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Elaboração de Relatório e Parecer

Brasília-DF.
Elaboração

Marcelo Whately Paiva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 5

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 6

Introdução.................................................................................................................................... 8

Unidade I
LINGUAGEM TÉCNICA............................................................................................................................ 9

Capítulo 1
Características de linguagem técnica........................................................................... 10

Capítulo 2
Competência textual.......................................................................................................... 12

Capítulo 3
Níveis de Linguagem............................................................................................................ 20

Capítulo 4

O que deve ser evitado

Unidade II
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER............................................................................................ 23

Capítulo 1
Estrutura de texto técnico................................................................................................ 23

CAPÍTULO 2
Estrutura de parecer.......................................................................................................... 25

Capítulo 3
Técnicas de redação......................................................................................................... 44

Capítulo4
Técnicas de argumentação.............................................................................................. 46

Unidade III
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO.......................................................................................... 49

CAPÍTULO 1
Conceito e elaboração.................................................................................................... 49

Capítulo 2
Estrutura do relatório administrativo............................................................................ 50
CAPÍTULO 3
Primeiro parágrafo de relatório..................................................................................... 51

CAPÍTULO 4
Organização de parágrafos no desenvolvimento....................................................... 53

Referências................................................................................................................................... 55
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica
impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Este curso apresenta tópicos práticos essenciais ao ato de redigir relatório e parecer
de forma adequada e padronizada. Abordaremos, desde o início, a importância da
linguagem técnica e as qualidades de um bom texto. Não se trata de redação rebuscada
ou confusa. A linguagem de um relatório ou de um parecer deve ser clara, objetiva,
concisa, coerente e correta gramaticalmente.

Espero que sua dedicação amplie a capacidade de se expressar cada vez melhor na
atividade profissional e pessoal. Muitas vezes o texto fica aquém da capacidade do
próprio autor. Nosso objetivo é justamente indicar recursos que tornarão sua redação
mais direta e eficaz.

O curso está dividido em três unidades. A primeira abordará as características da


linguagem a ser empregada de maneira adequada em documentos. Você observará que
enfatizaremos as qualidades e os vícios mais comuns. A segunda unidade abordará o
conceito, a estrutura e a argumentação de um parecer. A terceira unidade abordará o
conceito e a estrutura de um relatório.

Tenho ministrado cursos em diversas instituições públicas e privadas nos últimos anos
e observo que a dedicação é essencial ao bom texto.

Objetivos
»» Desenvolver no participante a capacidade de compreender a finalidade
da linguagem técnica.

»» Esclarecer o conceito e a estrutura de parecer e relatório.

»» Perceber a importância do conhecimento das principais qualidades do


bom texto.

»» Dominar diferentes formas de argumentação.

»» Desenvolver competências na prática de parecer e relatório.

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LINGUAGEM TÉCNICA Unidade I

A elaboração de textos técnicos exige domínio do tema desenvolvido, de padronizações


da estrutura do documento e de competência linguística. Ausência de organização do
pensamento ou do texto compromete a compreensão do assunto. Muitos são os casos em
que o texto fica aquém da capacidade do próprio autor. O despreparo na competência
de expressar e estruturar bem o documento técnico prejudica o conhecimento do
profissional.

O Manual de Redação e Padronização de Atos Oficiais do Ministério Público Federal


afirma que:

a falta de precisão na linguagem acarreta problemas para o desempenho


de tarefas e, às vezes, prejudica as relações humanas, gerando
desentendimentos, discussões e até redução da produtividade. (...)
É preciso ser econômico nas ideias e conciso em sua exposição, utilizando
somente as palavras necessárias. Devem-se evitar as explicações
supérfluas e inúteis, tratar de um assunto por vez, ser coerente e buscar
alcançar o objetivo previamente traçado. E isso ainda não é suficiente.
A estética, a visualização do texto impresso no papel, tudo deve ser feito
tendo em vista atingir o leitor.

O Manual de Redação Oficial do Tribunal de Contas do Distrito Federal complementa:

A eficácia da comunicação oficial depende basicamente do uso de


linguagem simples e direta, chegando ao assunto que se deseja expor
sem passar, por exemplo, pelos atalhos das fórmulas de refinada cortesia
usuais no século passado. Ontem o estilo tendia ao rebuscamento,
aos rodeios ou aos circunlóquios; hoje, a vida moderna obriga a uma
redação mais objetiva e concisa.

Documentos técnicos apresentam estrutura padronizada e linguagem técnica adequada.


Durante o curso, abordaremos detalhadamente tópicos relacionados à boa confecção
de textos tão específicos.

9
Capítulo 1
Características de linguagem técnica

Linguagem técnica faz uso de termos específicos e estrutura própria em seus textos. Domínio de
vocabulário adequado é essencial. Palavras técnicas e precisas inibem falhas de compreensão.
Não se pode, no entanto, em nome da linguagem técnica, justificar o uso de rebuscamento e
comprometer as técnicas de um bom texto. Observe exemplo de texto com rebuscamento.

Com espia no referido precedente, plenamente afincado, de modo


consuetudinário, por entendimento turmário iterativo e remansoso,
e com amplo supedâneo na Carta Política, que não preceitua garantia
ao contencioso nem absoluta nem ilimitada, padecendo ao revés
dos temperamentos constritores limados pela dicção do legislador
infraconstitucional, resulta de meridiana clareza, tornando despicienda
maior peroração, que o apelo a este Pretório se compadece do imperioso
prequestionamento da matéria abojada na insurgência, tal entendido
como expressamente abordada no acórdão guerreado, sem o que
estéril se mostrará a irresignação, inviabilizada ab ovo por carecer de
pressuposto essencial ao desabrochar da operação cognitiva.

O Manual de Redação da Presidência da República esclarece que:

A linguagem técnica deve ser empregada apenas em situações que a


exijam, sendo de evitar o seu uso indiscriminado. Certos rebuscamentos
acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a determinada área, são
de difícil entendimento por quem não esteja com eles familiarizado.
Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comunicações
encaminhadas a outros órgãos da administração e em expedientes
dirigidos aos cidadãos.

Nosso curso enfatizará documentos técnicos específicos. Assim, defino conceito de laudo,
parecer, nota e relatório de acordo com o Ministério Público Federal. Geralmente, há
profissionais que se confundem quando produzir um ou outro. Nos próximos módulos,
detalharemos a diferença.

a. Laudo: análise de documentos e/ou dados, com objetivo de responder


quesitos formulados pelo solicitante, expressando conclusivamente
opinião técnica.

b. Parecer: instrumento utilizado para expressar a opinião fundamentada,


técnica ou jurídica, sobre determinado assunto. É ato exarado com base
10
LINGUAGEM TÉCNICA │ UNIDADE I

na constatação de fatos e na análise técnica, administrativa ou jurídica


de documentos e/ou dados, com a indicação de solução, favorável ou
contrária, segundo as argumentações apresentadas pelo autor do parecer.

c. Nota: resultado de levantamentos de dados bibliográficos, documentos


eletrônicos, entrevistas e outros, sem a emissão de opinião técnica; e.

d. Relatório: relato de reuniões, vistorias, audiências, viagens e outros


eventos que não demandem análise documental nem a emissão de opinião
técnica. O relatório é uma descrição pormenorizada de determinada
atividade, de um projeto específico ou do período de tempo em que se
desenvolveu uma ou várias tarefas.

Parecer facultativo, obrigatório ou vinculante


O parecer é conhecido por ser documento de consulta. A instituição consultada elabora
texto, por meio do qual, especialistas analisam fatos e fundamentos de situação específica
e emitem recomendações. O parecer pode ser facultativo, obrigatório ou vinculante.

Parecer facultativo é aquele em que, sem imposição, uma pessoa, departamento


ou instituição solicita a opinião do setor específico. Quem solicitou poderá seguir as
conclusões do parecer ou não.

Parecer obrigatório é aquele em que o processo de decisão obriga a inclusão de parecer.


O parecer é obrigatório, mas o administrador não é obrigado a seguir as recomendações.

Parecer vinculante ocorre quando as consignações emitidas no parecer são imperativas.


O ato decisório só poderá ocorrer se estiver de acordo com as recomendações do parecer.

Ementa de acórdão do Supremo Tribunal Federal define bem cada tipo de parecer.

I. Repercussões da natureza jurídico-administrativa do parecer


jurídico: (I) quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula
ao parecer proferido, sendo que seu poder de decisão não se altera pela
manifestação do órgão consultivo; (II) quando a consulta é obrigatória, a
autoridade administrativa se vincula a emitir o ato tal como submetido à
consultoria, com parecer favorável ou contrário, e se pretender praticar
ato de forma diversa da apresentada à consultoria, deverá submetê-lo a
novo parecer; (III) quando a lei estabelece a obrigação de decidir à luz
de parecer vinculante, essa manifestação de teor jurídico deixa de ser
meramente opinativa e o administrador não poderá decidir senão nos
termos de conclusão do parecer ou, então, não decidir.

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Capítulo 2
Competência textual

A Língua Portuguesa, de vocabulário extenso e gramática complexa, permite ampla variação


linguística. A boa redação técnica não significa texto rebuscado ou incompreensível.
Pode-se afirmar que deve ser justamente o contrário. Assim, nossa primeira preocupação
é apresentar qualidades fundamentais ao texto adequado.

Clareza
Habilidade de transpor com exatidão uma ideia ou pensamento. O texto deve ser
claro de tal forma que não permita interpretação equivocada ou demorada pelo leitor.
A compreensão deve ser imediata. É importante usar vocabulário acessível, redigir
orações na ordem direta, utilizar períodos curtos e eliminar o emprego excessivo de
adjetivos. Deve-se excluir da escrita ambiguidade, obscuridade ou rebuscamento.

O texto claro pressupõe o uso de sintaxe correta e de vocabulário ao alcance do leitor.


