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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I

COEFICIENTE DE ATRITO

Acadêmicos: RA:

Fernando Ehlert Medeiros 117540

Gabrielle Donato Marcatto 128580

Luanna Steindorff Guandalini Soares 119779

Matheus Souza de Paulo 119765

Ricardo Vicente de Paula Rezende


Maringá
2022
1. INTRODUÇÃO
A análise do tema perda de carga em condutos forçados se faz necessária
para correto dimensionamento de instalações de bombeamento e tubulações. O
coeficiente de atrito é um parâmetro que permite quantificar as perdas de carga,
pois está correlacionado com diversas variáveis, como por exemplo, rugosidade
da tubulação, regime de escoamento e viscosidade do fluido. A análise teórica e
experimental se torna importante para comprovar a veracidade dos resultados
obtidos na teoria e na prática [4].
O fator de atrito em dutos circulares, foi estudado experimentalmente onde foi
estimado o fator de atrito após a medição em diferentes vazões e posteriormente
correlacionadas com a literatura.
A perda de energia de um fluido durante o escoamento, também conhecido
como fator de resistência de Darcy-Weisbach, sendo o mesmo adimensional, o
cálculo deste parâmetro depende do número de reynolds e do regime de
escoamento (laminar ou turbulento).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Aplicando uma análise de volume de controle, portanto na figura 1 considere
um escoamento permanente incompressível entre as seções inicial e final do
tubo inclinado de área constante.

Figura 1: Escoamento de um fluido em um tubo inclinado.

Fonte: [2]

A equação 1 descreve o escoamento do fluido em estado permanente, onde


temos a energia cinética, energia potencial, variação de pressão e perda de carga
no tubo(hp).
(1)

Reduz-se a equação(1), a uma expressão para perda de carga em termos de


pressão e variação de elevação.

(2)

A perda de carga no tubo (hp) equivale à variação da soma das alturas de


pressão e de gravidade. Aplicando uma quantidade de movimento ao volume de
controle e levando em conta a pressão, gravidade e cisalhamento, rearranjando
obtemos a equação 3. Sendo que foi levado em conta o cisalhamento, diâmetro,
comprimento, gravidade e a densidade.

(3)

A perda de carga também se relaciona com a tensão de cisalhamento. O


engenheiro Henry Darcy estabeleceu pela primeira vez efeito da rugosidade
sobre o atrito. A equação mostra que a Hp é proporcional a (L/d).

(4)
O parâmetro adimensional f é chamado de fator de atrito de Darcy, Ɛ é a
altura da rugosidade da parede, que é importante no escoamento turbulento em
tubos. O formato do tubo interfere no fator de atrito, ou seja, tubos não circulares
o seu fator de atrito muda.
Existem diversas definições e fórmulas que expressam o fator de atrito, tanto
para regime laminar como para turbulento. Uma delas, é usando o Diagrama de
Moody.
Figura 2 - Diagrama de Moody.

fonte: [3]
Também pode-se usar a correlação de Chen, tal que:
1,1098
1 ε 5,0452 ϵ 5,8506
= − 2 𝑙𝑜𝑔 ( 3,7065𝐷
− 𝑅𝑒
𝑙𝑜𝑔( 2,8257*𝐷
+ 0,8981 )) (5)
𝑓𝑑 𝑅𝑒

Além disso, tem-se a correlação de Miller para o fator de atrito, tal que:
ε/𝑑 5,74 −2
𝑓 = 0, 25. [𝑙𝑜𝑔( 3,7
+ 0,9 )] (6)
𝑅𝑒

Por fim, pela equação de Colebrook, pode-se calcular o fator de atrito para
toda uma faixa de transição turbulenta, por métodos iterativos assim como mostra a
equação 7:
1 ε/𝐷 2,51
= − 2 𝑙𝑜𝑔 ( 3,7
+ ) (7)
𝑓 𝑅𝑒. 𝑓

Por fim, por Darcy, podemos definir o fator de atrito como:


𝑑 ( ρ𝑔∆𝐻)
𝑓= 𝐿 1 (8)
2
ρ<𝑣>²

3. OBJETIVOS
O objetivo desta prática é estimar o fator de atrito em várias vazões a partir
de uma técnica experimental e comparar os resultados com as previsões de
diversas correlações da literatura. [2]

4.PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

4.1 MATERIAIS
Foram utilizados um cronômetro e o módulo didático apresentado na Figura
3. Conforme pode-se observar nesta figura, a água proveniente da caixa d’água é
bombeada para um tubo de latão de 1,5 cm de diâmetro interno. Ao longo deste
tubo existem 3 tomadas de pressão: P1, P2 e P3, igualmente espaçados: 50 em 50
cm. Através da manipulação das válvulas VE 01, VE 02, VE 03 e VE 04 pode-se
medir a perda de carga entre P1 e P2 e entre P2 e P3. [2]
Figura 3. Esquema do módulo do fator de atrito em Dutos Circulares.

