Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
COERÊNCIA........................................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À COERÊNCIA.................................................................................................. 16
CAPÍTULO 2
TIPOS DE COERÊNCIA............................................................................................................. 22
CAPÍTULO 3
TEXTO E COERÊNCIA............................................................................................................... 28
UNIDADE II
COESÃO.............................................................................................................................................. 33
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À COESÃO....................................................................................................... 33
CAPÍTULO 2
MECANISMOS DE COESÃO..................................................................................................... 37
CAPÍTULO 3
COERÊNCIA E COESÃO – SEU PAPEL NA COMPREENSÃO E NA PRODUÇÃO DE TEXTOS........... 56
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 61
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
Bem-vindo ao curso Coerência e Coesão. Sem dúvida, disciplina de muita importância
para quem atua com interpretação, produção, revisão e ensino de nosso idioma.
Percebi a relevância do tema após minha primeira pós-graduação. Tudo se tornou bem
mais simples em diversos aspectos relacionados a texto. Por isso, espero que você possa
se sentir estimulado a aprofundar seus conhecimentos sobre o assunto e aperfeiçoar
sua percepção no desenvolvimento de sua atividade acadêmica e profissional.
Marcelo Paiva
Objetivos
» Desenvolver no participante a capacidade de perceber e produzir
adequadamete textos com coerência.
7
COERÊNCIA UNIDADE I
(MARCUSCHI)
9
UNIDADE I │ COERÊNCIA
diz respeito aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
elementos textuais.
Pode ocorrer um texto sem coesão interna, mas a sua textualidade não deixa de
se manifestar em nível da coerência. Seja o seguinte exemplo:
10
COERÊNCIA │ UNIDADE I
(Fialho de Almeida)
A partir do momento em que o seu cão desapareceu, a Teresa não mais se sentiu
segura.
Cheguei, vi e venci.
11
UNIDADE I │ COERÊNCIA
Os vários modelos teóricos sobre coesão textual preveem uma rede mais
complexa de procedimentos, muitos deles coincidentes e redundantes: Halliday
e Hasan (1976) propõem cinco procedimentos: a referência, a substituição, a
elipse, a conjunção e o léxico; Marcushi (1983) propõe quatro fatores: repetidores,
substituidores, sequenciadores e moduladores; Fávero (1995) propõe três tipos:
referencial, recorrencial e sequencial.
!
Experimenta falar pela minha boca,
Esse texto poderá ser considerado literário? Em caso afirmativo, como definir a sua
literariedade? Poderemos dizer que é coerente? Poderemos dizer que é coeso?
Se o texto estiver assinado por um autor reconhecido por uma comunidade
interpretativa como escritor (o que significa invariavelmente: criador de textos
literários), tal circunstância pode afetar o nosso juízo sobre a literariedade, a
coerência e a coesão desse texto? Tal questão é equivalente a outra: Até que
ponto a identificação autoral de um texto pode influenciar a determinação ou o
reconhecimento da sua literariedade, da sua coerência ou da sua coesão?
12
COERÊNCIA │ UNIDADE I
13
UNIDADE I │ COERÊNCIA
Em Teoria Literária, não é possível dizer: “Tenho a solução para este problema.”
Todas as soluções definitivas são absolutamente discutíveis, portanto, não há
14
COERÊNCIA │ UNIDADE I
soluções definitivas, tal como não há leitores peritos. Todo o texto literário,
enquanto cemitério de sentidos mortos-vivos, é uma ameaça constante para o
leitor que se julgue perito nesse texto. Não há equações que permitam concluir
com exatidão a coerência textual. Não se deve esquecer ainda que qualquer
texto pode resistir à tentativa de controlar a sua organização interna, isto é, pode
resistir a qualquer delimitação do seu nível de coerência. Nisso se distingue da
coesão, que possui um grau de resistência menor. A coerência está mais sujeita
à interpretação do que a coesão. Se não é possível determinar uma taxonomia
textual, porque não é possível sistematizar processos de resolução hermenêutica,
já é possível determinar regras gramaticais de coesão e sistematizar processos
de construção textual.
15
CAPÍTULO 1
Introdução à Coerência
Grande parte de nosso material didático foi elaborado por Vicente Martins, mestre
em educação brasileira pela UFC, professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú
(UVA), em Sobral, Ceará. Ao analisar diversos materiais, considerei sua abordagem
sobre o assunto bem sintetizada e fundamentada.
