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1. OBJETIVO
O objetivo desta experiência é estudar o comportamento fluidodinâmico de sistemas sólido-fluido
através da medida experimental de variáveis como gradiente de pressão e velocidade superficial do fluido,
que permitem a determinação de parâmetros característicos do comportamento do leito, além de compará-
los com os obtidos a partir de correlações existentes na literatura.
2. TEORIA
A experiência em estudo envolve dois tipos de sistemas: sistema de leito fixo e de leito fluidizado,
onde os sólidos entram em contato com gases ou líquidos. Para uma melhor compreensão apresentamos
resumidamente a teoria dos dois sistemas distintos.
∆𝑃 𝜇 𝑄 𝜇
= = 𝑈 (1)
𝐿 𝐾𝐴 𝐾
A permeabilidade do meio poroso (K) pode ser obtida por várias expressões que relacionam a
porosidade do meio () e o tamanho das partículas (dp). A correlação (Equação 2) mais conhecida na
literatura é a de Kozeny (1927) - Carman (1937):
𝜀 3 ∅2 𝑑̅𝑝2
𝐾𝐾𝑧 = (2)
36 𝛽 (1 − 𝜀)2
A porosidade do meio (𝜀) pode ser determinada graficamente em função da esfericidade (Foust et
al., 1982) para 3 tipos de agrupamento. Além disso, é usual determinar experimentalmente através da
relação entre volume de vazios e volume total ocupado, conforme a Equação 3.
𝑉𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜𝑠 𝑚𝑠 /𝜌𝑠
= =1− (3)
𝑉𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝐴. 𝐿
O fator de forma () é dependente da forma das partículas e da porosidade do meio. Para leitos
fixos, o valor pode variar entre 4 e 5. Para partículas esféricas ( = 1) com porosidade do meio entre 0,30 e
0,50, o fator de forma entre 4 e 5. Para partículas esféricas em geral a esfericidade () pode ser
determinado pela inclinação da reta das Equações 1 e 2.
O fator de atrito apresentado pela correlação de Darcy (1856), válida somente para condições de
escoamento lento e partículas esféricas, pode ser calculado pela Equação 4.
36 𝛽
𝑓𝐷𝑎𝑟𝑐𝑦 = (4)
𝑅𝑒
Para partículas não esféricas, utiliza-se o número de Reynolds Modificado (ReMD) apresentado na
Equação 5.
𝜌 𝑈 d̅p
𝑅𝑒𝑀𝐷 = (5)
𝜇 (1 − 𝜀)
Com isso, o fator de atrito de Darcy (1856) pode ser representado pela Equação 6. Esta equação é o
resultado da substituição da Equação 2 na Equação 1, já considerando a substituição da Equação 4 e 5
∆𝑃 𝑑̅𝑝 ε3
𝑓𝐷𝑎𝑟𝑐𝑦 = (6)
𝐿 𝜌 𝑈 2 (1 − 𝜀)
Para altas velocidades, a dependência de P com U admite forma quadrática, pelas forças inerciais
predominantes. Uma das correlações bastante empregada é a de Ergun (1952) apresentada na Equação 7,
sendo válida para a faixa 10-1< Re <103,
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Material elaborado por: Katia Tannous 2
Profa. Responsável: Lucia Mei
PED responsável: Luiza Baptista (2º semestre de 2018)
150
𝑓𝐸𝑟𝑔𝑢𝑛 = + 1,75 (8)
𝑅𝑒
O primeiro termo da Equação de Ergun (1952), representado pela Equação 9, é principalmente
relacionado à perda por energia viscosa e considera regime laminar com Re < 10.
∆𝑃 150 (1 − 𝜀)2 𝜇
= 𝑈 (9)
𝐿 𝜀 3 ∅2 𝑑̅𝑝2
O segundo termo, representado pela Equação 10, refere-se à perda de energia cinética e considera
regime turbulento com Re > 200.
∆𝑃 1,75 (1 − 𝜀)𝜌𝑓 2
= 𝑈 (10)
𝐿 𝜀 3 ∅ 𝑑̅𝑝
A Equação 7 também pode ser apresentada na forma análoga proposta por Massarani et al.
(1982), conforme a Equação 11:
∆𝑃 𝜇 𝑐
= 𝑈+ 𝜌𝑈 2 (11)
𝐿 𝐾𝑀 √𝐾𝑀
Considerando KM e c:
2/3
0,72 0,13
2 1 −1 10 −6 −6
−2 10 (12)
𝜀 3 2 d̅p c= 10 + 6.10
𝐾𝑀 = [𝑐𝑚2 ] 3/ 2 K K
150 (1 − 𝜀)2
[adimensional]
c K q Dpq
Re K = 0,01 [[Massarani] Re = 10 [Ergun]
(1 − )
P (13)
= (1 − )( s − f ) g
L
No estudo desta operação é necessário acompanhar as diversas etapas de velocidade de
escoamento, que envolve a percolação do fluido através de um leito fixo e a expansão deste leito até a total
fluidização, destacando-se a condição de mínima fluidização.
