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Eletricidade Básica

CURSO DE FORMAÇÃO DE OPERADORES DE REFINARIA


FÍSICA APLICADA
ELETRICIDADE BÁSICA

1
Eletricidade Básica

2
Eletricidade Básica

333.7 Saavedra Filho, Nestor Cortez.


S112 Curso de formação de operadores de refinaria: física aplicada,

eletricidade
UnicenP, básica / Nestor Cortez SaavedraFilho. – Curitiba : PETROBRAS :
2002.
50 p. : il. (algumas color.); 30 cm.

Financiado pelas UN: REPAR, REGAP, REPLAN, REFAP, RPBC,


RECAP, SIX, REVAP.
4
1. Eletricidade. 2. Eletromagnetismo. I. Título.
Eletricidade Básica

Apresentação

É com grande prazer que a equipe da Petrobras recebe você.


Para continuarmos buscando excelência em resultados, dife-
renciação em serviços e competência tecnológica, precisamos de
você e de seu perfil empreendedor.
Este projeto foi realizado pela parceria estabelecida entre o
Centro Universitário Positivo (UnicenP) e a Petrobras, representada
pela UN-Repar, buscando a construção dos materiais pedagógicos
que auxiliarão os Cursos de Formação de Operadores de Refinaria.
Estes materiais – módulos didáticos, slides de apresentação, planos
de aula, gabaritos de atividades – procuram integrar os saberes téc-
nico-práticos dos operadores com as teorias; desta forma não po-
dem ser tomados como algo pronto e definitivo, mas sim, como um
processo contínuo e permanente de aprimoramento, caracterizado
pela flexibilidade exigida pelo porte e diversidade das unidades da
Petrobras.
Contamos, portanto, com a sua disposição para buscar outras
fontes, colocar questões aos instrutores e à turma, enfim, aprofundar
seu conhecimento, capacitando-se para sua nova profissão na
Petrobras.
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Estado:
Unidade:

Escreva uma frase para acompanhá-lo durante todo o módulo.

5
Eletricidade Básica

Sumário
1 PRINCÍPIOS DA ELETRICIDADE ................................................................................. 7
1.1 O que é Eletricidade? ................................................................................................ 7
1.2 Processos de Eletrização........................................................................................... 8
1.3 Interações entre cargas elétricas: força e campo elétrico ......................................... 11
1.4 Trabalho e Potencial Elétrico ................................................................................. 12
1.5 Corrente Elétrica ..................................................................................................... 13
1.6 Força Eletromotriz .................................................................................................. 14
1.7 Resistência Elétrica: Leis de Ohm .......................................................................... 14
1.8 Associação de Resitores ......................................................................................... 16
1.9 Leitura de Resistores – Código de Cores ............................................................... 16
2 PRINCÍPIOS DE ELETROMAGNETISMO ................................................................. 18
2.1 Magnetismo ............................................................................................................ 18
2.2 Interação entre corrente elétrica e camp o magnético: Eletromagnetismo .............. 19
2.3 Cálculo da Intensidade do Campo Magnético ........................................................ 19
2.4 Campos Magnéticos na Matéria ............................................................................. 21
2.5 Fluxo Magnético ..................................................................................................... 22
2.6 Indução Eletromagnética ........................................................................................ 23
3 ELETROMAGNETISMO: APLICAÇÕES .................................................................... 25
3.1 O Gerador de Corrente Alternada ........................................................................... 25
3.2 Geradores Polifásicos ............................................................................................. 27
3.3 Gerador de Corrente Contínua....... ......................................................................... 28
3.4 Corrente Alternada x Corrente Contínua ................................................................ 29
3.5 Transformadores ..................................................................................................... 30
3.6 Capacitores ............................................................................................................. 30
3.7 Indutores ................................................................................................................. 32
3.8 Capacitores, Indutores e Corrente Alternada .......................................................... 33
3.9 Potência em Circuitos CA ...................................................................................... 34
3.10 Circuitos Trifásicos ................................................................................................. 35
4 COMPLEMENTOS ........................................................................................................ 37
4.1 Medidas Elétricas ................................................................................................... 37
4.2 Unidades de Medidas ............................................................................................. 39
6 EXERCÍCIOS ................................................................................................................. 40
Eletricidade Básica

Princípios da
Eletricidade 1
1.1 O que é Eletricidade? de experiências feitas em 1906. Mas como este
Embora os fenômenos envolvendo eletri- modelo
tureza daajuda nossa compreensão sobre a na-
eletricidade?
cidade fossem conhecidos há muito tempo (to-
dos já devem ter ouvido falar da famosa expe- Freqüentemente, falamos em “carga elé-
riência do americano Benjamin Franklin sol- trica”. O que vem a ser isto? Suponha que você
tando pipa em um dia de tempestade), somen- tem um corpo “carregado com carga negati-
te durante o século XIX, investigações, mais va”. Considerando que, as cargas que conhe-
científicas foram feitas. Faremos, então, uma cemos são aquelas representadas nos átomos,
breve discussão sobre os fenômenos elétricos. os prótons (positivos) e os elétrons (negativos),
Hoje sabemos que a explicação da natu- então, um corpo com “carga negativa”, na ver-
reza da eletricidade vem da estrutura da maté- dade, é um corpo em cujos átomos há um maior
ria, os átomos. Na figura 1, vemos um esboço número de elétrons do que de prótons. Ou, de
de um átomo dos mais simples, o de Lítio. maneira contrária, outro corpo com carga po-
Temos o núcleo deste átomo, que é composto sitiva é aquele em que o número de elétrons é
por dois tipos de partículas: os prótons, partí- menor do que o número de prótons. Esta vari-
culas carregadas positivamente, e os nêutrons, ação de cargas positivas para negativas em um
que têm a mesma massa dos prótons, só que corpo é feita mais facilmente variando o nú-
não são partículas carregadas. mero de periferia
estão na elétrons do
doscorpo, já que
átomos, comofacil-
são mais eles
mente removíveis.
Conceito de Carga Elétrica: Como con-
seqüência do que colocamos acima, toda car-
ga que aparece em um corpo é um múltiplo da
carga de cada elétron, uma vez que, para tor-
narmos um corpo negativamente carregado,
fornecemos a este 1 elétron, 2 elétrons, assim
por diante. Da mesma maneira, para tornar-
mos o corpo carregado positivamente, é ne-
cessário “arrancar” de cada átomo um elétron,
dois elétrons, etc. Este processo de variação
FIGURA 1 do número de elétrons dos átomos é chamado
de ionização. Um átomo cujos elétrons não
Orbitando ao redor do núcleo temos par- estejam em mesmo número de seus prótons é
chamado de íon. Assim, de uma maneira ge-
tículas
prótons,cerca de 1836 vezes
os elétrons, mais leves que
que apresentam os
cargas ral, toda carga Q pode ser calculada da seguinte
negativas de mesmo valor que as dos prótons. forma:
Em seu estado natural, todo átomo tem o mes-
mo número de prótons e elétrons, ou seja, é Q = Ne
eletricamente neutro. Na verdade, a figura está
bem fora de escala para facilitar o desenho, já Em que N é o número de elétrons forneci- 7
que o diâmetro das órbitas dos elétrons varia dos (no caso de carga negativa) ou retirados
entre 10 mil a 100 mil vezes o diâmetro do (no caso de cargas positivas) do corpo e e, a
núcleo! O modelo da figura foi proposto pelo chamada carga elétrica fundamental, que é a
físico inglês Ernest Rutherford, após uma série carga presente em cada próton ou elétron.
Eletricidade Básica
Trabalharemos com o Sistema Internacio-
nal de Unidades (SI), mais conhecido como
MKS (Metro, Kilograma, Segundo), para de-
finirmos as unidades de medida das grande-
zas físicas utilizadas em nossos estudos.
Carga elétrica: Coulomb [Q] = C
A carga elétrica fundamental, em Coulombs,
vale aproximadamente 1,6 x 10-16 C. Este valor
é muito pequeno! Daí temos que, para conse-
guir cargas de 1 Coulomb, é necessária trans-
ferência de vários elétrons entre corpos então, FIGURA 2.3 – Os panos de lã se repelem.
podemos concluir esta seção afirmando, então, Isso acontece porque, ao esfregarmos a lã
que os fenômenos elétricos são aqueles envol- contra o vidro, os dois inicialmente neutros,
vendo transferências de elétrons entre corpos. provocamos uma transferência de elétrons do
E em relação aos prótons? Há processos envol- vidro para a lã. É um processo semelhante ao
vendo os prótons especificamente, que são do que acontece quando usamos um pente de plás-
domínio da Física Nuclear, no entanto, tais even- tico para pentear o cabelo. Uma questão funda-
tos não fazem parte dos objetivos deste curso. mental que podemos formular é porque lã e vi-
dro atraem-se e lã repele lã e vidro repele vi-
1.2 Processos de Eletrização dro? O vidro perdeu elétrons, ficando carrega-
Eletrização por Atrito: Podemos reali- do positivamente, ao contrário da lã, que ao re-
zar uma experiência simples utilizando um ceber os elétrons, adquiriu carga negativa. Che-
pano de lã e um bastão de vidro. Ao esfregar- gamos, então, a uma lei básica da natureza:
mos um no outro, podemos notar que o vidro
atrai a lã e vice-versa (figura 2.1). Contudo, se Cargas de mesmo sinal repelem-se,
repetirmos a experiência com um conjunto cargas de sinais opostos atraem-se.
idêntico ao acima e aproximarmos os dois bas-
tões de vidro, notaremos que estes se repelem Isto explica, em parte, a estrutura do áto-
(figura 2.2), o mesmo acontecendo com osdois mo, onde os prótons positivos atraem os elé-
panos de lã (figura 2.3). trons negativos.
Condutores e Isolantes: Será que todo
material tem facilidade para que os elétrons
possam se mover, facilitando processos como
o descrito acima? Isto depende, na verdade,
da distribuição dos elétrons nos átomos que
constituem o material. Materiais em que os elé-
trons estão mais livres dos respectivos núcle-
os dos átomos são os condutores. De maneira
oposta, materiais em que os elétrons não po-
dem mover-se livremente, porque estão muito
FIGURA 2.1 – O vidro e a lã se atraem.
presos aos núcleos, são os chamados isolan-
tes. Há, ainda, uma classe intermediária de ma-
teriais, os semicondutores
indica, materiais que podem, conduzir
como o nome já
eletrici-
dade em condições operacionais específicas,
que, porém, não serão nosso objeto de estudo
neste curso. Como exemplo de bons conduto-
res temos os metais como ferro, cobre, ouro.
8 Isolantes conhecidos são a borracha, o vidro,
a cerâmica. A eletrização por atrito ocorre em
qualquer tipo dos materiais citados, ao passo
que as próximas duas que descreveremos ocor-
FIGURA 2.2 – Os bastões de vidro e a lã se repelem. rem principalmente em condutores.
Eletricidade Básica
Um conceito importante dos materiais iso- Este tipo de eletrização pode gerar um
lantes é o de rigidez dielétrica. Quando um iso- choque elétrico. Isto é o que acontece quando
lante é submetido a uma tensão elétrica muito tocamos uma tubulação metálica ou um veí-
grande, pode acontecer que ele permita a pas- culo que está eletrizados. O contato do nosso
sagem de eletricidade. Quando isto acontece, corpo com a superfície do veículo, por exem-
dizemos que aconteceu a ruptura de um plo, faz com que haja uma rápida passagem
dielétrico. A rigidez dielétrica fornece o valor de cargas elétricas através do nosso corpo, daí
máximo da tensão elétrica que um isolante aparecendo a sensação de choque elétrico.
suporta sem que sofra ruptura. A rigidez O “Efeito Terra”: A Terra, por ter dimen-
dielétrica de um isolante diminui com o au- sões bem maiores que qualquer corpo que pre-
mento da espessura do isolante, da duração da cisemos manipular, pode ser considerada um
aplicação da tensão elétrica e da temperatura.
Eletrização por contato: Supondo que grande “depósito”
uma esfera de positivamente
carregada elétrons. Se ligarmos
(figura 4a)
dois corpos condutores, como as duas esferas à Terra, por meio de um fio, verificamos que
metálicas da figura 3.a. A esfera A já está car- rapidamente ela perde sua eletrização, fican-
regada positivamente, enquanto a esfera B está do neutra. Isto acontece devido à subida de
neutra. Se colocarmos as duas em contato, a elétrons da Terra, que neutralizam a carga po-
tendência é que ambas atinjam uma situação de sitiva da esfera. Da mesma maneira, ao ligar-
equilíbrio. Para que isso ocorra, a esfera B ten- mos uma esfera de carga negativa, esta tam-
de a neutralizar A, através de uma passagem bém perde sua carga, já que seus elétrons des-
de elétrons (cargas negativas) de B para A (fi- cem para a Terra. Não esqueça que sempre ra-
gura 3b), até que as duas atinjam a mesma car- ciocinamos em termos do movimento dos elé-
ga, pois, desta forma, nenhuma das duas esfe- trons (cargas negativas), que, como já discuti-
ras “sentirá” a outra mais eletrizada. Assim, a mos, por ocuparem a periferia dos átomos, têm
carga final de cada uma delas será a metade das uma mobilidade maior que os prótons.
cargas iniciais do sistema (figura 3c), neste
exemplo, metade da carga inicial de A.
Elétrons Elétrons

