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FÍSICA – ELETRICIDADE

AULA 3

Profª Fernanda Fonseca


CONVERSA INICIAL

Ao estudarmos a Eletricidade, não podemos deixar de analisar o


funcionamento de equipamentos que fazem parte do nosso cotidiano. O
desenvolvimento tecnológico atual, que explora diferentes formas de mídia e nos
mantém conectados ao mundo e as informações, explora os fenômenos elétricos
criando dispositivos e equipamentos de forma a promover uma rápida evolução
da tecnologia, muitas vezes difícil de acompanhar. No entanto, as tendências
atuais mostram a necessidade de compreendermos o funcionamento e os
processos dessas tecnologias, cada vez mais interativas e conectadas umas às
outras. Esse movimento dinâmico que hoje se mostra como uma revolução tem
causado mudanças não apenas em setores industriais e setores de tecnologias
de informação, mas tem gerado profundas marcas sociais, culturais e
econômicas por todo o mundo.
Nesta aula vamos aprender como o movimento de cargas permite o
funcionamento de dispositivos eletrônicos como os resistores elétricos, e quais
os efeitos dessa corrente elétrica. Veremos também como analisar e trabalhar
com circuitos de corrente contínua envolvendo resistores e capacitores.

TEMA 1 – CORRENTE ELÉTRICA

Um condutor imerso em região de campo elétrico causa um movimento


de cargas elétricas em seu interior decorrente da força elétrica que atua sobre
elas. Esse movimento de cargas é denominado corrente elétrica. Essas cargas,
diferentemente do movimento no espaço vazio, movem-se no condutor,
chocando-se com partículas fixas, sofrendo desvios e transmitindo energia
nesse processo. Podemos então definir uma velocidade média de movimento,
chamada velocidade de deriva.
As colisões entre as cargas elétricas e as partículas do condutor causam
o aumento da temperatura do material devido à transmissão da energia cinética
durante o choque, causando um aquecimento do material. Esse feito recebe o
nome de efeito Joule.
A corrente elétrica é definida como é um fluxo de carga. A corrente elétrica
é uma taxa de transmissão de cargas elétrica no tempo, podendo ser
determinada matematicamente pela Equação 1:

2
∆𝑞 𝑑𝑞
𝑖= ⇔ 𝑖= (1)
∆𝑡 𝑑𝑡

Em que q é a quantidade de carga elétrica que atravessa uma seção


transversal de referência em um condutor, t é o intervalo de tempo, e i é a
intensidade da corrente elétrica. A intensidade da corrente elétrica é medida em
ampere, unidade equivalente ao coulomb por segundo. Essa unidade recebe
esse nome por causa de André Marie Ampère, físico e matemático francês que
fundou a Eletrodinâmica (Ribeiro, 2014).

𝐶
1 =1𝐴
𝑠

Figura 1 – Cargas em movimento em um fio condutor

Fonte: Adaptado de Universia, S.d.

Em função da velocidade de deriva vd, podemos definir que a intensidade


da corrente elétrica é dada pela Equação 2. Quando uma carga elétrica q
atravessa o condutor cilíndrico de volume V com uma taxa n de elétrons livres
por unidade de volume, teremos que:

∆𝑞 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑉

O volume do cilindro é dado pelo produto entre a área da seção


transversal e o comprimento do condutor, por isso:

𝑉 =𝐿∙𝐴
∆𝑞 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝐿 ∙ 𝐴

3
A velocidade de deriva pode ser determinada pela razão entre
comprimento do condutor L e o intervalo de tempo t.

𝐿
𝑣𝑑 = ⇔ 𝐿 = 𝑣𝑑 ∙ ∆𝑡
∆𝑡
∆𝑞 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑 ∙ ∆𝑡 ∙ 𝐴

Para determinar a intensidade de corrente elétrica:

∆𝑞 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑 ∙ ∆𝑡 ∙ 𝐴
𝑖= =
∆𝑡 ∆𝑡
𝑖 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑 ∙ 𝐴 (2)

Podemos, assim, também definir uma grandeza vetorial chamada


densidade de corrente elétrica J, que mede a intensidade de corrente elétrica por
unidade de área transversal e que indica o sentido do fluxo de cargas no
condutor.

𝑖
𝐽= = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑 ⇔ 𝐽⃗ = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑣𝑑 (3)
𝐴

Observe que a densidade de corrente apresenta mesma direção e sentido


do vetor velocidade de deriva. A corrente elétrica é constituída, de forma real,
pelo movimento de elétrons (que se opõe ao sentido do campo elétrico). Mas
adotamos como sentido da densidade da corrente um sentido convencional
(como de cargas positivas em movimento) que segue no mesmo sentido do
campo elétrico que move essas cargas.
Exemplo 1: um fio de cobre de 5 mm de diâmetro transmite uma corrente
elétrica de 2,0 A. Considerando para cada átomo de cobre há um elétron livre, e
que o cobre possui 8,47 ∙ 1028 á𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠/𝑚³, determine a velocidade de deriva
desses elétrons.
Resolução: observe que o fio de D=5 mm de diâmetro tem área de seção
circular dada por:

D 2
A=π∙( )
2

Em que D⁄2 é a metade do diâmetro, ou seja, o raio da área circular.


