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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM......................................... 11
CAPÍTULO 1
ESTRUTURA CRISTALINA............................................................................................................ 11
CAPÍTULO 2
DIAGRAMA BINÁRIO DE FASE.................................................................................................. 16
CAPÍTULO 3
ASPECTOS CINÉTICOS E METALURGIA FÍSICA DOS AÇOS.......................................................... 25
CAPÍTULO 4
MACROESTRUTURA DA SOLDA – IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS PARTES DE UMA UNIÃO
SOLDADA............................................................................................................................... 36
CAPÍTULO 5
FONTES DE CALOR EM SOLDAGEM (EFICIÊNCIA DO ARCO ELÉTRICO)..................................... 37
CAPÍTULO 6
CICLO TÉRMICO DE SOLDAGEM............................................................................................. 41
UNIDADE II
INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO................................................................................ 43
CAPÍTULO 1
INTERAÇÕES METAL-GÁS......................................................................................................... 44
CAPÍTULO 2
INTERAÇÕES METAL-ESCÓRIA.................................................................................................. 50
CAPÍTULO 3
SOLIDIFICAÇÃO DA POÇA DE FUSÃO...................................................................................... 53
CAPÍTULO 4
REGIÕES E MICROESTRUTURA DA ZONA FUNDIDA (ZF).............................................................. 58
UNIDADE III
INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO.......................................... 60
CAPÍTULO 1
FORMAÇÃO DA ZTA................................................................................................................ 60
CAPÍTULO 2
TENSÕES RESIDUAIS E DISTORÇÕES.......................................................................................... 67
UNIDADE IV
FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM................................................................................................... 75
CAPÍTULO 1
FRATURA E TENACIDADE.......................................................................................................... 75
CAPÍTULO 2
FISSURAÇÃO EM JUNTAS SOLDADAS........................................................................................ 80
UNIDADE V
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS............................................................................................. 87
CAPÍTULO 1
SOLDABILIDADE DOS AÇOS INOXIDÁVEIS................................................................................ 88
CAPÍTULO 2
SOLDABILIDADE DE OUTRAS LIGAS FERROSAS........................................................................ 104
CAPÍTULO 3
SOLDABILIDADE DE AÇOS TRANSFORMÁVEIS......................................................................... 108
CAPÍTULO 4
ESTUDO DE CASOS DE METALURGIA DE SOLDAGEM.............................................................. 120
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 125
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Quando falamos de metalurgia da soldagem, estamos nos referindo a um assunto
muito amplo, devido à variedade de materiais utilizados em soldagem e também do
grande número de processos utilizados.
Objetivos
»» Unidade 1: esta unidade busca o entendimento do básico a ser
entendido para o estudo da metalurgia da soldagem. Para um bom
entendimento, é necessário passar pelo estudo das estruturas cristalinas
dos metais, como se formam essas estruturas, a previsão de quais
estruturas são formadas que são informadas pelos diagramas de fases
dos metais e como entender estes diagramas. É também básico o
entendimento das regiões formadas em uma solda, como é a fonte
de calor utilizada para o processo de soldagem e a influência dos
parâmetros da soldagem na formação da solda e sua microestrutura.
Também mostraremos os aspectos cinéticos e de metalurgia dos aços
para o entendimento de como a estrutura da solda é formada.
8
facilidades, problemas e métodos para melhorar o comportamento
dos materiais durante a soldagem.
9
10
FUNDAMENTOS DE
METALURGIA FÍSICA E UNIDADE I
FLUXO DE CALOR EM
SOLDAGEM
CAPÍTULO 1
Estrutura cristalina
Essa deve ser a primeira questão a ser pensada quando se fala em estrutura
cristalina. A resposta é que diversas propriedades mecânicas, físicas e químicas
dos sólidos cristalinos, como os metais, estão diretamente relacionadas com
as suas estruturas cristalinas. Como exemplo, sabemos que o magnésio puro
(lembram das rodas dos carros) é muito mais frágil (fratura com uma menor
deformação plástica) que o aço.
Para uma melhor compreenção deste assunto, deve-se primeiro aprender alguns
conceitos básicos como:
11
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
Figura 1. Estrutura cristalina cúbica de faces centradas, (a) uma representação da célula unitária por meio de
esferas rígidas, (b) uma célula unitária por esferas reduzidas e (c) um conjunto de muitos átomos.
A ligação atômica nos metais é a ligação metálica que tem uma natureza não
direcional e por consequência possui mínimas restrições em relação à quantidade
e ao posicionamento dos átomos mais próximos.
12
FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
13
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
14
FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
15
CAPÍTULO 2
Diagrama binário de fase
Introdução e conceitos
Para um bom entendimento deste assunto, deve-se conhecer alguns conceitos
básicos, que são:
16
FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
Sistemas com apenas uma fase são denominados como homogêneos, e sistemas
com mais de uma fase, o caso da maioria das ligas metálicas, são chamados de
heterogêneos. Consideram-se fases diferentes as diferenças em pelo menos uma
das características, física ou química, não necessariamente as duas características
têm de ser diferentes, como exemplo, uma solução com água e gelo, temos as
mesmas propriedades químicas mas com propriedades físicas diferentes, então
temos duas fases.
