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Eletrónica

Mestrado Integrado em Engenharia Física

Licenciatura em Física

(2.5h T+1.5h TP)


Corrente Eléctrica

Corrente Eléctrica - Carga eléctrica que passa por unidade de tempo através da secção recta da
região onde se propaga
Q dQ
I  C / s  Ampere  A 
t dt 

Campo Eléctrico Aplicado ao Material Induz Movimento dos Electrões

Qual a velocidade dos electrões? v  valeatório  vdeslocamento

Problema 1 das Aulas Teórico-Práticas valeatório 106 m / s


Que valor para v deslocamento ?
L
n  número de portadores por unidade de volume (com carga q)

Carga total no comprimento L : Q  (nAL)q Esta carga atravessa qualquer


secção do condutor no tempo
Portadores movem-se com velocidade vdeslocamento
L
t 
v deslocamento J  Densidade de Corrente Eléctrica I vdeslocamento
J J 
J Corrente por unidade de área do condutor: A

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Corrente Eléctrica

Q nALq
Considerando as relações para Q e Δt I   nAqvdeslocamento
t  L vdeslocamento 

J   nq  vdeslocamento
I
Sendo J Cargas positivas : J tem o mesmo sentido de v deslocamento
A
Cargas negativas : J tem o sentido contrário a v deslocamento

É razoável admitir que J é proporcional a E  acção  : J  Constante  E Constante  Condutividade Eléctrica  

J = E
Voltando à pergunta: que valores para vdeslocamento ?
J   nq  vdeslocamento
I I
Considere-se um bom condutor (por exemplo, o cobre)   nq  vdeslocamento  vdeslocamento 
nq  r 2 
I
J A
A

Como determinar o número de portadores?

na forma de fio eléctrico com raio r = 0.9 mm, O cobre tem um electrão de valência (q=e), pelo que o número de
percorrido pela corrente eléctrica I = 17 mA portadores é igual ao número de átomos de cobre por unidade de volume
(valor típico em laboratório)
Como determinar este número?

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Corrente Eléctrica

n   átomos por mole    moles por unidade de massa    massa por unidade de volume 

N Avogadro  6.02 1023 mole1 1/  massa molar, M cu    densidade 

M cu  63.54 103 Kg / mole N A cu


n  8.49 1028 m3 vdeslocamento  1.8 mm / hora
cu  8.96 103 Kgm3 M cu

Como é possível, sabendo-se que os fenómenos


eléctricos são rápidos (carrega-se no interruptor Mais lento do que um caracol!
e as lâmpadas acendem)

Que resposta para este puzzle?

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Corrente Eléctrica

Água numa mangueira Abre-se a torneira e começa a entrar água na mangueira

Se a mangueira não tiver água demora algum tempo a água sair


pela outra extremidade

Se a mangueira tiver água começa a sair logo água pela outra


extremidade

Não pode ser a água que acabou de sair da torneira pois não teve
tempo de chegar à outra extremidade

Quando se abre a torneira a água que dela sai “empurra” a água


que está na mangueira, gerando-se uma onda de pressão, que se
propaga à velocidade do som na água
1
A velocidade do som (ondas de pressão) na água é de vsomagua  1450 ms . Se a mangueira tiver 10 m de
comprimento, após 7 ms da abertura da torneira a água sai pela outra extremidade

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Corrente Eléctrica

Portanto, no caso eléctrico é necessário distinguir:

• Movimento das cargas

• Velocidade de propagação da indicação de que as cargas se devem mover (velocidade de propagação de sinais
electromagnéticos no cabo eléctrico – nos condutores metálicos mais utilizados, entre 0.6 a 0.8 da velocidade
da luz)
• Sendo esta velocidade tão elevada, as cargas ao longo do condutor começam a mover-se praticamente ao
mesmo tempo

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Lei de Ohm
Metais – Os electrões exteriores podem percorrer na rede muitos diâmetros atómicos antes de sofrerem uma colisão

d  Distância media entre colisões d


t  Tempo medio entre colisões =
u  Velocidade media entre colisões u
Nota: a velocidade u aponta ao acaso para todas as direcções,
assim não produz uma corrente resultante

Campo E aplicado  Aparece uma força eE sobre cada electrão de condução

Durante o tempo t cada electrão de condução adquire uma velocidade de descolamento de pico

vdeslocamento pico  u u eE ed
Pela 2º Lei de Newton F  me a  eE  me  u  t  E
t me meu
(Nota: cada electrão perde a sua velocidade de deslocamento após cada colisão)

Atrás foi visto que a corrente eléctrica é:


Se L é o comprimento do condutor,
Q donde estando aplicada uma diferença de
I  nAevdeslocamento potencial V tem-se E  V / L, donde
t vdeslocamento pico e2 d
A  Area da secção recta do condutor I  Ane  An E
2 2meu

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Lei de Ohm

e2 nd  2 Lmeu 
IA V  V   2 
I V  RI Lei de Ohm
2 Lmeu  Ane d 

 L   me  u
R  Resistencia do condutor  2   2 
 A  ne  d
Inverso do tempo em que o electrão não
tem colisões (depende da estrutura do material)

Características do portador de carga


(electrão neste caso)

Características geométricas do condutor


(Resistência aumenta com L e diminui com A) – o
exemplo de uma estrada

Unidades  Volt por Ampere  Ohm   

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Lei de Ohm

Atrás foi indicado

É razoável admitir que J é proporcional a E  acção  : J  Constante  E Constante  Condutividade Eléctrica  

