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Disciplina: FÍSICA II

Lei de Gauss
Curso de Física
Aplicada
 Uma das formas mais simples de entender o significado do fluxo do campo
eléctrico é utilizar a analogia com o campo de velocidade das partículas de
um fluído, por exemplo o fluxo de água em uma tubulação. Mergulhando
dentro do fluxo de água uma tela de área A, dependendo da inclinação da
Fluxo do Campo tela em relação ao campo de velocidade como está mostrado na figura ao

Eléctrico lado, teremos um fluxo para cada inclinação, sendo máximo o fluxo quando
a tela é normal ao campo de velocidade.

 O fluxo de água através da tela, quando é perpendicular ao campo vectorial


é dado por:
Fluxo do Campo Eléctrico

também definido como a vazão do fluxo através da tela. Quando a tela está inclinada em relação
ao fluxo do líquido, a vazão através da mesma será menor, pois a área normal, efectivamente
atravessada pelo fluxo, diminui para e o fluxo nesse caso será dado por:

Uma forma mais simples de expressar o fluxo é considerar a tela definida pelo vector como
mostra a figura o. Como , possível descrever o fluxo
Fluxo do Campo Eléctrico

de água como sendo o produto escalar dos dois vectores,

para o caso mais geral, em que um campo vectorial não homogéneo atravessa uma superfície
qualquer, torna-se necessário passar lançar mão na integração para o cálculo do fluxo.
considerando um campo vectorial com qualquer orientação no espaço, como na figura no qual se
associa a cada ponto

qualquer do espaço um vector, é possível computar o fluxo em um ponto


qualquer, colocado uma pequena superfície plana naquele ponto e
somando somente o número de vectores que realmente atravessam essa
superfície, furando-a de um lado para o outro. Como fluxo depende do
ângulo relativo entre o campo vectorial e a superfície é preciso
Fluxo do Campo Eléctrico

relembrar que uma superfície é definida por um vector ortogonal ao plano tangente à superfície
em cada ponto.
No caso de um campo não constante, através tem uma superfície qualquer como o da figura
divide-se a superfície em elementos de área equivalente ao plano, nos quais o campo vectorial
possa ser considerado constante e o fluxo através dessa pequena área, será:

O fluxo total será o somatório a todos os elementos:

Para um número muito grande de malhas , as áreas serão elementares e a


Fluxo do Campo Eléctrico

soma corresponderá a uma integral de superfície, assim definida,

Existe uma grande diferença entre o conceito de fluxo e de um fluido, como água, e o fluxo do
campo eléctrico pois no primeiro o fluxo é de partículas de água que de movem através da
superfície, enquanto no segundo o campo eléctrico não possui um movimento associado ao
mesmo a menos que se utilizem partículas com carga eléctrica, como sensores de campo. Dessa
maneira se considera que o fluxo do campo eléctrico é medido pelo número N, de linhas
considerando que atravessam uma superfície normal às mesmas, de área A. portanto, pode-se
dizer que o fluxo eléctrico através de uma superfície é
Fluxo do Campo Eléctrico

proporcional ao numero de linhas de campo eléctrico que atravessam a superfície considerada.


O fluxo de vectores como o campo eléctrico é definido para um campo que atravessa uma
superfície definida em um determinado ponto do espaço pelo versor normal como é mostrado na
figura ao lado. Uma superfície aberta possui dois vectores normais; dependendo do versor
escolhido, calcula-se o

fluxo em um dado sentido. Para superfícies fechadas ou gaussianas o


versor, por convenção, aponta para o exterior de tal maneira que o
fluxo calculado sempre será o fluxo para fora da superfície.
Lei de Gauss

A lei de Gauss é geral, mas a sua utilidade no cálculo do campo eléctrico criado por uma
distribuição de cargas depende da simetria desta distribuição.
Carga puntiforme (simetria esférica)
Consideramos uma carga pontual positiva q situada no centro de uma superfície esférica de raio r,

As linhas do campo irradiam para fora e, portanto, são


perpendiculares à superfície em cada ponto:
é o é um vetor que representa um elemento local de
área.
Portanto, o fluxo através da pequena área é
Lei de Gauss

O fluxo resultante através de toda a superfície:


Como E é constante sobre toda a superfície:

O módulo do campo eléctrico em toda a parte da superfície esférica é:

A área da superfície esférica é dada por:


Substituindo na expressão do fluxo teremos:
Lei de Gauss

É um resultado que não depende de r e diz que o fluxo resultante através duma
superfície esférica é proporcional à carga q no interior da superfície e Também é uma
representação matemática do fato de que:
• O fluxo resultante é proporcional ao número de linhas do campo;
• O número de linhas do campo é proporcional à carga no interior da superfície;
• Toda linha do campo a partir da carga tem de atravessar a superfície.
Lei de Gauss

O campo eléctrico no interior de um condutor em equilíbrio electrostático é sempre nulo.


Assim sendo, a lei de Gauss nos permite demonstrar que todo o excesso de carga no condutor
deverá migrar para a sua superfície.