O Supremo Tribunal Federal, em seu Manual de Redação, recomenda, para que o texto
obtenha clareza:

a. reler o texto várias vezes para assegurar-se de que está claro;

b. empregar a linguagem técnica apenas em situações que a exijam e ter


o cuidado de explicitá-la em comunicações a outros órgãos ou em
expedientes voltados para os cidadãos;

c. certificar-se de que as conjunções realmente estabeleçam as relações


sintáticas desejadas; no entanto, evitar o uso excessivo de orações
subordinadas, pois períodos muito subdivididos dificultam o entendimento;

d. utilizar palavras e expressões em outro idioma apenas quando forem


indispensáveis, em razão de serem designações ou expressões de uso já
consagrado ou de não terem exata tradução. Nesse caso, grafarem itálico.

Observe trecho de circular produzida pelo Banco Central do Brasil com falta de clareza:

Os parentes consanguíneos de um dos cônjuges são parentes por


afinidade do outro; os parentes por afinidade de um dos cônjuges não
são parentes do outro cônjuge; são também parentes por afinidade da
pessoa, além dos parentes consanguíneos de seu cônjuge, os cônjuges
de seus próprios parentes consanguíneos.

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LINGUAGEM TÉCNICA │ UNIDADE I

Evite rebuscamento ou arcaísmos, que podem comprometer a clareza ou a correção


gramatical.

Quadro 1.

Evitar Preferir
vazada, lançada proferida, consignada

em sede de recurso no recurso

em sede extraordinária em instância extraordinária

sendo assim Assim

no que pertine no que concerne, quanto a

nem tampouco Tampouco

à hipótese na hipótese

descabe falar não há falar

Inobstante não obstante

Abroquear Fundamentar

com espeque com base

Concisão
Consiste em informar o máximo em um mínimo de palavras. No entanto, contenção
de palavras não significa contenção de pensamentos. Por essa razão, não se devem
eliminar fragmentos essenciais do texto com o objetivo de reduzir-lhe o tamanho.
Os itens que nada acrescentam ao que já foi dito é que necessitam ser eliminados.
Mais que curtas e claras, as expressões empregadas devem ser precisas. Para redigir
um texto conciso, é fundamental ter conhecimento do assunto sobre o qual se escreve.
Seguem recomendações:

a. revise o texto e retire palavras inúteis, repetições desnecessárias, desmedida


adjetivação e períodos extensos e emaranhados. Não acumule pormenores
irrelevantes. O Manual de Redação do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e Territórios, afirma que:

nos documentos jurídicos, costumam-se empregar diversos adjetivos


para qualificar os substantivos a que se referem, como pretório excelso,
douto magistrado, augusto presidente, respeitável decisão, elevado e
digno ministro, sobrelevado órgão recursal, entre outros. Esses adjetivos
devem ser evitados, por não acrescentarem informação necessária ao
texto e por serem contrários aos princípios da concisão e da clareza.

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UNIDADE I │ LINGUAGEM TÉCNICA

b. dispense, sempre que possível, os verbos auxiliares, em especial ser, ter


e haver, pois a recorrência constante a eles torna a redação monótona,
cansativa;

›› o secretário-geral irá proporcional (proporcionará) aos servidores (...).

c. prefira palavras breves. Entre duas palavras opte pela de menor extensão.

d. dispense, nas datas, os substantivos dia, mês e ano:

›› no dia 12 de janeiro (em 12 de janeiro);

›› no mês de fevereiro (em fevereiro);

›› no ano de 2016 (em 2016).

e. Troque a locução verbo + substantivo pelo verbo:

›› fazer uma viagem (viajar);

›› fazer uma redação (redigir);

›› pôr as ideias em ordem (ordenar as ideias);

›› pôr moedas em circulação (emitir moedas).

f. Use aposto em lugar de oração apositiva:

›› Inadequado: O contrato previa a construção da ponte em um ano,


que era prazo mais do que suficiente.

›› Adequado: O contrato previa a construção da ponte em um ano,


prazo mais do que suficiente.

g. Empregue particípio para reduzir orações:

›› Inadequado: Agora que expliquei o título, passo a escrever o texto.

›› Adequado: Explicado o título, passo a escrever o texto.

h. Elimine, sempre que possível, os artigos indefinidos um e uma:

›› Dante quer (um) inquérito rigoroso e rápido.

›› Timor-Leste se torna (uma) terra de ninguém.

›› A cultura da paz é (uma) iniciativa coletiva.

i. Seja conciso nas correspondências também. Observe o quadro com exemplos.

14
LINGUAGEM TÉCNICA │ UNIDADE I

Quadro 2.

Em vez de Escreva
Servimo-nos da presente para informar Informamos
Venho pela presente informar Informamos
Por intermédio desta comunicamos-lhes Comunicamos; informamos
Desejamos levar ao conhecimento de Informamos-lhes que
Se possível, gostaríamos que nos informassem Informem-nos sobre
Tendo chegado ao nosso conhecimento que Informados que
Levamos ao seu conhecimento Comunicamos; informamos
Vimos pela presente encaminhar-lhes Encaminhamos
Por intermédio desta solicitamos Solicitamos
Por obséquio, solicitamos que verificassem Solicitamos verificar
Formulamos a presente para solicitar Solicitamos
Vimos solicitar Solicitamos
Acusamos o recebimento Recebemos
Chegou-nos às mãos Recebemos
Encontra-se em nosso poder Recebemos
É com satisfação que acusamos o recebimento Recebemos
Temos a honra de convidar Convidamos
Temos a satisfação de comunicar Comunicamos
Vimos pela presente agradecer Agradecemos
Pedimos a gentileza de nos enviar Solicitamos nos enviem; enviem-nos
Efetivamos-lhes uma remessa de Remetemos-lhes
Ficamos no aguardo de suas notícias Aguardamos informações
Procedemos à escolha Escolhemos
Faça chegar às mãos de Envie a
Anexo à presente Anexo
Seguem em anexo Anexamos
Enviamos em anexo Enviamos
Conforme acordado De acordo
Conforme seguem abaixo relacionados Relacionados a seguir
Acima citado Citado
Antecipadamente gratos Agradecemos
Durante o ano de 2006 Em 2006
Com referência a Referente a
Sem outro particular para o momento Agradecemos a atenção
Sendo o que tinha a informar Agradecemos a atenção
Sem mais para o momento Agradecemos a atenção
Com estima e consideração Agradecemos a atenção

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UNIDADE I │ LINGUAGEM TÉCNICA

Coerência e coesão
Coerência é ordenar e concatenar ideias de maneira lógica com objetivo de obter clareza
e unidade de sentido no texto. A organização lógica busca apresentar e relacionar,
principalmente, fatos relevantes, sequência cronológica, estrutura argumentativa
(dedutiva ou indutiva), legislação pertinente.

Coesão é apresentar relação adequada entre orações, períodos e parágrafos por meio de
conectivos e termos que retomem ou antecipem ideias.

Formalidade e correção gramatical


A utilização do padrão formal de linguagem representa texto correto em sua sintaxe,
claro em seu significado, coerente e coeso em sua estrutura, elegante em seu estilo.
Ser culto não é ser rebuscado. As incorreções gramaticais desmerecem o redator e a
própria instituição. É comum encontrar textos com verdadeiras acrobacias linguísticas
e desprezível conteúdo. Também não deve ser coloquial, com gírias, regionalismos etc.
Como produzir texto formal e simples:

a. estude as regras gramaticais do idioma;

b. domine o sentido exato de expressões e vocábulos empregados em textos


técnicos;

c. evite coloquialismo, gírias, sentido figurado;

d. prefira a palavra simples quando for possível;

e. adote a ordem direta da frase, por ser a que conduz mais facilmente o
leitor à essência da mensagem.

Objetividade
A objetividade consiste em ir diretamente ao assunto, sem rodeios e divagações. Para
ser objetivo, é necessário escrever apenas as palavras imprescindíveis à compreensão
do assunto. Redigir com objetividade é evidenciar a ideia central a ser transmitida e
usar vocabulário de sentido exato, com referencial preciso, para facilitar a compreensão
do leitor. Observe exemplo de texto com falta de objetividade retirado de revista de
grande circulação:

Texto subjetivo

Investigar as causas principais que fizeram desabrochar no meu


espírito durante os anos tão distantes da infância que não voltam

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LINGUAGEM TÉCNICA │ UNIDADE I

mais e da qual poucos traços guardo na memória, já que tantos anos


se escoaram, a vocação para a Engenharia é tarefa que pelas razões
expostas, me é praticamente impossível e, ouso acrescentar que,
mesmo para um psicólogo acostumado a investigar as profundezas da
mente humana, essa pesquisa seria sobremodo árdua para não dizer
impossível.

Texto objetivo

Investigar as causas principais que, na infância, despertaram em mim


vocação para a Engenharia é tarefa praticamente impossível, mesmo
para um psicólogo.

Como produzir texto objetivo:

a. use frases curtas e evite intercalações excessivas ou inversões desnecessárias.

›› Inadequado: O maior país da América Latina – apesar de ainda


desconhecer seu potencial imenso – parece ter encontrado o caminho
do progresso tão esperado pela população.

›› Adequado: O Brasil parece ter encontrado o caminho do progresso.

b. elimine os adjetivos que não contribuam para a clareza do pensamento.

›› Inadequado: A maravilhosa cidade de Brasília, capital do Brasil,


representará nosso imenso país.

›› Adequado: Brasília representará o Brasil.

c. corte os advérbios ou as locuções adverbiais dispensáveis.

›› Inadequado: Desde sempre e nos dias de hoje, há necessidade de estudo.

›› Adequado: Há necessidade de estudo sempre.

d. seja econômico no emprego de pronomes pessoais, pronomes possessivos


e pronomes indefinidos. Evite, por exemplo, um tal, um outro, um certo,
um determinado, pois termos indefinidos juntos não contribuem para
maior clareza; ao contrário, tornam o texto obscuro.

›› Inadequado: Um tribunal de São Paulo produziu um parecer contrário.

›› Adequado: Tribunal de São Paulo produziu parecer contrário.

