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UNISUAM

ENGENHARIA ELÉTRICA

CORRENTE ALTERNADA

Prof. RAED

2019-1

0
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1
2
I – POTÊNCIA EM REGIME PERMANENTE SENOIDAL

1 – Potência Instantânea e Média

A potência instantânea p(t) absorvida por um elemento é o produto da tensão instantânea


v(t) sobre o elemento e a corrente instantânea i(t) através dele.

𝑝(𝑡) = 𝑣 (𝑡). 𝑖(𝑡) (1)

É a taxa com que um elemento absorve energia.

A potência instantânea é a potência absorvida por um elemento em um dado instante de


tempo.

Considere agora o caso geral de potência instantânea absorvida por uma combinação
arbitrária de elementos de circuitos sob excitação senoidal como mostrado na figura 1.
Considere a tensão e a corrente nos terminais do circuito como em que Vm e Im são as
amplitudes (ou valores de pico), e v e i são os ângulos de fase da tensão e corrente,
respectivamente.

Figura 1 – Fonte senoidal e circuito linear passivo.

𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 . cos(𝑡 + 𝑣) (2a)


𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 . cos(𝑡 + 𝑖) (2b)

A potência instantânea absorvida pelo circuito é:


𝑝(𝑡) = 𝑣 (𝑡). 𝑖(𝑡) = 𝑉𝑚 . 𝐼𝑚 . cos (𝑡 + 𝑣). cos (𝑡 + 𝑖) (3)

Utilizando uma identidade trigonométrica;


1
cos 𝐴 cos 𝐵 = [cos(𝐴 − 𝐵) + cos(𝐴 + 𝐵)]
2
𝑉𝑚 . 𝐼𝑚 𝑉𝑚 . 𝐼𝑚
𝑝(𝑡) = cos(𝑣 − 𝑖) + cos(2𝑡 + 𝑣 + 𝑖) (4)
2 2

3
A potência instantânea consiste em dois termos. O primeiro termo é uma constante, ou seja,
independe do tempo, e o segundo termo é uma onda cossenoidal cuja frequência é o dobro
da frequência de excitação.

1 𝑇 𝑉𝑚 .𝐼𝑚 1 𝑇 𝑉𝑚 .𝐼𝑚
𝑃 = ∫0 cos(𝑣 − 𝑖)𝑑𝑡 + ∫ cos(2𝑡 + 𝑣 + 𝑖)𝑑𝑡 (5)
𝑇 2 𝑇 0 2

O primeiro termo da equação (5) integrando é constante, e a média de uma constante é a


mesma constante. O segundo termo dessa equação, integrando é uma senoide, cuja média
ao longo de seu período é zero. Assim, a potência média fica:

𝑉𝑚 . 𝐼𝑚
𝑃= cos(𝑣 − 𝑖) (6)
2

A potência instantânea varia com o tempo e é, portanto, difícil de mensurar. A potência média
é mais conveniente de se medir. De fato, o wattímetro é o instrumento para medir a potência
média.

A potência média (P) é a média da potência instantânea, p(t), em um período.

A potência média também é denominada potência real ou ativa, porque descreve, muitas
vezes, a potência que é convertida de uma forma elétrica para uma forma não-elétrica.
Embora, os termos sejam intercambiáveis, usaremos, de preferência, o termo potência
média.

1 𝑡0+𝑇
𝑃 = ∫𝑡0 𝑝 . 𝑑𝑡 (7)
𝑇

A equação (4) pode ser reescrita de outra forma se for utilizada nas expressões da tensão e
da corrente a função trigonométrica seno.
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 . sen(𝑡 + 𝑣) (8a)
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 . sen(𝑡 + 𝑖) (8b)

A potência instantânea absorvida pelo circuito é:


𝑝(𝑡) = 𝑣 (𝑡). 𝑖(𝑡) = 𝑉𝑚 . 𝐼𝑚 . sen (𝑡 + 𝑣). sen (𝑡 + 𝑖) (9)

Utilizando uma identidade trigonométrica;


1
sen 𝐴 sen 𝐵 = [cos(𝐴 − 𝐵) − cos(𝐴 + 𝐵)]
2
𝑉𝑚 . 𝐼𝑚 𝑉𝑚 . 𝐼𝑚
𝑝(𝑡) = cos(𝑣 − 𝑖) − cos(2𝑡 + 𝑣 + 𝑖) (10)
2 2

4
Figura 1 - A potência instantânea, tensão e corrente em função de ωt para um circuito em
regime permanente senoidal.

A equação (4) também pode ser reescrita de outra forma que é a seguinte:
𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 . cos(𝑡 + 𝑣) (11a)
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 . cos(𝑡 + 𝑖) (11b)

𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 . cos(𝑡 + 𝑣 − 𝑖) (12a)


𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 . cos 𝑡 (12b)

𝑝(𝑡) = 𝑣 (𝑡). 𝑖(𝑡) = 𝑉𝑚 . 𝐼𝑚 . cos (𝑡 + 𝑣 − 𝑖). cos 𝑡 (9)

Usando a identidade trigonométrica:


1
cos  . cos  = [cos( − ) + cos( + )]
2

Para expandir a equação (9), tem-se:


 = 𝑡 + 𝑣 − 𝑖
 = 𝑡

5
𝑉𝑚 . 𝐼𝑚 𝑉𝑚 . 𝐼𝑚
𝑝(𝑡) = cos(𝑣 − 𝑖) + cos(2𝑡 + 𝑣 − 𝑖) (13)
2 2

Agora, usando a identidade trigonométrica:


cos( + ) = cos . cos − sen . sen

Para expandir o segundo termo do lado direito da Equação (13), considera-se:


 = 𝑣 − 𝑖 e  = 2𝑡

Dessa forma, resulta em:

𝑉𝑚 . 𝐼𝑚 𝑉𝑚 . 𝐼𝑚
𝑝(𝑡) = cos(𝑣 − 𝑖) + cos(𝑣 − 𝑖) cos 2𝑡
2 2


𝑉𝑚 . 𝐼𝑚
2
sen(𝑣 − 𝑖) sen 2𝑡 (14)

𝑝(𝑡) = 𝑃 + 𝑃 cos 2𝑡 − 𝑄 𝑠𝑒𝑛 2𝑡 (15)

Onde, a potência média, também chamada potência ativa, é igual:


𝑉𝑚 . 𝐼𝑚
𝑃= cos(𝑣 − 𝑖) (16)
2

A potência reativa é igual:


𝑉𝑚 . 𝐼𝑚
𝑄= sen(𝑣 − 𝑖) (17)
2

Potência em circuitos puramente resistivos:


Se o circuito for puramente resistivo, a tensão e a corrente nos terminais dele estarão em
fase, o que significa que v = i. Então a equação (15) se reduz a

𝑝(𝑡) = 𝑃 + 𝑃 cos 2𝑡 (18)

A potência instantânea expressa pela equação (18) é denominada potência ativa


instantânea. A figura 2 mostra o gráfico da equação (18) para um circuito puramente resistivo
típico, admitindo-se que ω = 377 rad/s. Por definição, a potência média, P, é a média de p(t)
em um período. Assim é fácil perceber que P = 1W para esse circuito basta observar o
gráfico.

A potência ativa instantânea, em um circuito puramente resistivo, nunca pode ser negativa.
Em outras palavras, não é possível extrair potência de uma rede puramente resistiva. Mais
exatamente, toda a energia elétrica é dissipada sob a forma de energia térmica.

6
Figura 2 - Potência instantânea e potência média para um circuito puramente resistivo.

Potência em circuitos puramente indutivos:


Se o circuito for puramente indutivo, a tensão e a corrente em seus terminais estarão
defasados de exatamente 90°. Em particular, a corrente fica 90° atrasada em relação a
tensão, isto é, i = v – 90°. Assim, v - i = 90°. Então, a expressão para a potência
instantânea reduz-se a:

𝑝(𝑡) = −𝑄 sen 2𝑡 (19)

Em um circuito puramente indutivo, a potência média é zero. Portanto, não ocorre nenhuma
transformação de energia elétrica para outra forma de energia. A potência instantânea nos
terminais de um circuito puramente indutivo é continuamente permutada entre o circuito e a
fonte que excita o circuito, a uma frequência de 2. Em outras palavras, quando p(t) é
positiva, a energia está sendo armazenada nos campos magnéticos associados aos
elementos indutivos, e quando p(t) é negativa, a energia está sendo extraída dos campos
magnéticos.

Uma medida de potência associada a circuitos puramente indutivos é a potência reativa Q.


O nome potência reativa se deve à caracterização de um indutor como elemento reativo; sua
impedância é puramente reativa. Observe-se que a potência média P e a potência reativa Q
têm a mesma dimensão. Para distinguir a potência média da potência reativa, usamos a
unidade watt (W) para potência média e a unidade volt-ampère reativo (var) para potência
reativa. A figura 3 apresenta o gráfico da potência instantânea para um circuito puramente
indutivo típico, admitindo-se que ω = 377 rad/s e Q = 1 var.

7
Figura 3 – Potência instantânea, potência média e potência reativa para um circuito
puramente indutivo.

Potência em circuitos puramente capacitivos:


Se o circuito for puramente capacitivo, a tensão e a corrente em seus terminais estarão
defasados de exatamente 90°. Em particular, a corrente fica 90° adiantada em relação a
tensão, isto é, i = v + 90°. Assim, v - i = – 90°. Então, a expressão para a potência
instantânea reduz-se a:

𝑝(𝑡) = −𝑄 sen 2𝑡 (20)

De novo, a potência média é zero, portanto não há nenhuma transformação de energia


elétrica para outra forma de energia. Em um circuito puramente capacitivo, a potência é
continuamente permutada entre a fonte que excita o circuito e o campo elétrico associado
aos elementos capacitivos. A figura 4 apresenta o gráfico da potência instantânea para um
circuito puramente capacitivo típico, admitindo-se que ω = 377 rad/s e Q =  1 var.

Figura 4 – Potência instantânea, potência média e potência reativa para um circuito


puramente capacitivo.
8
O Fator de Potência
O ângulo , onde  = 𝑣 − 𝑖 , desempenha um papel tanto no cálculo da potência média
como no cálculo da potência reativa e é denominado ângulo do fator de potência.

O cosseno desse ângulo é denominado fator de potência, abreviatura cos  = fp.

cos  = cos (v – i)  Fator de Potência (21)

O seno desse ângulo é denominado fator reativo, abreviatura sen  = fr.

Conhecer o valor do fator de potência não nos revela o valor do ângulo do fator de potência,
pois cos (v – i) = cos (i – v). Para descrever completamente esse ângulo, são usadas as
sentenças descritivas fator de potência atrasado e fator de potência adiantado. Fator de
potência atrasado significa que a corrente está atrasada em relação à tensão – daí uma
carga indutiva. Fator de potência adiantado significa que a corrente está adiantada em
relação à tensão – daí uma carga capacitiva.

