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INTRODUÇÃO À

ELETRICIDADE
INTRODUÇÃO A ELETRICIDADE

2
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Suhett, Marcos Riva


Alves Junior,José Eduardo da Rocha
INTRODUÇÃO A ELETRICIDADE
Universidade Federal Fluminense. Niterói, 2012.

60 p.: 46 il.

PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.

Av. Almirante Barroso, 81 – 17º andar – Centro


CEP: 20030-003 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil

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ÍNDICE
1. Fundamentos de eletricidade..............................................................................................................07
1.1 Eletricidade básica............................... ...........................................................................................07
1.2 Circuitos elétricos de corrente contínua...........................................................................................16
1.3 Circuitos elétricos de corrente alternada..........................................................................................19
2. Noções preliminares de desenhos unifilares e multifilares................................................................39
2.1 O diagrama unifilar............................... ...........................................................................................39
2.2 O diagrama trifilar ou multifilar.........................................................................................................41
2.3 O diagrama funcional ou de contatos..............................................................................................42
2.4 Layout de montagem.......................................................................................................................43
3. Noções de controle de motor.............................................................................................................44
3.1 Características gerais de motores elétricos.....................................................................................44
3.2 Tipos de motores elétricos mais usados..........................................................................................49
3.3 Acionamentos elétricos....................................................................................................................52
3.4 Identificação de motores elétricos....................................................................................................54
4. Noções de estudos elétricos..............................................................................................................57
BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................................................60

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura atômica 7

Figura 2 – Sentido Convencional da Corrente 9

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APRESENTAÇÃO

Esta apostila foi desenvolvida com o objetivo de apresentar aos alunos do curso de Projetista
CAE Elétrica do Prominp, os conceitos de projetos industriais, a estrutura e a execução do projeto
elétrico dessas plantas.
A apostila aborda os seguintes temas:
Inicialmente uma apresentação bem geral sobre fundamentos de eletricidade.
Na segunda parte, introduzem-se noções bem preliminares de diagramas elétricos.
Na terceira parte da apostila apresentam-se noções básicas de controle de motores elétricos.
Por fim o tema dos estudos elétricos relevantes para o projeto elétrico é abordado.

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UNIDADE I

1. Fundamentos de Eletricidade
1.1. Eletricidade Básica

Eletricidade é o termo que representa os fenômenos resultantes das cargas elétricas. Na


natureza, a matéria é constituída de partículas denominadas átomos. Os átomos, por sua vez, são
constituídos por partículas subatômicas denominadas elétrons, prótons e nêutrons. Estas partículas
são combinadas de diversas formas produzindo diferentes tipos de matérias [1]. Das partículas que
compõem os átomos, apenas duas possuem carga elétrica:

• Próton: Carga elétrica positiva (+);


• Elétron: Carga elétrica negativa (-).

Os nêutrons não possuem carga elétrica. Quando um átomo possui o mesmo número de
prótons e elétrons, este átomo possui carga elétrica nula e é chamado de átomo neutro. A figura 1
apresenta um modelo simplificado da estrutura atômica.

Figura 1 – Estrutura atômica

Segundo a Lei de Coulomb [1], cargas de mesmo sinal se repelem e cargas de sinais
contrários se atraem. A magnitude da força de atração/repulsão é dada por (1).
kQ1Q2
F [N ]
r2 (1)

7
Onde k é a Constante de Coulomb cujo valor é aproximadamente 8,98 x 109 [Nm²/C²], Q1 e
Q2 são as respectivas cargas elétricas em Coulomb [C] e r é a distância entre as cargas elétricas em
metro [m].

A interação de forças entre as partículas com carga elétrica é denominada Campo Elétrico ou
Campo Eletrostático. A partir de (1) pode-se verificar que quanto menor a distância entre as cargas,
maior será a força de atração entre os prótons presentes no núcleo atômico e os elétrons localizados
em camadas ao redor do núcleo. Neste caso, os elétrons localizados nas camadas mais distantes do
núcleo estão sujeitos a uma força de atração mais fraca que os elétrons localizados nas camadas
mais próximas. Por este motivo, um átomo poderá ceder seus elétrons para outro átomo cuja força de
atração seja mais forte, gerando assim a transferência de elétrons de um átomo para outro. Quando
isso acontece, um átomo poderá ter um excesso de elétrons, i.e. uma predominância de cargas
negativas, ou uma escassez de elétrons, i.e. uma predominância de cargas positivas.

1.1.1 Tensão e Corrente

Uma vez que existe um campo eletrostático entre cargas elétricas, uma carga é capaz de
realizar trabalho ao deslocar outra carga por atração ou repulsão. A capacidade de uma carga de
realizar trabalho é denominada Potencial [1]. Quando uma carga possui um potencial diferente de
outra, existirá uma Diferença de Potencial (ddp) entre elas. A soma das diferenças de potencial de
todas as cargas em um campo eletrostático é denominada Força Eletromotriz (fem) e sua unidade
fundamental é o Volt [V].

Exemplo, se uma bateria possui uma tensão de 9V significa que a diferença de potencial entre
o pólo positivo da bateria e o pólo negativo é de 9V. Portanto, a tensão elétrica é a diferença de
potencial entre dois pontos.

O movimento ou o fluxo de elétrons é chamado de corrente elétrica [1]. Para se produzir uma
corrente elétrica, os elétrons devem se deslocar pelo efeito de uma diferença de potencial. A unidade
fundamental da corrente elétrica é o Ampère [A].

Como a corrente elétrica está relacionada ao fluxo de elétrons, o sentido da corrente elétrica é
convencionado de uma das seguintes formas:
 Sentido Convencional: As cargas saem do pólo positivo em direção ao pólo negativo.
Este sentido é comumente utilizado em circuitos elétricos. A Figura 2 apresenta um
circuito cuja corrente está representada pelo sentido convencional.

8
Figura 2 – Sentido Convencional da Corrente

 Sentido Eletrônico: As cargas saem do pólo negativo em direção ao pólo positivo.


Este sentido representa de forma mais fiel o comportamento físico das cargas
elétricas, entretanto, é mais utilizado no campo da microeletrônica. A Figura 3
apresenta um exemplo quando a corrente é representada pelo sentido eletrônico.

Figura 3 – Sentido Eletrônico da Corrente

Nesta apostila, será adotado o sentido convencional da corrente.

1.1.1.1 Corrente Contínua e Corrente Alternada

A corrente elétrica pode ser classificada, de acordo com o seu sentido, em corrente contínua
e corrente alternada.

A corrente é considerada contínua quando o seu sentido não é alterado. A corrente é


considerada alternada quando o seu sentido é alternado periodicamente, ou seja, ora é positiva e ora
é negativa. Na corrente alternada, os elétrons realizam um movimento de vai e vem. A figura 4
apresenta um exemplo de uma corrente contínua (linha tracejada) e uma corrente alternada (linha
cheia).

9
Figura 4 – Corrente contínua e corrente alternada

Exemplos do uso da corrente contínua:

 Baterias
 Automóveis
 Motores elétricos

Exemplos do uso da corrente alternada:

 Motores elétricos
 Transmissão de energia elétrica
 Distribuição de energia elétrica

1.1.2 Condutores e Isolantes

Condutores são materiais que possuem muitos elétrons livres, consequentemente, permitem
a passagem do fluxo de corrente com mais facilidade, isto é, apresentam uma baixa oposição ao fluxo
de corrente. A prata, o cobre, o ouro e o alumínio são exemplos de bons materiais condutores de
energia elétrica.

Isolantes são materiais que possuem poucos elétrons livres, consequentemente, apresentam
uma grande oposição à passagem do fluxo de corrente. O ar, a porcelana, óleos e borracha são
exemplos de materiais isolantes.

