxo na recepção. Através deste mecanismo de buffer elástico todos os tributários do
multiplexador são compatibilizados segundo um relógio único permitindo desta forma uma
multiplexação TDM síncrona. Os multiplexadores do nível 2 a 4 aplicam esta técnica em
relação aos seus tributários que são plesiócronos.

0
.
.
.
. 2,048 Mbit/s
. 32 x 8,448 Mbit/s
. 4x 34,368 Mbit/s
. 4x
31 139,264Mbit/s
4x

32 x 64kbit/s = 2,048Mbit/s

Nível 0 Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4


Precisão dos Relógios dos Tributários em cada nível de Multiplexação
Nível Taxa de bits nominal Freqüência Relógio Tolerância do Relógio
Hierarquico [kbit/s] [kHz] [ppm: partes por milhão]
0 64 64 64 ± 100
1 2048 2048 2048 ± 50
2 8448 8448 8448 ± 30
3 34368 34368 34368 ± 20

Figura 3.1 – Estrutura de Multiplexação da PDH

Na hierarquia E1 adota na Europa e América Latina, o quadro de cada nível


hierárquico contém 4 espaços de carga (intercalados bit a bit), precedidos de um sinal de
alinhamento de quadro (repetido a cada novo quadro). Cada um desses 4 espaços é suficiente
para transportar os bits de um tributário de nível imediatamente inferior. Cada espaço de carga
possui uma capacidade ligeiramente superior à estritamente necessária para os bits do tributário.
Em uma posição específica dentro do quadro, o multiplexador tem a opção de copiar
ou deixar de copiar um bit de informação do tributário; quando a defasagem acumulada entre o
tributário e o espaço de carga chega a um bit, o multiplexador deixa de copiar um bit de
informação nesse espaço, avisando ao demultiplexador para que ele pule esse bit ao recuperar os
bits líquidos daquele tributário.
Como exemplo, examinemos o quadro de 8 Mbit/s. Os bits C, que se encontram na
primeira posição do segundo, terceiro e quarto blocos do quadro, utilizam-se para indicar ao
demux se a posição designada como S do tributário a que pertencem contém ou não um bit de
informação (do tributário). Quando o bit S contém informação, os bits C assumem o valor “0”.
Quando o bit S é de justificação, os bits C assumem o valor “1”, indicando ao demux que esse
bit deve ser pulado ao recuperar os bits do tributário.

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212 bits
12 bits 200 bits

FAS 200 bits I

C 208 bits I

C 208 bits I

C S 204 bits I

100,38 us
4 4
bits bits

FAS: Palavra de Alinhamento de Quadro (Frame Alignment Signal) I: Bit de informação


C: Bit de controle de justificação S: Bit de oportunidade de justificação

Figura 3.2 – Quadro PDH de 8 Mbit/s

A informação sobre se o bit S contém ou não informação está repetida três vezes, por
segurança (voto de maioria), uma vez que deixar de reconhecer uma justificação implicaria um
slip (deslizamento) de um bit no sinal demultiplexado. O processo de controle de justificação é
similar para os quadros PDH de 34 Mbit/s e 140 Mbit/s.

384 bits
12 bits 372 bits

FAS 372 bits I

C 380 bits I

C 380 bits I

C S 376 bits I

44,7 us
4 4
bits bits

Figura 3.3 – Quadro PDH de 34 Mbit/s

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488 bits
16 bits 472 bits

FAS 472 bits I

C 484 bits I

C 484 bits I

C 484 bits I

C 484 bits I

C S 480 bits I

21,02 us
4 4
bits bits

Figura 3.4 – Quadro PDH de 140 Mbit/s

Tendo em vista as diferenças entre os sistemas PDH europeu, americano e japonês,


torna-se difícil a interligação destes sistemas num sistema de comunicação digital mundial
unificado. Este fato, além de outros fatores, contribuiu para a definição de um novo sistema de
comunicação digital, que desse suporte para a transmissão em altas taxas, além de perfeita
compatibilidade entre as diversas hierarquias de multiplexação digitais existentes. Também
foram fatores decisivos, a necessidade de maior flexibilidade e confiabilidade destes sistemas,
além de facilidades de gerenciamento, reconfiguração e supervisão, enfim, um sistema dentro
do conceito de Rede Inteligente.
Este novo sistema é conhecido como Hierarquia Digital Síncrona, SDH (europeu), ou
SONET (americano). A principal característica deste sistema é o fato de que ele é totalmente
síncrono, baseado em um relógio mestre universal de alta precisão. Os canais digitais do sistema
PDH, após passarem por um processo de adaptação, podem trafegar pelos canais síncronos d e
alta velocidade do sistema SDH/SONET.

Exercício 1: Sabendo que um link de 2 Mbps tem 30 canais de voz, determine:


a) A quantidade de canais de voz em um link PDH de 8 Mbps.
b) A quantidade de canais de voz em um link PDH de 34 Mbps.
c) A quantidade de canais de voz em um link PDH de 140 Mbps.

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Exercício 2: Considerando os quadros PDH de 8 Mbps, 34 Mbps e 140 Mbps, preencha os


dados da tabela:

Velocidade da Total de bits Bits I por Bits I por tributário Variação de velocidade
Linha (Kbps) por Quadro Quadro por tributário (Kbps)

8.448 Kbps

34.362 Kbps

139.264 Kbps

3.1 Exercícios Propostos


1- Quais são os níveis de multiplexação e respectivas velocidades da PDH adotada no Brasil?

2- Como são compatibilizados os relógios dos tributários na PDH?

3- Em um quadro PDH de ordem superior, qual a função dos bits FAS? Explique o processo de
funcionamento e qual o objetivo dos bits C e S.

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4. SDH - HIERARQUIA DIGITAL SÍNCRONA

Por volta de 1985, o comitê T1X1 da ANSI, desenvolveu as primeiras interfaces para
troncos óticos de alta velocidade baseados em fibra ótica, conhecido como SONET
(Synchronous Optical Network). A partir de 1988, muitos dos estudos, interfaces e propostas da
SONET foram acolhidos pelo ITU-T através das Recomendações G.707, G.708, e G.709,
tornando-se desta forma um padrão mundial conhecido como SDH (Sinchronous Digital
Hierarchy) do ITU-T.
A SDH é uma rede síncrona de transporte de sinais digitais, formada por um conjunto
hierárquico de estruturas de transporte padronizadas com objetivo a transferência de
informações sobre redes digitais e oferecendo aos operadores e usuários flexibilidade e
economia.
A seguir temos as principais características da SDH, que mostram o grande avanço
que esta tecnologia trouxe para as redes de transporte:
- Padronização Total: Este foi um dos principais objetivos da SDH, permitindo um
ambiente multifornecedor. O ITU-T padronizou diversos itens, como a taxa de bit, estrutura
de quadro, interface de tributários, interface de linha, gerência de rede, etc.
- Flexibilidade aos tributários: A estrutura do quadro SDH possui características que
facilitam o aceso, derivação e inserção de tributários. Para a formação do quadro, a
multiplexação se dá através do entrelaçamento de bytes (na PDH é em nível de bit). O
acesso a um tributário é feito através dos ponteiros presentes no quadro SDH, que indicam a
posição de início de um tributário dentro do quadro.
- Grande Capacidade para Gerência de Rede: Cerca de 5% da capacidade de transporte é
destinada ao transporte de bytes específicos a gerência de rede.

Com as características apresentadas, a SDH introduziu alguns benefícios nas redes de


transporte:
- Custo da rede mais baixo;
- Melhor gerência de rede;
- Provisionamento mais rápido;
- Disponibilidade da rede;
- Atendimento a serviços futuros.

A SDH foi projetada para que suportasse a transmissão de quase todos os tipos de
sinais existentes. Entre os muitos, cita-se alguns com o mapeamento já definido: PDH (2, 34,
140 Mbps), ATM, FDDI, Frame Relay. Acredita-se que qualquer sinal que possa aparecer nos
sistemas de telecomunicações poderá ser transportado pela SDH.

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A tabela apresenta a Hierarquia Digital Síncrona SDH e o sistema equivalente


americano SONET (Synchronous Optical NETwork). A principal diferença entre os dois
sistemas é em relação a estrutura do quadro do canal básico, a partir do qual é estruturada a
hierarquia de multiplexação, e a designação dos diversos canais digitais. Enquanto o SONET
inicia com um canal chamado STS-1, de 51,84 Mbit/s, o sistema SDH começa com um canal
designado de STM-1, de 155,52 Mbit/s.

Hierarquia Digital Síncrona SDH/SONET

Designação Designação SDH Taxa Taxa útil


SONET (ITU-T) [Mbit/s] [Mbit/s]
(ANSI)
STS-1 (OC-1) - 51,84 50,112
STS-3 (OC-3) STM-1 155,52 150,336
STS-9 (OC-9) STM-3 466,56 451,008
STS-12 (OC-12) STM-4 622,08 601,344
STS-18 (OC-18) STM-6 933,12 902,016
STS-24 (OC-24) STM-8 1244,16 1202,688
STS-36 (OC-36) STM-12 1866,24 1804,o32
STS-48 (OC-48) STM-16 2488,32 2405,376

STS: Sinchronous Transport Signal STM: Sinchronous Transport Module


ANSI: American Nacional Standard Institute OC: Optical Carrier

Tabela 4.1 – Hierarquia Digital Síncrona SDH/SONET

4.1 Estrutura de Multiplexação da SDH


Na figura seguinte é mostrada a estrutura hierarquizada do SDH que também permite
a inserção dos acessos básicos do sistema de multiplexação PDH para dentro deste sistema
passando, porém, por uma adaptação. Através deste sistema de adaptação, os mecanismos de
adição ou extração (add and drop) de canais digitais de ordem inferior a partir de um agregado
de ordem superior, processo complicado e demorado no sistema PDH, torna-se simples e direto
no sistema SDH.
Exemplificando; a inserção ou extração de um canal de 64 Kbit/s de um canal E3 de
34,368 Mbit/s do sistema PDH, precisa necessariamente passar pelas etapas intermediárias, (no
caso E2 e E1) e em cada um deles sincronizar os sinais a partir do relógio próprio de cada
tributário intermediário, o que além de complicado é demorado. Já no sistema SDH, em vista de
que é utilizado um relógio mestre único, em todos os níveis de multiplexação, não há
necessidade de passar por estes processos, aumentando-se desta forma a eficiência, a rapidez e
confiabilidade do sistema.
O mapeamento do fluxo de bits de um canal PDH é feito segundo um conceito de
container (C). O container é uma estrutura de dados (bloco), fixa para cada tipo de acesso. Ao
container é acrescida a informação sobre a rota por onde ele será transportado.

24
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Figura 4.1 – Estrutura de Multiplexação SDH/SONET

O container com a informação de rota é chamado de Virtual Container (VC), o qual


ao receber a informação do ponteiro da localização temporal da informação útil dentro do VC é
chamado de Unidade Tributária.(TU). As TU's por sua vez, podem ser agrupadas por
multiplexação para um nível superior. Através de um novo processamento de ponteiros
temporais, são obtidas as Unidades Administrativas (AU), que por sua vez podem ser
multiplexadas para os níveis de entrada no SDH/SONET, ou seja, STM 1 ou STS 3.
Na figura seguinte, temos somente a estrutura de multiplexação SDH com os
tributários PDH da Hierarquia Européia.

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xN x1
140
STM-N AUG AU4 VC4 C4
Mbps

x3
x1
34
TUG3 TU3 VC3 C3
Mbps

x7
x3
2
TUG2 TU12 VC12 C12
Mbps

Figura 4.2 – Estrutura de Multiplexação SDH simplificada

A estrutura de dados dos canais digitais do PDH é transformada segundo etapas e


modificações sucessivas, definidas a seguir:
• Container de ordem n, ou Cn (n=1-4)
• Virtual Container de ordem n, ou VCn (n=1-4)
• Tributary Units, TUn (n=1-4)
• Tributary Unit Group, TUGn (n=2 ou 3)
• Administration Unit, AUn (n=3 ou 4)
• Administration Unit Group, AUG

Container C-n (n=1-4) O elemento básico do sinal STM consiste num grupo de
bytes alocados para carregar as taxas de transmissão de dados. Este elemento
recebe o nome de "Container" e tem por função adaptar os tributários através
do mapeamento destes no próprio container, incluindo o processo de
justificação, se necessário. Um container é a estrutura de dados que contém a
informação útil (payload) da rede PDH para formar um virtual container (VC).
Para cada container Cn há um VC correspondente.
C1 - pode ser de dois tipos; C11 - 1544 Kbit/s (DS1) e
C12 - 2048 Kbit/s (E1)
C2 - 6312 Kbit/s (DS2)
C3 - 44.736 Kbit/s (DS3) ou 34.368 Kbit/s (E3)
C4 - 139.264 Kbit/s (DS4AN ou E4)

Container Virtual VC-n (n=1-4) O Container Virtual é a estrutura de informação


usada para conter a informação útil mais a informação de rota do SDH. É
composto portanto pelos campos de informação da carga útil (payload) e o
cabeçalho de rota (POH - Path OverHead), organizado em uma estrutura de
quadro que se repete a cada 125 ou 500 µs como mostra a figura. O POH
controla e monitora a informação na transmissão ponto-a-ponto.

POH Carga Útil VC-n  C-n + POH

Unidades Tributárias TU-n (n=1-3) O TU-n é uma estrutura de dados usada para
adaptar a camada de rota de ordem inferior em uma camada de rota de ordem
superior. A TU consiste de um VC maia um ponteiro de Unidade Tributária
(TU Pointer). A posição do VC dentro do TU não é fixa. Entretanto, a posição

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do ponteiro de TU é fixa com relação ao próximo passo da estrutura de


multiplexação, onde é indicado o começo do VC.