17
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
1000
100
Líquido
10 Sólido (água)
Pressão (atm)
(Gelo)
1,0
0,1
Gás (Vapor
0,01 d’água)
0,001
-20 0 20 40 60 80 100 120
Temperatura (°C)
Diagramas binários
Um outro tipo de diagrama de fases muito comum é aquele no qual a
temperatura e a composição dos elementos são parâmetros variáveis, para
uma dada pressão constante, nesse estudo vamos nos concentrar em ligas
binárias, pois para ligas com mais de dois componentes, os diagramas de fase
se tornam extremamente complicados e com uma representação difícil.
18
FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
2800
1500
1453°
Líquido
2600
Temperatura (°C)
1400
Temperatura (°F)
Linha liquidus Linha Solidus
1300 2400
B
α+L
1200 2200
α
1100 A
2000
1085°
1000
0 20 40 60 80 100
(Cu) Composição (%p Ni) (Ni)
19
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
»» Semelhança na eletronegatividade.
20
FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
A 2000
Líquidus
1000 Líquido 1800
Solidus
F
Temperatura (°C)
Temperatura (°F)
α+L 1600
α
B 779°C (Te) E β+L
800
G
71,9 1400
8,0 91,2 β
(CαE) (CE) (CβE)
1200
600
1000
Solvus
α+β
800
400
C
600
H
400
200
0 20 40 60 80 100
(Cu) Composição (%p Ag) (Ag)
Líquido ( CE ) ⇔ α ( Cα E ) + β ( Cβ E ) ( eq.3)
21
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
0 20 40 60 80 100
327°C
600
300
Líquido
500
327°C
α+L
Temperatura (°C)
Temperatura (°F)
200 α β+L 400
183°C
β
61,9
18,3 97,8
300
100
α+β 200
100
0
0 20 40 60 80 100
22
FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
Nos demais casos, a composição permite a formação das duas fases, a diferença
está na temperatura de solidificação e em qual fase é formada nesta temperatura.
Figura 8. Microestruturas formadas para diferentes composições da liga chumbo-estanho conforme seu diagrama
de fases.
(C1%p Sn)
L L
(C2%p Sn)
Líquidus
α+L
α+L
Temperatura (°C)
Temperatura (°C)
α
Linha
Solvus
α+β
α+β
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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
(61,9 wt%
Sn)
Temperatura (°C)
Temperatura (°F)
α+L
α 183°C β+L
18,3 97,8
α+β
α (18,3 β (97,8
%p Sn) %p Sn)
(C4%p Sn)
α+L
Temperatura (°C)
Temperatura (°F)
α
(18,3
%p Sn) β+L
α primária
α+β (18,3%p Sn)
β (97,8%p Sn)
α eutética
(18,3%p Sn)
O terceiro caso foi deixado para ser analisado por último por um detalhe muito
importante, ele mostra a formação da microestrutura no ponto da reação eutética, ou
seja, todo o líquido se solidifica em duas fases diferentes, α e β.
24
CAPÍTULO 3
Aspectos cinéticos e metalurgia física
dos aços
Aspectos cinéticos
Sabemos que o estado de equilíbrio é buscado em todos os processos naturais,
mas também se sabe que isso frequentemente não é possível de se atingir em
materiais utilizados na engenharia.
Figura 9. Variação da energia livre em função da temperatura das fases líquida e sólida em um metal.
Energia Livre G
GL
GS ΔG
Te – Δ T Te
Temperatura T
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
25
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
Uma vez formados, os núcleos tendem a crescer à custa da fase instável. Desta
forma, a velocidade global de uma transformação dependerá das velocidades
de nucleação (da formação dos núcleos) e de crescimento. Resumidamente, na
relação entre velocidade e temperatura pode-se afirmar:
26
FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
À medida em que o metal é resfriado, sabe-se que a solubilidade dos gases diminui
acentuadamente até a temperatura de transição líquido para sólido. Durante a
solidificação, os gases são liberados em quantidades que dependem das quantidades
presentes originalmente no líquido. O principal componente gasoso é o oxigênio.
Quando se adicionam elementos desoxidantes, diminui a quantidade de oxigênio
dissolvido e o grau de desoxidação determina quatro tipos de aços: acalmado,
semi-acalmado, capeado e efervescente. Hoje, praticamente todo aço produzido
é solidificado por lingotamento contínuo e para isso sempre é utilizado o aço
acalmado. Os demais tipos são raramente encontrados.
27
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
Carbono (%atômica)
A Líquido
B
H
δ
N
Líquido + γ
Temperatura (°C)
D
γ
E 1147° C
G
γ + Fe3C
α γ+α
P S 727° K
α + Fe3C
Carbono (%peso)
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
As fases presentes neste diagrama são: líquido, austenita (γ) que é a solução
sólida do ferro γ (CFC), ferrita (α e δ) que é a solução sólida do ferro α e δ (CCC)
e cementita Fe 3C que é um carboneto de ferro com estrutura ortorrômbica.
29
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
Figura 11. Representação esquemática da microestrutura para um aço hipoeutetoide com teor de carbono Co e
Ferrita Perlita
y y
y
y
y
γ + Fe3C
y y y
M
c y y α
Temperatura (°C)
y
y
d
yy
Te e N
f
α Perlita
Fe3C
α Proeutetoide
α Eutetoide
α + Fe3C
y’
Composição (%p C)
Fonte: Ciência e Engenharia de Materiais – uma Introdução – Callister, Willian D. / MMAT-5 Comportamento dos aços estruturais
na soldagem por fusão – Starling, C., UFMG, 2016.
