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Dimensionamento de Fundações

Brasília-DF.
Elaboração

Mateus Arlindo da Cruz

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS.................................................................................. 11

CAPÍTULO 1
CONCEITOS BÁSICOS SOBRE FUNDAÇÕES RASAS................................................................... 11

CAPÍTULO 2
SAPATA COM CARGA CENTRADA............................................................................................ 17

CAPÍTULO 3
SAPATA COM CARGA EXCÊNTRICA......................................................................................... 24

CAPÍTULO 4
SAPATAS ASSOCIADAS............................................................................................................. 31

UNIDADE II
FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS.................................................................................. 37

CAPÍTULO 1
RADIER................................................................................................................................... 37

CAPÍTULO 2
BLOCOS DE CONCRETO SIMPLES............................................................................................ 42

CAPÍTULO 3
VIGAS DE EQUILÍBRIO.............................................................................................................. 47

UNIDADE III
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS....................................................... 55

CAPÍTULO 1
TIPOS DE ESTACAS................................................................................................................... 56

CAPÍTULO 2
DIMENSIONAMENTO............................................................................................................... 67

CAPÍTULO 3
DETALHAMENTO...................................................................................................................... 75
CAPÍTULO 4
BLOCOS SOBRE ESTACAS........................................................................................................ 78

UNIDADE IV
FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS........................................................................ 88

CAPÍTULO 1
TIPOS DE TUBULÕES................................................................................................................. 88

CAPÍTULO 2
DIMENSIONAMENTO............................................................................................................... 93

CAPÍTULO 3
DETALHAMENTO.................................................................................................................... 107

CAPÍTULO 4
PROVA DE CARGA EM FUNDAÇÕES E PATOLOGIAS ASSOCIADAS......................................... 111

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 117
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

7
Introdução
As fundações são elementos estruturais de uma edificação que têm função importante
para manter a integridade de uma edificação por muito tempo. Por este
motivo, vê-se a relevância de projetar e executar corretamente as fundações.
O desenvolvimento de um bom projeto de fundação depende do domínio e do
conhecimento do projetista tanto em fundações como em solos, afinal, o solo é o
local em que a fundação se apoia.

Projetar fundações é muito mais do que aplicar somente teorias, é interpretar e fazer
um julgamento crítico a respeito de vários condicionantes. Ressaltando, também, que
muito desses condicionantes podem estar relacionados a ações naturais vindas da
natureza, por isso nem sempre as teorias apresentam soluções.

Neste sentido, na presente apostila você aprenderá mais sobre os tipos de fundações
e seu dimensionamento. A mesma está dividida em quatro capítulos, sendo que o
primeiro capítulo abordará os conceitos de fundações rasas, juntamente com os
tipos de sapatas, sua aplicação e seu dimensionamento.

O segundo capítulo tratará de mais alguns tipo de fundações rasas, como radier
e blocos de concreto simples. Serão conhecidas, também, suas aplicações e
dimensionamento. Ainda, será explicado quando se deve usar as vigas de
equilíbrio, ou vigas de alavanca, como também podem ser chamadas.

O terceiro capítulo começará a abordar as fundações profundas e seus conceitos.


Serão conhecidos os diferentes tipos de estacas e blocos sobre estacas, sua aplicação
e dimensionamento.

Para fechar o conteúdo, será apresentado outro tipo de fundação profunda: o


tubulão. Além de diferenciar o tubulão a céu aberto e o tubulão a ar comprido,
veremos suas aplicações e aprenderemos a dimensioná-los. Ainda, serão
apresentados os métodos para prova de carga das fundação e, também, as
patologias que as fundações podem causar nas construções. Ao final da
apostila o aluno estará apto para definir e dimensionar a melhor fundação
para cada tipo de solo e edificação.

8
Objetivos
» Apresentar e reconhecer os diferentes tipos de fundações existentes,
bem como seus métodos construtivos.

» Capacitar o aluno a analisar e verificar qual é a melhor opção de


fundação para cada caso.

» Capacitar o aluno a dimensionar os diferentes tipos de fundação.

» Conhecer os diferentes métodos de prova de carga para fundações.

» Relacionar as causas com as patologias que possam ocorrer nas


fundações e, consequentemente, na edificação.

9
10
INTRODUÇÃO A
FUNDAÇÕES RASAS UNIDADE I
I – SAPATAS

CAPÍTULO 1
Conceitos básicos sobre fundações
rasas

As fundações rasas, também chamadas por alguns autores de fundações superficiais,


segundo o item 3.1 da NBR 6122, são definidas como o elemento de fundação
que transfere a carga da estrutura para o solo adjacente em que a profundidade de
assentamento é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação.

Ainda, outros autores consideram como fundações rasas ou superficiais os


elementos assentados na profundidade máxima de -3 metros.

Autores mais contemporâneos definem de outra forma, afirmando que as


fundações rasas transmitem a carga da estrutura para o solo através da sua
base. O elemento de fundação rasa mais utilizada no âmbito da engenharia civil
é a sapata.

Segundo a NBR 6122, a sapata se define por ser um elemento de fundação


superficial, constituida de concreto armado e dimensionado para que as tensões
de tração resultantes sejam suportados pela armadura especificada para este
fim.

Já segundo a NBR 6118 as sapatas são definidas como uma estrutura de


volume conhecido, usada para transmitir as cargas da estrutura para o solo,
definindo assim uma fundação direta.

Na base (superfície) de uma sapata atua a máxima tensão de tração, sendo


esta tensão superior à resistência de tração do concreto, sendo, assim,
necessária a utilização de armadura resistente no elemento. Geralmente as
armaduras destes elementos são disposto em formato de malha.

11
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

É comumente e altamente recomendado se definir a altura da sapata de forma


que seja grande o suficiente para se evitar que a armadura vertical (transversal)
resista às forças cortantes, que também são atuantes nas sapatas.

Em elementos de fundações que são projetadas com grandes alturas a tração


máxima é menor, sendo que a mesma pode ser resistida apenas pelo concreto do
elemento, sendo assim, desnecessário a utilização de armadura, estes elementos
são chamados de bloco de fundação direta.

O bloco de fundação direta é definido segunda a NBR 6122 como um elemento


de fundação rasa, formado apenas de concreto que é dimensionado de modo
que o concreto resista as tensões de tração, sem a necessidade da utilização de
armaduras.

O uso dos blocos de fundação é recomendado em situações em que as tensões


de tração sejam extremamente baixas. Nestas situações o bloco trabalhará
predominantemente à compressão. Geralmente visando uma economia de
material, os blocos costumam ter formato de pedestal, ou ainda, as superfícies
laterais inclinadas.

O elemento de fundação mais utilizado em edificações é a sapata isolada, em que


a mesma transmite as tensões provenientes da estrutura ao solo de um único
pilar. As sapatas isoladas constumam ter, em planta, formas variadas, sendo que
a forma retangular é a mais comum, principalmente por conta da maioria dos
pilares terem a forma retangular.

As ações que geralmente as sapatas sofrem são a forna normal (N), os


momentos fletores no qual podem ocorrer em uma direção apenas, ou ainda
em duas direções (Mx e My) e a força horizontal (H).

Para uma sapata ser chamada de sapata retangular, a maior dimensão da


mesma não pode ser maior que cinco vezes a sua largura (A ≤ 5B). Em casos
em que a maior dimensão supera cinco vezes a sua largura, as sapatas passam
a ser denominadas de sapatas corridas.

Em casos de edifícios de múltiplos pavimentos, é recomendado que as


sapatas sob pilares não tenham dimensões inferiores a 80cm. A NBR 6122
recomenda que nas sapatas a menor dimensão não seja inferior a 60cm.

Ainda para facilitar os cálculos de dimensionamento das sapatas isoladas, o


centro de gravidade (CG) do pilar deve ser no mesmo local do centro de gravidade
da sapata, idependente do formato do pilar.

12
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS │ UNIDADE I

Para um melhor dimensionamento econômico das fundações, é recomendado


que os balanços da fundação sejam nas duas direções e que os mesmos
sejam iguais. Há, também, a recomendação prática de que a relação entre as
dimensões da sapata seja menor ou igual a duas vezes.

Em caso de sapatas isoladas em que o pilar se encontra na divisa e que não se


faz a ligação das sapatas com um pilar interno, ou viga de equilíbrio, a flexão
devido à excentricidade do pilar deve ser resistida pela própria sapata em
conjunto com o solo. Este tipo de situação é encontrado em muros de arrimo,
pontes, dentre outros.

As sapatas corridas são definidas segundo a NBR 6122 como o elemento de


fundação sujeito a ação das cargas distribuídas lineramente ou ainda de
cargas provenientes de um conjunto de pilares em alinhamento.

Este tipo de fundação é utilizado geralmente em obras de pequeno porte,


como por exemplo casas, edifícios de baixa altura, galpões, murros de divisas,
paredes de reservatório, piscinas etc. As sapatas corridas são economicamente
viavéis em obras cujo solo apresenta uma capacidade de suporte extremamente
baixa.

As sapatas associadas, segundo a NBR 6122, são definidas como a fundação


comum de mais de um pilar. As sapatas associadas podem ser chamadas ainda
de sapatas combinadas ou conjuntas.

O uso das sapatas associadas ocorre principalmente por conta da proximidade


de pilares, sendo assim inviável o dimensionamento de sapatas isoladas, por
conta do espaço ocupado. Por isso, uma única sapara pode ser projetada para
ser o elemento de fundação para dois ou mais pilares.

De acordo com a NBR 6122, as vigas alavanca, também chamadas de viga de


equilíbrio, são os elementos estruturais que recebe as cargas de um ou maios
pilares ou pontos de cargas. O dimensionamento destes elementos é realizado
com o intuito de transmitir as cargas e centralizá-las para as fundações.

Com a utilização da viga de equilíbrio, isso acaba gerando esforços contrários


das cargas dos pilares atuantes na fundação. Estes elementos são comumente
aplicados em pilares que estão localizados nas divisas de terrenos, em que
ocorrem excentricidades (e) entre o ponte de aplicação de carga do pilar (N) e o
centro geométrico da sapata.

13
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

O momento fletor gerado pela excentricidade é equilibrado e combatido pela


viga de equilíbrio, como o seu próprio nome diz, e a outra extremidade é
na sua maioria vinculada a um outro pilar interno na edificação. Nos casos
da inesistência de pilares internos na edificação, faz-se a fixação da viga de
equilíbrio no solo com o auxílio de um outro elemento.

As sapatas podem ser classificadas quanto a sua rigidez, sendo esta classificação
de suma importância, pois direciona a forma como a distribuição de tensões se
dá, norteando o procedimento e método a ser utilizado no dimensionamento
estrutural. A NBR 6118 classifica as sapatas em rígida ou flecíveis como base na
equação 01.

h ≥ ((A – ap) / 3) Equação 01


Em que h é a altura da sapata, A é a dimensão da sapata em uma direção e a p é
a dimensão do pilar na mesma direção adotada na sapata. No caso de sapatas
que atendam à equação supracitada, as mesmas são consideradas rígidas,
sendo as demais que não atendam consideradas flexíveis.

Ressalta-se que a condição da equação 01 deve ser verificada em todas as


dimensões das sapatas, sendo que a mesma só deve ser considerada rígida no
caso de atender à equação 01 em todas as dimensões.

As sapatas rígidas são preferiveis em projetos de fundações, pelo fato de


as mesmas serem menos deformáveis, menos sujeitas à ruptura por punção
além de serem consideradas mais seguras.

As sapatas flexiveis têm como característica principal a sua baixa altura e,


de acordo com a NBR 6118, as mesmas são utilizadas de forma mais rara na
construção civil e são indicadas em obras que possuam cargas baixas e em
solos relativamente fracos.

Segundo diversos autores, a tensão de apoio que o elemente de fundação


exerce sobre o solo é um dos fatores mais importantes no aspecto da interface
base/solo. Pesquisas realizadas por diversos autores constataram que a
distribuição das tensões no solo não é distribuida uniformemente, sendo este
dependente de vários fatores, como por exemplo:

» Excentricidades no carregamento aplicado sobre a sapata.

» Intensidade dos momentos fletores atuantes.

» Rigidez do elemento de fundação.

14
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS │ UNIDADE I

» Propriedades do solo no qual a sapata estará assentada.

» Rugosidade do solo na base da fundação.

Em sapatas que são flexíveis, as mesma se curvam e tendem a manter a pressão


constante no solo. Já em sapatas rígidas, as mesmas não se curvam, e na
ocorrência de recalques os mesmos ocorrem de maneira uniforme, contudo, a
pressão do solo não é uniforme.

Por conta da complexidade de se dimensionar sapatas considerando a


pressão não uniforme, muitos engenheiros assumem a uniformidade sobre os
carregamentos. Isto acaba ocasionando um pequeno erro, que constuma não
ser significativo no aspectos de sapatas.

Em solos granulares, como no caso de areias, a pressão das sapatas no solo é


maior no centro e tende a decrescer em direção às bordas das sapatas. Já em
solos argilosos essa condição sofre a inversão, sendo que a pressão é maior nas
bordas e vai diminuindo conforme se chega no centro da sapata.

A NBR 6118 permite que no dimensionamento de sapatas rígidas se admita


que a distribuição de tensões normais no contato base/solo ocorra de forma
plana, nos casos em que não se tem informações detalhadas desta situação. Em
sapatas flexíveis, ou ainda nos casos de fundações sobre rochas, mesmo nos
casos de sapatas rígidas a informação supracitada deve ser revista.

Segundo a NBR 6122, a área da fundação que está solicitada por cargas
centradas deve ser de tal forma que as tensões transmitidas ao solo sejam
menores ou iguais às tensões admissiveis ou tensões resistentes de projeto
do solo de apoio da fundação. O item 7.8.1 da NBR 6122 ainda aponta que
as sapatas devem ser dimensionadas considerando os diagramas de tensão
na base representativa, sendo esta em função das caracteristicas do solo ou
rocha.

Logo, podemos concluir que a distribuição real não é uniforme, porém para
fins de simplificação se admite que a distribuição em sapatas se da de forma
uniforme. O projeto de fundação de uma sapata isolada deve serguir as seguintes
fases:

» Estimativa das dimensões da sapata.

» Dimensionamento das armaduras de flexão e verificações.

15
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

O mecanismo de ruptura de uma sapata pelo efeito de forças cortantes é


similar ao de uma laje lisa, sendo que a resistência da sapata é maior que a
resistência das vigas, desde que a forma tridimensional da sapata contribua
com a ocorrência deste fenômeno.

As sapatas que estão sujeitas a elevadas cargas verticais são dimensionadas


considerando mais as forças cortantes do que as forças gerados pelo momento
fletor. Ressalta-se que a verificação das forças cortantes, juntamente com
as forças de punção, são de suma improtância no caso de sapatas fléxiveis
conforme determina a NBR 6118.

Em sapatas rígidas, a admissão de uniformidade de tensão de tração faz com


que a armadura de flexão A sb , paralela a dimensão B da sapata, seja disposta
constante ao longo de toda a dimensão A da sapata e de forma semelhante
a armadura de flexão A sa . As duas armaduras da sapata são perpendiculares
e formam uma malha, que é posicionada próxima à superficie da base da
sapata.

Em casos em que as sapatas são alongadas, em que a dimensão de A é muito


superior à dimensão de B, a tração uniforme não deve ser adimitida.

16
CAPÍTULO 2
Sapata com carga centrada

Como citado anteriormente, o primeiro passo para dimensionamento das fundações


é a estimativa das dimensões das sapatas. Para realizar o dimensionamento e melhor
exemplificar usaremos a figura 1 como exemplo.

Figura 1. Notações para dimensionamento das sapatas.

Fonte: Alva, 2019.

Ao analisar a figura 01, percebe-se que Ca e Cb são as medidas da distância da


face do pilar até a extremidade da sapata. Para se calcular os momentos fletores
atuantes na fundação e a área de aço para combate da flexão, deve-se determinar
as dimensões de A e B da sapata de modo que estas dimensões sejam iguais ou
muito próximas (Ca = Cb). Com isso, tem-se que a área de aço da dimensão A seja
igual à área de aço da dimensão B.

A área de apoio da sapata no solo é definida com base da equação 02, em


que o N gk é a carga vertical em função das ações permanentes da edificação,
o N qk é referente as cargas verticais em função das ações variáveis, o K maj é o
coeficiente majorado das cargas verticais em função das ações permanentes
e o σ adm é a tensão admissível do solo de assentamento da fundação.

Ssap = ((Kmaj Ngk + Nqk) / σadm) Equação 02

O coeficiente K maj tem como função principal estimar o peso próprio da sapata
atuante no solo. Segundo a NBR 6122, é recomendado considerar no mínimo
5% das cargas verticais permanentes para o peso próprio das sapatas. Segundo
esta recomendação o coeficiente K maj deve ser de 1,05.
17
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

Alguns autores divergem sobre o valor de K maj , sendo que alguns


recomendam a utilização de 1,05 para sapatas flexíveis e de 1,05 a 1,10
para sapatas rígidas. Na estimativa da área da sapata em que não são
conhecidas as parcelas atuantes das ações permanentes e variáveis
recomenda-se adotar o fator de 1,05 como multiplicador da carga total.
Logo, a equação 02 se alteraria para a equação 03.
Ssap = ((1,05 Ng+qk) / σadm) Equação 03
Para a obtenção de balanços iguais nas duas direções das sapatas, a área da mesma
pode ser definida com base nas equações 04 e 05.
Ssap = A B Equação 04

A = (Ssap / B) Equação 05
Considerando os balanços iguais (Ca = Cb), tem-se a equação de segundo grau 06.
Multiplicando por B e resolvendo a equação 06 tem-se as equações 07 e 08 para
definição de sapatas com balanços iguais.
(Ssap / B) - B = ap - bp Equação 06

Ssap – B² = (ap – bp) B Equação 07

B = (1/2) (bp – ap) + √((1/4) (bp – ap)² + Ssap) Equação 08


As dimensões de A e B para melhor forma de execução devem ser
preferencialmente múltiplos de 5cm. Mais uma vez ressalta-se que sapatas de
edifícios de múltiplos pavimentos devem ter no mínimo 80cm de dimensão
em planta. A NBR 6122 diz que a menor dimensão em planta de uma sapata
não deve ser menor que 60cm. Nos casos de sapatas com balanços não iguais
(Ca ≠ Cb), conforme apresentado na figura 2, recomenda-se que a relação
entre as dimensões dos lados atenda à equação 09.

Figura 2. Sapata com balanços não iguais.

Fonte: Alva, 2019.

18
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS │ UNIDADE I

(A / B) ≤ 3 Equação 09

Logo, a relação da equação 08 é chamada de R, portanto pode-se determinar as


séries de Equações 10 a 14.

(A / B) = R Equação 10

A=BR Equação 11

Ssap = A B Equação 12

Ssap = B R B Equação 13

B = √( Ssap / R) Equação 14

O valor de R deve estar entre 1 e 3, definido o valor de R pode-se calcular a área


da sapata com base nas equações 02 ou 03, sempre lembrando que os lados de
A e B devem ser múltiplos de 5cm para melhor execução na prática.

Após a realização do dimensionamento da área da sapata, deve-se verificar a


mesma sob punção. A verificação das sapatas à punção é realizada conforme o
item 19.5 da NBR 6118. A tensão de cisalhamento solicitante deve ser verificada
com base na NBR 6118 no item 19.5.2.1.