Este tema será, portanto, desenvolvido com o objetivo de mostrar aos usuários da
língua que:
16
COERÊNCIA │ UNIDADE I
Coerência
17
UNIDADE I │ COERÊNCIA
A coerência se manifesta nas diversas camadas da organização do texto. Ela tem uma
dimensão semântica –caracteriza-se por uma interdependência semântica entre os
elementos constituintes do texto. Tem principalmente uma dimensão pragmática – é
fundamental, no estabelecimento da coerência, o nosso conhecimento de mundo, e esse
conhecimento é acumulado ao longo de nossa existência, de maneira ordenada.
Ainda com respeito ao conhecimento partilhado de mundo, devemos dizer que a ele se
acrescentam as informações novas. Se estas forem muito numerosas, o texto pode-se tornar
incoerente devido à não familiaridade do ouvinte/leitor com essa massa desconhecida
de informações. É isto que acontece, por exemplo, quando lemos um texto muito
técnico, de uma área na qual somos leigos.
18
COERÊNCIA │ UNIDADE I
a. O pássaro voa.
b. O homem voa.
A frase a tem um grau de aceitação maior do que a frase b, que depende de uma
complementação para esclarecer qual o meio utilizado pelo homem para voar – O
homem voa de asa-delta, por exemplo. A combinação de homem com voa tem
outras significações no plano da conotação: O homem sonha, o homem delira, o
homem anda rápido. Neste plano, muitas outras combinações são possíveis:
19
UNIDADE I │ COERÊNCIA
As frases de letra a de cada par são facilmente compreendidas, têm coerência; as frases
de letra b de cada par apresentam problema de compreensão.
1 a) Todo mundo destrói a natureza menos eu. o vocábulo menos indica exclusão de uma parte do grupo, portanto, neste caso, pode ser
combinado com o pronome eu.
1 b)Todo mundo destrói a natureza menos todo há uma restrição, porque o vocábulo menos indica exclusão de uma parte do grupo,
mundo. portanto, neste caso, não pode ser combinado com todo mundo, que indica o grupo inteiro.
2 a)Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não. mas introduz uma ideia oposta, que é perfeitamente aceitável, porque todo mundo se
diferencia de eu.
2 b) Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi mas introduz uma ideia oposta, que é inaceitável porque o conteúdo da ideia introduzida
o sabiá cantar. por mas não é o contrário da ideia anterior. Assim, a primeira parte Todo mundo viu o
mico-leão não pode ser combinada com eu não ouvi o sabiá cantar por intermédio do
vocábulo mas.
3 a) Apesar de estarem derrubando muitas árvores, o uso de apesar de pressupõe a presença de ideias contrárias, qualquer que seja a ordem:
a floresta sobrevive. negativa/positiva, positiva/negativa.
3 b) Apesar de estarem derrubando muitas árvores, o uso de apesar de pressupõe a presença de ideias contrárias, qualquer que seja a ordem:
a floresta não tem muitas árvores. negativa/positiva, positiva/negativa. Daí a incoerência da frase b, em que ocorrem duas
negativas simultâneas.
Estas observações mostram que a coerência de uma frase, de um texto, não se define
apenas pelo modo como elementos linguísticos se combinam; depende também do
conhecimento do mundo partilhado por emissor e receptor, bem como do tipo de texto
em questão. Podemos ainda dizer que, nas frases de letra b, os elementos de coesão
não foram usados de forma adequada, por isto, não contribuíram para estabelecer a
coerência.
20
COERÊNCIA │ UNIDADE I
elementos presentes numa progressão harmoniosa. Veja como este sentido vai sendo
construído a partir da ocorrência de vocábulos relacionados entre si. Por exemplo:
Observe finalmente:
Numa primeira leitura, esta mensagem parece vaga: aqui aponta para várias
possibilidades de significação, entretanto cada uma elas claramente se opõe à “cidade”.
Mas, se situarmos esta frase como introdutória ao texto sobre a Mata Atlântica, o
sentido fica mais explícito, sobretudo se a frase for acompanhada da imagem de um
habitante da Mata Atlântica.
21
CAPÍTULO 2
Tipos de Coerência
Ainda na obra citada, os autores apontam alguns tipos de coerências a saber, coerência
semântica, coerência sintática, coerência estilística, coerência pragmática.
Coerência Semântica
Refere-se à relação entre os significados dos elementos das frases em sequência; a
incoerência aparece quando esses sentidos não combinam, ou quando são contraditórios.
Exemplos:
22
COERÊNCIA │ UNIDADE I
3. Educação, problema universal que por direito todo indivíduo deve ter
acesso.
