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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 9
UNIDADE I
ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL............................................................................... 11
CAPÍTULO 1
PRINCIPAIS TIPOS DE ESCORREGAMENTO EM SOLOS MOLES.................................................... 13
CAPÍTULO 2
CAUSAS E AGENTES DO MOVIMENTOS DE MACIÇOS – RUPTURA PLANA................................... 18
CAPÍTULO 3
MÉTODO DO CÍRCULO DE ATRITO, DAS LAMELAS E CUNHAS – FLUXO BIDIMENSIONAL............. 20
UNIDADE II
OBRAS DE CONTENÇÃO...................................................................................................................... 31
CAPÍTULO 1
CONCEITOS E TIPOS DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO............................................................. 32
CAPÍTULO 2
DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO............................................................. 39
CAPÍTULO 3
DRENAGEM DOS MUROS DE ARRIMO..................................................................................... 46
UNIDADE III
EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE............................................................................................. 51
CAPÍTULO 1
ESFORÇOS QUE INTERFEREM NO CÁLCULO DE UM MURO DE ARRIMO.................................... 51
CAPÍTULO 2
ESTADO PLÁSTICO DE EQUILÍBRIO – TEORIAS CLÁSSICAS: TEORIA DE RANKINE E TEORIA
DE COULOMB......................................................................................................................... 54
CAPÍTULO 3
APLICAÇÕES – ESCORAMENTO DAS ESCAVAÇÕES.................................................................. 62
UNIDADE IV
ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO.............................................. 68
CAPÍTULO 1
ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO..................................................................... 68
CAPÍTULO 2
MÉTODOS DE REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO............................................................. 75
CAPÍTULO 3
FATORES CONDICIONANTES PARA A ESCOLHA DO MÉTODO DE REBAIXAMENTO –
CONSIDERAÇÕES SOBRE A EXECUÇÃO DOS PROJETOS DE REBAIXAMENTO............................ 83
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 86
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
6
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
7
Saiba mais
Sintetizando
8
Introdução
Estruturas de contenção são obras de engenharia civil projetadas para conter um maciço
de solo ou de rocha, evitando deformações excessivas ou o colapso. A estrutura tem
por objetivo suportar as pressões laterais da terra (empuxo), garantindo a segurança
do talude.
Este material pretende ser um guia para que você compreenda as diretrizes práticas
para o dimensionamento de estruturas de contenção. O presente material é composto
por IV Unidades. A Unidade I apresenta ao leitor aspectos gerais como definição de
taludes, quais as causas e os agentes que levam aos principais tipos de escorregamento
de solos. A Unidade II introduz o que e quais são os tipos de estruturas de contenção; é
discutido o dimensionamento de um muro de gravidade, que tem por objetivo garantir
a sua estabilidade interna e externa, fazendo uso de análises de equivalência dos
esforços atuantes com a resistência dos materiais utilizados e apresenta os sistemas de
drenagem que devem ser utilizados para cada tipo de estrutura. Em seguida, na Unidade
III, uma análise é feita sobre a resultante das pressões laterais que atuam sobre uma
estrutura de arrimo. Por fim, na Unidade IV, será apresentada algumas condições de
estabilidade e métodos de sistemas de rebaixamento do lençol freático. As condições
de estabilidade precisam ser examinadas quando se trata da verificação de muros, pois
tal estabilidade dependerá da geometria e do próprio peso da estrutura, já os métodos
de rebaixamento do lençol freático precisam ser conhecidos, uma vez que, em muitos
casos, a aplicação do correto sistema é fundamental para viabilizar a obra.
Bons Estudos!
Objetivos
» Aprender quais são os principais tipos e as causas de escorregamento em
solos moles.
9
» Compreender a metodologia para execução do dimensionamento de
estruturas de contenção.
10
ESTABILIDADE DE
TALUDES E FLUXO UNIDADE I
BIDIMENSIONAL
O termo talude refere-se a qualquer superfície inclinada de um maciço de solo, rocha
etc. Podem ser naturais (encostas), ou artificias (cortes e aterros). Forças naturais
(vento, chuva, terremoto etc.) alteram a topografia natural, criando frequentemente
taludes instáveis.
A falha dos taludes naturais (deslizamentos de terra) e dos taludes artificiais já resultou
em muita morte e destruição. Ao avaliar a estabilidade dos taludes, os engenheiros civis
ou geotécnicos devem prestar atenção especial à geologia, drenagem, lençóis freáticos e
resistência ao cisalhamento dos solos.
Os problemas de estabilidade ocorrem com mais frequência quando o aterro deve ser
construído sobre solos macios, como argilas de baixa resistência. Depois que o perfil,
a força do solo e a profundidade do lençol freático são determinados por explorações
em campo e/ou testes em laboratório, a estabilidade do aterro pode ser analisada e um
fator de segurança estimado. Se o aterro for instável, poderão ser tomadas medidas
para estabilizar os solos da fundação.
Crista
Talude
Corpo do Altura do
Talude Talude
Ângulo de inclinação
Pé do talude
Fonte: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto4/Muros%20Arrimo/Ap%20Obras%20Terra%203.pdf.
11
UNIDADE I │ ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL
Talude Natural
Área de Corte
Área de Aterro
Talude de corte
Talude de aterro
Fonte: http://www.ebanataw.com.br/talude/oquee.htm.
12
CAPÍTULO 1
Principais tipos de escorregamento
em solos moles
Fonte: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2020/03/06/mais-um-corpo-e-encontrado-em-area-de-deslizamento-em-santos.ghtml.
13
UNIDADE I │ ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL
A figura a seguir mostra a posição e os termos mais comuns usados para descrever as
partes únicas de um deslizamento de terra.
Fissuras do cume
Superfície Cume
original da
terra
Talude
Fissuras transversais
Cristas transversais
Fissuras
radiais
Superfície da
Ponta ruptura
Região
Base principal
Base da
superfície de
Superfície ruptura
de separação
Fonte: Highland; Bobrowsky, 2008.
Tipo de material
Solos de engenharia
Tipo de movimento
Rocha sã Predominantemente Predominantemente
Grosso Fino
Queda Queda de rocha. Queda de detritos. Queda de terra.