FIGURA 4a

FIGURA 3.a – A positivo e B neutro estão isolados e


afastados. Um efeito da eletrização por contato, que
leva a uma aplicação do efeito terra, é o possí-
vel surgimento de faíscas elétricas, o que em
uma refinaria de petróleo pode adquirir pro-
porções catastróficas. Nas baías onde é feito o
carregamento de combustíveis em caminhões,
estes podem estar carregados eletricamente e,
no momento da conexão do mangote ao cami-
FIGURA 3.b – Colocados em contato, durante breve nhão, uma faísca entre eles pode detonar uma
intervalo de tempo, elétrons livres vão de B para A.
explosão, caso haja a presença de gases com-
bustíveis na área. Para minimizar este risco, o
caminhão é conectado ao solo (aterrado) an-
tes do início do bombeamento de combustí-
vel. Deste modo, o caminhão ficará com car-
ga neutra.
9
Eletrização por Indução: Este tipo de
eletrização faz uso da atração de cargas de si-
FIGURA 3.c – Após o processo, A e B apresentam-se nais opostos, como na seqüência mostrada na
eletrizados positivamente. figura 5.
Eletricidade Básica
A estrutura de um pára-raios consiste em
1. Ao aproximarmos da esfera do uma haste metálica colocada no ponto mais
eletroscópio um corpo eletrizado alto da estrutura a ser protegida. A extremida-
negativamente, o eletroscópio sofre
indução eletrostática e as lâminas se
de inferior da haste é conectada a um cabo
abrem. condutor, que desce pela estrutura e é aterrado
ao solo. Na extremidade superior da haste, te-
mos um terminal composto de materiais com
Lâminas de ferro alto ponto de fusão, para suportar as altas tem-
peraturas provocadas pela passagem da des-
carga elétrica. O formato desta extremidade,
que é pontiagudo, faz uso de uma propriedade
2. Ligando-se o eletroscópio à Terra, dos condutores, o poder das pontas. Em um
as lâminas se fecham, pois os
elétrons escoam para a Terra.
condutor, a densidade de cargas é maior em
regiões que contêm formato pontiagudo. Lá a
densidade de cargas é maior, bem como o cam-
po elétrico. Assim, por serem regiões de alto
campo elétrico, tais pontas favorecem a mobi-
lidade das cargas elétricas através delas. Se a
3. Desfazendo-se a ligação com a nuvem carregada estiver acima da haste, nesta
Terra e afastando-se o corpo
eletrizado, o eletroscópio se eletriza são induzidas cargas elétricas intensificando
positivamente. Observe que, o campo elétrico na região entre a nuvem e a
novamente, as lãminas se abrem.
haste, produzindo assim uma descarga elétrica
através do pára-raios.
Nuvem
FIGURA 5

Descargas Atmosféricas: Durante tem-


pestades, raios e trovões ocorrem em abundân-
cia. Como tais fenômenos envolvem descar- Isoladores
Haste metálica
gas elétricas, é necessária a proteção das ins-
talações de uma refinaria.
O surgimento de raios em tempestades
vem do fato de que as nuvens que as causam
estão carregadas eletricamente. Assim, surgem
campos elétricos entre partes destas nuvens,
entre nuvens próximas e entre nuvens e o solo.
Como o ar é isolante, é necessário o surgimento
de um forte campo elétrico entre as nuvens e o
solo, para que seja possível vencer a rigidez
dielétrica do ar. Quando isto acontece, a cor- FIGURA 5.1

rente elétrica pode passar pelo ar, fazendo com A construção de pára-raios é normatizada
que haja a descarga elétrica da nuvem para o pela Associação Brasileira de Normas Técni-
solo, através do efeito terra. A luz que acom- cas (ABNT), onde "o campo de proteção ofe-
panha o raio, chamada de relâmpago, aparece recido por uma haste vertical é aquele abran-
por causa da ionização devido à passagem de gido por um cone, tendo por vértice o ponto
mais alto do pára-raios, e cuja geratriz forma
forte e rápido
cargas elétricas
aquecimento,
pelo ar. Istocausando
também agera
expan-
um um ângulo de 60o com a vertical". Tal arranjo
são do ar e produzindo uma onda sonora de está ilustrado na figura abaixo. Assim, vemos
grande intensidade, que chamamos de trovão. que a partir de um pára-raios de altura h, o
Prevenção de Descargas Atmosféricas: raio de proteção é dado por r = 3 h .
Para evitar efeitos desastrosos das descargas
10 atmosféricas, é utilizado um aparato muito h
60o
popular chamado de pára-raios. Ele tem por
finalidade oferecer um caminho mais eficien- r= 3h
te e seguro para as descargas elétricas, prote-
gendo edificações, tubulações, redes elétricas,
depósitos de combustível, etc. FIGURA 5.2
Eletricidade Básica
1.3 Interações entre cargas elétricas: trário ao do campo elétrico que atua na região
em que ela se encontra (figura 7b).
força e campo elétrico
Já vimos no exemplo da lã e do vidro que
 

se q > 0, F e E têm mesmo sentido (fig. 7a)


cargas elétricas sofrem atração ou repulsão
 

se q < 0, F e E têm sentidos opostos (fig. 7b)


dependendo do seu sinal. Uma expressão para
 

F e E têm sempre mesma direção.


o módulo da força entre elas é dada pela Lei
de Coulomb:

Kq1q2
F= (F em Newtons)
d2
FIGURA7a FIGURA7b

Ainda a partir da equação acima, podemos


exprimir as unidades de medida do campo elé-
trico no Sistema Internacional de Unidades:
E = F/q ⇒ [E] = N/C
Por exemplo, se colocarmos uma distribui-
ção de cargas na presença de uma distribuição
de cargas na presença de um campo de 5 N/C
ele exercerá uma força de 5 Newtons em cada
Coulomb de carga.
Para representarmos graficamente o cam-
po elétrico, podemos recorrer ao desenho das
linhas de campo elétrico, que obedecem às
seguintes regras:
FIGURA 6 1. As linhas de campo elétrico começam
nas cargas positivas e terminam nas
Sendo q 1 e q 2 , os valores da s cargas cargas negativas;
elétricas, K, a constante eletrostática 2. As linhas de campo elétrico nunca se
(K = 9 x 109 N.m2/C2) e d, a distância entre as cruzam;
cargas. 3. A densidade de linhas de campo elétri-
Podemos observar que esta força é trocada co dá uma idéia da intensidade do cam-
entre as cargas mesmo no vácuo, ou seja, não po elétrico: em uma região de alta den-
depende de um “meio” que faça com que uma sidade de linhas, temos um alto valor
carga “sinta” a presença da outra. Quem faz do campo elétrico.
este papel é o Campo Elétrico, que é uma me- De uma maneira geral, as linhas de cam-
dida da influência que uma carga elétrica exer- po elétrico representam a trajetória de uma
ce ao seu redor. Quanto maior o valor de uma carga positiva abandonada em repouso em um
carga elétrica, mais atração ou repulsão ela campo elétrico pré-existente.
pode exercer sobre uma carga ao seu redor,
portanto, maior também o valor do seu campo
elétrico. Se colocarmos uma carga qo em uma
região do espaço onde existe um campo elé-
trico
sobreE, a relação
esta carga e oentre a força
campo queé:vai atuar
elétrico
 

F=q0 E FIGURA
8.1 FIGURA
8.2

Devemos ter cuidado com esta equação,


já que ela relaciona vetores! Se a carga q o for 11
positiva, temos que F = qoE, ou seja, força e
campo tem o mesmo sentido (figura 7a). Do
contrário, se qo for negativa, F = –q oE, o que
significa que a força sobre qo tem sentido con- FIGURA 8.3
Eletricidade Básica

1.4 Trabalho e Potencial Elétrico é positivo, ou seja, a carga moveu-se esponta-


Podemos lembrar de alguns conceitos que neamente. Daí temos que:
já estudamos em Mecânica e pensar da seguin- • Cargas positivas movem-se para pon-
te maneira: colocamos uma carga q em repou- tos de menor potencial;
so em uma região onde atua um campo elétri- • Cargas negativas movem-se para pon-
co. Este campo vai fazer com que aja na carga tos de maior potencial.
uma força de módulo F = qE. Como a partícu- Lembrando que no SI a unidade de traba-
la estava em repouso, pela 2.a Lei de Newton lho e energia é o Joule (J), a unidade de dife-
(F = ma), a força vai fazer com que esta partí- rença de potencial é expressa em Volt (V):
cula adquira uma aceleração, saindo do repou-
so e por conseqüência, deslocando-se. Ora, já [∆V] = Volt = J/C
sabemos que quando uma força provoca des-
locamento em um corpo, dizemos então que Interpretando esta unidade, temos, por
ela realiza trabalho sobre este corpo. Como exemplo, que uma diferença de potencial de
lembramos também, energia é a capacidade 12 Volts significa que em uma distribuição de
de realizar trabalho. Tendo em vista, então que, cargas colocada em um campo elétrico este cam-
o campo elétrico provocou o deslocamento da po realiza um trabalho de 12 Joules sobre cada
nossa carga q, realizando trabalho sobre a car- Coulomb de carga.
ga, concluir que o campo elétrico armazena Desta definição de Volt podemos também
energia. medir o campo elétrico em outra combinação
Como poderíamos medir que regiões do de unidades do SI:
campo elétrico fornecem a maior capacidade
de realizar trabalho? Uma maneira seria me- [E] = V/m
dir o próprio valor do campo elétrico. Quanto
maior o valor do campo, maior a força que ele A diferença de potencial é também cha-
pode exercer, maior também o trabalho reali- mada de ddp ou Tensão. Uma ddp aparece
entre dois corpos quando eles têm a tendência
zado. Outra
crevemos maneira, alternativa, é a que des-
a seguir. de trocar cargas elétricas entre si.
Na figura abaixo, o corpo A está carrega-
Na figura 9, temos representado um cam- do positivamente, portanto está com falta de
po elétrico formado entre duas placas carrega- elétrons. O corpo B tem carga negativa, estan-
das com cargas de sinais opostos. do com excesso de elétrons. Se ligarmos os
dois ou os colocarmos em contato, haverá um
fluxo de elétrons de B para A, como já discu-
timos na eletrização por contato, até que o equi-
líbrio de cargas seja estabelecido. Quando isto
acontece, dizemos que existe uma diferença
de potencial (ddp) ou tensão entre os corpos
A e B. Podemos, agora, simplificar dizendo
que se há uma tensão entre dois corpos, ao
colocarmos os dois em contato (diretamente
ou por um fio), haverá uma movimentação de
FIGURA 9
cargas entre eles, até que o equilíbrio seja es-
Queremos deslocar a carga positiva Q do tabelecido, quando a ddp torna-se zero.
ponto A ao ponto B marcados na figura. Defi-
nimos então a diferença de potencial entre os
pontos A e B (V A– VB) como:

12 ∆V = VA – VB = W/Q
, em que W é o trabalho realizado pelo
campo elétrico ao deslocar a carga de A até B.
Como Q é positiva, se VA > VB, temos que W FIGURA 10
Eletricidade Básica

1.5 Corrente Elétrica Podemos fazer uma analogia com um caso


Em um condutor, os elétrons livres, aque- envolvendo a energia potencial gravitacional
les que podem se mover devido a diferenças que já conhecemos da mecânica. Na figura 13,
de potencial, executam um movimento desor- temos um fluxo de água da caixa mais alta para
denado através do condutor. Contudo, se este a mais baixa devido à diferença de altura en-
condutor for utilizado para conectar dois cor- tre as duas, ou seja, devido à diferença de po-
pos com uma diferença de potencial entre si, tencial gravitacional. Assim, o fluxo de água
como na figura 11, haverá um fluxo de elé- (que seria o análogo da nossa corrente elétri-
trons ordenados através do condutor, porque ca), vai do maior potencial gravitacional (cai-
o corpo que está com carga negativa vai for- xa alta) para o menor potencial gravitacional
necer elétrons para o corpo carregado positi- (caixa baixa). A tubulação entre as caixas fa-
ria o papel do condutor através do qual flui a
vamente
condutor.através do caminho formado pelo corrente elétrica.

