Você está na página 1de 343

CÓD: SL-011JN-22

7908433215448

TCE-RJ
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Técnico de Controle Externo


EDITAL Nº 1 – TCE/RJ – TÉCNICO, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2021
DICA

Como passar em um concurso público?


Todos nós sabemos que é um grande desafio ser aprovado em concurso público, dessa maneira é muito importante o concurseiro
estar focado e determinado em seus estudos e na sua preparação.
É verdade que não existe uma fórmula mágica ou uma regra de como estudar para concursos públicos, é importante cada pessoa
encontrar a melhor maneira para estar otimizando sua preparação.
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou este artigo com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.

Então mãos à obra!

• Esteja focado em seu objetivo: É de extrema importância você estar focado em seu objetivo: a aprovação no concurso. Você vai ter
que colocar em sua mente que sua prioridade é dedicar-se para a realização de seu sonho.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área.
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total.
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo.
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame.
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.

Se prepare para o concurso público


O concurseiro preparado não é aquele que passa o dia todo estudando, mas está com a cabeça nas nuvens, e sim aquele que se
planeja pesquisando sobre o concurso de interesse, conferindo editais e provas anteriores, participando de grupos com enquetes sobre
seu interesse, conversando com pessoas que já foram aprovadas, absorvendo dicas e experiências, e analisando a banca examinadora do
certame.
O Plano de Estudos é essencial na otimização dos estudos, ele deve ser simples, com fácil compreensão e personalizado com sua
rotina, vai ser seu triunfo para aprovação, sendo responsável pelo seu crescimento contínuo.
Além do plano de estudos, é importante ter um Plano de Revisão, ele que irá te ajudar na memorização dos conteúdos estudados até
o dia da prova, evitando a correria para fazer uma revisão de última hora.
Está em dúvida por qual matéria começar a estudar? Vai mais uma dica: comece por Língua Portuguesa, é a matéria com maior
requisição nos concursos, a base para uma boa interpretação, indo bem aqui você estará com um passo dado para ir melhor nas outras
disciplinas.

Vida Social
Sabemos que faz parte algumas abdicações na vida de quem estuda para concursos públicos, mas sempre que possível é importante
conciliar os estudos com os momentos de lazer e bem-estar. A vida de concurseiro é temporária, quem determina o tempo é você,
através da sua dedicação e empenho. Você terá que fazer um esforço para deixar de lado um pouco a vida social intensa, é importante
compreender que quando for aprovado verá que todo o esforço valeu a pena para realização do seu sonho.
Uma boa dica, é fazer exercícios físicos, uma simples corrida por exemplo é capaz de melhorar o funcionamento do Sistema Nervoso
Central, um dos fatores que são chaves para produção de neurônios nas regiões associadas à aprendizagem e memória.
DICA

Motivação
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Caso você não seja aprovado de primeira, é primordial que você PERSISTA, com o tempo você irá adquirir conhecimento e experiência.
Então é preciso se motivar diariamente para seguir a busca da aprovação, algumas orientações importantes para conseguir motivação:
• Procure ler frases motivacionais, são ótimas para lembrar dos seus propósitos;
• Leia sempre os depoimentos dos candidatos aprovados nos concursos públicos;
• Procure estar sempre entrando em contato com os aprovados;
• Escreva o porquê que você deseja ser aprovado no concurso. Quando você sabe seus motivos, isso te da um ânimo maior para seguir
focado, tornando o processo mais prazeroso;
• Saiba o que realmente te impulsiona, o que te motiva. Dessa maneira será mais fácil vencer as adversidades que irão aparecer.
• Procure imaginar você exercendo a função da vaga pleiteada, sentir a emoção da aprovação e ver as pessoas que você gosta felizes
com seu sucesso.

Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Se você quer aumentar as suas chances
de passar, conheça os nossos materiais, acessando o nosso site: www.apostilasolucao.com.br

Vamos juntos!
ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Domínio da ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de
outros elementos de sequenciação textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4. Emprego de tempos e modos verbais. Domínio da estrutura morfossintática do período. Emprego das classes de palavras . . . . . 14
5. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos da
oração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
6. Emprego dos sinais de pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
8. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
9. Emprego do sinal indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
10. Colocação dos pronomes átonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
11. Reescrita de frases e parágrafos do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
12. Significação das palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
13. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. Reescrita de textos de
diferentes gêneros e níveis de formalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Noções de Direito Administrativo


1. Estado, governo e administração pública. Conceitos, elementos, poderes, natureza, fins e princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direito administrativo. Conceito, fontes e princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Ato administrativo. Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. Invalidação, anulação e revogação. Prescrição . . . . . 07
4. Agentes administrativos. Investidura e exercício da função pública. Direitos e deveres dos funcionários públicos; regimes jurídi-
cos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Processo administrativo. Conceito, princípios, fases e modalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6. Poderes da administração. Vinculado, discricionário, hierárquico, disciplinar e regulamentar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7. Princípios básicos da administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
8. Responsabilidade civil da administração. Evolução doutrinária e reparação do dano. Enriquecimento ilícito e uso e abuso de poder40
9. Serviços públicos. Conceito, classificação, regulamentação, formas e competência de prestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
10. Organização administrativa. Administração direta e indireta, centralizada e descentralizada. Autarquias, fundações, empresas públicas
e sociedades de economia mista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
11. Controle e responsabilização da administração. Controle administrativo. Controle judicial. Controle legislativo . . . . . . . . . . . . . . . 58
12. Responsabilidade civil do Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
13. Licitações e contratos administrativos. Lei nº 8.666/1993 e suas alterações. Lei nº 14.133/2021 e suas alterações . . . . . . . . . . . . . 62
14. Acesso à informação. Lei nº 12.527/2011 e Decreto nº 7.724/2011 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72

Noções de Direito Constitucional


1. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Conceito, classificações, princípios fundamentais, emendas constituciona-
is . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos políti-
cos, partidos políticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Organização político-administrativa. União, estados, Distrito Federal e municípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. Administração pública. Disposições gerais, servidores públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Poder Legislativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
6. Poder Executivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Poder Judiciário. Funções essenciais à Justiça. Ministério Público, advocacia e defensoria públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Legislação Específica
1. Constituição do Estado do Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Decreto-Lei nº 220/1975 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Decreto Estadual nº 2.479/1979 e suas alterações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
ÍNDICE

Administração Orçamentária e Financeira e Orçamento Público


1. Orçamento público. Conceito. Técnicas orçamentárias. Princípios orçamentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Ciclo orçamentário. Processo orçamentário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3. O orçamento público no Brasil. Sistema de planejamento e de orçamento federal. Plano plurianual. Diretrizes orçamentárias. Orça-
mento anual. Sistema e processo de orçamentação. Classificações orçamentárias. Estrutura programática. Créditos ordinários e adi-
cionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. Programação e execução orçamentária e financeira. Descentralização orçamentária e financeira. Acompanhamento da execução.
Sistemas de informações. Alterações orçamentárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5. Receita pública. Conceito e classificações. Estágios. Fontes. Dívida ativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
6. Despesa pública. Conceito e classificações. Estágios. Restos a pagar. Despesas de exercícios anteriores. Dívida flutuante e fundada.
Suprimento de fundos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
7. Lei Complementar nº 101/2000 e suas alterações (Lei de Responsabilidade Fiscal) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
8. Lei nº 4.320/1964 e suas alterações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
9. Transferências voluntárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

Controle Externo da Administração Pública


1. Conceito, tipos e formas de controle.Controle interno e externo.Controle parlamentar. Controle pelos tribunais de contas.Controle
administrativo. Sistemas de controle jurisdicional da administração pública. Contencioso administrativo e sistema da jurisdição una.
Controle jurisdicional da administração pública no Direito brasileiro. Controle da atividade financeira do Estado: espécies e sistemas.
Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 8.429/1992 e suas alterações (Lei de Improbidade Administrativa) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05

Noções de Contabilidade Pública


1. Conceito, objeto e regime. Campo de aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Patrimônio nas entidades públicas: bens públicos, classificação dos bens públicos, dívida pública fundada ou consolidada, dívida flu-
tuante, patrimônio financeiro e patrimônio permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3. Receita e Despesa públicas: definições, estágios (etapas), procedimentos contábeis e divulgação (evidenciação). Receitas e despesas
orçamentárias e extraorçamentárias. Restos a pagar. Dívida Pública. Despesas de exercícios anteriores. Operações de Crédito . . 21
4. Demonstrativos: Balancetes, Balanço Orçamentário, Balanço Financeiro; Balanço Patrimonial, Demonstração das Variações Patrimo-
niais, Relatório Resumido de Execução Orçamentária e Relatório de Gestão Fiscal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5. Noções de orçamento: Orçamento Público: tipos. Plano Plurianual. Lei de Diretrizes Orçamentárias. Lei Orçamentária Anual. Ciclo
orçamentário. Princípios orçamentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
LÍNGUA PORTUGUESA
1. Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. Reconhecimento de tipos e gêneros textuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Domínio da ortografia oficial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3. Domínio dos mecanismos de coesão textual. Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de
outros elementos de sequenciação textual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4. Emprego de tempos e modos verbais. Domínio da estrutura morfossintática do período. Emprego das classes de palavras . . . . . 14
5. Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. Relações de subordinação entre orações e entre termos da ora-
ção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
6. Emprego dos sinais de pontuação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Concordância verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
8. Regência verbal e nominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
9. Emprego do sinal indicativo de crase . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
10. Colocação dos pronomes átonos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
11. Reescrita de frases e parágrafos do texto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
12. Significação das palavras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
13. Substituição de palavras ou de trechos de texto. Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. Reescrita de textos de
diferentes gêneros e níveis de formalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
LÍNGUA PORTUGUESA

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE


GÊNEROS VARIADOS. RECONHECIMENTO DE TIPOS E
GÊNEROS TEXTUAIS

Compreensão e interpretação de textos


Chegamos, agora, em um ponto muito importante para todo o
seu estudo: a interpretação de textos. Desenvolver essa habilidade
é essencial e pode ser um diferencial para a realização de uma boa
prova de qualquer área do conhecimento.
Mas você sabe a diferença entre compreensão e interpretação?
A compreensão é quando você entende o que o texto diz de
forma explícita, aquilo que está na superfície do texto.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Por meio dessa frase, podemos entender que houve um tempo
que Jorge era infeliz, devido ao cigarro.
A interpretação é quando você entende o que está implícito, Além de saber desses conceitos, é importante sabermos
nas entrelinhas, aquilo que está de modo mais profundo no texto identificar quando um texto é baseado em outro. O nome que
ou que faça com que você realize inferências. damos a este processo é intertextualidade.
Quando Jorge fumava, ele era infeliz.
Já compreendemos que Jorge era infeliz quando fumava, mas Interpretação de Texto
podemos interpretar que Jorge parou de fumar e que agora é feliz. Interpretar um texto quer dizer dar sentido, inferir, chegar
Percebeu a diferença? a uma conclusão do que se lê. A interpretação é muito ligada ao
subentendido. Sendo assim, ela trabalha com o que se pode deduzir
Tipos de Linguagem de um texto.
Existem três tipos de linguagem que precisamos saber para que A interpretação implica a mobilização dos conhecimentos
facilite a interpretação de textos. prévios que cada pessoa possui antes da leitura de um determinado
• Linguagem Verbal é aquela que utiliza somente palavras. Ela texto, pressupõe que a aquisição do novo conteúdo lido estabeleça
pode ser escrita ou oral. uma relação com a informação já possuída, o que leva ao
crescimento do conhecimento do leitor, e espera que haja uma
apreciação pessoal e crítica sobre a análise do novo conteúdo lido,
afetando de alguma forma o leitor.
Sendo assim, podemos dizer que existem diferentes tipos de
leitura: uma leitura prévia, uma leitura seletiva, uma leitura analítica
e, por fim, uma leitura interpretativa.

É muito importante que você:


- Assista os mais diferenciados jornais sobre a sua cidade,
estado, país e mundo;
- Se possível, procure por jornais escritos para saber de notícias
(e também da estrutura das palavras para dar opiniões);
- Leia livros sobre diversos temas para sugar informações
ortográficas, gramaticais e interpretativas;
- Procure estar sempre informado sobre os assuntos mais
• Linguagem não-verbal é aquela que utiliza somente imagens, polêmicos;
fotos, gestos... não há presença de nenhuma palavra. - Procure debater ou conversar com diversas pessoas sobre
qualquer tema para presenciar opiniões diversas das suas.

Dicas para interpretar um texto:


– Leia lentamente o texto todo.
No primeiro contato com o texto, o mais importante é tentar
compreender o sentido global do texto e identificar o seu objetivo.

– Releia o texto quantas vezes forem necessárias.


Assim, será mais fácil identificar as ideias principais de cada
parágrafo e compreender o desenvolvimento do texto.

– Sublinhe as ideias mais importantes.


Sublinhar apenas quando já se tiver uma boa noção da ideia
principal e das ideias secundárias do texto.
– Separe fatos de opiniões.
• Linguagem Mista (ou híbrida) é aquele que utiliza tanto as O leitor precisa separar o que é um fato (verdadeiro, objetivo
palavras quanto as imagens. Ou seja, é a junção da linguagem e comprovável) do que é uma opinião (pessoal, tendenciosa e
verbal com a não-verbal. mutável).

1
LÍNGUA PORTUGUESA
– Retorne ao texto sempre que necessário. zade começou há uns 12 mil anos, no tempo em que as pessoas
Além disso, é importante entender com cuidado e atenção os precisavam caçar para se alimentar. Os cachorros perceberam que,
enunciados das questões. se não atacassem os humanos, podiam ficar perto deles e comer a
comida que sobrava. Já os homens descobriram que os cachorros
– Reescreva o conteúdo lido. podiam ajudar a caçar, a cuidar de rebanhos e a tomar conta da
Para uma melhor compreensão, podem ser feitos resumos, casa, além de serem ótimos companheiros. Um colaborava com o
tópicos ou esquemas. outro e a parceria deu certo.

Além dessas dicas importantes, você também pode grifar Ao ler apenas o título “Cachorros”, você deduziu sobre o pos-
palavras novas, e procurar seu significado para aumentar seu sível assunto abordado no texto. Embora você imagine que o tex-
vocabulário, fazer atividades como caça-palavras, ou cruzadinhas to vai falar sobre cães, você ainda não sabia exatamente o que ele
são uma distração, mas também um aprendizado. falaria sobre cães. Repare que temos várias informações ao longo
Não se esqueça, além da prática da leitura aprimorar a do texto: a hipótese dos zoólogos sobre a origem dos cães, a asso-
compreensão do texto e ajudar a aprovação, ela também estimula ciação entre eles e os seres humanos, a disseminação dos cães pelo
nossa imaginação, distrai, relaxa, informa, educa, atualiza, melhora mundo, as vantagens da convivência entre cães e homens.
nosso foco, cria perspectivas, nos torna reflexivos, pensantes, além As informações que se relacionam com o tema chamamos de
de melhorar nossa habilidade de fala, de escrita e de memória. subtemas (ou ideias secundárias). Essas informações se integram,
Um texto para ser compreendido deve apresentar ideias ou seja, todas elas caminham no sentido de estabelecer uma unida-
seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela de de sentido. Portanto, pense: sobre o que exatamente esse texto
ideia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão fala? Qual seu assunto, qual seu tema? Certamente você chegou à
do texto. conclusão de que o texto fala sobre a relação entre homens e cães.
O primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é Se foi isso que você pensou, parabéns! Isso significa que você foi
a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se capaz de identificar o tema do texto!
as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações,
ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões Fonte: https://portuguesrapido.com/tema-ideia-central-e-ideias-se-
apresentadas na prova. cundarias/
Compreendido tudo isso, interpretar significa extrair um
significado. Ou seja, a ideia está lá, às vezes escondida, e por isso IDENTIFICAÇÃO DE EFEITOS DE IRONIA OU HUMOR EM
o candidato só precisa entendê-la – e não a complementar com TEXTOS VARIADOS
algum valor individual. Portanto, apegue-se tão somente ao texto, e
nunca extrapole a visão dele. Ironia
Ironia  é o recurso pelo qual o emissor diz o contrário do que
IDENTIFICANDO O TEMA DE UM TEXTO está pensando ou sentindo (ou por pudor em relação a si próprio ou
O tema é a ideia principal do texto. É com base nessa ideia com intenção depreciativa e sarcástica em relação a outrem).
principal que o texto será desenvolvido. Para que você consiga A ironia consiste na utilização de determinada palavra ou ex-
identificar o tema de um texto, é necessário relacionar as diferen- pressão que, em um outro contexto diferente do usual, ganha um
tes informações de forma a construir o seu sentido global, ou seja, novo sentido, gerando um efeito de humor.
você precisa relacionar as múltiplas partes que compõem um todo Exemplo:
significativo, que é o texto.
Em muitas situações, por exemplo, você foi estimulado a ler um
texto por sentir-se atraído pela temática resumida no título. Pois o
título cumpre uma função importante: antecipar informações sobre
o assunto que será tratado no texto.
Em outras situações, você pode ter abandonado a leitura por-
que achou o título pouco atraente ou, ao contrário, sentiu-se atraí-
do pelo título de um livro ou de um filme, por exemplo. É muito
comum as pessoas se interessarem por temáticas diferentes, de-
pendendo do sexo, da idade, escolaridade, profissão, preferências
pessoais e experiência de mundo, entre outros fatores.
Mas, sobre que tema você gosta de ler? Esportes, namoro, se-
xualidade, tecnologia, ciências, jogos, novelas, moda, cuidados com
o corpo? Perceba, portanto, que as temáticas são praticamente in-
finitas e saber reconhecer o tema de um texto é condição essen-
cial para se tornar um leitor hábil. Vamos, então, começar nossos
estudos?
Propomos, inicialmente, que você acompanhe um exercício
bem simples, que, intuitivamente, todo leitor faz ao ler um texto:
reconhecer o seu tema. Vamos ler o texto a seguir?

CACHORROS

Os zoólogos acreditam que o cachorro se originou de uma


espécie de lobo que vivia na Ásia. Depois os cães se juntaram aos
seres humanos e se espalharam por quase todo o mundo. Essa ami-

2
LÍNGUA PORTUGUESA
Os textos com finalidade humorística podem ser divididos em
quatro categorias: anedotas, cartuns, tiras e charges.

Exemplo:

Na construção de um texto, ela pode aparecer em três mo-


dos: ironia verbal, ironia de situação e ironia dramática (ou satírica).

Ironia verbal
Ocorre quando se diz algo pretendendo expressar outro sig-
nificado, normalmente oposto ao sentido literal. A expressão e a
intenção são diferentes. ANÁLISE E A INTERPRETAÇÃO DO TEXTO SEGUNDO O GÊ-
Exemplo: Você foi tão bem na prova! Tirou um zero incrível! NERO EM QUE SE INSCREVE
Compreender um texto trata da análise e decodificação do que
Ironia de situação de fato está escrito, seja das frases ou das ideias presentes. Inter-
A intenção e resultado da ação não estão alinhados, ou seja, o pretar um texto, está ligado às conclusões que se pode chegar ao
resultado é contrário ao que se espera ou que se planeja. conectar as ideias do texto com a realidade. Interpretação trabalha
Exemplo: Quando num texto literário uma personagem planeja com a subjetividade, com o que se entendeu sobre o texto.
uma ação, mas os resultados não saem como o esperado. No li- Interpretar um texto permite a compreensão de todo e qual-
vro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, a quer texto ou discurso e se amplia no entendimento da sua ideia
personagem título tem obsessão por ficar conhecida. Ao longo da principal. Compreender relações semânticas é uma competência
vida, tenta de muitas maneiras alcançar a notoriedade sem suces- imprescindível no mercado de trabalho e nos estudos.
so. Após a morte, a personagem se torna conhecida. A ironia é que Quando não se sabe interpretar corretamente um texto pode-
planejou ficar famoso antes de morrer e se tornou famoso após a -se criar vários problemas, afetando não só o desenvolvimento pro-
morte. fissional, mas também o desenvolvimento pessoal.

Ironia dramática (ou satírica) Busca de sentidos


A ironia dramática é um efeito de sentido que ocorre nos textos Para a busca de sentidos do texto, pode-se retirar do mesmo
literários quando o leitor, a audiência, tem mais informações do que os tópicos frasais presentes em cada parágrafo. Isso auxiliará na
tem um personagem sobre os eventos da narrativa e sobre inten- apreensão do conteúdo exposto.
ções de outros personagens. É um recurso usado para aprofundar Isso porque é ali que se fazem necessários, estabelecem uma
os significados ocultos em diálogos e ações e que, quando captado relação hierárquica do pensamento defendido, retomando ideias já
pelo leitor, gera um clima de suspense, tragédia ou mesmo comé- citadas ou apresentando novos conceitos.
dia, visto que um personagem é posto em situações que geram con- Por fim, concentre-se nas ideias que realmente foram explici-
flitos e mal-entendidos porque ele mesmo não tem ciência do todo tadas pelo autor. Textos argumentativos não costumam conceder
da narrativa. espaço para divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas
Exemplo: Em livros com narrador onisciente, que sabe tudo o entrelinhas. Deve-se ater às ideias do autor, o que não quer dizer
que se passa na história com todas as personagens, é mais fácil apa- que o leitor precise ficar preso na superfície do texto, mas é fun-
recer esse tipo de ironia. A peça como Romeu e Julieta, por exem- damental que não sejam criadas suposições vagas e inespecíficas.
plo, se inicia com a fala que relata que os protagonistas da história
irão morrer em decorrência do seu amor. As personagens agem ao Importância da interpretação
longo da peça esperando conseguir atingir seus objetivos, mas a A prática da leitura, seja por prazer, para estudar ou para se
plateia já sabe que eles não serão bem-sucedidos. informar, aprimora o vocabulário e dinamiza o raciocínio e a inter-
pretação. A leitura, além de favorecer o aprendizado de conteúdos
Humor específicos, aprimora a escrita.
Nesse caso, é muito comum a utilização de situações que pare- Uma interpretação de texto assertiva depende de inúmeros fa-
çam cômicas ou surpreendentes para provocar o efeito de humor. tores. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos dos detalhes pre-
Situações cômicas ou potencialmente humorísticas comparti- sentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já se faz sufi-
lham da característica do efeito surpresa. O humor reside em ocor- ciente. Interpretar exige paciência e, por isso, sempre releia o texto,
rer algo fora do esperado numa situação. pois a segunda leitura pode apresentar aspectos surpreendentes
Há diversas situações em que o humor pode aparecer. Há as ti- que não foram observados previamente. Para auxiliar na busca de
rinhas e charges, que aliam texto e imagem para criar efeito cômico; sentidos do texto, pode-se também retirar dele os tópicos frasais
há anedotas ou pequenos contos; e há as crônicas, frequentemente presentes em cada parágrafo, isso certamente auxiliará na apreen-
acessadas como forma de gerar o riso. são do conteúdo exposto. Lembre-se de que os parágrafos não es-

3
LÍNGUA PORTUGUESA
tão organizados, pelo menos em um bom texto, de maneira aleató- Receita: texto instrucional e injuntivo que tem como objetivo
ria, se estão no lugar que estão, é porque ali se fazem necessários, de informar, aconselhar, ou seja, recomendam dando uma certa li-
estabelecendo uma relação hierárquica do pensamento defendido, berdade para quem recebe a informação.
retomando ideias já citadas ou apresentando novos conceitos.
Concentre-se nas ideias que de fato foram explicitadas pelo au- DISTINÇÃO DE FATO E OPINIÃO SOBRE ESSE FATO
tor: os textos argumentativos não costumam conceder espaço para
divagações ou hipóteses, supostamente contidas nas entrelinhas. Fato
Devemos nos ater às ideias do autor, isso não quer dizer que você O fato é algo que aconteceu ou está acontecendo. A existência
precise ficar preso na superfície do texto, mas é fundamental que do fato pode ser constatada de modo indiscutível. O fato pode é
não criemos, à revelia do autor, suposições vagas e inespecíficas. uma coisa que aconteceu e pode ser comprovado de alguma manei-
Ler com atenção é um exercício que deve ser praticado à exaustão, ra, através de algum documento, números, vídeo ou registro.
assim como uma técnica, que fará de nós leitores proficientes. Exemplo de fato:
A mãe foi viajar.
Diferença entre compreensão e interpretação
A compreensão de um texto é fazer uma análise objetiva do Interpretação
texto e verificar o que realmente está escrito nele. Já a interpreta- É o ato de dar sentido ao fato, de entendê-lo. Interpretamos
ção imagina o que as ideias do texto têm a ver com a realidade. O quando relacionamos fatos, os comparamos, buscamos suas cau-
leitor tira conclusões subjetivas do texto. sas, previmos suas consequências.
Entre o fato e sua interpretação há uma relação lógica: se apon-
Gêneros Discursivos tamos uma causa ou consequência, é necessário que seja plausível.
Romance: descrição longa de ações e sentimentos de persona- Se comparamos fatos, é preciso que suas semelhanças ou diferen-
gens fictícios, podendo ser de comparação com a realidade ou total- ças sejam detectáveis.
mente irreal. A diferença principal entre um romance e uma novela é
a extensão do texto, ou seja, o romance é mais longo. No romance nós Exemplos de interpretação:
temos uma história central e várias histórias secundárias. A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
tro país.
Conto: obra de ficção onde é criado seres e locais totalmente A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
imaginário. Com linguagem linear e curta, envolve poucas perso- do que com a filha.
nagens, que geralmente se movimentam em torno de uma única
ação, dada em um só espaço, eixo temático e conflito. Suas ações Opinião
encaminham-se diretamente para um desfecho. A opinião é a avaliação que se faz de um fato considerando um
juízo de valor. É um julgamento que tem como base a interpretação
que fazemos do fato.
Novela: muito parecida com o conto e o romance, diferenciado
Nossas opiniões costumam ser avaliadas pelo grau de coerên-
por sua extensão. Ela fica entre o conto e o romance, e tem a histó-
cia que mantêm com a interpretação do fato. É uma interpretação
ria principal, mas também tem várias histórias secundárias. O tempo
do fato, ou seja, um modo particular de olhar o fato. Esta opinião
na novela é baseada no calendário. O tempo e local são definidos
pode alterar de pessoa para pessoa devido a fatores socioculturais.
pelas histórias dos personagens. A história (enredo) tem um ritmo
mais acelerado do que a do romance por ter um texto mais curto.
Exemplos de opiniões que podem decorrer das interpretações
anteriores:
Crônica: texto que narra o cotidiano das pessoas, situações que A mãe foi viajar porque considerou importante estudar em ou-
nós mesmos já vivemos e normalmente é utilizado a ironia para tro país. Ela tomou uma decisão acertada.
mostrar um outro lado da mesma história. Na crônica o tempo não A mãe foi viajar porque se preocupava mais com sua profissão
é relevante e quando é citado, geralmente são pequenos intervalos do que com a filha. Ela foi egoísta.
como horas ou mesmo minutos.
Muitas vezes, a interpretação já traz implícita uma opinião.
Poesia: apresenta um trabalho voltado para o estudo da lin- Por exemplo, quando se mencionam com ênfase consequên-
guagem, fazendo-o de maneira particular, refletindo o momento, cias negativas que podem advir de um fato, se enaltecem previsões
a vida dos homens através de figuras que possibilitam a criação de positivas ou se faz um comentário irônico na interpretação, já esta-
imagens. mos expressando nosso julgamento.
É muito importante saber a diferença entre o fato e opinião,
Editorial: texto dissertativo argumentativo onde expressa a principalmente quando debatemos um tema polêmico ou quando
opinião do editor através de argumentos e fatos sobre um assunto analisamos um texto dissertativo.
que está sendo muito comentado (polêmico). Sua intenção é con-
vencer o leitor a concordar com ele. Exemplo:
A mãe viajou e deixou a filha só. Nem deve estar se importando
Entrevista: texto expositivo e é marcado pela conversa de um com o sofrimento da filha.
entrevistador e um entrevistado para a obtenção de informações.
Tem como principal característica transmitir a opinião de pessoas ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO E DOS PARÁGRAFOS
de destaque sobre algum assunto de interesse. Uma boa redação é dividida em ideias relacionadas entre si
ajustadas a uma ideia central que norteia todo o pensamento do
Cantiga de roda: gênero empírico, que na escola se materiali- texto. Um dos maiores problemas nas redações é estruturar as
za em uma concretude da realidade. A cantiga de roda permite as ideias para fazer com que o leitor entenda o que foi dito no texto.
crianças terem mais sentido em relação a leitura e escrita, ajudando Fazer uma estrutura no texto para poder guiar o seu pensamento
os professores a identificar o nível de alfabetização delas. e o do leitor.

4
LÍNGUA PORTUGUESA
Parágrafo Língua escrita e língua falada
O parágrafo organizado em torno de uma ideia-núcleo, que é A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua
desenvolvida por ideias secundárias. O parágrafo pode ser forma- falada, por que os sinais gráficos não conseguem registrar grande
do por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. No texto parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e
dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos rela- ainda os gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é
cionados com a tese ou ideia principal do texto, geralmente apre- mais descontraída, espontânea e informal, porque se manifesta na
sentada na introdução. conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão
do falante. Nessas situações informais, muitas regras determinadas
Embora existam diferentes formas de organização de parágra- pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da li-
fos, os textos dissertativo-argumentativos e alguns gêneros jornalís- berdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
ticos apresentam uma estrutura-padrão. Essa estrutura consiste em
três partes: a ideia-núcleo, as ideias secundárias (que desenvolvem Linguagem popular e linguagem culta
a ideia-núcleo) e a conclusão (que reafirma a ideia-básica). Em pa- Podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da lingua-
rágrafos curtos, é raro haver conclusão. gem culta. Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala,
nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede que ela esteja
Introdução: faz uma rápida apresentação do assunto e já traz presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou
uma ideia da sua posição no texto, é normalmente aqui que você valorizar a linguagem popular), contos, crônicas e romances em que
irá identificar qual o problema do texto, o porque ele está sendo o diálogo é usado para representar a língua falada.
escrito. Normalmente o tema e o problema são dados pela própria
prova. Linguagem Popular ou Coloquial
Usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase
Desenvolvimento: elabora melhor o tema com argumentos e sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de vícios de lin-
ideias que apoiem o seu posicionamento sobre o assunto. É possí- guagem (solecismo – erros de regência e concordância; barbarismo
vel usar argumentos de várias formas, desde dados estatísticos até – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade; cacofonia; pleo-
citações de pessoas que tenham autoridade no assunto. nasmo), expressões vulgares, gírias e preferência pela coordenação,
que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular
Conclusão: faz uma retomada breve de tudo que foi abordado está presente nas conversas familiares ou entre amigos, anedotas,
e conclui o texto. Esta última parte pode ser feita de várias maneiras irradiação de esportes, programas de TV e auditório, novelas, na
diferentes, é possível deixar o assunto ainda aberto criando uma expressão dos esta dos emocionais etc.
pergunta reflexiva, ou concluir o assunto com as suas próprias con-
clusões a partir das ideias e argumentos do desenvolvimento. A Linguagem Culta ou Padrão
É a ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências em que
Outro aspecto que merece especial atenção são  os conecto- se apresenta com terminologia especial. É usada pelas pessoas ins-
res. São responsáveis pela coesão do texto e tornam a leitura mais truídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediên-
fluente, visando estabelecer um encadeamento lógico entre as cia às normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem
ideias e servem de ligação entre o parágrafo, ou no interior do pe- escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É mais artificial,
ríodo, e o tópico que o antecede. mais estável, menos sujeita a variações. Está presente nas aulas,
Saber usá-los com precisão, tanto no interior da frase, quanto conferências, sermões, discursos políticos, comunicações científi-
ao passar de um enunciado para outro, é uma exigência também cas, noticiários de TV, programas culturais etc.
para a clareza do texto.
Sem os conectores (pronomes relativos, conjunções, advér- Gíria
bios, preposições, palavras denotativas) as ideias não fluem, muitas A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais como
vezes o pensamento não se completa, e o texto torna-se obscuro, arma de defesa contra as classes dominantes. Esses grupos utilizam
sem coerência. a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as mensa-
Esta estrutura é uma das mais utilizadas em textos argumenta- gens sejam decodificadas apenas por eles mesmos.
tivos, e por conta disso é mais fácil para os leitores. Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam
Existem diversas formas de se estruturar cada etapa dessa es- o palavreado para outros grupos até chegar à mídia. Os meios de
trutura de texto, entretanto, apenas segui-la já leva ao pensamento comunicação de massa, como a televisão e o rádio, propagam os
mais direto. novos vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria pode
acabar incorporada pela língua oficial, permanecer no vocabulário
NÍVEIS DE LINGUAGEM de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex.: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “galera”,
“mina”, “tipo assim”.
Definição de linguagem
Linguagem é qualquer meio sistemático de comunicar ideias
Linguagem vulgar
ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
Existe uma linguagem vulgar relacionada aos que têm pouco
gestuais etc. A linguagem é individual e flexível e varia dependendo
ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
da idade, cultura, posição social, profissão etc. A maneira de arti-
há estruturas com “nóis vai, lá”, “eu di um beijo”, “Ponhei sal na
cular as palavras, organizá-las na frase, no texto, determina nossa
comida”.
linguagem, nosso estilo (forma de expressão pessoal).
As inovações linguísticas, criadas pelo falante, provocam, com
Linguagem regional
o decorrer do tempo, mudanças na estrutura da língua, que só as
Regionalismos são variações geográficas do uso da língua pa-
incorpora muito lentamente, depois de aceitas por todo o grupo
drão, quanto às construções gramaticais e empregos de certas pala-
social. Muitas novidades criadas na linguagem não vingam na língua
vras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares amazônico,
e caem em desuso.
nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.

5
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos e genêros textuais Tipo textual expositivo
Os tipos textuais configuram-se como modelos fixos e abran- A dissertação é o ato de apresentar ideias, desenvolver racio-
gentes que objetivam a distinção e definição da estrutura, bem cínio, analisar contextos, dados e fatos, por meio de exposição,
como aspectos linguísticos de narração, dissertação, descrição e discussão, argumentação e defesa do que pensamos. A dissertação
explicação. Eles apresentam estrutura definida e tratam da forma pode ser expositiva ou argumentativa.
como um texto se apresenta e se organiza. Existem cinco tipos clás- A dissertação-expositiva é caracterizada por esclarecer um as-
sicos que aparecem em provas: descritivo, injuntivo, expositivo (ou sunto de maneira atemporal, com o objetivo de explicá-lo de ma-
dissertativo-expositivo) dissertativo e narrativo. Vejamos alguns neira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.
exemplos e as principais características de cada um deles.
Características principais:
Tipo textual descritivo • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
A descrição é uma modalidade de composição textual cujo • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, infor-
objetivo é fazer um retrato por escrito (ou não) de um lugar, uma mar.
pessoa, um animal, um pensamento, um sentimento, um objeto, • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
um movimento etc. • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa
Características principais: de ponto de vista.
• Os recursos formais mais encontrados são os de valor adje- • Apresenta linguagem clara e imparcial.
tivo (adjetivo, locução adjetiva e oração adjetiva), por sua função
caracterizadora. Exemplo:
• Há descrição objetiva e subjetiva, normalmente numa enu- O texto dissertativo consiste na ampliação, na discussão, no
meração. questionamento, na reflexão, na polemização, no debate, na ex-
• A noção temporal é normalmente estática. pressão de um ponto de vista, na explicação a respeito de um de-
• Normalmente usam-se verbos de ligação para abrir a defini- terminado tema.
ção. Existem dois tipos de dissertação bem conhecidos: a disserta-
• Normalmente aparece dentro de um texto narrativo. ção expositiva (ou informativa) e a argumentativa (ou opinativa).
• Os gêneros descritivos mais comuns são estes: manual, anún- Portanto, pode-se dissertar simplesmente explicando um as-
cio, propaganda, relatórios, biografia, tutorial. sunto, imparcialmente, ou discutindo-o, parcialmente.

Exemplo: Tipo textual dissertativo-argumentativo


Era uma casa muito engraçada Este tipo de texto — muito frequente nas provas de concur-
Não tinha teto, não tinha nada sos — apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias
Ninguém podia entrar nela, não apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade,
Porque na casa não tinha chão clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu in-
Ninguém podia dormir na rede tuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor
Porque na casa não tinha parede (leitor ou ouvinte).
Ninguém podia fazer pipi
Porque penico não tinha ali Características principais:
Mas era feita com muito esmero • Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento
Na rua dos bobos, número zero e conclusão): ideia principal do texto (tese); argumentos (estraté-
(Vinícius de Moraes) gias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho
de autoridade, citações, confronto, comparação, fato, exemplo,
TIPO TEXTUAL INJUNTIVO enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com su-
A injunção indica como realizar uma ação, aconselha, impõe, gestão/solução).
instrui o interlocutor. Chamado também de texto instrucional, o • Utiliza verbos na 1ª pessoa (normalmente nas argumentações
tipo de texto injuntivo é utilizado para predizer acontecimentos e informais) e na 3ª pessoa do presente do indicativo (normalmente
comportamentos, nas leis jurídicas. nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e
um caráter de verdade ao que está sendo dito.
Características principais: • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modali-
• Normalmente apresenta frases curtas e objetivas, com ver- zações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou
bos de comando, com tom imperativo; há também o uso do futuro probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
do presente (10 mandamentos bíblicos e leis diversas). • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o
• Marcas de interlocução: vocativo, verbos e pronomes de 2ª desenvolvimento coerente da ideia principal, evitando-se ro-
pessoa ou 1ª pessoa do plural, perguntas reflexivas etc. deios.
Exemplo: Exemplo:
Impedidos do Alistamento Eleitoral (art. 5º do Código Eleito- A maioria dos problemas existentes em um país em desenvol-
ral) – Não podem alistar-se eleitores: os que não saibam exprimir-se vimento, como o nosso, podem ser resolvidos com uma eficiente
na língua nacional, e os que estejam privados, temporária ou defi- administração política (tese), porque a força governamental certa-
nitivamente dos direitos políticos. Os militares são alistáveis, desde mente se sobrepõe a poderes paralelos, os quais – por negligência
que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha, subtenentes ou de nossos representantes – vêm aterrorizando as grandes metró-
suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino su- poles. Isso ficou claro no confronto entre a força militar do RJ e os
perior para formação de oficiais. traficantes, o que comprovou uma verdade simples: se for do desejo
dos políticos uma mudança radical visando o bem-estar da popula-
ção, isso é plenamente possível (estratégia argumentativa: fato-

6
LÍNGUA PORTUGUESA
-exemplo). É importante salientar, portanto, que não devemos ficar Dissertativo-argumentativo Editorial Jornalístico
de mãos atadas à espera de uma atitude do governo só quando o Carta de opinião
caos se estabelece; o povo tem e sempre terá de colaborar com uma Resenha
cobrança efetiva (conclusão). Artigo
Ensaio
Tipo textual narrativo Monografia, dissertação de
O texto narrativo é uma modalidade textual em que se conta mestrado e tese de doutorado
um fato, fictício ou não, que ocorreu num determinado tempo e lu-
gar, envolvendo certos personagens. Toda narração tem um enredo, Narrativo Romance
personagens, tempo, espaço e narrador (ou foco narrativo). Novela
Crônica
Características principais: Contos de Fada
• O tempo verbal predominante é o passado. Fábula
• Foco narrativo com narrador de 1ª pessoa (participa da his- Lendas
tória – onipresente) ou de 3ª pessoa (não participa da história –
onisciente). Sintetizando: os tipos textuais são fixos, finitos e tratam da for-
• Normalmente, nos concursos públicos, o texto aparece em ma como o texto se apresenta. Os gêneros textuais são fluidos, infi-
prosa, não em verso. nitos e mudam de acordo com a demanda social.

Exemplo: INTERTEXTUALIDADE
Solidão A  intertextualidade  é um recurso realizado entre textos, ou
João era solteiro, vivia só e era feliz. Na verdade, a solidão era seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. As-
o que o tornava assim. Conheceu Maria, também solteira, só e fe- sim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção
liz. Tão iguais, a afinidade logo se transforma em paixão. Casam-se. de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos
Dura poucas semanas. Não havia mesmo como dar certo: ao se uni- existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de
rem, um tirou do outro a essência da felicidade. ambos: forma e conteúdo.
Nelson S. Oliveira Grosso modo, a intertextualidade é o diálogo entre textos, de
Fonte: https://www.recantodasletras.com.br/contossur- forma que essa relação pode ser estabelecida entre as produções
reais/4835684 textuais que apresentem diversas linguagens (visual, auditiva, escri-
ta), sendo expressa nas artes (literatura, pintura, escultura, música,
GÊNEROS TEXTUAIS dança, cinema), propagandas publicitárias, programas televisivos,
Já os gêneros textuais (ou discursivos) são formas diferentes provérbios, charges, dentre outros.
de expressão comunicativa. As muitas formas de elaboração de um
texto se tornam gêneros, de acordo com a intenção do seu pro- Tipos de Intertextualidade
dutor. Logo, os gêneros apresentam maior diversidade e exercem • Paródia: perversão do texto anterior que aparece geralmen-
funções sociais específicas, próprias do dia a dia. Ademais, são te, em forma de crítica irônica de caráter humorístico. Do grego (paro-
passíveis de modificações ao longo do tempo, mesmo que preser- dès), a palavra “paródia” é formada pelos termos “para” (semelhante)
vando características preponderantes. Vejamos, agora, uma tabela e “odes” (canto), ou seja, “um canto (poesia) semelhante a outro”. Esse
que apresenta alguns gêneros textuais classificados com os tipos recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos.
textuais que neles predominam. • Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a
mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização
de outras palavras. O vocábulo “paráfrase”, do grego (paraphrasis),
Tipo Textual Predominante Gêneros Textuais
significa a “repetição de uma sentença”.
Descritivo Diário • Epígrafe: recurso bastante utilizado em obras e textos cientí-
Relatos (viagens, históricos, etc.) ficos. Consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha
Biografia e autobiografia alguma relação com o que será discutido no texto. Do grego, o ter-
Notícia mo “epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior)
Currículo e “graphé” (escrita).
Lista de compras • Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção
Cardápio textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa
Anúncios de classificados entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor.
Injuntivo Receita culinária Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem re-
Bula de remédio lacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o termo
Manual de instruções “citação” (citare) significa convocar.
Regulamento • Alusão: Faz referência aos elementos presentes em outros
Textos prescritivos textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
Expositivo Seminários • Outras formas de intertextualidade menos discutidas são
Palestras o pastiche, o sample, a tradução e a bricolagem.
Conferências
Entrevistas ARGUMENTAÇÃO
Trabalhos acadêmicos O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma informa-
Enciclopédia ção a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem positiva
Verbetes de dicionários de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, ou inteligente,

7
LÍNGUA PORTUGUESA
ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz seja admitido como instituição bancária e sua antiguidade, esta tem peso argumentati-
verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de convencer, ou seja, tem vo na afirmação da confiabilidade de um banco. Portanto é provável
o desejo de que o ouvinte creia no que o texto diz e faça o que ele que se creia que um banco mais antigo seja mais confiável do que
propõe. outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer as
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante enten-
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo der bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o auditó-
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas rio, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais fácil quanto
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a mais os argumentos estiverem de acordo com suas crenças, suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse expectativas, seus valores. Não se pode convencer um auditório
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocu- pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas que ele abomi-
tor a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o na. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas que ele considera
que está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem com frequência
da retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recur- associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos Estados Unidos,
sos de linguagem. essa associação certamente não surtiria efeito, porque lá o futebol
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom não é valorizado da mesma forma que no Brasil. O poder persuasivo
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa de um argumento está vinculado ao que é valorizado ou desvalori-
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de zado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e uma des- Tipos de Argumento
vantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos argumentar. Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado a fa-
Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher entre duas zer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um argu-
coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse caso, pre- mento. Exemplo:
cisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável. O argu-
mento pode então ser definido como qualquer recurso que torna Argumento de Autoridade
uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua no É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor crer pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber, para
que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais pos- servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse recur-
sível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. so produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do produtor
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao texto a
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do texto
enunciador está propondo. um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente e ver-
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. dadeira. Exemplo:
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das pre-
missas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos postulados Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não dependem de ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há conhe-
crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas apenas do encadea- cimento. Nunca o inverso.
mento de premissas e conclusões. Alex José Periscinoto.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a B.
A é igual a C. A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais impor-
Então: C é igual a A. tante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir a ela,
o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. Se
Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente, um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem
que C é igual a A. acreditar que é verdade.
Outro exemplo:
Todo ruminante é um mamífero. Argumento de Quantidade
A vaca é um ruminante. É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior nú-
Logo, a vaca é um mamífero. mero de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento
Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz
também será verdadeira. largo uso do argumento de quantidade.
No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-se Argumento do Consenso
mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais plau- É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se
sível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-se mais em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como
confiável do que os concorrentes porque existe desde a chegada verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que o
da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-nos que um objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia de
banco com quase dois séculos de existência é sólido e, por isso, con- que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao indiscu-
fiável. Embora não haja relação necessária entre a solidez de uma tível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que não

8
LÍNGUA PORTUGUESA
desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, as - Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque al-
afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de que guns deles são barrapesada, a gente botou o governador no hospi-
as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. Ao tal por três dias.
confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos argu-
mentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as frases Como dissemos antes, todo texto tem uma função argumen-
carentes de qualquer base científica. tativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério, para ser
ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de comunicação
Argumento de Existência deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que pretenda ser, um
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar texto tem sempre uma orientação argumentativa.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o ar- traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
gumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na mão homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
do que dois voando”. ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas concre- dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos episó-
tas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. Durante dios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e não
a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o exérci- outras, etc. Veja:
to americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. Essa “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras troca-
afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ser vam abraços afetuosos.”
vista como propagandística. No entanto, quando documentada pela
comparação do número de canhões, de carros de combate, de na- O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
vios, etc., ganhava credibilidade. e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
Argumento quase lógico que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa Além dos defeitos de argumentação mencionados quando tra-
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios são tamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios lógi- - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão am-
cos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias entre os plo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu contrá-
elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, plausí- rio. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente, pode ser
veis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a C”, “en- usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras podem ter valor
tão A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade lógica. positivo (paz, justiça, honestidade, democracia) ou vir carregadas
Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu amigo” de valor negativo (autoritarismo, degradação do meio ambiente,
não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade provável. injustiça, corrupção).
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que concor- um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
rem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir do tema ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se fundamen- o argumento.
tam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais com fatos ina- - Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do con-
dequados, narrar um fato e dele extrair generalizações indevidas. texto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por
Argumento do Atributo exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite
É aquele que considera melhor o que tem propriedades típi- que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido,
cas daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o outros à sua dependência política e econômica”.
que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência, ce-
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situa-
lebridades recomendando prédios residenciais, produtos de beleza,
ção concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvi-
alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o consumidor
dos na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação,
tende a associar o produto anunciado com atributos da celebrida-
o assunto, etc).
de.
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com mani-
Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
festações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo men-
competência linguística. A utilização da variante culta e formal da
língua que o produtor do texto conhece a norma linguística social- tir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas feitas
mente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um texto (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente,
em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o modo de afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, em seu texto,
dizer dá confiabilidade ao que se diz. sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o enunciador deve
Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de saúde construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas quali-
de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas manei- dades não se prometem, manifestam-se na ação.
ras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais ade- A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer
quada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria certa verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a
estranheza e não criaria uma imagem de competência do médico: que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz.
- Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um
conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui
por bem determinar o internamento do governador pelo período a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. Ar-
de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001. gumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações para che-

9
LÍNGUA PORTUGUESA
gar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é um processo - evidência;
de convencimento, por meio da argumentação, no qual procura-se - divisão ou análise;
convencer os outros, de modo a influenciar seu pensamento e seu - ordem ou dedução;
comportamento. - enumeração.
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão váli-
da, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia ou pro- A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
posição, e o interlocutor pode questionar cada passo do raciocínio e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
empregado na argumentação. A persuasão não válida apoia-se em encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
argumentos subjetivos, apelos subliminares, chantagens sentimen- A forma de argumentação mais empregada na redação acadê-
tais, com o emprego de “apelações”, como a inflexão de voz, a mí- mica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas, que
mica e até o choro. contém três proposições: duas premissas, maior e menor, e a con-
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, clusão. As três proposições são encadeadas de tal forma, que a con-
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a fa- clusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A premissa
vor e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresen- maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois alguns não
ta dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos caracteriza a universalidade.
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução (silo-
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na disserta- gística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai do
ção, ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo é o
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, de- silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se em
bate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, a uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva à
possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais, de
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação de
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos fun- fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa para
damentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de vista. o efeito. Exemplo:
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude argu-
mentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de dis- Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
curso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia. Fulano é homem (premissa menor = particular)
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições, Logo, Fulano é mortal (conclusão)
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas ve- A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseia-
zes, a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, se em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício para caso, as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, par-
aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em desenvol- te de fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconheci-
ver as seguintes habilidades: dos. O percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de uma O calor dilata o ferro (particular)
ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição total- O calor dilata o bronze (particular)
mente contrária; O calor dilata o cobre (particular)
- contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os O ferro, o bronze, o cobre são metais
argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresenta- Logo, o calor dilata metais (geral, universal)
ria contra a argumentação proposta;
- refutação: argumentos e razões contra a argumentação oposta. Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas
A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto, ar- também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos fatos,
gumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma conclu-
válidas, como se procede no método dialético. O método dialético são falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição inexata,
não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas. uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa analogia são
Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo de algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe má fé, intenção
sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno em ques- deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o sofisma não tem
tão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade. essas intenções propositais, costuma-se chamar esse processo de
Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou o mé- argumentação de paralogismo. Encontra-se um exemplo simples de
todo de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que parte do sofisma no seguinte diálogo:
simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência são a mes- - Você concorda que possui uma coisa que não perdeu?
ma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a conclusões - Lógico, concordo.
verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em partes, co- - Você perdeu um brilhante de 40 quilates?
meçando-se pelas proposições mais simples até alcançar, por meio - Claro que não!
de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio cartesiana, - Então você possui um brilhante de 40 quilates...
é fundamental determinar o problema, dividi-lo em partes, ordenar
os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os seus elementos Exemplos de sofismas:
e determinar o lugar de cada um no conjunto da dedução.
A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a Dedução
argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro Todo professor tem um diploma (geral, universal)
regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma Fulano tem um diploma (particular)
série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa)
da verdade:

10
LÍNGUA PORTUGUESA
Indução nos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores são
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. (parti- empregados de modo mais ou menos convencional. A classificação,
cular) no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens, gêneros e
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas caracterís-
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. ticas comuns e diferenciadoras. A classificação dos variados itens
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral integrantes de uma lista mais ou menos caótica é artificial.
– conclusão falsa)
Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
pode ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são profes- sabiá, torradeira.
sores; nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
Comete-se erro quando se faz generalizações apressadas ou infun- Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
dadas. A “simples inspeção” é a ausência de análise ou análise su- Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
perficial dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, basea- Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
dos nos sentimentos não ditados pela razão.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não fundamen- Os elementos desta lista foram classificados por ordem alfabé-
tais, que contribuem para a descoberta ou comprovação da verda- tica e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer critérios de
de: análise, síntese, classificação e definição. Além desses, existem classificação das ideias e argumentos, pela ordem de importância, é
outros métodos particulares de algumas ciências, que adaptam os uma habilidade indispensável para elaborar o desenvolvimento de
processos de dedução e indução à natureza de uma realidade par- uma redação. Tanto faz que a ordem seja crescente, do fato mais
ticular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu método próprio importante para o menos importante, ou decrescente, primeiro
demonstrativo, comparativo, histórico etc. A análise, a síntese, a o menos importante e, no final, o impacto do mais importante; é
classificação a definição são chamadas métodos sistemáticos, por- indispensável que haja uma lógica na classificação. A elaboração
que pela organização e ordenação das ideias visam sistematizar a do plano compreende a classificação das partes e subdivisões, ou
pesquisa. seja, os elementos do plano devem obedecer a uma hierarquização.
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; (Garcia, 1973, p. 302304.)
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para o Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na in-
todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma de- trodução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para expres-
pende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto a sar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara e racio-
síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, nalmente as posições assumidas e os argumentos que as justificam.
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém É muito importante deixar claro o campo da discussão e a posição
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também os pontos
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria de vista sobre ele.
todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combina- A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da lingua-
das, seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, gem e consiste na enumeração das qualidades próprias de uma
o relógio estaria reconstruído. ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento conforme a
Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo por espécie a que pertence, demonstra: a característica que o diferen-
meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num con- cia dos outros elementos dessa mesma espécie.
junto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a análise, Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição
que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma decompo- é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. A
sição organizada, é preciso saber como dividir o todo em partes. As definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às pa-
operações que se realizam na análise e na síntese podem ser assim lavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou
relacionadas: metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica
Análise: penetrar, decompor, separar, dividir. tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos:
Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir. - o termo a ser definido;
- o gênero ou espécie;
A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias - a diferença específica.
a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação
de abordagens possíveis. A síntese também é importante na esco- O que distingue o termo definido de outros elementos da mes-
lha dos elementos que farão parte do texto. ma espécie. Exemplo:
Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou in-
formal. A análise formal pode ser científica ou experimental; é ca- Na frase: O homem é um animal racional classifica-se:
racterística das ciências matemáticas, físico-naturais e experimen-
tais. A análise informal é racional ou total, consiste em “discernir”
por vários atos distintos da atenção os elementos constitutivos de
um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou fenômeno. Elemento especie diferença
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabe- a ser definido específica
lece as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se É muito comum formular definições de maneira defeituosa,
confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos: por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em par-
análise é decomposição e classificação é hierarquisação. tes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando é
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenôme- advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é
nos por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importan-
classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou me- te é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973,

11
LÍNGUA PORTUGUESA
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está assim, desse ponto de vista.
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
ou instalação”; elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes, de-
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; pois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente, de-
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, pois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras de
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar uma
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição expan- ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da mesma
dida;d forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente. Para esta-
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + belecer contraste, empregam-se as expressões: mais que, menos
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as que, melhor que, pior que.
diferenças). Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio de Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística que reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma afir-
consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a pala- mação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a credi-
vra e seus significados. bilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais no
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação. Sem- corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao fazer
pre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira e uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos na li-
necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada nha de raciocínio que ele considera mais adequada para explicar ou
com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional do justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento tem mais
mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma funda- caráter confirmatório que comprobatório.
mentação coerente e adequada. Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam expli-
Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica clás- cação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido por
sica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o julgamento consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. Nesse
da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é clara e pode reco- caso, incluem-se
nhecer-se facilmente seus elementos e suas relações; outras vezes, - A declaração que expressa uma verdade universal (o homem,
as premissas e as conclusões organizam-se de modo livre, mistu- mortal, aspira à imortalidade);
rando-se na estrutura do argumento. Por isso, é preciso aprender a - A declaração que é evidente por si mesma (caso dos postula-
reconhecer os elementos que constituem um argumento: premis- dos e axiomas);
sas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar se tais elementos - Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de nature-
são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar se o argumento está za subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria razão
expresso corretamente; se há coerência e adequação entre seus desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto não se
elementos, ou se há contradição. Para isso é que se aprende os pro- discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda que
cessos de raciocínio por dedução e por indução. Admitindo-se que parece absurdo).
raciocinar é relacionar, conclui-se que o argumento é um tipo espe-
cífico de relação entre as premissas e a conclusão. Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de
Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados con-
argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação: cretos, estatísticos ou documentais.
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação. Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação se
Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: cau-
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns nes- sa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência.
se tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de maior Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
relevância que. Empregam-se também dados estatísticos, acompa- julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opi-
nhados de expressões: considerando os dados; conforme os dados niões pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprova-
apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela apresentação de da, e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que
causas e consequências, usando-se comumente as expressões: por- expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na
que, porquanto, pois que, uma vez que, visto que, por causa de, em evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade
virtude de, em vista de, por motivo de. dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra-
Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é expli- -argumentação ou refutação. São vários os processos de contra-ar-
car ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar gumentação:
esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpreta- Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação demonstran-
ção. Na explicitação por definição, empregamse expressões como: do o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a contraargu-
quer dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, mentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o cordeiro”;
ou melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,

12
LÍNGUA PORTUGUESA
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros ur-
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga ver- banos;
dadeira; - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento à opi- mais a sociedade.
nião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a universali-
dade da afirmação; Conclusão
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consis- - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/conse-
te em refutar um argumento empregando os testemunhos de auto- quências maléficas;
ridade que contrariam a afirmação apresentada; - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em de- apresentados.
sautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador baseou-se
em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou inconsequentes. Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de reda-
Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por meio de dados ção: é um dos possíveis.
estatísticos, que “o controle demográfico produz o desenvolvimen-
to”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois baseia-se em
uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. Para con-
traargumentar, propõese uma relação inversa: “o desenvolvimento DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL
é que gera o controle demográfico”.
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para ORTOGRAFIA OFICIAL
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas ao • Mudanças no alfabeto: O alfabeto tem 26 letras. Foram rein-
desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em segui- troduzidas as letras k, w e y.
da, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados para a O alfabeto completo é o seguinte: A B C D E F G H I J K L M N O
elaboração de um Plano de Redação. PQRSTUVWXYZ
• Trema: Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue,
tecnológica gui, que, qui.
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da respos- Regras de acentuação
ta, justificar, criando um argumento básico; – Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
- Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima
construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação sílaba)
que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
(rever tipos de argumentação);
Como era Como fica
- Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias po- alcatéia alcateia
dem ser listadas livremente ou organizadas como causa e conse- apóia apoia
quência);
- Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o apóio apoio
argumento básico;
- Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que Atenção: essa regra só vale para as paroxítonas. As oxítonas
poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se em continuam com acento: Ex.: papéis, herói, heróis, troféu, troféus.
argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do argu-
mento básico; – Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no
- Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma se- u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
quência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo às
partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou Como era Como fica
menos a seguinte:
baiúca baiuca
Introdução bocaiúva bocaiuva
- função social da ciência e da tecnologia;
- definições de ciência e tecnologia; Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em
- indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico. posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos:
tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
Desenvolvimento
- apresentação de aspectos positivos e negativos do desenvol- – Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem
vimento tecnológico; e ôo(s).
- como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
condições de vida no mundo atual;
- a tecnocracia: oposição entre uma sociedade tecnologica- Como era Como fica
mente desenvolvida e a dependência tecnológica dos países sub- abençôo abençoo
desenvolvidos; crêem creem
- enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
- comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do pas-
– Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/
sado; apontar semelhanças e diferenças;
para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

13
LÍNGUA PORTUGUESA
Atenção: Coerência
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. É uma rede de sintonia entre as partes e o todo de um texto.
• Permanece o acento diferencial em pôr/por. Conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação se-
• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural mântica, que se manifesta na compatibilidade entre as ideias. (Na
dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, linguagem popular: “dizer coisa com coisa” ou “uma coisa bate com
reter, conter, convir, intervir, advir etc.). outra”).
• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as Coerência é a unidade de sentido resultante da relação que se
palavras forma/fôrma. estabelece entre as partes do texto. Uma ideia ajuda a compreen-
der a outra, produzindo um sentido global, à luz do qual cada uma
Uso de hífen das partes ganha sentido. Coerência é a ligação em conjunto dos
Regra básica: elementos formativos de um texto.
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-ho- A coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito
mem. aos conceitos e às relações semânticas que permitem a união dos
elementos textuais.
Outros casos A coerência de um texto é facilmente deduzida por um falante
1. Prefixo terminado em vogal: de uma língua, quando não encontra sentido lógico entre as propo-
– Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo. sições de um enunciado oral ou escrito. É a competência linguística,
– Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, tomada em sentido lato, que permite a esse falante reconhecer de
semicírculo. imediato a coerência de um discurso.
– Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracis-
mo, antissocial, ultrassom. A coerência:
– Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas. - assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do texto;
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão concei-
2. Prefixo terminado em consoante: tual;
– Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub- - relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o todo, com
-bibliotecário. o aspecto global do texto;
– Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, su- - estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases.
persônico.
– Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante. Coesão
É um conjunto de elementos posicionados ao longo do texto,
Observações: numa linha de sequência e com os quais se estabelece um vínculo
• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo se faz via gramática,
iniciada por r: sub-região, sub-raça. Palavras iniciadas por h perdem fala-se em coesão gramatical. Se se faz por meio do vocabulário,
essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade. tem-se a coesão lexical.
• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de pala- A coesão textual é a ligação, a relação, a conexão entre pala-
vra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano. vras, expressões ou frases do texto. Ela manifesta-se por elementos
• O prefixo co aglutina-se, em geral, com o segundo elemento, gramaticais, que servem para estabelecer vínculos entre os compo-
mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, coope- nentes do texto.
rar, cooperação, cooptar, coocupante.
Existem, em Língua Portuguesa, dois tipos de coesão: a lexical,
• Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-al-
que é obtida pelas relações de sinônimos, hiperônimos, nomes ge-
mirante.
néricos e formas elididas, e a gramatical, que é conseguida a partir
• Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam
do emprego adequado de artigo, pronome, adjetivo, determinados
a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva,
advérbios e expressões adverbiais, conjunções e numerais.
pontapé, paraquedas, paraquedista.
A coesão:
• Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
- assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar,
recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu. - situa-se na superfície do texto, estabele conexão sequencial;
- relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as partes
Viu? Tudo muito tranquilo. Certeza que você já está dominando componentes do texto;
muita coisa. Mas não podemos parar, não é mesmo?!?! Por isso - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das frases.
vamos passar para mais um ponto importante.

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS. DOMÍNIO


DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL. DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO. EM-
EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBS- PREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS
TITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OU-
TROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL CLASSES DE PALAVRAS

Coesão e coerência fazem parte importante da elaboração de Substantivo


um texto com clareza. Ela diz respeito à maneira como as ideias são São as palavras que atribuem nomes aos seres reais ou imagi-
organizadas a fim de que o objetivo final seja alcançado: a com- nários (pessoas, animais, objetos), lugares, qualidades, ações e sen-
preensão textual. Na redação espera-se do autor capacidade de timentos, ou seja, que tem existência concreta ou abstrata. 
mobilizar conhecimentos e opiniões, argumentar de modo coeren-
te, além de expressar-se com clareza, de forma correta e adequada.

14
LÍNGUA PORTUGUESA
Classificação dos substantivos c) Comuns de dois gêneros: a palavra tem a mesma forma tanto
para o masculino quanto para o feminino: o/a turista, o/a agente,
SUBSTANTIVO SIMPLES: Olhos/água/ o/a estudante, o/a colega.
apresentam um só radical em muro/quintal/caderno/ • Número: Podem flexionar em singular (1) e plural (mais de 1).
sua estrutura. macaco/João/sabão – Singular: anzol, tórax, próton, casa.
– Plural: anzóis, os tórax, prótons, casas.
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS: Macacos-prego/
são formados por mais de um porta-voz/ • Grau: Podem apresentar-se no grau aumentativo e no grau
radical em sua estrutura. pé-de-moleque diminutivo.
SUBSTANTIVOS PRIMITIVOS: Casa/ – Grau aumentativo sintético: casarão, bocarra.
são os que dão origem a mundo/ – Grau aumentativo analítico: casa grande, boca enorme.
outras palavras, ou seja, ela é população – Grau diminutivo sintético: casinha, boquinha
a primeira. /formiga – Grau diminutivo analítico: casa pequena, boca minúscula. 
SUBSTANTIVOS DERIVADOS: Caseiro/mundano/ Adjetivo
são formados por outros populacional/formigueiro É a palavra invariável que especifica e caracteriza o substanti-
radicais da língua. vo: imprensa livre, favela ocupada. Locução adjetiva é expressão
SUBSTANTIVOS PRÓPRIOS: Rodrigo composta por substantivo (ou advérbio) ligado a outro substantivo
designa determinado ser /Brasil por preposição com o mesmo valor e a mesma função que um ad-
entre outros da mesma /Belo Horizonte/Estátua da jetivo: golpe de mestre (golpe magistral), jornal da tarde (jornal
espécie. São sempre iniciados Liberdade vespertino).
por letra maiúscula.
Flexão do Adjetivos
SUBSTANTIVOS COMUNS: biscoitos/ruídos/estrelas/
• Gênero:
referem-se qualquer ser de cachorro/prima
– Uniformes: apresentam uma só para o masculino e o femini-
uma mesma espécie.
no: homem feliz, mulher feliz.
SUBSTANTIVOS CONCRETOS: Leão/corrente – Biformes: apresentam uma forma para o masculino e outra
nomeiam seres com existência /estrelas/fadas para o feminino: juiz sábio/ juíza sábia, bairro japonês/ indústria
própria. Esses seres podem /lobisomem japonesa, aluno chorão/ aluna chorona. 
ser animadoso ou inanimados, /saci-pererê
reais ou imaginários. • Número:
SUBSTANTIVOS ABSTRATOS: Mistério/ – Os adjetivos simples seguem as mesmas regras de flexão de
nomeiam ações, estados, bondade/ número que os substantivos: sábio/ sábios, namorador/ namorado-
qualidades e sentimentos que confiança/ res, japonês/ japoneses.
não tem existência própria, ou lembrança/ – Os adjetivos compostos têm algumas peculiaridades: luvas
seja, só existem em função de amor/ branco-gelo, garrafas amarelo-claras, cintos da cor de chumbo.
um ser. alegria
• Grau:
SUBSTANTIVOS COLETIVOS: Elenco (de atores)/ – Grau Comparativo de Superioridade: Meu time é mais vito-
referem-se a um conjunto acervo (de obras artísticas)/ rioso (do) que o seu.
de seres da mesma espécie, buquê (de flores) – Grau Comparativo de Inferioridade: Meu time é menos vito-
mesmo quando empregado rioso (do) que o seu.
no singular e constituem um – Grau Comparativo de Igualdade: Meu time é tão vitorioso
substantivo comum. quanto o seu.
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS – Grau Superlativo Absoluto Sintético: Meu time é famosíssi-
QUE NÃO ESTÃO AQUI! mo.
– Grau Superlativo Absoluto Analítico: Meu time é muito fa-
Flexão dos Substantivos moso.
• Gênero: Os gêneros em português podem ser dois: masculi- – Grau Superlativo Relativo de Superioridade: Meu time é o
no e feminino. E no caso dos substantivos podem ser biformes ou mais famoso de todos.
uniformes – Grau Superlativo Relativo de Inferioridade; Meu time é me-
– Biformes: as palavras tem duas formas, ou seja, apresenta nos famoso de todos.
uma forma para o masculino e uma para o feminino: tigre/tigresa, o
presidente/a presidenta, o maestro/a maestrina Artigo
– Uniformes: as palavras tem uma só forma, ou seja, uma única É uma palavra variável em gênero e número que antecede o
forma para o masculino e o feminino. Os uniformes dividem-se em substantivo, determinando de modo particular ou genérico.
epicenos, sobrecomuns e comuns de dois gêneros. • Classificação e Flexão do Artigos
a) Epicenos: designam alguns animais e plantas e são invariá- – Artigos Definidos: o, a, os, as.
veis: onça macho/onça fêmea, pulga macho/pulga fêmea, palmeira O menino carregava o brinquedo em suas costas.
macho/palmeira fêmea. As meninas brincavam com as bonecas.
b) Sobrecomuns: referem-se a seres humanos; é pelo contexto – Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas.
que aparecem que se determina o gênero: a criança (o criança), a Um menino carregava um brinquedo.
testemunha (o testemunha), o individuo (a individua). Umas meninas brincavam com umas bonecas.

15
LÍNGUA PORTUGUESA
Numeral
É a palavra que indica uma quantidade definida de pessoas ou coisas, ou o lugar (posição) que elas ocupam numa série.
• Classificação dos Numerais
– Cardinais: indicam número ou quantidade:
Trezentos e vinte moradores.
– Ordinais: indicam ordem ou posição numa sequência:
Quinto ano. Primeiro lugar.
– Multiplicativos: indicam o número de vezes pelo qual uma quantidade é multiplicada:
O quíntuplo do preço.
– Fracionários: indicam a parte de um todo:
Dois terços dos alunos foram embora.

Pronome
É a palavra que substitui os substantivos ou os determinam, indicando a pessoa do discurso.
• Pronomes pessoais vão designar diretamente as pessoas em uma conversa. Eles indicam as três pessoas do discurso.

Pronomes Retos Pronomes Oblíquos


Pessoas do Discurso
Função Subjetiva Função Objetiva
1º pessoa do singular Eu Me, mim, comigo
2º pessoa do singular Tu Te, ti, contigo
3º pessoa do singular Ele, ela,  Se, si, consigo, lhe, o, a
1º pessoa do plural Nós Nos, conosco
2º pessoa do plural Vós Vos, convosco
3º pessoa do plural Eles, elas Se, si, consigo, lhes, os, as

• Pronomes de Tratamento são usados no trato com as pessoas, normalmente, em situações formais de comunicação.

Pronomes de Tratamento Emprego


Você Utilizado em situações informais.
Senhor (es) e Senhora (s) Tratamento para pessoas mais velhas.
Vossa Excelência Usados para pessoas com alta autoridade
Vossa Magnificência Usados para os reitores das Universidades.
Vossa Senhoria Empregado nas correspondências e textos escritos.
Vossa Majestade Utilizado para Reis e Rainhas
Vossa Alteza Utilizado para príncipes, princesas, duques.
Vossa Santidade Utilizado para o Papa
Vossa Eminência Usado para Cardeais.
Vossa Reverendíssima Utilizado para sacerdotes e religiosos em geral.

• Pronomes Possessivos referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de alguma coisa.

Pessoa do Discurso Pronome Possessivo


1º pessoa do singular Meu, minha, meus, minhas
2º pessoa do singular teu, tua, teus, tuas
3º pessoa do singular seu, sua, seus, suas
1º pessoa do plural Nosso, nossa, nossos, nossas
2º pessoa do plural Vosso, vossa, vossos, vossas
3º pessoa do plural Seu, sua, seus, suas

• Pronomes Demonstrativos são utilizados para indicar a posição de algum elemento em relação à pessoa seja no discurso, no tempo
ou no espaço.

16
LÍNGUA PORTUGUESA
Pronomes Demonstrativos Singular Plural
Feminino esta, essa, aquela estas, essas, aquelas
Masculino este, esse, aquele estes, esses, aqueles

• Pronomes Indefinidos referem-se à 3º pessoa do discurso, designando-a de modo vago, impreciso, indeterminado. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (varia em gênero e número) e invariáveis (não variam em gênero e número).

Classificação Pronomes Indefinidos


algum, alguma, alguns, algumas, nenhum, nenhuma, nenhuns, nenhumas, muito, muita, muitos, muitas, pouco,
pouca, poucos, poucas, todo, toda, todos, todas, outro, outra, outros, outras, certo, certa, certos, certas, vário,
Variáveis
vária, vários, várias, tanto, tanta, tantos, tantas, quanto, quanta, quantos, quantas, qualquer, quaisquer, qual, quais,
um, uma, uns, umas.
Invariáveis quem, alguém, ninguém, tudo, nada, outrem, algo, cada.

• Pronomes Interrogativos são palavras variáveis e invariáveis utilizadas para formular perguntas diretas e indiretas.

Classificação Pronomes Interrogativos


Variáveis qual, quais, quanto, quantos, quanta, quantas.
Invariáveis quem, que.

• Pronomes Relativos referem-se a um termo já dito anteriormente na oração, evitando sua repetição.  Eles também podem ser
variáveis e invariáveis.

Classificação Pronomes Relativos


Variáveis o qual, a qual, os quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas.
Invariáveis quem, que, onde.

Verbos
São as palavras que exprimem ação, estado, fenômenos meteorológicos, sempre em relação ao um determinado tempo.

• Flexão verbal
Os verbos podem ser flexionados de algumas formas.
– Modo: É a maneira, a forma como o verbo se apresenta na frase para indicar uma atitude da pessoa que o usou. O modo é dividido
em três: indicativo (certeza, fato), subjuntivo (incerteza, subjetividade) e imperativo (ordem, pedido).
– Tempo: O tempo indica o momento em que se dá o fato expresso pelo verbo. Existem três tempos no modo indicativo: presente,
passado (pretérito perfeito, imperfeito e mais-que-perfeito) e futuro (do presente e do pretérito). No subjuntivo, são três: presente, pre-
térito imperfeito e futuro.
– Número: Este é fácil: singular e plural.
– Pessoa: Fácil também: 1ª pessoa (eu amei, nós amamos); 2º pessoa (tu amaste, vós amastes); 3ª pessoa (ele amou, eles amaram).

• Formas nominais do verbo


Os verbos têm três formas nominais, ou seja, formas que exercem a função de nomes (normalmente, substantivos). São elas infinitivo
(terminado em -R), gerúndio (terminado em –NDO) e particípio (terminado em –DA/DO).

• Voz verbal
É a forma como o verbo se encontra para indicar sua relação com o sujeito. Ela pode ser ativa, passiva ou reflexiva.
– Voz ativa: Segundo a gramática tradicional, ocorre voz ativa quando o verbo (ou locução verbal) indica uma ação praticada pelo
sujeito. Veja:
João pulou da cama atrasado
– Voz passiva: O sujeito é paciente e, assim, não pratica, mas recebe a ação. A voz passiva pode ser analítica ou sintética. A voz passiva
analítica é formada por:
Sujeito paciente + verbo auxiliar (ser, estar, ficar, entre outros) + verbo principal da ação conjugado no particípio + preposição por/
pelo/de + agente da passiva.
A casa foi aspirada pelos rapazes

A voz passiva sintética, também chamada de voz passiva pronominal (devido ao uso do pronome se) é formada por:
Verbo conjugado na 3.ª pessoa (no singular ou no plural) + pronome apassivador «se» + sujeito paciente.
Aluga-se apartamento.

17
LÍNGUA PORTUGUESA
Advérbio pois (antes do verbo), porquanto, porque,
É a palavra invariável que modifica o verbo, adjetivo, outro ad- Explicativas
que...
vérbio ou a oração inteira, expressando uma determinada circuns-
tância. As circunstâncias dos advérbios podem ser:
• Conjunções Subordinativas
– Tempo: ainda, cedo, hoje, agora, antes, depois, logo, já, ama-
nhã, tarde, sempre, nunca, quando, jamais, ontem, anteontem,
brevemente, atualmente, à noite, no meio da noite, antes do meio- Tipos Conjunções Subordinativas
-dia, à tarde, de manhã, às vezes, de repente, hoje em dia, de vez Causais Porque, pois, porquanto, como, etc.
em quando, em nenhum momento, etc.
– Lugar: Aí, aqui, acima, abaixo, ali, cá, lá, acolá, além, aquém, Embora, conquanto, ainda que, mes-
Concessivas
perto, longe, dentro, fora, adiante, defronte, detrás, de cima, em mo que, posto que, etc.
cima, à direita, à esquerda, de fora, de dentro, por fora, etc. Se, caso, quando, conquanto que,
– Modo: assim, melhor, pior, bem, mal, devagar, depressa, rapi- Condicionais
salvo se, sem que, etc.
damente, lentamente, apressadamente, felizmente, às pressas, às
Conforme, como (no sentido de con-
ocultas, frente a frente, com calma, em silêncio, etc. Conformativas
forme), segundo, consoante, etc.
– Afirmação: sim, deveras, decerto, certamente, seguramente,
efetivamente, realmente, sem dúvida, com certeza, por certo, etc.  Para que, a fim de que, porque (no
Finais
– Negação: não, absolutamente, tampouco, nem, de modo al- sentido de que), que, etc.
gum, de jeito nenhum, de forma alguma, etc. À medida que, ao passo que, à
– Intensidade: muito, pouco, mais, menos, meio, bastante, as- Proporcionais
proporção que, etc.
saz, demais, bem, mal, tanto, tão, quase, apenas, quanto, de pouco,
de todo, etc. Quando, antes que, depois que, até
Temporais
– Dúvida: talvez, acaso, possivelmente, eventualmente, por- que, logo que, etc.
ventura, etc. Que, do que (usado depois de mais,
Comparativas
menos, maior, menor, melhor, etc.
Preposição
É a palavra que liga dois termos, de modo que o segundo com- Que (precedido de tão, tal, tanto), de
Consecutivas
plete o sentido do primeiro. As preposições são as seguintes: modo que, De maneira que, etc.
Integrantes Que, se.

Interjeição
É a palavra invariável que exprime ações, sensações, emoções,
apelos, sentimentos e estados de espírito, traduzindo as reações
das pessoas.

• Principais Interjeições
Oh! Caramba! Viva! Oba! Alô! Psiu! Droga! Tomara! Hum!

Dez classes de palavras foram estudadas agora. O estudo delas


é muito importante, pois se você tem bem construído o que é e a
função de cada classe de palavras, não terá dificuldades para enten-
der o estudo da Sintaxe.

Conjunção
É palavra que liga dois elementos da mesma natureza ou uma
oração a outra. As conjunções podem ser coordenativas (que ligam RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E EN-
orações sintaticamente independentes) ou subordinativas (que li- TRE TERMOS DA ORAÇÃO. RELAÇÕES DE SUBORDINA-
gam orações com uma relação hierárquica, na qual um elemento é ÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO
determinante e o outro é determinado).
Agora chegamos no assunto que causa mais temor em muitos
• Conjunções Coordenativas estudantes. Mas eu tenho uma boa notícia para te dar: o estudo
da sintaxe é mais fácil do que parece e você vai ver que sabe muita
Tipos Conjunções Coordenativas coisa que nem imagina. Para começar, precisamos de classificar al-
gumas questões importantes:
Aditivas e, mas ainda, mas também, nem...
contudo, entretanto, mas, não obstante, no en- • Frase: Enunciado que estabelece uma comunicação de sen-
Adversativas tido completo. 
tanto, porém, todavia...
Os jornais publicaram a notícia.
já…, já…, ou, ou…, ou…, ora…, ora…, quer…,
Alternativas Silêncio! 
quer…
assim, então, logo, pois (depois do verbo), por • Oração: Enunciado que se forma com um verbo ou com uma
Conclusivas
conseguinte, por isso, portanto... locução verbal.
Este filme causou grande impacto entre o público.
A inflação deve continuar sob controle.

18
LÍNGUA PORTUGUESA
• Período Simples: formado por uma única oração.
O clima se alterou muito nos últimos dias.

• Período Composto: formado por mais de uma oração.


O governo prometeu/ que serão criados novos empregos.

Bom, já está a clara a diferença entre frase, oração e período. Vamos, então, classificar os elementos que compõem uma oração:
• Sujeito: Termo da oração do qual se declara alguma coisa.
O problema da violência preocupa os cidadãos.
• Predicado: Tudo que se declara sobre o sujeito.
A tecnologia permitiu o resgate dos operários.
• Objeto Direto: Complemento que se liga ao verbo transitivo direto ou ao verbo transitivo direto e indireto sem o auxílio da prepo-
sição.
A tecnologia tem possibilitado avanços notáveis.
Os pais oferecem ajuda financeira ao filho.
• Objeto Indireto: Complemento que se liga ao verbo transitivo indireto ou ao verbo transitivo direto e indireto por meio de preposi-
ção. 
Os Estados Unidos resistem ao grave momento.
João gosta de beterraba.
• Adjunto Adverbial: Termo modificador do verbo que exprime determinada circunstância (tempo, lugar, modo etc.) ou intensifica um
verbo, adjetivo ou advérbio.
O ônibus saiu à noite quase cheio, com destino a Salvador.
Vamos sair do mar.
• Agente da Passiva: Termo da oração que exprime quem pratica a ação verbal quando o verbo está na voz passiva.
Raquel foi pedida em casamento por seu melhor amigo.
• Adjunto Adnominal: Termo da oração que modifica um substantivo, caracterizando-o ou determinando-o sem a intermediação de
um verbo.
Um casal de médicos eram os novos moradores do meu prédio.
• Complemento Nominal: Termo da oração que completa nomes, isto é, substantivos, adjetivos e advérbios, e vem preposicionado.
A realização do torneio teve a aprovação de todos.
• Predicativo do Sujeito: Termo que atribui característica ao sujeito da oração.
A especulação imobiliária me parece um problema.
• Predicativo do Objeto: Termo que atribui características ao objeto direto ou indireto da oração.
O médico considerou o paciente hipertenso.
• Aposto: Termo da oração que explica, esclarece, resume ou identifica o nome ao qual se refere (substantivo, pronome ou equivalen-
tes). O aposto sempre está entre virgulas ou após dois-pontos.
A praia do Forte, lugar paradisíaco, atrai muitos turistas.
• Vocativo: Termo da oração que se refere a um interlocutor a quem se dirige a palavra.
Senhora, peço aguardar mais um pouco.

Tipos de orações
As partes de uma oração já está fresquinha aí na sua cabeça, não é?!?! Estudar os tipos de orações que existem será moleza, moleza.
Vamos comigo!!!
Temos dois tipos de orações: as coordenadas, cuja as orações de um período são independentes (não dependem uma da outra para
construir sentido completo); e as subordinadas, cuja as orações de um período são dependentes (dependem uma da outra para construir
sentido completo).
As orações coordenadas podem ser sindéticas (conectadas uma a outra por uma conjunção) e assindéticas (que não precisam da
conjunção para estar conectadas. O serviço é feito pela vírgula).

Tipos de orações coordenadas

Orações Coordenadas Sindéticas Orações Coordenadas Assindéticas


Aditivas Fomos para a escola e fizemos o exame final. • Lena estava triste, cansada, decepcionada.
Adversativas Pedro Henrique estuda muito, porém não passa •
no vestibular. • Ao chegar à escola conversamos, estudamos, lan-
chamos.
Alternativas Manuela  ora  quer comer hambúrguer,  ora  quer
comer pizza. Alfredo está chateado, pensando em se mudar.
Conclusivas Não gostamos do restaurante,  portanto não
iremos mais lá. Precisamos estar com cabelos arrumados, unhas feitas.

Explicativas Marina não queria falar,  ou seja, ela estava de João Carlos e Maria estão radiantes, alegria que dá inveja.
mau humor.

19
LÍNGUA PORTUGUESA
Tipos de orações subordinadas
As orações subordinadas podem ser substantivas, adjetivas e adverbiais. Cada uma delas tem suas subclassificações, que veremos
agora por meio do quadro seguinte.

Orações Subordinadas
Subjetivas É certo que ele trará os a sobremesa do
Exercem a função de sujeito jantar.
Completivas Nominal Estou convencida de que ele é solteiro.
Exercem a função de complemento
nominal
Predicativas O problema é que ele não entregou a
Orações Subordinadas Substantivas Exercem a função de predicativo refeição no lugar.
Apositivas Eu lhe disse apenas isso: que não se
Exercem a função de aposto aborrecesse com ela.
Objetivas Direta Espero que você seja feliz.
Exercem a função de objeto direto
Objetivas Indireta Lembrou-se da dívida que tem com ele.
Exercem a função de objeto indireto
Explicativas Os alunos, que foram mal na prova de
Explicam um termo dito anteriormente. quinta, terão aula de reforço.
SEMPRE serão acompanhadas por
vírgula.
Orações Subordinadas Adjetivas
Restritivas Os alunos que foram mal na prova de quinta
Restringem o sentido de um termo terão aula de reforço.
dito anteriormente. NUNCA serão
acompanhadas por vírgula.
Causais Estou vestida assim porque vou sair.
Assumem a função de advérbio de causa
Consecutivas Falou tanto que ficou rouca o resto do dia.
Assumem a função de advérbio de
consequência
Comparativas A menina comia como um adulto come.
Assumem a função de advérbio de
comparação
Condicionais Desde que ele participe, poderá entrar na
Assumem a função de advérbio de reunião.
condição
Conformativas O shopping fechou, conforme havíamos
Assumem a função de advérbio de previsto.
Orações Subordinadas Adverbiais
conformidade
Concessivas Embora eu esteja triste, irei à festa mais
Assumem a função de advérbio de tarde.
concessão
Finais Vamos direcionar os esforços para que todos
Assumem a função de advérbio de tenham acesso aos benefícios.
finalidade
Proporcionais Quanto mais eu dormia, mais sono tinha.
Assumem a função de advérbio de
proporção
Temporais Quando a noite chega, os morcegos saem de
Assumem a função de advérbio de suas casas.
tempo

Olha como esse quadro facilita a vida, não é?! Por meio dele, conseguimos ter uma visão geral das classificações e subclassificações
das orações, o que nos deixa mais tranquilos para estudá-las.

20
LÍNGUA PORTUGUESA
Ex: Estamos — eu e meu esposo — repletos de gratidão.
EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
Parênteses e colchetes ( ) – [ ]
Pontuação Os parênteses assinalam um isolamento sintático e semântico
Com Nina Catach, entendemos por pontuação um “sistema mais completo dentro do enunciado, além de estabelecer maior in-
de reforço da escrita, constituído de sinais sintáticos, destinados a timidade entre o autor e o seu leitor. Em geral, a inserção do parên-
organizar as relações e a proporção das partes do discurso e das tese é assinalada por uma entonação especial. Intimamente ligados
pausas orais e escritas. Estes sinais também participam de todas as aos parênteses pela sua função discursiva, os colchetes são utiliza-
funções da sintaxe, gramaticais, entonacionais e semânticas”. (BE- dos quando já se acham empregados os parênteses, para introduzi-
CHARA, 2009, p. 514) rem uma nova inserção.
A partir da definição citada por Bechara podemos perceber a Ex: Vamos estar presentes na festa (aquela organizada pelo go-
importância dos sinais de pontuação, que é constituída por alguns vernador)
sinais gráficos assim distribuídos: os separadores (vírgula [ , ], pon-
to e vírgula [ ; ], ponto final [ . ], ponto de exclamação [ ! ], reti- Aspas ( “ ” )
cências [ ... ]), e os de comunicação ou “mensagem” (dois pontos As aspas são empregadas para dar a certa expressão sentido
[ : ], aspas simples [‘ ’], aspas duplas [ “ ” ], travessão simples [ – ], particular (na linguagem falada é em geral proferida com entoação
travessão duplo [ — ], parênteses [ ( ) ], colchetes ou parênteses especial) para ressaltar uma expressão dentro do contexto ou para
retos [ [ ] ], chave aberta [ { ], e chave fechada [ } ]). apontar uma palavra como estrangeirismo ou gíria. É utilizada, ain-
da, para marcar o discurso direto e a citação breve.
Ex: O “coffe break” da festa estava ótimo.
Ponto ( . )
O ponto simples final, que é dos sinais o que denota maior pau-
Vírgula
sa, serve para encerrar períodos que terminem por qualquer tipo
São várias as regras que norteiam o uso das vírgulas. Eviden-
de oração que não seja a interrogativa direta, a exclamativa e as
ciaremos, aqui, os principais usos desse sinal de pontuação. Antes
reticências.
disso, vamos desmistificar três coisas que ouvimos em relação à
Estaremos presentes na festa.
vírgula:
1º – A vírgula não é usada por inferência. Ou seja: não “senti-
Ponto de interrogação ( ? )
mos” o momento certo de fazer uso dela.
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação interrogati-
2º – A vírgula não é usada quando paramos para respirar. Em
va ou de incerteza, real ou fingida, também chamada retórica.
alguns contextos, quando, na leitura de um texto, há uma vírgula, o
Você vai à festa?
leitor pode, sim, fazer uma pausa, mas isso não é uma regra. Afinal,
cada um tem seu tempo de respiração, não é mesmo?!?!
Ponto de exclamação ( ! )
3º – A vírgula tem sim grande importância na produção de tex-
Põe-se no fim da oração enunciada com entonação exclama-
tos escritos. Não caia na conversa de algumas pessoas de que ela é
tiva.
Ex: Que bela festa! menos importante e que pode ser colocada depois.
Agora, precisamos saber que a língua portuguesa tem uma or-
Reticências ( ... ) dem comum de construção de suas frases, que é Sujeito > Verbo >
Denotam interrupção ou incompletude do pensamento (ou Objeto > Adjunto, ou seja, (SVOAdj).
porque se quer deixar em suspenso, ou porque os fatos se dão com Maria foi à padaria ontem.
breve espaço de tempo intervalar, ou porque o nosso interlocutor Sujeito Verbo Objeto Adjunto
nos toma a palavra), ou hesitação em enunciá-lo.
Ex: Essa festa... não sei não, viu. Perceba que, na frase acima, não há o uso de vírgula. Isso ocor-
re por alguns motivos:
Dois-pontos ( : ) 1) NÃO se separa com vírgula o sujeito de seu predicado.
Marcam uma supressão de voz em frase ainda não concluída. 2) NÃO se separa com vírgula o verbo e seus complementos.
Em termos práticos, este sinal é usado para: Introduzir uma citação 3) Não é aconselhável usar vírgula entre o complemento do
(discurso direto) e introduzir um aposto explicativo, enumerativo, verbo e o adjunto.
distributivo ou uma oração subordinada substantiva apositiva.
Ex: Uma bela festa: cheia de alegria e comida boa. Podemos estabelecer, então, que se a frase estiver na ordem
comum (SVOAdj), não usaremos vírgula. Caso contrário, a vírgula
Ponto e vírgula ( ; ) é necessária:
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos que o Ontem, Maria foi à padaria.
ponto, e é empregado num trecho longo, onde já existam vírgulas, Maria, ontem, foi à padaria.
para enunciar pausa mais forte, separar vários itens de uma enume- À padaria, Maria foi ontem.
ração (frequente em leis), etc.
Ex: Vi na festa os deputados, senadores e governador; vi tam- Além disso, há outros casos em que o uso de vírgulas é neces-
bém uma linda decoração e bebidas caras. sário:
• Separa termos de mesma função sintática, numa enumera-
Travessão ( — ) ção.
Não confundir o travessão com o traço de união ou hífen e com Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a
o traço de divisão empregado na partição de sílabas (ab-so-lu-ta- serem observadas na redação oficial.
-men-te) e de palavras no fim de linha. O travessão pode substituir • Separa aposto.
vírgulas, parênteses, colchetes, para assinalar uma expressão inter- Aristóteles, o grande filósofo, foi o criador da Lógica.
calada e pode indicar a mudança de interlocutor, na transcrição de • Separa vocativo.
um diálogo, com ou sem aspas. Brasileiros, é chegada a hora de votar.

21
LÍNGUA PORTUGUESA
• Separa termos repetidos. É permitida a coleta de dados./ É permitido coleta de dados.
Aquele aluno era esforçado, esforçado.
Concordância Verbal
• Separa certas expressões explicativas, retificativas, exempli- O verbo concorda com seu sujeito em número e pessoa:
ficativas, como: isto é, ou seja, ademais, a saber, melhor dizendo, O público aplaudiu o ator de pé./ A sala e quarto eram enor-
ou melhor, quer dizer, por exemplo, além disso, aliás, antes, com mes.
efeito, digo.
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, Concordância ideológica ou silepse
ou seja, de fácil compreensão. • Silepse de gênero trata-se da concordância feita com o gêne-
ro gramatical (masculino ou feminino) que está subentendido no
• Marca a elipse de um verbo (às vezes, de seus complemen- contexto.
tos). Vossa Excelência parece satisfeito com as pesquisas.
O decreto regulamenta os casos gerais; a portaria, os particula- Blumenau estava repleta de turistas.
res. (= ... a portaria regulamenta os casos particulares) • Silepse de número trata-se da concordância feita com o nú-
mero gramatical (singular ou plural) que está subentendido no con-
• Separa orações coordenadas assindéticas. texto.
Levantava-me de manhã, entrava no chuveiro, organizava as O elenco voltou ao palco e [os atores] agradeceram os aplau-
ideias na cabeça... sos.
• Silepse de pessoa trata-se da concordância feita com a pes-
• Isola o nome do lugar nas datas. soa gramatical que está subentendida no contexto.
Rio de Janeiro, 21 de julho de 2006. O povo temos memória curta em relação às promessas dos po-
líticos.
• Isolar conectivos, tais como: portanto, contudo, assim, dessa
forma, entretanto, entre outras. E para isolar, também, expressões
conectivas, como: em primeiro lugar, como supracitado, essas infor-
mações comprovam, etc. REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
Fica claro, portanto, que ações devem ser tomadas para ame-
nizar o problema. • Regência Nominal 
A regência nominal estuda os casos em que nomes (substan-
tivos, adjetivos e advérbios) exigem outra palavra para completar-
-lhes o sentido. Em geral a relação entre um nome e o seu comple-
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL mento é estabelecida por uma preposição.

Concordância Nominal • Regência Verbal


Os adjetivos, os pronomes adjetivos, os numerais e os artigos A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre o
concordam em gênero e número com os substantivos aos quais se verbo (termo regente) e seu complemento (termo regido). 
referem. Isto pertence a todos.
Os nossos primeiros contatos começaram de maneira amisto-
sa. Regência de algumas palavras

Casos Especiais de Concordância Nominal Esta palavra combina com Esta preposição
• Menos e alerta são invariáveis na função de advérbio:
Colocou menos roupas na mala./ Os seguranças continuam Acessível a
alerta. Apto a, para

• Pseudo e todo são invariáveis quando empregados na forma- Atencioso com, para com
ção de palavras compostas: Coerente com
Cuidado com os pseudoamigos./ Ele é o chefe todo-poderoso.
Conforme a, com
• Mesmo, próprio, anexo, incluso, quite e obrigado variam de Dúvida acerca de, de, em, sobre
acordo com o substantivo a que se referem: Empenho de, em, por
Elas mesmas cozinhavam./ Guardou as cópias anexas.
Fácil a, de, para,
• Muito, pouco, bastante, meio, caro e barato variam quando Junto a, de
pronomes indefinidos adjetivos e numerais e são invariáveis quan-
do advérbios: Pendente de
Muitas vezes comemos muito./ Chegou meio atrasada./ Preferível a
Usou meia dúzia de ovos.
Próximo a, de
• Só varia quando adjetivo e não varia quando advérbio: Respeito a, com, de, para com, por
Os dois andavam sós./ A respostas só eles sabem. Situado a, em, entre
• É bom, é necessário, é preciso, é proibido variam quando o Ajudar (a fazer algo) a
substantivo estiver determinado por artigo:

22
LÍNGUA PORTUGUESA
Aludir (referir-se) a – Antes de artigo indefinido “uma”
Iremos a uma reunião muito importante no domingo.
Aspirar (desejar, pretender) a
Assistir (dar assistência) Não usa preposição – Antes de pronomes
Obs.: A crase antes de pronomes possessivos é facultativa.
Deparar (encontrar) com
Implicar (consequência) Não usa preposição Fizemos referência a Vossa Excelência, não a ela.
A quem vocês se reportaram no Plenário?
Lembrar Não usa preposição
Assisto a toda peça de teatro no RJ, afinal, sou um crítico.
Pagar (pagar a alguém) a
Precisar (necessitar) de – Antes de verbos no infinitivo
A partir de hoje serei um pai melhor, pois voltei a trabalhar.
Proceder (realizar) a
Responder a
Visar ( ter como objetivo a COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS
pretender)
NÃO DEIXE DE PESQUISAR A REGÊNCIA DE OUTRAS PALAVRAS A colocação do pronome átono está relacionada à harmonia da
QUE NÃO ESTÃO AQUI! frase. A tendência do português falado no Brasil é o uso do prono-
me antes do verbo – próclise. No entanto, há casos em que a norma
culta prescreve o emprego do pronome no meio – mesóclise – ou
após o verbo – ênclise.
EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE De acordo com a norma culta, no português escrito não se ini-
cia um período com pronome oblíquo átono. Assim, se na lingua-
A crase é a fusão de duas vogais idênticas. A primeira vogal a gem falada diz-se “Me encontrei com ele”, já na linguagem escrita,
é uma preposição, a segunda vogal a é um artigo ou um pronome formal, usa-se “Encontrei-me’’ com ele.
demonstrativo. Sendo a próclise a tendência, é aconselhável que se fixem bem
a (preposição) + a(s) (artigo) = à(s) as poucas regras de mesóclise e ênclise. Assim, sempre que estas
não forem obrigatórias, deve-se usar a próclise, a menos que preju-
• Devemos usar crase: dique a eufonia da frase.
– Antes palavras femininas:
Iremos à festa amanhã Próclise
Mediante à situação. Na próclise, o pronome é colocado antes do verbo.
O Governo visa à resolução do problema.
Palavra de sentido negativo: Não me falou a verdade.
– Locução prepositiva implícita “à moda de, à maneira de” Advérbios sem pausa em relação ao verbo: Aqui te espero pa-
Devido à regra, o acento grave é obrigatoriamente usado nas cientemente.
locuções prepositivas com núcleo feminino iniciadas por a: Havendo pausa indicada por vírgula, recomenda-se a ênclise:
Os frangos eram feitos à moda da casa imperial. Ontem, encontrei-o no ponto do ônibus.
Às vezes, porém, a locução vem implícita antes de substanti- Pronomes indefinidos: Ninguém o chamou aqui.
vos masculinos, o que pode fazer você pensar que não rola a crase. Pronomes demonstrativos: Aquilo lhe desagrada.
Mas... há crase, sim! Orações interrogativas: Quem lhe disse tal coisa?
Depois da indigestão, farei uma poesia à Drummond, vestir- Orações optativas (que exprimem desejo), com sujeito ante-
-me-ei à Versace e entregá-la-ei à tímida aniversariante. posto ao verbo: Deus lhe pague, Senhor!
Orações exclamativas: Quanta honra nos dá sua visita!
– Expressões fixas Orações substantivas, adjetivas e adverbiais, desde que não se-
Existem algumas expressões em que sempre haverá o uso de jam reduzidas: Percebia que o observavam.
crase: Verbo no gerúndio, regido de preposição em: Em se plantando,
à vela, à lenha, à toa, à vista, à la carte, à queima-roupa, à von- tudo dá.
tade, à venda, à mão armada, à beça, à noite, à tarde, às vezes, às Verbo no infinitivo pessoal precedido de preposição: Seus in-
pressas, à primeira vista, à hora certa, àquela hora, à esquerda, à tentos são para nos prejudicarem.
direita, à vontade, às avessas, às claras, às escuras, à mão, às escon-
didas, à medida que, à proporção que. Ênclise
• NUNCA devemos usar crase: Na ênclise, o pronome é colocado depois do verbo.
– Antes de substantivos masculinos:
Andou a cavalo pela cidadezinha, mas preferiria ter andado a Verbo no início da oração, desde que não esteja no futuro do
pé. indicativo: Trago-te flores.
Verbo no imperativo afirmativo: Amigos, digam-me a verdade!
– Antes de substantivo (masculino ou feminino, singular ou Verbo no gerúndio, desde que não esteja precedido pela pre-
plural) usado em sentido generalizador: posição em: Saí, deixando-a aflita.
Depois do trauma, nunca mais foi a festas. Verbo no infinitivo impessoal regido da preposição a. Com
Não foi feita menção a mulher, nem a criança, tampouco a ho- outras preposições é facultativo o emprego de ênclise ou próclise:
mem. Apressei-me a convidá-los.

23
LÍNGUA PORTUGUESA
Mesóclise Quando reescrevemos,  refazemos  nosso texto, é um proces-
Na mesóclise, o pronome é colocado no meio do verbo. so bem mais complexo, que parte do pressuposto de que o autor
tenha observado aquilo que está ruim para que, posteriormente,
É obrigatória somente com verbos no futuro do presente ou no possa melhorar seu texto até chegar a uma versão final, livre dos er-
futuro do pretérito que iniciam a oração. ros iniciais. Além de aprimorar a leitura, a reescrita auxilia a desen-
Dir-lhe-ei toda a verdade. volver e melhorar a escrita, ajudando o aluno-escritor a esclarecer
Far-me-ias um favor? melhor seus objetivos e razões para a produção de textos.

Se o verbo no futuro vier precedido de pronome reto ou de Nessa perspectiva, esse autor considera que reescrever seja
qualquer outro fator de atração, ocorrerá a próclise. um processo de descoberta da escrita pelo próprio autor, que passa
Eu lhe direi toda a verdade. a enfocá-la como forma de trabalho, auxiliando o desenvolvimento
Tu me farias um favor? do processo de escrever do aluno.

Colocação do pronome átono nas locuções verbais Operações linguísticas de reescrita:


Verbo principal no infinitivo ou gerúndio: Se a locução verbal A literatura sobre reescrita aponta para uma tipologia de ope-
não vier precedida de um fator de próclise, o pronome átono deve- rações linguísticas encontradas neste momento específico da cons-
rá ficar depois do auxiliar ou depois do verbo principal. trução do texto escrito.
Exemplos: - Adição, ou acréscimo: pode tratar-se do acréscimo de um ele-
Devo-lhe dizer a verdade. mento gráfico, acento, sinal de pontuação, grafema (...) mas tam-
Devo dizer-lhe a verdade. bém do acréscimo de uma palavra, de um sintagma, de uma ou de
várias frases.
Havendo fator de próclise, o pronome átono deverá ficar antes - Supressão: supressão sem substituição do segmento suprimi-
do auxiliar ou depois do principal. do. Ela pode ser aplicada sobre unidades diversas, acento, grafe-
Exemplos: mas, sílabas, palavras sintagmáticas, uma ou diversas frases.
Não lhe devo dizer a verdade. - Substituição: supressão, seguida de substituição por um ter-
Não devo dizer-lhe a verdade. mo novo. Ela se aplica sobre um grafema, uma palavra, um sintag-
ma, ou sobre conjuntos generalizados.
Verbo principal no particípio: Se não houver fator de próclise, - Deslocamento: permutação de elementos, que acaba por mo-
o pronome átono ficará depois do auxiliar. dificar sua ordem no processo de encadeamento.
Exemplo: Havia-lhe dito a verdade.
Graus de Formalismo
Se houver fator de próclise, o pronome átono ficará antes do São muitos os tipos de registros quanto ao formalismo, tais
auxiliar. como: o registro formal, que é uma linguagem mais cuidada; o colo-
Exemplo: Não lhe havia dito a verdade. quial, que não tem um planejamento prévio, caracterizando-se por
construções gramaticais mais livres, repetições frequentes, frases
Haver de e ter de + infinitivo: Pronome átono deve ficar depois curtas e conectores simples; o informal, que se caracteriza pelo uso
do infinitivo. de ortografia simplificada e construções simples ( geralmente usado
Exemplos: entre membros de uma mesma família ou entre amigos).
Hei de dizer-lhe a verdade.
Tenho de dizer-lhe a verdade. As variações de registro ocorrem de acordo com o grau de for-
malismo existente na situação de comunicação; com o modo de
Observação expressão, isto é, se trata de um registro formal ou escrito; com a
Não se deve omitir o hífen nas seguintes construções: sintonia entre interlocutores, que envolve aspectos como graus de
Devo-lhe dizer tudo. cortesia, deferência, tecnicidade (domínio de um vocabulário espe-
Estava-lhe dizendo tudo. cífico de algum campo científico, por exemplo).
Havia-lhe dito tudo.
Expressões que demandam atenção
– acaso, caso – com se, use acaso; caso rejeita o se
– aceitado, aceito – com ter e haver, aceitado; com ser e estar,
REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO. aceito
SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEX- – acendido, aceso (formas similares) – idem
TO. REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE ORAÇÕES – à custa de – e não às custas de
E DE PERÍODOS DO TEXTO. REESCRITA DE TEXTOS DE – à medida que – à proporção que, ao mesmo tempo que, con-
DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE forme
– na medida em que – tendo em vista que, uma vez que
A reescrita é tão importante quanto a escrita, visto que, difi- – a meu ver – e não ao meu ver
cilmente, sobretudo para os escritores mais cuidadosos, chegamos – a ponto de – e não ao ponto de
ao resultado que julgamos ideal na primeira tentativa. Aquele que – a posteriori, a priori – não tem valor temporal
observa um resultado ruim na primeira versão que escreveu terá, – em termos de – modismo; evitar
na reescrita, a possibilidade de alcançar um resultado satisfatório. – enquanto que – o que é redundância
A reescrita é um processo mais trabalhoso do que a revisão, pois, – entre um e outro – entre exige a conjunção e, e não a
nesta, atemo-nos apenas aos pequenos detalhes, cuja ausência não – implicar em – a regência é direta (sem em)
implicaria em uma dificuldade do leitor para compreender o texto. – ir de encontro a – chocar-se com
– ir ao encontro de – concordar com

24
LÍNGUA PORTUGUESA
– se não, senão – quando se pode substituir por caso não, separado; quando não se pode, junto
– todo mundo – todos
– todo o mundo – o mundo inteiro
– não pagamento = hífen somente quando o segundo termo for substantivo
– este e isto – referência próxima do falante (a lugar, a tempo presente; a futuro próximo; ao anunciar e a que se está tratando)
– esse e isso – referência longe do falante e perto do ouvinte (tempo futuro, desejo de distância; tempo passado próximo do presente,
ou distante ao já mencionado e a ênfase).

Expressões não recomendadas

– a partir de (a não ser com valor temporal).


Opção: com base em, tomando-se por base, valendo-se de...

– através de (para exprimir “meio” ou instrumento).


Opção: por, mediante, por meio de, por intermédio de, segundo...

– devido a.
Opção: em razão de, em virtude de, graças a, por causa de.

– dito.
Opção: citado, mencionado.

– enquanto.
Opção: ao passo que.

– inclusive (a não ser quando significa incluindo-se).


Opção: até, ainda, igualmente, mesmo, também.

– no sentido de, com vistas a.


Opção: a fim de, para, com a finalidade de, tendo em vista.

– pois (no início da oração).


Opção: já que, porque, uma vez que, visto que.

– principalmente.
Opção: especialmente, sobretudo, em especial, em particular.

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS

Significação de palavras
As palavras podem ter diversos sentidos em uma comunicação. E isso também é estudado pela Gramática Normativa: quem cuida
dessa parte é a Semântica, que se preocupa, justamente, com os significados das palavras. Veremos, então, cada um dos conteúdos que
compõem este estudo.

Antônimo e Sinônimo
Começaremos por esses dois, que já são famosos.

O Antônimo são palavras que têm sentidos opostos a outras. Por exemplo, felicidade é o antônimo de tristeza, porque o significado de
uma é o oposto da outra. Da mesma forma ocorre com homem que é antônimo de mulher.

Já o sinônimo são palavras que têm sentidos aproximados e que podem, inclusive, substituir a outra. O uso de sinônimos é muito im-
portante para produções textuais, porque evita que você fique repetindo a mesma palavra várias vezes. Utilizando os mesmos exemplos,
para ficar claro: felicidade é sinônimo de alegria/contentamento e homem é sinônimo de macho/varão.

Hipônimos e Hiperônimos
Estes conceitos são simples de entender: o hipônimo designa uma palavra de sentido mais específico, enquanto que o hiperônimo
designa uma palavra de sentido mais genérico. Por exemplo, cachorro e gato são hipônimos, pois têm sentido específico. E animais domés-
ticos é uma expressão hiperônima, pois indica um sentido mais genérico de animais. Atenção: não confunda hiperônimo com substantivo
coletivo. Hiperônimos estão no ramo dos sentidos das palavras, beleza?!?!

25
LÍNGUA PORTUGUESA
Outros conceitos que agem diretamente no sentido das palavras são os seguintes:

Conotação e Denotação
Observe as frases:
Amo pepino na salada.
Tenho um pepino para resolver.

As duas frases têm uma palavra em comum: pepino. Mas essa palavra tem o mesmo sentido nos dois enunciados? Isso mesmo, não!
Na primeira frase, pepino está no sentido denotativo, ou seja, a palavra está sendo usada no sentido próprio, comum, dicionarizado.
Já na segunda frase, a mesma palavra está no sentindo conotativo, pois ela está sendo usada no sentido figurado e depende do con-
texto para ser entendida.
Para facilitar: denotativo começa com D de dicionário e conotativo começa com C de contexto.

Por fim, vamos tratar de um recurso muito usado em propagandas:

Ambiguidade
Observe a propaganda abaixo:

https://redacaonocafe.wordpress.com/2012/05/22/ambiguidade-na-propaganda/

Perceba que há uma duplicidade de sentido nesta construção. Podemos interpretar que os móveis não durarão no estoque da loja, por
estarem com preço baixo; ou que por estarem muito barato, não têm qualidade e, por isso, terão vida útil curta.
Essa duplicidade acontece por causa da ambiguidade, que é justamente a duplicidade de sentidos que podem haver em uma palavra,
frase ou textos inteiros.

EXERCÍCIOS

1. (PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG - AUXILIAR DE CONSULTÓRIO DENTÁRIO - FCM - 2019)

O Sol e a Neve

Era uma floquinha de neve que vivia no alto de uma montanha gelada. Um dia, se apaixonou pelo sol. E passou a flertar descarada-
mente com ele. “Cuidado!”, alertaram os flocos mais experientes. “Você pode se derreter”. Mas a nevinha não queria nem saber e con-
tinuava a olhar para o Sol, que com seus raios a queimava de paixão. Ela nem percebia o quanto se derretia... e ficou ali um bom tempo,
só se derretendo, se derretendo. Quando viu, era uma gotinha, uma pequena lágrima de amor descendo, com nobreza e delicadeza, a
montanha. Lá embaixo, um rio esperava por ela.
Disponível em: <file:///C:/Users/sosan/Downloads/2014-08a-18s-ep-05.pdf> Acesso em: 15 ago. 2019.

No sentido figurado, a personificação confere características, qualidades e sentimentos de seres humanos a seres irracionais ou ina-
nimados.
O trecho em que a personificação NÃO aparece é
(A) “Lá embaixo, um rio esperava por ela.”
(B) “... com seus raios a queimava de paixão.”
(C) “Mas a nevinha (...) continuava a olhar para o sol”.
(D) “‘Cuidado’!, alertaram os flocos mais experientes.”

26
LÍNGUA PORTUGUESA
2. (PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG - ASSISTENTE SOCIAL - Está correto apenas o que se afirma em
FCM - 2019) (A) II e IV.
(B) IV e V.
Um país do balacobaco (C) I, II, III.
Mentor Neto (D) I, III e V.

1. Nossa cultura popular é uma enciclopédia aberta, envolven- 3. (EMDEC - ADVOGADO JR - IBFC - 2019)
te e rica em termos e frases de profundidade inquestionável. Co-
nhecimento comum, da gente simples, do dia a dia, que resultou A perfeição (adaptado)
em gotículas de sabedoria muitas vezes desprezadas. Ao longo dos
anos venho colecionando inúmeras. Utilizo esta enciclopédia aber- O susto de reencontrar alguém que não vemos há anos é o im-
ta como repositório que, acredito, poderia ser de amplo emprego pacto do tempo. O desmanche alheio incomoda? Claro que não,
por alguns brasileiros. apenas o nosso refletido na hipótese de estarmos também daquele
2. É verdade que algumas dessas expressões caíram em desuso, jeito. Há momentos nos quais o salto para o abismo do fim parece
mas nem por isso perderam o brilhantismo. Por exemplo, no es- mais dramático: especialmente entre 35 e 55. (...)
cândalo mais recente, o caso Intercept Brasil, o conselho “em boca Agatha Christie deu um lindo argumento para todos nós que
fechada não entra mosca” teria sido de profunda utilidade.  envelhecemos. Na sua Autobiografia, narra que a solução de um ca-
3. Há como descrever melhor o trabalho da Lava Jato do que samento feliz está em imitar o segundo casamento da autora: con-
com um “cada enxadada uma minhoca”? Aos acusados ou suspei- trair núpcias com um arqueólogo (no caso, Max Mallowan), pois,
tos de corrupção, aos que se enriqueceram por meios ilícitos, um quanto mais velha ela ficava, mais o marido se apaixonava. Talvez
“bobeou, dançou” cai feito uma luva. o mesmo indicativo para homens e mulheres estivesse na busca de
4. “Entornar o caldo” me parece adequado quando nos refe- geriatras, restauradores, historiadores, egiptólogos ou, no limite,
rimos à cultura de delações premiadas na qual estamos imersos. tanatologistas.
Por falar nisso, os delatores encontram um sábio conselho no “ajoe- Envelhecer é complexo, a opção é mais desafiadora. O célebre
lhou, tem que rezar” ou, quem sabe, no consagrado “colocar a boca historiador israelense Yuval Harari prevê que a geração alpha (nas-
no trombone”! Já aos que preferem manter o silêncio, “boca de siri” cidos no século em curso) chegará, no mínimo, a 120 anos se obti-
é o ideal. ver cuidados básicos. O Brasil envelhece demograficamente e nós
5. Alguns personagens desse “bafafá” que tomou conta de nos- poderíamos ser chamados de vanguarda do novo processo. Dizem
sa política são protagonistas tão importantes que merecem frases que Nelson Rodrigues aconselhava aos jovens que envelhecessem,
conhecidas de aplicação exclusiva, já que “entraram numa fria”. Afi- como o melhor indicador do caminho a seguir. Não precisamos do
nal, como descrever mais precisamente o que ocorreu com aquele conselho pois o tempo é ceifador inevitável. (...)
que “foi pego com a boca na botija”? Como em toda peça teatral, o descer das cortinas pode ser
6. Para os destacados empresários do ramo frigorífico, um belo a deixa para um aplauso caloroso ou um silêncio constrangedor,
“mamar na vaca você não quer, né?” é incontestável. Tenho certeza quando não vaia estrondosa. É sabedoria que o tempo ensina, ao
de que o estimado leitor há de concordar. retirar nossa certeza com o processo de aprendizado. Hoje começa
7. E os deputados e senadores? E os que infringiram acordos? mais um dia e mais uma etapa possível. Hoje é um dia diferente de
Ou aquilo está “um quiprocó”, “um perereco” do caramba mesmo. todos. Você, tendo 16 ou 76, será mais velho amanhã e terá um dia
Alguns ministros “aparecem mais que umbigo de vedete”, mas a a menos de vida. Hoje é o dia. Jovens, velhos e adjacentes: é preciso
real é que deveriam “sair de fininho”. ter esperança. 
8. A verdade é que o País está “do jeito que o diabo gosta” e
cabe a nós acabar logo com esse “lero-lero” e “partir pras cabeças”. Leia os trechos retirados do texto e assinale a alternativa
Afinal, amigo, nossa situação “está mais feia que bater na mãe”. que não possui uma figura de linguagem em sua construção.
IstoÉ, n. 2581, 19 jun. 2019. Adaptado (A) “pois o tempo é ceifador inevitável.”
(B) “deixa para um aplauso caloroso.”
Avalie as informações sobre aspectos estilísticos e semânticos (C) “É sabedoria que o tempo ensina.”
utilizados pelo autor do texto. (D) “Você, tendo 16 ou 76, será mais velho amanhã.”
I. No período “Tenho certeza de que o estimado leitor há de
concordar...”, algumas palavras estão empregadas no sentido cono- 4. (CORE-MT – FISCAL - INSTITUTO EXCELÊNCIA - 2019)
tativo. Assinale a alternativa que contém as figuras de linguagem cor-
II. Identifica-se a metonímia em um dos sintagmas da estrutura respondentes aos períodos a seguir:
frasal “... aos que se enriqueceram por meios ilícitos, um ‘bobeou, I- “Está provado, quem ama o feio, bonito lhe parece.”
dançou’ cai feito uma luva”. (§3) II- “ Era a união do amor e o ódio.”
III. A locução adjetiva “do balacobaco”, presente no título, diz III- Ele foi discriminado por faltar com a verdade.”
respeito a algo inverossímil, descontextualizado e que caiu em de- IV- Marta quase morreu de tanto rir no circo.
suso.
IV. Em “Nossa cultura popular é uma enciclopédia aberta, en- (A) ironia - antítese - eufemismo - hipérbole.
volvente e rica em termos e frases de profundidade inquestionável” (B) eufemismo - ironia - hipérbole - antítese.
(§1), uma das figuras de linguagem empregada é a personificação. (C) hipérbole - eufemismo - antítese - ironia.
V. A expressão “enciclopédia aberta” (§1) é uma metáfora, pois (D) antítese - hipérbole – ironia – eufemismo.
nela as palavras foram retiradas do seu contexto convencional e um (E) Nenhuma das alternativas.
novo campo de significação se instaurou por meio de uma compa-
ração implícita.

27
LÍNGUA PORTUGUESA
5. (CORE-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO EX- A maior tragédia ambiental da história do País escancarou um
CELÊNCIA - 2019) dos principais gargalos da conjuntura política e econômica brasilei-
ra: a negligência do setor privado e dos órgãos públicos diante de
Na tirinha abaixo, há dois exemplos de figura de linguagem, um desastre de repercussão mundial. Confirmada a morte do Rio
identifique-os e assinale a alternativa CORRETA: Doce, o governo federal ainda não apresentou um plano de recu-
peração efetivo para a área (apenas uma carta de intenções). Tam-
pouco a mineradora Samarco, controlada pela brasileira Vale e pela
anglo-australiana BHP Billiton. A única medida concreta foi a aplica-
ção da multa de R$ 250 milhões – sendo que não há garantias de
que ela será usada no local. “O leito do rio se perdeu e a calha pro-
funda e larga se transformou num córrego raso”, diz Malu Ribeiro,
coordenadora da rede de águas da Fundação SOS Mata Atlântica,
sobre o desastre em Mariana, Minas Gerais. “O volume de rejeitos
se tornou uma bomba relógio na região.”
Para agravar a tragédia, a empresa declarou que existem ris-
cos de rompimento nas barragens de Germano e de Santarém. Se-
gundo o Departamento Nacional de Produção Mineral, pelo menos
16 barragens de mineração em todo o País apresentam condições
de insegurança. “O governo perdeu sua capacidade de aparelhar
órgãos técnicos para fiscalização”, diz Malu. Na direção oposta
Ao caminho da segurança, está o projeto de lei 654/2015,
do senador Romero Jucá (PMDB-RR) que prevê licença única em um
tempo exíguo para obras consideradas estratégicas. O novo marco
(A) Metáfora e pleonasmo. regulatório da mineração, por sua vez, também concede priorida-
(B) Metáfora e antítese. de à ação de mineradoras. “Ocorrerá um aumento dos conflitos ju-
(C) Metonímia e hipérbole. diciais, o que não será interessante para o setor empresarial”, diz
(D) Metonímia e ironia. Maurício Guetta, advogado do Instituto Sócio Ambiental (ISA). Com
(E) Nenhuma das alternativas. o avanço dessa legislação outros danos irreversíveis podem ocorrer.
FONTE: http://www.istoe.com.br/reportagens/441106_A+LA MA+-
6. (CORE-MT - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - INSTITUTO EX- QUE+AINDA+SUJA+O+BRASIL
CELÊNCIA - 2019)
Em “Tempos Modernos”, fez-se o uso de figuras de linguagem, 8. Observe as assertivas relacionadas ao texto lido:
assinale a alternativa em que os termos destacados têm a classifi- I. O texto é predominantemente narrativo, já que narra um
cação corretamente: fato.
II. O texto é predominantemente expositivo, já que pertence ao
”Hoje o tempo voa, amor gênero textual editorial.
escorre pelas mãos III. O texto é apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
...Vamos viver tudo que há pra viver . que se trata de uma reportagem.
..eu vejo um novo começo de era IV. O texto apresenta partes narrativas e partes expositivas, já
de gente fina, elegante, sincera se trata de um editorial.
com habilidade para dizer mais sim do que não
Analise as assertivas e responda:
(A) Prosopopeia / pleonasmo / gradação / antítese. (A) Somente a I é correta.
(B) Metáfora / pleonasmo / gradação / antítese. (B) Somente a II é incorreta.
(C) Metáfora / hipérbole / gradação / antítese. (C) Somente a III é correta
(D) Pleonasmo / metáfora / antítese / gradação. (D) A III e IV são corretas.
(E) Nenhuma das alternativas.
9. Observe as assertivas relacionadas ao texto “A lama que ain-
7. (FEMPERJ – VALEC – JORNALISTA – 2012) Intertextualidade é da suja o Brasil”:
a presença de um texto em outro; o pensamento abaixo que NÃO I- O texto é coeso, mas não é coerente, já que tem problemas
se fundamenta em intertextualidade é: no desenvolvimento do assunto.
(A) “Se tudo o que é bom dura pouco, eu já deveria ter morrido II- O texto é coerente, mas não é coeso, já que apresenta pro-
há muito tempo.” blemas no uso de conjunções e preposições.
(B) “Nariz é essa parte do corpo que brilha, espirra, coça e se III- O texto é coeso e coerente, graças ao bom uso das classes
mete onde não é chamada.” de palavras e da ordem sintática.
(C) “Une-te aos bons e será um deles. Ou fica aqui com a gente IV- O texto é coeso e coerente, já que apresenta progressão
mesmo!” temática e bom uso dos recursos coesivos.
(D) “Vamos fazer o feijão com arroz. Se puder botar um ovo,
tudo bem.” Analise as assertivas e responda:
(E) “O Neymar é invendável, inegociável e imprestável.” (A) Somente a I é correta.
(B) Somente a II é incorreta.
Leia o texto abaixo para responder a questão. (C) Somente a III é correta.
A lama que ainda suja o Brasil (D) Somente a IV é correta.
Fabíola Perez(fabiola.perez@istoe.com.br)

28
LÍNGUA PORTUGUESA
Leia o texto abaixo para responder as questões. Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de ca-
beça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
UM APÓLOGO — Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é
Machado de Assis. que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze
como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam,
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: fico.
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrola- Contei esta história a um professor de melancolia, que me dis-
da, para fingir que vale alguma coisa neste mundo? se, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a
— Deixe-me, senhora. muita linha ordinária!
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está
com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me 10. De acordo com o texto “Um Apólogo” de Machado de Assis
der na cabeça. e com a ilustração abaixo, e levando em consideração as persona-
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. gens presentes nas narrativas tanto verbal quanto visual, indique
Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem a opção em que a fala não é compatível com a associação entre os
o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos elementos dos textos:
outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora
que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pe-
daço ao outro, dou feição aos babados…
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e
mando…
— Também os batedores vão adiante do imperador.
— Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel su-
balterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o (A) “- Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda en-
trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto… rolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?” (L.02)
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. (B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha.
Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar?” (L.06)
tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a (C) “- Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante,
costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, en- puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço
fiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando e mando...” (L.14-15)
orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre (D) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?
os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo;
isto uma cor poética. E dizia a agulha: eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? abaixo e acima.” (L.25-26)
Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é (E) “- Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela
que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de
e acima… costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém.
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela Onde me espetam, fico.” (L.40-41)
agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe
o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que 11. O diminutivo, em Língua Portuguesa, pode expressar outros
ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era valores semânticos além da noção de dimensão, como afetividade,
tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-pli- pejoratividade e intensidade. Nesse sentido, pode-se afirmar que
c-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a os valores semânticos utilizados nas formas diminutivas “unidi-
costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até nha”(L.26) e “corpinho”(L.32), são, respectivamente, de:
que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. (A) dimensão e pejoratividade;
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que (B) afetividade e intensidade;
a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para (C) afetividade e dimensão;
dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da (D) intensidade e dimensão;
bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, (E) pejoratividade e afetividade.
alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha,
perguntou-lhe: 12. Em um texto narrativo como “Um Apólogo”, é muito co-
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da mum uso de linguagem denotativa e conotativa. Assinale a alterna-
baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que tiva cujo trecho retirado do texto é uma demonstração da expressi-
vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para vidade dos termos “linha” e “agulha” em sentido figurado.
a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? (A) “- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa
Vamos, diga lá. ama, quem é que os cose, senão eu?” (L.11)

29
LÍNGUA PORTUGUESA
(B) “- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agu- (B) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exata-
lha. Agulha não tem cabeça.” (L.06) mente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem
(C) “- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo
pedaço ao outro, dou feição aos babados...” (L.13) isso, num modo de intervenção específico.
(D) “- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordi- (C) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o
nária!” (L.43) poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento
(E) “- Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?” em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revol-
(L.25) ta que ambos possam suscitar.
(D) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo po-
13. De acordo com a temática geral tratada no texto e, de modo der do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o
metafórico, considerando as relações existentes em um ambiente corpo dos supliciados.
de trabalho, aponte a opção que NÃO corresponde a uma ideia pre- (E) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um
sente no texto: campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer con-
(A) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação trole e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua
equânime em ambientes coletivos de trabalho; organização em delinqüência.
(B) O texto sinaliza que, normalmente, não há uma relação
equânime em ambientes coletivos de trabalho; 18. (FCC – METRÔ/SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO JÚNIOR
(C) O texto indica que, em um ambiente coletivo de trabalho, – 2012) A frase que apresenta INCORREÇÕES quanto à ortografia é:
cada sujeito possui atribuições próprias. (A) Quando jovem, o compositor demonstrava uma capacidade
(D) O texto sugere que o reconhecimento no ambiente cole- extraordinária de imitar vários estilos musicais.
tivo de trabalho parte efetivamente das próprias atitudes do (B) Dizem que o músico era avesso à ideia de expressar senti-
sujeito. mentos pessoais por meio de sua música.
(E) O texto revela que, em um ambiente coletivo de trabalho, (C) Poucos estudiosos se despõem a discutir o empacto das
frequentemente é difícil lidar com as vaidades individuais. composições do músico na cultura ocidental.
(D) Salvo algumas exceções, a maioria das óperas do compo-
14. (CESGRANRIO – SEPLAG/BA – PROFESSOR PORTUGUÊS – sitor termina em uma cena de reconciliação entre os persona-
2010) Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, gens.
o seguinte par de palavras: (E) Alguns acreditam que o valor da obra do compositor se
(A) estrondo – ruído; deve mais à árdua dedicação do que a arroubos de inspiração.
(B) pescador – trabalhador;
19. (FUNIVERSA – CEB – ADVOGADO – 2010) Assinale a alter-
(C) pista – aeroporto;
nativa em que todas as palavras são acentuadas pela mesma razão.
(D) piloto – comissário;
(A) “Brasília”, “prêmios”, “vitória”.
(E) aeronave – jatinho.
(B) “elétrica”, “hidráulica”, “responsáveis”.
(C) “sérios”, “potência”, “após”.
15. (VUNESP – SEAP/SP – AGENTE DE ESCOLTA E VIGILÂNCIA
(D) “Goiás”, “já”, “vários”.
PENITENCIÁRIA – 2012) No trecho – Para especialistas, fica uma
(E) “solidária”, “área”, “após”.
questão: até que ponto essa exuberância econômica no Brasil é
sustentável ou é apenas mais uma bolha? – o termo em destaque 20. (CESGRANRIO – CMB – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRA-
tem como antônimo: TIVO – 2012) Algumas palavras são acentuadas com o objetivo ex-
(A) fortuna; clusivo de distingui-las de outras. Uma palavra acentuada com esse
(B) opulência; objetivo é a seguinte:
(C) riqueza; (A) pôr.
(D) escassez; (B) ilhéu.
(E) abundância. (C) sábio.
(D) também.
16. (FDC – PROFESSOR DE PORTUGUÊS II – 2005) Marque a (E) lâmpada.
série em que o hífen está corretamente empregado nas cinco pa-
lavras: 21. (FGV – SENADO FEDERAL – POLICIAL LEGISLATIVO FEDERAL
(A) pré-nupcial, ante-diluviano, anti-Cristo, ultra-violeta, infra- – 2008) Assinale a alternativa em que se tenha optado corretamen-
-vermelho. te por utilizar ou não o acento grave indicativo de crase.
(B) vice-almirante, ex-diretor, super-intendente, extrafino, in- (A) Vou à Brasília dos meus sonhos.
fra-assinado. (B) Nosso expediente é de segunda à sexta.
(C) anti-alérgico, anti-rábico, ab-rupto, sub-rogar, antihigiênico. (C) Pretendo viajar a Paraíba.
(D) extraoficial, antessala, contrassenso, ultrarrealismo, con- (D) Ele gosta de bife à cavalo.
trarregra.
(E) co-seno, contra-cenar, sobre-comum, sub-humano, infra- 22. (FDC – MAPA – ANALISTA DE SISTEMAS – 2010) Na oração
-mencionado. “Eles nos deixaram À VONTADE” e no trecho “inviabilizando o ata-
que, que, naturalmente, deveria ser feito À DISTÂNCIA”, observa-se
17. (ESAF – SRF – AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL – a ocorrência da crase nas locuções adverbiais em caixa-alta. Nas
2003) Indique o item em que todas as palavras estão corretamente locuções das frases abaixo também ocorre a crase, que deve ser
empregadas e grafadas. marcada com o acento, EXCETO em:
(A) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o po- (A) Todos estavam à espera de uma solução para o problema.
der de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de (B) À proporção que o tempo passava, maior era a angústia do
qualquer excesso e violência. eleitorado pelo resultado final.

