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RELATÓRIO 04: PERDA DE CARGA

Carlos Magno Bezerra, carlos_bezerra@yahoo.com1


Edivan Silva de Oliveira, edivan.oliveira.016@ufrn.edu.br1
Marcos Vinicius Carvalho David, marcos.davi.023@ufrn.edu.br1
Rafael Matos de Souza, rafael.matos.051@ufrn.edu.br1

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário Lagoa Nova CEP 59078-970 Caixa Postal 1524.

Resumo:

1. INTRODUÇÃO

A condição de regime permanente é uma das ferramentas analíticas que permitem a simplificação dos problemas
práticos da engenharia, em busca de resoluções aproximadas que trazem resultados próximos da realidade. Esse tema
foi tratado de forma relevante em experimentos anteriores, como o túnel de vento, onde foi feita a aplicação da equação
de Bernoulli.
No experimento 4, está sendo levado em conta as perdas por atrito que ocorrem durante o escoamento de um fluido
em tubulações curvas, reduções, válvulas e no próprio funcionamento da bomba, desta forma a equação de conservação
de energia (Bernoulli não poderá ser aplicada, sendo necessário recorrer aos fatores de perda, e aos dispositivos que
permitam a reposição da energia perdida durante o percurso feito pelo fluido.
O estudo das perdas de cargas em tubulações, leva a observações importantes, pois, à medida que se avança nesse
conhecimento é possível minimizar as perdas, os custos e o consumo de energia. O sistema que foi estudado possui um
tanque com água, uma bomba e linhas de recalque e sucção.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Uma combinação de variáveis muito importante no estudo dos escoamentos viscosos em tubos é o número de
Reynolds (Re) que relaciona as forças inerciais e as forças viscosas, a partir deste adimensional é possível classificar os
tipos de escoamento em laminar, regime de transição e turbulento, como mostra a tabela 1.

Tabela1. Número de Reynolds e tipos de escoamento

De acordo com Munson (2004, p.109), se a área da seção de descarga é A e o fluido escoar na direção normal ao
plano da seção com velocidade média V, a quantidade de fluido que passa pela seção no intervalo de tempo t é V.A.dt.
Sendo assim, a vazão em volume é Q=A.V (1) e a vazão em massa é m=⍴VA.
Considerando que a área de seção transversal da tubulação é dada por A = 𝛑𝑑²/4, relacionando área com V=Q/A,
teremos: V = 4.Q/d2.
A equação abaixo relaciona as energias do sistema e suas perdas. Onde P1/𝛄 representa carga de pressão no ponto 1
e P2/𝛄 carga de pressão no ponto 2, V1 e V2 são as velocidades, g é a gravidade local, 𝝆 a densidade do fluido, z1 e z2 são
referentes a energia potencial do fluido, Hbomba é a carga da bomba e Hlt é a perda de carga (Fox, 2012).

(𝑃1/𝛄 + V1²/2g + z1) - (P2/𝛄 + V²/2g + z2) + Hbomba = HLT

Sendo que a perda de carga HLT = 𝜮hl + 𝜮hlm onde hl é a perda de carga distribuída e a hlm é a perda de carga
localizada, vide a equação abaixo.
Onde:
L: Comprimento tubular; Le: é o comprimento equivalente, D: diâmetro da tubulação, V: velocidade do fluido, g:
gravidade, f: fator de atrito e k é a constante de perda de carga localizada.

3. METODOLOGIA

Para realização deste experimento foi utilizada uma bancada de bombeamento hidráulico mostrada na figura (1).
Com bombeamento produzido pela bomba especificada na figura (2), a partir de um recipiente contendo água, fazendo
passar o fluido por uma tubulação de PVC contendo acessórios como: joelho 90° (Quatro), redutores (Dois), válvula
gaveta (Uma), válvula pé e crivo (Uma); curvas e derivações. Com a bomba ligada foi monitorado as pressões nos
quatro manômetros instalados na descarga da bomba, com o objetivo de verificar as perdas de cargas do sistema e
comparar a pressão no manômetro 4.

Como os escoamentos reais possuem perdas, que em muitos casos são relativamente grandes, obrigando a
utilização de dispositivos que cedem energia ao fluido (bombas, compressores, etc), uma nova análise da energia
presente no sistema se faz necessária. Podemos adicionar ou retirar parte da energia do sistema através de determinados
dispositivos, porém sempre haverá perda de energia durante o escoamento, devido à viscosidade do fluido e a
rugosidade da tubulação, entre outros parâmetros. A chamada perda de carga que pode ser distribuída e localizada.