FIGURA 11

A este movimento ordenado de elétrons FIGURA 13


através de um condutor sujeito a uma tensão,
Intensidade de corrente elétrica: Pode-
chamamos corrente elétrica . Como po-
defigura mos reparar que quanto mais carga passar de
demos ver na 12, o movimento de c ar-
gas se dá do corpo negativo (ou pólo negati- um corpo para o outro, maior o fluxo de car-
vo) para o corpo (ou pólo) positivo. No en- gas entre eles e, intuitivamente, maior a cor-
tanto, por um acidente histórico, foi atribuí- rente elétrica entre estes corpos. Tomando
do à corrente o sentido do pólo positivo para como base a figura 14, podemos definir a in-
o negativo, assim prevalecendo até hoje. É tensidade de corrente elétrica, i, da seguinte
lógico que ao pensarmos em metais conduto- maneira:
res como os do exemplo acima, este sentido,
embora adotado, está errado, mas em algu-
mas soluções iônicas, em baterias, por exem-
plo, este sentido coincide com o correto. Por
uma questão de uniformidade, vamos adotar
o sentido convencional da corrente em nosso
curso.
FIGURA 14

∆q
i=
∆t

, em que ∆q é a quantidade de carga que passa


por uma seção transversal do condutor por in- 13
tervalo de tempo (∆t). Quanto maior a corren-
te elétrica, mais carga passa pela mesma se-
ção do condutor em um mesmo intervalo de
FIGURA 12 tempo. No sistema internacional de unidades,
Eletricidade Básica
SI, definimos a unidade de medida da corren- Como fontes de fem temos pilhas secas,
te elétrica: baterias, geradores, célula fotovoltáica, entre
outros.
Corrente: Ampère. Símbolos de fontes de fem :
[i] = A = C/s
bateria ou geradores de corrente
No momento, o conhecimento abordado já contínua
nos dá uma idéia das grandezas envolvidas,
porém, um pouco, retornaremos a definição de
gerador de corrente alternada
Ampère. Por exemplo: se uma corrente de 2 A (gerador eletromecânico)
passa por um condutor, significa que se tomar-
mos uma passam
segundo, seção transversal
2 Coulombs à corrente, a cada
de carga por ali. fonte regulável de tensão

Se lembrarmos o pequeno valor da carga de um


elétron (e = 1,6 x 10–19 C), imagine quantos elé- FIGURA 16
trons estão passando a cada instante! Então,
cuidado: ao manipularmos circuitos ou apare- Retomando nossa analogia com o exem-
lhos elétricos, temos por vezes o hábito de esti- plo anterior das caixas d'água, a fem faria o
marmos o “perigo” associado apenas olhando papel de uma bomba que levaria a água da
para a tensão (220V, 110V, por exemplo), mas caixa inferior de volta à caixa superior, man-
da definição de corrente elétrica, mesmo uma tendo assim um fluxo de água constante pelas
baixa tensão pode ocasionar uma corrente alta, tubulações.
ou seja, o operador pode estar exposto a uma
passagem de alta quantidade de cargas elétri-
cas pelo seu corpo, e conseqüentemente, aos
efeitos maléficos que isto pode ocasionar.

1.6 Força Eletromotriz


Partindo de nossa idéia inicial da srcem
da ddp, os dois corpos ligados por um condu-
tor rapidamente atingiriam o equilíbrio de car-
gas, fazendo com que a corrente elétrica entre
eles cessasse. No entanto, em circuitos elétri-
cos, não é isto o que observamos. Logo, preci- FIGURA 17
samos de um mecanismo que reponha as car-
gas que foram deslocadas de um corpo para
outro, mantendo assim a ddp constante, assim
como a corrente elétrica entre os dois corpos. 1.7 Resistência Elétrica: Leis de Ohm
Esse mecanismo é o que chamamos de Força Ao ligarmos um condutor metálico a uma
Eletromotriz (fem), cuja unidade de medida fonte de fem, circulará uma corrente elétrica
também é o Volt (V). através dele. Em uma série de experiências
deste tipo, em 1827, George Simon Ohm veri-
ficou que se fosse variada a fem, a corrente
elétrica também variava. E mais: o quociente
entre a fem utilizada e a corrente medida era
constante:

14 V1 V2
= = ... = R
i1 i2

Na fórmula acima, R é a Resistência Elé-


FIGURA 15 trica do corpo por onde passa a corrente. Sua
Eletricidade Básica
unidade de medida é o Ohm, representado pela , em que ρ é a resistividade, um parâmetro de-
letra grega Ω. Daí temos a 1.a Lei de Ohm: pendente do material, medido em Ω.m. O in-
verso desta grandeza é chamada de condutivida-
V = Ri de do material,σ, cujas unidades são Ω
( .m)–1. O
inverso da resistência é a condutância, medi-
, que é uma relação linear, ou seja, ao dobrar- da em Ω–1 ou Siemens.
mos a ddp (V), a corrente (i) também dobrará,
e assim por diante. Resistências que não são 2) Temperatura do condutor: Quanto me-
alteradas ao variarmos a ddp são chamadas de nor a temperatura, menor a agitação dos
resistências ôhmicas. átomos que compõem o material, as-
A explicação para o surgimento da resis- sim, menos os átomos dificultam a pas-
tência elétrica mais uma vez reside na estrutu- sagem da corrente elétrica. Deste com-
ra da matéria, a maneira como os átomos se portamento temos que a resistência elé-
arranjam no interior de um corpo. Como po- trica de um corpo depende de sua tem-
demos ver na figura 18, os elétrons percorrem peratura. A relação entre resistência e
o condutor em um único sentido e, ao longo temperatura é dada por:
deste caminho, vão “esbarrando” no núcleo dos
outros átomos do material. Isto termina por R = Ro(1 + α∆T)
dificultar a passagem da corrente elétrica, sen-
do então a srcem da resistência elétrica. em que Ro é a resistência à temperatura To, ∆T
= (T – To) é a variação de temperatura a que o
corpo foi submetido e α é um parâmetro do
material do qual é feito o corpo, sendo medi-
do em oC–1.
No circuito ilustrado abaixo, temos uma
bateria (fonte de fem) ligada em série com uma
lâmpada comum, incandescente. A energia
fornecida pela bateria faz com que a corrente
FIGURA 18
circule pelo fio,
Efeito Joule acenda a lâmpada
(transformação através
de energia do
elétri-
Elementos que apresentam resistência elé- ca em energia térmica e luminosa) e continue
trica são chamados de resistores, e são represen- circulando, fechando assim o circuito. A po-
tados esquematicamente das maneiras abaixo: tência dissipada por Efeito Joule é dada por:
R R
Pot = Ri2

FIGURA 19

Parâmetros que influenciam na resis-


tência elétrica:

1) Dimensões do condutor: Seja o condutor


cilíndrico mostrado abaixo, de compri-
mento L e seção transversal de área A. A
resistência é calculada por:
FIGURA 21

ρL Sabemos que para uma dada bateria, não


R=
A podemos acender uma infinidade de lâmpadas.
Isso acontece por causa da perda ou transfor-
mação de energia que ocorre nos resistores. 15
uma vez que a energia elétrica está sendo per-
dida, isto significa que a capacidade de reali-
zar trabalho pelo circuito também está dimi-
FIGURA 20 nuindo. De fato, um resistor não diminui a in-
Eletricidade Básica
tensidade da corrente que passa por ele, mas 1.9 Leitura de Resistores – Código de
provoca uma queda do potencial através dele
dada pela Lei de Ohm (V = Ri). Assim, ao Cores
percorrermos o circuito, medimos uma queda Há resistores dos mais diversos tipos e
de potencial através dele por causa da resis- valores de resistência. Ao escrevermos o va-
tência de fios e equipamentos que fazem parte lor de uma resistência, há algumas convenções
do mesmo, quando completamos a volta no a serem observadas.
circuito, chegando ao outro pólo da fonte de Alguns exemplos:
fem (bateria, pilha, gerador), esta se encarre- Resistência de 5 ohms: 1R= 5 Ω
ga de “subir” o potencial novamente, para que
o movimento das cargas possa continuar pelo Resistência de 5,3 ohms: 2R= 5R3 Ω = 5R3
circuito, mantendo a corrente elétrica. Por cau- Resistência de 5300 ohms: R= 5k3Ω = 5k3
3
sa de efeitos como este, não podemos trans-
portar correntes elétricas por grandes distân- A colocação da letra R (Resistência) ou
cias sem perdas nas linhas de transmissão. Por- do prefixo k (quilo, que equivale 1000 unida-
tanto, há todo um desenvolvimento técnico por des) no lugar da vírgula é para evitar que uma
trás da transmissão da energia, como a alta ten- falha de impressão da vírgula possa ocasionar
são de saída nas usinas geradoras e necessida- a leitura errada da resistência.
de de subestações que controlem a tensão da Embora alguns resistores tragam impres-
eletricidade a ser distribuída para uso sos o valor da resistência, o código de cores é
residencial e comercial. muito utilizado, já que em alguns casos os
resistores são tão pequenos que impossibilita-
riam a leitura de qualquer caractere impresso
1.8 Associação de Resitores nele. A tabela abaixo representa o código:
Cor 1o. anel 2o. anel 3o. anel 4o. anel
Resistores em série
Preto – 0 x1 –
A corrente que passa por cada um dos
resistores é a mesma, já que eles estão no mes- Marrom 1 1 x10 1%
2

mo ramo do circuito. Vermelho 2 2 x103 2%


Esquema: Laranja 3 3 x10 3%
Amarelo 4 4 x104 4%
A B
R1 R2 Verde 5 5 x105 –
Azul 6 6 x106 –
Violeta 7 7 – –
VAB = V1 + V2 i = i1 = i2 Req = R1 + R2
Cinza 8 8 – –
Branco 9 9 – –
Resistores em paralelo Ouro – – x10–1 5%
A corrente divide-se pelos dois ramos do Prata – – x10–2 10%
circuito, e a tensão entre os terminais dos Sem
cor – – – 20%
resistores é a mesma. Tomemos como exemplo um resistor que
Esquema: possui os seguintes anéis coloridos:
i1

R1
A i i B
→ →

R2 Verde
→ Azul
16 i2 Marrom
Prata
1 1 1 FIGURA 22

VAB = V1 =V2 i = i1 + i2R = +


eq R 1R 2
Para evitar equívocos como definir o 1o
anel pela esquerda ou pela direita, ele é sem-
Eletricidade Básica
pre o mais próximo das extremidades do
resistor. Na nossa figura, é o da esquerda, que
é verde. Para identificarmos o valor do resistor,
tomamos as duas primeiras cores em seqüên-
cia, no caso, verde e azul. Consultando a tabe-
la, temos 5 do verde e 6 do azul, 56.
O terceiro anel é o multiplicador, que pode
ser um múltiplo (quilo, mega, etc) ou submúl-
tiplo (deci, centi) do valor obtido nos dois pri-
meiros anéis. No nosso exemplo, o terceiro
anel é marrom, cujo valor é 10. Assim, o valor
da resistência é 56 x 10 = 560 Ω.
Finalmente, o quarto anel é a tolerância
no valor da resistência, ou seja, a margem de
erro admitida pelo fabricante. No nosso
resistor, o quarto anel é prata, dando uma tole-
rância de 10%. Assim, a leitura de nossa re-
sistência é:
R = (560 ± 10%) Ω
O que significa isto? Considerando-se que,
10% de 560 é 56, os valores possíveis para a
resistência estariam entre:
560 – 56 = 504 Ω (valor mínimo).
560 + 56 = 616 Ω (valor máximo).