17
UNIDADE I │ LINGUAGEM TÉCNICA

e. restrinja o uso de conjunções e de pronomes relativos (que, qual, cujo).


›› Inadequado: O processo que foi arquivado e que apresentava informações
que eram relevantes.

›› Adequado: O processo arquivado apresentava informações relevantes.

f. não use expressões irrelevantes, pois tornam o texto artificial.

›› Inadequado: O STF, que fica em Brasília, decidiu assim.

›› Adequado: O STF decidiu assim.

g. evite figuras de linguagem, frases ambíguas.

›› Inadequado: O tribunal é fogo para decidir.

›› Adequado: O tribunal é criterioso para decidir.

h. se puder optar, escolha a voz ativa.

›› Inadequado: A decisão foi divulgada pelo Tribunal.

›› Adequado: O Tribunal divulgou a decisão.

i. não externe opiniões subjetivas, reúna fatos e fundamentos lógicos;

j. use palavras específicas, pertinentes ao assunto.

Simplicidade
Redigir com simplicidade significa escrever para o leitor. O bom senso estabelecerá
o equilíbrio entre a linguagem técnica e a comum. Com palavras adequadas e de
conhecimento amplo, é possível escrever de maneira original e criativa e produzir frases
elegantes, variadas, fluentes e bem interligadas.

Impessoalidade
Documentos técnicos devem ser tratados de forma impessoal. Não se deve produzir
texto com expressões pessoais, coloquiais, rebuscadas ou irônicas. Alguns documentos
técnicos fazem uso da primeira pessoa, principalmente no final (sentença, voto,
parecer). Isso não caracteriza pessoalidade, pois o autor produz a conclusão em nome
da instituição que representa.

Estilo
O Manual de Padronizações de textos do Senado Federal afirma que há quem pretenda
justificar como particularidade de estilo o uso sistemático de figuras de retórica, de
18
LINGUAGEM TÉCNICA │ UNIDADE I

expressões enviesadas e de tantos outros enfeites linguísticos que normalmente


comprometem a clareza do texto e a dificultam sua compreensão.

Tais recursos linguísticos se revelam inadequados à redação técnica, que deve primar
pela clareza e objetividade. Todos os manuais e atos normativos relacionados à
linguagem técnica são claros em recomendar linguagem objetiva, sem rebuscamentos
ou recursos estilísticos desnecessários. Seguem recomendações:

a. texto inteligível com palavras e expressões em seu sentido comum, salvo


quando o assunto for de natureza técnica, hipótese em que se empregarão
a nomenclatura e a terminologia próprias da área;

b. orações na ordem direta sem preciosismos, neologismos, intercalações


excessivas, jargão técnico, lugares-comuns, modismos e termos
coloquiais;

c. uso do tempo verbal de maneira uniforme em todo o texto;

d. coerência na exposição de ideias, com organização lógica do início ao fim


do texto em sequência lógica e ordenada. Isso significa que o texto deve
conter apenas as ideias pertinentes ao assunto proposto;

e. consistência nos argumentos e pensamentos apresentados.

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Capítulo 3
Níveis de Linguagem

A eficiência da comunicação depende do uso adequado do nível de linguagem.


A Língua Portuguesa é ampla e deve ser empregada conforme a situação. É necessário
preocupar-se com quem receberá o seu texto.

Linguagem formal: empregada por pessoas com mais formação acadêmica e


intelectual. Observamos seu uso nos meios profissionais, universitários, diplomáticos,
científicos. O vocabulário é rico em termos mais precisos e as regras gramaticais são
mais adequadas à norma culta. Observe modelo.

O Supremo Tribunal Federal determinou o bloqueio imediato dos bens


de todos os diretores envolvidos no escândalo do Banco do Brasil.
A instituição deverá prestar contas dos gastos de seis diretorias que
foram aliciadas por meio de propina para a liberação de verbas a
agências publicitárias.

Linguagem coloquial: é o uso do idioma em sua forma mais espontânea e sem


compromisso com as normas gramaticais. Geralmente, o texto apresenta gírias, figuras
de linguagem, construções incompletas e com falhas gramaticais. Observe um texto
coloquial.

Brother, dentro dessa nova edição do Concurso 500 testes tem tudo
para que minha prova role na maior. Só de português são mais 800
questões. Ah, tem uma lista de livros e dicas para todos ficarem por
dentro do que é moleza que caiu na prova. Vou encarar este estudo.

Percebe-se, claramente, que nosso objetivo é o uso de linguagem formal. Reforço que
isso não significa texto rebuscado e complicado. Linguagem formal indica também
texto objetivo, claro, correto gramaticalmente.

20
Capítulo 4

O que deve ser evitado


a. repetição de palavras e utilização de termos cognatos, tais como:
“designação” e “designado”, “compete” e “competente” etc.;

b. uso de expressão ou palavra que configure duplo sentido no texto;

c. expressões regionais;

d. palavras ou expressões de língua estrangeira, exceto quando indispensáveis,


em razão de serem designações ou expressões de uso já consagrado ou
que não tenham exata tradução. Nesse caso, a palavra ou expressão deve
ser grafada em itálico ou entre aspas. Tomem-se como exemplos: ad
referendum ou “ad referendum”, royalties ou “royalties”.

e. divisão silábica. Caso isso seja inevitável, as recomendações a seguir darão


ao texto maior legibilidade e elegância: nunca dividir grupos vocálicos:
ai, ui, ão etc.; não deixar letra isolada em uma linha; não deixar isoladas
sílabas às quais se possa atribuir outro sentido; não separar números;
nos casos de palavras compostas, não se deve repetir o hífen na linha
seguinte; evitar a separação de hiatos e de nomes próprios; evitar a
separação de palavras de língua estrangeira.

f. pleonasmo. Trata-se de repetição de termos que, em certos casos, têm


emprego legítimo, para conferir à expressão mais força, mais vigor,
ou mesmo por questão de clareza. Na frase Conheça-te a ti mesmo,
atribuída a Sócrates, a redundância (te = a ti) produz inegável efeito
retórico. À exceção desses casos, o pleonasmo constitui vício inadequado
na linguagem formal.

Observe o fragmento a seguir:

Não provado o dano supostamente sofrido, nem tampouco o nexo de


causalidade entre a causa alegada e o prejuízo, impossível o deferimento
de indenização compensatória pleiteada. Recurso ordinário improvido.

Pode-se observar o emprego da construção nem tampouco. A expressão


“tampouco” já tem sentido negativo e equivale a também não. O emprego
da segunda negativa (nem) é, portanto, redundante. Aproveito para

21
UNIDADE I │ LINGUAGEM TÉCNICA

explicar que a expressão “tampouco” deve ser empregada após oração


negativa, da qual deve ser separada por vírgula. Observe exemplo
adequado: Não provou o dano, tampouco o nexo de causalidade.

g. chavão. É lugar comum, clichê. É o que se faz, se diz ou se escreve por


costume. De tanto ser repetido, o chavão perde a força original, envelhece
o texto. Recorrer a eles poderá denotar falta de imaginação, preguiça ou
pobreza vocabular. Por isso, deve-se procurar evitá-los.

22
TÉCNICAS DE
ELABORAÇÃO DE Unidade II
PARECER

Capítulo 1
Estrutura de texto técnico

O Manual de Redação e Padronização de Atos Oficiais do Ministério Público Federal


recomenda que a estrutura de texto técnico seja dividida em três partes: introdução,
desenvolvimento e conclusão.

A sequência do texto deve atender a uma ordenação lógica, levando o leitor a compreender
todas as considerações formuladas e induzindo-o à conclusão, que deve constituir o
fecho do documento. Antes de iniciar a redação do texto, é recomendável elaborar um
roteiro básico com todos os assuntos que deverão ser incorporados, preparando-se,
portanto, a itemização geral do documento.

A parte textual dos documentos técnicos deve conter as seguintes seções:

Introdução: parte em que se identifica a autoridade que efetuou a solicitação, se


justifica o motivo ou necessidade do trabalho e na qual cada assunto é apresentado como
um todo, sem detalhes. Também deve ser informada, caso necessário, a metodologia de
trabalho ou análise utilizada.

Desenvolvimento: parte mais extensa, que visa descrever a análise ou estudo,


levantamentos realizados, metodologias empregadas e técnicas utilizadas, assim como
os resultados da leitura crítica dos documentos ou o que foi visto/registrado durante o
evento. Nesta seção, devem ser esclarecidas as dúvidas ou respondidos os questionamentos
da autoridade que demandou a atividade técnica. Esta parte deve ser itemizada caso a
caso, podendo conter um, dois ou vários itens de desenvolvimento/análise e receber os
títulos apropriados.

Conclusão: parte integrante de pareceres e laudos que consiste na comunicação, de


forma sintética, dos resultados obtidos, ressaltando o seu alcance ou suas consequências.
Também pode apresentar sugestões de ações a serem adotadas.

23
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

O Tribunal de Contas da União recomenda que textos técnicos argumentativos apresentem


os requisitos resumidos no termo CERTO: Clareza, Concisão, Convicção, Exatidão,
Relevância, Tempestividade e Objetividade.

Clareza: textos de fácil compreensão. Evitar a erudição, o preciosismo, o jargão, a


ambiguidade e restringir ao máximo a utilização de expressões em outros idiomas,
exceto quando se tratar de expressões que não possuam tradução adequada para o
idioma português e que já se tornaram corriqueiras. Termos técnicos e siglas menos
conhecidas devem ser utilizados desde que necessários e devidamente definidos em
glossário. Quando possível, complementar os textos com ilustrações, figuras e tabelas.

Usar palavras e expressões em seu sentido comum com frases curtas e concisas. Construir
orações na ordem direta, preferencialmente na terceira pessoa, e evitar preciosismos,
neologismos e adjetivações dispensáveis.

Convicção: expor os argumentos com firmeza. Não utilizar expressões que denotem
insegurança como “parece que” ou “entendemos”.

