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Prof. Doutor Gil Mavanga – FCNM/Dept.

F/DF 2021

Apontamentos de Didactica de Física II


Pelo Prof. Doutor Gil Mavanga, PhD em Ensino de Ciências Naturais
FCNM – Curso de Física – Didáctica de Física

Unidade III

Planificação do Processo de Ensino-


Aprendizagem em Física

2. PLANIFICAÇÃO DE UMA UNIDADE TEMÁTICA

2.1. Porquê planificar?

Como para qualquer actividade que se pretende realizar, a aula exige para a sua concretização um
plano (Ismael e Mavanga 2005).

Ainda segundo Ismael e Mavanga (2005) toda a pessoa pensa antes de agir, isto é, ela tenta planificar a sua
vida e as suas actividades particulares e colectivas. Todos pensam no que devem ou no que não devem
fazer. Esta realidade não é apenas um hábito, mas uma necessidade, não se restringindo apenas a alguns
aspectos da vida da pessoa, mas a todos os sectores da vida pessoal e social.

Tudo é sonhado, imaginado, pensado, previsto e planificado para ser executado. De modo especial, as
actividades educacionais e de ensino exercidas pelo professor, na sala de aula, exigem pedagogicamente
uma planificação. Um professor que pensa seriamente e com responsabilidade nas acções que pretende
realizar em aula, planifica com seriedade e consciência essas mesmas acções.

Segundo Fouloquié (1971), planificar é estabelecer um programa que fixa, juntamente com o objectivo a
atingir num futuro determinado, os meios dos quais se espera que permitam realizá-lo, verificando-se as
condições da prospectiva.

Zabalza (1987), citando Clark e Yengs, aborda sobre os resultados de um inquérito a professores sobre a
necessidade da planificação, no qual estes argumentaram ser importante planificar para reduzir a ansiedade
e incerteza que o trabalho cria, definir orientações que dão confiança e segurança, para determinar os
objectivos a alcançar no termo do processo de instrução: que conteúdos deverão ser apreendidos para se
saber que matérias deverão ser preparadas e que actividades terão que ser organizadas, que distribuição do
tempo, etc., para encontrar estratégias de actuação a adoptar durante o processo de instrução: qual a melhor
forma de organizar os alunos, como começar as actividades e que marcos de referência para avaliação.

Planificar e da melhor forma possível, é importante para o professor em todos os aspectos porque:

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 ajuda o professor a definir com detalhe os objectivos que atendam os reais interesses dos alunos;
 possibilita ao professor seleccionar e organizar os conteúdos mais significativos para seus alunos;
 facilita a organização dos conteúdos de forma lógica, obedecendo a estrutura da disciplina;
 ajuda o professor a seleccionar os melhores procedimentos e os recursos, para desencadear um
ensino mais eficiente, orientando o professor na condução do processo de ensino e aprendizagem;
 ajuda o professor a agir com maior segurança e confiança na sala de aula;
 o professor evita a improvisação, a repetição e a rotina no ensino;
 facilita uma melhor integração com as mais diversas experiências de aprendizagem;
 facilita a integração e a continuidade do ensino;
 ajuda a ter uma visão global de toda a acção docente e discente;
 ajuda o professor e os alunos a tomarem decisões de forma cooperativa e participativa.

2.2. Planificação da Unidade Temática

A qualidade de uma aula depende muito da planificação da unidade temática onde esta se encontra inserida.

A unidade temática é parte constituinte do programa de ensino e é composta por todo um conjunto de
matérias que apresentam entre si uma certa relação de dependência cientificamente fundamentada.

A planificação da unidade temática é em si muito importante pelo seguinte:

- permite uma subdivisão preliminar e adequada da matéria;


- auxilia a determinação de cada aula a ser realizada;
- facilita a preparação metodológica e organizacional das aulas;
- assegura a ligação com as aulas de outras unidades temáticas e de outras disciplinas.

A planificação de uma unidade deve essencialmente obedecer à relação de unidade entre os


seguintes elementos: objectivos, conteúdos e métodos, estritamente ligados entre si.

A definição dos objectivos é decisiva para a selecção dos conteúdos e estes por sua vez influenciam a
concretização dos objectivos.

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Os objectivos e os conteúdos determinam do outro lado os métodos (com acções concretas e materiais
didácticos) a aplicar.

