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Universidade Federal de Uberlândia

FEELT – Faculdade de Engenharia Elétrica

EXPERIMENTAL DE CIRCUITOS II

AULA 9 – ONDAS NÃO SENOIDAIS: RETIFICAÇÃO DE MEIA ONDA

Professor: Aídson Antônio de Paula

Grupo: Rodrigo Mundim Soares Junior 12111EEL025


Isabela Rodrigues de Oliveira 11921EEL020

Uberlândia, MG
09 de Maio de 2023
1. Objetivos

O objetivo deste relatório é verificar, por meio de experimento em laboratório, os


conceitos teóricos referentes à sinais não senoidais, de modo a se obter via método analítico os
coeficientes da série de Fourier correspondente. Vale ressaltar a importância de se determinar
os valores eficazes (ou rms) de tensão e corrente do circuito, como as potências existentes
relacionadas às respectivas formas de ondas não senoidais.

2. Introdução Teórica

As ondas não senoidais podem ser originadas de fontes não senoidais, ou como é mais
comum na rede CEMIG, com cargas não lineares, pelo qual a proporção de tensão e corrente
não é constante e assim veremos sinais distorcidos. A onda ideal possui parâmetros como Up’
e Upp’, frequências que podem ser representados pela figura a seguir:

Figura 1: Parâmetros da onda senoidal harmônica


Assim,

Figura 2: serie de Fourier em ondas não senoidais


Figura 3: Representação física da série de Fourier

Como observado na figura acima, a interpretação física da Série de Fourier para


decomposição de uma onda distorcida em componentes harmônicas, definidas como ondas
senoidais, de tensão ou de corrente, cujas frequências são múltiplas inteiras da frequência
fundamental. Alguns exemplos de cargas geradoras de correntes harmônicas são motores e
geradores em corrente alternada, fornos a arco, transformadores, eletrólise por retificação,
lâmpadas de descarga, fornos à indução, inversores, motores síncronos, eletrodomésticos com
fontes chaveadas, entre outros.
Dessa forma, as definições matemáticas de análise de Fourier permitem a determinar
regime permanente a uma entrada não senoidal. A definição matemática de Fourier pode ser
descrita pela seguinte função:
𝑓(𝑡) = 𝑎 0 + 𝑛=1 ∞ ∑ 𝑎 𝑛 𝑐𝑜𝑠(𝑛ω0 𝑡) + 𝑏 𝑛 𝑠𝑒𝑛(𝑛ω0 𝑡)
Sendo:
𝑎 , 𝑎n e bn coeficientes de Fourier;
w0 = 2 π/T a frequência fundamental da função periódica f(t);
2w0, 3w0, 4w0, 5w0... harmônicos de f(t).
Os coeficientes da série de Fourier podem ser escritos como:

Figura 4: coeficientes da série de Fourier


3. Preparação
3.1 Materiais utilizados
Para a realização da prática em laboratório, foram necessários os seguintes materiais:
● Fonte Alternada 220V e 60Hz;
● Cabos de conexão “banana-banana”;
● 1 Resistor de 50 Ω;
● 1 Indutor de 200mH e resistência interna de 3,8 Ω;
● 1 Diodo retificador SK3/16;
● 1 Voltímetro de bancada analógico AC da marca Politerm-Modelo 71;
● 1 Osciloscópio Tektronix de 2 canais;
● 1 Multimedidor trifásico (Kron) Mult-K Série 2, para componentes senoidais;
● 1 Multimedidor (Kron), para componentes contínuas;
● 1 Variador de voltagem trifásico (varivolt) modelo TSGC2-3 (1,5kVA
(220V)/3kVA (380V)).

3.2 Procedimento experimental


A primeira etapa do experimento constituiu na montagem do circuito monofásico
proposto, no qual foi utilizado a rede elétrica da CEMIG como fonte de alimentação do mesmo.
Em sequência, para poder regular a tensão aplicada ao circuito, foi conectado um varivolt à
rede elétrica. Por fim, conectamos os dispositivos de medição, incluindo dois multímetros
KRON e um voltímetro analógico, sendo o último, em paralelo com a carga.