Ainda dentro desse tipo de coerência, lembramos que o pouco domínio do sentido dos
vocábulos e das restrições combinatórias podem também gerar frases com problemas
de compreensão, como as que seguem:
Não deu asas ao pensamento, obviamente com medo de aferir a opinião dos outros.
23
UNIDADE I │ COERÊNCIA
Coerência Sintática
Refere-se aos meios sintáticos usados para expressar a coerência semântica: conectivos,
pronomes etc. Exemplos:
Há, nesta frase, vários problemas que prejudicam a sua coerência. O primeiro
é o não paralelismo entre leitura (nome) e escrever (verbo); seria desejável,
por exemplo, dizer falta de ler, de escrever, ou falta de leitura, falta de treino
de escrita. Depois foi empregada a conjunção seja, que geralmente se usa para
apresentar mais de uma alternativa: seja porque tudo já vem pronto, seja
porque não há estímulo por parte dos professores; usada isoladamente, ela
perde o seu sentido alternativo. Talvez o autor estivesse querendo dizer seja
porque tudo já vem mastigado; a elipse da conjunção na segunda expressão foi
24
COERÊNCIA │ UNIDADE I
inadequada. Percebemos, ainda, que o sujeito essa falta de leitura acabou não
se juntando a nenhum predicado, e a frase ficou fragmentada. Por último, não
foi explicitado o termo que pode preencher essa função.
Esta frase apresenta o seguinte problema: ela é longa demais, por isso
o predicado, muito distante do sujeito, acaba discordando dele, não
gramaticalmente, mas pela inadequação do vocabulário. Pode-se dizer que há
um cruzamento na estrutura da frase, o que causa uma incoerência sintática.
(As frases usadas como exemplos foram produzidas por alunos recém-ingressos na
universidade).
Coerência Estilística
Percebemos, pelos exemplos citados abaixo, que esse tipo de coerência não chega,
na verdade, a perturbar a interpretabilidade de um texto; é uma noção relacionada
à mistura de registros linguísticos. É desejável que quem escreve ou lê se mantenha
num estilo relativamente uniforme. Entretanto, a alternância de registros pode ser, por
outro lado, um recurso estilístico.
bonde
Se ele chorar
Se ele ajoelhar
25
UNIDADE I │ COERÊNCIA
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA
26
COERÊNCIA │ UNIDADE I
Coerência Pragmática
Refere-se ao texto visto como uma sequência de atos de fala. Para haver coerência
nesta sequência, é preciso que os atos de fala se realizem de forma apropriada, isto é,
cada interlocutor, na sua vez de falar, deve conjugar o seu discurso ao do seu ouvinte.
Quando uma pessoa faz uma pergunta a outra, a resposta pode-se manifestar por meio
de uma afirmação, de outra pergunta, de uma promessa, de uma negação. Qualquer
uma dessas sequências seria considerada coerente. Por outro lado, se o interlocutor
não responder, virar as costas e sair andando, começar a cantar, ou mesmo dizer algo
totalmente desconectado do tema da pergunta, estas sequências seriam consideradas
incoerentes. Exemplo:
– Um momentinho.
– Muito obrigado.
Para quem fez a pergunta, não pareceu nem um pouco incoerente a resposta obtida.
Entretanto, a frase de B não é a resposta, é simplesmente um pedido de tempo para
depois dar atenção ao interlocutor A. Nós é que percebemos a incoerência da sequência
e tomamos o conjunto como uma piada.
27
CAPÍTULO 3
Texto e Coerência
A coerência e a coesão ocorrem nos diversos tipos de texto. Lembramos que cada tipo
de texto tem sua estrutura própria, por isso os mecanismos de coerência e de coesão
também vão se manifestar de forma diferente na superfície linguística, conforme se
trate de um texto narrativo, descritivo ou dissertativo-argumentativo.
A pesca
o anil a garganta
o anzol a âncora
o azul o peixe
o silêncio a boca
o tempo o arranco
o peixe o rasgão
a agulha aberta a água
vertical aberta a chaga
mergulha aberto o anzol
a água aquelíneo
a linha ágil-claro
a espuma estabanado
o tempo o peixe
a âncora a areia
o peixe o sol
azul
anzol boca
anil
isca rasgão
material peixe mar areia
“agulha” chaga
sol
linha garganta
mergulha
28
COERÊNCIA │ UNIDADE I
A Casa sonolenta
Era uma vez Em cima desse cachorro tinha um gato
uma casa sonolenta um gato ressonando,
onde todos viviam dormindo em cima de um cachorro cochilando,
Nessa casa em cima de um menino sonhando,
tinha uma cama em cima de uma avó roncando,
uma cama aconchegante, numa cama aconchegante,
numa casa sonolenta, numa casa sonolenta,
onde todos viviam dormindo. onde todos viviam dormindo.