10
1.1.3 Resistência Elétrica

A oposição ao fluxo de corrente elétrica apresentado por um determinado material é chamado


de resistência elétrica. A resistência elétrica de qualquer material se seção reta uniforme é
determinada por quatro fatores:

 Composição química do material;


 Comprimento;
 Área da seção reta;
 Temperatura.

Assim, a resistência elétrica é dada por (2).

l
R []
A
(2)
onde ρ é a resistividade do material em [Ωcm], l o comprimento em [cm] e A é a área da
seção reta em [cm²]. A figura 5 apresenta um exemplo de condutor.

Figura 5 – Exemplo de condutor

Um resistor é um dispositivo elétrico que apresenta uma determinada resistência elétrica, isto
é, sua finalidade é apresentar uma oposição à passagem do fluxo de corrente.

11
1.1.4 Lei de Ohm

A lei de Ohm define a relação entre corrente, tensão e resistência elétrica [1]. Segundo a lei
de Ohm, a tensão em um resistor é diretamente proporcional à corrente que flui através dele,
conforme (3).

V  Ri (3)

onde V é a tensão nos terminais de um resistor [V], R é a resistência do resistor [Ω] e i é a


corrente elétrica passando pelo resistor [A].

A polaridade da tensão tem sentido inverso ao da corrente, conforme figura 6.

Figura 6 – Tensão e corrente

Conhecendo-se duas das grandezas, V, i ou R, podemos calcular a terceira.

Exemplo: Determine a corrente elétrica resultante quando uma bateria de 9V é conectada aos
terminais de um resistor de 2,2Ω.

Resolução: Pela lei de Ohm:

V  Ri
V 9
i   4,09
R 2,2

A corrente resultante é igual a 4,09 A.

12
1.1.5 Potência e Energia

A potência elétrica é a grandeza que mede quanto trabalho pode ser realizado em um certo
período de tempo, isto é, potência é a capacidade de se realizar trabalho. Trabalho é a conversão de
energia de uma forma em outra [2]. A unidade da potência elétrica é o Watt [W].

Em circuitos elétricos, a potência é dada por (4).

P  Vi (4)

Onde P é a potência elétrica em [W], V é a tensão em uma determinada parte do circuito [V] e
i é a corrente elétrica nesta mesma parte [A].

Em um resistor a potência elétrica é dada por (5).

V2
P  Vi   Ri 2
R (5)

A energia elétrica é o trabalho realizado em um determinado período de tempo. Sendo o Watt


a unidade da potência, um Watt usado em um segundo é igual ao trabalho de um Joule [2]. Em
circuitos elétricos, a energia é expressa em quilowatt-hora [kWh].

kWh  kW x h

Exemplo: Qual a potência dissipada em um resistor de 5Ω quando mesmo é percorrido por


uma corrente de 4A. Determine a energia elétrica total em um período de 1 hora.

Resolução: Pela equação (5), tem-se:

P  Ri 2  5.4 2  80

A potência elétrica dissipada no resistor é de 80W. Em 1 hora, a energia total será:

E  80W x 1hora  80 Wh  0,08 kWh

13
1.1.6 Indutores

Indutância é a capacidade que um condutor possui de induzir tensão em si mesmo quando há


uma variação da corrente [1]. O símbolo da indutância é a letra L e sua unidade é o Henry [H]. Um
indutor é um componente elétrico, formado por um condutor com um determinado número de espiras,
cuja função é apresentar um determinado valor de indutância. A Figura 6 apresenta o símbolo de um
indutor.

Figura 6 - Indutores

A tensão induzida em um indutor, VL, é dada por (6):

di i
VL  L L
dt t (6)

onde L = indutância em [H],


di/dt ou Δi/ Δt = Taxa de variação da corrente em [A/s].

A partir de (6), verifica-se que se a corrente se mantiver constante ao longo do tempo


(corrente contínua), a tensão induzida, VL, é igual a zero.

1.1.6.1 Reatância Indutiva

Uma vez que a tensão auto induzida gerada pelo indutor cria uma condição de oposição à
passagem do fluxo de corrente, todo indutor apresenta uma “resistência” natural à variação de
corrente. Assim, Reatância Indutiva, XL, é a oposição à variação da corrente devido a uma indutância
do circuito. A unidade da reatância indutiva é o Ohm [Ω].
A equação que descreve a reatância indutiva é dada em (7)

X L  2fL (7)

onde f é a frequência da corrente e L a indutância.

14
1.1.7 Capacitores

Um capacitor é um componente elétrico capaz de armazenar energia elétrica através do


acúmulo de cargas elétricas. O capacitor é formado por duas placas condutoras separadas por um
material isolante denominado dielétrico. A Figura 7 apresenta um modelo de capacitor bem como o
símbolo utilizado. A capacidade de armazenar energia elétrica é denominada Capacitância, seu
símbolo é o C e unidade Farad [F].

Figura 7 - Capacitores

A corrente, i, que percorre um capacitor é dada por (8)

dVC V
iC C C
dt t (8)

onde C é o valor da capacitância do capacitor em [F] e dVC/dt ou ΔVC/Δt é a taxa de variação


da tensão nos terminais do capacitor.

A tensão VC varia de acordo com o carregamento do capacitor, quando o capacitor está


carregado, isto é, com a máxima quantidade de energia armazenada, VC se mantém constante.
Nesta condição, a partir de (8), a corrente no capacitor é zero.

1.1.7.1 Reatância Capacitiva

A reatância capacitiva, XC, é a oposição à variação de corrente devido à capacitância do


circuito. A unidade da reatância capacitiva é o Ohm [Ω].

15
A equação que descreve a reatância capacitiva é dada em (9)

1
XC 
2fC (9)

onde f é a frequência da corrente e C a capacitância.

1.2 Circuitos de Corrente Contínua

Neste capítulo serão apresentados os conceitos e resoluções de circuitos que utilizam


correntes contínuas no tempo.

1.2.1 Circuitos Série

Um circuito série é aquele que permite apenas um caminho para a passagem da corrente.
Consequentemente, em um circuito série a corrente é a mesma para todos os elementos do circuito.
A figura 8 apresenta um exemplo de um circuito com resistores em série.

Figura 8 – Resistências em série

Quando os resistores estão conectados em série, a resistência equivalente é igual a soma da


resistência de cada elemento. Na figura 6, a resistência equivalente, RT, entre os pontos a e b será:

RT  R1  R2  R3

1.2.2 Circuitos Paralelos

Um circuito paralelo é aquele que dois ou mais componentes estão conectados à mesma
diferença de potencial. Consequentemente, em um circuito paralelo a tensão é igual para todos os
elementos do circuito. A figura 9 apresenta um exemplo de um circuito com resistores em paralelo.

16
Figura 9 – Resistências em paralelo.

Quando os resistores estão conectados em paralelo, a condutância equivalente é igual a


soma da condutância de cada elemento. Condutância é a propriedade que expressa a condutância de
um material, isto é, a condutância é o inverso da resistência e sua unidade é o Siemens [S]. A
condutância, G, é dada por (10):

1
G [S ]
R (10)

Na figura 7, a condutância equivalente entre os pontos a e b será (11):

1 1 1
GT   
R1 R 2 R3 (11)

Usando (10) em (11) temos (12):

1
RT 
GT (12)

Assim, a resistência equivalente, RT, entre os pontos a e b da Figura 7 será o inverso da


condutância equivalente, GT, conforme (12).

1.2.3 Leis de Kirchhoff

1.2.3.1 Lei de Kirchhoff para a Tensão

A lei de Kirchhoff para tensão, também conhecido como lei das malhas, define que a soma
das tensões em uma malha fechada é igual a zero.