Para melhor compreensão do método de dimensionamento e verificação de


sapatas sob cargas centradas, resolveremos juntos um exercício completo
proposto por Alva (2019).

Exemplo: deve-se dimensionar uma sapata de fundação rasa, para um pilar de


dimensões 20x80cm, em que o mesmo transfere à sapata uma carga vertical
centrada total de 1.250kN com armadura vertical do pilar composta por barras
de 16mm, a tensão admissível do solo de 0,26 MPa com os seguintes dados:

» Momentos fletores solicitantes = 0.

» Coeficientes de segurança = 1,4.

» Materiais, concreto C25, aço CA-50.

» Cobrimento de concreto = 4cm.

19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

Resolução:

O primeiro passo para o dimensionamento da sapata é a estimativa de suas


dimensões em planta, para isso vamos considerar como coeficiente majorador
de 1,10, com o intuito de considerar o peso próprio da sapata agindo sobre o
solo. Logo:

Ssap = ((Kmaj Ngk + Nqk) / σadm)

= ((1,1 1250)/0,026)
= 52,885cm²

Com base na figura 01 e buscando os balanços iguais utiliza-se a equação 08.

B = (1/2) (bp – ap) + √((1/4) (bp – ap)² + Ssap)

= (1/2) (20 – 80) + √((1/4) (20 – 80)² + 52885)

= 201,9cm

Como as dimensões devem ser múltiplas de 5, adotaremos a dimensão de 205cm


para o lado B. Logo,

A – B = ap - bp

A – 205 = 80 – 20

A = 265cm

Corrigindo a área da sapata:

Ssap = 265 . 205

= 54.325cm² ≥ 52.885cm²

= OK!

Os balanços iguais nas duas direções resultam em:

Ca = Cb

= ((A – ap) / 2

= ((265 – 80) / 2

= 92,5cm

20
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS │ UNIDADE I

Supondo que a sapata seja rígida, a altura da mesma deverá ser de:

h ≥ ((A – ap) / 3
≥ ((265 – 80) / 3
≥ 61,7

Como os balanços são iguais não é necessário realizar a verificação do outro


lado. Para realizar o cálculo da ancoragem do pilar no volume de concreto da
sapata com bitola de 16mm vamos considerar:

D = h – (c + 1)
= h – (4 + 1)
= h – 5cm
= 70 – 5
= 65cm

No cálculo das alturas das faces da superfície da sapata se determinada da seguinte


forma:

H0 ≥ 15cm ou h/3
≥ 70/3
≥ 23,3cm

.: 25cm

Para o cálculo do ângulo de inclinação se utiliza a seguinte fórmula:

tg α = ((h – h0) / c)
= ((70-25) / 92,5)
α = 25,9°

Figura 3. Descrições de sapatas.

Fonte: Alva, 2019.

21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

Após, devemos verificar os momentos fletores internos, para isso usaremos as


seguintes notações:

Pd = Nd / A B
= 1,4 1250 / 265 205
= 0,03221kN/cm²

Depois calculamos as distâncias das seções de referência:

Xa = Ca + 0,15 ap
= 92,5 + 0,15 80
=104,5cm
Xb = Cb + 0,15 bp
= 92,5 + 0,15 20
= 95,5cm

Então, calculamos os momentos fletores nas seções:

M1a = Pd (Xa² / 2) B
= 0,03221 (104,5² / 2) 205
= 36.053 kNcm
M1b = Pd (Xb² / 2) A
= 0,03221 (95,5² / 2) 265
= 38.924 kNcm

Logo, podemos calcular a armadura de flexão para os lados A e B:

Asa = (M1a / 0,85d Fyd)


= (36053 / 0,85 65 43,48)
= 15,01 cm²
Asb = (M1b / 0,85d Fyd)
= (38924 / (0,85 65 43,48)

= 16,20cm²

Transformando a armadura de cm² para cm²/m:

Na dimensão A: (15,01 / 2,05) = 7,32cm²/m, logo se utiliza barras de 10mm c/10cm


de espaçamento.

Na dimensão B: (16,20 / 2,65) = 6,11cm²/m, logo se utiliza barras de 10mm c/13cm


de espaçamento.

22
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS │ UNIDADE I

Após, faz-se a verificação da diagonal comprimida seguindo as seguintes notações:

Tensão atuante = (1,4 1250) / (2 (20+80)) 65


= 1,35 MPa
Tensão resistente = 0,27 (1 – (25/250)) (2,5/1,4)
= 4,34 MPa

OK!

Por fim, as sapatas devem ter o equilíbrio verificado, quanto à possibilidade de


tombamento e escorregamento.

23
CAPÍTULO 3
Sapata com carga excêntrica

As cargas excêntricas em sapatas podem ser oriundas da existência de momentos


fletores, forças horizontais nos pilares, ou ainda pela ação de cargas verticais, caso
este das sapatas de divisas.

A excentricidade em uma direção pode ocorrer de três maneiras. A primeira


maneira que pode ocorrer é a de ponto de aplicação da força dentro do núcleo
central de inércia. A aplicação desta excentricidade é expressa pelas Equações 15
a 18.
e < A/6 Equação 15
σ = (N / A B) +/- (M y) / I Equação 16
σmax = (N / A B) x (1 + 6e/A) Equação 17
σmin = (N / A B) x (1 - 6e/A) Equação 18
A excentricidade em um ponto de aplicação de força no limite do núcleo central
ocorre quando e = A/6. Logo, a tensão máxima é definida pela equação 19.
σmax = 2 (N / A B) Equação 19
A excentricidade em um ponto de aplicação de força fora do limite do núcleo
central ocorre quando e for maior que A/6. Logo, a tensão máxima de compressão
é definida pela equação 20. A excentricidade em duas direções pode ser observada
na figura 4.
σmax = (2N / 3B (A/2 -e) Equação 20

Figura 4. Excentricidade em duas direções.

Fonte: Alva, 2019.

24
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS │ UNIDADE I

O equilíbrio para sapatas com excentricidade em duas direções é obtido quando:

σ = (N / A B) +/- (Mb y) / I +/- (Ma x) / I Equação 21

Mabase = Ma + Ha h Equação 22

Mbbase = Mb + Hb h Equação 23
ea = Ma / N Equação 24
eb = Mb / N Equação 25

Nos casos em que e a/A + eb/B for menor ou igual a 1/6, as tensões máxima e
mínima de compressão serão dadas pelas Equações 26 e 27 respectivamente.

σmax = (N / A B) x (1 + 6ea/A + 6eb/B) Equação 26

σmin = (N / A B) x (1 - 6ea/A - 6eb/B) Equação 27

Nos casos em que ea/A + eb/B for maior que 1/6, as tensões máxima e mínima de
compressão serão dadas pelas equações 28 e 29 respectivamente.

σmax = σ1 = (N / K1 A B) Equação 28

σmin = σ4 < 0 Equação 29

Para melhor compreensão dos métodos de dimensionamento de sapatas com


cargas excêntricas, resolveremos juntos o dimensionamento de uma sapata
submetida a cargas excêntricas.

Exemplo: um pilar de 20 x 100cm é submetido a uma força de compressão de


1600kN, e um momento fletor de 10000kN.cm, atuando paralelamente ao eixo
de menor dimensão do pilar, conforme demostra a figura 05. Dimensione a
fundação do tipo sapata isolada para este pilar com as seguintes considerações:

» Concreto C25.

» Aço CA-50.

» σadm = 0,030 kN/cm² (0,30 MPa).

» Armadura do pilar é composta por barras de 20mm. (ALVA, 2019).

25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

Figura 5. Noções e dimensões do pilar.

Fonte: Alva, 2019.

Resolução:

O primeiro passo para o dimensionamento da sapata é a estimativa de suas dimensões


em planta, para isso vamos considerar como coeficiente majorador de 1,05, com o
intuito de considerar o peso próprio da sapata agindo sobre o solo, ressaltamos que não
vamos considerar a ação do momento fletor neste primeiro passo. Logo:

Ssap = ((Kmaj Ngk + Nqk) / σadm)


= ((1,05 1600)/0,030)
= 56,000cm²

Com base na figura 5 e buscando os balanços iguais utiliza-se a equação 08.

B = (1/2) (bp – ap) + √((1/4) (bp – ap)² + Ssap)


= (1/2) (20 – 100) + √((1/4) (20 – 100)² + 56000)
= 200,00cm

Logo,

A – B = ap - bp
A – 200 = 100 – 20
A = 280cm

Corrigindo a área da sapata:

Ssap = 280 . 200


= 56.000cm² ≥ 56.000cm²
= OK!

26
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS │ UNIDADE I

Dimensionado a sapata geometricamente passa-se a fazer a verificação das tensões


na base da sapata conforme demonstrado a seguir:

σ = (N / A B) +/- (M y) / I
y = (A/2)
I = ((B A³) / 12)
e = (M / (Kmaj / N))
= (10000 / (1,05 x 1600))
= 5,95 cm
A/6 = 280/6 = 46,7cm
e = 5,95 < 46,7cm

Logo, a força N está sendo aplicada dentro do núcleo central de inércia, visto isto
passamos a calcular a tensão máxima.

σmax = (N / A B) x (1 + 6e/A)
= (1,05 x 1600 / 280 x 200) x (1 + 6 x 5,95/280)
= 0,0338 kN/cm² > σadm = 0,030 kN/cm²
Não Ok!

Nestes casos a seção da sapata deve ser aumentada. No exemplo aumentaremos o lado
A da sapata para 300cm e recalculamos o lado B da mesma.

A – B = ap - bp
300 – B = 100 – 20
B = 220cm
Ssap = 300 . 220
= 66.000cm² ≥ 56.000cm²
= OK!

A excentricidade não é alterada, neste caso calculamos a tensão máxima nas novas
dimensões.

σmax = (N / A B) x (1 + 6e/A)
= (1,05 x 1600 / 300 x 220) x (1 + 6 x 5,95/300)
= 0,0285kN/cm² < σadm = 0,030 kN/cm²
Ok!

O próximo passo é definir a altura da sapata, conforme demonstrações abaixo.


Ressalta-se que deve ser verificado o lb, conforme a barra do pilar.

H0 ≥ 15cm ou h/3
≥ 80/3
≥ 26,7cm
.: 30cm

27
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

Os balanços iguais nas duas direções resultam em:

Ca = Cb
= ((A – ap) / 2
= ((300 – 100) / 2
= 100cm

Para o cálculo do ângulo de inclinação se utiliza a seguinte fórmula:

tg α = ((h – h0) / c)
= ((80-30) / 100)
α = 26,6°

Dimensionando a sapata geometricamente de forma definitiva, iniciam-se os cálculos


dos momentos fletores conforme a notação a seguir:

h/2 ≤ c ≤ 2h
80 / 2 ≤ c ≤ 2 x 80
40 ≤ 100 ≤ 160
Ok
ea = Md / Nd
= (1.4 x 10000) / (1,4 x 1600)
= 6,25cm
σmax = (N / A B) x (1 + 6e/A)
= (1,4 x 1600 / 300 x 220) x (1 + 6 x 6,25/30)
= 0,03818 kN/cm²
σmin = (1,4 x 1600 / 300 x 220) x (1 1 6 x 6,25/30)
= 0,02970 kN/cm² > 0

Logo a força N entá dentro do núcleo de inercia

Após, calculamos as distâncias das seções de referência:

Xa = Ca + 0,15 ap
= 100 + 0,15 100
=115cm

Após calculamos a tensão no solo na distância de referência:

P1A = 0,03818 – ((0,03818 – 0,02970) / 300) x 115


= 0,03493 kN/cm²

28
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS │ UNIDADE I

Logo, as forças resultantes das tensões do solo são:

P1 = 0,03493 x 155
= 4,02 kN
P2 = (0,03818 – 0,03493) x 115/2
= 0,19 kN
M1Ad = (4,02 x 57,5 + 0,19 x 76,7) 220

= 54.059 kN.cm

Figura 6. Esquemas de reações do solo na base da sapata.

Valor médio

Fonte: Alva, 2019.

Para as dimensões B, o momento fletor deve ser calculado com base nas distâncias de
referências, considerando a tensão média entre as tensões máximas e mínimas tem-se:

Pmed = (0,03818 + 0,02970) / 2


= 0,03394 kN/cm²
Xb = Cb + 0,15 bp
= 100 + 0,15 20
= 103cm
M1Bd = Pmed x (Xb² / 2) x A
= 0,03394 (103² / 2) 300
= 54.010 kN.cm

Dimensionando as armaduras de flexão:

Asb = (Md / 0,85d Fyd)


= (54059 / 0,85 75 43,48)
= 19,50 cm²

29
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

Asa = (Md / 0,85d Fyd)


= (54010 / 0,85 75 43,48)
= 19,49 cm²

Transformando a armadura de cm² para cm²/m:

Na dimensão B: (19,50 / 220) = 8,86cm²/m, logo se utilizam barras de 10mm c/9cm


de espaçamento.

Na dimensão A: (19,49 / 300) = 6,50cm²/m, logo se utilizam barras de 10mm c/12cm


de espaçamento.

Em seguida, faz-se a verificação da diagonal comprimida seguindo as seguintes


notações:

Tensão atuante = (1,4 1600) / (2 (20+100)) 75


= 1,24 MPa
Tensão resistente = 0,27 (1 – (25/250)) (2,5/1,4)
= 4,34 MPa

OK!

Por fim, as sapatas devem ter o equilíbrio verificado, quanto à possibilidade de


tombamento e escorregamento.

30
CAPÍTULO 4
Sapatas associadas

Quanto maior o número de sapatas isoladas e menor o número de sapatas


associadas em uma fundação de uma edificação, mais econômica será a mesma.
As sapatas associadas são indicadas nos casos em que as sapatas isoladas de
pilares se sobrepõem.

Nos casos em que as fundações de uma edificação são do tipo de sapatas


associadas, geralmente os engenheiros calculistas fazem coincidir o centro de
gravidade da sapata com o centro de gravidade das ações das cargas verticais
provenientes dos pilares, conforme mostra a figura 7.

Figura 7. Dimensões de uma sapata associada.

Eixo da viga de rigidez

Fonte: Alva, 2007.

Para a realização do cálculo da posição do centro de cargas, utilizamos a equação 30,


no qual o N1 e N2 são as forças normais e nominais dos pilares e s é a distância entre os
pilares.

YCG = (N2 / (N1 + N2)) s Equação 30

31
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

Já a área da sapata associada pode ser estimada pela equação 31, em que é suposto
que os momentos dos pilares sejam nulos e considerando um fator de 1,1
majorador que tem a função de exercer a carga do peso próprio da estrutura.

As = 1,1 (N1 + N2) / σadm Equação 31

No que diz respeito às dimensões da sapata (A e B), em sapatas associadas a definição


de um critério mais econômico torna-se mais difícil. Uma estratégia seria a adoção
de três balanços iguais, conforme demonstrado na figura 07, optando por deixar o
quarto balanço menor do que os outros.

Outra opção que pode ser utilizada pelos engenheiros responsáveis pelo
dimensionamento de sapatas associadas seria calcular as larguras que se
obteriam com o critério econômico considerando uma sapata isolada para cada
pilar. Após feito este cálculo, adota-se uma largura para a sapata associada
entre o valor compreendido das larguras das sapatas fictícias calculadas.

Para melhor compreensão do método de cálculo e dimensionamento,


resolveremos juntos um exercício de dimensionamento de fundações.

Exemplo: consideraremos uma sapata associada, em que são descarregados


sobre ela dois pilares (P1 e P02), sendo que os dois têm as mesmas dimensões
(20x40cm), o pilar P1 descarrega sobre a fundação uma carga de 1500kN, já o pilar
P2 descarrega sobre a fundação uma carga de 2000kN. A tensão admissível do
solo é de 0,3MPa, sendo que o centro de gravidade do P1 está distante 0,3 metros
da divisa do terreno e do centro de gravidade do P01 ao centro de gravidade do
P02 a distância é de 2 metros. Observação: os pilares estão alinhados.

Resolução: o primeiro passo para a resolução do exemplo é a definição da área da


sapata.

As = 1,1 (N1 + N2) / σadm


= 1,1 (1500 + 2000) / 300
= 12,83m²

Após o cálculo da área da sapata, devemos achar o centro de gravidade da sapata,


também chamado de centroide.

YCG = (N2 / (N1 + N2)) s


= (2000 / (1500 + 2000)) 2
= 1,42m

32
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS │ UNIDADE I

Para melhor execução, o valor do YCG deve ser múltiplo de 5, por isso adotaremos como
valor 1,45m. Sabendo o valor de YCG e a distância entre o pilar P1 e a divisa, podemos
calcular o valor da dimensão A.

A = 2 (x + YCG)
= 2 (0,30 + 1,45)
= 3,5 m

Sabendo o valor da dimensão de A e o valor da área da sapata podemos calcular o


valor de B.

B = As / A
= 12,83 / 3,5
= 3,67 m

Para melhor execução o valor de B deve ser múltiplo de 5, logo o valor de B passa
a ser 3,70 metros. Definidas as dimensões geométricas da sapata, passa-se a
calcular a altura da sapata associada. O valor de x na fórmula diz respeito ao
maior valor do balanço na sapata associada.

H = (2 x) / 3
= (2 . 1,20) / 3
= 0,80 m

Ainda, para melhor compreensão e finalização dos dimensionamentos de sapatas,


resolveremos um exemplo proposto por Alva (2007), para sapatas corridas.

Exemplo: dada a sapata corrida submetida a ação uniformemente distribuída,


calcular as armaduras de acordo com os dados abaixo (ALVA, 2007).

» σsolo,adm = 100kN/m².

» Concreto: C20.

» Aço: CA-50.

» Cobrimento: 4,0cm.

» (g + q)k = 100kN/m.

» ao = 25cm.

Resolução: como a sapata é corrida, adota-se uma faixa de 1,0m para efetuar o
dimensionamento. Para levar em conta o peso próprio da sapata, majora-se a ação

33
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

atuante em 5%. Com base na pressão admissível do solo, calcula-se a largura


necessária à sapata:

As = 1,05 (N) / σadm


=1,05 (100) / 100
= 1,05m²

Logo, a largura da sapata deverá ser de 1,05m. A altura da sapata é determinada de


acordo com a rigidez que se pretende impor a ela. Como o solo possui resistência
relativamente baixa, é recomendável adotar sapata flexível.

H = (a - ao) / 3
= (1,05 – 0,25) / 3
= 0,267m

Portanto, a altura da sapata para que esta seja flexível deve ser no máximo de
26,7cm. Por outro lado, a altura h0 na extremidade da base da sapata não deve ser
menor que 15cm. Analisando o intervalo em que se pode variar a altura da sapata
na seção (entre 15cm e 26,7cm), pode ser conveniente adotar no projeto uma
altura constante, pois a diferença entre h e h 0 não é grande. Logo será adotado: h
= h0 = 25cm.

Após o dimensionamento geométrico da sapata corrida, segue-se para o


dimensionamento das armaduras conforme resolução abaixo:

La = ((a – ap) / 2) + 0,15 ap


= ((1,05 – 0,25) / 2) + 0,15 1,05
= 0,438m
σsolo = ((105 . 1) / (1,05 . 1))
= 100kN/m²
Qa = σsolo . b
= 100 . 1,0
= 100kN/m
Mka = (Qa La²) / 2
= (100 . 0,438²) / 2
= 9,59kN.m

Como a sapata é corrida, a relação entre a maior e a menor dimensão em planta assume
valor superior a 2. Portanto, o caso é idêntico ao das lajes armadas em uma direção.

