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4.

Corrente, Resistência e Circuitos de corrente continua

- Corrente Elétrica
- Resistência e Lei de Ohm
- A resistividade de diferentes condutores.
- Energia Elétrica e Potência Elétrica.
- Força Eletromotriz
- Resistências em Série e em Paralelo.
- As Regras de Kirchhoff

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• Até este ponto, discussão sobre as cargas em repouso  eletrostática.

• Agora  situações que envolvem cargas elétricas em movimento.

• Corrente elétrica ou corrente  usada para descrever a taxa de


passagem de carga elétrica através de uma certa região do espaço.

• A maioria das aplicações práticas da eletricidade envolve correntes


elétricas.

• O escoamento de cargas pode ocorrer num condutor (fio de cobre) ou


fora dum condutor (feixe de eletrões num tubo de TV)

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interruptor
5.1. Corrente Elétrica fio condutor

• Há uma corrente elétrica sempre que houver um


movimento de cargas do mesmo sinal numa certa
direção ou de sinais diferentes em sentidos opostos. corrente

electrões
• Suponhamos que as cargas se movam
perpendicularmente a uma superfície de área A
(área da secção transversal do condutor).
x
A corrente é igual à taxa de passagem
q A
da carga através dessa superfície.

vd .  t

• Se Q for a quantidade de carga que passa através desta Q


I med 
área, no intervalo de tempo t  a corrente média é: t
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• Se a taxa de passagem varia com o tempo  a corrente varia com o
tempo  define-se a corrente instantânea:

dq limite diferencial da
I
dt expressão anterior

• Unidade SI  ampere (A)


1C
1A 
1s

• Por convenção escolhe-se o sentido da corrente como o sentido do


movimento das cargas positivas.

Num condutor (como o cobre) a corrente é provocada pelo movimento de


eletrões  o sentido da corrente é oposto ao sentido do movimento dos
eletrões.

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Velocidade média do eletrões: a velocidade de migração ou de deriva (d )
•Representação esquemática do movimento em sem corrente
ziguezague de um portador de carga num
condutor, neste caso um eletrão. As mudanças
de direção devem-se às colisões com átomos do

material do condutor.
•Na ausência de E  os eletrões movem-se de
maneira caótica (velocidade ~106 m/s), a sua
velocidade média é nula  não há corrente.

sentido da corrente
• Na presença de um campo elétrico, além do
movimento térmico caótico, os eletrões passam
a ter um movimento resultante no sentido oposto
ao do campo elétrico. eletrões

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Velocidade média de migração, d, é muito menor (~10-4 m/s) do que a
velocidade média entre as colisões (~106 m/s)

•A energia transferida dos eletrões para os átomos do material condutor provoca


um aumento da energia de vibração dos átomos e daí um aquecimento no
condutor.

•O campo elétrico efetua um trabalho sobre os eletrões que é maior do que a


energia média perdida durante as colisões, assim gerando uma corrente elétrica.

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Movimento das partículas carregadas e corrente elétrica

 É usual designar uma carga móvel (+ ou -) como um portador de carga.


• portadores de carga num metal: e-
• semicondutores: portadores (+) e portadores (-)

x • Volume dum elemento do condutor  x.A


q vd A • Se n é o número de portadores de carga
móveis por unidade de volume  O
condutor número de portadores de cargas móveis
uniforme v d.  t
nesse elemento de volume é  n·A·x

A – área da secção transversal do condutor

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• A carga Q nesse elemento de volume 
Q  n A x q
Q = número de cargas  carga por partícula (q)

• Se os portadores de carga se movem com a velocidade d  a


distância que cobrem, no intervalo de tempo t, é  x  v d t
A carga Q corresponde à carga que passa através da secção transversal do
condutor no intervalo de tempo t:
Q
 Q  n. A. d .t q I  n.q. d . A
t
• d é, na realidade, uma velocidade média: a velocidade de migração.
• Condutor isolado  os eletrões têm um movimento aleatório.
Quando se aplica uma diferença de potencial (V) num condutor, por
exemplo ao ligar-se a uma bateria, há um campo elétrico no condutor (dado
que agora não subsiste o equilíbrio eletrostático) que gera uma força elétrica
sobre cada eletrão e subsequentemente uma corrente.
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5.2. Resistência e Lei de Ohm