Anotações

17
Eletricidade Básica

Princípios de
Eletromagnetismo 2
Passaremos agora à discussão dos fenô-
menos necessários
cionamento para a compreensã
de geradores e circuitosode
do cor-
fun-
rente alternada, que são os fenômenos que en-
volvem a junção de eletricidade com magne-
tismo. Faremos uma breve exposição dos fe-
nômenos magnéticos mais simples, para de-
pois abordarmos o eletromagnetismo propria-
mente dito. FIGURA 23

2.1 Magnetismo Interação entre imãs: Novamente aqui te-


mos um comportamento que lembra a eletri-
Os fenômenos mais básicos do magne- cidade: os imãs podem sofrer atração ou
tismo, como a pedra magnetita (óxido de fer- repulsão por outro imã, dependendo da posi-
ro, Fe 3O4) atrair o ferro, foram relata dos des- ção dos pólos. Pólos diferentes atraem-se, pó-
de a Antiguidade na Ásia Menor. A magnetita los iguais, repelem-se.
é um imã natural, isto é, pode ser encontrado
na natureza. Contudo, quase que a totalida-
de dos imãs utilizados pelo homem são fei-
tos industrialmente, podendo existir imãs
FIGURA 24.1
temporários (feitos de ferro doce) e perma-
nentes (feitos de ligas metálicas, geralmente
contendo níquel ou cobalto). As proprieda-
des magnéticas de um material também são
definidas pela estrutura dos átomos que o
compõem, embora de maneira mais sutil do
que os fenômenos elétricos. Na verdade, cada
átomo tem as suas propriedades magnéticas, FIGURA 24.2
que combinadas no todo, podem determinar
se um corpo macroscópico apresentará este
Campo Magnético: Assim como cargas
tipo de comportamento. Vamos em seguida
elétricas, os imãs exercem influência em regi-
relatar algumas características básicas do ões do espaço ao seu redor. Representamos
magnetismo. também as linhas de campo magnético, que
Pólos Magnéticos: Assim como na ele- exibem as mesmas propriedades que as linhas
de campo elétrico. Porém, neste caso, elas nas-
tricidade temos as cargas positivas e negati- cem no pólo norte e morrem no pólo sul.
vas, no magnetismo, os equivalentes são o pólo
norte e pólo sul. Tais pólos estão sempre
posicionados nas extremidades de um imã. Os
18 pólos magnéticos sempre surgem aos pares,
não sendo possível separá-los. Se partirmos um
imã ao meio, o que teremos como resultado
são dois imãs menores, cada um com os seus
respectivos pólos norte e sul. FIGURA 25
Eletricidade Básica
O campo magnético, representado por H, uma corrente colocando limalha de ferro em
tem sua unidade de medida o Ampère por um papel cujo plano é perpendicular ao fio.
metro no SI. As linhas de campo são circunferências
centradas no fio. Quanto mais longe do fio,
[H] = A/m menor a intensidade do campo magnético.

2.2 Interação entre corrente elétrica e


campo magnético: Eletromagnetismo
Experiência de Oersted
No começo do século XIX, o físico dina-
marquês Hans C. Oersted fez uma experiên- Vista em Vista de Vista lateral
cia envolvendo um circuito, percorrido por perspectiva cima

uma corrente elétrica, e uma bússola colocada FIGURA 27


próxima ao circuito. Quando nenhuma corrente
percorria o circuito, a bússola permanecia ali-
nhada com o campo magnético terrestre. Po- O físico francês André Marie Ampère es-
rém, ao fechar o circuito, com a corrente flu- tudou campos magnéticos criados por corren-
indo através dele, o ponteiro da bússola orien- tes e formulou uma regra para sabermos o sen-
tava-se de maneira perpendicular à corrente tido das linhas de campo ao redor de fios. En-
elétrica. volvemos o condutor com a nossa mão direi-
Bússola ta, o polegar acompanha o sentido da corrente
e os demais dedos o sentido das linhas de cam-
po magnético.

FIGURA 28

2.3 Cálculo da Intensidade do Campo


Magnético
FIGURA 26.1
Bússola Em torno de um condutor

µ oi
H =
2π r
, em que µo é a constante de permeabilidade
do vácuo, medida em Henry por metro (H/
m), i é a corrente que percorre o fio e r é a
distância radial medida a partir do meio do
fio.
No Centro de uma Espira
Neste caso a regra da mão direita é alte-
FIGURA 26.2 rada, o polegar indica o sentido do campo e
os demais dedos acompanham o sentido da
Isto evidencia que uma corrente elétrica corrente.
cria um campo magnético ao seu redor. Tal fato 19
possibilita uma série de aplicações, como os µ oi
H =
eletroímãs, discutidos a seguir. 2R
Podemos observar as linhas de campo
magnético ao redor de um fio percorrido por , em que R é o raio da espira.
Eletricidade Básica
te no seu interior. A intensidade deste campo
é dada por:

µ o Ni
H =
l

, em que N é o número de espiras do solenóide


e l, o seu comprimento. No exterior do
solenóide, o campo é praticamente nulo.

FIGURA 29 Força do Campo Magnético sobre um


fio com corrente
No interior de um Solenóide (ou bobina) Considerando que uma corrente elétrica
Aqui a regra da mão direita é a mesma do produz um campo magnético ao seu redor, se
caso da espira. A superposição dos campos de colocarmos este condutor percorrido por uma
cada espira que compõe o solenóide produz corrente em uma região que já contém um cam-
um campo semelhante àquele de um dipolo po magnético, teremos a interação entre estes
magnético (figura 30). Por isso, o solenóide é dois campos, o que já ocupa a região e o gera-
bastante utilizado para a produção de do pela corrente, ou seja, teremos uma força
eletroímãs, colocando-se uma barra de ferro magnética atuando sobre o fio condutor. A in-
no interior do solenóide. tensidade desta força pode ser calculada como
se segue:

Fm = Hio l sen θ

, em que Ho é o valor do campo magnético


externo (não o causado pela corrente!), i é a
corrente elétrica, l o comprimento do condu-
tor e θ o ângulo entre a corrente e o campo
FIGURA 30.1 magnético. Uma regra prática para sabermos
o sentido da força é a regra da mão direita,
onde o dedo indicador acompanha a corrente,
o dedo médio (perpendicular ao indicador) está
com o campo externo e o polegar fornece a
direção e o sentido da força magnética.

FIGURA 30.2

FIGURA 30.3

20
Considerando o solenóide com um com-
primento bem maior que o seu diâmetro (tipi-
camente 10 ou mais vezes maior), podemos
simplificar que o campo magnético é constan- FIGURA 31
Eletricidade Básica
material. Podemos imaginar a relação entre te neutros, como o ar e o vácuo. O co-
os dois campos, B e H, com base nas figuras bre é aproximadamente amagnético.
abaixo: • Diamagnéticos: µr < 1. Materiais que
exibem magnetização contrária a do
campo externo aplicado.
• Paramagnéticos: µr > 1. A permeabili-
dade não depende do campo externo, é
constante, e o aumento do campo in-
terno no material não é muito grande.
FIGURA 34.1 • Ferromagnéticos: µr >>1. São os ma-
teriais que exibem maior magnetização,
sendo, portanto, os mais aplicados em
escala industrial. Sua permeabilidade
magnética depende do campo aplica-
FIGURA 34.2
do, em um fenômeno denominado
Se mergulharmos um pedaço de ferro doce histerese magnética.
em um campo magnético, os campos gerados
pelos elétrons (lembre-se das correntes ampe- 2.5 Fluxo Magnético
rianas!) dentro do ferro orientam-se a favor do Quando representamos as linhas de campo
campo externo H. Assim, o campo efetivo (B) magnético de um solenóide nos parágrafos aci-
dentro do ferro aumenta, ao passo que o cam- ma, notamos que elas são linhas de campo fe-
po nas imediações do lado de fora do ferro di- chadas. Isso significa que o número de linhas de
minui. A relação matemática entre B e H é dada campo dentro e fora do solenóide é o mesmo,
pela permeabilidade magnética, µ: embora as linhas estejam mais concentradas no
interior do solenóide (campo mais intenso) do
B que no exterior. Um parâmetro para medir a con-
µ= centração das linhas em uma determinada região
H é o fluxo magnético. Ele é definido em termos
da intensidade de um campo magnético atraves-
A permeabilidade magnética é uma gran- sando uma superfície, bem como a orientação
deza característica de cada material e indica a do campo em relação a esta superfície. A ex-
aptidão deste material em reforçar um campo pressão para calcular o fluxo magnético é:
magnético externo. O valor de m para o vácuo
(e como boa aproximação, o ar) é dado por: Φ = B.A.cosθ

µo = 4π x 10-7 H/m , em que B é a intensidade do campo magnéti-


co na região, A é a área da superfície que é
A unidade de permeabilidade magnética no atravessada pelo campo, e θ é o ângulo forma-
SI, Henry por metro, H/m, é definida desta ma- do pelo campo magnético e a direção perpen-
neira por análise dimensional, já que B e H, dicular ao plano da superfície. Três situações
apesar de serem ambos campos magnéticos, não para fluxos diferentes para o mesmo campo
têm as mesmas unidades de medida. Esse valor magnético estão ilustradas abaixo:
é tomado como referência para outros materi-
ais, através da permeabilidade relativa,µr, que
é um parâmetro adimensional:

µ
µr =
µo
FIGURA 35
22 Assim, de acordo com o seu valor de per- No sistema internacional, medimos fluxo
meabilidade relativa, os materiais podem ser magnético por Weber:
classificados como:
• Amagnéticos: µr = 1. Materiais que não [Φ]= Wb
são magnetizados, são magneticamen-
Eletricidade Básica

2.6 Indução Eletromagnética , em que ∆Φ é a variação do fluxo magnético


Os Físicos são movidos várias vezes pela em um certo intervalo de tempo ∆t e N é o
busca de simetrias na natureza. Um exemplo número de espiras através das quais o fluxo
disto foi a descoberta da indução eletromagné- está variando. Na nossa discussão acima, N =
tica pelo inglês Michael Faraday em 1831. Ao 1. Quanto maior for o número de espiras, mai-
observar a experiência de Oersted, em que uma or o valor da fem induzida.
corrente elétrica conseguia gerar um campo Uma aplicação elementar da Lei de
magnético, desvia não o ponteiro da bússola, Faraday é o gerador linear ilustrado abaixo:
Faraday questionava se o inverso poderia acon-
tecer, ou seja, um campo magnético geraruma
corrente elétrica. Vários experimentos foram
feitos, sem se obter provas da dedução anteri-
or. Foi que Faraday, ao realizar o experimento
descrito abaixo, terminou por corroborar suas
idéias.

FIGURA 36
FIGURA 37
Faraday observou que o galvanômetro (ins-
trumento para medir correntes pequenas) só acu- Os dois fios condutores que fecham o cir-
sava a passagem de corrente no circuito do lado cuito com a barra AB, também condutora, que
direito no momento em que ele ligava ou desli- está sendo puxada com velocidade V em uma
gava a chave do circuito do lado esquerdo da região com campo magnético constante. Ao
figura. Contudo, não era medida corrente pela puxarmos a barra, obviamente, o valor do cam-
direita quando a chave permanecia ligada. Re- po magnético permanece constante. Será então
cordando o que já comentamos em outra seção, que não mediremos corrente no amperímetro
na esquerda
nece ligada, da figura,
passa quando
corrente a chave
pelo perma-
solenóide da colocado
nos entre
diz que os condutores?
a variação do fluxoAéLei
quedecausa
Faraday
o
esquerda, que gera dentro do solenóide (e no surgimento de uma fem induzida. Quando pu-
pedaço de ferro dentro dele) um campo magné- xamos a barra, a área retangular dentro do cir-
tico constante. Do outro lado, devido ao núcleo cuito que está sendo atravessada pelo campo
de ferro comum, aparece também um campo está aumentando, logo, o fluxo do campo mag-
magnético no solenóide à direita da figura. A nético também está aumentando, o que provo-
conclusão de Faraday foi quenão é a presença ca o surgimento de uma fem no circuito, pro-
do campo magnético que provoca corrente, vocando a circulação de uma corrente. Vamos
e sim a variação do fluxo do campo magnéti- encontrar uma expressão para a fem induzida.
co! Ao ligarmos ou desligarmos a chave do cir- O fluxo magnético será:
cuito, o campo está variando até o seu valor
máximo ou diminuindo do máximo até zero. Φ = B.A.cos θ
Enquanto há variação do fluxo do campo mag-
nético no ferro, há corrente induzida no outro
lado. Lembremos que para mantermos uma Aqui A é a área onde está passando cam-
corrente em um condutor, precisamos de uma po magnético dentro da espira, A = l . x. O
ângulo θ é formado pela direção perpendicu-
fem no circuito.
de Faraday podeCom isso, ocomo:
ser escrito enunciado da Lei lar ao plano da espira e o campo B, logo θ = 0o
e cosθ = 1. Como o fluxo inicial era nulo (não
“Toda vez que um condutor estiver sujeito havia área na espira), pela Lei de Faraday, te-
a uma variação de fluxo magnético, nele mos para o módulo da fem induzida:
aparece uma fem induzida, enquanto o
fluxo estiver variando.”
Blx 23
Matematicamente, a expressão da Lei de ε =1 . = Blv
Faraday é: ∆t

