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A caracterização e a modelagem dos circuitos elétricos desde suas configurações, bem como
os componentes e as técnicas necessárias para sua análise.
PROPÓSITO
Compreender as funcionalidades de um circuito elétrico, bem como os conhecimentos técnicos
e teóricos sobre a sua operação para a aplicação em diversas áreas, como máquinas e
eletrônica, e não somente no modelo de sistemas de Engenharia. Conhecer, ainda, técnicas e
ferramentas que facilitem a análise matemática de problemas de grande porte, como
problemas reais.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar, tenha em mãos caneta, papel e calculadora para executar os cálculos e tomar
notas dos exercícios propostos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 3
MÓDULO 4
Estas têm o intuito de padronizar o texto a ser lido conforme as normas existentes, para que os
profissionais tenham acesso e entendam o material apresentado.
Unidades do SI
Comprimento metro m
Massa quilograma kg
Tempo segundo s
Temperatura kelvin K
Intensidade luminosa candela Cd
Carga coulomb C
CORRENTE ELÉTRICA
VOCÊ SABIA
Considere um átomo cujo núcleo seja composto de cargas positivas e neutras, e nas órbitas
encontram-se os elétrons. A carga total, medida em coulombs (C), é usualmente nula em um
átomo. Isso porque o número de elétrons é equivalente ao total de prótons e estes, por sua
vez, possuem cargas opostas. É importante destacar que 1 coulomb é composto de 6,24x1018
elétrons.
Como dito, os elétrons são atraídos pelos prótons devido a uma força de atração. Contudo, nas
camadas mais externas essa força de ligação é menor, facilitando a movimentação das cargas,
sendo necessária menor energia para remoção dos elétrons. Tomemos como exemplo um fio
feito de material condutor, que é caracterizado pela alta mobilidade das cargas elétricas,
conectado a uma bateria.
A bateria fornecerá a energia necessária para que os elétrons transitem. Essas cargas migram,
obedecendo a um sentido, buscando restabelecer o equilíbrio entre elas. Por convenção,
adota-se que o sentido convencional da corrente segue o fluxo de cargas positivas, ou seja, o
contrário da movimentação dos elétrons livres, chamado de corrente real.
Pode-se descrever a corrente elétrica como a variação de cargas em determinado espaço de
tempo, dada pela Equação 1:
dq
i ≜
dt
(1)
Por observação da Equação 1 é possível concluir que a corrente pode ser um valor variável,
uma vez que a carga pode variar com o tempo. Sendo assim, podem ser definidos dois tipos
de corrente, como apresentado a seguir:
Para que haja a movimentação de cargas, descrita anteriormente, aplica-se uma energia,
exemplificada pela bateria.
A tensão é a grandeza elétrica que mede a diferença de potencial elétrico entre dois pontos
distintos do circuito, também chamada de diferença de potencial (ddp).
No exemplo da bateria, A e B são os terminais dela. Assim como a corrente elétrica, a tensão
pode ser descrita matematicamente como mostra a Equação 2:
dw
vab = vb − va ≜
dq
(2)
Onde ‘w’ é a energia aplicada em Joules (J) e ‘q’, a carga (C). A unidade de medida é o Volt
(V).
POTÊNCIA E ENERGIA
A potência de um aparelho ou sistema pode ser associada com a velocidade com que ele
absorve ou fornece energia. Matematicamente, essa grandeza pode ser representada pela
Equação 3, onde “w” é a energia e “t”, o tempo.
dw
p ≜
dt
(3)
(4)
SAIBA MAIS
Convenção de sinal: a potência pode ser encontrada com sinais positivos ou negativos. Isso
indica que ela pode estar sendo absorvida ou fornecida pelo elemento. Quando a potência for
positiva, significa que ela está sendo fornecida por uma fonte de energia e sendo colocada à
disposição de uma carga ou um conjunto de cargas. Quando a potência for negativa, significa
que ela é absorvida por uma carga que estará gerando algum tipo de trabalho. A chamada
convenção de sinal passivo, adotada neste tema, indica que a corrente elétrica irá sair pelo
terminal positivo da fonte e entrar pelo sinal positivo da carga.
DESCRIÇÃO DO CIRCUITO
Um circuito elétrico pode ser caracterizado pela ligação de elementos, tais como resistores,
capacitores e outros, cuja análise consiste em determinar a corrente ou a tensão dos
mesmos. Os elementos do sistema podem ser subdivididos em ativos (podem gerar energia) e
passivos (não podem gerar energia).