Fluxo ou escoamento Escoamento ou fluxo de rocha. Escoamento ou fluxo de detritos. Escoamento ou fluxo de terra.
14
ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL │ UNIDADE I
Queda
Quedas são movimentos bruscos de rocha ou solo, ou ambos, que se desprendem de
taludes íngremes ou falésias (figura 6). As quedas são fortemente influenciadas pela
gravidade, intemperismo mecânico e presença de água intersticial.
Tombamento
Um tombamento pode ser identificado pela forma como uma massa de solo ou rocha
é rotacionada para frente para fora do talude (ver figura 7). Podem ser causados pela
gravidade que é exercida sobre o peso do material na parte superior da massa deslocada,
por água presentes em fissuras no interior da massa, por vibrações, erosões, condições
climáticas etc.
15
UNIDADE I │ ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL
Escorregamento
Os escorregamentos podem ocorrer de quase todas as formas possíveis, lenta e
repentinamente, com ou sem provocação aparente. Geralmente, os escorregamentos são
causados por escavações ou cortes inferiores do pé de uma encosta existente. No entanto,
em alguns casos, elas são causadas pela desintegração gradual da estrutura do solo,
começando pelas rachaduras capilares que subdividem o solo em fragmentos angulares.
Superfície
de ruptura
16
ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL │ UNIDADE I
Espalhamento lateral
Figura 10. Esquema de espalhamento lateral. Uma camada passível de liquefação está abaixo da camada
superficial.
Argila compacta
Escoamento ou fluxo
17
CAPÍTULO 2
Causas e agentes do movimentos
de maciços – ruptura plana
Efeito das oscilações térmicas; redução dos parâmetros de resistência ao cisalhamento por
Internas intemperismo (aumento da pressão hidrostática, diminuição da coesão e ângulo de atrito interno do
material).
Mudanças na geometria do talude; efeitos de vibrações: mudanças naturais no declive dos taludes
Causas Externas
por processos naturais ou artificiais.
Elevação do nível piezométrico em massas homogêneas; elevação da coluna da água em
Intermediárias descontinuidades; rebaixamento rápido do lençol freático; erosão subterrânea retrogressiva;
diminuição do efeito da coesão aparente.
Predisponentes Condições geológicas, geomorfológicas e climatológicas, além da ação gravitacional.
Pluviosidade, erosão pela água e vento, congelamento e degelo, variação de temperatura,
Agentes Preparatórios dissolução química, ação de fontes e mananciais, oscilação do nível de lagos e marés e do lençol
Efetivos freático, ação humana e de animais, inclusive desflorestamento.
Imediatos Chuvas intensas, fusão de gelo e neve, erosão, terremotos, ondas, ventos, ação do homem etc.
19
CAPÍTULO 3
Método do círculo de atrito, das
lamelas e cunhas – fluxo bidimensional
Os métodos que analisam o equilíbrio de um corpo livre como um todo são: falha da
inclinação em condições não drenadas, método do círculo de fricção (TAYLOR, 1937,
1948) e número de estabilidade de Taylor (1948).
Os métodos que dividem o corpo livre em várias lamelas verticais e consideram o equilíbrio
de cada lamela são o Método do Círculo Sueco (FELLENIUS, 1927), o Método Bishop
(1955), o Método Bishop e Morgenstern (1960) e o Método Spencer (1967). A maioria
desses métodos está em forma de gráfico e abrange uma ampla variedade de condições.
Existe também o Método das Cunhas, no qual o corpo livre é subdividido em cunhas
e o equilíbrio entre elas e o restante do maciço é analisado de maneira que a cunha
localizada na parte inferior fornece estabilidade para a parte superior.
Alguns dos primeiros gráficos de estabilidade de taludes foram publicados por Taylor,
em 1948. Desde então, vários gráficos foram desenvolvidos por muitos pesquisadores.
20
ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL │ UNIDADE I
A equação 5 pode ser reorganizada para fornecer uma expressão para Fc em função do
Número de Estabilidade e de três variáveis, como segue:
Taylor publicou seus resultados em forma de curvas que fornecem a relação entre Ne
e o ângulo de inclinação, β, para vários valores de ângulos de atrito desenvolvidos, ,
como mostra a figura 12.
21
UNIDADE I │ ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL
0.20
Número de Estabilidade cd/ϒH
Φd = 0, D = ∞
Para ϕd = 0 e 1<D<∞
Ver Figura 12
0.15
0.10
0.05
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Inclinação do Talude
Fonte: Samtani, 2006.
22
ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL │ UNIDADE I
Figura 13. O gráfico de Taylor para φ ‘= 0 condições para ângulos de inclinação (β) inferiores a 54 ° (após Taylor,
1948).
0.19
0.17
0.16
0.15
0.14
Número de Estabilidade cd/ϒH
0.13
nH H
DH
0.11
H
DH
0.09
1 2 3 4
Fator de Profundidade (D)
23
UNIDADE I │ ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL
curvas do caso 1 são uma extensão das curvas que correspondem a uma falha do
círculo no pé na Zona A.
Solução:
Primeiro, assuma um fator comum de segurança de 1,6 para o ângulo de coesão e atrito,
de modo que Fc = Fϕ = 1,6. Como Fϕ = 1,6, o ângulo de atrito desenvolvido (ϕd) pode ser
calculado da seguinte forma:
Ou
Como a altura H = 40,1 ft calculada é maior que a altura real de 30 ft, o valor do fator
de segurança comum deve ser maior que 1,6. Suponha Fc = Fϕ = 1,9 e recalcule da
seguinte maneira:
24
ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL │ UNIDADE I
Se Fϕ = 1,9, então ϕd = 10,8º e Ne pela figura 12 será aproximadamente 0,073, com base
no qual o novo valor de H será:
Ou seja, é a razão entre a soma dos momentos devido as forças resistentes e a soma dos
momentos devido as forças atuantes. Na seção transversal, o cilindro circular se projeta
como um segmento de um círculo (figura 14). A massa de solo contida entre o arco
circular (ABC) e a superfície do solo é dividida em uma série de fatias, cujos lados são
verticais (figura 14a). O número de fatias é um tanto arbitrário, mas números diferentes
devem ser selecionados e fatores de segurança calculados para encontrar o número
acima do qual o fator de segurança é alterado de forma insignificante, aumentando
o número de fatias. Na figura 14a, selecionamos arbitrariamente nove fatias de
várias larguras.
