Circuitos Elétricos CC

CIRCUITOS ELÉTRICOS

Muitas vezes, nas aplicações envolvendo eletricidade estamos interessados na comunicação ou

na transmissão de energia de um ponto a outro, e para isso é necessária uma interconexão de
dispositivos elétricos. Tal interconexão é conhecida como circuito elétrico.
Um circuito elétrico simples, como mostrado na Figura 1, é formado por três elementos básicos:
uma bateria, uma lâmpada e fios para interconexão. Apesar de simples, possui várias aplicações úteis,
como uma lanterna, um holofote e assim por diante.

Figura 1 - Circuito elétrico simples

Um circuito mais complexo é mostrado na Figura 2, representado pelo diagrama esquemático de

um transmissor de rádio. Embora pareça complicado, esse circuito pode ser analisado empregando as
mesmas técnicas utilizadas para analisar o circuito anterior.

Figura 2 - Circuito elétrico de um transmissor de rádio

O objetivo da disciplina é aprender os conceitos fundamentais de análise de circuitos elétricos

que permitirão avançar nas disciplinas técnicas do curso. Para começar, vamos definir alguns conceitos
básicos. Entre esses conceitos temos carga, corrente, tensão, resistência elétrica, potência e energia.
Antes da definição de cada um deles, vamos falar sobre o sistema de unidades que usaremos.

SISTEMA DE UNIDADES

Os sistemas de unidades foram desenvolvidos ao longo dos anos para facilitar o entendimento de
todos os profissionais, independente de onde se encontram, utilizando uma linguagem padrão. O
Sistema Internacional de Unidades (SI), adotado pela Conferência Geral de Pesos e Medidas em 1960,
é conhecido como uma linguagem de medição internacional e é adotado no Brasil. Nesse sistema,
existem seis unidades principais a partir das quais todas as demais grandezas físicas podem ser
derivadas. Uma grande vantagem das unidades SI é o uso de prefixos baseados na potência de 10 para
a obtenção de unidades maiores e menores em relação às unidades básicas. A Tabela 1 mostra os
prefixos SI e seus símbolos.
 Tabela 1 - Prefixos do SI

CARGA ELÉTRICA

O conceito de carga elétrica é o princípio fundamental para explicar todos os fenômenos

elétricos. Da mesma forma, a quantidade mais elementar em um circuito elétrico é a carga elétrica.
Todos nós experimentamos o efeito da carga elétrica quando, por exemplo, vamos caminhar sobre um
carpete e tomamos um choque devido ao acúmulo de cargas causado pelo atrito. Carga elétrica é
uma propriedade elétrica das partículas atômicas que compõem a matéria, medida em coulombs
(C).
Sabemos, da física elementar, que toda matéria é formada por elementos fundamentais
conhecidos como átomos, que são constituídos por elétrons, prótons e nêutrons. Também sabemos
que a carga em um elétron é negativa e igual em magnitude a 1,602x10–19 C, enquanto um próton
transporta uma carga positiva de mesma magnitude do elétron. A presença de números iguais de
prótons e elétrons deixa um átomo com carga neutra. Com o avanço dos estudos na área,
descobriu-se que toda carga elétrica é múltipla de 1,602x10–19 C.

CORRENTE ELÉTRICA

Agora, consideremos o fluxo de cargas elétricas. Uma característica exclusiva da carga elétrica é o
fato de ela ser móvel; isto é, ela pode ser transferida de um lugar a outro, onde pode ser convertida
em outra forma de energia.
Quando um fio condutor (formado por vários átomos) é conectado a uma bateria (uma fonte de
força eletromotriz), as cargas são compelidas a se mover; as cargas positivas se movem em uma
direção, enquanto as cargas negativas se movem na direção oposta. A essa movimentação de cargas
dá o nome de corrente elétrica. Por convenção, o fluxo da corrente é aquele das cargas positivas, isto
é, ao contrário do fluxo das cargas negativas, conforme mostra a Figura 3.
 Figura 3 - Corrente elétrica devido ao fluxo de cargas elétricas

