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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

LUCAS PACELI MOREIRA FERREIRA – 2019003127

LABORATÓRIO DE

CONVERSÃO ELETROMECÂNICA

DE ENERGIA I - EEL056

Ensaio em Vazio e em Curto-Circuito de Transformador

ITAJUBÁ

2021
1. Dados do Transformador

Fazendo uso da placa do transformador disponibilizada no roteiro do experimento


foram coletadas as seguintes informações sobre esta:

220
- 𝑆𝑁 = 15 𝐾𝑉𝐴 - 𝑉𝑁𝑇𝐼 = 127 𝑉
- 𝑓𝑁 = 60 𝐻𝑧
- 𝐶𝑜𝑛𝑒𝑥ã𝑜 𝑇𝑆: 𝐷𝐸𝐿𝑇𝐴
- 𝑉𝑁𝑇𝑆 = 13800 𝑉
- 𝐶𝑜𝑛𝑒𝑥ã𝑜 𝑇𝐼 = 𝐸𝑠𝑡𝑟𝑒𝑙𝑎

Figura 1 - Placa do Transformador

2. Objetivos

Os objetivos dos ensaios realizados (em vazio e em curto-circuito) são:


• Determinar as perdas em vazio;
• Determinar o valor da corrente em vazio;
• Observar a forma de onda da corrente em vazio;
• Determinar os parâmetros do ramo magnetizante;
• Determinar as perdas em curto-circuito;
• Determinar os parâmetros percentuais;
• Determinar a queda de tensão interna (∆U %);
• Determinar a característica 𝑈𝐶𝐶 = 𝑓 (𝐼𝐶𝐶 ).

3. Ensaios e Cálculos

3.1. Ensaio de medição das resistências ôhmicas dos enrolamentos

Em nosso primeiro ensaio foram coletados, através de um multímetro,


os valores das resistências de baixa e alta tensão, como mostrado na tabela a
seguir. Neste ensaio o valor da temperatura ambiente é equivalente a 24,8°C.

RH1H2 RH1H3 RH2H3 RX1X2 RX1X3 RX2X3


254,8Ω 254,5Ω 254,4Ω 57,4 mΩ 57,8 mΩ 57,4 mΩ
Tabela 1 - Resistências ôhmicas dos enrolamentos

3.2. Perdas totais no transformador

Com os valores das resistências já obtidas e com o valor potência


nominal (Sn) do transformador podemos calcular suas perdas totais.

Assim,

𝑅𝐻1𝐻2 + 𝑅𝐻1𝐻3 + 𝑅𝐻2𝐻3


𝑅𝑀𝐴𝑇 = = 254,567 Ω
3
𝑅𝑋1𝑋2 + 𝑅𝑋1𝑋3 + 𝑅𝑋2𝑋3
𝑅𝑀𝐵𝑇 = = 0,0575 Ω
3
Sendo,

15000
𝐼𝑁𝐴𝑇 = = 0,63 𝐴
√3 ∗ 13800
15000
𝐼𝑁 𝐵𝑇 = = 39,6 𝐴
√3 ∗ 220
Portanto,

3
𝑃𝐽𝑇 = ∗ [(𝑅𝑀𝐴𝑇 ∗ 𝐼𝑁2 𝐴𝑇 ) + (𝑅𝑀𝐵𝑇 ∗ 𝐼 2 𝑁 𝐵𝑇 )] = 286,81 𝑊
2
3.3. Ensaio em Vazio

O ensaio em vazio foi realizado alimentando o lado de menor tensão


com tensão e frequência nominal, deixando o lado de maior tensão em aberto.
Assim, os resultados obtidos foram:

V0[V] A1[A] A2[A] A3[A] I0(média) W1[W] W2[W] P0[W]


220 2,107 1,509 2,058 1,891 223 -98 125
Tabela 2 - Valores do Ensaio em Vazio

Em sequência, variou-se o valor da tensão (Vo) entre 150 a 220 V.


