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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

Escola Politécnica de Pernambuco

CIRCUITOS ELÉTRICOS 1

Prof. Eduardo Henrique Diniz Fittipaldi, DSc.

Recife, PE
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO AOS CIRCUITOS ELÉTRICOS


• CONCEITOS INICIAIS
− Carga e Corrente Elétrica
− Diferença de Potencial e Tensão Elétrica
− Potência e Energia Elétrica
− Circuitos Elétricos e Elementos de Circuitos
− Elementos Passivos e Ativos

• O PROBLEMA DA ANÁLISE DE CIRCUITOS

2 CIRCUITOS RESISTIVOS
• RESISTÊNCIA ELÉTRICA E RESISTOR
− Tensão e Corrente em um Resistor
− Lei de Ohm

• LEIS DE KIRCHHOFF
− Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC)
− Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT)

• ASSOCIAÇÕES DE RESISTORES
− Associação Série e Divisor de Tensão
− Associação Paralela e Divisor de Corrente

• FONTES INDEPENDENTES E CONTROLADAS (DEPENDENTES)


− Fontes Independentes de Tensão e de Corrente
− Fontes Controladas ou Dependentes

3 TÉCNICAS DE ANÁLISE DE CIRCUITOS


• MÉTODOS DE ANÁLISE
− Análise de Nós
− Análise de Malhas

• TEOREMAS DE CIRCUITOS
− Teorema ou Princípio da Superposição
− Teoremas de Thevènin e de Norton
− Teorema da Máxima Transferência de Potência

• CIRCUITOS COM AMPLIFICADORES OPERACIONAIS


4 ELEMENTOS ARMAZENADORES DE ENERGIA
• CAPACITORES
− Tensão e Corrente em Capacitores
− Energia Armazenada em Capacitores
− Associação Série e Paralela de Capacitores

• INDUTORES
− Tensão e Corrente em Indutores
− Energia Armazenada em Indutores
− Associação Série e Paralela de Indutores

• CHAVEAMENTO DE CIRCUITOS

5 CIRCUITOS COM ELEMENTOS ARMAZENADORES DE ENERGIA


• CIRCUITOS DE 1ª ORDEM
− Circuitos RL e RC (Sem Excitação e Com Excitação)
− Resposta Natural, Resposta Forçada e Resposta Completa

• CIRCUITOS DE 2ª ORDEM
− Circuitos RLL, RCC e RLC
− Frequências Naturais
− Resposta Natural, Resposta Forçada e Resposta Completa
− Circuitos RLC em Série e em Paralelo
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO AOS CIRCUITOS ELÉTRICOS

Este capítulo tem o objetivo de apresentar conceitos iniciais sobre os circuitos


elétricos e os elementos que os compõem, com base na teoria eletromagnética.
Além disso, vai mostrar também os problemas gerais que envolvem esse as-
sunto, básico para todas as áreas da engenharia envolvida com a eletricidade.

1. Conceitos Iniciais

Esta seção mostra os conceitos básicos de cargas elétricas, corrente elétrica,


potencial elétrico, diferença de potencial ou tensão elétrica, potência e energia
elétrica, bem como apresenta o conceito de circuito elétrico e dos elementos que
o compõem.

1.1 Carga e Corrente Elétrica

Todos os corpos que existem na natureza são formados por partículas minúscu-
las chamadas átomos. Esses átomos, por sua vez, são constituídos por partícu-
las ainda menores. As de maiores massas estão presentes no núcleo dos áto-
mos. São os prótons, com carga elétrica positiva, e os nêutrons, sem carga elé-
trica. Ao redor do núcleo, em órbitas específicas, estão os elétrons, com massa
desprezível e carga elétrica igual à dos prótons, só que negativa. O que carac-
teriza uma carga elétrica é a existência de um “campo de energia” ao seu redor.
Esses campos são iguais e de sinais opostos em cargas positivas e negativas.
Como um átomo em condições normais possui o mesmo número de prótons e
de elétrons, ele é eletricamente neutro. A Figura 1.1 mostra a representação de
um átomo.
Figura 1.1: Representação de um átomo

Dessa forma, para que existam cargas elétricas é preciso desbalancear a quan-
tidade de prótons e de elétrons existente nos átomos que formam um corpo.
Como os prótons estão rigidamente presos ao núcleo do átomo, junto com os
nêutrons, e os elétrons se movem livremente em órbitas ao redor do núcleo, a
fim de desbalancear a carga de um corpo, retiram-se ou doam-se elétrons aos
átomos que o constituem (Figura 1.2). A partir daí, tem-se os corpos com carga
positiva (com falta de elétrons) e aqueles com carga negativa (excesso de elé-
trons).
CARGAS POSITIVAS: Falta de Elétrons
CARGAS NEGATIVAS: Excesso de Elétrons

Figura 1.2: Cargas Positiva e Negativa


Todas as cargas elétricas, como informado, possuem ao redor de si um campo
de energia. Pode-se verificar a existência desse campo e concluir que o corpo
existente possui carga elétrica, colocando-se uma outra carga (carga de prova)
próxima a este corpo. Se essa carga de prova sofrer a ação de uma força elétrica
e passar a se movimentar, existe campo e o corpo possui carga elétrica. Quando
a carga se desloca, é alterado o seu nível energético.
Esse campo de energia é chamado de Campo Elétrico. As cargas positivas
apresentam um campo elétrico que se afasta dessa carga; já as cargas negativas
têm um campo elétrico que se aproxima da carga. A Figura 1.3 apresenta os
campos de afastamento das cargas positivas e de aproximação das cargas ne-
gativas, a partir das chamadas “linhas de força”, que representam graficamente
os campos elétricos.

Figura 1.3: Campo Elétrico de Afastamento (Cargas Positivas) e Campo elé-


trico de Aproximação (Cargas Negativas)

OBS: Quanto mais próximas estiverem as linhas de força, maior o valor do


campo elétrico e quanto mais afastadas elas estiverem, menor o valor do campo.
Ao ser submetida a um Campo Elétrico qualquer, uma carga elétrica fica sujeita
à ação de uma Força Elétrica, que irá produzir nesta carga uma aceleração,
conferindo-lhe então movimento e uma alteração em seu nível de energia. A
Força Elétrica será dada pela expressão:

𝐹𝐸 = 𝑞 . 𝐸
Onde:
𝐹𝐸 : Força Elétrica (vetor)
𝑞 : Carga Elétrica
𝐸 : Campo Elétrico (vetor)

Unidades: [𝐹𝐸 ] = N (newton)

[𝑞 ] = C (coulomb)

[𝐸 ] = N/C ou V/m (newton/coulomb) ou (volt/metro)

OBS: Para cargas positivas, a força e o campo têm o mesmo sentido e para
cargas negativas têm sentido contrário. Em ambos os casos, os dois vetores têm
a mesma direção.

E E

q>0 FE FE q<0

A partir das forças elétricas existentes entre as cargas e dos campos elétricos
produzidos por cada uma delas, pode-se dizer que cargas de mesmo sinal (+/+
ou -/-) apresentam, entre si, forças elétricas de repulsão, enquanto que cargas
elétricas de sinais contrários (+/- ou -/+) possuem forças de atração entre elas
(par ação-reação). A Figura 1.4 mostra essas forças.
𝐹𝐸 𝐹𝐸 𝐹𝐸 𝐹𝐸
+
+
- -

𝐹𝐸 𝐹𝐸 - 𝐹𝐸 𝐹𝐸
+ -
+

Figura 1.4: Cargas de mesmo sinal de “repelem” e cargas de sinais opostos se


“atraem”

Movimentos desordenados das cargas elétricas não representam nada, porém,


se essas cargas passarem a ter um movimento ordenado, elas podem levar
energia de um lugar para outro, em função do seu movimento e da alteração do
seu nível energético. O movimento ordenado de cargas elétricas recebe o nome
de Corrente Elétrica. A Figura 1.5 mostra uma representação do movimento
desordenado e do movimento ordenado de cargas elétricas.

+
+ + +
+ +
+
+ + +
+
Figura 1.5: Movimentos Desordenados e Ordenados de Cargas Elétricas
(Corrente Elétrica é o movimento ordenado de cargas elétricas)

A corrente elétrica sendo o movimento ordenado de cargas elétricas passa a ser


determinada, em termos quantitativos, pela variação da carga por unidade de
tempo em um determinado ponto. A expressão da corrente elétrica pode ser es-
crita como:
∆𝑞
𝑖=
∆𝑡
E, no limite:
𝑑𝑞
𝑖=
𝑑𝑡
A unidade da corrente elétrica é:
[ 𝑖 ] = C/s = A (ampère)

OBS: A corrente elétrica é uma grandeza escalar. A letra “𝑖 ” vem do francês


“intensité” – Intensidade de Corrente.

1.2 Diferença de Potencial ou Tensão Elétrica

Quem seria o responsável pelo ordenamento do movimento das cargas elétri-


cas?
O movimento de uma carga elétrica é determinado a partir da força elétrica inci-
dente sobre a carga, que surge quando da presença de um campo elétrico.
Dessa forma, em última análise, o próprio campo elétrico seria o responsável
pelo movimento ordenado das cargas elétricas
No entanto, pode ser considerada também a questão dos níveis energéticos ve-
rificados nas proximidades de uma carga elétrica. Como surgem forças elétricas
em cargas sujeitas a ação de um campo elétrico, essas cargas, ao adquirirem
movimento, podem ganhar ou perder energia, uma vez que é realizado trabalho
no deslocamento dessas cargas. É por isso que se considera que existem dife-
rentes níveis energéticos no entorno das cargas elétricas. Esses níveis são mai-
ores nas proximidades das cargas positivas e se reduzem ao se afastarem delas.
Como as cargas positivas, como já mencionado, produzem campos de afasta-
mento, pode-se afirmar que os níveis energéticos reduzem no sentido crescente
das linhas de força que representam os campos elétricos.
Os níveis energéticos são medidos, por sua vez, pelos chamados Potenciais
Elétricos (medidos em Volts – V). A Figura 1.6 mostra os potenciais elétricos ao
longo de uma linha de força que representa um determinado campo elétrico.
A B C D
E
+
𝑉𝐴 𝑉𝐵 𝑉𝐶 𝑉𝐷
VA Elétrico diminui no sentido crescente de uma linha de
Figura 1.6: O Potencial
força
Na figura anterior:
𝑉𝐴 – Potencial elétrico do ponto A
𝑉𝐵 – Potencial elétrico do ponto B
𝑉𝐶 – Potencial elétrico do ponto C
𝑉𝐷 – Potencial elétrico do ponto D

Além disso:

𝑉𝐴 > 𝑉𝐵 > 𝑉𝐶 > 𝑉𝐷

Como a força elétrica em uma carga positiva atua no mesmo sentido do campo
elétrico, uma carga positiva tende a se deslocar naturalmente de um potencial
mais atual para um potencial mais baixo. A Figura 1.7 apresenta o sentido movi-
mento natural das cargas positivas. As cargas negativas, por sua vez, têm um
movimento natural contrário ao das cargas positivas.

𝑉𝐴

𝑉𝐴 > 𝑉𝐵
𝑉𝐵
𝐸
Figura1.7: Uma carga positiva se desloca naturalmente de um potencial alto
para um potencial baixo
Define-se Diferença de Potencial (ddp) ou Tensão Elétrica como a diferença
entre os potenciais elétricos de dois pontos quaisquer.

𝑉𝐴𝐵 = 𝑉𝐴 − 𝑉𝐵 = 𝑣
𝑣 é a Tensão Elétrica ou diferença de potencial entre os pontos A e B.

Unidade da tensão elétrica:


[𝑣 ] = V (volt)

OBS: Sentido Real e Convencional da Corrente Elétrica – Apesar das cargas


que efetivamente se movem são os elétrons (cargas negativas), o chamado Sen-
tido Convencional da Corrente Elétrica é definido pelo movimento das cargas
positivas, enquanto o Sentido Real é o definido pelo movimento das cargas ne-
gativas. A Figura 1.8 mostra o sentido convencional da corrente elétrica (sentido
das cargas positivas).

+ +
+
+ +
+
𝑖

Figura 1.8: Sentido Convencional da Corrente Elétrica é o de movimento das


cargas positivas

A corrente elétrica então irá se deslocar naturalmente de um potencial maior para


um potencial menor e, com isso, em circuitos elétricos, a diferença de potencial
ou Tensão Elétrica é a responsável pelo movimento ordenado de cargas elétri-
cas que forma então a Corrente Elétrica. Em circuitos elétricos, a Tensão Elétrica
é a responsável pelo aparecimento da Corrente Elétrica.

𝑣 − 𝑇𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝐸𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎
𝑖 − 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝐸𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎
1.3 Potência e Energia Elétrica

O trabalho realizado ou a energia absorvida por um conjunto de cargas q a se

deslocar de um ponto a outro com uma diferença de potencial ou tensão 𝑣 é

dado como:

∆𝑊 = 𝑣 . ∆𝑞

Dessa forma, há variação de energia no deslocamento de cargas entre pontos


com diferentes valores de potencial elétrico. Dependendo do sentido desse des-
locamento, estava variação pode ser positiva (consumo de energia) ou negativa
(geração de energia). Mais adiante será discutida essa questão.

Se o tempo decorrido nesse processo é ∆𝑡, a velocidade com que o trabalho é


realizado ou a energia é dissipada, será a Potência Elétrica, dada por:

∆𝑊 ∆𝑞
𝑝 = lim = lim 𝑣
∆𝑡→0 ∆𝑡 ∆𝑡→0 ∆𝑡

𝑑𝑊 𝑑𝑞
𝑝= =𝑣
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑝 = 𝑣 .𝑖

Assim, observa-se que a potência elétrica é dada pelo produto da tensão pela
corrente elétrica em um determinado elemento.
Unidade da Potência Elétrica (no SI):

[𝑝] = V.A = W (watt)


A Energia Elétrica fornecida ao elemento desde o instante inicial 𝑡𝑖 até o ins-

tante final 𝑡𝑓 será dada como:

𝑡𝑓 𝑡𝑓
𝑊 (𝑡) = ∫ 𝑝(𝑡)𝑑𝑡 = ∫ 𝑣 . 𝑖 𝑑𝑡
𝑡𝑖 𝑡𝑖

Unidade da Energia Elétrica (no SI):


[𝑊 ] = W.s = J (joule)

1.4 Circuitos Elétricos e Elementos de Circuitos

Um Circuito Elétrico ou uma Rede Elétrica é um conjunto de elementos elétricos


de circuito interconectados ou interligados de uma maneira específica com uma
determinada finalidade. Os elementos de circuitos, dessa forma, são os disposi-
tivos que, juntos e interligados, formam os Circuitos Elétricos.

Tipos de Elementos de Circuitos:

a) Elementos de Dois Terminais: possuem dois terminais, sendo chamados de


bipolos ou dipolos.

Exemplos: Resistores, Fontes de Excitação, Indutores, Capacitores, Diodos.

b) Elementos de Três Terminais: possuem três terminais elétricos.

Exemplos: Transistores, Tiristores.


c) Elementos de Quatro Terminais: possuem quatro terminais elétricos.

Exemplos: Transformadores, Quadripolos.

O Circuito Elétrico é, como definido anteriormente, um conjunto de elementos


de circuitos interligados. A Figura 1.9 mostra um exemplo genérico de um cir-
cuito elétrico qualquer.

Nós

Ramos

Figura 1.9: Circuito Elétrico genérico com elementos de dois terminais

Cada elemento de circuito tem associadas a ele duas grandezas elétricas, uma
tensão e uma corrente. A Figura 1.10 apresenta um elemento de circuito de dois
terminais com a tensão e corrente associadas.

𝑣
+ -
A B
𝑖
Figura 1.10: Tensão e corrente em um elemento de circuito de dois terminais
Neste elemento de dois terminais, a tensão pode ser escrita como:

𝑣 = 𝑉𝐴𝐵 = 𝑉𝐴 − 𝑉𝐵

OBS 1: Se uma corrente 𝑖 flui num determinado sentido, pode-se dizer que a

corrente - 𝑖 flui no sentido contrário.

OBS 2: Se 𝑉𝐴𝐵 = 𝑉𝐴 − 𝑉𝐵 então 𝑉𝐵𝐴 = 𝑉𝐵 − 𝑉𝐴 = − 𝑉𝐴𝐵 .

1.5 Elementos Passivos e Ativos

A corrente elétrica normalmente se desloca de um terminal com um potencial


elétrico mais alto para outro de potencial elétrico mais baixo. Nos elementos em
que isso ocorre, há um consumo de energia elétrica por parte desse elemento e
a energia total entregue a ele pelo restante do circuito é sempre positiva. Esses
elementos são chamados de Elementos Passivos, correspondendo aos resisto-
res, indutores, capacitores e outros.

Dessa forma, nos elementos passivos a energia consumida por eles é positiva.

𝑡𝑓 𝑡𝑓
𝑊 (𝑡) = ∫ 𝑝(𝑡)𝑑𝑡 = ∫ 𝑣. 𝑖 𝑑𝑡 > 0
𝑡𝑖 𝑡𝑖

A Figura 1.11 mostra a característica principal de um elemento passivo, em que


a corrente elétrica flui do ponto de maior potencial para o de menor potencial.

𝑣
+ - ELEMENTOS
PASSIVOS

𝑖
Figura 1.11: Sentido da corrente em um elemento passivo
Em um Elemento Passivo, a corrente entra no terminal positivo e sai pelo termi-
nal negativo. A energia absorvida pelo elemento é sempre positiva (elemento
passivo consome energia elétrica).

Já nos elementos em que a corrente flui num sentido diferente do convencional,


indo de um terminal com potencial elétrico mais baixo para um terminal com po-
tencial mais alto, há o fornecimento de energia elétrica por parte deste elemento,
ou seja, a energia total entregue a ele pelo resto do circuito é sempre negativa.
Esses elementos são chamados de Elementos Ativos e correspondem às fontes
dos circuitos elétricos (que podem ser fontes de tensão e de corrente indepen-
dentes e dependentes ou controladas).
Nos elementos ativos a energia consumida por eles é negativa.

𝑡𝑓 𝑡𝑓
𝑊 (𝑡) = ∫ 𝑝(𝑡)𝑑𝑡 = ∫ 𝑣. 𝑖 𝑑𝑡 < 0
𝑡𝑖 𝑡𝑖

A Figura 1.12 mostra a característica principal de um elemento ativo, em que a


corrente elétrica flui do ponto de menor potencial para o de maior potencial.

𝑣
+ - ELEMENTOS
ATIVOS

𝑖
Figura 1.12: Sentido da corrente em um elemento ativo

Em um Elemento Ativo, a corrente entra no terminal negativo e sai pelo terminal


positivo. A energia absorvida pelo elemento é sempre negativa (elemento ativo
fornece energia elétrica).
Exemplo: Determinar se o elemento é ativo ou passivo em cada uma das confi-
gurações a seguir.

2A 2A 2A
+ - +

5V 5V 5V

- + -

2A -2 A -2 A
- + -

5V -5 V 5V

+ - +

-2 A -2 A -2 A
+ - -

-5 V 5V -5 V

- + +
2. O Problema da Análise de Circuitos

Existem dois ramos principais na Teoria de Circuitos Elétricos: Análise de Circui-


tos e Síntese de Circuitos.

