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ELETRICIDADE
INTRODUÇÃO A ELETRICIDADE
2
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É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, bem como a produção de apostilas, sem
autorização prévia, por escrito, da Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS.
60 p.: 46 il.
3
ÍNDICE
1. Fundamentos de eletricidade..............................................................................................................07
1.1 Eletricidade básica............................... ...........................................................................................07
1.2 Circuitos elétricos de corrente contínua...........................................................................................16
1.3 Circuitos elétricos de corrente alternada..........................................................................................19
2. Noções preliminares de desenhos unifilares e multifilares................................................................39
2.1 O diagrama unifilar............................... ...........................................................................................39
2.2 O diagrama trifilar ou multifilar.........................................................................................................41
2.3 O diagrama funcional ou de contatos..............................................................................................42
2.4 Layout de montagem.......................................................................................................................43
3. Noções de controle de motor.............................................................................................................44
3.1 Características gerais de motores elétricos.....................................................................................44
3.2 Tipos de motores elétricos mais usados..........................................................................................49
3.3 Acionamentos elétricos....................................................................................................................52
3.4 Identificação de motores elétricos....................................................................................................54
4. Noções de estudos elétricos..............................................................................................................57
BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................................................60
4
LISTA DE FIGURAS
5
APRESENTAÇÃO
Esta apostila foi desenvolvida com o objetivo de apresentar aos alunos do curso de Projetista
CAE Elétrica do Prominp, os conceitos de projetos industriais, a estrutura e a execução do projeto
elétrico dessas plantas.
A apostila aborda os seguintes temas:
Inicialmente uma apresentação bem geral sobre fundamentos de eletricidade.
Na segunda parte, introduzem-se noções bem preliminares de diagramas elétricos.
Na terceira parte da apostila apresentam-se noções básicas de controle de motores elétricos.
Por fim o tema dos estudos elétricos relevantes para o projeto elétrico é abordado.
6
UNIDADE I
1. Fundamentos de Eletricidade
1.1. Eletricidade Básica
Os nêutrons não possuem carga elétrica. Quando um átomo possui o mesmo número de
prótons e elétrons, este átomo possui carga elétrica nula e é chamado de átomo neutro. A figura 1
apresenta um modelo simplificado da estrutura atômica.
Segundo a Lei de Coulomb [1], cargas de mesmo sinal se repelem e cargas de sinais
contrários se atraem. A magnitude da força de atração/repulsão é dada por (1).
kQ1Q2
F [N ]
r2 (1)
7
Onde k é a Constante de Coulomb cujo valor é aproximadamente 8,98 x 109 [Nm²/C²], Q1 e
Q2 são as respectivas cargas elétricas em Coulomb [C] e r é a distância entre as cargas elétricas em
metro [m].
A interação de forças entre as partículas com carga elétrica é denominada Campo Elétrico ou
Campo Eletrostático. A partir de (1) pode-se verificar que quanto menor a distância entre as cargas,
maior será a força de atração entre os prótons presentes no núcleo atômico e os elétrons localizados
em camadas ao redor do núcleo. Neste caso, os elétrons localizados nas camadas mais distantes do
núcleo estão sujeitos a uma força de atração mais fraca que os elétrons localizados nas camadas
mais próximas. Por este motivo, um átomo poderá ceder seus elétrons para outro átomo cuja força de
atração seja mais forte, gerando assim a transferência de elétrons de um átomo para outro. Quando
isso acontece, um átomo poderá ter um excesso de elétrons, i.e. uma predominância de cargas
negativas, ou uma escassez de elétrons, i.e. uma predominância de cargas positivas.
Uma vez que existe um campo eletrostático entre cargas elétricas, uma carga é capaz de
realizar trabalho ao deslocar outra carga por atração ou repulsão. A capacidade de uma carga de
realizar trabalho é denominada Potencial [1]. Quando uma carga possui um potencial diferente de
outra, existirá uma Diferença de Potencial (ddp) entre elas. A soma das diferenças de potencial de
todas as cargas em um campo eletrostático é denominada Força Eletromotriz (fem) e sua unidade
fundamental é o Volt [V].
