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UNIVERSIDADE ESTUAL DE SANTA CRUZ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


CURSO DE FÍSICA

EXPERIMENTO DE MICHELSON E MORLEY

LEONARDO DOS SANTOS VAZ


MAYCON PASSOS MOUTINHO

ILHÉUS-BAHIA
2022
LEONARDO DOS SANTOS VAZ
MAYCON PASSOS MOUTINHO

EXPERIMENTO DE MICHELSON E MORLEY

Relatório apresentado como atividade avaliativa


da disciplina de Laboratório de Física Moderna
Referente ao curso de Licenciatura em Física
Professor: Fernando Tamariz Luna

ILHÉUS – BAHIA
2022
1 INTRODUÇÃO

James C. Maxwell já havia calculado ao final do século XIX, que


qualquer radiação eletromagnética viaja no vácuo com uma velocidade de
aproximadamente 300.000 Km/s. Cientistas da época acreditavam que a luz e
todas as radiações eletromagnéticas, assim como faziam as ondas mecânicas,
necessitavam de um meio para se propagar. Em outras palavras, a luz viajava
por um espaço preenchido por uma substância. Essa substância que
preencheria todo o espaço, cuja existência foi teorizada, recebeu o nome de
Éter.
A cada ano, a Terra viaja tremendas distâncias em sua órbita ao redor
do Sol, com uma velocidade de 30,2 km/s, ou aproximadamente 109 mil
km/hora. Era proposto que a Terra poderia estar, a todo instante, se movendo
através de um éter e produzindo um denominado: "Vento Etéreo" que seria
detectável. Em qualquer ponto da superfície da Terra, a intensidade e a direção
do vento poderia variar com o horário do dia e a estação do ano. Através da
análise do vento aparente em vários momentos diferentes do dia, deveria ser
possível efetuar a separação dos componentes devido a movimentação da
terra em relação ao sistema solar, em qualquer situação de movimento deste
mesmo sistema.

Figura 1: Representação do vento do Eter. O experimento de Michelson e Morley pretendia


medir os efeitos deste fenômeno sobre a Luz por meio de um interferômetro.
O efeito do suposto vento etéreo em ondas de luz deveria ser
semelhante ao efeito do vento sobre as ondas de som. Ondas de som viajam
em uma velocidade aproximadamente constante em relação ao meio em que
se encontram, podendo variar de acordo com temperatura, pressão, entre
outros fatores, no caso do som viajando através do ar, uma velocidade de
aproximadamente 340 m/s. Então, para uma velocidade do som de 340 m/s em
relação ao ar, e um vento de 10 m/s em relação a terra com sentido contrário
ao do som, a velocidade do som em relação a terra será de 330 m/s (340 m/s -
10 m/s). Com um vento no mesmo sentido do som, parecerá que o som está
viajando um pouco mais rápido, a 350 m/s (340 m/s + 10 m/s). Medindo a
velocidade do som em comparação ao solo para duas direções diferentes,
podemos observar o efeito do arrasto do ar na onda sonora. E se acreditava
que o mesmo podia ser feito para o éter e a luz.

Figura 2: Analogia com as ondas sonoras. O vento tem uma velocidade v enquanto o som
produzido no interior dessa massa de ar tem velocidade u ou –u. o observador 2 que se move
junto com a massa de ar não percebe alterações na velocidade do som. Para o observador 1, o
mesmo sinal sonoro tem velocidade (u – v) ou (u + v).

Considerando que uma onda sonora pode ser arrastada pelo movimento
do ar, e que quando este movimento tem a mesma direção que a direção de
propagação dessa onda sonora a mesma pode ter sua velocidade aumentada
ou diminuída, intui-se que sendo o Eter o meio para a luz, e que terra se move
em relação ao Eter, o vento do Eter causará efeito similar nas ondas
eletromagnéticas, aumentando ou diminuindo sua velocidade, nesse sentido, o
experimento de Michelson e Morley objetiva detectar diferenças na velocidade
da luz por meio de um interferômetro.
O interferômetro de Michelson é o tipo mais fundamental de
interferômetro de dois feixes. Ele pode ser utilizado para medir comprimentos
de onda com grande precisão. Na extremidade de um dos braços, uma fonte
emissora de luz. Na intersecção dos braços um conjunto de espelho
semitransparente posicionados de forma angulada em 45 º. Nas extremidades
dos dois braços espelhos refletores e um anteparo que permitia enxergar o
feixe de luz refletido. A ideia era separar em dois feixes de menor intensidade
o feixe principal, fazendo com que refletissem separadamente e no seu
percurso de volta, se unissem novamente exibindo no anteparo o feixe de luz
recombinado.