2.2.1. Aspectos a considerar na planificação da unidade temática:

1. Definição dos objectivos


Análise dos objectivos:
- conhecer os objectivos definidos nos programas de ensino;
- redefinir os objectivos a alcançar de acordo com a realidade escolar, respeitando porém as
exigências do programa de ensino;
- relacionar os objectivos com os conteúdos;
- ordenar os objectivos da unidade temática.
Analisar e avaliar as condições iniciais para a realização dos objectivos, no que respeita aos
conhecimentos, capacidades e comportamentos dos alunos;
Contabilizar os objectivos a serem alcançados, subdividi-los em horas de aula e fixar como e quando o
cumprimento dos mesmos deverá ser avaliado.

2. Planificação dos conteúdos

Seleccionar os conteúdos a serem tratados para a realização dos objectivos da unidade temática;
Preparar os conhecimentos das matérias a tratar, as experiências a realizar (demonstrar), com ajuda do
programa de ensino, do livro escolar e de outra literatura,

3. Escolha adequada dos métodos, planificação e organização da realização metodológica

Deve-se sempre ter em referência os objectivos e os conteúdos da unidade temática na tomada de


decisões correctas sobre:
- o carácter de cada aula a organizar;
- as actividades essenciais dos alunos;
- as formas de socialização;
- os meios de ensino necessários e mais adequados.

2.2.2. Materiais importantes para a planificação da unidade temática:

Os materiais a usar na planificação da unidade temática são entre outros

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- O programa de ensino da disciplina da classe em causa;
- As normas de avaliação (caso existentes);
- O livro escolar do aluno;
- O manual do professor (caso disponível);
- O manual de exercícios de aplicação (caso disponível).

Exemplo de um plano de unidade temática sobre corrente eléctrica na 10ª Classe:

N° Objectivos Conteúdos Métodos (Estratégias e meios)


 Identificar a presença de cargas  Carga eléctrica - Eda.: Friccionar esferográfica no cabelo e atrair
eléctricas através de um pêndulo  O pêndulo eléctrico e o pedacinhos de papel.
1, 2 eléctrico ou electroscópio electroscópio - Edd.: Pêndulo eléctrico. Investigar a acção
e  Identificar o tipo de carga eléctrica que  Lei qualitativa das interacções recíproca entre corpos carregados.
3 os corpos adquirem em cada processo eléctricas
de electrização;
4  Identificar o tipo de interacção que  Noção de Campo eléctrico. - Edd.: Gerador de Van de Graaff. Demonstração
ocorre entre corpos electricamente do campo elétcrico.
carregados - Edd.: Simulação do campo elétcrico com
pequenos ímanes circulares.
5e  Explicar a existência da corrente  Corrente eléctrica Contínua e -Edd.: Demonstração da existência da corrente
6 eléctrica Alternada e sua detecção pelos seus efeitos.
 Distinguir a corrente contínua da  Características da corrente -Edd.: Demonstração com ajuda de um
alternada alternada amperímetro da diferença entre corrente contínua
e alternada.
7  Explicar a função das fontes de  Fontes de corrente/de tensão Eda.: Tensão produzida por uma pilha de limão.
corrente eléctrica
 Distinguir intensidade da corrente da  Intensidade da corrente eléctrica -Modelo analógico de corrente de água.
8e9 tensão eléctrica  Unidade da Intensidade da - Eda.: Medição da intensidade da corrente e da
corrente eléctrica tensão eléctrica num circuito simples.
 Tensão eléctrica
10  Aplicar a definição da intensidade da  Exercícios de aplicação -Fichas de trabalho
corrente eléctrica na resolução de -Trabalho em grupos
exercícios concretos
 Identificar os elementos de um circuito  Noção de circuito de corrente - Cartaz(es) com desenho de circuitos diferentes
11 eléctrico. eléctrica. - Edd.: Montagem de um circuito eléctrico com
 Representar esquematicamente um vários elementos.
circuito eléctrico.
 Explicar a causa da resistência  Noção de resistência eléctrica de Edd.: Demonstração da resistência eléctrica
12 eléctrica de um condutor. um condutor como obstáculo à passagem da corrente eléctrica
 Unidade da resistência eléctrica
13  Mencionar os factores de que depende  Factores de que depende a Edd.: Demonstração experimental da
a resistência de um condutor. resistência eléctrica de um dependência da resistência eléctrica de um
condutor condutor com as suas dimensões e com o
material.
14  Distinguir os condutores em função da  Factores de que depende a Eda.: Determinar experimentalmente a
resistência eléctrica resistência eléctrica de um resistência eléctrica de um condutor da materiais
condutor diferentes.
15  Explicar a dependência da resistência  Lei de Ohm Eda.: Determinar experimentalmente a
e eléctrica da intensidade e da tensão  Gráfico da intensidade da dependência ente a tensão eléctrica e a corrente
16 eléctrica corrente eléctrica em função da eléctrica.
 Interpretar o gráfico da intensidade da tensão
corrente eléctrica que atravessa um
condutor em função da tensão.
17  Aplicar a lei de Ohm na resolução de  Exercícios de aplicação -Fichas de trabalho
exercícios concretos. -Trabalho em grupos

