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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

DEPARTAMENTO DE FÍSICA
LABORATÓRIO DE ELETRICIDADE
PRÁTICA 1: LEI DE KIRCHHOFF
Prof. Nildo Loiola Dias

3.1 OBJETIVOS

- Verificar experimentalmente as Leis de Kirchhoff.

3.2 MATERIAL

- Fonte de tensão contínua (regulável de 0 ...12 V);


- Resistores (470; 820 (dois); 1000; 1800; 560);
- Multímetro digital;
- Cabos para conexão.

3.3 FUNDAMENTOS

Um circuito elétrico, seja ele simples ou complexo, é constituído por elementos que
geram e elementos que absorvem energia elétrica. Muitas vezes, devido a complexidade
do circuito, não é tão simples o cálculo das tensões e correntes nos elementos do mesmo.
Assim, é necessário a utilização das Leis de Kirchhoff para a simplificação desses cálculos.
Para a utilização das leis de Kirchhoff é necessário antes observar a convenção dos
sentidos de tensão e correntes para os circuitos em corrente contínua, bem como entender
os conceitos de malha, nó e ramo em um circuito elétrico.

CONVENÇÃO DE SENTIDOS DE TENSÃO E CORRENTE (CIRCUITO CC)

FONTE DE F.E.M.: Numa fonte de tensão, como representada na Figura 3.1, o traço
maior representa o pólo positivo e o menor o pólo negativo. Quando uma fonte de tensão
está fornecendo energia para um circuito externo a corrente interna tem sentido do pólo
negativo para o positivo, Figura 3.1 (a). É possível que num circuito com mais de uma
fonte de f.e.m., parte das fontes estejam recebendo energia do restante do circuito. Neste
caso o sentido da corrente interna é o indicado na Figura 3.1(b). Independentemente do
sentido da corrente o terminal B sempre tem potencial elétrico maior que o terminal A.

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Figura 3.1. Convenção de sinal numa F.E.M.

Fonte: o autor.

RESISTOR: Em um resistor ôhmico, os sentidos de tensão e corrente são sempre o


convencionado na Figura. 3.2. Isso significa que a passagem de corrente através de um
resistor provoca uma queda de potencial elétrico. Então, podemos associar um sinal (+)
na entrada do resistor e um sinal (-) na saída. O produto tensão versus corrente, entretanto,
é sempre positivo, o que significa que sempre há dissipação de energia em um resistor
(Efeito Joule) quando o mesmo é submetido a uma diferença de potencial V.

Figura 3.2. Convenção de sinal num resistor.

Fonte: o autor.

A compreensão prática destas convenções é importante para se entender o funcionamento


de um circuito. Elas são úteis para se fazer o balanço de energia do mesmo, tanto em
funcionamento com correntes contínuas, como com correntes alternadas.

DEFINIÇÃO DE MALHA, NÓ E RAMO

Um circuito elétrico é composto por malhas, nós e ramos, em que:

- Malha é todo caminho fechado em um circuito constituído por elementos


elétricos;
- Nó é um ponto de interligação de três ou mais componentes;
- Ramo é todo trecho compreendido entre dois nós consecutivos.

Tomando como exemplo o circuito apresentado na Figura 3.3, note que o mesmo é
constituído por três malhas, abcdefa (malha externa), abefa e bcdeb (malhas internas).
O ponto b é um nó que interliga entre si os resistores R1, R2 e R3. O nó e, por sua vez,
interliga os resistores R3, R5 e R6. Note também que o circuito da Figura 3. 3 possui três
ramos, compreendidos entre os nós b e e; o ramo à direita (composto pelos elementos R2,

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E2, R4 e R6); o ramo central (composto pelo elemento R3); e o ramo à esquerda (composto
pelos elementos R1, E1 e R5).

Figura 3.2. Circuito com três malhas.

Fonte: o autor.

LEIS DE KIRCHHOFF

A lei de Kirchhoff para tensão (Lei das malhas) e a lei de Kirchhoff para correntes
(Lei dos nós) são conseqüência dos princípios da conservação de energia e da carga
elétrica respectivamente, sendo assim definidas:

Lei das malhas: a soma algébrica das diferenças de potencial


ao longo de uma malha fechada é igual a zero, ou seja:

V i 0

Lei dos nós: a soma algébrica das correntes referentes a um nó


do circuito é igual a zero, ou seja:

I i 0

EXEMPLO:
Considere o circuito apresentado na Figura 3.4 (esta figura representa o mesmo
circuito da Figura 3.3, mas com as indicações dos valores de cada elemento). Aplicando-
se as leis de Kirchhoff para este circuito, encontram-
se as correntes nos três ramos anteriormente indicados
(ver Figura 3.3). Para tanto, primeiro se adota uma
corrente para cada malha interna (neste caso, sentido
horário para I1 e sentido anti-horário para I2). Se o
sentido da corrente for contrário ao escolhido,
encontrar-se-á um valor negativo, embora
numericamente correto.
Figura 3.4. Circuito com três malhas.