30
LÍNGUA PORTUGUESA
(C) Um problema à toa emperrou o funcionamento do sistema. 30. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
(D) Os técnicos estavam face à face com um problema insolú- 2010) No verso “Para desentristecer, leãozinho”, Caetano Veloso
vel. cria um neologismo. A opção que contém o processo de formação
(E) O Tribunal ficou à mercê dos hackers que invadiram o sis- utilizado para formar a palavra nova e o tipo de derivação que a
tema. palavra primitiva foi formada respectivamente é:
(A) derivação prefixal (des + entristecer); derivação parassinté-
23. (NCE/UFRJ – TRE/RJ – Auxiliar Judiciário – 2001) O item tica (en + trist + ecer);
abaixo que apresenta erradamente uma separação de sílabas é: (B) derivação sufixal (desentriste + cer); derivação imprópria
(A) trans-o-ce-â-ni-co; (en + triste + cer);
(B) cor-rup-te-la; (C) derivação regressiva (des + entristecer); derivação parassin-
(C) sub-li-nhar; tética (en + trist + ecer);
(D) pneu-má-ti-co; (D) derivação parassintética (en + trist + ecer); derivação prefi-
xal (des + entristecer);
24. (FGV – SPTRANS – Especialista em Transportes – 2001) Assi- (E) derivação prefixal (en + trist + ecer); derivação parassintéti-
nale a alternativa em que o x representa fonema igual ao de ca (des + entristecer).
“exame”.
(A) exceto. 31. (IMA – PREF. BOA HORA/PI – PROCURADOR MUNICIPAL –
(B) enxame. 2010) A palavra “Olhar” em (meu olhar) é um exemplo de palavra
(C) óxido. formada por derivação:
(D) exequível. (A) parassintética;
(B) prefixal;
25. (FUNDEC – TJ/MG – Oficial de Justiça – 2002) Todas as pa- (C) sufixal;
lavras a seguir apresentam o mesmo número de sílabas e são paro- (D) imprópria;
xítonas, EXCETO: (E) regressiva.
(A) gratuito;
(B) silencio; 32. Levando-se em consideração os conceitos de frase, oração
(C) insensível; e período, é correto afirmar que o trecho abaixo é considerado um
(D) melodia. (a):
“A expectativa é que o México, pressionado pelas mudanças
26. (CESGRANRIO – BNDES – ADVOGADO – 2004) No título do americanas, entre na fila.”
artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: (A) Frase, uma vez que é composta por orações coordenadas e
(A) pronome; subordinadas.
(B) adjetivo; (B) Período, composto por três orações.
(C) advérbio; (C) Oração, pois possui sentido completo.
(D) substantivo; (D) Período, pois é composto por frases e orações.
(E) preposição.
33. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – MECÂNICO DE VEÍCULOS –
27. Assinale a alternativa que apresenta a correta classificação 2007) Leia a seguinte sentença: Joana tomou um sonífero e não dor-
morfológica do pronome “alguém” (l. 44). miu. Assinale a alternativa que classifica corretamente a segunda
(A) Pronome demonstrativo. oração.
(B) Pronome relativo. (A) Oração coordenada assindética aditiva.
(C) Pronome possessivo. (B) Oração coordenada sindética aditiva.
(D) Pronome pessoal. (C) Oração coordenada sindética adversativa.
(E) Pronome indefinido. (D) Oração coordenada sindética explicativa.
(E) Oração coordenada sindética alternativa.
28. Em relação à classe e ao emprego de palavras no texto, na
oração “A abordagem social constitui-se em um processo de traba- 34. (AOCP – PREF. DE CATU/BA – BIBLIOTECÁRIO – 2007) Leia
lho planejado de aproximação” (linhas 1 e 2), os vocábulos subli- a seguinte sentença: Não precisaremos voltar ao médico nem fazer
nhados classificam-se, respectivamente, em exames. Assinale a alternativa que classifica corretamente as duas
(A) preposição, pronome, artigo, adjetivo e substantivo. orações.
(B) pronome, preposição, artigo, substantivo e adjetivo. (A) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
(C) conjunção, preposição, numeral, substantivo e pronome. sativa.
(D) pronome, conjunção, artigo, adjetivo e adjetivo. (B) Oração principal e oração coordenada sindética aditiva.
(E) conjunção, conjunção, numeral, substantivo e advérbio. (C) Oração coordenada assindética e oração coordenada adi-
tiva.
29. (CONSULPLAN – ANALISTA DE INFORMÁTICA (SDS-SC) – (D) Oração principal e oração subordinada adverbial consecu-
2008) A alternativa em que todas as palavras são formadas pelo tiva.
mesmo processo de formação é: (E) Oração coordenada assindética e oração coordenada adver-
(A) responsabilidade, musicalidade, defeituoso; bial consecutiva.
(B) cativeiro, incorruptíveis, desfazer;
(C) deslealdade, colunista, incrível;
(D) anoitecer, festeiro, infeliz;
(E) reeducação, dignidade, enriquecer.

31
LÍNGUA PORTUGUESA
35. (EMPASIAL – TJ/SP – ESCREVENTE JUDICIÁRIO – 1999) Ana- (B) Os dados ainda não são definitivos, mas tudo sugere que
lise sintaticamente a oração em destaque: serão confirmados. A entidade responsável pelo estudo foi a
“Bem-aventurados os que ficam, porque eles serão recompen- conhecida Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
sados” (Machado de Assis). (C) Não há dúvida de que os números são bons, num momento
(A) oração subordinada substantiva completiva nominal. em que atingimos um bom superávit em conta-corrente, em
(B) oração subordinada adverbial causal. que se revela queda no desemprego e até se anuncia a am-
(C) oração subordinada adverbial temporal desenvolvida. pliação de nossas reservas monetárias, além da descoberta de
(D) oração coordenada sindética conclusiva. novas fontes de petróleo.
(E) oração coordenada sindética explicativa. (D) Mesmo assim, olhando-se para os vizinhos de continente,
percebe-se que nossa performance é inferior a que foi atribuí-
36. (FGV – SENADO FEDERAL – TÉCNICO LEGISLATIVO – ADMI- da a Argentina (8,6%) e a alguns outros países com participação
NISTRAÇÃO – 2008) “Mas o fato é que transparência deixou de ser menor no conjunto dos bens produzidos pela América Latina.
um processo de observação cristalina para assumir um discurso de (E) Nem é preciso olhar os exemplos da China, Índia e Rússia,
políticas de averiguação de custos engessadas que pouco ou quase com crescimento acima desses patamares. Ao conjunto inteiro
nada retratam as necessidades de populações distintas.”. da América Latina, o organismo internacional está atribuindo
A oração grifada no trecho acima classifica-se como: um crescimento médio, em 2007, de 5,6%, um pouco maior do
(A) subordinada substantiva predicativa; que o do Brasil.
(B) subordinada adjetiva restritiva;
(C) subordinada substantiva subjetiva; 41. (VUNESP – TJ/SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
(D) subordinada substantiva objetiva direta; 2011) Assinale a alternativa em que a concordância verbal está cor-
(E) subordinada adjetiva explicativa. reta.
(A) Haviam cooperativas de catadores na cidade de São Paulo.
37. (FUNCAB – PREF. PORTO VELHO/RO – MÉDICO – 2009) No (B) O lixo de casas e condomínios vão para aterros.
trecho abaixo, as orações introduzidas pelos termos grifados são (C) O tratamento e a destinação corretos do lixo evitaria que
classificadas, em relação às imediatamente anteriores, como: 35% deles fosse despejado em aterros.
“Não há dúvida de que precisaremos curtir mais o dia a dia, (D) Fazem dois anos que a prefeitura adia a questão do lixo.
mas nunca à custa de nossos filhos...” (E) Somos nós quem paga a conta pelo descaso com a coleta
(A) subordinada substantiva objetiva indireta e coordenada sin- de lixo.
dética adversativa;
(B) subordinada adjetiva restritiva e coordenada sindética ex- 42. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2012)
plicativa; Assinale a opção que fornece a correta justificativa para as relações
(C) subordinada adverbial conformativa e subordinada adver- de concordância no texto abaixo.
bial concessiva; O bom desempenho do lado real da economia proporcionou
(D) subordinada substantiva completiva nominal e coordenada um período de vigoroso crescimento da arrecadação. A maior lucra-
sindética adversativa; tividade das empresas foi decisiva para os resultados fiscais favo-
(E) subordinada adjetiva restritiva e subordinada adverbial con- ráveis. Elevaram-se, de forma significativa e em valores reais, de-
cessiva. flacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as
receitas do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição
38. (ACEP – PREF. QUIXADÁ/CE – PSICÓLOGO – 2010) No pe- Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e a Contribuição para o Finan-
ríodo “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um ciamento da Seguridade Social (Cofins). O crescimento da massa de
governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a salários fez aumentar a arrecadação do Imposto de Renda Pessoa
história.”, a oração sublinhada é classificada como: Física (IRPF) e a receita de tributação sobre a folha da previdência
(A) coordenada assindética; social. Não menos relevantes foram os elevados ganhos de capital,
(B) subordinada substantiva completiva nominal; responsáveis pelo aumento da arrecadação do IRPF.
(C) subordinada substantiva objetiva indireta; (A) O uso do plural em “valores” é responsável pela flexão de
(D) subordinada substantiva apositiva. plural em “deflacionados”.
(B) O plural em “resultados” é responsável pela flexão de plural
39. (FCC – TRE/MG – TÉCNICO JUDICIÁRIO – 2005) As liberda- em “Elevaram-se”.
des ...... se refere o autor dizem respeito a direitos ...... se ocupa a (C) Emprega-se o singular em “proporcionou” para respeitar as
nossa Constituição. Preenchem de modo correto as lacunas da frase regras de concordância com “economia”.
acima, na ordem dada, as expressões: (D) O singular em “a arrecadação” é responsável pela flexão de
(A) a que – de que; singular em “fez aumentar”.
(B) de que – com que; (E) A flexão de plural em “foram” justifica-se pela concordância
(C) a cujas – de cujos; com “relevantes”.
(D) à que – em que;
(E) em que – aos quais. 43. (PREFEITURA DE PIRACICABA - SP - PROFESSOR - EDU-
CAÇÃO INFANTIL - VUNESP - 2020)
40. (ESAF – CGU – ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 2008)
Assinale o trecho que apresenta erro de regência. Escola inclusiva
(A) Depois de um longo período em que apresentou taxas de
crescimento econômico que não iam além dos 3%, o Brasil fe- É alvissareira a constatação de que 86% dos brasileiros concor-
cha o ano de 2007 com uma expansão de 5,3%, certamente a dam que há melhora nas escolas quando se incluem alunos com
maior taxa registrada na última década. deficiência.

32
LÍNGUA PORTUGUESA
Uma década atrás, quando o país aderiu à Convenção sobre subterrâneo ou a céu aberto, que se encaminha inevitavelmente
os Direitos das Pessoas com Deficiência e assumiu o dever de uma para o mar. O resultado está nas ilhas de lixo que se formam, da
educação inclusiva, era comum ouvir previsões negativas para tal Guanabara ao Pacífico.
perspectiva generosa. Apesar das dificuldades óbvias, ela se tornou De repente, uma boa notícia. Cientistas da Grécia, Suíça, Itália,
lei em 2015 e criou raízes no tecido social. China e dos Emirados Árabes descobriram em duas ilhas gregas um
A rede pública carece de profissionais satisfatoriamente qualifi- micróbio marinho que se alimenta do carbono contido no plástico
cados até para o mais básico, como o ensino de ciências; o que dizer jogado ao mar. Parece que, depois de algum tempo ao sol e atacado
então de alunos com gama tão variada de dificuldades. pelo sal, o plástico, seja mole, como o das sacolas, ou duro, como o
Os empecilhos vão desde o acesso físico à escola, como o en- das embalagens, fica quebradiço – no ponto para que os micróbios,
frentado por cadeirantes, a problemas de aprendizado criados por de guardanapo ao pescoço, o decomponham e façam a festa. Os
limitações sensoriais – surdez, por exemplo – e intelectuais. cientistas estão agora criando réplicas desses micróbios, para que
Bastaram alguns anos de convívio em sala, entretanto, para eles ajudem os micróbios nativos a devorar o lixo. Haja estômago.
minorar preconceitos. A maioria dos entrevistados (59%), hoje, dis- Em “A Guerra das Salamandras”, romance de 1936 do tcheco
corda de que crianças com deficiência devam aprender só na com- Karel Čapek (pronuncia-se tchá-pek), um explorador descobre na
panhia de colegas na mesma condição. costa de Sumatra uma raça de lagartos gigantes, hábeis em colher
Tal receptividade decerto não elimina o imperativo de contar pérolas e construir diques submarinos. Em troca das pérolas que as
com pessoal capacitado, em cada estabelecimento, para lidar com salamandras lhe entregam, ele lhes fornece facas para se defende-
necessidades específicas de cada aluno. O censo escolar indica 1,2 rem dos tubarões. O resto, você adivinhou: as salamandras se re-
milhão de alunos assim categorizados. Embora tenha triplicado o produzem, tornam-se milhões, ocupam os litorais, aprendem a falar
número de professores com alguma formação em educação espe- e inundam os continentes. São agora bilhões e tomam o mundo.
cial inclusiva, contam-se não muito mais que 100 mil deles no país. Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem
Não se concebe que possa haver um especialista em cada sala de se tornar as salamandras de Čapek. É que, no livro, as salamandras
aula. aprendem a gerir o mundo melhor do que nós. Com os micróbios
As experiências mais bem-sucedidas criaram na escola uma es- no comando, nossos mares, pelo menos, estarão a salvo.
trutura para o atendimento inclusivo, as salas de recursos. Aí, ao Ruy Castro, jornalista, biógrafo e escritor brasileiro. Folha de S. Paulo.
menos um profissional preparado se encarrega de receber o aluno Caderno Opinião, p. A2, 20 mai. 2019.
e sua família para definir atividades e de auxiliar os docentes do
período regular nas técnicas pedagógicas. Os pronomes pessoais oblíquos átonos, em relação ao verbo,
Não faltam casos exemplares na rede oficial de ensino. Compe- possuem três posições: próclise (antes do verbo), mesóclise (no
te ao Estado disseminar essas iniciativas exitosas por seus estabele- meio do verbo) e ênclise (depois do verbo).
cimentos. Assim se combate a tendência ainda existente a segregar Avalie as afirmações sobre o emprego dos pronomes oblíquos
em salas especiais os estudantes com deficiência – que não se con- nos trechos a seguir.
funde com incapacidade, como felizmente já vamos aprendendo. I – A próclise se justifica pela presença da palavra negativa: “E
(Editorial. Folha de S.Paulo, 16.10.2019. Adaptado) não se contenta em brindar os mares, rios e lagoas com seus pró-
prios dejetos.”
Assinale a alternativa em que, com a mudança da posição do II – A ênclise ocorre por se tratar de oração iniciada por verbo:
pronome em relação ao verbo, conforme indicado nos parênteses, “Intoxica-os também com garrafas plásticas, pneus, computadores,
a redação permanece em conformidade com a norma-padrão de sofás e até carcaças de automóveis.”
colocação dos pronomes. III – A próclise é sempre empregada quando há locução verbal:
(A) ... há melhora nas escolas quando se incluem alunos com “Não quero dizer que os micróbios comedores de lixo podem se
deficiência. (incluem-se) tornar as salamandras de Čapek.”
(B) ... em educação especial inclusiva, contam-se  não muito IV – O sujeito expresso exige o emprego da ênclise: “O ser hu-
mais que 100 mil deles no país. (se contam) mano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o câncer e pro-
(C) Não se concebe que possa haver um especialista em cada duzir um ‘Dom Quixote’”.
sala de aula. (concebe-se)
Está correto apenas o que se afirma em
(D) Aí, ao menos um profissional preparado  se encarrega de
(A) I e II.
receber o aluno... (encarrega-se)
(B) I e III.
(E) ... que não se confunde com incapacidade, como felizmente
(C) II e IV.
já vamos aprendendo. (confunde-se)
(D) III e IV.
44. (PREFEITURA DE CARANAÍBA - MG - AGENTE COMUNI-
45. (PREFEITURA DE BIRIGUI - SP - EDUCADOR DE CRECHE
TÁRIO DE SAÚDE - FCM - 2019)
- VUNESP - 2019)
Dieta salvadora Certo discurso ambientalista tradicional recorrentemente bus-
A ciência descobre um micróbio adepto de um ca indícios de que o problema ambiental seja universal (e de fato
alimento abundante: o lixo plástico no mar. é), atemporal (nem tanto) e generalizado (o que é desejável). Algu-
ma ingenuidade conceitual poderia marcar o ambientalismo apo-
O ser humano revelou-se capaz de dividir o átomo, derrotar o logético; haveria dilemas ambientais em todos os lugares, tempos,
câncer e produzir um “Dom Quixote”. Só não consegue dar um des- culturas. É a bambificação(*) da natureza. Necessária, no entanto,
tino razoável ao lixo que produz. E não se contenta em brindar os como condição de sobrevivência. Há quem tenha encontrado nor-
mares, rios e lagoas com seus próprios dejetos. Intoxica-os também mas ambientais na Bíblia, no Direito grego, e até no Direito romano.
com garrafas plásticas, pneus, computadores, sofás e até carcaças São Francisco de Assis, nessa linha, prosaica, seria o santo padroeiro
de automóveis. Tudo que perde o uso é atirado num curso d’água, das causas ambientais; falava com plantas e animais.

33
LÍNGUA PORTUGUESA
A proteção do meio ambiente seria, nesse contexto, instintiva, 47. (PREFEITURA DE PERUÍBE - SP - INSPETOR DE ALUNOS
predeterminando objeto e objetivo. Por outro lado, e este é o meu - VUNESP - 2019)
argumento, quando muito, e agora utilizo uma categoria freudiana,
a pretensão de proteção ambiental seria pulsional, dado que resiste Pelo fim das fronteiras
a uma pressão contínua, variável na intensidade. Assim, numa di-
mensão qualitativa, e não quantitativa, é que se deveria enfrentar Imigração é um fenômeno estranho. Do ponto de vista pura-
a questão, que também é cultural. E que culturalmente pode ser mente racional, ela é a solução para vários problemas globais. Mas,
abordada. como o mundo é um lugar menos racional do que deveria, pessoas
O problema, no entanto, é substancialmente econômico. O que buscam refúgio em outros países costumam ser recebidas com
dilema ambiental só se revela como tal quando o meio ambiente desconfiança quando não com violência, o que diminui o valor da
passa a ser limite para o avanço da atividade econômica. É nesse imigração como remédio multiuso.
sentido que a chamada internalização da externalidade negativa No plano econômico, a plena mobilidade da mão de obra se-
exige justificativa para uma atuação contra-fática. ria muito bem-vinda. Segundo algumas estimativas, ela faria o PIB
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica tam- mundial aumentar em até 50%. Mesmo que esses cálculos estejam
bém rondaria a discussão. Antropocêntricos acreditam que a prote- inflados, só uma fração de 10% já significaria um incremento da or-
ção ambiental seria narcisística, centrada e referenciada no próprio dem de US$ 10 trilhões (uns cinco Brasis).
homem. Os geocêntricos piamente entendem que a natureza deva Uma das principais razões para o mundo ser mais pobre do
ser protegida por próprios e intrínsecos fundamentos e característi- que poderia é que enormes contingentes de humanos vivem sob
cas. Posições se radicalizam. sistemas que os impedem de ser produtivos. Um estudo de 2016
A linha de argumento do ambientalista ingênuo lembra-nos o de Clemens, Montenegro e Pritchett estimou que só tirar um tra-
“salto do tigre” enunciado pelo filósofo da cultura Walter Benjamin, balhador macho sem qualificação de seu país pobre de origem e
em uma de suas teses sobre a filosofia da história. Qual um tigre transportá-lo para os EUA elevaria sua renda anual em US$ 14 mil.
mergulhamos no passado, e apenas apreendemos o que interessa A imigração se torna ainda mais tentadora quando se considera
para nossa argumentação. É o que se faz, a todo tempo. que é a resposta perfeita para países desenvolvidos que enfrentam
(Arnaldo Sampaio de Moraes Godoy. Disponível em: https://www. o problema do envelhecimento populacional.
conjur.com.br/2011. Acesso em: 10.08.2019. Adaptado) Não obstante tantas virtudes, imigrantes podem ser maltrata-
dos e até perseguidos quando cruzam a fronteira, especialmente
(*) Referência ao personagem Bambi, filhote de cervo conhe- se vêm em grandes números. Isso está acontecendo até no Brasil,
cido como “Príncipe da Floresta”, em sua saga pela sobrevivência que não tinha histórico de xenofobia. Desconfio de que estão em
na natureza.  operação aqui vieses da Idade da Pedra, tempo em que membros
de outras tribos eram muito mais uma ameaça do que uma solução.
Assinale a alternativa que reescreve os trechos destacados em- De todo modo, caberia às autoridades incentivar a imigração,
pregando pronomes, de acordo com a norma-padrão de regência e tomando cuidado para evitar que a chegada dos estrangeiros dê
colocação. pretexto para cenas de barbárie. Isso exigiria recebê-los com inte-
Uma nuvem de problematização supostamente filosófica tam- ligência, minimizando choques culturais e distribuindo as famílias
bém rondaria a discussão. / Alguma ingenuidade conceitual pode- por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. É tudo o que
ria marcar o ambientalismo apologético. não estamos fazendo.
(A) ... lhe rondaria ... o poderia marcar (Hélio Schwartsman. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/
(B) ... rondá-la-ia ... poderia marcar ele colunas/.28.08.2018. Adaptado)
(C) ... rondaria-a ... podê-lo-ia marcar Considere as frases:
(D) ... rondaria-lhe ... poderia o marcar • países desenvolvidos que enfrentam o problema do envelhe-
(E) ... a rondaria ... poderia marcá-lo cimento populacional. (4º parágrafo)
• ... minimizando choques culturais e distribuindo  as famí-
46. (PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO - PE - lias por regiões e cidades em que podem ser mais úteis. (6º pará-
TÉCNICO EM SANEAMENTO - IBFC - 2019) grafo)

Vou-me embora pra Pasárgada, A substituição das expressões em destaque por pronomes está
lá sou amigo do Rei”. de acordo com a norma-padrão de emprego e colocação em:
(M.Bandeira) (A) enfrentam-no; distribuindo-lhes.
(B) o enfrentam; lhes distribuindo.
Quanto à regra de colocação pronominal utilizada, assinale a (C) o enfrentam; distribuindo-as.
alternativa correta. (D) enfrentam-no; lhes distribuindo.
(A) Ênclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou (E) lhe enfrentam; distribuindo-as.
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado pos-
posto ao verbo. 48. (PREFEITURA DE PERUÍBE - SP – SECRETÁRIO DE ESCOLA
(B) Próclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou - VUNESP - 2019)
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado pos- Considere a frase a seguir. Como as crianças são naturalmente
posto ao verbo. agitadas, cabe aos adultos impor às crianças limites que garantam
(C) Mesóclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou às crianças um desenvolvimento saudável. Para eliminar as repeti-
pretérito afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado pos- ções da frase, as expressões destacadas devem ser substituídas, em
posto ao verbo. conformidade com a norma-padrão da língua, respectivamente, por
(E) Próclise: em orações iniciadas com verbos no imperativo (A) impor-nas ... lhes garantam
afirmativo, o pronome oblíquo deve ser usado posposto ao (B) impor-lhes ... as garantam
verbo. (C) impô-las ... lhes garantam

34
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) impô-las ... as garantam 52. (CESGRANRIO – PETROBRAS – TÉCNICO DE ENFERMAGEM
(E) impor-lhes ... lhes garantam DO TRABALHO – 2011) Há ERRO quanto ao emprego dos sinais de
pontuação em:
49. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - GEO- (A) Ao dizer tais palavras, levantou-se, despediu-se dos convi-
GRAFIA – MATUTINO - FURB – 2019) dados e retirou-se da sala: era o final da reunião.
(B) Quem disse que, hoje, enquanto eu dormia, ela saiu sorra-
O tradicional desfile do aniversário de Blumenau, que completa teiramente pela porta?
169 anos de fundação nesta segunda-feira, teve outra data especial (C) Na infância, era levada e teimosa; na juventude, tornou-se
para comemorar: os 200 anos de nascimento do Doutor Hermann tímida e arredia; na velhice, estava sempre alheia a tudo.
Blumenau. __________ 15 mil pessoas que estiveram na Rua XV de (D) Perdida no tempo, vinham-lhe à lembrança a imagem mui-
Novembro nesta manhã acompanhando o desfile, de acordo com to branca da mãe, as brincadeiras no quintal, à tarde, com os
estimativa da Fundação Cultural, conheceram um pouco mais da irmãos e o mundo mágico dos brinquedos.
vida do fundador do município. [...] O desfile também apresentou (E) Estava sempre dizendo coisas de que mais tarde se arre-
aspectos da colonização alemã no Vale do Itajaí. Dessa forma, as penderia. Prometia a si própria que da próxima vez, tomaria
bandeiras e moradores das 42 cidades do território original de Blu- cuidado com as palavras, o que entretanto, não acontecia.
menau, que foi fundado por Hermann, também estiveram repre-
sentadas na Rua XV de Novembro. [...] 53. (FCC – INFRAERO – ADMINISTRADOR – 2011) Está inteira-
Disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/desfile-em-blu- mente correta a pontuação do seguinte período:
menau-comemora-o-aniversario-da-cidade-e-os-200-anos-do-funda- (A) Os personagens principais de uma história, responsáveis
dor>.Acesso em: 02 set. 2019.[adaptado] pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes, de peque-
nas providências que, tomadas por figurantes aparentemente
No mesmo excerto “Dessa forma, as bandeiras e moradores sem importância, ditam o rumo de toda a história.
das 42 cidades do território original de Blumenau, que foi fundado (B) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
por Hermann, também estiveram representadas na Rua XV de No- pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes, de pequenas
vembro.”, a palavra destacada pertence à classe gramatical: providências que tomadas por figurantes, aparentemente sem
(A) conjunção importância, ditam o rumo de toda a história.
(B) pronome (C) Os personagens principais de uma história, responsáveis
(C) preposição pelo sentido maior dela dependem muitas vezes de pequenas
(D) advérbio providências, que, tomadas por figurantes aparentemente,
(E) substantivo sem importância, ditam o rumo de toda a história.
(D) Os personagens principais, de uma história, responsáveis
50. (PREFEITURA DE BLUMENAU - SC - PROFESSOR - PORTU- pelo sentido maior dela, dependem, muitas vezes de pequenas
GUÊS – MATUTINO - FURB – 2019) providências, que tomadas por figurantes aparentemente sem
importância, ditam o rumo de toda a história.
Determinado, batalhador, estudioso, dedicado e inquieto. Mui- (E) Os personagens principais de uma história, responsáveis,
tos são os adjetivos que encontramos nos livros de história para pelo sentido maior dela, dependem muitas vezes de peque-
definir Hermann Blumenau. Desde os primeiros anos da colônia, es-
nas providências, que tomadas por figurantes, aparentemente,
teve determinado a construir uma casa melhor para viver com sua
sem importância, ditam o rumo de toda a história.
família, talvez em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim.
Infelizmente, nunca concretizou este sonho, porém, nunca deixou
de zelar por tudo aquilo que lhe dizia respeito.[...]
Disponível em: <https://www.blumenau.sc.gov.br/secretarias/funda- GABARITO
cao-cultural/fcblu/memaoria-digital-ao-comemoraacaao-200-anos-dr-
-blumenau85>. Acesso em: 05 set. 2019. [adaptado]
1 B
Sobre a colocação dos pronomes átonos nos excertos: “...talvez
2 B
em um terreno que lhe pertencia no morro do aipim.” e “...zelar por
tudo aquilo que  lhe  dizia respeito.”, podemos afirmar que ambas 3 D
as próclises estão corretas, pois o verbo está precedido de palavras 4 A
que atraem o pronome para antes do verbo. Assinale a alternativa
que identifica essas palavras atrativas dos excertos: 5 C
(A) palavras de sentido negativo 6 A
(B) advérbios
(C) conjunções subordinativas 7 E
(D) pronomes demonstrativos 8 C
(E) pronomes relativos
9 D
51. (CESGRANRIO – FINEP – TÉCNICO – 2011) A vírgula pode 10 E
ser retirada sem prejuízo para o significado e mantendo a norma
11 D
padrão na seguinte sentença:
(A) Mário, vem falar comigo depois do expediente. 12 D
(B) Amanhã, apresentaremos a proposta de trabalho. 13 D
(C) Telefonei para o Tavares, meu antigo chefe.
(D) Encomendei canetas, blocos e crachás para a reunião. 14 E
(E) Entrou na sala, cumprimentou a todos e iniciou o discurso.

35
LÍNGUA PORTUGUESA
15 D ANOTAÇÕES
16 D
17 B ______________________________________________________
18 C ______________________________________________________
19 A
______________________________________________________
20 A
21 A ______________________________________________________
22 D ______________________________________________________
23 A
______________________________________________________
24 D
______________________________________________________
25 A
26 A ______________________________________________________
27 E ______________________________________________________
28 B
______________________________________________________
29 A
30 A ______________________________________________________

31 D ______________________________________________________
32 B
______________________________________________________
33 C
______________________________________________________
34 C
35 E ______________________________________________________
36 A ______________________________________________________
37 D
______________________________________________________
38 B
39 A ______________________________________________________

40 D ______________________________________________________
41 E ______________________________________________________
42 A
______________________________________________________
43 D
44 A ______________________________________________________
45 E ______________________________________________________
46 A
_____________________________________________________
47 C
_____________________________________________________
48 E
49 B ______________________________________________________
50 E ______________________________________________________
51 B
______________________________________________________
52 E
53 A ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
1. Estado, governo e administração pública. Conceitos, elementos, poderes, natureza, fins e princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direito administrativo. Conceito, fontes e princípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 04
3. Ato administrativo. Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies. Invalidação, anulação e revogação. Prescrição . . . . . 07
4. Agentes administrativos. Investidura e exercício da função pública. Direitos e deveres dos funcionários públicos; regimes jurídi-
cos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Processo administrativo. Conceito, princípios, fases e modalidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
6. Poderes da administração. Vinculado, discricionário, hierárquico, disciplinar e regulamentar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
7. Princípios básicos da administração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
8. Responsabilidade civil da administração. Evolução doutrinária e reparação do dano. Enriquecimento ilícito e uso e abuso de poder40
9. Serviços públicos. Conceito, classificação, regulamentação, formas e competência de prestação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
10. Organização administrativa. Administração direta e indireta, centralizada e descentralizada. Autarquias, fundações, empresas públicas
e sociedades de economia mista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
11. Controle e responsabilização da administração. Controle administrativo. Controle judicial. Controle legislativo . . . . . . . . . . . . . . . 58
12. Responsabilidade civil do Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
13. Licitações e contratos administrativos. Lei nº 8.666/1993 e suas alterações. Lei nº 14.133/2021 e suas alterações . . . . . . . . . . . . . 62
14. Acesso à informação. Lei nº 12.527/2011 e Decreto nº 7.724/2011 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Por traçar os limites do poder soberanamente exercido, o terri-
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. tório é elemento essencial à existência do Estado, sendo, desta for-
CONCEITOS, ELEMENTOS, PODERES, NATUREZA, FINS ma, pleno objeto de direitos do Estado, o qual se encontra a serviço
E PRINCÍPIOS. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRA- do povo e pode usar e dispor dele com poder absoluto e exclusivo,
ÇÃO desde que estejam presentes as características essenciais das rela-
ções de domínio. O território é formado pelo solo, subsolo, espaço
Estado aéreo, águas territoriais e plataforma continental, prolongamento
do solo coberto pelo mar.
Conceito, Elementos e Princípios
Adentrando ao contexto histórico, o conceito de Estado veio a A Constituição Brasileira atribui ao Conselho de Defesa Nacio-
surgir por intermédio do antigo conceito de cidade, da polis grega nal, órgão de consulta do presidente da República, competência
e da civitas romana. Em meados do século XVI o vocábulo Estado para “propor os critérios e condições de utilização de áreas indis-
passou a ser utilizado com o significado moderno de força, poder pensáveis à segurança do território nacional e opinar sobre seu
e direito. efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira e nas relacionadas
O Estado pode ser conceituado como um ente, sujeito de direi- com a preservação e a exploração dos recursos naturais de qual-
tos, que possui como elementos: o povo, o território e a soberania. quer tipo”. (Artigo 91, §1º, III,CFB/88).
Nos dizeres de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2010, p. 13),
“Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos ele- Os espaços sobre o qual se desenvolvem as relações sociais
mentos povo, território e governo soberano”. próprias da vida do Estado é uma porção da superfície terrestre,
O Estado como ente, é plenamente capacitado para adquirir di- projetada desde o subsolo até o espaço aéreo. Para que essa porção
reitos e obrigações. Ademais, possui personalidade jurídica própria, territorial e suas projeções adquiram significado político e jurídico,
tanto no âmbito interno, perante os agentes públicos e os cidadãos, é preciso considerá-las como um local de assentamento do grupo
quanto no âmbito internacional, perante outros Estados. humano que integra o Estado, como campo de ação do poder polí-
Vejamos alguns conceitos acerca dos três elementos que com- tico e como âmbito de validade das normas jurídicas.
põem o Estado:
SOBERANIA: Trata-se do poder do Estado de se auto adminis-
POVO: Elemento legitima a existência do Estado. Isso ocorre trar. Por meio da soberania, o Estado detém o poder de regular o
por que é do povo que origina todo o poder representado pelo Es- seu funcionamento, as relações privadas dos cidadãos, bem como
tado, conforme dispões expressamente art. 1º, parágrafo único, da as funções econômicas e sociais do povo que o integra. Por meio
Constituição Federal: desse elemento, o Estado edita leis aplicáveis ao seu território, sem
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por estar sujeito a qualquer tipo de interferência ou dependência de
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta outros Estados.
Constituição. Em sua origem, no sentido de legitimação, a soberania está
O povo se refere ao conjunto de indivíduos que se vincula juri- ligada à força e ao poder. Se antes, o direito era dado, agora é ar-
dicamente ao Estado, de forma estabilizada. quitetado, anteriormente era pensado na justiça robusta, agora é
Entretanto, isso não ocorre com estrangeiros e apátridas, dife- engendrado na adequação aos objetivos e na racionalidade técnica
rentemente da população, que tem sentido demográfico e quanti- necessária. O poder do Estado é soberano, uno, indivisível e emana
tativo, agregando, por sua vez, todos os que se encontrem sob sua do povo. Além disso, todos os Poderes são partes de um todo que
jurisdição territorial, sendo desnecessário haver quaisquer tipos de é a atividade do Estado.
vínculo jurídico do indivíduo com o poder do Estado. Como fundamento do Estado Democrático de Direito, nos pa-
râmetros do art.1º, I, da CFB/88), a soberania é elemento essencial
Com vários sentidos, o termo pode ser usado pela doutrina e fundamental à existência da República Federativa do Brasil.
como sinônimo de nação e, ainda, no sentido de subordinação a A lei se tornou de forma essencial o principal instrumento de
uma mesma autoridade política. organização da sociedade. Isso, por que a exigência de justiça e de
No entanto, a titularidade dos direitos políticos é determinada proteção aos direitos individuais, sempre se faz presente na vida
pela nacionalidade, que nada mais é que o vínculo jurídico estabe- do povo. Por conseguinte, por intermédio da Constituição escrita,
lecido pela Constituição entre os cidadãos e o Estado. desde a época da revolução democrática, foi colocada uma trava
O Direito nos concede o conceito de povo como sendo o con- jurídica à soberania, proclamando, assim, os direitos invioláveis do
junto de pessoas que detém o poder, a soberania, conforme já foi cidadão.
explicitado por meio do art. 1º. Parágrafo único da CFB/88 dispondo O direito incorpora a teoria da soberania e tenta compatibilizá-
que “Todo poder emana do povo, que exerce por meio de repre- -la aos problemas de hoje, e remetem ao povo, aos cidadãos e à sua
sentantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. participação no exercício do poder, o direito sempre tende a preser-
var a vontade coletiva de seu povo, através de seu ordenamento, a
TERRITÓRIO: pode ser conceituado como a área na qual o Esta- soberania sempre existirá no campo jurídico, pois o termo designa
do exerce sua soberania. Trata-se da base física ou geográfica de um igualmente o fenômeno político de decisão, de deliberação, sendo
determinado Estado, seu elemento constitutivo, base delimitada de incorporada à soberania pela Constituição.
autoridade, instrumento de poder com vistas a dirigir o grupo so- A Constituição Federal é documento jurídico hierarquicamente
cial, com tal delimitação que se pode assegurar à eficácia do poder superior do nosso sistema, se ocupando com a organização do po-
e a estabilidade da ordem. der, a definição de direitos, dentre outros fatores. Nesse diapasão,
O território é delimitado pelas fronteiras, que por sua vez, po- a soberania ganha particular interesse junto ao Direito Constitu-
dem ser naturais ou convencionais. O território como elemento do cional. Nesse sentido, a soberania surge novamente em discussão,
Estado, possui duas funções, sendo uma negativa limitante de fron- procurando resolver ou atribuir o poder originário e seus limites,
teiras com a competência da autoridade política, e outra positiva, entrando em voga o poder constituinte originário, o poder cons-
que fornece ao Estado a base correta de recursos materiais para tituinte derivado, a soberania popular, do parlamento e do povo
ação.

1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
como um todo. Depreende-se que o fundo desta problemática está Administração pública
entranhado na discussão acerca da positivação do Direito em deter-
minado Estado e seu respectivo exercício. Conceito
Assim sendo, em síntese, já verificados o conceito de Estado e Administração Pública em sentido geral e objetivo, é a ativida-
os seus elementos. Temos, portanto: de que o Estado pratica sob regime público, para a realização dos
interesses coletivos, por intermédio das pessoas jurídicas, órgãos e
ESTADO = POVO + TERRITÓRIO + SOBERANIA agentes públicos.
A Administração Pública pode ser definida em sentido amplo e
Obs. Os elementos (povo + território + soberania) do Estado estrito, além disso, é conceituada por Di Pietro (2009, p. 57), como
não devem ser confundidos com suas funções estatais que normal- “a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob re-
mente são denominadas “Poderes do Estado” e, por sua vez, são gime jurídico total ou parcialmente público, para a consecução dos
divididas em: legislativa, executiva e judiciária interesses coletivos”.
Nos dizeres de Di Pietro (2009, p. 54), em sentido amplo, a
Em relação aos princípios do Estado Brasileiro, é fácil encontra- Administração Pública é subdividida em órgãos governamentais e
-los no disposto no art. 1º, da CFB/88. Vejamos: órgãos administrativos, o que a destaca em seu sentido subjetivo,
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união sendo ainda subdividida pela sua função política e administrativa
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, consti- em sentido objetivo.
tui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: Já em sentido estrito, a Administração Pública se subdivide em
I - a soberania; órgãos, pessoas jurídicas e agentes públicos que praticam funções
II - a cidadania; administrativas em sentido subjetivo, sendo subdividida também
III - a dignidade da pessoa humana; na atividade exercida por esses entes em sentido objetivo.
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Em suma, temos:
V - o pluralismo político.

Ressalta-se que os conceitos de soberania, cidadania e pluralis- SENTIDO Sentido amplo {órgãos governamentais e
mo político são os que mais são aceitos como princípios do Estado. SUBJETIVO órgãos administrativos}.
No condizente à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais SENTIDO Sentido estrito {pessoas jurídicas, órgãos e
do trabalho e da livre inciativa, pondera-se que estes constituem as SUBJETIVO agentes públicos}.
finalidades que o Estado busca alcançar. Já os conceitos de sobera-
nia, cidadania e pluralismo político, podem ser plenamente relacio- SENTIDO Sentido amplo {função política e adminis-
nados com o sentido de organização do Estado sob forma política, OBJETIVO trativa}.
e, os conceitos de dignidade da pessoa humana e os valores sociais SENTIDO Sentido estrito {atividade exercida por
do trabalho e da livre iniciativa, implicam na ideia do alcance de OBJETIVO esses entes}.
objetivos morais e éticos.
Existem funções na Administração Pública que são exercidas
Governo pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes da Administração que são
subdivididas em três grupos: fomento, polícia administrativa e ser-
Conceito viço público.
Governo é a expressão política de comando, de iniciativa públi- Para melhor compreensão e conhecimento, detalharemos cada
ca com a fixação de objetivos do Estado e de manutenção da ordem uma das funções. Vejamos:
jurídica contemporânea e atuante. a. Fomento: É a atividade administrativa incentivadora do de-
O Brasil adota a República como forma de Governo e o fede- senvolvimento dos entes e pessoas que exercem funções de utilida-
ralismo como forma de Estado. Em sua obra Direito Administrativo de ou de interesse público.
da Série Advocacia Pública, o renomado jurista Leandro Zannoni, b. Polícia administrativa: É a atividade de polícia administrati-
assegura que governo é elemento do Estado e o explana como “a va. São os atos da Administração que limitam interesses individuais
atividade política organizada do Estado, possuindo ampla discricio- em prol do interesse coletivo.
nariedade, sob responsabilidade constitucional e política” (p. 71). c. Serviço público: resume-se em toda atividade que a Admi-
É possível complementar esse conceito de Zannoni com a afir- nistração Pública executa, de forma direta ou indireta, para satis-
mação de Meirelles (1998, p. 64-65) que aduz que “Governo é a
fazer os anseios e as necessidades coletivas do povo, sob o regime
expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos
jurídico e com predominância pública. O serviço público também
do Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente”. Entretanto,
regula a atividade permanente de edição de atos normativos e con-
tanto o conceito de Estado como o de governo podem ser definidos
cretos sobre atividades públicas e privadas, de forma implementati-
sob diferentes perspectivas, sendo o primeiro, apresentado sob o
va de políticas de governo.
critério sociológico, político, constitucional, dentre outros fatores.
No condizente ao segundo, é subdividido em sentido formal sob um
conjunto de órgãos, em sentido material nas funções que exerce e A finalidade de todas essas funções é executar as políticas de
em sentido operacional sob a forma de condução política. governo e desempenhar a função administrativa em favor do in-
O objetivo final do Governo é a prestação dos serviços públicos teresse público, dentre outros atributos essenciais ao bom anda-
com eficiência, visando de forma geral a satisfação das necessida- mento da Administração Pública como um todo com o incentivo das
des coletivas. O Governo pratica uma função política que implica atividades privadas de interesse social, visando sempre o interesse
uma atividade de ordem mediata e superior com referência à dire- público.
ção soberana e geral do Estado, com o fulcro de determinar os fins A Administração Pública também possui elementos que a com-
da ação do Estado, assinalando as diretrizes para as demais funções põe, são eles: as pessoas jurídicas de direito público e de direito
e buscando sempre a unidade da soberania estatal. privado por delegação, órgãos e agentes públicos que exercem a
função administrativa estatal.

2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
— Observação importante: Sua principal função é orientar a
Pessoas jurídicas de direito público são entidades estatais aco- INDISPONIBILIDA-
atuação dos agentes públicos para que
pladas ao Estado, exercendo finalidades de interesse imediato da DE DO INTERESSE
atuem em nome e em prol dos interes-
coletividade. Em se tratando do direito público externo, possuem PÚBLICO
ses da Administração Pública.
a personalidade jurídica de direito público cometida à diversas na-
ções estrangeiras, como à Santa Sé, bem como a organismos inter-
Ademais, tendo o agente público usufruído das prerrogativas
nacionais como a ONU, OEA, UNESCO.(art. 42 do CC).
de atuação conferidas pela supremacia do interesse público, a in-
No direito público interno encontra-se, no âmbito da adminis-
disponibilidade do interesse público, com o fito de impedir que tais
tração direta, que cuida-se da Nação brasileira: União, Estados, Dis-
prerrogativas sejam utilizadas para a consecução de interesses pri-
trito Federal, Territórios e Municípios (art. 41, incs. I, II e III, do CC).
vados, termina por colocar limitações aos agentes públicos no cam-
No âmbito do direito público interno encontram-se, no campo
po de sua atuação, como por exemplo, a necessidade de aprovação
da administração indireta, as autarquias e associações públicas (art.
em concurso público para o provimento dos cargos públicos.
41, inc. IV, do CC). Posto que as associações públicas, pessoas jurídi-
cas de direito público interno dispostas no inc. IV do art. 41 do CC,
Princípios Administrativos
pela Lei n.º 11.107/2005,7 foram sancionadas para auxiliar ao con-
Nos parâmetros do art. 37, caput da Constituição Federal, a Ad-
sórcio público a ser firmado entre entes públicos (União, Estados,
ministração Pública deverá obedecer aos princípios da Legalidade,
Municípios e Distrito Federal).
Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.
Vejamos:
Princípios da administração pública
– Princípio da Legalidade: Esse princípio no Direito Administra-
De acordo com o administrativista Alexandre Mazza (2017),
tivo, apresenta um significado diverso do que apresenta no Direito
princípios são regras condensadoras dos valores fundamentais de
Privado. No Direito Privado, toda e qualquer conduta do indivíduo
um sistema. Sua função é informar e materializar o ordenamento
que não esteja proibida em lei e que não esteja contrária à lei, é
jurídico bem como o modo de atuação dos aplicadores e intérpre-
considerada legal. O termo legalidade para o Direito Administrativo,
tes do direito, sendo que a atribuição de informar decorre do fato
significa subordinação à lei, o que faz com que o administrador deva
de que os princípios possuem um núcleo de valor essencial da or-
atuar somente no instante e da forma que a lei permitir.
dem jurídica, ao passo que a atribuição de enformar é denotada
— Observação importante: O princípio da legalidade considera
pelos contornos que conferem à determinada seara jurídica.
a lei em sentido amplo. Nesse diapasão, compreende-se como lei,
Desta forma, o administrativista atribui dupla aplicabilidade
toda e qualquer espécie normativa expressamente disposta pelo
aos princípios da função hermenêutica e da função integrativa.
art. 59 da Constituição Federal.
Referente à função hermenêutica, os princípios são amplamen-
– Princípio da Impessoalidade: Deve ser analisado sob duas
te responsáveis por explicitar o conteúdo dos demais parâmetros
óticas:
legais, isso se os mesmos se apresentarem obscuros no ato de tute-
la dos casos concretos. Por meio da função integrativa, por sua vez,
a) Sob a ótica da atuação da Administração Pública em relação
os princípios cumprem a tarefa de suprir eventuais lacunas legais
aos administrados: Em sua atuação, deve o administrador pautar
observadas em matérias específicas ou diante das particularidades
na não discriminação e na não concessão de privilégios àqueles que
que permeiam a aplicação das normas aos casos existentes.
o ato atingirá. Sua atuação deverá estar baseada na neutralidade e
na objetividade.
Os princípios colocam em prática as função hermenêuticas e in-
b) Em relação à sua própria atuação, administrador deve exe-
tegrativas, bem como cumprem o papel de esboçar os dispositivos
cutar atos de forma impessoal, como dispõe e exige o parágrafo
legais disseminados que compõe a seara do Direito Administrativo,
primeiro do art. 37 da CF/88 ao afirmar que: ‘‘A publicidade dos
dando-lhe unicidade e coerência.
atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos
deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,
Além disso, os princípios do Direito Administrativo podem ser
dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que carac-
expressos e positivados escritos na lei, ou ainda, implícitos, não po-
terizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.’’
sitivados e não escritos na lei de forma expressa.
– Princípio da Moralidade: Dispõe que a atuação administrati-
— Observação importante:
va deve ser totalmente pautada nos princípios da ética, honestida-
Não existe hierarquia entre os princípios expressos e implíci-
de, probidade e boa-fé. Esse princípio está conexo à não corrupção
tos. Comprova tal afirmação, o fato de que os dois princípios que
na Administração Pública.
dão forma o Regime Jurídico Administrativo, são meramente im-
plícitos.
O princípio da moralidade exige que o administrador tenha
conduta pautada de acordo com a ética, com o bom senso, bons
Regime Jurídico Administrativo: é composto por todos os prin-
costumes e com a honestidade. O ato administrativo terá que obe-
cípios e demais dispositivos legais que formam o Direito Adminis-
decer a Lei, bem como a ética da própria instituição em que o agen-
trativo. As diretrizes desse regime são lançadas por dois princípios
te atua. Entretanto, não é suficiente que o ato seja praticado apenas
centrais, ou supraprincípios que são a Supremacia do Interesse Pú-
nos parâmetros da Lei, devendo, ainda, obedecer à moralidade.
blico e a Indisponibilidade do Interesse Público.
– Princípio da Publicidade: Trata-se de um mecanismo de con-
Conclama a necessidade da sobreposi- trole dos atos administrativos por meio da sociedade. A publicidade
SUPREMACIA DO está associada à prestação de satisfação e informação da atuação
ção dos interesses da coletividade sobre
INTERESSE PÚBLICO pública aos administrados. Via de regra é que a atuação da Admi-
os individuais.
nistração seja pública, tornando assim, possível o controle da socie-
dade sobre os seus atos.

3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Ocorre que, no entanto, o princípio em estudo não é absoluto. Isso ocorre pelo fato deste acabar por admitir exceções previstas em
lei. Assim, em situações nas quais, por exemplo, devam ser preservadas a segurança nacional, relevante interesse coletivo e intimidade,
honra e vida privada, o princípio da publicidade deverá ser afastado.

Sendo a publicidade requisito de eficácia dos atos administrativos que se voltam para a sociedade, pondera-se que os mesmos não
poderão produzir efeitos enquanto não forem publicados.

– Princípio da Eficiência: A atividade administrativa deverá ser exercida com presteza, perfeição, rendimento, qualidade e economi-
cidade. Anteriormente era um princípio implícito, porém, hodiernamente, foi acrescentado, de forma expressa, na CFB/88, com a EC n.
19/1998.

São decorrentes do princípio da eficiência:


a. A possibilidade de ampliação da autonomia gerencial, orçamentária e financeira de órgãos, bem como de entidades administrativas,
desde que haja a celebração de contrato de gestão.
b. A real exigência de avaliação por meio de comissão especial para a aquisição da estabilidade do servidor Efetivo, nos termos do art.
41, § 4º da CFB/88.

DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCEITO, FONTES E PRINCÍPIOS

Conceito
De início, convém ressaltar que o estudo desse ramo do Direito, denota a distinção entre o Direito Administrativo, bem como entre as
normas e princípios que nele se inserem.
No entanto, o Direito Administrativo, como sistema jurídico de normas e princípios, somente veio a surgir com a instituição do Estado
de Direito, no momento em que o Poder criador do direito passou também a respeitá-lo. Tal fenômeno teve sua origem com os movimen-
tos constitucionalistas, cujo início se deu no final do século XVIII. Por meio do novo sistema, o Estado passou a ter órgãos específicos para
o exercício da Administração Pública e, por isso, foi necessário a desenvoltura do quadro normativo disciplinante das relações internas da
Administração, bem como das relações entre esta e os administrados. Assim sendo, pode considerar-se que foi a partir do século XIX que
o mundo jurídico abriu os olhos para a existência do Direito Administrativo.
Destaca-se ainda, que o Direito Administrativo foi formado a partir da teoria da separação dos poderes desenvolvida por Montes-
quieu, L’Espirit des Lois, 1748, e acolhida de forma universal pelos Estados de Direito. Até esse momento, o absolutismo reinante e a junção
de todos os poderes governamentais nas mãos do Soberano não permitiam o desenvolvimento de quaisquer teorias que visassem a reco-
nhecer direitos aos súditos, e que se opusessem às ordens do Príncipe. Prevalecia o domínio operante da vontade onipotente do Monarca.
Conceituar com precisão o Direito Administrativo é tarefa difícil, uma vez que o mesmo é marcado por divergências doutrinárias, o
que ocorre pelo fato de cada autor evidenciar os critérios que considera essenciais para a construção da definição mais apropriada para o
termo jurídico apropriado.
De antemão, ao entrar no fundamento de algumas definições do Direito Administrativo,
Considera-se importante denotar que o Estado desempenha três funções essenciais. São elas: Legislativa, Administrativa e Jurisdicio-
nal.
Pondera-se que os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são independentes, porém, em tese, harmônicos entre si. Os poderes
foram criados para desempenhar as funções do Estado. Desta forma, verifica-se o seguinte:

Funções do Estado
> Legislativa
>> Administrativa
>>> Jurisdicional

Poderes criados para desenvolver as funções do estado


> Legislativo
>> Executivo
>>> Judiciário

Infere-se que cada poder exerce, de forma fundamental, uma das funções de Estado, é o que denominamos de FUNÇÃO TÍPICA.

PODER LEGISLATIVO PODER EXECUTIVO PODER JUDICIÁRIO


FUNÇÃO TÍPICA Legislar Administrativa Judiciária
Julgar e solucionar conflitos por
Redigir e organizar o regramento Administração e gestão
ATRIBUIÇÃO intermédio da interpretação e aplicação
jurídico do Estado estatal
das leis.

Além do exercício da função típica, cada poder pode ainda exercer as funções destinadas a outro poder, é o que denominamos de
exercício de FUNÇÃO ATÍPICA. Vejamos:

4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

PODER LEGISLATIVO PODER EXERCUTIVO PODER JUDICIÁRIO


Tem-se por função atípica
Tem-se como função atípica Tem-se por função atípica
desse poder, por ser típica do
desse poder, por ser típica do desse poder, por ser típica do
Poder Executivo: Fazer licitação
FUNÇÃO ATÍPICA Poder Judiciário: O julgamento Poder Legislativo: A edição de
para realizar a aquisição de
do Presidente da República por Medida Provisória pelo Chefe do
equipamentos utilizados em
crime de responsabilidade. Executivo.
regime interno.

Diante da difícil tarefa de conceituar o Direito Administrativo, uma vez que diversos são os conceitos utilizados pelos autores modernos
de Direito Administrativo, sendo que, alguns consideram apenas as atividades administrativas em si mesmas, ao passo que outros, optam
por dar ênfase aos fins desejados pelo Estado, abordaremos alguns dos principais posicionamentos de diferentes e importantes autores.
No entendimento de Carvalho Filho (2010), “o Direito Administrativo, com a evolução que o vem impulsionando contemporaneamen-
te, há de focar-se em dois tipos fundamentais de relações jurídicas, sendo, uma, de caráter interno, que existe entre as pessoas adminis-
trativas e entre os órgãos que as compõem e, a outra, de caráter externo, que se forma entre o Estado e a coletividade em geral.” (2010,
Carvalho Filho, p. 26).
Como regra geral, o Direito Administrativo é conceituado como o ramo do direito público que cuida de princípios e regras que discipli-
nam a função administrativa abrangendo entes, órgãos, agentes e atividades desempenhadas pela Administração Pública na consecução
do interesse público.
Vale lembrar que, como leciona DIEZ, o Direito Administrativo apresenta, ainda, três características principais:
1 – constitui um direito novo, já que se trata de disciplina recente com sistematização científica;
2 – espelha um direito mutável, porque ainda se encontra em contínua transformação;
3 – é um direito em formação, não se tendo, até o momento, concluído todo o seu ciclo de abrangência.

Entretanto, o Direito Administrativo também pode ser conceituado sob os aspectos de diferentes óticas, as quais, no deslindar desse
estudo, iremos abordar as principais e mais importantes para estudo, conhecimento e aplicação.
• Ótica Objetiva: Segundo os parâmetros da ótica objetiva, o Direito Administrativo é conceituado como o acoplado de normas que
regulamentam a atividade da Administração Pública de atendimento ao interesse público.
• Ótica Subjetiva: Sob o ângulo da ótica subjetiva, o Direito Administrativo é conceituado como um conjunto de normas que coman-
dam as relações internas da Administração Pública e as relações externas que são encadeadas entre elas e os administrados.

Nos moldes do conceito objetivo, o Direito Administrativo é tido como o objeto da relação jurídica travada, não levando em conta os
autores da relação.
O conceito de Direito Administrativo surge também como elemento próprio em um regime jurídico diferenciado, isso ocorre por que
em regra, as relações encadeadas pela Administração Pública ilustram evidente falta de equilíbrio entre as partes.
Para o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Fernando Correia, o Direito Administrativo é o sistema de nor-
mas jurídicas, diferenciadas das normas do direito privado, que regulam o funcionamento e a organização da Administração Pública, bem
como a função ou atividade administrativa dos órgãos administrativos.
Correia, o intitula como um corpo de normas de Direito Público, no qual os princípios, conceitos e institutos distanciam-se do Direito
Privado, posto que, as peculiaridades das normas de Direito Administrativo são manifestadas no reconhecimento à Administração Pública
de prerrogativas sem equivalente nas relações jurídico-privadas e na imposição, em decorrência do princípio da legalidade, de limitações
de atuação mais exatas do que as que auferem os negócios particulares.
Entende o renomado professor, que apenas com o aparecimento do Estado de Direito acoplado ao acolhimento do princípio da sepa-
ração dos poderes, é que seria possível se falar em Direito Administrativo.
Oswaldo Aranha Bandeira de Mello aduz, em seu conceito analítico, que o Direito Administrativo juridicamente falando, ordena a
atividade do Estado quanto à organização, bem como quanto aos modos e aos meios da sua ação, quanto à forma da sua própria ação, ou
seja, legislativa e executiva, por intermédio de atos jurídicos normativos ou concretos, na consecução do seu fim de criação de utilidade
pública, na qual participa de forma direta e imediata, e, ainda como das pessoas de direito que façam as vezes do Estado.

— Observação importante: Note que os conceitos classificam o Direito Administrativo como Ramo do Direito Público fazendo sempre
referência ao interesse público, ao inverso do Direito Privado, que cuida do regulamento das relações jurídicas entre particulares, o Direito
Público, tem por foco regular os interesses da sociedade, trabalhando em prol do interesse público.

Por fim, depreende-se que a busca por um conceito completo de Direito Administrativo não é recente. Entretanto, a Administração
Pública deve buscar a satisfação do interesse público como um todo, uma vez que a sua natureza resta amparada a partir do momento que
deixa de existir como fim em si mesmo, passando a existir como instrumento de realização do bem comum, visando o interesse público,
independentemente do conceito de Direito Administrativo escolhido.

Objeto
De acordo com a ilibada autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a formação do Direito Administrativo como ramo autônomo, fadado
de princípios e objeto próprios, teve início a partir do instante em que o conceito de Estado de Direito começou a ser desenvolvido, com
ampla estrutura sobre o princípio da legalidade e sobre o princípio da separação de poderes. O Direito Administrativo Brasileiro não surgiu
antes do Direito Romano, do Germânico, do Francês e do Italiano. Diversos direitos contribuíram para a formação do Direito Brasileiro, tais
como: o francês, o inglês, o italiano, o alemão e outros. Isso, de certa forma, contribuiu para que o nosso Direito pudesse captar os traços
positivos desses direitos e reproduzi-los de acordo com a nossa realidade histórica.

5
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Atualmente, predomina, na definição do objeto do Direito Ad- Fontes do Direito Administrativo:
ministrativo, o critério funcional, como sendo o ramo do direito que
estuda a disciplina normativa da função administrativa, indepen- A) Lei
dentemente de quem esteja encarregado de exercê-la: Executivo, A lei se estende desde a constituição e é a fonte primária e prin-
Legislativo, Judiciário ou particulares mediante delegação estatal”, cipal do Direito Administrativo e se estende desde a Constituição
(MAZZA, 2013, p. 33). Federal em seus artigos 37 a 41, alcançando os atos administrativos
Sendo o Direito Administrativo um ramo do Direito Público, o normativos inferiores. Desta forma, a lei como fonte do Direito Ad-
entendimento que predomina no Brasil e na América Latina, ainda ministrativo significa a lei em sentido amplo, ou seja, a lei confec-
que incompleto, é que o objeto de estudo do Direito Administrati- cionada pelo Parlamento, bem como os atos normativos expedidos
vo é a Administração Pública atuante como função administrativa pela Administração, tais como: decretos, resoluções,
ou organização administrativa, pessoas jurídicas, ou, ainda, como Incluindo tratados internacionais.
órgãos públicos. Desta maneira, sendo a Lei a fonte primária, formal e primor-
De maneira geral, o Direito é um conjunto de normas, princí- dial do Direito Administrativo, acaba por prevalecer sobre as de-
pios e regras, compostas de coercibilidade disciplinantes da vida mais fontes. E isso, prevalece como regra geral, posto que as demais
social como um todo. Enquanto ramo do Direito Público, o Direito fontes que estudaremos a seguir, são consideradas fontes secundá-
Administrativo, nada mais é que, um conjunto de princípios e regras rias, acessórias ou informais.
que disciplina a função administrativa, as pessoas e os órgãos que a A Lei pode ser subdividida da seguinte forma:
exercem. Desta forma, considera-se como seu objeto, toda a estru-
tura administrativa, a qual deverá ser voltada para a satisfação dos — Lei em sentido amplo
interesses públicos. Refere-se a todas as fontes com conteúdo normativo, tais
São leis específicas do Direito Administrativo a Lei n. 8.666/1993 como: a Constituição Federal, lei ordinária, lei complementar, me-
que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, insti- dida provisória, tratados internacionais, e atos administrativos nor-
tui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá mativos (decretos, resoluções, regimentos etc.).
outras providências; a Lei n. 8.112/1990, que dispõe sobre o regime
jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das — Lei em sentido estrito
fundações públicas federais; a Lei n. 8.409/1992 que estima a recei- Refere-se à Lei feita pelo Parlamento, pelo Poder Legislativo
ta e fixa a despesa da União para o exercício financeiro de 1992 e a por meio de lei ordinária e lei complementar. Engloba também, ou-
Lei n. 9.784/1999 que regula o processo administrativo no âmbito tras normas no mesmo nível como, por exemplo, a medida provisó-
da Administração Pública Federal. ria que possui o mesmo nível da lei ordinária. Pondera-se que todos
O Direito Administrativo tem importante papel na identificação mencionados são reputados como fonte primária (a lei) do Direito
do seu objeto e o seu próprio conceito e significado foi de grande Administrativo.
importância à época do entendimento do Estado francês em dividir
as ações administrativas e as ações envolvendo o poder judiciário. B) Doutrina
Destaca-se na França, o sistema do contencioso administrativo com Tem alto poder de influência como teses doutrinadoras nas
matéria de teor administrativo, sendo decidido no tribunal admi- decisões administrativas, como no próprio Direito Administrativo.
nistrativo e transitando em julgado nesse mesmo tribunal. Definir o A Doutrina visa indicar a melhor interpretação possível da norma
objeto do Direito Administrativo é importante no sentido de com- administrativa, indicando ainda, as possíveis soluções para casos
preender quais matérias serão julgadas pelo tribunal administrati- determinados e concretos. Auxilia muito o viver diário da Adminis-
vo, e não pelo Tribunal de Justiça. tração Pública, posto que, muitas vezes é ela que conceitua, inter-
Depreende-se que com o passar do tempo, o objeto de estu- preta e explica os dispositivos da lei.
do do Direito Administrativo sofreu significativa e grande evolução,
desde o momento em que era visto como um simples estudo das Exemplo:
normas administrativas, passando pelo período do serviço público, A Lei n. 9.784/1999, aduz que provas protelatórias podem ser
da disciplina do bem público, até os dias contemporâneos, quando recusadas no processo administrativo. Desta forma, a doutrina ex-
se ocupa em estudar e gerenciar os sujeitos e situações que exer- plicará o que é prova protelatória, e a Administração Pública poderá
cem e sofrem com a atividade do Estado, assim como das funções usar o conceito doutrinário para recusar uma prova no processo
e atividades desempenhadas pela Administração Pública, fato que administrativo.
leva a compreender que o seu objeto de estudo é evolutivo e dinâ-
mico acoplado com a atividade administrativa e o desenvolvimento C) Jurisprudência
do Estado. Destarte, em suma, seu objeto principal é o desempe- Trata-se de decisões de um tribunal que estão na mesma dire-
nho da função administrativa. ção, além de ser a reiteração de julgamentos no mesmo sentido.

Fontes Exemplo:
Fonte significa origem. Neste tópico, iremos estudar a origem O Superior Tribunal de Justiça (STJ), possui determinada juris-
das regras que regem o Direito Administrativo. prudência que afirma que candidato aprovado dentro do número
Segundo Alexandre Sanches Cunha, “o termo fonte provém do de vagas previsto no edital tem direito à nomeação, aduzindo que
latim fons, fontis, que implica o conceito de nascente de água. En- existem diversas decisões desse órgão ou tribunal com o mesmo
tende-se por fonte tudo o que dá origem, o início de tudo. Fonte do entendimento final.
Direito nada mais é do que a origem do Direito, suas raízes históri-
cas, de onde se cria (fonte material) e como se aplica (fonte formal), — Observação importante: Por tratar-se de uma orientação aos
ou seja, o processo de produção das normas. São fontes do direito: demais órgãos do Poder Judiciário e da Administração Pública, a
as leis, costumes, jurisprudência, doutrina, analogia, princípio geral jurisprudência não é de seguimento obrigatório. Entretanto, com as
do direito e equidade.” (CUNHA, 2012, p. 43). alterações promovidas desde a CFB/1988, esse sistema orientador
da jurisprudência tem deixado de ser a regra.

6
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Exemplo:
Os efeitos vinculantes das decisões proferidas pelo Supremo ATO ADMINISTRATIVO. CONCEITO, REQUISITOS, ATRI-
Tribunal Federal na ação direta de inconstitucionalidade (ADI), na BUTOS, CLASSIFICAÇÃO E ESPÉCIES. INVALIDAÇÃO,
ação declaratória constitucionalidade (ADC) e na arguição de des- ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO
cumprimento de preceito fundamental, e, em especial, com as sú-
mulas vinculantes, a partir da Emenda Constitucional nº. 45/2004. Conceito
Nesses ocorridos, as decisões do STF acabaram por vincular e obri- Hely Lopes Meirelles conceitua ato administrativo como sendo
gar a Administração Pública direta e indireta dos Poderes da União, “toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos termos dis- que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, res-
postos no art. 103-A da CF/1988. guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor
obrigações aos administrados ou a si própria”.
D) Costumes Já Maria Sylvia Zanella Di Pietro explana esse tema, como: “a
Costumes são condutas reiteradas. Assim sendo, cada país, declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
Estado, cidade, povoado, comunidade, tribo ou população tem os jurídicos imediatos, com observância da lei, sob regime jurídico de
seus costumes, que via de regra, são diferentes em diversos aspec- direito público e sujeita a controle pelo Poder Judiciário”.
tos, porém, em se tratando do ordenamento jurídico, não poderão O renomado, Celso Antônio Bandeira de Mello, por sua vez,
ultrapassar e ferir as leis soberanas da Carta Magna que regem o explica o conceito de ato administrativo de duas formas. São elas:
Estado como um todo. A) Primeira: em sentido amplo, na qual há a predominância de
atos gerais e abstratos. Exemplos: os contratos administrativos e os
Como fontes secundárias e atuantes no Direito Administrati- regulamentos.
vo, os costumes administrativos são práticas reiteradas que devem No sentido amplo, de acordo com o mencionado autor, o ato
ser observadas pelos agentes públicos diante de determinadas si- administrativo pode, ainda, ser considerado como a “declaração do
tuações. Os costumes podem exercer influência no Direito Admi- Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um
nistrativo em decorrência da carência da legislação, consumando concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas
o sistema normativo, costume praeter legem, ou nas situações em públicas, manifestada mediante providências jurídicas complemen-
que seria impossível legislar sobre todas as situações. tares da lei a título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de
Os costumes não podem se opor à lei (contra legem), pois ela legitimidade por órgão jurisdicional”.
é a fonte primordial do Direito Administrativo, devendo somente B) Segunda: em sentido estrito, no qual acrescenta à definição
auxiliar à exata compreensão e incidência do sistema normativo. anterior, os atributos da unilateralidade e da concreção. Desta for-
ma, no entendimento estrito de ato administrativo por ele expos-
Exemplo: ta, ficam excluídos os atos convencionais, como os contratos, por
Ao determinar a CFB/1988 que um concurso terá validade de exemplo, bem como os atos abstratos.
até 2 anos, não pode um órgão, de forma alguma, atribuir por efei- Embora haja ausência de uniformidade doutrinária, a partir da
to de costume, prazo de até 10 anos, porque estaria contrariando análise lúcida do tópico anterior, acoplada aos estudos dos concei-
disposição expressa na Carta Magna, nossa Lei Maior e Soberana. tos retro apresentados, é possível extrair alguns elementos funda-
Ressalta-se, com veemente importância, que os costumes mentais para a definição dos conceitos do ato administrativo.
podem gerar direitos para os administrados, em decorrência dos De antemão, é importante observar que, embora o exercício
princípios da lealdade, boa-fé, moralidade administrativa, dentre da função administrativa consista na atividade típica do Poder Exe-
outros, uma vez que um certo comportamento repetitivo da Ad- cutivo, os Poderes Legislativo e Judiciário, praticam esta função
ministração Pública gera uma expectativa em sentido geral de que de forma atípica, vindo a praticar, também, atos administrativos.
essa prática deverá ser seguida nas demais situações parecidas Exemplo: ao realizar concursos públicos, os três Poderes devem no-
mear os aprovados, promovendo licitações e fornecendo benefícios
— Observação importante: Existe divergência doutrinária em legais aos servidores, dentre outras atividades. Acontece que em
relação à aceitação dos costumes como fonte do Direito Adminis- todas essas atividades, a função administrativa estará sendo exerci-
trativo. No entanto, para concursos, e estudos correlatos, via de da que, mesmo sendo função típica, mas, recordemos, não é função
regra, deve ser compreendida como correta a tese no sentido de exclusiva do Poder Executivo.
que o costume é fonte secundária, acessória, indireta e imediata Denota-se também, que nem todo ato praticado no exercício
do Direito Administrativo, tendo em vista que a fonte primária e da função administrativa é ato administrativo, isso por que em inú-
mediata é a Lei. meras situações, o Poder Público pratica atos de caráter privado,
desvestindo-se das prerrogativas que conformam o regime jurídico
Nota - Sobre Súmulas Vinculantes de direito público e assemelhando-se aos particulares. Exemplo: a
Nos termos do art. 103 - A da Constituição Federal, ‘‘o Supremo emissão de um cheque pelo Estado, uma vez que a referida provi-
Tribunal Federal poderá, de ofício ou mediante provocação, por de- dência deve ser disciplinada exclusivamente por normas de direito
cisão de dois terços de seus membros, após decisões reiteradas que privado e não público.
versam sobre matéria constitucional, aprovar súmulas que terão Há de se desvencilhar ainda que o ato administrativo pode ser
efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário praticado não apenas pelo Estado, mas também por aquele que
e à administração pública direta e indireta”. o represente. Exemplo: os órgãos da Administração Direta, bem
como, os entes da Administração Indireta e particulares, como
acontece com as permissionárias e com as concessionárias de ser-
viços públicos.
Destaca-se, finalmente, que o ato administrativo por não apre-
sentar caráter de definitividade, está sujeito a controle por órgão
jurisdicional. Em obediência a essas diretrizes, compreendemos
que ato administrativo é a manifestação unilateral de vontade pro-

7
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
veniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais ampara- Em relação às fontes, temos as competências primária e secun-
das pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito públi- dária. Vejamos a definição de cada uma delas nos tópicos abaixo:
co, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a controle a) Competência primária: quando a competência é estabeleci-
judicial específico. da pela lei ou pela Constituição Federal.
Em suma, temos: b) Competência Secundária: a competência vem expressa em
ATO ADMINISTRATIVO: é a manifestação unilateral de vontade normas de organização, editadas pelos órgãos de competência pri-
proveniente de entidade arremetida em prerrogativas estatais am- mária, uma vez que é produto de um ato derivado de um órgão ou
paradas pelos atributos provenientes do regime jurídico de direito agente que possui competência primária.
público, destinadas à produção de efeitos jurídicos e sujeitos a con-
trole judicial específico. Entretanto, a distribuição de competência não ocorre de forma
aleatória, de forma que sempre haverá um critério lógico informan-
ATOS ADMINISTRATIVOS EM SENTIDO AMPLO do a distribuição de competências, como a matéria, o território, a
hierarquia e o tempo. Exemplo disso, concernente ao critério da
Atos de Direito Privado matéria, é a criação do Ministério da Saúde.
Atos materiais Em relação ao critério territorial, a criação de Superintendên-
cias Regionais da Polícia Federal e, ainda, pelo critério da hierarquia,
Atos de opinião, conhecimento, juízo ou valor
a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF),
Atos políticos órgão julgador de recursos contra as decisões das Delegacias da Re-
Contratos ceita Federal de Julgamento criação da Comissão Nacional da Ver-
dade que trabalham na investigação de violações graves de Direitos
Atos normativos Humanos nos períodos entre 18.09.1946 e 05.10.1988, que resulta
Atos normativos em sentido estrito e propriamente ditos na combinação dos critérios da matéria e do tempo.
A competência possui como características:
Requisitos a) Exercício obrigatório: pelos órgãos e agentes públicos, uma
A lei da Ação Popular, Lei nº 4.717/1965, aponta a existência vez que se trata de um poder-dever de ambos.
de cinco requisitos do ato administrativo. São eles: competência, b) Irrenunciável ou inderrogável: isso ocorre, seja pela vonta-
finalidade, forma, motivo e objeto. É importante esclarecer que a de da Administração, ou mesmo por acordo com terceiros, uma vez
falta ou o defeito desses elementos pode resultar. que é estabelecida em decorrência do interesse público. Exemplo:
De acordo com o a gravidade do caso em consideração, em diante de um excessivo aumento da ocorrência de crimes graves e
simples irregularidade com possibilidade de ser sanada, invalidan- da sua diminuição de pessoal, uma delegacia de polícia não poderá
do o ato do ato, ou até mesmo o tornando inexistente. jamais optar por não mais registrar boletins de ocorrência relativos
No condizente à competência, no sentido jurídico, esta palavra a crimes considerados menos graves.
designa a prerrogativa de poder e autorização de alguém que está c) Intransferível: não pode ser objeto de transação ou acordo
legalmente autorizado a fazer algo. Da mesma maneira, qualquer com o fulcro de ser repassada a responsabilidade a outra pessoa.
pessoa, ainda que possua capacidade e excelente rendimento para Frise-se que a delegação de competência não provoca a transfe-
fazer algo, mas não alçada legal para tal, deve ser considerada in- rência de sua titularidade, porém, autoriza o exercício de deter-
competente em termos jurídicos para executar tal tarefa. minadas atribuições não exclusivas da autoridade delegante, que
Pensamento idêntico é válido para os órgãos e entidades pú- poderá, conforme critérios próprios e a qualquer tempo, revogar a
blicas, de forma que, por exemplo, a Agência Nacional de Aviação delegação.
Civil (ANAC) não possui competência para conferir o passaporte e d) Imodificável: não admite ser modificada por ato do agente,
liberar a entrada de um estrangeiro no Brasil, tendo em vista que o quando fixada pela lei ou pela Constituição, uma vez que somente
controle de imigração brasileiro é atividade exclusiva e privativa da estas normas poderão alterá-la.
Polícia Federal. e) Imprescritível: o agente continua competente, mesmo que
Nesse sentido, podemos conceituar competência como sendo não tenha sido utilizada por muito tempo.
o acoplado de atribuições designadas pelo ordenamento jurídico às f) Improrrogável: com exceção de disposição expressa prevista
pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos, com o fito de facilitar em lei, o agente incompetente não passa a ser competente pelo
o desempenho de suas atividades. mero fato de ter praticado o ato ou, ainda, de ter sido o primeiro a
A competência possui como fundamento do seu instituto a di-
tomar conhecimento dos fatos que implicariam a motivação de sua
visão do trabalho com ampla necessidade de distribuição do con-
prática.
junto das tarefas entre os agentes públicos. Desta forma, a distri-
buição de competências possibilita a organização administrativa
Cabem dentro dos critérios de competência a delegação e a
do Poder Público, definindo quais as tarefas cabíveis a cada pessoa
avocação, que podem ser definidas da seguinte forma:
política, órgão ou agente.
a) Delegação de competência: trata-se do fenômeno por in-
Relativo à competência com aplicação de multa por infração à
termédio do qual um órgão administrativo ou um agente público
legislação do imposto de renda, dentre as pessoas políticas, a União
delega a outros órgãos ou agentes públicos a tarefa de executar
é a competente para instituir, fiscalizar e arrecadar o imposto e tam-
bém para estabelecer as respectivas infrações e penalidades. Já em parte das funções que lhes foram atribuídas. Em geral, a delegação
relação à instituição do tributo e cominação de penalidades, que é transferida para órgão ou agente de plano hierárquico inferior.
é de competência do legislativo, dentre os Órgãos Constitucionais No entanto, a doutrina contemporânea considera, quando justifi-
da União, o Órgão que possui tal competência, é o Congresso Na- cadamente necessário, a admissão da delegação fora da linha hie-
cional no que condizente à fiscalização e aplicação das respectivas rárquica.
penalidades. Considera-se ainda que o ato de delegação não suprime a atri-
buição da autoridade delegante, que continua competente para o
exercício das funções cumulativamente com a autoridade a que foi

8
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
delegada a função. Entretanto, cada agente público, na prática de Seguindo temos:
atos com fulcro nos poderes que lhe foram atribuídos, agirá sempre a) Avocação: trata-se do fenômeno contrário ao da delegação e
em nome próprio e, respectivamente irá responder por seus atos. se resume na possibilidade de o superior hierárquico trazer para si
Por todas as decisões que tomar. Do mesmo modo, adotando de forma temporária o devido exercício de competências legalmen-
cautelas parecidas, a autoridade delegante da ação também pode- te estabelecidas para órgãos ou agentes hierarquicamente inferio-
rá revogar a qualquer tempo a delegação realizada anteriormen- res. Diferentemente da delegação, não cabe avocação fora da linha
te. Desta maneira, a regra geral é a possibilidade de delegação de de hierarquia, posto que a utilização do instituto é dependente de
competências, só deixando esta de ser possível se houver quaisquer poder de vigilância e controle nas relações hierarquizadas.
impedimentos legais vigentes. Vejamos a diferença entre a avocação com revogação de dele-
gação:
É importante conhecer a respeito da delegação de competên- • Na avocação, sendo sua providência de forma excepcional e
cia o disposto na Lei 9.784/1999, Lei do Processo Administrativo temporária, nos termos do art. 15 da Lei 9.787/1999, a competên-
Federal, que tendo tal norma aplicada somente no âmbito federal, cia é de forma originária e advém do órgão ou agente subordinado,
incorporou grande parte da orientação doutrinária existente, dis- sendo que de forma temporária, passa a ser exercida pelo órgão ou
pondo em seus arts. 11 a 14: autoridade avocante.
• Já na revogação de delegação, anteriormente, a competên-
Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos cia já era de forma original da autoridade ou órgão delegante, que
administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de achou por conveniência e oportunidade revogar o ato de delega-
delegação e avocação legalmente admitidos. ção, voltando, por conseguinte a exercer suas atribuições legais por
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não cunho de mão própria.
houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou-
tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica- Finalmente, adverte-se que, apesar de ser um dever ser exer-
mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns- cido com autocontrole, o poder originário de avocar competência
tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial. também se constitui em regra na Administração Pública, uma vez
que é inerente à organização hierárquica como um todo. Entretan-
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
to, conforme a doutrina de forma geral, o órgão superior não pode
delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
avocar a competência do órgão subordinado em se tratando de
presidentes.
competências exclusivas do órgão ou de agentes inferiores atribuí-
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
das por lei. Exemplo: Secretário de Segurança Pública, mesmo es-
I - a edição de atos de caráter normativo;
tando alguns degraus hierárquicos acima de todos os Delegados da
II - a decisão de recursos administrativos;
Polícia Civil, não poderá jamais avocar para si a competência para
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori-
presidir determinado inquérito policial, tendo em vista que esta
dade.
competência é exclusiva dos titulares desses cargos.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi- Não convém encerrar esse tópico acerca da competência sem
cados no meio oficial. mencionarmos a respeito dos vícios de competência que é concei-
§ 1º O ato de delegação especificará as matérias e poderes tuado como o sofrimento de algum defeito em razão de problemas
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob- com a competência do agente que o pratica que se subdivide em:
jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva a) Excesso de poder: acontece quando o agente que pratica o
de exercício da atribuição delegada. ato acaba por exceder os limites de sua competência, agindo além
§ 2º O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela das providências que poderia adotar no caso concreto, vindo a pra-
autoridade delegante. ticar abuso de poder. O vício de excesso de poder nem sempre po-
§ 3º As decisões adotadas por delegação devem mencionar derá resultar em anulação do ato administrativo, tendo em vista
explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo de- que em algumas situações será possível convalidar o ato defeituoso.
legado. b) Usurpação de função: ocorre quando uma pessoa exerce
Convém registrar que a delegação é ato discricionário, que atribuições próprias de um agente público, sem que tenha esse
leva em conta para sua prática circunstâncias de índole técnica, so- atributo ou competência. Exemplo: uma pessoa que celebra casa-
cial, econômica, jurídica ou territorial, bem como é ato revogável mentos civis fingindo ser titular do cargo de juiz.
a qualquer tempo pela autoridade delegante, sendo que o ato de c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o ato
delegação bem como a sua revogação deverão ser expressamente está irregularmente investida no cargo, emprego ou função pública
publicados no meio oficial, especificando em seu ato as matérias e ou ainda que, mesmo devidamente investida, existe qualquer tipo
poderes delegados, os parâmetros de limites da atuação do delega- de impedimento jurídico para a prática do ato naquele momento.
do, o recurso cabível, a duração e os objetivos da delegação. Na função de fato, o agente pratica o ato num contexto que tem
toda a aparência de legalidade. Por esse motivo, em decorrência da
Importante ressaltar: teoria da aparência, desde que haja boa-fé do administrado, esta
Súmula 510 do STF: Praticado o ato por autoridade, no exercí- deve ser respeitada, devendo, por conseguinte, ser considerados
cio de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segu- válidos os atos, como se fossem praticados pelo funcionário de fato.
rança ou a medida judicial. Em suma, temos:
Com fundamento nessa orientação, o STF decidiu no julgamen-
to do MS 24.732 MC/DF, que o foro da autoridade delegante não
poderá ser transmitido de forma alguma à autoridade delegada. VÍCIOS DE COMPETÊNCIA
Desta forma, tendo sido o ato praticado pela autoridade delegada, Em determinadas situações é
todas e quaisquer medidas judiciais propostas contra este ato deve- EXCESSO DE PODER
possível a convalidação
rão respeitar o respectivo foro da autoridade delegada.
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO Ato inexistente

9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Ato válido, se houver boa-fé do B) Considera a forma de natureza mais ampla, incluindo no
FUNÇÃO DE FATO conceito de forma apenas o modo de exteriorização do ato, bem
administrado
como todas as formalidades que devem ser destacadas e observa-
ABUSO DE AUTORIDADE das no seu curso de formação.
EXCESSO DE PODER Vício de competência Ambas as acepções estão meramente corretas, cuidando-se
simplesmente de modos diferentes de examinar a questão, sendo
DESVIO DE PODER Desvio de finalidade
que a primeira analisa a forma do ato administrativo sob o aspecto
exterior do ato já formado e a segunda, analisa a dinâmica da for-
Relativo à finalidade, denota-se que a finalidade pública é uma mação do ato administrativo.
das características do princípio da impessoalidade. Nesse diapasão,
a Administração não pode atuar com o objetivo de beneficiar ou Via de regra, no Direito Privado, o que prevalece é a liberdade
prejudicar determinadas pessoas, tendo em vista que seu compor- de forma do ato jurídico, ao passo que no Direito Público, a regra é
tamento deverá sempre ser norteado pela busca do interesse públi- o formalismo moderado. O ato administrativo não precisa ser reves-
co. Além disso, existe determinada finalidade típica para cada tipo tido de formas rígidas e solenes, mas é imprescindível que ele seja
de ato administrativo. escrito. Ainda assim, tal exigência, não é absoluta, tendo em vista
Assim sendo, identifica-se no ato administrativo duas espécies que em alguns casos, via de regra, o agente público tem a possibi-
de finalidade pública. São elas: lidade de se manifestar de outra forma, como acontece nas ordens
a) Geral ou mediata: consiste na satisfação do interesse públi- verbais transmitidas de forma emergencial aos subordinados, ou,
co considerado de forma geral. ainda, por exemplo, quando um agente de trânsito transmite orien-
b) Pública específica ou imediata: é o resultado específico pre- tações para os condutores de veículos através de silvos e gestos.
visto na lei, que deve ser alcançado com a prática de determinado Pondera-se ainda, que o ato administrativo é denominado vício
ato. de forma quando é enviado ou emitido sem a obediência à forma e
Está relacionada ao atributo da tipicidade, por meio do qual a sem cumprimento das formalidades previstas em lei. Via de regra,
lei dispõe uma finalidade a ser alcançada para cada espécie de ato. considera-se plenamente possível a convalidação do ato adminis-
trativo que contenha vício de forma. No entanto, tal convalidação
Destaca-se que o descumprimento de qualquer dessas finali- não será possível nos casos em que a lei estabelecer que a forma é
dades, seja geral ou específica, resulta no vício denominado desvio requisito primordial à validade do ato.
de poder ou desvio de finalidade. O desvio de poder é vício que não Devemos explanar também que a motivação declarada e escri-
pode ser sanado, e por esse motivo, não pode ser convalidado. ta dos motivos que possibilitaram a prática do ato, quando for de
A Lei de Ação Popular, Lei 4.717/1965 em seu art. 2º, parágrafo caráter obrigatório, integra a própria forma do ato. Desta maneira,
único, alínea e, estabelece que “o desvio de finalidade se verifica quan- quando for obrigatória, a ausência de motivação enseja vício de for-
do o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explí- ma, mas não vício de motivo.
cita ou implicitamente, na regra de competência”. Destaque-se que por Porém, de forma diferente, sendo o motivo declinado pela au-
via de regra legal atributiva de competência estatui de forma explícita toridade e comprovadamente ilícito ou falso, o vício consistirá no
ou implicitamente, os fins que devem ser seguidos e obedecidos pelo elemento motivo.
agente público. Caso o ato venha a ser praticado visando a fins diver-
sos, verificar-se-á a presença do vício de finalidade. Motivo
O desvio de finalidade, segundo grandes doutrinadores, se ve- O motivo diz respeito aos pressupostos de fato e de direito que
rifica em duas hipóteses. São elas: estabelecem ou autorizam a edição do ato administrativo.
a) o ato é formalmente praticado com finalidade diversa da Quando a autoridade administrativa não tem margem para de-
prevista por lei. Exemplo: remover um funcionário com o objetivo cidir a respeito da conveniência e oportunidade para editar o ato
de punição. administrativo, diz-se que este é ato vinculado. No condizente ao
b) ocorre quando o ato, mesmo formalmente editado com a ato discricionário, como há espaço de decisão para a autoridade
finalidade legal, possui, na prática, o foco de atender a fim de inte- administrativa, a presença do motivo simplesmente autoriza a prá-
resse particular da autoridade. Exemplo: com o objetivo de perse- tica do ato.
guir inimigo, ocorre a desapropriação de imóvel alegando interesse
público. Nesse diapasão, existem também o motivo de direito que se
trata da abstrata previsão normativa de uma situação que ao ser
Em resumo, temos: verificada no mundo concreto que autoriza ou determina a prática
do ato, ao passo que o motivo de fato é a concretização no mundo
Específica ou Imediata e empírico da situação prevista em lei.
FINALIDADE PÚBLICA
Geral ou Mediata Assim sendo, podemos esclarecer que a prática do ato adminis-
Ato praticado com finalidade diver- trativo depende da presença adjunta dos motivos de fato e de direi-
sa da prevista em Lei. to, posto que para isso, são imprescindíveis à existência abstrata de
e previsão normativa bem como a ocorrência, de fato concreto que
DESVIO DE FINALIDADE se integre à tal previsão.
Ato praticado formalmente com
OU DESVIO DE PODER De acordo com a doutrina, o vício de motivo é passível de ocor-
finalidade prevista em Lei, porém,
visando a atender a fins pessoais rer nas seguintes situações:
de autoridade. a) quando o motivo é inexistente.
b) quando o motivo é falso.
Concernente à forma, averígua-se na doutrina duas formas dis- c) quando o motivo é inadequado.
tintas de definição como requisito do ato administrativo. São elas:
A) De caráter mais restrito, demonstrando que a forma é o É de suma importância estabelecer a diferença entre motivo e
modo de exteriorização do ato administrativo. motivação. Vejamos:

10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
• Motivo: situação que autoriza ou determina a produção do — Motivo de fato: circunstância que se realiza no mundo real
ato administrativo. Sempre deve estar previsto no ato administrati- que corresponde à descrição contida de forma abstrata na lei, ca-
vo, sob pena de nulidade, sendo que sua ausência de motivo legíti- racterizando o motivo de direito.
mo ou ilegítimo é causa de invalidação do ato administrativo.
• Motivação: é a declinação de forma expressa do motivo, sen- VÍCIOS DE MOTIVO DO ATO ADMINISTRATIVO
do a declaração das razões que motivaram à edição do ato. Já a mo-
tivação declarada e expressa dos motivos dos atos administrativos, Inexistente
via de regra, nem sempre é exigida. Porém, se for obrigatória pela Falso
lei, sua ausência causará invalidade do ato administrativo por vício
Inadequado
de forma, e não de motivo.

Convém ressaltar que a Lei 9.784/1999, que regulamenta o • Teoria dos motivos determinantes
processo administrativo na esfera federal, dispõe no art. 50, o se- — O ato administrativo possui sua validade vinculada aos moti-
guinte: vos expostos mesmo que não seja exigida a motivação.
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com — Só é aplicada apenas se o ato conter motivação.
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: — STJ: “Não se decreta a invalidade de um ato administrativo
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; quando apenas um, entre os diversos motivos determinantes, não
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; está adequado à realidade fática”.
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
pública; Objeto
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici- O objeto do ato administrativo pode ser conceituado como
tatório; sendo o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Em outras pala-
V - decidam recursos administrativos; vras, podemos afirmar que o objeto do ato administrativo cuida-se
VI - decorram de reexame de ofício; da alteração da situação jurídica que o ato administrativo se propõe
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão a realizar. Desta forma, no ato impositivo de multa, por exemplo, o
ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; objeto é a punição do transgressor.
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida- Para que o ato administrativo tenha validade, seu objeto deve
ção de ato administrativo. ser lícito, possível, certo e revestido de moralidade conforme os pa-
drões aceitos como éticos e justos.
Prevê a mencionada norma em seu § 1º, que a motivação deve Havendo o descumprimento dessas exigências, podem incidir
ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração os esporádicos vícios de objeto dos atos administrativos. Nesse sen-
de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, infor- tido, podemos afirmar que serão viciados os atos que possuam os
mações, decisões ou propostas, que, nesse caso, serão parte inte- seguintes objetos, seguidos com alguns exemplos:
grante do ato. Tal hipótese é denominada pela doutrina de “motiva- a) Objeto lícito: punição de um servidor público com suspen-
ção aliunde” que significa motivação “em outro local”, mas que está são por prazo superior ao máximo estabelecido por lei específica.
sendo admitida no direito brasileiro. b) Objeto impossível: determinação aos subordinados para
evitar o acontecimento de chuva durante algum evento esportivo.
A motivação dos atos administrativos c) Objeto incerto: em ato unificado, a suspensão do direito de
É a teoria dos motivos determinantes. Convém explicitar a res- dirigir das pessoas que por ventura tenham dirigido alcoolizadas
peito da motivação dos atos administrativo e da teoria dos motivos nos últimos 12 meses, tanto as que tenham sido abordadas por au-
determinantes que se baseia na ideia de que mesmo a lei não exi- toridade pública ou flagradas no teste do bafômetro.
gindo a motivação, se o ato administrativo for motivado, ele só terá d) Objeto moral: a autorização concedida a um grupo de pes-
validade se os motivos declarados forem verdadeiros. soas específicas para a ocupação noturna de determinado trecho
de calçada para o exercício da prostituição. Nesse exemplo, o objeto
Exemplo é tido como imoral.
A doutrina cita o caso do ato de exoneração ad nutum de ser-
vidor ocupante de cargo comissionado, uma vez que esse tipo de Atributos do Ato Administrativo
ato não exige motivação. Entretanto, caso a autoridade competente Tendo em vista os pormenores do regime jurídico de direito
venha a alegar que a exoneração transcorre da falta de pontualida- público ou regime jurídico administrativo, os atos administrativos
de habitual do comissionado, a validade do ato exoneratório virá são dotados de alguns atributos que os se diferenciam dos atos pri-
a ficar na dependência da existência do motivo declarado. Já se o vados.
interessado apresentar a folha de ponto comprovando sua pontua- Acontece que não há unanimidade doutrinária no condizente
lidade, a exoneração, seja por via administrativa ou judicial, deverá ao rol desses atributos. Entretanto, para efeito de conhecimento,
ser anulada. bem como a enumeração que tem sido mais cobrada em concursos
É importante registrar que a teoria dos motivos determinantes públicos, bem como em teses, abordaremos o conceito utilizado
pode ser aplicada tanto aos atos administrativos vinculados quanto pela Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
aos discricionários, para que o ato tenha sido motivado. Nos dizeres da mencionada administrativista, os atributos dos
Em suma, temos: atos administrativos são:

• Motivo do ato administrativo • Presunção de legitimidade


— Definição: pressuposto de fato e direito que fundamenta a Decorre do próprio princípio da legalidade e milita em favor dos
edição do ato administrativo. atos administrativos. É o único atributo presente em todos os atos
— Motivo de Direito: é a situação prevista na lei, de forma abs- administrativos. Pelo fato de a administração poder agir somente
trata que autoriza ou determina a prática do ato administrativo. quando autorizada por lei, presume-se, por conseguinte que se a

11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
administração agiu e executou tal ato, observando os parâmetros EXEMPLOS DE ATOS ADMINISTRATIVOS AUTOEXECUTÓRIOS
legais. Desta forma, em decorrência da presunção de legitimidade,
os atos administrativos presumem-se editados em conformidade Apreensão de mercadorias impróprias para o consumo humano
com a lei, até que se prove o contrário. Demolição de edifício em situação de risco
De forma parecida, por efeito dos princípios da moralidade e
Internação de pessoa com doença contagiosa
da legalidade, quando a administração alega algo, presume-se que
suas alegações são verdadeiras. É o que a doutrina conceitua como Dissolução de reunião que ameace a segurança
presunção de veracidade dos atos administrativos que se cuida da
presunção de que o ato administrativo foi editado em conformida- Por fim, ressalta-se que o princípio da inafastabilidade da pres-
de com a lei, gerando a desconfiança de que as alegações produzi- tação jurisdicional possui o condão de garantir ao particular que
das pela administração são verdadeiras. considere que algum direito seu foi lesionado ou ameaçado, possa
As presunções de legitimidade e de veracidade são elementos livremente levar a questão ao Poder Judiciário em busca da defesa
e qualificadoras presentes em todos os atos administrativos. No dos seus direitos.
entanto, ambas serão sempre relativas ou juris tantum, podendo
ser afastadas em decorrência da apresentação de prova em sentido Tipicidade
contrário. Assim sendo, se o administrado se sentir prejudicado por De antemão, infere-se que a maior parte dos autores não cita
algum ato que refutar ilegal ou fundado em mentiras, poderá sub- a tipicidade como atributo do ato administrativo. Isso ocorre pelo
metê-lo ao controle pela própria administração pública, bem como fato de tal característica não estabelecer um privilégio da adminis-
pelo Judiciário. Já se o órgão provocado alegar que a prática não tração, mas sim uma restrição. Se adotarmos o entendimento de
está em conformidade com a lei ou é fundada em alegações falsas, que a título de “atributos” devemos estudar as particularidades dos
poderá proclamará a nulidade do ato, desfazendo os seus efeitos. atos administrativos que os divergem dos demais atos jurídicos, de-
Denota-se que a principal consequência da presunção de vera- veremos incluir a tipicidade na lista. Entretanto, se entendermos
cidade é a inversão do ônus da prova. Nesse sentido, relembremos que apenas são considerados atributos as prerrogativas que aca-
que em regra, segundo os parâmetros jurídicos, o dever de provar bam por verticularizar as relações jurídicas nas quais a administra-
é de quem alega o fato a ser provado. Desta maneira, se o particu- ção toma parte, a tipicidade não poderia ser considerada.
lar “X” alega que o particular “Y” cometeu ato ilícito em prejuízo Nos termos da primeira corrente, para a Professora Maria Syl-
do próprio “X”, incumbe a “X” comprovar o que está alegando, de via Zanella Di Pietro, a “tipicidade é o atributo pelo qual o ato admi-
maneira que, em nada conseguir provar os fatos, “Y” não poderá nistrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela
ser punido. lei como aptas a produzir determinados resultados”. Assim sendo,
em consonância com esse atributo, para cada finalidade que a Ad-
• Imperatividade ministração Pública pretender alcançar, deverá haver um ato pre-
Em decorrência desse do atributo, os atos administrativos são viamente definido na lei.
Denota-se que a tipicidade é uma consequência do princípio
impostos pelo Poder Público a terceiros, independentemente da
da legalidade. Esse atributo não permite à Administração praticar
concordância destes. Infere-se que a imperatividade é provenien-
atos em desacordo com os parâmetros legais, motivo pelo qual o atri-
te do poder extroverso do Estado, ou seja, o Poder Público poderá
buto da tipicidade é considerado como uma ideia contrária à da auto-
editar atos, de modo unilateral e com isso, constituir obrigações
nomia da vontade, por meio da qual o particular tem liberdade para
para terceiros. A imperatividade representa um traço diferenciado
praticar atos desprovidos de disciplina legal, inclusive atos inominados.
em relação aos atos de direito privado, uma vez que estes somente
Ainda nos trâmites com o entendimento exposto, ressalta-se
possuem o condão de obrigar os terceiros que manifestarem sua que a tipicidade só existe nos atos unilaterais, não se encontran-
expressa concordância. do presente nos contratos. Isso ocorre porque não existe qualquer
Entretanto, nem todo ato administrativo possui imperativida- impedimento de ordem jurídica para que a Administração venha a
de, característica presente exclusivamente nos atos que impõem firmar com o particular um contrato inominado desprovido de regu-
obrigações ou restrições aos administrados. Pelo contrário, se o ato lamentação legal, desde que esta seja a melhor maneira de atender
administrativo tiver por objetivo conferir direitos, como por exem- tanto ao interesse público como ao interesse particular.
plo: licença, admissão, autorização ou permissão, ou, ainda, quan-
do possuir conteúdo apenas enunciativo como certidão, atestado Classificação dos Atos Administrativos
ou parecer, por exemplo, não haverá imperatividade. A Doutrina não é uniforme no que condiz à atribuição dada
à diversidade dos critérios adotados com esse objetivo. Por esse
• Autoexecutoriedade motivo, sem esgotar o assunto, apresentamos algumas classifica-
Consiste na possibilidade de os atos administrativos serem exe- ções mais relevantes, tanto no que se refere a uma maior utilidade
cutados diretamente pela Administração Pública, por intermédio de prática na análise dos regimes jurídicos, tanto pela concomitante
meios coercitivos próprios, sem que seja necessário a intervenção abordagem nas provas de concursos públicos.
prévia do Poder Judiciário.
Esse atributo é decorrente do princípio da supremacia do inte- a) Em relação aos destinatários: atos gerais e individuais. Os
resse público, típico do regime de direito administrativo, fato que atos gerais ou normativos, são expedidos sem destinatários deter-
acaba por possibilitar a atuação do Poder Público no condizente à minados ou determináveis e aplicáveis a todas as pessoas que de
rapidez e eficiência. uma forma ou de outra se coloquem em situações concretas que
No entender de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a autoexecuto- correspondam às situações reguladas pelo ato. Exemplo: o Regula-
riedade somente é possível quando estiver expressamente previs- mento do Imposto de Renda.
ta em lei, ou, quando se tratar de medida urgente, que não sendo • Atos individuais ou especiais: são dirigidos a destinatários
adotada de imediato, ocasionará, por sua vez, prejuízo maior ao individualizados, podendo ser singulares ou plúrimos. Sendo que
interesse público. será singular quando alcançar um único sujeito determinado e será
plúrimo, quando for designado a uma pluralidade de sujeitos deter-
minados em si.

12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Exemplo: um mesmo ato, ao passo que no procedimento administrativo pra-
O decreto de desapropriação que atinja um único imóvel. Por ticam-se diversos atos intermediários e autônomos para a obtenção
outro lado, como hipótese de ato individual plúrimo, cita-se: o ato de um ato final e principal”.
de nomeação de servidores em forma de lista. Quanto aos desti-
natários: ATOS GERAIS, ATOS INDIVIDUAIS, SINGULARES PLÚRIMOS f) Em relação ao ato administrativo composto, pondera que
este também decorre do resultado da manifestação de vontade de
b) Em relação ao grau de liberdade do agente, os atos podem dois ou mais órgãos. O que o diferencia do ato complexo é o fato de
ser atos vinculados e discricionários. que, ao passo que no ato complexo as vontades dos órgãos se unem
• Os atos vinculados são aqueles nos quais a Administração para formar um só ato, no ato composto são praticados dois atos,
Pública fica sem liberdade de escolha, nos quais, desde que com- um principal e outro acessório.
provados os requisitos legais, a edição do ato se torna obrigatória,
nos parâmetros previstos na lei. Exemplo: licença para a construção Ademais, é importante explicar a definição de Hely Lopes Mei-
de imóvel. relles, para quem o ato administrativo composto “é o que resulta da
• Já os discricionários são aqueles em que a Administração vontade única de um órgão, mas depende da verificação por parte
Pública possui um pouco mais de liberdade para, em consonância de outro, para se tornar exequível”. A mencionada definição, em-
com critérios subjetivos de conveniência e oportunidade, tomar de- bora seja discutível, vem sendo muito utilizada pelas bancas exa-
cisões quando e como o ato será praticado, com a definição de seu minadoras na elaboração de questões de provas de concurso pú-
conteúdo, destinatários, a motivação e a forma de sua prática. blico. Isso ocorreu na aplicação da prova para Assistente Jurídico
do DF, elaborada pelo CESPE em 2001, que foi considerado correto
c) Em relação às prerrogativas da Administração, os atos admi- o seguinte tópico: “Ao ato administrativo cuja prática dependa de
nistrativos podem ser atos de império, de gestão e de expediente. vontade única de um órgão da administração, mas cuja exequibili-
• Atos de império são atos por meio dos quais a Administração dade dependa da verificação de outro órgão, dá-se o nome de ato
Pública pratica no uso das prerrogativas tipicamente estatais usan- administrativo composto”.
do o poder de império para impô-los de modo unilateral e coerciti-
vo aos seus administrados. Exemplo: interdição de estabelecimen- Espécies
tos comerciais. O saudoso jurista Hely Lopes Meirelles propõe que os atos
administrativos sejam divididos em cinco espécies. São elas: atos
d) Em relação aos atos de gestão, são atos por meio dos quais normativos, atos ordinatórios, atos negociais, atos enunciativos e
a Administração Pública atua sem o uso das prerrogativas prove- atos punitivos.
nientes do regime jurídico administrativo. Exemplo: atos de admi-
nistração dos bens e serviços públicos e dos atos negociais com os • Atos normativos
particulares. Os atos normativos são aqueles cuja finalidade imediata é es-
Quando praticados de forma regular os atos de gestão, passam miuçar os procedimentos e comportamentos para a fiel execução
a ter caráter vinculante e geram direitos subjetivos. da lei, posto que as dispostas e utilizadas por tais atos são gerais,
não possuem destinatários específicos e determinados, e abstratas,
Exemplo: versando sobre hipóteses e nunca sobre casos concretos.
Uma autarquia ao alugar um imóvel a ela pertencente, de for-
ma vinculante entre a administração e o locatário aos termos do Em relação à forma jurídica adotada, os atos normativos po-
contrato, acaba por gerar direitos e deveres para ambos. dem ser:
• Já os atos de expediente são tidos como aqueles que im- a) Decreto: é ato administrativo de competência privativa dos
pulsionam a rotina interna da repartição, sem caráter vinculante e chefes do Poder Executivo utilizados para regulamentar situação
sem forma especial, cujo objetivo é dar andamento aos processos e geral ou individual prevista na legislação, englobando também de
papéis que tramitam internamente nos órgãos públicos. forma ampla, o decreto legislativo, cuja competência é privativa das
Casas Legislativas.
Exemplo: O decreto é de suma importância no direito brasileiro, moti-
Um despacho com o teor: “ao setor de contabilidade para as vo pelo qual, de acordo com seu conteúdo, os decretos podem ser
devidas análises”. classificados em decreto geral e individual. Vejamos:
b) Decreto geral: possui caráter normativo veiculando regras
e) Quanto à formação, os atos administrativos podem ser atos gerais e abstratas, fato que visa facilitar ou detalhar a correta apli-
simples, complexos e compostos. cação da Lei. Exemplo: o decreto que institui o “Regulamento do
• O ato simples decorre da declaração de vontade de apenas Imposto de Renda”.
um órgão da administração pública, pouco importando se esse ór- c) Decreto individual: seu objetivo é tratar da situação específi-
gão é unipessoal ou colegiado. Assim sendo, a nomeação de um ca de pessoas ou grupos determinados, sendo que a sua publicação
servidor público pelo Prefeito de um Município, será considerada produz de imediato, efeitos concretos.
como ato simples singular, ao passo que a decisão de um processo
administrativo por órgão colegiado será apenas ato simples cole- Exemplo:
giado. Decreto que declara a utilidade pública de determinado bem
• O ato complexo é constituído pela manifestação de dois ou para fim de desapropriação.
mais órgãos, por meio dos quais as vontades se unem em todos os Nesse ponto, passaremos a verificar a respeito do decreto re-
sentidos para formar um só ato. Exemplo: um decreto assinado pelo gulamentar, também designado de decreto de execução. A doutrina
Presidente da República e referendado pelo Ministro de Estado. o conceitua como sendo aquele que introduz um regulamento, não
É importante não confundir ato complexo com procedimento permitindo que o seu conteúdo e o seu alcance possam ir além da-
administrativo. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, “no ato com- queles do que é permitido por Lei.
plexo integram-se as vontades de vários órgãos para a obtenção de

13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Por sua vez, o decreto autônomo é aquele que dispõe sobre — Ato declaratório: ato que reconhece o direito subjetivo do
matéria não regulada em lei, passando a criar um novo direito. Pon- particular, vindo a autorizar a habilitação do seu exercício.
dera-se que atualmente, as únicas hipóteses de decreto autônomo
admitidas no direito brasileiro, são as disposta no art. 84, VI, “a”, da b) Permissão: trata-se de ato administrativo discricionário do-
Constituição Federal, incluída pela Emenda Constitucional 32/2001, tado da permissão do exercício de atividades específicas realizadas
que predispõe a competência privativa do Presidente da República pelo particular ou, ainda, o uso privativo de determinado bem pú-
para dispor, mediante decreto, sobre a organização e funcionamen- blico. Exemplo: a permissão para uso de bem público específico.
to da administração federal, quando não incorrer em aumento de A permissão é dotada de características essenciais. São elas:
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. — Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Ad-
ministração Pública concorda com o exercício da atividade privada,
• Atos ordinatórios bem como da utilização de bem público por particulares;
Os atos administrativos ordinatórios são aqueles que podem — Ato discricionário: ato por intermédio do qual a autoridade
ser editados no exercício do poder hierárquico, com o fulcro de dis- administrativa é dotada de liberdade de análise referente à conve-
ciplinar as relações internas da Administração Pública. Detalhare- niência e à oportunidade do ato administrativo;
mos aqui os principais atos ordinatórios. São eles: as instruções, as — Ato constitutivo: ato por meio do qual, o particular possui
circulares, os avisos, as portarias, as ordens de serviço, os ofícios e somente expectativa de direito antes da edição do ato, e não ape-
os despachos. nas de direito subjetivo ao ato.
Instruções: tratam-se de atos administrativos editados pela
autoridade hierarquicamente superior, com o fulcro de ordenar a c) Autorização: é detentora de características iguais às da per-
atuação dos agentes que lhes são subordinados. Exemplo: as instru- missão, vindo a constituir ato administrativo discricionário permis-
ções que ordenam os atos que devem ser usados de forma interna sionário do exercício de atividade específica pelo particular ou,
na análise do pedido de utilização de bem público formalizado uni- ainda, o uso particular de bem público. Da mesma forma que a per-
camente por particular. missão, a autorização possui como características: o ato de consen-
Circulares: são consideradas idênticas às instruções, entretan- timento estatal, o ato discricionário e o ato constitutivo.
to, de modo geral se encontram dotadas de menor abrangência.
Avisos: tratam-se de atos administrativos que são editados por d) Admissão: trata-se de ato administrativo vinculado portador
Ministros de Estados com o objetivo de tratarem de assuntos corre- do reconhecimento do direito ao recebimento de serviço público
latos aos respectivos Ministérios. específico pelo particular, que deve ser editado na hipótese na qual
Portarias: são atos administrativos respectivamente editados o particular preencha devidamente os requisitos legais
por autoridades administrativas, porém, diferentes das do chefe do
Poder Executivo. Exemplo: determinação por meio de portaria de- • Atos enunciativos
terminando a instauração de processo disciplinar específico. São atos administrativos que expressam opiniões ou, ainda,
Ordens de serviço: tratam-se de atos administrativos ordena- que certificam fatos no campo da Administração Pública. A doutri-
dores da adoção de conduta específica em circunstâncias especiais. na reconhece como espécies de atos enunciativos: os pareceres, as
Exemplo: ordem de serviço determinadora de início de obra públi- certidões, os atestados e o apostilamento. Vejamos:
ca. a) Pareceres: são atos administrativos que buscam expressar
Ofícios: são especificamente, atos administrativos que se res- a opinião do agente público a respeito de determinada questão de
ponsabilizam pela formalização da comunicação de forma escrita ordem fática, técnica ou jurídica. Exemplo: no curso de processo de
e oficial existente entre os diversos órgãos públicos, bem como de licenciamento ambiental é apresentado parecer técnico.
entidades administrativas como um todo. Exemplo: requisição de De forma geral, a doutrina pondera a existência de três espé-
informações necessárias para a defesa do Estado em juízo por meio cies de pareceres. São eles:
de ofício enviado pela Procuradoria do Estado à Secretaria de Saú- 1) Parecer facultativo: esta espécie não é exigida pela legislação
de. para formulação da decisão administrativa. Ao ser elaborado, não
Despachos: são atos administrativos eivados de poder decisó- vincula a autoridade competente;
rio ou apenas de mero expediente praticados em processos admi- 2) Parecer obrigatório: é o parecer que deve ser necessaria-
nistrativos. Exemplo: quando da ocorrência de processo disciplinar, mente elaborado nas hipóteses mencionadas na legislação, mas a
é emitido despacho especifico determinando a oitiva de testemu- opinião nele contida não vincula de forma definitiva a autoridade
nhas. responsável pela decisão administrativa, que pode contrariar o pa-
recer de forma motivada;
• Atos negociais 3) Parecer vinculante: é o parecer que deve ser elaborado de
Também chamados de atos receptícios, são atos administrati- forma obrigatória contendo teor que vincule a autoridade adminis-
vos de caráter administrativo editados a pedido do particular, com trativa com o dever de acatá-lo.
o fulcro de viabilizar o exercício de atividade específica, bem como a
utilização de bens públicos. Nesse ato, a vontade da Administração b) Certidões: tratam-se de atos administrativos que possuem
Pública é pertinente com a pretensão do particular. Fazem parte o condão de declarar a existência ou inexistência de atos ou fatos
desta categoria, a licença, a permissão, a autorização e a admissão. administrativos. As certidões são atos que retratam a realidade, po-
Vejamos: rém, não são capazes de criar ou extinguir relações jurídicas.
a) Licença: possui algumas características. São elas: *Nota importante: o art. 5, XXXIV, “b”, da Constituição Federal
— Ato vinculado: desde que sejam preenchidos os requisitos consagra o direito de certidão no âmbito de direitos fundamentais,
legais por parte do particular, o Poder Público deverá editar a li- no qual assegura a todo e qualquer cidadão interessado, indepen-
cença; dentemente do pagamento de taxas, “a obtenção de certidões em
— Ato de consentimento estatal: ato por meio do qual a Admi- repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de
nistração se torna conivente com o exercício da atividade privada situações de interesse pessoal”.
como um todo;

14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
c) Atestados: tratam-se de atos administrativos similares às *Nota importante: Diferentemente das sanções aplicadas aos
certidões, posto que também declaram a existência ou inexistência particulares, de modo geral, no exercício do poder de polícia, as
de fatos. Entretanto, os atestados não se confundem com as cer- sanções disciplinares são aplicadas no campo das relações de sujei-
tidões, uma vez que nas certidões, o agente público utiliza-se do ção especial de administrados específicos do poder disciplinar da
ato de emitir declaração sobre ato ou fato constante dos arquivos Administração Pública, como é o caso dos servidores e contratados.
públicos, ao passo que os atestados se incumbem da tarefa de re- Ao passo que as sanções de polícia são aplicadas para o exterior
tratar fatos que não constam de forma antecipada dos arquivos da da Administração - as chamadas sanções externas - as sanções dis-
Administração Pública. ciplinares são aplicadas no interior da Administração Pública, - as
denominadas sanções internas.
d) Apostilamento: tratam-se atos administrativos que possuem
o objetivo de averbar determinados fatos ou direitos reconhecidos Extinção do ato administrativo
pela norma jurídica como um todo. Como exemplo, podemos citar Diversas são as causas que causam e determinam a extinção
o apostilamento, via de regra, feito no verso da última página dos dos atos administrativos ou de seus efeitos. No entendimento de
contratos administrativos, da variação do valor contratual advinda Celso Antônio Bandeira de Mello, o ato administrativo eficaz poderá
de reajuste previsto no contrato, nos parâmetros do art. 65, § 8.°, ser extinto pelos seguintes motivos: cumprimento de seus efeitos,
da Lei 8.666/1993, Lei de Licitações. vindo a se extinguir naturalmente; desaparecimento do sujeito,
vindo a causar a extinção subjetiva, ou sendo do objeto, extinção
• Atos punitivos objetiva; retirada do ato pelo Poder Público e pela renúncia do be-
Também chamados de atos sancionatórios, os atos punitivos neficiário.
são aqueles que atuam na restrição de direitos, bem como de in-
teresses dos administrados que vierem a atuar em desalento com Nesse tópico trataremos do condizente a outras situações por
a ordem jurídica de modo geral. Entretanto, exige-se, de qualquer meio das quais a extinção do ato administrativo ou de seus efeitos
forma, o devido respeito à ampla defesa e ao contraditório na edi- ocorre pelo fato do Poder Público ter emitido novo ato que surtiu
ção de atos punitivos, nos trâmites do art. 5.°, LV, da Constituição efeito extintivo sobre o ato anterior. Isso pode ocorrer nas seguintes
Federal Brasileira, bem como que as sanções administrativas te- situações:
nham previsão legal expressa cumprindo os ditames do princípio
da legalidade. Cassação
Podemos dividir as sanções em dois grupos: É a supressão do ato pelo fato do destinatário ter descumprido
1) Sanções de polícia: de modo geral são aplicadas com supe- condições que deveriam permanecer atendidas com o fito de dar
dâneo no poder de polícia, bem como são relacionadas aos particu- continuidade à0situação jurídica. Como modalidade de extinção
lares em geral. Exemplo: multa de trânsito. do ato administrativo, a cassação relaciona-se ao ato que, mesmo
sendo legítimo na sua origem e formação, tornou-se ilegal na sua
2) Sanções funcionais ou disciplinares: são aplicadas com em-
execução. Exemplo: cassação de uma licença para funcionamento
basamento no poder disciplinar aos servidores públicos e às demais
de hotel que passou a funcionar ilegalmente como casa de prosti-
pessoas que se encontram especialmente vinculadas à Administra-
tuição.
ção Pública. Exemplo: reprimenda imposta à determinada empresa
contratada pela Administração.
Vale ressaltar que um dos principais requisitos da cassação de
Em relação aos atos punitivos, pode-se citar como exemplos, as
um ato administrativo é a preeminente necessidade de sua vincu-
multas, as interdições de atividades, as apreensões ou destruições
lação obrigatória às hipóteses previstas em lei ou norma similar.
de coisas e as sanções disciplinares. Vejamos resumidamente cada Desta forma, a Administração Pública não detém o poder de de-
espécie: monstrar ou indicar motivos diferentes dos previstos para justificar
Multas: tratam-se de sanções pecuniárias que são impostas a cassação, estando, desta maneira, limitada ao que houver sido
aos administrados. fixado nas referidas leis ou normas similares. Esse entendimento,
Interdições de atividades: são atos que proibitivos ou suspen- em geral, evita que os particulares sejam coagidos a conviver com
sivos do exercício de atividades diversas. extravagante insegurança jurídica, posto que, a qualquer momento
Apreensão ou destruição de coisas: cuidam-se de sanções a administração estaria apta a propor a cassação do ato adminis-
aplicadas pela Administração relacionadas às coisas que colocam a trativo.
população em risco. Relativo à sua natureza jurídica, sendo a cassação considerada
como um ato sancionatório, uma vez que a cassação só poderia ser
Ressalta-se que em se tratando de perigo público iminente, a proposta contra particulares que tenham sido flagrados pelos agen-
autoridade pública deterá o poder de destruir as coisas nocivas à tes de fiscalização em descumprimento às condições de subsistên-
coletividade, havendo ou não, processo administrativo prévio, si- cia do ato, bem como por ato revisional que implicasse auditoria,
tuação hipotética na qual a ampla defesa será delongada para mo- acoplando até mesmo questões relativas à intercepção de bases de
mento posterior. Entretanto, estando ausente a urgência da medi- dados públicas.
da, denota-se que a sua aplicação dependerá da formalização feita Vale ressaltar que a cassação e a anulação possuem efeitos pa-
de forma prévia no processo administrativo, situação por intermé- recidos, porém não são equivalentes, uma vez que a cassação ad-
dio da qual, a ampla defesa será postergada para momento ulterior. vém do não cumprimento ou alteração dos requisitos necessários
Sanções disciplinares: também chamadas de sanções funcio- para a formação ou manutenção de uma situação jurídica, ao passo
nais, as sanções disciplinares são aplicadas aos servidores públicos que a anulação tem parte quando é verificado que o defeito do ato
e aos administrados possuidores de relação jurídica especial com a ocorreu na formação do ato.
Administração Pública, desde que tenha sido constatada a violação
ao ordenamento jurídico, bem como aos termos do negócio jurídi- Anulação
co. Um exemplo disso, é a demissão de servidor público que tenha É a retirada ou supressão do ato administrativo, pelo motivo
cometido falta grave. de ele ter sido produzido com ausência de conformidade com a lei
e com o ordenamento jurídico. A anulação é resultado do controle

15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
de legalidade ou legitimidade do ato. O controle de legalidade ou A revogação resulta de um controle de conveniência e oportu-
legitimidade não permite que se aprofunde na análise do mérito do nidade do ato administrativo promovido pela própria Administra-
ato, posto que, se a Administração contiver por objetivo retirar o ção que o editou.
ato por razões de conveniência e oportunidade, deverá, por conse- É fundamental compreender que a revogação somente pode
guinte, revogá-lo, e não o anular. atingir os atos administrativos discricionários. Isso ocorre por que
Diferentemente da revogação, que mantém incidência somen- quando a administração está à frente do motivo que ordena a prá-
te sobre atos discricionários, a anulação pode atingir tanto os atos tica do ato vinculado, ela deve praticá-lo de forma obrigatória, não
discricionários quanto os vinculados. Isso que é explicado pelo fato lhe sendo de forma alguma, facultada a possibilidade de analisar a
de que ambos deterem a prerrogativa de conter vícios de legalida- conveniência e nem mesmo a oportunidade de fazê-lo. Desta ma-
de. neira, não havendo possibilidade de análise de mérito para a edição
Em relação à competência, a anulação do ato administrativo do ato, essa abertura passará a não existir para que o ato seja des-
viciado pode ser promovida tanto pela Administração como pelo feito pela revogação.
Poder Judiciário.
Muitas vezes, a Administração anula o seu próprio ato. Quando Mesmo não se submetendo a qualquer limite de prazo, a prin-
isso acontece, dizemos que ela agiu com base no seu poder de au- cípio, a revogação do ato administrativo pode ser realizada a qual-
totutela, devidamente paramentado nas seguintes Súmulas do STF: quer tempo. Nesse sentido, a doutrina infere a existência de certos
limites ao poder de revogar. Nos dizeres de Maria Sylvia Zanella Di
Pietro12, não são revogáveis os seguintes atos:
PODER DE AUTOTUTELA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
a) Os atos vinculados, porque sobre eles não é possível a aná-
A Administração Pública pode decla- lise de conveniência e oportunidade;
SÚMULA 346
rar a nulidade dos seus próprios atos. b) Os atos que exauriram seus efeitos, como a revogação não
A Administração pode anular seus retroage e os atos já produziram todos os efeitos que lhe seriam
próprios atos, quando eivados de próprios, não há que falar em revogação; é o que ocorre quando
vícios que os tornam ilegais, porque transcorre o prazo de uma licença concedida ao servidor público,
deles não se originam direitos; ou após o gozo do direito, não há como revogar o ato;
SÚMULA 473 revogá-los, por motivo de conveniên- c) Quando a prática do ato exauriu a competência de quem o
praticou, o que ocorre quando o ato está sob apreciação de autori-
cia ou oportunidade, respeitados os
dade superior, hipótese em que a autoridade inferior que o praticou
direitos adquiridos, e ressalvada, em
deixou de ser competente para revogá-lo;
todos os casos, a apreciação judicial.
d) Os meros atos administrativos, como certidões, atestados,
votos, porque os efeitos deles decorrentes são estabelecidos pela lei;
Assim, percebe-se que o instituto da autotutela pode ser in- e) Os atos que integram um procedimento, porque a cada
vocado para anular o ato administrativo por motivo de ilegalidade, novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior;
bem como para revogá-lo por razões de conveniência e oportuni- f) Os atos que geram direitos a terceiros, (o chamado direito
dade. adquirido), conforme estabelecido na Súmula 473 do STF.
A anulação do ato administrativo pode se dar de ofício ou por
provocação do interessado. Convalidação
Tendo em vista o princípio da inércia Poder Judiciário, no exer- É a providência tomada para purificar o ato viciado, afastando
cício de função jurisdicional, este apenas poderá anular o ato admi- por sua vez, o vício que o maculava e mantendo seus efeitos, inclu-
nistrativo havendo pedido do interessado. sive aqueles que foram gerados antes da providência saneadora.
Em sentido técnico, a convalidação gera efeitos ex tunc, uma vez
Destaque-se que a anulação de ato administrativo pela própria
que retroage à data da edição do ato original, mantendo-lhe todos
Administração, somente pode ser realizada dentro do prazo legal-
os efeitos.
mente estabelecido. À vista da autonomia administrativa atribuída
Sendo admitida a convalidação, a convalidação perderia sua
de forma igual à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada
razão de ser, equivalendo em tudo a uma anulação, apagando os
uma dessas esferas tem a possibilidade de, observado o princípio
efeitos passados, seguida da edição de novo ato que por sua vez,
da razoabilidade e mediante legislação própria, fixar os prazos para
passaria a gerar os seus tradicionais efeitos prospectivos.
o exercício da autotutela. Por meio da teoria dualista é admitida a existência de vícios
sanáveis e insanáveis, bem como de atos administrativos nulos e
Em decorrência do disposto no art. 54 da Lei 9.784/1999, no anuláveis.
âmbito federal, em razão do direito de a Administração anular os À vista da atual predominância doutrinária, a teoria dualista foi
atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os incorporada formalmente à legislação brasileira. Nesse diapasão, o
destinatários de boa-fé, o prazo de anulação decai em cinco anos, art. 55 da Lei 9.784/1999 atribui à Administração pública a possibi-
contados da data em que foram praticados. Infere-se que como tal lidade de convalidar os atos que apresentarem defeitos sanáveis,
norma não possui caráter nacional, não há impedimentos para a levando em conta que tal providência não acarrete lesão ao interes-
estipulação de prazos diferentes em outras esferas. se público nem prejuízo a terceiros. Embora tal regra seja destinada
à aplicação no âmbito da União, o mesmo entendimento tem sido
Revogação aplicado em todas as esferas, tanto em decorrência da existência de
É a extinção do ato administrativo válido, promovido pela pró- dispositivo similar nas leis locais, quanto mediante analogia com a
pria Administração, por motivos de conveniência e oportunidade, esfera federal e também com fundamento na prevalência doutriná-
sendo que o ato é suprimido pelo Poder Público por motivações de ria vigente.
conveniência e oportunidade, sempre relacionadas ao atendimento Assim, é de suma importância esclarecermos que a jurispru-
do interesse público. Assim, se um ato administrativo legal e per- dência tem entendido que mesmo o ato nulo pode, em determina-
feito se torna inconveniente ao interesse público, a administração das lides, deixar de ter sua nulidade proclamada em decorrência do
pública poderá suprimi-lo por meio da revogação. princípio da segurança jurídica.

