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ELETRICIDADE

AULA 1

Prof. Felipe Neves Souza


CONVERSA INICIAL

Olá, seja bem-vindo à primeira aula de Eletricidade!


Quando a eletricidade foi descoberta, iniciaram-se os trabalhos para que
mais funções que utilizassem a energia elétrica fossem realizadas para facilitar
as tarefas do nosso dia a dia. Desde a sua descoberta, a utilização da energia
elétrica se tornou cada vez maior no decorrer dos anos, e atualmente nós somos
muito dependentes desta forma de energia que alimenta nossos telefones
celulares, chuveiros elétricos, lâmpadas, geladeiras, computadores etc. Já
pensou na vida sem eletricidade?
Todos os equipamentos que necessitam de eletricidade para funcionar
possuem circuitos elétricos para executarem suas funções, e o entendimento do
funcionamento desses circuitos é essencial para que nós consigamos analisar,
desenvolver e executar projetos elétricos.

TEMA 1 – GRANDEZAS ELÉTRICAS

Para entender quais são as principais grandezas elétricas envolvidas é


preciso entender o que é um circuito elétrico.
O circuito elétrico é uma interconexão de elementos elétricos de forma a
desempenhar uma determinada função. Os circuitos elétricos são utilizados em
diversos sistemas elétricos para executar as mais diversas tarefas, mas o
objetivo desta disciplina não é o estudo dessas diversas aplicações, e sim a
análise geral de circuitos, a qual serve de entendimento para a grande maioria
dos circuitos existentes.

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Figura 1 – Esquema elétrico de uma lâmpada ligada a uma pilha

Fonte: Shutterstock, 2018.

Assim como motores de combustão necessitam de combustível (gasolina,


álcool, diesel etc.), os circuitos elétricos necessitam de eletricidade para
funcionar.
A eletricidade já era conhecida desde a Antiguidade, mas diversas
pessoas acreditam que a partir de 1745 é que ela foi descoberta, quando
Benjamin Franklin observou que as cargas elétricas podem ser positivas ou
negativas, fazendo com que a quantidade de pesquisas realizadas sobre este
tema aumentasse. O estudo da eletricidade abrange diversas grandezas, sendo
a mais básica delas a carga elétrica.

1.1 Carga elétrica

Carga elétrica é a propriedade elétrica das partículas atômicas que


compõem a matéria, sendo medida em Coulombs (C).
A matéria é composta de blocos fundamentais chamados átomos. Cada
átomo possui elétrons, prótons e nêutrons. A carga de um elétron é negativa e
possui amplitude igual em magnitude a 1,602 × 10-19 C; por sua vez, um próton
possui uma carga positiva com a mesma amplitude. Um número igual de prótons

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e elétrons resulta em um nêutron, cuja carga é nula (ou neutra). Em relação à
carga elétrica, podemos levantar as seguintes considerações:

• O Coulomb (C) é uma unidade muito grande. Em 1 C de carga, são


necessários 6,24 × 1018 elétrons.
• As únicas cargas que podem ocorrer experimentalmente são múltiplos
inteiros da carga eletrônica e =1,602 × 10-19 C.
• A Lei da Conservação de Carga afirma que não se pode criar ou destruir
carga, mas apenas transferi-la. Portanto, a soma algébrica das cargas
elétricas em um sistema não pode ser alterada.

1.2 Corrente elétrica

Considerando que uma carga elétrica é móvel, a corrente elétrica pode


ser definida como a transferência de cargas de um ponto a outro. Em outras
palavras, podemos dizer que a corrente elétrica é a taxa de variação da carga
elétrica em relação ao tempo e pode ser expressa matematicamente como:
𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑖𝑖 =
𝑑𝑑𝑑𝑑
Em que a corrente é medida em Ampères (A) e:

𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶
1 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴è𝑟𝑟𝑟𝑟 = 1
𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠

A carga elétrica transferida em um instante de tempo obedece à


expressão:
𝑡𝑡
𝑞𝑞 = � 𝑖𝑖. 𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑡𝑡0

Podemos classificar a corrente elétrica como:

1. Corrente contínua: o valor da corrente é constante ao longo do tempo.


2. Corrente alternada: valor da corrente varia ao longo do tempo. A forma
mais comum de corrente alternada é a corrente senoidal, utilizada nas
linhas de transmissão de energia.

Figura 2 – Gráfico de corrente variando ao longo do tempo

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1.3 Tensão elétrica

Para que um elétron possa se deslocar de um local para outro em uma


determinada direção, é necessária alguma transferência de energia ou trabalho.
Esse trabalho é realizado por uma força eletromotriz (f.e.m.), que também
é conhecida como tensão elétrica ou diferença de potencial. Em outras palavras,
a tensão elétrica é a energia necessária para mover uma unidade de carga
através de um elemento e é medida em Volts (V).
Os sinais de (+) e (–) representados na bateria da Figura 3 são utilizados
para definir a polaridade da tensão nesse elemento.

Figura 3 – Tensão entre os pontos a e b

A tensão entre dois pontos é definida pela diferença entre o ponto de


maior potencial e o de menor potencial, podendo ser representada por V com

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índice ab (Vab), onde a primeira letra do índice indica o ponto de maior potencial,
e a segunda letra indica o ponto de menor potencial.

𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎 = 𝑉𝑉𝑎𝑎 − 𝑉𝑉𝑏𝑏

A tensão Vab representa a energia necessária para mover uma unidade


de carga do ponto a para o ponto b. Matematicamente, teremos:

𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑉𝑉𝑎𝑎𝑎𝑎 =
𝑑𝑑𝑑𝑑

Sendo ω a energia em Joules (J) e q a carga em Coulombs (C), como a


unidade da tensão elétrica é o Volt (V), tem-se que:

𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽𝐽 𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 . 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚


1 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 = 1 =1
𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶

Na Figura 4 são apresentados dois exemplos de como representamos a


tensão de um elemento.
No primeiro exemplo, o ponto a está em um potencial maior do que o
ponto b, assim teremos uma tensão Vab positiva. Em outras palavras, podemos
dizer que existe uma queda de tensão ou uma diferença de potencial de 9V entre
os pontos a e b.
No segundo, temos que o ponto b está 9V acima do ponto a, por isso a
tensão entre os pontos a e b é de -9V. É importante destacar que poderíamos
representar a tensão entre esses dois pontos como sendo a tensão do ponto b
menos a tensão do ponto a, ficando Vba = 9V.

Figura 4 – Tensão entre os pontos a e b

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1.4 Potência e energia

A potência é uma grandeza que mede quanto trabalho ou conversão de


energia de uma forma para outra pode ser realizado em um determinado período
de tempo. Em outras palavras, é a variação de energia (liberada ou absorvida)
em função da variação do tempo. A unidade de medição da potência é o Watt
(W):
𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑝𝑝 =
𝑑𝑑𝑑𝑑

Onde ω é a energia em Joules (J) e t é o tempo em segundos (s).


Reunindo as equações de corrente, de tensão e de potência, teremos:

𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑


𝑝𝑝 = = ∙
𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑑𝑑𝑑𝑑
Portanto,
𝑝𝑝 = 𝑣𝑣. 𝑖𝑖

Por definição, a energia é a capacidade de realizar trabalho. As


concessionárias de energia elétrica medem a energia em Watt-hora (Wh), em
que 1 Wh é igual a 3600 J.

TEMA 2 – CONVENÇÃO PASSIVA, COMPONENTES DE CIRCUITO E TIPOS DE


FONTE

No início dos estudos em eletricidade, pensava-se que as cargas que


entravam em movimento ocasionando a corrente elétrica eram as positivas.
Desde então, o sentido convencional da corrente elétrica em um circuito elétrico
é tido como sendo do terminal positivo (+) para o negativo (–).
Entretanto, com o avanço da tecnologia, percebeu-se que em um átomo
os elétrons possuem uma massa menor que a do próton e que, além disso, eles
orbitam em torno do núcleo, fazendo com que eles sejam mais facilmente
deslocados.
A partir desses estudos, foi observado que a corrente elétrica é originada
devido ao movimento de cargas do terminal negativo para o positivo. Porém,
diversos estudos já haviam sido publicados até essa descoberta, por isso, foi
adotada a convenção de sinal passivo. Nessa convecção foi definido que

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continuariam utilizando o princípio de que a corrente flui do terminal positivo para
o negativo.
Na convenção passiva, se a corrente entra no terminal positivo de um
elemento, temos que a potência é positiva e o elemento está absorvendo ou
dissipando essa potência.

Figura 5 – Elementos absorvendo potência

Se a corrente entrar pelo terminal negativo, temos que a potência será


negativa e o elemento está fornecendo potência ao circuito.

Figura 6 – Elementos fornecendo potência

Em circuitos elétricos, os elementos que absorvem ou dissipam energia


elétrica são denominados passivos. Os elementos que fornecem energia são
denominados ativos.

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Dentre os elementos passivos, pode-se destacar os resistores,
capacitores e indutores, que serão estudados mais adiante. Em relação aos
elementos ativos, os mais importantes são as fontes de tensão e de corrente, as
quais podem ser de dois tipos diferentes: independente ou dependente.
Uma fonte independente ideal é um elemento ativo que fornece tensão ou
corrente em seus terminais independentemente de outras variáveis do circuito.
Na Figura 7, encontram-se ilustradas as simbologias para fontes de
tensão independentes. A Figura 8 apresenta as simbologias para fontes de
corrente independentes.

Figura 7 – Simbologia para fontes de tensão independentes

Figura 8 – Simbologia para fontes de corrente independentes

Uma fonte dependente ideal é um elemento ativo que fornece tensão ou


corrente em seus terminais, sendo controlada por outra tensão ou corrente
presentes no circuito. Na figura a seguir, encontram-se ilustradas as simbologias
para as fontes dependentes de tensão (a) e corrente (b).

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Figura 9 – Simbologia para fontes de tensão dependentes (a) e para fonte de
corrente dependente (b)

As fontes dependentes de tensão e corrente podem ser de dois tipos cada:

• Fonte de Tensão Controlada por Corrente (FTCC);


• Fonte de Tensão Controlada por Tensão (FTCT);
• Fonte de Corrente Controlada por Corrente (FCCC);
• Fonte de Corrente Controlada por Tensão (FCCT).

Um exemplo de fonte de tensão controlada por corrente encontra-se


ilustrado na figura a seguir, em que a tensão fornecida pela fonte dependente é
igual a duas vezes o valor da corrente elétrica que circula pelo elemento C do
circuito:

Figura 10 – Exemplo de um circuito com fonte de tensão dependente

10
As fontes dependentes são muito utilizadas no modelamento matemático
de circuitos eletrônicos analógicos, ajudando na resolução de circuitos mais
complexos.

TEMA 3 – RESISTÊNCIA ELÉTRICA (LEI DE OHM)

Todos os materiais, sejam eles bons condutores de eletricidade


(condutores) ou maus condutores de eletricidade (isolantes), possuem uma
característica denominada resistência elétrica, que é a capacidade que esses
materiais têm de impedir o fluxo de corrente ou, mais especificamente, do fluxo
de cargas elétricas. O elemento utilizado para modelar esse comportamento é o
resistor, cuja representação pode ser visualizada na figura a seguir e é medido
em Ohms (Ω).

Figura 11 – Simbologia para resistores

A resistência elétrica de um material é diretamente proporcional ao


comprimento desse material e inversamente proporcional a sua área. Ela pode
ser equacionada da seguinte forma:
𝑙𝑙
𝑅𝑅 = 𝜌𝜌.
𝐴𝐴
Onde ρ é a resistividade do material em Ohm.metro, l o comprimento e A
a área da seção transversal.

Figura 12 – Material com comprimento l e área de seção transversal A

Na tabela a seguir temos listados diversos materiais com seus respectivos


valores de resistividade (ρ), assim como sua utilização.

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Tabela 1 – Resistividade de diferentes materiais

Fonte: Alexander e Sadiku, 2013.

Como cada material possui uma resistência dependendo de suas


dimensões, o cientista alemão Georg Simon Ohm descobriu em seus
experimentos de pesquisa que a corrente elétrica que circulava nos terminais de
um resistor é proporcional à tensão aplicada aos seus terminais, ou seja, a
corrente i é diretamente proporcional à tensão v.
Ohm descobriu que a constante de proporcionalidade para um resistor é
igual à sua resistência R. Portanto, a Lei de Ohm é da seguinte forma:

𝑣𝑣 = 𝑅𝑅. 𝑖𝑖

Onde v é a tensão aplicada aos terminais do resistor e i é a corrente que


circula pelo resistor.
Quando o valor de uma resistência é aproximadamente zero, esse
elemento pode ser considerado como um curto-circuito; sendo assim, teremos a
corrente máxima e tensão nula nesse elemento. Entretanto, quando o valor
dessa resistência se aproxima do infinito, ela pode ser considerada como um
circuito aberto. Nesse caso teremos tensão máxima e corrente nula.

Figura 13 – Curto-circuito (a) e circuito aberto (b)

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Vamos a um exemplo de aplicação da Lei de Ohm. Considere os circuitos
a seguir e calcule os valores das correntes elétricas que circulam em cada um.

Figura 14 – Exemplo de aplicação da Lei de Ohm

Pela Lei de Ohm, temos que:


𝑣𝑣 = 𝑅𝑅. 𝑖𝑖
Portanto,
𝑣𝑣 10
𝑖𝑖 = = = 2𝐴𝐴
𝑅𝑅 5
Sendo assim, a corrente que flui pelo elemento é de 2 Ampères.

Figura 15 – Exemplo de aplicação da Lei de Ohm

Aplicando a Lei de Ohm para esse segundo exemplo, teremos:

𝑣𝑣 1
𝑖𝑖 = = = 0,001𝐴𝐴
𝑅𝑅 1000

Nesse circuito, a corrente que flui pelo elemento será de 0,001 A ou 1mA.
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A potência em um resistor é calculada com a utilização da equação
descrita anteriormente, 𝑝𝑝 = 𝑣𝑣. 𝑖𝑖. Se substituirmos a equações da tensão obtida
pela Lei de Ohm, teremos:

𝑝𝑝 = 𝑣𝑣. 𝑖𝑖 = (𝑅𝑅. 𝑖𝑖). 𝑖𝑖 = 𝑅𝑅. 𝑖𝑖 2

Substituindo a equação de corrente obtida pela Lei de Ohm:

𝑣𝑣 𝑣𝑣 2
𝑝𝑝 = 𝑣𝑣. 𝑖𝑖 = 𝑣𝑣. � � =
𝑅𝑅 𝑅𝑅

Sendo assim, temos duas novas equações para calcular a potência


dissipada por um resistor.
Já que vimos os conceitos de grandezas elétricas e a definição de
resistores, iremos agora analisar um caso prático em que esses conceitos se
aplicam.
Toda casa tem um chuveiro, certo? E qual chuveiro elétrico utilizar?
Um chuveiro elétrico é um resistor em que, quando aplicada uma tensão
nos seus terminais, circulará uma corrente elétrica que irá aquecê-lo e
consequentemente também aquecerá a água.
No comércio, existem diversos chuveiros elétricos com tensões diferentes
(127 ou 220 V) e diversas potências. Quanto maior é a potência de um chuveiro,
mais poder de aquecimento ele terá.
No projeto de instalação elétrica de uma residência, por exemplo, deve-
se prestar atenção aos condutores (fios) que serão utilizados. Para que nessa
residência seja utilizado um chuveiro de 6500 W, será necessário saber qual a
corrente que irá circular em seus terminais. Sabendo o valor da tensão elétrica
utilizada na instalação, basta aplicar a equação de potência para obter o valor
da corrente.
Caso escolhamos um chuveiro de 127 Volts, teremos:

𝑝𝑝 = 𝑣𝑣. 𝑖𝑖
6500 = 127. 𝑖𝑖
6500
𝑖𝑖 = = 51,18 𝐴𝐴
127

Caso escolhamos um chuveiro de 220 Volts, teremos:

6500 = 220. 𝑖𝑖
6500
𝑖𝑖 = = 29,54 𝐴𝐴
200

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Analisando as correntes que circularão pelo chuveiro de 6500 W,
percebemos que a corrente do chuveiro de 127 V é 73% maior que a corrente
do de 220 V. Os fios que suportam correntes mais elevadas são mais grossos e
mais caros. Por essa razão, na hora de decidirmos se iremos utilizar um chuveiro
de 127 V ou 220 V no projeto de uma residência, sabemos que, como a corrente
de um chuveiro de 220 V é menor, o gasto com a fiação elétrica para a instalação
será menor.
Tendo esse conhecimento, podemos entender melhor algumas decisões
tomadas no projeto de uma instalação elétrica.

TEMA 4 – NÓ, RAMO, LAÇO E MALHA

Os elementos de um circuito elétrico podem ser conectados de diversas


formas. Devido a isto, devemos entender alguns conceitos básicos de topologias
adotadas em circuitos elétricos. As diversas formas de interconexão dos
dispositivos nos circuitos formam configurações geométricas que facilitam a
análise do circuito e são denominadas nó, ramo, laço e malha.
Um ramo representa um único elemento do circuito, tal como um resistor,
uma fonte de tensão ou corrente etc. Em outras palavras, um ramo representa
qualquer elemento do circuito que possui dois terminais. Na figura a seguir
encontra-se ilustrado um circuito com quatro ramos, sendo um deles a fonte de
tensão e os outros três deles os resistores.
Um nó é o ponto de conexão entre dois ou mais ramos, conforme indicado
na figura a seguir (a). Em um circuito, um nó é normalmente indicado por um
ponto, mas é importante destacar que todo o fio de conexão (ou curto-circuito)
constitui um único nó. Para melhor entender este conceito, o mesmo circuito foi
redesenhado na figura (b).
Na figura a seguir encontram-se destacados os nós 1, 2 e 3 do circuito,
os quais realizam a conexão de diferentes ramos.

Figura 16 – Circuito elétrico com os seus nós destacados

15
Um laço ou loop é qualquer caminho fechado em um circuito. Este
caminho se inicia em um nó, passando por diversos outros nós do circuito, porém
sempre retornando ao nó de partida. A figura a seguir ilustra os três laços deste
circuito.

Figura 17 – Circuito elétrico com os seus laços destacados

Note que nesse circuito temos três laços. No laço 1 foi considerado o
caminho fechado partindo do nó 1, passando por R1, R2 e a fonte de tensão e
retornando ao nó 1. O laço 2 foi considerado o caminho fechado iniciando no nó
2, passando pelos resistores R1 e R2 e, por fim, retornando ao nó 2. E o laço 3
compreende todo o caminho fechado mais externo, saindo do nó 1, passando
por R1, R3 e a fonte e retornando ao nó inicial.
Uma malha é qualquer laço que não contém outro laço dentro dele. Ou
seja, nos circuitos anteriores temos apenas duas malhas, como pode ser
observado na figura.

16
Figura 18 – Circuito elétrico com as suas malhas destacadas

FINALIZANDO

Nesta primeira aula, abordamos os conceitos de grandezas elétricas


como carga elétrica, corrente elétrica, tensão elétrica, potência e energia.
Foi abordada também a convenção passiva, adotada para a análise de
circuitos elétricos, definindo quais componentes são passivos e quais são ativos.
Foram apresentados os tipos de fonte existentes, e em seguida foi apresentada
a Lei de Ohm, que é fundamental em circuitos elétricos por tratar de uma
grandeza denominada resistência elétrica, que é característica de qualquer
material existente. Por fim, foram apresentadas algumas definições usuais na
análise de circuitos elétricos, que são os ramos, nós e laços malhas.
Você vai perceber que, no decorrer do curso de engenharia elétrica e
também no mercado profissional, estes conceitos serão abordados
constantemente, fazendo com que seja muito importante o seu conhecimento.

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REFERÊNCIAS

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos.


5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2012.

NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos elétricos. 10. ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2015.

SHUTTERSTOCK. Disponível em: <https://www.shutterstock.com/>. Acesso


em: 10 fev. 2018.

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ELETRICIDADE
AULA 2

Prof. Felipe Neves Souza


CONVERSA INICIAL

Olá, seja bem-vindo à segunda aula de Eletricidade! Na primeira aula,


tivemos a oportunidade de estudar algumas grandezas elétricas fundamentais
em circuitos elétricos, a convenção utilizada na análise, os tipos de elementos,
a Lei de Ohm e algumas definições utilizadas na análise.
A Lei de Ohm não é suficiente para podermos realizar a análise de
circuitos elétricos mais complexos. Entretanto, quando ela é utilizada em
conjunto com as Leis de Kirchhoff, apresentadas nesta aula, apossamo-nos de
um conjunto de ferramentas poderoso o suficiente para analisar uma grande
variedade de circuitos elétricos.
Também serão abordadas as diferentes associações de resistores (em
série e em paralelo), estudando suas características para entendermos o seu
funcionamento. Além disso, será apresentada a transformação Delta-Estrela
para facilitar a análise de circuitos.

TEMA 1 – LEIS DE KIRCHHOFF

As Leis de Kirchhoff, enunciadas pelo cientista alemão Gustav Robert


Kirchhoff, são conhecidas como Lei das Correntes de Kirchhoff (LCK) e Lei das
Tensões de Kirchhoff (LTK).

1.1 Primeira Lei de Kirchhoff

A Primeira Lei de Kirchhoff é baseada na Lei da Conservação da Carga


Elétrica, a qual diz que a soma algébrica das cargas em um sistema não pode
variar.
A Lei das Correntes de Kirchhoff (LCK) estabelece que a soma algébrica
de todas as correntes que entram ou saem de um nó (ou em uma região fechada)
é igual a zero. Matematicamente, temos que:
𝑁𝑁

� 𝑖𝑖𝑛𝑛 = 0
𝑛𝑛=1

Sendo N o número de ramos conectados ao nó e 𝑖𝑖𝑛𝑛 a enésima corrente


entrando (ou saindo) do nó.
Existem duas formas de convencionar a utilização da LCK em uma análise
de circuitos:

2
1. Se a corrente entra no nó ela é considerada positiva (+), e se a corrente
sai do nó, será negativa (–).
2. A corrente que entra no nó é considerada negativa (–), e a corrente que
sai do nó é considerada positiva (+).

Considere o nó apresentado na Figura 1. Veja que nesse nó temos


diversas correntes entrando e saindo. Aplicando a equação somatória das
correntes e utilizando a convenção do item 1, temos:
5

� 𝑖𝑖𝑛𝑛 = 0
𝑛𝑛=1

𝑖𝑖1 + 𝑖𝑖2 − 𝑖𝑖3 − 𝑖𝑖4 + 𝑖𝑖5 = 0


Podemos reescrever essa equação:
𝒊𝒊𝟏𝟏 + 𝒊𝒊𝟐𝟐 + 𝒊𝒊𝟓𝟓 = 𝒊𝒊𝟑𝟑 + 𝒊𝒊𝟒𝟒
Sendo assim, a LCK pode ser descrita da seguinte forma: A soma das
correntes que entram em um nó é igual à soma das correntes que saem do nó.

Figura 1 – Nó de um circuito com diversas correntes entrando e saindo

As figuras 2 e 3 apresentam um exemplo de aplicação da LCK. Nestas


figuras temos representado um nó de um circuito ao qual se conectam quatro
elementos. A corrente ix tem um valor desconhecido. Para determinar esse valor,
basta aplicar a equação da LCK.

