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MEDIDAS DAS RESISTÊNCIAS INTERNAS DE VOLTÍMETROS E

AMPERÍMETROS

Laboratório 2 – Grupo 4

Lorena Cezar - RA 161320813

Natália Santos Fernandes - RA 161323065

Julianne Bellíssimo - RA 161323375

Thiago Fernandes Fachin - RA 161323774

Turma 222

Maurício Antônio Algatti

Laboratório de Física Experimental II

Guaratinguetá – SP

27/03/2017
Resumo

O objetivo do experimento é entender o funcionamento de um


amperímetro e voltímetro e efetuar suas medidas internas. Reconhecer quando
a presença desses instrumentos de medidas inviabiliza os resultados por causa
de desvios causados pelos amperímetros e voltímetros. Além de analisar os
valores medidos no experimento anterior e corrigi-los a partir do conhecimento
das resistências internas dos instrumentos.
Para o cálculo da resistência interna do voltímetro, realizou-se três
medições de corrente e sua respectiva tensão na escala 5,0, encontrando a
resistência interna a partir da lei de Ohm (U=R*i). Assim, com três valores de
resistências internas do voltímetro, calculou-se sua resistência média, com
valor de R= 1264,3 Ω. Fizeram-se o mesmo procedimento para as escalas 2,5
e 1,0, encontrando resistências médias de R= 641,1 Ω e R= 251,1 Ω,
respectivamente.
Para calcular a resistência interna do amperímetro, realizamos uma
medição de corrente e resistência na escala 10, encontrando uma resistência
de 17 Ω. O mesmo procedimento foi realizado para as escalas 5,0 e 2,5 sendo
encontradas resistências de valores 31 Ω e 42 Ω, respectivamente.
Quando calculadas as correções para as medidas do voltímetro e o
amperímetro, levando em consideração a influência da resistência interna dos
mesmos no circuito, foram obtidos valores muito próximos dos experimentais,
atestando a eficiência da experiência.
Introdução

O circuito elétrico é formado por um gerador, fios condutores e resistores.


Uma corrente elétrica sai de um dos terminais da fonte de energia, percorre os
componentes do circuito e fecha seu percurso no outro pólo da fonte de
energia.
A corrente elétrica é um movimento de partículas carregadas. Para que
exista uma corrente elétrica através de uma dada superfície, é preciso que haja
um fluxo de cargas através desta.
A corrente é definida como a carga dq que passa por um plano hipotético
em um intervalo de tempo dt, conforme a equação:

i= dq/dt

A unidade de corrente no SI é o C/s, ou Ampère.[1]


Amperímetro é o instrumento usado para medir corrente. Em um fio,
precisamos introduzir o amperímetro no circuito para que a corrente passe pelo
aparelho. É primordial que a resistência do amperímetro seja muito menor que
todas as outras resistências do circuito. Caso contrário, a presença do medidor
mudará o valor da corrente que se pretende medir.
Os amperímetros devem ser ligados com o medidor colocado no circuito
de modo que a corrente passe por ele. Para isso, deve-se colocar o medidor
entre os dois terminais resultantes da abertura do circuito. Para uma leitura
positiva, a corrente deve entrar pelo terminal positivo do amperímetro. [2]
A energia potencial por unidade de carga em um ponto no espaço é
chamada de potencial elétrico e representada pela letra V. Assim:

V=U/q

A unidade no SI do potencial é J/C, representado por volt.


Voltímetro é o instrumento usado para medir diferenças de potencial.
Ligamos os terminais do voltímetro entre dois pontos do circuito sem desligar
ou cortar nenhum fio.
É necessário que a resistência do voltímetro seja muito maior que a
resistência dos elementos do circuito entre os pontos de ligação do voltímetro.
Caso isso não ocorra, a presença do medidor mudará o valor da diferença de
potencial que se pretende medir.
As medidas de tensões são mais comuns que as de corrente, pois não é
preciso alterar as conexões do sistema para medir uma tensão.
A diferença de potencial entre dois pontos de um circuito é medida
ligando as pontas de prova do voltímetro aos dois pontos em paralelo. Para
obtermos uma leitura positiva, devemos ligar a ponta de prova positiva do
voltímetro no ponto de maior potencial do circuito e a ponta de prova negativa
no ponto de menor potencial. Se a ligação estiver invertida, o resultado será
negativo, sendo necessário apenas a inversão dos fios.
Resistência elétrica é uma característica que diferencia os materiais. Ela é
medida entre dois pontos de um condutor aplicado uma diferença de potencial
V entre esses pontos e medindo a corrente i resultante. A resistência R é dada
pela Lei de Ohm:

R=V/i

A unidade de resistência no SI é o V/A, representada pelo Ohm.