fonte: [2]

4.2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

Primeiramente, fixou-se a menor vazão possível, dentro do limite de


2
tolerância (1𝑘𝑔𝑓/𝑐𝑚 ); após isso, avaliou-se a vazão de água através de medidas
do tempo de enchimento de volume conhecido e mediu-se a queda de pressão
entre os pontos 1 e 3 e entre 2 e 3, tendo anotado os resultados em uma Tabela.
Assim, avaliou-se o fator de atrito pelas equações de Chen, equação (5), Miller,
equação (6), Colebrooke, equação (7) e Darcy, equação (8) e o número de
Reynolds a partir da vazão, pela equação (11).
Repetiu-se o procedimento para a máxima vazão possível e para uma vazão
intermediária e utilizou-se velocidade média como a razão entre a vazão volumétrica
e a área. Com os resultados de 𝑓 𝑒 𝑅𝑒, plotou-se um gráfico e comparou-se com os
resultados obtidos através das correlações apresentadas [2].
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir da realização do experimento e com os dados obtidos, foi possível a
construção da Tabela 1.
Tabela 1. Dados obtidos no experimento

Vazão mínima Vazão intermediária Vazão máxima

Volume(m3) Tempo(s) Volume(m3) Tempo(s) Volume(m3) Tempo(s)

0,0235 173,400 0,0235 63,940 0,0235 46,850


0,0235 175,200 0,0235 65,430 0,0235 46,760
0,0235 172,800 0,0235 64,120 0,0235 46,320
ΔH1-2(m) 0,030 ΔH1-2(m) 0,120 ΔH1-2(m) 0,210
ΔH1-3(m) 0,055 ΔH1-3(m) 0,230 ΔH1-3(m) 0,440
ΔH2-3(m) 0,030 ΔH2-3(m) 0,115 ΔH2-3(m) 0,220
Fonte: Elaborado pelos autores

Com os dados da Tabela 1, é possível determinar as vazões volumétricas a


partir da equação 9 abaixo e construir a Tabela 2.
𝑉
𝑄 = 𝑡𝑚é𝑑𝑖𝑜
(9)
0,0235
𝑄𝑚í𝑛 = (173,4+175,2+172,8)/3
= 1,35 . 10-4 m3/s

Tabela 2. Vazões calculadas

Qmínima 1,35 . 10-4 m3/s

Qintermediária 3,64 . 10-4 m3/s

Qmáxima 5,04 . 10-4 m3/s


Fonte: Elaborado pelos autores.

Além disso, outros dados necessários para os cálculos, e considerando


CNTP, temos μágua= 0,001 Pa.s e ρágua = 1000 kg/m3
Tabela 3. Dados necessários para os cálculos

dtubo 0,015 m

Atubo 0,00018 m2

L 1-2 0,505 m

L2-3 0,505 m

L1-3 1,01 m

g 9,8 m2/s
Fonte: Elaborado pelos autores.
A partir dos dados da tabela 2 e 3, pode-se determinar a velocidade média
para cada vazão, a partir da equação 10 abaixo, e construir a Tabela 4.
𝑄
𝑣= 𝐴𝑡𝑢𝑏𝑜
(10)

−4 3
1,35 . 10 𝑚 /𝑠
𝑣𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑚í𝑛 = −4 2 = 0, 75 𝑚/𝑠
1,8 . 10 𝑚

Tabela 4. Velocidades médias calculadas

Vazão mínima Vazão intermediária Vazão máxima

𝑣 = 0,75 m/s 𝑣 = 2,02 m/s 𝑣 = 2,80 m/s


Fonte: Elaborado pelos autores

Assim, foi possível calcular o número de Reynolds para as velocidades


médias e construir a Tabela 5.
ρν𝐷
𝑅𝑒 = µ
(11)

𝑘𝑔 𝑚
1000 3 . 0,75 𝑠
. 0,015 𝑚
𝑚
𝑅𝑒𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑚í𝑛 = 0,001 𝑃𝑎 . 𝑠
= 11250

Tabela 5. Número de Reynolds calculado para cada vazão

Vazão mínima Vazão intermediária Vazão máxima

Re = 11250 Re = 30300 Re = 42000


Fonte: Elaborado pelos autores.
A partir da Tabela 5, é possível determinar que o escoamento em todas as
vazões é turbulento, uma vez que seus valores são maiores do que 2300, logo, para
a determinação do fator de atrito pode-se utilizar da relação de Miller expressa na
equação 6.
Tendo em vista que o tubo é de latão, considerando que sua rugosidade
relativa (ε) é bem pequena, logo pode-se desprezar seu uso na equação
considerando o tubo como liso.
5,74 −2
𝑓𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑚í𝑛 = 0, 25. [𝑙𝑜𝑔( 0,9 )] = 0, 0299
11250

Tabela 6. Fatores de atrito calculados a partir da relação de Miller.