30
FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
Figura 12. Representação esquemática da microestrutura para um aço eutetoide com teor de carbono Co e
γ
γ + Fe3C
X
Temperatura (°C)
α+γ 727°C
β
α
Fe3C
α + Fe3C
X’
20 µm Composição (%p C)
31
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
Figura 13. Representação esquemática da microestrutura para um aço hipereutetóide com teor de carbono Co
Fe3C
Temperatura (°C)
α+γ
α
Perlita
Fe3C
Proeutetoide Fe3C Eutetoide
α + Fe3C
Composição (%p C)
Fonte: Ciência e Engenharia de Materiais – uma Introdução – Callister, Willian D. / MMAT-5 Comportamento dos aços estruturais
na soldagem por fusão – Starling, C., UFMG, 2016.
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FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
Aspectos cinéticos
33
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
Figura 14. Microestrutura de um aço hipoeutetoide em função da velocidade de resfriamento a partir do campo
austenítico.
Microestrutura
»» Melhorar a usinabilidade.
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FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
35
CAPÍTULO 4
Macroestrutura da solda – identificação
das principais partes de uma união
soldada
Figura 15. Macroestrutura esquemática da seção transversal de uma junta soldada e sua relação com as
temperaturas de pico.
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B, 2014.
36
CAPÍTULO 5
Fontes de calor em soldagem
(eficiência do arco elétrico)
O arco elétrico é a fonte mais usada para a soldagem por fusão, devido a:
»» Fácil obtenção.
»» Baixo custo.
»» Tamanho reduzido.
»» Fácil controle.
»» Alta temperatura.
»» Alta potência.
Tem como principais parâmetros (não podem ser ajustados de forma independente):
»» Corrente elétrica.
»» Uma difusão muito alta leva a uma dificuldade de fusão (somente aquece
a chapa).
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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
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FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM │ UNIDADE I
»» Comprimento do arco.
»» Intensidade da corrente.
»» Polaridade.
O arco opera entre um eletrodo plano ou quase plano (peça) e outro cilíndrico
(arame ou vareta) com área bem menor, tendo um formato cônico ou de sino
com o diâmetro junto da peça maior que o diâmetro próximo ao eletrodo.
39
UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
40
CAPÍTULO 6
Ciclo térmico de soldagem
Tp
Tc Φ
T’c
tc Δt Tempo
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B. 2014.
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UNIDADE I │ FUNDAMENTOS DE METALURGIA FÍSICA E FLUXO DE CALOR EM SOLDAGEM
42
INFLUÊNCIAS
METALÚRGICAS NO UNIDADE II
METAL FUNDIDO
Sabemos que devido ao fluxo de calor na soldagem por fusão leva a solda e regiões
adjacentes a grandes variações de temperatura com temperaturas de pico indo
desde a temperatura ambiente até temperaturas próximas ao ponto de ebulição do
material.
»» Temperaturas elevadas.
Figura 17. Representação esquemática das regiões do arco em uma soldagem por fusão com eletrodo
consumível.
Poça de fusão
Eletrodo
Fluxo
Escória Região I
Solda
Metal
Base Região III Região II
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
43
»» Região I: gotas de metal em transferência localizadas na ponta
do eletrodo e no arco. É a região com a maior temperatura e onde
as interações com o ambiente são mais intensas como exemplo a
dissolução, no metal líquido, de gases e elementos presentes no arco.
»» Região III: parte posterior da poça de fusão, após o arco. Temos aqui
temperaturas menores e decrescentes até a solidificação do metal,
tem-se também reações de evolução de gases dissolvidos, precipitação
de compostos e a solidificação da solda propriamente dita.
CAPÍTULO 1
Interações metal-gás
44
INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO │ UNIDADE II
Figura 18. Faixas típicas de teores de oxigênio e nitrogênio absorvidos pelo metal de solda em alguns processos
de soldagem a arco.
Soldas SAW
Soldas SMAW
(eletrodo revestido)
Oxigênio (%)
Soldas FCAW
(auto-protegido)
CO2
Ar Soldas GMAW
Soldas GTAW
Nitrogênio (%)
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
G2 → 2G ( eq.8)
45
UNIDADE II │ INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO
Pela Lei de Sievert, a solubilidade (Sn) do gás para a reação acima é dada por:
S n = k . PG 2 ( eq.9 )
Onde:
Sn = solubilidade de um gás no metal líquido, expressa por ml de gás por 100g de metal
ou em ppm (partes por milhão).
46
INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO │ UNIDADE II
No caso da formação de gases, este gás forma bolhas que podem resultar em
porosidade caso não escape do metal líquido antes da solidificação. Esta reação
pode ocorrer quando o teor de elementos desoxidantes presentes na poça de
fusão for insuficiente para preveni-la. Os elementos desoxidantes mais comuns
utilizados na soldagem incluem, por exemplo, o manganês e o silício na soldagem
de aços e ligas de cobre, o fósforo para o cobre e o alumínio e o titânio para ligas
de cobre e níquel.
Algumas vezes, podemos ter um gás dissolvido na poça de fusão que pode
não interagir com outros elementos e permanecer dissolvido na solda após a
solidificação. Desta maneira, não temos a formação de inclusões ou porosidades
nem dificuldade na formação da poça de fusão, mas posteriormente pode formar
precipitados que podem fragilizar a solda.
