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Transferência de Calor II

Considerações fluidodinâmicas e
térmicas
Sumário
Introdução
Considerações Fluidodinâmicas
 Condições de Escoamento
 A Velocidade Média
 Perfil de Velocidades na Região de Escoamento
Desenvolvido
 Gradiente de Pressão e Fator de Atrito no
Escoamento Desenvolvido
Considerações Térmicas
 A Temperatura Média de Mistura
 Lei de Resfriamento de Newton
 Condições Desenvolvidas
Introdução

Escoamentos internos são escoamentos confinados por


superfícies em que as camadas-limite não podem se
desenvolver livremente e tem geometria conveniente para o
aquecimento e o resfriamento de fluidos usados em
processos químicos, no controle ambiental e em tecnologia
de conversão de energia.
Considerações Fluidodinâmicas
Condições de Escoamento

Desenvolvimento da camada-limite fluidodinâmica laminar em um tubo circular.


No escoamento laminar, o perfil de velocidades na região de
escoamento desenvolvido é parabólico.
Enquanto que no escoamento turbulento, este perfil é mais achatado
devido à mistura turbulenta na direção radial.
O número de Reynolds para escoamento em um duto circular é definido
por:
𝜌𝑢𝑚 𝐷 𝑢𝑚 𝐷
𝑅𝑒 = =
𝜇 𝜗

O número de Reynolds crítico, que corresponde ao surgimento da


turbulência, é:
ReD,c ≈ 2300.
O comprimento de entrada fluidodinâmico, xcd,v, pode ser
determinado através da expressão

𝑥𝑐𝑑,𝑣
Laminar: 𝐷  0,05 ReD
𝑙𝑎𝑚

𝑥𝑐𝑑,𝑣
Turbulento: 10  𝐷 𝑡𝑢𝑟𝑏
 60
A velocidade Média

A velocidade média ( 𝑢𝑚 ) varia ao longo da seção transversal e não


há uma corrente livre bem definida, por isso é necessário
trabalhar com a velocidade média 𝑢𝑚 . Quando multiplicamos
𝜌𝑢𝑚 𝐴𝑠𝑡 obtemos a vazão mássica do escoamento:
𝑚ሶ = ρ𝑢𝑚 𝐴𝑠𝑡
Sendo 𝐴𝑠𝑡 a área da seção transversal do tubo:
𝜋𝐷2
𝐴𝑠𝑡 =
4
Para o escoamento incompressível e em regime permanente em
um tubo circular, o número de Reynolds se torna:
4𝑚ሶ
ReD =
 D
A vazão mássica pode ser representada pela integral:
𝑚ሶ = න 𝜌𝑢 𝑟, 𝑥 𝑑𝐴𝑠𝑡
𝐴𝑠𝑡
Logo, em um escoamento incompressível em um tubo circular:

‫𝑥 𝑢𝜌 𝐴׬‬, 𝑟 𝑑𝐴𝑠𝑡
𝑠𝑡
𝑢𝑚 =
𝜌𝐴𝑠𝑡
𝑑𝑟 2 𝑑𝑟 2
Como 𝑑𝐴𝑠𝑡 = π 𝑟 + −π 𝑟− = 2𝜋𝑟𝑑𝑟, e a expressão
2 2
para 𝑢𝑚 se torna:

2π𝜌 𝑟0 2 𝑟0
𝑢𝑚 = 2 න 𝑢 𝑟, 𝑥 𝑟𝑑𝑟 = 2 න 𝑢 𝑟, 𝑥 𝑟𝑑𝑟
𝜌𝜋𝑟0 0 𝑟0 0
dr
r
ro
r ro
dr
Perfil de Velocidades na Região de
Escoamento Desenvolvido
O perfil de velocidades pode ser facilmente obtido para o
escoamento laminar de um fluido incompressível com
propriedades constantes, na região de escoamento
desenvolvido, de um tubo circular.
Características importantes das condições fluidodinâmicas na região
de escoamento desenvolvido são:

u
v=0 =0
x
Com isso, a componente axial da velocidade depende somente de r,
ou seja, u(x,r) = u(r).
O fluxo de momento líquido é nulo em qualquer ponto na região
plenamente desenvolvida, então, para determinar a dependência
axial usaremos a conservação do momento, que se reduz a um
simples equilíbrio de forças de cisalhamento e pressão no
escoamento.
Balanços de forças em um elemento diferencial do escoamento
laminar desenvolvido em um tubo circular.

