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Fundamentos de

Eletricidade Básica e de
Instalações Elétricas
Hospitalares
FUNDAMENTOS DA ELET. BÁSICA E DE INST. ELÉTRICAS HOSPITALARES 1
Fundamentos de Eletricidade Básica e de Instalações Elétricas
Hospitalares

UNIDADE I

1.1 Definições E Unidades

Circuito elétrico é um conjunto de elementos elétricos (condutores de corrente elétrica)


interconectados de maneira ininterrupta. Além disso, é constituído por pelo menos
uma fonte de energia, uma carga e condutores que interligam os elementos elétricos.

Resistores, capacitores, indutores, transistores e amplificadores são exemplos destes


elementos, que podem ser combinados por interconexão de seus terminais de modo
a formar variados tipos de circuito, com diferentes níveis de complexidade. Um
exemplo simples de circuito elétrico é mostrado na Figura 1, onde a pilha é a fonte de
energia, os fios são os condutores elétricos e a lâmpada é a carga.

Figura 1. Exemplo de circuito elétrico

Para definir claramente um elemento de circuito, utilizam-se determinadas


quantidades associadas a ele, como a sua corrente elétrica, por exemplo. O
entendimento de todos quanto às grandezas utilizadas para definir os elementos deve
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convergir, e isso é possível adotando um sistema padrão de unidades. Atualmente,
existe o Sistema Internacional de Unidades (SI), adotado em 1960 pela Conferência
Geral de Pesos e Medidas, que define a corrente elétrica e outras grandezas. O SI é
utilizado pela maioria das sociedades de profissionais de Engenharia e autores. As
unidades fundamentais do SI são mostradas na Tabela 1.

Grandeza Unidade Símbolo


Corrente elétrica ampere A
Tempo segundo s
Temperatura termodinâmica kelvin K
Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Quantidade de matéria mol mol
Intensidade luminosa candela cd
Tabela 1. Unidades básicas do SI

Demais unidades, elétricas ou físicas, derivam das unidades básicas do SI. Por
exemplo, a análise da grandeza força, cuja unidade é Newton (N), demonstra a relação
de sua unidade com as unidades básicas do SI. Uma determinada força que age em
um corpo pode ser definida escalarmente por:

F=ma

Onde:
F é o módulo da força em Newton (N);
m é a massa do corpo (kg);
a é a aceleração impelida ao corpo (m/s2).

Assim, pode-se concluir que a unidade N (newton) é uma unidade derivada das
unidades básicas kg, m e s.

[𝑚]
[𝑁] = [𝑘𝑔] ( 2 )
[𝑠]

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Os múltiplos e submúltiplos decimais das unidades básicas e derivadas podem ser
representados através da combinação com determinados prefixos e símbolos. Na
Tabela 2 são apresentados os prefixos reconhecidos pela CGPM – Conferência Geral
de Pesos e Medidas, associados ao símbolo e à respectiva potência de base dez
comumente utilizados.

Prefixos do SI
Prefixo
n
Nome Símbolo 10
tera T 1012
giga G 109
mega M 106
quilo k 103
mili m 10-3
micro µ 10-6
nano n 10-9
pico p 10-12
Tabela 2. Prefixos do SI

Analisando a Tabela 2, nota-se que quando é dito, por exemplo, que a potência de
determinado equipamento é 10 kW, é o mesmo que dizer que a potência do
equipamento é 10 x 103 W = 10 x 1000 W = 10000W.

A unidade watt não consta na tabela, logo não é uma das unidades básicas do SI.
Porém, sabendo que watt, unidade fundamental de potência, equivale à velocidade na
qual um trabalho é realizado (definido como J/s), e 1 joule (J) é o trabalho realizado
por uma força de 1 N aplicada pela distância de 1 m, ou seja, 1 J = 1 N.m, podemos
escrever a unidade derivada watt em função das unidades básicas do SI.

[𝐽] [𝑁][𝑚] [𝑘𝑔][𝑚][𝑚] [𝑘𝑔][𝑚]2


[𝑊] = = = =
[𝑠] [𝑠] [𝑠][𝑠]2 [𝑠]3

O exemplo analisado mostrou que o prefixo k equivale à potência 103, uma


simplificação da representação do valor 1000 utilizando notação científica.

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A notação científica é uma forma de escrever valores muito grandes ou muito
pequenos com a utilização de potências de 10. Para escrever um número utilizando
notação científica, emprega-se o seguinte formato:

n x 10m
Onde:
n é um número real entre 1 e 10;
m é um número inteiro.

Para representar o número 0,000000000005, utiliza-se 5 x 10-12 através da aplicação


da notação científica.

1.2 Grandezas Elétricas

Um entendimento mais claro sobre circuitos elétricos é obtido quando se conhece o


conceito das principais grandezas elétricas como tensão, corrente, resistência e
potência. Essas grandezas sempre estão presentes em qualquer circuito elétrico e não
podem ser dissociadas.

1.2.1 Tensão Elétrica

A tensão elétrica é a diferença de potencial elétrico (d.d.p.) gerada entre dois pontos
quaisquer. Quanto maior for a diferença de elétrons entre os dois pontos, maior será
a diferença de potencial. Sempre que houver diferença de potencial entre dois pontos,
haverá passagem de cargas elétricas de um ponto para o outro.

Essa diferença é responsável por colocar em movimento ordenado as cargas elétricas


livres do meio condutor e pode representar tanto uma fonte de energia (força
eletromotriz) quanto uma queda de tensão. A unidade de tensão elétrica é o volt (V),
em homenagem ao físico italiano Alessandro Volta (1745-1827).

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1.2.2 Corrente Elétrica

A corrente elétrica é o fluxo ordenado de elétrons em um meio que surge a partir de


uma d.d.p. entre dois pontos. A unidade de corrente elétrica é o ampère (A) e a
grandeza é representada pela letra i. Um ampère (1 A) equivale a 6,2x1018 elétrons
atravessando a seção reta de um meio qualquer em um segundo. Esse mesmo número
de elétrons transporta uma carga elétrica igual a um Coulomb (1 C). Desta definição,
chamando essa carga de Q, podemos afirmar que a intensidade da corrente elétrica é
dada por:

∆𝑄
𝑖=
∆𝑇

O sentido real da corrente elétrica acontece do polo negativo para o positivo, como
ilustra a Figura 2. Entretanto, o sentido convencional é o sentido da corrente elétrica
que corresponde ao sentido do campo elétrico no interior do condutor, que vai do polo
positivo para o negativo. Sendo assim, os estudos e fórmulas consideram sempre o
sentido da corrente convencional, a menos que seja indicado o contrário.

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Figura 2. Sentidos da corrente elétrica

1.2.3 Resistência Elétrica

A resistência elétrica é a oposição oferecida por um elemento elétrico à passagem de


corrente através dele. O valor da resistência elétrica determina se um material é
isolante ou condutor; quanto maior a resistência elétrica, melhor isolante será o
material. Da mesma forma, quanto menor a resistência elétrica, melhor condutor será
o material em relação à corrente elétrica. Materiais condutores permitem que as
cargas, os elétrons, se movam com facilidade.

A unidade de resistência elétrica é o ohm (Ω), em homenagem ao físico alemão George


Ohm, e a grandeza é representada pela letra R. A resistência de um condutor de seção
reta e uniforme é diretamente proporcional ao seu comprimento e inversamente à área
da seção reta. A equação da resistência é:

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𝑙
𝑅=𝜌
𝐴

Onde:
R é a resistência elétrica, em Ω;
ρ é a resistência específica do material, em Ω.m;
l é o comprimento do resistor, em m;
A é a área da seção reta transversal do resistor, em m2.

Cada material resiste à corrente elétrica de uma maneira. Isso ocorre porque cada
material possui uma resistividade elétrica ρ diferente. O alumínio, por exemplo, é um
elemento que possui baixa resistividade, cerca de 2,82.10-8 Ω.m, enquanto o vidro
possui uma resistividade muito grande, podendo chegar a 1012Ω.m.

1.2.4 Potência Elétrica

Aparelhos elétricos de modo geral, ao receberem energia elétrica, transformam-na em


outra forma de energia. Por exemplo, no chuveiro elétrico, a energia elétrica é
transformada em energia térmica. A potência desenvolvida por um aparelho é dada
pela equação:

𝑃 = 𝑉𝑖

Onde:
P é a potência desenvolvida pelo aparelho em watt (W);
V é a diferença de potencial aplicada nos terminais do aparelho (V);
i é a corrente elétrica que percorre o aparelho.

Potência é igual à energia desenvolvida por unidade de tempo. Sendo assim, para
calcular a energia consumida por um equipamento em um dado intervalo de tempo,
basta multiplicar a potência do equipamento pelo tempo considerado.

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Sendo o watt a unidade de potência, um watt usado durante um segundo é igual ao
trabalho de um joule, ou seja, um watt é igual a um joule por segundo. Apesar de não
ser a medida padronizada no SI, a energia é tratada como potência x tempo. A energia
elétrica comercializada pelas concessionárias de energia e faturada mensalmente aos
consumidores é medida em quilowatt-hora ou kWh.

1.3 Sinais Contínuos e Sinais Alternados

No âmbito dos fundamentos de eletricidade, sinais elétricos podem ser entendidos de


duas formas; a variação, ao longo do tempo, do potencial elétrico referenciado a dois
pontos, e a variação da corrente elétrica que passa através de um condutor ao longo
do tempo. No geral, esses sinais podem ser representados por modelos matemáticos
e podem ser definidos como sinais contínuos ou alternados.