Elementos passivos: resistores, indutores, capacitores.
ANÁLISE SISTEMÁTICA
O ponto de partida para a análise de circuitos elétricos é a Lei de ohm e, para entendê-la, é
necessária a apresentação de alguns conceitos.
EXEMPLO
Um material, ao ser percorrido por uma corrente elétrica, tende a resistir à sua passagem,
conceituando o que chamamos de resistência elétrica. Esta, por sua vez, pode variar com a
área da seção atravessada (A), o comprimento do material (l) e tipo de material, ou
resistividade do mesmo (ρ), como descrito pela Equação 5:
ρl
R =
A
(5)
A primeira Lei de ohm permite dizer que, em um circuito resistivo, a tensão e a corrente são
valores diretamente proporcionais, como na Equação 6:
v = Ri
(6)
Em um curto-circuito, a resistência tende a zero, fazendo com que a corrente tenda a valores
infinitos. Já um circuito aberto implica que a resistência tende a valores elevados, fazendo com
que a corrente se aproxime de zero.
NÓS, RAMOS E LAÇOS
Considerando uma rede qualquer contendo ‘b’ ramos, ‘n’ nós e ‘l’ laços, temos que:
b = l + n − 1
(7)
LEIS DE KIRCHHOFF
Além da Lei de ohm, existem duas leis que colaboram na análise dos circuitos elétricos: a Lei
de Kirchhoff para Correntes (LKC) e a Lei de Kirchhoff para Tensões (LKT).
Por meio da Lei de Kirchhoff para Correntes (LKC), é possível concluir que a soma das
correntes que entram em um nó é igual a zero, ou seja, a soma das correntes que entram em
um nó é igual à soma daquelas que saem dele.
Já a Lei de Kirchhoff para Tensões (LTK) diz que a soma das tensões em uma malha ou em um
caminho fechado deve ser igual a zero. Isso porque, conforme a corrente passa no elemento,
ocorre o que chamamos de queda de tensão.
Elementos do circuito elétrico que estão em série são atravessados pela mesma corrente.
Elementos do circuito que estão em paralelo são submetidos à mesma queda de tensão.
TEORIA NA PRÁTICA
Considere que um televisor de LCD, cuja potência seja em média 280W, tenha sido esquecido
ligado por 6 horas, e o custo do kWh seja de 0,62 centavos. Pede-se o cálculo do custo
desperdiçado e o custo mensal, considerando que o televisor fique ligado por 5 horas diárias.
RESOLUÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
I.
Selecionar um nó que será a referência. Aos demais n-1 nós atribuem-se variáveis como: v1, v2
..., vn-1.
II.
Aplicar a Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC).
III.
Solucionar as equações para obter as tensões.
Para exemplificar os passos citados, toma-se como exemplo o circuito da Figura 11:
Figura 11: Circuito exemplo.
A primeira etapa é definir a referência, ou terra (GND). Representada pela Figura 4, assume-se
que esta tenha potencial nulo:
va
i1 =
R1
va −vb
i2 =
R3
vb
i3 =
R2
Pela LKC:
I1 = I2 + i1 + i2
Atenção! Para visualização completa da equação utilize a rolagem horizontal
Por fim, para solucionar as equações, aplica-se a Lei de ohm, que define v = Ri . Os valores
de resistência do circuito são conhecidos, tornando fácil a solução do sistema de equações.
FONTES INDEPENDENTES
Por definição, uma fonte independente é aquela capaz de fornecer corrente ou tensão ao
circuito sem que esta dependa de valores mensurados em outros pontos. Ou seja, o valor
fornecido por essa fonte depende apenas dela.
A análise nodal sob a presença de fontes de tensão pode sofrer alterações nas seguintes
condições:
Condição 2: quando a fonte de tensão for encontrada conectada entre dois nós, não sendo
eles o de referência, estes formarão um supernó, Figura 13. Para solucioná-lo, devem ser
aplicadas as Leis de Kirchhoff (LKT e LKC).
Para esse exemplo, identificam-se dois nós e o nó de referência, ou seja, três nós.
Nó 1, aplicando a LKC:
50−v1 v1 v1 −v2
= +
5 15 3
Nó 2, aplicando a LKC:
v1 −v2 v2 v2 −8ia
= +
3 20 4
Assume-se aqui que todas as correntes estão saindo do nó, para fins de estudo.