Exemplo: A Figura 10 apresenta um circuito onde E = 60V, R1=4Ω, R2=10Ω e R3=16Ω.

17
Figura 10 – Exemplo de circuito.

A corrente elétrica do circuito será (13):

V E 60 60
i     2A
RT R1  R 2  R3 4  10  16 30 (13)

Pela lei das malhas, percorrendo a malha fechada abcda, temos:

E  VR1  VR 2  VR 3  0
E  VR1  VR 2  VR 3
E  R1.i  R 2.i  R3.i
E  4.2  10.2  16.2
E  8  20  32
E  60

A tensão calculada pela lei das malhas é igual à tensão da fonte. Isto comprova que a lei está
correta.

1.2.3.2 Lei de Kirchhoff para a Corrente

A lei de Kirchhoff para corrente, também conhecida como lei dos nós, define que a soma das
correntes que entram em uma junção é igual a soma das correntes que saem da junção.

A figura 11 apresenta um exemplo de uma junção com duas correntes entrando e duas
correntes saindo.

18
Figura 11 - Exemplo para a lei das Correntes

Aplicando a lei das malhas na Figura 9, a soma das correntes que entram (4 + 8 = 12) é igual
a soma das correntes que saem (2 + 10 = 12) da junção.

A Figura 12 apresenta um circuito onde a corrente i1, entrando no nó a, é igual a 10A e a


corrente i2 é igual a 7A.

Figura 12 – Exemplo de circuito para a Lei das Correntes.

Aplicando a lei dos nós no nó a, temos:

i1  i 2  i3
i3  i1  i 2
i3  10  7
i3  3 A

1.3. Circuitos de Corrente Alternada

Neste capítulo serão apresentados os conceitos e resoluções de circuitos que utilizam


correntes cujo sentido varia ao longo do tempo.

1.3.1 Forma de Onda Senoidal

A forma de onda mais utilizada em circuitos de corrente alternada é a senoidal, uma vez que a
senoide é a única forma de onda que não se altera quando aplicada em circuitos contendo elementos
armazenadores de energia como capacitores e indutores [2]. A Figura 13 apresenta a forma de onda
senoidal que será utilizada como forma de onda padrão neste capítulo.

19
Figura 13 – Forma de onda senoidal.

1.3.2 Propriedades de um Sinal com Forma de Onda Senoidal

Os sinais (tensão e corrente) cuja forma de onda é senoidal apresentam algumas


características básicas. São Elas:

Valor instantâneo

Valor da grandeza em um determinado instante de tempo. A Figura 14 mostra que no instante


de tempo t1 o valor da grandeza é e1.

Figura 14 – Valor instantâneo.

20
Amplitude de Pico

Valor máximo da forma de onda em relação ao valor médio. A Figura 15 apresenta uma forma
de onda cuja amplitude de pico é igual a Emax.

Figura 15 – Valor de pico.

Ciclo

Parte de uma forma de onda que está contida em um período T. A figura 16 apresenta o ciclo
de uma forma de onda senoidal.

Figura 16 – Ciclo de uma onda senoidal.

21
Frequência

Número de ciclos contidos em 1 segundo. A frequência de uma onda senoidal é dada por (14)
e sua unidade é o Hertz [Hz].

1
F [ Hz ]
T (14)

Valor Eficaz ou RMS (Root Mean Square)

É o valor equivalente à raiz quadrada do valor médio da função ao quadrado, conforme (15).

t0 T
1
E RMS   [e(t )] dt
2

T t0
(15)

Para formas de ondas senoidais, o valor eficaz é dado por (16).

EMAX
E RMS 
2 (16)

1.3.3 Tensões e Correntes Alternadas Senoidais

A tensão elétrica alternada senoidal é dada por (17).

E  EMAX sen(t   ) (17)

onde:
EMAX é a amplitude de pico;
ωt é a frequência angular, em radianos por segundo [rad/s];

2
  2 f  [ rad / s ]
T

θ é o ângulo de fase, em radianos [rad].

22
A tensão representada na Figura 15 pode ser expressa como (18), uma vez que a amplitude
de pico é igual a 10 V e o ângulo de fase é igual a 30º (π/6 rad):


E  10 sen(2 60t  )
6 (18)

Analogamente, a corrente alternada senoidal é dada por (19).

I  I MAX sen(t   ) (19)

1.3.4 Respostas dos Elementos Básicos

Este capítulo apresenta a resposta em corrente dos elementos básicos (resistor, indutor e
capacitor) quando estes são submetidos a sinais de tensão e corrente senoidais.

1.3.4.1 Resposta do Resistor

A figura 17 apresenta um resistor ligado a uma fonte de tensão alternada, e(t), cujo valor é
dado em (17).

Figura 17 – Resistor ligado a fonte de tensão alternada.

Pela lei de Ohm (3), temos (20):

23
e(t )  Ri (t )
e(t ) EMAX
i (t )   sen(t   )
R R
i (t )  I MAX sen(t   )
EMAX
I MAX 
R (20)

A partir de (20), verifica-se que a corrente resultante será um sinal senoidal de mesma
frequência e ângulo de fase da fonte de tensão, mas com amplitude reduzida. A figura 18 apresenta
um gráfico da tensão e da corrente no tempo quando uma fonte de tensão alternada está conectada a
um resistor.

Figura 18 – Tensão e corrente para uma carga resistiva.

1.3.4.2 Resposta do Indutor

A figura 19 apresenta um indutor ligado a uma fonte de tensão senoidal, e(t). A corrente
resultante nos terminais do indutor, i(t) é dado por (21):

i(t )  I MAX sen(t   ) (21)

24
Figura 19 – Indutor ligado a uma fonte senoidal.

A partir de (6), a tensão nos terminais de um indutor será (22)

i (t )  I MAX sen(t   )

i (t )  L I MAX sen(t   )
di d
v (t )  L
dt dt
v(t )  LI MAX cos(t   )

v(t )  X L I MAX sen(t    )
2 (22)

A partir de (22), verifica-se que a tensão nos terminais do indutor será um sinal senoidal com
a mesma frequência do sinal de corrente, mas adiantada em 90º (π/2 rad) e com amplitude igual a
XLIMAX. XL é a reatância indutiva dada em (7).

A figura 20 apresenta as formas de onda da tensão e da corrente de um indutor quando


aplicados sinais de tensão e corrente senoidais.

Figura 20 – Tensão e corrente para uma carga indutiva.

25
1.3.4.3 Resposta do Capacitor

A figura 21 apresenta um capacitor ligado a uma fonte de tensão alternada, e(t), cujo valor é
dado em (17).

Figura 21 – Indutor ligado a uma fonte senoidal.

A partir de (8), a corrente nos terminais de capacitor será (23):

 C EMAX sen(t   )
de(t ) d
i (t )  C
dt dt
i (t )  CEMAX cos(t   )

i (t )  I MAX sen(t    )
2
EMAX
I MAX  CEMAX 
XC (23)

A partir de (19), verifica-se que a corrente nos terminais do capacitor será um sinal senoidal
com a mesma frequência da tensão da fonte, mas adiantada em 90º (π/2 rad) e amplitude igual a
EMAX/XC. XC é a reatância capacitiva dada em (9). A Figura 23 mostra um gráfico com os sinais de
tensão e corrente de um capacitor quando a tensão aplicada é senoidal.

Figura 22 – Tensão e corrente para uma carga capacitiva.

26
Comparando a resposta do indutor, em 1.3.4.2, com a resposta do capacitor, verifica-se que
em circuitos indutivos, a tensão está atrasada com relação à corrente e em circuito capacitivos, a
corrente está atrasada com relação à tensão.