• Síntese de Circuitos: Dadas a entrada (excitação) e uma saída desejada de


um circuito (que pode ser uma tensão ou uma corrente), o objetivo é encontrar
o próprio circuito que irá produzir a saída em questão com a excitação dispo-
nibilizada.

• Análise de Circuitos: Dado um determinado circuito e sua(s) entrada(s) ou ex-


citação(ões), deseja-se determinar uma saída qualquer desse circuito. As en-
tradas podem ser tensões ou correntes provenientes de fontes de excitação,
enquanto a saída será uma tensão, corrente, potência ou energia em um ele-
mento qualquer do circuito.
CAPÍTULO 2

CIRCUITOS RESISTIVOS

O objetivo deste capítulo é apresentar os primeiros elementos de circuitos elétri-


cos: os resistores e as fontes de excitação. Além disso, serão apresentadas tam-
bém leis fundamentais para a Análise de Circuitos como a Lei de Ohm e as duas
Leis de Kirchhoff. Como aplicações dessas leis, serão mostradas também as
associações de resistores. Na sequência, serão feitas análises em alguns circui-
tos resistivos.

1. Resistência Elétrica e Resistor

A Resistência Elétrica corresponde à oposição à passagem da corrente elétrica em um


elemento condutor. Esta resistência será representada a partir de um elemento de cir-
cuito de dois terminais chamado Resistor. Assim, o resistor é um elemento de circuito
cuja característica é oferecer uma oposição para a circulação da corrente elétrica.

Essa oposição é caracterizada por um maior “trabalho”, para fazer uma determinada
corrente passar por elemento de maior resistência, do que fazer passar a mesma cor-
rente por um outro elemento que possua menor resistência. Outra maneira de discutir a
questão da oposição à passagem da corrente elétrica é imaginar que, para um mesmo
“trabalho”, em uma maior resistência elétrica, a corrente que irá circular pelo elemento
seria menos do que a corrente que circularia por um elemento de menor resistência.

A relação entre a tensão e a corrente elétrica em um resistor é dada, por sua vez, a
partir da Lei de Ohm que estabelece que a tensão ou diferença de potencial sobre um
resistor é diretamente proporcional à corrente elétrica que o atravessa. Dessa forma
tem-se:

𝑣~𝑖
A constante de proporcionalidade para tornar esta relação uma igualdade é dada exa-
tamente pela Resistência Elétrica (R).

𝑣 = 𝑅 .𝑖 Lei de Ohm

Nesta equação, 𝑣 é a tensão elétrica entre os terminais do resistor e 𝑖 é a cor-

rente que o atravessa do terminal “+” (maior potencial) para o terminal “− “ (me-
nor potencial).
Um resistor é sempre um elemento passivo, onde a corrente o percorre do ter-
minal positivo para o terminal negativo. Além disso, a lei de Ohm só poderá ser
escrita da forma apresentada anteriormente se a corrente estiver no sentido
apresentado, entrando no terminal “+” e saindo do terminal “− “.
Se em uma representação de um resistor elétrico a corrente o estiver percor-
rendo do terminal negativo (menor potencial) para o terminal positivo (maior po-
tencial), a Lei de Ohm deverá ser escrita como 𝑣 = 𝑅 . (−𝑖) uma vez que é a

corrente −𝑖 que vai do terminal “+” para o terminal “− “.

Unidade da Resistência Elétrica (no SI):


[𝑅 ] = V / A = Ω (ohm)

A Figura 2.1 mostra a representação de um resistor como um elemento de cir-


cuito.

𝑖
+

𝑣 = 𝑅 .𝑖
𝑣 𝑅

Figura 2.1: Representação do resistor como elemento de circuito


A partir da Lei de Ohm pode-se observar que a oposição à passagem da corrente
elétrica feita por um resistor será verificada a partir de uma queda do potencial
elétrico, ou seja, quanto maior a resistência elétrica, maior será a queda de ten-
são produzida quando da passagem de uma corrente. Outra forma de analisar a
questão é a seguinte, para uma mesma tensão sobre um resistor, a corrente que
passa por ele será tão menor, quanto maior for o valor da resistência elétrica.

Nos circuitos lineares, a resistência elétrica será considerada constante, produ-


zindo, por conseguinte, uma relação linear entre a tensão e a corrente elétrica.
Além disso, a resistência elétrica possui um valor sempre positivo, indicando que
este elemento consome energia elétrica. Numa impossibilidade física da existên-
cia de uma resistência negativa, o elemento não mais seria passivo, mas passa-
ria a produzir energia elétrica (resolvendo o problema de geração de energia
elétrica no mundo).

A potência elétrica em um resistor, dada a partir do produto da tensão pela cor-


rente, terá as seguintes expressões:

𝑝 = 𝑣 . 𝑖 = 𝑅 . 𝑖 . 𝑖 = 𝑅 . 𝑖2
ou

𝑣 𝑣2
𝑝 = 𝑣 .𝑖 = 𝑣 . =
𝑅 𝑅

𝑣2
Assim: 𝑝 = 𝑅 . 𝑖2 = 𝑅

Essa potência é dissipada no resistor sob a forma de calor.


Define-se a Condutância Elétrica como o inverso da resistência elétrica, ou seja,
a condutância seria uma espécie de “facilitação” à passagem da corrente elé-
trica.

1 𝑖
𝐺= =
𝑅 𝑣

E a Lei de Ohm para a condutância seria: 𝑖 = 𝐺 .𝑣

Unidade da Condutância Elétrica (no SI):


[G] = A / V = S (siemens)

2. Leis de Kirchhoff

As duas Leis de Kirchhoff, em conjunto com as características tensão-corrente


nos vários elementos de circuitos, permitem sistematizar métodos de solução
para quaisquer circuitos elétricos. Assim, essas duas leis, juntamente com as
relações entre as tensões e as correntes nos diversos elementos do circuito
constituem uma forma suficiente para realizar a análise de qualquer circuito elé-
trico.
As Leis de Kirchhoff podem ser determinadas a partir da Teoria Eletromagnética
(Princípio da Conservação da Carga e Princípio da Conservação do Trabalho
realizado pela força elétrica, que é uma força conservativa).

2.1 Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC)

A Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) pode ser enunciada de três formas dife-
rentes:
• A soma algébrica das correntes que entram em um nó é igual a zero.
Nesse enunciado, convenciona-se que a corrente que entra no nó tem sinal po-
sitivo, enquanto a corrente que sai do nó tem sinal negativo.
• A soma algébrica das correntes que saem de um nó é igual a zero.
Nesse enunciado, a corrente que sai do nó é positiva e a que entra no nó é
negativa.

• A soma das correntes que entram em um nó é igual à soma das correntes


que saem desse nó.

Essa lei é proveniente do Princípio da Conservação da Cargas que é um princí-


pio da física que estipula que a carga elétrica não pode ser criada ou destruída,
ou seja, a quantidade total de carga (diferença entre o somatório das cargas
positivas e o somatório das cargas negativas no universo) é sempre conservada.
Como a corrente representa um movimento ordenado de cargas elétricas, não é
possível que esse movimento seja reduzido ou aumentado bruscamente.

OBS: Inicialmente, o NÓ será definido como o ponto de encontro de dois ou mais


elementos de circuito. Mais adiante, esse conceito será modificado e o NÓ será
considerado como o ponto de encontro de mais de dois elementos de circuito.

A Figura 2.2 apresenta a aplicação da Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC).

𝑖1 𝑖3

𝑖2
𝑖4

Figura 2.2: Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC)


A partir da figura anterior, a LKC pode ser escrita a partir das seguintes equa-
ções, uma para cada enunciado:

− 1º Enunciado:

𝑖1 − 𝑖2 + 𝑖3 − 𝑖4 = 0
(ENTRA + / SAI -)

− 2º Enunciado:

−𝑖1 + 𝑖2 − 𝑖3 + 𝑖4 = 0
(SAI + / ENTRA -)

− 3º Enunciado:

𝑖1 + 𝑖3 = 𝑖2 + 𝑖4

OBS: A equação da situação mostrada anteriormente é a mesma, do ponto de


vista matemático, para os três enunciados.

2.2 Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT)

A Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) pode ser enunciada das seguintes formas:
• 1º Enunciado: A soma algébrica das tensões em qualquer percurso fechado
de um circuito elétrico é igual a zero.
• 2º Enunciado: A soma das quedas de tensão é igual à soma dos ganhos de
tensão em qualquer percurso fechado de um circuito elétrico.

Percurso fechado de um circuito elétrico é qualquer caminho que começa e ter-


mina no mesmo nó, sendo que os demais nós e os ramos desse caminho só
poderão ser percorridos uma única vez.
A Figura 2.3 mostra a aplicação da Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) em um
circuito genérico.
𝑣1
+ + - -

𝑣4 𝑣2

- 𝑣3 +
- +

Figura 2.3: Aplicação da Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT)

A partir da figura anterior, a LKT pode ser escrita, de acordo com o 1º Enunciado,
a partir das equações:

+𝑣1 − 𝑣2 + 𝑣3 − 𝑣4 = 0 (Convenção 1)

−𝑣1 + 𝑣2 − 𝑣3 + 𝑣4 = 0 (Convenção 2)

− Convenção 1: Ao percorrer o trecho fechado de circuito no sentido horário, por


exemplo, o sinal a ser escrito na equação é o primeiro sinal quando se encon-
tra ao chegar na tensão.

− Convenção 2: Ao percorrer o trecho fechado do circuito no sentido horário, por


exemplo, uma mudança de um sinal “+” para “–“ significa uma queda de ten-
são, portanto, sinal negativo na equação; uma mudança de um sinal “–“ para
“+” representa um ganho de tensão, portanto, sinal “+” na equação.

OBS: Independente do critério utilizado, as duas equações da LKT anteriores


são exatamente iguais do ponto de vista matemático.

𝑣1 + 𝑣3 = 𝑣2 + 𝑣4
Para o 2º Enunciado, a equação pode ser escrita como:

𝑣1 + 𝑣3 = 𝑣2 + 𝑣4

Exercício: No trecho de circuito abaixo, determine os valores da corrente “i” e


da tensão "𝑣𝑎𝑏 ".

+ 2Ω 1A 8Ω
6V 4Ω 6Ω
-
7A
2A
3A

3. Associações de Resistores

Esta seção apresenta como diversos resistores interligados podem ser substitu-
ídos por um único resistor que seja equivalente a associação de resistores, ou
seja, do ponto de vista do restante do circuito elétrico, tanto faz utilizar a associ-
ação de resistores interligados ou o único resistor que seja equivalente a ela.

3.1 Associação Série e Divisor de Tensão

A associação em série é aquela em que um resistor é ligado ao outro através de


um dos terminais de forma sequencial, de modo que, a partir da Lei de Kirchhoff
das Correntes, eles sejam percorridos pela mesma corrente. Dessa forma, a as-
sociação série se caracteriza pelo fato de os elementos serem percorridos pela
mesma corrente.

ASSOCIAÇÃO SÉRIE → MESMA CORRENTE NOS ELEMENTOS


Sejam “n” resistores (R1, R2, ..., Rn) ligados em sequência ou em série, como
apresentado na Figura 2.4.

𝑖 R1 R2 Rn
....
+ 𝑣1 - + 𝑣2 - + 𝑣𝑛 -

𝑖 Req
+ 𝑣𝑇 -

Figura 2.4: Resistores em Série e o Resistor Equivalente

Deseja-se determinar uma única resistência equivalente, Req, que substitua as


“n” resistências presentes na associação, de forma que, para o restante do cir-
cuito, independa o uso da associação de resistores ou do único resistor equiva-
lente. Como já mencionado anteriormente, a partir da LKC, verifica-se que a cor-
rente “i” é a mesma passando em todos os resistores que estão em série. Além
disso, pela LKT, determina-se que:

𝑣𝑇 = 𝑣1 + 𝑣2 + ⋯ + 𝑣𝑛
𝑣1 = 𝑅1 . 𝑖
𝑣2 = 𝑅2 . 𝑖
.
. 𝑣𝑇 = 𝑅𝑒𝑞 . 𝑖
.
𝑣𝑛 = 𝑅𝑛 . 𝑖
Assim:

𝑅𝑒𝑞 . 𝑖 = 𝑅1 . 𝑖 + 𝑅2 . 𝑖 + ⋯ + 𝑅𝑛 . 𝑖
𝑅𝑒𝑞 . 𝑖 = (𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛 ). 𝑖
E se chega na expressão da resistência equivalente para a associação série de
resistores:

𝑅𝑒𝑞 = 𝑅1 + 𝑅2 + ⋯ + 𝑅𝑛
− Divisor de Tensão:

Sejam “n” resistores em série:

𝑖 R1 R2 Rk Rn
.... ....
+ 𝑣1 - + 𝑣2 - + 𝑣𝑘 - + 𝑣𝑛 -

Seja também o resistor equivalente desta associação:

𝑖 Req

+ 𝑣𝑇 -

Dado que 𝑣 𝑇 é a soma de todas as tensões em cada um dos resistores que


estão em série (𝑣1 , 𝑣2 , … , 𝑣𝑘 , … , 𝑣𝑛 ), deseja-se determinar a relação entre a
tensão 𝑣𝑘 em um resistor qualquer e a tensão 𝑣 𝑇 que será “dividida” em vá-
rias tensões menores.

A tensão individual 𝑣𝑘 em um resistor 𝑅𝑘 terá a forma:

𝑣𝑘 = 𝑅𝑘 . 𝑖
Mas a tensão total sobre o resistor equivalente será:

𝑣𝑇 = 𝑅𝑒𝑞 . 𝑖
E assim:

𝑣𝑇
𝑖=
𝑅𝑒𝑞
Dessa forma, a tensão em um resistor qualquer será:

𝑅𝑘
𝑣𝑘 = .𝑣
𝑅𝑒𝑞 𝑇

Cada uma das tensões individuais é menor que a tensão total, fazendo com que
a associação série funcione como um “divisor de tensão”, que reparte a tensão
total sobre a associação em fatores diretamente proporcionais a cada uma das
resistências individuais.
3.2 Associação Paralela e Divisor de Corrente

A associação em paralelo é aquela em que um resistor é ligado ao outro através


de seus dois terminais diretamente, de modo que, a partir da Lei de Kirchhoff das
Tensões, eles estejam submetidos à mesma tensão. Dessa forma, a associação
paralela se caracteriza pelo fato de os elementos estarem submetidos à mesma
diferença de potencial ou tensão.

ASSOCIAÇÃO PARALELA → MESMA TENSÃO SOBRE OS ELEMENTOS

Sejam “n” resistores (R1, R2, ..., Rn) ligados em paralelo, como apresentado na
Figura 2.4.

𝑖 𝑖
+ +
𝑖1 𝑖2 𝑖𝑛

𝑣 R1 R2 .... Rn 𝑣 Req

- -

Figura 2.4: Resistores em Série e o Resistor Equivalente

Deseja-se determinar uma única resistência equivalente, Req, que substitua as


“n” resistências presentes na associação, de forma que, para o restante do cir-
cuito, independa o uso da associação de resistores ou do único resistor equiva-
lente. Como já mencionado anteriormente, a partir da LKT, verifica-se que a cor-
rente “𝑣 ” é a mesma em todos os resistores que estão em paralelo. Além disso,
pela LKC, determina-se que:

𝑖 = 𝑖1 + 𝑖2 + ⋯ + 𝑖𝑛
Tem-se as relações:

𝑣 = 𝑅1 . 𝑖1
𝑣 = 𝑅2 . 𝑖2 𝑣 = 𝑅𝑒𝑞 . 𝑖
.
.
.
𝑣 = 𝑅𝑛 . 𝑖𝑛

Assim:
𝑣 𝑣 𝑣 𝑣
= + + ⋯+
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛

𝑣 1 1 1
= 𝑣. ( + + ⋯+ )
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛

E se chega na expressão da resistência equivalente da associação em paralelo:

1 1 1 1
= + + ⋯+
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅𝑛

OBS: Em termos das condutâncias tem-se

𝐺𝑒𝑞 = 𝐺1 + 𝐺2 + ⋯ + 𝐺𝑛

• Casos Particulares da Associação em Paralelo:

(a) Apenas Dois Resistores em Paralelo:

1 1 1 𝑅2 + 𝑅1
= + =
𝑅𝑒𝑞 𝑅1 𝑅2 𝑅1 . 𝑅2

𝑅1 . 𝑅2
𝑅𝑒𝑞 =
𝑅1 + 𝑅2
(PRODUTO PELA SOMA)
(b) “n” Resistores Iguais em Paralelo:

1 1 1 1 𝑛
= + + ⋯+ =
𝑅𝑒𝑞 𝑅 𝑅 𝑅 𝑅

𝑅
𝑅𝑒𝑞 =
𝑛
(UM DELES PELO NÚMERO DELES)

− Divisor de Corrente:

Sejam “n” resistores em paralelo:


𝑖
+ 𝑖1 𝑖𝑛
𝑖2 𝑖𝑘

𝑣 R1 R2 .... Rk .... Rn

Seja também o resistor equivalente desta associação:


𝑖
+

𝑣+- Req

Dado que 𝑖 é a soma de todas as correntes em cada um dos resistores que


estão em paralelo (𝑖1 , 𝑖2 , … , 𝑖𝑘 , … , 𝑖𝑛 ), deseja-se determinar a relação entre a
corrente 𝑖𝑘 em um resistor qualquer e a corrente 𝑖 que será “dividida” em várias
correntes menores.

A corrente individual 𝑖𝑘 em um resistor 𝑅𝑘 terá a forma:

𝑣
𝑖𝑘 =
𝑅𝑘
Mas a tensão sobre cada resistor da associação em paralelo é a mesma so-
bre o resistor equivalente. E assim:

𝑣 = 𝑅𝑒𝑞 . 𝑖
Dessa forma, a tensão em um resistor qualquer será:

𝑅𝑒𝑞
𝑖𝑘 = .𝑖
𝑅𝑘

Cada uma das correntes individuais é menor que a corrente total que entra,
fazendo com que esta associação paralela funcione como um “divisor de cor-
rente”, que reparte a corrente total sobre a associação em fatores inversamente
proporcionais a cada uma das resistências individuais.

OBS: Amperímetros, Voltímetros e Ohmímetros


• Amperímetros: são instrumentos utilizados para medir a corrente elétrica em
circuitos, possuindo baixa resistência interna, devendo ser colocados em série
no circuito (a fim de serem percorridos pela mesma corrente que se quer medir).

• Voltímetros: são instrumentos utilizados para medir a tensão elétrica em circui-


tos, possuindo alta resistência interna, devendo ser colocados em paralelo no
circuito (a fim de serem submetidos à mesma tensão que se quer medir).

• Ohmímetros: são instrumentos utilizados para medir a resistência elétrica de


elementos de circuitos, possuindo fonte e resistência interna.

A Figura 2.5 mostra a forma de ligação de amperímetros e voltímetros em circuitos


elétricos.

A V

Figura 2.5: Amperímetros e Voltímetros em Circuitos Elétricos


OBS: Circuito Aberto e Curto-Circuito

• Circuito Aberto representa uma resistência tão elevada, que impede a


passagem da corrente elétrica. É representado por uma resistência infi-
nita.