POH
Ponteiro Carga Útil TU-n  VC-n + Ponteiro de TU

Grupo de Unidades Tributárias TUG-n (n=2,3) O TUG é composto por um grupo


de TU’s multiplexados para formar um VC de ordem superior. Ex.: TU-12 +
TU-12 + TU-12  TUG-2.

TU-n +…+ TU-n  TUG-n  VC-n+1

Unidade Administrativa AU-n (n=3,4) É a estrutura de informação usada para


adaptar a camada de rota de ordem superior com a camada de seção de
multiplex. A estrutura AU é composta por um VC de ordem superior e um
ponteiro de AU. Este ponteiro indica a posição do VC com relação ao quadro
STM-1 e têm posição fixa no quadro.

VC-n + ponteiro  AU-n

Grupo de Unidades Administrativas AUG A estrutura AUG é composto por um


grupo de AU’s, que a seguir, podem ser multiplexados para formar um STM-
n.

AU-n + …+AU-n  AUG

Ex.: AUG  AU3 + AU3 + AU3 ou, AUG  AU4

Synchronous Transport Module STM-n (n=1,4,16…) Um STM é a estrutura de


dados usada para acomodar as conexões da camada de seção no SDH.

n.AUG + (SOH+LOH)  STM-n

4.2 O Módulo de Transporte Síncrono – STM


Na SDH é definida uma estrutura básica de transporte de informação, o Módulo de
Transporte Síncrono – 1 (STM-1), com taxa de 155,52 Mbps. Esta estrutura define o primeiro
nível da hierarquia, e atualmente estão padronizados quatro módulos de transporte síncrono:
STM-1, STM-4, STM-16 e STM-64.

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A estrutura de quadro do STM-1 consiste de 9 linhas e 270 colunas, lidos da esquerda


para a direita e de cima para baixo, com duração de 125  s. Os quadros se repetem a uma taxa
de 8.000 quadros/segundo, logo um byte dentro do quadro representa 64 Kbps. Já a estrutura de
quadro do STM-N é obtida através da multiplexação de “N” payloads de quadros STM-1

9 colunas 1 coluna 260 colunas


1 RSOH
3
P
4 Ponteiro
O Payload
5
H
MSOH
9
125 us
Figura 4.3 – Módulo de Transporte Síncrono - STM

A estrutura de quadro possui basicamente as seguintes áreas:

4.2.1 RSOH – Cabeçalho de Seção de Regeneração


Seu conteúdo pode ser examinado e modificado não somente pelos terminais de uma
seção de multiplexação, mas também pelos regeneradores de linha. Contém a seguinte estrutura,
sendo que os espaços em branco servem para compatibilizar com a SONET, pois o quadro
básico da SONET é a terceira parte exata do quadro STM-1.

A1 A1 A1 A2 A2 A2 J0
B1 E1 F1
D1 D2 D3

A1 e A2: Palavra de alinhamento de quadro, com o valor F6 e 28 respectivamente (em


hexadecimal). Repetida três vezes para compatibilidade com a SONET.
J0: Trace de Seção de Regeneração. É usado para transmitir repetidamente uma mensagem para
a identificação da Seção de regeneração.
B1: Monitoração de erro de bits na seção de regeneração. Nele é depositado o resultado do
cálculo de paridade par (Bit Interleaved Parity 8 – BIP-8) efetuado pelo transmissor para o
quadro anterior.
E1: Canal de serviço, é um canal de voz 64 Kbps.
F1: Canal de usuário de 64 Kbps.
D1, D2 e D3: Canal de comunicação de dados de 192 Kbps, acessível através de uma interface
V.11 dentro da seção de regeneração.

4.2.2 MSOH – Cabeçalho de Seção de Multiplexação


Seu conteúdo não pode ser acessado por regeneradores de linha, apenas pelo
multiplexadores. Sua estrutura é:

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B2 B2 B2 K1 K2
D4 D5 D6
D7 D8 D9
D10 D11 D12
Z1 Z2 E2

B2: Monitoração de erro de bits na seção de multiplexação, através do cálculo de paridade BIP-
24.
K1 e K2: Canais de comutação automática.
D4 a D12: Canais de comunicação de dados de 576 Kbps dentro da seção de multiplexação.
Z1 e Z2: Reservados.
E2: Canal de serviço de 64 Kbps.

4.2.3 POH – Cabeçalho de Via


Os bytes POH prestam-se a várias funções:

J1 Identificador dos pontos de um trajeto


B3 Monitoração de erro de bits, utilizando BIP-8
C2 Identificador de carga do VC
G1 Indica estado do trajeto
F2 Canal de Usuário
H4 Indicador de multiquadro
Z3 Reservado para uso futuro
Z4 Reservado para uso futuro
Z5 Reservado para uso futuro

Os 9 bytes do cabeçalho de via prestam-se a várias funções. O byte J1 (Path Trace) é


utilizado para a identificação do trajeto, transmitindo rapidamente uma seqüência fixa de 64
Kbps para o receptor verificar sua conexão com o transmissor correspondente. Cada trace é
formado por 16 bytes, sendo necessários 16 quadros VC-4. A paridade calculada sobre todos os
bits de um VC-4 é transportada na posição B3 de cada quadro seguinte, servindo para medir a
taxa de blocos errados entre as pontas de um trajeto VC-4.
O byte C2 (Signal Label) informa qual o conteúdo do payload do VC-4, indicando se
está ocupado ou não com algum tipo de carga, se é composto de C-4 ou C-3, se é composto de
C-12, etc. O byte G1 (Path Status) indica o estado da via e serve para monitorar, do transmissor,
o estado e o desempenho do sinal recebido pelo terminal remoto. O byte G1 é formado por duas
partes: REI (Remote Error Indicator) tem a função de monitoração remota de erros, retornando
ao terminal transmissor o número de blocos com erro de paridade detectados no receptor
remoto; RDI (Remote Defect Indication) tem a função de retornar ao terminal transmissor as
informações de status da via.
Um canal de usuário é disponibilizado no byte F2, para comunicação entre operadores
de rede de equipamentos de terminação de via. O byte H4 é utilizado para alinhamento de
multiquadro, necessário quando o VC-4 contém unidades tributárias baixas, como por exemplo,
o VC-12.

4.2.4 Payload
Onde serão colocados os tributários, podendo ser sinais PDH, ATM, Frame Relay, etc.

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4.2.5 Ponteiro
O ponteiro é responsável por tornar a rede SDH síncrona, pois sua função é indicar a
posição do primeiro byte do Payload associado a ele. Se o relógio dos dados de um tributário
qualquer se adianta ou atrasa em relação à cadência do relógio SDH, os ponteiros adiantam ou
atrasam a localização temporal da informação dentro do quadro STM.
O ponteiro da AU-4 é composto dos bytes H1 e H2, que juntos formam uma única
palavra de dezesseis bits. Os dez últimos bits dessa palavra formam um número binário que
designa a posição na área de carga (AU-4) na qual se encontra o início do VC-4. Desta maneira,
o processador, para alinhar-se com o quadro do VC-4, não necessita buscar um sinal de
alinhamento de quadro no VC-4, que desde logo, nem sequer existe. Tudo o que tem a fazer é
contar posições a partir do primeiro byte da quarta linha da área de carga (posição zero) para
encontrar o início do VC-4. As posições são contadas a cada 3 bytes (a posição 0 corresponde
ao primeiro byte que segue o ponteiro, a posição 1 corresponde ao 4o. byte, etc.). Como a área
de carga contém 261 x 9 = 2.349 bytes, há no total 2.394 / 3 = 783 posições, numeradas de 0 a
782.

H1 H2 H3 H3 H3

NDF S S I D I D I D I D I D

Figura 4.4 – Formato do ponteiro da AU-4

Os 4 primeiros bits do ponteiro constituem a NDF (New Data Flag), normalmente


desabilitada (0110). Esses bits são invertidos durante o processo de alinhamento (1001), até que
o outro extremo reconheça o valor do ponteiro (quatro quadros). Os dois bits seguintes,
designados como bits SS, assumem atualmente o valor fixo 10. Os bytes H3 constituem uma
área extra de carga, utilizada sempre que houver necessidade de proceder a uma justificação
negativa. A justificação positiva é feita deixando de enviar carga na posição 0 (os 3 bytes
adjacentes aos bytes H3).
O quadro que contém justificação indica esse fato intervendo os bits D (decremento de
ponteiro e invasão da área H3 com os bytes do VC-4) ou os bits I (incremento de ponteiro para
justificação positiva, deixando de haver informação na posição 0, ou seja, nos três bytes que
seguem os bytes H3).

4.2.5.1 Incremento do ponteiro (justificação positiva)


Devido às tolerâncias para os relógios dos nós de rede, o VC-4 pode estar sendo
gerado em um nó cujo relógio está em um certo instante ligeiramente mais lento que o relógio
do nó local. Mesmo quando todos os nós estão sincronizados, pode haver variações lentas de
fase na rede devido principalmente às variações de temperatura. Quando o VC-4 que tem que
ser copiado na AU-4 gerada localmente por um nó é mais lenta que essa AU-4, vai-se
acumulando uma defasagem negativa na memória elástica do transmissor. Quando a defasagem

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acumulada chega a 24 bits, o transmissor deixará de transmitir bytes do VC-4 nos 3 bytes da
posição 0 da AU-4, avisando a outra ponta que esses bytes não contém carga útil.
Esse tipo de justificação (justificação positiva) chama-se incremento do ponteiro, já
que no quadro STM-1 imediatamente seguinte o início do VC-4 vai estar deslocado de uma
posição (3 bytes) à frente, permanecendo nessa posição até haver uma nova justificação. O
incremento do ponteiro é codificado com a inversão dos bits ímpares do ponteiro (os 5 bits
designados com “I”), por voto de maioria (para que não se perca uma justificação quando
ocorrem erros na transmissão).

4.2.5.2 Decremento de ponteiro (justificação negativa)


De modo semelhante, o VC-4 recebido pode ter um relógio ligeiramente mais rápido
que o nó que tem que copiá-lo na AU-4 gerada localmente. Quando isto ocorre, vai-se
acumulando uma defasagem positiva na memória elástica do transmissor desse nó. Quando essa
defasagem chegar a 24 bits, o transmissor irá incluir 3 bytes do VC-4 na área extra representada
pelos bytes H3, avisando a outra ponta que os bytes H3 contém carga útil através de um
decremento de ponteiro.
O decremento de ponteiro codifica-se com a inversão dos bits pares do ponteiro (os 5
bits “D”), por voto de maioria (para evitar deixar de reconhecer uma justificação quando há
erros de transmissão). No quadro seguinte, o início do VC-4 estará ocupando a posição
imediatamente anterior à que vinha ocupando, permanecendo lá até o próximo movimento do
ponteiro.

4.3 Elementos de Rede SDH

Nas redes plesiócronas existentes é utilizada uma tecnologia simples de transmissão


ponto-a-ponto para ligar as centrais telefônicas ou as diferentes localidades. Um sinal de 64
Kbps de uma ligação telefônica, por exemplo, pode ser multiplexado até 2 Mbps e depois até
140 Mbps utilizando o terminal multiplex. Contudo, para chavear este sinal de 64 Kbps, o sinal
inteiro de 140 Mbps deve ser demultiplexado. Isto requer um conjunto completo de
multiplexadores em cada ponta do "link" de transmissão. Esta configuração é muito cara
quando, na prática, somente alguns sinais de baixa ordem necessitam ser comutados.
Uma rede SDH realiza as mesmas funções básicas de uma rede plesiócrona existente.
Ela transporta os dados dos clientes de uma localidade até outra localidade. Contudo, mediante a
utilização de multiplexação síncrona, ela realiza esta tarefa de forma mais eficiente do que a
rede PDH (Plesiochronous Digital Hierarchy - Hierarquia Digital Plesiócrona).
Os sistemas de "cross-connect" de SDH (explicado mais adiante) podem rotear sinais
de banda larga (canais de 2 Mbps, por exemplo) através da rede, sem ser necessário
demultiplexar o sinal de alta velocidade. Isto proporciona uma grande economia ao eliminar a
necessidade de multiplexadores junto aos equipamentos de "cross-connect".
Os equipamentos de "cross-connect" de SDH são controláveis através de um conjunto
de mensagens normalizado. Isto permite que novos circuitos possam ser providenciados em
alguns milisegundos a partir dos pontos de comando da rede. Com esta habilidade para re-
roteamento, a SDH pode contornar falhas de equipamentos sem causar grandes impactos nos
serviços.
Depois da introdução aos conceitos da rede SDH, vamos agora dar uma olhada aos
blocos da rede e como eles são configurados. Estes elementos estão agora bem definidos nas
normas ITU e realizam as funções de multiplexação e chaveamento (comutação).

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4.3.1 Multiplex Terminal de Linha (LTM)


O multiplex de terminal de linha pode manejar uma variedade de tributários de entrada
(2 Mbps, 34 Mbps, 140 Mbps ou STM- 1) e os multiplexar para uma "portadora óptica", como
STM-4 ou STM-16. Os LTMs formam a porta principal da rede PDH para a SDH. Como opção,
o multiplex de terminal de linha pode ter uma interface de transmissão secundária de proteção
interna.
Dependendo do espaçamento
requerido entre os equipamentos, podem
ser utilizadas interfaces ópticas a 1310
nm e 1550 nm (a janela de 1550 nm tem
melhores características de atenuação e
comporta maior espaçamento entre
regeneradores).