Esse equilíbrio de forças pode ser representado por:


𝑑
𝜏𝑟 2𝜋𝑟𝑑𝑥 − 𝜏𝑟 2𝜋𝑟𝑑𝑥 + 𝜏𝑟 2𝜋𝑟𝑑𝑥 𝑑𝑥 + 𝑝 2𝜋𝑟𝑑𝑟
𝑑𝑟
𝑑
− 𝑝 2𝜋𝑟𝑑𝑟 + 𝑝 2𝜋𝑟𝑑𝑟 𝑑𝑥 = 0
𝑑𝑥
Que se reduz a:
𝑑 𝑑𝑝
− 𝑟𝜏𝑟 = 𝑟
𝑑𝑟 𝑑𝑥
O perfil de velocidades é parabólico e expresso por:

2
𝑢(𝑟) 𝑟
=2 1 −
𝑢𝑚 (𝑟) 𝑟𝑜
Gradiente de Pressão e Fator de Atrito
no Escoamento Desenvolvido
Frequentemente, o engenheiro está interessado na queda de
pressão necessária para manter um escoamento interno, pois
esse parâmetro determina a exigência de potência na bomba
ou no soprador.

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Para determinação da queda de pressão, é conveniente
trabalhar com o fator de atrito de Darcy-Weisbach, que é um
parâmetro adimensional definido pela expressão

− 𝑑𝑝Τ𝑑𝑥 𝐷
𝑓≡ 2Τ
𝜌𝑢𝑚 2

O fator de atrito é determinado experimentalmente. Eles foram


publicados por L.F. Moody em 1944.

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Correlações para f

Laminar:
64
f =
ReD
Turbulento:
 Determinado através do diagrama do fator de atrito.

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Diagrama de Moody 19
Além do diagrama, existem outras correlações razoáveis
para superfícies lisas:
−1Τ
𝑓 = 0,316𝑅𝑒𝐷 4
𝑅𝑒𝐷 ≤ 2𝑋104
−1Τ
𝑓 = 0,184𝑅𝑒𝐷 5
𝑅𝑒𝐷 ≥ 2𝑋104

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O fator de atrito f, e portanto, o gradiente de pressão dp/dx, é
uma constante na região de escoamento desenvolvido.

Da definição de f, a queda de pressão, Δp = (p2 – p1), pode ser


obtida separando as variáveis e integrando a equação :

𝑝2 2 𝑥1 2
𝜌𝑢𝑚 𝜌𝑢𝑚
∆𝑝 = − න 𝑑𝑝 = 𝑓 න 𝑑𝑥 = 𝑓 (𝑥2 −𝑥1 )
𝑝1 2𝐷 𝑥2 2𝐷

Onde f é obtido ou do diagrama ou das correlações


apropriadas.
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A potência requerida na bomba ou no soprador para superar a
resistência ao escoamento associada a essa queda de pressão
pode ser expressa por:
𝑚∆𝑝

𝑃= = 𝑢𝑚 𝐴𝑐 ∆𝑝
𝜌

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Considerações Térmicas

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Desenvolvimento da camada-limite térmica em um
tubo circular aquecido.
 Condição Térmica em Desenvolvimento

 Condição Térmica Desenvolvida (Ts ou qs")

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O perfil de temperaturas desenvolvido, T(r,x), difere em
função da condição mantida na superfície, temperatura
(Condição de Dirichlet) ou fluxo térmico (Condição de
Neumann) uniformes.
Entretanto, em ambas as condições superficiais, a
diferença entre a temperatura do fluido e a temperatura
na entrada aumenta com o aumento de x.

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O comprimento de entrada térmico, xcd,t , pode ser
determinado através da expressão:
 Laminar 𝑥𝑐𝑑,𝑣
𝐷 𝑙𝑎𝑚  0,05 Re Pr

𝑥𝑐𝑑,𝑣 = 10
 Turbulento
𝐷 𝑡𝑢𝑟𝑏

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A Temperatura Média de Mistura

No escoamento interno, a ausência de uma temperatura


fixa na corrente livre exige a utilização de uma
temperatura média de mistura.
Para tal, considera-se que,
q = 𝑚ሶ ·c p (Tsai − Tent )

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Define-se temperatura média de mistura a partir da
expressão

Ou,

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Para o escoamento em um tubo circular com propriedades
constantes, tem-se que

É importante notar que, quando multiplicada pela vazão


mássica e pelo calor específico, Tm fornece a taxa na qual a
energia térmica (ou entalpia) é carregada pelo fluido à
medida que ele escoa ao longo do tubo.