16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Decadência Administrativa
O instituto da decadência consiste na perda efetiva de um direi- AGENTES ADMINISTRATIVOS. INVESTIDURA E EXERCÍ-
to existente, pela falta de seu exercício, no período de tempo deter- CIO DA FUNÇÃO PÚBLICA. DIREITOS E DEVERES DOS
minado em lei e também pela vontade das próprias partes e, ainda FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS; REGIMES JURÍDICOS
no fim de um direito subjetivo em face da inércia de seu titular, que
não ajuizou uma ação constitutiva no prazo estabelecido pela lei. Conceito
Celso Antônio Bandeira de Mello considera esse instituto como A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em seu bojo,
sendo a “perda do próprio direito, em si, por não o utilizar no prazo várias regras de organização do Estado brasileiro, dentre elas, as
previsto para o seu exercício, evento, este, que sucede quando a concernentes à Administração Pública e seus agentes como um
única forma de expressão do direito coincide conaturalmente com todo.
o direito de ação”. Ou seja, “quando o exercício do direito se con- A designação “agente público” tem sentido amplo e serve para
funde com o exercício da ação para manifestá-lo”. conceituar qualquer pessoa física exercente de função pública, de
Nos trâmites do artigo 54 da Lei 9.784/99, encontramos o dis- forma remunerada ou gratuita, de natureza política ou administra-
posto legal sobre a decadência do direito de a administração pú- tiva, com investidura definitiva ou transitória.
blica anular seus próprios atos, a partir do momento em que esses
vierem a gerar efeitos favoráveis a seus destinatários. Vejamos: Espécies (classificação)
Artigo 54. O direito da administração de anular os atos admi- Maria Sylvia Zanella Di Pietro, entende que quatro são as ca-
nistrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários tegorias de agentes públicos: agentes políticos, servidores públicos
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, civis, militares e particulares em colaboração com o serviço público.
salvo comprovada má-fé.
§ 1° - No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de Vejamos cada classificação detalhadamente:
decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento.
§ 2° - Considera-se exercício do direito de anular qualquer me- Agentes políticos
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali- Exercem atividades típicas de governo e possuem a incumbên-
dade do ato.” cia de propor ou decidir as diretrizes políticas dos entes públicos.
Nesse patamar estão inclusos os chefes do Poder Executivo federal,
O mencionado direito de anulação do ato administrativo decai estadual e municipal e de seus auxiliares diretos, quais sejam, os
no prazo de cinco anos, contados da data em que o ato foi prati- Ministros e Secretários de Governo e os membros do Poder Legisla-
cado. Isso significa que durante esse decurso, o administrado per- tivo como Senadores, Deputados e Vereadores.
manecerá submetido a revisões ou anulações do ato administrativo De forma geral, os agentes políticos exercem mandato eletivo,
que o beneficia. com exceção dos Ministros e Secretários que são ocupantes de car-
Entretanto, após o encerramento do prazo decadencial, o ad- gos comissionados, de livre nomeação e exoneração.
ministrado poderá ter suas relações com a administração consolida- Autores como Hely Lopes Meirelles, acabaram por enfatizar de
das contando com a proteção da segurança jurídica. forma ampla a categoria de agentes políticos, de forma a transpare-
Anote-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do cer que os demais agentes que exercem, com alto grau de autono-
Mandado de Segurança 28.953, adotou o seguinte entendimento mia, categorias da soberania do Estado em decorrência de previsão
sobre a matéria na qual o ministro Luiz Fux desta forma esclareceu: constitucional, como é o caso dos membros do Ministério Público,
“No próprio Superior Tribunal de Justiça, onde ocupei durante da Magistratura e dos Tribunais de Contas.
dez anos a Turma de Direito Público, a minha leitura era exatamente
essa, igual à da ministra Carmen Lúcia; quer dizer, a administração Servidores Públicos Civis
tem cinco anos para concluir e anular o ato administrativo, e não De forma geral, servidor público são todas as pessoas físicas
para iniciar o procedimento administrativo. Em cinco anos tem que que prestadoras de serviços às entidades federativas ou as pessoas
estar anulado o ato administrativo, sob pena de incorrer em deca- jurídicas da Administração Indireta em função da relação de traba-
dência (grifo aditado). Eu registro também que é da doutrina do lho que ocupam e com remuneração ou subsídio pagos pelos co-
Supremo Tribunal Federal o postulado da segurança jurídica e da fres públicos, vindo a compor o quadro funcional dessas pessoas
proteção da confiança, que são expressões do Estado Democrático jurídicas.
de Direito, revelando-se impregnados de elevado conteúdo ético, Depreende-se que alguns autores dividem os servidores públi-
social e jurídico, projetando sobre as relações jurídicas, inclusive, cos em civis e militares. Pelo fato de termos adotado a classificação
as de Direito Público. De sorte que é absolutamente insustentável aludida por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, trataremos os servidores
o fato de que o Poder Público não se submente também a essa militares como sendo uma categoria à parte, designando-os apenas
consolidação das situações eventualmente antijurídicas pelo de- de militares, e, por conseguinte, usando a expressão servidores pú-
curso do tempo.” blicos para se referir somente aos servidores públicos civis.
Destaca-se que ao afirmar que a Administração Pública dispõe De acordo com as regras e normas pelas quais são regidos, os
de cinco anos para anular o ato administrativo, o ministro Luiz Fux servidores públicos civis podem ser subdivididos da seguinte ma-
promoveu maior confiabilidade na relação entre o administrado e neira:
Administração Pública, suprimindo da administração o poder de
usar abusivamente sua prerrogativa de anulação do ato adminis- Servidores estatutários: ocupam cargo público e são regidos
trativo, o que proporciona maior equilíbrio entre as partes interes- pelo regime estatutário.
sadas. Servidores ou empregados públicos: são os servidores contra-
Em resumo, é de grande importância o posicionamento adota- tados sob o regime da CLT e ocupantes de empregos públicos.
do pela Corte Suprema, levando em conta que ao mesmo só tempo, Servidores temporários: são os contratados por determinado
propicia maior segurança jurídica e respeita a regra geral de conta- período de tempo com o objetivo de atender à necessidade tempo-
gem do prazo decadencial. rária de excepcional interesse público. Exercem funções públicas,
mas não ocupam cargo ou emprego público. São regidos por regime
jurídico especial e disciplinado em lei de cada unidade federativa.

17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Servidores militares: antes do advento da EC 19/1998, os mi- Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
litares eram tratados como “servidores militares”. Militares são estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
aqueles que prestam serviços às Forças Armadas como a Marinha, decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
o Exército e a Aeronáutica, às Polícias Militares ou aos Corpos de ocupado, só poderá ser extinto por lei.
Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e dos territórios,
que estão sob vínculo jurídico estatutário e são remunerados pe- Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
los cofres públicos. Por estarem submetidos a um regime jurídico jamos:
estatutário disciplinado em lei por lei, os militares estão submeti- Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
dos à regras jurídicas diferentes das aplicadas aos servidores civis podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
estatutários, justificando, desta forma, o enquadramento em uma razão do regime de progressão do servidor na carreira.
categoria propícia de agentes públicos. Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
titulares.
Destaca-se que a Constituição Federal assegurou aos militares
alguns direitos sociais conferidos aos trabalhadores de forma geral, Em relação às garantias e características especiais que lhe são
são eles: o 13º salário; o salário-família, férias anuais remuneradas conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
com acréscimo ao menos um terço da remuneração normal; licença e comissionados. Vejamos:
à gestante com a duração de 120 dias; licença paternidade e assis-
tência gratuita aos filhos e demais dependentes desde o nascimen- Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per-
to até cinco anos de idade em creches e pré-escolas. manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
Ademais, os servidores militares estão submetidos por força da ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.
Constituição Federal a determinadas regras próprias dos servidores Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art.
públicos civis, como por exemplo: teto remuneratório, irredutibili- 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
dade de vencimentos, dentre outras peculiaridades. buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma-
Embora haja tais assimilações, aos militares são aplicadas algu- neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
mas vedações que constituem direito dos demais agentes públicos, dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende
como por exemplo, os casos da sindicalização, bem como da greve de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu
e, quando estiverem em serviço ativo, da filiação a partidos políti- ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade
cos. nomeante.
Cargo, Emprego e Função Pública Emprego
Para que haja melhor organização na Administração Pública, os
Os empregos públicos são entidades de atribuições com o fito
servidores públicos são amparados e organizados a partir de qua-
de serem ocupadas por servidores regidos sob o regime da CLT, que
dros funcionais. Quadro funcional é o acoplado de cargos, empre-
também chamados de celetistas ou empregados públicos.
gos e funções públicas de um mesmo ente federado, de uma pessoa
A diferença entre cargo e emprego público consiste no vínculo
jurídica da Administração Indireta de ou de seus órgãos internos.
que liga o servidor ao Estado. Ressalta-se que o vínculo jurídico do
empregado público é de natureza contratual, ao passo que o do ser-
Cargo
vidor titular de cargo público é de natureza estatutária.
O art. 3º do Estatuto dos Servidores Civis da União da Lei
No âmbito das pessoas de Direito Público como a União, os
8.112/1990 conceitua cargo público como “o conjunto de atribui-
ções e responsabilidades previstas na estrutura organizacional que Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como em suas au-
devem ser cometidas a um servidor”. Via de regra, podemos consi- tarquias e fundações públicas de direito público, levando em conta
derar o cargo como sendo uma posição na estrutura organizacional a restauração da redação originária do caput do art. 39 da CF/1988
da Administração Pública a ser preenchido por um servidor público. (ADIn 2135 MC/DF), afirma-se que o regime a ser adotado é o esta-
Em geral, os cargos públicos somente podem ser criados, trans- tutário. Entretanto, é plenamente possível a convivência entre o re-
formados e extinguidos por força de lei. gime estatutário e o celetista relativo aos entes que, anteriormente
Ao Poder Legislativo, caberá, mediante sanção do chefe do Po- à concessão da medida cautelar mencionada, tenham realizado
der Executivo, dispor sobre a criação, transformação e extinção de contratações e admissões no regime de emprego público. No to-
cargos, empregos e funções públicas. cante às pessoas de Direito Privado da Administração Indireta como
Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, a criação não as empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações
depende de temos exatos de lei, mas, sim de uma norma que mes- públicas de direito privado, infere-se que somente é possível a exis-
mo possuindo hierarquia de lei, não depende de sanção ou veto do tência de empregados públicos, nos termos legais.
chefe do Executivo. É o que chamamos de Resoluções, que são leis
sem sanção. Função Pública
Função pública também é uma espécie de ocupação de agen-
A despeito da criação de cargos, vejamos: te público. Denota-se que ao lado dos cargos e empregos públicos
a) Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe existem determinadas atribuições que também são exercidas por
desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”). servidores públicos, mas no entanto, essas funções não compõem
b) Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do a lista de atribuições de determinado cargo ou emprego público,
Ministério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respec- como por exemplo, das funções exercidas por servidores contrata-
tivos Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação dos temporariamente, em razão de excepcional interesse público,
de cargos para o Ministério Público. com base no art. 37, IX, da CFB/88.
c) Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou Esse tipo de servidor ocupa funções temporárias, desempe-
transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder nhando suas funções sem titularizar cargo ou emprego público.
(Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora. Além disso, existem funções de chefia, direção e assessoramento

18
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
para as quais o legislador não cria o cargo respectivo, já que serão Provimento Derivado: o cargo público deverá ser entregue a
exercidas com exclusividade por ocupantes de cargos efetivos, nos um servidor que já tenha uma relação anterior com a Administra-
termos do art. 37, V, da CFB/88. ção Pública e que se encontra exercendo funções na carreira em
que pretende assumir o novo cargo. Denota-se que provimento de-
Observação importante: nos parâmetros do art. 37, V da rivado somente será possível de ser concretizado, se o agente pro-
CFB/88, da mesma forma que previsto para os cargos em comissão, vier de outros cargos na mesma carreira em que houve provimento
as funções de confiança destinam-se apenas às atribuições de dire- originário anterior. Não pode haver provimento derivado em outra
ção, chefia e assessoramento. carreira.
Nesses casos, deverá haver a realização de concurso público
Regimente Jurídico de provas ou de provas e títulos, para que se faça novo provimento
originário. A permissão para que o agente ingresse em nova carreira
Provimento por meio de provimento derivado violaria os princípios da isonomia
Provimento é a forma de ocupação do cargo público pelo ser- e da impessoalidade, mediante os benefícios oferecidos de forma
vidor. Além disso, é um ato administrativo por intermédio do qual defesa. Nesse diapasão, vejamos o que estabelece a súmula vincu-
ocorre o preenchimento de cargo, por conseguinte, atribuindo as lante nº 43 do Supremo Tribunal Federal
funções a ele específicas e inerentes a uma determinada pessoa.
Tanto a doutrina quanto a lei dividem as espécies de provimento de Súmula 43 do STF: É inconstitucional toda modalidade de pro-
cargos públicos em dois grupos. São eles: vimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação
em concurso público destinado ao seu provimento, em cargo que
Provimento originário: é ato administrativo que designa um não integra a carreira na qual anteriormente investido.
cargo a servidor que antes não integrava o quadro de servidores
daquele órgão, ou seja, o agente está iniciando a carreira pública. Assim sendo, analisaremos as espécies de provimento derivado
O provimento originário é a única forma de nomeação reco- permitidas no ordenamento Jurídico Brasileiro e suas característi-
nhecida pelo Ordenamento Jurídico Brasileiro, isso, é claro, ressal- cas específicas. Vejamos:
te-se, dependendo de prévia habilitação em concurso público de
provas ou de provas e títulos, obedecidos, nos termos da lei, a or- Provimento derivado vertical: é a promoção na carreira ense-
dem de classificação e o prazo de sua validade. Destaque-se que o jando a garantia de o servidor público ocupar cargos mais altos, na
momento da nomeação configura discricionariedade do adminis- carreira de ingresso, de forma alternada por antiguidade e mereci-
trador, na qual devem ser respeitados os prazos do concurso públi- mento. Para que isso ocorra, é necessário que ele tenha ingressado,
co, nos moldes do art. 9° e seguintes da Lei 8112/90, devendo, por mediante aprovação em concurso público no serviço público, bem
conseguinte, ainda ser feita uma análise a respeito dos requisitos como mediante assunção de cargo escalonado em carreira.
para a ocupação do cargo. Denota-se que a escolha do servidor a progredir na carreira
Entretanto, uma vez realizada a nomeação do candidato, este deve ser realiza por critérios de antiguidade e merecimento e de
ato não lhe atribui a qualidade de servidor público, mas apenas a forma alternada por critérios de antiguidade e merecimento.
garantia de ocupação do referido cargo. Para que se torne servidor Destaque-se que, intermédio de promoção, não será possível
público, o particular deverá assinar o termo de posse, se submeten- assumir um cargo em outra carreira mais elevada. Como por exem-
do a todas as normas estatuárias da instituição. plo, ao ser promovido do cargo de técnico do Tribunal para o cargo
O provimento do cargo ocorre com a nomeação, mas a inves- de analista do mesmo órgão. Isso não é possível, uma vez que tal
tidura no cargo acontece com a posse nos termos do art. 7°da Lei situação significaria a possibilidade de mudança de carreira sem a
8.112/90. realização de concurso público, o que ensejaria a ascensão que foi
De acordo com a Lei Federal, o prazo máximo para a posse é abolida pela Constituição Federal de 1988.
de 30 (trinta) dias, contados a partir da publicação do ato de pro-
vimento, nos termos do art. 13, §1°, sendo que, desde haja a devi- Provimento derivado horizontal: trata-se da readaptação dis-
da comprovação, a legislação admite que a posse ocorra por meio posta no art. 24 da Lei 8112/90. É o aproveitamento do servidor
de procuração específica, conforme disposto no art. 13, §3° da lei em um novo cargo, em decorrência de uma limitação sofrida por
8.112/90. este na capacidade física ou mental. Em ocorrendo esta hipótese,
Havendo a efetivação da posse dentro do prazo legal, o ser-
o agente deverá ser readaptado vindo a assumir um novo cargo,
vidor público federal terá o prazo máximo de 15 (dias) dias para
no qual as funções sejam compatíveis com as limitações que sofreu
iniciar a exercer as funções do cargo, nos trâmites do art. 15, §1°
em sua capacidade laboral, dependendo a verificação desta limita-
do Estatuto dos Servidores Públicos da União, das Autarquias e das
ção mediante a apresentação de laudo laboral expedido por junta
Fundações Públicas Federais, Lei 8112/90, sendo que não sendo
médica oficial, que ateste demonstrando detalhadamente a impos-
respeitado este prazo, o agente poderá ser exonerado. Vejamos:
sibilidade de o agente se manter no exercício de suas atividades de
Art. 15. § 2º - O servidor será exonerado do cargo ou será tor-
trabalho.
nado sem efeito o ato de sua designação para função de confiança,
Na fase de readaptação ficará garantida o recebimento de ven-
se não entrar em exercício nos prazos previstos neste artigo, ob-
servado o disposto no art. 18. (Redação dada pela Lei n. 9.527, de cimentos, não podendo haver alteração do subsídio recebido pelo
10.12.97). servidor em virtude da readaptação.

Ademais, se o candidato for nomeado e não se apresentar para Observação importante: esta modalidade de provimento deri-
posse, no prazo de determinado por lei, não ocorrerá exoneração, vado independe da existência de cargo vago na carreira, porque ain-
tendo em vista ainda não havia sido investido na qualidade de ser- da que este não exista, o servidor sempre terá direito de ser readap-
vidor. Assim sendo, o ato de nomeação se torna sem efeito, vindo tado e poderá exercer suas funções no novo cargo como excedente.
a ficar vago o cargo que havia sido ocupado pelo ato de nomeação. Caso não haja nenhum cargo na carreira, com funções compatíveis,
o servidor poderá ser aposentado por invalidez. Para que haja rea-

19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
daptação, não há necessidade de a limitação ter ocorrido por causa Observação importante: o aproveitamento é obrigatório tan-
do exercício do labor ou da função. A princípio, independentemen- to para o poder público quanto para o agente. Isso ocorre porque
te de culpa, o servidor tem direito a ser readaptado. a Administração Pública não pode deixar de executar o aproveita-
mento para nomear novos candidatos, da mesma forma que o ser-
Provimento derivado por reingresso: ocorre quando o servi- vidor não poderá optar por ficar em disponibilidade, vindo a recu-
dor de alguma forma, deixou de atuar no labor das funções de cargo sar o aproveitamento.
específico e retorna às suas atividades. Esse provimento pode ocor-
rer de quatro formas. São elas: Vacância
a) Reversão: nos termos do art. 25 da Lei 8.112/90, é o retor- As situações de vacância são as hipóteses de desocupação do
no do servidor público aposentado ao exercício do cargo público. cargo público. Vacância é o termo utilizado para designar cargo pú-
A reversão pode ocorrer por meio da aposentadoria por invalidez, blico vago. É um fato administrativo que informa que o cargo públi-
quando cessarem os motivos da invalidez. Neste caso, por meio de co não está provido e poderá preenchido por novo agente.
laudo médico oficial, o poder público toma conhecimento de que A lei dispõe sete hipóteses de vacância. São elas:
os motivos que ensejaram a aposentadoria do servidor se tornaram a) Aposentadoria: acontece quando mediante ato praticado
insubsistentes, do que resulta a obrigatoriedade de retorno do ser- pela Administração Pública, o servidor público passa para a inati-
vidor ao cargo. vidade. No Regime Próprio de Previdência do Servidor Público, a
aposentadoria pode-se dar voluntariamente, compulsoriamente ou
Também pode ocorrer a reversão do servidor aposentado de por invalidez, devendo ser aprovada pelo Tribunal de Contas para
forma voluntária. Dessa maneira, atendidos os requisitos dispostos em que tenha validade. A aposentadoria pode ocorrer pelas seguintes
lei, a legislação ordena que havendo interesse da Administração Públi- maneiras:
ca, que o servidor tenha requerido a reversão, que a aposentadoria
tenha sido de forma voluntária, que o agente público já tivesse, antes, • Falecimento
adquirido estabilidade quando no exercício da atividade, que a aposen- Quando se tratar de fato administrativo alheio ao interesse do
tadoria tenha se dado nos cinco anos anteriores à solicitação e também servidor ou da Administração Pública, torna inevitavelmente inviá-
que haja cargo vago, no momento da petição de reversão. vel a ocupação do cargo.

b) Reintegração: trata-se de provimento derivado que requer o • Exoneração


retorno do servidor público estável ao cargo que ocupava anterior- Acontece sempre que o desfazimento do vínculo com o poder
mente, em decorrência da anulação do ato de demissão. público ocorre por situação prevista em lei, sem penalidades, dan-
Ocorre a reintegração quando tornada sem validade a demis- do fim à relação jurídica funcional que havia tido início com a posse.
são do servidor estável por decisão judicial ou administrativa, pon-
derando que o reintegrado terá o direito de ser indenizado por tudo Ressalte-se que a exoneração pode ocorrer a pedido do servi-
que deixou de ganhar em consequência da demissão ilegal. dor, situação na qual, por vontade do agente público, o vínculo se
restará desfeito e o cargo vago.
c) Recondução: conforme dispõe o art. 29, da lei 8.112/90, tra-
ta-se a recondução do retorno do servidor ao cargo anteriormente b) Demissão: será cabível todas as vezes em que o servidor co-
ocupado por ele, podendo ocorrer em duas hipóteses: meter infração funcional, prevista em lei e será punível com a perda
• Inabilitação em estágio probatório relacionado a outro car- do cargo público. A demissão está disposta na lei 8.112/90 em for-
go: quando o servidor público retorna à carreira anterior na qual
ma de sanção aplicada ao servidor que cometer.
já havia adquirido estabilidade, evitando assim, sua exoneração do
Quaisquer das infrações dispostas no art. 132 que são configu-
serviço público.
radas como condutas consideradas graves. Em determinados casos,
• Reintegração do anterior ocupante: cuida-se de situação ex-
definidos pelo legislador, a demissão proporá de forma automática
posta, na situação prática apresentada anteriormente, através da
a indisponibilidade dos bens do servidor até que esse faça os de-
qual, o servidor público ocupa cargo de outro servidor que é poste-
vidos ressarcimentos ao erário. Em se tratando de situações mais
riormente reintegrado.
extremas, o legislador vedará por completo a o retorno do servidor
Observação importante: A recondução não gera direito à per- ao serviço público.
cepção de indenização, em nenhuma das duas hipóteses. Assim, o A penalidade deverá ser por meio de processo administrativo
servidor público retornará ao cargo de origem, percebendo a remu- disciplinar no qual se observe o direito ao contraditório e a ampla
neração deste cargo. defesa.

d) Aproveitamento: é retorno do servidor público que se en- c) Readaptação: é a de investidura do servidor em cargo de
contra em disponibilidade, para assumir cargo com funções com- atribuições e responsabilidades compatíveis com a limitação que
patíveis com as que anteriormente exercia, antes de ter extinto o tenha sofrido em sua capacidade física ou mental, comprovada em
cargo que antes ocupava. inspeção minuciosamente realizada por junta médica oficial do ór-
Isso ocorre, por que a Carta Magna prevê que havendo a ex- gão competente.
tinção ou declaração de desnecessidade de determinado cargo pú- O servidor que for readaptado, assumindo o novo cargo desde
blico, o servidor público estável ocupante do cargo não deverá ser que seja com funções compatíveis com sua nova situação, deverá
demitido ou exonerado, mas sim ser removido para a disponibilida- retornar ao cargo anteriormente ocupado. Assim, a readaptação
de. Nesses casos, o servidor deixará de exercer as funções de forma ensejará o provimento de um cargo e, por conseguinte, a vacância
temporária, mantendo o vínculo com a administração pública. de outro, acopladas num só ato.
Destaque-se que não há prazo para o término da disponibilida-
de, porém, por lei, o servidor tem a garantia de que, surgindo novo d) Promoção: ocorre no momento em que o servidor público,
cargo vago compatível com o que ocupava, seu aproveitamento por antiguidade e merecimento, alternadamente, passa a assumir
será obrigatório. cargo mais elevado na carreira de ingresso.

20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
e) Posse em cargo inacumulável: todas as vezes que o servi- Embora sejam criados por lei, os cargos ou funções públicas, se
dor tomar posse em cargo ou emprego público de carreira nova, estiverem vagos, podem ser extintos por intermédio de lei ou por
mediante aprovação em concurso público de provas ou de provas decreto do chefe do Poder Executivo. No entanto, se o cargo estiver
e títulos, de forma que o novo cargo não seja acumulável com o ocupado, só poderá ser extinto por lei.
primeiro. Os cargos podem ser organizados em carreira ou isolados. Ve-
Ocorrendo isso, em decorrência da vedação estabelecida pela jamos:
Carta Magna de acumulação de cargos e empregos públicos, será
necessária a vacância do cargo anteriormente ocupado. Não fazen- Cargos organizados em carreira: são cargos cujos ocupantes
do o servidor a opção, após a concessão de prazo de dez dias, por podem percorrer várias classes ao longo da sua vida funcional, em
conseguinte, o poder público poderá instaurar, nos termos da lei, razão do regime de progressão do servidor na carreira.
processo administrativo sumário, pugnando na aplicação da penali-
dade de demissão do servidor. Cargos isolados: não permitem a progressão funcional de seus
titulares.
Efetividade
A efetividade não se confunde com a estabilidade. Ao passo Em relação às garantias e características especiais que lhe são
que a estabilidade é a garantia constitucional disposta no art.14, conferidas, os cargos podem ser classificados em vitalícios, efetivos;
que garante a permanência no serviço público outorgada ao servi- e comissionados. Vejamos:
dor que, no ato de nomeação por concurso público para cargo de
provimento efetivo, tenha transposto o período de estágio proba- Cargos vitalícios e cargos efetivos: oferecem garantia de per-
tório e aprovado numa avaliação específica e especial de desempe- manência aos seus ocupantes. De forma geral, a nomeação para es-
nho, a efetividade é a situação jurídica daquele servidor que ocupa ses cargos é dependente de prévia aprovação em concurso público.
cargo de provimento efetivo.
Os cargos de provimento efetivo são aqueles que só podem ser Cargos em comissão ou comissionados: de acordo com o art.
titularizados por servidores estatutários. Sua nomeação depende 37, V, da CF, os cargos comissionados se destinam apenas às atri-
explicitamente da aprovação em concurso público. buições de direção, chefia e assessoramento. São ocupados de ma-
Ao ingressar no serviço público, o servidor ao ocupar cargo de neira temporária, em função da confiança depositada pela autori-
provimento efetivo, já é considerado um servidor efetivo. Entretan- dade nomeante. A nomeação para esse tipo de cargo não depende
to, o mencionado servidor efetivo só terá garantida sua permanên- de aprovação em concurso público, podendo a exoneração do seu
cia no serviço público, a estabilidade, depois de três anos de exercí- ocupante pode ser feita a qualquer tempo, a critério da autoridade
cio, desde que seja aprovado no estágio probatório. nomeante.

Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e fun- Ressalte-se que antes da EC 32/2001, os cargos e as funções
ções públicas só podiam ser extintos por determinação de lei. Entretan-
Via de regra, os cargos públicos apenas podem ser criados, to, a mencionada emenda constitucional alterou a redação do art.
transformados ou extintos por determinação de lei. Cabe ao Poder 84, VI, “b”, da CF, passando a legislar admitindo que o Presidente da
Legislativo, com o sancionamento do chefe do Poder Executivo, dis- República possa extinguir funções ou cargos públicos por meio de
por sobre a criação, transformação e extinção de cargos, empregos decreto, quando estes se encontrarem vagos.
e funções públicas. O resultado disso, é que, ao aplicar o princípio da simetria, a
Em se tratando de cargos do Poder Legislativo, o processo de consequência é que os Governadores e Prefeitos, se houver seme-
criação não depende apenas de lei, mas sim de uma norma que lhante previsão nas respectivas Constituições Estaduais ou Leis Or-
mesmo apesar de possuir a mesma hierarquia de lei, não está na gânicas, também podem extinguir por decreto funções ou cargos
dependência de deliberação executiva com sanção ou veto do chefe públicos vagos nos Estados, Distrito Federal e Municípios.
do Executivo. Referidas normas, em geral, são chamadas de Reso- Assim sendo, em se restando vagos, os cargos ou funções pú-
luções. blicas, embora sejam criados por lei, poderão ser extintos por lei
Denota-se que é a norma criadora do cargo a responsável pela ou por decreto do chefe do Poder Executivo. Entretanto, se o cargo
denominação, as atribuições e a remuneração correspondentes aos estiver ocupado, só poderá ser extinto através de lei, uma vez que
cargos públicos, nos termos da lei. não se admite a edição de decreto com essa finalidade.
Uma questão de suma relevância, é a iniciativa da lei que cria,
extingue ou transforma cargos. A despeito da criação de cargos, ve- Remuneração
jamos: A Constituição Federal Brasileira aduz no art. 37, inciso X do art.
37, a seguinte redação:
Cargos do Poder Executivo: a iniciativa é privativa do chefe X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
desse Poder (CF, art. 61, § 1º, II, “a”). trata o § 4.º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados
por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, as-
Cargos do Poder Judiciário: dos Tribunais de Contas e do Minis- segurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distin-
tério Público a lei em questão, partirá de iniciativa dos respectivos ção de índices;
Tribunais ou Procuradores - Gerais em se tratando da criação de
cargos para o Ministério Público. Infere-se que a alteração mais importante trazida a esse dispo-
sitivo por meio da EC 19/1998, foi a exigência de lei específica para
Cargos do Legislativo: os cargos serão criados, extintos ou que seja fixada ou que haja alteração na remuneração em sentido
transformados por atos normativos de âmbito interno desse Poder amplo de todos os servidores públicos. Isso significa que cada alte-
(Resoluções), sendo sua iniciativa da respectiva Mesa Diretora. ração de remuneração de cargo público deverá ser feita através da
edição de lei ordinária específica para tratar desse assunto.

21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
O termo “subsídio”, o qual o texto do inciso X do art. 3 7 men- O inciso X do art. 37 da Constituição Federal em sua parte final,
ciona, é um tipo de remuneração inserida em nosso ordenamento garante a” revisão geral anual” da remuneração e do subsídio dos
jurídico através da EC 19/1998, que é de medida obrigatória para “servidores públicos” sempre na mesma data e sem distinção de
alguns cargos e facultativa para outros. índices.
Nos parâmetros do § 4.º do art. 39 da Constituição Federal, A Constituição da República em seu texto original, usava os ter-
o subsídio deverá ser “fixado em parcela única, vedado o acrésci- mos “servidor público civil” e “servidor público militar”. No entanto,
mo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de a partir da aprovação da EC 1811998, estas expressões deixaram
representação ou outra espécie remuneratória”. No estudo desse de existir e o texto constitucional passou a se referir aos servidores
paramento legal, depreende-se que o subsídio é uma espécie remu- civis, apenas como “servidores públicos” e aos servidores militares,
neração em sentido amplo. apenas como “militares.
Não obstante, a redação do inciso X do art. 3 7 não tenha usa- Também em seu texto original e primitivo, a Constituição Fe-
do o termo “vencimento”, convém anotar que este é usado com deral de 1988 determinava a obrigatoriedade do uso de índices de
frequência para indicar a remuneração dos servidores estatutários revisão de remuneração idênticos para servidores públicos civis e
que não percebem subsídio. para servidores públicos militares (expressões usadas antes da EC
Nesse conceito, os “vencimentos”, também são considerados 18/1998). Acontece que no atual inciso X do art. 37, que resultou
um tipo de remuneração em sentido amplo. São compostos pelo da EC 1911998, existe referência apenas a “servidores públicos”, o
vencimento normal do cargo com o acréscimo das vantagens pecu- que leva a entender que o preceito nele contido não pode ser apli-
niárias estabelecidas em lei. cado aos militares, uma vez que estes não se englobam mais como
Portanto, o disposto no inciso X do art. 37 da CFB/88, ao deter- espécie do gênero “servidores públicos”.
minar “a remuneração dos servidores públicos e o subsídio”, está, A remuneração dos servidores públicos passa anualmente por
em síntese, acoplando as duas espécies remuneratórias, vencimen- período revisional. Esse ato também faz parte do contido na EC
tos e subsídios que os servidores públicos estatutários podem re- 19/1998.
ceber. O objetivo da revisão geral anual, ao menos, em tese, possui o
Pondera-se que o termo “salário” não é alcançado pelo cita- fulcro de recompor o poder de compra da remuneração do servidor,
do dispositivo, posto que este trata-se do nome usado para o pa- devido a inflação que normalmente está em alta. Por não se tratar
gamento ou quitação de serviços profissionais prestados em uma de aumento real da remuneração ou do subsídio, mas somente de
relação de emprego quando a mesma é sujeita ao regime traba- um aumento nominal, por esse motivo, é denominado, às vezes, de
lhista, que é controlado e direcionado pela Consolidação das Leis “aumento impróprio”.
do Trabalho. Assim sendo, entende-se que os empregados públicos
recebem salário. Esclarece-se que a revisão geral de remuneração e subsídio que
Dependerá do cargo conforme o dispositivo de lei que o rege, o dispositivo constitucional em exame menciona, não é implanta-
para que a iniciativa privativa das leis que fixem ou alterem as re- da mediante a reestruturação de algumas carreiras, posto que as
munerações e subsídios dos servidores públicos. De acordo com a reestruturações de carreiras não são anuais, nem, tampouco gerais,
Constituição, atinente às principais hipóteses de iniciativa de leis pois se limitam a cargos específicos, além de não manterem ligação
que tratem a respeito da remuneração de cargos públicos, pode- com a perda de valor relativo da moeda nacional. Já a revisão geral,
mos resumir das seguintes formas: de forma adversa das reestruturações de carreiras, tem o condão
de alcançar todos os servidores públicos estatutários de todos os
A iniciativa é privativa do Poderes da Federação em que esteja efetuando e deve ocorrer a
CARGO DO PODER cada ano.
Presidente da República
EXECUTIVO FEDERAL
(CFB, art. 61, § 1.º, II, “a”);
Registre-se que a remuneração do servidor público é submeti-
CARGOS DA CÂMARA a iniciativa é privativa dessa Casa da aos valores mínimo e máximo.
DOS DEPUTADOS (CFB, art. 51, IV); Em relação ao valor mínimo, a Carta Magna predispõe aos ser-
CARGOS DO SENADO a iniciativa é privativa dessa Casa (CF, vidores públicos a mesma garantia que é dada aos trabalhadores
FEDERAL art. 52, XIII); em geral, qual seja, a de que a remuneração recebida não pode ser
inferior ao salário mínimo. No entanto, tal garantia se refere ao total
Compete de forma privativa ao Supremo Tribunal Federal, aos da remuneração recebida, e não em relação ao vencimento-base.
Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Le- Sobre o assunto, o STF deixou regulamentado na Súmula Vinculante
gislativo a respectiva remuneração dos seus serviços auxiliares e 16.
dos juízos que lhes forem vinculados, e, ainda a fixação do subsídio Ressalta-se que a garantia da percepção do salário mínimo não
de seus membros e dos Juízes, inclusive dos tribunais inferiores, foi assegurada pela Constituição Federal aos militares. Para o STF,
onde houver (CF, art. 48, XV, e art. 96, II, ‘b ). a obrigação do Estado quanto aos militares está limitada ao forne-
Observe-se que a fixação do subsídio dos deputados federais, cimento das condições materiais para a correta prestação do ser-
dos senadores, do Presidente e do Vice-Presidente da República e viço militar obrigatório nas Forças Armadas. Para tanto, denota-se
dos Ministros de Estado é da competência exclusiva do Congresso que os militares são enquadrados em um sistema que não se con-
Nacional e não se encontra sujeita à sanção ou veto do Presiden- funde com o que se aplica aos servidores civis, uma vez que estes
te da República. Nesse sentido específico, em virtude de previsão têm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos próprios (RE
constitucional, a determinação dos aludidos subsídios não é reali- 570177/MG).
zada por meio de lei, mas sim por intermédio de Decreto Legislativo Consolidando o entendimento, enfatiza-se que a Suprema Cor-
do Congresso Nacional. te editou a Súmula Vinculante 6, por meio da qual afirma que “não
Nesse sentido, em relação entendimento do Supremo Tribu- viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao
nal Federal, esse órgão entende que a concessão da revisão geral salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial”.
anual” a que se refere o inciso X do art. 37 da Constituição deve
ser efetivada por intermédio de lei de iniciativa privativa do Poder
Executivo de cada Federação.

22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Referente ao limite máximo, foi estabelecido o teto remune- Em relação aos Estados e ao Distrito Federal, a Carta Magna, no
ratório pelo art. 37, XI, da CF, com redação dada pela EC 41/2003. art. 37, § 12 com redação incluída pela EC 47/2005, facultou a cada
Vejamos: um desses entes fixar, em sua alçada, um limite remuneratório local
único, sendo ele o subsídio mensal dos Desembargadores do res-
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- pectivo Tribunal de Justiça que é limitado a 90,25% do subsídio dos
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e Ministros do STF. Se os Estados ou Distrito Federal desejarem ado-
fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos tar o subteto único, deverão realizar tal tarefa por meio de emenda
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de às respectivas Constituições estaduais ou, ainda, à Lei Orgânica do
mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, Distrito Federal. Entretanto, em consonância com a Constituição Fe-
pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativa- deral, o limite local único não deve ser aplicado aos subsídios dos
mente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer ou- Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
tra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, Finalizando, em relação à esfera municipal, a remuneração dos
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como li- agentes públicos não poder exceder o teto geral e também não
mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no pode exceder o subsídio do Prefeito que cuida-se do subteto mu-
Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do nicipal.
Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no Registre-se ainda, que a Constituição Federal carrega em seu
âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do bojo a regra de que “os vencimentos dos cargos do Poder Legislati-
Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco cen- vo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo
tésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Poder Executivo” (art. 37, XII, da CF). No entanto, esta norma tem
Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável sido de pouca aplicação, pelo fato de possuir conteúdo genérico, ao
este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e contrário da previsão inserida no art. 37, XI, da CFB/88, que explici-
aos Defensores Públicos; (Redação dada pela Emenda Constitucio- tamente estabelece limites precisos para os tetos remuneratórios.
nal nº 41, 19.12.2003).
O art. 37, § 11, da CFB/88 também regulamenta o assunto ao Direitos e deveres
afirmar que estão submetidos ao teto a remuneração e o subsídio Adentrando ao tópico dos direitos e deveres dos agentes pú-
dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da admi- blicos, com o amparo da Lei 8112/90, que dispõe sobre o regime
nistração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qual- jurídico único dos servidores públicos civis da União, das autarquias
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos e das fundações públicas federais, é importante explanar que além
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agen- do vencimento - base, a lei prevê que o servidor federal poderá re-
ceber vantagens pecuniárias, sendo elas:
tes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remunera-
tória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
Indenizações
pessoais ou de qualquer outra natureza. Referente às parcelas de
Têm como objetivo ressarcir aos servidores em razão de despe-
caráter indenizatório, estas não serão computadas para efeito de
sas que tenham tido por motivo do exercício de suas funções. São
cálculo do teto remuneratório.
previstos por determinação legal, os seguintes tipos de indeniza-
ções a serem pagas ao servidor federal:
Perceba que a regra do teto remuneratório também e plena-
a) Ajuda de custo: é destinada a compensar as despesas de
mente aplicável às empresas públicas e às sociedades de economia instalação do servidor que, a trabalho em prol do interesse do ser-
mista, e suas subsidiárias, que percebem recursos da União, dos viço público, passar a laborar em nova sede, isso com mudança de
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de domicílio em caráter permanente.
despesas de pessoal ou de custeio em geral (art. 37, § 9º, da CF).No A ajuda de custo também será devida àquele agente que, não
entanto, se essas entidades não vierem a receber recursos públicos sendo servidor da União, for nomeado para cargo em comissão,
para a quitação de despesas de custeio e de pessoal, seus empre- com mudança de domicílio. Por outro ângulo, não será concedida
gados não estarão submetidos ao teto remuneratório previsto no ajuda de custo ao servidor que em virtude de mandato eletivo se
art. 37, XI, da CF. afastar do cargo, ou vier a reassumi-lo.
Nos trâmites desse dispositivo constitucional, resta-se existen- O cálculo pecuniário da ajuda de custo é feito sobre a remune-
te um teto geral remuneratório que deve ser aplicado a todos os Po- ração do servidor, e não pode exceder a importância corresponden-
deres da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, sendo este, te a três meses de remuneração.
o subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. Além disso, Referente a cônjuge ou companheiro do servidor beneficiado
referente a esse teto geral, existem tetos específicos aplicáveis aos pela ajuda de custo que também seja servidor e, a qualquer tempo,
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. passe a ter exercício na mesma sede do seu cônjuge ou companhei-
Em se tratando da esfera estadual e distrital, denota-se que a ro, não é permitido pela legislação que ocorra o pagamento de uma
remuneração dos servidores públicos não podem exceder o subsí- segunda ajuda de custo.
dio mensal dos Ministros do STF, bem como, ainda, não pode ultra- Além de receber o valor pago pela ajuda de custo, todas as
passar os limites a seguir: despesas de transporte do servidor e de sua família, deverão ser
Na alçada do Poder Executivo: o subsídio do Governador; arcadas pela Administração Pública, compreendendo passagem,
Na alçada do Poder Legislativo: o subsídio dos Deputados Es- bagagem e bens pessoais.
taduais e Distritais; Falecendo o servidor estando lotado na nova sede, sua família,
Na alçada do Poder Judiciário: o subsídio dos Desembargado- por conseguinte, fará jus à ajuda de custo bem como de transporte
res do Tribunal de Justiça, limitado este a 90,25% do subsídio dos para retornar à localidade de origem, no prazo de um ano, contado
Ministros do STF. Infere-se que esse limite também é nos termos da do óbito.
Lei, aplicável aos membros do Ministério Público, aos Procuradores Com o fito de evitar enriquecimento sem causa, a lei determina
e aos Defensores Públicos, mesmo que estes não integrem o Poder que o servidor ficará obrigado a restituir a ajuda de custo quando,
Judiciário. sem se justificar, não se apresentar na nova sede no prazo de 30
dias.

23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Observação importante: O STJ entende que a ajuda de custo IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor receba
somente é devida aos servidores que, no interesse da Administra- auxílio - moradia; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
ção, forem removidos ex officio, com fundamento no art. 36, pará- V - o servidor tenha se mudado do local de residência para ocu-
grafo único, I, da Lei 8.112/1990. No entanto, quando a remoção par cargo em comissão ou função de confiança do Grupo - Direção
ocorrer em decorrência de interesse particular do servidor, a ajuda e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Es-
de custo não é devida. Assim, por exemplo, se o servidor público pecial, de Ministro de Estado ou equivalentes; (Incluído pela Lei nº
passar a ter exercício em nova sede, com mudança de domicílio em 11.355, de 2006).
caráter permanente, por meio de processo seletivo de remoção, VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão ou função
não terá direito à percepção da verba de ajuda de custo (AgRg no de confiança não se enquadre nas hipóteses do art. 58, § 3o, em re-
REsp 1.531.494/SC). lação ao local de residência ou domicílio do servidor; (Incluído pela
Lei nº 11.355, de 2006).
Diárias VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha residido
São devidas ao servidor que a serviço, se afastar da sede em no Município, nos últimos doze meses, aonde for exercer o cargo
caráter eventual ou transitório para outro ponto do território nacio- em comissão ou função de confiança, desconsiderando-se prazo in-
nal ou para o Exterior, que também fará jus a passagens destinadas ferior a sessenta dias dentro desse período; e (Incluído pela Lei nº
a indenizar as despesas extraordinárias com pousada, alimentação 11.355, de 2006).
e locomoção urbana. VIII - o deslocamento não tenha sido por força de alteração
As diárias são devidas apenas nas hipóteses de deslocamentos de lotação ou nomeação para cargo efetivo. (Incluído pela Lei nº
eventuais ou transitórios. Assim, o servidor não fará jus a diárias se 11.355, de 2006).
o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho de 2006.
(art. 58, § 2º). (Incluído pela Lei nº 11.490, de 2007).
Não terá direito a diárias o servidor que se deslocar dentro da Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será considerado o
mesma região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião, prazo no qual o servidor estava ocupando outro cargo em comissão
constituídas por municípios limítrofes e regularmente instituídas, relacionado no inciso V. (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006).
ou em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes,
cuja jurisdição e competência dos órgãos, entidades e servidores Gratificações
brasileiros consideram-se estendidas, salvo se houver pernoite fora São vantagens pecuniárias que constituem acréscimos de esti-
da sede, hipóteses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas pêndio, que acopladas ao vencimento constituem a remuneração
para os afastamentos dentro do território nacional (art. 58, § 3º). do servidor público.
A diária será concedida por dia de afastamento, sendo devida Em consonância com o art. 61 da Lei 8.112/1990 depreende-se
pela metade quando o deslocamento não exigir pernoite fora da que, além do vencimento e das indenizações, poderão ser deferidas
sede, ou quando a União custear, por meio diverso, as despesas aos servidores as seguintes retribuições em forma de gratificações
extraordinárias cobertas por diárias (art. 58, § 1º). e adicionais:
Além disso, o servidor que receber diárias e porventura, não a) Retribuição pelo exercício de função de direção, chefia e as-
se afastar da sede, será obrigado a restituí-las em valor integral no sessoramento: “Ao servidor ocupante de cargo efetivo investido em
prazo de cinco dias.
função de direção, chefia ou assessoramento, cargo de provimento
Da mesma forma, retornando o servidor à sede antes do pre-
em comissão ou de Natureza Especial é devida retribuição pelo seu
visto, também ficará obrigado a devolver as diárias percebidas em
exercício” (art. 62). O valor dessa retribuição será fixado por lei es-
excesso no prazo de cinco dias.
pecífica.
a) Indenização de transporte: é devida ao servidor que no
exercício de serviço de interesse público realizar despesas com a b) Gratificação natalina: equivale ao 13º salário do trabalhador
utilização de meio próprio de locomoção para a execução de servi- da iniciativa privada, ou pública sendo calculada à razão de 1/12 da
ços externos, por força das atribuições próprias do cargo (art. 60 da remuneração a que o servidor fizer jus no mês de dezembro, por
Lei 8.112/90). mês de exercício no respectivo ano. Para efeito de pagamento da
b) Auxílio - moradia: é o ressarcimento das despesas devida- gratificação natalina, a fração igual ou superior a 15 dias de exercí-
mente comprovadas e realizadas pelo servidor público com aluguel cio será considerada como mês integral.
de moradia ou, ainda com outro meio de hospedagem devidamen- c) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas
te administrado por empresa hoteleira, no decurso do prazo de um ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores
mês após a comprovação da despesa pelo servidor. que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo-
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe-
Para fazer jus ao recebimento do auxílio - moradia, o servidor riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha
deverá atender a alguns requisitos cumulativos previstos na lei (art. habitualmente colocam em risco a sua vida.
60-B). Vejamos: d) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio - moradia ao servidor se aten- exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor.
didos os seguintes requisitos: (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006). Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será
I - não exista imóvel funcional disponível para uso pelo servidor; remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de
(Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006). trabalho.
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe imóvel (art. 73). No entanto, somente será permitido serviço extraor-
funcional; (Incluído pela Lei nº 11.355, de 2006). dinário para atender a situações excepcionais e temporárias, res-
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não seja ou te- peitado o limite máximo de duas horas por jornada (art. 74).
nha sido proprietário, promitente comprador, cessionário ou promi- e) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en-
tente cessionário de imóvel no Município aonde for exercer o cargo, tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que
incluída a hipótese de lote edificado sem averbação de construção, exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno,
nos doze meses que antecederem a sua nomeação; (Incluído pela
cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra-
Lei nº 11.355, de 2006).

24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma e) Adicional de atividade penosa: será devido aos servidores
hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e que estejam em exercício de suas funções em zonas de fronteira ou
trinta segundos (art. 75). em localidades cujas condições de vida o justifiquem, nos termos,
f) Adicional de férias: é garantido pela Constituição Federal e condições e limites fixados em regulamento (art. 71).
disciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente
de solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, Observação importante: O direito ao adicional de insalubrida-
um adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das de ou periculosidade cessa com a eliminação das condições ou dos
férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou riscos que deram causa a sua concessão (art. 68, § 2º).
assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta- O servidor que pelas circunstâncias fizer jus aos adicionais de
gem será considerada no cálculo do adicional de férias. insalubridade e de periculosidade deverá optar por um deles, não
h) Gratificação por encargo de curso ou concurso: é direito podendo perceber ditas vantagens cumulativamente (art. 68, § 1º).
assegurado ao servidor que, em caráter eventual, se encaixar nas
hipóteses do art.76-A, tais como: atuar como instrutor em curso Férias
de formação, de desenvolvimento ou de treinamento regularmente De modo geral, podemos afirmar que as férias correspondem
instituído no âmbito da administração pública federal; participar de ao direito do servidor a um período de descanso anual remunerado,
banca examinadora ou de comissão para exames orais, para análise por meio do qual, para a maioria dos servidores é de trinta dias.
curricular, para correção de provas discursivas, para elaboração de Esse direito do servidor está garantido pela Constituição Federal,
questões de provas ou para julgamento de recursos intentados por porém, a disciplina do seu exercício pelos servidores estatutários
candidatos; participar da logística de preparação e de realização de federais está inserida nos arts. 77 a 80 da Lei 8.112/1990.
concurso público envolvendo atividades de planejamento, coorde- Normalmente, o servidor fará jus a trinta dias de férias a cada
nação, supervisão, incluídas entre as suas atribuições permanentes ano, que por sua vez, podem ser acumuladas até o máximo de dois
e participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar provas de exame ves- períodos, em se tratando de caso de necessidade do serviço, com
tibular ou de concurso público ou supervisionar essas atividades. exceção das hipóteses em que haja legislação específica (art. 77).
Vale a pena registrar que, em tempos remotos, a lei contem- Entretanto, o servidor que opera direta em permanência constante
plava o pagamento do adicional por tempo de serviço. Entretanto, com equipamentos de raios X ou substâncias radioativas, terá direi-
o dispositivo legal que previa o mencionado adicional foi revogado. to ao gozo de 20 dias consecutivos de férias semestrais de atividade
Contemporaneamente, esta vantagem é paga somente aos servido- profissional, sendo proibida em qualquer hipótese a acumulação
res que à época da revogação restavam munidos de direito adquiri- desses períodos (art. 79).
do à sua percepção.
Observação importante: A lei proíbe que seja levada à conta
Adicionais de férias qualquer falta ao serviço (art. 77, § 2º).
Adicionais são formas de remuneração do risco à vida e à saúde
dos trabalhadores com caráter transitório, enquanto durar a exposi- É interessante salientar que no primeiro período aquisitivo de
ção aos riscos de trabalho do servidor. No serviço público, podemos férias serão exigidos 12 meses de exercício (art. 77, § 1º); a partir
resumi-los da seguinte forma: daí os períodos aquisitivos de férias são contados por exercício.
a) Adicional pelo exercício de atividades insalubres, perigosas Infere-se que o gozo do período de férias é decisão exclusiva-
ou penosas: O adicional de insalubridade é devido aos servidores mente discricionária da administração, que só o fará se compreen-
que trabalhem com habitualidade em locais insalubres, que provo- der que o pedido atende ao interesse público.
cam a deterioração da sua saúde. Em relação ao adicional de pe- No condizente à remuneração das férias, depreende-se que
riculosidade, é devido ao servidor cujas funções que desempenha esta será acrescida do adicional que corresponda a 1/3 incidente
habitualmente colocam em risco a sua vida. sobre a remuneração original. Já o pagamento da remuneração de
b) Adicional pela prestação de serviço extraordinário: é aquele férias, com o acréscimo do adicional, poderá ser efetuado até dois
exercido além da jornada ordinária de trabalho do servidor. dias antes do início do respectivo período do gozo (art. 78).
Nos termos da Lei 8.112/1990, o serviço extraordinário será Havendo parcelamento de gozo do período de férias, o servidor
remunerado com acréscimo de 50% em relação à hora normal de receberá o adicional de férias somente após utilizado o primeiro
trabalho. período (art. 78, § 5º).
No entanto, somente será permitido serviço extraordinário Caso o servidor seja exonerado do cargo efetivo, ou em comis-
para atender a situações excepcionais e temporárias, respeitado o são, terá o direito de receber indenização relativa ao período das
limite máximo de duas horas por jornada, nos ditames do art.74. férias a que tiver direito, bem como ao incompleto, na exata pro-
c) Adicional noturno: é prestado no horário compreendido en- porção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou, ainda de
tre 22 horas de um dia e cinco horas do dia seguinte. O servidor que fração superior a quatorze dias (art. 78, § 3º). Ocorrendo isso, a
exercer serviço noturno terá direito a perceber o adicional noturno, indenização poderá ser calculada com base na remuneração do mês
cujo valor corresponderá ao acréscimo de 25% sobre a hora tra- em que for publicado o ato exoneratório (art. 78, § 4º).
balhada no turno diurno. Além disso, será considerado como uma
hora de serviço noturno o tempo de cinquenta e dois minutos e Observação importante: o STJ vem aplicando de forma pacífica
trinta segundos (art. 75). o entendimento de que, ocorrendo vacância, por posse em outro
d) Adicional de férias: é disposto na Constituição Federal e dis- cargo inacumulável, sem solução de continuidade no tempo de
ciplinado no art. 76 do estatuto funcional. Independentemente de serviço, o direito à fruição das férias não gozadas nem indenizadas
solicitação, será pago ao servidor, por ocasião das suas férias, um transfere-se para o novo cargo, ainda que este último tenha remu-
adicional correspondente a 1/3 da remuneração do período das neração maior (STJ, 5ª Turma, AgRg no Ag 1008567/DF, Rel. Min.
férias. No caso de o servidor exercer função de direção, chefia ou Napoleão Nunes Maia Filho, j. 18.09.2008, DJe 20.10.2008).
assessoramento, ou ocupar cargo em comissão, a respectiva vanta-
gem será considerada no cálculo do adicional de férias.

25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Via de regra, as férias dos servidores públicos devem ser goza- § 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re-
das sem quaisquer tipos de interrupção. Entretanto, como exceção, muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em
a lei estabelece dispositivo que determina que as férias somente um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no §
poderão ser interrompidas nas seguintes hipóteses art. 80 da Lei 3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e
8112/90: II do § 2º.
a) calamidade pública; § 2º No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou companheiro
b) comoção interna; também seja servidor público, civil ou militar, de qualquer dos Po-
c) convocação para júri, serviço militar ou eleitoral; ou deres da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
d) por necessidade do serviço declarada pela autoridade máxi- poderá haver exercício provisório em órgão ou entidade da Adminis-
ma do órgão ou entidade. tração Federal direta, autárquica ou fundacional, desde que para o
exercício de atividade compatível com o seu cargo.
Licenças Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar será con-
São períodos por meio dos quais o servidor tem direito de se cedida licença, na forma e condições previstas na legislação espe-
afastar das suas atividades, com ou sem remuneração, de acordo cífica.
com o tipo de licença. Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor terá até
A Lei 8112/90 prevê várias espécies de licenças, são elas: 30 (trinta) dias sem remuneração para reassumir o exercício do car-
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: go.
I - por motivo de doença em pessoa da família; Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remuneração,
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou companheiro; durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção
III - para o serviço militar; partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro
IV - para atividade política; de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.
V - para capacitação; § 1º O servidor candidato a cargo eletivo na localidade onde
VI - para tratar de interesses particulares; desempenha suas funções e que exerça cargo de direção, chefia,
VII - para desempenho de mandato classista; assessoramento, arrecadação ou fiscalização, dele será afastado, a
VIII - para tratamento de saúde; partir do dia imediato ao do registro de sua candidatura perante a
IX - Licença por acidente em serviço (art. 211); Justiça Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito.
X - Licença à Gestante (art. 207); § 2º A partir do registro da candidatura e até o décimo dia se-
XI - Licença à Adotante (art. 210); guinte ao da eleição, o servidor fará jus à licença, assegurados os
XII – Licença Paternidade (art. 208). vencimentos do cargo efetivo, somente pelo período de três meses.
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, o servidor
Nos parâmetros do referido Estatuto, temos a seguinte expla- poderá, no interesse da Administração, afastar-se do exercício do
nação: cargo efetivo, com a respectiva remuneração, por até três meses,
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por motivo de para participar de curso de capacitação profissional.
doença do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do padras- Art. 91. A critério da Administração, poderão ser concedidas ao
to ou madrasta e enteado, ou dependente que viva a suas expensas servidor ocupante de cargo efetivo, desde que não esteja em está-
e conste do seu assentamento funcional, mediante comprovação gio probatório, licenças para o trato de assuntos particulares pelo
por perícia médica oficial. prazo de até três anos consecutivos, sem remuneração.
§ 1º A licença somente será deferida se a assistência direta do Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a qualquer
servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamen- tempo, a pedido do servidor ou no interesse do serviço.
te com o exercício do cargo ou mediante compensação de horário, Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença sem re-
na forma do disposto no inciso II do art. 44. muneração para o desempenho de mandato em confederação, fe-
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, deração, associação de classe de âmbito nacional, sindicato repre-
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes sentativo da categoria ou entidade fiscalizadora da profissão ou,
condições: ainda, para participar de gerência ou administração em sociedade
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a cooperativa constituída por servidores públicos para prestar servi-
remuneração do servidor; ços a seus membros, observado o disposto na alínea c do inciso VIII
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu- do art. 102 desta Lei, conforme disposto em regulamento e obser-
neração. vados os seguintes limites:
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associados, 2 (dois)
partir da data do deferimento da primeira licença concedida. servidores;
§ 4º A soma das licenças remuneradas e das licenças não re- II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 (trinta
muneradas, incluídas as respectivas prorrogações, concedidas em mil) associados, 4 (quatro) servidores;
um mesmo período de 12 (doze) meses, observado o disposto no § III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil) associados,
3o, não poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos I e 8 (oito) servidores.
II do § 2º. § 1o Somente poderão ser licenciados os servidores eleitos para
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as prorrogações, cargos de direção ou de representação nas referidas entidades, des-
poderá ser concedida a cada período de doze meses nas seguintes de que cadastradas no órgão competente.
condições: § 2º. A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não, mantida a renovada, no caso de reeleição.
remuneração do servidor; Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem remu- de saúde, a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem
neração. prejuízo da remuneração a que fizer jus.
§ 3º O início do interstício de 12 (doze) meses será contado a Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120
partir da data do deferimento da primeira licença concedida. (cento e vinte) dias consecutivos, sem prejuízo da remuneração.

26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º . A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de assegurada, na localidade da nova residência ou na mais próxima,
gestação, salvo antecipação por prescrição médica. matrícula em instituição de ensino congênere, em qualquer época,
§ 2º No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a independentemente de vaga” (art. 99). Denota-se que esse benefí-
partir do parto. cio se estende também “ao cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou
§ 3º No caso de natimorto, decorridos 30 (trinta) dias do even- enteados do servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
to, a servidora será submetida a exame médico, e se julgada apta, menores sob sua guarda, com autorização judicial” (art. 99, pará-
reassumirá o exercício. grafo único).
§ 4º No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora
terá direito a 30 (trinta) dias de repouso remunerado. Direito de petição
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá De acordo com o art. 104 da Lei 8.112/1990, é direito do servi-
direito à licença-paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos. dor público, requerer junto aos Poderes Públicos, a defesa de direi-
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis to ou interesse legítimo.
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de tra- O direito de petição pode ser manifestado por intermédio de
balho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em dois requerimento, pedido de reconsideração ou de recurso.
períodos de meia hora. Nos termos da Lei, o requerimento deverá ser dirigido à auto-
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de ridade competente para decidi-lo e encaminhado por intermédio
criança até 1 (um) ano de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias daquela a que estiver imediatamente subordinado o requerente
de licença remunerada. (art. 105).
Parágrafo único. No caso de adoção ou guarda judicial de Além disso, nos trâmites do art. 106, caberá pedido de reconsi-
criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este deração dirigido à autoridade que houver expedido o ato ou profe-
artigo será de 30 (trinta) dias. rido a primeira decisão, não podendo ser renovado.
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor De acordo com o art. 107 do Estatuto em estudo, caberá re-
acidentado em serviço. curso nas seguintes hipóteses: do indeferimento do pedido de re-
consideração e das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
Observação importante: a licença-prêmio não faz mais parte terpostos.
do rol dos direitos dos servidores federais e foi suprimida pela Lei Nos termos do art. 109, o recurso será dirigido à autoridade
9.527/1997. A licença-prêmio permitia que o servidor, encerrado imediatamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a
cada quinquênio ininterrupto de serviço, pudesse gozar, como prê- decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais auto-
mio pela assiduidade de três meses de licença, com a remuneração ridades, sendo encaminhado por intermédio da autoridade a que
do cargo efetivo. A legislação vigente à época facultava ao servidor estiver imediatamente subordinado o requerente. Dando continui-
gozar a licença ou contar em dobro o período da licença para efeito dade, o recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, a juízo
de aposentadoria (o que atualmente não é mais possível, já que da autoridade competente e em caso de provimento do pedido de
a EC 20/1998 proibiu a contagem de tempo de contribuição fictí- reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à
cio para aposentadoria). Entretanto, em análise ao caso específico data do ato impugnado, nos parâmetros do art. 109, parágrafo úni-
daqueles que adquiriram legitimamente o direito antes da supres- co da Lei 8112/90.
são legal, o STJ entende pacificamente que “o servidor aposentado O prazo para interposição de recurso ou de pedido de recon-
tem direito à conversão em pecúnia da licença-prêmio não gozada sideração é de 30 dias, a contar da publicação ou da ciência, pelo
e contada em dobro, sob pena de enriquecimento sem causa da interessado, da decisão recorrida (art. 108).
Administração Pública” (AgRg no AREsp 270.708/RN). Já o direito de requerer prescreve, nos termos do art. 110, em
cinco anos, quanto aos atos de demissão e de cassação de aposen-
Concessões tadoria ou disponibilidade, ou que afetem interesse patrimonial e
Três são as espécies de concessão: créditos resultantes das relações de trabalho; em 120 dias, nos de-
a) Primeira espécie de concessão: permite ao servidor se au- mais casos, exceto quando outro prazo for fixado em lei.
sentar do serviço, sem qualquer prejuízo a sua remuneração, nas
seguintes condições (art. 97): por um dia, para doação de sangue; Em relação à prescrição, merece também destaque:
por dois dias, para se alistar como eleitor; por oito dias consecuti- Art. 112: a prescrição é de ordem pública, não podendo ser re-
vos em razão de: casamento; falecimento do cônjuge, companhei- levada pela administração; o pedido de reconsideração e o recurso,
ro, pais, madrasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guarda
quando cabíveis, interrompem a prescrição (art. 111); o prazo de
ou tutela e irmãos.
prescrição será contado da data da publicação do ato impugnado
b) Segunda espécie de concessão: relacionada à concessão de
ou da data da ciência pelo interessado, quando o ato não for publi-
horário especial, nas seguintes situações (art. 98): ao servidor estu-
cado (art. 110, parágrafo único da Lei 8112/90).
dante, quando comprovada a incompatibilidade entre o horário es-
colar e o da repartição, sendo exigida a compensação de horário; ao
servidor portador de deficiência, quando comprovada a necessida-
de por junta médica oficial, independentemente de compensação PROCESSO ADMINISTRATIVO. CONCEITO, PRINCÍPIOS,
de horário;ao servidor que tenha cônjuge, filho ou dependente com FASES E MODALIDADES
deficiência, quando comprovada a necessidade por junta médica
oficial, independentemente da compensação de horário; ao servi-
dor que atue como instrutor em curso instituído no âmbito da ad- Processo administrativo
ministração pública federal ou que participe de banca examinadora O Processo Administrativo Disciplinar tem como objetivo apu-
de concursos, vinculado à compensação de horário a ser efetivada rar possíveis infrações disciplinares e, conforme o caso, aplicar a
no prazo de até um ano. penalidade cabível.
c) Terceira espécie de concessão: cuida dos casos relacionados As regras disciplinares são de competência de cada ente fede-
à matrícula em instituições de ensino. Por amparo legal, “ao servi- rativo, que irão regular os devidos procedimentos disciplinares de
dor estudante que mudar de sede no interesse da administração é seus respectivos servidores públicos.

27
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Na esfera federal, temos o nosso estudo baseado na Lei assumir a responsabilidade. Ocorre que, nessa situação, ao exigir
8.112/90, sendo o estatuto dos servidores públicos. Vale destacar, que a denúncia seja sempre clara, pode estar evitando que certas
que as regras estatutárias não podem desrespeitar os princípios e denúncias cheguem à Administração Pública. Assim, conclui-se que
as regras constitucionais. a denúncia anônima não deve ser desconsiderada de fato, sendo
Dentro da Lei 8.112/90 existem três modalidades de Processo necessário analisar a presença de elementos concretos na denúncia
Administrativo Disciplinar, logo nas três hipóteses, por se tratar de anônima.
processo administrativo disciplinar é possível à existência de uma De modo que, ao receber a denúncia anônima a Autoridade
penalidade ao final. São modalidades do PAD: competente não pode abrir um PAD de prontidão. Mas, caso a Au-
toridade verifique elementos concretos nesta denúncia anônima,
I. Processo Administrativo Disciplinar Simplificado/ Sindicância instaura-se um PAD de sindicância investigatório, se neste proces-
(Art. 145 da Lei 8.112/90): possui como objetivo a apuração das so for confirmado os elementos instaura-se um PAD propriamente
condutas que em tese são de menor potencial ofensivo, pressupõe dito, para apurar a fundo as infrações e aplicar as penalidades ne-
então que os tipos de penalidade a serem aplicadas aqui possuem cessárias.
natureza leve. O PAD Propriamente Dito pode ser instaurado de prontidão
Caso ao dar início a esta modalidade de PAD e, verifica-se a não caso verifique-se uma conduta gravíssima, de uma denúncia clara
existência do fato, o PAD é arquivado, uma vez que está ausente de (pessoa assumi a responsabilidade), desta forma percebe-se que a
provas/ elementos probatórios. sindicância não é pré-requisito para a instauração do PAD, desde
Por outro lado, caso o PAD simplificado seja confirmado, apli- que a denúncia seja clara.
ca-se uma advertência, ou então, uma suspensão de até 30 dias ao Um dos elementos da Portaria que instaura o PAD é o afasta-
servidor público. mento preventivo da servidor público (Ato Administrativo – Porta-
Assim, a punição para condutas do servidor público de natu- ria). Esse afastamento ocorre, pois muitas vezes, os demais servi-
reza leve é de advertência ou suspensão de até 30 dias. Nota-se dores não se sentem confortáveis em testemunharem algo com o
que caso conclua-se, diante da apuração do PAD simplificado, que a acusado ainda ocupando o cargo, pois ele poderia utilizar sua in-
infração é gravíssima, finaliza-se o PAD simplificado e instaura-se o fluência – por exemplo, se vocês testemunharem acontecerá algo.
PAD propriamente dito. Assim, o afastamento é utilizado como um acautelamento do Admi-
Ex. Ocorre uma denuncia de um servidor, que está vendendo nistrador Público em relação ao processo administrativo disciplinar.
pão de mel dentro da administração pública, as pessoas sabem que
Vale ressaltar que o afastamento temporário não é uma puni-
este servidor não sabe cozinhar. A autoridade recebe a informação.
ção, tendo em vista que ainda não houve PAD. Sendo assim, neste
Sabe-se que essa conduta não é gravíssima, assim abre-se um PAD
afastamento é razoável que o servidor público continue recebendo
simplificado para apurar a situação, mas com a informação de que
a sua remuneração. O prazo de afastamento temporário do servidor
a pessoa não sabe cozinhar, ao abrir o PAD simplificado ele não se
público é de no máximo 60 dias, prorrogáveis, desde que justificá-
confirma, assim arquiva-se. No caso de confirmação, por exemplo,
vel, por mais 60 dias (Art. 147 da Lei 8.112/90).
não era pão de mel, mas cocada, aqui não se arquiva o processo,
Caso passe o período total de 120 dias (60 + 60 prorrogáveis), e
mas aplica-se uma advertência.
a Autoridade necessite de mais tempo para a investigação, não tem
Obs. Cuidado com o termo sindicância, na doutrina do Direito
Administrativo em Geral (Processo Administrativo – Lei 9.784/99), como aumentar o prazo e o servidor continuar afastado, assim o
existe o termo sindicância, no sentido investigativo-inquisitório e servidor retorna para o seu cargo e o PAD continua.
acusatória- punitivo. Assim, dentro do Processo Administrativo Ge- O Ato Administrativo que instaura o PAD indica o nome de três
ral, existem duas modalidades de sindicância. servidores públicos para compor uma Comissão Processante. Ou
O PAD simplificado possui uma sindicância punitiva/acusatória, seja, uma autoridade instaura o PAD, sendo somente os Ministros
uma vez que ao final ela apresenta uma penalidade. Esta distinção que possuem competência para tanto, entretanto não são os Minis-
ocorre, pois, caso esteja-se diante de uma sindicância investigati- tros que tocam o Processo Administrativo Disciplinar, mas sim uma
va/ inquisitória, não é necessário fornecer a ninguém o direito de Comissão Processante.
ampla defesa e contraditório, uma vez que não se está acusando Dentro do ato de instauração o Ministro já indica os servido-
ninguém, mas apenas investigando. res públicos, sendo a regra geral que a Comissão Processante seja
Não existe muitas regras sobre o processo administrativo dis- composta por três Servidores Estáveis (estabilidade é um requisito
ciplinar simplificado, de modo que, de maneira geral, utiliza-se o – Artigo 149 da Lei 8.112/90). Um desses três Servidores será Presi-
procedimento do propriamente dito como margem. dente da Comissão, este tem que ter o cargo superior ou similar ao
O prazo para a conclusão de um PAD simplificado é de 30 dias, do servidor púbico acusado.
ou seja, após o início da sindicância tem-se 30 dias para encerrar, A regra geral prevê a estabilidade, pois esta funciona como
podendo ser prorrogados por mais 30 dias. uma garantia do servidor público que compõe a comissão, de modo
a garantir que este não pode ser retirado/ perder o cargo a não ser
II. Processo Administrativo Disciplinar Propriamente Dito: utili- nas hipóteses do artigo 41 da CF, ou seja, não sofro o risco de ser
zado nos casos de infrações gravíssimas. Este processo administra- ameaça a ser mandada embora. (Obs. Não pode estar este Servidor
tivo disciplinar possui três fases, sendo elas: Público somente no cargo de comissão, uma vez que cargos em co-
* Primeira Fase: Compreende a instauração do processo. Para a missão não possuem a estabilidade).
instauração do processo é necessário que o Administrador Público Obs. É muito comum na jurisprudência quando se anula um
tome conhecimento de uma conduta indisciplinar, assim, é preciso processo administrativo, anula-se a comissão processante em um
conhecer a conduta, para depois instaurar um PAD. sentido geral. Assim qual é o ato que a autoridade competente tem
*Diante de uma denuncia anônima é preciso instaurar o PAD? A que fazer? Instaurar um novo PAD, com a nomeação de novas pes-
Lei 8.112/90 de a entender que a denuncia anônima está vedada de soas para compor a comissão processante, uma vez que a anterior
maneira geral para evitar o chamado denuncismo. Uma vez que, a foi desfeita, pois não garantiu a ampla defesa e o contraditório.
Lei fala que a denúncia deve ser clara, demonstrando seu endereço, Caso anteriormente tenha ocorrido alguma nulidade que tenha ge-
nome, ou seja, você tem que ser responsável pela sua denúncia – rado o desfazimento da comissão processante, pode esta mesma

28
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
comissão ser escolhida novamente. Assim, a Comissão Processante Nota-se que caso ocorra à violação ao contraditório e a ampla
só não pode ser a mesma caso esta não garanta o contraditório e a defesa, o PAD deverá ser arquivado.
ampla defesa.
A Suspensão e Advertência podem ser aplicadas no PAD, no mo- Obs. É possível emprestar provas produzidas em processos ju-
mento em que o Servidor Público é suspenso ou advertido, começa a dicias em andamento? Sim, desde que esta prova emprestada seja
correr um prazo para o cancelamento desse registro de penalidades lícita.
na sua ficha de servidor público. De modo que, após 3 (para o caso de Obs. É necessário que se dê a possibilidade de participação de
advertência) ou 5 (para a suspensão) anos o servidor cometa outro advogado, não podendo ser vedada a sua participação no PAD.
ilícito/ não sofra nenhuma outra sanção, ele não será considerado
como reincidente. Assim, aqui não se cancela os efeitos da suspensão Esta situação do Advogado gerou a Súmula Vinculante nº 5 do
e da advertência, mas o Registro de Penalidades em sua ficha. STF, que prevê que a falta de defesa técnica, ou seja, de advoga-
Prazo de Prescrição do PAD: o Servidor Público no exercício da do em um PAD não ofende a Constituição Federal. Entretanto o STJ
sua atividade, pratica uma conduta em que a penalidade típica é acredita que é necessária a presença do advogado no PAD. O que
demissão, assim, o poder público / administração pública, tem o vale, neste caso, é a posição do STF na Súmula Vinculante nº 5.
prazo de 5 anos, a partir do conhecimento do fato da conduta pela - Defesa
autoridade competente para abrir um PAD, sob pena de prescrição. - Relatório
Caso a conduta leve a suspensão do servidor, a Administração
Pública tem dois anos, a partir do conhecimento da conduta, para * Terceira Fase: Julgamento
abrir o PAD sob pena de prescrição.
Por outro lado, caso a conduta leve a advertência ao servidor,
a Administração Pública tem 180 dias, a partir do conhecimento da LEI Nº 9.784 , DE 29 DE JANEIRO DE 1999
conduta, para abrir o PAD, sob pena de prescrição.
Vale ressaltar, que nos três casos acima (demissão, suspen- Regula o processo administrativo no âmbito da Administração
são e advertência), caso a Autoridade competente, tome conheci- Pública Federal.
mento da conduta e não instaure o PAD ela sofre as sanções da Lei O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
8.112/90, ou seja, assume a responsabilidade. cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Ademais, importante ressaltar que no momento em que o PAD
é aberto, o prazo prescricional do mesmo se interrompe até a de- CAPÍTULO I
cisão da autoridade competente (Art. 142, § 3º da Lei 8.112/90). DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Entretanto existem discussões acerca da razoabilidade desse tempo
de decisão da autoridade competente, de modo que a previsão le- Art. 1o Esta Lei estabelece normas básicas sobre o processo ad-
gal diverge da jurisprudencial. ministrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta,
A lei entende que a Autoridade tem o tempo necessário para visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e
se chegar a uma decisão, já a jurisprudência, entende que, uma vez ao melhor cumprimento dos fins da Administração.
interrompido o prazo prescricional do PAD, após 140 dias, diante da § 1o Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos
ausência de uma decisão pela autoridade competente, o prazo pres- Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho
cricional volta a correr. Isto é, uma vez instaurado o PAD, a autoridade de função administrativa.
competente tem 140 dias para concluí-lo, uma vez que o PAD normal- § 2o Para os fins desta Lei, consideram-se:
mente deve durar 60 dias, prorrogáveis por mais 60, após isso a auto- I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Ad-
ridade competente tem 20 dias para julgá-lo – totalizando 140 dias. ministração direta e da estrutura da Administração indireta;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade
* Segunda Fase: esta se subdivide em: jurídica;
- Inquérito Administrativo: é tocado pela Comissão Processan- III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder
te, composta por três servidores públicos que possuem estabilida- de decisão.
de.
Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos
- Instrução do Processo: nesta fase mantem-se a regra funda-
princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, pro-
mental inserida no artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal. Em
porcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, seguran-
que, toda fase de Processo Administrativo Disciplinar será acom-
ça jurídica, interesse público e eficiência.
panhada pelo Servidor acusado, uma vez que, caso não tenha este
Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observa-
acompanhamento não existirá a possibilidade do contraditório e
dos, entre outros, os critérios de:
nem da ampla defesa.
I - atuação conforme a lei e o Direito;
Outro princípio que rege esta fase é o Princípio da Oficialidade, II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia to-
no sentido de que a Comissão Processante ao tocar o inquérito ad- tal ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei;
ministrativo age de ofício, não sendo necessário que a Autoridade III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada
Administrativa de comandos para a Comissão Processante. a promoção pessoal de agentes ou autoridades;
Nesta fase também é necessário buscar a verdade material/ IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e
real, ou seja, a verdade mais próxima do que realmente aconteceu, boa-fé;
nesse sentido, pode se falar que o PAD é muito parecido com o pro- V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as
cesso penal. hipóteses de sigilo previstas na Constituição;
Durante a Instrução do Processo serão tomadas todas as me- VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obri-
didas necessárias como, por exemplo: oitiva de testemunhas, pe- gações, restrições e sanções em medida superior àquelas estrita-
rícias, acareações, sempre com a possibilidade de o servidor pú- mente necessárias ao atendimento do interesse público;
blico causado intervir no procedimento, ou seja, apresentar seus VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que deter-
próprios laudos, testemunhas. minarem a decisão;

29
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos Art. 7o Os órgãos e entidades administrativas deverão elaborar
direitos dos administrados; modelos ou formulários padronizados para assuntos que importem
IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar ade- pretensões equivalentes.
quado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos admi- Art. 8o Quando os pedidos de uma pluralidade de interessados
nistrados; tiverem conteúdo e fundamentos idênticos, poderão ser formula-
X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de ale- dos em um único requerimento, salvo preceito legal em contrário.
gações finais, à produção de provas e à interposição de recursos,
nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de CAPÍTULO V
litígio; DOS INTERESSADOS
XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas
as previstas em lei; Art. 9o São legitimados como interessados no processo admi-
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem pre- nistrativo:
juízo da atuação dos interessados; I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como titulares de
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que me- direitos ou interesses individuais ou no exercício do direito de re-
lhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada presentação;
aplicação retroativa de nova interpretação. II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm direitos
ou interesses que possam ser afetados pela decisão a ser adotada;
CAPÍTULO II III - as organizações e associações representativas, no tocante a
DOS DIREITOS DOS ADMINISTRADOS direitos e interesses coletivos;
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas quan-
Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Ad- to a direitos ou interesses difusos.
ministração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: Art. 10. São capazes, para fins de processo administrativo, os
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial em ato nor-
deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de mativo próprio.
suas obrigações;
II - ter ciência da tramitação dos processos administrativos em CAPÍTULO VI
que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter có- DA COMPETÊNCIA
pias de documentos neles contidos e conhecer as decisões profe-
ridas; Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
III - formular alegações e apresentar documentos antes da deci- administrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos de
são, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; delegação e avocação legalmente admitidos.
IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
quando obrigatória a representação, por força de lei. houver impedimento legal, delegar parte da sua competência a ou-
tros órgãos ou titulares, ainda que estes não lhe sejam hierarquica-
CAPÍTULO III mente subordinados, quando for conveniente, em razão de circuns-
DOS DEVERES DO ADMINISTRADO tâncias de índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-se à
Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, delegação de competência dos órgãos colegiados aos respectivos
sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: presidentes.
I - expor os fatos conforme a verdade; Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé; I - a edição de atos de caráter normativo;
III - não agir de modo temerário; II - a decisão de recursos administrativos;
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colabo- III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autori-
rar para o esclarecimento dos fatos. dade.
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser publi-
CAPÍTULO IV cados no meio oficial.
DO INÍCIO DO PROCESSO § 1o O ato de delegação especificará as matérias e poderes
transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e os ob-
Art. 5o O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a jetivos da delegação e o recurso cabível, podendo conter ressalva
pedido de interessado. de exercício da atribuição delegada.
Art. 6o O requerimento inicial do interessado, salvo casos em § 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pela au-
que for admitida solicitação oral, deve ser formulado por escrito e toridade delegante.
conter os seguintes dados: § 3o As decisões adotadas por delegação devem mencionar ex-
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; plicitamente esta qualidade e considerar-se-ão editadas pelo dele-
II - identificação do interessado ou de quem o represente; gado.
III - domicílio do requerente ou local para recebimento de co- Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por motivos
municações; relevantes devidamente justificados, a avocação temporária de
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de seus competência atribuída a órgão hierarquicamente inferior.
fundamentos; Art. 16. Os órgãos e entidades administrativas divulgarão publi-
V - data e assinatura do requerente ou de seu representante. camente os locais das respectivas sedes e, quando conveniente, a
Parágrafo único. É vedada à Administração a recusa imotivada unidade fundacional competente em matéria de interesse especial.
de recebimento de documentos, devendo o servidor orientar o in- Art. 17. Inexistindo competência legal específica, o processo
teressado quanto ao suprimento de eventuais falhas. administrativo deverá ser iniciado perante a autoridade de menor
grau hierárquico para decidir.

30
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO VII III - data, hora e local em que deve comparecer;
DOS IMPEDIMENTOS E DA SUSPEIÇÃO IV - se o intimado deve comparecer pessoalmente, ou fazer-se
representar;
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o ser- V - informação da continuidade do processo independente-
vidor ou autoridade que: mente do seu comparecimento;
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; VI - indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes.
II - tenha participado ou venha a participar como perito, teste- § 2o A intimação observará a antecedência mínima de três dias
munha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao úteis quanto à data de comparecimento.
cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; § 3o A intimação pode ser efetuada por ciência no processo, por
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o inte- via postal com aviso de recebimento, por telegrama ou outro meio
ressado ou respectivo cônjuge ou companheiro. que assegure a certeza da ciência do interessado.
Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimen- § 4o No caso de interessados indeterminados, desconhecidos
to deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se ou com domicílio indefinido, a intimação deve ser efetuada por
de atuar. meio de publicação oficial.
Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedi- § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância
mento constitui falta grave, para efeitos disciplinares. das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado su-
Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor pre sua falta ou irregularidade.
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos inte- Art. 27. O desatendimento da intimação não importa o reco-
ressados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes nhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a direito pelo
e afins até o terceiro grau. administrado.
Art. 21. O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser Parágrafo único. No prosseguimento do processo, será garanti-
objeto de recurso, sem efeito suspensivo. do direito de ampla defesa ao interessado.

Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo


CAPÍTULO VIII que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus,
DA FORMA, TEMPO E LUGAR DOS ATOS DO PROCESSO sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos
de outra natureza, de seu interesse.
Art. 22. Os atos do processo administrativo não dependem de
forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir. CAPÍTULO X
§ 1o Os atos do processo devem ser produzidos por escrito, em DA INSTRUÇÃO
vernáculo, com a data e o local de sua realização e a assinatura da
autoridade responsável. Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e
§ 2o Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizam-se
será exigido quando houver dúvida de autenticidade. de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo proces-
§ 3o A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá so, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações
ser feita pelo órgão administrativo. probatórias.
§ 4o O processo deverá ter suas páginas numeradas sequencial- § 1o O órgão competente para a instrução fará constar dos au-
tos os dados necessários à decisão do processo.
mente e rubricadas.
§ 2o Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados
Art. 23. Os atos do processo devem realizar-se em dias úteis,
devem realizar-se do modo menos oneroso para estes.
no horário normal de funcionamento da repartição na qual tramitar
Art. 30. São inadmissíveis no processo administrativo as provas
o processo.
obtidas por meios ilícitos.
Parágrafo único. Serão concluídos depois do horário normal os
Art. 31. Quando a matéria do processo envolver assunto de
atos já iniciados, cujo adiamento prejudique o curso regular do pro-
interesse geral, o órgão competente poderá, mediante despacho
cedimento ou cause dano ao interessado ou à Administração.
motivado, abrir período de consulta pública para manifestação de
Art. 24. Inexistindo disposição específica, os atos do órgão ou terceiros, antes da decisão do pedido, se não houver prejuízo para
autoridade responsável pelo processo e dos administrados que dele a parte interessada.
participem devem ser praticados no prazo de cinco dias, salvo mo- § 1o A abertura da consulta pública será objeto de divulgação
tivo de força maior. pelos meios oficiais, a fim de que pessoas físicas ou jurídicas pos-
Parágrafo único. O prazo previsto neste artigo pode ser dilatado sam examinar os autos, fixando-se prazo para oferecimento de ale-
até o dobro, mediante comprovada justificação. gações escritas.
Art. 25. Os atos do processo devem realizar-se preferencial- § 2o O comparecimento à consulta pública não confere, por si,
mente na sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro for a condição de interessado do processo, mas confere o direito de
o local de realização. obter da Administração resposta fundamentada, que poderá ser
comum a todas as alegações substancialmente iguais.
CAPÍTULO IX Art. 32. Antes da tomada de decisão, a juízo da autoridade,
DA COMUNICAÇÃO DOS ATOS diante da relevância da questão, poderá ser realizada audiência pú-
blica para debates sobre a matéria do processo.
Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo Art. 33. Os órgãos e entidades administrativas, em matéria
administrativo determinará a intimação do interessado para ciência relevante, poderão estabelecer outros meios de participação de
de decisão ou a efetivação de diligências. administrados, diretamente ou por meio de organizações e associa-
§ 1o A intimação deverá conter: ções legalmente reconhecidas.
I - identificação do intimado e nome do órgão ou entidade ad- Art. 34. Os resultados da consulta e audiência pública e de ou-
ministrativa; tros meios de participação de administrados deverão ser apresen-
II - finalidade da intimação; tados com a indicação do procedimento adotado.

31
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 35. Quando necessária à instrução do processo, a audiên- Art. 47. O órgão de instrução que não for competente para emi-
cia de outros órgãos ou entidades administrativas poderá ser reali- tir a decisão final elaborará relatório indicando o pedido inicial, o
zada em reunião conjunta, com a participação de titulares ou repre- conteúdo das fases do procedimento e formulará proposta de deci-
sentantes dos órgãos competentes, lavrando-se a respectiva ata, a são, objetivamente justificada, encaminhando o processo à autori-
ser juntada aos autos. dade competente.
Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha ale-
gado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a CAPÍTULO XI
instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. DO DEVER DE DECIDIR
Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão
registrados em documentos existentes na própria Administração Art. 48. A Administração tem o dever de explicitamente emitir
responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o ór- decisão nos processos administrativos e sobre solicitações ou recla-
gão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos mações, em matéria de sua competência.
documentos ou das respectivas cópias. Art. 49. Concluída a instrução de processo administrativo, a Ad-
Art. 38. O interessado poderá, na fase instrutória e antes da ministração tem o prazo de até trinta dias para decidir, salvo prorro-
tomada da decisão, juntar documentos e pareceres, requerer dili- gação por igual período expressamente motivada.
gências e perícias, bem como aduzir alegações referentes à matéria
objeto do processo. CAPÍTULO XII
§ 1o Os elementos probatórios deverão ser considerados na DA MOTIVAÇÃO
motivação do relatório e da decisão.
§ 2o Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fun- Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com
damentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:
ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias. I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção
expedidas intimações para esse fim, mencionando-se data, prazo, pública;
forma e condições de atendimento. IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo lici-
Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o ór- tatório;
gão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a V - decidam recursos administrativos;
omissão, não se eximindo de proferir a decisão. VI - decorram de reexame de ofício;
Art. 40. Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão
interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respec- VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalida-
tiva apresentação implicará arquivamento do processo. ção de ato administrativo.
Art. 41. Os interessados serão intimados de prova ou diligência § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, po-
ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis, mencionan- dendo consistir em declaração de concordância com fundamentos
do-se data, hora e local de realização. de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que,
Art. 42. Quando deva ser obrigatoriamente ouvido um órgão neste caso, serão parte integrante do ato.
consultivo, o parecer deverá ser emitido no prazo máximo de quin- § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode
ze dias, salvo norma especial ou comprovada necessidade de maior ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das
prazo. decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos inte-
§ 1o Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser emiti- ressados.
do no prazo fixado, o processo não terá seguimento até a respectiva § 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comis-
apresentação, responsabilizando-se quem der causa ao atraso. sões ou de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo
§ 2o Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser escrito.
emitido no prazo fixado, o processo poderá ter prosseguimento e
ser decidido com sua dispensa, sem prejuízo da responsabilidade CAPÍTULO XIII
de quem se omitiu no atendimento. DA DESISTÊNCIA E OUTROS CASOS DE EXTINÇÃO DO PROCES-
Art. 43. Quando por disposição de ato normativo devam ser SO
previamente obtidos laudos técnicos de órgãos administrativos e
estes não cumprirem o encargo no prazo assinalado, o órgão res- Art. 51. O interessado poderá, mediante manifestação escrita,
ponsável pela instrução deverá solicitar laudo técnico de outro ór- desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou, ainda, re-
gão dotado de qualificação e capacidade técnica equivalentes. nunciar a direitos disponíveis.
Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de § 1o Havendo vários interessados, a desistência ou renúncia
manifestar-se no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for atinge somente quem a tenha formulado.
legalmente fixado. § 2o A desistência ou renúncia do interessado, conforme o caso,
Art. 45. Em caso de risco iminente, a Administração Pública não prejudica o prosseguimento do processo, se a Administração
poderá motivadamente adotar providências acauteladoras sem a considerar que o interesse público assim o exige.
prévia manifestação do interessado. Art. 52. O órgão competente poderá declarar extinto o proces-
so quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão se tornar
Art. 46. Os interessados têm direito à vista do processo e a ob-
impossível, inútil ou prejudicado por fato superveniente.
ter certidões ou cópias reprográficas dos dados e documentos que
o integram, ressalvados os dados e documentos de terceiros prote-
gidos por sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.

32
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO XIV Art. 62. Interposto o recurso, o órgão competente para dele
DA ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO conhecer deverá intimar os demais interessados para que, no prazo
de cinco dias úteis, apresentem alegações.
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quan- Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto:
do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de I - fora do prazo;
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. II - perante órgão incompetente;
Art. 54. O direito da Administração de anular os atos adminis- III - por quem não seja legitimado;
trativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários IV - após exaurida a esfera administrativa.
decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, § 1o Na hipótese do inciso II, será indicada ao recorrente a auto-
salvo comprovada má-fé. ridade competente, sendo-lhe devolvido o prazo para recurso.
§ 1o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de de- § 2o O não conhecimento do recurso não impede a Administra-
cadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. ção de rever de ofício o ato ilegal, desde que não ocorrida preclusão
§ 2o Considera-se exercício do direito de anular qualquer me- administrativa.
dida de autoridade administrativa que importe impugnação à vali- Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá con-
dade do ato. firmar, modificar, anular ou revogar, total ou parcialmente, a deci-
são recorrida, se a matéria for de sua competência.
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão Parágrafo único. Se da aplicação do disposto neste artigo puder
ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresen- decorrer gravame à situação do recorrente, este deverá ser cientifi-
tarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Ad- cado para que formule suas alegações antes da decisão.
ministração. Art. 64-A.Se o recorrente alegar violação de enunciado da sú-
mula vinculante, o órgão competente para decidir o recurso explici-
CAPÍTULO XV tará as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, con-
DO RECURSO ADMINISTRATIVO E DA REVISÃO forme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006).Vigência
Art. 64-B.Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de fundada em violação de enunciado da súmula vinculante, dar-se-á
razões de legalidade e de mérito. ciência à autoridade prolatora e ao órgão competente para o julga-
§ 1o O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, mento do recurso, que deverão adequar as futuras decisões admi-
a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará nistrativas em casos semelhantes, sob pena de responsabilização
à autoridade superior. pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.(Incluído pela Lei
§ 2o Salvo exigência legal, a interposição de recurso administra- nº 11.417, de 2006). Vigência
tivo independe de caução. Art. 65. Os processos administrativos de que resultem san-
§ 3oSe o recorrente alegar que a decisão administrativa contra- ções poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício,
ria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora quando surgirem fatos novos ou circunstâncias relevantes suscetí-
da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de veis de justificar a inadequação da sanção aplicada.
encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabili- Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar
dade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela agravamento da sanção.
Lei nº 11.417, de 2006).Vigência
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no máximo por três CAPÍTULO XVI
instâncias administrativas, salvo disposição legal diversa. DOS PRAZOS
Art. 58. Têm legitimidade para interpor recurso administrativo:
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte no pro- Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cienti-
cesso; ficação oficial, excluindo-se da contagem o dia do começo e incluin-
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem indiretamente do-se o do vencimento.
afetados pela decisão recorrida; § 1o Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se-
III - as organizações e associações representativas, no tocante a guinte se o vencimento cair em dia em que não houver expediente
direitos e interesses coletivos; ou este for encerrado antes da hora normal.
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou interesses § 2o Os prazos expressos em dias contam-se de modo contínuo.
difusos. § 3o Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data a
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez dias o pra- data. Se no mês do vencimento não houver o dia equivalente àque-
zo para interposição de recurso administrativo, contado a partir da le do início do prazo, tem-se como termo o último dia do mês.
ciência ou divulgação oficial da decisão recorrida. Art. 67. Salvo motivo de força maior devidamente comprovado,
§ 1o Quando a lei não fixar prazo diferente, o recurso adminis- os prazos processuais não se suspendem.
trativo deverá ser decidido no prazo máximo de trinta dias, a partir
do recebimento dos autos pelo órgão competente. CAPÍTULO XVII
§ 2o O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser DAS SANÇÕES
prorrogado por igual período, ante justificativa explícita.
Art. 60. O recurso interpõe-se por meio de requerimento no Art. 68. As sanções, a serem aplicadas por autoridade compe-
qual o recorrente deverá expor os fundamentos do pedido de ree- tente, terão natureza pecuniária ou consistirão em obrigação de fa-
xame, podendo juntar os documentos que julgar convenientes. zer ou de não fazer, assegurado sempre o direito de defesa.
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o recurso não tem
efeito suspensivo.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo de difícil ou
incerta reparação decorrente da execução, a autoridade recorrida
ou a imediatamente superior poderá, de ofício ou a pedido, dar
efeito suspensivo ao recurso.

33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
CAPÍTULO XVIII Denota-se, porém, que o dever de obediência do subordinado
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS não o obriga a cumprir as ordens manifestamente ilegais, advindas
de seu superior hierárquico. Ademais, nos ditames do art. 116, XII,
Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a da Lei 8.112/1990, o subordinado tem a obrigação funcional de re-
reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente presentar contra o seu superior caso este venha a agir com ilegali-
os preceitos desta Lei. dade, omissão ou abuso de poder.
Art. 69-A.Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão Registra-se que a delegação de atribuições é uma das mani-
ou instância, os procedimentos administrativos em que figure como festações do poder hierárquico que consiste no ato de conferir a
parte ou interessado: (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). outro servidor atribuições que de âmbito inicial, faziam parte dos
I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos;(In- atos de competência da autoridade delegante. O ilustre Hely Lopes
cluído pela Lei nº 12.008, de 2009). Meirelles aduz que a delegação de atribuições se submete a algu-
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental; (Incluído mas regras, sendo elas:
pela Lei nº 12.008, de 2009). A) A impossibilidade de delegação de atribuições de um Po-
III – (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). der a outro, exceto quando devidamente autorizado pelo texto da
IV - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose múltipla, Constituição Federal. Exemplo: autorização por lei delegada, que
neoplasia maligna, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitan- ocorre quando a Constituição Federal autoriza o Legislativo a dele-
te, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anqui- gar ao Chefe do Executivo a edição de lei.
losante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da B) É impossível a delegação de atos de natureza política. Exem-
doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, plos: o veto e a sanção de lei;
síndrome de imunodeficiência adquirida, ou outra doença grave, C) As atribuições que a lei fixar como exclusivas de determina-
com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a da autoridade, não podem ser delegadas;
doença tenha sido contraída após o início do processo.(Incluído D) O subordinado não pode recusar a delegação;
pela Lei nº 12.008, de 2009). E) As atribuições não podem ser subdelegadas sem a devida
§ 1oA pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando autorização do delegante.
prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade administra-
tiva competente, que determinará as providências a serem cumpri- Sem prejuízo do entendimento doutrinário a respeito da dele-
das. (Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). gação de competência, a Lei Federal 9.784/1999, que estabelece os
§ 2oDeferida a prioridade, os autos receberão identificação pró- ditames do processo administrativo federal, estabeleceu as seguin-
pria que evidencie o regime de tramitação prioritária. (Incluído pela tes regras relacionadas a esse assunto:
Lei nº 12.008, de 2009). • A competência não pode ser renunciada, porém, pode ser
§ 3o(VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). delegada se não houver impedimento legal;
§ 4o(VETADO)(Incluído pela Lei nº 12.008, de 2009). • A delegação de competência é sempre exercida de forma par-
Art. 70. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. cial, tendo em vista que um órgão administrativo ou seu titular não
detém o poder de delegar todas as suas atribuições;
• A título de delegação vertical, depreende-se que esta pode
ser feita para órgãos ou agentes subordinados hierarquicamente, e,
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO. VINCULADO, DISCRI- a nível de delegação horizontal, também pode ser feita para órgãos
CIONÁRIO, HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR E REGULA- e agentes não subordinados à hierarquia.
MENTAR Não podem ser objeto de delegação:
• A edição de atos de caráter normativo;
Poder Hierárquico • A decisão de recursos administrativos;
Trata-se o poder hierárquico, de poder conferido à autoridade • As matérias de competência exclusiva do órgão ou autorida-
administrativa para distribuir e dirimir funções em escala de seus de;
órgãos, vindo a estabelecer uma relação de coordenação e subordi-
nação entre os servidores que estiverem sob a sua hierarquia. Ressalta-se com afinco que o ato de delegação e a sua revo-
A estrutura de organização da Administração Pública é baseada gação deverão ser publicados no meio oficial, nos trâmites da lei.
em dois aspectos fundamentais, sendo eles: a distribuição de com- Ademais, deverá o ato de delegação especificar as matérias e os po-
petências e a hierarquia. deres transferidos, os limites da atuação do delegado, a duração e
Em decorrência da amplitude das competências e das res- os objetivos da delegação e também o recurso devidamente cabível
ponsabilidades da Administração, jamais seria possível que toda a à matéria que poderá constar a ressalva de exercício da atribuição
função administrativa fosse desenvolvida por um único órgão ou delegada.
agente público. Assim sendo, é preciso que haja uma distribuição O ato de delegação poderá ser revogado a qualquer tempo pela
dessas competências e atribuições entre os diversos órgãos e agen- autoridade delegante como forma de transferência não definitiva
tes integrantes da Administração Pública. de atribuições, devendo as decisões adotadas por delegação, men-
Entretanto, para que essa divisão de tarefas aconteça de ma- cionar de forma clara esta qualidade, que deverá ser considerada
neira harmoniosa, os órgãos e agentes públicos são organizados como editada pelo delegado.
em graus de hierarquia e poder, de maneira que o agente que se No condizente à avocação, afirma-se que se trata de procedi-
encontra em plano superior, detenha o poder legal de emitir ordens mento contrário ao da delegação de competência, vindo a ocor-
e fiscalizar a atuação dos seus subordinados. Essa relação de subor- rer quando o superior assume ou passa a desenvolver as funções
dinação e hierarquia, por sua vez, causa algumas sequelas, como o que eram de seu subordinado. De acordo com a doutrina, a norma
dever de obediência dos subordinados, a possibilidade de o imedia- geral, é a possibilidade de avocação pelo superior hierárquico de
to superior avocar atribuições, bem como a atribuição de rever os qualquer competência do subordinado, ressaltando-se que nesses
atos dos agentes subordinados. casos, a competência a ser avocada não poderá ser privativa do ór-
gão subordinado.

34
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Dispõe a Lei 9.784/1999 que a avocação das competências do Poder conferido à autoridade administra-
órgão inferior apenas será permitida em caráter excepcional e tem- tiva para distribuir e dirimir funções em
porário com a prerrogativa de que existam motivos relevantes e im- PODER escala de seus órgãos, que estabelece
preterivelmente justificados. HIERÁRQUICO uma relação de coordenação e subordina-
O superior também pode rever os atos dos seus subordinados, ção entre os servidores que estiverem sob
como consequência do poder hierárquico com o fito de mantê-los, a sua hierarquia.
convalidá-los, ou ainda, desfazê-los, de ofício ou sob provocação do
interessado. Convalidar significa suprir o vício de um ato adminis- A edição de atos de caráter normativo
trativo por intermédio de um segundo ato, tornando válido o ato vi- NÃO PODEM SER
ciado. No tocante ao desfazimento do ato administrativo, infere-se A decisão de recursos administrativos
OBJETO
que pode ocorrer de duas formas: DE DELEGAÇÃO As matérias de competência exclusiva do
a) Por revogação: no momento em que a manutenção do ato órgão ou autoridade
válido se tornar inconveniente ou inoportuna; Por revogação: quando a manutenção
b) Por anulação: quando o ato apresentar vícios. do ato válido se tornar inconveniente ou
DESFAZIMENTO
No entanto, a utilização do poder hierárquico nem sempre po- inoportuna
DO ATO
derá possibilitar a invalidação feita pela autoridade superior dos
ADMINISTRATIVO Por anulação: quando o ator apresentar
atos praticados por seus subordinados. Nos ditames doutrinários, a
revisão hierárquica somente é possível enquanto o ato não tiver se vícios
tornado definitivo para a Administração Pública e, ainda, se houver
sido criado o direito subjetivo para o particular. Poder Disciplinar
O poder disciplinar confere à Administração Pública o poder de
Observação importante: “revisão” do ato administrativo não autorizar e apurar infrações, aplicando as devidas penalidades aos
se confunde com “reconsideração” desse mesmo ato. A revisão de servidores público, bem como às demais pessoas sujeitas à discipli-
ato é condizente à avaliação por parte da autoridade superior em na administrativa em decorrência de determinado vínculo específi-
relação à manutenção ou não de ato que foi praticado por seu su- co. Assim, somente está sujeito ao poder disciplinar o agente que
bordinado, no qual o fundamento é o exercício do poder hierárqui- possuir vínculo certo e preciso com a Administração, não importan-
co. Já na reconsideração, a apreciação relativa à manutenção do do que esse vínculo seja de natureza funcional ou contratual.
ato administrativo é realizada pela própria autoridade que confec- Existindo vínculo funcional, infere-se que o poder disciplinar é
cionou o ato, não existindo, desta forma, manifestação do poder decorrente do poder hierárquico. Em razão da existência de distri-
hierárquico. buição de escala dos órgãos e servidores pertencentes a uma mes-
ma pessoa jurídica, competirá ao superior hierárquico determinar o
Ressalte-se, também, que a relação de hierarquia é inerente cumprimento de ordens e exigir daquele que lhe for subordinado,
à função administrativa e não há hierarquia entre integrantes do o cumprimento destas. Não atendendo o subordinado às determi-
Poder Legislativo e do Poder Judiciário no desempenho de suas fun- nações do seu superior ou descumprindo o dever funcional, o seu
ções típicas constitucionais. No entanto, os membros dos Poderes chefe poderá e deverá aplicar as sanções dispostas no estatuto fun-
Judiciário e Legislativo também estão submetidos à relação de hie- cional.
rarquia no que condiz ao exercício de funções atípicas ou adminis- Conforme dito, o poder disciplinar também detém o poder de
trativas. Exemplo: um juiz de Primeira Instância, não é legalmente alcançar particulares que mantenham vínculo contratual com o Po-
obrigado a adotar o posicionamento do Presidente do Tribunal no der Público, a exemplo daqueles contratados para prestar serviços
julgamento de um processo de sua competência, porém, encontra- à Administração Pública. Nesse sentido, como não existe relação de
-se obrigado, por ditames da lei a cumprir ordens daquela autorida- hierarquia entre o particular e a Administração, o pressuposto para
de quando versarem a respeito do horário de funcionamento dos a aplicação de sanções de forma direta não é o poder hierárqui-
serviços administrativos da sua Vara. co, mas sim o princípio da supremacia do interesse público sobre
Por fim, é de suma importância destacar que a subordinação o particular.
não se confunde com a vinculação administrativa, pois, a subordi- Denota-se que o poder disciplinar é o poder de investigar e
nação decorre do poder hierárquico e existe apenas no âmbito da punir crimes e contravenções penais não se referem ao mesmo
mesma pessoa jurídica. Já a vinculação, resulta do poder de super- instituto e não se confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado
visão ou do poder de tutela que a Administração Direta detém so- somente àqueles que possuem vínculo específico com a Adminis-
bre as entidades da Administração Indireta. tração de forma funcional ou contratual, o segundo é exercido so-
Esquematizando, temos: mente sobre qualquer indivíduo que viole as leis penais vigentes.
Da mesma forma, o exercício do poder de polícia também não
se confunde com as penalidades decorrentes do poder disciplinar,
que, embora ambos possuam natureza administrativa, estas deve-
rão ser aplicadas a qualquer pessoa que esteja causando transtor-
nos ou pondo em risco a coletividade, pois, no poder de polícia,
denota-se que o vínculo entre a Administração Pública e o adminis-
trado é de âmbito geral, ao passo que nas penalidades decorrentes
do poder disciplinar, somente são atingidos os que possuem relação
funcional ou contratual com a Administração.
Em suma, temos:
1º - Sanção Disciplinar: Possui natureza administrativa; advém
do poder disciplinar; é aplicável sobre as pessoas que possuem vín-
culo específico com a Administração Pública.