1.3.1 Sinal Contínuo

Um sinal é dito contínuo se sua polaridade (positiva ou negativa) não varia ao longo
tempo. Um exemplo de sinal contínuo é a tensão fornecida por uma bateria de 9V. Se
a tensão nos terminais desta bateria fosse medida continuamente, o sinal obtido seria
o representado na Figura 3.

Figura 3. Tensão em uma bateria de 9V

Apesar de o sinal elétrico disponível nas tomadas residenciais e industriais ser


alternado, grande parte dos equipamentos eletroeletrônicos funcionam com sinal
contínuo. Esses equipamentos utilizam componentes elétricos que convertem o sinal

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alternado em contínuo. Nos circuitos contínuos, a corrente tem sempre o mesmo
sentido, mas pode sofrer alterações no seu valor (corrente contínua pulsante).

1.3.2 Sinal Alternado

Em um sinal alternado, a polaridade muda periodicamente. A forma de onda alternada


utilizada para distribuição de energia no Brasil é a senoidal, que é assim denominada
por ter comportamento idêntico à função do seno de um ângulo. Outros exemplos de
forma de sinal alternado são a quadrada, triangular e dente de serra.

As características do sinal alternado senoidal são abordadas com mais detalhes, devido
a sua presença constante nas aplicações diárias. A Figura 4 ilustra um sinal alternado.

Na Figura 4 notam-se algumas características do sinal como período (T), frequência,


amplitude, valor instantâneo, valor eficaz e valor médio.

Figura 4. Sinal alternado senoidal

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Período: é o tempo de que a onda necessita para completar um ciclo completo, igual
ao comprimento da onda. O período é representado pela letra T e sua unidade de
medida é o segundo (s).

Frequência: é calculada pelo inverso do período. A frequência de um sinal representa


quantos ciclos completos o sinal executa em 1s. É representada pela letra f e sua
unidade é o Hz. Se um sinal possui T=20s, sua frequência é calculada como segue:

1 1
𝑓= = = 0,05𝐻𝑧
𝑇 20

Amplitude: a amplitude de uma onda é dada pelo valor máximo. A amplitude de uma
onda senoidal é também denominada de valor de pico (Vp). O valor de pico é igual à
metade do valor pico a pico (Vpp), que é a diferença entre o valor máximo e o valor
mínimo da grandeza.

Valor Instantâneo: valor instantâneo em uma onda senoidal é o valor medido em


um determinado momento. Na Figura 4, é representado o valor instantâneo v(t1),
medido no instante t1. O valor instantâneo da tensão em qualquer ponto da onda
senoidal é dado pela equação:

𝑣 = 𝑉𝑝 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝜃)

Onde:
ν = valor instantâneo da tensão (em volts)
Vp = valor de pico da tensão senoidal (em volts)
θ = ângulo de fase (em graus)

Valor eficaz (Vrms): é a intensidade do sinal senoidal que desenvolve a mesma


eficiência que um sinal contínuo de mesmo valor. Se você comparar o efeito térmico
produzido em um resistor que é alimentado por uma tensão contínua de 100 V e uma
tensão alternada de 100 V de Vp, verá que o efeito térmico da tensão alternada é em
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torno de 70,7% da eficiência em relação ao da tensão contínua. Logo, o valor de pico
de uma tensão alternada deve ser maior que o seu valor eficaz. O valor eficaz (Vrms)
de uma onda senoidal é igual ao valor de pico divido pela raiz de 2.

𝑉𝑝
𝑉𝑟𝑚𝑠 =
√2

1.4 Componentes Eletrônicos

Aparelhos médicos, satélites, eletrodomésticos... todos os aparelhos eletrônicos


possuem componentes eletrônicos em sua estrutura, e o conhecimento desses
componentes é essencial para compreender, reparar ou projetar esses dispositivos.

Todo elemento de um circuito capaz de transmitir corrente elétrica é definido como


um componente eletrônico. Esses elementos do circuito elétrico, essenciais para o
correto funcionamento do circuito, podem ser classificados como ativos ou passivos.

1.4.1 Elementos Ativos

Elementos que fornecem energia ou potência para o circuito são classificados como
elementos ativos. Dois exemplos de elementos ativos de maior interesse para esse
curso, fontes de tensão e de corrente, são apresentados nesta seção. Ainda são
exemplos de elementos ativos: transistores, circuitos integrados, diodos, válvulas
eletrônicas.

Fonte de Tensão

A fonte de tensão é um componente eletrônico ativo que mantém uma tensão,


contínua ou alternada, constante entre seus terminais. A Figura 5 apresenta a
simbologia utilizada para sua representação. Convencionalmente, na fonte de tensão
contínua, a corrente flui do terminal positivo para o negativo.

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Figura 5. Representação das fontes de tensão

Fonte de Corrente

A fonte de corrente fornece uma corrente constante ao circuito conectado em seus


terminais, e por isso é considerada um elemento ativo. O símbolo utilizado para sua
representação é apresentado na Figura 6.

Figura 6. Representação de uma fonte de corrente

1.4.2 Elementos passivos

Os componentes eletrônicos considerados passivos são os elementos que recebem


energia do circuito, que consomem potência. Alguns exemplos de elementos passivos
são os resistores, capacitores e indutores.

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Resistor

Os resistores são componentes eletrônicos que limitam o fluxo de corrente em um


circuito, que apresentam resistência à passagem de corrente elétrica. A medida da
resistência elétrica é o ohm, simbolizada por Ω. Os principais parâmetros que definem
um resistor são resistência nominal, potência de dissipação (expressa em watts, é a
sua capacidade de liberar calor) e tolerância (percentual de variação admissível do
valor de sua resistência nominal).

O resistor, que pode possuir valor de resistência fixa ou variável, é representado pela
letra R em esquemáticos eletrônicos e em equações utilizadas em eletricidade. A Figura
7 ilustra os símbolos comumente utilizados para a representação dos resistores.

Figura 7. Representação dos resistores

O resistor de valor variável, também chamado de potenciômetro ou reostato, permite


que o valor de sua resistência seja variado dentro de uma determinada faixa
(parâmetro de sua fabricação). O potenciômetro possui três terminais, como mostra a
Figura 8. Se conectarmos o potenciômetro ao circuito através de seus dois terminais
fixos, estaremos utilizando a máxima resistência que o componente pode fornecer.
Agora, se desejarmos utilizar a resistência variável do elemento, devemos utilizar um
terminal fixo e o terminal cursor.

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Figura 8. Diagrama de um potenciômetro (Google Imagens)

Com o objetivo de possibilitar a determinação de seu valor nominal sem a utilização


de instrumentos de medidas, o resistor possui faixas de cores em seu corpo, como
mostra a Figura 9, através das quais é possível identificar o valor de sua resistência
em ohm (Ω).

Figura 9. Faixas indicadoras do valor de resistência do resistor

Esse código de cores impresso no corpo do resistor pode possuir até seis faixas que
correspondem aos valores apresentados na Tabela 3. Quando o resistor possui quatro
faixas de cores, as duas primeiras faixas correspondem aos dígitos significativos de
valor. A terceira faixa representa o valor multiplicativo e a quarta, o valor de tolerância
(quanto o valor nominal do resistor pode variar percentualmente). Nos casos em que
a faixa de tolerância está ausente, deve-se considerar uma tolerância de 20%.

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Quando o resistor possui cinco faixas de cores, as três primeiras faixas correspondem
aos dígitos significativos de valor. A quarta representa o valor multiplicativo e a quinta,
o valor de tolerância. Por fim, quando o resistor possui seis faixas de cores, as três
primeiras faixas correspondem aos dígitos significativos de valor. A quarta representa
o valor multiplicativo, a quinta representa o valor de tolerância, e a sexta é o
coeficiente de temperatura (expresso em PPM/ºC, o coeficiente de temperatura indica
quanto o valor da resistência pode variar em função da temperatura).

Cor 1ª faixa 2ª faixa 3ª faixa Multiplicador Tolerância Coeficente de Temperatura


Preto 0 0 0 1 NA 100 PPM/ºC
Marrom 1 1 1 10 ±1% 50 PPM/ºC
Vermelho 2 2 2 100 ±2% 15 PPM/ºC
Laranja 3 3 3 1k NA 25 PPM/ºC
Amarelo 4 4 4 10k NA NA
Verde 5 5 5 100k ±0,5% 10 PPM/ºC
Azul 6 6 6 1M ±0,25% 5 PPM/ºC
Violeta 7 7 7 10M ±0,1% NA
Cinza 8 8 8 100M ±0,05% NA
Branco 9 9 9 1G NA NA
Dourado NA NA NA NA ±5% NA
Prata NA NA NA NA ±10% NA

Tabela 3. Código de cores dos resistores

Capacitor

Um capacitor é constituído por dois condutores isolados, dispostos em paralelo e


separados por um material isolante (ou dielétrico). Utiliza-se como material dielétrico
o papel, a cerâmica, a mica, os materiais plásticos, o vidro, a parafina ou mesmo o ar.
O capacitor é um dispositivo muito usado em circuitos elétricos por ter a característica
de armazenar cargas elétricas.