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 Analisar qualitativamente as  Associação de resistências Edd.: Demonstração das características dos
18 características dos circuitos eléctricos; eléctricas em série e em paralelo circuitos eléctricos com base na intensidade de
iluminação de lâmpadas.
 Explicar a característica da intensidade  Associação de resistências -Cartaz(es) com desenho de circuitos em série e
19 e de corrente e da resistência eléctrica eléctricas em série e em paralelo em paralelo com amperímetros e voltímetros.
20 nos circuitos eléctricos.  Aparelhos de medição:
voltímetro e o amperímetro..
21  Inserir o voltímetro e o amperímetro  Aparelhos de medição: Eda.: Determinar experimentalmente a a tensão
num circuito eléctrico. voltímetro e o amperímetro.. eléctrica e a corrente eléctrica nos circuitos em
série e em paralelo.
22  Determinar a resistência total ou  Exercícios de Aplicação -Fichas de trabalho
equivalente de uma associação de -Trabalho em grupos
resistências em série.
 Determinar a resistência total ou
equivalente de uma associação de
resistência em paralelo.
 Aplicar a definição da potência  Noção de potência eléctrica. Edd.: Demonstração com ajuda de lâmpadas
23 eléctrica na resolução de exercícios  Unidade da potência eléctrica incandescentes de potências diferentes a
concretos; transferência de energia.
 Explica o funcionamento de alguns -Fichas de trabalho
aparelhos electrodomésticos com a sua -Trabalho em grupos
potência eléctrica -Cartaz(es) com imagens de aparelhos
electrodomésticos.
24  Aplicar a lei de Joule-lenz na  Lei de Joule-Lenz. -Fichas de trabalho
resolução de exercícios concretos -Trabalho em grupos

Legenda: Eda: Experiência do aluno; Edd: Experiência de demonstração

Sumário

Nesta lição que acaba de terminar você estudou qual é o papel da planificação e em que consiste a
planificação de uma unidade temática. Planificar no contexto da educação é um passo importantíssimo, pois
auxilia o professor entre outros aspectos a definir com detalhe os objectivos do ensino, a seleccionar e
organizar os conteúdos mais relevantes para seus alunos e a seleccionar os melhores procedimentos e os
recursos, para desencadear um ensino mais eficiente, orientando o professor na condução do processo de
ensino e aprendizagem. As actividades do professor e do aluno na aula não devem ser fruto de simples
improvisos.

Por sua vez a planificação da unidade temática tem como função permitir a subdivisão preliminar e
adequada da matéria em aulas (horas disponíveis); auxiliar na determinação de cada aula a ser realizada;
facilitar a preparação metodológica e organizacional das aulas, para além de assegura a ligação com as aulas
de outras unidades temáticas e de outras disciplinas.

A planificação de uma unidade deve essencialmente obedecer à relação de unidade entre os


seguintes elementos: objectivos, conteúdos e métodos, estritamente ligados entre si.

Exercícios

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1. A Estática dos fluidos é uma unidade temática integrante do


programa de ensino de Física da 9ª Classe. Faça a planificação
desta unidade temática a exemplo do plano acima.
Auto-avaliação
2. Faça igualmente o plano da unidade temática II “Oscilações e
Ondas mecânicas” que consta do programa de ensino de Física
da 10ª Classe;
3. Produza para cada aula do exemplo de plano temático acima,
nos casos em que é recomendada, uma ficha de trabalho (com
pelo menos 5 exercícios) e resolva-a.

3. PLANIFICAÇÃO DE UMA AULA DE FÍSICA

Quando um professor entra numa sala de aula, deve sempre ter em mente o que irá leccionar aos seus
alunos, ter domínio do conteúdo, de que maneira vai abordar o assunto, quais os recursos didácticos
necessários para a aula e, acima de tudo, ter uma aula bem preparada. Todo esse preparo tem um nome
específico de plano de aula.

Um plano de aula é um instrumento de trabalho do professor, nele o professor especifica o que será realizado
dentro da sala, buscando com isso aprimorar a sua prática pedagógica, bem como melhorar a aprendizagem
dos seus alunos.