Potência Absorvida ou Fornecida

𝑝(𝑡) = 𝑣(𝑡). 𝑖(𝑡) (22)

A potência 𝑝(𝑡) na Equação (22) é uma quantidade variável com o tempo e é denominada
potência instantânea. Portanto, a potência absorvida ou fornecida por um elemento é o
produto da tensão no elemento pela corrente através dela. Se a potência tem um sinal
positivo, ela está sendo fornecida para o elemento ou absorvida por ele. Em contrapartida,
se a potência tiver um sinal negativo, a potência está sendo fornecida pelo elemento. Mas
como saber quando a potência tem um sinal positivo ou negativo?

Figura 5 - Polaridades referenciais para potência usando a convenção do sinal passivo:


(a) absorção de potência; (b) fornecimento de potência.

9
O sentido da corrente e a polaridade da tensão desempenham um papel fundamental na
determinação do sinal da potência. É importante, portanto, prestar atenção na relação entre
corrente 𝑖 e tensão 𝑣 na Figura 5(a). A polaridade da tensão e o sentido da corrente devem
estar de acordo com aquelas mostradas na Figura 5(a) de modo que a potência tenha um
sinal positivo. Isso é conhecido como convenção de sinal passivo. Pela convenção de sinal
passivo, a corrente entra pela polaridade positiva da tensão. Nesse caso, 𝑝 = +𝑣. 𝑖 ou
𝑣. 𝑖 > 0 implica que o elemento está absorvendo potência. Entretanto, se 𝑝 = −𝑣. 𝑖 ou
𝑣. 𝑖 < 0, como na Figura 5(b), o elemento está liberando ou fornecendo potência.

Figura 6 – Dois casos de um elemento com absorção de potência de 12 W:


(a) 𝑝 = 4 × 3 = 12 𝑊; (b) 𝑝 = 4 × 3 = 12 𝑊

Por exemplo, o elemento em ambos os circuitos da Figura 6 tem absorção de potência de


+12 W, pois uma corrente positiva entra pelo terminal positivo em ambos os casos.
Entretanto, na Figura 7 o elemento está fornecendo potência de +12 W, pois uma corrente
positiva entra pelo terminal negativo. Obviamente, uma absorção de potência de 12 W
equivale a um fornecimento de +12 W. Em geral,

+𝑷𝒐𝒕ê𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒂𝒃𝒔𝒐𝒓𝒗𝒊𝒅𝒂 = −𝑷𝒐𝒕ê𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒇𝒐𝒓𝒏𝒆𝒄𝒊𝒅𝒂

Figura 7 – Dois casos de um elemento com fornecimento de potência de 12 W:


(a) 𝑝 =  4 × 3 =  12 𝑊; (b) 𝑝 =  4 × 3 =  12 𝑊

10
Na realidade, a lei da conservação da energia tem de ser obedecida em qualquer circuito
elétrico. Por essa razão, a soma algébrica da potência em um circuito, a qualquer instante
de tempo, deve ser zero:

∑𝑝 = 0 (23)

Isso confirma, novamente, o fato de que, a potência total fornecida ao circuito deve ser igual
à potência total absorvida.

A partir da Equação (22), a energia absorvida ou fornecia por um elemento do instante 𝑡0 ao


instante 𝑡 é

𝒕 𝒕
𝑾 = ∫𝒕 𝒑. 𝒅𝒕 = ∫𝒕 𝒗. 𝒊 . 𝒅𝒕 (24)
𝟎 𝟎

Energia é a capacidade de realizar trabalho e é medida em joules (J).

As concessionárias de energia medem a energia elétrica em watts-hora (Wh) em que

1 Wh = 3.600 J

Aplicação de Potência em Regime Permanente Senoidal


Uma tensão senoidal 𝑣 = 𝑉𝑚 cos 𝑡, aplicada através de uma impedância 𝑍 = |𝑍| ,
estabelece uma corrente 𝑖 = 𝐼𝑚 cos (𝑡). A potência entregue para a impedância em um
instante de tempo 𝑡 é

1
𝑝(𝑡) = 𝑣 . 𝑖 = 𝑉𝑚 cos 𝑡 . 𝐼𝑚 cos(𝑡) = . 𝑉𝑚 . 𝐼𝑚 . [cos  + cos(2𝑡)]
2

𝑝(𝑡) = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . ⌈cos  + cos(2𝑡)⌉ (25)

Onde:

𝑉𝑚 𝐼𝑚 𝑉𝑒𝑓
𝑉𝑒𝑓 = ; 𝐼𝑒𝑓 = = |𝑍|
√2 √2

A potência instantânea em (25) consiste em um componente senoidal 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . cos(2𝑡)


mais um valor constante 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . cos  que se torna a potência média (P).

Isso está ilustrado na figura 8. Durante uma porção de um ciclo, a potência instantânea é
positiva, o que indica que a potência flui para a carga. Durante o resto do ciclo, a potência

11
instantânea pode ser negativa, o que indica que a potência flui para fora da carga. O fluxo
de potência durante um ciclo é, não negativo e é chamado de potência média.

Exemplo 1:
Uma tensão 𝑣(𝑡) = 140 cos 𝑡, em volts, é conectada a uma impedância 𝑍 = 5  − 60°Ω. A
tensão 𝑣(𝑡) produz uma corrente 𝑖(𝑡) = 28 . cos (𝑡 + 60°), em ampères. Calcule 𝑝(𝑡).

𝑝(𝑡) = 𝑣(𝑡). 𝑖(𝑡) = (140). (28). cos 𝑡 . cos (𝑡 + 60°) = [980 + 1960 . cos(2𝑡 + 60°)] 𝑊

A potência instantânea tem uma componente constante de 980W e uma componente


senoidal com o dobro da frequência da fonte. O gráfico de 𝑝 versus 𝑡 está mostrado na

figura 8 com  = =  60°.
3

Figura 8 – Gráfico 𝑣(𝑡), 𝑖(𝑡) 𝑒 𝑝(𝑡) do exemplo 1.

12
Potência Média ou Ativa
A potência líquida ou média Pmédia = p(t) entregue a uma carga durante um período é
chamada de potência média, potência real ou ativa.

Uma vez que a média de cos (2t  ) ao longo de um período é zero, da Equação (25), tem-
se,

𝑷𝒎é𝒅𝒊𝒂 = 𝑷 = 𝑽𝒆𝒇 . 𝑰𝒆𝒇 . 𝐜𝐨𝐬 

𝑅
Se 𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋 = |𝑍|, então, cos  = e a potência média (P) pode ser expressa por:
𝑍

2
𝑅 𝑉𝑒𝑓 2
𝑃 = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . = 𝑅 = 𝑅 . 𝐼𝑒𝑓
|𝑍| |𝑍|2

A potência média é não negativa. Ela depende de 𝑉, de 𝐼 e do ângulo de fase entre essas
grandezas. Quando 𝑉𝑒𝑓 e 𝐼𝑒𝑓 são dados, 𝑃 é máxima para  = 0°. Isso ocorre quando a carga
é puramente resistiva. Para uma carga puramente reativa, || = 90° e 𝑃 = 0. A relação entre
𝑃 e 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 é chamada de fator de potência (cos )

𝑃
cos  =
𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓

0 ≤ cos  ≤ 1

Exemplo 2:
A potência 𝑷 é centregue por uma fonte de tensão senoidal com 𝑉𝑒𝑓 = 110𝑉, para uma
impedância de 𝑍 = (10 + 𝑗8) . Calcule a corrente 𝐼𝑒𝑓 , o fator de potência e a potência
média.

𝑍 = (10 + 𝑗8)  = 12,806  38,66°

𝑉𝑒𝑓 110
𝐼𝑒𝑓 = = = 8,5897   38,66°𝐴
𝑍 12,806  38,66°

cos  = cos 38,66° = 0,78086 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑠𝑎𝑑𝑜

𝑃 = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . 𝑐𝑜𝑠 = (110). (8,5897). cos 38,66° = 737,82𝑊

13
Potência Reativa
Se um circuito passivo contém indutores, capacitores ou ambos, uma parte da energia é
armazenada durante uma parte do ciclo e, depois, retornada para a fonte. A potência
envolvida nessa troca é chamada de potência reativa. Embora o efeito líquido da potência
reativa seja nulo, ela degrada a operação de sistemas elétricos. A potência reativa, indicada
por 𝑄, é definida como

𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . 𝑠𝑒𝑛 

𝑋
Se 𝑍 = 𝑅 + 𝑗𝑋 = |𝑍| , então, 𝑠𝑒𝑛  = |𝑍| e 𝑄 pode ser expressa por:

2
𝑋 𝑉𝑒𝑓 2
𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . = 2
. 𝑋 = 𝑋 . 𝐼𝑒𝑓
|𝑍| |𝑍|

A unidade de potência reativa é o volt-ampère reativo (var).

A potência reativa 𝑄 depende de 𝑉, de 𝐼 e do ângulo de fase entre essas grandezas. Ela é o


produto da tensão e da componente da corrente que está 90° defasada da tensão. A potência
reativa (Q) é zero para  = 0°. Isso ocorre para uma carga puramente resistiva, quando 𝑉 e
𝐼 estão em fase. Quando a carga é puramente reativa, || = 90° e 𝑄 atinge o seu valor
máximo para valores dados de 𝑉 e 𝐼. Observe que, enquanto 𝑃 é sempre não negativo, 𝑄
pode assumir valores positivos (para uma carga indutiva onde a corrente está atrasada da
tensão) ou valores negativos (para uma carga capacitiva onde a corrente está adiantada em
relação à tensão). Também é comum especificar 𝑄 por seu valor e seu tipo de carga. Por
exemplo, 100 kvar indutivos significam 𝑄 = 100 𝑘𝑣𝑎𝑟, e 100 kvar capacitivos indicam
𝑄 =  100 𝑘𝑣𝑎𝑟.

Exemplo 3:
A tensão e a corrente de uma carga são dadas por 𝑉𝑒𝑓 = 110𝑉 e 𝐼𝑒𝑓 = 20   50° 𝐴,
respectivamente. Calcule 𝑃 e 𝑄.

 = 𝑉 𝐼 = 0° (50°) = 50°

cos  = cos 50° = 0,64278 𝑎𝑡𝑟𝑎𝑠𝑎𝑑𝑜

sen  = sen 50° = 0,76604

𝑃 = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . cos  = 110 × 20 × 0,64278 = 1.414,1 𝑊

𝑄 = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . sen  = 110 × 20 × 𝑠𝑒𝑛 50° = 110 × 20 × 0,76604 = 1.685,3 𝑣𝑎𝑟

14
RESUMO DA POTÊNCIA CA EM ELEMNTOS R, L E C
A potência CA em resistores, indutores e capacitores está resumida na Tabela 1. Está sendo
usada a notação 𝑉𝑒𝑓 e 𝐼𝑒𝑓 para incluir os ângulos de fase. A última coluna da Tabela 1 é
𝑆 = 𝑉 . 𝐼 que é a potência aparente.