Concisão: ir direto ao assunto. Não utilizar comentários complementares desnecessários


nem fugir da ideia central. Intercalações de textos devem ser utilizadas com cautela, de
modo a não dificultar o entendimento pelo leitor. A transcrição de trechos de doutrina
e/ou jurisprudência deve restringir-se ao mínimo necessário.

Exatidão: apresentar as necessárias evidências para sustentar o argumento, conclusões


e propostas. Procurar não deixar espaço para contra-argumentações.

Relevância: expor apenas aquilo que tem importância dentro do contexto e que deve
ser levado em consideração. Não discorrer sobre ocorrências que não resultem em
conclusões.

Tempestividade: cumprir os prazos sem comprometer a qualidade.

Objetividade: comunicar de forma justa e não enganosa. Interpretações devem ser


baseadas no conhecimento e compreensão de fatos e condições.

24
CAPÍTULO 2
Estrutura de parecer

O parecer é ato administrativo, técnico, jurídico ou científico expedido por órgãos,


setores ou profissionais com objetivo de servir de apoio sobre matéria sujeita ao exame
de uma determinada área de atuação. Este tipo de documento apresenta basicamente
a seguinte estrutura:

a. cabeçalho da instituição;

b. identificação do parecer;

c. referências;

d. ementa;

e. vocativo (opcional em alguns casos);

f. relatório;

g. fundamentação;

h. conclusão;

i. fechamento (opcional);

j. fecho (opcional em alguns casos);

k. data;

l. assinatura;

m. anexos (caso necessário).

Pode-se, também, dividir a estrutura em premissa menor (relatório), premissa maior


(fundamentação e embasamento legal) e conclusão. O parecer, geralmente, é parte
integrante de um processo, para o qual aponta análise de situação específica, precedida
da necessária justificativa, com base em dispositivos legais, jurisprudência e análise dos
fatos apresentados.

Parecer ou nota técnica?


A Advocacia-Geral da União esclarece que os órgãos consultivos devem expressar
manifestações jurídico-opinativas sob a forma de “Parecer” e destinar “Nota Técnica”

25
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

para hipóteses caracterizadas pela análise de questão jurídica repetida ou de resolução


simplificada.

Assim, recomenda-se a elaboração de parecer para casos de estudos e análises de


natureza complexa ou consultas que exijam demonstração de raciocínio jurídico ou
técnico relacionado aos fatos apresentados.

Casos em que a dedução da norma aplicável ou sua melhor interpretação não exige
construção complexa de raciocínio em relação aos fatos ou hipóteses anteriormente
examinadas devem ser formulados em nota técnica.

Cabeçalho
O parecer deve apresentar o cabeçalho (brasão, identificação do órgão e do setor) de
acordo com a orientação da própria instituição pública. O timbre e as informações
aparecem geralmente centralizados. Observe modelos.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL


PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA
SETOR

CÂMARA DOS DEPUTADOS


DIRETORIA-GERAL
Assessoria Técnica

Poder Judiciário da União


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
Assessoria X

Identificação do parecer
A identificação do parecer segue padrão próprio em cada instituição e apresenta o
nome do documento, a sigla da unidade e o número. Observe, nos modelos a seguir,
26
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

que alguns órgãos usam primeiro a sigla da unidade e, depois, o número do parecer.
Outros órgãos primeiro indicam o número e, depois, a sigla da unidade.

PARECER ASGE No 10

PARECER No 000/2011 - (Descrição da Unidade/Setor)

Referência
A referência ou identificação do processo aparece com informações sobre o processo e
a unidade solicitante. Algumas instituições incluem o título “assunto” com resumo do
tema a ser tratado. Trata-se de requisito importante, pois os elementos identificadores
permitem rápida consulta em relação ao documento.

Referência: Processo Administrativo no


Assunto:
Interessado:

Os órgãos consultivos costumam incluir a ementa junto com a referência.

REFERÊNCIA:

UNIDADE SOLICITANTE:

EMENTA:

É possível encontrar instituições públicas que recomendam as informações do parecer


e da referência em um mesmo bloco.

Parecer n.

Processo n.

Revisão de Pensão

Ementa
O termo ementa deriva do plural neutro latino “ementum”, do verbo “eminiscor”, que
significa anotação, apontamento, coisa que precisa ser lembrada. O termo resumo (do
latim “resumere”) significa condensar em poucas palavras o que foi dito ou escrito de
forma mais extensa. Resumir é agrupar em poucas palavras todo o pensamento do
autor. Síntese (do grego “synthesis”) é demonstrar em poucas palavras a ideia principal
do autor. Sintetizar é retomar a principal intenção do autor do texto. A característica da

27
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

ementa é facilitar pesquisas e servir de base para novas análises. Assim, é fundamental
que ela apresente quatro características: concisão, precisão, clareza e completeza.

O Manual de Redação e Padronização de Atos Oficiais do Ministério Público Federal


faz a seguinte recomendação na elaboração de ementa:

Para que, efetivamente, possa se constituir em resumo do documento,


é necessário que a ementa possua algumas características – que, dada
sua necessidade, constituem-se em requisitos sem os quais estaria
ela descaracterizada: objetividade, concisão, afirmação, proposição,
precisão, coerência e correção.

Deve-se evitar na construção de ementas:

a) uso de qualificativos (adjetivos ou advérbios) de valor apenas


retórico, visto carecerem de maior precisão, comprometendo, assim,
a objetividade. Exemplos: qualquer ilegalidade, máxime no tocante
à plena validade, efetivamente, meramente, apuração exemplar,
jamais etc;

b) repetição de termos, o que compromete sua objetividade.


Exemplos: sindicato/ilegitimidade do sindicato; substituição
processual/inexistência de substituição processual ampla; e

c) excessiva generalidade das palavras utilizadas.

Vocativo
Poucos pareceres fazem uso de vocativo. Os órgãos consultivos geralmente não
empregam o vocativo em documentos técnicos. Trata-se de uso recorrente em tribunais.
Observe orientação de sua instituição para usar ou não.

Relatório
O relatório apresenta, em seu primeiro parágrafo, o assunto de forma geral para que
o leitor possa entender o motivo do parecer. Geralmente, as primeiras palavras são:
“Trata-se de”, “Cuida-se de”, “Versa”. Não existe modelo único e “correto”. Tenho
acompanhado a realização de textos técnicos em diversas instituições públicas e procuro
aqui apenas detalhar sugestões para que o seu texto seja cada vez melhor. O relatório
deve apresentar o objeto da consulta, fatos relevantes, nome dos interessados, pedidos
ou dúvidas levantadas pelo solicitante.

28
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

Requisitos para o relatório


a. compreender o pedido que gerou o parecer;

b. sintetizar o pedido no primeiro parágrafo do relatório sem especificar ou


particularizar nominalmente o fato motivador;

c. apresentar as alegações (se houver) de forma clara;

d. transcrever apenas os fatos relevantes a serem analisados no fundamento;

e. dividir de forma organizada as ideias nos parágrafos do relatório. O primeiro


indica a ideia geral e os demais cada fato relevante.

Observe exemplos de primeiro parágrafo de relatório.

Trata-se de consulta formulada pelo Presidente da 3a CPD da COGER/DPF


com solicitação de posicionamento do Órgão Corregedor Central quanto à
correta aplicação da Súmula no 343 do STJ, a qual, por meio de interpretação
gramatical, exige a presença de advogado em todas as fases do processo
administrativo disciplinar.

Trata o presente processo de consulta formulada pela Coordenação de


Seguridade Parlamentar, do Departamento de Pessoal acerca dos procedimentos
a serem adotados pela administração da Casa para o cumprimento da Decisão
da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados relativamente ao pagamento de
pensionistas do extinto Instituto de Previdência dos Congressistas.

Observe exemplo de relatório com a ideia geral e as específicas.

Trata-se de consulta acerca da legalidade de pensão concedida por órgão da


administração pública direta do Distrito Federal.

No caso em verte, o particular aposentado, por meio de processo de justificação,


declarou a dependência econômica de seu neto, menor de idade, no intuito de
incluí-lo como seu beneficiário.

Após tal fato, o referido particular faleceu, oportunidade na qual foi


requerido, por meio de seus pais (advogado e empregada do Banco do
Brasil), pedido de pensão temporária para o neto do falecido.

O relatório anterior está dividido em três parágrafos. O primeiro apresenta o motivo


do parecer com a ideia geral. Cada parágrafo a seguir indica fato relevante. Como o
primeiro parágrafo está bem conciso, os dois primeiros parágrafos podem ser unidos
em apenas um parágrafo. No entanto, isso só deve ocorrer em situações bem concisas e
sem comprometer a organização lógica da ideia.
29
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

Observe outro exemplo de relatório.

Trata-se de consulta formulada pela Secretaria de Controle Interno do


X, que solicita desta Assessoria que opine “conclusivamente acerca da
validade do art. 4o, parágrafo único, do Ato Normativo n. 68, de 29
de maio de 2002, bem como art. 3o, § 3o, do Ato Normativo n. 289, de
1o de julho de 2008”. A solicitação se prende ao fato de uma servidora
ter alegado “excesso normativo” por parte do X, pois, em tese, não teria
o Tribunal competência para criar a vedação à percepção simultânea
de indenização de transporte, adicional de embarque e diária integral.
Funda-se a irresignação no fato de que a lei que cria tais benefícios e um
decreto que a regulamenta não teriam criado irrestrições, e não pode o
Tribunal tê-las criado.

O texto está claro e apresenta a ideia principal logo no início e, depois, a motivação.
No entanto, a divisão de parágrafos não ficou boa e tornou o texto inicial cansativo.
A sugestão é dividir em dois parágrafos. O primeiro com abordagem do pedido de forma
geral. O segundo parágrafo com a situação específica da servidora.

Trata-se de consulta formulada pela Secretaria de Controle Interno do


X, que solicita desta Assessoria que opine “conclusivamente acerca da
validade do art. 4o, parágrafo único, do Ato Normativo n. 68, de 29 de
maio de 2002, bem como art. 3o, § 3o, do Ato Normativo n. 289, de 1o
de julho de 2008”.

