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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS......................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
A ESTRUTURA DOS SÓLIDOS CRISTALINOS E SUAS IMPERFEIÇÕES................................................ 9
CAPÍTULO 2
DIFUSÃO NOS SÓLIDOS, DISCORDÂNCIAS E MECANISMOS DE AUMENTO DE RESISTÊNCIA....... 19
CAPÍTULO 3
PRINCÍPIOS DE TERMODINÂMICA METALÚRGICA...................................................................... 28
UNIDADE II
DIAGRAMA DE FASES........................................................................................................................... 38
CAPÍTULO 1
CONCEITOS BÁSICOS E DEFINIÇÕES....................................................................................... 38
CAPÍTULO 2
DIAGRAMAS DE FASE BINÁRIOS............................................................................................... 42
CAPÍTULO 3
O SISTEMA FERRO-CARBONO................................................................................................. 54
UNIDADE III
TRANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS................ 61
CAPÍTULO 1
TRANSFORMAÇÕES DE FASES................................................................................................. 61
CAPÍTULO 2
PRINCÍPIOS METALÚRGICOS DE SOLIDIFICAÇÃO..................................................................... 73
CAPÍTULO 3
FABRICAÇÃO, PROCESSAMENTO E TRATAMENTOS TERMOMECÂNICOS.................................... 80
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 95
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Desde os primórdios da história, o ser humano tem utilizado materiais para satisfazer
suas necessidades de ferramentas, moradia, proteção, e um dos principais são os
metais, devido sua capacidade de ser conformado em diversos formatos e por suas
propriedades notáveis de resistência mecânica, além de sua própria beleza, sendo
usado como joias e símbolo de status e poder. Depois da Revolução Industrial se tornou
patente a importância dos metais na engenharia, principalmente o aço, onipresente na
sociedade atual, seja na indústria automobilística, aeronáutica, náutica, construções,
e tantos outros.
Objetivos
»» Compreender a relação entre a estrutura do material, seu
comportamento, e como essa estrutura pode ser modificada por meios
dos processos de fabricação.
7
»» Compreender de modo geral o processo de solidificação.
8
ESTRUTURA E UNIDADE I
FENÔMENOS FÍSICOS
CAPÍTULO 1
A estrutura dos sólidos cristalinos e suas
imperfeições
9
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
Núcleo
Os elétrons que circundam o núcleo não têm todos o mesmo nível de energia, ou
seja, apresentam características energéticas diferentes que são agrupadas segundo
níveis quânticos, sendo o primeiro nível quântico, com energia mínima, contém no
máximo 2 elétrons, o nível dois tem 8 elétrons etc., conforme quadro 1, nos quatro
subníveis s p d f. Além do mais, os elétrons não são todos iguais dentro de cada
nível e subnível, assim, de acordo com o Princípio de Exclusão de Pauli, apenas dois
elétrons podem ter os mesmos números quânticos orbitais, mesmo que esses dois
elétrons apresentem propriedades magnéticas diferentes, isto é, “spins” opostos. Esse
princípio governa a distribuição de elétrons nas camadas e, por sua vez, determina o
tipo de ligações que existirão entre os átomos.
10
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
Elemento K L Q
(número M (n=3) N (n=4) O (n=5) P (n=6)
(n=1) (n=2) (n=7)
atômico 3s(2)3p(6)3d(10) 4s(2)4p(6)4d(10)4f(14) 5s(2)5p(6)5d(10)5f(14) 6s(2)6p(6)6d(10)
Z) 1s(2) 2s(2)2p(2) 7s(2)
H (1) 1
He (2) 2
Li (3) 2 1
Be (4) 2 2
B (5) 2 21
C (6) 2 22
N (7) 2 23
O (8) 2 24
F (9) 2 25
Ne (10) 2 26
Na (11) 2 26 1
Mg (12) 2 26 2
Al (13) 2 26 21
Si (14) 2 26 22
P (15) 2 26 23
S (16) 2 26 24
Cl (17) 2 26 25
Ar (18) 2 26 26
...
Fonte: Van Vlack,1970.
11
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
Estrutura cristalina
12
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
tais como os metais comuns, incluindo o ferro, e algumas cerâmicas como MgO, TiC e
BaTiO3. O magnésio e o zinco apresentam estruturas hexagonais.
Figura 2. Representação da célula unitária de cristal de estrutura cúbica de face centrada (a) modelo de esferas
13
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
Para o estudo dos materiais, às vezes é necessário localizar pontos, direções e planos
dentro da célula unitária de cristal. A base para essa localização é a utilização das
arestas da célula unitária como eixos coordenados. A base para localizar o ponto é
utilizando coordenadas que são frações múltiplas do comprimento das arestas da
célula. Para direções, o vetor que indica essa direção é definido por suas projeções nas
arestas, ou seja, suas coordenadas. Por fim, os planos são indicados pelos pontos em
que interceptam as arestas. Para a célula hexagonal, um esquema de quatro índices
é mais conveniente para indicar direções e planos. Nos aprofundaremos mais nessas
localizações dentro da rede cristalina nos exercícios.
Figura 4. Como são determinados os (a) pontos, (b) direções e (c) planos.
14
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
Os cristais não apresentam uma ordem perfeita de distribuição dos átomos, sendo
aproximadamente conseguidos em crescimento de cristais com condições altamente
equilibradas. Assim, na grande maioria dos sólidos há imperfeições (ou defeitos). Esses
defeitos alteram, além da estrutura, as propriedades do material, e algumas vezes
esses defeitos são até desejáveis. Um defeito cristalino é uma irregularidade na rede
cristalina com dimensões da ordem de um ou dois átomos. Podemos ter um defeito
pontual que é restrito a um ou dois átomos, defeitos lineares, assim como defeitos
superficiais e volumétricos.
Defeitos pontuais
15
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
Outros dois defeitos pontuais, associados com a formação de uma solução sólida,
isto é, quando átomos diferentes dos do sólido cristalino se imbrincam na estrutura
cristalina, sem, no entanto, formar uma fase separada: são os defeito pontual
substitucional e intersticional. Estes dois defeitos são mostrados na estrutura do
sólido cristalino da Figura 6.
16
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
Defeitos lineares
O tipo mais comum de defeito em linha nos cristais são as discordâncias, como podem
ser vistas na figura 7. A discordância em cunha é uma aresta a mais que se insere na
estrutura cristalina. Zonas de compressão e tração surgem no entorno da discordância,
incrementando a energia ao longo da discordância, favorecendo o deslocamento
de planos atômicos. A medida do deslocamento atômico ao redor da discordância é
indicada pelo vetor de Burgers, que é perpendicular à linha de discordância em cunha.