4.3.2 Multiplex de Inserção/Extração (Add Drop Multiplex)


É o bloco de construção básico de
SDH para acesso a redes síncronas locais.
Geralmente oferece interface STM-1 e
STM-4, e opera no estilo "passagem direta"
("Thru Mode Fashion"). Uma grande
variedade de sinais tributários plesiócronos
de 2 Mbps, por exemplo, podem ser
inseridos ou extraídos deste sinal "passante".
Esta capacidade é um dos benefícios da rede
síncrona. Os ADMs com este "Modo
Passante" adiciona uma nova dimensão ao
projeto de redes e podem conformar anéis de
acesso locais síncronos.
A função do multiplex de inserção/extração é uma das maiores vantagens resultantes
do emprego do SDH, já que em uma função similar em ambiente PDH é requerida a adição de
equipamentos terminais "back to back".

4.3.3 Cross-Connect Digital Síncrono


O "Cross Connect" digital síncrono
funciona como um comutador semi-permanente
para faixas variáveis de canais de transmissão de
64 Kbps a STM-1.
Controlados por software, os
dispositivos de "cross connect" podem pegar e
re-rotear um ou mais canais de ordem menor,
sem necessidade de demultiplexação. Esta
capacidade é que transforma os "cross connect"
digitais numa ferramenta muito poderosa, permitindo uma rápida reconfiguração da rede de
transporte, proporcionando "LP's" (linhas privadas) digitais e outros serviços. É muito utilizado
para integrar redes distintas.

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4.3.4 Regeneradores
Para transmissão de SDH acima de 50 km, é necessário a utilização de regeneradores
com espaçamentos que dependem da tecnologia empregada. (e.g. longitude de onda, receptores,
etc). Estes não são simples regeneradores de sinais. Eles têm também capacidade de reportar
alarmes e de monitorar o desempenho de rede.
Como todos os elementos da rede têm capacidade de reportar alarmes, as falhas
podem ser isoladas rapidamente à seção individual de transmissão com problemas.

4.4 Arquitetura de Rede


Agora que os elementos foram identificados e explicados, veremos as diversas
maneiras de se construir uma rede SDH na prática. Inicialmente a tecnologia SDH será
implementada em novas instalações, e então substituirá ou serão feitas expansões nos sistemas
existentes quando eles atingirem a capacidade máxima. No nível mais simples, os novos
sistemas ponto-a-ponto usarão multiplexadores terminais SDH com possibilidade de expansão
para topologias SDH mais complexas. Veremos agora cada uma das possíveis topologias.

4.4.1 Ponto a Ponto


Os sistemas ponto-a-ponto SDH são
sucessores naturais para os enlaces de 140 Mbps
de 565 Mbps existentes hoje. Nas novas
instalações, estes tributários serão substituídos
em geral pelo STM-4 (622 Mbps). O STM-16
(2,5 Gbps) será requerido em diversas
localidades, devido à necessidade de uma banda
cada vez maior das redes.
Visto que os sistemas SDH começarão
a aparecer nas rotas específicas da planta já existente, coexistindo com o sistema de 140 Mbps,
um ponto de grande importância será o gerenciamento da rede. Este deverá cobrir toda a rede de
transmissão, incluindo tanto a SDH como o PDH.

4.4.2 Estruturas em Anel


O ponto diferenciador do SDH em
relação aos sistemas hoje existentes é a função
do "Add-Drop Multiplexer" (ADM). Ele provê a
possibilidade de inserir e retirar canais em
qualquer ADM, sob um controle centralizador.
Com a nova configuração de inserção
e extração, novos conceitos de projeto de rede

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para acesso local podem ser facilmente implementados, provando maior flexibilidade na
alocação de banda para diferentes usuários. Se um nó ou um enlace apresentou uma falha, ele
poderá ser completamente contornado por uma reconfiguração das conexões no anel STM-N
que roteará o tráfego na direção oposta.

4.4.3 Malha
Com a expansão da rede SDH, a combinação de chaves "Cross Connect" digital
(DXC) de alta velocidade e interconexões ópticas ponto-a-ponto formarão o núcleo das futuras
redes. Os "Cross Connects" digitais
(DXCs) SDH serão conectadas em uma
malha para prover diversidade de rota. O
arranjo mais simples é o de 3 DXCs
conectados. Se o enlace direto de um
DXC para outro falhar, a rota alternativa
através do terceiro DXC ainda estará
disponível, e a mudança no roteamento
do circuito será possível em
milisegundos.

4.4.4 Malhas e Anéis


Quando são adicionados anéis de ADM's na estrutura de malha da rede, teremos a
configuração mais flexível em uma rede SDH. A densidade de rota irá assegurar a proteção da
rede. O controle flexível através de software dos elementos de rede irá acrescentar a velocidade
para se prover novos serviços e para o gerenciamento da banda. Atualmente podemos
vislumbrar estruturas SDH em anel nas áreas metropolitanas, ao redor das grandes cidades, que
irão prover o acesso à rede para os usuários corporativos, serviços celulares e usuários
residenciais. As redes MAN (Metropolitan Area Network) terão nós que interfacearão com estes
anéis SDH.

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4.5 Implementação de uma Rede PDH/SDH


Neste capítulo apresentaremos um exemplo de sistema usando uma rede SDH
conjugada com acesso PDH. Esta aplicação mostra um sistema típico usado em telefonia
celular, no qual o acesso é feito com o uso de sistemas PDH, e o backbone implementado em
sistemas SDH.
A rede apresenta anéis que tem como meio físico cabos de fibras ópticas interligando
dois prédios nas quais estão estão localizadas as Centrais de Comutação e Controle, chamadas
CCCs, de telefonia celular, e passam por mais três centrais, nos quais são feitas as interconexões
com as centrais de telefonia fixa locais ou operadoras de longa distância. Através destas
interconexões são feitos os encaminhamentos de tráfego celular para o tráfego fixo, através de
centrais trânsito. Devido a alta necessidade de tráfego entre as CCCs e entre as centrais de
telefonia fixa, somado ao conceito de segurança que o sistema necessita, o backbone entre estes
prédios acima citados é implementado por anéis SDH. O sistema SDH, além de atender as
premissas de segurança com a utilização de anéis apresenta excelente capacidade de tráfego e
grande facilidade de gerenciamento. Podemos efetuar cross-conexões ou roteamento de tráfego
em qualquer uma das estações, conectando um terminal de configuração à um nó ADM, e assim
tendo acesso remoto as demais estações. Através de um gerenciamento centralizado também
fica extremamente fácil o monitoramento e controle de toda a rede SDH, e podemos ainda ter
este gerenciamento com redundância geográfica, o que aumenta muito a confiabilidade do
sistema.
Por outro lado, temos as Estações Rádio Base e as Microcélulas de telefonia celular,
que efetuam o interfaceamento entre as Estações Móveis (Telefones Celulares) e as CCCs,
sempre que utilizamos o telefone celular para fazer ou receber uma chamada. Uma ERB ou
Microcélula utiliza normalmente um ou dois feixes E1, o que caracteriza uma baixa capacidade
de tráfego necessária. Sendo assim, sistemas PDH para estas redes de acesso são suficientes,
atendendo de forma satisfatória a demanda exigida. Estes sistemas de acesso PDH podem ter
diversos meios físicos, sendo utilizados pares metálicos conjugados com equipamentos HDSL,
ou usando equipamentos de rádio enlaces digitais, situação está que é muito interessante devido
à existência de torres para a sustentação das antenas do sistema celular, ou ainda através do uso
de fibras ópticas, conjugados com modens ópticos PDH.
Estes sistemas PDH, que servem de acesso as ERBs e Microcélulas podem chegar
fisicamente à qualquer uma das centrais no qual encontra-se os anéis do backbone SDH, e assim
serem roteados de uma estação à outra, na medida da necessidade através através dos ADMs do
SDH.
Na figura seguinte vislumbramos o diagrama contendo toda a rede descrita
anteriormente, com os sistemas backbone SDH, mostrando os anéis e os equipamentos ADM, e
ainda vislumbramos como os acessos PDH enquadram-se neste contexto.

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Assim temos um exemplo clássico de rede com a utilização de sistemas PDH e SDH
conjugados, cada um cumprindo atribuições distintas, porém plenamente integrados ao conjunto
da rede. Desta forma temos uma rede com boa capacidade de tráfego, excelente sistema de
gerenciamento, bom nível de segurança, e um custo otimizado.

Exercício 1: Descreva todo o processo de formação do quadro STM-1 através de um sinal PDH
de 140 Mbit/s.

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Exercício 2: Dada a rede SDH abaixo e considerando que um tributário é inserido no nó A e


retirado no nó D, determine as seções de multiplexação, regeneração e via.

Mux

Reg Reg

A B D

Mux Mux Mux

4.6 Exercícios Propostos


1- Desenhe o quadro da SDH e explique de forma sucinta as suas principais áreas.

2- A partir da estrutura de multiplexação SDH, descreva as seguintes etapas: Container,


Virtual Container, Unidade Tributária, Grupo de Unidades Tributárias, Unidade
Administrativa, Grupo de Unidades Administrativas e STM (Módulo de transporte
Síncrono).

3- Na rede SDH, qual o objetivo a ser atingido com a utilização do ponteiro de AU-4?
Descreva as etapas empregadas na justificação em uma rede SDH.

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5. TRANSMISSÃO EM BANDA BÁSICA

A modulação não é a única forma de se transmitir um sinal digital para um ponto


remoto. Desde que a distância entre o transmissor e receptor seja de alguns quilômetros, a banda
de transmissão disponível seja em torno de 15 KHz e o meio de transmissão tenha certas
características, é possível realizar a Codificação Banda Base do sinal digital.
Esse processo consiste na reconfiguração do sinal digital (informação que se quer
transmitir) em um sinal melhor adaptado às condições de transmissão.
A Codificação Banda Base é realizada para alcançar os seguintes objetivos:
a) A variação da componente DC deve ser a menor possível;
b) A possibilidade de fácil extração do sinal de relógio;
c) A faixa de freqüência ocupada deve ser a mais estreita possível.

5.1 Classificação dos sinais


Os sinais em Banda Base podem ser classificados quanto a duração e polaridade de
seus pulsos:

Duração:
NRZ (non return to zero): cada bit 0 é representado por um pulso OFF e cada bit 1 por um
pulso ON ocupando todo o intervalo significativo do bit;

RZ (return to zero): os bits 1 são representados por pulsos ON com duração de meio
intervalo significativo bit.

Polaridade:
Unipolar: os dois níveis têm a mesma polaridade (exemplo: 0 e “+”). Esse tipo de sinal
resulta em codificação com componente DC que não leva informação, mas consome
energia. Além disso, a ocorrência de uma longa seqüência de bits 0 resulta em um sinal que
não apresenta transições, dificultando a sincronização dos equipamentos.

Polar: este sinal possui pulsos com polaridades opostas (exemplo: o bit 0 é representado
por pulso “-” e o bit 1 por pulso “+”), zerando a componente DC se a mensagem contiver
uma proporção igual de bits 0 e 1.O número de transições dependerá completamente do
sinal transmitido.

Bipolar: os sucessivos bits 1 são representados com pulsos de polaridade alternada.

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5.2 Técnicas de Codificação


Existem diversas técnicas de codificação ilustradas na figura abaixo e descritas
adiante.

Clock

0 1 0 1 1 0 1 0 0 0 0 Sinal de
1 Dados

+1 Unipolar
0 NRZ

+1 Bipolar
0 NRZ
-1
+1 Unipolar
0 RZ

+1 Bipolar
0 RZ
-1
+1 AMI
0
-1
+1 HDB-3
0
-1
+1 CMI
-1

Manches
+1 ter
-1

Figura 5.1 – Exemplos de formas de onda codificadas

5.2.1 Codificação NRZ


Com o código NRZ, o nível do sinal é mantido constante em uma de duas tensões
possíveis, pela duração de um intervalo de bit. Se as duas voltagens permitidas são 0 e V, a
forma de onda NRZ é dita UNIPOLAR. Este sinal tem uma componente DC diferente de zero.
Por outro lado, o sinal NRZ BIPOLAR usa duas polaridades, +V e -V, deste modo provê uma
componente DC nula.
A codificação NRZ apresenta carência de transições de dados, o que resulta em um pobre
desempenho na recuperação de relógio. Esta característica limita o seu uso apenas para
pequenas distâncias de transmissão e conexões entre estações.

5.2.2 Codificação RZ
O nível do sinal que representa o bit de valor 1 dura a primeira metade do intervalo do

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bit, após o qual o sinal retorna para o nível de referência (zero) para o restante meio intervalo de
bit. Um bit 0 é indicado por uma não mudança, com o sinal continuando no nível de referência
(zero).
Sua principal vantagem reside no aumento das transições e comparação com o NRZ,
com uma resultante melhoria na recuperação do relógio. Nota-se que uma seqüência muito
grande de 0 resulta em um sinal sem transições, o que representa um problema para os circuitos
de recuperação de relógio.

5.2.3 Codificação AMI (Alternate Mark Invertion)


Na codificação AMI (bipolar), o bit 0 é sempre codificado como nível zero, e os bits 1
são codificados como +V ou -V, onde a polaridade é alternada para cada ocorrência de bit 1. A
codificação AMI resulta em uma componente DC nula. A representação AMI pode ser NRZ
(100 % do tempo de bit) ou RZ (50% do tempo de bit).
A garantia de transição dos níveis para cada bit 1, proporciona um ótimo desempenho
na recuperação de relógio, melhorando ainda mais quando o sinal for RZ. Esta codificação
apresenta ainda a capacidade de detecção de erro, pois amplitudes positivas consecutivas sem
uma amplitude negativa intermediária (e vice-versa) constituem uma violação da regra AMI e
indicam que ocorreu um erro na transmissão.
Porém, uma longa seqüência de zeros não produz transições no sinal, o que pode
causar dificuldade na recuperação do relógio.