Assim:
4 = i1 + i2 + 2
i1 + i2 = 2
v1 v1 −v2
+ = 2
2 2
2v1 − v2 = 4
i2 + i3 = 2
v1 −v2 v2
+ = 2
2 2
v1 − 2v2 = 4
v1 −v2
i2 =
2
v1
i1 =
2
v2
i3 =
2
4
v1 = −v2 = V
3
ATENÇÃO
As fontes dependentes de corrente, assim como ocorre nas fontes de tensão, dependem de
outra variável do circuito: nesse caso, a corrente. Dessa forma, para solucionar o problema,
basta aplicar os passos já apresentados, substituindo a corrente pela tensão nodal. Caso o
valor da corrente seja desejado, após encontrar as tensões nodais, estas devem ser
substituídas na equação que modela a corrente do ramo desejado.
FONTES INDEPENDENTES
Diferentemente da análise nodal, na qual se aplica a LKC, na análise de malhas utiliza-se a Lei
de Kirchhoff para Tensões (LKT) e, partindo desta, encontram-se os valores das correntes em
cada malha. Para entender melhor, observe o circuito da Figura 16 como exemplo, onde “V”
representa a tensão e “R”, as resistências dele:
Duas fontes independentes de tensão.
PASSO 1
PASSO 2
PASSO 3
PASSO 1
PASSO 2
Aplicar a LKT em cada uma das malhas, definindo as equações a serem solucionadas.
Malha 1:
−V1 + R1 i1 + R1 I3 = 0
I3 = i1 − i2
−V1 + R1 i1 + R3 (i − i2 ) = 0
1
Malha 2:
R3 i 3 + R2 i 2 + V 2 = 0
I3 = i2 − i1
R3 (i2 − i1 ) + R2 i2 + V2 = 0
PASSO 3
Resolver as equações encontradas no passo anterior para a obtenção das correntes de malha,
que podem ser representadas matricialmente, para facilitar a solução, por meio de softwares ou
calculadoras:
R1 + R3 −R3 i1 V1
⌈ ⌉[ ]=[ ]
−R3 R2 + R3 i2 −V2
Malha 1:
−2 + 1i1 + 1(i1 − i2 ) = 0
Malha 2:
i2 = −1A
Substituindo:
−2 + 1i1 + 1(i1 + 1)= 0
−2 + 2i1 + 1 = 0
2i1 = 1
1
i1 = = 0.5A
2
ATENÇÃO
Quando uma fonte de corrente, dependente ou independente, for encontrada entre duas
malhas, estas podem ser tratadas como uma malha única, recebendo o nome de supermalha.
FONTES DEPENDENTES
Para demonstrar a solução de um problema com fontes dependentes, seja esse problema de
tensão ou de corrente, consideraremos o exemplo de circuito da Figura 19. Então, seguiremos
os passos já apresentados:
1.
Identificação das malhas
2.
Aplicação da LKT
3.
Malha 1:
−V1 + R1 i1 + R3 (i1 − i2 )−bix = 0
ix = i3
Malha 2:
ix = i3
aVa = R7 i4 = R7 ciz
iz = i1
Malha 3:
R2 i3 + R6 (i3 − ci1 )+bix + V2 = 0
TEORIA NA PRÁTICA
Um transistor é um dispositivo amplamente usado em circuitos eletrônicos, cuja função é
atenuar a corrente. A representação desse dispositivo é dada pela Figura 20.1. Em circuito
com transistor, Figura 20.2, pede-se o cálculo das correntes IB e IC .
RESOLUÇÃO
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO
A aplicação do teorema da superposição requer inicialmente que o circuito em estudo seja
linear. Assim, é necessário entender o conceito disso:
CIRCUITOS LINEARES
EXEMPLO
Um circuito linear pode ser definido como aquele no qual há relação proporcional entre a
entrada e a saída dos valores avaliados, o que é mostrado na relação seguinte:
entrada ∝ sa daí
v = Ri
Em circuitos com fontes de tensão, aquelas não analisadas devem ser representadas por um
curto-circuito, sendo assim elementos não contribuintes para a avaliação.
Em circuitos com fontes de corrente, aquelas não analisadas devem ser representadas por
um circuito aberto, sendo assim elementos não contribuintes para a avaliação.
1.
Desativar todas as fontes que não serão utilizadas e encontrar a saída desejada. Essa ação
deve ser feita para todas as fontes existentes.
2.