47
UNIDADE II │ INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO
Figura 19. Evolução esquemática da solubilidade de um gás com a temperatura e mecanismo de formação de
gases
Sn
Absorção
Evolução
Solidificação e
aprisionamento
Temp. de solidificação
Temperatura
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
48
INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO │ UNIDADE II
49
CAPÍTULO 2
Interações metal-escória
Alguns dos processos de soldagem a arco fazem uso de escória, sendo os mais
importantes:
50
INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO │ UNIDADE II
»» Estabilizar o arco.
51
UNIDADE II │ INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO
Figura 20. Medida da diluição na seção transversal de (a) um cordão depositado sobre a chapa e (b) uma solda
de topo.
A
A
B
B B
(a) (b)
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
A variação da diluição vai desde 0% para a brasagem até 100% para uma solda
autógena, e o seu valor vai depender das condições de operação, da espessura da
peça e do tipo de junta além, é claro, do processo de soldagem utilizado.
Onde:
%X → concentração de um elemento (C ou Mn, por exemplo).
%XA → concentração do elemento no metal de adição.
%XB → concentração do elemento no metal de base.
52
CAPÍTULO 3
Solidificação da poça de fusão
Zona Coquilhada
Zona Colunar
Zona Central
Parede do molde
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
53
UNIDADE II │ INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO
54
INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO │ UNIDADE II
Figura 22. Crescimento epitaxial dos grãos de uma solda autógena de um aço inoxidável ferrítico. A linha
ZTA
ZF
100µm
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014 / Aperam.
Quando se tem uma grande diferença entre a composição química do metal de base e
da solda e, principalmente, diferenças na estrutura cristalina, o crescimento epitaxial
pode ser inibido e a solidificação se iniciará pela nucleação de novos grãos. Essa é
uma situação comum em solda de metais dissimilares e também na aplicação de
revestimentos soldados.
Crescimento competitivo
Como em peças fundidas, a solidificação de uma poça de fusão se caracteriza
por um crescimento competitivo entre os grãos formando uma zona colunar. A
solidificação da poça de fusão não gera condições favoráveis a uma transição
para a formação de uma região equiaxial.
55
UNIDADE II │ INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO
Zona
Fundida
Metal
Base
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
Figura 24. Interface de solidificação: (a) interface plana, (b) celular, (c) celular-dendritica, (d) colunar-dendritica e
(e) equiaxial.
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
56
INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO │ UNIDADE II
57
CAPÍTULO 4
Regiões e microestrutura da zona
fundida (ZF)
Figura 25. Esquema das regiões da zona findida: (A) região misturada, (B) região não misturada e (C) região
parcialmente fundida. As larguras de (B) e (C) estão exageradas para melhor compreenção.
A
B
C
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B. 2014.
58
INFLUÊNCIAS METALÚRGICAS NO METAL FUNDIDO │ UNIDADE II
59
INFLUÊNCIA
METALÚRGICA NO METAL UNIDADE III
DE BASE E NO METAL
SOLIDIFICADO
CAPÍTULO 1
Formação da ZTA
»» Ligas transformáveis.
Figura 26. Representação esquemática da região da solda de uma liga endurecível por solução sólida. A ZTA é
MB ZTA ZF
Tp
ZTA: Região de
Tf
crescimento de grão
Tc
C B A B C Y
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B. / MMAT-5
Comportamento dos aços estruturais na soldagem por fusão – Starling, C., UFMG, 2016.
61
UNIDADE III │ INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO
Figura 27. Representação esquemática da região da solda em ligas encruadas. (a) Região de recristalização e
MB ZTA ZF
Tp
Tf
C B A B C Y
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B. / MMAT-5
Comportamento dos aços estruturais na soldagem por fusão – Starling, C., UFMG, 2016.
62
INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO │ UNIDADE III
Figura 28. Detalhe do diagrama de fases de uma liga endurecível por precipitação.
Temperatura (°C) T1
Líquido
α α+L
T1
T0
T3
α+β
T2
T0
Concentração de B (%)
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B. / MMAT-5
Comportamento dos aços estruturais na soldagem por fusão – Starling, C., UFMG, 2016.
63
UNIDADE III │ INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO
Figura 29. Diagrama esquemático da região de solda de uma liga endurecível por precipitação, A – Zona
fundida, B – Região solubilizada, C – Região super envelhecida e D – metal base não afetado.
Líquido
α
T1
T4
T3 α+β
T2
A B C D
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
Ligas transformáveis
As ligas deste grupo são aços carbono e aços de baixa e média liga com grande
utilização em estruturas soldadas. A ZTA formada é a mais complexa, pois pode
apresentar várias regiões com diferentes constituintes. A figura 30 mostra o
esquema com as principais regiões descritas abaixo:
64
INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO │ UNIDADE III
A3
α+γ
A1
Distância
α + Fe3C
ZF A B C MB
%C Teor de C (%)
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
65
UNIDADE III │ INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO
Fragilização da ZTA
Uma ZTA tem uma mudança de sua microestrutura original devido à alteração
mais ou menos pronunciada, sendo essa alteração relativamente descontrolada,
o que pode prejudicar as propriedades do material nesta região.
66
CAPÍTULO 2
Tensões residuais e distorções
Origem
Como este texto tem como foco o processo de soldagem, aqui serão consideradas
as tensões residuais causadas por deformações plásticas não uniformes por
efeitos térmicos.