5.2.4 Codificação HDB-3 (High Density Bipolar with 3 Zero Maximum


Tolerance)
Esta codificação limita o número de zeros consecutivos permitidos em substituição do
quarto zero por uma violação bipolar. Além disso, a fim de eliminar qualquer possível
componente DC devido a seqüência adicionada, o codificador força o número de B (nível lógico
1) entre dois pulsos V (violação) consecutivos a ser sempre ímpar
É utilizado para codificar o sinal do multiplex de 2 Mbps, 8 Mbps e 34 Mbps dentro
da hierarquia européia. Essa codificação segue as regras abaixo:
1- Quando 3 ou menos bits 0 se sucedem, a regra AMI deve ser aplicada.
2- Quando mais do que 3 bits 0 se sucedem, a seqüência 0000 é substituída por B00V ou
000V, onde:
- Pulso B: Pulso de lógica 1 em concordância com as regras AMI.
- Pulso V: Pulso de lógica 1 em discordância com as regras AMI.
3- O uso de B00V ou 000V depende do número de pulsos B contidos entre os pulsos V:
- Número ímpar: 000V
- Número par: B00V

5.2.5 Codificação CMI (Coded Mark Inversion)


É utilizada como código de linha para o sinal multiplex de 4o. ordem (140 Mbps), bem
como no sistema SDH 155 Mbps.
O símbolo 1 é enviado com polaridade alternada utilizando 100% do tempo de bit. O
símbolo 0 é enviado por uma troca de polaridade de negativo para positivo com 50% do tempo
de bit.

5.2.6 Codificação Manchester


Para os bits 1, utiliza-se uma defasagem de 180o em relação o relógio (clock). Para os

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bits 0 não se utiliza defasagem. Este sistema pode ser implementado, logicamente, por uma
porta OU-Exclusivo:

RELÓGIO

MANCHESTER

SINAL NRZ

Figura 5.2 – Implementação da Codificação Manchester com porta OU-Exclusivo

Exercício 1: Dado o sinal binário abaixo, faça as seguintes codificações: NRZ, RZ, AMI (50%),
AMI (100%), HDB3 (50%), CMI e Manchester.

CLOCK

DADOS 1 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 1 1

NRZ

RZ

AMI (50%)

AMI (100%)

HDB3 (50%)

CMI

MANCHESTER

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5.3 Exercícios Propostos


1- Dado o sinal binário abaixo, faça as seguintes codificações: NRZ, RZ, AMI (50%), AMI
(100%), HDB3 (50%), CMI e Manchester.

CLOCK

DADOS 1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

NRZ

RZ

AMI (50%)

AMI (100%)

HDB3 (50%)

CMI

MANCHESTER

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6. INTRODUÇÃO À REDE TELEFÔNICA

A rede telefônica evoluiu a partir do serviço básico de telefonia para um portfólio de


serviços denso e variado. A rede telefônica é constituída pela rede longa distância, que inclui as
centrais interurbanas e internacionais e os respectivos entroncamentos; a rede local contendo as
centrais e entroncamento em área urbana e o enlace de assinante, constituído pelos terminais e
linhas de assinante.
Os assinantes de uma operadora telefônica demandam diversos serviços:
- Transmissão de dados;
- Telefonia;
- Telex;
- Comunicações Móveis;
- Acesso à Internet;
- Transmissão de Vídeo.

Para a provisão desses serviços, a operadora estrutura seu sistema em diferentes redes
de comunicações, com características que otimizam o fornecimento de determinado serviço:
- Rede Telefônica Pública Comutada (RTPC);
- Rede Pública Comutada Telegráfica (TELEX);
- Redes Privadas;
- Sistema Móvel Celular (SMC);
- Rede Pública de Transmissão de Dados;
- Provedores de Serviços Internet.

A figura a seguir mostra a estrutura topológica da rede telefônica, com os diferentes


tipos de centrais telefônicas:

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Figura 6.1 – Estrutura topológica da rede telefônica

6.1 A Central Telefônica


O invento de Grahan Bell permitia que apenas duas pessoas se comunicassem.
Evidentemente a necessidade de comunicação da sociedade era muito maior, porém fazer vários
usuários falarem entre si apresentava sérios problemas. Como exemplo, vamos supor que 6
usuários de uma localidade quisessem se interligar. Para ligarmos diretamente os usuários, seria
necessário um total de 15 pares de fios.
No caso de termos n assinantes, vamos precisar de N pares de fios, dado pela
combinação de “n elementos dois a dois”. Assim o número de pares de fios é: N = n (n – 1) / 2,
onde n representa o número de assinantes. Para 100 assinantes teríamos 4.950 pares de fios, e
para 10.000 assinantes seriam 49.995.000 linhas telefônicas.
Surgiu a idéia de, em vez de comutar o telefone no assinante, se comutassem todos os
assinantes centralizadamente. Agora cada assinante corresponde a um par de fios, o que diminui
a rede externa. O ponto central onde se dava a comutação e para qual convergiam os pares de
fios ficou conhecido como Central Telefônica e os pares de fio como Linhas de Assinantes.
As Centrais Telefônicas podem ser classificadas quanto a sua capacidade final de
terminais, a aplicação, função na rede telefônica e tecnologia de comutação.
Quanto a capacidade final de terminais as centrais se classificam em:
- Central Simplificada: Capacidade final até 1.000 terminais;

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- Central de Pequeno Porte: Capacidade final até 4.000 terminais;


- Central de Médio Porte: Capacidade final até 10.000 terminais;
- Central de Grande Porte: Capacidade final superior a 10.000 terminais.

Quanto a aplicação as centrais podem ser:


- Central Privada: Utilizado nas empresa em geral. Os aparelhos conectados a essa central são
chamados ramais, enquanto os enlaces com a central local são chamados troncos;
- Central Pública: Responsável pelo tratamento de todo serviço básico de telefonia.
Possibilita também o acesso a outros serviços especiais ou suplementares.

Quanto a tecnologia de comutação:


- Centrais Analógicas ou Espaciais (CPA-E): Centrais cuja estrutura interna é analógica.
Nestas centrais as matrizes de comutação são analógicas;
- - Centrais Digitais ou Temporais (CPA-T): Centrais cuja estrutura interna é digital, isto é, as
matrizes de comutação são digitais. Nestas centrais, a conversão analógica para digital é
realizada em nível de interface de assinantes.

Quanto a função na rede telefônica, podemos classificar:


- Central Local: Central que processa chamadas originadas e terminadas em terminais
telefônicos a ela conectados;
- Central Trânsito: Central que processa chamadas entre centrais telefônicas;
- Central Tandem: Central que apresenta a função de uma central local e trânsito juntas.

Os níveis hierárquicos entre as centrais da Rede de Telefonia Pública Comutada


(RTPC) são chamados de classes, conforme ilustrado pela figura 4.2:
- Central Trânsito Internacional: Central trânsito cuja única função é encaminhar chamadas
internacionais;
- Central Trânsito Classe I: Central trânsito interurbana que se interliga com pelo menos uma
central trânsito internacional através de rota final. Isto implica que a mesma pertence ao
nível mais elevado da Rede Nacional de Telefonia;
- Central Trânsito Classe II: Central trânsito interurbana que se interliga com uma central
trânsito classe I através de rota final para o tráfego internacional;
- Central Trânsito Classe III: Central trânsito interurbana que se interliga com uma central
trânsito classe II através de rota final para o tráfego internacional;
- Central Trânsito Classe IV: Central trânsito interurbana que se interliga com uma central
trânsito classe III através de rota final para o tráfego internacional.

OBS: Rota final é uma rota dimensionada com baixa probabilidade de perda, não permitindo a
existência de rotas alternativas.

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Figura 6.2 – Classes de Centrais Interurbanas

Como opção de atender localidades remotas, diminuindo consideravelmente o número


de pares de fios, tem-se os chamados concentradores. Um concentrador conecta a um enlace
PCM um número de linhas de assinantes maior do que o número de Time Slots do canal. Os
concentradores podem ser controlados pelo processador da central principal, por meios de sinais
enviados no próprio enlace PCM (por exemplo, o canal 16 do sistema de 32 canais) ou ter o seu
próprio processador, possibilitando a comutação das ligações entre seus próprios assinantes.

6.2 Evolução das Centrais


Até por volta de 1891 a comutação (conexão entre assinantes) era realizada somente
com o auxílio de uma telefonista, através de uma mesa operadora, quando o sistema começou a
ser automatizado.
O crescimento do tráfego determinou a modernização e proliferação das mesas
telefônicas. Em 1891 foi desenvolvida a primeira chave seletora automática. Era a primeira
central automática, denominada “Central Passo a Passo”. Este sistema utilizava seletores que
eram acionados pelos pulsos de corrente gerados pelos discos dos telefones para realizar a
comutação entre os terminais.
Na década de 20 foram desenvolvidos os sistemas rotativos, que predominaram até a
década de 50 e foram suplantados pelos sistemas Crossbar.
Os sistemas Crossbar receberam essa denominação devido às características de
construção dos seletores. Eram compostos por barras dispostas ortogonalmente de forma que, ao
serem acionadas, fechavam contatos elétricos nas pontas de cruzamento. Estes sistemas
predominaram até o aparecimento das centrais controladas por programa armazenado (CPA), na
década de 70.
Com a evolução dos computadores surgiu a idéia de se utilizar processadores para
executar as tarefas implementadas nas centrais. A utilização de processadores garantiu um
grande avanço às centrais, uma vez que o software tornou as centrais mais flexíveis. Por este
motivo as centrais são ditas controladas por programa armazenado.

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6.3 Requisitos das Centrais


Para que uma central possa ser integrada à Rede Nacional de Telefonia (RNT), é
necessário que a mesma disponibilize interfaces padrões tanto para o acesso de assinantes como
para interligação com outras centrais. A central deve também ser capaz de executar funções de
acordo com o especificado nas práticas Telebrás em vigência no país. As principais tarefas
especificadas para uma central são:
- Função de Comutação;
- Função de Tratamento de Terminais;
- Função de Sinalização;
- Função de Tarifação;
- Função de Encaminhamento;
- Função de Sincronismo;
- Função de Operação e Manutenção;
- Função de Supervisão.

6.4 Digitalização da Rede Telefônica


Inicialmente o sistema telefônico era completamente analógico, isto é, os sinais
gerados pelos terminais telefônicos, a comutação na central e a transmissão eram analógicos,
como mostra a figura seguinte. Basicamente tinha-se a Multiplexação por Divisão na
Freqüência (FDM). A digitalização do sistema começou na interconexão entre centrais, que
possibilitou a Multiplexação por Divisão de Tempo (TDM) e a Modulação por Código de Pulso
(PCM). Assim, havia a necessidade de conversores A/D e D/A nos pontos de conexão com o
sistema de transmissão.

Figura 6.3 – Penetração da tecnologia digital na rede telefônica

Depois a matriz de comutação passou a ser digital. Neste caso, a parte analógica se
restringia ao sinal proveniente do terminal. Esta última configuração é a que predomina hoje no
Brasil e no mundo. A última imagem da figura anterior mostra a configuração utilizada na Rede
Digital de Serviços Integrados (RDSI), onde a informação é digital de um extremo a outro. O
objetivo da RDSI é suportar serviços de voz, dados e imagens em uma única rede, utilizando o
par de fios do assinante da rede telefônica.

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6.5 Central CPA – Controle por Programa Armazenado


Neste tipo de central, o sistema de controle é baseado em um programa armazenado
em uma memória. A figura seguinte ilustra o diagrama em blocos de uma central CPA genérica.
Existem vários fabricantes de centrais, cada uma com uma arquitetura distinta, porém a figura
possui uma correlação muito próxima entre seus elementos funcionais com os da maioria das
centrais disponíveis.
Na figura percebe-se que a central CPA consiste de dois sistemas: controle e
comutação. O sistema de comutação é composto por dois tipos de unidades: uma ou mais
Unidades de Concentração de Assinantes (SCU) e uma Unidade de Seletor de Grupo (GSU).

Figura 6.4 – Diagrama em blocos de uma central CPA

Segue uma descrição dos blocos funcionais:



SCU (Subscriber Concentrator Unit): Esta unidade possui funções de terminação de linha,
sinalização, equipamento de controle e poderá também possuir função de comutação. A SCU é
utilizada em chamadas locais, chamadas geradas (desta central para outra) e chamadas
terminadas (de outra central para esta). Não é utilizada em chamadas trânsito.

GSU (Group Switch Unit): Normalmente composto de vários estágios de comutação,
provendo também interconectividade entre SCU e troncos externos. Utilizada em chamadas
geradas, terminadas e trânsito. Não é utilizada em chamadas locais.

Seletor de Grupo (Matriz de Comutação): Onde efetivamente se dá a comutação.
Possibilita a interconexão (comutação) entre linhas de assinantes, linha de assinante com

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troncos, entre troncos, e troncos com receptor/transmissor de sinalização MF e com sinalizações


associada a canal (CAS) e canal comum (CCS).

Unidade de Terminação de Tronco Analógico: Permite conectar centrais digitais e
analógicas.

SLTU (Subscriber Line Termination Lines): Possui as funções de fornecer alimentação
para o terminal telefônico, detecção de fone fora do gancho, detecção de pulsos de aparelho
decádico, alimentação da corrente de campainha, proteção contra sobre tensão na linha,
conversão da linha analógica do assinante de dois para quatro fios para o sistema de comutação
digital, junto com o controlador de linha de assinante, converte o sinal decádico em dígitos.

Controlador de Linhas de Assinantes: Provê a interface entre o SLTU e o sistema de
controle.

Gerador de Tons: Gera os diversos sinais acústicos entre central e terminal.