Exemplo, se uma bateria possui uma tensão de 9V significa que a diferença de potencial entre
o pólo positivo da bateria e o pólo negativo é de 9V. Portanto, a tensão elétrica é a diferença de
potencial entre dois pontos.
O movimento ou o fluxo de elétrons é chamado de corrente elétrica [1]. Para se produzir uma
corrente elétrica, os elétrons devem se deslocar pelo efeito de uma diferença de potencial. A unidade
fundamental da corrente elétrica é o Ampère [A].
Como a corrente elétrica está relacionada ao fluxo de elétrons, o sentido da corrente elétrica é
convencionado de uma das seguintes formas:
Sentido Convencional: As cargas saem do pólo positivo em direção ao pólo negativo.
Este sentido é comumente utilizado em circuitos elétricos. A Figura 2 apresenta um
circuito cuja corrente está representada pelo sentido convencional.
8
Figura 2 – Sentido Convencional da Corrente
A corrente elétrica pode ser classificada, de acordo com o seu sentido, em corrente contínua
e corrente alternada.
9
Figura 4 – Corrente contínua e corrente alternada
Baterias
Automóveis
Motores elétricos
Motores elétricos
Transmissão de energia elétrica
Distribuição de energia elétrica
Condutores são materiais que possuem muitos elétrons livres, consequentemente, permitem
a passagem do fluxo de corrente com mais facilidade, isto é, apresentam uma baixa oposição ao fluxo
de corrente. A prata, o cobre, o ouro e o alumínio são exemplos de bons materiais condutores de
energia elétrica.
Isolantes são materiais que possuem poucos elétrons livres, consequentemente, apresentam
uma grande oposição à passagem do fluxo de corrente. O ar, a porcelana, óleos e borracha são
exemplos de materiais isolantes.
10
1.1.3 Resistência Elétrica
l
R []
A
(2)
onde ρ é a resistividade do material em [Ωcm], l o comprimento em [cm] e A é a área da
seção reta em [cm²]. A figura 5 apresenta um exemplo de condutor.
Um resistor é um dispositivo elétrico que apresenta uma determinada resistência elétrica, isto
é, sua finalidade é apresentar uma oposição à passagem do fluxo de corrente.
11
1.1.4 Lei de Ohm
A lei de Ohm define a relação entre corrente, tensão e resistência elétrica [1]. Segundo a lei
de Ohm, a tensão em um resistor é diretamente proporcional à corrente que flui através dele,
conforme (3).
V Ri (3)
Exemplo: Determine a corrente elétrica resultante quando uma bateria de 9V é conectada aos
terminais de um resistor de 2,2Ω.
V Ri
V 9
i 4,09
R 2,2
12
1.1.5 Potência e Energia
A potência elétrica é a grandeza que mede quanto trabalho pode ser realizado em um certo
período de tempo, isto é, potência é a capacidade de se realizar trabalho. Trabalho é a conversão de
energia de uma forma em outra [2]. A unidade da potência elétrica é o Watt [W].
P Vi (4)
Onde P é a potência elétrica em [W], V é a tensão em uma determinada parte do circuito [V] e
i é a corrente elétrica nesta mesma parte [A].
V2
P Vi Ri 2
R (5)
kWh kW x h
P Ri 2 5.4 2 80
13
1.1.6 Indutores
Figura 6 - Indutores
di i
VL L L
dt t (6)
Uma vez que a tensão auto induzida gerada pelo indutor cria uma condição de oposição à
passagem do fluxo de corrente, todo indutor apresenta uma “resistência” natural à variação de
corrente. Assim, Reatância Indutiva, XL, é a oposição à variação da corrente devido a uma indutância
do circuito. A unidade da reatância indutiva é o Ohm [Ω].