Convertendo a medição do diâmetro para metro (D = 5 ∙ 10−3 m), podemos
definir que a área da seção é:

4
2
5 ∙ 10−3 𝑚
𝐴 =𝜋∙( )
2
𝐴 = 3,927 ∙ 10−5 𝑚²

Como a relação entre a intensidade da corrente elétrica i=2,0 A e a


velocidade de deriva vd dos elétrons é dada pela Equação 2, e sabendo que para
o cobre n = 8,47 ∙ 1028 elétrons/m³,

𝑖
𝑖 = 𝑛 ∙ 𝑒 ∙ 𝑣𝑑 ∙ 𝐴 ⇔ 𝑣𝑑 =
𝑛∙𝑒∙𝐴
2,0𝐴
𝑣𝑑 =
(8,47 ∙ 1028 𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑜𝑛𝑠/𝑚³)(1,602 ∙ 10−19 𝐶)(3,927 ∙ 10−5 𝑚2 )
𝑣𝑑 = 3,76 ∙ 10−6 𝑚/𝑠

Logo, a velocidade de deriva dos elétrons livre é de 3,76 ∙ 10−6 m/s.

Observe que em metais as partículas que se movem gerando uma


corrente elétrica são os elétrons (partículas negativas). Mas eu um gás ionizado,
movem-se elétrons e íons positivos. Já em materiais semicondutores, os elétrons
movem-se, mas os buracos criados pelo movimento dessas partículas
comportam-se como cargas positivas. O que adotamos como uma corrente
convencional é o sentido de movimento de cargas positivas.

TEMA 2 – RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Quando uma corrente elétrica é transmitida por um condutor, os elétrons


livres movem-se chocando-se com partículas fixas ou mesmo com outros
elétrons que compõem o material do objeto. Esses choques, além de causarem
o aquecimento do condutor devido à transmissão de energia, criam uma
resistência ao movimento dos elétrons, denominada resistência elétrica.
George Simon Ohm, físico alemão “descobridor dos fundamentos da
eletrocinética, que estuda as correntes elétricas em movimento” (Costa, 2013, p.
6), após ter conhecimento dos trabalhos de Fourier sobre fluxo de calor, resolveu
estudar melhor os efeitos elétricos fazendo analogias com a lei de Fourier para
condução de calor. Inicialmente analisou circuitos compostos por vários
condutores de comprimentos diferentes e de mesmo diâmetro, ligados a uma
pilha voltaica (pilha que permitiam a produção de correntes elétricas constantes
– corrente contínua). Medindo a corrente elétrica em cada condutor, Ohm

5
percebeu que havia uma relação entre a intensidade da corrente elétrica e o
comprimento do condutor. Ele percebeu que uma “perda de força” (analisada a
partir da alteração na corrente elétrica) ocorria de acordo com as dimensões do
condutor. Com esse estudo, Ohm conclui que a resistência elétrica dependia da
geometria e do material que compunha o condutor. O conceito de força
eletromotriz (FEM) foi inserido por Ohm para explanar a ideia de tensão elétrica
já utilizada por Benjamin Franklin anteriormente (Rocha, 2002).
Um resistor fixo é representado graficamente em um circuito como mostra
a Figura 2. Mas alguns tipos de resistores de resistência variável têm sua
representação diferenciada.

Figura 2 – Representação de resistores elétricos

Resistores Variáveis podem ser utilizados como divisores de tensão.


Esses resistores são chamados potenciômetros, e permitem variar a tensão em
diferentes partes ou dispositivos do circuito de acordo com a resistência elétrica
ajustada.

2.1 Leis de Ohm

A relação linear entre a tensão elétrica V aplicada nas extremidades e a


intensidade da corrente elétrica i que atravessa um condutor foi relacionada à
resistência elétrica R pelo que chamamos de Primeira Lei de Ohm (Equação 4).

𝑉 =𝑅∙𝑖 (4)

6
A resistência elétrica tem como unidade o Ohm representado pela letra
grega ômega ().
A variação das dimensões do condutor é relacionada à resistência elétrica
pela Segunda Leis de Ohm (Equação 5). A resistência elétrica R é diretamente
proporcional ao comprimento do condutor L, mas é inversamente proporcional à
área da seção transversal A desse (vide Figura 1).

𝜌∙𝐿
𝑅= (5)
𝐴

A grandeza física representada pela letra grega rô ( ) informa a


resistividade elétrica do material que compõe o condutor.
Exemplo 2: em um fio de cobre, de 100 m de comprimento e diâmetro de
10 mm, é aplicada uma tensão de 127 V. Qual a corrente elétrica que atravessará
esse fio? Considere a resistividade do cobre 𝜌 = 1,72 ∙ 10−8 Ω ∙ 𝑚.
Resolução: para determinar a resistência elétrica desse fio de
comprimento L=100 m, é necessário utilizar a Equação 5.