Nessa cama Em cima desse gato
tinha uma avó, tinha um rato,
uma avó roncando, um rato dormitando,
numa cama aconchegante, em cima de um gato ressonando,
numa casa sonolenta, em cima de um cachorro cochilando,
onde todos viviam dormindo. em cima de um menino sonhando,
Em cima dessa avó em cima de uma avó roncando,
tinha um menino, numa cama aconchegante,
um menino sonhando, numa casa sonolenta,
em cima de uma avó roncando, onde todos viviam dormindo.
numa cama aconchegante, E em cima desse rato
numa casa sonolenta, tinha uma pulga...
onde todos viviam dormindo. Será possível?
Em cima desse menino Uma pulga acordada,
tinha um cachorro, que picou o rato,
um cachorro cochilando, que assustou o gato,
em cima de um menino sonhando, que arranhou o cachorro,
em cima de uma avó roncando, que caiu sobre o menino,
numa cama aconchegante, que deu um susto na avó,
numa casa sonolenta, que quebrou a cama,
onde todos viviam dormindo. numa casa sonolenta,
onde ninguém mais estava dormindo.
2o momento – todos acordam, cada um, por sua vez, movidos pela ação da pulga.
29
UNIDADE I │ COERÊNCIA
30
COERÊNCIA │ UNIDADE I
Com respeito a essa ordenação das informações num texto descritivo, é interessante
assinalar que a ordem em que são percebidos os objetos ou os componentes de uma
cena pode determinar a organização linear das sequências usadas para descrevê-los,
como no parágrafo abaixo:
Entretanto, isto pode não acontecer, ou seja, a ordenação é feita a partir da seleção das
informações julgadas relevantes, como no texto abaixo:
31
UNIDADE I │ COERÊNCIA
Temos, neste parágrafo, os conectores mas (ideia adversativa) e desde que (condição),
não podem ser substituídos por conectores de outro sentido, sob pena de alterar o que
se quer expressar. As expressões, é bom saber, evidentemente têm a finalidade de
introduzir e reforçar os argumentos. Finalmente, lembramos que o uso do conector
desde que pede o emprego do verbo no modo subjuntivo, tempo presente, o que foi
feito pelo autor do texto (desde que ... satisfaça). O mesmo se verifica na frase anterior:
Precisa de boa sacudida que o faça (...) É importante, pois, escolher os conectores
adequados, quando o objetivo é argumentar de maneira coerente e coesa.
32
COESÃO UNIDADE II
CAPÍTULO 1
Introdução à Coesão
São muitos os autores que têm publicado estudos sobre coerência e coesão. Apoiados
nos trabalhos de Koch (1997), Platão e Fiorin (1996), Suárez Abreu (1990) e Marcuschi
(1983), apresentamos algumas considerações sobre o conceito de coesão com o objetivo
de mostrar a presença e a importância desse fenômeno na produção e interpretação
dos textos.
Koch (1997) conceitua a coesão como “o fenômeno que diz respeito ao modo como os
elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, por
meio de recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentido.”
Para Platão e Fiorin (1996), a coesão textual “é a ligação, a relação, a conexão entre
as palavras, expressões ou frases do texto.” A coesão é, segundo Suárez Abreu (1990),
“o encadeamento semântico que produz a textualidade; trata-se de uma maneira
de recuperar, em uma sentença B, um termo presente em uma sentença A.” Daí a
necessidade de haver concordância entre o termo da sentença A e o termo que o retoma
na sentença B. Finalmente, Marcuschi (1983) assim define os fatores de coesão: “são
aqueles que dão conta da sequenciação superficial do texto, isto é, os mecanismos
formais de uma língua que permitem estabelecer, entre os elementos linguísticos do
texto, relações de sentido.”
A coesão pode ser observada tanto em enunciados mais simples quanto em enunciados
mais complexos. Observe.
33
UNIDADE II │ COESÃO
No primeiro período, temos o pronome que remetendo a amigos, que é o sujeito dos
verbos restam e são, daí a concordância, em pessoa e número, entre eles. Do mesmo
modo, amigos é o sujeito de foram, na oração seguinte; todos e os se relacionam a
amigos.