𝑹=∞
• Curto-Circuito representa uma resistência tão baixa, que não há queda
de tensão quando uma corrente passa por ela. É representada por uma
resistência nula.

𝑹=𝟎

É importante ressaltar que existe tensão em um circuito aberto, apensar de


não haver tensão. Por outro lado, circula corrente por um curto-circuito,
apensar de não haver tensão.
Resistores em série e em paralelo com circuitos abertos e curtos-circuitos
têm resultados específicos para o resistor equivalente:

SÉRIE PARALELO

Circuito Aberto 𝑅=∞ 𝑅


Curto-Circuito 𝑅 𝑅=0

4. Fontes de Excitação

As fontes de excitação são os elementos ativos dos circuitos elétricos que forne-
cem a energia a ser consumida pelos elementos passivos do restante do circuito.
As fontes de excitação, por sua vez, podem ser Independentes ou Dependentes
(Controladas). Salvo algumas situações específicas, todo circuito deverá ter ao
menos um elemento ativo (uma fonte de excitação) para fornecer a energia elé-
trica necessária para o funcionamento deste circuito.
4.1 Fontes Independentes

As Fontes Independentes mantêm em seus terminais uma determinada ten-


são ou corrente de excitação definida por ela, independente do circuito que
esteja ligado a esta fonte. As fontes independentes podem ser de tensão ou
de corrente.

(a) Fonte Independente de Tensão:


As Fontes Independentes de Tensão mantêm em seus terminais uma tensão
específica, independente do circuito que esteja conectado a ela. A corrente
fornecida por esta fonte, por outro lado, depende do circuito que a ela se
ligue. A Figura 2.6 mostra a representação de circuito de uma fonte indepen-
dente de tensão.
𝑖
+
𝑣 = 𝑣𝑔 independente dos
elementos que sejam ligados
𝑣𝑔 ± 𝑣 a essa fonte

𝑖 depende do circuito
-

Figura 2.6: Fonte Independente de Tensão

Tipos de Fontes Independentes:

• Constante:

𝑣𝑔

K Constante e Contínua

𝑡
• Variável:

𝑣𝑔

Variável e Contínua

𝑣𝑔

Variável e Alternada

𝑣𝑔

Variável e Alternada Senoidal

Uma fonte contínua é aquela que apresenta o mesmo sinal para qualquer
instante de tempo (positiva ou negativa), enquanto que uma fonte alternada
possui sinais alternados positivos e negativos ao longo do tempo. Dessa
forma, uma fonte constante é sempre contínua, porém o inverso não é ver-
dadeiro. Já uma fonte variável pode ser contínua ou alternada. A fonte se-
noidal pura é sempre variável e alternada.
OBS: Quando a fonte é constante, a representação pode seguir a forma usual ou
apresentar uma das formas apresentadas na Figura 2.7.
𝑖
+ +

𝑣𝑔 ± 𝑣 = 𝑣𝑔 𝑣 =

- -

Figura 2.7: Fonte Independente de Tensão Constante (𝑣 = 𝑣𝑔 = 𝐾)


A fonte constante também é chamada de bateria.

As principais excitações utilizadas em circuitos elétricos reais são as seguintes:

𝑣𝑔 = 𝐾
Excitação Constante
𝑣𝑔 = 𝐾. 𝑒 𝑎𝑡
Excitação Exponencial
𝑣𝑔 = 𝐾. cos(𝛼𝑡 + 𝛽)
Excitação Senoidal

(b) Fonte Independente de Corrente


As Fontes Independentes de Corrente mantêm em seus terminais uma cor-
rente específica, independente do circuito que esteja conectado a ela. A ten-
são fornecida por esta fonte, por outro lado, depende do circuito que a ela
se ligue. A Figura 2.8 mostra a representação de circuito de uma fonte inde-
pendente de corrente.
𝑖
+
𝑖 = 𝑖𝑔 independente dos ele-
mentos que sejam ligados a
𝑖𝑔 𝑣 essa fonte

𝑣 depende do circuito
-

Figura 2.8: Fonte Independente de Corrente


As fontes independentes de corrente podem ser dos mesmos tipos que as
fontes independentes de tensão, podendo ser constantes ou variáveis no
tempo, sendo ainda contínuas ou alternadas. Além disso, também para as
fontes de corrente, as principais excitações utilizadas em circuitos elétricos
reais são:

𝑖𝑔 = 𝐾 Excitação Constante

𝑖𝑔 = 𝐾. 𝑒 𝑎𝑡 Excitação Exponencial

𝑖𝑔 = 𝐾. cos(𝛼𝑡 + 𝛽) Excitação Senoidal

4.2 Fontes Dependentes ou Controladas

As Fontes Dependentes ou Controladas mantêm em seus terminais uma de-


terminada tensão ou corrente de excitação que são controladas por outras
tensões ou correntes em algum elemento do circuito, ou seja, o valor de ten-
são ou de corrente que essas fontes apresentam em seus terminais depen-
dem dos valores de outras tensões ou correntes em outros elementos do
circuito. As fontes dependentes podem ser de tensão ou de corrente sendo
controladas, por sua vez, por alguma tensão ou corrente em algum elemento
do circuito.

(a) Fonte Dependente de Tensão Controlada por Tensão ou por Corrente:


As Fontes Dependentes de Tensão mantêm em seus terminais uma tensão
específica, cujo valor depende ou é controlado por alguma outra tensão ou
corrente de algum elemento desse circuito. A Figura 2.9 mostra a represen-
tação de circuito de uma fonte controlada de tensão.

𝑣 = 𝑣𝑑 = 𝛼𝑣 ′ (fonte de tensão controlada por tensão – FTCT)


ou
𝑣 = 𝑣𝑑 = 𝛽𝑖 ′ (fonte de tensão controlada por corrente – FTCC)
Onde 𝑣′ e 𝑖′ é uma tensão / corrente em um determinado
elemento do circuito
𝑖 depende do circuito

Figura 2.9: Fonte Dependente de Tensão


(b) Fonte Dependente de Corrente Controlada por Tensão ou por Corrente:
As Fontes Dependentes de Corrente mantêm em seus terminais uma cor-
rente específica, cujo valor depende ou é controlado por alguma outra tensão
ou corrente de algum elemento desse circuito. A Figura 2.10 mostra a repre-
sentação de circuito de uma fonte controlada de corrente.

𝑖 = 𝑖𝑑 = 𝛾𝑣 ′ (fonte de corrente controlada por tensão – FCCT)


ou
𝑖 = 𝑖𝑑 = 𝛿𝑖 ′ (fonte de corrente controlada por corrente – FCCC)
Onde 𝑣′ e 𝑖′ é uma tensão / corrente em um determinado
elemento do circuito
𝑣 depende do circuito

Figura 2.10: Fonte Dependente de Corrente


Exercícios: Análise de circuitos elétricos pelas Leis de Kirchhoff

1) Determine os valores de “𝑣” e de “𝑖” no circuito abaixo:

2) Determine os valores de “𝑖1 ” e “𝑖2 ” no circuito a seguir:

3) Determine os valores de “𝑖”, “𝑣1 ” e “𝑣2 ” no circuito a seguir:

4) Determine o valor da resistência R a partir do circuito divisor de tensão e de


corrente:
CAPÍTULO 3

TÉCNICAS DE ANÁLISE DE CIRCUITOS

Este capítulo tem o objetivo de apresentar algumas técnicas para a análise de


circuitos elétricos utilizando o menor número possível de equações, otimizando as
equações das Leis de Kirchhoff, ou transformando o circuito dado em circuitos
mais simples, mais facilmente resolvidos.
As técnicas de análise serão divididas em duas categorias distintas: os Métodos
de Análise e os Teoremas de Circuitos. Os métodos de análise, Análise de Nós e
Análise de Malhas, buscam otimizar as equações obtidas a partir das Leis de Kir-
chhoff, garantindo trabalhar sempre com a menor quantidade possível de equa-
ções; já os teoremas de circuitos, Teorema ou Princípio da Superposição e Teo-
remas de Thevenin e de Norton, procuram transformar os circuitos dados em cir-
cuitos equivalentes mais simples e mais fáceis de serem resolvidos e analisados
do que os circuitos originais.
Ao final do capítulo, serão estudados circuitos com Amplificadores Operacionais
(Amp-Op), componentes eletrônicos muito importantes em diversos tipos de cir-
cuitos. A análise de circuitos com esses dispositivos utiliza uma técnica especial,
fazendo uso de características específicas dos Amp-Op (ideais), além das Leis de
Kirchhoff das correntes e das tensões.

1. Métodos de Análise de Circuitos

Conforme apresentado anteriormente, os métodos de análise buscam otimizar o


uso das equações oriundas das Leis de Kirchhoff (LKC e LKT), garantindo utilizar
sempre a menor quantidade possível de equações para a análise do circuito em
questão. No entanto, vale salientar que os dois métodos calculam, inicialmente,
conjuntos de variáveis específicas, tensões de nó e correntes de malha. A partir
desse conjunto de variáveis a serem calculadas pelos métodos é que são deter-
minadas as variáveis desejadas do problema.
1.1 Método da Análise de Nós

O Método da Análise de Nós trabalha com as equações da Lei de Kirchhoff das


Correntes (LKC), definidas a partir dos nós do circuito sob análise. Neste ponto
vale a pena alterar a definição dada para Nó de um circuito elétrico. A fim de re-
duzir o número de equações deste método, o nó será definido como o ponto de
encontro de mais de dois elementos de circuito (três ou mais).
Neste método, as variáveis a serem calculadas são as chamadas Tensões de Nó
(a serem definidas oportunamente). A partir da determinação dessas variáveis,
quaisquer outras variáveis poderão ser calculadas no circuito em análise, ou seja,
o método da análise de nós consiste em calcular um conjunto de variáveis cha-
madas tensões de nó e a partir desse conjunto, podem ser determinadas quais-
quer variáveis de interesse no problema.

• Variáveis: Tensões de Nó
• Equações: Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC)

O conceito de Tensão de Nó pode parecer paradoxal uma vez que tensão é a


diferença de potencial elétrico entre dois pontos, não existindo tensão em um só
ponto (nó). Dessa forma, deve-se escolher um dos nós do circuito em análise
como referência e determinar as tensões dos outros nós em relação a este nó de
referência. Representa-se para o nó de referência, muitas vezes, a ligação para a
terra, atribuindo-se a ele o potencial “0” (zero), fazendo com que a tensão desse
nó seja igual a 0 (zero). Com isso, os potenciais nos outros nós representarão as
tensões dos outros nós em relação ao nó de referência (nó terra).

A Análise dos Nós consiste nos seguintes passos:

1º) Identificar e atribuir um número ou uma letra a todos os nós do circuito em


análise.

2º) Associar a cada nó uma variável chamada “Tensão de Nó”, atribuindo a ela a
letra V maiúscula com um índice que seja o número ou a letra representativa do
nó em questão.

3º) Escolher um dos nós para ser o nó de referência e atribuir à tensão desse nó
o valor 0 (zero).
Como escolher o nó de referência?
Qualquer nó pode ser o nó de referência, no entanto, a fim de simplificar as equa-
ções a serem escritas neste método, podem ser consideradas duas situações
para a escolha do nó de referência:
− O nó de referência deve ser aquele com mais elementos ligados a ele (uma vez
que, com mais elementos, a tensão desse nó aparece em mais equações e
com o valor nulo, as equações são simplificadas).
− O nó de referência deve ser aquele ligado a um terminal negativo de uma fonte
de tensão independente, ou de uma fonte de tensão controlada, nesta ordem,
a fim de facilitar o cálculo das tensões em outro nós ou “pseudo” nós.

4º) Escrever uma equação da Lei de Kirchhoff das Correntes (LKC) para cada nó,
exceto para o nó de referência. Dessa forma, o número de equações no Método
da Análise de Nós é igual ao número de nós menos 1 (um).
As equações da LKC deverão ser escritas, inicialmente, utilizando-se as “corren-
tes auxiliares”, que são correntes que circulam pelos ramos do circuito. Dessa
forma, as equações da LKC para cada nó irão ser escritas a partir dessas corren-
tes. Na sequência, deve-se escrever, na medida do possível, cada “corrente auxi-
liar” em função das tensões de cada nó que estão ligados a cada ramo. Só será
possível escrever a corrente auxiliar em função das tensões de nó nos ramos em
que se tem resistores. Nesses elementos, a relação entre a corrente auxiliar e as
tensões de nó é dada como:

V+ R V-
+𝑖 𝑣 -

𝑉+ − 𝑉−
𝑣 = 𝑉+ − 𝑉− = 𝑅. 𝑖 𝑖= 𝑅

A partir dessas relações, as equações da LKC ficarão escritas em função das


Tensões de Nó, as verdadeiras incógnitas do método da Análise de Nós.

OBS: Nos ramos em que não existirem resistores, vão aparecer fontes de tensão
ou de corrente, no primeiro caso, a diferença entre as tensões dos nós “+” e “-“
será exatamente o valor da fonte de tensão. Para o segundo caso, a corrente
auxiliar será a própria corrente da fonte de corrente.
5º) Resolver o sistema de equações montado e calcular todas as Tensões de Nó.

6º) A partir das Tensões de Nó podem ser determinados os valores de quaisquer


variáveis de interesse, seja a partir da expressão anterior que relaciona as corren-
tes e as tensões de nó, seja através de qualquer outra relação com as tensões de
nó.

Exemplo: Determinar a tensão “v” e a corrente “i” no circuito abaixo, a partir da


Análise de Nós.

𝑉′

1º) Determinar e numerar todos os nós do circuito em análise:


3 Nós: N1, N2 e N3

2º) Associar a cada nó uma Tensão de Nó:


N1 V1 N2 V2 N3 V3

3º) Escolher um dos nós como o nó de referência e atribuir o valor 0 (zero) à


tensão deste nó:
V3 é o nó de referência V3 = 0
(N3 é o nó que tem mais elementos ligados a ele e está ligado ao terminal negativo de uma fonte
de tensão independente, fazendo com que o “pseudo” nó V’ = 20V).

4º) Escrever uma equação da LKC para cada nó em função das correntes auxili-
ares, exceto para o nó de referência:
N1 𝑖1 + 𝑖2 = 𝑖
N2 6 = 𝑖2 + 𝑖3

Na sequência, escrever as correntes auxiliares em função das tensões de nó:


𝑉 ′ −𝑉1
𝑖1 = , mas V’- V3 = 20 V’ = 20 V
6
20−𝑉1 𝑉1 −𝑉3 𝑉1
𝑖1 = , 𝑖= =
6 2 2
𝑉2 −𝑉3 𝑉2
𝑖2 =? , 𝑖3 = =
4 4
A partir dessas relações, escrever as equações da LKC dos nós em função das
Tensões de Nó, montando um sistema de duas equações a duas incógnitas:
8𝑉1 + 3𝑉2 = 112
𝑉1 − 𝑉2 = 3

5º) Resolver o sistema de equações montado e calcular todas as Tensões de Nó.


Resolvendo o sistema tem-se:
𝑉1 = 11 𝑉
𝑉2 = 8 𝑉
E a partir do valor de V3 = 0, obtém-se os valores de todas as Tensões de Nó.

6º) A partir das Tensões de Nó podem ser determinados os valores de quaisquer


variáveis de interesse, seja a partir da expressão anterior que relaciona as corren-
tes e as tensões de nó, seja através de qualquer outra relação com as tensões de
nó.
A partir das Tensões de Nó:
𝑣 = 𝑉2 − 𝑉3 = 8 − 0 = 8 𝑉
𝑉1 11
𝑖= = = 5,5 𝐴
2 2
Determinando assim os valores das variáveis de interesse.

OBS: Qualquer variável de interesse sempre poderá ser determinada a partir dos
valores das “tensões de nó”. Dessa forma, a fim de utilizar todo o potencial do
método, esse conjunto de variáveis deverá ser determinado em um primeiro mo-
mento para, a partir dessas variáveis, encontrar as variáveis de interesse.
1.2 Método da Análise de Malhas

O Método da Análise de Malhas trabalha com as equações da Lei de Kirchhoff


das Tensões (LKT), definidas a partir das Malhas do circuito sob análise. Uma
malha de um circuito pode ser definida como um percurso ou caminho fechado (já
definido anteriormente), que não possua elementos de circuito em seu interior.
Neste método, as variáveis a serem calculadas são as chamadas Correntes de
Malha (a serem definidas oportunamente). A partir da determinação dessas vari-
áveis, quaisquer outras variáveis poderão ser calculadas no circuito em análise,
ou seja, o método da análise de malhas consiste em calcular um conjunto de va-
riáveis chamadas correntes de malha e a partir desse conjunto, podem ser deter-
minadas quaisquer variáveis de interesse no problema.

• Variáveis: Correntes de Malha


• Equações: Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT)

A corrente de malha estará associada a cada malha, percorrendo-a no sentido


horário ou anti-horário. O sentido pode ser qualquer. Mostra-se ser vantajoso,
para a relação entre as variáveis, colocar o sentido da corrente de malha com o
mesmo sentido de alguma fonte existente nesta malha, quando possível.
A corrente que passa em um determinado elemento de circuito poderá ser for-
mada pela corrente de uma malha (se o elemento pertencer a uma só malha) ou
ser formada pela composição de duas correntes de malha (se o elemento perten-
cer a duas malhas ao mesmo tempo). Neste segundo caso, a composição pode
ser a soma ou a subtração das correntes de malha para formar a corrente no
elemento, dependendo do sentido das correntes de malha neste elemento.

A Análise de malhas consiste nos seguintes passos:

1º) Identificar e atribuir um número ou uma letra a todas as malhas do circuito em


análise. A malha é considerada um percurso fechado sem elementos de circuito
no seu interior.

2º) Associar para cada malha uma variável chamada “Corrente de Malha” no sen-
tido horário ou anti-horário. Normalmente se atribui a estas variáveis a letra “I”
maiúscula com um índice que pode ser um número ou uma letra representativa
da malha em questão.
O sentido da corrente de malha deve obedecer, preferencialmente, o sentido das
fontes de excitação existentes na malha, na medida do possível, principalmente
das fontes de correntes, a fim de facilitar a escrita das equações e a relação entre
as variáveis correntes de malha e correntes nos elementos.

3º) Escrever uma equação da Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) para cada ma-
lha. Dessa forma, o número de equações no Método da Análise de Malhas é igual
ao número de malhas do circuito.

As equações da LKT serão escritas, inicialmente, utilizando-se “tensões auxilia-


res”, que são as próprias tensões nos diversos elementos do circuito. Dessa
forma, as equações da LKT para cada malha serão escritas inicialmente a partir
dessas tensões. Na sequência, deve-se escrever, na medida do possível, cada
tensão auxiliar em função das correntes de malha que estão circulando em cada
malha. Só será possível escrever a tensão auxiliar em função das correntes de
malha nos ramos onde existem resistores. Esses elementos poderão estar sub-
metidos a uma ou duas correntes de malha, percorrendo o elemento passivo do
terminal positivo para o negativo ou vice-versa. A relação entre a tensão auxiliar
e as correntes de malha para todas as possíveis situações são apresentadas a
seguir.
R R

+ - + -

R R
) )
+ - + -

R R
) )
+ - + -

A partir dessas relações, as equações da LKT ficarão escritas em função das cor-
rentes de malha, as verdadeiras incógnitas do método da Análise de Malhas.
OBS: Nos ramos em que não existirem resistores, vão aparecer fontes de tensão
ou de corrente. No primeiro caso, a tensão auxiliar será a própria tensão da fonte.
Para o segundo caso, será possível criar uma nova equação a partir do valor da
própria fonte e das correntes de malha que passam por ela.

