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Sobre a autora

Vivianne Rosestolato D. Pereira Tannus

A autora deste caderno de estudos é a professora Vivianne Rosestolato


Daruich Pereira Tannus, brasileira, natural de Porciúncula/RJ, Bacharel em
Engenharia Civil pela Faculdade Redentor (REDENTOR, 2014/01), Mestre em
Engenharia e Ciência dos Materiais pela Universidade Estadual Norte Fluminense
(LAMAV/UENF, 2016), Especialista em Docência do Ensino Superior (REDENTOR,
2015). É professora da Faculdade Redentor, nos polos Itaperuna e Campos dos
Goytacazes desde 2014, nos cursos de Engenharia Civil, Engenharia Mecânica,
Engenharia de Produção, Engenharia Elétrica, Arquitetura e Serviço Social. Tem
experiência nas disciplinas de Introdução ao Cálculo, Geometria Descritiva,
Geometria Analítica, Física I, Física II, Probabilidade e Estatística aplicada à
Engenharia, Bioestatística, Cálculo III, Resistência dos Materiais, Topografia,
Sistemas Isostáticos, Mecânica Geral e Aplicada, Estruturas Metálicas e Madeira,
Sistemas Hiperestáticos I e II. Possui experiência em EaD. Atua como Engenheira
Civil como projetista e responsável técnica.
Apresentação

Olá, querido aluno (a), seja muito bem-vindo (a)!

Iniciando sua formação em Engenharia, você tem um novo desafio nas


disciplinas do ciclo profissional. Nossa disciplina intitula-se Sistemas Hiperestáticos
I e aborda alguns tópicos que são ferramentas importantes para a formação
profissional na área de Engenharia. Esses tópicos englobam, por exemplo, a análise
de deslocamentos em pontos específicos em estruturas Isostáticas. Nesta disciplina,
aprenderemos também métodos de obtenção de reações de apoio em sistemas
hiperestáticos planos e espaciais, bem como a influência das propriedades dos
materiais nessas grandezas.
É importante frisar que neste caderno, você encontrará o básico dos conceitos
necessários para iniciar projetos civis de estruturas reais. Vale ressaltar que será
muito importante consultar as bibliografias referenciais, além de outras que forem
recomendadas. Acima de tudo, você deverá praticar muito.
A disciplina foi dividida em dezesseis aulas, contendo exemplos e atividades a
serem resolvidas, sendo importante você manter uma constância em seus estudos.
Portanto, não acumule dúvidas! Consulte o professor, participe dos fóruns,
releia o caderno, as bibliografias recomendadas, faça os exercícios teóricos e
práticos, assista aos vídeos sugeridos e outras fontes que você considerar
importantes para sua aprendizagem.
Não esqueça: aprender Sistemas Hiperestáticos (HIPER I) requer dedicação e
prática de exercícios! Então, foque nos conceitos abordados e pratique bastante!
Lembre-se de que disciplinas ligadas à matemática e física possuem
inúmeras formas de resolução, além de uma grande variabilidade de situações que
podem ser influenciadas por detalhes na estrutura.
Desta forma, quanto mais exemplos forem resolvidos, maior será sua
capacidade de solucionar casos e até mesmo prever o comportamento da estrutura.
.
.
.
Bons estudos!
Objetivos

Sistemas Hiperestáticos I é uma das disciplinas que compõem o ciclo


profissional da Engenharia, na área de análise estrutural. Seu objetivo é analisar
solicitações e deformações em estruturas planas hiperestáticas. O conhecimento
fornecido nesta disciplina possibilita ao aluno a compreensão de conceitos
estruturais, além de embasar escolhas de sistemas de sustentação em situações
reais.

Este caderno de estudos tem como objetivos:

 Analisar quadros, treliças e grelhas planas e espaciais;


 Perceber a taxa de variação de momento fletor na estrutura,
através de funções matemáticas;
 Analisar a influência da geometria da estrutura no deslocamento
provocado por esforços externos;
 Analisar a influência da elasticidade do material que compõe a
estrutura no deslocamento provocado por esforços externos;
 Analisar os possíveis deslocamentos em pontos da estrutura que
permitem os mesmos;
 Avaliar a necessidade dos tipos de vínculos para diversas
situações;
 Determinar as solicitações em todos os elementos estruturais de
uma estrutura hiperestática;
 Determinar as reações de apoio devido a cargas externas em
estruturas hiperestáticas;
 Interpretação e solução de problemas espaciais nas demais
disciplinas do curso;
 Capacitar o acadêmico na habilidade de interpretação e
resolução de problemas concretos e abstratos, aumentando sua
visão espacial, integrando conhecimentos multidisciplinares e
viabilizando a representação de figuras associadas a novos
padrões e técnicas de resolução.
Sumário

AULA 1 – FUNÇÕES DE CURVA


1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11
1.1 Funções de Curvas ......................................................................................... 11
1.2 Diagrama de Motor Fletor .............................................................................. 14

AULA 2 - TIPOS DE ESTRUTURAS E SUAS APLICAÇÕES


2 CONCEITO BÁSICO DE ANÁLISE ESTRUTURAL .......................................................... 28

AULA 3 - DESLOCAMENTO E DEFORMAÇÃO DAS ESTRUTURAS


3 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS ............................................................................. 38
3.1 Estados de Deformação e Carregamento.................................................... 38

AULA 4 - DIAGRAMAS DE MOMENTO FLETOR


4 MÉTODO DE DESLOCAMENTO (CONTINUAÇÃO) .................................................... 47
4.1 Funções e Sobreposição dos Esforços .......................................................... 47

AULA 5 - ROTAÇÃO
5 MÉTODOS DOS DESLOCAMENTOS ........................................................................... 58
5.1 Análise de Rotação ........................................................................................ 58

AULA 6 - DESLOCAMENTO VERTICAL


6 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS ............................................................................. 68

AULA 7 - TRANSLAÇÃO VERTICAL, HORIZONTAL E ROTAÇÃO


7 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS ............................................................................. 77
7.1 Cálculo Dos Três Deslocamentos Possíveis Em Um Determinado Ponto .... 77

AULA 8 - REVISÃO
8 REVISÃO – MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS ........................................................... 85

AULA 9 - ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS


9 ESTRUTURAS ............................................................................................................... 94
9.1 Estruturas Hipostáticas .................................................................................... 95
9.2 Estruturas Isostáticas ....................................................................................... 96
9.3 Estruturas Hiperestáticas ................................................................................. 97
9.4 Grau De Hiperestaticidade ............................................................................ 99

AULA 10 - MÉTODO DAS FORÇAS


10 MÉTODO .................................................................................................................. 105
10.1 Método das Forças ...................................................................................... 105
10.2 Metodologia de Cálculo ............................................................................. 105

AULA 11 - ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS LINEARES


11 ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS LINEARES.................................................................. 129

AULA 12 - MÉTODOS DAS FORÇAS (CONTINUAÇÃO)


12 INTRODUÇÃO AO MÉTODO DAS FORÇAS ............................................................. 152

AULA 13 - ANÁLISE DE TENSÕES E DEFORMAÇÕES


13 VIGAS HIPERESTÁTICAS – MÉTODO DAS FORÇAS ................................................. 175

AULA 14 - ESTRUTURAS SIMÉTRICAS


14 INTRODUÇÃO ESTRUTURAS SIMÉTRICAS ................................................................. 184

AULA 15 - Efeitos de variação de temperatura em estruturas hiperestáticas


15 INTRODUÇÃO EFEITOS DE VARIAÇÃO DE TEMPERATURA EM ESTRUTURAS
HIPERESTÁTICAS................................................................................................................ 197

AULA 16 - EFEITOS DA OCORRÊNCIA DE RECALQUES DE APOIO EM ESTRUTURAS


HIPERESTÁTICAS
16 EFEITOS DA OCORRÊNCIA ...................................................................................... 200
16.1 Edifício Nuncio Malzoni ............................................................................... 203
Iconografia
Aula 1
Funções de curva

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, veremos alguns conceitos já estudados anteriormente em outras


disciplinas e que se fazem importantes para o desenvolvimento e compreensão
desta.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Relembrar conceitos de funções de reta.


 Relembrar conceitos de funções de parábolas.
 Descrever diagramas de momento fletor em funções e seus limites.
 Determinar reações de apoio em estruturas isostáticas.
 Determinar diagramas de momento fletor em estruturas isostáticas.
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1 INTRODUÇÃO

Sempre que pensamos em Engenharia Civil nos vem à mente a palavra


CÁLCULO. E realmente, pode ser utilizada na maioria das vezes para definir
objetivos das disciplinas deste curso. O cálculo estrutural é a coluna cervical da
engenharia e, para que possamos desenvolver todos os conceitos necessários de
maneira fácil e rápida, faremos uma revisão dos conteúdos pertinentes aos nossos
assuntos desta disciplina.

1.1 Funções de Curvas

O primeiro conteúdo a ser revisado será a respeito de funções. Nosso


processo de cálculo estrutural requer que os gráficos de esforços solicitantes sejam
descritos em forma de funções, barra a barra. Por exemplo, vamos analisar o
Diagrama de Momento Fletor da Figura 1 abaixo:

Figura 1: Pórtico Plano com solicitações externas e DMF.

Fonte: AUTOR (2018)


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É necessário que cada elemento estrutural do pórtico


tenha seu momento fletor descrito por uma função. Para
facilitar o entendimento, numeramos as barras da maneira
que acharmos melhor (Figura 2). Neste caso usaremos a
coluna da esquerda como Barra 1 (B1), a viga como Barra 2 (B2) e a coluna
da direita como Barra 3 (B3).
Assim, separando os elementos:

Agora, vamos analisar cada barra e suas respectivas funções.


Como convenção, vamos adotar as dimensões das barras como dados do
eixo x e os valores de momento, dados do eixo y. Adotaremos também a origem dos
eixos sempre como o ponto inicial da estrutura, analisando da esquerda para a
direita e de baixo para cima (Figura 3).
Para B1 temos:
Para x = 0, ou seja, o início do elemento
estrutural tem um momento nulo. Assim, o par
ordenado fica (0; 0)
Para x = 5, ou seja, o fim do elemento estrutural,
temos um momento com valor +300 kN.m. Assim, o
par ordenado fica (5; 300)
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Substituindo os valores na equação da reta y = ax + b, temos:

Agora, é só substituir os valores de a e b na equação da reta! Assim, a função


que descreve a variação do momento na Barra 1 fica: y = 60x
Para curvas de segundo grau,
utilizaremos o método de integração para
descrever a função.
O processo é bem simples e consiste
em uma simples substituição de valores na
fórmula 𝒚 = ∫(−𝑸𝒙 + 𝑽𝑨 )𝒅𝒙, onde Q é o valor
do carregamento distribuído que deu origem à
parábola e VA é o valor da reação vertical do
apoio da esquerda.

Substituindo e integrando, temos:

Esta etapa requer uma atenção especial para


identificar o valor de c. Sabemos que o termo independente
de uma função revela o ponto em que a curva toca o eixo y.
Assim, o valor de c sempre será o primeiro valor de momento
do elemento em análise, considerando o sinal do gráfico. Para este exemplo,
temos como momento inicial o valor de 300kN.m.

Assim, a função que descreve a variação do momento na Barra 2 fica:


𝒚 = −𝟏𝟎𝒙𝟐 + 𝟏𝟒𝒙 + 𝟑𝟎𝟎
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Para x = 0, ou seja, o início do elemento


estrutural, temos um momento com valor de +120
kN.m. Assim, o par ordenado fica (0; 120).
Para x = 2, temos um momento com valor
nulo. Assim, o segundo par ordenado fica (2; 0).

Note que no trecho x de 2m a 3m, não há gráfico de momento.


Em casos como este, a seção nula é excluída e não é necessária uma função
para descrevê-la. Assim: 120 = 0*a + b  b = 120
0 = 2*a + 120  a = -60

Assim, a função que descreve a variação do momento na Barra 3 fica: y = -


60x + 120. É importante ressaltar que esta é uma das inúmeras formas de se
descrever funções de curvas. O aluno tem total liberdade para utilizar a forma que
desejar para a obtenção das equações das curvas, desde que alcance a função
adequada para cada elemento.

Dicas de leitura sobre funções de curvas:


<http://redentor.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/
9788581430966/pages/-22>.

1.2 Diagrama de Motor Fletor

O segundo item a ser revisado é a obtenção dos diagramas de


momento fletor. Aqui serão vistas as convenções utilizadas e o
cálculo de momento ponto a ponto. Em uma estrutura, são
necessários valores de momento em pontos críticos existentes. Estes
pontos são caracterizados por elementos estruturais ou solicitações que modificam
os valores de momento. São eles: vínculos de apoio, rótulas, cargas concentradas,
início e fim de carregamentos distribuídos, nós rígidos entre outros não tão
frequentes. Vamos tomar um exemplo para demonstrar como serão feitos o
processo de cálculo e as convenções. Seja o pórtico da Figura 6:
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 Primeiro passo: calcular as reações de apoio


Temos no apoio A uma reação vertical que será chamada de VA e, em B, duas
reações. Uma horizontal que será nomeada HB e uma vertical, VB. Como sabemos
que a reações de apoios são responsáveis pelo equilíbrio das solicitações, é
conveniente que sejam arbitradas sempre em sentido contrário às ações. Assim,
como mostra a Figura 7, nossa estrutura fica convencionada desta forma:
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Observação: nesta etapa de cálculo do somatório de momento, o aluno


pode escolher qual sentido de giro será considerado positivo, sem qualquer
alteração de resultados. Será utilizado neste caderno o sentido horário positivo. Esta
escolha pode ser feita por ser tratar de um somatório de todo o momento da
estrutura em relação a um ponto. É importante lembrar que este somatório sempre é
nulo. Assim, tomando um sentido como positivo tudo que for contrário será negativo
e a conta será anulada independente da convenção.

É importante observar que as reações foram calculadas


todas como positivas. Isso se dá pelo fato de que o sentido dos
vetores está correto. Assim, toda reação obtida com sinal
negatvo significa que o sentido está invertido.

Com as reações devidamente calculadas, iniciaremos o processo de cálculo


de momento nos pontos críticos, previamente assinalados pelas letras de A até G
(Figura 8). Alguns conceitos básicos de momento simplificam o processo de
obtenção dos valores de momento. Vejamos inicialmente os casos dos pontos A e B.
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São dois apoios rotulados em extremidade. Esta


característica garante que o valor de momento nesses dois
pontos seja ZERO. Mas por quê?

Sabemos que o momento em qualquer ponto da estrutura possui o mesmo


valor quando calculado à direita e à esquerda do ponto, ou seja, antes e depois da
posição analisada. Um apoio rotulado não possui reação de momento, assim, não
tem um momento concentrado neste vínculo. O que poderia gerar momento em um
apoio rotulado seriam as cargas aplicadas fora deste ponto. O ponto A por ser um
extremo, não possui nenhum elemento estrutural localizado antes dele, ou seja,
nenhuma solicitação capaz de gerar momento naquele ponto. Assim, todo momento
gerado pelo conjunto de forças situados depois do ponto será anulado.

O mesmo caso ocorre no ponto B. Assim, para facilitar o


processo, sempre que houver apoio de primeiro ou segundo
gênero em extremidade da estrutura, o valor do momento
neste ponto será zero, a não ser que haja uma carga externa
de momento aplicado neste ponto.
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Analisaremos agora pontos em que se pode ter certeza de momento nulo.


Esta análise é feita a partir do conceito citado anteriormente, a respeito da igualdade
do momento quando calculado antes e depois do ponto. Buscando na estrutura,
encontramos o ponto C. Ao observarmos a estrutura abaixo (antes ou à esquerda)
do ponto C, verificamos que não existe nenhuma solicitação capaz de gerar
momento neste ponto. Assim, podemos confirmar que o valor do momento em C é
ZERO.
Nos demais pontos é necessário o cálculo de momento fletor.
Então, já temos: MA = MB = MC = 0

 Cálculo do momento no ponto D: Vamos utilizar sempre o critério da


igualdade de momento antes e depois do ponto, buscando sempre a parte mais
simples para realização do cálculo. Observando o esquema da Figura 9, é possível
perceber claramente que a estrutura situada antes do ponto em análise é bem mais
simples do que a localizada à direita do ponto. Assim, podemos calcular o momento
em D somente pela parte à esquerda (ou abaixo) do ponto.

Para convenção de sinais de diagramas de momento,


utilizaremos um processo bastante simples. Quando analisarmos
colunas, toda carga que “deslocar” a coluna para dentro da estrutura
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será considerada como geradora de momento negativo. Desta forma, toda


solicitação que “deslocar” a coluna para fora, provocará um momento positivo. Esta
técnica pode ser utilizada em qualquer caso, analisando pela direita ou pela
esquerda, além de garantir sempre o menor processo de cálculo possível em cada
situação. Analisando a coluna AD (Figura 10), observamos que a única carga que
gera momento em D é a de 40kN. Esta carga tende a deslocar a coluna para
“dentro” da estrutura, gerando assim um momento negativo.

Pelo mesmo processo, vamos obter o momento no ponto E. Neste caso será
mais simples analisar a estrutura depois do ponto E, ou seja, à direita, pois é
composta somente por uma coluna. Assim, ME = -20*1 – HB*5(deslocando a coluna
para dentro da estrutura) + 20*3 (“abrindo a estrutura”) ME = -160 kN.m
MF (pela direita) = 20*2 – HB*4 = -120kN.m
MG (pela direita) = -HB*2 = -80kN.m

Com os valores de momento obtidos, é só ligar os pontos no gráfico de


acordo com a carga que dá origem aos momentos (Figura 11).
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Resumo

Prezado aluno, nesta aula abordamos:

 Formas simplificadas de se obter funções de reta;


 Método de integração de cortante para obtenção de parábolas relativas
ao DMF;
 Como se determina reações de apoio em pórticos isostáticos;
 Como se traça um DMF de maneira simples utilizando a convenção de
sinais proposta.

Além disso, você aprendeu que um diagrama de esforço solicitante pode ser
descrito em formas de funções.
Percebeu que reações de apoio verticais nem sempre precisam ser utilizadas
para o cálculo de um diagrama de momento fletor.
Referências Bibliográficas

Básica:
SUSSEKIND, José Carlos; SUSSEKIND, José Carlos. Curso de Análise
Estrutural–Estruturas Isostáticas. Editora Globo, 1980.

SUSSEKIND, JOSE CARLOS. Curso de Analise Estrutural. vol. I,


Ed. Globo, SE10 Paulo, 1991.

SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural – Vol. 2: Deformações em


Estruturas, Método das Forças–Vol. 3: Método das Deformações, Processo de
Cross. 1977.
Exercícios
AULA 1

1) Determinar, para os pórticos a seguir, as reações de apoio, os diagramas


de momento fletor e as funções que descrevem a variação do momento em cada
elemento estrutural.
Exercícios
AULA 1
Gabarito
AULA 1

B1: y = -20x B1A: y = -30x B1A: y = 20x


B2: y = -5x² + 15x – 40 B1B: y = -60 B1B: y = 40x - 60
B3: y = 20x - 60 B2: y = -10x² + 62x - 60 B2: y = -15x² + 55x + 100
B3: y = 0 B3: y = 80 – 40x
Gabarito
AULA 1
Aula 2
Tipos de estruturas e suas aplicações

APRESENTAÇÃO DA AULA

Prezados alunos, nesta aula, veremos alguns conceitos básicos sobre tipos
de estruturas hiperestáticas e suas aplicações.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Perceber os tipos de esforços que atuam nos elementos estruturais.


