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PRIMEIROS

SOCORROS

Autor: Jorge Luiz Ramos Teixeira


PRIMEIROS
SOCORROS
Este é um material de uso restrito aos empregados da PETROBRAS que atuam no E&P.
É terminantemente proibida a utilização do mesmo por prestadores de serviço ou fora
do ambiente PETROBRAS.

Este material foi classificado como INFORMAÇÃO RESERVADA e deve possuir o


tratamento especial descrito na norma corporativa PB-PO-0V4-00005“TRATAMENTO DE
INFORMAÇÕES RESERVADAS".

Órgão gestor: E&P-CORP/RH


PRIMEIROS
SOCORROS

Autor: Jorge Luiz Ramos Teixeira

Ao final desse estudo, o treinando poderá:

• Reconhecer procedimentos de primeiros socorros que devem


ser aplicados ao acidentado até a chegada de um serviço de
atendimento médico emergencial.
Programa Alta Competência

Este material é o resultado do trabalho conjunto de muitos técnicos


da área de Exploração & Produção da Petrobras. Ele se estende para
além dessas páginas, uma vez que traduz, de forma estruturada, a
experiência de anos de dedicação e aprendizado no exercício das
atividades profissionais na Companhia.

É com tal experiência, refletida nas competências do seu corpo de


empregados, que a Petrobras conta para enfrentar os crescentes
desafios com os quais ela se depara no Brasil e no mundo.

Nesse contexto, o E&P criou o Programa Alta Competência, visando


prover os meios para adequar quantitativa e qualitativamente a força
de trabalho às estratégias do negócio E&P.

Realizado em diferentes fases, o Alta Competência tem como premissa


a participação ativa dos técnicos na estruturação e detalhamento das
competências necessárias para explorar e produzir energia.

O objetivo deste material é contribuir para a disseminação das


competências, de modo a facilitar a formação de novos empregados
e a reciclagem de antigos.

Trabalhar com o bem mais precioso que temos – as pessoas – é algo


que exige sabedoria e dedicação. Este material é um suporte para
esse rico processo, que se concretiza no envolvimento de todos os
que têm contribuído para tornar a Petrobras a empresa mundial de
sucesso que ela é.

Programa Alta Competência


Como utilizar esta apostila

Esta seção tem o objetivo de apresentar como esta apostila


está organizada e assim facilitar seu uso.

No início deste material é apresentado o objetivo geral, o qual


representa as metas de aprendizagem a serem atingidas.

ATERRAMENTO
DE SEGURANÇA

Autor

Ao final desse estudo, o treinando poderá:

Objetivo Geral
• Identificar procedimentos adequados ao aterramento
e à manutenção da segurança nas instalações elétricas;
• Reconhecer os riscos de acidentes relacionados ao
aterramento de segurança;
• Relacionar os principais tipos de sistemas de
aterramento de segurança e sua aplicabilidade nas
instalações elétricas.
O material está dividido em capítulos.

No início de cada capítulo são apresentados os objetivos


específicos de aprendizagem, que devem ser utilizados como
orientadores ao longo do estudo.

48

Capítulo 1

Riscos elétricos
e o aterramento
de segurança

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

Objetivo Específico
• Estabelecer a relação entre aterramento de segurança e
riscos elétricos;
• Reconhecer os tipos de riscos elétricos decorrentes do uso de
equipamentos e sistemas elétricos;
• Relacionar os principais tipos de sistemas de aterramento de
segurança e sua aplicabilidade nas instalações elétricas.

No final de cada capítulo encontram-se os exercícios, que


visam avaliar o alcance dos objetivos de aprendizagem.

Os gabaritos dos exercícios estão nas últimas páginas do


capítulo em questão.

Alta Competência Capítulo 1. Riscos elétricos e o aterramento de segurança Capítulo 1. Riscos elétricos e o aterramento de segurança

mo está relacionada a 1.6. Bibliografi a Exercícios


1.4. 1.7. Gabarito
CARDOSO ALVES, Paulo Alberto e VIANA, Ronaldo Sá. Aterramento de sistemas 1) Que relação podemos estabelecer entre riscos elétricos e aterramento de segurança?
1) Que relação podemos estabelecer entre
elétricos - inspeção e medição da resistência de aterramento. UN-BC/ST/EMI –
riscos elétricos e
Elétrica, 2007. aterramento de segurança? O aterramento de segurança é uma das formas de minimizar os riscos decorrentes
do uso de equipamentos e sistemas elétricos.
_______________________________________________________________
COELHO FILHO, Roberto Ferreira. Riscos em instalações e serviços com eletricidade. 2) Apresentamos, a seguir, trechos de Normas Técnicas que abordam os cuidados
_______________________________________________________________
Curso técnico de segurança do trabalho, 2005. e critérios relacionados a riscos elétricos. Correlacione-os aos tipos de riscos,
marcando A ou B, conforme, o caso:
Norma Petrobras N-2222. 2) Apresentamos,
Projeto de aterramentoa de
seguir, trechos
segurança de Normas Técnicas que
em unidades
marítimas. Comissão de abordam os cuidados
Normas Técnicas e critérios relacionados a riscos elétricos.
- CONTEC, 2005. A) Risco de incêndio e explosão B) Risco de contato

Correlacione-os aos tipos de riscos, marcando A ou B, conforme, (B) “Todas as partes das instalações elétricas devem ser projetadas e
Norma Brasileira ABNT NBR-5410. Instalações elétricas de baixa tensão. Associação
o caso: executadas de modo que seja possível prevenir, por meios seguros, os
Brasileira de Normas Técnicas, 2005.
perigos de choque elétrico e todos os outros tipos de acidentes.”
e do tipo de
A) Risco Proteção
Norma Brasileira ABNT NBR-5419. de incêndio e explosão
de estruturas B) Risco
contra descargas de contato (A) “Nas instalações elétricas de áreas classificadas (...) devem ser
es durante toda atmosféricas. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005. adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento
na maioria das ( ) “Todas as partes das instalações elétricas devem ser automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas
Norma Regulamentadora NR-10. Segurança em instalações e serviços em de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de
mantê-los sob projetadas e executadas de modo que seja possível operação.”
eletricidade. Ministério do Trabalho e Emprego, 2004. Disponível em: <http://
is, materiais ou 24 prevenir, por meios seguros,
www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_10.pdf> os perigos de choque
- Acesso em: (B) “Nas partes das instalações elétricas sob tensão, (...) durante os 25
14 mar. 2008. elétrico e todos os outros tipos de acidentes.” trabalhos de reparação, ou sempre que for julgado necessário
21 à segurança, devem ser colocadas placas de aviso, inscrições de
( ) of Lightining
NFPA 780. Standard for the Installation “Nas instalações elétricas
Protection Systems. de
áreas classificadas
National advertência, bandeirolas e demais meios de sinalização que chamem
a maior fonte Fire Protection Association, 2004. a atenção quanto ao risco.”
(...) devem ser adotados dispositivos de proteção,
sária, além das como alarme e seccionamento automático para
Manuais de Cardiologia. Disponível em: <http://www.manuaisdecardiologia.med. (A) “Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados
ole, a obediência br/Arritmia/Fibrilacaoatrial.htm> - Acesso em: 20 mai.sobretensões,
prevenir 2008. sobrecorrentes, falhas de
à aplicação em instalações elétricas (...) devem ser avaliados quanto à
sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.”

Para a clara compreensão dos termos técnicos, as suas


nça. isolamento, aquecimentos ou outras condições
Mundo Educação. Disponível em: <http://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/
parada-cardiorespiratoria.htm> - Acessoanormais de operação.”
em: 20 mai. 2008. 3) Marque V para verdadeiro e F para falso nas alternativas a seguir:

( ) “Nas partes das instalações


Mundo Ciência. Disponível em: <http://www.mundociencia.com.br/fi elétricas
sob tensão, (...)
sica/eletricidade/ (V) O contato direto ocorre quando a pessoa toca as partes
choque.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. normalmente energizadas da instalação elétrica.
durante os trabalhos de reparação, ou sempre que for
julgado necessário à segurança, devem ser colocadas (F) Apenas as partes energizadas de um equipamento podem oferecer
placas de aviso, inscrições de advertência, bandeirolas riscos de choques elétricos.

e demais meios de sinalização que chamem a atenção (V) Se uma pessoa tocar a parte metálica, não energizada, de um
equipamento não aterrado, poderá receber uma descarga elétrica, se
quanto ao risco.” houver falha no isolamento desse equipamento.
( ) “Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e (V) Em um choque elétrico, o corpo da pessoa pode atuar como um
sistemas destinados à aplicação em instalações elétricas “fio terra”.
3. Problemas operacionais, riscos e
cuidados com aterramento de segurança

T
odas as Unidades de Exploração e Produção possuem um plano
de manutenção preventiva de equipamentos elétricos (motores,
geradores, painéis elétricos, transformadores e outros).

A cada intervenção nestes equipamentos e dispositivos, os


Para a clara compreensão dos termos técnicos, as suas
mantenedores avaliam a necessidade ou não da realização de inspeção
definos
nições
sistemasestão disponíveis
de aterramento envolvidosno glossário.
nestes equipamentos.Ao longo dos
textos do capítulo, esses termos podem ser facilmente
Para que o aterramento de segurança possa cumprir corretamente o
identifi cados, pois estão em destaque.
seu papel, precisa ser bem projetado e construído. Além disso, deve
ser mantido em perfeitas condições de funcionamento.

Nesse processo, o operador tem importante papel, pois, ao interagir 49


diariamente com os equipamentos elétricos, pode detectar
imediatamente alguns tipos de anormalidades, antecipando
problemas e, principalmente, diminuindo os riscos de choque elétrico
por contato indireto e de incêndio e explosão.

3.1. Problemas operacionais

Os principais problemas operacionais verificados em qualquer tipo


de aterramento são:

• Falta de continuidade; e
• Elevada resistência elétrica de contato.

É importante lembrar que Norma Petrobras N-2222 define o valor


de 1Ohm, medido com multímetro DC (ohmímetro), como o máximo
admissível para resistência de contato.

Alta Competência Capítulo 3. Problemas operaciona

3.4. Glossário 3.5. Bibliografia

Choque elétrico – conjunto de perturbações de natureza e efeitos diversos, que se CARDOSO ALVES, Paulo Alberto e VIAN
manifesta no organismo humano ou animal, quando este é percorrido por uma elétricos - inspeção e medição da re
corrente elétrica. Elétrica, 2007.

Ohm – unidade de medida padronizada pelo SI para medir a resistência elétrica. COELHO FILHO, Roberto Ferreira. Riscos
– Curso técnico de segurança do trab
Ohmímetro – instrumento que mede a resistência elétrica em Ohm.
NFPA 780. Standard for the Installation
Fire Protection Association, 2004.

Norma Petrobras N-2222. Projeto de


marítimas. Comissão de Normas Técn

Norma Brasileira ABNT NBR-5410. Instala


Brasileira de Normas Técnicas, 2005.

Norma Brasileira ABNT NBR-5419. Pr


56 atmosféricas. Associação Brasileira d

Norma Regulamentadora NR-10. Seg


eletricidade. Ministério do Trabalho
www.mte.gov.br/legislacao/normas_
em: 14 mar. 2008.
86
87
88
89
90
91
92
93
94
95
96
98
100
102

Caso sinta necessidade de saber de onde foram retirados os 104


105

insumos para o desenvolvimento do conteúdo desta apostila, 106


108

ou tenha interesse em se aprofundar em determinados temas, 110


112

basta consultar a Bibliografia ao final de cada capítulo. 114


115

Alta Competência Capítulo 1. Riscos elétricos e o aterramento de segurança

1.6. Bibliografia 1.7. Gabarito NÍVEL DE RUÍDO DB (A)

CARDOSO ALVES, Paulo Alberto e VIANA, Ronaldo Sá. Aterramento de sistemas 1) Que relação podemos estabelecer entre riscos elétricos e aterramento de segurança?
85
elétricos - inspeção e medição da resistência de aterramento. UN-BC/ST/EMI –
Elétrica, 2007. O aterramento de segurança é uma das formas de minimizar os riscos decorrentes 86
do uso de equipamentos e sistemas elétricos.
COELHO FILHO, Roberto Ferreira. Riscos em instalações e serviços com eletricidade.
87
2) Apresentamos, a seguir, trechos de Normas Técnicas que abordam os cuidados
Curso técnico de segurança do trabalho, 2005. e critérios relacionados a riscos elétricos. Correlacione-os aos tipos de riscos,
marcando A ou B, conforme, o caso:
88
Norma Petrobras N-2222. Projeto de aterramento de segurança em unidades
marítimas. Comissão de Normas Técnicas - CONTEC, 2005. A) Risco de incêndio e explosão B) Risco de contato 89
Norma Brasileira ABNT NBR-5410. Instalações elétricas de baixa tensão. Associação
(B) “Todas as partes das instalações elétricas devem ser projetadas e 90
executadas de modo que seja possível prevenir, por meios seguros, os
Brasileira de Normas Técnicas, 2005.
perigos de choque elétrico e todos os outros tipos de acidentes.” 91
Norma Brasileira ABNT NBR-5419. Proteção de estruturas contra descargas (A) “Nas instalações elétricas de áreas classificadas (...) devem ser
atmosféricas. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2005. adotados dispositivos de proteção, como alarme e seccionamento 92
automático para prevenir sobretensões, sobrecorrentes, falhas
Norma Regulamentadora NR-10. Segurança em instalações e serviços em de isolamento, aquecimentos ou outras condições anormais de 93
eletricidade. Ministério do Trabalho e Emprego, 2004. Disponível em: <http:// operação.”
24 www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_10.pdf> - Acesso em: (B) “Nas partes das instalações elétricas sob tensão, (...) durante os 25 94
14 mar. 2008. trabalhos de reparação, ou sempre que for julgado necessário
à segurança, devem ser colocadas placas de aviso, inscrições de 95
NFPA 780. Standard for the Installation of Lightining Protection Systems. National advertência, bandeirolas e demais meios de sinalização que chamem
96
Ao longo de todo o material, caixas de destaque estão
Fire Protection Association, 2004. a atenção quanto ao risco.”

Manuais de Cardiologia. Disponível em: <http://www.manuaisdecardiologia.med. (A) “Os materiais, peças, dispositivos, equipamentos e sistemas destinados 98
br/Arritmia/Fibrilacaoatrial.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. à aplicação em instalações elétricas (...) devem ser avaliados quanto à
sua conformidade, no âmbito do Sistema Brasileiro de Certificação.” 100
presentes. Cada uma delas tem objetivos distintos.
Mundo Educação. Disponível em: <http://mundoeducacao.uol.com.br/doencas/
parada-cardiorespiratoria.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. 3) Marque V para verdadeiro e F para falso nas alternativas a seguir: 102
Mundo Ciência. Disponível em: <http://www.mundociencia.com.br/fisica/eletricidade/ (V) O contato direto ocorre quando a pessoa toca as partes 104
choque.htm> - Acesso em: 20 mai. 2008. normalmente energizadas da instalação elétrica.

(F) Apenas as partes energizadas de um equipamento podem oferecer


105
riscos de choques elétricos.
106
(V) Se uma pessoa tocar a parte metálica, não energizada, de um

A caixa “Você Sabia” traz curiosidades a respeito do conteúdo (V)


equipamento não aterrado, poderá receber uma descarga elétrica, se
houver falha no isolamento desse equipamento.

Em um choque elétrico, o corpo da pessoa pode atuar como um


108
110

abordado Alta
deCompetência
um determinado item do capítulo. 112
“fio terra”.

(F) A queimadura é o principal efeito fisiológico associado à passagem


da corrente elétrica pelo corpo humano. 114 Capítulo 1. Riscos elét
115

Trazendo este conhecimento para a realid


observar alguns pontos que garantirão o
incêndio e explosão nos níveis definidos pela
É atribuído a Tales de Mileto (624 - 556 a.C.) a durante o projeto da instalação, como por ex
primeira observação de um fenômeno relacionado
com a eletricidade estática. Ele teria esfregado um • A escolha do tipo de aterramento fu
fragmento de âmbar com um tecido seco e obtido ao ambiente;
um comportamento inusitado – o âmbar era capaz de
atrair pequenos pedaços de palha. O âmbar é o nome • A seleção dos dispositivos de proteção
dado à resina produzida por pinheiros que protege a
árvore de agressões externas. Após sofrer um processo
• A correta manutenção do sistema elét
semelhante à fossilização, ela se torna um material
duro e resistente.

O aterramento funcional do sist

14
?
Os riscos VoCÊ
elétricosSaBIa?
de uma instalação são divididos em dois grupos principais:

Uma das principais substâncias removidas em poços de


como função permitir o funcion
e eficiente dos dispositivos de pro
sensibilização dos relés de proteçã

MÁXIMA EXPOSIÇÃO
“Importante” é um lembrete
petróleo pelo pig de limpeza é adas
parafina. questões
Devido às
baixas temperaturas do oceano, a parafina se acumula
essenciais do uma circulação de corrente para a
por anormalidades no sistema elétr
DIÁRIA PERMISSÍVEL
8 horas conteúdo tratadovirno capítulo.
nas paredes da tubulação. Com o tempo, a massa pode
a bloquear o fluxo de óleo, em um processo similar
7 horas ao da arteriosclerose.
6 horas
Observe no diagrama a seguir os principais ris
5 horas
à ocorrência de incêndio e explosão:
4 horas e 30 minutos
4 horas 1.1. Riscos de incêndio e explosão
3 horas e 30 minutos
Importante!
3 horas Podemos definir os riscos de incêndio e explosão da seguinte forma:
2 horas e 40 minutos É muito importante que você conheça os tipos de pig
2 horas e 15 minutos de limpeza e de pig instrumentado mais utilizados na
Situações associadas à presença de sobretensões, sobrecorrentes,
2 horas sua Unidade. Informe-se junto a ela!
fogo no ambiente elétrico e possibilidade de ignição de atmosfera
1 hora e 45 minutos
potencialmente explosiva por descarga descontrolada de
1 hora e 15 minutos
eletricidade estática.
1 hora
45 minutos atenÇÃo
35 minutos Os riscos de incêndio e explosão estão presentes em qualquer
30 minutos instalaçãoÉ e muito
seu descontrole se traduz
importante que principalmente
você conheça em os
danos
25 minutos pessoais, procedimentos específicosoperacional.
materiais e de continuidade para passagem de pig
20 minutos em poços na sua Unidade. Informe-se e saiba
15 minutos quais são eles.
10 minutos
8 minutos
7 minutos
reSUmInDo...

Recomendações gerais
• Antes do carregamento do pig, inspecione o
interior do lançador;
• Após a retirada de um pig, inspecione internamente
o recebedor de pigs;
• Lançadores e recebedores deverão ter suas
7 horas ao da arteriosclerose.
6 horas
5 horas
4 horas e 30 minutos
4 horas
3 horas e 30 minutos
Importante!
3 horas
2 horas e 40 minutos É muito importante que você conheça os tipos de pig
2 horas e 15 minutos de limpeza e de pig instrumentado mais utilizados na
2 horas sua Unidade. Informe-se junto a ela!
1 hora e 45 minutos
1 hora e 15 minutos
1 hora
45 minutos atenÇÃo
35 minutos
30 minutos Já a caixa de destaque
É muito “Resumindo”
importante que você conheçaé uma os versão compacta
procedimentos específicos para passagem de pig
25 minutos
20 minutos dos principais pontos
em poços abordados no capítulo.
na sua Unidade. Informe-se e saiba
15 minutos quais são eles.
10 minutos
8 minutos
7 minutos
reSUmInDo...

Recomendações gerais

? VoCÊ SaBIa?
• Antes do carregamento do pig, inspecione o
interior do lançador;
Uma das principais substâncias removidas em poços de
• Apóspelo
petróleo a retirada
pig dede um pig, inspecione
limpeza internamente
é a parafina. Devido às
MÁXIMA EXPOSIÇÃO o recebedor
baixas de pigs;
temperaturas do oceano, a parafina se acumula
DIÁRIA PERMISSÍVEL nas paredes da tubulação. Com o tempo, a massa pode
8 horas • Lançadores e recebedores deverão ter suas
vir a bloquear o fluxo de óleo, em um processo similar
7 horas ao da arteriosclerose.
6 horas
5 horas
4 horas e 30 minutos

Em “Atenção” estão destacadas as informações que não


4 horas
3 horas e 30 minutos
Importante!
3 horas
2 horas e 40 minutos devem ser esquecidas.
É muito importante que você conheça os tipos de pig
2 horas e 15 minutos de limpeza e de pig instrumentado mais utilizados na
2 horas sua Unidade. Informe-se junto a ela!
1 hora e 45 minutos
1 hora e 15 minutos
1 hora
45 minutos atenÇÃo
35 minutos
30 minutos É muito importante que você conheça os
25 minutos procedimentos específicos para passagem de pig
20 minutos em poços na sua Unidade. Informe-se e saiba
15 minutos quais são eles.
10 minutos
tricos e o aterramento de segurança
8 minutos
7 minutos
reSUmInDo...

Recomendações gerais
dade do E&P, podemos
controle dos riscos de
Todos os recursos• Antes
didáticos presentes nesta apostila têm
do carregamento do pig, inspecione o
as normas de segurança
xemplo:
como objetivo facilitar o aprendizado de seu conteúdo.
interior do lançador;
• Após a retirada de um pig, inspecione internamente
o recebedor de pigs;
uncional mais adequado
• Lançadores e recebedores deverão ter suas

o e controle;
Aproveite este material para o seu desenvolvimento profissional!

trico.

tema elétrico tem


namento confiável
oteção, através da
15
ão, quando existe
a terra, provocada
rico.

scos elétricos associados


Sumário
Introdução 17

Capítulo 1 - Primeiros socorros e suas etapas básicas


Objetivos 19
1. Primeiros socorros e suas etapas básicas 21
1.1. Conceito 21
1.2. Etapas básicas 22
1.2.1. Avaliação da cena 22
1.2.2. Proteção do socorrista 24
1.2.3. Proteção do acidentado 24
1.3. Sistematização das prioridades no atendimento em acidentes
com múltiplas vítimas 32
1.4. Exercícios 34
1.5. Glossário 35
1.6. Bibliografia 36
1.7. Gabarito 37

Capítulo 2 - Noções básicas de situações de emergência


Objetivo 39
2. Noções básicas de situações de emergência 41
2.1. Parada cardiorrespiratória (PCR) 41
2.1.1. Cuidados de primeiros socorros em uma parada cardiorrespiratória 42
2.2. Afogamento 44
2.2.1. Sinais e sintomas de afogamento 44
2.3. Exercícios 46
2.4. Glossário 47
2.5. Bibliografia 48
2.6. Gabarito 49

Capítulo 3 - Salvando uma vida


Objetivos 51
3. Salvando uma vida 53
3.1. Os minutos que fazem diferença 53
3.1.1. Quais as competências desejáveis para um socorrista? 54
3.2. Caminhando prevenido 55
3.2.1. Conteúdo padrão de uma caixa de primeiros socorros 55
3.3. Socorrendo passo a passo 56
3.3.1. Quais os procedimentos básicos tomados diante de um
atendimento de emergência? 57
3.3.2. O que fazer ao chegar ao local do acidente? 57
3.3.3. Como avaliar a(s) vítima(s)? 57
3.3.4. O que deve ser priorizado no atendimento? 58
3.3.5. Quais casos, conforme a gravidade, devem ser priorizados? 58
3.3.6. Quando a vítima deve ser removida? 59
3.4. Exercícios 60
3.5. Glossário 62
3.6. Bibliografia 63
3.7. Gabarito 64

Capítulo 4 - Interpretando os sinais vitais


Objetivos 67
4. Interpretando os sinais vitais 69
4.1. A unidade da vida 69
4.2. Como saber se os sistemas estão funcionando bem? 70
4.3. Como localizar e sentir a pulsação de uma pessoa? 72
4.4. O que é pressão arterial? 73
4.5. O que significam os números de uma medida de
pressão arterial? 74
4.6. Por que a temperatura é uma avaliação importante? 75
4.7. Como funciona a respiração? 78
4.7.1. Composição do ar atmosférico e do ar alveolar 80
4.7.2. Que sinais podem ajudar a avaliar lesões no sistema nervoso? 80
4.8. Exercícios 85
4.9. Glossário 87
4.10. Bibliografia 89
4.11. Gabarito 90

Capítulo 5 - Reanimação cardiorrespiratória


Objetivos 93
5. Reanimação cardiorrespiratória 95
5.1. Como verificar a respiração? 96
5.2. Como desobstruir as vias aéreas? 97
5.3. E se a vítima ainda não estiver respirando? 98
5.3.1. Procedimentos básicos para a respiração boca-a-boca 99
5.4. Como verificar se o coração está batendo? 100
5.4.1. Como proceder quando a vítima não apresenta pulsação? 101
5.5. Choque elétrico 103
5.6. Exercícios 109
5.7. Glossário 111
5.8. Bibliografia 112
5.9. Gabarito 113

Capítulo 6 - Estancando a hemorragia


Objeivos 115
6. Estancando a hemorragia 117
6.1. Classificação das hemorragias 117
6.1.1. Quanto ao tipo de vaso que se rompe 118
6.1.2. Quanto à localização no corpo 118
6.2. Hemorragia externa 119
6.2.1. O que fazer se a hemorragia prosseguir? 120
6.3. Hemorragia interna 122
6.4. Exercícios 125
6.5. Glossário 126
6.6. Bibliografia 127
6.7. Gabarito 128

Capítulo 7 - Alterações circulatórias e psicomotoras


Objetivos 129
7. Alterações circulatórias e psicomotoras 131
7.1 As alterações circulatórias 131
7.1.1. Labirintite 131
7.1.2. Desmaio ou lipotimia 132
7.1.3. Síncope 134
7.1.4. Estado de choque 135
7.1.5. Estado de coma 137
7.1.6. Desidratação 137
7.2. As alterações psicomotoras 138
7.2.1. Histeria: o que é e como proceder 138
7.2.2. Epilepsia 139
7.2.3. Perturbação ou confusão mental 143
7.3. Alterações causadas por intoxicações e envenenamentos 145
7.3.1. Ingestão de produtos químicos, drogas e medicamentos 147
7.3.2. Inalação de produto tóxico 147
7.3.3. Contaminação da pele e mucosas 148
7.3.4. Envenenamento por produto injetável 148
7.3.5. Peçonha de animais 149
7.4. Exercícios 155
7.5. Glossário 158
7.6. Bibliografia 160
7.7. Gabarito 161
Capítulo 8 - Sofrendo lesões pelo calor
Objetivos 163
8. Sofrendo lesões pelo calor 165
8.1. Insolação: calor demais, líquidos e sais de menos 166
8.2. Intermação: muito calor e umidade demais 167
8.3. Queimaduras: calor, radiação e substâncias caústicas
demais, proteção de menos 168
8.3.1. Classificação das queimaduras 169
8.3.2. Procedimentos emergenciais imediatos 172
8.3.3. Procedimentos emergenciais para os diferentes
tipos de queimaduras 173
8.4. Exercícios 176
8.5. Glossário 179
8.6. Bibliografia 180
8.7. Gabarito 181

Capítulo 9 - Cuidando de lesões traumatortopédicas


Objetivos 183
9. Cuidando de lesões traumatortopédicas 185
9.1. Entorse 186
9.2. Luxação 186
9.3. Fraturas 187
9.3.1. Fraturas expostas 189
9.3.2. Fraturas fechadas 190
9.3.3. Fraturas em locais de cuidados redobrados 193
9.4. Exercícios 197
9.5. Glossário 200
9.6. Bibliografia 201
9.7. Gabarito 202

Capítulo 10 - Transportando a vítima de acidentes


Objetivos 205
10. Transportando a vítima de acidentes 207
10.1. Técnicas de transporte de vítimas 208
10.1.1. Transporte com apenas um socorrista 209
10.1.2. Transporte com dois ou mais socorristas 212
10.2. Exercícios 215
10.3. Glossário 218
10.4. Bibliografia 219
10.5. Gabarito 220
Introdução

O
avanço da tecnologia, que tanto bem-estar trouxe à sociedade,
muitas vezes produziu conseqüências danosas ao homem e
ao meio ambiente. As transformações que hoje permeiam
os diversos segmentos produtivos, não só no Brasil, mas também em
abrangência mundial, estão alterando as necessidades das empresas
em relação ao perfil de seus empregados. Cada vez mais é exigida,
além do conhecimento especializado, uma visão mais abrangente do
processo produtivo com o qual o empregado está envolvido.

Em decorrência da complexidade dos processos industriais, no que diz


respeito aos equipamentos e tarefas, o aumento da mecanização e a
correria do dia-a-dia, no trabalho ou na vida doméstica, o perigo de 17
um acidente torna-se cada vez mais presente, exigindo providências
urgentes para o atendimento imediato aos envolvidos.

É notório que muitas vidas são perdidas por falta de auxílio imediato
prestado por um leigo a uma pessoa acidentada. Diante de um
acidente, quantas vezes não se aplicam as medidas de emergência
porque não se sabe? Quando é a sua vida que está em perigo? Como
proceder diante de situações de emergência?

Seguindo essa linha de pensamento, a Petrobras, valorizando a


vida e preocupada em disponibilizar as informações para toda a
força de trabalho, elabora uma solução educacional voltada para os
primeiros socorros.

Este trabalho aborda tanto situações que causam a necessidade


de atendimento emergencial quanto os cuidados que devem ser
tomados. Nele também são descritos os procedimentos da avaliação
do cenário do acidente, passando pelos cuidados dos socorristas até
o transporte de vítimas. Esperamos que seja útil tanto para sua vida
pessoal quanto para sua atuação profissional.

RESERVADO
RESERVADO
Capítulo 1
Prefácio

Primeiros
socorros e
suas etapas
básicas

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Identificar as ações preliminares de primeiros socorros,


permitindo uma organização no atendimento de emergência
às vítimas;
• Distinguir os procedimentos de avaliação primária e
secundária dos acidentados.

RESERVADO
Alta Competência

20

RESERVADO
Capítulo 1. Primeiros socorros e suas etapas básicas

1. Primeiros socorros e suas


etapas básicas

E
ntendemos como primeiros socorros os cuidados imediatos e
provisórios que devem ser prestados rapidamente a uma pessoa,
vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico põe em
perigo a sua vida, com o fim de manter as funções vitais e evitar o
agravamento de suas condições. Esses cuidados têm o objetivo de
melhorar a possibilidade de tratamento ou sobrevida do atendido
até a chegada de assistência qualificada. A rapidez dessas ações é
fundamental, porque os primeiros minutos podem fazer grande
diferença no atendimento de emergência.

1.1. Conceito
21
O Dicionário Aurélio define primeiros socorros, dentro do verbete
socorro, como sendo o “socorro prestado por médicos, enfermeiros
ou leigos”.

Podemos afirmar que as medidas de primeiros socorros são aqueles


procedimentos iniciais prestados à vítima, visando garantir a sua
sobrevivência. O atendimento à vítima deve ser prestado o quanto
antes, uma vez que o tempo é uma questão chave. Poucos minutos
podem transformar um atendimento emergencial de sucesso em
uma nota trágica na mídia. As medidas iniciais de socorro devem ser
prestadas por qualquer indivíduo devidamente treinado, servindo
de elo à assistência especializada. Entretanto, a ausência de um
profissional capacitado não deve ser causa do não atendimento à
vítima. Nunca é demais lembrar que o espírito de solidariedade é
natural do ser humano e que nossas limitações técnicas e falta de
conhecimento específico não devem impedir o socorro.

Segundo o Código Penal Brasileiro, qualquer indivíduo, mesmo leigo


na área de saúde (pertencente a qualquer outra área de trabalho,
ocupação ou estudo), tem o dever de ajudar um necessitado ou
acidentado ou simplesmente solicitar ajuda para este.

RESERVADO
Alta Competência

O Art. 135 do Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei Federal n.º 2.848/40)


afirma que:

Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo


sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada,
ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos,
o socorro da autoridade pública.

E se o crime omissão de socorro for comprovado poderá sofrer a pena


de detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa. Entretanto a pena
“é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte”.

Assim, como podemos perceber, tanto em termos legais quanto em


termos sociais, o atendimento a vítimas de acidente deve fazer parte
22 de nossas ações. Por isso é importante que conheçamos os aspectos
básicos relacionados a essas práticas.

1.2. Etapas básicas

Toda vez que um socorrista realizar um atendimento de emergência,


ele deve levar em consideração três etapas básicas:

• Avaliação da cena;

• Proteção do socorrista;

• Proteção do acidentado.