Essa convenção foi introduzida por Benjamin Franklin (1706-1790), cientista e inventor
norte-americano. Embora saibamos que a corrente em condutores metálicos se deve a elétrons
carregados negativamente, seguiremos a convenção adotada universalmente de que a corrente é o
fluxo líquido das cargas positivas. Portanto, Corrente elétrica é o fluxo de carga por unidade de
tempo, medido em ampères (A). A quantidade de corrente igual a 1 Ampère corresponde ao
deslocamento de 1 Coulomb por segundo. Nessa disciplina estudaremos apenas a corrente que não
muda com o tempo, chamada de Corrente Contínua (CC).
Ao definirmos corrente como a movimentação de cargas, é esperado que ela tenha um sentido
de fluxo associado. Sendo assim, uma corrente de 5 A poderia ser representada positiva ou
negativamente, como pode ser observado na Figura 4. Em outras palavras, uma corrente negativa
de –5 A fluindo em um determinado sentido, é a mesma que uma corrente de +5 A fluindo no sentido
oposto.

Figura 4 - Correntes elétricas equivalentes

TENSÃO ELÉTRICA

Conforme explicado anteriormente, para deslocar o elétron em um condutor a determinado

sentido é necessário algum trabalho ou transferência de energia. Esse trabalho é realizado por uma
força eletromotriz (FEM) externa representada pela bateria na Figura 3. Essa FEM também é
conhecida como tensão ou diferença de potencial. A tensão vab entre dois pontos a e b em um circuito
elétrico é a energia (ou trabalho) necessária para deslocar uma carga unitária de a para b. Portanto,
tensão (ou diferença de potencial) é a energia necessária para deslocar uma carga unitária através
de um elemento, medida em volts (V).
Na Figura 5 temos duas representações da mesma tensão. Na Figura 5a, o ponto a se encontra +9
V acima do ponto b; na Figura 5b o ponto b se encontra –9 V acima do ponto a. Podemos dizer que, na
Figura 5a, existe uma queda de tensão de 9 V de a para b ou, de forma equivalente, uma elevação de
tensão de b para a. Em outras palavras, uma queda de tensão de a para b é equivalente a uma
elevação de tensão de b para a.

Figura 5 - Tensões elétricas equivalentes

Nessa disciplina trabalharemos apenas com tensões de valor constante, denominadas tensões
CC.
POTÊNCIA E ENERGIA

Potência é a velocidade com que se consome ou se absorve energia, medida em watts (W).
Imagine duas lâmpadas, uma de 100 W e outra de 60 W, ligadas lado a lado. Qual delas terá o brilho
mais intenso? Por ter um valor de potência maior, a lâmpada de 100 W emitirá mais luz do que a
lâmpada de 60 W, ou seja, equipamentos de maior potência podem manipular maior quantidade de
energia por unidade de tempo.
Em sistemas elétricos de corrente contínua a potência é calculada pelo produto tensão x
corrente.

Por convenção, adota-se o sinal positivo para potência em um elemento quando a corrente entra
pelo sinal positivo da tensão. Caso contrário, a potência terá sinal negativo. Isso serve para indicar se o
elemento está fornecendo (sinal negativo) ou consumindo (sinal positivo) potência elétrica.

Energia é a capacidade de realizar trabalho e é medida em joules (J). Ainda pensando a respeito
das lâmpadas, qual delas gastará mais energia para iluminar um ambiente? Novamente, a resposta é a
lâmpada de 100 W, pois para emitir mais luz ela precisa de mais energia. Esse raciocínio pode ser
expandido para os demais equipamentos elétricos, elétricos ou não.

RESISTÊNCIA ELÉTRICA

Os materiais geralmente possuem um comportamento característico de resistir ao fluxo de carga

elétrica. Essa propriedade física, é conhecida como resistência elétrica e é medida em Ohms (Ω). A
resistência de qualquer material com uma área da seção transversal (A) uniforme depende de A e de
seu comprimento (L), conforme mostrado na Figura 6.

Figura 6 - Resistor

A resistividade do material, medida em ohms-metro, é indicada pelo símbolo ρ. Bons

condutores, como cobre e alumínio, possuem baixa resistividade, enquanto isolantes, como mica e
papel, têm alta resistividade. A resistência R de um elemento representa sua capacidade de resistir
ao fluxo de corrente elétrica; ela é medida em ohms (Ω).