Matriz de Concentração: Permite que os muitos assinantes acessem os poucos canais
através de um Mux.

Sinalização Multifreqüêncial (MFC): No bloco SCU, é responsável por receber os sinais
multifreqüênciais proveniente da linha de assinante; no bloco GSU é responsável por receber e
enviar os sinais multifreqüênciais de/para outras centrais.

I/O (Input/Output): Possibilita a comunicação com o mundo exterior. Pode-se conectar
terminais de programação para programar a central, terminais de vídeo e impressora.

Sistema de Controle: Comanda todas as operações em uma central CPA. O controle pode
ser centralizado, descentralizado ou misto.
- Centralizado: Todo o comando está a cargo de um processador central, que normalmente é
duplicado por razões de segurança.
- Descentralizado: Cada subsistema que compões a central é controlado por um processador
independente, que normalmente estão conectados em rede local na central. No caso de falha
de um dos processadores, um outro pode assumir a função.
- Misto: Os vários subsistemas são controlados por processadores regionais (RP) que
reportam e recebem comandos de um processador central.

Para finalizar, a figura seguinte mostra os principais eventos envolvidos, externos e


internos à central, em uma chamada local.

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Figura 6.5 – Ciclo de vida de uma chamada local

6.6 Exercícios Propostos


1. Como é composta a rede telefônica? Como são classificadas as centrais quanto à hierarquia?

2. Explique a classificação dada às centrais quanto a sua capacidade final de terminais, a


aplicação, função na rede telefônica e tecnologia de comutação.

3. Por que as modernas centrais são chamadas de Centrais por Controle de Programa
Armazenado?

4. Como se compõem as centrais telefônicas digitais?

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7. COMUTAÇÃO TELEFÔNICA

A principal função de uma central é realizar a comutação telefônica, ou seja, permitir


o estabelecimento de um caminho entre dois terminais e/ou juntores. Em outras palavras,
podemos definir comutação telefônica como sendo o chaveamento ou o estabelecimento de uma
conexão entre duas interfaces de uma central. A figura abaixo ilustra a função de comutação
entre dois terminais e também mostra a central B comutando as centrais A e C.

Figura 7.1 – Função de comutação: (a) entre terminais; (b) entre centrais

Isto é feito através da comutação espacial e da comutação temporal. Na comutação


espacial é feita a troca dos canais (Time Slots) de uma linha para outra, permanecendo no
mesmo intervalo de tempo. Já a comutação temporal é feita a troca dos intervalos de tempo
entre a entrada e a saída de uma linha.

7.1 Comutação Espacial


A figura seguinte ilustra a implementação deste tipo de comutador com 3 entradas e 3
saídas. Neste tipo de comutador, cada memória de controle controla um determinado PCM de
saída; neste caso a memória CS1 controla o PCM1 (S1), a memória CS2 o PCM2 (S2), etc. O
conteúdo das memórias de controle em cada endereço indica o número do PCM de entrada que
deverá aparecer no PCM de saída, naquele Time Slot. Assim, o conteúdo do endereço 0 será
lido no Time Slot 0, o conteúdo do endereço 1 será lido no Time Slot 1, etc.

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Figura 7.2 – Comutador Espacial

No exemplo, os números 3, 1 e 2 no endereço 0 (zero) de cada memória indica que no


Time Slot 0 o conteúdo do:
- PCM3 de entrada foi comutado para o PCM1 de saída;
- PCM1 de entrada foi comutado para o PCM2 de saída;
- PCM2 de entrada foi comutado para o PCM3 de saída.

O conteúdo das memórias de controle é escrito pelo sistema de controle durante a fase
de sinalização. Note que as informações não mudaram de Time Slot da entrada para a saída.
Elas sofreram apenas uma comutação no espaço.

7.2 Comutação Temporal


Através das matrizes de comutação temporal, os sinais podem ser transferidos de uma
linha MUX de entrada a qualquer Time Slot de uma linha MUX de saída, ou seja, esta matriz é
capaz de trocar a ordem dos canais do feixe PCM.
A matriz temporal extrai todos os canais do feixe PCM de entrada e os armazena em
uma memória interna, denominada de Memória de Conversação.
Como ilustra a figura, os contatos E fecham um de cada vez, na cadência e seqüência
dos intervalos de tempo do PCM de entrada. As palavras PCM de entrada são armazenadas de
acordo com a sua ordem de chegada, desta forma, a matriz armazena todos os 32 canais de
entrada em 32 endereços da memória.
A comutação é controlada pela Memória de Controle ou Memória de Conexão, que
também possui 32 endereços e é responsável pela decisão sobre qual o destino dos canais
provenientes do PCM de entrada. A matriz estabelece uma relação entre os endereços da
memória de controle com os canais do PCM de saída.

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Figura 7.3 – Comutador Temporal

Assim, no endereço 0 da memória de controle está armazenado o endereço (número)


do canal de entrada que deve ser comutado para o canal 0. Neste caso tem-se:
- O conteúdo do canal 0 do PCM de entrada foi comutado para o canal 2 do PCM de saída;
- O conteúdo do canal 1 do PCM de entrada foi comutado para o canal 30 do PCM de saída;
- O conteúdo do canal 2 do PCM de entrada foi comutado para o canal 31 do PCM de saída;
- O conteúdo do canal 30 do PCM de entrada foi comutado para o canal 1 do PCM de saída;
- O conteúdo do canal 31 do PCM de entrada foi comutado para o canal 0 do PCM de saída.

Os contatos apresentados na figura não são contatos convencionais, e sim portas


eletrônicas operando a alta velocidade. A estrutura anterior apresenta 32 canais de entrada e 32
canais de saída, sendo denominada de matriz ou estágio de comutação de 32x32. As matrizes
temporais utilizadas nas centrais modernas possuem capacidades bem superiores à apresentada
neste exemplo.
Para conseguir estágios de comutação com maiores capacidades, as centrais da rede
pública costumam associar elementos de comutação temporal e elementos de comutação
espacial. As combinações de estágios temporais e espaciais apresentam as seguintes
características:
- Sistema STS: Engloba um estágio de comutação espacial, um de comutação temporal e
outro espacial. Permite usar recursos de concentração e expansão;
- Sistema TST: Amplia a capacidade de acesso, porque o elemento de comutação espacial
funciona como um estágio de distribuição;
- Sistema TSST: Reúne as características de ter ampla capacidade de acesso e dispor de
recursos de concentração e expansão;
- Sistema TSSST: Ampla capacidade de acesso, disponibiliza recursos de concentração e
expansão e reduzida característica de bloqueio de chamadas.

Uma característica importante de qualquer central é a possibilidade do bloqueio de


chamadas, que ocorre quando não há vias disponíveis para a conexão de uma porta de entrada
com uma de saída. Os sistemas telefônicos são geralmente projetados para probabilidade de
bloqueio (grau de serviço) da ordem de 0,1 a 1% para a Hora de Maior Movimento (HMM).

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7.3 Sistema TST


A estrutura TST (Temporal – Espacial – Temporal) tem o objetivo de permitir o
aumento da capacidade de comutação das matrizes temporais. Para facilitar o entendimento
dessa estrutura, vamos utilizar mais um exemplo didático.
Vamos considerar uma estrutura com três feixes PCM na entrada e três na saída. Cada
um deles possui duas memórias de conversação, uma na entrada e outra na saída, e duas
memórias de controle, uma para entrada e outra para saída. Cada memória de conversação de
entrada é conectada a uma linha de uma matriz que forma um comutador espacial. O controle
desse comutador espacial é feito através de uma memória de controle da matriz espacial.
Como exemplo, vamos fazer uma comutação do canal 2 do PCM1 de entrada para o
canal 31 do PCM3 de saída. A escolha do canal a ser utilizado no estágio espacial é feita pelo
processador da central; vamos considerar que o processador escolheu o canal 7 para realizar
essa operação.
Observando a figura, vemos que o conteúdo do canal 2 do PCM1 está armazenado no
endereço 2 da memória de conversação de entrada do PCM1. Como o conteúdo do endereço 7
da memória de conexão de entrada do PCM1 indica o valor 2, a matriz temporal comuta a
informação armazenada no endereço 2 da memória de conversação para o Time Slot 7.
No estágio espacial, devemos comutar a informação do canal 7 do PCM1 para o canal
7 do PCM3. Para tanto, o processador da central escreve no endereço 7 da coluna
correspondente ao PCM1, o número do PCM de saída, ou seja, o PCM3. No exemplo,
verificamos que no endereço 7 da primeira coluna, o processador escreveu o valor 2. No
instante de comutar o canal 7, a matriz de comutação espacial consulta a memória de controle e
verifica que a “chave” a ser ligada neste instante é a “chave” 2. Desta forma, a matriz espacial
comuta o sinal do canal 7 do PCM1 para o canal 7 do PCM3.
Após a comutação espacial, é necessário realizar a comutação temporal na saída. No
exemplo, precisamos comutar o conteúdo do Time Slot 7 para o canal 31 do PCM de saída. Para
isso, o processador escreve no endereço 31 da memória de controle do PCM3 de saída, o valor
7, indicando que no canal 31 do PCM de saída a matriz deverá escrever o conteúdo do canal 7
do PCM de entrada.
Todo este processo apresentado estabeleceu um sentido de conversação entre dois
interlocutores. Entretanto, para obter um circuito (transmissão e recepção) e possibilitar o
diálogo é necessário estabelecer, adicionalmente, uma comutação que permita ao usuário do
destino falar, para o usuário de origem escutar. No exemplo, a segunda comutação a ser
estabelecida deve conectar o canal 31 do PCM3 de entrada ao canal 2 do PCM1 de saída. Desta
forma temos que, o que é transmitido no canal 2 do PCM1 é recebido no canal 31 do PCM3, e o
que é transmitido no canal 31 do PCM3 é recebido no canal 2 do PCM1.

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Figura 7.4 – Estrutura de uma matriz TST

Adicionalmente, a figura mostra ainda uma comutação do canal 31 do PCM2 de


entrada para o canal 1 do PCM1 de saída.

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Exercício 1: Dado o comutador temporal abaixo, estabeleça os seguintes assinantes


conversando: A1 e B3, A2 e B4, A3 e B2, A4 e B1.

Exercício 2: Dado o comutador espacial abaixo, preencha a memória de controle.

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Exercício 3: Dado o comutador TST abaixo, estabeleça os seguintes assinantes conversando:


A1 e B6, A2 e B1, A3 e B8, A4 e B2, A5 e B3, A6 e B7, A7 e B4, A8 e B5.

PCM0 PCM1

7.4 Exercícios Propostos


1- Utilizando o comutador temporal do exercício 1, estabeleça os seguintes assinantes
conversando: A1 e B2, A2 e B3, A3 e B1, A4 e B4.

2- Esboce como seria a estrutura de uma matriz de comutação TSST.

3- Esboce como seria a estrutura de uma matriz de comutação STS.

4- Dado o comutador TST da próxima página, estabeleça os seguintes assinantes conversando:


A1 e B2, A2 e B8, A3 e B5, A4 e B3, A5 e B7, A6 e B4, A7 e B6, A8 e B1.

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PCM0 PCM1

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8. SINALIZAÇÃO TELEFÔNICA

O objetivo da sinalização telefônica é prover às centrais envolvidas em uma chamada,


das informações necessárias para o estabelecimento das mesmas. A sinalização telefônica pode
ocorrer entre terminal e central, e entre centrais.

8.1 Sinalização entre Terminal e Central


A central telefônica é responsável pela alimentação dos terminais telefônicos através
de uma tensão contínua de -48V. Quando o telefone está com o fone no gancho, o circuito entre
a central e o terminal é mantido aberto, não circulando corrente. Nesta condição a central
identifica a linha como livre.
Quando o usuário retira o fone do gancho, fecha-se o enlace e circula corrente. Neste
instante o usuário recebe o tom de discar, indicando que a central está apta a receber os dígitos.

8.1.1 Sinalização Decádica / Multifreqüêncial


Na sinalização decádica, os dígitos são enviados pelos terminais na forma de pulsos
para a central, através da abertura e fechamento do circuito entre os mesmos. Assim, quando o
usuário, por exemplo, disca o dígito 4, o telefone abre e fecha o circuito 4 vezes consecutivas.
Na sinalização multifreqüêncial cada dígito é convertido em um par de freqüências na
faixa de áudio e enviado no próprio circuito estabelecido entre o terminal e a central. A tabela
seguinte mostra os pares de freqüência, em Hz, utilizados na discagem multifreqüêncial.

1209 1336 1477 1633


697 1 2 3 A
770 4 5 6 B
852 7 8 9 C
941 * 0 # D

8.1.2 Telefone Público


A diferença em relação às interfaces dos aparelhos de assinantes consiste no
recebimento de um sinal da central para realizar a tarifação da chamada. Atualmente são
utilizadas duas sinalizações para permitir a tarifação: inversão de polaridade e pulso de 12 KHz.
Na inversão de polaridade, a central inverte a polaridade de alimentação do aparelho

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telefônico durante a conversação, no instante de coletar uma ficha ou debitar um crédito do


cartão telefônico. O outro método consiste no envio pela central de pulsos de 12 KHz durante a
conversação para sinalizar o TP o instante de coletar uma ficha.
A identificação do instante exato em que devem ser enviados os pulsos para coleta de
fichas no TP é uma função da central telefônica.

8.1.3 Sinalização Acústica


Os tons enviados pela central ao assinante chamador definem a sinalização acústica.
Além dos sinais acústicos, existe um sinal chamado Corrente de Toque, que é o sinal enviado
para o terminal indicando que há uma chamada dirigida a ele. Este sinal apresenta uma
freqüência de 25 Hz, com tensão de 80 V ± 10 V sobreposto ao potencial de –48 V. A cadência
da corrente de toque é de 4 segundos de silêncio para 1 segundo de presença do tom.
Temos a seguir as sinalizações acústicas mais comuns. Todas utilizam freqüência de
425 Hz, sendo a única diferença entre elas a cadência utilizada.