A equação que descreve a reatância indutiva é dada em (7)
X L 2fL (7)
14
1.1.7 Capacitores
Figura 7 - Capacitores
dVC V
iC C C
dt t (8)
15
A equação que descreve a reatância capacitiva é dada em (9)
1
XC
2fC (9)
Um circuito série é aquele que permite apenas um caminho para a passagem da corrente.
Consequentemente, em um circuito série a corrente é a mesma para todos os elementos do circuito.
A figura 8 apresenta um exemplo de um circuito com resistores em série.
RT R1 R2 R3
Um circuito paralelo é aquele que dois ou mais componentes estão conectados à mesma
diferença de potencial. Consequentemente, em um circuito paralelo a tensão é igual para todos os
elementos do circuito. A figura 9 apresenta um exemplo de um circuito com resistores em paralelo.
16
Figura 9 – Resistências em paralelo.
1
G [S ]
R (10)
1 1 1
GT
R1 R 2 R3 (11)
1
RT
GT (12)
A lei de Kirchhoff para tensão, também conhecido como lei das malhas, define que a soma
das tensões em uma malha fechada é igual a zero.
17
Figura 10 – Exemplo de circuito.
V E 60 60
i 2A
RT R1 R 2 R3 4 10 16 30 (13)
E VR1 VR 2 VR 3 0
E VR1 VR 2 VR 3
E R1.i R 2.i R3.i
E 4.2 10.2 16.2
E 8 20 32
E 60
A tensão calculada pela lei das malhas é igual à tensão da fonte. Isto comprova que a lei está
correta.
A lei de Kirchhoff para corrente, também conhecida como lei dos nós, define que a soma das
correntes que entram em uma junção é igual a soma das correntes que saem da junção.
A figura 11 apresenta um exemplo de uma junção com duas correntes entrando e duas
correntes saindo.
18
Figura 11 - Exemplo para a lei das Correntes
Aplicando a lei das malhas na Figura 9, a soma das correntes que entram (4 + 8 = 12) é igual
a soma das correntes que saem (2 + 10 = 12) da junção.
i1 i 2 i3
i3 i1 i 2
i3 10 7
i3 3 A
A forma de onda mais utilizada em circuitos de corrente alternada é a senoidal, uma vez que a
senoide é a única forma de onda que não se altera quando aplicada em circuitos contendo elementos
armazenadores de energia como capacitores e indutores [2]. A Figura 13 apresenta a forma de onda
senoidal que será utilizada como forma de onda padrão neste capítulo.
19
Figura 13 – Forma de onda senoidal.
Valor instantâneo
20
Amplitude de Pico
Valor máximo da forma de onda em relação ao valor médio. A Figura 15 apresenta uma forma
de onda cuja amplitude de pico é igual a Emax.
Ciclo
Parte de uma forma de onda que está contida em um período T. A figura 16 apresenta o ciclo
de uma forma de onda senoidal.
21
Frequência
Número de ciclos contidos em 1 segundo. A frequência de uma onda senoidal é dada por (14)
e sua unidade é o Hertz [Hz].
1
F [ Hz ]
T (14)
É o valor equivalente à raiz quadrada do valor médio da função ao quadrado, conforme (15).
t0 T
1
E RMS [e(t )] dt
2
T t0
(15)
EMAX
E RMS
2 (16)
onde:
EMAX é a amplitude de pico;
ωt é a frequência angular, em radianos por segundo [rad/s];
2
2 f [ rad / s ]
T
22
A tensão representada na Figura 15 pode ser expressa como (18), uma vez que a amplitude
de pico é igual a 10 V e o ângulo de fase é igual a 30º (π/6 rad):
E 10 sen(2 60t )
6 (18)
Este capítulo apresenta a resposta em corrente dos elementos básicos (resistor, indutor e
capacitor) quando estes são submetidos a sinais de tensão e corrente senoidais.
A figura 17 apresenta um resistor ligado a uma fonte de tensão alternada, e(t), cujo valor é
dado em (17).
