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Center Educacional

Nubbi

Elétrica Básica e Comandos Elétricos

Livro base para os cursos


da Instituição Center
Educacional, correlatos a área de
estudos de Elétrica.

Poços de Caldas, MG.

2023
3

Sumário

Introdução a Eletricidade Básica ............................................... 4

Átomo e a sua estrutura ............................................................ 4

Corrente elétrica ....................................................................... 6

Tensão elétrica ....................................................................... 14

Lei de Ohms ............................................................................ 20

Potência Elétrica ..................................................................... 30

Formas de energia .................................................................. 33

Usina hidrelétrica .................................................................... 35

Corrente alternada .................................................................. 38

Triângulo de potência .............................................................. 40

Comandos Elétricos ................................................................ 47

Montagem de uma partida direta de motor trifásico ............... 57

Referências Bibliográficas ...................................................... 71


4

Introdução a Eletricidade Básica

Olá alunos, sejam bem-vindos a apostila de eletricidade básica!


Durante ela vamos entender a natureza da eletricidade, como ela surge
e de onde ela vem. Conceitualmente nós sabemos que a eletricidade é
o fluxo e deslocamento de elétrons entre os átomos de um material
condutor.
Será ensinado, também, a importância das características dos
átomos nos materiais e como elas são capazes de determinar se um
material será um bom condutor de eletricidade ou um elemento
isolante.

Átomo e a sua estrutura

Figura 1 – Átomo e suas divisões

Fonte: Pagotto, A. 2018.

A química nos ensina que todas as matérias do universo são


compostas por átomos. Na Figura 1 é possível visualizar a estrutura de
um átomo, com as partes que o compõe.
Na imagem é possível observar o núcleo, no centro da estrutura;
as camadas em azul que podem ser chamadas de órbitas; os nêutrons
5

que são as partículas que não possuem carga elétrica; os prótons que
possuem carga elétrica positiva e os elétrons com carga negativa.

Figura 2 – Forma estrutural do átomo

Fonte: Pagotto, A. 2018

Na Figura 2 é possível visualizar um átomo na sua forma


estrutural, representado dessa forma é possível compreender melhor
o núcleo. De maneira simplificada o núcleo é carregado de prótons com
carga elétrica positiva e nêutrons com carga neutra, ao seu redor é
possível visualizar os elétrons, com carga negativa e as suas órbitas.

É importante ressaltar que este átomo possui o mesmo número


de elétrons e prótons, isso ocorre por causa da atração entre essas
duas estruturas, o que mantém os elétrons fixos em suas órbitas.
Quando isso ocorre, pode se dizer que se trata de um átomo
eletricamente neutro.

Por outro lado, a estabilidade elétrica de um átomo pode ser


alterada de forma intencional, isso é realizado quando se retiram
elétrons do átomo, tornando ele carregado positivamente. Quando se
retira um elétron, a quantidade de prótons torna-se maior, tornando o
6

átomo, nesse momento, carregado positivamente, justamente neste


detalhe que reside a simplicidade da natureza da eletricidade.
Agora que você já conhece a natureza das partículas elétricas no
átomo é mais fácil compreender como ocorre a relação entre essas
partículas separadamente.
Saiba que quando você tem dois corpos carregados
negativamente, você possui um excesso de carga negativa e há uma
tendência natural de que esses corpos de afastem um do outro, já que
esta é uma característica básica das cargas elétricas.

Cargas com o mesmo sinal, seja ele positivo ou negativo, tendem


a se repelir.
Por outro lado, se você tem dois corpos com cargas elétricas
diferentes, há uma tendência natural que eles se atraiam.
Resumindo, pode se dizer que uma das regras básicas da
eletricidade é que cargas elétricas de sinais iguais se repelem e cargas
de sinais diferentes se atraem. Essa regra deve ser lembrada durante
todo o curso de eletricidade.

Figura 3 – Atração entre as cargas elétricas

Corrente elétrica

Agora que já é conhecida a estrutura do átomo é importante


entender o que é corrente elétrica, lembrando que ela surge da
atividade dos elétrons nos átomos dos materiais condutores. Veja a
Figura 4.
7

Figura 4 – Representação do átomo com destaque para o núcleo e os


elétrons girando ao seu redor

Como você pode perceber há elétrons próximos e alguns mais


distantes do núcleo. Os elétrons mais próximos são atraídos por uma
força maior em direção ao núcleo por causa dessa localização. Por outro
lado, os elétrons mais distantes são atraídos com menor intensidade,
possuindo maior facilidade para se desprender das suas órbitas, por
esse motivo eles recebem o nome de elétrons livres.
Ao se desprender, esses elétrons deixam espaços vazios, que
recebem o nome de lacunas, ao redor do átomo. A tendência natural é
que estes espaços sejam preenchidos por outros elétrons livres que se
desprendem dos seus átomos.
Na Figura 5 é possível visualizar a movimentação dos elétrons,
que ocorre desordenadamente e em todas as direções.
8

Figura 5 – Movimentação dos elétrons

Quando se utilizam materiais condutores é possível


intencionalmente fazer com que os elétrons se desloquem todos
sempre no mesmo sentido. Para que isso ocorra é necessário a
aplicação de uma diferença de potencial nas extremidades desse
material condutor.

Figura 6 – Elétrons sem e com a aplicação de diferença de potencial

Esse deslocamento coordenado recebe o nome de corrente


elétrica. Como já foi dito anteriormente cargas com sinais diferentes
se atraem e com sinais iguais se repelem, é possível observar que há
uma diferença potencial que foi aplicada ao condutor e que ela é
composta de um ponto com carga positiva e outro ponto com carga
negativa.
9

Figura 7 – Sentido da corrente elétrica

A circulação permanente de elétrons pode e deve ser quantificada


e medida, para a realização disso é necessário encontrar uma definição
de unidade que possa representar essa grandeza. No caso da corrente
elétrica, a unidade de medida é chamada de Ampère e pode ser
representada pela letra A. Essa unidade padrão possui diversos
múltiplos e submúltiplos, conforme mostrado no Quadro 1.

Quadro 1 – Múltiplos e submúltiplos do Ampère

Nome Símbolo Valor em A

Ampère A 1

Deciampère dA 10-1

Centiampère cA 10-2

Miliampère mA 10-3

Microamperère µA 10-6

Nanoampère nA 10-9

Picoampère pA 10-12
10

Figura 8 – Cálculo dos valores dos múltiplos e submúltiplos do Ampère

A medição da corrente elétrica pode ser feita através de um


aparelho específico para esse fim, o amperímetro.
Em um circuito aberto não há a circulação de corrente por isso a
leitura do amperímetro sempre será 0A, mas se o circuito for fechado
existirá a circulação de corrente e o amperímetro será capaz de indicar
o deslocamento de elétrons no circuito.
Assim, para medir a corrente temos que sempre estar com o
amperímetro em série no circuito.