3.1. O que é um plano de aula e qual é o seu papel no processo de ensino-aprendizagem?

O plano da aula é um instrumento para sistematizar a acção concreta do professor e dos alunos, a fim de
que os objectivos definidos sejam atingidos. É a previsão dos conhecimentos, habilidades e atitudes a
desenvolver e a identificação de conteúdos que serão tratados na sala de aula, a definição dos objectivos
mais importantes, assim como a selecção dos melhores procedimentos, métodos e técnicas de ensino, como
também, dos meios materiais que serão usados para um melhor ensino e aprendizagem. Além disso, o plano
sugere os tipos e instrumentos de avaliação mais adequados para verificar o alcance dos objectivos em
relação à aprendizagem.

Segundo Silva (s.d.) o plano de aula funciona como um instrumento no qual o professor aborda de forma
detalhada as actividades que pretende executar dentro da sala de aula, assim como a relação dos meios que
ele utilizará para realização das mesmas. De maneira bem sintetizada pode-se dizer que o plano de aula é
uma previsão de tudo o que será feito dentro de classe em um período determinado.

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Um plano de aula tem como principal objectivo orientar o professor na condução da sua aula. Contudo,
apesar de se tratar de uma ferramenta que descreve detalhadamente os elementos necessários para o
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, o professor não tem que ficar escravo dela, ou seja, ele
pode se afastar do plano de aula caso se justifique, sempre com o propósito de o adequar às necessidades
dos alunos. Por exemplo, se o professor de Física está leccionando uma determinada matéria e descobre
lacunas nos pré-requisitos dos alunos para a compreensão de um novo conhecimento, ele pode integrar
esses conhecimentos que não constavam do plano elaborado, pois nem sempre é possível seguir à risca o
plano. É importante ressaltar que o plano de aula deve ser encarado como uma necessidade e não como
exigência ou obrigação imposta por quem quer que seja.

Na sua estrutura o plano de aula deixa se dividir em funções didácticas, deixando transparecer os conteúdos,
capacidades, habilidades e comportamentos que devem ser assimilados, as actividades do professor e de
aprendizagem do aluno, o tempo reservado para cada etapa da aula e as experiências a realizar.

3.2. A planificação de uma aula de Física

A planificação do processo de ensino-aprendizagem para a aula exige uma reflexão sobre quatro aspectos
fundamentais: os objectivos a alcançar, os conteúdos a abordar, as estratégias de trabalho a adoptar e as
formas e instrumentos de avaliação da aprendizagem.

Estes aspectos têm uma ligação de interdependência entre si como ilustra o esquema abaixo e são
determinados pela população a que se destinam.

o No que respeita aos objectivos

Você viu na unidade anterior que os objectivos gerais são geralmente matérias dos programas de
ensino em cada unidade temática e é a partir destes que o professor deduz de forma detalhada, os
objectivos específicos de cada aula. Para cada aula os objectivos são subdivididos em cognitivos,
psicomotores e afectivos. Estes objectivos devem ser definidos de forma clara e detalhada,
supondo condições reais da aprendizagem numa sala de aulas.

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É frequente os professores definirem os objectivos cognitivos por exemplo do seguinte modo: O
aluno deve ter conhecimentos sobre (um dado conceito, lei ou fenómeno): Os conhecimentos em
volta de um conceito ou lei podem ser vários e de diferentes níveis de tratamento. Pode-se aqui
questionar: que conhecimentos são esses? Quais e quantos são?
Segundo Ribeiro (1993), a falta de especificidade na formulação dos objectivos dificulta
grandemente o aperfeiçoamento da actuação do formando.
No nosso ponto de vista também os objectivos cognitivos devem ser personalizados e
quantificados. Isso pode ser conquistado por exemplo com a seguinte formulação: No fim desta
aula o aluno sabe que: ou no fim da aula o aluno tem os seguintes conhecimentos: (Ismael e
Mavanga 2005).
É ainda de extrema importância
- avaliar se os alunos atingiram os objectivos da aula anterior;
- decidir se há necessidade de alteração dos objectivos no plano da unidade temática;
- subdividir os objectivos em objectivos cognitivos, psicomotores e afectivos, alcançáveis.