Mda = 1,4 . 959


= 1343kN.cm

34
INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS │ UNIDADE I

Asa = (M1a / 0,8d Fyd)


= (1343 / 0,8 20 43,48)
= 1,93 cm² (por metro)

A área mínima de armadura recomendada em lajes armadas em uma direção é igual


a 0,15% de bwh. Portanto:

Asamin = 0,0015 x bwh


= 0,0015 x 100 x 25
= 3,75cm² (por metro)

Neste caso, prevalece a armadura mínima. Adotando-se barras de 8mm de diâmetro


e um espaçamento de 13cm entre elas. A verificação do esforço cortante é feita
numa seção de referência S2, distante de d/2 da face do pilar.

L2 = ((a – ap) / 2) – (d / 2)
= ((105 – 25) / 2) – (20 / 2)
= 30cm
Bs2 = 100cm
Vsd = 1,4 . σsolo . bs2 . L2
= 1,4 . 100 . 1 . 0,3
= 42kN

Segundo a NBR 6118, calculando a tensão resistente e essa sendo maior que a
tensão solicitante de cálculo, não se faz necessário o uso de armadura transversal
para a força cortante.

Similarmente às lajes armadas em uma direção, deve-se dispor de uma


armadura de distribuição (secundária) na direção na maior dimensão. A área
dessa armadura deve ser tomada como o maior dos seguintes valores:

As,dist / s ≥ 0,2 . (As / s) ou 0,9cm²/m ou 0,5 . Asmin / s

Em que, As e s referem-se, respectivamente, à área e ao espaçamento das barras


longitudinais principais. Lembrando que a razão As/s indica a área de armadura
por unidade de largura (1m), tem-se:

0,2 . (As / s)
= 0,2 . 3,87
=0,77cm²/m
0,5 . (Asmin / s)
= 0,5 . 3,75
= 1,88cm²/m

35
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A FUNDAÇÕES RASAS I – SAPATAS

Portanto, o maior dos três valores resulta em 1,88cm2 /m. Por isso, adotamos
as barras de 6,3mm espaçadas em 16cm.

Agora podemos verificar as tensões de aderência:

Vsd,1 = 1,4 . qa . La
= 1,4 . 100 . 0,438
= 61,32kN
V = (61,32 / (0,9 . 20 . (7 . π . 0,8)
= 0,19kN/cm²
=1,90MPa
Fbd = 2,25 . 1 . 1 . 0,15 . 20^2/3
= 2,49MPa
Ok!

36
FUNDAÇÕES RASAS
II – RADIER, BLOCO UNIDADE II
E VIGAS

CAPÍTULO 1
Radier

Radier é um elemento de fundação rasa dotado de rigidez para receber e


distribuir mais do que 70% das cargas da estrutura (ABNT, 2019). O radier se
assemelha a uma placa de concreto ou ainda como uma laje que abrange toda a
edificação e tem contato direto com o terreno. Neste tipo de fundação, o radier
é responsável por receber as cargas provenientes dos pilares, paredes e outros
elementos da construção e descarregar sob o solo no qual está assentado, como
exemplificado na figura 8.

Figura 8. Exemplo de radier.

Fonte: Braga, 2019.

A escolha desta fundação acaba se tornando uma opção mais barata para obras
de pequeno porte e por isso tem se tornado comum nos canteiros de obras. Os
radiers podem ser produzidos em concreto armado, protendido ou em concreto
reforçado com fibras de aço.

37
UNIDADE II │ FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS

O radier pode ser utilizado nas seguintes situações: quando o solo possui baixa
capacidade de carga; quando se deseja que os recalques ocorram de maneira
uniformizada; quando as sapatas ficam muito próximas umas das outras ou quando
a área dessas sapatas somadas for maior que a metade da área de construção.

A classificação dos radiers pode ser quanto à sua geometria, quanto à sua
rigidez, à flexão e quanto à tecnologia. Quanto à geometria, Velloso e Lopes
(2014) classificam o radier em quatro principais tipos: lisos, com pedestais ou
cogumelos, nervurados e em caixão.

Radier liso: possui como principal vantagem a maior facilidade de execução.


Essas edificações possuem até 4 (quatro) pavimentos. O radier liso pode ser
visualizado na figura 9.

Figura 9. Radier liso.

Fonte: Velloso; Lopes, 2010.

Radier com pedestais ou cogumelos: aumenta a espessura sob os pilares e melhora


a resistência à flexão e ao esforço cortante. Os pedestais podem ser superiores ou
inferiores, conforme mostra a figura 10, quando inferior tem a vantagem de deixar a
superfície do piso plana e pode ser feito o pedestal na hora da escavação.

Figura 10. Radier com pedestais ou cogumelos.

Fonte: Velloso; Lopes, 2010.

38
FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS │ UNIDADE II

Radier nervurado: são executadas nervuras secundárias e nervuras principais,


colocadas sob os pilares, podendo ser superiores ou inferiores, conforme mostra
a figura 11.

Figura 11. Radier nervurado.

Fonte: Velloso; Lopes, 2010.

Radier em caixão: é utilizado quando tem-se a finalidade de ter uma grande


rigidez e pode ser executado com vários pisos. Sua visualização pode ser
analisada na figura 12.

Figura 12. Radier em caixão.

Fonte: Velloso; Lopes, 2010.

A classificação, quanto à rigidez à flexão, pode ser dividida em rígido e elástico.


Conforme aponta Dória (2007), os radiers rígidos possuem rigidez à flexão
considerada relativamente grande, ou seja, o elemento estrutural pode ser
tratado como um corpo rígido. Os radiers elásticos têm menor rigidez e os
deslocamentos relativos da placa não são desprezíveis.

A classificação quanto à tecnologia nada mais é do que a classificação em


concreto armado ou concreto protendido, com a utilização de cordoalhas
engraxadas.

39
UNIDADE II │ FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS

Algumas considerações na hora da execução do radier devem ser observadas.


O subleito precisa proporcionar um suporte firme e suficientemente uniforme
para a construção da laje. Inicialmente, um escoramento adequado deverá
ser executado durante a escavação das valas, assim como o nivelamento e
compactação do solo fazem parte da preparação do solo.

É importante compactar o solo para garantir que o solo terá resistência para receber
a armação. Posteriormente, deverão ser colocadas as formas nas quatro laterais
fazendo o fechamento da área que será concretada. O próximo passo é a colocação
das tubulações de instalações hidrossanitárias e os eletrodutos. O mesmo serve para
as saídas das armaduras de escadas e pilares, para evitar posteriormente cortes
indesejáveis na laje já concretada.

Após esses procedimentos e da colocação das instalações, é importante fazer a


impermeabilização da fundação com uma camada de brita e/ou lona sobre a área,
pois esta ação terá a função de proteger o aço contra a ferrugem. No próximo
passo, a fundação vai ser montada, é necessário formar as malhas de aço e
coloca-las em suas posições conforme o projeto.

Assim que as armaduras estiverem dispostas, o radier poderá ser finalizado com
a aplicação do concreto. Se o tipo de fundação for de concreto armado, a estrutura
estará pronta em aproximadamente 7 dias, após cura do concreto. Se for em contrato
protendido, há mais um passo a ser realizado que é o tensionamento dos cabos. Este
procedimento deve ser feito três dias após a aplicação do concreto.

Já o dimensionamento do radier é muito semelhante ao de uma laje, a diferença é que


o radier está em contato direto sobre o solo. Como já comentado anteriormente, o
lançamento do radier precisa ser conforme o porte da estrutura, para que os esforços
solicitantes no elemento sejam suportados.

Há vários e distintos métodos para o cálculo e dimensionamento estrutural dos radiers,


alguns deles são: método estático; sistema de vigas sobre base elástica; método das
diferenças finitas; métodos dos elementos finitos. Aqui, exemplificaremos o método
estático, conforme mostra Guimarães (2018).

Neste método se admite que a distribuição da pressão de contato varia


linearmente sob o radier rígido ou que as pressões são uniformes nas áreas de
influência dos pilares. Este é um método que é usado somente para o cálculo dos
esforços internos na fundação, pois considera somente o equilíbrio da reação
do terreno e das cargas atuantes.

40
FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS │ UNIDADE II

Além disso, é um método utilizado para o dimensionamento de radiers


nervurados e em caixão, que apresentam grande rigidez relativa. Para calcular
os radiers por este método devem ser seguidos os seguintes passos:

Primeiramente deve ser determinada a área de influência de cada pilar (A).


Posterior a isso, precisamos calcular a pressão média nessa área.

q=Q / A

O terceiro passo é determinar uma pressão média atuando nos painéis. Por
último, devem ser calculados os esforços nas lajes e vigas e as reações nos
apoios, e se essas reações estiverem muito diferentes das cargas nos pilares,
devem ser redefinidas as pressões médias nos painéis.

41
CAPÍTULO 2
Blocos de concreto simples

Os blocos de concreto simples são fundações rasas ou diretas, geralmente


empregados em casos de cargas moderadas com pequena excentricidade
(P<350kN). De acordo com a NBR 6122:2019, o bloco é um elemento de fundação
rasa de concreto, ou de outros materiais, que é calculado para que as tensões de
tração sejam suportadas pelo próprio material sem a necessidade de armadura.
Quando é utilizada armadura no bloco, pode-se dizer que se caracteriza como
sapata.

Normalmente, os blocos de fundações possuem uma altura considerada grande,


pois são um tipo de elemento que trabalha a compressão. Onde existir um pilar,
haverá, também, um bloco para distribuir a carga do pilar para o solo.

O centro de gravidade (CG) do bloco deve coincidir com o centro de carga do


pilar, conforme indicado na figura 13.

Figura 13. Centro de gravidade.

Fundação

Pilar

Planta

CGpilar =CGfundação
Fonte: Adaptada de Guimarães, 2018.

Geralmente, os blocos possuem formato de bloco tronco de cone, escalonado ou


retangular, como pode ser visualizado, respectivamente, na figura 14.

42
FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS │ UNIDADE II

Figura 14. Formatos dos blocos.

Fonte: Guimarães, 2018.

Além disso, há uma relação entre o ângulo “α” que se cria na base do bloco e o pilar,
conforme observado na figura 15.

Figura 15. Relação na geometria de um bloco.

Pilar

h
𝛼𝛼
5 cm (magro)
Fonte: Guimarães, 2018.

A altura (h) do bloco é dimensionada de modo que as tensões de tração possam ser
absorvidas pelo concreto, sem a necessidade de se utilizar a armadura de aço. Para
obter o valor da altura h deve-se calcular através da equação 32.

h = [(a – ao) / 2] . tgα Equação 32

43
UNIDADE II │ FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS

A máxima tensão transmitida ao solo pode ser calculada fazendo a soma do peso
do pilar com o peso do bloco e dividindo pela área da base do bloco, conforme
equação 33.

Ppilar + Ppróprio
σs = Equação 33
Abase

Como não se utiliza armadura no bloco, a tensão de tração deve ser inferior à
tensão de tração limite do concreto e calculada através da equação 34.

 fck 
σt ≤  ou 0,8 MPa  Equação 34
 25 
σs
Posteriormente, para a obtenção do ângulo da biela é utilizada a relação entre σ
t

. A partir desta relação, o valor do ângulo “α” é encontrado através da figura 16.

Figura 16. Ábaco para dimensionamento do bloco.

𝛼𝛼
(mín)
70º

60º

50º
𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝜎𝜎𝑠𝑠
= +1
40º 𝛼𝛼 𝜎𝜎𝑡𝑡

30º

𝜎𝜎𝑠𝑠
0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
𝜎𝜎𝑡𝑡

Fonte: Guimarães, 2018.

Ainda, para um melhor entendimento sobre dimensionamentos de bloco de concreto


simples, resolveremos um exemplo proposto por Alonso (2010).

Exemplo: dimensione um bloco de fundação confeccionado com concreto


fck=25 MPa, para suportar uma carga de 1700 kN aplicada por um pilar de
35x60 cm e apoiado num solo com σ s = 0,4 MPa. Desprezar o peso próprio
do bloco.

Resolução: inicialmente precisamos calcular a área da base do bloco, para que


assim possamos encontrar suas medidas. A partir dos dados fornecidos e como

44
FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS │ UNIDADE II

o enunciado nos fala para desprezarmos o peso próprio do bloco, podemos


utilizar a fórmula da maneira seguinte. Transformando 0,4 MPa temos 400
kPa, lembrando que Pa é o mesmo que N/m².

Abase = Ppilar / σs
Abase = 1700 kN/ 400 kN/m²
Abase = 4,25 m²

Logo, podemos adotar para os lados 2,00 x 2,15 m. O segundo passo é calcularmos a
tensão admissível à tração do concreto.

 fck 
σt ≤  ou 0,8 MPa 
 25 

Como temos fck=25 Mpa, se dividirmos 25/25 obteremos 1. Conforme a fórmula


acima, se o valor encontrado é maior que 0,8 Mpa, devemos utilizar 0,8 Mpa.
Sendo assim, com os valores de σ s = 0,4 MPa e σ t temos:

σ s/ σ t
0,4 / 0,8 = 0,5

Com valor obtido e utilizando a figura 16 encontramos o valor do ângulo da biela


como aproximadamente α=55º, como pode ser visualizado na figura 17.

Figura 17. Valor do ângulo através do ábaco.


𝛼𝛼
(mín)
70º

60º

50º
𝑡𝑡𝑔𝑔𝑔𝑔 𝜎𝜎𝑠𝑠
= +1
40º 𝛼𝛼 𝜎𝜎𝑡𝑡

30º

𝜎𝜎𝑠𝑠
0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
𝜎𝜎𝑡𝑡

Fonte: Adaptada de Guimarães, 2018.

Sintetizando, temos então os seguintes dados até o momento:

a = 2,15 m ao= 0,60m b = 2,00m bo = 0,35m

45
UNIDADE II │ FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS

Agora precisamos encontrar o valor da altura do bloco “h”.

h = [(a – ao) / 2] . tgα


h = [(2,15-0,6) / 2] . tg55º
h = 0,775 . tg55º
h=1,11 m
h = [(b – bo) / 2] . tgα
h = [(2-0,35) / 2] . tg55º
h = 0,825 . tg55º
h=1,18 m

Adotamos h=1,20 m. Sendo assim, o bloco de concreto possuirá as seguintes


dimensões 2,00 x 2,15 x 1,20 m.

46
CAPÍTULO 3
Vigas de equilíbrio

A NBR 6122:2019 define a viga de equilíbrio ou viga de alavanca, como também pode
ser chamada, como sendo o elemento estrutural que recebe as cargas de um ou dois
pilares e é dimensionado de modo a transmiti-las centradas às fundações.

A viga de equilíbrio se torna uma solução quando o pilar se encontra na divisa do


terreno, evitando o tombamento da sapata e, assim, ligando uma sapata a outra.
Em função da excentricidade da sapata, é gerado um momento e este momento
deve ser absorvido pela viga de equilíbrio. Como pode ser visualizado na figura
18, a viga de equilíbrio vai transmitir a carga vertical do pilar para o centro de
gravidade da sapata de divisa e, simultaneamente, vai suportar os momentos
fletores produzidos pela excentricidade da carga do pilar em relação ao centro da
sapata (ALVA, 2007).

Figura 18. Sapata com viga de equilíbrio.

Cargas dos pilares

Centro do Pilar

Centro da Fundação

Sapata

Visão Lateral

Excentricidade

Pilar

Divisa

Viga Alavanca Planta


Fonte: Zago, 2019.

47
UNIDADE II │ FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS

A viga de equilíbrio geralmente é feita com seção variável, utilizando estribos


e ferros dobrados para absorver o cisalhamento. Os diagramas de momentos
fletores e cortantes podem ser alcançados usando as resultantes P1 e R1 (cálculo
simplificado) ou os valores de q e q’ (cálculo preciso), como visto na figura 19.

Figura 19. Viga de equilíbrio.

Fonte: Alonso, 2010.

A partir da figura 19, temos as seguintes equações:

Seção 1

M1 =
−q + q
'
b02
2
b02
=

( q′ − q ) b 2 Equação 35
0
2 2

V1 = q’ b0 + –qb0 = –(q’ –q)b0 Equação 36


Seção 2
M2 = –∆P(ℓ-b/2) Equação 37

V2 = +∆P Equação 38
Seção de momento máximo
P
V =0 → qx0 =P1 → x0 = 1 Equação 39
q

qx02  b 
M0 = − P1  x − 0  Equação 40
2  2

48
FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS │ UNIDADE II

Para um melhor entendimento e finalização do assunto sobre vigas de equilíbrio,


vamos resolver um exemplo juntos, proposto por Alonso (2010).

Exemplo: dimensione a ferragem da viga de equilíbrio indicada na figura 20,


em que P1=1000 kN (20 X 50 cm). Adotar aço CA-50 e concreto com fck=18
MPa.

Figura 20. Exemplo de viga de equilíbrio proposto.

Fonte: Alonso, 2010.

Resolução: primeiramente precisamos calcular as cargas distribuídas.

q’ = P1/b0

q’ = 1000/0,2

q’ = 5000 kN/m

q = R/b

q = 1290/1,5

q = 860 kN/m

O segundo passo é calcular os momentos e forças cortantes da primeira e segunda


seção, conforme os passos seguintes.

49
UNIDADE II │ FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS

Seção 1
( q′ − q ) b 2 = 5000 − 860  2
M1 =
− 0 −  0, 2 =
−82,8 kN .m
2  2 

V1 = –(q’ –q) b0 = –(5000 – 860)0,2 = –828 kNN

Seção 2

 b  1,5 
M 2 = −∆P   −  = −290  2, 25 −  = −435 kN .m
 2  2 

V2 = +∆P = +290 kN

Seção de momento máximo

P1 1000
x=
0 = = 1,16m
q 860

qx 2  b  860 ×1,162  0, 2 
M 0 =0 − P1  x − 0  = − 1000 1,16 − =−481, 4 kNm
2  2 2  2 

Após encontrados os valores de momento e forças cortantes, podemos começar o


dimensionamento da viga.

18
τ ωu 0,=
= 25 f cd 0,=
25 3, 21 MPa < 4,5 MPa
1, 4

1, 4 × 828
τ ωd =
0,55d

Igualando as fórmulas obteremos as dimensões de “d” e “h”.

τωd = τωu → d≥ 0,66m

Adotado d=95 cm e h=100 cm

Com essas dimensões, com o momento fletor máximo de 481,4 kN.m e com a
equação 41, podemos calcular a armadura de flexão utilizando as Tabelas 1 e
2. Chegaremos ao valor de: A s = 9 ∅ 16mm.

Md
As = Equação 41
ϕ × d × fyd

50
FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS │ UNIDADE II

Tabela 1. Cálculo de armadura simples em peças retangulares sujeitas à flexão simples.