∆Φ , sendo x/∆t nada mais do que a velocidade


ε = −N
∆t média do condutor que está sendo puxado.
Eletricidade Básica
Sentido da corrente induzida: Lei de Lenz paradas de equipamentos críticos para o pro-
Precisamos agora explicar o porquê do cesso produtivo de uma refinaria. Não pode-
sinal negativo na Lei de Faraday. Tal interpre- mos nos esquecer, ainda, que equipamentos
tação é dada pela Lei de Lenz, enunciada pela que contêm baterias, como os já citados, po-
primeira vez pelo físico russo Heinrich Lenz: dem provocar pequenas faíscas entre os con-
tatos das baterias e dos aparelhos, o que pode
“Os efeitos da fem induzida opõem-se ser extremamente perigoso na presença de ga-
às causas que a srcinaram” ses inflamáveis!
Podemos visualizar este enunciado obser-
vando a figura abaixo: Anotações

FIGURA 38.1 FIGURA 38.2

Na figura 38.1, temos um imã aproximan-


do-se de uma espira conectada a um circuito,
inicialmente sem corrente. Pela Lei de Lenz,
como é o pólo norte que está se aproximando
da espira, esta deve reagir criando um pólo
norte voltado para o imã, de modo a se opor à
aproximação deste, que provoca o aumento do
fluxo do campo magnético. Usando a regra da
mão direita para
observador espiras,
da figura vaiémedir
fácil verificar que o
uma corrente
induzida no sentido anti-horário na espira. Já
na figura 38.2, estamos, agora, afastando o
mesmo imã. Assim, a espira ira “criar” um pólo
sul de modo a tentar atrair o imã, evitando o
seu afastamento. Novamente, a regra da mão
direita para espiras verifica que, para o obser-
vador, a espira agora terá uma corrente
induzida no sentido horário.
Em instalações elétricas industriais, a
indução eletromagnética pode ocorrer entre os
cabos de força, por onde passam correntes al-
tas, e os cabos de instrumentação, com cor-
rentes relativamente baixas. O campo magné-
tico variável dos cabos de força induz uma
corrente
do erros nos cabos em
de leitura de instrumentação, causan-
instrumentos sensíveis,
como sensores e medidores, podendo, em al-
guns casos, até queimá-los. Para evitar tais
problemas, os cabos de força são instalados
separadamente dos cabos de instrumentação.
24 Da mesma maneira, o uso de equipamen-
tos eletrônicos, como notebooks e telefones
celulares, podem gerar campos eletromagné-
ticos capazes de causar erros de leituras nos
instrumentos de campo, o que poderia causar
Eletricidade Básica

Eletromagnetismo:
Aplicações 3
Nos capítulos anteriores, vimos de forma Na verdade, são várias as espiras que constitu-
simplificada
ticos e os doisoscombinados
fenômenosnoelétricos, magné-
eletromagnetis- em um enrolamento
terminais da armadurachamado de armadura.
são soldados Os
aos anéis
mo, para que pudéssemos entender o funcio- chamados de coletores. Encostadas nos anéis
namento e as características de instrumentos, coletores estão as escovas (feitas geralmente de
equipamentos e máquinas presentes no nosso grafita), que fazem o contato elétrico, entregan-
cotidiano. Nesta parte de aplicações do curso, do então a fem e corrente induzidas a um cir-
vamos ver como os fenômenos eletromagné- cuito. Embora tenhamos colocado pólos de imãs
ticos levaram ao funcionamento e as caracte- para simplificar a figura, na prática, o campo
rísticas de geradores, motores elétricos, trans- magnético em que está imersa a armadura é pro-
formadores, dentre outros que são tão comuns duzido por eletroímãs dispostos na carcaça do
em nossos trabalhos. motor, o chamado estator. O enrolamento no
estator é chamado de bobina de excitação de
3.1 O Gerador de Corrente Alternada campo, a qual é alimentada por uma fonte de
Logo após o desenvolvimento da Lei da corrente contínua (CC). Um corte mais deta-
Indução, o próprio Faraday idealizou um mo- lhado deste motor pode ser visto na figura 40:
delo de gerador que produzisse energia elétri-
ca de uma maneira mais eficiente e duradoura
do que as pilhas e baterias eletrolíticas de até
então. O modelo srcinal de gerador deFaraday
tem em grande parte as características de um
gerador moderno como o que ilustramos es-
quematicamente abaixo.

FIGURA 40

1. Estator
2. Bobina de excitação de campo
3. Ranhuras que acomodam as bobinas de
excitação no estator
4. Eixo da armadura
5. Armadura
Alguns geradores (e motores) têm esta
montagem invertida: as bobinas de excitação
de campo estão no lugar da armadura e estas é
FIGURA 39 que são postas para girar. As espiras que com-
Este tipo de gerador, também chamado de põem a armadura estão no estator, e sentem a
alternador, produz uma tensão alternada, ge- variação de fluxo magnético devido ao movi-
rando portanto uma corrente alternada, que mento de rotação das bobinas de excitação. 25
discutiremos posteriormente. Na figura 39, Fisicamente, os dois sistemas são equivalen-
temos uma bobina colocada entre os pólos de tes. Esta “montagem invertida” é utilizada em
um imã, ou seja, ela está imersa no campo geradores trifásicos, dos quais falaremos pos-
magnético compreendido entre os dois pólos. teriormente.
Eletricidade Básica
O funcionamento do alternador pode ser Na figura 43 vamos acompanhar uma re-
explicado assim: um eixo está ligado às arma- volução completa de uma espira para compre-
duras, colocando o conjunto a girar. Quando as endermos porque a fem induzida (e por con-
espiras da armadura começam a girar dentro do seqüência a corrente) são geradas de forma
campo magnético, há uma variação de fluxo alternada.
magnético através das espiras, já que a orienta-
ção destas em relação ao campo magnético está
mudando continuamente. Pelas Leis de Faraday
e Lenz, uma corrente é induzida na armadura,
com os coletores jogando esta corrente no cir- θ = 0o → sen θ = 0 → ε = 0

cuito elétrico onde elas serão utilizadas. Isso Posição 1


nada mais é que a conversão de energia mecâ-
nica em elétrica. Nas hidrelétricas, uma roda
de pás acoplada ao eixo do alternador, gira com θ = 90o → sen θ = 1 → ε = Vm
a passagem da água e gera eletricidade. Nas
termoelétricas, a água é aquecida em caldeiras, Posição 2
o vapor resultante passa por uma turbina. O eixo
da turbina está acoplado ao alternador, gerando
θ = 180o → sen θ = 0 → ε = 0
eletricidade também.
Posição 3

θ = 270o → sen θ = –1 → ε = Vm

Posição 4

θ = 360o → sen θ = 0 → ε = 0

Posição 5

FIGURA 43 – Geração de 1 ciclo de tensão CA com um


FIGURA 41 – A rotação da armadura pode ser obtida através alternador de uma única espira.
da energia potencial do desnível de uma queda mediante uma
turbina. Assim, temos o formato de uma onda se-
noidal para a tensão e corrente alternadas. Va-
A expressão da fem induzida em um ge- mos agora definir alguns parâmetros usuais no
rador é derivada daquela que encontramos para trato das correntes alternadas ou (CA). Pode-
o gerador linear. Apenas devemos lembrar que mos começar reescrevendo a expressão para a
a velocidade v naquela expressão é a compo- fem CA como
nente da velocidade perpendicular (vt) ao cam-
po magnético, já que a componente paralela ε(t) = V msen(ωt)
não sofre influência do campo. Assim, obser-
vando α na figura 42 e sua relação com as ve- , em que ω é a chamada freqüência angular da
locidades. Assim, temos que: rotação da armadura, que se relaciona com a
freqüência propriamente dita (f, que é medida
em ciclos por segundo, ou Hertz),
ω = 2πf = 2π/T

, sendo T, o período da rotação (medido em


segundos), ou seja, o tempo necessário para a
26 tensão completar um ciclo.
Vm é o valor máximo da tensão gerada,
que pode ser escrito como:
FIGURA 42

ε = Blvt = Blv sen θ Vm = NωBA


Eletricidade Básica
De acordo com as notações que estamos As tensões induzidas
εA e εB são escritas como:
utilizando, N é o número de espiras, B é o va- εA(t) = Vmsen(ωt) e εB(t) = Vmsen(ωt – 90o)
lor do campo magnético e A é a área da cada
espira da armadura (supostas todas iguais). Gerador Trifásico
A corrente elétrica CA gerada pode ser Neste caso, temos 3 bobinas dispostas na ar-
obtida da Lei de Ohm, V = Ri, porém, R aqui
denota a resistência elétrica de todo o circuito madura igualmente espaçadas. Logo, o espaça-
a que esta fonte CA está ligada. Assim, mento entre elas é de 120o, ou um terço de volta
após a bobina A, B completa seu ciclo, e dois
ε Vm terços de volta após (240o), C finalmente com-
i(t) = = sen(
ω= t)ω i m sen( t) pleta o ciclo. As tensões induzidas são dadas por:
R R
εA(t) = Vmsen(ωt) εB(t) = Vmsen(ωt – 120o)
Um parâmetro
correntes importantesão
e tensões alternadas no osestudo de
valores εC(t) = Vmsen(ωt – 240o)
eficazes ou RMS da tensão e corrente. O va- Abaixo vemos um modelo simplificado de
lor RMS de uma corrente elétrica é aquele que gerador trifásico e a representação gráfica das
equivale ao de uma corrente contínua que, em diferenças de fase que relacionam as tensões.
um intervalo de tempo igual ao período da
corrente CA, ao passar por um resistor dissi-
pa a mesma quantidade de energia. Os valo-
res RMS de corrente e tensão são dados por:
im Vm
irms = ε rms =
2 2

3.2 Geradores Polifásicos


Um sistema polifásico é constituído por duas
ou mais tensões iguais geradas no mesmo dis-
positivo.
defasadasEstas tensões
uma em sãoa outra.
relação iguais,Vamos
apenas
verestão
os
dois exemplos mais simples a seguir. FIGURA 45

Gerador Bifásico A máquina apresentada na figura acima é


A rotação de um par de bobinas perpen- teórica, diversas limitações práticas impedem
diculares entre si no campo magnético do ge- a sua utilização. Atualmente, como já comen-
rador acarreta a geração de duas tensões iguais, tamos, o campo é que gira enquanto o rola-
mas defasadas de um quarto de rotação entre mento trifásico fica no estator. A vantagem
si. Isso porque, quando a bobina A da figura disto é que como são geradas tensões da or-
abaixo completa uma volta (um período da dem de 10 kV ou mais, esta tensão elevada
tensão alternada induzida), a bobina B passa não precisa passar pelos anéis coletores e es-
pelo mesmo ponto após um quarto de volta covas, bastando fazer a tomada da tensão ge-
do eixo do gerador. Como uma volta comple- rada através de um circuito ligado diretamen-
ta corresponde a 360o e um quarto de volta a te no estator. Na figura abaixo, vemos um cor-
90o, dizemos então que estas ondas estão de- te esquemático deste tipo de gerador:
fasadas, ou possuem uma fase de 90 o.