1.2.1. Avaliação da cena

Um socorrista, chegando ao local de um acidente onde se encontra


um acidentado, deverá assumir o controle da situação e colocar em
prática procedimentos para uma avaliação rápida e segura do ocorrido.
É necessário estar bem atento às informações sobre o acidente.

RESERVADO
Capítulo 1. Primeiros socorros e suas etapas básicas

O socorrista ou a pessoa que estiver auxiliando uma vítima


deverá tentar:

• Manter a calma;

• Ter boa percepção da cena, visando a identificação dos riscos;

• Ter agilidade em acionar a assistência especializada


(exemplo: SAMU);

• Agilizar o isolamento da cena, facilitando a atuação da equipe


de primeiros socorros;

• Tomar providências objetivando a proteção individual e,


conseqüentemente, evitando a sua contaminação.
23
O socorrista deve ser avesso ao pânico, buscando colaboração de outras
pessoas e instruindo-as de forma clara, breve e objetiva. É importante
ressaltar que estranhos podem atrapalhar e, por isso, é necessário, para
que não haja confusão no local do acidente e para melhor aproveitamento
do espaço para o atendimento, manter afastados os curiosos.

Qualidades básicas de um socorrista durante a avaliação do local de


um acidente:

• Agilidade;

• Decisão;

• Rapidez na observação de perigos para o acidentado e para a


equipe prestadora de primeiros socorros.

Importante!
A omissão de socorro e a falta de atendimento de
primeiros socorros eficiente são os principais motivos
de mortes e danos irreversíveis nas vítimas de
acidentes de trânsito.

RESERVADO
Alta Competência

1.2.2. Proteção do socorrista

Todos os cuidados devem ser tomados em relação à manipulação


da vítima, visando evitar a contaminação por agentes biológicos
(microorganismos) ou material tóxico que possa estar junto ao corpo
do acidentado ou ainda presente em secreções (por exemplo, vômitos)
e sangue.

É necessária a proteção das mãos durante a manipulação da vítima


usando luvas impermeáveis (na ausência de luvas apropriadas de
látex, utilizar, por exemplo, camisinha, saco plástico etc.). O kit do
socorrista deve conter sempre uma máscara que será usada em caso
de suspeita de acidente com gás tóxico no ar (evitar a aproximação
sem o uso de máscara apropriada).

O socorrista deve estar atento à sua proteção quando a cena é propícia


24 a ocorrências de atropelamento, explosão, gases tóxicos, choque
elétrico, desabamento, incêndio e outras formas de agressão.

Nunca é demais sinalizar que a avaliação da cena de um local de


acidente é fundamental para determinar as possibilidades de riscos
para as equipes de salvamento, antes da aproximação à vítima.

1.2.3. Proteção do acidentado

Esta é uma etapa fundamental para a prestação dos primeiros


socorros, que deve ser realizada após a avaliação do cenário, com o
objetivo de avaliar e examinar o estado geral do acidentado. Tanto
nas emergências clínicas como nas traumáticas, o procedimento a ser
seguido deverá ser o mesmo.

O exame deve ser rápido e sistemático, tendo como prioridades:

• Avaliar o estado de consciência, verificando se o acidentado


fornece respostas lógicas às perguntas;

• Verificar se o acidentado respira normalmente;

• Verificar se há alguma hemorragia externa;

RESERVADO
Capítulo 1. Primeiros socorros e suas etapas básicas

• Avaliar a simetria e dilatação das pupilas;

• Verificar a temperatura do corpo;

• Verificar a sensação de tato na face e extremidades.

Após fazer esta avaliação inicial, devemos fazer uma avaliação mais
detalhada seguindo o sentido céfalo-caudal.

Importante!
Devemos sempre suspeitar de lesão de coluna cer-
vical em qualquer paciente vítima de trauma, de-
sacordado ou com ferimentos no tórax, cabeça e/
ou pescoço.

25
1.2.3.1. Avaliação e exame do estado geral de um acidentado

O socorrista deve ser rápido e sistemático. Deve realizar imediatamente


uma avaliação geral inicial, considerando os seguintes aspectos:

• Deve-se ter sempre uma idéia bem clara do que fazer,


evitando expor desnecessariamente o acidentado, verificando
cuidadosamente a existência ou não de ferimentos, evitando
movimentação excessiva do mesmo;

• Se o acidentado está consciente, deve-se perguntar o que


ele está sentindo, com o intuito de detectar áreas dolorosas e
incapacidade funcional de mobilização de membros (cabeça,
braços, pernas). É importante, sempre que possível, solicitar ao
acidentado que aponte o local da dor e pedir para movimentar
mãos, braços etc.

Após esse exame inicial, é necessária uma avaliação mais aprofundada


das condições gerais da vítima. Esta avaliação deve ser realizada em
dois diferentes níveis de investigação:

RESERVADO
Alta Competência

a) Avaliação primária – ABCDE

Essa avaliação é fundamental e deve ser exercida de forma segura e


adequada. Esse método foi adaptado do inglês. Ele utiliza a ordem
alfabética para facilitar a memorização dos passos a serem seguidos
pelo socorrista. Para facilitar eles foram traduzidos para conceitos
similares em português.

Termo original Tradução


A Airway Abertura (desobstrução) das vias aéreas
B Breathing Boa ventilação e respiração
C Circulation Circulação
D Disability Deficiência neurológica
E Exposition Exposição das vestes

• Abrir vias aéreas: o socorrista deverá manter a cabeça da vítima


em posição neutra abrindo a boca e segurando-a pela mandíbula.
26 É importante ter atenção quanto à presença de vômito ou
sangue na cavidade oral (deve ser removido manualmente) ou a
presença de corpos estranhos;

• Boa ventilação: o socorrista deverá verificar se a vítima está


respirando normalmente (VER – OUVIR – SENTIR). Em caso de
ausência de respiração, pode ser colocada em prática a respiração
boca-a-boca (o socorrista deve estar devidamente treinado e só
deve executar tal manobra com segurança);

RESERVADO
Capítulo 1. Primeiros socorros e suas etapas básicas

• Circulação: o socorrista deverá verificar o pulso da artéria


carótida pela palpação. É importante observar o número de
batimentos cardíacos por minuto. Em caso de ausência de pulso,
podem ser colocadas em prática as manobras específicas para a
parada cardiorrespiratória (o socorrista deve estar devidamente
treinado e só deve proceder tal manobra com segurança);

• Deficiência neurológica: a avaliação do nível de


comprometimento neurológico pode ser realizada através da 27
avaliação da Escala de Glasgow, apresentada a seguir:

Escala de Coma de Glasgow

Variáveis Sinais Pontuação


Espontânea Olhos abertos e piscando. 4
Abre os olhos só quando se fala
Estímulo verbal/voz 3
Abertura com a pessoa.
ocular Abre os olhos só quando é 2
Estímulo doloroso
beliscada.
Sem resposta Não abre os olhos. 1
Sabe o nome, a idade, o dia da
Orientada 5
semana, onde mora.
Idéias confusas, apesar de
Confusa 4
responder a perguntas.
Resposta Articula palavras inteiras, mas sem
Palavras inapropriadas 3
verbal sentido algum.
Não fala nenhuma palavra, 2
Sons incompreensíveis
apenas emite sons ou ruídos.
Não emite nenhuma palavra ou
Sem resposta 1
som.

RESERVADO
Alta Competência

Variáveis Sinais Pontuação


Diante de um pedido, consegue
Obedece comandos 6
erguer um membro.

Não move o membro, mas sabe 5


Localiza dor
onde está doendo.

Movimento de retirada Diante de um estímulo doloroso,


Resposta 4
do membro afasta o membro afetado.
motora
Decorticação: braços dobrados por
Flexão anormal 3
cima do corpo.

Descerebração: corpo envergado. 2


Extensão anormal
Punhos para fora.
Nenhuma Nenhuma reação motora. 1

Quando soma-se as pontuações de cada um destes itens, obtem-se o


status neurológico da vítima, que pode ser avaliado a partir da tabela
28
a seguir:

Grau do comprometimento nervoso


Traumatismo cranioencefálico leve 14 a 15 pontos
Traumatismo cranioencefálico moderado 9 a 13 pontos
Traumatismo cranioencefálico grave menor que 8 pontos

• Exposição das vestes: as roupas da vítima devem ser removidas


o suficiente para verificar lesões escondidas, devendo-se
prevenir, evidentemente, uma exposição excessiva e degradante
desnecessária e o risco de hipotermia.

b) Avaliação secundária

O socorrista, após a avaliação primária, deve continuar a investigar


a presença de lesões graves na vítima que possam ter passado
despercebidas na avaliação preliminar, como por exemplo,
traumatismo penetrante, feridas abertas, fraturas em áreas cobertas
pelas roupas, hemorragias internas etc.

RESERVADO
Capítulo 1. Primeiros socorros e suas etapas básicas

A avaliação secundária deve ser realizada nas partes do corpo segundo


a sua importância para a sobrevida do paciente. As áreas mais vitais
devem ser pesquisadas em primeiro lugar. A seqüência adequada
deve ser:

• Avaliação da cabeça: o socorrista deverá observar o estado de


consciência e a respiração do acidentado e em seguida, com cuidado,
palpar o crânio à procura de fratura, sangramento, depressão óssea
e lesões no rosto. Em relação à face, deverá ter atenção à cor da
pele e examinar cuidadosamente os olhos (pupilas), boca e ouvidos.
Verificar a existência de sangramento pelo nariz ou hematoma ao
redor dos olhos;

• Avaliação do pescoço: o socorrista deverá verificar o pulso da


artéria carótida (observando freqüência, ritmo e amplitude) e, em
seguida, correr os dedos pela coluna cervical, desde a base do crânio
até os ombros, procurando alguma irregularidade. É importante que 29
o socorrista solicite ao acidentado a movimentação lenta do pescoço
para verificar se há dor nesta região (movimentar lenta e suavemente
o pescoço, movendo-o de um lado para outro). Ainda nesta avaliação,
é importante atentar para observações de lesões perfurantes, edema
(inchaço) e hemorragias externas;

Importante!
O socorrista ao completar o exame do pescoço, de-
verá providenciar a colocação do colar cervical
na vítima.

Artéria
Carótida

Exame do pescoço

RESERVADO
Alta Competência

• Avaliação da coluna dorsal: o socorrista deverá, ao examinar a vítima,


correr a mão pela espinha desde a nuca até o sacro. A referência de
dor, pela vítima, pode indicar lesão da coluna dorsal;

• Avaliação do tórax: o socorrista deverá procurar durante o exame


por feridas, hematomas, perfurações, deformidades torácicas e
movimentos respiratórios anormais. É importante perguntar ao
acidentado se o mesmo sente dor quando respira ou se há dor quando
o tórax é levemente comprimido ao exame;

• Avaliação dos membros: o socorrista deverá solicitar ao acidentado


que movimente levemente os braços no intuito de verificar a existência
de dor ou incapacidade funcional. No exame, o socorrista deverá
observar a presença de ferimentos, hemorragias, deformidades e
lesões com exposição óssea. Com relação aos membros superiores
e inferiores, é importante palpar as superfícies ósseas (procurando
30 fraturas), testar a sensibilidade dos membros comparando ambos os
lados (exemplo: mão direita e mão esquerda), promover movimentos
de flexão e extensão (articulações dos punhos) e proceder à palpação
dos pulsos periféricos (nos tornozelos, nos pés e o pulso radial em
ambos os punhos);

• Avaliação do abdome: o socorrista deverá verificar a presença de


perfurações, ferimentos e sangramentos. É conveniente proceder à
palpação leve do abdome, verificando a queixa de dor (ocorre nas
hemorragias abdominais). O socorrista deverá verificar, na presença
de dor abdominal espontânea, se existe algum tipo de ferimento,
mesmo pequeno. Muitas vezes o ferimento de perfuração por bala
(projétil) é pequeno e apesar de não sangrar é muitas vezes profundo
e de conseqüências graves;

RESERVADO
Capítulo 1. Primeiros socorros e suas etapas básicas

ATENÇÃO

A operação de hidrojateamento (processo de limpeza


de superfícies através de jatos de água), muito comum
nas plataformas de petróleo, pode provocar lesões
semelhantes à de perfuração por bala. Todo cuidado
é pouco!

Apesar do ferimento produzido por hidrojateamento


ser pequeno e de pouco sangramento, pode produzir
lesões de gravidade ou até mesmo hemorragias.

O socorrista deve providenciar a imediata remoção do


empregado para o atendimento médico de emergência.

• Avaliação da bacia: o socorrista deverá solicitar à vítima que tente 31


movimentar as pernas, verificando a queixa de dor ou incapacidade
funcional. É importante também apertar, de forma cuidadosa, ambos
os lados da bacia para verificar possíveis lesões.

Importante!
A equipe de primeiros socorros deverá ter
uma atenção especial para com as vítimas de
traumatismo violento (exemplo: batida de
automóvel em alta velocidade) e com vítimas
de choque elétrico. A vigilância a esses tipos de
pacientes deve ser redobrada. Não permitir que
a vítima de traumatismo violento ou de choque
elétrico tente levantar-se, achando que nada
sofreu. O acidentado deve ser mantido imóvel,
deitado de costas ou na posição mais confortável.

RESERVADO
Alta Competência

1.3. Sistematização das prioridades no atendimento em


acidentes com múltiplas vítimas

Os socorristas devem proceder à classificação das vítimas em


categorias, por prioridade de benefício em relação à prestação de
primeiros socorros. Quando houver uma ou mais vítimas, deve haver
a nomeação de um líder entre os socorristas (teoricamente, o que
possui maior grau de treinamento), para que haja hierarquização no
atendimento segundo a gravidade das lesões. Essa iniciativa, apesar de
causar certo estranhamento, é extremamente importante na triagem
em acidentes com múltiplas vítimas. O atendimento às múltiplas
vítimas é sempre uma ação baseada na razão e não na emoção.

O START (Simple Triage and Rapid Treatment) ou caracterização das


múltiplas vítimas de um acidente é um dos métodos mais utilizados
no atendimento em acidentes deste tipo. Esse protocolo identifica
32 os acidentados por fitas coloridas ou etiquetas, segundo a urgência
de atendimento.

Cor da Prioridade no
Nível das lesões e estado geral
etiqueta atendimento
Vítima com risco imediato de morte, mas
Vermelha Prioridade 1
apresentando lesões tratáveis.
Vítima sem risco imediato de morte, mas com
Amarela Prioridade 2
lesões graves.
Verde Prioridade 3 Não há gravidade, vítimas que conseguem andar.
Mortos ou vítimas com lesões sem possibilidade de
Preta Prioridade zero
tratamento.
START (Simple Triage and Rapid Treatment) ou caracterização das
múltiplas vítimas de um acidente

RESERVADO
Capítulo 1. Primeiros socorros e suas etapas básicas

? VOCÊ SABIA?
O anuário estatístico de acidentes do trabalho do
Ministério da Previdência Social registrou, segundo
a Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE), no período de 2004–2006 um total de 1.469.270
acidentes do trabalho.

Fonte: <http://www.previdenciasocial.gov.br/anuarios/
aeat-2006/15_08_01_01_02.asp>

33

RESERVADO
Alta Competência

1.4. Exercícios

1) O que são primeiros socorros?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

2) Assinale V se afirmativa for verdadeira ou F se for falsa:

( ) O socorrista de uma vítima deverá sempre ter, em primeiro


lugar, boa percepção da cena, identificando riscos.

( ) O primeiro item de avaliação primária em primeiros


socorros é produzir a abertura das vias aéreas.

( ) No atendimento a um acidentado que recebeu uma


34 pancada na cabeça, não é importante a preocupação do
socorrista em verificar a respiração da vítima.
( ) Na avaliação de uma vítima com múltiplas lesões, é impor-
tante o socorrista palpar o pescoço procurando o pulso da
artéria carótida.
( ) O socorrista deve permitir que a vítima de choque elétrico
ou de uma batida violenta de carro tente levantar-se.

3) Marque a(s) alternativa(s) correta(s):

Na caracterização, que visa facilitar o atendimento por parte de


socorristas em um acidente com múltiplas vítimas, é importante:

( ) Haver nomeação de um socorrista líder.


( ) Serem colocadas fitas coloridas de identificação (vermelha,
amarela, verde, preta), visando identificar prioridade em
um atendimento, de acordo com o nível das lesões e estado
geral das vítimas.
( ) Colocar fita de cor verde em uma vítima para significar
prioridade 1 (risco imediato de morte).
( ) Dar atendimento às múltiplas vítimas sempre baseando-se
na emoção do socorrista.

RESERVADO
Capítulo 1. Primeiros socorros e suas etapas básicas

1.5. Glossário

Céfalo-caudal - é o segmento que vai da base do crânio até a extremidade da


coluna vertebral (que abriga a medula).

Cranioencefálico - região anatômica correspondente à calota craniana (formada


por ossos do crânio), envolvendo o encéfalo ou cérebro.

Edema - inchaço que corresponde à passagem de líquido que circula no interior de


um vaso (artéria, veia ou capilar) para uma cavidade ou para o tecido subcutâneo.

Hipotermia - diminuição da temperatura do corpo.

Pulso radial - ciclo de expansão e relaxamento da artéria radial do braço, onde


podemos aferir a pulsação cardíaca de uma pessoa.

Sacro - é um osso grande e triangular localizado na base da coluna vertebral.

35

RESERVADO
Alta Competência

1.6. Bibliografia

AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support. Chicago, 1997.

BRASIL. Código Penal. Artigo 135 - Omissão de socorro. Brasília, DF, 7 dez. 1940.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.
htm>. Acesso em: 24 jul 2008.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 01 - Norma Regulamentadora:


Disposições Gerais. Brasília, 1978. Disponível em: <http://www.mte.gov.br/
legislacao/normas_regulamentadoras/nr_01.asp>. Acesso em: 28 abr 2008.

CANETTI, Marcelo Domingues. Protocolos Médicos Avançados de Atendimento


Pré-Hospitalar do GSE/CBMERJ. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

Manual para Técnicos de Emergências Médicas. GSBE- RJ. Rio de Janeiro: 2006.

NÚBIO. Núcleo de Biossegurança. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

36 PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros Socorros, 2003.

Raimundo Rodrigues. Protocolos Médicos de Atendimento Pré-Hospitalar. Manual de


Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

RESERVADO
Capítulo 1. Primeiros socorros e suas etapas básicas

1.7. Gabarito
1) O que são primeiros socorros?

São os cuidados imediatos e provisórios que devem ser prestados rapidamente


a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico põe em
perigo a sua vida, com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento
de suas condições.

2) Assinale V se afirmativa for verdadeira ou F se for falsa:

( V ) O socorrista de uma vítima deverá sempre ter, em primeiro lugar, boa


percepção da cena, identificando riscos.

( V ) O primeiro item de avaliação primária em primeiros socorros é produzir a


abertura das vias aéreas.

(F) No atendimento a um acidentado que recebeu uma pancada na cabeça,


não é importante a preocupação do socorrista em verificar a respiração
da vítima.
Justificativa: é importante a verificação da boa ventilação. O socorrista
deverá verificar se a vítima está respirando normalmente e em caso de 37
ausência de respiração, colocar em prática a respiração boca-a-boca.
( V ) Na avaliação de uma vítima com múltiplas lesões, é importante o socorrista
palpar o pescoço procurando o pulso da artéria carótida.
(F) O socorrista deve permitir que a vítima de choque elétrico ou de uma bati-
da violenta de carro tente levantar-se.
Justificativa: o socorrista deverá ter atenção com vítima de traumatismo vio-
lento e vítima de choque elétrico, não permitindo movimentação da vítima.

3) Marque a(s) alternativa(s) correta(s):

Na caracterização, que visa facilitar o atendimento por parte de socorristas em um


acidente com múltiplas vítimas, é importante:

( X ) Haver nomeação de um socorrista líder.


( X ) Serem colocadas fitas coloridas de identificação (vermelha, amarela, ver-
de, preta), visando identificar prioridade em um atendimento, de acordo
com o nível das lesões e estado geral das vítimas.
( ) Colocar fita de cor verde em uma vítima para significar prioridade 1 (risco
imediato de morte).

( ) Dar atendimento às múltiplas vítimas sempre baseando-se na emoção do


socorrista.

RESERVADO
RESERVADO
Capítulo 2
Prefácio

Noções básicas
de situações de
emergência

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Identificar os sinais e as condutas básicas em situações de


emergência.

RESERVADO
Alta Competência

40

RESERVADO
Capítulo 2 - Noções básicas de situações de emergência

2. Noções básicas de situações


de emergência

A
s situações que envolvem atendimentos de emergência estão
relacionadas a diversos tipos de problemas, porém os mais
perigosos para a vida da vítima são os de natureza circulatória
e respiratória. A seguir apresentamos algumas informações básicas
sobre os atendimentos mais comuns.

2.1. Parada cardiorrespiratória (PCR)

O dado mais importante para um socorrista diagnosticar uma parada


cardiorrespiratória (PCR) no adulto é a ausência da pulsação da
artéria carótida. Entretanto, outros sinais podem ajudar a identificar
uma PCR, como: 41

• Inconsciência: o estado de falta de consciência pode ocorrer


por diminuição de oxigênio no cérebro. A perda da consciência
é um sinal inespecífico para uma PCR (pode ocorrer antes ou
depois da parada cardíaca);

• Ausência de respiração: pode ocorrer antes ou depois de


uma PCR;

• Dilatação da pupila: é um sinal observado tardiamente em uma


PCR, sendo denominado midríase. Esse é um sinal inespecífico,
pois pode ser produzido por diversos tipos de estados, incluindo
coma e uso de drogas psicoativas;

• Cianose de extremidade: a identificação de lábios, mucosas e


extremidades azuladas ou arroxeadas pode ser um forte indício
de PCR. O termo cianose, derivado do grego, significa azulado;

• Palidez: a observação de palidez da pele também pode ser um


sinal de gravidade em uma PCR.

RESERVADO
Alta Competência

2.1.1. Cuidados de primeiros socorros em uma parada cardiorrespiratória

a) Desobstrução de vias aéreas

O socorrista deverá, antes de tudo, colocar o acidentado em decúbito


dorsal (barriga para cima). Em seguida deve proceder, com cuidado,
à abertura da boca e à elevação da mandíbula (manobra mais
indicada quando ocorre lesão da coluna cervical). O socorrista, no
momento de desobstrução das vias aéreas, deverá posicionar-se por
trás do acidentado, com suas mãos abaixo das orelhas manobrando a
mandíbula, deslocando-a para frente. Cabe ressaltar os cuidados do
socorrista em estabilizar a coluna cervical.

Se o socorrista encontrar alguma obstrução (pedaço de carne, moeda


ou qualquer outro objeto) nas vias aéreas deverá proceder à manobra
de Heimlich para permitir a passagem do ar.
42
• Manobra de Heimlich

Este procedimento deve ser realizado quando houver sinais e


sintomas de obstrução da garganta ou de outra parte das vias aéreas
como ausência de voz e tosse, face arroxeada, expressão de angústia
e desespero. Neste caso o socorrista deverá posicionar-se por trás da
vítima, passando os braços por baixo das axilas e posicionando as mãos
na parte superior do abdome da vítima. Em tal manobra o punho
esquerdo do socorrista é segurado por sua mão direita, procedendo a
um levantamento súbito das mãos contra a parte superior do abdome
(boca do estômago) da vítima, o que provocará uma expulsão brusca
de ar, facilitando o deslocamento do corpo estranho.

ou ou

Manobra de Heimlich

RESERVADO
Capítulo 2 - Noções básicas de situações de emergência

b) Respiração boca-a-boca

As técnicas de respiração boca-a-boca visam manter a oxigenação da


vítima em situações de PCR.

Observe a seguir as etapas da respiração boca-a-boca:

• Proceder à limpeza da cavidade oral: o socorrista, com a vítima


deitada de costas, vai tentar retirar objetos estranhos (prótese
dentária, por exemplo), sangue ou vômito (não esquecer do uso
de luvas, pano ou toalha) e/ou restos alimentares;

• Extensão da cabeça da vítima: o socorrista deverá deslocar a


cabeça da vítima um pouco para trás, mudando a posição da
língua para facilitar a passagem de ar;

43
• Obstrução do nariz: o socorrista deverá tamponar as narinas
da vítima usando o polegar e o indicador, a fim de evitar que o
ar escape pelas narinas;

• Soprar o ar: o socorrista deverá fazer uma inspiração profunda


ao adaptar sua boca à da vítima de forma que não haja
vazamentos. A respiração boca-a-boca, propriamente dita,
determina que o socorrista sopre o ar na boca da vítima em uma
intensidade capaz de elevar o tórax.

Se a respiração do acidentado não tiver sido restabelecida após as


tentativas dessa manobra, a vítima poderá vir a ter PCR, tornando
necessária a aplicação de massagem cardíaca externa.

c) Massagem cardíaca ou compressão torácica

O socorrista deverá colocar a vítima em decúbito dorsal (barriga


para cima). A massagem cardíaca externa é o melhor método de
ressuscitação, uma vez que utiliza o próprio peso do socorrista para
efetuar a pressão sobre o terço inferior do osso esterno (osso que une
as costelas) da vítima. Esse aumento da pressão torácica provoca a
compressão do coração, fazendo com que o sangue circule.

RESERVADO
Alta Competência

Observe a seguir o passo a passo de uma massagem cardíaca:

• Posicionar a vítima em decúbito dorsal;

• O socorrista deverá se posicionar ajoelhado ao lado do


acidentado e em um plano superior, de modo que possa executar
a manobra com os braços em extensão;

• Em seguida apoiar uma das mãos sobre a outra, na metade


inferior do osso esterno;

• Aplicar pressão suficiente para baixar o esterno (evitar fazê-lo


sobre o apêndice xifóide) e mantê-lo assim por cerca de meio
segundo. É importante verificar se a compressão efetuada é
suficiente para gerar um pulso carotídeo palpável.

44
2.2. Afogamento

O afogamento consiste na aspiração de líquido pela vítima, causada


por submersão ou imersão. A aspiração é a entrada de líquido
nas vias aéreas (traquéia, brônquios ou pulmões), que não deve
ser confundido com a entrada de líquido no aparelho digestivo
(engolir água).

No afogamento, a fisiologia respiratória fica alterada pela penetração


de líquido nas vias aéreas o que prejudica a hematose (troca de
oxigênio e gás carbônico).

2.2.1. Sinais e sintomas de afogamento

• Vítima sem tosse, apresentando espuma na boca e/ou nariz,


sem dificuldade na respiração. Nesse caso os procedimentos
de primeiros socorros consistem na avaliação da vítima e sua
liberação do local de afogamento;

• Tosse sem espuma na boca e/ou nariz com a vítima lúcida.


Nesse caso os procedimentos de primeiros socorros consistem em
aquecimento e medidas que visem o conforto e tranqüilidade
da vítima e encaminhamento para repouso;

RESERVADO
Capítulo 2 - Noções básicas de situações de emergência

• Pouca espuma na boca e/ou nariz com a vítima lúcida ou agitada.


Nesse caso os procedimentos de primeiros socorros consistem
em oxigenoterapia (oxigênio nasal a 5 l/minuto), aguardando a
assistência especializada ou transporte ao hospital. É importante
realizar procedimentos de aquecimento corporal e repouso
absoluto (de 6 a 24 horas em leito hospitalar);

• Muita espuma na boca e/ou nariz, agitação psicomotora e


pulso radial palpável. Nesse caso os procedimentos de primeiros
socorros consistem em oxigenoterapia (oxigênio por máscara
facial a 15 l/minutos) e em seguida transporte da vítima para
tratamento hospitalar em CTI;

• Muita espuma na boca e/ou nariz, inconsciência, ausência de


pulso radial palpável. Nesse caso os procedimentos de primeiros
socorros consistem em oxigenoterapia (oxigênio por máscara
facial a 15 l/minutos) e em seguida transporte da vítima para 45
tratamento hospitalar em CTI (a internação no CTI é de caráter
de urgência);

• Parada respiratória com pulso carotídeo. Nesse caso os


procedimentos de primeiros socorros consistem em ventilação boca-
a-boca ou ambú. Remover com urgência o paciente para um CTI;

Ambú

• Parada cardiorrespiratória (PCR). Nesse caso os procedimentos


de primeiros socorros consistem em reanimação cardiopulmonar
e remoção urgente para o CTI.

RESERVADO
Alta Competência

2.3. Exercícios

1) Uma vítima de acidente de trabalho produzido pela queda de


uma árvore apresentou, durante a avaliação do socorrista, dilatação
da pupila, lábios arroxeados, palidez facial, ausência de respostas a
estímulos e ausência da pulsação da artéria do pescoço (carótida).
O que este quadro apresentado significa e quais os procedimentos
de primeiros socorros devem ser realizados?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

2) Ordene com numeração crescente o passo a passo das manobras


de uma massagem cardíaca a seguir:
46
( ) Em seguida, apoiar uma das mãos sobre a outra, na metade
inferior do osso esterno.
( ) O socorrista deverá se posicionar ajoelhado ao lado do
acidentado e em um plano superior, de modo que possa
executar a manobra com os braços em extensão.
( ) Aplicar pressão suficiente para baixar o esterno (evitar fazê-lo
sobre o apêndice xifóide) e mantê-lo assim por cerca de meio
segundo. É importante verificar se a compressão efetuada é
suficiente para gerar um pulso carotídeo palpável.
( ) Posicionar a vítima em decúbito dorsal.

3) Cite três sinais que permitem identificar uma parada cardiorrespiratória:

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

4) Uma vítima apresenta muita espuma na boca e/ou nariz,


inconsciência e ausência de pulso radial palpável. De acordo com o
que foi estudado, o que esses sintomas e sinais indicam?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

RESERVADO
Capítulo 2 - Noções básicas de situações de emergência

2.4. Glossário
Ambú - dispositivo utilizado em atendimento médico, em forma de balão (de
látex ou silicone), que é acoplado a uma máscara. O instrumento funciona como
reanimador cardiorrespiratório.

Apêndice xifóide - ponta ou extremidade do osso esterno (osso que une as


costelas).

Cianose - caracteriza-se pela coloração azul-arroxeada da pele e membranas


mucosas devido a uma inadequada oxigenação dos órgãos e tecidos.

CTI - Centro de Terapia Intensivo.

Decúbito dorsal - deitado com as costas em contato com uma superfície de apoio
seja a maca, cama, chão, ou qualquer outra.

Esterno - osso achatado localizado na parte anterior do tórax e com o qual se


articulam as cartilagens das costelas.

Midríase - dilatação da pupila. 47

PCR - parada cardiorrespiratória.

Psicoativa - droga ou substância capaz de alterar temporariamente o funcionamento


do sistema nervoso de uma pessoa.

Psicomotora - é a atividade que relaciona o controle dos movimentos do corpo


considerando aspectos internos e externos.

Pulso carotídeo - ciclo de expansão e relaxamento da artéria carótida no pescoço.

Pulso radial - ciclo de expansão e relaxamento da artéria radial do braço, onde


podemos aferir a pulsação cardíaca de uma pessoa.

RESERVADO
Alta Competência

2.5. Bibliografia
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support. Chicago, 1997.

CANETTI, Marcelo Domingues. Protocolos Médicos Avançados de Atendimento


Pré-Hospitalar do GSE/CBMERJ. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

Manual para Técnicos de Emergências Médicas. GSBE- RJ. Rio de Janeiro: 2006.

NÚBIO. Núcleo de Biossegurança. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros Socorros, 2003.

SANTOS, Raimundo Rodrigues. Protocolos Médicos de Atendimento Pré-Hospitalar.


Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

48

RESERVADO
Capítulo 2 - Noções básicas de situações de emergência

2.6. Gabarito
1) Uma vítima de acidente de trabalho produzido pela queda de uma árvore
apresentou, durante a avaliação do socorrista, dilatação da pupila, lábios
arroxeados, palidez facial, ausência de respostas a estímulos e ausência da pulsação
da artéria do pescoço (carótida). O que este quadro apresentado significa e quais
os procedimentos de primeiros socorros devem ser realizados?

O paciente provavelmente, devido ao traumatismo, desenvolveu uma parada


cardiorrespiratória. Os procedimentos de primeiros socorros são:

• Desobstrução de vias aéreas;

• Respiração boca-a-boca;

• Massagem cardíaca ou compressão torácica.