A lei de Ohm é a afirmação de que a corrente que atravessa um
dispositivo é sempre diretamente proporcional à diferença de potencial aplicada
ao dispositivo. [1]

Arranjo Experimental

Para a montagem experimental, utilizamos um reostato, cujo valor de


fundo é de 500 ohms, um amperímetro de valor de fundo de 10A, um voltímetro
cujo valor de fundo é de 10 volts, uma década de resistores e fios para a
conexão do circuito. Os cálculos das sensibilidades dos instrumentos serão
apresentados no tópico Resultados e Discussões.
Na realização do primeiro esquema, conectamos em série com o circuito,
o amperímetro, voltímetro e o reostato, junto a uma bateria de 3,0 volts,
conforme o esquema e imagem abaixo:

Figura 1: Esquema do circuito nas medidas das resistências internas do voltímetro


para as diferentes escalas do mesmo (fonte: roteiro)

Figura 2: Montagem experimental do primeiro experimento


Já no segundo esquema, retiramos o voltímetro, e em seu lugar inserimos
em série com o circuito uma ligação em paralelo da década de resistores com
outro amperímetro, conforme esquema e imagem abaixo:

Figura 3: Esquema do circuito utilizado nas medidas das resistências internas do


amperímetro para as diferentes escalas do mesmo (fonte: roteiro)

Figura 4: Montagem experimental do segundo circuito

Resultados e Discussões
Primeiro Circuito
Para dar início ao procedimento, ajustou-se o reostato no seu valor
máximo, conectou-se o amperímetro em sua escala máxima e escolhendo uma
escala qualquer do voltímetro. Em seguida, variou-se o valor da resistência do
reostato de forma a obter a maior deflexão do ponteiro do amperímetro,
escolhendo a escala deste aparelho que fornecia a leitura da corrente com
maior precisão possível e tomou-se nota dos valores indicados no amperímetro
e no voltímetro.
Repetindo esse procedimento três vezes para cada escala do voltímetro,
obtiveram-se os valores de corrente e voltagem. Como a corrente que passa
pelo amperímetro é a mesma que passa pelo voltímetro, calculou-se a
resistência interna deste último pela fórmula R v = VL / iA. Os resultados obtidos
estão apresentados nas tabelas 1, 2 e 3 a seguir:
Medição iA (mA) V (V) R (Ω)
1 1,0 1,3 1300
2 0,75 0,97 1293,3
3 0,5 0,6 1200
Tabela 1: Voltímetro na escala 5,0V

Medição iA (mA) V (V) R (Ω)


1 1,5 0,95 633,3
2 1,25 0,8 640
3 1,0 0,65 650
Tabela 2: Voltímetro na escala 2,5V

Medição iA (mA) V (V) R (Ω)


1 1,5 0,38 253,3
2 1,0 0,26 260
3 0,5 0,12 240
Tabela 3: Voltímetro na escala 1,0V

Após obtidos três valores de resistência do voltímetro para cada escala,


tomamos a média desses resultados como sendo o valor da resistência interna
do aparelho, como visto na tabela 4:

Rv = (R1 + R2 + R3) / 3

Rv = (1300 + 1293,3 + 1200) / 3 = 1264,3 Ω


Rv = (633,3 + 640 + 650) / 3 = 641,1 Ω
Rv = (253,3 + 260 + 240) / 3 = 251,1 Ω

Escala do Resistência
voltímetro (V) média (Ω)
5,0 1264,3
2,5 641,1
1,0 251,1
Tabela 4: Resistências médias do voltímetro

Sendo a sensibilidade do voltímetro B=Rint/Vfe, em que Rint é o valor da


resistência interna do dispositivo para a escala em questão e, V fe é o valor da
tensão de fundo de escala, calculamos a sensibilidade de cada uma das
escalas. Os resultados estão indicados na tabela 5 apresentada a seguir.
Observa-se que os valores encontrados foram muito próximos, o que é
coerente, uma vez que todas as medidas foram feitas utilizando o mesmo
aparelho.