67
UNIDADE III │ INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO
»» Seção A-A: seção distante da poça de fusão, portanto ainda não foi
aquecida pela fonte de calor, com isso ainda não existem variações de
temperatura e o material se encontra isento de tensões.
68
INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO │ UNIDADE III
SEÇÃO Tração
ΔT = 0
A A’ AA’ Y
Poça de Compressão
fusão
B B’ BB’
C C
CC’
Tensão
Solda ΔT = 0 Residual
D D DD’
Temperatura Tensão
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
Distribuição
Existem dois tipos de tensões residuais presentes em uma estrutura soldada
durante a sua fabricação e seu uso:
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UNIDADE III │ INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO
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INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO
Após a soldagem, pode-se realizar o alívio das tensões residuais por métodos térmicos,
tratamentos térmicos, ou mecânicos, martelamento, encruamento e vibração.
Distorções de soldas
Pode-se definir distorções como alterações na dimensão e/ou forma sofrido por um
componente soldado. É resultado da deformação plástica resultante das tensões
térmicas geradas durante o processo de soldagem.
Existem três tipos de distorção que podem ocorrer em uma junta simples, a
transversal (perpendicular a solda), a longitudinal (paralela à solda) e a angular
(rotação em torno da linha da solda). O conjunto dessas distorções básicas causa
em juntas de solda reais distorções bem mais complexas como, por exemplo, o
dobramento e a torção de vigas.
Quando se solda um componente livre, isto é, que não esteja preso a nenhum outro
componente, este pode sofrer distorções rotacionais, o que dificulta as condições
de soldagem e modifica o padrão final da junta.
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INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO │ UNIDADE III
a. No projeto:
b. Durante a fabricação:
73
UNIDADE III │ INFLUÊNCIA METALÚRGICA NO METAL DE BASE E NO METAL SOLIDIFICADO
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FRATURAS E TRINCAS EM UNIDADE IV
SOLDAGEM
CAPÍTULO 1
Fratura e tenacidade
Fratura frágil
75
UNIDADE IV │ FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM
76
FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM │ UNIDADE IV
Figura 32. Exemplo do resultado de um conjunto de ensaios charpy em função da temperatura. (a) energia
absorvida na fratura, (b) deformação (contração) lateral do corpo de prova e (c) aparência da superfície de
fratura.
(J)
120 a. Energia Absorvida
80
40
T27
(%) b. Contração Lateral
12
4
T2
(%)
100 c. Aparência da Fratura
50
T50
-40 0 40 80 120
77
UNIDADE IV │ FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM
As curvas S-N são a representação mais tradicional para os resultados dos testes
de fadiga. Nestas curvas, a tensão de ensaio é representada em função do número
de ciclos necessários para produzir uma ruptura. Em alguns casos, para alguns
materiais, é possível estabelecer um limite de resistência à fadiga, abaixo do
qual o material não é susceptível à fadiga. A figura 33 mostra um exemplo de
uma curva S-N.
Figura 33. Cusvas S-N para um material ferroso (A) e um não ferroso (B).
Amplitude de tensão (ΔS)
Estudos mostram que hoje a ruptura por fadiga é a responsável por cerca de 90%
das falhas em serviço de componentes submetidos a carregamentos cíclicos ou
algum tipo de movimento. Assim, a avaliação para fadiga é considerada muito
importante no projeto de diversos tipos de construções soldadas.
78
FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM │ UNIDADE IV
79
CAPÍTULO 2
Fissuração em juntas soldadas
Aspectos gerais
Entre os defeitos e descontinuidades em uma junta soldada, as fissuras, ou trincas,
são consideradas as mais graves. Elas se formam quando um material fragilizado, e
assim incapaz de se deformar plasticamente, é submetido a tensões de tração que se
desenvolvem no material.
Figura 34. Classificação do tipo de fissuração de acordo com a localização da trinca: (1) fissuração na cratera,
(2) fissuração transversal na ZF, (3) fissuração transversal na ZTA, (4) fissuração longitudinal na ZF, (5) fissuração na
margem da solda, (6) fissuração sob o cordão, (7) fissuração na linha de fusão e (8) fissuração na raiz de solda.
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
80
FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM │ UNIDADE IV
›› Fissuração na solidificação.
›› Decoesão lamelar.
›› Fissuração ao reaquecimento.
›› Decoesão lamelar.
›› Fadiga.
Os dois últimos tipos citados, fissuração por corrosão sob tensão e fadiga, estão mais
relacionados com as condições de trabalho que com a soldagem, mas a soldagem pode
exercer um efeito importante.
Fissuração de solidificação
Pode-se associar esse tipo de fissuração à presença de segregações que formam
filmes líquidos intergranulares ao final da solidificação e apresenta as seguintes
características:
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UNIDADE IV │ FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM
Fissuração de liquação
A fissuração é formada na ZTA, em regiões onde o aquecimento chega a
temperaturas próximas do sólidus do metal de base e são associadas com
a formação de material líquido em bolsões nesta região, ocorrendo sempre
próximas à linha de fusão.
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FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM │ UNIDADE IV
»» Inclusões de sulfetos.
»» Carbonetos e carbonitretos.
»» Boretos.
»» Fases intermetálicas.