𝜌𝐿
𝑅=
𝐴

A área da seção transversal do fio é dada por

𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = 10 ∙ 10−3 𝑚 → 𝑟 = 5 ∙ 10−3 𝑚


𝐴 = 𝜋 ∙ 𝑟2
𝐴 = 𝜋 ∙ (5 ∙ 10−3 𝑚)2
𝐴 = 7,85 ∙ 10−5 𝑚²

Logo:

(1,72 ∙ 10−8 Ω ∙ 𝑚)(100 𝑚)


𝑅=
7,85 ∙ 10−5 𝑚2
𝑅 = 2,19 ∙ 10−2 Ω

2.2 Resistividade elétrica

A resistividade elétrica é uma grandeza que informa a intensidade de um


campo elétrico para estabelecer uma densidade de corrente elétrica em um dado
corpo. Isso significa que quanto maior a resistividade, maior a intensidade do
campo elétrico necessária para causar uma corrente elétrica determinada

7
através de uma área do condutor. Ou seja, podemos definir a resistividade
elétrica  pela Equação 6, em que J é a densidade de corrente elétrica e E
representa o campo elétrico no condutor.

𝐸
𝐸⃗⃗ = 𝜌𝐽⃗ ⇒ 𝜌= (6)
𝐽

Após a publicação dos trabalhos de Ohm, Heinrich F. E. Lenz (físico


russo) percebeu que a resistência do fio condutor metálico variava com a
mudança de temperatura. De forma mais específica, Lenz percebeu que a
resistência dos condutores metálicos aumentava com o aumento da temperatura
(Rocha, 2002).
Isso ocorre devido à variação da resistividade do material com a
temperatura. A resistividade de todos os condutores metálicos cresce com o
aumento da temperatura. Essa relação pode ser observada pela Equação 7, em
que a resistividade é relacionada com a variação de temperatura (T) e o
coeficiente de temperatura da resistividade do material ().

𝜌 = 𝜌0 [1 + 𝛼 ∙ ∆𝑇] (7)

Em que 0 representa a resistividade do material em uma temperatura T0,


e  representa a resistividade do material em uma temperatura T. A resistividade
elétrica tem como unidade o ohm-metro (m).
Diversos materiais apresentam propriedades de supercondutividade.
Nesses casos, à medida que a temperatura baixa, a resistividade diminui de
forma regular, até atingir uma temperatura crítica, na qual a resistividade cai
bruscamente até se tornar nula. Em materiais classificados como
semicondutores, a resistividade do material cai rapidamente com o aumento da
temperatura. Podemos observar o comportamento de materiais condutores
metálicos comuns, de metais supercondutores, ligas ou compostos, e de
materiais semicondutores na Figura 3.

8
Figura 3 – Gráfico da resistividade versus temperatura para metais comuns,
supercondutores e semicondutores

Os semicondutores formam uma classe intermediária entre os metais e


os isolantes, sendo importantes por serem sensíveis à variação da temperatura
e à quantidade de impurezas (Young; Freedman, 2015).
Podemos observar alguns valores de resistividade elétrica e coeficiente
de temperatura para alguns materiais na Tabela 1.

Tabela 1 – Resistividade a 20 °C e coeficientes de temperatura de resistividade

RESISTIVIDADE COEFICIENTE DE
SUBSTÂNCIA TEMPERATURA DA
ELÉTRICA (m) RESISTIVIDADE (°C-1)
CONDUTORES
Prata 1,47 ∙ 10−8 0,0038
−8
Cobre 1,72 ∙ 10 0,00393
Alumínio 2,63 ∙ 10−8 0,0039
Metais
Tungstênio 5,51 ∙ 10−8 0,0045
−8
Ferro 9,68 ∙ 10 0,0050
−7
Chumbo 2,2 ∙ 10 0,0043
Manganino 44 ∙ 10−8 0,0000
Ligas Constantan 49 ∙ 10−8 +0,000002
Nicrômio 100 ∙ 10−8 0,0004
SEMICONDUTORES
Carbono 3,5 ∙ 10−5 -0,0005
Puro Germânio 0,60 -0,0048
Silício 2300 -0,0075
ISOLANTES
Âmbar 5 ∙ 1014 -
Vidro 1010 − 1014 -
Lucita > 1013 -
Mica 1011 − 1015 -
16
Quartzo (fundido) 75 ∙ 10 -
15
Enxofre 10 -
13
Teflon > 10
Madeira 108 − 1011

9
O inverso da resistividade elétrica de um material é denominado
condutividade (Equação 8). A condutividade  tem como unidade de medida
(m)-1.

1
𝜎= (7)
𝜌

Exemplo 3: um estudante de engenharia analisa a resistência elétrica de


um filamento de tungstênio de 2 cm e seção transversal circular de raio 0,25 mm.

a. Qual a resistência elétrica desse filamento à 20 °C?


b. Qual a resistência elétrica desse filamento à 1500 °C?

Resolução: veja que para o tungstênio à uma temperatura T0 = 20 °C, a


resistividade e o coeficiente de temperatura são, respectivamente:

𝜌0 = 5,5 ∙ 10−8 Ω ∙ 𝑚
𝛼 = 0,0045 °𝐶 −1

a. Para determinar a resistência elétrica desse filamento de comprimento


L=2 cm, é necessário conhecer a área da seção transversal A de raio
r=0,25 mm.