23
e(t ) Ri (t )
e(t ) EMAX
i (t ) sen(t )
R R
i (t ) I MAX sen(t )
EMAX
I MAX
R (20)
A partir de (20), verifica-se que a corrente resultante será um sinal senoidal de mesma
frequência e ângulo de fase da fonte de tensão, mas com amplitude reduzida. A figura 18 apresenta
um gráfico da tensão e da corrente no tempo quando uma fonte de tensão alternada está conectada a
um resistor.
A figura 19 apresenta um indutor ligado a uma fonte de tensão senoidal, e(t). A corrente
resultante nos terminais do indutor, i(t) é dado por (21):
24
Figura 19 – Indutor ligado a uma fonte senoidal.
i (t ) I MAX sen(t )
i (t ) L I MAX sen(t )
di d
v (t ) L
dt dt
v(t ) LI MAX cos(t )
v(t ) X L I MAX sen(t )
2 (22)
A partir de (22), verifica-se que a tensão nos terminais do indutor será um sinal senoidal com
a mesma frequência do sinal de corrente, mas adiantada em 90º (π/2 rad) e com amplitude igual a
XLIMAX. XL é a reatância indutiva dada em (7).
25
1.3.4.3 Resposta do Capacitor
A figura 21 apresenta um capacitor ligado a uma fonte de tensão alternada, e(t), cujo valor é
dado em (17).
C EMAX sen(t )
de(t ) d
i (t ) C
dt dt
i (t ) CEMAX cos(t )
i (t ) I MAX sen(t )
2
EMAX
I MAX CEMAX
XC (23)
A partir de (19), verifica-se que a corrente nos terminais do capacitor será um sinal senoidal
com a mesma frequência da tensão da fonte, mas adiantada em 90º (π/2 rad) e amplitude igual a
EMAX/XC. XC é a reatância capacitiva dada em (9). A Figura 23 mostra um gráfico com os sinais de
tensão e corrente de um capacitor quando a tensão aplicada é senoidal.
26
Comparando a resposta do indutor, em 1.3.4.2, com a resposta do capacitor, verifica-se que
em circuitos indutivos, a tensão está atrasada com relação à corrente e em circuito capacitivos, a
corrente está atrasada com relação à tensão.
As representações dos sinais senoidais, vistos no capítulo 1.3.3, e das respostas dos
elementos básicos, vistos no capítulo 1.3.4, aumenta muito a complexidade de análise dos circuitos
em corrente alternada. Uma forma de minimizar a complexidade de cálculo e simplificar as análises
de circuitos é empregando o uso de números complexos.
z x jy (24)
j 1 (25)
Os números complexos possuem uma parte real, representada por x, e uma parte imaginária,
representada por y. Além disso, um mesmo número complexo pode ser representado pela forma
retangular ou polar.
Representação retangular
z x jy
Representação Polar
z z
27
Para passar um número complexo da representação retangular para polar, basta calcular os
valores de z e θ de acordo com (26):
z x2 y2
y
arctan
x (26)
x z cos
y zsen (27)
Soma e subtração
28
Multiplicação e Divisão
Uma senoide pode ser representada no plano complexo utilizando-se o conceito de fasores.
Um fasor é um vetor girante no tempo [1]. A velocidade de giro do fasor é definida como a frequência
angular da senoide, o módulo do fasor como o valor eficaz da senoide e o ângulo de fase do fasor
como o ângulo de fase da senoide.
Exemplo, a senoide:
g (t ) AMAX sen(t )
AMAX
G
2
Uma vez representadas por fasores, os sinais de tensão e corrente poderão ser manipulados
utilizando a álgebra os números complexos. Neste caso, a soma, subtração, multiplicação e divisão
de sinais senoidais se torna algo muito mais simples. Observação importante: A álgebra de fasores só
poderá ser usada se todos os fasores tiverem a mesma frequência angular.
