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A eletrodinâmica clássica e as ondas eletromagnéticas

Aula 4 - Prof. Luiz Cleber de Brito


August 18, 2021

Contents
1 As equações de Maxwell 1

2 As ondas eletromagnéticas 3

3 Equações de Maxwell no sistema Gaussiano 5

4 Energia em campos estáticos 6

5 Energia transportada em uma onda eletromagnética 8

6 Momento e pressão 9

7 Detalhes de cálculos 10
7.1 Cálculo da capacitância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
7.2 Detalhes do cálculo da indutância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
7.3 Vetor de Poynting . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

1 As equações de Maxwell
Nos regimes em que efeitos não-lineares e/ou quânticos podem ser desprezados, os fenômenos físicos envolvendo
campos elétricos e magnéticos podem ser deduzidos a partir das equações de Maxwell:
~ = ρ (Lei de Gauss)
∇·D

~ =0
∇·B
~
∇×E ~ = − ∂ B (Lei de Faraday)
∂t
~
~ = J~ + ∂ D (Lei de Ampère-Maxwell).
∇×H
∂t
~ eH
Nas equações acima D ~ representam, respectivamente, os campos elétrico e magnético resultante do efeito de
um meio. No caso de um meio homogêneo, isotrópico e não dispersivo:
~ = E
D ~

~ =B
µH ~

J~ = σ E.
~

 → permissividade elétrica

µ → permeabilidade magnética
σ → condutividade

1
ρ → densidade de carga
J~ → densidade de corrente
No que concerne ao eletromagnetismo, o vácuo é considerado um meio com valores bem definidos desses parâmetros:

σ0 = 0

0 = 8, 854187817 F/m
µ0 = 4π × 10−7 H/m
De modo geral, meios dispersivos e não dispersivos diferem fisicamente pela maneira como ondas eletromagnéticas
propagam-se nesse meio:
• meio não dispersivo: a velocidade de fase (ponto vermelho na simulação) e de grupo (ponto verde na sim-
ulação) da onda coincidem. Simulação em: https://en.wikipedia.org/wiki/Dispersion_relation#/media/File:Two-
frequency_beats_of_a_non-dispersive_transverse_wave_(animated).gif
Exemplos: corda "ideal" , o ar e o vácuo
• meio dispersivo: a velocidade de fase (ponto vermelho na simulação) e de grupo (ponto verde na simulação) da
onda não coincidem. Simulação em: https://en.wikipedia.org/wiki/Dispersion_relation#/media/File:Wave_group.gif
Exemplos: superfície da água, corda que não são "ideais", vidro
Uma relação importante que emerge como consequência das equações de Maxwell é a conservação local da carga
elétrica. Esse importante resultado é expresso pela equação da continuidade:
∂ρ
∇ · J~ = − (Equação da continuidade).
∂t

Assim, uma diminuição da densidade de carga ρ com o tempo ( ∂ρ


∂t < 0) em um ponto significa que o ponto atua
~
como uma "fonte" de cargas (∇ · J > 0); por outro lado, um aumento local da densidade de carga significa que o
ponto atua como um sorvedouro de carga (∇ · J~ < 0).

2
A conservação da garga pode ser obtida da seguinte forma:Derivando a lei de Gauss em relação ao tempo
∂  
~ = ∂ρ
∇·D ;
∂t ∂t
!
~
∂D ∂ρ
∇· = .
∂t ∂t
Usando a lei de Ampère-Maxwell
~ − J~ = ∂ρ .
 
∇· ∇×H
∂t
Lembrando que
~ =0
∇·∇×V
~,
para todo vetor V
∂ρ
∇ · J~ = − (Equação da continuidade).
∂t
A eletrodinâmica clássica (ou seja, interação de campos elétricos e marnéticos com a matéria) é dada pela
dinâmica de uma partícula carregada com massa m (um elétron, por exemplo) sujetita à força de Lorentz:

~ = d~
p
 
F~ = q E~ + ~v × B → dinâmica newtoniana
dt

2 As ondas eletromagnéticas
Uma consequência notável das equações de Maxwell é que, mesmo na ausência de cargas e correntes (ρ = 0 e
J~ = 0), as equações admitem soluções não-triviais. Tais soluções na ausência de fontes estão associadas a ondas
que propagam-se no meio com uma velocidade que depende somente das propriedades do meio e não da frequência
da onda (meio não-dispersivo). Vejamos como deduzir esse resultado.
Considerando ausência de fontes (cargas e correntes)

