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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 5
Introdução.................................................................................................................................... 8
Unidade i
ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO...................................................................................... 9
Capítulo 1
Argumento............................................................................................................................ 9
Capítulo 2
Competência textual.......................................................................................................... 15
Capítulo 3
Uso adequado da palavra................................................................................................. 20
Capítulo 4
Defeitos a serem evitados................................................................................................... 23
Unidade iI
ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO................................................................................................ 26
Capítulo 1
A construção do período............................................................................................... 26
Capítulo 2
A construção do parágrafo........................................................................................... 30
Capítulo 3
Relação entre parágrafos............................................................................................... 33
Capítulo 4
Tipologia textual................................................................................................................. 40
Unidade iII
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO.............................................................................................................. 43
Capítulo 1
Conceito de lógica de argumentação.......................................................................... 43
Capítulo 2
Operadores lógicos......................................................................................................... 49
Capítulo 3
Argumento dedutivo ou indutivo..................................................................................... 52
Capítulo 4
Argumentos retóricos...................................................................................................... 56
Unidade iV
ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS TÉCNICOS.............................................................................................. 61
Capítulo 1
Técnica de argumentação em textos técnicos............................................................. 61
Capítulo 2
Estruturas de argumentação........................................................................................... 64
Capítulo 3
Estrutura expositiva............................................................................................................ 68
Capítulo 4
Abordagem, fundamentação e consistência................................................................. 71
Referências................................................................................................................................... 74
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
6
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Esse caderno de estudos apresenta técnicas eficazes e práticas para que você possa
dominar o conhecimento da argumentação, desde a Grécia antiga até os dias atuais, e
escrever de forma cada vez mais adequada e objetiva. Embora as qualidades e os defeitos
enumerados na obra sirvam para diversas estruturas dissertativas, nosso objetivo foi
organizar o conteúdo especificamente para quem deseja aprofundar seu conhecimento
na argumentação lógica.
Objetivos
»» Desenvolver a capacidade de dominar conceitos de lógica, argumentação
e retórica.
8
ArguMEnto E
tÉCniCAS dE unidAdE i
ArguMEntAção
Não tenhas medo das palavras grandes, pois se referem a pequenas coisas.
Para o que é grande os nomes são pequenos: assim a vida e a morte, a paz e a
guerra, a noite, o dia, a fé, o amor e o lar.
Aprende a usar, com grandeza, as palavras pequenas. Verás como é difícil fazê-
lo, mas conseguirás dizer o que queres dizer. Entretanto, quando não souberes
o que queres dizer, usa palavras grandes, que geralmente servem para enganar
os pequenos.
Arthur Kudner.
CAPítulo 1
Argumento
9
UNIDADE I │ ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO
10
ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE I
Argumento e lógica serão temas bem explorados em nosso estudo. Eles caminham juntos
e se entrelaçam em diversas situações. Assim, abordaremos agora conceitos iniciais de
lógica e, depois, haverá um momento em que os tópicos iniciais serão aprofundados.
Lógica
A lógica é estudada em diversas áreas do conhecimento: filosofia, matemática, discurso
etc. A origem do termo (do grego logiké) mantém relação com “razão”, “palavra”,
“discurso” e geralmente significa o estudo do raciocínio adequado.
Nosso enfoque no estudo da lógica será a capacidade de termos proposições válidas para
o bom texto argumentativo. Alguns conceitos são essenciais para o desenvolvimento do
assunto. É o que estudaremos neste início de curso.
Argumentação
Argumentação é uma estrutura que apresenta abordagem (ideia proposta), fundamento
(embasamento ou justificativa para a abordagem) e conclusão. Difere do texto narrativo,
do descritivo e do informativo. Texto argumentativo é aquele que propõe enunciado
com argumentos que o tornam coerente. O argumento, assim, é uma proposição válida
para justificar abordagem (enunciado).
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UNIDADE I │ ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO
O Brasil está se industrializando. Existem países mais industrializados que o Brasil, como os
Estados Unidos, Japão, Inglaterra etc. Há outros atrasados, como o Paraguai e o Haiti, por
exemplo. Algumas indústrias poluem o meio ambiente. Mas as indústrias dão emprego a
muita gente. As indústrias se concentram nas regiões industriais. Enfim, a industrialização é a
alma do progresso.
Análise: o texto não deixa claro o enunciado (abordagem) e lança ideias soltas sobre
industrialização em cada período. Não há uma unidade de pensamento argumentativa.
12
ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE I
Exemplo A:
Hoje estou cansado e, dado que amanhã tenho muito que fazer, devo
descansar. Por isso, não irei ao cinema.
Exemplo B:
13
UNIDADE I │ ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO
Exemplo C:
Exemplo D:
Exemplo E:
Exemplo F:
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Capítulo 2
Competência textual
Clareza
Habilidade de transpor com exatidão uma ideia ou pensamento. O texto deve ser
claro de tal forma que não permita interpretação equivocada ou demorada pelo leitor.
A compreensão deve ser imediata. É importante usar vocabulário acessível, redigir
orações na ordem direta, utilizar períodos curtos e eliminar o emprego excessivo de
adjetivos. Deve-se excluir da escrita ambiguidade, obscuridade ou rebuscamento.