2) Ordene com numeração crescente o passo a passo das manobras de uma


massagem cardíaca a seguir:

( 3 ) Em seguida, apoiar uma das mãos sobre a outra, na metade inferior do osso
esterno.
( 2 ) O socorrista deverá se posicionar ajoelhado ao lado do acidentado e em um 49
plano superior, de modo que possa executar a manobra com os braços em
extensão.
( 4 ) Aplicar pressão suficiente para baixar o esterno (evitar fazê-lo sobre o
apêndice xifóide) e mantê-lo assim por cerca de meio segundo. É impor-
tante verificar se a compressão efetuada é suficiente para gerar um pulso
carotídeo palpável.

( 1 ) Posicionar a vítima em decúbito dorsal.

3) Cite três sinais que permitem identificar uma parada cardiorrespiratória:

Inconsciência, ausência de respiração, dilatação da pupila, cianose de extremidade


e palidez.

4) Uma vítima apresenta muita espuma na boca e/ou nariz, inconsciência e ausência
de pulso radial palpável. De acordo com o que foi estudado, o que esses sintomas
e sinais indicam?

Nesse caso, os sintomas e sinais indicam afogamento.

RESERVADO
RESERVADO
Capítulo 3
Prefácio

Salvando
uma vida

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Identificar as competências necessárias a quem presta


primeiros socorros;
• Identificar os principais componentes de uma caixa de
primeiros socorros;
• Ordenar as etapas básicas em um atendimento emergencial.

RESERVADO
Alta Competência

52

RESERVADO
Capítulo 3. Salvando uma vida

3. Salvando uma vida

O
perigo de acidentes existe em qualquer ambiente. As condições
em que estes ocorrem variam, mas, em todos os casos, a
presteza com que são tomadas as primeiras providências
diante de um acidente, pode salvar vidas. A falta de auxílio imediato
(primeiros socorros) em caso de acidente, constitui uma das causas de
complicações ou até mesmo de óbito de acidentados.

3.1. Os minutos que fazem diferença

Os primeiros socorros consistem no atendimento de urgência


prestado a vítimas em caso de acidente ou acometidas por um mal
súbito (estado ou sintoma característico que surge de forma aguda e
repentina) para mantê-las com vida, evitando complicações imediatas
ou tardias, até a chegada de assistência médica ou especializada. 53

A rapidez dessas ações é fundamental, uma vez que uma hemorragia


não controlada pode levar a uma parada cardíaca e, após cerca
de três minutos, o cérebro da vítima começa a apresentar lesões.
Os sistemas de resgate mais avançados do mundo demandam um
tempo médio de seis minutos para chegarem ao local do acidente
após uma chamada.

Os minutos iniciais de uma emergência são fundamentais e podem


determinar o prognóstico (previsão) do doente ou acidentado.
Conhecimentos básicos de primeiros socorros visam a ensinar o que
devemos ou não fazer nessas situações. Com este conhecimento,
poderemos manter a vítima em condição estável, até a chegada de
auxílio médico ou transporte para um hospital.

Portanto, o conhecimento e a aplicação dos primeiros socorros têm


como princípio fundamental salvar vidas. Além disso, um primeiro
socorrista não deve se expor desnecessariamente ao perigo e deve
obter ajuda especializada.

RESERVADO
Alta Competência

O aprendizado de técnicas de atendimento a vítimas durante os


primeiros socorros e o conhecimento dos princípios básicos pelo
socorrista são fundamentais para controlar e prevenir o agravamento
do estado físico da pessoa acidentada.

Qualquer pessoa tecnicamente treinada pode prestar os primeiros


socorros, desde que obedeça a princípios básicos e trabalhe o
desenvolvimento de algumas habilidades, conduzindo o socorro
com serenidade, compreensão e confiança. A primeira providência é
controlar a si mesmo. Observe o depoimento de um acidentado:

Ele conversou bastante comigo, não me


deixando desistir. Foi calmo, mas enérgico.
Sabia que estava em boas mãos. Como não
havia uma atadura na hora, ele rasgou sua
camisa de malha e improvisou uma bandagem
até a chegada do socorro médico. Nada mais ele
54
podia fazer. (Tremor, terror e morte: terremoto
na Turquia, 1999.)

A informação ao acidentado, sobre o que está ocorrendo e qual


será a provável evolução, constitui um dos problemas mais difíceis
para as pessoas que realizam tratamento de emergência. Se não
disserem nada, aumentam o medo e a ansiedade da vítima.
Se falarem demasiado, poderão provocar um alarme ou criar uma
situação de desespero. Lembre-se de que as ações poderão falar
mais que as palavras. O tom de voz tranqüilo e confortante dará
à vítima a sensação de encontrar-se em boas mãos. Logicamente,
a prática de emergências simuladas ajudará o socorrista a realizar
manobras corretas, serenas e seguras.

3.1.1. Quais as competências desejáveis para um socorrista?

• Autocontrole (calma, tolerância, paciência);

• Iniciativa e liderança;

• Conhecimento e avaliação técnica;

• Criatividade e capacidade de improvisação.

RESERVADO
Capítulo 3. Salvando uma vida

3.2. Caminhando prevenido

Durante a prestação dos primeiros socorros se faz necessário o


uso de materiais e instrumentos que facilitarão a realização dos
procedimentos básicos e até poderão impedir o agravamento do
estado da vítima. Por esta razão, estabeleceu-se a existência de
uma caixa de primeiros socorros que deve conter itens essenciais
para o socorro.

Em 1978, a Portaria n.º 3.214 do Ministério do Trabalho e Emprego


(MTE) estabeleceu a obrigatoriedade de uma caixa de primeiros
socorros em todos os estabelecimentos, levando-se em conta as
características da atividade desenvolvida, conforme o item 7.5.1
da Norma Regulamentadora – NR-7, Programa de Controle Médico
de Saúde Ocupacional.

A caixa de primeiros socorros pode ser de madeira revestida em 55


fórmica, aço ou plástico pequeno ou grande, desde que seja de fácil
limpeza e transporte. O conteúdo da caixa é de suma importância.
É necessário tê-la em casa ou no veículo, pois acidentes não ocorrem
apenas na empresa em que trabalhamos.

Lembre-se: guarde-a em local seco, arejado e de fácil acesso.

3.2.1. Conteúdo padrão de uma caixa de primeiros socorros

Conteúdo Quantidade
Compressa de gaze esterilizada 5 envelopes
Ataduras de gaze em 3 tamanhos 2 rolos cada
Gaze tipo chumaço, para os olhos 5 unidades
Algodão hidrofílico 1 pacote de 50 g
Esparadrapo 1 rolo de 25 mm x 4,5 cm
Cotonetes 1 caixa
Curativo adesivo 1 caixa
Solução anti-séptica (clorexidina) 1 frasco de 50 cc
Água boricada 1 frasco
Álcool 70° 1 frasco
Sabão anti-séptico e sabão de coco 1 tablete de cada
Soro fisiológico 2 frascos de 250 ml
Tesoura limpa, média (sem ferrugem) 1 peça
Sacos plásticos

RESERVADO
Alta Competência

Conteúdo Quantidade
Lanterna 1 peça
Luvas de borracha 1 par
Toalhas de papel 1 rolo
Talas de papelão ou infláveis
Borracha flexível (para garrote) 2 unidades

3.3. Socorrendo passo a passo

Imagine a situação a seguir:

Uma equipe de primeiros socorros chegou rapidamente ao local


de um acidente envolvendo um automóvel, ocupado por duas
pessoas, que capotou na pista. Uma das vítimas foi arremessada a
alguns metros do carro e a outra permaneceu no interior do veículo,
56 presa às ferragens. Imediatamente após a verificação do ocorrido,
a equipe colocou cavaletes e cones de sinalização, impedindo o
tráfego e isolando a área para evitar acidentes sucessivos. Depois de
rápida avaliação do estado das vítimas, foram aplicadas as técnicas
de primeiros socorros. O motorista preso às ferragens apresentava
estado mais grave, com hemorragia e suspeita de traumatismo
craniano, sendo socorrido primeiramente, enquanto a outra
vítima, que apresentava várias fraturas e escoriações, foi atendida
logo após. O pronto atendimento e a chegada da ambulância
permitiram a sobrevivência das vítimas. Finda a remoção dos
acidentados, a equipe permaneceu no local apurando os últimos
fatos e anotando dados para o relatório de ocorrência.

O texto anterior demonstra que a execução correta das técnicas


de primeiros socorros é fundamental para a sobrevivência de uma
vítima de acidente. A avaliação das condições anteriores à prestação
de socorro também é de extrema importância, pois indica como agir
a partir das informações levantadas.

Assim, de forma preliminar, pode-se oferecer uma seqüência rápida


para ajudar a visualizar o procedimento de atendimento.

RESERVADO
Capítulo 3. Salvando uma vida

3.3.1. Quais os procedimentos básicos tomados diante de um


atendimento de emergência?

• Parar no local do acidente;

• Prestar socorro;

• Agir.

3.3.2. O que fazer ao chegar ao local do acidente?

• Avaliar o local do acidente;

• Procurar descobrir, o mais rápido possível, as causas, a gravidade


e a extensão do acidente, verificando se o local é seguro para
prestação de socorro imediato; 57

• Tomar medidas que visem a proteger e manter o controle


do ambiente;

• Isolar e sinalizar a área onde ocorreu o acidente.

Estas medidas evitam um acidente em cadeia. Iluminar a área se o


acidente foi à noite ou se ocorreu em local pouco iluminado. Arejar a
área para melhor ventilação do acidentado. Evacuar a área, quando
necessário, para evitar nova tragédia.

3.3.3. Como avaliar a(s) vítima(s)?

• Primeiro, deve-se avaliar as lesões pelo movimento.


Elas podem ser descritas como interação entre a vítima e o
ambiente. Sabendo-se como foi o acidente, pode-se prever os
possíveis tipos de lesões;

• Logo após, avaliar quantas são e qual o estado das


vítimas, verificando se estão em perigo iminente, se estão
conscientes etc.;

RESERVADO
Alta Competência

• Lembre-se de socorrer primeiramente a vítima inconsciente,


pois não se sabe se está respirando. Um socorrista só pode
atender uma vítima em estado grave e outra em estado leve e,
neste caso, pedir ajuda;

• A seguir, você deve proceder ao exame físico da vítima,


permitindo uma rápida ação do socorrista no caso de obstrução
das vias aéreas, parada cardiorrespiratória, lesão da cervical,
inconsciência, hemorragia grave ou estado de choque.

3.3.4. O que deve ser priorizado no atendimento?

• A desobstrução das vias aéreas;

• A contenção da coluna;

58
• O restabelecimento e manutenção da respiração.

3.3.5. Quais casos, conforme a gravidade, devem ser priorizados?

• Obstrução de vias aéreas e/ou parada respiratória;

• Suspeita de fratura na cervical;

• Inconsciência;

• Parada cardíaca;

• Hemorragias graves;

• Estado de choque;

• Envenenamento;

• Feridas abertas no abdome e/ou tórax;

• Traumatismo de crânio;

RESERVADO
Capítulo 3. Salvando uma vida

• Queimaduras;

• Fraturas;

• Hematomas.

Em muitos casos, apenas uns poucos minutos, às vezes até mesmo


segundos, são perdidos na execução de medidas salva-vidas. Portanto,
uma ou duas pessoas cuidam dos feridos, enquanto outras protegem a
cena do acidente e procuram auxílio para socorro médico-hospitalar.

3.3.6. Quando a vítima deve ser removida?

Deve-se mover uma pessoa ferida somente em situações de perigo


iminente, isto é, perigo de atropelamento, ferimentos adicionais,
queimaduras etc. Os procedimentos de transporte serão específicos
59
para cada caso, gravidade e disponibilidade de recursos de
transporte.

É necessário fazer um registro inicial por escrito sobre a lesão e os


sinais de cada vítima, bem como sobre os primeiros socorros efetuados,
para que a equipe médica saiba como agir.

O socorrista deverá tomar medidas de precauções universais (proteção


contra doenças infecciosas, biossegurança e controle de inspeção).
Deverá usar luvas e máscara (proteção facial).

RESERVADO
Alta Competência

3.4. Exercícios

1) Assinale as alternativas corretas sobre as competências necessárias


a quem presta primeiros socorros:

( ) Um socorrista deve ser corajoso e não ter medo de se expor


ao perigo.
( ) Qualquer pessoa tecnicamente treinada pode prestar pri-
meiros socorros a uma vítima de acidente de trânsito.
( ) A rapidez no atendimento a uma vítima com um quadro de
hemorragia não controlada não é fundamental, porque o
cérebro continuará a receber sangue por muito tempo.

( ) O tom de voz tranqüilo do socorrista, ao passar informações


e transmitir conforto à vítima, é uma prática desejável.

60 2) Cite dez componentes, dentre os do conteúdo padrão, de uma


caixa de primeiros socorros.

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

RESERVADO
Capítulo 3. Salvando uma vida

3) Observe os erros cometidos durante o atendimento e ordene, cor-


retamente, procedimentos básicos que deveriam ter sido cumpridos.

Durante um incêndio de um caminhão tanque,


uma pessoa observou que o motorista não havia
saído da cabine. Chamou seus amigos e juntos
conseguiram retirá-lo do veículo. Em seguida
isolaram o ambiente para prestarem os primeiros
socorros em caráter de emergência.

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

61

RESERVADO
Alta Competência

3.5. Glossário
Cervical - parte da coluna vertebral localizada entre o crânio e a base do pescoço.

Hematoma - mancha arroxeada na pele.

MTE - Ministério do Trabalho e Emprego.

62

RESERVADO
Capítulo 3. Salvando uma vida

3.6. Bibliografia
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support. Chicago, 1997.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria n.º 3214. Aprova as Normas


Regulamentadoras - NR - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do
Trabalho, relativas a Segurança e Medicina do Trabalho. Brasília, 1978. Disponível
em : <http://www.mte.gov.br/legislacao/Portarias/1978/p_19780608_3214.pdf>.
Acesso em: 24 jul 2008.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR 07 – Norma Regulamentadora. Programa


de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Brasília,1978. Disponível em: <http://
www.mte.gov.br/legislacao/normas_regulamentadoras/nr_07_at.pdf>. Acesso em:
24 jul 2008.

CANETTI, Marcelo Domingues. Protocolos Médicos Avançados de Atendimento


Pré-Hospitalar do GSE/CBMERJ. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

Manual para Técnicos de Emergências Médicas. GSBE- RJ. Rio de Janeiro: 2006.

NÚBIO. Núcleo de Biossegurança. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro: 63


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros Socorros, 2003.

SANTOS, Raimundo Rodrigues. Protocolos Médicos de Atendimento Pré-Hospitalar.


Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

Tremor, terror e morte: terremoto na Turquia. São Paulo: Revista Isto É, 25 de agosto
de 1999.

RESERVADO
Alta Competência

3.7. Gabarito
1) Assinale as alternativas corretas sobre as competências necessárias a quem presta
primeiros socorros:

( ) Um socorrista deve ser corajoso e não ter medo de se expor ao perigo.

(X) Qualquer pessoa tecnicamente treinada pode prestar primeiros socorros a


uma vítima de acidente de trânsito.
( ) A rapidez no atendimento a uma vítima com um quadro de hemorragia
não controlada não é fundamental, porque o cérebro continuará a receber
sangue por muito tempo.

(X) O tom de voz tranqüilo do socorrista, ao passar informações e transmitir


conforto à vítima, é uma prática desejável.

2) Cite dez componentes, dentre os do conteúdo padrão, de uma caixa de


primeiros socorros.

Verifique se os componentes citados estão incluídos entre os abaixo listados:


64 • Compressa de gaze esterilizada – 5 envelopes;
• Ataduras de gaze em 3 tamanhos – 2 rolos cada;
• Gaze tipo chumaço, para os olhos – 5 unidades;
• Algodão hidrofílico – 1 pacote de 50 g;
• Esparadrapo 1 – rolo de 25 mm x 4,5 cm;
• Cotonetes – 1 caixa;
• Curativo adesivo – 1 caixa;
• Solução anti-séptica (clorexidina) – 1 frasco de 50 cc;
• Água boricada – 1 frasco;
• Álcool 70° –1 frasco;
• Sabão anti-séptico e sabão de coco – 1 tablete de cada;
• Soro fisiológico – 2 frascos de 250 ml;
• Tesoura limpa, média (sem ferrugem);
• Sacos plásticos;
• Lanterna;
• Luvas de borracha - 1 par;
• Toalhas de papel;
• Talas de papelão ou infláveis;
• Borracha flexível (para garrote) – 2 unidades.

RESERVADO
Capítulo 3. Salvando uma vida

3) Observe os erros cometidos durante o atendimento e ordene, corretamente,


procedimentos básicos que deveriam ter sido cumpridos.
Durante um incêndio de um caminhão tanque, uma pessoa
observou que o motorista não havia saído da cabine. Chamou
seus amigos e juntos conseguiram retirá-lo do veículo. Em seguida
isolaram o ambiente para prestarem os primeiros socorros em
caráter de emergência.

Nos procedimentos básicos de um atendimento de primeiros socorros, a primeira


ação é isolar a cena do acidente, o que não foi feito na situação relatada. Em seguida,
prestar socorro à vítima e por fim desenvolver as ações necessárias, o que deve ser
realizado por pessoa habilitada para primeiros socorros.

65

RESERVADO
RESERVADO
Capítulo 4
Prefácio

Interpretando
os sinais vitais

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Distinguir os sinais vitais para o atendimento de


emergência;
• Identificar os procedimentos básicos envolvidos na
avaliação da pulsação, pressão arterial, respiração e
temperatura corporal, reconhecendo a importância destes
dados para a avaliação das vítimas.

RESERVADO
Alta Competência

68

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

4. Interpretando os sinais vitais

U
m sinal vital é a demonstração de vida ou de funcionamento
dos órgãos e tecidos do corpo humano, isto é, o funcionamento
integrado do coração, pulmão, cérebro e demais tecidos
orgânicos. Este funcionamento pode ser observado através dos
movimentos respiratórios, batimentos cardíacos, pulso arterial,
pressão arterial, coloração e temperatura da pele.

4.1. A unidade da vida

Somos formados por bilhões de células especializadas em realizar


funções específicas que estão organizadas, formando os tecidos, os
órgãos, os sistemas e, por fim, o organismo.

69
Organismo

Sistema
s
Órgãos

Tecidos
s

Células
s

A vida de um organismo, seja ele um verme, um vegetal ou um


animal, depende da vida de suas células. Algumas células estão
continuamente sendo repostas, enquanto outras vivem por muitos
anos. As células que revestem o intestino vivem apenas seis dias, as
células vermelhas do sangue são renovadas a cada quatro meses,
as células dos ossos podem durar mais de trinta anos. As células
nervosas podem durar a vida inteira, assim como as musculares.

RESERVADO
Alta Competência

Cada célula é uma unidade viva que se alimenta, respira, elimina


resíduos etc. O perfeito funcionamento do nosso corpo depende
diretamente da saúde de nossas células. Essas estruturas minúsculas
estão associadas em grandes grupos, formando os tecidos, que por sua
vez formam os órgãos. Vários órgãos se associam para desempenhar
uma função importante dentro da dinâmica da vida dos seres vivos.

Os seres pluricelulares, formados por centenas, milhares ou bilhões


de células, possuem uma complexa rede de sistemas que realizam,
de forma integrada, todas as funções vitais. Cada um desses sistemas
conta com diversos órgãos para realizar os processos de respiração,
circulação, digestão, coordenação, reprodução e outros.

As funções das quais dependem todos os seres pluricelulares, incluindo


os seres humanos, são denominadas funções vitais. Entretanto,
vale lembrar que todos os sistemas que realizam essas funções são
70 coordenados, em maior ou menor grau, pelo sistema nervoso central e
pelo sistema endócrino. Esses sistemas, chamados de integradores são
compostos por células especializadas com alto grau de complexidade
e cuidam de organizar e reger as funções vitais.

4.2. Como saber se os sistemas estão funcionando bem?

Existem sinais orgânicos ou sintomas que podem ser alterados quando


um ou mais sistemas vitais não estão funcionando perfeitamente.
Os órgãos responsáveis pela manutenção e equilíbrio das funções
fisiológicas entre os sistemas vivos (homeostase) podem oferecer
alguns indícios. Estes são chamados de sinais vitais. A modificação
ou a alteração de um sinal característico nos permite avaliar o
estado geral da vítima e proceder de forma correta na execução
dos primeiros socorros.

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

Leia situação a seguir:

Durante a construção de um edifício, Genival, um operário,


caiu de uma altura de 15 metros sobre um monte de entulho.
Imediatamente, uma equipe de primeiros socorros da empresa
chegou ao local para realizar os procedimentos necessários. O
operário, inconsciente, foi submetido a uma rápida avaliação
preliminar. Sua pele apresentava-se fria, pálida e viscosa. Sua
temperatura era baixa. A pulsação estava lenta, assim como sua
freqüência respiratória. As pupilas também estavam imóveis e
dilatadas. Suspeitava-se de que Genival apresentava hemorragia
e estava entrando em estado de choque. Ele foi coberto e aplicada
respiração artificial até a chegada da ambulância.

Pode-se perceber que, antes da prestação técnica dos primeiros


socorros, a avaliação dos sinais vitais permitiu a identificação do 71
estado geral da vítima. A avaliação e os resultados dos sinais vitais
forneceram informações críticas para a diagnose e o atendimento ao
acidentado, permitindo, conseqüentemente, a implementação das
técnicas de primeiros socorros. O quadro a seguir destaca os sinais
analisados.

Sinais auxiliares ou
Sinais vitais
de apoio

Pulso Pupilas

Respiração Nível de consciência

Temperatura Alterações da pele

Motilidade
Pressão arterial
Sensibilidade

A paralisação de uma função vital, como a do coração, por exemplo,


interrompe a circulação do sangue e pode provocar a morte em um
período de 3 a 5 minutos.

RESERVADO
Alta Competência

4.3. Como localizar e sentir a pulsação de uma pessoa?

Existem pontos no corpo em que algumas grandes artérias estão


próximas à superfície da pele. Se estes pontos são pressionados
levemente, será sentido o coração bombeando o sangue. Chama-se
esse sinal de pulso ou pulsação.

Alguns desses pontos são: o lado externo do pulso (artéria radial),


de cada lado do pescoço (artéria carótida) e a região inguinal
(artéria femoral).

A verificação do pulso é feita posicionando-se os dedos indicador,


médio e anelar sobre a artéria da vítima. Não use o polegar, pois este
apresenta pulsação própria.

Quando a pulsação radial está muito fraca, ela é sentida melhor na


72 região do pescoço (artérias carótidas).

A contração do coração, necessária para o bombeamento do sangue,


se repete com regularidade e se propaga na forma de ondas de
pressão pelas artérias. São exatamente essas ondas regulares que são
sentidas quando palpa-se algum dos pontos mencionados.

O número de contrações durante o período de um minuto é conhecido


como freqüência da pulsação. Entretanto, a freqüência do pulso é
variável com a idade e pode apresentar alteração durante processos
fisiológicos e/ou patológicos (que tenham como origem uma doença).
Os valores considerados normais para a freqüência da pulsação estão
apresentados na tabela a seguir:

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

Freqüência normal do pulso

Período da vida Freqüência média ideal (bpm)


Idoso 60 a 70
Adulto 70 a 80
Criança 100 a 115
Lactente 115 a 130
Recém-nascido 130 a 140
Observação: bpm = batidas por minuto.

Assim, pode-se avaliar que valores abaixo desses parâmetros


caracterizam a freqüência do pulso lenta ou bradisfigmia. Valores
aumentados identificam a freqüência do pulso acelerada ou a
taquisfigmia, enquanto a freqüência irregular do pulso define
uma arritmia.

73
Quando se está em repouso os valores médios da freqüência de pulso
são sempre um pouco mais baixos. Por exemplo: no caso do adulto,
o valor é de 60 a 80 bpm; em criança, de 80 a 100 bpm; e em recém-
nascido, de 100 a 120 bpm.

A freqüência do pulso pode ser alterada por diversas causas, conforme


a tabela a seguir:

Efeito na freqüência da pulsação de causas fisiológicas e patológicas


Causas fisiológicas Causas patológicas Freqüência do pulso

Digestão e exercícios Febre Aumenta


Colapso e doenças
Banho quente Diminui
agudas

4.4. O que é pressão arterial?

É a pressão exercida pela circulação do sangue nas paredes dos


vasos sangüíneos. A pressão arterial é o resultado dos movimentos
de contração do coração e da conseqüente pressão sobre as
paredes dos vasos quando o sangue passa por eles na direção dos
diferentes órgãos.

RESERVADO
Alta Competência

O batimento do coração impulsiona uma quantidade de sangue


através da artéria aorta. Quando este volume de sangue passa
pelas artérias, elas se contraem, como se estivessem empurrando
o sangue para frente. Esta pressão é necessária para que o sangue
consiga chegar a locais mais distantes do coração, como a ponta dos
pés, por exemplo.

Retomemos a situação do operário Genival, analisando a seqüência


do atendimento emergencial.

Já na ambulância, a pressão arterial de Genival foi medida. A


pressão lida como 7 por 5. Os médicos, identificando um quadro
de hipotensão (pressão baixa), tomam as medidas terapêuticas,
adequadas a essa situação.

74 4.5. O que significam os números de uma medida de pressão


arterial?

Normalmente ouvimos falar que a pressão arterial normal é de 12


por 8. Mas o que isso significa?

O primeiro número, ou de maior valor, é chamado de valor sistólico e


corresponde à pressão da artéria, no momento em que o sangue foi
bombeado por uma contração do coração. O segundo número, ou o
de menor valor, é chamado de diastólico e corresponde à pressão na
mesma artéria, no momento em que o coração está relaxado, após
uma contração.

A pressão é aferida em uma unidade de medida conhecida como


milímetros de mercúrio (mmHg). Não existe uma combinação precisa
que traduza uma pressão normal, mas em termos gerais, dizemos que
o valor de 120/80 mmHg é considerado ideal. Esse valor, traduzido
para uma expressão popular, acaba sendo lido como 12 por 8.

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

Variações são comuns em função de diversos tipos de fatores,


incluindo idade, nível de atividade física, estresse, uso de bebidas
estimulantes etc. Leituras de até 140 mmHg para a pressão sistólica e
90 mmHg para a diastólica podem ser aceitas como normais. O local
mais comum para se verificar a pressão arterial é o braço, usando-
se como ponto de ausculta a colocação do estetoscópio na artéria
braquial (do braço).

Variações da pressão arterial (PA) aceitáveis em adultos


PA min. 60 a 80 mmHg
PA máx. 100 a 120 mmHg

A única maneira de saber se uma pessoa está com a pressão


alterada é medi-la através de um equipamento chamado
esfigmomanômetro. A pressão alta é denominada hipertensão e a
pressão baixa é chamada de hipotensão. O uso desse equipamento,
75
no entanto, exige um conhecimento técnico que dificulta seu uso
em atendimento emergencial.

? VOCÊ SABIA?
O milímetro de mercúrio, cujo símbolo é mmHg,
também é denominado de torricelli. Essa é uma
unidade de pressão antiga equivalente a 133,322 Pa.
Torricelli, em 1.643, inventou o barômetro de mercúrio,
que caiu em desuso com o aparecimento de formas
mais eficazes para medição da pressão atmosférica.

4.6. Por que a temperatura é uma avaliação importante?

Os seres humanos são, biologicamente falando, animais


homeotérmicos ou dizendo de uma forma mais popular, animais
de sangue quente. Isso significa dizer que conseguem manter
o controle da temperatura corporal apesar da variação da
temperatura ambiente.

RESERVADO
Alta Competência

Nosso corpo está constantemente tentando manter o equilíbrio


entre ganho e perda de calor pelo organismo. Diversas atividades
consomem energia resultando em perda de calor. Por outro lado
o metabolismo está constantemente consumindo substâncias
energéticas e produzindo calor.

A diferença entre esses dois processos resulta em uma temperatura


corporal média entre 36°C e 37°C. Diversos processos podem gerar
variações de temperaturas em diferentes áreas do nosso corpo, que
podem ser percebidas por uma simples palpação da região.

Alterações no balanço entre a perda e produção de calor corporal


podem ajudar a sinalizar estados físicos alterados. Quando a
temperatura do corpo começa a se elevar, nosso sistema nervoso
toma medidas enérgicas para baixá-la. Impulsos nervosos provocam
a dilatação dos vasos sangüíneos da derme (a segunda camada da
76 pele) e do tecido subcutâneo, permitindo que maior quantidade de
sangue passe a circular junto à pele. Assim, o corpo passa a irradiar
mais calor para o meio e esfria. Ao mesmo tempo, as glândulas
sudoríparas secretam grande quantidade de suor que, ao evaporar,
resfria a pele.

Quando a temperatura cai, o sistema nervoso entra em ação em


sentido contrário, provocando a contração dos vasos sangüíneos
sob a pele. Menos sangue passa a circular na superfície do corpo,
diminuindo, assim, a irradiação de calor. Quando está exposto a
frio intenso, o sistema nervoso coordena contrações involuntárias
da musculatura, provocando tremores igualmente involuntários. O
trabalho muscular que é feito ao tremer produz calor, elevando a
temperatura corporal.

Pode-se perder calor por eliminação de urina, saliva, lágrimas e suor e


pela evaporação através da pele e trocas de fluxo sangüíneo com o meio
ambiente. Entretanto, o organismo sempre mantém a temperatura
corporal estável. Somente em casos especiais a temperatura pode
baixar ou se elevar bruscamente, indicando uma alteração neste
sinal vital. Observe as faixas de variação da temperatura corporal em
função do estado da pessoa na tabela a seguir.

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

Temperatura corporal em função do estado da pessoa

Estado T (°C)
Subnormal 34 - 36
Normal 36 - 37
Estado febril 37 - 38
Febre 38 - 39
Pirexia 39 - 40
Hiperpirexia 40 - 41

O sono, a subnutrição e o período menstrual provocam diminuição


da temperatura corporal, enquanto que a ovulação e o banho quente
aumentam-na. Por outro lado, estados patológicos como hemorragia
e estado de choque provocam a diminuição da temperatura, enquanto
que febre, infecções e hipertensão contribuem para aumentá-la. 77
Utilizando um termômetro de mercúrio ou um termômetro digital
pode-se avaliar a temperatura por três vias diferentes: via oral, via
axilar e via retal. O termômetro de mercúrio deverá ter uma leitura
abaixo de 35ºC antes de ser utilizado.

Na via oral, o termômetro será colocado na posição sublingual


(abaixo, sob a língua) e mantido ali por 3 minutos. A temperatura
média normal varia entre 36°C e 37°C. A verificação da temperatura
oral é desaconselhável em vítimas inconscientes, que fizeram
extração dentária, que tenham inflamação na cavidade oral, além
de crianças.

A via axilar é a mais comumente utilizada e o termômetro é colocado


embaixo da axila seca e mantido ali por 3 a 5 minutos. A temperatura
média varia entre 36°C e 36,8°C. Seu uso é desaconselhável em
pacientes com queimaduras no tórax, furúnculos nas axilas e fratura
dos membros superiores.

A via retal é a mais exata, mas exige um termômetro individual e


que o paciente fique em posição de decúbito lateral com flexão dos
membros inferiores. O termômetro deve ser mantido no local por 3
minutos e a temperatura média normal varia de 36,4°C a 37,2°C.

RESERVADO
Alta Competência

Além de temperatura elevada, entre 38°C e 39°C, a febre vem


acompanhada de diversos sintomas, tais como: inapetência (falta
de apetite), mal-estar, pulso rápido, sudorese, respiração rápida,
hiperemia da pele (avermelhamento, principalmente no rosto),
calafrios e cefaléia (dor de cabeça).

Um dos procedimentos mais comuns para eliminar a febre é a utilização


de banho frio ou cobertas frias em adultos e banho temperado em
crianças. O uso de compressas frias sobre grandes estruturas vasculares
(fronte, axila e virilha) também pode ser um recurso utilizado.

4.7. Como funciona a respiração?

A respiração é normalmente considerada como o movimento de


inspiração e expiração, com entrada e saída de ar dos pulmões,
que ocorre no período de um minuto. Essa definição caracteriza
78 a chamada freqüência respiratória, resultante dos movimentos
respiratórios. A contagem dos movimentos é feita notando-se a
elevação do tórax, quando a vítima for mulher ou do abdômen
quando a vítima é um homem ou criança. A verificação da
freqüência respiratória deve ser realizada em seguida à verificação
da freqüência de pulsação em atendimentos emergenciais.