3
Figura 2 – Nó de um circuito com diversas correntes entrando e saindo

Considerando que a soma de todas as correntes que entram no nó é igual


à soma de todas as correntes que saem desse mesmo nó, no exemplo da Figura
2 teremos:
𝑖𝑖𝑋𝑋 + 3 = 25 + 13
Isolando o termo ix:
𝑖𝑖𝑋𝑋 = 25 + 13 − 3
𝑖𝑖𝑋𝑋 = 35 𝐴𝐴

Figura 3 – Nó de um circuito com diversas correntes entrando e saindo

Aplicando a LCK no nó da Figura 3:


1 + 3 = 8 + 𝑖𝑖𝑋𝑋
Isolando ix:
𝑖𝑖𝑋𝑋 = 1 + 3 − 8
𝑖𝑖𝑋𝑋 = −4 𝐴𝐴
Nesse caso, notamos que o valor da corrente ix é negativa. Isso significa
que o sentido adotado na figura é o sentido oposto da corrente real que circula
no circuito.

1.2 Segunda Lei de Kirchhoff

A Segunda Lei de Kirchoff, ou Lei das Tensões de Kirchoff (LTK), obedece


à lei da conservação da energia e estabelece que a soma algébrica de todas as
tensões em um caminho fechado (laço ou malha) é igual a zero.
Matematicamente, teremos:

4
𝑀𝑀

� 𝑣𝑣𝑚𝑚 = 0
𝑚𝑚=1

Onde M é o número de tensões na malha e 𝑣𝑣𝑚𝑚 é a m-ésima tensão desta


malha.
Assim como na Primeira Lei de Kirchhoff, existem diversas formas
convencionar os sinais das tensões durante o equacionamento. Nos exemplos a
seguir iremos adotar a seguinte convenção:

• Adotar um sentido para a corrente no laço: horário ou anti-horário.


• Se a corrente entra no (-) e sai no (+), a tensão será considerada
negativa.
• Se a corrente entra no (+) e sai no (-), a tensão será considerada
positiva.

Para ilustrar a LTK, devemos observar o circuito da figura a seguir:

Figura 4 – Aplicação da Lei das Tensões de Kirchhoff

A fim de obedecer à convenção passiva de sinais, a polaridade da tensão


nos elementos passivos será definida pelo sentido da corrente adotado. Em
elementos passivos a corrente sempre irá entrar pelo terminal (+) e sair pelo
terminal (-).
Observe que na figura 4 à esquerda foi adotado uma corrente percorrendo
o laço no sentido horário, induzindo nos resistores a polaridade de tensão
indicada. Aplicando a LTK:
4

� 𝑣𝑣𝑚𝑚 = 0
𝑚𝑚=1

−𝑉𝑉1 + 𝑉𝑉𝑅𝑅1 + 𝑉𝑉2 + 𝑉𝑉𝑅𝑅2 = 0

5
Na figura 4 à direita foi adotado no sentido anti-horário, induzindo nos
resistores a polaridade de tensão oposta. Aplicando a LTK, temos:
𝑉𝑉1 + 𝑉𝑉𝑅𝑅2 − 𝑉𝑉2 + 𝑉𝑉𝑅𝑅1 = 0
A figura a seguir apresenta um circuito elétrico, onde a tensão sobre o
resistor de 5 Ω é desconhecida. Neste circuito foi dada a polaridade da tensão
da fonte e do resistor de 15 Ω. Sabendo que toda a energia fornecida ao circuito
deve ser consumida, basta aplicarmos a LTK e determinar o valor de Vx.
Definindo-se que a corrente irá percorrer a malha no sentido horário, a
polaridades de Vx será conforme indicado. Aplicando a LTK:
−8 + 6 + 𝑉𝑉𝑥𝑥 = 0
−2 + 𝑉𝑉𝑥𝑥 = 0
𝑉𝑉𝑥𝑥 = 2 𝑉𝑉

Figura 5 – Aplicação da Lei das Tensões de Kirchhoff, considerando sentido


horário

Resolvendo o mesmo circuito, porém definindo-se que a corrente percorre


o laço no sentido anti-horário, vamos observar que a polaridade da tensão Vx é
desconhecida e, seguindo a convecção passiva, deverá ser conforme
demonstrado na Figura 6. Vale ressaltar que a tensão da fonte e do resistor de
15Ω já são conhecidas e tiveram as suas polaridades mantidas durante o
equacionamento.

6
Figura 6 – Aplicação da Lei das Tensões de Kirchhoff, considerando sentido
anti-horário

Aplicando a LTK:
8 − 6 + 𝑉𝑉𝑥𝑥 = 0
2 + 𝑉𝑉𝑥𝑥 = 0
𝑉𝑉𝑥𝑥 = −2 𝑉𝑉
Sendo assim, podemos observar que, caso a polaridade escolhida tenha
sido a inversa da polaridade do funcionamento real do circuito, a tensão terá um
valor negativo, indicando que a polaridade está invertida.

TEMA 2 – ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM SÉRIE E DIVISORES DE TENSÃO

Em um circuito elétrico podemos organizar um conjunto de resistores


interligados de diversas formas. Uma das formas de combinarmos resistores é
por meio da associação em série desses componentes, ou seja, uma ligação
sequencial.

Figura 7 – Elementos de circuito em série

7
Considerando que um nó é o ponto de conexão entre dois ou mais
elementos e aplicando a LCK em todos os nós desse circuito, temos:
𝑖𝑖1 = 𝑖𝑖2 = 𝑖𝑖3 = ⋯ = 𝑖𝑖𝑛𝑛
Dessa forma podemos observar que a corrente que circula entre todos os
resistores é igual.
Utilizando a LTK nesse circuito vamos obter:
−𝑣𝑣 + 𝑣𝑣1 + 𝑣𝑣2 + 𝑣𝑣3 + ⋯ + 𝑣𝑣𝑛𝑛 = 0
𝑣𝑣 = 𝑣𝑣1 + 𝑣𝑣2 + 𝑣𝑣3 + ⋯ + 𝑣𝑣𝑛𝑛

Uma vez que a corrente elétrica é a mesma que circula em todos os


elementos do circuito, aplicando a Lei de Ohm temos que a tensão em cada
resistor será dada por:
𝑣𝑣1 = 𝑅𝑅1 . 𝑖𝑖
𝑣𝑣2 = 𝑅𝑅2 . 𝑖𝑖
𝑣𝑣3 = 𝑅𝑅3 . 𝑖𝑖
𝑣𝑣𝑛𝑛 = 𝑅𝑅𝑛𝑛 . 𝑖𝑖
Substituindo cada termo da equação obtida pela LTK:
𝑣𝑣 = 𝑅𝑅1 . 𝑖𝑖 + 𝑅𝑅2 . 𝑖𝑖 + 𝑅𝑅3 . 𝑖𝑖 … + 𝑅𝑅𝑛𝑛 . 𝑖𝑖
Como a corrente que circula entre todos os resistores é igual, podemos
colocar i em evidência:
𝑣𝑣 = (𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 + ⋯ + 𝑅𝑅𝑛𝑛 ). 𝑖𝑖
Isolando i:
𝑣𝑣
𝑖𝑖 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 + ⋯ + 𝑅𝑅𝑛𝑛
A corrente elétrica total que circula pelo circuito depende da resistência
total desse circuito, também chamada de resistência equivalente (Req).
A resistência equivalente de qualquer número de resistores conectados
em série é igual à soma das resistências individuais.
𝑛𝑛

𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = � 𝑅𝑅𝑖𝑖
𝑖𝑖=1

𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 + ⋯ + 𝑅𝑅𝑛𝑛


Sendo assim, podemos reescrever a equação da corrente total deste
circuito:
𝑣𝑣
𝑖𝑖 =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒

8
A Figura 8 apresenta um circuito em série. Para obter o valor da corrente,
basta obter o valor da resistência equivalente e aplicar a Lei de Ohm.

Figura 8 – Circuito em série

𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = 𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 = 2 + 10 + 8


𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = 20 Ω
Sabemos que a tensão nos terminais de um resistor é o produto da sua
resistência pela corrente elétrica que circula nele:
𝑣𝑣 20
𝑖𝑖 = =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 20
𝑖𝑖 = 1 𝐴𝐴

2.1 Divisor de tensão

Devido ao fato de que a tensão da fonte se divide em cada componente


do circuito, uma associação de resistores em série pode ser denominada como
um divisor de tensão. O divisor de tensão é muito utilizado, principalmente em
eletrônica. Com essa técnica é possível obter uma tensão de saída proporcional
à fornecida pela fonte.
O circuito da figura a seguir é um divisor de tensão composto de dois
resistores em série ligados a uma fonte de tensão.

9
Figura 8 – Divisor de tensão

A tensão VO nos terminais do resistor R2 é calculada da seguinte forma:


𝑣𝑣𝑂𝑂 = 𝑅𝑅2 . 𝑖𝑖
Sabendo que:
𝑉𝑉
𝑖𝑖 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2

Vamos obter a seguinte equação:


𝑅𝑅2 𝑅𝑅
𝑣𝑣𝑂𝑂 = 𝑅𝑅 ∙ 𝑉𝑉𝑓𝑓 ou 𝑣𝑣𝑂𝑂 = 𝑅𝑅 2 ∙ 𝑉𝑉𝑓𝑓
1 +𝑅𝑅2 𝑒𝑒𝑒𝑒

Com essa técnica é possível obter tensão em um único resistor do


circuito sem precisar calcular a tensão dos demais componentes, bastando
utilizar a seguinte equação:
𝑅𝑅𝑥𝑥
𝑣𝑣𝑥𝑥 = ∙ 𝑉𝑉
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒
Sendo x um dos resistores de 1 a n do circuito.

Figura 9 – Divisor de tensão

Por exemplo, caso se deseje obter a tensão do resistor R3, basta fazer:
𝑅𝑅3
𝑣𝑣3 = ∙ 𝑉𝑉
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒
10
TEMA 3 – ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM PARALELO E DIVISORES DE
CORRENTE

Da mesma forma que podemos associar resistores em série para


atingirmos determinados valores de resistência, nós podemos realizar uma
associação também em paralelo.
Quando dois ou mais elementos estão conectados a um único par de nós,
dizemos que eles estão em paralelo, conforme apresentado na Figura 10. Vale
relembrar que, em um circuito, um nó é normalmente indicado por um ponto, mas
todo o fio de conexão (ou curto-circuito) constitui esse único nó. Para melhor
entender este conceito, o mesmo circuito foi redesenhado na figura 10(b).

Figura 10 – Associação de resistores em paralelo

Aplicando a LTK em cada um dos laços do circuito é possível observar


que:
𝑣𝑣 = 𝑣𝑣1 = 𝑣𝑣2 = 𝑣𝑣3 = ⋯ = 𝑣𝑣𝑛𝑛
Sendo assim, podemos dizer que a tensão é igual em cada um dos
ramos em paralelo no circuito.
Aplicando a LCK no nó 1, temos:
𝑖𝑖 = 𝑖𝑖1 + 𝑖𝑖2 + ⋯ + 𝑖𝑖𝑛𝑛
Uma vez que a tensão elétrica é a mesma em todos os ramos do circuito,
aplicando a Lei de Ohm temos que a corrente em cada resistor será dada por:
𝑉𝑉
𝑖𝑖1 =
𝑅𝑅1

11
𝑉𝑉
𝑖𝑖2 =
𝑅𝑅2
𝑉𝑉
𝑖𝑖3 =
𝑅𝑅3
𝑉𝑉
𝑖𝑖𝑛𝑛 =
𝑅𝑅𝑛𝑛
Substituindo cada termo da equação obtida pela LCK:
𝑉𝑉 𝑉𝑉 𝑉𝑉
𝑖𝑖 = + + ⋯+
𝑅𝑅1 𝑅𝑅2 𝑅𝑅𝑛𝑛
Como a tensão em todos os resistores é igual, podemos colocar V em
evidência:
1
𝑖𝑖 = � � . 𝑉𝑉
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑅𝑛𝑛
Assim como para circuitos em série, a corrente elétrica total em um circuito
em paralelo depende da resistência total desse circuito, também chamada de
resistência equivalente (Req).
O inverso da resistência equivalente de qualquer número de resistores
conectados em paralelo é igual à soma do inverso de cada resistência
individualmente:
𝒏𝒏
𝟏𝟏 𝟏𝟏
=�
𝑹𝑹𝒆𝒆𝒆𝒆 𝑹𝑹𝒊𝒊
𝒊𝒊=𝟏𝟏
𝟏𝟏 𝟏𝟏 𝟏𝟏 𝟏𝟏
= + +⋯+
𝑹𝑹𝒆𝒆𝒆𝒆 𝑹𝑹𝟏𝟏 𝑹𝑹𝟐𝟐 𝑹𝑹𝒏𝒏
Como uma associação de resistores em série é possível obter uma
resistência equivalente maior, enquanto que uma associação em paralelo resulta
em um efeito oposto, diminuindo a resistência equivalente. Em uma associação
de resistores em paralelo, a resistência equivalente sempre será menor do que
a menor resistência do circuito.
A figura a seguir apresenta três resistores conectados em paralelo com
uma fonte. Como todos os elementos estão em paralelo, a tensão será a mesma
em todos os resistores. Para determinar a corrente em cada um dos ramos, basta
aplicar a Lei de Ohm.
Quando temos apenas dois resistores em paralelo, a resistência
equivalente será dada por:
1 1 1 𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2
= + =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑅𝑅1 𝑅𝑅2 𝑅𝑅1 . 𝑅𝑅2

12
Portanto:
𝑅𝑅1 . 𝑅𝑅2
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2
A resistência equivalente entre dois resistores em série é igual ao produto
das resistências dividido pela soma das resistências.
Ressaltando que essa definição só se aplica a dois resistores em paralelo.

Figura 11 – Associação de resistores em paralelo

𝒗𝒗 𝟓𝟓
𝒊𝒊𝟏𝟏 = = ⇒ 𝒊𝒊𝟏𝟏 = 𝟎𝟎, 𝟓𝟓 𝑨𝑨
𝟏𝟏𝟏𝟏 𝟏𝟏𝟏𝟏
𝒗𝒗 𝟓𝟓
𝒊𝒊𝟐𝟐 = = ⇒ 𝒊𝒊𝟐𝟐 = 𝟏𝟏 𝑨𝑨
𝟓𝟓 𝟓𝟓
𝒗𝒗 𝟓𝟓
𝒊𝒊𝟑𝟑 = = ⇒ 𝒊𝒊𝟑𝟑 = 𝟓𝟓 𝑨𝑨
𝟏𝟏 𝟏𝟏
Após calcular as correntes que circulam em cada um dos resistores,
vamos observar que a soma algébrica de todas essas correntes será exatamente
igual à corrente que flui através do resistor equivalente.
A resistência equivalente é calculada da seguinte forma:
1 1 1 1
= + +
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑅𝑅1 𝑅𝑅2 𝑅𝑅3
1 1 1 1
= + +
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 10 5 1
1
= 0,1 + 0,2 + 1 = 1,3
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒
Note que nesse caso temos que o inverso de Req é igual a 1,3. Portanto,
para obter o valor da resistência equivalente basta fazer:
1
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = ≅ 0,769 Ω
1,3
A corrente que circula pelo resistor equivalente é calculada da seguinte
forma:

13
𝑣𝑣 = 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 . 𝑖𝑖
𝑣𝑣 5
𝑖𝑖 = =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 0,769
𝑖𝑖 = 6,5 𝐴𝐴

3.1 Divisor de corrente

Do exemplo anterior, em que foi calculada a corrente que circula no


resistor equivalente, notamos que ela é igual à soma das correntes i1, i2 e i3.
Desta forma, podemos afirmar que se trata de um circuito divisor de corrente, em
que a corrente que sai da fonte se divide proporcionalmente em cada resistor do
circuito.
Com essa técnica é possível calcular a corrente através de um único
ramo, sem a necessidade de calcular as correntes nos demais ramos.

Figura 12 – Divisor de corrente

Sabendo que:
𝑉𝑉
𝑖𝑖1 =
𝑅𝑅1
E
𝑣𝑣 = 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 . i
Vamos obter a seguinte equação:
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒
𝑖𝑖1 = . 𝑖𝑖
𝑅𝑅1
Com essa técnica é possível obter corrente em um único ramo do circuito,
sem precisar calcular a corrente dos demais ramos. Basta utilizar a seguinte
equação:
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒
𝑖𝑖𝑥𝑥 = . 𝑖𝑖
𝑅𝑅𝑥𝑥

14
Sendo x um dos resistores de 1 a n do circuito apresentado na Figura
10.

TEMA 4 – TRANSFORMAÇÃO ESTRELA-TRIÂNGULO (Δ–Y)

Algumas vezes, deparamo-nos com alguns casos em circuitos em que a


geometria dos resistores não nos permite realizar uma simplificação direta do
circuito em termos de resistência equivalente. Na figura a seguir, encontram-se
ilustrados dois casos bastante recorrentes na análise de circuitos, que são as
ligações de elementos em estrela (ou Y), à esquerda, e a ligação em triângulo
(ou Δ), à direita.

Figura 13 – Resistores em ligação delta (a) e estrela (b)

Assim como na associação de resistores, a transformação estrela-


triângulo (Y-Δ) nos permite substituir uma dessas configurações por outra
equivalente. Dessa forma, um circuito com os seus elementos conectados em
estrela (Y) pode tê-los substituídos por um conjunto equivalente em que os
elementos estão conectados em triângulo (Δ) e vice-versa. A localização de cada
elemento será de acordo com os nós A, B e C indicados na figura.
A figura a seguir ilustra a conexão das transformações, e na Tabela 1
encontram-se as equações para determinar os resistores correspondentes
dessa transformação.

15
Figura 14 – Relação entre a formação em estrela e triângulo

Tabela 1 – Equações para realizar as transformações

Δ-Y Y-Δ
𝑅𝑅1 𝑅𝑅2 𝑅𝑅𝐴𝐴 𝑅𝑅𝐵𝐵 + 𝑅𝑅𝐵𝐵 𝑅𝑅𝐶𝐶 + 𝑅𝑅𝐶𝐶 𝑅𝑅𝐴𝐴
𝑅𝑅𝐴𝐴 = 𝑅𝑅1 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 𝑅𝑅𝐶𝐶

𝑅𝑅1 𝑅𝑅3 𝑅𝑅𝐴𝐴 𝑅𝑅𝐵𝐵 + 𝑅𝑅𝐵𝐵 𝑅𝑅𝐶𝐶 + 𝑅𝑅𝐶𝐶 𝑅𝑅𝐴𝐴


𝑅𝑅𝐵𝐵 = 𝑅𝑅2 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 𝑅𝑅𝐵𝐵

𝑅𝑅2 𝑅𝑅3 𝑅𝑅𝐴𝐴 𝑅𝑅𝐵𝐵 + 𝑅𝑅𝐵𝐵 𝑅𝑅𝐶𝐶 + 𝑅𝑅𝐶𝐶 𝑅𝑅𝐴𝐴


𝑅𝑅𝐶𝐶 = 𝑅𝑅3 =
𝑅𝑅1 + 𝑅𝑅2 + 𝑅𝑅3 𝑅𝑅𝐴𝐴
Os resistores da Figura 15 estão conectados em uma ligação em
triângulo. Podemos substituir esse circuito por um equivalente em ligação
estrela. Para obter os valores das resistências do novo circuito, basta aplicar as
equações da tabela 1.

Figura 15 – Exemplo de transformação triângulo-estrela

16
10 . 20
𝑅𝑅𝐴𝐴 = = 3,077 𝛺𝛺
10 + 20 + 35
10 . 35
𝑅𝑅𝐵𝐵 = = 5,385 𝛺𝛺
50 + 75 + 63
20 . 35
𝑅𝑅𝐶𝐶 = = 10,769 𝛺𝛺
50 + 75 + 63
Na Figura 16, os resistores conectados na formação estrela podem ser
substituídos por um circuito equivalente, em que os resistores estão conectados
em triângulo. Para obter os valores das resistências dessa nova ligação, basta
aplicar as equações da tabela 1.

Figura 16 – Exemplo de transformação estrela-triângulo

100 . 47 + 47. 84 + 84 . 100


𝑅𝑅1 = = 202,95 𝛺𝛺
84
100 . 47 + 47. 84 + 84 . 100
𝑅𝑅2 = = 362,72 𝛺𝛺
47
100 . 47 + 47. 84 + 84 . 100
𝑅𝑅3 = = 170,48 𝛺𝛺
100
Para entender melhor como a transformação estrela-triângulo pode ajudar
na análise de circuitos, considere o circuito da figura abaixo.

17
Figura 16 – Exemplo de aplicação da transformação estrela-triângulo

É possível observar que os resistores não estão conectados em série ou


em paralelo, impossibilitando a obtenção de uma resistência equivalente. Mas
note que nesse circuito conseguimos identificar uma conexão em triângulo
formada pelos nós A, B e C e outra pelos nós B, C e D. Além disso, há outras
duas conexões em estrela, nas quais o ponto central de conexão se dá no nó B,
e outra estrutura em triângulo com o ponto central de conexão no nó C.
Para resolver este circuito vamos realizar uma transformação triângulo-
estrela nos três resistores entre os nós A, B e C, como poder visto a seguir:

18
Figura 17 – Exemplo de aplicação da transformação estrela-triângulo

20 . 45
𝑅𝑅𝐴𝐴 = ⇒ 𝑹𝑹𝑩𝑩 = 𝟓𝟓, 𝟖𝟖𝟖𝟖𝟖𝟖 Ω
20 + 45 + 90
20 . 90
𝑅𝑅𝐴𝐴 = ⇒ 𝑹𝑹𝑨𝑨 = 𝟏𝟏𝟏𝟏, 𝟔𝟔𝟔𝟔𝟔𝟔 Ω
20 + 45 + 90
90 . 45
𝑅𝑅𝐶𝐶 = ⇒ 𝑹𝑹𝑪𝑪 = 𝟐𝟐𝟐𝟐, 𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏𝟏 Ω
20 + 45 + 90
Uma vez calculados os resistores da transformação Δ-Y, nota-se que o
resistor RB está em série com o resistor de 50 Ω, podendo ser representado por
um resistor equivalente Req1. Do mesmo modo, o resistor RC está em série com
o resistor de 45 Ω, podendo ser representado por um resistor equivalente Req2,
conforme a figura.

19
Figura 17 – Exemplo de aplicação da transformação estrela-triângulo

𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒1 = 11,613 + 50 = 61,613 Ω


𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒2 = 26,129 + 45 = 71,129 Ω
Agora é possível notar que Req1 e Req2 encontram-se em paralelo,
podendo ser representados por um só resistor denominado Req3, que estará em
série com RA, resultando em um resistor equivalente geral para o circuito Req.

Figura 18 – Exemplo de aplicação da transformação estrela-triângulo

𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒1 . 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒2 61,613 . 71,129


𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒3 = =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒1 + 𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒2 61,613 + 71,129
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒3 = 33,015 Ω
E por fim:
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = 33,015 + 5,806
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 = 38,821 Ω

20
Logo, a corrente total fornecida pela fonte será:
𝑉𝑉 15
i= =
𝑅𝑅𝑒𝑒𝑒𝑒 38,821
i = 0,386 𝐴𝐴

FINALIZANDO

Nesta aula, foram apresentadas as Leis de Kirchhoff, que enunciam o


comportamento das tensões e das correntes em um circuito elétrico. As duas
Leis de Kirchhoff, em conjunto com a Lei de Ohm, são de fundamental
importância para dar continuidade aos estudos da disciplina Eletricidade e às
disciplinas futuras ao longo do curso. Foram abordadas as associações de
resistores em série e paralelo, assim como o comportamento da tensão e
corrente em ambas as configurações, além da obtenção de circuitos
equivalentes para facilitar a análise. Foi vista também a transformação Delta-
Estrela (ou Estrela-Triângulo), a qual é de fundamental importância para a
análise de alguns circuitos, especialmente quando falarmos em sistemas
trifásicos.
Na prática, podemos observar o uso desse conceito nas lâmpadas de
natal. É comum encontrarmos arranjos de diversas lâmpadas ligadas para
enfeitar árvores de natal. Esse arranjo nada mais é do que associações em série
e em paralelo de diversas lâmpadas, assim como associações em série e
paralelo entre resistores que foi estudada.
Nós sabemos que, quando componentes são ligados em série, a tensão
aplicada sobre o conjunto se divide em cada um dos componentes ligados em
série. Caso todos os componentes sejam iguais, que é o caso das lâmpadas, a
tensão que surge nos terminais de cada lâmpada é igual.
No esquema a seguir, podemos visualizar um exemplo prático de um
produto disponível no mercado, com 50 lâmpadas ligadas em série conectadas
a uma fonte de 125 V, em que cada lâmpada é representada por um resistor.
Essas lâmpadas possuem tensão operacional de 2,5 V e 0,2 A (200 mA).