29
1.3.5.4 Impedância
V V V
Z Z V I
I I I (28)
Z Z R j ( X L X C ) (29)
Z R j ( X L X C ) 3 j (4 1) 3 j 3 4,2445
Caso fosse aplicada uma tensão com valor eficaz de 127V e ângulo de fase nulo:
V 1270V
30
V
Z
I
V 1270
I 29,95 45 A
Z 4,2445
A corrente seria uma senoide com a mesma frequência angular da tensão, mas com um valor
eficaz de 29,95A e um ângulo de fase de -45º.
onde
VI cos(V I ) é a parte constante da potência instantânea e VI cos(2t V I ) a
parte variante com o tempo.
31
P VI cos( V I ) (34)
Q VIsen( V I ) (35)
A potência reativa representa a troca de energia entre fonte e carga. Seu valor médio é
sempre zero e, por isso, não contribui para a potência útil do sistema.
S VI (36)
S 2 P2 Q2 (37)
Uma vez que a potência ativa representa a parcela de potência útil da potência total, a relação
entre a potência ativa e a potência aparente é chamada de Fator de Potência. O fator de potência é
definido em (38):
P
FP cos( V I )
S (38)
O fator de potência é um indicador muito importante uma vez que quando FP=1, toda a
potência do circuito está sendo transformada em trabalho (isto é, toda a potência do circuito é ativa) e
32
quando FP=0, nenhuma parcela da potência está realizando trabalho, apenas a fonte e a carga estão
trocando energias.
S P jQ V I (39)
33
Um circuito trifásico possui três fases, cada fase possui a tensão definida em (40):
V A VMAX sen(t 0º )
V B VMAX sen(t 120º )
V C VMAX sen(t 120º ) (40)
As três tensões expressas em (40) são representadas no tempo pela figura 25.
As tensões expressas em (40) podem ser representadas no plano complexo atrvés de (41):
V A V0
V B V120
V C V 120
(41)
34
Figura 25 – Tensões trifásicas.
As diferenças de potenciais entre as fases VA, VB e VC são chamadas tensões entre fases e
são definidas por (42):
V AB V A V B 3V30
V BC V B VC 3V150
V CA VC V A 3V 90
(42)
1.3.7.1 Ligação em Y
Figura 26 – Ligação em Y.
Nesta ligação, as cargas podem ser ligadas entre uma fase e o neutro (ligação monofásica)
ou entre fases (ligação bifásica ou trifásica).
35
1.3.7.2 Ligação em Δ
Ligação em Δ é quando as três fazes estão ligadas entre si. A figura 27 apresenta como um
gerador trifásico gera as três fases a partir de uma ligação em Δ.
Figura 27 – Ligação em Δ.
Nesta ligação não existe o Neutro, conseqüentemente as cargas só podem ser ligadas entre
fases (bifásicas e trifásicas).
No sistema de distribuição de energia, a tensão eficaz padrão de cada fase é de 127V. Assim,
qualquer carga ligada entre uma fase e o neutro obterá uma tensão eficaz de 127V, conforme figura
28:
36
1.3.7.4 Ligação de Cargas Bifásicas
As cargas bifásicas são ligadas entre duas fases do sistema. Neste caso, a tensão eficaz
Algumas cargas elétricas precisam das três cargas conectadas para funcionar. Um motor
elétrico trifásico é um exemplo de carga trifásica.
P 3 f PA PB PC
(43)
Se o sistema for equilibrado, isto é, a quantidade de cargas é igual para todas as fases (isto é,
as correntes de fase também são iguais), a potência ativa trifásica pode ser simplificada para (44)
37
onde V é o valor eficaz da tensão (igual em todas as fases), I é o valor eficaz da corrente
(igual em todas as fases) e θ é o ângulo entre tensão e corrente (igual em todas as fases).
Q 3 f Q A Q B QC
(45)
Se o sistema for equilibrado, a potência reativa trifásica pode ser simplificada para (46):
Q 3 f 3VIsen (46)
onde V é o valor eficaz da tensão (igual em todas as fases), I é o valor eficaz da corrente
(igual em todas as fases) e θ é o ângulo entre tensão e corrente (igual em todas as fases).