Exemplo 4:
Calcule a potência entregue por uma fonte senoidal a um resistor 𝑹. Considere que os
valores eficazes de tensão e corrente são respectivamente, 𝑉 e 𝐼.

𝑝𝑅 (𝑡) = 𝑣. 𝑖𝑅 = (𝑉. √2). cos  𝑡. (𝐼√2) cos 𝑡 = 2 𝑉. 𝐼. 𝑐𝑜𝑠 2 𝑡 = 𝑉 𝐼 (1 + cos 2𝑡)

𝑉2
𝑝𝑅 (𝑡) = 𝑅 𝐼 2 (1 + cos 2𝑡) = (1 + cos 2𝑡)
𝑅

𝑉2
𝑃𝑅 = = 𝑅𝐼 2 e 𝑄 = 0.
𝑅

Tabela 1

𝑣 = (𝑉 √2) cos 𝑡 𝑉𝑒𝑓 = 𝑉  0°


𝑖 = (𝐼 √2) cos(𝑡) 𝐼𝑒𝑓 = 𝐼   
𝑃 = 𝑉𝐼𝑐𝑜𝑠 𝑄 = 𝑉𝐼𝑠𝑒𝑛 𝑆 = 𝑉𝐼

A potência instantânea em um resistor varia senoidalmente entre zero 2𝑅𝐼 2 , com frequência
igual a duas vezes a da fonte de excitação e com um valor médio de 𝑃 = 𝑅𝐼 2 , 𝑣(𝑡) e 𝑝(𝑡)
estão traçadas na Figura 9(a).

15
Exemplo 5:
Calcule a potência CA no indutor 𝐿.
𝑝𝐿 (𝑡) = 𝑣. 𝑖𝐿 = (𝑉√2)𝑐𝑜𝑠𝑡(𝐼√2)𝑐𝑜𝑠(𝑡 − 90°) = 2𝑉𝐼𝑐𝑜𝑠𝑡 . 𝑠𝑒𝑛𝑡 = 𝑉𝐼𝑠𝑒𝑛2𝑡 = 𝐿 𝐼2 𝑠𝑒𝑛 2𝑡

𝑉2
𝑝𝐿 (𝑡) = 𝑠𝑒𝑛2𝑡
𝐿

𝑉2
𝑃 = 0 e 𝑄 = 𝑉𝐼 = = 𝐿 𝐼 2
𝐿

A potência instantânea em um indutor varia senoidalmente entre 𝑄 e  𝑄, com frequência igual a duas
vezes à da fonte de excitação, e tem valor médio nulo. Veja a figura 9(b).

Exemplo 6:
Calcule a potência CA no capacitor 𝐶.

𝑝𝐶 (𝑡) = 𝑣. 𝑖𝐶 = (𝑉√2)𝑐𝑜𝑠𝑡(𝐼√2)𝑐𝑜𝑠(𝑡 + 90°) =  2𝑉𝐼𝑐𝑜𝑠𝑡 . 𝑠𝑒𝑛𝑡 =  𝑉𝐼𝑠𝑒𝑛2𝑡 =  𝐶 𝑉 2 𝑠𝑒𝑛 2𝑡

𝐼2
𝑝𝐶 (𝑡) =  𝑠𝑒𝑛2𝑡
𝐶

𝐼2
𝑃=0 e 𝑄=  𝑉𝐼 =  𝐶
=  𝐶 𝑉 2

Como no indutor, a potência instantânea em um capacitor varia senoidalmente entre 𝑄 e  𝑄, com


frequência igual a duas vezes à da fonte de excitação, e tem valor médio nulo. Veja a figura 9(c).

Exemplo 7:
Calcule a potência instantânea 𝑝(𝑡), a potência média 𝑃 e a potência reativa 𝑄 entregues
pela fonte 𝑣 = (𝑉√2)𝑐𝑜𝑠𝑡 a uma combinação 𝑅𝐿𝐶 paralela.
A potência instantânea total é

𝑝𝑇 (𝑡) = 𝑣. 𝑖 = 𝑣 (𝑖𝑅 + 𝑖𝐿 + 𝑖𝐶 ) = 𝑝𝑅 + 𝑝𝐿 + 𝑝𝐶

16
17
Figura 9
Substituindo os valores de 𝑝𝑅 , 𝑝𝐿 e 𝑝𝐶 encontrados nos Exemplos 4,5 e 6, respectivamente,
tem-se

𝑉2 1
𝑝𝑇 (𝑡) = (1 + 𝑐𝑜𝑠2𝑡) + 𝑉 2 (  𝐶) 𝑠𝑒𝑛2𝑡
𝑅 𝐿

A potência média é

𝑉2
𝑃𝑇 = 𝑃𝑅 =
𝑅

1
Para (𝐿  𝐶) = 0, a potência reativa total é nula. A Figura 9(d) mostra 𝑝𝑇 (𝑡) para uma carga
com fator de potência adiantado.

POTÊNCIA COMPLEXA, POTÊNCIA APARENTE E TRIÂNGULO DE POTÊNCIAS


As duas componentes P e Q da potência possuem naturezas distintas e não podem ser
somadas diretamente. No entanto, essas duas potências podem ser reunidas na forma de
uma grandeza vetorial chamada de potência complexa S, definida por:

𝑆 = 𝑃 + 𝑗𝑄

O módulo de S é chamado de potência aparente e pode ser calculado da seguinte forma:

𝑆 = √𝑃2 + 𝑄 2 = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓

A unidade da potência aparente é o volt-ampère (VA). As três grandezas escalares S, P e Q


podem ser representadas geometricamente como a hipotenusa e os lados horizontal e
vertical, respectivamente, de um triângulo retângulo (chamado triângulo de potências), como
mostrado na Figura 10(a). O triângulo de potências é simplesmente o triângulo da

18
impedância Z escalonado pelo fator, como mostrado na Figura 10(b). Triângulo de potências
para uma carga indutiva e para uma carga capacitiva são apresentados nas Figuras 10(c) e
(d), respectivamente.

Figura 10

19

Pode-se provar facilmente que 𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 , onde 𝑉𝑒𝑓 é o fasor associado à tensão eficaz e

𝐼𝑒𝑓 é o complexo conjugado do fasor associado à corrente eficaz. Uma fórmula equivalente
2
é: 𝑆 = |𝐼𝑒𝑓 | . |𝑍| 

Em resumo:

2
Potência complexa: ∗
𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 = 𝑃 + 𝑗𝑄 = |𝐼𝑒𝑓 | . |𝑍| 

Potência real, média ou ativa: 𝑃 = |𝑆|. cos  = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . 𝑐𝑜𝑠

Potência reativa: 𝑄 = |𝑆|. 𝑠𝑒𝑛  = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓 . 𝑠𝑒𝑛

Potência aparente: 𝑆 = 𝑉𝑒𝑓 . 𝐼𝑒𝑓

CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA


A maioria das cargas de utilidades domésticas, como máquinas de lavar roupa, aparelhos
de ar-condicionado e refrigeradores, e também industriais como motores de indução, são
indutivas e operam com um fator de potência baixo e com atraso. Embora sua natureza não
possa ser alterada, é possível aumentar seu fator de potência.

O processo de aumentar o fator de potência sem alterar a tensão ou corrente para a carga
original é conhecido como correção do fator de potência.

Uma vez que a maior parte das cargas é indutiva, conforme mostrado na Figura 11(a), o fator
de potência de uma carga é aumentado ou corrigido, instalando-se intencionalmente um
capacitor em paralelo com a carga, conforme indicado na Figura 11(b). O efeito de
acrescentar o capacitor pode ser ilustrado, usando-se o triângulo de potência, ou, então, o
diagrama de fasores das correntes em questão. A Figura 12 mostra esse último, em que se
supõe que o circuito da Figura 11(a) tenha um fator de potência igual a cos , enquanto o da
Figura 11(b) tem um fator de potência igual a 𝑐𝑜𝑠𝐶 . Fica evidente da Figura 12 que
acrescentar o capacitor faz o ângulo da fase entre a tensão e a corrente fornecidas ser
reduzido de  para 𝐶 aumentando, portanto, o fator de potência. Também, percebem-se
que os módulos dos vetores na Figura 12, que com a mesma tensão fornecida, o circuito da
Figura 11(a) drena uma corrente 𝐼𝐿 maior que a corrente 𝐼 absorvida pelo circuito da Figura
11(b).

20
Figura 11 – Correção do fator de potência: (a) carga indutiva original. (b) carga indutiva
com fator de potência aumentado.

Figura 12 – Diagrama de fasores mostrando o efeito de se acrescentar um capacitor em


paralelo com a carga indutiva.

As concessionárias de energia elétrica cobram mais por correntes maiores, pois resultam em
maiores perdas de potência, com um fator ao quadrado, já que 𝑃 = 𝑅 . 𝐼𝐿2 .
Consequentemente, é interessante tanto para a concessionária como para seus
consumidores que se tente de tudo para minimizar o nível de corrente ou manter o fator de
potência o mais próximo possível da unidade. Escolhendo-se um valor adequado para o
capacitor, a corrente pode ser colocada totalmente em fase com a tensão, implicando um
fator de potência unitário.

É possível ver a correção do fator de potência de outra perspectiva. Considerando o triângulo


de potência da Figura 13, se a carga indutiva original tiver potência aparente 𝑆, então:

𝑃 = 𝑆. 𝑐𝑜𝑠

𝑄 = 𝑆. 𝑠𝑒𝑛 = 𝑃. 𝑡𝑔

21
Se houver interesse em aumentar o fator de potência de 𝑐𝑜𝑠 para 𝑐𝑜𝑠𝐶 sem alterar a
potência real, ou seja, 𝑃 = 𝑆𝐶 . 𝑐𝑜𝑠𝐶 , então a nova potência reativa é:

𝑄𝐹 = 𝑃. 𝑡𝑔𝐶

A redução na potência é provocada pelo capacitor shunt, ou seja,

𝑄𝐵𝐶 = 𝑄 − 𝑄𝐹 = 𝑃(𝑡𝑔  𝑡𝑔𝐶 )

Figura 13 – Triângulo de potência ilustrando a correção do fator de potência.

O valor da potência reativa do banco de capacitores (QBC) encontra-se da seguinte forma:


2
𝑉𝑅𝑀𝑆
𝑄𝐵𝐶 = =  𝐶 𝑉𝑅𝑀𝑆
2
𝑋𝐵𝐶

O valor da capacitância shunt 𝐶 necessária é determinada como segue.


𝑄𝐵𝐶 𝑃(𝑡𝑔   𝑡𝑔 𝐶 )
𝐶= =
 𝑉𝑅𝑀𝑆
2
 𝑉𝑅𝑀𝑆
2

Note que a potência média (𝐏) dissipada pela carga não é afetada pela correção do fator de
potência, pois a potência média devida à capacitância é zero.