35
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
2º - Sanção de Polícia: Possui natureza administrativa; advém Em razão de os regulamentos serem editados sob forma con-
do poder de polícia; aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam dizente de decreto, é comum serem chamados de decretos regu-
às regulamentações de polícia administrativa. lamentares, decretos de execução ou regulamentos de execução.
3º - Sanção Penal: Possui natureza penal; decorre do poder ge- Podemos classificar os regulamentos em três espécies diferen-
ral de persecução penal; aplica-se sobre as pessoas que cometem tes:
crimes ou contravenções penais. A) Regulamento executivo;
B) Regulamento independente ou autônomo;
Por fim, registre-se que é comum a doutrina afirmar que o c) Regulamento autorizado.
poder disciplinar é exercido de forma discricionária. Tal afirmação Vejamos a composição de cada em deles:
deve ser analisada com cuidado no que se refere ao seu alcance
como um todo, pois, se ocorrer de o agente sob disciplina adminis- Regulamento Executivo
trativa cometer infração, a única opção que restará ao gestor será Existem leis que, ao serem editadas, já reúnem as condições
aplicar á situação a penalidade devidamente prevista na lei, pois, a suficientes para sua execução, enquanto outras pugnam por um re-
aplicação da pena é ato vinculado. Quando existente, a discriciona- gulamento para serem executadas. Entretanto, em tese, qualquer
riedade refere-se ao grau da penalidade ou à aplicação correta das lei é passível de ser regulamentada. Diga-se de passagem, até mes-
sanções legalmente cabíveis, tendo em vista que no direito adminis- mo aquelas cuja execução não dependa de regulamento. Para isso,
trativo não é predominável o princípio da pena específica que se re- suficiente é que o Chefe do Poder Executivo entenda conveniente
fere à necessidade de prévia definição em lei da infração funcional detalhar a sua execução.
e da exata sanção cabível. O ato de regulamento executivo é norma geral e abstrata. Sen-
Em resumo, temos: do geral pelo fato de não possuir destinatários determinados ou
determináveis, vindo a atingir quaisquer pessoas que estejam nas
Poder Disciplinar situações reguladas; é abstrata pelo fato de dispor sobre hipóteses
• Apura infrações e aplica penalidades; que, se e no momento em que forem verificadas no mundo con-
• Para que o indivíduo seja submetido ao poder disciplinar, é creto, passarão a gerar as consequências abstratamente previstas.
preciso que possua vínculo funcional com a administração; Desta forma, podemos afirmar que o regulamento possui conteúdo
• A aplicação de sanção disciplinar deve ser acompanhada de material de lei, porém, com ela não se confunde sob o aspecto for-
processo administrativo no qual sejam assegurados o direito ao mal.
contraditório e à ampla defesa, devendo haver motivação para que O ato de regulamento executivo é constituído por importantes
seja aplicada a penalidade disciplinar cabível; funções. São elas:
• Pode ter caráter discricionário em relação à escolha entre
sanções legalmente cabíveis e respectiva gradação. 1.º) Disciplinar a discricionariedade administrativa
Ocorre, tendo em vista a existência de discricionariedade quan-
Poder regulamentar do a lei confere ao agente público determinada quantidade de li-
Com supedâneo no art. 84, IV, da Constituição Federal, consiste berdade para o exercício da função administrativa. Tal quantidade e
o poder regulamentar na competência atribuída aos Chefes do Po- margem de liberdade termina sendo reduzida quando da editação
der Executivo para que venham a editar normas gerais e abstratas de um regulamento executivo que estipula regras de observância
destinadas a detalhar as leis, possibilitando o seu fiel regulamento obrigatória, vindo a determinar a maneira como os agentes devem
e eficaz execução. proceder no fiel cumprimento da lei.
A doutrina não é unânime em relação ao uso da expressão po- Ou seja, ao disciplinar por intermédio de regulamento o exer-
der regulamentar. Isso acontece, por que há autores que, asseme- cício da discricionariedade administrativa, o Chefe do Poder Exe-
lhando-se ao conceito anteriormente proposto, usam esta expres- cutivo, termina por voluntariamente limitá-la, vindo a estabelecer
são somente para se referirem à faculdade de editar regulamentos autêntica autovinculação, diminuindo, desta forma, o espaço para
conferida aos Chefes do Executivo. Outros autores, a usam com a discussão de casos e fatos sem importância para a administração
conceito mais amplo, acoplando também os atos gerais e abstra- pública.
tos que são emitidos por outras autoridades, tais como: resoluções,
portarias, regimentos, deliberações e instruções normativas. Há 2.º) Uniformizar os critérios de aplicação da lei
ainda uma corrente que entende essas providências gerais e abs- É interpretada no contexto da primeira, posto que o regula-
tratas editadas sob os parâmetros e exigências da lei, com o fulcro mento ao disciplinar a forma com que a lei deve ser fielmente cum-
de possibilitar-lhe o cumprimento em forma de manifestações do prida, estipula os critérios a serem adotados nessa atividade, fato
poder normativo. que impede variações significativas nos casos sujeitos à lei aplicada.
No entanto, em que pese a mencionada controvérsia, prevalece Exemplo: podemos citar o desenvolvimento dos servidores na car-
como estudo e aplicação geral adotada pela doutrina clássica, que reira de Policial Rodoviário Federal.
utiliza a expressão “poder regulamentar” para se referir somente à Criadora da carreira de Policial Rodoviário Federal, a Lei
competência exclusiva dos Chefes do Poder Executivo para editar
9.654/1998 estabeleceu suas classes e determinou que a investidu-
regulamentos, mantendo, por sua vez, a expressão “poder normati-
ra no cargo de Policial Rodoviário Federal teria que se dar no padrão
vo” para os demais atos normativos emitidos por outras espécies de
único da classe de Agente, na qual o titular deverá permanecer por
autoridades da Administração Direta e Indireta, como por exemplo,
pelo menos três anos ou até obter o direito à promoção à classe
de dirigentes de agências reguladoras e de Ministros.
subsequente, nos termos do art. 3.º, § 2.º.
Registra-se que os regulamentos são publicados através de
A antiguidade e o merecimento são os principais requisitos
decreto, que é a maneira pela qual se revestem os atos editados
para que os servidores públicos sejam promovidos. No entanto,
pelo chefe do Poder Executivo. O conteúdo de um decreto pode ser
por meio de conteúdo ou de determinado regulamento ou, ainda, o vocábulo “merecimento” é carregado de subjetivismo, fato que
a pela adoção de providências distintas. A título de exemplo desta abriria a possibilidade de que os responsáveis pela promoção dos
última situação, pode-se citar um decreto que dá a designação de servidores, alegando discricionariedade, viessem a agir com base
determinado nome a um prédio público. em critérios obscuros e casuístas, vindo a promover perseguições e

36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
privilégios. E é por esse motivo que existe a necessidade de regula- lei. O regulamento autônomo (decreto autônomo) é considerado
mentação dos requisitos de promoção, como demonstra o próprio ato normativo primário porque retira sua força exclusivamente e
estatuto dos servidores públicos civis federais em seu art. 10, pará- diretamente da Constituição.
grafo único da Lei 8.112/1990. A Carta Magna de 1988, em sua redação original, deletou a fi-
Com o fulcro de regulamentar a matéria, foi editado o Decreto gura do decreto autônomo no direito brasileiro. No entanto, com
8.282/2014, que possui como atributo, detalhar os requisitos e es- a Emenda Constitucional 32/2001, a possibilidade foi novamente
tabelecer os devidos critérios para promoção dos Policiais Rodoviá- inserida na alínea a do inciso VI do art. 84 da CFB/88.
rios Federais, dentre os quais se encontra a obtenção de “resultado Mesmo havendo controvérsias, a posição dominante na doutri-
satisfatório na avaliação de desempenho no interstício considerado na é no sentido de que a única hipótese de regulamento autônomo
para a progressão”, disposta no art. 4.º, II, “b”. Da mesma forma, que o direito brasileiro permite é a contida no mencionado dispo-
a expressão “resultado satisfatório” também é eivada de subjetivi- sitivo constitucional, que estabelece a competência do Presidente
dade, motivo pelo qual o § 3.º do mesmo dispositivo regulamentar da República para dispor, mediante decreto, sobre organização e
designou que para o efeito de promoção, seria considerado satisfa- funcionamento da administração federal, isso, quando não implicar
tório o alcance de oitenta por cento das metas estipuladas em ato em aumento de despesa nem mesmo criação ou extinção de órgãos
do dirigente máximo do órgão. públicos.
Assim sendo, verificamos que a discricionariedade do dirigente Por oportuno, registarmos que a autorização que está prevista
máximo da PRF continua a existir, e o exemplo disso, é o estabe- na alínea b do mesmo dispositivo constitucional, para que o Presi-
lecimento das metas. Entretanto, ela foi reduzida no condizente dente da República, mediante decreto, possa extinguir cargos públi-
à avaliação da suficiência de desempenho dos servidores para o
cos vagos, não se trata de caso de regulamento autônomo. Cuida-se
efeito de promoção. O que nos leva a afirmar ainda que, diante da
de uma xucra hipótese de abandono do princípio do paralelismo
regulamentação, erigiu a existência de vinculação da autoridade ad-
das formas. Isso por que em decorrência do princípio da hierarquia
ministrativa referente ao percentual considerado satisfatório para
das normas, se um instituto jurídico for criado por intermédio de
o efeito de promoção dos servidores, critério que inclusive já foi
determinada espécie normativa, sua extinção apenas poderá ser
uniformizado.
veiculada pelo mesmo tipo de ato, ou, ainda, por um de superior
Embora exista uma enorme importância em termos de pratici-
hierarquia.
dade, denota-se que os regulamentos de execução gozam de hie-
Nesse sentido, sendo os cargos públicos criados por lei, nos pa-
rarquia infralegal e não detém o poder de inovar na ordem jurídica,
râmetros do art. 48, inc. X da CFB/88, apenas a lei poderia extingui-
criando direitos ou obrigações, nem contrariando, ampliando ou
-los pelo sistema do paralelismo das formas. Entretanto, deixando
restringindo as disposições da lei regulamentada. São, em resumo,
de lado essa premissa, o legislador constituinte derivado permitiu
atos normativos considerados secundários que são editados pelo
que, estando vago o cargo público, a extinção aconteça por decreto.
Chefe do Executivo com o fulcro de detalhar a execução dos atos
Poderíamos até dizer que foi autorizado um decreto autônomo, mas
normativos primários elaborados pelas leis.
nunca um regulamento autônomo, isso posto pelo fato de tal de-
Dando enfoque à subordinação dos regulamentos executivos à
creto não gozar de generalidade e abstração, não regulamentando
lei, a Constituição Federal prevê a possibilidade de o Congresso Na-
determinada matéria. Cuida-se, nesse sentido, de um ato de efeitos
cional sustá-los, caso exorbite do poder regulamentar nos parâme-
concretos, amplamente desprovido de natureza regulamentar.
tros do art. 49, inc. V da CF/88. É o que a doutrina chama de “veto
De forma diversa do decreto regulamentar ou regulamento
legislativo”, dentro de uma analogia com o veto que o Chefe do Exe-
executivo, que é editado para minuciar a fiel execução da lei, desta-
cutivo poderá apor aos projetos de lei aprovados pelo Parlamento.
ca-se que o decreto autônomo ou regulamento independente, en-
Pondera-se que a aproximação terminológica possui limitações,
contra-se sujeito ao controle de constitucionalidade. O que justifica
uma vez que o veto propriamente dito do executivo, pode ocorrer
a mencionada diferenciação, é o fato de o conflito entre um decreto
em função de o Presidente da República entender que o projeto
regulamentar e a lei que lhe atende de fundamento vir a configurar
de lei é incompatível com a Constituição Federal, que configuraria
ilegalidade, não cabendo o argumento de que o decreto é inconsti-
o veto jurídico, ou, ainda, contrário ao interesse público, que seria
tucional porque exorbitou do poder regulamentar. Assim, havendo
o veto político. Por sua vez, o veto legislativo só pode ocorrer por
agressão direta à Constituição, a lei, com certeza pode ser conside-
exorbitância do poder regulamentar, sendo assim, sempre jurídico.
rada inconstitucional, mas não o decreto que a regulamenta. Agora,
Melhor dizendo, não há como imaginar que o Parlamento venha a
em se tratando do decreto autônomo, infere-se que este é norma
sustar um decreto regulamentar por entendê-lo contrário ao inte-
primária, vindo a fundamentar-se no próprio texto constitucional,
resse público, uma vez que tal norma somente deve detalhar como
de forma a ser possível uma agressão direta à Constituição Federal
a lei ao ser elaborada pelo próprio Legislativo, será indubitavelmen-
de 1988, legitimando desta maneira, a instauração de processo de
te cumprida. Destarte, se o Parlamento entende que o decreto edi-
controle de constitucionalidade. Assim sendo, podemos citar a lição
tado dentro do poder regulamentar é contrário ao interesse públi-
do Supremo Tribunal Federal:
co, deverá, por sua vez, revogar a própria lei que lhe dá o sustento.
Com efeito, o que é necessário demonstrar, é que o decreto do
Ademais, lembremos que os regulamentos se submetem ao
Chefe do Executivo advém de competência direta da Constituição,
controle de legalidade, de tal forma que a nulidade decorrente da
ou que retire seu fundamento da Carta Magna. Nessa sentido, caso
exorbitância do poder regulamentar também está passível de ser
o regulamento não se amolde ao figurino constitucional, caberá,
reconhecida pelo Poder Judiciário ou pelo próprio Chefe do Poder
por conseguinte, análise de constitucionalidade pelo Supremo tri-
Executivo no exercício da autotutela.
bunal Federal. Se assim não for, será apenas vício de inconstitucio-
nalidade reflexa, afastando desta forma, o controle concentrado
Regulamento independente ou autônomo em ADI porque, como adverte Carlos Velloso: “é uma questão de
Ressalte-se que esta segunda espécie de regulamento, tam- opção. Hans Kelsen, no debate com Carl Schmitt, em 1929, deixou
bém adota a forma de decreto. Diversamente do regulamento exe- isso claro. E o Supremo Tribunal fez essa opção também no controle
cutivo, esse regulamento não se presta a detalhar uma lei, detendo difuso, quando estabeleceu que não se conhece de inconstitucio-
o poder de inovar na ordem jurídica, da mesma maneira que uma nalidade indireta. Não há falar-se em inconstitucionalidade indireta

37
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
reflexa. É uma opção da Corte para que não se realize o velho adá- com as normas inseridas no poder de polícia. No condizente aos
gio: ‘muita jurisdição, resulta em nenhuma jurisdição’” (ADI 2.387- regulamentos administrativos ou de organização, denota-se que es-
0/DF, Rel. Min. Marco Aurélio). tes estabelecem normas sobre a organização administrativa ou que
Em suma, conforme dito anteriormente, convém relembrar se relacionam aos particulares que possuem um vínculo específico
que o art. 13, I, da Lei 9.784/1999 proíbe de forma expressa a de- com o Estado, como por exemplo, os concessionários de serviços
legação de atos de caráter normativo. No entanto, com exceção a públicos ou que possuem um contrato com a Administração.
essa regra, o decreto autônomo, diversamente do que acontece De acordo com a ilustre professora, outra nota que merece
com o decreto regulamentar que é indelegável, pode vir a ser ob- destaque em relação à distinção entre os mencionados institutos,
jeto de delegação aos Ministros de Estado, ao Procurador Geral da é a de que os regulamentos jurídicos, pelo fato de se referirem à
República e ao Advogado liberdade e aos direitos dos particulares sem uma relação especí-
Geral da União, conforme previsão contida no parágrafo único fica com a Administração, são, por sua vez, elaborados com menor
do art. 84 da Constituição Federal. grau de discricionariedade em relação aos regulamentos adminis-
trativos.
Regulamento autorizado ou delegado Esquematicamente, temos:
Denota-se que além das espécies anteriores de regulamento
apresentadas, a doutrina administrativista e jurista também men-
ESPÉCIES DE Regulamentos jurídicos ou normativos
ciona a respeito da existência do regulamento autorizado ou dele-
REGULAMENTO
gado. Regulamentos administrativos ou de
QUANTO AOS
De acordo com a doutrina tradicional, o legislador ordinário organização
DESTINATÁRIOS
não poderá, fora dos casos previstos na Constituição, delegar de
forma integral a função de legislar que é típica do Poder Legislativo,
aos órgãos administrativos. Poder de Polícia
Entretanto, em decorrência da complexidade das atividades O poder de polícia é a legítima faculdade conferida ao Estado
técnicas da Administração, contemporaneamente, embora haja para estabelecer regras restritivas e condicionadoras do exercício
controvérsias em relação ao aspecto da constitucionalidade, a dou- de direitos e garantias individuais, tendo sempre em vista o inte-
trina maior tem aceitado que as competências para regular deter- resse público.
minadas matérias venham a ser transferidas pelo próprio legislador
para órgãos administrativos técnicos. Cuida-se do fenômeno da Limites
deslegalização, por meio do qual a normatização sai da esfera da lei No exercício do poder de polícia, os atos praticados, assim
para a esfera do regulamento autorizado. como todo ato administrativo, mesmo sendo discricionário, está
No entanto, o regulamento autorizado não se encontra limita- eivado de limitações legais em relação à competência, à forma, aos
do somente a explicar, detalhar ou complementar a lei. Na verdade, fins, aos motivos ou ao objeto.
ele busca a inovação do ordenamento jurídico ao criar normas téc- Ressalta-se de antemão com ênfase, que para que o ato de po-
nicas não contidas na lei, ato que realiza em decorrência de expres- lícia seja considerado legítimo, deve respeitar uma relação de pro-
sa determinação legal. porcionalidade existente entre os meios e os fins. Assim sendo, a
Depreende-se que o regulamento autorizado não pode ser medida de polícia não poderá ir além do necessário com o fito de
confundido com o regulamento autônomo. Isso ocorre, porque, atingir a finalidade pública a que se destina. Imaginemos por exem-
ao passo que este último retira sua força jurídica da Constituição, plo, a hipótese de um estabelecimento comercial que somente pos-
aquele é amplamente dependente de expressa autorização contida suía licença do poder público para atuar como revenda de roupas,
na lei. Além disso, também se diverge do decreto de execução por- mas que, além dessa atividade, funcionava como atelier de costura.
que, embora seja um ato normativo secundário que retira sua força Caso os fiscais competentes, na constatação do fato, viessem a in-
jurídica da lei, detém o poder de inovar a ordem jurídica, ao contrá- terditar todo o estabelecimento, pondera-se que tal medida seria
rio do que ocorre com este último no qual sua destinação é apenas desproporcional, tendo em vista que, para por fim à irregularidade,
a de detalhar a lei para que seja fielmente executada. seria suficiente somente interditar a parte da revenda de roupas.
Nos moldes da jurisprudência, não é admitida a edição de regu- Acontece que em havendo eventuais atos de polícia que este-
lamento autorizado para matéria reservada à lei, um exemplo disso jam eivados de vícios de legalidade ou que se demostrem despro-
é a criação de tributos ou da criação de tipos penais, tendo em vista porcionais devem ser, por conseguinte, anulados pelo Poder Judi-
que afrontaria o princípio da separação dos Poderes, pelo fato de ciário por meio do controle judicial, ou, pela própria administração
estar o Executivo substituindo a função do Poder Legislativo. no exercício da autotutela.
Entretanto, mesmo nos casos de inexistência de expressa de-
terminação constitucional estabelecendo reserva legal, tem sido Prescrição
admitida a utilização de regulamentos autorizados, desde que a lei Determina a Lei 9.873/1999 que na Administração Pública Fe-
venha a os autorizar e estabeleça as condições, bem como os limi- deral, direta e indireta, são prescritíveis em cinco anos a ação pu-
tes da matéria a ser regulamentada. É nesse sentido que eles têm nitiva para apuração da infração e a aplicação da sanção de polícia,
sido adotados com frequência para a fixação de normas técnicas, desde que contados da data da prática do ato ou, em se tratando de
como por exemplo, daquelas condições determinadas pelas agên- infração de forma permanente ou continuada, do dia em que tiver
cias reguladoras. cessado (art. 1.º). Entretanto, se o fato objeto da ação punitiva da
Administração também for considerado crime, a prescrição deverá
Regulamentos jurídicos e regulamentos administrativos se reger pelo prazo previsto na lei penal em seu art. 1.º, § 2.º.
A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma que é possível Ademais, a Lei determina que prescreve em cinco anos a ação
fazer a distinção entre os regulamentos jurídicos ou normativos e de execução da administração pública federal relativa a crédito não
os regulamentos administrativos ou de organização. tributário advindo da aplicação de multa por infração à legislação
Afirma-se que os regulamentos jurídicos ou normativos, criam em vigor, desde que devidamente contados da constituição defini-
regras ou normas para o exterior da Administração Pública, que tiva do crédito, nos termos da Lei 9.873/1999, art. 1.º-A, com sua
passam a vincular todos os cidadãos de forma geral, como acontece redação incluída pela Lei 11.941/2009.

38
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Denota-se que a mencionada norma prevê, ainda, a possibi- intervenção do Judiciário”. Assim, se um estabelecimento comer-
lidade de prescrição intercorrente, ou seja, aquela que ocorre no cial estiver comercializando bebidas deteriorados, o Poder Público
curso do processo, quando o procedimento administrativo vir a fi- poderá usar do seu poder para apreendê-los e incinerá-los, sendo
car paralisado por mais de três anos, desde que pendente de des- desnecessário haver qualquer ordem judicial. Ocorre, também, que
pacho ou julgamento, tendo em vista que os autos serão arquivados tal fato não impede ao particular, que se sentir prejudicado pelo
de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem que excesso ou desvio de poder, de buscar o amparo do Poder Judiciário
haja prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorren- para fazer cessar o ato de polícia abusivo.
te da paralisação, se for o caso, nos parâmetros do art. 1.º, § 1.º. Entretanto, denota-se que nem todas as medidas de polícia
Vale a pena mencionar com destaque que a prescrição da ação são dotadas de autoexecutoriedade. A doutrina majoritária afirma
punitiva, no caso das sanções de polícia, se interrompe no decurso que a autoexecutoriedade só pode existir em duas situações, sen-
das seguintes hipóteses: do elas: quando estiver prevista expressamente em lei; ou mesmo
A) Notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por não estando prevista expressamente em lei, se houver situação de
meio de edital; urgência que demande a execução direta da medida. O que infere
B) ocorrer qualquer ato inequívoco que importe apuração do que, não sendo cumprido nenhum desses requisitos, o ato de po-
fato; pela decisão condenatória recorrível; lícia autoexecutado será considerado abusivo. Cite-se como exem-
C)Por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação plo, o de ato de polícia que não contém autoexecutoriedade, como
expressa de tentativa de solução conciliatória no âmbito interno da o caso de uma autuação por desrespeito à normas sanitárias. Nesse
Administração Pública Federal. caso específico, se o poder público tiver a pretensão de cobrar o
mencionado valor, não poderá fazê-lo de forma direta, sendo ne-
Registramos que a Lei em estudo, prevê a possibilidade de em cessário que promova a execução judicial da dívida.
determinadas situações específicas, quando o interessado inter- A renomada Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, afirma
romper a prática ou sanar a irregularidade, que haja a suspensão que alguns autores dividem o atributo da autoexecutoriedade em
do prazo prescricional para aplicação das sanções de polícia, nos dois, sendo eles: a exigibilidade (privilège du préalable) e a execu-
parâmetros do art. 3.º. toriedade (privilège d’action d’office). Nesse diapasão, a exigibili-
Por fim, denota-se que as determinações contidas na Lei dade ensejaria a possibilidade de a Administração tomar decisões
9.873/1999 não se aplicam às infrações de natureza funcional e aos executórias, impondo obrigações aos administrados mesmo sem a
processos e procedimentos de natureza tributária, nos termos do concordância destes, e a executoriedade, que consiste na faculdade
art. 5.º. de se executar de forma direta todas essas decisões sem que haja a
necessidade de intervenção do Poder Judiciário, usando-se, quando
Atributos for preciso, do emprego direto da força pública. Imaginemos como
Segundo a maior parte da doutrina, são atributos do poder de exemplo, um depósito antigo de carros que esteja ameaçado de
polícia: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilida- desabar. Nessa situação específica, a Administração pode ordenar
de. Entretanto, vale explicitar que nem todas essas características que o proprietário promova a sua demolição (exigibilidade). E não
sendo a ordem cumprida, a própria Administração possui o poder
estão presentes de forma simultânea em todos os atos de polícia.
de mandar seus servidores demolirem o imóvel (executoriedade).
Vejamos detalhadamente a definição e atribuição de cada atri-
Ainda, pelos ensinamentos da ilustre professora, ao passo que a
buto:
exigibilidade se encontra relacionada com a aplicação de meios indire-
tos de coação, como a aplicação de multa ou a impossibilidade de licen-
Discricionariedade
ciamento de veículo enquanto não forem pagas as multas de trânsito, a
Consiste na liberdade de escolha da autoridade pública em re-
executoriedade irá se consubstanciar no uso de meios diretos de coação,
lação à conveniência e oportunidade do exercício do poder de polí-
como por exemplo dissolução de reunião, da apreensão de mercadorias,
cia. Entretanto, mesmo que a discricionariedade dos atos de polícia da interdição de estabelecimento e da demolição de prédio.
seja a regra, em determinadas situações o exercício do poder de Adverte-se, por fim, que a exigibilidade se encontra presente
polícia é vinculado e por isso, não deixa margem para que a autori- em todas as medidas de polícia, ao contrário da executoriedade,
dade responsável possa executar qualquer tipo de opção. que apenas se apresenta nas hipóteses previstas por meio de lei ou
Como exemplo do mencionado no retro parágrafo, compare- em situações de urgência.
mos os atos de concessão de alvará de licença e de autorização,
respectivamente. Em se tratando do caso do alvará de licença, de- Coercibilidade
preende-se que o ato é vinculado, significando que a licença não É um atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja
poderá ser negada quando o requerente estiver preenchendo os imposto ao particular, concordando este, ou não. Em outras termos,
requisitos legais para sua obtenção. Diga-se de passagem, que isso o ato de polícia, como manifestação do ius imperi estatal, não está
ocorre com a licença para dirigir, para construir bem como para consignado à dependência da concordância do particular para que
exercer certas profissões, como a de enfermagem, por exemplo. Re- tenha validade e seja eficaz. Além disso, a coercibilidade é indisso-
ferente à hipótese de alvará de autorização, mesmo o requerente ciável da autoexecutoridade, e o ato de polícia só poderá ser autoe-
atendendo aos requisitos da lei, a Administração Pública poderá ou xecutável pelo fato de ser dotado de força coercitiva.
não conceder a autorização, posto que esse ato é de natureza dis- Assim sendo, a coercibilidade ou imperatividade, definida
cricionária e está sujeito ao juízo de conveniência e oportunidade como a obrigatoriedade do ato para os seus destinatários, acaba se
da autoridade administrativa. É o que ocorre, por exemplo, coma confundindo com a definição dada de exigibilidade que resulta do
autorização para porte de arma, bem como para a produção de ma- desdobramento do atributo da autoexecutoriedade.
terial bélico.
Poder de polícia originário e poder de polícia delegado
Autoexecutoriedade Nos parâmetros doutrinários, o poder de polícia originário é
Nos sábios dizeres de Hely Lopes Meirelles, o atributo da au- aquele exercido pelos órgãos dos próprios entes federativos, tendo
toexecutoriedade consiste na “faculdade de a Administração decidir como fundamento a própria repartição de competências materiais
e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem e legislativas constante na Constituição Federal Brasileira de 1988.

39
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Referente ao poder de polícia delegado, afirma-se que este faz
referência ao poder de polícia atribuído às pessoas de direito pú- RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO.
blico da Administração Indireta, posto que esta delegação deve ser EVOLUÇÃO DOUTRINÁRIA E REPARAÇÃO DO DANO.
feita por intermédio de lei do ente federativo que possua o poder ENRIQUECIMENTO ILÍCITO E USO E ABUSO DE PODER.
de polícia originário. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Como uma das mais claras manifestações do princípio segun-
do o qual o interesse público se sobrepõe ao interesse privado, no Evolução histórica
exercício do poder de polícia, o Estado impõe aos particulares ações De início, adentraremos esse módulo respaldando sobre o con-
e omissões independentemente das suas vontades. Tal possibilida- ceito de responsabilidade civil do Estado. Consiste esse instituto
de envolve exercício de atividade típica de Estado, com clara ma- na obrigação estatal de indenizar os danos patrimoniais, morais ou
nifestação de potestade (poder de autoridade). Assim, estão pre- estéticos que os seus agentes, agindo nessa qualidade, causarem a
sentes características ínsitas ao regime jurídico de direito público, terceiros. A responsabilidade civil do Estado pode ser dividida em
o que tem levado o STF a genericamente negar a possibilidade de dois grupos: a contratual, que advém da ausência de cumprimento
delegação do poder de polícia a pessoas jurídicas de direito privado, de cláusulas inclusas em contratos administrativos, e a extracontra-
ainda que integrantes da administração indireta (ADI 1717/DF). tual ou aquiliana, que alcança as demais situações.
Esquematizando, temos: Em relação à evolução histórica, de acordo com o Professor Cel-
so Antônio Bandeira de Mello, a tese da responsabilidade civil do
ATRIBUTOS DO PODER DE POLÍCIA Estado sempre foi aceita em forma de princípio amplo. Isso ocorreu
mesmo no período em que não existia dispositivo de norma espe-
DISCRICIONARIEDADE AUTOEXECUTORIEDADE COERCIBILIDADE
cífica. Para o mencionado autor, desde os primórdios, predominou
Liberdade de Faculdade de a no Brasil a tese da responsabilidade do Estado com base na teo-
escolha da Administração ria da culpa civil. Logo após, houve o avanço para que houvesse a
Faz com que o
autoridade pública decidir e executar admissão da culpa pela ausência de serviço. Por fim, chegou-se à
ato seja imposto
em relação à diretamente sua aprovação da responsabilidade objetiva do Estado.
ao particular,
conveniência e decisão por seus Nos tempos imperiais, a Constituição de 1824 vigente à épo-
concordando este,
oportunidade do próprios meios, ca, previa somente a responsabilidade pessoal do agente público,
ou não.
exercício do poder sem intervenção do conforme disposto no art. 179, XXIX: “Os empregados públicos são
de polícia. Judiciário. estritamente responsáveis pelos abusos e omissões praticados no
exercício de suas funções e por não fazerem efetivamente respon-
Uso e abuso de poder sáveis aos seus subalternos”.
De antemão, depreende-se que o exercício de poder acontece Ressalta-se, que nesse período, mesmo não existindo previsão
de forma legítima quando desempenhado pelo órgão competente, constitucional a respeito da responsabilidade do Estado, a doutrina
desde que esteja nos limites da lei a ser aplicada, bem como em e a jurisprudência compreendiam que existia solidariedade do Esta-
atendimento à consecução dos fins públicos. do em alusão aos atos de seus agentes.
No entanto, é possível que a autoridade, ao exercer o poder, No art. 82 da Constituição Federal de 1891, no seu art. 82, car-
venha a ultrapassar os limites de sua competência ou o utilize para regou e trouxe em seu bojo, dispositivo semelhante ao da Consti-
fins diversos do interesse público. Quando isto ocorre, afirma-se tuição de 1824.
que houve abuso de poder. Ressalta-se que o abuso de poder ocor- Em âmbito civilista, o Código Civil de 1916, em seu art. 15, dis-
re tanto por meio de um ato comissivo, quando é feita alguma coisa pôs: “As pessoas jurídicas de Direito Público são civilmente respon-
que não deveria ser feita, quanto por meio de um ato omissivo, por sáveis por atos de seus representantes que nessa qualidade causem
meio do qual se deixa de fazer algo que deveria ser feito. danos a terceiros, procedendo de modo contrário ao direito ou fal-
Pode o abuso de poder se dividido em duas espécies, são elas: tando a dever prescrito em lei, salvo o direito regressivo contra os
causadores do dano”. Para a doutrina, o entendimento é de que o
• Excesso de poder: Ocorre a partir do momento em que a au- referido dispositivo legal consagrava a responsabilidade subjetiva
toridade atua extrapolando os limites da sua competência. do Estado tanto no sentido de culpa civil, quanto por ausência de
• Desvio de poder ou desvio de finalidade: Ocorre quando a serviço.
autoridade vem a praticar um ato que é de sua competência, po- Referente à Constituição de 1934, depreende-se que esta man-
rém, o utiliza para uma finalidade diferente da prevista ou contrária teve a responsabilidade civil subjetiva do Estado, determinando no
ao interesse público como um todo. art. 171, o seguinte: “Os funcionários públicos são responsáveis so-
lidariamente com a Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal, por
Convém mencionar que o ato praticado com abuso de poder quaisquer prejuízos decorrentes de negligência, omissão ou abuso
pode ser devidamente invalidado pela própria Administração por no exercício dos seus cargos”.
intermédio da autotutela ou pelo Poder Judiciário, sob controle ju- A Carta Magna de 1937, por sua vez, reiterou no art. 158 o mes-
dicial. mo dispositivo da Constituição de 1934.
No condizente à Constituição de 1946, aduz-se que esta repre-
sentou uma importante e grande inovação no assunto ao introduzir,
por sua vez, a teoria da responsabilidade objetiva do Estado, con-
forme ditado no dispositivo a seguir:
Art. 194. As pessoas jurídicas de Direito Público Interno são ci-
vilmente responsáveis pelos danos que os seus funcionários, nessa
qualidade, causem a terceiros.
Parágrafo único. Caber-lhes-á ação regressiva contra os funcio-
nários causadores do dano, quando tiver havido culpa destes.

40
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A Constituição de 1967, acoplada à Emenda 1, de 1969, foi • A Constituição Federal de 1988, veio a ampliar a responsabi-
audaz e manteve a responsabilidade objetiva do Estado, fazendo o lidade objetiva do Estado, vindo a responsabilizar objetivamente as
acréscimo referente de que a ação regressiva contra o funcionário pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público.
ocorreria também nos casos de dolo, e não somente nos casos de • A Constituição Federal de 1988 consagrou a responsabilidade
culpa, como era disposto na Constituição de 1946. por danos morais ou extrapatrimoniais.
Em âmbito contemporâneo, a Constituição Federal de 1988, no • A responsabilidade objetiva do Estado adotada pela Carta
art. 37, § 6º, determina: “As pessoas jurídicas de Direito Público e Magna de 1988, segue a teoria do risco administrativo, sendo que a
as de Direito Privado prestadoras de serviços públicos responderão teoria do risco integral foi acolhida apenas em situações e hipóteses
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei- excepcionais.
ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos ca- • Divergindo da Constituição Federal de 1988, pelo fato de não
sos de dolo ou culpa”. haver feito referência à responsabilidade objetiva das pessoas jurí-
O referido dispositivo constitucional em alusão, trouxe infor- dicas que prestam serviços ao poder público, o Código Civil de 2002,
mação inovadora ao ampliar a responsabilidade civil objetiva do prevê também a responsabilidade objetiva do Estado.
Estado, que por sua vez, passou também a alcançar as pessoas jurí-
dicas de direito privado prestadoras de serviços públicos, como por Responsabilidade por ato comissivo do Estado
exemplo: as fundações governamentais de direito privado, as em- De antemão, convém respaldar que responsabilidade civil do
presas públicas, sociedades de economia mista, e, ainda qualquer Estado é passível de advir de atos comissivos ou omissivos pratica-
pessoa jurídica de direito privado, desde que estejam devidamente dos por seus agentes.
paramentadas sob delegação do Poder Público e a qualquer título Em consonância com o estudo em questão, aduz-se que atos
para a prestação de serviços públicos. comissivos são aqueles por meio dos quais o agente público atua de
forma positiva causando danos a um terceiro. Exemplo: um condu-
Esclarece-se, nesse sentido, que a regra da responsabilidade
tor de veículo automotor e servidor do Estado, embriagado e sob o
civil objetiva não pode ser aplicada aos atos das empresas públicas
efeito de drogas, dirigindo a serviço, atropela um pedestre.
e das sociedades de economia mista exploradoras de atividade eco-
Cumpre ressaltar que a teoria adotada em relação à responsa-
nômica, tendo em vista que o art. 173, § 1º, da CF/1988, determina
bilidade civil do Estado por prática de conduta omissa, não é a mes-
de forma expressa que elas sejam regidas pelas mesmas normas
ma a ser aplicada à responsabilização por atos comissivos. Infere-se
aplicáveis às empresas privadas. Por consequência, tais entidades
que o artigo 37, § 6º da Constituição Federal de 1988 é de aplicação
estão sujeitas à responsabilidade subjetiva, sendo controladas pe-
restrita em relação aos atos comissivos, sendo, assim, incorreta a
las normas comuns pertinentes ao Direito Civil.
sua invocação nos casos específicos de responsabilidade por omis-
Aduz-se que a aglutinação do art. 37, § 6º, com o art. 5º, X, am-
são estatal.
bos da CF/1988, leva à conclusão de que a responsabilização estatal
tem ampla abrangência tanto no condizente ao dano material como
Para melhor entendimento do raciocínio, o artigo 37, § 6º, da
o dano moral. Entretanto, a jurisprudência achou por bem ampliar
Constituição Federal, em relação à responsabilidade civil do Estado,
as espécies de danos indenizáveis, passando a determinar que o
dispõe:
dano estético se constituiria em uma espécie de dano autônomo
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
no qual a indenização poderia ser expressamente cumulada com a
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
reparação pelos danos materiais e morais.
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
Ressalta-se que a responsabilidade objetiva do Estado deve se-
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
guir a teoria do risco administrativo, conforme previsto na CF/1988
e a teoria do risco integral jamais recebeu acolhimento como nor-
O mencionado dispositivo, sob plena concordância unânime da
ma ou regra em nenhuma das constituições brasileiras.
doutrina e jurisprudência, consagra de forma expressa a responsa-
No entanto, no ordenamento jurídico brasileiro algumas hipó-
bilidade civil objetiva do Estado. No entendimento desse parâmetro
teses em que se aplica a teoria do risco integral foram inseridas.
Constitucional, a vítima se encontra de forma ampla, dispensada do
A título de exemplo disso, temos os casos de danos causados por
ônus da prova da culpa da Administração, tendo a incumbindo-lhe
acidentes nucleares (CF, art. 21, XXIII, “d”, disciplinado pela Lei
somente comprovar o nexo causal entre o ato desta e o prejuízo
6.453/1977), e, ainda, de danos decorrentes de atentados terroris-
sofrido.
tas ou atos de guerra contra aeronaves de empresas aéreas brasilei-
Contudo, ressalta-se que o dispositivo se reporta apenas aos
ras (Leis 10.309/2001 e 10.744/2003).
danos causados pelos agentes das pessoas jurídicas de direito pú-
Finalmente, após inúmeras delongas ao longo da história, che-
blico ou, ainda, das pessoas jurídicas de direito privado que pres-
ga-se ao Código Civil de 2002 que, em seu art. 43, reitera a mesma
tam serviço público, não tendo qualquer espécie de alcance às si-
orientação inserida na Constituição Federal de 1988, suprimindo,
tuações nas quais o dano tenha decorrido de ato de terceiro ou de
no entanto, a alusão à responsabilidade das pessoas jurídicas de
fatos advindos de caso fortuito ou força maior.
direito privado prestadoras de serviço público. Entretanto, ressal-
Assim sendo, afirma-se que o artigo 37, § 6º, Constituição Fe-
ta-se que a omissão, nesse caso, não impede a responsabilização
deral de 1988, não enseja ao alcance das hipóteses de omissão es-
objetiva dessas pessoas jurídicas, posto que está prevista no texto
tatal, posto que, nestas situações, o dano não decorre, exatamente
constitucional.
da ação de um agente do Estado, mas sim da atitude de um terceiro,
Ante o exposto, aduz-se que as conclusões a respeito da maté-
denotando que a omissão do Estado apenas contribui para o resul-
ria podem ser resumidas da seguinte maneira:
• A teoria da irresponsabilidade civil do Estado nunca foi aceita tado.
no direito brasileiro. Adverte-se que a conduta omissa do Estado não é o que causa
• A evolução legislativa mostra que o ordenamento jurídico pá- diretamente o dano, uma vez que este é proveniente de ato de ter-
trio previu de início a responsabilidade civil do Estado com base na ceiro, razão pela qual pode-se afirmar que o dano à vítima não foi
culpa civil, vindo a evoluir para a responsabilidade pela ausência de consequência de forma direta da conduta omissa do agente do Es-
trabalho até chegar à responsabilidade objetiva. tado, o que faz inaplicável o artigo 37, § 6º, da CFB/88 às hipóteses
• A responsabilidade objetiva do Estado foi inserida no ordena- de omissão do Estado, restando incabível a teoria da responsabili-
mento jurídico brasileiro a partir da Constituição Federal de 1946. dade objetiva com base no risco administrativo.

41
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Responsabilidade por omissão do Estado Por fim, devido ao fato de a responsabilização estatal ocorrer
Atos omissivos são aqueles por meio dos quais o agente pú- apenas quando sua omissão for caracterizada por uma atitude ilíci-
blico deixa de agir e sua omissão, ainda que não venha a causar ta, a Administração não será responsabilizada se houver utilizado e
diretamente o dano, possibilita sua ocorrência. esgotado suas possibilidades e formas de amparo no limite máximo
Quando o Estado é omisso no seu dever de agir de acordo com e, mesmo desta forma, não tiver conseguido impedir o dano, posto
os parâmetros legais, terá o dever de reparar o prejuízo causado. que a Administração Pública somente poderá ser responsabilizada
No entanto, a responsabilidade será aplicada na forma subjetiva, por danos que estava obrigada a impedir.
posto que deverá ser demonstrada a culpa do Estado, ou seja, a
omissão estatal. Requisitos para a demonstração da responsabilidade do es-
Prevalece entre os doutrinadores, apesar de não haver pacifi- tado
cidade doutrinária e nem tampouco nos tribunais, o entendimento Os requisitos que compõem a estrutura e demarcam o perfil da
de que a redação do art. 37, § 6º, da CFB/88, só consagra a respon- responsabilidade civil objetiva do Poder Público, são: a alteridade
sabilidade objetiva nos atos comissivos. do dano; a causalidade material entre o eventus damni e o com-
Destaque-se que não é qualquer ato omissivo praticado por portamento positivo por ação, ou negativo por omissão do agen-
agente público que intitula a responsabilidade civil do Estado. A te público; a oficialidade da atividade causal e lesiva, imputável a
responsabilização estatal em função de omissivos, ocorre somente agente público que tenha, nessa condição de servidor, incidido em
quando o agente público omisso possui o dever legal de praticar um conduta comissiva ou omissiva, isso, independentemente da licitu-
determinado ato, e deixa de fazê-lo. Exemplo: em situação hipoté- de, ou não, do comportamento funcional e a inexistência de causa
tica, um agente salva-vidas que ao se deparar diante de situação na excludente da responsabilidade do Estado.
qual um banhista está se afogando, permanece inerte, permitindo Em suma, os requisitos para a demonstração da responsabi-
que o banhista venha a falecer sem ser socorrido. Nesta situação, lidade do Estado são necessariamente a conduta a ser praticada
o Estado explicitamente será responsabilizado pelo ato de omis- pelo agente que poderá ser lícita ou ilícita. Veja-se por exemplo,
são do agente público, tendo em vista que este tinha o dever legal no caso de odontologista que realiza cirurgia pertinente à sua área
de agir, ao menos tentando salvar a vida do banhista e não o fez. de atuação em hospital público e venha a cometer algum erro, ca-
Em outro ângulo, aproveitando o mesmo exemplo, se, ao invés do racterizado como ato ilícito, ou em campanha de aplicação de flúor
guarda salva-vidas, a mencionada omissão fosse praticada por um contra cáries, quando a substância vem a causar situação adversa
Analista Judiciário do Tribunal de Justiça de algum Estado da Fede- irreversível caracterizada como ato lícito, são atos que acabam por
ração, o Estado não poderia ser responsabilizado, tendo em vista gerar danos passíveis de reparação, na forma objetiva.
que ao Analista, não era incumbido o dever legal de tentar salvar Para que a responsabilidade objetiva estatal seja configurada,
o banhista. deve haver um dano, tendo em vista que indenizar é “suprimir o
Não obstante, afirma-se que é inaplicável o uso do artigo 37, dano” por meio do adimplemento de uma contraprestação de na-
§ 6º da Constituição Federal de 1988, bem como da teoria do ris- tureza pecuniária. Isso pode ser tanto dano de efeito moral como a
co administrativo às lides de responsabilidade civil por omissão do violação à dignidade e à honra, por exemplo, quanto dano material
Estado. que cause prejuízo financeiro a outrem.
Registre-se ainda, que a responsabilidade civil por omissão Assegura-se ainda, que quando houver mera possibilidade de
estatal é subjetiva. Isso ocorre, também, devido à inaplicabilidade dano, esta não será passível de indenização. Exemplo: a constru-
do artigo 37, § 6º da Constituição Federal, que é a instituidora da ção de um presídio perto de pré-escola. Isso é fato que pode vir a
responsabilidade objetiva aos casos de omissão estatal, o que ense- causar danos irreparáveis tanto aos alunos, como às suas famílias.
ja ao entendimento de que a responsabilização do mesmo apenas Pondera-se também que deve haver o nexo causal, que se trata da
poderá ser invocada se sua ausência de ação houver sido culposa. necessária e importante relação de causa e efeito entre a conduta
Em outras palavras, aduz-se que a responsabilidade civil do praticada pelo agente e o dano causado. Não existindo o nexo cau-
estatal por conduta omissa é subjetiva. Ressalte-se que tal posicio-
sal, ou for disseminado por algum fator, estará afastada a responsa-
namento já foi referendado por muitos de nossos mais renomados
bilidade do Estado.
e importantes administrativistas. Ótimos exemplos disso, são Hely
No contexto acima, compreende-se que é insuficiente a de-
Lopes Meirelles e Celso Antônio Bandeira de Mello, sendo desse úl-
monstração somente do dano e da conduta do Estado. É necessário
timo, o esclarecedor ensinamento de que a partir do momento em
e devido também que se prove o nexo causal.
que o dano foi constatado em decorrência de uma omissão do Esta-
do, sendo pelo serviço que não funcionou, ou, funcionou de forma
Observação importante: O STF tem entendido que, havendo
ineficientemente ou tardia, aduz-se que caberá a aplicabilidade da
teoria da responsabilidade subjetiva. Entretanto, se o Estado não fuga de preso na qual o detento se encontre há muito tempo fo-
agiu, não será, por conseguinte, ser ele o autor do dano. E, não sen- ragido e venha a cometer algum crime, com a geração de dano a
do ele o autor, só será responsabilizado se caso estivesse obrigado particular, não existe a responsabilidade do Estado, pelo fato de não
a impedir o dano. haver mais nexo causal, interrompido pelo prolongado período de
Em alusão ao retro ensinamento, afirma-se que a teoria apli- fuga. Entende o STF que o longo período do tempo entre a fuga e
cada não poderia ser a objetiva, isso porque tal teoria admite a co- o crime faz com que o nexo causal deixe de existir, não sendo mais
brança de responsabilização até mesmo quando o dano é advindo possível imputar ao Estado o dano causado. O tempo que o STF en-
de atuação lícita do Estado. tende como longo, pondera-se que não existe uma tabela de prazos
Nos casos relacionados à omissão estatal, o Estado não é o ver- que regule tal entendimento. O que a Suprema Corte faz é a análise
dadeiro autor do dano, uma vez este o advém de atividade de ter- de casos concretos e específicos.
ceiro. Assim sendo, sua responsabilidade somente poderá ser invo-
cada caso esteja obrigado a agir com o fulcro de impedir que o dano Causas Excludentes e Atenuantes da Responsabilidade do Es-
ocorra, isso, em havendo ilegalidade na sua omissão. Resta registrar tado
também, inclusive, que a responsabilidade estatal não poderá ser Dentro do instituto da responsabilidade civil do Estado existem
invocada quando existir a impossibilidade real de impedimento do algumas causas que excluem ou atenuam a sua obrigação de acatar
dano mediante atuação aplicadora do Estado. ou não com tais prerrogativas. Pondera-se que a única circunstân-

42
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cia que explicitamente atenua ou diminui a responsabilidade civil Esquematizando, temos:
estatal é a existência de culpa concorrente da vítima, comprovan-
do assim a inexistência de culpa exclusiva do Estado. Desta forma,
CULPA OU DOLO
na situação hipotética de colisão entre veículo que pertence a ente CASO FORTUITO
EXCLUSIVO DA VÍTIMA
público e a um particular, na qual tenha ocorrido imprudência de E FORÇA MAIOR
OU DE TERCEIROS
ambos os condutores, o Estado não responde pela integralidade do
dano, o que faz por força de lei, com que os prejuízos deverão ser O STF e o STJ tem atribuído
rateados na proporção da culpa de cada responsável pelo ato. aos eventos extraordinários,
Em relação às circunstâncias excludentes da responsabilidade imprevisíveis e de força
do Estado, a doutrina e a jurisprudência consideram as seguintes: irresistível, ocorridos de forma
É excludente da
culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros, caso fortuito e externa à administração pública
responsabilidade do Estado,
força maior. com causídico de danos aos
uma vez que afastam o nexo
administrados, a especificidade
causal entre a conduta do
Vejamos: de excludentes do nexo causal
agente público e o dano
ocorridas entre a atuação
existente
Culpa ou dolo exclusivo da vítima ou de terceiros administrativa e o evento
É excludente da responsabilidade do Estado, uma vez que afas- danoso, de modo a impedir a
ta o nexo causal entre a conduta do agente público e o dano exis- responsabilização estatal pelos
tente. A esse respeito, é de suma importância ressaltarmos que não prejuízos causados.
é cabível a invocação de culpa ou de dolo exclusiva da vítima na
hipótese de suicídio de detento. Isso ocorre pelo fato do preso se Infere-se que o Código Civil brasileiro, no parágrafo único do
encontrar sob a custódia do Estado que tem o dever de manter-lhe art. 393, determina que “O caso fortuito ou de força maior verifica-
a integridade física e moral, buscando sua total proteção, inclusive -se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impe-
do suicídio. Nesse sentido, o STF entende que o suicídio de detento dir.” Percebe-se que, à semelhança das decisões do STF e do STJ, a
é motivo de omissão ilegítima, que por sua vez, gera responsabili- referência é a “caso fortuito ou de força maior”, com as expressões
dade civil objetiva do Estado, que passará a ter o dever de indenizar objeto de tanta discussão acadêmica citadas em conjunto, separa-
por meio de danos morais os familiares do falecido. das apenas pela partícula “ou”, como que querendo demonstrar
Em algumas situações ocorrem no mundo dos fatos eventos que, se as consequências são semelhantes, estando regidas pelo
imprevisíveis, extraordinários e de força irresistível, externos à ad- mesmo regime jurídico, não há relevância na tentativa de diferen-
ministração pública e que causam danos aos administrados. Ten- ciação.
do em vista a inexistência de qualquer nexo de causalidade entre
a atuação administrativa e o prejuízo sofrido pelo terceiro, ter-se-á Reparação do dano
por excluída a responsabilidade civil do Estado, não lhe sendo impu- Em sentido geral, a reparação do dano pode ser viabilizada na
tado qualquer dever de indenizar. esfera administrativa por meio de acordo administrativo, ou na via
judicial.
Caso fortuito e força maior O agente estatal, na qualidade de agente público, em se tra-
Boa parte dos doutrinadores denominam consideram esta ex-
tando de caso de dolo ou culpa, pode causar danos ao Estado ou
cludente como sendo os eventos naturais, a exemplo das tempes-
a terceiros.
tades, dos furacões, dos raios, dentre outros, vindo a reservar a ex-
Na primeira situação, a responsabilidade deverá ser apurada
pressão “caso fortuito” para os acontecimentos humanos, como os
por intermédio de processo administrativo, garantidos a ampla de-
arrastões, as guerras, as greves, etc., ao passo que outros possuem
fesa e o contraditório. Comprovada a responsabilidade subjetiva do
conceitos opostos, designando a “força maior” para os eventos que
agente, o adimplemento poderá ser feito de forma espontânea ou,
podem ser imputados aos homens e o “caso fortuito” para os even-
tos naturais. caso contrário, por medida judicial.
Pondera-se que o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tri- No entanto, ressalte-se, que é ilegal usar com imposição o des-
bunal de Justiça tem atribuído aos eventos extraordinários, im- conto em folha de pagamento dos agentes públicos de valores re-
previsíveis e de força irresistível, ocorridos de forma externa à ferentes ao ressarcimento ao erário, exceto se houver autorização
administração pública com causídico de danos aos administrados, prévia do agente ou procedimento administrativo com a aplicação
a especificidade de excludentes do nexo causal ocorridas entre a da ampla defesa e do contraditório.
atuação administrativa e o evento danoso, de modo a impedir a Na segunda situação, o terceiro, como vítima do dano, pode-
responsabilização estatal pelos prejuízos causados. rá ajuizar ação em face do Estado, aplicando a responsabilidade
Desta maneira, nos julgados de ambos os Tribunais, não exis- objetiva, ou do próprio agente público, se valendo nesse caso da
te a preocupação em diferenciar caso fortuito de força maior, mas responsabilidade subjetiva, exceto nos casos em que houver a ado-
somente a tentativa de averiguar a presença deles em cada caso ção da teoria da dupla garantia, por meio da qual, a única medida
específico do objeto de exame. cabível seria o direcionamento da pugnação de reparação em face
Nesse entendimento, o STJ já validou que “somente se afas- do Estado.
ta a responsabilidade se o evento danoso resultar de caso fortuito De qualquer maneira, o Estado, ao indenizar a vítima, deterá o
ou força maior, ou decorrer de culpa da vítima” (REsp 721.439/RJ), dever de cobrar, de forma regressiva, o valor desembolsado perante
enquanto o STF asseverou que “o princípio da responsabilidade ob- o agente público que causou o dano efetivo e que agiu com dolo ou
jetiva não se reveste de caráter absoluto, eis que admite o abran- culpa.
damento e, até mesmo, a exclusão da própria responsabilidade civil Entende-se que o direito de regresso do Estado em face do
do Estado, nas hipóteses excepcionais configuradoras de situações agente público nasce com o pagamento da indenização à vítima.
liberatórias – como o caso fortuito e a força maior – ou evidenciado- Assim sendo, não basta o que ocorra o trânsito em julgado da sen-
ras de ocorrência de culpa atribuível à própria vítima” (RE109.615/ tença que condena o Estado na ação indenizatória, posto que o in-
RJ). teresse jurídico para propor a ação regressiva depende em grande

43
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
parte do efetivo desfalque nos cofres públicos. Denota-se que caso E) O servidor responde pelos seus atos, inclusive após a extin-
ocorra a propositura da ação regressiva antes do pagamento, pode- ção de seu vínculo com a Administração Pública, desde a ação re-
ria denotar e ensejar o enriquecimento sem causa do Estado. gressiva não esteja prescrita. Desta forma, o agente que foi exone-
Pondera-se que em fase inicial, a cobrança regressiva em face rado ou demitido, pode, nos trâmites legais, ser obrigado a ressarcir
do agente público deve ocorrer na esfera administrativa. Em se os prejuízos causados ao ente público.
tratando de caso de acordo administrativo, o agente deverá, nos
trâmites legais, providenciar o ressarcimento aos cofres públicos. Nota – Sobre Súmulas Vinculantes
Restando ausente o acordo, o Poder Público terá o dever de propor Súmula 187, STF: A responsabilidade contratual do transpor-
a ação regressiva contra o agente público culpado. tador, pelo acidente com o passageiro, não é elidida por culpa de
Apesar de grande parte da doutrina e jurisprudência com- terceiro, contra o qual tem ação regressiva.
preender que a ação de ressarcimento proposta pelo Poder Público Súmula 188, STF: O segurador tem ação regressiva contra o
em face de seus agentes é definitivamente imprescritível, à vista do causador do dano, pelo que efetivamente pagou, até ao limite pre-
disposto na parte final do § 5.° do art. 37 da Constituição Federal, visto no contrato de seguro.
o Supremo Tribunal Federal, em sede de repercussão geral, acabou
por decidir que é prescritível nos trâmites do art. 206, § 3.°, V, do
Código Civil, no prazo de três anos, a ação de reparação de danos à
Fazenda Pública advinda de ilícito civil e de origem de acidente de SERVIÇOS PÚBLICOS. CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO,
trânsito, o que não alcança à primeira vista, os ilícitos relacionados REGULAMENTAÇÃO, FORMAS E COMPETÊNCIA DE
às infrações ao direito público, como por exemplo, os de natureza PRESTAÇÃO
penal e os atos de improbidade.
Conceito
Direito de regresso De modo geral, não havendo a existência de um conceito le-
O parágrafo 6º do art. 37 da Constituição Federal Brasileira pre- gal ou constitucional de serviço público, a doutrina se encarregou
nuncia a responsabilidade civil objetiva das pessoas jurídicas de di- de buscar uma definição para os contornos do instituto, ato que
reito público e das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras foi realizado com a adoção, sendo por algumas vezes isolada, bem
de serviços públicos pelos danos que seus agentes, nessa qualida- como em outras, de forma combinadas, vindo a utilizar-se dos cri-
de, causarem a terceiros. Assegura ainda ao Estado ou a seus pres- térios subjetivo, material e formal. Vejamos a definição conceitual
tadores de serviços públicos, o direito de regresso contra o agente de cada em deles:
responsável, nos casos em que este aja com dolo ou culpa.
Levando em conta os princípios constitucionais da ampla defe- Critério subjetivo
sa e do contraditório, o direito de regresso deve ser desempenhado Aduz que o serviço público se trata de serviço prestado pelo
e exercido sob o manuseio de ação própria e regressiva, não admi- Estado de forma direta.
tindo ao Estado efetuar de forma direta o desconto nos subsídios do
servidor, sem o consentimento deste. Critério material
Existe ainda, a possível hipótese de o servidor reconhecer a Sob esse crivo, serviço público é a atividade que possui como
sua responsabilidade vindo a optar por recolher espontaneamente objetivo satisfazer as necessidades coletivas.
a quantia devida aos cofres públicos e até mesmo autorizar que o
valor venha a ser descontado de seus vencimentos, desde que res- Critério formal
peitados os percentuais máximos previstos em lei para essa espécie Segundo esse critério, serviço público é o labor exercido sob
de desconto. o regime jurídico de direito público denegridor e desmesurado do
Sobre o assunto, é importante destacar alguns pontos: direito comum.
A) A ação de responsabilização do agente público deduz que o
Poder Público tenha indenizado o particular, tanto em virtude de Passando o tempo, denota-se que o Estado foi se distanciando
acordo com o reconhecimento da responsabilidade civil estatal, dos princípios liberais, passando a desenvolver também atividades
como em decorrência de condenação em ação ajuizada pelo lesado. comerciais e industriais, que, diga se de passagem, anteriormente
B) Em ação regressiva, a responsabilidade do agente público é eram reservadas somente à iniciativa privada. De outro ângulo, foi
de natureza subjetiva, às expensas da comprovação de que ele agiu verificado em determinadas situações, que a estrutura de organiza-
com culpa ou dolo. Desta forma, é possível que o Estado venha a ção do Estado não se encontrava adequada à execução de todos os
indenizar o particular e não reconheça o direito de ser ressarcido serviços públicos. Por esse motivo, o Poder Público veio a delegar
pelo servidor responsável. Para isso, basta que não seja comprova- a particulares com o intuito de responsabilidade, a prestação de al-
do dolo ou culpa advinda desse agente público. guns serviços públicos. Em outro momento, tais serviços públicos
C) A parte final do § 5º do art. 37 da CFB/88, pode levar ao também passaram a ter sua prestação delegada a outras pessoas
entendimento precípuo de que quaisquer e todos as espécies de jurídicas, que por sua vez, eram criadas pelo próprio Estado para
ações de ressarcimento movidas pelo Poder Público são imprescri- esse fim específico. Eram as empresas públicas e sociedades de
tíveis. Entretanto, o STF, no julgamento do RE 669.069/MG, decidiu, economia mista, que possuem regime jurídico de direito privado,
com repercussão geral, que “é prescritível a ação de reparação de cujo serviço era mais eficaz para que fossem executados os serviços
danos à fazenda pública decorrentes de ilícito civil. comerciais e industriais.
D)É transmitida aos herdeiros a qualquer tempo, a obrigação Esses acontecimentos acabaram por prejudicar os critérios uti-
de ressarcir o Estado, respeitada, sem dúvidas, a possibilidade de lizados pela doutrina para definir serviço público como um todo.
prescrição na hipótese de danos decorrentes de ilícito civil, ten- Denota-se que o elemento subjetivo foi afetado pelo fato de as pes-
do como limite o valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV, da soas jurídicas de direito público terem deixado de ser as únicas a
CF/1988). Entretanto, ocorrendo a prescrição da ação regressiva, prestar tais serviços, posto que esta incumbência também passou
beneficiará também aos herdeiros, que não poderão mais ser de- a ser delegada aos particulares, como é o caso das concessionárias,
mandados pelos danos advindos pelo falecido. permissionárias e autorizatárias. Já o elemento material foi atingido

44
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
em decorrência de algumas atividades que outrora não eram tidas forma correta, as contemporâneas figuras jurídicas que vêm sendo
como de interesse público, mas que passaram a ser exercidas pelo inseridas e determinadas pelo legislador com força de lei, com o
Estado, 8como por exemplo, como se deu com o serviço de loterias. fulcro de oferecer conveniência e utilidades, bem como de atender
O elemento formal, por sua vez, também foi bastante atingido, na as constantes necessidades da população que sempre acontecem
forma que aduz que nem todos os serviços públicos são prestados de forma mutante, a exemplo das parcerias público-privadas, das
sob regime de exclusividade pública, como por exemplo, a aplica- OSCIPs e organizações sociais.
ção de algumas normas de direito do consumidor e de direito civil Nesse sentido, com o objetivo de reinterpretar o elemento
a contratos feitos entre os particulares e a entidade prestadora de subjetivo em consonância com o atual estágio de evolução do di-
serviço público de forma geral. reito administrativo, podemos afirmar que a caracterização de um
Assim sendo, em razão dessas inovações, os autores passaram, serviço como público, em tempos contemporâneos passou a não
por sua vez, a comentar em crise na noção de serviço público. Ho- exigir mais que a prestação seja realizada pelo Estado, mas apenas
diernamente, os critérios anteriormente mencionados continuam que ele passe a deter, nos termos legais dispostos na Constituição
sendo utilizados para definir serviço público, porém, não é exigido Federal de 1988, a titularidade de tal serviço. Em relação a esse
que os três elementos se façam presentes ao mesmo tempo para aspecto, destacamos a importância de não vir a confundir a expres-
que o serviço possa ser considerado de utilidade pública, passan- siva titularidade do serviço com sua efetiva prestação. Registe-se
do a existir no campo doutrinário diversas definições, advindas do que o titular do serviço, trata-se do sujeito que detém a atribuição
uso isolado de um dos elementos ou da combinação existente entre legal constitucional para vir a prestá-lo. Via de regra, aquele que de-
eles. tém a titularidade do serviço não se encontra obrigado a prestá-lo
Registra-se, que além da enorme variedade de definições ad- de forma direta através de seus órgãos, mas tem o dever legal de
vindas da combinação dos critérios subjetivo, material e formal, é promover-lhe a prestação, de forma direta por meio de seu aparato
de suma importância compreendermos que o vocábulo “serviço administrativo, ou, ainda, mediante a legal delegação a particulares
público” pode ser considerado sob dois pontos de vista, sendo um realizada por meio de concessão, permissão ou autorização.
subjetivo e outro objetivo. Façamos um breve estudo de cada um De maneira igual, contemporaneamente, o critério material
deles: considerado de forma isolada não é suficiente para definir um ser-
viço como público. Isso ocorre pelo fato de existirem determinadas
Sentido objetivo atividades relativas aos direitos sociais como saúde e educação, por
Infere-se que tal expressão é usada para fazer alusão ao sujeito exemplo, que apenas podem ser enquadradas no conceito quando
responsável pela execução da atividade. Exemplo: determinada au- forem devidamente prestadas pelo Estado, levando em conta que
tarquia com o dever de prestar de serviços para a área da educação. a execução desses serviços por particulares deve ser denominada
como serviço privado.
Sentido objetivo ou material Finalmente, em relação ao critério formal, nos tempos moder-
Nesse sentido, a administração pública está coligada à diversas nos, infere-se que não é mais necessário que o regime jurídico ao
atividades que são exercidas pelo Estado, por intermédio de seus qual está submetido o serviço público seja realizado de maneira in-
agentes, órgãos e entidades na diligência eficaz da função adminis- tegral de direito público, sendo que em algumas situações, acaba
trativa estatal. existindo um sistema híbrido que é formado por regras e normas
Destaque-se, por oportuno, que o vocábulo serviço público de direito público e privado, principalmente em se tratando de caso
sempre está se referindo a uma atividade, ou, ainda, a um conjunto de serviços públicos nos quais sua prestação tenha sido delegada a
de atividades a serem exercidas, sem levar em conta qual o órgão terceiros.
ou a entidade que as exerce.
Mesmo com os aspectos expostos, boa parte da doutrina ain- Observação importante: Com o entendimento acima mencio-
da usa de definições de caráter amplo e restrito do vocábulo ser- nado, a ilustre Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro acaba por
viço público. Para alguns, tal vocábulo se presta a designar todas definir serviço público como sendo toda a atividade material que a
as funções do Estado, tendo em vista que nesse rol estão inclusas lei atribui ao Estado, para que este a exerça de forma direta ou por
as funções administrativa, legislativa e judiciária. Já outra corrente intermédio de seus delegados, com o condão de satisfazer de forma
doutrinária, utiliza-se de um conceito com menor amplitude, vindo concreta as necessidades da coletividade, sob regime jurídico total
a incluir somente as funções administrativas e excluindo, por sua ou parcialmente público.
vez, as funções legislativa e judiciária. Destarte, infere-se que den-
tre aquelas doutrinas que adotam um sentido mais restrito, existem Elementos Constitutivos
ainda as que excluem do conceito atividades importantes advindas Os elementos do serviço público podem ser classificados sob os
do exercício do poder de polícia, de intervenção e de fomento. seguintes aspectos:
Denota-se com grande importância, que o direito brasileiro Subjetivo: Por meio do qual o serviço público está sempre sob
acaba por diferenciar de forma expressa o serviço público e o poder a total responsabilidade do Estado. No entanto, registra-se que ao
de polícia. Em campo tributário, por exemplo, no disposto em seus Estado como um todo, é permitido delegar determinados serviços
arts. 77 e 78, o Código Tributário Nacional dispõe do ensino e deter- públicos, desde que sempre por intermediação dos parâmetros da
minação de duas atuações como fatos geradores diversos do tribu- lei e sob regime de concessão ou permissão, bem como por meio de
to de nome taxa. Nesse diapasão de linha diferenciadora, a ESAF, na licitação. Denota-se que nesse caso, é o próprio Estado que escolhe
aplicação da prova para Procurador do Distrito Federal/2007, veio os serviços que são considerados serviços públicos. Como exem-
a considerar como incorreta a afirmação: “o exercício da atividade plo, podemos citar: os Correios, a radiodifusão e a energia elétrica,
estatal de polícia administrativa constitui a prestação de um serviço dentre outros serviços pertinentes à Administração Pública. Esse
público ao administrado”. elemento determina que o serviço público deve ser prestado pelo
De forma geral, a doutrina entende que os elementos subjetivo, Estado ou pelos seus entes delegados, ou seja, por pessoas jurídi-
material e formal tradicionalmente utilizados para definir serviço cas criadas pelo Estado ou por concessões e permissões a terceiros
público, continuam de forma ampla a servir a esse propósito, desde para que possam prestá-lo.
que estejam combinados e harmonizados com o fito de acoplar de

45
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Formal: A princípio, o regime jurídico é de Direito Público, ou Deve-se registrar também, que outro aspecto que deve ser en-
parcialmente público, sob o manto do qual o serviço público deverá fatizado com destaque em relação à regulamentação e ao contro-
ser prestado. No entanto, quando particulares prestam seus servi- le dos serviços públicos, são os requisitos do serviço e direito dos
ços em conjunto com o Poder Público, ressalta-se que o regime ju- usuários, sendo que o primeiro deles é a permanência, que possui
rídico é considerado como híbrido. Isso por que nesse caso, poderá como atributo, impor a continuidade do serviço. Logo após, temos
haver a permanência do Direito Público ou do Direito Privado nos o requisito da generalidade, por meio do qual, os serviços devem
ditames da lei. Porém, em ambas as situações, a responsabilidade ser prestados de maneira uniforme para toda a coletividade. Em se-
será sempre objetiva. guida, surge o requisito da eficiência, por intermédio do qual é exi-
gida a eficaz atualização do serviço público. Em continuidade, vem
Material: Por intermédio desse elemento, o serviço público de- a modicidade, por meio da qual, infere-se que as tarifas que são co-
verá sempre prestar serviços condizentes a uma atividade de inte- bradas dos usuários devem ser eivadas de valor razoável e por fim,
resse público como um todo. Denota-se que por meio da aplicação a cortesia, que por seu intermédio, entende-se que o tratamento
desse elemento, o objetivo do serviço público será sempre o de sa- com o usuário público em geral, deverá ser oferecido com presteza.
tisfazer de forma concreta as necessidades da coletividade. Havendo descumprimento de quaisquer dos requisitos retro
Esquematizando, temos: mencionados, afirma-se que o usuário do serviço terá em suas mãos
o direito pleno de recorrer ao Poder Judiciário para exigir a correta
Elementos constitutivos dos serviços públicos prestação desses serviços. Neste mesmo sentido, destaca-se que a
greve de servidores públicos, não poderá jamais ultrapassar o direi-
Subjetivo - determina que o serviço público deve ser prestado to dos usuários dos serviços essenciais, que se tratam daqueles que
pelo Estado ou pelos seus entes delegados, ou seja, por pessoas por decorrência de sua natureza, colocam a sobrevivência, a vida e
jurídicas criadas pelo Estado ou por concessões e permissões a ter- a segurança da sociedade em risco se estiverem ausentes.
ceiros para que possam prestá-lo.
Formas de prestação e meios de execução
Formal - o regime jurídico é de Direito Público, ou parcialmente O art. 175 da Constituição Federal de 1988 determina, que
público, sob o manto do qual o serviço público deverá ser prestado. compete ao Poder Público, nos parâmetros legais, de forma direta
ou sob regime de concessão ou permissão a prestação de serviços
Material - o serviço público deverá sempre prestar serviços públicos de forma geral. De acordo com esse mesmo dispositivo, as
condizentes a uma atividade de interesse público como um todo. concessões e permissões de serviços públicos deverão ser sempre
precedidas de licitação.
Subjetivo - é o próprio Estado que escolhe os serviços que são Entretanto, o parágrafo único do art. 175 da Carta Magna dis-
considerados serviços públicos. Como exemplo, podemos citar: os põe a implementação de lei para regulamentar as seguintes refe-
Correios, a radiodifusão e a energia elétrica, dentre outros serviços rências:
pertinentes à Administração Pública. I – o regime das empresas concessionárias e permissionárias
de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua
Formal - poderá haver a permanência do Direito Público ou do prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e
Direito Privado nos ditames da lei. Porém, em ambas as situações, a rescisão da concessão ou permissão;
responsabilidade será sempre objetiva. II – os direitos dos usuários;
III – política tarifária;
Material - por meio da aplicação desse elemento, o objetivo IV – a obrigação de manter serviço adequado.
do serviço público será sempre o de satisfazer de forma concreta as
necessidades da coletividade. Considera-se que a Lei Federal 8.987/1995, em obediência ao
mandamento constitucional foi editada estabelecendo normas ge-
Regulamentação e Controle neralizadas como um todo em matéria de concessão e permissão
Tanto a regulamentação quanto o controle do serviço público de serviços públicos, devendo tais normas, ser aplicáveis à União,
são realizados de maneira regular pelo Poder Público. Isso ocorre Estados, Distrito Federal e Municípios, da mesma forma que a Lei
em qualquer sentido, ainda que o serviço esteja delegado por con- Federal 9.074/1995, que, embora tenha o condão de estipular re-
cessão, permissão ou autorização, uma vez que nestas situações, gras especificamente voltadas a serviços de competência da União,
deverá o Estado manter sua titularidade e, ainda que haja situações trouxe também em seu bojo, pouquíssimas regras gerais que po-
adversas e problemas durante a prestação, poderá o Poder Público dem ser aplicadas a todos os entes federados.
interferir para que haja a regularização do seu funcionamento, com Em relação à forma de prestação dos serviços públicos, de-
fundamento sempre na preservação do interesse público. preende-se que estes podem ser prestados de forma centralizada
Ressalta-se que esses serviços são controlados e também fisca- ou descentralizada, sendo a primeira forma caracterizada quando o
lizados pelo Poder Público, que deve intervir em caso de má pres- serviço público for prestado pela própria pessoa jurídica federativa
tação, sendo que isso é uma obrigação que lhe compete segundo que detém a sua titularidade e a segunda forma, quando, em várias
parâmetros legais. situações, o ente político titular de determinado serviço público,
A esse respeito, dispõe a Lei 8997 de 1995 em seus arts. 3º e embora continue mantendo a sua titularidade, termina por transfe-
32, respectivamente: rir a pessoas diferentes e desconhecida à sua estrutura administra-
Art. 3º. As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscalização tiva, a responsabilidade pela prestação.
pelo poder concedente responsável pela delegação, com a coopera- Lembremos que o ente político, mesmo ao transferir a respon-
ção dos usuários. sabilidade pela prestação de serviços públicos a terceiros, sempre
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com poderá conservar a sua titularidade, fato que lhe garante a manu-
o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como tenção da competência para regular e controlar a prestação dos
o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e le- serviços delegados a outrem.
gais pertinentes.

46
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A descentralização dos serviços públicos pode ocorrer de duas 1ª) Concessões comuns, que estão sob a égide das leis
maneiras: 8.987/1995 e 9.074/1995 e 2ª, que subdividem em: concessão de
1. Por meio de outorga ou delegação legal: por meio da qual o serviços públicos e concessão de serviço público precedida da exe-
Estado cria uma entidade que poderá ser autarquia, fundação pú- cução de obra pública.
blica sociedade de economia mista ou empresa pública, transferin- 2ª) Concessões especiais, que são as parcerias público-privadas
do-lhe, por meios legais a execução de um serviço público. previstas na Lei 11.079/2004, sujeitas a alguns dispositivos da Lei
2. Por meio de delegação ou delegação negocial: por intermé- 8.987/1995. Se subdividindo em duas categorias: concessão patro-
dio da qual, o Poder Público detém o poder de transferir por contra- cinada e concessão administrativa.
to ou ato unilateral a execução ampla do serviço, desde que o ente
delegado preste o serviço em nome próprio e por sua conta e risco, A concessão comum de serviço público é uma modalidade de
sob o controle do Estado e dentro da mesma pessoa jurídica. contrato administrativo por intermédio do qual a Administração Pú-
Esclarece-se ainda, a título de conhecimento, que a delegação blica transfere delegação a pessoa jurídica ou, ainda, a consórcio de
negocial admite a titularidade exclusiva do ente delegante sobre empresas a execução de certo serviço público pertencente à sua
o serviço a ser delegado. Em se tratando de serviços nos quais a titularidade, na qual o concessionário é obrigado, por meio de con-
titularidade não for exclusiva do Poder Público, como educação e tratos legais a executar o serviço delegado em nome próprio, por
saúde, por exemplo, o particular que tiver a pretensão de exercê-lo sua conta e risco, sendo sujeito a controle e fiscalização do poder
não estará dependente de delegação do Estado, uma vez que tais concedente e remunerado através de tarifa paga pelo usuário ou
atos de exercício de educação e saúde, quando forem prestados por outra modalidade de remuneração advinda da exploração do ser-
particulares, não serão mais considerados como serviços públicos, viço. Exemplo: as receitas adquiridas por empresas de transporte
mas sim como atividade econômica da iniciativa privada. coletivo que cobram por comerciais constantes na parte traseira
Em outras palavras, os serviços públicos podem ser executados dos ônibus.
nas formas: Conforme mencionado, existem duas modalidades de conces-
Direta: Quando é prestado pela própria administração pública são comum, quais sejam: a concessão de serviço público, também
por intermédio de seus próprios órgãos e agentes. conhecida como concessão simples e a concessão de serviço públi-
Indireta: Quando o serviço público é prestado por intermé- co antecedida de execução por meio de obra pública.
dio de entidades da Administração Pública indireta ou, ainda, de A concessão de serviço público ou concessão simples, pode ser
particulares, por meio de delegação, concessão, permissão e au- definida pela lei como a “delegação da prestação de serviço público,
torização. Esta forma de prestação de serviço, deverá ser sempre feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de
sobrepujada de licitação, formalizada por meio de contrato admi- concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que de-
nistrativo, seguida de adesão com prazo previamente estipulado monstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e
e que por ato bilateral, buscando somente transferir a execução, por prazo determinado” (art. 2º, II).
porém, jamais a titularidade que deverá sempre permanecer com Já a concessão de serviço público antecedida de execução de
o poder outorgante. obra pública pode ser como “a construção, total ou parcial, conser-
Em resumo, temos: vação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de
interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licita-
ção, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio
de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por
sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária
seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço
ou da obra por prazo determinado” (art. 2º, III). Como hipótese de
exemplo, citamos a concessão a particular, vitorioso de processo
licitatório por construção e conservação de rodovia, com o conse-
quente pagamento realizado mediante a cobrança de pedágio aos
particulares que vierem a utilizar da via.
Pondera-se que a diferença entre as duas modalidades de con-
Transferência da execução do cessão comum está apenas no objeto. Perceba que na concessão
DESCENTRALIZAÇÃO serviço para outra pessoa física ou simples, o objeto do contrato é somente a execução de atividade
jurídica. que foi caracterizada como sendo serviço público, ao passo que na
concessão de serviço público antecedida da execução de obra pú-
Divisão interna do serviço com blica existe uma duplicidade de objeto, sendo que o primeiro deles
DESCONCENTRAÇÃO outros órgãos da mesma pessoa se refere ao ajuste existente entre o poder concedente e o conces-
jurídica. sionário para que certa obra pública seja executada. Em relação ao
segundo, a prestação do serviço público existe na exploração am-
Delegação plamente econômica do serviço ou da obra.

Concessão • Direitos e obrigações dos usuários


Ocorre a delegação negocial de serviços públicos mediante: Nos ditames do art. 7º da Lei 8.987/1995, os direitos e obriga-
concessão, permissão ou autorização. ções dos usuários dos serviços públicos delegados são os seguintes:
Nesse tópico, não esgotaremos todas as formas de concessões a) Receber serviço adequado;
existentes e suas formas de aplicação e execução nos serviços públi- b) Receber do poder concedente e da concessionária informa-
cos, porém destacaremos as mais importantes e mais cobradas em ções para a defesa de interesses individuais ou coletivos;
provas de concursos públicos e áreas afins. c) Obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre
Conforme o Ordenamento Jurídico Brasileiro, as concessões de vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as
serviços públicos podem ser divididas em duas espécies: normas do poder concedente;

47
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) Levar ao conhecimento do poder público e da concessioná- tituição Federal. Concernente às concessões, a Lei 8.987/1995 de-
ria as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao terminou que a delegação dependerá da realização de prévio pro-
serviço prestado; cedimento licitatório para que seja escolhido o concessionário, na
e) Comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos prati- modalidade obrigatória da concorrência. Sendo a modalidade licita-
cados pela concessionária na prestação do serviço; tória regulada pela Lei de Licitações e Contratos, Lei 8.666/1993, e
f) Contribuir para a permanência das boas condições dos bens tema dos próximos tópicos de estudo, mais adiante, detalharemos
públicos pelos quais lhes são prestados os serviços. com maior aprofundamento sobre este importante tema.
Ademais, as concessionárias de serviços públicos, de direito
público e privado, nos Estados e no Distrito Federal, são legalmente Passemos a abordar a respeito do prazo que a Administração
obrigadas a dispor ao consumidor e ao usuário, desde que dentro Pública permite à concessão na execução dos serviços públicos
do mês de vencimento, o mínimo de seis datas como opção para como um todo. A Lei 8.987/1995 estabelece que a concessão sim-
escolherem os dias de vencimento de seus débitos a serem adim- ples de serviço público ou a concessão de serviço público prece-
plidos, nos termos do art. 7º-A, da Lei 8.987/1995. dida de obra pública deverá ser realizada por prazo determinado,
mas não define quais seriam os limites desse prazo. Assim sendo,
1. Serviço adequado caberá à lei reguladora específica de cada serviço público, devida-
Os usuários detêm o direito de receber um serviço público mente editada pelo ente federado detentor de competência para
adequado. Esse direito encontra-se regulamentado pelo seguinte prestá-lo, aditar definindo qual o prazo de duração do contrato de
dispositivo: concessão. Caso o legislador competente não estabeleça qualquer
Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação prazo, deverá, por conseguinte, o poder concedente fixá-lo no ato
de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, confor- da minuta do contrato de concessão, que se encontra afixado como
me estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo anexo no edital da licitação. Denota-se que o prazo deve ser razoá-
contrato. vel, de forma a permitir o abatimento dos investimentos a serem
§ 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regula- realizados pelo concessionário.
ridade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalida- Referente às concessões advindas de parceria público-priva-
de, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. da, infere-se que a vigência de tais contratos deverá ser sempre
compatível com o abatimento dos investimentos realizados, não
Denota-se que além do conhecimento da previsão no citado podendo ser sendo inferior a 5 e nem superior a 35 anos, já restan-
dispositivo, é importante compreendermos o significado prático de do-se incluído nesse prazo eventual prorrogação nos termos da Lei
cada condição citada, com o objetivo de garantir que cada exigência 11.079/2004, art. 5º, I.
legal seja cumprida para a qualificação do serviço como adequado.
Desta forma, temos: Cláusulas do contrato de concessão
1 – Regularidade: exige que os serviços públicos sejam presta- Nos ditames dos arts. 23 e 23-A da Lei 8.987/1995, as cláusu-
dos de forma a garantir a estabilidade e a manutenção dos requi- las do contrato de concessão tratam de modo geral sobre o modo,
sitos essenciais, sendo prestados em perfeita harmonia com a lei e a forma e as condições de prestação dos serviços; os direitos e as
com o regulamento que disciplina a matéria. obrigações do concedente, do concessionário e dos usuários; os po-
2 – Continuidade: impõe que o serviço público, uma vez insti- deres de fiscalização do concedente; a obrigação do concessionário
tuído, seja prestado de forma permanente e sem interrupção, com de prestar contas; ou e disciplinam aspectos relativos à extinção da
exceção de situações de emergência, bem como a que advém de concessão.
razões de ordem técnica ou de segurança das instalações elétricas, Infere-se que as cláusulas podem ser divididas em: cláusulas
por exemplo. essenciais obrigatórias em qualquer contrato de concessão, quer
3 – Eficiência: refere-se à obtenção de resultados eficazes na seja concessão simples, quer seja concessão de serviço público pre-
prestação do serviço público, exigindo que o serviço seja realiza- cedida de obra pública, cláusulas obrigatórias apenas nos contratos
do de acordo com uma adequada relação de custo/benefício, para, de concessão de serviço público precedida da execução de obra pú-
com isso, evitar desperdícios. blica e cláusulas facultativas. Vejamos, em síntese:
4 – Segurança: deverão os serviços públicos respeitar padrões,
bem como normas de segurança, de forma a preservar a integri- (São obrigatórias nas concessões):
dade da população de modo geral e dos equipamentos utilizados. I – objeto, área e prazo da concessão;
5 – Atualidade: possui como foco o impedimento de que o II – modo, forma e condições de prestação do serviço;
prestador se encontre alheio às inovações tecnológicas, suprimindo III – critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros definidores
o investimento em termos de disponibilização aos usuários das me- da qualidade do serviço;
lhorias de qualidade e amplitude do serviço. IV – preço do serviço, critérios e procedimentos para o reajuste
6 – Generalidade: deve oferecer a garantia de que o serviço e a revisão das tarifas;
seja ofertado da forma mais abrangente possível. V – direitos, garantias e obrigações do poder concedente e da
7 – Cortesia: o prestador do serviço deverá tratar o usuário de concessionária, inclusive os relacionados às previsíveis necessida-
forma educada e gentil. des de futura alteração e expansão do serviço e consequente mo-
8 – Modicidade das tarifas: aduz que o valora a ser pago pela dernização, aperfeiçoamento e ampliação dos equipamentos e das
prestação dos serviços, deverá, nos parâmetros legais, ser estabe- instalações;
lecido de acordo com os padrões de razoabilidade, buscando evitar VI – direitos e deveres dos usuários para obtenção e utilização
que os prestadores de serviços venham o obter lucros extraordiná- do serviço;
rios causando prejuízo aos usuários econômico-financeiros do con-
VII – forma de fiscalização das instalações, dos equipamentos,
trato firmado com a administração.
dos métodos e práticas de execução do serviço, bem como a indi-
cação dos órgãos competentes para exercê-la; simples e nas con-
Observação importante: A celebração de qualquer espécie de
cessões de serviço público precedida da execução de obra pública
contrato de concessão ou permissão de serviço público deve ser
(art. 23,caput);
realizada mediante licitação, conforme previsto no art. 175 da Cons-

48
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
VIII – penalidades contratuais e administrativas a que se sujeita Pondera-se que além das causas anteriores, previstas na legis-
a concessionária e sua forma de aplicação; lação e adotadas pela doutrina, a extinção da concessão de serviço
IX – casos de extinção da concessão; público também pode ocorrer por: desafetação do serviço; distrato;
X – bens reversíveis; ou renúncia da concessionária.
XI – critérios para o cálculo e a forma de pagamento das indeni- Vejamos:
zações devidas à concessionária, quando for o caso;
XII – condições para prorrogação do contrato; 1 – Encampação (ou resgate)
XIII – à obrigatoriedade, forma e periodicidade da prestação de Consiste na extinção da concessão em decorrência da retoma-
contas da concessionária ao poder concedente; da do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão,
XIV – exigência da publicação de demonstrações financeiras por motivos de interesse público.
periódicas da concessionária; e
XV – o foro e o modo amigável de solução das divergências con- 2 – Caducidade (ou decadência)
tratuais. Consiste na extinção do contrato de concessão de serviço pú-
blico em decorrência de inexecução total ou parcial do contrato,
Cláusulas obrigatórias somente nas concessões de serviços por razões que devem ser imputadas à concessionária. Poderá ser
públicos precedidas de obras públicas (art. 23, parágrafo único) declarada pelo poder concedente pelas seguintes maneiras, nos
I – estipular os cronogramas físico-financeiros de execução das termos do art. 38, § 1º, I a VII:
obras vinculadas à concessão; e A) O serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou
II – exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessionária, deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâ-
das obrigações relativas às obras vinculadas à concessão. metros definidores da qualidade do serviço;
B) A concessionária descumprir cláusulas contratuais ou dispo-
Cláusulas facultativas (art. 23-A) sições legais ou regulamentares concernentes à concessão;
I – o contrato de concessão poderá prever o emprego de meca- C) A concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tan-
nismos privados para resolução de disputas decorrentes ou relacio- to, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força
nadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil maior;
e em língua portuguesa, nos termos da Lei 9.307, de 23.09.1996; D) A concessionária perder as condições econômicas, técnicas
II – qualquer outra que não seja obrigatória. ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço con-
cedido; a concessionária não cumprir as penalidades impostas por
É importante, demonstrar que o contrato de concessão é firma- infrações, nos devidos prazos;
do tendo em vista, não apenas oferecimento da melhor proposta, E) A concessionária não atender a intimação do poder conce-
mas incluindo também as características referentes à pessoa con- dente no sentido de regularizar a prestação do serviço; e
tratada, devendo o concessionário demonstrar capacidade técnica F) A concessionária não atender a intimação do poder conce-
e econômico-financeira que faça haver a presunção de que haverá dente para, em 180 dias, apresentar a documentação relativa à re-
a perfeita execução do serviço. A esse aspecto, a doutrina deno- gularidade fiscal, no curso da concessão, na forma do art. 29 da Lei
mina de contrato firmado intuitu personae, que se trata da prática 8.666, de 21.06.1993.
de eventual transferência da concessão para outra pessoa jurídica,
bem como do controle societário da concessionária, sem prévia avi- 3 – Rescisão
so ou autorização do poder concedente, vindo a implicar a caduci- De acordo com a Lei 8.987/1995 a rescisão é a forma de ex-
dade que nada mais é do que a extinção da concessão. tinção da concessão, por iniciativa da respectiva concessionária,
quando esta se encontrar motivada pelo descumprimento de nor-
Intervenção na concessão mas contratuais advindas do poder concedente, nos ditames do art.
A intervenção na concessão encontra-se submetida a um pro- 39. Nesta hipótese, sendo a autoexecutoriedade privilégio aplicável
cedimento formal. De antemão, o poder concedente, por meio de somente à Administração Pública, para que o concessionário possa
ato do Chefe do Poder Executivo, ao tomar conhecimento da falta rescindir o contrato de concessão, deverá fazê-lo por intermédio de
de adequação da prestação do serviço ou do descumprimento pela ação judicial, sendo que os serviços prestados pela concessionária
concessionária das normas pertinentes, edita o decreto de inter- não deverão ser interrompidos e nem mesmo paralisados em hi-
venção que deverá conter a designação do interventor, o prazo da pótese alguma, até que a decisão judicial que determine a rescisão
intervenção e os objetivos e limites da medida nos ditames do le- transite em julgado.
gais pertinentes.
Declarada a intervenção por intermédio de decreto, o poder 4 – Anulação
concedente deverá, no prazo de até 30 dias, realizar a instauração Trata-se de hipótese de extinção do contrato de concessão em
de procedimento administrativo com o fito de comprovar as causas
decorrência de vício de legalidade, que pode, via de regra, ser de-
determinadas na medida e apurar as responsabilidades. Esse proce-
clarado por via administrativa ou judicial.
dimento administrativo deverá ser concluído em até 180 dias, sob
pena de ser considerada inválida a intervenção, nos termos do art.
5 – Falência ou extinção da empresa concessionária e faleci-
33, § 2º da Lei 8987/95.
mento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual
A Lei 8.987/1995, embora a Lei 8.987/95 mencione esse tópico
Extinção da concessão
como formas de extinção da concessão no art. 35, VI, nada dispõe
A concessão pode ser extinta por várias causas, colocando
fim à prestação dos serviços pelo concessionário. O art. 35 da Lei em relação aos efeitos dessas hipóteses de extinção. No entendi-
8.987/1995, prevê de forma expressa algumas causas de extinção mento de José dos Santos Carvalho Filho, tais fatos acabam por
da concessão. Sendo elas: o advento do termo contratual; a encam- provocar a extinção de pleno direito do contrato, pelo fato de que
pação; a caducidade; a rescisão; a anulação; e a falência ou extinção tornam inviável a execução do serviço público objeto do ajuste.
da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titu-
lar, em se tratando de empresa individual.

49
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
6 – Desafetação do serviço público b) Deve ser precedida de licitação pública, mas a Lei não de-
A Lei 8.987/1995 não se refere e nem minucia a desafetação termina a modalidade licitatória a ser seguida (diferencia-se da
de serviço público como causa de extinção da concessão. Entretan- concessão de serviço público que exige a licitação na modalidade
to, no entender de Diógenes Gasparini, a desafetação do serviço concorrência);
público em decorrência de lei também é hipótese de extinção da c) É formalizada por meio de um contrato de adesão, de natu-
concessão, tendo em vista que a desafetação ocorre no momento reza precária, uma vez que a lei prevê que pode ser revogado de
em que uma lei torna público um serviço. maneira unilateral pelo poder concedente (diferencia-se das con-
cessões de serviço público que não possuem natureza precária); e
7 – Distrato (acordo) d) Os permissionários podem ser pessoas físicas ou jurídicas
Mesmo não havendo referência legal à extinção da concessão (diferencia-se das concessões de serviço público em razão de os
por intermédio de acordo ou distrato entre o poder concedente e concessionários somente poderem ser pessoa jurídica ou consórcio
a concessionária, esta hipótese não foi vedada pela legislação. Por de empresas).
esse motivo, boa parte da doutrina vem admitindo a extinção an-
tecipada da concessão de forma amigável e também consensual. Por motivos importantes relacionados às características ante-
riores, destacamos algumas observações.
8 – Renúncia da concessionária Relativo a primeira, aduz-se que todo contrato administrativo
Nesse caso, a lei também não menciona essa hipótese como é um contrato de adesão, posto que a minuta do contrato deve ser
maneira de extinção da concessão. Porém, o ilustre Diogo de Figuei- redigida pela Administração, bem como integra todos os anexos do
redo Moreira Neto, a renúncia da concessionária será aceita como edital de licitação apresentado. Desta maneira, aquele que vence a
forma de extinção da concessão, a partir do momento em que hou- licitação e, por sua vez, assina o contrato, passa a aderir somente ao
ver previsão contratual nesse sentido vindo a disciplinar-lhe as de- que foi estipulado pela Administração Pública, não podendo haver
vidas consequências. discussões sobre as cláusulas contratuais. Assim ocorrendo, tanto a
concessão quanto a permissão de serviço público estarão se cons-
Nota importante acerca da concessão: tituindo em contrato de adesão, sendo que essa circunstância, não
• Outro efeito da extinção da concessão é a assunção imediata serve para diferenciar os dois institutos.
do serviço pelo poder concedente, ficando este autorizado a ocupar Direcionado à segunda observação a ser feita, trata-se de uma
as instalações e a utilizar todos os bens reversíveis, tendo em vista a relação à precariedade do vínculo, que de antemão, pode vir a ser
necessidade de dar continuidade à prestação do serviço público nos extinto a qualquer tempo, havendo ou não indenização. Registra-
parâmetros do art. 35, §§ 2º e 3º. se que o texto da lei acabou por usar designação imprópria de re-
• Independente da causa da extinção da concessão, os bens re- vogação do contrato, tendo em vista que este não é revogado, é
versíveis que ainda não se encontrem amortizados ou depreciados rescindido, o que se dá de forma contrária do ato administrativo
deverão ser indenizados ao concessionário, sob pena de, se não o que é sujeito à revogação. De qualquer maneira, a precariedade do
fizer, haver enriquecimento sem causa do poder concedente. vínculo encontra-se relacionada à possibilidade de extinção sem o
pagamento de indenização.
Permissão Pondera-se que todo e qualquer tipo de contrato administra-
O art. 175 da Constituição Federal Brasileira determina que tivo, desde que esteja justificado pelo interesse público, pode ser
“incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob rescindido de forma unilateral pela Administração Pública, não con-
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a figurando esse aspecto apenas uma particularidade do contrato de
prestação de serviços públicos”. permissão de serviços públicos.
Passível de observação, o ditado dispositivo constitucional não Infere-se que quando a rescisão do contrato de concessão não
faz nenhum tipo de referência relativa à autorização de serviços pú- for causada pelo concessionário, acarretará em direito a percepção
blicos. Entretanto, denota-se que existe a admissão da delegação de indenização pelos prejuízos sofridos, uma vez que a concessão é
de serviços públicos por intermédio de autorização com fulcro nos impreterivelmente celebrada por prazo certo. No tocante à permis-
art. 21, XI e XII, e art. 223 da Constituição Federal. Desta forma, são, existem contradições, pois existem doutrinadores que enten-
infere-se que a delegação de serviços públicos pode ser realizada dem que a permissão sempre ocorre, via de regra, por prazo certo
por meio de concessão, permissão ou autorização. Tratada anterior- e determinado, ao passo que outros doutrinadores defendem que
mente, passemos a explorar os demais institutos. a permissão ocorre, de antemão, por prazo indeterminado, porém,
Infere-se que a Lei 8.987/1995 não traz em seu bojo muitos também admitem que ocorre prazo determinado, desde que tal
dispositivos relacionados à permissão de serviços públicos, vindo dispositivo esteja fixado no edital da correspondente licitação. Essa
a limitar-se a estabelecer o seu conceito. A permissão de serviço última posição, é a que a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro
público, nos ditames da lei, pode ser conceituada como “a delega- defende, para quem a fixação de prazo de vigência da permissão faz
ção, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços com que desapareçam as diferenças existentes entre os institutos
da permissão e da concessão. Por conseguinte, em se tratando da
públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que
permissão por prazo determinado, ressalta-se que não existe a pre-
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e ris-
cariedade do vínculo, vindo, desta forma, o permissionário obter o
co” (art. 2º, IV). Já o art. 40 da mesma Lei dispõe:
direito de indenização quando não der causa à rescisão deste.
Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada me-
diante contrato de adesão, que observará os termos desta Lei, das
demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto
à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder
concedente.
Proveniente do exposto, podemos expor com destaque as prin-
cipais características da permissão de serviço público. São elas:
a) É uma forma de delegação de serviços públicos;

50
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Em síntese, vejamos as principais características da concessão o serviço de Polícia Judiciária e Administrativa. Tendo em vista que
e da permissão de serviços públicos: tais serviços exigem a prática de atos de império relacionados aos
administrados, denota-se que os mesmos só podem ser prestados
PERMISSÃO DE CONCESSÃO DE de forma direta pelo Estado, sem a necessidade de delegação a ter-
SERVIÇO PÚBLICO SERVIÇO PÚBLICO ceiros. Concernente aos serviços de utilidade pública, aduz-se que
são aqueles cuja prestação é de bom proveito à coletividade, tendo
• Forma de delegação de servi- em vista que, mesmo que estes visem a facilitação da vida do indiví-
ço público; • Forma de delegação de servi- duo na sociedade como um todo, não são considerados essenciais,
• Depende de licitação, mas a ço público; podendo, por esse motivo, ser executados de forma direta pelo Es-
lei não • Depende de licitação na tado ou ter sua prestação delegada a particulares. Exemplo: a água
• Predetermina a modalidade modalidade obrigatória da tratada, o transporte coletivo, dentre outros.
licitatória; concorrência;
• Possui natureza precária, • Não possui natureza precá- b) Serviços próprios e impróprios
havendo controvérsias na ria; A classificação de serviços públicos próprios e impróprios é
doutrina; • Os concessionários só podem apresentada com variações de sentido na doutrina.
• Os permissionários podem ser pessoa jurídica ou consór- No entendimento de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, a doutri-
ser pessoa física ou pessoa cio de empresas. na clássica classifica como serviços públicos próprios aqueles que,
jurídica. em decorrência de sua importância, o Estado passa a assumir como
seus e os coloca em execução de forma direta por intermédio de
Autorização seus agentes, ou, ainda, indireta que ocorre mediante delegação
De acordo com o entendimento da doutrina, a autorização se a terceiros concessionários ou permissionários. Referente aos ser-
constitui em ato administrativo unilateral, discricionário e precário viços públicos impróprios, são aqueles que, embora atendam às
por intermédio do qual, o poder público detém o poder de delegar necessidades coletivas, não estão sendo executados pelo Estado,
a execução de um serviço público de sua titularidade, possibilitando nas suas formas direta ou indireta, mas estão autorizados, regula-
que o particular o realize em seu próprio benefício. Nos ditames mentados e fiscalizados pelo Poder Público. Exemplo: as institui-
de Hely Lopes Meirelles, “serviços autorizados são aqueles que o ções financeiras, de seguro e previdência privada, dentre outros.
Poder Público, por ato unilateral, precário e discricionário, consente Entretanto, a própria autora explica que os serviços considerados
na sua execução por particular para atender a interesses coletivos impróprios pela retro mencionado corrente doutrinária, em sentido
instáveis ou emergência transitória”. jurídico, sequer poderiam ser considerados serviços públicos, tendo
em vista que a lei não atribui a sua prestação ao Estado.
Depreende-se que a autorização de serviço público não é de- Hely Lopes Meirelles ensina que serviços próprios do Estado
pendente de licitação, posto que esta somente é exigível para a rea- “são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do
lização de contrato. Sendo a autorização ato administrativo, enten- Poder Público, como: segurança, polícia, higiene e saúde públicos
de- se que não deverá ser precedida de procedimento licitatório. etc., sendo que para a execução destes, a Administração utiliza de
Entretanto, se houver uma quantidade limitada de autorizações a seu poder de hierarquia sobre os administrados. Por esse motivo,
serem fornecidas e existindo determinada pluralidade de possíveis infere-se que só devem ser prestados por órgãos ou entidades pú-
interessados, em atendimento ao princípio da isonomia, é neces- blicas, sem delegação a particulares”. Por sua vez, os serviços im-
sário que se faça um processo seletivo para facilitar a escolha dos próprios do Estado “são os que não afetam substancialmente as ne-
entes que serão autorizados pelo Poder Público. cessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de
Caso o ato de autorização seja precário, pode de antemão, ser seus membros, e, por isso, a Administração os presta remunerada-
revogado a qualquer tempo, desde que seja por motivo de interesse mente, por seus órgãos ou entidades descentralizadas (autarquias,
público, suprimindo o direito à indenização por parte do eventual empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações go-
prejudicado. No entanto, a exemplo de exceção, existindo estabele- vernamentais), ou delega sua prestação a concessionários, permis-
cimento de prazo para a autorização, ressalta-se que o vínculo aca- sionários ou autorizatários”.
ba por perder a precariedade, passando a ser cabível o direito de
indenização em se tratando de caso de revogação da autorização. c) Serviços administrativos, econômicos (comerciais ou indus-
Demonstramos, por fim, que embora seja tradição se definir a triais) e sociais
autorização como ato administrativo discricionário, a Lei Geral de São constituídos por atividades promovidas pelo Poder Público
Telecomunicações determina que a autorização de serviço de te- com o fulcro de atender às necessidades internas requeridas pela
lecomunicações é ato administrativo vinculado, nos parâmetros da Administração. Também podem preparar outros serviços que deve-
Lei 9.472/1997, art. 131, § 1º, de forma a não existir possibilidade rão ser prestados ao público, como por exemplo, as estações expe-
de a administração denegar a prática da atividade para os particu- rimentais e a imprensa oficial.
lares que vierem a preencher devidamente as condições objetivas e Nos ditames da lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o serviço
subjetivas necessárias comercial ou industrial é aquele que a Administração Pública exe-
cuta, direta ou indiretamente, com o objetivo de atender às neces-
Classificação sidades coletivas de ordem econômica, tendo como supedâneo no
Existem vários critérios adotados para classificar os serviços, art. 175 da Constituição Federal, a exemplo dos serviços de teleco-
dentre os quais, vale à pena destacar os seguintes: municações, dentre outros.
Já o serviço público social, cuida-se daquele que atende a ne-
a) Serviços públicos propriamente ditos (essenciais) e serviços cessidades coletivas, em áreas cuja atuação do Estado é considera-
de utilidade pública (não essenciais) da de caráter essencial, a exemplo dos serviços de educação, saúde
Em relação aos serviços públicos propriamente ditos, afirma- e previdência. De acordo com a doutrina dominante, tais serviços,
-se que são serviços classificados como essenciais à sobrevivência quando são prestados pela iniciativa privada não são considerados
da sociedade e do próprio Estado. Como exemplo, podemos citar como serviços públicos, mas sim como serviços de natureza privada.

51
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) Serviços uti singuli (singulares) e uti universi (coletivos) Em relação ao processo administrativo, denota-se que estes
Também chamados de serviços singulares ou individuais, os são regulados por leis infraconstitucionais e que também elencam
serviços uti singuli são aqueles cuja finalidade é a satisfação indi- outros princípios do Direito Administrativo. A nível federal, registra-
vidual e direta das necessidades do indivíduo. Esses serviços têm -se que o art. 2. ° da Lei 9.784/1999 cita a existência dos seguintes
usuários determinados, sendo, por esse motivo, possível a mensu- princípios: legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, propor-
ração de forma individualizada da utilização de cada usuário. São cionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
incluídos nessa categoria os serviços de fornecimento de água, jurídica, interesse público e eficiência.
energia elétrica, telefone, etc. que podem ser remunerados por in-
termédio de taxa ou tarifa. Sem qualquer tipo de dependência da quantidade de princípios
Os serviços uti universi, também conhecidos como serviços uni- elencados pelo ordenamento e pela doutrina, podemos destacar,
versais, coletivos ou gerais, são os serviços prestados à coletividade, para fins de estudo os principais princípios do Direito Administrati-
porém, são usufruídos somente de forma indireta pelos indivíduos. vo: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência,
Exemplos: serviço de iluminação pública, defesa nacional, dentre razoabilidade, proporcionalidade, finalidade pública (supremacia
outros. Denota-se que os serviços uti universi, de modo geral são do interesse público sobre o interesse privado), continuidade, auto-
prestados a usuários indeterminados e indetermináveis, não sendo tutela, consensualidade/participação, segurança jurídica, confiança
por esse motivo, passíveis de ter seu uso individualizado. Além disso legítima e boa-fé.
são custeados através de impostos ou contribuições especiais. Por Vejamos a definição e a importância de cada um deles:
esse motivo, o STF editou a Súmula 670 (posteriormente convertida
na Súmula Vinculante 41), na qual predomina o entendimento de Princípio da legalidade
que “o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado me- Previsto no art. 37 da CRFB/1988, é conceituado como um pro-
diante taxa”, uma vez que se trata de serviço uti universi. duto do Liberalismo, que pregava a superioridade do Poder Legisla-
tivo na qual a legalidade se divide em dois importantes desdobra-
Por fim, ressalta-se que há uma correlação entre a conceitua- mentos:
ção do serviço como uti universi ou uti singuli e o seu custeio, pois, a) supremacia da lei: a lei acaba por prevalecer e tem preferên-
quando o serviço é uti singuli, é possível identificar o usuário e men- cia sobre os atos da Administração;
cionar a utilização da expressão a “conta” deve ser paga pelo pró- b) reserva de lei: o tratamento de determinadas matérias deve
prio usuário, mediante o implemento de taxa, preço ou tarifa. Em se ser formalizado pela legislação, excluindo o uso de outros atos com
tratando de serviço uti universi, quando não é possível saber quem caráter normativo.
são os usuários de forma individualizada, pois, o usuário é a “coleti- Todavia, o princípio da legalidade deve ser conceituado como o
vidade”, nem quantificar o uso, a “conta” é paga pela coletividade, principal conceito para a configuração do regime jurídico-adminis-
mediante o recolhimento de impostos ou contribuições especiais. trativo, tendo em vista que segundo ele, a administração pública só
poderá ser desempenhada de forma eficaz em seus atos executivos,
Princípios agindo conforme os parâmetros legais vigentes. De acordo com o
Os princípios jurídicos solidificam os valores fundamentais da princípio em análise, todo ato que não possuir base em fundamen-
ordem jurídica. Em razão de sua fundamentalidade e abertura lin- tos legais é ilícito.
guística, os princípios se espalham sobre todo o sistema jurídico,
vindo a garantindo-lhe harmonia e coerência. Princípio da impessoalidade
Os princípios jurídicos são classificados a partir de dois crité- Consagrado de forma expressa no art. 37 da CRFB/1988, possui
rios. Partindo da amplitude de aplicação no sistema normativo, os duas interpretações possíveis:
princípios podem ser divididos em três espécies: a) igualdade (ou isonomia): dispõe que a Administração Pública
a) Princípios fundamentais: são princípios que representam deve se abster de tratamento de forma impessoal e isonômico aos
as decisões políticas de estrutura do Estado, servindo de base para particulares, com o fito de atender a finalidade pública, vedadas a
todas as demais normas constitucionais, como por exemplo: prin- discriminação odiosa ou desproporcional. Exemplo: art. 37, II, da
cípios republicanos, federativo, da separação de poderes, dentre CRFB/1988: concurso público. Isso posto, com ressalvas ao trata-
outros; mento que é diferenciado para pessoas que estão se encontram em
b) Princípios gerais: via de regra, se referem a importantes es- posição fática de desigualdade, com o fulcro de efetivar a igualdade
pecificações dos princípios fundamentais, embora possuam menor material. Exemplo: art. 37, VIII, da CRFB e art. 5.0, § 2. °, da Lei
grau de abstração e acabam por se espalhar sobre todo o ordena- 8.112/1990: reserva de vagas em cargos e empregos públicos para
mento jurídico. Exemplos: os princípios da isonomia e da legalidade; portadores de deficiência.
c) Princípios setoriais ou especiais: se destinam à aplicação de b) proibição de promoção pessoal: quem faz as realizações
certo tema, capítulo ou título da Constituição. Exemplos: princípios públicas é a própria entidade administrativa e não são tidas como
da Administração Pública dispostos no art. 37 da CRFB: legalidade, feitos pessoais dos seus respectivos agentes, motivos pelos quais
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. toda a publicidade dos atos do Poder Público deve possuir caráter
educativo, informativo ou de orientação social, nos termos do art.
Já a segunda classificação, acaba por levar em conta a menção 37, § 1.°, da CRFB : “dela não podendo constar nomes, símbolos
expressa ou implícita dos princípios em seus textos normativos. São ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
eles: servidores públicos” .
a) Princípios expressos: são os que se encontram expressa-
mente mencionados no texto da norma. Exemplos: princípios da Princípio da moralidade
Administração Pública que são elencados no art. 37 da CRFB); Disposto no art. 37 da CRFB/1988, presta-se a exigir que a atua-
b) Princípios implícitos: são os reconhecidos pela doutrina e ção administrativa, respeite a lei, sendo ética, leal e séria. Nesse dia-
pela jurisprudência advindo da interpretação sistemática do orde- pasão, o art. 2. °, parágrafo único, IV, da Lei 9.784/1999 ordena ao
namento jurídico. Exemplos: princípios da razoabilidade e da pro- administrador nos processos administrativos, a autêntica “atuação
porcionalidade, da segurança jurídica. segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé”. Exemplo:

52
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a vedação do ato de nepotismo inserido da Súmula Vinculante 13 O princípio da proporcionalidade, por sua vez origina-se das
do STF. Entretanto, o STF tem afastado a aplicação da mencionada teorias jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII, a partir do momento
súmula para os cargos políticos, o que para a doutrina em geral não no qual foi reconhecida a existência de direitos perduráveis ao ho-
parece apropriado, tendo em vista que o princípio da moralidade é mem oponíveis ao Estado. Foi aplicado primeiramente no âmbito
um princípio geral e aplicável a toda a Administração Pública, vindo do Direito Administrativo, no “direito de polícia”, vindo a receber,
a alcançar, inclusive, os cargos de natureza política. na Alemanha, dignidade constitucional, a partir do momento em
que a doutrina e a jurisprudência passaram a afirmar que a propor-
Princípio da publicidade cionalidade seria um princípio implícito advindo do próprio Estado
Sua função é impor a divulgação e a exteriorização dos atos de Direito.
do Poder Público, nos ditames do art. 37 da CRFB/1988 e do art. Embora haja polêmica em relação à existência ou não de di-
2. ° da Lei 9.784/1999). Ressalta-se com grande importância que a ferenças existentes entre os princípios da razoabilidade e da pro-
transparência dos atos administrativos guarda estreita relação com porcionalidade, de modo geral, tem prevalecido a tese da fungibi-
o princípio democrático nos termos do art. 1. ° da CRFB/1988), vin- lidade entre os mencionados princípios que se relacionam e forma
do a possibilitar o exercício do controle social sobre os atos públicos paritária com os ideais igualdade, justiça material e racionalidade,
praticados pela Administração Pública em geral. Denota-se que a vindo a consubstanciar importantes instrumentos de contenção dos
atuação administrativa obscura e sigilosa é característica típica dos excessos cometidos pelo Poder Público.
Estados autoritários. Como se sabe, no Estado Democrático de Di- O princípio da proporcionalidade é subdividido em três sub-
reito, a regra determinada por lei, é a publicidade dos atos estatais, princípios:
com exceção dos casos de sigilo determinados e especificados por a) Adequação ou idoneidade: o ato praticado pelo Estado será
lei. Exemplo: a publicidade é um requisito essencial para a produ- adequado quando vier a contribuir para a realização do resultado
ção dos efeitos dos atos administrativos, é uma necessidade de mo- pretendido.
tivação dos atos administrativos. b) Necessidade ou exigibilidade: em decorrência da proibição
do excesso, existindo duas ou mais medidas adequadas para alcan-
Princípio da eficiência çar os fins perseguidos de interesse público, o Poder Público terá
Foi inserido no art. 37 da CRFB, por intermédio da EC 19/1998, o dever de adotar a medida menos agravante aos direitos funda-
com o fito de substituir a Administração Pública burocrática pela mentais.
Administração Pública gerencial. O intuito de eficiência está relacio- c) Proporcionalidade em sentido estrito: coloca fim a uma tí-
nado de forma íntima com a necessidade de célere efetivação das pica consideração, no caso concreto, entre o ônus imposto pela
finalidades públicas dispostas no ordenamento jurídico. Exemplo: atuação do Estado e o benefício que ela produz, motivo pelo qual
duração razoável dos processos judicial e administrativo, nos dita- a restrição ao direito fundamental deverá ser plenamente justifica-
mes do art. 5.0, LXXVIII, da CRFB/1988, inserido pela EC 45/2004), da, tendo em vista importância do princípio ou direito fundamental
bem como o contrato de gestão no interior da Administração (art. que será efetivado.
37 da CRFB) e com as Organizações Sociais (Lei 9.637/1998).
Em relação à circulação de riquezas, existem dois critérios que Princípio da supremacia do interesse público sobre o interes-
garantem sua eficiência: se privado (princípio da finalidade pública)
a) eficiência de Pareto (“ótimo de Pareto”): a medida se torna É considerado um pilar do Direito Administrativo tradicional,
eficiente se conseguir melhorar a situação de certa pessoa sem pio- tendo em vista que o interesse público pode ser dividido em duas
rar a situação de outrem. categorias:
b) eficiência de Kaldor-Hicks: as normas devem ser aplicadas de a) interesse público primário: encontra-se relacionado com a
forma a produzir o máximo de bem-estar para o maior número de necessidade de satisfação de necessidades coletivas promovendo
pessoas, onde os benefícios de “X” superam os prejuízos de “Y”). justiça, segurança e bem-estar através do desempenho de ativi-
dades administrativas que são prestadas à coletividade, como por
Ressalte-se, contudo, em relação aos critérios mencionados
exemplo, os serviços públicos, poder de polícia e o fomento, dentre
acima, que a eficiência não pode ser analisada apenas sob o prisma
outros.
econômico, tendo em vista que a Administração possui a obrigação
b) interesse público secundário: trata-se do interesse do pró-
de considerar outros aspectos fundamentais, como a qualidade do
prio Estado, ao estar sujeito a direitos e obrigações, encontra-se
serviço ou do bem, durabilidade, confiabilidade, dentre outros as-
ligando de forma expressa à noção de interesse do erário, imple-
pectos.
mentado através de atividades administrativas instrumentais que
são necessárias ao atendimento do interesse público primário.
Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade Exemplos: as atividades relacionadas ao orçamento, aos agentes
Nascido e desenvolvido no sistema da common law da Magna público e ao patrimônio público.
Carta de 1215, o princípio da razoabilidade o princípio surgiu no di-
reito norte-americano por intermédio da evolução jurisprudencial Princípio da continuidade
da cláusula do devido processo legal, pelas Emendas 5.’ e 14.’ da Encontra-se ligado à prestação de serviços públicos, sendo que
Constituição dos Estados Unidos, vindo a deixar de lado o seu cará- tal prestação gera confortos materiais para as pessoas e não pode
ter procedimental (procedural due process of law: direito ao contra- ser interrompida, levando em conta a necessidade permanente de
ditório, à ampla defesa, dentre outras garantias processuais) para, satisfação dos direitos fundamentais instituídos pela legislação.
por sua vez, incluir a versão substantiva (substantive due process of Tendo em vista a necessidade de continuidade do serviço pú-
law: proteção das liberdades e dos direitos dos indivíduos contra blico, é exigido regularidade na sua prestação. Ou seja, prestador
abusos do Estado). do serviço, seja ele o Estado, ou, o delegatório, deverá prestar o
Desde seus primórdios, o princípio da razoabilidade vem sendo serviço de forma adequada, em consonância com as normas vigen-
aplicado como forma de valoração pelo Judiciário, bem como da tes e, em se tratando dos concessionários, devendo haver respeito
constitucionalidade das leis e dos atos administrativos, demons- às condições do contrato de concessão. Em resumo, a continuidade
trando ser um dos mais importantes instrumentos de defesa dos pressupõe a regularidade, isso por que seria inadequado exigir que
direitos fundamentais dispostos na legislação pátria. o prestador continuasse a prestar um serviço de forma irregular.

53
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Mesmo assim, denota-se que a continuidade acaba por não Desta forma, o princípio constitucional da participação é o pio-
impor que todos os serviços públicos sejam prestados diariamente neiro da inclusão dos indivíduos na formação das tutelas jurídico-
e em período integral. Na realidade, o serviço público deverá ser -políticas, sendo também uma forma de controle social, devido aos
prestado sempre na medida em que a necessidade da população seus institutos participativos e consensuais.
vier a surgir, sendo lícito diferenciar a necessidade absoluta da ne-
cessidade relativa, onde na primeira, o serviço deverá ser prestado Princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
sem qualquer tipo interrupção, tendo em vista que a população ne- boa-fé
cessita de forma permanente da disponibilidade do serviço. Exem- Os princípios da segurança jurídica, da confiança legítima e da
plos: hospitais, distribuição de energia, limpeza urbana, dentre ou- boa-fé possuem importantes aspectos que os assemelham entre si.
tros.
O princípio da segurança jurídica está dividido em dois senti-
Princípio da autotutela dos:
Aduz que a Administração Pública possui o poder-dever de re- Objetivo: estabilização do ordenamento jurídico, levando em
ver os seus próprios atos, seja no sentido de anulá-los por vício de conta a necessidade de que sejam respeitados o direito adquirido,
legalidade, ou, ainda, para revogá-los por motivos de conveniência o ato jurídico perfeito e a coisa julgada (art. 5.°, XXXVI, da CRFB);
e de oportunidade, de acordo com a previsão contida nas Súmulas Subjetivo: infere a proteção da confiança das pessoas relacio-
346 e 473 do STF, e, ainda, como no art. 53 da Lei 9.784/1999. nadas às expectativas geradas por promessas e atos estatais.
A autotutela designa o poder-dever de corrigir ilegalidades,
bem como de garantir o interesse público dos atos editados pela Já o princípio da boa-fé tem sido dividido em duas acepções:
própria Administração, como por exemplo, a anulação de ato ilegal Objetiva: diz respeito à lealdade e à lisura da atuação dos par-
e revogação de ato inconveniente ou inoportuno. ticulares;
Fazendo referência à autotutela administrativa, infere-se que Subjetiva: está ligada à relação com o caráter psicológico da-
esta possui limites importantes que, por sua vez, são impostos ante quele que atuou em conformidade com o direito. Esta caracteriza-
à necessidade de respeito à segurança jurídica e à boa-fé dos parti- ção da confiança legítima depende em grande parte da boa-fé do
culares de modo geral. particular, que veio a crer nas expectativas que foram geradas pela
atuação do Estado.
Princípios da consensualidade e da participação Condizente à noção de proteção da confiança legítima, verifi-
Segundo Moreira Neto, a participação e a consensualidade tor- ca-se que esta aparece em forma de uma reação frente à utilização
naram-se decisivas para as democracias contemporâneas, pelo fato abusiva de normas jurídicas e de atos administrativos que termi-
de contribuem no aprimoramento da governabilidade, vindo a fazer nam por surpreender os seus receptores.
a praticar a eficiência no serviço público, propiciando mais freios Em decorrência de sua amplitude, princípio da segurança jurí-
contra o abuso, colocando em prática a legalidade, garantindo a dica, inclui na sua concepção a confiança legítima e a boa-fé, com
atenção a todos os interesses de forma justa, propiciando decisões supedâneo em fundamento constitucional que se encontra implí-
mais sábias e prudentes usando da legitimidade, desenvolvendo a cito na cláusula do Estado Democrático de Direito no art. 1.° da
responsabilidade das pessoas por meio do civismo e tornando os CRFB/1988, na proteção do direito adquirido, do ato jurídico perfei-
comandos estatais mais aceitáveis e mais fáceis de ser obedecidos. to e da coisa julgada de acordo com o art. 5.0, XXXVI, da CRFB/1988.
Desta forma, percebe-se que a atividade de consenso entre o Por fim, registra-se que em âmbito infraconstitucional, o
Poder Público e particulares, ainda que de maneira informal, veio a princípio da segurança jurídica é mencionado no art. 2. ° da Lei
assumir um importante papel no condizente ao processo de iden- 9.784/1999, vindo a ser caracterizado por meio da confiança legíti-
tificação de interesses públicos e privados que se encontram sob a ma, pressupondo o cumprimento dos seguintes requisitos:
tutela da Administração Pública. a) ato da Administração suficientemente conclusivo para gerar
Assim sendo, com a aplicação dos princípios da consensualida- no administrado (afetado) confiança em um dos seguintes casos:
de e da participação, a administração termina por voltar-se para a confiança do afetado de que a Administração atuou corretamente;
coletividade, vindo a conhecer melhor os problemas e aspirações confiança do afetado de que a sua conduta é lícita na relação jurídi-
da sociedade, passando a ter a ter atividades de mediação para ca que mantém com a Administração; ou confiança do afetado de
resolver e compor conflitos de interesses entre várias partes ou que as suas expectativas são razoáveis;
entes, surgindo daí, um novo modo de agir, não mais colocando o b) presença de “signos externos”, oriundos da atividade admi-
ato como instrumento exclusivo de definição e atendimento do in- nistrativa, que, independentemente do caráter vinculante, orien-
teresse público, mas sim em forma de atividade aberta para a cola- tam o cidadão a adotar determinada conduta;
boração dos indivíduos, passando a ter importância o momento do c) ato da Administração que reconhece ou constitui uma situa-
consenso e da participação. ção jurídica individualizada (ou que seja incorporado ao patrimônio
De acordo com Vinícius Francisco Toazza, “o consenso na toma- jurídico de indivíduos determinados), cuja durabilidade é confiável;
da de decisões administrativas está refletido em alguns institutos d) causa idônea para provocar a confiança do afetado (a con-
jurídicos como o plebiscito, referendo, coleta de informações, con- fiança não pode ser gerada por mera negligência, ignorância ou to-
selhos municipais, ombudsman, debate público, assessoria externa lerância da Administração); e
ou pelo instituto da audiência pública. Salienta-se: a decisão final e) cumprimento, pelo interessado, dos seus deveres e obriga-
é do Poder Público; entretanto, ele deverá orientar sua decisão o ções no caso.
mais próximo possível em relação à síntese extraída na audiência do
interesse público. Nota-se que ocorre a ampliação da participação
dos interessados na decisão”, o que poderá gerar tanto uma “atua-
ção coadjuvante” como uma “atuação determinante por parte de
interessados regularmente habilitados à participação” (MOREIRA
NETO, 2006, p. 337-338).