 Capítulos anteriores: não pode haver campo elétrico no interior de


um condutor em equilíbrio eletrostático.
 Objetivo desta secção: descrever o que ocorre quando as cargas se
movem num condutor. As cargas deslocam-se sob a ação de um
campo elétrico no interior do condutor (situação de não equilíbrio
eletrostático)
 Condutor de secção transversal com área A, com uma corrente I.
 Definição: A densidade de corrente J é a corrente por unidade de
área.
I  A
I  n.q. d . A  J  n.q. d  SI : 2 
A  m 
Expressão só válida se J for uniforme e se a superfície for  à direção da corrente.

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• Em geral J é uma grandeza vetorial.
 
J  nqvd
J, como a corrente, tem o sentido do movimento dos portadores de carga positiva, e o
sentido oposto no caso dos portadores de carga negativa
 
• Num condutor, há uma densidade de corrente J e um campo elétrico E , quando se
mantém uma diferença de potencial V no condutor.
• Se V for constante  a corrente no condutor também será constante.

Exemplo: Calcular a densidade de corrente e velocidade média dos eletrões num fio de
cobre de 1.63 mm de diâmetro que transporta uma corrente de 1A.
I 1
J  2  48 A.cm  2
A r
A densidade atómica do cobre é 8.46x1028 átomos/m3, e tem 1 eletrão livre por átomo, logo

vd = J/nq = 48x104 A/m2/(8,46x1028 átomos/m3 x 1,6x10-19 C) = 3,5x10-5 m/s

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 
• Muitas vezes J é proporcional ao E no condutor.
 1
J E 1

• A constante de proporcionalidade ρ é a resistividade do condutor.
 Os materiais que se comportam de acordo com 1 , seguem a Lei de Ohm.

A resistividade ρ é expressa em ·m (SI: ohm·metro)

A Lei de Ohm afirma que, em muitos materiais (entre os quais, a maior


 
parte dos metais), a razão entre J e E é uma constante, 1/ρ, que é
independente do campo elétrico que provoca a corrente.

• Os materiais que obedecem à Lei de Ohm denominam-se materiais


ohmicos.

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 A Lei de Ohm só é válida somente para certos materiais e dentro de certos
limites da tensão aplicada. E
ρ
• Uma forma da Lei de Ohm com utilidade prática mais direta. J
ℓ • Segmento dum fio condutor retilíneo com
comprimento ℓ
A I
• Há uma diferença de potencial V=Vb-Va no

Va  Vb condutor, que provoca um campo elétrico E e
E
uma corrente I.
área de secção recta
• Se E for uniforme  V = Vb - Va = E.ℓ
V 
R  R é a resistência do condutor.
I A 1V
Unidade SI de R: 1    Ohm ()
1A
O inverso da resistividade  é a condutividade do material :
1 Unidade SI: -1·m-1 = S·m-1

 Siemens/metro (S/m)

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 Todo material ohmico tem uma resistividade (), característica que
depende das propriedades do material e da temperatura.
 Por outro lado, R depende da geometria do condutor e da resistividade 
 Bons condutores elétricos   muito baixa (ou  elevada);
 Condutor ideal:  = 0
 Bons isolantes   muito elevada ( baixa)
 Isolante ideal:  = 


R
A

As resistências podem ser fixas ou variáveis (potenciómetros).

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¡! Materiais ohmicos: relação linear entre I e V sobre um grande intervalo de V
aplicada .
O coeficiente angular da curva (declive) de I contra V, na região linear, é 1/R
¡! Materiais não ohmicos: relação não linear entre I e V (Ex.: o díodo,
transístores...) a respetiva operação de muitos dispositivos eletrónicos modernos
dependem da maneira particular com que “violam” a Lei de Ohm.