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Utilizando-se a lei das malhas, pode-se calcular I1 e I2:

Malha 1 :10  20 I 1  100( I 1  I 2 )  20 I 1  0


(I)
 140 I 1  100 I 2  10

Malha 2 : 2  20 I 2  100( I 1  I 2 )  30 I 2  50 I 2  0
( II )
 100 I 1  200 I 2  2

Resolvendo o sistema de equações para ( I ) e ( II ), tem-se:

I1  100 mA e I 2  40 mA .
Como pode ser observado, a corrente I2 é negativa, o que indica que seu sentido é
contrário ao indicado na Figura 3.3. Aplicando a Lei dos nós:

I1  I 2  I 3  0
100 mA  (40 mA)  I 3  0  I 3  60 mA

Note que a corrente que chega ao nó b é igual à soma das correntes I2 e I3 que saem
deste mesmo Nó.
Sabendo-se a corrente em cada ramo do circuito, fica fácil calcular as tensões em
cada elemento do mesmo, bem como a potência cedida pelas fontes ao circuito e a potência
dissipada em cada um de seus elementos. Os resultados obtidos são apresentados na
Tabela 3.1.

Tabela 3.1. Resultados para o circuito da Figura 3.4.


I1 100 mA
I2 - 40 mA
I3 - 60 mA
Malha 1 10V – 2V – 6V – 2V = 0
Malha 2 2 V + 0,8V – 6V + 1,2V + 2V = 0
Nó b 100mA + (-40mA) + (-60mA) = 0
P(fonte 10V) (VFonte-10V  IFonte) = 10 V  100 mA = 1 Watt
P(fonte 2V) (VFonte-2V  IFonte) = 2 V  (-40 mA) = -0,08 Watt
P(dissipada) = Soma das potências dissipadas nos resistores
= 0,20 + 0,032 + 0,36 + 0,08 + 0,20 + 0,048 = 0,92 Watt

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3.4 PRÉ-LABORATÓRIO

Baseado no exemplo acima e utilizando as leis de Kirchhoff, preencha a Tabela


3.2 para o circuito da Figura 3.5.

Figura 3.5. Circuito para exercício.

Fonte: o autor.

Tabela 3.2. Resultados para o circuito da Figura 3.4.


Malha 1
Malha 2
I1
I2
I3
Nó b
P(fonte 10V)
P(dissipada)

3.5 PROCEDIMENTO

1.1 Meça os valores das resistências e anote na Tabela 3.3.

Tabela 3.3. Resultados experimentais para as resistências


Resistência R1 R2 R3 R4 R5 R6
RNOMINAL (Ω) 470 820 1000 1800 560 820
RMEDIDO ()

1.2 Monte o circuito apresentado na Figura 3.6.

Figura 3.6. Circuito para realizar medidas.

Fonte: o autor.

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1.3 Meça as tensões em cada elemento do circuito da Figura 3.6 e anote. Anote também,
entre os parêntesis, os sinais (+) e (-) da tensão relativa entre os terminais de cada
elemento de acordo com os resultados obtidos.

1.4 Verifique se os valores experimentais das tensões medidas para o circuito da Figura
3.6 estão de acordo com a Lei das Malhas. Comente.

Malha 1
Malha 2
Malha Externa
Comentário:

1.5 Meça as correntes que chegam e que saem em cada nó. Anote na Tabela 3. 4 o valor
da corrente com sinal positivo caso a corrente esteja chegando ao nó e negativo caso esteja
saindo do nó.
CUIDADO: NO AMPERÍMETRO ESCOLHA INICIALMENTE UMA ESCALA
CAPAZ DE MEDIR PELO MENOS 200 mA. DEPOIS, SE NECESSÁRIO, MUDE
PARA UMA ESCALA MENOR. Lembre-se que o Amperímetro deve ser conectado
em série.

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Tabela 3.4. Medidas de corrente para o circuito da Figura 3.6.
Nó 1 I1 = I2 = I3 =
Nó 2 I3 = I5 = I6 =

1.6 Verifique se os valores experimentais das correntes medidas para o circuito da Figura
3.6 estão de acordo com a Lei dos Nós. Comente.

Nó 1
Nó 2
Comentário:

1.7 Determine de acordo com os dados obtidos:

A potência fornecida pela fonte E:

PE =

A potência total (soma das potências individuais) dissipada nos resistores:

PR (TOTAL) =

1.8 Compare a potência fornecida pela fonte com a potência total dissipada pelos
resistores. Comente.

1.9 Pelos resultados obtidos qual a resistência elétrica equivalente ligada à fonte de
tensão?

1.10 Calcule a potência que seria dissipada nesta resistência equivalente. Comente o
resultado obtido.

PR(equivalente) =

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1.11 Monte o circuito apresentado na Figura 3.7.

1.12 Meça a tensão em cada elemento e anote o valor


medido na figura que está no quadro abaixo. Anote
também, entre os parêntesis, os sinais (+) e (-) da tensão
relativa entre os terminais de cada elemento de acordo
com os resultados experimentais.

Figura 3.7. Circuito para medidas.

Valores experimentais e polarização observada:

Verificação da Lei das Malhas:

Malha I:

Malha II:

Malha III:

Malha IV (externa):

Comentário:

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1.13 Meça as correntes em cada nó de acordo com a numeração indicada na Figura 3.8.

Figura 3.8. Circuito com indicação da numeração dos elementos.

Fonte: o autor.

1.14 Anote na Tabela 3.5 os valores medidos das correntes. Considere positiva (+) a
corrente que chega ao nó e negativa (-) a corrente que sai do nó:

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Tabela 3.5. Medidas de corrente para o circuito da Figura 3.8.
Nó 1 Io = I1 = I5 =
Nó 2 I1 = I2 = I3 =
Nó 3 Io = I2 = I4 =
Nó 4 I3 = I5 = I6 =

1.15 Verifique se os valores experimentais das correntes medidas para o circuito da Figura
3.8 estão de acordo com a Lei dos Nós. Comente.

Nó 1
Nó 2
Nó 3
Nó 4
Comentário:

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