Outro tipo é a discordância helicoidal, na qual o vetor de Burgers é paralelo à linha
de discordância, tendo tensões cisalhantes associadas com esse tipo de imperfeição,
gerando aumento de energia.
Defeitos superficiais
17
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
Defeitos volumétricos
Existem defeitos que são muito maiores do que os que foram discutidos aqui e que
são incluídos por meio do processamento e fabricação dos materiais, tais defeitos da
fronteira tridimensional incluem poros, trincas, inclusões, outras fases.
18
CAPÍTULO 2
Difusão nos sólidos, discordâncias e
mecanismos de aumento de resistência
Difusão atômica
Por que estudar a difusão? Porque muitos materiais são tratados termicamente para
atingirem certas propriedades físico-químicas e um amplo número de fenômenos
que ocorrem durante esse tratamento podem ser explicados, em última análise, pelo
mecanismo da difusão atômica. Uma aplicação, por exemplo, é no endurecimento da
superfície de engrenagens pela difusão de carbono ou nitrogênio, de modo a aumentar
a resistência à fratura e fadiga da peça.
19
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
E E
n n
e e
r r
g g
i i
a a
Percurso Percurso
de difusão de difusão
dC d 2C
= D 2
dt dx
onde percebemos que os estágios finais de homogeneização são mais lentos, ou ainda,
a velocidade diminui com a diminuição do gradiente de concentração.
Para fechar nossa discussão, vamos trazer dois fatores que afetam sumamente na
difussão: temperatura e espécies de átomos. Como podemos notar na Figura 10, o
coeficiente de difusão D varia conforme a espécie de átomo que difunde e a espécie de
átomo que forma a base. Por exemplo, podemos ver a diferença de D em um caso de
interdifusão (Cu no Cu) em relação a uma interdifusão (Zn no Cu). Ademais, podemos
perceber pelo gráfico como a temperatura influencia no coeficiente de difusão, ficando
claro que o aumento de temperatura facilita na taxa de difusão.
20
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
Figura 10. Gráfico do logaritmo do coeficiente de difusão log (D) pela temperatura recíproca (1/T) de vários
metais.
Na aurora dos estudos dos materiais, foram realizados cálculos teóricos para
determinar a resistência mecânica dos cristais perfeitos (da ordem de E/20, aonde E
é o módulo de elasticidade) e foi observado que a resistência experimental era muito
menor do que a teórica, por isso, nos anos 1930 foi teorizado que tal discrepância era
devido a defeitos lineares cristalinos que diminuíam a resistência, sendo que nos anos
1950 foi comprovado pela observação feita por microscopia eletrônica. Desde lá, a
teoria dos deslocamento tem explicado muitos fenômenos físicos nos materiais.
21
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
Figura 11. Rearranjo atômico que acompanha o movimento de uma discordância em cunha em resposta a
uma tensão cisalhante: (a) o plano extra é indicado por A; (b) o plano extra de A desloca para B; (c) finalmente, é
Plano de
Escorregamento
Degrau
resultando do
Discordância escorregame
nto
22
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
Figura 13. Esquema do mecanismo de deformação por maclagem sob tensão cisalhante τ. Em (b) os círculos
brancos são átomos que não mudaram de posição, círcolo branco tracejado é a posição inicial e círculo
Plano de Plano de
Macla Macla
Deste modo, um material com grãos mais finos é mais duro e resistente, porque
apresenta uma maior área de contornos de grãos que dificultam o movimento das
discordâncias. Para muitos materiais, o limite de elasticidade σe segue a equação de
Hall-Petch:
1
−
σe =σ0 + ke d 2
24
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
Como foi dito no tópico anterior, a deformação plástica sob temperaturas muito
abaixo de seu ponto de fundição em metais policristalinos alteram suas propriedades
mecânicas (resistência, dureza), física (condutividade) e química (corrosão) por causa
da alteração microestrutural e da energia que foi imposta na deformação parcialmente
armazenada em tensões da rede cristalina. As condições de pré-deformação podem
ser restauradas por meio de tratamentos térmicos que serão discutidos a seguir.
26
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
Figura 16. O efeito da temperatura de tratamento térmico (de 1 hora) microestrutural do material.
Resistência à Tração
Ductilidade (%Elongação)
Ductilidade
Novos
Grãos
27
CAPÍTULO 3
Princípios de termodinâmica
metalúrgica
w = ∫ PdV
Vi
∆U =U 2 − U1 = q − w
28
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
δq
dS
= + δS ger
T
Ou seja, é gerada uma entropia extra além daquela associada ao calor. Essa entropia Sger
está relacionada com processos irreversíveis tais como atrito. É possível mostrar, a
partir da combinação da Primeira com a Segunda Lei da Termodinâmica que:
dU = TdS + PdV
∂G ∂G ∂G ∂G
dG = dT + dP + dn1 +…+ dni
∂T ∂P ∂n1 ∂ni
29
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
Agora, vamos lidar um pouco com a termoquímica metalúrgica, em que para medir
as mudanças química é importante saber a variação de energia livre de Gibbs, ∆G que,
por sua vez, será função da variação de entalpia ∆H e da variação de entropia ∆S, então
devemos ter algum meio de medir essas variações das substâncias químicas. Por meio
da grandeza calor específico molar, a pressão constante cp=f(T), podemos calcular a
variação de entalpia para uma substância específica i, como segue:
T
∆H T =
∆H 298 K + ∫ ∆c
298 K
p ,i dT
Onde essa variação indica a quantidade de energia necessária para elevar a temperatura
de 298K para T de 1 mol de substância i, por exemplo, prata Ag. De modo parecido, a
variação de entropia de uma substância para temperatura constante é dada por:
T
∆c p ,i
∆ST =∆S 298 K + ∫ T dT
298 K
Se ∆G fus é negativo, quer dizer que esse processo de fusão diminui a energia livre de
Gibbs, logo, o líquido é um estado mais estável que o sólido, ou ainda, esse é o processo
espontâneo, por exemplo, no caso da fusão do gelo em água líquida. Caso fosse positivo,
o processo espontâneo é do líquido para o sólido, ou seja, o estado de maior estabilidade
é o sólido, por exemplo, no caso do ferro fundido que se solidifica. Para duas fases
existirem em equilíbrio, ∆G fus = 0 , ou seja, G(liq ) = G( sol ) . Para que esse equilíbrio se