 Prever deslocamentos em pontos específicos da estrutura.
 Prever pontos que não permitem deslocamento.
 Entender o conceito de sistemas treliçados e seus deslocamentos
possíveis.
 Entender o conceito de grelhas espaciais e seus deslocamentos
possíveis.
 Entender o conceito de pórticos espaciais e seus deslocamentos
possíveis.
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2 CONCEITO BÁSICO DE ANÁLISE ESTRUTURAL

Esta aula traz alguns conceitos que vão nos ajudar a analisar estruturas
compostas por barras.
A Figura 12 mostra um exemplo de um quadro ou pórtico plano.

Um quadro plano é a simplificação de um modelo espacial de estrutura.


Ele corresponde a uma parcela da estrutura que caracteriza o comportamento
tridimensional. São estruturas representadas em duas dimensões, neste caderno
nos eixos x e y. As cargas também estão contidas no mesmo plano incluindo forças
com componentes nas direções dos eixos X e Y e momentos em torno do eixo Z
(que sai do plano). A Figura 12 também mostra a deformação da estrutura devida às
solicitações, de forma amplificada, com as componentes de deslocamentos e
rotações dos nós. O modelo desenvolvido para representação de quadros planos
não permite deslocamentos na direção Z e nem rotações em torno dos eixos X e Y.
Assim sendo, existem diversos conceitos de capacidade de produção e todos com
pontos em comum, porém, nesta aula será evidenciada a definição trazida por Slack
et al., (2002) em seu livro, que a descreve como sendo “o máximo nível de atividade
de valor adicionado em determinado período de tempo que o processo pode realizar
sob condições normais de operação”. Assim, o que é analisado em um modelo plano
são os seguintes componentes:
 H → deslocamento na direção do eixo global X;
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 V → deslocamento na direção do eixo global Y;


 R→ rotação em torno do eixo global Z.

Os elementos que compõem um pórtico são unidos por


nós rígidos, perfeitos, a menos que algum tipo de liberação seja
indicado. Estes nos possibilitam deslocamentos e rotação
compatíveis com cada ligação.

Ligações rígidas provocam a deformação por flexão na estrutura aporticada.


Os esforços internos também estão associados ao comportamento plano da
estrutura. Neste tipo de estrutura, existem apenas três esforços internos (Figura 13):
 N → esforço normal (esforço interno axial) na direção do eixo local x;
 Q → esforço cortante (esforço interno transversal) na direção do eixo local
y;
 M → momento fletor (esforço interno de flexão) em torno do eixo local z.

Esforços internos em uma estrutura representam as tensões de ligação entre


as partículas dos materiais. Eles representam o efeito de forças e momentos entre
duas partes de uma estrutura reticulada, quando fazemos um “corte” em
determinado ponto. Assim, cada lado deste “corte” possui esforços ligantes axiais,
cortantes e de momento, posicionados de forma invertida um em relação ao outro, o
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que caracteriza a solicitação sendo exercida de ambos os lados. Mais adiante,


veremos a relação entre estes esforços internos e as tensões. Outro tipo de
estrutura reticulada é a treliça, representada na Figura 14 com supostas cargas e
reações.

Uma treliça se caracteriza por possuir vínculos entre barras que permitem
girar independentemente nas ligações. Na análise de uma treliça, as cargas atuantes
são transferidas para os seus nós. Isso faz com que uma treliça apresente apenas
esforços normais de tração ou compressão. Mais uma forma usual de estrutura
reticulada é a grelha, as quais apresentam cargas na direção perpendicular ao
plano, incluindo momentos. A Figura 15 traz uma grelha solicitada por um
carregamento transversal distribuído de maneira uniforme. Os apoios de uma grelha
apresentam apenas uma componente de força, que é na direção vertical Z, e duas
componentes de momento.
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Como hipótese de cálculo, consideramos que uma grelha não apresenta


deslocamentos dentro do seu plano. A Figura 15, assim como fizemos com o pórtico,
indica a configuração exagerada de deformação da grelha, que apresenta os
seguintes componentes de deslocamento e rotações:
 Vz → deslocamento na direção do eixo global Z;
 Rx → rotação em torno do eixo global X;
 Ry →rotação em torno do eixo global Y.

Na maioria dos casos, os nós que unem os elementos estruturais de grelhas


são rígidos. Mas isso não significa que não possa haver rótulas, responsáveis por
liberar um ou dois componentes de rotação. Os esforços internos de uma barra de
grelha estão mostrados na Figura 16, juntamente com a convenção adotada para os
eixos locais de uma barra de grelha.

São três os esforços internos:


 Q→ esforço cortante (esforço interno transversal) na direção do eixo local
z;
 M→ momento fletor (esforço interno de flexão) em torno do eixo local y;
 T→ momento torçor (esforço interno de torção) em torno do eixo local x.

E, por último, o caso mais usual de estruturas reticuladas: o pórtico espacial


(Figura 17).
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Ele representa a união de um pórtico plano a uma grelha. É exatamente o tipo


de estrutura que buscamos dimensionar quando se trata de uma edificação.
É necessário analisar cada ponto de um quadro espacial pode ter três
componentes de deslocamento.
Vamos pegar, por exemplo, o ponto E da estrutura. É fácil imaginar que este
ponto pode ser deslocado para os lados (H), assim como pode ser “torcido” em
qualquer uma das três direções (R) ou até mesmo empurrado para baixo ou
“puxado” para cima (V).

<http://redentor.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/97
88581431277>.
Referências Bibliográficas

Básica:
SUSSEKIND, José Carlos; SUSSEKIND, José Carlos. Curso de Análise
Estrutural–Estruturas Isostáticas. Editora Globo, 1980.

SUSSEKIND, JOSE CARLOS. Curso de Analise Estrutural. vol. I,


Ed. Globo, SE10 Paulo, 1991.

SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural – Vol. 2: Deformações em


Estruturas, Método das Forças–Vol. 3: Método das Deformações, Processo de
Cross. 1977.
Exercícios
AULA 2

1) Determinar os possíveis deslocamentos nos pontos assinalados na


estrutura.

1º PASSO:
Como se trata de uma análise fictícia de capacidade de deslocamento em
pontos específicos vamos considerar os mais diversos tipos de solicitações na
estrutura, capazes de movimentar os pontos escolhidos em todas as direções
possíveis.

2º PASSO – Ponto A:
Primeiramente escolhemos o ponto e analisamos o tipo de apoio: É um
vínculo conhecido como engaste deslizante. Sua principal característica é
liberar a translação em um dos eixos, vertical ou horizontal. Nunca as
duas simultaneamente. Neste caso específico, podemos observar uma
capacidade de deslizamento no eixo y, assim, este apoio provoca duas reações:
Momento Fletor e Reação Horizontal.

3º PASSO – ANÁLISE DE DESLOCAMENTO:


Conhecendo o tipo de apoio e as solicitações que ele é capaz de restringir,
fica fácil definir quais as direções que podem ser deslocadas neste ponto.
Se o apoio gera uma reação de momento, significa que ele combate o
momento que chega naquele ponto, não permitindo qualquer rotação ali. Assim, não
é possível ocorrer rotação no ponto a, pois o tipo de vínculo impede este movimento.
Da mesma forma, este tipo de apoio gera uma reação horizontal, ou seja,
impede o movimento neste sentido. Assim, não é possível ocorrer translação
horizontal no ponto a.
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Vimos também que este mesmo vínculo não gera uma reação vertical, ou
seja, ele permite o movimento nesta direção. Assim, o apoio engaste deslizante só
permite deslocamento vertical.
Concluindo, o ponto a pode possuir va.

Agora é a sua vez!


Analise os tipos de apoio, siga este passo a passo e verifique quais as
possibilidades de deslocamento nos demais pontos assinalados!

SUGESTÃO DE LEITURA:
<http://ceenc.blogspot.com.br/2016/02/curso-de-analise-
estrutural-1-2-e-3.html>.
Gabarito
AULA 2

Ponto B: não permite deslocamentos


Ponto C: não permite deslocamentos
Ponto D: RD
Ponto E: HE, RE.
Ponto F: RF
Nós rígidos (G, H, J, K): permitem todos os deslocamentos (H, V, R).
Rótula I: permitem todos os deslocamentos (HI, VI, RI).
Aula 3
Deslocamento e deformação das
estruturas

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, iniciaremos nossos cálculos estruturais. Sabemos


que todo material é capaz de se deformar e, como vimos na aula 2,
alguns tipos de vínculos permitem deslocamentos também.
Bem, dessa forma, nosso objetivo a partir de agora é
determinar o deslocamento, gerado por um conjunto de solicitações, em qualquer
ponto da estrutura. E, nesta aula, realizaremos os três primeiros passos para este
cálculo.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender o início do método dos deslocamentos.


 Determinar o módulo de rigidez de peças estruturais.
 Escolher pontos críticos de deslocamento na estrutura.
 Montar o estado de deformação de um pórtico isostático.
 Montar o estado de carregamento referente ao deslocamento previsto.
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3 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS

3.1 Estados de Deformação e Carregamento

O cálculo do deslocamento se faz necessário para que possamos avaliar se a


deformação do elemento estrutural está dentro do permitido. Aplicaremos este
método inicialmente em estruturas isostáticas, o que será de grande ajuda para
nosso objetivo final desta disciplina, que é determinar reações de apoio e diagramas
de esforços solicitantes em estruturas hiperestáticas.
Nosso processo consiste nos seguintes passos:
I. Escolha do ponto a ser analisado;
II. Determinação do Estado de Deformação (E0);
a. Reações de apoio e DMF (M0);
III. Determinação do Estado de Carregamento (E1);
a. Reações de apoio e DMF (M1);
IV. Descrição dos diagramas em funções;
a. B10 e B11
b. B20 e B21
c. B30 e B31
V. Sobreposição de esforços;
𝑏
a. 𝐸𝐼𝛿𝑖 = ∫𝑎 𝑀𝑜 𝑀𝑖 𝑑𝑥
VI. Determinação do deslocamento no ponto;

a. 𝛿 = ∑ 𝛿𝑖

A melhor forma de aprender cálculo estrutural é


praticando, não se esqueça disso! Por isso, nosso conteúdo será
explicado sempre a partir de exemplos, a fim de facilitar o
entendimento. Então, vamos começar?!
P á g i n a | 39

Seja o pórtico plano representado na Figura:


1º passo: Definir o módulo de
rigidez do material, mais conhecido
como EI. Este módulo agrega as
informações referentes ao Módulo de
Elasticidade do material que compõe a
estrutura (E) com as características
geométricas da seção transversal,
representada pelo Momento de Inércia
(I). O módulo de elasticidade do
concreto varia de acordo com a sua
resistência à compressão (fck). Se um
concreto possui fck = 25, significa que
sua resistência à tração é de 25 MPa. Para um fck = 50, temos uma resistência de
50 MPa, e assim por diante. De modo geral, de acordo com a NBR 6118, podemos
calcular este valor seguindo a seguinte fórmula:
𝐸 = 5,6√𝑓𝑐𝑘

Com fck em MPa e E em GPa.

É importante ressaltar que este valor não está condicionado a um coeficiente


de segurança. Caso seja previsto o uso deste nesta etapa de cálculo, aplicamos a
seguinte fórmula:
𝐸𝑐𝑠 = 0,85𝐸

Para este caso, vamos considerar uma estrutura de concreto armado, com as
seguintes propriedades:
 Concreto fck = 30; (30MPa)
 Seção transversal uniforme e retangular com b = 20 cm e h = 40 cm.

Assim, começaremos calculando o MÓDULO DE RIGIDEZ DO MATERIAL


(EI):
P á g i n a | 40

 Para o cálculo do E, utilizaremos a fórmula apresentada anteriormente


SEM O COEFICIENTE DE SEGURANÇA.
𝐸 = 5,6√𝑓𝑐𝑘

𝐸 = 5,6√30
𝑬 = 𝟑𝟎, 𝟔𝟕𝟐𝟒𝟔 ≈ 𝟑𝟎, 𝟔𝟕 𝑮𝑷𝒂

 Para o cálculo do I, considerando a seção retangular e constante, teremos


o mesmo Momento de Inércia para todos os elementos estruturais (duas colunas e
uma viga).

𝑏ℎ³
𝐼=
12
0,2 ∗ 0,4³
𝐼=
12
𝑰 = 𝟏𝟎𝟔, 𝟕 ∗ 𝟏𝟎−𝟓 𝒎𝟒

Com esses valores, podemos calcular nosso MÓDULO DE RIGIDEZ EI.


EI = 30,67GPa * 106,7 * 10-5m4
EI = 32,72*106 N.m² = 3,272*104 kN.m²

É interessante que deixemos a unidade do EI em kN.m² para que fiquem


compatíveis com os dados reais da estrutura.

2º passo:
Para calcular os valores de deslocamentos desejados, inicialmente devemos
escolher o ponto específico. Neste caso, podemos observar um apoio de primeiro
gênero na coluna da direita, que permite deslizamento horizontal neste ponto. Assim,
seria interessante saber o quanto este ponto translada e se este valor é seguro.
Então temos definido que seja analisado o deslocamento horizontal no ponto B, ou
simplesmente HB. Para isso, usaremos como dito previamente, o método dos
deslocamentos, ou dos esforços, que consiste em uma sobreposição de esforços
reais e esforços virtuais para obtenção de resultados. Os esforços reais são
calculados facilmente, utilizando as técnicas que você aprendeu em Mecânica Geral
P á g i n a | 41

e Sistemas Isostáticos: Calculamos as reações da estrutura e posteriormente, seu


DMF. O cálculo das solicitações do estado real é chamado de ESTADO DE
DEFORMAÇÃO, ou simplesmente E0.

Nesta etapa verificamos toda a deformação causada na estrutura em geral,


sem especificar nenhum ponto.

Para a situação em questão, teremos então:

 Aplicando as equações de equilíbrio:


Para facilitar o entendimento, como se trata de EQUILIBRAR a estrutura,
podemos montar a equação colocando de um lado da igualdade as forças
de mesmo sentido e, do outro lado da igualdade, as que possuem sentido
contrário às primeiras.
P á g i n a | 42

 Construindo o DMF:
 Pontos de momento nulo: A B e E
 MCe (momento no ponto C pela esquerda) = HA*4 = 20*4 = 80kN.m
 MDd (momento no ponto D pela direita) = 20*2 = 40 kN.m
 Mmáx da carga distribuída = qL²/8 = 10*4²/8 = 20 kN.m

Assim, nosso DMF do Estado de Deformação, ou E0, é denominado M0:

3º passo:
Calculados os esforços do Estado Real, partiremos para a análise do Estado
Virtual, também chamado de Estado de Carregamento ou E 1. Nesta etapa, vamos
focar no ponto a ser analisado. Com os dados colhidos aqui, conseguiremos
direcionar todas as cargas reais influentes para o deslocamento desejado. Como
você já estudou em Resistência dos Materiais, o Princípio dos Trabalhos Virtuais
(PVT) funciona da seguinte forma:
 Excluímos todas as cargas reais que solicitam a estrutura;
 Escolhemos um ponto a ser analisado;
 Aplicamos neste ponto uma carga virtual unitária de natureza do
deslocamento a ser calculado;
 Determinamos as reações de apoio virtuais e o DMF virtual, chamado de
E1.
P á g i n a | 43

Então, mãos à obra!


 Já conhecemos o ponto a ser analisado, o apoio de primeiro gênero que
chamamos de ponto B;
 A carga virtual unitária a ser aplicada será pontual com direção horizontal,
pois queremos saber O DESLOCAMENTO LINEAR HORIZONTAL DESTE PONTO
(HB).

Nosso estado virtual E1 fica desta maneira:

 Aplicando as equações de equilíbrio:


P á g i n a | 44

 Construindo o DMF:
 Pontos de momento nulo: A e B
 MCe (momento no ponto C pela esquerda) = HA*4 = 1*4 = 4kN.m
 MDd (momento no ponto D pela direita) = 1*4 = 4 kN.m

Assim, nosso DMF do Estado de Deformação, ou E0, é denominado M0:

Na próxima aula, começaremos o processo de descrição dos gráficos em


funções, conforme foi revisado na aula 1. Então, vale a pena dar uma
relembrada para facilitar seu entendimento!
Referências Bibliográficas

Básica:
SORIANO, H. L., LIMA, S. S. Análise de estruturas. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna, 2004.

SORIANO, H. L.; LIMA, S. S. Análise de Estruturas - Método das Forças e


Método dos Deslocamentos. 2. ed. São Paulo: Ciência Moderna, 2006.

SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural Vol. 2. Editora Globo: Porto


Alegre, 1983.

BEER, F.; JOHNSTON, E. R. Resistência dos materiais. Trad. Pereira, C. D.


M. São Paulo: Editora Makron Books, 2004.

CAMPANARI, F. A. Teoria das estruturas. vol. 1, 2, 3 e 4. Rio de Janeiro:


Editora Guanabara Dois, 1985.

POLILLO, A. Exercícios de Hiperestática. São Paulo: Ed. Página Aberta,


1977. 376p.

ROCHA, A. M. Hiperestática Plana Geral. São Paulo: Ed Página Aberta,


1970.

SORIANO, H. L. Estática das Estruturas. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,


2007.
Aula 4
Diagramas de Momento Fletor

APRESENTAÇÃO DA AULA

Prosseguindo com o exemplo da aula 3, chegou a hora de descrever os


DMF’s em funções e limites para posterior sobreposição dos esforços, na aula 5.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Descrever diagramas de momento reais em funções.


 Descrever diagramas de momento virtuais em funções.
 Comparar diagramas e definir os limites de ação dos esforços.
 Sobrepor esforços e calcular o deslocamento horizontal em apoios
simples.
 Analisar o sentido do deslocamento.
P á g i n a | 47

4 MÉTODO DE DESLOCAMENTO (CONTINUAÇÃO)

4.1 Funções e Sobreposição dos Esforços

Primeiro, analisaremos os dois pórticos juntamente, para identificarmos quais


os trechos serão calculados. Como vamos aplicar as funções em um produto, é
viável que observemos quais as barras possuem momento. Para cada elemento
estrutural do pórtico faremos um processo de integração e, por isso, se uma das
barras de um dos estados não possuir valores de momento, automaticamente a
correspondente do outro estado se anula. Neste caso, podemos observar que as
três barras dos dois estados possuem valores de momento. Assim, começaremos a
descrever as funções a partir da B1 do E0 e do E1.

 B1
Intervalo da função: aqui entram os valores de x
que marcam o início e fim do gráfico analisado.
Marcamos o início da barra como zero e temos o fim
em 4 metros. Assim, [0; 4]

 Para B10:
(0;0) e (4;80)
𝒙=𝟎
Substituindo em y = ax + b: y = 20x {
𝒙=𝟒
 Para B11:
(0;0) e (4;4)
P á g i n a | 48

𝒙=𝟎
Substituindo em y = ax + b: y = x {
𝒙=𝟒

Lembre-se: esta função serve para descrever o comportamento do


momento na estrutura. Então, caso tenha insegurança com a função
encontrada, é só substituir os limites na função no lugar do x e verificar se os
valores de y coincidem com os pontos.

Exemplo de verificação: para B10:


𝒙=𝟎
y = 20x {
𝒙=𝟒
Para x = 0; y = 20*0 = 0 OK!
Para x = 4; y = 20*4 = 80 OK!