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UNIDADE I │ ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO
Concisão
Consiste em informar o máximo em um mínimo de palavras. No entanto, contenção
de palavras não significa contenção de pensamentos. Por essa razão, não se devem
eliminar fragmentos essenciais do texto com o objetivo de reduzir-lhe o tamanho. Os
itens que nada acrescentam ao que já foi dito é que necessitam ser eliminados. Mais
que curtas e claras, as expressões empregadas devem ser precisas. Para redigir um texto
conciso, é fundamental ter conhecimento do assunto sobre o qual se escreve. Seguem
recomendações:
»» Prefira palavras breves. Entre duas palavras opte pela de menor extensão.
16
ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE I
Coerência e coesão
Coerência é ordenar e concatenar ideias de maneira lógica com objetivo de obter clareza
e unidade de sentido no texto. A organização lógica busca apresentar e relacionar,
principalmente, fatos relevantes, sequência cronológica, estrutura argumentativa
(dedutiva ou indutiva). Coesão é apresentar relação adequada entre orações, períodos e
parágrafos por meio de conectivos e termos que retomem ou antecipem ideias.
17
UNIDADE I │ ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO
»» adote a ordem direta da frase, por ser a que conduz mais facilmente o
leitor à essência da mensagem.
Objetividade
A objetividade consiste em ir diretamente ao assunto, sem rodeios e divagações. Para
ser objetivo, é necessário escrever apenas as palavras imprescindíveis à compreensão
do assunto. Redigir com objetividade é evidenciar a ideia central a ser transmitida e
usar vocabulário de sentido exato, com referencial preciso, para facilitar a compreensão
do leitor. Observe exemplo de texto com falta de objetividade retirado de revista de
grande circulação.
Texto subjetivo Investigar as causas principais que fizeram desabrochar no meu espírito durante os anos tão distantes
da infância que não voltam mais e da qual poucos traços guardo na memória, já que tantos anos
se escoaram, a vocação para a Engenharia é tarefa que pelas razões expostas, me é praticamente
impossível e, ouso acrescentar que, mesmo para um psicólogo acostumado a investigar as profundezas
da mente humana, essa pesquisa seria sobremodo árdua para não dizer impossível.
Texto objetivo Investigar as causas principais que, na infância, despertaram em mim vocação para a Engenharia é tarefa
praticamente impossível, mesmo para um psicólogo.
18
ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE I
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Capítulo 3
Uso adequado da palavra
A solução para este problema está em entender o real valor da palavra e a sua importância
para compreender o mundo em que vivemos. “Salvar a palavra pode muito bem ser a
melhor forma de preservar a liberdade” (PINTO, 2006). Um grande passo que nós,
jornalistas, damos para buscar este entendimento é passar a ler mais, pois “a grandeza do
texto consiste em nos dar a possibilidade de refletir e interpretar” (MANGUEL, 1999) e
por meio da leitura conseguimos também escrever melhor, tendo assim a oportunidade
de utilizar a palavra de forma correta e justa, sem deixá-la perder seu espaço para as
imagens ou informações desnecessárias que nos rodeiam a cada segundo.
20
ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE I
21
UNIDADE I │ ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO
Evite o pleonasmo
Repetição de termos que, em certos casos, têm emprego legítimo, para conferir à
expressão mais força, mais vigor, ou mesmo por questão de clareza. Na frase ‘Conheça-
te a ti mesmo’, atribuída a Sócrates, a redundância (te = a ti) produz inegável efeito
retórico. À exceção desses casos, o pleonasmo constitui vício inadequado em textos
dissertativos.
22
Capítulo 4
Defeitos a serem evitados
Prolixidade
É importante que se eliminem as expressões supérfluas e os pormenores excessivos.
Muitas vezes, o autor acredita que, escrevendo bastante, utilizando frases de efeito,
tornará o texto mais rico. Na verdade, isso só atrapalha. Elimine as ideias sem
importância, as repetições, os exemplos demasiados, os adjetivos supérfluos.
Frases feitas
Os lugares-comuns e os clichês demonstram falha de estilo e linguagem limitada.
A nível de.
Deixar a desejar.
Fortuna incalculável.
Inserido no contexto.
23
UNIDADE I │ ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO
Falta de paralelismo
Quando se coordenam elementos (substantivos, adjetivos, advérbios, orações), é
necessário que eles apresentem estrutura gramatical idêntica. Observe:
Queísmo
O uso reiterado do “que” pode constituir erro de estilo e prejudicar a clareza do texto.
Observe exemplos a serem evitados.
»» Você tem que ter uma letra que todos possam entender o que está escrito.
»» O diretor afirmou que o relatório que foi escrito denuncia que tudo foi
feito errado.
»» Os amigos que ouvem o programa que você produz dizem que as notícias
que você comenta são falsas.
Ambiguidade
Ambiguidade, na frase, é a obscuridade de sentido. Frases ambíguas permitem duas
ou mais interpretações diferentes, devendo, por isso, ser evitadas em textos que devem
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ARGUMENTO E TÉCNICAS DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE I
primar pela clareza e precisão, conforme é o caso dos textos legais e dos expedientes
administrativos. A ambiguidade é precioso recurso expressivo na linguagem poética, no
humorismo e na publicidade.
