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1 Introdução
O conhecimento do posicionamento dos veículos espaciais que orbitam a Terra é essencial para
que as missões as quais eles são designados sejam desenvolvidas e finalizadas com sucesso. Os
elementos orbitais são ferramentas que auxiliam no conhecimento desse posicionamento de forma
simples, já que possibilitam definir orbita e posição de forma única. O Two-Line Element Set
Format possibilita a transmissão dos elementos keplerianos de forma simples e compacta, sem que
seja necessária grande capacidade computacional ou banda de transmissão de dados, sendo de
grande importância para a história e de todas as missões modernas.
2 Fundamentação Teórica
2.1 Two-Line Element Set Format
O "Two-Line Element Set Format"(TLE) é um formato que possibilita transmitir os elementos
orbitais de um objeto orbitando a Terra em um dado momento. É apresentado através de duas
linhas, podendo assim a partir de alguns modelos, prever a posição precisa do objeto.
Desenvolvido por Max Lane na década de 60 e posteriormente melhorado com ajuda de K. Cranford,
o modelo é utilizado pela NASA desde então e se tornou padrão para o NORAD (North American
Aerospace Defense Command) [1] já no início dos anos 70. Inicialmente se tratava de duas placas
perfuráveis padrão de 80 colunas e depois foi adaptado para arquivos de texto escritos em duas
linhas de formato ASCII (American Standard Code for Information Interchange) de 70 colunas.
Em um "Two-Line Element Set Format” é possível encontrar o número do satélite, a época do ano
dos dados obtidos, os elementos orbitais keplerianos, sua referida classificação, o arrasto devido a
rediação, entre outros [2]. Como pode ser visto na figura 1.
1
Estaremos durante este relatório analisando os dados TLE referentes à Estação Espacial Interna-
cional (ISS) no dia 18/06/2019, às 19h:49min.
ISS(ZARY A)
125544U 98067A19169.85759509.0000035700000 − 013835 − 409993
22554451.6443353.0079000817963.302412.422115.51207189175515
a(1 − 2 )
r= =⇒ a(1 − 2 ) = r + a(cos E − ) =⇒ r = a(1 − cos E) (6)
1 + cos ν | {z }
r cos ν=x
2
E com isso considerando;
x cos E −
cos ν == (7)
r 1 − cos E
E com a relação de metade de arco que considera tan 2 (θ/2) = (1 − cos θ)/(1 + cos θ);
r1 + r
2 ν 2 E ν 1+ E
tan = tan =⇒ tan = tan (8)
2 1− 2 2 1− 2
A equação 8 obtida é uma equação transcendental, ou seja, não pode ser invertida. Cálculos de
anomalia verdadeira portanto devem ser realizados de forma numérica com o conhecimento da
anomalia média, um exemplo é o método de Newton-Raphson, como explicitado na secção 2.5.
f (xn )
xn+1 = xn − (13)
f 0 (xn )
3
2.5.1 Cálculo Numérico de Anomalia Verdadeira
O método descrito na seção anterior é necessário para a obtenção da anomalia verdadeira a partir
da anomalia média. Primeiramente utiliza-se este método para obter a anomalia excêntrica a
partir da anomalia média. Então a anomalia verdadeira pode ser diretamente calculada a partir
da anomalia excêntrica. A fórmula (12) relaciona anomalia média e excêntrica:
M = E − sin E
Desta forma, a fórmula iterativa do método Newton-Raphson é dada pela fórmula (14):
M − E + sin E
En+1 = En − (14)
−1 + cos E
Por fim a anomalia verdadeira é obtida pela simples aplicação da fórmula (8) apresentada na secção
2.3: r !
−1 1+e E
ν = 2 tan tan
1−e 2
3 Resolução Numérica
3.1 Construção do Código
O código Matlab escrito foi feito de maneira a ser simples e fácil de ser utilizado. Criou-se um
script principal, Parte_B, em que se entra com a constante gravitacional G e a massa da Terra.
Em seguida se calcula a constante µ. Também se adiciona nesse script principal os valores lidos do
Two-Lines. A partir daí, este programa chama funções nas quais se calculam variáveis que serão
necessárias para a determinação da órbita do veículo e calcula o semieixo maior. Tais funções são
as seguintes:
- TwoLines2Elements: Obter elementos orbitais a partir do Two-Lines;
- AnomalyConversion: Converte anomalia média em verdadeira;
- Keplerian2Vectorial: Obter vetor de estados para plotagem;
- OrbitPropagation: Plota órbita terrestre
3.2 Fluxograma
4 Resultados
Os dados dos elementos orbitais nesse dado momento podem ser especificados então seguindo os
padrões estabelecidos na figura 1. Dessa maneira obtemos então:
4
• Inclinação i = 51.6443◦
A as figuras 5 e 6 a seguir foram obtidas com o auxílio do software STK e são uma simulação
da órbita da estação espacial no horário correspondente ao Two-Lines. Nestas imagens é possível
ver que a ISS não estava visível no Brasil no momento, mas havia acabado de passar sobre o país
e estava sobre o oceano Atlântico.