4º) Resolver o sistema de equações montado (𝑛 equações a 𝑛 incógnitas, sendo


𝑛 o número de malhas do circuito) e calcular todas as Correntes de Malha.

5º) A partir das Correntes de Malha, podem ser determinados os valores de quais-
quer variáveis de interesse, seja a partir das expressões anteriores que relacio-
nam as tensões e as correntes de malha, seja através de qualquer outra relação
com as correntes de malha.

Exemplo: Determine a tensão 𝑣 e a corrente 𝑖 no circuito abaixo a partir da Análise


de Malhas.
2

Malha 1 Malha 2

1º) Determinar e numerar todas as malhas do circuito em análise. A malha é con-


siderada um percurso fechado sem elementos de circuito no seu interior.

Malha 1 e Malha 2

2º) Associar para cada malha uma variável chamada “Corrente de Malha” no sen-
tido horário ou anti-horário. Normalmente se atribui a estas variáveis a letra “I”
maiúscula com um índice que pode ser um número ou uma letra representativa
da malha em questão.

Malha 1 ⇒ 𝑰𝟏
Malha 2 ⇒ 𝑰𝟐
3º) Escrever uma equação da Lei de Kirchhoff das Tensões (LKT) para cada ma-
lha. Dessa forma, o número de equações no Método da Análise de Malhas é igual
ao número de malhas do circuito.

Malha 1: 𝑣1 + 9 + 𝑣 − 16 = 0
Malha 2: 𝑣2 − 6𝑖 − 𝑣 − 9 = 0

Escrevendo as tensões auxiliares em função das correntes de malha:


𝑣1 = 2𝐼1
𝑣2 = 6𝐼2
𝑣 = 3(𝐼1 − 𝐼2 )
𝑖 = 𝐼1
Escrever as equações da Lei de Kirchhoff das Tensões em função das correntes
de malha:
Malha 1: 2𝐼1 + 9 + 3(𝐼1 − 𝐼2 ) − 16 = 0 ⇒ 5𝐼1 − 3𝐼2 = 7
Malha 2: 6𝐼2 − 6𝐼1 − 3(𝐼1 − 𝐼2 ) − 9 = 0 ⇒ 𝐼2 − 𝐼1 = 1

4º) Resolver o sistema de equações montado (𝑛 equações a 𝑛 incógnitas, sendo


𝑛 o número de malhas do circuito) e calcular todas as Correntes de Malha.

𝐼1 = 5 𝐴
𝐼2 = 6 𝐴

5º) A partir das Correntes de Malha, podem ser determinados os valores de quais-
quer variáveis de interesse, seja a partir das expressões anteriores que relacio-
nam as tensões e as correntes de malha, seja através de qualquer outra relação
com as correntes de malha.

𝑣 = 3(𝐼1 − 𝐼2 ) = 3(5 − 6) = −3 𝑉
𝑖 = 𝐼1 = 5 𝐴
Resposta do problema:
𝑣 = −3 𝑉
𝑖 =5𝐴
2. Teoremas de Circuitos

Os teoremas de Circuitos representam uma outra forma de analisar um circuito


elétrico. Normalmente, a partir dos teoremas, passa-se a fazer simplificações no
circuito original dado, transformando-o em circuitos mais simples de serem resol-
vidos.
A análise a partir dos teoremas de circuitos é diferente daquela realizada a partir
dos métodos de análise. Enquanto nos métodos eram utilizados os próprios cir-
cuitos originais para a determinação das variáveis de interesse, os teoremas pro-
curam simplificar os circuitos a serem analisados para facilitar o cálculo das vari-
áveis desejadas.
Três teoremas serão estudados:
• Teorema ou Princípio da Superposição
• Teoremas de Thévenin e de Norton

Também será apresentado o Teorema da Máxima Transferência de Potência em


que se analisa sob quais condições uma fonte é capaz de fornecer a máxima po-
tência para uma carga ou unidade consumidora.

2.1 Teorema ou Princípio da Superposição

Este princípio vale apenas para os circuitos lineares, que são aqueles que contêm
apenas fontes independentes e elementos lineares (incluindo as fontes dependen-
tes ou controladas lineares). Um circuito não linear tem ao menos um elemento
não linear na sua estrutura (diodo, transistor, entre outros).
A função linear, como estudada, apresenta as seguintes características:
𝑓(𝑘𝑥 ) = 𝑘𝑓(𝑥) onde 𝑘 é uma constante

𝑓(𝑥1 + 𝑥2 ) = 𝑓(𝑥1 ) + 𝑓(𝑥2 )


Um circuito linear, por sua vez, apresenta a propriedade da linearidade, como
descrita acima, que permite a aplicação do Princípio da Superposição que será
apresentado a seguir.
Princípio da Superposição:
Em qualquer circuito resistivo linear contendo duas ou mais fontes independen-
tes, qualquer tensão ou qualquer corrente do circuito pode ser calculada como a
soma algébrica de cada tensão ou corrente individual causadas pela atuação iso-
lada de cada fonte independente (cada fonte independente atuando sozinha), com
todas as outras fontes independentes eliminadas (ou “mortas”).

Seja um circuito excitado com três fontes independentes distintas. Deseja-se de-
terminar a tensão 𝑣 em um certo elemento. A tensão 𝑣 será:

𝑣 = 𝑣1 + 𝑣2 + 𝑣3
Onde: 𝑣1 é a tensão 𝑣 com a fonte independente 1 atuando sozinha;

𝑣2 é a tensão 𝑣 com a fonte independente 2 atuando sozinha;


𝑣3 é a tensão 𝑣 com a fonte independente 3 atuando sozinha.

Eliminação de Fontes Independentes:


a) Para eliminar uma fonte de tensão independente devemos fazer o valor da
sua tensão igual a zero, anulando o seu valor.

Fazer 𝑣𝑔 = 0 significa substituí-la por um CURTO CIRCUITO

b) Para eliminar uma fonte de corrente independente devemos fazer o valor


da corrente igual a zero, anulando o seu valor.

Fazer 𝑖𝑔 = 0 significa substituí-la por um CIRCUITO ABERTO

• Eliminar uma fonte de tensão independente é substituí-la por um CURTO


CIRCUITO.
• Eliminar uma fonte de corrente independente é substituí-la por um CIR-
CUITO ABERTO.
IMPORTANTE: O Princípio da Superposição vale apenas para Fontes Indepen-
dentes e pode ser aplicado quando se tem mais de uma fonte desse tipo alimen-
tando o circuito. Se existirem fontes dependentes ou controladas, elas não entra-
rão no processo de eliminação de fontes, devendo fazer parte de cada circuito
individual formado com cada fonte independente atuando sozinha.

Exemplo: Determine a tensão 𝑣 e a corrente 𝑖 no circuito abaixo utilizando o Prin-


cípio da Superposição.
2

Circuito 1: Apenas com a fonte de tensão atuando (fonte de corrente indepen-


dente eliminada)
2

Circuito Aberto

A partir da Lei de Ohm para o circuito tem-se:


12
(2 + 4). 𝑖1 = 12 → 𝑖1 = =2𝐴
6
𝑣1 = 2. 𝑖1 = 2.2 = 4 𝑉
Circuito 2: Apenas com a fonte de corrente independente atuando (fonte de ten-
são independente eliminada)
2

Curto Circuito

A partir do divisor de corrente:


8
8
𝑖2 = 6 . 6 → 𝑖2 = =2𝐴
4 4
𝑖′2 = 6 − 𝑖2 = 6 − 2 = 4 𝐴
𝑣2 = −2. 𝑖 ′ 2 = −2.4 = −8 𝑉

Para as duas fontes independentes atuando simultaneamente tem-se:


𝑖 = 𝑖1 + 𝑖2 = 2 + 2 = 4 𝐴
𝑣 = 𝑣1 + 𝑣2 = 4 − 8 = −4 𝑉

2.2 Teoremas de Thévenin e de Norton

Seja um circuito elétrico separado em duas partes como mostrado a seguir:

CIRCUITO
CIRCUITO B
A (Pode ser
(Linear) Não Linear)
O Circuito A é linear (contém apenas elementos lineares: fontes independentes,
resistores lineares, fontes dependentes, controladas por tensões ou correntes em
elementos dentro do próprio circuito A, linear). O Circuito B, por sua vez, pode
conter elementos não lineares.
A ideia é substituir o circuito A por um circuito equivalente formado por uma fonte
de tensão independente e um resistor (Circuito de Thévenin) ou por uma fonte de
corrente e um resistor (Circuito de Norton). Do ponto de vista dos terminais 𝒂 e 𝒃
e do próprio circuito B, a mesma tensão e a mesma corrente existirão entre os
circuitos, se for utilizado o circuito A completo ou um dos circuitos simplificados
(Thévenin ou Norton).
Ainda do ponto de vista dos terminais 𝒂 e 𝒃, o circuito B, por sua vez, pode ser

substituído por uma fonte de tensão independente de valor “𝒗” (que funciona como

um elemento passivo, neste caso). Assim, a mesma corrente “𝒊” flui entre esses
terminais.

CIRCUITO
A
(Linear)

Como o circuito agora é totalmente linear, o Princípio da Superposição pode ser


aplicado. Assim, pode-se escrever:
𝑖 = 𝑖1 + 𝑖𝑆𝐶
Na expressão anterior:
𝑖1 é produzida pela fonte “𝑣” com todas as fontes independentes do circuito A
eliminadas
𝑖𝑆𝐶 é produzida pelas fontes independentes do circuito A com a fonte de tensão
“𝑣 ” eliminada (substituída por um curto circuito).

CIRCUITO CIRCUITO
A A
(“Morto”) (“Vivo”)

Sem Fontes Com Fontes


Independentes Independentes
Na determinação da corrente 𝑖1 , todas as fontes independentes do circuito A fo-
ram eliminadas e, assim, apenas uma resistência equivalente pode ser represen-
tada do ponto de vista dos terminais 𝒂 e 𝒃. Assim:

𝑣 = −𝑅𝑡ℎ . 𝑖1
𝑣
𝑖1 = −
𝑅𝑡ℎ

Da equação anterior para a corrente 𝑖, tem-se:


𝑣
𝑖=− + 𝑖𝑆𝐶
𝑅𝑡ℎ
Essa equação é verdadeira para o caso geral e também é válida quando os ter-
minais 𝒂 e 𝒃 estiverem abertos. Neste caso 𝑖 = 0 e 𝑣 = 𝑣𝑂𝐶 (tensão de circuito
aberto). Assim:
𝑣𝑂𝐶
0=− + 𝑖𝑆𝐶 → 𝑣𝑂𝐶 = 𝑅𝑡ℎ . 𝑖𝑆𝐶
𝑅𝑡ℎ
E a equação anterior para a corrente 𝑖 pode ser escrita como:
𝑣 = −𝑅𝑡ℎ 𝑖 + 𝑣𝑂𝐶

As duas equações representadas anteriormente para tensão 𝑣 e a corrente 𝑖 re-


presentam os circuitos equivalentes de Thévenin e de Norton.

Circuito Equivalente de Circuito Equivalente de


Thévenin: Norton:

𝒗 = 𝒗𝑶𝑪 − 𝑹𝒕𝒉 . 𝒊 𝒗
𝒊=− + 𝒊𝑺𝑪
𝑹𝒕𝒉
Resumo: Determinação dos Circuitos Equivalentes de Thévenin e de Norton
1º) Determinação da fonte de tensão equivalente de Thévenin (𝑣𝑂𝐶 ):

CIRCUITO
A
(Completo)

A tensão 𝑣𝑂𝐶 é obtida determinando-se a tensão entre os terminais 𝒂 e 𝒃 abertos.

2º) Determinação da fonte de corrente equivalente de Norton (𝑖𝑆𝐶 ):

CIRCUITO
A
(Completo)

A corrente 𝑖𝑆𝐶 é obtida determinando-se a corrente entre os terminais 𝒂 e 𝒃 curto


circuitados.

3º) Determinação da resistência equivalente de Thévenin e de Norton (𝑅𝑡ℎ ):

(a) A partir da relação entre 𝑣𝑂𝐶 e 𝑖𝑆𝐶 :


𝑣𝑂𝐶
𝑅𝑡ℎ =
𝑖𝑆𝐶
(b) A partir do cálculo da resistência equivalente do circuito A “morto” (sem fontes
independentes) vista pelos terminais 𝒂 e 𝒃.
Quando não há fontes dependentes ou controladas no circuito A, pode-se deter-
minar a resistência equivalente vista dos terminais 𝒂 e 𝒃 diretamente a partir da
associação série e paralela dos resistores deste circuito sem fontes. Quando há
fontes dependentes ou controladas, pode-se ligar ao circuito A “morto” uma fonte
fictícia “𝑣𝐸 ” que injeta uma corrente “𝑖𝐸 ” no circuito. A resistência equivalente 𝑅𝑡ℎ

será a relação entre 𝑣𝐸 e 𝑖𝐸 .


Exemplo: Determine os circuitos equivalentes de Thévenin e de Norton a es-
querda dos terminais 𝒂 e 𝒃.

Cálculo de 𝑣𝑂𝐶 :

𝐼1
𝐼2

Como não passa corrente sobre o resistor de 2 Ω, a tensão 𝑣𝑜𝑐 aparece sobre o

resistor de 3 Ω.
Usando Análise de Malhas:
Malha 1 𝐼1 = 2 𝐴
Malha 2: −6 + 3𝐼2 − 6(𝐼1 − 𝐼2 ) = 0 ∴ 𝐼2 = 2 𝐴
A partir desses valores das correntes de malha:
𝑣𝑂𝐶 = 3. 𝐼2 = 6 𝑉

Cálculo de 𝑖𝑆𝐶 :

𝐼1 𝐼2 𝐼3
Também pela análise de malhas, podem ser escritas as equações:
Malha 1 𝐼1 = 2 𝐴
Malha 2: −6 + 3(𝐼2 − 𝐼3 ) − 6(𝐼1 − 𝐼2 ) = 0
Malha 3: 2𝐼3 − 3(𝐼2 − 𝐼3 ) = 0 ∴ 5𝐼3 = 3𝐼2

Da equação da malha 2, com as relações das malhas 1 e 3:


5 5
3 ( 𝐼3 − 𝐼3 ) + 6 𝐼3 = 18
3 3
𝐼3 = 1,5 𝐴 = 𝑖𝑆𝐶

Cálculo de 𝑅𝑡ℎ :

a) A partir dos valores de 𝑣𝑂𝐶 e de 𝑖𝑆𝐶

𝑅𝑡ℎ = 𝑣𝑂𝐶 ⁄𝑖𝑆𝐶 = 6⁄1,5 = 4 Ω

b) A partir da fonte de tensão externa


2
𝒂

6 3 ⇐ 𝑅𝑡ℎ

6𝑥3
𝑅𝑡ℎ = +2=4Ω
6+3
2.3 Teorema da Máxima Transferência de Potência

Toda fonte independente real, seja ela de tensão ou de corrente, possui uma re-
sistência interna que produz uma queda na sua tensão ou corrente fornecida, res-
pectivamente. As representações das fontes reais de tensão e de corrente estão
apresentadas a seguir:

Fonte de Tensão Real e carga 𝑹𝑳 Fonte de Corrente Real e carga 𝑹𝑳

Para o circuito da fonte de tensão real, tem-se:


𝑣 = 𝑣𝑔 − 𝑅𝑔 . 𝑖
Em circuito aberto: 𝑖 = 0 e 𝑣 = 𝑣𝑔
Em curto circuito: 𝑣 = 0 e 𝑖 = 𝑣𝑔 /𝑅𝑔
A tensão 𝑣 obtida na saída da fonte real depende da corrente que flui pelo circuito.

Alimentando uma resistência 𝑅𝐿 , a corrente será:


𝑣𝑔
𝑖=
𝑅𝑔 + 𝑅𝐿
E assim:
𝑅𝐿 𝑣𝑔
𝑣 = 𝑅𝐿 . 𝑖 =
𝑅𝑔 + 𝑅𝐿
Escrevendo-se um gráfico 𝑣 𝑥 𝑅𝐿 :

Fonte Ideal

Fonte Real
Para o circuito da fonte de corrente real, tem-se:
𝑣
𝑖 = 𝑖𝑔 −
𝑅𝑔
Em circuito aberto: 𝑖 = 0 e 𝑣 = 𝑅𝑔 . 𝑖𝑔
Em curto circuito: 𝑣 = 0 e 𝑖 = 𝑖𝑔
A corrente 𝑖 obtida na saída da fonte real depende da tensão que surge na carga

que está sendo suprida. Alimentando uma resistência 𝑅𝐿 , a corrente será:


𝑅𝑔 𝑖𝑔
𝑖=
𝑅𝑔 + 𝑅𝐿
Escrevendo-se um gráfico 𝑖 𝑥 𝑅𝐿 :

Fonte Ideal

Fonte Real

Em várias situações, deseja-se obter a máxima potência possível que uma fonte
é capaz de entregar. Seja uma fonte de tensão real alimentando uma carga 𝑅𝐿 :

A potência 𝑝𝐿 entregue pela fonte à carga será:


𝑣𝑔
𝑝𝐿 = 𝑣. 𝑖 = 𝑅𝐿 . 𝑖 2 = 𝑅𝐿 ( )2
𝑅𝑔 + 𝑅𝐿
Com 𝑣𝑔 e 𝑅𝑔 fixados, deseja-se determinar o valor de 𝑅𝐿 para o qual a potência

transferida à carga seja máxima. Para maximizar 𝑝𝐿 , pode-se fazer 𝑑𝑝𝐿 /𝑑𝑅𝐿 =

0 e resolver para encontrar 𝑅𝐿 .