Embora a situação mais comum na prática seja de uma carga indutiva, também é possível
que a carga seja capacitiva, isto é, a carga está operando com um fator de potência

22
adiantado. Nesse caso, um indutor deveria ser ligado na carga para correção do fator de
potência. A indutância shunt 𝐿 necessária pode ser calculada a partir de,
2 2
𝑉𝑅𝑀𝑆 𝑉𝑅𝑀𝑆
𝑄𝐿 = =
𝑋𝐿 𝐿

2
𝑉𝑅𝑀𝑆
𝐿=
 𝑄𝐿

Onde:
𝑄𝐿 = 𝑄1  𝑄2

Porém, na prática, na maioria das vezes, retiram-se capacitores até adequar o valor do fator
de potência.

Valor RMS ou Eficaz.


O conceito de valor eficaz provém da necessidade de medir a eficácia de uma fonte de tensão
ou de corrente na liberação de potência para uma carga resistiva.

Valor eficaz de uma corrente periódica é a corrente CC que libera a mesma potência média
para um resistor que a corrente periódica.

Figura 14 – Determinação da corrente eficaz: (a) circuito CA; (b) circuito CC.

Na Figura 14, o circuito em (a) é CA, enquanto aquele em (b) é CC. O objetivo é calcular 𝐼𝑒𝑓
que transferirá a mesma potência ao resistor 𝑅 como a senoide 𝑖(𝑡) . A potência média
absorvida pelo resistor no circuito CA é:

1 𝑇 2 𝑅 𝑇2
𝑃 = ∫ 𝑅 𝑖 𝑑𝑡 = ∫ 𝑖 𝑑𝑡
𝑇 0 𝑇 0

Enquanto a potência absorvida pelo resistor no circuito CC é:

2
𝑃 = 𝑅 . 𝐼𝑒𝑓

23
Igualando as duas últimas equações de potências.

1 𝑇 2 𝑅 𝑇 2
𝑃= ∫ 𝑅 𝑖 𝑑𝑡 = ∫ 𝑖 2 𝑑𝑡 = 𝑅 . 𝐼𝑒𝑓
𝑇 0 𝑇 0

O valor da corrente eficaz (𝐼𝑒𝑓 ) é determinado da seguinte forma:

1 𝑇
𝐼𝑒𝑓 = √ ∫ 𝑖 2 𝑑𝑡
𝑇 0

O valor eficaz da tensão (𝑉𝑒𝑓 ) é encontrado da mesma maneira que para a corrente, isto é:

1 𝑇 2
𝑉𝑒𝑓 = √ ∫ 𝑣 𝑑𝑡
𝑇 0

Isso indica que o valor eficaz é a raiz quadrada da média do quadrado do sinal periódico.
Portanto, o valor eficaz é conhecido como raiz do valor médio quadrático (root-mean-
square), ou simplesmente valor RMS, e escreve-se como segue:

𝐼𝑒𝑓 = 𝐼𝑅𝑀𝑆

𝑉𝑒𝑓 = 𝑉𝑅𝑀𝑆

Para qualquer função periódica 𝑥(𝑡) em geral, o valor RMS é dado por:

1 𝑇 2
𝑋𝑅𝑀𝑆 = √ ∫ 𝑥 𝑑𝑡
𝑇 0

O valor eficaz de um sinal periódico é a raiz do valor médio quadrático (RMS).

Para achar o valor RMS de 𝑥(𝑡) é preciso calcular primeiro seu quadrado 𝒙𝟐 e depois a média
deste, ou seja:

1 𝑇 2
∫ 𝑥 𝑑𝑡
𝑇 0

24
E, depois a raiz quadrada (√ ) dessa média. O valor RMS de uma constante é a própria
constante. Para a senoide 𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 . cos 𝑡, o valor eficaz ou RMS é:

1 𝑇 2 2
𝐼𝑚 𝑇
1 𝐼𝑚
𝐼𝑅𝑀𝑆 = √ ∫ 𝐼𝑚 𝑐𝑜𝑠 𝑡 𝑑𝑡 = √ ∫ (1 + cos 2𝑡) 𝑑𝑡 =
2
𝑇 0 𝑇 0 2 √2

De forma similar, para 𝑣(𝑡) = 𝑉𝑚 . cos 𝑡

𝑉𝑚
𝑉𝑅𝑀𝑆 =
√2

𝐼𝑚 𝑉𝑚
As equações 𝐼𝑅𝑀𝑆 = e 𝑉𝑅𝑀𝑆 = , são válidas apenas para sinais senoidais.
√2 √2

A potência média pode ser escrita em termos de valores RMS.

1 𝑉𝑚 𝐼𝑚
𝑃= 𝑉𝑚 𝐼𝑚 𝑐𝑜𝑠(𝑉  𝐼 ) = 𝑐𝑜𝑠(𝑉  𝐼 ) = 𝑉𝑅𝑀𝑆 . 𝐼𝑅𝑀𝑆 . 𝑐𝑜𝑠(𝑉  𝐼 ) = 𝑉𝑅𝑀𝑆 . 𝐼𝑅𝑀𝑆 . 𝑐𝑜𝑠
2 √2 √2

De modo similar, a potência média absorvida por um resistor pode ser escrita como:

2
2
𝑉𝑅𝑀𝑆
𝑃= 𝑅. 𝐼𝑅𝑀𝑆 =
𝑅

Quando uma tensão ou uma corrente senoidal é especificada, normalmente ela é expressa
de seu valor máximo (ou pico) ou de seu valor RMS, já que o valor médio é zero. A indústria
do setor de energia elétrica especifica as magnitudes em termos de seus valores RMS e não
em termos de seus valores de pico. Por exemplo, os 127V disponíveis nas residências é o
valor RMS da tensão da concessionária de energia elétrica. Em análise de potência é
conveniente expressar tensão e corrente em seus valores RMS. Da mesma forma, os
voltímetros e os amperímetros analógicos são projetados para mostrarem diretamente o
valor RMS da tensão e da corrente, respectivamente.

Exemplo 1:
Calcule o valor eficaz de uma forma de onda senoidal, cuja expressão da corrente é:
𝑖(𝑡) = 𝐼𝑚 cos(𝑡 + 𝑖)

2
𝑇=

1 𝑇 1 𝑇 2
𝐼𝑒𝑓 = √ ∫ 𝑖 2 𝑑𝑡 = √ ∫ 𝐼𝑚 𝑐𝑜𝑠 2 (𝑡 + 𝑖 ) 𝑑𝑡
𝑇 0 𝑇 0

25
 2/ 2  2/ 1 1
𝐼𝑒𝑓 = √ ∫ 𝐼𝑚 𝑐𝑜𝑠 2 (𝑡 + 𝑖 ) 𝑑𝑡 = 𝐼𝑚 √ ∫ [ + cos(2𝑡 + 2𝑖 ] 𝑑𝑡
2 0 2 0 2 2

2/ 2/

𝐼𝑒𝑓 = 𝐼𝑚 √ [∫ 1 𝑑𝑡 + ∫ cos(2𝑡 + 2𝑖 ) 𝑑𝑡]
4 0 0

 2/ 𝐼𝑚
𝐼𝑒𝑓 = 𝐼𝑚 √ [𝑡] =
4 0 √2

Exemplo 2:
A forma de onda exibida na figura abaixo é uma onda senoidal retificada de meia onda.
Calcule o valor eficaz da tensão.

𝑇 = 2

𝑣(𝑡) = 10𝑠𝑒𝑛 𝑡 ; 0<𝑡<


𝑣(𝑡) = 0 ;  < 𝑡 < 2

 2
1 𝑇 1
𝑉𝑒𝑓 = √ ∫ 𝑣 2 𝑑𝑡 = √ [∫ (10𝑠𝑒𝑛 𝑡)2 𝑑𝑡 + ∫ 0 𝑑𝑡]
𝑇 0 2 0 

1
𝑠𝑒𝑛2 𝑡 = (1 − 𝑐𝑜𝑠2𝑡)
2

1  100 50  
𝑉𝑒𝑓 =√ ∫ (1 − 𝑐𝑜𝑠2𝑡) 𝑑𝑡 = √ [∫ 1 𝑑𝑡 − ∫ cos 2𝑡 𝑑𝑡]
2 0 2 2 0 0

25 𝑠𝑒𝑛 2𝑡  25
𝑉𝑒𝑓 = √ [𝑡 − ] = √ [] = 5𝑉
 2 0 

26
Exemplo 3:
A forma de onda exibida na figura abaixo é uma onda senoidal retificada de onda completa.
Calcule o valor eficaz da tensão.

𝑇=

𝑣(𝑡) = 100𝑠𝑒𝑛 𝑡 ; 0<𝑡<

1 𝑇 2 1 
𝑉𝑒𝑓 = √ ∫ 𝑣 𝑑𝑡 = √ ∫ (100𝑠𝑒𝑛 𝑡)2 𝑑𝑡
𝑇 0  0

1
𝑠𝑒𝑛2 𝑡 = (1 − 𝑐𝑜𝑠2𝑡)
2

10000  10000  
𝑉𝑒𝑓 = √ ∫ (1 − 𝑐𝑜𝑠2𝑡) 𝑑𝑡 = √ [∫ 1 𝑑𝑡 − ∫ cos 2𝑡 𝑑𝑡]
2 0 2 0 0

10000 𝑠𝑒𝑛 2𝑡  10000 100


𝑉𝑒𝑓 =√ [𝑡 − ] =√ [] = 𝑉
2 2 0 2 √2

27
MÁXIMA TRANSFERÊNCIA DE POTÊNCIA MÉDIA
Considere o circuito na Figura 1, na qual um circuito CA é representado pelo seu equivalente
de Thévenin e é conectado em uma carga 𝑍𝐿 . A carga é usualmente representada por uma
impedância, que pode modelar um motor elétrico, uma antena, uma TV ou afins. Na forma
retangular, a impedância 𝑍𝑡ℎ e a impedância da carga 𝑍𝐿 são expressas como:

𝑍𝑡ℎ = 𝑅𝑡ℎ + 𝑗𝑋𝑡ℎ

𝑍𝐿 = 𝑅𝐿 + 𝑗𝑋𝐿

Figura 1 – Determinando a máxima transferência de potência média: (a) no circuito com


uma carga; (b) no circuito equivalente de Thévenin.

A corrente de pico ou valor máximo (𝐼𝑚 ) através da carga é:

𝑉𝑡ℎ 𝑉𝑡ℎ 𝑉𝑡ℎ 𝑉𝑡ℎ


𝐼𝑚 = = = =
𝑍𝑡ℎ + 𝑍𝐿 (𝑅𝑡ℎ + 𝑗𝑋𝑡ℎ ) + (𝑅𝐿 + 𝑗𝑋𝐿 ) (𝑅𝑡ℎ + 𝑅𝐿 ) + 𝑗(𝑋𝑡ℎ + 𝑗𝑋𝐿 ) 𝑍𝑒𝑞

22 2 2
2
𝑉𝑡ℎ 𝑉𝑡ℎ 𝑉𝑡ℎ 𝑉𝑡ℎ
𝐼𝑚 =( ) = 2 = =
𝑍𝑒𝑞 𝑍𝑒𝑞 (√(𝑅 + 𝑅 )2 + (𝑋 + 𝑋 )2 )2 (𝑅𝑡ℎ + 𝑅𝐿 )2 + (𝑋𝑡ℎ + 𝑋𝐿 )2
𝑡ℎ 𝐿 𝑡ℎ 𝐿

A potência média entregue para a carga é:


1 2
𝑅𝐿 . |𝑉𝑡ℎ |2
𝑃 = 𝑅𝐿 𝐼𝑚 =
2 2 [(𝑅𝑡ℎ + 𝑅𝐿 )2 + (𝑋𝑡ℎ + 𝑋𝐿 )2 ]

Onde o 𝑉𝑡ℎ é o valor de pico ou valor máximo.