No caso de haver uma cavidade no condutor, a lei de Gauss nos diz que o excesso de carga se
situa na superfície externa do condutor.
Podemos utilizar a Lei de Gauss para calcular o campo elétrico
produzido por distribuições contínuas de carga, quando as mesmas
exibirem algum tipo de simetria espacial. Neste contexto, destacam-se
três tipos de simetria:
Aplicação da Lei Simetria Plana: Campo Eléctrico de um Plano Infinito de Cargas: placa
plana fina e infinitamente extensa, com uma carga distribuída
de Gauss
uniformemente sobre sua superfície. A superfície gaussiana é um
cilindro que de raio da basee altura que intercepta a placa
perpendicularmente.
Aplicação da Lei de Gauss

Condições de Simetria:

𝑑⃗
𝐴 Base 1 (i) caso: o campo eléctrico tem direcção
r
radial, ou seja, é perpendicular a todos os
Lateral

⃗ pontos da lateral da gaussiana cilíndrica;


q 𝐸
h
𝑑⃗
𝐴 (ii) Caso: o campo eléctrico tem o mesmo
Gaussiana módulo em todos os pontos da lateral da
Cilíndrica

𝑑⃗
𝐴 Base 2 gaussiana.
Aplicação da Lei de Gauss

Usando a consideração do primeiro caso, tem direcção radial


Base 1: como é perpendicular a dA, θ = 90º, cos 90º = 0,

Base 2: novamente é perpendicular a dA, θ = 90º, cos 90º = 0, E . dA = 0


Lateral: como é paralelo a dA, θ = 0º, cos 0º= 1,

Usando a consideração do segundo caso, E é constante ao longo da late ral


Aplicação da Lei de Gauss

pois a área da superfície lateral do cilindro (rectângulo) é o comprimento da base (2πr)


multiplicado pela altura h.
Carga envolvida pela gaussiana: como a barra está uniformemente carregada, a parte dentro da
gaussiana cilíndrica tem comprimento h.
Densidade linear de carga:
Lei de Gauss:

Simetria Cilíndrica: Campo eléctrico de uma barra não-condutora infinitamente longa e


uniformemente carregada: superfície gaussiana é um cilindro de raio e altura .
Aplicação da Lei de Gauss

Condições de Simetria:
(i) caso: é perpendicular à placa, em particular é perpendicular às bases do
cilindro;
(ii) caso: é constante para todos os pontos a uma mesma distância r da placa,
ou seja, constante para as bases do cilindro;
(iii) caso: aponta para fora dos dois lados da placa, se esta for positivamente
carregado, e para dentro dos dois lados da placa se esta for negativamente
carregada.

❑ ❑ ❑ ❑
𝚽 =∫ 𝑬 . 𝒅𝑨 = ∫ 𝑬 . 𝒅𝑨 + ∫ 𝑬 . 𝒅𝑨 + ∫ 𝑬 . 𝒅𝑨
𝒔 𝒃𝒂𝒔𝒆 𝟏 𝒃𝒂𝒔𝒆 𝟐 𝒍𝒂𝒕𝒆𝒓𝒂𝒍
Aplicação da Lei de Gauss

Usando a consideração do primeiro caso, E é sempre perpendicular à placa

Base 1: como E é paralelo a dA, θ = 0º, cos 0º = 1, E.dA = E.dA


Base 2: novamente E é paralelo a dA, θ = 0º, E.dA = E.dA
Lateral: E é perpendicular a dA, θ = 90º, cos 90º = 0, E . dA = 0
Usando a consideração do segundo caso E é constante ao longo da lateral

Carga envolvida pela gaussiana: carga de um círculo de área A. Nem precisamos escrever , pois a
área é simplificada no cálculo.
Aplicação da Lei de Gauss

Densidade superficial de carga:

Lei de gauss:

O campo eléctrico de um plano infinito é uniforme: não depende da distância r ao plano, e as


linhas de força são paralelas entre si e perpendiculares ao plano de cargas.

Se o plano está positivamente carregado, as linhas de campo afastam-se do plano em ambos os


lados. Se o plano está negativamente carregado, as linhas convergem para o plano também em
ambos os lados.
Aplicação da Lei de Gauss

Simetria Esférica:
Campo eléctrico gerado por uma casca esférica de raio R
1. Para pontos fora da casca (isto é, a distâncias radiais ): superfície gaussiana S é uma esfera de
raio r envolvendo a casca. Como as linhas de força apontam radialmente para fora, o campo
eléctrico em todos os pontos da esfera é paralelo ao elemento de área vectorial dA. Logo

Em todos os pontos da esfera o campo eléctrico tem o mesmo módulo


(“simetria esférica”), logo E é constante enquanto integramos sobre a
superfície S de área A = 4πr2. O fluxo eléctrico pela superfície esférica S
será:
Aplicação da Lei de Gauss

Pela lei de Gauss: , de modo que .Isolando o campo E obtemos:


ou seja, o campo eléctrico para pontos fora da casca é o mesmo que seria obtido se toda a carga
da casca estivesse concentrada em seu centro.

2. Para pontos dentro da casca (isto é, a distâncias radiais ): o fluxo elétrico é o mesmo do caso
anterior, pois a gaussiana é novamente uma esfera de raio (só que dentro da casca)
Aplicação da Lei de Gauss

Pela lei de Gauss . Como dentro da casca, .


Simetria Esférica: esfera não condutora uniformemente carregada

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