34
COESÃO │ UNIDADE II
frases seja considerado um texto, é preciso haver relações de sentido entra essas
unidades (coerência) e um encadeamento linear das unidades linguísticas presentes
no texto (coesão). Mas essa afirmativa não é categórica nem definitiva, por algumas
razões. Uma delas é que podemos ter conjuntos linguísticos destituídos de elos coesivos
que, no entanto, são considerados textos porque são coerentes, isto é, apresentam uma
continuidade semântica, como vimos no texto “Circuito Fechado”, de Ricardo Ramos.
Um outro bom exemplo da possibilidade de haver texto, porque há coerência, sem elos
coesivos explicitados linguisticamente, é o texto do escritor cearense Mino, em que só
existem verbos.
Neste texto, a coerência é depreendida da sequência ordenada dos verbos com os quais
o autor mostra o dia a dia de um empresário. Verbos como lesou, burlou, explorou,
safou-se ... transmitem um julgamento de valor do autor do texto em relação à figura
de um empresário.
35
UNIDADE II │ COESÃO
Finalizando, vale dizer que, embora a coesão não seja condição suficiente para que
enunciados se constituam em textos, são os elementos coesivos que dão a eles maior
legibilidade e evidenciam as relações entre seus diversos componentes. A coerência em
textos didáticos, expositivos, jornalísticos depende da utilização explícita de elementos
coesores.
36
CAPÍTULO 2
Mecanismos de Coesão
Coesão Gramatical
Faz-se por meio das concordâncias nominais e verbais, da ordem dos vocábulos, dos
conectores, dos pronomes pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes
possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos, relativos, diversos tipos de
numerais, advérbios (aqui, ali, lá, aí), artigos definidos, de expressões de valor temporal.
Coesão Frásica
Este tipo de coesão estabelece uma ligação significativa entre os componentes da frase,
com base na concordância entre o nome e seus determinantes, entre o sujeito e o verbo,
entre o sujeito e seus predicadores, na ordem dos vocábulos na oração, na regência
nominal e verbal. Exemplos:
Concordância nominal
todos os gostos
(pron.) (artigo) (substantivo)
37
UNIDADE II │ COESÃO
Concordância verbal
Florianópolis tem
(sujeito) (verbo)
Concordância nominal
poucas cantoras
música brasileira
mundo inteiro
Concordância verbal
voz é
cantoras têm
A análise deste período mostra que ele é formado de duas orações: A moto saiu
da estrada e em que ele estava passeando. A qual das duas, no entanto, se liga
38
COESÃO │ UNIDADE II
Também em relação à regência verbal, a coesão pode ficar prejudicada se não forem
tomados alguns cuidados. Há verbos que mudam de sentido conforme a regência, isto
é, conforme a relação que estabelecem com o seu complemento.
Por exemplo, o verbo assistir é usado com a preposição a quando significa ser espectador,
estar presente, presenciar. Exemplo: A cidade inteira assistiu ao desfile das escolas de
samba. Entretanto, na linguagem coloquial, este verbo é usado sem a preposição. Por
isso, com frequência, temos frases como: Ainda não assisti o filme que foi premiado no
festival, ou, A peça que assisti ontem foi muito bem montada (ao invés de a que assisti).
No que diz respeito à regência nominal, há também casos em que os enunciados podem
se prestar a mais de uma interpretação. Se dissermos A liquidação da Mesbla foi
realizada no fim do verão, podemos entender que a Mesbla foi liquidada, foi vendida ou
que a Mesbla promoveu uma liquidação de seus produtos. Isso acontece porque o nome
liquidação está acompanhado de um outro termo (da Mesbla). Dependendo do sentido
que queremos dar à frase, podemos reescrevê-la de duas maneiras:
Coesão Interfrásica
39
UNIDADE II │ COESÃO
b. Como suas glândulas mamárias são internas, ela espirra o leite na água.
40
COESÃO │ UNIDADE II
41
UNIDADE II │ COESÃO
Conectores:
porque (exemplo a), já que (exemplo a), como (exemplos b, f) – introduzem uma
explicação ou justificativa.
porém (exemplos c, d), mas (e) , embora (g) , no entanto (h) – indicam uma
contraposição.
como (exemplo d) , tão ... que (exemplo d), tão ... quanto (exemplo e) – indicam
uma comparação.
Depois (a) , por último (a), quando (a), já (a), ao longo dos meses (c), depois
de cinco anos (c), em seguida (f), até que (c) – servem para explicar a ordem dos
fatos, para encadear os acontecimentos.
não só ... mas também (exemplo i) – serve para mostrar uma soma de argumentos.
por exemplo (exemplo m) – serve para especificar o que foi dito antes.