S 3 f ( P 3 f ) 2 (Q 3 f ) 2 (47)
Para sistemas equilibrados, a potência aparente pode ser definida por (48):
S 3 f 3VI 3V FF I (48)
onde V é o valor eficaz da tensão (igual em todas as fases), I é o valor eficaz da corrente
(igual em todas as fases) e VFF é a tensão eficaz entre duas fazes do sistema.
38
2. Noções Preliminares de Desenhos Unifilares e
Multifilares
Um projeto elétrico deve ser concebido com características de flexibilidade, confiabilidade,
acessibilidade e eficiência. Preliminarmente, pode ser concebido na seguinte ordem:
1. Busca de informações da carga e do fornecimento;
2. Estudos elétricos envolvendo a segmentação de cargas em grupos, alocação dos
sistemas de distribuição internos da instalação, proteção dos sistemas e aterramento
das instalações.
3. Documentação com os diagramas esquemáticos da instalação. Os diagramas servirão
para permitir o estudo e a compreensão do funcionamento de uma instalação ou parte
dela e, portanto, embasar os executores do projeto com relação à sua montagem e
direcionar a execução das obras.
4. Os desenhos deverão conter os componentes da instalação que preliminarmente
podem ser relacionados como:
Condutores;
Chaves (seccionadores, interruptores, disjuntores, contactores, fusíveis);
Eletrodutos, calhas, canaletas;
Cargas (motores, iluminação, outros);
Transformadores internos da instalação, se houver.
Sistema de medição interno, contendo transformadores para instrumentos.
Quadros e seus barramentos
39
Definição da corrente nominal dos relés de proteção e de seus ajustes.
Características nominais dos transformadores.
Para-raios, muflas, buchas de passagem.
Características nominais dos transformadores para instrumentos.
Localização das lâmpadas de sinalização.
Posição da medição de tensão e correntes indicativas com as respectivas chaves
comutadoras, caso haja.
Os símbolos usados no diagrama unifilar mostrado são baseados em normas. Por exemplo,
Os símbolos gráficos para instalações prediais usados nos diagramas unifilares são definidos pela
norma ABNT NBR 5444:1989 “Símbolos gráficos para instalações elétricas prediais”.
40
2.2. O diagrama trifilar ou multifilar
41
Circuito principal
Circuito auxiliar
42
2.4. Layout de montagem.
43
3. Noções de controle de motor
3.1 Características gerais de motores elétricos
Máquina elétrica
A figura a seguir refere-se à conversão de energia elétrica para energia mecânica, produzindo
deslocamento de ar, isto é, o vento. Neste caso, a máquina elétrica funciona como motor.
44
Máquina elétrica
rotor
bobina do estator
45
Uma característica importante de motores refere-se ao conjugado ou torque que ele produz,
dado pela multiplicação do raio pela força tangencial que ele faz, mostrado na figura a seguir. Os
motores diferenciam-se entre si, dentre outras características, pelo conjugado de partida.
R F
F
Para fins didáticos, vamos considerar somente as situações relativas ao primeiro quadrante. A
figura abaixo exprime esta condição. A máquina, em determinada velocidade, necessita de um torque
(T) e, em oposição, há um conjugado contrário no eixo, que se opõe a este torque.
46
Velocidade (W)
Torque (T)
Quando se fala que uma carga mecânica requer uma determinada potência “P” significa o
mesmo que dizer que tal carga necessita de um dado conjugado “C” a uma dada velocidade de
rotação “W”. Uma carga mecânica específica a ser acionada é fundamental na seleção do motor
adequado ao acionamento. A comparação das curvas “C” e “W” das cargas e dos tipos de motores
serve para determinar as condições de operação do motor.
300 %
Categoria D
Categoria H
200 %
Categoria N
100 %
100 %
47
Todo motor deve ser especificado para acionar uma carga ligada ao seu eixo necessita de
que, desde a partida até a velocidade nominal possuir um conjugado superior ao solicitado pela carga,
como mostrado na figura a seguir.
Contudo, na figura a seguir observa-se que o motor não consegue acelerar, pois, ao chegar
no ponto “X” o conjugado solicitado pela carga é maior que o do motor e, desta forma, não consegue-
se chegar ao ponto “Y”. Deve-se então garantir que o fenômeno mostrado não acontecerá.