Decoesão lamelar
Sabe-se que um processo de laminação de uma chapa ou placa resulta em inclusões
alongadas. Estas inclusões são a variável mais influente na formação da decoesão
lamelar isso porque a ductilidade na direção da espessura da chapa ou placa fica
muito prejudicada.
83
UNIDADE IV │ FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM
Figura 35. Exemplos de técnicas baseadas no projeto da junta utilizadas para minimizar a ocorrência de
decoesão lamelar.
(a) (b)
(c) (d)
Peça Forjada
(e)
Fonte: Introdução à Metalurgia da Soldagem – Modenesi, Paulo J; Marques, Paulo V.; Santos, Dagoberto B., 2014.
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FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM │ UNIDADE IV
1. presença de hidrogênio;
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UNIDADE IV │ FRATURAS E TRINCAS EM SOLDAGEM
Tem uma propagação rápida, comparando com a fadiga por exemplo, e se forma
após uma incubação mais ou menos longa. É característica a formação de diversas
ramificações.
86
SOLDABILIDADE
DOS AÇOS E SUAS UNIDADE V
LIGAS
Sabemos que a maioria das ligas metálicas são soldáveis, logicamente algumas
são mais difíceis de serem soldadas que outras por um processo de solda
específico e que o desempenho da junta depende quase que totalmente da sua
aplicação.
87
»» Problemas na ZF ou na ZTA, ocorrem durante ou imediatamente após
a operação de soldagem.
CAPÍTULO 1
Soldabilidade dos aços inoxidáveis
»» Facilidade de conformação.
Os aços inoxidáveis são um grupo de aços de alta liga baseados nos sistemas Fe-Cr, Fe-
Cr-C e Fe-Cr-Ni, mas podem conter outros elementos de liga. A resistência à corrosão
está associada ao fenômeno de passivação, isto é, à formação de uma camada de óxidos
mistos. O cromo é o principal responsável por essa característica.
88
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
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UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
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SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
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UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
Como não podem ser completamente austenitizados, estes aços não são
endurecíveis por têmpera e sua granulação só pode ser refinada por uma
combinação de trabalho mecânico seguido de recozimento para a recristalização
da estrutura encruada.
Quando o teor de Cr for mais alto, o tempo de exposição para a formação dessas fases
diminui.
92
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
93
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
Figura 36. Formação da microestrutura de solda de um aço inoxidável ferrítico que atravessa o campo bifásico.
MB – metal de base, A – região bifásica (ZTA), B – região de crescimento de grão (ZTA) e ZF – zona fundida.
Temperatura (°C)
Temperatura de pico
Líquido
α+γ
γ
Distância
ZF B A MB
17 Cr (%)
Aços não transformáveis: ligas com maior teor de cromo, e com isso não
existe a formação de austenita em nenhuma temperatura. Nestas condições, a
ZF apresentará uma estrutura grosseira e colunar, com precipitados finos int ra
94
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
95
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
Têm excelente resistência à corrosão em meios oxidantes, mas são sensíveis à formação
de pites e à corrosão sob tensão na presença de cloretos. À altas temperaturas apresentam
bom comportamento mecânico e elevada resistência à oxidação. Em aplicações
criogênicas (baixas temperaturas), apresentam um bom comportamento mecânico.
96
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
Figura 37. Exemplos de morfologias da ferrita δ na zona fundida de aços inoxidáveis austeníticos.
97
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
São aços com elevada resistência à corrosão, elevada resistência mecânica, boa
tenacidade, principalmente em ambientes contendo cloretos (onde os austeníticos
têm um desempenho pior) e uma boa soldabilidade. O quadro abaixo compara as
propriedades mecânicas entre alguns aços inoxidáveis.
Quadro 3. Valores típicos de propriedades mecânicas de alguns aços inoxidáveis à temperatura ambiente.
Lim. de Resistência
Aço Tipo Lim. de Escoamento (Mpa) Alongamento (%)
(Mpa)
304 Austenítico 290 580 55
316 Austenítico 290 580 50
409 Ferrítico 240 450 25
410 Ferritico 350 520 25
S31803 Duplex 480 680 25
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SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
São aços com elevado teor de liga com tendência à precipitação de diferentes fases,
que podem fragilizar o material e comprometer sua resistência à corrosão, tais
como:
»» Fase chi (χ) – forma nos contornos α/γ, entre 750 e 950°C. Necessita
de Mo. É uma fase dura e frágil.
99
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
» » Duplex menos ligados – LEAN: 2304 com 0,05 a 0,6 Mo; menor
custo, baixa tendência à formação de intermetálicos, resistência
mecânica ↑.
100
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
Na ZTA, existem duas regiões distintas, nas regiões para a temperatura de pico
muito elevada (acima de T2, cerca de 1300°C), a austenita se torna instável e o
material tende a tornar-se completamente ferrítico. Nesta condição, tem-se a
ocorrência de um intenso crescimento de grãos. No resfriamento, a austenita
volta a ser formada, nucleando nos contornos de grãos e crescendo com uma
estrutura de Widmanstatten.
101
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
Em resumo, a região de ZTA mais próxima da solda (região B, figura 38) vai
apresentar um aumento do tamanho de grão, uma redução da quantidade de
austenita juntamente com a alteração da sua morfologia e precipitação de
carbonetos e nitretos.