54
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Criação, extinção e capacidade processual dos órgãos públicos
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. ADMINISTRAÇÃO Os arts. 48, XI e 61, § 1º da CFB/1988 dispõem que a criação
DIRETA E INDIRETA, CENTRALIZADA E DESCENTRALI- e a extinção de órgãos da administração pública dependem de lei
ZADA. AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLI- de iniciativa privativa do chefe do Executivo a quem compete, de
CAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA forma privada, e por meio de decreto, dispor sobre a organização
e funcionamento desses órgãos públicos, quando não ensejar au-
Administração direta e indireta mento de despesas nem criação ou extinção de órgãos públicos
A princípio, infere-se que Administração Direta é correspon- (art. 84, VI, b, CF/1988). Desta forma, para que haja a criação e ex-
dente aos órgãos que compõem a estrutura das pessoas federativas tinção de órgãos, existe a necessidade de lei, no entanto, para dis-
que executam a atividade administrativa de maneira centralizada. O por sobre a organização e o funcionamento, denota-se que poderá
vocábulo “Administração Direta” possui sentido abrangente vindo a ser utilizado ato normativo inferior à lei, que se trata do decreto.
compreender todos os órgãos e agentes dos entes federados, tanto Caso o Poder Executivo Federal desejar criar um Ministério a mais,
os que fazem parte do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do o presidente da República deverá encaminhar projeto de lei ao Con-
Poder Judiciário, que são os responsáveis por praticar a atividade gresso Nacional. Porém, caso esse órgão seja criado, sua estrutu-
administrativa de maneira centralizada. ração interna deverá ser feita por decreto. Na realidade, todos os
Já a Administração Indireta, é equivalente às pessoas jurídicas regimentos internos dos ministérios são realizados por intermédio
criadas pelos entes federados, que possuem ligação com as Admi- de decreto, pelo fato de tal ato se tratar de organização interna do
nistrações Diretas, cujo fulcro é praticar a função administrativa de órgão. Vejamos:
maneira descentralizada.
Tendo o Estado a convicção de que atividades podem ser exer- ÓRGÃO — é criado por meio de lei.
cidas de forma mais eficaz por entidade autônoma e com persona- ORGANIZAÇÃO INTERNA — pode ser feita por DECRETO, des-
lidade jurídica própria, o Estado transfere tais atribuições a particu- de que não provoque aumento de despesas, bem como a criação
lares e, ainda pode criar outras pessoas jurídicas, de direito público ou a extinção de outros órgãos.
ou de direito privado para esta finalidade. Optando pela segunda ÓRGÃOS DE CONTROLE — Trata-se dos prepostos a fiscalizar e
opção, as novas entidades passarão a compor a Administração Indi- controlar a atividade de outros órgãos e agentes”. Exemplo: Tribu-
reta do ente que as criou e, por possuírem como destino a execução nal de Contas da União.
especializado de certas atividades, são consideradas como sendo
manifestação da descentralização por serviço, funcional ou técnica, Pessoas administrativas
de modo geral. Explicita-se que as entidades administrativas são a própria Ad-
ministração Indireta, composta de forma taxativa pelas autarquias,
Desconcentração e Descentralização fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia
Consiste a desconcentração administrativa na distribuição in- mista.
terna de competências, na esfera da mesma pessoa jurídica. Assim De forma contrária às pessoas políticas, tais entidades, nao são
sendo, na desconcentração administrativa, o trabalho é distribuído reguladas pelo Direito Administrativo, não detendo poder político
entre os órgãos que integram a mesma instituição, fato que ocorre
e encontram-se vinculadas à entidade política que as criou. Não
de forma diferente na descentralização administrativa, que impõe
existe hierarquia entre as entidades da Administração Pública in-
a distribuição de competência para outra pessoa, física ou jurídica.
direta e os entes federativos que as criou. Ocorre, nesse sentido,
Ocorre a desconcentração administrativa tanto na administra-
uma vinculação administrativa em tais situações, de maneira que os
ção direta como na administração indireta de todos os entes fede-
entes federativos somente conseguem manter-se no controle se as
rativos do Estado. Pode-se citar a título de exemplo de desconcen-
entidades da Administração Indireta estiverem desempenhando as
tração administrativa no âmbito da Administração Direta da União,
funções para as quais foram criadas de forma correta.
os vários ministérios e a Casa Civil da Presidência da República; em
âmbito estadual, o Ministério Público e as secretarias estaduais,
dentre outros; no âmbito municipal, as secretarias municipais e Pessoas políticas
as câmaras municipais; na administração indireta federal, as várias As pessoas políticas são os entes federativos previstos na Cons-
agências do Banco do Brasil que são sociedade de economia mista, tituição Federal. São eles a União, os Estados, o Distrito Federal e os
ou do INSS com localização em todos os Estados da Federação. Municípios. Denota-se que tais pessoas ou entes, são regidos pelo
Ocorre que a desconcentração enseja a existência de vários Direito Constitucional, vindo a deter uma parcela do poder político.
órgãos, sejam eles órgãos da Administração Direta ou das pessoas Por esse motivo, afirma-se que tais entes são autônomos, vindo a
jurídicas da Administração Indireta, e devido ao fato desses órgãos se organizar de forma particular para alcançar as finalidades aven-
estarem dispostos de forma interna, segundo uma relação de su- çadas na Constituição Federal.
bordinação de hierarquia, entende-se que a desconcentração admi- Assim sendo, não se confunde autonomia com soberania, pois,
nistrativa está diretamente relacionada ao princípio da hierarquia. ao passo que a autonomia consiste na possibilidade de cada um dos
Registra-se que na descentralização administrativa, ao invés entes federativos organizar-se de forma interna, elaborando suas
de executar suas atividades administrativas por si mesmo, o Estado leis e exercendo as competências que a eles são determinadas pela
transfere a execução dessas atividades para particulares e, ainda a Constituição Federal, a soberania nada mais é do que uma caracte-
outras pessoas jurídicas, de direito público ou privado. rística que se encontra presente somente no âmbito da República
Explicita-se que, mesmo que o ente que se encontre distribuin- Federativa do Brasil, que é formada pelos referidos entes federati-
do suas atribuições e detenha controle sobre as atividades ou ser- vos.
viços transferidos, não existe relação de hierarquia entre a pessoa
que transfere e a que acolhe as atribuições. Autarquias
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno,
criadas por lei específica para a execução de atividades especiais e
típicas da Administração Pública como um todo. Com as autarquias,

55
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a descentralizar Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a
determinadas atividades para entidades eivadas de maior especia- exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será per-
lização. mitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional
As autarquias são especializadas em sua área de atuação, dan- ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A
do a ideia de que os serviços por elas prestados são feitos de forma lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da socieda-
mais eficaz e venham com isso, a atingir de maneira contundente a de de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
sua finalidade, que é o bem comum da coletividade como um todo. econômica de produção ou comercialização de bens ou de presta-
Por esse motivo, aduz-se que as autarquias são um serviço público ção de serviços, dispondo sobre:
descentralizado. Assim, devido ao fato de prestarem esse serviço I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela
público especializado, as autarquias acabam por se assemelhar em sociedade;
tudo o que lhes é possível, ao entidade estatal a que estiverem ser- II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas priva-
vindo. Assim sendo, as autarquias se encontram sujeitas ao mesmo das, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, tra-
regime jurídico que o Estado. Nos dizeres de Hely Lopes Meirelles, balhistas e tributários;
as autarquias são uma “longa manus” do Estado, ou seja, são exe- III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alie-
cutoras de ordens determinadas pelo respectivo ente da Federação nações, observados os princípios da Administração Pública;
a que estão vinculadas. IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de Admi-
As autarquias são criadas por lei específica, que de forma obri- nistração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;
gacional deverá ser de iniciativa do Chefe do Poder Executivo do V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabili-
ente federativo a que estiver vinculada. Explicita-se também que dade dos administradores
a função administrativa, mesmo que esteja sendo exercida tipica-
mente pelo Poder Executivo, pode vir a ser desempenhada, em re- Vejamos em síntese, algumas características em comum das
gime totalmente atípico pelos demais Poderes da República. Em tais empresas públicas e das sociedades de economia mista:
situações, infere-se que é possível que sejam criadas autarquias no • Devem realizar concurso público para admissão de seus em-
âmbito do Poder Legislativo e do Poder Judiciário, oportunidade na pregados;
qual a iniciativa para a lei destinada à sua criação, deverá, obriga- • Não estão alcançadas pela exigência de obedecer ao teto
toriamente, segundo os parâmetros legais, ser feita pelo respectivo constitucional;
Poder. • Estão sujeitas ao controle efetuado pelos Tribunais de Contas,
bem como ao controle do Poder Legislativo;
Empresas Públicas • Não estão sujeitas à falência;
• Devem obedecer às normas de licitação e contrato adminis-
Sociedades de Economia Mista trativo no que se refere às suas atividades-meio;
São a parte da Administração Indireta mais voltada para o di- • Devem obedecer à vedação à acumulação de cargos prevista
reito privado, sendo também chamadas pela maioria doutrinária de constitucionalmente;
empresas estatais. • Não podem exigir aprovação prévia, por parte do Poder Legis-
Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de economia lativo, para nomeação ou exoneração de seus diretores.
mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divididas
entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente atuan- Fundações e outras entidades privadas delegatárias
tes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, obtemos Identifica-se no processo de criação das fundações privadas,
dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades de eco- duas características que se encontram presentes de forma contun-
nomia mista. dente, sendo elas a doação patrimonial por parte de um instituidor
Ressalta-se que ao passo que as empresas estatais explorado- e a impossibilidade de terem finalidade lucrativa.
ras de atividade econômica estão sob a égide, no plano constitu- O Decreto 200/1967 e a Constituição Federal Brasileira de 1988
cional, pelo art. 173, sendo que a sua atividade se encontra regida conceituam Fundação Pública como sendo um ente de direito pre-
pelo direito privado de maneira prioritária, as empresas estatais dominantemente de direito privado, sendo que a Constituição Fe-
prestadoras de serviço público são reguladas, pelo mesmo diploma deral dá à Fundação o mesmo tratamento oferecido às Sociedades
legal, pelo art. 175, de maneira que sua atividade é regida de forma de Economia Mista e às Empresas Públicas, que permite autoriza-
exclusiva e prioritária pelo direito público. ção da criação, por lei e não a criação direta por lei, como no caso
das autarquias.
Observação importante: todas as empresas estatais, sejam Entretanto, a doutrina majoritária e o STF aduzem que a Fun-
prestadoras de serviços públicos ou exploradoras de atividade eco- dação Pública poderá ser criada de forma direta por meio de lei
nômica, possuem personalidade jurídica de direito privado. específica, adquirindo, desta forma, personalidade jurídica de direi-
to público, vindo a criar uma Autarquia Fundacional ou Fundação
O que diferencia as empresas estatais exploradoras de ativida- Autárquica.
de econômica das empresas estatais prestadoras de serviço público
é a atividade que exercem. Assim, sendo ela prestadora de serviço Observação importante: a autarquia é definida como serviço
público, a atividade desempenhada é regida pelo direito público, personificado, ao passo que uma autarquia fundacional é concei-
nos ditames do artigo 175 da Constituição Federal que determina tuada como sendo um patrimônio de forma personificada destina-
que “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou do a uma finalidade específica de interesse social.
sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação,
a prestação de serviços públicos.” Já se for exploradora de atividade Vejamos como o Código Civil determina:
econômica, como maneira de evitar que o princípio da livre con- Art. 41 - São pessoas jurídicas de direito público interno:(...)
corrência reste-se prejudicado, as referidas atividades deverão ser IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
reguladas pelo direito privado, nos ditames do artigo 173 da Consti- V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
tuição Federal, que assim determina:

56
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
No condizente à Constituição, denota-se que esta não faz dis- VIII – promoção do desenvolvimento econômico e social e com-
tinção entre as Fundações de direito público ou de direito privado. bate à pobreza;
O termo Fundação Pública é utilizado para diferenciar as fundações IX – experimentação, não lucrativa, de novos modelos sociopro-
da iniciativa privada, sem que haja qualquer tipo de ligação com a dutivos e de sistemas alternativos de produção, comércio, emprego
Administração Pública. e crédito;
No entanto, determinadas distinções poderão ser feitas, como X – promoção de direitos estabelecidos, construção de novos
por exemplo, a imunidade tributária recíproca que é destinada so- direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar;
mente às entidades de direito público como um todo. Registra-se XI – promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos hu-
que o foro de ambas é na Justiça Federal. manos, da democracia e de outros valores universais;
XII – estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias al-
Delegação Social ternativas, produção e divulgação de informações e conhecimentos
Organizações sociais técnicos e científicos que digam respeito às atividades mencionadas
As organizações sociais são entidades privadas que recebem neste artigo.
o atributo de Organização Social. Várias são as entidades criadas
por particulares sob a forma de associação ou fundação que de- A lei das Oscips apresenta um rol de entidades que não podem
sempenham atividades de interesse público sem fins lucrativos. Ao receber a qualificação. Vejamos:
passo que algumas existem e conseguem se manter sem nenhuma Art. 2º Não são passíveis de qualificação como Organizações
ligação com o Estado, existem outras que buscam se aproximar do da Sociedade Civil de Interesse Público, ainda que se dediquem de
Estado com o fito de receber verbas públicas ou bens públicos com qualquer forma às atividades descritas no art. 3º desta Lei:
o objetivo de continuarem a desempenhar sua atividade social. Nos I – as sociedades comerciais;
parâmetros da Lei 9.637/1998, o Poder Executivo Federal poderá II – os sindicatos, as associações de classe ou de representação
constituir como Organizações Sociais pessoas jurídicas de direito de categoria profissional;
privado, que não sejam de fins lucrativos, cujas atividades sejam III – as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação
dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tec- de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais;
nológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à IV – as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas
saúde, atendidos os requisitos da lei. Ressalte-se que as entidades fundações;
privadas que vierem a atuar nessas áreas poderão receber a quali- V – as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar
ficação de OSs. bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios;
Lembremos que a Lei 9.637/1998 teve como fulcro transferir os VI – as entidades e empresas que comercializam planos de saú-
serviços que não são exclusivos do Estado para o setor privado, por de e assemelhados;
intermédio da absorção de órgãos públicos, vindo a substituí-los VII – as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas
por entidades privadas. Tal fenômeno é conhecido como publiciza- mantenedoras;
ção. Com a publicização, quando um órgão público é extinto, logo, VIII – as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gra-
outra entidade de direito privado o substitui no serviço anterior- tuito e suas mantenedoras;
mente prestado. Denota-se que o vínculo com o poder público para IX – as Organizações Sociais;
que seja feita a qualificação da entidade como organização social é X – as cooperativas;
estabelecido com a celebração de contrato de gestão. Outrossim, as
Por fim, registre-se que o vínculo de união entre a entidade
Organizações Sociais podem receber recursos orçamentários, utili-
e o Estado é denominado termo de parceria e que para a qualifi-
zação de bens públicos e servidores públicos.
cação de uma entidade como Oscip, é exigido que esta tenha sido
constituída e se encontre em funcionamento regular há, pelo me-
Organizações da sociedade civil de interesse público
nos, três anos nos termos do art. 1º, com redação dada pela Lei n.
São conceituadas como pessoas jurídicas de direito privado,
13.019/2014. O Tribunal de Contas da União tem entendido que
sem fins lucrativos, nas quais os objetivos sociais e normas estatu-
o vínculo firmado pelo termo de parceria por órgãos ou entidades
tárias devem obedecer aos requisitos determinados pelo art. 3º da
da Administração Pública com Organizações da Sociedade Civil de
Lei n. 9.790/1999. Denota-se que a qualificação é de competência Interesse Público não é demandante de processo de licitação. De
do Ministério da Justiça e o seu âmbito de atuação é parecido com acordo com o que preceitua o art. 23 do Decreto n. 3.100/1999,
o da OS, entretanto, é mais amplo. Vejamos: deverá haver a realização de concurso de projetos pelo órgão es-
Art. 3º A qualificação instituída por esta Lei, observado em tatal interessado em construir parceria com Oscips para que venha
qualquer caso, o princípio da universalização dos serviços, no res- a obter bens e serviços para a realização de atividades, eventos,
pectivo âmbito de atuação das Organizações, somente será conferi- consultorias, cooperação técnica e assessoria.
da às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos
objetivos sociais tenham pelo menos uma das seguintes finalidades: Entidades de utilidade pública
I – promoção da assistência social; O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado trouxe em
II – promoção da cultura, defesa e conservação do patrimônio seu bojo, dentre várias diretrizes, a publicização dos serviços esta-
histórico e artístico; tais não exclusivos, ou seja, a transferência destes serviços para o
III – promoção gratuita da educação, observando-se a forma setor público não estatal, o denominado Terceiro Setor.
complementar de participação das organizações de que trata esta Podemos incluir entre as entidades que compõem o Terceiro
Lei; Setor, aquelas que são declaradas como sendo de utilidade pública,
IV – promoção gratuita da saúde, observando-se a forma com- os serviços sociais autônomos, como SESI, SESC, SENAI, por exem-
plementar de participação das organizações de que trata esta Lei; plo, as organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade civil
V – promoção da segurança alimentar e nutricional; de interesse público (OSCIP).
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e É importante explicitar que o crescimento do terceiro setor
promoção do desenvolvimento sustentável; VII – promoção do vo- está diretamente ligado à aplicação do princípio da subsidiarieda-
luntariado; de na esfera da Administração Pública. Por meio do princípio da

57
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
subsidiariedade, cabe de forma primária aos indivíduos e às orga- Para evitar esse tipo de distorção, Montesquieu propôs a teoria
nizações civis o atendimento dos interesses individuais e coletivos. dos freios e contrapesos, por meio da qual os poderes constituídos
Assim sendo, o Estado atua apenas de forma subsidiária nas de- possuem a incumbência de controlar, freando e contrabalanceando
mandas que, devido à sua própria natureza e complexidade, não as atuações dos demais poderes, de maneira que cada um deles
puderam ser atendidas de maneira primária pela sociedade. Dessa tenha autonomia, possua liberdade, porém, uma liberdade sob vi-
maneira, o limite de ação do Estado se encontraria na autossufi- gilância. Nesse sentido, o Poder Legislativo edita leis que podem ser
ciência da sociedade. vetadas ou freadas pelo Poder Executivo, que poderá ter seu veto
Em relação ao Terceiro Setor, o Plano Diretor do Aparelho do derrubado ou freado pelo Poder Legislativo. Ou seja, não concor-
Estado previa de forma explícita a publicização de serviços públicos dando o Executivo com a derrubada de um veto vindo a entender
estatais que não são exclusivos. A expressão publicização significa que a lei aprovada seja inconstitucional, deterá o poder de incumbir
a transferência, do Estado para o Terceiro Setor, ou seja um setor a matéria à análise do Poder Judiciário que irá dirimir o conflito, como
público não estatal, da execução de serviços que não são exclusivos por exemplo, uma ADI ajuizada pelo Presidente da República. O Judi-
do Estado, vindo a estabelecer um sistema de parceria entre o Es- ciário contém os membros de sua cúpula (STF), que são indicados pelo
tado e a sociedade para o seu financiamento e controle, como um chefe de outro Poder, no caso, o Presidente da República, sendo a in-
todo. Tal parceria foi posteriormente modernizada com as leis que dicação restrita à aprovação de uma das Casas do Parlamento (Senado
instituíram as organizações sociais e as organizações da sociedade Federal), o que acaba por ser uma espécie de controle prévio.
civil de interesse público. Desta maneira, percebe-se que no Estado Democrático de Di-
O termo publicização também é atribuído a um segundo sen- reito, o próprio ordenamento jurídico dispõe de mecanismos que
tido adotado por algumas correntes doutrinárias, que corresponde possibilitam o controle de toda a atuação do Estado. Tais instru-
à transformação de entidades públicas em entidades privadas sem mentos tem como objetivo, garantir que tal atuação se mantenha
fins lucrativos. sempre consolidada com o direito, visando ao interesse público e
No que condizente às características das entidades que com- mantendo o respeito aos direitos dos administrados.
põem o Terceiro Setor, a ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro enten- Em relação à localização do órgão de controle, infere-se que
de que todas elas possuem os mesmos traços, sendo eles: pode ser interno ou externo. Vejamos:
• Controle interno: é realizado por órgãos de um Poder sobre-
1. Não são criadas pelo Estado, ainda que algumas delas te- pondo condutas que são praticadas na direção desse mesmo Poder,
nham sido autorizadas por lei; ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica da Administração
2. Em regra, desempenham atividade privada de interesse pú- indireta sobre atos que foram praticados pela própria pessoa jurídi-
blico (serviços sociais não exclusivos do Estado); ca da qual faz parte. No controle interno o órgão controlador encon-
3. Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público; tra-se inserido na estrutura administrativa que deve ser controlada.
4. Muitas possuem algum vínculo com o Poder Público e, por Em alguns casos, o controle interno decorre da hierarquia, pois
isso, são obrigadas a prestar contas dos recursos públicos à Admi- esta possibilita aos órgãos hierarquicamente superiores controlar
nistração os atos praticados pelos que lhe são subordinados. Em resumo, o
5. Pública e ao Tribunal de Contas; controle interno que venha a depender da existência de hierarquia
6. Possuem regime jurídico de direito privado, porém derroga- entre controlador e controlado, é aquele exercido pelas chefias sobre
do parcialmente por normas direito público; seus subordinados, sendo o tradicional “sistema de controle inter-
no” é organizado por lei incumbida de lhe definir as atribuições, não
Assim, estas entidades integram o Terceiro Setor pelo fato de dependendo de hierarquia para o exercício de suas prerrogativas.
não se enquadrarem inteiramente como entidades privadas e tam- • Controle externo: é realizado por órgão estranho à estrutu-
bém porque não integram a Administração Pública Direta ou Indi- ra do Poder controlado. Verificamos tal fato, em termos práticos,
reta. quando por exemplo, um Tribunal de Contas Estadual passa a julgar
Convém mencionar que, como as entidades do Terceiro Setor as contas no âmbito dos poderes legislativo ou judiciário.
são constituídas sob a forma de pessoa jurídica de direito privado,
seu regime jurídico, normalmente, via regra geral, é de direito pri- Controle Judicial
vado. Acontece que pelo fato de estas gozarem normalmente de Registremos, a princípio, que o controle judicial da Administra-
algum incentivo do setor público, também podem lhes ser aplicá- ção Pública, trata-se daquele exercido pelo Poder Judiciário, quan-
veis algumas normas de direito público. Esse é o motivo pelo qual a do em exercício de função jurisdicional, sobre os atos administra-
conceituada professora afirma que o regime jurídico aplicado às en- tivos do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do próprio Poder
tidades que integram o Terceiro Setor é de direito privado, podendo
Judiciário. O controle judicial é aquele por meio do qual, o Poder
ser modificado de maneira parcial por normas de direito público.
Judiciário, ao exercer de a função jurisdicional, aprecia a juridicida-
de que engloba a regularidade, a legalidade e a constitucionalidade
da conduta administrativa.
CONTROLE E RESPONSABILIZAÇÃO DA ADMINISTRA- Denota-se que o controle externo da Administração por meio
ÇÃO. CONTROLE ADMINISTRATIVO. CONTROLE JUDI- do Poder Judiciário foi majorado e fortalecido pela Constituição
CIAL. CONTROLE LEGISLATIVO Federal de 1988, tendo previsto novos instrumentos de controle,
como por exemplo, o mandado de segurança coletivo, o mandado
Controle exercido pela Administração Pública (controle inter- de injunção e o habeas data.
no) O Brasil, contemporaneamente adota o sistema de unidade de
A princípio, infere-se que a teoria da separação dos poderes jurisdição, também conhecido por sistema de monopólio de juris-
possui em sua essência, de acordo com Montesquieu, o objetivo dição ou sistema inglês, por intermédio do qual o Poder Judiciário
certo de limitar arbítrios de maneira que venha a proteger os direi- possui a exclusividade da função jurisdicional, vindo a inferir que
tos individuais. Isso por que, grande parte dos detentores do Poder somente as decisões judiciais fazem coisa julgada em sentido pró-
tende a adquirir mais poder, situação tal, que, caso não esteja sujei- prio, vindo a tornar-se juridicamente insuscetíveis de serem modi-
ta a controle, culminará no abuso, ou até no absolutismo. ficadas.

58
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Desta maneira, percebe-se que a decisão que é proferida pela Controle Legislativo
Administração Pública ou, ainda, qualquer ato administrativo en- O controle legislativo é aquele executado pelo Poder Legisla-
contram-se passíveis de revisão pelo Poder Judiciário. tivo sobre as autoridades e os órgãos dos outros poderes, como
É importante registrar que o fundamento da adoção do siste- ocorre por exemplo, nos casos de convocação de autoridades com o
ma de unidade jurisdicional no Brasil é a previsão que se encontra objetivo de prestar esclarecimentos ou, ainda, do controle externo
inserida no art. 5º, XXXV, da CFB/1988, por meio da qual ficou es- exercido pelo Poder Legislativo auxiliado pelo Tribunal de Contas.
tabelecido que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário O controle legislativo, também denominado de controle parla-
lesão ou ameaça a direito”. mentar, se refere àquele no qual o Poder Legislativo exerce poder
Há países, que de forma diferente do Brasil, adotam o sistema sobre os atos do Poder Executivo e sobre os atos do Poder Judi-
de dualidade de jurisdição ou sistema do contencioso administrati- ciário, sendo este último somente no que condiz ao desempenho
vo ou sistema francês. Denota-se que nesses países, a função juris- da função administrativa. Trata-se assim, o controle parlamentar de
dicional é exercida por duas estruturas orgânicas que são regidas um controle externo sobre os demais Poderes.
de forma independente, sendo elas a Justiça Judiciária e a Justiça Infere-se que a estrutura do Poder Legislativo Brasileira deve
Administrativa, posto que cada uma profere decisão com força de ser verificada com atenção às peculiaridades de cada ente federa-
coisa julgada no âmbito de suas competências. do, posto que não somente o princípio da simetria, como também
Referente à Justiça Administrativa, explica-se que no sistema as regras específicas que a Constituição Federal predispõe para os
de dualidade de jurisdição, esta é composta por juízes e tribunais âmbitos federal, estadual, municipal e distrital.
administrativos cuja competência cuida-se em geral, de resolver Em análise ao plano federal, verifica-se que vigora o bicamera-
litígios nos quais o Poder Público seja parte. Pareando a Justiça Ad- lismo federativo, sendo o Poder Legislativo Federal composto por
ministrativa, está a Justiça Judiciária, composta por órgãos do Poder duas Casas: a Câmara dos Deputados que é composta por represen-
Judiciário, tendo competência para julgar com definitividade confli- tantes do povo e o Senado Federal que é composto por represen-
tos que envolvam somente particulares. tantes dos Estados-membros e do Distrito Federal.
Pondera-se que o controle exercido pelo Poder Judiciário, via De acordo com o sistema constitucional, o controle parlamen-
de regra, será sempre um controle de legalidade ou legitimidade do tar pode ser exercido: a) por uma das Casas isoladamente; b) pelas
ato administrativo. No exercício da função jurisdicional, os Magis- duas Casas reunidas em sessão conjunta; c) pela mesa diretora do
trados não apreciam o mérito do ato administrativo, não analisando Congresso Nacional ou de cada Casa; d) pelas comissões do Con-
a conveniência e a oportunidade da prática do ato. gresso Nacional ou de cada Casa.
Devido ao fato de se tratar de um controle de legalidade ou Levando em conta o princípio da simetria de organização, as
de legitimidade, sempre que o ato estiver eivado de algum vício, a regras mencionadas também devem ser aplicadas, no que lhes cou-
decisão judicial será revertida no sentido de anulação do ato admi- ber, ao Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal e distrital,
nistrativo que se encontra viciado. Vale enfatizar que não é cabível desde que realizadas as devidas adaptações, principalmente aque-
no exercício da função jurisdicional a revogação do ato administra- las que advém do fato de nos planos estadual, municipal e distrital a
tivo, tendo em vista que esta pressupõe a análise do mérito do ato. organização do Poder Legislativo serem do tipo unicameral.
É de suma importância destacar que o controle judicial possui Com fundamento no princípio da autotutela, o Poder Legislati-
abrangência tanto em relação aos atos vinculados quanto aos dis- vo também possui o poder de exercer o controle interno sobre os
cricionários, posto que ambos devem obedecer aos requisitos de seus próprios atos. Nessa situação, aduz-se que o Poder Legislativo
validade como a competência, a forma e a finalidade. Desta forma, estará realizando um controle administrativo interno. Esse é o mo-
é possível que tanto os atos administrativos vinculados quanto os tivo pelo qual quando falamos no controle parlamentar, estamos
discricionários venham a apresentar vícios de legalidade ou ilegiti- abordando somente o controle externo exercido pelo Poder Legis-
midade, em decorrência dos quais poderão vir a ser anulados pelo lativo.
Poder Judiciário quando estiver no exercício do controle jurisdicio- Destaca-se que o controle que o Poder Legislativo detém sobre
nal. a Administração Pública, encontra-se limitado às hipóteses previs-
Explicita-se que o controle judicial da Administração, de modo tas na Constituição Federal. Isso ocorre, por que porque caso con-
geral, é sempre provocado, isso por que ele depende da iniciativa trário, haveria inferiorização do princípio da separação dos poderes.
de alguma pessoa, que poderá ser física ou jurídica. Qualquer pes- Acontece que em razão disso, não podem leis ordinárias, comple-
soa que tenha a pretensão de provocar o controle da administração mentares ou Constituições Estaduais predispor outras modalidades
pelo Poder Judiciário, deverá, de antemão, propor judicialmente a de controle diversas das que são previstas na Constituição Federal,
ação cabível para o alcance desse objetivo. sob risco de ferir o mesmo princípio.
Por fim, diga-se de passagem, que existem várias espécies de De modo geral, a doutrina diferencia dois tipos de controle le-
ações judiciais que permitem ao Judiciário apreciar lesão ou amea- gislativo: o político e o financeiro.
ça a direito decorrente de ato administrativo. Exemplos: o habeas O controle financeiro é exercido com o auxílio dos tribunais de
corpus, o habeas data, o mandado de injunção, etc. A relação das contas. Já o controle político, alcança aspectos de legalidade e de
ações que dão possibilidade ao controle judicial da Administração mérito, vindo a ser preventivo, concomitante ou repressivo, con-
será sempre a título de exemplificação, tendo em vista que o con- forme o caso.
trole pode ser exercido, inclusive, por intermédio de ação judicial
ordinária sem denominação especial ou específica. Formas de controle político:
1. Da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, art.
Nota: a Emenda Constitucional 45/2004 ao introduzir no di- 49): resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos inter-
reito brasileiro o instituto das súmulas vinculantes, inaugurou um nacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
novo mecanismo de controle judicial da Administração Pública, ato patrimônio nacional; autorizar o Presidente da República a declarar
por meio do qual passou-se a admitir o cabimento de reclamação guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transi-
ao STF contra ato administrativo que contrarie súmulas vinculantes tem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamen-
editadas pela Corte Suprema. te, ressalvados os casos previstos em lei complementar; autorizar
o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do

59
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
País, quando a ausência exceder a quinze dias; aprovar o estado de cação adequada; as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou sus- Federal poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Mi-
pender qualquer uma dessas medidas; sustar os atos normativos nistros de Estado ou a quaisquer titulares de órgãos diretamente
do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos subordinados à Presidência da República, importando em crime de
limites de delegação legislativa; julgar anualmente as contas pres- responsabilidade a recusa, ou o não atendimento, no prazo de trin-
tadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a ta dias, bem como a prestação de informações falsas.
execução dos planos de governo; fiscalizar e controlar, diretamente, Por fim, em relação ao controle político legislativo, cabe espe-
ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluí- cial destaque referente ao controle exercido pelas comissões parla-
dos os da administração indireta; apreciar os atos de concessão e mentares de inquérito (CPIs).
renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão; aprovar As CPIs são comissões temporárias designadas a investigar fato
iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; au- certo e determinado e fazem parte do contexto de uma das funções
torizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de típicas do Parlamento que é a função de fiscalização.
recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; aprovar, De acordo com a Constituição Federal, as comissões parlamen-
previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área tares de inquérito possuem poderes de investigação que são pró-
superior a dois mil e quinhentos hectares. prios das autoridades judiciais, além de outros poderes que estão
previstos nos regimentos das Casas Legislativa. As CPIs são criadas
2. Da competência privativa do Senado Federal (CF, art. 52): pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, seja em conjun-
processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República to ou de forma separada mediante pugnação de um terço de seus
nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Esta- membros, com o objetivo de apurar fato determinado e por prazo
do e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica certo, sendo que as suas conclusões, quando for preciso, serão en-
nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; processar e caminhadas ao Ministério Público, para que este órgão promova a
julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do responsabilidade civil ou criminal dos infratores, nos termos dispos-
Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério tos no art. 58, § 3º da CFB/1988.
Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da Em decorrência do exercício dos seus poderes de investigação,
União nos crimes de responsabilidade; autorizar operações exter- a CPI é dotada de ato próprio, sem a necessidade de autorização
nas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do judicial para:
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; fixar, por propos- • realizar as diligências que entender necessárias;
ta do Presidente da República, limites globais para o montante da • convocar e tomar o depoimento de autoridades, inquirir tes-
dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos temunhas sob compromisso e ouvir indiciados;
Municípios; dispor sobre limites globais e condições para as opera- • requisitar de órgãos públicos informações e documentos de
ções de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito qualquer natureza;
Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades • requerer ao Tribunal de Contas da União a realização de ins-
controladas pelo Poder Público federal; dispor sobre limites e con- peções e auditorias que entender necessárias.
dições para a concessão de garantia da União em operações de cré-
dito externo e interno; estabelecer limites globais e condições para Ademais, conforme decisão do STF, por autoridade própria, a
o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e CPI pode sem necessidade de intervenção judicial, porém, sempre
dos Municípios; aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a por meio de decisão fundamentada e motivada, observadas todas
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do as formalidades da legislação, determinar a quebra de sigilo fiscal,
término de seu mandato; aprovar previamente, por voto secreto, bancário e de dados do investigado. (MS 23.452/RJ).
após arguição pública, a escolha de: Em esquema básico, temos:
• Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;
• Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre- Financeiro: é exercido com o auxílio dos
sidente da República; tribunais de contas.
• Governador de Território; CONTROLE
• Presidente e diretores do Banco Central; LEGISLATIVO Político: alcança aspectos de legalidade e de
• Procurador-Geral da República; ESPÉCIES mérito, vindo a ser preventivo, concomitante
• Titulares de outros cargos que a lei determinar. ou repressivo.
• Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca- Controle pelos Tribunais de Contas
ráter permanente; Previstos na Constituição Federal, os Tribunais de Contas são
órgãos com a finalidade de auxiliar o Poder Legislativo na execução
3. Da competência privativa da Câmara dos Deputados (CF, do exercício do controle externo da Administração Pública. São ór-
art. 51): autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração gãos especializados e não integram a estrutura administrativa do
de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e Parlamento e também não mantém com ele mantém qualquer es-
os Ministros de Estado; proceder à tomada de contas do Presiden- pécie de relação hierárquica.
te da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional Denota-se que a Carta Magna de 1988 preservou a estrutura
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa. de organização dos Tribunais de Contas vigente nos diversos entes
da federação à época de sua promulgação. Com isso, nos termos
4. Outros controles políticos (CF, art. 50): a Câmara dos Depu- do art. 31, § 4º da CFB/1988, tornou-se proibida a criação de novos
tados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais.
convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos dire- Em seguimento a essa diretriz, em âmbito federal, temos o TCU
tamente subordinados à Presidência da República para prestarem, (Tribunal de Contas da União); no plano estadual, os Tribunais de
pessoalmente, informações sobre assunto previamente determina- Contas dos Estados; no Distrito Federal, o TCDF (Tribunal de Con-
do, importando crime de responsabilidade a ausência sem justifi- tas do Distrito Federal), sendo que na esfera municipal, percebe-se

60
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a organização dos tribunais de contas não ocorre de maneira uni- Em continuidade, o controle de economicidade é relativo à uti-
forme. Devido ao fato da maioria dos municípios ter criado até a lização dos recursos de forma racional, uma vez que com ele, pre-
CF/1988 o seu próprio Tribunal de Contas, a função de prestar auxí- tende-se averiguar se a despesa realizada atende aos aspectos da
lio ao Poder Legislativo municipal no exercício do controle externo é melhor relação custo-benefício.
normalmente repassada ao Tribunal de Contas do respectivo Estado Destaca-se que o controle externo também investiga se hou-
que é dotado de atribuições de controle ao das administrações es- ve a aplicação de forma correta das subvenções, que se tratam de
tadual e municipal. transferências de recursos feitas pelo governo com o fito de cobrir
Em relação à sua composição, verificamos com afinco que os despesas de custeio das entidades beneficiadas.
Tribunais de Contas são órgãos colegiados, com quadro de pessoal As subvenções podem ser de duas espécies. São elas: subven-
próprio (inspetores, procuradores, analistas, técnicos etc.), sendo ções sociais e subvenções econômicas.
o TCU composto por nove ministros, ao passo que os demais Tri- A) Subvenções sociais: são destinadas ao custeio de institui-
bunais de contas são compostos, em regra, por sete conselheiros, ções públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, que
número sempre observado nos Estados, com exceção do Tribunal não possuem finalidade lucrativa, nos ditames da Lei 4.320/1964,
de Contas do Município de São Paulo que conta com apenas cinco art. 12, § 3º, I.
conselheiros, nos parâmetros do art. 49 da Lei Orgânica daquele B) Subvenções econômicas: são as destinadas ao custeio de
Município. empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrí-
Embora, não obstante a existência dos chamados “tribunais” cola ou pastoril, nos termos da Lei 4.320/1964, art. 12, § 3º, II.
de contas, as cortes de contas também não exercem jurisdição em Registra-se, que o controle externo também se incumbe de
sentido próprio, isso por que suas decisões não possuem o caráter apreciar a regularidade da renúncia de receita. Há vários mecanis-
de definitividade, vindo a sofrer a possibilidade de serem anuladas mos que tornam possível a renúncia de receita, como por exemplo:
pelo Poder Judiciário. Entretanto, o processo ajuizado com o fito a remissão, o subsídio, a isenção e a modificação da alíquota ou da
de anular a decisão da corte de contas é distinto do processo de base de cálculo de tributo que implique sua redução.
natureza administrativa em que foi proferida tal decisão. Desta for- Nos ditames constitucionais, a cargo de Congresso Nacional, o
ma, o interessado não poderá interpor um recurso para o Judiciário controle externo, será exercido com a ajuda do Tribunal de Contas
em desfavor da decisão final do Tribunal de Contas com o fulcro da União, ao qual compete, nos parâmetros do art. 71 da CFB/1988:
de reformá-la, mas sim ajuizar processo autônomo perante o órgão A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
jurisdicional competente com o objetivo de anular o mencionado República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
julgado. sessenta dias a contar de seu recebimento;
Registra-se que em relação ao controle externo financeiro e B) Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
as atribuições dos tribunais de contas, a Constituição Federal criou por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in-
um sistema harmonizado de controle, que prevê a existência de um direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
controle externo associada a um controle interno executado por pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
cada órgão sobre seus agentes e seus atos. a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
O controle exercido pelo Poder Legislativo é uma forma de con- erário público; apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos
trolar de maneira externa os atos dos órgãos dos outros Poderes de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta
e das entidades da administração indireta. Esse controle, além de e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
controlar a parte financeira dos outros órgãos, também abrange de Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
forma ampla o controle contábil, financeiro, orçamentário, opera- comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
cional e patrimonial, levando em conta os aspectos da legalidade, e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia
fundamento legal do ato concessório;
de receitas.
C) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do
No campo contábil a análise abrange o registro dos fatos contá-
Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e
beis e a elaboração de demonstrativos. Em âmbito financeiro, é veri-
auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacio-
ficado o verdadeiro ingresso das receitas, através de comprovantes
nal e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legisla-
de depósito ou transferência de recursos, bem como a realização de
tivo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas na letra b;
forma efetiva de despesas, vindo a comprovar os seus tradicionais
D) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
estágios de licitação, empenho, liquidação e pagamento. Por sua
vez, o controle orçamentário é aquele que acompanha a execução de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
do orçamento, que é a legislação em que se encontram as receitas nos termos do tratado constitutivo;
previstas e também as despesas fixadas. Em referência ao controle E) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
operacional, ressaltamos que o mesmo trata de diversos aspectos União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
do desempenho da atividade administrativa, como por exemplo, congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
numa auditoria operacional, pode ser computado o tempo médio F) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional,
que o usuário usa esperando por atendimento médico em uma uni- por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comis-
dade do sistema público de saúde. Finalmente, temos o controle sões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera-
patrimonial, que cuida da fiscalização do patrimônio público. cional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
Analisando a legalidade do controle externo, observamos que realizadas;
este investiga se a conduta administrativa está de acordo com as G) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa
diversas normas jurídicas. ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que es-
O controle de legitimidade atua complementando o controle tabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
de legalidade, permitindo a apreciação de outros aspectos além da causado ao erário;
adequação formal da conduta à legislação pertinente. Nesse diapa- H) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
são, são passíveis de averiguação aspectos como a finalidade do ato vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
e a obediência aos princípios constitucionais como a moralidade ilegalidade;
administrativa, por exemplo.

61
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comu- Outro ponto importante a ser destacado, é o fato de que ao
nicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; julgar as contas dos gestores públicos e demais agentes que cau-
J) Representar ao Poder competente sobre irregularidades ou sarem danos ao erário, em diversos casos, os tribunais de contas
abusos apurados. imputam débito com o objetivo de ressarcir o dano, ou multa com
caráter de punição. Denota-se que decisões das Cortes de Contas
Observação: As normas retro mencionadas acima relativas ao que imputam débito ou multa terão validade de título executivo
Tribunal de Contas da União aplicam-se, no que couber, à organi- nos termos do art. 71, § 3º da CFB/198. Ou seja, caso a pessoa a
zação, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Es- quem foi imputada a multa ou o débito não vier a adimplir a refe-
tados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos rida importância dentro do prazo estipulado por lei, poderá sofrer
de Contas dos Municípios, onde houver, nos termos do art.75 da a cobrança judicial da importância diretamente por intermédio de
CFB/1988. uma ação de execução, sendo desnecessário o ajuizamento de uma
ação de conhecimento para rediscutir a matéria que já foi objeto de
Aspectos importantes sobre as atribuições dos Tribunais de decisão da corte de contas.
Contas Pelo fato das decisões definitivas dos tribunais de contas que
Vejamos a diferença entre os atributos de “apreciar contas” e imputam débito ou aplicam multa terem, por si só, força de títu-
“julgar contas”. lo executivo, sua execução independe da inscrição em dívida ati-
Em relação às contas do chefe do Poder Executivo, os Tribu- va. Entretanto, os entes federados têm o costume de inscrever to-
nais de Contas têm atribuição para “apreciá-las”, desde que haja a dos os seus créditos passíveis de execução em dívida ativa, o que
emissão de parecer conclusivo, que deverá ser elaborado no prazo ocorre por dois motivos. Em primeiro lugar, por que a inscrição dá
de 60 dias a contar de seu recebimento (art. 71, I), sendo que é possibilidade para que a execução siga o rito estabelecido na Lei
competência do Poder 6.830/1980, Lei das Execuções Fiscais, trazendo uma série de van-
Legislativo julgar as contas de cada ente federado. Desta ma- tagens para o exequente. Em segundo lugar, a inscrição acaba por
neira, as contas anuais do Presidente da República são julgadas pelo submeter o crédito a um controle mais amplo, na medida em que
Congresso Nacional nos ditames do art. 49, IX, CF/1988; as dos Go- ele fica registrado em sistemas informatizados criados para a admi-
vernadores, pela Assembleia Legislativa do respectivo Estado; a do nistração, controle de prazos e cobrança dos valores inscritos.
Governador do Distrito Federal, pela Câmara Legislativa do Distrito
Federal; e as contas dos Prefeitos, pelas respectivas câmaras muni-
cipais.
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS. LEI Nº
Existe uma particularidade em relação ao parecer que o tri-
8.666/1993 E SUAS ALTERAÇÕES. LEI Nº 14.133/2021 E
bunal de contas do Estado ou do município emite a respeito das
contas anuais do chefe do Poder Executivo municipal. Nos termos
SUAS ALTERAÇÕES
do previsto no art. 31, § 2º, da CF/1988, o parecer prévio, emitido
pelo tribunal de contas sobre as contas que o Prefeito deve anual- Princípios
mente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços Diante do cenário atual, pondera-se que ocorreram diversas
dos membros da Câmara Municipal. Assim sendo, é por essa razão mudanças na Lei de Licitações. Porém, como estamos em fase
que grande parte da doutrina afirma que nessa hipótese, o parecer de transição em relação às duas leis, posto que nos dois primei-
prévio é relativamente vinculante, não sendo absolutamente vin- ros anos, as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na
culante pelo fato de poder ser superado, porém, como a superação aplicação para processos que começaram na Lei anterior, deverão
depende de quórum qualificado, tem-se uma vinculação relativa. continuar a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que
Em relação a esse assunto, o STF explicou que a expressão “só começarem após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos
deixará de prevalecer”, contida no mencionado § 2º, não quer di- com a aplicação da nova Lei.
zer que o parecer conclusivo do tribunal de contas poderia produ- Aprovada recentemente, a Nova Lei de Licitações sob o nº.
zir efeitos imediatos, que se poderiam se tornar permanentes em 14.133/2.021, passou por significativas mudanças, entretanto, no
caso do silêncio da casa legislativa. Para a Suprema Corte, o parecer que tange aos princípios, manteve o mesmo rol do art. 3º da Lei nº.
do Tribunal de Contas que rejeita as contas do chefe do executivo 8.666/1.993, porém, dispondo sobre o assunto, no Capítulo II, art.
possui natureza opinativa, só podendo produzir o efeito de inelegi- 5º, da seguinte forma:
bilidade do prefeito (LC 64/1990, art. 1º, I, alínea “g”) após transcor- Art. 5º Na aplicação desta Lei, serão observados os princípios
rido o julgamento das contas pela respectiva Câmara de Vereadores da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade,
(RE 729.744/MG e RE 848.826/DF). da eficiência, do interesse público, da probidade administrativa,
De outro ângulo, o parecer antecedente emitido pela Corte de da igualdade, do planejamento, da transparência, da eficácia, da
Contas é indispensável ao julgamento das contas anuais dos Prefei- segregação de funções, da motivação, da vinculação ao edital, do
tos. Foi justamente por esse motivo que o STF julgou inconstitucio- julgamento objetivo, da segurança jurídica, da razoabilidade, da
nal dispositivo de constituição estadual que permitia às Câmaras competitividade, da proporcionalidade, da celeridade, da economi-
Legislativas apreciarem as contas anuais prestadas pelos prefeitos, cidade e do desenvolvimento nacional sustentável, assim como as
independentemente do parecer do Tribunal de Contas do Estado, disposições do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1.942, (Lei
quando este não fosse oferecido no prazo de 180 dias. (ADI 3.077/ de Introdução às Normas do Direito Brasileiro).
SE). O objetivo da Lei de Licitações é regular a seleção da proposta que
Os Tribunais de Contas possuem competência distinta para jul- for mais vantajosa para a Administração Pública. No condizente à pro-
gar as contas dos administradores e demais responsáveis por verba moção do desenvolvimento nacional sustentável, entende-se que este
pública, bens e valores públicos da administração direta e indireta, possui como foco, determinar que a licitação seja destinada com o ob-
inclusive das fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo jetivo de garantir a observância do princípio constitucional da isonomia.
Poder Público, e ainda, as contas dos entes que ensejarem e de- Denota-se que a quantidade de princípios previstos na lei não
rem causa à perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte é exaustiva, aceitando-se quando for necessário, a aplicação de ou-
prejuízo ao erário público, nos termos do disposto no art. 71, III da tros princípios que tenham relação com aqueles dispostos de forma
CFB/1988. expressa no texto legal.

62
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Verificamos, por oportuno, que a redação original do caput do Princípio da Publicidade
art. 3º da Lei 8.666/1993 não continha o princípio da promoção do Possui a Administração Pública o dever de realizar seus atos pu-
desenvolvimento nacional sustentável e que tal menção expressa, blicamente de forma a garantir aos administrados o conhecimento
apenas foi inserida com a edição da Lei 12.349/2010, contexto no do que os administradores estão realizando, e também de manei-
qual foi criada a “margem de preferência”, facilitando a concessão ra a possibilitar o controle social da conduta administrativa. Em se
de vantagens competitivas para empresas produtoras de bens e tratando especificamente de licitação, determina o art. 3º, § 3º, da
serviços nacionais. Lei 8.666/1993 que “a licitação não será sigilosa, sendo públicos e
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao
Princípio da legalidade conteúdo das propostas, até a respectiva abertura”.
A legalidade, que na sua visão moderna é chamado também de Advindo do mesmo princípio, qualquer cidadão tem o direito
juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda atividade de acompanhar o desenvolvimento da licitação, desde que não in-
de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento licitatório. terfira de modo a atrapalhar ou impedir a realização dos trabalhos
A lei serve para ser usada como limite de base à atuação do gestor (Lei 8.666/1993, art. 4º, in fine).
público, representando, desta forma, uma garantia aos administra- A ilustre Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que “a publici-
dos contra as condutas abusivas do Estado. dade é tanto maior, quanto maior for a competição propiciada pela
No âmbito das licitações, pondera-se que o princípio da lega- modalidade de licitação; ela é a mais ampla possível na concorrên-
lidade é fundamental, posto que todas as fases do procedimento cia, em que o interesse maior da Administração é o de atrair maior
licitatório se encontram estabelecidas na legislação. Considera-se número de licitantes, e se reduz ao mínimo no convite, em que o
que todos os entes que participarem do certame, têm direito pú- valor do contrato dispensa maior divulgação. “
blico subjetivo de fiel observância do procedimento paramentado Todo ato da Administração deve ser publicado de forma a for-
na legislação por meio do art. 4° da Lei 8.666/1993, podendo, caso necer ao cidadão, informações acerca do que se passa com as ver-
venham a se sentir prejudicados pela ausência de observância de bas públicas e sua aplicação em prol do bem comum e também por
alguma regra, impugnar a ação ou omissão na esfera administrativa obediência ao princípio da publicidade.
ou judicial.
Diga-se de passagem, não apenas os participantes, mas qual- Princípio da eficiência do interesse público
quer cidadão, pode por direito, impugnar edital de licitação em de- Trata-se de um dos princípios norteadores da administração
corrência de irregularidade na aplicação da lei, vir a representar ao pública acoplado aos da legalidade, finalidade, motivação, razoabili-
Ministério Público, aos Tribunais de Contas ou aos órgãos de con- dade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório,
trole interno em face de irregularidades em licitações públicas, nos da segurança jurídica e do interesse público.
termos dos arts. 41, § 1º, 101 e 113, § 1º da Lei 8666/1993. Assim sendo, não basta que o Estado atue sobre o manto da
legalidade, posto que quando se refere serviço público, é essencial
Princípio da impessoalidade que o agente público atue de forma mais eficaz, bem como que
Com ligação umbilical ao princípio da isonomia, o princípio da haja melhor organização e estruturação advinda da administração
impessoalidade demonstra, em primeiro lugar, que a Administra- pública.
ção deve adotar o mesmo tratamento a todos os administrados que Vale ressaltar que o princípio da eficiência deve estar subme-
estejam em uma mesma situação jurídica, sem a prerrogativa de tido ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a
quaisquer privilégios ou perseguições. Por outro ângulo, ligado ao atuação administrativa agindo de forma contrária ao ordenamento
princípio do julgamento objetivo, registra-se que todas as decisões jurídico, posto que por mais eficiente que seja, ambos os princípios
administrativas tomadas no contexto de uma licitação, deverão ob- devem atuar de forma acoplada e não sobreposta.
servar os critérios objetivos estabelecidos de forma prévia no edital Por ser o objeto da licitação a escolha da proposta mais vanta-
do certame. Desta forma, ainda que determinado licitante venha a josa, o administrador deverá se encontrar eivado de honestidade ao
apresentar uma vantagem relevante para a consecução do objeto cuidar da Administração Pública.
do contrato, afirma-se que esta não poderá ser levada em consi-
deração, caso não haja regra editalícia ou legal que a preveja como Princípio da Probidade Administrativa
passível de fazer interferências no julgamento das propostas. A Lei de Licitações trata dos princípios da moralidade e da pro-
bidade administrativa como formas distintas uma da outra. Os dois
Princípios da moralidade e da probidade administrativa princípios passam a noção de que a licitação deve ser configurada
A Lei 8.666/1993, Lei de Licitações, considera que os princípios pela honestidade, boa-fé e ética, tanto por parte da Administração
da moralidade e da probidade administrativa possuem realidades Pública, como por parte dos licitantes. Desta forma, para que um
distintas. Na realidade, os dois princípios passam a informação de comportamento tenha validade, é necessário que seja legal e esteja
que a licitação deve ser pautada pela honestidade, boa-fé e ética, em conformidade com a ética e os bons costumes.
isso, tanto por parte da Administração como por parte dos entes Existe divergência quanto à distinção entre esses dois princí-
licitantes. Sendo assim, para que um comportamento seja conside- pios. Alguns doutrinadores usam as duas expressões com o mesmo
rado válido, é imprescindível que, além de ser legalizado, esteja nos significado, ao passo que outros procuram diferenciar os conceitos.
ditames da lei e de acordo com a ética e os bons costumes. Exis- O correto é que, enquanto a moralidade se constitui num conceito
tem desentendimentos doutrinários acerca da distinção entre esses vago, a probidade administrativa, ou melhor dizendo, a improbida-
dois princípios. Alguns autores empregam as duas expressões com de administrativa se encontra eivada de contornos definidos na Lei
o mesmo significado, ao passo que outros procuram diferenciar 8.429/1992.
os conceitos. O que perdura, é que, ao passo que a moralidade é
constituída em um conceito vago e sem definição legal, a probidade Princípio da igualdade
administrativa, ou melhor dizendo, a improbidade administrativa Conhecido como princípio da isonomia, decorre do fato de que
possui contornos paramentados na Lei 8.429/1992. a Administração Pública deve tratar, de forma igual, todos os licitan-
tes que estiverem na mesma situação jurídica. O princípio da igual-
dade garante a oportunidade de participar do certame de licitação,

63
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
todos os que tem condições de adimplir o futuro contrato e proíbe, Vale ressaltar que o princípio da eficácia deve estar submetido
ainda a feitura de discriminações injustificadas no julgamento das ao princípio da legalidade, pois nunca se poderá justificar a atuação
propostas. administrativa contrária ao ordenamento jurídico, por mais eficien-
Aplicando o princípio da igualdade, o art. 3º, I, da Lei te que seja, na medida em que ambos os princípios devem atuar de
8.666/1993, veda de forma expressa aos agentes públicos admitir, maneira conjunta e não sobrepostas.
prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação por meio de edital
ou convite, as cláusulas que comprometam, restrinjam ou frustrem Princípio da segregação de funções
o seu caráter de competição, inclusive nos casos de sociedades coo- Trata-se de uma norma de controle interno com o fito de evitar
perativas, e estabeleçam preferências ou diferenças em decorrên- falhas ou fraudes no processo de licitação, vindo a descentralizar o
cia da naturalidade, da sede ou do domicílio dos licitantes ou de poder e criando independência para as funções de execução opera-
“qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o cional, custódia física, bem como de contabilização
específico objeto do contrato”, com ressalva ao disposto nos §§ 5º a Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido de determina-
12 do mesmo artigo, e no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991. da tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempenho de fun-
Ante o exposto, conclui-se que, mesmo que a circunstância ções, evitando que nenhum empregado ou seção administrativa
restrinja o caráter de competição do certame, se for pertinente ou venha a participar ou controlar todas as fases relativas à execução e
relevante para o objeto do contrato, poderá ser incluída no instru- controle da despesa pública, vindo assim, a possibilitar a realização
mento de convocação do certame. de uma verificação cruzada.
O princípio da isonomia não impõe somente tratamento igua- O princípio da segregação de funções, advém do Princípio da
litário aos assemelhados, mas também a diferenciação dos desi- moralidade administrativa e se encontra previsto no art. 37, caput,
guais, na medida de suas desigualdades. da CFB/1.988 e o da moralidade, no Capítulo VII, seção VIII, item
3, inciso IV, da IN nº 001/2001 da Secretaria Federal de Controle
Princípio do Planejamento Interno do Ministério da Fazenda.
A princípio, infere-se que o princípio do planejamento se en-
contra dotado de conteúdo jurídico, sendo que é seu dever fixar o Princípio da motivação
dever legal do planejamento como um todo. O princípio da motivação predispõe que a administração no
Registra-se que a partir deste princípio, é possível compreen- processo licitatório possui o dever de justificar os seus atos, vindo
der que a Administração Pública tem o dever de planejar toda a a apresentar os motivos que a levou a decidir sobre os fatos, com
licitação e também toda a contratação pública de forma adequada a observância da legalidade estatal. Desta forma, é necessário que
e satisfatória. Assim, o planejamento exigido, é o que se mostre de haja motivo para que os atos administrativos licitatórios tenham
forma eficaz e eficiente, bem como que se encaixe a todos os outros sido realizados, sempre levando em conta as razões de direito que
princípios previstos na CFB/1.988 e na jurisdição pátria como um levaram o agente público a proceder daquele modo.
todo.
Princípio da vinculação ao edital
Desta forma, na ausência de justificativa para realizar o pla-
Trata-se do corolário do princípio da legalidade e da objetivi-
nejamento adequado da licitação e do contrato, ressalta-se que a
dade das determinações de habilidades, que possui o condão de
ausência, bem como a insuficiência dele poderá vir a motivar a res-
impor tanto à Administração, quanto ao licitante, a imposição de
ponsabilidade do agente público.
que este venha a cumprir as normas contidas no edital de maneira
objetiva, porém, sempre zelando pelo princípio da competitividade.
Princípio da transparência
Denota-se que todos os requisitos do ato convocatório devem
O princípio da transparência pode ser encontrado dentro da
estar em conformidade com as leis e a Constituição, tendo em vista
aplicação de outros princípios, como os princípios da publicidade, que se trata de ato concretizador e de hierarquia inferior a essas
imparcialidade, eficiência, dentre outros. entidades.
Boa parte da doutrina afirma o princípio da transparência não é Nos ditames do art. 3º da Lei nº 8.666/93, a licitação destina-se
um princípio independente, o incorporando ao princípio da publici- a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a
dade, posto ser o seu entendimento que uma das inúmeras funções seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a pro-
do princípio da publicidade é o dever de manter intacta a trans- moção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada
parência dos atos das entidades públicas. Entretanto, o princípio e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da le-
da transparência pode ser diferenciado do princípio da publicida- galidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publi-
de pelo fato de que por intermédio da publicidade, existe o dever cidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento
das entidades públicas consistente na obrigação de divulgar os seus convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.
atos, uma vez que nem sempre a divulgação de informações é feita O princípio da vinculação ao instrumento convocatório princí-
de forma transparente. pio se destaca por impor à Administração a não acatar qualquer
O Superior Tribunal de Justiça entende que o “direito à infor- proposta que não se encaixe nas exigências do ato convocatório,
mação, abrigado expressamente pelo art. 5°, XIV, da Constituição sendo que tais exigências deverão possuir total relação com o obje-
Federal, é uma das formas de expressão concreta do Princípio da to da licitação, com a lei e com a Constituição Federal.
Transparência, sendo também corolário do Princípio da Boa-fé Ob-
jetiva e do Princípio da Confiança […].” (STJ. RESP 200301612085, Princípio do julgamento objetivo
Herman Benjamin – Segunda Turma, DJE DATA:19/03/2009). O objetivo desse princípio é a lisura do processo licitatório. De
acordo com o princípio do julgamento objetivo, o processo licitató-
Princípio da eficácia rio deve observar critérios objetivos definidos no ato convocatório,
Por meio desse princípio, deverá o agente público agir de for- para o julgamento das propostas apresentadas, devendo seguir de
ma eficaz e organizada promovendo uma melhor estruturação por forma fiel ao disposto no edital quando for julgar as propostas.
parte da Administração Pública, mantendo a atuação do Estado Esse princípio possui o condão de impedir quaisquer interpre-
dentro da legalidade. tações subjetivas do edital que possam favorecer um concorrente e,
por consequência, vir a prejudicar de forma desleal a outros.

64
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípio da razoabilidade nomicidade impõe adoção da solução mais conveniente e eficiente
Trata-se de um princípio de grande importância para o contro- sob o ponto de vista da gestão dos recursos públicos”. (Justen Filho,
le da atividade administrativa dentro do processo licitatório, posto 1998, p.66).
que se incumbe de impor ao administrador, a atuação dentro dos
requisitos aceitáveis sob o ponto de vista racional, uma vez que ao Princípio da licitação sustentável
trabalhar na interdição de decisões ou práticas discrepantes do mí- Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o princípio da susten-
nimo plausível, prova mais uma vez ser um veículo de suma im- tabilidade da licitação ou da licitação sustentável liga-se à ideia de
portância do respeito à legalidade, na medida em que é a lei que que é possível, por meio do procedimento licitatório, incentivar a
determina os parâmetros por intermédio dos quais é construída a preservação do meio ambiente”.
razão administrativa como um todo. Esse princípio passou a constar de maneira expressa do contido
Pondera-se que o princípio da razoabilidade se encontra aco- na Lei 8.666/1993 depois que o seu art. 3º sofreu alteração pela Lei
plado ao princípio da proporcionalidade, além de manter relação 12.349/2010, que incluiu entre os objetivos da licitação a promoção
com o princípio da finalidade, uma vez que, caso não seja atendida do desenvolvimento nacional sustentável.
a razoabilidade, a finalidade também irá ficar ferida. Da mesma maneira, a Lei 12.462/2011, que institui o Regime
Diferenciado de Contratações Públicas (RDC), dispõe o desenvolvi-
Princípio da competitividade mento nacional sustentável como forma de princípio a ser obser-
O princípio da competição se encontra relacionado à competiti- vado nas licitações e contratações regidas por seu diploma legal.
vidade e às cláusulas que são responsáveis por garantir a igualdade
Assim, prevê a mencionada Lei que as contratações realizadas com
de condições para todos os concorrentes licitatórios. Esse princípio
fito no Regime Jurídico Diferenciado de Contratações Públicas de-
se encontra ligado ao princípio da livre concorrência nos termos do
vem respeitar, em especial, as normas relativas ao art. 4º, § 1º:
inciso IV do art. 170 da Constituição Federal Brasileira. Desta manei-
A) disposição final ambientalmente adequada dos resíduos só-
ra, devido ao fato da lei recalcar o abuso do poder econômico que
lidos gerados pelas obras contratadas;
pretenda eliminar a concorrência, a lei e os demais atos normativos
B) mitigação por condicionantes e compensação ambiental,
pertinentes não poderão agir com o fulcro de limitar a competitivi-
que serão definidas no procedimento de licenciamento ambiental;
dade na licitação.
c) utilização de produtos, equipamentos e serviços que, comprova-
Assim, havendo cláusula que possa favorecer, excluir ou infrin-
gir a impessoalidade exigida do gestor público, denota-se que esta damente, reduzam o consumo de energia e recursos naturais;
poderá recair sobre a questão da restrição de competição no pro- D) avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação
cesso licitatório. urbanística;
E) proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e
Obs. importante: De acordo com o Tribunal de Contas, não é imaterial, inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indi-
aceitável a discriminação arbitrária no processo de seleção do con- reto causado pelas obras contratadas;
tratante, posto que é indispensável o tratamento uniforme para si- F) acessibilidade para o uso por pessoas com deficiência ou com
tuações uniformes, uma vez que a licitação se encontra destinada mobilidade reduzida.
a garantir não apenas a seleção da proposta mais vantajosa para a
Administração Pública, como também a observância do princípio Princípios correlatos
constitucional da isonomia. Acórdão 1631/2007 Plenário (Sumá- Além dos princípios anteriores determinados pela Lei
rio). 8.666/1993, a doutrina revela a existência de outros princípios que
também são atinentes aos procedimentos licitatórios, dentre os
Princípio da proporcionalidade quais se destacamos:
O princípio da proporcionalidade, conhecido como princípio
da razoabilidade, possui como objetivo evitar que as peculiaridades Princípio da obrigatoriedade
determinadas pela Constituição Federal Brasileira sejam feridas ou Consagrado no art. 37, XXI, da CF, esse princípio está disposto
suprimidas por ato legislativo, administrativo ou judicial que possa no art. 2º do Estatuto das Licitações. A determinação geral é que
exceder os limites por ela determinados e avance, sem permissão as obras, serviços, compras, alienações, concessões, permissões e
no âmbito dos direitos fundamentais. locações da Administração Pública, quando forem contratadas por
terceiros, sejam precedidas da realização de certame licitatório,
Princípio da celeridade com exceção somente dos casos previstos pela legislação vigente.
Devidamente consagrado pela Lei nº 10.520/2.002 e conside-
rado um dos direcionadores de licitações na modalidade pregão, o Princípio do formalismo
princípio da celeridade trabalha na busca da simplificação de pro- Por meio desse princípio, a licitação se desenvolve de acordo
cedimentos, formalidades desnecessárias, bem como de intransi- com o procedimento formal previsto na legislação. Assim sendo, o
gências excessivas, tendo em vista que as decisões, sempre que for art. 4º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993 determina que “o pro-
possível, deverão ser aplicadas no momento da sessão. cedimento licitatório previsto nesta lei caracteriza ato administrati-
vo formal, seja ele praticado em qualquer esfera da Administração
Princípio da economicidade Pública”.
Sendo o fim da licitação a escolha da proposta que seja mais
vantajosa para a Administração Pública, pondera-se que é neces- Princípio do sigilo das propostas
sário que o administrador esteja dotado de honestidade ao cuidar Até a abertura dos envelopes licitatórios em ato público ante-
coisa pública. O princípio da economicidade encontra-se relaciona- cipadamente designado, o conteúdo das propostas apresentadas
do ao princípio da moralidade e da eficiência. pelos licitantes deve ser mantido em sigilo nos termos do art. 43,
Sobre o assunto, no que condiz ao princípio da economicidade, § 1º, da Lei 8.666/1993. Deixando claro que violar o sigilo de pro-
entende o jurista Marçal Justen Filho, que “… Não basta honestida- postas apresentadas em procedimento licitatório, ou oportunizar
de e boas intenções para validação de atos administrativos. A eco- a terceiro a oportunidade de devassá-lo, além de prejudicar os de-

65
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mais licitantes, constitui crime tipificado no art. 94 do Estatuto das É importante registrar que a EC 19/1998, em alteração ao art.
Licitações, vindo a sujeitar os infratores à pena de detenção, de 2 173, § 1º, da Constituição Federal, anteviu que deverá ser editada
(dois) a 3 (três) anos, e multa; lei com o fulcro de disciplinar o estatuto jurídico da empresa pú-
blica, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que
Princípio da adjudicação compulsória ao vencedor explorem atividade econômica de produção ou comercialização de
Significa que a Administração não pode, ao concluir o procedi- bens ou de prestação de serviços, sendo que esse estatuto deverá
mento, atribuir o objeto da licitação a outro agente ou ente que não dispor a respeito de licitação e contratação de obras, serviços, com-
seja o vencedor. Esse princípio, também impede que seja aberta pras e alienações, desde que observados os princípios da adminis-
nova licitação enquanto for válida a adjudicação anterior. tração pública.
Registra-se que a adjudicação é um ato declaratório que ga- A mencionada modificação constitucional, teve como objeti-
rante ao vencedor que, vindo a Administração a celebrar um con- vo possibilitar a criação de normas mais flexíveis sobre licitação e
trato, o fará com o agente ou ente a quem foi adjudicado o objeto. contratos e com maior adequação condizente à natureza jurídica
Entretanto, mesmo que o objeto licitado tenha sido adjudicado, é das entidades exploradoras de atividades econômicas, que traba-
possível que não aconteça a celebração do contrato, posto que a lham sob sistema jurídico predominantemente de direito privado.
licitação pode vir a ser revogada de forma lícita por motivos de in- O Maior obstáculo, é o fato de que essas instituições na maioria das
teresse público, ou anulada, caso seja constatada alguma irregula- vezes entram em concorrência com a iniciativa privada e precisam
ridade Insanável. ter uma agilidade que pode, na maioria das situações, ser prejudi-
cada pela necessidade de submissão aos procedimentos burocráti-
Princípio da competitividade cos da administração direta, autárquica e fundacional.
É advindo do princípio da isonomia. Em outras palavras, ha- Em observância e cumprimento à determinação da Constitui-
vendo restrição à competição, de maneira a privilegiar determi- ção Federal, foi promulgada a Lei 13.303/2016, Lei das Estatais, que
nado licitante, consequentemente ocorrerá violação ao princípio criou regras e normas específicas paras as licitações que são dirigi-
da isonomia. Por esse motivo, como manifestação do princípio da das por qualquer empresa pública e sociedade de economia mista
competitividade, tem-se a regra de que é proibido aos agentes pú- da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Ponde-
blicos “admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, ra-se que tais regras forma mantidas pela nova Lei de Licitações, Lei
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem nº: 14.133/2.021 em seu art. 1º, inciso I.
o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de sociedades coope- De acordo com as regras e normas da Lei 13.303/2016, tais em-
rativas, e estabeleçam preferências ou distinções em razão da natu- presas públicas e sociedades de economia mista não estão dispen-
ralidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra sadas do dever de licitar. Mas estão somente adimplindo tal obriga-
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto ção com seguimento em procedimentos mais flexíveis e adequados
do contrato”, com exceção do disposto nos §§ 5º a 12 deste art. e a sua natureza jurídica. Assim sendo, a Lei 8.666/1993 acabou por
no art. 3º da Lei 8.248, de 23.10.1991” . não mais ser aplicada às estatais e às suas subsidiárias.
Convém mencionar que José dos Santos Carvalho Filho, enten- Entretanto, com a entrada em vigor da nova Lei de Licitações de
de que o dispositivo legal mencionado anteriormente é tido como nº. 14.133/2.021, advinda do Projeto de Lei nº 4.253/2020, obser-
manifestação do princípio da indistinção. va-se que ocorreu um impacto bastante concreto para as estatais
naquilo que se refere ao que a Lei nº 13.303/16 expressa ao reme-
Princípio da vedação à oferta de vantagens imprevistas ter à aplicação das Leis nº 8.666/93 e Lei nº 10.520/02.
É um corolário do princípio do julgamento objetivo. No referen- Nesse sentido, denota-se em relação ao assunto acima que são
te ao julgamento das propostas, a comissão de licitação não poderá, pontos de destaque com a aprovação da Nova Lei de Licitações de
por exemplo, considerar qualquer oferta de vantagem que não es- nº. 14.133/2.021:
teja prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos sub- 1) O pregão, sendo que esta modalidade não será mais regula-
sidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas da pela Lei nº 10.520/02, que consta de forma expressa no art. 32,
ofertas dos demais licitantes, nos ditames do art. 44, parag. 2°da IV, da Lei nº 13.303/16;
Lei 8.666/1993. 2) As normas de direito penal que deverão ser aplicadas na
seara dos processos de contratação, que, por sua vez, deixarão de
Competência Legislativa ser regulados pelos arts. 89 a 99 da Lei nº 8.666/93; e
A União é munida de competência privativa para legislar sobre 3) Os critérios de desempate de propostas, sendo que a Lei
normas gerais de licitações, em todas as modalidades, para a admi- nº 13.303/16 dispõe de forma expressa, dentre os critérios de de-
nistração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito sempate contidos no art. 55, inc. III, a adoção da previsão que se
Federal e dos Municípios, conforme determinação do art. 22, XXVII, encontra inserida no § 2º do art. 3º da Lei nº 8.666/93, que por sua
da CFB/1988. vez, passará a ter outro tratamento pela Nova Lei de Licitações.
Desse modo, denota-se que de modo geral, as normas edita-
das pela União são de observância obrigatória por todos os entes Dispensa e inexigibilidade
federados, competindo a estes, editar normas específicas que são Verificar-se-á a inexigibilidade de licitação sempre que houver
aplicáveis somente às suas próprias licitações, de modo a comple- inviabilidade de competição. Com a entrada em vigor da Nova Lei
mentar a disciplina prevista na norma geral sem contrariá-la. de Licitações, Lei nº. 14.133/2.021 no art. 74, I, II e III, foi disposto
Nessa linha, a título de exemplo, a competência para legislar as hipóteses por meio das quais a competição é inviável e que, por-
supletivamente não permite: tanto, nesses casos, a licitação é inexigível. Vejamos:
a) a criação de novas modalidades licitatórias ou de novas hipó- Art. 74. É inexigível a licitação quando inviável a competição,
teses de dispensa de licitação; em especial nos casos de:
b) o estabelecimento de novos tipos de licitação (critérios de I - aquisição de materiais, de equipamentos ou de gêneros ou
julgamento das propostas); contratação de serviços que só possam ser fornecidos por produtor,
c) a redução dos prazos de publicidade ou de recursos. empresa ou representante comercial exclusivos;

66
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
II - contratação de profissional do setor artístico, diretamente Vale mencionar que em situações práticas, a contratação de
ou por meio de empresário exclusivo, desde que consagrado pela serviços especializados por inexigibilidade de licitação tem criado
crítica especializada ou pela opinião pública; várias controvérsias, principalmente quando se refere à contrata-
III - contratação dos seguintes serviços técnicos especializados ção de serviços de advocacia e também de contabilidade.
de natureza predominantemente intelectual com profissionais ou Conforme já estudado, a licitação é tida como dispensada
empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para quando, mesmo a competição sendo viável, o certame deixou de
serviços de publicidade e divulgação: ser realizado pelo fato da própria lei o dispensar. Tem natureza dife-
a) estudos técnicos, planejamentos, projetos básicos ou proje- rente da ausência de exigibilidade da licitação dispensável porque
tos executivos; nesta, o gestor tem a possibilidade de decidir por realizar ou não o
b) pareceres, perícias e avaliações em geral; procedimento.
c) assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras A licitação dispensada está acoplada às hipóteses de alienação
ou tributárias; de bens móveis ou imóveis da Administração Pública. Em grande
d) fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou ser- parte das vezes, quando, ao pretender a Administração alienar bens
viços; de sua propriedade, sejam estes móveis ou imóveis, deverá proce-
e) patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; der à realização de licitação. No entanto, em algumas situações, em
f) treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; razão das peculiaridades do caso especifico, a lei acaba por dispen-
g) restauração de obras de arte e de bens de valor histórico; sar o procedimento, o que é verificado, por exemplo, na hipótese da
h) controles de qualidade e tecnológico, análises, testes e en- doação de um bem para outro órgão ou entidade da Administração
saios de campo e laboratoriais, instrumentação e monitoramento Pública de qualquer esfera de governo. Ocorre que nesse caso, a
de parâmetros específicos de obras e do meio ambiente e demais Administração já determinou previamente para qual órgão ou en-
serviços de engenharia que se enquadrem no disposto neste inciso; tidade irá doar o bem. Assim sendo, não existe a necessidade de
IV - objetos que devam ou possam ser contratados por meio de realização do certame licitatório.
credenciamento;
V - aquisição ou locação de imóvel cujas características de ins- Critérios de Julgamento
talações e de localização tornem necessária sua escolha. Os novos critérios de julgamento tratam-se das referências
que são utilizadas para a avaliação das propostas de licitação. Regis-
Em entendimento ao inc. I, afirma-se que o fornecedor exclu- tra-se que as espécies de licitação encontram-se dotadas de carac-
sivo, vedada a preferência de marca, deverá a comprovar a exclu- terísticas e exigências diversas, sendo que as espécies de licitação
sividade por meio de atestado fornecido pelo órgão de registro do tendem sempre a variam de acordo com seus prazos e ritos espe-
comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o cíficos como um todo. Com a aprovação da Lei 14.133/2.021 em
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, seu art. 33, foram criados novos tipos de licitação designados para
ainda, pelas entidades equivalentes. a compra de bens e serviços. Sendo eles: menor preço, maior des-
Em relação ao inc. II do referido diploma legal, verifica-se a dis- conto, melhor técnica ou conteúdo artístico, técnica e preço, maior
pensabilidade da exigência de licitação para a contratação de profis- lance (leilão), maior retorno econômico.
sionais da seara artística de forma direta ou através de empresário, Vejamos:
levando em conta que este deverá ser reconhecido publicamente.
Por fim, o inc. III, aduz sobre a contratação de serviços técnicos Menor preço
especializados, de natureza singular, com profissionais ou empresas Trata-se do principal objetivo da Administração Pública que é
de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de o de comprar pelo menor preço possível. É o critério padrão bási-
publicidade e divulgação. co e o mais utilizado em qualquer espécie de licitação, inclusive o
pregão. Desta forma, vence, aquele que apresentar o preço menor
Ressalta-se que além das mencionadas hipóteses previstas de entre os participantes do certame, desde que a empresa licitante
forma exemplificativa na legislação, sempre que for impossível a atenda a todos os requisitos estipulados no edital.
competição, o procedimento de inexigibilidade de licitação deverá Nesta espécie de licitação, vencerá a proposta que oferecer e
ser adotado. comprovar maiores vantagens para a Administração Pública, ape-
Vale destacar com grande importância, ainda, em relação ao nas em questões de valores, o que, na maioria das vezes, termina
inc. III da Nova Lei de Licitações, que nem todo serviço técnico espe- por prejudicar a população, tendo em vista que ao analisar apenas
cializado está apto a ensejar a inexigibilidade de licitação, fato que a questão de menor preço, nem sempre irá conseguir contratar um
se verificará apenas se ao mesmo tempo, tal serviço for de natureza trabalho de qualidade.
singular e o seu prestador for dotado de notória especialização. O
serviço de natureza singular é reconhecido pela sua complexidade, Maior desconto
relevância ou pelos interesses públicos que estiverem em jogo, vin- Pondera-se que caso a licitação seja julgada pelo critério de
do demandar a contratação de prestador com a devida e notória maior desconto, o preço com o valor estimado ou o máximo aceitá-
especialização. vel, deverá constar expressamente do edital. Isso acontece, por que
Por sua vez, a legislação considera como sendo de notória nessas situações específicas, a publicação do valor de referência da
especialização, aquele profissional ou empresa que o conceito no Administração Pública é extremamente essencial para que os pro-
âmbito de sua especialidade, advindo de desempenho feito ante- ponentes venham a oferecer seus descontos.
riormente como estudos, experiências, publicações, organização, Denota-se que o texto de lei determina que a administração li-
equipe técnica, ou de outros atributos e requisitos pertinentes com citante forneça o orçamento original da contratação, mesmo que tal
suas atividades, que permitam demonstrar e comprovar que o seu orçamento tenha sido declarado sigiloso, a qualquer instante tanto
trabalho é essencial e o mais adequado à plena satisfação do objeto para os órgãos de controle interno quanto externo. Esse fato é de
do contrato. grande importância para a administração Pública, tendo em vista
que a depender do mercado, a divulgação do orçamento original no
instante de ocorrência da licitação acarretará o efeito âncora, fazen-

67
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
do com que os valores das propostas sejam elevados ao patamar Concorrência
mais aproximado possível no que diz respeito ao valor máximo que Com fundamento no art. 29 da Lei 14.133/2.021, concorrência
a Administração admite. é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na
fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requi-
Melhor técnica ou conteúdo artístico sitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de
Nesse tipo de licitação, a escolha da empresa vencedora leva seu objeto.
em consideração a proposta que oferecer mais vantagem em ques- Em termos práticos, trata-se a concorrência de modalidade
tão de fatores de ordem técnica e artística. Denota-se que esta es- licitatória conveniente para contratações de grande aspecto. Isso
pécie de licitação deve ser aplicada com exclusividade para serviços ocorre, por que a Lei de Licitações e Contratos dispôs uma espécie
de cunho intelectual, como ocorre na elaboração de projetos, por de hierarquia quando a definição da modalidade de licitação acon-
exemplo incluindo-se nesse rol, tanto os básicos como os executi- tece em razão do valor do contrato. Ocorre que quanto maiores
vos como: cálculos, gerenciamento, supervisão, fiscalização e ou- forem os valores envolvidos, mais altos e maiores serão o nível de
tros pertinentes à matéria. publicidade bem como os prazos estipulados para a realização do
procedimento. Em alguns casos, não obstante, é permitido uso da
Técnica e preço modalidade de maior publicidade no lugar das de menor publicida-
Depreende-se que esta espécie de licitação é de cunho obriga- de, jamais o contrário.
tório quando da contratação de bens e serviços na área tecnológica Nesta linha de pensamento, a regra passa a exigir o uso da con-
como de informática e áreas afins, e também nas modalidade de corrência para valores elevados, vindo a permitir que seja realizada
concorrência, segundo a nova lei de Licitações. Nesse caso espe- a tomada de preços ou concorrência para montantes de cunho in-
cífico, o licitante demonstra e apresenta a sua proposta e a docu- termediário e convite (ou tomada de preços ou concorrência), para
mentação usando três envelopes distintos, sendo eles: o primeiro contratos de valores mais reduzidos. Os gestores, na prática, ge-
para a habilitação, o segundo para o deslinde da proposta técnica e ralmente optam por utilizar a modalidade licitatória que seja mais
o terceiro, com o preço, que deverão ser avaliados nessa respectiva simplificada dentro do possível, de maneira a evitar a submissão a
ordem. prazos mais extensos de publicidade do certame.

Maior lance (leilão) Concurso


Nos ditames da nova Lei de Licitações, esse critério se encon- Disposto no art. 30 da Nova Lei de Licitações, esta modalidade
tra restrito à modalidade de leilão, disciplina que estudaremos nos de licitação pode ser utilizada para a escolha de trabalho técnico,
próximos tópicos. científico ou artístico. Vejamos o que dispõe a Nova Lei de Licita-
ções:
Maior retorno econômico Art. 30. O concurso observará as regras e condições previstas
Registra-se que esse tema se trata de uma das maiores novida- em edital, que indicará:
des advindas da Nova Lei de Licitações, pelo fato desse requisito ser I - a qualificação exigida dos participantes;
um tipo de licitação de uso para licitações cujo objeto e fulcro sejam II - as diretrizes e formas de apresentação do trabalho;
uma espécie de contrato de eficiência. III - as condições de realização e o prêmio ou remuneração a ser
Assim dispõe o inc. LIII do Art. 6º da Nova Lei de Licitações: concedida ao vencedor.
LIII - contrato de eficiência: contrato cujo objeto é a prestação Parágrafo único. Nos concursos destinados à elaboração de
de serviços, que pode incluir a realização de obras e o fornecimento projeto, o vencedor deverá ceder à Administração Pública, nos ter-
de bens, com o objetivo de proporcionar economia ao contratante, mos do art. 93 desta Lei, todos os direitos patrimoniais relativos ao
na forma de redução de despesas correntes, remunerado o contra- projeto e autorizar sua execução conforme juízo de conveniência e
tado com base em percentual da economia gerada; oportunidade das autoridades competentes.
Desta forma, depreende-se que a pretensão da Administração
não se trata somente da obra, do serviço ou do bem propriamente Leilão
dito, mas sim do resultado econômico que tenha mais vantagens Disposto no art. 31 da Nova Lei de Licitações, o leilão poderá
advindas dessas prestações, razão pela qual, a melhor proposta de ser cometido a leiloeiro oficial ou a servidor designado pela auto-
ajuste trata-se daquela que oferece maior retorno econômico à ma- ridade competente da Administração, sendo que seu regulamento
quina pública. deverá dispor sobre seus procedimentos operacionais.
Se optar pela realização de leilão por intermédio de leiloeiro
Modalidades oficial, a Administração deverá selecioná-lo mediante credencia-
mento ou licitação na modalidade pregão e adotar o critério de jul-
De antemão, infere-se que com o advento da nova Lei de Lici- gamento de maior desconto para as comissões a serem cobradas,
tações de nº. 14.133/2.021, foram excluídas do diploma legal da utilizados como parâmetro máximo, os percentuais definidos na lei
Lei 8.666/1.993 as seguintes modalidades de licitação: tomada de que regula a referida profissão e observados os valores dos bens a
preços, convite e RDC – Lei 12.462/2.011. Desta forma, de acordo serem leiloados
com a Nova Lei de Licitações, são modalidades de licitação: con- O leilão não exigirá registro cadastral prévio, não terá fase de
corrência, concurso, leilão, pregão e diálogo competitivo. habilitação e deverá ser homologado assim que concluída a fase
Lembrando que conforme afirmado no início desse estudo, de lances, superada a fase recursal e efetivado o pagamento pelo
pelo fato do ordenamento jurídico administrativo estar em fase de licitante vencedor, na forma definida no edital.
transição em relação às duas leis, posto que nos dois primeiros anos
as duas se encontrarão válidas, tendo em vista que na aplicação Quaisquer interessados podem participar do leilão. Denota-se
para processos que começaram na Lei anterior, deverão continuar que o bem será vendido para o licitante que fizer a oferta de maior
a ser resolvidos com a aplicação dela, e, processos que começarem lance, o qual deverá obrigatoriamente ser igual ou superior ao valor
após a aprovação da nova Lei, deverão ser resolvidos com a aplica- de avaliação do bem.
ção da nova Lei.

68
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
A realização do leilão poderá ser por meio de leiloeiro oficial ou No pregão eletrônico, havendo a intenção de recorrer, deverá
por servidor indicado pela Administração, procedendo-se conforme de imediato a parte interessada se manifestar, devendo ser regis-
os ditames da legislação pertinente. trado no campo do sistema de compras pertinente, no qual deverá
conter as exposições com a motivação da interposição.
Destaca-se ainda, que algumas entidades financeiras da Admi-
nistração indireta executam contratos de mútuo que são garantidos Diálogo competitivo
por penhor e que, restando-se vencido o contrato, se a dívida não Com supedâneo no art. 32 da Nova Lei de Licitações, modali-
for liquidada, promover-se-á o leilão do bem empenhado que deve- dade diálogo competitivo é restrita a contratações em que a Admi-
rá seguir as regras pertinentes à Lei de licitações. nistração:
Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contrata-
Pregão ções em que a Administração:
Com fundamento no art. 29 da Nova Lei de Licitações, trata- I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições:
-se o pregão de uma modalidade de licitação do tipo menor preço, a) inovação tecnológica ou técnica;
designada ao aferimento de aquisição de bens e serviços comuns. b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade
Existem duas maneiras de ocorrência dos pregões, sendo estas nas satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado; e
formas eletrônica e presencial. c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas
Pondera-se que a Lei geral que rege os pregões é a Lei com precisão suficiente pela Administração;
10.520/02. No entanto, em âmbito federal, o pregão presencial é II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as
fundamentado e regulamentado pelo Decreto3.555/00, já o pregão alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com desta-
eletrônico, por meio do Decreto 5.450/05. que para os seguintes aspectos:
Os referidos decretos, em razão da natureza institucional de a) a solução técnica mais adequada;
processamento dos pregões, são estabelecidos por meio de regras b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já defi-
diferentes que serão adotadas pelo Poder Público. nida;
Em âmbito federal, a modalidade pregão é obrigatória para c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato.
contratação de serviços e bens comuns. No entanto, o Decreto
5.459/05 determina que a forma eletrônica é, via de regra, prefe- Obs. Importante: § 1º, inc. VIII , Lei 14.133/2021- a Adminis-
rencial. tração deverá, ao declarar que o diálogo foi concluído, juntar aos
Ressalta-se que aqueles que estiverem interessados em partici- autos do processo licitatório os registros e as gravações da fase de
par do pregão presencial, deverão comparecer em hora e local nos diálogo, iniciar a fase competitiva com a divulgação de edital con-
quais deverá ocorrer a Sessão Pública, onde será feito o credencia- tendo a especificação da solução que atenda às suas necessidades
mento, devendo ainda, apresentar os envelopes de proposta, bem e os critérios objetivos a serem utilizados para seleção da proposta
como os documentos pertinentes. mais vantajosa e abrir prazo, não inferior a 60 (sessenta) dias úteis,
Referente ao pregão eletrônico, deverão os interessados fazer para todos os licitantes pré-selecionados na forma do inciso II deste
cadastro no sistema de compras a ser usado pelo ente licitante, vin- parágrafo apresentarem suas propostas, que deverão conter os ele-
do, por conseguinte, cadastrar a sua proposta. mentos necessários para a realização do projeto.
A classificação a respeito das formas de pregão está também
eivada de diferenças. Infere-se que no pregão presencial, o pregoei- Habilitação, Julgamento e recursos
ro deverá fazer a seleção de todas as propostas de até 10% acima
Habilitação
da melhor proposta e as classificar para a fase de lances. Havendo
Com determinação expressa no Capítulo VI da Nova Lei de Lici-
ausência de propostas que venham a atingir esses 10%, restarão
tações, art. 62, denota-se que a habilitação se mostra como a fase
selecionadas, por conseguinte, as três melhores propostas.
da licitação por meio da qual se verifica o conjunto de informações
Diversamente do que ocorre no pregão eletrônico, levando em
e documentos necessários e suficientes para demonstrar a capaci-
conta que todos os participantes são classificados e tem o direito de
dade do licitante de realizar o objeto da licitação.
participar da fase na qual ocorrem os lances por meio do sistema,
Registra-se no dispositivo legal, que os critérios inseridos foram
dentro dos parâmetros pertinentes ao horário indicado no edital ou renovados pela Nova Lei, como por exemplo, a previsão em lei de
carta convite. aceitação de balanço de abertura.
Inicia-se a fase de lances do pregão presencial com o lance da No que condiz à habilitação econômico-financeira, com supe-
licitação que possui a maior proposta, vindo a seguir, por conse- dâneo legal no art. 68 da Nova Lei, observa-se que possui utilidade
guinte, a lista decrescente até alcançar ao menor valor. para demonstrar que o licitante se encontra dotado de capacidade
É importante destacar que no pregão eletrônico, os lances são para sintetizar com suas possíveis obrigações futuras, devendo a
lançados no sistema na medida em que os participantes vão ofer- mesma ser comprovada de forma objetiva, por intermédio de coefi-
tando, devendo ser sempre de menor valor ao último lance que por cientes e índices econômicos que deverão estar previstos no edital
este foi ofertado. Assim, lances são lançados e registrados no siste- e devidamente justificados no processo de licitação.
ma, até que esta fase venha a se encerrar. De acordo com a Nova lei, os documentos exigidos para a ha-
Desde o início da Sessão, no pregão presencial o pregoeiro de- bilitação são: a certidão negativa de feitos a respeito de falência ex-
verá se informar de antemão, quem são os participantes, tendo em pedida pelo distribuidor da sede do licitante, e, por último, exige-se
vista que estes se identificam no momento do em que fazem o cre- o balanço patrimonial dos últimos dois exercícios sociais, salvo das
denciamento. empresas que foram constituídas no lapso de menos de dois anos.
No pregão eletrônico, até que chegue a fase de habilitação, Registra-se que base legal no art. 66 da referida Lei, habilita-
o pregoeiro não possui a informação sobre quem são os licitantes ção jurídica visa a demonstrar a capacidade de o licitante exercer
participantes, para evitar conluio. direitos e assumir obrigações, e a documentação a ser apresentada
A intenção de recorrer no pregão presencial, deverá por parâ- por ele limita-se à comprovação de existência jurídica da pessoa e,
metros legais, ser manifestada e eivada com as motivações ao final quando cabível, de autorização para o exercício da atividade a ser
da Sessão. contratada.

69
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Já o art. 67, dispõe de forma clara a respeito da documentação Adjudicação e homologação
exigida para a qualificação técnico-profissional e técnico-operacio- O Direito Civil Brasileiro conceitua a adjudicação como sendo
nal. Vejamos: o ato por meio do qual se declara, cede ou transfere a propriedade
Art. 67. A documentação relativa à qualificação técnico-profis- de uma pessoa para outra. Já o Direito Processual Civil a conceitua
sional e técnico-operacional será restrita a: como uma forma de pagamento feito ao exequente ou a terceira
I - apresentação de profissional, devidamente registrado no pessoa, por meio da transferência dos bens sobre os quais incide
conselho profissional competente, quando for o caso, detentor de a execução.
atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou ser- Ressalta-se que os procedimentos legais de adjudicação têm
viço de características semelhantes, para fins de contratação; início com o fim da fase de classificação das propostas. Adilson
II - certidões ou atestados, regularmente emitidos pelo conse- Dallari (1992:106), doutrinariamente separando as fases de classi-
lho profissional competente, quando for o caso, que demonstrem ficação e adjudicação, ensina que esta não é de cunho obrigatório,
capacidade operacional na execução de serviços similares de com- embora não seja livre.
plexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, bem Podemos conceituar a homologação como o ato que perfaz o
como documentos comprobatórios emitidos na forma do § 3º do encerramento da licitação, abrindo espaço para a contratação. Ho-
art. 88 desta Lei; mologação é a aprovação determinada por autoridade judicial ou
III - indicação do pessoal técnico, das instalações e do apare- administrativa a determinados atos particulares com o fulcro de
lhamento adequados e disponíveis para a realização do objeto da produzir os efeitos jurídicos que lhes são pertinentes.
licitação, bem como da qualificação de cada membro da equipe téc- Considera-se que a homologação do processo de licitação re-
nica que se responsabilizará pelos trabalhos; presenta a aceitação da proposta. De acordo com Sílvio Rodrigues
IV - prova do atendimento de requisitos previstos em lei espe- (1979:69), a aceitação consiste na “formulação da vontade concor-
cial, quando for o caso; dante e envolve adesão integral à proposta recebida.”
V - registro ou inscrição na entidade profissional competente, Registre-se por fim, que a homologação vincula tanto a Admi-
quando for o caso; nistração como o licitante, para buscar o aperfeiçoamento do con-
VI - declaração de que o licitante tomou conhecimento de todas trato.
as informações e das condições locais para o cumprimento das obri-
gações objeto da licitação. Registro de preços
Registro de preços é a modalidade de licitação que se encontra
Julgamento apropriada para possibilitar diversas contratações que sejam conco-
Sob a vigência do nº. 14.133/2.021, a Nova Lei de Licitações mitantes ou sucessivas, sem que haja a realização de procedimento
trouxe em seu art. 33, a nova forma de julgamento, sendo que de de licitação de forma específica para cada uma destas contratações.
agora em diante, as propostas deverão ser julgadas de acordo sob Registra-se que o referido sistema é útil tanto a um, quanto a
os seguintes critérios: mais órgãos pertencentes à Administração.
1. Menor preço; De modo geral, o registro de preços é usado para compras cor-
2. Maior desconto; riqueiras de bens ou serviços específicos, em se tratando daqueles
3. Melhor técnica ou conteúdo artístico; que não se sabe a quantidade que será preciso adquirir, bem como
4. Técnica e preço; quando tais compras estiverem sob a condição de entregas parcela-
5. Maior lance, no caso de leilão; das. O objetivo destas ações é evitar que se formem estoques, uma
6. Maior retorno econômico. vez que estes geram alto custo de manutenção, além do risco de
tais bens vir a perecer ou deteriorar.
Observa-se que os títulos por si só já dão a noção a respeito do Por fim, vejamos os dispositivos legais contidos na Nova lei de
seu funcionamento, bem como já foram estudados anteriormente Lictações que regem o sistema de registro de preços:
nesta obra. Entretanto, é possível afirmar que a maior novidade, Art. 82. O edital de licitação para registro de preços observará
trata-se do critério de maior retorno econômico, que é uma espécie as regras gerais desta Lei e deverá dispor sobre:
de licitação usada somente para certames cujo objeto seja contrato I - as especificidades da licitação e de seu objeto, inclusive a
de eficiência de forma geral. quantidade máxima de cada item que poderá ser adquirida;
Nesta espécie de contrato, busca-se o resultado econômico II - a quantidade mínima a ser cotada de unidades de bens ou,
que proporcione a maior vantagem advinda de uma obra, serviço no caso de serviços, de unidades de medida;
ou bem, motivo pelo qual, a melhor proposta deverá ser aquela que III - a possibilidade de prever preços diferentes:
trouxer um maior retorno econômico. a) quando o objeto for realizado ou entregue em locais dife-
rentes;
Recursos b) em razão da forma e do local de acondicionamento;
Com base legal no art. 71 da nova Lei de Licitações, não ocor- c) quando admitida cotação variável em razão do tamanho do
rendo inversão de fases na licitação, pondera-se que os recursos em lote;
face dos atos de julgamento ou habilitação, deverão ser apresenta- d) por outros motivos justificados no processo;
dos no término da fase de habilitação, tendo em vista que tal ato IV - a possibilidade de o licitante oferecer ou não proposta em
deverá acontecer em apenas uma etapa. quantitativo inferior ao máximo previsto no edital, obrigando-se
Caso os licitantes desejem recorrer a despeito dos atos do jul- nos limites dela;
gamento da proposta e da habilitação, denota-se que deverão se V - o critério de julgamento da licitação, que será o de menor
manifestar de imediato o seu desejo de recorrer, logo após o térmi- preço ou o de maior desconto sobre tabela de preços praticada no
no de cada sessão, sob pena de preclusão mercado;
Havendo a inversão das fases com a habilitação de forma pre- VI - as condições para alteração de preços registrados;
cedente à apresentação das propostas, bem como o julgamento, VII - o registro de mais de um fornecedor ou prestador de servi-
afirma-se que os recursos terão que ser apresentados em dois in- ço, desde que aceitem cotar o objeto em preço igual ao do licitante
tervalos de tempo, após a fase de habilitação e após o julgamento vencedor, assegurada a preferência de contratação de acordo com
das propostas. a ordem de classificação;

70
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
VIII - a vedação à participação do órgão ou entidade em mais impõe. Entretanto, caso não exista qualquer espécie de vício no cer-
de uma ata de registro de preços com o mesmo objeto no prazo de tame, mas, a contratação tenha sido deixada de ser considerada de
validade daquela de que já tiver participado, salvo na ocorrência de interesse público, impõe-se a aplicação da revogação.
ata que tenha registrado quantitativo inferior ao máximo previsto Nos ditames do art. 62 da Lei nº 13.303/2016, após o início da
no edital; fase de apresentação de lances ou propostas, “a revogação ou a
IX - as hipóteses de cancelamento da ata de registro de preços anulação da licitação somente será efetivada depois de se conceder
e suas consequências aos licitantes que manifestem interesse em contestar o respectivo
§ 1º O critério de julgamento de menor preço por grupo de ato prazo apto a lhes assegurar o exercício do direito ao contraditó-
itens somente poderá ser adotado quando for demonstrada a invia- rio e à ampla defesa”.
bilidade de se promover a adjudicação por item e for evidenciada a Já na seara da lei nº 8.666/93, ressalta-se que a norma tratou
sua vantagem técnica e econômica, e o critério de aceitabilidade de de limitar a indicar, por meio do art. 49, §3º, que em caso de des-
preços unitários máximos deverá ser indicado no edital. fazimento do processo licitatório, ficará assegurado o contraditório
§ 2º Na hipótese de que trata o § 1º deste artigo, observados e a ampla defesa.
os parâmetros estabelecidos nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 23 desta Lei, Por fim, registra-se que em se tratando da obrigatoriedade da
a contratação posterior de item específico constante de grupo de aprovação de espaço aos licitantes interessados no exercício do di-
itens exigirá prévia pesquisa de mercado e demonstração de sua reito ao contraditório e à ampla defesa, de forma anterior ao ato
vantagem para o órgão ou entidade.
de decisório de revogação e anulação, criou-se de forma tradicio-
§ 3º É permitido registro de preços com indicação limitada a
nal diversos debates tanto na doutrina quanto na jurisprudência
unidades de contratação, sem indicação do total a ser adquirido,
nacional. Um exemplo da informação acima, trata-se dos diversos
apenas nas seguintes situações:
julgados que ressalvam a aplicação contida no art. 49, §3º da Lei
I - quando for a primeira licitação para o objeto e o órgão ou
8.666/1.993 nas situações de revogação de licitação antes de sua
entidade não tiver registro de demandas anteriores;
homologação. Pondera-se que esse entendimento afirma que o
II - no caso de alimento perecível;
contraditório e a ampla defesa apenas seriam exigíveis quando o
III - no caso em que o serviço estiver integrado ao fornecimento
procedimento de licitação tiver sido concluído.
de bens.
Obs. Importante: Ainda que em situações por meio das quais é
§ 4º Nas situações referidas no § 3º deste artigo, é obrigatória
considerado dispensável dar a oportunidade aos licitantes do con-
a indicação do valor máximo da despesa e é vedada a participação
traditório e a ampla defesa, a obrigação da administração em mo-
de outro órgão ou entidade na ata. tivar o ato revogatório não será afastada, uma vez que devendo se
§ 5º O sistema de registro de preços poderá ser usado para ater aos princípios da transparência e da motivação, o gestor por
a contratação de bens e serviços, inclusive de obras e serviços de força de lei, deverá sempre evidenciar as razões pelas quais foram
engenharia, observadas as seguintes condições: fundamentadas a conclusão pela revogação do certame, bem como
I - realização prévia de ampla pesquisa de mercado; os motivos de não prosseguir com o processo licitatório.
II - seleção de acordo com os procedimentos previstos em re-
gulamento; Breves considerações adicionais acerca das mudanças no pro-
III - desenvolvimento obrigatório de rotina de controle; cesso de licitação após a aprovação da Lei 14.133/2.021
IV - atualização periódica dos preços registrados; • Com a aprovação da Nova Lei, nos ditames do §2º do art. 17,
V - definição do período de validade do registro de preços; será utilizada como regra geral, a forma eletrônica de contratação
VI - inclusão, em ata de registro de preços, do licitante que acei- para todos os procedimentos licitatórios.
tar cotar os bens ou serviços em preços iguais aos do licitante vence- • Como exceção, caso seja preciso que a forma de contratação
dor na sequência de classificação da licitação e inclusão do licitante seja feita presencialmente, o órgão deverá expor os motivos de fato
que mantiver sua proposta original. e de direito no processo administrativo, porém, ficará incumbido da
§ 6º O sistema de registro de preços poderá, na forma de regu- obrigação de gravar a sessão em áudio e também em vídeo.
lamento, ser utilizado nas hipóteses de inexigibilidade e de dispen- • O foco da Nova Lei, é buscar o incentivo para o uso do siste-
sa de licitação para a aquisição de bens ou para a contratação de ma virtual nos certames, vindo, assim, a dar mais competitividade,
serviços por mais de um órgão ou entidade. segurança e isonomia para as licitações de forma geral.
Art. 83. A existência de preços registrados implicará compro- • A Nova Lei de Licitações criou o PNCP (Portal Nacional de
misso de fornecimento nas condições estabelecidas, mas não obri- Contratações Públicas), que irá servir como um portal obrigatório.
gará a Administração a contratar, facultada a realização de licita- • Todos os órgãos terão obrigação de divulgar suas licitações,
ção específica para a aquisição pretendida, desde que devidamente sejam eles federais, estaduais ou municipais.
motivada. • Art. 20. Os itens de consumo adquiridos para suprir as de-
Art. 84. O prazo de vigência da ata de registro de preços será de mandas das estruturas da Administração Pública deverão ser de
1 (um) ano e poderá ser prorrogado, por igual período, desde que qualidade comum, não superior à necessária para cumprir as finali-
comprovado o preço vantajoso. dades às quais se destinam, vedada a aquisição de artigos de luxo.
Parágrafo único. O contrato decorrente da ata de registro de • Art. 95, § 2º É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com
preços terá sua vigência estabelecida em conformidade com as dis- a Administração, salvo o de pequenas compras ou o de prestação
posições nela contidas. de serviços de pronto pagamento, assim entendidos aqueles de va-
lor não superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Revogação e anulação da licitação • São atos da Administração Pública antes de formalizar ou
De antemão, em relação à revogação e a anulação do proce- prorrogar contratos administrativos: verificar a regularidade fiscal
dimento licitatório, aplica-se o mesmo raciocínio, posto que caso do contratado; consultar o Cadastro Nacional de Empresas idôneas
tenha havido vício no procedimento, busca-se por vias legais o a e suspensas (CEIS) e punidas (CNEP).
possibilidade de corrigi-lo. Em se tratando de caso de vício que não • A Nova Lei de Licitações inseriu vários crimes do Código Pe-
se possa sanar, ou haja a impossibilidade de saná-lo, a anulação se nal, no que se refere às licitações, dentre eles, o art. 337-H do Có-
digo Penal de 1.940:

71
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 337-H. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer mo- II - divulgação de informações de interesse público, indepen-
dificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor dentemente de solicitações;
do contratado, durante a execução dos contratos celebrados com a III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec-
Administração Pública sem autorização em lei, no edital da licitação nologia da informação;
ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ainda, pagar fatu- IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência
ra com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade: na administração pública;
Pena – reclusão, de 4 (quatro) anos a 8 (oito) anos, e multa. V - desenvolvimento do controle social da administração pú-
blica.
Perturbação de processo licitatório Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se:
• Os valores fixados na Lei, serão anualmente corrigidos pelo I - informação: dados, processados ou não, que podem ser utili-
IPCA-E, nos termos do art. 182: O Poder Executivo federal atua- zados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em
lizará, a cada dia 1º de janeiro, pelo Índice Nacional de Preços ao qualquer meio, suporte ou formato;
Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) ou por índice que venha a subs- II - documento: unidade de registro de informações, qualquer
tituí-lo, os valores fixados por esta Lei, os quais serão divulgados no que seja o suporte ou formato;
PNCP. III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente
à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
para a segurança da sociedade e do Estado;
IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural
ACESSO À INFORMAÇÃO. LEI Nº 12.527/2011 E DECRE- identificada ou identificável;
TO Nº 7.724/2011 V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à
produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução,
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011 transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazena-
mento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informa-
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do ção;
art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser co-
Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de nhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas au-
1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos torizados;
da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido
produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado in-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- divíduo, equipamento ou sistema;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, in-
clusive quanto à origem, trânsito e destino;
CAPÍTULO I IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte,
DISPOSIÇÕES GERAIS com o máximo de detalhamento possível, sem modificações.
Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à infor-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem obser- mação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e
vados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil com-
de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. preensão.
5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constitui-
ção Federal. CAPÍTULO II
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos
Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Ju- Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observa-
diciário e do Ministério Público; das as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, I - gestão transparente da informação, propiciando amplo
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas acesso a ela e sua divulgação;
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Mu- II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,
nicípios. autenticidade e integridade; e
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal,
entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realiza- observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e even-
ção de ações de interesse público, recursos públicos diretamente tual restrição de acesso.
do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreen-
termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumen- de, entre outros, os direitos de obter:
tos congêneres. I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as en- acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou
tidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos obtida a informação almejada;
recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de con- II - informação contida em registros ou documentos, produzi-
tas a que estejam legalmente obrigadas. dos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a as- não a arquivos públicos;
segurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou
executados em conformidade com os princípios básicos da admi- entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos
nistração pública e com as seguintes diretrizes: ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
como exceção;

72
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti- II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos
dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços; eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como plani-
VI - informação pertinente à administração do patrimônio pú- lhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;
blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos adminis- III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos
trativos; e em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
VII - informação relativa: IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estrutu-
a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro- ração da informação;
gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem V - garantir a autenticidade e a integridade das informações
como metas e indicadores propostos; disponíveis para acesso;
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado co-
incluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. municar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou enti-
§ 1º O acesso à informação previsto no caput não compreende dade detentora do sítio; e
as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimen- VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibili-
to científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segu- dade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art.
rança da sociedade e do Estado. 17 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da
§ 2º Quando não for autorizado acesso integral à informação Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprova-
por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não da pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008.
sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da § 4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) ha-
parte sob sigilo. bitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a
§ 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações que se refere o § 2º , mantida a obrigatoriedade de divulgação, em
neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e
e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato deci- financeira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Com-
sório respectivo. plementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade
§ 4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido for- Fiscal).
mulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º , quando não Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado me-
fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos diante:
termos do art. 32 desta Lei. I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e
§ 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá entidades do poder público, em local com condições apropriadas
o interessado requerer à autoridade competente a imediata aber- para:
tura de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informa-
documentação. ções;
§ 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o res- b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas res-
ponsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo pectivas unidades;
de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que com- c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a in-
provem sua alegação. formações; e
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, in- II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
dependentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil participação popular ou a outras formas de divulgação.
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de inte-
resse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. CAPÍTULO III
§ 1º Na divulgação das informações a que se refere o caput, DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
deverão constar, no mínimo:
I - registro das competências e estrutura organizacional, en- SEÇÃO I
dereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendi- DO PEDIDO DE ACESSO
mento ao público;
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recur- Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
sos financeiros; acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1º
III - registros das despesas; desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, identificação do requerente e a especificação da informação reque-
inclusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os rida.
contratos celebrados; § 1º Para o acesso a informações de interesse público, a identi-
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, ficação do requerente não pode conter exigências que inviabilizem
projetos e obras de órgãos e entidades; e a solicitação.
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. § 2º Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar
§ 2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e enti- alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de
dades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legí- seus sítios oficiais na internet.
timos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios § 3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
oficiais da rede mundial de computadores (internet). determinantes da solicitação de informações de interesse público.
§ 3º Os sítios de que trata o § 2º deverão, na forma de regula- Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou con-
mento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: ceder o acesso imediato à informação disponível.
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o § 1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma
acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deve-
linguagem de fácil compreensão; rá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:

73
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou enti-
efetuar a reprodução ou obter a certidão; dades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco)
parcial, do acesso pretendido; ou dias se:
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for ne-
seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, gado;
remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou par-
interessado da remessa de seu pedido de informação. cialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classi-
§ 2º O prazo referido no § 1º poderá ser prorrogado por mais ficadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
10 (dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientifi- pedido de acesso ou desclassificação;
cado o requerente. III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa
§ 3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade po- IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedi-
derá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar mentos previstos nesta Lei.
a informação de que necessitar. § 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
§ 4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de in- gido à Controladoria-Geral da União depois de submetido à apre-
formação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser ciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior
informado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo
para sua interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autorida- de 5 (cinco) dias.
de competente para sua apreciação. § 2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Contro-
§ 5º A informação armazenada em formato digital será forneci- ladoria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que ado-
da nesse formato, caso haja anuência do requerente. te as providências necessárias para dar cumprimento ao disposto
§ 6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao público nesta Lei.
em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de § 3º Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral
acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o da União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Rea-
lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir valiação de Informações, a que se refere o art. 35.
a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassifica-
ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo ção de informação protocolado em órgão da administração públi-
se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si ca federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da
mesmo tais procedimentos. área, sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reava-
Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação liação de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.
é gratuito. (Redação dada pela Lei nº 14.129, de 2021) (Vigência) § 1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
§ 1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusivamente o gido às autoridades mencionadas depois de submetido à aprecia-
valor necessário ao ressarcimento dos custos dos serviços e dos ma- ção de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à
teriais utilizados, quando o serviço de busca e de fornecimento da autoridade que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças
informação exigir reprodução de documentos pelo órgão ou pela Armadas, ao respectivo Comando.
entidade pública consultada. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) § 2º Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como
(Vigência) objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta,
§ 2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no § 1º deste caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações
artigo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem prevista no art. 35.
prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias
Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. (Incluído pela Lei nº 14.129, proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classifica-
de 2021) (Vigência) ção de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação pró-
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em pria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em
documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de- seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer
verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta caso, o direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido.
confere com o original. Art. 19. (VETADO).
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o § 1º (VETADO).
interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão § 2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público in-
de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não formarão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional
ponha em risco a conservação do documento original. do Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau
Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão de recurso, negarem acesso a informações de interesse público.
de negativa de acesso, por certidão ou cópia. Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei nº
9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata este
SEÇÃO II Capítulo.
DOS RECURSOS
CAPÍTULO IV
Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO
às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor re-
curso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua SEÇÃO I
ciência. DISPOSIÇÕES GERAIS
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierar-
quicamente superior à que exarou a decisão impugnada, que deve- Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária
rá se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais.

74
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. As informações ou documentos que versem SEÇÃO III
sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos pra- DA PROTEÇÃO E DO CONTROLE DE INFORMAÇÕES SIGILOSAS
ticada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas
não poderão ser objeto de restrição de acesso. Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades,
legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo assegurando a sua proteção. (Regulamento)
industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômi- § 1º O acesso, a divulgação e o tratamento de informação clas-
ca pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha sificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham ne-
qualquer vínculo com o poder público. cessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na
forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agentes
SEÇÃO II públicos autorizados por lei.
DA CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO QUANTO § 2º O acesso à informação classificada como sigilosa cria a
AO GRAU E PRAZOS DE SIGILO obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.
§ 3º Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da socie- a serem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de
dade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as infor- modo a protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, trans-
mações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: missão e divulgação não autorizados.
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integrida- Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências ne-
de do território nacional; cessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de segu-
relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas rança para tratamento de informações sigilosas.
em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais; Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; razão de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica de tratamento de informações sigilosas adotará as providências ne-
ou monetária do País; cessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégi- observem as medidas e procedimentos de segurança das informa-
cos das Forças Armadas; ções resultantes da aplicação desta Lei.
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desen-
volvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, SEÇÃO IV
instalações ou áreas de interesse estratégico nacional; DOS PROCEDIMENTOS DE CLASSIFICAÇÃO
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autori- RECLASSIFICAÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO
dades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da
investigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a administração pública federal é de competência: (Regulamento)
prevenção ou repressão de infrações. I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públi- a) Presidente da República;
cas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à b) Vice-Presidente da República;
segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerro-
ultrassecreta, secreta ou reservada. gativas;
§ 1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes
de sua produção e são os seguintes: no exterior;
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos
II - secreta: 15 (quinze) anos; e titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e socieda-
III - reservada: 5 (cinco) anos. des de economia mista; e
§ 2º As informações que puderem colocar em risco a segurança III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos
do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônju- I e II e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia,
ges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob si- nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
gilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato, Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regula-
em caso de reeleição. mentação específica de cada órgão ou entidade, observado o dis-
§ 3º Alternativamente aos prazos previstos no § 1º , poderá ser posto nesta Lei.
estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência § 1º A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere
de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada
do prazo máximo de classificação. pela autoridade responsável a agente público, inclusive em missão
§ 4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o no exterior, vedada a subdelegação.
evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, au- § 2º A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecre-
tomaticamente, de acesso público. to pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I de-
§ 5º Para a classificação da informação em determinado grau verá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo
de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e previsto em regulamento.
utilizado o critério menos restritivo possível, considerados: § 3º A autoridade ou outro agente público que classificar in-
I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do formação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que
Estado; e trata o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a
II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que que se refere o art. 35, no prazo previsto em regulamento.
defina seu termo final.

75
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de si- I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver
gilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusiva-
seguintes elementos: mente para o tratamento médico;
I - assunto sobre o qual versa a informação; II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi-
II - fundamento da classificação, observados os critérios esta- dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a
belecidos no art. 24; identificação da pessoa a que as informações se referirem;
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou III - ao cumprimento de ordem judicial;
dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites IV - à defesa de direitos humanos; ou
previstos no art. 24; e V - à proteção do interesse público e geral preponderante.
IV - identificação da autoridade que a classificou. § 4º A restrição de acesso à informação relativa à vida privada,
Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito
mesmo grau de sigilo da informação classificada. de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o
Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela titular das informações estiver envolvido, bem como em ações vol-
autoridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente tadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância.
superior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos § 5º Regulamento disporá sobre os procedimentos para trata-
previstos em regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à mento de informação pessoal.
redução do prazo de sigilo, observado o disposto no art. 24. (Re-
gulamento) CAPÍTULO V
§ 1º O regulamento a que se refere o caput deverá considerar DAS RESPONSABILIDADES
as peculiaridades das informações produzidas no exterior por auto-
ridades ou agentes públicos. Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabili-
§ 2º Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser exa- dade do agente público ou militar:
minadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade de I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos des-
danos decorrentes do acesso ou da divulgação da informação. ta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la
§ 3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação, intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
o novo prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inu-
produção. tilizar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, infor-
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade publi- mação que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou
cará, anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado à conhecimento em razão do exercício das atribuições de cargo, em-
veiculação de dados e informações administrativas, nos termos de prego ou função pública;
regulamento: III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de aces-
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos so à informação;
últimos 12 (doze) meses; IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal;
identificação para referência futura; V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou
informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informa- por outrem;
ções genéricas sobre os solicitantes. VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente in-
§ 1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publi- formação sigilosa para beneficiar a si ou a outrem, ou em prejuízo
cação prevista no caput para consulta pública em suas sedes. de terceiros; e
§ 2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos con-
informações classificadas, acompanhadas da data, do grau de sigilo cernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte de
e dos fundamentos da classificação. agentes do Estado.
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa
SEÇÃO V e do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão
DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS consideradas:
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Arma-
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito das, transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios
de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime
honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias ou contravenção penal; ou
individuais. II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro
§ 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, rela- de 1990, e suas alterações, infrações administrativas, que deverão
tivas à intimidade, vida privada, honra e imagem: ser apenadas, no mínimo, com suspensão, segundo os critérios nela
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classifica- estabelecidos.
ção de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da § 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou
sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e agente público responder, também, por improbidade administrati-
à pessoa a que elas se referirem; e va, conforme o disposto nas Leis nºs 1.079, de 10 de abril de 1950,
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por tercei- e 8.429, de 2 de junho de 1992.
ros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa Art. 33. A pessoa física ou entidade privada que detiver infor-
a que elas se referirem. mações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o poder
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata público e deixar de observar o disposto nesta Lei estará sujeita às
este artigo será responsabilizado por seu uso indevido. seguintes sanções:
§ 3º O consentimento referido no inciso II do § 1º não será I - advertência;
exigido quando as informações forem necessárias: II - multa;

76
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - rescisão do vínculo com o poder público; Art. 37. É instituído, no âmbito do Gabinete de Segurança Insti-
IV - suspensão temporária de participar em licitação e impe- tucional da Presidência da República, o Núcleo de Segurança e Cre-
dimento de contratar com a administração pública por prazo não denciamento (NSC), que tem por objetivos: (Regulamento)
superior a 2 (dois) anos; e I - promover e propor a regulamentação do credenciamento
V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a de segurança de pessoas físicas, empresas, órgãos e entidades para
administração pública, até que seja promovida a reabilitação pe- tratamento de informações sigilosas; e
rante a própria autoridade que aplicou a penalidade. II - garantir a segurança de informações sigilosas, inclusive
§ 1º As sanções previstas nos incisos I, III e IV poderão ser apli- aquelas provenientes de países ou organizações internacionais com
cadas juntamente com a do inciso II, assegurado o direito de defesa os quais a República Federativa do Brasil tenha firmado tratado,
do interessado, no respectivo processo, no prazo de 10 (dez) dias. acordo, contrato ou qualquer outro ato internacional, sem prejuízo
§ 2º A reabilitação referida no inciso V será autorizada somen- das atribuições do Ministério das Relações Exteriores e dos demais
te quando o interessado efetivar o ressarcimento ao órgão ou enti- órgãos competentes.
dade dos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção Parágrafo único. Regulamento disporá sobre a composição, or-
aplicada com base no inciso IV. ganização e funcionamento do NSC.
§ 3º A aplicação da sanção prevista no inciso V é de competên- Art. 38. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de 12 de no-
cia exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade pública, vembro de 1997, em relação à informação de pessoa, física ou jurí-
facultada a defesa do interessado, no respectivo processo, no prazo dica, constante de registro ou banco de dados de entidades gover-
de 10 (dez) dias da abertura de vista. namentais ou de caráter público.
Art. 34. Os órgãos e entidades públicas respondem diretamente Art. 39. Os órgãos e entidades públicas deverão proceder à rea-
pelos danos causados em decorrência da divulgação não autorizada valiação das informações classificadas como ultrassecretas e secre-
ou utilização indevida de informações sigilosas ou informações pes- tas no prazo máximo de 2 (dois) anos, contado do termo inicial de
soais, cabendo a apuração de responsabilidade funcional nos casos vigência desta Lei.
de dolo ou culpa, assegurado o respectivo direito de regresso. § 1º A restrição de acesso a informações, em razão da reavalia-
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se à pessoa físi- ção prevista no caput, deverá observar os prazos e condições pre-
ca ou entidade privada que, em virtude de vínculo de qualquer na- vistos nesta Lei.
tureza com órgãos ou entidades, tenha acesso a informação sigilosa § 2º No âmbito da administração pública federal, a reavaliação
ou pessoal e a submeta a tratamento indevido. prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Comis-
são Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos
CAPÍTULO VI desta Lei.
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS § 3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto
no caput, será mantida a classificação da informação nos termos da
Art. 35. (VETADO). legislação precedente.
§ 1º É instituída a Comissão Mista de Reavaliação de Informa- § 4º As informações classificadas como secretas e ultrassecre-
ções, que decidirá, no âmbito da administração pública federal, so- tas não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas,
automaticamente, de acesso público.
bre o tratamento e a classificação de informações sigilosas e terá
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência
competência para:
desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da admi-
I - requisitar da autoridade que classificar informação como
nistração pública federal direta e indireta designará autoridade que
ultrassecreta e secreta esclarecimento ou conteúdo, parcial ou in-
lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do respectivo
tegral da informação;
órgão ou entidade, exercer as seguintes atribuições:
II - rever a classificação de informações ultrassecretas ou se-
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a
cretas, de ofício ou mediante provocação de pessoa interessada,
informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei;
observado o disposto no art. 7º e demais dispositivos desta Lei; e II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apre-
III - prorrogar o prazo de sigilo de informação classificada como sentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento;
ultrassecreta, sempre por prazo determinado, enquanto o seu III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação
acesso ou divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao
nacional ou à integridade do território nacional ou grave risco às correto cumprimento do disposto nesta Lei; e
relações internacionais do País, observado o prazo previsto no § 1º IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cum-
do art. 24. primento do disposto nesta Lei e seus regulamentos.
§ 2º O prazo referido no inciso III é limitado a uma única reno- Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da adminis-
vação. tração pública federal responsável:
§ 3º A revisão de ofício a que se refere o inciso II do § 1º deve- I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fo-
rá ocorrer, no máximo, a cada 4 (quatro) anos, após a reavaliação mento à cultura da transparência na administração pública e cons-
prevista no art. 39, quando se tratar de documentos ultrassecretos cientização do direito fundamental de acesso à informação;
ou secretos. II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao
§ 4º A não deliberação sobre a revisão pela Comissão Mista de desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na admi-
Reavaliação de Informações nos prazos previstos no § 3º implicará nistração pública;
a desclassificação automática das informações. III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da admi-
§ 5º Regulamento disporá sobre a composição, organização e nistração pública federal, concentrando e consolidando a publica-
funcionamento da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, ção de informações estatísticas relacionadas no art. 30;
observado o mandato de 2 (dois) anos para seus integrantes e de- IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório
mais disposições desta Lei. (Regulamento) anual com informações atinentes à implementação desta Lei.
Art. 36. O tratamento de informação sigilosa resultante de tra- Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei
tados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e reco- no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua pu-
mendações constantes desses instrumentos. blicação.

77
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezem- III - documento - unidade de registro de informações, qualquer
bro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: que seja o suporte ou formato;
“Art. 116. ................................................................... IV - informação sigilosa - informação submetida
............................................................................................ temporariamente à restrição de acesso público em razão de sua
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Estado, e
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver aquelas abrangidas pelas demais hipóteses legais de sigilo;
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori- V - informação pessoal - informação relacionada à pessoa
dade competente para apuração; natural identificada ou identificável, relativa à intimidade, vida
.................................................................................” (NR) privada, honra e imagem;
Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112, de 1990, VI - tratamento da informação - conjunto de ações
passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A: referentes à produção, recepção, classificação, utilização, acesso,
“Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci- reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquivamento,
vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su- armazenamento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra informação;
autoridade competente para apuração de informação concernente VII - disponibilidade - qualidade da informação que pode ser
à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, conhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas
ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun- autorizados;
ção pública.” VIII - autenticidade - qualidade da informação que tenha sido
Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado
em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas indivíduo, equipamento ou sistema;
nesta Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao dis- IX - integridade - qualidade da informação não modificada,
posto no art. 9º e na Seção II do Capítulo III. inclusive quanto à origem, trânsito e destino;
Art. 46. Revogam-se: X - primariedade - qualidade da informação coletada na fonte,
I - a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005 ; e com o máximo de detalhamento possível, sem modificações;
II - os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991. XI - informação atualizada - informação que reúne os dados
Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após mais recentes sobre o tema, de acordo com sua natureza, com os
a data de sua publicação. prazos previstos em normas específicas ou conforme a periodicidade
estabelecida nos sistemas informatizados que a organizam; e
XII - documento preparatório - documento formal utilizado
DECRETO Nº 7.724, DE 16 DE MAIO DE 2012 como fundamento da tomada de decisão ou de ato administrativo,
a exemplo de pareceres e notas técnicas.
Regulamenta a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, Art. 4º A busca e o fornecimento da informação são gratuitos,
que dispõe sobre o acesso a informações previsto no inciso XXXIII ressalvada a cobrança do valor referente ao custo dos serviços e dos
do caput do art. 5º , no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. materiais utilizados, tais como reprodução de documentos, mídias
216 da Constituição. digitais e postagem.
Parágrafo único. Está isento de ressarcir os custos dos serviços
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe e dos materiais utilizados aquele cuja situação econômica não lhe
confere o art. 84, caput, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, permita fazê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família,
e tendo em vista o disposto na Lei nº 12.527, de 18 de novembro declarada nos termos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983.
de 2011,
DECRETA: CAPÍTULO II
DA ABRANGÊNCIA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 5º Sujeitam-se ao disposto neste Decreto os órgãos da
administração direta, as autarquias, as fundações públicas, as
Art. 1º Este Decreto regulamenta, no âmbito do Poder Executivo empresas públicas, as sociedades de economia mista e as demais
federal, os procedimentos para a garantia do acesso à informação entidades controladas direta ou indiretamente pela União.
e para a classificação de informações sob restrição de acesso, § 1º A divulgação de informações de empresas públicas,
observados grau e prazo de sigilo, conforme o disposto na Lei nº
sociedade de economia mista e demais entidades controladas
12.527, de 18 de novembro de 2011, que dispõe sobre o acesso a
pela União que atuem em regime de concorrência, sujeitas ao
informações previsto no inciso XXXIII do caput do art. 5º , no inciso
disposto no art. 173 da Constituição, estará submetida às normas
II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição.
pertinentes da Comissão de Valores Mobiliários, a fim de assegurar
Art. 2º Os órgãos e as entidades do Poder Executivo federal
sua competitividade, governança corporativa e, quando houver, os
assegurarão, às pessoas naturais e jurídicas, o direito de acesso
interesses de acionistas minoritários.
à informação, que será proporcionado mediante procedimentos
§ 2º Não se sujeitam ao disposto neste Decreto as informações
objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem
de fácil compreensão, observados os princípios da administração relativas à atividade empresarial de pessoas físicas ou jurídicas de
pública e as diretrizes previstas na Lei nº 12.527, de 2011. direito privado obtidas pelo Banco Central do Brasil, pelas agências
Art. 3º Para os efeitos deste Decreto, considera-se: reguladoras ou por outros órgãos ou entidades no exercício
I - informação - dados, processados ou não, que podem ser de atividade de controle, regulação e supervisão da atividade
utilizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos econômica cuja divulgação possa representar vantagem competitiva
em qualquer meio, suporte ou formato; a outros agentes econômicos.
II - dados processados - dados submetidos a qualquer operação Art. 6º O acesso à informação disciplinado neste Decreto não
ou tratamento por meio de processamento eletrônico ou por meio se aplica:
automatizado com o emprego de tecnologia da informação;

78
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - às hipóteses de sigilo previstas na legislação, como fiscal, § 6º O Banco Central do Brasil divulgará periodicamente
bancário, de operações e serviços no mercado de capitais, informações relativas às operações de crédito praticadas pelas
comercial, profissional, industrial e segredo de justiça; e instituições financeiras, inclusive as taxas de juros mínima, máxima
II - às informações referentes a projetos de pesquisa e e média e as respectivas tarifas bancárias.
desenvolvimento científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja § 7º A divulgação das informações previstas no § 3º não
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, na forma do exclui outras hipóteses de publicação e divulgação de informações
§1º do art. 7º da Lei nº 12.527, de 2011. previstas na legislação.
§ 8º Ato conjunto dos Ministros de Estado da Controladoria-
CAPÍTULO III Geral da União e da Economia disporá sobre a divulgação dos
DA TRANSPARÊNCIA ATIVA programas de que trata o inciso IX do § 3º , que será feita, observado
o disposto no Capítulo VII: (Redação dada pelo Decreto nº 9.690, de
Art. 7º É dever dos órgãos e entidades promover, independente 2019)
de requerimento, a divulgação em seus sítios na Internet de I - de maneira individualizada; (Incluído pelo Decreto nº 8.408,
informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas de 2015)
ou custodiadas, observado o disposto nos arts. 7º e 8º da Lei nº II - por meio de informações consolidadas disponibilizadas no
12.527, de 2011. sítio eletrônico do Ministério da Economia; e (Redação dada pelo
§ 1º Os órgãos e entidades deverão implementar em seus sítios Decreto nº 9.690, de 2019)
na Internet seção específica para a divulgação das informações de III - por meio de disponibilização de variáveis das bases de
que trata o caput. dados para execução de cruzamentos, para fins de estudos e
§ 2º Serão disponibilizados nos sítios na Internet dos órgãos pesquisas, observado o disposto no art. 13. (Incluído pelo Decreto
e entidades, conforme padrão estabelecido pela Secretaria de nº 8.408, de 2015)
Comunicação Social da Presidência da República: Art. 8º Os sítios eletrônicos dos órgãos e das entidades, em
I - banner na página inicial, que dará acesso à seção específica cumprimento às normas estabelecidas pelo Ministério da Economia,
de que trata o § 1º ; e atenderão aos seguintes requisitos, entre outros. (Redação dada
II - barra de identidade do Governo federal, contendo pelo Decreto nº 9.690, de 2019)
I - conter formulário para pedido de acesso à informação;
ferramenta de redirecionamento de página para o Portal Brasil e
II - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita
para o sítio principal sobre a Lei nº 12.527, de 2011.
o acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em
§ 3º Deverão ser divulgadas, na seção específica de que trata o
linguagem de fácil compreensão;
§ 1º , informações sobre:
III - possibilitar gravação de relatórios em diversos formatos
I - estrutura organizacional, competências, legislação aplicável,
eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como
principais cargos e seus ocupantes, endereço e telefones das
planilhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações;
unidades, horários de atendimento ao público;
IV - possibilitar acesso automatizado por sistemas externos em
II - programas, projetos, ações, obras e atividades, com formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
indicação da unidade responsável, principais metas e resultados e, V - divulgar em detalhes os formatos utilizados para
quando existentes, indicadores de resultado e impacto; estruturação da informação;
III - repasses ou transferências de recursos financeiros; VI - garantir autenticidade e integridade das informações
IV - execução orçamentária e financeira detalhada; disponíveis para acesso;
V - licitações realizadas e em andamento, com editais, anexos VII - indicar instruções que permitam ao requerente comunicar-
e resultados, além dos contratos firmados e notas de empenho se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entidade; e
emitidas; VIII - garantir a acessibilidade de conteúdo para pessoas com
VI - remuneração e subsídio recebidos por ocupante de cargo, deficiência.
posto, graduação, função e emprego público, incluídos os auxílios,
as ajudas de custo, os jetons e outras vantagens pecuniárias, CAPÍTULO IV
além dos proventos de aposentadoria e das pensões daqueles DA TRANSPARÊNCIA PASSIVA
servidores e empregados públicos que estiverem na ativa, de
maneira individualizada, conforme estabelecido em ato do Ministro SEÇÃO I
de Estado da Economia; (Redação dada pelo Decreto nº 9.690, de DO SERVIÇO DE INFORMAÇÃO AO CIDADÃO
2019)
VII - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade; Art. 9º Os órgãos e entidades deverão criar Serviço de
(Redação dada pelo Decreto nº 8.408, de 2015) Informações ao Cidadão - SIC, com o objetivo de:
VIII - contato da autoridade de monitoramento, designada nos I - atender e orientar o público quanto ao acesso à informação;
termos do art. 40 da Lei nº 12.527, de 2011 , e telefone e correio II - informar sobre a tramitação de documentos nas unidades; e
eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão - SIC; e (Redação III - receber e registrar pedidos de acesso à informação.
dada pelo Decreto nº 8.408, de 2015) Parágrafo único. Compete ao SIC:
IX - programas financiados pelo Fundo de Amparo ao I - o recebimento do pedido de acesso e, sempre que possível,
Trabalhador - FAT. (Incluído pelo Decreto nº 8.408, de 2015) o fornecimento imediato da informação;
§ 4º As informações poderão ser disponibilizadas por meio de II - o registro do pedido de acesso em sistema eletrônico
ferramenta de redirecionamento de página na Internet, quando específico e a entrega de número do protocolo, que conterá a data
estiverem disponíveis em outros sítios governamentais. de apresentação do pedido; e
§ 5º No caso das empresas públicas, sociedades de economia III - o encaminhamento do pedido recebido e registrado à
mista e demais entidades controladas pela União que atuem unidade responsável pelo fornecimento da informação, quando
em regime de concorrência, sujeitas ao disposto no art. 173 da couber.
Constituição, aplica-se o disposto no § 1º do art. 5º . Art. 10. O SIC será instalado em unidade física identificada, de
fácil acesso e aberta ao público.