β φ μ Limites β φ μ Limites
0,06 0,976 0,040 0,56 0,776 0,296
0,18 0,928 0,114 0,58 0,768 0,303
0,20 0,920 0,125 A mín 0,585 0,766 0,305 CA-60A
0,20 0,920 0,125 εs = 0,01 0,60 0,760 0,310
0,22 0,912 0,136 0,62 0,752 0,317
0,24 0,904 0,148 0,628 0,749 0,320 CA-50A
0,26 0,896 0,158 0,64 0,744 0,324
0,28 0,888 0,169 0,66 0,736 0,330
0,30 0,880 0,180 0,679 0,728 0,337 CA-40A
0,32 0,872 0,190 0,68 0,728 0,337
0,34 0,864 0,200 0,70 0,720 0,343
0,36 0,856 0,210 0,72 0,712 0,349
0,38 0,848 0,219 0,725 0,710 0,350 CA-32
0,40 0,840 0,228 0,74 0,704 0,354
0,42 0,832 0,238 0,76 0,696 0,360
0,438 0,825 0,246 CA-60B 0,779 0,688 0,365 CA-24
0,44 0,824 0,247 0,78 0,688 0,365
0,46 0,816 0,255 0,80 0,680 0,370
0,462 0,815 0,256 CA-50B 0,82 0,672 0,375
0,48 0,808 0,264 0,84 0,664 0,379
0,489 0,804 0,264 CA-40B 0,86 0,656 0,384
0,50 0,800 0,272 0,88 0,648 0,388
0,52 0,792 0,280 0,90 0,640 0,392
0,54 0,784 0,288 0,92 0,632 0,395
Fonte: Alonso, 2010.

Tabela 2. Área de seção de armadura As (cm²).

Bitola ϕ Nominal para cálculo Número de fios ou de barras


Fios Barras Diâmetro Peso linear μ perímetro
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
(mm) (mm) (pol) (kgf/m) (cm)

3,2 - - 0,06 1,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,40 0,48 0,56 0,64 0,72 0,80
4 - - 0,10 1,25 0,125 0,25 0,375 0,50 0,625 0,75 0,875 1,00 1,125 1,25
5 5 ≈ 3/16 0,16 1,60 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40 1,60 1,80 2,00
6,3 6,3 ≈ 1/4 0,25 2,00 0,315 0,63 0,945 1,26 1,575 1,89 2,205 2,52 2,835 3,15
8 8 ≈ 5/16 0,40 2,50 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 3,50 4,00 4,50 5,00
10 10 ≈ 3/8 0,63 3,15 0,80 1,60 2,40 3,20 4,00 4,80 5,60 6,40 7,20 8,00
- 12,5 ≈ 1/2 1,00 4,00 1,25 2,50 3,75 5,00 6,25 7,50 8,75 10,00 11,25 12,50
- 16 ≈ 5/8 1,60 5,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00
- 20 ≈ 3/4 2,50 6,30 3,15 6,30 9,45 12,60 15,75 18,90 22,05 25,20 28,35 31,50
- 22 ≈ 7/8 3,05 6,90 3,80 7,60 11,40 15,20 19,00 22,80 26,60 30,40 34,20 38,00
- 25 ≈1 4,00 8,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00
- 32 ≈ 11/4 6,30 10,00 8,00 16,00 24,00 32,00 40,00 48,00 56,00 64,00 72,00 80,00

Fonte: Alonso, 2010.

51
UNIDADE II │ FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS

O segundo passo relacionado ao dimensionamento da armadura é calcularmos,


também, a armadura de cisalhamento.

9× 2
ρ
= ≅ 0, 003 → ψ 1 ≅ 0, 09
55 × 95
=τ c 0,=
09 18 0,382 MPa

1, 4 × 828
=τ wd = 2218 kN / m 2 ou 2, 218 MPa
0,55 × 0,95

τd = 1,15 × 2,218-0,382 = 2,17 MPa

O trecho da viga de equilíbrio na região do pilar da divisa é um elemento estrutural


que pode ser considerado como consolo curto, e, por este motivo, é válido levar toda
a armadura de flexão até a ponta da viga. Ou seja, todo o cisalhamento será
absorvido por estribos.

100 × 55 × 2,17
=Asw = 27,5 cm 2 / m
s 430

Ou seja, Ø 10 mm a cada 10 cm (quatro ramos).

Para assegurarmos a eficiência da ancoragem da armadura de tração devemos


arranjar laços que serão calculados da seguinte forma:

M 435
=Rs = = 538, 7 kN
0,85d 0,85 × 0,95

Concui-se que os 9 Ø 16 mm ancoram em 17 cm a força, como visto na figura 21.

Figura 21. Ancoragem.

Fonte: Alonso, 2010.

 17 
 b ,=
disp  1, 6 + 10 =∅ 20, 63∅
 

52
FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS │ UNIDADE II

Em serviço:
50 20, 63∅
σ s , máx = × 13, 4 kN / cm²
=
1, 61 48∅

Força ancorada:

F=13,4x18
F=241,2 Kn

Falta ancorar:

F=538,7-241,2
F=297,5 Kn
297,5 ×1, 61
As
= = 9, 6 cm 2 ≅ 8 ∅12,5 mm
50

Além disso, é válido dispor uma armadura de costura com área total.

As,cost = 0,4 As = 0,4 × 18 = 7,2 cm2 = 16 Ø 8 mm

Na outra extremidade da viga teremos:

bw=30 cm
V=290 Kn
τwd =(1,4x290)/0,3d

Se igualarmos τwd a τwd = 3,21 MPa, obteremos o valor “d” como d=0,43 m. O qual
adotaremos d=65 cm e h=70 cm.

τwd =(1,4x290) / (0,3x0,65)

τwd =2082 kN/m² ou 2,08 Mpa

Se admitirmos que no minimo 4 Φ 16 mm (de flexão) cheguem até o apoio, teremos:


4 × 2, 0
ρ2
= ψ 1 0, 095
≅ 0, 004 →=
30 × 65

=τ c 0,=
095 18 0, 4 MPa

100 × 30 × 2, 0
Asw/ s
= = 14 cm 2 / m →∅10 mm
430

a cada 10 cm (dois ramos)


0, 05 × 55 × 95
Armadura
= de pele 0,=
05% bw d = 2, 62 cm²
100

ou seja, 4 Ø 10 mm em cada face.

53
UNIDADE II │ FUNDAÇÕES RASAS II – RADIER, BLOCO E VIGAS

Com base em todos os cálculos realizados, para concluirmos a nossa atividade,


teremos o detalhamento seguinte da viga de equilíbrio vista na figura 22.

Figura 22. Detalhamento.


10𝜙𝜙

10𝜙𝜙
2

ae≈ 100 cm 2
481,4 9𝜙𝜙16
2

2
82,8 435 D.M.F

DQ

828

𝜙𝜙10 c/ 10 cm (4 ramos) 𝜙𝜙10 c/ 10 cm (2 ramos)

2 𝜙𝜙 16
9 𝜙𝜙 16 8 𝜙𝜙 12,5 (4 laços)
7 𝜙𝜙 16 > 4 𝜙𝜙 16

4 𝜙𝜙 12,5 6 𝜙𝜙 12,5 (3 laços) 4 𝜙𝜙 10 em cada face

9 𝜙𝜙 16

8 𝜙𝜙 12,5
(4 laços) 𝜙𝜙10 cada 10 cm

Corte A 6 𝜙𝜙 12,5
(3 laços)

4 𝜙𝜙 12,5

Fonte: Alonso, 2010.

54
FUNDAÇÕES
PROFUNDAS I – UNIDADE III
ESTACAS E BLOCOS
SOBRE ESTACAS

De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2019), as fundações profundas são os elementos
de fundação que vão transmitir a carga para o terreno pela sua base, chamada de
resistência de ponta, ou pela sua superfície lateral, denominada resistência de fuste, ou
ainda uma combinação das duas.

Ainda conforme a norma e como pode ser visto na figura 23, a profundidade de
assentamento deste tipo de fundação deve ser maior que o dobro da menor dimensão
em planta do elemento de fundação ou estar em uma profundidade mínima de
3 metros abaixo do terreno. Um exemplo deste tipo de fundação são as estacas e os
tubulões.

Figura 23. Fundação profunda.

P
Nível do terreno

P = RL + RP
Onde: RL
h>2B
RP = resistência de ponta;
RL = resistência de fuste; B

RP

Fonte: Alonso, 2010.

55
CAPÍTULO 1
Tipos de estacas

De acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2019), a estaca é um elemento de


fundação profunda e a sua execução se dá totalmente por equipamentos ou
ferramentas, sem que haja trabalho manual em profundidade e abaixo do
solo. Os principais materiais utilizados para as estacas são as madeiras, aços
e concreto, podendo ser armadas ou não. As estacas são dimensionadas para
suportar cargas verticais, horizontais e inclinadas.

Hoje em dia há uma grande diversidade de estacas empregadas na construção


civil, as características que as diferenciam são o método executivo e os
materiais utilizados para sua construção. São diversos os critérios para a
classificação das estacas, dentre os quais se destacam as citadas abaixo.

Conforme mostra Caputo (1988), podem ser classificadas de acordo com o efeito
que a estaca produz no solo em grande deslocamento, pequeno deslocamento e sem
deslocamento.

Grande deslocamento: as estacas são introduzidas sem retirar o solo, ou seja, são
cravadas no solo e, com isso, acabam por provocar um grande deslocamento no
solo. Os principais exemplos desta classificação são as estacas pré-moldadas de
concreto, de madeira e estacas Franki.

Pequeno deslocamento: esse tipo de estaca também é introduzida sem a retirada


do solo, porém provoca um pequeno deslocamento do solo. Como exemplos
principais temos as estacas metálicas e estacas mega.

Sem deslocamento: são as estacas que não provocam o deslocamento do solo


mas sim a sua retirada, que também são chamadas de estacas escavadas.
Exemplificando temos as estacas de trado mecânico, trado manual, hélice
contínua, raiz e Strauss.

Outra forma de classificação é o processo de execução, há as estacas moldadas


in loco, ou seja, no local, e as estacas pré-moldadas. Fazem parte das estacas
moldadas in loco os tipos: Franki; estacas sem lama bentonítica: Strauss,
estacas escavadas mecanicamente com trado helicoidal, estacas tipo broca;
hélice contínua; estacas escavadas com lama bentonítica; estacas injetadas:
microestacas e as estacas-raiz. Já nas estacas pré-moldadas são inclusas as
esatcas: de concreto; de madeira e estacas metálicas.

56
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Ainda, outra classificação é a forma de funcionamento em estacas de ponta, que


trabalha basicamente pela resistência de ponta; estacas de atrito, que trabalha
apenas por atrito lateral desenvolvido no fuste; e estaca mista, que trabalha pela
resistência de ponta e atrito lateral.

Logo abaixo conheceremos os estipos de estacas mais utilizadas no Brasil.

Estaca Franki: é um tipo de fundação profunda que possui alta capacidade de


carga e consegue alcançar grandes profundidades, podendo ser executada abaixo
do nível de água. Conforme a NBR 6122 (ABNT, 2019), a estaca Franki é definida
como uma estaca moldada in loco executada pela cravação, por meio de sucessivos
golpes de um pilão, de um tubo de ponta fechada por uma bucha seca constituída
de pedra e areia, previamente firmada na extremidade inferior do tubo por
atrito. Esta estaca possui base alargada e é integralmente armada, como pode ser
visualizado na figura 24.

Figura 24. Sequência de execução das estacas Franki.

Perfuração Concretagem
Marca Cabo de
no cabo Orelha de
arrancamento arrancamento

Tubo de Instalação
revestimento da grade
de fixação

Estaca
pronta

Cota de
Bucha arrasamento
seca
Altura de
de brita Altura da segurança
e areia bucha Fuste

Brita e areia Base

Fonte: Guimarães, 2018.

1. A estaca Franki causa muita vibração no terreno e por este motivo é


sugerido realizar uma vistoria e laudo nas edificações vizinhas antes
do início da execução e registrar as condições das estruturas da
vizinhança. Também não é indicada onde há terrenos com camadas
de argila mole saturada, em função dos possíveis problemas de

57
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

estrangulamento do fuste. É um tipo de estaca que leva grande


tempo de execução e, consequentemente, demanda maiores custos
com mão de obra e equipamentos.

2. Estaca broca: é um tipo de estaca em que a perfuração do solo é


executada manualmente, com o auxílio de um trado manual para
perfuração e posteriormente concretada, conforme visualizado na
figura 25. É escavada em profundidades pequena, possui em média
diâmetro de 25 cm a 30 cm e suporta, aproximadamente, cargas de
5 a 8 toneladas.

Figura 25. Execução de estaca broca.

1o 2o 3o 4o 5o

Armação de
ancoragem
Vala

Início da perfuração
(cavadeira)

Concretagem
Perfuração
com o trado

Fonte: http://engcarlos.com.br/brocas-manuais/. Acesso em: 29/1/2020.

Entretanto, as principais desvantagens referem-se às limitações de execução em


profundidades abaixo do nível d’água, principalmente em solos arenosos, devendo-se
também evitar a sua execução em argilas moles saturadas, a fim de evitar possíveis
estrangulamentos no fuste da estaca. Ainda, por ser feita manualmente, as estacas
brocas não garantem a verticalidade do furo.

3. Estaca Strauss: é definida, de acordo com a NBR 6122 (ABNT,


2019), como uma estaca cuja execução se dá pela perfuração do
solo através de uma sonda ou piteira e revestimento total com
camisa metálica, onde o concreto é lançado simultaneamente com
seu apiloamento e a retirada da camisa metálica, conforme visto
na figura 26.

58
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Figura 26. Execução da estaca Strauss.

1 2
Tripé
Perfuração Apiloamento 3
do fundo com
cascalho Instalação 4 5
da grade de
armação Concretagem

Sonda Pilão

Sonda
balde
Concreto

Fonte: https://www.vwffundacoes.com.br/estaca-tipo-strauss. Acesso em: 2/2/2020.

As vantagens das estacas Strauss estão na simplicidade dos equipamentos


no processo de execução, além disso, pode ser usada em espaços confinados
ou locais acidentados e ainda causa poucas vibrações no terreno. Entretanto,
a capacidade de carga é menor que a das estacas Franki e pré-moldadas de
concreto, além de não poder ser executada abaixo do nível do lençol freático.

4. Estaca escavada mecanicamente com trado helicoidal: como o


próprio nome já diz, sua execução é feita através de um trado
helicoidal mecânico, conforme visualizado na figura 27, em que, em
seguida, é realizada a concretagem in loco. Normalmente o diâmetro
das perfuratrizes varia de 0,2 m a 1,7 m, podendo ser executadas
estacas com profundidades de 6,0 a 10 m, dependendo do trado que
foi utilizado.

Figura 27. Equipamento utilizado para estaca escavada com trado mecânico helicoidal.

Fonte: https://www.vwffundacoes.com.br/estaca-tipo-strauss. Acesso em: 2/2/2020.

59
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

Algumas das vantagens de utilizar este tipo de estaca são: grande produtividade,
versatilidade e mobilidade, além de não produzir vibrações no terreno e ainda
possibilitar a construção de estacas inclinadas. Entre as desvantagens estão que
a resistência de ponta não contribui com a capacidade de carga da estaca e a sua
utilização em solo com nível de água muito elevado exige o emprego de fluido
estabilizador.

5. Estaca hélice contínua: é um tipo de fundação moldado in loco em


que sua execução acontece por meio de trado contínuo e injeção
de concreto sob pressão. Através de uma haste central do trado,
quando atingido a profundidade necessária, conforme o trado vai
sendo retirado, o concreto vai sendo injetado nessa perfuração,
conforme visto na figura 28. Neste tipo de fundação a armadura
é colocada após o concreto.

Figura 28. Processo de execução das estacas hélice contínua.

1 – Perfuração do 2 – Concretagem sob pressão 3 – Colocação 4 – Estaca


terreno com trado. com simultânea retirada do trado. da armadura. acabada.

Fonte: Guimarães, 2018.

6. Estacas injetadas: neste tipo de estaca a execução ocorre através da


injeção sob pressão de calda de cimento com a intenção de garantir
a integridade do fuste ou aumentar a resistância lateral e de ponta.
É um tipo de estaca que apresenta resistência de fuste maior se
comparada a outras estacas com mesmo diâmetro.

60
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

A estacas injetadas são mais indicadas para aplicação em: estabilização de


encostas, reforço de fundações, fundações em terrenos com blocos de rocha e
fundações em alto mar. Essas estacas são dividas em dois grupos: estaca raiz e
microestacas.

6.1 Estaca raiz: de acordo com a NBR 6122 (ABNT, 2019), as estacas
raiz são estacas armadas e preenchidas com argamassa de cimento e
areia, executada por perfuração rotativa moldada in loco, revestidas
integralmente por um conjunto de tubos metálicos, conforme mostra a
figura 29. Entre as vantagens desse tipo de estaca estão a possibilidade
de perfurar qualquer tipo de solo incluindo matacões, rochas e concreto,
além de não causarem vibração no terreno. Uma das desvantagens
das estacas raiz é o custo elevado se comparado com outros tipos de
fundações e, ainda, geram muito desperdício de água e demandam
elevado consumo de cimento.

Figura 29. Processo de execução das estacas raiz.

1 2 3 4

Perfuração Colocação Injeção de Retirada de tubos com


da estaca da armadura argamassa complemento de argamassa

5
Estaca
pronta

Fonte: Pereira, 2018.

6.2 Microestaca: é definida, segundo a NBR 6122 (ABNT, 2019), como


uma estaca armada moldada in loco, executada por perfuração rotativa
ou rotopercussiva e injetada com calda de cimento por meio de um
tubo com válvulas chamado de manchete, conforme mostra figura 30. A
microestaca é uma fundação muito versátil e possui diâmetro máximo de
20 cm e pode ser utilizada em locais com presença de matacões, areias,
argilas entre outros. Pelo fato de não vibrarem e seus equipamentos
serem de pequeno porte, é uma fundação bastante utilizada para obras
de reforço de fundações.

61
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

Figura 30. Execução de microestaca.

Perfuratriz
Misturador

Agitador

Revestimento Bomba de Bomba de


argamassa injeção de
Armação
interna e tubo cimento
de injeção

Calda de
Argamassa cimento

Fonte: https://sites.google.com/site/langeotecniaefundacao/contato/53-micro-estacas-injetadas. Acesso em: 2/2/2020.

7. Estacas pré-moldadas: são caracterizadas por sua cravação no terreno


por percussão, prensagem ou vibração. Podem ser constituídas por
apenas um elemento estrutural ou pela associação de dois desses
materiais, chamada, assim, de estaca mista. As estacas pré-moldadas
são classificadas de acordo com o material: estacas pré-moldadas de
concreto, estacas de madeira e estacas metálicas.

7.1 Estacas pré-moldadas de concreto: podem ser de concreto armado


ou concreto protendido, seu formato pode ser quadrado, circular,
hexagonal, tipo estrela, maciças ou ocas e precisam apresentar
resistência compatível com o projeto e esforços que surgem devido
ao transporte e cravação. Seu processo executivo costuma ser por
cravação por bate-estaca, conforme mostra a figura 31, que causa
alto nível de vibração no terreno.

62
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Figura 31. Execução de estaca pré-moldada.


2 – Cravação do perfil 3 – Posicionamento do
1 – Posicionamento metálico ou da estaca novo elemento e
da estaca pré-moldada execução de emenda 4 – Continuação
da cravação

5 – Corte e preparo
da cabeça da
estaca

Fonte: https://sites.google.com/site/langeotecniaefundacao/contato/53-micro-estacas-injetadas. Acesso em: 2/2/2020.