 B2
Intervalo da função: aqui entram os valores de x
que marcam o início e fim do gráfico analisado.
Marcamos o início da barra como zero e temos o fim em
4 metros. Assim, [0; 4]

 Para B20:

𝑦 = ∫ −𝑄𝑥 + 𝑉𝐴. 𝑑𝑥

Carga distribuída: Q = 10 kN.m


Reação de apoio da primeira coluna: VA = 10 kN
Momento em x = o: c = 80 kN.m
𝒙=𝟎
Substituindo: 𝑦 = ∫ −10𝑥 + 10. 𝑑𝑥  -5x² + 10x + 80 {
𝒙=𝟒

 Para B21:
(0;4) e (4;4)
𝒙=𝟎
Substituindo em y = ax + b: y = 4 {
𝒙=𝟒
P á g i n a | 49

 B3
Intervalo da função: aqui entram os valores
de x que marcam o início e fim do gráfico
analisado. Neste caso temos gráficos presentes em
simultaneamente somente em um trecho da coluna.
Portanto, marcamos o início da barra como zero e
temos o fim do gráfico em 2 metros. Assim, [0; 2]

 Para B30:
(0;40) e (2;0)
𝒙=𝟎
Substituindo em y = ax + b: y = 40 – 20x {
𝒙=𝟐
 Para B31:
(0;4) e (4;0)
𝒙=𝟎
Substituindo em y = ax + b: y = 4 - x {
𝒙=𝟐

Notem que o intervalo da barra 3 do estado virtual não foi o comprimento


total da barra. Isto se justifica pelo fato de só haver gráfico simultaneamente
nos dois estados de x=0 a x=2. Os intervalos de funções sempre têm que ser
os mesmos para cada duas barras correspondentes.

Notem que o intervalo da barra 3 do estado virtual não foi o comprimento total
da barra. Isto se justifica pelo fato de só haver gráfico simultaneamente nos dois
estados de x=0 a x=2. Os intervalos de funções sempre têm que ser os mesmos
para cada duas barras correspondentes.

Agora que já temos as funções que descrevem a variação de momento em


cada elemento da estrutura, nos dois estados analisados, podemos começar a
última etapa do cálculo: o deslocamento provocado por cada barra no ponto
escolhido. Para isso, usaremos o princípio da sobreposição dos esforços.
Esta sobreposição é feita por meio de um produto de integrais, conforme
mostra a fórmula abaixo.
P á g i n a | 50

𝒃
𝐄𝐈 = ∫ 𝑴𝟎 𝑴𝟏 𝒅𝒙
𝒂

Onde:
 é o deslocamento pretendido;
a e b são os limites de domínio da função;
M0 é a função do elemento analisado no Eo;
M1 é a função do elemento analisado no E1;
EI é o módulo de rigidez do elemento estrutural.

Vamos começar pela barra 1:


 Para B1:
𝒙=𝟎
B10  y = 20x { (esta função corresponde ao M0 da fórmula)
𝒙=𝟒
𝒙=𝟎
B11  y = x { (esta função corresponde ao M1 da fórmula)
𝒙=𝟒
Os limites OBRIGATORIAMENTE têm que ser iguais, pois queremos analisar
os mesmos trechos das duas estruturas.

 Substituindo na fórmula:

 Substituindo o valor de EI = 3,272*104 kN.m²


P á g i n a | 51

𝟏𝟐𝟖𝟎
𝑩𝟏 =
𝟑 ∗ 𝟑, 𝟐𝟕𝟐 ∗ 𝟏𝟎𝟒

𝑩𝟏 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟐𝟎𝟑𝟗𝟗𝒎 = 𝟏𝟑, 𝟎𝟒𝒎𝒎

Este valor encontrado significa que a barra 1 provoca


no apoio de primeiro gênero um deslocamento PARA A
DIREITA de 13,04 mm. Sabemos que o deslocamento tem este
sentido através do sinal positivo do resultado. A análise é feita
em função do sentido que você escolhe a sua carga virtual lá no E1.
Neste caso, adotamos o sentido da carga unitária para a direita,
lembra? Vou mostrar novamente o nosso estado virtual para que você possa
se situar.

Se você adotou sua carga unitária para a direita e o resultado do


deslocamento deu positivo, significa que O SENTIDO ESTÁ CORRETO. Não se
engane! Não pense que positivo sempre será para a direita e negativo sempre para
a esquerda!

Sempre que o resultado do deslocamento der positivo, significa que ele está
concordando com o sentido da sua carga unitária! Se der negativo, quer
P á g i n a | 52

dizer que o sentido do deslocamento naquele ponto é contrário ao da sua


carga virtual.

Mas como vamos saber qual o sentido correto? Não existe sentido correto. O
ideal é analisar, de acordo com os carregamentos, para onde o ponto escolhido
tende a se mover, e colocar a carga virtual neste sentido. Caso não seja facilmente
previsível, você pode escolher qualquer sentido e interpretar o resultado como foi
explicado logo ali acima.
P á g i n a | 53

Para finalizar a questão, só falta calcular o deslocamento total no apoio B.

Então, o apoio de primeiro gênero sofreu uma translação horizontal de


52,975 mm para a DIREITA, em função das cargas solicitantes, das
propriedades geométricas da estrutura e do tipo de material.
Agora é a sua vez!
Resolva os exercícios propostos e tire dúvidas com os tutores ou
professores caso haja necessidade!

Boa sorte!
Referências Bibliográficas

Básica:
SORIANO, H. L., LIMA, S. S. Análise de estruturas. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna, 2004.

SORIANO, H. L.; LIMA, S. S. Análise de Estruturas - Método das Forças e


Método dos Deslocamentos. 2. ed. São Paulo: Ciência Moderna, 2006.

SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural Vol. 2. Editora Globo: Porto


Alegre, 1983.

BEER, F.; JOHNSTON, E. R. Resistência dos materiais. Trad. Pereira, C. D.


M. São Paulo: Editora Makron Books, 2004.

CAMPANARI, F. A. Teoria das estruturas. vol. 1, 2, 3 e 4. Rio de Janeiro:


Editora Guanabara Dois, 1985.

POLILLO, A. Exercícios de Hiperestática. São Paulo: Ed. Página Aberta,


1977. 376p.

ROCHA, A. M. Hiperestática Plana Geral. São Paulo: Ed Página Aberta,


1970.

SORIANO, H. L. Estática das Estruturas. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,


2007.
Exercícios
AULA 4

1) Calcular o deslocamento horizontal nas estruturas


abaixo, considerando o EI constante para todos os elementos.
Ponto a ser analisado: apoio de primeiro gênero.
Dados: concreto fck 25, seção transversal retangular
com b = 30 cm e h = 40 cm.
Gabarito
AULA 4

a) R: 9,32 mm para a direita


b) R: 16,5 mm para a esquerda
c) R: 15,02 mm para a direita
d) R: 5,36 mm para a direita
Aula 5
Rotação

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, veremos exatamente o mesmo processo executado antes, porém


aplicado em uma análise de rotação de algum ponto da estrutura.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Analisar pontos da estrutura sujeitos à rotação.


 Determinar o estado real.
 Determinar o estado virtual referente à rotação.
 Determinar as funções de momento fletor dos estados.
 Determinar a rotação no ponto escolhido.
 Analisar o resultado.
P á g i n a | 58

5 MÉTODOS DOS DESLOCAMENTOS

5.1 Análise de Rotação

Seja a estrutura abaixo:


Para este caso, vamos trabalhar
com as colunas de aço com seção
transversal circular vazada, diâmetro 40
cm e espessura 1 cm. Para a viga vamos
adotar seção circular maciça, com
diâmetro de 30 cm. O material vai ser o
mesmo para toda a estrutura, com E =
205 MPa. Assim, vamos começar
calculando o módulo de rigidez de cada elemento. Para as colunas temos:
(𝐷𝑒 4 −𝐷𝑖 4 ) (0,44 −0,384 )
I=𝜋 64
=𝜋 64
= 2,331 ∗ 10−4 𝑚4

EIc = 205 * 109 * 2,331 * 10-4 = 4,78 * 104kN.m²


Para a viga temos:
(𝐷 4 ) (0,34 )
I=𝜋 =𝜋 = 3,976 ∗ 10−4 𝑚4
64 64

EIv = 205 * 109 * 3,976 * 10-4 = 8,15 * 104kN.m²

O ponto a ser analisado neste caso será


o apoio de segundo gênero. Então, vamos
calcular qual é a rotação deste ponto devida a
estas condições.

I. Estado de Deformação (E0)


 Aplicando as equações de equilíbrio, teremos:
o HB = 5 kN
o VA = 28,167 kN
o VB = 19,833 kN
P á g i n a | 59

 Determinando o momento nos pontos críticos:


o MA = 0
o MB = 0
o MC = 0
o MDe = 20*2 = 40 kN.m (positivo porque está abrindo a estrutura)
o MEd = 15*3 + 5*4 = 65 kN.m
o MEd = 5*1 = 5 kN.m

II. ESTADO DE CARREGAMENTO


É importante lembrar que o estado de carregamento varia de
acordo com o tipo de deslocamento requerido. Neste exemplo,
vamos analisar a rotação no apoio de segundo gênero, o que nos
indica que teremos que aplicar uma carga de rotação (momento) no
ponto especificado. O sentido é aleatório, seguindo o princípio da
interpretação do resultado. Então, nossa
estrutura fica assim:
 Aplicando as equações de
equilíbrio, teremos:
P á g i n a | 60

 Determinando o momento nos pontos críticos:


o MA = 0
o MB = 1 kN.m (abrindo a coluna)
o MCe = 0
o MDd = 1 kN.m

Assim, nosso M1 fica desta forma:

III. COMPARANDO OS GRÁFICOS


P á g i n a | 61

Na barra 1 só temos momento no E0, assim, não é necessário achar função


para esta barra, pois quando for multiplicar pela função do E1 que é nula, vai zerar o
deslocamento. Isto indica que a barra 1 não colabora em nada para rotacionar o
apoio B. Já na barra 2, temos momento por toda sua extensão em ambos os
estados, o que garante influência do deslocamento analisado.
 B2
 Para B20:

𝑦 = ∫ −𝑄𝑥 + 𝑉𝐴. 𝑑𝑥

o Carga distribuída: Q = 8 kN.m


o Reação de apoio da primeira coluna: VA =
28,17 kN
o Momento em x = o: c = 40 kN.m
𝒙=𝟎
𝑦 = ∫ −8𝑥 + 28,17. 𝑑𝑥  -4x² + 28,167x + 40 {
𝒙=𝟔

 Para B21:
(0;0) e (6;1)

𝒙=𝟎
Substituindo em y = ax + b: y = x/6 {
𝒙=𝟔

 B3
A barra 3 possui dois intervalos regidos por funções diferentes. Por isso,
devemos calcular cada um destes trechos separadamente. Isto só ocorre no estado
real, assim, podemos fazer somente uma função do virtual e dividir os limites de
acordo com B30.
 Para B3a0:
(0;65) e (3;5)

Substituindo em y = ax + b: y = 65 – 20x
𝒙=𝟎
{
𝒙=𝟑

 Para B3b0:
P á g i n a | 62

(3;5) e (4;0)

𝒙=𝟑
Substituindo em y = ax + b: y = 20 – 5x {
𝒙=𝟒
 Para B31:
𝒙=𝟎 𝒙=𝟑
𝒚 = 𝟏{ 𝒆𝒚 = 𝟏{
𝒙=𝟑 𝒙=𝟒

IV. SOBREPONDO OS ESFORÇOS


 Para B2:
𝒙=𝟎
o -4x² + 28,167x + 40 {
𝒙=𝟔
𝒙=𝟎
o y = x/6 {
𝒙=𝟔

𝒃
𝐄𝐈 = ∫ 𝑴𝟎 𝑴𝟏 𝒅𝒙
𝒂
𝟔
𝒙
𝐄𝐈𝑩𝟐 = ∫ (−𝟒𝒙𝟐 + 𝟐𝟖, 𝟏𝟔𝟕𝒙 + 𝟒𝟎) ∗ ( )𝒅𝒙
𝟎 𝟔
𝟔
𝟐𝒙𝟑 𝟐𝟖, 𝟏𝟔𝟕𝒙² 𝟐𝟎𝒙
𝐄𝐈𝑩𝟐 = ∫ (− + + )𝒅𝒙
𝟎 𝟑 𝟔 𝟑
𝒙𝟒 𝟐𝟖, 𝟏𝟔𝟕𝒙³ 𝟏𝟎𝒙² 𝟔
𝐄𝐈𝑩𝟐 = (− + + ) ⌋
𝟔 𝟏𝟖 𝟑 𝟎
𝟐𝟒𝟐
𝑩𝟐 =
𝐄𝐈

𝟐𝟒𝟐
𝑩𝟐 =
𝟖, 𝟏𝟓 ∗ 𝟏𝟎𝟒

𝑩𝟐 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟐𝟗𝟕 𝒓𝒂𝒅 𝒏𝒐 𝒔𝒆𝒏𝒕𝒊𝒅𝒐 𝒂𝒏𝒕𝒊 − 𝒉𝒐𝒓á𝒓𝒊𝒐

 Para B3:
𝒙=𝟎
o ya = 65 – 20x {
𝒙=𝟑
𝒙=𝟎
o 𝒚𝒂 = 𝟏 {
𝒙=𝟑
𝒙=𝟑
o yb = 20 – 5x {
𝒙=𝟒
P á g i n a | 63

𝒙=𝟑
o 𝒚𝒃 = 𝟏 {
𝒙=𝟒
𝒃 𝒃 𝒄
𝐄𝐈 = ∑ ∫ 𝑴𝟎 𝑴𝟏 𝒅𝒙 = ∫ 𝑴𝟎𝒂 𝑴𝟏𝒂 𝒅𝒙 + ∫ 𝑴𝟎𝒃 𝑴𝟏𝒃 𝒅𝒙
𝒂 𝒂 𝒃
𝟑 𝟒
𝐄𝐈𝑩𝟑 = ∫ (𝟔𝟓 − 𝟐𝟎𝒙) ∗ (𝟏)𝒅𝒙 + ∫ (𝟐𝟎 − 𝟓𝒙) ∗ (𝟏)𝒅𝒙
𝟎 𝟑
𝟑 𝟒
𝐄𝐈𝑩𝟑 = ∫ (𝟔𝟓 − 𝟐𝟎𝒙)𝒅𝒙 + ∫ (𝟐𝟎 − 𝟓𝒙)𝒅𝒙
𝟎 𝟑

𝟑 𝟓𝒙² 𝟒
𝐄𝐈𝑩𝟑 = (𝟔𝟓𝒙 − 𝟏𝟎𝒙𝟐 ) ⌋ + (𝟐𝟎𝒙 − ) ⌋
𝟎 𝟐 𝟑
𝟐𝟏𝟓
𝑩𝟑 =
𝟐𝐄𝐈

𝟐𝟏𝟓
𝑩𝟑 =
𝟐 ∗ 𝟒, 𝟕𝟖 ∗ 𝟏𝟎𝟒
𝑩𝟑 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟐𝟐𝟓 𝒓𝒂𝒅 𝒏𝒐 𝒔𝒆𝒏𝒕𝒊𝒅𝒐 𝒂𝒏𝒕𝒊 − 𝒉𝒐𝒓á𝒓𝒊𝒐

Para finalizar a questão, só falta calcular o deslocamento total no apoio B.

𝛿 = ∑ 𝛿𝑖

𝛿 = 𝛿𝐵1 + 𝛿𝐵2 + 𝛿𝐵3


𝛿 = 0 + 0,00297 + 0,00225
𝛿 = 0,00522 𝑟𝑎𝑑 𝑛𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑖 − ℎ𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑜
𝛿 = 0,299°

Então, o apoio de segundo gênero sofreu uma rotação anti-horária de 0,3°,


em função das cargas solicitantes, das propriedades geométricas da
estrutura e do tipo de material.

Agora é a sua vez! Resolva os exercícios propostos e tire dúvidas com


os tutores ou professores caso haja necessidade!
Boa sorte!
Referências Bibliográficas

Básica:
SORIANO, H. L., LIMA, S. S. Análise de estruturas. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna, 2004.

SORIANO, H. L.; LIMA, S. S. Análise de Estruturas - Método das Forças e


Método dos Deslocamentos. 2. ed. São Paulo: Ciência Moderna, 2006.

SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural Vol. 2. Editora Globo: Porto


Alegre, 1983.

BEER, F.; JOHNSTON, E. R. Resistência dos materiais. Trad. Pereira, C. D.


M. São Paulo: Editora Makron Books, 2004.

CAMPANARI, F. A. Teoria das estruturas. vol. 1, 2, 3 e 4. Rio de Janeiro:


Editora Guanabara Dois, 1985.

POLILLO, A. Exercícios de Hiperestática. São Paulo: Ed. Página Aberta,


1977. 376p.

ROCHA, A. M. Hiperestática Plana Geral. São Paulo: Ed Página Aberta,


1970.

SORIANO, H. L. Estática das Estruturas. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,


2007.
Exercícios
AULA 5

1) Calcular a rotação nas estruturas abaixo,


considerando o EI constante para todos os elementos. Ponto a
ser analisado: ambos os apoios.
O processo de cálculo é o mesmo, como se fossem duas
questões distintas. Calcule primeira, a rotação no apoio da esquerda e depois, a
rotação no da direita. O estado de deformação pode ser aproveitado para os dois
cálculos, bem como suas funções. Você só terá que fazer o estado de carregamento
relativo a cada caso e depois integrar.
Dados: concreto fck 60, seção transversal circular com d = 40 cm.
Gabarito
AULA 5

1-
a) R(A): 0,0115 rad no sentido anti-horário
R(B): 0,0291 rad no sentido horário

b) R(A): 0,0089 rad no sentido horário


R(B): 0,00236 rad no sentido anti-horário

c) R(A): 0,00378 rad no sentido horário


R(B): 0,00525 rad no sentido anti-horário

d) R(A): 0,00838 rad no sentido horário


R(B): 0,00556 rad no sentido anti-horário
Aula 6
Deslocamento vertical

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, veremos o último tipo de deslocamento estrutural. O método de


resolução é o mesmo dos deslocamentos anteriores, com a simples observação de
aplicar uma carga vertical neste caso.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Analisar pontos da estrutura sujeitos a translação vertical.


 Determinar o estado real.
 Determinar o estado virtual referente à translação vertical.
 Determinar as funções de momento fletor dos estados.
 Determinar a translação vertical no ponto escolhido.
 Analisar o resultado.
P á g i n a | 68

6 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS

Vamos calcular o deslocamento vertical no ponto D, considerando a estrutura


toda com a mesma seção transversal retangular de 20 cm x 40 cm e concreto fck 25.
Começaremos novamente calculando o módulo de rigidez da estrutura:
 Concreto fck 25  E = 5,6√25 = 28𝐺𝑃𝑎
𝑏ℎ³ 0,2∗0,4³
 𝐼= = = 1,0667 ∗ 10−3 𝑚4
12 12

 𝐸𝐼 = 28𝐺𝑃𝑎 ∗ 1,0667 ∗ 10−3 𝑚4 = 𝟐, 𝟗𝟖𝟕 ∗ 𝟏𝟎𝟒 𝒌𝑵. 𝒎²

Com o módulo calculado, podemos começar a calcular os esforços devidos às


cargas reais em toda a estrutura:

I. Estado de Deformação (E0)


 Aplicando as equações de
equilíbrio, teremos:
HA = 40 kN
o VA = 43,33 kN
o VB = 76,67 kN

 Determinando o momento nos


pontos críticos:
o MA = 0
P á g i n a | 69

o MB = 0
o MFe = 40*2 = 80kN.m
o MCe = 40*4 – 20*2 = 120kN.m
o MEd = 20*1 = 20kN.m
o MGd = 0

I. Estado de Carregamento (E1)


Sabemos que o estado de
carregamento varia de acordo com o tipo de
deslocamento requerido. Neste exemplo
vamos analisar o deslocamento vertical no
meio da viga, chamado de ponto D, o que
nos indica que teremos que aplicar uma
carga vertical no ponto especificado. O
sentido é aleatório, seguindo o princípio da
interpretação do resultado.
Então nossa estrutura fica assim:

 Aplicando as equações de equilíbrio, teremos:

 Determinando o momento nos pontos críticos:


o MA = 0
o MB = 0
P á g i n a | 70

o MCe = 0
o MD = 1,5 kN.m
o MEd = 0

Assim, nosso M1 fica desta forma:

I. COMPARANDO OS GRÁFICOS
Na barra 1 só temos
momento no E0, assim, não é
necessário achar função para
esta barra, pois quando for
multiplicar pela função do E1
que é nula, vai zerar o
deslocamento. Isso indica que a
barra 1 não colabora em nada
para deslocar o ponto D
verticalmente. O mesmo ocorre
na barra 3. Assim, neste caso,
só será necessário encontrar as
funções da barra 2.