Figura 3: Esquema do aparato experimental de Michelson e Morley. Esperava-se observar


diferentes padrões de interferência para diferentes orientações dos feixes em relação a suposto
vento do eter com este aparelho.

Quando posicionamos uma lente plano-convexa sobre uma placa lisa de


vidro, forma-se entre as duas superfícies uma lâmina de ar de espessura
variável. No ponto de contato entre ambas superfícies, a espessura da camada
de ar é zero e aumenta em direção às bordas da lente convexa. Ao incidirmos
uma luz monocromática sobre o arranjo descrito, podemos observar por meio
da luz refletida e transmitida um padrão de franjas de interferência composto
por uma série de anéis concêntricos, alternadamente claros e escuros, ao redor
do ponto de contato, os Anéis de Newton.

Figura 4: Padrões de interferência observados quando os espelhos estão alinhados (a), ou


ligeiramente desalinhados (b e c)
Na figura 5 podemos observar de maneira simplificada como funciona o
fenômeno da interferência em ondas unidimensionais.

Figura 5: (a) Interferência completamente construtiva; em (b) é completamente destrutiva e (c)


um caso intermediário. A intensidade resultante é máxima é (a), menor em (c) e nula é (b).

Considerando que um dos feixes move-se numa direção paralela à de


propagação do Éter. Como no exemplo do som propagado contra o vento, a
velocidade medida para a luz deveria ser portanto ao mover-se contra o Éter.
𝑢=𝑐−𝑣 (1)
Tomando como sendo o comprimento dos braços um valor de L, obteremos
para o intervalo de tempo de ida do feixe de Luz.
𝑐−𝑣
𝑡1 = (2)
𝐿
Tomando o tempo para o caminho de volta:

𝑐+𝑣
𝑡2 = (3)
𝐿
O tempo total seria, portanto:
−1
𝐿 𝐿 2𝐿𝑐 2𝐿 𝑣2
∆𝑡1 = + = = (1 − ) (4)
𝑐−𝑣 (𝑐+𝑣) 𝑐 2 −𝑣 2 𝑐 𝑐 2

No caso do braço 2, aquele no qual a luz viaja perpendicularmente ao


Éter, o valor para a velocidade resultante foi obtido por meio do teorema de
Pitágoras. A diferença de tempo para que os dois feixes percorram os seus
respectivos caminhos, deverá ser dada pela diferença entre as expressões
para cada braço.
1
−1 −
2𝐿 𝑣2 𝑣2 2
∆𝑇 = ∆𝑡1 − ∆𝑡2 = [(1 − ) − (1 − ) ] (5)
𝑐 𝑐2 𝑐2

Pelo fato de termos 𝑣2/𝑐2 << 1, usaremos uma expansão binomial


descartando os termos de grau maior do que 2

(1 − 𝑥)𝑛 ≈ 1 − 𝑛𝑥 (6)
Por causa dessa substituição, temos:
2𝐿 1
∆𝑡 = [(1 − 𝑥 ) − (1 − 𝑥)] (7)
𝑐 2

Como nosso valor para 𝑥 = 𝑣2/𝑐2

2𝐿 1𝑣2 𝐿𝑣2
∆𝑡 ≈ [ 2
]≈ (8)
𝑐 2𝑐 𝑐3

Alguns questionamentos são importantes nesse ponto do experimento, como


por exemplo, a direção do movimento orbital da Terra, ou ainda imprecisões
nos tamanhos dos braços utilizados no interferômetro. Para que tais efeitos não
produzissem resultados tendenciosos, o experimento foi girado de um ângulo
de 90º e as medidas foram feitas nessa posição.
A diferença de tempo entre os dois instantes no qual os feixes refletidos
chegam ao detector produzem uma diferença de fase entre esses feixes,
ocasionando um padrão de interferência quando esses se recombinam no
anteparo do detector. Uma rotação de 90º sobre o interferômetro no plano
horizontal, fará com que os dois feixes cheguem ao detector em posições
alternadas. Essa rotação sobre o interferômetro resulta numa diferença de
tempo que corresponde ao dobro do valor calculado acima. Por conta disso a
diferença de caminho corresponde ao dobro da expressão obtida:

𝑣2
∆𝑑 = 𝑐(2∆𝑡 ) = 2𝐿 (9)
𝑐2

Essa diferença de caminho percorrida pelos dois feixes poderia ser


representada na forma de uma mudança na posição das franjas formadas no
anteparo por conta da interferência devido à diferença de caminho. Assim,
poderíamos escrever a expressão na forma:

∆𝑑 2𝐿𝑣2
= (10)
𝜆 𝜆𝑐2

Além disso o experimento foi repetido em diferentes estações do ano, pois é


bem sabido que o sentido do movimento orbital da Terra se inverte a cada seis
meses. Quando no verão a Terra viaja em uma direção e sentido, seis meses
depois, no inverno, seu movimento e contrário. Assim se eventualmente o éter
estivesse movimentando-se em relação à Terra em determinada época do ano,
nos meses seguintes esse cenário seria diferente.
O valor estimado para esse desvio, utilizando-se um comprimento de
onda de radiação bem conhecido e os tamanhos dos braços do interferômetro
também conhecidos, seria de:
2(11𝑚)(3. 104 𝑚⁄𝑠)2
𝐷𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 = = 0,44
(5. 10−7 𝑚)(3. 108 𝑚⁄𝑠 )2

Com esse valor para o desvio, os cientistas A. Michelson e E. Morley


esperavam encontrar um padrão de interferência destrutiva, já que trata-se de
um número semi-inteiro. Em outras palavras, se houvesse uma velocidade
relativa do aparato que viajava junto com a Terra, em relação à velocidade da
luz, padrões de interferência destrutiva seriam observados. A precisão do
instrumento utilizado por Michelson e Morley podia detectar desvios da ordem
de 0,01, muito menores portanto do que o desvio que se esperava obter. O
resultado obtido para o valor do desvio foi de zero dentro do nível de precisão
do aparato utilizado. Em todos os cenários em que o experimento foi feito, o
resultado era idêntico, levando a comunidade cientifica buscar outros caminhos
para explicar o comportamento ondulatório da Luz.

2. OBJETIVO
Observar os padrões de interferência na forma de anéis de newton
produzidos pela combinação dos feixes de luz separados no interferômetro de
Michelson.
Determinar o comprimento de onda do Laser de neônio.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais
• Laser
• Laser de He-Ne
• 1-Interferômetro de Michelson (composto por espelhos semi e totalmente
refletores, base, parafuso micrométrico)
• Lentes convergentes
• Anteparo
.

3.2 Métodos

Franjas circulares de interferência são observadas no arranjo do


interferômetro de Michelson, permitindo a medida de comprimentos de onda e
índices de refração.
Observar os anéis de interferência no interferômetro de Michelson com um
laser de He-Ne e calibrar o fator de redução no avanço do parafuso
micrométrico;
Observar os anéis de interferência no interferômetro de Michelson com um
laser de diodo operando no visível e determinar seu comprimento de onda;
Determinar o índice de refração do ar utilizando o interferômetro de Michelson,
laser de He-Ne e a célula de gás contendo ar a pressões variáveis.

4. ESTATÍSTICA

Quando grandezas são geradas por cálculos, as suas incertezas são


propagadas, encontrando-as mediante a equação geral da incerteza
propagada.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o experimento proposto e a imagem da figura 06 foi


possível observar as franjas claras e escuras com o interferômetro de
Michelson provando a interferência formadora das franjas. No entanto, para
concluir os demais objetivos do experimento seria necessário um parafuso
micrometro. O parafuso micrométrico seria girado de até que se obtivesse uma
franja escura no centro da figura, cada passo do parafuso seria medido e
contato o numero de franjas associado.

Figura 6: Anéis de Newton observados nesta prática experimental.


Com a iluminação do interferômetro com a luz extensa do Laser de He-
Ne, em seguida inclinando-o levemente o espelho para se obter franjas quase
retas, deslocaria-se o parafuso do espelho móvel a um certo número de
divisões e deste modo seria possível o número de franjas de interferência que
passam pelo centro do campo de visão. Sendo que cada franja que aparece ou
desaparece no campo de visão, representaria um deslocamento do espelho
móvel de λ/2. No entanto, nenhum desses passos acima foi feito, devido o
parafuso micrometro está com defeito. O padrão de franjas observado na figura
06 foi possível ajustando a posição dos espelhos manualmente, de maneira
que não foi possível coletar dados e por consequência realizar calculo do
comprimento de onda do Laser.

6. CONCLUSÃO

O experimento foi satisfatório uma vez que foi possível observar o


padrão de franjas previsto na teoria, com as interferências construtivas e
destrutivas que ocorrem, sendo possível observar de maneira clara os padrões
de interferência na forma de anéis de Newton produzidos pela combinação dos
feixes de luz separados no interferômetro de Michelson. Porém não
conseguimos calcular o comprimento de onda do Laser de Neônio devido ao
parafuso micrometro não está em funcionamento.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MELISSINUS, A. C.; NAPOLITANO, J. Experiments in Modern Physics. 2ª ed,


Academic Press, New York, USA, 200.

GRANT, R. Fowles, Introduction to modern Optics. 2ª ,New York. 1975.

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