Para regiões submetidas à temperatura de pico inferior a T2, mas ainda assim
elevada para a ocorrência de crescimento de grão (região C, figura 38), tem-se
um crescimento de grão (menos intenso que na região B) e uma pequena redução
na quantidade de austenita, mas sem mudança na sua morfologia.
Figura 39. Microestrutura da região da solda (processo GTAW) de um aço duplex. regiões
escuras correspondem à ferrita.
»» Precipitação de intermetálicos.
102
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
103
CAPÍTULO 2
Soldabilidade de outras ligas ferrosas
104
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
» » Aços de baixa liga ao cromo: aços com teor de carbono entre 0,3
e 1,0%, silício entre 0,2 e 0,3% e cromo entre 0,2 e 1,6%. Quando
com teor de carbono próximo ao limite inferior não necessitam
de cuidados especiais para a soldagem. Para teores maiores de
carbono pode ser necessário um pré-aquecimento, principalmente
para juntas de maiores espessuras.
% Mn % Mo %Cr % Ni %Cu % P
CE =%C + + + + + + ( eq.11)
6 4 5 15 15 3
105
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
Quando se utiliza um aporte térmico maior que o adequado, a junta soldada tende
a apresentar menor resistência mecânica do que o metal de base.
Aços cromo-molibdênio
Os aços cromo-molibdênio são ligas desenvolvidas para serem aplicadas
em serviços à alta temperatura, onde eles mantêm uma resistência mecânica
adequada não sofrendo problemas de fluência nem de fragilização. Utilizados
normalmente na condição normalizada ou temperada e revenida.
Os processos de soldagem mais utilizados com esses aços são SMAW, GTAW e
GMAW sendo importante a escolha correta do metal de adição, considerando
uma composição química semelhante ao metal de base e também os eletrodos
devem ser sempre de baixo hidrogênio.
107
CAPÍTULO 3
Soldabilidade de aços transformáveis
Introdução
Definimos aços como ligas de ferro e carbono com um teor máximo de 2,0% de
carbono, mas o usual é um teor bem menor, e também outros elementos que
são resultantes do seu processo de fabricação ou adicionados intencionalmente
para que se obtenha uma propriedade específica. Neste item vamos apresentar
conceitos gerais para os seguintes tipos de aço, utilizando uma classificação
simplificada:
Aços carbono são aços em que não temos a presença de elementos de liga além
dos resultantes do seu processo de fabricação, têm teores de manganês e silício,
geralmente, menores que 1,0 e 0,4% respectivamente. São muito utilizados em
fabricação geral e também em estruturas soldadas. Tomando como referência
o seu teor de carbono, pode-se dividi-los em: aços baixo carbono (%C<0,25%),
médio carbono (0,25%<%C<0,50%) ou alto carbono (%C>0,50%).
Aços microligados
Estes aços são conhecidos como aços de alta resistência e baixa liga (ARBL ou
HSLA em inglês). Eles apresentam, em comparação com os aços anteriores
com composição similar, uma maior resistência mecânica aliada com uma
elevada tenacidade. Essas características mecânicas são o resultado de uma
108
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
Aços liga
São aços com a adição intencional de elementos de liga diferentes do carbono
buscando a obtenção de características desejadas. São classificados de acordo
com o teor de elementos de liga presentes como:
Interações gás-metal
São considerados como os principais gases que podem interagir com o metal
líquido da poça de fusão: o oxigênio, nitrogênio, vapor d’água, monóxido e
dióxido de carbono. Gases inertes, muito utilizados na soldagem, como o argônio
e o hélio não interagem com a poça.
109
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
Figura 41. Efeito do teor de oxigênio nas propriedades da zona fundida de um aço baixo carbono (esquemático).
110
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
Figura 42. Efeito do teor de nitrogênio nas propriedades da ZF em um aço baixo carbono (esquemático).
Função Componentes
Estabilizadores de arco Rutilo (TiO2), sais de potássio.
Formadores de gás Celulose, carbonato de cálcio (CaCO3).
Agentes escorificantes Criotila (Na3AlF6), BaF2, LiF, LiCl.
Formadores de escória Bauxita, feldspato, fluorita (CaF2), Ilmenita (FeTiO3), sílica (SiO2), rutilo (TiO2), periclaso (MgO).
Facilitadores de extrusão Argila, mica, talco, glicerina.
Agentes ligantes Silicato de sódio ou de potássio, amido, goma arábica.
Desoxidantes/liga Ferro-alumínio, ferro-silício, ferro-manganês, ferro-titânio, cromo, manganês, níquel.
Fonte: Soldabilidade dos aços transformáveis – Modenesi, Paulo J, 2012.
111
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
Figura 43. Teor de oxigênio na ZF em função da basicidade do fluxo (EAGAR, 1978, DALLAN et al., 1985).
113
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
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SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
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UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
»» Região intercrítica.
»» Região subcrítica.
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SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
Quando se analisa a região intercrítica (ICZTA) vê-se que a temperatura fica entre
A 3 e A 1, que é a temperatura eutetoide, e essa região sofre uma transformação
parcial, ou seja, apenas uma parte da estrutura é transformada em austenita que
irá se decompor durante o resfriamento.
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UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
Assim, pode-se afirmar que, para uma composição química específica, o limite de
escoamento do metal de solda aumenta e a sua temperatura de transição ao impacto
tende a diminuir com a redução do tamanho de grão ferrítico, sendo que esse
tamanho depende do tamanho do grão original de austenita e de sua temperatura
de transformação, fatores que dependem do ciclo térmico de soldagem.