A solicitação se prende ao fato de uma servidora ter alegado “excesso


normativo” por parte do X, pois, em tese, não teria o Tribunal
competência para criar a vedação à percepção simultânea de indenização
de transporte, adicional de embarque e diária integral. Funda-se a
irresignação no fato de que a lei que cria tais benefícios e um decreto
que a regulamenta não teriam criado irrestrições, e não pode o Tribunal
tê-las criado.

Cuidados ao produzir o relatório

a. As expressões iniciais “trata-se de” e “cuida-se de” devem ficar sempre


no singular, pois são impessoais. A expressão “Versa” concorda com o
referente.

b. Se houver apenas um órgão de controle interno na instituição, não se


deve usar o pronome demonstrativo “este”. Se houver mais de um, não há
problema. Não existe “este MPDFT”, “esse TCU”, “esta AGU”, “esta AUDIN”
30
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

(se existir apenas uma AUDIN na instituição). O pronome demonstrativo


não pode ser empregado se existe apenas um. A forma adequada é “o
MPDFT”, “o TCU”, “a AGU”, “a AUDIN” etc. Pode-se, no entanto, usar
“este Ministério Público”, “esse Tribunal de Contas”, entre outros.

c. O termo “visando” não deve ser empregado para indicar finalidade na


linguagem formal. Prefira “com objetivo de”, “com vistas a”, “a fim de”,
“para” etc. Assim, está inadequado: “trata-se de consulta visando (...)”.
Prefira: “trata-se de consulta com objetivo (...)”.

d. A expressão “no sentido de” não deve ser empregada para indicar
finalidade na linguagem formal. O uso adequado da expressão indica
explicar um significado. Prefira “a fim de”, “com vistas a”, “com objetivo”,
“para” etc.

e. A expressão “quando da” não existe em nosso idioma. Prefira “por


ocasião”, “à época” etc.

f. Transcrição de texto com até três linhas deve apresentar aspas ou itálico
(não os dois ao mesmo tempo). Transcrições com recuo devem apenas
apresentar redução do tamanho da letra, sem aspas ou itálico. Apenas o
corpo do texto é reduzido sem outro destaque.

g. O primeiro parágrafo deve sintetizar a ideia motivadora do parecer de


forma clara e abrangente.

h. Deve-se apresentar cada ideia relevante em parágrafos diferentes.


Falha comum é misturar ideias e produzir parágrafos imensos com
diversos assuntos misturados.

i. A dispensa de relatório no parecer só se aplica em situações específicas e


normatizadas na própria instituição.

Fundamentação
A fundamentação corresponde ao desenvolvimento de documentos técnicos e, no
parecer, deve esclarecer os fatos levantados no relatório, que são objeto da consulta.
O autor deve relacionar os fatos à norma jurídica correspondente. Em alguns casos, a
fundamentação é dividida em itens com títulos apropriados para manter a organização
textual. O autor do parecer deve sustentar o entendimento a ser apresentado na
conclusão com legislação pertinente, doutrina e entendimento jurisprudencial para
indicar a legalidade ou não do procedimento adotado.

31
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

O Manual de Boas Práticas Consultivas da Advocacia-Geral da União recomenda


que o parecerista registre posições divergentes ao seu entendimento: “O Órgão de
Consultivo, sempre que possível, deve alertar o Órgão assessorado a respeito do eventual
entendimento jurídico divergente e da respectiva fundamentação, em relação à tese que
adota em sua manifestação” (BPC no 19).

Observe exemplo com o seguinte objeto de consulta:

O pagamento de auxílio-transporte a servidores públicos comissionados é legal?

O autor identifica a norma jurídica à época da realização do parecer:

Medida Provisória no 2.165-36, de 23 de agosto de 2001.

Se a norma jurídica contempla amplamente a consulta, recomenda-se iniciar o primeiro


parágrafo com pensamento dedutivo.

Primeiro parágrafo da fundamentação.

O art. 1o da Medida Provisória no 2.165-36, de 23 de agosto de 2001, em seu caput,


determina:

Art. 1o Fica instituído o Auxílio-Transporte em pecúnia, pago pela União,


de natureza jurídica indenizatória, destinado ao custeio parcial das
despesas realizadas com transporte coletivo municipal, intermunicipal
ou interestadual pelos militares, servidores e empregados públicos
da Administração Federal direta, autárquica e fundacional da União,
nos deslocamentos de suas residências para os locais de trabalho e
vice-versa, excetuadas aquelas realizadas nos deslocamentos em
intervalos para repouso ou alimentação, durante a jornada de trabalho,
e aquelas efetuadas com transportes seletivos ou especiais.

O segundo parágrafo relaciona a norma ao fato.

Percebe-se que a norma é clara em relação à questão apresentada e esclarece


plenamente a situação apresentada ao destacar “servidores públicos”. O art. 2o define,
expressamente, o percentual de desconto a ser aplicado sobre o vencimento do cargo
em comissão ou de natureza especial.

Art. 2o O valor mensal do Auxílio-Transporte será apurado a partir da


diferença entre as despesas realizadas com transporte coletivo, nos
termos do art. 1o, e o desconto de seis por cento do:

I - soldo do militar;

32
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

II - vencimento do cargo efetivo ou emprego ocupado pelo servidor ou


empregado, ainda que ocupante de cargo em comissão ou de natureza
especial;

A fundamentação relaciona fato e norma jurídica e conduz o entendimento final para a


conclusão. Observe exemplo de parágrafo conclusivo para os parágrafos acima.

Dessa forma, como os servidores comissionados estão abrangidos pelo


comando do art. 1o da Medida Provisória citada, trata-se de questão
legítima o pagamento de auxílio-transporte.

Técnica para organizar a fundamentação

A fundamentação é a parte mais importante do parecer. Existem diversas técnicas para


estruturar com segurança fundamentação no parecer. Recurso muito útil é esboçar
a ideia a ser organizada antes de escrever de forma definitiva. Diante da consulta,
relacionamos às normas jurídicas com interpretação ontológica, teleológica, sistêmica
e histórica.

Primeiro passo: transcrever a norma jurídica contemplada no fato apresentado.

Segundo passo: observar se a consulta envolve interpretação ontológica (busca


o sentido e o alcance de norma específica para análise normativa comum a todas as
situações, como o Código de Defesa do Consumidor) ou interpretação teleológica (busca
o sentido da norma de forma mais ampla e a relaciona com exigências sociais e levam
em consideração valores de justiça, ética, liberdade etc.) com objetivo de identificar a
finalidade pretendida pela norma jurídica.

Terceiro passo: analisar a norma jurídica à interpretação sistêmica (aquela que


relaciona as normas jurídicas como um conjunto maior e são interpretadas em
harmonia) com objetivo de demonstrar que o sistema jurídico é composto de preceitos
coordenados e subordinados que compõem uma unidade.

Quarto passo: verificar interpretações históricas com objetivo de indicar fatores


jurídicos e discussões sobre os fatos e aspectos jurídicos da consulta.

Observe exemplo.

Relatório

O presidente da comissão de licitação da gerência do Instituto Nacional do Seguro


Social (INSS) solicita consulta acerca da possibilidade legal de realizar licitação na
modalidade pregão para a contratação de serviço de engenharia.
33
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

Norma jurídica no início da fundamentação

A Lei no 10.520, de 17 de julho de 2002, instituiu a modalidade licitatória do pregão,


destinada à aquisição de bens e serviços comuns, e considera como tais aqueles cujos
padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital,
por meio de especificações usuais no mercado.

O art. 5o do Decreto Federal no 3.555, de 8 de agosto de 2000, regulamenta da seguinte


forma:
Art. 5o A licitação na modalidade de pregão não se aplica às contratações de
obras e serviços de engenharia, bem como às locações imobiliárias e alienações
em geral, que serão regidas pela legislação geral da Administração.

Conclusão

No caso da consulta, pretende-se realizar pregão eletrônico para serviços de engenharia,


sendo possível concluir que é legítima a utilização desta modalidade licitatória desde
que os serviços de engenharia a serem contratados sejam classificados como “serviços
comuns”, pelo setor técnico do órgão federal, na forma da Lei no 10.520/2002.

Estrutura dedutiva e estrutura indutiva

O pensamento dedutivo apresenta ideia universal e a relaciona com ideia particular.


Indica-se, em tal situação, primeiro apresentar a norma jurídica e, depois, relacioná-la
aos fatos presentes na consulta.

O pensamento indutivo, por sua vez, busca primeiro interpretar o fato e, depois,
apresentar as normas jurídicas. Isso ocorre principalmente quando os fatos presentes
na consulta exigem raciocínio jurídico mais complexo e não se encontram normas
jurídicas contempladas com o caso específico.

Observe modelo de estrutura indutiva.

Relatório

Trata-se de manifestação desta Procuradoria quanto ao alcance do grau de parentesco


em casos de nepotismo do Acórdão no 1.788/2008 do Tribunal de Contas da União.

Fundamentação

O cerne da questão envolve a contratação para prestação de serviços terceirizados


de trabalhadores que tivessem algum grau de parentesco com servidores do próprio
órgão público.

34
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

Importante destacar que o Supremo Tribunal Federal já se manifestou em relação à


contratação de parentes de servidores no serviço público (regime estatuário) e, depois
de reiteradas decisões, editou a Súmula Vinculante no 13, abaixo transcrita:

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta,


colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de
cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada
na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes
da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.

A Súmula do STF e o Acórdão do TCU são complementares e não se excluem. Isso


porque a Súmula vinculante cinge-se em cargos de comissão ou função gratificada, ao
passo que a Corte de Contas almeja moralizar a terceirização no serviço público.

Em que pese o Acórdão do TCU não possuir caráter normativo e nem força suficiente a
vincular a administração pública, ela trata a contratação irregular no âmbito do serviço
público e merece acatamento.