~ =0
∇·D

~ =0
∇·B
~
∇×E ~ = − ∂B
∂t
1 ~
∇×B~ =  ∂E .
µ ∂t
Derivando as duas últimas equações em relação ao tempo
2~
∂  ~ = −∂ B

∇×E
∂t ∂t2
2~
1 ∂  ~ = ∂ E ,

∇×B
µ ∂t ∂t2
ou seja
∂E~ ∂2B~
∇× =− 2
∂t ∂t
∂B~ ∂2E ~
∇× = µ 2
∂t ∂t
Usando novamente a lei de Faraday e Ampère

1 ~
~ =  ∂E
∇×B
µ ∂t

3
~
~ = − ∂B
∇×E
∂t
fica
2~
1 
~ = −∂ B

∇× ∇×B
µ ∂t2
2~
~ = µ ∂ E
 
−∇ × ∇ × E
∂t2
~ vale a identidade vetorial
Para um vetor qualquer V
   
∇× ∇×B ~ =∇ ∇·V
~ − ∇2 V
~.

Usando essa identidade nas duas equações anteriores chega-se a


2~
1 h  
~ = −∂ B
~ − ∇2 B
i
∇ ∇·B
µ ∂t2
2~
~ = µ ∂ E .
h   i
− ∇ ∇·E~ − ∇2 E
∂t2
~ =∇·E
Como estamos no caso sem fontes ∇ · B ~ =0
~
∂2B
~ − µ
∇2 B =0
∂t2
∂2E ~
~ − µ
∇2 E = 0.
∂t2

Este é realmente um resultado magnífico: as componentes do campo eletromagnético e magnético satisfazem,


independentemente, a equação de uma onda propagando-se em um meio material com velocidade
1
v=√ .
µ

Embora a aplicação desses resultados a materiais magnéticos deva ser feita com cautela, para materiais não mag-
néticos pode-se obter imediatamente um resultado muito interessante. Oíndice de refração de um material é definido
como a razão entre a velocidade de propagação da luz no meio v e no vácuo c. Quando o material é não magnético
µ = µ0 . Assim, o índice de refração fica relacionado com características do material:
r r
c µ0  
n= = = .
v µ0 0 0

Embora independentes como propagação de ondas, os campos elétrico e magnético estão acoplados via equações
de Maxwell. Ao induzirem-se mutuamente, tem-se como efeito resultante a propagação de uma onda eletromagnética
no meio.
Mais surpreendente ainda, é que uma vez que o vácuo é um meio com permissividade elétrica e permeabilidade
magnética bem definida 0 = 8, 854187817 × 10−12 F/m e µ0 = 4π × 10−7 H/m, ondas eletromagnéticas podem
propagar-se no vácuo com velocidade
1
v=√ ≈ 3, 0 × 108 m/s
µ0 0
que corresponde à velocidade de propagação da luz no vácuo! Esse resultado possui uma interpretação natural:
luz é uma onda eletromagnética. Assim, em um meio material a luz propaga-se com velocidade menor, definida
pelas propriedades do meio. Surge aqui uma questão. Segundo a ideia vigente até o início do século XX, seria
necessário identificar o meio associado ao vácuo, no qual propaga-se a onda eletromagnética. Esse meio ganhou até
um nome: o éter luminífero. A detecção, mesmo que indireta, do éter e a determinação de suas propriedades tornou-
se um problema de primeira grandeza na física do final do século XIX. O problema mostrou-se muito difícil mesmo
para cientistas do porte de Poincaré e Lorentz. Atualmente a constante c é interpretadao como uma constante
fundamental, independente de qualquer propriedade de um meio e definida exatamente por

c = 299.792.458 m/s.