48
X Y
MOTORES
CC UNIVERSAIS CA
SÍNCRONOS ASSÍNCRONOS
OU INDUÇÃO
GAIOLA ROTOR
BOBINADO
Figura 41 – Tipos principais de motores.
Os motores podem ser classificados segundo a sua alimentação elétrica. Há os motores que
possuem alimentação em corrente contínua (CC) e os motores que possuem alimentação em corrente
alternada (CA) e ainda os motores que admitem as duas alimentações (UNIVERSAIS).
49
Os motores de corrente contínua (CC) são muito usados quando se necessita de controle fino
de velocidade, que pode ser continuamente alterada mediante a variação da tensão de alimentação,
associado a um torque inicial alto. Inicialmente, usava-se uma associação de geração CC e motor CC
(método Ward-Leonard). Hoje em dia, o método mais usado de controle baseia-se em pontes
eletrônicas controláveis baseadas em tiristores ou SCRs (conversores estáticos). As bobinas do rotor
do motor CC são conectadas ao mundo exterior através de comutadores, exigindo manutenção
específica. Os motores CC são divididos de acordo com o tipo de conexão entre as bobinas do rotor e
do estator. Podem ser conectados em série, em paralelo e em disposição que reúne as alimentações
do rotor e estator em série e em paralelo no mesmo arranjo sendo este esquema denominado
composto. São muito usados para tração elétrica.
Os motores com comutador e conexão série também são conhecidos como motores
universais, por também funcionar em corrente alternada, porém este tipo de aplicação só é viável
economicamente para pequenos motores de fração de CV. Esse tipo de motor está presente em
eletrodomésticos em geral, tais como liquidificadores, enceradeiras e outros.
O rotor do motor com rotor em gaiola de esquilo tem é constituído por barras de cobre ou de
alumínio colocadas nas em ranhuras. As extremidades das barras são unidas por um anel também de
cobre ou de alumínio, como mostra a figura a seguir. Estes motores, apesar de robustos, não tem
controle de velocidade, tendo no máximo, duas velocidades fixas, apesar de construtivamente
poderem ter até alguma capacidade de arranque. Usados para situações que não exigem velocidade
controlada e possam sair do repouso com carga. Algumas aplicações são moinhos, ventiladores,
prensas e bombas centrifugas. É o motor mais usado na indústria.
50
Hoje em dia, apesar da limitação destes motores com relação ao controle de velocidade, há a
figura de inversores inteligentes (“controle vetorial”) que permitem que se faça o controle fino de
velocidade mesmo deste tipo de motor.
rotor estator
eixo
anel
de cobre
barras
de cobre
bobinas do
estator
O motor com rotor bobinado possui estator semelhante ao de gaiola de esquilo. Contudo, o
seu rotor possui três bobinas com enrolamento defasado entre si. Estas bobinas se comunicam
eletricamente com o mundo exterior através de anéis e escovas, como mostrado na figura a seguir.
Os anéis devem ser ligados a uma resistência variável, reostato de partida, o que permitirá controlar a
corrente nele induzida, tornando possível a partida sem que a corrente assuma valores muito
elevados. Possibilita ainda a regulação de velocidade dentro de certos limites. Desta forma, alia um
arranque vigoroso a uma baixa corrente de partida. Ele é aplicável quando se necessita de partida
com carga e ainda variação de velocidade, como é o caso de compressores, transportadores,
guindastes e pontes rolantes. Ele é menos usado devido à necessidade de manutenção.
bobinas do
rotor
estator
anéis rotor
coletores
eixo
escovas
terminais
bobinas do
estator
51
3.3 Acionamentos elétricos
REDE ELÉTRICA
ENERGIA MECÂNICA
ENERGIA ELÉTRICA
ENERGIA ELÉTRICA
Figura 44 – Acionamento elétrico.
É o método mais simples. Contudo, exige correntes altas que podem não ser absorvidas pelo
fornecimento de energia.