 B2
o Para B20
P á g i n a | 71

𝑦 = ∫ −𝑄𝑥 + 𝑉𝐴. 𝑑𝑥

Carga distribuída: Q = 20
kN.m
Reação de apoio da primeira
coluna: VA = 43,33 kN
Momento em x = o: c = 120
kN.m
𝑦 = ∫ −20𝑥 + 43,33. 𝑑𝑥  -10x² +
𝒙=𝟎 𝒙=𝟑
43,33x + 120 { e {
𝒙=𝟑 𝒙=𝟔

 Para B21a:
(0;0) e (3; 1,5)
𝒙=𝟎
Substituindo em y = ax + b: y = 0,5x {
𝒙=𝟑
 Para B21b:
(3; 1,5) e (6;0)
𝒙=𝟑
Substituindo em y = ax + b: y = 3 - 0,5x {
𝒙=𝟔

II. SOBREPONDO OS ESFORÇOS


 Para B2a:
𝑥=0
o -10x² + 43,33x + 120 {
𝑥=3
𝑥=0
o y = 0,5x {
𝑥=3
P á g i n a | 72

𝑏
EI = ∫ 𝑀0 𝑀1 𝑑𝑥
𝑎
3
EI𝐵2 = ∫ (−10x² + 43,33x + 120) ∗ (0,5𝑥)𝑑𝑥
0
3
EI𝐵2 = ∫ (−5𝑥 3 + 21,667𝑥² + 60𝑥)𝑑𝑥
0

−5𝑥 4 3
EI𝐵2 = (− + 7,22𝑥³ + 30𝑥²) ⌋
4 0
363,7
𝐵2 =
EI
363,7
𝐵2 =
2,987 ∗ 104
𝐵2 = 0,01217 𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜

 Para B2b:
𝑥=0
o -10x² + 43,33x + 120 {
𝑥=3
𝑥=0
o y = 3 - 0,5x {
𝑥=3

𝑏
EI = ∫ 𝑀0 𝑀1 𝑑𝑥
𝑎
6
EI𝐵2 = ∫ (−10x² + 43,33x + 120) ∗ (3 − 0,5𝑥)𝑑𝑥
3

435
𝐵2 =
EI

435
𝐵2 =
2,987 ∗ 104
𝐵2 = 0,01456 𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜

𝛿 = ∑ 𝛿𝑖

𝛿 = 𝛿𝐵2𝑎 + 𝛿𝐵2𝑏

𝛿 = 0,01217 + 0,01456 = 0,02373𝑚 = 23,7 𝑚𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑏𝑎𝑖𝑥𝑜


Referências Bibliográficas

Básica:
SORIANO, H. L., LIMA, S. S. Análise de estruturas. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna, 2004.

SORIANO, H. L.; LIMA, S. S. Análise de Estruturas - Método das Forças e


Método dos Deslocamentos. 2. ed. São Paulo: Ciência Moderna, 2006.

SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural Vol. 2. Editora Globo: Porto


Alegre, 1983.

BEER, F.; JOHNSTON, E. R. Resistência dos materiais. Trad. Pereira, C. D.


M. São Paulo: Editora Makron Books, 2004.

CAMPANARI, F. A. Teoria das estruturas. vol. 1, 2, 3 e 4. Rio de Janeiro:


Editora Guanabara Dois, 1985.

POLILLO, A. Exercícios de Hiperestática. São Paulo: Ed. Página Aberta,


1977. 376p.

ROCHA, A. M. Hiperestática Plana Geral. São Paulo: Ed Página Aberta,


1970.

SORIANO, H. L. Estática das Estruturas. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,


2007.
Exercícios
AULA 6

Agora é a sua vez! Resolva os exercícios propostos e


tire dúvidas com os tutores ou professores caso haja
necessidade! Boa sorte!

Exercício 1 – Calcular o deslocamento vertical no meio das vigas das


estruturas abaixo, considerando o EI constante para todos os elementos.
Dados: aço E = 150 GPa, seção transversal circular vazada com d = 24 cm e
espessura de 3 cm.
Gabarito
AULA 6

a) R: 3,951 mm para cima


b) R: 4,512 mm para baixo
c) R: 1,441 mm para baixo
Aula 7
Translação vertical, horizontal e rotação

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, iremos analisar pontos deslocáveis das três maneiras possíveis.
Estes pontos não podem ser apoios, pois sabemos que qualquer tipo de apoio
restringe PELO MENOS um movimento. Assim, vamos analisar os nós rígidos das
estruturas.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Analisar pontos da estrutura sujeitos todos os deslocamentos.


 Determinar o estado real.
 Determinar os estados virtuais referentes aos deslocamentos
pretendidos.
 Determinar as funções de momento fletor dos estados.
 Determinar os deslocamentos nos pontos escolhidos.
 Analisar os resultados.
P á g i n a | 77

7 MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS

7.1 Cálculo Dos Três Deslocamentos Possíveis Em Um Determinado Ponto

Como o processo já foi


descrito detalhadamente nas aulas
anteriores, mostraremos somente os
passos com os resultados. Nosso
primeiro exemplo será o pórtico
abaixo, com concreto fck 60 e seção
retangular 30 cmx45 cm.
EI = 9,8812*104 kN.m²
Temos infinitos pontos na
estrutura que podem deslocar nos
três sentidos, porém, os que mais
interessam para o cálculo estrutural
são os apoios, como calculamos nos
dois primeiros casos vistos, os meios
de viga, como calculado na última aula, e os nós, que veremos agora.
Assim, vamos calcular os três
deslocamentos nos pontos C e D.
I. Estado de Deformação (E0)
Aplicando as equações de equilíbrio e
calculando o momento nos pontos críticos da
estrutura, teremos:
Por se tratar da mesma estrutura sendo
avaliado de formas diferentes, o

estado real não muda, assim, vamos usá-lo para todas as análises.

II. Estado de Carregamento (E1) - HC


P á g i n a | 78

Neste estado, escolheremos um dos


possíveis deslocamentos para calcular. A
escolha é aleatória, visto que os diferentes
deslocamentos não influenciam nos valores
entre si. Começaremos pelo deslocamento
horizontal no ponto C. Assim, foi aplicada a
carga horizontal unitária no ponto C. Realizando
o equilíbrio e calculando o momento,
chegaremos ao seguinte resultado: Observando
os dois diagramas, podemos concluir que a
coluna da esquerda não gera deslocamento horizontal no ponto C. Então, vamos
calcular as funções das barras 2 e 3.
Barra 2:
B20
𝑦 = ∫ −10𝑥 + 36. 𝑑𝑥
𝒙=𝟎
y = -5x² + 36x - 36 {
𝒙=𝟒
B21
3 𝒙=𝟎
y = −2𝑥 {
𝒙=𝟒

Barra 3:
B30a

𝒙=𝟎
y = 12x+28{
𝒙=𝟏
B30b
𝒙=𝟏
y = 51 – 11x {
𝒙=𝟓
B30c
𝒙=𝟓
y = -24 + 4x {
𝒙=𝟔
B31
P á g i n a | 79

𝒙=𝟎
𝒙=𝟏

𝒙=𝟎 𝒙=𝟏
y = 6 - x{
𝒙=𝟔 𝒙=𝟓

𝒙=𝟓
{𝒙 = 𝟔

Calculando o deslocamento horizontal total no ponto C:


𝒃
𝐄𝐈 = ∑ ∫ 𝑴𝟎 𝑴𝟏 𝒅𝒙
𝒂
4 1
3
EI𝐶 = ∫ ( −5x 2 + 36x − 36) ∗ (− 𝑥) 𝑑𝑥 + ∫ (12 + 28𝑥) ∗ (6 − 𝑥)𝑑𝑥
0 2 0
5 6
+ ∫ (51 − 11𝑥) ∗ (6 − 𝑥)𝑑𝑥 + ∫ (−24 + 4x) ∗ (6 − x)𝑑𝑥
1 5

422 824 4
EI𝐶 = −240 + + −
3 3 3
174
H𝐶 = − = 1,76 𝑚𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑒𝑠𝑞𝑢𝑒𝑟𝑑𝑎
𝟗, 𝟖𝟖𝟐 ∗ 𝟏𝟎𝟒

I. Estado de Carregamento (E2) - HD


Nosso segundo caso será o deslocamento horizontal no ponto D. A carga
virtual aplicada no ponto solicitado fica desta forma:
Realizando o equilíbrio e calculando o momento,
chegaremos ao seguinte resultado:
Podemos observar que o DMF deste caso é
idêntico ao do caso anterior. Isso significa que os dois
pontos sofrem exatamente o mesmo deslocamento.
Assim, sem necessidade de repetir o processo,
concluímos que:
H𝐷= 1,76 𝑚𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑒𝑠𝑞𝑢𝑒𝑟𝑑𝑎

II. Estado de Carregamento (E3 e E4) - VC e


VD
P á g i n a | 80

Nossos próximos dois casos são iguais também. Tratam-se dos


deslocamentos verticais nos pontos C e D. Ao aplicar a carga vertical em C e,
posteriormente em D, verificamos que o DMF fica totalmente zerado. Ou seja, os
dois pontos não sofrem deslocamento vertical em relação ao momento.

III. Estado de Carregamento (E5) - RC


No quinto estado virtual, calcularemos a rotação do nó C. Aplicando o
momento neste ponto e calculando o DMF, temos:
P á g i n a | 81

Comparando com o estado real, podemos perceber que somente a viga gera
rotação relevante no ponto C. Assim, vamos calcular as funções das vigas.
Lembrando que a viga do estado de deformação já está com sua função definida.
Para a barra 2, temos:
B20
𝑦 = ∫ −10𝑥 + 36. 𝑑𝑥
𝒙=𝟎
y = -5x² + 36x - 36 {
𝒙=𝟒

B25
𝒙=𝟎
y = 0,25𝑥 − 1 {
𝒙=𝟒

Calculando a rotação em C:
𝒃
𝐄𝐈 = ∑ ∫ 𝑴𝟎 𝑴𝟏 𝒅𝒙
𝒂
4
EI𝐶 = ∫ ( −5x 2 + 36x − 36) ∗ (0,25𝑥 − 1)𝑑𝑥
0
424
R 𝐶 = − = 0,00143 𝑟𝑎𝑑 𝑛𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑖𝑑𝑜 ℎ𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑜
𝟑 ∗ 𝟗, 𝟖𝟖𝟐 ∗ 𝟏𝟎𝟒

IV. Estado de Carregamento (E6) - RD


No quinto estado virtual, calcularemos a rotação do nó C. Aplicando o
momento neste ponto e calculando o DMF, temos:
P á g i n a | 82

Comparando com o estado real, podemos perceber que somente a viga gera
rotação relevante no ponto D. Assim, vamos calcular as funções das vigas.
Lembrando que a viga do estado de deformação já está com sua função definida.
Para a barra 2, temos:

B20
𝑦 = ∫ −10𝑥 + 36. 𝑑𝑥
𝒙=𝟎
y = -5x² + 36x - 36 {
𝒙=𝟒

B25
𝒙=𝟎
y = 0,25𝑥 {
𝒙=𝟒

Calculando a rotação em C:
𝒃
𝐄𝐈 = ∑ ∫ 𝑴𝟎 𝑴𝟏 𝒅𝒙
𝒂
4
EI𝐶 = ∫ ( −5x 2 + 36x − 36) ∗ (0,25𝑥)𝑑𝑥
0
40
R 𝐶 = = 0,000405 𝑟𝑎𝑑 𝑛𝑜 𝑠𝑒𝑛𝑖𝑑𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑖 − ℎ𝑜𝑟á𝑟𝑖𝑜
𝟗, 𝟖𝟖𝟐 ∗ 𝟏𝟎𝟒
Referências Bibliográficas

Básica:
SORIANO, H. L., LIMA, S. S. Análise de estruturas. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna, 2004.

SORIANO, H. L.; LIMA, S. S. Análise de Estruturas - Método das Forças e


Método dos Deslocamentos. 2. ed. São Paulo: Ciência Moderna, 2006.

SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural Vol. 2. Editora Globo: Porto


Alegre, 1983.

BEER, F.; JOHNSTON, E. R. Resistência dos materiais. Trad. Pereira, C. D.


M. São Paulo: Editora Makron Books, 2004.

CAMPANARI, F. A. Teoria das estruturas. vol. 1, 2, 3 e 4. Rio de Janeiro:


Editora Guanabara Dois, 1985.

POLILLO, A. Exercícios de Hiperestática. São Paulo: Ed. Página Aberta,


1977. 376p.

ROCHA, A. M. Hiperestática Plana Geral. São Paulo: Ed Página Aberta,


1970.

SORIANO, H. L. Estática das Estruturas. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,


2007.
Aula 8
Revisão

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta última aula referente à primeira avaliação, faremos uma revisão do que
foi apresentado anteriormente em aplicações diferentes.
Resolveremos exercícios de deslocamentos com intuito de sanar quaisquer
dúvidas que você possa ter.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Compreender diferentes casos de deslocabilidades em estruturas;


 Conhecer situações distintas do método dos deslocamentos;
 Determinar qualquer tipo de deslocamento em qualquer estrutura.
P á g i n a | 85

8 REVISÃO – MÉTODO DOS DESLOCAMENTOS

Exemplo 1: Seja o pórtico abaixo com colunas em concreto fck 50 e seção


transversal quadrada de lado 60 cm e viga feita em concreto fck 80, retangular 70
cm x 90 cm. Vamos determinar qual é o deslocamento do apoio de primeiro gênero?

I. MÓDULO DE RIGIDEZ

II. ESTADO DE DEFORMAÇÃO


P á g i n a | 86

III. ESTADO DE CARREGAMENTO

IV. FUNÇÕES
Barra 1:
 B10
o 𝑦 = ∫ −𝑞𝑥 + 𝐻𝐴 𝑑𝑥
o 𝑦 = ∫ −20𝑥 + 280 𝑑𝑥
0
o 𝑦 = −10𝑥 2 + 280𝑥 + 0 {
7
 B11
0
o 𝑦 = 𝑥{
7

Barra 2:
 B20
o 𝑦 = ∫ −𝑞𝑥 + 𝑉𝐴 𝑑𝑥
P á g i n a | 87

o 𝑦 = ∫ −30𝑥 + 119,62 𝑑𝑥
0
o 𝑦 = −15𝑥 2 + 119,62𝑥 + 1470 {
13
 B11
0
o 𝑦 = 7{
13

Barra B3 (Colocaremos o ponto inicial no apoio simples para simplificar as


funções, assim, ficaria a coordenada zero no ponto B e a coordenada 7 no ponto D):
 B30
o 𝑦 = ∫ −𝑞𝑥 + 𝐻𝐵 𝑑𝑥
o 𝑦 = ∫ −20𝑥 + 0 𝑑𝑥
0
o 𝑦 = −10𝑥 2 {
7
 B31
0
o 𝑦 = 7−𝑥{
7

V. DESLOCAMENTO
𝒃
𝐄𝐈 = ∑ ∫ 𝑴𝟎 𝑴𝟏 𝒅𝒙
𝒂
𝟕 𝟏𝟑 (−15𝑥 2 𝟕
(−10𝑥 2 + 280𝑥) ∗ (𝑥) + 119,62𝑥 + 1470) ∗ (7) (−10𝑥 2 ) ∗ (7 − 𝑥)
HB = ∫ ( 𝒅𝒙 + ∫ 𝒅𝒙 + ∫ 𝒅𝒙
𝟎 𝐄𝐈𝒑𝒊𝒍𝒂𝒓 𝟎 𝐄𝐈𝒗𝒊𝒈𝒂 𝟎 𝐄𝐈𝒑𝒊𝒍𝒂𝒓

HB = 0.0608 + 0.0599 − 0.0047


HB = 0,1160 𝑚 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑎 𝑑𝑖𝑟𝑒𝑖𝑡𝑎

Podemos observar um deslocamento bastante relevante na estrutura,


equivalente a 11,6 cm no apoio B. Isso se deve a vários fatores combinados. São
eles:
 Colunas muito altas e vão muito extenso.
 Alto carregamento distribuído.
 Apoios rotulados incapazes estabilizar a estrutura em relação a translações
e rotações.
P á g i n a | 88

Com este exemplo, fica claro o motivo pelo qual raramente estruturas
são construídas de maneira isostática. Sistemas Isostáticos são capazes de
suportar esforços externos, gerando reações para estabilizar as forças
atuantes na edificação. Porém, temos outras solicitações que devem ser
combatidas. Assim, estruturas isostáticas são geralmente aplicadas em casos
em que se faz necessária a liberação do movimento, seja para dilatação,
para rolamento, entre outros. Alguns casos clássicos de aplicação são
pontes e passarelas. Neste capítulo, encerramos nosso conteúdo da primeira
avaliação.
Refaça os exercícios! Caso seja necessário, recorra ao material de
apoio indicado nos capítulos anteriores e bons estudos!
Referências Bibliográficas

Básica:
SORIANO, H. L., LIMA, S. S. Análise de estruturas. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna, 2004.

SORIANO, H. L.; LIMA, S. S. Análise de Estruturas - Método das Forças e


Método dos Deslocamentos. 2. ed. São Paulo: Ciência Moderna, 2006.

SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural Vol. 2. Editora Globo: Porto


Alegre, 1983.

BEER, F.; JOHNSTON, E. R. Resistência dos materiais. Trad. Pereira, C. D.


M. São Paulo: Editora Makron Books, 2004.

CAMPANARI, F. A. Teoria das estruturas. vol. 1, 2, 3 e 4. Rio de Janeiro:


Editora Guanabara Dois, 1985.

POLILLO, A. Exercícios de Hiperestática. São Paulo: Ed. Página Aberta,


1977. 376p.

ROCHA, A. M. Hiperestática Plana Geral. São Paulo: Ed Página Aberta,


1970.

SORIANO, H. L. Estática das Estruturas. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,


2007.
Exercícios
AULA 8

FIXAÇÃO – determinar o deslocamento horizontal nos


apoios simples para cada situação a seguir.
Adotar para todos os casos colunas e vigas com
retangulares 30 cm x 45 cm, concreto fck 40.
P á g i n a | 91
Gabarito
AULA 8

a) R: 2,625 mm para a direita


b) R: 4,043 mm para a esquerda
c) R: 14,83 mm para a esquerda
d) R: 7,457 mm para a esquerda
e) R: 8,735 mm para a direita
f) R: 2,583 mm para a direita
Aula 9
Estruturas hiperestáticas

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, teremos o primeiro contato com estruturas hiperestáticas.