𝐿 = 2 ∙ 10−2 𝑚
𝑟 = 0,25 ∙ 10−3 𝑚

𝐴 = 𝜋 ∙ 𝑟2
𝐴 = 𝜋 ∙ (0,25 ∙ 10−3 )2
𝐴 = 1,96 ∙ 10−7 𝑚²

A resistência elétrica nesse caso é dada pela Equação 5.

𝜌0 𝐿
𝑅0 =
𝐴
(5,5 ∙ 10−8 Ω ∙ 𝑚)(2 ∙ 10−2 𝑚)
𝑅0 =
1,96 ∙ 10−7 𝑚2
𝑅0 = 5,61 ∙ 10−3 Ω

b. Para determinar a resistência elétrica a uma temperatura de T=1500 °C,


é necessário conhecer a resistividade do tungstênio nessa temperatura
pela Equação 7.

10
𝐿
𝜌 = 𝜌0 [1 + 𝛼 ∙ ∆𝑇] → 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑟
𝐴
𝐿 𝐿
𝜌∙ = 𝜌0 ∙ ∙ [1 + 𝛼 ∙ ∆𝑇]
𝐴 𝐴
𝑅 = 𝑅0 [1 + 𝛼 ∙ ∆𝑇]
𝑅 = (5,61 ∙ 10−3 Ω)[1 + (0,0045 °𝐶 −1 ) ∙ (1500 °𝐶 − 20 °𝐶)]
𝑅 = 43,0 ∙ 10−3 Ω

Observe que com o aumento da temperatura, houve um aumento da


resistência elétrica.

2.3 Materiais ôhmicos e não ôhmicos

Alguns dispositivos resistivos apresentam uma relação linear entre a


tensão aplicada e a intensidade da corrente elétrica. Nesses casos, a resistência
é constante. Diferentemente de dispositivos, cuja resistência elétrica muda com
a ddp aplicada, causando assim alterações na intensidade da corrente que o
atravessa de forma não linear (Figura 4).

Figura 4 – Gráficos da Tensão elétrica em função da intensidade da corrente


elétrica em um resistor ôhmico em e um resistor não ôhmico

Veja que nos resistores ôhmicos, a reta que representa a relação entre a
tensão elétrica V e a intensidade da corrente elétrica i tem como coeficiente
angular o valor da resistência elétrica do dispositivo. Isso significa que o resistor
obedece a lei de Ohm (Young; Freedman, 2015).

𝑉 𝑉
𝑐𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 = ⇒ =𝑅
𝑖 𝑖
Para os resistores não ôhmicos, o coeficiente angular da reta tangente em
cada ponto da função do gráfico permite determinar a resistência elétrica do

11
dispositivo para as condições de tensão V e intensidade de corrente elétrica i
específicas do ponto.

2.4 Força eletromotriz (FEM)

Qualquer dispositivo que proporcione energia elétrica é uma fonte de força


eletromotriz (FEM) (Tipler, 2000), como baterias e geradores. Essas fontes
realizam um trabalho sobre as cargas, de forma que aumentem sua energia
potencial. Esse trabalho por unidade de carga é o que denominamos como FEM
() da fonte, medida em volt.
Em uma situação ideal, uma fonte deve fornecer uma ddp constante,
independentemente da corrente elétrica que proporcione. Essa ddp é igual a
FEM fornecida pela fonte ideal. No entanto, fontes reais a ddp fornecida são
diferentes da FEM da fonte. Observamos que a ddp fornecida ao circuito diminui
à medida que a corrente aumenta, devido a uma resistência interna r da fonte.

2.5 Potência elétrica

Ao observamos o funcionamento de um resistor elétrico, o efeito Joule


caracteriza a conversão da energia das cargas elétricas em movimento (corrente
elétrica) em energia térmica devido a choques com outras partículas no interior
do condutor. Em decorrência ao campo elétrico que atua sobre as cargas, estas
são aceleradas, o que gera uma perda de energia potencial dessas cargas
elétricas dada por:

−∆𝑈 = 𝑄 ∙ 𝑉

A taxa de variação dessa perda de energia potencial elétrica no tempo é


o que denominamos como potência elétrica dissipada, dada pela Equação 8.

−∆𝑈 𝑄 ∙ 𝑉
𝑃= =
∆𝑡 ∆𝑡
𝑃 =𝑖∙𝑉 (8)

Para resistores, a equação que define a potência elétrica dissipada para


resistores pode ser escrita de formas equivalentes em função da resistência
elétrica (Equação 9).

12
𝑉2
𝑃 = 𝑖 ∙ 𝑉 = 𝑖2 ∙ 𝑅 = (9)
𝑅

Lembre-se que a potência é medida em joule por segundo, que


chamamos de watt.

1 𝐽⁄𝑠 = 1𝑊

Exemplo 4: qual será a corrente elétrica de operação e a resistência


elétrica de um aquecedor elétrico de 5000 W é projetado para operar a 254 V?
Considere que a resistência elétrica permanece constante.
Resolução: para determinar a corrente elétrica de operação i e a
resistência elétrica do aquecedor, podemos utilizar a Equação 9.

