WILLIAM CÉSAR MARIANO

FUNDAMENTOS DE
ELETRICIDADE E MAGNETISMO
FUNDAMENTOS DE
ELETRICIDADE E
MAGNETISMO
William César Mariano

2022
SUMÁRIO

[Disponível no livro completo]

 O ENSINO DINÂMICO NA UNIVERSIDADE
SÃO FRANCISCO - USF

A USF, em seus 45 anos de história, sempre propôs modelos pedagógicos inovadores

e agora apresenta o “Ensino Dinâmico”, que oferece uma experiência significativa de
aprendizagem, reunindo o melhor dos universos do ensino à distância e presencial, com
uma matriz curricular que flexibiliza o tempo e o espaço escolar, respeita seu ritmo de
aprendizagem e permite o acompanhamento do seu aprendizado.

O “Ensino Dinâmico” apresenta diferentes espaços de aprendizagem, todos acessados

através do USF Connect. A matriz curricular dos cursos é constituída por Componentes
Curriculares (disciplinas) com cargas horárias distribuídas no ensino à distância e/ou pre-
sencial, conforme descrito abaixo:

1
100%
EAD
100% da carga horária ofertada na modalidade à distância, com
atividades desenvolvidas no Ambiente Virtual de Aprendizagem, a
partir do modelo pedagógico e organização didática apresentada na
Sala Virtual.

2
50% da carga horária ofertada na modalidade à distância e 50% da mo-
dalidade presencial, com atividades desenvolvidas tanto em Ambiente
Virtual de Aprendizagem quanto presencialmente. Para garantir o diá-
50% EAD logo entre esses espaços de aprendizagem temos a “Trilha de Aprendi-
50% Presencial zagem Dinâmica”.

3
100%
Presencial
100% da carga horária ofertada na modalidade presencial, com ativida-
des desenvolvidas em sala de aula ou em modernos laboratórios.

Importante lembrar que, durante a pandemia da COVID-19, as atividades presenciais po-

dem acontecer em ambiente remoto, no mesmo horário das aulas presenciais seguindo a
metodologia de aulas supervisionadas remotas da USF, ou presencialmente, em horários
previamente informados pelo professor, seguindo as normas sanitárias vigentes.
 CICLO CDP

Este componente curricular tem 50% de sua carga horária ofertada na modalidade à distância e 50% da modalidade
presencial e, portanto, será desenvolvido segundo a “Trilha de Aprendizagem Dinâmica”, com atividades relacionadas
aos movimentos do CONECTAR (C), DESENVOLVER (D) e PRATICAR (P), que chamamos de CICLO CDP. Suas te-
máticas serão desenvolvidas durante este semestre e estão organizadas em semanas letivas e, para cada uma delas,
você percorrerá um “Ciclo CDP”. A seguir apresentamos detalhadamente os movimentos deste ciclo de aprendizagem.

Conectar
Para iniciar seus estudos, em cada semana letiva, você re-
aliza a atividade do CONECTAR, através da leitura do texto
da unidade de aprendizagem da respectiva semana letiva e
participa de atividade organizada e mediada pelo seu pro-
fessor. Tudo acontece dentro da Sala Virtual, antecedendo o
encontro com seu professor.

Desenvolver
O encontro síncrono com o professor e seus colegas de turma acon-
tece na sequência, no movimento do DESENVOLVER. O professor
aprofundará as discussões, com atividades teóricas e/ou práticas.
Por meio da utilização de metodologias dinâmicas (ativas), é valori-
zado seu protagonismo e autonomia e são desenvolvidas as compe-
tências necessárias para atuar no mercado e na sociedade.

Praticar
Para encerrar o ciclo de aprendizagem da semana letiva, você realiza as
atividades da Prática de Competências no movimento PRATICAR, que
também acontece na Sala Virtual, seguindo o prazo estipulado pelo pro-
fessor. Você será desafiado a buscar soluções inovadoras para proble-
mas reais, integrando teoria e prática. A partir do feedback do professor,
você poderá acompanhar seu desempenho.
 SAIBA MAIS

Visite os links para saber mais sobre:

O Ensino Dinâmico na USF: https://www.youtube.com/watch?v=W-B7HTU1_y8.

Como ter acesso ilimitado aos recursos tecnológicos de aprendizagem: https://www.

youtube.com/watch?v=-7SuzbS4CYA.

Quais são as Ferramentas do USF Connect: https://www.youtube.com/watch?-

v=1kI4MaZ9QIQ.

Como funciona a Metodologia de Aulas Remotas da USF: https://www.youtube.com/

watch?v=0eGZNh4N0eM.

Quais são as normas que regem a “Prática de Competências”: https://www.usf.edu.br/

galeria/getImage/410/1720366361479788.pdf.