Veremos os tipos de estruturas que existem em função de sua capacidade de
permanecer em equilíbrio e você poderá entender a diferença entre estes tipos de
estruturas.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Entender os princípios da análise estrutural


 Entender quais fatores influenciam os tipos de estruturas
 Conhecer as condições estáticas das estruturas.
 Identificar os tipos de apoios (vínculos) percebendo as reações de
apoio de cada um.
 Enxergar, de maneira geral, a capacidade que as estruturas possuem
de inibir ou não os movimentos previstos.
 Classificar uma estrutura como HIPO, ISO ou HIPERESTÁTICA.
 Determinar o grau de hiperestaticidade externo (Ge) de estruturas
planas.
P á g i n a | 94

9 ESTRUTURAS

Estruturas são as partes da edificação responsáveis por manter a construção


estável, resistindo aos esforços externos. Uma estrutura ideal, quando solicitada por
ações externas, deve ser capaz de suportar esforços de modo que não ocorra
ruptura devido aos materiais utilizados ou devido à estabilidade global ou parcial de
todos seus elementos. Outro fator importante para que se obtenha um elemento
deste tipo em condições ideais é garantir que o mesmo proporcione um bom
desempenho estrutural, tanto para resistência a deformações quanto para sua
durabilidade, estando sempre dentro do intervalo de vida útil para a qual foi
projetada. Primeiramente, o engenheiro deve definir qual tipo de sistema construtivo
será empregado no seu projeto e, em seguida, o material a ser utilizado.
Resolvidas estas etapas, avançamos para primeira fase de um projeto
estrutural: Análise Estrutural. Mas qual é o objetivo geral da Análise Estrutural?
Vamos refletir sobre este assunto:
1) Devemos observar que toda estrutura possui características geométricas
(seção transversal) e mecânicas (tipos de vínculos, propriedades dos materiais, etc.)
conhecidas.
2) Toda estrutura está submetida a um conjunto de ações, que podem ser
tanto cargas (forças ou binários) como deformações impostas (recalques de apoio,
deformações devido à variação de temperatura ou retração, etc.),

Assim, o engenheiro civil deve ser capaz de perceber e determinar


numericamente os deslocamentos (translações e/ou rotações) em quaisquer pontos
da estrutura, bem como os esforços internos decorrentes das deformações
produzidas por estes deslocamentos (esforço normal, cortante, momento e torção),
além de determinar também as reações de apoio.
Resumindo, o objetivo principal da análise estrutural é prever o
comportamento da estrutura em análise.
As estruturas podem ainda ser classificadas em hipoestáticas, isostáticas
(estaticamente determinadas) ou hiperestáticas (estaticamente indeterminadas).
P á g i n a | 95

9.1 Estruturas Hipostáticas

São estruturas que não possuem o número de apoios necessário para


garantir a estabilidade da estrutura, quando se considera que as barras sejam
rígidas; Número de equações NA MAIORIA DAS VEZES é maior que número de
incógnitas (reações de apoio); Existem estruturas hipostáticas que possuem o
número de reações MAIOR que o número de equações de equilíbrio, porém, estes
vínculos não são suficientes para garantir a estaticidade da estrutura; Estrutura
instável, não é capaz de impedir todos os tipos de movimentos pretendidos.
Exemplos:

2 reações de apoio;
3 equações de equilíbrio;
Estrutura não é capaz de conter o
deslocamento horizontal;

2 reações de apoio;
3 equações de equilíbrio;
Estrutura não é capaz de conter a
tendência de giro da barra;
P á g i n a | 96

3 reações de apoio;
3 equações de equilíbrio;
“Falsa isostática”;
Estrutura não é capaz de conter o
deslocamento horizontal, mesmo
possuindo número de reações igual ao número de equações;

9.2 Estruturas Isostáticas

São estruturas que possuem o número exato de vínculos necessários para


impedir todos os movimentos possíveis, ou seja, que garantam o equilíbrio da
estrutura, quando se considera que as barras sejam rígidas; O cálculo das suas
reações de apoio e seus esforços internos é feito apenas utilizando as condições de
equilíbrio; Número de vínculos externos (reações de apoio) e vínculos internos
(esforços internos) se igualam ao número de equações de equilíbrio; Um sistema
determinado resolve o problema; Possui equilíbrio estável; Os esforços internos e as
reações NÃO DEPENDEM das propriedades dos materiais e das características
geométricas das seções transversais.
Exemplos:
3 reações de apoio;
3 equações de equilíbrio;
Estrutura é capaz de conter
os três movimentos que
caracterizam a estabilidade.
P á g i n a | 97

3 reações de apoio;
3 equações de equilíbrio;
Estrutura é capaz de conter os três
movimentos que caracterizam a estabilidade.

3 reações de apoio;
3 equações de equilíbrio;
Estrutura é capaz de conter os três
movimentos que caracterizam a estabilidade.

3 reações de apoio;
3 equações de equilíbrio; Estrutura é
capaz de conter os três movimentos que
caracterizam a estabilidade.

9.3 Estruturas Hiperestáticas

São as estruturas mais empregadas na engenharia civil, devido ao fato de


possuírem o número de vínculos superior ao necessário para garantir a estabilidade
do elemento estrutural. As reações de apoio e os esforços internos NÃO PODEM ser
determinados apenas utilizando as equações de equilíbrio; Número de equações de
equilíbrio é menor que o número de incógnitas; O método de resolução envolve um
sistema indeterminado, sendo necessária a utilização de artifícios de cálculo para
chegar aos valores finais de reações de apoios e diagramas de esforços solicitantes;
possui equilíbrio estável. Os esforços internos dependem das propriedades dos
materiais e das características geométricas das seções transversais, conhecidos
como módulo de rigidez; as reações de apoio sofrem influência do módulo de rigidez
SOMENTE QUANDO este não é constante para toda a estrutura.
P á g i n a | 98

Exemplos:

6 reações de apoio;
3 equações de equilíbrio;
Estrutura é capaz de conter uma
quantidade acima dos três movimentos que
caracterizam a estabilidade.

5 reações de apoio;
3 equações de equilíbrio;
Estrutura é capaz de conter uma
quantidade acima dos três movimentos que
caracterizam a estabilidade.

6 reações de apoio;
3 equações de equilíbrio;
Estrutura é capaz de conter uma
quantidade acima dos três movimentos que
caracterizam a estabilidade.

Veja este vídeo demonstrando o comportamento


dos três tipos de estruturas abordadas acima:
<https://www.youtube.com/watch?v=VnBel53lrag>.
P á g i n a | 99

9.4 Grau De Hiperestaticidade

Nesta disciplina, trataremos somente do grau de hiperestaticidade externo de


estruturas. Em sistemas hiperestáticos I, lidaremos com pórticos planos
hiperestáticos, e, na próxima disciplina, lidaremos com vigas hiperestáticas
multiapoiadas. O grau de hiperestaticidade externo de uma estrutura nada mais é do
que a quantidade de vínculos que a estrutura possui além dos necessários para
garantir a estaticidade do elemento estrutural. Vejamos uns exemplos:
4 reações de apoio – 3 equações da
estática
Ge = 4 – 3 = 1
Dizemos que a estrutura é 1 vez
hiperestática, ou seja, possui um vínculo além do
necessário para garantir o equilíbrio estrutural.

Ge = Nreações – Nequações
Ge = 5 – 3 = 2
Estrutura 2 vezes hiperestáticas

Ge = Nreações – Nequações
Ge = 6 – 3 = 3
Estrutura 3 vezes hiperestática
Exercícios
AULA 9

Vamos classificar as estruturas a seguir de acordo com


sua estabilidade. Para o caso de estruturas hiperestáticas,
informar o grau de hiperestaticidade externo.

1º apoio: 2 reações (H, V)


2º apoio: 3 reações (H, V, M)
3º apoio: 2 reações (H, V)
Total: 7 reações de apoio e 3
equações de equilíbrio.
Estrutura capaz de inibir os três
tipos de movimento: translação
horizontal, vertical e momento.

CLASSIFICAÇÃO: ESTRUTURA HIPERESTÁTICA


Ge = 7 – 3 = 4 vezes hiperestática.

1º apoio: 1 reação (V)


2º apoio: 3 reações (H, V, M)
Total: 4 reações de apoio e 3 equações
de equilíbrio.
Estrutura capaz de inibir os três tipos de
movimento: translação horizontal, vertical e
momento.

CLASSIFICAÇÃO: ESTRUTURA HIPERESTÁTICA


Ge = 4 – 3 = 1 vez hiperestática.
P á g i n a | 101

1º apoio: 3 reações (H, V, M)


2º apoio: 2 reações (H, V)
Total: 5 reações de apoio e 3 equações de
equilíbrio.
Estrutura capaz de inibir os três tipos de
movimento: translação horizontal, vertical e momento.

CLASSIFICAÇÃO: ESTRUTURA HIPERESTÁTICA


Ge = 5 – 3 = 2 vezes hiperestática.

1º apoio: 1 reação (V)


2º apoio: 2 reações (H, V)
Total: 3 reações de apoio e 3
equações de equilíbrio.
Estrutura capaz de inibir os três
tipos de movimento: translação
horizontal, vertical e momento.

CLASSIFICAÇÃO: ESTRUTURA ISOSTÁTICA

1º apoio: 1 reação (H)


2º apoio: 1 reação (H)
Total: 2 reações de apoio
e 3 equações de equilíbrio.
Estrutura capaz de inibir
somente um tipo de movimento:
translação vertical.

CLASSIFICAÇÃO: ESTRUTURA HIPOSTÁTICA


P á g i n a | 102

1º apoio: 3 reações (H,


V, M)
2º apoio: 2 reações (H,
V)
3º apoio: 1 reação (V)
4º apoio: 2 reações (H, V)
Total: 8 reações de apoio e 3 equações de equilíbrio.
Estrutura capaz de inibir os três tipos de movimento: translação horizontal,
vertical e momento.

CLASSIFICAÇÃO: ESTRUTURA HIPERESTÁTICA


Ge = 8 – 3 = 5 vezes hiperestática.

Apoio superior: 1 reação (H)


Apoio inferior: 2 reações (H, V)
Total: 3 reações de apoio e 3 equações de
equilíbrio.
Estrutura capaz de inibir os três tipos de
movimento: translação horizontal, vertical e momento.

CLASSIFICAÇÃO: ESTRUTURA ISOSTÁTICA

1º apoio: 3 reações (H, V, M)


2º apoio: 3 reações (H, V, M)
Total: 6 reações de apoio e 3
equações de equilíbrio.
Estrutura capaz de inibir os
três tipos de movimento: translação
horizontal, vertical e momento.

CLASSIFICAÇÃO: ESTRUTURA HIPERESTÁTICA


Ge = 6 – 3 = 3 vezes hiperestática.
P á g i n a | 103

1º apoio: 1 reação (V)


2º apoio: 1 reação (V)
3º apoio: 1 reação (V)
4º apoio: 1 reação (V)
Total: 4 reações de apoio e 3 equações de equilíbrio.
Estrutura capaz de inibir somente um tipo de movimento: translação vertical.

CLASSIFICAÇÃO: ESTRUTURA HIPOSTÁTICA


Aula 10
Método das Forças

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, iniciaremos o processo de resolução de estruturas hiperestáticas,


com objetivo de obter as reações de apoio e os diagramas de esforços solicitantes
utilizando o método das forças.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Relacionar o método dos deslocamentos já conhecido com o método


das forças;
 Escolher a melhor forma de direcionar o processo de resolução de uma
estrutura hiperestática;
 Trabalhar com estruturas hiperestáticas com grau de hiperestaticidade
igual a 1, composta por um engaste e um apoio de primeiro gênero;
 Aprender a relacionar as informações dos estados real e virtual
utilizando a tabela de KURT BEYER;
 Determinar reações de apoio finais;
 Determinar diagramas de esforços solicitantes de estruturas
hiperestáticas de ge=1.
P á g i n a | 105

10 MÉTODO

10.1 Método das Forças

Agora que temos todos os pré-requisitos conceituados,


podemos começar a resolver sistemas hiperestáticos. Para que
possamos desenvolver um processo de cálculo seguro e lógico,
devemos nos atentar às três condições básicas da Análise Estrutural:
 Condições de equilíbrio;
 Condições de compatibilidade (continuidade interna e compatibilidade com
os vínculos externos);
 Condições impostas pelas leis constitutivas dos materiais que compõem a
estrutura.

Dito isso, é importante saber que o Método das Forças consiste em resolver o
problema a partir do atendimento das três condições na seguinte ordem:
1° Condições de equilíbrio;
2° Condições sobre o comportamento dos materiais (leis constitutivas);
3° Condições de compatibilidade.

10.2 Metodologia de Cálculo

O método das forças utiliza o princípio básico dos deslocamentos, adaptado


para culminar nos quesitos desejados neste tipo de cálculo.
De maneira simples de se entender, utilizaremos um exemplo prático para
explicação da metodologia. Vamos analisar o pórtico plano hiperestático abaixo,
considerando o módulo de rigidez de toda a estrutura constante, com valor hipotético
de 5,2 x 105 kN.m².
P á g i n a | 106

Assim, seguem os seguintes passos:


1) Determinar o Ge da estrutura hiperestática;
Este passo é extremamente importante e fácil de ser executado. Nele vamos
fazer a análise abordada na aula 9;

Ge = Nreações – Nequações
Ge = 4 – 3 = 1
Estrutura 1 vez hiperestática

2) Verificar quantos e quais vínculos poderão ser “liberados” para que a


estrutura se transforme em isostática;
Nesta etapa, aplicamos o primeiro artifício de cálculo proposto pelo método
das forças: transformar a estrutura inicialmente HIPERESTÁTICA em uma estrutura
ISOSTÁTICA através da liberação do excesso de vínculos existentes. É importante
P á g i n a | 107

salientar que a estrutura a ser calculada não sofrerá modificações reais. Os vínculos
serão “liberados” de maneira virtual, somente no papel, com intuito de aplicar o
método estudado. O número de vínculos liberados é igual o grau de
hiperestaticidade externo da estrutura. Para escolher qual vínculo pode ser liberado
temos que utilizar, acima de tudo, o bom senso. Por exemplo, para este caso, não
seria viável liberarmos os vínculos que impedem o movimento vertical, pois estes
são os principais responsáveis pelo equilíbrio desta estrutura, visto que só temos
cargas verticais atuantes. Poderíamos liberar o vínculo horizontal ou o momento
fletor no apoio engastado. Faremos a escolha pelo momento fletor, levando em
consideração que a estrutura tende a ter um deslizamento horizontal na base de
suas colunas, devido à carga distribuída da viga. Assim, escolhido o vínculo a ser
liberado, nosso apoio que restringe, na realidade, 3 movimentos, passará a restringir
somente dois, como artifício de cálculo. Com isso concluímos que ele deixará de ser
um engaste e se “transformará” em um apoio rotulado de segundo gênero.
3) Montar o sistema principal (SP)
O sistema principal (SP) nada mais é do que a estrutura escolhida para o
procedimento de cálculo, com os novos
apoios e a indicação dos vínculos
retirados. Nosso SP deste exemplo ficará
assim: É importante perceber que
colocamos uma carga referente ao
vínculo eliminado e a denominamos de
x1. Esta carga faz referência a um estado
virtual que será calculado mais adiante
(E1)

4) Montar o Estado Real ou de Deformação (E0)


Após definido o sistema principal, faremos o estado de deformação, ou estado
real, que vocês já aprenderam nas primeiras aulas desta disciplina. Neste método
das forças, utilizaremos o nosso sistema principal como base para todos os cálculos.
Só trabalharemos o a estrutura real no final da resolução, após todas as
sobreposições de esforços e artifícios utilizados. Assim, nosso E0 será composto
pelo SP e pelo carregamento real atuante neste caso.
P á g i n a | 108

5) Determinar reações de apoio e DMF do Estado Real ou de Deformação


(E0)
Com o nosso E0 montado, é só resolver como se fosse um problema
isostático, buscado os valores das reações de apoio e do diagrama de momento
fletor. Aplicando as equações de equilíbrio podemos chegar ao seguinte resultado:
VA = VB = 25 kN
HÁ = 0

6) Montar os Estados Virtuais ou de Carregamento (Ei)


Os estados virtuais serão tantos quantos forem os vínculos liberados, ou seja,
teremos o número de estados virtuais iguais o Ge da estrutura. Neste caso temos
Ge = 1, o que nos indica que existirá somente um Estado Virtual (E1). Para casos
onde Ge = 2, teremos dois estados virtuais, E1 e E2, e assim sucessivamente.
Atente-se para o seguinte detalhe:
P á g i n a | 109

Todos os estados virtuais são independentes entre si.


Assim, pegaremos nosso SP e aplicaremos um carregamento virtual referente
ao x1, com valor unitário.

7) Determinar reações de apoio e DMF do Estado Virtual ou de


Carregamento (E1)
Em seguida, calcularemos os valores das reações de apoio e o diagrama de
momento fletor deste estado.

VA = 0,2 kN
VB = -0,2 kN
HÁ = 0

8) Sobrepor os esforços de deformação e carregamento utilizando a


tabela de KURT BEYER
P á g i n a | 110

Nesta etapa, usaremos um formato diferente visto no método dos


deslocamentos, mais prático. Porém, não se aplica a qualquer situação.
Em casos de impossibilidade de utilização da tabela que será apresentada a
vocês, deve-se recorrer ao processo de integração definida utilizando o produto das
funções do gráfico, que é exatamente o que KURT BEYER previu em suas relações.
P á g i n a | 111
P á g i n a | 112

Esta tabela relaciona a integral do produto das funções que descrevem os


diagramas em função dos seus formatos geométricos e de seus pontos máximos.
Assim, faremos a comparação das barras equivalentes, uma a uma, para chegar ao
próximo objetivo: fatores de carga.
Vejamos as barras comparadas entre suas semelhantes:

Como aprendemos no método dos deslocamentos, quando uma barra não


possui gráfico, a outra é eliminada, pois tal situação acarreta em uma multiplicação
de um elemento por zero. Este conceito se mantém aqui. Não é logicamente
possível sobrepor esforços referentes a dois estados de estudo quando um deles é
nulo. Assim, para este caso, teremos somente que relacionar as figuras da barra 2,
pois é a única que possui valores não-nulos de momento em ambos os estados.

Agora, vamos à Tabela seguindo as seguintes orientações:


 Você deve buscar duas figuras correspondentes aos gráficos que quer
comparar, sendo uma buscada na linha e outra na coluna;
P á g i n a | 113

 A ordem não importa você pode buscar o E0 na linha e o E1 na coluna, ou


vice-versa, por se tratar de um produto de funções. Desta forma, a ordem dos
fatores não altera o resultado;
 Você deve estar atento ao fato de ser uma sobreposição de momentos,
assim, nenhuma figura poderá ser “virada” de maneira a mudar o ponto inicial e final;
 No entanto, é permitido que ambas as figuras sejam “viradas” juntamente,
pois isso não afeta a sobreposição dos pontos analisados;
 O fato de uma figura estar “de cabeça para baixo” na tabela também não
interfere na escolha, pois isso só faz referência ao sinal do gráfico.