Figura 9 – Amperímetro em série no circuito

Até esse ponto do capítulo foi possível compreender como a


corrente elétrica é gerada pelos materiais condutores, que o
deslocamento entre os átomos de um material condutor faz surgir a
corrente elétrica e que ela pode ser medida por um amperímetro.
Portanto é fácil dar
11

continuidade e entender que a corrente elétrica precisa ser conduzida


por meios adequados.
Quando ocorre uma falha na produção de energia elétrica nós
podemos enfrentar diversos problemas e um deles é o curto-circuito
Conforme podemos observar na Figura 10, o curto-circuito pode ser
bifásico, quando ocorre entre duas fases; pode ser trifásico, quando
ocorre entre as três fases; pode ser bifásico à terra quando ocorre entre
duas fases e a terra; e pode ser monofásico quando ocorre entre
qualquer uma das três fases e a terra.

Figura 10 – Tipos de curto-circuito


12

Figura 11-Circuito trifásico

Apesar do curto-circuito elevar os níveis de corrente não


devemos confundir curto-circuito com sobrecarga.
• Curto-circuito: quando não existe uma resistência (ou
impedância) significativa entre duas fases com diferenças de potencial.
Neste caso a sobrecorrente excede em muito a corrente nominal.
• Sobrecarga: não existe falha elétrica, mas um aumento da
carga. Excede em algumas vezes o valor nominal e o seu efeito é nocivo
após o funcionamento do circuito por um tempo longo, causando
deterioração do material isolante dos cabos.
Na sobrecarga a corrente vai aumentando gradativamente aos
poucos até um nível em que pode chegar a atuar sobre as proteções
de um determinado sistema. Agora no curto-circuito o nível de corrente
sobe bruscamente em uma fração de tempo curtíssimo, prejudicando
imediatamente as proteções do sistema.
Na teoria da eletrotécnica a corrente elétrica pode ser
representada graficamente. Conforme indicado nas figuras abaixo, nós
temos basicamente dois tipos de corrente: a contínua e a alternada.
13

Figura 12 – Corrente contínua e corrente alternada

Nos gráficos exibidos é possível visualizar que existem diferenças


significativas entre os dois tipos de corrente.
A corrente contínua, por exemplo, é utilizada em veículos, nas
pilhas de equipamentos elétricos, entre outras aplicações. Ela possui
polaridade fixa, ou seja, tem um polo que sempre será positivo e um
polo que sempre será negativo
Na corrente alternada, que pode ser representada pela
eletricidade que usamos em nossas residências, os polos se alternam
e variam de polaridade 60 vezes a cada segundo, por isso ela recebe
esse nome.
Abaixo nós temos um gráfico de uma corrente alternada trifásica.
Neste exemplo, as três fases representadas pelo gráfico fazem o
mesmo trabalho separadamente com uma defasagem de tempo que
será explicada posteriormente.
14

Figura 13 – Gráfico de corrente alternada trifásica

Tensão elétrica

Agora que já foi visto que a corrente elétrica é o movimento


ordenado e constante de elétrons em um material condutor e que para
manter esse movimento é necessário a utilização de uma força ou DPP
(diferença de potencial) nos terminais deste condutor, é correto afirmar
que a corrente se desloca sempre do polo negativo para o polo positivo.

Figura 14 – Sentidos da corrente elétrica

Esta “pressão” aplicada é o que nós chamamos de tensão elétrica


(V) ou diferença de potencial (DDP). Assim, por definição podemos
15

dizer que tensão elétrica é a força ou pressão elétrica capaz de deslocar


os elétrons de forma ordenada no condutor.
Entendendo a tensão elétrica como “pressão”; a seguir vamos
analisá-la, através de uma analogia, entre o deslocamento de elétrons
e o deslocamento da água em um sistema hidráulico.

Figura 15 – Analogia entre deslocamento de elétrons e deslocamento da


água

Você pode observar que o reservatório possui uma grande


quantidade de água o que faz com que consequentemente, ele
possua uma maior pressão hidráulica. Se um segundo reservatório
for conectado a este primeiro, a pressão hidráulica do reservatório A
irá empurrar a água para o reservatório B, até que as pressões de
igualem e o movimento termine.
16

Figura 16 – Pressão de água entre dois reservatórios

A mesma coisa acontece quando o assunto é o deslocamento das


cargas elétricas. Imagine um reservatório A cheio de elétrons e um
reservatório B cheio de prótons. Os elétrons se deslocariam através do
condutor até a placa com prótons alcançando assim o equilíbrio
potencial entre as duas placas. Neste momento a circulação da corrente
é interrompida. Por esse motivo é fundamental manter uma fonte
constante alimentando as extremidades do condutor.
Na Figura 17, você pode visualizar dois corpos com potenciais
elétricos diferentes. Se aplicada uma tensão elétrica através da bateria
a tendência é que ocorra o deslocamento de elétrons para o polo de
menor potencial em busca do equilíbrio elétrico. Assim quando houver
a carga nessa bateria e a diferença potencial for mantida,
consequentemente, irá ocorrer um fluxo de corrente elétrica nesse
condutor.
17

Figura 17 – Fluxo de corrente elétrica entre dois corpos com potenciais elétricos
diferentes.

Anteriormente foi ensinado que a unidade de medida da corrente


elétrica é o Ampère, representado pela letra A, agora você irá conhecer
uma nova unidade de medida, o Volt representado pela letra V. A
função desta unidade é indicar os níveis de tensão elétrica. Além da
sua unidade padrão ela também apresenta múltiplos e submúltiplos.

Múltiplos e Submúltiplos

KiloVOLT 1KV = 1000V

Múltiplos MegaVOLT 1MV = 1 000 000V


GigaVOLT 1GV = 1 000 000 000V
VOLT

miliVOLT 1mV = 0,001V


Submúltiplos microVOLT 1µV = 0,000001V
nanoVOLT 1ηV = 0,000000001V
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Existe um equipamento especial usado para facilitar a medição


de valores de tensão elétrica, ele recebe o nome de voltímetro e pode
ser visto na Figura 18.
Figura 18 – Voltímetro

Quando temos um circuito aberto, conforme a Figura 18, e


mesmo assim há o registro de tensão no voltímetro, é porque este
aparelho sempre estará ligado em paralelo com a fonte e não depende
da carga para indicar um nível de tensão. Porém, mesmo se fecharmos
um circuito e ocorrer a circulação de corrente, o voltímetro continuará
marcando a mesma leitura vista anteriormente porque a corrente
elétrica não vai influenciar na leitura do aparelho.