Cacófato
Cacófato é o som desagradável ou palavra obscena que resulta da combinação de sílabas
de palavras vizinhas. Deve, na medida do possível e do razoável, ser evitado, sobretudo
quando demasiado flagrante e grosseiro. Não cabe, no entanto, suprimir da língua
combinações corriqueiras, como ‘da Nação’, ‘por cada’, ‘por razões’ etc.
Uma minha parente foi quem teve a ideia. (Uma parente minha...)
Com os acordos, a América ganha fôlego para retomar o crescimento econômico. (...a
América adquire...)
25
EStruturA
do tEXto unidAdE ii
ArguMEntAtiVo
figura 1.
fonte: <http://soumaisenem.com.br/redacao/coesao-e-coerencia/metodos-de-raciocinio-logico>.
CAPítulo 1
A construção do período
Procure sempre frases curtas. Uma, duas ou, no máximo, três orações por período.
A frase curta tem diversas vantagens: torna o texto mais claro, objetivo e com menor
número de erros. Períodos longos geralmente estão associados a ideias incertas e
facilitam falhas na compreensão.
26
ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO │ UNIDADE II
»» evite gerúndio;
É indispensável que se conheça o critério que se adotou para que sejam corrigidas as
provas que se realizaram ontem, a fim de que se tomem as providências que forem
julgadas necessárias, onde procuraremos solucionar os problemas que podem decorrer
daquilo que for considerado obscuro, desde que de difícil solução, no entanto, duvidosos.
O exemplo a seguir foi uma circular interna do Banco Central. Observe a falta de clareza
do autor ao desejar apresentar a ideia.
27
UNIDADE II │ ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO
As construções em voz ativa demonstram que o sujeito é o agente da ação e dão firmeza
ao pensamento.
Você deve usar voz passiva quando o sujeito paciente é mais importante do que o agente
da passiva.
Apresente sua ideia com afirmativas sobre o tema. Diga o que é. Não o que não é.
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ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO │ UNIDADE II
Evite gerúndio
Você consegue substituir o gerúndio por ponto em quase todas as situações. Observe o
exemplo a seguir:
O período longo é o principal erro em redação. Acredito que com prática e dedicação
você perceberá como ele impede o bom texto. Observe o exemplo com período longo:
29
Capítulo 2
A construção do parágrafo
Fonte: <http://www.mundoeducacao.com/redacao/estrutura-texto-dissertativo.htm>.
30
ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO │ UNIDADE II
(A→ pt→T)
(T→ pq→A)
31
UNIDADE II │ ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO
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Capítulo 3
Relação entre parágrafos
Modelo A
Modelo básico muito aprendido durante os anos escolares e acadêmicos. O primeiro
introduz a ideia e apresenta dois fundamentos que serão desenvolvidos nos parágrafos
argumentativos. Logo após vem a conclusão.
A prudência nos orienta que o governo deve conduzir situações com mais rigor e
respeito. Se houve falhas anteriores aos fatos, essas devem ser solucionadas com
diálogo e negociação. Determinados serviços não podem ser paralisados em hipótese
alguma, como é o caso dos controladores de voo, da assistência médico-hospitalar e da
segurança.
33
UNIDADE II │ ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO
Modelo B
O segundo modelo apresenta estrutura em que há preocupação em apresentar a
abordagem no parágrafo inicial e desenvolvê-la com progressividade de um parágrafo
para o outro. Nesse caso, deve-se tomar o cuidado de não fugir do tema abordado
inicialmente.
34
ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO │ UNIDADE II
• A polêmica pró gramática x contra gramática é bem antiga; na verdade, surgiu com
os gregos, quando surgiram as primeiras gramáticas. Definida como “arte”, “arte de
escrever”, percebe-se que subjaz à definição a ideia da sua importância para a prática
da língua. São da mesma época também as primeiras críticas, como se pode ler em
Apolônio de Rodes, poeta Alexandrino do séc.II a.C.:
“Raça de gramáticos, roedores que ratais na musa de outrem, estúpidas lagartas que
sujais as grandes obras, ó flagelo dos poetas que mergulhais o espírito das crianças na
escuridão, ide para o diabo, percevejos que devorais os versos belos.”
“Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez abandonem a superstição da teoria
gramatical, desistindo de querer ensinar a língua por definições, classificações, análises
inconsistentes e precárias hauridas em gramáticas. Já seria um grande benefício.” (p.
99).
35
UNIDADE II │ ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO
36
ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO │ UNIDADE II
1. Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurídico e acadêmico nacional, a ideia de que
o julgador, ao apreciar os caos concretos que são apresentados perante os tribunais,
deve nortear o seu proceder mais por critérios de justiça e equidade e menos por razões
de estrita legalidade, no intuito de alcançar, sempre, o escopo da real pacificação dos
conflitos submetidos à sua apreciação.
3. Abstraída qualquer pretensão de crítica ou censura pessoal aos insignes juízes que
se filiam a esta corrente, alguns dos quais reconhecidos como dos mais brilhantes do
37
UNIDADE II │ ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO
país, não nos furtamos, todavia, de tecer breves considerações sobre os perigos da
generalização desse entendimento.