I Material Ohmico I

Díodo
declive =1/R semicondutor

V V

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Resistividade elétrica de alguns materiais a 20 ºC.

Material  (.m)
Prata 1,5910-8
Cobre 1,710-8
Ouro 2,4410-8
Alumínio 2,8210-8
Ferro 1010-8 
R
Nicromo 1,5 10-6 A
Carbono 3,510-5
Germânio 0,46
Silício 640
Vidro 1010 – 1014
Borracha dura ~ 1013

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Exercícios
5.1 Um fio de cobre com 15 m de comprimento e uma secção transversal circular com 2
mm de diâmetro é percorrido por uma corrente de 20 A. Admitindo que por cada átomo de
cobre existe um eletrão livre, e que ρ (Cu) = 1,7x10-8 Ωm; massa volúmica (Cu) = 8,93
g/cm3; M (Cu) = 63,5 g/mol, calcule:
a) a velocidade média de deriva dos eletrões; m
n at  v N A
b) a resistência do fio; M
c) a diferença de potencial aos terminais do fio. I
J   n.q. d
,
A
a) = 8,47x atomos/ V
,
R
I
= 4,7 x10-4 m/s
8,47x

. . ,
R
A
b) 1,7x 8.2x Ω
E
ρ
J
c) 8.2x x20 = 1,6 V

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Exercícios
5.2 Uma barra de alumínio com uma secção transversal reta de 1 cm por 7 cm e 3 m de
comprimento, é percorrido por uma corrente de 300 A. Considere que no alumínio existe
1 eletrão de condução por átomo, e que ρAl=2,8 x 10-8 Ωm; massa volúmica (Al) = 2,7
g/cm3; M (Al) = 27,0 g/mol. Determine:
a) A densidade de corrente;
b) O módulo do campo elétrico; m
c) A velocidade média de deriva dos eletrões de condução. n at  v N A
M
a) x105 A/ I
J  n.q. d
A
b) 4,28x105 x 2,8 x 10−8 =1,12x 10−2 N/C 
R
A
, V
c) = 6,02x átomos/ R
I
,02x = 4,4 x10-5 m/s
. . , , , E
ρ
J

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5.3. A Resistividade de Diferentes Condutores
• A resistividade () de um condutor depende de diversos fatores, um dos quais é a
temperatura. Na maioria dos metais,  aumenta com a temperatura (T)
• A uma temperatura elevada (na região linear),  é dominada pelas colisões dos eletrões
com os átomos metálicos.
•  varia de modo aproximadamente linear sobre um domínio limitado de T, segundo a
lei:
   0 1   T  T0 

onde  =  (T) (T em °C);  0=  (T0), T0: temperatura de


referência (usualmente 20 °C); e  é o coeficiente de
temperatura de resistividade. R

1   =  - 0

 0  T = T - T0

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R proporcional a   Material  (.m) (°C-1)

R  R 0 1    0 
Prata 1,5910-8 3.810-3
Cobre 1,710-8 3.910-3
• Muitas vezes fazem-se medições precisas da Ouro 2,4410-8 3.410-3

temperatura usando esta propriedade. Alumínio 2,8210-8 3.910-3


Ferro 1010-8 5.010-3
• Na realidade há sempre uma região não-linear,
Nicromo 1,5 10-6 410-4
em temperaturas muito baixas, e  tende,
Carbono 3,510-5 -0.510-3
usualmente para um certo valor mínimo (finito) Germânio 0,46 -4810-3
nas vizinhanças do zero absoluto. Silício 640 -7510-3
Vidro 1010 – 1014
Borracha dura ~ 1013

A resistividade residual (R) deve-se,


principalmente, às colisões dos eletrões com
R as impurezas e imperfeições do metal.