A dúvida trazida à baila é relacionada ao acórdão do TCU, que não é claro ao delimitar
até que grau de parentesco a contratação seria irregular. Ocorre que mencionada
imprecisão é dirimida por ocasião da análise dos artigos 1.591, 1.592 e 1.595 do
Código Civil, os quais normatizam as relações de parentesco no ordenamento
jurídico brasileiro.

Em cotejo com a norma mencionada, é parente em linha reta: os pais, os avós, os


bisavós, os filhos, os netos etc. Em linha colateral, até o quarto grau: os irmãos, os
sobrinhos, os tios, os primos. E, por afinidade, são parentes: os sogros, os cunhados,
os enteados.

Conclusão
A conclusão apresenta o entendimento encontrado entre os fatos presentes na consulta
e as normas jurídicas. O parecer é documento consultivo e, assim, a conclusão indica
opinião sobre o tema tratado.

O Manual de Boas Práticas consultivas da Advocacia-Geral da União destaca que,


em muitos casos, a redação da conclusão não é clara quanto aos encaminhamentos

35
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

propostos à autoridade consulente, o que compromete o objetivo do parecer.


O Tribunal de Contas da União também faz o alerta no Acórdão no 2739/2010,
in verbis:

7. Assim, persiste ainda a responsabilidade pelo conteúdo do parecer ou


pela maior ou menor eficácia do parecerista em informar corretamente
o administrador acerca da decisão a ser tomada. Ao não alertar o gestor
para as manifestas ilegalidades implícitas na contratação pretendida,
o parecer deixa de cumprir a função precípua que lhe reserva a lei,
atraindo inevitavelmente a responsabilidade dos seus autores, salvo
o erro de avaliação ou a omissão escusáveis, excludentes que reputei
inexistentes no caso.

Deve-se produzir o texto conclusivo com linguagem formal objetiva e clara com poucos
termos técnicos. Em alguns casos, o interessado no parecer não domina a linguagem
técnica e pode se confundir e não compreender o entendimento do parecerista.

Exemplos de conclusão

Diante do exposto, verfica-se que a justificativa do pedido é inexistente,


visto que a dependência econômica não está caracterizada.

Portanto, opina-se no sentido de indeferir o presente pedido realizado


na Secretaria do Estado do Distrito Federal.

Portanto, opinamos pelo deferimento do requerimento de X, desde que


seja promovida a modificação dos dispositivos do Regulamento Geral
do Pró-Ser que estabelecem, como condição indispensável à inclusão
de companheiro, a comprovação de coabitação por prazo superior a 2
anos.

É o parecer, sub censura.

Diante do exposto, manifesta-se a Assessoria Jurídica Administrativa


pela aprovação da Apostila. É o parecer, que segue devidamente
rubricado em todas suas folhas, a fim de que se dê normal andamento
a este procedimento.

Fechamento (opcional)
No último parágrafo do texto, recomenda-se escrever: “É o Parecer”. Não se trata
de padrão obrigatório, mas indicado em diversas instituições públicas. Exemplos de
outras expressões:
36
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

a. É o parecer, s.m.j.

b. É o parecer, sub censura.

c. À Consideração superior.

d. Para ulterior deliberação.

Fecho
O fecho é usado principalmente em documentos técnicos realizados por setores de
uma instituição a pedido da presidência, diretoria ou chefia. Observo a presença de
fecho principalmente em pareceres administrativos. Observe sempre orientação de sua
instituição sobre o uso ou não de fecho no parecer. Caso use, a redação oficial padronizou
somente dois fechos para tais casos.

a. para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:

Respeitosamente,

b. para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:

Atenciosamente,

Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras,


que atendem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
Redação do Ministério das Relações Exteriores.

Data
A data deve ser escrita por extenso e com as seguintes orientações:

»» a localidade não pode sofrer abreviatura;

»» a unidade da federação não é obrigatória;

»» o primeiro dia é sempre ordinal. Não existe zero antes do número 2 ao 9;

»» o mês é minúsculo e por extenso;

»» não existe ponto entre o milhar e a centena no ano: 2015 (não: 2.015);

»» se a data não estiver centralizada, indica-se o uso de ponto final: Brasília,


20 de junho de 2015.

37
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

Assinatura
Documentos e correspondências devem trazer o nome e o cargo, com exceção
daquelas assinadas pelo Presidente da República. Isso facilita a identificação da
origem das comunicações e dos documentos. Abaixo do nome de quem assina, coloca-
se o cargo ou função que o signatário ocupa. O Manual de Redação da Presidência
da República recomenda o nome do signatário e o cargo com apenas as iniciais
maiúsculas.

José da Silva

Secretário-Geral

Algumas instituições (principalmente no Poder Judiciário) orientam uso do nome em


caixa alta.

JOSÉ DA SILVA

Secretário de Administração

Recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente e não fazer


traço para a assinatura.

Nota: o Ministério Público Federal recomenda que a relação dos autores seja realizada
em ordem alfabética com o respectivo cargo ou área de atuação profissional. O analista
que organiza os textos, coordena o andamento dos trabalhos e realiza os contatos com
a autoridade que solicitou a análise deve ser listado em primeiro lugar e identificado
como “coordenador de equipe”.

Anexos
O anexo é a matéria suplementar, tal como especificações, memórias de cálculo,
questionários, estatísticas, fotografias, que se acrescenta ao documento como
esclarecimento ou documentação. Serão numerados com algarismos arábicos, seguidos
do título. Quando não houver possibilidade de incluir o título no próprio anexo, pode-
se usar uma página de título precedendo-o.

Exemplos de parecer
Modelo de parecer no Manual do Ministério Público Federal.

38
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA

SETOR

PARECER No 000/2011-(Descrição da Unidade/Setor)

REFERÊNCIA
UNIDADE SOLICITANTE
EMENTA

1. INTRODUÇÃO

Parte em que se identifica a autoridade do MPF que efetuou a solicitação, se justifica o


motivo ou necessidade do trabalho técnico e na qual cada assunto é apresentado como
um todo, sem detalhes. Também deve ser informada, resumidamente, a metodologia
de trabalho ou análise utilizada.

2. ITEM(NS) DE DESENVOLVIMENTO/ANÁLISE

Parte mais extensa, que visa descrever a documentação consultada, os levantamentos


realizados e as constatações feitas in loco.

Esta parte do Parecer deve ser itemizada caso a caso, podendo conter um, dois ou vários
itens de desenvolvimento/análise e receber os títulos apropriados.

3. CONCLUSÃO

Consiste na comunicação, de forma sintética, dos resultados obtidos, ressaltando o seu


alcance ou suas consequências e, quando pertinente, as sugestões de encaminhamento.

É o Parecer.

Brasília, (dia) de (mês) de (ano).

[NOME] [NOME]

[Cargo] [Cargo]

Modelo de parecer do Manual do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.

Poder Judiciário da União


Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
Assessoria X

39
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

PARECER X X/20 X X/SIGLA

Processo Administrativo x x x x x/20 x x

APOSTILA. REAJUSTE PREVISTO NA ASSINATU-


RA DO TERMO DE RESPONSABILIDADE. ARTI-
GO 65, § 8o, DA LEI DE LICITAÇÕES.

Senhor(a) Cargo,

Trata-se de pedido de análise, nos termos do despacho de fl. x x, da Apostila xx ao Termo


de Permissão de Uso x x/20x x, firmado entre este egrégio Tribunal e a Instituição x x x
x x x , com base no disposto no artigo x x x, inciso x, do Regimento Interno do TJDFT.

2. (...).

PARECER

3. Primeiramente, há de se salientar que (...).

4. Por outro lado, o instrumento utilizado para a formalização do reajuste está em


perfeita harmonia com o previsto pela legislação pátria, mais especificamente pelo § 8º
do artigo 65 da Lei de Licitações e Contratos, que assim dispõe, in verbis:

Art. 65 (...)

§ 8o A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de


preços previsto no próprio contrato, as atualizações, compensações
ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento
nele previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias
suplementares (...).

5. (...).

6. Diante do exposto, manifesta-se esta Assessoria Jurídica Administrativa da ... pela


APROVAÇÃO da Apostila de fl. x x x. É o parecer, que segue devidamente rubricado
em todas suas folhas, a fim de que se dê normal andamento a este procedimento.

Unidade Emitente, em x x de x x x x x de 20 x x.

Nome do Parecerista

Cargo

40
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

Modelo de parecer do Manual do Tribunal Superior do Trabalho.

PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO

PARECER ASGE No 10

Referência: Processo Administrativo TST No 500.000/2008-0

Assunto: Sistema administrativo.

Senhor Diretor-Geral,

Conforme relato da Coordenadoria, às fls. 17/18, a .............................requereu, às fls.


3/4, prorrogação do prazo de requisição, por mais um ano, a partir de X/X/2008,
da servidora NOME (maiúsculas e negrito), Técnico Administrativo, do Quadro de
Pessoal da XXX, que exerce a função comissionada de Assistente 2, Nível FC-2, no
Gabinete do Excelentíssimo Senhor Ministro NOME (maiúsculas).

1. O pleito encontra amparo legal no inciso I do art. 93 da Lei no XX a seguir:

Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão
ou entidade dos Poderes da União, dos Estados, ou do Distrito Federal
e dos Municípios, nas seguintes hipóteses:

I – para exercício de cargo em comissão ou função de confiança;

2. Em cumprimento à determinação contida no MEMO.GDGSET.No 7, de 23 de janeiro


de 2008, levo ao conhecimento de Vossa Senhoria que foi realizada consulta à XXXXX,
na qual o Departamento de Recursos Humanos informou que não há, no momento,
determinação quanto à proibição de prorrogação de cessão de servidores para o
exercício de função comissionada.

3. Portanto, opinamos pelo deferimento do requerimento de.......................

É o parecer,

Brasília, 30 de setembro de 2009.

NOME

Cargo

41
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

Modelo de parecer de Ministério Público.

Parecer
Pedido de pensão. Impossibilidade. Dependência não
configurada. Princípio “tempus regit actum”.

