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Uma função de energia potencial que é frequentemente utilizada para descrever a

energia potencial experimentada pelos elétrons em uma molécula como o iodo é o


Potencial de Morse (1).

𝑉 (𝑟) = 𝐷𝑒 (1 − 𝑒 −𝛼(𝑟−𝑟𝑒) )2 (1)

Onde De é a profundidade do poço, isto é, a energia do fundo do poço para


dissociar a ligação, re é a distância internuclear de equilíbrio entre os átomos de iodo em
um determinado estado ligado e r é a distância internuclear.

A constante α é definida em termos de várias constantes moleculares fundamentais


(2), onde 𝑣𝑒− é a frequência de vibração harmônica, número de onda em cm-1 da molécula
no dado meio eletrônico estado, e μ é a massa reduzida.

𝜋𝑐𝜇 1
𝛼 = 𝑣𝑒− ( )2 (2)

𝐷𝑒 2𝜋

O valor de 𝑣𝑒− é diferente em cada estado eletrônico, pois depende da força de


ligação, que é diferente em cada estado eletrônico, em energia eletrônica de alta energia
os estados correspondem a títulos mais fracos. Embora o potencial de Morse seja muito
mais realista do que o potencial da lei de Hooke, harmônica, aproximação das ligações a
uma mola, não é a função potencial mais precisa disponível. Entretanto, a equação de
Schroedinger pode ser resolvida com o potencial de Morse, que é uma vantagem
considerável.

As energias vibracionais, Evib, que resultam da solução da equação de


Schroedinger usando um Potencial Morse podem ser descritas como (3), onde v é o
número quântico vibracional e Xe é a constante de anarmonicidade, que é dada por (4).

1 1 2
𝐸𝑣𝑖𝑏 (𝑣) = 𝑣𝑒− (𝑣 −
− ) − 𝑣𝑒 𝑋𝑒 (𝑣 − ) (3)
2 2
𝑣𝑒−
𝑋𝑒 = (4)
4𝐷𝑒

Dadas essas informações é possível analisar os dados da prática, o primeiro passo


era usar a equação para o potencial de Morse (1) para calcular as energias potenciais V(r)
tanto para as vibrações do estado fundamental quanto para os estados excitados, para tal
foi nos fornecido as seguintes informações da Tabela 1 para um intervalo de r = 2,2 a 6,0
Å, com incrementos de 0,01 Å inserindo uma linha adicional no meio para incluir a
distância de equilíbrio do estado fundamental r = re .

Tabela 1 – Valores da literatura para I2 gasoso [4].

Em pose das informações foi possível calcular parâmetros essenciais como a


massa reduzida (5) e a constante α.

𝑚∗𝑚 𝑚2 𝑚 126,905
𝜇= = = = = 63,4525 𝑢. 𝑚. 𝑎 (5)
𝑚+𝑚 2𝑚 2 2
1
2
𝜋𝑐𝜇
𝛼 = 𝑣𝑒− ( ) = 1,52 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑓𝑢𝑛𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙

𝐷𝑒 2𝜋

𝜋𝑐𝜇 1
𝛼 = 𝑣𝑒− ( )2 = 1,70 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑥𝑐𝑖𝑡𝑎𝑑𝑜

𝐷𝑒 2𝜋

Assim pode-se calcular os potencias de Morse para o estado fundamental e


excitado nas distancias pedidas e assim plotar o gráfico da Figura 1. Lembrando que é
preciso adicionar a energia eletrônica do estado excitado, Te', Tabela 1, para a curva
vibracional do estado excitado para obter a energia total para o sistema vibrônico excitado
(6).

′ ′
𝐸𝑡𝑜𝑡 = 𝐸𝑣𝑖𝑏 + 𝑇𝑒′ (6)

1
30000

25000

20000

15000

10000

5000

0
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6
-5000

Estado Vibracional Estado Excitado

Figura 1 - Curva da energia potencial em função da distância internuclear para o estado


eletrônico fundamental e o excitado do iodo.

Na Figura 1 pode-se desenhar uma linha vertical reta a partir da posição central,
re, da menor curva de energia potencial até a intersecção da curva de energia superior,
Figura 2.