Figura 5: Circuito proposto para montagem em aula.


Figura 6: Montagem experimental do circuito proposto.
Após a montagem do circuito, e levando em consideração que não foi utilizado o indutor
na montagem, por recomendações realizadas em sala de aula, foi feito a verificação dos valores
em cada medidor, a fim de se obter os relacionados a tensão de fase, corrente e potencias, que
constam na tabela a seguir:
Tensão [V] Corrente [A] Potências
82,82 VA
28.54 0.246 48,03 W
39,87 Var
Tabela 1: Medições para o sinal senoidal do circuito.
Em relação ao uso do KRON para verificação das medidas obtidas em sinal contínuo,
os seguintes valores foram encontrados:
Tensão [V] Corrente [A]
25.47 0.503
Tabela 2: Medições para sinal contínuo do circuito.
Posteriormente, aferiu-se os valores de Distorção Harmônica (DHT) de tensão e corrente
presentes no circuito, estes que são nulos, visto que o mesmo não apresenta DHT:
Parâmetros Valores
U1 0
A1 0
Tabela 3: Medições de DHT do circuito.
Sequencialmente, foi realizado a leitura, análise e aferição do valor marcado pelo
voltímetro analógico, a fim de se obter o valor da tensão não true rms:.
𝑉𝑛𝑡𝑟 [V]
26
Tabela 4: Valor 𝑉𝑛𝑡𝑟 do circuito.
Por fim, com auxílio do osciloscópio, foi possível verificar a tensão sobre a carga existente no
circuito, assim como sua forma de onda e características próprias:

.
Figura 7: Tensão na carga a partir do osciloscópio.
3.3 Análise
a- Obtenha, analiticamente, a série de Fourier da tensão de saída do retificador, que é
aplicada a carga.
Para aplicar a série de Fourier da tensão de saída do retificador, é preciso primeiro
calcular o valor de impedância do circuito, assim temos:
XL = ω𝐿𝐽 =2π60 · 0, 2 = 75, 39𝑗 Ω
R = R+RL = 50 + 3, 8 = 53, 8 Ω
Z = 𝑅 + 𝑋 𝐿 = 53, 80 + 75, 39𝑗 Ω
Com isso, pode-se obter o valor da defasagem da onda, através da seguinte equação:
𝜙 = 𝐴𝑟𝑐𝑡𝑔 (𝑋𝐿𝑅) =𝐴𝑟𝑐𝑡𝑔 (75,39 53,80) = 54, 48°
Agora basta determinar, através da análise da onda, os termos da série de Fourier, os
quais ficam da seguinte forma:
A0 = 90
An = 306
Bn = 216
Sendo A0 , o valor rms, An a tensão de pico e Bn a diferença entre os mesmos. Assim,
temos:
𝑓(𝑥) = 90 + 𝑛=1 ∞ ∑ [306𝑛𝑐𝑜𝑠(ω𝑡 + 54, 48°) + 216𝑛𝑠𝑒𝑛(ω𝑡 + 54, 48°)]
A multiplicação dos termos por “n” se dá devido à reatância indutiva, a qual depende
da frequência, aumentando na mesma proporção que esta aumenta.

b- Com o resultado do item anterior, calcule o valor eficaz e compare com a indicação
do voltímetro.
Para encontrar o valor eficaz, basta aplicarmos os valores à seguinte fórmula:
𝑉 𝑒𝑓 = 𝑉 𝑂 2 + 𝑛=1 ∞ ∑ 𝑉 𝑛 2
Onde Vn é determinado por:
𝑉 𝑛 = 𝑍 𝑛 · 𝐼 𝑛 = (53, 80 + 75, 39𝑗) · 1 = 53, 80 + 75, 39𝑗 𝑉
Portanto, tem-se: 𝑉 𝑒𝑓 = 0 + 𝑛=1 ∞ ∑ 53, 80 𝑛 2 = 89, 39 𝑉
E observado que o valor encontrado se aproxima do valor de 90 V obtido de forma
experimental.

c- Usando alguma rotina computacional (como Matlab ou Python), obtenha o espectro


harmônico dessa tensão e compare o resultado obtido com o item (a). Se necessário, aplique
um filtro para frequências acima de 720 Hz.