O objetivo é ajustar os parâmetros da carga 𝑅𝐿 e 𝑋𝐿 para que 𝑃 seja máximo. A corrente do


circuito é máxima quando a impedância total é mínima. Isso é alcançado através da
definição.
𝑋𝐿 = −𝑋𝑡ℎ

2
𝑅𝐿 = √𝑅𝑡ℎ + (𝑋𝑡ℎ + 𝑋𝐿 )2

28
Conclui-se que para a máxima transferência de potência média 𝑍𝐿 precisa ser selecionado
de modo que 𝑋𝐿 = −𝑋𝑡ℎ e 𝑅𝐿 = 𝑅𝑡ℎ ; isto é:


𝑍𝐿 = 𝑍𝑡ℎ

Ou

𝑅𝐿 + 𝑗𝑋𝐿 = 𝑅𝑡ℎ − 𝑗𝑋𝑡ℎ

Assim, para máxima transferência de potência média, a impedância da carga 𝑍𝐿 , precisa ser
igual ao complexo conjugado da impedância de Thévenin (𝑍𝑡ℎ ).

Esse resultado é conhecido como teorema de máxima potência média transferida para um
regime permanente senoidal. Definindo 𝑅𝐿 = 𝑅𝑡ℎ e 𝑋𝐿 = −𝑋𝑡ℎ na equação abaixo.

1 2
𝑅𝐿 . |𝑉𝑡ℎ |2
𝑃𝑚á𝑥 = 𝑅𝐿 𝐼𝑚 =
2 2 [(𝑅𝑡ℎ + 𝑅𝐿 )2 + (𝑋𝑡ℎ + 𝑋𝐿 )2 ]

A máxima potência média é igual

𝑅𝐿 . |𝑉𝑡ℎ |2 𝑅𝑡ℎ . |𝑉𝑡ℎ |2 𝑅𝑡ℎ . |𝑉𝑡ℎ |2 |𝑉𝑡ℎ |2


𝑃𝑚á𝑥 = = = =
2(𝑅𝑡ℎ + 𝑅𝐿 )2 2(2𝑅𝑡ℎ )2 8𝑅𝑡ℎ 2 8𝑅𝑡ℎ

Onde o 𝑉𝑡ℎ é o valor de pico ou valor máximo.

Porém, se considerar o valor eficaz de 𝑉𝑡ℎ

2
|√2 𝑉𝑡ℎ | |𝑉𝑡ℎ |2
𝑃𝑚á𝑥 = =
8𝑅𝑡ℎ 4𝑅𝑡ℎ

Em uma situação em que a carga é puramente resistiva, a condição para a máxima potência
transferida é obtida da equação abaixo, definindo 𝑋𝐿 = 0.

2
𝑅𝐿 = √𝑅𝑡ℎ + (𝑋𝑡ℎ + 𝑋𝐿 )2 = |𝑍𝑡ℎ |

Isso significa que para a máxima potência média transferida para uma carga puramente
resistiva, a impedância ou a resistência da carga é igual ao módulo (magnitude) da
impedância de Thévenin (𝑍𝐿 = 𝑅𝐿 = |𝑍𝑡ℎ |).

29
CIRCUITOS TRIFÁSICOS

Introdução:
Um sistema de energia CA monofásico é formado por um gerador conectado por meio de
um par de fios (linha de transmissão) a uma carga. A Figura 1(a) representa um sistema
monofásico a dois condutores, em que Vp é a magnitude da tensão da fonte e  é a fase. O
que há de modo geral, na prática, é um sistema monofásico a três condutores como o
mostrado na Figura 1(b), que contém duas fontes idênticas (mesma magnitude e fase) que
são conectadas a duas cargas por dois condutores mais externos e o neutro. Por exemplo,
o sistema doméstico comum usa esse sistema, pois as tensões nos terminais têm a mesma
magnitude e a mesma fase. Um sistema deste permite a conexão tanto de aparelhos para
115 V como para 230 V.

Figura 1 - Sistemas monofásicos: (a) a dois condutores; (b) a três condutores.

Circuitos ou sistemas nos quais as fontes CA operam na mesma frequência, porém, em


fases diferentes, são conhecidos como polifásicos. A Figura 2 ilustra um sistema bifásico a
três condutores e a Figura 3, um sistema trifásico a quatro condutores. Diferentemente de
um sistema monofásico, um sistema bifásico é produzido por um gerador formado por duas
bobinas colocadas perpendicularmente uma em relação à outra de modo que a tensão
gerada por uma está atrasada em 90° em relação à outra. De forma semelhante, um sistema
trifásico é produzido por um gerador formado por três fontes de mesma amplitude e
frequência, porém defasadas entre si por 120°. Uma vez que o sistema trifásico é o sistema
polifásico muito mais frequente e mais econômico, será discutido neste capítulo basicamente
sobre sistemas trifásicos.

Figura 2 - Sistema bifásico a três condutores.


30
Figura 3 - Sistema trifásico a quatro condutores.

Os sistemas trifásicos são importantes em decorrência, pelo menos, de três razões.

Em primeiro lugar, no Brasil quase toda energia elétrica é gerada e distribuída em três fases,
em uma frequência de operação igual a 60 Hz (ou  = 377rad/s), ou 50 Hz (ou  = 314rad/s),
em algumas outras partes do mundo. Quando se precisa de entradas monofásicas ou
trifásicas, elas são extraídas do sistema trifásico em vez de serem geradas de forma
independente. Mesmo quando são necessárias mais de três fases – como na indústria do
alumínio, por exemplo, onde são indispensáveis 48 fases para fins de fusão –, podem ser
fornecidas manipulando-se as três fases fornecidas.

Em segundo lugar, a potência instantânea em um sistema trifásico pode ser constante (não
pulsante), se o sistema for equilibrado. Portanto, a potência instantânea não muda com o
tempo à medida que a potência instantânea de cada fase muda. Esse resultado é verdadeiro
tanto para a carga conectada em triângulo como para a carga conectada em estrela. Isso é
importante, independentemente do sistema trifásico gerar e distribuir energia. Isso resulta
em uma transmissão de energia uniforme e menor vibração das máquinas trifásicas.

Em terceiro lugar, para a mesma quantidade de energia, o sistema trifásico é mais econômico
que o monofásico, pois sua quantidade de condutores necessária é menor.

Serão apresentados inicialmente os sistemas trifásicos com as tensões trifásicas


equilibradas. Em seguida, serão analisadas cada uma das quatro configurações possíveis
dos sistemas trifásicos equilibrados. Também, serão abordados os sistemas trifásicos
desequilibrados. Finalmente, serão aplicados os conceitos para medição de energia elétrica
trifásica e na instalação elétrica residencial.

31
Tensões Trifásicas Equilibradas
As tensões trifásicas são produzidas normalmente por um gerador CA trifásico (ou
alternador) cuja vista em corte é mostrada na Figura 4. Esse gerador é constituído,
basicamente, por um eletroímã rotativo (denominado rotor) envolto por um enrolamento fixo
(denominado estator). Três bobinas ou enrolamentos distintos com terminais a - a’, b - b’ e
c - c’ são dispostos e separados fisicamente a 120° em torno do estator. Os terminais a e a9,
por exemplo, representam um dos terminais da bobina entrando e outro saindo da página. À
medida que o rotor gira, seu campo magnético “corta” o fluxo das três bobinas e induz
tensões nas bobinas. Como elas se encontram separadas a 120°, as tensões induzidas nas
bobinas são iguais em magnitude, porém defasadas por 120° (Figura 5). Uma vez que cada
bobina pode ser considerada ela própria um gerador monofásico, o gerador trifásico é capaz
de fornecer energia tanto para cargas monofásicas quanto trifásicas.

Figura 4 – Gerador trifásico.

Figura 5 – As tensões geradas se encontram afastadas a 120° entre si.

32
Um sistema trifásico típico é formado por três fontes de tensão conectadas a cargas por três
ou quatro fios ou linhas de transmissão. As fontes de corrente trifásicas são pouco comuns.
Um sistema trifásico equivale a três circuitos monofásicos. As fontes de tensão podem ser
interligadas em triângulo, como indicado na Figura 6a, ou então em estrela, como indicado
na Figura 6b.

Figura 6 – Fontes de tensão trifásicas: (a) fonte conectada em estrela; (b) fonte conectada
em triângulo.

Por enquanto, analisando as tensões ligadas em triângulo da Figura 6a. As tensões 𝑉𝑎𝑛 , 𝑉𝑏𝑛
e 𝑉𝑐𝑛 , chamadas tensões de fase, são, respectivamente, aquelas entre as linhas 𝑎, 𝑏 e 𝑐 e o
neutro 𝑛. Se as fontes de tensão tiverem a mesma amplitude e frequência  e estiverem
defasadas por 120°, diz-se que as tensões estão equilibradas. Isso implica

𝑉𝑎𝑛 + 𝑉𝑏𝑛 + 𝑉𝑐𝑛 = 0 (1)

|𝑉𝑎𝑛 | = |𝑉𝑏𝑛 | = |𝑉𝑐𝑛 | (2)

Portanto,
As tensões de fase equilibradas são iguais em magnitude e estão defasadas entre si por
120°.

Por conta dessa defasagem há duas situações possíveis. Uma delas é mostrada na Figura
7a e expressa matematicamente como

𝑉𝑎𝑛 = 𝑉𝑃  0°
𝑉𝑏𝑛 = 𝑉𝑃   120° = 𝑉𝑃  240° (3)
𝑉𝑐𝑛 = 𝑉𝑃   240° = 𝑉𝑃  120°

onde 𝑉𝑃 é o valor eficaz ou valor RMS das tensões de fase. Isso é conhecido como sequência
𝑎𝑏𝑐 ou sequência positiva. Nessa sequência de fases, 𝑉𝑎𝑛 está adiantada em relação a 𝑉𝑏𝑛
que, por sua vez, está adiantada em relação a 𝑉𝑐𝑛 . Essa sequência é produzida quando o
rotor da Figura 4 gira no sentido horário.

33
A outra possibilidade é mostrada na Figura 7b e dada por

𝑉𝑎𝑛 = 𝑉𝑃  0°
𝑉𝑐𝑛 = 𝑉𝑃   120° = 𝑉𝑃  240° (4)
𝑉𝑏𝑛 = 𝑉𝑃   240° = 𝑉𝑃  120°

Figura 7 – Sequências de fases: (a) 𝑎𝑏𝑐 ou sequência positiva; (b) 𝑐𝑏𝑎 ou sequência
negativa.