25
UNIDADE I │ ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL
b (b)
(a)
W
h
α
T T
l
N
N+u
Método de Fellenius
O Método das Lamelas foi introduzido por Fellenius, em 1927, após a observação de
inúmeros deslizamentos ocorridos na Suécia que apresentaram superfícies de ruptura
sob a forma cilíndrica. Já em 1936, Fellenius apresenta um método no qual demonstra
que as forças de interação entre lamelas são paralelas à base da lamela, ou seja, mostra
que suas componentes estão relacionadas por:
26
ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL │ UNIDADE I
Onde:
l = comprimento da base;
W = peso da lamela;
Considere para análise uma única fatia abcd (figura 15a) que é desenhada para uma
escala maior na figura 15b. As forças que atuam nessa fatia são:
W = peso da lamela;
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UNIDADE I │ ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL
B C
b
b
a
a
E1
D T2
A θ
E2
c T1
d
W
θ
c
d FR
W N
(a) (b) U
θ
l
Fonte: http://civilwares.free.fr/Geotechnical%20engineering%20-%20Principles%20and%20Practices%20of%20Soils%20Mechanics%20
and%20Foundation%20Engineering/Chapter%2010.pdf.
28
ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL │ UNIDADE I
D II
Solo 2
Solo 1
I
B
C
Fonte: https://www.yumpu.com/pt/document/read/14864209/aula-04.
Para que ocorra o deslocamento das cunhas ativas e passivas, é preciso que haja um
movimento relativo entre as duas ao longo de BD. As forças atuantes em cada cunha
estão representadas na figura 17 e correspondem ao seu peso próprio, às reações das
demais partes do maciço, como também a resistência ao cisalhamento ao longo dos
planos BD.
Figura 17. Polígono de forças.
D A
D
E
α
PA
𝑐𝑐ഥ1
PB
α
E
RA
𝑐𝑐ഥ1 𝜙𝜙1
RB 𝑐𝑐ഥ2
𝜙𝜙2
RA
PA
RB
PB
𝑐𝑐ഥ2
Fonte: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/concreto4/Muros%20Arrimo/Ap%20Obras%20Terra%203.pdf.
29
UNIDADE I │ ESTABILIDADE DE TALUDES E FLUXO BIDIMENSIONAL
30
OBRAS DE UNIDADE II
CONTENÇÃO
Há milhares de anos, mais ou menos, um homem ou mulher anônima colocou uma
fileira de pedras uma por cima da outra para impedir que o solo deslizasse para o
acampamento. Assim, foi construído um muro de contenção precoce.
31
CAPÍTULO 1
Conceitos e tipos de estruturas
de contenção
Para reduzir a pressão hidrostática na parede das águas subterrâneas, deve ser usado um
sistema de drenagem adequado na forma de orifícios de drenagem, alternativamente, a
drenagem do subsolo atrás da parede pode ser empregada.
crista
Terreno plano ou
reaterro
corpo
tardoz
base
fundação
dente
32
OBRAS DE CONTENÇÃO │ UNIDADE II
Muros de gravidade
O muro de contenção por gravidade depende de seu próprio peso apenas para resistir
à pressão lateral da terra. Geralmente, o muro de contenção por gravidade é maciço
porque requer uma carga gravitacional significativa para combater a pressão horizontal
do solo. Ao projetar a parede de contenção por gravidade, as forças de deslizamento,
tombamento e rolamento devem ser levadas em consideração. Muros de contenção são
comumente apoiados pelo solo (ou rocha) subjacente à laje de base ou apoiados em
estacas; como no caso de pilares de pontes e onde a água possa corroer ou cortar o
solo base, como nas estruturas frontais da água. Pode ser construído com diferentes
materiais, como concreto e alvenaria, gabiões ou ainda pneus. Este tipo de construção
não é econômico para paredes maiores que 3m.
Reaterro
Topo
Talude de escavação
Face
Drenagem
Barbacãs (furos)
Terraplano
Pé
Base
33
UNIDADE II │ OBRAS DE CONTENÇÃO
O muro de concreto ciclópico apresenta uma fácil execução, que se constitui basicamente
em uma estrutura construída mediante o preenchimento de uma forma com concreto
e rochas de tamanhos variados. É economicamente viável apenas quando a altura não
exceda cerca de 4 metros. Devido à impermeabilidade deste muro, é imprescindível a
execução de um sistema adequado de drenagem.
Dreno de
areia Barbacã
34
OBRAS DE CONTENÇÃO │ UNIDADE II
Muros de gabião
Esses tipos de muro de contenção são constituídos por gaiolas metálicas retangulares
de malha de arame com fios de aço galvanizado em malha hexagonal com dupla torção,
preenchidas com pedras ou outros materiais adequados. É construído para a construção
de estruturas de controle de erosão. Os muros de contenção de gabião também são
usados para estabilizar encostas íngremes.
Uma parede de gabião é uma parede de retenção feita de gabiões empilhados e cheios
de pedra, amarrados com arame. As paredes do Gabião são geralmente danificadas
(inclinadas para trás em direção à encosta) ou recuadas com a encosta, em vez de serem
empilhadas verticalmente. A expectativa de vida dos gabiões depende da vida útil do
fio, não do conteúdo da cesta. A estrutura falhará quando o fio falhar. O fio de aço
galvanizado é o mais comum, mas também são usados fios revestidos de PVC e aço
inoxidável. Estima-se que os gabiões galvanizados revestidos de PVC sobrevivam por
60 anos. Alguns fabricantes de gabiões garantem uma consistência estrutural de 50
anos. Suas aplicações incluem:
» pilares da ponte;
A principal característica dos muros de gabiões é a sua flexibilidade, que permite que a
estrutura se acomode a recalques diferenciais, e a permeabilidade.
35
UNIDADE II │ OBRAS DE CONTENÇÃO
Esses tipos de muros de contenção também são uma forma de muro de gravidade.
