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CALIBRAÇÃO DE PLACA DE ORIFÍCIO

1 OBJETIVOS

Neste experimento tem-se por objetivo calibrar uma placa de orifício através do
cálculo da vazão pela integração do perfil de velocidade levantado por um tubo de Pitot
localizado na entrada do tubo.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Placas de orifício são um dos equipamentos de medição de vazão mais importantes da


indústria, podendo ser utilizadas para diversos fluidos diferentes, como ar, vapor e líquidos.
Sua vantagem está no fato de ser um equipamento de extrema simplicidade, não
apresentando sequer peças móveis. Tal peculiaridade faz da placa de orifício um equipamento
robusto e de baixo custo, porém esta também apresenta desvantagens, como a perda de carga
considerável que tal equipamento induz no sistema.

O funcionamento de uma placa de orifício pode ser compreendido começando-se pela


equação de Bernoulli:

Hipóteses sobre o escoamento:

 Fluido incompressível;
 Estado estacionário;
 Escoamento sem atrito (invíscido);
 Escoamento ao longo de uma linha de corrente;
 Escoamento uniforme no início e no fim das seções

Temos a equação de Bernoulli:

𝑃1 𝑣1 2 𝑃2 𝑣2 2
+ + 𝑔𝑧1 = + + 𝑔𝑧2 ( 41 )
𝜌 2 𝜌 2

No módulo experimental, a vazão será calculada a partir de um perfil de velocidade


obtido a partir de medidas com um tubo e Pitot. A medida de velocidade com tubo de Pitot é
baseada na diferença entre a pressão estática e a pressão total em um ponto. Na equação de
Bernoulli, com as hipóteses anteriormente descritas aplicadas e algumas considerações:

 V2 é zero (ponto de medida de pressão estática);


 Não há diferença de altura (z1=z2)

𝑃1 𝑣 2 𝑃2 0
+ + 𝑔𝑧1 = + + 𝑔𝑧1
𝜌 2 𝜌 2
𝑣 2 𝑃2 − 𝑃1
=
2 𝜌

2 (𝑃2−𝑃1)
𝑣=√ ( 42 )
𝜌

Onde:

P1 : pressão no ponto 1;

P2 : pressão no ponto 2;

𝜌: densidade do fluido (ar);

V : velocidade de escoamento.

A pressão no ponto 1, P1, pode ser medida pelo uso de uma tomada de pressão cujo
orifício tem o eixo paralelo a direção do escoamento. A pressão no ponto 2, P2, pode ser
medida pelo uso de uma tomada de pressão cujo orifício tem o eixo perpendicular à direção
do escoamento. O aparato que possui tais pontos de retirada de pressão é denominado tubo
de Pitot. Assim é possível aferir a velocidade com um aparato simples e valores para pressão
estática e total em um ponto do escoamento. A figura 1 mostra um esquema simples para
montagem de um tubo de pitot:

Figura 1 – Tubo de pitot, fonte: wikimedia commons.


Um perfil de velocidade de escoamento pode ser obtido para o tubo ao se aferir a
velocidade em diversos pontos com relação ao raio. Os pontos utilizados neste experimento
são mostrados na figura 2.

Figura 2 – Pontos para medida de velocidade com tubo de pitot

Sendo as distâncias entre os pontos iguais, a o perfil de velocidade será construído a


partir da velocidade média em cada raio de medida, e.g.:
𝑣2 + 𝑣−2 + 𝑣𝑏 + 𝑣−𝑏
< 𝑣2 > =
4
Em posse das velocidades médias, constrói-se um gráfico como o mostrado na figura 3:

Figura 3 - gráfico de perfil de velocidade para determinação de velocidade média

Ajusta-se um polinômio de grau n para os pontos obtidos e com tal polinômio


encontra-se a velocidade média de escoamento do tubo:
𝑅
∫0 𝑣 𝑑𝐴
< 𝑣 >=
∫ 𝑑𝐴
A vazão total é dada pela seguinte equação:

𝑄 = < 𝑣 > .𝐴
Onde :

 <v> é a velocidade média de escoamento;


 A é a área do tubo
 Q é a vazão volumétrica

Para a placa de orifício, as tomadas de pressão são indicadas na figura 4:

Figura 4 – Esquema para tomada de pressões de um medidor de vazão do tipo placa e


orifício

Novamente utilizando-se a equação de Bernoulli aplicada aos pontos 1 e 2 (ver anexo!)


do escoamento, temos:

𝑃1 𝑣1 2 𝑃2 𝑣2 2
+ + 𝑔𝑧1 = + + 𝑔𝑧2
𝜌 2 𝜌 2
Aplicando as hipóteses já mencionadas e considerando que:

 Não há diferença de altura (z1=z2)


𝑃1 𝑣1 2 𝑃2 𝑣2 2
+ = +
𝜌 2 𝜌 2
Pela equação da continuidade e assumindo fluido incompressível:
Q=A1.V1=A2.V2
ou
𝑄
𝑣1 =
𝐴1
Onde A é a área da seção e V é a velocidade média de escoamento na seção

Aplicando na equação de Bernoulli:


𝑃1 − 𝑃2 𝑄 2 𝑄 2
2 =( ) −( )
𝜌 𝐴2 𝐴1
1 𝑃1−𝑃2
Isolando Q obtemos: 𝑄 = 𝐴2 √ . 2.
𝐴 2 𝜌
1− 2 2
𝐴1