4. Primeiro, porque ele, além de violar os preceitos dos arts. 126 e 127 do CPC, atenta
de forma direta e frontal contra os princípios da legalidade e da separação de poderes,
esteio no qual se assenta toda e qualquer ideia de democracia ou limitação de atribuições
dos órgãos do Estado.
6. Aceitar tal aberração seria o mesmo que ferir de morte qualquer espécie de legalidade
ou garantia de soberania popular proveniente dos parlamentos, até porque, na lúcida
visão desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa situação, se arvorando, de forma
absolutamente espúria, na condição de legislador.
8. De nada adiantariam as eleições, eis que os representantes indicados pelo povo não
poderiam se valer de sua maior atribuição, ou seja, a prerrogativa de editar as leis.
13. Nada mais é preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa concepção.
38
ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO │ UNIDADE II
16. Para encerrar, basta salientar que a eleição dos meios concretos de efetivação da
justiça social compete, fundamentalmente, ao Legislativo e ao Executivo, eis que seus
membros são indicados diretamente pelo povo.
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Capítulo 4
Tipologia textual
Dissertação
Trata-se de um discurso lógico que apresenta uma tese (a abordagem dada por você em
relação ao tema solicitado), a argumentação (a comprovação com fatos que justificam
o porquê de sua ideia ser coerente) e a conclusão. Dissertar pressupõe, sempre,
conhecimento sobre o assunto. Não se aventure jamais a escrever sobre algo que você
não domina. Observe a estrutura de texto dissertativo.
Introdução
Ao contrário de algumas teses predominantes até bem pouco tempo, a maioria das
sociedades de hoje já começam a reconhecer a não existência de distinção alguma entre
homens e mulheres. Não há diferença de caráter intelectual ou de qualquer outro tipo que
permita considerar aqueles superiores a estas.
Argumentação
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ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO │ UNIDADE II
Com efeito, o passar do tempo está a mostrar a participação ativa das mulheres em
inúmeras atividades. Até nas áreas antes exclusivamente masculinas, elas estão presentes,
inclusive em posições de comando. Estão no comércio, nas indústrias, predominam no
magistério e destacam-se nas artes. No tocante à economia e à política, a cada dia que
passa, estão vencendo obstáculos, preconceitos e ocupando mais espaços.
Cabe ressaltar que essa participação não pode nem deve ser analisada apenas pelo
prisma quantitativo. Convém observar o progressivo crescimento da participação feminina
em detrimento aos muitos anos em que não tinham espaço na sociedade brasileira e
mundial.
Conclusão
Descrição
Descrever é apresentar aspectos físicos ou psicológicos. Consiste em retratar os
pormenores de um referente. Descreve bem uma situação quem é capaz de recriar
imagens sensoriais na mente do leitor. Observe uma descrição.
Lá está ele: figura arcada pelo trabalho pesado. Seus olhos são fundos, cansados,
cercados pela marca do tempo. Suas roupas são simples, surradas, suadas, tem
no bolso um volante da loto, a carteira de trabalho e alguns trocados. Nas mãos, ásperas
e grossas, traz uma marmita vazia, outrora cheia de quase nada.
Por cima da moldura da porta há uma chapa metálica comprida e estreita, revestida
de esmalte. Sobre um fundo branco, as letras negras dizem Conservatória Geral do
Registro Civil. O esmalte está rachado e esboicelado em alguns pontos. A porta é antiga,
a última camada de pintura castanha está a descascar-se, os veios da madeira, à vista,
lembram uma pele estriada. Há cinco janelas na fachada. Mal se cruza o limiar, sente-se
o cheiro de papel velho. É certo que não passa um dia sem que entrem papéis novos
na Conservatória, dos indivíduos de sexo masculino e de sexo feminino que lá fora vão
nascendo, mas o cheiro nunca chega a mudar, em primeiro lugar porque o destino de
todo papel novo, logo à saída da fábrica, é começar a envelhecer, em segundo lugar
41
UNIDADE II │ ESTRUTURA DO TEXTO ARGUMENTATIVO
porque, mais habitualmente no papel velho, mas muitas vezes no papel novo, não passa
um dia sem que se escrevam causas de falecimento e respectivos locais e datas, cada
um construindo com seus cheiros próprios, nem sempre ofensivos das mucosas olfativas,
como o demonstram certos eflúvios aromáticos que de vez em quando, subtilmente,
perpassam na atmosfera da Conservatória Geral e que os narizes mais finos identificam
como um perfume composto de metade rosa e metade crisântemo.
(José Saramago. Todos os nomes. São Paulo: Cia. Das Letras, 1997. p.11.)
Narração
Narrar envolve tempo, ação. É o texto que apresenta relato de fatos vividos por
personagens e ordenados em sequência. Observe um texto narrativo de Manuel
Bandeira.
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. Conheceu Maria Elvira na Lapa
– prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em
petição de miséria. Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio,
pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. Misael não
queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou
de casa. Viveram três anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava um namorado,
Misael mudava de casa. Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General
Pedra, Olaria, Ramos... Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos
e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la em decúbito dorsal,
vestida de organdi azul.