Para predição da velocidade de mínima fluidização (Umf) existem várias correlações na literatura,
contudo considera-se sua determinação experimental a partir do gráfico P/L x U a forma mais segura.
Teoricamente, inúmeras equações foram propostas na literatura conforme pode ser visto na Tabela 1.
Salienta-se na Tabela 1 o adimensional, o número de Arquimedes (Ar).
A velocidade terminal para um sistema líquido-sólido pode ser obtida por meio das correlações de
Coelho & Massarani (1996):
1
1,2 −1,2 3
−1,2 − 4 𝜌𝑓 (𝜌𝑠 −𝜌𝑓 )𝑔𝑑̅𝑝
𝐾1 𝑐𝐷 𝑅𝑒𝑝 2 𝑐𝐷 𝑅𝑒𝑝 2 2
𝑅𝑒𝑝 = [( ) +( ) ] (14) 𝑐𝐷 𝑅𝑒𝑝 2 = (15)
24 𝐾2 3 𝜇2
𝜙
𝐾1 = 0,843log ( ) (16) 𝐾2 = 5,31 − 4,88𝜙 (17)
0,065
A velocidade terminal para um sistema gás-sólido pode ser obtida pela equação de Haider e
Levenspiel (1989):
1
4d p (p − g )g 2
vt = (18)
3g CD
em que CD é um coeficiente de arraste determinado experimentalmente.
Thonglimp
112,5 -
et al. 2635 1,0 Ar 𝜀 = 1,05𝑅𝑒 0,30 𝐴𝑟 −0,17 (21)
2125
(1984)*
3. DISTRIBUIDORES
Os distribuidores são utilizados como suporte para o leito fixo e fluidizado assegurando uma rápida
e uniforme distribuição de líquido ou gás dentro do leito. Estes devem operar por longos períodos sem
obstrução, evitar os atritos das partículas e operar com baixa queda de pressão para minimizar o consumo
de energia (Kunii e Levenspiel, 1991). A experiência mostra que os distribuidores devem ter uma queda de
pressão suficiente para atingir o escoamento sobre toda a secção transversal do leito. Para isso, adota-se a
seguinte recomendação: Pdistribuidor = (0,2 a 0,4)Pleito. De maneira geral, a queda de pressão pode ser
calculada pela Equação 12 (teórica) ou experimentalmente.
Existem vários tipos de distribuidores, tais como: placa perfurada simples, placa perfurada
sanduiche (dois pratos perfurados e uma tela de metal), placa porosa, placa perfurada côncava, placa com
grelhas, bocal ou flauta, dentre outras (Basu, 2006). Segundo Yang (2003), e Kunii e Levenspiel (1991), a
escolha do distribuidor deve levar em conta a simplicidade e o custo de fabricação, a facilidade de limpeza e
a facilidade de modificações (diâmetro do orifício, ampliação ou redução). Neste experimento, consideram-
se as seguintes configurações de camadas para os distribuidores utilizados:
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LEITO LEITO
CAMADAS LEITO FIXO
FLUIDIZADO L-S FLUIDIZADO G-
S
D = 2,0 mm
4- Distribuidor:
Espaçamento entre furos = 2,0 mm
Placa Acrílica
451 furos
Espessura = 0,75 mm
Abertura
3- Tela Metálica --
0,297 mm
2- Leito de esferas D = 3,0 mm D = 3,0 mm D = 3,0 mm
de vidro Altura 10,5 cm Altura 10,5 cm Altura 10,5 cm
(𝑥𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 − 𝑥𝑡𝑒𝑜𝑟𝑖𝑐𝑜 )
𝐸𝑅 (%) = ∗ 100 (23)
𝑥𝑒𝑥𝑝𝑒𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙
Desvio Padrão: É a medida da dispersão usada com a média. Mede a variabilidade dos valores à volta da
média.
(𝑥1 − 𝑥̅ )2 + (𝑥2 − 𝑥̅ )2 + ⋯ + (𝑥𝑛 − 𝑥̅ )2 ∑𝑛 (𝑥𝑖 − 𝑥̅ )2
𝜎=√ = √ 𝑖=1 (24)
𝑛−1 𝑛−1
na qual: 𝑥̅ é a média da amostra, sendo representado por:
𝑥1 + 𝑥2 + ⋯ + 𝑥𝑛 (25)
𝑥̅ =
𝑛
5. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS
50 120
P manômetrico (mmH2O)
40 R² = 0,9971 100
R² = 0,9987
80
30
60
20
40
10
20
Amperagem FieldChart (mA) Amperagem FieldChart (mA)
0 0
0 5 10 15 20 25
0 5 10 15 20 25
Transdutor 0-5mbar Transdutor 0-10mbar
6. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Considere na coleta de dados um tempo mínimo de 1 minuto após atingir o estado estacionário para cada
vazão. Leia atentamente o roteiro do sistema de aquisição de dados disponibilizado no Moodle.