Escala do voltímetro Sensibilidade


5,0 252,86
2,5 256,44
1,0 2251,1
Tabela 5: Sensibilidade do voltímetro

Segundo Circuito
A princípio ajustou-se o reostato em seu valor máximo, escolhendo uma
escala qualquer e ajustou-se nos dois amperímetros. Com essa configuração,
variou-se o valor da resistência da década de resistores até que o valor de
corrente lido no amperímetro conectado em paralelo à década seja igual à
metade do valor do amperímetro em série com o reostato.
Dessa forma, o valor da resistência interna do amperímetro é o mesmo
ajustado na década de resistores, pois como o segundo amperímetro e a
década de resistores estão ligados em paralelo, a corrente se separa
igualmente no nó que os antecede.
Em seguida, repetiu-se o procedimento uma vez para cada escala e
anotou-se os valores medidos para a resistência interna do amperímetro,
construindo a tabela 6:

Escala amperímetro (v) i1 (mA) i2 (mA) R (Ω)


10,0 8,0 4,0 17,0
5,0 2,0 1,0 31,0
2,5 1,0 0,5 42,0
Tabela 6: Medidas das resistências internas nas escalas 10,0V, 5,0V e 2,5V

Questionário
1- Explique o funcionamento do circuito utilizado no
experimento para as medidas das resistências internas do voltímetro.
No primeiro circuito, como o voltímetro foi conectado em série com o
amperímetro e o reostato, a corrente que passa pelo voltímetro é a mesma lida
pelo amperímetro, assim como a tensão em ambos aparelhos. Dessa forma,
medindo os valores de tensão e corrente, é possível calcular a resistência
interna do voltímetro por meio da Lei de Ohm.

2- O circuito utilizado funcionaria no caso do voltímetro


apresentar um comportamento muito próximo de um voltímetro ideal? Por
quê?
Voltímetros ideais apresentam resistência interna infinita. Assim, devem
ser ligados em paralelo com o circuito para medir a tensão. Como sua
resistência interna é muito alta, num sistema ideal a corrente não passa pelo
voltímetro. Dessa forma, se tivesse sido usado um voltímetro ideal no primeiro
experimento, esse não teria funcionado, pois ligado em série ele impediria a
passagem da corrente, fechando o circuito.
3- Explique o funcionamento do circuito utilizado no
experimento para as medidas das resistências internas do amperímetro.
Por que foi necessário a inclusão de um segundo amperímetro? Poder-se-
ia utilizar um voltímetro em paralelo com o amperímetro e empregar a lei
de Ohm para se determinar o valor da resistência interna do
amperímetro? Qual seria a limitação desse método?
No segundo experimento, foi necessária a inclusão do segundo
amperímetro porque era preciso saber o valor da corrente que passava no
circuito antes dela se dividir no nó. Como o primeiro amperímetro e a década
de resistores estavam conectados em paralelo, a tensão é igual nos dois
dispositivos e, portanto, se a corrente indicada pelo primeiro amperímetro for
igual a metade da indicada pelo segundo amperímetro, conclui-se que a
resistência interna do primeiro amperímetro é a mesma ajustada na década de
resistores.
O mesmo experimento poderia ser realizado se fosse colocado um
voltímetro em paralelo com o amperímetro, pois a tensão medida pelo
voltímetro seria equivalente a do amperímetro e, junto com a corrente lida por
este último, a resistência interna do amperímetro poderia ser calculada pela Lei
de Ohm.
O único problema oferecido por esta alternativa seria o fato do voltímetro
não ser ideal, pois, sem tal característica, passaria certa quantidade de
corrente no dispositivo, alterando o valor calculado da resistência interna do
amperímetro.

4- Que tipos de cálculos são necessários para se efetuar as


correções nos valores medidos de tensão e corrente? Apresente alguns
exemplos numéricos, com valores típicos de resistências internas de
voltímetros e amperímetros, para situações em que as correções são
necessárias e para situações em que as mesmas podem ser desprezadas.

Correção da tensão
Como diz a Lei dos nós de Kirchhoff, a soma das correntes que entram
em um nó é igual à soma das correntes que saem do mesmo. Sendo assim,
pode-se assentir que para o caso em que a introdução do voltímetro não altera
expressivamente a carga total do circuito, tem-se:
- it = iv + i. Sendo it a corrente total, iv a corrente que passa pelo voltímetro
e i a corrente que passa pelo resistor em paralelo com o voltímetro.
- VL = Rv . iv = R(it – iv). Sendo VL a tensão marcada no voltímetro, Rv a
resistência interna do voltímetro e R a resistência em paralelo com o voltímetro.
Manipulando as duas equações anteriores, obtêm-se:
iv . (R + Rv) = R . it.
Multiplicando os dois termos da equação acima por R v, chega-se a
seguinte expressão:
VL . (R + Rv) = Rv . R. it. (1)
Portanto, considerando it >>> iv, R . it = V, então:
V = (1 + R/Rv) VL.
Como Rv deve ser muito maior que R, então V = V L, sendo V a diferença
de potencial no resistor que está sendo tomada a tensão. Porém, nessa
situação, o voltímetro seria ideal, mas como visto na experiência, o voltímetro
não possui uma Rv expressivamente maior que R. Sendo assim, deve-se
utilizar um outro fator de correção para esse caso, o qual é calculado através
de:
Substituindo it da equação (1) por ε / Req, sabendo que ε é a tensão total e
Req é
a resistência total do circuito e que vale , em que R1 é a
resistência do circuito que não está em paralelo com o
voltímetro. Portanto, tem-se que:

Correção da corrente
Quando há a inserção de um amperímetro, a corrente no circuito será
dada pela seguinte expressão: iL = ε / (Req + RA).
Manipulando a equação, tem-se que:

Como a RA apresentou valores muito baixos se comparados com a


resistência equivalente do circuito, pode-se desconsiderar o fator de correção.

5- A partir dos valores determinados experimentalmente para as


resistências internas do voltímetro e do amperímetro corrija os valores
obtidos para as medidas de tensão e corrente efetuadas no primeiro
experimento. Construa uma tabela com os valores esperados, lidos, erros
percentuais, valores corrigidos e erros percentuais após as correções
terem sido efetuadas.
Os valores dispostos nas tabelas abaixo referem-se aos pontos do circuito
do primeiro experimento realizado.
Voltímetro
TENSÃO VALORES CORRIGIDOS
5V 2,5V 1V Esperado Erro % 5V 2,5V 1V Erro % após
correção
R1 0,5 0,5 0,41 0,6 16,7 0,58 0,58 0,48 3,33
R2 0,5 0,5 0,41 0,6 16,7 0,58 0,58 0,48 3,33
R3 1,8 1,65 2,0 10 1,98 1,81 1
R4 0,2 0,17 0,16 0,22 9,09 0,22 0,18 0,17 18
R5 0,1 0,1 0,1 0,15 33,3 0,13 0,13 0,13 13
R6 0,3 0,3 0,28 0,4 25 0,37 0,37 0,35 7,5
Tabela 7: Correção dos valores de tensão

Amperímetro
CORRENTE VALORES CORRIGIDOS
10 mA 5 mA 2,5 mA Esperado Erro % 10 mA 5 mA 2,5 mA Erro % após
correção
i1 1,5 1,5 1,45 1,5 3,33 1,55 1,55 1,5 3,33
i2 2,6 2,6 2,75 5,45 2,74 2,74 0,36
i3 4,5 4,1 4,3 4,65 4,71 4,29 0,23
i4 1,8 1,7 1,6 1,8 5,55 1,9 1,79 1,69 6,11
i5 1,8 1,7 1,6 1,8 5,55 1,9 1,79 1,69 6,11
i6 2,4 2,4 2,2 2,5 4 2,5 2,5 2,29 8,4

Tabela 8: Correção dos valores de corrente


Conclusões
Analisando os resultados experimentais, pode-se concluir que os valores
obtidos foram satisfatórios e que se enquadram no padrão esperado, pois os
erros percentuais foram baixos se forem consideradas as condições em que foi
realizado o experimento, como a utilização de aparelhos antigos, que podem vir
a causar erros de leitura. Assim, deve-se considerar também as resistências
internas do voltímetro e do amperímetro quando estes dispositivos estão sendo
utilizados no circuito, uma vez que na prática, tais aparelhos não são ideais, e
suas resistências internas implicam um funcionamento diferente do circuito.
Para que a experiência fosse realizada com mais êxito e precisão, seria
necessário um maior tempo dedicado às medições realizadas em cada circuito,
pois assim, os valores lidos seriam menos suscetíveis a erros e não haveria o
risco de desarranjar os aparelhos, dispensando a compra de novos
dispositivos, os quais são muito caros e, viabilizando assim, a realização da
experiência.
Referências Bibliográficas
[1] David Halliday, Robert Resnick e Kenneth S. Krane. Física 3. 5ª edição,
Livros Técnicos e Científicos, Rio de Janeiro, (2004).

[2] Robert L. Boylestad. Introdução à Análise de Circuitos. Pearson


Education do Brasil, 10ª edição, São Paulo, (2009).

[3] ALGATTI, Maurício A.. Medidas de Tensão e Corrente em Circuitos de


Corrente Contínua. Guaratinguetá, 2017. Roteiro reelaborado pelo professor
Mauricio Antonio Algatti em 27/02/2012 e revisado pelo mesmo em 23/02/2017
para disciplina Física Experimental II, programa de Graduação em Engenharia,
Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho".

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