42
COESÃO │ UNIDADE II
Há, neste trecho, apenas uma coesão interfrásica explicitada: trata-se da oração
“Quando se irritava com alguém, não media palavras”. Os demais possíveis conectores
são indicados por ponto e ponto-e-vírgula.
Coesão Temporal
43
UNIDADE II │ COESÃO
Embora o assunto neste tópico seja a coesão temporal, vale a pena mostrar também
a ordenação espacial que acompanha as diversas épocas apontadas no parágrafo: nos
Estados Unidos, entre Nova Iorque e Chicago, no Brasil, em todo o território brasileiro.
ela, a – retomam o termo baleiona, que, por sua vez, substitui o vocábulo
mãe.
ele também o faz – o retoma as ações de saltar, bater, que a mãe pratica.
44
COESÃO │ UNIDADE II
Há ainda outros elementos de coesão, como Além disso, já que, que introduzem,
respectivamente, um acréscimo ao que já fora dito e uma justificativa.
Temos neste período uma referência por elipse. O sujeito dos verbos dispunha e levava
é A expedição de Vasco da Gama, que não é retomada pelo pronome correspondente
ela, mas por elipse, isto é, a concordância do verbo – 3ª pessoa do singular do pretérito
imperfeito do indicativo – é que indica a referência.
45
UNIDADE II │ COESÃO
Existe, ainda, a possibilidade de uma ideia inteira ser retomada por um pronome, como
acontece nas frases a seguir:
Além disso – conector que tem por função acrescentar mais um argumento
ao que está sendo discutido.
Coesão Lexical
Neste tipo de coesão, usamos termos que retomam vocábulos ou expressões que
já ocorreram, porque existem entre eles traços semânticos semelhantes, até mesmo
opostos. Dentro da coesão lexical, podemos distinguir a reiteração e a substituição.
46
COESÃO │ UNIDADE II
Em 1937, quando a Ipiranga foi fundada, muitos afirmavam que seria difícil uma
refinaria brasileira dar certo.
E, a cada passo que a Ipiranga deu nesses anos todos, nunca faltaram previsões
que indicavam outra direção.
Quem poderia imaginar que, a partir de uma refinaria como aquela, a Ipiranga
se transformaria numa das principais empresas do país, com 5.600 postos de
abastecimento anual de 5,4 bilhões de dólares?
É que, além de ousadia, a Ipiranga teve sorte: a gente estava tão ocupado
trabalhando que nunca sobrou muito tempo para prestar atenção em profecias.
A substituição é mais ampla, pois pode se efetuar por meio da sinonímia, da antonímia,
da hiperonímia, da hiponímia.
Sinonímia
47
UNIDADE II │ COESÃO
b. Aos 26 anos, o zagueiro Júnior Baiano deu uma grande virada em sua
carreira. Conhecido por suas inconsequentes “tesouras voadoras”, ele
passou a agir de maneira mais sensata, atitude que já levou até a Seleção
Brasileira.
d. Vestia um camisolão azul, sem cintura. Tinha cabelos longos como Jesus e
barbas longas. Nos pés calçava sandálias para enfrentar o pó das estradas
e, a cabeça, protegia-a do sol inclemente com um chapelão de abas largas.
Nas mãos levava um cajado, como os profetas, os santos, os guiadores de
gente, os escolhidos, os que sabiam o caminho do céu. Chamava os outros
de “meu irmão”. Os outros chamavam-no “meu pai”. Foi conhecido como
Antônio dos Mares, uma certa época, e também como Irmão Antônio. Os
mais devotos o intitulavam “Bom Jesus”, “Santo Antônio”. De batismo,
48
COESÃO │ UNIDADE II
era Antônio Vicente Mendes Maciel. Quando fixou sua fama, era Antônio
Conselheiro, nome com o qual conquistou os sertões e além.
49
UNIDADE II │ COESÃO
Hiperonímia e Hiponímia
Por hiperonímia temos o caso em que a primeira expressão mantém com a segunda
uma relação de todo-parte ou classe-elemento. Por hiponímia designamos o caso
inverso: a primeira expressão mantém com a segunda uma relação de parte-todo ou
elemento-classe. Em outras palavras, essas substituições ocorrem quando um termo
mais geral - o hiperônimo - é substituído por um termo menos geral - o hipônimo, ou
vice-versa. Os exemplo ajudam a entender melhor.