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Semicondutores
• Os semicondutores (Si, Ge, ...) têm valores intermédios de .
• Nos semicondutores a resistividade, em geral, diminui com a temperatura   < 0
 deve-se ao aumento da densidade de portadores de carga com o aumento da
temperatura.

• Os portadores de carga nos semicondutores estão, muitas vezes, associados aos


átomos de impurezas   é muito sensível ao tipo e à % dessas impurezas.

(°C-1): Germânio: -4810-3; Silício: -7510-3


• O termistor é um termómetro de
semicondutor que aproveita as
grandes variações da  com a T

T
silício

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Supercondutores (SC)
• Compostos cuja Resistência elétrica tende para zero abaixo duma certa
temperatura, Tc, a temperatura crítica.
0.15
0.125
mercúrio

R ()
• Fenómeno descoberto em 0.10

1911, H. Kamerlingh-Onnes, 0.075


0.05 Tc
no mercúrio (Hg).
0.025
• A  dos SC abaixo de Tc é menor que
4.0 4.1 4.2 4.3 4.4
4×10-25 .m  praticamente 1017 vezes T(K)
menor que a  do cobre; quase nula!

• São conhecidos vários materiais SC:


alumínio, mercúrio, zinco, alguns
cerâmicos…

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• Uma vez se estabeleça uma corrente num SC, a corrente persiste sem a presença duma
V aplicada (pois R = 0)
• Aplicações práticas: (mais prováveis e amplas, à medida que Tc é mais elevada.)
Ímanes supercondutores, dado que têm uma intensidade de campo magnético mais de
10 vezes superiores aos melhores eletroímanes ; dispositivos eletrónicos  pequenos
motores muito mais potentes, computadores de maior porte...

• Nas experiências de levitação magnética coloca-se um disco de


material supercondutor sobre um íman. O íman induz no disco
correntes eléctricas que produzem um campo magnético oposto ao
campo do íman; em condições normais, essas correntes desaparecem
rapidamente devido ao efeito dissipativo no disco. No entanto, se o
sistema é arrefecido até uma temperatura abaixo da temperatura crítica
do disco supercondutor, as correntes persistem e o disco eleva-se no ar
devido à repulsão magnética, que pode ser mais forte que a força de
atração da gravidade.

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Exercicio
5.3 A resistência de um fio de platina (αplatina = 3,92x10-3 /ºC), com um comprimento de
30 m e diâmetro de 2 mm, necessita de ser calibrada para medidas de baixas
temperaturas. O fio de platina com uma resistência 1 Ω a 20 ºC é imerso em azoto
líquido a -196 ºC.
a) Calcule a resistência esperada desse fio a -196 ºC, considerando que a resposta do fio
de platina é linear; (0,153 Ω)
b) Calcule a resistividade da platina para -196 ºC; (1.5710-8 m)

a) = 0,153 Ω R  R 0 1    0 

b) 
. ,
= 1.5710-8 .m R
ℓ A

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Energia Elétrica e Potência Elétrica

• Uma bateria estabelece uma corrente num condutor  transformação


continua de energia química da bateria em energia cinética (K) dos
portadores de carga.

• Essa K é dissipada pelas colisões entre os portadores de carga e os iões da rede


 aumento da T do condutor.
• A energia química da bateria transforma-se, continuamente, em energia térmica.

b I c • Q percorre o circuito, a partir de “a”, passa


+ através da  e de R e retorna a “a”
-  R
a • “a” é um ponto de referência, está ligado à
d
terra e o seu V é considerado nulo.

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U  Q  V
• Quando Q se desloca de “a” até “b”, através da bateria, o seu potencial elétrico
aumenta de um valor QV (V é o potencial em “b”). A energia química ( U) da
bateria diminui dessa mesma quantidade.
• Quando Q se desloca de “c” para “d”, através de R, a Q perde essa energia potencial
elétrica , ao efetuar colisões com os átomos da R, o que cria energia térmica.
• Se desprezamos a Resistência elétrica dos fios de ligação, não haverá dissipação de
energia nos percursos “bc” e “da”.
• Quando Q retorna ao “a”, deve ter a mesma energia potencial (zero) que ao iniciar o
movimento no circuito.
• A taxa de perda da energia potencial de Q ao passar através de R é b I c
+
-  R
U Q a d
 V  IV
t t

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• A taxa de dissipação da energia é igual à potência, P, dissipada em R

P = IV

• A potência P dissipada é fornecida à resistência R pela bateria.