mantenha mesmo com variação de T e P, temos que essa variação deve ser tal que:
30
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
ou,
− S(liq ) dT + V(liq ) dP =
− S( sol ) dT + V( sol ) dP
dP ∆H fus
=
dT eq T ∆V fus
Como visto anteriormente, um sistema com várias substâncias que podem reagir
quimicamente a T e P constante variam segundo a expressão:
dG = ∑ Gi dni
No equilíbrio:
dnH 2 =
dnCO2 =
−dnH 2O =
−dnCO ∴
(
dG = GH 2 + GCO2 − GH 2O − GCO dnH 2 = 0 )
Logo, no equilíbrio (dG = 0):
(G H2 ) (
+ GCO2 = GH 2O + GCO )
0
Para um gás ideal a temperatura T, aonde Gi indica a energia livre de Gibbs do gás em
condições padrões:
G
=i Gi 0 + RT ln pi
p H 2 p CO 2
GH0 2 + GCO
0
− GH0 2O − GCO
0
− RT ln
=
2
p H 2 O p CO
31
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
∆G M =−T ∆S M =− RT ( X A ln X A + X B ln X B )
p p
∆G M =
− RT X A ln A0 + X B ln B0
pA pB
Caso a mistura não envolva mudanças de entalpia, dizemos que é uma Mistura Ideal
de Raoult em que vale:
pi = X i pi0
Agora vamos tratar dos casos em que nas soluções a misturação envolve uma
mudança de entalpia, ou seja, há uma alteração no nível de energia quântica dos
elétrons dos átomos dessa mistura. Para lidar com essas misturas que não seguem
o comportamento ideal do modelo de Raoult, teremos que introduzir uma grandeza
chamada atividade ai, definida como:
pi0
ai =
pi
32
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
Assim, podemos ver que a energia livre de formação molar de uma solução binária A-B
é dada por:
− RT ( X A ln a A + X B ln aB ) =
∆G M = X A ∆GAM + X B ∆GBM
Assim, podemos generalizar que a energia livre parcial molar de uma substância
i no processo de misturação, ∆GiM =Gi − Gi0 , que é a diferença de energia livre na
mistura e antes da mistura, considerando substância pura, é para uma solução ideal
de Raoult:
M
∆G=
i RT ln=
X i RT ln ai
X A d ln a A + X B d ln aB =
0
∆G M =∆Gideal
M M
+ ∆Gexcesso = RT ( X A ln X A + X B ln X B ) + RT ( X A ln γ A + X B ln γ B )
Por outro lado, para a energia livre parcial molar de misturação da substância i,
teremos:
No caso de ser um solução regular, a misturação tem uma entropia ideal associada
com uma variação de entalpia não nula, assim, para uma substância i nesse caso:
∆GiM,excesso = RT ( ln γ i )
∆H iM =
33
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
ai = γ i0 X i
Figura 17. Variação da energia livre de misturação para uma mistura ideal binária A-B a 1000K.
Consideremos uma solução bifásica A-B e suas energias livres molares representadas na
Figura 18a. Por simplicidade, consideraremos uma solução ideal de Raoult. Na Figura
18b são mostradas as energias livres em temperatura T. O líquido puro de A e o sólido
puro B são tomados como referências localizados nos pontos a e b, respectivamente. O
0 0 0 0
GA0( s ) é localizado no ponto c, onde GA( s ) − GA( l ) = − ∆Gm , A e GB ( l ) é localizado no ponto d,
0 0
onde GB(l ) − GB( s ) = ∆Gm0 , B a temperatura T. Usando como estado de referência as linhas
de líquido puro A e a linha de sólido puro B, a energia livre molar para os líquidos
puros será dada por ad, X B ∆Gm0 , B , enquanto a energia correspondente aos sólidos puros
dado pela linha cb, − X A ∆Gm0 , A . Uma vez que ao formar a mistura, a energia livre molar
34
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
e,
∆G M ( soluções líquidas ) =X B ∆Gm0 , B + RT ( X A ln X A + X B ln X B )
A tangente às duas curvas de energia livre molar toca a curva de soluções sólidas em
g e a curva de soluções líquidas em f, que intercepta os pontos de= X A 1e
= X B 1 nos
pontos e e h, respectivamente. Como no estado equilíbrio a energia livre é minimizada,
os pontos f e g dividem a composição em três regiões. Na região entre os pontos a e f
a solução líquida homogênea é o estado que apresenta a mínima energia livre possível,
enquanto na região entre g e b é a solução sólida homogênea o estado que apresenta
a menor energia livre possível. Entretanto, na composição entre os pontos f e g, uma
mistura bifásica de solução líquida com composição f e composição de solução sólida g
(energia livre que está na linha fg) tem uma energia livre menor que ambas as soluções
homogêneas líquida e sólida. Logo, o ponto f é o limite de solução de B no líquido A e g
é o limite de solubilidade de A no sólido B, assim, os pontos f e g são, respectivamente, a
composição do líquido e do sólido na temperatura T. Para o equilíbrio de fase teremos:
∆GAM ( no líquido f ) =
∆GAM ( no sólido g )
e,
∆GBM ( no líquido f ) =
∆GBM ( no sólido g )
Essas condições de equilíbrio exigem que a tangente à curva da energia livre molar
para a solução líquida na composição líquida f é também tangente à curva de energia
livre molar para as soluções sólidas no sólido de composição g. Geometricamente tal
condição é ca + ae = ce e db + bh = dh. Podemos reescrever as equações anteriores
como:
∆Gm0 , A + RT ln X A ( líquido ) =
RT ln X A ( sólido )
e,
1 − exp ( −∆Gm0 , B / RT )
X A ( líquido ) =
1 − exp ( −∆Gm0 , B / RT ) exp ( −∆Gm0 , A / RT )
35
UNIDADE I │ ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS
e,
Figura 18. (a) Diagrama de Fases da solução A-B; (b) Curvas das energias livres de mistura do sistema A-B na
temperatura T.
soluções
líquidas
Temperatura
T
Soluções
sólidas
só
lid
oA
eB
nã
o-m
ist
ura
d o
o
rad
stu
−∆GA0 -mi
B não
Ae ∆GB0
ido
líqu
∆G M
s
da
óli
ss
so
luç
õe
luç
õe
sl
so
íqu
ida
s
Fração molar de B
A reação de equilíbrio depende da atividade dos reagentes, assim sendo, suponha uma
reação:
aA +bB = cC + dD
em termos de energia livre de Gibbs:
aG A +bGB = cGC + dGD
36
ESTRUTURA E FENÔMENOS FÍSICOS │ UNIDADE I
G=
i Gi0 + RT ln ai
aCc aDd
∆GT0 =
− RT ln − RT ln KT
=
a Aa aBb
Por fim, vamos falar sobre a Regra das Fases de Gibbs. A completa descrição de um
sistema termodinâmico contendo C componentes que existem em P fases requer
os valores de temperatura, pressão e composição de cada uma das fases P. Como a
composição de cada fase é conhecida quando conhecemos C-1 de seus componentes é
conhecido, o número total de variáveis para sua descrição é P pressões + P temperaturas
+ P(C-1) concentrações = P(C+1). Para o equilíbrio termodinâmico no sistema, cada
uma das P fases tem que estar na mesma pressão, temperatura e atividade (ou energia
livre parcial molar) de cada um dos componentes individuais em cada umas das P fases.