O Plano de Contingência para enfrentamento da COVID-19: https://www3.usf.edu.br/

galeria/getImage/252/2717033432743751.pdf.

Dinâmico é quando o ensino se adapta a sua história! E só uma Universidade com

muita história pode oferecer o ensino dinâmico que você precisa.

BONS ESTUDOS!
EDUCANDO PARA A PAZ
 UNIDADE 1

FORÇA ELETROSTÁTICA – A LEI

DE COULOMB

COMPETÊNCIAS:
Conceituar Fenômenos Elétricos e Magnéticos e diferenciar os comportamentos dos resis-
tores, indutores e capacitores.

1. CARGA ELÉTRICA
A ideia principal nessa unidade é introduzir o conceito de interação entre cargas elétri-
cas por meio de uma força de interação entre elas. Com o intuito de iniciarmos nosso
estudo, considere um material condutor elétrico qualquer, como, por exemplo, um fio
retilíneo. No interior desse condutor existe uma grande quantidade de cargas elétricas
livres (esse conceito será estudado com mais detalhes em uma unidade oportuna).
Essas cargas quando colocadas próximas, interagem entre si de forma que uma força
eletrostática entre elas é estabelecida. A medida dessa interação é chamada de Lei de
Coulomb. Lembre-se que força é medida em newtons [N] no SI.

2. PROPRIEDADES DA CARGA
A estrutura de todos os átomos na natureza é descrita por cargas negativas (os elé-
trons) e cargas positivas (prótons). Há ainda os nêutrons, que não possui carga elé-
trica, mas compõem o núcleo dos elementos na natureza.

Existem três propriedades importantes relacionadas com as cargas elétricas. Passare-

mos a representar a carga elétrica pela letra Q ou q . Tais propriedades são:
A carga elétrica sempre é conservada. Esse é um importante princípio ou propriedade
referente a carga elétrica – conservação de carga elétrica. Esse princípio estabelece
que a soma algébrica das cargas elétricas existentes em um sistema isolado permane-
ce sempre constante. Podemos entender esse princípio se retomarmos o exemplo ante-
rior no qual uma haste de plástico e vidro, inicialmente descarregadas, adquirem carga
elétrica ao serem atritadas na lã. Na prática, a haste de vidro torna-se eletricamente
negativa (ela retira os elétrons da lã). Já a haste de vidro torna-se eletricamente positiva
(ela perde a mesma quantidade de cargas negativas fornecidas a haste de plástico).

Carga elétrica é quantizada, ou seja, é sempre múltiplo inteiro de uma unidade funda-
mental de carga:

Q = n e (1)

Onde: n é um número inteiro e e = ±1, 6 x10−19 C .

1
 Força Eletrostática – a Lei de Coulomb U1

A intensidade ou módulo da força de interação entre cargas elétricas varia com o inver-
so do quadrado da distância entre elas”. Em termos práticos, quanto maior a distân-
cia de uma carga à outra, menor será a força de interação entre elas. Esse princípio é
bastante importante ao definirmos o conceito de cargas livres. Cargas livres referem-se
as cargas mais afastadas do núcleo positivo em um elemento na natureza, ou seja, as
cargas dispostas na camada mais externas, que podem ser “retiradas” do núcleo.

3. ELETRIZAÇÃO
Muito antes da era cristã, em aproximadamente no século VI, os gregos realizavam
experimentos com a lã e âmbar (uma resina fóssil usada em objetos ornamentais). Os
primeiros experimentos mostraram que o âmbar, ao ser atritado (esfregado) à lã, podia
atrair outros objetos, ou seja, ele adquiria uma carga elétrica. Você pode realizar esse
experimento em sua casa. Basta esfregar um pente em seu cabelo e ele ficará carre-
gado. Esse é um fenômeno conhecido como eletrostática, usado para descrever a
interação entre cargas elétricas em repouso.

Ao esfregarmos diferentes materiais, podemos verificar que eles adquirem diferentes

tipos de cargas elétricas. Por exemplo, ao esfregarmos duas hastes de vidro sobre
a seda, eles adquirem a mesma carga (eles tornam-se eletricamente carregadas).
Entretanto, se uma haste de vidro e outra de plástico forem carregadas a partir do pro-
cesso anterior, elas adquirem cargas elétricas diferentes. No primeiro caso, as hastes
de vidro passarão a se repelir, enquanto que no segundo caso, as hastes de vidro e
plástico se atrairão.

Hoje, sabemos que esse comportamento ocorre porque as hastes de vidro e plástico
adquirem cargas positivas e negativas. Essa é uma das importantes características
do comportamento de materiais eletrizados e pode ser descrita por:

Duas cargas elétricas de mesmo sinal (positiva e positiva, ou negativa e negativa) quando
colocadas próximas, se repelem, enquanto que cargas de sinais contrários se atraem.