27

FIGURA 44 FIGURA 46
Eletricidade Básica

3.5 Transformadores Esta é a chamada razão de transformação.


O transformador consta de um núcleo de Se Ns > Np, o transformador aumenta a tensão
aço fechado e duas ou mais bobinas conduto- no secundário, então tal transformador é con-
ras. Um dos enrolamentos, o primário, está li- siderado um elevador de tensão. Se, do con-
gado à fonte CA, enquanto que o outro enro- trário, Ns < Np, o transformador é um abaixador
lamento, denominado de secundário, é ligado de tensão.
ao circuito que levará a corrente com a tensão Os geradores potentes mais modernos têm
transformada. Na figura a seguir, temos o es- uma eficiência em torno de 3% no que diz res-
quema de um transformador, bem como, a sua peito à perda de energia. A perda de energia se
representação simbólica. dá com o efeito joule nos enrolamentos e no
núcleo de ferro do transformador. Outra perda
deve-se ao efeito das correntes de Foucault
(correntes que surgem dentro dos metais ma-
ciços devido à indução). Como boa aproxima-
ção, poderíamos dizer que a potência de um
transformador (P = Vi) é aproximadamente
constante, donde podemos obter a seguinte
relação:

FIGURA 51
Vpip = Vsis
Transformador e, ao lado, seu símbolo convencional.
Na figura abaixo, temos um esquema sim-
O funcionamento dos transformadores plificado de um sistema de distribuição de
assenta no fenômeno de indução eletromag- energia elétrica.
nética, que pressupõe a variação do fluxo do
campo magnético como causa de uma corren-
te e tensão induzida em uma espira. No nosso
caso, como estamos com corrente alternada no
primário, o campo gerado neste enrolamento,
é um campo de solenóide que já estudamos.
Porém, no caso CA, a intensidade da corrente
varia, logo, o valor do campo magnético acom-
panha esta variação, e esta variação de fluxo
magnético do primário é transportada pelo
núcleo de aço até o secundário. A variação de
fluxo que chega ao secundário, provoca, de
acordo com a Lei de Faraday, uma tensão FIGURA 52

induzida neste enrolamento. Note que, se a Esquema de um transporte de energia elétrica da usina até o
consumo. Os transformadores estão representados pelos seus
intensidade de corrente fosse constante, não símbolos convencionais.
teríamos variação do campo magnético, e,
portanto, do fluxo, no primário ou secundá- 3.6 Capacitores
rio. Devido a isto, correntes contínuas não são Quando falamos de trabalho e potencial
convenientes para as concessionárias de ener- elétrico, discutimos a capacidade do campo
gia, já que os mais diversos valores de tensão elétrico de armazenar energia. Seria interes-
são necessários em uma operação de transmis- sante ter uma maneira de armazenar esta ener-
são e geração de energia elétrica. Tais mudan- gia e torná-la disponível sempre que precisás-
ças de tensão são feitas bem mais simplesmen- semos. O dispositivo capaz de fazer isto é
te com corrente alternada. chamado de capacitor. Ele consiste de duas pla-
Sendo Np o número de espiras do primá- cas condutoras separadas entre si, ligadas e sub-
rio e Ns do secundário e Vs e Vp os valores das metidas a uma ddp. Antes deser carregado para
30 respectivas tensões, podemos chegar a seguinte utilização, o capacitor está neutro (fig 53.1). Po
-
relação: demos carregar um capacitor estabelecendo
Vp Np uma ddp entre as placas, ligando cada uma
= delas aos pólos de uma bateria, por exemplo
Vs Ns (fig 53.2). Ao fecharmos a chave do circuito,
Eletricidade Básica
as cargas positivas são atraídas pelo pólo ne- A constante C, que faz a proporção entre
gativo da bateria, enquanto que as cargas ne- a carga Q adquirida e a tensão V aplicada, é
gativas, pelo pólo positivo, o que acarreta chamada de capacitância. No SI, a unidade
em uma divisão de cargas positivas e nega- de capacitância é o Farad, em homenagem ao
tivas entre as duas placas. Este processo con- próprio Faraday, que idealizou os primeiros ca-
tinua até que a ddp entre as placas carrega- pacitores.
das iguale-se a ddp fornecida pela bateria
(fig 53.3). Assim, o capacitor está carrega- [C] = F ⇒ F = C/V (Coulomb/Volt)
do, surgindo um campo elétrico uniforme
entre suas placas. Quanto maior for a capacitância de um
dispositivo, mais carga ele pode acumular com
a mesma tensão a que ele é submetido.
Um outro fato que foi descoberto pelo pró-
prio Faraday é que preenchendo o espaço vazio
entre as placas com um material dielétrico (iso-
lante), o valor da capacitância aumentava. Note
Fig 53.1 – Neutro que é um dielétrico, porque obviamente se pre-
enchermos com material condutor o espaço
Fig 53.2 – Capacitor neutro entre as placas, as cargas poderiam usar o con-
dutor para novamente restabelecer o equilíbrio
de cargas. A relação que temos para este fato é:
C = kCo
, em que Co é a capacitância no capacitor a vá-
cuo, C é a capacitância utilizando o dielétrico
e k é um parâmetro adimensional, chamado
de constante dielétrica, específico de cada ma-
Fig 53.3 – Capacitor carregado terial.
Alguns parâmetros que influenciam na
FIGURA 53 capacitância:
Como as cargas não podem passar pelo • Distância entre as placas: menor dis-
espaço vazio entre as placas, estas permane- tância, maior capacitância.
cem carregadas mesmo que a bateria seja re- • Área das placas: m aior área, maior
movida (fig. 54.1). Se ligarmos as duas placas capacitância.
com um condutor, a tendência vai ser as car-
gas compensarem a ddp que há entre elas, neu- • Formato do capacitor: esférico, cilín-
tralizando as placas novamente (fig 54.2). Este drico, placas paralelas.
é o processo de descarga do capacitor. • Tipo de dielétrico utilizado.

Na tabela abaixo, alguns tipos de capaci-


tores e os valores de capacitância usuais que
cada um deles fornece:
Dielétrico Construção FaixadeCapacitância
FIGURA 54.1 FIGURA 54.2 Ar Placasentrelaçadas 10–400pF
Mica Folhassuperpostas 10–5000pF
Há materiais mais eficientes do que ou-
tros para serem usados em capacitores. Obser- Papel Folhasenroladas 0,001–1 µF
31
va-se que a carga que um condutor pode ad- Cerâmica Tubular 0,5–1600pF
quirir é diretamente proporcional à tensão a que Disco 0,002–0,1 µF
ele está submetido: Eletrolítico Alumínio 5–1000 µF
Q = CV Tântalo 0,01–300 µF
Eletricidade Básica

3.7 Indutores O sinal negativo, lembremos, vem da Lei


Em um circuito elétrico, circulando cor- de Lenz, a fem auto-induzida opõe-se às cau-
rente, temos que a própria corrente gera um sas que a criaram. Assim, ao ligarmos um cir-
campo magnético ao seu redor, que pode in- cuito, a fem auto-induzida opõe-se à corrente
fluenciar o comportamento do próprio circui- que chega ao circuito. Isto significa que se for-
to. Este é o fenômeno da auto-indução. No cir- mos medir a corrente do circuito, esta não sal-
cuito ilustrado abaixo, por causa do campo tará de zero até um certo valor instantanea-
magnético produzido pela corrente, teremos mente, mas aumentará suavemente, até ven-
então um fluxo magnético auto-induzido no cer a fem auto-induzida do circuito. Com o
circuito, que é dado por: mesmo raciocínio, ao desligarmos a corrente,
esta não desaparecerá instantaneamente, por-
ΦA = Li que agora a fem auto-induzida opõe-se ao seu
desaparecimento, fazendo com que a corrente
também termine suavemente. Tal comporta-
mento está ilustrado no gráfico abaixo:

FIGURA 55

L é uma característica do circuito, chama-


da de
de umindutância. Quanto
circuito, maior maiorauto-induzido
o fluxo a indutância Variação de corrente ao se fechar e abrir um circuito.
através dela para um mesmo valor de corrente FIGURA 56
elétrica. No SI, as unidades de medida de
indutância são: Da mesma maneira que um capacitor é
utilizado para armazenar a energia do campo
[L] = Wb/A = H (Henry) elétrico, o indutor é utilizado para armazenar
a energia contida em um campo magnético.
Elementos do circuito que geram grande Abaixo temos as representações mais
indutância são chamados de indutores. As bo-
binas são os exemplos mais significativos de usuais para os indutores:
indutores. A indutância aqui seria uma medi-
da da capacidade de uma bobina de gerar um
fluxo. Esta indutância depende do número de
espiras da bobina, do material que compõe o
seu núcleo (no caso de eletroímãs, por exem-
plo) e do formato geométrico da bobina.
Podemos agora pensar em termos da Lei
de Faraday. Considerando que uma corrente
em um circuito gera um campo magnético e
um fluxo auto-induzido, se variarmos a cor-
rente, estaremos variando o campo e, por con-
seqüência, o próprio fluxo. Então, toda vez que
32 variamos o fluxo magnético, surge no circuito
uma fem auto-induzida.
∆Φ A ∆i a) Só a bobina. b) Indutor com núcleo
εA = = −L metálico.
∆t ∆t FIGURA 57
Eletricidade Básica

3.8 Capacitores, Indutores e Corrente Onde f é a frequência da fem e L é a


indutância da bobina. Por se tratar de uma forma
Alternada de resistência à corrente, a unidade de reatância
Trabalhar com circuito de corrente con- indutiva também é o Ohm Ω( ). Assim, pela lei
tínua é bem mais fácil, porque não há varia- de Ohm, temos que a corrente eficaz em um cir-
ções de corrente nem de campos que façam cuito puramente indutivo é dada por:
surgir efeitos como os que relatamos na seção
anterior. Efeitos que podem acontecer são ape- ε rms
i rms =
nas atrasos no carregamento do circuito, con- XL
forme já relatado.
Ao trabalharmos com correntes alterna- Circuito Puramente Capacitivo:
das, a situação é diferente, já que com a cor- Quando ligamos um capacitor a uma fonte
rente variando, os campos elétricos e magné- CA, surge uma corrente que é, na verdade, o
ticos também variam consideravelmente. Va- resultado do deslocamento de cargas para car-
mos dar dois exemplos bem simples para po- regar o capacitor, ora com uma polaridade, ora
dermos situar o problema: com outra. É interessante lembrar que a cor-
rente não passa pelo capacitor, porque ou não
Circuitos puramente indutivos: há nada entre as placas, ou há um dielétrico.
A principal característica do circuito in- No processo de carga de um capacitor, surge
dutivo é que a corrente está defasada em rela- uma tensão entre suas placas. Por isso, em um
ção a fem em 90o. O motivo deste atraso é a circuito capacitivo, a tensão está defasada de
fem auto-induzida que surge no circuito, atra- 90o em relação à corrente.
sando a circulação inicial da corrente.

FIGURA 58

Os valores instantâneos da tensão e da


FIGURA 59
corrente são dados por:
ε(t) = Vmsen(ωt) e i(t) = imsen(ωt – 90o) Os valores instantâneos são:
ε(t) = Vmsen(ωt – 90o) e i(t) = imsen(ωt)
Para calcularmos a corrente em um cir-
cuito puramente indutivo, calculamos o valor Da mesma maneira que no indutor, podemos
da oposição oferecida à passagem da corrente admitir um elemento de oposição à corrente alter
-
nada, que neste caso chamaremos de reatância
33
alternada pelo indutor (bobina), que chama-
mos de reatância indutiva: capacitiva, também medida em Ohms.
1
XC =
XL = 2πfL 2π fC
Eletricidade Básica
A corrente eficaz também é calculada pela ϕ é o ângulo de fase entre tensão e corrente.
lei de Ohm: A quantidade cos ϕ é chamada de fator de
ε rms potência.
i rms =
XC Potência Reativa (Q)
Na tabela abaixo, fazemos um resumo das É a potência solicitada por indutores e ca-
principais diferenças entre os comportamen- pacitores. Ela circula pelo circuito sem reali-
tos de capacitores e indutores: zar trabalho. Sua unidade é o Volt-Ampère
reativo (var).
Comportamento Capacitor Indutor

Energia
Armazena energia do Armazena energia do Q = εrmsirmssenϕ
campo elétrico campo magnético

Atraso Provoca atraso na Provoca atraso na A relaçãopode


de potência entreserestas potênciasatravés
visualizada e o fator
do
tensão corrente
Baixa reatância para Alta reatância para
triângulo de potências:
Reatância variações bruscas da variações bruscas da S = εrmsirms
tensão ou da corrente tensão ou da corrente
Q = εrmsirmssen ϕ