1.3.5 Representação por Números Complexos

As representações dos sinais senoidais, vistos no capítulo 1.3.3, e das respostas dos
elementos básicos, vistos no capítulo 1.3.4, aumenta muito a complexidade de análise dos circuitos
em corrente alternada. Uma forma de minimizar a complexidade de cálculo e simplificar as análises
de circuitos é empregando o uso de números complexos.

1.3.5.1 Números Complexos

Um número complexo, z, é representado como (24):

z  x  jy (24)

onde x e y são números reais e j é a unidade imaginária (25):

j  1 (25)

Os números complexos possuem uma parte real, representada por x, e uma parte imaginária,
representada por y. Além disso, um mesmo número complexo pode ser representado pela forma
retangular ou polar.

Representação retangular

z  x  jy

onde x representa a parte real e y a parte imaginária.

Representação Polar

z  z

onde z representa o módulo e θ o ângulo.

27
Para passar um número complexo da representação retangular para polar, basta calcular os
valores de z e θ de acordo com (26):

z  x2  y2
 y
  arctan 
x (26)

Para passar um número complexo da representação polar para a representação retangular,


basta calcular os valores x e y de acordo com (27):

x  z cos 
y  zsen (27)

1.3.5.2 Operações com Números Complexos

Soma e subtração

A soma e a subtração de números complexos são efetuas com a representação retangular.


Neste caso, soma-se (ou subtrai-se) as partes reais de cada número para compor a parte real do
resultado e soma-se (ou subtrai-se) as partes imaginárias de cada número para compor a parte
imaginária do resultado.

Exemplo: Soma de (2 + j4) com (3 - j1):

2  j 4  3  j1  2  3  j4  1  5  j3

Exemplo: Subtração de (2 + j4) com (3 - j1):

2  j 4  3  j1  2  3  j4  1   1  j5

28
Multiplicação e Divisão

A multiplicação e divisão de números complexos são efetuadas com a representação polar.


Para a multiplicação, multiplicam-se os módulos e somam-se os ângulos. Para a divisão, dividem-se
os módulos e subtraem-se os ângulos.

Exemplo: Multiplicação de 4,4863,4 com 3,16-18,4:

4,4863,4. 3,16  18,4  (4,48.3,16)(63,4  18,4)  14,1645

Exemplo Divisão de 4,4863,4 com 3,16-18,4:

4,4863,4 /3,16  18,4  (4,48 / 3,16)(63,4  18,4)  1,4281,8

1.3.5.3 Representação de Senoides por Meio de Números Complexos

Uma senoide pode ser representada no plano complexo utilizando-se o conceito de fasores.
Um fasor é um vetor girante no tempo [1]. A velocidade de giro do fasor é definida como a frequência
angular da senoide, o módulo do fasor como o valor eficaz da senoide e o ângulo de fase do fasor
como o ângulo de fase da senoide.

Exemplo, a senoide:

g (t )  AMAX sen(t   )

Será representada pelo fasor:

AMAX
G 
2

Uma vez representadas por fasores, os sinais de tensão e corrente poderão ser manipulados
utilizando a álgebra os números complexos. Neste caso, a soma, subtração, multiplicação e divisão
de sinais senoidais se torna algo muito mais simples. Observação importante: A álgebra de fasores só
poderá ser usada se todos os fasores tiverem a mesma frequência angular.

29
1.3.5.4 Impedância

Impedância é a relação entre a diferença de potencial de um circuito com a corrente que


passa neste mesmo circuito. Na representação fasorial, a impedância é dada por (28):

V V V
Z   Z V   I 
I I I (28)

onde V é o fasor de tensão do circuito e I é o fasor de corrente do mesmo circuito.

A impedância Z também representa a relação entre a resistência elétrica do circuito com as


reatâncias indutivas e capacitivas, conforme (29):

Z  Z  R  j ( X L  X C ) (29)

onde R é a componente resistiva do circuito, XL a componente indutiva e XC a componente


capacitiva.

A figura 24 apresenta um circuito contendo um resistor, um indutor e um capacitor. O resistor


possui uma resistência de 3Ω, o indutor uma reatância de 4Ω e o capacitor uma reatância de 1Ω.

Figura 23 – Impedância com resistência, capacitância e indutância em série.

A impedância total do circuito é dada por:

Z  R  j ( X L  X C )  3  j (4  1)  3  j 3  4,2445

Caso fosse aplicada uma tensão com valor eficaz de 127V e ângulo de fase nulo:

V  1270V

Neste circuito, a corrente seria:

30
V
Z
I
V 1270
I   29,95  45 A
Z 4,2445

A corrente seria uma senoide com a mesma frequência angular da tensão, mas com um valor
eficaz de 29,95A e um ângulo de fase de -45º.

1.3.6 Potência em Circuitos AC

Dado os sinais de tensão (30) e corrente (31) abaixo:

v(t )  VMAX sen(t  V ) (30)

i(t )  I MAX sen(t   I ) (31)

A potência instantânea será (32):

p(t )  v(t )i (t )  VMAX sen(t   V ) . I MAX sen(t   I ) (32)

Simplificando (32), obtemos (33):

p(t )  VI cos( V   I )  VI cos(2t   V   I ) (33)

onde
VI cos(V   I ) é a parte constante da potência instantânea e VI cos(2t  V   I ) a
parte variante com o tempo.

A partir de (33), a potência instantânea foi dividida como:

Potência Ativa (P)

A Potência ativa é o valor médio da potência instantânea, o que corresponde a parte


constante desta potência. A potência ativa é definida em (34) e sua unidade é o Watt [W].

31
P  VI cos( V   I ) (34)

A potência ativa representa a potência útil do sistema, isto é, a capacidade de realizar


trabalho.

Potência Reativa (Q)

A Potência Reativa é definida como a parte oscilante da potência instantânea. A potência


reativa é definida em (35) e sua unidade é o volt-ampère reativo [var].

Q  VIsen( V   I ) (35)

A potência reativa representa a troca de energia entre fonte e carga. Seu valor médio é
sempre zero e, por isso, não contribui para a potência útil do sistema.

Potência Aparente (S)

A Potência Aparente é definida como a potência total do sistema. A potência aparente é


definida em (36) e sua unidade é o vot-ampère [VA].

S  VI (36)

As potências Ativa, Reativa e Aparente são relacionadas através de (37):

S 2  P2  Q2 (37)

Uma vez que a potência ativa representa a parcela de potência útil da potência total, a relação
entre a potência ativa e a potência aparente é chamada de Fator de Potência. O fator de potência é
definido em (38):

P
FP   cos( V   I )
S (38)

O fator de potência é um indicador muito importante uma vez que quando FP=1, toda a
potência do circuito está sendo transformada em trabalho (isto é, toda a potência do circuito é ativa) e

32
quando FP=0, nenhuma parcela da potência está realizando trabalho, apenas a fonte e a carga estão
trocando energias.

1.3.6.1 Potência Aparente Complexa

A potência aparente pode ser representada no plano complexo através de (39):


S  P  jQ  V I (39)

onde P é a parte real da potência aparente (potência ativa), Q é a parte imaginária da


potência aparente (potência reativa), V é o fasor de tensão, I* é o complexo conjugado do fasor de
corrente.

A partir de (39), pode representar a potência aparente complexa através do triângulo de


potências apresentado na figura 24.

Figura 24 – Triângulo de potências.

1.3.7 Circuitos Trifásicos

A maior parte dos sistemas de geração, transmissão e distribuição de energia em alta


potência utiliza circuitos trifásicos, ou seja, circuitos nos quais estão disponíveis três fontes de tensão
de mesma amplitude e frequência, mas defasadas entre si em 120º. Os circuitos trifásicos acarretam
em menores custos para transporte de energia uma vez que é necessários fios de bitolas menores
para transportar a mesma quantidade de energia de um sistema monofásico [1].