4. A LEI DE COULOMB
A Lei de Coulomb é uma lei empírica formulada a partir de experimentos que tratam da
força de interação entre cargas elétricas. Por meio desta lei é possível calcular a inten-
sidade da força eletrostática exercida por uma carga elétrica sobre outra. As principais
propriedades relacionadas a esta força são:

A direção da força exercida por uma carga elétrica sobre outra orienta-se segundo a
linha que as une – linha de ação da força;

Conforme já mencionado anteriormente, quando duas (ou mais) cargas elétricas tive-
rem o mesmo sinal e forem colocadas próximas uma da outra, elas tendem a se repe-
lir, portanto, força de interação entre elas será “repulsiva”. Entretanto, se duas cargas

Fundamentos de Eletricidade e Magnetismo 2

U1 Força Eletrostática – a Lei de Coulomb

de sinais contrários forem colocadas próximas uma da outra, elas se atrairão – força
“atrativa”. Estas duas condições descritas serão usadas para definir o sentido da força
existente entre as cargas em relação a um referencial adotado;

O módulo da força entre cargas elétricas exprime a intensidade da força e é inversa-

mente proporcional ao quadrado da distância entre as cargas, e proporcional ao valor
das cargas.

Vamos então, expressar de forma matemática a Lei de Coulomb e assim determinar

a intensidade da força que atua nas cargas. Para tanto, considere a representação
mostrada abaixo na figura 01. Ela ilustra duas cargas pontuais Q1 e Q2 situadas em um
 
ponto qualquer do espaço. Os vetores r1 e r2 são chamados de vetores posição das
cargas Q1 e Q2, respectivamente. Perceba que os vetores posição podem ser definidos
tanto no espaço (tridimensional, com coordenadas x, y e z), quanto no plano (com co-
  
ordenadas x e y). O vetor r12= r2 − r1 na figura 01, representa o vetor que aponta da
carga Q1 para a carga Q2.
Figura 01. Força de interação entre cargas elétricas

Fonte: Mariano (2001, p.18)

Note que na figura estamos interessados em obter a força exercida pela carga Q1 sobre

a carga Q2 que chamaremos de F12 . Falaremos adiante sobre a força exercida por Q2
sobre Q1. Com base nas propriedades acima e na figura 01, podemos expressar a Lei
de Coulomb na forma de uma equação vetorial.
 QQ
F12 = k 1 22 rˆ12 [ N ] (2)
r12

3 Fundamentos de Eletricidade e Magnetismo

 Força Eletrostática – a Lei de Coulomb U1

 2 
r
rˆ12 = 12 2
Onde: r12 representa o módulo da distância entre as cargas Q1 e Q2; r12 o ve-
tor unitário ou versor que aponta de Q1 para Q2 usado para indicar a direção da força
e; k que é uma constante de proporcionalidade para o vácuo, cujo valor, no SI, é

Nm 2
9 x109 . Essa constante, é muitas vezes expressa por:
C2

1
k (3)
40

C2
Onde: å0 = 8,85 x10−12 e é chamada de permissividade absoluta no vácuo.
Nm 2

A força exercida pela carga Q2 sobre Q1 ( F21 ) possui a mesma intensidade e direção de

F12 , porém possui sentido contrário.
Na figura mostrada anteriormente, tratamos da interação entre duas cargas elétricas.
Todavia, várias cargas elétricas podem estar interagindo entre si. Suponha então que n
cargas puntiformes (Q1, Q2, Q3, Q4, ..., Qn) estão próximas umas das outras. A força re-
sultante sobre a carga Q1, por exemplo, será igual à soma vetorial da força exercida por
cada uma das outras cargas. Este fato é conhecido como Princípio da Superposição.
A força resultante exercida sobre uma carga Q1 será:
    
FQ1 = F21 + F31 + F41 + ... + Fn1
(4)
 QQ QQ QQ QQ
=FQ1 k 1 22 rˆ21 + k 1 23 rˆ31 + k 1 24 rˆ41 + ... + k 1 2n rˆn1
r21 r31 r41 rn1
(5)

 n Q1Q j
Fres = k ∑ j= 2  2 rˆj1 N
rj1
(6)

Fundamentos de Eletricidade e Magnetismo 4

U1 Força Eletrostática – a Lei de Coulomb

5. EXEMPLO
Exercício 1.

Duas cargas pontuais Q1 e Q2, no vácuo, são colocadas nos pontos (x, y) iguais a (0, 0) e
(3, 0) m, respectivamente. As cargas possuem valores iguais a 10 µC e 20 µC. Calcule: a) a
força resultante exercida pela carga Q1 sobre Q2; b) a força resultante exercida pela carga
Q2 sobre Q1 e; c) o módulo dessas forças.