42
lÓgiCA dE unidAdE iii
ArguMEntAção
CAPítulo 1
Conceito de lógica de argumentação
43
UNIDADE III │ LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Lógica aristotélica
Aristóteles é considerado o filósofo que melhor sistematizou o estudo da lógica. Sabe-se
que, antes dele, na própria Grécia, outros filósofos já ensinavam estruturas semelhantes.
Aristóteles, no entanto, desenvolveu a teoria lógica de forma mais abrangente e coerente.
Cientistas e pensadores questionaram em diversos momentos a lógica aristotélica
(Gottlob Frege, Bertrand Russel, Kant etc.), porém, ainda hoje, consideram a lógica
formal de Aristóteles a que apresenta resultados mais notáveis.
Os textos do filósofo sobre o tema aparecem em seis obras conhecidas como Organon.
Aristóteles afirmava que um termo (componente básico da proposição) não deve ser
considerado como verdadeiro ou falso. A ideia de “premissa” (do latim protasis) indicava
sentença com afirmação ou negação. As premissas eram apresentadas em sentenças.
Sentenças
Sentenças podem ser construções linguísticas com intenção apenas de expressar algo.
Observe exemplos.
Bom dia!
Nas construções acima, não temos uma proposição. Assim, passaremos a tratar por
frase ou construção linguística.
As sentenças que apresentam proposição são aquelas em que se pode considerar como
válida ou inválida. Observe exemplos.
44
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE III
Tipos de argumentos
Argumento categórico
Os brasileiros falam português.
Lucas é brasileiro.
Argumento disjuntivo
Qualquer pessoa é honesta ou desonesta.
Isabela é honesta.
Argumento condicional
Se hoje é segunda-feira, eu trabalho.
Hoje é segunda-feira.
Argumento dedutivo
Todos os homens são mortais.
Ricardo é homem.
Ricardo é mortal.
Argumento indutivo
Segunda-feira, Pedro chegou atrasado.
Silogismo
Jogamos futebol no sábado ou no domingo.
45
UNIDADE III │ LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Exercício 1:
Análise:
II. Se uma mulher é infeliz, então, ela vive pouco. = Toda mulher infeliz vive
pouco.
Figura 2.
Com isso, qualquer mulher que esteja no conjunto das desempregadas (ver boneco),
automaticamente estará no conjunto das mulheres que vivem pouco. Portanto, se a
conclusão for a proposição “Mulheres desempregadas vivem pouco”, tem-se um
argumento correto (correto = válido!).
46
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE III
Argumento Inválido
Exercício 2
Análise:
Figura 3.
47
UNIDADE III │ LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Argumento Válido
48
Capítulo 2
Operadores lógicos
Operadores lógicos são componentes da estrutura linguística que indicam a coesão entre
ideias. A lógica da argumentação faz uso, principalmente, de conectivos e advérbios
para relacionar proposições. Vamos dominar os principais operadores lógicos nesta
lição.
»» Ideia de adição: e, nem, não só ... mas também, tanto ... como / quanto
etc.
»» Ideia de alternância: ou, ou ...ou, ora ... ora, quer ... quer, seja ... seja,
nem... nem etc.
»» Ideia de causa: porque, que, como, visto que, visto como, já que, uma
vez que, desde que, dado que, pois, pois que, por isso que, porquanto etc.
»» Ideia de condição: caso, se, sem que, uma vez que, desde que, dado
que, contanto que, com a condição que, salvo se, exceto se, a menos que,
a não ser que etc.
»» Ideia de consequência: tal, tão, tamanho, tanto ... que, de tal maneira
que, de tal modo que, de tal forma que, de tal sorte que, de maneira que,
de modo que, de forma que, de sorte que, sem que etc.
49
UNIDADE III │ LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
»» Ideia de tempo: quando, antes que, depois que, até que, tanto que,
agora que, logo que, sempre que, assim que, desde que, todas as vezes
que, cada vez que, apenas, mal, que, enquanto, eis senão quando, eis
senão que, sem que etc.
»» Ideia de finalidade: para que, a fim de que, porque (no sentido de para
que).
Elementos de coesão
50
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE III
51
Capítulo 3
Argumento dedutivo ou indutivo
Argumento dedutivo
O argumento dedutivo é uma forma de raciocínio que geralmente parte de uma verdade
universal e chega a uma verdade menos singular. Essa forma de raciocínio é válida
quando suas premissas, sendo verdadeiras, fornecem provas evidentes para sua
conclusão. Observe exemplo.
52
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE III
Súmula no 265. Na apuração de haveres não prevalece o balanço não aprovado pelo
sócio falecido, excluído ou que se retirou.
53
UNIDADE III │ LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
Argumento indutivo
54
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE III
omissões da Lei no 8.038 e do Regimento Interno no STF. Dessa forma, o clamor social
(in dúbio pro societate) deve ser o diferencial na decisão como já ocorreu nos acórdãos
X e Y, em 2012.