Figura 19 – Voltímetro ligado a uma tomada

Figura 20 –Medindo tensão elétrica


19

Figura 21 - Medindo Corrente elétrica

Figura 22 – Sistema com voltímetro e amperímetro

Enfim, com este primeiro capítulo já é possível definir


duas grandezas elétricas, a corrente elétrica e a tensão elétrica.
20

Lei de Ohms

Olá alunos, sejam bem-vindos à parte da apostila de eletricidade


básica, aqui será ensinado a respeito de uma grandeza sempre
presente nos circuitos de distribuição elétrica, a resistência elétrica.
Será relacionado também a resistência elétrica com a tensão elétrica,
tema visto anteriormente.

A resistência elétrica é largamente utilizada nos circuitos elétricos


em todos os níveis, desde as coisas mais simples até as grandes
aplicações industriais, na Figura 20 é possível observar vários tipos de
resistências disponibilizadas no mercado consumidor, além de modelos
específicos para uso industrial, utilizados em eletrônica, por exemplo.

Figura 20 – Tipos de resistências

Temos, por exemplo, a resistência variável que possui três


pontos de conexão.
21

Figura 21 – Resistência variável

Há também as resistências para fogões, que são largamente


utilizadas em pequenos apartamentos e flats. Há também a resistência
para ferro de solda e por fim uma muito conhecida por todos, a
resistência usada nos chuveiros elétricos residenciais.

A resistência elétrica na verdade é a oposição que um


determinado material oferece a passagem da corrente elétrica. Essa
oposição é maior ou menor, de acordo com o tipo de material, se ele é
bom condutor ou se é mau condutor de eletricidade.

Os materiais isolantes, por exemplo, têm uma resistência alta e


em função disso oferecem maior dificuldade a passagem de corrente
elétrica.
Na Figura 22 é possível observar dois condutores e a indicação de
uma corrente na entrada em ambos.
Vale a pena dizer que quando um material é isolante, a sua
resistência a passagem de energia elétrica pode ser traduzida em calor,
até mesmo bons condutores apresentam esta característica quando
sobrecarregados. Por isso é comum observar casos de incêndios
relacionados ao aquecimento de condutores em instalações elétricas.
22

Figura 22 – Condutores e indicação de corrente elétrica

Com a análise da Figura 23 é possível compreender melhor porque


os cabos aquecem. Na figura é possível observar duas imagens, com
indicações de corrente representadas com a mesma capacidade. No
primeiro caso a corrente será conduzida por um cabo adequado com
capacidade (diâmetro do cabo) suficiente para suportá-la na sua forma
normal. Somente assim o cabo não irá aquecer e a corrente irá circular
livremente.
Figura 23 – Resistência e aquecimento de cabo

Primeiro Caso Segundo caso

No segundo caso a mesma corrente irá circular por um cabo com


capacidade insuficiente, de diâmetro menor. A corrente terá então que
forçar a sua passagem, essa força que ela faz para circular é que gera
o aquecimento do cabo.
23

Agora vamos conhecer uma propriedade da resistência elétrica,


que será detalhada com maior precisão no estudo da lei de Ohm, a
capacidade de controlar a circulação de corrente em um circuito.
Como exemplo, pode ser observada a Figura 24, nela são
demonstrados dois circuitos, ambos com tensão aplicada de 220V. A
corrente variou no circuito A e no circuito B, ou seja, foi aplicada uma
tensão igual e a corrente não foi a mesma nos dois circuitos, isso
aconteceu porque as resistências das duas cargas apresentam valores
diferentes; sendo que a primeira é de 100 Ohm e a segunda de 50
Ohm.
Figura 24 – Variação da corrente elétrica nos circuitos A e B

Observe que quando a resistência aumenta a corrente diminui.


Em uma resistência de 50 Ohm a corrente é 4,4 A; em uma resistência
de 100 Ohm a corrente diminuiu para 2,2 A. Essa é a propriedade de
controlar a corrente elétrica que a resistência apresenta nos circuitos
elétricos.

Como observado anteriormente, a unidade de medida da


corrente elétrica é o Ampère, representado pela letra A; a unidade de
medida da tensão é o Volt representado pela letra V. Da mesma forma
que a corrente e a tensão, a resistência também pode ser medida com
equipamentos e a sua unidade de medida padrão é o Ohm,
representado pela letra grega ômega Ω. Como nas outras unidades
padrão ela também possui múltiplos e submúltiplos.
24

KiloOHM 1KΩ = 1000Ω

Múltiplos MegaOHM 1MΩ = 1 000 000Ω


GigaOHM 1GΩ = 1 000 000 000Ω

OHM
miliOHM 1mΩ = 0,001Ω
Submúltiplos microOHM 1µΩ = 0,000001Ω
nanoOHM 1ηΩ = 0,000000001Ω

Para fazer o registro da resistência elétrica em um circuito é


necessário ter um equipamento chamado Ohmímetro.

Figura 25 - Ohmímetro

Agora você já conhece as principais grandezas elétricas que serão a


base do estudo de eletricidade, são elas:
• Tensão elétrica.
• Corrente elétrica.
• Resistência elétrica.
25

Essas grandezas estão relacionadas entre si por uma das leis


mais importantes e fundamentais da eletricidade que é conhecida como
a lei de Ohm.

Figura 26 – Lei de Ohm

Na Figura 27 temos um exemplo de como a Lei de Ohm relaciona


a corrente elétrica com a tensão e com a resistência de um circuito.