Resolução
a.  basta substituirmos os valores dados no enunciado na equação 2, ou seja:
 Q1Q 2
F12 k  2 rˆ12 →
= =

F12 9 x10 9 (
10 x10−6 20 x10−6 
ˆ →=
i F
)(
0, 2 iˆ N
)
2 12
r12 3

Note que foi usado para a direção e sentido da força o versor iˆ que indica que ela aponta no
sentido positivo do eixo x.

b.  Para calcularmos a força exercida da carga Q2 sobre Q1 basta invertermos o sentido da
força calculada no item anterior, uma vez que o módulo das forças é o mesmo, assim
como a direção. Dessa forma.

 Q1Q 2  (
10 x10−6 20 x10−6 )( )
=F21 k  2 rˆ21=
r21
→ F21 9 x10 9

32
( −iˆ ) →

F12 = − 0, 2 iˆ N

c.  Como as forças possuem apenas uma direção (estão definidas apenas no eixo x) o módu-
lo da força será igual a 0,2 N.

6. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Exercício 1.

Duas cargas pontuais Q1 e Q2, iguais a 12,0 x 10–6 C e – 5,0 x 10–6 C, localizam-se nos
pontos (6,2,1) e (2,7,1) m, respectivamente. Qual é o módulo da força que age em cada carga.

Resolução
Vamos determinar a força exercida pela carga Q1 sobre Q2. Repare que a força de Q2 e
Q1 possuem a mesma intensidade (módulo) e direção, mudando apenas o sentido. Perce-
ba ainda que agora, as cargas estão localizadas no espaço. Dessa forma vamos encontrar

inicialmente o módulo do vetor r12 e seu versor r̂12 e em seguida substituir na equação de
Coulomb.

5 Fundamentos de Eletricidade e Magnetismo

 Força Eletrostática – a Lei de Coulomb U1

 
Assim, r1 = 6iˆ + 2 ˆj + km e r2 = 2iˆ + 7 ˆj + kˆ m e, portanto,
  
r12 =r2 − r1 =−4iˆ + 5 ˆj m
 
−4iˆ + 5 ˆj m é igual a r12 = ( −4 ) + 52 =6, 4 m
2
O módulo do vetor de r12 =

r12 −4iˆ + 5 ˆj
r̂
O versor 12 vale: 12
ˆ
r ==  2 =−0, 63iˆ + 0, 78 ˆj m
r12 6, 4
 ( )(
12 x10−6 5 x10−6 )
= F 9 x10
A força será igual a: 12
9

6, 42
( )
−0, 63iˆ + 0, 78 ˆj →

F12 = (
0, 0132 −0, 63iˆ + 0, 78 ˆj = ) −0, 00832iˆ + 0, 0103 ˆj N ou

F12 = −8,32iˆ + 10,3 ˆj mN
Uma vez determinado o vetor força, basta encontrar o módulo.


( −0, 00832 ) + 0, 01032 =
2
F12 = 0, 0132 N =
13, 2 mN

7. EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Exercício 1.

Três cargas puntiformes, no vácuo, iguais a Q1 = – 6µC, Q2 = 10µC e

Q3 = 4µC, são colocadas nos pontos (4, 0, 0), (1, 0, 0) e (2, 0, 0) m, respectivamente. De-
termine o módulo da força sobre a carga colocada no ponto (4, 0, 0) e assinale a alternativa
correta. Lembre-se para determinar a força de interação entre as cargas você precisa utilizar
a Lei de Coulomb. Dica utilize os passos dos exemplos anteriores.

a) − 75, 6 iˆ mN

b) 75, 6 iˆ mN

c) 32, 4 iˆ mN
d) − 32, 4 iˆ mN
e) − 75, 6 ĵ mN

Fundamentos de Eletricidade e Magnetismo 6

U1 Força Eletrostática – a Lei de Coulomb

Exercício 2.

Três cargas pontuais iguais a 20nC localizam-se, no vácuo, sobre o eixo dos x em –1, 0 e 1
m. Determine a força resultante que age sobre uma carga de 1,0 C situada no ponto (1, 10,
2) m e assinale a alternativa correta.

a.  0,5iˆ + 5, 0 ˆj + kˆ N
b.  0,5iˆ − 5, 0 ˆj + kˆ N
c.  0,5iˆ + 5, 0 ˆj − kˆ N
d.  − 0,5iˆ + 5, 0 ˆj + kˆ N
e.  − 0,5iˆ − 5, 0 ˆj + kˆ N

7 Fundamentos de Eletricidade e Magnetismo

EDUCANDO PARA A PAZ