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Lei de Resfriamento de Newton

A temperatura média de mistura é uma


temperatura de referência conveniente para
escoamentos internos, desempenhando um papel
muito semelhante àquele da temperatura na
corrente livre nos escoamentos externos.

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A Lei de Resfriamento de Newton pode ser representada por

𝑞𝑆" = ℎ(𝑇𝑆 − 𝑇𝑚 )

Existe uma diferença essencial entre Tm e T∞. Enquanto, T∞ é


constante no sentido do escoamento, Tm pode variar neste
sentido. O valor de Tm aumenta com x se a transferência de
calor for da superfície para o fluido (Ts > Tm); ela diminui
com x se o oposto estiver ocorrendo (Ts < Tm).

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Condições Desenvolvidas

A existência de transferência de calor por convecção entre a


superfície e o fluido dita que a temperatura deve se alterar
com x. Desta forma, se houver transferência de calor,
(dTm/dx), assim como (∂Tm/∂x) em qualquer raio r, são
diferentes de zero.
Com isso, o perfil de temperaturas T(r) está continuamente
mudando com x, deixando parecer que uma condição
desenvolvida nunca poderá ser atingida.

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Essa contradição aparente pode ser reanalisada definindo-se
uma forma adimensional da temperatura. Com isso,
introduzindo-se uma diferença de temperaturas
adimensional, na forma

sabe-se, que há condições nas quais essa razão se torna


independente de x.

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Isto é, embora o perfil de temperaturas T(r) continue
variando com x, a forma relativa desse perfil permanece
inalterada e diz-se que o escoamento está termicamente
desenvolvido.
A exigência para tal condição é formalmente estabelecida
por:

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Essa condição é alcançada em um tubo no qual existe um
fluxo térmico uniforme na superfície ou uma temperatura
superficial uniforme.
Essas condições ocorrem em muitas aplicações da
Engenharia.

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Como a razão entre temperaturas é independente de x, a
derivada dessa razão em relação à r também deve ser
independente de x. Com isso,

𝜕𝑇
− ฬ
𝜕 𝑇𝑆 − 𝑇 𝜕𝑟 𝑟= 𝑟𝑜
= ≠ 𝑓(𝑥)
𝜕𝑥 𝑇𝑆 − 𝑇𝑚 𝑟=𝑟0
𝑇𝑆 − 𝑇𝑚

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Substituindo (∂T/∂r) obtida da Lei de Fourier, tem-se que

Finalmente, da Lei de Resfriamento de Newton,

No escoamento termicamente desenvolvido de um fluido com


propriedades constantes, o coeficiente de transferência de calor
por convecção local é uma constante, independente de x.
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Variação axial do coeficiente de transferência de calor por convecção no
escoamento em um duto
38
Simplificações adicionais estão associadas ao caso especial
de fluxo térmico na superfície uniforme.

Ou,

O gradiente de temperatura na direção axial é independente


da posição radial.
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Para o caso especial de temperatura superficial constante
(dTs/dx = 0), tem-se que

O gradiente de temperatura na direção axial é dependente


da posição radial.

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Exercício

Sabe-se que estão presentes condições


plenamente desenvolvidas no escoamento de
água, com vazão de 0,01kg/s e a 27ºC, em
um tubo com 25 mm de diâmetro.
a) Qual é a velocidade máxima da água no
tubo?
b) Qual é o gradiente de pressão associado
ao escoamento?

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Exercicio
Para o escoamento de um metal líquido através de um tubo circular,
os perfis de velocidades e de temperaturas, em uma dada posição axial,
podem ser aproximados como uniforme e parabólico, respectivamente.
Isto é, u(r) = C1 e T(r) – Ts = C2[1 – (r/ro)²], onde C1 e C2 são constantes.
Qual é o valor do número de Nusselt (Nu) nessa posição?
Esquema:

42
Resolução:

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Referências Bibliográficas

 INCROPERA, Frank P. et al. “Fundamentos de


Transferência de Calor e de Massa”, 6° ed. LTC, Rio de
Janeiro, RJ, 643p. 2008.

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