21
Figura 19 – Circuito de um pisca-pisca em série

Como as lâmpadas são iguais, então teremos:


𝑅𝑅1 = 𝑅𝑅2 = 𝑅𝑅3 = ⋯ = 𝑅𝑅50 = 𝑅𝑅
Só que a corrente que circula em todos os resistores é a mesma (200 mA),
fazendo com que a tensão em cada elemento seja igual:
𝑉𝑉1 = 𝑉𝑉2 = 𝑉𝑉3 = ⋯ = 𝑉𝑉50 = 𝑉𝑉
A quantidade de resistores ligados em série é escolhida de forma que a
tensão nos terminais de cada um deles seja igual à tensão de operação da
lâmpada, de 2,5 V. Logo, por se tratar de um circuito divisor de tensão formado
por N resistores iguais, a tensão total composta da soma da tensão dos N
resistores deve ser igual à tensão da fonte, no caso de 125 V.
2,5 . N = 125
N = 50 resistores
Porém, para uma luz de natal com um número maior de lâmpadas,
teríamos a redução da tensão sobre cada uma delas. No exemplo anterior, caso
fossem utilizadas 100 lâmpadas, a tensão em cada uma delas seria de 1,25 V e
assim, elas não acenderiam.
Em um conjunto maior, como o de 200 lâmpadas ilustrado na figura
abaixo, é utilizado um circuito composto por 4 ramos em paralelo, em que cada
ramo possui 50 lâmpadas. Novamente, cada lâmpada está sendo representada
por um resistor.
Na maioria desses enfeites, as lâmpadas utilizadas são do tipo pisca-
pisca. Este é um tipo de lâmpada especial que, quando acesa, esquenta um
filamento e, a partir de uma determinada temperatura, esse filamento se desloca.
Como consequência, a lâmpada é desligada. Enquanto desligado, a temperatura
do filamento diminui até que ele retorne a sua posição inicial, e a lâmpada
acende novamente. No circuito do exemplo a seguir, são necessárias apenas
quatro lâmpadas pisca-pisca, cada uma na posição inicial de cada ramo, nas

22
posições R1, R51, R101 e R151. Quando uma dessas lâmpadas esquenta, o circuito
é aberto, impedindo a passagem de corrente para as demais, desligando todo o
conjunto.

Figura 20 – Circuito de um pisca-pisca em paralelo

23
REFERÊNCIAS

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos.


5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.
BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2012.
NILSSON, J. W.; RIEDEL, S.A. Circuitos elétricos. 10. ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2015.

24
ELETRICIDADE
AULA 3

Prof. Felipe Neves Souza


CONVERSA INICIAL

Após compreendidas a lei de Ohm e as leis de Kirchhoff, principais leis


que regem a análise de circuitos, vamos apresentar os dois principais métodos
de análise de circuitos elétricos: análise de tensão dos nós (análise nodal) e o
método de análise das correntes de malha (análise de malha). Veremos também
duas condições especiais para esses métodos, chamados de supernó e
supermalha.
Com essas técnicas, seremos capazes de equacionar todos os circuitos
elétricos lineares e, com base nessas equações, calcular as grandezas elétricas
em cada um dos elementos do circuito.

TEMA 1 – ANÁLISE NODAL

Tendo conhecimento das leis fundamentais que regem a teoria de análise


de circuitos elétricos (lei de Ohm e leis de Kirchhoff), podemos aplicá-las no
desenvolvimento de métodos de análise.
Um dos principais métodos é o de análise por tensões dos nós, também
conhecido como análise nodal, que consiste em um procedimento para
equacionar um circuito elétrico. Nesse equacionamento, serão utilizadas as
tensões dos nós como variáveis. Essa escolha reduz o número de equações
necessárias para resolvê-lo.
Para determinar a tensão de um dos nós do circuito, devemos adotar um
destes como referência, ou seja, este nó será definido com potencial nulo (zero
volts). O nó de referência também é conhecido como terra. Os nós restantes do
circuito terão um potencial fixo em relação ao nó de referência. Portanto, em um
circuito com N nós, teremos (N-1) nós com potencial fixo em relação ao nó de
referência. O equacionamento de cada um destes (N-1) nós é obtido através da
aplicação da lei das correntes de Kirchhoff (LCK).
O método da análise nodal segue os seguintes passos:

1. Determinar o número de nós do circuito com três ou mais elementos


conectados a ele. Escolha um destes nós como sendo o nó de referência.
Este nó de referência geralmente é chamado de terra (ou GND), pois
assume-se que ele possui um potencial zero. Rotule os nós restantes com
valores subscritos de tensão (por exemplo: V1, V2 e assim por diante).
2. Adotar os sentidos das correntes em cada um dos ramos.
2
3. Aplicar a lei das correntes de Kirchoff (LCK) em todos os nós, exceto o de
referência. Utilize a lei de Ohm para expressar a corrente do ramo em
termos da tensão do nó.
4. Resolver as equações resultantes para obter as tensões dos nós.

Dado o circuito a seguir, vamos aplicar o método da análise nodal para


determinar as tensões em cada um dos nós.
Considerando que um nó é um ponto de conexão entre dois ou mais
elementos, este circuito apresenta três nós, conforme indicados na Figura 1
Porém, para o método de análise nodal serão considerados apenas os nós com
três ou mais elementos conectados a ele. Sendo assim, para realizar a análise
nodal a esse circuito, iremos considerar apenas dois nós, sendo um na parte
superior e outro na parte inferior.
Conforme apresentado na primeira aula, uma tensão elétrica é dada por
uma diferença de potencial entre dois pontos. Por isso, será necessário adotar
qualquer um destes nós como referência, ou seja, este nó terá tensão de zero
volts em relação aos demais nós do circuito e será chamado de terra. Nesse
exemplo, vamos adotar o nó inferior como referência e o nó superior será
nomeado como V1.

Figura 1 – Circuito elétrico

3
Figura 2 – Circuito com os nós de referência e V1 identificados

Em seguida, devem-se adotar os sentidos das correntes em cada um dos


ramos do circuito, as quais foram definidas como 𝒊𝟏, 𝒊2 e 𝒊3. É importante destacar
que a polaridade da tensão dos elementos passivos depende do sentido da
corrente que flui através dele. Em um elemento passivo a corrente sempre entra
pelo terminal (+) e sai pelo terminal (-).
Na Figura 3 o sentido das correntes foi adotado de forma arbitrária,
induzindo a polaridade das tensões nos resistores conforme indicado.

Figura 3 – Circuito com os sentidos das correntes adotados

Aplicando a lei das correntes de Kirchhoff (LCK) ao nó V1:

𝑖1 + 𝑖2 = 𝑖3

Quando aplicamos a lei de Ohm para expressar a corrente do ramo em


termos da tensão do nó, a ideia-chave que temos de ter em mente é que a tensão

4
sobre o resistor será sempre a diferença entre a tensão do maior potencial e o
menor potencial, ficando:

𝑣𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑡ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑣𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟 𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙


𝑖=
𝑅

A corrente 𝒊1 será dada por:

𝑣𝑅1
𝑖1 =
𝑅1

Sendo a tensão vR1:

𝑣𝑅1 = 𝑣1 − 24

Onde o maior potencial do resistor está conectado ao nó v1 e o menor


potencial conectado ao terminal positivo da fonte de 24 V.
Portanto a corrente 𝒊1 será:

𝑣1 − 24
𝑖1 =
6

Da mesma forma, a corrente 𝒊2 será relacionada com a corrente do resistor


R2, ficando:

𝑣𝑅2
𝑖2 =
𝑅2

A tensão VR2 é dada por:

𝑣𝑅2 = 𝑣1 − 0

Sendo o maior potencial do resistor conectado ao nó v1 e o menor


potencial conectado ao terra, portanto, 0 V.

𝑣1 − 0 𝑣1
𝑖2 = =
12 12

Note que, nesse circuito, a corrente 𝒊3 será a própria corrente fornecida


pela fonte, portanto 𝒊3= 1 A.
Substituindo os valores de 𝒊𝟏, 𝒊2 e 𝒊3 na equação obtida pela LCK:

𝑣1 − 24 𝑣1
+ =1
6 12
5
Agora basta resolver a equação e obter o valor de v1. Existem diversas
formas de calcular o valor de v1. Nesta resolução vai ser aplicado o mínimo
múltiplo comum (MMC), resultando:

2. 𝑣1 − 48 𝑣1
+ =1
12 12

Isolando o termo v1:

2. 𝑣1 − 48 + 𝑣1 = 12

3. 𝑣1 = 12 + 48

Sendo assim,

60
𝑣1 =
3

𝑣1 = 20 𝑉

Sabendo a tensão de todos os nós, as correntes podem ser calculadas:

𝑣1 − 24 20 − 24
𝑖1 = =
6 6

𝑖1 = −0,667 𝐴

𝑣1 20
𝑖2 = =
12 12

𝑖2 = 1,667 𝐴

O valor negativo de 𝒊𝟏 nos indica que o sentido real dessa corrente no


circuito é o inverso adotado para a resolução desse problema
Considere agora o circuito da Figura 4. Podemos observar que esse
circuito possui três nós. O nó inferior foi escolhido como referência e as tensões
dos demais nós foram denominadas 𝑽𝟏 e 𝑽𝟐. Os sentidos das correntes foram
adotados de forma arbitrária, induzindo a polaridade da tensão em cada um dos
resistores, conforme ilustrado na figura.

6
Figura 4 – Circuito elétrico

+ _

+ +

_ _

Aplicando a LCK ao nó V1, temos:

𝑖1 = 𝑖2 + 𝑖3

Do circuito, podemos observar que a corrente i1 será a corrente fornecida


pela fonte de 5 A. Para a corrente i2, a tensão sobre o resistor de 4 Ω será dada
por V1 – V2 e a tensão sobre o resistor de 2 Ω será dada por V1 – 0. Portanto:

𝑖1 = 5 𝐴

𝑉1 − 𝑉2
𝑖2 =
4

𝑉1 − 0
𝑖3 =
2

Substituindo na equação da LCK:

𝑉1 − 𝑉2 𝑉1
5= +
4 2

Aplicando mínimo múltiplo comum (MMC):

𝑉1 − 𝑉2 2. 𝑉1
5= +
4 4

Organizando a equação, teremos:

20 = 𝑉1 − 𝑉2 + 2. 𝑉1
7
Por fim,

3. 𝑉1 − 𝑉2 = 20

Agora aplicando a LCK ao nó V2:

𝑖2 + 𝑖4 = 𝑖1 + 𝑖5

Mas

𝑖1 = 5 𝐴

𝑉1 − 𝑉2
𝑖2 =
4

𝑖4 = 10 𝐴

𝑉2 − 0
𝑖5 =
6

Substituindo estas equações:

𝑉1 − 𝑉2 𝑉2
+ 10 = 5 +
4 6

Aplicando o MMC:

3. 𝑉1 − 3. 𝑉2 120 60 2. 𝑉2
+ = +
12 12 12 12

Organizando a equação:

3. 𝑉1 − 3. 𝑉2 − 2. 𝑉2 60 − 120
=
12 12

60 − 120
3. 𝑉1 − 5. 𝑉2 = ( ) . 12
12

Portanto:

3. 𝑉1 − 5. 𝑉2 = −60

Para esse circuito foram obtidas duas equações com duas incógnitas.
Agora basta resolver essas equações simultaneamente. Existem diversas

8
formas de se resolver um sistema linear, podendo-se utilizar o método de Gauss-
Jordan, regra de Cramer, escalonamento, substituição, matrizes e etc.

3. 𝑉1 − 𝑉2 = 20
{
3. 𝑉1 − 5. 𝑉2 = −60

Saiba mais
Existem diversas ferramentas matemáticas disponíveis para ajudar nas
resoluções deste tipo de problema, como os softwares matemáticos Geogebra,
Matlab, MathCad, Octave, etc. Além de alguns modelos de calculadoras gráficas
programáveis, na internet é possível utilizar alguns sites, como:
 Matrix Calc: <https://matrixcalc.org/pt/slu.html>;
 Wolfram Alpha: <https://www.wolframalpha.com>;
 Sybomlab: <https://symbolab.com>.

Resolvendo pelo método de Gauss-Jordan, podemos multiplicar a


segunda equação por -1, resultando em:

3. 𝑉1 − 𝑉2 = 20
{
−3. 𝑉1 + 5. 𝑉2 = 60

Somando as duas equações:

0. 𝑉1 + 4. 𝑉2 = 80

Isolando V2:

80
𝑉2 = = 20 𝑉
4

Sabendo o valor de V2, basta substituir em qualquer uma das equações


anteriores. Substituindo na primeira equação:

3. 𝑉1 − 20 = 20

3. 𝑉1 = 40

40
𝑉1 = = 13,33 𝑉
3

Agora, com os valores, podemos obter as correntes, i2, i3 e i4:

9
𝑖2 = −1,667 𝐴

𝑖3 = 6,667 𝐴

𝑖5 = 3,33 𝐴

Através do método de análise nodal, foi possível obter todas as correntes


e tensões de um circuito utilizando um conjunto de equações reduzidos. Em um
circuito com N nós, teremos sempre N-1 equações a serem resolvidas.

TEMA 2 – ANÁLISE NODAL (SUPER NÓ)

Quando utilizamos a análise nodal em circuitos com fonte de corrente, a


corrente que flui pelo ramo será sempre o valor da própria fonte de corrente
independente ou dependente. Porém, em circuitos com fontes de tensão é
preciso ter uma atenção especial.
Considere o circuito apresentado na Figura 5. Note que neste exercício
temos duas fontes de tensão, ilustrando duas possibilidades.
No primeiro caso, temos uma fonte conectada entre os nós V 1 e o de
referência. Sabendo que uma tensão é a diferença de potencial entre dois
pontos, podemos dizer que:

𝑉1 − 0 = 32

Portanto a tensão do nó 𝑉1 é o próprio valor da fonte, ficando 𝑉1 = 32 𝑉


Agora no segundo caso, temos uma fonte de tensão conectada entre os
nós V2 e V3. Esse é um caso especial, pois temos como equacionar a corrente
que flui por esse ramo, apenas a tensão.
Portanto, sempre que uma fonte de tesão (dependente ou independente)
estiver conectada entre dois nós, que não sejam o de referência, eles formarão
um nó genérico chamado de supernó. Um supernó será pode envolver uma
região composta por dois ou mais nós.

10
Figura 5 – Circuito elétrico

O primeiro passo para resolução é equacionar todos os supernós do


circuito. Considerando que a tensão é a diferença de potencial entre os nós,
neste circuito temos V2 conectado ao maior potencial da fonte, enquanto V 3 está
conectado ao menor potencial da fonte, sendo assim teremos:

Figura 6 – Fonte de tensão entre dois nós, formando um supernó

𝑉2 − 𝑉2 = 32

O segundo passo consiste em remover fonte do circuito e substituir esta


região por um supernó, conforme indicado na figura 7.

11
Figura 7 – Representação do supernó no circuito

Os demais passos são os já apresentados para a aplicação do método de


análise nodal. Portanto, basta aplicar a LCK no supernó e nos demais nós,
exceto o de referência. Aplicar a lei de Ohm para reescrever as equações em
função das tensões dos nós e, por fim, resolver as equações obtidas.
Aplicando a LCK ao supernó:

𝑖1 + 𝑖2 = 𝑖3 + 𝑖4

Reescrevendo as correntes utilizando a lei de Ohm:

𝑉1 − 𝑉3
𝑖1 =
4

𝑉1 − 𝑉2
𝑖2 =
2

𝑉2 − 0
𝑖3 =
8

𝑉3 − 0
𝑖4 =
6

Substituindo na LCK:

𝑉1 − 𝑉3 𝑉1 − 𝑉2 𝑉2 − 0 𝑉3 − 0
+ = +
4 2 8 6

Aplicando o MMC:

6. 𝑉1 − 6. 𝑉3 12. 𝑉1 − 12. 𝑉2 3. 𝑉2 4. 𝑉3
+ = +
24 24 24 24

12
6. 𝑉1 − 6. 𝑉3 + 12. 𝑉1 − 12. 𝑉2 3. 𝑉2 + 4. 𝑉3
=
24 24

Por fim, temos que:

18. 𝑉1 − 15. 𝑉2 − 10. 𝑉3 = 0

Sabendo que V1 = 32 V, basta substituir V1 na equação anterior:

18. (32) − 15. 𝑉2 − 10. 𝑉3 = 0

−15. 𝑉2 − 10. 𝑉3 = −576

Para esse circuito foram obtidas duas equações com duas incógnitas,
agora basta resolver o sistema linear.

𝑉2 − 𝑉3 = 32 𝑉
{
−15. 𝑉2 − 10. 𝑉3 = −576

Conforme mencionado, existem diversos métodos para resolução. Neste


exemplo iremos resolver por substituição.
Da primeira equação podemos isolar uma das variáveis, resultando em:

𝑉2 − 𝑉3 = 32 𝑉

𝑉2 = 32 + 𝑉3

Substituindo V2 na segunda equação:

−15. (32 + 𝑉3 ) − 10. 𝑉3 = −576

Aplicando a multiplicação distributiva:

−480 − 15. 𝑉3 − 10. 𝑉3 = −576

Isolando V3:

−25. 𝑉3 = 96

96
𝑉3 = = 3,84 𝑉
25

13
Substituindo V3 em uma das equações anteriores:

𝑉2 − 3,84 = 32 𝑉

𝑉2 = 32 + 3,84

𝑉2 = 35,84 𝑉

Tendo os valores de tensões de todos os nós, é possível calcular todas


as correntes e tensões em cada um dos elementos do circuito.

TEMA 3 – ANÁLISE DE MALHA

Uma outra técnica amplamente utilizada na análise de circuitos é o


método de análise das correntes de malha, ou análise de malha.
Enquanto a análise nodal aplica a Lei das Correntes de Kirchoff (LCK), a
análise por correntes de malha utiliza a Lei das Tensões de Kirchoff (LTK) para
encontrar as correntes desconhecidas do circuito.
A análise por correntes de malha só pode ser aplicada em circuitos planos,
nos quais não existe cruzamento entre ramos, como no circuito abaixo, à
esquerda, o qual pode ser redesenhado para um circuito equivalente, à direita,
no qual se pode aplicar a análise por correntes de malha visto que não há
cruzamento entre ramos, como o indicado no circuito à esquerda.

Figura 8 – Circuito com cruzamento de ramos e circuito sem cruzamento de


ramos.

14
O método das correntes de malha segue os seguintes passos:

1. Designar todas as N correntes das N malhas do circuito. Deve-se adotar


uma corrente fictícia percorrendo cada umas das malhas, podendo ser
horário ou anti-horário.
2. Aplicar a Lei das Tensões de Kirchoff (LTK) a todas as malhas.
3. Resolver as N equações simultâneas resultantes para obter as correntes
de malha.

No circuito apresentado na figura 9, vamos aplicar o método de análise de


malhas.

Figura 9 – Circuito elétrico

Conforme apresentado, uma malha consiste em qualquer caminho


fechado, desde que não tenha outro caminho fechado em seu interior. Nesse
circuito, conseguimos identificar duas malhas. Neste exemplo as correntes
fictícias percorrem as malhas no sentido horário.

Figura 10 – Circuito elétrico com os sentidos das correntes indicados

15
Assim como na análise nodal, a polaridade das tensões em todos os
elementos passivos será determinada pelo sentido das correntes adotadas.
Sendo que, para um elemento passivo, a corrente sempre irá entrar pelo terminal
positivo e sair pelo terminal negativo. Quando o circuito possui elementos que
pertencem a mais de uma malha, a tensão que surge nos terminais do resistor
pode ser considerada de duas formas: a primeira delas considera que a
polaridade da tensão que surge nos terminais do resistor possui uma polaridade
diferente em cada malha. A segunda forma é escolher uma polaridade da tensão
e mantê-la para a análise de todas as malhas. Nos exemplos será considerado
o primeiro caso.
Na Figura 11, a corrente i1 induziu na malha 1 as polaridades conforme
indicadas na figura 8(a), enquanto a corrente i2 induziu na malha 2 as polaridades
conforme indicadas na figura 8(b).

Figura 11 – Polaridade em cada um dos elementos devido às correntes de


malha

Agora, com as tensões de cada elemento das malhas identificadas,


podemos aplicar a lei das tensões de Kirchoff (LTK), lembrando que, pela
convenção adotada, se a corrente entra no (-) e sai no (+), a tensão será
considerada negativa. Se a corrente entra no (+) e sai no (-), a tensão será
considerada positiva.
Da malha 1 temos que:

∑ 𝑉𝑛 = 0

−15 + 𝑉1 + 𝑉2 + 10 = 0

𝑉1 + 𝑉2 = 5

16
Entretanto, pela lei de Ohm, temos que:

𝑉1 = 5. 𝑖1

Para V2, observe que a corrente real que flui pelo resistor de 10 Ω será
uma composição entre as correntes fictícias i1 e i2. A corrente i1 está de acordo
com a polarização indicada, sendo representada com sinal positivo, enquanto a
corrente i2 está no sentido oposto, sendo indicada com um sinal negativo. A
tensão V2 será dada da seguinte forma:

𝑉2 = 10. (𝑖1 − 𝑖2 )

Substituindo as equações de V1 e V2 na equação da LTK, teremos a


equação da malha 1:

−15 + 5. 𝑖1 + 10. (𝑖1 − 𝑖2 ) + 10 = 0

Organizando a equação, temos:

15. 𝑖1 − 10. 𝑖2 = 5

Aplicando a LTK na malha 2:

−10 + 𝑉2 + 𝑉3 + 𝑉4 = 0

𝑉2 + 𝑉3 + 𝑉4 = 10

Aplicando a lei de Ohm, vamos reescrever as tensões em cada um dos


resistores. É importante observar que polaridade da tensão V 2 foi alterada,
estando de acordo com o sentido da corrente i2. Nessa nova condição, a corrente
i2 está no sentido correto da polaridade adotada, enquanto a corrente i 1 está no
sentido oposto.