Isso é denominado sequência 𝑎𝑐𝑏 ou 𝑐𝑏𝑎 ou 𝑏𝑎𝑐, normalmente usada como 𝑐𝑏𝑎 ou
sequência negativa. Para essa sequência de fases, 𝑉𝑎𝑛 está adiantada em relação a 𝑉𝑐𝑛 que,
por sua vez, está adiantada em relação a 𝑉𝑏𝑛 . A sequência 𝑐𝑏𝑎 é produzida quando o rotor
na Figura 4 gira no sentido anti-horário. É fácil demonstrar que as tensões nas Equações (3)
ou (4) satisfazem as Equações (10) e (2). Por exemplo, da Equação (3),

𝑉𝑎𝑛 + 𝑉𝑏𝑛 + 𝑉𝑐𝑛 = 𝑉𝑃  0° + 𝑉𝑃   120° + 𝑉𝑃  120° = 𝑉𝑃 (1 − 0,5 − 𝐽0,866 − 0,5 + 𝐽0,866) = 0


(5)

Sequência de fases é a ordem cronológica na qual as tensões passam através de seus


valores máximos.

A sequência de fases é determinada pela ordem na qual os fasores passam por determinado
ponto no diagrama de fases.

Na Figura 7a, conforme os fasores giram no sentido anti-horário com frequência , passam
pelo eixo horizontal em uma sequência 𝑎𝑏𝑐𝑎𝑏𝑐𝑎𝑏𝑐𝑎 … . Portanto, a sequência é 𝑎𝑏𝑐 ou 𝑏𝑐𝑎
ou 𝑐𝑎𝑏. De modo similar, para os fasores da Figura 7b, à medida que eles forem girando no
sentido anti-horário, passam o eixo horizontal em uma sequência 𝑎𝑐𝑏𝑎𝑐𝑏𝑎𝑐𝑏𝑎 …. Isso

34
descreve a sequência 𝑐𝑏𝑎. Essa sequência de fases é importante em sistemas de
distribuição de energia trifásicos, porque determina, por exemplo, o sentido da rotação de
um motor ligado a uma fonte de energia elétrica.

Assim como nas ligações do gerador, uma carga trifásica pode ser conectada em estrela ou
triângulo, dependendo da aplicação final. A Figura 8a mostra uma carga conectada em
estrela, e a Figura 8b, uma carga conectada em triângulo. A linha neutra na Figura 8a pode
ou não estar lá, dependendo se o sistema for quadrifilar ou trifilar. E, obviamente, uma
conexão neutra é topologicamente impossível para uma conexão em triângulo. Diz-se que
uma carga conectada em estrela ou em triângulo está desequilibrada se as impedâncias por
fase não forem iguais em magnitude ou fase.

Figura 8 – Duas configurações possíveis para cargas trifásicas: (a) carga conectada em
estrela; (b) carga conectada em triângulo.

Uma carga equilibrada é aquela no qual as impedâncias por fase são iguais em magnitude
e fase.

Para uma carga conectada em estrela equilibrada,

𝑍1 = 𝑍2 = 𝑍3 = 𝑍Y (6)

onde 𝑍𝑌 é a impedância de carga por fase.

Para uma carga conectada em triângulo (delta) equilibrada,

𝑍𝑎 = 𝑍𝑏 = 𝑍𝑐 = 𝑍 (7)

onde 𝑍 é, nesse caso, a impedância de carga por fase.

35
Lembrete: Uma carga conectada em estrela consiste em três impedâncias conectadas a um
nó neutro, enquanto uma carga conectada em triângulo é composta por três impedâncias
conectadas em volta de um anel. A carga equilibrada se encontra equilibrada quando as três
impedâncias forem iguais em qualquer um dos casos.

𝑍
𝑍 = 3 . 𝑍Y ou 𝑍Y = (8)
3

Portanto, uma carga conectada em estrela pode ser transformada em uma carga conectada
em triângulo, ou vice-versa, usando a Equação 8.

Como tanto a fonte trifásica quanto a carga trifásica podem estar conectadas em estrela ou
então em triângulo, há quatro conexões possíveis:
• Conexão estrela-estrela (isto é, fonte conectada em estrela com uma carga conectada em
estrela).
• Conexão estrela-triângulo.
• Conexão triângulo-triângulo.
• Conexão triângulo-estrela.

36
Conexão estrela-estrela equilibrada
Está sendo iniciado pelo sistema estrela-estrela, porque qualquer sistema trifásico
equilibrado pode ser reduzido a um sistema estrela-estrela equivalente. Logo, a análise
desse sistema deve ser considerada como a chave para resolução de todos os sistemas
trifásicos equilibrados.

Sistema estrela-estrela equilibrado é um sistema trifásico com uma fonte conectada em


estrela equilibrada e uma carga conectada em estrela equilibrada.

Considerando o sistema estrela-estrela quadrifilar equilibrado da Figura 9, em que uma carga


conectada em estrela é conectada a uma fonte conectada em estrela. Supondo uma carga
equilibrada de modo que as impedâncias de carga sejam iguais. Embora a impedância 𝑍Y
seja a impedância de carga total por fase, ela também pode ser considerada a soma da
impedância da fonte 𝑍𝑆 , a impedância da linha 𝑍ℓ e a impedância de carga 𝑍𝐿 por fase, já
que essas impedâncias estão em série. Como ilustrado na Figura 9, 𝑍𝑆 representa a
impedância interna do enrolamento de fase do gerador; 𝑍ℓ é a impedância da linha que
conecta a fase da fonte com a fase da carga; 𝑍𝐿 é a impedância de cada fase da carga; e 𝑍𝑛
é a impedância da linha neutra.

𝑍Y = 𝑍S + 𝑍ℓ + 𝑍L (9)

Figura 9 – Um sistema estrela-estrela equilibrado mostrando as impedâncias da fonte, da


linha e das cargas.

37
Portanto, geralmente, 𝑍𝑆 e 𝑍ℓ , normalmente são muito pequenas quando comparadas a 𝑍L ,
de modo que se possa supor 𝑍Y = 𝑍L caso não sejam fornecidas as impedâncias da linha ou
da fonte. De qualquer forma, agrupando-se as impedâncias, o sistema estrela-estrela da
Figura 9 pode ser simplificado para aquele mostrado na Figura 10.

Figura 10 – Conexão estrela-estrela equilibrada.

Supondo-se a sequência positiva, as tensões de fase (ou tensões entre linha e neutro) são

𝑉𝑎𝑛 = 𝑉P  0°
𝑉𝑏𝑛 = 𝑉P   120° (10)
𝑉𝑐𝑛 = 𝑉𝑃  + 120°

As tensões de linha-linha ou, simplesmente, as tensões de linha 𝑉𝑎𝑏 , 𝑉𝑏𝑐 e 𝑉𝑐𝑎 estão
relacionadas com as tensões de fase. Por exemplo,

1 √3
𝑉𝑎𝑏 = 𝑉𝑎𝑛 + 𝑉𝑛𝑏 = 𝑉𝑎𝑛  𝑉𝑏𝑛 = 𝑉P  0° 𝑉𝑃   120° = 𝑉𝑃 (1 + 2 + 𝑗 ) = √3 𝑉P  30° (11a)
2

Dessa forma, pode-se obter:

𝑉𝑏𝑐 = 𝑉𝑏𝑛  𝑉𝑐𝑛 = √3 𝑉P   90° (11b)


𝑉𝑐𝑎 = 𝑉𝑐𝑛  𝑉𝑎𝑛 = √3 𝑉P   210° (11c)

Portanto, a magnitude das tensões de linha 𝑉L é √3 vezes a magnitude das tensões de fase
𝑉𝑃 ou
𝑉L = √3 𝑉P (12)

Onde:
𝑉P = |𝑉𝑎𝑛 | = |𝑉𝑏𝑛 | = |𝑉𝑐𝑛 | (13)
𝑉L = |𝑉𝑎𝑏 | = |𝑉𝑏𝑐 | = |𝑉𝑐𝑎 | (14)

38
As tensões de linha estão adiantadas em relação às tensões de fase correspondentes a 30°.
A Figura 11a também mostra como determinar 𝑉𝑎𝑏 das tensões de fase, enquanto a Figura
11b mostra o mesmo para as três tensões de linha. Note que 𝑉𝑎𝑏 está adiantada em relação
a 𝑉𝑏𝑐 por 120° e 𝑉𝑏𝑐 está adiantada em relação a 𝑉𝑐𝑎 por 120°, de modo que a soma das
tensões de linha seja zero como as tensões de fase.

Figura 11 – Diagrama fasorial ilustrando as relações entre tensões de linha e de fases.

Aplicando a LKT a cada fase na Figura 10, são obtidas as correntes de linha, como seguem
as equações (15) a seguir:

𝑉𝑎𝑛
𝐼𝑎 =
𝑍Y

𝑉𝑏𝑛 𝑉𝑎𝑛   120°


𝐼𝑏 = = = 𝐼𝑎   120°
𝑍Y 𝑍Y

𝑉𝑐𝑛 𝑉𝑎𝑛   240°


𝐼𝑐 = = = 𝐼𝑎   240°
𝑍Y 𝑍Y

Pode-se concluir imediatamente que a soma das correntes de linha é zero,

𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 = 0 (16)

De modo que

𝐼𝑛 =  (𝐼𝑎 + 𝐼𝑏 + 𝐼𝑐 ) (17a)

Ou,

𝑉𝑛𝑍 = 𝑍𝑛 . 𝐼𝑛 = 0 (17b)

39
Isto é, a tensão no fio neutro é zero. Portanto, a linha neutra pode ser eliminada sem afetar
o sistema. De fato, na transmissão de energia elétrica em longas distâncias, os condutores
em múltiplos de três são usados com a própria terra atuando como condutor neutro. Os
sistemas de energia elétrica projetados dessa forma são bem aterrados em todos os pontos
cruciais para garantir segurança.

Enquanto a corrente de linha é a corrente em cada linha, a corrente de fase é a corrente em


cada fase da fonte ou carga. No sistema estrela-estrela, a corrente de linha é a mesma que
a corrente de fase. Serão usados subscritos com uma única letra para as correntes de linha,
pois é natural e convencional supor que elas fluem da fonte para a carga.

Uma maneira alternativa de analisar um sistema estrela-estrela equilibrado é fazer como “por
fase”. Observa-se uma fase, a fase 𝑎, por exemplo, e utiliza-se o circuito monofásico
equivalente da Figura 12. A análise monofásica leva à corrente de linha 𝐼𝑎 , como segue:

𝑉𝑎𝑛
𝐼𝑎 = (18)
𝑍Y

A partir da corrente 𝐼𝑎 , é utilizada a sequência de fases para obter outras correntes de linha.
Portanto, desde que o sistema esteja equilibrado, é preciso apenas analisar uma fase. Pode-
se fazer isso mesmo se a linha neutra estivesse ausente, como no sistema trifilar.