Os capacitores também são utilizados para evitar grandes variações em um circuito,


em acoplamentos e desacoplamentos de sinais, no bloqueio de corrente contínua,
entre outras finalidades. A capacidade de armazenamento de cargas é chamada de
capacitância, o símbolo que representa essa grandeza em esquemáticos de circuitos e
equações elétricas é a letra C, e a unidade de medida é o farad (F).
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A capacitância de um capacitor é definida como a quantidade de cargas armazenada
por unidade de tensão elétrica:

𝑄
𝐶=
𝑉

Onde:
C é a capacitância medida em farad (F)
Q representa a quantidade cargas elétrica medida em coulomb (C)
V é a tensão medida em volts (V)

A capacitância do capacitor independe da quantidade de cargas disponíveis ou da


tensão aplicada. Depende exclusivamente da estrutura e dimensões do capacitor.

𝐴
𝐶=𝜀
𝑑
Onde:
C é capacitância medida em farad (F)
Ε é a constante do dielétrico utilizado entre as armaduras (placas)
A é a área das armaduras (placas) medidas em metros quadrados (m2)
d é distância entre as armaduras (placas) medida em metros (m)

Os tipos de capacitores utilizados com maior frequência são os eletrolíticos, de


poliéster e os de cerâmica.

Capacitores Eletrolíticos: esses componentes possuem polaridade definida na


fabricação que não deve ser desrespeitada. O seu lado negativo é indicado por uma
faixa lateral em seu corpo. A inversão de polaridade fará com que o capacitor
eletrolítico não funcione adequadamente, prejudicando o circuito, e em último caso,
dependendo da tensão aplicada, pode haver ruptura do dielétrico. O capacitor
eletrolítico geralmente tem sua capacidade medida em microfarad (µF) e o valor de

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sua capacitância e de sua tensão de trabalho, ou seja, qual a tensão máxima que
suporta, vem impresso em sua estrutura. A Figura 10 mostra um capacitor eletrolítico
real, e destaca suas informações mais importantes.

Figura 10. Capacitor eletrolítico

Capacitor de poliéster: bastante utilizado em circuitos eletrônicos, este tipo de


capacitor geralmente apresenta menor capacidade que os eletrolíticos, sendo da
ordem de alguns nanofarads (nF) até alguns microfarads (µF). Os capacitores de
poliéster não possuem polaridade definida. A Figura 11 mostra um capacitor de
poliéster. As indicações em seu corpo definem sua capacitância e tensão de trabalho.
Sua tensão de trabalho é 250V e sua capacitância indicada por 474 picofarads, equivale
a 47 x 10000 pF = 470 nF.

Figura 11. Capacitor de poliéster

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Capacitores Cerâmicos: esse tipo de capacitor é muito presente nos atuais projetos
eletrônicos, principalmente em circuitos osciladores e de RF. Geralmente apresenta
menor capacidade que os de poliéster e eletrolíticos, sendo da ordem de alguns
picofarads (pF) até centenas de nanofarads (nF). Assim como os capacitores de
poliéster, também não possui polaridade. A Figura 12 mostra um capacitor de cerâmica
e as instruções de como ler o valor de sua capacitância indicada por 104 picofarads,
equivalente a 10 x 10000 pF = 100 nF.

Figura 12. Capacitor de cerâmica

Ao realizar a montagem de um projeto eletrônico ou o reparo de um equipamento, é


importante seguir o tipo indicado de capacitor do circuito. Embora tenham por função
armazenar cargas elétricas, diferentes tipos de capacitores são diferentes quanto a
outras propriedades importantes para o bom funcionamento do sistema.

Capacitores de poliéster, por exemplo, não respondem às variações de sinais de alta


frequência tão bem quanto os cerâmicos. Assim, em um circuito de alta frequência,
um capacitor de poliéster pode não funcionar, dependendo de sua função. Existem
outros tipos de capacitores, assim como existem outras formas que os fabricantes
utilizam para indicar as características desses elementos, por isso, qualquer dúvida
consulte o datasheet do componente. A Figura 13 apresenta as simbologias utilizadas
para representar os capacitores em esquemáticos eletrônicos.

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Figura 13. Representação dos capacitores

Indutor

Os indutores são componentes formados por espiras de fio esmaltado que podem ser
enroladas em núcleo de ferro ou ferrite. A principal função de um indutor é impedir a
mudança de um sinal elétrico, tanto do sentido em que está fluindo quanto da
amplitude desse sinal.

A indutância de um indutor é a capacidade deste elemento de armazenar energia no


campo magnético do condutor (bobina) quando percorrido por uma corrente elétrica.
A indutância é medida em Henry (H), e o símbolo que representa essa grandeza em
esquemáticos eletrônicos e equações elétricas é a letra L. A Figura 14 mostra alguns
modelos de indutores com núcleo de ar e de ferrite.

Figura 14. Exemplos de indutores

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A indutância de uma bobina depende somente de fatores geométricos, da maneira
como ela é construída, ou seja, do seu formato, número de espiras (n) e eventual
existência de um núcleo de material ferroso ou outro material que apresente
propriedades magnéticas.

O cálculo da indutância de um indutor com núcleo de ar e apenas um nível de espiras,


ou seja, as espiras não são enroladas uma sobre a outra, é dado pela seguinte
equação:

𝑛2 𝑆
𝐿 = 1,257
108 𝑚

Onde:
L = indutância em Henry (H);
n = número de espiras;
S = área da seção transversal (cm2);
m = comprimento do enrolamento (m).

Existem indutores dos mais variados formatos, e alguns são muito semelhantes a
resistores, por isso, é necessário prática para identificá-los. Inclusive, existem
indutores que utilizam faixas de cores semelhantes a resistores para indicar seu valor
de indutância; a diferença muitas vezes está na cor do corpo do componente que é
diferente dos resistores, como mostra a Figura 15.

Figura 15. Indutores semelhantes a resistores

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Para os indutores que apresentam faixas com cores que identificam o valor de sua
indutância, a tabela com o código de cores é muito semelhante com a tabela dos
resistores, como pode ser percebido analisando a Tabela 4.

Cor 1ª faixa 2ª faixa Multiplicador Tolerância


Preto 0 0 1 ±20%
Marrom 1 1 10 ±1%
Vermelho 2 2 100 ±2%
Laranja 3 3 1k ±3%
Amarelo 4 4 10k ±4%
Verde 5 5 100k NA
Azul 6 6 NA NA
Violeta 7 7 NA NA
Cinza 8 8 NA NA
Branco 9 9 NA NA
Dourado NA NA 0,1 ±5%
Prata NA NA 0,01 ±10%
Tabela 4. Código de cores de indutores

Os símbolos para os indutores nos diagramas de circuitos elétricos são os ilustrados


na Figura 16.

Figura 16. Representação de indutores

1.4.3 Associação de componentes

Componentes eletrônicos podem ser associados em série ou paralelo a fim de atender


diversos requisitos de projetos, como por exemplo reduzir a corrente que circulará por
cada componente individualmente, ou até alcançar valores calculados de componentes
não disponíveis comercialmente.

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Os componentes de um circuito estão em série quando a corrente que passa por eles
é a mesma, ou seja, constituem um único caminho no circuito. Por outro lado, os
elementos do circuito estão em paralelo quando as suas extremidades estão
conectadas no mesmo ponto. Componentes em paralelo apresentam a mesma
diferença de potencial entre suas extremidades. São apresentadas nesta seção
detalhes de associações em série e paralelo de resistores, capacitores e indutores.

Associação em série - Resistores

Os resistores associados em série apresentam uma resistência total equivalente à


soma de todas as resistências individuais. Um exemplo de associação em série de
resistores é mostrado na Figura 17.

Figura 17. Associação em série de resistores

A resistência total equivalente do circuito da Figura 17 é igual à soma das resistências


dos elementos em série, ou seja:

𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + 𝑅3

Nos circuitos com mais de duas resistências, a resistência equivalente total é igual a:

𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛

Onde n é igual à quantidade de resistências em série existentes no circuito.

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Associação em série - Capacitores

Capacitores associados em série apresentam o inverso da capacitância total


equivalente à soma do inverso das capacitâncias individuais do circuito. Um exemplo
de associação em série de capacitores é mostrado na Figura 18.

Figura 18. Associação em série de capacitores

A capacitância equivalente total do circuito da Figura 18 é igual a:

1 1 1 1
= + +
𝐶𝑒𝑞 𝐶1 𝐶2 𝐶3

De uma forma genérica, em um circuito com n capacitores, a capacitância equivalente


total será:

1 1 1 1
= + + ⋯+
𝐶𝑒𝑞 𝐶1 𝐶2 𝐶𝑛

Associação em série – Indutores

Os indutores associados em série apresentam uma indutância total equivalente à soma


de todas as indutâncias individuais. Um exemplo de associação em série de indutores
é mostrado na Figura 19.

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Figura 19. Associação em série de indutores

Nos circuitos com n indutâncias, a indutância equivalente total é igual a:

𝐿𝑒𝑞 = 𝐿1 + 𝐿2 + ⋯ + 𝐿𝑛

Associação paralela - Resistores

Nas associações de resistores em paralelo, o inverso da resistência total é equivalente


à soma do inverso das resistências existentes, como pode ser observado na Figura 20.

Figura 20. Associação de resistores em paralelo

Nos circuitos com n resistores, a resistência total equivalente do circuito é igual a:


1 1 1 1
= + + ⋯+
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛

Associação em paralelo - Capacitores

Os capacitores quando estão associados em paralelo apresentam uma capacitância


total igual à soma das capacitâncias individuais do circuito, como ilustra a Figura 21.