33
Um circuito trifásico possui três fases, cada fase possui a tensão definida em (40):

V A  VMAX sen(t  0º )
V B  VMAX sen(t  120º )
V C VMAX sen(t  120º ) (40)

As três tensões expressas em (40) são representadas no tempo pela figura 25.

Figura 25 – Tensões trifásicas.

As tensões expressas em (40) podem ser representadas no plano complexo atrvés de (41):

V A  V0
V B  V120
V C  V  120
(41)

A figura 25 apresenta os três fasores expressos em (41).

34
Figura 25 – Tensões trifásicas.

As diferenças de potenciais entre as fases VA, VB e VC são chamadas tensões entre fases e
são definidas por (42):

V AB  V A  V B  3V30
V BC  V B  VC  3V150
V CA  VC  V A  3V  90
(42)

1.3.7.1 Ligação em Y

Ligação em Y é quando as três fases estão ligadas em um ponto comum, denominado


Neutro. A figura 26 apresenta como um gerador trifásico gera as três fases VA, VB, VC.

Figura 26 – Ligação em Y.

Nesta ligação, as cargas podem ser ligadas entre uma fase e o neutro (ligação monofásica)
ou entre fases (ligação bifásica ou trifásica).

35
1.3.7.2 Ligação em Δ

Ligação em Δ é quando as três fazes estão ligadas entre si. A figura 27 apresenta como um
gerador trifásico gera as três fases a partir de uma ligação em Δ.

Figura 27 – Ligação em Δ.

Nesta ligação não existe o Neutro, conseqüentemente as cargas só podem ser ligadas entre
fases (bifásicas e trifásicas).

1.3.7.3 Ligação de Cargas Monofásicas

No sistema de distribuição de energia, a tensão eficaz padrão de cada fase é de 127V. Assim,
qualquer carga ligada entre uma fase e o neutro obterá uma tensão eficaz de 127V, conforme figura
28:

Figura 28 – Carga monofásica.

36
1.3.7.4 Ligação de Cargas Bifásicas

As cargas bifásicas são ligadas entre duas fases do sistema. Neste caso, a tensão eficaz

resultante é de 3.127 V, o que dá 220V. A Figura 31 apresenta os valores de tensão obtidos


quando as ligações são monofásicas e bifásicas.

Figura 29 – Carga bifásica.

1.3.7.5 Ligação de Cargas Trifásicas

Algumas cargas elétricas precisam das três cargas conectadas para funcionar. Um motor
elétrico trifásico é um exemplo de carga trifásica.

1.3.7.6 Potências Trifásicas

1.3.7.6.1 Potência Ativa Trifásica

A potência ativa consumida por um conjunto de cargas ligadas em um sistema trifásico é a


soma das potências ativas consumidas em cada fase, conforme (43).

P 3 f  PA  PB  PC
(43)

Onde PA é a potência ativa da fase A, PB é a potência ativa da fase B e PC é a potência ativa


da fase C.

Se o sistema for equilibrado, isto é, a quantidade de cargas é igual para todas as fases (isto é,
as correntes de fase também são iguais), a potência ativa trifásica pode ser simplificada para (44)

P 3 f  3VI cos  (44)

37
onde V é o valor eficaz da tensão (igual em todas as fases), I é o valor eficaz da corrente
(igual em todas as fases) e θ é o ângulo entre tensão e corrente (igual em todas as fases).

1.3.7.6.2 Potência Reativa Trifásica

A potência reativa consumida por um conjunto de cargas ligadas em um sistema trifásico é a


soma das potências reativas consumidas em cada fase, conforme (45).

Q 3 f  Q A  Q B  QC
(45)

Onde QA é a potência reativa da fase A, QB é a potência reativa da fase B e QC é a potência


reativa da fase C.

Se o sistema for equilibrado, a potência reativa trifásica pode ser simplificada para (46):

Q 3 f  3VIsen (46)

onde V é o valor eficaz da tensão (igual em todas as fases), I é o valor eficaz da corrente
(igual em todas as fases) e θ é o ângulo entre tensão e corrente (igual em todas as fases).

1.3.7.6.3 Potência Aparente Trifásica

A potência aparente consumida por um conjunto de cargas ligadas em um sistema trifásico é


obtida através de (47):

S 3 f  ( P 3 f ) 2  (Q 3 f ) 2 (47)

Para sistemas equilibrados, a potência aparente pode ser definida por (48):

S 3 f  3VI  3V FF I (48)

onde V é o valor eficaz da tensão (igual em todas as fases), I é o valor eficaz da corrente
(igual em todas as fases) e VFF é a tensão eficaz entre duas fazes do sistema.

38
2. Noções Preliminares de Desenhos Unifilares e
Multifilares
Um projeto elétrico deve ser concebido com características de flexibilidade, confiabilidade,
acessibilidade e eficiência. Preliminarmente, pode ser concebido na seguinte ordem:
1. Busca de informações da carga e do fornecimento;
2. Estudos elétricos envolvendo a segmentação de cargas em grupos, alocação dos
sistemas de distribuição internos da instalação, proteção dos sistemas e aterramento
das instalações.
3. Documentação com os diagramas esquemáticos da instalação. Os diagramas servirão
para permitir o estudo e a compreensão do funcionamento de uma instalação ou parte
dela e, portanto, embasar os executores do projeto com relação à sua montagem e
direcionar a execução das obras.
4. Os desenhos deverão conter os componentes da instalação que preliminarmente
podem ser relacionados como:
 Condutores;
 Chaves (seccionadores, interruptores, disjuntores, contactores, fusíveis);
 Eletrodutos, calhas, canaletas;
 Cargas (motores, iluminação, outros);
 Transformadores internos da instalação, se houver.
 Sistema de medição interno, contendo transformadores para instrumentos.
 Quadros e seus barramentos

Os diagramas esquemáticos são classificados em quatro tipos:

2.1. O diagrama unifilar

Representação simplificada, geralmente desenhada a um só fio, das ligações, sem o circuito


de comando, onde só os componentes principais são considerados. Ele possui:

 Chaves da instalação ( chaves fusíveis, seccionadores, disjuntores, interruptores) com


sua capacidade de interrupção;
 Condutores. A representação dos condutores é de apenas um fio (daí o nome unifilar).
Contudo, deve ser indicado naquele trecho o tipo de fornecimento (monofásico,
bifásico ou trifásico). A seção dos condutores deve ser indicada também.
 Dimensionamento da seção dos barramentos dos quadros de distribuição.
 Definição da corrente nominal dos fusíveis.

39
 Definição da corrente nominal dos relés de proteção e de seus ajustes.
 Características nominais dos transformadores.
 Para-raios, muflas, buchas de passagem.
 Características nominais dos transformadores para instrumentos.
 Localização das lâmpadas de sinalização.
 Posição da medição de tensão e correntes indicativas com as respectivas chaves
comutadoras, caso haja.

Apresenta-se a seguir exemplo de diagrama unifilar.

Figura 30 – Exemplo de diagrama unifilar.

Os símbolos usados no diagrama unifilar mostrado são baseados em normas. Por exemplo,
Os símbolos gráficos para instalações prediais usados nos diagramas unifilares são definidos pela
norma ABNT NBR 5444:1989 “Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais”.