(Idem)
(Idem)
50
COESÃO │ UNIDADE II
(Idem)
Hiperônimos Hipônimos
(termos mais gerais) (termos mais específicos)
baleias jubartes
animais jubartes
cetáceos baleias
artesanato renda de bilro
litoral norte praia, ilha, enseada
instrumentos pá, picareta, foice, enxada
Vale a pena apontar também a coesão lexical por sinonímia, entre assentados e
sem-terra (exemplo f) e entre jubartes e baleias cantoras (exemplo c). Os pronomes
eles (caso reto) e se (caso oblíquo) são exemplos de coesão gramatical referencial,
pois remetem aos assentados.
Noely Landarin
51
UNIDADE II │ COESÃO
Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são
diferentes. Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz.
Exemplo: Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara,
mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo
o que sabíamos dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.
52
COESÃO │ UNIDADE II
(Núcleo de estudos para a Paz e Direitos Humanos, UnB in: Introdução Crítica
ao Direito, com adaptações)
53
UNIDADE II │ COESÃO
* na altern. b)”... a questão dos Direitos tem significado político...” (parte inicial do
texto),
*na altern. d) “Na América Latina, por isso, a luta pelos direitos humano...”
54
COESÃO │ UNIDADE II
GABARITO: A
DICAS: essa questão é típica de coesão textual que trata dos elementos
anafóricos – aqueles que retomam um elemento referencial (anterior). O
objetivo do comando é “a expressão que antecede a barra não retoma a ideia da
segunda expressão. Se observar com atenção, a palavra “realidade” da altern. a)
vem citada antes, no texto, que a expressão “contexto sócio-político e histórico-
estrutural do processo”, portanto corresponde ao que se pede. Daí, o gabarito
apontar a altern a) como a indicada.
<http://www.algosobre.com.br/index2.php?option=com_conte>
55
CAPÍTULO 3
Coerência e Coesão – seu papel na
compreensão e na produção de textos
Neste último item, nosso objetivo é mostrar como o trabalho com os mecanismos
de coerência e coesão é necessário para a atividade de compreensão e produção de
textos. Este trabalho não deve se ater ou se restringir aos nomes e definições de cada
mecanismo, isto não seria de grande proveito. É preciso, acima de tudo, mostrar aos
alunos como devem, ao produzir seus textos, lidar com a coerência e a coesão.
KOCH (1990)
Às vezes, a grande preocupação do ensino de língua portuguesa é fazer com que os alunos
decorem, por exemplo, uma interminável lista de conjunções, as coordenativas e as
subordinativas. É muito mais produtivo eles entenderem o sentido das conjunções,
sua função argumentativa, as relações que estabelecem entre as ideias como uma forma
de evitar os períodos incoerentes do ponto de vista sintático e semântico.
Outro assunto que também é trabalhoso no ensino de língua portuguesa, diz respeito à
pontuação. São extremamente comuns as queixas não sei pontuar, não sei usar vírgulas
etc. Seria, talvez, mais proveitoso aliar o ensino da pontuação ao ensino dos mecanismos
de coerência e coesão, mostrando a importância da pontuação para o estabelecimento
do sentido do texto. Assim, como podemos usar conectores e outros elementos de
coesão para articular vocábulos ou orações e indicar as relações existentes entre eles,
os sinais de pontuação também contribuem para a “costura” do texto. Observe o trecho
abaixo, extraído de uma reportagem sobre o pintor Di Cavalcanti.
Nas vacas magras, ia de cerveja a cachaça. Nunca ficava bêbado. Tinha um poder
enorme sobre o copo. Bebia, depois deitava, lia, relaxava.
Temos um período formado de quatro orações, separadas por ponto. Embora não haja
conectores gramaticais explícito, percebemos de que forma essas orações se combinam,
56
COESÃO │ UNIDADE II
Nas vacas magras, ia de cerveja a cachaça, porém (entretanto, mas, contudo) nunca ficava
bêbado, pois (porque, visto que, (dado que) tinha um poder enorme sobre o copo, isto é, bebia,
depois deitava, lia, descansava.
Esta reescritura serve para mostrar o sentido das conjunções empregadas, sua adequação
ao transmitir as relações entre as orações, e, sobretudo, a possibilidade de substituir os
pontos por conectores explícitos antecedidos de vírgulas. Observamos, ainda, que essa
forma de escrever (sem as conjunções) pode ser marca de um estilo, estando de acordo
com as intenções e preferências do autor do texto.