30000

25000

20000

15000

10000

5000

0
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6
-5000

Estado Vibracional Estado Excitado Linha vertical

Figura 2 - Curva da energia potencial em função da distância internuclear para o estado


eletrônico fundamental e o excitado do iodo com linha vertical.

Usando a tabela de valores calculados, utilizados para gerar os gráficos das


Figuras 1 e 2, é possível determinar os valores de E'vib + Te’ e E'vib no ponto de interseção
de r = re (estado fundamental).

E’vib = 3616,41 cm-1

2
E'vib + Te’ = 19385,42 cm-1

Usando a equação (3) pode-se determinar o número quântico correspondente a


esse estado excitado vibracional, para isso foram testados números de 0 a 39, uma vez
que J=1,2,3... A energia mais próxima da calculada, E’vib = 3616,41 cm-1, foi a de número
quântico 37, como pode-se observar na Tabela 2.

Tabela 2 – Energias vibracionais calculadas com a equação (3) para diferentes valores
de J.

J E vib (cm-1) J E vib (cm-1) J E vib (cm-1) J E vib (cm-1)


0 62,65745 10 1235,565 20 2255,632 30 3122,859
1 186,826 11 1344,45 21 2349,233 31 3201,175
2 309,4662 12 1451,806 22 2441,305 32 3277,964
3 430,578 13 1557,634 23 2531,849 33 3353,223
4 550,1614 14 1661,933 24 2620,864 34 3426,954
5 668,2164 15 1764,704 25 2708,351 35 3499,157
6 784,7429 16 1865,946 26 2794,309 36 3569,832
7 899,7411 17 1965,66 27 2878,739 37 3638,978
8 1013,211 18 2063,846 28 2961,641 38 3706,595
9 1125,152 19 2160,503 29 3043,014 39 3772,684
Usando as Energias vibracionais obtidas é possível calcular a energia de transição
v-v’ a parit da equação (6).

∆𝐸𝑣−𝑣′ = [𝐸′𝑣𝑖𝑏 + 𝑇′𝑒 ] − 𝐸 ′ 𝑣𝑖𝑏 (6)

Contudo esse valor não é real até que consideremos a energia do ponto zero da
vibração do estado fundamental e a energia de transição eletrônica. Pode-se calcular a
energia do ponto zero por meio das equações (7), (8) e (9).

ℎ ℎ
𝐸 = ℎ𝑣 = 2𝜋𝑣 = 𝜔 (7)
2𝜋 2𝜋
𝑐
𝜔 = 2𝜋𝑣 = 2𝜋 = 2𝜋𝑐𝑣 − (8)
𝜆
ℎ ℎ ℎ
𝐸0 = 𝜔= ∗ (2𝜋𝑐𝑣 − ) = 𝑐𝑣 − (9)
4𝜋 4𝜋 2
ℎ −
𝐸0 = 𝑐𝑣 = 2,13 10−21 𝐽
2
Desta maneira temos que a energia de transição é:

[𝐸 ′ 𝑣𝑖𝑏 + 𝑇 ′ 𝑒 ] − 𝐸 ′ 𝑣𝑖𝑏 = 15769,01 𝑐𝑚−1 𝑜𝑢 1,24 10−19 𝐽

3
∆𝐸𝑣−𝑣′ = 1,22 10−19 𝐽

Pela equação (10) é possível saber o comprimento de onda dessa transição.

𝑐
𝐸 = ℎ𝑣 = ℎ (10)
𝜆

𝜆 = 6,45 10−5 𝑐𝑚 = 645 𝑛𝑚

Esse comprimento de onda corresponde, aproximadamente, a cor laranja que é


justamente a cor complementar a púrpura que é a cor do I2, a transição que é detectada
pelo espectro visível.

1. REFERÊNCIAS

[1] BASSI, Adalberto BMS. Conceitos fundamentais em espectroscopia. Revista


Chemkeys, n. 9, p. 1-14, 2001.

[2] SALA, Oswaldo. I2-uma molécula didática. Quimica nova, v. 31, n. 4, p. 914-920,
2008.

[3] FALL. Experimental Physical Chemistry. 2004.

[4] -, Apostila de Espectroscopia. UFABC. 2019.

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