Assim, obteve-se:

Leitura V0[V] A1[A] A2[A] A3[A] I0(média) W1[W] W2[W] P0[W]


1ª 150 0,322 0,205 0,355 0,294 37 6 43
2ª 160 0,455 0,300 0,468 0,404 48 2 50
3ª 170 0,601 0,418 0,611 0,543 62 -4 58
4ª 180 0,803 0,570 0,799 0,724 81 -14 67
5ª 190 1,049 0,752 1,038 0,946 105 -27 78
6ª 200 1,320 0,844 1,297 1,187 134 -44 90
7º 210 1,696 1,211 1,662 1,523 174 -68 106
8ª 220 2,107 1,509 2,058 1,891 223 -98 125
Tabela 3 - VAlores do Ensaio em Vazio variando a tensão

3.4. Cálculos relacionados ao ensaio em vazio

Com os resultados obtidos no ensaio a vazio, foi possível calcular todos


os parâmetros do circuito elétrico equivalente.

Primeiramente precisamos obter o fator de potência (fp). Para isso


temos que determinar a impedância em série equivalente, para encontrar o
ângulo da impedância.

• Cálculo do fp:

Sabemos que:

𝑆 = √3 ∗ 𝑉𝑜 ∗ 𝐼𝑜 = √3 ∗ 220 ∗ 1,891 = 720,57 [𝑊]


Portanto,

𝑃 125
𝐹𝑃 = cos(𝛼) = = = 0,17
𝑆 720,57

Logo,

𝛼 = 𝑎𝑟𝑐𝑐𝑜𝑠(0,17) = 80,21°

Pela Lei de Ohm, o módulo da impedância é:

𝑉𝑜
√3
|𝑍𝑚 | = = 67,17 Ω
𝐼𝑜
Por fim a impedância é:

𝑍𝑚 = 67,17 < 80,21° = 11,42 + 𝑗66,19 Ω

E podemos separar da seguinte maneira, para melhor analisarmos

𝑅𝑀𝑆 = 11,42 Ω
𝑋𝑀𝑆 = 66,19 Ω

Como I0=1,891 A, podemos obter Ip e Iq:

𝐼𝑝 = 𝐼𝑜 ∗ cos 𝛼 = 0,321 𝐴
𝐼𝑞 = 𝐼𝑜 ∗ 𝑠𝑒𝑛𝛼 = 1,853 𝐴

Fazendo uso da Lei de Ohm podemos determinar os valores das componentes


em paralelo.

𝑉𝑜
𝑅𝑀𝑃 = √3 = 395,69 Ω
𝐼𝑝
𝑉𝑜
𝑋𝑀𝑃 = √3 = 68,54 Ω
𝐼𝑞

Utilizando um amperímetro alicate em um osciloscópio a forma de onda da


corrente em vazio e os valores das tensões, correntes e potência são mostrados nas
seguintes imagens.
Figura 2 – Valores de corrente e potência com variação da tensão entre 150 a 180 V e suas formas de
ondas

Figura 3 - Valores de corrente e potência com variação da tensão entre 190 a 220 V e suas formas de
ondas

3.5. Ensaio em Curto-Circuito

O ensaio em curto-circuito foi elaborado alimentando o lado de maior


tensão (T.S) com tensão reduzida (com o objetivo de obter a circulação das
correntes nominais, INTS e INTI) e com frequência nominal, criando um curto-
circuito nas buchas correspondentes às fases do lado de menor tensão (T.I.).
Assim obteve-se os seguintes resultados:

Iccn[A] Vccn[V] W1[W] W2[W] Pccn[W]


0,63 421 236 53 289
Tabela 4 - Valores do Ensaio em Curto-Circuito

Alternando o valor da corrente Icc entre 0,3 a 0,65 A, obteve-se seguintes


dados:

Leitura Icc [A] Vcc [V] W1 [W] W2 [W] Pcc [W]


1ª 0,3 203,4 55 12 67
2ª 0,35 237,4 75 17 92
3ª 0,4 274,8 101 23 124
4ª 0,45 307,1 126 29 155
5ª 0,5 339,3 154 34 188
6ª 0,55 371,9 184 41 225
7ª 0,6 407,5 222 49 271
8ª 0,65 439 255 58 313
Tabela 5 - Valores do Ensaio em Curto-Circuito com variação da corrente

3.6. Cálculos do ensaio de curto-circuito

Com as informações obtidas no item anterior, foi possível obter as


exigências do roteiro.