Eles são construídos em forma de “fogueiras” individuais interligadas, feitas de concreto,
aço ou madeira pré-moldados. Os espaços internos são preenchidos com pedra
(britas) ou outros materiais granulares mais grosseiros, para formar uma estrutura de
drenagem livre. Os tipos básicos de muros de contenção em fogueira incluem muros de
contenção de madeira e pré-moldado reforçado. Esse método é adequado para apoiar
áreas de plantio e é usado também em taludes cortados ou aterros, geralmente em obras
rodoviárias.
Figura 23. Muros em fogueira (“crib wall”).
Muros de pneus
Os muros de pneus são construídos pelo empilhamento horizontal de camadas de pneus,
ligados entre si e preenchidos com solo compactado. Atuam também como muros de
gravidade e tem como vantagem a flexibilidade e a reutilização de pneus descartados.
Como atuam como um muro de peso, os muros de solo-pneus possuem um limite de
altura inferior a 5 metros.
Figura 24. Muros de pneus.
Fonte: https://maranauta.blogspot.com/2015/11/pneus-podem-ser-base-de-muros-de.html.
36
OBRAS DE CONTENÇÃO │ UNIDADE II
Esse tipo de estrutura de contenção é constituído a partir camadas de sacos (de poliéster
ou similar) preenchidos com uma mistura de solo e cimento em uma proporção entre
1:10 a 1:15, segundo a GEO-RIO (2014). Esse tipo de estrutura é de fácil execução e de
fácil adaptação à topografia local.
Perspectiva
Seção
Fonte: http://www.maceio.al.gov.br/galeria/prefeito-visitas-grotas/attachment/prefeito-visita-grotas-20/.
37
UNIDADE II │ OBRAS DE CONTENÇÃO
Muros de flexão
Esses tipos de muros resistem à flexão e possuem uma estrutura mais esbelta, em formato
de “L”. Quando projetados em concreto armado, não são viáveis para estruturas acima
de 5 a 7 metros, para esse caso, faz-se necessária a utilização de vigas de enrijecimento
e contrafortes. Os muros de flexão podem ainda ser ancorados na base com tirantes
ou chumbadores, a fim de aumentar sua estabilidade ou para casos em que o espaço
disponível não é suficiente para o tamanho da base do muro.
Contrafortes
Fonte: https://ced.ceng.tu.edu.iq/images/lectures/dr.farouq/ch8-Retaining-walls.pdf.
Fonte: https://gestaorisco.wordpress.com/registros-fotograficos/muro-de-contencao-com-contrafortes-feito-apos-deslizamento-
diadema-rua-chile-com-rua-equador/.
38
CAPÍTULO 2
Dimensionamento de estruturas
de contenção
Como já mencionado no capítulo anterior, existe uma vasta gama de diferentes tipos
de obras de contenção. Desta forma, este capítulo apresentará como deve ser feito o
dimensionamento de um muro de gravidade.
Muro de gravidade
O objetivo do dimensionamento de um muro de gravidade é de garantir a sua estabilidade
interna e externa, fazendo uso de análises de equivalência dos esforços atuantes com a
resistência dos materiais utilizados.
» ruptura global;
» deslizamento na base;
» tombamento;
E E
δ
39
(c) Capacidade de carga da fundação (d) Ruptura global
δ
Fonte: https://geoacademy.com.br/courses/manual-tecnico-para-reforco-de-muros-e-taludes/lectures/1540172.
» Ruptura global:
» Deslizamento:
P
Ea
H
δ
Tmax
N’
Uv
B
Fonte: Luiz, 2014.
40
OBRAS DE CONTENÇÃO │ UNIDADE II
Onde:
» Tombamento:
41
UNIDADE II │ OBRAS DE CONTENÇÃO
Esenδ
Ecosδ
z
Ew
a
k
2B/3 A
U R
42
OBRAS DE CONTENÇÃO │ UNIDADE II
Sendo:
P
Ea
q
N’
2e B’
B
Fonte: Luiz, 2014.
A tensão máxima dada pela equação 19 é válida para o caso em que a base
do muro não se encontre completamente comprimida.
Em que:
43
UNIDADE II │ OBRAS DE CONTENÇÃO
Onde:
Φ (graus) Nc Nq Nγ
0 5,14 1,00 0
A estabilidade interna não é um fator tão preocupante nos muros de gravidade, pois
estes são constituídos por elementos sólidos e fortes, como pedras e concreto ciclópico.
Já para os muros de concreto armado, o dimensionamento deve seguir a norma NBR
6118, considerando as solicitações consequentes à sua esbeltez.
Para os muros de gabiões, a análise deve ser feita quanto às tensões de tração, por
meio da geometria do muro. O fator de segurança deve ser maior que 2, como mostra
a equação 23.
Com
Onde:
45
CAPÍTULO 3
Drenagem dos muros de arrimo
46
OBRAS DE CONTENÇÃO │ UNIDADE II
47
UNIDADE II │ OBRAS DE CONTENÇÃO
Infiltração
Infiltração
48
OBRAS DE CONTENÇÃO │ UNIDADE II
(a)
Canaleta
Proteção lateral
Aterro
Tubo de PVC
compactado
∅ 75
Filtro/material
drenantes
Tubo de drenagem
Canaleta
Concreto magro
(b)
Canaleta
Proteção lateral
Aterro
Tubo de PVC compactado
Material drenante
∅ 75 em sacos porosos
Filtro
Concreto magro
(c)
Proteção lateral
Canaleta
Filtro/material
drenantes
Canaleta
Tubo de drenagem
Concreto magro
49
UNIDADE II │ OBRAS DE CONTENÇÃO
Canaleta
Proteção lateral
Canaleta
Tubo de Filtro
PVC ∅ 75
Material drenante
Os muros que possuem a característica drenante, como crib wall e gabiões, também
necessitam de instalação vertical na face interna do muro, a não ser que o material de
preenchimento exerça a função de filtro.