𝑉2 = 10. (𝑖2 − 𝑖1 )

𝑉3 = 6. 𝑖2

𝑉4 = 4. 𝑖2

Substituindo na equação da LTK:

10. (𝑖2 − 𝑖1 ) + 6. 𝑖2 + 4. 𝑖2 = 10
17
−10. 𝑖1+ 20. 𝑖2 = 10

Por fim, chegamos a um sistema de duas equações e duas incógnitas:

15. 𝑖1 − 10. 𝑖2 = 5
{
−10. 𝑖1 + 20. 𝑖2 = 10

Resolvendo pelo método de Gauss-Jordan, podemos multiplicar os dois


lados da igualdade da segunda equação por 1,5 e obter:

15. 𝑖1 − 10. 𝑖2 = 5
{
−15. 𝑖1 + 30. 𝑖2 = 15

Somando as duas equações:

15. 𝑖1 − 15. 𝑖1 − 10. 𝑖2 + 30. 𝑖2 = 5 + 15

0. 𝑖1 + 20. 𝑖2 = 20

𝑖2 = 1 𝐴

Substituindo i2 em qualquer uma das equações anteriores:

15. 𝑖1 − 10. (1) = 5

15. 𝑖1 = 5 + 10

𝑖1 = 1 𝐴

Sabendo os valores de todas as correntes fictícias, podemos determinar


os valores das correntes reais e tensões de todos os elementos do circuito.

TEMA 4 – ANÁLISE DE MALHA (SUPERMALHA)

Ao utilizar o método de análise de malhas, é preciso ter uma atenção


especial para as fontes de corrente do circuito. Para resolver esse circuito
utilizando o método de análise de malha, devemos aplicar a LTK em todas as
malhas. Porém, em circuitos com fontes de corrente, não temos como
equacionar essas fontes em função da tensão. No circuito apresentado na figura
12 duas fontes de corrente, ilustrando duas possibilidades.

18
Figura 12 – Circuito elétrico

No primeiro caso, considere a fonte de 2 A posicionada na malha 2. Nesse


caso, podemos dizer que a corrente que flui por este ramo será o próprio valor
da fonte de corrente, ou seja, a corrente que flui através do resistor de 5 Ω será
obrigatoriamente 2 A. Porém, é preciso ter uma atenção especial ao sentido da
corrente adotada. Note que a corrente da malha 2 foi adotada no sentido horário,
indo contra o sentido real da corrente, devendo ser equacionada da seguinte
forma:

𝑖2 = −2 𝐴

O sinal negativo indica que o sentido adotado está oposto ao sentido real.
No segundo caso, temos uma fonte de corrente de 10 A que está sendo
compartilhada entre as malhas 3 e 4. Este é um caso especial da análise de
malha chamado de supermalha.
Para resolver esse circuito, devemos equacionar todas as fontes
compartilhadas dele. Neste exemplo, sabemos que a corrente que irá fluir pelo
resistor de 3 Ω será, obrigatoriamente, 10 A e essa é uma composição entre as
correntes i3 e i4. A corrente i4 está no mesmo sentido da corrente real e por isso
terá sinal positivo, já a corrente i3 está no sentido oposto e assim, sinal negativo.
Portanto:

−𝑖3 + 𝑖4 = 10

19
Em seguida deve-se remover as fontes de corrente compartilhadas e
todos os elementos associados em série com elas. Essa região será chamada
de supermalha.

Figura 13 – Circuito com uma supermalha

Os demais passos são os mesmos já apresentados para análise de


malha. Portanto, devemos aplicar a LTK à supermalha, e a todas as demais
malhas, aplicar a lei de Ohm para reescrever as tensões em função das
correntes de malha e resolver as equações obtidas.
É importante ressaltar que as polaridades da tensão dos elementos
passivos deverão ser dadas de acordo com o sentido adotado para as correntes.
Aplicando a LTK a supermalha e utilizando a lei de Ohm para reescrever as
tensões em função das correntes de malha:

−15 + 𝑉10Ω + 𝑉4Ω + 𝑉7Ω =

−15 + 10. 𝑖3 + 4. (𝑖3 − 𝑖1 ) + 7. 𝑖4 = 0

−4. 𝑖1 + 14. 𝑖3 + 7. 𝑖4 = 15

20
Figura 14 – Circuito com as polaridades devido à corrente i1

Aplicando a LTK na malha 1:

𝑉10Ω − 2 + 𝑉3Ω + 𝑉4Ω = 0

10. 𝑖1 − 2 + 3. (𝑖1 − 𝑖2 ) + 4. (𝑖1 − 𝑖3 ) = 2

17. 𝑖1 − 3. 𝑖2 − 4. 𝑖3 = 2

Substituindo 𝑖2 = −2

17. 𝑖1 − 3. (−2) − 4. 𝑖3 = 2

17. 𝑖1 − 4. 𝑖3 = −4

Por fim, basta resolver as três equações simultâneas e obter os valores


das três incógnitas.

−𝑖3 + 𝑖4 = 10
{−4. 𝑖1 + 14. 𝑖3 + 7. 𝑖4 = 15
17. 𝑖1 − 4. 𝑖3 = −4

Portanto:

0. 𝑖1 −1. 𝑖3 + 1. 𝑖4 = 10
{−4. 𝑖1 + 14. 𝑖3 + 7. 𝑖4 = 15
17. 𝑖1 − 4. 𝑖3 + 0. 𝑖4 = −4

21
Conforme já mencionado, diversas formas de se resolver um sistema
linear como: método de Gauss-Jordan, regra de Cramer, escalonamento,
substituição, matrizes e etc.
Neste exemplo, vamos resolver pela regra de Cramer. Para isso devemos
reescrever o sistema linear em formato de matrizes:

0 −1 1 𝒊𝟏 10
|−4 14 7| . |𝒊𝟑 | = | 15 |
17 −4 0 𝒊𝟒 −4

Primeiro, devemos calcular o determinante da matriz:

0 −1 1
𝛥 = |−4 14 7|
17 −4 0

𝛥 = (0 − 119 + 16) − (238 + 0 + 0)

𝛥 = −341

Para calcular o coeficiente de i1 (𝛥𝑖1 ), devemos substituir a primeira


coluna da matriz pelos termos independentes e obter o determinante:

𝟏𝟎 −1 1
𝛥𝑖1 = | 𝟏𝟓 14 7|
−𝟒 −4 0

𝛥𝑖1 = (0 + 28 − 60) − (−56 − 280 + 0)

𝛥𝑖1 = 304

A corrente i1 será dada por:

𝛥𝑖1 304
𝑖1 = =−
∆ 341

𝑖1 = −0,89 𝐴

Para calcular o coeficiente 𝛥𝑖3 devemos substituir a segunda coluna da


matriz pelos termos independentes e obter o determinante:

22
0 𝟏𝟎 1
𝛥𝑖3 = |−4 𝟏𝟓 7|
17 −𝟒 0

𝛥𝑖3 = (0 + 1190 + 16) − (255 + 0 + 0)

𝛥𝑖3 = 951

𝛥𝑖3 951
𝑖3 = =−
∆ 341

𝑖3 = −2,79 𝐴

E por fim, para calcular o coeficiente 𝛥𝑖4 basta substituir a terceira coluna
da matriz pelos termos independentes e obter o determinante:

0 −1 𝟏𝟎
𝛥𝑖4 = |−4 14 𝟏𝟓 |
17 −4 −𝟒

𝛥𝑖4 = (0 − 255 + 160) − (2380 + 0 − 16)

𝛥𝑖4 = − 2459

𝛥𝑖4 −2459
𝑖4 = =
∆ −341

𝑖4 = 7,21 𝐴

Com as correntes das quatro malhas já calculadas, podemos obter todas


os valores das correntes reais e tensões do circuito.

FINALIZANDO

Nesta aula foram abordados os dois principais métodos de análise de


circuitos elétricos. Com esses métodos, observamos que podemos equacionar
um circuito em função da tensão dos nós ou das suas correntes de malhas. A
escolha dos nós ou malhas como variáveis do circuito reduz muito o número de
equações que seriam necessárias caso tivéssemos que equacionar elemento a
elemento.

23
Com essas duas ferramentas, podemos realizar a análise de quase todos
os circuitos elétricos lineares e, por isso, podemos considerá-las como o principal
destaque desta disciplina.
Os conceitos aqui apresentados serão necessários para diversas
disciplinas futuras que envolvam analise de circuitos. Como um circuito nunca
será igual ao outro, é importante que você continue estudando e aumentando o
seu conhecimento, não só com a aula, mas praticando os exercícios dos livros
textos.

24
REFERÊNCIAS

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M. N. O. Fundamentos de circuitos elétricos.


5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2012.

NILSSON, J. W.; RIEDEL, S. A. Circuitos elétricos. 10. ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2015.

25
ELETRICIDADE
AULA 4

Prof. Felipe Neves Souza


CONVERSA INICIAL

Seja bem-vindo à nossa quarta aula de Eletricidade!


Na análise de circuitos elétricos, o conceito fundamento baseia-se na
transferência de carga de um ponto ao outro do circuito. Quando ligamos
diferentes equipamentos em uma tomada, por exemplo, a demanda de carga
exigida ou a corrente elétrica que irá fluir dependerá das especificações do
equipamento. Quando ligamos um micro-ondas em uma tomada, essa tomada
fornecerá uma corrente. Conectando um liquidificador nesta mesma tomada, a
corrente será outra. Por isso, muitas vezes é necessário estudarmos o
comportamento dos circuitos dependendo de suas variáveis.
Existem formas de simplificar circuitos complexos e torná-los simples,
para que uma análise do seu funcionamento com cargas diferentes possa ser
realizada de forma direta.
Nesta aula serão apresentados alguns dos principais teoremas de análise
de circuitos. Estes teoremas complementam todas as leis, regras e métodos de
análises apresentados nas aulas anteriores.
Inicialmente será apresentado o teorema de transformação de fontes; com
ele será possível realizar algumas simplificações nos circuitos, visando à
facilitação da sua análise.
Com o teorema da superposição, será possível simplificar circuitos com
mais de uma fonte independente para circuitos com apenas uma. Além de nos
permitir estudar a influência de cada uma destas fontes nas grandezas elétricas
do circuito.
Por fim, serão apresentados os teoremas de Thévenin e Norton, que
realizam a simplificação de circuitos complexos para um circuito com uma fonte
de tensão (Thévenin) ou corrente (Norton) conectada a um resistor.

TEMA 1 – TEOREMA DE TRANSFORMAÇÃO DE FONTES

Observamos que as combinações em série, paralelo e a transformação


delta-estrela de resistores são procedimentos que nos auxiliam na simplificação
de circuitos.
A transformação de fontes é outro procedimento que pode nos auxiliar
nesta tarefa, em que o conceito de equivalência se aplica.

2
Um circuito é equivalente quando a característica 𝑣-𝑖 é idêntica ao circuito
original. Em outras palavras, a transformação de fontes é o processo de substituir
uma fonte de tensão em série com um resistor por uma fonte de corrente em
paralelo com um resistor ou vice-versa. Na figura a seguir podemos observar
uma transformação de fontes.

Figura 1 – Transformação de fontes independentes

Os dois circuitos acima são equivalentes, pois eles possuem a mesma


relação tensão-corrente nos terminais a-b. Entretanto, para que esta
equivalência seja real, é necessário que as relações a seguir sejam obedecidas:

𝑽𝒔
𝑽𝒔 = 𝑹. 𝑰𝒔 ou 𝑰𝒔 = 𝑹

A transformação de fontes também pode ser aplicada às fontes


dependentes, desde que a variável dependente seja cuidadosamente analisada.
Na figura a seguir, podemos transformar uma fonte dependente de tensão em
série com um resistor por uma fonte dependente de corrente em paralelo com
um resistor.

Figura 2 – Transformação de fontes dependentes

Tal como a transformação delta-estrela, a transformação de fontes não


altera a parte restante do circuito. Quando aplicável, a transformação de fontes
é uma ferramenta poderosa que permite a manipulação do circuito para uma

3
análise mais simples. Entretanto, devemos considerar os seguintes pontos
quando lidamos com a transformação de fontes:
Nota-se que a seta da fonte de corrente é direcionada para o terminal
positivo da fonte de tensão. A partir das equações de tensão e corrente
mencionadas acima, nota-se que a transformação de fontes não é possível
quando 𝑹 = 𝟎, o que é o caso de uma fonte ideal de tensão. Entretanto, na
prática, as fontes de tensão são ideais (𝑹 ≠ 𝟎). De maneira similar, uma fonte de
corrente ideal, 𝑅 = ∞, não pode ser substituída por uma fonte de tensão finita.
Dado o circuito da figura 3, vamos utilizar a transformação de fontes para
simplificar o circuito e calcular a corrente 𝑖 que circula na fonte de tensão de 30
V.

Figura 3 – Circuito para aplicação da transformação de fontes

Podemos notar que a fonte de corrente de 5 A está em paralelo com o


resistor de 4 Ω. Estes elementos podem ser transformados em uma fonte de
tensão em série com um resistor de 4 Ω. O valor da tensão desta fonte
equivalente é calculado utilizando a lei de Ohm:

V = 𝑅. 𝐼

𝑉 = 5 . 4 = 20 𝑉

Desta forma, o circuito resultante será o seguinte:

4
Figura 4 – Circuito para aplicação da transformação de fontes

É possível observar que os resistores de 4 Ω e 1 Ω estão em série e


podem ser simplificados por um resistor equivalente de 5 Ω, conforme o circuito
a seguir.

Figura 5 – Circuito para aplicação da transformação de fontes

No circuito anterior, nota-se que a fonte de tensão de 20 V está em série


com o resistor de 5 Ω, podendo ser transformada em uma fonte de corrente em
paralelo com um resistor de 5 Ω. A corrente desta fonte é calculada da seguinte
forma:

𝑉 20
𝐼= =
𝑅 5

𝐼 =4𝐴

O circuito equivalente desta transformação é mostrado a seguir:

5
Figura 6 – Circuito para aplicação da transformação de fontes

Neste circuito, os dois resistores de 5 Ω em paralelo, podendo ser


substituídos por um resistor único equivalente de 2,5 Ω, resultando no circuito a
seguir:

5 .5 25
𝑅𝑒𝑞 = =
5 + 5 10

𝑅𝑒𝑞 = 2,5 Ω

Figura 7 – Circuito para aplicação da transformação de fontes

Neste circuito, podemos realizar outra transformação de fontes, pois há


uma fonte de corrente em paralelo com um resistor, a qual pode ser substituída
por uma fonte de tensão em série com este mesmo resistor. O circuito
equivalente é mostrado a seguir e a forma de cálculo da tensão desta fonte é
realizada da seguinte forma:

𝑉 = 𝑅 . 𝐼 = 2,5 . 4

𝑉 = 10 𝑉

6
Figura 8 – Circuito para aplicação da transformação de fontes

Neste circuito, a corrente que flui pela fonte de 20 V passa pelos terminais
do resistor de 2,5 Ω e faz com que uma tensão surja em seus terminais. Desta
forma, a corrente que circula pelo resistor pode ser calculada utilizando a LCK.
Adotando que a corrente flui no sentido anti-horário:

−30 + 𝑉𝑅 + 10 = 0

−30 + 2,5. 𝑖 + 10 = 0

2,5. 𝑖 = 20

20
𝑖= =8𝐴
2,5

Portanto, a corrente que flui pelo resistor de 2,5 Ω é de 8 A.

TEMA 2 – TEOREMA DA SUPERPOSIÇÃO

Conforme já estudado, em um circuito com mais de uma fonte


independente é possível determinar o valor de uma variável específica (tensão
ou corrente) utilizando os métodos de análise nodal ou análise de malha.
Porém, existem outras formas de resolver este problema e um deles é
determinar as contribuições de cada fonte independente à variável e então somar
todas as contribuições individualmente. Esta técnica é denominada de
superposição.
O teorema da superposição estabelece que, em circuitos lineares, a
tensão em um elemento (ou a corrente através dele) é a soma algébrica da
tensão (ou da corrente) do elemento devido a cada fonte independente atuando
sozinha.

7
Este teorema nos auxilia na análise de um circuito com mais de uma fonte
independente, calculando a contribuição de cada fonte independente
individualmente.
Para aplicar este princípio, devem ser levadas em consideração:

 Uma fonte independente é analisada por vez, ou seja, as demais são


desligadas. Isto significa que cada fonte de tensão deve ser substituída
por 0 V (curto circuito) e cada fonte de corrente deve ser substituída por
0 A (circuito aberto). Desta forma, obtemos um circuito mais simples e de
fácil manipulação;

 Fontes dependentes são deixadas intactas, pois elas são controladas por
variáveis do circuito.

No circuito a seguir, vamos utilizar o princípio da superposição para


calcular o valor da tensão sobre o resistor de 4 Ω, conforme indicado.

Figura 9 – Circuito elétrico

Neste circuito temos duas fontes independentes, sendo uma de corrente,


cujo valor é de 5 A e outra de tensão, com valor de 30 V. Para solucionarmos
este circuito pelo princípio da superposição, primeiramente devemos selecionar
uma das fontes para desligar e em seguida, utilizar qualquer um dos métodos de
análise já vistos para determinar o valor da tensão desejada.
Primeiramente iremos “desligar” a fonte de corrente, ou seja, o valor da
sua corrente será de 0 A, a qual pode ser considerada um circuito aberto,
conforme a figura a seguir. Note que a tensão que se deseja calcular (𝑣) foi
substituída por 𝑣′.

8
Figura 10 – Circuito elétrico com a fonte de corrente substituída por um circuito
aberto

Analisando este circuito, temos uma malha na qual aplicaremos a LTK.


Foi adotada uma corrente no sentido anti-horário para que a polarização dada
inicialmente fique de acordo com o sentido adotado.

−30 + 𝑣1 + 𝑣 ′ = 0

8. 𝑖1 + 4. 𝑖1 = 30

30
𝑖1 = = 2,5 𝐴
12

Calculado o valor da corrente i1, podemos calcular o valor de 𝒗’.

𝑣 ′ = 4. 𝑖1

𝑣 ′ = 4 . 2,5 = 10 𝑉

Agora que calculamos o valor da tensão 𝒗′ com a fonte de corrente


desligada, precisamos calcular o valor desta tensão 𝒗′′ com a fonte de tensão
desligada, a qual terá uma tensão de 0 V, ou seja, um curto circuito, conforme a
figura abaixo.

9
Figura 11 – Circuito elétrico com a fonte de tensão substituída por um curto-
circuito

Analisando este circuito, temos um nó em que aplicaremos a LCK:

𝑖1 = 𝑖2 + 𝑖3

𝑣′′ 𝑣′′
5= +
8 4

5 = 0,125. 𝑣 ′′ + 0,25. 𝑣′′

5
𝑣 ′′ = 13,33 𝑉
0,375

Logo, pelo método da superposição, a tensão 𝒗 no circuito será a soma


algébrica das contribuições de cada fonte, individualmente:

𝑣 = 𝑣 ′ + 𝑣 ′′

𝑣 = 10 + 13,33

𝑣 = 23,33 𝑉

Dessa forma, a tensão total sobre o resistor de 4 Ω será de 23,33 V.

TEMA 3 – TEOREMA DE THÉVENIN

O Teorema de Thévenin estabelece que qualquer circuito linear de dois


terminais pode ser substituído por um circuito equivalente composto por
uma fonte de tensão (VTh) em série com um resistor (Rth)

10
Figura 12 – Circuito equivalente de Thévenin

Considere um circuito elétrico da figura 12 (a) conectado a um resistor


com resistência variável RV entre os terminais a e b. Para cada valor de
resistência do resistor variável, é necessário realizar a análise do circuito
novamente, mas para simplificar, podemos aplicar o Teorema de Thévenin entre
os terminais a e b, no qual o circuito será representado por uma fonte de tensão
em série com um resistor, conforme ilustrado na figura 9(b).

Figura 13 – Circuito elétrico com uma carga variável (a) circuito simplificado
com o equivalente de Thévenin (b)

(a) (b)

Desta forma, para cada valor de resistência do resistor RV, a análise do


circuito pode ser realizada de forma direta, visto que o circuito foi simplificado
para uma fonte conectada a dois resistores em série.
O procedimento para a obtenção do circuito de Thévenin é o seguinte:

11
1. Removemos a parte que se deseja realizar o circuito de Thévenin (neste
caso, o resistor de resistência variável entre os terminais a e b);

2. Calculamos o valor de Vth retornando a ligar todas as fontes e


determinamos a tensão entre os terminais a e b do circuito, no qual
removemos o dispositivo desejado;

3. Calculamos o valor da resistência entre os pontos a e b (Rth) desligando


todas as fontes independentes do circuito (as fontes de tensão viram um
curto circuito e as fontes de corrente viram um circuito aberto);

4. Desenhamos o circuito equivalente de Thévenin e recolocamos entre os


terminais a e b do circuito o elemento que foi retirado.

Dado o circuito da figura 10, vamos determinar o circuito equivalente de


Thévenin para o elemento ligado entre os terminais a e b do circuito abaixo para
calcular a corrente 𝒊.

Figura 13 – Circuito para aplicação do Teorema de Thévenin

Primeiramente, removemos temporariamente o elemento conectado entre


os terminais a e b do circuito, resultando no circuito da figura 11, em que a tensão
Vab será a tensão da fonte do circuito de Thévenin (Vth). Para calcularmos o valor
de Vth, podemos utilizar qualquer um dos métodos de análises apresentados.
Neste exemplo será utilizada a análise nodal.

12
Figura 14 – Circuito com o componente entre os terminais a e b removidos

Aplicando a LCK temos:

𝑖1 = 𝑖2 + 𝑖3

Mas:

𝑉1 − 12
𝑖2 =
6

𝑉1 𝑉1
𝑖3 = =
6 + 4 10

Substituindo 𝑖2 e 𝑖3 na equação da LCK, teremos:

𝑉1 − 12 𝑉1
2= +
6 10

𝑉1 − 12 𝑉1
2= +
6 10

5. 𝑉1 − 60 + 3. 𝑉1
2=
30

8. 𝑉1 = 120

120
𝑉1 = = 15 𝑉
8

Uma vez calculado o valor de 𝑉1, temos como calcular 𝑖2 e 𝑖3 :

𝑉1 − 12
𝑖2 = = 0,5 𝐴
6

𝑉1
𝑖3 = = 1,5 𝐴
10

13
Calculado o valor de 𝑖3 , temos como calcular 𝑉𝑡ℎ :

𝑉𝑡ℎ = 4. 𝑖3

𝑉𝑡ℎ = 6 𝑉

Para calcularmos o valor de RTh, temos que desligar as fontes de tensão


e corrente, as quais serão substituídas por um curto circuito e um circuito aberto,
respectivamente, conforme o circuito da figura a seguir:

Figura 15 – Circuito com as fontes independentes removidas

Com este circuito, percebe-se que os dois resistores de 6 Ω estão em


série e podem ser substituídos por um resistor equivalente de 12 Ω, o qual estará
em paralelo com o resistor de 4 Ω. Desta forma, o cálculo de RTh será o seguinte:

1 1 1 1 1
= + = +
𝑅𝑡ℎ 4 (6 + 6) 4 12

𝑅𝑡ℎ = 3 Ω

Desta forma, o circuito equivalente de Thévenin será dado por uma fonte
de tensão de 6 V em série com um resistor de 3 Ω. Os elementos removidos
devem ser reconectados entre os terminais a e b, resultando:

Figura 16 – Circuito equivalente de Thévenin

14
Por fim, a corrente 𝒊 é calculada utilizando a lei de Ohm:

6
𝑖= = 1,5 𝐴
3+1

TEMA 4 – TEOREMA DE NORTON

O Teorema de Norton estabelece que um circuito linear de dois terminais


pode ser substituído por um equivalente. Este equivalente é constituído por uma
fonte de corrente (𝑖𝑁 ) em paralelo com um resistor (𝑅𝑁 ). O valor da fonte de
corrente do equivalente de Norton será a corrente de curto circuito entre os
terminais a e b. Enquanto que a resistência equivalente de Norton será a
resistência de entrada do circuito, ou equivalente aos terminais a e b quando
todas as fontes independentes estiverem desligadas.