As normas são documentos gerados por fabricantes, consumidores e outros atores e


estabelecem padrões de forma a obter-se a aceitação de um produto ou serviço. As entidades mais
importantes geradoras de normas são a brasileira ABNT e as estrangeiras IEC ( Internacional
Electrotechnical Commission ), EN ( Europaische Norm ), ANSI ( American National Standards
Institute ), NEMA ( National Electrical Manufactures Association ), UL ( Underwriters` Laboratories ),
DIN ( Deutsches Institut fur Normung ) e VDE ( Verband Deutscher Elektrotechniker ). Uma norma
Brasileira é denominada “equivalente” quando é idêntica à norma internacional, como, por exemplo, a
norma NBR IEC 60439-1 – “Conjuntos de manobra e controle de baixa tensão - Parte 1: Conjuntos
com ensaio de tipo totalmente testados (TTA) e conjuntos com ensaio de tipo parcialmente testados
(PTTA)”. Caso contrário seria definida como “baseada”, pela ABNT.

40
2.2. O diagrama trifilar ou multifilar

É a representação da ligação de todos os seus componentes e condutores. Ambos os


circuitos, principal e auxiliar, são representados simultaneamente no diagrama. Neste desenho, a
posição ocupada não necessariamente obedece à posição física dos componentes. O diagrama
trifilar, por sua vez, já possui a informação de todos os fios da instalação. O mesmo diagrama anterior,
passado para trifilar, ficaria como mostrado a seguir:

Figura 31 – Exemplo de diagrama trifilar.

Este diagrama compõe-se dos circuitos principal e auxiliar, a saber:

a) Circuito Principal ou de Força


Estão presentes todos os dispositivos e equipamentos por onde circula a corrente que
alimenta a respectiva máquina.

b) Circuito Auxiliar ou de Comando


Estão presentes os componentes que atuam indiretamente na abertura, fechamento e
sinalização dos dispositivos utilizados no acionamento da máquina elétrica, em condições normais e
anormais de funcionamento.

Apresenta-se a seguir figura com os dois circuitos separados.

41
Circuito principal
Circuito auxiliar

Figura 32 – Exemplo de diagrama trifilar com circuitos principal e auxiliar separados.

2.3. O diagrama funcional ou de contatos.

Apresenta esquematicamente o funcionamento do circuito, provendo maior compreensão para


operação e manutenção da instalação. Representa a atuação dos contatos, permitindo a
compreensão da instalação, facilitando a geração de procedimentos de operação e ainda o
acompanhamento dos diversos circuitos visando à localização de defeitos.

A seguir apresenta-se exemplo do diagrama funcional para o esquema de acionamento de


motor com reversão de sentido de rotação.

diagrama principal diagrama de comando ou funcional

Figura 33 – Exemplo de diagrama de comando ou funcional.

42
2.4. Layout de montagem.

Trata-se de documento importante para orientar a montagem, localização e reparação de


falhas em todos os equipamentos que constituem uma instalação elétrica. Ele deve apresentar a
distribuição real dos equipamentos, barramentos, condutores, etc., e indicar como é realizada a
interconexão dos contatos destes dispositivos.

43
3. Noções de controle de motor
3.1 Características gerais de motores elétricos

As máquinas de energia elétrica basicamente fazem a conversão eletromecânica de energia.


Apresenta-se a seguir figuras esquemáticas sobre isto.
A figura a seguir refere-se à conversão de energia mecânica, do vento, para energia elétrica.
Neste caso, a máquina elétrica funciona como gerador.

Máquina elétrica

Energia mecânica Gerador eólico Energia elétrica

Figura 34 – Conversão de energia mecânica em elétrica.

A figura a seguir refere-se à conversão de energia elétrica para energia mecânica, produzindo
deslocamento de ar, isto é, o vento. Neste caso, a máquina elétrica funciona como motor.

44
Máquina elétrica

Energia elétrica Ventilador Energia mecânica

Figura 35 – Conversão de energia elétrica em mecânica.

A finalidade básica dos motores é a movimentação de máquinas mecânicas incluindo-se


bombas, teares, sistemas de movimentação de peças e outros equipamentos mecânicos em geral. Os
motores elétricos compõem cerca de 70 a 80% da carga industrial, o que revela sua importância para
o setor.
A seguir apresenta-se figura com os componentes principais de motores. A parte girante se
chama rotor. A parte fixa denomina-se estator ou armadura, onde se encontram os terminais elétricos
para ligações elétricas com o mundo exterior. Em alguns tipos de motores, como motores CC e
universais, há a figura do comutador que são contatos deslizantes (escovas) que ligam eletricamente
o estator e o rotor (não estão representados na figura).

rotor

bobina do estator

estator terminais elétricos


Figura 36 – Componentes principais dos motores.

45
Uma característica importante de motores refere-se ao conjugado ou torque que ele produz,
dado pela multiplicação do raio pela força tangencial que ele faz, mostrado na figura a seguir. Os
motores diferenciam-se entre si, dentre outras características, pelo conjugado de partida.

R F
F

Figura 37 – Características mecânicas principais dos motores.

Com relação a um motor, há quatro situações concernentes à aceleração e frenagem. Em


outras palavras, podemos usar o motor para acelerar ou frear um eixo. Apresenta-se a seguir quadro
sinótico com todas as possibilidades.

Figura 37 – Aceleração e frenagem de motores.

Para fins didáticos, vamos considerar somente as situações relativas ao primeiro quadrante. A
figura abaixo exprime esta condição. A máquina, em determinada velocidade, necessita de um torque
(T) e, em oposição, há um conjugado contrário no eixo, que se opõe a este torque.

46
Velocidade (W)

Torque (T)

Conjugado de Carga (C) ou Potência (P)

Figura 38 – Conjugados principais de motores.

Quando se fala que uma carga mecânica requer uma determinada potência “P” significa o
mesmo que dizer que tal carga necessita de um dado conjugado “C” a uma dada velocidade de
rotação “W”. Uma carga mecânica específica a ser acionada é fundamental na seleção do motor
adequado ao acionamento. A comparação das curvas “C” e “W” das cargas e dos tipos de motores
serve para determinar as condições de operação do motor.

Na figura a seguir apresentam-se os conjugados típicos de motores segundo a Especificação


Brasileira de Motores de Indução, que no Sistema Brasileiro de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial (SINMETRO) tem o número NBR 7094. Estas curvas representam tr6es diferentes
categorias típicas de motores. Os motores de categoria N acionam a maioria das cargas. Apresentam
corrente de partida elevada. Os motores de categoria H possuem conjugado de partida semelhante ao
conjugado nominal. Os motores de categoria N servem para acionar cargas cuja partida exija
conjugados muito elevados.
Conjugado em percentagem da carga nominal

300 %
Categoria D

Categoria H

200 %
Categoria N

100 %
100 %

Velocidade em percentagem da velocidade síncrona

Figura 39 – Tipos principais de conjugados de motores.

47
Todo motor deve ser especificado para acionar uma carga ligada ao seu eixo necessita de
que, desde a partida até a velocidade nominal possuir um conjugado superior ao solicitado pela carga,
como mostrado na figura a seguir.

Figura 40 – Aceleração de motores satisfatória.

Contudo, na figura a seguir observa-se que o motor não consegue acelerar, pois, ao chegar
no ponto “X” o conjugado solicitado pela carga é maior que o do motor e, desta forma, não consegue-
se chegar ao ponto “Y”. Deve-se então garantir que o fenômeno mostrado não acontecerá.

48
X Y

Figura 40 – Aceleração de motores insatisfatória.

3.2 Tipos de motores elétricos mais usados

A seguir apresentam-se os diferentes tipos de motores.

MOTORES

CC UNIVERSAIS CA

SÍNCRONOS ASSÍNCRONOS
OU INDUÇÃO

GAIOLA ROTOR
BOBINADO
Figura 41 – Tipos principais de motores.