As dimensões deste tipo de estaca variam de 15 cm a 70 cm e o comprimento


até 12 m, entretanto, para alcançar maiores profundidades podem ser realizadas
emendas através de soldas. Entre as vantagens está a boa resistência de esforços
pelo fato de serem produzidas em fábricas, o que geralmente garante um concreto
de boa qualidade por seu controle e fiscalização. Uma das desvantagens é que a
estaca pré-moldada de concreto não ultrapassa solos resistentes e rochas, pois
pode acabar danificando e até quebrando a estaca.

7.2 Estaca de madeira: é o tipo de estaca mais antiga e a mais simples


no Brasil. Consiste em troncos de árvores, em peças retas, roliças
e descascadas as quais são cravadas no solo com bate-estacas de
pequenas dimensões e martelos leves. São estacas econômicas, de
fácil transporte e também fácil cravação, entretanto, em terrenos
com solo muito resistente, a ponta da estaca deve ser protegida
com uma ponteira de aço, conforme pode ser visualizado na figura
32a, para evitar a quebra da estaca.

63
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

Figura 32. a) Esquema de proteção; b) Esquema tradicional de emendas.


a) b)

Anel metálico
Chapa de aço

Parafuso com
Ponteira rosca e porca
metálica

Fonte: Constancio, 2004.

O comprimento das estacas varia de 5 m a 8 m e o diâmetro da seção pode variar de 18


cm a 35 cm. Suas emendas, vistas na figura 32b, geralmente são em sambladura, anel
metálico ou aparafusadas e podem ser feitas até 12m. Essas estacas quando mantidas
abaixo do nível da água podem ter uma duração enorme, porém, por se tratar de um
material natural, deve ser tratada contra fungos, bactérias, térmitas etc. Entre as
desvantagens está a grande vibração causada durante sua cravação.

7.3 Estacas metálicas: são definidas, conforme a NBR 6122 (ABNT,


2019), como uma estaca cravada constituída por um elemento metálico
industrial que pode ser de perfis laminados ou soldados, simples ou
múltiplos, tubos de chapa dobrada ou calandrada, tubos com ou sem
costura e trilhos, conforme pode ser visualizado na figura 33. Seus
formatos podem ser diversos, como: I, H, circulares, quadradas,
retangulares, entre outras.
Figura 33. Tipos de perfis para estacas metálicas.

PERFIL LAMINADO
B HIOI,6 , HI27 e
PERFIL LAMINADO HI52,4 mm
HPL, HPM ou HPP PERFIL SOLDADO Padrão americano
Padrão europeu CS (H=B)

PERFIL I LAMINADO PERFILDE SEÇÃO PERFIL TUBULAR


Reforçado CAIXÃO

Fonte: http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=19&Cod=104. Acesso em: 2/2/2020.

64
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

As estacas metálicas geralmente são usadas em fundações, contenções e,


principalmente, quando se quer alcançar maiores profundidades. Algumas
das vantagens são que as estacas metálicas podem ser emendadas e cravadas
em praticamente qualquer tipo de terreno. Ainda, apresentam pouca vibração
durante sua execução e quando empregadas em serviços provisórios podem
ser reaproveitadas várias vezes. Entre as desvantagens destaca-se o alto custo
quando comparadas a outros tipos de estacas e, se não forem bem tratadas,
podem apresentar grande risco de corrosão e oxidação.

8. Estaca mega: é definida pela NBR 6122 (ABNT, 2019) como sendo
uma estaca de concreto ou metálica que é introduzida no terreno
através de um macaco hidráulico que vai reagir contra uma estrutura
que já existe ou criada especificamente para este fim. Sua execução
acontece da seguinte forma: a cravação se dá contra as fundações
que já estão no local, ou seja, por baixo das fundações existentes
é colocado um cabeçote de concreto armado que vai se ajustando
aos elementos que ali existem de modo a permitir que a estaca nova
entre em carga imediatamente após a retirada do macaco, conforme
mostra a figura 34.

Figura 34. Execução de estaca mega.

N.T

Recalque
Fundação
existente Macaco
Pistão hidráulico

Módulos
pré-moldados

N.A

Ponta

Fonte: https://sites.google.com/site/langeotecniaefundacao/contato/53-micro-estacas-injetadas. Acesso em: 2/2/2020.

Esta estaca é utilizada principalmente como reforço de fundação ou substituição de


fundação já existente. Uma das vantagens é a recuperação das fundações sem
demolições, ou seja, substitui as fundações existentes ao mesmo tempo que faz
uso da edificação. Outra vantagem da estaca mega é que pode ser executada em

65
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

locais pequenos e de difícil acesso a pessoas e equipamentos, como ilustra a


figura 35. Uma das principais desvantagens é seu custo elevado e longo tempo
de cravação.

Figura 35. Estaca mega.

Fonte: https://www.jjlimaempreiteira.com.br/fundacao-com-estaca-mega. Acesso em: 2/2/2020.

66
CAPÍTULO 2
Dimensionamento

De modo geral, a capacidade de carga de uma estaca obtida como o menor dos dois
valores entre a resistência do material da estaca e a resistência do solo que está
submetido.

Conforme aponta Alonso (2012), para obter a resistência do solo, os métodos


de cálculo propostos por Aoki-Velloso, Décourt-Quaresma e outros podem ser
utilizados. Já para a obtenção da resistência do material, se a estaca tiver somente
cargas de compressão com tensões inferiores a 5 Mpa, não será necessária a
utilização de armadura. Entretanto, se a tensão média for maior que este valor, a
estaca precisará ser armada no trecho em que essa tensão ultrapassa 5 Mpa.

Tais dimensionamentos das fundações profundas, independentemente do tipo


de esforço (tração, flexão, torção ou cortante), deverão ser realizados conforme
a norma NBR 6118. Já a norma NBR 6122 deve ser utilizada para encontrar
os valores da resistência característica do concreto e os coeficientes de
majoração das cargas e mineração das resistências, que podem ser visualizados
resumidamente na tabela 3.

Tabela 3. Valores básicos recomendados de acordo com a NBR 6122.

Tipos de estacas fck MPa γf γs γc


Estacas moldadas “in loco”
1.1 Tipo de broca 15 1,4 - 1,8
1.2 Tipo Strauss 15 1,4 1,15 1,8
1.3 Tipo Franki 20 1,4 1,15 1,5
1.4 Escavadas com uso de lama 20 1,4 1,15 1,9
1.5 Escavadas, com injeção 20 1,4 1,15 1,6
Estacas pré-moldadas
2.1 Sem controle sistemático do concreto 25 1,4 1,15 1,4
2.2 Com controle sistemático do concreto 35 1,4 1,15 1,3
Tubulões
3.1 Não revestidos 14 1,4 1,15 1,6
3.2 Revestidos 20 1,4 1,15 1,5
Fonte: Alonso, 2012.

1) Dimensionamento na compressão: uma estaca submetida a compressão


que possui a tensão média maior que 5 MPa deve ser calculada de acordo com
a NBR 6118 (ABNT, 2014), atendendo ao coeficiente mínimo de segurança
com valor igual a 2. Conforme a NBR 6122 (ABNT, 2019), se as estacas ou
tubulões forem sujeitas às cargas de compressão e apresentarem sua cota de

67
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

arrasamento superior ao nível do terreno ou cruzar solos moles, as mesmas


devem ser verificadas à flambagem.

Caso seja verificado que a ruptura não acontecerá por flambagem, o cálculo
poderá ser realizado seguindo a NBR 6118, em que a carga de compressão será
majorada na proporção (1+6/h), porém não menor que 1,1. O valor de “h” será
em centímetros e deve ser o menor lado do retângulo mais estreito circunscrito à
seção da estaca.

Para o dimensionamento na compressão deverá ser utilizada a equação 42.


Nd(1+6/h) = 0,85 Ac . fcd + As’ . fyd Equação 42
Em que:
Nd = ɣf . N Equação 43

fcd = fck / ɣc Equação 44

fyd = fyk / ɣs ou 0,2%.Es Equação 45


A armadura mínima que deverá ser adotada é 0,5% A, em que A é a área da
seção transversal da estaca. Para melhor entendermos o processo desse
dimensionamento, vamos resolver junto uma questão proposta por Alonso
(2012).

Exemplo: dimensionar a armadura de uma estaca maciça com diâmetro de


80 cm sujeita a uma carga de compressão em seu topo de 2800 kN e com um
diagrama de transferência de carga para o solo, conforme mostra a figura 36.
Adotar concreto com fck=16 MPa e aço CA 50.

Figura 36. Exemplo.

Fonte: Alonso, 2012.

68
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Resolução: o primeiro passo é verificarmos se a tensão média da estaca é maior


que 5 MPa, para então calcularmos o trecho que precisará de armadura. Com
N=2800 kN precisamos encontrar o valor da área da base através da fórmula da
área circular.

A = (π . d²)/4
A = (π . 0,8²)/4 = 0,5 m²
σ = N /A

σ = 2800 / 0,5 = 5600 kN/m² ou 5,6 MPa

Como o valor da tensão σ ultrapassou 5 MPa, conclui-se que é necessário armar


a estaca até a profundidade em que esse valor não seja ultrapassado. Dessa
forma teremos:

(N-PL) / A = 5 MPa
(2800-PL) / 0,5 = 5000
PL = 300 kN

Ou seja, a estaca necessitará ser armada até a profundidade abaixo:

z = 20 / 1000 . 300
z=6m

Para fins de simplificação dos cálculos, adotaremos uma armadura constante


que corresponde à carga maxima de compressão, com λ ≤ 40, pois a estaca está
totalmente enterrada.

 6
γ f . N . =
1 +  0,85 Ac . fcd + As' fyd
 h

Em que:

γf = 1,4

6 6
1+ =1 + =1, 075 =adotado1,1
h 80

fcd= 16 / 1,4 = 11,4 MPa = 11400 kN/m²

 500
 ≅ 435 MPa
fyd =  1,15
0, 2% E =0, 2% × 210000 = 420 MPa ou 420000 kN / m²
 s

1,4 . 2800 . 1,1 = 0,85 . 0,5 . 11400 + A’s 2000

69
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

A’s < 0 usar armadura mínima

0,5
As' min = × 5000 =25 cm 2 , sejam 8 ∅ 20 mm
100

2) Dimensionamento na tração: para Alonso (2012), neste caso de


dimensionamento, a estaca deverá ser sempre armada, em que a seção da
armadura seja condicionada pela abertura máxima permitida para as fissuras.
Normalmente a taxa da armadura nas estacas é reduzida e por isso podemos
usar a fórmula simplificada da NBR 6118, vista na equação 46.

∅ 3 × σ s2
=ω × Equação 46
2ηb − 0, 75 Es × ftk

Em que:

Ø é o diâmetro das barras tracionadas, em mm;

ηb é o coeficiente de aderência, nunca maior que 1,8;

Es é o módulo de elasticidade do aço, equivalente a 210000 Mpa;

σ s é a tensão máxima que atua no aço tracionado a fim de garantir a abertura


prefixada das fissuras;

ftk é a resistência característica do concreto à tração, podendo seu valor ser


encontrado através de:

ftk = fck / 10 para fck ≤ 180 MPa


ftk = 0,06 . fck + 0,7 para fck > 18 MPa

Os valores de ω são:

» Para estacas não protegidas em meio agressivo (fissuras até 0,1 mm).

» Para estacas não protegidas em meio não agressivo (fissuras até 0,2
mm).

» Para estacas protegidas (fissuras até 0,3 mm).

Para melhor entendimento e visualização desenvolveremos um exemplo proposto


por Alonso (2012).

70
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Exemplo: dimensionar a armadura de uma estaca pré-moldada de 12 m de


comprimento, diâmetro externo de 50 cm e parede de 9 cm para as etapas de
manipulação e transporte, e para a fase final trabalhando à compressão de 1300
kN ou 180 kN de tração. Adotar fck=30 MPa e controle sistemático.

Resolução: primeiramente vamos analisar a estaca na sua fase de transporte e


manipulação, em que a solicitação mais crítica iremos admitir que seja quando a
estaca é erguida pelo terço de seu comprimento, conforme mostra a figura 37, e
encontraremos o valor do momento.

Figura 37. Exemplo.

Fonte: Alonso, 2012.

π
Ac =
4
( 0,5 2
− 0,322 ) = 0,116 m²

q = 0,116 . 25 = 2,9 kN/m

M = (2,9 . 4²) / 2 = 23,2 kN.m

Considerando os efeitos de impacto, devemos elevar esse momento em 30%.

M = 23,2 + 30% ≈ 30 kN.m

fcd = 30 / 1,3 = 23 MPa

 500
 ≅ 435 MPa
fyd =  1,15
0, 2% E =0, 2% × 210000 =420 MPa
 s

Utilizando, por exemplo, um ábaco de Montoya (2000), obteremos os valores


seguintes.
∂=0
1,4×30×10−3
}ω = 0, 07
=µ = 0,031
0,116×0,5×23

As= 0,07 . 1160 . (23/420) = 4,5 cm²


As,mín= 0,5 / 100 . 1160 = 5,8 cm²

71
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

Na fase final, o dimensionamento trabalhando à compressão de 1300 kN será


calculado como pilar curto (λ ≤ 40), pois a estaca se encontrará enterrada
totalmente e supõe-se que o cálculo apresentou que a estaca não sofrerá
flambagem.

γf . (1 + 6/h) . N = 0,85 Ac fcd + As’ fyd


1,4 . 1,12 . 1300 . 10-3 = 0,85 . 0116 . 23 + As’ . 420
As’ = mín = 5,8 cm²

Enfim, será admitido meio agressivo protegido para o cálculo da estaca trabalhando à
tração, ou seja, ω = 1 (fissuras com abertura máxima de 0,1 mm).

ftk = 0,06 . 30 +0,7 = 2,5 MPa


ηb = 1,5

Utilizando a equação 46:

∅ 3σ s2
=1 ×
2 ×1,5 − 0, 75 210000 × 2,5
627
σs =
√∅

Se o diâmetro Ø é em mm e a tensão σs é em MPa e se adortarmos barras Ø = 10 mm,


a tensão de tração máxima será:

627
σs
= ≅ 198 MPa
√ 10
N tk 180 ×10−3
As
= = = 0,91×10−3 m 2 ou 9,1cm²
σs 198

Com isso concluimos que a armadura que atende ao mesmo tempo a todas as fases
de carregamento da estaca será: As = 9,1 cm^2 → 12 Ø 10 mm.

Veremos agora como o dimensionamento de uma estaca com seção quadrada se


assemelha ao dimensionamento de uma viga, proposto por Alonso (2012).

Exemplo: dimensione a armadura de uma estaca de seção quadrada com dimensões


30x30 cm submetida a um momento M=45 kN.m e a um cortante Q=40 kN,
sabendo que a mesma será executada com concreto fck=16 MPa e aço CA 50 A.

Resolução: para fins de conhecimento, o cálculo da armadura de flexão será


realizado utilizando-se a tabela 1 e o da armadura de cortante a tabela 4.

72
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Tabela 4. Valores de Asw em cm²/m para estribos de dois ramos. Roteiro de cálculo (unidades em MPa).

𝑉𝑉𝑑𝑑 0,25 𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 𝜓𝜓1


𝜏𝜏𝑤𝑤𝑤𝑤 = ≤{
𝑏𝑏𝑤𝑤 . 𝑑𝑑 4,5 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀

𝜏𝜏𝑑𝑑 = 1,15 𝜏𝜏𝑤𝑤𝑤𝑤 − 𝜏𝜏𝑐𝑐 0,14

𝜏𝜏𝑐𝑐 = 𝜓𝜓1 √𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 , em que 𝜓𝜓1 é dado ao lado 0,07

100
𝐴𝐴𝑠𝑠𝑠𝑠 = × 𝑏𝑏𝑤𝑤 × 𝜏𝜏𝑑𝑑 (com 𝑏𝑏𝑤𝑤 em cm)
𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 𝜌𝜌
0,001 0,015

Espaçamento (cm) Diâmetro (mm)


5 6,3 8 10 12,5
5 7,12 12,68 - - -
6 5,94 10,60 16,50 23,80 42,20
7 5,08 9,05 14,10 20,40 36,20
8 4,44 7,92 12,40 17,80 31,70
9 3,96 7,04 11,00 15,80 28,20
10 3,56 6,33 9,90 14,30 25,30
11 3,24 5,76 9,00 13,00 23,00
12 2,96 5,28 8,25 11,90 21,10
13 2,74 4,87 7,61 11,00 19,50
14 2,54 4,52 7,07 10,20 18,10
15 2,38 4,22 6,60 9,50 16,90
16 2,22 3,96 6,19 8,91 15,80
17 2,10 3,73 5,82 8,38 14,90
18 1,98 3,52 5,50 7,92 14,10
19 1,88 3,33 5,21 7,50 13,30
20 1,78 3,17 4,95 7,13 12,70
25 1,42 2,53 3,96 5,70 10,10
30 1,18 2,11 3,30 4,75 8,45
35 1,00 1,81 2,83 4,07 7,24
Fonte: Alonso, 2012.

Armadura de flexão:

fcd = 16 / 1,4 = 11,4 MPa

 500
 1,15 = 435 MPa
fyd = 
 0, 2 E ≅ 420 MPa
100 s
b = 0,3 m

d = 0,27 m } bd 2 fcd ≅ 0, 25 MN .m

73
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

1, 4 × 45 ×10−3
µ
= ϕ 0,82
= 0, 252 →=
0, 25

1, 4 × 45 ×10−3
=As = 0, 0007 m 2 ou 7 cm 2 → 4 ∅16 mm
0,82 × 0, 27 × 420

Já a armadura mínima será 0,15% x 30² = 1,35 cm².

Armadura de cortante conforme roteiro da tabela 4.

1, 4 × 40 ×10−3 0, 25 fcd


=τ wd = 0, 69 MPa < 
0,3 × 0, 27  4,5 MPa
4× 2
=ρ ≅ 0, 01 → ψ1 ≅ 0,11
30 × 27
=τ c 0,11
= 16 0, 44 MPa

τd = 1,15 × 0,69 - 0,44 = 0,36 MPa

100
Asw = × 30 × 0,36= 2, 6 cm 2 / m
420

Já a armadura mínima será As = 0,14 . 30 = 4,2 cm²/m → Φ 6,3 c 15 cm.

74
CAPÍTULO 3
Detalhamento

O detalhamento das armaduras das estacas varia conforme o tipo de estaca


escolhida para tal edificação. Não há um padrão para esse detalhamento em função
das variadas opções de estacas existentes na construção.

Para tanto, a fim de conhecimento e visualização seguem nas figuras 38, 39, 40 e 41
alguns exemplos de detalhamento para diferentes estacas.

Figura 38. Detalhamento de estacas no geral.

DIAM. E COTA DE ASSENTAMENTO (CA)


L1
DIAM. ESTR

QEST BITESTR ESP


- LESTR
S S S S
QAL BIT. L. LARM
L2
QAL – BIT. L

LEGENDA LE
DIAM. E – Diâmetro da estaca
DIAM. ESTR – Diâmetro do estribo 40
QAL – Quantidade de armadura longitudinal
BIT. L – Bitola da armadura longitudinal
LARM – Comprimento da armadura longitudinal 10
L1 – Comprimento da armadura acima da CA
L2 – Comprimento da armadura abaixo da CA
S – Espaçamento
LE – Comprimento efetivo da estaca
QEST – Quantidade de estribos DIAM. E
BITESTR – Bitola dos estribos
ESP – Espaçamento
DIAM. ESTR
LESTR – Comprimento do estribo

Fonte: http://gamazplaneja.com.br/system/armaduraestaca.php. Acesso em: 2/2/2020.