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Figura 21. Associação em paralelo de capacitores

Em circuitos com n capacitores, a capacitância equivalente total do circuito é igual a:


𝐶𝑒𝑞 = 𝐶1 + 𝐶2 + ⋯ + 𝐶𝑛

Associação em paralelo - Indutores

Na associação em paralelo de indutores, o inverso da indutância total é equivalente à


soma do inverso das indutâncias existentes, como mostra a Figura 22.

Figura 22. Associação em paralelo de indutores

De uma forma genérica, em um circuito com n indutores, a indutância equivalente


total será:

1 1 1 1
= + +⋯+
𝐿𝑒𝑞 𝐿1 𝐿2 𝐿𝑛

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1.5 Leis da Eletricidade (1ª Lei de Ohm e Lei Kirchoff)

Nesta seção são apresentadas duas das leis mais importantes da eletricidade: a 1ª Lei
de Ohm e a Lei de Kirchoff. Essas leis nos permitirão compreender a relação entre
tensão, corrente e resistência em um circuito elétrico.

1.5.1 1ª Lei de Ohm

A 1ª lei de Ohm, doravante referenciada apenas como lei de ohm, é uma equação
matemática, descoberta no início do século 19 pelo físico alemão Georg Simon Ohm
(1787-1854), que estabelece uma relação linear entre as três grandezas fundamentais
da eletricidade: tensão(V), corrente (I) e resistência (R).

A lei de Ohm estabelece que a razão entre a diferença de potencial e a corrente elétrica
em um condutor é constante e equivalente à resistência elétrica (R) desse condutor.
Assim, ao submetermos um condutor a uma tensão V, circulará por esse condutor uma
corrente I diretamente proporcional à tensão V. Dessa forma, pode-se escrever sua
equação matemática:
𝑉 =𝑅∗𝐼

As equações de potência (P) consumida pela carga ou fornecida pela fonte podem ser
deduzidas a partir da Lei de Ohm:

𝑃 = 𝑉∗𝐼
𝑃 = 𝑅 ∗ 𝐼 ∗ 𝐼 = 𝑅 ∗ 𝐼2
𝑉 𝑉2
𝑃=𝑉∗ =
𝑅 𝑅

Exemplo: um chuveiro elétrico alimentado com a tensão de 220V consome uma


potência de 6400W. Qual a corrente consumida pelo equipamento? Qual o valor da
resistência do chuveiro?

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𝑃 = 𝑉∗𝐼
𝑃 6400𝑊
𝐼= = = 29,1𝐴
𝑉 220𝑉

𝑉2
𝑃=
𝑅
𝑉2 220𝑉 2
𝑅= = = 7,6Ω
𝑃 6400𝑊

1.5.2 Lei de Kirchhoff

As Leis de Kirchhoff (Lei de Kirchhoff das correntes e Lei de Kirchhoff das tensões),
derivadas das leis de conservação de carga e energia existentes no circuito, delineiam
o comportamento dos circuitos elétricos, estabelecendo relações entre as tensões e
correntes nos diversos elementos dos circuitos. A apresentação prévia de alguns
conceitos é importante para o estudo das leis de Kirchhoff, são eles:

Nó: ponto de conexão onde se conectam no mínimo três elementos. Quando um


condutor ideal conecta dois nós, esses nós são considerados apenas um nó. A Figura
23 mostra um nó do circuito.

Ramo: trecho do circuito compreendido entre dois nós. Na Figura 23, o resistor R5
pode ser considerado um ramo do circuito.

Circuito fechado: é qualquer caminho fechado no circuito.

Malha: é um circuito fechado. A Figura 23 ilustra um circuito com quatro malhas. Três
malhas estão sinalizadas na figura e a quarta é a malha externa composta por V1, R4,
R5 e R6.

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Figura 23. Circuito com quatro malhas

Lei de Kirchhoff das correntes (LKC)

A lei de Kirchhoff das correntes (LKC), baseada na lei da conservação da carga, enuncia
que a soma das correntes que chegam a um nó é igual à soma das correntes que
saem do mesmo nó. Convencionando as correntes que chegam a um nó como positivas
e as que saem como negativas, a LKC estabelece que a soma algébrica das correntes
que incidem em um nó deve ser nula. Veja a Figura 24:

Figura 24. Composição de correntes em um nó

Na Figura 24, temos que a corrente I1 e I2 estão chegando ao nó, sinal positivo, e a
correntes I3 está saindo, sinal negativo. Da LKC temos:

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𝐼1 + 𝐼2 − 𝐼3 = 0
𝐼1 + 𝐼2 = 𝐼3

O número de equações independentes que se podem obter com a aplicação da lei das
correntes de Kirchhoff em um circuito elétrico é igual ao número de nós menos um.

𝑛𝑒1 = 𝑛 − 1

Lei de Kirchhoff das tensões (LKT)

A lei de Kirchhoff das tensões (LKT) enuncia que a soma das tensões ao longo de um
circuito fechado é igual à tensão total que está sendo fornecida a esse percurso,
estabelecendo que a soma algébrica das tensões em um percurso fechado é nula.
Analise a Figura 25.

Figura 25. Circuito fechado com três resistências

A soma das quedas de tensão nos resistores da Figura 25 é igual à tensão que está
sendo fornecida ao circuito. Convencionalmente a tensão é positiva na extremidade
onde a corrente entra no componente.

𝑉 =𝑅∗𝐼

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𝑉 6𝑉
𝐼= = = 0,15𝐴
𝑅1 + 𝑅3 + 𝑅4 40Ω
Da LKT temos:
−6𝑉 + 10 ∗ 0,15 + 10 ∗ 0,15 + 20 ∗ 0,15 = 0

O número de equações independentes de um circuito obtidas pela lei das tensões de


Kirchhoff é dado por:

𝑛𝑒2 = 𝑏 − 𝑛 + 1

Onde:
ne2 é o número de equações independentes obtidas pela LKT
b é número de ramos
n é número de nós

Número de equações do circuito

A LKC e a LKT são poderosas ferramentas para a análise de circuitos, pois nos
permitem determinar as correntes e tensões de cada componente do circuito. O
número de equações independentes obtidas do circuito pela LKC é igual ao número de
nós menos um, e pela LKT, pode ser calculado pela equação:

𝑛𝑒2 = 𝑏 − 𝑛 + 1

A Figura 26 possui dois nós e três ramos, então teremos uma equação independente
obtida pela LKC e duas equações independentes obtidas pela LKT.

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Figura 26. Circuito com três malhas

A Figura 26 apresenta um circuito com três malhas, pelas quais circulam as correntes
I1, I2 e I3. Os sentidos das correntes são arbitrados como mostra a Figura 26.
Convencionaremos sinal positivo das tensões na extremidade aonde a corrente chega
aos componentes.

𝑃𝑒𝑙𝑎 𝐿𝐾𝑇 𝑡𝑒𝑚𝑜𝑠: 𝐼3 = 𝐼1 − 𝐼2 (1)

Pela LKT obtemos as seguintes equações percorrendo o caminho das malhas 1 e 2


representadas na Figura 26, no sentido horário a partir das fontes de tensão:

𝑀𝑎𝑙ℎ𝑎 1: − 6𝑉 + 10 ∗ 𝐼1 + 10 ∗ 𝐼3 + 20 ∗ 𝐼1 = 0 (2)
𝑀𝑎𝑙ℎ𝑎 2: − 3𝑉 + 10 ∗ 𝐼2 − 10 ∗ 𝐼3 = 0 (3)

Substituindo (1) em (2) e (3), temos:


𝑀𝑎𝑙ℎ𝑎 1: − 6𝑉 + 10 ∗ 𝐼1 + 10 ∗ 𝐼1 − 10 ∗ 𝐼2 + 20 ∗ 𝐼1 = 0
𝑀𝑎𝑙ℎ𝑎 2: − 3𝑉 + 10 ∗ 𝐼2 + 10 ∗ 𝐼2 − 10 ∗ 𝐼1 = 0
𝑀𝑎𝑙ℎ𝑎 1: 40 ∗ 𝐼1 − 10 ∗ 𝐼2 = 6𝑉
𝑀𝑎𝑙ℎ𝑎 2: − 10 ∗ 𝐼1 + 20 ∗ 𝐼2 = 3𝑉

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Resolvendo o sistema, temos:

70 ∗ 𝐼1 = 15𝑉
𝐼1 = 0,21𝐴

Substituindo o valor de I1 na equação da Malha 2, temos:

−10 ∗ 0,21 + 20 ∗ 𝐼2 = 3
𝐼2 = 0,25𝐴

De (1) obtemos o valor de I3= - 0,04A. Como o valor de I3 calculado foi negativo, isso
quer dizer que seu sentido é o oposto do arbitrado na Figura 26.

1.6 Conceitos de Impedância e Reatância – Circuitos R, L e C

O comportamento dos componentes eletrônicos de um circuito elétrico pode variar de


acordo com a alimentação à qual estão submetidos, ou seja, se estão submetidos a
corrente contínua ou alternada. Capacitores e indutores em corrente contínua
armazenam energia, enquanto em corrente alternada seu comportamento se
assemelha ao dos resistores, opondo-se ao fluxo de corrente.

A resistência ao fluxo de corrente alternada oferecida por indutância ou capacitância


num circuito elétrico é chamada de Reatância (X). Sua unidade é ohms e representa
a componente da impedância de um circuito que não é devida à resistência pura.