o No que respeita aos conteúdos

A escolha dos conteúdos deve obedecer aos programas de ensino, caso não haja outra
recomendação especial. O nível de abordagem dos mesmos deve corresponder aos objectivos
programáticos. O professor não se deve limitar à consulta do livro do aluno para a planificação dos
conteúdos, mas sim tem a obrigação de consultar outros livros e materiais que estejam ao seu
alcance, desde que respeite o nível concebido nos manuais escolares.
Na planificação dos conteúdos é de extrema importância tomar decisões em relação os seguintes
aspectos:
 partir sempre dos conhecimentos e das experiências (concepções alternativas) dos alunos e não
olhá-los como simples receptores de informação “pré-fabricada”;
 garantir os requisitos iniciais para a nova aprendizagem;
 estabelecer ligações dos novos conhecimentos com a vida dos alunos, com a técnica e com as outras
ciências;
 evidenciar sempre os aspectos fundamentais do conteúdo e reservar apenas estes para o registo do
aluno;
 optar por uma abordagem que vai do qualitativo para o quantitativo, dos fenómenos para as leis,
do concreto para o abstracto, do elementar para o complexo, da prática para a teoria, etc.

o No que respeita às metodologias

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As metodologias a seguir no processo de ensino e aprendizagem devem se adequar aos conteúdos
a serem tratados e devem garantir o cumprimento dos objectivos cognitivos, psicomotores e
afectivos definidos para a aula. É deste modo muito imperioso:
 definir claramente, de acordo com os objectivos e as condições da turma, as actividades do aluno e
o nível do seu cumprimento;
 definir as formas de socialização mais adequadas e as actividades do professor na aula;
 escolher uma estrutura da aula que garanta a concretização das funções didácticas e que obedece a
um processo lógico;
 determinar outros métodos e formas de organização auxiliares a aplicar;
 planificar a aplicação individual dos meios de ensino (exemplo: como usar o quadro, o livro do
aluno, e outros materiais.)
 planificar e ensaiar as experiências do aluno e do professor a serem realizadas durante a aula;
 planificar o tempo de cada actividade concreta.

3.3. Modelos de plano de aula

Podemos encontrar na literatura diferentes modelos de estrutura do plano de aula.


Quase todos eles recomendam na primeira página o preenchimento de um cabeçalho com
informações sobre o professor, a escola, a disciplina, a classe, a turma, o tempo de aula, o tema de
aula e a unidade temática em que esta se insere. Na mesma página ou na página seguinte são
apresentados os objectivos da aula (cognitivos, psicomotores/competências, afectivos), os meios
de ensino a serem usados e as formas de avaliação a adoptar. Uns sugerem a apresentação da parte
do desenvolvimento da aula onde constam a divisão temporal da aula por etapas, as funções
didácticas, os conteúdos, os métodos e estratégias de organização (actividades do professor e do
aluno), em forma de uma tabela. Enquanto isso, outros sugerem uma apresentação do
desenvolvimento da aula em forma de texto corrido.

Modelo A:

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Modelo para o plano da aula


Nome do Professor: ..............................................................................................................
Nome da Escola ……………………………………………………………………………
Disciplina: .............................. Classe: ...... Turma: ...... Data:.......... Duração:…………..
Tema da aula: ………............................................................................................................
Unidade Temática: ........................................................................................................... .....

1. Objectivos cognitivos:
No fim desta aula o aluno sabe que:
...............................................................................................................................................
………………………………………………………………………………………………
2. Competências a serem desenvolvidas:
No fim desta aula o aluno é capaz de:
................................................................................................................................................
................................................................................................................................................
3.Objectivos afectivos:
Durante esta aula o aluno desenvolve as seguintes atitudes:
................................................................................................................................................
...............................................................................................................................................
4. Meios de ensino:
...............................................................................................................................................
...............................................................................................................................................
5. Formas de Avaliação:
................................................................................................................................................

6. Desenvolvimento

Tempo Funções Formas de Conteúdos Metodologia e Organização


didácticas socialização
Actividades Actividades
do aluno do professor

Modelo B:

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Modelo para o plano da aula


Nome do estudante: ...................................................................................................................
Nome da Escola ……………………………………………………………………………….
Disciplina: ............................... Classe: ........ Turma: ...... Data:.......... Duração da aula:..........
Tema da aula:................................................................................................................ ..............
Unidade Temática: .....................................................................................................................

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Aqui entram os objectivos estipulados pelo praticante a serem alcançados pelos alunos no
fim da aula.
CONTEÚDO

Aqui entra o conteúdo a ser trabalhado durante a aula com descrição dos subtópicos.