É oportuno ressaltar que o exame de corpo de delito é ato minucioso por sua natureza e
constitui peça fundamental no processo penal. Não é algo simples, que possa ser realizado
na emergência de um hospital público, cujas emergências funcionam em condições
precárias, conforme denunciado pelo CREMERJ. O médico plantonista de emergência
hospitalar não pode, e não deve, realizar exame de corpo de delito. A Súmula 361 do
Supremo Tribunal Federal dispõe que “no processo penal, é nulo o exame realizado em
situações excepcionais”.
Falácias
Deriva do verbo latino fallere (enganar). É o raciocínio falso com aparência de
verdadeiro. A falácia é um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento,
inválido ou falho na tentativa de provar eficazmente o que alega.
Os argumentos falaciosos podem ter validade emocional, íntima, psicológica, mas não
validade lógica. Observe exemplos de falácia.
»» Acredite no que eu digo, não se esqueça de quem é que paga o seu salário.
55
Capítulo 4
Argumentos retóricos
A retórica era tema muito frequente na filosofia grega antiga. Sócrates, Platão e Aristóteles
abordaram o assunto. Vamos esclarecer que a retórica, por esses filósofos, era analisada
de forma pura na arte de argumentar e convencer com elementos verdadeiros. Muitos
sofistas, por sua vez, aproveitaram-se da estrutura retórica para convencer usando
recursos falaciosos.
Quadro 1.
Argumento de comprovação
56
LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE III
Não há necessidade de que o fato definido como crime doloso seja objeto de sentença
condenatória transitada em julgado para possibilitar a regressão do condenado a
regime mais gravoso, nos termos do art. 118, inciso I, da Lei de Execução Penal (Lei no
7.210/1984).
Mirabete (2001, p. 37) ensina: “quando a lei exige a condenação ou o trânsito em julgado
da sentença é ela expressa a respeito dessa circunstância, como, aliás, o faz no inciso
II do art. 118. Ademais, a prática de crime doloso é também falta grave (art. 52 da LEP)
e, se no inciso I desse artigo, se menciona também a infração disciplinar como causa
de regressão, entendimento diverso levaria à conclusão final de que essa menção é
superabundante, o que não se coaduna com as regras de interpretação da lei”.
Argumento que pressupõe que a Justiça deve tratar de maneira igual, situações iguais.
As citações de jurisprudência são os exemplos mais claros do argumento por analogia,
que é bastante útil porque o juiz será, de algum modo, influenciado a decidir de acordo
com o que já se decidiu, em situações anteriores. Também ocorre no caso em que um caso
não previsto de modo direto por uma norma jurídica ser empregado por semelhança ao
um caso concreto previsto.
Ontem, em Roma, Adam Nordwell, o chefe índio da tribo Chippewa, protagonizou uma
reviravolta interessante. Ao descer do avião, proveniente da Califórnia, vestido com todo
o esplendor tribal, Nordwell anunciou, em nome do povo índio americano, que tomava
posse da Itália “por direito de descoberta”, tal como Cristóvão Colombo fizera quando
chegara à América. “Proclamo este o dia da descoberta da Itália.”, disse Nordwell. “Que
direito tinha Colombo de descobrir a América quando esta já era habitada pelo seu
povo há milhares de anos? O mesmo direito tenho eu, agora, de vir à Itália proclamar a
descoberta do vosso país.
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unidAdE iii │ lÓgiCA dE ArguMEntAção
Ad antiquitatem
Em tradução direta do latim, é algo como “à antiguidade”. Bastante usado na
política, é aquele recurso em que o orador justifica um erro com o passado.
Em lugar de assumir a culpa por ter feito algo de um determinado jeito, ele
argumenta que as coisas sempre foram feitas daquela maneira. É semelhante à
argumentação tu quoque, em que o orador compartilha a responsabilidade por
algo dizendo que o seu oponente cometeu o mesmo erro que ele.
Ad hominem
Em latim, “Ao homem”. É quando o orador, por falta de argumentos suficientes
para demonstrar seu ponto de vista, em vez de atacar uma ideia ou uma ação se
volta contra aquele com quem discute.
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LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO │ UNIDADE III
Ad ignorantiam
Um verdadeiro brinde “à ignorância”, como diz a expressão em latim. Recurso em
que o orador tira proveito do desconhecimento de seu interlocutor sobre um
determinado tema para encerrar o assunto.
Ad misericordiam
Em latim, algo como “à misericórdia”. É quando o orador lança mão de argumentos
capazes de provocar culpa ou piedade no interlocutor, como mencionar as
dificuldades enfrentadas pelas classes mais baixas ou por ele mesmo, no começo
da vida.
Metáforas
Ajudam o espectador a compreender questões novas ou que não lhe são
familiares, a partir de algo que já é bem conhecido. O presidente Lula ficou
famoso pelas suas metáforas, que aproximavam questões políticas complexas
do universo de seus eleitores.
Como melhorar? Para dominar a arte do discurso, é preciso treino. “Todo mundo
pode correr 100 metros, mas é preciso trabalho duro e muita técnica para ser
Usain Bolt”, diz Leith. Ele tem razão. Uma análise dos grandes mestres da retórica
(veja lista abaixo) comprova: um discurso brilhante raramente surge de improviso,
ele demanda suor. Estadistas como o britânico Winston Churchill escreviam os
próprios textos e os editavam até soar bem, depois liam em voz alta em frente ao
espelho, ensaiando também a linguagem corporal que daria ênfase ao que fosse
dito. Os argumentos utilizados também podem ser escolhidos de antemão. “É
possível compor o texto prevendo a recepção do ouvinte ou leitor”, diz Martinho.