𝑃 = 5000 𝑊
𝑉 = 254 𝑉

𝑃
𝑃 =𝑖∙𝑉 ⇔ 𝑖 =
𝑉
5000 𝑊
𝑖=
254 𝑉
𝑖 = 19,69 𝐴

𝑉2 𝑉2
𝑃= ⇔ 𝑅=
𝑅 𝑃
(254 𝑉)2
𝑅=
5000 𝑊
𝑅 = 12,9 Ω

TEMA 3 – ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES

Em circuitos elétricos, podemos associar resistores de duas formas: em


série ou em paralelo. Ou ainda utilizar esses dois tipos de associação no mesmo
circuito, ao que denominamos associação mista.
Esses tipos de combinação de resistores permitem uma análise
simplificada quando substituímos os resistores associados por um resistor
equivalente (como já estudamos nos casos de associação de capacitores).

13
3.1 Associação de resistores em série

A combinação de resistores em série ocorre quando resistores são ligados


em sequência (Figura 5).

Figura 5 – Associação de resistores em série

Nesse tipo de associação, a corrente elétrica que atravessa os resistores


é a mesma. Consequentemente, a queda de potencial em cada resistor
dependerá da resistência elétrica de cada elemento resistivo. A soma das
quedas de potencial de todos os resistores associados em série equivale a ddp
aplicada nos terminais do circuito (Young; Freedman, 2015; Tipler, 2000;
Halliday; Resnick; Walker, 1996).

𝑖 = 𝑖1 = 𝑖2 = 𝑖3 = ⋯
𝑉 = 𝑉1 + 𝑉2 + 𝑉3 + ⋯

Por esse motivo, resistência equivalente do circuito é dada pela soma da


resistência elétrica de cada resistor associado em série (Equação 10).

𝑉 = 𝑉1 + 𝑉2 + 𝑉3 + ⋯
𝑖 ∙ 𝑅𝑒𝑞 = 𝑖 ∙ 𝑅1 + 𝑖 ∙ 𝑅2 + 𝑖 ∙ 𝑅3 + ⋯

𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 + ⋯ (10)

Exemplo 5: uma sequência de 40 lâmpadas associadas em série


transmite uma corrente elétrica de 2,5 mA quando ligada a uma ddp de 12 V em
seus terminais. Se todas as lâmpadas possuem a mesma resistência elétrica R,
qual será o valor da resistência de cada lâmpada?
Resolução: veja que a associação em série de 40 lâmpadas de
resistência RL pode ser definida a partir da Equação 10.

𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3 + ⋯ → 𝑅𝑒𝑞 = 40 ∙ 𝑅𝐿

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Pela Lei do Ohm (Equação 4), teremos que:

𝑉
𝑉 = 𝑅𝑒𝑞 ∙ 𝑖 ⇔ 𝑅𝑒𝑞 =
𝑖

𝑉 = 120 𝑉
𝑖 = 2,5 𝑚𝐴 → 𝑖 = 2,5 ∙ 10−3 𝐴

12 𝑉
𝑅𝑒𝑞 =
2,5 ∙ 10−3 𝐴
𝑅𝑒𝑞 = 4,8 ∙ 103 𝛺

Essa é a resistência equivalente da associação das 40 lâmpadas. Nesse


caso, cada lâmpada possui uma resistência de:

4,8 ∙ 103 𝛺 = 40 ∙ 𝑅𝐿
4,8 ∙ 103 Ω
𝑅𝐿 =
40
𝑅𝐿 = 120 Ω

3.2 Associação de resistores em paralelo

A combinação de resistores em paralelo ocorre quando resistores são


ligados nos mesmos terminais (Figura 6).

Figura 6 – Associação de resistores em paralelo

Nesse tipo de associação, a ddp entre os terminais de cada resistor é o


mesmo. Consequentemente, a intensidade da corrente elétrica que passa por
cada resistor dependerá da resistência elétrica de cada elemento resistivo. A
soma das intensidades de corrente elétrica de todos os resistores associados

15
em paralelo equivale a corrente elétrica que atravessa o circuito (Young;
Freedman, 2015; Tipler, 2000; Halliday; Resnick; Walker, 1996).

𝑉 = 𝑉1 = 𝑉2 = 𝑉3 = ⋯
𝑖 = 𝑖1 + 𝑖2 + 𝑖3 + ⋯

Por esse motivo, o inverso da resistência equivalente do circuito é dado


pela soma dos inversos da resistência elétrica de cada resistor associado em
paralelo (Equação 11).

𝑖 = 𝑖1 + 𝑖2 + 𝑖3 + ⋯
𝑉 𝑉 𝑉 𝑉
= + + +⋯
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅3

1 1 1 1
= + + +⋯ (11)
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅3

No caso de apenas dois resistores associados em paralelo, a Equação 11


pode ser reescrita pela Equação 12.