75
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

Figura 39. Detalhamento de estaca tipo hélice contínua Ø 50 cm.


Cota de
arrasamento 100 Roletes c/ 2,00 m 5 5

200
21 x P2
6 x P1 - Φ16,0 mm
Estribo 40
P1 – Φ 16,0 mm c= 600 cm C= 600 cm
P2 c/ 20 cm
P3 15
d (cm) c (cm) 500
38 L=134
comprimento útil
36 128
34 122 40
32 115
P3 21 x P2 Φ 6,3 mm c/ 20 cm c=141 cm
30 109
100 15

Cota de ponta d (VAR.)

5 x P3 Φ 6,3 mm c/ 20 cm c=variável
(Comprimento médio = 122 cm)
Fonte: http://comofazerorcamentodeobra.blogspot.com/2016/02/como-montar-uma-composicao-de-precos.html. Acesso
em: 2/2/2020.

Figura 40. Detalhamento de estacas.


0,1 0,1 0,1

N7

0,03
N7 – 3 Φ 12,5 mm
1,1

N8
N8 – 3 Φ 12,5 mm
N6 0,65

0,02
0,32 0,28
N8

N6

N7
N6 – 14 Φ 6,3 mm C/10
0,02 0,28 0,02
Fonte: Buttignol; Almeida, 2013.

76
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Figura 41. Detalhamento de estaca pré-moldada de concreto.


Detalhe da estaca Detalhe da emenda

100
Φ 4,2 mm c/5 AST= 4,2 mm CA60
Espiras passo 5 e 30
r 2
7 7

Solda elétrica
Eletrodo tipo OK – 48
Φ 3,25 mm

Comprimento L

Detalhe do anel
(L – 200)
Φ 4,2 mm c/5 Anel de emenda
Espess. 3/16”

60 cm Armadura de emenda
80 cm 6 Φ 3/8” / 6 Φ 1/2”
CA 50 A

100
Φ 4,2 mm c/5

Fonte: https://construcaociviltips.blogspot.com/2012/03/estacas-pre-moldadas-de-concreto.html. Acesso em: 2/2/2020.

77
CAPÍTULO 4
Blocos sobre estacas

Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2019), o bloco de coroamento é um bloco estrutural


que transfere a carga dos pilares para os elementos da fundação profunda.
São blocos maciços tridimensionais que transmitem a carga dos pilares para
um conjunto de estacas e por isso são responsáveis por associar o conjunto de
estacas para que elas atuem juntas conforme ilustra a figura 42.

Figura 42. Exemplo de bloco de coroamento para duas estacas.


Pilar

Bloco de coroamento
Estaca

Estaca

Fonte: Guimarães, 2018.

O número de estacas que podem ser associadas a um bloco de coroamento


pode ser 1, 2, 3... N estacas. A quantidade necessária de estacas varia
principalmente conforme a capacidade da estaca, das características do solo
e carregamento. Normalmente em edificações pequenas, como residências
térreas, sobrados e galpões, são utilizados blocos sobre uma ou duas estacas,
em que a carga vertical vinda pilar é de baixa intensidade. Já em edifícios
maiores com vários pavimentos a quantidade de estacas é na maioria das
vezes superior a duas.

Em função da quantidade de estacas pertencentes ao bloco, o bloco pode


apresentar diferentes formatos, que são alterados dependendo do número
de estacas. A figura 43 ilustra a planta das diferentes geometrias do bloco de
coroamento.

78
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Figura 43. Exemplos em planta baixa de blocos de coroamento para diferentes números de estacas.

Fonte: Guimarães, 2018.

Guimarães (2018) explica que a classificação dos blocos de coroamento pode se


dar, ainda, de acordo com o seu funcionamento estrutural em: blocos flexíveis
e blocos rígidos. Nos blocos flexíveis o seu funcionamento ocorrer sem que
haja tração na flexão. Nos blocos rígidos, o trabalho à flexão acontece nas duas
direções, com trações basicamente concentradas nas linhas sobre as estacas, as
cargas são transmitidas pelos pilares até as estacas por bielas em compressão
e o cisalhamento acontece nas duas direções, apresentando ruptura apenas por
compressão das bielas.

Para tanto, para ser considerado rígido, a altura do bloco deve atender ao mesmo
tempo as Equações 47 e 48, de acordo com a figura 44.

h > (a - ap) / 3 → na direção a Equação 47

h > (b - bp) / 3 → na direção b Equação 48

Figura 44. Dimensões do bloco de coroamento e do pilar na direção a.


Pil ar

ap

Bloco de coroamento h
Estaca

Estaca

Fonte: Guimarães, 2018.

79
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

Para o dimensionamento das armaduras dos blocos rígidos, o método mais


apropriado se baseia na teoria das bielas e tirantes. Conforme aponta Guimarães
(2018), nessa teoria os esforços dos pilares descarregados nos blocos são
transportados para as estacas por elementos de concreto comprimidos,
chamados bielas. Já os componentes horizontais que acontecem nas bielas são
absorvidos por tirantes, como mostra a figura 45.

Figura 45. Detalhamento da teoria das bielas e tirantes.

(a) P (b) P

Compressão Compressão
(Bielas) (Bielas)
P/2 P/2
Tração
(Tirantes)
P/2 P/2
Fonte: Guimarães, 2018.

Para que tal teoria seja aplicada, o ângulo de inclinação das bielas deve estar
entre 40º e 55º. Já o número de estacas por bloco, de acordo com a equação 49,
vai depender da carga total lançada sobre o bloco (P), da capacidade de carga
individual das estacas P est (que depende do diâmetro das estacas, da resistência
do solo e do tipo de estaca) e da eficiência de grupo (e). Logo, o número de
estacas é um número inteiro, cujo valor é encontrado pela equação 49.

N > P / (Pest . e) Equação 49

Em vários casos, a estaca influencia no bulbo de tensões da outra, por este motivo a
eficiência de grupo é reduzida, seguindo a regra de Feld.

De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), para dimensionar um bloco de


coroamento, o contorno do bloco deve seguir o contorno das estacas, em
planta, de modo que elas sejam envolvidas pelo bloco. A recomendação é para
que a distância mínima entre a face do bloco e a face da estaca equivalha a 15
cm. Existe, também, a distância entre as estacas pertencentes a um mesmo
bloco, distância esta que para as estacas pré-moldadas precisa ser maior ou
igual a 2,5 vezes o diâmetro externo da estaca e para estacas moldadas in loco
o valor é 3 de vezes o diâmetro externo.

80
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Ainda, a altura do bloco precisa atender à relação para o ângulo das bielas, entre
40º e 55º e, ao mesmo tempo, deve satisfazer à condição de comprimento de
ancoragem das barras longitudinais do pilar a fim de garantir boa aderência
do aço ao concreto. Quanto à armadura, o bloco é considerado como rígido de
maneira a aplicar a teoria das bielas e tirantes. Para dimensionar, é poupado
o escoamento da armadura dos tirantes e o encurtamento último do concreto
comprimido das bielas. Logo, a busca é por determinar a área de armadura do
tirante e verificar a tensão de compressão nas bielas.

Para melhor visualização, a figura 46 ilustra como as forças atuantes ocorrem


em um bloco com duas estacas. Na figura 46a, o bloco está em corte exibindo as
forças, a figura 46b apresenta a planta do bloco e na figura 46c é a simplificação
de um resumo das forças de um lado do bloco. Para fins de entendimento, R est é
a reação na estaca; C é a força de compressão na biela; T é a força de tração na
armadura principal; P/2 é o carregamento do pilar; e θ é o ângulo da biela.

Figura 46. Detalhamento das forças.

Fonte: Guimarães, 2018.

Com base na figura 46 e na equação 50 podemos encontrar o valor do ângulo de


inclinação das bielas, desde que esteja entre 40º e 55º.

 
 d 
θ = atan   Equação 50
 L − a p 
2 4 

Para encontrarmos o valor de T, que é a força de tração, utiliza-se a equação 51 também


com base na figura 48.

81
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

Rest Rest  L a p 
=T =  −  Equação 51
tanθ d 2 4 

Logo, a área de armadura principal de tração (A st) é obtida pela equação 52, em
que fyd é a tensão de cálculo de escoamento do aço.
Ast= T / fyd Equação 52

Se a A st for menor que a A s,mín, encontrada pela equação 53, deve ser utilizado o
valor da área mínima. Na equação 53, h representa a altura do bloco e b é faixa
que compreende 85% do diâmetro da estaca.
As,mín=0,0015 . b . h Equação 53

Após a determinação da armadura principal de tração no bloco, deve ser feita a


verificação das tensões de compressão nas bielas a fim de evitar seu esmagamento.
Essa verificação acontece junto ao pilar e junto às estacas.

Junto ao pilar é considerado que a força de compressão C seja distribuída


uniformemente na seção transversal da biela A. A área da biela pode ser obtida
por meio da equação 54, em que a p e b p são as dimensões do pilar.
Ab= ap sin θ bp / 2 Equação 54

Junto à estaca é considerado que a força de compressão C seja distribuída


uniformemente na seção transversal da biela A. A área da biela é considerada
como sendo A b=Aest, em que a A est é a área da estaca.

Portanto, as tensões de compressão nas bielas, σc,biela, devem seguir as condições


apresentadas na equação 55.

 Rest
2 a b sin ²θ < 1, 4 fcd , junto ao pilar
 p p
σ c ,biela = Equação 55
 Rest
< 0,85 fcd , junto à estaca
 Aest sin ²θ

Com base nesta mesma lógica e raciocínio, pode-se determinar as relações para
blocos de três e quatro estacas. Porém, nos blocos de três e quatro estacas,
é aceitável arranjar as armaduras principais de maneiras diferentes, sempre
ligando uma estaca a outra. Na figura 47, é apresentado de maneira resumida o
dimensionamento da armadura principal de acordo com o número de estacas e a
disposição das armaduras principais, além de apresentar a relação para verificar
a tensão de compressão das bielas. L é a distância entre as estacas, A p é a área do
pilar e a m é a menor dimensão do pilar.

82
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Figura 47. Resumo para dimensionamento de armadura principal de blocos de coroamento com duas, três e

quatro estacas.

Configuração
No est. armadura tanɵ T σc,biela junto ao pilar σc,biela junto à estaca Ast
principal

d 2 Rest
Rest Rest T
2 L ap < 1, 4 fcd < 0,85 fcd
− tanθ a p bp sin ²θ Aest sin ²θ fyd
2 4
d
Rest 3Rest Rest T
3 L 3 < 1, 75 fcd < 0,85 fcd
− 0,3am tanθ Ap sin ²θ Aest sin ²θ fyd
3
d
Rest 3Rest Rest
3 L 3 < 1, 75 fcd < 0,85 fcd T 3
− 0,3am tanθ Ap sin ²θ Aest sin ²θ 3 fyd
3
d
Rest 4 Rest Rest T
4 L 2 2, < 2,1 fcd < 0,85 fcd
− am tanθ Ap sin ²θ Aest sin ²θ fyd
2 4
d
Rest 4 Rest Rest T 2
4 L 2 2, < 2,1 fcd < 0,85 fcd
− am tanθ Ap sin ²θ Aest sin ²θ 2 fyd
2 4
d
Rest 4 Rest Rest 1, 25T
4 L 2 2, < 2,1 fcd < 0,85 fcd
− am tanθ Ap sin ²θ Aest sin ²θ fyd
2 4
Fonte: Guimarães, 2018.

Em complementação à armadura principal do bloco existem outros tipos de


armaduras: armadura de pele, armadura de suspensão e, se necessário, armadura
transversal ou de cisalhamento.

Armadura de pele: conforme a NBR 6118 (ABNT, 2014), esse tipo de armadura
se torna obrigatória para peças de concreto com altura maior que 60 cm. A
finalidade de sua utilização é evitar a fissuração superficial do elemento
concreto e, por isso, a armadura de pele é formada por barras de aços paralelas
e próximas às faces dessas peças. A área total de aço dessa armadura, em cada
face da peça, deve ser superior ao valor encontrado na equação 56.

Asl= 0,10%.b.h Equação 56

83
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

Na equação 56, h representa a altura do bloco e b é o comprimento da face


analisada. É recomendado que o espaçamento máximo entre as barras de aço
não seja maior que 20 cm.

Armadura de suspensão: esse tipo de armadura faz com que a carga que foi
aplicada sobre o bloco seja de fato transmitida para as bielas comprimento,
pois, conforme aponta Alva (2007), por mais que a teoria de bielas admita
que toda a carga vertical seja transferida para as estacas através das bielas
principais comprimidas, no comportamento real dos blocos aparecem bielas
secundárias entre as estacas. Ou seja, parte da carga vertical total se espalha
para o intervalo entre as estacas, região esta em que não existe um apoio
direto e, por este motivo, deve-se utilizar este tipo de armadura, a fim de
suspender essa parcela de carga.

Segundo Guimarães (2018), a armadura de suspensão se torna obrigatória


quando a distância entre duas estacas é maior que três vezes o diâmetro das
estacas. A área total de armadura de suspensão entre duas estacas é calculada
através da equação 57, em que n é o número de estacas sendo igual ou maior a
três.

Asusp > P / (1,5 . n. fyd) Equação 57

A figura 48 ilustra o detalhamento das armaduras de um bloco de coroamento. A


linha mais escura e grossa demonstra a armadura principal, a linha pontilhada
indica a armadura de pele e a linha tracejada se refere à armadura de suspensão.

Figura 48. Detalhamento das armaduras em blocos de coroamento.

Principal (N1)

Principal (N1)

Suspensão (N3)

Pele (N2)
Pele (N2)
Suspensão (N3)
Fonte: Guimarães, 2018.

84
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Para finalizarmos este capítulo e melhor compreendermos os blocos sobre estacas,


desenvolveremos um exemplo proposto por Guimarães (2018).

Exemplo: dimensione um bloco de coroamento rígido para duas estacas de


diâmetro 30 cm moldadas in loco, que recebe um pilar de dimensões 40 x 20 cm
descarregando uma carga de projeto de 100 kN (desconsidere o peso próprio do
bloco, a armadura do pilar requer um comprimento de ancoragem de 40 cm).
Considere um concreto com fck=20 MPa, um cobrimento de 5 cm e aço para as
armaduras CA50.

Resolução: inicialmente começaremos analisando as dimensões em planta do


bloco da seguinte forma:

No alinhamento das estacas: conforme o enunciado, como a estaca é moldada


in loco, a separação entre os centros dos pilares deve ser de 3 vezes o diâmetro
externo. Somando a isso o diâmetro das estacas (a soma dos raios das estacas)
e mais duas vezes a distância recomendada entre a face do bloco e o início das
estacas. Logo, teremos:

a = 3 . 30 cm + 30 cm + 2 . 15 cm = 1,5 m

Na direção transversal ao alinhamento das estacas: nesse caso, consideramos o


diâmetro das estacas mais duas vezes a distância recomendada entre a face do
bloco e a estaca. Teremos então:

b = 30 cm + 2 . 15 cm = 0,6 m

O passo seguinte é determinarmos a altura do bloco, a partir das Equações 47 e


48, para que o mesmo seja considerado rígido.

h > (a - ap) / 3
h > (150 - 40) / 3 = 33,3 cm
h > (b - bp) / 3
h > (60 - 20) / 3 = 13,3 cm

Adotaremos h=50 cm como altura do bloco. Dessa forma teremos:

d = h – 4 cm

d = 46 cm

A distância d precisa ser superior ao comprimento de ancoragem das barras do


pilar, que neste caso é 40 cm.

85
UNIDADE III │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS

O passo seguinte é verificarmos o ângulo da biela através da equação 50.


   
 d   46 
=θ atan
=   atan 
 L − a p  90 40 
 − 
2 4   2 4 

θ = 52,73°

Está entre 40º e 55º. Ok!

Conforme enunciado, a carga de projeto do pilar é de 100 kN, logo, como temos
duas estacas então a carga em cada uma delas é de 50 kN, já que não há valor de
momento informado.

Verificação das bielas: será calculada conforme a equação 55.

Junto ao pilar
Rest
σ c ,biela = 2
a p bp sin ²θ
50
σ c ,biela = 2
40 × 20 × sin ²θ
kN
σ c ,biela = 0, 2 < 1, 4 fcd = 2kN / cm²
cm 2
Junto à estaca
Rest
σ c ,biela =
Aest sin ²θ
50
σ c ,biela =
 π 30² 
  sin ²θ
 4 
kN
σ c ,biela = 0,11 < 0,85 fcd = 1, 7 kN / cm²
cm 2
Condições OK!

Agora precisamos calcular a armadura principal de tração, a partir das equações


51 e 52. Se T= R est / tanθ, podemos substituir na fórmula de A st= T / fyd:
T Rest
Ast
= =
fyd tanθ fyd

50
Ast =
tanθ 43, 48

Ast = 0,88 cm²

86
FUNDAÇÕES PROFUNDAS I – ESTACAS E BLOCOS SOBRE ESTACAS │ UNIDADE III

Para calcularmos a área mínima utilizamos a equação 53.

As,mín=0,0015 . b . h
As,mín=0,0015 . 0,85 .30 . 50
As,mín= 2,25 cm²

Para essa área a armadura de tração correspondente é de 3 barras de 10 mm


separadas a cada 10 cm (A s,efetiva≈2,4 cm²)

Para cálculo da armadura de pele seguiremos a equação 56.

Asl> 0,10%.b.h
Asl> 0,10% . 150 . 50
Asl = 7,5 cm²

Tal área equivale a 4 barras de 16 mm ao longo da altura, separadas a cada 10 cm.

Por fim, para a armadura de suspensão calcularemos a partir da equação 57.


Asusp > P / (1,5 . n. fyd)
Asusp > 100 / (1,5 . 3. 43,48)
Asusp = 0,51 cm²

Esta área de armadura satisfaz 3 barras de 5 mm, resultando em 0,6 cm².

Na figura 49 podemos analisar o detalhamento da armadura calculada para


este bloco de coroamento.

Figura 49. Detalhamento das armaduras.

Fonte: Guimarães, 2018.

87
FUNDAÇÕES
PROFUNDAS II UNIDADE IV
– TUBULÕES E
PATOLOGIAS

CAPÍTULO 1
Tipos de tubulões

Os tubulões são elementos estruturais que fazem parte do grupo das fundações
profundas. O tubulão se diferencia dos demais tipos de fundação em função da
forma como acontece a transmissão de carga para o solo. Este tipo de fundação
apresenta seção circular e possui sua base alargada e a transmissão de carga
ocorre através da base, de modo parecido com uma sapata. O que o distingue
de uma sapata é a sua forma de execução, pois o tubulão pode ser escavado
manualmente ou mecanicamente, porém sua finalização se dá com a descida de
uma pessoa para executar o alargamento de base ou pelo menos a limpeza do
fundo da escavação, conforme ilustra a figura 50.

Figura 50. Exemplo de um tubulão.

Fonte: Pereira, 2015.