Assim, para o equilíbrio, há (P-1) igualdades de temperatura, (P-1) igualdades de pressão
e (P-1)C igualdades de atividade, totalizando um sistema de (P-1)(C+2) equações. O
número dos graus de liberdade F, que o sistema deve ter, é definido como o máximo
número de variáveis que podem variar sem alterar o equilíbrio termodinâmico. Esse
número é obtido pelo número de variáveis totais no sistema menos o número mínimo
de equações necessário para manter o equilíbrio, assim:
F = P ( C + 1) − ( P − 1)( C + 2 ) = C + 2 − P
Essa é a Regra das Fases de Gibbs, uma importante ferramenta para descobrir os
possíveis estados de equilíbrio para um sistema multifásico. Por exemplo, para um
sistema monocomponente que nem a água H2O, teremos C = 1, logo, F = 1 + 2 + P, se
tivermos uma única fase, por exemplo, líquido, P = 1, e então os graus de liberdade serão
F = 2. Isso quer dizer que a pressão e a temperatura poderão variar independentemente
e mesmo assim ser mantido o equilíbrio. Quando temos duas fases, F=1, logo, no
equilíbrio de duas fases só uma variável pode mudar independentemente. No caso de
três fases, ou seja, o ponto triplo de uma substância pura, F = 0, não há variáveis, por
isso é um ponto fixo definido por pressão e temperatura únicas.
37
DIAGRAMA DE FASES UNIDADE II
CAPÍTULO 1
Conceitos básicos e definições
Introdução
Os diagramas de fase de metais e suas ligas são de suma importância porque as
propriedades são determinadas pela microestrutura e o desenvolvimento destas, por
sua vez, estão relacionadas às características de seu diagrama de fases. Ademais, estes
diagramas fornecem informações preciosas sobre fusão, fundição e cristalização, entre
outros. Alguns conceitos básicos utilizados são soluto e solvente, já definidos, e também
componente, que são os metais puros e/ou os compostos que formam a liga. Sistema
pode ser entendido como toda a gama de possíveis ligas formadas pelos mesmos
componentes, por exemplo, o Sistema Fe-C como toda sua gama de aços e ferros.
Limites de solubilidade
38
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
quantidade além deste limite, resulta na formação de uma outra solução sólida ou
outro composto de composição destacadamente diferente. Como exemplo temos o
sistema água-sal; conforme vai sendo adicionado gradualmente sal, este vai sendo
dissolvido em uma solução de salmora, porém chega um ponto que a solução se satura
e ela não consegue mais dissolver sal, de modo que este se sedimenta no fundo. Assim
é formado um sistema com duas substâncias separadas, solução de salmora e cristais
de sal ao fundo que não foram dissolvidos.
Fases
Outro conceito básico para entender os diagramas de fases são as próprias fases:
porção homogênea de um sistema com características físico-químicas uniformes. Toda
substância pura é uma fase, assim como uma solução sólida, líquida ou gasosa. O ar,
por exemplo, é uma fase de uma solução gasosa de oxigênio, nitrogênio, gás carbônico,
entre outros. No exemplo anterior, do sistema água-sal, temos duas fases fisicamente
diferentes (uma líquida e outra sólida) e também quimicamente diferentes (uma
sal puro e outra uma solução de sal em água). Quando há mais de uma fase, existirá
uma fronteira separando-as em que há mudanças abruptas das propriedades físico
e/ou química. Assim, para existir duas fases separadas, elas devem diferir fisicamente
(gelo e água líquida ou ferro CCC e CFC) e/ou quimicamente (água e sal). Podemos
classificar os sistemas em homogêneos, quando há uma fase, ou heterogêneos (duas
ou mais fases). A maioria das ligas metálicas são sistemas heterogêneos. Muitas vezes,
a interação entre as fases produz uma combinação de propriedades mais interessantes
do que as fases isoladas.
Microestrutura
39
UNIDADE II │ DIAGRAMA DE FASES
Equilíbrio de fase
Equilíbrio, como visto no capítulo de Termodinâmica, é macroscopicamente um
estado em que o sistema permanece no tempo sem modificação, caso não seja
perturbado, em termos de energia livre, é quando esta é minimizada para uma
certa condição de temperatura, pressão e composição. Caso haja perturbação, por
exemplo, uma mudança de temperatura, o sistema se modificará para minimizar
a energia livre, ou seja, alcançar um novo estado de equilíbrio. O termo equilíbrio
de fases significa para sistemas heterogêneos a constância nas características
das fases ao longo do tempo. Vamos voltar ao exemplo da água com sal: a 0°C o
limite de solubilidade de sal na água é de 35,7g de sal por 100g de água, mantidas
as condições, a solução se mantém assim indefinidamente, caso aumentemos a
temperatura para 70°C, o limite de solubilidade aumenta para 37,8g de sal por
100g de água, assim, caso houvesse sal no fundo do frasco, esse seria dissolvido em
partes para atingir um novo equilíbrio de fases. Em muitas ligas metálicas ocorre
o mesmo, porém com soluções sólidas, logo, a mudança do equilíbrio refletirá em
uma mudança de microestrutura, com mudança de quantidade de fases e nova
distribuição ou arranjo.
Os diagramas de fases indicam os estados de equilíbrio, mas não o tempo que demora
para se chegar a tal estado. Existem casos, principalmente de soluções sólidas, que
para atingir um novo estado de equilíbrio demora tanto que praticamente não se
modificia, logo, está em um estado metaestável. Na metalurgia, alguns estados
metaestáveis apresentam propriedades mais interessantes que estados em equilíbrio,
tais como em ligas de aço e alumínio. Concluindo, é importante saber como são os
estados de equilíbrio mas também a velocidade com que tais equilíbrios são atingidos
e os fatores que afetam tais velocidades. Nesta unidade, trataremos dos estados de
equilíbrio, enquanto na próxima unidade trataremos das taxas de modificação e os
estados metaestáveis.