𝑅1 ∙ 𝑅2
𝑅𝑒𝑞 = (12)
𝑅1 + 𝑅2

Exemplo 6: lâmpadas de resistência elétrica R e potência de 500 W são


associadas em paralelo. Ao aplicar uma ddp de 127 V nos terminais do circuito,
a corrente que o atravessa é de 15 A. Quantas lâmpadas são associadas no
circuito?
Resolução: conforme a Equação 11, uma associação em paralelo de n
resistores apresentará uma resistência equivalente dada por:

1 1 1 1 1 1
      ...
Req R R R R R
1 n R
 n
Req R Req

Como a potência de cada lâmpada P=500 W, podemos definir pela


Equação 9 que:

16
V² V²
P R
R P
127V 
2

R
500W
R  32,258 

Pela Lei do Ohm (Equação 4),

V
V  Req  i  Req 
i
127V
Req 
15 A
Req  8

Ou seja,

R
n
Req
32,258 
n
8
n  4,0

São associadas quatro lâmpadas no circuito.

3.3 Associação de resistores mista

Nas associações mistas, os resistores são associados em série e em


paralelo. Nesse tipo de associação, as resistências equivalentes são
determinadas em cada arranjo em série e em paralelo, até reduzir o circuito a
uma associação simples em série ou em paralelo, o que permitirá determinar a
resistência equivalente do circuito (Young; Freedman, 2015).
Exemplo 7: o esquema da Figura 7a apresenta um pequeno circuito
elétrico com resistores associados de forma mista. Determine a resistência
equivalente do circuito.

17
Figura 7a – Circuito do Exemplo 7

Resolução: primeiramente, é necessário identificar os diferentes tipos de


associação de resistores do circuito.

Figura 7b – Circuito do Exemplo 7 – Resolução

Observe que R1 representa uma associação em paralelo, cujo valor de R1


é de:

1 1 1
 
R1 5,0 10
1 21

R1 10
1 3

R1 10
R1  3,33

Já a associação R2 é uma ligação em série de R1 e o resistor de 2,0 .

18
R2  R1  2,0
R2  3,33  2,0
R2  5,33

A associação R3 caracteriza uma associação em série, sendo dada por:

R3  3,0   4,0 
R3  7,0 

Como a associação de R2 e R3 é uma ligação em paralelo, a resistência


equivalente do circuito é dada por:

1 1 1
 
Req R2 R3
1 1 1
 
Req 5,33 7,0 
Req  3,0 

A resistência equivalente desse circuito é de 3,0 .

TEMA 4 – CIRCUITOS ELÉTRICOS DE CORRENTE CONTÍNUA

Os circuitos de corrente contínua são aqueles em que as fontes de FEM


são constantes, e, consequentemente, geram correntes elétricas de intensidade
constante nos diferentes arranjos que compõem o circuito.
Nem todos os circuitos podem ser analisados apenas pela substituição de
resistores equivalentes das associações em série e em paralelo. Circuitos
compostos por malhas que compõem uma rede podem ser analisados pelas leis
criadas pelo físico alemão Gustav Robert Kirchhoff.

4.1 Leis de Kirchhoff

A primeira regra de Kirchhoff é chamada Lei dos Nós que deriva da


conservação da carga. A Lei dos Nós enuncia que: a soma da intensidade das
correntes elétricas que chegam a um nó é igual a soma da intensidade das
correntes elétricas que saem do nó, em qualquer nó do circuito.

19
Figura 8 – Lei dos Nós

Veja que essa lei pode ser descrita pela Equação 13.

∑ 𝑖𝑐ℎ𝑒𝑔𝑎𝑚 = ∑ 𝑖𝑠𝑎𝑒𝑚 (13)

A segunda regra de Kirchhoff é chamada de Lei das Malhas. Essa lei


enuncia que: a soma algébrica das variações de potencial geradas pelos
elementos que compõem uma malha fechada é nula.

Figura 9 – Lei das Malhas

Veja que essa lei pode ser descrita pela Equação 14.

∑𝑉 = 0 (14)

20
Para circuitos com mais de uma malha, é necessário utilizar as duas leis.
Quando adotamos o sentido de uma malha, as quedas e os aumentos de
potencial são definidos pelo sentido da malha e da corrente elétrica nos
elementos do circuito. Quando a malha atravessa uma fonte, entrando pelo polo
negativo e saindo pelo polo positivo, caracteriza aumento de potencial. No caso
contrário, quando a malha atravessa uma fonte entrando pelo polo positivo e
saindo pelo polo negativo, caracteriza queda de potencial. No caso de resistores,
quando a corrente elétrica sugerida segue o mesmo sentido da malha, o resistor
causa uma queda de potencial. E quando a corrente elétrica sugerida segue o
sentido contrário ao da malha, o resistor causa um aumento de potencial. Veja
no exemplo.
Exemplo 8: um aluno de engenharia precisa analisar o circuito elétrico
dado pela Figura 10a, e identificar a intensidade da corrente elétrica que passa
em cada ramo do circuito e a ddp entre os pontos a e b do circuito. Determine a
intensidade das correntes e a ddp que o aluno precisa descobrir.

Figura 10a – Circuito Elétrico do Exemplo 10

Resolução: para analisar esse circuito, utilizaremos as Leis de Kirchhoff.


Obedecendo a Lei dos Nós, sugerimos o sentido das correntes elétricas em cada
ramo do circuito.

21
Figura 10b – Circuito Elétrico do Exemplo 10 – Resolução

Veja que, pela Lei dos Nós, tanto pelo nó a quanto pelo nó b chegamos a:

i1  i2  i3

Como precisamos de mais informações, utilizaremos a Lei das Malhas.