Desta forma, pode-se dizer que no processo de soldagem com uma energia de
soldagem elevada, a microestrutura gerada é mais grosseira. Já soldas realizadas
em processos de baixa energia de soldagem produzem uma zona fundida com uma
estrutura mais refinada.
A zona fundida de uma solda geralmente possui valores de seu limite de escoamento
e de resistência maiores em comparação com o metal de base similar, mesmo
tendo um teor de carbono e/ou de elementos menores. E essa resistência mecânica
superior pode ser mantida mesmo após tratamentos térmicos subcríticos.
118
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
Assim como acontece na ZF, quando se utilizam processos de baixa energia de soldagem
possibilitando alta velocidade de resfriamento, gera-se uma estrutura mais fina, tendo
dessa forma uma menor fragilidade em aços de baixa temperabilidade.
A tenacidade da ZTA, e do aço em geral, pode ser melhorada com a adição de níquel.
A diminuição da temperatura de transição é maior com o aumento do teor de níquel.
119
CAPÍTULO 4
Estudo de casos de metalurgia de
soldagem
Figura 44. Navio da classe Liberty S.S.Schenectady, em 1943, falhou antes de deixar o estaleiro.
120
SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
Após o estudo das falhas, foram introduzidas medidas para corrigir o problema:
121
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
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SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS │ UNIDADE V
Figura 45. Falha em um grande ventilador de exaustão: (a) localização da falha, (b) componente que falhou.
Navio MV Kurdistan, estudo de caso referente ao navio que sofreu uma quebra do
casco devido a problemas de solda.
123
UNIDADE V │ SOLDABILIDADE DOS AÇOS E SUAS LIGAS
e fratura, portanto iremos indicar alguns destes artigos, mas, devido à amplitude
da matéria, é necessária uma pesquisa maior por parte do aluno.
Categoria Autores
Chriestensen et al (1965)
Dupont e Marder (1995)
Wells (1952)
Fontes de calor em soldagem
Adams (1958)
Ramirez (2001)
Ramirez (1982)
Lalam (2000)
Mota (1985)
Nelson et al (1999)
Padhy e Komizo (2013)
Influências metalúrgicas no metal fundido Mitra et al, (1984)
Eagar (1978)
Leite (2009)
Savage et al, (1965)
Eagar (1978a)
Yurioka e Suzuki (1990)
Fraturas e trincas em soldagem Allen (1982)
Cottrell (1990)
Huang (2009)
Reis (2013)
Soldabilidade
Fleming e Bracarense (1996)
Loureiro (2010)
Fonte: Elaboração própria.
124
Referências
ADAMS JR, C. M. Cooling Rates and Peak Temperatures in Fusion Welding. Welding
Journal, pp. 210s-215s, 1958.
ALLEN, D. J.; CHEW, B.; HARRIS, P. The Formation of Chevron Cracks in Submerged
Arc Weld Metal, Welding Journal, v. 61, no 7, pp. 212s-221s, 1982.
125
REFERÊNCIAS
MITRA, U.; CHAI, C. S.; EAGAR, T. W. Slag Metal Reactions During Submerged Arc
Welding of Steel, Metallurgical Transactions A, v. 15, pp. 217–227, 1984.
NELSON, T. W.; LIPPOLD, J. C.; MILLS, M. J. Nature and Evolution of the Fusion
Boundary in Ferritic-Austenitic Dissimilar Weld Metals, part 1 – Nucleation and
Growth, Welding Reseach Supplement, pp. 329s-337s, 1999.
126
REFERÊNCIAS
YURIOKA, N.; SUZUKI, H. Hydrogen assisted cracking in C-Mn and low alloy
steel weldments. International Materials Reviews, v.35, no 4, 1990.
Bibliografia complementar
GARCIA, A. Solidificação – Fundamentos e Aplicações, editora da UNICAMP,
Campinas, 399p. 2001.
127
REFERÊNCIAS
<https://pdfs.semanticscholar.org/d23c/9e8eccd31b2dd06492a1920b2f5dfe79de0e.
pdf>.
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3133/tde-02012002-175418/en.php>.
<https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/ligacoes-metalicas-as-
propriedades-dos-metais.htm>. Acesso em novembro de 2018.
<https://www.researchgate.net/profile/Tracy_Nelson3/publication/255139284_
Nature_and_evolution_of_the_fusion_boundary_in_ferritic-austenitic_dissimilar_
weld_metals_Part_1_--Nucleation_and_growth/links/58862558aca272b7b44cb5a1/
Nature-and-evolution-of-the-fusion-boundary-in-ferritic-austenitic-dissimilar-weld-
metals-Part-1--Nucleation-and-growth.pdf>.
<https://s3.amazonaws.com/academia.edu.documents/35120756/Diffusible_
hydrogen_in_steel_weldments_-a_status_review.pdf?AWSAccessKeyId=AKI
AIWOWYYGZ2Y53UL3A&Expires=1545614637&Signature=LkNnUtNa8sPXD
9mw83Q%2BNEd7u%2FQ%3D&response-content-disposition=inline%3B%20-
filename%3DDiffusible_hydrogen_in_steel_weldments_-.pdf>.
<https://apps.dtic.mil/dtic/tr/fulltext/u2/a063857.pdf>.
128
REFERÊNCIAS
129