1 – Tom de Discar: Indica ao assinante que a central está preparada para receber os dígitos.
Cadência: Tom contínuo.

2 – Tom de Controle da Chamada: Indica ao assinante chamador que o sinal da corrente de


toque está sendo enviado ao assinante chamado.
Cadência: 1 segundo de tom e 4 segundos de silêncio.

3 – Tom de Ocupado: Enviado nos casos de erro de discagem ou quando o assinante chamado
estiver ocupado.
Cadência: 250 ms de tom e 250 ms de silêncio.

4 – Tom de Número Inacessível: Enviado quando o número chamado for inexistente ou


alterado.
Cadência: período de tom alternado entre 250 ms e 750 ms, com silêncio de 250 ms.

8.2 Sinalização entre Centrais


A sinalização entre centrais pode ser do tipo associada a canal ou por canal comum.

8.2.1 Sinalização por Canal Associado


As informações de sinalização concorrem com o sinal de voz dentro do mesmo espaço
físico. Mesmo a sinalização ocorrendo antes da conversação ser iniciada, ela usa o circuito que
depois será usado para a conversação. Por isso a sinalização é associada a canal, pois voz e
sinalização fluem pelos mesmos caminhos.
A sinalização associada a canal é dividida em dois tipos: Sinalização de Linha e
Sinalização entre Registradores.

8.2.1.1 Sinalização de Linha


É a que estabelece a comunicação entre centrais nas linhas de junções (juntores) e que
agem durante toda a conexão. São trocas de informações relacionadas com os estágios da
conexão e supervisão da linha de junção. Dessa forma pode-se dizer que os sinais de linha se
destinam à:

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- Iniciar os procedimentos de ocupação e liberação de um juntor;


- Informar colocação e retirada do fone do gancho do assinante;
- Envio de pulso indicativo do instante de tarifação em chamadas que utilizam a trânsito para
gerar pulso de multimedição.

Como a sinalização entre as centrais o sentido é bidirecional, torna-se importante


definir os conceitos de:
- Sinal Para Frente: Sinal que está sendo enviado da origem da chamada para o destino;
- Sinal Para Trás: Sinal enviado do destino da chamada para a origem.

Figura 8.1 – Sinais para frente e para trás

Os principais sinais de linha são:

1 – Ocupação: Sinal para frente que leva o juntor de entrada à condição de ocupado.
2 – Atendimento: Sinal para trás, indicando que o assinante chamado atendeu à chamada.
3 – Desligar para Trás: Sinal para trás indicando que o assinante chamado repôs o fone no
gancho.
4 – Desligar para Frente ou Desconexão: Sinal para frente com o objetivo de liberar todos os
órgãos envolvidos na chamada.
5 – Confirmação de Desconexão: Sinal para trás em resposta ao sinal Desligar para Frente.
6 – Desconexão Forçada: Sinal para trás, indica ao juntor de saída que o mesmo deve enviar o
sinal de desligar para frente.
7 – Bloqueio: Sinal para trás, provocando o bloqueio do juntor de saída.
8 – Tarifação: Sinal para trás a partir do ponto de tarifação por multimedição.
9 – Rechamada: Sinal para frente, quando uma telefonista deseja rechamar o assinante
chamado.
10 – Confirmação de Ocupação: Sinal para trás como resposta ao sinal de Ocupação.
11 – Falha: Sinal para frente indicando que houve falha no equipamento de origem.

A sinalização de linha pode variar de acordo com os seguintes métodos:




Sinalização E&M (E+M) Pulsada

Sinalização E&M (E+M) Contínua
Sinalização R2 Digital

Onde: O fio (canal) E é destinado para a recepção do sinal. O fio (canal) M é destinado para a
transmissão do sinal.


SINALIZAÇÃO E&M PULSADA

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O canal M é utilizado para o envio da sinalização e o canal E para a recepção. Nos


juntores analógicos a seis fios, dois fios são dedicados para a transmissão e dois para a recepção
de áudio, e os dois fios M e E para a sinalização de linha.

Juntor de Juntor de
Saída Entrada
TX RX
RX TX
M E
E M

Figura 8.2 – Juntor analógico a seis fios

Os sinais elétricos que identificam a presença de pulso são caracterizados pela


presença de um potencial de terra referido ao potencial de –48V. Os pulsos podem ter curta
duração (150 ms ± 30 ms) ou longa duração (600 ms ± 120 ms) conforme ilustra a tabela
abaixo.

SINAL DURAÇÃO DOS PULSOS SENTIDO


Ocupação Curto Para Frente
Atendimento Curto Para Trás
Desligar para Trás Longo Para Trás
Desligar para Frente Longo Para Frente
Confirmação de Desconexão Longo Para Trás
Desconexão Forçada Longo Para Trás
Bloqueio Permanente Para Trás
Tarifação Curto Para Trás
Rechamada Curto Para Frente

Tabela 8.1 – Sinalização E&M Pulsada

Quando a sinalização E&M Pulsada for utilizada para entroncamentos digitais, as


informações de sinalização são transmitidas no intervalo de tempo do canal 16. Nos juntores
digitais, os pulsos são caracterizados pela presença de valor binário “1” no bit representativo do
sinal M ou E.


SINALIZAÇÃO E&M CONTÍNUA

No sistema de Sinalização E&M Contínua, a presença ou ausência de sinal, isto é, do


potencial de terra, denota certo estado de sinalização. No caso de entroncamento digital, o
potencial terra continua sendo identificado como a presença do valor “1” no bit correspondente
ao canal M ou E.
Observamos na tabela seguinte que a linha tem dois estados possíveis em cada
direção, ou seja, um total de quatro estados de sinalização.

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SINAL CANAL M CANAL E


Ocupação Presente Ausente
“Livre” Ausente Ausente
Atendimento Presente Presente
“Conversação” Presente Presente
Desligar para Trás Presente Ausente
Desligar para Frente Ausente Presente
Confirmação de Desconexão Ausente Ausente
Bloqueio Ausente Presente
Tarifação Presente Ausente

Tabela 8.2 – Sinalização E&M Contínua


SINALIZAÇÃO R2 DIGITAL

Pode ser utilizada em juntores analógicos ou digitais, sendo que atualmente quase não
existem mais juntores analógicos. Este sistema utiliza dois canais de sinalização para frente (af e
bf) e dois canais de sinalização para trás (ab e bb) com as seguintes características:
- Canal af: indica as condições de operação do juntor de saída, que estão sob controle do
assinante chamador.
- Canal bf: indica ao juntor de entrada a ocorrência de falhas no juntor de saída.
- Canal ab: reflete as condições do enlace, ou seja, se o mesmo está aberto ou fechado.
- Canal bb: reflete as condições de ocupação do juntor de entrada.

Figura 8.3 – Canais utilizados para a sinalização R2 Digital

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SINAL af bf ab bb
Ocupação 0 0 1 0
“Livre” 1 0 1 0
Confirmação de Ocupação 0 0 1 1
Atendimento 0 0 0 1
“Conversação” 0 0 0 1
Desligar para Trás 0 0 1 1
Desligar para Frente 1 0 X 1
Confirmação de Desconexão 1 0 1 0
Desconexão Forçada 0 0 0 0
Confirm. de Desc. Forç. 1 0 0 0
Bloqueio 1 0 1 1
Tarifação 0 0 1 1
Falha 1 1 1 0

Tabela 8.3 – Sinalização R2 Digital

OBS: X pode ser “0” se o assinante chamador desligar antes do assinante chamado e “1” em
caso contrário.

8.2.1.2 Sinalização entre Registradores


A Sinalização entre Registradores corresponde às informações destinadas ao
estabelecimento das chamadas e às condições operacionais dos assinantes e órgãos envolvidos
na chamada. Por este motivo, esta sinalização ocorre durante a fase de estabelecimento da
chamada, antes do início da conversação.
O principal método é a Sinalização MFC (Multifreqüêncial Compelida), onde cada
sinal enviado em um sentido depende de uma resposta em forma de um outro sinal no sentido
oposto. Este sistema está cedendo lugar para a sinalização por canal comum.
Possui doze freqüências básicas divididas em dois grupos de seis, denominados de
grupo de freqü6encias altas e grupo de freqüências baixas. Cada sinal é composto por duas
freqüências dentro do grupo. As freqüências altas são transmitidas para frente e em resposta as
freqüências baixas são transmitidas para trás.

SINAL SINAIS PARA FRENTE


GRUPO I GRUPO II
1 Algarismo 1 Assinante comum
2 Algarismo 2 Assinante com tarifação especial
3 Algarismo 3 Equipamento de manutenção
4 Algarismo 4 Telefone público local
5 Algarismo 5 Telefonista
6 Algarismo 6 Equipamento de comutação de dados
7 Algarismo 7 TP Interurbano – Serviço nacional e
assinante comum – Serviço internacional
8 Algarismo 8 Comunicação de dados – Serviço
internacional
9 Algarismo 9 Assinante com prioridade – Serviço
internacional

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10 Algarismo 0 Telefonista com facilidade de transferência


– Serviço internacional
11 Inserção de semi-supressor de eco na Assinante com facilidade de transferência
origem
12 Pedido recusado ou indicação de trânsito Reserva
internacional
13 Acesso a equipamento de teste Reserva
14 Inserção de semi-supressor de eco de Reserva
destino ou indicação de trânsito
internacional
15 Fim de número ou indicação de que a Reserva
chamada cursou enlace via satélite

Tabela 8.4 – Sinalização MFC: Sinais para Frente

SINAL SINAIS PARA TRÁS


GRUPO A GRUPO B
1 Enviar o próximo algarismo Linha de assinante livre com tarifação
2 Necessidade de semi-supressor de eco no Linha de assinante ocupada
destino ou enviar o 1º algarismo enviado
3 Preparar para a recepção de sinais do Linha de assinante com número mudado
grupo B
4 Congestionamento Congestionamento
5 Enviar categoria e identidade do assinante Linha de assinante livre sem tarifação
chamador
6 Reserva Linha de assinante livre com tarifação e
colocar retenção sob controle do assinante
chamado
7 Enviar o algarismo N-2 Nível ou número vago
8 Enviar o algarismo N-3 Reserva
9 Enviar o algarismo N-1 Reserva
10 Reserva Reserva
11 Enviar a indicação de trânsito Reserva
internacional
12 Enviar dígito de idioma ou discriminação Reserva
13 Enviar indicação do local do registrador Reserva
internacional de origem
14 Solicitar necessidade de inserção de semi- Reserva
supressor de eco de destino
15 Congestionamento na central internacional Reserva

Tabela 8.5 – Sinalização MFC: Sinais para Trás

8.2.2 Sinalização por Canal Comum


Neste tipo de sistema a sinalização entre centrais utiliza canais dedicados à
sinalização, independentes dos canais de voz, que são responsáveis pela troca de informações
relativas a todas as chamadas em andamento ou em estabelecimento. Como o tempo gasto para
a sinalização é relativamente curto, este sistema tem a vantagem de conseguir em um único
canal tratar de milhares de chamadas.

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O ITU padronizou um sistema de sinalização por canal comum chamado de Sistema


N.º 7, ou SS#7, que é o sistema adotado no Brasil. A estrutura básica dessa sinalização consta de
duas partes principais: a do usuário (UP = User Part) e a parte de transferência de mensagem
(MTP = Message Transfer Part). A parte UP é constituída conforme o tipo de tráfego. Assim,
para a telefonia a UP é a TUP (Telephony User Part), para ISDN é ISUP (Integrated Services
User Part), etc.
A SS#7 baseia-se no modelo OSI (Open System Interconnexion) amplamente
utilizado em comunicação de dados. Tal qual o modelo OSI, a SS#7 está estruturada em 7
níveis, conforme mostrado na figura seguinte. Nela podemos observar que a estrutura da SS#7 é
constituída pelos seguintes blocos funcionais:
- Subsistema de Transferência de Mensagens (MTP – Message Transfer Part)
- Subsistema de Controle de Conexões de Sinalização (SCCP – Signalins Connection Control
Part)
- Subsistema de Usuário Telefônico (TUP – Telephony User Part)
- Subsistema de Usuário para RDSI (ISUP – ISDN User Part)
- Capacitação de Transações (TC – Transaction Capabilities)

Figura 8.4 – Protocolo SS#7 e sua relação com o modelo OSI

A mensagem de sinalização abrange os quatro níveis inferiores. A informação


fundamental para o estabelecimento da comutação acha-se dentro da TUP no nível 4. A MTP
(Message Transfer Part) com as informações distribui-se por três níveis: o nível 1 compreende o
enlace físico para transportar os dados da sinalização; o nível 2 compreende as funções do
enlace desempenhadas pelo terminal de sinalização, inclusive a mensagem com campos para
detecção de erros e sua correção; o nível 3 compreende as funções para tratamento da
mensagem e da rede de sinalização.
A MSU (Message Signal Unit) tem a estrutura apresentada na figura seguinte, com os
seguintes campos:

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SIGNAL SERVICE LENGHT


FLAG CHECK CHECK FLAG
INFO INFO INFO

LABEL DE MENSAGEM
MENSAGEM
CIC OPC DPC

Figura 8.5 – Estrutura da MSU: Message Signal Unit

FLAG: Informa o início e o final da mensagem


CHECK BITS: São bits de verificação e asseguram a recepção da MSU na seqüência correta e
solicita a repetição em caso de erro.
SERVICE INFORMATION: Assegura que a parte usuária (User Part) receba a mensagem e
indica se o tráfego é nacional ou internacional.
LENGHT INDICATION: Informa o comprimento e o tipo de mensagem.
SIGNAL INFORMATION: Compreende a mensagem propriamente dita, antecedida do
“label” que contém informações relativas à chamada correspondente à mensagem de
sinalização, a saber:
DPC (Destination Code Point): Informa o número do ponto de destino (por exemplo,
qual o endereço da central à qual a mensagem se destina).
OPC (Origination Code Point): Informa o endereço de onde se origina a mensagem.
CIC (Circuit Identification Code): Define o enlace de sinalização e a referência da
conexão de voz a ser estabelecida por caminhos separados.