J = E
Na verdade trata-se da forma diferencial da Lei de Ohm e uma das três relações auxiliares das Equações de Maxwell

D=E   Permtividade Eléctrica


1
H= B   Permeabilidade Magnética
   Condutividade Eléctrica
J = E

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Lei de Ohm

J   ne  vdeslocamento  
Sendo:
vdeslocamento  E
J E  ne 

Os electrões de condução num metal adquirem uma velocidade de deslocamento


constante (valor médio) como resultado do campo eléctrico externo aplicado

Resultado diferente do que aconteceria se os electrões fossem actuados pelo campo eléctrico no vazio

eE eE
F  eE  a   v t   t Deste modo pode-se concluir que num condutor
me me

Imperfeições da rede atómica do material + agitação térmica dos átomos

Efeito semelhante a uma força de atrito Velocidade final constante

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Lei de Ohm

L Considerando as equações:

I  JA
V  L 
E J  E
v deslocamento L  RA 
J V  RI
V
Sendo J E tem-se

L 1
  Condutividade Electrica  Definindo-se a resistividade eléctrica como  obtém-se
RA 

RA L
 R  prata  1.62 108 m
L A silica  2.5 103 m
cobre  1.69 108 m silica dopada  2 103 m
aluminio  2.75 108 m
vidro  1012 m
 ferro  9.68 10 m
8

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Lei de Ohm

Quais as condições de validade da Lei de Ohm?

 L  m  u
1 R  Resistencia do condutor  2   e2 
V  RI  I  V  A  ne  d
R
A acção é devida ao campo eléctrico E, ou seja à diferença de potencial V
Acção
Reacção
A constante de proporcionalidade que medeia a reacção a partir de uma
determinada acção é independente dessa acção

Ou seja: R é independente de E  Uma indicação de que o campo E apenas introduz uma perturbação
residual ao movimento dos electrões

v  valeatório  vdeslocamento  valeatório

A situação altera-se quando são aplicados campos eléctricos muito intensos, por exemplo campos associados
a radiação laser de alta intensidade. Nesses casos
R dependente de E

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Força Electromotriz
Força Electromotriz é um conceito associado a geradores, particularmente baterias

O que é que significa?


dq  Fracção de carga (em movimento) que contribui para a corrente I

I
A Fora do gerador: dq vai do terminal “+” para o terminal “-”
dq

Gerador R dq atinge o terminal B  o gerador transporta essa carga

(contra a acção da força eléctrica) para o terminal A
B

A energia necessária é fornecida pela pilha (gerador) à custa do consumo de energia mecânica, química, etc.

Sendo: dW  Energia gasta pelo gerador ao transportar dq de B para A: Joule


  Volt
Coulomb

dW Energia que o gerador transfere para a unidade de carga


Forca Electromotriz do Gerador    eléctrica para ser transportada do ponto B para o ponto A
dq

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Força Electromotriz

I
Pela Lei de Ohm: V  RI
A A diferença de potencial entre A e B é também V:
dq

Gerador R V VAB  VA  VB  RI

B Assim, quando uma carga dq (positiva) vai de A para B
por fora do gerador a sua energia potencial eléctrica, que
é dqV, é convertida em energia térmica na resistência

Quando a carga dq vai de B para A por dentro do gerador, sobe de potencial, pelo que ganha uma
energia potencial eléctrica (obtida à custa da energia interna do gerador):

E pot  B A  dqV Mas quando dq vai de B para A, esta não é a única energia gasta pelo
gerador; há também energia que é perdida devido a colisões de dq com
a estrutura atómica/molecular do gerador. Considere-se essa energia
como EAtrito dq  . Assim, a energia gasta pelo gerador para dq passar de B
para A é:

Se dq é a unidade de carga dWB A   , donde


dWB A  E pot  B A,dq   EAtrito dq 
  E pot  B A,unidade de carga   EAtritounidade de carga 
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Força Electromotriz

  E pot  B A,unidade de carga   EAtritounidade de carga  Como E pot  B A,dq   dqV, considerando a
unidade de carga tem-se:

E pot  B A  V  RI pelo que   RI  EAtritounidade de carga 

Considerando esta equação, é conveniente estabelecer: EAtritounidade de carga  Rin I

onde Rin se designa a resistência interna do gerador, modelizando o gasto de energia que o gerador
tem que disponibilizar para ultrapassar o efeito do “atrito” quando a unidade de carga passa de B
para A. Assim:

  RI  Rin I  I  R  Rin  Isto mostra que nem toda a força electromotriz está disponível
para se constituir como tensão eléctrica a actuar no circuito
exterior. Uma parte é gasta para vencer o atrito, resultando
num aumento da temperatura do gerador

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Força Electromotriz

Boas pilhas
Bateria de 1.5 V de força electromotriz, com uma resistência interna de 20 

Liga-se a um circuito, verificando-se que da pilha sai uma corrente de 10 mA.


A tensão útil aplicada ao circuito é

Pilhas …. 1.5V  10 103 A  20   1.3 V


Pilhas com resistência interna de 100 

Liga-se a um circuito, verificando-se que da pilha sai uma corrente de 10 mA.


A tensão útil aplicada ao circuito é
1.5V  10 103 A 100   0.5 V
(rapidamente a corrente desce abaixo de 10 mA…)

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