Podemos adotar qualquer malha fechada do circuito para a qual a soma dos
ganhos e quedas de potencial será nula.

MALHA INTERNA ESQUERDA - sentido anti-horário


6 ,0V  3,0   i3  1,0   i1  3,0V  1,0   i1  0
3,0V  2,0   i1  3,0   i3  0

MALHA INTERNA DIREITA - sentido anti-horário


6 ,0V  2,0   i2  3,0   i3  6 ,0V  1,0   i2  0
3,0   i2  3,0   i3  0

Veja que para as três equações encontradas, o valor de i1, i2 e i3 devem


ser iguais, logo, resolvendo o sistema de equações:

i1  i2  i3

3,0V  2,0   i1  3,0   i3  0
3,0   i  3,0   i  0
 2 3

i1  0,86 A
i2  0,43A
i3  0,43A

Ou seja, a intensidade das correntes elétricas em cada ramo são i 1=0,86


A e i2=i3=0,43 A.
22
Para determinas a ddp entre os pontos a e b, devemos supor que um
deles tenha potencial elétrico Vb=0 (ponto b).
Nesse caso, o potencial no ponto a será dado por:

Vb  6,0V  3,0  i3  Va
0  6,0V   3,0  0,43A   Va
Va  4,71V

Ou seja, a ddp entre os pontos a e b é:

Vab  Va  Vb
Vab  4,71V  0
Vab  4,71V

TEMA 5 – CIRCUITO RC

Um circuito RC é composto por um resistor elétrico e um capacitor. Esse


tipo de circuito permite a passagem de uma corrente elétrica variável no tempo,
em apenas um sentido. Uma fonte de tensão permite o carregamento do
capacitor. Depois de carregado, o capacitor descarrega por meio do resistor.
Podemos compreender melhor esse processo de carga e descarga do
capacitor no circuito pode ser melhor analisado por meio das Leis de Kirchhoff.

5.1 Descarregamento do capacitor

Um circuito simples composto por um resistor de resistência elétrica R e


um capacitor de capacitância elétrica C carregado é montado conforme a Figura
11.

Figura 11 – Circuito RC com capacitor carregado

23
Ao fecharmos a chave, fechamos o circuito, permitindo a passagem de
uma corrente elétrica i neste. A corrente é gerada pela ddp que atua sobre o
resistor, sendo provocada pelo deslocamento da carga elétrica Q0 armazenada
no capacitor. Essa corrente varia no tempo, sendo seu valor inicial i0 dado pela
razão entre a ddp inicial V0 e a resistência elétrica R do resistor.

𝑉0
𝑖0 =
𝑅

Essa ddp inicial é dada pelo acúmulo de cargas nas placas do capacitor,
sendo V0 dada por:

𝑄0
𝑄0 = 𝐶 ∙ 𝑉0 ⇔ 𝑉0 =
𝐶

Podemos, então, definir que a corrente elétrica inicial i0 é dada pela


Equação 14.
𝑄0⁄
𝐶 𝑄0
𝑖0 = ⇒ 𝑖0 = (14)
𝑅 𝑅∙𝐶
A corrente elétrica é uma taxa de variação da carga em função o tempo
(Equação 15).

𝑑𝑄
𝑖=− (15)
𝑑𝑡

Pelas Leis de Kirchhoff para o circuito, podemos definir a Equação 16 para


variação da carga elétrica Q do capacitor em função do tempo.

𝑉𝐶 − 𝑉𝑅 = 0
𝑄
−𝑖∙𝑅 =0
𝐶
𝑄 𝑑𝑄
− (− ) ∙ 𝑅 = 0
𝐶 𝑑𝑡
𝑄 𝑑𝑄
+ ∙𝑅 =0
𝐶 𝑑𝑡
1 1
𝑑𝑄 = − 𝑑𝑡
𝑄 𝑅𝐶
𝑄 𝑡
1 1
∫ 𝑑𝑄 = − ∫ 𝑑𝑡
𝑄0 𝑄 0 𝑅𝐶

𝑄 𝑡
𝑙𝑛 =−
𝑄0 𝑅𝐶
𝑡
𝑄(𝑡) = 𝑄0 ∙ 𝑒 − ⁄𝑅𝐶 (16)

24
Veja que essa descarga é uma função exponencial, que permite que
determinemos a variação da corrente elétrica no circuito em função do tempo
(Equação 17).

𝑑𝑄
𝑖=−
𝑑𝑡
𝑑 𝑡
𝑖=− (𝑄0 ∙ 𝑒 − ⁄𝑅𝐶 )
𝑑𝑡
𝑡
𝑖 = 𝑖0 ∙ 𝑒 − ⁄𝑅𝐶 (17)

Podemos observar que, após um intervalo de tempo 𝑡 = 𝑅𝐶, a carga Q


dada pela Equação 16, assim como a corrente i dada pela Equação 17, tem uma
redução exponencial de 1⁄𝑒. Chamamos esse produto da resistência pela
capacitância do circuito de constante de tempo  (Equação 18).