METODOLOGIA

Aqui entra todas as actividades que serão executadas passo-a-passo na aula. As actividades
devem estar em ordem cronológica de execução.
RECURSOS

Aqui entram todos os recursos materiais que serão necessários para o desenvolvimento
das actividades a serem realizadas. Devem estar em ordem cronológica de utilização.
AVALIAÇÃO

Aqui entra o como será feita a avaliação e controle do sucesso da aula pelo professor.

OBSERVAÇÕES: ..................................................................................................................

Modelo C:
A primeira parte do modelo C é a mesma que a do modelo A.

Modelo para o plano da aula

1) Fases da aula
Primeira fase: (Em que consiste a cada uma das fases)
Segunda fase:
Terceira fase:
Quarta fase:
- Duração da fase;
- Formas de socialização

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- Actividade do Professor;
- Actividade dos alunos;
- Estratégias metodológicas a seguir;
- Conteúdos científicos a serem assimilados;
- Descrição das experiências a serem realizadas;
- Especificação dos meios didácticos a serem aplicados;
- Formulação de tarefas de consolidação (Ficha de trabalho do aluno).
Quinta fase:
Sexta fase:
Sétima
2) Sujestão para a imagem do quadro

Exemplo

Modelo para o plano da aula

1) Fases da aula

Primeira fase: Correção do Trabalho de casa


Segunda fase: Revisão da materia e garantia do nivel inicial
Terceira fase: Motivação dos alunos
Quarta fase: Tratamento da matéria nova
Sub-fases
Quinta fase: Consolidação e Aplicação
Sub-fases
Sexta fase: Avaliação e Controle (Resumo)
Sétima fase: Recomendações para o trabalho para casa
2) Sujestão para a imagem do quadro

Qualquer uma destas formas tem as suas vantagens e desvantagens. A apresentação em forma de
tabela, permite quando a coluna dos conteúdos é suficientemente larga e se obedece ao
alinhamento horizontal dos acontecimentos correspondentes, ter uma visão clara do que, em cada
momento da aula, vai acontecer com todos os intervenientes. Porém isso é difícil de garantir pelo
facto de geralmente a coluna dos conteúdos conter muita informação comparativamente as outras,
que mesmo usando a folha na posição “landscape” esta acaba transpondo para várias páginas
seguintes, perdendo-se o fio dos acontecimentos e gastando muito papel.

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A apresentação na forma de texto corrido permite reduzir os gastos em papel mas leva
desvantagem no que respeita a visualização da correspondência entre as actividades do aluno e do
professor e os conteúdos por função didáctica, devido a apresentação sequencial.
Neste módulo o autor sugere o uso do modelo C.
A imagem do quadro deve conter, de forma resumida, o essencial do conteúdo da matéria a ser
abordada na aula, que contempla os seguintes aspectos: tema da aula, figuras, definições de
conceitos e leis, tabelas, gráficos, fórmulas, esquemas de arranjos de experiências, deduções
matemáticas, formulações de conclusões, etc.
A imagem do quadro representa exactamente os aspectos essenciais da aula que devem ser
registado pelos alunos nos seus cadernos.

Sumário
O plano da aula é importante porque ajuda o professor a organizar melhor a sua aula, a fim de que
os objectivos definidos sejam atingidos. Permite ao professor fazer previsões sobre os
conhecimentos, habilidades e atitudes a desenvolver, os conteúdos que devem ser tratados na sala
de aula. É na planificação da aula que o professor define os objectivos mais importantes, assim
como faz a selecção dos melhores procedimentos, métodos e técnicas de ensino, como também,
dos meios materiais a usar para um melhor ensino e aprendizagem. A articulação entre os
objectivos, os conteúdos, os métodos e as formas de avaliação joga um papel importante na
planificação da aula, tendo sempre no ponto central o aluno como sujeito da aprendizagem.
Existem vários modelos de aula diferindo entre si essencialmente na sua forma estrutural. Na
opinião do autor o modelo C apresenta-se adequado para o plano de aula de Física.

Exercícios

1. Assiste uma aula de Física de um seu colega na escola e elabore a


imagem do quadro da respectiva aula como resultado da sua
observação. (Nota: Veja no módulo de Didáctica de Física 1 o
Auto-avaliação exemplo de uma imagem do quadro).
2. Elabore um plano de aula da lição número 7 do exemplo do plano
de unidade temática da lição No 4.
3. Elabore um outro plano para uma aula de Física de 90 minutos sobre
um tema a sua escolha.
4. Quais devem ser na sua opinião as vantagens e desvantagens de cada
um dos modelos acima apresentados?

13 | P a g e

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