4
As equações de Maxwell introduzem vínculos adicionais na propagação das ondas eletromagnéticas. Em partícu-
lar, a onda é transversal, no sentido de que ao longo da propagação os campos elétricos e magnéticos eocilam
perpendicularmente à direção de propagação. Segue uma sugestão de simulações mostrando essa propriedade das
ondas eletromagnéticas:
1) Onda polarizada linearmente: https://en.wikipedia.org/wiki/Electromagnetic_radiation#/media/File:Electromagneticwav
2) Onda polarizada circularmente: https://en.wikipedia.org/wiki/Electromagnetic_radiation#/media/File:Circular.Polarizat

3 Equações de Maxwell no sistema Gaussiano


Para seguir o padrão utilizado no livro texto que estamos adotando, a partir de agora vamos utilizar as equçõres de
Maxwell em um sistema de unidades difetente, denominado de Sistema Gaussiano. Abaixo escrevemos as equações
de Maxwell no vácuo no sitema Gaussiano e no Sistema Internacional
• Sistema Internacional (equações no vácuo)
∇·E~ = ρ
0
∇·B~ =0
~
~ = − ∂B
∇×E
∂t
~
~ = µ0 J~ + µ0 0 ∂ E
∇×B
∂t
• Sistema Gaussiano
Para obter as equações de Maxwell no Sistema gasussiano, basta fazer as conversões adequadas. Aqui somente
algumas regras práticas para escrever as equações corretas no sistema Gaussiano, Nesse sistema campo elétrico e
campo magnético possuem a mesma dimensão. No estudo das ondas eletromagnéticas vimos que no sietema SI
~ SI |= c | B
|E ~ SI | .
Assim, passamos a relação no sistema Gaussiano
~ G |=| B
|E ~G |
por meo da substituição
~ SI |−→1 ~
|B | BG | .
c
1
Outra regra é lembrar que no sistema Gaussiano a lei de Coulomb k = 4π 0
→ 1 de modo que deve-se fazer a
substituição  
1
(0 )SI → .
4π G
Lembrando dessas duas regras pode-se escrever as equações de Maxwell no vácuo no sistema Gaussiano
∇·E ~ = ρ −→ ∇ · E ~ = 4πρ
0
∇·B ~ = 0 −→ ∇ · B ~ =0
~ ~
∇×E ~ = − ∂ B −→ ∇ × E ~ = − 1 ∂B
∂t c ∂t
µ  ∂ ~
E ~
∇×B ~ = 0 0
J~ + µ0 0 −→ ∇ × B ~ = 4π J~ + 1 ∂ E
0 ∂t c c ∂t
1
em que para obter a última equação foi utilizada que no SI µ0 0 = c2 . Assim as equações de Maxwell no vácuo no
sistema Gaussiano são
∇·E ~ = 4πρ
∇·B ~ =0
~
∇×E ~ = − 1 ∂B
c ∂t
4π ~
1 ∂E
∇×B ~ = J~ + .
c c ∂t
Nessas equações, c (velocidade da luz no vácuo) deve ser interpretado como uma constante fundamental da teoria.

5
4 Energia em campos estáticos
• Campo elétrico estático armazena energia
- Considere um capacitor de placas paralelas de área A separadas por uma distância d. Suponha que seja
aplicada uma diferença de potencial V entre as placas.

- Carga armazenada nas placas (após o sistema ficar estacionário):

q = CV

C é a capacitância do capacitor
No equilíbrio gera-se um campo el’trico constante no interior do capacitos, preenchido com um material com
permissividade elétrica . Sabe-se que que para esse capacitor:
A
C= 
4πd
Mas o que nos interessa aqui é o cálculo da energia contida no capacitor. Lembrando que o potencial V é
energia/carga, então a energia associada a uma quandidade de carga dq submetida ao potencial V é

dE = V dq.

A energia elétrica total armazenada em um capacitor inicialmente descarregado até atingir a carga total q
ˆ q ˆ q
1
Ue = V dq = V CdV = CV 2 .
0 0 2
Usando que
A
C= 
4πd
e
V = Ed
 
1 A
Ue =  E 2 d2
2 4πd

E2
Ue =  Ad
8π |{z}
volume capacitor

como a densidade de energia é energia/volume


E2
ue =  .

6
• Campo magnético estático armazena energia
O sistema análogo ao capacitor no caso do campo magnético estático é um solenóide com espiras que envolvem
um cilindro de um material com permeabilidade magnética µ. Ao longo das espiras faz-se passar uma corrente
elétrica I, o que gera um campo magnético praticamente constante ao longo do solenoide (portanto no interior do
material).

Sendo φ o fluxo do campo magnético através de uma superfície de área S é proporcional a corrente elétrica

φ ∼ I.