Aqui iremos destrinchar o diagrama P-T da H2O, conforme a Figura 19. No gráfico
podemos perceber três áreas que correspondem às fases diferentes – sólido, líquido
40
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
Figura 19. Diagrama de fase da água em coordenadas de temperatura e pressão. O ponto 2, onde passa a
linha tracejada, é o ponto de derretimento à pressão de 1 atm, isto é, em T=0°C, enquanto o ponto 3 é o ponto
de evaporação T=100°C.
Líquido
Sólido (Água)
Pressão (atm)
(Gelo)
Gás
(Vapor)
Temperatura (°C)
41
CAPÍTULO 2
Diagramas de fase binários
Introdução
42
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
Figura 20. Diagrama de fase binário do cobre e níquel em uma visão geral (a) e em detalhe (b) para determinar
Líquido
Temperatura (°C)
Linha liquidus
Linha solidus
Sólido (fase α)
Líquido
Temperatura (°C)
Linha de Amarração
α+L
α+L
Alguns detalhes sobre nomenclatura. Para ligas metálicas as soluções sólidas são
designadas por letras minúsculas gregas (α, β, γ..); as curvas que separam as fases L e
α + L é chamada de linha liquidus, em que a fase líquida está acima dessa curva, como
pode ser acompanhado pelo diagrama. Analogamente, a linha solidus separa as fases α
e α + L. Onde as linhas solidus e liquidus se interceptam no diagrama e correspondem
43
UNIDADE II │ DIAGRAMA DE FASES
às temperaturas de fusão dos metais puros, isto é, cobre a 1085°C e o níquel a 1453°C.
Em qualquer outro caso em que não há metal puro, a fusão ocorrerá ao longo de uma
faixa de temperatura entre as linhas liquidus e solidus. Por exemplo, para 50%p de Ni
e 50%p de Cu, a fusão se inicia em 1280°C e a quantidade de líquido vai aumentado até
1320°C quando a liga é completamente líquida.
Três informações muito importantes podem ser tiradas do diagrama de fases binário
em equilíbrio: as fases presentes, a composição dessas fases e a fração das fases:
44
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
Figura 21. Representação esquemática do desenvolvimento de uma microestrutura em equilíbrio da liga 35%p
Ni – 65%p Cu.
Temperatura (°C)
45
UNIDADE II │ DIAGRAMA DE FASES
46
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
Outro tipo de diagrama de fases simples e bem comum para ligas binárias é
apresentado na Figura 23 para Ag-Cu, conhecido como diagrama de fases eutético
binário. Podemos observar que há três regiões monofásicas: α, β e L (líquido). A
fase α é uma solução rica em Cu com Ag dissolvido, a fase β é rica em Ag com Cu
dissolvido, ambas apresentam estrutura CFC. O cobre e prata pura também são
consideradas fases α e β, respectivamente. Temos assim que a solubilidade de
cada uma dessas fases sólidas é limitada, porque abaixo da linha BEG apenas uma
concentração limitação de prata irá dissolver no cobre (fase α), e vice-versa. A linha
BEG é uma linha solidus porque é a temperatura mais baixa para a qual pode existir
uma fase L para qualquer composição de Ag-Cu que esteja em equilíbrio. O limite
de solubilidade para a fase α corresponde à linha de fronteira CBA que aumenta
com o crescimento da temperatura a partir de C até um valor máximo no ponto B
(8,0%p Ag a 779°C) e diminui até o ponto A que corresponde ao ponto de fusão do
cobre puro. A linha AB é chamada linha solidus e a linha BC é linha solvus que é
a linha do limite de solubilidade do sólido separando as regiões de fases α e α+β.
Analogamente, temos linhas solidus e liquidus no extremo direito.
O diagrama eutético bifásico apresenta três regiões bifásicas: α+L, β+L e α+β, onde as
fases coexistem em equilíbrios e suas frações e composição podem ser determinadas
por linhas de amarração e regras da alavanca como descrevemos anteriormente.
47
UNIDADE II │ DIAGRAMA DE FASES
Líquido
Temperatura (°C)
48
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
Temperatura (°C)
49
UNIDADE II │ DIAGRAMA DE FASES
Temperatura (°C)
50
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
(Sn)
Composição (p% Sn)
51
UNIDADE II │ DIAGRAMA DE FASES
52
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
Temperatura (°C)
É uma reação que acontece na composição de 74%p Zn-26%p Cu a 560°C, em que uma
fase sólida δ se transforma em outras duas fases ε e γ segundo a reação:
δ ↔ γ+ε
53
CAPÍTULO 3
O sistema ferro-carbono
54
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
γ, austenita
γ+Fe3C
α, ferrita α + Fe3C
Cementita (Fe3C)
Composição (%peso C)
55
UNIDADE II │ DIAGRAMA DE FASES
Por fim, a cementita, ou carbeto de ferro Fe3C é formada quando se atinge o limite
de solubilidade do carbono na ferrita α em temperaturas abaixo de 727°C. Sob um
aspecto mecânico, a cementita é dura e frágil, sendo que a resistência de alguns aços é
aumentada com sua presença. Sob uma visão mais crítica, a cementita é uma fase fora
do equilíbrio, isto é, metaestável, pois a tendência da cementita é de se decompor em
grafita (carbono puro) e ferro α. Assim, o diagrama ferro-carbeto de ferro na realidade
não é um diagrama de equilíbrio de fases! Porém, como a taxa de decomposição é tão
extremamente lenta, podemos considerar como um diagrama de equilíbrio. Nem tudo
o que parece é....
56
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
Composição (%p C)
57
UNIDADE II │ DIAGRAMA DE FASES
Figura 32. Microestrutura eutética (0,76%p C), ou perlita, com lamelas escuras de Fe3C (liga de 6,7%p C) e a
Perlita
Eutetoide α Proeutetoide α
Composição (%p C)
Fonte: Callister, 2000.
58
DIAGRAMA DE FASES │ UNIDADE II
Perlita
Proeutetoide
Fe3C Eutetoide
Fe3C
Composição (%p C)
Fonte: Callister, 2000.