Encontrar a contribuição total dada pela soma das contribuições individuais (calculadas na
etapa anterior). Tomando como exemplo o circuito da Figura 29a, observa-se a existência de
duas fontes. Considerando a ação de v1, a fonte de corrente é representada por um circuito
aberto e v1 (contribuição da fonte de tensão) é calculado. Em seguida, v1 é levado a zero
(curto-circuito) e v2 é calculado pela ação da fonte I. O resultado é dado pelas somas das
contribuições v1 e v2.
Etapa 1:
−V1 + R1 i1 + R2 i1 = 0
R2 i 1 = V 1 − R1 i 1
R2 i 1 = v 1
1 1 1 1
= + + … +
Rtotal R1 R2 Rn
R1 R2
Rtotal =
R1 +R2
R1 R2
v2 = I ( )
R1 +R2
TRANSFORMAÇÃO DE FONTES
A transformação de fontes é uma metodologia utilizada para fazer com que o circuito se torne
mais simples.
Essa ação pode ser executada substituindo uma fonte de tensão em série com um resistor por
uma fonte de corrente em paralelo com um resistor, como na Figura 30b. A recíproca também
se aplica.
Os circuitos a e b são equivalentes. Assim, para transformar as fontes, deve ser aplicada a
seguinte relação:
vf = Rif
vf
if =
R
TEORIA NA PRÁTICA
A corrente que passa por um ramo, em um circuito linear, é de 2A quando a tensão da fonte de
entrada é de 10V. Se a tensão for reduzida para 1V e a polaridade invertida, a corrente que
passa por esse ramo será de:
RESOLUÇÃO
A resposta correta é: 0,25A.
v = Ri
20 = R(5)
R = 4Ω
1
= i
4
MÃO NA MASSA
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 4
TEOREMA DE THÉVENIN
A aplicação do teorema de Thévenin torna possível a redução da parte fixa de um circuito linear
a ser avaliado. Esta, por sua vez, passa a ser representada por um circuito equivalente,
representado por uma fonte de tensão em série com um resistor (Vth e Rth )).
A tensão equivalente é obtida por meio da avaliação do circuito aberto nos terminais de Rth ,
que é calculada ao desativar todas as fontes independentes.
FONTES DEPENDENTES
É importante ressaltar que, diante da presença de fontes dependentes, o cálculo de Rth requer
não somente desativar as fontes independentes, como também aplicação de uma tensão vo ,
resultando em uma corrente io , assim:
vo
Rth =
io
Caso você opte por aplicar uma fonte de corrente, a escolha é válida. O valor da fonte
escolhida deve ser estipulado. Em geral, utilizamos nos estudos 1V ou 1A.
Para ilustrar o teorema, considere a Figura 35, que representa um circuito linear conectado a
uma carga variável (RL).
Figura 35.
TEOREMA DE NORTON
O teorema de Norton veio após o teorema de Thévenin, e existem grandes semelhanças entre
eles. No de Norton, porém, o circuito linear pode ser substituído por um equivalente composto
de uma fonte de corrente em paralelo com um resistor equivalente ((IN e RN ). A corrente de
Norton é obtida ao aplicar um curto-circuito nos terminais que se deseja avaliar. RN é
calculado ao desativar todas as fontes independentes.
Para ilustrar o teorema, considere a Figura 36, que representa um circuito linear conectado a
uma carga variável (RL).
Figura 36.
VT h
IN =
RT h
Encontrar a corrente de curto-circuito nos terminais em análise (IN ).
Encontrar a resistência vista dos terminais em análise ao desativar as fontes independentes
(Rth = RN ) .
Pelo cálculo de dois dos três tópicos citados, sendo escolhidos os que se encontrarem mais
acessíveis, é possível encontrar o terceiro pela relação de transformação.
TEORIA NA PRÁTICA
Uma fonte, em geral, é modelada por um equivalente de Norton ou Thévenin. Considere uma
fonte, cuja tensão seja 10V, a ser conectada a uma carga de 1W. Ao retirar a carga, a tensão
sobe para 10,5V. Calcule a resistência interna da fonte.
RESOLUÇÃO
A resposta correta é: 5Ω.
MODELAGEM DE FONTE POR EQUIVALENTE DE
THÉVENIN
MÃO NA MASSA
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentamos os princípios básicos dos circuitos elétricos, bem como as implementações e as
técnicas de solução e de simplificação deles.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos. 5. ed. Porto
Alegre: AMGH, 2013.
CONTEUDISTA
Isabela Oliveira Guimarães
CURRÍCULO LATTES