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Universidade Federal do Ceará

Centro de Ciências
Departamento de Química Orgânica e Inorgânica
Química Inorgânica Fundamental
Unidade 1
Estrutura Atômica
1.1. Natureza da Luz
1.2. Quantização da energia
1.3. Efeito Fotoelétrico
1.4. Espectro Atômico
1.5. Modelo de Bohr
1.6. Dualidade Partícula-Onda
1.7. Princípio da Incerteza de Heisenberg
1.8. Equação de onda de Schödinger
1.9. Orbitais atômicos
1.10. Átomos multieletrônicos
1.11. Distribuição eletrônica
1.12. Termos espectroscópicos
1.5. Modelo atômico de Bohr (1913)
Postulados:
1. Elétrons movem-se em torno do núcleo em órbitas circulares de raio, r.
𝑒2 𝑚𝑣 2
𝐹= = (1)
4𝜋𝜀0 𝑟 2 𝑟
2. Somente determinados raios, correspondentes a energia
específicas são permitidos − Estados estacionários.

𝐸(𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙) = 𝐸𝑐 + 𝑉
Ec = energia cinética e V = energia potencial

2
1 𝑒
𝐸 = 𝑚𝑣 2 − (2)
2 4𝜋𝜀0 𝑟
Ec V
Modelo de Bohr para o átomo de Hidrogênio

𝑒2 𝑚𝑣 2 𝑟 𝑒2 1
𝐹= 2
= (1) 𝑥 = 𝑚𝑣 2
4𝜋𝜀0 𝑟 𝑟 2 8𝜋𝜀0 𝑟 2
2
1 𝑒
𝐸 = 𝑚𝑣 2 − (2) Substituindo na eq (2), temos:
2 4𝜋𝜀0 𝑟
𝑒2 𝑒2 𝑒2
𝐸= − =− (3)
8𝜋𝜀0 𝑟 4𝜋𝜀0 𝑟 8𝜋𝜀0 𝑟

3. O momento angular (L) do elétron é quantizado:



𝐿 = 𝑚𝑣𝑟 = 𝑛 (4) onde n = 1,2,3…
2𝜋
Modelo de Bohr
• Nas equações temos dois valores desconhecidos, v e r. Rearranjando a eq (4) em
função de v, temos:
𝑛ℎ
𝑣= (5)
2𝜋𝑚𝑟
𝑒2 𝑚𝑣 2
• Substituindo (5) em (1) para resolver r: = (1)
4𝜋𝜀0 𝑟 2 𝑟
𝑒2 𝑚 𝑛2 ℎ2
=
4𝜋𝜀0 𝑟 2 𝑟 4𝜋 2 𝑚2 𝑟 2
Todos valores são constantes = 𝒂𝟎

ℎ 2𝜀
2 0
𝑟=𝑛 (6) Eq (6) simplificada:
𝜋𝑚𝑒 2
𝑟 = 𝑛2 𝑎0 (7) onde 𝒂𝟎 = 𝐫𝐚𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐁𝐨𝐡𝐫
Modelo de Bohr
Determinando o raio de Bohr (𝑎0 )

ℎ 2𝜀
0 h = constante de Planck = 6,626 x 10−34 J s
𝑟 = 𝑛2 (6)
𝜋𝑚𝑒 2 e = carga eletrônica = 1,602 x 10−19 C
0 = permissividade de vácuo = 8,854187 x 10−12 C2 J−1 m−1
𝑟 = 𝑛2 𝑎0 (7) me = massa do elétron = 9,109389 x 10−31 kg
1J = kgm2 s −2

ℎ2 𝜀0 6,626𝑥10−34 𝐽 𝑠 2 (8,854 𝑥10−12 𝐶 2 𝐽−1 𝑚−1 )


𝑎0 = 2
= = 5,29 𝑥 10−11 𝑚
𝜋𝑚𝑒 3,1416 𝑥 9,109 𝑥 10−31 𝑘𝑔 (1,602 𝑥 10−19 𝐶)2

𝒂𝟎 = 𝟓𝟐, 𝟗 𝐩𝐦 = 𝟎, 𝟓𝟐𝟗Å = 𝟎, 𝟎𝟓𝟐𝟗𝒏𝒎


Modelo de Bohr
• Substituindo o resultado de r (eq (6)) na eq (3), temos os possíveis valores permitidos
de E:
2 𝜀 ℎ 2
𝑒 2 0 (6)
𝐸=− (3) 𝑒, 𝑟 = 𝑛 2
8𝜋𝜀0 𝑟 𝜋𝑚𝑒
Todos valores são constantes