No decorrer dos exercícios, veremos mais pontos importantes que devem ser
tratados no processo de comparação das figuras. Fique atento a todos eles!
Buscando na tabela, é possível encontrar na coluna de figuras um triângulo igual ao
apresentado na B2 do E1, começando do ponto máximo e terminando em zero.
Ao procurar a parábola nos deparamos com uma “de cabeça pra baixo” em
relação à figura que temos. Isso não é problema. Lembre-se que isto pode acontecer
devido ao sinal do gráfico. Relacionando as duas figuras têm a fórmula
correspondente. Assim, relacionando as figuras com as tabelas, temos:

Para esta comparação, teremos que utilizar a tabela para relacionar a B1 com
B1, B2 com B2 e não relacionar B3, por esta não apresentar valores de momento
diferentes de zero. Para B1/B1 temos dois retângulos e para B2/B2 temos dois
triângulos iguais (ambos começando do ponto máximo ou ambos começando do
ponto mínimo):
P á g i n a | 114

Buscando na tabela, temos para B1/B1 𝑠𝑖𝑘 com s = 3, i = -1 e k = -1;


1
Para B2/B2 temos 3 𝑠𝑖𝑘, com s = 5, i = -1 e k = -1.
P á g i n a | 115
P á g i n a | 116

1
Então, a fórmula correspondente para a B2 é 3 𝑠𝑖𝑘

Os valores das incógnitas podem ser facilmente encontrados através da


própria legenda da tabela. Para este caso temos:
S = vão da barra (5m)
i = altura do triângulo (com o sinal do gráfico) (-1)
k = ponto máximo da parábola (com o sinal do gráfico) (31,25)

Desta forma, temos pra B2:


1 1
𝑠𝑖𝑘 = ∗ 5 ∗ (−1) ∗ 31,25 = −𝟓𝟐, 𝟎𝟖𝟑
3 3

Após relacionar o E0 com E1, é necessário que se faça a combinação dos


estados virtuais entre eles mesmos. Neste caso, temos somente um estado virtual,
que nos levará a uma comparação E1 com E1.
Assim,
 B1/B1 = 3 ∗ (−1) ∗ (−1) = 3
1
 B2/B2 = 3 5 ∗ (−1) ∗ (−1) = 1,667

 Fatores de carga (i0)


Com os valores de sobreposição calculados, podemos chegar aos fatores de
carga. Estes fatores serão determinados pelo número de combinações do estado
real com os estados virtuais. Vimos neste caso que conseguimos duas
combinações: E0/E1 e E1/E1. É importante salientar que não se faz comparações do
estado real com ele mesmo. Somente os virtuais se combinam entre si. Dito isto, o
fator de carga referente a E0/E1 será denominado 10 e o referente a E1/E1 é
referenciado como 11. O valor de 10 é somatório de todas as combinações feitas
na comparação dos estados analisados dividido pelo módulo de rigidez da estrutura.
Caso a estrutura tenha módulos diferentes, devemos dividir cada barra pelo seu EI,
separadamente e, só depois fazer o somatório dos valores.
EI.10 = B1/B1 + B2/B2 + B3/B3
EI.10 = 0 + (-52,083) + 0 = −52,083
−𝟓𝟐,𝟎𝟖𝟑
10 = 𝑬𝑰
P á g i n a | 117

O valor de 11 é somatório de todas as combinações feitas na comparação


dos estados analisados.
EI.11 = B1/B1 + B2/B2 + B3/B3
EI.11 = 3 + 1,667 + 0 = 4,667
𝟒,𝟔𝟔𝟕
11 = 𝑬𝑰

 Montar a matriz de flexibilidade


A matriz de flexilibidade é utilizada para compatibilizar os esforços
representados pelos fatores de carga e tem o seguinte formato:
[𝛿𝑖0] + [𝛿𝑖𝑗] ∗ 𝑥𝑖 = 0

Esta matriz se expande de acordo com o número de estados virtuais


presentes na questão avaliada. As letras i e j são referentes aos estados virtuais.
Para este caso, temos somente i = 1 e j = 1, por só possuirmos um estado virtual
(E1). Isso faz com que nossa matriz seja unitária com o seguinte formato:
[𝛿10] + [𝛿11] ∗ 𝑥1 = 0

Para o caso de termos dois estados virtuais, teremos mais combinações,


mostradas a seguir:
 E0/E1
 E0/E2
 E1/E1
 E1/E2
 E2/E1
 E2/E2

Isso nos leva a seis fatores de carga, distribuídos em duas matrizes.


A primeira matriz só recebe fatores relacionados com o estado real e a
segunda, somente relacionado com estados virtuais. A configuração ficaria assim:
𝛿10 𝛿11 𝛿12 𝑥1
[ ]+[ ]∗[ ]=0
𝛿20 𝛿21 𝛿22 𝑥2
P á g i n a | 118

Notem que as matrizes possuem uma incógnita genérica xi, a qual chamou de
hiperestático. Existirão tantos valores de xi quantos forem os estados virtuais.
Os valores de x1, x2, x3, etc., são referentes ao módulo das reações
eliminadas na estrutura real hiperestática.

11. Determinar os valores dos hiperestáticos (xi)


Com os valores dos fatores de carga em mãos, substituiremos na matriz de
flexibilidade e encontraremos os valores de xi, neste caso, somente x1.
[𝛿10] + [𝛿11] ∗ 𝑥1 = 0
[−52,083/𝐸𝐼] + [4,667/𝐸𝐼] ∗ 𝑥1 = 0
Tirando da matriz, cairemos em uma equação simples do primeiro grau:
-52,083/EI + 4,667x1/EI = 0
4,667x1/EI = 52,083/EI

Multiplicando todos os membros por ei, podemos eliminar essas incógnitas.


Notem que isso só será possível de ser feito quando todos os elementos da
estrutura tiverem o mesmo módulo de rigidez.
4,667x1 = 52,086
X1 = 11,16

12. Equação de compatibilidade e esforços finais


Nesta penúltima etapa utilizaremos nosso valor do hiperestático para calcular
as reações finais. Este processo é feito através da aplicação dos valores das
reações dos estados reais e virtuais, combinadas com o valor do hiperestático
encontrado na etapa anterior, utilizando a seguinte equação:

𝐸 = 𝐸0 + ∑ 𝐸𝑖 ∗ 𝑥𝑖

Sendo:
E = reação de apoio pretendida no cálculo;
E0 = valor da reação pretendida no estado real;
∑Ei*xi = somatório dos valores da reação pretendida nos estados virtuais
multiplicados pelos hiperestáticos correspondentes.
P á g i n a | 119

Assim, voltamos à nossa estrutura hiperestática inicial e faremos a análise de


quais reações são pretendidas para o dimensionamento estrutural:

Podemos perceber que na estrutura real, hiperestática, temos 4 reações de


apoio pretendidas. Desenvolvemos todo este processo de cálculo para chegar aos
seus valores. Como dito no passo anterior, precisamos dos valores das reações
pretendidas em todos os estados do processo e, para isso, montaremos uma tabela
para ficar mais organizado. Temos na estrutura: HÁ, VA, MA e VB. Assim,
voltaremos nos dados coletados no E0 para reaver os valores das reações de apoio
neste estado. A mesma coisa será feita no E1 e em outros estados que porventura
existirem:

REAÇÕES/ESTADOS E0 EI
HA 0 0
VA 25 0,2
MA 0 -1
VB 25 -0,2

Notem que em nenhum estado o temos reações de momento, no entanto, no


lugar desta reação, no E1, aplicamos a carga unitária no sentido negativo. Desta
P á g i n a | 120

forma, esta carga fica valendo como se fosse o MA do E1. Agora, basta aplicar na
equação de compatibilidade para cada esforço pretendido:
HÁ = HA0 + HA1 * x1
HÁ = 0 + 0*11,16
HÁ = 0

VÁ = VA0 + VA1 * x1
VÁ = 25 + 0,2*11,16
VÁ = 27,23 kN

MÁ = MA0 + MA1 * x1
MÁ = 0 + (-1)*11,16
MÁ = -11,16 kN.m

VB = VB0 + VB1 * x1
VB = 25 + (-0,2)*11,16
VB = 22,77 kN

13. Diagramas de esforços solicitantes finais


Nesta última etapa, usaremos as reações de apoio encontradas na estrutura
hiperestática para construir os diagramas de esforços solicitantes principais (DEN,
P á g i n a | 121

DEQ e DMF). O processo de construção dos diagramas será feito em


concordância com o caderno de sistemas isostáticos, mas vale aqui alguns
pontos importantes para que você se lembre:
 Momento na rótula sempre nulo
 Momento em apoio simples em extremidade sempre nulo
 Momento em um ponto analisado pela direita ou pela esquerda da estrutura
tem sempre o mesmo valor
 Somatório do momento em QUALQUER ponto da estrutura sempre nulo
 Convenção de sinais:

 DIAGRAMA DE ESFORÇOS NORMAIS (DEN)


No DEN devemos analisar quais barras estão sujeitas à tração ou
compressão. Cargas negativas são desenhadas para dentro do pórtico e as
negativas para fora do pórtico.
 DIAGRAMA DE ESFORÇOS CORTANTES (DEQ)
Para este diagrama, basta seguir a orientação das cargas, sempre analisando
da esquerda para a direita.
 DIAGRAMA DE MOMENTO FLETOR (DMF)
Utilizando também os mesmos princípios vistos em sistemas isostáticos,
montaremos o DMF ponto a ponto. Vamos utilizar a convenção de vigas da mesma
forma, analisando à esquerda e à direita. Para colunas, tudo que for situado ANTES
DO PONTO analisado será considerado como ESQUERDA. De maneira contrária,
tudo que estiver DEPOIS DO PONTO analisado será considerado como DIREITA da
coluna. Desta forma, toda carga aplicada em uma coluna que atue empurrando a
coluna para fora gera um momento positivo. Toda carga que tenha tendência a
P á g i n a | 122

deslocar a coluna para dentro da estrutura gera um momento negativo. Assim,


podemos montar os diagramas de esforços solicitantes:
Exercícios
AULA 10

Agora é a sua vez! Faça os exercícios seguindo os


passos ensinados nesta aula e, se precisar, tire dúvidas com o
tutor!
1) Determine as reações de apoio e os diagramas de
esforços solicitantes para as estruturas abaixo:
P á g i n a | 124
Gabarito
AULA 10

Questão 1
P á g i n a | 126

Questão 2
P á g i n a | 127

Questão 3
Aula 11
Estruturas hiperestáticas lineares

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, continuaremos com o processo de resolução de estruturas


hiperestáticas, com objetivo de obter as reações de apoio e os diagramas de
esforços solicitantes utilizando o método das forças.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Trabalhar com estruturas hiperestáticas com grau de hiperestaticidade


igual a 1, compostas por dois apoios de segundo gênero;
 Aprender particularidades da comparação das informações dos
estados real e virtual utilizando a tabela de KURT BEYER;
 Determinar reações de apoio finais;
 Determinar diagramas de esforços solicitantes de estruturas
hiperestáticas de ge=1.
P á g i n a | 129

11 ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS LINEARES

Nesta aula, lidaremos com uma estrutura hiperestática ainda de Ge = 1,


porém composta por dois apoios de primeiro gênero. O processo de cálculo
permanece o mesmo visto na aula anterior, sendo somente necessário que você
fique atento ao tipo de vínculo que será liberado em cada caso, o que culminará em
diagramas diferentes em todos os casos. Desta forma, vamos avaliar como é o
procedimento de resolução de um pórtico bi apoiado. Seja a estrutura descrita a
seguir, determinaremos as reações de apoio e os diagramas de esforços solicitantes
finais utilizando o método das forças. Considere todos os elementos estruturais com
mesmo módulo de rigidez (EI constante):

Para resolver esta questão, vamos seguir os passos ensinados na aula


anterior:
1) Determinar o Ge da estrutura hiperestática;
Para esta estrutura, observamos dois apoios de segundo gênero, o que nos
leva a quatro reações de apoio, assim:
Ge = 4 – 3 = 1, o que significa que devemos liberar um vínculo que, pela
nossa ordem, seria o de uma das reações horizontais.
P á g i n a | 130

2) Verificar QUANTOS E QUAIS VÍNCULOS poderá ser “liberado” para


que a estrutura se transforme em ISOSTÁTICA;
3) Montar o sistema principal (SP)
4) Montar o Estado Real ou de Deformação (E0)
5) Determinar reações de apoio e DMF do Estado Real ou de Deformação
(E0)

Aí você pode pensar, mas qual das duas reações eu vou “eliminar” para
montar meu sistema principal? Nesta etapa, você deve utilizar o bom senso de modo
que a estrutura fique o “mais fácil” de ser resolvida. Isso está inteiramente ligado ao
DMF que será gerado no E0. Por isso, faremos os passos 2, 3, 4 e 5 juntamente.
Vejamos as duas opções.
Liberando o vínculo horizontal da esquerda, teríamos o seguinte SP reações
de apoio e DMF:
P á g i n a | 131

Agora, vamos liberar o vínculo da esquerda e analisar como ficariam as


reações e o DMF:
P á g i n a | 132

Agora, vamos comparar as duas opções para prosseguir com o nosso


processo de cálculo. Você vai ter um trabalho a mais para fazer a análise das duas
situações, mas é garantido que compensará escolher a estrutura mais simples para
lidarmos com a Tabela mais adiante.
P á g i n a | 133

Assim, vamos pontuar algumas observações que possam vir a “complicar” a


resolução de uma estrutura hiperestática utilizando o método das forças:
 No caso 1, podemos observar uma parábola na viga com dois trechos
negativos e o trecho central com valores de momento positivos. Isto gera um conflito
na tabela, pois não temos esta figura para utilizar. Este caso deverá ser resolvido
utilizando o princípio da integração utilizado no conteúdo da V1 ou calculando os três
trechos como figuras diferentes, o que gera a necessidade de encontrar as
distancias de cada trecho de vão. Assim, quando liberamos um apoio e isso nos
gera um DMF com uma parábola que “atravessa” o eixo, devemos tentar a outra
opção, pois este é o caso mais trabalhoso de ser resolvido.
 No caso 2, temos um detalhe que facilita a resolução, consequentemente a
escolha por este caso: temos um dos elementos estruturais com valores nulos de
momento, que seria a nossa coluna da direita. Isto como veste anteriormente na aula
10, nos possibilita eliminar a comparação deste elemento com o estado virtual, ou
seja, pelo menos um cálculo a menos. Assim, DMF com barras “zeradas” sempre
facilitam o processo de cálculo.

Por isso, vamos utilizar nosso SP referente à liberação do apoio da direita.


P á g i n a | 134

6) Montar os Estados Virtuais ou de Carregamento (Ei)


7) Determinar reações de apoio e DMF do Estado Virtual ou de
Carregamento (E1)

Neste caso, como liberamos um vínculo horizontal, devemos montar nosso


estado virtual com uma carga unitária referente a este vínculo. Nosso E1 ficará
assim, com as reações de apoio e o DMF:
P á g i n a | 135

8) Sobrepor os esforços de deformação e carregamento utilizando a


tabela de KURT BEYER
9) Fatores de carga (i0; (ij).

Aqui, iremos relacionar as barras dos DMF’s do E0 (M0) com o do E1 (M1).


Podemos perceber que, pelo fato de não termos valores não nulos na B3 do M0,
como dito anteriormente, não precisaremos fazer a relação E0/E1 para este
elemento.
P á g i n a | 136

Relacionando B1/B1:

Podemos observar que na Tabela de Kurt Beyer não temos figuras que
representem a B1 do E0 inteira e, por isso, devemos dividir a B1 em partes que
podem ser encontradas neste item. Assim, dividiremos a figura inteira em duas
partes, um triângulo e um retângulo. No entanto, a figura do E1 deverá ser dividida
da mesma forma, para que os vãos correspondentes possam ser corretamente
relacionados. Com isso teremos as relações mostradas acima. Buscaremos para a
primeira parte dois triângulos iguais na tabela e, para o segundo, um retângulo e um
trapézio.
P á g i n a | 137
P á g i n a | 138

Vale lembrar que quando relacionamos dois triângulos, devemos prestar


atenção se ambos começam do ponto máximo ou mínimo, neste caso, são
considerados para a tabela como TRIÂNGULOS IGUAIS. Caso um comece do
máximo e o outro do ponto zero, ou vice-versa, são considerados TRIÂNGULOS
DIFERENTES NA TABELA, e seriam representados pela lacuna em verde marcada
na figura acima. Assim, temos para os dois trechos da B1 as fórmulas marcadas e,
substituindo pelos valores dos gráficos, teremos:

1 1
𝑠𝑖𝑘 = 2 ∗ 12 ∗ 4 = 32
3 3

Quando relacionamos qualquer figura com um trapézio, devemos prestar


atenção ao seguinte detalhe, já dito anteriormente, para o trapézio, não importa o
lado maior ou menor, o que importa é utilizar sempre o PRIMEIRO VALOR como i1
ou k1 e o SEGUNDO VALOR como i2 ou j2.

1 1
𝑠𝑘(𝑖1 + 𝑖2 ) = 2 ∗ 12(2 + 4) = 72
2 2
P á g i n a | 139

Assim, para B1 teremos um total de 32 + 72 = 104/EI. Como para esta


estrutura o EI é constante ele pode ser eliminado nesta parte do processo.
B1 = 104
Para B2/B2 teremos:

Para a análise das vigas, devemos perceber um novo tipo de divisão de


figuras. Esta configuração não gera a necessidade de dividir a estrutura em trechos
de vigas, pois as figuras estão posicionadas uma acima da outra. Assim, para este
caso, teremos a figura do E0 comporta pelo somatório de duas figuras, ambas
individualmente relacionadas com a figura do E1. Notem que para este caso, a figura
do E1 não será dividida em partes. Desta forma, teremos como produto total da
sobreposição das figuras o somatório das partes componentes da mesma.
Teremos um triângulo relacionado com o trapézio do E1 somado à relação da
parábola com o mesmo trapézio. Notem que o valor do ponto máximo da parábola é
referente ao momento máximo do vão (ql²/8).
Procurando estas relações na tabela, teremos:
P á g i n a | 140
P á g i n a | 141

Deve-se atentar quando relacionamos triângulos com outras figuras à questão


de pegar o triângulo certo. Assim, nosso triângulo começa do ponto máximo, pois
isso escolheu a terceira figura da coluna e relacionamos com o trapézio da linha.
Em relação ao trapézio, não importa se ele começa do ponto mais baixo ou do
mais alto, basta pegar a mesma figura para qualquer trapézio e utilizar o valor da
primeira altura como i1 ou k1 e o segundo valor da altura como i2 ou k2.
Desta forma, teremos:

1 1
𝑠𝑖(2𝑘1 + 𝑘2 ) = 5 ∗ 12(2 ∗ 4 + 6) = 140
6 6

1 1
𝑠𝑖(𝑘1 + 𝑘2 ) = 5 ∗ 37,5(4 + 6) = 625
3 3

Assim, para B1 teremos um total de 140 + 625 = 765/EI. Como para esta
estrutura o EI é constante ele pode ser eliminado nesta parte do processo.
B2 = 765
Com estes valores, podemos calcular o primeiro fator de carga, referente à
combinação do E0 com E1, 10:
10 = B1/B1 + B2/B2 + B3/B3
P á g i n a | 142

10 = 104 + 765


10 = 869

Após relacionar o E0 com E1, é necessário que se faça a combinação dos


estados virtuais entre eles mesmos. Neste caso, temos somente um estado virtual,
que nos levará a uma comparação E1 com E1. Assim, relacionando as figuras com
as tabelas, temos:

Relacionando as figuras, teremos:

Buscando na tabela, encontraremos as seguintes fórmulas de relação:


P á g i n a | 143
P á g i n a | 144

B1 e B3 serão relacionadas com a mesma fórmula, destacadas em azul, por


se tratar de triângulos iguais entre si. A B2 será calculada pela fórmula destacada
em rosa, a qual relaciona dois trapézios. O somatório das três barras nos leva ao
valor do 11.
11 = B1/B1 + B2/B2 + B3/B3
B1/B1
1 1
𝑠𝑖𝑘 = 4 ∗ 4 ∗ 4 = 21,33
3 3
B2/B2
1 1
𝑠[2𝑖1 𝑘1 + 𝑖1 𝑘2 + 2𝑖2 𝑘1 + 2𝑖2 𝑘2 ] = 5[2 ∗ 4 ∗ 4 + 4 ∗ 6 + 6 ∗ 4 + 2 ∗ 6 ∗ 6] = 126,67
6 6

B3/B3
1 1
𝑠𝑖𝑘 = 6 ∗ 6 ∗ 6 = 72
3 3

11 = B1/B1 + B2/B2 + B3/B3


11 = 21,33 + 126,67 + 72
11 = 220

10) Montar a matriz de flexibilidade


11) Determinar os valores dos hiperestáticos (xi)
[𝛿𝑖0] + [𝛿𝑖𝑗] ∗ 𝑥𝑖 = 0
[𝛿10] + [𝛿11] ∗ 𝑥1 = 0
[869] + [220] ∗ 𝑥1 = 0
𝒙𝟏 = −𝟑, 𝟗𝟓

12) Equação de compatibilidade e esforços finais


Assim, voltaremos aos dados coletados no E0 para reaver os valores das
reações de apoio neste estado. A mesma coisa será feita no E1 e em outros estados
que porventura existirem:
P á g i n a | 145

REAÇÕES/ESTADOS E0 EI
HA -6 -1
VA 27,6 0,4
HB 0 1
VB 32,4 -0,4

É importante relacionar o sentido da reação com o sinal correto.