Em uma análise de circuito em corrente contínua (CC), os capacitores podem ser


considerados como circuito aberto, enquanto os indutores podem ser considerados
como curto-circuito. Contudo, em circuitos com corrente alternada (CA), os
capacitores, assim como os indutores, apresentam uma resistência à passagem de
corrente que depende da frequência do sinal alternado, definida por:

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1 1
𝑅𝑒𝑎𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑐𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎, 𝑋𝐶 = − =−
2𝜋𝑓𝐶 𝜔𝐶
𝑅𝑒𝑎𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑖𝑛𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑎, 𝑋𝐿 = 2𝜋𝑓𝐿 = 𝜔𝐿

𝑜𝑛𝑑𝑒 𝜔 = 2𝜋𝑓

Pode-se observar que quanto maior a frequência do sinal, maior XL e menor XC. Por
outro lado, quanto menor a frequência, menor XL e maior XC. Quando a frequência
tende a 0 (corrente contínua), XL também tende a 0 (curto circuito), enquanto XC tende
a ∞ (circuito aberto).

Podemos considerar como impedância (Z) do circuito qualquer oposição ao fluxo de


corrente. Nos circuitos CC, a impedância corresponde às resistências. Quando houver
uma reatância capacitiva ou indutiva em série com uma resistência, a impedância total
do circuito será dada como um número complexo na forma retangular:

𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋

Onde:
Z é a impedância total do circuito;
R é a resistência do circuito em série com a reatância;
X é a reatância do circuito, seja capacitiva ou indutiva, ou a combinação das duas.

São aplicáveis às impedâncias todas as operações matemáticas aplicáveis aos números


complexos. Quando X=0, a impedância do circuito é igual à resistência dos resistores,
e dizemos que o circuito é puramente resistivo.

A Figura 27 apresenta o diagrama vetorial para a impedância de um circuito. O símbolo


θ representa o ângulo de fase, dado em graus, entre a corrente e a tensão no circuito.

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Figura 27. Diagrama vetorial de impedância de um circuito

1.6.1 Circuito resistivo (R)

Quando só há elementos puramente resistivos em um circuito elétrico, a reatância do


circuito é nula (X=0). A tensão e a corrente do circuito possuem o mesmo ângulo de
fase, como mostrado na Figura 28.

Figura 28. Circuito resistivo

A potência dissipada por elementos resistivos do circuito é chamada de potência real,


medida em watts, e seu valor pode ser calculado por:

𝑃𝑟𝑒𝑎𝑙 = 𝐼 ∗ 𝑅 2

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1.6.2 Circuito Capacitivo

Em um circuito CA, um capacitor se opõe a qualquer mudança na tensão. A corrente


se antecipa à tensão em 90° em um capacitor em CA, como mostra a Figura 29.

Figura 29. Circuito capacitivo

Elementos reativos não consomem potência real; retorna para a fonte um tipo de
potência chamada de potência reativa, medida em volt-ampères reativos (VAr) e
calculada por:

𝑃𝑟𝑒𝑎𝑡 = 𝐼 ∗ 𝑋𝐶2

1.6.3 Circuito indutivo

Em um circuito CA, um indutor se opõe a qualquer mudança no fluxo da corrente. A


corrente se atrasa em relação à tensão em 90° em um indutor em CA, como mostra a
Figura 30.

A potência reativa para circuitos indutivos pode ser calculada por:

𝑃𝑟𝑒𝑎𝑡 = 𝐼 ∗ 𝑋𝐿2

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Figura 30. Circuito Indutivo

A potência que a fonte do circuito percebe, devido à impedância do circuito, é uma


combinação da potência real e da potência reativa. Essa potência é chamada de
potência aparente e medida em volt-amperes (VA). Pode-se calcular a potência
aparente da seguinte forma:

2 2
𝑃𝑎𝑝 = 𝐼 ∗ 𝑍 = √𝑃𝑟𝑒𝑎𝑙 + 𝑃𝑟𝑒𝑎𝑡

A porcentagem da potência aparente que foi dissipada é chamada de fator de potência


e pode ser calculada a partir do cosseno do ângulo de fase, ou seja:

𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝜃

1.7 Técnicas de Medidas elétricas: Instrumentos de medição

O conhecimento dos instrumentos que permitem que sejam aferidas as grandezas


elétricas envolvidas em um circuito, tais como tensão e corrente, é de grande
importância no momento em que algum equipamento necessita ser reparado ou
quando se deseja avaliar o correto funcionamento de um projeto.

Mais importante que conhecer esses instrumentos é saber qual o mais indicado para
medir cada grandeza, e ainda a forma correta de utilizá-lo, garantindo assim a
segurança do usuário, a preservação do circuito e a obtenção de uma medida correta.
FUNDAMENTOS DA ELET. BÁSICA E DE INST. ELÉTRICAS HOSPITALARES 37
Os instrumentos de medidas elétricas podem ser classificados em analógicos e digitais.
A diferença básica entre os dois tipos de instrumentos é a forma como a grandeza
aferida pelo elemento sensor é transduzida ao usuário.

Em um instrumento analógico, ilustrado na Figura 31, a intensidade da grandeza


medida é transduzida em tempo real para o usuário, geralmente através da
movimentação de um ponteiro, que responde instantaneamente a qualquer variação
na intensidade do mensurando.

Figura 31. Instrumento analógico para medida de tensão (Google Imagens)

Em um instrumento digital, mostrado na Figura 32, por outro lado, a intensidade da


grandeza medida é amostrada, ou seja, o valor aferido pelo elemento sensor é medido
em intervalos de tempos predeterminados. Após o valor ser amostrado, é processado
e apresentado ao usuário.

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Figura 32. Instrumento digital para medida de corrente (Google imagens)

Os instrumentos de medidas elétricas usualmente são classificados quanto à grandeza


a ser medida. Serão apresentadas as particularidades e formas de utilização do
amperímetro, voltímetro, ohmímetro e multímetro.

1.7.1 Amperímetro

O amperímetro é o instrumento elétrico utilizado para medir correntes. Durante sua


utilização, toda corrente do ramo que se deseja analisar deve passar também pelo
instrumento, ou seja, o amperímetro deve estar em série com os componentes desse
ramo. A Figura 33 ilustra como um amperímetro deve ser conectado no circuito e a
forma utilizada para representá-lo em um diagrama elétrico.

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Figura 33. Utilização e representação do amperímetro

Os amperímetros possuem uma resistência interna, por onde passará a corrente que
está sendo medida. Essa resistência é muito baixa, com o objetivo de não interferir no
valor da corrente do circuito, podendo na prática ser considerada nula.

Devido à resistência interna do amperímetro ser tão baixa, é necessário atenção


durante sua utilização, garantindo sempre que o instrumento estará conectado em
série. Como a resistência interna é praticamente nula, se for ligado em paralelo, o
circuito entenderá o instrumento como um curto-circuito, o que poderá ocasionar
acidentes e danos ao circuito e ao instrumento.

1.7.2 Voltímetro

O voltímetro é o instrumento elétrico utilizado para medir tensão, e durante sua


utilização toda a tensão do circuito ou ramo analisado deve ser aplicada ao voltímetro,
ou seja, este deve ser ligado em paralelo ao elemento sobre o qual se pretende medir
a tensão. A Figura 34 ilustra como um voltímetro deve ser conectado no circuito e a
forma utilizada para representá-lo em um diagrama elétrico.

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Figura 34. Utilização e representação do voltímetro

O voltímetro, da mesma forma que o amperímetro, possui uma resistência interna


sobre a qual é aplicada a tensão que se pretende medir. Para não afetar a resistência
equivalente e consequentemente a corrente do circuito, por ser colocado em paralelo
ao trecho analisado, a resistência interna do voltímetro deve ser a maior possível.

Na prática, a resistência interna do voltímetro pode ser considerada infinita. Devido ao


seu alto valor, se o instrumento for ligado em série com o circuito, praticamente
interromperá a corrente no trecho.

1.7.3 Ohmímetro

O Ohmímetro é o instrumento utilizado para medir resistência e deve ser utilizado em


paralelo com o dispositivo analisado.

Alguns cuidados devem ser tomados durante a aferição da resistência de um elemento:

i. O dispositivo deve estar desconectado do circuito, ou seja, pelo menos um de


seus terminais deve estar livre. Caso contrário, as demais resistências do
circuito podem afetar a medição.
ii. Nunca aferir a resistência de um componente com o circuito energizado.

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iii. Não segurar a resistência (dispositivo) com as duas mãos durante a medida,
pois a resistência do corpo humano pode induzir a erros significativos.

A Figura 35 ilustra como um ohmímetro deve ser conectado no circuito e a forma


utilizada para representá-lo em um diagrama elétrico.

Figura 35. Utilização e representação do Ohmímetro

1.7.4 Multímetro

O multímetro é um instrumento elétrico capaz de medir corrente, tensão e resistência.


Devido a sua versatilidade, os multímetros atualmente são amplamente utilizados nas
indústrias. Alguns modelos agregam outras funções como teste de diodo, transistores
e medida de capacitância.