𝑒2 𝜋𝑚𝑒 2 1 𝑚𝑒 4 = 𝑬𝑹
𝐸=− 𝐸=− 2 2 2 (8)
8𝜋𝜀0 𝑛2 𝜀0 ℎ2 𝑛 8𝜀0 ℎ

• ou simplesmente substituindo a eq (7) na eq (3): 𝑟 = 𝑛2 𝑎0 (7)


𝑒2 (9)
𝐸=− A eq (8) e (9), pode também ser simplificada:
8𝜋𝜀0 𝑛2 𝑎0
1
✓ eq (8) = eq (9) 𝐸 = − 2 𝐸𝑅 (10)
𝑛
✓ eq (8) = eq (9) = eq(10)
Modelo de Bohr
Determinando 𝐸𝑅 : h = constante de Planck = 6,626 x 10−34 J s
e = carga eletrônica = 1,602 x 10−19 C
𝑚𝑒 4 0 = permissividade de vácuo = 8,854187 x 10−12 C2 J−1 m−1
𝐸𝑅 = 2 2 me = massa do elétron = 9,109389 x 10−31 kg
8𝜀0 ℎ
1J = kgm2 s −2

𝑚𝑒 4 9,109 𝑥 10−31 𝑘𝑔 (1,602 𝑥 10−19 𝐶)4


𝐸𝑅 = 2 2 =
8𝜀0 ℎ 8(8,854 𝑥10−12 𝐶 2 𝐽−1 𝑚−1 )2 (6,626𝑥10−34 𝐽𝑠)2

𝐸𝑅 = 2,18 𝑥10−18 𝐽

1 1
𝐸 = − 2 𝐸𝑅 𝐸 = − 2 2,18 𝑥10−18 𝐽
𝑛 𝑛
Série de
Balmer
Energia

Série de
Lyman

Diagrama de energia para o átomo de hidrogênio


Modelo de Bohr
Postulados: infravermelho

4. O elétron pode “saltar” de um estado de energia para visível

Energia x 1020 (J/átomo)


outro absorvendo ou emitindo fótons cuja energia radiante
corresponda exatamente à diferença de energia entre os
dois estados:
Ef − Ei = h

✓ a distância entre as órbitas determina a energia do fóton


ultravioleta
de luz produzida.

Comprimento de onda ()


Modelo de Bohr
Explicação de Bohr para as linhas emitidas do átomo de H na série de
Balmer (Vis)

434 nm 486 nm 657 nm


violeta azul-amarelo vermelho
Órbita de
maior energia

fóton

Órbita de
menor energia

(a) Transição de emissão (b) Transições da série de Balmer


eletrônica
Modelo de Bohr
✓ Quando um elétron salta de uma órbita de energia mais alta para uma de energia mais
baixa, a diferença energia (ΔE) será emitida como um fóton: E = Ei – Ef = h

1 1 1
𝐸 = − 2 𝐸𝑅 (10) ∆𝐸 = 𝐸𝑅 2− 2
= ℎ𝜈 (11)
𝑛 𝑛𝑓 𝑛𝑖

1 1 1
• equação de Rydberg: 7
= 1,096𝑥10 𝑚 −1 − 2
𝜆 2
𝑛1 𝑛2

1 1 ℎ𝑐 1 𝐸𝑅 1 1
∆𝐸 = 𝐸𝑅 2− 2 = = 2 − 2
𝑛𝑓 𝑛𝑖 𝜆 𝜆 ℎ𝑐 𝑛𝑓 𝑛𝑖

𝐸𝑅 2,18 𝑥10−18 𝐽 7 𝑚−1 = 𝑅


= = 1,096𝑥10 𝐻
ℎ𝑐 6,624 𝑥10−34 𝐽 𝑠 𝑥 3,0 𝑥 108 𝑚𝑠 −1
Excitação da amostra detector

prisma

Comprimento de onda

Fonte de luz
branca
detector

amostra

prisma

Comprimento de onda

Espectroscopia de (a) emissão e (b) absorção


Modelo de Bohr
Níveis de energia
• O estado de menor energia é o estado fundamental.
✓ corresponde a n = 1 e E = 2,18 x 10−18 J = 13,6 V
• Para n = 2
1 −18 𝐽)
𝐸2 = − (2,18 𝑥10 = − 5,45 𝑥10−19 𝐽
22

𝐸2 = −3,401 𝑒𝑉
• A energia de ionização (EI) é a energia necessária
para remover completamente o elétron do átomo.
Para o hidrogênio:
−18
1 1
∆𝐸(𝐸𝐼) = 2,18 𝑥10 𝐽 2
− 2
∞ 1