Figura 12 – Circuito monofásico equivalente.

40
Conexão estrela-triângulo equilibrada
Um sistema estrela-triângulo consiste em uma fonte conectada em estrela equilibrada
alimentando uma carga conectada em triângulo equilibrada.

O sistema estrela-triângulo equilibrado é mostrado na Figura 13, em que a fonte está


conectada em estrela e a carga, conectada em triângulo. Nesse caso, não há, obviamente,
nenhuma conexão neutra da fonte para a carga.

Figura 13 – Conexão estrela-triângulo.

Suponha a sequência positiva e as tensões de fase são novamente.


𝑉𝑎𝑛 = |𝑉P |  0° 𝑉
𝑉𝑏𝑛 = |𝑉P |   120° 𝑉 (19)
𝑉𝑐𝑛 = |𝑉P |  + 120° 𝑉

|𝑉𝑎𝑛 | = |𝑉𝑏𝑛 | = |𝑉𝑐𝑛 | = 𝑉P

As tensões de linha são:


𝑉𝑎𝑏 = 𝑉P . √3  30° 𝑉 = 𝑉𝐴𝐵
𝑉𝑏𝑐 = 𝑉P . √3   90° 𝑉 = 𝑉𝐵𝐶 (20
𝑉𝑐𝑎 = 𝑉P . √3  150° 𝑉 = 𝑉𝐶𝐴

As tensões de linha são iguais às tensões nas impedâncias de carga para essa configuração
do sistema. A partir dessas tensões, é possível obter as correntes de fase, como segue

41
𝑉𝐴𝐵
𝐼𝐴𝐵 =
𝑍

𝑉𝐵𝐶
𝐼𝐵𝐶 =
𝑍

𝑉𝐶𝐴
𝐼𝐶𝐴 =
𝑍

Essas correntes possuem o mesmo módulo, porém, estão defasadas entre si por 120°.

Outra maneira de se obter essas correntes de fase é aplicar a LKT. Aplicando, por exemplo,
a LKT na malha “aABbna”, tem-se:

𝑉𝑎𝑛 − 𝑉𝐴𝐵 − 𝑉𝑏𝑛 = 0


𝑉𝑎𝑛 − 𝑍 . 𝐼𝐴𝐵 − 𝑉𝑏𝑛 = 0
𝑍 𝐼𝐴𝐵 = 𝑉𝑎𝑛 − 𝑉𝑏𝑛

𝑉𝑎𝑛 − 𝑉𝑏𝑛 𝑉𝑎𝑏 𝑉𝐴𝐵


𝐼𝐴𝐵 = = =
𝑍 𝑍 𝑍

As correntes de linha são obtidas das correntes da fase aplicando a LKC aos nós A, B e C.
𝐼𝑎 = 𝐼𝐴𝐵 − 𝐼𝐶𝐴
𝐼𝑏 = 𝐼𝐵𝐶 − 𝐼𝐴𝐵
𝐼𝑐 = 𝐼𝐶𝐴 − 𝐼𝐵𝐶

Já que 𝐼𝐶𝐴 = 𝐼𝐴𝐵  − 240°

𝐼𝑎 = 𝐼𝐴𝐵 − 𝐼𝐶𝐴 = 𝐼𝐴𝐵 (1 − 1  − 2 40°)


𝐼𝑎 = 𝐼𝐴𝐵 (1 + 0,5 − 𝑗 0,866) = 𝐼𝐴𝐵 (1,5 − 𝑗 0,866) = 𝐼𝐴𝐵 √3  − 30°

Demonstrando que o módulo 𝐼𝐿 da corrente de linha é √3 vezes o módulo 𝐼𝑓 da corrente de


fase.

𝐼𝐿 = 𝐼𝑓 . √3

Onde:

𝐼𝐿 = |𝐼𝑎 | = |𝐼𝑏 | = |𝐼𝑐 |

E;

𝐼𝑓 = |𝐼𝐴𝐵 | = |𝐼𝐵𝐶 | = |𝐼𝐶𝐴 |

42
Da mesma forma, as correntes de linha estão atrasadas em relação às correntes de fase de
30°, supondo uma sequência positiva. A Figura 14 é um diagrama fasorial ilustrando a
relação entre as correntes de linha e de fase.

Figura 15 – Diagrama fasorial ilustrando a relação entre correntes de fase e de linha.

Uma maneira alternativa de analisar o circuito estrela-triângulo é transformar a carga


conectada em triângulo em uma carga conectada em estrela equivalente.

𝑍
𝑍Y =
3

Após essa transformação, temos um sistema estrela-estrela. O sistema trifásico estrela-


triângulo na Figura 13 pode ser substituído pelo circuito monofásico equivalente da Figura
16. Isso permite que calculemos apenas as correntes de linha. As correntes de fase são
obtidas da equação.

𝐼L
𝐼𝑓 =
√3

E utilizando o fato de que cada uma das correntes de fase está adiantada em relação à linha
correspondente a 30°.

Figura 16 – Circuito monofásico equivalente a um circuito estrela equivalente.


43
Conexão triângulo-triângulo equilibrada
Um sistema triângulo-triângulo é aquele no qual tanto a fonte equilibrada quanto a carga
equilibrada estão conectadas em triângulo.

Figura 17 – Uma conexão triângulo-triângulo equilibrada.

Supondo uma sequência positiva, as tensões de fase para uma fonte conectada em triângulo,
são:
𝑉𝑎𝑏 = 𝑉P  0°
𝑉𝑏𝑐 = 𝑉P  − 120°
𝑉𝑐𝑎 = 𝑉P  + 120°

Onde 𝑉P é a magnitude da tensão de fase da fonte.

As tensões de linha são as mesmas que as tensões de fase. Da Figura 18, supondo que não
haja impedâncias de linha, as tensões de fase da fonte conectada em triângulo são iguais
àquelas das tensões nas impedâncias, isto é:
𝑉𝑎𝑏 = 𝑉𝐴𝐵
𝑉𝑏𝑐 = 𝑉𝐵𝐶
𝑉𝑐𝑎 = 𝑉𝐶𝐴

Logo, as correntes de fase são:


𝑉𝐴𝐵 𝑉𝑎𝑏
𝐼𝐴𝐵 = =
𝑍 𝑍

𝑉𝐵𝐶 𝑉𝑏𝑐
𝐼𝐵𝐶 = =
𝑍 𝑍

𝑉𝐶𝐴 𝑉𝑐𝑎
𝐼𝐶𝐴 = =
𝑍 𝑍

44
As correntes de linha são obtidas das correntes de fase aplicando-se a LKC aos nós A, B e
C.
𝐼𝑎 = 𝐼𝐴𝐵 − 𝐼𝐶𝐴
𝐼𝑏 = 𝐼𝐵𝐶 − 𝐼𝐴𝐵
𝐼𝑐 = 𝐼𝐶𝐴 − 𝐼𝐵𝐶

Da mesma forma, como mostrado anteriormente, cada corrente de linha está atrasada em
relação à corrente de fase correspondente a 30°. O módulo 𝐼𝐿 da corrente de linha é √3 vezes
o módulo da corrente de fase.

𝐼𝐿 = 𝐼𝑓 . √3

Uma maneira alternativa de analisar o circuito triângulo-triângulo é converter tanto a fonte


quanto a carga em seus equivalentes estrela.

𝑍
𝑍Y =
3

Conexão triângulo-estrela equilibrada


Um sistema triângulo-estrela é formado por uma fonte conectada em triângulo equilibrada
alimentando uma carga conectada em estrela equilibrada.

Supondo uma sequência positiva, as tensões de fase de uma fonte conectada em triângulo
são:
𝑉𝑎𝑏 = 𝑉P  0°
𝑉𝑏𝑐 = 𝑉P  − 120°
𝑉𝑐𝑎 = 𝑉P  + 120°

Figura 18 – Uma conexão triângulo-estrela equilibrada.

45
Aplicando a LKT à malha “aANBba” na Figura 18, obtem-se:
𝑉𝑎𝑏 − 𝑍Y 𝐼𝑎 + 𝑍Y 𝐼𝑏 = 0
𝑍Y 𝐼𝑎 − 𝑍Y 𝐼𝑏 = 𝑉𝑎𝑏
𝑍Y (𝐼𝑎 − 𝐼𝑏 ) = 𝑉𝑎𝑏 = 𝑉P  0°

𝑉P  0°
𝐼𝑎 − 𝐼𝑏 =
𝑍Y

Mas 𝐼𝑏 está atrasada em relação a 𝐼𝑎 por 120°, já que foi suposta a sequência positiva, isto
e:
𝐼𝑏 = 𝐼𝑎  − 120°

Logo;

1 √3
𝐼𝑎 − 𝐼𝑏 = 𝐼𝑎 (1 − 1  − 120°) = 𝐼𝑎 (1 + + 𝑗 ) = 𝐼𝑎 √3  30°
2 2

(𝑉P⁄√3)  − 30°
𝐼𝑎 =
𝑍Y

𝐼𝑏 = 𝐼𝑎  − 120°

𝐼𝑐 = 𝐼𝑎  + 120°

Outra forma de se obter as correntes de linha seria substituir a fonte conectada em triângulo
pela sua fonte conectada em estrela equivalente, como mostrado na Figura 19. Como já foi
visto, em uma sequência positiva, as tensões de linha de uma fonte conectada em estrela
estão adiantadas em relação às suas tensões de fase correspondente a 30°.

Figura 19 – Transformação de uma fonte conectada em triângulo em uma fonte conectada


em estrela equivalente.

46
Consequentemente, obtêm-se cada tensão de fase da fonte, conectada em estrela
equivalente, dividindo a tensão de linha, correspondente da fonte conectada em triângulo por
√3 e deslocando sua fase em  30°. Portanto, a fonte conectada em estrela equivalente
apresenta as seguintes tensões de fase:

𝑉P
𝑉𝑎𝑛 =  − 30°
√3

𝑉P
𝑉𝑏𝑛 =  − 150°
√3

𝑉P
𝑉𝑐𝑛 =  + 90°
√3

Se a fonte conectada em triângulo tiver uma impedância 𝑍𝑆 por fase, a fonte conectada em
estrela equivalente terá uma impedância de fonte igual a 𝑍𝑆 ⁄√3 por fase.

Assim que a fonte for transformada em estrela, o circuito se torna um sistema estrela-estrela.
Consequentemente, é possível usar o circuito monofásico equivalente mostrado na Figura
20, a partir do qual a corrente de linha por fase 𝑎 é:

𝑉P⁄√3  − 30°
𝐼𝑎 =
𝑍Y

Figura 20 – Circuito monofásico equivalente.

De forma alternativa, é possível transformar a carga conectada em estrela em uma carga


conectada em triângulo equivalente. Isso resulta em um sistema triângulo-triângulo.