Com a fundamentação teórica vista em sala de aula, foi possível calcular a pressão teórica no ponto onde está
instalado o manômetro, realizar as comparações entre as pressões e observar se o resultado teórico está de acordo com o
experimental.

Figura 1. Bancada de bombeamento hidráulico.

Figura 2. Dados da bomba instalada.


Os valores observados nos manômetros ao longo do circuito, foram registrados na tabela 2 abaixo:

Manômetro Pressão (Pa)

1 8665,96

2 44129,93

3 25497,29

4 15690,64

Tabela 2. Dados de registro do experimento (Manômetros).

Com auxílio de um cronômetro digital, foi capturado o tempo em que um volume de 4 litros de água preenchia um
béquer fornecido pelo monitor para o experimento. Os dados foram obtidos e registrados na tabela (3).

Medição Tempo (s)

1 7,27

2 7,29

3 7,94

Tabela 3. Medição do tempo para um volume de 4L.

Medições Vazão (m³/s)

1 0,00055

2 0,00054

3 0,00050

Tabela 4. Cálculo de vazão (Q=Vd/t).

Tem-se uma vazão média Q = 0,00053 m³/s, pode ser efetuado o cálculo da velocidade para os dois diâmetros da
tubulação fornecidos pela medição experimental, d1= 32mm e d2=20mm.

Diâmetro Velocidade (m/s)

0,02 m 1,687

0,032 m 0,659

Tabela 5. Velocidades para trechos de diâmetro da tubulação.

De acordo com os valores de velocidade, é possível ser feito o cálculo para o adimensional de Reynolds, utilizando
as propriedades do fluido estudado no experimento. 𝝆H20 = 997 kg/m³ e 𝝻 = 0,000891 kg/m³.s.
Diâmetro (m) Reynolds
0,02 39192,64503
0,032 24495,40314

Tabela 6. Reynolds para os respectivos diâmetros.

Após o cálculo de Reynolds, em ambos os casos é estimado que este escoamento seja turbulento. Sendo assim,
utilizando o diagrama de Moody, estima-se que o fator de atrito seja f= 0,025.

De acordo com a tabela 7 foram obtidos os valores dos coeficientes de perda de carga para as conexões do circuito
experimental.

Acessório Coeficiente de perda, K Quantidade


Joelho 90° 0,9 4
Redutor (Difusor) 0,15 1
Redutor (Confusor) 0,04 1
Válvula Gaveta 0,2 1
Válvula Pé e Crivo 10 1

Tabela 7. Acessórios do circuito hidráulico.

4. RESULTADOS

De acordo com a equação de perda de carga distribuída é calculada da seguinte forma:


2 2
0,97 1,75 1,98 0,68
ℎ𝑙 = 0, 025 * 0,02 2*9,8
+ 0, 025 * 0,032 2*9,8
= 0, 225 𝑚
Já com a Eq. da perda de carga localizada:
2
1,21
ℎ𝑙𝑚 = (4 * 0, 9 + 0, 15 + 0, 04 + 0, 2 + 10) * 2*9,8
= 1, 05 𝑚= 1,05 m

5. CONCLUSÃO

Como os valores obtidos analiticamente diferem dos experimentais, podemos destacar alguns fatores que levaram a
esta diferença, como: Erro na cronometragem do tempo e na medição do volume deslocado; parâmetros incorretos
como o coeficiente de perda de carga e o fator de atrito; ou então a imprecisão na determinação da temperatura do
fluido, podem ser alguns dos fatores que geraram esta discrepância.
Após este experimento e o desenvolvimento do referido relatório, tivemos uma visão aprofundada acerca do
estudo e do comportamento de fluidos escoando em tubulações e suas perdas de carga, entre outros pontos de
fundamental importância na atuação de um engenheiro mecânico.

2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOX, Robert W., “Introdução à mecânica dos fluidos”, 7 ed, Rio de Janeiro, 2012, Brasil.
MUNSON, Bruce R., 2004, “Fundamentos da Mecânica dos Fluidos”, Edgard Blucher, 4 ed., São Paulo, Brasil.

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