Figura 27 – As relações na Lei de Ohm

Em outro exemplo, Figura 28, é possível observar que quando a


resistência é de 5 Ohm e a tensão é variável, se ela for aumentada a
corrente tende a aumentar na mesma proporção.
26

Figura 28 – Circuitos com resistência de 5 Ohm

Assim é possível afirmar que a corrente elétrica é diretamente


proporcional à tensão elétrica e que quando ela é aumentada a corrente
também será aumentada na mesma proporção, isso é válido quando a
resistência é mantida constante.
No exemplo da Figura 29, é mantida uma tensão de 30 volts e os
valores da resistência elétrica são diferentes; nesse circuito temos uma
resistência de 5Ω e uma resistência de 10Ω. Perceba que ao aumentar
a resistência a corrente do circuito tende a diminuir na mesma
proporção.
Figura 29 – Circuitos com resistências de 5 e 10 Ohm, respectivamente

Dessa forma, podemos afirmar que a corrente é inversamente


proporcional à resistência do circuito, ou seja, se mantivermos a
27

tensão constante e aumentarmos o valor da


resistência à corrente tende a diminuir.
Diante do que foi ensinado em relação a tensão, corrente e
resistência elétrica, nós vamos utilizar a Figura 30 para fazer uma
analogia da ação de cada um dos componentes em um circuito elétrico.
Nesta figura temos representado o condutor, que é o caminho da
corrente elétrica, que por sua vez será impulsionada pela tensão
elétrica (Volt), que tem como função gerar o deslocamento da corrente
(Amp) pelo condutor. O deslocamento pode ocorrer com maior ou
menor facilidade, tudo depende da força da resistência elétrica(Ohm).
Em outras palavras, a tensão impulsiona a corrente que terá que
enfrentar a força da resistência para conseguir seguir o seu caminho.

Figura 30 – Componentes de um circuito elétrico

Os valores dessa relação podem ser calculados utilizando a Lei


de Ohm, como já foi visto anteriormente essa lei faz a relação entre a
corrente elétrica, a tensão elétrica e a resistência elétrica.

A fórmula da Lei de Ohm afirma que a corrente elétrica é igual


ao valor da tensão elétrica dividida pelo valor da resistência elétrica do
circuito, é necessário saber manipulá-la para calcular qualquer uma
dessas grandezas, desde que duas dessas grandezas sejam
conhecidas.
28

Figura 31 – Usando a lei de Ohm

O cálculo de qualquer uma dessas grandezas é bastante simples,


basta utilizar o triângulo da Lei de Ohm. Para isso você deve cobrir com
a sua mão a unidade que deseja calcular e observar no triângulo se
será necessário multiplicar ou dividir valores.
Por exemplo, se você deseja calcular a corrente elétrica, basta
cobrir a unidade da corrente elétrica(I), e você terá a fórmula que
estabelece a divisão da tensão elétrica(V) pela resistência (R) do
circuito. Em outro caso, por exemplo, suponha que você queira calcular
a resistência (R), basta que cubra esta unidade, então você terá a
fórmula que divide a tensão elétrica (V) pela corrente elétrica (I). E por
fim, caso o seu desejo seja realizar o cálculo da tensão elétrica(V),
você precisa cobrir esta variável no triângulo para perceber que deverá
realizar a multiplicação da resistência elétrica (R) pelo valor da corrente
elétrica (I).
Esta regra básica pode ser usada para a resolução de grande
parte dos exercícios deste capítulo.

Verifique a seguir a funcionalidade da Lei de Ohm, no exemplo a


seguir foi mantido o valor da tensão e variado o valor da resistência.
29

Você pode perceber que quando é aumentado o valor da


resistência, os valores da corrente elétrica diminuem, dessa maneira
pode-se concluir que a corrente elétrica é inversamente proporcional à
resistência elétrica. Caso seja feito o contrário, for diminuído o valor
da resistência, os valores da corrente aumentam e o princípio continua
sendo o mesmo.
Figura 32 – Calculando a corrente elétrica com o valor da tensão mantido

Por fim, segue a relação da corrente elétrica com a tensão


elétrica, neste cálculo é possível observar que se for mantida uma
resistência com valor constante e for aumentado o valor da tensão
elétrica, a corrente irá aumentar de maneira proporcional de acordo
com o aumento da tensão. Da mesma maneira, se for diminuído o valor
da tensão elétrica, a corrente irá diminuir de forma proporcional. Assim
é possível afirmar que a corrente elétrica é diretamente proporcional à
tensão elétrica.
30

Figura 33 – Calculando a corrente elétrica com valores diferentes de tensão

Potência Elétrica

Com todo os conhecimentos adquiridos até aqui é possível


conhecer outro componente importante nos circuitos elétricos, a
potência elétrica, que age diretamente com as demais grandezas
citadas anteriormente.

Na natureza nada se cria tudo se transforma, esta frase de


Lavoisier, famoso químico francês do século XVII, pode também ser
usada quando o assunto é energia elétrica. Há diversos exemplos
práticos da transformação de energia elétrica em outras formas de
energia, por exemplo, quando ligamos um ventilador a energia elétrica
faz o motor girar, criando energia mecânica, capaz de impulsionar a
hélice, que realiza a circulação do ar.

Outro exemplo, bastante comum, é o aquecimento do ferro de


passar roupa. Nesse tipo de transformação é possível verificar a
transformação de energia elétrica em energia térmica. Assim como ao
acender uma lâmpada, a energia elétrica está sendo transformada em
energia luminosa.
Os exemplos citados anteriormente, são apenas alguns dentre os
muitos relacionados a capacidade de trabalho que as cargas possuem.

Porém, essa transformação de energia não ocorre sem os componentes


citados anteriormente neste capítulo, já que a potência depende
31

diretamente da tensão elétrica aplicada à corrente e do valor da


resistência elétrica.

Colocando a equação de potência no triângulo, utilizado


anteriormente para o cálculo da lei de Ohm, podem ser usados os
mesmos critérios para o cálculo das grandezas solicitadas e da
potência, desde que se tenha os valores de tensão elétrica e corrente
elétrica.

Figura 34 – Cálculo de potência com o uso do triângulo

‘‘

Na fórmula exibida na Figura 34 é possível perceber que o valor


da resistência não está presente. Isso ocorre porque há outra forma de
32

determinar a potência, com o valor da resistência. O cálculo consiste


na multiplicação da resistência pela correte elétrica elevada ao
quadrado.

A potência, assim como outras grandezas, possui um


equipamento específico para o registro das suas medidas, seu nome é
wattímetro.
Figura 35 – Wattímetro

O wattímetro possui características específicas, ele utiliza a


tensão elétrica e a corrente elétrica para o cálculo da potência. Pode-
se dizer então que é como se houvesse, ao mesmo tempo, um
amperímetro e um voltímetro ligados internamente neste aparelho,
realizando essas duas leituras simultaneamente e retornando o valor
dessa relação para o visor do aparelho.
Isso acontece, porque dentro do wattímetro existem bobinas de
corrente ligadas em série com rede e bobinas de tensão ligadas em
paralelo com a rede, da mesma maneira que ocorre com um
amperímetro e um voltímetro.
33

Formas de energia

O foco desse capítulo é a energia elétrica, porém é necessário ter


conhecimento que há outras formas de energia na natureza e o que é
feito para transformar essa energia em produção de trabalho. A seguir,
nesta apostila, vamos demonstrar alguns exemplos de energia
facilmente encontradas na natureza.
Há, por exemplo, a energia solar, captada por células
fotovoltaicas e enviada para baterias onde é armazenada e
posteriormente transformada em energia elétrica.