2
𝑑𝑝𝐿 2
(𝑅𝑔 + 𝑅𝐿 ) − 2(𝑅𝑔 + 𝑅𝐿 )𝑅𝐿 (𝑅𝑔 − 𝑅𝐿 )𝑣𝑔2
= 𝑣𝑔 [ 4 ]= 3 =0
𝑑𝑅𝐿 (𝑅𝑔 + 𝑅𝐿 ) (𝑅𝑔 + 𝑅𝐿 )
Que resulta em:
𝑅𝐿 = 𝑅𝑔
Para 𝑅𝐿 < 𝑅𝑔 , 𝑑𝑝𝐿 /𝑑𝑅𝐿 > 0 e para 𝑅𝐿 > 𝑅𝑔 , 𝑑𝑝𝐿 /𝑑𝑅𝐿 < 0, logo, o ponto é

de máximo.
Observa-se então que a máxima potência é entregue por uma fonte real a uma
carga quando ela tiver um valor de resistência igual ao da resistência interna da
fonte, isto é, quando a resistência da carga for igual à resistência interna da fonte,
𝑅𝐿 = 𝑅𝑔 .
(TEOREMA DA MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA)
A potência máxima entregue por uma fonte de tensão real será:
𝑣𝑔2
𝑝𝐿 𝑀𝐴𝑋 = 𝑹𝑳 = 𝑹 𝒈
4𝑅𝑔
A potência máxima entregue por uma fonte de corrente real será:
𝑅𝑔 𝑖𝑔2
𝑝𝐿 𝑀𝐴𝑋 = 𝑹𝑳 = 𝑹𝒈
4

O Teorema da Máxima Transferência de Potência pode ser estendido para um


circuito linear, ao invés de uma fonte real. A máxima potência é transferida a partir
de um circuito linear em um par de terminais, quando estes terminais tiverem uma
carga igual à resistência equivalente de Thévenin do circuito. Isto é verdadeiro
pois, pelo Teorema de Thévenin, pode-se representar o circuito equivalente por
uma fonte ideal em série com uma resistência equivalente 𝑅𝑡ℎ , ficando então com
a mesma representação de uma fonte real.
3. Circuitos com Amplificadores Operacionais

Os Amplificadores Operacionais (Amp Op) são elementos de três terminais utili-


zados em diversos circuitos elétricos para a amplificação de sinais, principal-
mente. São representados a partir da sua forma ideal, a ser mostrada a seguir.
Como mencionado, são utilizados normalmente na amplificação de sinais de ten-
são e de corrente e são os principais elementos que formam as fontes dependen-
tes ou controladas.
Representação do Amplificador Operacional (Amp Op):

Entrada Inversora

Saída do Amp Op
Entrada Não Inversora

OBS: No Amp Op real existem outras entradas não representadas no modelo ideal
para circuitos (+𝑉𝑐𝑐 , −𝑉𝑐𝑐 , tensão de offset, entre outras).

Características Ideais dos Amplificadores Operacionais:


O Amplificador Operacional, enquanto um elemento de um circuito elétrico, será
considerado a partir de suas características idealizadas:
𝑒+ = 𝑒−

𝐼+ = 𝐼− = 0

A 1ª característica determina que, para o amp op ideal, a entrada não inversora


sempre tem o mesmo valor de tensão da entrada inversora, em relação a uma
mesma referência.
A 2ª característica mostra que, devido à alta impedância nas duas entradas, in-
versora e não inversora, as correntes que entram no amp op por elas podem ser
consideradas nulas.
Exemplo: Determine o valor de 𝑖𝑜 no circuito abaixo

A partir da relação 𝑒 + = 𝑒 − , tem-se: 𝑒 + = 𝑒 − = 2 𝑉

A partir da relação 𝐼 + = 𝐼 − = 0, a mesma corrente que passa no resistor de

18 𝑘Ω passa também no resistor de 2 𝑘Ω.

Esta corrente será:


2−0
𝑖= = 1 𝑚𝐴
2.000

A partir dessa corrente, a tensão na saída do amp op será:


𝑣0 − 2 = 18.000 𝑥 0,001
𝑣0 = 20 𝑉

A tensão 𝑣0 , sobre o resistor de 5 𝑘Ω produz a corrente:


20
𝑖0 = = 4 𝑚𝐴
5.000
Exercício 1: Determine a tensão 𝑣 e a corrente 𝑖 no circuito abaixo utilizando a
Análise de Nós.

Exercício 2: Determine a tensão 𝑣 e a corrente 𝑖 no circuito abaixo utilizando a


Análise de Malhas.

7 4

Exercício 3: Determine a tensão 𝑣 e a corrente 𝑖 no circuito abaixo usando o


Princípio da Superposição

18
Exercício 4: Determine os circuitos equivalentes de Thévenin e de Norton no cir-
cuito abaixo, a esquerda dos terminais 𝒂 e 𝒃.

Exercício 5: Determine a corrente 𝑖 no circuito abaixo.


CAPÍTULO 4

ELEMENTOS ARMAZENADORES DE
ENERGIA

Os elementos armazenadores de energia são elementos de circuito que podem


guardar energia para utilização posterior. A relação tensão-corrente nesses ele-
mentos será modificada pois envolverá variações dessas grandezas no tempo
(equações que envolvem derivadas).
Os elementos armazenadores de energia são os capacitores e os indutores.

4.1 Capacitores

Um capacitor é um dispositivo de dois terminais formado por dois elementos con-


dutores separados por um material não condutor (isolante ou dielétrico). Por causa
da presença do dielétrico, as cargas não podem ir de um condutor para o outro
por dentro do elemento ou dispositivo, devendo ser transportadas, portanto, atra-
vés de um circuito externo conectado aos terminais condutores do capacitor,
quando esses terminais ficarem submetidos a uma diferença de potencial.
A Figura 4.1 representa um tipo simples de capacitor, chamado de capacitor de
placas paralelas (condutores retangulares separados por um material dielétrico).

Condutores

Dielétrico

Figura 4.1: Capacitor de placas paralelas


A relação tensão-corrente neste elemento pode ser descrita inicialmente a partir
da relação carga-tensão, uma vez que a quantidade de carga que será deslo-
cada de uma placa condutora à outra é diretamente proporcional à tensão apli-
cada. Dessa forma, tem-se:
∆𝑞 ~ ∆𝑣 ⇒ ∆𝑞 = 𝐶. ∆𝑣
Onde foi introduzida a constante “C” para se chegar a uma igualdade. “C” é a ca-
pacitância do dispositivo.
𝐶
Unidade: [𝐶 ] = = 𝐹 (farad)
𝑉
OBS: Serão estudados os capacitores lineares onde a capacitância é conside-
rada constante e positiva, não variando com a posição ou com o tempo.
𝑞 = 𝐶. 𝑣 (Capacitores Lineares)

Se forem consideradas variações diferenciais de carga e de tensão e se ambos


os membros forem derivados em relação ao tempo chega-se a:

𝑑𝑞 𝑑𝑣 𝑑𝑣
=𝐶 ⇒ 𝑖=𝐶
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
que é a relação tensão-corrente para o capacitor.

A Figura 4.2 mostra o símbolo do capacitor como elemento de circuito (elemento


passivo).

𝑑𝑣
𝑖=𝐶
𝑑𝑡

Figura 4.2: Capacitor como elemento de circuito

Como nesta equação tensão-corrente, a tensão aparece dentro de uma operação


de derivada e só existe derivada de funções contínuas, conclui-se que a tensão
no capacitor precisa ser uma função contínua (𝑣 (𝑡 −) = 𝑣 (𝑡 +) = 𝑣(𝑡)).

A Figura 4.3 mostra os gráficos de 𝑣 (𝑡) 𝑥 𝑡 e de 𝑖 (𝑡)𝑥 𝑡 (para 𝐶 = 1𝐹 ):


Figura 4.3: Gráficos 𝑣 (𝑡) 𝑥 𝑡 e 𝑖 (𝑡)𝑥 𝑡 para um capacitor

A relação tensão-corrente no capacitor pode ser alterada para se escrever a ten-


são em função da corrente. Assim:

1 𝑡
𝑣(𝑡) = ∫ 𝑖𝑑𝑡 + 𝑣(𝑡0 )
𝐶 𝑡0

Onde 𝑣(𝑡0 ) é a condição inicial.

A expressão também pode ser escrita na forma alternativa:

1 𝑡
𝑣(𝑡) = ∫ 𝑖𝑑𝑡
𝐶 −∞

com 𝑣 (−∞) = 0.

• Energia Armazenada no Capacitor:


𝑡 𝑡 𝑣
𝑑𝑣
𝑊𝑐 (𝑡) = ∫ 𝑣𝑖𝑑𝑡 = ∫ 𝑣𝐶 𝑑𝑡 = 𝐶 ∫ 𝑣𝑑𝑣
−∞ −∞ 𝑑𝑡 0

1 2 1 𝑞2 1
𝑊𝑐 (𝑡) = 𝐶𝑣 = = 𝑞. 𝑣
2 2𝐶 2
Estando esta energia armazenada no campo elétrico existente entre os elemen-
tos condutores.
• Associação de Capacitores:

(a) Capacitores em Série:

Sejam “n” capacitores em série e deseja-se substituí-los por um único capacitor


equivalente.

OBS: Elementos em série são percorridos pela mesma corrente.

Pela LKT pode-se escrever:

𝑣𝑔 = 𝑣1 + 𝑣2 + ⋯ + 𝑣𝑛

Derivando ambos os membros em relação ao tempo (supondo as tensões deri-


váveis):

𝑑𝑣𝑔 𝑑𝑣1 𝑑𝑣2 𝑑𝑣𝑛


= + +⋯+
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Tem-se que:

𝑑𝑣1
𝑖 = 𝐶1
𝑑𝑡
𝑑𝑣2 𝑑𝑣𝑔
𝑖 = 𝐶2 𝑖 = 𝐶𝑒𝑞
𝑑𝑡 𝑑𝑡

𝑑𝑣𝑛
𝑖 = 𝐶𝑛
𝑑𝑡
A partir das expressões anteriores, pode-se escrever:

𝑖 𝑖 𝑖 𝑖 1 1 1
= + +⋯+ = 𝑖( + +⋯+ )
𝐶𝑒𝑞 𝐶1 𝐶2 𝐶𝑛 𝐶1 𝐶2 𝐶𝑛

1 1 1 1
= + + ⋯+
𝐶𝑒𝑞 𝐶1 𝐶2 𝐶𝑛
Casos Particulares:
𝐶1 . 𝐶2
• Apenas dois capacitores: 𝐶𝑒𝑞 =
𝐶1 + 𝐶2

𝐶
• “n” capacitores iguais: 𝐶𝑒𝑞 =
𝑛

(b) Capacitores em Paralelo:

Sejam “n” capacitores em paralelo e deseja-se substituí-los por um único capaci-


tor equivalente.

OBS: Elementos em paralelo estão submetidos à mesma tensão.

Pela LKC pode-se escrever:

𝑖𝑔 = 𝑖1 + 𝑖2 + ⋯ + 𝑖𝑛

Tem-se que:

𝑑𝑣
𝑖1 = 𝐶1
𝑑𝑡
𝑑𝑣
𝑖2 = 𝐶2 𝑑𝑣
𝑑𝑡 𝑖𝑔 = 𝐶𝑒𝑞
𝑑𝑡

𝑑𝑣
𝑖𝑛 = 𝐶𝑛
𝑑𝑡

A partir das expressões anteriores, pode-se escrever:

𝑑𝑣 𝑑𝑣 𝑑𝑣 𝑑𝑣 𝑑𝑣
𝐶𝑒𝑞 = 𝐶1 + 𝐶2 + ⋯ + 𝐶𝑛 = (𝐶 + 𝐶2 + ⋯ + 𝐶𝑛 )
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 1
𝐶𝑒𝑞 = 𝐶1 + 𝐶2 + ⋯ + 𝐶𝑛
4.2 Indutores

Um indutor é um dispositivo de dois terminais composto por um fio condutor enro-


lado em espiral, formando uma bobina (ou enrolamento). Baseia-se no princípio
de que toda corrente elétrica produz ao redor do condutor por onde ela circula um
campo magnético em laços fechados que diminui quanto mais se afasta do con-
dutor (Lei Circuital de Ampère).
A corrente que flui pela bobina do indutor forma um fluxo magnético que se soma
dentro da bobina e se subtrai fora dela (regra da mão direita).
A Figura 4.4 representa um indutor (bobina), com o fluxo magnético produzido
pela corrente que passa por ela.

espiras

Figura 4.4: Representação do Indutor (bobina)

Onde ∅ é o fluxo que passa em cada espira. 𝜆 = 𝑁∅ é o fluxo total concate-


nado com a bobina (indutor).

A relação tensão-corrente neste elemento pode ser descrita inicialmente a partir


da relação entre o fluxo total concatenado 𝜆 e a corrente 𝑖 que o criou, uma vez
que são grandezas proporcionais. Dessa forma, tem-se:
𝜆~𝑖 ⇒ 𝜆 = 𝐿. 𝑖
Onde foi introduzida a constante “L” para se chegar a uma igualdade. “L” é a in-
dutância do dispositivo.
𝑊𝑏(𝑊𝑏𝑒)
Unidade: [𝐿] = = 𝐻 (henry)
𝐴
OBS: Serão estudados os indutores lineares onde a indutância é considerada
constante e positiva, não variando com a posição ou com o tempo.
𝜆 = 𝐿. 𝑖 (Indutores Lineares)
Se forem consideradas variações diferenciais do fluxo concatenado e da tensão
e se ambos os membros forem derivados em relação ao tempo chega-se a:
𝑑𝜆 𝑑𝑖 𝑑𝑖
=𝐿 ⇒ 𝑣=𝐿
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
que é a relação tensão-corrente para o indutor.
A Figura 4.5 mostra a representação do indutor como elemento de circuito (ele-
mento passivo):

𝑑𝑖
𝑣=𝐿
𝑑𝑡

Figura 4.5: Representação do Indutor como elemento de circuito

𝑑𝜆
OBS: = 𝑣 é a chamada Lei de Faraday (magnetismo variável no tempo produ-
𝑑𝑡
zindo eletricidade). Essa expressão apresenta um sinal negativo, oriundo da Lei
de Lenz, que determina que essa tensão induzida sempre irá se opor à causa que
a criou. Esse sinal negativo está sendo representado a partir da polaridade da
tensão apresentada na figura anterior.
A eletricidade sempre produz magnetismo (𝑖 constante produz ∅ constante e 𝑖

variável produz ∅ variável). No entanto, o magnetismo só produz eletricidade se


for variável no tempo.

Como nesta equação tensão-corrente, a corrente aparece dentro de uma opera-


ção de derivada e só existe derivada de funções contínuas, conclui-se que a cor-
rente no indutor precisa ser uma função contínua (𝑖 (𝑡 −) = 𝑖 (𝑡 +) = 𝑖(𝑡)).

A Figura 4.6 mostra os gráficos de 𝑖 (𝑡) 𝑥 𝑡 e de 𝑣 (𝑡)𝑥 𝑡 para o indutor (𝐿 = 1𝐻):


0, 𝑡<0 0, 𝑡 < 0

𝑖(𝑡) = 1 − 𝑏𝑡, 0 ≤ 𝑡 < 1/𝑏 𝑣(𝑡) = −𝑏, 0 ≤ 𝑡 < 1/𝑏

1, 𝑡 ≥ 1/𝑏 0, 𝑡 ≥ 1/𝑏

Figura 4.6: Gráficos de 𝑖 (𝑡) 𝑥 𝑡 e de 𝑣 (𝑡)𝑥 𝑡 para o indutor (𝐿 = 1𝐻 )

A relação tensão-corrente no indutor pode ser alterada para se escrever a cor-


rente em função da tensão. Assim:

1 𝑡
𝑖(𝑡) = ∫ 𝑣(𝑡)𝑑𝑡 + 𝑖(𝑡0 )
𝐿 𝑡0

Onde 𝑖(𝑡0 ) é a condição inicial.

A expressão também pode ser escrita na forma alternativa:

1 𝑡
𝑖(𝑡) = ∫ 𝑣(𝑡)𝑑𝑡
𝐿 −∞

com 𝑖 (−∞) = 0.

• Energia Armazenada no Indutor:


𝑡 𝑡 𝑖
𝑑𝑖
𝑊𝐿 (𝑡) = ∫ 𝑣𝑖𝑑𝑡 = ∫ 𝐿 𝑖𝑑𝑡 = 𝐿 ∫ 𝑖𝑑𝑖
−∞ −∞ 𝑑𝑡 0

1 1 𝜆2 1
𝑊𝐿 (𝑡) = 𝐿𝑖 2 = = 𝜆. 𝑖
2 2𝐿 2
Estando esta energia armazenada no campo magnético existente dentro do in-
dutor (bobina).
• Associação de Indutores:

(a) Indutores em Série:

Sejam “n” indutores em série e deseja-se substituí-los por um único indutor equi-
valente.

OBS: Elementos em série são percorridos pela mesma corrente.

Pela LKT pode-se escrever:

𝑣𝑔 = 𝑣1 + 𝑣2 + ⋯ + 𝑣𝑛

Tem-se que:

𝑑𝑖
𝑣1 = 𝐿1
𝑑𝑡
𝑑𝑖
𝑣2 = 𝐿2 𝑑𝑖
𝑑𝑡 𝑣𝑔 = 𝐿𝑒𝑞
𝑑𝑡

𝑑𝑖
𝑣𝑛 = 𝐿𝑛
𝑑𝑡
A partir das expressões anteriores, pode-se escrever:

𝑑𝑖 𝑑𝑖 𝑑𝑖 𝑑𝑖 𝑑𝑖
𝐿𝑒𝑞 = 𝐿1 + 𝐿2 + ⋯ + 𝐿𝑛 = (𝐿 + 𝐿2 + ⋯ + 𝐿𝑛 )
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 1
𝐿𝑒𝑞 = 𝐿1 + 𝐿2 + ⋯ + 𝐿𝑛
(b) Indutores em Paralelo:

Sejam “n” indutores em paralelo e deseja-se substituí-los por um único indutor


equivalente.

OBS: Elementos em paralelo estão submetidos à mesma tensão.

Pela LKC pode-se escrever:

𝑖𝑔 = 𝑖1 + 𝑖2 + ⋯ + 𝑖𝑛

Derivando ambos os membros em relação ao tempo (supondo as correntes deri-


váveis):

𝑑𝑖𝑔 𝑑𝑖1 𝑑𝑖2 𝑑𝑖𝑛


= + + ⋯+
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Tem-se que:

𝑑𝑖1
𝑣 = 𝐿1
𝑑𝑡
𝑑𝑖2
𝑣 = 𝐿2 𝑑𝑖𝑔
𝑑𝑡 𝑣 = 𝐿𝑒𝑞
𝑑𝑡

𝑑𝑖𝑛
𝑣 = 𝐿𝑛
𝑑𝑡

A partir das expressões anteriores, pode-se escrever:

𝑣 𝑣 𝑣 𝑣 1 1 1
= + + ⋯+ = 𝑣 ( + + ⋯+ )
𝐿𝑒𝑞 𝐿1 𝐿2 𝐿𝑛 𝐿1 𝐿2 𝐿𝑛

1 1 1 1
= + + ⋯+
𝐿𝑒𝑞 𝐿1 𝐿2 𝐿𝑛
Casos Particulares:

• Apenas dois indutores:


𝐿1 . 𝐿2
𝐿𝑒𝑞 =
𝐿1 + 𝐿2

𝐿
• “n” indutores iguais: 𝐿𝑒𝑞 =
𝑛

4.3 Chaveamento em Circuitos Elétricos

Chaves são dispositivos que mudam de posição em um determinado instante, al-


terando a configuração do circuito, ou introduzindo ou retirando elementos dele.
Os exemplos a seguir apresentam os principais tipos de chaveamentos em circui-
tos elétricos.