Para a execução de medidas com o multímetro, seleciona-se a grandeza a ser medida,


a escala da grandeza e conectam-se as ponteiras nos bornes indicados para aquele
tipo de medida. É indicado que, ao preparar o instrumento para a medição, seja
selecionada a escala de maior range, contínua ou alternada, de acordo com a natureza
do circuito, então posicione as ponteiras no local a ser medido, e após isto ajuste o
seletor de escalas para obter leituras com melhor precisão, caso exista essa
possibilidade. A Figura 36 apresenta um modelo de multímetro digital e detalha suas
principais características.
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Figura 36. Multímetro digital (adaptado de Google Imagens)

Alguns multímetros possuem o recurso Auto Range, ou seja, escolha automática da


escala. Ao utilizar esse tipo de instrumento, é necessário apenas selecionar, com a
chave seletora, o tipo adequado da grandeza que será lida. A Figura 37 mostra um
exemplo desse multímetro.

Figura 37. Multímetro Auto Range (Google Imagens)

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Medição de Tensão

Para executar as medições de tensão, o multímetro funcionará como um voltímetro,


ou seja, as medidas sempre serão efetuadas com as pontas de prova em paralelo com
as partes do circuito na qual se deseja medir a tensão.

É muito importante que o usuário do multímetro garanta que as ponteiras estejam


corretamente conectadas nos bornes para medição de tensão. Caso as ponteiras,
erroneamente, estejam conectas para medir corrente, o multímetro funcionará como
amperímetro, com resistência interna praticamente nula. Assim, se o multímetro com
essa configuração for conectado em paralelo com o circuito, provocará um curto-
circuito no circuito, podendo acarretar acidentes, danos ao circuito e/ou ao
instrumento.

Medição de Corrente

Para executar as medições de corrente, o multímetro funcionará como um


amperímetro, ou seja, as medidas sempre serão efetuadas com as pontas de prova
em série com a parte do circuito na qual se deseja medir a corrente.

Em alguns casos, o seccionamento do circuito para medição da corrente elétrica possui


riscos elétricos associados e pouca praticidade. Isso pode ser evitado com o uso de
multímetros alicate, como o mostrado na Figura 38.

Figura 38. Multímetro alicate (Google Imagens)

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Medição de Resistência

Para executar as medições de resistência, o multímetro funcionará como um


ohmímetro, ou seja, as medidas sempre são efetuadas com as pontas de prova em
paralelo com o elemento do circuito no qual se deseja medir a resistência.

Deve-se colocar o seletor do multímetro na escala de resistência (Ω), e as pontas de


prova devem ser aplicadas uma em cada terminal do componente que se quer medir.
Os mesmos cuidados listados para medir resistência com o ohmímetro devem ser
seguidos ao utilizar o multímetro nessa função.

A utilização do multímetro para verificação de continuidade de cabos, ou trilhas de um


circuito, é muito comum. Esse instrumento possui uma opção específica para essa
função, como mostra a Figura 39. Após selecionar a opção de teste de continuidade,
colocam-se as ponteiras, uma em cada extremidade do cabo. Se o cabo estiver
contínuo, o multímetro emitirá uma indicação sonora.

Figura 39. Indicação da função de teste de continuidade do multímetro (adaptado de Google Imagens)

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Unidade II

2.1 Choque Elétrico: Efeitos Fisiológicos da Corrente Elétrica

Os equipamentos elétricos estão tão arraigados em nosso dia a dia que dificilmente
nos damos conta dos riscos envolvidos em sua utilização. O choque elétrico é um
acidente muito comum que pode ocorrer, seja trocando uma lâmpada ou através do
contato com um fio desencapado.

O choque elétrico provoca a estimulação repentina dos nervos ou uma contração


convulsiva dos músculos, podendo causar danos físicos e até matar. O choque pode
ocorrer por contato direto, quando entramos em contato direto com partes
energizadas, ou indireto, quando entramos em contato com alguma superfície que
ficou energizada devido a uma falha de isolamento.

2.1.1 Efeitos Fisiológicos da Corrente Elétrica

O corpo humano é condutor de eletricidade. Devido à natureza de sua composição,


grande quantidade de água e sais minerais, nosso corpo se comporta como um
condutor com uma determinada resistência. Podemos dizer que o corpo humano
possui uma impedância, uma bioimpedância mais precisamente, que varia de pessoa
para pessoa.

É possível representar o corpo humano como uma associação de resistências. Em


valores aproximados, cada membro, superior e inferior, possui uma resistência
equivalente a 500 Ohms, enquanto o conjunto tórax e abdômen apresenta uma
resistência de 250 Ohms. A Figura 40 mostra esse modelo, contudo é importante
ressaltar que a resistência do corpo varia de indivíduo para indivíduo, e até mesmo a
condição da pele (como calosidades, por exemplo) influencia nesses valores.

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Figura 40. Equivalência ôhmica do corpo humano (adaptado de Souza et al.)

Os efeitos fisiológicos da passagem da corrente elétrica pelo corpo humano também


irão depender de outros fatores, como a natureza da corrente, sua intensidade,
duração da exposição à corrente, sua frequência, densidade e o caminho percorrido
pela corrente.

Natureza da Corrente (contínua ou alternada)

O corpo humano é mais sensível à corrente alternada na frequência comumente


utilizada de 60Hz do que à corrente contínua. O limiar do valor de corrente alternada
para que o corpo comece a sentir seus efeitos é de 1mA, enquanto na contínua é de
5mA.

Intensidade da Corrente

A passagem da corrente elétrica pelo corpo humano pode causar tetanização, parada
respiratória, queimaduras e fibrilação ventricular. Quanto mais intensa for a corrente
elétrica que fluirá pelo corpo, mais graves serão os efeitos fisiológicos. A Tabela 5
relaciona os efeitos no corpo humano resultantes da circulação de corrente alternada
na frequência de 60Hz.

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Intensidade da corrente Efeito
Menor que 1mA Imperceptível
Entre 1 e 10mA Limiar de percepção
Entre 10 e 30mA Perda do controle motor
Entre 30 e 75mA Perda respiratória
Entre 75 e 250mA Fibrilação ventricular
Entre 250mA e 4A Contração miocárdia sustentada
Maior que 5A Queimadura dos tecidos
Tabela 5. Efeitos no corpo humano devido à circulação de corrente elétrica (Souza et al.)

Tempo de Exposição à Corrente

A energia dissipada no corpo é diretamente proporcional ao tempo de exposição à


corrente, ou seja, quanto maior o tempo de exposição, maiores os danos ao
organismo.

Frequência

Correntes de alta frequência são menos perigosas para o corpo humano, pois não
penetram no interior do organismo. Essas correntes circulam na periferia do condutor,
nesse caso a pele.

Densidade da Corrente

Os efeitos da corrente nos tecidos também dependerão da densidade da corrente no


local de aplicação. A Tabela 6 apresenta os efeitos da corrente elétrica nos tecidos.

Densidade da corrente Efeito


Abaixo de 10mA/mm2 Em geral não são observadas alterações na pele
Entre 10 e 20mA/mm2 Avermelhamento da pele na região de contato
Entre 20 e 50mA/mm2 Coloração marrom na pele na região de contato
No caso de períodos maiores que 10s, são observados inchamentos
Acima de 50mA/mm2 na região, com possibilidade de carbonização dos tecidos.
Tabela 6. Danos aos tecidos devido a corrente elétrica (Souza et al.)

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Caminho Percorrido pela Corrente

O caminho percorrido pela corrente se torna mais perigoso ao ser humano quanto
mais próximo passar pelo coração, devido à probabilidade de causar fibrilação
ventricular.

2.2 Fundamentos de Instalações Elétricas em uma Unidade Hospitalar

Em estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), é fundamental garantir a segurança


de pacientes submetidos a procedimentos com o uso de equipamentos eletromédicos.

A cada atividade e função desenvolvidas num local médico correspondem requisitos


específicos de segurança, que devem ser respeitados. Essa segurança começa com
uma instalação elétrica segura e prossegue com a operação e manutenção adequadas
dos equipamentos elétricos a ela conectados. A utilização de equipamentos
eletromédicos em pacientes sob cuidados intensivos, de importância crítica, requer da
instalação elétrica uma confiabilidade e uma segurança compatíveis.

Instalações elétricas de EAS possuem características de diversos projetos elétricos,


como: projetos comerciais, exemplo ao aplicado em setores administrativos, projetos
industriais, como o aplicado na central de ar-condicionado, por exemplo, e projetos
elétricos específicos para locais médicos, que são os projetos de maior interesse para
essa seção. Locais médicos são definidos pela NBR-13534 como locais destinados à
realização de procedimento de diagnóstico, terapêutico (incluindo tratamentos
estéticos), cirúrgico, de monitoração e de assistência à saúde de pacientes.

A Norma NBR-13534 possui requisitos específicos aplicáveis a instalações elétricas em


EAS, com o objetivo de garantir a segurança dos pacientes e dos profissionais de
saúde. As suas prescrições complementam, modificam ou substituem prescrições de
caráter geral contidas na NBR-5410, Instalações Elétricas de Baixa Tensão, ou seja,

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para tudo o que não for especificado na NBR- 13534 aplicam-se as prescrições da
NBR-5410.

A diversidade de atividades realizadas em uma EAS gerou a necessidade de classificar


seus diferentes espaços em grupos, de acordo com os procedimentos realizados em
cada local. Assim os projetos elétricos poderiam atender às características específicas
de cada ambiente. A NBR-13534 classifica os espaços de um EAS em três grupos de
acordo com a utilização ou não de equipamentos eletromédicos e a natureza dos
procedimentos realizados. Os grupos determinados são:

 GRUPO 0: local médico não destinado à utilização de equipamento


eletromédico;
 GRUPO 1: local médico no qual se prevê o uso de equipamentos eletromédicos
em partes externas do corpo ou em partes internas não previstas no grupo 2;
 GRUPO 2: local médico destinado à utilização de equipamentos eletromédicos
em procedimentos intracardíacos, cirúrgicos, de sustentação de vida de
pacientes e outras aplicações, em que a descontinuidade de alimentação
elétrica pode resultar em morte.