Figura 17 – Circuito equivalente de Norton

No circuito abaixo, podemos simplificar e obter o circuito equivalente de


Norton entre os terminais a e b.

Figura 18 – Circuito elétrico com uma fonte variável

A representação simplificada pelo Teorema de Norton será dada pelo


seguinte o circuito:

15
Figura 19 – Circuito equivalente de Norton

O procedimento para a obtenção do circuito de Norton é o seguinte:

1. Removemos a parte que se deseja realizar o circuito de Norton (neste


caso, o resistor de resistência variável entre os terminais a e b);

2. Calculamos o valor de iN retornando a ligar todas as fontes e


determinamos a corrente de curto circuito entre os terminais a e b do
circuito, no qual removemos o dispositivo desejado;

3. Calculamos o valor de 𝑅𝑁 desligando todas as fontes independentes do


circuito (as fontes de tensão viram um curto circuito e as fontes de
corrente viram um circuito aberto);

4. Desenhamos o circuito equivalente de Norton e recolocamos entre os


terminais a e b do circuito o elemento que foi retirado.

Considerando o circuito da figura 20, vamos determinar o equivalente de


Norton para o elemento conectado entre a e b.

Figura 20 – Circuito para aplicação do equivalente de Norton

Primeiramente removemos temporariamente o elemento conectado entre


os terminais a e b do circuito, resultando no circuito a seguir.

16
Figura 21 – Circuito com os elementos entre a e b removidos

Para calcularmos o valor de 𝑅𝑁 , devemos desligar as fontes


independentes do circuito, substituindo a fonte de tensão por um curto circuito e
a fonte de corrente por um circuito aberto, conforme a figura a seguir.

Figura 22 – Circuito com as fontes independentes removidas

Nota-se que os resistores de 5 e 7 Ω estão em paralelo e podem ser


substituídos por um resistor equivalente, o qual estará em série com os resistores
de 3 e o de 8 Ω, conforme a figura a seguir.

Figura 23 – Associação de resistores para obtenção do RN

17
Desta forma, a resistência equivalente de Norton será dada por:

𝑅𝑁 = 3 + 2,917 + 8

𝑅𝑁 = 13,917 Ω

Para calcularmos o valor de 𝑖𝑁 , devemos religar as fontes independentes


e curto circuitar os terminais a e b para calcularmos a corrente que circula neles,
conforme a figura abaixo, em que já se encontram ilustradas as correntes do nó
para aplicarmos a LCK.

Figura 24 – Aplicação do método de análise nodal para determinar iN

Aplicando a LCK no nó, teremos:

𝑖1 + 𝑖2 = 𝑖3 + 𝑖𝑁

Mas:

10 − 𝑉1
𝑖1 =
5

𝑖2 = 2

𝑉1
𝑖3 =
7

𝑉1 𝑉1
𝑖𝑁 = =
3 + 8 11

Substituindo 𝑖1 , 𝑖2 , 𝑖3 e 𝑖𝑁 na equação da LCK, teremos:

10 − 𝑉1 𝑉1 𝑉1
+2= +
5 7 11

2 − 0,2. 𝑉1 + 2 = 0,148. 𝑉1 + 0,091. 𝑉1

0,4338. 𝑉1 = 4

18
4
𝑉1 = = 9,22 𝑉
0,4338

Uma vez calculado o valor de 𝑉1, temos como calcular 𝑖𝑁 :

𝑉1
𝑖𝑁 =
11

𝑖𝑁 = 0,838 𝐴

Desta forma, o circuito equivalente de Norton será o seguinte:

Figura 25 – Aplicação do método de análise nodal para determinar iN

FINALIZANDO

Nesta aula, foram abordadas formas de simplificar circuitos para


realização da sua análise. Na disciplina de eletricidade e em diversas outras
disciplinas de Engenharia Elétrica e Engenharia da Computação, os conceitos
aqui apresentados serão necessários para a continuidade do curso. É muito
importante que você não fique com dúvidas a respeito deste assunto. Continue
estudando e aumentando o seu conhecimento não só com esta aula, mas
praticando exercícios do livro texto.
Para entender melhor esta aplicação, considere que você precise calcular
a corrente elétrica que está sendo fornecida à geladeira da sua casa e que, para
isso, deve considerar todo o sistema de geração, transmissão e distribuição de
energia. Isso incluiria calcular as turbinas hidrelétricas, passando pela
subestação elevadora, linhas de transmissão, subestação abaixadoras,
distribuição dos postes, até a tomada em nossa residência. Realizar esses
cálculos seria muito complexo ou até mesmo inviável.
Por outro lado, este circuito por completo pode ser simplificado por um
circuito equivalente de Thévenin, por exemplo, em que a fonte de tensão possui

19
o valor da tensão das tomadas da nossa casa (127 V ou 220 V dependendo da
região) e o valor da resistência RTh possui um valor baixo devido aos materiais
utilizados nas ligações, que não são ideais. Os pontos a e b são os dois pontos
da tomada residencial e desta forma, para qualquer equipamento eletrônico que
ligarmos na tomada, a análise do circuito será de forma simples, diferentemente
caso fossemos considerar todos os elementos do circuito elétrico complexo
desde a usina hidroelétrica até a nossa residência.

20
REFERÊNCIAS

ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M, N. O. Fundamentos de circuitos elétricos.


5. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12. ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2012.

NILSSON J.W.; RIEDEL, S.A. Circuitos elétricos. 10. ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2015.

21
ELETRICIDADE
AULA 5

Prof. Felipe Neves Souza


CONVERSA INICIAL (estrutura e objetivos da aula)
Conforme apresentado na primeira aula, em circuitos elétricos temos os elementos
ativos e passivos. Os elementos ativos são os que fornece energia elétrica, como as
fontes de corrente e tensão (independente ou dependente). Já os elementos passivos
são os que absorvem energia elétrica, como os resistores, capacitores e indutores.

Até o momento foram apresentados os métodos de análise e teoremas aplicados aos


circuitos puramente resistivos. Porém, a maioria dos equipamentos elétricos que
utilizamos no nosso dia a dia contém capacitores e indutores.

Nesta aula serão apresentados o princípio de funcionamento dos capacitores e


indutores, a aplicação destes componentes em circuitos de primeira ordem,
denominados RC e RL. E por fim, circuitos de segunda ordem, compostos por resistores,
indutores e capacitores (RLC).

TEMA 1 – CAPACITORES
Enquanto os resistores dissipam energia elétrica, o capacitor é um elemento passivo
que armazena energia em seu campo elétrico. Os capacitores são elementos muito
utilizados em equipamentos eletrônicos, computadores e etc.

1.1 Funcionamento dos capacitores


O capacitor é constituído fisicamente por duas placas condutoras, utilizando materiais
como alumínio, cobre, ouro, prata, etc. Estas placas são separadas por um material
dielétrico, também chamados de isolante elétrico, como o ar, cerâmica, papel, vidro,
mica e principalmente plásticos, como poliéster, teflon, propileno, policarbonato e
poliestireno.

Figura 1 - Capacitor

A propriedade elétrica do capacitor é denominada capacitância, sendo medida em


Farads (F). A capacitância é a razão entre a carga armazenada e a tensão entre os seus
terminais e depende diretamente da sua geometria.

A capacitância é diretamente proporcional a área do capacitor e inversamente


proporcional à distância entre suas placas, sendo calculada da seguinte forma:

𝐴
𝐶 = 𝜖.
𝑑

Onde 𝜖 é a permissividade do material, 𝐴 é a área da placa condutora e 𝑑 é a espessura


do dielétrico ou a distância entre as placas condutoras.
Desta equação pode-se afirmar que quanto maior a área das placas e a permissividade
do material, maior será a capacitância. Enquanto que, quanto maior a distância entre as
placas, menor será a capacitância.

Quando uma diferença de potencial é aplicada entre os terminais de um capacitor, uma


carga positiva (q) é depositada em uma das placas, enquanto uma carga negativa (–q)
é depositada na placa oposta. A quantidade de cargas positivas será sempre igual a
quantidade de cargas negativas. Desta forma, podemos afirmar que a carga do
capacitor é diretamente proporcional à tensão aplicada, podendo ser descrito pela
seguinte equação:

𝑞 = 𝐶. 𝑉

Sendo q a carga em Coulombs (C), C a capacitância em Farads (F) e V a tensão em


Volts (V).

Comercialmente, encontramos diversos tipos de capacitores e com formas geométricas


variadas, construídos com diferentes tipos de materiais. Como exemplo podemos citar
o capacitor de poliéster, eletrolítico, cerâmico, cerâmico eletrolítico, de tântalo, de mica,
variável, SMD, entre outros.

Alguns destes capacitores citados possuem polaridade fixa, ou seja, possuem um polo
positivo e outro negativo, enquanto outros modelos não possuem polaridade fixa. A
figura a seguir apresenta a simbologia utilizada para capacitores em circuitos. O primeiro
símbolo representa um capacitor não polarizado. Os demais representam capacitores
polarizados, onde o sinal positivo (+) indica o ponto de maior potencial.

Figura 3: Símbolos para capacitores

Para entender melhor o funcionamento de um capacitor, assista os dois vídeos a seguir:

https://www.youtube.com/watch?v=GpEwamRX-6M

https://www.youtube.com/watch?v=r5UrM79CmDI

Para complementar os estudos, recomendo que leia o seguinte material:

http://www.eletronicadidatica.com.br/componentes/capacitor/capacitor.htm

1.2 Equacionamento dos capacitores


Para obtermos a relação entre tensão e corrente de um capacitor, devemos recorrer a
equação: 𝑞 = 𝐶. 𝑉. Derivando ambos os termos, teremos:

𝑑𝑞 𝑑(𝐶. 𝑣)
=
𝑑𝑡 𝑑𝑡

3
Conforme apresentado nas primeiras aulas, temos que a corrente elétrica é variação da
carga em relação tempo, ou seja:

𝑑𝑞
𝑖=
𝑑𝑡
𝑑𝑞
Substituindo por i na primeira equação e retirando a constante C da derivada, teremos
𝑑𝑡
que a relação corrente-tensão para um capacitor será dada por:

𝑑𝑣
𝑖 = 𝐶.
𝑑𝑡
Para obtermos a relação tensão-corrente, vamos reescrever esta equação da seguinte
forma:
1
𝑑𝑣 = . 𝑖. 𝑑𝑡
𝐶
Integrando ambos os lados da igualdade:
𝑡
1
𝑣= ∫ 𝑖 𝑑𝑡
𝐶
−∞

E portanto:
𝑡
1
𝑣 = ∫ 𝑖. 𝑑𝑡 + 𝑣(𝑡0)
𝐶
𝑡0

Em que: 𝑣(t0) é a tensão do capacitor no instante de tempo 𝑡 = 0 segundos.

A potência armazenada no capacitor pode ser obtida através da equação já


apresentada, ficando:
𝑑𝑣
p = v. i = v. 𝐶.
𝑑𝑡
A energia armazenada no capacitor será dada pela integral da potência no tempo:
𝑡 𝑡 𝑡
𝑑𝑣 1 𝑡
𝜔 = ∫ 𝑝 . 𝑑𝑡 = ∫ 𝑣. 𝐶. 𝑑𝑡 = 𝐶 ∫ 𝑣. 𝑑𝑣 = 𝐶 . 𝑣² |
𝑑𝑡 2 𝑡0
𝑡0 𝑡0 𝑡0

Considerando que o capacitor estava descarregado no instante de tempo t=t0, teremos:


1
𝜔=
. 𝐶. 𝑣²
2
Vamos entender melhor como aplicar estas equações. Sabendo que um capacitor com
capacitância de 10 pF é conectado a uma fonte de tensão contínua de 50 V, deseja-se
saber qual será o valor da carga e da energia armazenadas.

Sabendo que 𝐶 = 10 pF e 𝑣 = 50 V, a carga armazenada será calculada da seguinte


forma:

𝑞 = 𝐶. 𝑣 = 10. 10−9 . 50

𝑞 = 500 𝑝𝐶
A energia armazenada será:
1 10. 10−9 . (50)2
𝜔 = 𝐶 𝑣² =
2 2
4
𝜔 = 12,5 𝜇𝐽
Neste segundo exemplo vamos considerando um capacitor de 10 µF conectado a uma
fonte de tensão alternada 𝑣(𝑡) = 50.𝑆𝑒𝑛(2000.𝑡) V. Para determinarmos a função da
corrente que circulará no capacitor, basta aplicar as equações:

𝑑𝑣 𝑑(50. 𝑆𝑒𝑛(2000. 𝑡))


𝑖 = 𝐶. = 10. 10−6 .
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑖 = 10. 10−6 . 50.2000. 𝐶𝑜𝑠(2000. 𝑡)

𝑖 = 1. 𝐶𝑜𝑠(2000𝑡) 𝐴
1.3 Associação de capacitores
Assim como os resistores, os capacitores podem ser associados em série ou em
paralelo, de forma que podemos substituir um conjunto de capacitores por um único
equivalente.

O cálculo da associação de capacitores em série é similar ao cálculo de resistores em


paralelo, em que a capacitância equivalente é igual a soma dos inversos de cada uma
das capacitâncias em série.

Figura 4: Associação de capacitores em série

1 1 1 1
= + + ⋯+
𝐶𝑒𝑞 𝐶1 𝐶2 𝐶𝑛

Entretanto, o cálculo da capacitância equivalente para capacitores em paralelo será


similar ao cálculo da resistência equivalente para resistores em série, bastando somar
os valores de todas as capacitâncias.

Figura 5: Associação de capacitores em paralelo

𝐶𝑒𝑞 = 𝐶1 + 𝐶2 + ⋯ + 𝐶𝑛

5
TEMA 2 – INDUTORES
Os indutores também são elementos passivos que armazenam energia elétrica em seu
campo magnético. Estes componentes são amplamente utilizados em circuitos elétricos,
eletrônicos, sistemas de potência, fontes, transformadores, motores e etc.

Qualquer material condutor de corrente elétrica possui propriedades indutivas. Para


aumentar este efeito indutivo, este material é enrolado em formato de uma bobina
cilíndrica formando diversas espiras.

Um indutor está ilustrado na figura a seguir, onde temos uma bobina de um fio condutor
com N voltas. Este fio está enrolado em material com núcleo magnético de comprimento
l e seção transversal A.

Figura 5: Associação de capacitores em série

2.1 Equacionamento dos indutores


A propriedade de oposição a variação de corrente elétrica em indutor é chamada de
indutância, sendo medida em Henrys (H). A indutância de um indutor irá depender das
suas dimensões e dos materiais utilizados, sendo dada pela seguinte equação:
𝑁 2 . 𝜇. 𝐴
𝐿=
𝑙
Em que N é o número de espiras (voltas), 𝑙 é o comprimento do núcleo, 𝜇 é a
permeabilidade magnética do meio e A é a área da seção transversal do núcleo.
A relação entre tensão-corrente em um indutor será dada pela equação a seguir. Esta
equação descreve que se uma corrente elétrica flui através de um indutor, a tensão que
surge em seus terminais será diretamente proporcional à variação desta corrente.
𝑑𝑖
𝑣 = 𝐿.
𝑑𝑡
A relação corrente-tensão pode ser obtida seguinte forma:
1
𝑑𝑖 = . 𝑣. 𝑑𝑡
𝐿
Integrando ambos os lados da igualdade:
𝑡
1
𝑖 = ∫ 𝑣(𝑡). 𝑑𝑡 + 𝑖(𝑡0)
𝐿
𝑡0

Sendo 𝑖(𝑡𝑜) a corrente total para o instante de tempo em que 𝑡 < 𝑡0 .

A potência no indutor poderá ser calculada através da relação p = v.i.

6
Conforme já mencionado, o indutor é projetado para armazenar energia em seu campo
magnético. Esta energia pode ser calculada através da integral da potência do indutor
no tempo. Desta forma temos que:
𝑡 𝑡 𝑡 𝑡
𝑑𝑖 𝑑𝑡
𝜔 = ∫ 𝑝. 𝑑𝑡 = ∫ 𝐿. ( ) . 𝑖 𝑑𝑡 = 𝐿 ∫ 𝑖. . 𝑑𝑖 = 𝐿 ∫ 𝑖. 𝑑𝑖
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑡0 𝑡0 𝑡0 𝑡0

1 𝑑𝑣
𝜔 = . 𝐿. 𝑖 2 .
2 𝑉𝑆 − 𝑣
Considerando que o indutor estava inicialmente carregado, esta equação pode ser
simplificada:
1
𝜔 = . 𝐶. 𝑣²
2
Considerando que uma corrente 𝑖 = 10 𝑡 𝑒 −5𝑡 flui através de indutor de 0,1 H, podemos
determinar a energia armazenada utilizando a equação anterior.
Primeiramente precisamos determinar a tensão no indutor:
𝑑𝑖
𝑣 = 𝐿.
𝑑𝑡
A derivada da corrente será:
𝑑𝑖
= 10 . 𝑒 −5𝑡 + 𝑡(−5). 𝑒 −5𝑡 = 10. 𝑒 −5𝑡 − 5. 𝑡. 𝑒 −5𝑡
𝑑𝑡
Substituindo:
𝑑𝑖
𝑣 = 10 → 𝑣 = 𝑒 −5𝑡 − 0,5. 𝑡 𝑒 −5𝑡 𝑉
𝑑𝑡
Por fim, a energia armazenada será:
1 1
𝜔 = . 𝐿. 𝑖 2 = . (0,1). (10 𝑡 𝑒 −5𝑡 )²
2 2
𝜔 = 5. 𝑡 2 . 𝑒 −10𝑡 𝐽
2.2 Associação de indutores
Assim como os resistores e capacitores, podemos substituir um circuito composto por
indutores associados em série ou paralelo por um único indutor equivalente.

O cálculo da indutância equivalente para um circuito com indutores em série é similar


ao cálculo da equivalência de resistores em série ou capacitores em paralelo, bastando
somar todos os elementos:

Figura 6: Associação de indutores em série

𝐿𝑒𝑞 = 𝐿1 + 𝐿2 + ⋯ + 𝐿𝑛

7
A obtenção do valor da indutância equivalente de um circuito com indutores em paralelo
é similar ao cálculo da equivalência de resistores em paralelo ou capacitores em série.
Neste caso, o inverso da indutância equivalente será igual a somatória dos inversos de
cada um dos elementos em paralelo.

Figura 6: Associação de indutores em paralelo

1 1 1 1
= + + ⋯+
𝐿𝑒𝑞 𝐿1 𝐿2 𝐿𝑛

TEMA 3 – CIRCUITOS DE PRIMEIRA ORDEM (RC)


Tendo conhecimento do princípio de funcionamento e da relação corrente-tensão dos
três elementos passivos (resistores, capacitores e indutores), podemos dar início à
análise de circuitos que envolvam uma combinação destes elementos. O primeiro
circuito a ser apresentado será o composto por um resistor e um capacitor, chamado de
circuito RC. Este circuito apesar de simples, possui diversas aplicações em soluções
eletrônicas.

Em circuitos puramente resistivos, quando aplicado as leis de kirchhoff eram obtidas


equações algébricas. Agora ao aplicar as leis de kirchhoff em circuitos RC, iremos obter
equações diferencias de primeira ordem, por isso este circuito é dito como um circuito
de primeira ordem.

Como os capacitores armazenam energia em seu campo elétrico, quando eles são
utilizados em circuitos temos dois casos a observar. O primeiro é quando o capacitor
está inicialmente carregado e a alimentação do circuito será proveniente desta carga
armazenada, este caso é chamado de resposta natural. O segundo caso ocorre quando
o capacitor está inicialmente descarregado e a energia do circuito é proveniente de uma
fonte externa, realizando a carga deste capacitor, este caso é chamado de resposta
forçada.

3.1 Circuito RC sem fonte (resposta natural)


Para entendermos melhor este conceito, considere um circuito em que um capacitor
ficou conectado por um longo período de tempo e a fonte de tensão ou corrente foi
removida de forma repentina. Neste instante, a energia que estava armazenada no
capacitor será fornecida para o resistor. Este circuito está ilustrado na figura abaixo:

8
Figura 7: Circuito RC sem fonte

A tensão inicial do capacitor será:


𝑣(0) = 𝑉0
A energia armazenada inicialmente no capacitor é obtida por:
1
𝜔0 = . 𝐶. (𝑉0 )²
2
Se aplicarmos a LCK ao nó do circuito, teremos:
𝑖𝐶 + 𝑖𝑅 = 0
A corrente do capacitor é dada por:
𝑑𝑣
𝑖𝐶 = 𝐶
𝑑𝑡
Substituindo na equação teremos:
𝑑𝑣 𝑣
𝐶.+ =0
𝑑𝑡 𝑅
Esta equação pode ser reescrita da seguinte forma:
1 1
. 𝑑𝑣 = − 𝑑𝑡
𝑣 𝑅𝐶
A resolução passo a passo pode ser observada no livro texto da disciplina onde obteve-
se a seguinte equação de tensão:
𝑣(𝑡) = 𝑉0 . 𝑒 −𝑡⁄𝑅𝐶
A partir desta equação podemos observar que a tensão do circuito terá um
comportamento no qual diminuirá exponencialmente ao longo do tempo. Como esta
resposta se deve a energia armazenada no capacitor e do circuito em que ele se
encontra conectado, ela é denominada resposta natural de um circuito RC.

A figura a seguir ilustra a resposta natural de um circuito RC, onde podemos observar
que para o instante de tempo t < 0 segundos, a condição inicial é obedecida, após este
instante a tensão decaíra. A velocidade com que a tensão diminui está expressa em
termos da constante de tempo do circuito (𝜏).

9
Figura 8: Resposta natural de um circuito RC

𝒗(𝒕) = 𝑽𝟎 𝒆−𝒕⁄𝑹𝑪

A constante de tempo, representada pela letra grega tau (𝜏), representa o tempo
necessário para que a resposta desse circuito decaia 36,8% do seu valor inicial e, ou
por um fator de 1/e.

Para calcularmos o valor da constante de tempo, devemos saber em qual instante de


tempo a tensão terá diminuído até 36,8% do seu valor inicial, o que acontece no tempo
𝑡 = 𝜏:

1
𝑣(𝑡=𝜏) = 0,368. 𝑉0 = . 𝑉 = 𝑒 −1 . 𝑉0
𝑒 0
Se substituirmos na equação anterior:

𝑒 −1 . 𝑉0 = 𝑉0 . 𝑒−𝜏⁄𝑅𝐶
Portanto, para o circuito RC tempo que:

𝜏 = 𝑅. 𝐶
Podemos reescrever a equação da tensão para o circuito RC sem:

𝑣(𝑡) = 𝑉0 . 𝑒 −𝑡⁄𝜏
Analisando a razão entre a tensão do capacitor em diferentes instantes de tempo e a
tensão inicial, obteremos a seguinte tabela:

Tabela 1 - Valores de 𝑣(𝑡) = 𝑉0 . 𝑒 −𝑡⁄𝜏 .

𝒗(𝒕)
𝒕
𝑽𝟎
𝜏 0,36788
2𝜏 0,13534
3𝜏 0,04979
4𝜏 0,01832
5𝜏 0,00674
A partir desta tabela é possível observar que para no instante de tempo 5𝜏 (cinco
constantes de tempo), a tensão será menor do que 1% do valor da tensão inicial. Desta
forma, podemos dizer que o capacitor está completamente descarregado após o período
de tempo maior ou igual a cinco constantes de tempo (5𝜏).