𝑉P
𝑉𝐴𝑁 = 𝑍Y 𝐼𝑎 =  − 30°
√3

𝑉𝐵𝑁 = 𝑉AN  − 120°

𝑉𝐶𝑁 = 𝑉AN  + 120°

47
A Tabela a seguir traz um resumo das fórmulas para correntes e tensões de fase e correntes
e tensões de linha para as quatro conexões. As fórmulas sempre podem ser obtidas
diretamente aplicando a LKC e LKT aos circuitos trifásicos equilibrados apropriados.

48
Wattímetros e Cargas em Estrela a Quatro Condutores
Um wattímetro é um instrumento com uma bobina de potencial e uma bobina de corrente,
arranjadas de forma que sua deflexão seja proporcional a 𝑉𝐼𝑐𝑜𝑠, onde  é o ângulo entre a
tensão e a corrente. Uma carga ligada em estrela, a quatro condutores, exige três
wattímetros com um medidor em cada linha, como mostra a figura abaixo.

O diagrama de fasores da Figura abaixo admite uma corrente atrasada na fase A e adiantada
nas fases B e C, com ângulo de fase 𝐴 , 𝐵 e 𝐶 , respectivamente, onde:

𝐴 = 𝑉𝐴𝑁 − 𝐼𝐴
𝐵 = 𝑉𝐵𝑁 − 𝐼𝐵
𝐶 = 𝑉𝐶𝑁 − 𝐼𝐶

49
As leituras dos wattímetros são, então:

𝑊𝐴 = 𝑉𝐴𝑁 . 𝐼𝐴 . cos (𝑉𝐴𝑁 − 𝐼𝐴 )


𝑊𝐵 = 𝑉𝐵𝑁 . 𝐼𝐵 . cos (𝑉𝐵𝑁 − 𝐼𝐵 )
𝑊𝐶 = 𝑉𝐶𝑁 . 𝐼𝐶 . cos (𝑉𝐶𝑁 − 𝐼𝐶 )

O wattímetro 𝑊𝐴 lê a potência na fase A e os wattímetros 𝑊𝐵 e 𝑊𝐶 leem nas fases B e C,


respectivamente. A potência total (trifásica) é:

𝑃𝑇 = 𝑊𝐴 + 𝑊𝐵 + 𝑊𝐶

Método dos Dois Wattímetros


A potência total em uma carga trifásica a três condutores é obtida pela soma das leituras de
dois wattímetros ligados em duas linhas quaisquer, estando suas bobinas ligadas à terceira
linha, como mostra a Figura abaixo.

As leituras dos wattímetros são:

𝑊𝐴 = 𝑉𝐴𝐵 . 𝐼𝐴 . cos (𝑉𝐴𝐵 − 𝐼𝐴 )


𝑊𝐶 = 𝑉𝐶𝐵 . 𝐼𝐶 . cos (𝑉𝐶𝐵 − 𝐼𝐶 )

50
Aplicando a lei de Kirchhoff para as correntes nos nós A e C da carga em triângulo, tem-se:

𝐼𝐴 = 𝐼𝐴𝐵 + 𝐼𝐴𝐶
𝐼𝐶 = 𝐼𝐶𝐴 + 𝐼𝐶𝐵

Substituindo nas Equações de 𝑊𝐴 e 𝑊𝐶 os valores de 𝐼𝐴 e 𝐼𝐶 , temos:

𝑊𝐴 = 𝑉𝐴𝐵 . 𝐼𝐴𝐵 . cos (𝑉𝐴𝐵 − 𝐼𝐴𝐵 ) + 𝑉𝐴𝐵 . 𝐼𝐴𝐶 . cos (𝑉𝐴𝐵 − 𝐼𝐴𝐶 )
𝑊𝐶 = 𝑉𝐶𝐵 . 𝐼𝐶𝐴 . cos (𝑉𝐶𝐵 − 𝐼𝐶𝐴 ) + 𝑉𝐶𝐵 . 𝐼𝐶𝐵 . cos (𝑉𝐶𝐵 − 𝐼𝐶𝐵 )

Os termos 𝑉𝐴𝐵 . 𝐼𝐴𝐵 . cos (𝑉𝐴𝐵 − 𝐼𝐴𝐵 ) e 𝑉𝐶𝐵 . 𝐼𝐶𝐵 . cos (𝑉𝐶𝐵 − 𝐼𝐶𝐵 ) são facilmente
identificados como as potências nas fases AB e CB da carga. Os dois termos
restantes contem 𝑉𝐴𝐵 𝐼𝐴𝐶 e 𝑉𝐶𝐵 𝐼𝐶𝐴 que, agora, podem ser escritos como 𝑉𝐿 𝐼𝐴𝐶 , já
que 𝑉𝐴𝐵 e 𝑉𝐶𝐵 são tensões de linha e 𝐼𝐴𝐶 = 𝐼𝐶𝐴 . Para identificar esses dois
termos, construímos o diagrama de fasores representada na Figura abaixo,
onde admitimos a corrente 𝐼𝐴𝐶 atrasada de , em relação a 𝑉𝐴𝐶 .

Do diagrama, escrevemos:

𝑉𝐴𝐵 − 𝐼𝐴𝐶 = 60° + 


𝑉𝐶𝐵 − 𝐼𝐶𝐴 = 60° − 

51
Somando, agora, os dois termos que restaram nas Equações de 𝑊𝐴 e 𝑊𝐶 e substituindo
vem 60°+ e 60°  por seus valores em 𝑉𝐶𝐵 − 𝐼𝐶𝐴 e 𝑉𝐴𝐵 − 𝐼𝐴𝐶 .

𝑉𝐿 𝐼𝐴𝐶 cos(60° + ) + 𝑉𝐿 𝐼𝐴𝐶 cos(60° − )

Como:

cos(a ± b) = cos a cos 𝑏 ∓ 𝑠𝑒𝑛 𝑎 𝑠𝑒𝑛 𝑏

Escrevemos:

𝑉𝐿 𝐼𝐴𝐶 (𝑐𝑜𝑠 60°𝑐𝑜𝑠 − 𝑠𝑒𝑛 60°𝑠𝑒𝑛 + cos 60° 𝑐𝑜𝑠 + 𝑠𝑒𝑛 60°𝑠𝑒𝑛)
√3 √3
𝑉𝐿 𝐼𝐴𝐶 (0,5 𝑐𝑜𝑠 − 𝑠𝑒𝑛 + 0,5 𝑐𝑜𝑠 + 𝑠𝑒𝑛)
2 2

VL IAC cos 

Essa equação é a potência na fase restante da carga, a fase AC. Verifica-se, assim, que dois
wattímetros indicam a carga total numa carga ligada em triângulo.

Aplicação do Método dos Dois Wattímetros a Cargas Equilibradas


Para mostrar a aplicação do método a cargas equilibradas, consideremos as três
impedâncias iguais, ligadas em estrela, mostradas na Figura.

52
A Figura abaixo apresenta o diagrama de fasores para a sequência ABC, admitindo-se a
corrente atrasada de um ângulo .

Com os wattímetros nas linhas A e C suas leituras são:

𝑊𝐴 = 𝑉𝐴𝐵 . 𝐼𝐴 . cos (𝑉𝐴𝐵 − 𝐼𝐴 )


𝑊𝐶 = 𝑉𝐶𝐵 . 𝐼𝐶 . cos (𝑉𝐶𝐵 − 𝐼𝐶 )

Do diagrama de fasores:

(𝑉𝐴𝐵 − 𝐼𝐴 ) = 30° + 


(𝑉𝐶𝐵 − 𝐼𝐶 ) = 30° − 

Substituindo:

𝑊𝐴 = 𝑉𝐴𝐵 . 𝐼𝐴 . cos (𝑉𝐴𝐵 − 𝐼𝐴 ) = 𝑉𝐴𝐵 𝐼𝐴 𝑐𝑜𝑠(30° + )


𝑊𝐶 = 𝑉𝐶𝐵 . 𝐼𝐶 . cos (𝑉𝐶𝐵 − 𝐼𝐶 ) = 𝑉𝐶𝐵 𝐼𝐶 𝑐𝑜𝑠(30° − )

Quando o método dos dois wattímetros é usado numa carga equilibrada, as leituras são:

𝑊1 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos(30° + )
𝑊2 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 cos(30° − )

Onde  é o ângulo da impedância.

As duas leituras podem ser empregadas para a determinação do ângulo .

53
Escrevendo a expressão de 𝑊1 e usando o cosseno da soma de dois ângulos, têm-se:

𝑊1 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 (𝑐𝑜𝑠30° 𝑐𝑜𝑠 − 𝑠𝑒𝑛30° 𝑠𝑒𝑛)

Da mesma maneira;

𝑊2 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 (𝑐𝑜𝑠30° 𝑐𝑜𝑠 + 𝑠𝑒𝑛30° 𝑠𝑒𝑛)

√3 1 √3 1
Assim, a soma 𝑊1 + 𝑊2 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 ( 𝑐𝑜𝑠 − 𝑠𝑒𝑛 + 𝑐𝑜𝑠 + 𝑠𝑒𝑛) = √3𝑉𝐿 𝐼𝐿 𝑐𝑜𝑠
2 2 2 2

𝑊1 + 𝑊2
𝑐𝑜𝑠 =
√3 𝑉𝐿 𝐼𝐿

Assim, a diferença:
√3 1 √3 1
𝑊2 − 𝑊1 = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 ( 𝑐𝑜𝑠 + 𝑠𝑒𝑛 − 𝑐𝑜𝑠 + 𝑠𝑒𝑛) = 𝑉𝐿 𝐼𝐿 𝑠𝑒𝑛
2 2 2 2

𝑊2 − 𝑊1
𝑠𝑒𝑛 =
𝑉𝐿 𝐼𝐿

Então:
𝑠𝑒𝑛 𝑊2 − 𝑊1
𝑡𝑔 = = √3 ( )
𝑐𝑜𝑠 𝑊1 + 𝑊2

Portanto, a tangente do ângulo da impedância 𝐙 é √3 vezes a relação entre a diferença e a


soma das leituras dos dois wattímetros. Sem conhecer as linhas em que os medidores estão
localizados, nem a sequência do sistema, é impossível definir-se o sinal de . Entretanto,
quando se conhecem a sequência e a localização dos medidores, o sinal pode ser
determinado pelas seguintes expressões:

Sequência ABC
𝑊𝐴 − 𝑊𝐵 𝑊𝐵 − 𝑊𝐶 𝑊𝐶 − 𝑊𝐴
𝑡𝑔 = √3 ( ) = √3 ( ) = √3 ( )
𝑊𝐴 + 𝑊𝐵 𝑊𝐵 + 𝑊𝐶 𝑊𝐶 + 𝑊𝐴

Sequência CBA
𝑊𝐵 − 𝑊𝐴 𝑊𝐶 − 𝑊𝐵 𝑊𝐴 − 𝑊𝐶
𝑡𝑔 = √3 ( ) = √3 ( ) = √3 ( )
𝑊𝐵 + 𝑊𝐴 𝑊𝐶 + 𝑊𝐵 𝑊𝐴 + 𝑊𝐶

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