Vazão mínima Vazão intermediária Vazão máxima

𝑓= 0,0299 𝑓= 0,0233 𝑓= 0,0216

Fonte: Elaborado pelos autores


Calculando ainda o fator de atrito, é possível utilizar a relação de Darcy
expressa pela equação 8.

3 2
0,015 𝑚 ( 1000 (𝑘𝑔/𝑚 ) 9,8 (𝑚/𝑠 ) 0,03 (𝑚))
𝑓𝑚í𝑛1−2 = 0,505 𝑚 1 3 = 0, 031
2
1000 (𝑘𝑔/𝑚 )(0,75 𝑚/𝑠)²

Tabela 7. Fatores de atrito calculados a partir da relação de Darcy para os trechos da tubulação.

Vazão 𝑓1-2 𝑓2-3 𝑓1-3

mínima 0,031 0,031 0,0284

intermediária 0,017 0,016 0,0164

máxima 0,015 0,016 0,0163


Fonte: Elaborado pelos autores.

A partir dos fatores de atrito da tabela 5 e 6 é possível plotar o gráfico 1 que


relaciona a variação do fator de atrito com o número de Reynolds.
Gráfico 1. Fatores de atrito calculados x número de Reynolds

Fonte: Elaborado pelos autores.


Com os dados obtidos, como esperado, foi possível perceber que, com o
aumento da vazão do sistema e consequente da sua velocidade e do número de
Reynolds, menor o coeficiente de atrito. Além disso, notou-se, a partir deste, que em
todas as vazões estudadas o escoamento caracterizou-se como turbulento e que os
fatores de atrito de Darcy e Miller diminuem conforme se aumenta o número de
Reynolds, sendo, os últimos, inversamente proporcionais à velocidade de
escoamento e, por consequência, ao número de Reynolds. Ainda, notou-se uma
diferença na pressão no escoamento para o mesmo fator de atrito, o que se deve ao
fato de não se tratar de um escoamento ideal, tendo-se, nesses, perdas de carga ao
longo de seu trajeto. Pôde-se perceber, também, que para os 3 pontos (1-2, 1-3 e
2-3), o comportamento do fator de atrito experimental de Darcy em relação ao
número de Reynolds foi o mesmo.

Por conseguinte, pôde-se calcular, dadas as equações 5 e 7 e a figura 2, os


fatores de atrito por Chen, por Colebrooke e por Moody, tal que pode-se construir a
tabela 8 e plotar o gráfico 2 de comparação de seus dados.
Tabela 8 - Fatores de atrito para Chen, Moody e Colebrooke.

Re e 𝑓 Vazão mínima Vazão Vazão máxima


intermediária

Reynolds 11250 30300 42000

Chen 0,0291 0,0232 0,0217

Moody 0,0275 0,0231 0,0215

Colebrooke 0,0299 0,0234 0,0217


Fonte: Elaborada pelos autores.

Gráfico 2 - f x Re para Chen, Moody e Colebrooke.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Com diferentes métodos, foi possível perceber que os valores encontrados


para cada uma das equações são bem próximos uns dos outros. São formadas
curvas polinomiais, como o esperado, haja vista a distribuição do diagrama de
Moody expresso na Figura 2 para o fator de atrito em escoamento turbulento.
6. CONCLUSÃO
Pôde-se concluir que os objetivos do experimento foram atingidos com
sucesso, sendo que foi possível calcular os fatores de atrito para cada vazão, visto
que, para a vazão mínima do sistema, o fator de atrito deu-se 0,0299, para a vazão
intermediária 0,0233 e para a vazão máxima 0,0216.
Também foram obtidos os valores de fator de atrito pela correlação de Darcy,
pela de Chen, pelo Diagrama de Moody e pela equação de Colebrooke, visto que as
quatro mantiveram-se coesas umas com as outras. Esses valores foram
satisfatórios, visto que apresentaram coerência em uma faixa estreita de fator de
atrito.
Com isso, concluiu-se que, para ambos os métodos, teóricos e
experimentais, as relações entre o fator de atrito de um fluido e seu número de
Reynolds mantiveram-se iguais, nas quais o aumento da velocidade e,
consequentemente, o aumento do número de Reynolds, diminui o fator de atrito.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Handbook of Chemistry and Physics, CRC press, Ed 64.

[2] Apostila de laboratório de engenharia química, experimento 1, PDF.

[3] ÇENGEL, Yunus A.; CIMBALA, John M.. Mecânica dos fluídos: fundamentos e
aplicações. 3. ed.

[4] SIQUEIRA NETO,Abílio Teixeira; YAMANA, Jorge Sussumu. DETERMINAÇÃO


DO COEFICIENTE DE ATRITO TEÓRICO E EXPERIMENTAL EM TUBOS LISOS
E RUGOSOS.

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