Figura 36 – Células fotovoltaicas para a captação de energia solar

A energia hidráulica também é bastante conhecida. Como pode


ser visto na Figura 37, uma represa possui uma imensa energia
hidráulica, que por sua vez é utilizada em usinas hidrelétricas para a
produção de energia elétrica.
34

Figura 37 – Represa de usina hidrelétrica

A energia mecânica está presente em diversos momentos do


nosso dia a dia, como por exemplo no funcionamento de motores de
ventiladores ou geradores de energia elétrica.

Figura 38 – Gerador de energia elétrica

Por último, e não menos importante, há também a energia eólica


produzida pelo vento; conhecida pelo seu método limpo e sustentável.
35

Figura 39 – Energia eólica

A seguir você poderá conhecer melhor um grande exemplo de


transformação de energia muito comum no Brasil, a energia
hidrelétrica, já citada anteriormente.

Usina hidrelétrica

Figura 40 – Esquema de usina hidrelétrica


36

Neste tipo de usina, a energia é gerada a partir da água


armazenada em represas, esta água é conduzida através de um duto
que vai até as turbinas, a força da água é responsável pela rotação das
turbinas, que por sua vez aciona os geradores de energia.
Como pode ser observado as transformações de energia se
sucedem. Primeiro se tem a energia hidráulica, quando há a força da
vazão da água para os dutos da usina, depois a energia mecânica
necessária para a rotação das turbinas e por último a energia elétrica
quando os geradores são acionados.
Após a geração da energia elétrica ela é distribuída, isso pode ser
observado na Figura 41.
Como foi visto anteriormente, o início de tudo é a criação de uma
represa, onde a água é armazenada e a força da sua vazão é capaz de
movimentar os turbogeradores, que por sua vez produzem energia
elétrica.
Essa energia possui elevados níveis de tensão que é adequada
através do uso de transformadores de transmissão. Após isso, a
energia é conduzida pelas linhas de transmissão, disponibilizadas em
torres de aço, até o seu destino que são as subestações de transmissão.

Nessas subestações, a energia é direcionada para outras


subestações que irão alimentar os transformadores responsáveis por
levar a energia elétrica para os consumidores comerciais, residenciais
e industriais.

Toda a energia fornecida e consumida é calculada por medidores


específicos, lembrando que o registro dessa energia é realizado em kW
hora(quilowatt), sendo que 1 kW: 1000w.
37

Figura 41 – Geração e transmissão de energia através de usinas hidrelétricas


(1)

O consumo de energia é o tempo que a carga permanece ligada.


Por exemplo, uma carga de 6000 W mantida ligada por 30 minutos
(0,5h). Lembre-se que a medida é feita em KW/h, então 6.000 W são
6kW, esse valor deve ser multiplicado pelo tempo que a carga ficou
ligada, meia hora. Assim é possível obter P= 6 x 0,5 = 3 Kw/h, que foi
o consumo de carga.
38

Figura 42 - Geração e transmissão de energia através de usinas hidrelétricas (2)

Corrente alternada

Os capítulos anteriores são todas voltadas para a corrente


contínua, porém a partir de agora é importante aprender a diferenciar
esse tipo de corrente da corrente alternada.
A Figura 43 mostra uma corrente contínua versus o tempo. É fácil
perceber que ela se mantém constante e não vai ter o seu sentido
alterado independente do tempo decorrido. Isso quer dizer que a
corrente sempre vai ter uma polaridade fixa, com um polo positivo e
outro negativo.
Figura 43 – Tensão contínua e corrente contínua

A corrente contínua é largamente utilizada e pode ser encontrada


em pilhas, baterias e na maioria dos circuitos eletrônicos de
equipamentos elétricos.
39

Agora que já foi compreendido o que é corrente contínua é


necessário aprender a respeito de corrente alternada.
A corrente alternada está sempre presente no nosso dia a dia,
após a sua geração ela é transformada e distribuída por todas as partes
da cidade. A corrente alternada também é utilizada nas pequenas e
grandes indústrias para a alimentação de motores de pequeno e grande
porte. Além disso, esse tipo de corrente é responsável pelo
funcionamento de grande parte dos eletrodomésticos utilizados em
residências.

Figura 44 – Corrente alternada

Na Figura 45 é possível observar o deslocamento da corrente nos


circuitos de corrente alternada na relação e tempo versus a corrente
alternada. Veja que a corrente partiu de um ponto com valor igual a 0,
foi até o valor máximo positivo, retornou ao valor 0, foi até o valor
mínimo negativo e novamente retornou a 0.
40

Figura 45 – Tensão alternada e corrente alternada

Essa alternância de polaridade positiva para negativa sempre


será constante, o que justifica o uso do termo corrente alternada. Para
completar um ciclo a corrente leva determinado tempo, que recebe o
nome de período de onda, que pode ser medido em segundos.
No Brasil usamos a corrente alternada de 60 ciclos por segundo.
De forma bem explicada, isso significa que o período que o ciclo leva
para se completar é de 1 segundo dividido por 60, que por sua vez é a
frequência dessa corrente alternada. Isso mostra também que cada
ciclo leva aproximadamente 16 milésimos de segundo para acontecer.

Figura 46 – Variações de uma corrente alternada

Triângulo de potência

Agora é preciso entender como funciona a potência em corrente


alternada. Quando o assunto era direcionado para a corrente contínua,
foi possível observar que a potência ativa em circuitos de corrente
41

contínua era igual a tensão multiplicada pela corrente e esse produto


oferecia um resultado medido em Watts.

Figura 47 – Cálculo da potência de corrente alternada

Pode- se dizer que na corrente contínua nós temos apenas um


tipo de potência, chamada de potência real, porém nos circuitos de
corrente alternada a potência possui diversas particularidades, sendo
composta por três tipos diferentes com características específicas cada
um. São elas:
• A potência aparente.
• A potência ativa.
• A potência reativa.
Elas podem ser relacionadas trigonometricamente no chamado
triângulo das potências.