3.9 Potência em Circuitos CA ϕ


Todo o processo que depende de capaci- P = εrmsirmscos ϕ
tores e indutores envolve consumo de ener-
gia, visto que tais elementos agora opõem-se Do triângulo de potências se tira a defini-
à passagem da corrente alternada, fazendo o ção de fator de potência:
papel de resistências. Assim, nem toda a ener- P
gia fornecida pela fonte CA é totalmente trans- cos ϕ =
formada em trabalho no circuito. O cálculo S
exato do valor das potências envolve direta- Os aparelhos de corrente alternada são
mente o cálculo dos valores das correntes que geralmente caracterizados por sua potência
percorrem o circuito.
é trivial e deve Tal com
ser feito cálculo nem sempre
a ajuda de ele- aparente. Isto porque, por exemplo, um gera-
dor de 100 kVA poderá fornecer uma potência
mentos matemáticos como diagramas de ativa de 100 kW em um circuito onde cosϕ = 1
fasores ou números complexos. Muito embo- ou 70 kW a um circuito onde cosj = 0,7. As-
ra tal abordagem não seja objetivo da presente sim, deve-se ter cuidado no projeto e manu-
fase do curso, é importante mencioná-la, uma tenção de circuitos elétricos, já que o mesmo
vez que a mesma será vista mais a frente nes- equipamento pode fornecer uma baixa potên-
te processo de capacitação. Vamos aqui defi- cia ativa apenas porque não está funcionando
nir apenas os tipos de potência que aparecem em condições adequadas, já que o fator de
nestes circuitos: potência igual a 1 é a condição ideal para qual-
Potência Aparente (S) quer circuito elétrico.
É a potência realmente fornecida pela fon- Em instalações industriais trifásicas, os
te CA, medida em Volt-Ampères (VA). valores do fator de potência podem ser esti-
mados como:
S = εrmsirms
• Circuitosdeluz,resistores: cos ϕ = 1
Observe que, em um circuito CC equiva- • Circuitosdeforçaeluz: cos ϕ = 0,8
•• Motores
Motores de
de indução
induçãoàcom
plena½carga:
a ¾ da carga:cos
cos ϕ =
lente, ϕ 0,9
tregue esta
pela potência é semelhante
fonte de fem: Pot = Vi.àquela en- = 0,8
• Motores funcionando sem carga: cos ϕ = 0,2
Potência Ativa (P)
O rendimento de um motor elétrico pode
É a potência que realmente produz traba- ser calculado pela relação entre a potência en-
lho. Por exemplo, num motor, é a parcela de tregue pelo motor, que é medida no eixo des-
34 potência absorvida da fonte que é transferida te, e a potência elétrica absorvida, medida em
em forma de potência mecânica do eixo. Sua seus terminais. Nesta transformação de potên-
unidade é o Watt (W). cia elétrica em potência mecânica, sempre há
P = εrmsirmscosϕ perdas intrínsecas devido ao efeito joule, as
perdas no ferro e as perdas mecânicas.
Eletricidade Básica
Contudo, ao falarmos de fator de potência As duas ligações já estudadas, triângulo e
e nas potências definidas através dele, estamos estrela, têm disposições de correntes e tensões
enfatizando o fato de que a corrente absorvida diferentes, que podem ser resumidas na tabela
por um motor é defasada em relação à tensão abaixo:
aplicada, já que o motor absorve potência ati-
va e potência reativa indutiva. Ligação TensãoInduzida Corrente
Estrela εlinha = 3 x εfase Ilinha = Ifase
3.10 Circuitos Trifásicos Triângulo εlinha = efase Ilinha = 3 xIfase
Agora que já discutimos geradores poli-
fásicos (seção 3.2) e potência em circuitos CA
(seção 3.9), podemos passar a uma introdução Potência em sistemas trifásicos balanceados
aos circuitos trifásicos.
Os circuitos monofásicos podem ser en- A potência
trifásico é a somaelétrica em um de
das potências sistema
cada fase,
contrados em escala maior na iluminação, pe- em qualquer um dos dois tipos de ligação aci-
quenos motores e equipamentos domésticos. ma. Se o sistema estiver balanceado, a tensão
Contudo, para sistemas industriais, o sistema e a potência são iguais em todas as fases, es-
trifásico é mais eficiente e, portanto, o mais tando defasadas sempre do mesmo ângulo.
utilizado. Assim, a potência ativa por fase será:
Na seção 3.2, discutimos a geração em um P = εfIfcos θ
circuito trifásico, que produz fem´s alternadas
de mesma freqüência, porém defasadas entre ,em que θ é o ângulo entre as fases. Em termos
si de um ângulo definido. Se este ângulo for das voltagens e correntes de linha, temos que:
de 120o, dizemos que o sistema é simétrico. Na ligação em estrela:
Cada circuito do sistema constitui uma fase; ε
as fases são ligadas entre si, de modo o a ofe- P =ε3 f I f θ=cos 3 θ=l I l εcos θ 3 lI l cos
recer uma carga praticamente constante como 3
fonte de alimentação. Um sistema trifásico é Na ligação em triângulo:
dito balanceado quando as condições em cada
fase são as mesmas, tais como valor da cor- P = ε3I f f cos
θ= ε 3 Iθ
l=
l ε
cos θ 3 l I l cos
rente e fator de potência. 3
As vantagens dos sistemas trifásicos so- Nos dois casos, temos expressões idênti-
bre os monofásicos são: cas! O mesmo raciocínio nos leva para a po-
1. Como já comentamos anteriormente, tência aparente:
para um mesmo tamanho, os gerado-
res e os motores trifásicos são de mai- S = 3 εl Il
or potência que os monofásicos.
2. As linhas de transmissão trifásicas têm
e para a potência reativa:
menos material condutor (cobre, prin-
cipalmente) que as monofásicas, para Q = 3 εl Il sen θ
transportar a mesma potência. A potência instantânea de um sistema
3. Os motores trifásicos têm uma saída trifásico sempre é igual ao triplo da potência mé-
mais uniforme, enquanto os monofási- dia por fase. Se o sistema estiver balanceado,
cos (exceto os de comutador) têm uma esta potência também é constante, oque se cons-
saída em
A partir dosforma de pulso.
esquemas apresentados na titui em uma grande vantagem na operação de
motores trifásicos, pois significa que a potência
seção 3.2, podemos tirar uma propriedade fun- disponível no eixo também é constante.
damental dos sistemas trifásicos simétricos: a
soma dos valores instantâneos das fem’s gera- Ligação das cargas em um sistema trifásico
das no circuito é constante e igual a zero. Se o As cargas em um sistema trifásico podem
sistema trifásico também for balanceado, a ser ligadas em estrela ou triângulo, mas uma 35
soma dos valores instantâneos das correntes determinada carga não pode, em geral, passar
também é igual a zero. Esta importante pro- de uma ligação para outra, pois esta operação
priedade permite reduzir o número de fios de envolve uma mudança na voltagem.
linha, de seis para três.
Eletricidade Básica
Estas cargas podem estar ou não balance- a Ia
adas. Para as cargas estarem balanceadas, além
c
das voltagens das linhas serem iguais, as o
impedâncias de cada fase consumidora tam- Ib Fio da linha

bém são idênticas, no que resulta em corren- Fio da linha


tes iguais em cada fase. Logo, se tivermos b Ic
impedâncias diferentes nas fases que utilizam Neutro
Io
o sistema, surgirão cargas desbalanceadas. a b c
O sistema trifásico em estrela tem na jun- Cargas mo nofásicas Carga trifásica
ção A-, B-, C- um fio neutro, que é ampla- (a)
mente utilizado nas instalações industriais.
Cargas monofásicas

Linhastensão
baixa de distribuição em cidades,
(tensão eficaz inferiorque sãoV),
a 400 de a Fio da linha a
são providas de fio neutro. Esta ligação tem a
vantagem de tornar a corrente de cada fase in- c Fio da linha b
dependente das outras e de poder utilizar dois
valores de tensão. Estes dois valores são nor- Fio da linha c
malmente estipulados como sendo 110 V (uso b

doméstico e pequenos motores monofásicos) Carga trifásica


e 220 V ou 380 V, para pequenos usos de for- (b)

ça. Um esquema de ligação deste tipo é mos- a) Ligação em estrêla a quatro fios; b) Ligação em triângulo
trado na figura abaixo:
FIGURA 59.2

Anotações

M M
1~ 3~

V = 380 V

V = 220 V

FIGURA 59.1

Em longas linhas de transmissão, não há


a necessidade da ligação em estrela; com isso,
o fio neutro é suprimido, o que resulta em gran-
de economia de cobre.
As cargas industriais são geralmente ba-
lanceadas, para motores trifásicos. Já as car-
gas monofásicas para circuitos de luz, devem
ser distribuídas, tanto quanto possível, de ma-
neira igual, para que o sistema fique aproxi-
madamente balanceado. Na figura a seguir,
apresentamos uma ligação em estrela, com o
quarto fio representando o neutro, e uma liga-
ção em triângulo.
36
Eletricidade Básica