𝜏 = 𝑅𝐶 (18)

Podemos observar nos gráficos da Figura 12 a variação da carga elétrica


Q em função do tempo e a variação da corrente elétrica i em função do tempo.
Em ambos os casos, veja que se a carga elétrica e a corrente elétrica variassem
de forma linear, atingiram um valor nulo em um intervalo de tempo .

Figura 12 – Gráficos a carga elétrica e da corrente elétrica em função do tempo


para o descarregamento do circuito RC

5.2 Carregamento do capacitor

Em um circuito simples composto por um resistor de resistência elétrica


R, um capacitor de capacitância elétrica C e uma fonte de tensão , montado

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conforme a Figura 13, o capacitor (inicialmente descarregado Q0=0) é carregado
até adquirir uma carga elétrica Q.

Figura 13 – Circuito RC com capacitor sendo carregado por uma fonte de


tensão

Nesse circuito, a corrente elétrica i varia em função do tempo conforme a


Equação 19.

𝑑𝑄
𝑖=+ (19)
𝑑𝑡

Nesse caso, pelas Leis de Kirchhoff, poderemos definir que a carga


elétrica do capacitor varia em função do tempo segundo a Equação 20.

𝜀 − 𝑉𝑅 − 𝑉𝐶 = 0
𝑄
𝜀−𝑅∙𝑖−=0
𝐶
𝑑𝑄 𝑄
𝜀−𝑅∙ − =0
𝑑𝑡 𝐶
𝑑𝑡 𝑑𝑄
=
𝑅𝐶 𝜀𝐶 − 𝑄
𝑡 𝑄
𝑑𝑡 𝑑𝑄
∫ =∫
0 𝑅𝐶 0 𝜀𝐶 − 𝑄
𝑡 𝜀𝐶 − 𝑄
= −𝑙𝑛 ( ) × (−1)
𝑅𝐶 𝜀𝐶
𝑡 𝜀𝐶 − 𝑄
− = 𝑙𝑛 ( )
𝑅𝐶 𝜀𝐶
𝑡 𝜀𝐶 − 𝑄
𝑒 − ⁄𝑅𝐶 =
𝜀𝐶
𝑡 𝑡
𝑄(𝑡) = 𝜀𝐶 (1 − 𝑒 − ⁄𝑅𝐶 ) ⇔ 𝑄(𝑡) = 𝑄𝑓 (1 − 𝑒 − ⁄𝑅𝐶 ) (20)

26
Veja que a carga elétrica final do capacitor será dada pelo fator 𝑄𝑓 = 𝜀𝐶.
Inicialmente, a corrente elétrica no circuito é 𝑖0 = 𝜀⁄𝑅, tornando-se nula
quando o capacitor estiver totalmente carregado. Podemos definir a variação da
corrente elétrica em função do tempo pela Equação 21.

𝑑𝑄
𝑖=
𝑑𝑡
𝑑 𝑡
𝑖= ( 𝜀𝐶 (1 − 𝑒 − ⁄𝑅𝐶 ))
𝑑𝑡
𝜀 −𝑡⁄ 𝑡
𝑖= ∙ 𝑒 𝑅𝐶 ⇔ 𝑖 = 𝑖0 ∙ 𝑒 − ⁄𝑅𝐶 (21)
𝑅

Podemos observar nos gráficos da Figura 14 a variação da carga elétrica


Q em função do tempo e a variação da corrente elétrica i em função do tempo.
Em ambos os casos, veja que se a carga elétrica variasse de forma linear,
atingiria um valor máximo em um intervalo de tempo . Da mesma forma, se a
corrente elétrica decrescesse de forma linear, atingiria um valor máximo em um
intervalo de tempo .

Figura 14 – Gráficos a carga elétrica e da corrente elétrica em função do tempo


para o descarregamento do circuito RC

FINALIZANDO

Estudamos nesta aula o movimento de cargas elétricas e os efeitos das


correntes elétricas em resistores elétricos. Compreendemos como podemos
explorar as características resistivas desses dispositivos, e como podemos
analisar e projetar circuitos com associações de resistores.

27
Aprendemos também como trabalhar com circuitos fechados de corrente
contínua com redes de malhas, compostos por elementos resistivos e fontes de
tensão por meio das Leis de Kirchhoff. Além disso, analisamos o comportamento
de capacitores associados a resistores em seu processo de carga e descarga.

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REFERÊNCIAS

COSTA, S. I. N. Lei de Ohm. Relatório de estágio (Mestrado em Ensino de Física


e Química) – Universidade da Beira Interior, Covilhã, Portugal, 2013.

HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentos de física:


Eletromagnetismo. Tradução de, D. H. S. Sotero e G. B. Costamilan. 4. ed. Rio
de Janeiro: LTC, 1996. v. 3.

RIBEIRO, D. André-Marie Ampère. Revista de Ciência Elementar, v. 2, n. 2,


Porto, Casa das Ciências, 2014.

ROCHA, J. F. (Org.). Origens e evolução das ideias da física. Salvador:


Edufra, 2002.

TIPLER, P. A. Física para cientistas e engenheiros: eletricidade, magnetismo


e ótica. Tradução de, H. Macedo e R. Biasi. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora LTC,
2000.

YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física III, Sears e Zemansky:


Eletromagnetismo. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015.

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