Os motores podem ser classificados segundo a sua alimentação elétrica. Há os motores que
possuem alimentação em corrente contínua (CC) e os motores que possuem alimentação em corrente
alternada (CA) e ainda os motores que admitem as duas alimentações (UNIVERSAIS).

49
Os motores de corrente contínua (CC) são muito usados quando se necessita de controle fino
de velocidade, que pode ser continuamente alterada mediante a variação da tensão de alimentação,
associado a um torque inicial alto. Inicialmente, usava-se uma associação de geração CC e motor CC
(método Ward-Leonard). Hoje em dia, o método mais usado de controle baseia-se em pontes
eletrônicas controláveis baseadas em tiristores ou SCRs (conversores estáticos). As bobinas do rotor
do motor CC são conectadas ao mundo exterior através de comutadores, exigindo manutenção
específica. Os motores CC são divididos de acordo com o tipo de conexão entre as bobinas do rotor e
do estator. Podem ser conectados em série, em paralelo e em disposição que reúne as alimentações
do rotor e estator em série e em paralelo no mesmo arranjo sendo este esquema denominado
composto. São muito usados para tração elétrica.

Os motores com comutador e conexão série também são conhecidos como motores
universais, por também funcionar em corrente alternada, porém este tipo de aplicação só é viável
economicamente para pequenos motores de fração de CV. Esse tipo de motor está presente em
eletrodomésticos em geral, tais como liquidificadores, enceradeiras e outros.

Os motores alimentados por corrente alternada podem ser classificados em motores


síncronos e motores assíncronos.

Os motores síncronos de CA apresentam a velocidade constante, sincronizada com a rede


elétrica. Este tipo de motor não possui capacidade de arranque, ou seja, a partir do repouso, para
chegar à velocidade síncrona, ele não pode partir com aplicação direta de corrente CA trifásica no
estator. Há a necessidade de outro motor para isto, como, por exemplo, um motor de indução (ou
assíncrono).

Dentre os tipos diferentes de motores, os motores trifásicos de indução, assíncronos,


representam 90% da potência dos motores que são fabricados, daí sua importância para a indústria.
Há basicamente dois tipos de motores assíncronos, segundo o tipo de enrolamento do rotor: motor
com rotor em gaiola de esquilo e motor de rotor bobinado.

O rotor do motor com rotor em gaiola de esquilo tem é constituído por barras de cobre ou de
alumínio colocadas nas em ranhuras. As extremidades das barras são unidas por um anel também de
cobre ou de alumínio, como mostra a figura a seguir. Estes motores, apesar de robustos, não tem
controle de velocidade, tendo no máximo, duas velocidades fixas, apesar de construtivamente
poderem ter até alguma capacidade de arranque. Usados para situações que não exigem velocidade
controlada e possam sair do repouso com carga. Algumas aplicações são moinhos, ventiladores,
prensas e bombas centrifugas. É o motor mais usado na indústria.

50
Hoje em dia, apesar da limitação destes motores com relação ao controle de velocidade, há a
figura de inversores inteligentes (“controle vetorial”) que permitem que se faça o controle fino de
velocidade mesmo deste tipo de motor.

rotor estator

eixo

anel
de cobre

barras
de cobre

bobinas do
estator

Figura 42 – Motor assíncrono de indução com rotor com gaiola de esquilo.

O motor com rotor bobinado possui estator semelhante ao de gaiola de esquilo. Contudo, o
seu rotor possui três bobinas com enrolamento defasado entre si. Estas bobinas se comunicam
eletricamente com o mundo exterior através de anéis e escovas, como mostrado na figura a seguir.
Os anéis devem ser ligados a uma resistência variável, reostato de partida, o que permitirá controlar a
corrente nele induzida, tornando possível a partida sem que a corrente assuma valores muito
elevados. Possibilita ainda a regulação de velocidade dentro de certos limites. Desta forma, alia um
arranque vigoroso a uma baixa corrente de partida. Ele é aplicável quando se necessita de partida
com carga e ainda variação de velocidade, como é o caso de compressores, transportadores,
guindastes e pontes rolantes. Ele é menos usado devido à necessidade de manutenção.
bobinas do
rotor
estator

anéis rotor
coletores

eixo

escovas

terminais
bobinas do
estator

Figura 43 – Motor assíncrono de indução com rotor bobinado.

51
3.3 Acionamentos elétricos

A ligação entre os motores e o mundo exterior, se realiza através de acionamentos. A função


dos acionamentos é adequar a alimentação do motor levando-se em consideração o tipo do motor
segundo seu tipo de alimentação (CC, CA, universal, etc), o regime da sua carga envolvendo inclusive
a partida e outros fatores. A figura a seguir apresenta o fluxo de energia, da rede até a carga.

CARGA MOTOR ACIONAMENTO

REDE ELÉTRICA
ENERGIA MECÂNICA
ENERGIA ELÉTRICA
ENERGIA ELÉTRICA
Figura 44 – Acionamento elétrico.

Os acionamentos se constituem primariamente de chaves e dispositivos de proteção.


Modernamente, podem ser usados dispositivos eletrônicos de potência, tais como inversores,
retificadores, etc. Estes dispositivos, dotados de características mais sofisticadas, podem ser
chamados também de “soft-starters”.

3.3.1. Partida direta

É o método mais simples. Contudo, exige correntes altas que podem não ser absorvidas pelo
fornecimento de energia.

3.3.2. Partida por chave estrela-triângulo

O esquema de partida usando-se chaves estrela-triangulo pode suavizar os efeitos de


sobrecorrente inicial em partida de motores elétricos de indução. Se o motor apresentar dupla tensão
nominal, este procedimento pode ser utilizado. A seguir apresenta-se uma figura onde a chave K1
pode ligar ou desligar o motor. A chave K2 e a chave k3 são complementares, isto é, não podem ser
acionada ao mesmo tempo. Quando a chave K3 é acionada na partida, o motor está em estrela, a sua
tensão é menor e a corrente menor. Quando se atinge velocidade próxima ao regime, desliga-se K3 e
liga-se K2, impondo ao motor tensão maior.

52
Figura 45 – Acionamento com chave estrela-delta.

3.3.3. Partida por chave compensadora

São acionamentos realizados usando-se autotransformador com derivações, de forma que a


partida possa ser regulada com variações sucessivas nas derivações e assim, conseguir-se-á uma
partida ainda mais equilibrada do ponto de vista de corrente e torque.

3.3.4. Partida através de “soft-starters” ou chaves estáticas

Estas chaves eletrônicas, à base de tiristores, regulam a tensão de forma suave e pré-
programada, conduzindo o motor ao regime de forma suave, de acordo com as exigências da carga.
Possuem diversas proteções e, desta forma, acrescentam inteligência ao acionamento. Contudo,
somente regulam a tensão. Isto inibe o controle fino de velocidade, exigido em certas indústrias.

3.3.5. Partida através de conversores de frequência

Os conversores de frequência, ao contrário das chaves “soft-starter”, variam a frequência


junto com a variação de tensão, ou de forma pré-programada, ou de forma controlada em tempo real.
São baseados em inversores e eventualmente nomeados desta forma, apesar de também ter
retificadores no seu interior. A título de ilustração, apresenta-se o esquema genérico de um conversor
de frequência acionando um motor.
Isto permite que se consiga um conjugado motor elevado, para cada velocidade que o motor
está desenvolvendo no momento. Devido a esta característica, os inversores de frequência estão
cada vez mais usados na indústria, em conjunto com motores de indução de gaiola, conferindo ao

53
conjunto possibilidades de controle muito melhores do que se somente este motor estivesse sendo
acionado sem o inversor.

CONVERSOR DE FREQUÊNCIA

retificador inversor
M

Figura 46 – Conversor de frequência.