59
UNIDADE II │ DIAGRAMA DE FASES
60
TRANSFORMAÇÕES DE
FASES, SOLIDIFICAÇÃO UNIDADE III
E PROCESSAMENTO DE
METAIS E SUAS LIGAS
CAPÍTULO 1
Transformações de fases
Introdução
61
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Transformações de fases
62
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Por fim, vamos fazer uma pequena consideração sobre os estados de equilíbrio e os
estados metaestáveis. Para mudar uma fase podemos alterar temperatura, pressão
e composição, porém, na prática, alterar a temperatura por meio de tratamentos
térmicos é a via mais prática de se modificar as fases. Na prática, uma transformação
leva um tempo finito para se processar, e o diagrama de fases não mostra isso,
porque nele as fases são mostradas em seu estado final em equilíbrio. Quando as
transformações de fases são induzidas pela mudança na temperatura, as condições
de equilíbrio só são verificadas caso se realize resfriamento/aquecimento em taxas
extremamente baixas, inviáveis para a prática industrial. Para transformações com
taxas fora da faixa de equilíbrio, as temperaturas de transformação são diferentes
daquelas indicadas no diagrama de fases: no super-resfriamento, a temperatura
de transformação por resfriamento é abaixada em relação ao diagrama de fases; no
superaquecimento, o aquecimento às temperaturas se desloca acima. Quanto maior
a taxa de transformação, maior esse fenômeno de deslocamento da temperatura.
Por exemplo, em taxas de resfriamento comumente utilizadas na indústria, a reação
eutetoide do ferro-carbono é deslocada de 10-20 °C abaixo da temperatura do
diagrama. É muito importante estudar a influência do tempo nas transformações de
fases porque tecnologicamente algumas fases metaestáveis apresentam propriedades
mais interessantes do que no equilíbrio.
63
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Figura 37. Exemplo de como é formado um diagrama TTT a partir do conhecimento cinético da transformação.
transformada em perlita
Percentual de austenita
Temperatura de Fim da
Transformação de 675°C transformação
Início da
transformação
Tempo (s)
Austenita
(instável)
Perlita
Temperatura (°C)
Curva de conclusão
(~100% perlita)
Curva de início
(~0% perlita)
Tempo (s)
A primeira estrutura que vamos tratar é da perlita, que, como vimos, é resultante
de reação eutetoide do sistema Fe-Fe3C. A temperatura tem uma influência grande
nessa transformação porque é um processo de difusão atômica, logo, quanto
maior a temperatura e mais tempo for mantida, mais se processa essa difusão. A
dependência da transformação com o tempo e a temperatura é melhor sintetizada
no diagrama TTT abaixo na Figura 38. É indicado um resfriamento rápido dentro do
campo austenítico pela curva AB, enquanto o tratamento isotérmico é representado
por BCD, em que se inicia a transformação no ponto C (~3,5 s) e termina em D (15
s). A razão entre a espessura da camada ferrita para a cementita na perlita de 1:8,
entretanto, a espessura absoluta das camadas depende da temperatura em que ocorre
64
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Figura 38. Diagrama TTT para a liga de ferro-carbono com composição eutetoide sendo indicada a curva
de tratamento térmico isotérmico (ABCD). Em detalhe são mostradas as microestruturas antes e depois da
transformação.
Temperatura
Austenita (estável)
eutetoide
Perlita grossa
Temperatura (°C)
Perlita fina
Trasnformação
austenita→perlita Transformação que está
acontecendo
Tempo (s)
65
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Figura 41. Diagrama TTT do sistema ferro-carbono em composição eutetoide, sendo A-austenita, B-bainita e
P-perlita.
Temperatura eutetoide
Temperatura (°C)
Tempo (s)
Fonte: Callister, 2000.
66
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Figura 42. Micrografia da cementita globularizada, onde a fase mais escura é cementita e a fase clara é ferrita.
Aumento de 1000X.
67
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Figura 43. Microestrutura martensítica, aonde as agulhas escuras são martensita e a fase clara é austenita que
Por ser uma fase fora do equilíbrio, a transformação martensítica não está nos
diagramas de fases Fe-Fe3C, e é representada de forma diferente nos diagramas
TTT. O início da reação é representada por M na Figura 44, sendo que as outras
linhas, M(50%) e M(90%) representam o percentual de transformação da austenita
em martensita. As temperaturas dessas linhas são relativamente baixas para
impedir o fenômeno de difusão. Essas linhas têm característica horizontal porque
a transformação martensítica é independente do tempo (imediata), função apenas
da temperatura, por isso são chamadas transformação atérmica. Se, por exemplo,
uma liga de composição eutetoide for resfriada muito rapidamente, em menos de 1
segundo, da temperatura eutetoide de 727°C até 165°C, podemos observar que haverá
transformação de 50% de austenita em martensita, como podemos acompanhar na
Figura 44. Alguns elementos de liga tais como cromo, níquel, tungstênio e molibdênio
podem deslocar as curvas do diagrama TTT do sistema ferro-carbono, de modo que
aumentem, por exemplo, a temperabilidade do aço, isto é, sua capacidade de se
transformar em martensita.
68
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Figura 44. Diagrama de transformação isotérmica completo. A-austenita, B-bainita, M-martensita e P-perlita.
Temperatura eutetoide
Temperatura (°C)
Tempo (s)
69
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Figura 45. Diagrama TRC mostrando dependência da microestrutural final com a taxa de resfriamento.
Temperatura eutetoide
Temperatura (°C)
Taxa
crítica
de
resfriam
ento M (início)
Martensita
Martensita Perlita
+Perlita
Tempo (s)
Fonte: Callister, 2000.
Figura 46. Diagrama de TRC para aço liga 4340 com superposição de várias taxas de resfriamento e suas
microestruturas finais.
Temperatura eutetoide
Curva da
bainita
Temperatura (°C)
Taxa
crítica
de
resfriam
ento
Tempo (s)
70
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Martensita revenida
A martensita é muito dura, é tão frágil que não pode ser utilizada na prática, além de
que o tratamento de têmpera induz tensões residenciais. A ductilidade e tenacidade
podem ser melhoradas por meio do tratamento térmico de revenido, além do que
as tensões residuais podem ser reduzidas também. Esse tratamento é realizado pelo
71
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Figura 47. Martensita revenida realizada 594°C, as partículas são a fase cementita; a fase matriz escura é ferrita α.