50
EMPUXO SOBRE
ESTRUTURAS UNIDADE III
DE SUPORTE
Empuxo de terra é a ação lateral provocada por um maciço de solo sobre as obras de
contenção. A definição do valor do empuxo de terra é essencial para análise e o projeto
de obras como muros de arrimo. A interação solo/elemento estrutural é quem vai
determinar o valor do empuxo de terra, como também a distribuição de tensões ao longo
da estrutura de contenção. O empuxo que atua sobre a estrutura gera deslocamentos
horizontais, e esses deslocamentos modificam o valor e a distribuição do empuxo,
durante todas as fases de construção da obra.
Existem duas equações básicas para calcular os empuxos de terra. Nesta Unidade, será
abordada as teorias de Rankine e Coulomb que consideram o solo em equilíbrio plástico.
CAPÍTULO 1
Esforços que interferem no cálculo
de um muro de arrimo
O empuxo de terra é a resultante das tensões causadas pela massa de solo numa
determinada superfície, como em uma estrutura de contenção. Essas tensões são
geradas pelo próprio peso do solo, pelas cargas aplicadas no solo ou por carregamento
externo. Dessa forma, a estrutura que está em contato com o solo exerce uma função
de contenção, com a finalidade de resistir a esses esforços. E interação estrutura/solo é
que vai influenciar na distribuição de tensões e no valor do empuxo.
51
UNIDADE III │ EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE
∆ℎ
Ea
Ep
Argila Translação
Ativo 0,4
média Rotação do pé
Empuxos no repouso
O empuxo no repouso se desenvolve quando a parede não experimenta movimento
horizontal, ou seja, nesse tipo de empuxo, existe um equilíbrio perfeito em que o maciço
52
EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE │ UNIDADE III
Com
Onde:
u = poropressão.
Diversos parâmetros geotécnicos são necessários para se obter o valor de ko, como por
exemplo: ângulo de atrito, índice de vazios, razão de pré-adensamento etc.
53
CAPÍTULO 2
Estado plástico de equilíbrio – teorias
clássicas: teoria de Rankine e teoria
de Coulomb
Onde:
Os planos vertical e horizontal serão os planos principais, uma vez que não há tensões
cisalhantes. Considerando que no diafragma há um deslocamento, ocorrerá uma redução
da tensão horizontal sem que ocorra qualquer alteração da tensão horizontal.
Caso haja uma continuidade no deslocamento do diafragma, ocorrerá a ruptura.
Ou seja, diz-se que a região entrou em equilíbrio plástico e irá atingir seu limite
inferior (condição ativa).
54
EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE │ UNIDADE III
σv Z
σh
Diafragma
Fonte: Gerscovich, 2010.
A figura 40 ilustra os estados limites de acordo com o círculo de Mohr e a figura 41 exibe
os trajetos de tensões efetivas equivalentes à mobilização dos estados limites ativo e
passivo.
δ Planos de ruptura
F Φ’
𝜋𝜋 Φ′
+ D
4 2
𝜋𝜋 𝜋𝜋 𝜋𝜋 Φ′
O + 𝜙𝜙′ − 𝜙𝜙′ −
B1 B 2 A 4 2 B2 σ
2
σ'ha σ'ho P σ'vo P’ σ'hp
C’
D’
F’
Fonte: Gerscovich, 2010.
55
UNIDADE III │ EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE
Figura 41. Trajetórias de tensões efetivas associadas aos estados ativo e passivo.
+
α
𝜎𝜎′𝑣𝑣 + 𝜎𝜎′ℎ
𝑝𝑝′ =
2
Trajetória para
estado passivo
Teoria de Rankine
» solo homogêneo;
» solo isotrópico;
56
EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE │ UNIDADE III
A equação de Rankine é uma versão simplificada da equação de Coulomb que não leva
em consideração a massa da parede ou o atrito na interface parede-solo. Como tal, é
uma abordagem conservadora para o projeto de muros de arrimo.
» Terreno inclinado:
» Terreno horizontal:
57
UNIDADE III │ EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE
Caso ativo:
Caso passivo:
Sendo:
c = coesão do solo;
Teoria de Coulomb
58
EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE │ UNIDADE III
A β P
Ea
H
R φ
δ Ea P
α R
B
A β
Ep R Ep
δ
φ
P
R
α
B
Fonte: Marangon, 2009.
Para o caso de solos não coesivos (c = 0), as forças consideradas são: o peso da cunha P,
resistência do solo R formando um ângulo Φ em relação normal ao plano de ruptura e
o empuxo ativo sobre o muro Ea.
Partindo das condições de equilíbrio das três forças P, R e Ea, obtém-se, a partir de
métodos analíticos, as equações gerais para os empuxos ativo (Ea) e passivo (Ep).
59
UNIDADE III │ EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE
Segundo a teoria de Coulomb para solos não coesivos, os valores das resultantes e
coeficientes de empuxo são:
Na teoria de Coulomb para solos coesivos, além das forças P, peso da cunha, e R, parcela
de atrito, uma força de coesão, S, e uma parcela de adesão, T, devem ser consideradas.
Admite-se que trincas de tração se desenvolvam até uma profundidade Z0, a qual é
calculada de acordo com a teoria de Rankine:
O problema principal consiste em encontrar o valor máximo da força Ea, que, com as
demais forças, feche o polígono das forças (figura 44). As forças P, S e T são conhecidas
em grandezas e direção, e as forças R e Ea apenas em direção.
Figura 44. Cunha e polígono de forças para empuxo ativo considerado o solo coesivo.
A C
P
S
S T
Ea
T
δ
Ea P
R φ
A
Fonte: Marangon, 2018.
60
EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE │ UNIDADE III
Para o caso de solos coesivos, o coeficiente de empuxo K deverá ser determinado pelo
desenho do polígono de forças. Isso deve ser feito para a situação de empuxo passivo,
considerando a posição da resultante Ep como mostrado acima para Ea.
61
CAPÍTULO 3
Aplicações – escoramento
das escavações
Figura 46. Estabilização de taludes novos ou existentes e proteção contra quedas de rochas.
62
EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE │ UNIDADE III
63
UNIDADE III │ EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE
(a) (b)
Fonte: Cardoso, 2002.