Exemplos:

a)

b)

c)
d)

Circuitos em regime permanente são aqueles que se estabilizaram após serem


acionados a partir de uma fonte ou após um chaveamento. Em regime perma-
nente, todas as tensões e correntes do circuito têm a mesma forma da função de
excitação (fonte independente).
Circuitos excitados por fontes de tensão ou de corrente constantes apresentam
todas as suas tensões e correntes em regime permanente, constantes.
Capacitores e Indutores em Regime Permanente CC têm as seguintes caracterís-
ticas:

𝑑𝑣
CAPACITOR 𝑖=𝐶 =0 (CIRCUITO ABERTO)
𝑑𝑡

𝑑𝑖
INDUTOR 𝑣=𝐿 =0 (CURTO CIRCUITO)
𝑑𝑡

Exemplo: Se 𝑣 (0 −) = 0, determine 𝑖(0+) e 𝑣(0+).


Circuito para 𝑡 = 0 − (regime permanente cc):

A partir do circuito anterior, pode-se observar que, devido ao curto circuito (indutor
em regime permanente cc), não passa corrente nos resistores de 5 Ω e de 10 Ω
no meio do circuito. Assim, pelo lado esquerdo do circuito circula uma corrente de
𝑖 = 2 𝐴 e pelo lado direito uma corrente de 𝑖 = 10 𝐴. Dessa forma:
𝑖 (0 −) = 2 𝐴

𝑣(0 −) = 0 𝑉

Circuito para 𝑡 = 0 + (não é regime permanente cc):

Como a corrente no indutor não pode variar entre 0 − e 0 +, tem-se:

𝑖 (0 +) = 2 𝐴

Essa corrente é a mesma que passa no resistor de 5 Ω, logo, uma corrente de


8 𝐴 deve ser dividida entre os dois resistores de 10 Ω em paralelo (pela LKC
10 − 2 = 8 𝐴. Como os resistores são iguais, 4 𝐴 irão passar por cada um de-
les, fazendo com que:

𝑣(0 +) = 40 𝑉
Exercício 1: Se o circuito está em regime permanente cc em 𝑡 = 0 −, determine

𝑑𝑣/𝑑𝑡 e 𝑑𝑖/𝑑𝑡 em 𝑡 = 0 +.

Exercício 2: Se o circuito está em regime permanente cc em 𝑡 = 0 −, determine

𝑣1 , 𝑣2 , 𝑑𝑣1 /𝑑𝑡 e 𝑑𝑣2 /𝑑𝑡 em 𝑡 = 0 +.

1
𝐹
4
CAPÍTULO 5

CIRCUITOS COM ELEMENTOS


ARMAZENADORES DE ENERGIA

Este capítulo apresenta a análise de circuitos que contêm elementos armazena-


dores de energia em sua constituição. Dessa forma, esses circuitos apresentam
resistores, fontes (independentes e dependentes ou controladas) e elementos ar-
mazenadores de energia. A partir da técnica a ser apresentada, serão estudados
circuitos que possuem um ou, no máximo, dois elementos armazenadores de
energia. Na disciplina Circuitos Elétricos 2 será apresentada uma nova técnica
que irá analisar circuitos com qualquer número de elementos armazenadores.

O capítulo será dividido em duas partes:


1ª Parte: Circuitos de 1ª Ordem
2ª Parte: Circuitos de 2ª Ordem
1ª PARTE: Circuitos de 1ª Ordem

5.1 Introdução

Os circuitos de 1ª ordem são aqueles formados por resistores, fontes (indepen-


dentes e dependentes ou controladas) e apenas um elemento armazenador (que
pode ser um indutor ou um capacitor). São também conhecidos como Circuitos
RL (quando têm um indutor, além dos outros elementos citados) e Circuitos RC
(quando têm um capacitor).

OBS: Se existirem no circuito vários indutores ou vários capacitores, mas eles


puderem ser associados em série e em paralelo para formar um indutor ou um
capacitor equivalente, o circuito será considerado como possuindo apenas um
elemento armazenador.

Será observado que, nestes circuitos, a equação definida para ser utilizada para
analisá-los e resolvê-los, será uma equação diferencial de 1ª ordem, ou seja, apa-
recerá a primeira derivada no tempo (derivada de ordem 1) de uma tensão ou
corrente, daí o nome Circuitos de 1ª Ordem.

5.2 Circuito RC Sem Fontes de Excitação

Seja um circuito com um resistor e um capacitor que apresenta uma tensão inicial
𝑣𝑐 (0) = 𝑉𝑜 :

LKT: 𝑣𝐶 = 𝑣𝑅 = 𝑣
LKC: 𝑖𝐶 + 𝑖𝑅 = 0 ⇒ 𝑖𝑐 = −𝑖𝑅

𝑑𝑣
𝑖𝐶 = 𝐶 e 𝑣 = 𝑅. 𝑖𝑅
Assim: 𝑑𝑡
𝑑𝑣 𝑣 𝑑𝑣 1
𝐶 =− ∴ =− 𝑣
𝑑𝑡 𝑅 𝑑𝑡 𝑅𝐶

Essa equação diferencial pode ser resolvida como:


𝑑𝑣 1 𝑑𝑣 1
=− 𝑑𝑡 ⇒ ∫ =− ∫ 𝑑𝑡
𝑣 𝑅𝐶 𝑣 𝑅𝐶
𝑡
𝑙𝑛 𝑣 = − +𝐾
𝑅𝐶
Onde 𝐾 é uma constante de integração. 𝐾 deve ser escolhido tal que 𝑣 (0) =
𝑉𝑜 . Assim, para 𝑡 = 0:
0
𝑙𝑛 𝑣(0) = − +𝐾 ∴ 𝐾 = 𝑙𝑛 𝑉0
𝑅𝐶
A partir desse valor de 𝐾 , tem-se:
𝑡 𝑣 𝑡
𝑙𝑛 𝑣 − 𝑙𝑛 𝑉𝑜 = − ⇒ 𝑙𝑛 =−
𝑅𝐶 𝑉𝑜 𝑅𝐶
𝑣
= 𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 ⇒ 𝑣(𝑡) = 𝑉𝑜 𝑒 −𝑡/𝑅𝐶
𝑉𝑜

Outra forma de resolver a equação diferencial:


𝑑𝑣 𝑣 𝑑𝑣 𝑣
𝐶 =− ⇒ 𝐶 + =0
𝑑𝑡 𝑅 𝑑𝑡 𝑅
𝑑𝑣 1
+ 𝑣=0
𝑑𝑡 𝑅𝐶
Deseja-se então determinar a solução homogênea desta equação diferencial. A
solução será sempre da forma:
𝑣 = 𝐴𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑣
= 𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑡

OBS: Utiliza-se a função exponencial porque é a única função da matemática cuja


derivada é a própria função exponencial, a menos de constantes.
Levando essas expressões na equação diferencial:
1 1
𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡 + 𝐴𝑒 𝑠𝑡 = 0 ∴ 𝐴𝑒 𝑠𝑡 (𝑠 + )=0
𝑅𝐶 𝑅𝐶
Para que esse produto seja zero:
1
𝐴𝑒 𝑠𝑡 = 0 e/ou 𝑠+ =0
𝑅𝐶
𝐴𝑒 𝑠𝑡 é a própria solução da equação diferencial, igualando-a a zero, seria obtida
a chamada solução trivial. No entanto, essa solução não interessa. Dessa forma,
para que o produto anterior seja zero, deve-se ter:
1
𝑠+ =0 ⇒ 𝑠 = −1/𝑅𝐶
𝑅𝐶

E a solução da equação será:


𝑣(𝑡) = 𝐴𝑒 −𝑡/𝑅𝐶
O valor de 𝐴 será obtido a partir da condição inicial 𝑣 (0) = 𝑉𝑜 . Assim:

𝑣(0) = 𝑉𝑜 = 𝐴𝑒 0 = 𝐴 ⇒ 𝐴 = 𝑉𝑜
E a resposta final será:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑜 𝑒 −𝑡/𝑅𝐶

A corrente, por sua vez, será:


𝑣(𝑡) 𝑉𝑜 −𝑡/𝑅𝐶
𝑖𝑅 (𝑡) = = 𝑒
𝑅 𝑅
A potência dissipada no resistor será:
𝑉𝑜2 −2𝑡/𝑅𝐶 𝑉𝑜2 −2𝑡/𝑅𝐶
𝑝𝑅 = 𝑅. 𝑖𝑅2 = 𝑅. 2 𝑒 = 𝑒 𝑊
𝑅 𝑅
A energia total dissipada no resistor será:
∞ ∞
𝑉𝑜2 −2𝑡/𝑅𝐶 𝑉𝑜2 −2𝑡/𝑅𝐶 𝑅𝐶
𝑊𝑅 = ∫ 𝑝𝑅 𝑑𝑡 = ∫ 𝑒 𝑑𝑡 = 𝑒 (− )
0 0 𝑅 𝑅 2
1
𝑊𝑅 = 𝐶𝑉𝑜2
2
(que é a própria energia armazenada inicialmente no capacitor)
Nestes circuitos com elementos armazenadores de energia, as respostas do cir-
cuito não são valores numéricos, passando a ser funções do tempo.

𝑉𝑜 −𝑡/𝑅𝐶
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑜 𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 e 𝑖𝑅 (𝑡) = 𝑒
𝑅

A Figura 5.1 mostra o gráfico de 𝑣 (𝑡) 𝑥 𝑡 .

𝜏 = 𝑅𝐶 ⇒ 𝑣(𝜏) = 𝑉𝑜 𝑒 −1 = 0,368 𝑉𝑜

𝜏 é a CONSTANTE DE TEMPO

Figura 5.1: Gráfico 𝑣 (𝑡) 𝑥 𝑡 para o circuito RC sem excitação

A Constante de Tempo representa o tempo que o valor da função se anularia,


caso a taxa de decaimento em 𝑡 = 0 fosse mantida. Também existe uma defini-
ção em que a constante de tempo seria o instante em que a resposta atingiria 37%
do seu valor inicial (aproximadamente) ou que reduziria cerca de 63% do seu valor
inicial.
O conhecimento da Constante de Tempo permite fazer uma previsão da forma
geral da resposta do sistema e quando ela irá atingir o seu valor final. Pode-se
considerar que a partir de 4 constantes de tempo, a resposta atingirá o seu valor
de regime permanente que, neste caso, será igual a zero.
Para 𝑡 = 4𝜏 ⇒ 𝑣(𝑡) ≅ 0

OBS: Existe uma convenção de que, após 4 constantes de tempo o sistema atinge
o seu valor final. Teoricamente o valor final seria atingido após um tempo infinito.
Dessa forma, o intervalo de 4 constantes de tempo é o “infinito”.
5.3 Circuito RL Sem Fontes de Excitação

Seja um circuito com um resistor e um indutor que apresenta uma corrente inicial
𝑖𝐿 (0) = 𝐼𝑜 :

LKT: 𝑣𝐿 = 𝑣𝑅 = 𝑣
LKC: 𝑖𝐿 + 𝑖𝑅 = 0 ⇒ 𝑖𝐿 = −𝑖𝑅

𝑑𝑖𝐿
𝑣=𝐿 e 𝑣 = 𝑅. 𝑖𝑅
𝑑𝑡
Assim:
𝑑𝑖𝐿 𝑑𝑖𝐿
𝐿 = 𝑅𝑖𝑅 ∴ 𝐿 = −𝑅𝑖𝐿
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Essa equação diferencial pode ser resolvida como:


𝑑𝑖𝐿 𝑅 𝑑𝑖𝐿 𝑅
= − 𝑑𝑡 ⇒ ∫ = − ∫ 𝑑𝑡
𝑖𝐿 𝐿 𝑖𝐿 𝐿
𝑅
𝑙𝑛 𝑖𝐿 = − 𝑡 + 𝐾
𝐿
𝐾 deve ser escolhido tal que 𝑖𝐿 (0) = 𝐼𝑜 . Assim, para 𝑡 = 0:
𝑅
𝑙𝑛 𝑖𝐿 (0) = − 0 + 𝐾 ∴ 𝐾 = 𝑙𝑛 𝐼0
𝐿

A partir desse valor de 𝐾, tem-se:


𝑅 𝑖𝐿 𝑅
𝑙𝑛 𝑖𝐿 − 𝑙𝑛 𝐼𝑜 = − 𝑡 ⇒ 𝑙𝑛 =− 𝑡
𝐿 𝐼𝑜 𝐿
𝑖𝐿
= 𝑒 −𝑅𝑡/𝐿 ⇒ 𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐼𝑜 𝑒 −𝑅𝑡/𝐿
𝐼𝑜
Outra forma de resolver a equação diferencial:
𝑑𝑖𝐿 𝑑𝑖𝐿
𝐿 = −𝑅𝑖𝐿 ⇒ 𝐿 + 𝑅𝑖𝐿 = 0
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝑑𝑖𝐿 𝑅
+ 𝑖 =0 EQUAÇÃO DIFERENCIAL DE 1ª ORDEM
𝑑𝑡 𝐿 𝐿

Deseja-se então determinar a solução homogênea desta equação diferencial. A


solução será sempre da forma:
𝑖𝐿 = 𝐴𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑖𝐿
= 𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑡

Levando essas expressões na equação diferencial:


𝑅 𝑠𝑡 𝑅
𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡 + 𝐴𝑒 = 0 ∴ 𝐴𝑒 𝑠𝑡 (𝑠 + ) = 0
𝐿 𝐿
Para que esse produto seja zero:
𝑅
𝐴𝑒 𝑠𝑡 = 0 e/ou 𝑠+ =0
𝐿
𝑅
𝑠+ =0 ⇒ 𝑠 = −𝑅/𝐿
𝐿

E a solução da equação será:


𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐴𝑒 −𝑅𝑡/𝐿
O valor de 𝐴 será obtido a partir da condição inicial 𝑖𝐿 (0) = 𝐼𝑜 . Assim:

𝑖𝐿 (0) = 𝐼𝑜 = 𝐴𝑒 0 = 𝐴 ⇒ 𝐴 = 𝐼𝑜
E a resposta final será:
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐼𝑜 𝑒 −𝑅𝑡/𝐿

A tensão, por sua vez, será:


𝑣(𝑡) = −𝑅𝑖𝐿 = −𝑅𝐼𝑜 𝑒 −𝑅𝑡/𝐿

A potência dissipada no resistor será:


𝑝𝑅 = 𝑅. 𝑖𝑅2 = 𝑅. 𝐼𝑜2 𝑒 −2𝑅𝑡/𝐿 𝑊
A energia total dissipada no resistor será:
∞ ∞
𝐿
𝑊𝑅 = ∫ 𝑝𝑅 𝑑𝑡 = ∫ 𝑅. 𝐼𝑜2 𝑒 −2𝑅𝑡/𝐿 𝑑𝑡 = 𝑅. 𝐼𝑜2 𝑒 −2𝑅𝑡/𝐿 (− )
0 0 2𝑅
1 2
𝑊𝑅 = 𝐿𝐼
2 𝑜
(que é a própria energia armazenada inicialmente no indutor)

Nestes circuitos com elementos armazenadores de energia, as respostas do cir-


cuito não são valores numéricos, passando a ser funções do tempo.

𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐼𝑜 𝑒 −𝑅𝑡/𝐿 e 𝑣 (𝑡) = −𝑅𝐼𝑜 𝑒 −𝑅𝑡/𝐿

A Figura 5.2 mostra o gráfico de 𝑖𝐿 (𝑡)𝑥 𝑡 .

𝜏 = 𝐿/𝑅 ⇒ 𝑖𝐿 (𝜏) = 𝐼𝑜 𝑒 −1 = 0,368 𝐼𝑜

𝜏 é a CONSTANTE DE TEMPO

Figura 5.2: Gráfico 𝑣 (𝑡) 𝑥 𝑡 para o circuito RC sem excitação

Exemplo: O circuito está em regime permanente em 𝑡 = 0 −. Determine o valor

de 𝑣(𝑡) em 𝑡 > 0.
• Circuito para 𝑡 < 0:

+
𝑖

𝑣𝐶

A partir do divisor de corrente:


80
𝑖 = 18 𝑥 9 = 4 𝐴 ∴ 𝑣𝐶 (0) = 6𝑥4 = 24 𝑉
10
(Condição Inicial)

• Circuito para 𝑡 > 0:


𝑖𝑅2

𝑖𝐶 𝑖𝑅1
+
𝑣𝐶

A partir da LKC:
𝑖𝐶 + 𝑖𝑅1 + 𝑖𝑅2 = 0

E a partir das relações tensão-corrente dos elementos passivos do circuito:


1 𝑑𝑉𝐶
𝑖𝐶 = 𝑣𝐶 = 6𝑖𝑅1 𝑣𝐶 = 12𝑖𝑅2
16 𝑑𝑡
Assim:
1 𝑑𝑣𝐶 𝑣𝐶 𝑣𝐶
+ + =0
16 𝑑𝑡 6 12
𝑑𝑣𝐶
+ 4𝑣𝐶 = 0
𝑑𝑡

𝑣𝐶 = 𝐴𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑣𝐶
= 𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑡
𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡 + 4𝐴𝑒 𝑠𝑡 = 0 ∴ 𝐴𝑒 𝑠𝑡 (𝑠 + 4) = 0
𝑠+4=0 ∴ 𝑠 = −4
E a resposta será:
𝑣𝐶 (𝑡) = 𝐴𝑒 −4𝑡
A partir da condição inicial:
𝑣𝐶 (0) = 24 = 𝐴
A resposta final será:
𝑣𝐶 (𝑡) = 24𝑒 −4𝑡 𝑉
A partir deste valor, a corrente 𝑖𝑅2 será:
𝑣𝐶
𝑖𝑅2 = = 2𝑒 −4𝑡 𝐴
12
Fazendo com que a tensão 𝑣 seja:

𝑣 = 8𝑖𝑅2 = 8𝑥2𝑒 −4𝑡 = 16𝑒 −4𝑡 𝑉

Exercício: O circuito está em regime permanente em 𝑡 = 0 −. Determine o valor

de 𝑣(𝑡) em 𝑡 > 0.
5.4 Resposta a Uma Fonte de Excitação Constante

Seja um circuito RC excitado por uma fonte de excitação constante:

𝑣(0) = 𝑉𝑜

(Tensão inicial no capacitor)


Condição Inicial

Observa-se que o circuito apresenta uma tensão inicial no capacitor e é excitado


por uma fonte de corrente constante. Nos circuitos anteriores não havia fontes de
excitação e toda energia era proveniente dos elementos armazenadores (capaci-
tores e indutores).
Será analisado agora o que ocorre no circuito, quando, além das condições iniciais
nos elementos armazenadores, também está presente uma fonte de excitação.