Por ser uma das funções vitais, a respiração é muito mais importante
para o metabolismo do que apenas as trocas gasosas. As células só
podem produzir energia para a manutenção das suas atividades se
receberem o oxigênio. Portanto, a ausência de oxigênio impede a
produção de energia pelas células. Assim, uma parada respiratória
poderá provocar a morte se não for rapidamente restabelecida,
devido à interrupção do metabolismo celular. Da mesma forma,
a parada respiratória provoca o aumento da concentração de
gás carbônico, proveniente do metabolismo celular, que deixa
de ser eliminado, acumulando no sangue e produzindo outros
transtornos orgânicos.

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

O ar atmosférico contendo oxigênio é conduzido das vias aéreas


superiores até os pulmões. Essa etapa é denominada inspiração.
O caminho inverso, realizado pelo ar alveolar (com alto teor
de gás carbônico), acontece quando ocorre o relaxamento da
musculatura respiratória. Nesse estágio − a expiração − o ar é
eliminado dos pulmões.

O processo químico que consiste na troca gasosa que ocorre nos


alvéolos pulmonares entre o ar e o sangue denomina-se hematose.
O oxigênio penetra no sangue e se liga às moléculas de hemoglobina
presentes nos glóbulos vermelhos (hemácias), sendo transportado
para as células. De modo análogo, o gás carbônico, produzido nas
células durante a respiração celular, se liga à hemoglobina e é
transportado para os alvéolos, sendo eliminado na expiração.

Assim como a pulsação, a freqüência respiratória varia com a idade ou


pode estar alterada devido a processos fisiológicos e/ou patológicos. 79
Observe os valores médios a seguir:

Freqüência respiratória por faixa de idade

Idade Valor médio (MRPM)


Idosos 14 a 18
Adultos 16 a 20
Crianças 20 a 26
Lactentes 40 a 60

Observação: MRPM = movimentos respiratórios por minuto.

Os movimentos respiratórios podem ser classificados como:

• Eupnéia - movimentos respiratórios normais;

• Dispnéia - dificuldade dos movimentos respiratórios;

• Bradpnéia - movimentos respiratórios reduzidos;

• Taquipnéia - movimentos respiratórios acelerados.

RESERVADO
Alta Competência

O aumento dos movimentos respiratórios pode estar associado a


emoções, exercícios, banho frio (fisiológicas) e a doenças nervosas,
cardíacas e coma diabético (patológicas). Já a diminuição da freqüência
respiratória pode estar relacionada ao sono (fisiológica) e ao uso de
drogas depressoras (patológica).

4.7.1. Composição do ar atmosférico e do ar alveolar

O corpo humano aproveita apenas uma pequena porção do ar que


respiramos. Isso acontece porque grande parte do ar atmosférico é
composto por nitrogênio − um gás inerte. Observe que o oxigênio
representa apenas 21% da composição do ar respirado (atmosférico)
e que somente um quinto dessa porcentagem é retido no sangue.
A tabela a seguir mostra a composição média dos gases presentes
no ar atmosférico (que entra nos pulmões) e do ar alveolar (que é
eliminado dos alvéolos pulmonares).
80
Gases Ar atmosférico Ar expirado
Oxigênio 21% 16%
Nitrogênio 78% 78%
Gás carbônico 0,03% 4,00%

O ar alveolar é expirado contendo ainda uma razoável concentração


de oxigênio, juntamente com todo nitrogênio e os demais gases.
A porcentagem do gás carbônico eliminado é maior pelo fato de
haver produção de gás carbônico pelo metabolismo celular.

4.7.2. Que sinais podem ajudar a avaliar lesões no sistema nervoso?

Ninguém consegue prender a respiração por mais de alguns minutos.


Isso porque o controle da respiração depende de mecanismos
involuntários, comandados por um centro respiratório, que faz parte
do sistema nervoso.

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

? VOCÊ SABIA?
Mal-das-montanhas

Anóxia significa falta de oxigênio. Ocorre quando


as células do organismo não recebem quantidade
suficiente de oxigênio. Pode ter várias causas,
como, por exemplo, o mal-das-montanhas. Este mal
pode manifestar-se em alpinistas ou pessoas que
se deslocam para grandes altitudes. Caracteriza-se
por vertigens, dores de cabeça, cansaço, aumento
do ritmo respiratório e, às vezes, palpitações. São
também comuns manifestações emocionais de
riso ou choro. Tudo isso ocorre porque acima de
três mil metros o ar é rarefeito e a quantidade de
oxigênio diminui muito. Assim, nosso organismo
passa a receber menos suprimento deste gás. Após 81
algumas semanas estes sintomas desaparecem, pois
as pessoas passam a se adaptar à menor quantidade
de oxigênio, aproveitando todo oxigênio que entra
nos pulmões.

• Sinais de apoio

Como se pôde observar na situação problema do Genival, alguns


sinais auxiliares, como o aspecto da pele, a verificação das pupilas
e a verificação da consciência, foram avaliados. Embora não sejam
considerados sinais vitais, são sinais que auxiliam ou apóiam um
diagnóstico.

Vamos ver a seguir como se pode definir melhor os problemas do


acidentado fazendo uso de sinais auxiliares.

RESERVADO
Alta Competência

• Pupilas

A íris e a pupila formam um complexo funcional que age eliminando


parte da luz, originando um feixe incidente preciso sobre a retina.
A íris possui dois músculos que têm a função de constrição e
dilatação. O diâmetro normal da pupila é de 3 - 4 mm e pode
variar de acordo com a influência de uma série de estímulos que
repercutem sobre o sistema nervoso simpático – dilatação – e sobre
o parassimpático – contração. A pupila exposta à luz se contrai
(miose) e no escuro dilata-se (midríase).

As alterações das pupilas podem ocorrer por:

• Traumatismo craniano com hemorragia cerebral (anisocoria –


diferença de diâmetro entre duas pupilas);

82 • Intoxicação por ópio, coma urêmico (queda de teor de sais


minerais), envenenamento (miose);

• Diminuição de gás carbônico (CO2) circulante no sangue, parada


cardíaca ou morte (midríase).

• Aspecto da pele

A cor e a umidade da pele devem ser observadas na face e nas


extremidades dos membros, pois, por estarem mais afastadas do
coração, as alterações manifestam-se primeiro nesses locais.

Alterações quanto ao aspecto da pele podem ocorrer por diversas


causas fisiológicas e patológicas, tais como:

• Cianose (pele arroxeada): coloração azulada da pele, principalmente


nos lábios, nos dedos e no pavilhão auricular (orelha). Isto acontece
devido à insuficiência de oxigênio;

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

• Palidez cutânea: ocorre devido à vasoconstricção periférica nos


estados de necessidade de aporte sangüíneo às porções mais nobres
do organismo ou para a manutenção da temperatura corporal.
Hemorragias, parada cardiorrespiratória e exposição ao frio são
causas de palidez cutânea;

• Pele fria e viscosa: é encontrada nos casos de estado de choque.

• Nível de consciência

Caracteriza-se pela observação do estado da vítima. Uma pessoa pode


estar inconsciente por desmaio, síncope (estado de inconsciência
provocado por que­da de pressão arterial), estado de choque, estado
de coma, convulsões, intoxica­ção por drogas e morte. Uma pessoa
pode estar consciente, porém desorientada no tempo e no espaço
devido a um violento choque emocional ou traumático.
83
• Motilidade

Relembrando a situação problema do caso do Genival...

No hospital por 48 horas e não correndo mais risco de vida, Genival


não conseguia movimentar nem sentir as pernas, o que era motivo
de preocupação da equipe médica. Um time de especialistas em
neurologia, ortopedia e fisioterapia passou a assisti-lo.

Quando uma pessoa consciente não consegue realizar um


determinado movimento, caracteriza-se uma paralisia. A paralisação
de um dos lados do corpo é forte indicação de um acidente vascular
cerebral (AVC).

O sistema nervoso periférico é constituído de nervos que saem de


vários locais da medula e são distribuídos pelo corpo. Esses nervos
são responsáveis pelo controle dos órgãos dos sentidos (olfato, visão,
audição etc.) e dos músculos. A medula espinhal é um tubo nervoso
de aproximadamente 45 cm de comprimento, situado dentro da
coluna vertebral.

RESERVADO
Alta Competência

A incapacidade de mover um membro superior pode ser indicativo de


lesão medular espinhal na região cervical (pescoço). Já a incapacidade
de mover os membros inferiores, enquanto que os superiores parecem
normais, como o caso de Genival, indica uma lesão medular torácica
ou lombar.

Havendo uma lesão medular completa, o acidentado apresentará


paralisia abaixo do nível da lesão, que se caracterizará como
permanente. Quando a lesão medular ocorre por compressão da
medula, a paralisia vai ocorrer de forma gradual.

Existem diferentes níveis de paralisia. Assim, elas podem ser


classificadas como:

Terminologia Caracterização
Paralisia que abrange uma metade do corpo e é devida, geralmente, a
84 Hemiplegia
lesões de apenas um dos hemisférios cerebrais.
Diplegia Paralisia de ambos os hemisférios cerebrais.
Paralisia do tronco e dos membros, com integridade das funções dos
Tetraplegia
nervos cranianos.
Paraplegia Paralisia que afeta apenas os membros inferiores.
Monoplegia Paralisia que afeta somente um membro.

• Sensibilidade

A reação com resposta verbal ou movimento corporal ao estímulo


físico doloroso é uma reação normal. As alterações nestas reações
podem resultar da perda de sensibilidade após uma lesão ou
doença. Normalmente, a perda do movimento voluntário de uma
área lesada é acompanhada de perda de sensibilidade nestes locais.
Ocasionalmente, o movimento é mantido e a vítima se queixa da
perda de sensibilidade ou dormência nas extremidades.

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

4.8. Exercícios

1) Assinale os sinais vitais que devem ser observados em um atendi-


mento de emergência:

( ) Língua branca

( ) Movimentos respiratórios

( ) Hematoma

( ) Pressão arterial

( ) Cianose de extremidade

( ) Palidez cutânea

( ) Pulso carotídeo

( ) Temperatura corpórea
85
2) Assinale V se afirmativa for verdadeira ou F se for falsa:

( ) Na verificação do pulso, o mais correto é usar o dedo


polegar.
( ) Na verificação do pulso, devemos usar os dedos indicador,
médio e anular sobre a artéria da vítima.

( ) Na avaliação da pressão arterial de uma vítima, foi


constatado PA = 80 x 40 mmHg. O 80 corresponde à pressão
sistólica e o 40 à pressão diastólica.

( ) Uma vítima com PA = 80 x 40 mmHg que esteja perdendo


sangue, certamente está desenvolvendo hipertensão
arterial.

RESERVADO
Alta Competência

3) Correlacione os sintomas da coluna da esquerda com as suas carac-


terísticas na coluna da direita:
( 1 ) Hipotermia/temperatura ( ) Temperatura do corpo
subnormal com extremidades frias
( 2 ) Vasoconstricção ( ) Dificuldade nos movi-
mentos respiratórios
( 3 ) Dispnéia ( ) Pele úmida e pálida

4) A partir do caso apresentado abaixo, responda à pergunta:

Um técnico de operação sofreu uma queda de uma torre de 6 me-


tros de altura. No momento do atendimento pela equipe de primei-
ros socorros, apresentava sangramento nasal, um corte profundo
no couro cabeludo e permanecia desacordado respondendo com
dificuldade aos estímulos.

Quais os sinais vitais que, de imediato, devem ser pesquisados pelos


86 socorristas?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

4.9. Glossário
Anisocoria - condição que se caracteriza pela diferença no tamanho (diâmetro)
das pupilas.

Arritmia - são distúrbios caracterizados pela manifestação de alterações no ritmo


dos batimentos cardíacos.

AVC - Acidente Vascular Cerebral.

Bradisfigmia - pulso lento e fraco.

Cianose - caracteriza-se pela coloração azul-arroxeada da pele e membranas


mucosas devido a uma inadequada oxigenação dos órgãos e tecidos.

Coma urêmico - queda do teor de sais minerais.

Diagnose - conhecimento ou determinação duma doença pelo(s) sintoma(s), sinal


ou sinais e/ou mediante exames diversos.

Diastólico - valor da pressão arterial que corresponde à pressão da artéria, no


87
momento em que o coração está relaxado, após uma contração.

Esfigmomanômetro - instrumento utilizado para mensuração da pressão arterial.

Glândula sudorípara - glândula que produz e elimina o suor, regulando, assim, a


temperatura do corpo e eliminando substâncias tóxicas.

Hiperemia - vermelhidão observada na pele proveniente da dilatação de uma


vasodilatação.

Hiperpirexia - febre muito alta, acima de 40º.

Hipertensão - termo usado para designar a pressão alta, acima de 140/90 mmHg
ou superior.

Hipotensão - termo usado para designar a pressão baixa, acima de 105/60 mmHg
ou superior.

Homeostase - manutenção do meio interno constante.

Homeotérmico - ser capaze de manter a temperatura corporal mais ou menos


constante apesar da temperatura ambiente.

Midríase - dilatação da pupila.

Miose - contração da pupila.

Motilidade - movimento de qualquer órgão muscular.

RESERVADO
Alta Competência

Pirexia - febre.

Ponto de ausculta - ponto onde é feita a sondagem, medição, verificação.

Sistema nervoso parassimpático - conjunto de nervos que tem uma ação


inibitória em relação à atividade dos órgãos, levando o organismo a um estado de
relaxamento.

Sistema nervoso simpático - conjunto de nervos que tem uma ação estimuladora
sobre os órgãos, colocando o organismo em estado de prontidão e alerta em
situações de estresse.

Sistólico - valor da pressão arterial que corresponde à pressão da artéria no


momento em que o sangue foi bombeado por uma contração no coração.

Sudorese - mecanismo fisiológico, produção e eliminação de suor pelas glândulas


sudoríparas.

Taquisfigmia - aumento do número de pulsações.

Vasoconstricção - é proveniente contração de vasos produzindo uma diminuição


88 de chegada de sangue a uma parte do organismo. No caso da pele, iremos observar
uma palidez.

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

4.10. Bibliografia
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support. Chicago, 1997.

CANETTI, Marcelo Domingues. Protocolos Médicos Avançados de Atendimento


Pré-Hospitalar do GSE/CBMERJ. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

Manual para Técnicos de Emergências Médicas. GSBE- RJ. Rio de Janeiro: 2006.

NÚBIO. Núcleo de Biossegurança. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros Socorros, 2003.

SANTOS, Raimundo Rodrigues. Protocolos Médicos de Atendimento Pré-Hospitalar.


Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

89

RESERVADO
Alta Competência

4.11. Gabarito
1) Assinale os sinais vitais que devem ser observados em um atendimento de
emergência:

( ) Língua branca

( X ) Movimentos respiratórios

( ) Hematoma

( X ) Pressão arterial

( ) Cianose de extremidade

( ) Palidez cutânea

( X ) Pulso carotídeo

( X ) Temperatura corpórea

2) Assinale V se afirmativa for verdadeira ou F se for falsa:

(F) Na verificação do pulso, o mais correto é usar o dedo polegar.


90
Justificativa: não devemos usar o polegar, pois este apresenta pulsação
própria. A verificação do pulso adequada é feita posicionando-se os dedos
indicador, médio e anelar sobre a artéria da vítima.

( V ) Na verificação do pulso, devemos usar os dedos indicador, médio e anular


sobre a artéria da vítima.
( V ) Na avaliação da pressão arterial de uma vítima, foi constatado PA = 80 x 40
mmHg. O 80 corresponde à pressão sistólica e o 40 à pressão diastólica.

(F) Uma vítima com PA = 80 x 40 mmHg que esteja perdendo sangue, certa-
mente está desenvolvendo hipertensão arterial.
Justificativa: uma vítima com hemorragia desenvolve mais freqüentemen-
te hipotensão (pressão baixa).

3) Correlacione os sintomas da coluna da esquerda com as suas características na


coluna da direita:

(1) Hipotermia/temperatura (1) Temperatura do corpo com extre-


subnormal midades frias
(2) Vasoconstricção (3) Dificuldade nos movimentos respi-
ratórios
(3) Dispnéia (2) Pele úmida e pálida

RESERVADO
Capítulo 4. Interpretando os sinais vitais

4) A partir do caso apresentado abaixo, responda à pergunta:

Um técnico de operação sofreu uma queda de uma torre de 6 metros de altura.


No momento do atendimento pela equipe de primeiros socorros, apresentava
sangramento nasal, um corte profundo no couro cabeludo e permanecia
desacordado respondendo com dificuldade aos estímulos.

Quais os sinais vitais que, de imediato, devem ser pesquisados pelos socorristas?

Devem ser observados: pressão arterial, pulso carotídeo, movimentos respiratórios


e temperatura corpórea.

91

RESERVADO
RESERVADO
Capítulo 5
Prefácio

Reanimação
cardiorrespiratória

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Identificar as medidas de primeiros socorros para


desobstrução das vias aéreas;
• Identificar a importância e a indicação dos métodos de
reanimação cardiorrespiratória;
• Identificar os diversos fatores que influenciam os efeitos
fisiológicos em situações de choque elétrico e as condutas
adequadas no atendimento desse tipo de acidente.

RESERVADO
Alta Competência

94

RESERVADO
Capítulo 5. Reanimação cardiorrespiratória

5. Reanimação cardiorrespiratória

O
crescimento e manutenção de todas as nossas células são
provenientes da adequada absorção de nutrientes e oxigênio.
O organismo desenvolveu um sistema para transportar
rapidamente estes nutrientes e o oxigênio a todas as células: o sistema
circulatório. Ele é constituído de milhares de “tubos”, denominados
vasos sangüíneos, que formam uma rede que, por sua vez, se
comunica com os tecidos. Por dentro desta rede circula o sangue
que transporta material nutritivo proveniente da nossa digestão.
Igualmente, o oxigênio que é incorporado ao sangue vem dos nossos
pulmões, durante o mecanismo físico da respiração.

Nos mamíferos, o sistema circulatório é um sistema fechado,


porque o sangue corre no interior de vasos, sem contato
com o ambiente externo dos tecidos. Para que o sangue seja
impulsionado a todas as partes do corpo, o coração necessita
95
bombear intermitentemente este sangue, através de movimentos
musculares de contração e relaxamento.

Em conjunto com o sistema circulatório, o sistema respiratório se


integra para levar oxigênio ao sangue e este às células. O oxigênio
é obtido pela respiração, através dos pulmões. O gás carbônico
resultante das oxidações celulares para obtenção de energia, por
sua vez, deve ser eliminado do organismo. Isso ocorre da seguinte
maneira: o sangue transporta este gás até os alvéolos, onde é, então,
liberado para os pulmões e eliminado pela expiração.

Pulmão

Coração

Órgãos

Integração dos sistemas


circulatório e respiratório

RESERVADO
Alta Competência

Sabendo disso, fica fácil entender porque a parada cardíaca e/ou


respiratória leva à morte das células e do organismo em poucos
minutos. Além disso, a paralisação de uma das funções fatalmente
provocará a paralisação da outra. A realização imediata e adequada
das técnicas de reanimação cardiorrespiratória é essencial para a
manutenção da vida da vítima.

5.1. Como verificar a respiração?

Para verificar a respiração, deve-se aproximar o rosto da vítima,


observar o peito dela (verifique se sobe ou desce), sentir o fluxo de
ar saindo pelo nariz ou boca, ouvir os sons da respiração. Se a vítima
não apresentar algum movimento respiratório, e, ainda, se os
lábios, a língua e as unhas ficarem azulados, isso caracteriza uma
parada respiratória.

96 Durante a ausência de respiração (apnéia), a obstrução das vias aéreas


pode ser reconhecida também pela dificuldade de insuflar os pulmões
ao se tentar ventilar a vítima.

Uma obstrução parcial é reconhecida pelo fluxo aéreo barulhento,


como um chiado ou assovio. Esta é uma situação que pode ser causada
por obstrução das vias aéreas ou por algum problema cerebral e o
retorno imediato desta função deve ser realizado, caso contrário a
vítima morrerá em poucos minutos por falta de oxigenação.

As obstruções das vias aéreas superiores ocorrem, geralmente, na


faringe e são produzidas pela base da língua, em vítimas inconscientes,
e pela presença de corpos estranhos (prótese dentária, moedas,
pedaços grandes de alimentos, espinhas de peixe, ossos de ave e
sangue, por exemplo). Existe ainda o perigo de a vítima fazer uma
broncoaspiração destas substâncias para os pulmões.

? VOCÊ SABIA?
Uma parada cardíaca normalmente acaba gerando uma
parada respiratória e vice-versa. Por isso mesmo, em geral
adota-se a denominação parada cardiorrespiratória.

RESERVADO
Capítulo 5. Reanimação cardiorrespiratória

5.2. Como desobstruir as vias aéreas?

O método aplicado para desobstrução das vias aéreas pode variar de


acordo com a gravidade e a causa da obstrução. Entretanto, como
regra geral, as medidas devem ser aplicadas em uma seqüência de
técnicas, até que a via aérea esteja devidamente desobstruída.

a) Limpeza manual: quando se suspeitar de aspiração de corpos


estranhos, deve ser introduzido um ou dois dedos na boca e verificado
se há objetos que possam estar causando a obstrução e remova-os.
Esta remoção pode ser facilitada passando os dedos pela bochecha
e voltando pelo céu da boca. Esse procedimento é conhecido como
varredura digital.

97

Limpeza manual

b) Tapotagem: este método consiste em uma série de pancadas fortes


aplicada no dorso da vítima em sucessão rápida. As pancadas devem
ser aplicadas com a mão em concha entre as escápulas da vítima.

Tapotagem

RESERVADO
Alta Competência

c) Compressão abdominal: o socorrista se posiciona atrás da vítima e


passa seus braços ao seu redor, segurando seu punho e, com a outra
mão, pressiona o abdome. Também pode ser feito com a vítima em
decúbito dorsal.

Compressão abdominal

98 d) Compressão torácica: quando o abdome da vítima é volumoso ou


apresenta traumatismo abdominal e quando se trata de gestante, o
socorrista passa as mãos abaixo dos braços da vítima, circulando a
parte inferior do tórax, pressionando-o com o punho em um rápido
empurrão para trás. Também pode ser feita com a vítima deitada.

5.3. E se a vítima ainda não estiver respirando?

Uma parada respiratória pode ter como causas:

• Queda da língua por inconsciência;

• Espasmo da laringe;

• Obstrução das vias aéreas;

• Choque elétrico;

• Traumatismo de crânio com lesões dos centros respiratórios;

• Pneumotórax bilateral (entrada ou saída de ar ou gás nos dois


pulmões).

RESERVADO
Capítulo 5. Reanimação cardiorrespiratória

Leia o trecho a seguir extraído de uma notícia de jornal:

Fim de semana de mar forte e praia cheia teve


vários afogamentos. Os salva-vidas tiveram muito
trabalho neste fim de semana. Férias, sol e calor
são sinônimos de praia lotada. O mar, entretanto,
estava agitado e muitos banhistas não respeitavam
as placas colocadas na areia, com avisos para não se
afastarem demais. Em Copacabana, um rapaz de 16
anos foi resgatado do mar por outros banhistas, com
parada respiratória, e foi salvo graças à respiração
boca-a-boca aplicada pelo salva-vidas.
(Petrobras – Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros
Socorros, 2003).

Quando o trabalho respiratório está ausente, deve-se lançar mão


99
do método de respiração como apoio ventilatório. A manobra de
ventilação artificial de emergência sem equipamentos revela-se muito
eficaz e nunca deve ser retardada por tentativas de encontrar e aplicar
acessórios. A respiração artificial por ar exalado (boca-a-boca) está
sempre ao nosso alcance.

5.3.1. Procedimentos básicos para a respiração boca-a-boca

• Afrouxar a roupa e remover próteses dentárias;

• Estando a vítima inconsciente, colocá-la em decúbito dorsal,


de preferência em uma superfície resistente e lisa, com a cabeça
em posição mediana;

• Inclinar sua cabeça com elevação do queixo e mandíbula;

• Tampar as narinas com o indicador e o polegar, estendendo a


cabeça da vítima para trás;

• Encher bem seus pulmões de ar;

RESERVADO
Alta Competência

• Colocar sua boca sobre a da vítima, sem deixar frestas e soprar


com força;

• Encontrando uma obstrução, fechar a boca da vítima e soprar


dentro do nariz;

• Não dando resultado, soprar fortemente na boca da vítima, até


notar seu tórax se elevar;

• Retirar sua boca, destampar as narinas da vítima e observar o


esvaziamento dos pulmões, enquanto você inspira novamente;

• Aplicar três a cinco insuflações pulmonares rápidas e profundas.

5.4. Como verificar se o coração está batendo?


100
Nestes casos, deve-se verificar o pulso carotídeo. Para isso, devem ser
colocados os dedos indicador e médio bem no meio do pescoço da
vítima. Deslizando os dedos para o lado e deve ser do vão entre a
traquéia e o músculo do pescoço onde será sentido o pulso. Se tiver
pulso, continuar uma insuflação a cada 5 segundos, procurando
manter uma freqüência média de 16 a 20 sopros por minuto.

No caso de criança, deve-se envolver a boca e o nariz da vítima com sua


boca, introduzindo pouco ar, com muito cuidado, no pulmão dela. O ritmo
de insuflação em criança deve ser uma vez a cada 3 segundos.

Verificando o pulso carotídeo

RESERVADO
Capítulo 5. Reanimação cardiorrespiratória

5.4.1. Como proceder quando a vítima não apresenta pulsação?

Os casos de parada do coração exigem ação imediata. Se os


batimentos cardíacos não são percebidos, se o pulso não é
encontrado e a vítima apresenta ainda palidez, cianose (coloração
azulada da pele) e pupilas dilatadas sem reação à luz, há fortes
indícios de parada cardiorrespiratória. O desenvolvimento das
massagens cardíacas externas, além do controle das vias aéreas,
tornou possível, para qualquer pessoa treinada, iniciar uma
inversão de morte clínica à vítima, até mesmo fora do hospital.

Localizando o coração

O coração ocupa a maior parte do espaço entre o osso esterno e a


coluna vertebral. A circulação artificial é produzida mais facilmente
por compressões cardíacas externas, comprimindo o coração entre
o esterno e a coluna. Com isso, o sangue é forçado para fora do 101
ventrículo esquerdo e penetra no corpo, inclusive no músculo
cardíaco e cérebro, sendo forçado, simultaneamente, do ventrículo
direito para dentro dos pulmões, onde é oxigenado.

Ao descomprimir o esterno, a elasticidade da parede torácica expande


o tórax e o coração se enche de sangue novamente.

Como fazer:

• Posicione-se de um dos lados da vítima;

• Coloque suas mãos sobrepostas na metade inferior do esterno.


Os dedos devem ficar abertos e não tocar a parede do tórax;

• Faça, a seguir, uma pressão, com bastante vigor, empurrando o


esterno para baixo, de modo a comprimir o coração de encontro
à coluna vertebral;

• Descomprimir em seguida;

RESERVADO
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• Repita a manobra quantas vezes forem necessárias (cerca de 60


por minuto);

• Não interrompa nunca as compressões.

O procedimento é diferente para adultos e crianças. No caso de adultos,


deve ser aplicada a compressão utilizando todo o peso do corpo e não
apenas os músculos do braço, evitando a fadiga. Nas crianças pequenas,
o esterno deve ser comprimido apenas com uma das mãos, e nos bebês
apenas com as pontas dos dedos indicador e médio, a fim de que não
ocorram fraturas ósseas.

É importante que o socorrista seja bem treinado, a fim de evitar


complicações decorrentes de uma compressão mal realizada, tais
como fratura do esterno e costela, e possível perfuração de algum
órgão (principalmente pulmões) por osso das costelas.
102
A compressão cardíaca externa não produz uma boa ventilação e,
caso se verifique parada respiratória, deve ser sempre acompanhada
por ventilação artificial.

Os acidentes e fatores que podem causar parada cardiorrespiratória


são diversos, entretanto, as causas mais comuns são:

• Isquemia (supressão da circulação sangüínea) cardíaca;

• Choque elétrico;

• Envenenamentos;

• Afogamentos;

• Infarto agudo do miocárdio;

• Uso excessivo de drogas (overdose);

• Engasgamentos.

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Capítulo 5. Reanimação cardiorrespiratória

Leia a situação problema a seguir:

Jorge estava viajando em um ônibus a caminho do trabalho,


quando um passageiro, ao descer, escorregou, caiu e bateu
violentamente com a cabeça no meio-fio e ficou inconsciente.
Como Jorge havia feito um treinamento de primeiros
socorros, imediatamente foi assistir à vítima, constatando
parada cardiorrespiratória. Imediatamente, enquanto outras
pessoas abriam espaço, Jorge, sozinho, iniciou uma técnica de
ressuscitação cardiopulmonar.

Se o socorrista estiver sozinho, ele deve fazer duas insuflações


pulmonares (sopro) para cada 15 compressões cardíacas externas,
obtendo uma média de 60 compressões por minuto. São 2 ventilações
para 15 massagens, para 1 ou 2 socorristas. As 15 massagens devem
ser executadas em 10 segundos. 103

5.5. Choque elétrico

A energia elétrica apresenta grande diversidade de uso em nosso


dia-a-dia. Por ser dificilmente detectável por nossos sentidos,
qualquer pessoa menos avisada poderá vir a ser vítima de um
acidente envolvendo energia elétrica.

Analise a situação descrita na reportagem a seguir:

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Alta Competência

Estado de choque: Menino sobrevive a 68 mil volts

Dizer que alguém nasceu de novo, ao sobreviver a


uma situação limite entre a vida e a morte, é uma
expressão batida. Mas não há outra, para definir
o que aconteceu no sábado, 17, com o menino
paulista Thiago Santos, de 13 anos.

Thiago entrou em uma Estação Transformadora


de Distribuição da Eletropaulo Metropolitana para
apanhar sua pipa que ali havia caído. Ao subir em uma
das antenas, o garoto recebeu uma descarga elétrica
de 68 mil volts (um condenado à morte na cadeira
elétrica recebe um choque de 2.300 volts). Thiago
sofreu parada cardíaca e teve 80% do corpo queimado.
Está consciente e nenhum órgão foi afetado. O pai do
104
menino, Francisco de Almeida Cunha Júnior, considera
que foi um milagre.
(Revista ISTO É, n.º 1556 – 28 de julho de 1999).

Diversos são os fatores que influenciam na gravidade do choque elétrico:

• Trajeto da corrente elétrica;

• Intensidade da corrente elétrica;

• Tempo de contato com a corrente elétrica.

O trajeto da corrente elétrica no corpo humano tem grande


influência na gravidade do choque elétrico. O corpo humano
funciona como um condutor de eletricidade. Uma corrente de
intensidade elevada, que circule de uma perna para outra, pode
resultar só em queimaduras locais, sem outras lesões mais sérias.
No entanto, se esta mesma intensidade de corrente circular de
um braço para outro da vítima, poderá, ao atravessar o coração,
provocar fibrilação, parada cardíaca ou mesmo uma paralisia da
musculatura respiratória (parada respiratória).

RESERVADO
Capítulo 5. Reanimação cardiorrespiratória

A porcentagem de corrente elétrica que passará pelo coração em


relação à corrente que está atravessando o corpo todo pode ser
indicada pelas ilustrações abaixo:

Percentual de energia elétrica que passará pelo coração em caso de


choque elétrico

Mão direita –
105
Cabeça – Pé direito: 9,7% Pé direito – Pé esquerdo: 0%
Mão esquerda: 2,9%

Mão direita – Pé esquerdo: 7,9% Cabeça – Mão esquerda: 1,8%

Outro fator muito importante para determinar a gravidade do choque


elétrico é a intensidade da corrente que circulará pelo corpo.

110 volts – intensidade da corrente, quando tomamos um choque na


tomada.

2.300 volts – cadeira elétrica usada em alguns sistemas de condenação


à morte.

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Alta Competência

O tempo de contato com a corrente é outro fator determinante


na gravidade dos acidentes causados pela corrente elétrica.
Determinadas intensidades de corrente, circulando pelo corpo,
produzem contrações musculares que levam à asfixia e fibrilação
ventricular. Estima-se em 2 minutos de contato para que as
contrações musculares levem à asfixia e 0,25 segundos para produzir
fibrilação do coração.