O tipo de escavação em (b) é geralmente mais viável, porém requer uma maior área de
escavação devido ao talude, o que para áreas urbanas, é algumas vezes uma solução
considerada inviável.
A contenção escorada de uma vala mostrada na figura 49 (a) é uma técnica bastante
utilizada nesse tipo de escavação, onde as paredes opostas se apoiam uma contra a outra
por meio de escoras horizontais denominadas de “estroncas”. Esse tipo de contenção
também seria capaz de ser executava sem as estroncas, com tanto que fossem adotadas
paredes verticais com maior capacidade de absorver aos esforços horizontais, resultando
em paredes com dimensões maiores e com maior consumo de material.
Contenções provisórias
As contenções provisórias são aquelas onde podem ser removidas quando cessada sua
necessidade.
» contenções de madeira;
64
EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE │ UNIDADE III
Todos os três métodos resultam em contenções flexíveis, podendo ou não ser escoradas.
Cortina ancorada
No projeto de uma cortina ancorada, supõem-se que as forças horizontais causadas pelas
pressões de contato do solo sobre a estrutura precisam ser equilibradas pelos tirantes, já
o alívio das tensões normais verticais ocasionada pela escavação evidentemente não é.
Desta forma, os valores das tensões cisalhantes orientadas pelo processo de escavação
aumentam consideravelmente com a profundidade.
Uma cortina ancorada atua como uma contenção por meio de paredes verticais de
concreto armado com ancoragens fixadas no terreno. As paredes exibem espessura
entre 20 e 40 cm, estas são determinadas pelo espaçamento entre as ancoragens e pelas
cargas solicitadas. Na figura 51 é mostrada a seção transversal de uma cortina ancorada,
assegurando a estabilidade do terreno.
65
UNIDADE III │ EMPUXO SOBRE ESTRUTURAS DE SUPORTE
Superfície potencial
de ruptura
Parede de concreto
Ancoragens
Quando a cortina é construída com a finalidade de conter um talude que será cortado,
sua execução deverá ser feita pelo método descendente em nichos. Cada faixa deverá
ser escavada em nichos alternados, empregando as ancoragens nos trechos cortados e
os trechos não cortados serão ancorados em seguida. A cortina será construída (forma,
armadura e drenagem) após a execução de todos os tirantes da fileira. O objetivo das
escavações em nichos é a de garantir a estabilidade no decorrer da obra, reduzindo
deformações. As ancoragens precisam ser fixadas em regiões estáveis e receber uma
proteção para evitar corrosão. Na figura 52 são ilustradas as fases de execução da
cortina ancorada.
A ancoragem é constituída por calda de cimento e barra de aço, podendo ser dividido
em dois trechos: ancorado e livre. O trecho ancorado transmite a carga de tração ao
terreno por meio da calda de cimento e o trecho livre transmite a carga de tração entre
a cabeça da ancoragem e o trecho ancorado.
67
ESTABILIDADE DAS
ESTRUTURAS E UNIDADE IV
REBAIXAMENTO DO
LENÇOL FREÁTICO
A estabilidade das estruturas de contenção é, em muitos casos, considerada como a
solução técnica mais apropriada para a estabilização de movimentos de maciços. No
capítulo 1, aprenderemos que para verificação de um muro de gravidade, seja qual for a
sua seção, é necessário investigar algumas condições de estabilidade.
CAPÍTULO 1
Estabilidade das estruturas
de contenção
68
ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO │ UNIDADE IV
Deslizamento de base
Sendo:
Muro Reaterro
H
W E
T
N
Solo de fundação
B
Fonte: Marangon (2006).
Sendo:
𝑊𝑊. 𝑎𝑎 + 𝛼𝛼𝐸𝐸𝑝𝑝 . 𝑏𝑏
𝐹𝐹𝐹𝐹 =
𝐸𝐸𝐴𝐴 . 𝑐𝑐
EA
W
Ep c
b
a
Fonte: Marangon (2006).
70
ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO │ UNIDADE IV
Por meio da figura 56, podemos notar que a distribuição de pressões verticais na base
do muro possui uma forma trapezoidal não uniforme, causado pelo peso W combinado
com o empuxo E. Dessa forma, temos:
Sendo:
Sendo:
71
UNIDADE IV │ ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO
H EA
W
𝑐𝑐
𝜎𝜎𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 𝜎𝜎𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
N
𝑒𝑒
B
Fonte: Marangon (2006).
(graus)
72
ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO │ UNIDADE IV
(graus)
A B
Obras provisórias
Obras permanentes
73
UNIDADE IV │ ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO
Sendo:
e devem ter valores entre 1,0 e 1,5, conforme o grau de importância da obra
e da confiança na estimativa dos valores dos parâmetros de resistência e .
Para exemplificar, o quadro a seguir mostra os valores dos parâmetros geotécnicos que
são tipicamente utilizados no pré-dimensionamento de muros de contenção com solos
na região do Rio de Janeiro.
Aterro compactado
19 – 21 32 – 42 0 – 20
(silte areno-argiloso)
Solo residual maduro 17 – 21 30 – 38 5 – 20
Colúvio in situ 15 – 20 27 – 35 0 – 15
Areia densa 18 – 21 35 – 40 0
Areia fofa 17 – 19 30 – 35 0
Pedregulho uniforme 18 – 21 40 – 47 0
Pedregulho arenoso 19 – 21 35 – 42 0
Adesão a
74
CAPÍTULO 2
Métodos de rebaixamento
do lençol freático
O rebaixamento do lençol freático está cada dia mais sendo utilizado. Um dos motivos
é o aumento do número de obras subterrâneas. Ao longo dos anos, muitos métodos
utilizados para executar o rebaixamento foram criados. Ponteiras filtrantes passou a
ser o processo mais utilizado e, além dele, outros métodos para o rebaixamento do
lençol freático são os poços de bombeamento, cavas e valetas e galerias de drenagem.
Vamos analisar as principais aplicações, vantagens e as desvantagens desses e de alguns
outros métodos.