Os itens a, c, d e e deverão ser realizados ao longo da aula em laboratório (planilha preliminar já deve
conter os cálculos necessários).
7.2 FLUIDIZAÇÃO
Os itens a, b, c e d deverão ser realizados ao longo da aula em laboratório (planilha preliminar já deve
conter os cálculos necessários).
Os itens a, b, c, d e e deverão ser realizados ao longo da aula em laboratório (planilha preliminar já deve
conter os cálculos necessários).
8. NOMENCLATURA
A área da seção transversal da coluna [m]
̅
𝑑𝑝 diâmetro médio das partículas do leito [m]
𝑑𝑜𝑟 diâmetro de orifício [m]
𝐷𝑐 diâmetro da coluna [m]
c Fator adimensional [-]
fDarcy fator de atrito proposto por Darcy [-]
fErgun fator de atrito proposto por Ergun [m/s²]
g aceleração da gravidade [m/s]
K permeabilidade do meio poroso [cm²];
Kkz permeabilidade proposta por Kozeny - Carman [cm²];
KM permeabilidade proposta por Massarani [cm²];
L altura máxima do leito [m]
Lmf altura do leito na fluidização incipiente ou mínima fluidização [m]
ms massa de sólido [kg]
n expoente que varia com a faixa do nº Reynolds para Ut [-]
Q vazão do fluido [m³/s]
U velocidade superficial do fluido nas condições de operação [m/s]
Umf velocidade superficial do fluido na fluidização incipiente ou na mínima fluidização [m/s]
Ut velocidade terminal da partícula isolada [m/s]
Letras Gregas
viscosidade do fluido [kg/m.s]
porosidade do meio [-]
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Números Adimensionais
𝑑𝑝3 𝜌𝑔 (𝜌𝑠 − 𝜌𝑔 )𝑔
Ar número de Arquimedes 𝐴𝑟 =
𝜇2
𝜌𝑠 − 𝜌𝑔
Mv número de massa específica 𝑀𝑣 =
𝜌𝑔
𝜌 𝑈 𝑑̅𝑝
Re número de Reynolds 𝑅𝑒 =
𝜇
𝜌 𝑈 𝑑̅𝑝
ReMD número de Reynolds modificado 𝑅𝑒𝑀𝐷 =
𝜇 (1 − 𝜀)
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Coulson J.M. e Richardson C.H., "Chemical Engineering", Oxford: Pergamon, 1977.
2. Davidson J.F., Clift R. e Harrison D., Fluidization, Academic Press, 1985.
3. Foust, A.S., Wenzel, L.A, Clump, C.W., e Maus, L. e Andersen, L.B., Princípios das Operações
Unitárias, 2.º edição, Ed. Guanabara Dois, 1982.
4. Geldart D., Gas Fluidization Technology, John Wiley e Sons, 1986.
5. Kunii D. e Levenspiel O., Fluidization Engineering, Butterworth-Heinemann, 1991.
6. Yates J.G., Fundamentals of Fluidized-Bed Chemical Processes, Editora Butterworths, 1983.
7. Haider, A.; Levenspiel, O. Drag coefficients and terminal velocity of spherical and nonspherical
particles, Powder Technology. 58, 63–70, 1989.
8. McCabe, W.L. e Smith, J.C., "Unit operations of chemical engineering", Auckland: McGraw-Hill
International Book, 1976.
9. Richardson J F & Zaki W N. Sedimentation and fluidisation. Part 1. Trans. Inst. Chem. Eng. 32:35-53,
1954.
10. Babu, S. P.; Shah. B.; Talwalkar. A., Fluidization correlations for coal gasification materials-minimum
fluidization velocity and fluidized bed expansion, AIChE Symp.Ser., vol.74, n.76, p. 176-186, 1978.
Bibliografia complementar
11. Tannous, K. Tecnologia da Fluidização. Disponível em: <http://www.fluidizacao.com.br>. Acesso em:
04/02/2015.
12. Tannous, K.; Rocha, S.C.S., EQ651 - Operações Unitárias I. Elaborado no 1º semestre de 2009.
Disponível em: <http://www.ocw.unicamp.br/index.php?id=196>. Acesso em: 04/02/2015.
13. Video sobre leitos fixo e fluidizado – Disponível em: http://cameraweb.ccuec.unicamp.br/
watch_video.php?v=KYRDU9B91BXN>.