Reações horizontais com sentido para a direita são positivas e negativas para
a esquerda. As verticais são positivas para cima e negativas pra baixo. Agora, basta
aplicar na equação de compatibilidade para cada esforço pretendido:
HÁ = HA0 + HA1 * x1
HÁ = -6 -1*(-3,95)
HÁ = -2,05 kN

VÁ = VA0 + VA1 * x1
VÁ = 27,6 + 0,4(-3,95)
VÁ = 26,02 kN

HB = HB0 + HB1 * x1
HB = 0 1*(-3,95)
HB = -3,95 kN.m

VB = VB0 + VB1 * x1
VB = 32, 4 + (-0, 4)*(-3, 95)
VB = 33, 98 kN
P á g i n a | 146

13) Diagramas de esforços solicitantes finais


P á g i n a | 147
Exercícios
AULA 11

Agora é a sua vez!


Faça os exercícios seguindo os passos ensinados nesta
aula e, se precisar, tire dúvidas com o tutor!
1) Determine as reações de apoio e os diagramas de
esforços solicitantes para as estruturas abaixo:
P á g i n a | 149
P á g i n a | 150
Aula 12
Métodos das forças (Continuação)

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, lidaremos com uma estrutura hiperestática ainda de Ge = 2,


porém composta por um engaste e um apoio de segundo gênero.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Relacionar o método dos deslocamentos já conhecido com o método


das forças;
 Escolher a melhor forma de direcionar o processo de resolução de uma
estrutura hiperestática;
 Trabalhar com estruturas hiperestáticas com grau de hiperestaticidade
igual a 2, composta por um engaste e um apoio de segundo gênero;
 Aprender a relacionar as informações dos estados real e virtual
utilizando a tabela de KURT BEYER;
 Determinar reações de apoio finais;
 Determinar diagramas de esforços solicitantes de estruturas
hiperestáticas de ge=2.
P á g i n a | 152

12 INTRODUÇÃO AO MÉTODO DAS FORÇAS

Aprenderemos a lidar com estruturas com Ge = 2, ou seja, onde deveremos


liberar dois vínculos para utilizar o processo de cálculo referente ao método das
forças. Utilizaremos também elementos estruturais com módulo de rigidez diferentes
entre si, o que influenciará diretamente nos valores das reações finais e DES’s.
Seja a estrutura descrita a seguir, determinaremos as reações de apoio e os
diagramas de esforços solicitantes finais utilizando o método das forças. Dados:
 Colunas
o Seção circular com diâmetro de 30 cm
o Material aço com E = 180 GPa
 Viga
o Seção circular com diâmetro 30 cm
o Material aço com E = 180 GPa

Podemos observar que esta estrutura possui 5 reações de apoio, duas no


apoio da esquerda e três no apoio da direita. Baseados nisso, com as condições
vistas na aula 9, podemos identificar um Ge=2 para este caso, o que nos leva à
P á g i n a | 153

necessidade de “liberar” dois vínculos. Vejamos as reações existentes e vamos


escolher um tipo de SP que se mostre mais simples de resolver.

Analisando a estrutura real, podemos identificar duas formas de montar nosso


SP.
I. “Transformar” o engaste em apoio simples, eliminando a reação de
momento e a reação horizontal. Resolvendo as equações de equilíbrio e traçando o
DMF, teríamos a seguinte proposta;
P á g i n a | 154

I. “Transformar” o engaste em apoio simples, eliminando SOMENTE a reação


de momento “transformar o apoio de segundo gênero da esquerda em um de
primeiro gênero, eliminando a reação horizontal”. Resolvendo as equações de
equilíbrio e traçando o DMF, teríamos a seguinte proposta;
P á g i n a | 155

COMPARANDO OS CASOS:

Caso 1: parábola atravessando o eixo  dificulta a resolução


Caso 2: reta atravessando o eixo  dificulta a resolução

Assim, tomaremos como sistema principal a primeira proposta,


“transformando o apoio de 3º gênero em 1º.”.
P á g i n a | 156

Desta forma, como fizemos a análise prévia do SP a ser utilizado, já foram


obtidos os dados referentes ao E0 e M0.

Em relação ao estado virtual, teremos uma alteração em relação às aulas


anteriores. Como temos dois hiperestáticos, ou seja, dois vínculos que foram
“removidos” para que o processo de cálculo do método das forças possa ser
executado, teremos dois estados virtuais. Um estado será referente somente à carga
P á g i n a | 157

virtual x1 e será chamado de E1. O outro estado será referente somente à carga
virtual x2 e será nomeado E2. Estes estados serão relacionados com o estado real
e, posteriormente, entre si, da mesma forma que foi ensinado a você nas aulas
anteriores. Assim, nosso E1 terá a seguinte configuração, com reações de apoio e
DMF, no caso, M1.

O segundo estado virtual, E2 terá a seguinte configuração, com reações de


apoio e DMF, no caso, M2.
P á g i n a | 158

CÁLCULO DO EI
 Colunas e vigas
o Seção circular com diâmetro de 30 cm
o Material aço com E = 180 GPa
 Para o cálculo do I, considerando a seção circular, teremos o mesmo
Momento de Inércia para todas as colunas:
𝜋𝑑 4
𝐼=
64
𝜋 ∗ 0,34
𝐼 ==
64
𝑰 = 𝟑, 𝟗𝟕𝟔 ∗ 𝟏𝟎−𝟒 𝒎𝟒
𝑬𝑰 = 𝟏𝟖𝟎 ∗ 𝟏𝟎𝟔 ∗ 𝟑, 𝟗𝟕𝟔 ∗ 𝟏𝟎−𝟒 𝒎𝟒
𝑬𝑰 = 𝟕, 𝟏𝟔 ∗ 𝟏𝟎𝟒 𝒌𝑵. 𝒎²

No entanto, quando a estrutura possui todos os elementos com o mesmo


módulo de rigidez, pode-se “ignorar” este valor no processo de cálculo. Isto se dá
pelo falo de a transmissão dos esforços de um elemento para o outro se mantém
constante, devido ao mesmo EI.
Fatores de carga (i0; ij).
P á g i n a | 159

Aqui, iremos relacionar as barras dos DMF’s do E0 (M0) com o do E1 (M1) e


com E2 (M2), o que nos levará a valores de 10 e 20.
Assim, para 10 temos:

B1/B1

Pela tabela, temos:


P á g i n a | 160
P á g i n a | 161

1 1
𝑠𝑖𝑘 + 𝑠[2𝑖1 𝑘1 + 𝑖1 𝑘2 + 2𝑖2 𝑘1 + 2𝑖2 𝑘2 ]
3 6
1 1
= 2 ∗ (−8) ∗ 2 + 2[2 ∗ (−8) ∗ 2 − 8 ∗ 4 + 2 ∗ (−28) + 2 ∗ (−28) ∗ 4] = −125,34
3 6

B2/B2
P á g i n a | 162
P á g i n a | 163

1 1
𝑠[2𝑖1 𝑘1 + 𝑖1 𝑘2 + 2𝑖2 𝑘1 + 2𝑖2 𝑘2 ] − 𝑠𝑘(𝑖1+ 𝑖2 )
6 3
1 1
∗ 5[2 ∗ (−28) ∗ 4 + (−28) ∗ 6 + (−40) ∗ 4 + 2 ∗ (−40) ∗ 6] − ∗ 5 ∗ (−31,25)(4 + 6) = −339,17
6 3

B3/B3

Para tabela temos:


P á g i n a | 164
P á g i n a | 165

1
𝑠𝑖(2𝑘1+ 𝑘2 )
6
1
∗ 4 ∗ (−40)(2 ∗ 4 + 6) = −373,33
6

Assim, com as três barras calculadas, podemos chegar ao valor de 10,


levando em consideração os módulos de rigidezes dos elementos:
𝟏𝟎 = 𝑩𝟏 + 𝑩𝟐 + 𝑩𝟑
𝟏𝟎 = −𝟏𝟐𝟓, 𝟑𝟑 − 𝟑𝟑𝟗, 𝟏𝟕 − 𝟑𝟕𝟑, 𝟑𝟑
𝟏𝟎 = −𝟖𝟑𝟕, 𝟖𝟒

Para 20, faremos a comparação do Estado real E0 com o Estado virtual E2.
Assim, comparando as barras podemos observar que B1 do E2 não possui gráfico
de momento, o que nos leva a excluir a análise comparativa deste elemento. Assim,
só faremos comparações na Tabela de Kurt Beyer referentes às barras 2 e 3:

B2/B2
P á g i n a | 166

1 1
𝑠𝑖(𝑘1 + 2𝑘2 ) − 𝑠𝑖𝑘
6 3
1 1
5 ∗ 1(−28 + 2 ∗ (−40)) − 5 ∗ 1 ∗ (−31,25) = −37,92
6 3

B3/B3

1 1
𝑠𝑖𝑘 = 4 ∗ 1 ∗ (−40) = −80
2 2

Assim, com as três barras analisadas, podemos chegar ao valor de 20,


levando em consideração os módulos de rigidezes dos elementos:
𝟐𝟎 = 𝑩𝟏 + 𝑩𝟐 + 𝑩𝟑
𝟐𝟎 = 𝟎 − 𝟑𝟕, 𝟗𝟐 − 𝟖𝟎
𝟐𝟎 = −𝟏𝟏𝟕, 𝟗𝟐

Após relacionar o E0 com E1 e com E2, é necessário que se faça a


combinação dos estados virtuais entre eles mesmos. Neste caso temos dois
estados, E1 e E2, que nos levará a uma comparação E1 com E1 (11), E1 com E2
P á g i n a | 167

(12), E2 com E1 (21) e E2 com E2 (22), assim, relacionando as figuras com as


tabelas, temos para 11,:

Relacionando as figuras, teremos:

Buscando na tabela, encontraremos as seguintes fórmulas de relação:

B1/B1
1 1
𝑠𝑖𝑘 = 4 ∗ 4 ∗ 4 = 21,33
3 3
B2/B2
1 1
𝑠[2𝑖1 𝑘1 + 𝑖1 𝑘2 + 2𝑖2 𝑘1 + 2𝑖2 𝑘2 ] = 5[2 ∗ 4 ∗ 4 + 4 ∗ 6 + 6 ∗ 4 + 2 ∗ 6 ∗ 6] = 126,67
6 6

B3/B3
P á g i n a | 168

1 1
𝑠𝑖𝑘 = 6 ∗ 6 ∗ 6 = 72
3 3
11 = B1/B1 + B2/B2 + B3/B3
11 =21,33+126,67+72
11 = 220

Agora, relacionando as figuras com as tabelas, temos para 12 = 21:

Buscando na tabela, encontraremos as seguintes fórmulas de relação:


B2/B2
1 1
𝑠𝑖[𝑘1 + 2𝑘2 ] = 5 ∗ 1[4 + 2 ∗ 6] = 13,33
6 6
P á g i n a | 169

B3/B3
1 1
𝑠𝑖𝑘 = 6 ∗ 6 ∗ 1 = 18
2 2
12 = B1/B1 + B2/B2 + B3/B3
12 = 13,33+18
12 = 31,33

Agora, relacionando as figuras com as tabelas, temos para 22:

Buscando na tabela, encontraremos as seguintes fórmulas de relação:


B2/B2
1 1
𝑠𝑖𝑘 = 5 ∗ 1 ∗ 1 = 1,67
3 3
P á g i n a | 170

B3/B3
𝑠𝑖𝑘 = 6 ∗ 1 ∗ 1 = 6
22 = B1/B1 + B2/B2 + B3/B3
22 = = 𝟏, 𝟔𝟕 + 𝟔
22 = 7, 67

Com os fatores de carga calculados é preciso inseri-los na matriz de


flexibilidade para determinar os valores dos hiperestáticos.
𝛿10 𝛿11 𝛿12 𝑥1
[ ]+[ ]∗[ ]=0
𝛿20 𝛿21 𝛿22 𝑥2
−837,84 220 31,33 𝑥1
[ ]+[ ]∗[ ]= 0
−117,92 31,33 7,67 𝑥2

Resolvendo o produto das matrizes, teremos:


220𝑥1 + 31,33𝑥2 = 837,84
{
31,33𝑥1 + 7,67𝑥2 = 117,92
𝑥1 = 3,87
{
𝑥2 = −0,44

Aplicando os hiperestáticos na equação dos esforços, teremos:

REAÇÕES/ESTADOS E0 E1 E2
HA 4 -1 0
VA 22,60 0,40 0,20
HB 0 1 0
VB 27,40 -0,40 -0,20
MB 0 0 1

HÁ = HA0 + HA1 * x1 + HA2 * x2


HÁ = 4 - 1* (3,87) + 0*(-0,44)
HÁ = 0,13 kN

VÁ = VA0 + VA1 * x1 + VA2 * x2


VA = 22, 60 + 0, 40(3, 87) +0, 20(-0, 44)
P á g i n a | 171

VÁ = 24,06 kN

HB = HB0 + HB1 * x1 + HB2 * x2


HB = 0+1(3, 87) +0*(-0, 44)
HB = 3,87 kN

VB = VB0 + VB1 * x1 + VB2 * x2


VB = 27, 4 + (-0, 4)*(3, 87) + (-0, 2)*(-0, 44)
VB = 25,94 kN

MB = MB0 + MB1*x1 + MB2*x2


MB = 0 + 0 + 1* (-0,44)
MB = -0,44 kN.m

Com os valores obtidos das reações de apoio do pórtico real, podemos


confeccionar os diagramas de esforços solicitantes da estrutura analisada. Assim,
teremos a situação de esforços definida pela figura abaixo:
P á g i n a | 172
P á g i n a | 173
Aula 13
Análise de tensões e deformações

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, aplicaremos o método das forças para resolver vigas


hiperestáticas, utilizando a inserção de rótulas como graus de liberdade.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Conhecer uma viga hiperestática e seu grau de hiperestaticidade;


 Aplicar o método das forças em vigas hiperestáticas;
 Aplicar rótulas a fim de montar um sistema principal;
 Determinar reações de apoio de vigas hiperestáticas;
 Determinar diagramas de esforços solicitantes de vigas hiperestáticas.
P á g i n a | 175

13 VIGAS HIPERESTÁTICAS – MÉTODO DAS FORÇAS

Seja a viga hiperestática representada a seguir. Vamos calcular, através do


método dos deslocamentos, seus esforços e diagramas. O procedimento é o mesmo
utilizado em pórticos, no entanto, utilizaremos um artifício para obter o sistema
principal: ao invés de eliminar um vínculo, iremos inserir quantas rótulas forem
necessárias para que a estrutura fique isostática.

Assim, o primeiro passo é calcular o Ge da estrutura.

Com Ge = 2, deveríamos liberar dois vínculos, no entanto, podemos também


acrescentar 2 rótulas, pois cada uma delas gera uma equação de equilíbrio a mais
para nossa estrutura. Assim, teremos 5 reações de apoio – 3 equações de equilíbrio
– 2 equações de rótulas = 0. Estrutura isostática!
Nosso sistema principal terá a seguinte configuração:
P á g i n a | 176

Assim, nosso estado real ficaria desta forma

Calculando as reações de apoio e os diagramas de momento fletor, temos:


P á g i n a | 177

Com os dados do Estado real, podemos começar a calcular os estados


virtuais E1 e E2. O primeiro será referente à aplicação de uma carga unitária de
momento na rótula x1, cujo sentido foi arbitrado no sistema principal. A partir daí, é
só calcular as reações de apoio e o DMF do E1:

Reações de apoio:

Diagrama de momento fletor:

O mesmo procedimento será feito para o Estado Virtual 2: aplicaremos uma


carga de momento unitária à esquerda e à direita da rótula x2, calcularemos as
reações de apoio e o DMF. Assim:
P á g i n a | 178

Reações de apoio:
DMF

Com os estados montados, podemos passar para a parte de comparação dos


diagramas, a fim de calcularmos os fatores de carga.

Para um caso com 2 hiperestáticos teremos:


𝛿10 𝛿11 𝛿12 𝑥1
[ ]+[ ]∗[ ]=0
𝛿20 𝛿21 𝛿22 𝑥2

Assim, para 10 teremos:


P á g i n a | 179

B1
1 1
𝛿10𝑏1 = 𝑠𝑖𝑘 = 3. (−1). (22,5) = −22,5
3 3
B2
1 1
𝛿10𝑏2 = 𝑠𝑖𝑘 = 5. (−1). (31,3) = −52,17
3 3
𝛿10𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = −22,5 − 52,17 = −74,67

Para 20 teremos:

B2
1 1
𝛿20𝑏2 = 𝑠𝑖𝑘 = 5. (−1). (31,3) = −52,17
3 3
B3
1 1
𝛿20𝑏3 = 𝑠𝑖𝑘 = 2. (−1). (10) = −6,67
3 3
𝛿20𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = −52,17 − 6,67 = −58,83
P á g i n a | 180

Assim, para 11 teremos:

B1
1 1
𝛿11𝑏1 = 𝑠𝑖𝑘 = 3. (−1). (−1) = 1
3 3
B2
1 1
𝛿11𝑏2 = 𝑠𝑖𝑘 = 5. (−1). (−1) = 1,67
3 3
𝛿11𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 1 + 1,67 = 2,67

Para 12 = 21 teremos:

B2
1 1
𝛿12𝑏2 = 𝑠𝑖𝑘 = 5. (−1). (−1) = 0,83
3 6
P á g i n a | 181

𝛿12𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 0,83
Para 22 teremos:

B2
1 1
𝛿22𝑏2 = 𝑠𝑖𝑘 = 5. (−1). (−1) = 1,67
3 3
B3
1 1
𝛿22𝑏3 = 𝑠𝑖𝑘 = 2. (−1). (−1) = 0,67
3 3
𝛿22𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 1,67 + 0,67 = 2,34

Aplicando na matriz de flexibilidade:


−74,67 2,67 0,83 𝑥1
[ ]+[ ]∗[ ]=0
−58,83 0,83 2,34 𝑥2
𝑥1 = 22,63
𝑥2 = 17,10

Agora que encontramos os valores de hiperestáticos, resta relacionar com o


que foi escolhido no sistema principal. Você se lembra de que ao invés de liberar
vínculos no SP nós inserimos rótulas nos pontos de apoio? Pois bem, estas rótulas
liberaram o momento nestes pontos, fazendo com que fossem zerados. Assim, x1
corresponde ao valor de momento final do apoio em que foi aplicado, bem como x2.
Agora, aplicando as reações encontradas em cada estado na equação dos esforços,
P á g i n a | 182

podemos obter os resultados finais, bem como os diagramas de esforços


solicitantes:

Agora é a sua vez!