Bombeamento direto
De todos os sistemas, esse é o mais simples, por vezes ele também é chamado de
esgotamento de vala e nada mais é do que recalcar a água para fora da área de trabalho
e a conduzir por meio de valetas executadas no fundo da escavação, onde essa água se
acumula em poços abaixo da escavação. O recalque precisa ser executado por bombas
quando a água atinge certo volume. Para terrenos inclinados, o uso da bomba pode ser
dispensado e, em seu lugar, utilizar uma valeta para o afastamento das águas coletadas.
O bombeamento direto é muito utilizado em obras de curta duração, ele é fácil de
construir e possui um custo baixo.
Para os casos de terrenos permeáveis, o nível interno de água abaixa mais rápido do que
no nível externo, devido à diferença de carga. Esse fato causa um fluxo de água para o
lado de dentro da escavação pelo fundo da vala, assim, quando o gradiente hidráulico
75
UNIDADE IV │ ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO
atingir seu valor crítico, ocorrerá o fenômeno conhecido como areia movediça e o fundo
da vala fica incapacitado de receber cargas de uma fundação rasa.
Outro inconveniente que podemos citar aqui é uma possível ruptura no fundo da
escavação, fato que ocorre principalmente devido à subpressão da água se tornar maior
do que o peso efetivo do solo. Para que isso seja evitado, pode-se empregar escoramentos
não estanques, que irão escorar as laterais da escavação sem que ocorra o aumento das
tensões do solo, que leva a ruptura do fundo da vala.
Ponteiras filtrantes
As ponteiras filtrantes também são conhecidas como Well Point (Em inglês) ou ainda
sistemas de poços filtrantes. Por meio delas, é possível rebaixar o nível do lençol freático
de toda a área de trabalho. Frequentemente, são utilizadas em solos moles, de baixa
consistência.
Ponteiras são tubos de ferro galvanizado ou PVC, possuindo diâmetros entre 1 1/4” e 1
1/2” e comprimento entre 0,30 a 1,00 m, perfurados e envolvidos por tela de nylon com
malha de 0,6 mm ou ainda por geotêxtil, que possui uma menor eficiência. Em solos
arenosos e de pouca profundidade, é possível executar a ponteira sem tela ou geotêxtil.
Cada ponteira pode retirar a vazão de até 1 m³/h, em condições favoráveis pode chegar
a 2 m³/h.
76
ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO │ UNIDADE IV
de entrada da água. Assim, a válvula de alívio é fechada, pois o nível da água dentro da
câmara diminui.
O princípio geral do sistema envolve a área em que o nível do lençol precisa ser rebaixado
com uma linha coletora ligada à bomba. Em primeiro lugar, é preciso executar a
instalação das ponteiras, faz-se isso perfurando poços com diâmetros que variam entre
10 e 15 cm e, então, insere-se as ponteiras conectadas a tubos que vão até acima da
superfície. Só a partir do momento que a ponteira está instalada no fundo do poço que
a vedação na parte superior do poço no nível do solo pode ser executada. A instalação
das ponteiras deve ser em uma profundidade um pouco maior do que a profundidade
do ponto mais baixo de escavação, em relação ao espaçamento entre elas, ele não pode
ser inferior a 15 vezes o diâmetro do tubo, reduzindo a influência recíproca de umas
sobre as outras.
Tubos verticais estão conectados ao tubo coletor, unidos articularmente por um visor
especial que permite o exame de cada uma das ponteiras. Esses tubos são ligados a um
sistema de bombas capazes de aspirar a água vinda do solo por meio das ponteiras.
Um tubo de descarga sai desse sistema, com a capacidade do coletor, responsável por
conduzir a água a um local apropriado. O trecho das bombas deve ser mais elevado,
então, a rede precisa ter um pequeno aclive no seu sentido, pois isso evita que sejam
formadas bolsas de ar no interior das tubulações.
77
UNIDADE IV │ ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO
Poços profundos
Assim que a perfuração é concluída, é preciso colocar um tubo ranhurado, que pode ser
de aço ou PVC, no interior do poço. Esse tubo deve possuir um diâmetro variando entre
100 e 200 mm e também precisa estar envolto em tela de nylon com malha de 0,6 mm,
para garantir uma coincidência perfeita entre o poço e os eixos do tubo, pois ele precisa
ser dotado de centralizadores. O tubo precisa possuir uma área em sua parte inferior
sem ranhuras, para permitir a decantação de partículas do solo que poderão passar pela
malha de nylon.
A utilização de tubos ranhurados reduzem o custo do sistema, por outro lado, a vazão
do poço também é reduzida, o que pode comprometer o sistema, tornando-o ineficaz
para se alcançar o rebaixamento pretendido, isso porque as ranhuras formam uma
perfuração do tubo irregular. Então, é recomendado que se utilize um tubo filtrante
para obter um melhor desempenho do sistema.
78
ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO │ UNIDADE IV
tubos de injeção, responsáveis por conduzir a água sob alta pressão, até o injetor,
localizado no fundo do poço. A água injetada passa pelo bico Venturi do injetor onde
se encontra com a água que foi extraída do solo. A água sobre pelo tubo de retorno,
e esse tubo possui um maior diâmetro se comparado ao tubo de injeção. Os tubos de
retorno estão em contato com uma tubulação denominada coletor geral, responsável
por conduzir a água até um reservatório. O coletor geral é instalado de maneira paralela
ao distribuidor geral. Dessa forma, o nível de água presente no reservatório é mantido
sempre constante, e o excesso de água é conduzido para fora da obra.
Utilizando esse sistema para se obter o rebaixamento do lençol freático, pode-se atingir
grandes áreas possuindo um formato de cone, por isso são chamadas de cone de
rebaixamento. Para medir a extensão da área atingida, utiliza-se da distância máxima
de ocorrência de rebaixamento a partir do poço em operação. Essa distância pode ser de
centenas de metros para casos de lençóis freáticos que estão confinados ou sob pressão.
79
UNIDADE IV │ ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO
Esse sistema é capaz de recalcar água com profundidades maiores de 100 m e vazão
superiores a 60 m³/h. Ele requer um conhecimento prévio a respeito das condições
geológicas e hidrogeologias da área de trabalho. Por meio de dados, como por exemplo,
espessura do solo ou rocha, condições de recara do aquífero, características da estrutura
geológica, entre outros, é possível desenvolver um projeto do poço de bombeamento e
também a disposição em planta e profundidade dos vários poços, com dimensionamento
dos diâmetros de perfuração e descarga, granulometria do pré-filtro, comprimento do
tubo filtrante, capacidade e tipo das bombas.