Com os valores de Sn e Vn dos dados do transformador, Pcc e vcc da


tabela 4 e k=1, pode-se encontrar o valor da impedância e de suas
componentes. Assim:

𝑃𝑐𝑐
𝑅% = = 1,93%
𝑆𝑛
𝑉𝑐𝑐
𝑍% = = 3,05%
𝑉𝑛
𝑋% = √𝑍%2 − 𝑅%2 = 2,36%

Assim como foi feito na seção 3.4. temos:

𝑆 = √3 ∗ 𝑉𝑐𝑐 ∗ 𝐼𝑐𝑐 = 459,39 𝑉𝐴


𝑃 289
𝐹𝑃 = 𝑐𝑜𝑠𝛽 = = = 0,63
𝑆 459,39
Por fim, o ângulo da impedância é:

𝛽 = arccos(𝐹𝑃) = 50,95°

Para correção da impedância e perdas para temperatura de referência


será utilizado os valores padrão para o cobre K=235.

𝐾 + 𝑇𝑟𝑒𝑓 235 + 75
𝐾𝛽 = = = 1,19
𝐾 + 𝑇𝑎𝑚𝑏 235 + 24,8

Sendo,

𝑃𝑎𝑑 = 𝑃𝑐𝑐 − 𝑃𝑗𝑡𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠


𝑃𝑎𝑑
𝑃𝑐𝑐𝑛75 = 𝑃𝑗𝑡𝑜𝑡𝑎𝑖𝑠 ∗ 𝐾𝛽 + = 344,06 𝑊
𝐾𝛽

Assim,

𝑃𝑐𝑐𝑁75
𝑅 ′ %75 = = 2,49%
𝑉𝑛

𝑍%75 = √(𝑅 ′ %275 + 𝑋%2 ) = 3,44%

3.7. Gráficos

i) V0 x I0:

Figura 4 - Gráfico V0 x I0
ii) P0 x I0:

Figura 5 - Gráfico P0 x I0

iii) Vcc x Icc:

Figura 6 - Gráfico Vcc x Icc

iv) Pcc x Icc:


Figura 7 - Gráfico Pcc x Ic
4. Questões Teóricas

4.1. Transformadores funcionando em vazio, quase sempre atrasam de modo


acentuado a corrente relativamente à tensão. Isto é desejável?

É desejável. Considerando um transformador ideal apenas a reatância indutiva


é existente, com a corrente em atraso de 90°. No ensaio funcionando em vazio
a corrente é atrasada em relação a tensão, pois a reatância de magnetização é
bem maior que a resistência.

4.2. Comente o resultado da comparação entre o valor do fator de potência


do transformador operando em curto-circuito com o encontrado na operação
em vazio.

Pode-se perceber que há uma diferença nos valores na qual o fator de


potência em vazio é menor. Isso ocorre, pois, as resistências de AT e BT não
são nulas e consomem a potência ativa. À vazio devido a corrente baixa, as
perdas na resistência AT e de magnetização são pequenas e, no curto-circuito,
ao circular a corrente nominal, as resistências AT e BT dissipam mais potência,
resultando no fator de potência mais baixo.

4.3. Partindo da corrente de curto circuito igual a 0,5A da tabela 4, faça a


correção da tensão de curto e da potência ativa de curto-circuito para a
corrente nominal.

A corrente nominal de curto-circuito é 0,63 A, logo:


𝐼𝐶𝐶𝑁 0,63
𝐾= = = 1,26
𝐼𝐸𝑁𝑆 0,50
Portanto,

𝑉𝐶𝐶𝑁 = 𝑉𝐶𝐶 ∗ 𝐾 = 339,3 ∗ 1,26 = 427,52 𝑉

𝑃𝐶𝐶𝑁 = 𝑃𝐶𝐶 ∗ 𝐾 = 188 ∗ 1,262 = 298,47 𝑊

4.4. Pode-se realizar os ensaios em vazio e em curto-circuito fora das


condições nominais respectivas? Justifique sua resposta

O ensaio em vazio é exigido que sua realização seja com a tensão nominal,
isso porque a potência ativa e a corrente em vazio aumentam com a tensão,
com isso a curva não é linear. E por sua equação característica não ser
conhecida não se pode utilizar um outro valor de tensão se não a nominal.

Porém no ensaio de curto-circuito a corrente varia com as perdas joule, assim o


gráfico é linear, assim se não utilizar os valores nominais é possível sim
realizar uma correção, i.e.. Podendo-se utilizar um fator de correção corrigindo-
os para o valor nominal.

4.5. Qual o motivo da forma de onda observada no item 3.3?

Consequência da magnetização e saturação do núcleo que ocorre a distorção


da forma de onda da corrente, ocasionada pelas perdas de Foucault e pela
curva de histerese.

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