O anexo A apresenta a classificação por GRUPO dos principais locais em um hospital


nos quais é realizado algum tipo de procedimento clínico.

2.2.1 Distribuição de Energia em Locais para Fins Médicos

Em locais médicos, a distribuição elétrica deve ser concebida e executada de forma a


facilitar a transferência automática entre a alimentação principal e a alimentação de
segurança. Ainda, todo equipamento de raios X, incluindo os de arco cirúrgico, e todo
outro equipamento com corrente de energização capaz de provocar o desligamento
de alimentação, em caso de conexão inadvertida a esta alimentação, devem ser
alimentados por circuitos dedicados.

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Circuitos que atendam locais dos grupos 1 e 2 devem contar com alimentação de
segurança independentemente da rede pública, que assumirá a carga
automaticamente se a tensão em um ou mais condutores no quadro de distribuição
principal sofrer uma queda superior a 10%. Os requisitos quanto ao tempo de
comutação da alimentação de segurança (classe) são:

 Alimentação de segurança com tempo de comutação ≤ 5s e autonomia mínima


de 3h – Alimentação do foco cirúrgico e outras fontes de luz essenciais, como
por exemplo, as de endoscopia;
 Alimentação de segurança com tempo de comutação ≤ 15s e autonomia mínima
de 24h – Alimentação da iluminação de emergência e serviços de apoio a
emergência, como por exemplo sistema de exaustão de fumaça;
 Alimentação de segurança com tempo de comutação maior que 15s e
autonomia mínima de 24h – Alimentação dos demais equipamentos necessários
à continuidade dos serviços da EAS.

As tomadas de corrente atendidas pela alimentação de segurança devem ser


facilmente identificáveis. Luminárias dos locais dos grupos 1 e 2 devem ser
alimentadas por no mínimo dois circuitos distintos, um dos quais conectado,
necessariamente, à alimentação de segurança.

Em cada posto de tratamento de paciente, as tomadas de corrente providas devem


ser alimentadas por no mínimo dois circuitos distintos, ou então todas devem ser
protegidas individualmente contra sobrecorrente. O anexo A apresenta a relação entre
os diversos espaços da EAS e suas respectivas classes.

Aterramento

Em uma instalação elétrica para estabelecimentos assistenciais de saúde, são


permitidos os seguintes esquemas de ligação: sistema TT, sistema IT e TN-S. O

FUNDAMENTOS DA ELET. BÁSICA E DE INST. ELÉTRICAS HOSPITALARES 51


sistema de ligação TN-C e suas derivações não são permitidos porque não oferecem
segurança necessária à utilização de equipamentos eletromédicos.

O sistema TT, mostrado na Figura 41, possui um ponto da alimentação diretamente


aterrado, estando as massas da instalação ligadas a eletrodo(s) de aterramento
eletricamente distinto(s) do eletrodo de aterramento da alimentação.

Figura 41. Esquema de ligação TT (NBR 5410)

No sistema IT, Figura 42, todas as partes vivas são isoladas da terra ou um ponto da
alimentação é aterrado através de impedância. As massas da instalação são aterradas,
verificando-se as seguintes possibilidades:

a) Massas aterradas no mesmo eletrodo de aterramento da alimentação, se


existente;
b) Massas aterradas em eletrodo(s) de aterramento próprio(s), seja porque não
há eletrodo de aterramento da alimentação, seja porque o eletrodo de aterramento
das massas é independente do eletrodo de aterramento da alimentação.

FUNDAMENTOS DA ELET. BÁSICA E DE INST. ELÉTRICAS HOSPITALARES 52


O neutro pode ser ou não distribuído;

A = sem aterramento da alimentação;

B = alimentação aterrada através de impedância;

B.1 = massas aterradas em eletrodos separados e independentes do eletrodo de


aterramento da alimentação;

B.2 = massas coletivamente aterradas em eletrodo independente do eletrodo de


aterramento da alimentação;

B.3 = massas coletivamente aterradas no mesmo eletrodo da alimentação


Figura 42. Esquema IT (NBR 5410)

FUNDAMENTOS DA ELET. BÁSICA E DE INST. ELÉTRICAS HOSPITALARES 53


O esquema TN possui um ponto da alimentação diretamente aterrado, sendo as
massas ligadas a esse ponto através de condutores de proteção. São consideradas três
variantes de esquema TN, de acordo com a disposição do condutor neutro e do
condutor de proteção, a saber:

a) Esquema TN-S, no qual o condutor neutro e o condutor de proteção são distintos


(Figura 43);

Figura 43. Esquema TN-S (NBR 5410)

b) Esquema TN-C-S, em parte do qual as funções de neutro e de proteção são


combinadas em um único condutor (Figura 44);

Figura 44. Esquema TN-C-S. As funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas num único
condutor em parte do esquema (NBR 5410)

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c) Esquema TN-C, no qual as funções de neutro e de proteção são combinadas em um
único condutor, na totalidade do esquema (Figura 45).

Figura 45. Esquema TN-C. As funções de neutro e de condutor de proteção são combinadas num único condutor,
na totalidade do esquema (NBR 5410)

2.3 Riscos de Choque em Equipamentos Biomédicos

Inevitavelmente a utilização de equipamentos eletromédicos introduz uma


preocupação que transcende a sua funcionalidade, pois a sua utilização possui um
risco inerente do choque elétrico. Podemos classificar os riscos de choque elétrico em
um EAS em dois grupos:

 Macrochoque - Choque elétrico consequente aos contatos estabelecidos


externamente ao corpo, com a pele intacta. Estão expostos ao risco de
macrochoques pacientes e profissionais da EAS;

 Microchoque - Choque elétrico que ocorre no interior do corpo humano,


proveniente de procedimento invasivo, como por exemplo, cateterismos. Ao
contrário do macrochoque, apenas pacientes estão expostos aos riscos de
microchoque.

A intensidade da corrente elétrica na ocasião de um choque elétrico dependerá, entre


outros fatores, da resistência apresentada pelo corpo humano e do valor da tensão.
FUNDAMENTOS DA ELET. BÁSICA E DE INST. ELÉTRICAS HOSPITALARES 55
Em macrochoques, a epiderme, na entrada e saída do caminho da corrente, contribui
para aumentar a resistência equivalente do corpo. Em microchoques, não existe essa
resistência adicional.

2.3.1 Riscos de Macrochoques

Alguns equipamentos eletromédicos possuem partes ou a carcaça toda de metal, e


caso haja perda de isolação do cabo de alimentação para a carcaça, quando não há o
condutor de proteção, ela ficará submetida à tensão da rede. Essa situação ocorre
quando existem apenas dois condutores, sem o condutor de proteção, ou quando o
condutor de proteção se rompe ou sua conexão não está boa em casos que o
equipamento é alimentado por três condutores. Se alguém tocar na parte de metal do
equipamento e criar um caminho para terra, ocorrerá um macrochoque. A energização
da carcaça também poderá ocorrer nos casos em que a ligação elétrica da tomada
estiver invertida, a fase com o terra.

Caso haja ruptura do condutor de proteção em equipamentos alimentados por três


condutores, e aconteça um curto-circuito entre a alimentação e a carcaça que esteja
ligada ao paciente, poderá acarretar um macrochoque no paciente mesmo que ele
esteja isolado. Isso porque a corrente pode encontrar um caminho para a terra através
de outro equipamento que porventura esteja conectado ao paciente e esteja aterrado.
Esse tipo de macrochoque também poderá ocorrer caso um paciente conectado a um
aparelho eletromédico devidamente aterrado toque em algum equipamento com
corrente de fuga alta e não aterrado, como por exemplo, televisores.

2.3.2. Riscos de Microchoques

O microchoque, com pequenas tensões, pode proporcionar um alto risco ao paciente,


pois são aplicadas diretamente aos órgãos internos. Esse tipo de choque é acarretado
por falhas em equipamentos utilizados em procedimentos invasivos.

FUNDAMENTOS DA ELET. BÁSICA E DE INST. ELÉTRICAS HOSPITALARES 56


Os cateterismos são um exemplo de exames que trazem riscos de microchoque ao
paciente. Neste exame, um cateter é levado através da veia ou artéria até o coração.
Uma falha no equipamento, devido à ruptura da isolação e perda de aterramento, terá
potencial para produzir uma descarga elétrica diretamente no coração do paciente.

Outro exemplo de risco de microchoque pode ocorrer em um paciente ao qual foi


instalado um marca-passo, sendo monitorado através de um monitor de
eletrocardiograma (ECG). Imaginemos que ocorra uma perda do aterramento do
circuito do motor elétrico da cama, assim as correntes de fuga energizarão levemente
a estrutura metálica da cama. Nesse caso, o paciente corre grande perigo, pois se
algum indivíduo tocar, simultaneamente, na cama e no marca-passo, poderá haver
uma descarga direta no coração do paciente, ocasionando um microchoque que pode
ser fatal. Essa corrente escoou da cama, passando pelo corpo do indivíduo que tocou
o marca-passo, pelo marca-passo, pelo coração do paciente, e foi para a terra através
do aparelho de ECG. Este é um tipo de acidente de difícil identificação que pode ocorrer
em um EAS, pois o único indício disponível da corrente do microchoque será um ruído
no sinal do ECG.