• A equação pode ser usada para determinar a potência P transferida a qualquer
dispositivo. 2
V
• Com P = IV e V = IR, para um dado R  P  I 2R 
R
(SI) watt (W)
• A dissipação de Potência* sob a forma de calor num condutor de resistência R
chama-se efeito Joule;
* dimensões de energia por unidade de tempo.

• Uma bateria ou outro dispositivo que proporcione energia elétrica é uma fonte de
força eletromotriz, fem () (Não é uma força, mas uma V em volts)

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• Desprezando-se a R interna da bateria, a V entre “a” e “b” é igual à
fem, , da bateria.
V  b I c
V = Vb - Va =  e I  +
R R -  R
a d

 P = I. = I2.R
 A Potência fornecida pela fonte de fem = P dissipada em R.
• Quilowatt-hora; 1 kWh = (103 W).(3 600 s) = 3.6106 J
 energia convertida, ou consumida, no período de 1 h a uma taxa
constante de 1 kW.

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Exemplo:
5.4. Uma lâmpada funcionando a 220 V tem uma potência
nominal de 100 W. Determinar a corrente na lâmpada, a sua
resistência e custo diário para a manter acesa sabendo que o
custo da eletricidade é 0.2 €/kWh.

P
I  0.454 A
V

Usando a lei de Ohm a resistência é

V
R  144 
I

A energia gasta ΔU= P.Δt= (0.1 kW)(24 h) = 2.4 kWh

e o custo (2.4 kWh)x(0.2 €/kWh) = 0.48 €

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Força Eletromotriz
Uma fonte de força eletromotriz (fem) é um dispositivo (ex: pilha química,
bateria ou gerador) que aumenta a energia potencial das cargas que circulam
num circuito, de modo a manter constante a corrente elétrica.
A fem, , duma fonte é medida pelo trabalho feito sobre uma carga unitária.
A unidade SI de fem é o volt.

•Se desprezarmos a resistência interna (r)


da bateria  V na bateria (o potencial
entre os terminais) será igual à fem da
bateria.

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• Uma bateria real tem sempre uma certa resistência interna, por isso o
potencial (V) entre os terminais é diferente da fem da bateria.

• Para uma carga (+) deslocando-se entre “a” e “b”  quando passa do
terminal (–) para o terminal (+) da bateria, o seu potencial aumenta de
; ao deslocar-se através de r, o seu potencial diminui de I·r (I =
corrente no circuito)

- + r
bateria  V = Vb – Va =  - I·r
a b
 entre os terminais da bateria
I
R
d c

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•  é a voltagem (potencial) em circuito aberto; i.e., a voltagem entre os
terminais quando a corrente é nula.
• Variações de potencial (V) quando o circuito for percorrido no sentido
a, b, c, d:

V  r R
- + r
bateria
a b


I·r I
I·R
R
a b c d d c

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• A voltagem, V, entre os terminais da bateria é igual à diferença de potencial
na resistência (muitas vezes denominada de resistência de carga): V = I·R

V =  - Ir 
  = IR + Ir , I
V = IR Rr

I depende de r e da R
Quando R >> r  podemos desprezar r na análise.

I = I2·R + I2·r (multiplicando ambos os membros por I)


P  I V
A potência total debitada pela fonte de fem, I, converte-se em potência
dissipada pelo efeito Joule na resistência de carga, I2R, mais a potência
dissipada na resistência interna, I2r.
Se R >> r  a maior parte da potência da bateria transfere-se para a
resistência de carga.