Se A1 = π.D²/4 e A2 = A1 = π.d²/4 , então:

1 𝑃1 − 𝑃2
𝑄 = 𝐴2 √ . 2.
𝑑4 𝜌
1− 4
𝐷
Para retirar a hipótese de escoamento ideal, introduzimos o coeficiente de descarga Cd:

1 𝑃1 − 𝑃2
𝑄 = 𝐴2 . 𝐶𝑑. √ . 2.
𝑑4 𝜌
1− 4
𝐷

1
E chamando 𝐶 = 𝐶𝑑. 4 temos:

1− 𝑑
4
𝐷

𝑃1 − 𝑃2
𝑄 = 𝐴2 . 𝐶. √2.
𝜌
Onde C é chamado de coeficiente de vazão.

Determina-se então o coeficiente de vazão C para a placa de orifício através da tomada


de pressão nos pontos presentes nas seções 1 e 2 para diferentes vazões:

Isolando o coeficiente de vazão temos:

𝑄
𝐶=
𝑃1 − 𝑃2
𝐴2 . √2.
𝜌
Constrói-se um gráfico então de Coeficiente de vazão C por número de Reynolds do
escoamento
𝜌<𝑣>𝐷
Lembrando que 𝑅𝑒 = é o número de Reynolds.
𝜇
3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 MATERIAIS

• Uma placa de orifício montada em uma tubulação adequada (Material = Latão;


Relação de Áreas(d/D) = 0,45 e Coeficiente de vazão (CQ) = 0,676);
• tubo de Pitot;
• manômetros.
• Soprador/Ventilador;

3.2 MÉTODOS

Colocar o módulo em operação atentando para a seguinte sequência:

1. Fechar válvulas 1, 2, 3, 4, 5 de entrada do sistema;

2. Abrir totalmente a válvula 6, de saída do sistema;

3. Acionar o ventilador. Não deverá haver reação nos manômetros;

4. Abrir o registro 5, correspondente aos medidores a serem calibrados;

5. Coletar temperatura e pressão ambientes;

6. Deverão ser coletados dados de 5 pontos de vazões diferentes, isto é, 5 aberturas diferentes
no registro 5.

7. Para cada ponto do registro 5, deverão ser tabulados os dados de diferença de pressão, lidos
nos manômetros em U, para os elementos a serem calibrados e o elemento de referência.

8. O levantamento do perfil de velocidade no elemento de referência deverá ser feito em dois


diâmetros perpendiculares e no mínimo com 7 pontos, conforme Figura 2.

Pontos importantes:

• É interessante o uso de um manômetro de tubo em U inclinado a 10º para medida das


pressões do elemento de referência, de modo a obter-se uma maior precisão.

• Anotar temperatura e pressão ambientes para encontrar dados do ar em tais condições.


4 ANEXOS:

Uma simulação em CFD (computational fluid dynamics) prova que o escoamento segue
um padrão após passar a placa de orifício, de modo que um perfil de velocidade é formado e a
área efetiva de escoamento não retorna àquela do tubo imediatamente após a passagem pela
placa de orifício. A figura 5 foi gerada com tal simulação. A cor das flechas representa a
velocidade de escoamento, enquanto a cor do fundo representa a pressão na parede do tubo
(azul representando velocidades e pressões mais baixas enquanto a cor vermelha representa
velocidades e pressões mais elevadas):

Figura 5 – Imagem gerada por simulação do escoamento através de placa de orifício

A partir de tal simulação é possível perceber que as tomadas de pressão não


necessitam estar exatamente antes e após a placa de orifício, bastando estar perto o suficiente
da placa para que a medida se torne confiável.

Tal simulação foi feita tomando-se as mesmas dimensões do equipamento utilizado no


experimento e uma vazão de 65L/s, sendo que a simulação acusa uma diferença de pressão de
aproximadamente 1250 Pa através da placa de orifício, o que indicaria um coeficiente de vazão
de 0,693 para ar a 25°C. O valor medido experimentalmente em tais condições foi de 0,703.

5 REFERÊNCIAS

1. STREETER, Victor L. – “Mecânica dos Fluidos”, Ed. McGraw-Hill do Brasil Ltda, 1974.

2. SISSOM, L.E. PITTS, D.R. – “Fenômenos de Transporte”, Ed. Guanabara, 3ª edição.

3. FOX, R.W., McDonald, A. – “Introdução a Mecânica dos Fluidos”.

4. VENNARD, J.K., STREET, R.L. “Elementos de Mecânica dos Fluidos”, Ed. Guanabara Dois, 5ª
Edição – 1978.

5. BIRD, R.B.; STEWART, W.E.; LIGHFOOT, E.N. – “Transported Phenomena”, Wiley.

6. PERRY, R.H.; CHILTON, C.H., “Chemical Engineers Han&book”, MacGraw- Hill – 5ª edição,
1973.

7. DELMÉE, G.J. – “Manual de Medição de Vazão”, Ed. Edgar Blücher, 1982.

8. GOMIDE, Reynaldo – “Operação Unitárias”, Vol. II, edição do autor, 1997.

9. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Diagrama_do_Tubo_de_Pitot.PNG , acesso em
28/05/2017.

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