Exercícios servação da carga, o “neutrino” deverá ter carga


elétrica:
01. Duas esferas condutoras, 1 e 2, de raios r 1 a) +e.
e r2, onde r1= 2r2‚ estão isoladas entre si e com b) –e.
cargas q1 e q2‚ sendo q1= 2q 2 e de mesmo si- c) +2e.
nal. Quando se ligam as duas esferas por um d) –2e.
fio condutor, pode-se afirmar que: e) nula.
a) haverá movimento de elétrons da es-
fera 1 para a esfera 2. 04. Uma partícula está eletrizada positivamen-
b) haverá movimento de elétrons da es- te com uma carga elétrica de 4,0 x 10–15 C. Como
fera 2 para a esfera 1. o módulo da carga do elétrons é 1,6–19xC, 10essa
c) não
tre ashaverá movimento de elétrons en-
esferas. partícula
a) ganhou 2,5 x 10 4 elétrons.
d) o número de elétrons que passa da es- b) perdeu 2,5 x 10 4 elétrons.
fera 1 para a esfera 2 é o dobro do nú- c) ganhou 4,0 x 10 4 elétrons.
mero de elétrons que passa da esfera 2 d) perdeu 6,4 x 10 4 elétrons.
para a esfera 1. e) ganhou 6,4 x 10 4 elétrons.
e) o número de elétrons que passa da es-
fera 2 para a esfera 1 é o dobro do nú- 05. Um bastão isolante é atritado com tecido e
mero de elétrons que passa da esfera 1 ambos ficam eletrizados. É correto afirmar que
para a esfera 2. o bastão
a) ganhou prótons e o tecido ganhou elé-
02. Tem-se 3 esferas condutoras idênticas A, trons.
B e C. As esferas A (positiva) e B (negativa) b) perdeu elétrons e o tecido ganhou
estão eletrizadas com cargas de mesmo prótons.
módulo Q, e a esfera C está inicialmente neu- c) perdeu prótons e o tecido ganhou elé-
tra. São realizadas as seguintes operações: trons.
1. Toca-se C em B, com A mantida à dis- d) perdeu elétrons e o tecido ganhou elé-
tância, e em seguida separa-se C de B; trons.
2. Toca-se C em A, com B mantida à dis- e) perdeu prótons e o tecido ganhou o
tância, e em seguida separa-se C de A; prótons.
3. Toca-se A em B, com C mantida à dis-
tância, e em seguida separa-se A de B. 06. Considere o campo elétrico criado por:
I. Duas placas metálicas planas e parale-
Podemos afirmar que a carga final da es- las, distanciadas de 1,0cm, sujeitas a
fera A vale: uma d.d.p de 100V.
a) zero. II. Uma esfera metálica oca de raio 2,0cm
carregada com 2,5µC de carga positiva.
b) +Q/2. Quais as características básicas dos dois
c) – Q/4. campos elétricos? A que distância do centro
d) +Q/6. da esfera, um elétron sofreria a ação de uma
e) – Q/8. força elétrica de módulo igual à que agiria so-
bre ele entre as placas paralelas?
03. Em 1990,
descoberta transcorreu
dos o cinquentenário
“chuveiros da
penetrantes” nos Dados:
|carga do elétron|: |e|=1,6 x 10–19 C
raios cósmicos, uma contribuição da física bra- Constante do Coulomb para o ar e o vácuo:
sileira que alcançou repercussão internacio- K = 9 . 109 N . m2/C2.
nal. [O Estado de São Paulo, 21/10/90, p.30].
No estudo dos raios cósmicos, são observa- Para cada alternativa, as informações dos
40 das partículas chamadas “píons”. Considere itens 1, 2 e 3, respectivamente, refere-se a:
um píon com carga elétrica +e se desintegran-
do (isto é, se dividindo) em duas outras partí- 1. Campo entre as placas.
culas: um “múon” com carga elétrica +e e um 2. Campo da esfera.
“neutrino”. De acordo com o princípio da con- 3. Distância do centro da esfera.
Eletricidade Básica
a) 1. uniforme (longe das extremidades); 10. Dadas as seguintes situações envolvendo
2. radial (dentro e fora da esfera); fenômenos elétricos, selecione as corretas:
3. 15m. 01) A corrente que passa por duas lâm-
b) 1. não há; padas incandescente diferentes liga-
2. só há campo no interior da esfera; das em série é maior que a corrente
3. 150m. que passaria em cada uma delas se
c) 1. uniforme; fossem ligadas individualmente à
2. uniforme (dentro e fora da esfera); mesma fonte de tensão.
3. 1,5m. 02) Se a resistência de um fio de cobre
d) 1. uniforme (longe das extremidades); de comprimento L e área de seção reta
2. –radial (fora da esfera), –nulo (den- S é igual a 16², então a resistência de
um outro fio de cobre de igual compri-
tro da
3. 1,5m. esfera); mento e de área de seção 2S será 32².
04) A resistência de um condutorvaria com
e) 1. nulo; a temperatura. Um comportamento su-
2. –nulo (d entro da esfe ra), –rad ial percondutor é observado em tempera-
(fora da esfera); turas bem mais baixas que a ambiente.
3. 1,5m. 08) Com base no modelo at ômico de
Bohr para o átomo de hidrogênio, po-
07. Uma carga elétrica puntiforme com 4,0µC, demos relacionar o movimento
que é colocada em um ponto P do vácuo, fica orbital do elétrons a uma corrente elé-
sujeita a uma força elétrica de intensidade trica, cujo intensidade média é inver-
1,2N. O campo elétrico nesse ponto P tem in- samente proporcional ao tempo ne-
tensidade de: cessário para uma rotação.
a) 3,0 . 105 N/C. 16) Se um chuveiro elétrico com resistên-
b) 2,4 . 105 N/C. cia de 10² for ligado durante 1 hora
c) 1,2 . 105N/C. em uma rede elétrica de 120V de ten-
d) 4,0 . 10 N/C.
–6
são, e se o preço do quilowatt-hora for
–6
e) 4,8 . 10 N/C. de R$a0,10,
dente essa então
ligaçãoo será
custodecorrespon-
R$ 0,50.
08. Uma partícula de massa 1,0 × 10–5
kg e carga 32) Em cada nó (ou nodo) de um circuito
elétrica 2,0 µC fica em equilíbrio quando colo- elétrico, a soma das correntes que en-
cada em certa região de um campo elétrico. tram é igual à soma das correntes que
Adotando-se g = 10 m/s2, o campo elétrico saem do mesmo.
naquela região tem intensidade, em V/m, de: Soma =
a) 500.
b) 0,050.
11. Uma pessoa pode levar grandes choques
c) 20.
d) 50. elétricos ao tocar em fios da instalação elétri-
e) 200. ca em sua casa. Entretanto, é freqüente ob-
servarmos pássaros tranqüilamente pou sados em
09. Quando uma diferença de potencial é apli-
fios desencapados da rede elétrica sem sofrerem
cada aos extremos de um fio metálico, de for- esses choques. Por que pode ocorrer o choque
ma cilíndrica, uma corrente elétrica “i” per- no primeiro caso e não ocorre no segundo?
corre
al esse fio. aos
é aplicada A mesma diferença
extremos de potenci-
de outro fio, do 12. Num circuito elétrico, dois resistores, cujas
mesmo material, com o mesmo comprimento resistências são R1 e R2‚ com R1 > R2, estão
mas com o dobro do diâmetro. Supondo os dois ligados em série. Chamando de i1 e i2 as cor-
fios à mesma temperatura, qual será a corren- rentes que os atravessam e de V 1 e V2 as ten-
te elétrica no segundo fio? sões a que estão submetidos, respectivamen-
a) i. te, pode-se afirmar que:
a) i1 = i2 e V1= V2. 41
b) 2 i. b) i1 = i‚ e V 1 > V2.
c) i / 2. c) i1 > i‚ e V 1 = V2
d) 4 i. d) i1 > i‚ e V 1 < V2.
e) i / 4. e) i1 < i‚ e V 1 > V2.
Eletricidade Básica
13. Uma lâmpada fluorescente contém em seu esses objetos. Uma faísca elétrica ocorre en-
interior um gás que se ioniza após a aplicação tre dois corpos isolados no ar, separados por
de alta tensão entre seus terminais. Após a uma distância de um centímetro, quando a
ionização, uma corrente elétrica é estabelecida diferença de potencial elétrico entre eles atin-
e os íons negativos deslocam-se com uma taxa ge, em média, 10.000V.
de 1,0 x 1018 íons/segundo para o pólo A. Os Com o auxílio do texto anterior, julgue os
íons positivos se deslocam, com a mesma taxa, itens que se seguem.
para o pólo B. (1) O choque elétrico é sentido por uma
Sabendo-se que a carga de cada íon posi- pessoa devido à passagem de corren-
tivo é de 1,6x10–19 C, pode-se dizer que a cor- te elétrica pelo seu corpo.
rente elétrica na lâmpada será
a) 0,16 A. (2) Os choques
to são elétricos
perigosos referidos
porque no tex-
são proveni-
b) 0,32 A.
c) 1,0 x 10 18 A. entes de cargas estáticas que acumu-
d) nula. lam grande quantidade de energia.
(3) O processo de eletrização por indução
14. O choque elétrico, perturbação de natu- é o principal responsável pelo surgi-
reza e efeitos diversos, que se manifesta no mento do fenômeno descrito no texto.
organismo humano quando este é percorrido (4) O ar em uma região onde existe um
por uma corrente elétrica, é causa de grande campo elétrico uniforme de intensi-
quantidade de acidentes com vítimas fatais. dade superior a 10.000V/cm é um
Dos diversos efeitos provocados pelo choque péssimo condutor de eletricidade.
elétrico, talvez o mais grave seja a fibrilação, (5) O valor absoluto do potencial elétri-
que provoca a paralisia das funções do cora- co da carroceria de um carro aumen-
ção. A ocorrência da fibrilação depende da ta devido ao armazenamento de car-
intensidade da corrente elétrica que passa pelo gas eletrostáticas.
coração da vítima do choque. Considere que
o coração do indivíduo descalço submetido a
16. Um condutor de secção transversal cons-
um choque elétrico, suporte uma corrente
máxima de 4mA, sem que ocorra a fibrilação tante e comprimento L tem resistência elétri-
cardíaca, e que a terra seja um condutor de ca R. Cortando-se o fio pela metade, sua re-
resistência elétrica nula. O indivíduo segura sistência elétrica será igual a:
o fio desemcapado com a mão es querda. Sa- a) 2R.
bendo que a corrente percorre seu braço es- b) R/2.
querdo, seu tórax e suas duas pernas, cujas c) R/4.
resistências são iguais a, respectivamente, 700 d) 4R.
Ω, 300 Ω, 1.000 Ω e 1.000 Ω, e que , nessa e) R/3.
situação, apenas 8% da corrente total passam
pelo coração, em volts, a máxima diferença
17. Uma cidade consome 1,0.108 W de potên-
de potencial entre a mão esquerda e os pés
do indivíduo para que não ocorra a fibrilaç ão cia e é alimentada por uma linha de transmis-
são de 1000 km de extensão, cuja voltagem,
cardíaca.
resultado,Despreze a parte fracionária de seu
caso exista. na entrada da cidade, é 100000volts. Esta li-
nha é constituída de cabos de alumínio cuja área
15. Nos períodos de estiagem em Brasília, é da seção reta total vale A = 5,26.10–6 m2. A
comum ocorrer o choque elétrico ao se tocar resistividade do alumínio éρ = 2,63.10–8 Ω.m.
a carroceria de um carro ou a maçaneta de a) Qual a resistência dessa linha de trans-
42 uma porta em um local onde o piso é missão?
recoberto por carpete. Centelhas ou faíscas b) Qual a corrente total que passa pela li-
elétricas de cerca de um centímetro de com- nha de transmissão?
primento saltam entre os dedos das pessoas e c) Que potência é dissipada na linha?
Eletricidade Básica
b) Projete um alternador que produza a 48. Conceitue: Impedância, Reatância, Capa-
voltagem fornecida pelos turbo gerado- citância e Relutância.
res. Dimensione a armadura (dimen-
sões, número de espiras) e também o 49. Com relação a equipamentos elétricos per-
campo magnético estacionário no qual gunta-se:
a armadura vai rotacionar. Por que na especificação de um transfor-
c) Estime qual o valor de pico da corrente mador, normalmente especifica-se a potência
fornecida por cada turbo gerador. aparente (MVA ou KVA), ao invés de especi-
ficar-se a potência ativa(MW ou KW)?
37 . Um gerador elétrico consiste em 100
espiras de fio formando uma bobina retangu- 50. Quais as vantagens do aterramento do neu-
lar de 50 cm por 30 cm, imersa em um campo tro num sistema elétrico?
magnético uniforme de 3,5 T.
a) Qual s erá o valo r máxim o da fem 51. Qual a inconveniência de se colocar dois
induzida no gerador quando a bobina transformadores em paralelo, quando a única
começar a girar a 1000 rpm? diferença entre eles for as impedâncias?

38. Para que serve a tensão contínua que se apli- 52. Que condições devem ser observadas para
ca no enrolamento do rotor do gerador? se colocar duas fontes de energia elétrica em
paralelo?
39. Qual a influência da corrente de excita-
ção no valor da tensão gerada? 53. A respeito do fator de potência pergunta-se:
a) Quais as causas do baixo fator de po-
40. O que significa "Sistema Trifásico Equi-
tência em um sistema elétrico?
librado"? b) Quais as desvantagens do baixo fator
de potência?
41. Qual a relação que existe entre o número 54. Um fato que pode facilmente ser observa-
de espiras e a tensão em um transformador?
do é que
tíveis caminhões
sempre têm umque transportam
cabo combus-
ou fita metálica li-
42. Por que, ao abrirmos o secundário de um gando um ponto do chassis ao chão. Utlizando
transformador de corrente, aparecem em seus seus conhecimentos de eletrização, explique a
terminais uma sobretensão e aquecimento? necessidade desta ligação.
43. Qual a influência da poeira e umidade so- 55. Por que não aparece tensão no secundário
bre a isolação de equipamentos elétricos? de um transformador, quando aplicada uma
tensão contínua no primário?
44. Quais são os danos que um mau contato
pode causar para um sistema , quando este es- 56. Marque (V) para verdadeiro e (F) para fal-
tiver em circuito de força? E quando estiver so nas afirmativas abaixo:
em circuito de proteção e controle? ( ) A resistência elétrica de um condutor
depende do material que o constitui.
45. Qual o comportamento de um capacitor, ( ) A resistência elétrica de um condu-
no instante em que é ligada uma fonte de cor- tor é diretamente proporcional à sua
seção transversal (bitola).
rente contínua?
(quatro) E após
constantes intervalo superior a 4
de tempo? ( ) A temperatura não exerce influência na
resistência elétrica de um condutor.
46. O que caracteriza o cobre como melhor
( ) Quanto maior a tensão, maior a re-
condutor de eletricidade que o alumínio? sistência elétrica de um condutor.
57. Um operador, usando botas de borracha
46 47. Um equipamento qualquer dissipa 2500 W, molhadas, tocou um trecho de tubulação ele-
quando ligado a uma rede de 120 V. Qual será trizado com uma determinada carga e sofreu
a potência desse mesmo equipamento, se a sua um choque. Se ele estivesse usando botas se-
resistência for cortada ao meio? Considere o cas de borracha, também tomaria o choque?
equipamento composto de carga resistiva. Por quê?
Eletricidade Básica
58. Como podemos obter uma fonte (ou gera- A barra de sicronismo une as 3 linhas de
dor) de corrente contínua de 12 V, utilizando recepção de eletricidade, uma da concessio-
pilhas de 1,5 V? Desenhe o circuito ligando nária de energia local e as outras duas de dois
esta fonte a uma lâmpada, através de uma cha- turbogeradores da própria refinaria. Entre cada
ve (interruptor). uma das 3 fontes e a barra de sincronismo,
notamos a presença de grandes bobinas, for-
59. Explique as vantagens do uso de corrente mando uma espécie de proteção em caso de
alternada em uma refinaria. curto-circuito na rede da concessionária. Qual
a utilidade de tais bobinas como proteção?
60. Por que se usa corrente contínua em uma
refinaria? 63. Quais as desvantagens de um baixo fator
de potência?
61. Em uma refinaria, é queimado RASF (Re-
síduo Asfáltico). Antes da queima, o RASF 64. Um gerador em uma refinaria forneceuma
passa por um aquecedor elétrico constituído potência de 16 MW quando está em um circui-
por serpentinas. Para variar a temperatura do to elétrico, com fator de potência cosϕ = 0,85.
RASF, a tensão fornecida pelo aquecedor va- Ao se instalar um banco de capacitores no sis-
ria de 50% a 100%. Considerando a resistên- tema, o fator de potência passou para 0,92.
cia das serpentinas constante, qual a potência Qual foi o ganho na potência fornecida
mínima, em percentagem, fornecida pelo aque- pelo gerador?
cedor ligado?
65. Em uma linha de transmissão, temos um
62. O sistema de alimentação de uma refina- fator de potência igual a 0,8. Discuta como o
ria é ilustrado na figura abaixo: aumento do fator de potência poderia tornar a
transmissão mais eficiente.
69 kV

TG 1 TG 2
13,8 kV

02 01 04 06 07 15 16 19

Barra
“U” Barra
“A” Barra
“B”

Consumidores Consumidores Consumidores Banco de


Capacitores

Anotações

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Eletricidade Básica

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Eletricidade Básica

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