Figura 48 – Triângulo das potências


42

A potência aparente é a potência total disponibilizada na rede


por uma concessionária. Essa potência pode ser calculada através da
multiplicação da tensão versus a corrente, o resultado é oferecido em
quilovolt-ampere.
Figura 49 – Potência aparente

Pap = V · I (S = V · I)

Um exemplo prático do uso dessa denominação são os


transformadores, equipamentos especificados em KVA, a potência total
disponível. Como já observado em anteriormente um KVA equivale a
1.000 VA, assim podemos adquirir transformadores de 15 KVA, 30
KVA, 75 KVA, etc.
A potência ativa é a potência real utilizada pelas cargas, é a
energia que está sendo convertida em trabalho pelo equipamento. Ela
pode ser calculada pela fórmula potência igual a resistência vezes a
corrente elevada ao quadrado.

O resultado deste cálculo é oferecido na unidade de Watts.

Para compreender a potência reativa é preciso conhecer antes


o fator potência.
43

Este fator é a relação entre os dois tipos de potências citados


anteriormente, a potência aparente e a potência ativa. Para o cálculo
do fator é necessário dividir o valor da potência ativa pelo valor da
potência aparente.
Fp = P / Pap

O resultado dessa relação é capaz de nos mostrar o quanto de


potência total está sendo efetivamente transformada em trabalho.
O valor conforme podemos ver aqui pode ser representado de
forma decimal variando de 0 - 0,3 - 0,5 e 0,9 ou de forma percentual
sendo 10%, 40%, 50%, 90% etc.
No triângulo das potências o fator de potência é representado
pela letra grega “fi”, ele é o cosseno do ângulo formado entre a
potência ativa e a potência aparente.

Figura 50 – Fator potência

Quando é estudado trigonometria, é ensinado que no plano


cartesiano o eixo horizontal é correspondente ao eixo dos cossenos e
o eixo vertical corresponde ao eixo dos senos. Então de acordo com
posicionamento das potências no triângulo nós podemos afirmar que a
potência ativa é igual a potência aparente multiplicada pelo cosseno do
ângulo formado entre as duas potências.
Mas aqui nós vemos P igual a V vezes o cosseno “fi”.
44

P = V x I x Cosφ

Isso porque a potência aparente é igual a V vezes I.

Se por acaso a potência for trifásica, deve ser acrescentada a raiz


de 3 a essa equação.
Como pode ser observado, nesta fórmula é necessário o valor da
potência aparente, ou seja, ela pode ser calculada desde que se saiba
que a potência ativa é igual a V vezes I vezes a raiz de 3 vezes o
cosseno “fi”.
P = Pap x √3x Cosφ

Ainda de acordo com o triângulo das potências, é possível afirmar


que a potência reativa vai ser igual a potência aparente vezes o seno
do ângulo “fi”.
Pr = Pap x Senφ

Pr = V x I x Senφ

A potência reativa é dada em var (Volt-Ampère reativo).

Novamente temos o triângulo das potências, agora para a análise


da relação entre seno, cosseno e as potências.

Figura 51 – Seno e cosseno da potência reativa


45

Na Figura 51 é possível perceber como é realizada a relação


trigonométrica entre o seno, cosseno e as potências. Observe que é
usado o seno e cosseno em potências diferentes, nesse caso há a
potência real igual a potência aparente vezes o cosseno do ângulo “fi”;
mas por que o cosseno do ângulo “fi”?
Porque a potência real está formando o vértice com a potência
aparente e esse é o eixo dos cossenos. Assim pode se afirmar que a
potência real, que está nos eixos dos cossenos, é igual a potência
aparente que forma um vértice com ela, multiplicada pelo cosseno do
ângulo que as duas formam. Então a potência real é igual a potência
aparente vezes o cosseno do ângulo “fi”.
A mesma coisa ocorre com a potência reativa, observe que o seu
eixo forma um vértice com a potência ativa e com a potência real, mas
o que importa é o que vem até o ângulo. Assim pode-se afirmar que a
potência reativa é igual a potência aparente, que formou o vértice com
ela, multiplicada pelo seno do ângulo “fi”, porque a potência reativa
está no eixo dos senos.

Essas são as informações que precisam ser conhecidas e fixadas


para o cálculo de potência com qualquer valor.

Após essas considerações é possível afirmar que a potência


reativa representa a potência da energia utilizada para a produção de
campos magnéticos, necessários para o funcionamento de diversos
tipos de carga, tais como transformadores, motores e outras cargas
não lineares.
Para facilitar ainda mais o seu entendimento, a seguir vamos
utilizar uma analogia clássica e bastante conhecida.
Observe um copo de cerveja, a potência ativa pode ser
representada pela porção líquida, que será usada para matar a sede,
ou seja é a potência ativa que será usada realmente pelas cargas. A
espuma não possui função nenhuma, ela não serve para matar a sede,
46

mas ocupa espaço, nesta analogia ela representa a potência perdida


durante o funcionamento de um circuito, em outras palavras é a
potência reativa. O copo todo é a soma da cerveja, potência ativa; com a
espuma, potência reativa, resultando na potência aparente.
Com essa analogia conseguimos claramente entender os três tipos
de potência. Lembrando que a potência ativa é o que realmente
utilizado, a potência reativa é o que é perdido, e a potência aparente é
a soma das duas.

Figura 52 – Analogia das potências com um copo de


cerveja
47

Comandos Elétricos

Olá alunos, sejam bem-vindos ao capítulo de comandos elétricos!


É bastante comum encontrar vagas de emprego em busca de
profissionais com experiência nessa área, mas afinal o que são
comandos elétricos e qual a importância deles?
De forma básica, comandos elétricos são circuitos de
acionamento de cargas usados, geralmente em indústrias. São
bastante conhecidos por ser responsáveis pela partida de motores, mas
também são muito utilizados em sistemas de iluminação, refrigeração
e aquecimento.

Além do uso industrial, que é o mais conhecido, é possível utilizar


os comandos elétricos em trabalhos residenciais como em piscinas,
poços artesianos ou até mesmo em banheiras de hidromassagem.
Hoje temos várias tecnologias que substituem boa parte dos
comandos elétricos e até quando temos um inversor de frequência, por
exemplo, é necessário a presença um contator e de uma proteção,
como será visto mais adiante neste capítulo.