A constante de proporcionalidade é denominada de indutância (o fator c aparece porque fatores de B no sistema


gaussiano vem acompanhado de 1/c)
φ
= LI.
c
Para N espiras idênticas o fluxo total é N φ, e a indutância

L= .
cI
O cálculo do fluxo fornece:
S
L = N 2 4πµ
lc2
Suponha que em um certo instante inicial a corrente no solenóide seja zero (a fonte de corrente está desligada).
Em um certo momento, a fonte é ligada e uma corrente começa a percorrer o solenóide. Durate o período de
transiente, a corrente varia, até atingir o vamor estacionário I, que é mantida no solenóide a um certo "custo" de
energia. A energia necessária para manter a corrente percorrendo o solenóide pode ser calculada observando que,
durante o período de transiente a corrente varia, e as cargas percorrem o fio condutor devido a uma diferença de
potencial E induzida no fio. Assim, para uma carga dq no fio, a energia associada é

dUm = Edq.

Como existe uma corrente percorrendo o fio


dq
dq = dt = I(t)dt
dt
dUm = EI(t)dt.
A diferença de potencial E é induzida pela variação do fluxo magnético durante o transiente (período entre corrente
zero até a situação estacionária com corrente I). Para N espiras (o fator 1/c por causa do sistema gaussiano que
aparece nas expressões envolvendo campo magnético)

N dφ
E= .
c dt

7
Já vimos que

L= ,
cI
ou seja
N φ = LcI.
Assim
dI(t)
E =L
dt
e portanto
dI(t)
dUm = EI(t)dt = L I(t)dt.
dt
Como
dI(t)
dI = dt,
dt
ou seja
dUm = LI(t)dI
A energia total necessária para manter a corrente estacionária (pode-se dizer acumilada no solenóide) é
ˆ I
1 2
Um = L I(t)dI = LI
0 2

em que I representa a corrente estacionária. Substituindo


S
L = N 2 4πµ
lc2
Blc
I=
4πµN
em
1 2
Um = LI
2
1 2 S B 2 l2 c2 B2
Um = N 4πµ 2 = Sl
2 lc (4π)2 µ2 N 2 8πµ
B2
um =
8πµ

5 Energia transportada em uma onda eletromagnética


Energia armazenada em um campo eletromagnético propagando-se no vécuo é:
1
E2 + B2

uem =

~ eB
Do fato que em uma onda eletromagnética os campos E ~ variam no tempo e no espaço obtemos:

∂uem  c
~ ×B

~ = 0.
+ ∇· E
∂t 4π
Define-se dessa equação o vetor de Poynting, que é o vetor quantificando o fluxo de energia pela superfície que
limita o volume V :
c ~
P~ = ~
E × B.

 
~ 0 sen ~k · ~r − ωt
~ r, t) = E
E(~
 
~ 0 sen ~k · ~r − ωt
~ r, t) = B
B(~

8
obtém-se    
~ = sen2 ~k · ~r − ωt E
~ ×B
E ~ 0 = sen2 ~k · ~r − ωt E 2 k̂,
~0 × B
0

mostrando que o fluxo de energia ocorre na direção de propagação da onda. O vetor de Poynting
c 2
P~ = E k̂.
4π 0
Pode-se verificar explicitamente que no caso da onda plana

1  E2  
uem = E 2 + B 2 = 0 sen2 ~k · ~r − ωt
8π 4π
de modo que
P~ = uem ck̂.
O fluxo de energia está diretamente relacionada com a grandeza de interesse experimental que é a intensidade da
onda. Em particular, a intensidade deve ser calcula como a média da densidade de energia em um período:
1
2

ˆ ˆ T
z }| {
T
E02 1 2
E 1 2πt E2
huem i = dtsen2 (ωt) = 0 dtsen2 ( )= 0
4π ωT 0 4π 2π 0 T 8π

A média do fluxo na direção de propagação da onda P~ · ~k fornece a intensidade da onda.

E02
I = hP~ · ~ki = chuem i = c .

Esse resultado mostra que a intensidade da onda eletromagnética é proporcional ao quadrado da amplitude da onda.

