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1 Corrente Elétrica
O que acontece ao ligarmos por um fio metálico às placas de um capacitor carregado?
Como não pode haver equilı́brio eletrostático, pois as extremidades do fio condutor estão em
potenciais diferentes, há movimento de cargas, ou seja, uma corrente elétrica passa através do
fio quando a conexão é feita.
∆Q = (nA∆x)q
∆Q = (nAvD ∆t)q
Se dividirmos ambos os lados da equação por ∆t, a corrente elétrica média nesse condutor é
∆Q
imed = = nqAvD
∆t
E com isso, temos uma densidade de corrente elétrica ~j percorrendo o fio que é dada por
i
j= = nqvd
A
ou
2
2 Lei de Ohm e Condutância Prof. Elvis Soares
~j = nq~
vd (2)
ρ (8.95 g/cm3 )
n= NA = (6.22 × 1023 ) = 8.8 × 1028 e− /m−3 .
µ (63.5 g/mol)
Assim, a velocidade de arrasto no fio é determinada pela corrente através de
i (10 A)
vd = = = 0.2 mm/s.
nqA (8.8 × 10 e /m )(1.6 × 10−19 C)(3 × 10−6 m2 )
28 − −3
Desta forma, um elétron demoraria aproximadamente 1.5 horas para percorre um trecho de 1 m
nesse fio. O fato é que não é necessário que o elétron chegue até o equipamento para acioná-lo,
basta que o campo elétrico se propague pelo fio e faça com que todos os elétrons se movimentem
na mesma direção. O campo elétrico se propaga com a velocidade da luz no meio material!
~j = σ E
~ (3)
3
Prof. Elvis Soares 2 Lei de Ohm e Condutância
∆V = EL
∆V
j = σE = σ ,
L
como j = i/A, podemos escrever
L L
∆V = j = i = Ri.
σ σA
A quantidade R = L/σA é denominada resistência elétrica do fio, que no SI tem unidades ohm,
equivalente a Volt por Ampère, Ω = V /A. Assim, a relação entre a diferença de potencial sobre
um fio e a corrente elétrica criada no mesmo é dada pela famosa Lei de Ohm, escrita na forma
∆V = Ri (4)
1
ρ= , (5)
σ
como R = L/σA, podemos expressar a resistência de um fio condutor de material homogêneo
e isotrópico como
L
R=ρ . (6)
A
Materiais que são bom condutores de eletricidade apresentam resistividade baixa, como o co-
bre cuja resistividade é da ordem de 10−8 Ω.m, enquanto que materiais isolantes apresentam
alta resistividade, como o quartzo cuja resistividade é da ordem de 1016 Ω.m. Além disso, a
resistividade, num certo intervalo de temperatura, varia aproximadamente linearmente com a
temperatura de acordo com a expressão
ρ = ρ0 [1 + α(T − T0 )] (7)
4
2 Lei de Ohm e Condutância Prof. Elvis Soares
––
–
–
–
– –
–
Com a presença do campo elétrico externo a situação muda, além do movimento aleatório
~ causa um arrasto dos elétrons numa direção
devido à agitação térmica, o campo elétrico E
~
oposta àquele campo E, conforme figura (b).
Quando um elétron livre de massa m e carga q está sujeito a um campo elétrico E, ~ ele sofre
~ ~
uma forçca F = q E. Como essa força está relacionada com a aceleração do elétron através da
~ = m~
segunda lei de Newton, F a, concluı́mos que a aceleração do elétron é
~
qE
~
a=
m
Essa aceleração, que ocorre somente em um curto intervalo de tempo entre colisões, permite ao
elétron adquirir uma pequena velocidade de arrasto. Se ~ v i é a velocidade inicial do elétron no
instante após a colisão (que ocorre num tempo que definiremos como t = 0), então a velocidade
do elétron num tempo t (no qual ocorre a próxima colisão) é
~
qE
~
vf = ~
vi + ~
at = ~
vi + t
m
Em seguida, tomamos uma média sobre todos os valores possı́veis de ~ vf e ~ v i durante um
intervalo de tempo médio entre sucessivas colisões τ . Como a distribuição das velocidades
iniciais é aleatória, o valor médio de ~
v i é zero. De modo que,
(
~
qE
~
v f med) = ~
vd = τ
m
Relacionando essa expressão para a velocidade de arrasto com a corrente num condutor, en-
contramos que a densidade de corrente é
nq 2 E
j = nqvd = τ.
m
Comparando essa expressão com a lei de Ohm, j = σE, obtemos as seguintes relações para
condutividade e resistividade do material
nq 2 τ
σ= (8)
m
1 m
ρ= = 2 (9)
σ nq τ
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Prof. Elvis Soares 3 Potência Elétrica e Efeito Joule
E de acordo com esse modelo clássico, a condutividade e a resistividade do material não depende
da intensidade do campo elétrico externo. O tempo médio entre colisões τ está relacionado com
a distância média entre colisões l (ou livre caminho médio) e a velocidade média v̄ através da
expressão τ = l/v̄.
Agora que sabemos que corrente é efetivamente o movimento das cargas no interior de um
condutor, quanta energia deve ser gasta para realizar esse movimento?
Para mover uma quantidade de carga dq = idt entre uma diferença de potencial ∆V , a quan-
tidade de energia necessária é igual ao trabalho
dW = (idt)∆V
dW
P ot = = i∆V (10)
dt
No caso de um material condutor, podemos usar a lei de Ohm para determinar a potência
dissipada pelo condutor em formas alternativas
(∆V )2
P ot = Ri2 = (11)
R
Assim, a energia fornecida pela bateria para o movimento das cargas num condutor acaba sendo
dissipada na forma de calor devido a resistência do objeto, tal fenômeno é conhecido como efeito
Joule. Efeitos como esse são o que permitem utilizar energia elétrica para gerar calor, como
num chuveito elétrico.
De fato, podemos pensar nas colisões átomos-elétrons num condutor como uma fricção interna
efetiva similar aquela sentidas pelas moléculas de um lı́quido fluindo através de um duto. A
energia transferida dos elétrons para os átomos do metal durante as colisões causa aumento da
energia de vibração dos átomos e um correspondente aumento na temperatura do condutor.
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3 Potência Elétrica e Efeito Joule Prof. Elvis Soares
Um aquecedor elétrico é construı́do aplicando-se uma diferença de potencial de 120 V num fio
de nicromo cuja resistência total é de 8.0 Ω.
A corrente elétrica que passa pelo fio é dada pela lei de Ohm como
∆V 120 V
i= = = 15.0 A
R 8.0 Ω
A potência elétrica dissipada na forma de calor é dada por