Até mesmo quando toda lógica é realizada com CLP


(Controladores Lógicos Programáveis) a partida passa por um contator
e proteções.
48

Figura 53 – Controlador Lógico Programável(CLP)

Dessa forma, o conhecimento a respeito de comandos elétricos é


capaz de ser um diferencial no campo profissional.
A criação de comandos elétricos foi possível basicamente por
causa dos contatores, tratam-se de componentes que possibilitam o
acionamento de grandes cargas através da alimentação de bobinas
simples. Isso acontece, porque o contator necessita de uma pequena
corrente para realizar o acionamento dessa bobina e realizar o
seccionamento de uma carga com potência maior.
Figura 54 – Contator de comando elétrico
49

Pense em um interruptor, saiba que para ligar uma lâmpada é


necessário que ele utilize uma corrente baixa. Porém quando se trata
de um motor muito grande, com corrente de 50 A, por exemplo, esse
acionamento não pode ser realizado por um interruptor, neste
momento é necessário o uso de um contator.

Figura 55 - Diagrama de partida estrela triângulo

O contator possui vários contatos auxiliares, que possibilitam a


realização de diversas outras ações. Como por exemplo, ligar uma
sinalização com o motor desligado, acionar uma sirene através de
sensores que detectam quando há uma tensão sobre um circuito,
dentre outras funções.
50

Figura 56 – Contator e seus contatos auxiliares

Este é um painel de comando que controla uma bomba de água


de forma relativamente simples (Figura 57).

Figura 57 – Painel de comando de uma bomba de água

Com base neste equipamento é possível explicar ao aluno as


partes que compõe um comando elétrico. Para isso é necessário saber
que ele se divide em duas partes, a carga e o comando.
A carga é a parte responsável pelo controle do acionamento do
contador. Como visualizado na Figura 58, nesta parte há o
51

contator e alguns bornes, que realizam a conexão de entrada e saída


para o motor da bomba, que é a parte da carga basicamente.

Figura 58 – Carga do painel de comando

A parte de carga é composta pelos dispositivos de proteção


geralmente fusível ou disjuntor, em alguns casos até os dois.
Dependendo da complexidade do comando há também o relé
sobrecarga, que faz parte da carga e realiza a sua proteção e os
contadores com dispositivos que irão proporcionar o funcionamento e
religamento das cargas.
De acordo com a complexidade do comando podemos ter vários
contatores, conhecidos como contatores de carga.
Um comando pode ter várias tensões e depende da carga que
está sendo alimentada desde 127V, 220V, 380V, 440V, 706V; ele faz
com que a carga trabalhe com tensões mais altas.
52

Figura 59 – Comando do painel

Os componentes que compõem a parte de comando são a


proteção do comando, o fusível ou disjuntor de baixa corrente.
Lembrando que em um painel, a parte do comando precisa de
pouca potência e a parte da carga necessita de uma potência maior.
Dessa forma os contatores de comando, em alguns casos são
utilizados para auxiliar, por exemplo, na sinalização do controle de cada
parte do comando.
Nós vamos ter então os contatores de comando, com contatos
auxiliares ou contatores auxiliares que são contadores menores que
necessitam de pouca corrente ou para baixas potências; temos os relés
de controle, por exemplo, utilizados para monitorar o status da carga,
controlar partidas paradas, temporização, controle de tensão baixa ou
falta de fase.

Ou seja, há vários tipos de relés e sinalizadores que irão compor


o circuito de comando. Os sinalizadores serão responsáveis por indicar,
através de alguma iluminação ou som especial, determinado status.
53

Por exemplo, quando ligar ou desligar um motor, uma luz ser ativada
ou quando ocorrer alguma falha uma sirene ser acionada; ou seja, será
parte da sinalização e também do comando. Há também as botoeiras
de chaves que serão responsáveis pela interface com o usuário, para
inverter o sentido de rotação ou para acionar uma sirene em outra sala,
enfim, diversas coisas podem ser feitas com os botões.

Figura 60 - Botoeiras

Tudo isso compõe a parte de comando do painel de comando do


contator. Pode se dizer então que a parte de carga é destinada
exclusivamente para a proteção do contator e acionamento da carga;
o que realiza a interface com o usuário e contém as sinalizações e
controles é o comando.
Um fator importante em relação à alimentação da parte de
comando é que normalmente ela é separada da parte de carga do
contator. Assim há dois ramais de alimentação diferentes, um para
carga e outro para comando. Na maioria dos casos os valores de tensão
de alimentação para os comandos também são diferentes, como por
exemplo, de 12 V e 24V em corrente contínua e de 127V e 220V em
corrente alternada.
No caso de 12 e 24 volts em corrente contínua o circuito é
considerado de extra baixa tensão, de acordo com o critério de
54

classificação da NR10; nesse caso não é preciso desligar a parte de


comando para a realização da manutenção, somente a parte da carga
precisa ser desativada.
Isso é bastante comum em grandes comandos onde há CLPs ou
Inversores, que quando desligados podem perder a memorização e se
ligados fazem toda a parametrização novamente. Por todos esses
motivos é interessante trabalhar com a tensão menor, para garantir
maior segurança para quem realiza a operação e também a
manutenção da parte de comando.

Na Figura 61 aparece a proteção do circuito, no caso o disjuntor


e o relé térmico. O disjuntor trifásico é uma proteção da carga e o relé
de sobrecarga além de realizar a proteção da carga atua no comando
desligando ele quando há um aumento de corrente.

Figura 61 – Proteção do contator

Na Figura 62 é possível observar o acionamento da carga no


contador.
55

Figura 62 – Acionamento da carga

Já na Figura 63 é possível observar outros instrumentos


importantes, um de sinalização e outro de medição.

Figura 63 – Sinalização e medição

Também é importante ressaltar as conexões feitas por bornes,


uma parte do painel de comando que, nem sempre, fica próxima à
carga.

Figura 64 - Conexões
56

Vale a pena ressaltar que podemos ter um painel de comando


em um lugar e o motor que ele comanda estar a uma grande distância,
há também casos em que ambos estão próximos, até mesmo dentro
de uma mesma máquina.
Figura 65 – Diagrama partida direta
57

Montagem de uma partida direta de


motor trifásico

Olá alunos! Sejam bem-vindos ao segundo capítulo do tema de


comandos elétricos, agora vamos estudar a montagem de uma partida
direta de motor trifásico.
A primeira coisa que veremos é uma pré-montagem da canaleta,
trilho, o suporte para os botões e os conectores de entrada e saída.