Temporal derruba árvore e causa mais uma morte

O vendedor de medicamentos Agostinho de Araújo


Ramos, de 53 anos, morreu após sofrer uma descarga
elétrica e ficar desacordado na Rua do Catete, durante
um temporal. Os fios da rede elétrica estavam soltos na
calçada. A comerciante Fátima R. Rocha contou que,
na noite anterior, várias pessoas tomaram choque no
106 mesmo lugar onde Ramos morreu. A causa da morte
de Ramos, segundo o IML, consta que ele morreu de
“broncoaspiração”, sufocação direta por obstrução das
vias aéreas superiores.
(Jornal O Globo, 18 março, 1997).

A passagem da corrente elétrica percorrendo o corpo pode desencadear


efeitos diretos e indiretos.

Principais efeitos fisiológicos do choque elétrico:

• Paralisia da musculatura respiratória, levando à asfixia e morte


da vítima antes de quatro minutos;

• Fibrilação cardíaca com ausência de circulação do sangue nos


tecidos, o que ocasiona falta de oxigenação, provocando a morte
antes de 4 minutos. O cérebro, o coração e os rins são os órgãos
mais afetados;

RESERVADO
Capítulo 5. Reanimação cardiorrespiratória

• Queimaduras eletrotérmicas ocasionadas pelo calor desprendido


pela passagem de corrente elétrica. As queimaduras elétricas
são diferentes dos outros tipos de queimadura, por serem
profundas, causando destruição da pele e de tecidos profundos.
Geralmente são indolores devido à destruição das terminações
nervosas e sua regeneração é muito lenta;

• Queimaduras térmicas pelo desprendimento de calor durante


a passagem da corrente;

• Conjuntivite, irritação das conjuntivas oculares pela liberação


de radiação ultravioleta durante o fluxo da corrente;

• Quedas, batidas, fraturas, ferimentos e outros.

Os choques elétricos são uma das principais causas de parada


cardiorrespiratória nos locais de trabalho. Portanto, os primeiros 107
socorros devem ser prestados nos primeiros 4 minutos após o
acidente, para que exista uma chance de sobrevida e recuperação
do acidentado.

Como socorrer uma vítima de choque elétrico:

• Antes de tocar na vítima, o socorrista deve verificar se ela ainda


está em contato com a corrente elétrica. Em caso afirmativo,
o socorrista deverá desligar imediatamente a eletricidade. Se
não for possível, deve-se interromper o contato da vítima com a
corrente utilizando material não condutor seco (pedaço de pau,
borracha ou pano grosso). Nunca se deve usar objeto metálico
ou úmido;

• Se as roupas da vítima estiverem em chamas, deve-se deitá-la


no chão e cobrí-la com um tecido bem grosso, para apagar o
fogo ou fazê-la rolar no chão;

• Devem-se localizar as partes do corpo comprometidas. Em seguida


resfriar os locais afetados somente com água fria abundante ou
panos molhados. O socorrista não deve aplicar manteiga, gelo,
pomada ou pasta de dente nos ferimentos;

RESERVADO
Alta Competência

• Deve-se verificar rapidamente se a vítima apresenta parada


cardiorrespiratória, avaliando seus sinais vitais: pulso, respiração,
aspectos da pele e pupilas. Nesses casos, deve-se deitar a vítima
de costas no chão, abrir sua boca, puxar a língua, removendo
próteses, desobstruindo as vias aéreas;

• Devem-se aplicar as técnicas de respiração artificial e


ressuscitação cardiopulmonar.

108

RESERVADO
Capítulo 5. Reanimação cardiorrespiratória

5.6. Exercícios

1) Correlacione as colunas abaixo de acordo com os métodos de de-


sobstrução de vias aéreas:
( 1 ) Limpeza ( ) Quando se suspeitar de aspiração de
manual corpos estranhos, introduzindo um
ou dois dedos na boca. Esta remoção
pode ser facilitada passando os dedos
pela bochecha e voltando pelo céu da
boca. Esse procedimento é conhecido
como varredura digital.

( 2 ) Tapotagem ( ) Quando a vítima tiver um abdome


volumoso, é gestante ou tem
traumatismo abdominal. O socorrista
passa as mãos abaixo dos braços da 109
vítima, circulando a parte inferior do
tórax, pressionando-o com o punho em
um rápido empurrão para trás. Também
pode ser feita com a vítima deitada.

( 3 ) Compressão ( ) O socorrista se posiciona atrás da


abdominal vítima e passa seus braços ao seu
redor, segurando seu punho e, com a
outra mão, pressionando o abdome.
Também pode ser feito com a vítima
em decúbito dorsal.
( 4 ) Compressão ( ) Este método consiste em dar uma série
torácica de pancadas fortes no dorso da vítima
em sucessão rápida. As pancadas devem
ser aplicadas com a mão em concha
entre as escápulas da vítima.

RESERVADO
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2) Assinale V se afirmativa for verdadeira ou F se for falsa:

( ) Uma pessoa sem batimentos cardíacos, sem pulso, pálida e


ainda com as pupilas dilatadas não deve ser diagnosticada com
indícios de uma parada cardiorrespiratória.

( ) As compressões cardíacas devem ser feitas por pessoas


devidamente treinadas, que saibam posicionar-se ao lado
da vítima, colocar as mão sobrepostas na metade inferior do
esterno, fazer a pressão com vigor empurrando o esterno para
baixo, descomprimindo em seguida, sem interrupções.
( ) O procedimento cardíaco é o mesmo para crianças e adultos.

( ) Para verificar se a pessoa está respirando, deve-se apenas


checar os sons da respiração.

3) Indique cinco efeitos fisiológicos que podem ser provocados pelos


choques elétricos.
110
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

4) Complete as lacunas de acordo com o estudo de choques elétricos:

a) O socorrista antes de tocar na vítima deve


____________________________.

b) Caso a vítima esteja em chamas, é preciso __________ no chão e


______________.

c) Em caso de queimaduras, o socorrista não deve passar pomadas


ou pastas no ferimento, mas _________________.

d) Em caso de parada cardiorrespiratória da vítima, o socorrista


deve ____________________.

RESERVADO
Capítulo 5. Reanimação cardiorrespiratória

5.7. Glossário
Apnéia - é uma parada temporária voluntária ou não da respiração pulmonar.

Broncoaspiração - penetração de substâncias (exemplo: secreção, vômito) ou


material estranho (exemplo: moeda), através de aspiração na árvore brônquica.

Cianose - caracteriza-se pela coloração azul-arroxeada da pele e membranas


mucosas devido a uma inadequada oxigenação dos órgãos e tecidos.

Decúbito dorsal - posição onde a pessoa deita com as costas na cama, em uma maca
ou no chão. O decúbito nada mais é do que estar deitado de barriga para cima.

Escápula (ou omoplata) - consiste em um osso grande, localizado na parte superior


das costas, que, junto com a clavícula, forma a cintura escapular.

Espasmo - contração súbita e involuntária dos músculos; convulsão.

Esterno - osso achatado localizado na parte anterior do tórax e com o qual se


articulam as cartilagens das costelas.
111
Fibrilação - tipo de arritmia cardíaca em que a freqüência ou o ritmo do coração
torna-se anormal.

Insuflação - é a entrada de ar em uma cavidade (exemplo: entrada de ar nos


pulmões).

Pneumotórax - acontece quando o ar escapa dos pulmões ou extravasa através da


parede torácica e entra no espaço entre as membranas que revestem o pulmão e a
parede do tórax (cavidade pleural).

Pulso carotídeo - ciclo de expansão e relaxamento da artéria carótida no pescoço.

Ventrículo - são câmaras do coração cuja função é bombear o sangue para fora
do mesmo. O ventrículo direito bombeia o sangue para ser oxigenado no pulmão,
enquanto o ventrículo esquerdo bombeia o sangue para os órgãos do corpo.

RESERVADO
Alta Competência

5.8. Bibliografia
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support. Chicago, 1997.

CANETTI, Marcelo Domingues. Protocolos Médicos Avançados de Atendimento Pré-


Hospitalar do GSE/CBMERJ. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

Manual para Técnicos de Emergências Médicas. GSBE- RJ. Rio de Janeiro: 2006

NÚBIO. Núcleo de Biossegurança. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros Socorros, 2003.

SANTOS, Raimundo Rodrigues. Protocolos Médicos de Atendimento Pré-Hospitalar.


Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

112

RESERVADO
Capítulo 5. Reanimação cardiorrespiratória

5.9. Gabarito
1) Correlacione as colunas abaixo de acordo com os métodos de desobstrução de
vias aéreas:

( 1 ) Limpeza ( 1 ) Quando se suspeitar de aspiração de corpos estranhos,


manual introduzindo um ou dois dedos na boca. Esta remoção
pode ser facilitada passando os dedos pela bochecha e
voltando pelo céu da boca. Esse procedimento é conhe-
cido como varredura digital.
( 2 ) Tapotagem ( 4 ) Quando a vítima tiver um abdome volumoso, é gestan-
te ou tem traumatismo abdominal. O socorrista passa
as mãos abaixo dos braços da vítima, circulando a parte
inferior do tórax, pressionando-o com o punho em um
rápido empurrão para trás. Também pode ser feita com
a vítima deitada.
( 3 ) Compressão ( 3 ) O socorrista se posiciona atrás da vítima e passa seus
abdominal braços ao seu redor, segurando seu punho e, com a ou-
tra mão, pressionando o abdome. Também pode ser fei-
to com a vítima em decúbito dorsal.
( 4 ) Compressão ( 2 ) Este método consiste em dar uma série de pancadas for- 113
torácica tes no dorso da vítima em sucessão rápida. As pancadas
devem ser aplicadas com a mão em concha entre as es-
cápulas da vítima.

2) Assinale V se afirmativa for verdadeira ou F se for falsa:

(F) Uma pessoa sem batimentos cardíacos, sem pulso, pálida e ainda com as
pupilas dilatadas não deve ser diagnosticada com indícios de uma parada
cardiorrespiratória.
Justificativa: todos esses sintomas dão fortes indícios de uma parada car-
diorrespiratória.
(V) As compressões cardíacas devem ser feitas por pessoas devidamente treina-
das, que saibam posicionar-se ao lado da vítima, colocar as mão sobrepos-
tas na metade inferior do esterno, fazer a pressão com vigor empurrando o
esterno para baixo, descomprimindo em seguida, sem interrupções.

(F) O procedimento cardíaco é o mesmo para crianças e adultos.


Justificativa: a aplicação da compressão em adultos deve ser utilizando o
peso total do corpo, diferentemente de crianças pequenas, onde se utiliza
apenas uma mão, e nos bebês, que apenas as pontas dos dedos indicador
e médio devem ser utilizados.
(F) Para verificar se a pessoa está respirando, deve-se apenas checar os sons da
respiração.
Justificativa: o socorrista deve chegar seu rosto perto do da vítima, verifi-
car se o peito sobe e desce, sentir o fluxo do ar saindo pelo nariz ou boca
e ouvir os sons da respiração.

RESERVADO
Alta Competência

3) Indique cinco efeitos fisiológicos que podem ser provocados pelos choques
elétricos.

Verifique se os fatores citados estão incluídos entre os listados a seguir.

• Paralisia da musculatura respiratória, levando à asfixia e morte da vítima antes


de 4 minutos;

• Fibrilação cardíaca com ausência de circulação do sangue nos tecidos, o que


ocasiona falta de oxigenação, provocando a morte antes de 4 minutos. O cérebro,
o coração e os rins são os órgãos mais afetados;

• Queimaduras eletrotérmicas ocasionadas pelo calor desprendido pela passagem


de corrente elétrica. As queimaduras elétricas são diferentes dos outros tipos
de queimadura, por serem profundas, causando destruição da pele e de tecidos
profundos. Geralmente são indolores devido à destruição das terminações nervosas
e sua regeneração é muito lenta;

• Queimaduras térmicas pelo desprendimento de calor durante a passagem da


corrente;

• Conjuntivite, irritação das conjuntivas oculares pela liberação de radiação


ultravioleta durante o fluxo da corrente;

• Quedas, batidas, fraturas, ferimentos e outros.


114
4) Complete as lacunas de acordo com o estudo de choques elétricos:

a) O socorrista antes de tocar na vítima deve verificar se ela ainda se encontra em


contato com a corrente elétrica.

b) Caso a vítima esteja em chamas, é preciso deitá-la no chão e cobri-la com tecido
grosso.

c) Em caso de queimaduras, o socorrista não deve passar pomadas ou pastas no


ferimento, mas resfriar o local queimado.

d) Em caso de parada cardiorrespiratória da vítima, o socorrista deve aplicar as


técnicas de respiração artificial e ressuscitação cardiorrespiratória.

RESERVADO
Capítulo 6
Prefácio

Estancando
a hemorragia

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Conceituar hemorragia;
• Diferenciar hemorragia interna e externa;
• Relacionar os procedimentos básicos para atender aos
principais tipos de hemorragias.

RESERVADO
Alta Competência

116

RESERVADO
Capítulo 6. Estancando a hemorragia

6. Estancando a hemorragia

A
té o século XVII, acreditava-se que o sangue se movia pelo
corpo em ondas de fluxos e refluxos e que os tubos presentes no
organismo continham ar, daí o nome de artérias. Na tentativa
de se construir um conhecimento sobre o corpo humano, Galeno e
seus discípulos achavam que o sangue era purificado pelo coração e
transportava um componente especial e imaterial – o espírito vital.

Estudos de Galeno, Versálio e, posteriormente, William Harvey (no


século XVIII), provaram que o sangue corria através de vasos que se
comunicavam entre si e com os tecidos.

Hoje, sabe-se muito mais a respeito do sangue e de suas funções,


fundamentais para a vida do organismo.
117
As artérias levam sangue do coração para todas as células do corpo.
Elas têm paredes musculares bastante espessas, capazes de se contrair
e de impulsionar o sangue pelo sistema circulatório, suportando a
pressão sangüínea provocada pelo bombeamento do coração. As veias
são vasos sangüíneos que levam o sangue do corpo para o coração.
Suas paredes são bem mais finas que a das artérias. Internamente
possuem válvulas que impedem o retorno do sangue.

Em diversas situações, os vasos sangüíneos podem se romper,


provocando a perda de sangue, que poderá se exteriorizar ou não.
Esta perda de sangue é tecnicamente denominada de hemorragia.

Toda hemorragia deve ser controlada imediatamente. A hemorragia


abundante e não controlada pode causar a morte em minutos, já que
o sangue desempenha função vital para o organismo.

6.1. Classificação das hemorragias

As hemorragias podem ser classificadas segundo dois critérios básicos:

RESERVADO
Alta Competência

6.1.1. Quanto ao tipo de vaso que se rompe

Nas hemorragias arteriais o sangue sai em forma de jato e é de um


vermelho vivo e intenso. Ocorrem com menos freqüência devido à
profundidade das artérias na pele, o que as sujeita menos a acidentes.
Estas hemorragias são graves e devem ser controladas rapidamente.

Nas hemorragias venosas o sangue que extravasa tem menor pressão


do que o de artéria e apresenta coloração mais escura. Ocorrem com
maior freqüência, mas são de controle mais fácil.

6.1.2. Quanto à localização no corpo

As hemorragias internas recebem nomes específicos, de acordo com o


local onde ocorrem ou com as vias pelas quais flui o sangue.

118
Uma colisão ou um choque com objeto pesado pode acarretar lesões
ou ruptura de órgãos internos (fígado, pulmão, baço, intestino etc.),
podendo o sangue se exteriorizar ou não.

As hemorragias externas ocorrem quando o ferimento na pele e em


estruturas mais profundas é acompanhado de lesão vascular.

As conseqüências de uma hemorragia podem variar de leves a muito


graves, inclusive comprometendo a vida da vítima. Esta variação do
estado clínico depende da quantidade de sangue perdido, do tempo
e da rapidez da perda de sangue e do local da hemorragia. Quando
as perdas são súbitas e superiores a 20%, podem levar ao choque
hemorrágico. Abaixo deste valor, as hemorragias podem levar a um
quadro de anemia aguda.

Nosso organismo apresenta um mecanismo regulatório que visa


a estancar uma hemorragia. Esta regulação é conhecida como
hemostasia (manutenção do equilíbrio de volume sangüíneo,
evitando perdas ou diminuições). Inicia-se com uma vasoconstrição
(movimentos de contração do vaso sangüíneo) reflexa e permanece
até a formação do coágulo.

RESERVADO
Capítulo 6. Estancando a hemorragia

O processo de vasoconstrição é mediado por diversas substâncias


químicas e hormônios, tais como adrenalina, noradrenalina e
serotonina. O processo de coagulação envolve a participação de
plaquetas do sangue e fatores de coagulação (proteínas e íons) do
plasma que formam uma rede de fibrina, retendo, no local da lesão,
os elementos figurados do sangue, tamponando a ferida.

Em alguns casos, o sangramento é muito intenso e, até a coagulação


total, perderíamos muito tempo, havendo necessidade de se aplicar
procedimentos que facilitem a hemostasia.

6.2. Hemorragia externa

Uma hemorragia externa caracteriza-se por um extravasamento


do fluxo sangüíneo para fora do sistema circulatório e para fora
do organismo.
119
São procedimentos recomendados em caso de hemorragia externa:

• Manter a região que sangra mais alta que o resto do corpo;

• Fazer uma compressão direta, usando uma compressa ou pano


limpo sobre o ferimento, pressionando-o com firmeza, a fim de
estancar o sangramento. Na ausência de compressa ou pano
limpo, comprimir a ferida com os dedos ou a mão;

• Fazer a compressão indireta para dificultar a perda de sangue,


pressionando firmemente com a mão os pontos arteriais;

• Quando o sangramento acontecer na cabeça, devemos


comprimir um dos lados da artéria carótida;

• Quando o sangramento ocorrer em um membro superior, a


artéria braquial deve ser comprimida;

• Quando o sangramento ocorrer em um membro inferior,


devemos comprimir a artéria femoral.

RESERVADO
Alta Competência

Importante!
Indivíduos hemofílicos não possuem um fator
protéico responsável pela coagulação do sangue.
Como o sangue desses indivíduos não coagula
espontaneamente, qualquer ferimento perfurante
pode provocar sangramento intenso.

Artéria carótida
Artéria braquial

Artéria femoral

120

Localização das artérias braquial, formal e carótida

6.2.1. O que fazer se a hemorragia prosseguir?

Caso a compressão não dê resultado, é possível usar o princípio do


garroteamento ou torniquete. O garroteamento consiste na aplicação
de bandagem sobre o ferimento e sobre este deve ser amarrado um
elástico. O ponto da hemorragia deve ainda ser pressionado com
uma compressa. Assim que a hemorragia diminuir ou caso a parte do
membro abaixo do garrote inche ou se torne azulada, o garrote deve
ir sendo afrouxado até o estancamento ou a chegada de socorro.
Manobra indicada somente para pernas e coxas. O garroteamento só
deve ser aplicado em caso de hemorragia grave que não tenha sido
controlada por outros meios. O torniquete só deve ser aplicado em
casos de membros amputados, esmagados ou dilacerados, quando
todos os demais procedimentos não surtirem efeito. Essa técnica era
recomendada quando ainda não existia a possibilidade de reimplantes
e microcirurgias reparadoras.

RESERVADO
Capítulo 6. Estancando a hemorragia

a) Passo a passo para execução de um torniquete (garroteamento):

• Usar panos resistentes e largos. Nunca usar arame, corda,


barbante ou outros materiais muito finos ou estreitos que
possam ferir a pele;

• Enrolar o pano em volta da parte superior do braço ou da


perna, logo acima do ferimento. Dar um meio nó;

• Colocar um pedaço de madeira no meio nó, dando um nó


completo sobre a madeira;

• Torcer o pedaço de madeira até parar a hemorragia. Fixar o


pedaço de madeira;

• Marcar com um lápis, batom ou carvão, na testa ou em qualquer


lugar visível da vítima, as letras TQ (torniquete) e a hora; 121

• Não cobrir o torniquete.

Procedimento para fazer um torniquete

ATENÇÃO

Durante a manobra do torniquete, é importante


seguir as seguintes recomendações:

• Marcar o horário em que foi aplicado o


torniquete;

• Procurar socorro médico imediato;

• Despertar a vítima gradualmente a cada 10


ou 15 minutos, para manter a circulação do
membro afetado.

RESERVADO
Alta Competência

A qualquer tempo, se a vítima ficar com as extremidades dos dedos


frias e arroxeadas, afrouxe um pouco o torniquete, o suficiente
para restabelecer a circulação, reapertando a seguir, caso prossiga
a hemorragia. Ao afrouxar o torniquete, comprima o curativo sobre
a ferida.

6.3. Hemorragia interna

Uma hemorragia interna caracteriza-se por um extravasamento do


fluxo sangüíneo para fora do sistema circulatório e para dentro do
organismo. Como não é visto o sangramento, deve-se ter atenção
a alguns sinais característicos em casos de hemorragia interna: pele
fria e pegajosa, pulso fraco e rápido, sudorese, sede intensa, cianose,
calafrios e tonteiras.

Nesses casos, deve-se:


122
• Aplicar compressa gelada ou bolsa de gelo no ponto atingido;

• Agasalhar a vítima;

• Manter seus membros inferiores elevados, caso não haja fratura;

• Manter a cabeça da vítima lateralizada, para evitar asfixia;

• Manter o controle dos sinais vitais;

• Não dar líquidos, mesmo que a vítima peça;

• Providenciar auxílio médico o mais rápido possível.

Em alguns casos, hemorragias internas se exteriorizam e, pelo


local de exteriorização, pode-se suspeitar onde está ocorrendo o
sangramento.

A seguir observe alguns tipos específicos de hemorragias internas e


seus tratamentos:

RESERVADO
Capítulo 6. Estancando a hemorragia

Tipo Caracterização Atendimento


A vítima deve ser mantida
Ocorre liberação do sangue deitada de costas e aplicado
lançado em forma de vômito, que gelo sobre seu epigástrico
pode vir ou não acompanhado de (boca do estômago). Não
Hematêmese
restos alimentares. Manifesta-se dê nada para ela ingerir.
através de náuseas e vômitos de Pode-se suspeitar de úlceras
sangue escuro, tipo borra de café. perfuradas, varizes de
esôfago etc.
Sangramento que vem dos
pulmões. Manifesta-se através
de acesso de tosse e eliminação Deve-se manter a vítima
Hemoptise pela boca, em golfadas, recostada (posição semi-
de sangue vermelho vivo e sentada) e tranqüilizá-la.
espumoso ou através de escarro
sanguinolento.
Hemorragia da mucosa nasal ou
Deve-se comprimir a narina
quando o sangue flui das fossas
Epistaxe ou que sangra, durante uns 5 123
nasais, devido a traumatismos
rinorragia minutos. Aplique compressas
cranioencefálicos ou processos
de gelo sobre o nariz.
hipertensivos.
Introduzir um pequeno
pedaço de pano limpo
Hemorragia que sai do conduto no ouvido, fazendo a
Otorragia
auditivo externo. compressão direta. Não
utilize nenhum objeto
pontiagudo.

O primeiro socorro consiste


em comprimir a área que
Sangramento da cavidade
sangra com gaze ou pano
Estomatorragia bucal (língua, gengiva, alvéolos
limpo. Utilize água gelada
dentários).
sobre o ferimento durante
uns 2-3 minutos.
O primeiro socorro consiste
em elevar o membro inferior,
Sangramento venoso por
Varicorragia comprimir a ferida com pano
rompimento de varizes.
limpo ou gaze e apertá-la
com uma atadura.
Deve-se colocar compressas
geladas ou saco de gelo
Hemorragia do aparelho
Menorragia ou sobre a região pélvica da
genital feminino nos períodos
metrorragia vítima e deixá-la em repouso.
intermenstruais ou no climatério.
Leve-a imediatamente ao
hospital.

RESERVADO
Alta Competência

Tipo Caracterização Atendimento


Como primeiro socorro,
Hemorragia intestinal que se
devemos colocar a vítima
manifesta por expulsão de
Enterorragia em decúbito ventral (barriga
quantidades variáveis de sangue
para baixo) e levá-la
por via anal.
imediatamente ao hospital.
É o sangramento pela urina.
Pode ser visível a olho nu
O primeiro socorro consiste
ou somente com exame
em manter o paciente em
Hematúria microscópico. A hematúria pode
repouso e ministrar-lhe
ser um sintoma provocado por
líquidos à vontade.
lesão ou infecção renal, ou,
ainda, por afecções vesicais.
A vítima deve ser mantida
Expulsão de matéria fecal de cor
deitada em decúbito ventral
escura, devido à presença de
(de barriga para baixo), com
Melena sangue. É geralmente associada
a cabeça lateralizada. Não
a úlcera gástrica ou duodenal
deve ingerir sólidos nem
124 ou a câncer no estômago.
líquidos.

Em caso de fratura de crânio em que haja sangramento pelo nariz e


ouvido, acompanhado de liquor (líquido cefalorraquiano, que banha
o encéfalo e a medula espinhal), o socorrista não deve tentar conter a
hemorragia. O perigo de conter o sangramento é causar inundação da
cavidade craniana que sofreu o traumatismo, aumentando a pressão
intracraniana e outras seqüelas, complicando, assim, o estado da
vítima. Nesses casos, a cabeça da vítima deve ser colocada lateralmente
voltada para o lado do sangramento, a vítima deve ser aquecida e
encaminhada o mais rápido, para o hospital.

RESERVADO
Capítulo 6. Estancando a hemorragia

6.4. Exercícios

1) Como podemos conceituar hemorragia?

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

2) Diferencie a hemorragia externa da hemorragia interna.

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

3) Relacione os procedimentos básicos para cada caso:

a) hemorragia externa
___________________________________________________________
125
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

b) hemorragia interna
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

RESERVADO
Alta Competência

6.5. Glossário
Adrenalina - hormônio, secretado (produzido e lançado no sangue) pelas glândulas
supra-renais.

Anemia - diminuição dos níveis de células sanguíneas vermelhas e/ou


hemoglobina, cuja principal função é o transporte de oxigênio dos pulmões
para os tecidos. É a desordem mais comum do sangue. Uma vez presente, é
necessário investigar sua causa, pois há vários tipos de anemia, produzidos por
uma variedade de causas. Os valores de normalidade da hemoglobina variam
com a idade é o sexo.

Cianose - caracteriza-se pela coloração azul-arroxeada da pele e membranas


mucosas devido ao excesso de concentração de hemoglobina reduzida, ou seja,
da hemoglobina oxidada (metahemoglobina) ou de pigmentos hemoglobínicos
anormais.

Coágulo - fragmentos formados por sangue coagulado.

Cranioencefálico - região anatômica correspondente à calota craniana (formada


126 por ossos do crânio) envolvendo o encéfalo ou cérebro.

Decúbito ventral - termo médico que se refere à posição da pessoa que está deitada
de bruços, não necessariamente dormindo.

Elemento figurado - célula e os elementos sólidos do sangue.

Hemostasia - manutenção do equilíbrio de volume sangüíneo.

Noradrenalina - substância produzida nas fibras nervosas.

Serotonina - neurotransmissor, isto é, uma molécula envolvida no processo de


comunicação entre neurônios (células do sistema nervoso).

Sudorese - mecanismo fisiológico de produção e eliminação de suor pelas


glândulas sudoríparas.

Vasoconstrição - movimento de contração de um vaso sangüíneo.

RESERVADO
Capítulo 6. Estancando a hemorragia

6.6. Bibliografia
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support. Chicago, 1997.

CANETTI, Marcelo Domingues. Protocolos Médicos Avançados de Atendimento


Pré-Hospitalar do GSE/CBMERJ. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

Manual para Técnicos de Emergências Médicas. GSBE- RJ. Rio de Janeiro: 2006.

NÚBIO. Núcleo de Biossegurança. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros Socorros, 2003.

SANTOS, Raimundo Rodrigues. Protocolos Médicos de Atendimento Pré-Hospitalar.


Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

127

RESERVADO
Alta Competência

6.7. Gabarito
1) Como podemos conceituar hemorragia?

Hemorragia é a perda de sangue provocada pelo rompimento dos vasos sangüíneos.

2) Diferencie a hemorragia externa da hemorragia interna.

As hemorragias externas ocorrem quando o ferimento na pele e em estruturas


mais profundas é acompanhado de lesão vascular.

Nas hemorragias internas, não vemos o sangramento. Seus sintomas são: pele
fria e pegajosa, pulso fraco e rápido, sudorese, sede intensa, cianose, calafrios
e tonteiras.

3) Relacione os procedimentos básicos para cada caso:

a) hemorragia externa

• Manter a região que sangra mais alta que o resto do corpo;

• Fazer uma compressão direta, usando uma compressa ou pano limpo sobre
o ferimento, pressionando-o com firmeza, a fim de estancar o sangramento.
128 Na ausência de compressa ou pano limpo, comprimir a ferida com os dedos ou
a mão;

• Fazer a compressão indireta ou à distância para dificultar a perda de sangue,


pressionando firmemente com a mão os pontos arteriais;

• Quando o sangramento acontecer na cabeça, devemos comprimir um dos lados


da artéria carótida;

• Quando o sangramento ocorrer no membro superior, a artéria braquial deve


ser comprimida;

• Quando o sangramento for em um membro inferior, devemos comprimir a


artéria femoral;

• Caso a compressão não dê resultado é possível usar o princípio do garroteamento.

b) hemorragia interna.

• Aplicar compressa gelada ou bolsa de gelo no ponto atingido;

• Agasalhar a vítima;

• Manter seus membros inferiores elevados, caso não haja fratura;

• Manter a cabeça da vítima lateralizada, para evitar asfixia;

• Manter o controle dos sinais vitais;

• Não dar líquidos, mesmo que a vítima peça;

• Providenciar auxílio médico o mais rápido possível.

RESERVADO
Capítulo 7
Prefácio

Alterações
circulatórias e
psicomotoras

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Identificar as causas e os estados clínicos relacionados às


alterações circulatórias;
• Descrever procedimentos que devem ser aplicados nos
estados de alteração circulatória;
• Identificar os sintomas de diversas alterações psicomotoras;
• Reconhecer sintomas de intoxicação e envenenamento,
bem como aplicar as técnicas de assistência às vítimas
intoxicadas ou envenenadas.

RESERVADO
Alta Competência

130

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

7. Alterações circulatórias e
psicomotoras

O
funcionamento do sistema cardiovascular é regulado e
controlado pelo sistema nervoso. O bulbo, localizado na
base do encéfalo, controla a contração dos vasos e o fluxo
sangüíneo. Quando ocorrem falhas neste sistema, o fluxo sangüíneo
se altera, levando à queda brusca da pressão arterial (PA).

A interrupção do fluxo sangüíneo, especialmente no cérebro, ou


sua diminuição brusca provoca falta de oxigenação nas células, que
podem ser lesadas.

Para contornar estas possíveis situações, o organismo aciona um


mecanismo de autoproteção que leva à perda da consciência 131
temporária. A duração prolongada da inconsciência, entretanto, pode
ocasionar lesões neurológicas irreversíveis e até morte do indivíduo.

7.1 As alterações circulatórias

Algumas vezes temos a sensação ilusória de deslocamento do próprio


corpo em relação ao ambiente e vice-versa. Este estado é conhecido
como vertigem ou tonteira. Vertigens, lipotimia, síncope, estado
de choque, coma e desidratação são os principais estados clínicos
desencadeados por alterações cardiovasculares.

7.1.1. Labirintite

Em nosso ouvido interno, localizado na caixa craniana, existe um


conjunto de canais preenchidos por líquido denominado aparelho
vestibular ou labirinto. Este órgão, juntamente com o cerebelo –
encontrado na base do encéfalo –, é responsável pela manutenção
do equilíbrio corporal.

RESERVADO
Alta Competência

O contato do líquido encontrado nos canais auriculares com as


terminações nervosas do ouvido é que nos dá o estado de equilíbrio.
Alterações na recepção desse estímulo geram distúrbios de equilíbrio
conhecidos como vertigem ou tonteira. Esta sensação ocorre
geralmente quando são realizados movimentos bruscos (giros e
rodopios) ou em situações especiais (balanço de navio ou de avião,
por exemplo). Além da sensação de achar que tudo está rodando, a
vertigem pode vir acompanhada de náuseas e vômitos. Quando isso
ocorre, deve-se afrouxar a roupa da vítima, sentá-la com a cabeça
baixa e, se não houver melhora ou a vítima achar que vai desfalecer,
deve-se deitá-la e mantê-la em repouso.