O uso do tubulão é indicado para obras que precisam suportar cargas elevadas,
como pontes, viadutos, edifícios de porte grande, em áreas com dificuldade de

88
FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS │ UNIDADE IV

adotar fundações mecanizadas e em regiões mais distantes dos centros urbanos.


Uma das limitações desse tipo de fundação é a presença do nível de água, que
torna inviável o uso de tubulões a céu aberto e ainda pode restringir o uso de
tubulões a ar comprimido. A classificação dos tubulões é a partir do seu modo
executivo, podendo ser executado a céu aberto, com e sem escoramento, e a ar
comprimido, com revestimento metálico ou de concreto.

1) Tubulão a céu aberto: este tipo de tubulão é utilizado acima do lençol freático
e em solos que apresentam elevada rigidez, para garantir que não ocorra o
desmoronamento do solo enquanto uma pessoa esteja em seu interior. Durante
o processo executivo deve ser verificado se há a presença de gás gerado pela
decomposição de matéria orgânica.

O diâmetro do tubulão vai depender do carregamento e também da forma de


execução, eles podem ser executados com ou sem revestimento. Caso seja aberto
manualmente o diâmetro mínimo deverá ser de 70 cm a 80 cm, para possibilitar
a entrada do operário e que o mesmo possa trabalhar e se movimentar dentro.
De acordo com Alonso (2010), se existir apenas carga vertical, este tipo de
tubulão não precisa ser armado, é colocada, então, apenas uma ferragem de
topo para ligação com o bloco de coroamento ou de capeamento.

Os tubulões quando comparados com outros tipos de fundações demonstram


as seguintes vantagens: as vibrações e ruídos vindos do processo executivo são
muito baixas e praticamente inexistentes; os custos com equipamentos é muito
menor que, por exemplo, um bate-estaca; o solo pode ser analisado durante a
escavação e observadas as suas condições; a escavação pode atravessar solos com
pedras; o diâmetro e profundidade do tubulão podem ser alterados durantes o
procedimento de escavação; e, ainda, cada pilar pode ser apoiado em um único
fuste ao invés de diversas estacas.

São três os elementos que compõem o tubulão a céu aberto: a cabeça, que é o
segmento inicial do tubulão, sendo comparado com um bloco de coroamento;
o fuste, é dimensionado como um pilar de concreto simples; e a base é a parte
inferior do tubulão podendo ser alargada ou não, elemento este que transmite
a carga para o solo. Esses elementos podem ser facilmente visualizados na
figura 51.

89
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

Figura 51. Elementos de um tubulão.

Pilar Bloco de
coroameno

Fuste

Alargamento
da base

Fonte: Marangon, 2018.

O processo executivo de um tubulão a ceú aberto ocorre da seguinte forma:


inicialmente é feita a escavação manual ou mecânica do fuste; após, é realizado
o alargamento e limpeza na base para posterior conferência pelo responsável
técnico; o próximo passo é a colocação da armadura para futura concretagem.
Na colocação da armadura deve-se ter cuidado para que não seja desprendido
e derrubado solo para dentro do tubulão, assim como a concretagem deve ser
realizada logo após a conclusão da escavação e colocação da armadura.

2) Tubulão a ar comprimido: ou tubulão pneumático, como pode ser chamado,


é um tipo de fundação indicada principalmente para obras que possuem cargas
elevadíssimas e oferece como vantagem a possibilidade de serem utilizados
em solos permeáveis abaixo do nível do lençol freático, com sua profundidade
podendo chegar a 34 m abaixo do nível d’água. Em função da água, se faz
necessário o uso de uma proteção fechada, que pode ser de concreto ou de aço,
para que não entre água no ambiente de escavação.

Para que o ambiente de escavação permaneça seco é necessária a aplicação de


ar comprimido, com a finalidade de expulsar a entrada da água no ambiente
de trabalho. A injeção de ar comprimido nos tubulões vai impedir que a água
entre, pois a pressão interna é maior que a pressão da água, sendo que a pressão
empregada é no máximo 3,4 atm. A figura 52 ilustra a operação.

90
FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS │ UNIDADE IV

Figura 52. Escavação e execução de um tubulão a ar comprimido.

Cachimbo de entrada
de armação
4.1

Entrada de
operários

Cachimbo
de saída
de terra Cachimbo de
6 concretagem

Fonte: Pereira, 2015.

Em solos arenosos, a pressão é um pouco maior para compensar as perdas de


carga e as perdas de ar. Já em solos argilosos a pressão pode ser menor do
que a pressão neutra. Hoje em dia os tubulões a ar comprimido estão sendo
pouco empregados por causa de seus riscos e também custos envolvidos.

Segundo Guimarães (2018), a execução do tubulão a ar comprimido segue tais


etapas: inicialmente é feita a escavação do poço com 2 m de profundidade;
após é montada uma forma circular em volta da qual é armada a ferragem
do tubulão; posteriormente é concretada a camisa e somente após esse
procedimento é montada a campânula sobre o tubulão em execução; depois

91
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

disso é liberado para a escavação; com o fim da escavação e alargamento da


base é feito o preenchimento com concreto, sem a remoção da campânula.

Com isso, pode-se perceber que a diferença nos métodos de execução dos
tubulões se dá também pelos equipamentos utilizados. Os tubulões a céu
aberto quando escavados de forma manual precisam apenas de sarilho, balde,
picaretas e bomba em caso de presença de água. Já os tubulões a ar comprimido
utilizam campânula, compressor de ar, guinchos e encamisamento. Apesar de
haver risco de desmoronamento nas duas técnicas, o tubulão a ar comprimido
acaba envolvendo maiores riscos à saúde dos operários devido às pessoas
trabalharem sob pressões altas.

92
CAPÍTULO 2
Dimensionamento

Tubulões a céu aberto: conforme a NBR 6122 (ABNT, 2019), os tubulões devem
ser dimensionados de maneira que as bases não tenham alturas superiores a 1,8
m. Ainda, havendo base alargada, esta deve ter a forma de um tronco de cone (com
base circular ou no formato de falsa elipse), superposto a um cilindro (ou falsa
elipse) de no mínimo 20 cm de altura, denominado rodapé, conforme a figura 53.
O ângulo β, também indicado na figura 53, deve ser maior ou igual a 60º.

Figura 53. Bases de um tubulão.

Fonte: ABNT, 2019.

O fuste do tubulão geralmente é em formato circular, porém a projeção da


base pode ser circular, conforme figura 54a, ou em forma de falsa elipse, como
mostra a figura 54b. Neste caso, a relação a/b deverá ser menor ou igual a 2,5.

Figura 54. a) Base circular b) Base falsa elipse.

a) b)

Fonte: Alonso, 2010.

93
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

A área da base do tubulão é calculada igualmente às fundações rasas, tendo


em vista que o peso próprio do tubulão e o atrito lateral entre o fuste e o solo
são desprezados. Logo, podemos encontrar o valor da área de base a partir da
equação 58.
Ab = P / σs Equação 58
Para a base em formato circular, o diâmetro da mesma é encontrado pela
equação 59.

π D² P 4P
= ∴D = Equação 59
4 σs πσ S

Já se a base possuir seção de falsa elipse, deve ser calculada através da equação 60.

π b² P
+ bx = Equação 60
4 σs

Escolhendo o valor de b (ou x), podemos calcular o valor de x (ou b). A área do
fuste é calculada igualmente a um pilar em que a seção de armadura seja nula,
e pode ser encontra pela equação 61. Segundo a NBR 6122 (ABNT, 2019) os
valores para γ f = 1,4 e γ c = 1,6.
γf P = 0,85 Af fck/γc Equação 61
Logo, a equação 61 pode ser escrita simplificadamente da forma seguinte.

Af = P / σc
0,85 fck
Em que σ c = γ γ , porém aqui usaremos σ c = 5 MPa. O valor adotado do
f c
ângulo β será 60º, dessa forma o valor de h pode ser obtido pela equação
62 ou equação 63, quando a base for falsa elipse.

D −∅
=H tg 60
= °∴ H 0,866 ( D − ∅ ) Equação 62
2

H = 0,866(a – θ) Equação 63
O valor de H deve ser no máximo 1,8 metro, por isso adotaremos H ≤ 1,8 m.
O volume da base pode ser obtido, aproximadamente, como sendo a soma do
volume de um cilindro com 20 cm de altura de um tronco de cone com altura
(H - 20 cm). Assim, temos a equação 64, em que V é em m³, A b (área da base) e
A f (área do fuste) é em m².

H − 0, 2
V= 0, 2 Ab +
3
(
Ab + Af + Ab . Af ) Equação 64

94
FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS │ UNIDADE IV

Para melhor compreendermos o dimensionamento de tubulões a céu aberto,


vamos resolver alguns exemplos propostos por Alonso (2010).

Exemplo 1: dado o pilar abaixo, projete a fundação em tubulão a céu aberto


com taxa no solo igual a 0,6 MPa. Dados: P 1A=1400 kN/m (ao longo do eixo);
P 1B=1000 kN/m (ao longo do eixo).

Figura 55. Exemplo de tubulão a céu aberto.

Fonte: Alonso, 2010.

Resolução: inicialmente começaremos a calcular o valor do centro de carga.

P1A = 1400 . 0,5 = 700 Kn

P1B = 1000 . 1 = 1000 kN

700 ×15 + 1000 × 50


=xc ,c = 35, 6 cm
1700
700 × 55 + 1000 ×15
=yc ,c = 31,5 cm
1700

Através da equação 59, podemos calcular o diâmetro da base.

4P 4 ×1700
=D = = 1,9 m ou 190 cm
πσ S π × 600

Já o diâmetro do fuste é calculado a seguir.

4 ×1700
=∅ = 0, 66 m → 70 cm
π × 5000

A altura é obtida utilizando a equação 62, conforme segue. Lembrando que seu valor
deve ser menor que 1,8 metro. Em seguida, logo abaixo a figura 56 demonstra os
detalhes da fundação calculada.

95
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

H = 0,866(D-θ)

H = 0,866(190-70)

H =104 cm

Adotado 105 cm < 180 cm

Figura 56. Detalhamento da fundação.

Φ = 70 cm
D = 190 cm
H = 105 cm

Fonte: Alonso, 2010.

Exemplo 2: projete um tubulão para o pilar abaixo com taxa no solo de 0,6 MPa.

Figura 57. Exemplo de tubulão a céu aberto.

P1 (30x30)
1200 kN

Fonte: Alonso, 2010.

Resolução: primeiramente calcularemos o diâmetro da base.

4P 4 ×1200
=D = = 1, 6 m
πσ S π × 600

96
FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS │ UNIDADE IV

Se utilizarmos a equação 59, veremos que a mesma não serve para este caso,
pois o valor obtido de 1,6 m resulta em uma distância do centro do pilar à
divisa inferior que D/2. Dessa forma, devemos adotar uma falsa elipse para a
base, utilizando a equação 60.

O valor de b = 2 . 62,5 = 125 cm, pois, diferentemente das sapatas, não é preciso
deixar folga de 2,5 cm para a colocação de forma. Assim teremos:
π b² π 1, 25² 1200
+ bx
= + 1, 25=
x x 0, 65 m
∴=
4 4 600

O próximo passo é calcularmos o diâmetro do fuste.

4 ×1200
=∅ = 0,55 m → 70 cm
π × 5000

Lembrando que, neste caso, a relação a/b deve ser menor ou igual a 2,5. Então,
190/125<2,5. OK!

A altura é obtida utilizando a equação 62, conforme segue. Lembrando que seu valor
deve ser menor que 1,8 metros. Em seguida, logo abaixo a figura 58 demonstra os
detalhes da fundação calculada.

H = 0,866(D-θ)

H = 0,866(190-70)

H = 104 cm

Adotado 105 cm < 180 cm

Figura 58. Detalhamento da fundação calculada.

Φ = 70 cm
x = 65 cm
b = 125 cm
H = 105 cm

Fonte: Alonso, 2010.

97
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

Exemplo 3: projete a fundação para os pilares P1 e P2 em tubulão a céu aberto. Taxa


admissível no solo 0,5 MPa.

Figura 59. Exemplo de tubulão a céu aberto.

P1 (30 x 50)
P2 (30 x 60)
1880 kN
1980 kN

Fonte: Alonso, 2010.

Resolução: inicialmente devemos analisar o diâmetro da base. Como a base dos tubulões
irá se sobrepor, devemos adotar falsas elipses e deixar uma folga de 10 cm entre as
duas. Adotaremos b=160 cm, logo, teremos a resolução seguinte.
Pilar 1

Área necessária

A = 1880 / 500

A = 3,76 cm²

Área dos semicírculos


π b² π 1, 6²
= = 2 m²
4 4

Área do retângulo

3,76 – 2 = 1,76 m²

x = 1,76 / 1,6 ≈ 1,1 m

Verificação

a / b = 2,7 / 1,6 < 2,5

OK!

Altura da base

H = 0,866(D-θ)

H = 0,866(270-70)

H = 175 cm

Adotado 175 cm < 180 cm

98
FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS │ UNIDADE IV

Pilar 2: repetindo o mesmo processo e raciocínio do Pilar 1, teremos:

b = 1,6 m

x = 1,6 m

H = 1,8 m

O diâmetro do fuste para P 1 → ∅ = 70 cm e P 2 → ∅ = 75 cm. Logo abaixo, na


figura 60, podem ser visualizados os detalhes da fundação calculada.

Figura 60. Detalhes da fundação.

Φ = 70 cm
x = 110 cm Φ = 75 cm
b = 160 cm x = 125 cm
H = 175 cm b = 160 cm
H = 180 cm

Fonte: Alonso, 2010.

1) Tubulões a ar comprimido: conforme aponta a NBR 6122 (ABNT, 2019), para


tubulões a ar comprimido, as bases podem ter alturas de até 3 m, desde que
as condições do maciço permitam ou sejam tomadas medidas para garantir a
estabilidade da base durante a sua abertura.

De acordo com Alonso (2010), como já mencionado, a pressão máxima de ar


comprimido empregada é no máximo 3,4 atm (0,34 MPa), razão pelo qual
os tubulões têm profundidade imitada a 34 m abaixo do nível da água. Neste
tipo de fundação deve ser desprezada a força de atrito entre o fuste e o solo,
sendo a carga do pilar transferida ao solo pela base. Em função disto, o
dimensionamento da base (área e altura) adota as mesmas recomendações
dos tubulões a céu aberto, a única diferença existente é no cálculo da seção
do fuste.

Se o tubulão for de camisa de concreto, para dimensionar o fuste serão


seguidos os passos de cálculo para um pilar, e será dispensada a verificação
da flambagem quando o tubulão for enterrado totalmente. Geralmente, a
armadura é colocada na camisa de concreto, onde o valor do fck do concreto
do núcleo deve ser restringido a 18 MPa.

99
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

A equação 65 é feito no estado-limite de ruptura, em que: N é a carga do pilar;


A f é a seção transversal total do fuste; A s é a seção necessária da armadura
longitudinal; fck é a resistência característica à compressão do concreto; e
f’yk é a resistência característica à compressão do aço.

fck f ' yk
1, 4 N 0,85 Af
= + As Equação 65
1,5 1,15

Ainda, levando em conta que o trabalho é realizado sob ar comprimido, os estribos


devem ser dimensionados a fim de resistir a uma pressão 34% maior que a pressão
de trabalho, verificado na figura 61, e adotando-se que não exista pressão externa de
terra ou água.

Figura 61. Estribo de um tubulão.

𝐹𝐹 = 1,3 𝑝𝑝 × 𝑅𝑅
1,61 𝐹𝐹
𝐴𝐴𝑠𝑠 =
𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓

Fonte: Alonso, 2010.

Já se o tubulão for de camisa de aço e estiver totalmente enterrado, pode se


considerar a seção transversal desta camisa como armadura longitudinal,
diminuindo da mesma 1,5 mm de espessura, levando em consideração uma
possível corrosão. Geralmente a espessura mínima da camisa é ¼ pol para
tubulões com diâmetro menor ou igual a 100 cm, e 5/16 pol para tubulões com
diâmetro maior que 100 cm.

O cálculo é realizado para o estado-limite último, em que a camisa de aço é


considerada como armadura longitudinal, e para o estado-limite de utilização
só se considera a seção de concreto. A carga a ser utilizada no tubulão deve ser
a menor entre a equação 65 e equação 66.

Estado-limite último

fck f ' yk
1, 4 N 0,85 Af
= + As
1,5 1,15

100
FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS │ UNIDADE IV

Estado-limite de utilização

fck
1, N = 0,85 Af Equação 66
1,3

Conforme mostra Alonso (2010), o valor de fck deve ser limitado a 18 MPa e
a camisa de aço é considerada com f’yk=240 MPa. Como a camisa é existente
do topo da base para cima, é necessária a colocação de uma armadura de
transição, cujo dimensionamento é feito com base na figura 62. Esta armadura
não necessita de estribos e é cravada na base em seguida da concretagem.

Figura 62. Armadura de transição da base para o fuste.


𝑑𝑑𝑑𝑑 = 𝑑𝑑𝑑𝑑 + 𝑒𝑒

𝑒𝑒 𝑒𝑒
𝜋𝜋𝜋𝜋𝑚𝑚 𝑒𝑒 𝑓𝑓 ′ 𝑦𝑦𝑦𝑦 = 𝜋𝜋𝜋𝜋𝜋𝜋 𝜏𝜏𝑏𝑏𝑏𝑏 ℓ1
Como 𝑑𝑑𝑖𝑖 ≅ 𝑑𝑑𝑑𝑑, pois 𝑒𝑒 é pequeno,
ℓ1 𝑓𝑓′𝑦𝑦𝑦𝑦
ℓ1 = 𝑒𝑒
𝜏𝜏𝑏𝑏𝑏𝑏
ℓ2 é 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 80 𝑐𝑐𝑐𝑐.

ℓ2

Fonte: Alonso, 2010.

Baseando-se na figura 62, foi elaborada a tabela 5, que é utilizada no


dimensionamento dos tubulões de camisa de aço.

Tabela 5. Valores das cargas máximas resistidas por tubulões com camisa de aço incorporada.

Chapa ¼ pol Chapa 5/16 pol Chapa 3/8 pol


Diâmetro do
fuste (cm) Nmáx Ferragem de Ferragem de Ferragem de
Nmáx (Kn) Nmáx (Kn)
(Kn) transição transição transição
70 3700 13 Φ 25 3850 14 Φ 25
80 4600 15 Φ 25 5050 19 Φ 25
90 5600 16 Φ 25 6150 21 Φ 25 6400 25 Φ 25
100 6700 18 Φ 25 7300 24 Φ 25 7900 29 Φ 25
110 8550 26 Φ 25 9300 33 Φ 25
120 9900 28 Φ 25 10700 35 Φ 25
130 11350 31 Φ 25 12200 38 Φ 25
140 12900 33 Φ 25 13800 41 Φ 25
150 14550 36 Φ 25 15500 44 Φ 25
Fonte: Adaptada de Alonso, 2010.

101
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

Notas referente à tabela 5.

1. A ferragem de transíção é CA 50ª.

2. Foi descontado 1,5 mm de espessura da camisa para levar em conta o


efeito de corrosão.

3. Resistências características: concreto fck=161 MPa; camisa f’yk=240


MPa.

{
1
150 .
4
ℓ1 = 180 5/ 16 .
4. 3 .
220 .
8

5. A ferragem de transição indicada na tabela 5 correspondendo ao valor


máximo de carga.