6 Momento e pressão
Considere uma partícula que no instante t possue velocidade ~v e sobre o qual atua a força externa F~ nesse instante.
A variação no tempo da energia mecânica E da partícula está relacionada com a potencia:
dE d~
p
P ot = = F~ · ~v = · ~v ,
dt dt
em que p~ é o momento da partícula. Suponha que a interação da partícula seja com um campo eletromagnético, ou
seja, via força de Lorentz  
~ ~ ~v ~
F =q E+ ×B ,
c
que como não depende apenas da posição, mas da velocidade, não é uma força conservativa. Portanto, ao interagis
com o campo eletromagnético, a energia mecânica E da partícula varia com o tempo de acordo com a equação acima.
Assim, a partícula "retira" energia do campo eletromagnético, de modo que a energia Uem do campo diminui na
mesma taxa que a energia da partícula aumenta
dE dUem
=− .
dt dt

Para uma onda plana, pode-se dizer que a velocidade de propagação na direção do vetor de onda ~k é ~vem = ck̂.
Assim, pode-se dizer que
d~p dp~em
· ~v = − · ~vem
dt dt
d~
p d~
pem
· ~v + · ~vem = 0
dt dt
em que foi atribuído um momento p~em para o campo eletromagnético:
d~
pem dUem
· ~vem =
dt dt

9
 
d p~em · k̂ c dUem
=
dt dt
 
p~em · k̂ c = Uem

Uem
p~em =
k̂.
c
Uma consequência imediata de se atribuir momento à luz é que desse modo segue que a luz exerce pressão, de modo
análogo às partículas de um gás. Lembre que para um gás
2 2
PV = N hEc i = U
3 3
em que hEc i é a energia cinética média das partículas do gás e U = N hEc i é a energia interna do gás. Em termos
da densidade de energia u = VU
2
P = u.
3
Para a pressão exercida pela luz, pode-se inferir a seguinte expressão para a energia. Para partículas
1 1
hEc i = mhv 2 i = hv | p~ |i.
2 2
Desse modo, para partículas
fator associado com a energia interna
1 z }| {
P = N hv | p~ |i .
3
A energia de uma onda plana que carrega momento p~em é

| p~em | c = Uem

Uma vez que pode-se atribuir momento e velocidade à onda, uma expressão para pressão em função da densidade
de energia é
1
Pem = uem .
3
A pressão exercida pela luz (em particular, pela luz do sol) sobre uma superfície refletora foi medida pela primeira,
independentemente, na rússia (Pyotr Lebedev, em 1900) e nos Estados Unidos (Edward Nichols e Gordon Hull, em
1901).

7 Detalhes de cálculos
7.1 Cálculo da capacitância
Lei de Gauss: determinar o campo entre as placas, portanto no interior do material preenchendo o capacitor.
~ = 4πρ.
∇·D

em que D~ = E.
~ Convém escrevê-la na forma integral integrando no volume V encerrado por uma superfície
Gaussiana Sgauss ˆ ˆ
~ = 4π
dV ∇ · D dV ρ.
V V
Pelo teorema de Gauss ˆ ˛
~ =
dV ∇ · D ~
~ · dS,
D
V Sgauss

em que a integral do lado direito éfeita sobre a superfície gaussiana que encerra o volume V . O elemento de área
~ é perpendicular à superfície Sgauss em cada ponto e aponta para fora do volume V . Assim a forma integral da
dA
lei de Gauss pode ser escrita como ˛
D ~ = 4πqint
~ · dS
Sgauss

10
em que qint é a carga no
´ interior de Sgauss , distribuída na placa. Assumindo que a densidade superficial de carga
σ é constante e qint = placa σdS
˛ ˆ
D ~ = 4πσ
~ · dS dS = 4πσA
Sgauss placa
˛
~ = σπA
~ · dS
D
Sgauss

Usando o fato de que o campo elétrico é constante, perpendicular às placas e adotando uma superfície gaussiana
consistindo de uma caixa com volume A × d contendo uma placa
˛
D~ · dS~ =DA
Sgauss

~ (o lado da caixa em que D


~ é paralelo a dS
uma vez que D ~ não contribui). Assim
~ é perpendicular a dS

DA = 4πσA
q
DA = 4π A
A
em que a densidade superficial de carga é σ = q/A em que q é a carga contida na placa (que encontra-se dentro da
superfície gaussiana). Usando D = E
4π q
E= .
 A
Como V = Ed (trabalho/carga)
4π d
V = q
 A
e a capacitância C = Vq é
A
C= 
4πd
mostrando que um material preenchendo o capacitor; isso é o que ocorre com materiais dielétricos. Quando  =
0 = 1 (no sistema gaussiano), tem-se o caso em que o espaço entre as placas do capacitor é o vácuo.

7.2 Detalhes do cálculo da indutância


Para N espiras idênticas o fluxo total é N φ, e a indutância

L= .
cI
~ é definido por
O fluxo do campo B ˛
φ= B ~
~ · dS.
espiras

Assumindo que o campo possui a mesma orientação do campo

φ = BS

uma vez que o campo é constante.