A labirintite é uma alteração dos canais semicirculares que pode


dificultar bastante o equilíbrio do corpo. Isso ocorre porque as células
nervosas presentes nesses canais não podem ser convenientemente
estimuladas pela agitação do líquido.
132
7.1.2. Desmaio ou lipotimia

Uma sensação de fraqueza e o ser humano começa a suar frio, com queda
da temperatura, ou seja, fica gelado. Depois vêm a palidez e pulsação
fraca e os movimentos respiratórios ficam lentos. Aos poucos, os sons
vão ficando longe, embora um zumbido no ouvido seja percebido. Às
vezes sente-se nauseado (enjoado) e tudo começa a escurecer. Isso é o
que se chama desmaio.

A queda gradual da pressão arterial pode causar confusão mental


no indivíduo e um certo grau de ausência, podendo ou não
ocorrer perda da consciência. Esta perda de consciência ocorre
por insuficiência temporária do suprimento de sangue e oxigênio
no cérebro. Assim que a pressão arterial volta ao normal, o fluxo
sangüíneo contínuo recomeça, levando oxigênio para as células
cerebrais e retomamos a consciência.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

As causas que levam à lipotimia e/ou o desmaio são, principalmente:

• Emoções fortes;

• Anemia;

• Desnutrição;

• Hipoglicemia;

• Dores violentas;

• Locais mal ventilados.

Como proceder quando encontrar alguém desmaiado?


133
• Ao encontrar alguém desmaiado não se deve tentar levantá-
lo, ao contrário, deve-se mantê-lo deitado. As pessoas que
estiverem em volta devem ser afastadas, para que o ar possa
circular livremente;

• Nestes casos deve-se afrouxar as vestes da vítima e sentá-la em


uma cadeira com a cabeça entre os joelhos.

Agindo em caso de desmaio


com consciência

RESERVADO
Alta Competência

• Se a vítima estiver inconsciente, ela deve ser colocada em


posição confortável e os membros inferiores devem ser elevados
para aumentar o retorno venoso.

Agindo em caso de desmaio com inconsciência

7.1.3. Síncope

A síncope é outro estado caracterizado por alterações


cardiovasculares, com parada da atividade cardiorrespiratória
134 e conseqüente perda da consciência. Normalmente seu início é
súbito e abrupto, porém de curta duração (entre 2 a 4 minutos).
O prolongamento demasiado desse estado poderá ocasionar a
morte ou lesões cerebrais.

Diversas são as causas que levam à síncope:

• Aneurisma cerebral;

• Anemia cerebral;

• Tromboses;

• Emoções fortes;

• Dores violentas.

A vítima que está progredindo para uma síncope apresenta-se com


palidez cadavérica, inconsciente, com perda do tônus muscular. O pulso
e a respiração geralmente estão ausentes ou muito fracos. Suas pupilas
podem não reagir ou reagir lentamente à luz.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

O que fazer nesses casos?

• Aquecer a vítima e eleve seus membros inferiores, para facilitar


o fluxo de sangue para o encéfalo;

• Afrouxar suas vestes;

• Se houver parada cardiorrespiratória, aplicar as manobras de


reanimação.

7.1.4. Estado de choque

Definido como a falência do sistema circulatório (ou hemodinâmico)


o estado de choque, pode acontecer em todos os casos de acidentes
com lesões graves. A sensibilidade dos órgãos e tecidos ao sofrimento
e morte impostos pela diminuição de oxigenação (hipóxia) ou sua
ausência (anóxia), carreada pela circulação, é variável. Porém, de 135
maneira geral, aqueles considerados nobres, como cérebro, coração
e pulmões, são justamente os mais sensíveis, resistindo à morte por
anóxia por aproximadamente 4 a 6 minutos. Fígado, baço, rins e trato
gastrointestinal resistem cerca de 45 a 90 minutos e, finalmente, pele,
músculo e osso resistem aproximadamente 120 a 180 minutos.

Quanto à classificação, o choque pode ser:

Hipovolêmico
Grande perda de líquidos nas hemorragias interna e externa; queimaduras graves; diarréia;
vômitos; desidratação.
Cardiogênico
Quando a falência é do coração, como no infarto agudo do miocárdio; arritmias cardíacas;
insuficiência cardíaca.
Séptico
Pode ocorrer nos quadros de infecções graves.
Anafilático
Quando provocado por reações de hipersensibilidade a medicamentos, alimentos, pica-
das de insetos etc.
Neurogênico
Naquelas condições de agressão ao sistema nervoso, como dores intensas e lesões da
medula espinhal.

RESERVADO
Alta Competência

Os principais sinais do estado de choque são os seguintes:

• Nível de consciência alterado, agitação e confusão mental,


visão nublada;

• Respiração curta, rápida e irregular;

• Sudorese excessiva, sede;

• Palidez, pele úmida e fria, cianose nas extremidades e/ou em


torno da boca (perioral);

• Pulso fraco e rápido;

• Sensação de frio ou calor excessivo.


136
A conduta diante do quadro de choque deve ser a seguinte:

• Deitar a vítima com as pernas elevadas e afrouxe suas roupas;

• Manter a vítima aquecida;

• Aplicar oxigênio;

• Proceder à ressuscitação cardiorrespiratória ( RCP),


quando necessário;

• Ficar atento à possibilidade de fraturas no crânio, nas costelas


ou na coluna vertebral;

• Providenciar remoção hospitalar com urgência.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

7.1.5. Estado de coma

Muitas vezes, o estado de coma vem acompanhado da perda de


sensibilidade e motilidade, porém com a manutenção das funções
vegetativas e, freqüentemente, com retorno das atividades após
cessada a causa.

Observe este caso:

Raul estava brincando no parque quando caiu de uma altura de


6 metros, batendo com a cabeça em um muro. Com traumatismo
craniano, foi socorrido às pressas. Ficou em coma por 4 dias.
Assim que o edema (inchaço) cerebral foi reduzindo, o menino
aos poucos retornou ao seu nível normal de consciência. Além
de traumatismo craniano, acidente vascular cerebral (AVC),
intoxicações por drogas, medicamentos e álcool, tumores
137
cerebrais, internação e distúrbios metabólicos provocados por
doenças, como o diabetes, são as causas mais comuns do coma.

Todos os procedimentos para se manter os sinais vitais da vítima


de coma, antes da chegada do médico, devem ser aplicados.

7.1.6. Desidratação

A desidratação é um fenômeno patológico caracterizado pela


perda de água do organismo, causado pela insuficiência da
ingestão de líquidos ou perda excessiva de sais após diarréias,
vômitos freqüentes, hemorragias graves ou alterações no
equilíbrio hidroeletrolítico do corpo.

O tratamento da desidratação consiste, principalmente, em repor


líquidos e sais para o organismo debilitado. Por isso, deve-se
administrar grande quantidade de líquidos para a vítima: chás, mate,
água, sucos, sopa etc.

RESERVADO
Alta Competência

Em casos de diarréia e/ou vômitos intermitentes, deve-se prevenir


a desidratação administrando líquidos à vítima, principalmente
se for criança. Soro glicosado pode também ser administrado.
Alternativamente pode ser administrado soro caseiro.

Soro caseiro:

• Um litro de água fervida e filtrada;

• Duas colheres de sopa de açúcar;

• ¼ de colher de chá com sal;

• ¼ de colher de chá de bicarbonato de sódio.

• Se não existir bicarbonato, use mais ¼ de colher de chá de sal.


138 Se possível, misturar ½ xícara de chá de suco de laranja ou de
limão com o soro;

• Se a criança tiver parado de urinar, não coloque suco na


mistura do soro, nem lhe dê soros que contenham potássio
em sua fórmula, para não aumentar a concentração de sais no
organismo e alterar ainda mais o equilíbrio eletrolítico.

7.2. As alterações psicomotoras

O sistema nervoso, como coordenador de inúmeras funções internas do


corpo e de interações deste com o exterior, está sujeito a interferências
de várias naturezas. Essas interferências podem resultar em distúrbios
neurológicos e psicomotores. A histeria, as convulsões e a epilepsia
são alterações psicomotoras.

7.2.1. Histeria: o que é e como proceder

O aparecimento da histeria constitui um desequilíbrio afetivo da vida


de relação, gerando uma superexcitação nervosa, traumática ou de
contrariedade moral.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

Esta neurose induz a enfermidades físicas, estados mórbidos tanto


orgânicos como psíquicos, geralmente sem correspondência de
ordem fisiopatológica. Normalmente, todos os sintomas são passíveis
de serem modificados pelo sugestionamento.

Durante uma crise histérica é comum a vítima ter medo de se ferir


e apresentar soluços, gritos estridentes ou risos descontrolados.
Durante o socorro, deve-se explicar à vítima que seu estado não é
perigoso e que logo ficará boa. Deve-se tentar afastar as pessoas,
isolando-a. É necessário demonstrar que não há tanta importância
no fato de essa pessoa encontrar-se neste estado. Deve-se afrouxar
as vestes e procurar deitá-la para que fique em repouso.

Importante!
Nunca dê um tapa no rosto ou jogue água fria em
um indivíduo que está apresentando uma crise de 139
histeria. Procure ganhar sua confiança apenas com
diálogo tranqüilo, mostrando-lhe segurança.

7.2.2. Epilepsia

A epilepsia é uma doença de caráter hereditário ou proveniente


de acidente (trauma) que abrange diversos distúrbios do sistema
nervoso, nos quais as células cerebrais descarregam impulsos elétricos
de forma anormal.

Atualmente, a epilepsia é muito bem tratada e controlada por


medicamentos e, normalmente, o indivíduo epilético não apresenta
sintomas visíveis, sendo que seu aparecimento varia de indivíduo
para indivíduo.

Às vezes, algumas pessoas podem apresentar irritabilidade,


apreensão, diarréia ou prisão de ventre, fome intensa ou inapetência,
insônia ou sonolência e pequenas contrações musculares, que
precedem o acesso epilético. Entretanto, durante uma crise de
epilepsia, os principais sinais clínicos são caracterizados por alteração
da consciência e alterações motoras com perda do tônus muscular,
provocando a queda do indivíduo. Em alguns casos, a pessoa grita.

RESERVADO
Alta Competência

Espasmos e convulsões ocorrem, podendo provocar a mordedura da


língua pela contração brusca dos músculos da mandíbula.

a) Como agir:

• Manter a calma na prestação dos primeiros socorros;

• Não impedir o ataque;

• Deixar a vítima debater-se;

• Procurar afastar qualquer objeto que possa causar danos a ela;

• Deitar a vítima no chão e afrouxar as suas roupas.

140 • Se a língua estiver enrolando para trás, deve-se desenrolá-la e


puxá-la com um pano, para evitar que tanto a língua como as
secreções da saliva impeçam a respiração e sufoquem a vítima;

• Esperar que o ataque cesse, pois existe a possibilidade de ocorrer


outro após o primeiro. Se a vítima estiver grávida, procurar
assistência médica imediatamente.

b) Como proceder se a pessoa tiver uma crise convulsiva:

É comum que pessoas em crise de epilepsia entrem em convulsão.


Entretanto, as convulsões não são características apenas do
ataque epilético. As contrações musculares bruscas e involuntárias
(espasmos), produzidas pela descarga elétrica desordenada nas
células cerebrais, também podem ocorrer por diversos processos
fisiológicos e patológicos.

Muitas vezes, a convulsão promove relaxamento dos esfíncteres,


músculos que controlam a saída de urina e fezes, provocando a
liberação de urina e/ou fezes e de grande quantidade de saliva.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

? VOCÊ SABIA?
A sabedoria popular aconselha as pessoas a ficarem
distantes da saliva de pessoas em crise convulsiva.
A epilepsia e as demais crises convulsivas são
distúrbios neurológicos. Portanto não podem ser
transmitidas de uma pessoa para outra, da mesma
forma que as doenças infectocontagiosas. Por
esse motivo, durante o atendimento emergencial
a uma pessoa em crise convulsiva, não há risco
da saliva ou outra secreção transmitir esse tipo
de doença. Provavelmente essa recomendação
existe por causa da confusão entre essas doenças
e a saliva produzida por animais com hidrofobia
(raiva). Essa sim é potencialmente contaminante.

141
Dentre as causas que podem dar origem a uma convulsão, temos:

• Intoxicações medicamentosas ou por drogas;

• Infecções microbianas (tétano, meningite, malária);

• Encefalite;

• Infestações por vermes;

• Presença de corpos estranhos;

• Febre alta;

• Traumatismo;

• Epilepsia.

RESERVADO
Alta Competência

c) Como proceder se você encontrar alguém em convulsão:

• Afastar objetos que possam machucar a vítima;

• Manter a vítima deitada e proteger a cabeça de possíveis


ferimentos;

• Não tentar segurar a vítima, deixando-a debater-se, evitando


que ela se fira;

• Tentar virar a cabeça ou o corpo da vítima para o lado;

• Tentar descobrir e tratar a causa da convulsão. Se for febre alta,


aplique medidas para diminuir a temperatura;

142 • Não tentar colocar nada dentro da boca da vítima, como caneta,
lápis, pedaço de madeira etc.

• Não dar nada para ela ingerir, nem dar tapas ou jogar água;

• Terminada a convulsão, a vítima pode apresentar-se inconsciente


e desorientada. Não a deixar se levantar bruscamente;

• Afrouxar suas roupas e afastar os curiosos;

• Tranqüilizá-la, transmitir segurança e permitir que ela se


recupere calmamente e recobre a consciência.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

ATENÇÃO

A convulsão na gravidez é uma condição séria


que exige assistência médica. Costuma ocorrer
no período da segunda metade da gestação.
Normalmente, os sintomas iniciais são dor de
cabeça, sonolência, depressão, agitação, confusão
mental, vista turva, náuseas e vômitos. Trate a
convulsão de maneira usual. A grávida deve ser
acomodada na cama, quieta e não deve ingerir
alimentos com sal.

7.2.3. Perturbação ou confusão mental

Às vezes é possível deparar-se na rua, no trabalho, em nosso prédio


ou condomínio com pessoas que apresentam confusão e perturbação 143
mental. As causas que geram estas alterações são as mais variadas.

Nessas horas é necessário ter paciência e amabilidade, a fim de inspirar


confiança, mesmo quando a pessoa mostra-se agressiva e hostil.
Deve-se tentar conduzi-la para atos de colaboração. É necessário ser
firme nas decisões, sem autoridade ou rispidez, e deve-se procurar
desviar sua atenção de tudo que lhe for prejudicial ou a outros.

Deve-se somente imobilizar a vítima se ela estiver na iminência de


causar prejuízo a si mesmo e ferir-se ou a outrem.

É necessário chamar um médico e procurar localizar parentes e


pessoas responsáveis pelo doente.

Em outras situações é possível deparar-se com indivíduos


embriagados. Nesses casos é necessário reconhecer sintomas e
sinais de embriaguez para o socorro. Geralmente na embriaguez
os sintomas são transitórios e ocorrem pelo consumo excessivo
de bebidas alcoólicas, produzindo efeitos tóxicos ao organismo.
Comportamento violento e agressivo, confusão, agitação,
instabilidade, euforia, enfraquecimento das funções motoras e

RESERVADO
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torpor são comuns. A intoxicação alcoólica pode levar o indivíduo


a ter convulsões e entrar em coma. Em pessoas que são portadoras
de distúrbios neuropsíquicos os efeitos assumem maior gravidade.

Outros sintomas notórios de embriaguez caracterizam-se por:

• Andar cambaleante;

• Fala pastosa;

• Diminuição da sensação de dor;

• Diminuição de movimento do corpo;

• Inconsciência, delírio ou torpor;


144
• Náusea e vômitos;

• Perda de sangue pelo ânus;

• Sinais de choque.

Indivíduos que são alcoólatras crônicos podem apresentar uma


síndrome conhecida como delirium tremens, em decorrência da
abstinência momentânea da bebida alcoólica.

Os sintomas mais evidentes de delirium tremens são:

• Estado de alucinação, geralmente visual;

• Agitação, irritabilidade e insônia;

• Aversão a alimentos;

• Tremores originados por desordens musculares e/ou febre;

• Pele úmida, olhos injetados (avermelhados) bem como o rosto.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

Não permita que a vítima tome mais bebidas alcoólicas. Não dê


remédios ou qualquer espécie de comida ou bebida. Evite que a
vítima ande. Procure ajuda médica.

7.3. Alterações causadas por intoxicações e envenenamentos

No ambiente de trabalho ou em nosso lar existem produtos variados,


repletos de substâncias tóxicas: desinfetantes, inseticidas, tintas,
água sanitária, remédios etc. Qualquer substância pode ser tóxica,
dependendo da dose e da maneira como são usadas.

O envenenamento pode ser agudo ou crônico, resultante do tempo


e da via de penetração da substância:

• Boca (via oral) – ingestão de qualquer tipo de substância,


química ou natural;
145
• Vias respiratórias – inalação e aspiração de vapores ou gases
emanados por substâncias tóxicas;

• Pele e mucosas (olhos) – contato de superfície direto com


substâncias químicas, plantas etc.;

• Endovenosa (injetáveis) – substâncias químicas, medicamentos,


drogas etc.

Os sinais e sintomas normalmente variam conforme a substância


tóxica e a via de penetração. Porém, de maneira geral, esses sintomas
caracterizam-se por:

• Náuseas;

• Vômitos;

• Modificação da coloração dos lábios e exterior da boca;

• Dor abdominal;

RESERVADO
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• Diarréia;

• Salivação e sudorese excessiva;

• Coma;

• Sensação de queimadura na boca, estômago, garganta ou pele;

• Sonolência, confusão mental ou torpor;

• Alterações da pupila;

• Depressão respiratória;

• Alucinações e/ou delírios.


146
Deve-se suspeitar de envenenamento em qualquer paciente que
apresente uma doença aguda ou grave de origem inexplicada.
Sinais evidentes na boca ou na pele indicam que a vítima talvez
tenha mastigado, engolido, aspirado ou entrado em contato com
determinadas substâncias (medicamentos, produtos químicos).

Poderão ocorrer cianose, queimaduras químicas ou inflamação pelo


contato cutâneo com substâncias corrosivas.

Importante para avaliação da existência de envenenamento é a


investigação da área onde a vítima foi encontrada ou onde esteve
recentemente. Objetos encontrados no local, como garrafas, frascos
de remédios, seringas, restos de comida e bebida ou substâncias
exaladas e detectadas por olfato podem evidenciar o possível agente
tóxico. Além disso, poderão ser encontrados nos frascos do produto
químico informações, tais como substâncias que compõem o produto
e o antídoto apropriado. Se ocorrer vômito, parte dele deve ser
enviada para identificação do veneno. Essa identificação de maneira
rápida e precisa (estado físico, cheiro, marca, uso) facilita e determina
o tipo de tratamento que deverá ser aplicado à vítima e, dessa forma,
salvar-lhe a vida.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

Normalmente, as substâncias ingeridas são alimentos estragados,


bebidas, medicamentos, produtos químicos caseiros e plantas.

7.3.1. Ingestão de produtos químicos, drogas e medicamentos

Quando for confirmado o tipo de veneno ou existirem suspeitas


fundamentadas, devem ser iniciadas as manobras de primeiros
socorros.

Em geral, nas vítimas conscientes, o tratamento consiste em


diluir a substância tóxica no estômago por ingestão de grande
quantidade de água ou provocar o vômito, forçando a vítima a
beber água morna.

Um antídoto universal muitas vezes utilizado, embora não seja um


recurso prático em uma emergência, é uma mistura de:
147
• 2 partes de torrada queimada;

• 1 parte de leite de magnésia;

• 1 parte de chá forte.

7.3.2. Inalação de produto tóxico

• Levar imediatamente a vítima para o ar fresco ou local de maior


ventilação para que esta possa expelir o mais rápido possível os
gases, tais como gás natural ou monóxido de carbono;

• Manter a função respiratória se a vítima não estiver respirando


e remover qualquer objeto de sua boca. Manter seu queixo para
cima e aplicar respiração artificial;

• Pode ser necessário realizar reanimação cardiorrespiratória.


Se possível, a vítima deve ser mantida aquecida e levada
imediatamente para o hospital.

RESERVADO
Alta Competência

ATENÇÃO

Não induza o vômito se a vítima estiver inconsciente


e se o veneno for corrosivo forte (ácido) ou outra
substância química que possa causar queimaduras
labiais ou se o agente químico contiver querosene,
gasolina ou outro derivado de petróleo que poderia
provocar pneumonia por aspiração nos pulmões.

Conserve o corpo da vítima aquecido e procure colocá-


la em posição lateral ou com a cabeça voltada para o
lado, para evitar aspiração do vômito.

7.3.3. Contaminação da pele e mucosas

148
Algumas substâncias podem causar irritação ou lesão tecidual através
do contato com pele, mucosas e olhos. Entre essas substâncias incluem-
se corrosivos, fenóis e outros. Além de queimaduras, alguns desses
produtos podem causar inflamação local.

Ocorrendo tal contaminação, a substância deve ser removida o mais


rápido possível. Coloque a vítima sob o chuveiro ou embaixo de jato
de água corrente e abundante. Se a roupa dela estiver contaminada,
esta deve ser lavada com água corrente, mesmo enquanto estas
estiverem sendo removidas. A área dos olhos, deve ser lavada com
água em abundância e não deve ser usado qualquer tipo de colírio.
A vítima deve ser encaminhada rapidamente ao hospital.

7.3.4. Envenenamento por produto injetável

Medicamentos, drogas e substâncias produzidas por animais podem


ser injetados através da pele, diretamente na corrente sangüínea
por agulhas de seringa ou por meio de picada ou mordida. Muitas
vezes a intoxicação é mais rápida por via sangüínea e pode provocar
reações intensas.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

Os sintomas mais comuns por envenenamento que ocorrem por


substâncias injetadas são: estado de delírio, dor, aumento da
sensibilidade e edema no local, diminuição ou parada da função
cardiorrespiratória e inconsciência.

Como devemos proceder?

Em caso de drogas e medicamentos, o socorrista deve verificar a


respiração, o pulso e se a vítima está consciente, bem como o possível
agente causador. Chamar por socorro.

7.3.5. Peçonha de animais

Substâncias inoculadas por picada, ferrão e mordida de animais


muitas vezes são tóxicas para o organismo e podem provocar desde
uma pequena inflamação local até reações sistêmicas, que podem
levar à morte quando não tratadas. 149

As substâncias mais comuns são aquelas provenientes de picada de


mosquito, ferrão de formigas, abelhas, vespas, aranhas, escorpiões e
mordidas de cobra.

As picadas e ferrões de insetos, como mosquito, abelha, marimbondo


e vespas, normalmente causam reação local, acompanhada
geralmente de dor, eritema, prurido (coceira, geralmente com
irritação da pele) e tumefação (inchaço). Entretanto, em indivíduos
alérgicos, essas picadas podem provocar reações sistêmicas, até
mesmo graves, pondo em risco sua vida. Sintomas como prurido
generalizado, pápulas cutâneas, fraqueza, cefaléia, dificuldade de
respirar, edema pelo corpo, cólicas abdominais e choque podem ser
evidenciados nesses casos.

Procedimentos:

• Se houver ferrão, retirar cuidadosamente;

• Lavar o local com água e sabão;

RESERVADO
Alta Competência

• Encaminhar a vítima ao serviço médico, principalmente em


casos de muitas picadas ou sinais de reação alérgica;

• Pessoas alérgicas devem consultar um médico para que ele


possa prescrever medicação em situações de emergência.

a) Aranhas e escorpiões

As aranhas apresentam o corpo dividido em duas partes (cefalotórax


e abdome) e possuem quatro pares de patas. No cefalotórax (tórax
fundido com a cabeça) há dois segmentos curtos onde se localiza o
ferrão, pelo qual a aranha inocula seu veneno.

Já os escorpiões apresentam o corpo dividido em cabeça, tórax e


cauda. Na extremidade da cauda se encontra um ferrão por onde eles
inoculam o veneno. Esses animais só atacam quando provocados e as
150 vítimas mais freqüentes são crianças.

Muitos dos venenos desses animais provocam apenas inflamação


local. Entretanto, algumas espécies de escorpiões, principalmente o
escorpião amarelo e o escorpião marrom, produzem venenos de alta
toxicidade, provocando acidentes mais sérios.

Ao socorrer uma vítima de picada de insetos, como regras gerais deve-se:

• Manter a calma;

• Não permitir que a vítima faça movimentos desnecessários,


mantendo-a em repouso;

• Aliviar a dor local, colocando um saco de gelo sobre a área afetada;

• Manter o controle dos sinais vitais;

• Não fazer cortes no local da picada;

• Não dar alimentos nem bebidas, muito menos bebidas alcoólicas;

• Procurar um posto de saúde ou hospital e, se possível, levar


o animal.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

b) Cobras

Não são raros os acidentes provocados por mordida de cobras


venenosas no Brasil. As serpentes venenosas são mais freqüentes em
áreas cultivadas: plantações, campos e pastos. Geralmente, as cobras
venenosas não são muito grandes, podendo variar entre meio a dois
metros de comprimento.

No homem, as partes mais atingidas por mordidas de cobra são as


pernas, seguidas dos braços.

Identificação do tipo de cobra:

O conhecimento das características de cobras venenosas e não


venenosas é importante para distingui-las e para que se possa ter
noção tanto do tratamento das mordidas quanto de autoproteção.
151
As características a seguir são as mais evidentes para diferenciar cobras
venenosas das não venenosas. Utiliza-se a chave de identificação
fazendo as três perguntas seqüenciais do esquema a seguir.

1. Tem chocalho ou Sim


Peçonhenta
guizo na ponta da cauda?
(venenosa)

Não

Sim Peçonhenta
2. Tem fosseta loreal?
(venenosa)

Não

3. Tem anéis pretos entre dois


Sim Peçonhenta
vermelhos em número não ímpar
(um em um ou três em três) e a (venenosa)
cauda não rômbica?

Não

Peçonhenta
(venenosa)

Esquema – Chave de identificação de cobras peçonhentas

RESERVADO
Alta Competência

Somente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil existem serpentes que


possuem cor negra predominante ou coloração azul que, apesar de
não apresentarem estas características, são peçonhentas (venenosas).
Exemplo: tipo coral.

Os sintomas mais comuns causados por mordida de cobras venenosas são:

• Dor local;

• Respiração acelerada;

• Enfraquecimento;

• Extremidades frias;

152 • Perturbações visuais;

• Perda da consciência;

• Náuseas e vômitos;

• Rigidez na nuca;

• Pulso fraco.

Existem ainda algumas variações de sinais clínicos, de acordo com a


espécie de cobra venenosa que mordeu a vítima. O local da mordida
causada por cascavel e coral normalmente não apresenta alterações.
Em contrapartida, o local da mordida provocada por jararaca,
jararacuçu, urutu, cotiara e surucucu apresenta-se inchado, vermelho,
com manchas arroxeadas, bolhas e pequenos pontos hemorrágicos.
A urina pode diminuir de volume e apresentar-se com cor escura ou
com sangue.

Mordidas de surucucu bico-de-jaca são graves, pois seu veneno é


altamente tóxico.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

? VOCÊ SABIA?
Para salvar a vítima de mordida de cobra não devemos
chupar o veneno. Não se deve fazer a sucção com a boca
porque, além de não ter efeito, pode causar infecção.

Como proceder no socorro de vítima de mordida de cobra venenosa


e como se proteger:

• Procurar acalmar a vítima, que poderá estar excitada ou


histérica, e mantê-la deitada, quieta e aquecida para diminuir a
velocidade de disseminação do veneno pelo sangue;

• Lavar a ferida com água e sabão;

• Transportar a vítima para o hospital, a fim de que esta receba 153


soro. Se possível, tentar identificar a espécie de cobra, para
auxiliar na administração do soro antiofídico;

• Nunca dar bebidas alcoólicas à vítima ou colocar querosene,


álcool, pólvora ou outra substância na área atingida;

• Em nenhuma circunstância a extremidade do membro atingido


deverá ser envolvida em gelo;

• Não permitir que injetem nem dêem de beber à vítima soro


feito com álcool usado na conservação de cobra;

• Deixar o local da picada livre e em repouso;

• Não furar, não cortar, não pressionar o local da picada. As lesões


podem dificultar a identificação do acidente (tipo de picada),
favorecendo infecções e outras lesões;

• Não garrotear o membro afetado;

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Alta Competência

• Sacudir e examinar calçados e roupas antes de usá-los. Sempre


andar calçado;

• Usar telas e vedantes em portas e janelas de áreas rurais e


manter limpos os locais próximos às residências (sem entulho,
material de construção, lixo etc.).

? VOCÊ SABIA?
Pesquisas mostram que o veneno da cascavel é  um
potente analgésico e que, por não ser tóxico, poderá
ser transformado em remédio.

Para saber mais sobre o assunto sugerimos a leitura


do texto “Uma dose de veneno, por favor” da revista
Super Interessante disponível em: <http://super.abril.
154 com.br/superarquivo/1992/conteudo_113256.shtml>.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

7.4. Exercícios

1) Relacione as alterações circulatórias apresentadas na coluna à


esquerda com os estados clínicos apresentados na coluna à direita.

( ) Alteração dos canais semicir-


culares
( ) Palidez cadavérica, inconsciente,
1. Vertigem ou tonteira com perda do tônus muscular
2. Labirintite ( ) Palidez e pulsação fraca
3. Desmaio ou lipotimia ( ) Decorre geralmente de movi-
4. Síncope mentos bruscos (giros ou ro-
dopios)
5. Estado de choque
( ) Nível de consciência alterado,
agitação e confusão mental,
visão nublada
155
2) Descreva os procedimentos que deverão ser tomados em cada
caso:

a) Vertigem:
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

b) Desmaio com vítima consciente:


__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

c) Desmaio com vítima inconsciente:


__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

RESERVADO
Alta Competência

d) Síncope:
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

e) Estado de choque:
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

3) Relacione os sintomas apresentados na primeira coluna com as al-


terações psicomotoras listadas na segunda coluna:
( 1 ) Histeria ( ) Alteração da consciência, altera-
156
ções motoras com perda do tônus
muscular, podendo provocar a que-
da do indivíduo e, às vezes, gritos.

( 2 ) Crise epilética ( ) Podem provocar a mordedura da


língua pela contração brusca dos
músculos da mandíbula.
( 3 ) Espasmos e ( ) Superexcitação nervosa, traumá-
convulsões tica ou de contrariedade moral.
Gritos estridentes, soluços, risos
descontrolados.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

4) Identifique o tipo de envenenamento presente em cada descrição


e após indique uma recomendação básica.

a) A vítima apresenta sensação de queimadura na boca, no


estômago, na garganta ou na pele.

__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

b) A vítima apresenta estado de delírio, dor, aumento da


sensibilidade e edema no local, diminuição ou parada da função
cardiorrespiratória e inconsciência.

__________________________________________________________
__________________________________________________________

c) A vítima apresenta reação local, dor, coceira (irritação da


157
pele) e inchaço.

__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

RESERVADO
Alta Competência

7.5. Glossário
Anemia - diminuição dos níveis de células sanguíneas vermelhas e/ou
hemoglobina, cuja principal função é o transporte de oxigênio dos pulmões
para os tecidos. É a desordem mais comum do sangue. Uma vez presente, é
necessário investigar sua causa, pois há vários tipos de anemia, produzidos por
uma variedade de causas. Os valores de normalidade da hemoglobina variam
com a idade é o sexo.

Anóxia - diminuição severa ou insuficiência de oxigenação do sangue, especialmente


no cérebro.

AVC - Acidente Vascular Cerebral.

Bulbo - órgão neurológico localizado na base do crânio, que continua na medula


e controla funções importantes como a respiração e o ritmo dos batimentos
cardíacos.

Cauda não rômbica - cauda não cilíndrica.

158 Cefaléia - dor de cabeça.

Cefalotórax - porção anterior do corpo de certos invertebrados que resulta da fusão


do encéfalo com o tórax.

Cerebelo - parte do cérebro que atua como coordenador dos movimentos corporais,
além de uma grande variedade de atividades cognitivas e perceptivas.

Cianose - caracteriza-se pela coloração azul-arroxeada da pele e membranas


mucosas devido ao excesso de concentração de hemoglobina reduzida, ou seja,
da hemoglobina oxidada (metahemoglobina) ou de pigmentos hemoglobínicos
anormais.

Delirium tremens - perturbação da consciência acompanhada por uma alteração


na cognição, causada pela abstinência ou suspensão do uso de drogas ou
medicamentos.

Distúrbio neurológico - alteração do sistema nervoso.

Distúrbio neuropsíquico - distúrbio do sistema nervoso e psicótico (distúrbios


cognitivos).

Distúrbio psicomotor - transtorno que atingem ao mesmo tempo, de forma


indissociável, a unidade formada pela inteligência, pela afetividade e pela
motricidade (movimento dos músculos do corpo humano).