Os motores, em instalações industriais, são associados a painéis denominados de CCMs ou


Centro de Controle de Motores. CCM’s são painéis completos (montados) que contêm equipamentos
para Proteção, Seccionamento e Manobra de Cargas. A utilização dos CCM´s é destinada a
instalações industriais em que apresentam grande número de cargas que devam ser comandados ao
mesmo tempo assegurando-se a máxima continuidade de operação.

Os CCMs mais modernos são denominados CCMs inteligentes, onde é comum a utilização de
dispositivos inteligentes, tais como conversores de frequência, reguladores de potência, sistemas de
partida e controladores programáveis. Estes dispositivos comandam uma série de parâmetros,
sensores ou medidores digitais de grandezas elétricas que podem ser conectados em alguns tipos de
rede de comunicação. Alarmes de problemas potenciais podem ser levantados, antecipando
eventuais problemas e eliminando-se desligamentos desnecessários.

3.4 Identificação de motores elétricos

Os motores elétricos possuem placa identificadora, de acordo com normas, que possui os
seguintes dados: nome e dados do fabricante, modelo, potência, número de fases, tensões nominais,
frequência nominal, categoria, correntes nominais, velocidade nominal, fator de serviço, classe de
isolamento, letra-código, regime, grau de proteção e tipo de ligação.

54
Os mais importantes fatores ligados ao acionamento de motores elétricos são:

1. Tensão nominal.
O motor deve absorver uma variação de tensão na sua entrada. Normalmente são
dois valores: delta e estrela.
2. Potência nominal.
É a potência mecânica de saída do motor, em CV, HP ou W.
3. Número de fases da alimentação.
Normalmente uma fase (monofásico) ou três fases (trifásico).
4. Tipo de motor.
Em termos de alimentação, CC ou CA, síncrono ou assíncrono.
5. Frequência.
Frequência nominal da rede, no Brasil, de 60 Hz.
6. Fator de potência (cos φ)
É o fator de potência do motor. Eventualmente deve ser corrigido, quando representar
uma contribuição significativa para o abaixamento do fator de potência da instalação,
visto do ponto de fornecimento da concessionária.
7. Rendimento().
É a relação entre a potência mecânica de saída e a potência elétrica de entrada.
Motores de alto rendimento possuem este índice maior que 80%.
8. Corrente nominal(IN).
É a corrente que o motor necessita da rede.
Para motores monofásicos, é dada por:

Para motores trifásicos, é dada por:

9. Letra Código (IT/IN).


Relação entre a potência de rotor bloqueado e a potência nominal.
10. Fator de serviço.
É o fator de sobrecarga do motor em regime contínuo.
11. Corrente de partida (Ipartida)
É a corrente solicitada pelo motor para entrar em regime.
12. Rotação nominal (N)
É a rotação do motor com tensão, corrente e potência nominais.

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13. Regime de serviço
É o grau de regularidade da carga ao qual o motor é submetido. Por exemplo, o
regime de serviço S1 implica em que o motor aciona uma carga constante por um
tempo suficientemente longo para atingir seu equilíbrio térmico.

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4. Noções de Estudos Elétricos
Segundo João Mamede Filho [4], em seu livro Instalações Elétricas Industriais, 8ª Edição,
deve ser realizada a busca e posse de informações da carga e do fornecimento de energia elétrica da
instalação e outras, a saber:
1. Informações sobre a situação da obra perante o contexto em volta do local seja urbano ou
outro.
2. Informações sobre a arquitetura da obra e as diferentes utilizações dos cômodos ou o que
houver.
3. Informações sobre os equipamentos que serão instalados como cargas envolvendo
também as máquinas incluindo o posicionamento na arquitetura.
4. Condições de fornecimento de energia elétrica para o projeto em questão.

O projeto elétrico constitui-se principalmente de:

1. Segmentação das cargas em grupos.


2. Alocação de quadros de distribuição para cada grupo.
3. Alocação da subestação que conterá o quadro de distribuição geral.

Fisicamente, o projeto consistirá em:

1. Uma ou mais subestações de entrada do fornecimento de energia elétrica.


2. Sistema de distribuição de energia interno do estabelecimento.

Após a busca de informações, devem ser realizados estudos elétricos envolvendo a


segmentação de cargas em grupos, alocação dos sistemas de distribuição internos da instalação,
proteção dos sistemas e aterramento das instalações.

Deve-se ainda levar em conta os ambientes, considerando temperatura, umidade, altitude,


poeira, presença de produtos químicos, vibrações, radiação ultra-violeta, raios, segurança de pessoas
e animais, sobretudo riscos como choques elétricos, incêndio, explosões.

O cálculo elétrico permite ao projetista especificar os equipamentos a serem usados para o


projeto. Devem ser avaliadas as cargas de forma a avaliar-se as demandas máximas e eventualmente
uma otimização da curva de demanda da instalação.

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O cálculo inclui:

1. Determinação da demanda dos equipamentos envolvendo sua utilização individual e


conjunta.
Neste planejamento, fatores técnicos determinam o custo econômico-financeiro do
projeto. Estes fatores são fator de demanda fator de carga, fator de perda, fator de
simultaneidade e fator de utilização. Com estes dados podem-se obter as demandas de
potência e assim permitir a avaliação da curva de carga da instalação. É importante levar
em consideração o quadro tarifário existente na região.

2. Avaliação das correntes de partida dos motores.


Necessária para o cálculo dos quadros e também para avaliação da proteção dos
equipamentos da instalação. É importante para avaliar as necessidades de acionamentos
dos motores.

3. Determinação da análise luminotécnica.


É parte integrante necessária para a determinação da seção dos condutores e demais
dispositivos.

4. Cálculo da demanda dos quadros de distribuição e dos transformadores.


Levando-se em consideração todas as cargas e o planejamento do primeiro item e
principalmente a continuidade dos serviços. Quando as instalações são por demais
complexas, este cálculo elétrico pode ser realizado com programas de fluxo de potência
simulando-se as diversas condições elétricas presentes na planta industrial.

5. Determinação dos condutores, eletrodutos, calhas.


Devem ser levados em consideração, além dos cálculos realizados no item anterior,
também aspectos ambientais, tais como a temperatura e a umidade ambientais.

6. Avaliação das correntes de curto-circuito da instalação.


Estes estudos visam à correta determinação dos equipamentos de proteção necessários
para a instalação. Quando as instalações demandam certa complexidade, o uso de
programas específicos facilita e assegura a correta avaliação de eventuais correntes de
curto-circuito.

7. Definição dos dispositivos de proteção e comando.


Devem atender a critérios de seletividade, confiabilidade operativa e sensibilidade.
Seletividade para separar a região defeituosa do restante do circuito, confiabilidade no

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sentido de o esquema ser exato e seguro e finalmente sensibilidade no que tange o
correto estabelecimento da faixa de operação e não operação do dispositivo.

8. Cálculo da malha de terra da instalação.


A instalação elétrica, para operar confiavelmente, deve ter um sistema de aterramento
adequado. Além disto, os aspectos de segurança de pessoas são determinados pela
qualidade do aterramento. Desta forma, medições e estudos deste aspecto são
importantes para a definição final do projeto.

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BIBLIOGRAFIA
[1] GUSSOW, M.; Eletricidade Básica, Editora Bookman, 2009.

[2] RESNICK, HALLIDAY, KRANE; Física 3, 4ª Edição, LTC, 1996

[3] BOYLESTAD, R.L.; Introdução à Análise de Circuitos, 10a. Edição, Prentice Hall, 2004.

[4] MAMEDE FILHO, J. ;Instalações Elétricas Industriais, 8ª Edição.

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