72
CAPÍTULO 2
Princípios metalúrgicos de solidificação
Introdução
Neste capítulo, abarcaremos a formação do sólido metálico a partir do fundido. O
processo é governado pela extração de calor, por isso o próximo tópico será sobre o
processo de resfriamento na fundição tradicional. Após isso, trataremos o fenômeno
de resfriamento sob os aspectos de termodinâmica, nucleação, cinética nas superfícies,
distribuição do soluto conforme a solidificação, crescimento do sólido e aplicações.
Quando o metal aquecido é derramado em um molde, a taxa com que o calor é perdido
depende das várias formas com que o calor é perdido, isto é, das resistências térmicas,
conforme esquematizado na Figura 19. No sistema molde-metal as transferências de
calor podem acontecer por condução, convecção e radiação, porém existem várias
complexidades que fogem ao objetivo desse texto porque envolvem a aplicação da
ciência da Transferência de Calor. Tais complexidades são geradas pela liberação
contínua de calor latente devido ao movimento da interface líquido-sólido (S-L), devido
à natureza dendrítica ou celular da interface S-L e a variação das propriedades físicas
do sistema molde-metal com a temperatura que também varia no tempo e espaço. Os
maiores impedimentos para a retirada de calor latente são a própria solidificação do
metal, a interface molde-metal e o molde.
73
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
porém com espaços entre elas com metal líquido, aonde acontece
convecção, e outros espaços vazios, aonde acontece radiação. Aonde há
contato entre as superfícies existe a condução. Assim, para quantificar
essa transferência de calor precisamos apelar para um coeficiente da lei
de resfriamento de newton que engloba todos esses efeitos citados.
Figura 48. Esquema de uma geometria simples para a solidificação de um metal puro líquido superaquecido,
aonde K é a transferência de calor por condução, N é a transferência de calor newtoniana interfacial entre o
molde e o metal, C é calor transferido por convecção e R por radiação. V é o movimento da interface S-L e X é a
Termodinâmica da solidificação
O processo de solidificação não pode acontecer no equilíbrio, porém é claro que
existem vários níveis de equilíbrio, desde um global até um local. O que queremos
dizer, para se iniciar a solidificação deve existir algum local de menor equilíbrio para
poder originar o processo. Por exemplo, a água líquida pode ser resfriada até menos
que 0°C e se manter em equilíbrio, mas caso caia uma única gota, essa gota perturba o
equilíbrio global por meio de um local e gera o processo de solidificação. A hierarquia
de equilíbrio é a seguinte:
74
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Nucleação homogênea
Figura 49. (a) Esquema mostrando a contribuição da energia livre volumétrica e da energia livre superficial na
total; (b) nesse gráfico é mostrada a variação da energia livre de Gibbs total e a variação de energia livre crítica
Energia Livre
Variação de Energia Livre ∆G
Superficial
raio r raio r
Energia Livre
Volumétrica
75
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Uma análise do formato da interface S-L em uma escala superior à dimensão atômica
leva em consideração o crescimento planar, isto é, um crescimento em que há uma
interface plana entre o sólido e o líquido, sendo um ponto de início para entender
crescimentos mais complexos como o celular e o dendrítico, descrito a seguir.
Para se conseguir um crescimento planar, é necessário que seja planar micro e
macroscopicamente. O crescimento planar é muito importante no crescimento de
cristal monocristalino de silício para aplicações em eletrônica. A distribuição do
soluto na interface sólido-líquido (S-L) em crescimento planar unidimensional (de um
tarugo) pode ser de quatro tipos:
76
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Figura 50. Distribuição de soluto após a passagem da interface S-L em uma solidificação unidimensional: (a)
difusão completa no sólido e líquido, (b) mistura completa em líquido sem difusão em sólido, (c) difusão no líquido
77
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Figura 51. Ilustração esquemática do ajustamento de espaçamento primário nos mecanismos de crescimento
celular e dendrítico.
78
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Figura 52. Esquema do lingotamento contínuo: 1. Panela 2. Tampão 3. Distribuidor 4. Válvula Submersa 5. Molde
6. Seguimento 7. Desempeno 8. Válvula Submersa 9. Nível do Molde 10. Menisco 11. Extração 12. Material
Lingotado.
79
CAPÍTULO 3
Fabricação, processamento e
tratamentos termomecânicos
Introdução
Na seleção de materiais o objetivo primário é escolher o material certo para a
aplicação correspondente. Para o engenheiro fazer isso é necessário que ele conheça
suas opções. Assim, esse capítulo tem a intenção de apresentar uma breve visão geral
das ligas metálicas comerciais disponíveis, suas propriedades gerais e limitações.
Além do mais, o processo de fabricação e tratamentos térmicos e mecânicos também
alteram as propriedades dos materiais, logo, também serão tratados nesse capítulo.
80
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Aço
São ligas de Fe-C cujo percentual de carbono é inferior a 1,0% e podem apresentar
concentrações consideráveis de outros elementos de ligas; apresentam milhares de
composições e tratamentos termoquímicos. Os aços mais comuns são classificados
segundo seu teor de carbono, é baixo, médio e alto teor de carbono. Os aços-carbonos
comuns apresentam concentrações mínimas de resíduos, carbono e alguma quantidade
de manganês. Já os aços-ligas apresentam elementos de liga propositadamente
adicionados para obter certas propriedades físico-química.
81
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Ferros fundidos
São ligas de Fe-C cujo percentual de carbono está acima de 2,14%, mas na prática
se encontra entre 3,0 - 4,5%, além de outros elementos de liga. Sua temperatura de
fundição está entre 1150-1300°C, consideravelmente abaixo dos aços, logo, se fundem
com mais facilidade, além de serem materiais frágeis, por isso a fundição é a técnica
82
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
de fabricação mais conveniente. Para a maioria dos ferros fundidos, o carbono existe
na forma de grafita e tanto a microestrutura quanto as propriedades dependem da
composição e do tratamento térmico.
83
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
O cobre em sua forma pura é tão macio e dúctil que não pode ser usinado e pode ser
trabalhado a frio ilimitadamente. Ele também é resistente à corrosão em diversos
ambientes como água do mar, atmosfera e alguns produtos químicos industriais.
As propriedades mecânicas e de resistência à corrosão podem ser melhoradas pela
adição de elementos de liga, porém não pode ser tratada termodinamicamente. Para
melhorar suas propriedades mecânicas podem ser realizados trabalhos a frio e/ou
formação de ligas por solução sólida.
Os latões são formados pela adição de elemento de liga zinco na forma de impureza
substitucional apresentando melhor resistência mecânica e uma bela cor dourada.