59
UNIDADE III │ LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO
portuguesa’. Esse sermão tem por matéria a arte mesma de discursar. Nele, o
padre diz que o pregador não deve preocupar-se em agradar nem em parecer
desagradável ao ouvinte, pois quem ouve não deve sair da igreja contente ou
descontente com o pregador, mas insatisfeito consigo mesmo”, finaliza Martinho.
Antônio Vieira viveu no século XVII e até hoje é considerado um dos oradores
mais influentes da Língua Portuguesa. A retórica, como se vê, é uma poderosa
arma de persuasão.
Fonte: <http://veja.abril.com.br/noticia/entretenimento/retorica-a-arte-de-vender-o-peixe-com-
elegancia/>.
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ARGUMENTAÇÃO
EM TEXTOS Unidade iV
TÉCNICOS
Capítulo 1
Técnica de argumentação em textos
técnicos
Ser competente para produzir texto depende apenas de dedicação constante. Observação
aos detalhes e prática promovem melhora significativa no ato de redigir. Nosso objetivo
assim é que você adquira capacidade de expressar com competência ideias em textos
organizados, objetivos, claros e corretos gramaticalmente.
A argumentação visa persuadir o leitor acerca de uma posição. Quanto mais polêmico
for o assunto em questão, mais dará margem à abordagem argumentativa. Pode ocorrer
desde o início quando se defende uma tese ou também apresentar os aspectos favoráveis
e desfavoráveis posicionando-se apenas na conclusão. Agostinho Dias Carneiro afirma
que “argumentar é um processo que apresenta dois aspectos: o primeiro ligado à razão,
supõe ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las; o segundo, referente à paixão, busca
capturar o ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo”.
Othon M. Garcia afirma que “na argumentação, além de dissertar, procuramos formar
a opinião do leitor ou a do ouvinte, tentando convencê-lo de que a razão está conosco”,
isto é, a verdade. Argumentar é, em última análise, convencer ou tentar convencer
mediante a apresentação de razões em face da evidência das provas e à luz de um
raciocínio lógico e consistente.
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UNIDADE IV │ ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS TÉCNICOS
Linguagem técnica
O Manual de Redação e Padronização de Atos Oficiais do Ministério Público Federal
recomenda que a estrutura de texto técnico seja dividida em três partes: introdução,
desenvolvimento e conclusão.
A sequência do texto deve atender a uma ordenação lógica, levando o leitor a compreender
todas as considerações formuladas e induzindo-o à conclusão, que deve constituir o
fecho do documento. Antes de iniciar a redação do texto, é recomendável elaborar um
roteiro básico com todos os assuntos que deverão ser incorporados, preparando-se,
portanto, a itemização geral do documento.
62
ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS TÉCNICOS │ UNIDADE IV
63
Capítulo 2
Estruturas de argumentação
Alguns textos apresentam estrutura técnica. Em alguns casos, temos a simples estrutura
dissertativa. Em outros casos, deve-se dominar bem outras técnicas. Observe modelos.
Modelo de reposta
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ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS TÉCNICOS │ UNIDADE IV
Nessa situação, existe responsabilidade civil do Estado pela morte do detento? Justifique
a sua resposta.
Modelo de reposta
A responsabilidade civil do Estado pelos danos sofridos por pessoas sob sua guarda é
do tipo objetiva, com base no risco administrativo, isto é, independe da existência de
dolo ou culpa de agente público. Nesse caso, o Estado não produz diretamente o dano,
mas sua atividade propicia sua ocorrência, por expor alguém a risco. O comportamento
ativo estatal é mediato, porém decisivo, no nexo de causalidade. O Estado produz a
situação da qual o dano depende. Além disso, segundo o Supremo Tribunal Federal –
STF, é missão do Estado zelar pela integridade física do preso.
Ressalte-se, por fim, que tampouco responderá o Estado se o dano for causado por força
maior ou caso fortuito, como um raio que mate um prisioneiro no pátio da prisão. Nesse
caso, poderá haver, no máximo, a responsabilidade subjetiva por culpa do serviço, caso
se constate, por exemplo, que a Administração não instalou para-raios no local.
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UNIDADE IV │ ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS TÉCNICOS
Modelo de reposta
O prazo prescricional não foi respeitado. A inscrição em dívida ativa suspende o prazo
prescricional por 180 dias (artigo 2o, § 3o, Lei 6.830/80). A execução foi ajuizada quase um
ano e meio após a inscrição em dívida ativa (5/7/2005), o que significa que a contagem
do prazo prescricional voltou a ocorrer 180 dias após a data de inscrição em dívida ativa,
ou seja, 7/2004.
Modelo de resposta
O perdão tácito é uma causa extintiva de punibilidade prevista no artigo 107, inciso V,
do Código Penal, configurando-se na ação penal exclusivamente privada, em face de
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ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS TÉCNICOS │ UNIDADE IV
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Capítulo 3
Estrutura expositiva
»» composição;
»» competências.