79
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
§ 1º Nas unidades descentralizadas em que não houver SIC será V - indicar as razões da negativa, total ou parcial, do acesso.
oferecido serviço de recebimento e registro dos pedidos de acesso § 2º Nas hipóteses em que o pedido de acesso demandar
à informação. manuseio de grande volume de documentos, ou a movimentação
§ 2º Se a unidade descentralizada não detiver a informação, do documento puder comprometer sua regular tramitação, será
o pedido será encaminhado ao SIC do órgão ou entidade central, adotada a medida prevista no inciso II do § 1º .
que comunicará ao requerente o número do protocolo e a data § 3º Quando a manipulação puder prejudicar a integridade da
de recebimento do pedido, a partir da qual se inicia o prazo de informação ou do documento, o órgão ou entidade deverá indicar
resposta. data, local e modo para consulta, ou disponibilizar cópia, com
certificação de que confere com o original.
SEÇÃO II § 4º Na impossibilidade de obtenção de cópia de que trata o
DO PEDIDO DE ACESSO À INFORMAÇÃO § 3º , o requerente poderá solicitar que, às suas expensas e sob
supervisão de servidor público, a reprodução seja feita por outro
Art. 11. Qualquer pessoa, natural ou jurídica, poderá formular meio que não ponha em risco a integridade do documento original.
pedido de acesso à informação. Art. 16. O prazo para resposta do pedido poderá ser prorrogado
§ 1º O pedido será apresentado em formulário padrão, por dez dias, mediante justificativa encaminhada ao requerente
disponibilizado em meio eletrônico e físico, no sítio na Internet e no antes do término do prazo inicial de vinte dias.
SIC dos órgãos e entidades. Art. 17. Caso a informação esteja disponível ao público em
§ 2º O prazo de resposta será contado a partir da data de formato impresso, eletrônico ou em outro meio de acesso universal,
apresentação do pedido ao SIC. o órgão ou entidade deverá orientar o requerente quanto ao local e
§ 3º É facultado aos órgãos e entidades o recebimento de modo para consultar, obter ou reproduzir a informação.
pedidos de acesso à informação por qualquer outro meio legítimo, Parágrafo único. Na hipótese do caput o órgão ou entidade
como contato telefônico, correspondência eletrônica ou física, desobriga-se do fornecimento direto da informação, salvo se o
desde que atendidos os requisitos do art. 12. requerente declarar não dispor de meios para consultar, obter ou
§ 4º Na hipótese do § 3º , será enviada ao requerente reproduzir a informação.
comunicação com o número de protocolo e a data do recebimento Art. 18. Quando o fornecimento da informação implicar
do pedido pelo SIC, a partir da qual se inicia o prazo de resposta. reprodução de documentos, o órgão ou entidade, observado o
Art. 12. O pedido de acesso à informação deverá conter:
prazo de resposta ao pedido, disponibilizará ao requerente Guia
I - nome do requerente;
de Recolhimento da União - GRU ou documento equivalente, para
II - número de documento de identificação válido;
pagamento dos custos dos serviços e dos materiais utilizados.
III - especificação, de forma clara e precisa, da informação
Parágrafo único. A reprodução de documentos ocorrerá
requerida; e
no prazo de dez dias, contado da comprovação do pagamento
IV - endereço físico ou eletrônico do requerente, para
pelo requerente ou da entrega de declaração de pobreza por
recebimento de comunicações ou da informação requerida.
ele firmada, nos termos da Lei nº 7.115, de 1983, ressalvadas
Art. 13. Não serão atendidos pedidos de acesso à informação:
hipóteses justificadas em que, devido ao volume ou ao estado dos
I - genéricos;
II - desproporcionais ou desarrazoados; ou documentos, a reprodução demande prazo superior.
III - que exijam trabalhos adicionais de análise, interpretação Art. 19. Negado o pedido de acesso à informação, será enviada
ou consolidação de dados e informações, ou serviço de produção ao requerente, no prazo de resposta, comunicação com:
ou tratamento de dados que não seja de competência do órgão ou I - razões da negativa de acesso e seu fundamento legal;
entidade. II - possibilidade e prazo de recurso, com indicação da
Parágrafo único. Na hipótese do inciso III do caput, o órgão ou autoridade que o apreciará; e
entidade deverá, caso tenha conhecimento, indicar o local onde se III - possibilidade de apresentação de pedido de desclassificação
encontram as informações a partir das quais o requerente poderá da informação, quando for o caso, com indicação da autoridade
realizar a interpretação, consolidação ou tratamento de dados. classificadora que o apreciará.
Art. 14. São vedadas exigências relativas aos motivos do pedido §1º As razões de negativa de acesso a informação classificada
de acesso à informação. indicarão o fundamento legal da classificação, a autoridade que a
classificou e o código de indexação do documento classificado.
SEÇÃO III § 2º Os órgãos e entidades disponibilizarão formulário padrão
DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO para apresentação de recurso e de pedido de desclassificação.
Art. 20. O acesso a documento preparatório ou informação
Art. 15. Recebido o pedido e estando a informação disponível, nele contida, utilizados como fundamento de tomada de decisão
o acesso será imediato. ou de ato administrativo, será assegurado a partir da edição do ato
§ 1º Caso não seja possível o acesso imediato, o órgão ou ou decisão.
entidade deverá, no prazo de até vinte dias: Parágrafo único. O Ministério da Fazenda e o Banco Central
I - enviar a informação ao endereço físico ou eletrônico do Brasil classificarão os documentos que embasarem decisões
informado; de política econômica, tais como fiscal, tributária, monetária e
II - comunicar data, local e modo para realizar consulta à regulatória.
informação, efetuar reprodução ou obter certidão relativa à
informação; SEÇÃO IV
III - comunicar que não possui a informação ou que não tem DOS RECURSOS
conhecimento de sua existência;
IV - indicar, caso tenha conhecimento, o órgão ou entidade Art. 21. No caso de negativa de acesso à informação ou de
responsável pela informação ou que a detenha; ou não fornecimento das razões da negativa do acesso, poderá o
requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da

80
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ciência da decisão, à autoridade hierarquicamente superior à que Art. 26. A informação em poder dos órgãos e entidades,
adotou a decisão, que deverá apreciá-lo no prazo de cinco dias, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à
contado da sua apresentação. segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada no
Parágrafo único. Desprovido o recurso de que trata o caput, grau ultrassecreto, secreto ou reservado.
poderá o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, Art. 27. Para a classificação da informação em grau de sigilo,
contado da ciência da decisão, à autoridade máxima do órgão ou deverá ser observado o interesse público da informação e utilizado
entidade, que deverá se manifestar em cinco dias contados do o critério menos restritivo possível, considerados:
recebimento do recurso. I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do
Art. 22. No caso de omissão de resposta ao pedido de acesso à Estado; e
informação, o requerente poderá apresentar reclamação no prazo II - o prazo máximo de classificação em grau de sigilo ou o
de dez dias à autoridade de monitoramento de que trata o art. 40 evento que defina seu termo final.
da Lei nº 12.527, de 2011, que deverá se manifestar no prazo de Art. 28. Os prazos máximos de classificação são os seguintes:
cinco dias, contado do recebimento da reclamação. I - grau ultrassecreto: vinte e cinco anos;
§ 1º O prazo para apresentar reclamação começará trinta dias II - grau secreto: quinze anos; e
após a apresentação do pedido. III - grau reservado: cinco anos.
§ 2º A autoridade máxima do órgão ou entidade poderá Parágrafo único. Poderá ser estabelecida como termo final
designar outra autoridade que lhe seja diretamente subordinada de restrição de acesso a ocorrência de determinado evento,
como responsável pelo recebimento e apreciação da reclamação. observados os prazos máximos de classificação.
Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o parágrafo único do Art. 29. As informações que puderem colocar em risco a
art. 21 ou infrutífera a reclamação de que trata o art. 22, poderá o segurança do Presidente da República, Vice-Presidente e seus
requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da ciência cônjuges e filhos serão classificadas no grau reservado e ficarão
da decisão, à Controladoria-Geral da União, que deverá se manifestar sob sigilo até o término do mandato em exercício ou do último
no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso. mandato, em caso de reeleição.
§ 1º A Controladoria-Geral da União poderá determinar que o Art. 30. A classificação de informação é de competência:
órgão ou entidade preste esclarecimentos. I - no grau ultrassecreto, das seguintes autoridades:
§ 2º Provido o recurso, a Controladoria-Geral da União fixará a) Presidente da República;
prazo para o cumprimento da decisão pelo órgão ou entidade. b) Vice-Presidente da República;
Art. 24. No caso de negativa de acesso à informação, ou c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas
às razões da negativa do acesso de que trata o caput do art. prerrogativas;
21, desprovido o recurso pela Controladoria-Geral da União, o d) Comandantes da Marinha, do Exército, da Aeronáutica; e
requerente poderá apresentar, no prazo de dez dias, contado da e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes
ciência da decisão, recurso à Comissão Mista de Reavaliação de no exterior;
Informações, observados os procedimentos previstos no Capítulo II - no grau secreto, das autoridades referidas no inciso I do
VI. caput, dos titulares de autarquias, fundações, empresas públicas e
sociedades de economia mista; e
CAPÍTULO V III - no grau reservado, das autoridades referidas nos incisos I
DAS INFORMAÇÕES CLASSIFICADAS EM GRAU DE SIGILO e II do caput e das que exerçam funções de direção, comando ou
chefia do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS , nível
SEÇÃO I DAS 101.5 ou superior, e seus equivalentes.
DA CLASSIFICAÇÃO DE INFORMAÇÕES QUANTO AO GRAU § 1º É vedada a delegação da competência de classificação nos
E PRAZOS DE SIGILO graus de sigilo ultrassecreto ou secreto. (Repristinado pelo Decreto
nº 9.716, de 2019)
Art. 25. São passíveis de classificação as informações § 2º O dirigente máximo do órgão ou entidade poderá delegar a
consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade ou do competência para classificação no grau reservado a agente público
Estado, cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: que exerça função de direção, comando ou chefia. (Repristinado
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integridade pelo Decreto nº 9.716, de 2019)
do território nacional; § 3º É vedada a subdelegação da competência de que trata o §
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as 2º . (Repristinado pelo Decreto nº 9.716, de 2019)
relações internacionais do País; § 4º Os agentes públicos referidos no § 2º deverão dar ciência
III - prejudicar ou pôr em risco informações fornecidas em do ato de classificação à autoridade delegante, no prazo de noventa
caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais; dias. (Repristinado pelo Decreto nº 9.716, de 2019)
IV - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; § 5º A classificação de informação no grau ultrassecreto pelas
V - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I do caput deverá
ou monetária do País; ser ratificada pelo Ministro de Estado, no prazo de trinta dias.
VI - prejudicar ou causar risco a planos ou operações § 6º Enquanto não ratificada, a classificação de que trata o § 5º
estratégicos das Forças Armadas; considera-se válida, para todos os efeitos legais.
VII - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e
desenvolvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, SEÇÃO II
bens, instalações ou áreas de interesse estratégico nacional, DOS PROCEDIMENTOS PARA CLASSIFICAÇÃO DE INFOR-
observado o disposto no inciso II do caput do art. 6º ; MAÇÃO
VIII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas
autoridades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou Art. 31. A decisão que classificar a informação em qualquer
IX - comprometer atividades de inteligência, de investigação grau de sigilo deverá ser formalizada no Termo de Classificação de
ou de fiscalização em andamento, relacionadas com prevenção ou Informação - TCI, conforme modelo contido no Anexo, e conterá o
repressão de infrações. seguinte:

81
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - código de indexação de documento; Art. 36. O pedido de desclassificação ou de reavaliação da
II - grau de sigilo; classificação poderá ser apresentado aos órgãos e entidades
III - categoria na qual se enquadra a informação; independente de existir prévio pedido de acesso à informação.
IV - tipo de documento; Parágrafo único. O pedido de que trata o caput será endereçado
V - data da produção do documento; à autoridade classificadora, que decidirá no prazo de trinta dias.
VI - indicação de dispositivo legal que fundamenta a Art. 37. Negado o pedido de desclassificação ou de reavaliação
classificação; pela autoridade classificadora, o requerente poderá apresentar
VII - razões da classificação, observados os critérios recurso no prazo de dez dias, contado da ciência da negativa, ao
estabelecidos no art. 27; Ministro de Estado ou à autoridade com as mesmas prerrogativas ,
VIII - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses que decidirá no prazo de trinta dias.
ou dias, ou do evento que defina o seu termo final, observados os § 1º Nos casos em que a autoridade classificadora esteja
limites previstos no art. 28; vinculada a autarquia, fundação, empresa pública ou sociedade de
IX - data da classificação; e economia mista, o recurso será apresentado ao dirigente máximo
X - identificação da autoridade que classificou a informação. da entidade .
§ 1º O TCI seguirá anexo à informação. § 2º No caso das Forças Armadas, o recurso será apresentado
§ 2º As informações previstas no inciso VII do caput deverão ser primeiramente perante o respectivo Comandante, e, em caso de
mantidas no mesmo grau de sigilo que a informação classificada. negativa, ao Ministro de Estado da Defesa.
§ 3º A ratificação da classificação de que trata o § 5º do art. 30 § 3º No caso de informações produzidas por autoridades ou
deverá ser registrada no TCI. agentes públicos no exterior, o requerimento de desclassificação
Art. 32. A autoridade ou outro agente público que classificar e reavaliação será apreciado pela autoridade hierarquicamente
informação no grau ultrassecreto ou secreto deverá encaminhar superior que estiver em território brasileiro.
cópia do TCI à Comissão Mista de Reavaliação de Informações no § 4º Desprovido o recurso de que tratam o caput e os §§1º
prazo de trinta dias, contado da decisão de classificação ou de a 3º , poderá o requerente apresentar recurso à Comissão Mista
ratificação . de Reavaliação de Informações, no prazo de dez dias, contado da
Art. 33. Na hipótese de documento que contenha informações ciência da decisão.
classificadas em diferentes graus de sigilo, será atribuído ao Art. 38. A decisão da desclassificação, reclassificação ou redução
documento tratamento do grau de sigilo mais elevado, ficando do prazo de sigilo de informações classificadas deverá constar das
assegurado o acesso às partes não classificadas por meio de capas dos processos, se houver, e de campo apropriado no TCI.
certidão, extrato ou cópia, com ocultação da parte sob sigilo .
Art. 34. Os órgãos e entidades poderão constituir Comissão SEÇÃO IV
Permanente de Avaliação de Documentos Sigilosos - CPADS, com as DISPOSIÇÕES GERAIS
seguintes atribuições:
I - opinar sobre a informação produzida no âmbito de sua Art. 39. As informações classificadas no grau ultrassecreto
atuação para fins de classificação em qualquer grau de sigilo; ou secreto serão definitivamente preservadas, nos termos da Lei
II - assessorar a autoridade classificadora ou a autoridade nº 8.159, de 1991, observados os procedimentos de restrição de
hierarquicamente superior quanto à desclassificação, reclassificação
acesso enquanto vigorar o prazo da classificação.
ou reavaliação de informação classificada em qualquer grau de
Art. 40. As informações classificadas como documentos de
sigilo;
guarda permanente que forem objeto de desclassificação serão
III - propor o destino final das informações desclassificadas,
encaminhadas ao Arquivo Nacional, ao arquivo permanente do
indicando os documentos para guarda permanente, observado o
órgão público, da entidade pública ou da instituição de caráter
disposto na Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991 ; e
público, para fins de organização, preservação e acesso.
IV - subsidiar a elaboração do rol anual de informações
Art. 41. As informações sobre condutas que impliquem violação
desclassificadas e documentos classificados em cada grau de sigilo,
a ser disponibilizado na Internet. dos direitos humanos praticada por agentes públicos ou a mando
de autoridades públicas não poderão ser objeto de classificação em
SEÇÃO III qualquer grau de sigilo nem ter seu acesso negado.
DA DESCLASSIFICAÇÃO E REAVALIAÇÃO DA INFORMAÇÃO Art. 42. Não poderá ser negado acesso às informações
CLASSIFICADA EM GRAU DE SIGILO necessárias à tutela judicial ou administrativa de direitos
fundamentais.
Art. 35. A classificação das informações será reavaliada pela Parágrafo único. O requerente deverá apresentar razões que
autoridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente demonstrem a existência de nexo entre as informações requeridas
superior, mediante provocação ou de ofício, para desclassificação e o direito que se pretende proteger.
ou redução do prazo de sigilo. Art. 43. O acesso, a divulgação e o tratamento de informação
Parágrafo único. Para o cumprimento do disposto no caput, classificada em qualquer grau de sigilo ficarão restritos a pessoas
além do disposto no art. 27, deverá ser observado: que tenham necessidade de conhecê-la e que sejam credenciadas
I - o prazo máximo de restrição de acesso à informação, previsto segundo as normas fixadas pelo Núcleo de Segurança e
no art. 28; Credenciamento, instituído no âmbito do Gabinete de Segurança
II - o prazo máximo de quatro anos para revisão de ofício das Institucional da Presidência da República, sem prejuízo das
informações classificadas no grau ultrassecreto ou secreto, previsto atribuições de agentes públicos autorizados por lei.
no inciso I do caput do art. 47; Art. 44. As autoridades do Poder Executivo federal adotarão
III - a permanência das razões da classificação; as providências necessárias para que o pessoal a elas subordinado
IV - a possibilidade de danos ou riscos decorrentes da divulgação conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de
ou acesso irrestrito da informação; e segurança para tratamento de informações classificadas em
V - a peculiaridade das informações produzidas no exterior por qualquer grau de sigilo.
autoridades ou agentes públicos.

82
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. A pessoa natural ou entidade privada que, IV - prorrogar por uma única vez, e por período determinado
em razão de qualquer vínculo com o Poder Público, executar não superior a vinte e cinco anos, o prazo de sigilo de informação
atividades de tratamento de informações classificadas, adotará as classificada no grau ultrassecreto, enquanto seu acesso ou
providências necessárias para que seus empregados, prepostos divulgação puder ocasionar ameaça externa à soberania nacional,
ou representantes observem as medidas e procedimentos de à integridade do território nacional ou grave risco às relações
segurança das informações. internacionais do País, limitado ao máximo de cinquenta anos o
Art. 45. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade prazo total da classificação; e
publicará anualmente, até o dia 1º de junho, em sítio na Internet: V - estabelecer orientações normativas de caráter geral a fim
I - rol das informações desclassificadas nos últimos doze meses; de suprir eventuais lacunas na aplicação da Lei nº 12.527, de 2011.
II - rol das informações classificadas em cada grau de sigilo, que Parágrafo único. A não deliberação sobre a revisão de ofício
deverá conter: no prazo previsto no inciso I do caput implicará a desclassificação
a) código de indexação de documento; automática das informações.
b) categoria na qual se enquadra a informação; Art. 48. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações se
c) indicação de dispositivo legal que fundamenta a classificação; reunirá, ordinariamente, uma vez por mês, e, extraordinariamente,
e sempre que convocada por seu Presidente.
d) data da produção, data da classificação e prazo da Parágrafo único. As reuniões serão realizadas com a presença
classificação; de no mínimo seis integrantes.
III - relatório estatístico com a quantidade de pedidos de acesso Art. 49. Os requerimentos de prorrogação do prazo de
à informação recebidos, atendidos e indeferidos; e classificação de informação no grau ultrassecreto, a que se refere o
IV - informações estatísticas agregadas dos requerentes. inciso IV do caput do art. 47, deverão ser encaminhados à Comissão
Parágrafo único. Os órgãos e entidades deverão manter em Mista de Reavaliação de Informações em até um ano antes do
meio físico as informações previstas no caput, para consulta pública vencimento do termo final de restrição de acesso.
em suas sedes. Parágrafo único. O requerimento de prorrogação do prazo de
sigilo de informação classificada no grau ultrassecreto deverá ser
CAPÍTULO VI apreciado, impreterivelmente, em até três sessões subsequentes
DA COMISSÃO MISTA DE REAVALIAÇÃO DE INFORMAÇÕES à data de sua autuação, ficando sobrestadas, até que se ultime a
CLASSIFICADAS votação, todas as demais deliberações da Comissão.
Art. 50. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações
Art. 46. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações, deverá apreciar os recursos previstos no inciso III do caput do art.
instituída nos termos do § 1º do art. 35 da Lei nº 12.527, de 2011, 47, impreterivelmente, até a terceira reunião ordinária subsequente
será integrada pelos titulares dos seguintes órgãos: à data de sua autuação.
I - Casa Civil da Presidência da República, que a presidirá; Art. 51. A revisão de ofício da informação classificada no
II - Ministério da Justiça e Segurança Pública; (Redação dada grau ultrassecreto ou secreto será apreciada em até três sessões
pelo Decreto nº 9.690, de 2019) anteriores à data de sua desclassificação automática.
III - Ministério das Relações Exteriores; Art. 52. As deliberações da Comissão Mista de Reavaliação de
IV - Ministério da Defesa; Informações serão tomadas:
V - Ministério da Economia; (Redação dada pelo Decreto nº I - por maioria absoluta, quando envolverem as competências
9.690, de 2019) previstas nos incisos I e IV do caput do art.47; e
VI - Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; II - por maioria simples dos votos, nos demais casos.
(Redação dada pelo Decreto nº 9.690, de 2019) Parágrafo único. A Casa Civil da Presidência da República
VII - Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da poderá exercer, além do voto ordinário, o voto de qualidade para
República ; (Redação dada pelo Decreto nº 9.690, de 2019) desempate.
VIII - Advocacia-Geral da União; e (Redação dada pelo Decreto Art. 53. A Casa Civil da Presidência da República exercerá as
nº 9.690, de 2019) funções de Secretaria-Executiva da Comissão Mista de Reavaliação
IX - Controladoria-Geral da União. (Redação dada pelo Decreto de Informações , cujas competências serão definidas em regimento
nº 9.690, de 2019) interno.
Parágrafo único. Cada integrante indicará suplente a ser Art. 54. A Comissão Mista de Reavaliação de Informações
designado por ato do Presidente da Comissão. aprovará, por maioria absoluta, regimento interno que disporá
Art. 47. Compete à Comissão Mista de Reavaliação de sobre sua organização e funcionamento.
Informações : Parágrafo único. O regimento interno deverá ser publicado no
I - rever, de ofício ou mediante provocação, a classificação de Diário Oficial da União no prazo de noventa dias após a instalação
informação no grau ultrassecreto ou secreto ou sua reavaliação, no da Comissão.
máximo a cada quatro anos;
II - requisitar da autoridade que classificar informação no grau CAPÍTULO VII
ultrassecreto ou secreto esclarecimento ou conteúdo, parcial ou DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS
integral, da informação, quando as informações constantes do TCI
não forem suficientes para a revisão da classificação; Art. 55. As informações pessoais relativas à intimidade, vida
III - decidir recursos apresentados contra decisão proferida: privada, honra e imagem detidas pelos órgãos e entidades:
a) pela Controladoria-Geral da União, em grau recursal, a I - terão acesso restrito a agentes públicos legalmente
pedido de acesso à informação ou de abertura de base de dados, autorizados e a pessoa a que se referirem, independentemente de
ou às razões da negativa de acesso à informação ou de abertura de classificação de sigilo, pelo prazo máximo de cem anos a contar da
base de dados; ou (Redação dada pelo Decreto nº 9.690, de 2019) data de sua produção; e
b) pelo Ministro de Estado ou autoridade com a mesma II - poderão ter sua divulgação ou acesso por terceiros
prerrogativa, em grau recursal, a pedido de desclassificação ou autorizados por previsão legal ou consentimento expresso da
reavaliação de informação classificada; pessoa a que se referirem.

83
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Parágrafo único. Caso o titular das informações pessoais esteja IV - demonstração da necessidade do acesso à informação
morto ou ausente, os direitos de que trata este artigo assistem requerida para a defesa dos direitos humanos ou para a proteção
ao cônjuge ou companheiro, aos descendentes ou ascendentes, do interesse público e geral preponderante.
conforme o disposto no parágrafo único do art. 20 da Lei nº 10.406, Art. 61. O acesso à informação pessoal por terceiros será
de 10 de janeiro de 2002, e na Lei nº 9.278, de 10 de maio de 1996. condicionado à assinatura de um termo de responsabilidade, que
Art. 56. O tratamento das informações pessoais deve ser feito disporá sobre a finalidade e a destinação que fundamentaram sua
de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada, autorização, sobre as obrigações a que se submeterá o requerente.
honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias § 1º A utilização de informação pessoal por terceiros vincula-se
individuais. à finalidade e à destinação que fundamentaram a autorização do
Art. 57. O consentimento referido no inciso II do caput do acesso, vedada sua utilização de maneira diversa.
art. 55 não será exigido quando o acesso à informação pessoal for § 2º Aquele que obtiver acesso às informações pessoais de
necessário: terceiros será responsabilizado por seu uso indevido, na forma da
I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver lei.
física ou legalmente incapaz, e para utilização exclusivamente para Art. 62. Aplica-se, no que couber, a Lei nº 9.507, de 12 de
o tratamento médico; novembro de 1997, em relação à informação de pessoa, natural
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evidente ou jurídica, constante de registro ou banco de dados de órgãos ou
interesse público ou geral, previstos em lei, vedada a identificação entidades governamentais ou de caráter público.
da pessoa a que a informação se referir;
III - ao cumprimento de decisão judicial; CAPÍTULO VIII
IV - à defesa de direitos humanos de terceiros; ou DAS ENTIDADES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS
V - à proteção do interesse público geral e preponderante.
Art. 58. A restrição de acesso a informações pessoais de que Art. 63. As entidades privadas sem fins lucrativos que
trata o art. 55 não poderá ser invocada: receberem recursos públicos para realização de ações de interesse
I - com o intuito de prejudicar processo de apuração de público deverão dar publicidade às seguintes informações:
I - cópia do estatuto social atualizado da entidade;
irregularidades, conduzido pelo Poder Público, em que o titular das
II - relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade; e
informações for parte ou interessado; ou
III - cópia integral dos convênios, contratos, termos de parcerias,
II - quando as informações pessoais não classificadas estiverem
acordos, ajustes ou instrumentos congêneres realizados com o
contidas em conjuntos de documentos necessários à recuperação Poder Executivo federal, respectivos aditivos, e relatórios finais de
de fatos históricos de maior relevância. prestação de contas, na forma da legislação aplicável.
Art. 59. O dirigente máximo do órgão ou entidade poderá, de § 1º As informações de que trata o caput serão divulgadas em
ofício ou mediante provocação, reconhecer a incidência da hipótese sítio na Internet da entidade privada e em quadro de avisos de
do inciso II do caput do art. 58, de forma fundamentada, sobre amplo acesso público em sua sede.
documentos que tenha produzido ou acumulado, e que estejam § 2º A divulgação em sítio na Internet referida no §1º poderá ser
sob sua guarda. dispensada, por decisão do órgão ou entidade pública, e mediante
§ 1º Para subsidiar a decisão de reconhecimento de que trata expressa justificação da entidade, nos casos de entidades privadas
o caput, o órgão ou entidade poderá solicitar a universidades, sem fins lucrativos que não disponham de meios para realizá-la.
instituições de pesquisa ou outras entidades com notória § 3º As informações de que trata o caput deverão ser publicadas
experiência em pesquisa historiográfica a emissão de parecer sobre a partir da celebração do convênio, contrato, termo de parceria,
a questão. acordo, ajuste ou instrumento congênere, serão atualizadas
§ 2º A decisão de reconhecimento de que trata o caput será periodicamente e ficarão disponíveis até cento e oitenta dias após a
precedida de publicação de extrato da informação, com descrição entrega da prestação de contas final.
resumida do assunto, origem e período do conjunto de documentos Art. 64. Os pedidos de informação referentes aos convênios,
a serem considerados de acesso irrestrito, com antecedência de no contratos, termos de parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos
mínimo trinta dias. congêneres previstos no art. 63 deverão ser apresentados
§ 3º Após a decisão de reconhecimento de que trata o § 2º , diretamente aos órgãos e entidades responsáveis pelo repasse de
os documentos serão considerados de acesso irrestrito ao público. recursos.
§ 4º Na hipótese de documentos de elevado valor histórico Parágrafo único . As entidades com personalidade jurídica
destinados à guarda permanente, caberá ao dirigente máximo de direito privado constituídas sob a forma de serviço social
do Arquivo Nacional, ou à autoridade responsável pelo arquivo autônomo, destinatárias de contribuições, são diretamente
do órgão ou entidade pública que os receber, decidir, após seu responsáveis por fornecer as informações referentes à parcela dos
recolhimento, sobre o reconhecimento, observado o procedimento recursos provenientes das contribuições e dos demais recursos
públicos recebidos. (Redação dada pelo Decreto nº 9.781, de 2019)
previsto neste artigo.
(Vigência)
Art. 60. O pedido de acesso a informações pessoais observará
Art. 64-A . As entidades com personalidade jurídica de direito
os procedimentos previstos no Capítulo IV e estará condicionado à
privado constituídas sob a forma de serviço social autônomo,
comprovação da identidade do requerente. destinatárias de contribuições, divulgarão, independentemente de
Parágrafo único. O pedido de acesso a informações pessoais requerimento, as informações de interesse coletivo ou geral por
por terceiros deverá ainda estar acompanhado de: elas produzidas ou custodiadas, inclusive aquelas a que se referem
I - comprovação do consentimento expresso de que trata o os incisos I ao VIII do § 3º do art. 7º, em local de fácil visualização
inciso II do caput do art. 55, por meio de procuração; em sítios oficiais na internet. (Incluído pelo Decreto nº 9.781, de
II - comprovação das hipóteses previstas no art. 58; 2019) (Vigência)
III - demonstração do interesse pela recuperação de fatos § 1º A publicidade a que estão submetidas as entidades
históricos de maior relevância, observados os procedimentos citadas no caput refere-se à parcela dos recursos provenientes das
previstos no art. 59; ou contribuições e dos demais recursos públicos recebidos e à sua

84
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam § 2º Pelas condutas descritas no caput, poderá o militar ou
legalmente obrigadas. (Incluído pelo Decreto nº 9.781, de 2019) agente público responder, também, por improbidade administrativa,
(Vigência) conforme o disposto nas Leis nº 1.079, de 10 de abril de 1950 , e nº
§ 2º A divulgação das informações previstas no caput não 8.429, de 2 de junho de 1992.
exclui outras hipóteses de publicação e divulgação de informações Art. 66. A pessoa natural ou entidade privada que detiver
previstas na legislação, inclusive na Lei de Diretrizes Orçamentárias. informações em virtude de vínculo de qualquer natureza com o
(Incluído pelo Decreto nº 9.781, de 2019) (Vigência) Poder Público e praticar conduta prevista no art. 65, estará sujeita
§ 3º A divulgação de informações atenderá ao disposto no § às seguintes sanções:
1º do art. 7º e no art. 8º. (Incluído pelo Decreto nº 9.781, de 2019) I - advertência;
(Vigência) II - multa;
Art. 64-B . As entidades com personalidade jurídica de direito III - rescisão do vínculo com o Poder Público;
privado constituídas sob a forma de serviço social autônomo, IV - suspensão temporária de participar em licitação e
destinatárias de contribuições, também deverão criar SIC, impedimento de contratar com a administração pública por prazo
observado o disposto nos arts. 9º ao art. 24. (Incluído pelo Decreto não superior a dois anos; e
nº 9.781, de 2019) (Vigência) V - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com
Parágrafo único. A reclamação de que trata o art. 22 será a administração pública, até que seja promovida a reabilitação
encaminhada à autoridade máxima da entidade solicitada. (Incluído perante a autoridade que aplicou a penalidade.
pelo Decreto nº 9.781, de 2019) (Vigência) § 1º A sanção de multa poderá ser aplicada juntamente com as
Art. 64-C . As entidades com personalidade jurídica de direito privado sanções previstas nos incisos I, III e IV do caput.
constituídas sob a forma de serviço social autônomo, destinatárias de § 2º A multa prevista no inciso II do caput será aplicada sem
contribuições, estarão sujeitas às sanções e aos procedimentos de que prejuízo da reparação pelos danos e não poderá ser:
trata o art. 66, hipótese em que a aplicação da sanção de declaração I - inferior a R$ 1.000,00 (mil reais) nem superior a R$ 200.000,00
de inidoneidade é de competência exclusiva da autoridade máxima do (duzentos mil reais), no caso de pessoa natural; ou
órgão ou da entidade da administração pública responsável por sua II - inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) nem superior a R$
supervisão. (Incluído pelo Decreto nº 9.781, de 2019) (Vigência) 600.000,00 (seiscentos mil reais), no caso de entidade privada.
§ 3º A reabilitação referida no inciso V do caput será autorizada
CAPÍTULO IX somente quando a pessoa natural ou entidade privada efetivar o
DAS RESPONSABILIDADES ressarcimento ao órgão ou entidade dos prejuízos resultantes e
depois de decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso
Art. 65. Constituem condutas ilícitas que ensejam IV do caput.
responsabilidade do agente público ou militar: § 4º A aplicação da sanção prevista no inciso V do caput é de
I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos deste competência exclusiva da autoridade máxima do órgão ou entidade
Decreto, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê- pública.
la intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa; § 5º O prazo para apresentação de defesa nas hipóteses
II - utilizar indevidamente, subtrair, destruir, inutilizar, previstas neste artigo é de dez dias, contado da ciência do ato.
desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação que
se encontre sob sua guarda, a que tenha acesso ou sobre que tenha
CAPÍTULO X
DO MONITORAMENTO DA APLICAÇÃO DA LEI
conhecimento em razão do exercício das atribuições de cargo,
emprego ou função pública;
SEÇÃO I
III - agir com dolo ou má-fé na análise dos pedidos de acesso à
DA AUTORIDADE DE MONITORAMENTO
informação;
IV - divulgar, permitir a divulgação, acessar ou permitir acesso
Art. 67. O dirigente máximo de cada órgão ou entidade
indevido a informação classificada em grau de sigilo ou a informação
designará autoridade que lhe seja diretamente subordinada para
pessoal; exercer as seguintes atribuições:
V - impor sigilo à informação para obter proveito pessoal ou de I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso à
terceiro, ou para fins de ocultação de ato ilegal cometido por si ou informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos da Lei nº
por outrem; 12.527, de 2011 ;
VI - ocultar da revisão de autoridade superior competente II - avaliar e monitorar a implementação do disposto neste
informação classificada em grau de sigilo para beneficiar a si ou a Decreto e apresentar ao dirigente máximo de cada órgão ou
outrem, ou em prejuízo de terceiros; e entidade relatório anual sobre o seu cumprimento, encaminhando-o
VII - destruir ou subtrair, por qualquer meio, documentos à Controladoria-Geral da União;
concernentes a possíveis violações de direitos humanos por parte III - recomendar medidas para aperfeiçoar as normas e
de agentes do Estado. procedimentos necessários à implementação deste Decreto;
§ 1º Atendido o princípio do contraditório, da ampla defesa IV - orientar as unidades no que se refere ao cumprimento
e do devido processo legal, as condutas descritas no caput serão deste Decreto; e
consideradas: V - manifestar-se sobre reclamação apresentada contra omissão
I - para fins dos regulamentos disciplinares das Forças Armadas, de autoridade competente, observado o disposto no art. 22.
transgressões militares médias ou graves, segundo os critérios
neles estabelecidos, desde que não tipificadas em lei como crime SEÇÃO II
ou contravenção penal; ou DAS COMPETÊNCIAS RELATIVAS AO MONITORAMENTO
II - para fins do disposto na Lei nº 8.112, de 11 de dezembro
de 1990 , infrações administrativas, que deverão ser apenadas, Art. 68. Compete à Controladoria-Geral da União, observadas
no mínimo, com suspensão, segundo os critérios estabelecidos na as competências dos demais órgãos e entidades e as previsões
referida lei. específicas neste Decreto:

85
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
I - definir o formulário padrão, disponibilizado em meio físico e Art. 73. A publicação anual de que trata o art. 45 terá inicio em
eletrônico, que estará à disposição no sítio na Internet e no SIC dos junho de 2013.
órgãos e entidades, de acordo com o § 1º do art. 11; Art. 74. O tratamento de informação classificada resultante
II - promover campanha de abrangência nacional de fomento à de tratados, acordos ou atos internacionais atenderá às normas e
cultura da transparência na administração pública e conscientização recomendações desses instrumentos.
sobre o direito fundamental de acesso à informação; Art. 75. Aplica-se subsidiariamente a Lei nº 9.784, de 29 de
III - promover o treinamento dos agentes públicos e, no que janeiro de 1999, aos procedimentos previstos neste Decreto.
couber, a capacitação das entidades privadas sem fins lucrativos, Art. 76. Este Decreto entra em vigor em 16 de maio de 2012.
no que se refere ao desenvolvimento de práticas relacionadas à
transparência na administração pública;
IV - monitorar a implementação da Lei nº 12.527, de 2011,
concentrando e consolidando a publicação de informações EXERCÍCIOS
estatísticas relacionadas no art. 45;
V - preparar relatório anual com informações referentes à 1. No contexto histórico, o conceito de Estado veio a surgir por
implementação da Lei nº 12.527, de 2011, a ser encaminhado ao intermédio do antigo conceito de cidade, da polis grega e da civitas
Congresso Nacional; romana. Em meados do século XXI o vocábulo Estado passou a ser
VI - monitorar a aplicação deste Decreto, especialmente o utilizado com o significado moderno de força, poder e soberania.
cumprimento dos prazos e procedimentos; e ( ) CERTO.
VII - definir, em conjunto com a Casa Civil da Presidência da ( ) ERRADO.
República, diretrizes e procedimentos complementares necessários
à implementação da Lei nº 12.527, de 2011. 2. O Estado pode ser conceituado como um ente, sujeito de
Art. 69. Compete à Controladoria-Geral da União e ao Ministério direitos, que possui como elementos: o povo, o território e a sobe-
da Economia, observadas as competências dos demais órgãos e rania. Nos dizeres de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2010, p.
entidades e as previsões específicas deste Decreto, por meio de ato 13), “Estado é pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos
conjunto: (Redação dada pelo Decreto nº 9.690, de 2019) elementos povo, território e governo soberano”.
I - estabelecer procedimentos, regras e padrões de divulgação ( ) CERTO.
de informações ao público, fixando prazo máximo para atualização; ( ) ERRADO.
e
II - detalhar os procedimentos necessários à busca, estruturação 3. Para Carvalho Filho (2010), “o Direito Administrativo, com a
e prestação de informações no âmbito do SIC. evolução que o vem impulsionando contemporaneamente, há de
Art. 70. Compete ao Gabinete de Segurança Institucional da focar-se em dois tipos fundamentais de relações jurídicas, sendo,
Presidência da República, observadas as competências dos demais uma, de caráter interno, que existe entre as pessoas administrativas
órgãos e entidades e as previsões específicas neste Decreto: e entre os órgãos que as compõem e, a outra, de caráter externo.
I - estabelecer regras de indexação relacionadas à classificação ( ) CERTO.
de informação; ( ) ERRADO.
II - expedir atos complementares e estabelecer procedimentos
relativos ao credenciamento de segurança de pessoas, órgãos e 4. Constituir um direito novo, espelhar um direito mutável e ser
entidades públicos ou privados, para o tratamento de informações um direito em formação são as principais características do Direito
classificadas ; e Administrativo, segundo DIEZ.
III - promover, por meio do Núcleo de Credenciamento de ( ) CERTO.
Segurança, o credenciamento de segurança de pessoas, órgãos e ( ) ERRADO.
entidades públicos ou privados, para o tratamento de informações
classificadas. 5. As autarquias são pessoas jurídicas de direito público in-
terno, criadas por lei específica para a execução de atividades es-
CAPÍTULO XI peciais e típicas da Administração Pública como um todo. Com as
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS autarquias, a impressão que se tem, é a de que o Estado veio a
descentralizar determinadas atividades para entidades eivadas de
Art. 71. Os órgãos e entidades adequarão suas políticas de maior especialização.
gestão da informação, promovendo os ajustes necessários aos ( ) CERTO.
processos de registro, processamento, trâmite e arquivamento de ( ) ERRADO.
documentos e informações.
Art. 72. Os órgãos e entidades deverão reavaliar as informações 6. Tanto a empresas públicas, quanto as sociedades de econo-
classificadas no grau ultrassecreto e secreto no prazo máximo de mia mista, no que se refere à sua área de atuação, podem ser divi-
dois anos, contado do termo inicial de vigência da Lei nº 12.527, didas entre prestadoras diversas de serviço público e plenamente
de 2011. atuantes na atividade econômica de modo geral. Assim sendo, ob-
§ 1º A restrição de acesso a informações, em razão da reavaliação temos dois tipos de empresas públicas e dois tipos de sociedades
prevista no caput, deverá observar os prazos e condições previstos de economia mista.
neste Decreto. ( ) CERTO.
§ 2º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto ( ) ERRADO.
no caput, será mantida a classificação da informação, observados os
prazos e disposições da legislação precedente.
§ 3º As informações classificadas no grau ultrassecreto e secreto
não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas,
automaticamente, desclassificadas.

86
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
7. (CESPE- 2010-TRE-MT- TÉCNICO JUDICIÁRIO- ÁREA ADMI- 12. (CESPE- 2013 -INPI-ANALISTA- FORMAÇÃO: DIREITO) Os
NISTRATIVA) Acerca da classificação de agentes públicos, e tendo requisitos dos atos administrativos são a competência, o objeto, a
em vista os cargos, os empregos e as funções na administração pú- forma, o motivo e a finalidade, sendo o motivo e o objeto requisitos
blica, assinale a opção correta. discricionários; e a competência, a forma e a finalidade, vinculados.
(A) Não podem ser considerados agentes públicos os detento- ( ) CERTO.
res de mandatos eletivos, pois, além de serem investidos nos ( ) ERRADO.
cargos mediante eleição, e não por nomeação, eles desempe-
nham funções por prazo determinado. 13. Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de
(B) Os servidores contratados por tempo determinado para serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme
atender a necessidade temporária de excepcional interesse estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo con-
público, precisamente por exercerem atividades temporárias, trato.
estarão vinculados a emprego público, e não a cargo público. ( ) CERTO.
(C) Os particulares em colaboração com o poder público são ( ) ERRADO.
considerados agentes públicos, mesmo que prestem serviços
ao Estado sem vínculo empregatício e sem remuneração. 14. O princípio da regularidade exige que os serviços públicos
(D) Os servidores das fundações públicas, empresas públicas e sejam prestados de forma a garantir a estabilidade e a manutenção
sociedades de economia mista são contratados sob o regime dos requisitos essenciais, sendo prestados em perfeita harmonia
da legislação trabalhista e ocupam emprego público. com a lei e com o regulamento que disciplina a matéria.
(E) Nos termos da CF, a investidura em cargo, emprego ou fun- ( ) CERTO.
ção pública depende de aprovação prévia em concurso público ( ) ERRADO.
de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo, emprego ou função. 15. A inalienabilidade aduz que os bens públicos podem ser
vendidos de forma livre. Isso ocorre porque a legislação estabelece
8. (FCC - 2009- MPE-SE-TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO) A re- condições e procedimentos especiais para a venda de tais bens, o
muneração por meio subsídio em parcela única é obrigatória para: que incorre em alienabilidade condicionada ao cumprimento das
(A) os Ministros dos Tribunais Superiores, os Desembargadores exigências impostas por lei.
do Tribunal de justiça e os juízes equivalentes em nível Muni- ( ) CERTO.
cipal. ( ) ERRADO.
(B) o chefe do Poder Executivo c respectivos auxiliares, bem
como os dirigentes superiores das entidades da administração 16. Pondera-se que os bens patrimoniais indisponíveis, os de
indireta. uso especial e os bens de uso comum não estão sujeitos à avaliação
(C) os detentores de mandato eletivo, os Ministros de Estado c patrimonial, sejam eles móveis ou imóveis.
os Secretários Estaduais e Municipais. ( ) CERTO.
(D) o membro de Poder, os detentores de mandato eletivo e os ( ) ERRADO.
ocupantes de cargo de chefia ou comissão.
(E) o Presidente da República, os Governadores de Estado e os 17. O controle exercido pelo Poder Legislativo é uma forma de
Prefeitos Municipais, apenas. controlar de maneira interna os atos dos órgãos dos outros Poderes
e das entidades da administração indireta. Esse controle, além de
9. Poder disciplinar é o poder de investigar e punir crimes e controlar a parte financeira dos outros órgãos, também abrange de
contravenções penais não se referem ao mesmo instituto e não se forma ampla o controle contábil, financeiro, orçamentário, opera-
confundem. Ao passo que o primeiro é aplicado somente àqueles
cional e patrimonial, levando em conta os aspectos da legalidade,
que possuem vínculo específico com a Administração de forma fun-
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia
cional ou contratual, o segundo é exercido somente sobre qualquer
de receitas.
indivíduo que viole as leis penais vigentes.
( ) CERTO.
( ) CERTO.
( ) ERRADO.
( ) ERRADO.
18. O controle de legitimidade atua complementando o contro-
10. A sanção disciplinar possui natureza administrativa; advém
do poder disciplinar e é aplicável sobre as pessoas que possuem le de legalidade, não permitindo a apreciação de outros aspectos
vínculo específico com a Administração Pública. A sanção de po- além da adequação formal da conduta à legislação pertinente.
lícia possui natureza administrativa; advém do poder de polícia e ( ) CERTO.
aplica-se sobre as pessoas que desobedeçam às regulamentações ( ) ERRADO.
de polícia administrativa. Já a sanção penal possui natureza penal;
decorre do poder geral de persecução penal e aplica-se sobre as 19. A responsabilidade objetiva do Estado foi inserida no or-
pessoas que cometem crimes ou contravenções penais. denamento jurídico brasileiro a partir da Constituição Federal de
( ) CERTO. 1946.
( ) ERRADO. ( ) CERTO.
( ) ERRADO.
11. (CESPE- 2013-CNJ -ANALISTA JUDICIÁRIO -ÁREA JUDICIÁ-
RIA) A decisão do Tribunal de Contas da União que, dentro de suas 20. A Constituição Federal de 1988, veio a ampliar a responsa-
atribuições constitucionais, julga ilegal a concessão de aposentado- bilidade objetiva do Estado, vindo a responsabilizar objetivamente
ria, negando-lhe o registro, possui caráter impositivo e vinculante as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço pú-
para a administração. blico.
( ) CERTO. ( ) CERTO.
( ) ERRADO. ( ) ERRADO.

87
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
21. A legalidade, que na sua visão moderna é chamado tam-
6 ERRADO
bém de juridicidade, é um princípio que pode ser aplicado à toda
atividade de ordem administrativa, vindo a incluir o procedimento 7 C
licitatório. A lei serve para ser usada como limite de base à atuação 8 C
do gestor público, representando, desta forma, uma garantia aos
administrados contra as condutas abusivas do Estado. 9 CERTO
A assertiva se encontra: 10 CERTO
( ) CERTO.
11 CERTO
( ) ERRADO.
12 CERTO
22. O princípio da segregação de funções é uma norma de con- 13 CERTO
trole interno com o fito de evitar falhas ou fraudes no processo de
licitação, vindo a descentralizar o poder e criando independência 14 CERTO
para as funções de execução operacional, custódia física, bem como 15 ERRADO
de contabilização. Assim sendo, cada setor ou servidor incumbido
de determinada tarefa, fará a sua parte no condizente ao desempe- 16 ERRADO
nho de funções, evitando que nenhum empregado ou seção admi- 17 ERRADO
nistrativa venha a participar ou controlar todas as fases relativas à
18 ERRADO
execução e controle da despesa pública, vindo assim, a possibilitar
a realização de uma verificação cruzada. 19 CERTO
A assertiva se encontra: 20 CERTO
( ) CERTO.
( ) ERRADO. 21 CERTO
22 CERTO
23. O princípio da autotutela aduz que a Administração Pública
possui o poder - dever de rever os seus próprios atos, seja no sen- 23 CERTO
tido de anulá-los por vício de legalidade, ou, ainda, para revogá-los 24 CERTO
por motivos de conveniência e de oportunidade, de acordo com a 25 CERTO
previsão contida nas Súmulas 346 e 473 do STF, e, ainda, como no
art. 53 da Lei 9.784/1999.
( ) CERTO.
( ) ERRADO.
ANOTAÇÕES
24. O contrato comutativo se encontra em discordância do con-
trato aleatório que é aquele contrato por meio do qual, as partes se
______________________________________________________
arriscam a uma contraprestação que por ora se encontra desconhe-
cida ou desproporcional, dizendo respeito a fatos futuros. Exemplo: ______________________________________________________
contrato de seguro, posto que uma das partes não sabe se terá que
cumprir alguma obrigação, e se tiver, nem sabe qual poderá ser. ______________________________________________________
( ) CERTO.
( ) ERRADO. ______________________________________________________

25. O procedimento legal é uma das características do contrato ______________________________________________________


administrativo, através do qual são estabelecidos por meio de lei,
procedimentos de cunho obrigatório para a celebração dos contra- ______________________________________________________
tos administrativos, que contém, dentre outras medidas, autoriza- ______________________________________________________
ção legislativa, justificativa de preço, motivação, autorização pela
autoridade competente, indicação de recursos orçamentários e li- ______________________________________________________
citação.
( ) CERTO. ______________________________________________________
( ) ERRADO.
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 ERRADO ______________________________________________________
2 CERTO ______________________________________________________
3 CERTO
______________________________________________________
4 CERTO
5 CERTO ______________________________________________________

88
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
1. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Conceito, classificações, princípios fundamentais, emendas constitucio-
nais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Direitos e garantias fundamentais. Direitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos políti-
cos, partidos políticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 06
3. Organização político-administrativa. União, estados, Distrito Federal e municípios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
4. Administração pública. Disposições gerais, servidores públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
5. Poder Legislativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
6. Poder Executivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7. Poder Judiciário. Funções essenciais à Justiça. Ministério Público, advocacia e defensoria públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Como Normas Infralegais entendem-se os Decretos, Portarias,
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRA- Instruções Normativas, Resoluções, etc.
SIL DE 1988. CONCEITO, CLASSIFICAÇÕES, PRINCÍPIOS
FUNDAMENTAIS, EMENDAS CONSTITUCIONAIS Constitucionalismo
Canotilho define o constitucionalismo como uma teoria (ou
Conceito de Constituição ideologia) que ergue o princípio do governo limitado indispensável
A Constituição é a norma suprema que rege a organização de à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização
um Estado Nacional. político-social de uma comunidade.
Por não haver na doutrina um consenso sobre o conceito de Neste sentido, o constitucionalismo moderno representará
Constituição, faz-se importante o estudo das diversas concepções uma técnica específica de limitação do poder com fins garantísticos.
que o englobam. Então vejamos: O conceito de constitucionalismo transporta, assim, um claro
juízo de valor. É, no fundo, uma teoria normativa da política, tal
Constituição Sociológica como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo.
Idealizada por Ferdinand Lassalle, em 1862, é aquela que deve Partindo, então, da ideia de que o Estado deva possuir uma
traduzir a soma dos fatores reais de poder que rege determinada Constituição, avança-se no sentido de que os textos constitucionais
nação, sob pena de se tornar mera folha de papel escrita, que não contêm regras de limitação ao poder autoritário e de prevalência
corresponde à Constituição real. dos direitos fundamentais, afastando-se a visão autoritária do an-
tigo regime.
Constituição Política
Desenvolvida por Carl Schmitt, em 1928, é aquela que decorre Poder Constituinte Originário, Derivado e Decorrente - Refor-
de uma decisão política fundamental e se traduz na estrutura do ma (Emendas e Revisão) e Mutação da Constituição
Estado e dos Poderes e na presença de um rol de direitos funda-
mentais. As normas que não traduzirem a decisão política funda- Canotilho afirma que o poder constituinte tem suas raízes em
mental não serão Constituição propriamente dita, mas meras leis uma força geral da Nação. Assim, tal força geral da Nação atribui ao
constitucionais. povo o poder de dirigir a organização do Estado, o que se conven-
cionou chamar de poder constituinte.
Constituição Jurídica Munido do poder constituinte, o povo atribui parcela deste a
Fundada nas lições de Hans Kelsen, em 1934, é aquela que se órgãos estatais especializados, que passam a ser denominados de
constitui em norma hipotética fundamental pura, que traz funda- Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).
mento transcendental para sua própria existência (sentido lógico- Portanto, o poder constituinte é de titularidade do povo, mas
-jurídico), e que, por se constituir no conjunto de normas com mais é o Estado, por meio de seus órgãos especializados, que o exerce.
alto grau de validade, deve servir de pressuposto para a criação das
demais normas que compõem o ordenamento jurídico (sentido ju- Poder Constituinte Originário
rídico-positivo). É aquele que cria a Constituição de um novo Estado, organi-
Na concepção jurídico-positiva de Hans Kelsen, a Constituição zando e estabelecendo os poderes destinados a reger os interesses
ocupa o ápice da pirâmide normativa, servindo como paradigma de uma sociedade. Não deriva de nenhum outro poder, não sofre
máximo de validade para todas as demais normas do ordenamento qualquer limitação na órbita jurídica e não se subordina a nenhuma
jurídico. condição, por tudo isso é considerado um poder de fato ou poder
Ou seja, as leis e os atos infralegais são hierarquicamente in- político.
feriores à Constituição e, por isso, somente serão válidos se não
contrariarem as suas normas. Poder Constituinte Derivado
Abaixo, segue a imagem ilustrativa da Pirâmide Normativa: Também é chamado de Poder instituído, de segundo grau ou
constituído, porque deriva do Poder Constituinte originário, encon-
Pirâmide Normativa trando na própria Constituição as limitações para o seu exercício,
por isso, possui natureza jurídica de um poder jurídico.

Poder Constituinte Derivado Decorrente


É a capacidade dos Estados, Distrito Federal e unidades da Fe-
deração elaborarem as suas próprias Constituições (Lei Orgânica),
no intuito de se auto-organizarem. O exercente deste Poder são as
Assembleias Legislativas dos Estados e a Câmara Legislativa do Dis-
trito Federal.

Poder Constituinte Derivado Reformador


Pode editar emendas à Constituição. O exercente deste Poder
é o Congresso Nacional.

Mutação da Constituição
A interpretação constitucional deverá levar em consideração
todo o sistema. Em caso de antinomia de normas, buscar-se-á a so-
lução do aparente conflito através de uma interpretação sistemáti-
Como Normas Infraconstitucionais entendem-se as Leis Com- ca, orientada pelos princípios constitucionais.
plementares e Ordinárias; Assim, faz-se importante diferenciarmos reforma e mutação
constitucional. Vejamos:

1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
→ Reforma Constitucional seria a modificação do texto consti- ve-se repetir continuamente até que se chegue à solução ótima do
tucional, através dos mecanismos definidos pelo poder constituinte problema. Esse movimento é denominado círculo hermenêutico ou
originário (emendas), alterando, suprimindo ou acrescentando ar- espiral hermenêutica.
tigos ao texto original.
→ Mutações Constitucionais não seria alterações físicas, pal- Método Científico-Espiritual
páveis, materialmente perceptíveis, mas sim alterações no significa- Desenvolvido por Rudolf Smend. Baseia-se no pressuposto de
do e sentido interpretativo de um texto constitucional. A transfor- que o intérprete deve buscar o espírito da Constituição, ou seja, os
mação não está no texto em si, mas na interpretação daquela regra valores subjacentes ao texto constitucional.
enunciada. O texto permanece inalterado. É um método marcadamente sociológico que analisa as nor-
mas constitucionais a partir da ordem de valores imanentes do
As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter texto constitucional, a fim de alcançar a integração da Constituição
dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, através de proces- com a realidade social.
sos informais. Informais no sentido de não serem previstos dentre
aquelas mudanças formalmente estabelecidas no texto constitucio- Método Normativo-Estruturante
nal. Pensado por Friedrich Muller, parte da premissa de que não há
uma identidade entre a norma jurídico-constitucional e o texto nor-
Métodos de Interpretação Constitucional mativo. A norma constitucional é mais ampla, uma vez que alcança
A hermenêutica constitucional tem por objeto o estudo e a a realidade social subjacente ao texto normativo.
sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido Assim, compete ao intérprete identificar o conteúdo da norma
e o alcance das normas constitucionais. É a ciência que fornece a constitucional para além do texto normativo. Daí concluir-se que a
técnica e os princípios segundo os quais o operador do Direito po- norma jurídica só surge após a interpretação do texto normativo.
derá apreender o sentido social e jurídico da norma constitucional
em exame, ao passo que a interpretação consiste em desvendar o Princípios de Interpretação Constitucional
real significado da norma. É, enfim, a ciência da interpretação das
normas constitucionais. Princípio da Unidade da Constituição
A interpretação das normas constitucionais é realizada a partir O texto constitucional deve ser interpretado de forma a evitar
da aplicação de um conjunto de métodos hermenêuticos desenvol- contradições internas (antinomias), sobretudo entre os princípios
vidos pela doutrina e pela jurisprudência. Vejamos cada um deles: constitucionais estabelecidos. O intérprete deve considerar a Cons-
tituição na sua totalidade, harmonizando suas aparentes contradi-
Método Hermenêutico Clássico ções.
Também chamado de método jurídico, desenvolvido por Ernest
Forsthoff, considera a Constituição como uma lei em sentido amplo, Princípio do Efeito Integrador
logo, a arte de interpretá-la deverá ser realizada tal qual a de uma Traduz a ideia de que na resolução dos problemas jurídico-
lei, utilizando-se os métodos de interpretação clássicos, como, por -constitucionais deve-se dar primazia aos critérios que favoreçam a
exemplo, o literal, o lógico-sistemático, o histórico e o teleológico. unidade político-social, uma vez que a Constituição é um elemento
do processo de integração comunitária.
→ Literal ou gramatical: examina-se separadamente o sentido
de cada vocábulo da norma jurídica. É tida como a mais singela for- Princípio da Máxima Efetividade
ma de interpretação, por isso, nem sempre é o mais indicado; Também chamado de princípio da eficiência, ou princípio da
→ Lógico-sistemático: conduz ao exame do sentido e do alcan- interpretação efetiva, reza que a interpretação constitucional deve
ce da norma de forma contextualizada ao sistema jurídico que inte- atribuir o sentido que dê maior efetividade à norma constitucional
gra. Parte do pressuposto de que a norma é parcela integrante de para que ela cumpra sua função social.
um todo, formando um sistema jurídico articulado;
É hoje um princípio aplicado a todas as normas constitucionais,
→ Histórico: busca-se no momento da produção normativa o
sendo, sobretudo, aplicado na interpretação dos direitos funda-
verdadeiro sentido da lei a ser interpretada;
mentais.
→ Teleológico: examina o fim social que a norma jurídica pre-
Princípio da Justeza
tendeu atingir. Possui como pressuposto a intenção do legislador ao
Também chamado de princípio da conformidade funcional,
criar a norma.
estabelece que os órgãos encarregados da interpretação constitu-
cional não devem chegar a um resultado que subverta o esquema
Método Tópico-Problemático
Este método valoriza o problema, o caso concreto. Foi ideali- organizatório e funcional traçado pelo legislador constituinte.
zado por Theodor Viehweg. Ele interpreta a Constituição tentando Ou seja, não pode o intérprete alterar a repartição de funções
adaptar o problema concreto (o fato social) a uma norma consti- estabelecida pelos Poderes Constituintes originário e derivado.
tucional. Busca-se, assim, solucionar o problema “encaixando” em
uma norma prevista no texto constitucional. Princípio da Harmonização
Este princípio também é conhecido como princípio da concor-
Método Hermenêutico-Concretizador dância prática, e determina que, em caso de conflito aparente entre
Seu principal mentor foi Konrad Hesse. Concretizar é aplicar a normas constitucionais, o intérprete deve buscar a coordenação e
norma abstrata ao caso concreto. a combinação dos bens jurídicos em conflito, de modo a evitar o
Este método reconhece a relevância da pré-compreensão do sacrifício total de uns em relação aos outros.
intérprete acerca dos elementos envolvidos no texto constitucional
a ser desvendado. Princípio da Força Normativa da Constituição
A reformulação desta pré-compreensão e a subsequente re- Neste princípio o interprete deve buscar a solução hermenêu-
leitura do texto normativo, com o posterior contraponto do novo tica que possibilita a atualização normativa do texto constitucional,
conteúdo obtido com a realidade social (movimento de ir e vir) de- concretizando sua eficácia e permanência ao longo do tempo.

2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Princípio da Interpretação conforme a Constituição
Este princípio determina que, em se tratando de atos normativos primários que admitem mais de uma interpretação (normas polissê-
micas ou plurissignificativas), deve-se dar preferência à interpretação legal que lhe dê um sentido conforme a Constituição.

Princípio da Supremacia
Nele, tem-se que a Constituição Federal é a norma suprema, haja vista ser fruto do exercício do Poder Constituinte originário. Essa
supremacia será pressuposto para toda interpretação jurídico-constitucional e para o exercício do controle de constitucionalidade.

Princípio da Presunção de Constitucionalidade das Leis


Segundo ele, presumem-se constitucionais as leis e atos normativos primários até que o Poder Judiciário os declare inconstitucionais.
Ou seja, gozam de presunção relativa.

Princípio da Simetria
Deste princípio extrai-se que, as Constituições Estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal e as Leis Orgânicas Municipais devem seguir
o modelo estatuído na Constituição Federal.

Princípio dos Poderes Implícitos


Segundo a teoria dos poderes implícitos, para cada dever outorgado pela Constituição Federal a um determinado órgão, são implici-
tamente conferidos amplos poderes para o cumprimento dos objetivos constitucionais.

Classificação das Constituições

Quanto à Origem
a) Democrática, Promulgada ou Popular: elaborada por legítimos representantes do povo, normalmente organizados em torno de
uma Assembleia Constituinte;
b) Outorgada: Imposta pela vontade de um poder absolutista ou totalitário, não democrático;
c) Cesarista, Bonapartista, Plebiscitária ou Referendária: Criada por um ditador ou imperador e posteriormente submetida à aprova-
ção popular por plebiscito ou referendo.

Quanto ao Conteúdo
a) Formal: compõe-se do que consta em documento solene;
b) Material: composta por regras que exteriorizam a forma de Estado, organizações dos Poderes e direitos fundamentais, podendo
ser escritas ou costumeiras.

Quanto à Forma
a) Escrita ou Instrumental: formada por um texto;
a.i) Escrita Legal – formada por um texto oriundo de documentos esparsos ou fragmentados;
a.ii) Escrita Codificada – formada por um texto inscrito em documento único.
b) Não Escrita: identificada a partir dos costumes, da jurisprudência predominante e até mesmo por documentos escritos.

Quanto à Estabilidade, Mutabilidade ou Alterabilidade


a) Imutável: não prevê nenhum processo para sua alteração;
b) Fixa: só pode ser alterada pelo Poder Constituinte Originário;
c) Rígida: o processo para a alteração de suas normas é mais difícil do que o utilizado para criar leis;
d) Flexível: o processo para sua alteração é igual ao utilizado para criar leis;
e) Semirrígida ou Semiflexível: dotada de parte rígida e parte flexível.

Quanto à Extensão
a) Sintética: regulamenta apenas os princípios básicos de um Estado, organizando-o e limitando seu poder, por meio da estipulação
de direitos e garantias fundamentais;
b) Analítica: vai além dos princípios básicos e dos direitos fundamentais, detalhando também outros assuntos, como de ordem eco-
nômica e social.

Quanto à Finalidade
a) Garantia: contém proteção especial às liberdades públicas;
b) Dirigente: confere atenção especial à implementação de programas pelo Estado.

Quanto ao Modo de Elaboração


a) Dogmática: sistematizada a partir de ideias fundamentais;
b) Histórica: de elaboração lenta, pois se materializa a partir dos costumes, que se modificam ao longo do tempo.
Quanto à Ideologia
a) Ortodoxa: forjada sob a ótica de somente uma ideologia;
b) Eclética: fundada em valores plurais.

3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Quanto ao Valor ou Ontologia (Karl Loewestein)
a) Normativa: dotada de valor jurídico legítimo;
b) Nominal: sem valor jurídico, apenas social;
c) Semântica: tem importância jurídica, mas não valoração legítima, pois é criada apenas para justificar o exercício de um Poder não
democrático.

CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


Democrática, Promulgada ou Popular Formal Escrita Rígida Analítica Dirigente Dogmática Eclética Normativa

Classificação das Normas Constitucionais

– Normas Constitucionais de Eficácia Plena: Possuem aplicabilidade imediata, direta e integral.


– Normas Constitucionais de Eficácia Contida: Possuem aplicabilidade imediata, direta, mas não integral.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Institutivos: Possuem aplicabilidade indireta, dependem de
lei posterior para dar corpo a institutos jurídicos e aos órgãos ou entidades do Estado, previstos na Constituição.
– Normas Constitucionais de Eficácia Limitada Definidoras de Princípios Programáticos: Possuem aplicabilidade indireta, estabele-
cem programas, metas, objetivos a serem desenvolvidos pelo Estado, típicas das Constituições dirigentes.
– Normas Constitucionais de Eficácia Absoluta: Não podem ser abolidas nem mesmo por emenda à Constituição Federal.
– Normas Constitucionais de Eficácia Exaurida: Possuem aplicabilidade esgotada.
– Normas Constitucionais de Eficácia Negativa
→ Impedem a recepção das normas infraconstitucionais pré-constitucionais materialmente incompatíveis, revogando-as;
→ Impedem que sejam produzidas normas ulteriores que contrariem os programas por ela estabelecidos. Serve, assim, como parâme-
tro para o controle de constitucionalidade;
→ Obrigam a atuação do Estado no sentido de conferir eficácia aos programas estatuídos no texto constitucional.

História Constitucional Brasileira

Constituição de 18241
Primeira Constituição brasileira, a Constituição Política do Império do Brasil foi outorgada por Dom Pedro I, em 25 de março de 1824.
Instalava-se um governo monárquico, hereditário, constitucional e representativo.
Além dos três Poderes, Legislativo, Judiciário e Executivo, havia ainda o Poder Moderador. O Poder Legislativo era exercido pela Assem-
bleia Geral, composta de duas câmaras: a dos senadores, cujos membros eram vitalícios e nomeados pelo Imperador dentre integrantes
de uma lista tríplice enviada pela Província, e a dos deputados, eletiva e temporária.
Nesta Constituição destacaram-se: o fortalecimento da figura do Imperador com a criação do Poder Moderador acima dos outros
Poderes; a indicação pelo Imperador dos presidentes que governariam as províncias; o sistema eletivo indireto e censitário, com o voto
restrito aos homens livres e proprietários e subordinado a seu nível de renda.
Em 1834 foi promulgado o Ato Adicional, que criava as Assembleias Legislativas provinciais e suprimia o Poder Moderador, só restau-
rado em 1840, com a Emenda Interpretativa do Ato Adicional.
Foi a constituição que vigorou por maior tempo, 65 anos.

Constituição de 1891
Foi promulgada pelo Congresso Constitucional, o mesmo que elegeu Deodoro da Fonseca como Presidente. Tinha caráter liberal e
federalista, inspirado na tradição republicana dos Estados Unidos.
Instituiu o presidencialismo, concedeu grande autonomia aos estados da federação e garantiu a liberdade partidária.
Estabeleceu eleições diretas para a Câmara, o Senado e a Presidência da República, com mandato de quatro anos. Estabeleceu o voto
universal e não-secreto para homens acima de 21 anos e vetava o mesmo a mulheres, analfabetos, soldados e religiosos; determinou a
separação oficial entre o Estado e a Igreja Católica; instituiu o casamento civil e o habeas corpus; aboliu a pena de morte e extinguiu o
Poder Moderador.
Também nesta Constituição ficou estabelecida, em seu artigo terceiro, uma zona de 14.400 Km² no Planalto Central, para a futura
Capital Federal.
A Constituição de 1891 vigorou por 39 anos.

Constituição de 1934
Foi promulgada pela Assembleia Constituinte no primeiro governo do Presidente Getúlio Vargas e preservou a essência do modelo
liberal da Constituição anterior.
Garantiu maior poder ao governo federal; instituiu o voto obrigatório e secreto a partir dos 18 anos e o voto feminino, já instituídos
pelo Código Eleitoral de 1932; fixou um salário mínimo; introduziu a organização sindical mantida pelo Estado.
Criou o mandado de segurança. Sob a rubrica “Da Ordem Econômica e Social”, explicitava que deveria possibilitar “a todos existência
digna” e sob a rubrica “Da família, da Educação e da Cultura” proclamava a educação “direito de todos”.
Mudou também o enfoque da democracia individualista para a democracia social. Estabeleceu os critérios acerca da criação da Justiça
do Trabalho e da Justiça Eleitoral. O Poder Legislativo seria exercido pela Câmara dos Deputados com colaboração do Senado, sendo aquela
constituída por representantes eleitos pela população e por organizações de caráter profissional e trabalhista.
1 https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/copy_of_museu/publicacoes/arquivos-pdf/Constituicoes%20Brasileiras-PDF.pdf

4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A Constituição de 1934 vigorou por 3 anos. A Constituição de 1967 autorizava a expedição de decretos-lei,
a nomeação de senadores pelas Assembleias Legislativas, a pror-
Constituição de 1937 rogação do mandato presidencial para seis anos e a alteração da
No início de novembro de 1937, tropas da polícia militar do proporcionalidade de deputados no Congresso.
Distrito Federal cercaram o Congresso e impediram a entrada dos A Constituição de 1967 vigorou por 21 anos.
parlamentares. No mesmo dia, Vargas apresentou uma nova fase
política e a entrada em vigor de nova Carta Constitucional. Começa- Constituição de 1988
va oficialmente o “Estado Novo”. Deu-se a supressão dos partidos Atualmente em vigor, a Constituição de 1988 foi promulga-
políticos e a concentração de poder nas mãos do chefe supremo. da no governo de José Sarney. Foi elaborada por uma Assembleia
A Carta de 1937 possuía clara inspiração nos modelos fascistas Constituinte, legalmente convocada e eleita e a primeira a permitir
europeus, institucionalizando o regime ditatorial do Estado Novo. a incorporação de emendas populares.
Ficaria conhecida como “Polaca”, devido a certas semelhanças com O Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Gui-
a Constituição Polonesa de 1935. marães, ao entregá-la à nação, chamou-a de “Constituição Cidadã”.
Extinguiu o cargo de vice-presidente, suprimiu a liberdade po- Seus pontos principais são a República representativa, federati-
lítico partidária e anulou a independência dos Poderes e a autono- va e presidencialista. Os direitos individuais e as liberdades públicas
mia federativa. são ampliados e fortalecidos. É garantida a inviolabilidade do direito
Essa Constituição permitiu a cassação da imunidade parlamen- à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
tar, a prisão e o exílio de opositores. Instituiu a eleição indireta para O Poder Executivo mantém sua forte influência, permitindo a
presidente da República, com mandato de seis anos; a pena de edição de medidas provisórias com força de lei (vigorantes por um
morte e a censura prévia nos meios de comunicação. Manteve os mês, passíveis de serem reeditadas enquanto não forem aprovadas
direitos trabalhistas. ou rejeitadas pelo Congresso).
A Constituição de 1937 vigorou por 8 anos. O voto se torna permitido e facultativo a analfabetos e maiores
de 16 anos. A educação fundamental é apresentada como obrigató-
Constituição de 1946 ria, universal e gratuita.
Promulgada durante o governo do presidente Eurico Gaspar Também são abordados temas como o dever da defesa do
Dutra, foi elaborada sob os auspícios da derrota dos regimes totali- meio ambiente e de preservação de documentos, obras e outros
tários na Europa ao término da Segunda Guerra Mundial, refletia a bens de valor histórico, artístico e cultural, bem como os sítios ar-
redemocratização do Estado brasileiro. queológicos.
Restabeleceu os direitos individuais, extinguindo a censura e a Reformas constitucionais começaram a ser votadas pelo Con-
pena de morte. Devolveu a independência dos três poderes, a au- gresso Nacional a partir de 1992. Algumas das principais medidas
tonomia dos estados e municípios e a eleição direta para presidente abrem para a iniciativa privada atividades antes restritas à esfera de
da República, com mandato de cinco anos. ação do Estado, esvaziando, de certa forma, o poder e a influência
Em 1961 sofreu importante reforma com a adoção do parla- estatais em determinados setores.
mentarismo. Foi posteriormente anulada pelo plebiscito de 1963, A iniciativa privada, nacional ou internacional, recebe autoriza-
que restaurava o regime presidencialista. ção para explorar a pesquisa, a lavra e a distribuição dos derivados
A Constituição de 1946 vigorou por 21 anos. de petróleo, as telecomunicações e o gás encanado. As empresas
estrangeiras adquirem o direito de exploração dos recursos mine-
Constituição de 1967 rais e hídricos.
Foi promulgada pelo Congresso Nacional durante o governo Na esfera política ocorrem mudanças na organização e regras
Castelo Branco. referentes ao sistema eleitoral; o mandato do presidente da Repú-
Oficializava e institucionalizava a ditadura do Regime Militar de blica é reduzido de cinco para quatro anos e, em 1997, é aprovada
1964. Foi por muitos denominada de “Super Polaca”. a emenda que permite a reeleição do presidente da República, de
Conservou o bipartidarismo criado pelo Ato Adicional n° 2. Es- governadores e prefeitos. Os candidatos processados por crime co-
tabeleceu eleições indiretas, por meio do Colégio Eleitoral, para a mum não podem ser eleitos, e os parlamentares submetidos a pro-
presidência da República, com quatro anos de mandato. cesso que possa levar à perda de mandato e à inelegibilidade não
Foram incorporadas nas suas Disposições Transitórias os dispo- podem renunciar para impedir a punição.
sitivos do Ato Institucional n° 5 (AI-5), de 1968, dando permissão ao
presidente para, dentre outros, fechar o Congresso, cassar manda-
CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS
tos e suspender direitos políticos. Permitiu aos governos militares
total liberdade de legislar em matéria política, eleitoral, econômica OUTORGADAS PROMULGADAS
e tributária. 1824 – Constituição do Brasil- 1891 – 1ª Constituição da
Desta forma, o Executivo acabou por substituir, na prática, o -Império República
Legislativo e o Judiciário. Sofreu algumas reformas como a emen-
da Constitucional nº 1, de 1969, outorgada pela Junta Militar. Tal 1937 – Imposta por Getúlio 1934 – Influenciada pela
emenda se apresenta como um “complemento” às leis e regula- Vargas Constituição de Weimar (Ale-
mentações da Constituição de 1967. manha – 1919). Evidenciou
Embora seja denominada por alguns como Constituição, já que os direitos fundamentais de
promulgou um texto reformulado a partir da Constituição de 1967, 2ª geração
muitos são os que não a veem como tal. A verdade é que, a par- 1967 – Imposta após o Golpe 1946 – Redemocratização do
tir desta emenda, ficam mais claras as características políticas da Militar de 1964 Brasil após a era Vargas
ditadura militar. Continuava em vigor o Ato Institucional nº 5 e os
* EC nº1/1969 – Imposta pela 1988 – Atual Carta Política
demais atos institucionais anteriormente baixados.
ditadura

5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Referências Bibliográficas: Proteção à imagem, honra e intimidade da pessoa humana:
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Constitu- X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
cional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. Salvador: imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano
Editora JusPODIVM. material ou moral decorrente de sua violação;
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Con-
cursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. Proteção do domicílio do indivíduo:
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 edição – São XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
Paulo: Editora Método. penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran-
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
por determinação judicial; (Vide Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência).
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. DIREITOS E
DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS, DIREITOS SOCIAIS, Proteção do sigilo das comunicações:
NACIONALIDADE, CIDADANIA, DIREITOS POLÍTICOS, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
PARTIDOS POLÍTICOS telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl-
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei es-
tabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual
— Direitos e deveres individuais e coletivos penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996).
Os direitos e deveres individuais e coletivos são todos aqueles
previstos nos incisos do art. 5º da Constituição Federal. Liberdade de profissão:
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profis-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual- são, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros re-
sidentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à Acesso à informação:
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguar-
dado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Princípio da igualdade entre homens e mulheres:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos Liberdade de locomoção, direito de ir e vir:
termos desta Constituição; XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane-
Princípio da legalidade e liberdade de ação: cer ou dele sair com seus bens;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma
coisa senão em virtude de lei; Direito de reunião:
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo-
Vedação de práticas de tortura física e moral, tratamento de- cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde
sumano e degradante: que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desu- mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com-
mano ou degradante; petente;

Liberdade de associação:
Liberdade de manifestação do pensamento e vedação do ano-
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada
nimato, visando coibir abusos e não responsabilização pela veicu-
a de caráter paramilitar;
lação de ideias e práticas prejudiciais:
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de coope-
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano-
rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
nimato;
estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi-
Direito de resposta e indenização: das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, -se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma-
necer associado;
Liberdade religiosa e de consciência: XXI - as entidades associativas, quando expressamente auto-
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo rizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- extrajudicialmente;
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência Direito de propriedade e sua função social:
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; XXII - é garantido o direito de propriedade;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença re- XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
ligiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir Intervenção do Estado na propriedade:
prestação alternativa, fixada em lei; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
Liberdade de expressão e proibição de censura: diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, cientí- previstos nesta Constituição;
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade com-
petente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
prietário indenização ulterior, se houver dano;

6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Pequena propriedade rural: Tribunal de exceção:
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des- XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para O juízo ou tribunal de exceção seria aquele criado exclusiva-
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- mente para o julgamento de um fato específico já acontecido, onde
pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento; os julgadores são escolhidos arbitrariamente. A Constituição veda
tal prática, pois todos os casos devem se submeter a julgamento
Direitos autorais: dos juízos e tribunais já existentes, conforme suas competências
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, pré-fixadas.
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
ros pelo tempo que a lei fixar; Tribunal do Júri:
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e que lhe der a lei, assegurados:
à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades a) a plenitude de defesa;
desportivas; b) o sigilo das votações;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das c) a soberania dos veredictos;
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér- d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra
pretes e às respectivas representações sindicais e associativas; a vida;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais pri-
vilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às cria- Princípio da legalidade, da anterioridade e da retroatividade
ções industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas da lei penal:
e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
desenvolvimento tecnológico e econômico do País; sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Direito de herança:
XXX - é garantido o direito de herança; Princípio da não discriminação:
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos tos e liberdades fundamentais;
brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal
do “de cujus”; Crimes inafiançáveis, imprescritíveis e insuscetíveis de graça
e anistia:
Direito do consumidor: XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres-
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con- critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
sumidor; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen-
Direito de informação, petição e obtenção de certidão junto tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion-
aos órgãos públicos: dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que,
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos infor- podendo evitá-los, se omitirem; (Regulamento).
mações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da o Estado Democrático.
sociedade e do Estado; (Regulamento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011). • Crimes inafiançáveis e imprescritíveis: Racismo e ação de
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do paga- grupos armados contra a ordem constitucional e o Estado Demo-
mento de taxas: crático;
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- • Crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia: Prá-
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; tica de Tortura, Tráfico de drogas e entorpecentes, terrorismo e cri-
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa mes hediondos.
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
Princípio da intranscendência da pena:
Princípio da proteção judiciária ou da inafastabilidade do con- XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, poden-
trole jurisdicional: do a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles
ou ameaça a direito; executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
Segurança jurídica: Individualização da pena:
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
perfeito e a coisa julgada; outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
Direito adquirido é aquele incorporado ao patrimônio jurídico b) perda de bens;
de seu titular e cujo exercício não pode mais ser retirado ou tolhido. c) multa;
Ato jurídico perfeito é a situação ou direito consumado e defi- d) prestação social alternativa;
nitivamente exercido, sem nulidades perante a lei vigente. e) suspensão ou interdição de direitos;
Coisa julgada é a matéria submetida a julgamento, cuja sen-
tença transitou em julgado e não cabe mais recurso, não podendo, Proibição de penas:
portanto, ser modificada. XLVII – não haverá penas:

7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do Legalidade da prisão:
art. 84, XIX; LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or-
b) de caráter perpétuo; dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
c) de trabalhos forçados; salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi-
d) de banimento; litar, definidos em lei;
e) cruéis.
Comunicabilidade da prisão:
Estabelecimentos para cumprimento de pena: LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; do preso ou à pessoa por ele indicada;

Respeito à Integridade Física e Moral dos Presos: Informação ao preso:


XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
e moral; de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
lia e de advogado;
Direito de permanência e amamentação dos filhos pela pre-
sidiária mulher: Identificação dos responsáveis pela prisão:
L – às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- sua prisão ou por seu interrogatório policial;
ção;
Relaxamento da prisão ilegal:
Extradição: LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, dade judiciária;
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- Garantia da liberdade provisória:
gas afins, na forma da lei; LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
político ou de opinião;
Prisão civil:
Direito ao julgamento pela autoridade competente LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do respon-
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela au- sável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação
toridade competente; alimentícia e a do depositário infiel;

Devido Processo Legal: Habeas corpus:


LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
devido processo legal; ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Contraditório e a ampla defesa:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos Mandado de Segurança:
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
com os meios e recursos a ela inerentes; reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
Provas ilícitas: autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por buições do Poder Público;
meios ilícitos; LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado
por:
Presunção de inocência: a) partido político com representação no Congresso Nacional;
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em jul- b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
gado de sentença penal condenatória; mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Identificação criminal:
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identifi- Mandado de Injunção:
cação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (Regulamento). LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
Ação Privada Subsidiária da Pública: liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se lidade, à soberania e à cidadania;
esta não for intentada no prazo legal;
Habeas data:
A publicidade dos atos processuais e o segredo de Justiça: LXXII – conceder-se-á habeas data:
LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
por processo sigiloso, judicial ou administrativo;

8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Ação Popular: Submissão à Jurisdição do Tribunal Penal Internacional:
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Inter-
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de nacional a cuja criação tenha manifestado adesão. (Incluído pela
entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o O Brasil se submeteu expressamente à jurisdição do Tribunal
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus Penal Internacional, também conhecido por Corte ou Tribunal de
da sucumbência; Haia, instituído pelo Estatuto de Roma e ratificado em 20 de junho
de 2002 pelo Brasil. A Emenda Constitucional n° 45/2004, deu a
Assistência Judiciária: esta adesão força constitucional. O objetivo do TPI é identificar e
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita punir autores de crimes contra a humanidade.
aos que comprovarem insuficiência de recursos; — Direitos sociais
Os chamados Direitos Sociais são aqueles que visam garantir
Indenização por erro judiciário: qualidade de vida, a melhoria de suas condições e o desenvolvi-
LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as- mento da personalidade. São meios de se atender ao princípio basi-
sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; lar da dignidade humana e estão previstos no art. 6º, CF.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
Gratuidade de serviços públicos: o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for- dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
ma da lei: (Vide Lei nº 7.844, de 1989) aos desamparados, na forma desta Constituição (Redação dada
a) o registro civil de nascimento; pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015).
b) a certidão de óbito;
LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas Do direito ao trabalho
data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidada- Os direitos relativos aos trabalhadores podem ser de duas or-
nia (Regulamento). dens:
- Direitos individuais, previstos no art. 7º, CF;
Princípio da Celeridade Processual: - Direitos coletivos dos trabalhadores, previstos nos arts. 9º a
LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse- 11, CF.
gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional Os direitos individuais dos trabalhadores são aqueles destina-
nº 45, de 2004). dos a proteger a relação de trabalho contra uma profunda desigual-
dade, de modo a compatibilizar a função laboral com a dignidade e
Aplicabilidade das normas de direitos e garantias fundamen- o bem-estar do trabalhador que é a parte hipossuficiente da relação
tais: trabalhista.
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen- Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
tais têm aplicação imediata. outros que visem à melhoria de sua condição social:
Assim, todas as normas relativas aos direitos e garantias funda-
mentais são autoaplicáveis. Proteção contra despedida arbitrária ou sem justa causa:
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
Rol é exemplificativo: ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não indenização compensatória, dentre outros direitos;
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela ado-
tados, ou dos tratados internacionais em que a República Federati- Seguro-Desemprego:
va do Brasil seja parte. II – seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
O rol dos direitos elencados no art. 5º da CF/88 não é taxativo,
mas sim exemplificativo. Os direitos e garantias ali expressos não Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS):
excluem outros de caráter constitucional, decorrentes de princípios III – fundo de garantia do tempo de serviço;
constitucionais, do regime democrático, ou de tratados internacio-
nais. Salário mínimo:
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado,
Tratados e Convenções Internacionais de Direitos Humanos capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem- que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela para qualquer fim;
Emenda Constitucional nº 45, de 2004) (Atos aprovados na forma
deste parágrafo: DLG nº 186, de 2008, DEC 6.949, de 2009, DLG 261, Piso salarial:
de 2015, DEC 9.522, de 2018). V – piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
Com a Emenda Constitucional n° 45 de 2004, as normas de trabalho;
tratados internacionais sobre direitos humanos passaram a ser re-
conhecidas como normas de hierarquia constitucional, porém, so- Irredutibilidadade do salário:
mente se aprovadas pelas duas casas do Congresso por 3/5 de seus VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
membros em dois turnos de votação. ou acordo coletivo;

9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Proteção aos que percebem remuneração variável: Adicional por atividades penosas, insalubres ou perigosas:
VII – garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas,
percebem remuneração variável; insalubres ou perigosas, na forma da lei;

Décimo Terceiro Salário ou Gratificação Natalina: Aposentadoria:


VIII – décimo terceiro salário com base na remuneração inte- XXIV – aposentadoria;
gral ou no valor da aposentadoria;
Assistência aos filhos pequenos:
Remuneração superior por trabalho noturno: XXV – assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
Proteção do salário contra retenção dolosa: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).
X – proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
retenção dolosa; Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de tra-
balho:
Participação nos lucros: XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re- trabalho;
muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
sa, conforme definido em lei; Proteção em face da automação:
XXVII – proteção em face da automação, na forma da lei;
Salário-família:
XII – salário-família pago em razão do dependente do trabalha- Seguro contra acidentes de trabalho:
dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda XXVIII – seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
Constitucional nº 20, de 1998). gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
incorrer em dolo ou culpa;
Jornada de Trabalho:
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas Ação trabalhista nos prazos prescricionais:
diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de XXIX – ação, quanto aos créditos resultantes das relações de
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha-
coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943). dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do
contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional
Jornada especial para turnos ininterruptos de revezamento: nº 28, de 2000).
XIV – jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; Não discriminação:
XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de fun-
Repouso (ou descanso) semanal remunerado (DSR): ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou
XV – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- estado civil;
mingos; XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
Pagamentos de horas extras:
XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mí- Proibição de distinção do trabalho:
nimo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e
§ 1º). intelectual ou entre os profissionais respectivos;
Férias remuneradas: Trabalho do menor:
XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um XXXIII – proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a
terço a mais do que o salário normal; menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re-
Licença à gestante: dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998).
XVIII – licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salá- • De 14 a 16 anos: Só pode trabalhar na condição de aprendiz.
rio, com a duração de cento e vinte dias;
• De 16 a 18 anos: É vedado o exercício de trabalho noturno,
perigoso ou insalubre.
Licença-paternidade:
• A partir de 18 anos: Trabalho normal.
XIX – licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
Igualdade ao trabalhador avulso:
Proteção da mulher no mercado de trabalho:
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo
XX – proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante
empregatício permanente e o trabalhador avulso
incentivos específicos, nos termos da lei;

Aviso Prévio: Empregados domésticos:


XXI – aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalha-
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; dores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII
Redução dos riscos do trabalho: e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim-
XXII – redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
normas de saúde, higiene e segurança; acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida-

10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como Cargos privativos do brasileiro nato: (art. 12, § 3º, CF)
a sua integração à previdência social (Redação dada pela Emenda § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
Constitucional nº 72, de 2013). I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
Os Direitos Coletivos dos Trabalhadores “são aqueles exerci- III - de Presidente do Senado Federal;
dos pelos trabalhadores, coletivamente ou no interesse de uma co- IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
letividade” (LENZA, 2019, p. 2038) e compreendem: V - da carreira diplomática;
Liberdade de Associação Profissional Sindical: prerrogativa VI - de oficial das Forças Armadas.
dos trabalhadores para defesa de seus interesses profissionais e VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda
econômicos. Constitucional nº 23, de 1999).
Direito de Greve: direito de abstenção coletiva e simultânea
do trabalho, de modo organizado para defesa de interesses dos Naturalização
trabalhadores. Importante mencionar que serviços considerados A naturalização é um meio derivado, de aquisição secundária
essenciais e inadiáveis à sociedade não podem ser paralisados to- da nacionalidade brasileira, permitida ao estrangeiro ou apátrida
talmente para o exercício do direito de greve. Ademais, o STF (2017) que preencher determinados requisitos.
entende que servidores que atuam diretamente na área de segu- Também chamado de heimatlos, o apátrida é aquele que não
rança pública não podem entrar em greve em nenhuma hipótese. possui nenhuma nacionalidade, já o polipátrida é aquele que tem
Direito de Participação Laboral: assegura a participação dos mais de uma nacionalidade.
trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos A Lei nº 13.445/2017, que institui a Lei de Migração trata de
em que interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de diversas questões acerca da nacionalidade e do processo de natu-
discussão. ralização, sendo vedada a diferenciação arbitrária entre brasileiros
Direito de Representação na Empresa: Nos termos do art. 11, natos e naturalizados.
CF: nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.
promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
Portugueses:
— Direitos de nacionalidade Aos portugueses com residência permanente no país serão
A nacionalidade é a condição de sujeito natural do Estado, que atribuídos os mesmos direitos dos brasileiros, desde que haja re-
pode participar dos atos pertinentes à nação. A atribuição da nacio- ciprocidade.
nalidade se dá por dois critérios:
Jus solis: será brasileiro todo aquele nascido em território na- Art. 12
cional; § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se
Jus sanguinis: será brasileiro todo filho de nacional, mesmo houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
nascido no exterior. direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons-
O Brasil adota, em regra, o critério do jus solis, mitigado por cri- tituição (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº
térios do jus sanguinis. O art. 12 da Constituição Federal elenca os 3, de 1994).
direitos da nacionalidade, dividindo os brasileiros em dois grandes
grupos: os brasileiros natos e os naturalizados. Perda da Nacionalidade:
§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
Art. 12 São brasileiros: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
I - natos: virtude de atividade nociva ao interesse nacional;
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:(Redação
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei- a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es-
ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa- trangeira; (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de
tiva do Brasil; 1994).
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra- b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com- brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para
petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis;
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela (Incluído pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994).
nacionalidade brasileira; (Redação dada pela Emenda Constitucio-
nal nº 54, de 2007). Extradição, repatriação, deportação e expulsão
II - naturalizados: A extradição, repatriação, deportação e expulsão são medidas
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, do Estado soberano para enviar uma pessoa que se encontra refu-
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi- giada em seu território a outro Estado estrangeiro.
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; Segundo o Ministério da Justiça (2021), a extradição é um ato de
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Re- cooperação internacional que consiste na entrega de uma pessoa, acu-
pública Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sada ou condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama. Não
sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade bra- haverá extradição de brasileiro nato. Também não será concedida ex-
sileira (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, tradição de estrangeiro por crime político ou de opinião.
de 1994). Repatriação é medida administrativa consistente no processo
de devolução voluntária de uma pessoa ao seu local de origem ou
de cidadania, por estar impedida de permanecer em território bra-
sileiro após determinado período.

11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A deportação será aplicada nas hipóteses de entrada ou esta- a) 35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e
da irregular de estrangeiros no território nacional e a repatriação Senador;
ocorre quando o clandestino é impedido de ingressar em território b) 30 para Governador e Vice-Governador de Estado e do Dis-
nacional pela fiscalização fronteiriça e aeroportuária brasileira. trito Federal;
A expulsão consiste em medida administrativa de retirada com- c) 21 anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distri-
pulsória de migrante ou visitante do território nacional, conjugada tal, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
com o impedimento de reingresso por prazo determinado, configu- d) 18 anos para Vereador.
rado pela prática de crimes em território brasileiro.
O banimento, que é a entrega de um brasileiro para julgamento Inelegibilidades:
no exterior, prática comum na época da ditadura militar, é vedado A Constituição não menciona exaustivamente todas hipóteses
pela Constituição. de inelegibilidade, apenas fixa algumas. Em regra:
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
— Direitos políticos
Os Direitos Políticos visam assegurar a participação do cidadão Há também a inelegibilidade derivada do casamento ou do pa-
na vida política e estrutural de seu Estado, garantindo-lhe o acesso rentesco com o Presidente da República, com os Governadores de
à condução da coisa pública. Abrangem o poder que qualquer ci- Estado e do Distrito Federal e com os Prefeitos, ou com quem os
dadão tem na condução dos destinos de sua coletividade, de uma haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito.
forma direta ou indireta, ou seja, sendo eleito ou elegendo repre- §7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn-
sentantes junto aos poderes públicos. juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
Cidadania e nacionalidade são conceitos distintos, logo nacio- por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado
nal é diferente de cidadão. A condição de nacional é um pressupos- ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
to para a de cidadão. A cidadania em sentido estrito é o status de substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
nacional acrescido dos direitos políticos, isto é, o poder participar titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
do processo governamental, sobretudo pelo voto.
Nos termos do art. 14 da Constituição Federal a soberania po- Quanto à Reeleição e desincompatibilização, a Emenda Consti-
pular é exercida pelo sufrágio (voto) universal, direto e secreto, com tucional nº 16 trouxe a possibilidade de reeleição para o chefe dos
valor igual para todos. Ademais, estabelece também os instrumen- Poderes Executivos federal, estadual, distrital e municipal. Ao con-
tos de participação semidireta pelo povo. trário do sistema americano de reeleição, que permite apenas a re-
Plebiscito: manifestação popular do eleitorado que decide condução por um período somente, no Brasil, após o período de um
acerca de uma determinada questão. Assim, em termos práticos, é mandato, o governante pode voltar a se candidatar para o posto.
feita uma pergunta à qual responde o eleitor. É uma consulta prévia § 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do
à elaboração da lei. Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi-
Referendo: manifestação popular, em que o eleitor aprova ou tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
rejeita uma atitude governamental, normalmente uma lei ou proje- período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional
to de lei já existente. nº 16, de 1997).
Iniciativa Popular: é o direito de uma parcela da população (1% § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú-
do eleitorado) apresentar ao Poder Legislativo um projeto de lei blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
que deverá ser examinado e votado. Os eleitores também podem devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do
usar deste instrumento em nível estadual e municipal. pleito.

Alistamento eleitoral (direitos políticos ativos): Por sua vez, o militar é elegível, se cumpridos alguns requisitos:
Consiste na capacidade de votar, participar de plebiscito e re- § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con-
ferendo, subscrever projeto de lei de iniciativa popular e de propor dições:
ação popular e se dá através do alistamento eleitoral, obrigatório I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
para os maiores de dezoito anos e facultativo para os maiores de da atividade;
dezesseis e menores de dezoito, para os analfabetos e para os maio- II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
res de setenta anos. autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
São inalistáveis os estrangeiros e os conscritos durante serviço da diplomação, para a inatividade.
militar obrigatório, ou seja, aqueles que se alistaram no exército e
foram convocados a prestar serviço militar. O Mandato Eletivo pode ser impugnado:
§ 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Elegibilidade eleitoral (direitos políticos passivos): Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí-
Os direitos políticos passivos consistem na possibilidade de ser da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
votado, ou seja, na elegibilidade que é a capacidade eleitoral passi- fraude;
va consistente na possibilidade de o cidadão pleitear determinados
mandatos políticos, mediante eleição popular, desde que preenchi- § 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
dos os devidos requisitos. de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: manifesta má-fé.
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos; Suspensão e Perda dos Direitos Políticos
III - o alistamento eleitoral; A perda e a suspensão dos direitos políticos podem-se dar,
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; respectivamente, de forma definitiva ou temporária. Ocorrerá a
V - a filiação partidária; Regulamento. perda quando houver cancelamento da naturalização por sentença
VI - a idade mínima de: transitada em julgado, no caso de recusa em cumprir obrigação a

12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
todos imposta ou prestação alternativa (é o caso do serviço militar • Regime de Governo: Democrático
obrigatório). Por sua vez, a suspensão dos direitos políticos se dá • Sistema de Governo: Presidencialismo
enquanto persistirem os motivos desta, ou seja, enquanto não re-
toma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos políticos sus- O federalismo é a forma de Estado marcado essencialmente
pensos; readquirindo-a, alcançará, novamente o status de cidadão. pela união indissolúvel dos entes federativos, ou seja, pela impossi-
Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente bilidade de secessão, separação. São entes da federação brasileira:
(com sentença transitado em julgado). Cumprida a pena, readqui- a União; os Estados-Membros; o Distrito Federal e os Municípios.
rem os direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a Brasília é a capital federal e o Estado brasileiro é considerado lai-
suspensão será, da mesma forma, temporária. co, mantendo uma posição de neutralidade em matéria religiosa,
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou admitindo o culto de todas as religiões, sem qualquer intervenção.
suspensão só se dará nos casos de:
I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em União
julgado; A União é o ente federativo com dupla personalidade. Inter-
II - incapacidade civil absoluta; namente, é uma pessoa jurídica de direito público interno, com
III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du- autonomia financeira, administrativa e política e capacidade de au-
rarem seus efeitos; to-organização, autogoverno, autolegislação e autoadministração.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação Internacionalmente, a União é soberana e representa a República
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII Federativa do Brasil a quem cabe exercer as prerrogativas da so-
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. berania do Estado brasileiro. Os bens da União são todos aqueles
elencados, no art. 20, CF.
— Partidos Políticos São bens da União os previstos no art. 20, CF:
Partidos políticos são associações de pessoas de ideologia e in- I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
teresses comuns, com a finalidade de exercer o poder a partir da atribuídos;
vontade popular, determinando o governo e a orientação política II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,
nacional. Juridicamente, são verdadeiras instituições, pessoas jurí- das fortificações e construções militares, das vias federais de comu-
dicas de direito privado, constituídas na forma da lei civil, perante nicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
o Registro Civil de Pessoas Jurídicas e que gozam de imunidade e III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de
autonomia para gerir sua organização interna. seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites
No Brasil, o pluralismo político é um dos fundamentos da Repú- com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
blica, e diferente de outras nações aqui não foi instituído o dualis- provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
mo. (direita e esquerda ou democratas e republicanos). Os partidos IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros
políticos têm liberdade de organização partidária, sendo livres a países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí-
criação, fusão, incorporação e a sua extinção, observados o caráter das, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas
nacional, a proibição de subordinação e recebimento de recursos áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e
financeiros de entidades ou governo estrangeiros, a vedação da uti- as referidas no art. 26, II; Redação dada pela Emenda Constitucional
lização de organização paramilitar, além do dever de prestar contas nº 46, de 2005).
à Justiça Eleitoral e do funcionamento parlamentar de acordo com V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona
a lei. econômica exclusiva;
De acordo com a Lei das Eleições, coligações partidárias são VI - o mar territorial;
permitidas. VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
Os partidos políticos, uma vez devidamente constituídos e re- VIII - os potenciais de energia hidráulica;
gistrados no TSE, têm direito a recursos do fundo partidário e aces- IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
so gratuito ao rádio e à televisão para fins de propaganda eleitoral. X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos
e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA. UNIÃO, Todo ente federativo possui suas competências. Competência
ESTADOS, DISTRITO FEDERAL E MUNICÍPIOS é o poder legal de uma autoridade pública para a prática de atos
administrativos e tomada de decisões.
— Estado federal brasileiro, União, Estados, Distrito Federal, Como ente federativo, a União possui competências adminis-
municípios e territórios trativas que lhe são exclusivas (art. 21, CF), competências legisla-
tivas privativas (art. 22, CF), competências administrativas comuns
Estado Federal Brasileiro com Estados, Distrito Federal e Municípios (art. 23, CF) e competên-
São elementos do Estado a soberania, a finalidade, o povo e o cias legislativas concorrentes com Estados, Distrito Federal e Muni-
território. Assim, Dalmo de Abreu Dallari (apud Lenza, 2019, p. 719) cípios (art. 24, CF).
define Estado como “a ordem jurídica soberana que tem por fim o
bem comum de um povo situado em determinado território”. Estados
A Constituição de 1988 adotou a forma republicana de gover- O Brasil é composto de estados federados que gozam de uma
no, o sistema presidencialista de governo e a forma federativa de autonomia, consubstancianda na capacidade de auto-organização,
Estado. Note tratar-se de três definições distintas. auto-legislação, auto-governo e autoadministração.
Os Estados podem se formar a partir de incorporação, subdi-
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: visão ou desmembramento, que por sua vez, pode se dar por ane-
• Forma de Estado: Federação xação ou formação. A incorporação ou fusão é a junção de dois ou
• Forma de Governo: República mais Estados para formação de um único Estado novo. A cisão ou

13
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
subdivisão é a separação de um Estado em dois ou mais Estados VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo-
autônomos e independentes. E, o desmembramento consiste na rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e
separação de parte de um Estado para formação de um novo Estado da ocupação do solo urbano;
(formação) ou anexação a outro Estado já existente. IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local,
As competências estaduais estão previstas no art. 25, CF e os observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.
bens dos Estados estão elencados no art. 26, CF:
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui- A fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios se dá
ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui- sob duas modalidades: controle externo, exercido pela Câmara Mu-
ção. nicipal e o controle interno, exercido pelo próprio executivo munici-
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes pal, nos termos do art. 31, CF.
sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con- Distrito Federal
cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada O Distrito Federal é reconhecido como ente integrante da Fe-
a edição de medida provisória para a sua regulamentação. (Reda- deração e goza de autonomia política, embora não se enquadre
ção dada pela Emenda Constitucional nº 5, de 1995). nem como estado-membro ou município. Sua principal função é
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir servir como sede do Governo Federal e não pode haver divisões em
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, municípios. O Distrito Federal não possui constituição, mas lei orgâ-
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte- nica própria, que define os princípios básicos de sua organização,
grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi- suas competências e a organização de seus poderes governamen-
cas de interesse comum. tais, nos termos do art. 32, CF.
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - As águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios,
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren- reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício
tes de obras da União; mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla-
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios Constituição.
ou terceiros; § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legisla-
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; tivas reservadas aos Estados e Municípios.
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observa-
das as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com
Municípios a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual
O Município, que também é um ente federado que possui au- duração.
tonomia administrativa (autoadministração) e política (auto-organi- § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se
zação, autogoverno e capacidade normativa própria). E, vinculado o disposto no art. 27.
ao Estado onde se localiza, depende na sua criação, incorporação, § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Dis-
fusão ou desmembramento, de lei estadual dentro do período de- trito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar e do
terminado por lei complementar federal, além da realização de ple- corpo de bombeiros militar (Redação dada pela Emenda Constitu-
biscito. cional nº 104, de 2019).
Sua capacidade de auto-organização consiste na possibilidade
da elaboração da lei orgânica própria. O município possui o Poder Atualmente, não existe no Brasil nenhum Território. Com a
Executivo, exercido pelo Prefeito e o Poder Legislativo, exercido CF/88, os territórios de Roraima e Amapá foram transformados em
pela Câmara Municipal. Entretanto, não há Poder Judiciário na es- Estados e Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Per-
fera municipal. É regido por lei orgânica, nos termos do art. 29, CF. nambuco.
A Constituição prevê ainda a composição das Câmaras Municipais
e o subsídio dos vereadores, de acordo com a quantidade de habi-
tantes do município.
A competência dos municípios está elencada no art. 30, CF. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DISPOSIÇÕES GERAIS,
Art. 30. Compete aos Municípios: SERVIDORES PÚBLICOS
I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; — Disposições gerais
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem A administração pública consiste no conjunto de meios institu-
como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres- cionais, materiais, financeiros e humanos do Estado, preordenado
tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei; à realização de seus serviços, visando a satisfação das necessidades
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação coletivas.
estadual; A função administrativa é institucionalmente imputada a diver-
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces- sas entidades governamentais autônomas, expressas no art. 37 da
são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o Constituição Federal.
de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e Administração Pública Direta e Indireta
do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen- A administração direta é a administração centralizada, defini-
tal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) da como o conjunto de órgãos administrativos subordinados dire-
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e tamente ao Poder Executivo de cada entidade. Ex.: Ministérios, as
do Estado, serviços de atendimento à saúde da população; Forças Armadas, a Receita Federal, os próprios Poderes Executivo,
Legislativo, Judiciário etc.

14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Por sua vez, a administração indireta é a descentralizada, com- V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por ser-
posta por entidades personalizadas de prestação de serviço ou ex- vidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a se-
ploração de atividades econômicas, mas vinculadas aos Poderes rem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e
Executivos da entidade pública. Ex.: Autarquias: Agência Nacional percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri-
de Aviação Civil – ANAC, Instituto Nacional de Colonização e Refor- buições de direção, chefia e assessoramento (Redação dada pela
ma Agrária – INCRA e outras agências reguladoras, Universidade Fe- Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
deral de Alfenas – UNIFAL-MG e outras universidades federais, Cen- VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso-
tros e Institutos Federais de Educação Tecnológica, Banco Central ciação sindical;
do Brasil – BACEN; Conselho Federal de Medicina e outros Conse- VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites
lhos Profissionais etc; Empresas Públicas: BNDES, Caixa Econômica definidos em lei específica (Redação dada pela Emenda Constitucio-
Federal, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos etc; Sociedades nal nº 19, de 1998);
de economia mista: Petrobrás, Banco do Brasil etc; Fundações pú- VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos
blicas: Funai, Funasa, IBGE etc. para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de
sua admissão;
Princípios Específicos da Administração Pública IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de-
Legalidade: todo o ato administrativo deve ser antecedido de terminado para atender a necessidade temporária de excepcional
lei; interesse público;
Impessoalidade: todos atos e provimentos administrativos não
são imputáveis ao agente político que o realiza, mas sim ao órgão O art. 37 da Constituição Federal estabelece ainda as regras
ou entidade pública em nome da qual atuou. quanto a valores, limitações e formas de recebimento de remunera-
Moralidade: impõe a obediência à lei, não só no que ela tem de ção e subsídios dos servidores públicos, bem como condições sobre
formal, mas como na sua teleologia. Não bastará ao administrador acúmulo de cargos e funções:
o estrito cumprimento da legalidade, devendo ele, no exercício de
sua função pública, respeitar os princípios éticos de razoabilidade Art. 37.
e justiça. X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
Publicidade: todos os atos administrativos devem ser públicos, trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
vedado o sigilo e o segredo, salvo em hipóteses restritas que envol- lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegu-
vam a segurança nacional. rada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de
Eficiência: trazido pela Emenda Constitucional nº 19, este prin- índices (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
cípio estabelece que os atos administrativos devem cumprir os seus (Regulamento);
propósitos de forma eficaz. XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
cípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mo- mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
ralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte (Redação sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emen- nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
da Constitucional nº 19, de 1998); Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
— Servidores públicos do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal
de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos
Concurso Público: por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supre-
A investidura em cargo ou emprego público só se pode dar por mo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este
meio de concurso público. Enquanto não há a posse, os aprovados limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
têm apenas uma expectativa de direito. Não há direito adquirido Defensores Públicos (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
41, 19.12.2003);
em relação ao cargo pela simples aprovação em concurso público.
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
Art. 37.
tivo;
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
serviço público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para
de 1998);
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
ração (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional
anos, prorrogável uma vez, por igual período; nº 19, de 1998);
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);

15
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em administração pública direta e indireta, regulando especialmente
qualquer caso o disposto no inciso XI (Redação dada pela Emenda (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998):
Constitucional nº 19, de 1998): I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos
a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
Constitucional nº 19, de 1998); ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico dos serviços (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e
saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emen- XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide
da Constitucional nº 34, de 2001); Lei nº 12.527, de 2011);
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções III - a disciplina da representação contra o exercício negligente
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
ou indiretamente, pelo poder público (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998); XVIII - a administração fazendária e Improbidade Administrativa
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência A improbidade administrativa é espécie de ilegalidade pratica-
e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, da pelo servidor, qualificada pela finalidade de atribuir situação de
na forma da lei; vantagem a si ou a outrem. A Lei nº 8.429/92, chamada de Lei de
Improbidade Administrativa, disciplina este dispositivo constitucio-
E também a criação de autarquias e instituição de empresas nal, previsto no art. 37, §4º.
públicas, fundações e sociedades de economia mista:
Art. 37.
Art. 37. § 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
XIX - somente por lei específica poderá ser criada autarquia e pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponi-
autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo- bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
caso, definir as áreas de sua atuação (Redação dada pela Emenda § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra-
Constitucional nº 19, de 1998); ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.
ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri-
assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
Todas as obras, serviços e compras da Administração, nos ter- direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
mos do que preceitua o art. 37 da Constituição, deverão ser contra- § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante
tadas por meio de licitação pública. de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possi-
bilite o acesso a informações privilegiadas (Incluído pela Emenda
Art. 37. Constitucional nº 19, de 1998).
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro- órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser
cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra-
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de
de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter- desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre
mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamen-
técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das to) (Vigência) :
obrigações (Regulamento). I - o prazo de duração do contrato (Incluído pela Emenda Cons-
titucional nº 19, de 1998)
O referido art. 37, CF dispõe ainda sobre as informações na Ad- II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, di-
ministração Pública: reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes (Incluído pela
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- III - a remuneração do pessoal (Incluído pela Emenda Constitu-
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, cional nº 19, de 1998);
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio (In- recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municí-
cluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); pios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor- § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re-
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os
ridades ou servidores públicos. cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo-
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos neração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
da lei. (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998);

16
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera- II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de rada ampla defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
caráter indenizatório previstas em lei (Incluído pela Emenda Consti- 1998);
tucional nº 47, de 2005). III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
§ 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo, penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa
fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respecti- estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
vo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re-
Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos muneração proporcional ao tempo de serviço (Redação dada pela
subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores (In- Emenda Constitucional nº 19, de 1998);
cluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005). § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser-
§ 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser rea- vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor-
daptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabilida- cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em
des sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua outro cargo (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de
capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, 1998);
desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga-
para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori- tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída
gem (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019). para essa finalidade (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
§ 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo 1998).
de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom- São militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios,
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (In- os membros das polícias militares e corpos de bombeiros militares,
cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, nos
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de servi- termos do art. 42, CF. Aos militares são proibidas a sindicalização e
dores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que não a greve, em face das funções por eles desempenhadas.
seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que não Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência social beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019). disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Terri-
tórios (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998).
Regime Jurídico dos Servidores Públicos § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
O regime jurídico dos servidores públicos é o conjunto de prin- dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições
cípios e regras destinadas à regulação das relações funcionais da do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
administração pública e seus agentes. Pode ser geral, aplicável a a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
todos os servidores de uma determinada pessoa política (da Admi- inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
nistração Pública Federal, Estadual, Municipal, por exemplo) ou es- governadores (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
pecífico, como é o caso de algumas carreiras, como a Magistratura, 15/12/98).
Ministério Público etc. § 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Fe-
O Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União é estatu- deral e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
tário e regido pela Lei nº 8.112 de 1990. Nas esferas distrital, es- respectivo ente estatal (Redação dada pela Emenda Constitucional
taduais e municipais podem ser adotados estatutos próprios, des- nº 41, 19.12.2003).
de compatíveis com os preceitos da Constituição Federal e da Lei § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
8.112/90. dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência da
No regime estatutário não há relação contratual empregatícia. atividade militar (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101, de
A Constituição Federal prevê todo o regime jurídico dos Servi- 2019).
dores Públicos, com sistema remuneratório, regime previdenciário
e regra geral de aposentadoria, nos termos do art. 40, CF.
A estabilidade é uma das garantias do serviço público, prevista PODER LEGISLATIVO
constitucionalmente. É adquirida pelo funcionário concursado após
três anos de efetivo exercício da função pública e impede que ele
seja desvinculado do serviço público arbitrariamente, a não ser por — Estrutura
sentença transitada em julgado ou decisão administrativa em que O Poder Legislativo no Brasil é bicameral, ou seja, composto
lhe foi dado amplo direito de defesa, aposentadoria compulsória, por duas casas: a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, a pri-
exoneração a pedido ou morte: meira constituída por representantes do povo e a segunda, por re-
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- presentantes dos Estados-Membros e do Distrito Federal (LENZA,
vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de 2019). Câmara e Senado formam o Congresso Nacional.
concurso público (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, Já o Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal, distrital
de 1998). e dos Territórios Federais, é do tipo unicameral, composto por uma
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo (Redação única casa legislativa, sendo a Assembleia Legislativa, composta pe-
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): los Deputados Estaduais, em âmbito estadual, e a Câmara Munici-
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado (Incluí- pal, composta pelos Vereadores em âmbito municipal.
do pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998); As casas Legislativas são geralmente formadas por três instân-
cias: mesa diretora, comissões e plenário.

17
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
A mesa diretora tem funções administrativas sobre o funciona- Também compete exclusivamente ao Congresso Nacional, nos
mento da Casa, e o presidente da mesa é o responsável pelo proces- termos do art. 49, CF:
so legislativo. É ele quem organiza a pauta das reuniões e, portanto, — Resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos in-
decide quais assuntos serão examinados pelo plenário. Tem o poder ternacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao
de obstruir as decisões do Executivo ou os projetos de lei dos par- patrimônio nacional;
lamentares se não os colocar em votação. A mesa do Congresso — Autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a ce-
Nacional é presidida pelo presidente do Senado. lebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo terri-
As comissões podem ser permanentes, definidas pelos respec- tório nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados
tivos regimentos internos, com o poder para discutir e votar alguns os casos previstos em lei complementar (cf. LC n. 90/97, com as
projetos de lei sem passar pelo plenário, e temporárias, criadas alterações introduzidas pela LC n. 149/2015);
para tratar de assuntos específicos. As comissões também podem — Autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se
realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil, con- ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;
vocar autoridades e cidadãos para prestar informações. — Aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autori-
O Plenário é a instância máxima e soberana no Legislativo para zar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;
qualquer decisão. Nas votações, a decisão de cada um dos parla- — Sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem
mentares é influenciada por vários fatores, dentre eles o programa do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
do partido político ao qual cada parlamentar é filiado e os compro- — Mudar temporariamente sua sede;
missos assumidos com as chamadas bases eleitorais. — Fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Se-
nadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II,
— Funcionamento e atribuições 153, III, e 153, § 2.º, I;
— Fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da
Atribuições e competência do Congresso Nacional República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os
A maioria das pessoas se preocupa muito com as eleições para arts. 37, XI, 39, § 4.º, 150, II, 153, III, e 153, § 2.º, I;
os cargos do Executivo, dando menos importância aos Deputados — Julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da
Federais, Estaduais, Senadores e Vereadores municipais, entretan- República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de
to, a esses representantes competem uma função típica tão impor- governo;
tante quanto a de governar e administrar: a legislatura. São eles os — Fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas
responsáveis por pensarem e fazerem as leis que regem todo o país Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
e são aplicadas pelo Poder Judiciário. indireta;
Compete ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente — Zelar pela preservação de sua competência legislativa em
da República, nos termos do art. 48, CF, dispor sobre todas as maté- face da atribuição normativa dos outros Poderes;
— Apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de
rias de competência da União, especialmente sobre:
emissoras de rádio e televisão;
— Sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;
— Escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da
— Plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual,
União;
operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;
— Aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ativida-
— Fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas;
des nucleares;
— Planos e programas nacionais, regionais e setoriais de de-
— Autorizar referendo e convocar plebiscito;
senvolvimento;
— Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamen-
— Limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e to de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;
bens do domínio da União; — Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras
— Incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares (LEN-
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legisla- ZA, 2019, p. 887).
tivas;
— Transferência temporária da sede do Governo Federal; Competências privativas da Câmara dos Deputados e do Se-
— Concessão de anistia; nado Federal
— Organização administrativa, judiciária, do Ministério Público As matérias de competência privativa dos Deputados Federais
e da Defensoria Pública da União e dos Territórios, e organização ju- não dependerão de sanção presidencial, nos termos do art. 48,
diciária e do Ministério Público do Distrito Federal (EC n. 69/2012); caput, CF e estão previstas no art. 51, CF. Tais atribuições, geram
— Criação, transformação e extinção de cargos, empregos e espécies normativas materializadas por meio de resoluções.
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, “b”, já
que, quando vagos os cargos ou funções públicas, caberá ao Presi- Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
dente, mediante decreto, dispor sobre a extinção; I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de
— Criação e extinção de Ministérios e órgãos da Administração processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os
Pública (confira, também, o art. 88 da CF/88, alterado pela EC n. Ministros de Estado;
32/2001); II - proceder à tomada de contas do Presidente da República,
— Telecomunicações e radiodifusão; quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen-
— Matéria financeira, cambial e monetária, instituições finan- ta dias após a abertura da sessão legislativa;
ceiras e suas operações; III - elaborar seu regimento interno;
— Moeda, seus limites de emissão e montante da dívida mo- IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, cria-
biliária federal; ção, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de
— Fixação do subsídio dos Ministros do STF, observado o que seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remune-
dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2.º, I (LENZA, ração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
2019, p. 886). orçamentárias; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998).

