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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA


DISCIPLINA: ELETRÔNICA DE POTÊNCIA
DOCENTE: OLYMPIO CIPRIANO DA SILVA FILHO

Retificador trifásico não controlado com ponto médio e carga


resistiva

DISCENTE: THAYSA DANIELLY SOARES DA MOTA - 2018022084

MOSSORÓ/RN
2021
1. INTRODUÇÃO
No que tange o estudo relacionado a transmissão e distribuição de energia
elétrica, far-se-á necessário que esta seja dimensionada de maneira tal que seu
planejamento seja o mais fidedigno possível, prevendo possíveis compensações ou
alterações nessas linhas de transmissão, bem como o emprego de componentes que
realizem a conversão de energia, de potência, de corrente elétrica, tensão e entre outros
parâmetros.
Um retificador, segundo Hart (2012), é um equipamento capaz de converter uma
corrente CA em CC, com finalidade de produzir uma saída que é puramente contínua ou
uma forma de onda de tensão ou corrente que possui uma componente CC especificada.
Um retificador trifásico pode tanto converter a energia de geração para uma LT, como
também retificar a energia elétrica trifásica para alimentar determinados aparelhos
eletrônicos que dependem dessa conversão para seu funcionamento.
Como se tem vários modelos de retificadores trifásicos adota-se o modelo de
retificador trifásico não controlado de ponto médio com carga resistiva para se efetuar o
referido estudo sobre essa modelagem de circuito. Tal retificador assemelhasse a um
conjunto de retificadores monofásicos de meia onda, com cada diodo ligado em cada
fase desse sistema. A utilização do diodo é o que caracteriza esse modelo ser não
controlado, visto que esse semicondutor permite a passagem da corrente em apenas um
sentido, sem qualquer tipo de chaveamento que permita a interrupção desse dispositivo
ou o controle deste. Dessa maneira, o circuito desse tipo de retificador é mostrado
adiante:
Figura 1 – Retificador trifásico não controlado de ponto médio e carga resistiva.

Fonte: Barbi (2005).


Através desse modelo é possível notar que cada diodo irá conduzir a corrente
desse circuito em um determinado período de tempo, correspondente a 120° elétricos da
tensão da rede, como se pode observar na Figura 2 a seguir:
Figura 2 – Formas de onda para o circuito da Figura 1.

Fonte: Barbi (2005).


Usualmente esse tipo de circuito não é aplicado, pois nessa conexão a corrente
média na entrada apresenta um valor de nível médio diferente de zero, onde esse nível
contínuo pode levar à saturação elementos magnéticos presentes no sistema – como
transformadores e indutores – prejudicando assim o sistema.

2. DESENVOLVIMENTO
De acordo com o script do projeto, a tensão de entrada CA será de 220 V rms –
60hz e a potência de saída – na carga – será igual ao produto entre os dois últimos
números da matricula de quem redige esse artigo por 10. Assim sendo, a potência
utilizada será de 840 W. Logo, a fim de se obter a resistência que será utilizada, é
necessário saber o valor da tensão média a qual essa carga está sendo submetida.
Segundo Barbi (2005), a expressão algébrica para se obter o valor de tensão média na
carga é mostrado na Equação 1:
(1)

1 𝑇
𝐶𝐴𝑅𝐺𝐴: 𝑉𝐿𝑚é𝑑 = ∫ 𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜 sin(𝜔𝑡) 𝑑(𝜔𝑡) ∴ 𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 = √2𝑉𝑅𝑀𝑆𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒
𝑇 0
3 5𝜋/6
𝑉𝐿𝑚é𝑑 = ∫ √2 ∗ 𝑉𝑅𝑀𝑆𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 ∗ sin(𝜔𝑡) 𝑑(𝜔𝑡)
2𝜋 𝜋/6
Desenvolvendo essa integral, tem-se:
3 ∗ √3 ∗ √2 ∗ 𝑉𝑅𝑀𝑆𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒
𝑉𝐿𝑚é𝑑 =
2∗𝜋
O valor de tensão eficaz na carga é dado por:

1 𝑇
𝑉𝑅𝑀𝑆𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = √ ∫ [𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 sin(𝜔𝑡)]2 𝑑(𝜔𝑡)
𝑇 0

Desenvolvendo-a, tem-se:

3 5𝜋/6
𝑉𝑅𝑀𝑆𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = √ ∫ [𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 ∗ sin(𝜔𝑡)]2 𝑑(𝜔𝑡)
2𝜋 𝜋/6

𝑉𝑅𝑀𝑆𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 0,84 ∗ 𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 = 0,84 ∗ √2 ∗ 𝑉𝑅𝑀𝑆𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒

Os limites dessa integração são definidos através do tempo de condução de cada


diodo desse circuito, adotando os limites do diodo 1, o intervalo de integração é o
utilizado na explanação da Equação 1.
Dessa forma, substituindo os valores dados no script, tem-se que a tensão na
carga, média e eficaz é:

3 ∗ √3 ∗ √2 ∗ 220
𝑉𝐿𝑚é𝑑 = = 257,299 ≅ 257,30 𝑉
2∗𝜋
𝑉𝑅𝑀𝑆𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 = 0,84 ∗ √2 ∗ 220 ≅ 261,35 𝑉
Logo, para encontrar o valor referente ao resistor empregado nesse projeto
utiliza a Equação 2 a seguir:
(2)
𝑉𝑅𝑀𝑆𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ² 𝑉𝑅𝑀𝑆𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 ² 261,35²
𝑃= ∴ 𝑅= = = 81,315 Ω
𝑅 𝑃 840
De acordo com a tabela de resistores comerciais da Figura 3, utiliza-se o resistor
de 82 Ω.

Figura 3 – Tabela RETMA


Fonte: Disponível em: https://www.mundodaeletrica.com.br/aprenda-como-calcular-
resistor-para-led/

Agora, utilizando desses valores é possível encontrar a corrente média na carga


resistiva que segundo Barbi (2005) é dada pela Equação 3 a seguir:
(3)
𝑉𝐿𝑚é𝑑 257,30
𝐼𝐿𝑚é𝑑 = = = 3,1378 𝐴
𝑅 82
E com ela, sabendo que pela lei das correntes nos nós essa corrente é a soma das
correntes nos diodos, logo a corrente que passa pelo diodo 1, assim como nos demais
será de

𝐼𝐿𝑚é𝑑 3,1378
𝐼𝑑𝑖𝑜𝑑𝑜 = = = 1,045 𝐴
3 3
Ainda através de Barbi (2005), tem-se que o valor eficaz da corrente em cada
diodo é dada pela Equação 4:
(4)
3 5𝜋/6 𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒
𝐼𝑅𝑀𝑆𝑑𝑖𝑜𝑑𝑜 =√ ∫ [ ∗ sin(𝜔𝑡)]2 𝑑(𝜔𝑡)
2𝜋 𝜋/6 3∗𝑅

Onde: 𝑉𝑝𝑖𝑐𝑜𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 = √2𝑉𝑅𝑀𝑆𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒 , logo

1 5𝜋/6 √2𝑉𝑅𝑀𝑆𝑓𝑜𝑛𝑡𝑒
𝐼𝑅𝑀𝑆𝑑𝑖𝑜𝑑𝑜 = √ ∫ [ ∗ sin(𝜔𝑡)]2 𝑑(𝜔𝑡)
2𝜋 𝜋/6 𝑅

Desenvolvendo essa expressão, teremos:


𝐼𝑅𝑀𝑆𝑑𝑖𝑜𝑑𝑜 = 0,59 ∗ 𝐼𝐿𝑚é𝑑
Assim sendo, a corrente eficaz em cada um dos diodos será de:
𝐼𝑅𝑀𝑆𝑑𝑖𝑜𝑑𝑜 = 0,59 ∗ 𝐼𝐿𝑚é𝑑
𝐼𝑅𝑀𝑆𝑑𝑖𝑜𝑑𝑜 = 0,59 ∗ 3,1378 ≅ 1,85 𝐴
De posse dessas informações, projeta-se o circuito, utilizando o software PSIM e
analisa os resultados obtidos.