Aplique este método de resolução por rótulas nos pórticos
desenvolvidos nas aulas anteriores. Faça uma comparação dos métodos e
defina qual é mais bem indicado para cada situação.
Bons estudos!
Aula 14
Estruturas simétricas

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, aprenderemos como tirar proveito de estruturas simétricas, a fim


de facilitar o processo de cálculo.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Analisar estruturas simétricas e identificar o eixo de simetria;


 Escolher a melhor forma de direcionar o processo de resolução de uma
estrutura hiperestática simétrica;
 Trabalhar com estruturas hiperestáticas com grau de hiperestaticidade
igual a 3, composta por dois engastes;
 Perceber as propriedades típicas de uma estrutura simétrica com
carregamento simétrico;
 Perceber as propriedades típicas de uma estrutura simétrica com
carregamento antissimétrico;
 Prever diagramas de esforços solicitantes de estruturas simétricas.
P á g i n a | 184

14 INTRODUÇÃO ESTRUTURAS SIMÉTRICAS

Geralmente, ao projetar uma edificação, faz-se preferência por estruturas


simétricas, devido a várias razões. Estas estruturas possuem condições de apoio,
propriedades geométricas e mecânicas simétricas em relação, na maioria das vezes,
a um eixo. Em uma análise em 2D, que é a abordada nesta disciplina, uma estrutura
simétrica sujeita a uma ação simétrica gera respostas a esforços externos e internos
com a mesma característica de simetria, mantendo a propriedade geral.
Seguindo a mesma analogia, se tivermos uma estrutura simétrica sujeita a um
carregamento antissimétrico, as respostas dos elementos aos esforços também
apresentação um comportamento linear antissimétrico. Observe a figura a seguir e
vamos analisar o comportamento da mesma com carregamentos distintos.
P á g i n a | 185
P á g i n a | 186

Analisando as situações, podemos observar as seguintes


características:
1º caso: ESTRUTURAS SIMÉTRICAS COM CARREGAMENTO
SIMÉTRICO:
Principais características:
 Curva de deformação simétrica;
 Reações de apoio simétricas;
 Esforços solicitantes simétricos.
Campo dos deslocamentos
 Pontos sobre o eixo de simetria:
o Rotações nulas;
o Deslocamentos perpendiculares ao eixo de simetria nulo;
o Deslocamentos paralelos ao eixo de simetria, em geral, não nulos.
 Pontos fora do eixo de simetria:
o Rotação igual, mas em sentido inverso ao do seu simétrico;
o Deslocamentos perpendiculares ao eixo de simetria igual, mas no sentido
inverso ao do seu simétrico;
o Deslocamentos paralelos ao eixo de simetria igual e no mesmo sentido do
seu simétrico.
Campo dos esforços
 Barras coincidentes com o eixo de simetria:
P á g i n a | 187

o DMF nulo;
o DEV nulo;
o DEN, em geral, não nulo.
 Barras não coincidentes com o eixo de simetria:
o DMF simétrico (em traçado);
o DEV antissimétrico; (em valor);
o DEN simétrico; (em valor).

Simplificações na análise
Devido a estas características, pode-se optar por analisar somente metade da
estrutura, espelhando os resultados para o outro lado do eixo de simetria. Nesta
meia estrutura a ser analisada, deve-se simular a atuação da outra meia estrutura da
seguinte forma:
 Nas barras coincidentes com o eixo de simetria deve ser libertado o
momento fletor, transformando o “ponto de corte” em um apoio biarticulado.
 As barras coincidentes com o eixo de simetria devem ser consideradas
com metade da sua rigidez axial;
 Sempre que a estrutura intercepta o eixo de simetria devem ser colocados
encastramentos deslizantes que permitam os deslocamentos segundo o eixo de
simetria;
 Cargas aplicadas sobre o eixo de simetria que tenham a direção do eixo de
simetria devem ser consideradas com metade do seu valor;
 Nas barras coincidentes com o eixo de simetria o esforço normal obtido
quando se analisa a meia estrutura corresponde à metade do valor existente na
estrutura original.

2º caso - ESTRUTURAS SIMÉTRICAS COM CARREGAMENTO


ANTISSIMÉTRICO:
Principais características:
 Deformada antissimétrica;
 Reações de apoio antissimétricas;
 Campos de esforços antissimétricos.
Campo dos deslocamentos
P á g i n a | 188

 Pontos sobre o eixo de simetria:


o Rotações, em geral, não nulas;
o Deslocamentos perpendiculares ao eixo de simetria, em geral, não nulos;
o Deslocamentos paralelos ao eixo de simetria nulo.
 Pontos fora do eixo de simetria:
o Rotação igual e no mesmo sentido do seu simétrico;
o Deslocamentos perpendiculares ao eixo de simetria igual e no mesmo
sentido do seu simétrico;
o Deslocamentos paralelos ao eixo de simetria igual, mas no sentido inverso
ao do seu simétrico.
Campo dos esforços
 Barras coincidentes com o eixo de simetria:
o DMF, em geral, não nulo;
o DEV, em geral, não nulo;
o DEN nulo.
 Barras não coincidente com o eixo de simetria:
o DMF antissimétrico (em traçado);
o DEV simétrico; (em valor);
o DEN antissimétrico (em valor).

Simplificações na análise
Assim como acontece nos casos de carregamento simétricos, as
características desta situação nos permitem exercer algumas etapas de
simplificação, que podem ser caracterizadas como propriedades deste
carregamento. Podemos estudar somente metade da estrutura, se extrapolarmos os
resultados para a estrutura toda. Na meia estrutura a estudar deve-se simular a
atuação da outra meia estrutura da seguinte forma:
 Nas barras coincidentes com o eixo de simetria deve ser libertado o esforço
normal;
 As barras coincidentes com o eixo de simetria devem ser consideradas
com metade de suas rigidezes de flexão e de corte;
 Sempre que a estrutura interceptar o eixo de simetria deve ser colocado
apoios móveis que impeçam os deslocamentos segundo o eixo de simetria;
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 Cargas perpendiculares ao eixo de simetria ou momentos, aplicados sobre


o eixo de simetria, devem ser considerados com metade do seu valor;
 Nas barras coincidentes com o eixo de simetria, o esforço transverso e o
momento fletor obtidos, quando se analisa a meia estrutura, correspondem à metade
dos valores existentes na estrutura original.

Com base na análise dos dois casos, podemos observar dois pontos de vista
diferentes. São eles:
 Simplificação da análise do problema: basta resolver metade da estrutura e
inferir, por simetria ou antissimetria, o comportamento da outra metade da estrutura.
 Previsão dos resultados, permitindo ao projetista verificar os resultados
obtidos e ajuizar se os erros que detecta nos resultados obtidos, em termos da
simetria ou da antissimetria esperada, resultam de insuficiências de precisão
numérica ou de erros na caracterização do problema estrutural.
Exercícios
AULA 14

Identifique os casos de simetria nas estruturas a seguir e


faça a previsão dos diagramas de esforços solicitantes
Exercício 1
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Exercício 2
P á g i n a | 192

Exercício 3
Gabarito
AULA 14

Exercício 1
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Exercício 2
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Exercício 3
Aula 15
Efeitos de variação de temperatura
em estruturas hiperestáticas

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, aprenderemos analisar os efeitos gerados pela variação de


temperatura que porventura, poderá atingir a estrutura.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Entender o que é variação de temperatura em estruturas;


 Entender os efeitos que a variação de temperatura causa em
edificações;
 Diferenciar efeitos térmicos de estruturas isostáticas e hiperestáticas;
 Verificar qual a influência da variação de temperatura na microestrutura
do concreto;
 Identificar patologias geradas pela variação de temperatura.
P á g i n a | 197

15 INTRODUÇÃO EFEITOS DE VARIAÇÃO DE TEMPERATURA EM


ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS

Nas primeiras aulas deste caderno, aprendemos a calcular deslocamentos em


estruturas isostáticas provocados por esforços externos, como carregamentos
atuantes. Existem outros fatores que provocam deslocamentos em estruturas usuais,
porém, não atuam em tipos isostáticos.
A variação de temperatura é um desses fatores.
Mas você pode estar se perguntando: mas por que não provocam
deslocamentos em pórticos ou vigas isostáticas?
Isso acontece porque a estrutura isostática tem o exatamente o número de
vínculos necessários para ser estável, o que a proporciona uma capacidade de
ajuste constante para absorver pequenas deformações provocadas por variações de
temperatura.
Pode-se entender, mais facilmente, como se a estrutura isostática não
oferecesse resistência alguma para acomodar uma barra que sofreu uma pequena
modificação em seu comprimento devido a uma variação de temperatura, já que a
estrutura isostática sem aquela barra se configura em um mecanismo.
Esta capacidade que a estrutura isostática tem de se acomodar para absorver
os deslocamentos provocados pela temperatura impede que apareçam deformações
aparentes nos elementos estruturais. Entretanto, variações de temperatura em
estruturas hiperestáticas provocam deformações e esforços internos na estrutura.
Muitas vezes essas solicitações são de grande importância em estruturas
hiperestáticas. O processo de cálculo destes esforços em estruturas hiperestáticas é
feito através do método da rigidez, que será visto detalhadamente na sequência
desta disciplina, Sistemas Hiperestáticos II.
Nesta aula veremos algumas situações onde a variação de temperatura em
elementos estruturais causou situações indesejadas em edificações.
Assim, você deverá ler os três itens propostos e montar um resumo que
envolva os seguintes itens:
 Qual o principal agente causador da variação de temperatura em
edificações?
 Quais os esforços internos e externos causados pela variação de
temperatura?
P á g i n a | 198

 Existem maneiras de corrigir falhas geradas pela variação de temperatura?


Quais são?
 Quais as precauções a serem tomadas para que não tenhamos problemas
com esse tema?
 O que é gradiente de temperatura?
 Qual a diferença entre fissuras e trincas?
 Quais os efeitos da variação de temperatura nas propriedades do
concreto?
Aula 16
Efeitos da ocorrência de recalques
de apoio em estruturas hiperestáticas

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula, aprenderemos a analisar os efeitos gerados por recalques de


apoios, que porventura poderão atingir a estrutura.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

 Entender o que recalque de apoio;


 Entender os efeitos que recalques geram em edificações;
 Analisar situações reais clássicas de recalque;
 Entender a importância de um dimensionamento correto e completo de
uma edificação;
 Conhecer maneiras de “consertar” estruturas recalcadas.
P á g i n a | 200

16 EFEITOS DA OCORRÊNCIA

O que são recalques de apoio? Recalque ou assentamento é o nome dado na


área de engenharia civil ao fenômeno que ocorre quando os apoios (fundações) de
uma edificação se deslocam devido ao adensamento do solo que recebe os
mesmos. O recalque é o principal responsável por gerar trincas e/ou rachaduras em
edificações, acima de tudo quando é identificado um tipo específico: o recalque
diferencial.
Esse consiste em um afundamento dos apoios em diferentes magnitudes, o
que desestabiliza a edificação, fazendo um com que lado “desça” mais que o outro,
podendo gerar até mesmo o colapso dos elementos estruturais.
A ação do recalque de apoio em estruturas, apesar de presente, tem
geralmente sua influência desprezada pelos projetistas, pois estes ainda se utilizam
de hipóteses simplificadas para previsão e cálculo dos mesmos.
Segundo Arai (2009), desde o início dos estudos sobre construção civil até a
presente data, a maior parte dos projetos estruturais de edificações é feita com
aplicação de apoios indeslocáveis, o que impede que a rigidez do solo seja
considerada. Ao aplicarmos a hipótese deste tipo de apoio, estamos prevendo que o
solo será capaz de absorver todas as cargas que chegarem até ele através das
fundações, não havendo possibilidades de assentamento do mesmo. Mas isso não
condiz com a realidade. No entanto, esta era a forma aceitável de se avaliar
estruturas nos tempos em que não existiam programas de computador que
pudessem auxiliar as análises de forma a refletir a realidade de cada edificação.
Hoje, temos softwares capazes de executar cálculos das mais variadas
complexidades, o que nos permite chegar a resultados mais reais ao invés de utilizar
somente o “bom senso” e experiência para tentar prever as influências causadas por
recalques de apoio. É importante que você perceba que o recalque de apoio pode
provocar uma redistribuição de esforços ao longo dos elementos componentes da
estrutura, o que pode causar danos na estrutura, como citados anteriormente, trincas
ou rachaduras. Geralmente, quando é verificado um recalque, ocorre uma
transferência de carga dos apoios que tendem a recalcar mais para os que tendem a
recalcar menos. O processo de cálculo de esforços gerados por efeitos de recalque
também é feito pelo método da rigidez, assim como os de temperatura. Portanto,
serão vistos em HIPER II, no próximo período. Esta aula tem como objetivo trazer
P á g i n a | 201

conceitos sobre o que é este fenômeno e apresentar exemplos para que você
consiga enxergar exatamente o que ocorre em estruturas sob esses efeitos.
Vejamos então alguns exemplos famosos de estruturas deformadas por ação de
recalques de apoio:

A Torre de Pisa, construída no ano de 1174 foi projetada para receber o sino
da catedral da cidade de Pisa, na Itália.
E é mundialmente conhecida por ser ligeiramente inclinada, dando a
impressão de que está prestes a cair.
Esta edificação causa espanto aos turistas que visitam o local, pois sua
inclinação pode ser percebida facilmente a olho nu.
O professor Marco Antônio Hansen, da Faculdade de Geologia da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), no Rio Grande do Sul, explica
que um dos principais fatores que justificam essa inclinação foi a escolha do lugar
onde a torre foi construída.
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Temos a impressão de que a Torre de Pisa está caindo, quando a


observamos. E na verdade, não é apenas impressão.
A torre possui 56 metros de altura e atualmente sua inclinação chega a 3,97
graus aumentando em uma média de 20 mm por ano! Em meados do século XII,
quando foi construída, talvez não houvesse a possibilidade de fazer a sondagem do
solo, recurso que atualmente é disponibilizado para descobrir a profundidade em que
a camada de terra mais resistente se encontra, e assim elaborar fundações que
atinjam esse nível, gerando mais estabilidade, ou então evitando fazer muitos
pavimentos para que a construção não pese além do que a estrutura suporta.
Quanto mais alto é um prédio, maior é o risco de queda, pois a chance de ruptura é
maior no meio da construção civil.
Como exemplo, a diferença entre quebrar um graveto fino e comprido ou
então um mais curto.
Estudos foram feitos através de análises da estrutura e concluiu-se que, se a
base for compensada gerando o equilíbrio da estrutura, há uma chance de evitar o
previsto. Mas se medidas não forem tomadas, a torre pode desabar dentro de alguns
anos. Um trabalho iniciado na base da estrutura em 1990 conseguiu diminuir a
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inclinação em 1,3 cm. "O local é instável e possui um grau de compactação


extremamente baixo, onde existia antes um banhado", informou Hansen.
O que ocorreu foi que, à medida que a obra ia avançando, os engenheiros
tentaram endireitar a inclinação, construindo os andares um pouco maiores do lado
mais baixo. No entanto, isso só piorou a situação, gerando maior instabilidade nos
apoios devido ao excesso do peso. "No princípio, as pessoas pensavam que a Torre
de Pisa tinha sido concluída com a finalidade de ser realmente torta, mas a
inclinação foi acontecendo gradativamente", destacou Hansen. "Para retomar o
equilíbrio, seria necessário fazer um estudo geotécnico mais apurado da área para,
talvez, instalar um esquema de pêndulo, acrescentando peso em sua base para
contrabalançá-la junto ao terreno."
Na orla da praia de Santos, no litoral de São Paulo, alguns prédios também
sofrem com um problema parecido. Dois dos edifícios foram apelidados de
"beijoqueiros" pelos moradores por ficarem inclinados um para o outro.
Nesse caso, Hansen afirmou que o problema pode ser definido por conter
solo arenoso no terreno onde se localizam as edificações. “O aumento do número de
construções e de pessoas nesse local aumentou a pressão no lençol freático da
área, descarregando um peso maior no lugar mais fraco”. “Essa carga gera uma
força gigantesca, capaz de afetar qualquer estrutura”, explicou.

16.1 Edifício Núncio Malzoni

Inferior apenas ao da Cidade do México, o solo de Santos é o segundo pior do


mundo, formado por camadas de oito a doze metros de areia, de compactação
média, seguida de vinte a quarenta metros de uma camada de argila marinha,
podendo depois ter outra faixa de areia ou não, e por último uma camada dura
(formada por rochas) que varia de quarenta a cinquenta metros.
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O correto para essa região seria a aplicação de fundações profundas,


apoiadas na parte resistente do subsolo. Apesar do custo de uma fundação profunda
ser mais alto do que o de uma rasa, às vezes esse recurso é o mais favorável.
O que pode contribuir para inclinações de prédios construídos em orlas com o
passar dos anos, muitas vezes, é a “economia” quando, como objetivo, acaba
virando prioridade em um projeto. Em alguns pontos da Cidade, o solo argiloso é o
responsável pelos recalques dos prédios mais antigos, que não foram construídos
sobre fundações profundas. Na verdade, o processo de estaqueamento de vigas de
concreto, até atingir a camada fragmentada do solo (cerca de 60 metros abaixo),
sempre recebeu resistência por parte da maioria dos construtores santistas.
Os responsáveis pelo Edifício Núncio Malzani optaram por utilizar o processo
de fundação direta, economizando menos de 10% do custo total da obra.
Essa fundação prevê a colocação de camadas de concreto sobre a faixa de
areia (sapatas).
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Especialistas em fundações explicam que, mesmo sem sofrer rupturas, a


primeira camada de areia comprime a argila marinha, provocando a inclinação das
estruturas e concluindo que o maior problema não é o afundamento do prédio em
alguns milímetros, mas o recalque diferencial, causado pela concentração de cargas
em um dos pontos do edifício. Quando um prédio é construído sem atender às
exigências necessárias e um edifício vizinho começa a se erguer, este por sua vez
acaba influenciando na inclinação do outro. É que os chamados bulbos de pressão,
que se formam em cada prédio, juntam-se aumentando a carga, e a tendência é a
aproximação destes edifícios. Entretanto, hoje existem muitas técnicas para se
recuperar os danos causados nessas construções, como ocorreu no Edifício
Excelsior. "Antigamente, de tão inclinado, o elevador deste prédio parava no oitavo
ou nono andar, não subindo até o fim", esse problema foi corrigido e a inclinação do
prédio hoje está estabilizada. O recalque dos prédios em Santos, por ano é mínimo,
porém não se descarta a possibilidade de que caiam, mas isso duraria mais de 50
anos para acontecer. Agora é hora de você entender mais um pouco sobre essas
manifestações das cargas geradas por recalques de apoio. Faça uma pesquisa
sobre os métodos utilizados para reduzir os efeitos de recalque na Torre de Pisa e
no Edifício Núncio Malzoni. Apresente e forma de relatório com muitas imagens e
detalhes do processo utilizado pelos engenheiros em cada caso.
Referências Bibliográficas

Básica:
SORIANO, H. L., LIMA, S. S. Análise de estruturas. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna, 2004.

SORIANO, H. L.; LIMA, S. S. Análise de Estruturas - Método das Forças e


Método dos Deslocamentos. 2. ed. São Paulo: Ciência Moderna, 2006.

SUSSEKIND, J. C. Curso de Análise Estrutural Vol. 2. Editora Globo: Porto


Alegre, 1983.

BEER, F.; JOHNSTON, E. R. Resistência dos materiais. Trad. Pereira, C. D.


M. São Paulo: Editora Makron Books, 2004.

CAMPANARI, F. A. Teoria das estruturas. vol. 1, 2, 3 e 4. Rio de Janeiro:


Editora Guanabara Dois, 1985.

POLILLO, A. Exercícios de Hiperestática. São Paulo: Ed. Página Aberta,


1977. 376p.

ROCHA, A. M. Hiperestática Plana Geral. São Paulo: Ed Página Aberta,


1970.

SORIANO, H. L. Estática das Estruturas. Rio de Janeiro: Ciência Moderna,


2007.

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