∆𝐸(𝐸𝐼) = 2,18 𝑥10−18 𝐽


Modelo de Bohr
• Explicou várias características do espectro de hidrogênio
• Pode ser estendido para átomos “semelhantes ao hidrogênio”
➢ aqueles com um elétron, hidrogenóides;
➢ e2 precisa ser substituído nas equações por Ze2
• Z é o número atômico do elemento

✓ A expressão para o nível de energia correspondente para espécies como


hidrogênio (íons hidrogenóides) tais como He+ e Li2+ é

𝑍 2 1 1 𝑛2
∆𝐸 = 𝐸𝑅 𝑍2 𝑟 = 𝑎0
𝐸𝑛 = − 2 𝐸𝑅 2− 2 𝑍
𝑛 𝑛𝑓 𝑛𝑖

Questionamentos • Não é possível tratar átomos com mais de dois e−


• Por que o momento angular é quantizado?
Ex. Considere o estado n = 2 do Li2+. Usando o modelo de Bohr, calcule o raio
da órbita e a velocidade do elétron.
Ex. A figura abaixo representa o espectro de emissão de um íon tipo hidrogênio na
fase gasosa. Nele, observam-se as linhas resultantes de transições para o primeiro
estado excitado a partir de estados de maior energia. A linha A tem  = 73,1 nm.
Indique a espécie de um elétron que exibe este espectro e determine a freqüência
correspondente à linha B.

−18 2
1 1 −18 J
2,18 𝑥 10 𝐽𝑥𝑍 − = 2,72 x 10
22 32

Z=3 Li2+

A = 73,1 x 10−9 m
b) B? nB = 4 → 2
ℎ𝑐
𝐸= = 2,72 x 10−18 J
𝜆 E = 3,68 x 10−18 J
1 1
∆𝐸 = 𝐸𝑅 𝑍 2
2− 2 nA = 3 → 2 B = 5,55 x 10−15 Hz
𝑛𝑓 𝑛𝑖
Ex. A Figura abaixo ilustra o espectro de emissão de uma espécie de um elétron na
fase gasosa. As linhas observadas são resultantes de transições para o estado
excitado final n = 4 e a linha B tem  = 216 nm. Determine:
(a) a espécie de um elétron que exibe este espectro
(b) o comprimento de onda da luz emitida quando o íon sofre a transição do n = 4
para n=1 (retorna ao estado fundamental)?
Dualidade partícula-onda
Porque a energia do e− é quantizada?

1802 - T. Young − Luz é uma onda


1905 - A. Einstein − Luz é também partícula

1899 – J.J. Thomson e− é uma partícula

− Talvez e− seja
também uma onda!!!

Louis de Broglie
(1892–1987)
Nobel: 1929
Dualidade partícula-onda
hc ℎ𝑐 ℎ𝑐 ℎ
E= 𝜆= = =
λ 𝐸 2 𝑚𝑐
𝑚𝑐
E = mc 2

− De Broglie (1924):


𝜆=
𝑚𝑣
Dualidade partícula-onda Gamma
Raios
Rays
Ex. Calcule o comprimento de onda de uma bala 10 g
movendo-se a 1000 m/s.
ℎ 6,626𝑥10−34 𝐽𝑠 X Rays X
Raios
𝜆= 𝜆=
𝑚𝑣 0,01𝑘𝑔 𝑥 1000 𝑚/𝑠 Raios
UV RaysUV

𝜆 = 6,6 𝑥10−35 𝑚
Radiação
Infrared
Radiation
Infravermelha
Ex. Calcule o comprimento de onda de um elétron
(m = 9,1x10−31 kg) a 1x107 m/s. Microondas
Microwaves

6,626𝑥10−34 𝐽𝑠
𝜆=
9,1𝑥10−31 𝑘𝑔 𝑥 1𝑥107 𝑚/𝑠 Ondas
Radio
Radio
Waves

𝜆 = 7,3 𝑥10−11 𝑚 = 0,073 𝑛𝑚


Dualidade partícula-onda
Ex4. Calcule o comprimento de onda de um elétron com energia cinética de 1 eV.
1eV = 1,6x10-19 J h = 6,623x10-34 J s 1J = kg m2 /s 2
1
𝐸𝑐 = 𝑚𝑣 2 𝑝= 2𝑚𝐸𝑐
2
ℎ ℎ
𝜆= = 𝑝= 2 9,11𝑥10−31 𝑘𝑔 1,6𝑥10−19 𝑘𝑔𝑚2 /𝑠 2
𝑚𝑣 𝑝