Edema - acúmulo anormal de água no interstício ou em uma cavidade.

Encéfalo - estrutura situada no crânio e formada pelos seguintes órgãos: cérebro,


cerebelo, ponte ou protuberância e bulbo.

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

Epilepsia - desordem cerebral na qual os neurônios sinalizam de forma anormal,


causando contração muscular involuntária, estranhas sensações, emoções e
comportamentos.

Equilíbrio eletrolítico - manutenção de quantidade de sais (sódio e potássio) na


água existente dentro da célula, fora ou entre as células e no interior dos vasos,
isto é, no sangue (plasma), de forma constante e equilibrada.

Equilíbrio hidroeletrolítico - manutenção da quantidade de água e sais (sódio,


potássio etc) nos meios intra e extracelular do organismo de forma constante e
equilibrado.

Eritema - vermelhidão observada na pele.

Esfíncter - músculo em forma de anel, capaz de controlar o fluxo de fluidos corporais.

Fisiopatologia - alteração do funcionamento normal de qualquer setor do


organismo humano.

Fosseta loreal - orifício localizado entre a narina e o olho, em cada lado da cabeça.
Tem como função a captação de calor, que permite às serpentes perceberem as
diferenças de temperatura no ambiente. 159
Hipóxia - diminuição ou deficiência de oxigenação do sangue.

Inocula - introduz no organismo, enxerta, insere.

Lipotimia - também chamada de síncope. A manifestação é marcada por um


desequilíbrio do corpo e é causada por uma diminuição da chegada de sangue (e
oxigênio) no cérebro.

Motilidade - movimento de qualquer órgão muscular.

PA - Pressão Arterial.

Pápula cutânea - pequena bolha observada na pele.

Prurido - sensação que instintivamente induz o indivíduo a se coçar. Coceira.

Psicomotor - atividade que relaciona o controle dos movimentos do corpo


considerando aspectos internos e externos.

RCP - ressuscitação cardiorrespiratória.

Síncope - estado caracterizado por alterações cardiovasculares, de início


súbito, que pode ter diversas causas e marcado por parada das atividades
cardiorrespiratórias.

Tumefação - inchaço de um tecido causado por um processo inflamatório agudo,


tumoral ou por processo infiltrativo metabólico.

RESERVADO
Alta Competência

7.6. Bibliografia
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support. Chicago, 1997.

CANETTI, Marcelo Domingues. Protocolos Médicos Avançados de Atendimento Pré-


Hospitalar do GSE/CBMERJ. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

Manual para Técnicos de Emergências Médicas. GSBE- RJ. Rio de Janeiro: 2006.

NÚBIO. Núcleo de Biossegurança. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros Socorros, 2003.

SANTOS, Raimundo Rodrigues. Protocolos Médicos de Atendimento Pré-Hospitalar.


Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

160

RESERVADO
Capítulo 7. Alterações circulatórias e psicomotoras

7.7. Gabarito
1) Relacione as alterações circulatórias apresentadas na coluna à esquerda com os
estados clínicos apresentados na coluna à direita.
(2) Alteração dos canais semicirculares
1. Vertigem ou tonteira (4) Palidez cadavérica, inconsciente,
com perda do tônus muscular
2. Labirintite
(3) Palidez e pulsação fraca
3. Desmaio ou lipotimia
(1) Decorre geralmente de movimentos
4. Síncope bruscos (giros ou rodopios)
(5) Nível de consciência alterado, agitação
5. Estado de choque
e confusão mental, visão nublada

2) Descreva os procedimentos que deverão ser tomados em cada caso:

a) Vertigem:

• Afrouxar a roupa da vítima;

• Sentá-la com a cabeça baixa; 161


• Se não houver melhora ou a vítima achar que vai desfalecer, deitá-la e mantê-la
em repouso.

b) Desmaio com vítima consciente:

• Manter a vítima deitada;

• Afastar curiosos que estiverem em volta, permitindo a livre circulação do ar;

• Afrouxar as vestes da vítima;

• Sentá-la em uma cadeira com a cabeça entre os joelhos.

c) Desmaio com vítima inconsciente:

• Colocar a vítima em posição confortável;

• Elevar seus membros inferiores para aumentar o retorno venoso.

RESERVADO
Alta Competência

d) Síncope:

• Aquecer a vítima e elevar seus membros inferiores para facilitar o fluxo de sangue
para o encéfalo;

• Afrouxar suas vestes;

• Se houver parada cardiorrespiratória, aplicar manobras de reanimação.

e) Estado de choque:

• Deitar a vítima com as pernas elevadas e afrouxar suas roupas;

• Manter a vítima aquecida;

• Aplicar oxigênio;

• Proceder à ressuscitação cardiorrespiratória (RCP), quando necessário;

• Ficar atento à possibilidade de fraturas no crânio, nas costelas ou na


coluna vertebral;

• Providenciar remoção hospitalar com urgência.

3) Relacione os sintomas apresentados na primeira coluna com as alterações


psicomotoras listadas na segunda coluna:
162
(1) Histeria (2) Alteração da consciência, alterações motoras
com perda do tônus muscular, podendo provo-
car a queda do indivíduo e, às vezes, gritos.
(2) Crise epilética (3) Podem provocar a mordedura da língua pela
contração brusca dos músculos da mandíbula.
(3) Espasmos e (1) Superexcitação nervosa, traumática ou de con-
convulsões trariedade moral. Gritos estridentes, soluços,
risos descontrolados.
4) Identifique o tipo de envenenamento presente em cada descrição e após indique
uma recomendação básica.

a) A vítima apresenta sensação de queimadura na boca, no estômago, na garganta


ou na pele.

Envenenamento por ingestão de produtos químicos, drogas e medicamentos.


Recomendação: ingerir grande quantidade de água ou provocar o vômito,
forçando a vítima a beber água morna, de forma a diluir a substância tóxica
no estômago.

b) A vítima apresenta estado de delírio, dor, aumento da sensibilidade e edema no


local, diminuição ou parada da função cardiorrespiratória e inconsciência.

Envenenamento por produto injetável. Recomendação: verificar a respiração, o


pulso e se a vítima está consciente, bem como o possível agente causador.

c) A vítima apresenta reação local, dor, coceira (irritação da pele) e inchaço.

Envenenamento por peçonha de animais. Recomendação: retirar cuidadosamente


o ferrão, se houver, lavar o local com água e sabão e encaminhar a vítima ao
serviço médico, principalmente em casos de muitas picadas ou sinais de reação
alérgica.

RESERVADO
Capítulo 8
Prefácio

Sofrendo lesões
pelo calor

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Diferenciar insolação de intermação e reconhecer os


sintomas correspondentes;
• Classificar as queimaduras de acordo com os agentes
causais, gravidade e extensão do dano;
• Identificar os principais procedimentos a serem
adotados em queimaduras térmicas e queimaduras
provocadas por produtos químicos.

RESERVADO
Alta Competência

164

RESERVADO
Capítulo 8. Sofrendo lesões pelo calor

8. Sofrendo lesões pelo calor

O
s mamíferos e as aves apresentam um mecanismo de controle
da temperatura corporal que permite uma adaptação
melhor destes animais a diversos ambientes terrestres.
A manutenção da temperatura corpórea estável (homeotermia)
é regulada por meio de alterações fisiológicas que são ativadas
quando a temperatura aumenta ou diminui.

Quando a temperatura sobe rapidamente, devido a fatores


climáticos ou atividade metabólica (esforço ou exercício físico), a
temperatura do corpo e da pele se eleva. Os sensores periféricos
e o aumento do fluxo sangüíneo mais aquecido estimulam o
hipotálamo que, por sua vez, ativa o sistema nervoso autônomo
para processar inúmeras alterações. A freqüência respiratória
aumenta para compensar a perda de calor através do ar expirado,
165
o débito cardíaco também aumenta, fazendo com que mais sangue
circule, aquecendo ainda mais o corpo.

Para manter a temperatura estável entre 36,8°C - 37°C, o corpo


começa a suar, para esfriar a superfície da pele, funcionando como
termostato. Em algumas situações ambientais, patológicas ou de
morbidade, a temperatura corpórea se eleva, podendo provocar
lesões metabólicas ou nos tecidos afetados.

O sol tem sido fonte de energia, luz, calor e saúde por bilhões
de anos. Graças a ele, o planeta se desenvolveu, permitindo o
surgimento e permanência da vida e a manutenção da cadeia
alimentar até os nossos dias. Os efeitos benéficos do sol são bastante
conhecidos: ele auxilia o desenvolvimento dos ossos e dentes nos
animais vertebrados, bem como em seu crescimento, a absorção
de vitaminas para o organismo, é um elemento fundamental na
fotossíntese, favorecendo a reciclagem de oxigênio na Terra e é
fonte de energia não poluente para a vida moderna do homem.
Entretanto, o conhecimento sobre alguns efeitos nocivos para o
homem são mais recentes. A exposição excessiva à luz solar pode
desencadear diversos problemas para o ser humano.

RESERVADO
Alta Competência

Há algumas décadas foi detectada uma significativa redução na


camada de ozônio sobre a Antártida. Desde então, observa-se uma
taxa total de 4% de redução deste gás. O ozônio é um gás essencial
para a vida do planeta, pois filtra a radiação ultravioleta proveniente
das ondas solares. A redução dessa camada de ozônio na atmosfera
aumenta nossa exposição aos raios solares, provocando danos à nossa
saúde. A exposição excessiva ao sol pode causar não só desequilíbrio
hidrossalino (composto de água e sais), como também queimaduras e
até câncer de pele.

Os efeitos nocivos do excesso de exposição à luz solar pode ser


caracterizados em três grupos:

• Insolação;

• Intermação;
166
• Queimaduras.

8.1. Insolação: calor demais, líquidos e sais de menos

Insolação é o aumento da temperatura corporal, com depleção


(diminuição, remoção) de sal ou água no organismo, por exposição
excessiva e prolongada ao sol. A perda de sais minerais é mais comum,
pois a perda de líquido geralmente estimula a sede. A pessoa afetada
pode ter vertigens ou desmaiar, sentir fraqueza, náuseas e dor de cabeça.
Pode ocorrer também visão com manchas e zumbido nos ouvidos.

A pele fica quente, vermelha, brilhante e seca.

A insolação provoca febre alta, pulso rápido e respiração irregular.


Em bebês, cujas reservas de água são menores, a insolação pode
ocasionar rapidamente uma desidratação, que pode levar à convulsão.
A primeira providência a ser tomada é levar a vítima para um local
fresco, à sombra. É necessário que se faça um resfriamento gradual
da temperatura corporal, por banho frio ou compressas frias. É bom
deitar a vítima de costas, com a cabeça e os braços erguidos, e aplicar
na cabeça um pano molhado ou compressa com gelo. Pode-se jogar
água fria sobre a roupa, conservando-a molhada.

RESERVADO
Capítulo 8. Sofrendo lesões pelo calor

O retorno à condição normal de equilíbrio hidroeletrolítico é


essencial para não agravar o estado da pessoa. A reposição de
sais e água deve ser imediata. Dar bastante água, sucos, sopas
e bebidas isotônicas (que recompõem líquidos e sais minerais
no organismo).

8.2. Intermação: muito calor e umidade demais

O calor produzido por fontes artificiais, tais como fornos,


minas e incêndios, pode conduzir a vítima que foi exposta, por
tempo prolongado, a lesões cerebrais ou até a morte. O calor
excessivo provoca fadiga hipotalâmica e/ou fadiga das glândulas
sudoríparas, bloqueando a sudorese, que tem como função
primordial a perda de calor. Como o organismo não consegue
baixar a temperatura corporal, a mesma se eleva, atingindo
diversos órgãos. Certas células morrem quando a temperatura
do corpo é maior que 42°C. O cérebro, rins, fígado e coração são 167
os órgãos mais afetados. Os sintomas mais comuns causados pela
intermação são desorientação, delírio, confusão mental, perda
do controle intestinal e vesical e convulsão. Síncopes podem
ocorrer, evoluindo para o choque ou coma.

No socorro a uma vítima de intermação deve-se removê-la do local


para um lugar arejado e fresco e controlar seus sinais vitais (pulso,
respiração, pressão). Se a vítima estiver consciente, é aconselhável
administrar líquidos para reposição.

Se a pele da vítima apresentar-se fria, deve-se aquecer seu corpo e


elevar os membros inferiores. Não administrar líquidos. Se a pele
apresentar-se quente, deve-se afrouxar as vestes da vítima e colocar
a cabeça mais alta que o corpo. Encaminhar a vítima ao hospital.

A perda excessiva de água, seja por sudorese intensa, vômitos ou


diarréias, eleva a concentração de íons de sódio e cálcio nas células,
provocando espasmos involuntários e dolorosos dos músculos,
conhecidos como cãibras. A reposição de água e potássio restabelece
este equilíbrio hidroeletrolítico. Além do calor e diminuição de
potássio, o frio, a hiperventilação e venenos de aranhas (viúva
negra) podem provocar cãibras no indivíduo.

RESERVADO
Alta Competência

8.3. Queimaduras: calor, radiação e substâncias caústicas demais,


proteção de menos

As queimaduras são lesões na pele causadas pela ação de calor,


radiação, produtos químicos ou certos animais e vegetais, que causam
dores fortes e podem reduzir a capacidade protetora da pele, expondo
o organismo a infecções.

A pele é a roupa viva que envolve o corpo humano. Graças a sua


elasticidade, permite-nos total liberdade de movimentos. A pele
desempenha várias funções: protege o corpo das queimaduras do sol,
de danos mecânicos, da invasão de microrganismos e do ressecamento.
Além disso, sua função mais extraordinária é atuar como uma manta
térmica, controlando a estabilidade da temperatura do corpo.

A pele tem duas camadas firmemente unidas entre si: a epiderme, mais
168 externa, e a derme, situada internamente. A epiderme é composta por
células bem encaixadas, dispostas em várias camadas. Nas camadas
mais profundas, junto à derme, as células são vivas e se multiplicam
sem parar. Novas células vão sendo geradas, empurrando as mais
velhas para cima, na superfície do corpo. A derme não é formada por
células unidas; elas estão dispersas entre o tecido conjuntivo que lhe
confere elasticidade e resistência. Na derme existem vasos sangüíneos
que nutrem as células da pele.

Por mais improvável que possa parecer, a pele é considerada o maior


órgão do corpo humano. Isso pode ser explicado pelo fato de que a
pele nos reveste tanto externamente quanto internamente (mucosas).
Ela pode ser considerada um órgão porque desenvolve uma função
específica e é formada por diversos tipos de tecidos, tais como o
epitelial, nervoso, sangüíneo, conjuntivo etc.

RESERVADO
Capítulo 8. Sofrendo lesões pelo calor

? VOCÊ SABIA?
Popularmente costumamos ouvir que pessoas sensíveis
ou irritadiças tinham os “nervos à flor da pele”.
De fato, nossa pele contém inúmeras terminações
nervosas sensíveis ao frio, ao calor, à dor e à pressão.
Através delas captamos valiosas informações sobre
as condições do ambiente. Mas isso não justifica a
expressão popular.

Devido às suas múltiplas funções e extensão, a lesão ou perda deste


tecido causa conseqüências sérias. Queimaduras são os principais
agentes que provocam lesão grave da pele.

ATENÇÃO

Não é apenas o fogo que pode queimar nossa pele. 169


Frio excessivo e sustâncias ácidas também podem
queimá-la.

8.3.1. Classificação das queimaduras

As queimaduras podem ser classificadas de acordo de com


agentes causais:

• Físicas (térmicas) – provocadas por eletricidade, raios solares,


fogo, vapores, conduções de calor através de líquidos e sólidos;

• Químicas – provocadas por substâncias corrosivas líquidas


ou sólidas.

A gravidade de uma queimadura está associada à profundidade


e extensão da área da pele afetada, ao local do corpo, ao risco de
complicações subseqüentes, bem como à idade e condições gerais
da vítima.

Em relação à profundidade e à gravidade, as queimaduras podem


ser classificadas:

RESERVADO
Alta Competência

Caracteriza-se por vermelhidão cutânea (eritema),


1º grau
dolorosa.

Além da vermelhidão, há formação de bolhas d’água


2º grau
(flictenas), dolorosas.

Atinge camadas profundas da pele, causando


destruição das terminações nervosas e sensitivas do
tecido, sendo indolor. Ocorre necrose (destruição e
3º grau morte) do tecido. Geralmente são acompanhadas de
febre, colapso, insuficiência renal, oligúria (diminuição
da quantidade de urina), distúrbios gastrointestinais,
estado tóxico e choque.

As queimaduras térmicas podem ainda ser classificadas de


acordo com a extensão do dano em grande queimado e
170 pequeno queimado.

A avaliação da relação gravidade-extensão pelo socorrista pode ser


realizada pela regra dos nove, bastante útil e de fácil memorização.
Os valores são dados em porcentagem (%) da superfície corporal.

Consideramos um pequeno queimado quando a área em questão


corresponde a até 15% do corpo. Acima de 15% apresenta-se um
grande queimado. Em crianças, este índice cai para 10% da área
corporal queimada.

Parte do corpo % do corpo


Cabeça 9
Pescoço 1
Tronco (frente) 18
Tronco (costas) 18
Membro superior 9
Membro inferior 18
Coxa 9
Perna e pé 9
Genitália 1
Observação: Em termos práticos podemos usar a palma
da mão da vítima como equivalente a 1% para avaliar
melhor a extensão da queimadura.
Regra dos nove para verificar a extensão de queimaduras

RESERVADO
Capítulo 8. Sofrendo lesões pelo calor

São consideradas queimaduras graves aquelas de:

• Qualquer grau e extensão que apresentem complicações


devido a lesões do trato respiratório, geralmente associadas a
queimaduras perto das narinas e por fumaça;

• 3º grau que atinjam áreas como face, mãos ou pés ou que


comprometam mais de 10% da superfície corporal queimada;

• 2º grau que comprometam mais de 30% da área corporal.

As queimaduras moderadas são aquelas de:

• 3º grau, com comprometimento de 2 a 10% da superfície


corporal, desde que não afetem mãos, faces ou pés;
171
• 2º grau que envolvam de 15 a 30% da superfície do corpo;

• 1º grau que comprometam de 50 a 75% da superfície corporal.

As queimaduras leves são aquelas de:

• 3º grau, com menos de 2% de comprometimento;

• 2º grau, com menos de 15% da superfície do corpo;

• 1º grau, com menos de 20% da área corporal.

A avaliação e a determinação da extensão e da gravidade de uma


queimadura fornecem orientações de como agir em cada caso.

RESERVADO
Alta Competência

8.3.2. Procedimentos emergenciais imediatos

a) Queimaduras de pequena extensão

• Lavar o local com água fervida ou corrente, de preferência fria,


por 2 a 5 minutos;

• Fazer compressas para aliviar a dor e hidratar.

Importante!
Não coloque nenhum produto ou pomada para
queimadura, pois estas substâncias podem agravar a
lesão e promover infecção. Também não use mercú-
rio ou iodo para não mascarar a lesão e dificultar a
avaliação médica.
172

b) Queimaduras de grande extensão

Os objetivos principais dos primeiros socorros nas queimaduras de 1º


e 2º graus de grande extensão ou de 3º grau são:

• Evitar o estado de choque;

• Evitar a contaminação;

• Controlar a dor.

Uma vítima com 25% do corpo queimado está sujeita a entrar em


estado de choque, podendo morrer se não receber imediatamente
os primeiros socorros. No choque, a parte líquida do sangue é
enviada pelo corpo às áreas queimadas. Talvez não haja suficiente
volume de sangue para manter o cérebro, o coração e outros órgãos
funcionando normalmente.

RESERVADO
Capítulo 8. Sofrendo lesões pelo calor

Quando a agressão térmica é muito grande, o sistema nervoso


central, o aparelho respiratório, os rins e o sistema circulatório e
digestivo podem ficar bastante comprometidos, pondo em risco a
vida da pessoa. Deve-se ficar sempre atento ao comprometimento
de outras áreas que não sejam a pele.

Importante!
• Mantenha as bolhas intactas;

• Não irrite nem as fure;

• Quase todas as queimaduras devem ser examina-


das por um médico.

8.3.3. Procedimentos emergenciais para os diferentes tipos de


queimaduras 173

a) Queimaduras térmicas

Procedimento emergencial:

• Lavar a área queimada, de preferência com água fria, que


deve ser corrente ou fervida;

• Não remover a roupa se esta estiver aderida à queimadura;

• Não colocar sobre o ferimento iodo, mercúrio ou pomada;

• Não dar líquidos à vítima se esta estiver inconsciente;

• Aquecer a vítima e elevar os membros inferiores;

• Manter os sinais vitais. No caso de parada cardiorrespiratória,


aplicar método de reanimação, encaminhando a vítima para
o hospital.

RESERVADO
Alta Competência

b) Queimaduras por produtos químicos

Queimaduras provocadas por agentes químicos compostos de ácidos


fortes ou álcalis podem lesar qualquer área do organismo, porém são
mais freqüentes na pele, na boca e nos olhos. Os cuidados posteriores às
queimaduras por produtos químicos são semelhantes aos empregados
para queimadura térmica.

Procedimento emergencial:

• Aplicar bastante água na pele, na área queimada. A rapidez


nessa aplicação é importantíssima para diminuir a extensão
do ferimento;

• Cobrir a queimadura com curativo esterilizado ou pano limpo;

174
• Manter a vítima deitada, elevando suas pernas se a queimadura
for extensa;

• Dar água se a vítima estiver consciente;

• Não utilizar soluções neutralizantes;

• Caso a queimadura seja nos olhos, redobrar os cuidados dos


ferimentos e sua lavagem. Colocar um curativo macio nos olhos,
fechando a pálpebra, e encaminhar a vítima ao hospital.

c) Queimaduras por descarga elétrica

As queimaduras por choque elétrico costumam mostrar feridas


aparentemente pequenas, porém a corrente elétrica destrói uma
quantidade considerável de tecido abaixo da ferida cutânea.
Freqüentemente existem duas queimaduras: uma na entrada e outra
na saída da corrente elétrica.

RESERVADO
Capítulo 8. Sofrendo lesões pelo calor

Procedimento emergencial:

Os cuidados são os mesmos referentes a outros tipos de queimaduras.


Uma possível conseqüência é a paralisação da respiração devido às
contrações dos músculos respiratórios. Quando isso ocorre, devemos
executar as manobras de reanimação.

175

RESERVADO
Alta Competência

8.4. Exercícios

1) Diferencie insolação e intermação:

________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________
________________________________________________________________

2) Complete os quadros apresentados a seguir relativos à classificação


das queimaduras:

a) Quanto aos agentes causais:

Provocadas por eletricidade, raios solares, fogo, vapo-


res, conduções de calor através de líquidos e sólidos.
176
Provocadas por substâncias corrosivas líquidas ou
sólidas.

b) Quanto à profundidade e gravidade:

Vermelhidão cutânea (eritema), dolorosa.


Vermelhidão, formação de bolhas d’água (flictenas),
dolorosa.
Atinge camadas profundas da pele, causa destrui-
ção das terminações nervosas e sensitivas do tecido,
sendo indolor. Ocorre necrose (destruição e morte)
do tecido.

RESERVADO
Capítulo 8. Sofrendo lesões pelo calor

3) Como proceder em cada um dos estados patológicos provocados


pelo calor?

a) Insolação

__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

b) Intermação

__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 177
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

RESERVADO
Alta Competência

4) Assinale F (falso) ou V (verdadeiro) para os procedimentos emer-


genciais para os dois diferentes tipos de queimaduras a seguir:

a) Queimaduras térmicas

( ) Lavar a área queimada, de preferência com água fria, que


deve ser corrente ou fervida.
( ) Remover a roupa mesmo se esta estiver aderida à
queimadura.
( ) Limpar o ferimento com iodo, mercúrio ou aplicar uma
pomada.
( ) Dar líquidos à vítima mesmo se esta estiver inconsciente.

( ) Aquecer a vítima e elevar os membros inferiores.

b) Queimaduras por produtos químicos


178
( ) Aplicar bastante água na pele, na área queimada. A rapidez
nessa aplicação é importantíssima para diminuir a extensão
do ferimento.
( ) Cobrir a queimadura com curativo esterilizado ou pano
limpo.
( ) Tentar fazer a vítima caminhar, para permitir uma circulação
melhor dos fluidos corporais.

( ) Não dar água à vítima mesmo se ela estiver consciente.

( ) Limpar o ferimento com soluções neutralizantes.

RESERVADO
Capítulo 8. Sofrendo lesões pelo calor

8.5. Glossário
Depleção - redução de alguma substância ou processo físico, químico ou biológico.
Geralmente empregado em biologia ou medicina para indicar a redução drástica
de uma substância no meio celular ou ainda redução de uma via metabólica ou
evento funcional.

Desequilíbrio hidrossalino - situação na qual o organismo elimina mais água e


cloreto de sódio do que recebe.

Equilíbrio hidroeletrolítico - equilíbrio que o corpo humano possui entre água e


sais minerais (sódio, cálcio e potássio).

Fadiga da glândula sudorípara - desgaste ou esgotamento da glândula


sudorípara, responsável pela sudorese (suor).

Fadiga hipotalâmica - desgaste ou esgotamento do órgão neurológico existente


na base do cérebro que é chamado hipotálamo.

Flictena - bolha d’água formada sob a pele por ocorrência de queimadura grave
de segundo grau. 179

Hiperventilação - aumento da quantidade de ar que ventila os pulmões.

Hipotálamo - região do cérebro com o tamanho aproximado de uma ervilha.


Tem como função regular diversos processos metabólicos e outras atividades
autônomas. Controla importantes atividades do organismo, tais como: sono,
apetite, metabolismo da água, temperatura corporal etc.

Homeotermia - característica de seres capazes de manter a temperatura corporal


mais ou menos constante apesar da temperatura ambiente.

Sudorese - mecanismo fisiológico de produção e eliminação de suor pelas glândulas


sudoríparas.

Tecido conjuntivo (ou tecido conectivo) - possui como função a ligação,


preenchimento ou sustentação de órgãos.

RESERVADO
Alta Competência

8.6. Bibliografia
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support. Chicago, 1997.

CANETTI, Marcelo Domingues. Protocolos Médicos Avançados de Atendimento Pré-


Hospitalar do GSE/CBMERJ. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

Manual para Técnicos de Emergências Médicas. GSBE- RJ. Rio de Janeiro: 2006.

NÚBIO. Núcleo de Biossegurança. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros Socorros, 2003.

SANTOS, Raimundo Rodrigues. Protocolos Médicos de Atendimento Pré-Hospitalar.


Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

180

RESERVADO
Capítulo 8. Sofrendo lesões pelo calor

8.7. Gabarito
1) Diferencie insolação e intermação:

A insolação é o aumento da temperatura corporal, com depleção (diminuição,


remoção) de sal ou água no organismo, por exposição excessiva e prolongada ao
sol. Já a intermação deve-se ao calor produzido por fontes artificiais tais como
fornos, minas e incêndios, pode conduzir a vítima que foi exposta, por tempo
prolongado, a lesões cerebrais ou até a morte.

2) Complete os quadros apresentados a seguir relativos à classificação das


queimaduras:

a) Quanto aos agentes causais:

Provocadas por eletricidade, raios solares, fogo, vapores,


Físicas
conduções de calor através de líquidos e sólidos.

Químicas Provocadas por substâncias corrosivas líquidas ou sólidas.

b) Quanto à profundidade e gravidade:


181
1º Grau Vermelhidão cutânea (eritema), dolorosa.

2º Grau Vermelhidão, formação de bolhas d’água (flictenas), dolorosa.

Atinge camadas profundas da pele, causa destruição das


3º Grau terminações nervosas e sensitivas do tecido, sendo indolor.
Ocorre necrose (destruição e morte) do tecido.

3) Como proceder em cada um dos estados patológicos provocados pelo calor?

a) Insolação

Remover a vítima para um local fresco, à sombra. Fazer um resfriamento gradual


da temperatura corporal, por banho frio ou compressas frias. Recomenda-se
deitar a vítima de costas, com a cabeça e os braços erguidos e aplicar na cabeça
um pano molhado ou compressa com gelo. Pode-se jogar água fria sobre a roupa,
conservando-a molhada.

A reposição de sais e água deve ser imediata. Dar bastante água, sucos, sopas e
bebidas isotônicas (que recompõem líquidos e sais minerais no organismo).

b) Intermação

Remover a vítima do local para um lugar arejado e fresco e controlar seus sinais
vitais (pulso, respiração, pressão). Se a vítima estiver consciente, é aconselhável
administrar líquidos para reposição. Se estiver inconsciente, observar se sua pele
apresenta-se fria. Neste caso, aqueça seu corpo e eleve os membros inferiores.
Não administre líquidos. Se a pele apresentar-se quente, afrouxe as vestes da
vítima e coloque a cabeça mais alta que o corpo. Encaminhe a vítima ao hospital.

RESERVADO
Alta Competência

4) Assinale F (falso) ou V (verdadeiro) para os procedimentos emergenciais para os


dois diferentes tipos de queimaduras a seguir:

a) Queimaduras térmicas

( V ) Lavar a área queimada, de preferência com água fria, que deve ser corrente
ou fervida.
(F) Remover a roupa mesmo se esta estiver aderida à queimadura.
Justificativa: se a roupa estiver grudada só deverá ser só removida quando
do atendimento no hospital.
(F) Limpar o ferimento com iodo, mercúrio ou aplicar uma pomada.
Justificativa: o ferimento só deve ser limpo por profissionais capacitados.

(F) Dar líquidos à vítima mesmo se esta estiver inconsciente.


Justificativa: se a vítima estiver inconsciente, não deve receber nenhuma
tipo de bebida ou medicamento por via oral.
( V ) Aquecer a vítima e elevar os membros inferiores.

b) Queimaduras por produtos químicos

182 ( V ) Aplicar bastante água na pele, na área queimada. A rapidez nessa aplicação
é importantíssima para diminuir a extensão do ferimento.
( V ) Cobrir a queimadura com curativo esterilizado ou pano limpo.
(F) Tentar fazer a vítima caminhar, para permitir uma circulação melhor dos
fluidos corporais.
Justificativa: a vítima deve ser mantida deitada, elevando suas pernas se a
queimadura for extensa.
(F) Não dar água à vítima mesmo se ela estiver consciente.
Justificativa: se a vitima estiver consciente podemos proceder a hidratação oral.

(F) Limpar o ferimento com soluções neutralizantes.


Justificativa: a limpeza do ferimento só deve ser realizada por profissionais
capacitados.

RESERVADO
Capítulo 9
Prefácio

Cuidando de lesões
traumatortopédicas

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Diferenciar os tipos de lesões traumatortopédicas;


• Identificar a classificação das fraturas;
• Identificar os procedimentos de primeiros socorros para os
principais tipos de lesões traumatortopédica.

RESERVADO
Alta Competência

184

RESERVADO
Capítulo 9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

C
orrer, saltar, abaixar, chutar e muitas outras ações da vida estão
ligadas ao movimento e à sustentação, dos quais dependem os
ossos e os músculos. O ser humano, como todos os outros seres
vivos, relaciona-se com o ambiente e precisa se adaptar a este. Uma das
características adaptativas é a locomoção. Esta capacidade permite-
nos mudar de ambiente ou ir em busca de algo. Nos vertebrados, ossos
e músculos, tendões e ligamentos formam conjuntos articulados que
permitem a movimentação e, conseqüentemente, a locomoção.

Nenhum vertebrado se sustentaria nem se movimentaria sem


o esqueleto, pois os músculos precisam atuar com os ossos,
formando alavancas.

Os ossos se unem uns aos outros por meio das articulações, permitindo
uma amplitude maior de movimentos. Os ossos, músculos, tendões,
185
ligamentos e as articulações compõem nosso sistema locomotor.

Nem sempre os movimentos do ser humano são tão exatos ou


possuem um reflexo perfeito. Uma simples caminhada, por
exemplo, pode resultar em uma queda acidental. Quando ocorrem
acidentes, os seres humanos estão sujeitos a diversos tipos de lesões
traumatortopédicas. Esse é o tema que permeará esse capítulo.

Os mais diversos tipos de traumas físicos podem atingir o aparelho


locomotor, provocando lesões em algum órgão que compõe este
sistema. As mais comuns podem afetar as articulações, os ossos,
tendões, ligamentos ou músculos. As articulações se separariam, se
não fossem os resistentes ligamentos que as unem. Se um deles se
danifica, elas podem se separar e se romper.