10
Na figura a abaixo estão se ilustradas as tensões de circuitos RC com constantes de
tempo diferentes.

Figura 9: Comportamento da tensão para diferentes constantes de tempo

3.2 Circuito RC com fonte (resposta forçada)


No circuito RC da figura abaixo temos representado uma chave aberta que será fechada
no instante de tempo t = 0 segundos. Para qualquer instante de tempo t < 0 podemos
considerar que o circuito se encontra aberto e, portanto, não há passagem de corrente
elétrica. A partir do instante em que a chave for fechada, todos os elementos serão
conectados em série.

Figura 10: Circuito RC com fonte

Quando a chave for fechada, a fonte de tensão contínua será subitamente ligada ao
circuito. Esta condição pode ser modelada por uma função degrau. Na figura a seguir
encontra-se ilustrada uma função degrau para uma fonte de tensão ou corrente, as quais
partem de zero ao valor máximo em 𝑡 = 0.

11
Figura 11: Função degrau

Para calcularmos a resposta forçada do circuito correspondente ao degrau aplicado,


vamos aplicar a LTK na malha:
𝑉𝑆 = 𝑅. 𝑖(𝑡) + 𝑣
A tensão do capacitor será dada por:
𝑡
1
𝑣 = ∫ 𝑖 . 𝑑𝑡 + 𝑣(𝑡0)
𝐶
𝑡0

Desta forma:
𝑡
1
𝑉𝑆 = 𝑅. 𝑖(𝑡) + ∫ 𝑖. 𝑑𝑡 + 𝑣(𝑡0)
𝐶
𝑡0

A resolução completa desta equação pode ser verificada nos livros da bibliografia
básica, onde chegou-se que:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑆 + (𝑉0 − 𝑉𝑆 ). 𝑒 −𝑡⁄𝑅𝐶
Portanto, para qualquer instante de tempo menor do que zero (chave aberta), a tensão
do capacitor será igual a sua carga inicial V0.
𝑣(𝑡) = 𝑉0
E para qualquer instante de tempo maior do que zero (chave fechada), a tensão do
capacitor será dada por
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑆 + (𝑉0 − 𝑉𝑆 ). 𝑒 −𝑡⁄𝑅𝐶 ,
Esta é conhecida como resposta completa de um circuito RC a uma função degrau. A
figura a seguir apresenta esta resposta para um circuito com um capacitor inicialmente
carregado.
Figura 12: Resposta completa do circuito RC com um capacitor inicialmente
carregado

12
Considerando que o capacitor deste circuito está inicialmente descarregado, ou seja,
𝑉0 = 0, logo temos que para qualquer instante de tempo menor do que zero:

𝑣(𝑡) = 0

E para qualquer instante de tempo t > 0:

𝑣(𝑡) = 𝑉𝑆 . (1 − 𝑒 −𝑡⁄𝑅𝐶 ),

A corrente que flui através do capacitor é obtida a partir da equação 𝑖 = 𝑑𝑣/𝑑𝑡:


𝑑𝑣 𝐶
𝑖(𝑡) = 𝐶 = . 𝑉 . 𝑒 −𝑡⁄𝑅𝐶
𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝑆
Então:
𝑉𝑆 −𝑡⁄𝑅𝐶
𝑖(𝑡) = .𝑒
𝑅
A figura a seguir apresenta a tensão do capacitor (VC) e a tensão do resistor (VR) ao
longo do tempo.

Figura 12: Resposta para um circuito com um capacitor inicialmente descarregado

A partir deste gráfico, podemos observar que conforme o capacitor está carregando, a
tensão sobre o resistor diminui exponencialmente, até que após cinco constantes de
tempo, o capacitor atinge a tensão máxima e tensão no resistor é nula.

Para a carga do capacitor, a constante de tempo representa o período de tempo em que


ele irá atingir 63,2% da tensão máxima.

3.3 Equação geral


Examinando a equação obtida para a resposta ao degrau em um circuito RC com o
capacitor inicialmente carregado, observamos que esta possui duas componentes,
podendo reescreve-la da seguinte forma:

𝑣(𝑡) = 𝑉𝑆 + (𝑉0 − 𝑉𝑆 ). 𝑒 −𝑡⁄𝑅𝐶


𝑣 = 𝑣𝑓 + 𝑣𝑛
Em que:
𝑣𝑓 = 𝑉𝑆
𝑣𝑛 = (𝑉0 − 𝑉𝑆 ). 𝑒 −𝑡⁄𝜏

13
Onde 𝑣𝑓 é a resposta forçada do circuito, pois ela ocorre devido a uma força externa ao
circuito, proveniente de uma fonte de tensão ou corrente. Ela representa a condição
forçada que o circuito deve assumir devido a uma excitação da entrada. A resposta
forçada também é conhecida como regime permanente, pois o circuito tende a
permanecer no mesmo estado após ter sido excitado.

Por outro lado, 𝑣𝑛 é a resposta natural do circuito, conforme visto anteriormente, parte
desta resposta decairá para quase zero após o cinco constantes de tempo. Esta
resposta também é chamada de transitória, devido a ser uma resposta que irá acabar
com ao tempo.

Podemos concluir que a resposta completa do circuito é a somatória da resposta natural


e da resposta forçada, sendo reescrita conforme indicado abaixo:
𝑣(𝑡) = 𝑣(∞) + [𝑣(0) − 𝑣(∞)]. 𝑒 −𝑡⁄𝜏
Em que 𝑣(0) é a tensão inicial do capacitor e 𝑣(∞) é a tensão do capacitor após cinco
constantes de tempo.
Com essa equação geral, ao invés de precisarmos calcular todas as derivadas conforme
demonstrado, podemos determinar a resposta ao degrau de um circuito RC de forma
sistemática.

O mesmo se aplica para a equação de corrente do circuito RC, onde:


𝑖(𝑡) = 𝑖(∞) + [𝑖(0) − 𝑖(∞)]. 𝑒 −𝑡⁄𝜏
Em que 𝑖(0) é a corrente inicial do capacitor e 𝑖(∞) é a corrente do capacitor após cinco
constantes de tempo.

TEMA 4 – CIRCUITOS DE PRIMEIRA ORDEM (RL)


Neste tema iremos abordar o funcionamento de um circuito composto por um resistor e
um indutor.

O método de análise de circuitos RL é similar ao dos circuitos RC, apresentado


anteriormente. Veremos que o circuito RL também é caracterizado por uma equação
diferencial de primeira ordem.

Assim com o capacitor, o indutor também é capaz de armazenar energia elétrica e


quando utilizados em circuitos, a energia do circuito poderá ser fornecida por uma fonte
externa ou pela energia armazenada no campo magnético deste indutor.

4.1 Circuito RL sem fonte (resposta natural)


Para entender a resposta natural de um circuito RL, vamos considerar a situação de um
circuito RL em que a fonte é removida repentinamente. A energia que havia sido
armazenada no indutor será fornecida para o resistor, conforme indicado na figura. O
indutor e o resistor ilustrados podem ser uma associação de diversos resistores.

14
Figura 13: Circuito RL sem fonte

A corrente inicial no indutor será: 𝑖(0) = 𝐼0


Enquanto a energia armazenada neste indutor será dada por:
1
𝜔0 = . 𝐿. (𝐼0 )²
2
Aplicando a LCK na malha, teremos:
𝑣𝑅 + 𝑣𝐿 = 0
Conforme visto anteriormente, a tensão em um indutor é obtida pela equação:
𝑑𝑖
𝑣𝐿 = 𝐿.
𝑑𝑡
Substituindo na equação anterior:
𝑑𝑖
𝐿.
+ 𝑅. 𝑖 = 0
𝑑𝑡
A resolução completa desta equação pode ser verificada no livro indicado na bibliografia
básica, onde chegou-se a:
𝑖(𝑡) = 𝐼0 . 𝑒 −𝑡𝑅⁄𝐿
A partir desta equação, podemos observar que o comportamento da corrente do circuito
RC sem fonte apresenta um decaimento exponencial. Como o comportamento desta
resposta deve-se a uma excitação externa (fonte de tensão ou de corrente), ela é
denominada resposta natural de um circuito RL, sendo ilustrada na figura abaixo.
Figura 14: Resposta natural de um circuito RC

𝒊(𝒕) = 𝑰𝟎 . 𝒆−𝒕𝑹⁄𝑳

15
Observa-se que a condição inicial é obedecida para o instante de tempo t < 0, e que em
seguida, ocorre a diminuição da corrente de acordo com a constante de tempo do
circuito.

A obtenção da constante de tempo para o circuito RL é similar ao do circuito RC, onde


temos que a constante de tempo será dada por:
𝐿
𝜏=
𝑅
A equação da corrente pode ser reescrita:
𝑖(𝑡) = 𝐼0 . 𝑒 −𝑡⁄𝜏
As correntes de um circuito RL para diferentes valores de constantes de tempo estão
apresentadas na figura a seguir, onde novamente vemos que, quanto maior a constante
de tempo, maior será o tempo de decaimento.
Figura 15: Correntes de um circuito RL para diferentes constantes de tempo

4.2 Circuito RL com fonte (resposta forçada)


O circuito abaixo apresenta um circuito em série composto por uma fonte de tensão, um
resistor e um indutor. Neste circuito está indicado a presença de uma chave, que quando
for acionada, o circuito será abruptamente ligado. A resposta do circuito a essa conexão
abrupta é chamada de resposta ao degrau.
A tensão da fonte é indicada por VS, enquanto a tensão inicial no indutor é 𝑣(0) = 𝑉0

O circuito da figura a seguir representa esta conexão súbita de uma fonte de tensão por
meio de uma chave que pode abrir ou fechar o circuito. A tensão da fonte é constante e
possui um valor de 𝑉𝑆 . A tensão 𝑣 nos terminais do capacitor é o que desejamos estudar
e a tensão inicial do capacitor é 𝑣(0) = 𝑉0 .
Figura 16: Circuito RL com fonte

16
Assim como para capacitores, ao invés de trabalharmos com equações diferenciais,
podemos utilizar a equação geral para determinar a corrente deste indutor. Esta corrente
será composta pela somatória da resposta forçada e resposta natural.
𝑖 = 𝑖𝑛 + 𝑖𝑓
Resultando em:
𝑽𝑺 𝑽𝑺
𝒊= + (𝑰𝟎 − ) 𝒆−𝒕⁄𝝉
𝑹 𝑹
A figura abaixo apresenta a corrente para este circuito RL, considerando o indutor
inicialmente carregado (a), onde observamos que a energia armazenada foi sendo
liberada até que a corrente estabilizou após cinco constantes de tempo. Para o indutor
inicialmente descarregado (b), o indutor acumulou energia até que atingiu a corrente
máxima após cinco constantes de tempo.

Figura 17: Corrente para um circuito RL com o indutor inicialmente carregado (a) e
corrente para um circuito RL com o indutor inicialmente descarregado (b).

(a) (b)

Para a carga do indutor, a constante de tempo representa o período de tempo em que


ele irá atingir 63,2% da tensão máxima.

4.3 Equação geral


Assim como para o circuito RC, ao invés de precisarmos calcular todas as derivadas
conforme demonstrado, podemos determinar a resposta ao degrau de um circuito RC
de forma sistemática utilizando as equações gerais, sendo:
𝑣(𝑡) = 𝑣(∞) + [𝑣(0) − 𝑣(∞)]. 𝑒 −𝑡⁄𝜏

𝑖(𝑡) = 𝑖(∞) + [𝑖(0) − 𝑖(∞)]. 𝑒 −𝑡⁄𝜏

Em que 𝑖(0) é a corrente inicial do indutor, 𝑣(∞) é a corrente do indutor após cinco
constantes de tempo, 𝑣(0) é a tensão inicial do indutor e 𝑣(∞) é a tensão do indutor
após cinco constantes de tempo.

17
TEMA 5 – CIRCUITOS DE SEGUNDA ORDEM (RLC)
Agora que entendemos o funcionamento dos circuitos com dois elementos passivos, RC
e RL, vamos estudar os circuitos com três elementos passivos, sendo eles: resistores,
indutores e capacitores, também chamado de circuito RLC. Estes elementos podem ser
conectados em série ou em paralelo, os dois casos serão apresentados a seguir.

A equação que rege o comportamento de um circuito RLC é uma equação diferencial


de segunda ordem, por isso estes circuitos são chamados de circuitos de segunda
ordem.

5.1 RLC série sem fonte (Resposta natural)


A figura a seguir ilustra um circuito RLC série, o qual é excitado pela energia inicialmente
armazenada no capacitor (V0) e no indutor (I0).

Figura 18: Circuito RLC série sem fonte

No instante inicial de tempo t =0 segundos, a tensão do capacitor e a corrente do indutor


serão respectivamente:
0
1
𝑣(0) = ∫ 𝑖. 𝑑𝑡 = 𝑉0
𝐶
−∞

𝑖(0) = 𝐼0
Ao aplicar a LTK na malha, teremos:
𝑡
𝑑𝑖 1
𝑅 . 𝑖 + 𝐿. + ∫ 𝑖. 𝑑𝑡 = 0
𝑑𝑡 𝐶
−∞
Com o intuito de eliminar a integral da equação, iremos derivar está equação, resultando
em:
𝑑2 𝑖 𝑅 𝑑𝑖 𝑖
2
+ + =0
𝑑𝑡 𝐿 𝑑𝑡 𝐿. 𝐶
Portanto, o comportamento do circuito RLC série sem fonte pode ser expresso por essa
equação diferencial de segunda ordem, visto que há uma segunda derivada. Para
resolver esta equação é necessário ter as condições iniciais do circuito, como o valor da
corrente inicial e a sua derivada ou então, o valor da sua tensão inicial e a sua derivada.

A solução desta equação diferencial encontra-se apresentada no livro de referência da


disciplina, onde foi obtida a equação auxiliar ou equação característica:

𝑅 1
𝑆² + 𝑆+ =0
𝐿 𝐿. 𝐶
18
Esta é uma equação quadrática e possui duas soluções, indicadas como S1 e S2. Para
resolve-a basta aplicar a fórmula de Bháskara. As raízes serão dadas por:

𝑅 𝑅 2 1
𝑆1 = − √
+ ( ) −
2. 𝐿 2. 𝑙 𝐿. 𝐶

𝑅 𝑅 2 1
𝑆2 = − − √( ) −
2. 𝐿 2. 𝑙 𝐿. 𝐶
Podemos apresentar estas equações de forma mais simples, sendo:

𝑆1 = −𝛼 + √𝛼² − 𝜔0 ²

𝑆2 = −𝛼 − √𝛼² − 𝜔0 ²

Onde,
𝑅
𝛼=
2. 𝐿
1
𝜔0 =
√𝐿. 𝐶
As raízes 𝑆1 e 𝑆2 são chamadas de frequências naturais, medidas em Nepers por
segundo pois elas estão associadas com a resposta natural do circuito. A variável 𝜔0 é
chamada de frequência de ressonância ou estritamente de frequência natural não-
amortecida, expressa em radianos por segundo (𝑟𝑎𝑑/𝑠). A variável 𝛼 é a frequência
neperiana ou fator de amortecimento, expresso em nepers por segundo.

A equação característica pode ser reescrita em função de 𝛼 e 𝜔0 .


𝑆 2 + 2. 𝛼. 𝑆 + 𝜔0 ² = 0
Os valores das raízes obtidas satisfazem a equação diferencial dada. Assim obtemos:
𝑖1 = 𝐴1 . 𝑒 𝑆1 𝑡
𝑖2 = 𝐴2 . 𝑒 𝑆2 𝑡
Sendo as constantes 𝐴1 e 𝐴2 determinadas a partir condições iniciais do circuito.
Como a equação diferencial é uma equação linear, qualquer combinação linear das suas
soluções distintas 𝑖1 e 𝑖2 também será uma solução da equação diferencial. A solução
completa requer a combinação linear entre 𝑖1 e 𝑖2 , e a resposta natural de um circuito
RLC série será:

𝑖(𝑡) = 𝐴1 . 𝑒 𝑆1 𝑡 + 𝐴2 . 𝑒 𝑆2 𝑡

A partir das raízes da equação característica, podemos obter três tipos de soluções:

1. Se 𝛼 > 𝜔0 , a resposta será superamortecido.


Quando 𝛼 > 𝜔0 as raízes da equação serão reais e diferentes, isso ocorre
quando:
4. 𝐿
𝐶>
𝑅2
A corrente do circuito será dada por:

19
𝑖(𝑡) = 𝐴1 . 𝑒 𝑆1 𝑡 + 𝐴2 . 𝑒 𝑆2 𝑡
A qual decai e se aproxima de zero com o aumento de 𝑡.
2. Se α = ω0 , a resposta será criticamente amortecido.
Quando α = ω0 , a solução terá raízes reais e iguais, isso ocorre quando:

4. 𝐿
𝐶=
𝑅2
Para este caso, a solução será:
𝑖(𝑡) = 𝐴1 . 𝑒 −𝛼𝑡 + 𝐴2 . 𝑡. 𝑒 −𝛼𝑡
Ou então,
𝑖(𝑡) = (𝐴1 + 𝐴2 . 𝑡). 𝑒 −𝛼𝑡

3. Se 𝛼 < 𝜔0 , teremos a resposta subamortecida.


Para 𝛼 < 𝜔0 , as raízes serão imaginárias, isso ocorre quando:
4. 𝐿
𝐶<
𝑅2
As raízes serão dadas por:

𝑆1 = −𝛼 + √−(𝜔02 − 𝛼 2 ) = −𝛼 + 𝑗𝜔𝑑

𝑆2 = −𝛼 − √−(𝜔02 − 𝛼 2 ) = −𝛼 − 𝑗𝜔𝑑

Em que
𝑗 = √−1

𝜔𝑑 = √𝜔0 ² − 𝛼²

Sendo 𝜔𝑑 chamada de frequência amortecida.


A resposta natural será:
𝑖(𝑡) = (𝐴1 . 𝑒 𝑗𝜔𝑑 𝑡 + 𝐴2 . 𝑒 −𝑗𝜔𝑑 𝑡 ). 𝑒 −𝛼𝑡
Aplicando a identidade de Euler:
𝑒 ±𝑗𝜃 = 𝐶𝑜𝑠(𝜃) ± 𝑗 𝑆𝑒𝑛(𝜃)
A resposta será:
𝑖(𝑡) = [(K1 + 𝐾2 ). 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑑 . 𝑡) + 𝑗(𝐾1 − 𝐾2 ). 𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑑 . 𝑡)]. 𝑒 −𝛼𝑡
Ou de forma simplificada:
𝑖(𝑡) = [𝐴1 . 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑑 . 𝑡) + 𝐴2 . 𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑑 . 𝑡)]. 𝑒 −𝛼𝑡

Para todos os casos, as constantes 𝐴1 e 𝐴2 devem determinadas a partir condições


iniciais do circuito.

Na figura a seguir encontram-se ilustrados os três tipos de resposta (superamortecido,


criticamente amortecido e subamorterido).

20
Figura 19: Respostas superamortecida, criticamente amortecida e subamortecedia

5.2 Paralelo
A figura a seguir ilustra um o circuito RLC paralelo. Assim como o circuito anterior, a
excitação dos elementos se dará pela energia inicialmente armazenada no capacitor
(𝑉0 ) e no indutor (𝐼0 ).

Figura 20: Circuito RLC série sem fonte

No instante de tempo inicial, em que t = 0 segundos, a corrente do indutor e a tensão


no capacitor serão, respectivamente:
0
1
𝑖(0) = ∫ 𝑣. 𝑑𝑡 = 𝐼0
𝐿
−∞

𝑣(0) = 𝑉0
Como os três elementos estão em paralelo, eles possuem a mesma tensão 𝑣. Se
aplicarmos a LCK ao nó superior, teremos:
𝑡
𝑣 1 𝑑𝑣
+ ∫ 𝑣 𝑑𝑡 + 𝐶. =0
𝑅 𝐿 𝑑𝑡
−∞

Com o intuito de remover a integral desta equação, vamos deriva-la:


𝑑2 𝑣 1 𝑑𝑣 𝑣
2
+ + =0
𝑑𝑡 𝑅. 𝐶 𝑑𝑡 𝐿. 𝐶

A partir desta equação diferencial de segunda ordem, vamos obter a seguinte equação
característica:
1 1
𝑆2 + .𝑆 + =0
𝑅. 𝐶 𝐿. 𝐶
21
As raízes da equação característica serão:
2
1 1 1
𝑆1 = − √
+ ( ) −
2. 𝑅. 𝐶 2. 𝑅. 𝐶 𝐿. 𝐶

2
1 1 1
𝑆2 = − − √( ) −
2. 𝑅. 𝐶 2. 𝑅. 𝐶 𝐿. 𝐶
Podemos simplificar estas equações da seguinte forma:

𝑆1 = −𝛼 + √𝛼 2 − 𝜔02

𝑆2 = −𝛼 − √𝛼² − 𝜔0 ²

Sendo:
1
𝛼=
2. 𝑅. 𝐶
1
𝜔0 =
√𝐿. 𝐶

Os nomes dos termos 𝛼 e 𝝎𝟎 são os mesmos que foram apresentados para o circuito
RLC série, frequência neperiana ou fator de amortecimento e frequência de ressonância
ou estritamente de frequência natural não-amortecida, respectivamente.,

Novamente, existem três possíveis soluções, dependendo se 𝛼 > 𝜔0 , 𝛼 = 𝜔0 ou


𝛼 < 𝜔0 .

1. Se 𝛼 > 𝜔0 , teremos o caso superamortecido.


Quando 𝛼 > 𝜔0 as raízes serão reais e diferentes. Isso ocorre quando:
𝐿 > 4. 𝑅 2 . 𝐶
A resposta será dada por:
𝑣(𝑡) = 𝐴1 . 𝑒 𝑆1 𝑡 + 𝐴2 . 𝑒 𝑆2 𝑡
A qual decai e se aproxima de zero com o aumento de 𝑡.

2. Se α = ω0 , teremos o caso criticamente amortecido.


Quando α = ω0 , as raízes serão reais e iguais. Isso ocorre quando:
𝐿 = 4. 𝑅 2 . 𝐶
Para este caso, a solução será:
𝑣(𝑡) = 𝐴1 . 𝑒 −𝛼𝑡 + 𝐴2 . 𝑡. 𝑒 −𝛼𝑡
Ou então:
𝑣(𝑡) = (𝐴1 + 𝐴2 . 𝑡). 𝑒 −𝛼𝑡
3. Se 𝛼 < 𝜔0 , teremos o caso subamortecido.
Para 𝛼 < 𝜔0 , as raízes podem serão complexas. Isso ocorre quando:
𝐿 < 4. 𝑅 2 . 𝐶
As raízes serão dadas por:

22
𝑆1 = −𝛼 + √−(𝜔02 − 𝛼 2 ) = −𝛼 + 𝑗𝜔𝑑

𝑆2 = −𝛼 − √−(𝜔02 − 𝛼 2 ) = −𝛼 − 𝑗𝜔𝑑

Em que, 𝑗 = √−1 e 𝜔𝑑 = √𝜔0 ² − 𝛼², a qual é chamada de frequência


amortecida.
A resposta será:
𝑣(𝑡) = [𝐴1 . 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑑 . 𝑡) + 𝐴2 . 𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑑 . 𝑡)]. 𝑒 −𝛼𝑡

Para todos os casos, as constantes 𝐴1 e 𝐴2 devem determinadas a partir condições


iniciais do circuito.

5.3 Circuito RLC série e paralelo com fonte (resposta forçada)


Considere os circuitos RLC série (a) e paralelo (b) com uma fonte que foi conectada ao
circuito abruptamente. Vimos que esta conexão abrupta é conhecida como resposta ao
degrau.