Muitas vezes, o cuidado maior, por parte dos professores, é com a correção gramatical,
como se ela fosse a qualidade mais importante do texto. Lembramos aqui as sempre atuais
colocações de Othon M. Garcia (1973): “uma composição pode estar absolutamente
correta do ponto de vista gramatical e revelar-se absolutamente inaproveitável.” Mais
adiante, continua: “Quando o estudante aprende a concatenar as ideias e estabelecer
suas relações de dependência, expondo seu pensamento de modo claro, coerente e
objetivo, a forma gramatical vem com um mínimo de erros que não chegam a invalidar
a redação. E esse mínimo de erros se consegue evitar com um mínimo de ‘regrinhas’
gramaticais.”
Há, nos estudos sobre coerência e coesão, uma posição comum quanto à íntima relação
entre esses dois mecanismos na produção e compreensão de textos. Vimos que a coesão
não garante a coerência, embora concorra para que esta se estabeleça. Charolles (1986) é
muito claro quando afirma que “o uso dos mecanismos coesivos tem por função facilitar
a interpretação do texto e a construção da coerência pelos usuários. No entanto, eles (os
mecanismos coesivos) podem produzir incoerências: como possuem, por convenção,
funções específicas, não podem ser usados sem respeitar tais convenções. Se isto
acontecer, isto é, se o seu uso contrariar a sua função, o resultado será a incoerência ou
a falta de sequencialidade de modo que o leitor/ouvinte não será capaz de construir a
interpretação adequada.”
57
UNIDADE II │ COESÃO
Finalmente, é bom lembrar que, se o professor quer que seus alunos produzam textos
coerentes e coesos, pode, em primeiro lugar, mostrar a presença desses mecanismos em
textos literários, não literários, jornalísticos, publicitários. Dessa forma, vai familiarizar
seu público com essas novas aquisições linguísticas. Nesta etapa, os alunos vão
perceber que fazem parte da língua elementos que têm a função de estabelecer relações
textuais. Trata-se de processos de sequencialização que asseguram uma ligação entre
os elementos linguísticos formadores do texto – são os chamados recursos de coesão
textual ou instrumentos de coesão.
Só então os alunos passariam a desenvolver a sua própria produção. Muitas vezes, não
basta dizer que o texto do aluno é incoerente; é preciso mostrar onde estão os problemas
e, sobretudo, como podem ser resolvidos.
58
Para (não) Finalizar
Muitas vezes, o cuidado maior, por parte dos professores, é com a correção gramatical,
como se ela fosse a qualidade mais importante do texto. Lembramos aqui as sempre atuais
colocações de Othon M. Garcia (1973): “uma composição pode estar absolutamente
correta do ponto de vista gramatical e revelar-se absolutamente inaproveitável.” Mais
adiante, continua: “Quando o estudante aprende a concatenar as ideias e estabelecer
suas relações de dependência, expondo seu pensamento de modo claro, coerente e
objetivo, a forma gramatical vem com um mínimo de erros que não chegam a invalidar
a redação. E esse mínimo de erros se consegue evitar com um mínimo de ‘regrinhas’
gramaticais.”
Há, nos estudos sobre coerência e coesão, uma posição comum quanto à íntima relação
entre esses dois mecanismos na produção e compreensão de textos. Vimos que a coesão
não garante a coerência, embora concorra para que esta se estabeleça. Charolles (1986) é
muito claro quando afirma que “o uso dos mecanismos coesivos tem por função facilitar
a interpretação do texto e a construção da coerência pelos usuários. No entanto, eles (os
mecanismos coesivos) podem produzir incoerências: como possuem, por convenção,
funções específicas, não podem ser usados sem respeitar tais convenções. Se isto
acontecer, isto é, se o seu uso contrariar a sua função, o resultado será a incoerência ou
a falta de sequencialidade de modo que o leitor/ouvinte não será capaz de construir a
interpretação adequada.”
Finalmente, é bom lembrar que, se o professor quer que seus alunos produzam textos
coerentes e coesos, pode, em primeiro lugar, mostrar a presença desses mecanismos em
textos literários, não literários, jornalísticos, publicitários. Dessa forma, vai familiarizar
seu público com essas novas aquisições linguísticas. Nesta etapa, os alunos vão
perceber que fazem parte da língua elementos que têm a função de estabelecer relações
59
PARA (NÃO) FINALIZAR
Só então os alunos passariam a desenvolver a sua própria produção. Muitas vezes, não
basta dizer que o texto do aluno é incoerente; é preciso mostrar onde estão os problemas
e, sobretudo, como podem ser resolvidos.
60
Referências
FIORIN, José L.; SAVIOLI, Francisco P. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo:
Ática, 1996.
KOCH, Ingedore V.; TRAVAGLIA, Luiz C. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1989.
61