Os nossos membros podem se articular porque ossos e músculos


interagem em complexas estruturas denominadas articulações. O
ombro, o cotovelo, o tornozelo e os “nós” dos dedos são alguns
exemplos das mesmas. Entretanto, certas articulações permitem
movimentos apenas limitados, como, por exemplo, as articulações
das vértebras. Nas articulações móveis e semimóveis, as partes em que
os ossos estão em contato são revestidas de cartilagem e membrana

RESERVADO
Alta Competência

deslizante, para permitir o mínimo de atrito. Além disso, o espaço


entre a membrana e o osso contém um fluido que funciona como
lubrificante chamado líquido sinovial. Esse complexo conjunto pode
estar sujeito a três tipos fundamentais de lesões traumatortopédicas:
as entorses, as luxações e as fraturas.

9.1. Entorse

Muitas vezes praticando esporte, subindo ou descendo escadas ou


simplesmente caminhando em um local desnivelado pode-se perder
momentaneamente a estabilidade no apoio dos pés. Basta um pequeno
deslize e se torce o tornozelo. Como todo o peso do corpo está apoiado
sobre os pés, essa articulação pode sofrer lesões complexas de vários
graus. Popularmente fala-se que pisamos de mau jeito e virou-se o pé.
Obviamente esse problema exemplificado no tornozelo pode ocorrer
em qualquer articulação móvel ou semimóvel.
186
Um traumatismo que atinja as articulações pode provocar uma
distensão (alongamento excessivo) dos ligamentos articulares,
ocasionando a separação momentânea das superfícies ósseas da
articulação. A entorse pode então provocar inflamação, edema
(inchaço) e dor local. A dor normalmente impede os movimentos,
limitando nossa locomoção.

Uma entorse pode ter vários graus, indo desde um pequeno


desconforto, que tende a ceder em poucos dias, até um deslocamento
total da posição dos ossos de uma articulação. Quando ocorre uma
desarticulação parcial ou total dos ossos temos um caso de luxação.

9.2. Luxação

Quando o limite máximo de flexão é imposto a uma articulação e


ocorre o deslocamento completo de duas superfícies articulares,
provocando perda de contato entre as duas extremidades ósseas,
tem-se um quadro de luxação. A luxação modifica as reações
naturais da articulação, provocando dor intensa, edema local
e deformação da mesma. Geralmente neste caso a pessoa não
consegue movimentá-la.

RESERVADO
Capítulo 9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

As orientações nesta situação são:

• Imobilizar adequadamente a região;

• Não fazer fricção, não tentar articular forçadamente e nem


distender desnecessariamente a área afetada;

• Aplicar bolsa de gelo local e manter a região em repouso;

• Evitar colocar peso na região afetada;

• Buscar atendimento médico urgente para uma avaliação adequada.

Especificamente na luxação, ainda pode-se indicar que:

• A articulação deve ser cuidadosamente imobilizada colocando 187


os ossos em uma posição de conforto que permita o transporte
com o mínimo de dor;

• Não se deve tentar recolocar a articulação no lugar. Só profissionais


médicos e ortopedistas conhecem as manobras adequadas de
posicionamento dos ossos na articulação.

9.3. Fraturas

Muitas vezes, uma lesão pode atingir um órgão específico e não uma
articulação. Apesar de muito resistentes e flexíveis, até certo ponto,
os ossos podem se quebrar ao receber muita pressão. O rompimento
parcial ou total da estrutura esquelética do corpo caracteriza uma
fratura. A fratura pode ser provocada por traumatismos intensos e
pontuais, causados por quedas, pancadas e acidentes diversos.

A resistência dos ossos, contudo, varia dependendo da faixa etária,


sexo e estado nutricional do indivíduo. Os ossos acumulam cálcio
obtido pela alimentação. Por outro lado, a contração muscular é um
processo que consome cálcio dos ossos. Assim, em todos nós existe
um processo dinâmico de construção e desconstrução da matriz óssea
(parte mineral dos ossos).

RESERVADO
Alta Competência

Durante a juventude, período de crescimento do organismo, o


depósito de cálcio nos ossos é maior que a sua absorção pelas células
musculares. Na fase adulta, há um equilíbrio entre os dois e na velhice
a absorção de cálcio pelas células musculares pode acabar sendo
maior que seu depósito. Por isso, em pessoas idosas as fraturas são
mais comuns e demoram muito mais tempo para se consolidar.

Algumas fraturas são consideradas patológicas, por ocorrerem


em indivíduos que apresentam predisposição à quebra dos ossos,
mesmo em traumatismos leves, devido à falta de resistência dos
ossos. Nesses indivíduos os ossos são pouco densos e sua porosidade
origina um quadro denominado de osteoporose. A osteoporose
é caracterizada pela diminuição do conteúdo mineral do osso,
principalmente o cálcio.

Além da osteoporose, o osso pode sofrer um processo patológico


188 denominado de osteomielite (osteíte) – processo inflamatório
e infeccioso que compromete a região medular, causado por
microrganismos bacterianos que penetram através de ferimentos de
pele ou pelo sangue.

As fraturas podem ser classificadas em:

Fechadas ou
Os ossos se quebram, mas não rompem a pele.
internas
Abertas ou Os ossos fraturados rompem a pele, aparecendo
expostas através de uma ferida.

Alguns sinais aparentes ajudam a identificar um caso de fratura:

• Nota-se uma deformidade na região, como se o osso estivesse


solto por dentro ou fora do lugar;

• Incapacidade de mover as extremidades ou articulações


adjacentes ao osso;

• Dor aguda e localizada;

RESERVADO
Capítulo 9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

• Em casos de fraturas expostas, os fragmentos do osso perfuram


a pele e podem ser vistos externamente.

ATENÇÃO

Não deve-se tentar recolocar os ossos no seu eixo


ou mesmo forçar o membro para que volte a sua
posição normal. Será muito doloroso para a vítima
e pode agravar seu quadro, se não for realizado
corretamente.

Não deve se deslocar ou arrastar a vítima até que a


região da fratura tenha sido imobilizada, a não ser em
casos de perigo iminente.

Para cada fratura e osso afetado existe um tipo de procedimento de


189
primeiro socorro e imobilização diferente. É importante, portanto,
o socorrista conhecer os diversos tipos de fraturas e aplicar as
técnicas de assistência correspondentes. Um diagnóstico impreciso
da fratura ou a aplicação da técnica incorreta podem agravar o
problema. A seguir seguem algumas condutas básicas para os
diversos tipos de fratura:

9.3.1. Fraturas expostas

Deve-se, inicialmente, controlar a hemorragia e ficar atentos para o


sangramento arterial.

• O ferimento deve ser protegido com gaze ou pano limpo e


fixado com uma bandagem;

• Manter a vítima em repouso e providenciar a imobilização;

• A vítima só deve ser deslocada após a sua imobilização.

RESERVADO
Alta Competência

9.3.2. Fraturas fechadas

a) Fratura de braço e antebraço

• Colocar um material acolchoado ou algodão sob a axila;

• Obter uma tala e colocá-la do lado externo do braço, com


comprimento suficiente para ir do ombro até o cotovelo. Fixar a
tala com panos ou ataduras;

• Flexionar o antebraço da vítima em ângulo reto com o braço e


fixá-lo ao tórax com ajuda de uma tipóia.

190

Tipóia para braço

b) Fratura de mão e dedo

• Usar uma tala longa e acolchoada;

• Fixar a mão na tala com tiras de panos ou ataduras;

• Colocar uma tipóia;

• Em fratura dos dedos, podemos usar uma tala estreita e longa


para apoiá-los, até passar pela articulação da mão.

RESERVADO
Capítulo 9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

Tala para mãos e dedos

c) Fratura de bacia ou fêmur

• Colocar uma tala na face interna da coxa, desde o pé até a


região inguinal;

• Colocar outra tala, na face externa, desde o pé até acima da


cintura;
191
• Fixar com panos e ataduras.

Tala para fêmur

d) Fratura de patela (rótula)

• Colocar a tala por trás do membro inferior, desde o calcanhar


até a região glútea;

• Fixar com um pano ou atadura.

Tala de patela

RESERVADO
Alta Competência

e) Fratura da perna

• Colocar a tala na face interna da coxa, desde o pé até um pouco


acima do joelho;

• Colocar outra tala na face externa na mesma altura da outra;

• Fixar com pano ou atadura.

Tala de perna
192
f) Fratura do tornozelo e pé

• Se possível, retirar o sapato ou afrouxá-lo;

• Imobilizar com almofadas, cobertor ou papelão duro, formando


um ângulo reto, em torno do tornozelo e do pé.

Isolando o tornozelo e o pé

RESERVADO
Capítulo 9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

9.3.3. Fraturas em locais de cuidados redobrados

Podem ocorrer fraturas em locais que exigem cuidados redobrados.


São áreas onde a lesão pode provocar conseqüências e seqüelas
graves. A clavícula, as costelas, a coluna vertebral e o crânio são
considerados áreas nobres.

a) Fratura de clavícula

• É muito comum ocorrer fratura na clavícula, principalmente


em pessoas idosas, as quais, ao sofrerem queda, buscam apoio
no ombro;

• Golpes diretos e bruscos na região do ombro podem causar


fratura clavicular;

• Normalmente a dor é intensa, impossibilitando a movimentação 193


de ombro e braço, com aspecto de deformidade do tórax.

Como devemos proceder?

• Imobilizar o local, colocando um chumaço de algodão ou pano


dobrado entre o braço e o tórax;

• Fixar o braço do lado do ombro afetado de encontro ao tórax,


usando uma atadura de gaze ou pano;

• Sustentar o antebraço com ajuda de uma tipóia.

b) Fratura de costela

• Golpes ou compressão violenta no tórax podem provocar a


fratura de um ou mais ossos da costela;

• Em algumas ocasiões pode ser grave, pois a costela fraturada


pode romper a pele ou perfurar algum órgão vital do tórax,
causando ferimentos e hemoptise;

• A dor no local é intensa e aumenta com os movimentos


respiratórios e palpação.

RESERVADO
Alta Competência

Como devemos proceder?

• Para que a costela ou fragmento ósseo não fira o tórax, manter


a vítima deitada e em repouso absoluto;

• Se houver ferimento da pele ou do tórax, realizar uma


compressão e vedação do ferimento.

c) Fratura de mandíbula

• Acidentes de automóveis geralmente provocam fraturas visíveis


na mandíbula, às vezes com seu afundamento;

• A ação muscular sobre as extremidades causa desalinhamento


das arcadas dentárias;
194
• A perda da função mandibular e dor ao movimentá-la
indicam fratura.

Como devemos proceder?

• Fazer bandagens com ataduras de gaze ou pedaço de pano.

d) Fratura do crânio

• Um golpe violento ou traumatismo sobre a cabeça pode provocar


fratura em alguns ossos da caixa craniana (calota craniana) ou
ainda nas estruturas cranianas internas (base do crânio);

• Os traumatismos cranioencefálicos podem ser graves, com


liberação de partes do cérebro, sangue, substâncias cerebrais e
liquor pelo ferimento.

Como devemos proceder?

• Além de proteger a ferida, deve-se monitorar os sinais vitais e


ficar atento a alterações, principalmente neurológicas e perda
de consciência.

RESERVADO
Capítulo 9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

ATENÇÃO

Em casos de traumatismos cranioencefálicos graves


não devemos tentar conter o sangramento (que
geralmente é pequeno). Manipular a cavidade nasal
ou auditiva nessa situação pode romper a lesão e
provocar graves infecções.

e) Fratura da coluna vertebral

• As fraturas causadas na coluna têm sua importância devido às


lesões que podem acometer a medula espinhal, principalmente
pelos fragmentos ósseos;

• A fratura de coluna será mais grave quanto mais altas forem


195
as vértebras atingidas;

• Nas fraturas de coluna cervical, podem ser comprometidos


centros importantes de controle da respiração e circulação.

Cervical

Torácico

Lombar

Pélvico

Regiões da coluna vertebral

Os sintomas de fraturas ósseas da coluna vertebral são caracterizados


por deformidade local, dor espontânea e, ao tocar a região da lesão,
contratura muscular e impotência de movimentos.

RESERVADO
Alta Competência

A paralisia de alguns movimentos acompanhada de falta de reflexos,


perda ou aumento de sensibilidade e emissão involuntária de urina e
fezes são sinais de forte suspeita de lesão medular.

Como devemos proceder?

• Quando há suspeita de fratura da vértebra, o socorrista deve


manter a vítima deitada onde se encontra, procurando controlar
seus movimentos respiratórios. É recomendável agasalhar a
vítima e monitorar seus sinais vitais. Deve-se buscar ajuda para
transporte e socorro hospitalar. A remoção da vítima do local
só deverá ser feita se houver extrema necessidade ou perigo
iminente para a mesma;

• Após imobilização, observar se as extremidades dos dedos,


mãos, pés e pulso mudam de cor (ficam azuladas ou pálidas).
196 Se afirmativo, afrouxar a imobilização e refazê-la;

• Manter elevado o foco da fratura e evitar ficar manipulando a


região. Não permitir que a vítima realize qualquer movimento
com a área afetada.

RESERVADO
Capítulo 9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

9.4. Exercícios

1) Explique cada uma das lesões provocadas pelo movimento violento


ou forçado das articulações.

a) Entorse

__________________________________________________________
__________________________________________________________

b) Luxação

__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

c) Fraturas
197
__________________________________________________________
__________________________________________________________

2) Complete as lacunas abaixo:

a) Nas fraturas ____________ ou ______________, os ossos se


quebram, mas não rompem a pele.

b) Nas fraturas ____________ ou ____________, os ossos fraturados


rompem a pele, aparecendo através de uma ferida.

3) Liste os procedimentos de primeiros socorros para cada tipo de


lesão traumatortopédica.

a) Entorse e luxação

__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

RESERVADO
Alta Competência

b) Fraturas expostas

___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

c) Fraturas fechadas de braço e antebraço

___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________
___________________________________________________________

198

RESERVADO
Capítulo 9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

4) Correlacione os procedimentos de primeiros socorros para cada


tipo de fratura a seguir:

a) Clavícula
b) Costela
c) Mandíbula
d) Crânio
e) Coluna vertebral

Como devemos proceder?


( ) • Para que o fragmento ósseo não fira o tórax, manter a
vítima deitada e em repouso absoluto;

• Se houver ferimento da pele ou do tórax, realizar uma


compressão e vedação do ferimento.

( ) • Além de proteger a ferida, deve-se monitorar os


sinais vitais e ficar atento a alterações, principalmente
neurológicas e perda de consciência. 199
( ) • O socorrista deve manter a vítima deitada onde se en-
contra, procurando controlar seus movimentos respirató-
rios. É recomendável agasalhar a vítima e monitorar seus
sinais vitais;

• Após imobilização, observar se as extremidades dos


dedos, mãos, pés e pulso mudam de cor (ficam azuladas
ou pálidas). Se afirmativo, afrouxar a imobilização e
refazê-la;

• Não permitir que a vítima realize qualquer movimento


com a área afetada.

( ) • Fazer bandagens com ataduras de gaze ou pedaço de


pano.

( ) • Imobilizar o local, colocando um chumaço de algodão


ou pano dobrado entre o braço e o tórax;

• Fixar o braço do lado do ombro afetado de encontro ao


tórax, usando uma atadura de gaze ou pano;

• Sustentar o antebraço com ajuda de uma tipóia.

RESERVADO
Alta Competência

9.5. Glossário
Cranioencefálico - região anatômica correspondente à calota craniana (formada
por ossos do crânio) envolvendo o encéfalo ou cérebro.

Hemoptise - expectoração sanguínea ou sanguinolenta originária do trato respiratório.

Líquido sinovial - líquido que auxilia na lubrificação das articulações.

Liquor - líquido cefaloraquidiano que banha todo o cérebro e a medula espinhal.

Osteíte - qualquer processo inflamatório de um osso.

Região inguinal - região compreendida entre a prega inguinal (caudalmente), a


borda externa do músculo reto do abdome (medialmente) e a linha horizontal que
une as duas espinhas ilíacas ântero-superiores.

200

RESERVADO
Capítulo 9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

9.6. Bibliografia
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support. Chicago, 1997.

CANETTI, Marcelo Domingues. Protocolos Médicos Avançados de Atendimento


Pré-Hospitalar do GSE/CBMERJ. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

Manual para Técnicos de Emergências Médicas. GSBE- RJ. Rio de Janeiro: 2006.

NÚBIO. Núcleo de Biossegurança. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros Socorros, 2003.

SANTOS, Raimundo Rodrigues. Protocolos Médicos de Atendimento Pré-Hospitalar.


Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

201

RESERVADO
Alta Competência

9.7. Gabarito
1) Explique cada uma das lesões provocadas pelo movimento violento ou forçado
das articulações.

a) Entorse

Pequena torção do tornozelo, estando todo o peso do corpo apoiado sobre os pés.
A entorse pode provocar inflamação, edema e dor no local. Limita a locomoção.

b) Luxação

Provoca perda de contato entre as duas extremidades ósseas. Provoca dor intensa,
edema local e deformação da articulação. Geralmente a pessoa não consegue
mover a articulação.

c) Fraturas

Rompimento parcial ou total da estrutura esquelética do corpo.

2) Complete as lacunas abaixo:

a) Nas fraturas fechadas ou internas, os ossos se quebram, mas não rompem a pele.
202 b) Nas fraturas abertas ou expostas, os ossos fraturados rompem a pele, aparecendo
através de uma ferida.

3) Liste os procedimentos de primeiros socorros para cada tipo de lesão


traumatortopédica.

a) Entorse e luxação

• Imobilizar adequadamente a região;

• Não fazer fricção, não tentar articular forçadamente e nem distender


desnecessariamente a área afetada;

• Aplicar bolsa de gelo local e manter a região em repouso;

• Evitar colocar peso na região afetada;

• Buscar atendimento médico urgente para uma avaliação adequada.

b) Fraturas expostas

• Inicialmente controlar a hemorragia e ficar atento para o sangramento arterial;

• O ferimento deve ser protegido com gaze ou pano limpo, fixo com uma bandagem;

• Manter a vítima em repouso e providenciar a imobilização;

• A vítima só deve ser deslocada após a sua imobilização.

RESERVADO
Capítulo 9. Cuidando de lesões traumatortopédicas

c) Fraturas fechadas de braço e antebraço

• Colocar um material acolchoado ou algodão sob a axila;

• Obter uma tala e colocá-la do lado externo do braço, com comprimento suficiente
para ir do ombro até o cotovelo. Fixar a tala com panos ou ataduras;

• Flexionar o antebraço da vítima em ângulo reto com o braço e fixá-lo ao tórax


com ajuda de uma tipóia.

4) Correlacione os procedimentos de primeiros socorros para cada tipo de fratura


a seguir:

a) Clavícula

b) Costela

c) Mandíbula

d) Crânio

e) Coluna vertebral

Como devemos proceder?

(b) • Para que o fragmento ósseo não fira o tórax, manter a vítima deitada e
em repouso absoluto; 203
• Se houver ferimento da pele ou do tórax, realizar uma compressão e
vedação do ferimento.

(d) • Além de proteger a ferida, deve-se monitorar os sinais vitais e ficar


atento a alterações, principalmente neurológicas e perda de consciência.
(e) • O socorrista deve manter a vítima deitada onde se encontra, procuran-
do controlar seus movimentos respiratórios. É recomendável agasalhar a
vítima e monitorar seus sinais vitais;
• Após imobilização, observar se as extremidades dos dedos, mãos, pés e
pulso mudam de cor (ficam azuladas ou pálidas). Se afirmativo, afrouxar
a imobilização e refazê-la;
• Não permitir que a vítima realize qualquer movimento com a área afetada.
(c) • Fazer bandagens com ataduras de gaze ou pedaço de pano.

(a) • Imobilizar o local, colocando um chumaço de algodão ou pano dobrado


entre o braço e o tórax;
• Fixar o braço do lado do ombro afetado de encontro ao tórax, usando
uma atadura de gaze ou pano;
• Sustentar o antebraço com ajuda de uma tipóia.

RESERVADO
RESERVADO
Capítulo 10
Prefácio

Transportando
a vítima de
acidentes

Ao final desse capítulo, o treinando poderá:

• Identificar as principais técnicas de transporte das vítimas


de acidente;
• Saber os cuidados básicos a serem adotados no transporte
das vítimas.

RESERVADO
Alta Competência

206

RESERVADO
Capítulo 10. Transportando a vítima de acidentes

10. Transportando a vítima


de acidentes

E
m muitas ocasiões, a vítima tem seu estado agravado em
conseqüência das tentativas erradas e desesperadas de
pessoas que tentam socorrê-la, seja puxando-a, empurrando-a
ou arrastando-a. Portanto, a remoção ou movimentação de um
acidentado deve ser feita com o máximo cuidado evitando o
agravamento das lesões existentes.

Lesões na coluna vertebral, fraturas expostas e internas e mesmo


quadros de infecção podem ser conseqüência de um transporte
inadequado. O quadro a seguir apresenta a análise detalhada
dessas situações.

207
Após um acidente, uma das vítimas, com suspeita de fratura
nas duas pernas, está inconsciente e caída na rodovia, após
ter sido arremessada para fora de um veículo. Um transeunte
que passava tratou de arrastá-la para o acostamento e
aplicou-lhe técnicas de primeiros socorros. Nessa situação,
a atitude do cidadão foi correta?

A remoção de um acidentado do local onde ele é achado só deve


ser providenciada se for absolutamente necessária, somente
em casos onde a permanência da vítima no local possa colocar
perigosamente em risco a sua vida. Caso contrário aguarde um
médico ou socorro especializado (tipo enfermeiro).

Antes de remover a vítima, alguns cuidados devem ser levados em


consideração:

• Controlar as hemorragias, para evitar um sangramento


abundante e o risco de entrar em choque;

• Se houver suspeita de fraturas, principalmente nos casos de


quedas de uma grande altura ou atropelamentos, imobilizar o
local da possível fratura;

RESERVADO
Alta Competência

• Caso haja parada cardiorrespiratória, iniciar imediatamente a


respiração artificial e a massagem cardíaca.

Quem deve ser transportado imediatamente?

Os inconscientes, pessoas em choque, os grandes queimados, os


hemorrágicos, envenenados e os que apresentam fraturas dos ossos
dos membros inferiores, da bacia e coluna vertebral.

ATENÇÃO

Acidentados com fratura no pescoço e suspeita de


lesão da medula não devem ser removidos até que
chegue socorro médico.

Pode acontecer de, em algumas situações, o socorrista


208 estar sozinho na prestação de auxílio à vítima e
necessitar removê-la, especialmente em casos de perigo
iminente. Para que este transporte seja efetuado sem
prejuízo para a vítima, o conhecimento de algumas
técnicas é importante.

10.1. Técnicas de transporte de vítimas

Para transportar vítimas de acidentes existem técnicas apropriadas


para quando dispomos de um ou mais socorristas.

RESERVADO
Capítulo 10. Transportando a vítima de acidentes

10.1.1. Transporte com apenas um socorrista

a) Transporte de apoio

Deve ser realizado quando a vítima está consciente e com pequenos


ferimentos. O socorrista se posiciona ao seu lado, passa o braço da
vítima por sua nuca e a segura com o outro braço.

209

Transporte de apoio

b) Transporte nas costas

O acidentado, estando consciente, coloca os braços por cima dos


ombros do socorrista, apoiando-se. O peso da vítima deve ser
sustentado por quem a está socorrendo.

Transporte nas costas

RESERVADO
Alta Competência

c) Transporte no colo

Uma pessoa pode levantar e transportar o acidentado no colo.


Essa técnica exige que o socorrista agüente o peso da vítima.

Transporte no colo

d) Transporte de arrasto em lençol

210
É uma técnica extremamente útil quando a vítima é pesada, está
inconsciente ou não pode movimentar-se, mas há necessidade de
remoção. A vítima pode ser rolada para um lençol, cobertor ou lona e
arrastada. O socorrista deve segurar as pontas de uma das extremidades
onde a cabeça da vítima está apoiada, elevar suavemente e puxar
com vigor e cuidado.

Transporte de arrasto em lençol

RESERVADO
Capítulo 10. Transportando a vítima de acidentes

e) Transporte de arrasto de bombeiro

Essa técnica é bastante útil em casos em que as pessoas não possam


se levantar como em locais estreitos, repletos de fumaça e gases
tóxicos, fogo, tiroteio etc. A vítima deve estar deitada em decúbito
dorsal (barriga para cima). Os braços são amarrados, um no outro,
e passados pelo pescoço do socorrista. Durante o deslocamento o
socorrista deve engatinhar com as pernas abertas. O corpo da vítima
fica protegido pelo corpo do socorrista. Vítimas com fraturas e lesões
graves não devem ser assim transportadas.

211

Transporte de arrasto de bombeiro

f) Remoção da vítima de dentro do veículo

Após as manobras para manter os sinais vitais da vítima que se


encontra em um veículo, cuidando de hemorragias e fraturas, pode-
se iniciar a remoção cuidadosamente, salvo em alguns casos, quando
o perigo é iminente (risco de explosões, incêndio etc.). A pressa em
retirar o acidentado do veículo muitas vezes agrava seu quadro.

O socorrista deve passar os braços sob as axilas da vítima, segurando-a


pelo abdome e apoiando o corpo do ferido em sua coxa. Ele deve
estar atento para afastar da vítima objetos das ferragens, antes de
removê-la. Se possível esta manobra deve contar com a ajuda de
outras pessoas.

Remoção de vítima de dentro do veículo

RESERVADO
Alta Competência

10.1.2. Transporte com dois ou mais socorristas

a) Transporte em cadeirinha

Duas pessoas formam uma cadeira improvisada, segurando os braços


e punhos uma da outra. A vítima se senta e passa os braços ao redor
do pescoço dos socorristas.

212 Transporte de cadeirinha

b) Transporte pelas extremidades

Um dos socorristas com os braços agarra o tronco da vítima, passando-


os por baixo das axilas, enquanto o outro socorrista, de costas para o
primeiro, segura as pernas da vítima.

Transporte pelas extremidades

RESERVADO
Capítulo 10. Transportando a vítima de acidentes

c) Transporte por cadeira

Quando a vítima está em uma cadeira, pode-se transportá-la, com


a vantagem de posicionar e ajustar o corpo ereto, evitando, assim,
possíveis agravamentos durante o resgate. A cadeira deve ficar
inclinada para trás.

Transporte por cadeira 213

d) Transporte por três ou mais socorristas

Nos casos de suspeita de fratura, principalmente na região da coluna,


a remoção da vítima deve ser a mais cuidadosa possível, para evitar
agravamento da fratura, com possibilidade de lesão. Três ou mais
socorristas se posicionam em fileira e agindo coordenadamente
abaixam apoiados em um dos joelhos e levantam a vítima juntos,
trazendo-a até a altura de seus troncos.

Transporte por três ou mais socorristas

RESERVADO
Alta Competência

e) Improvisando uma maca

Caso seja necessário conduzir a vítima por uma determinada distância


e não haja auxílio médico na hora, pode-se improvisar uma maca
ou padiola razoável, amarrando-se um cobertor ou colcha em duas
varas resistentes ou cabos de vassoura, conforme ilustração a seguir.
É possível também usar tábuas de construção reforçadas, portas,
chapas de aço etc.

Improvisando uma maca

214

RESERVADO
Capítulo 10. Transportando a vítima de acidentes

10.2. Exercícios

1) Leia o texto a seguir e responda à pergunta:

Após um atropelamento, a vítima está inconsciente e caída em uma


via com tráfego intenso. Um transeunte pede a sua ajuda para re-
mover o acidentado, posto que a cena do acidente, além de impedir
o fluxo normal do trânsito, obriga os veículos a desviar da vítima
representando um risco para a sua vida.

Nessa situação, a atitude do cidadão foi correta? Justifique.

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
215
_______________________________________________________________

RESERVADO
Alta Competência

2) Reconheça o tipo de transporte de vítimas através das figuras a


seguir:

a)__________________________ b)__________________________

216
c)__________________________ d)__________________________

e)______________ f)______________

g)__________________________ h)__________________________

RESERVADO
Capítulo 10. Transportando a vítima de acidentes

3) Assinale F (falso) ou V (verdadeiro) em relação ao tipo de trans-


porte de vítimas a seguir:

( ) O transporte de apoio deve ser realizado quando a vítima


está inconsciente e com pequenos ferimentos.
( ) No transporte de costas, o peso da vítima deve ser
sustentado por quem a está socorrendo.
( ) No transporte no colo, o socorrista deve suportar o peso
da vítima.
( ) O transporte de arrasto em lençol é uma técnica útil quan-
do a vítima não é pesada, está consciente ou se não há
necessidade emergente de remoção.

( ) O transporte de arrasto de bombeiro é uma técnica é bas-


tante útil em casos em que as pessoas não possam se levan-
tar como em locais estreitos, repletos de fumaça e gases
tóxicos, fogo, tiroteio etc. 217

RESERVADO
Alta Competência

10.3. Glossário
Choque - colapso circulatório, de aparecimento súbito, em que a distribuição do
oxigênio e nutrientes para todas as partes do corpo deixa de acontecer. Esse quadro,
que caracteriza um estado de choque, leva as células a entrar em sofrimento e, a
ausência imediata de atendimento, pode resultar no óbito.

Padiola - tabuleiro quadrado, com um braço em cada ponta, e destinado a


transportes.

218

RESERVADO
Capítulo 10. Transportando a vítima de acidentes

10.4. Bibliografia
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. Advanced trauma life support. Chicago, 1997.

CANETTI, Marcelo Domingues. Protocolos Médicos Avançados de Atendimento


Pré-Hospitalar do GSE/CBMERJ. São Paulo: Editora Atheneu, 2003.

Manual para Técnicos de Emergências Médicas. GSBE- RJ. Rio de Janeiro: 2006.

NÚBIO. Núcleo de Biossegurança. Manual de Primeiros Socorros. Rio de Janeiro:


Fundação Oswaldo Cruz, 2003.

PETROBRAS. Petróleo Brasileiro S.A. SMS – Primeiros Socorros, 2003.

SANTOS, Raimundo Rodrigues. Protocolos Médicos de Atendimento Pré-Hospitalar.


Manual de Socorro de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.

219

RESERVADO
Alta Competência

10.5. Gabarito
1) Leia o texto a seguir e responda à pergunta:

Após um atropelamento, a vítima está inconsciente e caída em uma via com tráfego
intenso. Um transeunte pede a sua ajuda para remover o acidentado, posto que a
cena do acidente, além de impedir o fluxo normal do trânsito, obriga os veículos a
desviar da vítima representando um risco para a sua vida.

Nessa situação, a atitude do cidadão foi correta? Justifique.

A remoção de um acidentado, do local onde ele é achado, só deve ser providenciada


se for absolutamente necessária, somente em casos onde a permanência da
vítima no local possa colocar perigosamente em risco a sua vida. Nessa situação a
conduta correta seria pedir o auxílio a outros transeuntes para desviar o tráfego,
mantendo a vítima no local, até que o socorro médico ou socorro especializado
chegue ao local.

2) Reconheça o tipo de transporte de vítimas através das figuras a seguir:

220

a) Transporte no colo b) Transporte nas costas

c) Transporte pelas extremidades d) Transporte de arrasto de lençol

f) Remoção de vítima de dentro do


e) Transporte de arrasto de bombeiro
veículo

RESERVADO
Capítulo 10. Transportando a vítima de acidentes

g) Transporte de cadeirinha h) Transporte de apoio

3) Assinale F (falso) ou V (verdadeiro) em relação ao tipo de transporte de vítimas


a seguir:

(F) O transporte de apoio deve ser realizado quando a vítima está inconsciente
e com pequenos ferimentos.
Justificativa: o transporte de apoio só deve ser realizado quando a vítima
está consciente, uma vez que ela colabora sustentando grande parte do
seu próprio peso.
( V ) No transporte de costas, o peso da vítima deve ser sustentado por quem a 221
está socorrendo.
( V ) No transporte no colo, o socorrista deve suportar o peso da vítima.

(F) O transporte de arrasto em lençol é uma técnica útil quando a vítima não é
pesada, está consciente ou se não há necessidade emergente de remoção.
Justificativa: essa técnica é especialmente útil quando a vítima é pesada,
está inconsciente, quando há necessidade emergente de remoção e não
temos força suficiente para sustentar todo o seu peso.

( V ) O transporte de arrasto de bombeiro é uma técnica é bastante útil em


casos em que as pessoas não possam se levantar como em locais estreitos,
repletos de fumaça e gases tóxicos, fogo, tiroteio etc.

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