5
Figura 6: Visualização plana da órbita da ISS
O horário mostrado na figura 5 está no UTC - Universal Time Coordinated, que possui uma
defasagem de 3 horas em relação ao horário de Brasília. Por este motivo, o relógio marca 22:49.
5 Conclusão
O método Two Line Element, de forma simples e direta, consegue transmitir dados de suma
importância para o monitoramento de um veículo espacial em órbita, garantindo o comprimento
da missão. A aplicação do método de definição de parâmetros do objeto, aliado aos programas
obtidos nas aulas anteriores, possibilitam a simulação da órbita de quaisquer objetos espaciais
conhecidos em órbita à Terra, como a ISS.
Apêndice
Código Parte_B
% Rotina para a execução da Parte B
clearvars
clc
% Constantes
grav_const = 6.67408*10^(-20);
earth_mass = 5.972*10^24;
u = grav_const*earth_mass;
6
Código TwoLines2Elements
% ORBITAL ELEMENTS: CONVERSION FROM VECTORIAL TO KEPLERIAN
% Luís Filipe Martins Barros
function [epoch_year,epoch_day,inclination,ascending_node_RA,eccentricity,perigee_argument,
mean_anomaly,mean_motion, ...
satellite_number,classification,launch_year,launch_number,launch_piece,
mean_motion_1st_derivative, ...
mean_motion_2nd_derivative,brstar_drag,ephemeris_type,element_number,
revolution_number] = TwoLines2Elements(line_1,line_2)
if ((ischar(line_1)==0)||(ischar(line_2)==0))
fprintf(’\n’);
error(’Unexpected input format. Lines must be entered as Char vectors.’);
elseif ((length(line_1)~=69)||(length(line_2)~=69))
fprintf(’\n’);
error(’Unexpected input length. Lines must be 69 digits long.’);
end
% Line 1 Checksum
sum_1 = 0;
for i = 1:68
switch line_1(i)
case {’.’,’ ’,’+’,’A’,’B’,’C’,’D’,’E’,’F’,’G’,’H’,’I’,’J’,’K’,’L’,’M’,’N’,’O’,’P’,
’Q’,’R’,’S’,’T’,’U’,’V’,’W’,’X’,’Y’,’Z’}
case ’-’
sum_1 = sum_1+1;
otherwise
sum_1 = sum_1 + str2num(line_1(i));
end
end
sum_1 = mod(sum_1,10);
% Line 2 Checksum
sum_2 = 0;
for i = 1:68
switch line_2(i)
case {’.’,’ ’,’+’,’A’,’B’,’C’,’D’,’E’,’F’,’G’,’H’,’I’,’J’,’K’,’L’,’M’,’N’,’O’,’P’,
’Q’,’R’,’S’,’T’,’U’,’V’,’W’,’X’,’Y’,’Z’}
case ’-’
sum_2 = sum_2+1;
otherwise
sum_2 = sum_2 + str2num(line_2(i));
end
end
7
sum_2 = mod(sum_2,10);
if (sum_1~=str2num(line_1(69)))
fprintf(’\n’);
error(’Chucksum failed for line 1.’);
elseif (sum_2~=str2num(line_2(69)))
fprintf(’\n’);
error(’Chucksum failed for line 2.’);
end
% Line 1
satellite_number = str2num(line_1(3:7));
classification = line_1(8);
launch_year = str2num(line_1(10:11));
launch_number = str2num(line_1(12:14));
launch_piece = line_1(15:17);
epoch_year = str2num(line_1(19:20));
epoch_day = str2num(line_1(21:32));
mean_motion_1st_derivative = str2num(line_1(34:43));
mean_motion_2nd_derivative = str2num(line_1(45:52));
brstar_drag = str2num(line_1(54:61));
ephemeris_type = str2num(line_1(63));
element_number = str2num(line_1(65:68));
% Line 2
inclination = deg2rad(str2num(line_2(9:16)));
ascending_node_RA = deg2rad(str2num(line_2(18:25)));
eccentricity = str2num([’0.’ line_2(27:33)]);
perigee_argument = deg2rad(str2num(line_2(35:42)));
mean_anomaly = deg2rad(str2num(line_2(44:51)));
mean_motion = str2num(line_2(53:63));
revolution_number = str2num(line_2(64:68));
end
Referências
[1] NORAD Two-Line Element Set Format. https://www.celestrak.com/NORAD/
documentation/tle-fmt.php. Accessed: 2019-07-8.
[2] Definition of Two-line Element Set Coordinate System. https://spaceflight.nasa.gov/
realdata/sightings/SSapplications/Post/JavaSSOP/SSOP_Help/tle_def.html. Acces-
sed: 2019-07-10.
[3] Howard Curtis. Orbital Mechanics for Engineering Students. Butterworth-Heinemann, 1◦
edition, 2005.
[4] J. Marion S. Thornton. Classical Dynamics of Particles and Systems. Thomson, 5th ed edition,
2004.
[5] Leonardo O Ferreira. Órbitas parabólicas e a equação de kepler. Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais, 2016.