𝑝 = 𝑚𝑣 → 𝑝2 = 𝑚2 𝑣 2 𝑝= 2,9𝑥10−49 𝑘𝑔2 𝑚2 /𝑠 2

1 𝑚2 𝑣 2 𝑝 = 5,4𝑥10−25 kg m/s
𝐸𝑐 =
2 𝑚 ℎ 6,623𝑥10−34 𝑘𝑔 𝑚2 /𝑠 2 𝑠
𝑝2 𝜆= =
𝐸𝑐 = 𝑝 5,4𝑥10−25 kg m/s
2𝑚
𝜆 = 1,2𝑥10−9 𝑚 𝝀 = 𝟏, 𝟐 𝒏𝒎
Dualidade partícula-onda
• Somente determinadas frequências
Comprimento
ocorrem em um círculo com um dado de onda 
raio Raio r

• Para uma órbita circular de raio r

2r = nλ n = 1,2,3…

2𝜋𝑟
𝜆=
𝑛 2𝜋𝑟 ℎ
=
ℎ 𝑛 𝑚𝑣 ℎ
𝜆= 𝑚𝑣𝑟 = 𝑛
𝑚𝑣 2𝜋
Experimento de Davisson-Germer (1927)

Teoria
𝐸 = 54 𝑒𝑉
ℎ ℎ ℎ
 𝜆= = =
𝑚𝑣 𝑝 2𝑚𝐸
6,626𝑥10−34 𝐽𝑠
Ni 𝜆=
2𝑥9,109𝑥10−31 𝑘𝑔𝑥54𝑥1,602𝑥10−19
𝜆 = 0,167 𝑛𝑚
sinal

Experimental
ângulo 𝑑 = 0,215 𝑛𝑚 𝜆 = 𝑑𝑠𝑒𝑛𝜃 = 0,165 𝑛𝑚
𝜃 = 50°
O elétron é também uma onda!
G.P. Thomson (1927)
Exibe propriedades similares aos dos raios-x

(1856-1940)
(a) (b)
1937: Prêmio Nobel −
(a) Difração de raios X por uma folha metálica de Al. Thomson e Davisson pela
(b) Difração de elétrons por uma folha metálica de Al, confirmando as propriedades demonstração da natureza
ondulatórias dos elétrons. ondulatória do elétron
Princípio da Incerteza de Heisenberg
• De acordo com Heisenberg os limites dos estados
quânticos tornam impossível se determinar
simultaneamente velocidade e posição de um elétron
com exatidão.

h
Δ𝑥Δ𝑝 ≥

Fig. Um fóton, que tem um efeito


negligenciável na trajetória de uma A medição altera a medida no
bola de basebol (a), pode
significativamente pertubar a mundo quântico
trajetória de massas muito W. Heisenberg
pequenas como o elétron (b).
(1901-1976)
Nobel: 1932
Medindo Posição e Momento de um Elétron ANTES
COLISÃO
• Luz: atinge o elétron e será refletida. ELÉTRON-FÓTON

• Para determinar a posição exata, é necessário usar luz com


comprimento de onda pequeno.
• Planck, E = hc/λ (fóton com λ curto → energia elevada)
APÓS
COLISÃO fóton
ELÉTRON-FÓTON
incidente

elétron

• Então, haveria um grande deslocamento do


elétron.
fóton • Mas para determinar seu momento com
espalhado exatidão, o elétron deve ter apenas um pequeno
deslocamento.
elétron
recuando
• Isto significa comprimento de onda longo!
Ex. Um elétron de 12 eV tem uma velocidade de 2,05 x 106 m/s. Supondo que a
precisão (incerteza) dste valor é 1,5%, com que precisão máxima podemos medir
simultaneamente a posição do elétron?

∆𝑣 = 0,015 𝑥 2,05 𝑥 106 𝑚/𝑠 ∆𝑣 = 3,1𝑥104 𝑚/𝑠

∆𝑝 = 𝑚∆𝑣 = 9,109 𝑥10−31 𝑘𝑔 𝑥 3,1 𝑥104 𝑚/𝑠

∆𝑝 = 2,8𝑥10−26 𝑘𝑔 𝑚/𝑠


∆𝑥 =
4𝜋∆𝑝

6,624 𝑥10−34 𝐽 𝑠
∆𝑥 = ∆𝒙 = 𝟏, 𝟗𝒙𝟏𝟎−𝟗 𝒎 = 𝟏, 𝟗 𝒏𝒎
4𝑥3,14𝑥2,8𝑥10−26 𝑘𝑔 𝑚/𝑠

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