Existem latões do tipo amarelo, naval, para cartucho, metal mutz e metal de douradura.
Alguma das aplicações mais comuns incluem bijuterias, cartuchos de munição,
instrumentos musicais, moedas, radiadores automotivos.
84
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Os bronzes são ligas de cobre com vários outros elementos (Al, Si, Ni, Estanho). Essas
ligas são mais resistentes que os latões aliados com alta resistência à corrosão. São
utilizados em aplicações que necessitem de resistência mecânica e corrosiva, tais como
mancais, buchas, conexões para vapor, anéis de pistões.
Existe uma liga de cobre tratável termicamente com berílio de endurecimento por
precipitação, apresentando excelentes propriedades mecânicas (limite de resistência à
tração 1400 MPa), elétricas, resistência à corrosão e à abrasão, podendo ser fundidas,
trabalhadas a quente e a frio. São ligas caras devido ao belírio, aplicações são mancais e
buchas de trens de pouso de aviões, molas e instrumentos cirúrgicos.
85
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Metais refratário
São metais com altíssimas temperaturas de fusão: o nióbio, molibdênio, tungstênio e
tântalo, variando de 2468-3410°C. Por terem ligações interatômicas extremamente
fortes, responsável pela alta temperatura de fusão, ainda tem alta resistência
mecânica, rigidez e dureza. Há várias aplicações, o tântalo e o molibdênio são
utilizados como elementos de liga em aços inoxidáveis, sendo o tântalo virtualmente
imune ao ataque químico em qualquer temperatura abaixo de 150°C. Ligas de
molibdênio são utilizadas em matrizes de extrusão e peças de naves espaciais. O
tungstênio está presente em filamentos de lâmpadas, de raio-X e eletrodos de solda.
Superligas
São ligas com combinações acentuadas de propriedades físico-química e mecânica.
São empregadas principalmente em turbinas de aeronaves, assim como em usinas
nucleares e indústria petroquímica, setores em que os componentes são expostos a altas
temperaturas, ambientes corrosivos e mesmo assim devem manter sua integridade
estrutural, porque uma falha é crítica e catastrófica. Os metais bases mais utilizados são
86
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Metais nobres
Chumbo, estanho e suas ligas são bastante resistentes à corrosão e são utilizados como
solda de componentes eletrônicos, o chumbo é aplicado como barreira de raios-X e
para baterias elétricas, enquanto o estanho é usado de revestimento interno em latas de
conserva pois evita que o aço seja corroído.
O zinco puro é altamente atacado por corrosão e tem baixa dureza, mas por conta
dessa característica ele é utilizado no aço galvanizado como um metal de sacrifício,
ao invés de o aço ser corroído, o zinco que o é. As ligas de zinco são utilizadas em
cadeados, acessórios para encanamento, maçanetas.
Por fim, o zircônio é um metal abundante na crosta terrestre porém não havia
sido desenvolvidas técnicas de sua extração e refino comercial até recentemente.
Apresenta resistência mecânica semelhante às ligas de titânio mas, adicionalmente,
apresenta alta resistência à corrosão, inclusive em água super aquecida.
Processos de fabricação
87
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Processo de conformação
São processos em que o metal adquire sua forma por meio da deformação plástica
induzida por uma força ou tensão externa cuja intensidade é maior do que o limite
de escoamento do metal. A maioria dos materiais metálicos podem ser trabalhados
dessa forma em algum grau. A deformação pode ser realizada acima ou abaixo da
temperatura de recristalização. Caso seja acima, é um trabalho a quente, que permite
grandes deformações utilizando menos força externa, porém o acabamento superficial
é ruim e há formação de óxidos por causa da temperatura elevada.
88
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
“Matriz”
Metal “Matriz” “Cilindro”
Bruto “Peça
Forjada”
Força
“Carcaça”
“Matriz”
Matriz
Força
Força de
“Tarugo” Tração
Embolo
e pistão
Suporte
da Matriz
Fundição
90
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Técnicas diversas
91
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Soldagem é um processo de “colar” peças metálicas para formar uma única peça por
meio da fusão no local de contato, ou seja, um processo metalúrgico, diferente de uma
união mecânica por meio de rebites ou parafusos, por exemplo. Podem ser soldados
metais do mesmo tipo ou diferentes, por métodos como soldagem por arco elétrico,
maçarico, brasagem. Durante a soldagem, o metal base e o material de enchimento
são fundidos por meio de uma alta temperatura (gerada por chama, arco elétrico,
laser), depois da solidificação é formada uma junta fundida entre as peças; devido
ao aquecimento, surge uma zona termicamente afetada (ZTA), conforme visto na
Figura 57, com as seguintes características:
Solda
Metal base
Zona Termicamente
fundido
Afetada
Peça 1 Peça 2
Tratamento térmico
92
RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS │ UNIDADE III
Recozimento
É um processo em que o metal é exposto a uma temperatura elevada e mantida por
um tempo longo, após é resfriado sob uma taxa relativamente baixa de resfriamento
até a temperatura ambiente. O recozimento tem quatro objetivos: aliviar tensões,
reduzir dureza e produzir uma microestrutura específica. No trabalho a frio o
recozimento intermediário propicia recristalização, tornando mais macia e dúctil.
Alguns processos de fabricação inserem tensões residuais que podem ser aliviadas
por um recozimento. Nos aços é utilizado um recozimento chamado normalização,
que refina o grão e torna seu tamanho mais uniforme ao longo da microestrutura.
93
UNIDADE III │ RANSFORMAÇÕES DE FASES, SOLIDIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE METAIS E SUAS LIGAS
Figura 58. Resumo da interligação processamento-estrutura-propriedade para aços segundo uma perspectiva de
ciência de materiais.
Recristalização
Recozimento subcrítico
Recozimento de Diagrama de
ligas ferrosas Fases Fe-Fe3C Normalização
PROCESSAMENTO
Conceito de
Recozimento pleno
Transformação
Reação Eutetoide de Fase
Diagrama de Diagrama de
Tratamento
Equilíbrio de Estados Diagrama de transformações transformações
térmico dos
Fase metaestáveis vs. Fases Fe-Fe3C isotérmicas por resfriamento
aços
de Equilíbrio contínuo
Conceito de Dependência da
Difusão Difusão com a Revenido
Martensita
Temperatura (martensita
(formação)
revenida)
PROPRIEDADES
Definições de
propriedades
mecânicas
Martensita Revenida
Conceito de Aumento de
Solução resistência por
Sólida solução sólida
Sistema de
escorregamento
94
Referências
95