Figura 21: Circuito RLC série (a) e paralelo (b) com fonte

(a) (b)

Assim como para os circuitos RC e RL, as respostas ao degrau para o circuito RLC série
e paralelo, serão respectivamente:

𝑣(𝑡) = 𝑣𝑛 (𝑡) + 𝑣𝑓 (𝑡)

𝑖(𝑡) = 𝑖𝑛 (𝑡) + 𝑖𝑓 (𝑡)

Onde a resposta forçada do circuito RLC série é o regime permanente, ou valor final de
𝑣(𝑡). No circuito da figura anterior, o valor da tensão final do capacitor será o valor da
fonte 𝑉𝑆 , logo:

𝑣𝑓 (𝑡) = 𝑣(∞) = 𝑉𝑆

Enquanto a resposta natural será obtida conforme apresentado anteriormente.

Entretanto, para o circuito RLC paralelo, o valor final da corrente será a corrente total
sobre o indutor, IS, logo:

𝑖𝑓 (𝑡) = 𝑖(∞) = 𝐼𝑆

A resposta natural será obtida conforme apresentado anteriormente.

23
FINALIZANDO

Nesta aula, foram apresentados dois novos componentes que são largamente
utilizados no nosso dia-a-dia, os capacitores e os indutores. Além disso, vimos
como realizar associações destes componentes e também foram apresentados
circuitos que utilizam mais de um componente (RC e RL) e os circuitos que
utilizam três componentes (RLC) ligados em série e em paralelo.

Estes assuntos são fundamentais para a continuidade do nosso curso e o


conhecimento adquirido será utilizado no decorrer da graduação.

É muito importante que você não fique com dúvidas a respeito deste assunto.
Continue estudando e aumentando o seu conhecimento não só com esta aula,
mas praticando exercícios do livro texto.

REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M, N. O. Fundamentos de circuitos elétricos.
5ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12ª ed. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2012.

NILSSON.J.W.; Riedel,S.A. Circuitos elétricos. 10ª ed. São Paulo: Pearson


Education do Brasil, 2015.

24
ELETRICIDADE
AULA 6

Prof. Felipe Neves Souza


CONVERSA INICIAL (estrutura e objetivos da aula)
Nesta aula serão estudados circuitos em corrente alternada, os quais compõem
a grande maioria dos equipamentos elétricos existentes. Será apresentada
uma nova forma de trabalhar com grandezas alternadas, que é o fasor. Além
disso, será abordado o conceito de impedância, em que todos os elementos
(resistores, capacitores e indutores) serão representados por impedâncias. Em
seguida serão apresentadas as relações entre impedâncias e as leis de
Kirchoff com fasores para realização da análise de circuitos em corrente
alternada.

Até o momento, o nosso estudo estava limitado a circuitos em tensão/corrente


contínua. Agora iremos abordar os circuitos em tensão/corrente alternada,
cujos valores não são constantes no decorrer do tempo.

Os sistemas em corrente alternada são os mais utilizados nos equipamentos


elétricos, visto que a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica se
dá na maior parte em corrente alternada (CA), o estudo desta forma de energia
é fundamental para a continuidade do nosso curso de engenharia elétrica.

TEMA 1 – SENÓIDES E FASORES


1.1 Senóides
Nas aulas anteriores, realizamos as análises de circuitos elétricos utilizando corrente
contínua (CC), ou seja, a corrente não varia ao longo do tempo.

Porém, agora continuaremos nossos estudos utilizando as fontes senoidais, que


apresentam uma variação de amplitude ao longo do tempo, também chamado de
corrente alternada (CA). O comportamento de uma fonte senoidal pode representada
por uma função seno ou cosseno.

A equação abaixo descreve o comportamento de uma fonte de tensão senoidal:

𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 . 𝑠𝑒𝑛(𝜔. 𝑡 + 𝜙)
Sendo 𝑉𝑚 a amplitude da senóide, 𝜔 a frequência angular em radianos por segundo
(𝑟𝑎𝑑/𝑠), 𝜙 o ângulo de fase e (𝜔. 𝑡 + ∅) é o argumento da senóide.

A figura abaixo ilustra o comportamento da senóide com 𝜙 = 0 ao longo do tempo.

Figura 1 – Tensão senoidal


Desta figura pode-se observar que a senóide apresenta oscilações entre valores
positivos e negativos em intervalos de tempos regulares, por isso esta função é
denominada periódica. O intervalo de tempo para que a senóide passe por todos os
seus valores possíveis, ou seja, complete um ciclo completo é chamado de período da
função (T) e é medido em segundos.
2. 𝜋
𝑇=
𝜔
O número de ciclos por segundo é chamado de frequência cíclica, ou simplesmente
frequência e é medido em Hertz (Hz). A frequência de uma senóide é o inverso do
período:
1
𝑓=
𝑇
E portanto,
𝜔 = 2𝜋𝑓
O ângulo de fase (𝜙) determina o valor da função senoidal no instante de tempo t = 0,
portanto, fixa o ponto onde o período irá começar. Mudar o ângulo de fase significa
deslocar a onda senoidal ao longo do eixo dos tempos. Um ângulo 𝜙 > 0 irá deslocar
a onda para a esquerda e para 𝜙 < 0 a onda irá deslocar-se para a direita. É
importante ressaltar que o ângulo de fase não provoca nenhuma variação na
amplitude máxima (Vm) ou ná frequência angular (𝜔).
Considere agora as duas senóides representadas pelas equações abaixo e ilustradas
na figura a seguir. Elas possuem a mesma amplitude e frequência, porém com fases
distintas. A primeira delas tem fase igual a zero (𝜙 = 0), enquanto a segunda possui
fase uma ∅ diferente de zero.
𝑣1 (𝑡) = V𝑚 . s𝑒𝑛(𝜔𝑡)
𝑣2 (𝑡) = 𝑉𝑚 . s𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙)
Figura 2 – Duas fontes senoidais com fases distintas

Pode-se observar que a função 𝑣2 (𝑡) inicia o seu ciclo antes da função 𝑣1 (𝑡), portanto
podemos dizer que a função 𝑣2 (𝑡) está adiantada em relação a 𝑣1 (𝑡) ou que, 𝑣1 (𝑡)
está atrasado em relação a 𝑣2 (𝑡). Caso o valor 𝜙 ≠ 0, dizemos que 𝑣1 e 𝑣2 estão fora
de fase e se 𝜙 = 0, dizemos que 𝑣1 e 𝑣2 estão em fase e isto significa que elas
possuem os valores máximos, mínimos e nulos nos mesmos instantes de tempo.
Diferentes senóides podem estar em fase sem necessariamente possuírem a mesma
amplitude.

3
Conforme já mencionado, uma senóide pode ser expressa utilizando uma função seno
ou cosseno. Quando comparamos duas senóides é preciso que a amplitude em
amabas as equações sejam positivas. Para isso, basta utilizar as seguintes
identidades trigonométricas:
𝑆𝑒𝑛(𝐴 ± 𝐵) = 𝑆𝑒𝑛(𝐴) 𝐶𝑜𝑠(𝐵) ± 𝑆𝑒𝑛(𝐵) 𝐶𝑜𝑠(𝐴)
𝐶𝑜𝑠(𝐴 ± 𝐵) = 𝐶𝑜𝑠(𝐴) 𝐶𝑜𝑠(𝐵) ∓ 𝑆𝑒𝑛(𝐴) 𝑆𝑒𝑛(𝐴)
Com estas identidades trigonométricas, podemos comprovar que:
𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡 ± 180°) = −𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡)
𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 ± 180°) = −𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡)
𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 90°) = 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡)
𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡 − 90°) = −𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡)
𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 90°) = −𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡)
𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 − 90°) = 𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡)
Desta forma, com estas identidades, podemos transformar uma função seno em uma
função cosseno subtraindo 90°.
s𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙) = cos(𝜔𝑡 + 𝜙 − 90°)
Outra característica importante de uma tensão ou corrente senoidal é o seu valor
eficaz ou RMS (root mean square). O valor eficaz para uma periódica senoidal é obtido
através da equação abaixo:

1 𝑡0 +𝑇 2
𝑉𝑅𝑀𝑆 =√ ∫ 𝑉𝑚 . 𝑠𝑒𝑛2 (𝜔𝑡 + 𝜙). 𝑑𝑡
𝑇 𝑡0

Resolvendo, temos que:


𝑉𝑚
𝑉𝑅𝑀𝑆 =
√2
Observa-se que o valor eficaz da tensão depende somente da amplitude máxima, não
sofrendo nenhuma influência da frequência ou ângulo de fase.

1.2 Fasores
Um fasor é um número complexo que representa as informações de amplitude e
ângulo de fase de uma função senoidal. A utilização da representação fasorial irá nos
possibilitar realizar de uma forma mais fácil a análise de circuitos lineares com fontes
senoidais.
O conceito de fasor é baseado na identidade de Euler, que relaciona a função
trigonométrica com a função exponencial:
𝑒 ±𝑗𝜙 = 𝐶𝑜𝑠(𝜙) ± 𝑗 𝑆𝑒𝑛(𝜙)
Em que podemos afirmar:
𝐶𝑜𝑠(𝜙) = 𝑅𝑒(𝑒 𝑗𝜙 )

𝑆𝑒𝑛(𝜙) = 𝐼𝑚(𝑒 𝑗𝜙 )
Em que 𝑅𝑒 e 𝐼𝑚 significam a parte real e a parte imaginária do fasor, respectivamente.

4
Para obter uma representação fasorial de uma senoide, está deve estar expressa
utilizando a função cosseno, de modo que ela possa ser escrita como a parte real de
um número complexo.
Considere uma fonte de tensão expressa através da seguinte função no domínio do
tempo:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙)
Aplicando a identidade de Euler podemos reescreve-la da seguinte forma:
𝑣(𝑡) = 𝑅𝑒(𝑉𝑚 𝑒 𝑗(𝜔𝑡+𝜙) ) = 𝑅𝑒(𝑉𝑚 𝑒 𝑗𝜙 . 𝑒 𝑗𝜔𝑡 )

𝑣(𝑡) = 𝑅𝑒(𝑉̇ . 𝑒 𝑗𝜔𝑡 )


Em que a sua representação no domínio dos fasores será:
𝑉̇ = 𝑉𝑚 𝑒 𝑗𝜙
Ou então:
𝑉̇ = 𝑉𝑚 ∠𝜙
O ponto em cima da letra V, indica que 𝑉̇ é a representação fasorial da senóide 𝑣(𝑡).
Um fasor também pode ser indicado por uma letra em negrito (V). Desta equação
Examinando a equação 𝑉̇ . 𝑒 𝑗𝜔𝑡 , podemos dizer que o fasor de uma senóide pode ser
considerado como um fasor rotacional, em que este gira em um círculo de raio Vm no
sentido anti-horário com uma velocidade angular 𝜔. Dessa forma, na representação de
um fasor o termpo 𝑒 𝑗𝜔𝑡 está implicitamente presente.
Um fasor é representado na forma polar, e um vetor girante no plano complexo
equivale a representação de uma grandeza senoidal, conforme a animação a seguir,
em que a projeção no eixo vertical do vetor girante é igual à amplitude da senóide.
Figura 3 – Representação de um fasor girando no sentido anti-horário

TEMA 2 – MATEMÁTICA COM NÚMEROS COMPLEXOS


Antes de começarmos a resolver circuitos envolvendo fasores é preciso relembrar
alguns conceitos sobre números complexos, os quais podem ser escritos na forma
retangular, polar ou exponencial.
A representação de um número complexo na forma retangular é dada pela equação
abaixo.
𝑧 = 𝑥 + 𝑗𝑦

5
Em que z é um número complexo e j é a unidade imaginária, sendo 𝑗 = √−1. Os
termos x e y são chamados de parte real e parte imaginária, respectivamente.
Vale ressaltar que em matemática é utilizado a letra i para representar os números
imaginários, porém, em engenharia a letra i é designada à correntes elétricas, por isso
iremos representar números complexos utilizando a letra j.

Como 𝑗 = √−1, temos que:


1
= −𝑗
𝑗
1
= −𝑗. 0,1
𝑗. 10
𝑗 2 = −1
𝑗 3 = 𝑗. 𝑗 2 = −𝑗
𝑗 4 = 𝑗 2. 𝑗 2 = 𝑗
Um número complexo representado na forma retangular nada mais é do que um ponto
no plano que contém o eixo real (Re) e o eixo imaginário (Im), semelhante ao plano
cartesiano, conforme apresentado na figura a seguir. Além da forma retangular, um
número complexo pode ser representado de duas outras formas diferentes, sendo
uma delas a forma polar e a forma exponencial, conforme as equações abaixo, sendo
respectivamente:
𝑧 = 𝑟∠𝜙
𝑧 = 𝑟 𝑒 𝑗𝜙
Em que 𝑟 é a magnitude e 𝜙 é a fase.
Figura 4 – Número complexo z representado no plano dos números complexos

Para realizar a transformação de um número complexo da forma retangular para a


polar, basta utilizar as propriedades do triângulo, ou seja:

𝑟 = √𝑥 2 + 𝑦 2
𝑦
𝜙 = 𝑡𝑔−1 ( )
𝑥
E um número complexo na forma polar pode ser escrito na forma retangular usando:
𝑥 = 𝑟. cos(𝜙)
𝑦 = 𝑟. sen(𝜙)

6
Ou seja:
𝑧 = 𝑥 + 𝑗𝑦 = 𝑟. cos(𝜙) + 𝑗 𝑟. sen(𝜙)
Dado o número complexo 𝑧 = 3 + 𝑗4, vamos obter a sua representação na forma polar:

𝑟 = √32 + 42 = 5
4
𝜙 = 𝑡𝑔−1 ( ) = 53,13°
3
Portanto,
𝑧 = 3 + 𝑗4 = 5∠53,13°
Agora dado o número 𝑧 = 10∠126,87°, vamo encontrar a sua forma retangular:
𝑧 = 10. cos(𝜙126,87°) + 𝑗10. sen(126,87°)
𝑧 = −6 − 𝑗8
As operações matemáticas de adição e subtração de números complexos, torna-se
mais fácil utilizando a forma retangular. Considere os dois números complexos abaixo:
𝑧1 = 𝑥1 + 𝑗𝑦1 = 𝑟1 ∠𝜙1
𝑧2 = 𝑥2 + 𝑗𝑦2 = 𝑟2 ∠𝜙2
A soma entre eles será dada por:
𝑧1 + 𝑧2 = (𝑥1 + 𝑥2 ) + 𝑗(𝑦1 + 𝑦2 )
Enquanto a subtração será dada por:
𝑧1 − 𝑧2 = (𝑥1 − 𝑥2 ) + 𝑗(𝑦1 − 𝑦2 )
Entretanto, as operações de multiplicação e divisão pode ser realizada mais facilmente
na forma polar.
Para a multiplicação devemos realizar:
𝑧1 . 𝑧2 = 𝑟1 . 𝑟2 ∠(𝜙1 + 𝜙2 )
Utilizando a forma retangular, basta aplicar a propriedade distributiva da multiplicação
e lembrar que 𝑗 2 = −1:
𝑧1 . 𝑧2 = 𝑥1 . 𝑥2 + 𝑗. 𝑥1 . 𝑦2 + 𝑗. 𝑦1 . 𝑥2 + 𝑗 2 . 𝑦1 . 𝑦2
𝑧1 . 𝑧2 = (𝑥1 . 𝑥2 − 𝑦1 . 𝑦2 ) + 𝑗( 𝑥1 . 𝑦2 + 𝑦1 . 𝑥2 )
E por fim, para a divisão:
𝑧1 𝑧1
= ∠(𝜙1 − 𝜙2 )
𝑧2 𝑧2
A tabela a seguir apresenta outras operações matemáticas:
Tabela 1 - Operações matemáticas com fasores

1 1
Recíproco = ∠(−𝜙)
z1 𝑟

𝜙
Raiz quadrada √𝑧 = √𝑟 ∠ ( )
2

Complexo conjugado 𝑧 ∗ = 𝑥 − 𝑗𝑦 = 𝑟∠(−𝜙) = 𝑟 𝑒 −𝑗𝜙

7
TEMA 3 – IMPEDÂNCIAS E ADMITÂNCIAS
Agora que vimos como representar a tensão e corrente no domínio da frequência ou
domínio fasorial, precisamos aprender como aplicar estes conceitos nos elementos
passivos. Para isso, precisamos transformar as relações corrente-tensão do domínio
do tempo para domínio fasorial de cada um destes elementos.

3.1 Resistores
Primeiramente considere um resistor alimentado por uma fonte de tensão senoidal, a
qual faz circular uma corrente no resistor 𝑖𝑅 (𝑡) = 𝐼𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙). Pela Lei de Ohm, a
tensão que surge nos seus terminais será:
𝑣𝑅 = 𝑅𝑖𝑅 = 𝑅 𝐼𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙)
A forma fasorial desta tensão é:
𝑉𝑅 = 𝑅 𝐼𝑚 ∠𝜙
Como a representação fasorial da corrente é:
𝐼𝑅 = 𝐼𝑚 ∠𝜙
Então:
𝑉𝑅 = 𝑅 𝐼𝑅
Analisando a última equação, percebemos que a relação fasorial entre o fasor da
tensão e o fasor da corrente continua sendo a Lei de Ohm e na figura a seguir
encontram-se ilustrados os casos com a tensão e corrente no domínio do tempo (a) e
os fasores da corrente e da tensão no resistor (b).
Figura 5 – Relação corrente-tensão para um circuito no domínio do tempo (a) e
fasorial (b)

(a) (b)
Quando um resistor é alimentado por uma fonte de tensão senoidal, a corrente que irá
fluir através dele também será senoidal. Para circuitos puramente resistivos, as formas
de onda estarão em fase, ou seja, as duas terão picos de máximo, mínimo e nulos nos
mesmos instantes de tempo, conforme apresentado na figura abaixo.
Figura 6 –Gráfico de tensão e corrente para um circuito resistivo

8
O diagrama de fasorial para este circuito está apresentado na figura abaixo. Como a
as duas formas de onda estão em fase, os fasores são sobrepostos, representado que
não há defasagem entre eles.

Figura 7 –´Fasores de tensão e corrente para um circuito resistivo

3.2 Indutores
Quando um indutor é alimentado por uma fonte senoidal, o comportamento entre os
fasores da tensão e da corrente são diferentes do caso do resistor. Considere um
indutor alimentado por uma fonte de tensão senoidal, a qual faz circular uma corrente
no indutor da seguinte forma:
𝑖𝐿 = 𝐼𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙)
Nós sabemos que a tensão nos terminais de um indutor é obtida da seguinte forma:
𝑑𝑖𝐿 𝑑
𝑣𝐿 = 𝐿 = 𝐿 [𝐼𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙)]
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑣𝐿 = −𝜔 𝐿 𝐼𝑚 𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡𝜙)
Porém, pelas identidades trigonométricas, vimos que:
−𝑆𝑒𝑛(𝐴) = 𝐶𝑜𝑠(𝐴 + 90°)
Desta forma, podemos escrever a tensão nos terminais do indutor da seguinte forma:
𝑣𝐿 = 𝜔 𝐿 𝐼𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙 + 90°)
Transformando do domínio do tempo para o domínio fasorial:
𝑉𝐿̇ = 𝜔 𝐿 𝐼𝑚 𝑒 𝑗(𝜙+90°) = 𝜔 𝐿 𝐼𝑚 𝑒 𝑗𝜙 𝑒 𝑗90° = 𝜔 𝐿 𝐼𝑚 ∠(𝜙𝑒 𝑗90° )
A partir da identidade de Euler, 𝑒 𝑗90° = 𝑗. Além disso, sabe-se que 𝐼𝑚 ∠𝜙 = 𝐼𝐿̇ . Desta
forma, finalmente teremos:
𝑉𝐿̇ = 𝑗. 𝜔. 𝐿. 𝐼𝐿̇

9
Analisando a equação anterior, podemos concluir que a amplitude da tensão no
indutor é de 𝜔. 𝐿. 𝐼𝑚 e a fase é de 𝜙 + 90°. Desta forma, podemos concluir que quando
uma fonte senoidal alimenta um indutor, uma corrente senoidal defasada de 90° da
tensão circulará no indutor, conforme a figura a seguir:
Figura 6 –Gráfico de tensão e corrente para um circuito indutivo

O diagrama fasorial de um indutor alimentado por uma fonte senoidal também se


encontra ilustrado na figura a seguir. Neste diagrama fasorial, nota-se que os fasores
estão a 90° um do outro, em que pelo sentido positivo no sentido anti-horário da
frequência angular, o fasor da tensão está adiantado do da corrente (ou a corrente
está atrasada da tensão).
Figura 7 –´Fasores de tensão e corrente para um circuito indutivo

3.3 Capacitores
Quando um capacitor é alimentado por uma fonte senoidal, o comportamento entre os
fasores da tensão e da corrente são diferentes do caso do resistor e do indutor.
Considere um capacitor alimentado por uma fonte de tensão senoidal
𝑣𝐶 = 𝑉𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙), a qual faz circular uma corrente no capacitor da seguinte forma:
𝑑𝑣𝐶 𝑑
𝑖𝐶 = 𝐶 = 𝐶 (𝑉𝑚 𝐶𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 𝜙))
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑖𝐶 = −𝜔 𝐶 𝑉𝑚 𝑆𝑒𝑛(𝜔𝑡 + 𝜙)
Utilizando o desenvolvimento realizado com um indutor ligado a uma fonte de tensão
senoidal, de forma análoga podemos analisar a situação de um capacitor ligado a uma
fonte de tensão senoidal, e o fasor da corrente será o seguinte:
𝐼𝐶̇ = 𝑗. 𝜔. 𝐶. 𝑉𝐶̇
Desta forma:

10
𝐼𝐶̇
𝑉𝐶̇ =
𝑗. 𝜔. 𝐶
Analisando esta equação, podemos concluir que a amplitude da tensão no capacitor é
1
de 𝑗.𝜔.𝐶 . 𝐼𝑚 e a fase é de 𝜙 − 90°. Desta forma, nota-se que quando uma fonte senoidal
alimenta um capacitor, uma corrente senoidal defasada de 90° da tensão circulará no
capacitor, conforme a figura a seguir:

Figura 8 –Gráfico de tensão e corrente para um circuito indutivo

Desta forma, o diagrama fasorial de um capacitor alimentado por uma fonte senoidal
também se encontra ilustrado na figura a seguir. No diagrama fasorial ilustrado na
figura a seguir, nota-se que os fasores estão a 90° um do outro, em que pelo sentido
positivo no sentido anti-horário da frequência angular, o fasor da tensão está atrasado
do da corrente (ou a corrente está adiantada da tensão).

Figura 9 – Fasores de tensão e corrente para um circuito indutivo

Agora que já sabemos a relação fasorial das tensões e correntes com os três
elementos passivos (resistores, capacitores e indutores), estas relações podem ser
reescritas em termos da razão entre a tensão fasorial pela corrente fasorial, mais
conhecida por impedância.
Em outras palavras, a impedância (𝑍) de um circuito é a razão da tensão fasorial 𝑉̇
pela corrente fasorial 𝐼 ,̇ medida em Ohms (Ω).
𝑽̇
𝑍=
𝑰̇
Semelhante à Lei de Ohm, podemos reescrever esta equação da seguinte forma:
𝑉̇ = 𝑍. 𝐼 ̇
11
A impedância representa a oposição do circuito ao fluxo de corrente senoidal. Apesar
da impedância ser a razão entre dois fasores, ela não é um fasor, pois não
corresponde a uma grandeza senoidal variante no tempo. A simbologia utilizada para
representação de uma impedância encontra-se ilustrada na figura a seguir.