I – RELATÓRIO

Trata-se de parecer acerca da legalidade de pensão concedida por órgão da administração


pública direta do Distrito Federal. No caso em verte, o particular aposentado, por meio
de processo de justificação, declarou a dependência econômica de seu neto, menor de
idade, no intuito de incluí-lo como seu beneficiário.

Após tal fato, o referido particular faleceu, oportunidade na qual foi requerido, por meio
de seus pais (advogado e empregada do Banco do Brasil), pedido de pensão temporária
para o neto do falecido.

II – FUNDAMENTAÇÃO

Os benefícios previdenciários devem ser concedidos diante da concretização do


risco social. Dessa expressão, depreende-se o objetivo da Previdência Social, ou seja,
suprir a renda perdida em virtude da ocorrência de um risco social (no caso em tela, a
morte). Apesar de ser argumento direcionado ao Regime Geral da Previdência Social, é
plenamente válido para o regime próprio.

O fundamento do pedido de pensão temporária focou-se no artigo 27, inciso II, “d”, da
Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. Entretanto, há de ressaltar que houve alteração
legislativa previdenciária que extirpou a figura da “pessoa designada”.

Nesse sentido, diante de novo tratamento jurídico, imperioso se torna invocar o


princípio do “tempus regit actum”, que se traduz na aplicação da lei vigente à época da
concretização do risco social.

Ademais, a título de argumentação, a dependência econômica do pretenso dependente


em relação ao falecido é fragilizada, pois seus próprios pais gozam de condições
financeiras confortáveis para o sustentar, como se pode comprovar pela declaração de
bens do casal, emitida pela Receita Federal.

III – CONCLUSÃO

Diante do exposto, verifica-se que a justificativa do pedido é inexistente, visto que a


dependência econômica não está caracterizada.

42
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

Portanto, opina-se no sentido de indeferir o presente pedido realizado na Secretaria do


Estado do Distrito Federal.

Brasília, 21 de julho de 2008.

Procurador do Ministério Público

43
Capítulo 3
Técnicas de redação

Boa redação é técnica a ser apurada por meio de aprendizado constante e dedicado.
Há diferença entre texto literário e texto profissional. O primeiro se destina à arte ou
ao lazer.

O segundo busca transmitir pensamentos informativos, argumentativos ou retóricos.


Provavelmente, muitos nascem com dom para literatura ou desenvolvem tal aptidão.
No entanto, o texto a ser empregado na atividade profissional é aprendido por meio de
observação, prática e dedicação. Não se trata de virtude de berço. Nosso curso busca
justamente aprofundar e apurar recursos técnicos para melhorar sua capacidade de
redigir de forma mais adequada em sua atividade profissional.

A eficácia da comunicação oficial depende basicamente do uso de linguagem simples,


direta e correta. Na linguagem das instituições públicas não há forma específica de
linguagem, mas sim qualidades a serem aplicadas: clareza, concisão, coerência, coesão,
correção gramatical, formalidade, padronização e impessoalidade.

Escolha da palavra
Não queira escrever textos longos de forma adequada sem antes observar o uso dos
termos em seu texto. A escolha da palavra é o início de um bom texto. Dê sempre
preferência ao termo menor e mais fácil de ser compreendido pelo leitor.

Período adequado
Procure sempre frases curtas. Uma, duas ou três orações por período sintático (períodos
longos são exceções no bom texto). A frase curta apresenta diversas vantagens. A primeira
é diminuir o número de erros, principalmente em pontuação. A segunda é tornar o texto
mais claro. A terceira é apresentar o pensamento de forma mais objetiva. Períodos longos
geralmente estão associados a ideias incertas e facilitam falhas na compreensão.

Qualidades de um bom período:

a. seja direto ao apresentar a ideia;

b. busque ser claro;

c. procure usar a ordem direta (sujeito-verbo-complemento)


44
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

d. dê preferência à voz ativa;

e. construa seu texto com afirmativas;

f. evite gerúndio;

g. procure usar até três verbos para formar seu período.

Observe texto com as qualidades anteriores.

A ausência da intimação pessoal da data em que será julgado o


processo não ofende qualquer princípio constitucional ligado à defesa.
A publicação da pauta de julgamentos no Diário Oficial da União é
suficiente para conferir publicidade ao ato processual e permitir a
participação de todos na sessão de julgamento. Tal entendimento
encontra amparo em deliberação do Plenário do Supremo Tribunal
Federal (MS-AgR 26.732/DF, Relatora Ministra Carmen Lúcia).

Parágrafo adequado
Os parágrafos devem apresentar as seguintes qualidades:

a. Deve-se evitar parágrafo de período único. Isso pode ocorrer, mas não
deve predominar. Geralmente, ele apresenta dois ou três períodos. O
primeiro apresenta a ideia central e os demais exemplificam, argumentam
ou concluem a ideia inicial.

b. Cada parágrafo apresenta apenas uma ideia central.

c. Os parágrafos devem apresentar relação de coerência e coesão.

45
Capítulo 4
Técnicas de argumentação

A argumentação visa persuadir o leitor ou ouvinte acerca de uma posição. Quanto mais
polêmico for o assunto em questão, mais haverá margem à abordagem argumentativa.
Pode ocorrer desde o início quando se defende uma tese ou também apresentar
os aspectos favoráveis e desfavoráveis posicionando-se apenas na conclusão.
Agostinho Dias Carneiro afirma que “argumentar é um processo que apresenta dois
aspectos: o primeiro ligado à razão, supõe ordenar ideias, justificá-las e relacioná-las;
o segundo, referente à paixão, busca capturar o ouvinte, seduzi-lo e persuadi-lo”.
Os argumentos devem promover credibilidade. Com a busca de argumentos por
autoridade e provas concretas, o texto caminha para direção coerente, precisa
e persuasiva.

Othon M. Garcia afirma que “na argumentação, além de dissertar, procuramos formar
a opinião do leitor ou a do ouvinte, tentando convencê-lo de que a razão está conosco”,
isto é, a verdade. Argumentar é, em última análise, convencer ou tentar convencer
mediante a apresentação de razões em face da evidência das provas e à luz de um
raciocínio lógico e consistente.

Tipos de argumentos
Há diversas formas de argumentar um pensamento. Iniciaremos pelo texto dedutivo
(a priori) e pelo indutivo (a posteriori).

O argumento dedutivo baseia-se em ideias consagradas e plenamente aceitas como


verdade absoluta. Ao apresentar o argumento, a conclusão já aparece fundamentada
nele. Observe exemplos de fácil compreensão.

Argumento: só há movimento no carro se houver combustível.

Fato: o carro está em movimento.

Pensamento dedutivo: logo, há combustível no carro.

Argumento: só há fogo se houver oxigênio

Fato: na lua não há oxigênio.

Pensamento dedutivo: logo, na lua não pode haver fogo.

46
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER │ UNIDADE II

O pensamento dedutivo é muito empregado ao defender tese bem fundamentada.


O emprego de textos normativos para justificar teses é excelente exemplo de uso em
instituições públicas.

Imagine a seguinte situação: o candidato a presidente da República José da Silva fez


claramente campanha eleitoral fora do prazo permitido por lei. Você deve preparar o
texto sobre o assunto. Eis ótimo exemplo para empregar o argumento por dedução.

Argumento: a Lei n. XX determina que candidatos só podem fazer campanha


eleitoral em tal prazo. Caso se comprove que houve campanha em data não permitida,
o candidato será apenado em tal valor.

Fato: o candidato fez campanha fora do prazo aceito.

Conclusão: o candidato deve ser apenado.

Observe exemplo de texto com pensamento dedutivo:

O artigo 668 do Decreto-lei no 1.608, de 18-9-1939, prevê que a retirada


de qualquer dos sócios, que não cause a dissolução da sociedade, dá
ensejo à apuração exclusivamente dos seus haveres.

Com efeito, a Súmula no 265 do Supremo Tribunal Federal estabelece:

“Súmula no 265. Na apuração de haveres não prevalece o balanço não


aprovado pelo sócio falecido, excluído ou que se retirou.”

O autor, como mencionado anteriormente, não participou da elaboração


do balanço, tampouco o aprovou. Portanto, o balanço elaborado
unilateralmente que apurou, como patrimônio líquido da sociedade
corré, o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais) não pode ser utilizado
para efeito de apuração dos haveres do autor.

O argumento indutivo estrutura-se em apresentação de fato singular em busca do


convencimento por meio de raciocínio que vai além das premissas para o caso. O autor
busca convencer não por fundamentos plenamente consagrados, mas por linha de
pensamento específica que excede o próprio fato. Observe exemplos simples.

Fato: a sala 1 da escola foi pintada de verde.

Fato: as salas 2, 3, 4, 5, 6, também foram pintadas de verde.

Conclusão indutiva: todas as salas da escola serão pintadas de verde.

Fato: o ouro conduz eletricidade e é um metal.

47
UNIDADE II │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE PARECER

Fato: o ferro, o zinco, o bronze, a prata também são metais e conduzem eletricidade.

Conclusão indutiva: todo metal conduz eletricidade.

Nota-se que a conclusão não decorre necessariamente das premissas. É uma


probabilidade que a conclusão seja verdadeira. Do ponto de vista formal, o argumento
é correto. Contudo, diferentemente da dedução, um argumento indutivo, sendo ele
válido, pode admitir uma conclusão falsa, ainda que suas premissas sejam verdadeiras.
Já quando as premissas de um argumento dedutivo e válido são verdadeiras, a sua
conclusão deve ser verdadeira.

Bom exemplo de indução nas ciências são as prévias eleitorais. No último senso
eleitoral feito com aproximadamente cinco mil eleitores por todo o Brasil, o candidato
a presidente Luiz Inácio Lula da Silva era o favorito as eleições com quarenta e dois por
cento dos votos (42%), seguido por vinte oito por cento (28%) de José Serra, dez por
cento (10%) de Garotinho e cinco por cento de Luiza Helena (5%). Podemos inferir que
este será o resultado das eleições presidenciais, cuja população é de duzentos milhões
de eleitores. Lula seria, pela probabilidade, vencedor.