8.3 Exercícios Propostos


1- Quais as sinalizações existentes entre os Terminais e a Central?

2- Explique o que é Sinalização de Linha e Sinalização entre Registradores.

3- Faça um breve resumo dos três métodos de sinalização de linha.

4- Como funciona a Sinalização por Canal Comum?

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9. TRÁFEGO TELEFÔNICO

O objetivo do tráfego telefônico é dimensionar de maneira eficiente os recursos da


rede telefônica. Os dimensionamentos eficientes dos equipamentos auxiliares em uma central
telefônica, como registradores, geradores de tons de campainha, de discar, etc, são exemplos de
aplicações do tráfego telefônico. Um outro exemplo clássico é o dimensionamento de troncos,
circuitos ou linhas que interligam duas centrais telefônicas. No exemplo da figura, a central
PABX possui certo número de aparelhos telefônicos utilizados para fazer ligações externas
através da rede comutada. Quantos troncos são necessários para um bom atendimento aos
usuários de aparelhos telefônicos, mas ao mesmo tempo garantindo a eficiente utilização dos
troncos? Ou em outras palavras quantos troncos são necessários para uma dada especificação de
qualidade de serviço? Essa qualidade de serviço significa, por exemplo, uma chamada perdida
em 100 chamadas ocorridas, isto é uma perda de 1%.

Troncos

Rede de
Central Telefonia
PABX
Pública

Figura 9.1 - Exemplo de dimensionamento de troncos

No exemplo acima, não foi mencionada qualquer característica da central para se obter
a qualidade de serviço desejada. Quando as características da central são evidenciadas, podem-
se ter os seguintes critérios de tratamento de chamadas:

a) sem espera de chamadas e com bloqueio


b) com espera de chamadas (sem e com bloqueio)

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O critério do item (a) é o tratamento clássico das chamadas em que quando não há
troncos livres as chamadas sofrem bloqueios. No critério do item (b), as chamadas que chegam
à central são colocadas em um buffer, e se não houver troncos disponíveis aguardam por um
determinado tempo até que se liberem os troncos ou são bloqueadas, recebendo nesse último
caso, tons de ocupados. A maioria das centrais digitais opera com chamada em espera e,
também, com bloqueio.

9.1 Medidas de Tráfego Telefônico

As ocorrências das chamadas telefônicas são aleatórias, podendo ocorrer a qualquer


instante, assim como os tempos de conversação que podem durar alguns segundos como
algumas horas. Dessa maneira, há uma necessidade de caracterizar as medidas de tráfego
telefônico. As medidas mais importantes são o volume, a intensidade e a hora de maior
movimento.

Volume de Tráfego

É a soma dos tempos ocupados durante as conversações em um grupo de enlaces ou


circuitos de conexão. Seja ti, i = 1, …,4, os tempos de ocupação de um enlace, como mostrado
na figura seguinte.

t1 t2 t3 t4

Figura 9.2 - Tempos de ocupação de um enlace

O volume de tráfego Y é dado por:

Y=  ti
i=1

O volume de tráfego indica apenas a quantidade de ocupação, mas não a eficiência ou


grau de utilização. Como exemplo, sejam dois enlaces, A e B, que foram ocupados 6 e 8 horas,
respectivamente. Pode-se concluir que o enlace B foi mais utilizado que o A.

Intensidade de Tráfego

A intensidade de tráfego escoado, por um grupo de enlaces, durante um período de


tempo T, é a soma das durações de tempo de ocupação dividida por T. T é o tempo de
observação ou unidade de tempo.

69
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t1 t2 t3 t4

Figura 9.3 - Tempos de ocupação de um enlace por unidade de tempo

A intensidade de tráfego A da figura é dada por:

 4
Y
A= i =1
=
T T
A intensidade de tráfego é uma grandeza adimensional. Entretanto, utiliza-se uma
unidade que é o Erlang (erl) em homenagem a A. K. Erlang (1878 - 1928), considerado o
fundador da teoria de tráfego. Se um enlace ou circuito ou canal tem 1 erl de intensidade de
tráfego, significa que ele está 100% do tempo de observação ocupado. T pode ser 1 hora, 1
minuto, 1 segundo. Em geral, trabalha-se com tempo médio de ocupação (tm) ou conversação
que pode ser obtido após uma série de medições estatísticas.
Seja c o número de ocorrências de chamadas, então, a intensidade de tráfego pode ser
escrita como:

c.tm
A=
T
Quando a intensidade de tráfego (ou simplesmente tráfego) A se referir ao tráfego de N
circuitos (enlaces, troncos ou canais), é admitida que a distribuição de probabilidade de
ocupação dos circuitos seja a mesma para todos eles. Assim, a fórmula abaixo representa a
intensidade de tráfego de circuito individual:

A
ρ=
N
Como exemplo de duração média das chamadas, pode-se ter:
Comunicação local : 1 a 2 minutos
Comunicação interurbana : 4 minutos
Comunicação internacional: 10 minutos

Abaixo, são mostrados exemplos de utilização das linhas:


Linha residencial: 0,075 erl
Linha comercial : 0,2 a 0,4 erl
Telefone Público: 0,35 erl

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Hora de maior movimento - HMM

A hora de maior movimento é o período de tempo durante o qual uma central


telefônica acusa o tráfego máximo a escoar. A figura seguinte mostra a utilização da central
durante um dia típico da semana. O período entre 9 e 11 horas está o maior tráfego que
corresponde o período em que as empresas, escritórios, fábricas, etc, estão em plena atividade
de trabalho. O tráfego começa a diminuir em torno das 17 horas, mas recomeça a aumentar por
volta das 19 e 20 horas, quando a maioria das pessoas está em suas residências e iniciam
chamadas consideradas sociais. A hora de maior movimento no exemplo da figura é entre 9:30 a
10:30 horas.

Erlangs
300

200

100

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 horas

Figura 9.4 - Utilização de uma central telefônica durante um dia.

Para determinar a HMM, a ITU-T (International Telecomunications Union -


Telecommunication Sector) recomenda efetuar medições de tráfego a cada quarto de hora entre
9 horas e 12 horas, e isto durante 10 dias úteis consecutivos. Estes dias deverão ser normais, ou
seja, não poderão ser feriados ou conterem quaisquer acontecimentos anormais.

Exercício 1: Na Hora de Maior Movimento (HMM), uma empresa faz 120 chamadas
telefônicas de duração média 2 minutos e recebe 200 chamadas de duração média 3 minutos.
Pergunta-se:

a) Qual é a intensidade de tráfego de saída?


b) Qual é a intensidade de tráfego de entrada?
c) Qual é a intensidade de tráfego total?

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Exercício 2: O PABX de uma empresa tem 5 troncos (linhas telefônicas). Se a duração média
das chamadas for 180 s e a taxa média de chamadas for 80 chamadas/hora, qual a intensidade de
tráfego por circuito?

9.2 Exercícios Propostos

1- Uma empresa mediu o volume de chamadas na H.M.M., obtendo os seguintes resultados:

- Chamadas entrantes: 180 chamadas locais, 30 interurbanos e 10 internacionais.


- Chamadas saintes: 130 chamadas locais, 50 interurbanos e 15 internacionais.

Determine a quantidade de linhas telefônicas que a empresa deve comprar da Operadora Local,
considerando os dados abaixo:

- Duração média das chamadas: Local - 1 minuto; Interurbano - 5 minutos; Internacional - 10


minutos.
- Intensidade de tráfego médio de uma linha comercial: 0, 3 erl.

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10. BIBLIOGRAFIA

- ALENCAR, Marcelo Sampaio de. “Telefonia Digital” – Ed. Érica, SP, 1998.

- SOARES, Luis Fernando G. “Redes de Computadores: Das LANs, MANs e WANs às


Redes ATM” – Ed. Campus, RJ, 1995.

- FERRARI, Antonio Martins. “Telecomunicações, Evolução e Revolução” – Ed. Érica, SP,


1998.

- GOMES, Alcides Tadeu. “Telecomunicações, Transmissão e Recepção” – Ed. Érica, SP,


1993.

- JESZENSKY, Paul Jean Etienne. “Telefonia” – Apostila USP, 1999.

- SANTOS, Carlos Roberto dos. “Redes de Telecomunicações” – Apostila Inatel, 2001.

- ERICSSON S/A. “Entendendo Telecomunicações” – Ed. Érica, SP, 2000.

- ROCHOL, Jürgen. “Redes de Computadores” – Apostila UFRGS, 1998.

- NEC S/A. “Básico de Comutação” – Apostila, SP, 1998.

- SILVA, Francisco José. “Comunicação Digital II” – Apostila Inatel,, 2001.

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ANEXO: LABORATÓRIOS

Experiência 1 – PCM Linear

1- Introdução Teórica

O diagrama de blocos do sistema de comunicação PCM linear é o descrito na figura


A.1. O sinal analógico de entrada passa por um filtro passa-baixa de 3,4 KHz e chega ao circuito
de amostragem (Sample&Hold). A freqüência de amostragem (TX Frame Sync) é de 8 KHz. O
sinal amostrado é enviado ao conversor A/D. A saída paralela do A/D é convertida em serial
pelo circuito seguinte. O sinal PCM resultante passa por um filtro TX FILTER e é transmitida
ao meio.
Após o sinal passar pela linha de transmissão, o sinal PCM chega ao receptor, onde é
filtrado pelo RX FILTER. O circuito Phase Adj. é responsável por sincronizar o relógio de
recepção com o ponto de máxima amplitude de cada impulso. As amostras são então
convertidas em um sinal PCM pelo circuito decisor e encaminhadas para o conversor
série/paralelo. Após isso, o conversor D/A converte as palavras de 8 bits em valores analógicos,
que serão encaminhados para o filtro passa-baixa de 3,4 KHz.

2- Quantificação e Transmissão PCM

- Alimentar o módulo.
- Colocar o circuito em modo PCM_linear e inserir uma linha de 40KHz (SW5=Lin,
J1=40, J2=d).
- Aplicar 1 KHz na entrada analógica do modulador (conectar TP24 a TP30).
- Visualize no osciloscópio os seguintes pontos:
TP30: Sinal analógico de entrada.
TP33: impulsos para a amostragem do sinal analógico.
TP34: sinal de escala proporcionado pelo Sample&Hold.
TP35: Impulsos de sincronismo de quadro.
TP36: sincronismo de bit, cujo período determina a duração dos bits do sinal
PCM serial. Observar que entre dois impulsos de sincronismo sucessivos há 8
bits.
TP37: sinal PCM serial.

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Questão 1 - Qual é a duração T do quadro? Quantos bits estão entre dois impulsos de
sincronismo de quadro sucessivos?

a) T = 8 KHz; 8 bits.
b) T = 125 µs; 4 bits.
c) T = 125 µs; 8 bits.
d) T = 15.625 µs; 8 bits.

Questão 2 - Qual é a velocidade (taxa de transmissão) do sinal PCM analisado em TP37?

a) 2 Mbit/s. Esta é a velocidade típica de um multiplex PCM de 32 canais.


b) 8 Kbit/s. Esta é a velocidade típica de um canal PCM telefônico.
c) 64 Kbit/s. Esta é a velocidade típica de um canal PCM telefônico.
d) 64 Kbit/s. Esta é a velocidade típica de um multiplex PCM de 32 canais.

Questão 3 - Faça um rápido resumo sobre o funcionamento do codificador PCM.

4- Circuitos de linha e Decodificador PCM

Circuitos de Linha:
- Manter as condições anteriores. Colocar ATTENUATION e NOISE no mínimo.
Conectar TP44 a EXT_IN.
- Analisar no osciloscópio as formas de onda:
TP37: sinal PCM serial.
TP38: saída do filtro de transmissão. O sinal PCM está distorcido devido a ação
do filtro.
TP39: saída da linha. O sinal PCM está atenuado e um pouco mais distorcido.
TP40: saída do filtro de recepção.

Elemento de Decisão, Decodificador e Filtro de Recepção:


- Os impulsos PCM após serem recuperados, estão em correspondência com seu valor
máximo, onde um circuito sucessivo determina nível alto (bit 1) ou baixo (bit 0) ao
valor amostrado.
- Analisar os sinais:
TP40: Sinal PCM recuperado.
TP42: Saída do circuito de amostragem de recepção.
TP43: Saída do elemento de decisão.
- Em TP44 se obtém uma forma de onda escalonada (proporcionada pelo conversor D/A)
que aproxima ao sinal analógico de origem (TP30). Regular PHASE ADJUST para
obter a melhor forma de onda.
- Analisar a forma de onda do sinal na saída do filtro de recepção (TP21) e observar sua
correspondência com o sinal analógico transmitido (TP1). Regular LEVEL F1 para se
obter amplitudes iguais.

Questão 4 - Faça um rápido resumo sobre o funcionamento do decodificador PCM.