O próximo passo é verificarmos, de acordo com a equação 67, se é necessário ou não


ancorar a camisa metálica em função da força E que resulta do empuxo, para cima,
provocado pelo ar comprimido, conforme visualizado na figura 63.

π di ²
E=ρ Equação 67
4

Figura 63. Esquema de empuxo em um tubulão.

Campânula de
Pressão equilibrada ar comprimido
(resistida por tração
nas paredes da
câmpanula)

Tubulão
P

di
Pressão desequilibrada
(a ser resistida pelo
próprio + ancoragem)
Fonte: Alonso, 2010.

Ainda, a tabela 6 apresenta os valores de E e a tabela 7 mostra o peso próprio


dos tubos. Além disso, para não ser necessária a ancoragem da campânula, o

102
FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS │ UNIDADE IV

empuxo E precisa ser menor ou igual a 1,3 vezes P, em que P é o peso próprio
do tubo somando ao peso da campânula. As campânulas pesam geralmente
de 20 a 30 kN.

Tabela 6. Empuxo devido à pressão interna em tubulões (em kN).

df (cm)
70 80 90 100 110 120 130 140 150
p MPa
0,03 12 15 19 24 29 34 40 46 53
0,05 19 25 32 39 48 57 66 77 88
0,07 27 35 45 55 67 79 93 108 124
0,10 39 50 64 79 95 113 133 154 177
0,15 58 75 95 118 143 170 199 231 265
0,20 77 100 127 157 190 226 265 308 353
0,25 96 126 159 196 238 283 332 285 442
0,30 116 151 191 236 285 339 398 462 530
Fonte: Alonso, 2010.

Tabela 7. Peso de camisa de aço (em kN/m) para os diâmetros.

Fuste (cm)
70 80 90 100 110 120 130 140 150
Espessura da camisa

¼ pol 1,10 1,26 1,41 1,57 1,73 1,88 2,04 2,20 2,36
5/16 pol 1,38 1,58 1,78 1,98 2,18 2,37 2,57 2,77 2,97
3/18 pol 1,65 1,88 2,12 2,36 2,59 2,83 3,06 3,30 3,53

Fonte: Alonso, 2010.

Para melhor compreendermos o dimensionamento de tubulões a ar comprimido,


vamos resolver alguns exemplos propostos por Alonso (2010).

Exemplo 1: projetar a fundação para um pilar com carga vertical de 8000 kN


usando tubulão a ar comprimido com camisa de concreto. Adotar taxa no solo
σs=1 MPa; fck=16 MPa e aço CA 50. Suponha ainda que a pressão interna do ar
comprimido seja p=0,1 MPa.

Resolução: primeiramente, devemos adotar um valor para a espessura da


camisa de concreto e para o diâmetro interno. Neste caso consideramos 20 cm
a espessura da camisa e 70 cm o diâmetro interno. Logo, teremos a resolução
seguinte.

π × ( 20 + 70 + 20 ) ²
=Af = 9500 cm²
4

103
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

A partir da equação 65, calcularemos a área de aço.

fck f ' yk
1, 4 N 0,85 Af
= + As
1,5 1,15

1, 6 50
1, 4 × 8000 =0,85 × 9500 + As
1,5 1,15

As = 45 cm2 → 23 θ 16 mm ou 9 θ 25 mm

O mínimo para a peça trabalhar como um pilar é estribo de Φ 6,3 mm a cada 20


cm. Ainda, precisamos verificar se os estribos vão resistir à pressão interna do ar
comprimido. Com base na figura 60, teremos:

F = 1,3 . p . R

F = 1,3 . 0,52 . 0,1

F = 0,068 MN/m ou 68 kN/m

As= (1,61 . F) / fyk

As= (1,61 . 68) / 50

As= 2,2 cm²/m → Φ 6,3 mm a cada 15 cm

Em seguida calcularemos as dimensões da base do tubulão. A área da base é obtida


através da equação 58, o diâmetro é encontrado pela equação 59 e a altura da base pela
equação 63.
Área da base

Ab = P / σs

Ab = 8000 / 1000

Ab = 8 m²

Diâmetro

4P 4 × 8000
D
= = D 3, 2 m
→=
πσ S π 1000

Altura da base

H =0,866(D-θ)

104
FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS │ UNIDADE IV

H =0,866(3,2-1,1)

H =1,8 m

1,8 m ≤ 1,8 m

OK!

O detalhamento, as características geométricas e o esquema da armadura podem ser


visualizados na figura seguinte.

Figura 64. Detalhamento do tubulão a ar comprimido.

Figura 64. Detalhamento do tubulão a ar comprimido.


20 20

70

23 Φ 16
2ª concretagem
(a céu aberto) Estribos Φ 6,3 c 15

85 cm 20 cm

15 cm 15 cm Ferro extracálculo
200 cm

1ª concretagem
(sob ar 9 Φ 25
160 cm
comprimido) cravados após
concretagem
20 cm
da base

320 cm
Fonte: Alonso, 2010.

Exemplo 2: projete o tubulão do exemplo anterior em camisa de aço. Verifique se


há necessidade de ancorar a campânula, admitindo que o peso da mesma seja 30
kN e que o fuste do tubulão tenha 20 m de comprimento.

Resolução: primeiramente devemos retomar a tabela ilustrada na figura 65


e com isso verificamos que um tubulão com diâmetro de fuste de 110 cm e
chapa 5/16 pol atende à carga de projeto mencionada. O detalhamento e as
características geométricas podem ser visualizados na figura a seguir.

105
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

Figura 65. Exemplo de tubulão a ar comprimido em camisa de aço.

Ferragem de ligação
com o bloco

Φ 110 cm ch 5/16 pol

2ª concretagem (a céu aberto)

9 Φ 25 cravados após
concretagem da base

180 cm

80 cm
160 cm
1ª concretagem
20 cm (sob ar comprimido)
D = 320 cm
Fonte: Alonso, 2010.

O próximo passo é verificarmos, de acordo com a equação 67, se é necessário ou não


ancorar a camisa metálica em função da força E.
π di ²
E=ρ
4

π 1,1²
E = 100
4

E = 95 kN

P = 30 + 20 . 2,18

P = 74 kN

P/E < 1,3, portanto há necessidade de ancorar a campânula para uma força F que é
calculada da seguinte forma.

(P + F) / E = 1,3

(74 + F) / 95 = 1,3

F = 49,5 kN

106
CAPÍTULO 3
Detalhamento

A figura 66 ilustra, de maneira bem completa e de fácil visualização, os


detalhes de um tubulão. Para melhor entendimento, Constancio (2004)
ilustra também, na figura 67, mais um tubulão com vista em corte.

Figura 66. Detalhes de um tubulão.

Carga axial (concentrada verticalmente)

d = diâmetro do fuste

Armadura (p/ Bloco


compressão coroamento
simples) do bloco
de coroamento com Concreto estrutural
estribos de 6,3 mm. usual ≥ 15 MPa
Sugestão: usar a
cada 10 cm.
H = altura da fundação
Detalhe do bloco
de coroamento

Armadura (p/
compressão Concreto simples
simples) de ligação, usual ≥ 13,5 MPa
usual aço 12,5 mm
c/ 2 m.
H = altura do fuste

h = altura da base

i = altura do rodapé

D = diâmetro da base

Fonte: Constancio, 2004.

107
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

Figura 67. Vista em corte de um tubulão.

Armadura de coroamento

Concreto
Va

Rodapé = 0,1 a 0,2 m


B

Fonte: Constancio, 2004.

Constancio (2004) traz ainda o detalhamento dos tubulões com escoramento. A


figura 68 ilustra um tubulão a céu aberto com escoramento do tipo Chicago,
em que o escoramento das paredes do fuste é feito com madeira preso por
anéis metálicos e pode ou não ser recuperado durante a concretagem.

Figura 68. Escoramento tipo Chicago.

Anéis metálicos
1,5 a 2,0 m

Prancha de madeira
(sarrafos)

Diâmetro do fuste

Prancha de madeira
(sarrafos)

Anel metálico
Fonte: Constancio, 2004.

A figura 69 ilustra um tubulão a céu aberto com escoramento do tipo Gow,


em que o escoramento lateral da parede do fuste é executado com anéis

108
FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS │ UNIDADE IV

metálicos telescópicos, cravados por percussão e são recuperados durante a


concretagem.

Figura 69. Escoramento tipo Gow.

2,0 m Anéis metálicos


(Telescópicos)
½”

Φ mín = 0,8 m

Fonte: Constancio, 2004.

A figura 70 ilustra um tubulão a ar comprimido com revestimento das paredes


do fuste do tipo Benoto, em que o revestimento é executado com a cravação
mecânica de tubo metálico de espessura ¼”.

Figura 70. Revestimento tipo Benoto.


Treliça para colocação da
campânula e do tubo metálico

Peso

Cinta metálica

Tubo metálico

Solda para emenda

Braço

Máquina
Rotação

Benoto

Peso
Fonte: Constancio, 2004.

109
UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

A figura 71 ilustra um tubulão a ar comprimido com revestimento das paredes


do fuste do tipo Pneumático, em que o revestimento é feito com anéis de
concreto com diâmetro externo igual ao diâmetro do fuste. Já a figura 72
apresenta o detalhe construtivo da campânula de compressão.

Figura 71. Revestimento tipo Pneumático.

Campânula

Ar comprimido

Anel de concreto

2,0 a 3,0 m
N.A.

Fonte: Constancio, 2004.

Figura 72. Detalhe construtivo da campânula de compressão.


Cachimbo de armadura

Porta Cachimbo de
concretagem

Cachimbo
para retirada
de solo

Ar comprimido

Fonte: Constancio, 2004.

110
CAPÍTULO 4
Prova de carga em fundações e
patologias associadas

Prova de carga em fundações


As provas de carga são requisitos da NBR 6122 (ABNT, 2019), podem ser
estáticas ou dinâmicas e têm a finalidade de definir o comportamento da curva
carga versus deslocamento e avaliar a capacidade de carga das estacas. As
provas de carga estáticas seguem a NBR 12131 (ABNT, 2006) e as provas de
carga dinâmicas seguem a NBR 13208 (ABNT, 2007).

Prova de carga estática: consiste em aplicar esforços de forma crescente à


estaca, fazendo uma medição dos deslocamentos, tanto na ponta como no topo
da estaca. Esses esforços podem ser esforços axiais, tanto de compressão como
de tração, e esforços transversais. Um exemplo de aparelho de medição das
deformações é o extensômetro elétrico, em que o dispositivo é constituído
de macacos hidráulicos de maneira que a aplicação da carga seja feita
gradualmente, estável e sem vibrações ou choques na estaca, conforme
ilustra a figura 73. A capacidade desses macacos deve ser 20% a mais do
que a capacidade teórica prevista de carga da estaca.

Figura 73. Exemplo de prova de carga estática.

Fonte: Guimarães, 2018.

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O sistema de reação para as provas de cargas estáticas pode ser: plataforma


carregada, também chamada de cargueira, onde a plataforma é sustentada
por cavaletes, com capacidade de carga compatível e que tenha segurança.
A carga que irá em cima deve possibilitar superar a carga máxima projetada
para a estaca em 20%. Entretanto, um fator a ser destacado é que a segurança
do sistema como um todo necessita de verificação durante todo o processo.
Além da cargueira, outro tipo de reação existente são as estruturas fixadas no
terreno por meio de elementos tracionado, em que a fixação pode acontecer
sobre estacas exclusivas para o ensaio ou estacas próprias que serão usadas
para a edificação, de modo que a capacidade dessas estacas seja em média
50% da capacidade estimada da estaca a ser testada.

Os extensômetros usados devem ser certificados pelo IN-METRO e no dia do


teste deve-se ter atenção a fatores como vento e vibrações, para que as mesmas
não influenciem as medidas dos extensômetros. A estaca em que será realizada
a prova de carga deve ser identificada e documentada. Em solos não coesivos,
é necessário um intervalo de no mínimo 3 dias entre a instalação da estaca e
a prova de carga, e em solos coesivos ou estacas moldadas in loco o período é
de 10 dias. Esse intervalo é necessário para que o solo já esteja mobilizado de
maneira adequada.

Ainda, a prova de carga pode ser realizada com carregamento rápido, lento,
misto ou cíclico, e para cada tipo de ensaio há uma normativa. No final do
ensaio é feito um relatório em que consta a descrição geral do ensaio feito,
tipo e características da estaca ensaiada, dados de instalação das estacas,
referências aos dispositivos de aplicação de carga e aos extensômetros, aferição
desses equipamentos, ocorrências excepcionais durante o ensaio, tabelas de
leitura carga-deslocamentos e tempo-deslocamentos, curva de carga versus
deslocamento e análise e interpretação dos resultados.

Prova de carga dinâmicas: este tipo de prova de carga consiste em determinar a


capacidade de carga de estacas para carregamentos estáticos axiais de uma maneira
rápida e com menos valor, além de fornecer dados sobre a integridade da estaca,
apontando tamanho e localização de rupturas e fissuras.

A prova de carga dinâmica é realizada utilizando sensores no fuste da estaca, com


profundidade maior do que duas vezes o diâmetro da estaca, em que são executados
golpes através de um sistema de percussão adequado, conforme pode ser
visualizado na figura 74.

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Figura 74. Exemplo de prova de carga dinâmica.

Fonte: Guimarães, 2018.

Neste tipo de ensaio, é produzida uma onda sonora que se propaga ao longo
da estaca e é refletida na ponta. É medida então a intensidade e a frequência
da onda, assim como as alterações que a onda sofre durante a sua propagação.
Baseando-se nos dados coletados, torna-se possível a avaliação da integridade
da estaca, bem como a determinação do módulo de elasticidade da estaca, que
vai depender da velocidade de propagação do som na estaca e do peso específico
do material que a compõe.

Assim como na prova de carga estática, na prova de carga dinâmica também


deve ser documentado o histórico do ensaio. É feito um relatório que apresenta
a descrição geral do ensaio realizado, tipo e características da estaca ensaiada,
dados de cravação das estacas, referências aos dispositivos de aplicação de
carga e aos sensores, aferição desses equipamentos, ocorrências excepcionais
durante o ensaio, comentários sobre a integridade da estaca, valores máximos
de compressão e deslocamento e análise e interpretação dos resultados.

Patologias associadas
Uma estrutura pode apresentar diversos problemas, entretanto os
problemas relacionados às fundações são os que geram maiores custos
para serem recuperados e os mais difíceis de serem solucionados. Esses
problemas que ocorrem são denominados de patologias, e sua análise não é
simples e muito menos imediata. A análise deve ser feita cuidadosamente,
observando todas as alterações que possam aparecer na estrutura, como

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UNIDADE IV │ FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS

fissuras, deslocamentos, assentamentos e rotações. A partir da análise


dessas alterações, pode-se, então, entender qual é a causa que levou ao
desencadeamento de tal patologia.

Schnaid et al. (2015) apontam que as causas e fases principais que acarretam
os problemas em fundações são: caracterização do comportamento do
maciço; análise e projeto das fundações; execução; ações após a conclusão
das fundações; e degradação dos materiais constituintes das fundações. A
figura 75 apresenta de maneira resumida tais situações.

Figura 75. Fluxograma das etapas de projeto e possíveis causas de patologias.

Conceitos básicos da Recalques: efeitos e


Capacidade de carga
mecânica dos solos valores admissíveis

Patologia de
fundações
Ausência Comportamento do solo
Falha ou insuficiência Interação solo x estrutura
Interpretação inadequada Análise e cálculo
Especificações construtivas

Investigação Análise e
do subsolo projeto

Eventos
Execução
pós-conclusão

Alteração de uso e carregamento


Movimentos de massa: fatores externos
Tipo de fundação: Vibrações e choques
Superficiais e profundas Degradação

Fonte: Schnaid et al., 2015.

Caracterização do comportamento do maciço: como o solo é o meio que


vai suportar todas as cargas, é de extrema importância identificá-lo e
caracterizá-lo. Uma das causas mais comuns dos problemas nas fundações
é a investigação do solo ou a ausência desta etapa. Ainda se tratando desta
etapa, outro fator para patologias é a investigação do solo de maneira
insuficiente, como por exemplo, o número de sondagens ou ensaios é pouca
para áreas muito extensas; além disso, a profundidade da investigação
também pode ser insuficiente.

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FUNDAÇÕES PROFUNDAS II – TUBULÕES E PATOLOGIAS │ UNIDADE IV

Também, algumas vezes as causas podem ser difíceis de identificar por serem casos
específicos, como por exemplo: a vegetação próxima às fundações; a expansão de
um solo que também pode acarretar danos estruturais; o rebaixamento da superfície
ocorrida devido às alterações nas camadas subterrâneas, como região de mineração
que egram cavernas subterrâneas.

Análise e projeto das fundações: nesta fase geralmente os problemas que mais
ocorrem são a escolha errado do tipo de fundação a ser utilizada; a má avaliação
do desempenho e estimativa de parâmetros do solo; as fundações serem
apoiadas em camadas finas e frágeis. Ainda, incluem-se também problemas
relacionados ao projeto, detalhes estruturais e especificações construtivas.

Execução das fundações: o segundo maior motivo para surgirem patologias nas
fundações são as falhas executivas. Nesta etapa, considera-se também os
elementos com geometria e dimensões erradas, que pode colocar em risco
o bom funcionamento da estrutura. Um erro muito visto nas execuções é a
presença de água durante a concretagem, o que afeta a qualidade do concreto,
e a falta de adensamento do concreto, que pode criar bolhas de ar, espaços
vazios e excesso de água do interior da massa.

Ainda na fase executiva, há problemas também com a disposição das armaduras,


má colocação, falta de limpeza e até, muitas vezes, armaduras insuficientes. A falta
de especificações dos materias e o uso de material com baixa resistência também
podem ser falhas significativas geradoras de patologias nas fundações.

Ações pós-conclusão das fundações: são as patologias que aparecem depois da


estrutura já estar executada e funcionando corretamente, mas que por algumas
situações podem colocar em risco a estabilidade da estrutura. Algumas destas
situações podem ser previstas e solucionadas rapidamente, já outras são
imprevisíveis. Uma das patologias mais comuns neste tipo de casos é a alteração
de maneira significativa no carregamento da estrutura, bem como a alteração da
função da estrutura.

Este tipo de situação é comum em edifícios comerciais e industriais, que


pela colocação de equipamentos e materiais pesados acabam provocando um
aumento das cargas nas fundações e pondo em risco o bom funcionamento
da estrutura. Além disso, podem acontecer modificações não previstas,
como demolições, tráfego pesado, vazamento de água no solo, construção de
grandes estruturas na vizinhança, execução de grandes escavações próximo
à construção e, ainda, ações exteriores que provocam vibrações ou choques.

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Degradação dos materiais constituintes das fundações: na fase de projeto


também deve ser considerada a degradação dos materiais e dos elementos
estruturais que estão em contato com o solo e a água, para que a estrutura possa
ter boa durabilidade e mantenha a integridade da estrutura ao longo dos anos.
Um fator muito importante e que deve ser levado em conta é o tipo de ambiente
em que a estrutura vai ser exposta e implantada, a fim de evitar possíveis ações
químicas: como carbonatação, agressão por íon de cloro e sais sulfatados; ações
físicas, como: retração, erosão, abrasão, corrosão; e também ações biológicas,
como: ação dos esgotos, ações animais e vegetais.

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