O circuito anterior apresenta a seguinte equação:


𝑣 𝑑𝑣
LKC: 𝐼𝑜 = 𝑖𝑅 + 𝑖𝐶 = +𝐶
𝑅 𝑑𝑡
𝑑𝑣 1 𝐼𝑜
+ 𝑣= EQUAÇÃO DIFERENCIAL DE 1ª ORDEM
𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝐶
Uma forma de solução seria:
𝑑𝑣 𝑣 − 𝑅𝐼𝑜 𝑑𝑣 𝑑𝑡
=− ⇒ =−
𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝑣 − 𝑅𝐼𝑜 𝑅𝐶
𝑑𝑣 1 𝑡
∫ =− ∫ 𝑑𝑡 ⇒ 𝑙𝑛(𝑣 − 𝑅𝐼𝑜 ) = − +𝐾
𝑣 − 𝑅𝐼𝑜 𝑅𝐶 𝑅𝐶

𝑡
𝑣 − 𝑅𝐼𝑜 = 𝑒 −(𝑅𝐶 )+𝐾 ⇒ 𝑣 = 𝑒 𝐾 𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 + 𝑅𝐼𝑜 = 𝐴𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 + 𝑅𝐼𝑜
Para 𝑡 = 0, 𝑣 (0) = 𝑉𝑜 :

𝑣 (0) = 𝑉𝑜 = 𝐴. 𝑒 0 + 𝑅𝐼𝑜 ∴ 𝐴 = 𝑉𝑜 − 𝑅𝐼𝑜


Assim:
𝑣(𝑡) = (𝑉𝑜 − 𝑅𝐼𝑜 )𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 + 𝑅𝐼𝑜

Observa-se que a tensão 𝑣 (𝑡) possui duas componentes: uma que decai a zero
à medida que o tempo aumenta e outra que permanece após a primeira resposta
ter desaparecido. A componente que se anula com o passar do tempo é chamada
de RESPOSTA TRANSITÓRIA. A componente que continua existindo, após a
parte transitória ter se extinguido, chama-se RESPOSTA DE REGIME PERMA-
NENTE.

• (𝑉𝑜 − 𝑅𝐼𝑜 )𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 : RESPOSTA TRANSITÓRIA (se anula à medida que o


tempo aumenta)
• 𝑅𝐼𝑜 : RESPOSTA DE REGIME PERMANENTE (permanece no circuito após
um certo tempo)

Por outro lado, a resposta que depende apenas dos elementos que formam o
circuito e da maneira como eles estão ligados chama-se RESPOSTA NATURAL.
A resposta que depende da excitação é a RESPOSTA FORÇADA. Assim, pode-
se escrever:
• (𝑉𝑜 − 𝑅𝐼𝑜 )𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 : RESPOSTA NATURAL (depende apenas do circuito)

• 𝑅𝐼𝑜 : RESPOSTA FORÇADA (depende da excitação)

Num primeiro momento poder-se-ia pensar que a resposta natural é sempre a


resposta transitória, enquanto que a resposta forçada é sempre a resposta de re-
gime permanente. Isso é verdade na maioria dos casos práticos. No entanto,
quando a excitação for uma exponencial decrescente, a resposta forçada também
é transitória.

Será mostrado que a resposta natural será obtida a partir da solução homogênea
da equação diferencial e a resposta forçada a partir da solução particular desta
equação.
A equação diferencial anterior poderia ter sido resolvida a partir da solução geral
de uma equação diferencial:
𝑑𝑣 1 𝐼𝑜
+ 𝑣=
𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝐶

(a) RESPOSTA NATURAL (Solução Homogênea)


𝑑𝑣𝑛 1
+ 𝑣 =0
𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝑛
𝑣𝑛 = 𝐴𝑒 𝑠𝑡 (forma geral da solução homogênea)

𝑑𝑣𝑛
= 𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑡
1 1
𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡 + 𝐴𝑒 𝑠𝑡 = 0 ⇒ 𝐴𝑒 𝑠𝑡 (𝑠 + )=0
𝑅𝐶 𝑅𝐶
Como 𝐴𝑒 𝑠𝑡 tem que ser diferente de zero (pois é a própria resposta natural do
circuito), tem-se que:
1 1
(𝑠 + )=0 ∴ 𝑠=−
𝑅𝐶 𝑅𝐶
Assim:
𝑣𝑛 (𝑡) = 𝐴𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 RESPOSTA NATURAL
OBS: A constante “𝐴” será obtida a partir da condição inicial do circuito a ser dis-
cutido a seguir.

(b) RESPOSTA FORÇADA (Solução Particular)


𝑑𝑣𝑓 1 𝐼𝑜
+ 𝑣𝑓 =
𝑑𝑡 𝑅𝐶 𝐶
A resposta forçada sempre terá a mesma forma que a função de excitação. Dessa
forma, para a excitação constante, a resposta forçada também será uma cons-
tante:
𝑣𝑓 = 𝐾
𝑑𝑣𝑓
=0
𝑑𝑡
1 𝐼𝑜
0+ .𝐾 = ⇒ 𝐾 = 𝑅. 𝐼𝑜
𝑅𝐶 𝐶
Assim:
𝑣𝑓 (𝑡) = 𝑅𝐼𝑜 RESPOSTA FORÇADA
A Resposta Completa é a soma da Resposta Natural com a Resposta Forçada,
ou seja:
RESPOSTA COMPLETA = RESPOSTA NATURAL + RESPOSTA FORÇADA

𝑣(𝑡) = 𝑣𝑛 (𝑡) + 𝑣𝑓 (𝑡)


𝑣(𝑡) = 𝐴𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 + 𝑅𝐼𝑜

A condição inicial será utilizada na resposta completa para determinar o valor da


constante “𝐴” (a condição inicial só pode ser substituída na resposta completa e
não em uma parte dela somente).

Para 𝑡 = 0, 𝑣 (0) = 𝑉𝑜 = 𝐴. 𝑒 0 + 𝑅𝐼𝑜 e 𝐴 = 𝑉𝑜 − 𝑅𝐼𝑜

E a Resposta Completa será:


𝑣(𝑡) = (𝑉𝑜 − 𝑅𝐼𝑜 )𝑒 −𝑡/𝑅𝐶 + 𝑅𝐼𝑜
RESPOSTA RESPOSTA
TRANSITÓRIA PERMANENTE

Seja agora o circuito RL excitado por uma fonte de tensão constante:

𝑖(0) = 𝐼𝑜

(Corrente inicial no indutor)


Condição Inicial

Como o circuito anterior, o circuito RL apresenta, além da corrente inicial no indu-


tor, uma tensão de excitação ou fonte de tensão, que irá fornecer energia elétrica
para o circuito.
O circuito anterior apresenta a seguinte equação:
𝑑𝑖
LKT: 𝑅𝑖 + 𝐿 − 𝑉𝑜 = 0
𝑑𝑡
𝑑𝑖
𝐿 + 𝑅𝑖 = 𝑉𝑜
𝑑𝑡

𝑑𝑖 𝑅 𝑉𝑜
+ 𝑖= EQUAÇÃO DIFERENCIAL DE 1ª ORDEM
𝑑𝑡 𝐿 𝐿
(a) RESPOSTA NATURAL (Solução Homogênea)
𝑑𝑖𝑛 𝑅
+ 𝑖𝑛 = 0
𝑑𝑡 𝐿
𝑖𝑛 = 𝐴𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑖𝑛
= 𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑡
𝑅 𝑠𝑡 𝑅
𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡 + 𝐴𝑒 = 0 ⇒ 𝐴𝑒 𝑠𝑡 (𝑠 + ) = 0
𝐿 𝐿
Como 𝐴𝑒 𝑠𝑡 tem que ser diferente de zero (pois é a própria resposta natural do
circuito), tem-se que:
𝑅 𝑅
(𝑠 + ) = 0 ∴ 𝑠=−
𝐿 𝐿

Assim:
𝑖𝑛 (𝑡) = 𝐴𝑒 −𝑅𝑡/𝐿 RESPOSTA NATURAL

OBS: A constante “𝐴” será obtida a partir da condição inicial do circuito, conforme
será discutido a seguir.

(b) RESPOSTA FORÇADA (Solução Particular)


𝑑𝑖𝑓 𝑅 𝑉𝑜
+ 𝑖𝑓 =
𝑑𝑡 𝐿 𝐿
𝑖𝑓 = 𝐾
𝑑𝑖𝑓
=0
𝑑𝑡
𝑅 𝑉𝑜 𝑉𝑜
0+ .𝐾 = ⇒ 𝐾=
𝐿 𝐿 𝑅
Assim:
𝑉𝑜
𝑖𝑓 (𝑡) = RESPOSTA FORÇADA
𝑅
RESPOSTA COMPLETA = RESPOSTA NATURAL + RESPOSTA FORÇADA
𝑖 (𝑡) = 𝑖𝑛 (𝑡) + 𝑖𝑓 (𝑡)
𝑉𝑜
𝑖 (𝑡) = 𝐴𝑒 −𝑅𝑡/𝐿 +
𝑅
Na resposta completa, pode-se substituir a condição inicial para determinar o valor
da constante “𝐴”. Assim:
𝑉0 𝑉𝑜
𝑖(0) = 𝐼𝑜 = 𝐴𝑒 0 + ∴ 𝐴 = 𝐼𝑜 −
𝑅 𝑅
E a Resposta Completa será:
𝑉𝑜 −𝑅𝑡/𝐿 𝑉𝑜
𝑖 (𝑡) = (𝐼𝑜 − )𝑒 +
𝑅 𝑅
RESPOSTA RESPOSTA
TRANSITÓRIA PERMANENTE

As Figuras 5.3 e 5.4 mostram os gráficos de 𝑣 (𝑡)𝑥 𝑡 para o circuito RC e de

𝑖 (𝑡)𝑥 𝑡 para o circuito RL.

Figura 5.3: Gráfico de 𝑣 (𝑡)𝑥 𝑡 para o circuito RC com excitação constante

Figura 5.4: Gráfico de 𝑖 (𝑡)𝑥 𝑡 para o circuito RL com excitação constante


Exemplo: Circuito de 1ª ordem com excitação constante e condição inicial

𝑣𝑔 (𝑡) = 10 𝑉

𝑣 (0) = 2 𝑉

A partir da LKT:
𝑣𝑔 (𝑡) = 𝑣𝑅 (𝑡) + 𝑣(𝑡)
E pela LKC:
𝑖𝑔 = 𝑖𝑅 + 𝑖𝐶
A partir das relações tensão-corrente para os elementos passivos, tem-se:
1 𝑑𝑣
𝑣𝑅 = 5𝑖𝑔 𝑣 = 5𝑖𝑅 𝑖𝐶 =
10 𝑑𝑡
Assim:
5𝑖𝑔 + 𝑣 = 𝑣𝑔 (𝑡) = 10
5(𝑖𝑅 + 𝑖𝐶 ) + 𝑣 = 10
𝑣 1 𝑑𝑣
5( + ) + 𝑣 = 10
5 10 𝑑𝑡
1 𝑑𝑣
+ 𝑣 + 𝑣 = 10
2 𝑑𝑡
𝑑𝑣
+ 4𝑣 = 20
𝑑𝑡
(a) Resposta Natural:
𝑑𝑣𝑛
+ 4𝑣𝑛 = 0
𝑑𝑡
𝑣𝑛 = 𝐴𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑣𝑛
= 𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑡
𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡 + 4𝐴𝑒 𝑠𝑡 = 0 ∴ 𝐴𝑒 𝑠𝑡 (𝑠 + 4) = 0
𝑠+4=0 ⇒ 𝑠 = −4
𝑣𝑛 = 𝐴𝑒 −4𝑡
(b) Resposta Forçada:
𝑑𝑣𝑓
+ 4𝑣𝑓 = 20
𝑑𝑡
𝑣𝑓 = 𝐾
𝑑𝑣𝑓
=0
𝑑𝑡
0 + 4𝐾 = 20 ∴ 𝐾=5
𝑣𝑓 = 5
Resposta Completa:
𝑣(𝑡) = 𝑣𝑛 (𝑡) + 𝑣𝑓 (𝑡)
𝑣(𝑡) = 5 + 𝐴𝑒 −4𝑡
A partir da condição inicial 𝑣 (0) = 2 𝑉 , tem-se:

𝑣(0) = 2 = 5 + 𝐴 ∴ 𝐴 = −3
E a resposta completa será:
𝑣 (𝑡) = 5 + 𝐴𝑒 −4𝑡 𝑉

OBS: A solução homogênea de uma equação diferencial representa a resposta


de um sistema dinâmico aos seus próprios elementos que o formam e à maneira
como eles estão interligados, não dependendo de qualquer excitação. Esta solu-
ção é obtida igualando-se a equação diferencial original a zero, como se não hou-
vesse excitação. Como visto anteriormente, esta solução é do tipo exponencial,
𝑦(𝑡) = 𝐴𝑒 𝑠𝑡 . A variável 𝑠 é a Frequência Natural do sistema, que depende ape-
nas dos elementos que o formam e da maneira como estão interligados. Assim, a
determinação desta frequência natural é muito importante para que seja evitado
que o sistema possa vir a ser excitado em uma de suas frequências naturais, o
que o poderia levar a um fenômeno conhecido como “Ressonância”, que pode ser
prejudicial e até destrutivo para este sistema.
5.5 Resposta a Uma Fonte de Excitação Genérica

A Resposta Completa é a soma da Resposta Natural com a Resposta Forçada. A


Resposta Natural é sempre transitória, da forma 𝐴𝑒 𝑠𝑡 , onde 𝑠 < 0. A Resposta
Forçada, por sua vez, sempre terá a mesma forma da função de excitação.
Assim, se a excitação for constante, a resposta forçada será também uma cons-
tante. Se a excitação for uma função exponencial, a resposta forçada será tam-
bém uma função exponencial com o mesmo expoente. E se a excitação for uma
função senoidal, a resposta forçada será também senoidal de mesma frequência.
Apesar dessas três formas de excitação serem as mais comuns utilizadas em cir-
cuitos elétricos, pode-se afirmar que a reposta forçada sempre terá a mesma
forma da função de excitação, qualquer que seja ela.

Seja a equação diferencial do circuito do exemplo anterior:


1 𝑑𝑣
+ 2𝑣 = 𝑣𝑔
2 𝑑𝑡
onde 𝑣𝑔 é a função de excitação.

• Se a excitação for uma função exponencial do tipo 𝑣𝑔 (𝑡) = 10𝑒 −2𝑡


A nova resposta forçada será:
1 𝑑𝑣
+ 2𝑣 = 10𝑒 −2𝑡
2 𝑑𝑡
𝑣𝑓 (𝑡) = 𝐾𝑒 −2𝑡
𝑑𝑣𝑓
= −2𝐾𝑒 −2𝑡
𝑑𝑡
1
(−2𝐾𝑒 −2𝑡 ) + 2𝐾𝑒 −2𝑡 = 10𝑒 −2𝑡
2
−𝐾𝑒 −2𝑡 + 2𝐾𝑒 −2𝑡 = 10𝑒 −2𝑡
𝐾𝑒 −2𝑡 = 10𝑒 −2𝑡 ⇒ 𝐾 = 10
A resposta forçada será:
𝑣𝑓 (𝑡) = 10𝑒 −2𝑡
A partir do exemplo anterior, a resposta completa será:
𝑣(𝑡) = 𝐴𝑒 −4𝑡 + 10𝑒 −2𝑡
𝑣(0) = 2 = 𝐴 + 10 ∴ 𝐴 = −8
𝑣 (𝑡) = 10𝑒 −2𝑡 − 8𝑒 −4𝑡 𝑉

• Se a excitação for uma função exponencial do tipo 𝑣𝑔 (𝑡) = 10𝑒 −4𝑡

A nova resposta forçada será:


1 𝑑𝑣
+ 2𝑣 = 10𝑒 −4𝑡
2 𝑑𝑡
𝑣𝑓 (𝑡) = 𝐾𝑒 −4𝑡
𝑑𝑣𝑓
= −4𝐾𝑒 −4𝑡
𝑑𝑡
1
(−4𝐾𝑒 −4𝑡 ) + 2𝐾𝑒 −4𝑡 = 10𝑒 −4𝑡
2
−2𝐾𝑒 −4𝑡 + 2𝐾𝑒 −4𝑡 = 10𝑒 −2𝑡
0 = 10𝑒 −4𝑡 ????????
Nesse caso, 𝑣𝑓 (𝑡) não pode ser igual a 𝐾𝑒 −4𝑡 porque essa é a própria res-

posta natural do circuito. Em situações com essas, o circuito está sendo exci-
tado na sua própria “Frequência Natural” e poderá entrar no fenômeno cha-
mado de ressonância.
Para sair dessa situação, a nova resposta forçada será:
𝑣𝑓 (𝑡) = 𝐾𝑡𝑒 −4𝑡
𝑑𝑣𝑓
= 𝐾𝑒 −4𝑡 − 4𝐾𝑡𝑒 −4𝑡
𝑑𝑡
1
(𝐾𝑒 −4𝑡 − 4𝐾𝑡𝑒 −4𝑡 ) + 2𝐾𝑡𝑒 −4𝑡 = 10𝑒 −4𝑡
2
𝐾 −4𝑡
𝑒 − 2𝐾𝑡𝑒 −4𝑡 + 2𝐾𝑡𝑒 −4𝑡 = 10𝑒 −2𝑡
2
𝐾 −4𝑡
𝑒 = 10𝑒 −4𝑡 ⇒ 𝐾 = 20
2
A nova resposta forçada será:
𝑣𝑓 (𝑡) = 20𝑡𝑒 −4𝑡
A partir do exemplo anterior, a resposta completa será:
𝑣(𝑡) = 𝐴𝑒 −4𝑡 + 20𝑡𝑒 −4𝑡
𝑣 (0) = 2 = 𝐴𝑒 0 + 20.0. 𝑒 0 ∴ 𝐴=2
𝑣(𝑡) = 2𝑒 −4𝑡 + 20𝑡𝑒 −4𝑡 𝑉

• Se a excitação agora for uma função senoidal do tipo 𝑣𝑔 (𝑡) = 10 cos (2𝑡)
A nova resposta forçada será:
1 𝑑𝑣
+ 2𝑣 = 10 cos (2𝑡)
2 𝑑𝑡
𝑣𝑓 (𝑡) = 𝐾1 cos(2𝑡) + 𝐾2 sen(2𝑡)
𝑑𝑣𝑓
= −2𝐾1 sen(2𝑡) + 2𝐾2 cos(2𝑡)
𝑑𝑡
1
(−2𝐾1 sen(2𝑡) + 2𝐾2 cos(2𝑡)) + 2(𝐾1 cos(2𝑡) + 𝐾2 sen(2𝑡)) =
2
= 10 cos (2𝑡)
−𝐾1 sen(2𝑡) + 𝐾2 cos(2𝑡) + 2𝐾1 cos(2𝑡) + 2𝐾2 sen(2𝑡) = 10 cos (2𝑡)
(2𝐾2 −𝐾1 ) sen(2𝑡) + (𝐾2 + 2𝐾1 ) cos(2𝑡) = 10 cos (2𝑡)
𝐾2 + 2𝐾1 = 10
2𝐾2 −𝐾1 = 0 ∴ 𝐾1 = 2𝐾2
𝐾2 + 2(2𝐾2 ) = 10 ∴ 5𝐾2 = 10
𝐾2 = 2
𝐾1 = 4
E a resposta forçada será:
𝑣𝑓 (𝑡) = 4 cos(2𝑡) + 2 sen(2𝑡)
Resposta Completa:
𝑣(𝑡) = 𝐴𝑒 −4𝑡 + 4 cos(2𝑡) + 2 sen(2𝑡)
𝑣 (0) = 2 = 𝐴𝑒 0 + 4 cos(0) + 2 sen(0) ∴ 𝐴 = −2
𝑣(𝑡) = 4 cos(2𝑡) + 2 sen(2𝑡) − 2𝑒 −4𝑡 𝑉
RESUMO: Excitações e Respostas Forçadas

EXCITAÇÃO RESPOSTA FORÇADA


(Constante)

(Rampa)

(Parábola)

(Exponencial)
ou
(Senoidal)
ou
(Senoide Amortecida)
As principais excitações são a constante, a exponencial decrescente e a senoidal.