Modelo de texto
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) é um importante órgão público, inserido na
estrutura do Estado Brasileiro pela Emenda Constitucional 45/2004. A sede do Conselho
fica na Capital Federal.
Embora não exerça atividade jurisdicional, o CNJ pertence ao Poder Judiciário, como
demonstra o art. 92 da Constituição Federal. Sua missão consiste em exercer o controle
da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres
funcionais dos juízes.
O CNJ é composto por quinze membros com mandato de dois anos, admitida uma
recondução. Entre eles, temos o Presidente do Supremo Tribunal Federal, que preside o
Conselho, um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, um Ministro do Tribunal Superior
do Trabalho, um desembargador de Tribunal de Justiça, além de outros magistrados,
membros do Ministério Público, advogados indicados pela Ordem dos Advogados do
Brasil e dois cidadãos indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado
Federal.
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ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS TÉCNICOS │ UNIDADE IV
Modelo de resposta
Modelo de texto
O processo legislativo de Medida Provisória federal (MP) é delineado, em seus aspectos
gerais, por normas constitucionais (art. 62, 150, 153, 154, 195, 246, CF/88) e, nos
particulares, por normas regimentais (Res. no 1, de 2002-CN, art. 163, I, RISF, entre
outros). No caso em tela, contribuições sociais podem ser criadas por medida provisória
(art. 195, CF; ADI 2010/DF, 30/9/1999), uma vez que tal matéria é veiculada por lei
ordinária, condição jurídica a que se equipara a MP. Sem embargo, o trecho do enunciado
apresenta equívoco ou imprecisão quanto à oportunidade e instância para apresentação
de emendas, procedimento de instrução do projeto de lei de conversão (PLV) e prazos
constitucionais e regimentais para sua apreciação.
As emendas ao PLV, oferecidas tanto por senadores quanto por deputados federais,
devem ser apresentadas exclusivamente perante a Comissão Mista temporária do
Congresso Nacional designada para a instrução de MP (CM-MP), nos seis dias seguintes
à edição da MP no Diário Oficial da União (DOU). Ademais, têm de ser protocoladas na
Secretaria-Geral da Mesa do Senado. A CM-MP emitirá parecer sobre o projeto (quanto
ao atendimento dos pressupostos de urgência e relevância, adequação financeiro-
orçamentária, constitucionalidade, juridicidade, regimentalidade, técnica legislativa, e
mérito) e emendas (mesmos aspectos, além da pertinência ao texto original) até o 14º
dia da publicação da MP. O parecer pode concluir pela manutenção do texto original,
rejeição da MP ou sua alteração.
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UNIDADE IV │ ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS TÉCNICOS
Por fim, quando a CM-MP não for instalada, caberá ao relator designado em Plenário
apresentar relatório durante a discussão da matéria, quer na CD, quer no SF. Se essa
Comissão exceder seu prazo, o relator e o relator-revisor deverão fazer o mesmo no
Plenário da respectiva Casa. Portanto, mesmo nesses dois casos, a matéria não irá a
comissões permanentes nem receberá emendas conforme procedimento ordinário.
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Capítulo 4
Abordagem, fundamentação e
consistência
Texto técnico (principalmente jurídico) apresenta, por natureza, boa fundamentação com
domínio do embasamento legal. Não basta apenas conhecer o assunto. Há necessidade
de organizar bem a ideia e fazer uso de recursos retóricos para fundamentar bem a
análise jurídica. Observe a questão jurídica em prova da OAB e o primeiro parágrafo de
uma possível resposta com fundamentação.
Foi publicada no Diário Oficial do Estado do Ceará uma portaria do Governador com a
seguinte redação:
Amanda Feitosa, ocupante de cargo vitalício, apenas poderia deixar o cargo em virtude
de sentença judicial transitada em julgado ou a pedido. Portanto, a exoneração só seria
válida se decorresse de pedido.
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UNIDADE IV │ ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS TÉCNICOS
Carvalho Pinto (2005, p. 515-516) explica que a exoneração de ofício será possível
nos seguintes casos: a) se o servidor ocupar cargo em comissão, a juízo da autoridade
competente; b) se o servidor tomar posse e não entrar em exercício no prazo legal; c) se
forem insuficientes providências administrativas que visam adequar despesas de pessoas
aos limites fixados na Lei Complementar no 101/2000; d) se o servidor estiver em estágio
probatório e não corresponder às exigências do cargo – sendo imprescindível, neste
caso, a garantia do contraditório e da ampla defesa, conforme Súmula no 21 do Supremo
Tribunal Federal.
Amanda Feitosa, ocupante de cargo vitalício, apenas poderia deixar o cargo em virtude
de sentença judicial transitada em julgado ou a pedido. Portanto, a exoneração só seria
válida se decorresse de pedido.
O texto agora está mais completo em sua estrutura. Houve abordagem, fundamentação
e consistência.
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ARGUMENTAÇÃO EM TEXTOS TÉCNICOS │ UNIDADE IV
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Referências
GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna. 22a ed. Rio de Janeiro:
Editora FGV, 2002.
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