Os bisturis elétricos também podem ser protagonistas em acidentes elétricos nas EAS.
Um mau contato com a placa de retorno da corrente deste equipamento pode alterar
o percurso da corrente elétrica e ocasionar queimaduras na região de contato da pele
com a placa, caso a resistência seja elevada. Ainda, se houver falha de contato com a
placa de retorno, a corrente poderá retornar através de eletrodos de equipamentos
que estejam sendo utilizados para monitorar o paciente, podendo ocasionar um
microchoque.

Existe uma grande variedade de cenários com potencial de desencadear um


microchoque em um paciente. A intenção desta seção é despertar o leitor para os
riscos e alertar sobre a importância da correta utilização da tecnologia.

FUNDAMENTOS DA ELET. BÁSICA E DE INST. ELÉTRICAS HOSPITALARES 57


2.4 Métodos de Prevenção

A norma ABNT NBR-5410 estabelece que as partes energizadas perigosas não devem
ser acessíveis e partes condutivas acessíveis não devem oferecer riscos, seja em
condição normal ou em caso de alguma falha que as energize.

Na tentativa de mitigarmos o risco de choques elétricos, podemos fazer uso das


proteções básicas, que garantem a segurança contra contatos diretos, e das proteções
supletivas, que impedem contatos indiretos, quando partes condutivas acessíveis
tornam-se energizadas por falha da proteção básica.

São exemplos de proteção básica:

• Isolação básica ou separação básica;


• Barreiras ou invólucros;
• Limitação da tensão;

São exemplos de proteção supletiva:

• Isolação suplementar;
• Proteção com aterramento equipotencial;
• Proteção seletiva;
• Desconexão automática da energia, por exemplo, com a utilização de dispositivos
DR – diferenciais-residuais e/ou fusíveis;

A proteção contra o choque elétrico deve ser assegurada pela combinação das
proteções básicas e supletivas, por combinação de meios independentes ou através
de aplicação de uma medida capaz de prover ambas as proteções.

A equipotencialização e o seccionamento automático devem ser utilizados em


conjunto, pois suas ações se complementam. Quando a equipotencialidade não é

FUNDAMENTOS DA ELET. BÁSICA E DE INST. ELÉTRICAS HOSPITALARES 58


suficiente para impedir o aparecimento de tensões perigosas, o seccionamento
automático interrompe a alimentação desse circuito.

Sobre equipotencialização, a NBR-5410 diz que todas as massas de uma instalação


devem estar ligadas a condutores de proteção, e todo circuito deve dispor de condutor
de proteção, em toda a sua extensão. A NBR-13534 aponta a necessidade de uso de
equipotencialização suplementar e acrescenta ao disposto na NBR-5410 o seguinte:

a) Em cada local do grupo 1 ou do grupo 2, deve ser realizada uma


equipotencialização suplementar envolvendo condutores de proteção, elementos
condutivos, blindagens contra interferências, conexões de pisos condutivos e
blindagem eletrostática do transformador de separação. Além das peças do mobiliário,
fixas e condutivas, mesmo que não elétricas.

b) Nos locais do grupo 2, a resistência entre o barramento de


equipotencialização e o terminal PE de qualquer tomada, equipamento fixo ou qualquer
elemento condutivo não deve ser superior a 0,2Ω. O barramento deve estar próximo
ao local. E em cada quadro de distribuição, ou nas proximidades, deve haver um
barramento adicional, onde serão conectados os condutores da equipotencialização
suplementar e os condutores de proteção.

O princípio do seccionamento automático está descrito na NBR-5410, e diz que um


dispositivo de proteção deve seccionar automaticamente a alimentação do circuito ou
equipamento por ele protegido sempre que uma falta (entre parte viva e massa ou
entre parte viva e condutor de proteção) no circuito ou equipamento der origem a uma
tensão de contato superior ao valor pertinente da tensão de contato limite UL. A NBR-
13534 acrescenta que em caso de instalações de EAS:

a) A tensão de contato limite é de 25V, qualquer que seja o esquema de


aterramento;

FUNDAMENTOS DA ELET. BÁSICA E DE INST. ELÉTRICAS HOSPITALARES 59


b) Não se admite, no caso de esquema IT aplicado a EAS, o seccionamento
automático da alimentação na ocorrência da primeira falta.

Bibliografia

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13534: Instalações elétricas


para estabelecimentos assistenciais de saúde: Requisitos de segurança. Rio de Janeiro,
2008.

______. Instalações elétricas de baixa tensão. NBR 5410. Rio de Janeiro. 1980.

COSTA, H. J. D. et al. Eletricidade aplicada ao sistema de lastro. Apostila. Rio de


Janeiro, 2016.

CROWELL, L., WEIBELL, F. J.; PFEIFFER, E. A. Biomedical instrumentation and


measurements. 3. ed. New Jersey:Prentice-Hall, 1980.

DESOER, C. A.; KUH, E. S. Teoria básica de circuitos. Rio de Janeiro: Guanabara,


1979.

DOBES, M. I. Estudo em instalações elétricas hospitalares para segurança e


funcionalidade de equipamentos eletromédicos. Tese de Mestrado.
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 1997.

JOHNSON, D. E.; HILBURN, J. L.; JOHNSON, J. R. Fundamentos de análise de


circuitos elétricos. 4. ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1994.

QUEVEDO, C.P. Circuitos elétricos. Rio de Janeiro: Guanabara, 1988.

INMETRO. Sistema internacional de unidades: SI. Duque de Caxias:


INMETRO/CICMA/SEPIN, 2012.

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ANEXO A – Relação dos locais médicos com indicação de seu grupo e
classe

Grupo Classe
>1
Local 0 1 2 0,5 15 5
Ambulatório
Enfermagem
Sala de reidratação (oral e intravenosa) x x
Internação de curta duração
Posto de enfermagem e serviços x x
Demais salas x x
Atendimento imediato
Atendimento de urgência e emergência
Urgências (baixo e médio risco)
Sala de inalação, reidratação x
Sala para exame indiferenciado,
otorrinolaringologia, ortopedia, odontológico
individual x
Demais salas x
Urgência (alta complexidade) e emergência
Sala de procedimentos invasivos x x(b)
Sala de emergência x x(b)
Sala de isolamento x x
Sala coletiva de observação x x
Sala para manutenção de paciente com morte
cerebral x x
Internação
Internação geral
Posto de enfermagem e serviços x x
Sala de serviço x x
Sala de exames e curativos x x
Área de recreação x x
Demais salas x x
Internação geral de recém-nascidos
(neonatologia) x x
Internação intensiva - UTI
Área para prescrições médicas x x
Sala de serviço x x
Salas de apoio x x
Posto de enfermagem x x(a) x
Áreas e quartos de pacientes x x(b) x
Internação para tratamento de queimados x x

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Apoio ao diagnóstico e terapia
Patologia clínica
Laboratório e sala de laudos x
Imagenologia (tomografia, ultra-sonografia, ressonância magnética, endoscopia) e
métodos gráficos
Todas as salas de exames x x
Hemodinâmica x x(b) x
Sala de recuperação pós-anestésica x x
Posto de enfermagem x x
Anatomia patológica
Câmara frigorífica para guarda de cadáveres x
Medicina nuclear
Sala de exames x x
Centro cirúrgico
Sala de indução anestésica x x(b) x
Sala de cirurgia x x(b) x
Sala de recuperação pós-anestésica x x(c) x(b) x
Demais salas x x(c) x
Centro obstétrico cirúrgico
Sala de pré-parto, parto normal e AMIU x x
Sala de indução anestésica (se não aplicado gás
anestésico) x x
Sala de parto cirúrgico x x(b) x
Sala de recuperação pós-anestésica e
assistência ao RN x x(c) x
Demais salas x x(a) x
Centro de parto normal
Sala de parto e assistência ao RN x
Hemoterapia
Sala de processamento de sangue e guarda de
hemocomponentes x
Sala de coleta de sangue x x
Sala de recuperação de doadores x x
Sala de transfusão e posto de enfermagem x x
Radioterapia
Salas de exames x x
Quimioterapia
Salas de aplicação x
Diálise
Sala para diálise/hemodiálise x x
Sala de recuperação de pacientes x x
Posto de enfermagem x x
Banco de leite
Sala de processamento x
Sala de estocagem x

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Sala de distribuição x
Oxigenoterapia hiperbárica
Sala de terapia x x
Sala de máquinas x x
Apoio técnico
Nutrição e dietética
Despensa de alimentos climatizada x
Farmácia
Área de imunobiológicos x
Apoio logístico
Infra-estrutura predial x
Centrais de gases e vácuo x
Central de ar-condicionado x
Sala para grupo gerador x
Subestação elétrica x
Casa de bombas x

(a) Caso haja equipamentos do tipo estação central de monitoração no posto de


enfermagem, é necessário que a classificação seja do mesmo tipo que as demais
salas onde se encontram os pacientes, pois caso contrário é possível a ocorrência
de perturbações nos circuitos de alimentação.
(b) Focos cirúrgicos e fontes de luz para endoscopia utilizados netes locais devem
ter sua alimentação restabelecidade em até 0,5s.
(c) Considera-se grupo 2 caso o local possua equipamentos de sustentação de vida.

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