Solos que possuem granulometria muito fina não permitem uma drenagem muito
eficiente por meio dos métodos de poços profundos ou ponteiras filtrantes. O método
de drenagem por eletrosmose surge como forma de resolver esse problema. Esse
método tem como premissa aplicar uma corrente elétrica de forma contínua, o que
cria um gradiente adicional de natureza elétrica que acelera o movimento da água
nos espaços vazios do solo. Ponteiras filtrantes são instaladas para a execução do
sistema, consistindo em cátodos, que são eletrodos com carga negativa e ânodos
(hastes) que são os eletrodos com carga positiva. A instalação dos eletrodos é em
aproximadamente 2 m abaixo do fundo da escavação. O espaçamento entre os
cátodos deve variar entre 8 e 12 m, sendo que esse espaço deve ser intercalado
pelo ânodo.
Os íons com carga positiva presentes na água são atraídos pelas partículas de carga
negativa do solo, constituindo a camada dupla. No momento em que um gradiente
elétrico é aplicado, o cátodo vai atrair os íons positivos da água, transportando a água
que está presente nos vazios do solo. Para evitar o aquecimento do solo, a voltagem
aplicada não deve ser muito elevada (por volta de 12 Volts).
A água caminha em direção às ponteiras filtrantes, que é o cátodo. Sua retirada é feita
por meio de um conjunto de bombas centrífuga e de vácuo.
Esse não é um método muito utilizado no Brasil, é mais usado como um processo de
estabilização do solo de talude e fundo do poço, além de ser um sistema que utiliza
muita energia elétrica.
80
ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO │ UNIDADE IV
Drenos
A localização do dreno horizontal profundo deve ser de tal forma que a extensão do
tubo filtrante imersa no aquífero seja a maior possível. É necessário que se conheça
a distribuição da camada constituinte do aquífero, em casos que estão confinados, e
também como se comporta a superfície do lençol freático, para o caso de aquíferos
livres, antes da instalação do dreno horizontal profundo. Na grande maioria dos casos,
há caminhos de percolação preferenciais nos maciços geológicos, e eles concentram a
água subterrânea que, por vezes, são de difícil localização. Para esses casos, é preciso
que se execute tentativas até encontrar o correto posicionamento do dreno horizontal
profundo.
81
UNIDADE IV │ ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO
Galeria de drenagem
A utilização das galerias de drenagem é para o caso de outros sistemas serem inviáveis
ou insuficientes no alcance do rebaixamento que se pretende alcançar ou ainda para
quando se pretende retirar um volume muito alto de água do maciço. Geralmente, as
galerias de drenagem são usadas em cavas de mineração, em maciços rochosos sob
fundações de barragens e em taludes. O Brasil não utiliza muito esse tipo de sistema
pois a galeria possui um custo muito elevado de construção.
82
CAPÍTULO 3
Fatores condicionantes para a escolha
do método de rebaixamento –
considerações sobre a execução dos
projetos de rebaixamento
O fluxo do lençol freático pode causar danos ou interferências durante a obra, por isso
é de fundamental importância a avaliação desses danos para que se possa escolher o
melhor método de rebaixamento a ser utilizado. Se as interferências forem razoáveis,
drenos e poços rasos poderão ser utilizados para retirar o excesso de água do local.
Porém, se os danos forem grandes ou estiverem dificultando a obra, um sistema
adequado de rebaixamento, temporário ou definitivo, poderá ser adotado.
83
UNIDADE IV │ ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO
Areia fina a média siltosa. Baixo custo. Para rebaixamentos maiores, são
Ponteiras filtrantes necessários vários níveis.
Escavações rasas a pouco profundas. Flexível.
Necessidade de supervisão da
Rebaixamento localizado. operação.
Instalação junto da escavação.
Baixa vazão.
Instalação simples. Profundidade limitada.
Areia média até cascalho. Baixo custo de instalação e
Poços de Necessidade de supervisão da
bombeamento com Rebaixamento de lençóis escalonados. operação. operação.
bombas injetoras Escavações pouco profundas. Baixa manutenção. Necessidade de geradores de reserva
Rebaixamento localizado. para falta de energia.
Instalação próxima à escavação.
Instalação a qualquer
profundidade.
Custo elevado.
Areia fina siltosa até cascalho. Sem limite para
rebaixamento. Necessidade de supervisão da
Poços de Rebaixamento de lençóis escalonados. operação.
bombeamento com Instalação afastada da
bombas submersas Rochas porosas e fraturadas. escavação. Necessidade de geradores de reserva
para falta de energia.
Escavações profundas e subterrâneas. Vazões elevadas.
Grande área de influência
Muito eficientes em lençóis
cortinados.
84
ESTABILIDADE DAS ESTRUTURAS E REBAIXAMENTO DO LENÇOL FREÁTICO │ UNIDADE IV
85
Referências
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Géotechnique, Vol 1, pp.7-17, 1955.
BROOKS, H.; NIELSON, P. J. Basics of retaining wall design: a design guide for
earth retaining structuress. 10. Ed. HBA Publications, Incorporated, 2013.
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REFERÊNCIAS
JULIUS, Semanda. Retaining Walls Notes. College Of Engineering, Design, Art And
Technology, Kampala, 2018.
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REFERÊNCIAS
MORGENSTERN, N.R.; PRICE, V.E. The analysis of the stability of general slip surfaces.
Géotechnique, vol. 15, n. 1, pp.79-93, 1965.
TAYLOR, D. W. Fundamentals of Soil Mechanics. 1th. ed. New York, USA: John
Wiley & Sons, pp 700, 1948.
TAYLOR, D. W. Stability of earth slopes. Journal of the Boston Society of Civil Engineers,
pp. 197–246, 1937.
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REFERÊNCIAS
VARNES, D. J. Slope Movement Types and Processes. In: landslides: Analysis and
Control. National Academy of Science, Washington D. C., pp. 11-33, 1978.
89