52
Figura 45 – Acionamento com chave estrela-delta.
Estas chaves eletrônicas, à base de tiristores, regulam a tensão de forma suave e pré-
programada, conduzindo o motor ao regime de forma suave, de acordo com as exigências da carga.
Possuem diversas proteções e, desta forma, acrescentam inteligência ao acionamento. Contudo,
somente regulam a tensão. Isto inibe o controle fino de velocidade, exigido em certas indústrias.
53
conjunto possibilidades de controle muito melhores do que se somente este motor estivesse sendo
acionado sem o inversor.
CONVERSOR DE FREQUÊNCIA
retificador inversor
M
Os CCMs mais modernos são denominados CCMs inteligentes, onde é comum a utilização de
dispositivos inteligentes, tais como conversores de frequência, reguladores de potência, sistemas de
partida e controladores programáveis. Estes dispositivos comandam uma série de parâmetros,
sensores ou medidores digitais de grandezas elétricas que podem ser conectados em alguns tipos de
rede de comunicação. Alarmes de problemas potenciais podem ser levantados, antecipando
eventuais problemas e eliminando-se desligamentos desnecessários.
Os motores elétricos possuem placa identificadora, de acordo com normas, que possui os
seguintes dados: nome e dados do fabricante, modelo, potência, número de fases, tensões nominais,
frequência nominal, categoria, correntes nominais, velocidade nominal, fator de serviço, classe de
isolamento, letra-código, regime, grau de proteção e tipo de ligação.
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Os mais importantes fatores ligados ao acionamento de motores elétricos são:
1. Tensão nominal.
O motor deve absorver uma variação de tensão na sua entrada. Normalmente são
dois valores: delta e estrela.
2. Potência nominal.
É a potência mecânica de saída do motor, em CV, HP ou W.
3. Número de fases da alimentação.
Normalmente uma fase (monofásico) ou três fases (trifásico).
4. Tipo de motor.
Em termos de alimentação, CC ou CA, síncrono ou assíncrono.
5. Frequência.
Frequência nominal da rede, no Brasil, de 60 Hz.
6. Fator de potência (cos φ)
É o fator de potência do motor. Eventualmente deve ser corrigido, quando representar
uma contribuição significativa para o abaixamento do fator de potência da instalação,
visto do ponto de fornecimento da concessionária.
7. Rendimento().
É a relação entre a potência mecânica de saída e a potência elétrica de entrada.
Motores de alto rendimento possuem este índice maior que 80%.
8. Corrente nominal(IN).
É a corrente que o motor necessita da rede.
Para motores monofásicos, é dada por:
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13. Regime de serviço
É o grau de regularidade da carga ao qual o motor é submetido. Por exemplo, o
regime de serviço S1 implica em que o motor aciona uma carga constante por um
tempo suficientemente longo para atingir seu equilíbrio térmico.
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4. Noções de Estudos Elétricos
Segundo João Mamede Filho [4], em seu livro Instalações Elétricas Industriais, 8ª Edição,
deve ser realizada a busca e posse de informações da carga e do fornecimento de energia elétrica da
instalação e outras, a saber:
1. Informações sobre a situação da obra perante o contexto em volta do local seja urbano ou
outro.
2. Informações sobre a arquitetura da obra e as diferentes utilizações dos cômodos ou o que
houver.
3. Informações sobre os equipamentos que serão instalados como cargas envolvendo
também as máquinas incluindo o posicionamento na arquitetura.
4. Condições de fornecimento de energia elétrica para o projeto em questão.
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O cálculo inclui:
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sentido de o esquema ser exato e seguro e finalmente sensibilidade no que tange o
correto estabelecimento da faixa de operação e não operação do dispositivo.
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BIBLIOGRAFIA
[1] GUSSOW, M.; Eletricidade Básica, Editora Bookman, 2009.
[3] BOYLESTAD, R.L.; Introdução à Análise de Circuitos, 10a. Edição, Prentice Hall, 2004.
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