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A potência total debitada pela fonte de fem é dada por I:

I = I2·R + I2·r

Desta, só parte será fornecida ao circuito, I2R, sendo a outra parte


dissipada na própria fonte, I2r. A razão entre a potência elétrica útil
fornecida ao circuito externo e potência elétrica total gerada, permite
obter o rendimento elétrico do gerador:

Pútil

Ptotal

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Resistências em Série e em Paralelo
a) Resistências em Série

A corrente é a mesma através de ambas as resistências, pois qualquer carga que passa
por R1 também passa por R2
Queda de potencial entre a e b = IR1
Queda de potencial entre b e c = IR2
A queda de potencial de a para c:

V  IR1  IR2  I ( R1  R2 ) = I Req Req  R1  R2

Três ou mais resistências ligadas em série: Req  R1  R2  R3  ...

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b) Resistências em Paralelo
• A diferença de potencial é a mesma em
ambas as resistências.
• Quando I atinge “a” (um nó), divide-se
em duas partes, I1 pelo ramo R1, e I2
pelo ramo R2. Se R1 > R2  I1 < I2.
• A carga tende a seguir a via de menor resistência.
• A carga dever ser conservada  I = I 1 + I2 (a corrente I que entra no nó “a” deve
ser igual à corrente que sai deste nó, I1 + I2)
• Uma vez que a queda de potencial em cada R é a mesma, a lei de Ohm dá:

V V 1 1  V 1 1 1
I  I1  I 2    V       
R1 R2  R1 R2  Req Req R1 R2

1 1 1 1
• Para três ou mais resistências   
R eq R1 R 2 R 3

Fundamentos de Eletromagnetismo e Ótica 2023-24 35


Exemplo de um circuito de uma casa. Várias aplicações são ligadas em paralelo
com um dos lados do circuito ligado ao neutro e o outro ao potencial a utilizar.
Cada circuito está protegido por um disjuntor, que dispara se ocorrer algum curto-
circuito.

Fundamentos de Eletromagnetismo e Ótica 2023-24 36


Exercícios
Uma fonte de alimentação com uma resistência interna r fornece energia elétrica a uma
lâmpada. A diferença de potencial nos terminais do gerador é de 80 V e a corrente que o
atravessa tem intensidade 1,0 A. O rendimento elétrico do gerador é de 80%. Determine:
a) a potência elétrica fornecida pelo gerador;
b) a potência elétrica total gerada (100 W);
c) a resistência interna do gerador e a resistência elétrica da lâmpada (20 Ω; 80 Ω)

Pútil
 P  I  V  RI 2
Ptotal

Considere o circuito da figura. Calcule:


a) a corrente elétrica que passa no circuito (2 A).
b) A diferença de potencial entre A e D, VD-VA.
(24 V)

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Exercício
Considere o circuito da figura, onde Re = 100 Ω, Rd = 50 Ω, Rf = 25 Ω. Determine
a corrente I que passa pelo ponto A.

V = 12 V

Rtot =Re + Req(Rd//Rf)

1/Req(Rd//Rf) =1/Rd + 1/Rf = 1/50 + 1/25

Req(Rd//Rf) = 50/3 = 16,67 Ω

Rtot =Re + Req(Rd//Rf) = 100 + 16,67 = 116,67 Ω

I = V/R = 12/116,67 = 0.103 A

Fundamentos de Eletromagnetismo e Ótica 2023-24 38


6.3. As Regras de Kirchhoff
Muitas vezes não é possível reduzir um circuito a uma simples malha que possa ser
analisada pela Lei de Ohm e as regras das ligações das resistências em série ou em
paralelo. A análise de alguns circuitos pode ser feita pelo uso das Leis de Kirchhoff:
1. Lei dos nós
Consequência da conservação da carga, pelo que a carga que entra num nó, por unidade
de tempo, deve ser igual à carga que sai.
A soma das correntes que entram num nó é igual à soma das correntes que saem desse
nó (um nó é qualquer ponto do circuito onde é possível a divisão da corrente)
I2
I1
I 1 = I2 + I3
I3
2. Lei das malhas
É uma consequência da conservação de energia. Ao deslocar uma carga de teste q num
percurso fechado num circuito, a variação de energia potencial da carga é nula.
A soma algébrica das variações de potencial em todos os elementos duma malha
fechada do circuito é nula
i
V  0
i