48
TÉCNICAS DE
ELABORAÇÃO DE Unidade III
RELATÓRIO

CAPÍTULO 1
Conceito e elaboração

Relatório é exposição de atividades ou informações com objetivo de expor ou detalhar


situações de serviço, resultados de exames, eventos ocorridos em relação a planejamento,
prestação de contas ao término de um exercício, fatos relevantes de processo etc.

As principais partes de um relatório geralmente são: título; assunto; vocativo; texto


composto de introdução, desenvolvimento e conclusão; fecho; local e data; assinatura.

Observe modelo de relatório administrativo.

RELATÓRIO __

Senhor Secretário,

Apresentamos a Vossa Excelência o Relatório de Atividades realizadas em 2014


pertinentes à Superintendência de Desenvolvimento Institucional com demonstrativos
de dados quantitativos das atividades operacionais.

Seguindo as diretrizes determinadas pelo plano Estratégico desta Secretaria para o ano
de 2014, esta unidade alcançou as metas previstas nos projetos, conforme se segue.(...)

Apesar das dificuldades em relação às condições de trabalho, com número reduzido de


pessoal qualificado e carência de materiais específicos e equipamentos, consideramos
bastante positivos os resultados obtidos nestes primeiros meses da atual gestão.

Fecho

data

assinatura

cargo
49
Capítulo 2
Estrutura do relatório administrativo

1. O relatório se divide em introdução, desenvolvimento e conclusão.

2. Cada parágrafo destaca uma ideia.

3. O primeiro parágrafo introduz a ideia principal do relatório (motivo,


solicitação, controvérsia ou fato principal).

4. O Manual do STJ recomenda que as partes não devam receber destaque


exagerado (caixa alta, negrito, sublinhado etc.)

5. Os verbos devem ser conjugados no mesmo tempo (passado ou presente).


Não se deve prejudicar a compreensão do texto com mudança inadequada
de tempo verbal.

Modelo de relatório administrativo

RELATÓRIO

Senhor Secretário,

A Seção de Capacitação e Desenvolvimento Técnico-Administrativo – SDTA promoveu


curso de Redação de Relatório, (data), (lugar).

O conteúdo programático enfatizou a padronização entre todos os setores do Tribunal


e as qualidades essenciais na elaboração de relatórios.

Destacou-se, no curso, (...).

Solicitamos, assim, que todos os servidores do setor XX passem a adotar os padrões


recomendados no Manual de Padronizações de Atos Administrados.

Brasília, 30 de outubro de 2014

Nome

Cargo ou Função

50
CAPÍTULO 3
Primeiro parágrafo de relatório

Primeiro parágrafo de relatório de prestação


de contas
O primeiro parágrafo deve apresentar a ideia geral de todo o documento. Assim, a
linguagem deve ser objetiva e clara. Ao ler o primeiro parágrafo, deve-se ter a
ideia do conteúdo presente em todo o documento. O texto deve ser conciso e evitar
rebuscamento e exagero de cortesia. Observe a mesma ideia apresentada de quatro
formas diferentes.

Modelo 1

O presente relatório produzido por toda a equipe do departamento tem como objetivo
apresentar as principais e relevantes atividades desenvolvidas com toda a dedicação
pela XXX no decorrer do ano de 2014.

Modelo 2

O presente relatório tem como objetivo apresentar as principais atividades desenvolvidas


pela XXXX no decorrer do ano de 2014.

Modelo 3

O presente relatório objetiva apresentar as principais atividades desenvolvidas pela


XXXX no decorrer do ano 2014.

Modelo 4

O relatório apresenta as principais atividades desenvolvidas pela XXXX em 2014.

Observação: o último parágrafo é o mais adequado a ser empregado em relatórios


administrativos.

Primeiro parágrafo de relatório com necessidade de mais informações


iniciais.

A Presidência do Tribunal Superior do Trabalho, nos termos do art. 35, inciso VIII,
do Regimento Interno, apresenta ao Órgão Especial o Relatório Geral da Justiça do
Trabalho de 2008 com dados relativos ao desempenho de todos os seus órgãos.

51
UNIDADE III │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO

Cumpre à Presidência do Tribunal Superior do Trabalho, nos termos do art. 35, inciso
VIII, do Regimento Interno, apresentar ao Órgão Especial o Relatório Geral da Justiça
do Trabalho do ano de 2008, que contém dados relativos ao desempenho de todos os
seus órgãos.

Primeiro parágrafo de relatório com ênfase na informação

A presente Representação busca regulamentar, no âmbito deste Tribunal Superior do


Trabalho, os ditames da RESOLUÇÃO CONJUNTA XX, à fl. 2, elaborada pelo XXX,
que normatiza, no âmbito do Poder Judiciário e do Ministério Público, os arts. XX e
XX, ambos da Lei no XX de 10 de março de 2004, com as alterações promovidas pela
Lei no XX, de 7 de julho de 2010, fls. 9-22, verbis: (...)

Primeiro parágrafo de relatório jurídico

Trata-se de agravo interposto em processo de execução de pena atacando a decisão de


fls. 34, que concedeu ao condenado __, no cumprimento de sua pena de __ de reclusão
pela prática de homicídio qualificado, progressão.

Trata-se de agravo interposto pela sentenciada ___ contra a decisão da ilustre


Magistrada da ___, que indeferiu pedido de prescrição de multa.

52
CAPÍTULO 4
Organização de parágrafos no
desenvolvimento

Como vimos, o primeiro parágrafo apresenta a ideia geral e deve ser claro, objetivo e
conciso. Os demais parágrafos especificam, argumentam ou explicam a ideia inicial.
Importante que cada parágrafo no desenvolvimento apresente apenas uma ideia
principal. Observe modelos.

Modelo 1

Os eventos de educação corporativa promovidos em 2013 tiveram como base as ações


previstas no Programa de Treinamento e Desenvolvimento de Servidores do TST –
EDUCARE, sob a supervisão jurídica do Centro de Formação e Aperfeiçoamento dos
Assessores e Servidores do TST - CEFAST.

As ações foram focadas em áreas específicas: formação judiciária, formação administrativa,


cidadania organizacional e desenvolvimento gerencial.

Modelo 2

A Presidência do Tribunal Superior do Trabalho, nos termos do art. 35, inciso VIII,
do Regimento Interno, apresenta ao Órgão Especial o Relatório Geral da Justiça do
Trabalho do ano de 2008 com dados relativos ao desempenho de todos os seus órgãos.

Os demonstrativos revelam que nas Varas do Trabalho foram ajuizadas 1.904.718 (um
milhão, novecentas e quatro mil, setecentas e dezoito) reclamações trabalhistas, 4% a
mais que em 2007, e solucionadas, na fase de conhecimento, 1.854.022 (um milhão,
oitocentas e cinquenta e quatro mil e vinte e duas), 2% a mais que no ano anterior.

Modelo 3

A Justiça do Trabalho é constituída pelo Tribunal Superior do Trabalho, por 24 Tribunais


Regionais do Trabalho e por 1.378 Varas Trabalhistas, estando 1.371 instaladas. São
3.323 cargos de juiz e 35.799, de servidor.

No Tribunal Superior do Trabalho, estão em atividade 27 Ministros e 2.397 servidores.


Na 2ª Instância, há um Tribunal em cada estado da Federação, à exceção (...). No Estado
de São Paulo, existem dois Tribunais: (...).

Na 1ª Instância da Justiça Trabalhista havia, em dezembro de 2008, 1.371 varas trabalhistas.

53
UNIDADE III │ TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO

Modelo 4

Trata-se de agravo interposto pela sentenciada ___ contra a decisão da ilustre


Magistrada da ___, que indeferiu pedido de prescrição de multa.

Sustenta a agravante que a multa foi imposta juntamente com pena privativa de
liberdade e está prescrita, porque (...).

O recurso foi respondido pelo representante do Ministério Público, que (...).

A agravante foi condenada em 7 meses de detenção, no Proc. ___, que tramitou pela
1ª Vara ___. A sentença transitou em julgado, para o Ministério Público, em ___.
Portanto, a sua prescrição ocorreu em ___.

Modelo 5

Trata-se de agravo interposto em processo de execução de pena atacando a decisão de


fls. 34, que concedeu ao condenado __, no cumprimento de sua pena de __ de reclusão
pela prática de homicídio qualificado, progressão.

Alega a recorrente que a decisão está apoiada em precedente do Supremo Tribunal


Federal (fls. 42). Faz menção (...).

A defesa apresentou contraminuta à fl. 54, onde pugna pelo não provimento do reclamo.

A decisão foi mantida à fl. 55.

54
Referências

BRASIL, Câmara dos Deputados. Manual de redação. Brasília: Coordenação de


Publicações, 2004.

______. Conselho Nacional de Justiça. Manual de atos oficiais administrativos


do Conselho Nacional de Justiça. Brasília: CNJ, 2002.

______. Ministério das Relações Exteriores. Manual de redação e estilo do


Itamaraty. Brasília: SGEX/DCD/DAR, 1994.

______. Ministério da Justiça. Manual de redação e correspondência oficial.


Brasília: Secretaria de Modernização Administrativa, 1982.

______. Presidência da República. Manual de redação da Presidência da


República. Brasília: Presidência da República, 1991.

______. Senado Federal. Manual de correspondência oficial da subsecretaria


de administração de pessoal do Senado Federal. Brasília: Secretaria Especial de
Editoração e Publicações, 2000.

______. Senado Federal. Manual de padronização de textos. Brasília: Secretaria


Especial de Editoração e Publicações, 2002.

______. Supremo Tribunal Federal. Manual de atos oficiais administrativos.


Brasília: Secretaria de Documentação, 2005.

______. Tribunal Superior Eleitoral. Manual de padronização de atos oficiais


administrativos. Brasília: TSE/SDI, 2002.

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