Figura 66 - Base de Montagem

Montar os componentes é algo bem simples. A primeira coisa a


se fazer é realizar a conexão do relé de sobrecarga no contator, após
a montagem desta etapa é necessário fazer a conexão do cabo do relé
da sobrecarga no contato A2 do contator, conforme a Figura 67.
58

Figura 68 – Montagem do contator

Agora já é possível montar o relé de falta de fase, conforme a


Figura 69, responsável pelo monitoramento das fases, no caso de falta
de uma fase ele irá atuar desarmando o comando.

Figura 69 - Montagem do relé térmico e do relé de falta de fase


59

Na Figura 70, você pode observar a montagem do disjuntor que


será utilizado como proteção do comando.

Figura 70 -Montagem do disjuntor

Dessa forma, o comando terá a proteção de um disjuntor e de


um relé falta de fase, que será responsável pelo monitoramento e
proteção do motor contra a falta de fase; isso é necessário porque nem
o disjuntor do motor, nem o relé de sobrecarga são capazes de realizar
essa proteção.
60

Figura 71 -Montagem do Disjuntor Geral

Na Figura 72, você poderá observar a montagem do bloco de


contatos, do botão que vai ligar e o botão que vai desligar.

Figura 72 - Montagem dos Botões de Comando

Dessa forma é feita a pré-montagem com todos os componentes


e começar o processo de conexão dos cabos.
61

Figura 73 - Diagrama de posição dos componentes

Vamos iniciar conectando os três cabos da carga saindo dos


bornes de entrada ao disjuntor do motor. Para isso basta realizar a
conexão do cabo 3, os cabos 1 e 2 serão conectados através de um
jumper para a alimentação de um disjuntor de comando.

Figura 74 - Diagrama da fiação da ligação com a rede elétrica


62

Da saída do disjuntor do motor serão ligados três cabos na


entrada do disjuntor bipolar e também será jumpeado o relé de falta
de fase, esses três cabos vão ser conectados à entrada do contator
lembrando que junto com os cabos será feita uma nova derivação para
os contatos l1 l2 e l3 do relé de falta de fase.

Figura 75 - Fiação da ligação a entrada da rede elétrica

Figura 76 – Diagrama da interligação dos componentes


63

O relé de falta de fase vai monitorar a fase logo após o disjuntor


motor, usando as anilhas 4, 5 e 6. O próximo passo agora é conectar
os cabos da saída do relé sobrecarga até o borne de saída que vai
conectar o motor, isso será feito utilizando as anilhas e 7,8 e 9.

Figura 77 – Desenho da interligação com a carga

Na Figura 78, o aluno pode ver pronta a parte de carga do


circuito. Com esta etapa concluída, deve- se começar a montagem da
parte do comando, responsável pelo acionamento do contator.
64

Figura 79 – Fiação de interligação da carga

O primeiro contato a ser realizado é entre o disjuntor de comando


e o contato 11 do relé de falta de fase.

Figura 80 – Ligação entre o contato 11 do relé de falta de fase e o disjuntor


de comando
65

O contato 14 do relé de falta de fase deve ser ligado ao contato


95 do relé de sobrecarga, obtendo um contato fechado do relé. Sendo
assim qualquer um que apresente problema terá o comando aberto.

Figura 81 – Ligação entre o contato 14 do relé de falta de fase e o contato


95 do relé de sobrecarga

Figura 82 - Vista da placa de montagem com todos os componentes interligados


66

A Figura 83 mostra o contato interligando os dois contatos


fechados. A saída 96 do relé de sobrecarga será ligada até o contato
21, um contato que é normalmente fechado até o botão S0, que por
sua vez é o botão que desliga o circuito.
Figura 83 –Ligação da saída 96 do relé de sobrecarga ao contato 21 ver as
fotos acima que mostra as anilhas amarelas com números em preto.

Figura 84 – Ligação do contato 21 ao botão S0


67

Assim é possível usar a anilha 12 para ligar a saída 96 do relé de


sobrecarga.
Ainda usando a anilha 12 é possível ligar no contato 21 do botão,
que é um contato normalmente fechado, e do contato 22 do botão S0,
normalmente fechado, o botão S0.
Usando a anilha 13, do contato 13 do botão S1, é possível realizar
a ligação do contato 13 ao contato 22 do S0.
Com a anilha 13, do contato 13, é necessário realizar um jumper
para o contato 13 do K1, contato do selo.

Figura 85 - Interligação do botão liga

Então serão conectados os dois cabos juntos, eles irão até o


contato 13 do contator, do contato 14 será ligado o cabo para 14 de
k1, e então será ligado o cabo de A1 a k1.
68

Figura 86 - Interligação do botão desliga

E finalmente o último cabo que vai ligar a segunda saída do


disjuntor de comando conectando em A2 de K1.

Figura 87 – Ligação do relé térmico


69

Agora todos os cabos estão conectados e as canaletas podem ser


fechadas.
Figura 88 - Circuito totalmente montado com as calhas de cabos abertas

Figura 89 - Circuito totalmente montado com as calhas de cabos fechadas

Assim, você acabou de observar a montagem com a proteção do


comando e proteção do motor. De maneira completa, simples e segura.
Resumo da sequência de montagem de carga:
70

1. Ligar 3 cabos da saída do borne de entrada até o disjuntor motor.


anilhas 1,2,3.
2. Jumpear cabos 1 e 2 para o disjuntor do comando.
3. Ligar 3 cabos da saída do disjuntor motor até a entrada do
contator, anilhas 4,5,6.
4. Jumpear cabos 4, 5 e 6 para entrada do relé falta de fase FFS.
5. Ligar 3 cabos da saída do contator até os bornes de saída para o
motor, anilhas 7, 8, 9.

Resumo sequência de montagem do comando:


1. Ligar um cabo da saída do disjuntor de comando para o contato
11 do relé (contato comum do relé) anilha 10.
2. Do contato 14 do rele FFS ligar um cabo até 95 do relé de
sobrecarga, anilha 11.
3. Do contato 96 do relé de sobrecarga ligar um cabo ao contato 21
(NF) do botão S0, anilha 12.
4. Do contato 22 (NF) do botão S0 ligar um cabo até o contato 13
(NA) do botão S1, anilha 13.
5. Jumpear cabo 13 para o contato 13 (NA) do contator K1.

6. Do contato 14 (NA) do botão S1 ligar um cabo até o contato 14


(NA) do contator K1.

7. Jumpear o cabo 14 para o contato A1 (alimentação da bobina)


do contator K1;
8. Ligar um cabo da segunda saída do disjuntor de comando para o
contato A2 (alimentação da bobina) do contator K1.
71

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