Figura 10 – Simbologia para impedância

As impedâncias de resistores, indutores e capacitores podem ser obtidas diretamente


a partir das seguintes equações, respectivamente:

𝑉𝑅
=𝑍=𝑅
𝐼𝑅

𝑉𝐿
= 𝑍 = 𝑗𝜔𝐿
𝐼𝐿

𝑉𝐶 1
=𝑍=
𝐼𝐶 𝑗𝜔𝐶

Um fato muito importante deve ser levado em consideração quando falamos sobre
impedâncias, pois é possível observar que as impedâncias de capacitores e indutores
são função da frequência do sinal senoidal que está aplicado sobre eles. Pelas
equações anteriores, nota-se que a impedância de um indutor é diretamente
proporcional à frequência do sinal, enquanto a impedância de um capacitor é
inversamente proporcional à frequência do sinal.
Em resumo, uma análise destas equações nos permite concluir que nos casos
extremos das frequências, teremos:
 Para uma frequência nula (𝜔 = 0), ou seja, quando a fonte de alimentação é
contínua (não é alternada), a impedância do indutor é nula (curto circuito) e a
impedância do capacitor é infinita (circuito aberto);
 Para frequências elevadas (𝜔 → ∞), a impedância de um indutor é infinita
(curto circuito) enquanto que a impedância de um capacitor é nula (curto
circuito).
A impedância é uma grandeza complexa, podendo ser representada na forma
retangular da seguinte forma:
𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋
Em que, 𝑅 é a resistência e X é denominada reatância.
A reatância pode ser positiva ou negativa, sendo positiva quando o circuito possui uma
característica indutiva e sendo negativa quando o circuito possui uma característica
capacitiva. Desta forma, uma impedância 𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋 é indutiva, pois a corrente estará
atrasada em relação à tensão. Por outro lado, uma impedância 𝑍 = 𝑅 − 𝑗𝑋 é
capacitiva, pois a tensão estará atrasada em relação à corrente. A impedância,

12
resistência e a reatância são todas medidas em Ohms (Ω). A impedância também
pode ser expressa na forma polar:
𝑍 = |𝑍|∠𝜃
Conforme já demonstrado, a conversão da forma polar para retangular e vice-versa é
dada por:
𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋 = |𝑍|∠𝜃
Sendo:
|𝑍| = √𝑅 2 + 𝑋²
𝑋
𝜃 = 𝑇𝑔−1 ( )
𝑅
Com isto, teremos:
𝑅 = |𝑍| 𝐶𝑜𝑠(𝜃)
𝑋 = |𝑍| 𝑆𝑒𝑛(𝜃)
Em alguns casos de circuitos é conveniente trabalharmos com o recíproco da
impedância, denominado admitância (𝑌), medida em Siemens (𝑆). A admitância de um
circuito é a relação entre o fasor corrente e o fasor tensão existentes no elemento:
1 𝐼̇
𝑌= =
𝑍 𝑉̇
Como a admitância é o recíproco da impedância, esta que por sua vez é um número
complexo, fazendo com que a admitância também seja um número complexo que
pode ser representado da seguinte forma:
𝑌 = 𝐺 + 𝑗𝐵
Em que 𝐺 é a condutância e B é denominada susceptância, ambas com unidades em
Siemens (𝑆).
A partir das equações anteriores, teremos:
1
𝐺 + 𝑗𝐵 =
𝑅 + 𝑗𝑋
1 𝑅 − 𝑗𝑋
𝐺 + 𝑗𝐵 = ×
𝑅 + 𝑗𝑋 𝑅 − 𝑗𝑋
Desta forma, chegamos às seguintes expressões:
𝑅
𝐺=
𝑅2 + 𝑋2
𝑋
𝐵=−
𝑅2 + 𝑋2
Observando a equação de G, percebe-se que ao contrário de circuitos puramente
1
resistivos, 𝐺 ≠ 𝑅, exceto quando 𝑋 = 0.

3.4 Combinação de impedâncias


Assim como os resistores, capacitores e indutores, as impedâncias também podem
ser combinadas em série e paralelo para que possamos realizar simplificações de
circuitos e facilitar a sua análise.

13
Considere as 𝑁 impedâncias conectadas em série ilustradas na figura abaixo. Este
circuito é alimentado por uma fonte de tensão 𝑉̇ que faz com que uma corrente elétrica
𝐼 ̇ se estabeleça no circuito, provocando as diferenças de potencial (𝑉1̇ , 𝑉2̇ , … , 𝑉𝑁̇ ) em
cada impedância do circuito (𝑍1 , 𝑍2 , … , 𝑍𝑁 ).

Este circuito, por apresentar todas as impedâncias conectadas em série e percorridas


pela mesma corrente elétrica, pode ser representado por apenas uma impedância
equivalente (𝑍𝑒𝑞 ), em que o fasor da tensão (𝑉̇) e o fasor da corrente (𝐼 )̇ não se
alteram.

Figura 11 – Associação de impedância em série

A impedância equivalente do circuito (𝑍𝑒𝑞 ) é calculada da seguinte forma:

𝑍𝑒𝑞 = 𝑍1 + 𝑍2 + ⋯ + 𝑍𝑁

Se o número de impedâncias conectadas em série for igual a dois (𝑁 = 2), teremos


um circuito bastante utilizado denominado divisor de tensão, conforme ilustrado na
figura a seguir.
Figura 12 – Divisor de tensão

As tensões 𝑉1̇ e 𝑉2̇ podem ser calculadas da seguinte forma:


𝑍1
𝑉1̇ = 𝑉̇
𝑍1 + 𝑍2
𝑍2
𝑉2̇ = 𝑉̇
𝑍1 + 𝑍2
Considere o circuito ilustrado na figura a seguir com 𝑁 impedâncias em paralelo
conectadas a uma fonte 𝑉̇ na qual circula uma corrente 𝐼 .̇

Figura 13 – Associação de impedância em paralelo

14
Este circuito também pode ser representado pela mesma fonte de tensão 𝑉̇ conectada
a uma impedância equivalente 𝑍𝑒𝑞 na qual irá consumir a mesma corrente elétrica 𝐼 .̇

A forma de cálculo da impedância equivalente de N impedâncias ligadas em paralelo é


realizada da seguinte forma:
1 1 1 1
= + +⋯+
𝑍𝑒𝑞 𝑍1 𝑍2 𝑍𝑁
Se o número de impedâncias conectadas em paralelo for igual a dois (𝑁 = 2), teremos
um circuito bastante utilizado denominado divisor de corrente, conforme ilustrado na
figura a seguir.
Figura 14 – Divisor de corrente

As correntes 𝐼1 e 𝐼2 podem ser calculadas da seguinte forma:


𝑍2
𝐼1 = 𝐼
𝑍1 + 𝑍2

𝑍1
𝐼2 = 𝐼
𝑍1 + 𝑍2

3.5 Transformação Delta-Estrela ou Triângulo-Estrela (Δ-Y)


Assim como a transformação Δ-Y vista com os resistores, esta transformação também
pode ser aplicada em fasores. Considere o circuito da figura a seguir, em que as
impedâncias 𝑍1 , 𝑍2 e 𝑍3 estão conectados em Δ. Estas três impedâncias podem ser
transformadas no conjunto em Y formado pelas impedâncias 𝑍𝐴 , 𝑍𝐵 e 𝑍𝐶 .

Figura 14 – Transformação triângulo-estrela para impedâncias

15
A forma de cálculo das transformações Δ − 𝑌 e também da transformação contrária
(Y − Δ) encontram-se na tabela abaixo.

Tabela 2 - Transformação DELTA-ESTRELA e ESTRELA-DELTA

Transformação 𝚫 − 𝐘 Transformação 𝒀 − 𝚫

𝑍1 𝑍2 𝑍𝐴 𝑍𝐵 + 𝑍𝐴 𝑍𝐶 + 𝑍𝐵 𝑍𝐶
𝑍𝐴 = 𝑍1 =
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍3 𝑍𝐶

𝑍1 𝑍3 𝑍𝐴 𝑍𝐵 + 𝑍𝐴 𝑍𝐶 + 𝑍𝐵 𝑍𝐶
𝑍𝐵 = 𝑍2 =
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍3 𝑍𝐵

𝑍2 𝑍3 𝑍𝐴 𝑍𝐵 + 𝑍𝐴 𝑍𝐶 + 𝑍𝐵 𝑍𝐶
𝑍𝐶 = 𝑍3 =
𝑍1 + 𝑍2 + 𝑍3 𝑍𝐴

TEMA 4 – MÉTODOS DE ANÁLISE POR TENSÃO DOS NÓS NO DOMÍNIO


FASORIAL
Conforme apresentado no tema anterior, as impedâncias representam as relações
entre fasores de tensão e corrente, dessa forma podemos dar continuidade ao estudo
da análise de circuitos em corrente alternada.

A aplicação das leis de Kirchhoff se dará de forma similar ao visto anteriormente. A lei
de Kichhoff das as correntes (LCK) será dada pela somatória de todas as correntes
fasoriais que entram e saem de um só é igual a zero. Já a lei de kirchhoff das tensões
será a somatória de todas as tensões fasoriais de uma malha será sempre igual a
zero.

Sendo assim, a aplicação dos métodos de analise das tensões dos nós e o método de
análise das correntes de malhas será igual ao apresentando em aulas anteriores, com
a diferença de que usaremos fasores no lugar das resistências.

Considere o circuito da figura abaixo, nele temos conectado uma fonte de tensão
senoidal com o valor de 𝑣 = 20 c𝑜𝑠(4𝑡) 𝑉. Vamos determinar o valor da corrente ix
utilizando o método de análise nodal.

Figura 15 – Circuito no domínio do tempo

O primeiro passo para aplicação deste método em circuitos de corrente alternada é de


converter o circuito para o domínio fasorial. Em seguida, deve-se resolver o problema

16
aplicando o método da tensão dos nós e por último, deve-se converter o fasor para
sua forma senoidal novamente.

Da fonte de tensão de 𝑣 = 20 c𝑜𝑠(4𝑡) 𝑉, sabemos que o argumento da senóide é dada


por (𝜔. 𝑡), portanto frequência angular da fonte de tensão é 𝜔 = 4 𝑟𝑎𝑑/𝑠.

O valor da fonte de tensão no domínio fasorial será:

𝑣 = 20 𝐶𝑜𝑠(4𝑡) ⇒ 𝑉 = 20 ∠0° 𝑉

Para os elementos passivos basta obter o valor de sua impedância:

Resistor de 10 Ω ⇒ Z1 = 10 Ω

Indutor de 1 𝐻 ⇒ Z2 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗4 Ω

Indutor 0,5 𝐻 ⇒ Z3 = 𝑗𝜔𝐿 = 𝑗2 Ω


1
Capacitor de 0,1 𝐹 ⇒ Z4 = 𝑗𝜔𝐶 = −𝑗2,5 Ω

Dessa forma, o circuito no domínio fasorial está apresentado na figura abaixo.

Figura 15 – Circuito no domínio fasorial

Agora, aplicar o método de análise nodal. Primeiramente foi definido o nó de


referência e os demais nomeados como 𝑉1̇ e 𝑉2̇ . Em seguida, convencionou-se os
sentidos das correntes em cada um dos ramos do circuito, conforme ilustrado na
figura. O próximo passo consiste em aplicar a LCK em cada um dos nós:

Para o nó 𝑉1̇ :
𝐼1 = 𝐼𝑋 + 𝐼2
Aplicando a lei de Ohm para reescrever cada uma das correntes em função das
tensões dos nós, teremos:
20∠0° − 𝑉1̇ 𝑉1̇ 𝑉1̇ − 𝑉2̇
= +
10 −𝑗. 2,5 𝑗4
Conforme demonstrado anteriormente, temos que
1 1
= −𝑗 𝑒 =𝑗
𝑗 −𝑗
Portanto,
1
. 𝑉̇ = 𝑗. 0,4. 𝑉1̇
−𝑗. 2,5 1
E
17
1
. (𝑉̇ − 𝑉2̇ ) = −𝑗. 0,25. (𝑉1̇ − 𝑉2̇ )
𝑗. 4 1
Substituindo na equação:
20 𝑉1̇
− = 𝑗. 0,4. 𝑉1̇ − 𝑗. 0,25. (𝑉1̇ − 𝑉2̇ )
10 10
2 − 0,1. 𝑉1̇ = 𝑗. 0,4. 𝑉1̇ − 𝑗. 0,25. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,25. 𝑉2̇
Organizando a equação:
0,1. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,4. 𝑉1̇ − 𝑗. 0,25. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,25. 𝑉2̇ = 2
Colocando 𝑉1̇ e 𝑉2̇ em evidencia:
(0,1 + 𝑗0,15)𝑉1̇ + 𝑗0,25𝑉2̇ = 2
Aplicando a LCK no nó 𝑉2̇ :
𝐼2 + 𝐼3 = 𝐼4
Neste circuito temos uma fonte de corrente dependente, assim como ocorre com as
fontes de corrente independente, a corrente que flui por esse ramo será o próprio valor
da fonte, então teremos 𝐼3 = 2. 𝐼𝑋
A corrente 𝐼𝑋̇ será dada por:
𝑉1̇
𝐼𝑋̇ =
−𝑗. 2,5
Aplicando a lei de Ohm para reescrever as correntes em função das tensões dos nós e
substituindo 𝐼𝑋̇ :
𝑉1̇ − 𝑉2̇ 𝑉1̇ 𝑉2̇
+2 =
𝑗4 −𝑗2,5 𝑗2
−𝑗. 0,25. (𝑉1̇ − 𝑉2̇ ) + 2. (𝑗0,4. 𝑉1̇ ) = −𝑗0,5. 𝑉2̇
−𝑗. 0,25. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,25. 𝑉2̇ + 𝑗0,8. 𝑉1̇ + 𝑗0,5. 𝑉2̇ = 0
𝑗. 0,55. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Agora, basta resolver o sistema linear de duas equações e duas incógnitas:
(0,1 + 𝑗0,15)𝑉1̇ + 𝑗0,25𝑉2̇ = 2
{
𝑗. 0,55. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
A resolução deste sistema ocorre da mesma forma que os anteriores, porém,
utilizando números complexos. Resolvendo pelo método de escalonamento de Gauss,
vamos multiplicar a primeira equação pelo número real -3, assim teremos o termo
j.0,75 multiplicando 𝑉2̇ nas duas equações:
(−3). (0,1 + 𝑗0,15)𝑉1̇ + (−3). (𝑗0,25. 𝑉2̇ ) = (−3) . ( 2)
{
𝑗. 0,55. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Aplicando a propriedade distributiva da multiplicação:
(−0,3 − 𝑗0,45)𝑉1̇ − 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = −6
{
𝑗. 0,55. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Somando as duas equações:
(−0,3 − 𝑗0,45)𝑉1̇ + 𝑗. 0,55. 𝑉1̇ − 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = −6 + 0
(−0,3 + 𝑗0,1). 𝑉1̇ = −6

18
−6 6∠180°
𝑉1̇ = =
(−0,3 + 𝑗0,1) 0,316∠161,56°
𝑉1̇ = 18,974𝑉1 ∠18,435° V
Ou na forma retangular:
𝑉1̇ = 18 + 𝑗. 6 𝑉
Para obter o valor de 𝑉2 , basta substituir 𝑉1̇ em qualquer uma das equações anteriores.
𝑗. 0,55. 𝑉1̇ + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
𝑗. 0,55. (18 + 𝑗. 6) + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Aplicando a propriedade da multiplicação distributiva:
𝑗. 9,9 + 𝑗 2 . 3,3 + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Sabendo que 𝑗 2 = −1
𝑗. 9,9 − 3,3 + 𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 0
Isolando o termo 𝑉2̇
𝑗. 0,75. 𝑉2̇ = 3,3 − 𝑗. 9,9
3,3 − 𝑗. 9,9 10,435∠ − 71,565°
𝑉2̇ = =
𝑗. 0,75 0,75∠90°
𝑉2̇ = 13,914∠ − 161,565° 𝑉
Para finalizar o exercício, basta substituir o valor de 𝑉1̇ na equação de 𝐼𝑋̇ :
𝑉1̇ 18,97∠18,435°
𝐼𝑋̇ = =
−𝑗. 2,5 2,5∠ − 90°
𝐼𝑋̇ = 7,59∠108,4° 𝐴
Convertendo para o domínio do tempo:
𝑖𝑋 = 7,59 𝐶𝑜𝑠(4𝑡 + 108,4°) 𝐴

TEMA 5 – MÉTODOS DE ANÁLISE POR CORRENTES DE MALHA NO


DOMÍNIO FASORIAL
Assim como o método de análise nodal, podemos aplicar o método de análise de
malhas em um circuito no domínio fasorial, porém, as incógnitas das equações serão
as correntes fasoriais em cada uma das malhas.
Considere o circuito no domínio fasorial apresentado na figura a seguir. Note que as
fontes já foram dadas como fasores e os elementos passivos já estão apresentados
como impedâncias.
Para este circuito, vamos obter os valores das correntes de malha utilizando o método
de análise de malha. O primeiro passo consiste em determinar o sentido das correntes
em cada uma das malhas e em seguinda aplicar a LTK em cada uma delas.
Figura 16 – Circuito no domínio fasorial

19
Aplicando a LTK na malha 1:

𝑉1 + 𝑉2 + 𝑉3 = 0

Aplicando a lei de Ohm para reescrever cada uma das tensões em função da corrente:

8. 𝐼1̇ + 𝑗. 10(𝐼1̇ − 𝐼3̇ ) − 𝑗. 2. (𝐼1̇ − 𝐼2̇ ) = 0

(8 + 𝑗. 8). 𝐼1̇ + 𝑗. 2. 𝐼2̇ − 𝑗. 10. 𝐼3̇ = 0

Aplicando a LTK na malha 2:

Figura 17 – Circuito no domínio fasorial

𝑉3 + 𝑉6 + 𝑉4 + 𝑉5 = 0

−𝑗. 2. (𝐼2̇ − 𝐼1̇ ) + [−𝑗. 2. (𝐼2̇ − 𝐼3̇ )] + 4. 𝐼2̇ + 𝑗20 = 0

𝑗. 2. 𝐼1̇ + (4 − 𝑗. 4). 𝐼2̇ + 𝑗. 2. 𝐼3̇ = −𝑗20

Analisando a malha 3, vamos observar que a corrente 𝐼3̇ será igual ao próprio valor da
fonte de corrente, portanto:
𝐼3̇ = 5 𝐴
Substituindo 𝐼3̇ nas equações anteriores, vamos obter o seguinte sistema linear:

(8 + 𝑗. 8)𝐼1̇ + 𝑗. 2. 𝐼2̇ = 𝑗50


{
𝑗. 2. 𝐼1̇ + (4 − 𝑗. 4). 𝐼2̇ = −𝑗30

20
Para resolver este sistema, podemos multiplicar a primeira equação por − 𝑗. 2 e a
segunda equação por (8 + 𝑗. 8), assim ao somar as duas equações teremos o termo 𝐼1̇
multiplicado por zero.

(−𝑗. 2). (8 + 𝑗. 8)𝐼1̇ + (−j. 2). (𝑗. 2. 𝐼2̇ ) = (−j. 2) . (𝑗50)


{
(8 + 𝑗. 8). (𝑗. 2. 𝐼1̇ ) + (8 + 𝑗. 8). (4 − 𝑗. 4). 𝐼2̇ = (8 + 𝑗. 8). (−𝑗30)

(−𝑗. 16 − 𝑗 2 . 16)𝐼1̇ − j2 . 4. 𝐼2̇ = −𝑗 2 100


{
(𝑗. 16 + 𝑗 2 . 16)𝐼1̇ + (32 − j32 + j32 − 𝑗 2 . 32). 𝐼2̇ = (−j. 240 − 𝑗 2 240)

(16 − 𝑗. 16)𝐼1̇ + 4. 𝐼2̇ = 100


{
(−16 + 𝑗. 16)𝐼1̇ + 64. 𝐼2̇ = 240 − j. 240

Somando as duas equações:

̇
(16 − 𝑗. 16 − 16 + 𝑗. 16)𝐼1̇ + (4 + 64). 𝐼2̇ = 100 + 240 − j. 240

(4 + 64). 𝐼2̇ = 340̇ − j. 240

340 − j. 240 416,173∠ − 35,218°


𝐼2̇ = =
68 68∠0°

𝐼2̇ = 6,12∠ − 35,218° 𝐴

𝐼2̇ = 5 − 𝑗. 3,529 𝐴

Substituindo 𝐼2̇ em uma das equações anteriores:

(8 + 𝑗. 8)𝐼1̇ + 𝑗. 2. 𝐼2̇ = 𝑗50

(8 + 𝑗. 8)𝐼1̇ + 𝑗. 2. (5 − 𝑗. 3,529 ) = 𝑗50

(8 + 𝑗. 8)𝐼1̇ + 𝑗. 2. (5 − 𝑗. 3,529 ) = 𝑗50

(8 + 𝑗. 8)𝐼1̇ + (7,059 + 𝑗10) = 𝑗50

(8 + 𝑗. 8)𝐼1̇ = −7,059 − 𝑗10 + 𝑗50

Isolando 𝐼1̇ :

−7,059 + 𝑗40 40,618∠100°


𝐼1̇ = =
8 + 𝑗. 8 11,314∠45°

𝐼1̇ = 3,59∠55° A

E assim, foram obtidas todas as três correntes de malhas dos circuitos. A partir delas é
possível obter a tensão fasorial de cada um dos elementos do circuito.

FINALIZANDO
Nesta aula, foram apresentados os circuitos em corrente alternada, em que a
utilização de fasores facilita sua análise. Além disso, foi apresentado o conceito de
impedância, que é de fundamental importância para o curso de engenharia elétrica,
visto que ele será abordado na maioria das disciplinas.

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A análise fasorial simplifica o entendimento do comportamento de diversos circuitos
elétricos. Uma das formas mais utilizadas da aplicação de fasores é para realizar a
representação do sistema elétrico desde a usina geradora de eletricidade, passando
pelas linhas de transmissão de energia até as nossas residências, conforme ilustrado
na figura a seguir.

Figura 18 – Sistema elétrico

Os equipamentos existentes no sistema elétrico (transformadores, linhas de


transmissão, etc.) não são ideais e podem ser representados por componentes
resistivos, capacitivos e indutivos. O fato de que o sistema elétrico é em corrente
alternada nos permite trabalharmos com fasores e impedâncias, fazendo com que a
análise do circuito elétrico que representa o sistema seja mais fácil de compreender ao
invés da utilização de grandezas senoidais.

As concessionárias de energia utilizam os diagramas simplificados do sistema como o


da figura anterior para poder monitorar os valores das tensões elétricas que saem do
gerador, entram e saem das linhas de transmissão para que o valor da tensão em
nossas residências esteja dentro dos limites estabelecidos.

Esta análise com fasores permite que eles corrijam estas tensões, visto que em todos
os sistemas reais existem perdas, as quais podem variar conforme o horário de pico
de utilização de energia dentre outros fatores.

Os sistemas reais são mais complexos do que o mostrado neste exemplo, pois alguns
componentes ainda necessitam ser estudados para que possamos analisar a situação
mais próxima da realidade.

REFERÊNCIAS
ALEXANDER, C. K.; SADIKU, M, N. O. Fundamentos de circuitos elétricos.
5ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.

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BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. 12ª ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2012.

NILSSON.J.W.; Riedel,S.A. Circuitos elétricos. 10ª ed. São Paulo: Pearson


Education do Brasil, 2015.

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