18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tribu-
art. 89, VII. tário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempe-
nho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Dis-
O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e trito Federal e dos Municípios (Incluído pela Emenda Constitucional
do Distrito Federal e tem a mesma relevância e força dada à Câmara nº 42, de 19.12.2003).
dos Deputados. Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcio-
Segundo Lenza (2019) cada Estado e o Distrito Federal elegerão nará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se
3 Senadores, sendo que cada Senador será eleito com 2 suplentes a condenação, que somente será proferida por dois terços dos vo-
para o mandato de 8 anos, portanto, duas legislaturas. São requisi- tos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito
tos para a candidatura dos Senadores: ser brasileiro nato ou natura- anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais
lizado, maior de 35 anos, estar em pleno exercício dos direitos po- sanções judiciais cabíveis.
líticos; ter domicílio eleitoral na circunscrição; alistamento eleitoral — Processo legislativo
e filiação partidária. O processo legislativo é o conjunto de regras constitucional-
mente previstas para elaboração das normas e leis previstas no art.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 59, CF, pelo Poder Legislativo.
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica I - emendas à Constituição;
nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (Redação dada II - leis complementares;
pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99); III - leis ordinárias;
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, IV - leis delegadas;
os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacio- V - medidas provisórias;
nal do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Ad- VI - decretos legislativos;
vogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade (Redação VII - resoluções.
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004); Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração,
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú- redação, alteração e consolidação das leis.
blica, a escolha de:
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; O processo legislativo brasileiro é o indireto ou representativo,
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre- pelo qual o povo escolhe seus mandatários (parlamentares), que
sidente da República; receberão de forma autônoma poderes para decidir sobre os as-
c) Governador de Território; suntos de sua competência constitucional. Há quatro espécies de
d) Presidente e diretores do banco central; processos ou procedimentos legislativos, o comum ou ordinário, o
e) Procurador-Geral da República; sumário, os especiais e os especialíssimos.
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; O processo legislativo ordinário se destina à elaboração das leis
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em ordinárias, caracterizando-se pela sua maior extensão. O processo
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca- legislativo sumário, difere-se do ordinário apenas pela existência de
ráter permanente;
prazo para que o Congresso Nacional delibere sobre determinado
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de in-
assunto. Os processos legislativos especiais são estabelecidos para
teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
a elaboração das emendas à Constituição, leis complementares, leis
dos Municípios;
delegadas, medidas provisórias, decretos-legislativos e resoluções.
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites glo-
E, o especialíssimo é previsto para leis financeiras e orçamentárias.
bais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados,
São basicamente três as etapas ou fases do processo legislativo
do Distrito Federal e dos Municípios;
brasileiro, havendo divergências doutrinárias: a iniciativa, a consti-
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações
de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Fede- tutiva, que compreende a deliberação parlamentar, com a discus-
ral e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades contro- são e votação, e a deliberação executiva, através da sanção ou veto,
ladas pelo Poder Público federal; e a complementar, que compreende a promulgação e a publicação.
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de ga- As hipóteses da iniciativa são: geral, concorrente, privativa, po-
rantia da União em operações de crédito externo e interno; pular, conjunta, do art. 67 e a parlamentar ou extraparlamentar. De
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da maneira ampla, a CF atribui competência às seguintes pessoas e aos
dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; órgãos, conforme prevê o art. 61, caput (iniciativa geral): qualquer
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada Deputado Federal ou Senador da República; Comissão da Câmara
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional; Pre-
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exone- sidente da República; Supremo Tribunal Federal; Tribunais Superio-
ração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término res; Procurador-Geral da República e cidadãos (LENZA, 2019).
de seu mandato; A fase constitutiva expressa a conjugação de vontades do legis-
XII - elaborar seu regimento interno; lativo (deliberação parlamentar - discussão e votação) e do executi-
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, vo (deliberação executiva - sanção ou veto). A discussão e votação
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Su-
de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva re- premo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, bem como os
muneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de dire- projetos de iniciativa concorrente dos Deputados ou de Comissões
trizes orçamentárias (Redação dada pela Emenda Constitucional nº da Câmara, os de iniciativa do Procurador-Geral da República e, na-
19, de 1998); turalmente, os de iniciativa popular terão início na Câmara dos De-
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do putados, sendo esta, portanto, a casa iniciadora e o Senado Federal,
art. 89, VII. em todas essas hipóteses lembradas, a casa revisora. Perante o Se-

19
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
nado Federal são propostos somente os projetos de lei de iniciativa III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
dos Senadores ou de Comissões do Senado, funcionando, nesses admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
casos, a Câmara dos Deputados como casa revisora (LENZA, 2019). indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Ainda segundo Lenza (2019), terminada a fase de discussão Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
e votação, aprovado o projeto de lei, deverá ele ser encaminhado comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
para a apreciação do Chefe do Executivo para sanção, concordân- e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
cia, ou veto, discordância total ou parcial. A sanção poderá ser ex- fundamento legal do ato concessório;
pressa ou tácita e representa o momento em que o projeto de lei IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados,
se transforma em lei, para promulgação. Em caso de discordância, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções
poderá o Presidente da República vetar o projeto de lei, total ou e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, ope-
parcialmente, no prazo de 15 dias úteis, contados da data do rece- racional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
bimento. O veto deverá ser sempre expresso e justificado, podendo Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no
ser considerado inconstitucional (veto jurídico), ou contrário ao in- inciso II;
teresse público (veto político). O veto é irretratável, porém, relativo, V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
podendo ser derrubado em sessão conjunta da Câmara e do Sena- de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
do, dentro de 30 dias a contar de seu recebimento, pelo voto da nos termos do tratado constitutivo;
maioria absoluta dos Deputados e Senadores. VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
A fase final ou complementar do processo legislativo com- União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
preende a promulgação e a publicação. A promulgação é o ato de congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
validade da lei, ainda não eficaz. E a publicação é o ato de se dar VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacio-
publicidade a nova lei, inserindo o conteúdo do texto no Diário nal, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas
Oficial. Com a publicação se estabelece o momento da obrigatorie- Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
dade do cumprimento da lei. Em regra, a lei começa a vigorar em operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspe-
todo o país, 45 dias depois de sua publicação, nos termos da Lei de ções realizadas;
Introdução às Normas do Direito Brasileiro. Excepcionalmente, a Lei VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des-
também pode entrar em vigor na data de sua publicação. pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano
— Fiscalização contábil, financeira e orçamentária causado ao erário;
A fiscalização contábil, financeira e orçamentária dos órgãos da IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
União e da Administração Pública são de competência interna do vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
sistema de controle de cada Poder e externo, do Congresso Nacio- ilegalidade;
nal, com auxílio do Tribunal de Contas. X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, co-
municando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope- XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou
racional e patrimonial da União e das entidades da administração abusos apurados.
direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado dire-
aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo tamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao
Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de Poder Executivo as medidas cabíveis.
controle interno de cada Poder. § 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurí- noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo ante-
dica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou rior, o Tribunal decidirá a respeito.
administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União § 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito
responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de nature- ou multa terão eficácia de título executivo.
za pecuniária (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de § 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral
1998). e anualmente, relatório de suas atividades.
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art.
O Tribunal de Contas da União é o órgão auxiliar e de orienta- 166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que
ção do Poder Legislativo, embora autônomo e a ele não subordina- sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não
do, praticando atos de natureza administrativa, concernentes, ba- aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsá-
sicamente, à fiscalização. Deve, portanto, examinar rotineiramente vel que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessá-
as contas públicas, nos termos do art. 71 e seguintes da Constitui- rios.
ção Federal: § 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
compete: § 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão,
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão
República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.
sessenta dias a contar de seu recebimento; Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Mi-
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis nistros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e
por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in- jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber,
direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas as atribuições previstas no art. 96.
pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa § 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomea-
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao dos dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
erário público; I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de
idade;

20
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
II - idoneidade moral e reputação ilibada; Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Con-
financeiros ou de administração pública; selheiros.
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva ati-
vidade profissional que exija os conhecimentos mencionados no in- — Comissões parlamentares de inquérito
ciso anterior. De modo geral, as comissões parlamentares são organismos
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão esco- instituídos em cada Câmara, para uma determinada finalidade,
lhidos: como estudar e examinar as proposições legislativas e apresentar
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do pareceres. As CPIs são comissões investigativas temporárias, desti-
Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e nadas a averiguação e apuração de fato certo e determinado e es-
membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tão disciplinadas no art. 58, § 3.º, da CF/88, na Lei n. 1.579/52 (alte-
tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e mere- rada pelas Leis 10.679/2003 e 13.367/2016), na Lei n. 10.001/2000,
cimento; na LC n. 105/2001 e nos Regimentos Internos das Casas Legislativas.
II - dois terços pelo Congresso Nacional. As CPIs serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Sena-
§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mes- do Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimen-
mas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e van- to de 1/3 da totalidade de seus membros, com indicação precisa
tagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se- do fato a ser apurado na investigação parlamentar e do prazo certo
-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do para o desenvolvimento e conclusão dos trabalhos.
art. 40 (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Além de ouvir testemunhas e investigados as CPIs podem de-
§ 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mes- terminar quebra do sigilo fiscal, bancário e de dados, inclusive te-
mas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das lefônicos.
demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional
Federal.
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário mante-
rão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finali- PODER EXECUTIVO
dade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano pluria- O Poder Executivo é o órgão constitucional cuja função princi-
nual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da pal é a prática dos atos de chefia de estado, de governo e de admi-
União; nistração, mas de forma atípica, também legisla através da edição
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à de Medidas Provisórias e julga contenciosos administrativos.
eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimo- Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presidente da Repú-
nial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como blica, auxiliado pelos Ministros de Estado.
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garan- Chefe de Estado e Chefe de Governo
tias, bem como dos direitos e haveres da União; O Brasil adota o presidencialismo, que tem unificadas na figura
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão insti- do Presidente da República as funções do Chefe de Estado e Chefe
tucional. de Governo. Portanto, o Poder Executivo brasileiro é monocrático.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhe- Como chefe de Estado, o presidente representa o país nas suas re-
cimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciên- lações internacionais e como chefe de governo exerce a liderança
cia ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade nacional, gerindo o país política e administrativamente.
solidária. O presidente será eleito por maioria absoluta de votos, não
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato computados os em branco e os nulos. Entende-se por maioria ab-
é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou soluta, mais que a metade, o número subsequente à metade, ou
ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União. a metade +1 do número total de votantes. Quando o candidato
mais votado não alcança a maioria absoluta, realiza-se segundo tur-
Embora tenha o nome de Tribunal, é órgão administrativo que no entre os dois mais votados. A maioria absoluta é diferente da
não exerce função judicial. Entretanto, apesar de não ser órgão ju- maioria simples, que consiste no maior resultado da votação, inde-
dicial, o cumprimento de suas decisões é obrigatório. O Tribunal pendentemente de exigência de quórum percentual relacionado à
de Contas pode responsabilizar entidades e agentes por débitos ir- quantidade total de votantes
regulares e aplicar multas, nos termos da lei, decisões, essas, que
têm eficácia de título executivo. Pode determinar também que se — Atribuições e responsabilidades do presidente da Repúbli-
adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei. ca
A aprovação de contas pelo Tribunal de Contas não afasta o seu Como chefe de Governo e Estado, compete ao Presidente da
exame pelo Legislativo ou pelo Judiciário. República as atribuições e responsabilidades trazidas nos artigos
O modelo federal deverá ser seguido pelos Estados-membros, 84, CF.
Distrito Federal e Municípios, inclusive em relação à composição e Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
modo de investidura dos respectivos conselheiros, respeitando-se I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
as proporcionalidades de escolha entre o Poder Executivo e o Poder II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção
Legislativo, nos mesmos moldes da Constituição Federal. superior da administração federal;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no nesta Constituição;
que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como
de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
e Conselhos de Contas dos Municípios. V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

21
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emen- Requisitos de elegibilidade do Presidente e Vice-Presidente
da Constitucional nº 32, de 2001). — Ser brasileiro nato;
a) organização e funcionamento da administração federal, — Estar no gozo dos direitos políticos;
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção — Ter mais de trinta e cinco anos;
de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de — Não ser inelegível;
2001). — Possuir filiação partidária.
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (In-
cluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001). Ordem de sucessão presidencial no caso de impedimento ou
VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus vacância:
representantes diplomáticos; Em caso de impedimento ou vacância do cargo de Presidente,
VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujei- este será substituído pelo: Vice-presidente, Presidente da Câmara
tos a referendo do Congresso Nacional; dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Presidente do Su-
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; premo Tribunal Federal, nesta ordem.
X - decretar e executar a intervenção federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Na-
cional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a si-
tuação do País e solicitando as providências que julgar necessárias; PODER JUDICIÁRIO. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA.
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se ne- MINISTÉRIO PÚBLICO, ADVOCACIA E DEFENSORIA PÚ-
cessário, dos órgãos instituídos em lei; BLICAS
XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear
os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promo- — Disposições gerais
ver seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são Mais do que o Poder incumbido da função e prestação jurisdi-
privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, cional, é o Poder Judiciário o guardião da Constituição e garantidor
de 02/09/99) dos direitos fundamentais. A função jurisdicional só pode ser de-
XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Minis- sempenhada pelo Poder Judiciário, único poder capaz de produzir
tros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Go- decisões que venham se revestir da força de coisa julgada.
vernadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o pre- O Judiciário não é subordinado ao governo e suas principais
sidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando características são a independência, autonomia a imparcialidade,
determinado em lei; fundamentais para que a lei possa ser aplicada ao caso concreto até
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do mesmo em desfavor do governo e da administração.
Tribunal de Contas da União; A função típica do Poder Judiciário é a prestação jurisdicional,
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Consti- mas este também exerce funções atípicas, legislativas, como a edi-
tuição, e o Advogado-Geral da União; ção de normas regimentais de seus órgãos, e administrativas, como
XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos a concessão de férias aos seus membros e serventuários e o provi-
do art. 89, VII; mento dos cargos de juiz de carreira na respectiva jurisdição.
XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho Para garantir a independência do exercício da jurisdição, os
de Defesa Nacional; membros do Poder judiciário gozam de algumas garantias, tais
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autori- como: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de venci-
zado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocor- mentos.
rida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições,
decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; — Órgãos do poder judiciário
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congres- Conforme art. 92, CF são órgãos do Poder Judiciário:
so Nacional; — Supremo Tribunal Federal (STF);
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; — Conselho Nacional de Justiça (CNJ);
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que — Superior Tribunal de Justiça (STJ);
forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele per- — Tribunal Superior do Trabalho (TST);
maneçam temporariamente; — Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais (TRFs);
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o pro- — Tribunais e Juízes do Trabalho (TRTs);
jeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento — Tribunais e Juízes Eleitorais (TREs);
previstos nesta Constituição; — Tribunais e Juízes Militares (TJM);
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de — Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Terri-
sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas refe- tórios (TJs).
rentes ao exercício anterior;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma O Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça e
da lei; os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal e jurisdição em
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos todo o território nacional.
do art. 62; O CNJ é um órgão do Poder Judiciário, entretanto, goza de au-
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. tonomia e independência e não está hierarquicamente subordina-
Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as do a nenhum outro órgão de nenhuma das instâncias. Também não
atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, está acima do STF ou abaixo dele, pois exerce a fiscalização dos atos
aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao de todos os outros órgãos e o controle disciplinar de todos os mem-
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas bros do Judiciário.
respectivas delegações.

22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O STF é o órgão máximo e a mais alta instância do Judiciário brasileiro. É o guardião da Constituição Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de
lei ou ato normativo federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993),
b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Mi-
nistros e o Procurador-Geral da República;
c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e
da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de
missão diplomática de caráter permanente; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 1999).
d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data
contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do
Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território;
f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas enti-
dades da administração indireta;
g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos
estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única ins-
tância; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 22, de 1999).
j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;
m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos
processuais;
n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade
dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados;
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e
qualquer outro tribunal;
p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;
q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso
Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de
um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; (Incluída pela Emenda Constitu-
cional nº 45, de 2004).
II - julgar, em recurso ordinário:
a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais
Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;

23
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; litar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face integrantes (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de
desta Constituição. 2004).
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. (In- § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os
cluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as
§ 1º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a com-
decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tri- petência do júri quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal com-
bunal Federal, na forma da lei. (Transformado em § 1º pela Emen- petente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da
da Constitucional nº 3, de 17/03/93). graduação das praças (Redação dada pela Emenda Constitucional
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supre- nº 45, de 2004).
mo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar
nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis
contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao
do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e
esferas federal, estadual e municipal. (Redação dada pela Emenda julgar os demais crimes militares. (Incluído pela Emenda Cons-
Constitucional nº 45, de 2004). titucional nº 45, de 2004).
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demons- § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizada-
trar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas mente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno
no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a ad- acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo.
missão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
de dois terços de seus membros. (Incluída pela Emenda Constitu- § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a
cional nº 45, de 2004). realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicio-
nal, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de
Por sua vez, o STJ é a corte jurisdicional responsável por unifor- equipamentos públicos e comunitários (Incluído pela Emenda Cons-
mizar a interpretação da lei federal em todo o Brasil, composta por titucional nº 45, de 2004).
33 ministros.
Segundo dados do próprio site do STJ (2021), é de sua res- — Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
ponsabilidade a solução definitiva dos casos civis e criminais que Segundo conceitua o próprio site do CNJ (2021), o Conselho
não envolvam matéria constitucional nem a justiça especializada. Nacional de Justiça (CNJ) é uma instituição pública que visa aperfei-
O principal tipo de processo julgado pelo STJ é o recurso especial, çoar o trabalho do sistema judiciário brasileiro, principalmente no
que serve fundamentalmente para que o tribunal resolva interpre- que diz respeito ao controle e à transparência administrativa e pro-
tações divergentes sobre um determinado dispositivo de lei. cessual, desenvolvendo políticas judiciárias que promovam a efeti-
É ainda de responsabilidade do STJ resolver crimes de autori- vidade e a unidade do Poder Judiciário, orientadas para os valores
dades, magistrados e políticos, federalizar processos de grande vio- de justiça e paz social, impulsionando cada vez mais a efetividade
lação de Direitos Humanos, julgar habeas corpus, habeas data ou da Justiça brasileira.
mandado de segurança, contra ato ilegal de governadores, desem-
bargadores ou conselheiros de tribunais de contas e outras autori- Composição
dades, bem como habeas corpus e mandados de segurança nega- Criado com a Emenda Constitucional nº 45, o Conselho Nacio-
dos em 2ª instância pelos Tribunais de Justiça ou Tribunais Federais. nal de Justiça é composto por 15 (quinze) membros com mandato
É também responsável pela administração da Justiça Federal e por de 2 (dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, nos termos do art.
solucionar conflitos de competência entre Tribunais. Todas as suas 103-B, CF, sendo: o Presidente do Supremo Tribunal Federal; um
competências estão expressas no art. 105, CF (STJ, 2021). Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo
Já os Tribunais de Justiça compreendem a 2ª instância do ju- tribunal; um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado
diciário brasileiro e os juízes estaduais ou juízes de direito corres- pelo respectivo tribunal; um desembargador de Tribunal de Justiça,
pondem à primeira instância da Justiça comum. Cada estado tem indicado pelo Supremo Tribunal Federal; um juiz estadual, indicado
seu tribunal. Os tribunais são também responsáveis pelos Juizados pelo Supremo Tribunal Federal; um juiz de Tribunal Regional Fede-
Especiais Cíveis e Criminais suas Turmas recursais, regidos pela Lei ral, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; um juiz federal, indi-
9099/1995, e os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cida- cado pelo Superior Tribunal de Justiça; um juiz de Tribunal Regional
dania – CEJUSCs. Em sede de 1ª instância, os juízes de direito são os do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; um juiz
responsáveis pelas diversas varas, espalhadas nas comarcas. Cada do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; um mem-
tribunal será responsável por sua organização estrutural. bro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral
Art. 125. Os Estados organizarão sua Justiça, observados os da República; um membro do Ministério Público estadual, escolhi-
princípios estabelecidos nesta Constituição. do pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados
§ 1º A competência dos tribunais será definida na Constituição pelo órgão competente de cada instituição estadual; dois advoga-
do Estado, sendo a lei de organização judiciária de iniciativa do Tri- dos, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
bunal de Justiça. Brasil; dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada,
§ 2º Cabe aos Estados a instituição de representação de incons- indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Fe-
titucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais deral. É sempre presidido pelo Presidente do STF.
em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitima-
ção para agir a um único órgão. Competências
§ 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal — Elaborar projetos, propostas ou estudos sobre matérias de
de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, competência do CNJ e apresentá-los nas sessões plenárias ou re-
pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo uniões de Comissões, observada a pauta fixada pelos respectivos
grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Mi- Presidentes;

24
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
— Requisitar de quaisquer órgãos do Poder Judiciário, do CNJ e VI - expedir notificações nos procedimentos administrativos de
de outras autoridades competentes as informações e os meios que sua competência, requisitando informações e documentos para ins-
considerem úteis para o exercício de suas funções; truí-los, na forma da lei complementar respectiva;
— Propor à Presidência a constituição de grupos de trabalho ou VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma
Comissões necessários à elaboração de estudos, propostas e proje- da lei complementar mencionada no artigo anterior;
tos a serem apresentados ao Plenário do CNJ; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de
inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas ma-
— Propor a convocação de técnicos, especialistas, representan- nifestações processuais;
tes de entidades ou autoridades para prestar os esclarecimentos IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que
que o CNJ entenda convenientes; compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação
— Pedir vista dos autos de processos em julgamento; judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
— Participar das sessões plenárias para as quais forem regular- § 1º - A legitimação do Ministério Público para as ações civis
mente convocados; previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó-
— Despachar, nos prazos legais, os requerimentos ou expe- teses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei.
dientes que lhes forem dirigidos; § 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas
— Desempenhar as funções de Relator nos processos que lhes por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da res-
forem distribuídos (CNJ, 2021). pectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA. MINISTÉRIO PÚBLI- § 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á me-
CO, ADVOCACIA E DEFENSORIA PÚBLICAS diante concurso público de provas e títulos, assegurada a partici-
Para a efetiva a prestação jurisdicional não basta que existam pação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exi-
os juízes e tribunais. O acesso à Justiça só é possível graças a algu- gindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade
mas funções essenciais: o Ministério Público, a Advocacia Pública, a jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação.   
Advocacia e a Defensoria Pública.
— Advocacia pública
— Ministério público A Advocacia Pública é a instituição que representa a União, ju-
O Ministério Público é instituição permanente e essencial ao dicial e extrajudicialmente, que, assim como todo ente jurídico, tem
Judiciário, atuando como custus legis – fiscal da lei, na defesa da seus problemas e interesses, que precisam ser defendidos perante
ordem jurídica, regime democrático e dos interesses individuais e o Poder Público. Assim, é a Advocacia-Geral da União, chefiada por
coletivos. O MP está fora da estrutura dos demais poderes da Re- um Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente
pública, consagrando sua total autonomia e independência para o da República, entre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de
cumprimento de suas funções sempre em defesa dos direitos, ga- notável saber jurídico e reputação ilibada e integrada por muitos
rantias e prerrogativas da sociedade. advogados que atuam vinculados e subordinados à defesa dos in-
Constitucionalmente, o Ministério Público abrange duas gran- teresses da nação.
des Instituições, sem que haja qualquer relação de hierarquia e É importante não confundir a Advocacia Pública com advocacia
subordinação entre elas: o Ministério Público da União, que com- gratuita ou Assistência Judiciária. A assessoria jurídica prestada gra-
preende o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Tra- tuitamente ao cidadão se dá pela Defensoria Pública ou por órgãos
de assistência judiciária, normalmente municipais, que contratam
balho; o Ministério Público Militar, o Ministério Público do Distrito
profissionais para tal fim, ou ainda, por nomeação de advogados
Federal e Territórios; e o Ministério Público dos Estados.
dativos feita pelos Tribunais. Também não se pode confundir Procu-
Os membros do Ministério Público Federal são os procuradores
radores do Estado com Procuradores de Justiça ou Procuradores da
da República e os do Ministério Público dos Estados e do Distrito
República, que não são advogados, mas sim membros do Ministério
Federal são os Promotores e Procuradores de Justiça.
Público Estadual e Federal.
São princípios institucionais do Ministério Público: a unidade, a
indivisibilidade, a independência funcional e o princípio do promo-
— Defensoria Pública
tor natural. Ao Ministério Público compete a função de custos legis Função essencial individualizada da advocacia pela Emenda
(fiscal da lei), a defesa do patrimônio público e os direitos constitu- Constitucional nº 80/2014, a Defensoria Pública é instituição per-
cionais do cidadão, além de ter poder investigativo, dentre tantas manente do Estado, que também tem como finalidade primor-
outras funções de grande relevância elencadas no art. 129, CF e na dial a orientação jurídica e a defesa do cidadão em todos os graus,
Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (Lei nº 8.625/93). caracteriza-se por garantir o acesso à justiça aos mais necessitados.
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: Possui autonomia funcional e administrativa, competindo-lhe a pro-
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma moção dos direitos humanos, a defesa, em todos os graus, judicial e
da lei; extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos e a orientação jurídica
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos servi- dos cidadãos que não possuem recursos financeiros suficientes para a
ços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constitui- contratação de um advogado particular. A independência funcional no
ção, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; desempenho de suas atribuições, a inamovibilidade, a irredutibilidade
III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a pro- de vencimentos e a estabilidade são também garantias dos defensores
teção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros públicos. São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade,
interesses difusos e coletivos; a indivisibilidade e a independência funcional. O ingresso na carreira de
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou representa- defensor também deve se dar por concurso público.
ção para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos pre- Diante da omissão constitucional sobre a necessidade de o de-
vistos nesta Constituição; fensor público continuar inscrito nos quadros da OAB, dada a si-
V - defender judicialmente os direitos e interesses das popula- militude das atividades da Defensoria Pública com a advocacia, se
ções indígenas; discute nos Tribunais superiores a obrigatoriedade da inscrição na
OAB para os defensores públicos.

25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essen- 3. (MPM – 2021) ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
cial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expres- I – A Câmara dos Deputados e o Senado Federal poderão con-
são e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a vocar Ministro de Estado para prestar informações sobre qualquer
orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, assunto de sua Pasta, salvo os que envolvam matéria de interesse
em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e de Segurança Nacional;
coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma II – A anistia será concedida pelo Congresso Nacional, com a
do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal (Redação dada sanção do Presidente da República;
pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014). III – A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da pelo voto direto e secreto, com igual valor para todos, e, nos termos
União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas da lei, mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular;
gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, IV – Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre brasileiros
providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e tí- maiores de vinte e um anos e no exercício de seus direitos políticos.
tulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade
e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais (A) Estão corretas as alternativas I e IV.
(Renumerado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). (B) Estão corretas as alternativas I, II e III.
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas au- (C) Estão corretas as alternativas I, II, IV.
tonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta (D) Estão corretas as alternativas II, III e IV.
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes
orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º (Incluído 4. (ADVISE – 2021) O professor de Direito Constitucional da Universi-
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). dade Kappa Alpha, lecionou aos alunos do 4º período do curso de Direito
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da sobre as competências atribuídas pela Constituição Federal aos órgãos
União e do Distrito Federal (Incluído pela Emenda Constitucional nº dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Durante a aula, ensinou
74, de 2013). aos estudantes que processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a uni- da República nos crimes de responsabilidade é competência:
dade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se (A) Da Câmara dos Deputados.
também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. (B) Do Supremo Tribunal Federal.
96 desta Constituição Federal (Incluído pela Emenda Constitucional (C) Do Senado Federal.
nº 80, de 2014). (D) Do Superior Tribunal de Justiça.
(E) Do Ministério Público Federal.

5. (VUNESP – 2021) Nos moldes da Constituição Federal, o ser-


EXERCÍCIOS vidor público titular de cargo efetivo, que tenha sofrido limitação
em sua capacidade física ou mental, poderá, atendidas as demais
exigências, ser readaptado,
1. (CESPE / CEBRASPE – 2021) A respeito dos direitos e deve-
(A) para exercício de novo cargo compatível com a sua limita-
res individuais e coletivos previstos na Constituição Federal de 1988
ção, devendo receber pelo menos 70% (setenta por cento) da
(CF), julgue o item a seguir. remuneração do cargo de origem.
São inafiançáveis e imprescritíveis os crimes de racismo e terro- (B) para exercício do mesmo cargo, com os necessários ajustes
rismo, bem como a ação de grupos armados contra a ordem consti- à sua limitação, garantida a mesma remuneração do cargo.
tucional e o Estado democrático. (C) para exercício de novo cargo compatível com a sua limita-
( ) CERTO ção, podendo o servidor optar entre a remuneração do cargo
( ) ERRADO de origem e a do cargo de destino.
(D) para exercício de novo cargo compatível com a sua limita-
2. (OBJETIVA – 2021) De acordo com a Constituição Federal, ção, mantida a remuneração do cargo de origem.
todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, (E) para exercício de novo cargo compatível com a sua limita-
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a ção, devendo receber a remuneração do cargo de destino.
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à seguran-
ça e à propriedade, nos seguintes termos, entre outros: 6. (CEFET – 2021) Em relação aos princípios constitucionais da
I. É vedada a expressão da atividade intelectual, artística, cien- Administração Pública, analise as afirmações abaixo:
tífica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. I. O agente público no exercício das atribuições do seu cargo
II. É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o pode adotar quaisquer atos que a lei não proíba, tendo em vista
sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional. que tudo que não é proibido é permitido, sendo este um postulado
III. É relativo o caráter de inviolabilidade do sigilo da corres- basilar do princípio da legalidade administrativa.
pondência e das comunicações telefônicas, uma vez que, poderá II. São princípios da Administração Pública expressos no caput
ser mitigado por ordem judicial para fins de instrução processual do art. 37 da Constituição Federal de 1988: publicidade, eficiência,
penal e, nos casos de investigação criminal, por determinação do impessoalidade, legalidade e moralidade.
delegado responsável pela investigação. III. Um prefeito autorizou contratação de empresa publicitária
para campanha de divulgação de notícia em diversos outdoors da
Está(ão) CORRETO(S): cidade e no site oficial da Prefeitura, enumerando e elogiando as
(A) Somente o item I. obras realizadas durante seu mandato, além de ressaltar a econo-
(B) Somente o item II. mia praticada no período, afirmando ser o prefeito perfeito para
(C) Somente os itens I e III. o município. Tal notícia não afronta princípios da Administração
(D) Somente os itens II e III. Pública, denotando a aplicação dos princípios da publicidade e da
(E) Todos os itens. eficiência, tendo em vista que o prefeito tornou públicos atos de
gestão por ele praticados e comprovou ser econômico.

26
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
IV. Os atos de improbidade administrativa denotam afronta ao IV. O Superior Tribunal de Justiça compõe-se de, no mínimo,
princípio da eficiência. Conforme disposto no art. 37, §4º, da Cons- trinta e três Ministros.
tituição Federal de 1988, “os atos de improbidade administrativa
importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função É correto o que se afirma
pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, (A) apenas em I, II e III.
na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal (B) apenas em II, III e IV.
cabível”. (C) apenas em I, III e IV.
V. A exigência de concurso público para investidura em cargo (D) em I, II, III e IV.
ou emprego público prevista no art. 37, inciso II, da Constituição
Federal de 1988 é exemplo de aplicação do princípio da impessoali- 11. (FUNDEP – 2021) De acordo com a Constituição da Repú-
dade. Estão corretas apenas as afirmativas blica de 1988, não representa uma das funções essenciais à Justiça:
(A) Tribunal de Contas.
(A) I, II. (B) Ministério Público.
(B) I, III. (C) Defensoria Pública.
(C) II, V. (D) Advocacia Pública.
(D) III, IV.
(E) IV, V. 12. (MPE-GO – 2021) Nos termos do artigo 129 da Carta da
República, são funções institucionais do Ministério Público, exceto:
7. (IADES – 2021) O Distrito Federal (DF) é uma unidade fede- (A) promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da
rativa que possui competência legislativa de estado e de municí- lei; bem como zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e
pio. Brasília, a capital federal, é também sede do governo do DF. A dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta
Constituição Federal de 1988, em seu art. 32, trata da organização Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia;
política do DF. A esse respeito, assinale a alternativa correta. (B) promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a pro-
(A) Os administradores regionais exercem o papel político e teção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de
constitucional de prefeitos nas regiões administrativas do DF. outros interesses difusos e coletivos;
(B) O DF tem o seu território organizado em cidades-satélites, (C) promover a ação de inconstitucionalidade ou representa-
as quais têm status de município. ção para fins de intervenção somente dos Municípios, nos ca-
(C) A criação, a divisão ou a mudança de nome e os limites das sos previstos nesta Constituição; bem como defender judicial-
regiões administrativas é de responsabilidade do governador mente os direitos e interesses das populações indígenas;
do DF por meio de medida provisória. (D) expedir notificações nos procedimentos administrativos
(D) A organização territorial do DF é organizada atualmente por de sua competência, requisitando informações e documentos
33 regiões administrativas. para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; bem
(E) O DF é uma unidade política diferente dos demais estados e como requisitar diligências investigatórias e a instauração de
municípios brasileiros; possui status legislativo diferenciado em inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas
razão de ser a capital federal. manifestações processuais;

13. (IBADE – 2021) Conforme a Constituição da República Fede-


8. (CESPE/CEBRASPE – 2021) A respeito dos princípios funda-
rativa do Brasil de 1988, assinale a alternativa CORRETA.
mentais, de emenda constitucional, do direito ao sigilo e da organi-
(A) É facultativo aos presos o respeito à integridade física e mo-
zação político-administrativa do Estado, julgue o item subsequente.
ral (Art. 5º, inciso XLIX)
O Distrito Federal, regido por lei orgânica aprovada pela Câma-
(B) O advogado é indispensável à administração da justiça, sen-
ra Legislativa do Distrito Federal, possui as competências legislativas
do inviolável por seus atos e manifestações no exercício da pro-
reservadas tanto aos estados da Federação quanto aos municípios.
fissão, nos limites da lei (Art. 133)
( ) CERTO
(C) A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacio-
( ) ERRADO nal e patrimonial da União será exercida pelas Câmaras Muni-
cipais (Art. 70)
9. (QUADRIX – 2019) O Brasil adotou a clássica teoria da tripar- (D) A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à
tição das funções do Estado, sendo essas funções divididas entre função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da or-
Poderes devidamente organizados, independentes e harmônicos dem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
entre si. No que se refere ao Estado brasileiro e a seus Poderes es- individuais indisponíveis (Art. 127)
truturais, julgue o item. (E) É obrigatório ao servidor público civil integrar associação
Integram o Poder Judiciário os juízes de direito, os tribunais re- sindical (Art. 37, inciso VI)
gionais, os tribunais superiores e o Ministério Público.
( ) CERTO 14. (MPE-GO – 2019) Ainda sobre o Ministério Público, é COR-
( ) ERRADO RETO afirmar que:
(A) O Ministério Público da União compreende o Ministério Pú-
10. (IDIB – 2021) À luz da Constituição Federal de 1988, analise blico Federal, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério
as afirmativas a seguir, acerca do Poder Judiciário: Público do Distrito Federal e Territórios.
I. O Supremo Tribunal Federal e os Tribunais Superiores têm (B) O Ministério Público Militar integra a Justiça Militar, sendo
jurisdição em todo o território nacional. que seus membros são nomeados pelo Presidente da Repúbli-
II. O Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, ca depois de aprovadas as indicações pelo Senado Federal.
escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e menos de sessenta (C) Leis ordinárias da União e dos Estados, cuja iniciativa é fa-
e cinco anos de idade. cultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão
III. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério
e financeira. Público.

27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
(D) É garantido ao membro do Ministério Público a vitalicieda-
de, após três anos de exercício, não podendo perder o cargo
ANOTAÇÕES
senão por sentença judicial transitada em julgado.
(E) É vedado ao membro do Ministério Público exercer a ad- ______________________________________________________
vocacia.
______________________________________________________
15. (MPE-GO – 2019) São funções institucionais do Ministério
Público, EXCETO: ______________________________________________________
(A) Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma
da lei. ______________________________________________________
(B) Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos servi-
______________________________________________________
ços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Cons-
tituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia. ______________________________________________________
(C) Defender judicialmente os direitos e interesses das popula-
ções ribeirinhas. ______________________________________________________
(D) Requisitar diligências investigatórias e a instauração de in-
quérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas ______________________________________________________
manifestações processuais.
(E) Exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que ______________________________________________________
compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a represen-
______________________________________________________
tação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas.
______________________________________________________

GABARITO ______________________________________________________

______________________________________________________
1 ERRADO ______________________________________________________
2 B
______________________________________________________
3 D
4 C ______________________________________________________
5 D ______________________________________________________
6 C
______________________________________________________
7 D
______________________________________________________
8 CERTO
9 ERRADO ______________________________________________________
10 C ______________________________________________________
11 A
______________________________________________________
12 C
13 B ______________________________________________________
14 E _____________________________________________________
15 C
_____________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

28
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
1. Constituição do Estado do Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
3. Decreto-Lei nº 220/1975 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4. Decreto Estadual nº 2.479/1979 e suas alterações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
III - apreciar, para fins de registro a legalidade dos atos de ad-
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO missão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Prezado Candidato, devido ao formato do material Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
disponibilizaremos o conteúdo para estudo na íntegra “Área do comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, trans-
cliente” em nosso site. ferências para a reserva remunerada, reformas e pensões, e das
Disponibilizamos o passo a passo no índice da apostila. respectivas fixações de proventos e suas alterações, ressalvadas as
melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato
concessório e, ainda, a das transformações das aposentadorias por
invalidez em seguro-reabilitação;
LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
DO RIO DE JANEIRO 16.01.09).
Redação original:
TÍTULO I III - apreciar, para fins de registro, na forma estabelecida em
DA COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO Deliberação própria, a legalidade dos atos de:
a) admissão de pessoal, a qualquer título, como disposto no
CAPÍTULO I art. 47, inciso I, deste Regimento;
DA COMPETÊNCIA b) concessão de aposentadoria, transferência para a reserva re-
munerada, reforma e pensão, e da respectiva fixação de proventos,
Art. 1º Ao Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, ór- indenizações, e suas alterações, ressalvadas as melhorias posterio-
gão de controle externo, compete, na forma estabelecida nesta lei: res que não alterem o fundamento legal do ato concessório, como
I - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis disposto no art. 47, inciso II, deste
por dinheiros, bens Regimento;
e valores públicos das unidades dos Poderes do Estado e das c) transformação de aposentadoria por invalidez em seguro-
entidades da administração indireta, incluídas as fundações e socie- -reabilitação; e
dades instituídas e mantidas pelo Poder Público estadual, os fundos d) fixação da remuneração dos Vereadores, Prefeitos e Vice-
e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra -Prefeitos, conforme disposto no art. 348 da Constituição Estadual;
irregularidade de que resulte dano ao erário; IV - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou
II - auxiliar a Assembleia Legislativa a exercer controle externo abusos apurados, indicando o ato inquinado e definindo responsa-
por meio de fiscalização contábil, financeira, orçamentária, opera- bilidades;
cional e patrimonial do Estado e das entidades da administração V - aplicar aos responsáveis, em caso de irregularidade de con-
direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, tas ou de despesa, as sanções previstas nesta Lei Complementar,
aplicação de subvenções e renúncia de receitas. Nova redação dada determinando a atualização monetária dos débitos apurados com
pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). acréscimo dos juros legais;
Redação original: Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
II - exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, 16.01.09).
operacional e patrimonial das unidades dos Poderes do Estado e Redação original:
das demais entidades referidas no inciso anterior. V - aplicar aos responsáveis, em caso de irregularidade de con-
Art. 2º No julgamento das contas referidas no inciso I do art. 1º, o tas ou de despesa, inclusive a decorrente de contrato, as sanções
Tribunal observará as normas de processo e garantias processuais das previstas nos arts. 61 a 67, desta lei, e determinar a atualização mo-
partes constantes desta Lei Complementar, dispondo em seu regimento netária dos débitos apurados;
interno sobre a competência e funcionamento dos respectivos órgãos. VI - decidir sobre denúncia de irregularidade que lhe seja en-
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ caminhada por qualquer cidadão, partido político, associação ou
16.01.09). sindicato;
Redação original: Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
Art. 2º - No julgamento das contas e na fiscalização que lhe 16.01.09).
compete, o tribunal decidirá sobre a legalidade, a legitimidade e a Redação original:
economicidade dos atos de gestão e das despesas deles decorren- VI - decidir sobre denúncia de irregularidade que lhe seja en-
tes, bem como sobre a aplicação de subvenções, auxílios e a renún- caminhada por qualquer cidadão, partido político, associação ou
cia de receitas. sindicato, nos termos dos arts. 58 a 60, desta lei;
Art. 3º Compete, também, ao Tribunal de Contas: VII - responder a consulta formulada pelos titulares dos Pode-
I - emitir parecer prévio sobre as contas anualmente prestadas res Legislativo,
pelo Governador do Estado; Executivo ou Judiciário;
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
16.01.09). 16.01.09).
Redação original: Redação original:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Governador VII - decidir sobre consulta que lhe seja formulada pelos titu-
do Estado, nos termos do art. 36, desta lei; lares dos Três Poderes, ou por outras autoridades, na forma esta-
II - realizar por iniciativa própria inspeções e auditorias; Nova belecida no Regimento Interno, a respeito de dúvida suscitada na
redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentes a
Redação original: matéria de sua competência, sendo que a resposta à consulta tem
II - acompanhar a arrecadação da receita a cargo do Estado e
caráter normativo e constitui prejulgamento da tese, mas não do
das entidades referidas no art. 1º, inciso I, desta lei, mediante ins-
fato ou caso concreto;
peções e auditorias, ou por meio de demonstrativos próprios, na
VIII - decidir sobre recursos interpostos às suas decisões;
forma estabelecida no Regimento Interno;

1
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
IX - realizar, por iniciativa da Assembleia Legislativa, de Comis- XVIII - Revogado.
são Permanente ou Comissão Parlamentar de Inquérito, inspeções Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
e auditorias nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Redação original:
Executivo, Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, XVIII - verificar a legalidade, legitimidade e economicidade das
bem como das demais entidades referidas no art. 1º, I, desta Lei despesas, ou receitas, decorrentes de atos de aprovação de licita-
Complementar; ção, de contratos ou de instrumentos assemelhados;
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ XIX - Revogado.
16.01.09). Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
Redação original: Redação original:
IX - realizar, por iniciativa própria, da Assembleia Legislativa, de XIX - aplicar as penalidades previstas nesta lei, no caso de
Comissão Técnica ou de Inquérito, inspeções e auditorias de natu- constatar despesa ilegal, ilegítima ou antieconômica, decorrentes
reza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, de contrato já executado, não submetido, em tempo hábil, a seu
nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e exame;
Judiciário, do Tribunal de Contas e demais entidades referidas no XX – Revogado.
art. 1º, inciso I, desta lei, inclusive para a verificação da execução Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
dos contratos; Redação original:
X - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pelo XX - verificar a legalidade, legitimidade e economicidade dos
Estado mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos atos de dispensa ou de inexigibilidade de licitação, como disposto
congêneres; em ato próprio do Tribunal;
XI - prestar as informações solicitadas pela Assembleia Legis- XXI - determinar a instauração de tomada de contas espe-
lativa ou por qualquer de suas Comissões, necessárias ao exercí- cial; Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
cio da fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e 16.01.09).
patrimonial por parte daquela e sobre resultados de auditorias e Redação original:
inspeções realizadas; XXI - determinar instauração da tomada de contas especial, nos
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ casos previstos no art. 10, desta lei;
16.01.09). XXII - Revogado.
Redação original: Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
XI - prestar as informações solicitadas pela Assembleia Legisla- Redação original:
tiva, ou por qualquer de suas Comissões, sobre fiscalização contábil, XXII - exercer o controle dos atos administrativos, nos termos
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, e sobre resul- dos arts. 79, 80 e 81 da Constituição Estadual;
tados de auditorias e inspeções realizadas; XXIII - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
XII – Revogado. vidências necessárias ao exato cumprimento da lei;
Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). XXIV - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado,
Redação original: comunicando a decisão à Assembleia Legislativa.
XII - emitir, quando solicitado pela Comissão Permanente de
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado dire-
Deputados, pronunciamento conclusivo sobre a matéria de que tra-
tamente pela Assembleia Legislativa, que solicitará, de imediato, ao
ta o art. 124, da Constituição Estadual, no prazo de 30 (trinta) dias;
Poder respectivo as medidas cabíveis. § 2º Se a Assembleia Legisla-
XIII - Revogado.
Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). tiva ou o Poder competente, no prazo comum de 90 (noventa) dias,
Redação original: contados do recebimento da comunicação da comunicação do Tri-
XIII - impor multas por infração da legislação contábil, financei- bunal de Contas, não efetivarem as medidas previstas no parágrafo
ra, orçamentária, operacional e patrimonial, de normas estatutárias anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
correlatas, por inobservância de prazos legais, regulamentares ou § 3º Revogado.
por ele fixados, e por descumprimento de sua decisão, bem como Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
propor a aplicação, aos responsáveis, de outras penalidades admi- Redação original:
nistrativas; § 3º - O Tribunal de Contas poderá declarar, por decisão da
XIV – Revogado. maioria absoluta de seus membros, a inidoneidade de contratado
Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). ou adjudicatário da administração pública, direta, indireta ou fun-
Redação original: dacional, na forma do Regimento Interno.
XIV - decidir, em grau de recurso, sobre as multas impostas por Art. 4º Compete, ainda, ao Tribunal de Contas:
autoridade administrativa, no âmbito do controle interno; I – Revogado.
XV - prolatar decisão com eficácia de título executivo, nos casos Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
de imputação de débito ou multa, nos termos do art. 123, § 3º da Redação original:
Constituição Estadual; I - exercer o poder regulamentar, podendo, em conseqüência,
XVI – Revogado. expedir atos e instruções normativas sobre aplicação de leis perti-
Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). nentes a matéria de suas atribuições e organização dos processos
Redação original: que lhe devam ser submetidos, obrigando ao seu cumprimento, sob
XVI - propor, por intermédio da autoridade competente, as me- pena de responsabilidade;
didas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis, julgados II - eleger o Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor-Ge-
em débito; ral e dar-lhes posse; Nova redação dada pela Lei Complementar nº
XVII - Revogado. 155/13 (DORJ 04.12.13)
Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). Redação original:
Redação original:
II - eleger o Presidente e o Vice-Presidente e dar-lhes posse;
XVII - verificar a legalidade, a legitimidade e a economicidade
dos editais de licitação, na forma estabelecida em ato próprio;

2
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
III - conceder licença, férias e outros afastamentos aos Conselhei- VII - os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos re-
ros, dependendo de inspeção por junta médica a licença para trata- passados pelo Estado mediante convênio, acordo, ajuste ou outros
mento de saúde, por prazo superior a 6 (seis) meses, bem como delibe- instrumentos congêneres;
rar sobre direitos e obrigações que lhes sejam aplicáveis; VIII - os responsáveis pela execução dos convênios, acordos,
IV - elaborar e alterar seu Regimento Interno e dispor sobre sua convenções coletivas ou contratos celebrados, com aprovação da
organização e funcionamento; Assembleia Legislativa, pelo Poder Executivo do Estado com os Go-
V - organizar seus Órgãos Auxiliares, na forma estabelecida no vernos Federal, Estadual ou Municipal, entidades de direito público,
Regimento Interno, e prover-lhes os cargos, funções e empregos, privado, ou particulares, de que resultem para o Estado quaisquer
observada a legislação pertinente; encargos não estabelecidos na lei orçamentária;
VI - encaminhar à Assembleia Legislativa projeto de lei sobre IX - os sucessores dos administradores, e responsáveis a que se
sua organização e funcionamento, sobre a criação, transformação refere este artigo, até o limite do valor do patrimônio transferido,
ou extinção de cargos, empregos e funções do Quadro de Pessoal nos termos do art. 5º, inciso XLV, da Constituição Federal;
de seus Órgãos Auxiliares, a fixação da respectiva remuneração, ob- X - os responsáveis pela aplicação de adiantamento, quando as
servados os parâmetros estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamen- respectivas contas foram impugnadas pelo ordenador da despesa;
tárias, bem como propor a aprovação do Estatuto do seu pessoal; XI - os responsáveis pela administração da dívida pública;
VII - encaminhar à Assembleia Legislativa, trimestralmente, re- XII - os responsáveis pelo registro e escrituração das operações
latório de suas atividades, dentro de 60 (sessenta) dias subseqüen- de gestão dos negócios públicos nas entidades mencionadas no art.
tes ao término de cada período mencionado; 1º, inciso I, desta lei, bem como pela fiscalização da execução e da
VIII - elaborar sua proposta orçamentária, observadas as nor- exação dos registros procedidos;
mas estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias, e encaminhá- XIII - os administradores de entidades de direito privado que
-la à Assembleia Legislativa, depois de aprovada pelo Plenário; recebam auxílio ou subvenção dos cofres públicos, com referência
IX - prestar, anualmente, à Assembleia Legislativa suas contas, aos recursos recebidos;
no prazo de 60 (sessenta) dias da abertura da sessão legislativa, XIV - os administradores de fundos;
acompanhadas do relatório anual de suas atividades; XV - os fiadores e representantes dos responsáveis;
X – Revogado. XVI - os que ordenem, autorizem ou ratifiquem despesas, pro-
Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). movam a respectiva liquidação ou efetivem seu pagamento;
Redação original: XVII - os responsáveis pela elaboração dos editais de licitação
X - exercer, de forma descentralizada, através de Delegação ou e dos convites, os participantes das comissões julgadoras dos atos
órgãos destinados a auxiliá-lo no exercício de suas funções, a fiscali- licitatórios, bem como os responsáveis e ratificadores dos atos de
zação das unidades da administração direta, indireta e fundacional, dispensa e de inexigibilidade;
conforme estabelecido em ato próprio. XVIII - os que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam
sujeitos à sua fiscalização por expressa disposição de lei.
CAPÍTULO II
DA JURISDIÇÃO TÍTULO II
DO JULGAMENTO E FISCALIZAÇÃO
Art. 5º O Tribunal de Contas tem jurisdição própria e privativa,
em todo o território estadual, sobre as pessoas e matérias sujeitas CAPÍTULO I
à sua competência. DO JULGAMENTO DAS CONTAS
Art. 6º A jurisdição do Tribunal abrange:
I - qualquer pessoa física, órgão ou entidade a que se refere o art. 1º, SEÇÃO I
inciso I, desta lei, e que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre DA PRESTAÇÃO E TOMADA DE CONTAS
dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais o Estado responda, ou
que, em nome deste, assuma obrigações de natureza pecuniária; Art. 7º Estão sujeitas a prestação ou tomada de contas, e só por
II - os que derem causa a perda, extravio ou outra irregularida- decisão do Tribunal de Contas podem ser liberadas dessa responsa-
de de que resulte dano ao erário; bilidade, as pessoas indicadas no art. 6º, incisos I a XVIII, desta lei.
III - os responsáveis pela aplicação dos recursos provenientes Art. 8º Para os efeitos desta lei, conceituam-se:
de compensações financeiras ou indenizações recebidas pelo Esta- I - prestação de contas, o procedimento pelo qual pessoa física,
do, resultantes do aproveitamento, por terceiros, de seus recursos órgão ou entidade, por final de gestão ou por execução de contrato
hídricos, para fins de geração de energia elétrica e minerais, bem formal, no todo ou em parte, prestarão contas ao órgão compe-
como da exploração do petróleo, do xisto betuminoso e do gás na- tente da legalidade, legitimidade e economicidade da utilização dos
tural da bacia sedimentar terrestre e da plataforma continental; recursos orçamentários e extra-orçamentários, da fidelidade fun-
IV - os responsáveis pela aplicação dos recursos tributários ar- cional e do programa de trabalho;
recadados pela União e entregues ao Estado, nos termos do art. II - tomada de contas, a ação desempenhada pelo órgão com-
159, incisos I e II, da Constituição Federal, dos recursos de outra petente para apurar
natureza, exceto dos repassados pela União ao Estado, mediante a responsabilidade de pessoa física, órgão ou entidade que dei-
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, con- xarem de prestar contas e das que derem causa a perda, extravio
soante o disposto no art. 71, inciso VI, da Constituição Federal; ou outra irregularidade de que resulte, ou possa resultar, dano, ao
V - os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou erário, devidamente quantificado;
sob intervenção, ou que de qualquer modo venham a integrar, pro- III - tomada de contas especial, a ação determinada pelo Tribu-
visória ou permanentemente, o patrimônio do Estado ou de outra nal ou autoridade competente ao órgão central do controle interno,
entidade pública estadual; ou equivalente, para adotar providências, em caráter de urgência,
VI - os responsáveis por entidades dotadas de personalidade nos casos previstos na legislação em vigor, para apuração dos fatos,
jurídica de direito privado que recebam contribuições parafiscais e identificação dos responsáveis e quantificação pecuniária do dano;
prestem serviço de interesse público ou social;

3
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
IV - irregularidade, qualquer ação ou omissão contrárias a lega- V - processo administrativo em que se apure extravio, perda,
lidade, ou à legitimidade, à economicidade, à moral administrativa subtração ou deterioração culposa ou dolosa de valores, bens ou
ou ao interesse público. materiais do Estado, ou pelos quais este responda;
Art. 9º As contas dos administradores e responsáveis a que se VI - imputação, pelo Tribunal, de responsabilidade por despesa
refere o art. 7º, desta lei serão anualmente submetidas a julgamen- ilegal, ilegítima ou antieconômica;
to do Tribunal de Contas, sob a forma de prestação ou tomada de VII - casos de desfalque, desvio de bens e de outras irregulari-
contas, organizadas de acordo com as normas estabelecidas nesta dades de que resulte dano ao erário;
lei e em ato próprio. VIII - outros casos previstos em lei ou regulamento.
§ 1º Nas prestações ou tomadas de contas a que alude este Parágrafo único. O Tribunal de Contas, no caso previsto no inci-
artigo, devem ser incluídos todos os recursos, orçamentários e ex- so VI, deste artigo, poderá promover ex-offício, a tomada de contas
tra-orçamentários, geridos, ou não, pela unidade ou entidade. do responsável.
§ 2º Os processos de prestação e de tomada de contas anuais Art. 13. Os processos de prestação, de tomada de contas e de
deverão ser remetidos ao Tribunal no prazo de 180 (cento e oitenta) tomada de contas especial da administração direta serão encami-
dias, contados do encerramento do exercício. nhados ao Tribunal de Contas pelo respectivo Secretário de Estado,
§ 3º Nos demais casos, o prazo será de 120 (cento e vinte) dias, e os referentes às entidades de administração indireta, das funda-
a contar do recebimento da comunicação ou do conhecimento do ções instituídas pelo Poder Público e dos fundos, pelo Secretário de
fato. Estado a que estiverem vinculados.
Art. 10. Diante da omissão no dever de prestar contas, da não- Art. 14. Para o desempenho de sua competência, o Tribunal
-comprovação da aplicação dos recursos repassados pela União ou de Contas receberá, em cada exercício, o rol de responsáveis e sua
pelo Estado, na forma prevista no art. 6º, incisos III, IV e VII, desta alterações, bem como outros documentos ou informações que con-
lei, da ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou va- siderar necessários.
lores públicos ou, ainda, da prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
ou antieconômico, bem como nos casos de concessão de quaisquer 16.01.09).
benefícios fiscais ou de renúncia de receitas, de que resulte dano Redação original:
ao erário, a autoridade administrativa competente, sob pena de Art. 14 - Para o desempenho de sua competência, o Tribunal
responsabilidade solidária, deverá imediatamente adotar providên- de Contas receberá, em cada exercício, o rol de responsáveis e sua
cias com vistas à instauração da tomada de contas especial para alterações, bem como outros documentos ou informações que con-
apuração dos fatos, identificação dos responsáveis e quantificação siderar necessários, na forma estabelecida no Regimento Interno.
do dano. Parágrafo único. O Tribunal poderá solicitar ao Secretário de
§ 1º Não atendido o disposto no caput deste artigo, o Tribunal Estado supervisor da área ou à autoridade de nível hierárquico
determinará ao órgão central de controle interno, ou equivalente, a equivalente outros elementos indispensáveis ao exercício de sua
instauração da tomada de contas especial, fixando prazo para cum- competência.
primento dessa decisão.
§ 2º A tomada de contas especial, prevista no caput deste ar- SEÇÃO II
tigo e em seu § 1º, será, desde logo, encaminhada ao Tribunal de DAS DECISÕES EM PROCESSOS DE PRESTAÇÃO OU TOMADA
Contas para julgamento.
DE CONTAS
Art. 11. Integrarão a prestação ou tomada de contas, inclusive a
tomada de contas especial, os seguintes documentos:
Art. 15. O responsável será considerado em juízo, para todos os
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
efeitos de direito, com a entrada do processo no Tribunal de Contas,
16.01.09).
estabelecendo-se o contraditório quando tomar ciência da decisão
Redação original:
prolatada.
Art. 11 - Integração a prestação ou tomada de contas, inclusive
Art. 16. A decisão em processo de prestação ou tomada de con-
a tomada de contas especial, dentre outros elementos estabeleci-
dos no Regimento Interno, os seguintes: tas pode ser:
l - relatório de gestão; I - preliminar, a decisão pela qual o Tribunal, antes de pronun-
II - relatório do tomador de contas, quando couber; ciar-se quanto ao mérito das contas, resolve sobrestar o julgamen-
III - relatório e certificado de auditoria, com o parecer do diri- to, determinar diligências, ou ordenar a citação ou a notificação dos
gente do órgão de controle interno, que consignará qualquer irre- responsáveis, necessárias ao saneamento do processo;
gularidade constatada, indicando as medidas adotadas para corrigir II - provisória, a decisão pela qual o Tribunal ordena o tranca-
as faltas encontradas; mento das contas que forem consideradas iliquidáveis, nos termos
IV - pronunciamento da autoridade competente de cada Poder do arts. 24 e 25, desta lei;
do Estado e do Tribunal de Contas, bem como das entidades da ad- III - definitiva, a decisão pela qual o Tribunal julga as contas
ministração direta, indireta, fundacional e dos fundos; regulares, regulares com ressalva ou irregulares.
V - quaisquer outros documentos ou informações que o Tribu- Art. 17. Verificada irregularidade nas contas, o Tribunal:
nal entender necessários para o seu julgamento. I - definirá a responsabilidade individual ou solidárias pelo ato
inquinado;
Art. 12. As prestações, as tomadas de contas ou tomadas de II - se houver débito, ordenará a citação do responsável para,
contas especiais serão por: no prazo de quinze dias, apresentar defesa ou recolher a quantia
I - exercício financeiro; devida;
II - término de gestão, quando esta não coincidir com o exercí- Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
cio financeiro; 16.01.09).
III - execução, no todo ou em parte, de contrato formal; Redação original:
IV - comprovação de aplicação de adiantamento, quando as II - se houver débito, ordenará a citação do responsável para,
contas do responsável pelo mesmo forem impugnados pelo orde- no prazo estabelecido no Regimento Interno, apresentar defesa ou
nador de despesa; recolher a quantia devida;

4
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
III - se não houver débito, notificará o responsável para no pra- SUBSEÇÃO III
zo de quinze dias apresentar razões; DAS CONTAS IRREGULARES
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
16.01.09). Art. 23. Quando julgar as contas irregulares, havendo débito, o
Redação original: Tribunal de Contas condenará o responsável ao pagamento da dívi-
III - se não houver débito, notificará o responsável, para, no da atualizada, monetariamente, acrescida dos juros de mora devidos,
prazo fixado no Regimento Interno, apresentar razões; podendo, ainda, aplicar-lhe a multa prevista no art. 62, desta lei.
IV - adotará outras medidas cabíveis. Parágrafo único. Não havendo débito, mas comprovada a ocor-
§ 1º O responsável cuja defesa for rejeitada pelo Tribunal será rência de que trata o art. 20, inciso III, alínea a, o Tribunal poderá
cientificado para, em novo e improrrogável prazo de quinze dias, aplicar ao responsável a multa prevista no art. 63, inciso I, desta lei.
recolher a importância devida.
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ SUBSEÇÃO IV
16.01.09). DAS CONTAS ILIQUIDÁVEIS
Redação original:
§ 1º - O responsável cuja defesa for rejeitada pelo Tribunal será Art. 24. As contas serão consideradas iliquidáveis quando caso
cientificado para, em novo e improrrogável prazo estabelecido no fortuito ou de força maior, comprovadamente alheio à vontade do
Regimento Interno, recolher a importância devida. responsável, tornar materialmente impossível o julgamento de mé-
§ 2º Reconhecida pelo Tribunal a boa-fé, a liquidação tempes- rito a que se refere o art. 20, desta lei.
tiva do débito atualizado monetariamente saneará o processo, se Art. 25. O Tribunal de Contas ordenará o trancamento das con-
não houver sido observada outra irregularidade nas contas. tas que forem consideradas iliquidáveis e o conseqüente arquiva-
§ 3º O responsável que não atender à citação ou à notificação mento do processo.
será considerada revel pelo Tribunal, para todos os efeitos, dando- § 1º Dentro do prazo de 5 (cinco) anos, contado da publicação
-se prosseguimento ao processo. da decisão provisória no Diário Oficial do Estado, o Tribunal poderá,
Art. 18. O Tribunal de Contas julgará as prestações ou tomadas à vista de novos elementos que considere suficientes, autorizar o
desarquivamento do processo e determinar que se ultime a respec-
de contas até o término do exercício seguinte àquele em estas lhe
tiva prestação ou tomada de contas.
estiverem sido apresentadas.
§ 2º Transcorrido o prazo referido no parágrafo anterior sem
Art. 19. Ao julgar as contas, o Tribunal decidirá se estas são re-
que tenha havido nova decisão, as contas serão consideradas en-
gulares, regulares com ressalva ou irregulares, definindo, conforme
cerradas, com baixa na responsabilidade do responsável.
o caso, a responsabilidade civil dos responsáveis.
Art. 20. As contas serão julgadas:
SEÇÃO III
I - regulares, quando expressarem, de forma clara e objetiva, a
DA EXECUÇÃO DAS DECISÕES
exatidão dos demonstrativos contábeis, a legalidade e a legitimida-
de dos atos do responsável; Art. 26. A citação, a notificação ou a comunicação de diligência
II - regulares com ressalva, quando evidenciarem improprieda- far-se-ão:
de ou qualquer outra falta de natureza formal ou, ainda, a prática I - mediante ciência pessoal do responsável ou do interessa-
de ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico que não seja de natureza do; Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
grave e não represente injustificado dano ao erário; 16.01.09).
III - irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes Redação original:
ocorrências: I - mediante ciência do responsável ou do interessado, na for-
a) grave infração à norma legal ou regulamentar de natureza ma estabelecida no Regimento Interno;
contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial; II - pelo correio, mediante carta registrada, com aviso de rece-
b) injustificado dano ao erário, decorrente de ato ilegal, ilegíti- bimento;
mo ou antieconômico; III - por edital publicado no Diário Oficial do Estado, quando o
c) desfalque, desvio de dinheiros, bens e valores públicos. destinatário da citação, notificação ou comunicação de diligência
Parágrafo único. O Tribunal poderá julgar irregulares as contas não for localizado.
no caso de reincidência no descumprimento de determinação de Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
que o responsável tenha tido ciência, feita em processo de presta- 16.01.09).
ção ou tomada de contas anterior. Redação original:
III - por edital publicado no Diário Oficial do Estado, quando o
SUBSEÇÃO I destinatário da citação, notificação ou comunicação de diligência
DAS CONTAS REGULARES não for localizado, de acordo com o Regimento Interno.
§ 1º A rejeição dos fundamentos da defesa ou das razões de
Art. 21. Quando julgar as contas regulares, o Tribunal de Contas justificativa será comunicada ao responsável ou interessado, na for-
dará quitação plena ao responsável. ma prevista neste artigo.
§ 2º O comparecimento espontâneo do responsável ou interes-
SUBSEÇÃO II sado supre a falta da citação ou da notificação.
DAS CONTAS REGULARES COM RESSALVA Art. 27. A decisão definitiva será publicada no Diário Oficial do
Estado e constituirá:
Art. 22. Quando julgar as contas regulares com ressalva, o Tri- Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
bunal de Contas dará quitação ao responsável e lhe determinará, ou 16.01.09).
a quem lhe haja sucedido, a adoção de medidas necessárias à corre- Redação original:
ção das impropriedades ou faltas identificadas, de modo a prevenir Art. 27 - A decisão definitiva será formalizada nos termos esta-
a ocorrência de outras semelhantes. belecidos no Regimento Interno, cuja publicação no Diário Oficial
do Estado constituirá:

5
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I - no caso de contas regulares, certificado de quitação plena do c) da comunicação de diligência;
responsável para com o erário; d) da comunicação de rejeição dos fundamentos da defesa ou
II - no caso de contas regulares com ressalva, certificado de qui- das razões de justificativa.
tação com determinação, nos termos do art. 22, desta lei; II - da publicação do edital no Diário Oficial do Estado, quando,
III - no caso de contas irregulares: nos casos indicados no inciso anterior, o responsável não for loca-
a) obrigação de o responsável, no prazo de quinze dias, com- lizado;
provar perante o Tribunal que recolheu aos cofres públicos a quan- III - nos demais casos, salvo disposição legal expressa em con-
tia correspondente ao débito que lhe tiver sido imputado ou da trário, da publicação da decisão no Diário Oficial do Estado.
multa cominada;
Redação dada pela Lei Complementar nº 124 de 15.01.09. CAPÍTULO II
Redação original: DA FISCALIZAÇÃO A CARGO DO TRIBUNAL
a)obrigação de o responsável, no prazo estabelecido no Regi-
mento Interno, comprovar perante o SEÇÃO I
Tribunal que recolheu aos cofres públicos a quantia correspon- DO OBJETIVO
dente ao débito que lhe tiver sido imputado ou da multa cominada,
na forma prevista nos arts. 23 e 62, desta lei; Art. 35. O Tribunal prestará à Assembleia Legislativa o auxílio
b) título executivo bastante para a cobrança judicial da dívida que esta requisitar para o desempenho do controle externo a seu
decorrente do débito ou da multa, se não recolhida no prazo pelo cargo.
responsável; Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
c) fundamento para que a autoridade competente proceda à 16.01.09).
efetivação das sanções previstas nos arts. 66 e 67, desta lei. Redação original:
Art. 28. A decisão do Tribunal de Contas, de que resulte impu- Art. 35 - O Tribunal de Contas exercerá a fiscalização contábil,
tação de débito ou cominação de multa, torna a dívida líquida e financeira, orçamentária, operacional e patrimonial das unidades
certa e tem eficácia de título executivo, nos termos do art. 27, inciso dos Poderes do Estado, do próprio Tribunal e das entidades da admi-
III, alínea b desta lei. nistração indireta, inclusive das fundações e sociedades instituídas
Art. 29. O responsável será notificado para, no prazo de quinze e mantidas pelo Poder Público estadual e dos fundos, para verificar
dias, efetuar e comprovar o recolhimento da dívida a que se refere a legalidade, legitimidade e a economicidade de atos e contratos,
o art. 23, e seu parágrafo único desta Lei Complementar. com vistas a assegurar a eficácia do controle que lhe compete e a
instruir o julgamento de contas, bem como prestará à Assembleia
Redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ de
Legislativa o auxílio que esta solicitar para o desempenho do con-
16.01.09).
trole externo a seu cargo.
Redação original:
Parágrafo único. Revogado
Art. 29 - O responsável será notificado para, no prazo estabe-
Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
lecido no Regimento Interno, efetuar e comprovar o recolhimento
Redação original:
da dívida a que se refere o art. 23, e seu parágrafo único desta lei.
Parágrafo único - As decisões do Tribunal, em todas as matérias
Parágrafo único. A notificação será feita na forma prevista no
abrangidas por este Capítulo, observarão, no que couber, o disposto
art. 26, desta lei. nas Seções II e III, do Capítulo I, do Título II, desta lei.
Art. 30. O recolhimento de importância eventualmente devido
será parcelado em até seis vezes, incidindo sempre os correspon- SEÇÃO II
dentes acréscimos legais. DAS CONTAS PRESTADAS PELO GOVERNADOR DO ESTA-
Redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ de DO
16.01.09).
Redação original: Art. 36. Ao Tribunal de Contas compete apreciar as contas pres-
Art. 30 - Em qualquer fase do processo, o Tribunal de Contas tadas anualmente pelo Governador do Estado, mediante parecer
poderá autorizar o recolhimento parcelado da importância devida, prévio a ser elaborado em sessenta dias, a contar de seu recebi-
na forma estabelecida no Regimento Interno, incidindo sobre cada mento.
parcela os correspondentes acréscimos legais. Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
Parágrafo único. A falta de recolhimento de qualquer parcela 16.01.09).
importará o vencimento antecipado do saldo devedor. Redação original:
Art. 31. Comprovado o recolhimento integral, o Tribunal de Art. 36 - Ao Tribunal de Contas compete, na forma estabeleci-
Contas formalizará a quitação do débito ou da multa com a publica- da no Regimento Interno, apreciar as contas prestadas anualmente
ção no Diário Oficial do Estado. pelo Governador do Estado, mediante parecer prévio a ser elabora-
Art. 32. Expirado o prazo a que se refere o caput do art. 29, do em 60 (sessenta) dias, a contar de seu recebimento.
desta lei, sem manifestação do responsável, o Tribunal de Contas § 1º As contas serão apresentadas pelo Governador, concomi-
poderá: tantemente, à Assembleia Legislativa e ao Tribunal, dentro de 60
I - determinar o desconto integral ou parcelado da dívida nos (sessenta) dias, após a abertura da sessão legislativa.
vencimentos, salários ou proventos na legislação pertinente; § 2º As contas serão constituídas pelos Balanços Orçamentário,
II - VETADO. Financeiro e Patrimonial, pela Demonstração das Variações Patri-
Art. 33. A decisão provisória, acompanhada de seus fundamen- moniais e pelo relatório do órgão central do sistema de controle
tos, será publicada interno do Poder Executivo sobre a execução dos orçamentos de
no Diário Oficial do Estado. que trata o art. 206, § 5º da Constituição Estadual.
Art. 34. Os prazos referidos nesta lei contam-se da data: § 3º Se as contas não forem apresentadas dentro do prazo pre-
I - do recebimento pelo responsável ou interessado: visto, ou se forem sem atender aos requisitos legais, em relação à
a) da citação; sua constituição, o Tribunal, de pleno, comunicará o fato à Assem-
b) da notificação; bleia Legislativa, para os fins de direito.

6
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 4º Nas hipóteses figuradas no parágrafo anterior, o prazo § 5º - Os atos a que se refere este artigo serão apreciados pelo
marcado ao Tribunal, para apresentação de seu parecer, fluirá a Tribunal, na forma estabelecida em ato próprio.
partir do dia seguinte ao da regularização do processo, dando-se
ciência do fato à Assembleia Legislativa. SEÇÃO V
DA FISCALIZAÇÃO DE ATOS E CONTRATOS
SEÇÃO III
DA FISCALIZAÇÃO EXERCIDA POR INICIATIVA DA ASSEM- Art. 39. Para assegurar a eficácia do controle e instruir o julga-
BLEIA LEGISLATIVA mento das contas, o Tribunal de Contas efetuará a fiscalização dos
atos e contratos de que resultem receitas ou despesas, praticados
Art. 37. Compete, ainda, ao Tribunal de Contas: pelos responsáveis sujeitos à sua jurisdição, competindo-lhe para
I - realizar, por iniciativa da Assembleia Legislativa, de Comissão tanto:
Técnica ou de Inquérito, inspeções e auditorias de natureza contá- Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
bil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial nas unida- 16.01.09).
des, administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário Redação original:
e nas entidades da administração indireta, incluídas as fundações Art. 39 - Para assegurar a eficácia do controle e instruir o julga-
e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público estadual e mento das contas, o Tribunal de Contas efetuará a fiscalização dos
os fundos; atos e contratos de que resultem receitas ou despesa, praticados
II - prestar as informações solicitadas pela Assembleia Legislati- pelos responsáveis sujeitos à sua jurisdição, competindo-lhe para
va ou por qualquer de suas Comissões, sobre a fiscalização contábil, tanto:
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre os re- I - acompanhar pela publicação no Diário Oficial do Estado, ou
sultados de inspeções e auditorias realizadas; por outro meio estabelecido no Regimento Interno, a lei relativa ao
III - emitir, no prazo de 30 (trinta) dias, contados do recebimen- plano plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, a lei orçamen-
to da solicitação, pronunciamento conclusivo sobre matéria que lhe tária anual, a abertura de créditos adicionais e o relatório bimestral
seja submetida à apreciação pela Comissão Permanente de Depu- de que trata o art. 206, § 3º, da Constituição Estadual;
tados, nos termos do art. 124, §§ 1º e 2º, da Constituição Estadual. II - receber uma via dos documentos a seguir enumerados: a)
atos relativos à programação financeira de desembolso;
SEÇÃO IV b) balancetes mensais de receita e despesa e, pelo menos bi-
DOS ATOS SUJEITOS À REGISTRO mestralmente, quadros analíticos comparativos da receita arreca-
dada e prevista no período e até o período considerado, bem como
Art. 38. Ao Tribunal de Contas compete apreciar, para fins de quadros sintéticos da despesa fixada e emprenhada;
registro, a legalidade dos atos de: c) relatórios dos órgãos encarregados do controle interno;
I - admissão de pessoal, a qualquer título, na administração di- d) relação dos responsáveis por dinheiros, bens e valores, com
reta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo as atualizações decorrentes de qualquer alteração;
Poder Público estadual, excetuadas as nomeações para cargo de e)cópia dos editais de licitação, acompanhados da documenta-
provimento em comissão; ção que a eles diga respeito, ou dos atos de dispensa ou inexigibili-
II - concessão de aposentadorias, transferências para a reserva dade daquela, acompanhados de seus fundamentos e justificativas,
remunerada, reforma e pensões, bem como os de fixação dos res- quando for o caso;
pectivos proventos; f) cópia autenticada dos contratos e, quando decorrentes de
III - transformação de aposentadorias por invalidez em seguro- licitação, cópia das atas e quadros de julgamento;
-reabilitação, conforme previsto no art. 89, §§ 10 e 11, da Constitui- g) informações, que solicitar, sobre a administração dos crédi-
ção Estadual. tos e outras que julgar necessárias;
§ 1º Os atos a que se referem os incisos II e III, deste artigo se- III - promover a realização de inspeções in loco;
rão, obrigatoriamente, formalizados com a fundamentação legal da IV - realizar, por iniciativa própria, na forma estabelecida no Re-
concessão ou da transformação e deverão ser publicados e remeti- gimento Interno, inspeções e auditorias da mesma natureza que as
dos ao Tribunal, até 30 (trinta) dias, após esgotado o prazo previsto previstas no art. 37, inciso I, desta lei;
no art. 89, § 8º, da Constituição Estadual. V - fiscalizar, na forma do Regimento Interno, a aplicação de
§ 2º A fixação dos proventos, bem como as parcelas que os quaisquer recursos repassados pelo Estado mediante convênio,
compõem deverão ser expressas em termos monetários, com a acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres;
indicação do fundamento legal de cada uma e, obrigatoriamente, VI - fiscalizar, na forma estabelecida no Regimento Interno, a
aplicação dos recursos repassados pela União, de que trata o art.
publicadas em órgão oficial.
6º, incisos III e IV, desta lei.
§ 3º Os atos posteriores que modifiquem a fundamentação le-
§ 1º - Os órgãos da administração pública são responsáveis pela
gal da concessão ou da fixação dos proventos, bem como aqueles
remessa ao Tribunal, no prazo estabelecido no Regimento Interno,
que corrijam os quantitativos fixados sujeitamse a registro pelo Tri-
dos documentos mencionados no inciso II,0 deste artigo.
bunal, independendo de sua apreciação as melhorias posteriores
§ 2º - As inspeções e auditorias de que trata esta Seção serão
que não alterem o fundamento legal ao ato concessório.
regulamentadas no Regimento Interno e realizadas por servidores
§ 4º Registro é a transcrição, em livro próprio ou em ficha, de
dos Órgãos Auxiliares do Tribunal, ou, eventual e subsidiariamente,
ato do Tribunal, que reconheça a legalidade da admissão de pes-
mediante contrato, por empresas ou auditores especializados, sob
soal, a qualquer título da concessão de aposentadoria, transferên-
a coordenação dos referidos servidores. § 3º - O Tribunal comunica-
cia para a reserva, remunerada, pensão, reforma, da fixação das
rá às autoridades competentes dos Poderes do Estado o resultado
respectivas remunerações, bem como da transformação da apo-
das inspeções e auditorias que realizar, para as medidas saneadoras
sentadoria por invalidez em seguro-reabilitação.
das impropriedades e faltas identificadas.
§ 5º Revogado
I - acompanhar a execução da lei relativa ao plano plurianual,
Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
Lei de Diretrizes Orçamentárias, a lei orçamentária anual, a aber-
Redação original:
tura de créditos adicionais, o relatório bimestral de que trata o art.

7
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
209, § 3º, da Constituição Estadual, os editais de licitação, os contra- I - determinará providências quando, não apurada transgressão
tos de qualquer natureza, os convênios, acordos, ajustes ou outros à norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, or-
instrumentos congêneres; Nova redação dada pela Lei Complemen- çamentária, operacional e patrimonial, for constatada, tão somen-
tar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). te, falta ou impropriedade de caráter formal;
II - receber uma via dos documentos a seguir enumerados: Nova Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). 16.01.09).
a) atos relativos à programação financeira de desembolso; Redação original:
b) balancetes mensais de receita e despesa e, pelo menos bi- I - Determinará as providências estabelecidas no Regimento In-
mestralmente, quadros analíticos comparativos da receita arreca- terno, quando, não apurada transgressão à norma legal ou regula-
dada e prevista no período e até o período considerado, bem como mentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional
quadros sintéticos da despesa fixada e empenhada; e patrimonial, for constatada, tão somente, falta ou impropriedade
c) relatórios dos órgãos encarregados do controle interno; de caráter formal;
d) relação dos responsáveis por dinheiros, bens e valores, com II - notificará o responsável, se verificar a ocorrência de irregu-
as atualizações decorrentes de qualquer alteração; laridade quanto à legitimidade ou economicidade, para, no prazo
e) cópia autenticada dos contratos e, quando decorrentes de de quinze dias, apresentar justificativa.
licitação, cópia das atas e quadros de julgamento; Redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
f) informações, que solicitar, sobre a administração dos crédi- 16.01.09).
tos e outras que julgar necessárias; Redação original:
III - promover a realização de inspeções in loco; Nova redação II - notificará o responsável, se verificar a ocorrência de irregu-
dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). laridade quanto à legitimidade ou economicidade, para, no prazo
IV - realizar, por iniciativa própria, inspeções e auditorias da estabelecido no Regimento Interno, apresentar justificativa.
mesma natureza que as previstas no art. 37, I, desta Lei Comple- Parágrafo único - Não elidido o fundamento da impugnação, o
mentar; Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 Tribunal aplicará ao responsável a multa prevista no art. 63, inciso
(DORJ 16.01.09). III, desta lei.
V - fiscalizar, nos termos da presente Lei Complementar, a apli- Art. 42. Revogado.
cação de quaisquer recursos repassados pelo Estado mediante con- Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
vênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres; Redação original:
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ Art. 42 - Verificada a ilegalidade do ato ou contrato, o Tribunal
16.01.09). de Contas, na forma do Regimento Interno, quando for o caso, assi-
VI - fiscalizar a aplicação dos recursos repassados pela União, nará prazo para que o responsável adote as providências necessá-
de que trata o art. 6º, III e IV, desta Lei Complementar. Nova redação rias ao exato cumprimento da lei, fazendo indicação expressa dos
dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). dispositivos a serem observados. § 1º - No caso de ato administrati-
§ 1º Os órgãos da administração pública são responsáveis pela vo, o Tribunal, se não atendido:
remessa ao Tribunal, no prazo estabelecido de quinze dias, dos do- I - sustará a execução do ato impugnado;
cumentos mencionados no art. 37, II, da presente Lei Complemen- II - comunicará a decisão à Assembleia Legislativa;
tar. III - aplicará ao responsável a multa prevista no art. 63, inciso
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ II, desta lei.
16.01.09). § 2º - No caso de contrato, o Tribunal, se não atendido, comu-
§ 2º As inspeções e auditorias de que trata esta Seção serão nicará o fato à Assembleia Legislativa, a quem compete adotar o ato
realizadas por servidores do Tribunal. de sustação e solicitar, de imediato, ao Poder respectivo as medidas
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ cabíveis.
16.01.09). § 3º - Se a Assembleia Legislativa ou o Poder competente, no
§ 3º O Tribunal comunicará às autoridades competentes dos prazo comum de 90 (noventa) dias, contados do recebimento da
Poderes do Estado o resultado das inspeções e auditorias que rea- comunicação do Tribunal de Contas, não efetivarem as medidas
lizar, para as medidas saneadoras das impropriedades e faltas iden- previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
tificadas. Art. 43. Revogado.
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
16.01.09). Redação original:
Art. 40. Nenhum processo, documento ou informação poderá Art. 43 - A fiscalização das despesas decorrentes de contratos,
ser sonegado ao Tribunal de Contas em suas inspeções ou audito- de sua rescisão ou anulação, e de outros instrumentos congêneres
rias, sob qualquer pretexto. será feita pelo Tribunal, na forma da legislação pertinente, fican-
§ 1º No caso de sonegação, o Tribunal assinará prazo para apre- do os órgãos interessados da administração responsáveis pela de-
sentação dos documentos, informações e esclarecimentos julgados monstração da legalidade e regularidade da despesa, bem como da
necessários, comunicando o fato à autoridade competente, para as execução dos contratos.
medidas cabíveis. Art. 44. Revogado.
§ 2º Vencido o prazo e não cumprida a exigência, o Tribunal Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
aplicará as sanções previstas no art. 63, inciso VI, desta lei. Redação original:
Art. 41. Ao proceder à fiscalização de que trata este Capítulo, Art. 44 - Em observância ao disposto no art. 77, inciso XXV, da
o Tribunal: Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 Constituição Estadual, é vedado, nos atos licitatórios, adicionar ao
(DORJ 16.01.09). preço, para composição de média ponderada ou cálculos similares,
Redação original: notas técnicas ou quaisquer outras formas de pontuação, na clas-
Art. 41 - Ao proceder à fiscalização de que trata este Capítulo, sificação final das propostas, uma vez que, nessa fase os licitantes
o Tribunal de Contas: previamente habilitados ou pré-qualificados estarão em igualdade
de condições técnicas.

8
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 45. A inexigibilidade de licitação pressupõe absoluta, invia- I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano pluria-
bilidade de competição, na forma da lei. nual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos do
Art. 46. É vedado atribuir efeitos financeiros retroativos aos Estado;
contratos administrativos e seus aditamentos sob pena de invalida- II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
de do ato e responsabilidade de quem lhe deu causa, respeitada a eficácia, eficiência e economicidade, da gestão orçamentária, finan-
exceção prevista em lei. ceira e patrimonial nos órgãos e entidades de administração esta-
Art. 47. A administração pública estadual observará as normas dual, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de
gerais referentes às licitações e aos contratos administrativos fixa- direito privado;
dos na legislação federal e estadual, bem como as normas e instru- III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garan-
ções expedidas pelo Tribunal, asseguradas: tias, bem como dos direitos e haveres do Estado;
I - a prevalência de princípios e regras de direito público, in- IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão insti-
clusive quanto aos contratos celebrados pelas empresas públicas e tucional.
sociedades de economia mista e fundações; Art. 54. No apoio ao controle externo, os órgãos integrantes
II - a preexistência de recursos orçamentários para licitação e do sistema de controle interno deverão exercer, dentre outras, as
contratação de obras ou serviços e aquisição de bens. seguintes atividades:
Art. 48. Se o Tribunal julgar o ato nulo, de pleno direito, por I - organizar e executar, por iniciativa própria ou por solicita-
vício insanável, caracterizado por preterição de formalidade es- ção do Tribunal de Contas, programação trimestral de auditorias
sencial, que o deva anteceder, ou de violação de lei, a que se deva contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial nas
obrigatoriamente subordinar, as autoridades competentes, ao co- unidades administrativas sob seu controle, enviando ao Tribunal os
nhecerem do julgado, deverão promover e adotar as medidas dele respectivos relatórios.
decorrentes, sujeitando-se os responsáveis às penalidades aplica- Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
das pelo Tribunal e ao ressarcimento de eventuais danos causados 16.01.09).
ao erário. Redação original:
Parágrafo único. Revogado. I - organizar e executar, por iniciativa própria ou por solicitação
Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). do Tribunal de Contas, programação trimestral de auditorias contá-
Redação original: bil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial nas unida-
Parágrafo único - O Tribunal de Contas, especialmente nos ca- des administrativas sob seu controle, enviando ao Tribunal os res-
sos de edital de licitação, de sua dispensa ou inexigibilidade, e de pectivos relatórios, na forma estabelecida do Regimento Interno;
contrato, determinará e adotará procedimentos de rito sumaríssi- II - realizar auditorias nas contas dos responsáveis sob seu con-
mo, para a argüição e o julgamento de preliminar de nulidade. trole, emitindo relatório, certificado de auditoria e parecer previs-
Art. 49. Qualquer licitante ou contratado, pessoa física ou jurí- tos no art. 11, inciso III, desta lei;
dica, poderá representar ao Tribunal contra irregularidades na apli- III - alertar, formalmente, a autoridade administrativa compe-
cação da legislação pertinente. tente para que instaure tomada de contas especial, sempre que ti-
Art. 50. É vedada ao Tribunal de Contas a expedição de ato re- ver conhecimento de qualquer das ocorrências referidas no caput
gulamentar diverso de seu Regimento Interno, o qual se limitará do art. 10, desta lei.
a dispor sobre a competência e funcionamento de seus órgãos e Art. 55. Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem co-
organização de seus serviços auxiliares. nhecimento de qualquer irregularidade, dela darão ciência de ime-
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
diato ao Tribunal de Contas, sob pena de responsabilidade solidária.
16.01.09).
§ 1º Na comunicação ao Tribunal, o dirigente do órgão de con-
Redação original:
trole interno competente indicará as providências adotadas para:
Art. 50 - O Tribunal de Contas, no exercício de sua competên-
I - corrigir a irregularidade apurada;
cia constitucional, expedirá normas e instruções complementares
II - ressarcir o eventual dano causado ao erário;
reguladoras dos procedimentos licitatórios e dos contratos admi-
III - evitar ocorrências semelhantes.
nistrativos.
§ 2º Verificada em inspeção, auditoria ou no julgamento de
Art. 51. O Tribunal de Contas, independentemente das proposi-
ções que possa fazer aos órgãos estaduais competentes, no sentido contas, irregularidade que não tenha sido comunicada tempesti-
de sanar eventuais deficiências verificadas, adotará, em relação ao vamente ao Tribunal, e provada a comissão, o dirigente do órgão
controle externo, e proporá, com referência ao controle interno, de controle interno, na qualidade de responsável solidário, ficará
normas e procedimentos simplificados, à medida que tais providên- sujeito às sanções previstas para a espécie nesta lei.
cias não comprometam a eficácia de sua atuação constitucional. Art. 56. A autoridade competente emitirá, sobre as contas e o
Art. 52. Ao exercer a fiscalização, se configurada a ocorrência parecer do controle interno, expresso e indelegável pronunciamen-
de desfalque, desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte to, no qual atestará haver tomado conhecimento das conclusões
dano ao erário, o Tribunal de Contas ordenará, desde logo, a con- nele contidas.
versão do processo em tomada de contas especial, salvo a hipótese Art. 57. Aplicam-se ao Tribunal de Contas, no que couber, as
prevista no art. 114, desta lei. disposições deste Capítulo.
Parágrafo único. O processo de tomada de contas especial a Parágrafo único. A responsabilidade pelo exercício do controle
que se refere este artigo tramitará em separado das respectivas interno, de que trata este artigo, será atribuída a órgão específico e
contas anuais. regulada por ato próprio.

CAPÍTULO III CAPÍTULO IV


DO CONTROLE INTERNO DA DENÚNCIA

Art. 53. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manter, Art. 58. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sin-
de forma integrada, sistema de controle interno, com a finalidade dicato é parte legítima para denunciar irregularidades perante o
de: Tribunal de Contas.

9
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 59. A denúncia sobre matéria de competência do Tribunal § 1º Ficará sujeito à multa prevista no caput deste artigo aquele
de Contas deverá referir-se a administrador ou responsável sujeito que deixará de cumprir a decisão do Tribunal, salvo, motivo justifi-
à sua jurisdição, ser redigida em linguagem clara e objetiva, conter cado, a critério do Plenário.
o nome legível do denunciante, sua qualificação e endereço, e estar § 2º Revogado.
acompanhada de prova ou indício concernente ao fato denunciado Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09).
ou à inexistência de irregularidade. Redação original:
Parágrafo único. Revogado § 2º - No caso de extinção da UFERJ, enquanto não for fixado
Revogado pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ 16.01.09). por lei outro valor unitário para substituíla, o Tribunal adotará parâ-
Redação original: metro a ser utilizado para o cálculo de multa.
Parágrafo único - O Regimento Interno disporá sobre a tramita- Art. 64. As multas aplicadas pelo Tribunal de Contas nos termos
ção do processo de denúncia. dos arts. 62 e 63, desta lei, quando pagas após o vencimento, serão
Art. 60. No resguardo dos direitos e garantias individuais, o Tri- atualizadas monetariamente, na data do efetivo pagamento.
bunal de Contas dará tratamento sigiloso às denúncias formuladas, Art. 65. O Tribunal de Contas levará em conta, na fixação de
até decisão definitiva sobre a matéria. multas, entre outras condições, as de exercício da função, a rele-
§ 1º Ao decidir, caberá ao Tribunal manter, ou não, o sigilo vância da falta, o grau de instrução do servidor e sua qualificação
quanto ao objeto e à autoria da denúncia. funcional, bem assim se agiu com dolo ou culpa.
§ 2º Reconhecida a existência de dolo, má-fé, ou malévola mo- Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/ de 15.01.09.
tivação de caráter político na denúncia, o processo será remetido Redação original:
ao Ministério Público junto ao Tribunal de Contas para as medidas Art. 65 - O Tribunal de Contas, na conformidade do que dispu-
legais cabíveis. ser seu Regimento Interno, em atos específicos ou, ainda, in casu,
levará em conta, na fixação de multas, entre outras condições, as
CAPÍTULO V de exercício da função, a relevância da falta, o grau de instrução do
DAS SANÇÕES servidor e sua qualificação funcional, bem assim se agiu com dolo
ou culpa.
SEÇÃO I
DISPOSIÇÃO GERAL SEÇÃO III
DAS OUTRAS SANÇÕES
Art. 61. O Tribunal de Contas poderá aplicar aos administrado-
res ou responsáveis as sanções previstas neste Capítulo. Art. 66. O Tribunal de Contas, por maioria absoluta dos seus
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ membros, poderá, cumulativamente, ou não, com as sanções pre-
16.01.09). vistas na Seção anterior, aplicar ao responsável, por prática de atos
Redação original: irregulares, a pena de inabilitação para o exercício de cargo em
Art. 61 - O Tribunal de Contas poderá aplicar aos administrado- comissão ou função de confiança na administração estadual, por
res ou responsáveis, na forma estabelecida no Regimento Interno, prazo não superior a 5 (cinco) anos, bem como propor a pena de
as sanções previstas neste Capítulo. demissão, na forma da lei, no caso de servidor.

SEÇÃO II Art. 67. O Tribunal de Contas proporá à autoridade competente


DAS MULTAS as medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis jul-
gados em débito, devendo ser ouvido quanto à liberação dos bens
arrestados e sua respectiva restituição.
Art. 62. Quando o responsável for julgado em débito, poderá
ainda o Tribunal de Contas aplicar-lhe multa de até 100% (cem por
CAPÍTULO VI
cento) vezes do dano causado ao erário.
DOS RECURSOS E COMPETÊNCIA RECURSAL
Art. 63. O Tribunal de Contas poderá aplicar multa de até cem
vezes o maior piso salarial estadual aos responsáveis por:
Art. 68. Em todos os processos submetidos ao Tribunal de Con-
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
tas, será assegurada ao responsável ou interessado ampla defesa.
16.01.09).
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
Redação original: 16.01.09).
Art. 63 - O Tribunal de Contas poderá aplicar multa de até 1.000 Redação original:
(mil) vezes o valor da UFERJ aos responsáveis por: Art. 68 - Em todos os processos submetidos ao Tribunal de Con-
I - contas julgadas irregulares de que não resulte débito, nos tas, será assegurada ao responsável ou interessado ampla defesa,
termos do art. 23, parágrafo único desta lei: na forma do Regimento Interno.
II - ato praticado com grave infração à norma legal ou regula- Art. 69. Das decisões originárias proferidas pelo Tribunal de
mentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional Contas cabem recursos de:
e patrimonial; I - reconsideração;
III - ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico, inclusive editais de II - embargos de declaração;
licitação, de que resulte, ou possa resultar, dano, ao erário; III - revisão.
IV - não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, a Art. 70. O recurso de reconsideração, que terá efeito suspensi-
diligência ou a decisão do Tribunal; vo e poderá ser formulado, uma só vez, por escrito, dentro do prazo
V - obstrução ao livre exercício das inspeções ou auditorias de- de trinta dias, contados na forma prevista no art. 34 desta Lei Com-
terminadas; plementar.
VI - sonegação de processo, documento ou informação, em ins- Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
peções ou auditorias realizadas pelo Tribunal; 16.01.09).
VII - reincidência no descumprimento da decisão do Tribunal.

10
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Redação original: §3º No órgão pleno do Tribunal, não poderá participar conco-
Art. 70 - O recurso de reconsideração, que terá efeito suspen- mitantemente mais de um auditor substituto, exceto no caso do
sivo, será apreciado na forma estabelecida no Regimento Interno, auditor substituto compor definitivamente o corpo deliberativo.
e poderá ser formulado, uma só vez, por escrito, dentro do prazo Acrescentado pela Lei Complementar nº 156/13 (DORJ
de 30 (trinta) dias, contados na forma prevista no art. 34, desta lei. 06.12.13)
Art. 71. Cabem embargos de declaração para corrigir obscuri- Art. 77. Funciona junto ao Tribunal de Contas o Ministério Pú-
dade, omissão ou contradição da decisão recorrida. blico, nos termos da legislação pertinente.
Parágrafo único. Os embargos de declaração, opostos, por es- Art. 78. O Tribunal de Contas fixará, no Regimento Interno, o
crito, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contados nos termos do período de funcionamento das sessões e o recesso que entender
art. 34, desta lei, suspendem os prazos para cumprimento da deci- conveniente, sem ocasionar a interrupção total de seus serviços.
são embargada e para interposição do pedido de reconsideração. Art. 79. O Tribunal de Contas poderá dividir-se em Câmaras,
Art. 72. O efeito suspensivo, em razão de recurso de decisão instituir Delegações de Controle, mediante deliberação da maioria
do Tribunal, que concluir pela nulidade de edital de licitação, não absoluta dos Conselheiros, com a composição, jurisdição e compe-
possibilitará o prosseguimento do processo licitatório. tência que lhes forem deferidas pelo Regimento Interno.
Art. 73. Da decisão definitiva caberá recurso de revisão ao Ple- Art. 80. O Tribunal de Contas disporá de Órgãos Auxiliares para
nário, sem efeito suspensivo, interposto, uma só vez, por escrito, atenderem às atividades de apoio técnico e administrativo, neces-
dentro do prazo de 5 (cinco) anos, contados na forma prevista no sárias ao exercício de sua competência, na forma estabelecida em
art. 34, inciso III, desta lei, e fundar-se-á: ato próprio.
I - em erro de fato, resultante de atos, cálculos ou documentos;
II - em evidente violação literal da lei; CAPÍTULO II
III - em falsidade ou insuficiência de documentos em que se DO PLENÁRIO, CÂMARAS E DELEGAÇÕES
tenha fundamentado
a decisão recorrida; Art. 81. O Plenário, constituído pelo Presidente, Vice-Presiden-
IV - na superveniência de novos documentos, com eficácia so- te e demais Conselheiros, exercerá as competências previstas no
bre a prova produzida; Regimento Interno.
V - na falta de citação do responsável, quando da decisão. Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
Art. 74. São competentes para interpor recursos: 16.01.09).
I - a Administração; Redação original:
II - o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas; Art. 81 - O Plenário, constituído pelo Presidente, Vice-Presi-
III - os responsáveis pelos atos impugnados e os alcançados pe- dente e demais Conselheiros, além de suas funções jurisdicionais
las decisões; e competência própria e privativa, exerce, também, atribuições
IV - todos quantos, a juízo do Tribunal, comprovarem legítimo normativas regulamentares no âmbito do controle externo e no da
interesse na decisão. administração interna do Tribunal de Contas, de acordo com o dis-
Art. 75. Caberá recursos administrativo ao Tribunal de Contas, posto na presente lei, no Regimento Interno, bem como no Código
das multas impostas por autoridades administrativas, no âmbito do de Administração Financeira e de Contabilidade Pública do Estado
controle interno. e legislação correlata.
Parágrafo único. O Plenário reunir-se-á em Conselho Superior
TÍTULO III de Administração, sob a presidência do Presidente do Tribunal, na
DA ORGANIZAÇÃO DO TRIBUNAL forma, competência e periodicidade estabelecidas em ato próprio.
Art. 82. O Plenário do Tribunal de Contas, dirigido por seu Pre-
CAPÍTULO I sidente, terá a competência e o funcionamento regulados no Regi-
DA SEDE E COMPOSIÇÃO mento Interno.
Art. 83. As Delegações de Controle que funcionarão junto às
Art. 76. O Tribunal de Contas tem sede na Capital e compõe-se autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fun-
de 7 (sete) Conselheiros. dações e fundos têm sua constituição e competência estabelecidas
Art. 76-A. Os Conselheiros, em suas ausências e impedimen- em ato próprio do Tribunal.
tos por motivo de licença, férias ou outro afastamento legal, serão Art. 84. Os órgãos a que se referem os arts. 87 e 89, serão es-
substituídos, mediante convocação do Presidente do Tribunal, pe- truturados e terão suas atribuições e funcionamento reguladas por
los auditores, observada a ordem de antiguidade no cargo, ou a ato próprio.
maior idade, no caso de idêntica antiguidade. Art. 85. O Tribunal de Contas disporá de Quadro próprio para o
Acrescentado pela Lei Complementar nº 156/13 (DORJ Pessoal de seus Órgãos Auxiliares, com a organização e atribuições
06.12.13) fixadas em lei e em ato próprio.
§1º Os auditores serão também convocados para substituir
Conselheiros, para efeito de quorum, sempre que os titulares co- CAPÍTULO III
municarem ao Presidente do Tribunal ou da Câmara respectiva, a DO PRESIDENTE, VICE-PRESIDENTE E CORREGEDOR-GE-
impossibilidade de comparecimento à sessão. RAL
Acrescentado pela Lei Complementar nº 156/13 (DORJ NOVA REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº
06.12.13) 155/13 (DORJ 04.12.13)
§2º Em caso de vacância de cargo de Conselheiro, o Presidente REDAÇÃO ORIGINAL:
do Tribunal convocará auditor para exercer as funções inerentes ao DO PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE
cargo vago, até novo provimento, observado o critério estabelecido
no caput deste artigo. Art. 86. VETADO.
Acrescentado pela Lei Complementar nº 156/13 (DORJ
06.12.13)

11
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 1º A eleição realizar-se-á em escrutínio secreto, na primeira IV - autorizar despesas, movimentar as cotas e transferências
sessão ordinária da última quinzena do mês de dezembro, ou, em financeiras;
caso de vaga eventual, na primeira sessão ordinária após sua ocor- V - ordenar a expedição de certidões dos documentos que se
rência, exigida a presença de, pelo menos, 4 (quatro) Conselheiros, encontrarem no Tribunal, se não forem de caráter sigiloso;
computando-se, inclusive, o voto daquele que presidir o ato. VI - representar oficialmente o Tribunal;
§ 2º Os Conselheiros, ainda que em gozo de licença, férias, ou VII - assinar a correspondência, livros, documentos e quaisquer
ausentes com causa justificada, poderão tomar parte nas eleições, outros papéis oficiais;
na forma estabelecida no Regimento Interno. VIII - corresponder-se diretamente com Governador de Estado,
§ 3º Considerar-se-á eleito o Conselheiro que obtiver a maioria Prefeito Municipal, Presidente de Assembleia Legislativa, de Tribu-
dos votos. Se houver empate na votação, estará eleito o Conselhei- nal de Justiça, Tribunal de Alçada, Câmara Municipal e outras auto-
ro mais antigo ou, a seguir, o mais idoso, se persistir o empate. ridades municipais, estaduais e federais;
§ 4º A eleição do Presidente precederá a do Vice-Presidente e IX - apresentar ao Plenário o relatório anual dos trabalhos do
a do CorregedorGeral. Tribunal;
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 155/13 (DORJ X - encaminhar à Assembleia Legislativa os relatórios das ati-
04.12.13) vidades do Tribunal, na forma prevista no art. 4º, inciso VII e IX, in
Redação original: fine, desta lei;
§ 4º - A eleição do Presidente precederá a do Vice-Presidente. XI - delegar competência, de acordo com o que dispuser o Re-
§ 5º O Presidente, o Vice-Presidente e o Corregedor-Geral elei- gimento Interno do Tribunal.
tos tomarão posse em sessão que se realizará na primeira semana Parágrafo único. Das decisões do Presidente caberá recurso ao
do mês de janeiro do ano subsequente ao das eleições, exceto no Plenário, na forma do Regimento Interno.
caso de vaga eventual, quando a posse ocorrerá na própria sessão Art. 88-A. Compete ao Corregedor-Geral:
da eleição. Acrescentado pela Lei Complementar nº 155/13 (DORJ
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 155/13 (DORJ 04.12.13)
04.12.13) I – Presidir as Comissões de Sindicâncias e Processos Adminis-
Redação original: trativos instaurados para apuração de desvios funcionais de Conse-
§ 5º - O Presidente e o Vice-Presidente eleitos tomarão posse lheiros, do Procurador-Geral e Membro do Ministério Público e de
em sessão que se realizará na primeira semana do mês de janeiro Auditor;
do ano subsequente ao das eleições, exceto no caso de vaga even- Acrescentado pela Lei Complementar nº 155/13 (DORJ
tual, quando a posse ocorrerá na própria sessão da eleição. 04.12.13)
§ 6º O Vice-Presidente substituirá o Presidente em suas ausên- II – Exercer a correição nos setores técnicos e administrativos
cias e impedimentos e suceder-lhe-á em caso de vacância do cargo, do Tribunal; Acrescentado pela Lei Complementar nº 155/13 (DORJ
se esta ocorrer nos 60 (sessenta) dias, anteriores ao do término do 04.12.13)
mandato, para concluir o período do antecessor. Em caso de va- III – Realizar, ex-officio ou mediante provocação, inspeções ou
cância, fora do período antes referido, do cargo do Presidente, de correições no âmbito de sua competência;
VicePresidente ou de Corregedor-Geral, proceder-se-à à eleição, na Acrescentado pela Lei Complementar nº 155/13 (DORJ
sessão ordinária imediata à ocorrência, e a posse ocorrerá na pró- 04.12.13)
pria sessão. IV – Verificar o cumprimento de prazos regimentais, propondo
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 155/13 (DORJ à Presidência a abertura de sindicância ou processo administrativo-
04.12.13) -disciplinar quando entender cabíveis; Acrescentado pela Lei Com-
Redação original: plementar nº 155/13 (DORJ 04.12.13)
§ 6º - O Vice-Presidente substituirá o Presidente em suas au- V – Exercer as atribuições que lhe forem, expressamente, dele-
sências e impedimentos e suceder-lhe-á em caso de vacância do gadas pelo Presidente, bem como as demais competências fixadas
cargo, se esta ocorrer nos 60 (sessenta) dias, anteriores ao do térmi- no regimento interno do Tribunal;
no do mandato, para concluir o período do antecessor. Acrescentado pela Lei Complementar nº 155/13 (DORJ
§ 7º Na ausência ou impedimento do Vice-Presidente, o Pre- 04.12.13)
sidente será substituído pelo Conselheiro mais antigo em exercício VI – O Corregedor, em suas ausências e impedimentos, por mo-
no cargo. tivo de licença, férias ou outro afastamento legal, será substituído
§ 8º O Presidente e o Vice-Presidente, farão jus à gratificação pelo Conselheiro mais antigo em exercício no cargo;
de função correspondente aos percentuais de, respectivamente, Acrescentado pela Lei Complementar nº 155/13 (DORJ
15% (quinze por cento) e 10% (dez por cento), calculada sobre a 04.12.13)
remuneração do cargo. VII – O Corregedor-Geral aproveitará a composição e a estru-
Art. 87. O Presidente exerce, na administração as atribuições tura de seu respectivo Gabinete, não se desvinculando das atribui-
de Órgão Executivo Superior, ao qual se subordinam os órgãos da ções inerentes ao cargo de Conselheiro.
Presidência e os de realização descentralizada do controle externo, Acrescentado pela Lei Complementar nº 155/13 (DORJ
bem como os de administração geral. 04.12.13)
Art. 88. Compete ao Presidente: Art. 88-B. A Corregedoria-Geral do Tribunal de Contas é órgão
I - dirigir o Tribunal e supervisionar os seus Órgãos Auxiliares; de fiscalização e disciplina, sendo o cargo de Corregedor-Geral pri-
II - dar posse aos Conselheiros e aos servidores do Tribunal; vativo de Conselheiro efetivo. Acrescentado pela Lei Complementar
III - nomear, contratar, exonerar, dispensar, demitir, readmitir, nº 155/13 (DORJ 04.12.13)
promover e expedir outros atos da mesma natureza, relativos aos Art. 89. Os órgãos de assessoramento direto aos Conselhei-
servidores do Tribunal, após aprovação do Plenário reunido em ros, denominados Gabinetes, subordinam-se, tecnicamente, aos
Conselho Superior de Administração, sendo da exclusiva competên- respectivos titulares, vinculando-se, administrativamente, ao Pre-
cia do Presidente aposentar, fixar proventos e praticar quaisquer sidente.
atos de pessoal necessários à administração interna do Tribunal.

12
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 90. Os cargos em comissão e funções gratificadas dos ór- II - exercer cargo técnico ou de direção de sociedade civil, as-
gãos a que se referem os arts. 87 e 89, desta lei, serão objeto de sociação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de
livre nomeação, designação, exoneração ou dispensa, por ato do associação de classe, sem remuneração;
Presidente do Tribunal de Contas, com a exceção prevista no pará- III - exercer comissão remunerada, ou não, inclusive em órgãos
grafo único. da administração direta ou indireta, ou em concessionária de ser-
Parágrafo único. O provimento e a exoneração dos cargos em viço público;
comissão e funções gratificadas existentes nos Gabinetes dos Con- IV - exercer profissão liberal, emprego particular, comércio ou
selheiros cumprirão ao Presidente, mediante proposta dos respec- participar de sociedade comercial, exceto como acionista ou cotista;
tivos titulares. V - receber, a qualquer título ou pretexto, participação em pro-
cessos;
CAPÍTULO IV VI - celebrar contrato com pessoa jurídica de direito público,
DOS CONSELHEIROS empresa pública, sociedade de economia mista, fundação, socieda-
de instituída e mantida pelo Poder Público ou empresa concessio-
Art. 91. Os Conselheiros do Tribunal de Contas serão nomeados nária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a nor-
dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: mas uniformes para todo e qualquer contratante;
I - mais de 35 (trinta e cinco) e menos de 65 (sessenta e cinco) VII - dedicar-se a atividade político-partidária.
anos de idade; Art. 95. É defeso aos Conselheiros intervir no julgamento de
II - idoneidade moral e reputação ilibada; processo que envolva interesses próprios ou de cônjuge, parente
III - formação superior e notórios conhecimentos jurídicos, con- consangüíneo ou afim até o terceiro grau, aplicando-se-lhes as sus-
tábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; peições previstas no Código de Processo Civil.
IV - mais de 10 (dez) anos de exercício de função ou de efetiva Art. 96. Não podem ocupar, simultaneamente, cargos de Con-
atividade profissional que exijam os conhecimentos mencionados selheiro, parentes, consangüíneos ou afins, na linha reta ou na cola-
no inciso anterior. teral até o segundo grau.
Art. 92. Os Conselheiros do Tribunal de Contas serão escolhi- Parágrafo único. A incompatibilidade decorrente da restrição
dos: imposta no caput deste artigo resolve-se:
I - dois pelo Governador do Estado, com aprovação da Assem- I - antes da posse, contra o último nomeado ou contra o mais
bleia Legislativa, sendo um dentre os membros do Ministério Públi- moço, se nomeados na mesma data;
co junto ao Tribunal de Contas, indicado em lista tríplice pelo Tribu- II - depois da posse, contra o que lhe deu causa;
nal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento; III - se a ambos imputável, contra o que tiver menos tempo de
II - cinco pela Assembleia Legislativa. exercício no cargo.
§ 1º Os Conselheiros do Tribunal de Contas terão as mesmas Art. 97. Depois de nomeados e empossados, os Conselheiros só
garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens perderão seus cargos por efeito de sentença judicial, exoneração a
dos Desembargadores do Tribunal de Justiça e somente poderão pedido, ou por motivo de incompatibilidade, nos termos do artigo
aposentar-se com as vantagens do cargo quando o tiverem exerci- anterior.
do, efetivamente, por mais de 5 (cinco) anos. Art. 98. Os Conselheiros terão o prazo de 30 (trinta) dias, con-
§ 2º Os Conselheiros, no caso de crimes comuns e nos de res- tados da publicação do ato no órgão oficial, para posse e exercício
ponsabilidade, serão processados e julgados, originariamente, pelo no cargo.
Superior Tribunal de Justiça. Parágrafo único. O prazo será prorrogado por mais 30 (trinta)
Art. 93. Os Conselheiros gozarão das seguintes garantias e prer- dias, no máximo, por solicitação escrita do interessado.
rogativas: Art. 99. Os Conselheiros, após um ano de exercício, terão di-
I - vitaliciedade, não podendo perder o cargo senão por senten- reito a 60 (sessenta) dias de férias, por ano, consecutivos ou parce-
ça judicial transitada em julgado; lados em dois períodos, não podendo gozá-las, simultaneamente,
II - inamovibilidade; mais de 2 (dois) Conselheiros.
III - irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à re- Art. 100. Os Conselheiros, quando designados pelo Tribunal,
muneração, o disposto no art. 77, inciso XIII, da Constituição Esta- participarão de delegações ou órgãos destinados a auxiliá-lo no
dual, art. 150, inciso II, art. 153, inciso III, e § 2º, inciso I, da Consti- exercício de suas funções e na descentralização dos seus trabalhos.
tuição Federal; Art. 100-A. Os auditores, em número de três, serão nomeados
IV - aposentadoria, com proventos integrais, compulsoriamente pelo Governador do Estado, dentre os cidadãos que sejam deten-
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade ou por invalidez comprovada, tores de diploma de curso superior e que satisfaçam os requisitos
e facultativa após 30 (trinta) anos de serviço, contados na forma da exigidos para o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas, me-
lei, observada e ressalva prevista no § 1º, in fine, do artigo anterior. diante concurso público de provas e títulos, observada a ordem
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 152/15 (DOU de classificação. Acrescentado pela Lei Complementar nº 156/13
04.11.15) (DORJ 06.12.13)
Redação original: Parágrafo único. O auditor, quando não convocado para substi-
Lei Complementar nº 152/15 (DOU 04.11.15) tuir Conselheiro, presidirá à instrução dos processos que lhe forem
IV - aposentadoria, com proventos integrais, compulsoriamen- distribuídos, relatando-os com proposta de decisão a ser votada
te aos 70 (setenta) anos de idade ou por invalidez comprovada, e pelos integrantes do Plenário ou da Câmara para a qual estiver de-
facultativa após 30 (trinta) anos de serviço, contados na forma da signado.
lei, observada e ressalva prevista no § 1º, in fine, do artigo anterior. Acrescentado pela Lei Complementar nº 156/13 (DORJ
Art. 94. É vedado ao Conselheiro do Tribunal de Contas, ainda 06.12.13)
que em disponibilidade, sob pena de perda de cargo: Art. 100-B. O auditor, depois de empossado, só perderá o cargo
I - exercer outro cargo ou função pública, bem como qualquer por sentença judicial transitada em julgado.
profissão remunerada, salvo uma de magistério; Acrescentado pela Lei Complementar nº 156/13 (DORJ
06.12.13)

13
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Parágrafo único. Aplicam-se ao auditor as vedações e restrições III - somente poderá ser alterada pelos órgãos técnicos compe-
previstas nos arts. 94 e 95 desta lei. tentes, com a prévia audiência do Tribunal.
Acrescentado pela Lei Complementar nº 156/13 (DORJ
06.12.13) TÍTULO IV
CAPÍTULO ÚNICO
CAPÍTULO V DO MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CON-
DOS ÓRGÃOS AUXILIARES DO TRIBUNAL TAS

SEÇÃO I Art. 107. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas tem


DO OBJETIVO E ESTRUTURA sua composição, atribuições e competências definidas em Lei Com-
plementar, na forma do art. 118, parágrafo único, inciso V, da Cons-
Art. 101. Aos Órgãos Auxiliares incumbem a prestação de apoio tituição Estadual.
técnico e a execução dos serviços administrativos do Tribunal de
Contas. TÍTULO V
Parágrafo único. A organização, atribuições e normas de funcio- AS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
namento dos Órgãos Auxiliares são as estabelecidas em ato próprio.
Art. 102. Fica criado, diretamente subordinado à Presidência, Art. 108. Aos processos administrativos de competência do Tri-
Instituto que terá a seu cargo: bunal de Contas aplica-se subsidiariamente a legislação sobre pro-
I - a organização e a administração de cursos de treinamento e cesso administrativo e garantias processuais das partes.
de aperfeiçoamento para servidores; Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ
II - a promoção e a organização de simpósios, seminários, tra- 16.01.09).
balhos e pesquisas sobre questões relacionadas com as técnicas de Redação original:
controle da administração pública; Art. 108 - O Tribunal de Contas, em seu Regimento Interno, ou
III - a organização e administração de biblioteca e de Centro de em ato próprio, disporá sobre a formação, extinção, suspensão, or-
documentação, nacional e internacional, sobre doutrina, técnicas e dem dos processos e procedimentos processuais, bem como sobre
legislação pertinentes ao controle e questões correlatas. os prazos de tramitação, inclusive no Ministério Público junto ao
Parágrafo único. O Tribunal regulamentará em ato próprio a Tribunal, no que concerne ao controle externo.
organização, as atribuições e as normas de funcionamento do Insti- Art. 109. O Regimento Interno do Tribunal de Contas somente
tuto referido neste artigo. poderá ser aprovado e alterado pela maioria absoluta dos Conse-
lheiros.
SEÇÃO II Art. 110. As publicações editadas pelo Tribunal de Contas são
DO PESSOAL as definidas no Regimento Interno.
Art. 111. As atas das sessões do Tribunal de Contas serão publi-
Art. 103. O Tribunal de Contas disporá de Quadro próprio de cadas, sem ônus, no Diário Oficial do Estado.
Pessoal de seus Órgãos Auxiliares, em regime jurídico único. Art. 112. Os atos relativos a despesa de natureza sigilosa serão,
Art. 104. O número e os níveis dos cargos em comissão e fun- com esse caráter, examinados pelo Tribunal de Contas que poderá,
ções gratificadas, necessárias ao funcionamento dos Órgãos Au- à vista das demonstrações recebidas, ordenar a verificação in loco
xiliares, serão fixados pelo Conselho Superior de Administração, dos correspondentes documentos comprobatórios, na forma esta-
mediante transformação, transposição, alteração ou transferência belecida no Regimento Interno.
dos cargos e funções que integram seu Quadro, desde que não se Art. 113. O pedido de informação, a inspeção, a diligência ou
configure aumento da despesa global de Pessoal. investigação que envolverem atos ou despesas de natureza sigilosa
Art. 105. Os cargos em comissão e funções gratificadas inte- serão formulados e atendidos com observância desta classificação,
grantes da estrutura dos Órgãos Auxiliares serão providos, priorita- sob pena de responsabilidade de quem a violar, apurada na forma
riamente, por servidores do Quadro de Pessoal do Tribunal. da lei.
Art. 114. A título de racionalização administrativa e economia
SEÇÃO III
processual, e com o objetivo de evitar que o custo da cobrança seja
DOS ORÇAMENTOS
superior ao valor do ressarcimento, o Tribunal de Contas poderá
determinar, desde logo, o arquivamento do processo, sem cancela-
Art. 106. O Tribunal de Contas encaminhará à Assembleia Legis-
mento do débito, a cujo pagamento continuará obrigado o devedor,
lativa as propostas aprovadas pelo Plenário referentes aos projetos
para lhe ser dada quitação.
de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias e ao
Art. 115. Os recursos correspondentes às dotações orçamentá-
orçamento anual.
rias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destina-
§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercí-
cio financeiro poderá ser iniciado pelo Tribunal, sem prévia inclusão dos ao Tribunal de Contas serlhe-ão entregues até o dia 20 de cada
no plano plurianual, ou sem lei que o autorize. mês, na forma da lei complementar a que se refere o artigo 165, §
§ 2º A proposta ao projeto de lei de diretrizes orçamentárias a 9º, da Constituição Federal, ressalvadas as condições previstas no
que se refere o caput deste artigo compreenderá as metas e priori- parágrafo único do artigo 209, da Constituição do Estado.
dades do Tribunal e incluirá as despesas de capital para o exercício Art. 116. É indispensável a anuência prévia do Município, me-
subsequente. diante lei, para que o Estado possa dispor sobre a renúncia de par-
§ 3º A proposta referente ao projeto de lei orçamentária anual celas de receita pertencentes ao Município, nos termos do art. 199,
do Tribunal: da Constituição Estadual.
I - correlacionará os recursos programados para o exercício do Art. 117. O Tribunal de Contas acompanhará, na forma estabe-
controle com os recursos a serem controlados; lecida no Regimento Interno, o recebimento e aplicação de quais-
II - será fundamentada em análise de custos e na demonstração quer recursos repassados pela União ao Estado, mediante convê-
dos recursos necessários ao desempenho de suas competências; nio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres.

14
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 118. As gratificações ou parcelas financeiras a que se refere
o art. 220, inciso II, do Decreto nº 2479, de 8 de março de 1979, DECRETO-LEI Nº 220/1975
serão incorporadas aos proventos de inatividade dos servidores do
Tribunal de Contas, após 12 (doze) meses de sua percepção conse- DECRETO-LEI Nº 220 DE 18 DE JULHO DE 1975
cutiva, ou 24 (vinte e quatro) meses interpolados, pelo maior valor
percebido. Dispõe sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Po-
Art. 119. Revogado. der Executivo do Estado do Riode Janeiro.
Revogado pela Lei Complementar nº 88/97 (DORJ 24.12.97)
Redação original: O Governador do Estado do Rio de Janeiro, no uso da atribui-
Art. 119. Os servidores do Tribunal de Contas, contados mais de ção que lhe confere o § 1º do art. 3º da Lei Complementar nº 20, de
35 (trinta e cinco) anos de serviço, se homem, ou mais de 30 (trinta) 1º de julho de 1974,
anos, se mulher, serão aposentados: DECRETA
a)com o vencimento correspondente à classe ou categoria ime-
diatamente superior à que pertencer em sua Categoria Funcional; Art. 1º - Este Decreto-lei institui o regime jurídico dos funcioná-
b)com os proventos acrescidos de 20% (vinte por cento), se rios públicos civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro.
exercer cargo isolado, ou estiver posicionado na mais elevada cate- Parágrafo único - Para os efeitos deste Decreto-lei funcionário é
goria ou classe de sua Categoria Funcional. a pessoa legalmente investida em cargo público estadual do Quadro
Art. 120. Revogado. I (Permanente).
Revogado pela Lei Complementar nº 81/95 (DORJ 20.12.95)
Redação original: TÍTULO I
Art. 120. Para os servidores integrantes do seu Quadro Perma- DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO E DA VACÂNCIA (ART. 2º A
nente, os prazos estipulados no art. 21 da Lei nº 1.103, de 26 de 17)
dezembro de 1986, passa a ser de 4 (quatro) anos consecutivos ou
8 (oito) anos interpolados. Art. 2º - A nomeação para cargo de provimento efetivo depen-
Art. 121. VETADO. de de prévia habilitação em concurso público.
Art. 122. É facultativa a filiação, na qualidade de beneficiário, § 1º - O concurso objetivará avaliar:
dos destinatários do art. 6º, inciso III, do Decreto-Lei nº 99, de 13 1) conhecimento e qualificação profissionais, mediante provas
de maio de 1975, consoante o Decreto-Lei nº 193, de 14 de julho ou provas e títulos;
de 1975. 2) condições de sanidade físico-mental; e
Art. 123. O Tribunal de Contas prestará auxílio à Comissão ins- * 3) desempenho das atividades do cargo, inclusive condições
tituída pela Assembleia Legislativa para o exame analítico e pericial psicológicas, mediante estágio experimental, ressalvado o disposto
dos atos e fatos geradores do endividamento externo do Estado, no § 11 deste artigo.
nos termos do art. 36, do Ato das Disposições Constitucionais Tran- * Nova redação dada pela Lei nº 1820/1991
sitórias da Carta Estadual. § 2º - Revogado pela Lei Complementar nº 140/2011.
Art. 124. As vagas existentes e as primeiras que se verificarem § 3º - A designação prevista no parágrafo anterior observará
no Tribunal de Contas, até o número reservado ao preenchimen- a ordem de classificação nas provas e o limite das vagas a serem
to pela Assembleia Legislativa, serão providas por indicação desta; preenchidas, percebendo o estagiário retribuição correspondente
retomando-se, para a nomeação nas subseqüentes, o critério de- a 80% (oitenta por cento) do vencimento do cargo, assegurada a
terminado pela origem da vaga, fixado no art. 125, § 2º, da Consti- diferença, se nomeado afinal.
tuição Estadual. § 4º - O prazo de validade das provas será fixado nas instruções
Art. 125. Aos Conselheiros do Tribunal de Contas que, à data reguladoras do concurso, aprovadas pelo Órgão Central do Sistema
da promulgação da Constituição Estadual de 1989, preenchiam os de Pessoal Civil do Estado e poderá ser prorrogado, uma vez, por
requisitos necessários à aposentadoria com as vantagens do cargo, período não excedente a 12 (doze) meses.
não se aplica a ressalva prevista no art. 92, § 1º in fine, desta lei. § 5º - O candidato que, ao ser designado para o estágio experi-
Art. 126. O Tribunal de Contas ajustará o exame dos processos mental, for ocupante, em caráter efetivo, de cargo ou emprego em
em curso às disposições desta lei. órgão da Administração Estadual direta ou autárquica ficará dele
Art. 127. Aplicam-se aos Municípios submetidos à competência afastado com a perda do vencimento ou salário e vantagens, obser-
do Tribunal de Contas do Estado as disposições desta Lei Comple- vado o disposto no inciso IV do art. 20 e ressalvado o salário-família,
mentar. continuando filiado à mesma instituição de previdência, sem altera-
Nova redação dada pela Lei Complementar nº 124/09 (DORJ ção da base de contribuição.
16.01.09). § 6º - O candidato não aprovado no estágio experimental será
Redação original: considerado inabilitado no concurso e voltará automaticamente ao
Art. 127 - Aplicam-se aos Municípios, exceto ao da Capital, no cargo ou emprego de que se tenha afastado, na hipótese do pará-
que couber, as disposições desta lei, até que seja instalado o Con- grafo anterior.
selho Estadual de Contas dos Municípios previsto na Constituição § 7º - O candidato aprovado permanecerá na situação de es-
Estadual. tagiário até a data da publicação do ato de nomeação, considerada
Art. 128. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação. a mesma data, para, todos os efeitos, início do exercício do cargo
Art. 129. Revogam-se as disposições em contrário, em espe- ressalvado o disposto no parágrafo terceiro antecedente e no artigo
cial, a Lei Complementar nº 21, de 4 de dezembro de 1981. seguinte.
§ 8º - As atribuições inerentes ao cargo servirão de base para o
Rio de Janeiro, 1º de agosto de 1990. estabelecimento dos requisitos a serem exigidos para inscrição no
W. MOREIRA FRANCO Governador concurso, inclusive a limitação da idade, que não poderá ser inferior
a 18 (dezoito) nem superior a 45 (quarenta e cinco) anos.

15
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 9º - Não ficará sujeito ao limite máximo de idade o servidor § 2º - A prova dos requisitos a que se referem os itens 1 e 3 do §
de órgão da administração pública, direta ou indireta. 10 do art.2º e 3 e 4 do parágrafo anterior não será exigida nos casos
§ 10 - Além dos requisitos de que trata o § 8º deste artigo, são de reintegração e aproveitamento.
exigíveis para inscrição em concurso público: § 3º - A critério da administração, ocorrendo motivo relevante,
1) nacionalidade brasileira; o prazo para o exercício poderá ser prorrogado.
2) pleno gozo dos direitos políticos; § 4º - Será tornada sem efeito a nomeação se o exercício não se
3) quitação das obrigações militares. verificar no prazo estabelecido.
* § 11 A norma contida no item 3 do § 1º deste artigo não se Art. 9º - O funcionário que deva entrar em exercício em nova
aplica ao candidato habilitado nas provas para o preenchimento de sede terá, para esse efeito, prazo de 5 (cinco) dias, contados da data
cargo de professor ou de cargos destinados ao pessoal de apoio ao da publicação do ato que o determinar.
magistério. Art. 10 - A investidura em cargo em comissão ocorrerá com a
* Nova redação dada pela Lei nº 2289/1994. posse, da qual se lavrará termo incluindo o compromisso de fiel
Art. 3º - O funcionário nomeado na forma do artigo anterior cumprimento dos deveres da função pública.
adquirirá estabilidade após 2 (dois) anos de efetivo exercício, com- § 1º - O termo de posse consignará a apresentação de declara-
putando-se, para esse efeito, o período de estágio experimental em ção de bens.
que tenha sido aprovado. § 2º - A competência para dar posse será a indicada em legis-
Parágrafo único - O funcionário que se desvincular de um cargo lação específica.
público do Estado do Rio de Janeiro ou de suas autarquias para in- § 3º - Quando a investidura de que trata este artigo recair em
vestir-se em outro conservará a estabilidade já adquirida. pessoas estranhas ao serviço público, será exigida a comprovação
Art. 4º - O funcionário estável poderá ser transferido da admi- dos requisitos a que se referem os itens 1 a 3 do § 10 do art. 2º e 1,
nistração direta para a autárquica e reciprocamente, ou de um para 2, 4, 6 e 7 do § 1º do art. 8º.
outro Quadro de mesma entidade, desde que para cargo de retri- Art. 11 - Considerar-se-á em efetivo exercício o funcionário
buição equivalente, atendida a habilitação profissional; ou removi- afastado por motivo de:
do de uma Unidade Administrativa para outra do mesmo órgão ou I - férias;
entidade, desde que haja claro na lotação. II - casamento e luto, até 8 (oito) dias;
Art. 5º - Invalidada a demissão do funcionário, será ele reinte- III - desempenho de cargo ou função de confiança na adminis-
grado e ressarcido. tração pública federal, estadual ou municipal;
§ 1º - Far-se-á a reintegração no cargo anteriormente ocupado; IV - o estágio experimental;
se alterado, no resultante da alteração; se extinto, noutro de venci- V - licença-prêmio, licença à gestante, acidente em serviço ou
mento equivalente, atendida a habilitação profissional. doença profissional;
§ 2º - Não ocorrendo qualquer das hipóteses previstas no pa- VI - licença para tratamento de saúde;
rágrafo anterior, restabelecer-se-á o cargo anteriormente exercido, VII - doença de notificação compulsória;
que ficará como excedente, e nele se fará a reintegração. VIII - missão oficial;
§ 3º - A reintegração ocorrerá, sempre, no sistema de classifica- IX - estudo no exterior ou em qualquer parte do território na-
ção a que pertencia o funcionário. cional desde que de interesse para a Administração e não ultrapas-
§ 4º - Reintegrado o funcionário, aquele que não ocuparia car- se o prazo de 12 (doze) meses;
go de igual classe se não tivesse ocorrido o ato de demissão objeto * X - prestação de prova ou exame em concurso público.
da medida será exonerado ou reconduzido ao cargo anterior, sem * Nova redação dada pela Lei Complementar nº 110/2005.
direito a qualquer ressarcimento, se não estável; caso contrário, XI - recolhimento à prisão, se absolvido afinal;
será ele provido em vaga existente ou permanecerá como exceden- XII - suspensão preventiva, se inocentado afinal;
te até a ocorrência da vaga. XIII - convocação para serviço militar, júri e outros serviços obri-
Art. 6º - O funcionário em disponibilidade poderá ser aprovei- gatórios por lei; e
tado em cargo de natureza e vencimento compatíveis com os do XIV - trânsito para ter exercício em nova sede.
anteriormente ocupado. * § 1º - As faltas do servidor por motivo de doença, inclusive
Art. 7º - O funcionário estável fisicamente incapacitado para em pessoa da família, até o máximo de 03 (três) dias durante o mês,
o pleno exercício do cargo poderá ser ajustado em outro de venci- serão abonadas mediante a apresentação de atestado ou laudo mé-
mento equivalente e compatível com suas aptidões e qualificações dico expedido pelo órgão médico oficial competente do Estado ou
profissionais. por outros aos quais ele transferir ou delegar atribuições. (AC)
Art. 8º - A investidura em cargo de provimento efetivo ocorrerá * Acrescido pela Lei Complementar nº 110/2005.
com o exercício, que, nos casos de nomeação, reintegração, trans- * § 2º - Admitir-se-á, na hipótese de inexistência de órgão mé-
ferência e aproveitamento, se iniciará no prazo de 30 (trinta) dias, dico oficial do Estado na localidade, atestado expedido por órgão
contado da publicação do ato de provimento. médico de outra entidade pública, dentre estes os Hospitais do IA-
§ 1º - São requisitos essenciais para essa investidura, verificada SERJ, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. (AC)
a subsistência dos previstos no § 10 do art. 2º, os seguintes: * Acrescido pela Lei Complementar nº 110/2005.
1) habilitação em exame de sanidade e capacidade física reali- Art. 12 - O afastamento para o exterior, exceto em gozo de
zada exclusivamente por órgão oficial do Estado; férias ou licença, dependerá, salvo delegação de competência, de
2) declaração de bens; prévia autorização do Governador do Estado.
3) habilitação em concurso público; Art. 13 - O afastamento do funcionário de sua unidade adminis-
4) bons antecedentes; trativa dar-se-á somente para desempenho de cargo ou função de
5) prestação de fiança, quando a natureza da função o exigir; confiança e com ônus para a unidade requisitante.
6) declaração sobre se detém outro cargo, função ou emprego, * Art. 14 - O cargo ou função de confiança poderá ser exercido,
ou se percebe proventos de inatividade; e eventualmente, em substituição. hipótese em que a investidura in-
7) inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF). dependerá da posse.