5.6 A Função Degrau Unitário

É a função que é igual a zero para todos os valores negativos de seu argumento
e igual a um para os valores positivos.
0, 𝑡<0
𝑢(𝑡) = Indefinida em 𝑡 = 0

1, 𝑡>0

Figura 5.5: Função Degrau Unitário


Esta função é usada para representar excitações que passam a atuar sobre um
circuito após um chaveamento.
Dessa forma, a excitação do tipo 𝑣𝑔 (𝑡) = 𝑉𝑜 . 𝑢(𝑡) é igual a zero para 𝑡 < 0, e é

igual a 𝑉𝑜 para 𝑡 > 0 (já que 𝑢 (𝑡) = 1 para 𝑡 > 0).


Além disso, quando se considera uma excitação como um produto da função de-
grau unitário, todas as condições iniciais dos elementos armazenadores são con-
sideradas nulas. A Figura 5.6 mostra essas situações.

REDE
REDE

REDE
REDE

Figura 5.6: A função degrau unitário como chaveamento de circuitos

OBS 1: O degrau pode ser dado em outro instante, ao invés de em 𝑡 = 0. Por


exemplo:
𝑢(𝑡 − 𝑡𝑜 ) = 0, 𝑡 < 𝑡𝑜
= 1, 𝑡 > 𝑡𝑜

OBS 2: A função pulso pode ser dada a partir da diferença entre duas funções
degrau em tempos distintos:
𝑝∆ (𝑡) = 𝑢(𝑡) − 𝑢(𝑡 − 𝑡𝑜 )
= 1, 0 < 𝑡 < 𝑡𝑜
= 0 𝑡 > 𝑡𝑜
Exemplo: Dado que 𝑖𝑔 (𝑡) = 10[𝑢(𝑡) − 𝑢 (𝑡 − 1)] 𝐴, determine o valor de 𝑣(𝑡)

para 𝑡 > 0.

+ 𝑣𝐿 (𝑡) −
𝑖𝑅 (𝑡)
+

𝑣𝑅 (𝑡)

Como a excitação é representada por um degrau de amplitude 10 entre os ins-

tantes 0 e 1 (função “pulso”), será preciso analisar o problema em dois momentos,

𝟎 < 𝒕 < 𝟏 e 𝒕 > 𝟏.

Para 𝟎 < 𝒕 < 𝟏: 𝑖𝑔 (𝑡) = 10 𝐴


A partir da LKC:
𝑖𝑔 (𝑡) = 𝑖𝑅 (𝑡) + 𝑖(𝑡)
E pela LKT:
𝑣𝑅 (𝑡) = 𝑣𝐿 (𝑡) + 𝑣(𝑡)

Relações tensão-corrente para os elementos passivos:


𝑑𝑖
𝑣𝑅 = 3𝑖𝑅 𝑣𝐿 = 5 𝑣 = 2𝑖
𝑑𝑡
Da equação da LKC:
𝑣𝑅
+ 𝑖 = 𝑖𝑔
3
𝑣𝐿 𝑣
+ + 𝑖 = 𝑖𝑔
3 3
5 𝑑𝑖 2𝑖
+ + 𝑖 = 𝑖𝑔
3 𝑑𝑡 3
𝑑𝑖
5 + 5𝑖 = 3𝑖𝑔
𝑑𝑡
a) Resposta Natural:
𝑑𝑖𝑛
5 + 5𝑖𝑛 = 0
𝑑𝑡
𝑖𝑛 = 𝐴𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑖𝑛
= 𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑡

5𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡 + 5𝐴𝑒 𝑠𝑡 = 0
5𝐴𝑒 𝑠𝑡 (𝑠 + 1) = 0 ∴ 𝑠 = −1
𝑖𝑛 (𝑡) = 𝐴𝑒 −𝑡

b) Resposta Forçada:
𝑑𝑖𝑓
5 + 5𝑖𝑓 = 30
𝑑𝑡
𝑖𝑓 = 𝐾
𝑑𝑖𝑓
=0
𝑑𝑡
5.0 + 5𝐾 = 30 ∴ 𝐾=6
𝑖𝑓 (𝑡) = 6

Resposta Completa (para 0 < 𝑡 < 1):

𝑖 (𝑡) = 𝐴𝑒 −𝑡 + 6

A partir da condição inicial nula (função degrau):


𝑖 (0) = 0 = 𝐴 + 6 ∴ 𝐴 = −6
Assim:
𝑖 (𝑡) = 6 − 6𝑒 −𝑡 𝐴

Para a tensão desejada, tem-se:


𝑣 (𝑡) = 2. 𝑖 (𝑡) = 12 − 12𝑒 −𝑡 𝑉 Para 0 < 𝑡 < 1
Para 𝒕 > 𝟏: 𝑖𝑔 (𝑡) = 0
Pela LKT:
𝑣𝑅 (𝑡) = 𝑣𝐿 (𝑡) + 𝑣(𝑡)
E pela LKC:
𝑖𝑅 (𝑡) = −𝑖(𝑡)

Relações tensão-corrente para os elementos passivos:


𝑑𝑖
𝑣𝑅 = 3𝑖𝑅 𝑣𝐿 = 5 𝑣 = 2𝑖
𝑑𝑡
Da equação da LKT:
𝑑𝑖
5 + 2𝑖 = 3𝑖𝑅 = −3𝑖
𝑑𝑡
𝑑𝑖
5 + 5𝑖 = 0
𝑑𝑡
Resposta Completa (para 𝑡 > 1):

𝑖 = 𝐵𝑒 𝑠(𝑡−1)
𝑑𝑖
= 𝐵𝑠𝑒 𝑠(𝑡−1)
𝑑𝑡
5𝐵𝑠𝑒 𝑠(𝑡−1) + 5𝐵𝑒 𝑠(𝑡−1) = 0
5𝐵𝑒 𝑠𝑡 (𝑠 + 1) = 0 ∴ 𝑠+1=0 ⇒ 𝑠 = −1
𝑖 (𝑡) = 𝐵𝑒 −(𝑡−1)
Para determinar a constante 𝐵 , utiliza-se a condição inicial para 𝑖(1) da ex-

pressão anterior, uma vez que 𝑖(𝑡) tem que ser uma função contínua, por ser
a corrente em um indutor:
𝑖 (1) = 6 − 6𝑒 −1 = 3,793
E para a nova função:
𝑖 (1) = 3,793 = 𝐵𝑒 −(1−1) = 𝐵
𝐵 = 3,793
Fazendo com que:
𝑖 (𝑡) = 3,793𝑒 −(𝑡−1) 𝐴
E a tensão:
𝑣(𝑡) = 2. 𝑖(𝑡) = 7,585𝑒 −(𝑡−1) 𝑉 Para 𝑡 > 1
Exercício 1: Determine 𝑣(𝑡) para 𝑡 > 0, dado que o circuito está em regime per-

manente em 𝑡 = 0 −.
6

Exercício 2: Determine 𝑣(𝑡) para 𝑡 > 0, dado que o circuito está em regime per-

manente em 𝑡 = 0 −.
6
2ª PARTE: Circuitos de 2ª Ordem

5.7 Introdução

Os circuitos de 2ª ordem são aqueles formados por resistores, fontes (indepen-


dentes e dependentes ou controladas) e dois elementos armazenadores (dois ca-
pacitores, dois indutores ou um indutor e um capacitor). São também conhecidos
como Circuitos RCC, RLL e RLC. Os dois indutores ou os dois capacitores pre-
sentes no circuito de 2ª ordem estão em posições tais que não podem ser asso-
ciados em série ou em paralelo.
Nesses circuitos, a equação a ser utilizada para a sua análise será uma equação
diferencial de 2ª ordem, ou seja, nesta equação, a tensão ou a corrente a ser
calculada aparecerá dentro de uma segunda derivada (derivada de ordem 2),
além da derivada de primeira ordem que já existia no circuito anterior com um
elemento armazenador de energia.

5.8 Circuitos com Dois Elementos Armazenadores

Seja o seguinte circuito com dois indutores:

𝑣𝑔 = 8 𝑉

𝑖𝑔 (0) = 2 𝐴

𝑖𝐿 (0) = 1 𝐴

Pela LKC: 𝑖𝑔 = 𝑖𝑅 + 𝑖𝐿

Pela LKT:
𝑑𝑖𝑔
8𝑖𝑔 + 2 + 𝑣 = 𝑣𝑔
𝑑𝑡
𝑑𝑖𝐿 1 𝑑𝑖𝐿
𝑣 = 4𝑖𝑅 𝑣=1 ⇒ 𝑖𝑅 =
𝑑𝑡 4 𝑑𝑡
A equação da LKT ficará:
𝑑𝑖𝑅 𝑑𝑖𝐿 𝑑𝑖𝐿
8𝑖𝑅 + 8𝑖𝐿 + 2 +2 + = 𝑣𝑔
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
1 𝑑𝑖𝐿 1 𝑑2 𝑖𝐿 𝑑𝑖𝐿
8 + 8𝑖𝐿 + 2 + 3 = 𝑣𝑔
4 𝑑𝑡 4 𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
1 𝑑2 𝑖𝐿 𝑑𝑖𝐿
+ 5 + 8𝑖𝐿 = 𝑣𝑔
2 𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
𝑑2 𝑖𝐿 𝑑𝑖𝐿 Equação Diferencial
+ 10 + 16𝑖𝐿 = 2𝑣𝑔
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 de 2ª Ordem

a) Resposta Natural: (solução homogênea)


𝑑2 𝑖𝐿 𝑑𝑖𝐿
+ 10 + 16𝑖𝐿 = 0
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐴𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑖𝐿
= 𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑡
𝑑2 𝑖𝐿
2
= 𝐴𝑠 2 𝑒 𝑠𝑡
𝑑𝑡
𝐴𝑠 2 𝑒 𝑠𝑡 + 10𝐴𝑠𝑒 𝑠𝑡 + 16𝐴𝑒 𝑠𝑡 = 0
𝐴𝑒 𝑠𝑡 (𝑠 2 + 10𝑠 + 16) = 0

0 0
Dessa forma:
𝑠 2 + 10𝑠 + 16 = 0
𝑠1 = −2 e 𝑠2 = −8

Assim: 𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐴1 𝑒 −2𝑡 + 𝐴2 𝑒 −8𝑡 (Resposta Natural)

OBS: 𝐴1 e 𝐴2 serão determinadas na resposta completa a partir das condições


iniciais.
b) Resposta Forçada: (solução particular)
𝑑2 𝑖𝐿 𝑑𝑖𝐿
+ 10 + 16𝑖𝐿 = 2𝑣𝑔 = 16
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐾
𝑑𝑖𝐿
=0
𝑑𝑡
𝑑2 𝑖𝐿
=0
𝑑𝑡 2
0 + 10.0 + 16𝐾 = 16 ⇒ 𝐾=1
Assim: 𝑖𝐿 (𝑡) = 1 (Resposta Forçada)

Resposta Completa = Resposta Natural + Resposta Forçada


𝑖𝐿 (𝑡) = 𝐴1 𝑒 −2𝑡 + 𝐴2 𝑒 −8𝑡 + 1

Para determinar os valores de 𝐴1 e 𝐴2 serão utilizadas as condições iniciais da-


das:
𝑖𝐿 (0) = 1 = 𝐴1 + 𝐴2 + 1 ⇒ 𝐴1 + 𝐴2 = 0
1 𝑑𝑖𝐿 𝐴1 −2𝑡
𝑖𝑔 (𝑡) = 𝑖𝑅 + 𝑖𝐿 = + 𝑖𝐿 = 𝑒 − 𝐴2 𝑒 −8𝑡 + 1
4 𝑑𝑡 2
𝐴1
𝑖𝑔 (0) = 2 = − 𝐴2 + 1 ⇒ 𝐴1 − 2𝐴2 = 2
2
2 2
𝐴1 = 𝐴2 = −
3 3

2 2
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝑒 −2𝑡 − 𝑒 −8𝑡 + 1 𝐴
3 3

5.9 Resposta Natural – Tipos de Frequências Naturais

A Resposta Natural de um circuito de 2ª ordem é a solução homogênea de uma


equação diferencial do tipo:
𝑑2 𝑥 𝑑𝑥
𝑎 2 +𝑏 + 𝑐𝑥 = 0
𝑑𝑡 𝑑𝑡
A resposta será do tipo:
𝑥 (𝑡) = 𝐴1 𝑒 𝑠1 𝑡 + 𝐴2 𝑒 𝑠2 𝑡
Onde 𝑠1 e 𝑠2 são as raízes da chamada Equação Característica (também chama-
das de “frequências naturais” do circuito):

𝑎𝑠 2 + 𝑏𝑠 + 𝑐 = 0 Equação Característica

A Equação Caraterística é formada pelos coeficientes dos termos da equação di-


ferencial de 2ª ordem, onde o coeficiente da segunda derivada aparece com 𝑠 2 ,

o coeficiente da primeira derivada é o coeficiente em 𝑠 e o termo independente


também é o coeficiente independente desta equação.
Como se trata de uma equação do 2º grau, os valores de 𝑠1 e 𝑠2 podem ser:

REAIS e DISTINTOS
REAIS e IGUAIS
COMPLEXOS e CONJUGADOS

Seja o circuito de 2ª ordem:

A equação diferencial será:


𝑑2 𝑣 𝑑𝑣 𝑑𝑣𝑔
+ ( 𝑅 + 1 ) + (𝑅 + 4 )𝑣 = 𝑅𝑣𝑔 +
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡 𝑑𝑡
A resposta natural será a solução de:
𝑑2 𝑣 𝑑𝑣
+ (𝑅 + 1 ) + (𝑅 + 4)𝑣 = 0
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
A Equação Característica será:
𝑠 2 + (𝑅 + 1)𝑠 + (𝑅 + 4) = 0
• 1º CASO: Raízes Reais e Distintas
(caso superamortecido ou sobreamortecido)

Para 𝑅 = 6 𝛺 :
𝑠 2 + 7𝑠 + 10 = 0
𝑠1 = −2
𝑠2 = −5
𝑣𝑛 (𝑡) = 𝐴1 𝑒 −2𝑡 + 𝐴2 𝑒 −5𝑡

• 2º CASO: Raízes Reais e Iguais


(caso criticamente amortecido ou amortecimento crítico)

Para 𝑅 = 5 𝛺:
𝑠 2 + 6𝑠 + 9 = 0
𝑠1 = 𝑠2 = −3
𝑣𝑛 (𝑡) = 𝐴1 𝑒 −3𝑡 + 𝐴2 𝑡𝑒 −3𝑡

• 3º CASO: Raízes Complexas e Conjugadas


(caso subamortecido)

Para 𝑅 = 1 𝛺 :
𝑠 2 + 2𝑠 + 5 = 0
𝑠1 = −1 + 𝑗2
𝑠2 = −1 − 𝑗2
𝑣𝑛 (𝑡) = 𝐴1 𝑒 (−1+𝑗2)𝑡 + 𝐴2 𝑒 (−1−𝑗2)𝑡
𝑣𝑛 (𝑡) = 𝐴1 𝑒 −𝑡 𝑒 𝑗2𝑡 + 𝐴2 𝑒 −𝑡 𝑒 −𝑗2𝑡
𝑣𝑛 (𝑡) = 𝐴1 𝑒 −𝑡 (𝑐𝑜𝑠2𝑡 + 𝑗𝑠𝑒𝑛2𝑡) + 𝐴2 𝑒 −𝑡 (𝑐𝑜𝑠2𝑡 − 𝑗𝑠𝑒𝑛2𝑡)
𝑣𝑛 (𝑡) = (𝐴1 + 𝐴2 )𝑒 −𝑡 𝑐𝑜𝑠2𝑡 + (𝐴1 − 𝐴2 )𝑗𝑒 −𝑡 𝑠𝑒𝑛2𝑡
𝑣𝑛 (𝑡) = 𝑒 −𝑡 (𝐵1 𝑐𝑜𝑠2𝑡 + 𝐵2 𝑠𝑒𝑛2𝑡)

OBS: As constantes de todas essas respostas naturais sempre serão determinadas a


partir das condições iniciais. No entanto, essas condições iniciais só deverão ser substi-
tuídas nas Respostas Completas e não numa parte delas.
OBS: EXCITAÇÃO NA FREQUÊNCIA NATURAL
Se a função de excitação, 𝑓𝑔 (𝑡), for uma função exponencial com expoente igual

a uma das frequências naturais (raízes da equação característica do circuito), a


resposta forçada será do tipo:

• RAÍZES REAIS e DISTINTAS


𝑥𝑛 (𝑡) = 𝐴1 𝑒 𝑠1 𝑡 + 𝐴2 𝑒 𝑠2 𝑡
Se 𝑓𝑔 (𝑡) = 𝐾𝑒 𝑠1 𝑡 → 𝑥𝑓 (𝑡) = 𝐵𝑡𝑒 𝑠1 𝑡
Se 𝑓𝑔 (𝑡) = 𝐾𝑒 𝑠2 𝑡 → 𝑥𝑓 (𝑡) = 𝐵𝑡𝑒 𝑠2 𝑡

• RAÍZES REAIS e IGUAIS


𝑥𝑛 (𝑡) = 𝐴1 𝑒 𝑠𝑡 + 𝐴2 𝑡𝑒 𝑠𝑡
Se 𝑓𝑔 (𝑡) = 𝐾𝑒 𝑠𝑡 → 𝑥𝑓 (𝑡) = 𝐵𝑡 2 𝑒 𝑠𝑡
Exercício 1: Determine 𝑖(𝑡) para 𝑡 > 0, dado que não há energia inicial armaze-

nada no circuito. (a) 𝐶 = 1⁄12 𝐹 (b) 𝐶 = 1⁄16 𝐹 (c) 𝐶 = 1⁄32 𝐹

Exercício 2: Determine 𝑣(𝑡) para 𝑡 > 0, se (a) 𝑖𝑔 (𝑡) = 2𝑢(𝑡)𝐴 e (b) 𝑖𝑔 (𝑡) =

2𝑒 −𝑡 𝑢(𝑡) 𝐴.

Exercício 3: Determine 𝑣(𝑡) para 𝑡 > 0, se o circuito está em regime permanente

em 𝑡 = 0 −.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FUNDAMENTOS DA ANÁLISE DE CIRCUITOS ELÉTRICOS – David E. Johnson,


John L. Hilburn & Johnny R. Johnson. LTC.

FUNDAMENTOS DE CIRCUITOS ELÉTRICOS – Charles K. Alexander &


Matthew N. O. Sadiku. McGraw Hill - Bookman.

INTRODUÇÃO AOS CIRCUITOS ELÉTRICOS – Richard C. Dorf & James A.


Svoboda. LTC.

INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE CIRCUITOS – Robert L. Boylestad. Pearson.

CIRCUITOS ELÉTRICOS – Coleção Schaun. Mahmood Nahvi & Joseph A. Edmi-


nister. Bookman.

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