Figura 8: onda não senoidal


d- Calcule a potência dissipada na carga.
P = ∑∞
𝑛=0 𝑉𝑛 × 𝐼𝑛 × cos(𝜃) = 48,03 W

Q = ∑∞
𝑛=0 𝑉𝑛 × 𝐼𝑛 × 𝑠𝑒𝑛(𝜃) = 39,87 Var

S = √𝑃22 + 𝑄22 + 𝐷22 = 82,82 VA

4. Simulação

Figura 9: Simulação Computacional 1.

Figura 10: Simulação Computacional 2.


Figura 11: Simulação Computacional 3.
5. Produtos, tecnologias e situações do cotidiano
As ondas senoidais são amplamente utilizadas em diversas aplicações do cotidiano,
como na transmissão de energia elétrica, na área de telecomunicações e na eletrônica.
Na transmissão de energia elétrica, as redes de distribuição funcionam com base em
corrente alternada, que é uma forma de onda senoidal. Isso permite uma transmissão eficiente
e a possibilidade de transformação de tensões por meio de transformadores, contribuindo para
a distribuição de energia elétrica de forma ampla e eficaz.
Na área de telecomunicações, as ondas senoidais são utilizadas para a transmissão de
sinais de áudio, vídeo e dados. Técnicas de modulação em amplitude (AM) e modulação em
frequência (FM) utilizam ondas senoidais para transportar informações em diferentes
frequências, permitindo a comunicação eficiente em rádio, televisão, telefonia e redes de
internet.
Na eletrônica, as ondas senoidais desempenham um papel fundamental em diversos
circuitos e sistemas. São utilizadas em osciladores, geradores de sinais, amplificadores, filtros
e sistemas de controle. A forma de onda senoidal é crucial para garantir a precisão e
estabilidade dos circuitos, bem como para o processamento adequado de sinais em uma ampla
variedade de dispositivos eletrônicos.
6. Conclusão
Com base nos experimentos realizados sobre ondas não senoidais e retificação de meia
onda, podemos concluir que esse processo é uma técnica eficiente para a conversão de um sinal
de entrada em uma forma de onda retificada, onde apenas a metade positiva do sinal é
transmitida enquanto a metade negativa é suprimida. Durante os experimentos, observamos
que a utilização de um diodo retificador adequado permitiu a remoção eficiente da metade
negativa do sinal de entrada, resultando em uma onda retificada de amplitude positiva
constante. Essa técnica é amplamente aplicada em diversos circuitos eletrônicos, como fontes
de alimentação, retificadores de sinais de áudio e sistemas de carga de baterias.
Além disso, analisamos a influência da frequência e da amplitude do sinal de entrada na forma
de onda retificada. Verificamos que frequências mais altas tendem a produzir uma forma de
onda mais suave, enquanto frequências mais baixas podem levar a uma forma de onda com
maior quantidade de distorção. Quanto à amplitude, constatamos que o aumento da amplitude
resulta em uma maior amplitude média do sinal retificado.
Contudo, é importante ressaltar que a retificação de meia onda introduz uma perda significativa
de informações, uma vez que apenas metade do sinal é aproveitada. Portanto, a aplicação dessa
técnica deve ser cuidadosamente avaliada de acordo com os requisitos do sistema em questão.
Em suma, a retificação de meia onda é uma abordagem prática e simples para a obtenção de
uma forma de onda retificada a partir de um sinal de entrada não senoidal. Seu uso é comum
em várias aplicações eletrônicas, oferecendo uma maneira eficiente de converter um sinal em
uma forma retificada de amplitude positiva constante.
7. Referências Bibliográficas
BOYLESTAD, R.; NASHELSKY, L. Dispositivos Eletrônicos e Teoria de Circuitos.
São Paulo: Prentice Hall do Brasil, 2004
SEDRA, A. S.; SMITH, K. C. Microeletrônica. São Paulo: Makron Books, 1995.
ALEXANDER, Charles K.; SADIKU, Matthew NO. Fundamentos de circuitos
elétricos (3.ed, São Paulo, 2008).

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