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• Aplicação da segunda regra de Kirchhoff: Lei das Malhas
Regras de cálculo:

1. Se uma resistência for atravessada no sentido da corrente (queda de


potencial), a variação do seu potencial (V) é negativa  -IR

+ - V = Vb – Va = -IR
a I b

2. Se a resistência for atravessada num sentido oposto ao de I (aumento de


potencial), a variação do seu potencial (V) é positiva  +IR

- + V = Vb – Va = +IR
a I b

Fundamentos de Eletromagnetismo e Ótica 2023-24 40


3. Se uma fonte de fem for atravessada na direcção da fem (do terminal (-)
para o (+) ou seja um aumento de potencial), a V é positiva  +

- + V = Vb – Va = +
a  b

4. Se uma fonte de fem for atravessada na direcção oposta à da fem (do (+)
para (-) que é uma queda de potencial), a V é negativa  - 

- + V = Vb – Va = - 
a  b

Fundamentos de Eletromagnetismo e Ótica 2023-24 41


Estratégia e sugestões para a resolução de problemas:

1. Em cada parte do circuito, identifique e atribua um sentido à corrente I. (*)

2. Aplique a Lei dos Nós (1ª regra). Nº de equações igual ao nº de nós-1.

3. Aplique a Lei das Malhas (2ª regra). Tenha atenção aos sinais!!! Nº de equações até ter
um nº total de equações (1ª + 2ª regra) igual ao nº de incógnitas

4. Resolva o sistema de equações.

* Se fizer uma escolha incorreta do sentido duma corrente, o resultado terá o sinal
negativo, mas o seu valor estará correto. Embora seja arbitrária a fixação inicial do
sentido de I, a partir daí é indispensável respeitá-la RIGOROSAMENTE ao aplicar as
regras de Kirchhoff.

Fundamentos de Eletromagnetismo e Ótica 2023-24 42


Leis de Kirchhoff

Exemplo: Calcular as correntes I1, I2, I3.

• Aplicar a lei dos nós a N-1 nós, onde N é o número total


de nós do circuito. Deste modo ficam definidas todas as
correntes (incógnitas) do circuito.
• Usar a lei das malhas para obter tantas equações quantas
as incógnitas.
Usando a lei dos nós temos

I 3  I1  I 2
No circuito temos 3 malhas (abcda befcb aefda), bastando mais duas equações para
determinar as correntes.

abcda 10 - 6·I1 - 2·I3 = 0 I1 = 2A


I2 = -3 A
-14 + 6·I1 – 10 - 4·I2 = 0 I3 = -1 A
befcb

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Exercicio Considere o circuito da figura. Calcule:
a) os valores de I1, I2 e I3
b) A diferença de potencial entre D e E, VE-VD.

a) I 1 = I2 + I3 I1 = 3 A
ADCBA 4 - 4·I1 + 33 - 7·I2 - 6·I1 = 0 I2 = 1 A
CFEBC - 5·I3 + 42 - 3·I3 + 7·I2 - 33 = 0 I3 = 2 A

b)
Indo de D para E VE-VD = -4 + 6·I1 + 3·I3 = 20 V
ou VE-VD = - 4·I1 - 5·I3 +42 = 20 V
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Exercício
Determine as correntes I1, I2, e I3, no circuito da figura.

I 1 + I 2 = I3
Malha da
esquerda 8 + 3·I1 – 4 - 9·I2 = 0
Malha da 9·I2 + 4 + 9·I3 - 16 = 0
direita

I1 = 4/15 A
I2 = 8/15 A
I3 = 12/15 A

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