A lei de Ampère permite calcular o campo produzido por um cilindro contendo N espiras, cada uma com
comprimento l e com indutância L.
Antes vamos

~ = 4πµ J~
∇×B
c
Integrando na seção transversal de ua espira
˛  ˛
~

~ 4πµ ~
∇ × B · dS = J~ · dS.
S c S

11
˛ 
~ = 4πµ I

~ · dS
∇×B
S c
Nesse caso, como trata-se de uma corrente constante. Para o lado esquerdo, podemos aplicar o teorema de Stokes:
˛   ˛
∇×B ~ =
~ · dS B ~
~ · dl
S C

em que C representa o circuito que delimita a seção de área S. Uma vez que o campo é constante no interior do
solenóide mas é zero fora dele, pode-se adotar um circuito retangular com os dois maiores lados estando um dentro
e o outro fora do solenoide. Usando essa informação e como dl~ é tangente ao circuito em cada ponto e considerando
o tamanho do percurso l ˛
~ = Bl
~ · dl
B
C
Desse modo, a lei de Ampère resukta em
4πµ
Bl = NI
c
I é a corrente em uma espira, portanto N I corresponde à corrente total passando pela dostância l. Assim, tem-se
a expressão para o campo em termos do número de espiras por unidade de comprimento n = Nl

4πµ
B= nI
c
Substituindo em
NS N S 4πµ S
L= B= nI = N 2 4πµ 2 .
cI cI c lc

7.3 Vetor de Poynting


A desnsidade de energia no vécuo é
1
E2 + B2

uem =

em que E e B são, respectivamente, a intendidade dos campos elétrico e magnético no ponto em questão. A energia
total contida em uma região de volume finito V é dada por
ˆ
Uem = dV uem .
V

O próximo passo é descrever a variação da energia no volume V com o tempo, ou seja, desejamos uma expressão
para ∂U∂tem : ˆ
∂Uem ∂uem
= dV
∂t V ∂t
Como
E2 = E~ ·E
~ = Ex2 + Ey2 + Ez2

∂ E2 + B2 X  ∂Ei 
∂Bi
=2 Ei + Bi
∂t i
∂t ∂t
Das equações de Maxwell

~
 1 ∂Bi
∇×E =−
i c ∂t
~ = ∂Ei
1
 
∇×B
i c ∂t
ou seja
3
1 ∂Ei X ∂Bk
= ijk
c ∂t ∂xj
j,k=1

3
∂Bi X ∂Ek
− = ijk
∂t ∂xj
j,k=1

12
Substituindo em
3
∂E 2
 
X ∂Bk ∂Ek
= 2c ijk Ei − Bi
∂t ∂xj ∂xj
i,j,k=1

3
∂E 2
 
X ∂Bk ∂Ek
= 2c ijk Ei − Bi
∂t ∂xj ∂xj
i,j,k=1

Escrevendo
 
∂Bk ∂Ek ∂ (Ei Bk ) ∂Ei ∂Ek ∂ (Ei Bk ) ∂Ei ∂Ek
Ei − Bi = − Bk − Bi = − Bk + Bi
∂xj ∂xj ∂xj ∂xj ∂xj ∂xj ∂xj ∂xj

O último termo é simétrico nos índices. Como ijk é antisimétrico


 
∂Ei ∂Ek
ijk Bk + Bi = 0,
∂xj ∂xj

de modo que P 
3 3 ∂ 3
∂E 2 X ∂ (Ei Bk ) X i,k=1 jik Ei Bk
= 2c ijk = −2c
∂t ∂xj j=1
∂xj
i,j,k=1
 
2 3 ∂ E ~ ×B ~
∂E X j ∂E 2 
~ ×B

~ .
= −2c = = −2c∇· E
∂t j=1
∂xj ∂t

Assim, ˆ ˆ
∂Uem ∂uem 1 
~ ×B
~

= dV =− dV 2c∇· E
∂t V ∂t 8π V
ou seja
∂uem  c
~ ×B
~

= −∇· E
∂t 4π
que é uma equação da continuidade
∂uem  c
~ ×B

~ = 0.
+ ∇· E
∂t 4π
Define-se dessa equação o vetor de Poynting, que é o vetor quantificando o fluxo de energia pela superfície que
limita o volume V :
c ~
P~ = ~
E × B.

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