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Questão 5 - Qual é o efeito do potenciômetro PHASE ADJUST?

a) Variar o instante de amostragem dos impulsos PCM recebidos, que deve ocorrer no
centro do impulso PCM. Nestas condições a saída do circuito de amostragem é mínima.
b) Variar o instante de amostragem dos impulsos PCM recebidos, que deve ocorrer no
centro do impulso PCM. Nestas condições a saída do circuito de amostragem é máxima.
c) Aumentar a amplitude do sinal PCM.
d) N.D.A.

Figura A.1 – Sistema PCM Linear e Formas de Onda

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Experiência 1 - PCM Linear (Folha de Respostas)

NÚMEROS NOME DOS ALUNOS DO GRUPO

Resposta Questão 1

Alternativa Correta:

Resposta Questão 2

Alternativa Correta:

Resposta Questão 3

Resposta Questão 4

Resposta Questão 5

Alternativa Correta:

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Experiência 2 – PCM Diferencial

1- Introdução Teórica

O sinal de voz apresenta níveis de amostras muito parecidas entre si, visto que a
amplitude do sinal não varia muito de uma amostra para outra. Isto implica que o sinal de voz é
muito redundante. O objetivo da técnica diferencial é a redução na redundância do sinal de voz.
Isso é obtido quantizando a diferença de amplitude entre amostras adjacentes. Como essas
amostras são parecidas, pode-se utilizar um menor número de bits para representar o sinal. O
sinal de entrada no quantizador é a diferença entre o sinal original e uma predição do mesmo.
A figura A.2 mostra o diagrama de blocos de um DPCM (Differential Pulse Code
Modulation). Um laço de realimentação composto por um conversor D/A, um circuito de
amostragem e um integrador reconstróem o valor da amostra anterior. Na prática, o sinal
realimentado é uma predição do próximo sinal de entrada.
No decodificador DPCM, a reconstrução do sinal analógico se realiza utilizando os
mesmos blocos empregados no laço de realimentação do codificador.
Existem sistemas que utilizam uma codificação adaptativa. O ADPCM (Adaptive
Differential Code Modulation) consiste no ajuste dinâmico do preditor, de acordo com variações
no sinal de voz.

2- Codificador PCM Diferencial

- Alimentar o módulo.
- Colocar o circuito em modo PCM Diferencial e inserir uma linha de 40KHz
(SW5=Diff, J1=40, J2=d).
- Extrair de TP27 um sinal dente de serra (freqüência 400 Hz) e aplicar na entrada do
codificador (TP30). A forma de onda dente de serra facilitará a visualização do
comportamento do codificador PCM Diferencial.
- Manter uma ponta do osciloscópio conectada a TP30 (sinal de entrada) e conectar a
segunda ponta nos seguintes pontos:
TP31: Sinal reconstruído a partir do valor anterior amostrado. (sinal predição)
TP32: Sinal diferença entre o valor atual e o valor reconstruído a partir da
amostra anterior.
TP34: Sinal diferença, amostrado para ser enviado ao conversor A/D sucessivo.
- Através do exame das formas de onda podemos afirmar:
• O sinal que se codifica e posteriormente se transmite (TP32) é a diferença
entre o valor atual do sinal de entrada e o valor do sinal de entrada no instante
anterior amostrado.
• O sinal diferença tem uma amplitude de aproximadamente a metade do sinal
de entrada; isto demonstra que, em condições de qualidade iguais à codificação
PCM linear, com a codificação diferencial é possível utilizar um número menor
de níveis de codificação. Conseqüentemente, uma conversão com menos bits.
• O sinal diferença é positivo e quase constante durante a rampa ascendente do
sinal de entrada, o que significa que o sinal de entrada tem uma amplitude maior
que a reconstruída e sua diferença é constante. Durante a rampa descendente se
tem o comportamento oposto.

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Questão 1 - Faça um rápido resumo das etapas do PCM Diferencial.

- Aplicar agora à entrada do codificador uma tensão contínua (conectar TP28 a TP30).
- Variar o potenciômetro DC OUT e analisar os sinais em TP30, TP31 e TP32
(osciloscópio em DC).

Questão 2 - O que se deduz através da observação dos sinais nos pontos de medida acima
(TP30, TP31 e TP32)?

a) O sinal predição (TP32) é uma tensão contínua que se aproxima do valor presente na
entrada (TP30).
b) O sinal diferença (TP32) é uma tensão contínua 4 vezes maior à tensão de entrada
(TP30).
c) O sinal predição (TP31) é uma tensão contínua que se aproxima do valor presente na
entrada (TP30).
d) N.D.A.

- Alternar o funcionamento entre Diferencial e Linear (SW5), variar o potenciômetro DC


OUT e observar como varia a forma de onda do sinal PCM serial. Por último, voltar a
SW5=Diff.

Questão 3 - O que se deduz das observações anteriores?

a) Variando a tensão de entrada, no PCM diferencial as palavras de 8 bits são praticamente


as mesmas, enquanto que no modo PCM linear as palavras variam mais.
b) Variando a tensão de entrada, no PCM linear as palavras de 8 bits são praticamente as
mesmas, enquanto que no modo PCM diferencial as palavras variam mais.
c) O sinal PCM é igual nos dois modos: diferencial e linear.
d) No modo diferencial todos os bits do sinal PCM ficam em NL0.

2- Circuitos de linha e Decodificador

Circuitos de Linha:
- Manter as condições anteriores. Colocar ATTENUATION e NOISE no mínimo.
Conectar TP46 a EXT_IN.
- Aplicar o sinal dente de serra (400 Hz) na entrada analógica do modulador (conectar
TP27 a TP30).
- Analisar as formas de onda do sinal PCM através do canal de comunicação:
TP37: sinal PCM serial.
TP38: saída do filtro de transmissão; o sinal PCM está distorcido pelo filtro.
TP39: saída da linha. O sinal PCM está atenuado e um pouco mais distorcido.
TP40: saída do filtro de recepção.

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Elemento de Decisão, Decodificador e Filtro de Recepção:


- Os impulsos PCM após serem recuperados, estão em correspondência com seu valor
máximo, onde um circuito sucessivo determina nível alto ou baixo ao valor amostrado.
- Manter uma ponta do osciloscópio conectado a TP30 (sinal de entrada) e conectar a
outra ponta nos seguintes pontos.
TP40: Sinal PCM recuperado. Regular PHASE ADJUST para ajustar os
instantes de amostragem (TP41) ao centro dos impulsos PCM.
TP41: Sincronismo de bit de recepção.
TP42: Saída do circuito de amostragem de recepção.
TP43: Saída do elemento de decisão.
TP44: Sinal diferença. Salvo as imprecisões devidas o processo de conversão
A/D na transmissão, é igual (com a metade da amplitude) ao sinal detectado em
TP34.
TP45: Sinal amostrado.
TP46: Saída do integrador, correspondente ao sinal inicial reconstruído através
de integrações sucessivas. Regular PHASE ADJUST e obter a melhor forma de
onda.
TP21: Saída do filtro passa-baixa de 3,4 KHz. Regular LEVEL F1 para se obter
a mesma amplitude que o sinal transmitido (TP30).

Questão 4 - Faça um rápido resumo das formas de onda mostradas nos pontos acima.

Figura A.2a – Codificador (a) e Decodificador (b) DPCM

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Figura A.2b – Formas de Onda DPCM

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Experiência 2 - PCM Diferencial (Folha de Respostas)

NÚMEROS NOME DOS ALUNOS DO GRUPO

Resposta Questão 1

Resposta Questão 2

Alternativa Correta:

Resposta Questão 3

Alternativa Correta:

Resposta Questão 4

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Experiência 3 – CODEC

1- Introdução Teórica

O CODEC é um circuito integrado que cumpre todas as fases de conversão dos sinais
de voz em PCM e vice-versa. O CODEC utilizado aqui é o MC145480 da Motorola, que
executa as etapas do PCM (amostragem, quantização, codificação, etc).

2- Sistema de Comunicação PCM com CODEC. Lei A e Lei 

- Alimentar o módulo.
- Colocar o circuito em modo 1_canal e codificação Lei  (SW6=1_CH, SW7=  ,
SW8=TS1).
- Aplicar 1KHz na entrada analógica do CODEC_1_TX (conectar TP24 a TP58).
- Analisar as formas de onda em TP58 (sinal senoidal de entrada) e TP60 (sinal de
sincronização para o Time Slot 1).
- A cada impulso TS1 (TP60) o CODEC realiza a amostragem do sinal e a codificação
A/D, emitindo os 8 bits PCM.
- Analisar o sinal PCM de saída (TP63). Observar que entre dois impulsos de
sincronismo sucessivos há 8 bits PCM. Observar que a duração do bit é igual ao período
de sincronismo de bit (TP62).
- O sinal analógico de saída está disponível em TP64.

Questão 1 – Observar que a seqüência de bits se repete a cada 8 pulsos de sincronismo. Por
que?

a) Não se observa nenhuma repetição de bit.


b) A senóide de entrada tem freqüência 1KHz e é amostrada a 8 KHz, produzindo 8
amostras a cada período da senóide; assim, depois de 8 impulsos de amostragem as
amostras se repetem.
c) Porque se utiliza a codificação Lei A.
d) O sinal senoidal de entrada tem freqüência 1KHz e é amostrado a 64 KHz; assim os 8
bits PCM se repetem a cada 8 pulsos.

- É possível observar uma sensível diferença entre as Leis A e  . Colocar inicialmente o


CODEC na lei  (SW7=  ).
- Aterrar a entrada TP58.
- Analisar o sinal PCM em TP63.
- Colocar agora o CODEC na lei A (SW7=A) e observar a diferença.

Questão 2 – Baseado nas curvas das Leis A e  , explique o motivo da diferença detectada
acima.

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Figura A.3 – Formas de Onda do Sistema PCM com CODEC e as Leis A (a) e  (b)

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Experiência 3 - CODEC (Folha de Respostas)

NÚMEROS NOME DOS ALUNOS DO GRUPO

Resposta Questão 1

Alternativa Correta:

Resposta Questão 2

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Experiência 4 – Multiplexação por Divisão no Tempo (TDM)

1- Introdução Teórica

Ao realizarmos a amostragem de um sinal e codificá-lo em um sistema binário,


sobram amplos espaços livres entre os bits codificados. Esse espaço pode ser utilizado com
amostras procedentes de outros sinais. É dessa maneira que é realizado o TDM.

2- Sistemas TDM

- Colocar o circuito em modo 1 canal e codificação lei  (SW6=1_CH, SW7=  ,


SW8=TS1, SW9=TS2).
- Aplicar 1KHz na entrada analógica do CODEC1 e nenhum sinal na entrada do
CODEC2 (conectar TP24 a TP58).
- Analisar o sinal PCM-TDM em TP63, variando o nível do sinal de 1KHz.

Questão 1 – O que se observa em TP63?

a) Os 8 bits inseridos no Time Slot 1.


b) O sincronismo de bit de 64 KHz.
c) O sincronismo de quadro de 8 KHz.
d) N.D.A.

- Aplicar 2 KHz na entrada analógica do CODEC2 (conectar TP25 a TP59) e colocar em


modo 2 canais (SW6=2CH). Observar que agora também no Time Slot 2 (TP63)
existem bits.
- Conectar o osciloscópio à entrada analógica e à saída analógica de um mesmo CODEC
(TP58 e TP64 ou TP59 e TP65): o sinal recebido é igual ao transmitido.

3- Exemplo de Comutação Temporal

Podemos realizar uma comutação temporal no módulo. Caso se queira colocar em


comunicação os usuários “1” e “2” conectados ao CODEC 1 e 2, a comunicação se realiza
conectando ao CODEC 1 o Time Slot 2 de recepção e ao CODEC 2 o Time Slot 1; assim o
CODEC do usuário 1 extrai do quadro PCM os bits procedentes do CODEC do usuário 2, e vice
versa.
- Colocar o circuito em modo 2 canais e codificação Lei  . Selecionar o Time Slot de
recepção 2 para o CODEC 1 e o Time Slot 1 para o CODEC 2 (SW6=2_CH, SW7=  ,
SW8=TS2, SW9=TS1).
- Aplicar 1KHz à entrada do CODEC1 e 2KHz à entrada do CODEC2 (conectar TP24 a
TP58 e TP25 a TP59).

Questão 2 – Analisar os sinais de saída dos dois CODECs (TP64 e TP65). Podemos afirmar:

a) O usuário 1 (OUT1) não recebe nenhum sinal.


b) O usuário 1 (OUT1) recebe o sinal enviado pelo usuário 1 (IN1); o usuário 2 (OUT2)
recebe o sinal enviado pelo usuário 2 (IN2).
c) Os dois usuários (OUT1 e OUT2) recebem o sinal enviado pelo usuário 1 (IN1).
d) O usuário 1 (OUT1) recebe o sinal enviado pelo usuário 2 (IN2); o usuário 2 (OUT2)
recebe o sinal enviado pelo usuário 1 (IN1).

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Questão 3 – Como se procede para os dois usuários receberem o sinal enviado pelo usuário 2?

a) Selecionar Time Slot de recepção 1 para ambos os usuários (SW8=TS1 e SW9=TS1).


b) Selecionar Time Slot de recepção 2 para ambos os usuários (SW8=TS1 e SW9=TS1).
c) Selecionar Time Slot de recepção 2 para ambos os usuários (SW8=TS2 e SW9=TS2).
d) N.D.A.

Questão 4 – Faça um resumo sobre o processo de comutação temporal.

Figura A.4 – Diagrama do Sistema PCM 2 canais montado no módulo

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Experiência 4 - Multiplexação por Divisão no Tempo - TDM (Folha de Respostas)

NÚMEROS NOME DOS ALUNOS DO GRUPO

Resposta Questão 1

Alternativa Correta:

Resposta Questão 2

Alternativa Correta:

Resposta Questão3

Alternativa Correta:

Resposta Questão 4

88

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