3. SIMULAÇÃO UTILIZANDO O PSIM


O circuito projetado com esse trabalho é composto por três fontes em sequência
positiva e defasadas em 120°, onde cada uma representa uma fase desse sistema
trifásico, ligadas em série, cada uma, a um diodo ideal, por fim esse conjunto alimenta
uma carga em série puramente resistiva, como ilustra a Figura 4 adiante:

Figura 4 – Projeto de um Retificador não controlado de ponto médio e carga


resistiva

Fonte: Autoria própria (2021).


Através desse esquema, tem-se a obtenção das formas de onda de tensão e
corrente de entrada, na carga e no diodo, mostradas pelas Figuras 5, 6, 7, 8 e 9.

Figura 5 – Forma de onda da fonte trifásica.


Fonte: Autoria Própria (2021).

Figura 6 – Forma de onda na carga (em roxo).

Fonte: Autoria Própria (2021).


Figura 7 – Forma de tensão nos diodos (em vermelho).

Fonte: Autoria própria (2021)

Figura 8 – Forma de onda de corrente da fonte.

Fonte: Autoria Própria.


Nota-se com essa imagem, perfeitamente, a atuação de cada diodo –
representado por cores diferentes.
Figura 9 – Forma de onda da corrente na carga resistiva (em rosa).

Fonte: Autoria Própria (2021).

Os valores obtidos com essa simulação estão mostrados na Figura 10 adiante:


Figura 10 – Valores obtidos na simulação do PSIM

Fonte: Autoria Própria (2021).


As Figuras 11, 12 e 13 mostram os espectros da corrente no diodo, tensão na
carga e corrente na carga.
Figura 11 – Espectro de corrente no diodo.

Fonte: Autoria Própria (2021)

Figura 12 – Espectro de tensão na carga.

Fonte: Autoria Própria (2021).


Figura 13 – Espectro de corrente na carga.

Fonte: Autoria Própria (2021).

4. CONCLUSÕES
Como visto anteriormente, através dos resultados obtidos, pode-se ver graficamente o
comportamento pulsante da forma de onda da tensão e da corrente na carga, devido ao
comportamento das tensões trifásicas e dos diodos em condução, onde cada pulso é
ocasionado pela condução, em seu referido tempo, de cada um dos diodos utilizados em
cada fase desse sistema.
Nota-se que na condução do diodo na Figura 7, a forma de crista dupla se
explica pelo fato de que quando em condução o diodo ideal comporta-se como um fio,
não possuindo assim tensão, e enquanto esse está bloqueado pela condução dos demais
diodos, sua forma de onda de tensão é a sobreposição das tensões das outras fases, com
amplitude maior devido a frequência dos pulsos ser três vezes a freqüência de cada
fonte, logo 180 Hz.
É também perceptível que tanto corrente como tensão, na carga, possuem o
mesmo comportamento gráfico, estando assim ambas em mesma fase de ângulo. Todo
esse comportamento justificado, também, pela condução individual de cada diodo.
Através dos comportamentos observados nos espectros de corrente e tensão na
carga é possível constatar que a maior parcela atribuída está nas primeiras harmônicas,
já na corrente de entrada, aquela vista dos diodos, possuem diversas contribuições
iniciais devidos seu comportamento de condução e bloqueio presentes no circuito.
Dessa forma, concluindo o referido trabalho constatando que tanto os valores obtidos
algebricamente como aqueles encontrados através da simulação no PSIM estão
condizentes com o estudo, por apresentarem proximidade e igualdade em seus valores.

5. REFERENCIAS

HART, Daniel W., Eletrônica de Potência: Análise e Projetos de Circuitos. Tradução:


Romeu Abdo. Revisão Técnica: Antônio Pertence Júnior. Porto Alegre: AMGH, 2012.

BARBI, I. Eletrônica de potência. Florianópolis: Edição do Autor, 2005.

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