16
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 1º - Ressalvada a hipótese prevista em regulamento, a subs- * VIII - sem vencimentos, para trato de interesses particulares.
tituição será gratuita, salvo quando o afastamento exceder de 30 * Acrescentado pela Lei nº 490/1981.
(trinta) dias. IX Sem vencimento, pelo prazo de cinco anos, prorrogável uma
§ 2º - A substituição não poderá recair em possa estranha ao única vez, ao servidor da área da saúde, que for contratado por em-
serviço público. presa ou aderir a cooperativa que administre hospitais públicos ter-
* Nova Redação alterada pela Lei nº 214/1978 ceirizados, nos termos fixados em Lei, sendo-lhe garantida a conta-
* Art. 15 - Dar-se-á a vacância do cargo ou função na data do gem de tempo de serviço para fins de aposentadoria, se obedecido
fato ou da publicação do ato que implique desinvestidura. o que prevê o § 5º deste artigo.
Parágrafo único - Na vacância do cargo ou função, e até o seu § 1º - No caso de inciso V, existindo, na localidade, unidade
provimento, poderá ser designado, pela autoridade imediatamente administrativa onde haja claro na lotação ou vaga, processar-se-á a
superior, responsável pelo expediente, aplicando-se à hipótese o movimentação cabível.
disposto no art. 14. § 2º - Suspender-se-á, até o limite de 90 (noventa) dias, em
* Nova Redação alterada pela Lei nº 214/1978. cada caso, a contagem de tempo de serviço para efeito de Licença-
Art. 16 - A exoneração ou dispensa, ocorrerá: -Prêmio, durante as licenças:
I - a pedido; e 1) para tratamento de saúde;
II - ex-officio. 2) por motivo de doença em pessoa da família; e
Parágrafo único - Aplicar-se-á a exoneração ou dispensa ex-of- 3) por motivo de afastamento do cônjuge.
ficio: § 3º - Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008.
1) no caso de exercício de cargo ou função de confiança; § 4º - expirado o prazo da licença a que se refere o inciso IX
2) no caso de abandono de cargo, quando extinta a punibilida- deste artigo, o servidor deverá retornar imediatamente ao serviço
de por prescrição e o funcionário não houver requerido a exonera- público.
ção; e § 5º - Durante o período de licença a que se refere o inciso IX
3) na hipótese prevista no art. 5º, § 4º. deste artigo o servidor deverá continuar contribuindo para o Insti-
Art. 17 - Declarar-se-á a perda do cargo: tuto de Previdência do Estado do Rio de Janeiro IPERJ, com base no
I - nas hipóteses previstas na legislação penal; e valor da última remuneração recebida dos cofres públicos, corrigida
II - nos demais casos especificados em lei. no tempo em função e pelos mesmos percentuais dos reajustes ge-
rais e da categoria.
TÍTULO II § 6º - A extinção, por qualquer motivo, do contrato de traba-
DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS (ART. 18 A 32) lho do servidor licenciado na forma do inciso IX deste artigo com a
sociedade prestadora de serviços hospitalares terceirizados, ou seu
Art. 18 - O funcionário gozará, por ano de exercício, 30 (trinta) desligamento da cooperativa a esse fim direcionada, importará em
dias consecutivos de férias, que somente poderão ser acumuladas imediata suspensão da licença sem vencimento, obrigando o ser-
até o máximo de 2 (dois) períodos, em face de imperiosa necessi- vidor a retornar ao serviço público ou a converter sua licença para
dade do serviço. uma das outras modalidades previstas neste Decreto-Lei.
Nota: O Decreto-Lei Nº 363, de 04 de outubro de 1977, uni- § 7º - Na hipótese do parágrafo anterior, as cooperativas e as
formiza a concessão de férias nos quadros I e III e dá outras provi- empresas de serviços hospitalares terceirizados deverão comunicar
dências. à Secretaria de Estado de Saúde, no dia útil imediatamente poste-
§ 1º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. rior, a extinção do contrato de trabalho ou o desligamento do coo-
§ 2º - Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008. perado que se encontrar licenciado do serviço público.
Art. 19 - Conceder-se-á licença: * § 8º - No caso do inciso III, a licença à gestante de recém-nas-
I - para tratamento de saúde, com vencimento e vantagens, cidos pré-termo será acrescida do número de semanas equivalen-
pelo prazo máximo de 24 (vinte e quatro) meses; te à diferença entre o nascimento a termo – 37 semanas de idade
II - por motivo de doença em pessoa da família, com vencimen- gestacional – e a idade gestacional do recém-nascido, devidamente
to e vantagens integrais nos primeiros 12 (doze) meses; e, com dois comprovada.
terços, por outros 12 (doze) meses, no máximo; * Acrescentado pela Lei nº 3862, de 17/06/2002
* III – à gestante, com vencimentos e vantagens, pelo prazo de * §9º A servidora pública em gozo da licença maternidade e
seis meses, prorrogável, no caso de aleitamento materno, por no ou aleitamento materno será concedida, imediatamente após o
mínimo trinta e no máximo noventa dias, mediante a apresentação término das mesmas, licença prêmio a que tiver direito, mediante
de laudo médico circunstanciado emitido pelo serviço de perícia requerimento da servidora.
médica oficial do Estado, podendo retroagir sua prorrogação até 15 * Acrescentado pela Lei COMPLEMENTAR Nº 128, DE 26 DE JU-
(quinze) dias, a partir da data do referido laudo. (NR) NHO DE 2009.
* Nova redação dada pela Lei COMPLEMENTAR Nº 128, DE 26 Art. 20 - O funcionário deixará de receber vencimentos e van-
DE JUNHO DE 2009. tagens, exceto gratificação adicional por tempo de serviço, quando
IV - para serviço militar, na forma da legislação específica; se afastar do exercício do cargo:
V - sem vencimento, para acompanhar o cônjuge eleito para I - para prestar serviço à União, a outro Estado, a Município, à
o Congresso Nacional ou mandado servir em outras localidades se Sociedade de Economia Mista, à Empresa Pública, à Fundação ou
militar, servidor público ou com vínculo empregatício em empresa à Organização Internacional, salvo quando, a juizo do Governador,
estadual ou particular; reconhecido o afastamento como de interesse do Estado;
* Nova redação dada pela Lei nº 800/1984. II - em decorrência de prisão administrativa, salvo se inocen-
VI - a título de prêmio, pelo prazo de 3 (três) meses; com ven- tado afinal;
cimento e vantagens do cargo efetivo, depois de cada quinquênio III - para exercer cargo ou função de confiança, ressalvado o
ininterrupto de efetivo exercício no serviço público estadual ou au- direito de opção legal; e
tárquico do Estado do Rio de Janeiro; IV - para estágio experimental.
VII - sem vencimento, para desempenho de mandato eletivo. Art. 21 - O funcionário deixará de receber:

17
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I - um terço do vencimento e vantagens, durante o afastamento prêmio não gozadas e, para os servidores que apurem, nos termos
por motivo de suspensão preventiva ou recolhimento à prisão por do art. 76 § § 1º e 2º do mencionado Decreto nº 2479/79, tempo
ordem judicial não decorrente de condenação definitiva, ressalvado de serviço não inferior a 20 (vinte) anos, o de exercício de cargo em
o direito à diferença, se absolvido afinal; comissão na Administração Direta do Estado.*
* I – um terço do vencimento e vantagens, durante o recolhi- * Inciso acrescentado pela Lei nº 1713/1990, e suprimido pelo
mento à prisão por ordem judicial não decorrente de condenação art. 10 da Lei nº 1820/1991.)
definitiva, ressalvado o direito à diferença se absolvido afinal. * AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE Nr.404 - Em
* Nova redação dada pela Lei Complementar nº 96/2001. 01/04/2004 - JULGAMENTO DO PLENO DO STF - PROCEDENTE - De-
II - dois terços do vencimento e vantagens, durante o cumpri- cisão: O Tribunal, por unanimidade, julgou procedente o pedido e
mento, sem perda do cargo, de pena privativa de liberdade; e declarou a inconstitucionalidade de parte do artigo 3º - “e, para os
III - o vencimento e vantagens do dia em que não comparecer servidores que apurem, nos termos do art. 76 § § 1º e 2º do mencio-
ao serviço, salvo por motivo de força maior devidamente compro- nado Decreto nº 2479/79, tempo de serviço não inferior a 20 (vinte)
vado. anos, o de exercício de cargo em comissão na Administração Direta
do Estado.” - e da totalidade do artigo 4º da Lei nº 1713/1990.
* Parágrafo único – Na hipótese do artigo 59 o recebimento STF - Aposentadoria: Fixação de Tempo Ficto
do vencimento e vantagens será proporcional ao tempo de servi- Iniciado o julgamento do mérito do pedido formulado em ação
ço, ressalvado o direito à diferença em caso de arquivamento do direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Partido Democrático
inquérito. Trabalhista – PDT contra a parte final do art. 3º e o art. 4º da Lei
* Incluído pela Lei Complementar nº 96/2001. 1.713/90, do Estado do Rio de Janeiro, que prevêem a contagem em
Art. 22 - As reposições e indenizações à Fazenda Pública far-se- dobro do tempo de exercício em cargos de comissão na Adminis-
-ão em parcelas mensais não excedentes à décima parte do ven- tração direta do mencionado Estado, para fins de aposentadoria. O
cimento, exceto na ocorrência de má fé, hipótese em que não se Min. Carlos Velloso, relator, entendendo que os dispositivos impug-
admitirá parcelamento. nados, ao reduzirem indiretamente o tempo fixado na Constituição
Parágrafo único - Será dispensada a reposição nos casos em para a aposentadoria, estabelecendo tempo ficto, ofenderiam o dis-
que a percepção indevida tiver ocorrido de entendimento expres- posto no art. 40, §§ 4º e 10 da CF, proferiu voto no sentido de julgar
samente aprovado pelo Órgão Central do Sistema de Pessoal Civil procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade da parte
ou pela Procuradoria Geral do Estado. final do art. 3º, e da totalidade do art. 4º da Lei 1.713/90, no que foi
Art. 23 - O vencimento e as vantagens pecuniárias do funcioná- acompanhado pelo Min. Joaquim Barbosa. Após,o julgamento foi
rio não serão objeto de penhora, salvo quando se tratar: adiado em virtude do pedido de vista do Min. Carlos Britto.
I - de prestação de alimentos; e ADI 404-RJ, rel. Min. Carlos Velloso, 9.10.2003. (ADI-404)
II - de dívida para com a Fazenda Pública. § 1º - O tempo de serviço a que se referem os incisos I e II deste
Art. 24 - O Poder Executivo disciplinará a concessão de: artigo será, também, computado para concessão de adicional por
I - ajuda de custo e transporte ao funcionário mandado servir tempo de serviço.
em nova sede; § 2º - O tempo de serviço computar-se-á somente uma vez para
II - diárias ao funcionário que, em objeto de serviço, se deslocar cada efeito, vedada a acumulação daquele prestado concomitante-
eventualmente da sede; mente.
III - indenização de representação de gabinete; § 3º - A prestação de serviço gratuito será excepcional e somen-
IV - prêmio por sugestões que visem ao aumento de produtivi- te surtirá efeito honorífico.
dade e à redução de custos operacionais da Administração; Art. 30 - Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008.
V - gratificação pela participação em órgão de deliberação co- Art. 31 - É assegurado aos funcionários o direito de requerer
letiva; ou representar.
VI - gratificação pelo encargo de auxiliar ou membro de banca Parágrafo único - O recurso não tem efeito suspensivo; seu pro-
ou de comissão examinadora de concurso, ou pela atividade tem- vimento retroagirá à data do ato impugnado.
porária de auxiliar ou professor de curso oficialmente instituído; e Art. 32 - O direito de requerer prescreverá:
VII - adicional por tempo de serviço. I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão, de cassação
* VIII - gratificação de encargos especiais. de aposentadoria ou de disponibilidade e quanto às questões que
* Inciso acrescentado pelo art. 34 da Lei nº 720/1981. envolvam direitos patrimoniais;
Art. 25 - Extinto o cargo ou declarada sua desnecessidade, o II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, ressalvados
funcionário estável será posto em disponibilidade, com proventos os previstos em leis especiais.
proporcionais ao tempo de serviço. § 1º - O prazo de prescrição contar-se-á da data da ciência do
Artigo 26 - Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008. interessado, a qual se presumirá da publicação do ato.
Artigo 27 - Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008. § 2º - Não correrá a prescrição enquanto o processo estiver em
Art. 28 - Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008. estudo.
* Art. 29. Para efeito de aposentadoria, observado o limite § 3º - O recurso interrompe a prescrição até duas vezes.
temporal estabelecido no art. 4º da Emenda Constitucional n.º 20,
de 15 de dezembro de 1998, e de disponibilidade, será computa- TÍTULO III
do:(NR) DA PREVIDÊNCIA E DA ASSISTÊNCIA (ART. 33)
* Nova redação dada pela Lei Complementar nº 121/2008.
I - o tempo de serviço público civil federal, estadual, ou munici- Art. 33 - O Poder Executivo disciplinará a previdência e a assis-
pal, na administração direta ou indireta; tência ao funcionário e à sua família, compreendendo:
II - o tempo de serviço militar; e I - salário-família;
III - o tempo de disponibilidade. II - auxílio-doença;
* IV - em dobro, inclusive para os efeitos do art. 224 do Decreto III - assistência médica, farmacêutica, dentária e hospitalar;
nº 2479, de 8 de março de 1979, os períodos de férias e de licença IV - financiamento imobiliário;

18
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
V - auxílio-moradia; CAPÍTULO II
VI - auxílio para a educação dos dependentes; DOS DEVERES (ART. 39)
VII - tratamento por acidente em serviço, doença profissional
ou internação compulsória para tratamento psiquiátrico; Art. 39 - São deveres do funcionário:
VIII - auxílio-funeral, com base no vencimento, remuneração ou I - assiduidade;
provento; II - pontualidade;
IX - pensão em caso de morte por acidente em serviço ou doen- III - urbanidade;
ça profissional; IV - discrição;
X - plano de seguro compulsório para complementação de pro- V - boa conduta;
ventos e pensões. VI - lealdade e respeito às instituições constitucionais e admi-
Parágrafo único - A família do funcionário constitui-se dos de- nistrativas a que servir;
pendentes que, necessária e comprovadamente, vivam a suas ex- VII - observância das normas legais e regulamentares;
pensas. VIII - obediência às ordens superiores, exceto quando manifes-
tamente ilegais;
TÍTULO IV IX - levar ao conhecimento de autoridade superior irregularida-
DA ACUMULAÇÃO (ART. 34 A 37) des de que tiver ciência em razão do cargo ou função;
X - zelar pela economia e conservação do material que lhe for
Art. 34 - É vedada a acumulação remunerada de cargos e fun- confiado;
ções públicos, exceto o de: XI - providenciar para que esteja sempre em ordem, no assen-
I - um cargo de juiz com outro de professor; tamento individual, sua declaração de família;
II - dois cargos de professor; XII - atender prontamente às requisições para defesa da Fazen-
III - um cargo de professor com outro técnico ou científico; ou da Pública e à expedição de certidões para defesa de direito;
IV - dois cargos privativos de médico. XIII - guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de na-
§ 1º - Em qualquer dos casos, a acumulação somente será per- tureza reservada de que tenha conhecimento em razão do cargo
mitida quando houver correlação de matérias e compatibilidade de ou função;
horários. XIV - submeter-se à inspeção médica determinada por autori-
§ 2º - O regime de acumulação abrange cargos funções e em- dade competente, salvo justa causa.
pregos da União, dos Territórios, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, bem como das Autarquias, das Sociedades de Eco- CAPÍTULO III
nomia Mista e das Empresas Públicas. DAS PROIBIÇÕES (ART.40)
§ 3º - Não se compreende na proibição de acumular, nem está
sujeita a quaisquer limites, a percepção: Art. 40 - Ao funcionário é proibido:
1) conjunta, de pensões civis ou militares; I - referir-se de modo depreciativo, em informação, parecer ou
2) de pensões com vencimento, remuneração ou salário; despacho, às autoridades e atos da Administração Pública, ou cen-
3) de pensões com proventos de disponibilidade, aposentado- surá-los, pela imprensa ou qualquer outro órgão de divulgação pú-
ria, jubilação ou reforma; blica, podendo, porém, em trabalho assinado, criticá-los, do ponto
4) de proventos resultantes de cargos legalmente acumuláveis; e de vista doutrinário ou da organização do serviço;
5) de proventos com vencimento ou remuneração, nos casos II - retirar, modificar ou substituir livro ou documento de órgão
de acumulação legal. estadual, com o fim de criar direito ou obrigação, ou de alterar a
* Art. 35 - o funcionário não poderá participar de mais de um verdade dos fatos, bem como apresentar documento falso com a
órgão de deliberação coletiva, com direito a remuneração, nem mesma finalidade;
exercer mais de uma função gratificada.” III - valer-se do cargo ou função para lograr proveito pessoal em
* Nova redação dada pela Lei nº 252/1979 detrimento da dignidade da função pública;
Art. 36 - Poderá o aposentado, sem prejuízo dos proventos, de- IV - coagir ou aliciar subordinados com objetivo de natureza
sempenhar mandato eletivo, exercer cargo ou função de confiança partidária;
ou ser contratado para prestar serviços técnicos ou especializados, V - participar de diretoria, gerência, administração, conselho
bem como participar de órgão de deliberação coletiva. técnico ou administrativo, de empresa ou sociedade:
Art. 37 - Considerada ilegítima, pelo órgão competente, acu- 1) contratante, permissionária ou concessionária de serviço
mulação informada, oportunamente, pelo funcionário, será este público;
obrigado a optar por um dos cargos. 2) fornecedora de equipamento ou material de qualquer natu-
Parágrafo único - O funcionário que não houver informado, reza ou espécie, a qualquer órgão estadual;
oportunamente, acumulação considerada ilegítima quando conhe- 3) de consultoria técnica que execute projetos e estudos, inclu-
cida pela Administração, sujeitar- se-á a inquérito administrativo, sive de viabilidade, para órgãos públicos.
após o qual, se apurada má fé, perderá os cargos envolvidos na si- VI - praticar a usura, em qualquer de suas formas, no âmbito
tuação cumulativa ou sofrerá a cassação da aposentadoria ou dis- do serviço público;
ponibilidade, obrigando-se, ainda, a restituir o que tiver percebido VII - pleitear, como procurador ou intermediário, junto aos ór-
indevidamente. gãos estaduais, salvo quando se tratar de percepção de vencimen-
to, remuneração, provento ou vantagem de parente, consangüíneo
CAPÍTULO I ou afim, até o segundo grau civil;
INFRAÇÃO DISCIPLINAR (ART. 38) VIII - exigir, solicitar ou receber propinas, comissões, presentes
ou vantagens de qualquer espécie em razão do cargo ou função, ou
Art. 38 - Constitui infração disciplinar toda ação ou omissão do aceitar promessa de tais vantagens;
funcionário capaz de comprometer a dignidade e o decoro da fun- IX - revelar fato ou informação de natureza sigilosa, de que te-
ção pública, ferir a disciplina e a hierarquia, prejudicar a eficiência nha ciência em razão do cargo ou função, salvo quando se tratar de
do serviço ou causar dano à Administração Pública. depoimento em processo judicial, policial ou administrativo;

19
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
X - cometer a pessoa estranha ao serviço do Estado, salvo nos Art. 49 - A pena de repreensão será aplicada por escrito em
casos previstos em lei, o desempenho de encargo que lhe competir casos de desobediência ou falta de cumprimento dos deveres, bem
ou a seus subordinados; como de reincidência específica em transgressão punível com pena
XI - dedicar-se, nos locais e horas de trabalho, a palestras, lei- de advertência.
turas ou quaisquer outras atividades estranhas ao serviço, inclusive Art. 50 - A pena de suspensão será aplicada em casos de:
ao trato de interesses de natureza particular; I - falta grave;
XII - deixar de comparecer ao trabalho sem causa justificada; II - desrespeito a proibições que, pela sua natureza, não ense-
XIII - empregar material ou quaisquer bens do Estado em ser- jarem pena de demissão;
viço particular; III - reincidência em falta já punida com repreensão.
XIV - retirar objetos de órgãos estaduais, salvo quando autori- § 1º - A pena de suspensão não poderá exceder a 180 (cento e
zado por escrito pela autoridade competente; oitenta) dias.
XV - fazer cobranças ou despesas em desacordo com o estabe- § 2º - O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e di-
lecido na legislação fiscal e financeira; reitos decorrentes do exercício do cargo.
XVI - deixar de prestar declaração em inquérito administrativo, § 3º - Quando houver conveniência para o serviço, a pena de
quando regularmente intimado; suspensão, por inciativa do chefe imediato do funcionário, poderá
XVII - exercer cargo ou função pública antes de atendido os re- ser convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por
quisitos legais, ou continuar a exercê-los sabendo-o indevidamente. dia de vencimento ou remuneração, obrigado, nesse caso, o fun-
cionário a permanecer no serviço durante o número de horas de
CAPÍTULO IV trabalho normal.
DA RESPONSABILIDADE (ART. 41 A 45) Art. 51 - A destituição de função dar-se-á quando verificada fal-
ta de exação no cumprimento do dever.
Art. 41 - Pelo exercício irregular de suas atribuições, o funcioná- Art. 52 - A pena de demissão será aplicada nos casos de:
rio responde civil, penal e administrativamente. I - falta relacionada no art. 40, quando de natureza grave, a
Art. 42 - A responsabilidade civil decorre de procedimento do- juízo da autoridade competente, e se comprovada má fé;
loso ou culposo que importe em prejuízo da Fazenda Estadual ou II - incontinência pública e escandalosa; prática de jogos proi-
de terceiros. bidos;
§ 1º - Ressalvado o disposto no art. 22, o prejuízo causado à Fa- III - embriaguez habitual ou em serviço;
zenda Estadual no que exceder os limites da fiança, poderá ser res- IV - ofensa física em serviço, contra funcionário ou particular,
sarcido mediante desconto em prestações mensais não excedentes salvo em legítima defesa;
da décima parte do vencimento ou remuneração à falta de outros V - abandono de cargo;
bens que respondam pela indenização. * VI - ausência ao serviço, sem causa justificada, por (vinte)
§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o dias, interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses;
funcionário perante a Fazenda Estadual em ação regressiva propos- * Nova redação dada pela Lei Complementar nº 85/1996
ta depois de transitar em julgado a decisão de última instância que VII - insubordinação grave em serviço;
houver condenado a Fazenda a indenizar o terceiro prejudicado. VIII - ineficiência comprovada, com caráter de habitualidade,
Art. 43 - A responsabilidade penal abrange os crimes e contra- no desempenho dos encargos de sua competência;
venções imputados ao funcionário nessa qualidade. IX - desídia no cumprimento dos deveres.
Art. 44 - A responsabilidade administrativa resulta de atos pra- * § 1º - Para fins exclusivamente disciplinares, considera-se
ticados ou omissões ocorridas no desempenho do cargo ou função, como abandono de cargo a que se refere o inciso V deste artigo, a
ou fora dele, quando comprometedores da dignidade e do decoro ausência ao serviço, sem justa causa, por 10 (dez) dias consecutivos.
da função pública. * Nova redação dada pela Lei Complementar nº 85/1996
Art. 45 - As cominações civis, penais e disciplinares poderão § 2º - Entender-se-á por ausência ao serviço com justa causa a
cumular-se, sendo umas e outras independentes entre si, bem as- que assim for considerada após a devida comprovação em inquérito
sim as instâncias civil, penal e administrativa. administrativo, caso em que as faltas serão justificadas apenas para
fins disciplinares.
CAPÍTULO V Art. 53 - O ato de demissão mencionará sempre a causa da pe-
DAS PENALIDADES (ART. 46 A 57) nalidade.
Art. 54 - Conforme a gravidade da falta, a demissão poderá ser
Art. 46 - São penas disciplinares: aplicada com a nota a bem do serviço público.
I - advertência; Art. 55 - A pena de cassação de aposentadoria ou de disponibi-
II - repreensão; lidade será aplicada se ficar provado, em inquérito administrativo,
III - suspensão; que o aposentado ou disponível:
IV - multa; I - praticou, quando ainda no exercício do cargo, falta suscetível
V - destituição de função; de determinar demissão;
VI - demissão; II - aceitou, ilegalmente, cargo ou função pública, provada a má
VII - cassação de aposentadoria, jubilação ou disponibilidade. fé;
Art. 47 - Na aplicação das penas disciplinares serão considera- III - perdeu a nacionalidade brasileira.
das a natureza e a gravidade da infração, os danos que dela provie- Parágrafo único - Será cassada a disponibilidade ao funcionário
rem para o serviço público e os antecedentes funcionais do servidor. que não assumir, no prazo legal, o exercício do cargo ou função em
Parágrafo único - As penas impostas ao funcionário serão regis- que for aproveitado.
tradas em seus assentamentos. Art. 56 - São competentes para aplicação de penas disciplina-
Art. 48 - A pena de advertência será aplicada verbalmente em res:
casos de negligência e comunicada ao órgão de pessoal. I - o Governador, em qualquer caso e, privativamente, nos ca-
sos de demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade;

20
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
II - os Secretários de Estado e demais titulares de órgãos direta- 2 - Tiver ocorrido prisão em flagrante; e
mente subordinados ao Governador em todos os casos, exceto nos 3 - For apurar abandono de cargo ou função.
de competência privativa do Governador; * Nova redação dada pela Lei nº 2945, de 15/05/1998
III - os dirigentes de unidades administrativas em geral, nos ca- Art. 62 - A apuração sumária, por meio de sindicância não fi-
sos de penas de advertência, repreensão, suspensão até 30 (trinta) cará adstrita ao rito determinado para o inquérito administrativo,
dias e multa correspondente. constituindo simples averiguação, que poderá ser realizada por um
§ 1º - A aplicação da pena de destituição de função caberá à único funcionário.
autoridade que houver feito a designação do funcionário. Art. 63 - Se no curso da apuração sumária ficar evidenciada fal-
§ 2º - Nos casos dos incisos II e III, sempre que a pena decorrer ta punível com pena superior à advertência, repreensão, suspensão
de inquérito administrativo, a competência para decidir e para apli- até 30 (trinta) dias ou multa correspondente, o responsável pela
cá-la é do Secretário de Estado de Administração. apuração comunicará o fato ao superior imediato, que solicitará,
Art. 57 - Prescreverá: pelos canais competentes, a instauração do inquérito administra-
I - em 2 (dois) anos, a falta sujeita às penas de advertência, tivo.
repreensão, multa ou suspensão;
II - em 5 (cinco) anos, a falta sujeita: CAPÍTULO VIII
1) à pena de demissão ou destituição de função; DO INQUÉRITO ADMINISTRATIVO (ART. 64 A 76)
2) à cassação da aposentadoria ou disponibilidade.
§ 1º - A falta também prevista como crime na lei penal prescre- Art. 64 - O inquérito administrativo precederá sempre à aplica-
verá juntamente com este. ção das penas de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, destituição
§ 2º - O curso da prescrição começa a fluir da data do evento de função, demissão e cassação de aposentadoria ou disponibili-
punível disciplinarmente e interrompe-se pela abertura de inquéri- dade.
to administrativo. Art. 65 - A determinação de instauração de inquérito é da com-
petência do Secretário de Estado de Administração, inclusive em
CAPÍTULO VI relação a servidores autárquicos.
DA SUSPENSÃO PREVENTIVA* * Parágrafo único - Mesmo que seja outra a autoria de seu ór-
* NOVA REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR Nº gão competente para a apuração, por meios sumários, sindicância
96/2001 ou mediante inquérito administrativo, de grave irregularidade de
que tenha ciência no Serviço Público (artigo 40 e 52) e secretário
* Art. 58 e §§ - revogados pela Lei Complementar nº 96/2001. de Estado de administração será sempre competente para deter-
Art. 59 - A suspensão preventiva até 30 (trinta) dias será orde- minar, de imediato, a instauração de inquérito, inclusive em rela-
nada pelas autoridades mencionadas no art. 56, desde que o afas- ção a servidores autárquicos, quando chega a seu conhecimento,
tamento do funcionário seja necessário para que este não venha a independentemente de qualquer comunicação, a ocorrência de ir-
influir na apuração da falta. regularidade, inobservância de deveres ou infrações de proibições
§ 1º - A suspensão de que trata este artigo poderá ser ordena- funcionais, em quaisquer área do Poder Executivo Estadual.
da, a qualquer tempo, no curso inquérito administrativo pela auto- * Parágrafo único, acrescentado pela Lei nº 386/1980
ridade competente para instaurá-lo e estendida até 90 (noventa) Art. 66 - Promoverá o inquérito uma das Comissões Permanen-
dias. tes de Inquérito Administrativo da Secretaria de Estado de Admi-
* Nova redação dada pela Lei Complementar nº 96/2001. nistração.
* § 2º revogado pela Lei Complementar nº 96/2001. Art. 67 - Se, de imediato ou no curso do inquérito administra-
* § 3º - O funcionário que responder por malversação, alcance tivo, ficar evidenciado que a irregularidade envolve crime, a auto-
de dinheiro público ou infração de que possa resultar a pena de de- ridade instauradora ou o Presidente da Comissão a comunicará ao
missão, poderá permanecer suspenso preventivamente, a critério Ministério Público.
da autoridade que determinar a abertura do respectivo inquérito, Parágrafo único - Quando a autoridade policial tiver conheci-
até decisão final do processo administrativo. mento de crime praticado por funcionário público com violação de
* Nova redação dada pela Lei Complementar nº 96/2001. dever inerente ao cargo, ou com abuso de poder, fará comunicação
* § 4º - Os policiais civis, suspensos preventivamente, terão a do fato à autoridade administrativa competente para a instauração
arma, o distintivo, a carteira funcional ou qualquer outro bem pa- do inquérito cabível.
trimonial, que mantenham mediante cautela, devidamente recolhi- Art. 68 - O inquérito deverá estar concluído no prazo de 90 (no-
dos, caso tal providência ainda não tenha sido tomada.” venta) dias, contados a partir do dia em que os autos chegarem à
* Acrescido pela Lei Complementar nº 96/2001. Comissão, prorrogáveis, sucessivamente, por períodos de 30 (trin-
* Art. 60 – A suspensão preventiva é medida acautelatória e ta) dias, em caso de força maior a juízo do Secretário de Estado de
não constitui pena. Administração, até o máximo de 180 (cento e oitenta) dias.
* Nova redação dada pela Lei Complementar nº 96/2001. § 1º - A não observância desses prazos não acarretará nulidade
do processo, importando, porém, quando não se tratar de sobres-
CAPÍTULO VII tamento, em responsabilidade administrativa dos membros da Co-
DA APURAÇÃO SUMÁRIA DA IRREGULARIDADE (ART.61 A 63) missão.
§ 2º - O sobrestamento de inquérito administrativo só ocorrerá
* Art. 61 - A autoridade que tiver ciência de qualquer irregula- em caso de absoluta impossibilidade de prosseguimento, a juízo do
ridade no serviço público é obrigada a promover , imediatamente, a Secretário de Estado de Administração.
apuração sumária, por meio de sindicância. * § 3º - Em se tratando de abandono de cargo o inquérito deve-
Parágrafo único - A autoridade promoverá a apuração da irre- rá estar concluído no prazo de 60 dias, contados a partir da chegada
gularidade diretamente por meio de inquérito administrativo, sem dos autos à Comissão, prorrogáveis por 2 (dois) períodos de 30 (trin-
a necessidade de sindicância sumária, quando: ta) dias cada um, a juízo do Secretário de Estado de Administração.
1 - Já existir denúncia do Ministério Público: * Parágrafo acrescentado pela Lei nº 1497/89.

21
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 69 - Os órgãos estaduais, sob pena de responsabilidade de Art. 81 - Autorizada a revisão, o processo será encaminhado
seus titulares, atenderão com a máxima presteza às solicitações da à Comissão Revisora, que concluirá o encargo no prazo de 90 (no-
Comissão, inclusive requisição de técnicos e peritos, devendo co- venta) dias, prorrogável pelo período de 30 (trinta) dias, a juízo do
municar prontamente a impossibilidade de atendimento, em caso Secretário de Estado de Administração.
de força maior. Parágrafo único - O julgamento caberá ao Governador, no prazo
* Art. 70 - Ultimada a instrução será feita no prazo de 3 (três) de 30 (trinta) dias, podendo, antes, o Secretário de Estado de Ad-
dias a citação do indiciado para apresentação de defesa no prazo ministração determinar diligências, concluídas as quais se renovará
de 10 (dez) dias, que será comum sendo mais de um indiciado, com o prazo.
vista dos autos na sede da Comissão. Art. 82 - Julgada procedente a revisão, será tornada sem efeito
§ 1º - Estando o indiciado em lugar incerto, será citado por edi- a pena imposta, restabelecendo-se todos os direitos por ela atingi-
tal, no órgão oficial de divulgação do Estado por 3 (três) dias con- dos.
secutivos.
§ 2º - O prazo de defesa será contado a partir da última publi- TÍTULO
cação do edital de citação. DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS (ART. 83 A 88)
§ 3º - As diligências e oitivas de testemunhas requeridas pela
defesa ficarão a cargo do interessado e deverão ser concluídas no Art. 83 - As disposições de natureza estatutária que se contive-
prazo de 10 (dez) dias, sob pena de perda de prova. rem no Plano de Classificação de Cargos previsto no art. 18 da Lei
* Artigo 70, § 1º, § 2º e § 3º - Nova redação dada pela Lei nº Complementar n.º 20, de 1º de julho de 1974, bem como no Plano
1497/1989. de Retribuição, e que vier a lhe corresponder, integrar-se-ão para
Art. 71 - Nenhum acusado será julgado sem defesa que poderá todos os efeitos, neste diploma legal.
ser produzida em causa própria. Art. 84 - As normas legais e regulamentares referentes à pro-
Parágrafo único - Será permitido o acompanhamento do inqué- moção e acesso, bem como as vantagens pessoais de funcionários
rito pelo funcionário acusado ou por seu defensor. dos Quadros II e III (Suplementares) continuam em vigor no que não
Art. 72 - Em caso de revelia, o Presidente da Comissão desig- colidirem com as disposições deste Decreto-Lei e até posterior dis-
nará, de ofício, um funcionário efetivo, bacharel em Direito, para ciplinamento da matéria, enquanto não forem incluídos no Quadro
defender o indiciado. I (Permanente), nos termos do que vier a dispor o Plano de Classifi-
* Art. 73 - Concluída a defesa a Comissão opinará sobre a ino- cação de Cargos do Estado do Rio de Janeiro.
cência ou a responsabilidade do indiciado em relatório circunstan- Art. 85 - Contar-se-ão por dias corridos os prazos previstos nes-
ciado que deverá ser concluído no prazo de 60 (sessenta) dias, con- te Decreto-Lei.
tados do encerramento da defesa. § 1º - Na contagem dos prazos, exclui-se o dia do começo e
* Nova redação dada pela Lei nº 1497/1989. inclui-se o do vencimento.
Art. 74 - Recebido o processo, o Secretário de Estado de Admi- § 2º - Prorroga-se para o primeiro dia útil seguinte o prazo vin-
nistração proferirá a decisão no prazo de 20 (vinte) dias, ou o sub- cendo em dia em que não haja expediente.
meterá, no prazo de 8 (oito) dias, ao Governador do Estado, para Art. 86 - É vedada a subordinação imediata do funcionário ao
que julgue nos 20 (vinte) dias seguintes ao seu recebimento. cônjuge ou parente até segundo grau, salvo em funções de confian-
§ 1º - A autoridade julgadora decidirá à vista dos fatos apura- ça, limitadas a duas.
dos pela Comissão, não ficando, todavia, vinculada às conclusões Art. 87 - O dia 28 de outubro é consagrado ao serviço público
do relatório. estadual.
§ 2º - Se a autoridade julgadora entender que os fatos não fo- Art. 88 - Este Decreto-lei entrará em vigor na data de sua publi-
ram apurados devidamente, determinará o reexame do inquérito cação, revogadas as disposições em contrário.
pelo órgão competente.
Art. 75 - Em caso de abandono de cargo ou função, a Comissão
iniciará seu trabalho, fazendo publicar, por 3 (três) vezes, edital de
chamada do acusado, no prazo máximo de 20 (vinte) dias. DECRETO ESTADUAL Nº 2.479/1979 E SUAS ALTERA-
Art. 76 - O funcionário só poderá ser exonerado a pedido após ÇÕES
a conclusão do inquérito administrativo a que responder e do qual
não resultar pena de demissão. DECRETO Nº 2479 DE 08 DE MARÇO DE 1979

CAPÍTULO IX APROVA O REGULAMENTO DO ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS


DA REVISÃO (ART. 77 A 82) PÚBLICOS CIVIS DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO
Art. 77 - Poderá ser requerida a revisão do inquérito adminis-
trativo de que haja resultado pena disciplinar, quando forem adu- O Governador do Estado do Rio de Janeiro, no uso da atribui-
zidos fatos ainda não conhecidos, comprobatórios da inocência do ção que lhe confere o art. 70, inciso III, da Constituição Estadual,
funcionário punido. decreta:
Parágrafo único - Tratando-se de funcionário falecido, desapa- Art. 1º - Fica aprovado o Regulamento do Estatuto dos Funcio-
recido ou incapacitado de requerer, a revisão poderá ser solicitada nários Públicos Civis do Poder Executivo do Estado do Rio de Janei-
por qualquer pessoa. ro, baixado pelo Decreto-Lei nº 220, de 18 de julho de 1975, que
Art. 78 - A revisão processar-se-á em apenso ao processo ori- acompanha o presente decreto.
ginário. Art. 2º - Este decreto entrará em vigor na data de sua publica-
Art. 79 - Não constitui fundamento para a revisão a simples ale- ção, revogadas as disposições em contrário.
gação de injustiça da penalidade.
Art. 80 - O requerimento, devidamente instruído, será encami-
nhado ao Governador, que decidirá sobre o pedido.

22
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
REGULAMENTO DO ESTATUTO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLI- II – o grau de instrução exigível, a ser comprovado mediante
COS CIVIS DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO RIO DE apresentação de documento hábil;
JANEIRO III – o número de vagas a ser preenchido, distribuído por espe-
cialização, quando for o caso;
TÍTULO I IV – o prazo de validade das provas, de 2 (dois) anos no máxi-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES mo, só prorrogável uma vez, por período não excedente a 12 (doze)
meses, havendo motivos relevantes, a juízo do Secretário de Estado
CAPÍTULO ÚNICO de Administração, contados da publicação da classificação geral;
V – o prazo de duração do estágio experimental, que não será
Art. 1º - O regime jurídico dos funcionários públicos civis do inferior a 6 (seis) nem superior a 12 (doze) meses.
Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, instituído pelo De- § 1º - As instruções reguladoras do concurso serão aprovadas
creto-Lei nº 220, de 18 de julho de 1975, fica disciplinado na forma pelo Órgão Central do Sistema de Pessoal Civil do Estado.
deste Regulamento. § 2º - Independe de limite de idade a inscrição em concurso
§ 1º - Para os efeitos deste Regulamento, funcionário é a pes- de servidores da Administração Direta ou Indireta, ressalvados os
soa legalmente investida em cargo público estadual do Quadro I casos em que, pela tipicidade das tarefas ou atribuições de cada
(Permanente), de provimento efetivo ou em comissão, previsto no cargo, deva ser fixado limite próprio pelas instruções especiais de
Plano de Cargos e Vencimentos do Estado do Rio de Janeiro. cada concurso.
§ 2º - Aos servidores contratados no exercício de função grati- § 3º - Além dos requisitos de que trata este artigo, são exigíveis
ficada, com suspensão dos respectivos contratos de trabalho, e aos para inscrição em concurso público:
estagiários, somente serão reconhecidos e concedidos os direitos e 1) nacionalidade brasileira ou portuguesa, desde que reconhe-
vantagens que expressamente lhes estejam assegurados por este cida, na forma da legislação federal pertinente, a igualdade de di-
Regulamento. reitos e obrigações civis;
2) pleno gozo dos direitos políticos;
TÍTULO II 3) quitação das obrigações militares.
DO PROVIMENTO, DO EXERCÍCIO E DA VACÂNCIA § 4º - Encerradas as inscrições, regularmente processadas, para
concurso destinado ao provimento de qualquer cargo, não se abri-
CAPÍTULO I rão novas inscrições para a mesma categoria funcional antes da pu-
DISPOSIÇÕES GERAIS blicação da homologação do concurso.
§ 5º - Para as vagas que ocorrerem após a publicação das ins-
Art. 2º - Os cargos públicos são providos por: truções reguladoras do concurso, a critério da Administração pode-
I – nomeação; rão ser designados para estágio candidatos habilitados, desde que
II – reintegração; dentro do prazo de validade das provas.
III – transferência; Art. 9º - O candidato habilitado nas provas e no exame de sa-
IV – aproveitamento; nidade físico-mental será submetido a estágio experimental, me-
V – readaptação; diante ato de designação do Secretário de Estado, titular de órgão
VI – outras formas determinadas em lei. integrante da Governadoria ou dirigente de autarquia.
Art. 3º - O funcionário não poderá, sem prejuízo de seu cargo, Parágrafo único – O ato de designação indicará expressamente
ser provido em outro cargo efetivo ou admitido como contratado, o prazo do estágio, conforme o fixado pelas respectivas instruções
salvo nos casos de acumulação legal. reguladoras do concurso.
Art. 4º - O ato de provimento deverá indicar necessariamente Art. 10 – A designação prevista no artigo anterior observará
a existência de vaga, com todos os elementos capazes de identifi- a ordem de classificação nas provas e o limite de vagas a serem
cá-la. preenchidas, percebendo o estagiário retribuição correspondente
Art. 5º - A nomeação para cargo de provimento efetivo depen- a 80% (oitenta por cento) do vencimento do cargo, assegurada a
de de prévia habilitação em concurso público de provas ou de pro- diferença se nomeado afinal.
vas e títulos. § 1º - O candidato que, ao ser designado para estágio experi-
mental, for ocupante, em caráter efetivo, de cargo ou emprego em
SEÇÃO I órgão da Administração Estadual Direta ou Autárquica, ficará dele
DO CONCURSO afastado com a perda do vencimento ou salário, das vantagens e do
auxílio-moradia, ressalvado o adicional por tempo de serviço.
Art. 6º - O concurso de provas ou de provas e títulos para provi- § 2º - Este afastamento não alterará a filiação ao sistema previ-
mento de cargos por nomeação será sempre público, dele se dando denciário do estagiário, nem a base de contribuição.
prévia e ampla publicidade da abertura de inscrições, requisitos exi- § 3º - Não se exigirá o afastamento referido no § 1º, se o cargo
gidos, programas, realização, critérios de julgamento e tudo quanto efetivo for acumulável com o do objeto do concurso.
disser respeito ao interesse dos possíveis candidatos. Art. 11 – O candidato não aprovado no estágio experimental
Art. 7º - O concurso objetivará avaliar: será considerado inabilitado no concurso e retornará automatica-
I – o conhecimento e a qualificação profissionais, mediante mente ao cargo ou emprego de que se tenha afastado, se for o caso.
provas ou provas e títulos; Art. 12 – Expirado o prazo de duração do estágio experimental,
II – as condições de sanidade físico-mental; a autoridade que tiver designado o estagiário comunicará ao órgão
III – o desempenho das atividades do cargo, inclusive as con- promotor do concurso o resultado do desempenho das atividades
dições psicológicas do candidato, mediante estágio experimental. exercidas no cargo, inclusive suas condições psicológicas, idoneida-
Art. 8º - Das instruções para o concurso constarão: de moral, assiduidade, disciplina e eficiência, concluindo pela apro-
I – o limite de idade dos candidatos, que poderá variar de 18 vação ou não do candidato.
(dezoito) anos completos até 45 (quarenta e cinco) incompletos,
dependendo da natureza do cargo a ser provido;

23
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 1º - O chefe imediato do estagiário encaminhará à autoridade Parágrafo único – Os termos de posse, acompanhados das res-
referida neste artigo, nos 15 (quinze) dias anteriores ao término do pectivas declarações de bens, deverão ser encaminhados, dentro
estágio, relatório circunstanciado sobre o desempenho das ativida- de 48 (quarenta e oito) horas, à Secretaria de Estado de Administra-
des do interessado, se motivo relevante não justificar encaminha- ção, ressalvados os relativos às autarquias.
mento antes deste prazo. Art. 17 – São competentes para dar posse:
§ 2º - Quando a autoridade competente para a avaliação con- I – O Governador, aos Secretários de Estado e demais autorida-
cluir desfavoravelmente ao estagiário, fará publicar sua imediata des que lhe sejam diretamente subordinadas;
dispensa. II – os Secretários de Estados, aos ocupantes de cargo em co-
§ 3º - Recebidos pelo órgão promotor do concurso os resulta- missão no âmbito das respectivas Secretarias, inclusive aos dirigen-
dos da avaliação de todos os estagiários, será publicada no órgão tes de autarquias a estas vinculadas;
oficial a classificação final do concurso, que se homologará por ato III – o Chefe do Gabinete Militar, o Procurador-Geral do Estado
do Secretário de Estado de Administração. e o Procurador-Geral da Justiça, aos ocupantes de cargo em comis-
§ 4º - O prazo de validade do concurso é de 90 (noventa) dias, são no âmbito dos respectivos órgãos;
contados de sua homologação, dentro do qual serão nomeados, IV – os dirigentes de autarquias, aos ocupantes de cargo em
por proposta do Secretário de Estado de Administração, os candi- comissão das respectivas entidades.
datos habilitados, observada rigorosamente a classificação obtida. Art. 18 – São requisitos para o exercício os mesmos estabeleci-
§ 5º - Enquanto não publicado o ato de nomeação a que se dos para a posse, bem como a prestação de fiança, quando a natu-
refere o parágrafo anterior, o candidato permanecerá na condição reza da função o exigir.
de estagiário. Parágrafo único – A comprovação dos requisitos a que se refe-
Art. 13 – A data da publicação do ato de nomeação será consi- rem os itens 1 e 3, do § 3º, do artigo 8º, e o inciso III, do artigo 15,
derada, para todos os efeitos, o início do exercício do cargo, salvo não será exigida nos casos de reintegração e aproveitamento.
para a percepção da diferença de retribuição a que se refere o ar- Art. 19 – É competente para dar exercício o Secretário de Esta-
tigo 10 e para aquisição de estabilidade, quando se computará o do de Administração, quando se tratar de investidura em cargos de
período do estágio experimental. provimento efetivo.
Art. 20 – A competência para dar posse e exercício poderá ser
SEÇÃO II objeto de delegação.
DA INVESTIDURA
SEÇÃO III
Art. 14 – A investidura em cargo em comissão, integrante do DA FIANÇA
Grupo I – Direção e Assessoramento Superiores – DAS, ocorrerá
com a posse; em cargo de provimento efetivo, do Grupo III – Car- Art. 21 – Quando o provimento em cargo ou função depender
gos Profissionais, com o exercício. Em ambos os casos, iniciar-se-á de prestação de fiança, não se dará investidura sem a prévia satis-
dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contados da publicação do ato fação dessa exigência.
de provimento. § 1º - A fiança poderá ser prestada em:
§ 1º - Mediante requerimento do interessado e ocorrendo mo- 1) dinheiro;
tivo relevante, o prazo para investidura poderá ser prorrogado ou 2) títulos de dívida pública da União ou do Estado;
revalidado, a critério da Administração, em até 60 (sessenta) dias, 3) apólices de seguro de fidelidade funcional, emitidas por ins-
contados do término do prazo de que trata este artigo. tituição oficial ou legalmente autorizada para esse fim.
§ 2º - Será tornado sem efeito o ato de provimento, se a posse § 2º - Não poderá ser autorizado o levantamento da fiança, an-
ou o exercício não se verificar nos prazos estabelecidos. tes de tomadas as contas do funcionário.
Art. 15 – São requisitos para a posse, além dos enumerados nos § 3º - O responsável por alcance ou desvio de material não fi-
itens 1 a 3, do § 3º, do artigo 8º: cará isento do procedimento administrativo e criminal que couber,
I – habilitação em exame de sanidade físico-mental realizado ainda que o valor da fiança seja superior ao prejuízo verificado.
exclusivamente por órgão oficial do Estado;
II – declaração de bens; CAPÍTULO II
III – bom procedimento, comprovado por atestado de antece- DAS FUNÇÕES DE CONFIANÇA
dentes expedido por órgão de identificação do Estado do domicílio
do candidato à investidura ou mediante informação, em processo, SEÇÃO I
ratificada pelo Secretário de Estado de Segurança Pública; DOS CARGOS EM COMISSÃO
IV – declaração sobre se detém outro cargo, função ou empre-
go, na Administração Direta ou Indireta de qualquer esfera de Poder Art. 22 – O cargo em comissão se destina a atender a encar-
Público, ou se percebe proventos de inatividade; gos de direção e de chefia, consulta ou assessoramento superiores,
V – atendimento às condições especiais previstas em lei ou re- e é provido mediante livre escolha do Governador, podendo esta
gulamento para determinados cargos. recair em funcionário, em servidor regido pela legislação trabalhis-
§ 1º - Quando o funcionário efetivo for provido em cargo em ta ou em pessoa estranha ao serviço público, desde que reúna os
comissão, não se exigirá a comprovação dos requisitos de que trata requisitos necessários e a habilitação profissional para a respectiva
este artigo, exceto os indicados nos incisos II e VI. investidura.
§ 2º - Quando o provimento recair em inativo, este atenderá às § 1º - A competência e as atribuições dos cargos em comissão
exigências do artigo, além do requisito estabelecido no item 2, do e de seus titulares serão definidas nos regimentos dos respectivos
§ 3º, do artigo 8º. órgãos.
Art. 16 – Da posse se lavrará termo do qual constará compro- § 2º - Não poderão ocupar cargo em comissão os maiores de
misso de fiel cumprimento dos deveres da função pública, e se 70 (setenta) anos e os que tenham sido aposentados por invalidez
consignará a apresentação de declaração de bens do empossado, para o Serviço Público, desde que subsistentes os motivos que de-
incluídos os do seu cônjuge, se for o caso. terminaram a inatividade.

24
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 23 – Recaindo a nomeação em funcionário do Estado, este § 1º - A retribuição pelo exercício de função gratificada cor-
optará pelo vencimento do cargo em comissão ou pela percepção responderá ao valor do respectivo símbolo, a que se acrescentará,
do vencimento e vantagens do seu cargo efetivo acrescida de uma como gratificação suplementar temporária, o valor correspondente
gratificação correspondente a 70% (setenta por cento) do valor fixa- ao que o servidor vinha percebendo no exercício do contrato sus-
do para o cargo em comissão. penso.
Parágrafo único – A opção pelo vencimento do cargo em co- § 2º - Aplicam-se à função gratificada as regras do § 2º, do arti-
missão não prejudicará o adicional por tempo de serviço devido ao go 22 e do artigo 24 e seus § § 1º, 2º e 4º.
funcionário, que será calculado sobre o valor do cargo que ocupa Art. 32 – São competentes para designar e dispensar ocupantes
em caráter efetivo. de funções gratificadas, no âmbito das respectivas unidades admi-
Art. 24 – O servidor contratado, que aceitar nomeação para nistrativas, e dentre os servidores que lhes são mediata ou imedia-
cargo em comissão da estrutura da Administração Direta ou das au- tamente subordinados, as autoridades referidas nos incisos II, III e
tarquias, terá suspenso seu contrato de trabalho, enquanto durar o IV, do artigo 17.
exercício do cargo em comissão. Parágrafo único – Quando a designação deva recair em servidor
§ 1º - Exonerado do cargo em comissão, o servidor reverterá lotado em órgão diferente, é indispensável a prévia concordância
imediatamente ao exercício do contrato. do dirigente desse órgão.
§ 2º - O afastamento em virtude da condição temporária do Art. 33 – Independe de exame de sanidade físico-mental a in-
exercício do cargo em comissão e o retorno à situação primitiva se- vestidura em função gratificada, salvo quando a designação recair
rão obrigatoriamente anotados na carteira profissional, bem como em inativo ou em servidor regido pela legislação trabalhista.
nos registros relativos ao servidor. Art. 34 – Compete à autoridade a que ficar subordinado o ser-
§ 3º - A retribuição pelo exercício de cargo em comissão será vidor designado para função gratificada dar-lhe exercício no prazo
o valor do respectivo símbolo, não podendo o servidor contratado de 30 (trinta) dias, independentemente de posse.
exercer a opção prevista no artigo 23. Parágrafo único – Aplica-se à função gratificada o disposto nos
§ 4º - O regime previdenciário dos servidores no exercício de § § 1º e 2º, do artigo 14.
cargo em comissão é o dos funcionários efetivos da Administração
Direta. SEÇÃO III
Art. 25 – Somente após ter sido colocado à disposição do Po- DA SUBSTITUIÇÃO
der Executivo do Estado, para o fim determinado, poderá o ato de
nomeação recair em funcionário de outro Poder ou de outra esfera Art. 35 – Os cargos em comissão ou funções gratificadas po-
de Governo. derão ser exercidos, eventualmente, em substituição, nos casos de
Parágrafo único – Na hipótese do artigo, desde que o funcioná- impedimento legal e afastamento de seus titulares.
rio tenha sido colocado à disposição do Governo Estadual sem ônus § 1º - A substituição, que será automática ou dependerá de ato
para a esfera do poder a que pertence, receberá, pelo exercício do de designação, independe de posse.
cargo em comissão, o vencimento para este fixado; caso contrário, § 2º - A substituição automática é a estabelecida em lei, regula-
observará o procedimento estabelecido no artigo 23. mento ou regimento, e processar-se-á independentemente de ato.
Art. 26 – O inativo provido em cargo em comissão perceberá in- § 3º - Quando depender de ato e se a substituição for indispen-
tegralmente o vencimento para este fixado, cumulativamente com sável, o substituto será designado pela autoridade imediatamente
o respectivo provento. superior àquela substituída.
Art. 27 – A posse em cargo em comissão determinará o con- § 4º - Pelo tempo de substituição o substituto perceberá o ven-
comitante afastamento do funcionário do cargo efetivo de que for cimento e vantagens atribuídas ao cargo em comissão ou função
titular, ressalvados os casos de acumulação legal. gratificada, ressalvado o caso de opção pelo vencimento e vanta-
gens do seu cargo efetivo.
SEÇÃO II § 5º - Quando se tratar de detentor de cargo em comissão ou
DAS FUNÇÕES GRATIFICADAS função gratificada, o substituto fará jus somente à diferença de re-
munerações.
Art. 28 – Função gratificada de preenchimento em confiança, Art. 36 – A substituição não poderá recair em servidor contra-
integrante do Grupo II – Chefia e Assistência Intermediárias – CAI, tado ou em pessoa estranha ao serviço público estadual, salvo na
é a criada pelo Poder Executivo, com símbolo próprio, para atender hipótese do § 5º do artigo anterior.
a encargos de chefia, secretariado, assessoramento e outros, em Art. 37 – Na vacância de cargo em comissão ou de funções gra-
níveis intermediário e inferior. tificadas, e até o seu provimento, poderão ser designados funcioná-
Art. 29 – O Poder Executivo, ao criar as funções gratificadas, rios do Estado para responder pelo seu expediente.
observará os recursos orçamentários existentes para esse fim, bem Parágrafo único – Aplicam-se ao responsável pelo expediente
como os símbolos e respectivas gratificações prefixadas em lei. as disposições desta Seção.
Art. 30 – O exercício da função gratificada, não constituindo
emprego, guardará correspondência de atribuições com as do cargo CAPÍTULO III
efetivo exercido pelo funcionário designado, e a gratificação respec- DAS FORMAS DE PROVIMENTO
tiva tem o caráter de vantagem acessória ao seu vencimento, de
acordo com o ANEXO II do Decreto-Lei nº 408, de 02 de fevereiro SEÇÃO I
de 1979. DA NOMEAÇÃO
Art. 31 – Com exceção dos aposentados e dos ocupantes de
empregos cujos contratos tenham sido suspensos, nos termos do Art. 38 – A nomeação será feita:
Decreto-Lei nº 147, de 26 de junho de 1975, somente poderá ser I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de classe sin-
designado para prover função gratificada funcionário efetivo do Es- gular ou de cargo de classe inicial de série de classes;
tado. II – em comissão, quando se tratar de cargo que, em virtude de
lei, assim deva ser provido.

25
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 39 – A nomeação em caráter efetivo obedecerá à ordem Art. 54 – O funcionário em disponibilidade poderá ser apro-
rigorosa de classificação dos candidatos habilitados em concurso. veitado em cargo de natureza e vencimento compatível com os do
anteriormente ocupado.
SEÇÃO II § 1º - Restabelecido o cargo, ainda que modificada sua denomi-
DA REINTEGRAÇÃO nação, poderá nele ser aproveitado o funcionário posto em disponi-
bilidade quando da sua extinção.
Art. 40 – A reintegração, que decorrerá de decisão administrati- § 2º - O aproveitamento dependerá de prova de sanidade físi-
va ou judicial, é o reingresso do funcionário exonerado ex officio ou co-mental verificada mediante inspeção médica.
demitido do serviço público estadual, com ressarcimento do venci- Art. 55 – Havendo mais de um concorrente à mesma vaga, terá
mento e vantagens e reconhecimento dos direitos ligados ao cargo. preferência o de maior tempo de disponibilidade e, no caso de em-
Parágrafo único – A decisão administrativa que determinar a pate, o de maior tempo de serviço público estadual.
reintegração será sempre proferida em pedido de reconsideração, Art. 56 – Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada
recurso hierárquico ou revisão de processo. a disponibilidade, se o funcionário não entrar em exercício no prazo
Art. 41 – A reintegração será feita no cargo anteriormente ocu- legal, salvo caso de doença comprovada em inspeção médica.
pado; se alterado, no resultante da alteração; se extinto, noutro de Parágrafo único – Provada a incapacidade definitiva em inspe-
vencimento equivalente, observada a habilitação profissional. ção médica, será decretada a aposentadoria.
Parágrafo único – Não ocorrendo qualquer das hipóteses pre-
vistas nesse artigo, o funcionário será reintegrado no cargo extinto, SEÇÃO V
que será restabelecido, como excedente. DA READAPTAÇÃO
Art. 42 – A reintegração ocorrerá sempre no sistema de classifi-
cação a que pertencia o funcionário. Art. 57 – O funcionário estável poderá ser readaptado ex officio
Art. 43 – Reintegrado o funcionário, quem lhe houver ocupa- ou a pedido em função mais compatível, por motivo de saúde ou
do o lugar, se não estável, será exonerado de plano; ou, se exercia incapacidade física.
outro cargo e este estiver vago, a ele ou a outro vago da mesma Art. 58 – A readaptação de que trata o artigo anterior se fará
classe será reconduzido, em qualquer das hipóteses sem direito à por:
indenização. I – redução ou cometimento de encargos diversos daqueles
Parágrafo único – Se estável, o funcionário que houver ocupa- que o funcionário estiver exercendo, respeitadas as atribuições da
do o lugar do reintegrado será obrigatoriamente provido em igual série de classes a que pertencer, ou do cargo de classe singular de
cargo, ainda que necessária a sua criação, como excedente ou não. que for ocupante;
Art. 44 – O funcionário reintegrado será submetido à inspeção II – provimento em outro cargo.
médica e aposentado se julgado incapaz. § 1º - A readaptação dependerá sempre de prévia inspeção
realizada por junta médica do órgão oficial competente.
SEÇÃO III § 2º - A readaptação referida no inciso II deste artigo não acar-
DA TRANSFERÊNCIA retará descenso nem elevação de vencimento.
Art. 59 – A readaptação será processada:
Art. 45 – Transferência, quando não se tratar da definida no I – quando provisória, mediante ato do Secretário de Estado de
inciso IV, alínea “c”, do artigo 14 do Decreto-Lei nº 408, de 02 de Administração, pela redução ou atribuição de novos encargos ao
fevereiro de 1979, é o ato de provimento do funcionário em outro funcionário, na mesma ou em outra unidade administrativa, consi-
cargo de denominação diversa e de retribuição equivalente. deradas a hierarquia e as funções do seu cargo;
Art. 46 – A transferência se fará à vista de comprovação com- II – quando definitiva, por ato do Governador, para cargo vago,
petitiva de habilitação dos interessados para o exercício do novo mediante transferência, observados os requisitos de habilitação fi-
cargo, realizada perante a Fundação Escola de Serviço Público do xados para a classe respectiva.
Estado do Rio de Janeiro.
Art. 47 – A transferência poderá ser feita de cargo de Adminis- CAPÍTULO IV
tração Direta para outro da autárquica, ou reciprocamente; e de um DA VACÂNCIA
para outro cargo de quadros diferentes da mesma entidade.
Art. 48 – Quando se tratar de cargo de classe inicial de série de Art. 60 – Dar-se-á vacância do cargo ou da função na data do
classes, a transferência não poderá ser feita para cargo vago desti- fato ou da publicação do ato que implique desinvestidura.
nado a provimento por concurso já aberto.
Art. 61 – A vacância decorrerá de:
Art. 49 – A transferência será feita a pedido do funcionário,
I – exoneração;
atendidos o interesse e a conveniência da Administração.
II – demissão;
Art. 50 – A transferência não interromperá o exercício para efei-
III – transferência;
to de adicional por tempo de serviço.
IV – aposentadoria;
Art. 51 – No caso de transferência para cargo correspondente
V – falecimento;
à atividade profissional regulamentada, a habilitação será condicio-
VI – perda do cargo;
nada à prévia comprovação de que o interessado satisfaz às exigên-
cias para o exercício da profissão. VII – determinação em lei;
Art. 52 – Não poderá ser transferido o funcionário que não te- VIII – dispensa;
nha adquirido estabilidade. IX – destituição de função.
Art. 62 – Dar-se-á exoneração ou dispensa:
SEÇÃO IV I – a pedido;
DO APROVEITAMENTO II – ex-officio.
Parágrafo único – A exoneração ou dispensa ex officio ocorrerá
Art. 53 – Aproveitamento é o retorno ao serviço público esta- nas seguintes hipóteses:
dual do funcionário colocado em disponibilidade.

26
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
1) de exercício de cargo em comissão ou função gratificada, sal- § 2º - O prazo a que se refere este artigo será considerado como
vo se a pedido, aceito pela Administração; período de trânsito, computável como de efetivo exercício para to-
2) de abandono de cargo, quando, extinta a punibilidade ad- dos os efeitos.
ministrativa por prescrição, o funcionário não houver requerido § 3º - O prazo referido no caput deste artigo poderá ser prorro-
exoneração; gado, no máximo por igual período, por solicitação do interessado,
3) na prevista no artigo 43, primeira parte. a juízo da autoridade competente para dar-lhe exercício.
Art. 63 – O funcionário perderá o cargo: Art. 71 – O funcionário terá exercício na unidade administrativa
I – em virtude de sentença judicial ou mediante processo admi- para a qual for designado.
nistrativo disciplinar em que se lhe tenha assegurado ampla defesa; Art. 72 – Haverá lotação única de funcionários em cada Secre-
II – quando, por ser desnecessário, for extinto, ficando o seu taria de Estado ou órgão diretamente subordinado ao chefe do Po-
ocupante, se estável, em disponibilidade; der Executivo.
III – nos demais casos especificados em lei. § 1º - Entende-se por lotação o número de funcionários de
cada série de classes ou de classes singulares, inclusive de ocupan-
TÍTULO III tes de funções de confiança, que, segundo as necessidades, devam
DA REMOÇÃO ter exercício em cada órgão de Governo referido neste artigo.
§ 2º - O funcionário nomeado integrará lotação na qual hou-
CAPÍTULO ÚNICO ver claro, observando-se igual critério quanto às demais formas de
provimento.
Art. 64 – A remoção, a pedido ou ex officio, é o deslocamento Art. 73 – O afastamento do funcionário de sua unidade admi-
do funcionário de sua lotação para a de outra Secretaria de Estado nistrativa, quando para desempenho de função de confiança no Es-
ou órgão diretamente subordinado ao Governador. tado, dar-se-á somente com ônus para a unidade requisitante.
§ 1º - A remoção só poderá dar-se para lotação em que houver Art. 74 – O funcionário será afastado do exercício de seu cargo:
claro. I – enquanto durar o mandato legislativo ou executivo, federal
§ 2º - O funcionário removido, quando em férias, não as inter- ou estadual;
romperá. II – enquanto durar o mandato de Prefeito ou Vice-Prefeito;
Art. 65 – A remoção por permuta será processada a pedido es- III – enquanto durar o mandato de Vereador, se não existir com-
crito de ambos os interessados. patibilidade de horário entre o seu exercício e o da função pública;
Art. 66 – Cabe ao Secretário de Estado de Administração ex- IV – durante o lapso de tempo que mediar entre o registro da
pedir os atos de remoção, após audiência dos titulares dos órgãos candidatura eleitoral e o dia seguinte ao da eleição.
interessados. Art. 75 – Preso preventivamente, pronunciado, denunciado por
Parágrafo único – Quando se tratar de provimento de cargo em crise funcional ou condenado por crime inafiançável em processo
comissão, a remoção decorrerá da publicação do respectivo ato de no qual não haja pronúncia, o funcionário será afastado do exercí-
nomeação. cio do cargo, até decisão transitada em julgado.
§ 1º - Será, ainda, afastado o funcionário condenado por sen-
TÍTULO IV tença definitiva à pena que não determine demissão.
DO TEMPO DE SERVIÇO § 2º - O funcionário suspenso disciplinar ou preventivamente,
ou preso administrativamente, será afastado do exercício do cargo.
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS CAPÍTULO II
DA APURAÇÃO
Art. 67 – O início, a interrupção e o reinício do exercício serão
registrados no assentamento individual do funcionário. Art. 76 – A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
§ 1º - Ao entrar em exercício o funcionário apresentará ao ór- não considerado, para qualquer efeito, o exercício de função gra-
gão competente os elementos necessários à abertura de seu assen- tuita.
tamento individual. § 1º - O número de dias será convertido em anos, considerado
§ 2º - O início do exercício e as alterações que nele ocorrerem o ano como de 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias.
serão comunicados ao órgão setorial de pessoal, pelo titular da uni- § 2º - Feita a conversão, os dias restantes até 182 (cento e oi-
dade administrativa em que estiver servindo o funcionário. tenta e dois) não serão computados, arredondando-se para um ano
Art. 68 – O funcionário entrará em exercício no prazo de 30 quando exceder esse número, nos casos de cálculo para aposenta-
(trinta) dias contados da data: doria.
I – da publicação do ato de nomeação em cargo efetivo; Art. 77 – Os dias de efetivo exercício serão computados à vista
II – da publicação do ato de reintegração, de transferência ou de documentação própria que comprove a freqüência.
de aproveitamento; Art. 78 – Admitir-se-á como documentação própria comproba-
III – da publicação do ato de provimento em função gratificada. tória do tempo de serviço público:
Art. 69 – A transferência, a promoção e a readaptação por mo- I – certidão de tempo de serviço, extraída de folha de paga-
tivo de saúde não interrompem o exercício, que é contado na nova mento;
classe a partir da validade do ato. II – certidão de freqüência, extraída de folha de pagamento;
Art. 70 – O funcionário removido para outra unidade adminis- III – justificação judicial.
trativa terá prazo de 5 (cinco) dias, contados da data da publicação § 1º - Os elementos probantes indicados nos incisos acima são
do respectivo ato, para reiniciar suas atividades. exigíveis na ordem direta de sua enumeração, somente sendo ad-
§ 1º - Quando em férias, licenciado ou afastado legalmente de mitido o posterior quando acompanhado de certidão negativa, for-
seu cargo, esse prazo será contado a partir do término do impedi- necida pelo órgão competente para a expedição do elemento a que
mento. se refere o anterior.

27
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º - Sobre tempo de serviço comprovado mediante justifica- IV – o tempo de serviço prestado em autarquia, empresa públi-
ção judicial, será prévia e obrigatoriamente ouvida a Procuradoria- ca ou sociedade de economia mista;
-Geral do Estado. V – o período de trabalho prestado à instituição de caráter pri-
Art. 79 – Será considerado como de efetivo exercício o afasta- vado que tiver sido transformada em estabelecimento de serviço
mento por motivo de: público;
I – férias; VI – o tempo em que o funcionário esteve em disponibilidade
II – casamento e luto, até 8 (oito) dias; ou aposentado;
III – exercício de outro cargo ou função de governo ou de di- VII – em dobro, o tempo de licença-prêmio não gozada;
reção, de provimento em comissão ou em substituição, no serviço VIII – em dobro, os períodos de férias não gozadas a partir do
público do Estado do Rio de Janeiro, inclusive respectivas autar- exercício de 1977, limitadas a 60 (sessenta) dias, ressalvado o direi-
quias, empresas públicas e sociedades de economia mista, ou ser- to à contagem de períodos anteriores para os amparados por legis-
viço prestado à Presidência da República em virtude de requisição lação vigente até a edição do Decreto-Lei nº 363, de 04 de outubro
oficial; de 1977.
IV – exercício de outro cargo ou função de governo ou de di- Art. 81 – Ao funcionário será assegurada a contagem, qualquer
reção, de provimento em comissão ou em substituição, no serviço que tenha sido o regime da relação empregatícia, como de serviço
público da União, de outros Estados e dos Municípios, inclusive res- público estadual, do tempo prestado anteriormente à Administra-
pectivas autarquias, empresas públicas e sociedades de economia ção Direta ou Indireta do Estado.
mista, quando o afastamento houver sido autorizado pelo Governa- Parágrafo único – O disposto neste artigo não se aplica para os
dor, sem prejuízo do vencimento do funcionário; efeitos de concessão de licença-prêmio.
V – estágio experimental; Art. 82 – É vedada a acumulação de tempo de serviço prestado,
VI – licença-prêmio; concorrente ou simultaneamente, em dois ou mais cargos, funções
VII – licença para repouso à gestante; ou empregos em qualquer das hipóteses previstas no art. 80.
VIII – licença para tratamento de saúde;
IX – licença por motivo de doença em pessoa da família, desde CAPÍTULO III
que não exceda o prazo de 12 (doze) meses; DA FREQÜÊNCIA E DO HORÁRIO
X – acidente em serviço ou doença profissional;
XI – doença de notificação compulsória; Art. 83 – A freqüência será apurada por meio de ponto.
XII – missão oficial; § 1º - Ponto é o registro pelo qual se verificarão, diariamente,
XIII – estudo no exterior ou em qualquer parte do território as entradas e saídas do funcionário.
nacional, desde que de interesse para a Administração e não ultra- § 2º - Nos registros do ponto deverão ser lançados todos os
passe o prazo de 12 (doze) meses; elementos necessários à apuração da freqüência.
XIV – prestação de prova ou de exame em curso regular ou em Art. 84 – É vedado dispensar o funcionário do registro do pon-
concurso público; to, bem como abonar faltas ao serviço, salvo nos casos expressa-
XV – recolhimento à prisão, se absolvido afinal; mente previstos em lei ou regulamento.
XVI – suspensão preventiva, se inocentado afinal; § 1º - A falta abonada é considerada, para todos os efeitos, pre-
XVII – convocação para serviço militar ou encargo da segurança sença ao serviço.
nacional, júri e outros serviços obrigatórios por lei; § 2º - Excepcionalmente e apenas para elidir efeitos disciplina-
XVIII – trânsito para ter exercício em nova sede; res, poderá ser justificada falta ao serviço.
XIX – faltas por motivo de doença comprovada, inclusive em § 3º - O abono e a justificação de faltas ao serviço serão da
pessoas da família, até o máximo de 3 (três) durante o mês, e outros competência do chefe imediato do funcionário.
casos de força maior; Art. 85 – O Governador, mediante expediente submetido a sua
XX – candidatura a cargo eletivo, conforme o disposto nos inci- apreciação pelo Secretário de Estado de Administração, e quando
sos IV e V, do artigo 74; assim considerar de interesse público, poderá dispensar do regis-
XXI – mandato legislativo ou executivo, federal ou estadual; tro de ponto funcionários que, comprovadamente, participarem de
XXII – mandato de Prefeito ou Vice-Prefeito; Congressos, Seminários, Jornadas ou quaisquer outras formas de
XXIII – mandato de Vereador, nos termos do disposto no inciso reunião de profissionais, técnicos, especialistas, religiosos ou des-
III, do artigo 74; portistas.
XXI – mandato legislativo ou executivo, federal ou estadual; Art. 86 – O Governador determinará, quando não discriminado
XXII – mandato de Prefeito ou Vice-Prefeito; em lei ou regulamento, o número de horas diárias de trabalho dos
XXIII – mandato de Vereador, nos termos do disposto no inciso órgãos e unidades administrativas do Estado e das várias categorias
III, do artigo 74. profissionais.
Parágrafo único – O afastamento para o exterior, exceto em § 1º - O funcionário deverá permanecer em serviço durante as
gozo de férias ou licenças, dependerá de prévia autorização do Go- horas de trabalho ordinário e as do extraordinário, quando convo-
vernador. cado.
* Art. 80. Para efeito de aposentadoria, observado o limite tem- § 2º - Nos dias úteis, somente por determinação do Governa-
poral estabelecido no art. 4º da Emenda Constitucional nº 20, de 15 dor, poderão deixar de funcionar os serviços públicos ou ser sus-
de dezembro de 1998, e de disponibilidade, será computado: (NR)
pensos os seus trabalhos, no todo ou em parte.
* Nova redação dada pela Lei Complementar nº 121/2008.
I – o tempo de serviço público federal, estadual e municipal;
II – o período de serviço ativo nas Forças Armadas, computa-
do pelo dobro o tempo em operações de guerra, inclusive quando
prestado nas Forças Auxiliares e na Marinha Mercante;
III – o tempo de serviço prestado como extranumerário ou sob
qualquer outra forma de admissão, desde que remunerado pelos
cofres públicos;

28
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
TÍTULO V 1) em períodos de 10 (dez) dias;
DOS DIREITOS E DAS VANTAGENS 2) em períodos de 15 (quinze) dias.
§ 2º - Na hipótese de interrupção de férias, se o período restante não
CAPÍTULO I se ajustar ao estabelecido nos itens do parágrafo anterior, o prazo será con-
DA ESTABILIDADE tado para efeito da acumulação de que trata o artigo precedente.
Art. 93 – Por motivo de provimento em outro cargo, o funcioná-
Art. 87 – Estabilidade é o direito que adquire o funcionário de rio em gozo de férias não será obrigado a interrompê-las; a investi-
não ser demitido senão em virtude de sentença judicial ou processo dura decorrente, quando for o caso, terá como termo inicial do seu
administrativo disciplinar em que se lhe tenha assegurado ampla prazo a data em que o funcionário voltar ao serviço.
defesa. Art. 94 – Todos os servidores, que operem diretamente com
Parágrafo único – O disposto neste artigo não se aplica aos ocu- Raios X ou substâncias radioativas, gozarão obrigatoriamente férias
pantes dos cargos em comissão. remuneradas de 20 (vinte) dias consecutivos por semestre de ativi-
Art. 88 – A estabilidade será adquirida pelo funcionário, quan- dade, não parceláveis nem acumuláveis.
do nomeado em caráter efetivo, depois de aprovado no estágio ex- Parágrafo único – O Secretário de Estado de Administração, em
perimental. ato próprio, poderá estender o disposto no presente artigo aos ser-
§ 1º - É de 2 (dois) anos de efetivo exercício o prazo aquisitivo vidores que lidem diretamente com outras substâncias considera-
da estabilidade, computando-se, para esse efeito, o período e está- das altamente tóxicas ou insalubres, ou estejam em contato direto
gio experimental. e permanente com portadores de doenças infecto-contagiosas.
§ 2º - As disposições deste Capítulo não se aplicam ao contra- Art. 95 – O funcionário, ao entrar em férias, comunicará ao che-
tado ocupante de função gratificada, que continuará subordinado, fe imediato o seu endereço eventual.
necessariamente, ao regime de tempo de serviço a que estava vin- Art. 96 – As disposições deste Capítulo são extensivas aos con-
culado, nos termos da legislação trabalhista. tratados em exercício de função gratificada, e aos estagiários, na
Art. 89 – A estabilidade já adquirida será conservada se, sem hipótese do § 5º do artigo 12.
interrupção do exercício, o funcionário desvincular-se de seu cargo
CAPÍTULO III
estadual, inclusive autárquico, para investir-se em outro.
DAS LICENÇAS
CAPÍTULO II
SEÇÃO I
DAS FÉRIAS
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 90 – O funcionário gozará, obrigatoriamente, 30 (trinta)
Art. 97- Conceder-se-á licença:
dias consecutivos de férias remuneradas por ano civil, de acordo
I – para tratamento de saúde;
com escala respectiva. II – por motivo de doença em pessoa da família;
§ 1º - A escala de férias poderá ser alterada, de acordo com as III – para repouso à gestante;
necessidades do serviço, por iniciativa do chefe interessado, comu- IV – para serviço militar, na forma da legislação específica;
nicada a alteração ao órgão competente. V – para acompanhar o cônjuge;
§ 2º - Somente depois do primeiro ano de efetivo exercício ad- VI – a título de prêmio;
quirirá o funcionário direito a férias, as quais corresponderão ao VII – para desempenho de mandato legislativo ou executivo.
ano em que se completar esse período. Art. 98 – Salvo os casos previstos nos incisos IV, V e VII, do ar-
§ 3º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao traba- tigo anterior, o funcionário não poderá permanecer em licença por
lho. prazo superior a 24 (vinte e quatro) meses.
§ 4º - Não serão concedidas férias com início em um exercício § 1º - Excetua-se do prazo estabelecido neste artigo a licença
e término no seguinte. para tratamento de saúde, quando o funcionário for considerado
§ 5º - Os ocupantes de cargo em comissão ou função gratifi- recuperável, a juízo da junta médica.
cada farão jus a 30 (trinta) dias ininterruptos de férias, ainda que o § 2º - Nas licenças dependentes de inspeção médica, expirado
regime de seu cargo efetivo estabeleça período diverso. o prazo deste artigo e ressalvada a hipótese referida no parágrafo
§ 6º - O funcionário aposentado que exerça cargo em comis- anterior, o funcionário será submetido a nova inspeção, que con-
são fará jus ao gozo das férias previstas neste artigo, inclusive as cluirá pela sua volta ao serviço, pela readaptação, ou pela aposenta-
relativas ao ano da publicação do ato de aposentadoria, caso não doria, se for julgado definitivamente inválido para o serviço público
utilizado o respectivo período. em geral.
§ 7º - Quando o ocupante de cargo efetivo participar, como Art. 99 – As licenças nos incisos I, II e III, do art. 97, serão conce-
membro, de órgão de deliberação coletiva, as respectivas férias didas pelo órgão médico oficial competente ou por outros aos quais
serão gozadas, obrigatória e simultaneamente, nas duas situações aquele transferir ou delegar atribuições, e pelo prazo indicado nos
funcionais. respectivos laudos.
Art. 91 – É proibida a acumulação de férias, salvo imperiosa § 1º - Estando o funcionário, ou pessoa de sua família, abso-
necessidade de serviço, não podendo a acumulação, nesse caso, lutamente impossibilitado de locomover-se e não havendo na lo-
abranger mais de dois períodos. calidade qualquer dos órgãos referidos neste artigo, poderá ser
Parágrafo único – O impedimento decorrente de necessidade admitido laudo expedido por órgão médico de outra entidade pú-
de serviço, para o gozo de férias pelo funcionário, não será presu- blica e, na falta, atestado passado por médico particular, com firma
mido, devendo o seu chefe imediato fazer comunicação expressa do reconhecida.
fato ao órgão competente de pessoal, sob pena de perda do direito § 2º - Nas hipóteses referidas no parágrafo anterior, o laudo ou
à acumulação excepcional de dois períodos. atestado deverá ser encaminhado ao órgão médico competente, no
Art. 92 – No absoluto interesse do serviço, as férias poderão ser prazo máximo de 3 (três) dias contados da primeira falta ao servi-
interrompidas ou admitido o seu gozo parcelado. ço; a licença respectiva somente será considerada concedida com a
§ 1º - As férias parceladas poderão ser gozadas: homologação do laudo ou atestado, a qual será sempre publicada.

29
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 3º - Será facultado ao órgão competente, em caso de dúvida Parágrafo único – Os dias correspondentes à perda de venci-
razoável, exigir nova inspeção por outro médico ou junta oficial. mento, de que trata este artigo, serão considerados como faltas ao
§ 4º - No caso do laudo ou atestado não ser homologado, o fun- serviço.
cionário será obrigado a reassumir o exercício do cargo dentro de 3 Art. 108 – O funcionário licenciado comunicará ao chefe ime-
(três) dias contados da publicação do despacho denegatório, sendo diato o local onde poderá ser encontrado.
considerados como de efetivo exercício os dias em que deixou de Art. 109 – Os estagiários não gozarão, nesta condição, das li-
comparecer ao serviço, por esse motivo. cenças referidas no artigo 97; a ocorrência de qualquer fato ou cir-
§ 5º - Se, na hipótese do parágrafo anterior, a não homologação cunstância tipificadora daquelas licenças importará no seu imediato
decorrer de falsa afirmativa por parte do médico atestante, os dias afastamento do estágio e eliminação do respectivo concurso.
de ausência do funcionário serão tidos como faltas ao serviço, sujei- § 1º - Na hipótese do estagiário sofrer acidente em serviço,
tos, um e outro, a processo administrativo disciplinar, que apurará contrair doença profissional ou sofrer internação compulsória para
e definirá responsabilidades; caso o médico atestante não esteja tratamento psiquiátrico, a eliminação do concurso não prejudicará
vinculado ao Estado para fins disciplinares, este comunicará o fato a percepção de sua retribuição, que se fará até que o órgão médico
ao Ministério Público e ao Conselho Regional de Medicina, em que oficial competente declare seu pleno restabelecimento.
seja inscrito. § 2º - Aplica-se aos estagiários o disposto no artigo 246, exce-
Art. 100 – Terminada a licença, o funcionário reassumirá ime- tuada a regra estabelecida em seu § 1º.
diatamente o exercício, ressalvados os casos de prorrogação e o
previsto no artigo 111. SEÇÃO II
Art. 101 – A licença poderá ser prorrogada ex officio ou a pe- DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DE SAÚDE
dido.
§ 1º - O pedido de prorrogação deverá ser apresentado antes Art. 110 – A licença para tratamento de saúde será concedida,
de findo o prazo da licença; se indeferido, contar-se-á como de li- ou prorrogada, ex officio ou a pedido do funcionário ou de seu re-
cença o período compreendido entre a data do término e a da pu- presentante, quando não possa ele fazê-lo.
blicação oficial do despacho. § 1º - Em qualquer dos casos é indispensável a inspeção mé-
§ 2º - A licença concedida dentro de 60 (sessenta) dias con- dica, que será realizada, sempre que necessário, no local onde se
tados do término da anterior será, a critério médico, considerada encontrar o funcionário.
como sua prorrogação. § 2º - Incumbe à chefia imediata promover a apresentação do
Art. 102 – Ressalvada a hipótese referida na primeira parte do funcionário à inspeção médica, sempre que este a solicitar.
inciso XIX, do artigo 79, que será tida como de abono de faltas, o Art. 111 – O funcionário não reassumirá o exercício do cargo
tempo necessário à inspeção médica será considerado como de li- sem nova inspeção médica, quando a licença concedida assim o ti-
cença. ver exigido; realizada essa nova inspeção, o respectivo atestado ou
§ 1º - Considerado apto, o funcionário reassumirá o exercício, laudo médico concluirá pela volta ao serviço, pela prorrogação da li-
sob pena de serem computados como faltas os dias de ausência ao cença, pela readaptação do funcionário ou pela sua aposentadoria.
serviço. Art. 112 – Em caso de doença grave, contagiosa ou não, que im-
§ 2º - Se da inspeção ficar constatada simulação do funcioná- ponha cuidados permanentes, poderá a junta médica, se considerar
rio, as ausências serão havidas como faltas ao serviço, e o fato será o doente irrecuperável, determinar, como resultado da inspeção,
comunicado ao órgão de pessoal para as providências disciplinares sua imediata aposentadoria.
cabíveis. Parágrafo único – A inspeção, para os efeitos deste artigo, será
Art. 103 – Ao funcionário provido em comissão, ou designado realizada obrigatoriamente por uma junta composta de pelo menos
para função gratificada, não se concederão, nesta qualidade, as li- 3 (três) médicos.
cenças referidas nos incisos IV, V, VI e VII, do artigo 97. Art. 113 – O funcionário que se recusar à inspeção médica fi-
§ 1º - Aos contratados, quando no exercício de função gratifi- cará impedido do exercício do seu cargo, até que se verifique a ins-
cada, conceder-se-ão apenas as licenças de que tratam os incisos I peção.
a III, do artigo 97. Parágrafo único – Os dias em que o funcionário, por força do
§ 2º - As disposições do parágrafo precedente aplicam-se ao disposto neste artigo, ficar impedido do exercício do cargo, serão
ocupante de cargo em comissão não detentor de cargo efetivo es- tidos como faltas ao serviço.
tadual. Art. 114 – No curso da licença poderá o funcionário requerer
§ 3º - Aos providos em substituição não se concederão, nesta inspeção médica, caso se julgue em condições de reassumir o exer-
qualidade, as licenças referidas no artigo 97. cício ou de ser aposentado.
Art. 104 – A concessão de licença ao funcionário, exceto a de- Art. 115 – Quando a licença para tratamento de saúde for con-
corrente de acidente em serviço ou de doença profissional, não im- cedida em decorrência de acidente em serviço ou de doença profis-
pedirá a sua exoneração ou dispensa, quando esta se der em virtu- sional, esta circunstância se fará expressamente consignada.
de do caráter precário ou temporário de seu provimento. § 1º - Considera-se acidente em serviço todo aquele que se ve-
Art. 105 – A licença superior a 90 (noventa) dias, com funda- rifique pelo exercício das atribuições do cargo, provocando, direta
mento nos incisos I e II, do artigo 97, dependerá de inspeção por ou indiretamente, lesão corporal, perturbação funcional ou doença
junta médica. que determine a morte; a perda total ou parcial, permanente ou
Art. 106 – No processamento das licenças dependentes de ins- temporária, da capacidade física ou mental para o trabalho.
peção médica, será observado o devido sigilo sobre os respectivos § 2º - Equipara-se ao acidente em serviço o ocorrido no deslo-
laudos ou atestados. camento entre a residência e o local do trabalho, bem como o dano
Art. 107 – No curso das licenças a que se referem os incisos I resultante da agressão não provocada, sofrida pelo funcionário no
e II, do artigo 97, o funcionário abster-se-á de qualquer atividade desempenho do cargo ou em razão dele.
remunerada, sob pena de interrupção da licença, com perda total § 3º - A prova do acidente será feita em processo especial, no
do vencimento e demais vantagens, até que reassuma o exercício prazo de 8 (oito) dias, prorrogável por igual período, quando as cir-
do cargo. cunstâncias o exigirem.

30
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 4º - Entende-se por doença profissional a que se deve atri- presa pública, de sociedade de economia mista ou de fundação ins-
buir, como relação de efeito e causa, às condições inerentes ao ser- tituída pelo Poder Público, for mandado servir, ex officio, em outro
viço ou fatos nele ocorridos. ponto do território estadual, nacional ou no exterior.
§ 5º - A prova pericial da relação de causa e efeito a que se Parágrafo único – Existindo no novo local de residência órgão
refere o parágrafo anterior será produzida por junta médica oficial. estadual, o funcionário nele será lotado, havendo claro, ou não ha-
Art. 116 – A licença para tratamento de saúde será concedida vendo, poderá ser-lhe concedida, em caso de interesse da Admi-
sempre com vencimento e vantagens integrais. nistração, permissão de exercício, enquanto ali durar sua perma-
nência.
SEÇÃO III Art. 126 – A licença dependerá de pedido devidamente instruí-
DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍ- do, que deverá ser renovado de 2 (dois) em 2 (dois) anos; finda a
LIA sua causa, o funcionário deverá reassumir o exercício dentro de 30
(trinta) dias, a partir dos quais a sua ausência será computada como
Art. 117 – O funcionário poderá obter licença por motivo de falta ao trabalho.
doença na pessoa de ascendente, descendente, colateral consan- Art. 127 – Independentemente do regresso do cônjuge, o fun-
güíneo ou afim, até o 2º grau civil, cônjuge do qual não esteja legal- cionário poderá reassumir o exercício a qualquer tempo, não po-
mente separado, ou pessoa que vive a suas expensas e conste do dendo, neste caso, renovar o pedido de licença senão depois de 2
respectivo assentamento individual, desde que prove ser indispen- (dois) anos da data da reassunção, salvo se o cônjuge for transferido
sável sua assistência pessoal e esta não possa ser prestada simulta- novamente.
neamente com o exercício do cargo. Art. 128 – As normas desta Seção aplicam-se aos funcionários
Art. 118 – A licença referida no artigo anterior será concedida, que vivem maritalmente, desde que haja impedimento legal ao ca-
ou prorrogada, a pedido do funcionário. samento e convivência por mais de 5 (cinco) anos.
Art. 119 – A licença de que trata esta Seção será concedida com
vencimento e vantagens integrais nos primeiros 12 (doze) meses, e SEÇÃO VII
com 2/3 (dois terços) por outros 12 (doze) meses, no máximo. DA LICENÇA-PRÊMIO

SEÇÃO IV Art. 129 – Após cada qüinqüênio de efetivo exercício prestado


DA LICENÇA PARA REPOUSO À GESTANTE ao Estado, ou a suas autarquias, ao funcionário que a requerer, con-
ceder-se-á licença-prêmio de 3 (três) meses, com todos os direitos
Art. 120 – À funcionária gestante será concedida licença, pelo e vantagens de seu cargo efetivo.
prazo de 4 (quatro) meses. § 1º - Não será concedida a licença-prêmio se houver o funcio-
Parágrafo único – Salvo prescrição médica em contrário, a li- nário, no qüinqüênio correspondente:
cença será concedida a partir do oitavo mês de gestação. 1) sofrido pena de suspensão ou de multa;
Art. 121 – À funcionária gestante, quando em serviço incompa- 2) faltado ao serviço, salvo se abonada a falta;
tível com seu estado, se aplicará, a partir do quinto mês da gestação 3) gozado as licenças para tratamento de saúde, por motivo de
e até o início da licença de que trata o artigo anterior, o disposto no doença em pessoa da família e por motivo de afastamento do côn-
inciso I, do artigo 58. juge, por prazo superior a 90 (noventa) dias, em cada caso.
Art. 122 – A licença de que trata esta Seção será concedida com § 2º - Suspender-se-á, até o limite de 90 (noventa) dias, em
vencimento e vantagens integrais. cada uma das licenças referidas no item 3, do parágrafo anterior, a
contagem de tempo de serviço para efeito de licença-prêmio.
SEÇÃO V § 3º - O gozo da licença prevista no inciso III, do art. 97, não
DA LICENÇA PARA SERVIÇO MILITAR prejudicará a contagem do tempo de serviço para efeito de licen-
ça-prêmio.
Art. 123 – Ao funcionário que for convocado para serviço mili-
§ 4º - Para apuração do qüinqüênio computar-se-á, também, o
tar ou outro encargo da segurança nacional, será concedida licença
tempo de serviço prestado anteriormente em outro cargo estadual,
pelo prazo que durar a sua incorporação ou convocação.
desde que entre um e outro não haja interrupção de exercício.
§ 1º - A licença será concedida à vista do documento oficial que
Art. 130 – O direito à licença-prêmio não tem prazo para ser
prove a incorporação ou convocação.
exercitado.
§ 2º - Do vencimento descontar-se-á a importância que o fun-
Art. 131 – A competência para a concessão de licença-prêmio
cionário percebe na qualidade de incorporado, salvo se optar pelas
vantagens do serviço militar. é do Diretor da Divisão de Pessoal do Departamento de Administra-
§ 3º - Ao funcionário desincorporado ou desconvocado conce- ção de cada Secretaria de Estado ou de órgão diretamente subordi-
der-se-á prazo não excedente de 30 (trinta) dias para que reassuma nado ao Governador.
o exercício, sem perda do vencimento. Art. 132 – O funcionário investido em cargo de provimento em
Art. 124 – Ao funcionário oficial da reserva das Forças Armadas comissão ou função gratificada será licenciado com o vencimento e
será também concedida a licença referida no artigo anterior duran- vantagens do cargo de que seja ocupante efetivo.
te os estágios previstos pelos regulamentos militares. Art. 133 – Quando o funcionário ocupar cargo em comissão ou
Parágrafo único – Quando o estágio for remunerado, assegurar- função gratificada por mais de 5 (cinco) anos, apurados na forma do
-se-lhe-á o direito de opção. artigo 129, assegurar-se-lhe-á, no gozo da licença, importância igual
à que venha percebendo pelo exercício do cargo em comissão ou da
SEÇÃO VI função gratificada.
DA LICENÇA PARA ACOMPANHAR O CÔNJUGE Parágrafo único – Adquirido o direito à licença-prêmio de acor-
do com o estabelecido neste artigo, a ulterior exoneração do cargo
Art. 125 – O funcionário casado terá direito à licença sem ven- em comissão ou dispensa da função gratificada não prejudicará a
cimento quando se cônjuge for exercer mandato eletivo ou, sendo forma de remuneração nele adotada, quando do efetivo gozo da
militar ou servidor da Administração Direta, de autarquia, de em- licença pelo funcionário.

31
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 134 – Em caso de acumulação de cargos, a licença-prêmio Parágrafo único – Os afastamentos de que tratam os incisos
será concedida em relação a cada um deles, simultânea ou separa- deste artigo não implicam suspensão de pagamento adicional por
damente. tempo de serviço, em cujo gozo se encontre o funcionário.
Parágrafo único – Será independente o cômputo do qüinqüênio Art. 144 – O funcionário perderá, ainda, o vencimento e vanta-
em relação a cada um dos cargos acumuláveis. gens do seu cargo:
Art. 135 – A licença-prêmio poderá ser gozada integralmente, I – enquanto durar o mandato eletivo, federal ou estadual;
ou em períodos de 1 (um) a 2 (dois) meses. II – enquanto durar o mandato executivo municipal, eletivo ou
Parágrafo único – Se a licença for gozada em períodos parcela- por nomeação, salvo o direito de opção previsto nos artigos 139 e
dos, deve ser observado intervalo obrigatório de 1 (um) ano entre o 140;
término de um período e o início de outro. III – quando estiver no efetivo exercício de seu mandato, se
Art. 136 – O funcionário poderá, a qualquer tempo, reassumir eleito Vereador, e se, havendo incompatibilidade de horários com o
o exercício do seu cargo, condicionado o gozo dos dias restantes da exercício de seu cargo, dele ficar afastado.
licença à regra contida no artigo anterior. Art. 145 – O funcionário deixará de receber:
Parágrafo único – Se na interrupção da licença se verificar que o I – 1/3 (um terço) do vencimento e vantagens, durante o afas-
funcionário gozou período não conforme o disposto no artigo 135, o tamento por motivo de suspensão preventiva ou recolhimento à
prazo restante da licença referente ao mesmo qüinqüênio, qualquer prisão por ordem judicial não decorrente de condenação definitiva,
que seja ele, ficará insuscetível de gozo, sendo computável apenas ressalvado o direito à diferença se absolvido afinal, ou se o afasta-
para efeito de aposentadoria, nos termos do artigo 80, inciso VII. mento exceder o prazo de condenação definitiva;
Art. 137 – É vedado transformar em licença-prêmio faltas ao II – 2/3 (dois terços) do vencimento e vantagens, durante o
serviço ou qualquer outra licença concedida ao funcionário. cumprimento, sem perda do cargo, de pena privativa de liberdade;
III – vencimento e vantagens do dia em que não comparecer ao
SEÇÃO VIII serviço, salvo o disposto no inciso XIX, do artigo 79;
DA LICENÇA PARA DESEMPENHO DE MANDATO LEGISLATIVO IV – vencimento e vantagens do dia, se comparecer ao serviço
OU EXECUTIVO após os 60 (sessenta) minutos seguintes à hora inicial do expedien-
te, ou se sem autorização por mais de 60 (sessenta) minutos;
Art. 138 – O funcionário será licenciado sem vencimento ou V – 1/3 (um terço) do vencimento e vantagens do dia, se com-
vantagens de seu cargo efetivo, para desempenho de mandato ele- parecer ao serviço dentro dos 60 (sessenta) minutos seguintes à
tivo, federal ou estadual. hora inicial do expediente ou retirar-se sem autorização, dentro dos
Parágrafo único – A licença a que se refere este artigo será con- 60 (sessenta) minutos finais, ou, ainda, ausentar-se sem autoriza-
cedida a partir da diplomação do eleito, pela Justiça Eleitoral, e per- ção por período inferior a 60 (sessenta) minutos.
durará pelo prazo do mandato. § 1º - No caso de faltas sucessivas serão computados, para efei-
Art. 139 – O funcionário investido no mandato eletivo de Pre- to de descontos, os sábados, domingos, feriados e pontos faculta-
feito ou Vice-Prefeito ficará licenciado desde a diplomação pela Jus- tivos intercalados.
tiça Eleitoral, até o término do mandato, sendo-lhe facultado optar § 2º - Na hipótese do inciso V, os descontos acumuláveis havi-
pela percepção do vencimento e vantagens do seu cargo efetivo. dos em um mesmo mês não serão convertidos em faltas para efeito
Art. 140 – Quando o funcionário exercer, por nomeação, man- de contagens de tempo de serviço.
dato executivo federal ou municipal, ficará, desde a posse, licencia- Art. 146 – Nenhum funcionário poderá perceber menos do que
do sem vencimento e vantagens do seu cargo efetivo, ressalvado, o salário-mínimo vigente na capital do Estado.
para o âmbito municipal, o direito de opção pela remuneração do Art. 147 – O vencimento, o provento, ou qualquer vantagem
cargo efetivo. pecuniária não sofrerá descontos além dos previstos em lei, nem
Art. 141 – Investido o funcionário no mandato de Vereador e será objeto de penhora, salvo quando se tratar de:
havendo compatibilidade de horários, perceberá o vencimento e as I – prestação de alimentos determinada judicialmente;
vantagens do seu cargo sem prejuízo dos subsídios a que faz jus; II – dívida para com a Fazenda Pública.
inexistindo compatibilidade, ficará afastado do exercício do seu car- Art. 148 – As reposições e indenizações devidas à Fazenda Es-
go sem percepção do vencimento e vantagens. tadual serão descontadas, em parcelas mensais consecutivas, não
excedentes da décima parte do vencimento ou provento, exceto na
CAPÍTULO IV ocorrência de má fé, hipótese em que não se admitirá parcelamen-
O VENCIMENTO to.
§ 1º - Será dispensada a reposição nos casos em que a per-
cepção indevida tiver decorrido de entendimento expressamente
Art. 142 – Vencimento é a retribuição pelo efetivo exercício do
aprovado pelo Órgão Central do Sistema de Pessoal Civil ou pela
cargo, correspondente à referência ou símbolo fixado em lei.
Procuradoria-Geral do Estado.
Art. 143 – Perderá o vencimento e vantagens do cargo efetivo o
§ 2º - Quando o funcionário for exonerado, demitido ou vier a
funcionário que se afastar:
falecer, a quantia devida será inscrita como dívida ativa e cobrada
I – para prestar serviço à União, a outro Estado, a Município,
judicialmente.
a sociedade de economia mista, a empresa pública, a fundação
instituída pelo Poder Público ou a Organização Internacional, salvo
CAPÍTULO V
quando, a juízo do Governador, reconhecido o afastamento como
DAS VANTAGENS
de interesse do Estado;
II – em decorrência de prisão administrativa, salvo se inocen- SEÇÃO I
tado afinal; DISPOSIÇÕES GERAIS
III – para exercer cargo em comissão, ressalvado o direito de
opção e o de acumulação legal; Art. 149 – Além do vencimento, poderá o funcionário perceber
IV – para estágio experimental. as seguintes vantagens pecuniárias:

32
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
I – adicional por tempo de serviço; SUBSEÇÃO IV
II – gratificações; DA GRATIFICAÇÃO PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EXTRAOR-
III – ajuda de custo e transporte ao funcionário mandado servir DINÁRIO
em nova sede;
IV – diárias, àquele que, em objeto de serviço, se deslocar Art. 158 – A gratificação pela prestação de serviço extraordiná-
eventualmente da sede. rio se destina a remunerar as atividades executadas fora do período
normal de trabalho a que estiver sujeito o funcionário, no desem-
SEÇÃO II penho de seu cargo efetivo.
DO ADICIONAL POR TEMPO DE SERVIÇO Parágrafo único – A prestação de serviço extraordinário poderá
dar-se em outro órgão que não o de lotação do funcionário, desde
Art. 150 – O adicional por tempo de serviço será objeto de dis- que se manifestem favoravelmente os respectivos dirigentes.
ciplina própria a ser baixada, observado o disposto no artigo 19, do Art. 159 – A duração normal do trabalho dos funcionários da
Decreto-Lei nº 408, de 02 de fevereiro de 1979, e no § 6º do artigo Administração Direta poderá, excepcionalmente, ser acrescida de
7º do Decreto-Lei nº 415, de 20 de fevereiro de 1979. horas extraordinárias, respeitado o limite de duas horas diárias, não
se admitindo recusa por parte do funcionário em prestá-las.
SEÇÃO III Parágrafo único – Os limites a que se refere o artigo poderão
DAS GRATIFICAÇÕES ser ampliados, havendo concordância expressa do funcionário de-
signado para a realização do serviço extraordinário, observado, po-
SUBSEÇÃO I rém, o disposto no artigo 161.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 160 – O acréscimo de horas extraordinárias, proposto pelo
chefe da unidade administrativa interessada e ouvida a Inspetoria
Art. 151 – Conceder-se-á gratificação: Setorial de Finanças sobre a existência de saldo na dotação orça-
I – de função; mentária, será submetido às autoridades diretamente subordina-
II – pelo exercício de cargo em comissão; das ao Governador, para autorização, que será publicada no órgão
III – pela prestação de serviço extraordinário; oficial.
IV – de representação de Gabinete; Parágrafo único – A proposta deverá caracterizar a natureza da
V – de representação de Gabinete; medida e justificar a necessidade da prestação do serviço em horá-
VI – pela participação em órgão de deliberação coletiva; rio extraordinário.
VII – pelo exercício: Art. 161 – A gratificação pela prestação de serviço extraordiná-
a) de encargos de auxiliar ou membro de banca ou comissão rio será paga por hora de trabalho prorrogado ou antecipado, res-
examinadora de concurso; salvados os casos previstos neste regulamento.
b) de atividade temporária de auxiliar ou professor de curso § 1º - O valor da hora extraordinária será obtido dividindo-se o
oficialmente instituído. valor da referência correspondente ao vencimento mensal, que re-
gulou a duração normal do trabalho, por 30 (trinta) vezes o número
SUBSEÇÃO II de horas da jornada normal, aumentado de 25% (vinte e cinco por
DA GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO cento) o resultado, salvo em se tratando de serviço extraordinário
noturno, como tal considerado o que for prestado entre as 22 (vinte
Art. 152 – Gratificação de função é a que corresponde ao exer- e duas) horas de um dia e as 5 (cinco) horas do dia imediato, hipóte-
cício de função gratificada instituída e remunerada na forma do que se em que o aumento será de 50% (cinqüenta por cento).
dispõe a Seção II, Capítulo II, Título II. § 2º - A gratificação pela prestação de serviço extraordinário
Art. 153 – A gratificação de função será mantida nos casos de não poderá exceder, em cada mês, a 50% (cinqüenta por cento) do
afastamento previstos nos incisos I, II, VII, VIII, X, XI, XII, XIII, XIV, valor da referência correspondente ao vencimento.
XVII, exceto convocação para serviço militar, e XIX, do artigo 79. Art. 162 – Ao funcionário não se concederá gratificação por ser-
Parágrafo único – Na hipótese do afastamento referido no in- viço extraordinário quando:
ciso VI do artigo 79, obedecer-se-á, quando for o caso, ao disposto I – no exercício de cargo em comissão ou função gratificada;
no artigo 133. II – a prestação do serviço extraordinário decorrer de execução
Art. 154 – O exercício de função gratificada impede o recebi- de atividade a ser retribuída pela gratificação:
mento da gratificação pela prestação de serviço extraordinário. a) de representação de Gabinete;
Art. 155 – Além do exercício de função gratificada regularmen- b) de encargo de auxiliar ou membro de banca ou comissão
te instituída, poderá ser atribuída, na forma de regulamentação es- examinadora de concurso;
pecífica, gratificação de função a funcionários que desempenhem c) de atividade temporária de auxiliar ou professor de curso ofi-
atividades especiais ou excedentes às atribuições de seu cargo, ve- cialmente instituído;
dado o seu recebimento cumulativo com as gratificações específi- III – em regime de acumulação de cargos, empregos ou fun-
cas das funções de confiança. ções.
Art. 163 – Considerar-se-ão automaticamente autorizadas as
SUBSEÇÃO III horas extraordinárias ocorridas em virtude de acidente com o equi-
DA GRATIFICAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO pamento de trabalho, incêndio, inundação e outros motivos de ca-
sos fortuitos ou de força maior.
Art. 156 – A gratificação pelo exercício de cargo em comissão
Parágrafo único – As horas extraordinárias a que se refere este
equivale a 70% do valor fixado para o símbolo a ele correspondente,
artigo poderão ser compensadas posteriormente por folga em pe-
e a ela faz jus o funcionário que, no exercício desse cargo, haja opta-
ríodo equivalente.
do pelo vencimento do seu cargo efetivo, conforme o estabelecido
Art. 164 – Não será submetido ao regime de serviço extraor-
no artigo 23, segunda parte.
dinário:
Art. 157 – À gratificação de que trata o artigo anterior, aplica-se
I – o funcionário em gozo de férias ou licenciado;
o disposto nos artigos 153 e 154.

33
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
II – o ocupante de cargo beneficiado por horário especial em Art. 171 – A gratificação pela participação em órgão de delibe-
virtude do exercício de atividades com risco de vida ou saúde. ração coletiva é acumulável com quaisquer outras vantagens pecu-
Art. 165 – A gratificação por serviço extraordinário tem caráter niárias atribuídas ao funcionário.
transitório, não gerando a sua percepção qualquer direito de incor- Parágrafo único – Durante os afastamentos legais do titular,
poração ao vencimento ou provento de aposentadoria, sobre ela apenas o suplente perceberá a gratificação pela participação em
não incidindo o cálculo de qualquer vantagem. órgão de deliberação coletiva.
Parágrafo único – O desempenho de atividades em horas ex-
traordinárias não será computado como tempo de serviço público SUBSEÇÃO VII
para qualquer efeito. DA GRATIFICAÇÃO PELA PARTICIPAÇÃO EM BANCA EXA-
MINADORA DE CONCURSO OU EM CURSO OFICIALMENTE
SUBSEÇÃO V INSTITUÍDO
DA GRATIFICAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO DE GABINETE
Art. 172 – Pelo exercício de encargo de auxiliar ou membro de
Art. 166 – A gratificação de representação de Gabinete é a que banca ou comissão examinadora de concurso ou de atividade tem-
tem por fundamento a compensação de despesas de apresentação porária de auxiliar ou professor de curso oficialmente instituído,
inerentes ao local do exercício ou a remuneração de encargos es- ao funcionário será atribuída gratificação conforme o estabelecido
peciais. nesta Subseção.
Parágrafo único – A representação dos funcionários ocupantes Art. 173 – Entende-se como encargo de membro de banca ou
de cargo em comissão ou função gratificada é a fixada em lei. comissão examinadora de concurso a tarefa desempenhada, por
Art. 167 – A gratificação poderá ser concedida: designação especial de autoridade competente, no planejamento,
I – aos funcionários em exercício nos Gabinetes dos Secretários organização e aplicação de provas, correção e apuração dos resul-
de Estado, nos Gabinetes da Governadoria e nos da Procuradoria tados, revisão e decisão dos recursos interpostos, até a classifica-
Geral do Estado e Procuradoria Geral da Justiça; ção definitiva, nos concursos, provas de seleção ou de habilitação,
II – Aos funcionários que, a critério dos titulares dos órgãos re- quando eventualmente realizados pelos órgãos da Administração
feridos no inciso anterior, assim devam ser remunerados. Direta do Estado para provimento de cargos, preenchimento de em-
§ 1º - O valor global da gratificação de representação de Gabi- pregos ou admissão a cursos oficialmente instituídos.
nete, por Secretaria, será aprovado pelo Governador, ouvida a Se- Art. 174 – Professor de curso oficialmente instituído é o designado
cretaria de Planejamento e Coordenação Geral quanto aos aspectos pela autoridade competente, para exercer atividade temporária de ma-
orçamentários e financeiros. gistérios nas áreas de treinamento e aperfeiçoamento de pessoal.
§ 2º - O valor individual da gratificação será fixado em tabela Art. 175 – Somente funcionário do Estado poderá ser designa-
aprovada pelos titulares dos órgãos referidos no inciso II deste ar- do para exercer as atividades de auxiliar de banca ou comissão exa-
tigo, observado o disposto no parágrafo anterior, não podendo ex- minadora de concurso, ou para a atividade temporária de auxiliar
ceder a 50% (cinqüenta por cento) do vencimento do cargo efetivo de curso oficialmente instituído.
do funcionário. Art. 176 – A gratificação pelo exercício de atividade temporária
Art. 168 – A gratificação de representação de Gabinete não de auxiliar de professor de curso oficialmente instituído somente
será atribuída ao funcionário se o trabalho for realizado além das
será suspensa nos afastamentos seguintes:
horas de expediente a que está sujeito.
I – férias;
Art. 177 – As gratificações de que trata esta Subseção serão
II – casamento;
arbitradas, em cada caso, pelo Governador, mediante proposta fun-
III – luto;
damentada do órgão promotor do curso ou do concurso.
IV – júri e outros serviços obrigatórios por lei;
Art. 178 – A concessão das gratificações de que cuida esta Sub-
V – licenças para tratamento de saúde e repouso à gestante;
seção não prejudicará a percepção cumulativa de outras vantagens
VI – faltas até o máximo de 3 (três) durante o mês, por motivo
pecuniárias atribuídas ao funcionário.
de doença comprovada pelo órgão competente, inclusive quando
em pessoa da família. SEÇÃO IV
DA AJUDA DE CUSTO E DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE AO
SUBSEÇÃO VI FUNCIONÁRIO MANDADO SERVIR EM NOVA SEDE
DA GRATIFICAÇÃO PELA PARTICIPAÇÃO EM ÓRGÃO DE DELI-
BERAÇÃO COLETIVA SUBSEÇÃO I
DA AJUDA DE CUSTO
Art. 169 – A gratificação pela participação em órgão de delibe-
ração coletiva destina-se a remunerar a presença dos componentes Art. 179 – Será concedida ajuda de custo, a título de compensa-
dos órgãos colegiados regularmente instituídos. ção das despesas de viagem, mudança e instalação, ao funcionário
§ 1º - A gratificação de que trata este artigo será fixada por que, em razão de exercício em nova sede com caráter de perma-
decreto em base percentual calculada sobre o valor de símbolo de nência, efetivamente deslocar sua residência.
cargo em comissão ou função gratificada, e paga por dia de presen- Art. 180 – A ajuda de custo será arbitrada pelos Secretários
ça às sessões do órgão colegiado. de Estado ou dirigentes de órgãos diretamente subordinados ao
§ 2º - Compete ao Governador arbitrar a ajuda de custo a ser Governador e não será inferior a uma nem superior a três vezes a
paga ao funcionário designado para missão no exterior. importância correspondente ao vencimento do funcionário, salvo
Art. 170 – É vedada a participação do funcionário em mais de quando se tratar de missão no exterior.
um órgão de deliberação coletiva, salvo quando na condição de § 1º - No arbitramento da ajuda de custo serão levados em con-
membro nato. ta o vencimento do cargo do funcionário designado para nova sede
Parágrafo único – Quando o funcionário for membro nato de ou missão no exterior, as despesas a serem por ele realizadas, bem
mais de um órgão de deliberação coletiva, poderá optar pela grati- como as condições de vida no local do novo exercício ou no desem-
ficação de valor mais elevado. penho da missão.

34
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º - Compete ao Governador arbitrar a ajuda de custo a ser IV – 1 (um) empregado doméstico, desde que comprovada essa
paga ao funcionário designado para missão no exterior. condição.
Art. 181 – Sem prejuízo das diárias que lhe couberem, o funcio- § 1º - Atingida a maioridade, os referidos no inciso II deste ar-
nário obrigado a permanecer fora da sede de sua unidade adminis- tigo perdem a condição de dependente, exceto a filha que se con-
trativa, em objeto de serviço, por mais de 30 (trinta) dias, perceberá servar solteira e sem economia própria, o filho inválido e, até com-
ajuda de custo correspondente a um mês do vencimento de seu pletar 24 (vinte e quatro) anos, quem for estudante, sem exercer
cargo. qualquer atividade lucrativa.
Parágrafo único – A ajuda de custo será calculada sobre o valor § 2º - Para efeito do disposto neste artigo, sem economia pró-
atribuído ao símbolo do cargo em comissão, quando o seu ocupan- pria significa não perceber rendimento em importância igual ou su-
te não for também de cargo efetivo. perior ao valor do salário-mínimo vigente na região em que resida.
Art. 182 – Não se concederá ajuda de custo: Art. 187 – Em face da peculiaridade do serviço, poderá ser con-
I – ao funcionário que, em virtude de mandato legislativo ou cedido o pagamento da indenização de despesa de transporte aos
executivo, deixar ou reassumir o exercício do cargo; funcionários que tenham assegurado o direito ao uso individual de
II – ao funcionário posto a serviço de qualquer outra entidade viaturas oficiais e que utilizarem veículo próprio no desempenho de
de direito público; suas funções, conforme faixas de remuneração a serem definidas
III – quando a designação para a nova sede se der a pedido. em Resolução do Secretário de Estado de Administração.
Art. 183 – O funcionário restituirá a ajuda de custo: § 1º - Na Resolução a que se refere este artigo serão reservadas
I – quando se transportar para a nova sede ou local da missão, faixas próprias de indenização de despesa de transporte a serem
nos prazos determinados; atribuídas aos funcionários que, para o desempenho de seus car-
II – quando, antes de decorridos 3 (três) meses do deslocamen- gos, tenham de se deslocar habitualmente pelo interior do Estado.
to ou do término da incumbência, regressar, pedir exoneração ou § 2º - Os valores da indenização serão fixados de acordo com
abandonar o serviço. os índices apurados pela Superintendência de Transportes Oficiais e
§ 1º - A restituição é de exclusiva responsabilidade do funcioná- aprovados pelo Governador.
rio e não poderá ser feita parceladamente. Art. 188 – A autorização para a utilização da viatura de proprie-
§ 2º - O funcionário que houver percebido ajuda de custo não dade do funcionário a serviço do Estado será da competência do
entrará em gozo de licença-prêmio antes de decorridos 90 (noven- Secretário de Estado de Administração, por intermédio da Superin-
ta) dias de exercício na nova sede, ou de finda a missão. tendência de Transportes Oficiais, ouvido o órgão interessado.
§ 3º - Não haverá obrigação de restituir: Art. 189 – Concedida a autorização, o Estado não se responsa-
1) quando o regresso do funcionário for determinado ex officio bilizará por danos causados a terceiros, ou ao veículo, ainda que a
ou decorrer de doença comprovada ou de motivo de força maior; ocorrência se verifique em serviço.
2) quando o pedido de exoneração for apresentado após 90 Parágrafo único – Todas as despesas decorrentes do uso do veí-
(noventa) dias de exercício na nova sede ou local da missão. culo correrão por conta do usuário.
Art. 190 – Quando convier, o Estado cancelará, em qualquer
SUBSEÇÃO II época, a atribuição da indenização de despesas de transporte, cuja
DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE AO FUNCIONÁRIO MAN- concessão não gerará qualquer direito à continuidade da respectiva
DADO SERVIR EM NOVA SEDE percepção.
Art. 191 – É vedado o uso de viatura oficial por quem já seja
Art. 184 – Independentemente da ajuda de custo concedida ao portador de autorização para utilização de veículo particular a ser-
funcionário, a este será assegurado transporte para a nova sede, viço do Estado.
inclusive para seus dependentes. Parágrafo único – A infração do disposto neste artigo sujeita o
§ 1º - O funcionário que utilizar condução própria no deslo- funcionário às penalidades cabíveis, cancelando-se, ainda, a autori-
camento para nova sede fará jus, para indenização da despesa de zação concedida em seu favor.
transporte, à percepção da importância integral corresponden- Art. 192 – Ao receber a autorização para utilização de viatu-
te ao valor da tarifa rodoviária no mesmo percurso, acrescida de ra própria em serviço, o usuário assinará, na Superintendência de
50% (cinqüenta por cento) do referido valor por dependente que o Transportes Oficiais, o competente “Termo de Compromisso”, sub-
acompanhe, até o máximo de 3 (três). metendo-se aos preceitos regulamentares da matéria.
§ 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, a Administração for-
necerá passagens para o transporte rodoviário dos dependentes SEÇÃO V
DAS DIÁRIAS
que comprovadamente não viajem em companhia do funcionário.
Art. 185 – Nos deslocamentos a que se refere o artigo 179, se-
Art. 193 – Ao funcionário que se deslocar, temporariamente,
rão custeados pela Administração o transporte do mobiliário e ba-
em objeto de serviço, da localidade onde estiver sediada sua uni-
gagens do funcionário e de seus dependentes, observado o limite
dade administrativa, conceder-se-á, além de transporte, diária, a
máximo de 12,00m³ (doze metros cúbicos) ou 4.500kg (quatro mil
título de compensação das despesas de alimentação e pousada ou
e quinhentos quilogramas) por passagem inteira, até o número de
somente de alimentação.
duas, acrescida de 3,00m³ (três metros cúbicos) ou 900kg (novecen-
Parágrafo único – A vantagem de que trata este artigo poderá
tos quilogramas) por passagem adicional, até o máximo de 3 (três).
também ser concedida ao servidor contratado, no exercício de fun-
Art. 186 – São considerados dependentes do funcionário, para
ção gratificada, bem como ao estagiário.
efeitos desta Subseção:
Art. 194 – Será concedida diária:
I – o cônjuge ou a companheira legalmente equiparada;
I – de alimentação e pousada, nos deslocamentos superiores a
II – o filho de qualquer condição ou enteado, bem assim o me-
100km (cem quilômetros) de distância da sede, desde que o pernoi-
nor que, mediante autorização judicial, viva sob a guarda e o sus-
te se realize por exigência do serviço;
tento do funcionário;
II – de alimentação, nos deslocamentos inferiores a 100km
III – os pais, sem economia própria, que vivam a expensas do
(cem quilômetros) e superiores a 50km (cinqüenta quilômetros) de
funcionário;
distância da sede;

35
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
III – em qualquer caso: Art. 201 – Da decisão que for prolatada caberá, sempre, pedido
a) de alimentação e pousada, quando o afastamento da sede de reconsideração.
exceder de 18 (dezoito) horas; § 1º - O pedido de reconsideração será diretamente encami-
b) de alimentação, quando o afastamento for inferior a 18 (de- nhado à autoridade que houver expedido o ato ou proferido a deci-
zoito) e superior a 8 (oito) horas. são, não podendo ser renovado.
Art. 195 – O valor da diária resultará da incidência de percen- § 2º - O requerimento e o pedido de reconsideração terão pra-
tuais sobre o valor básico da UFERJ, atendida a tabela que for ex- zo de 8 (oito) dias para sua instrução e encaminhamento, e serão
pedida por ato do Governador, observados, em sua elaboração, a decididos no prazo máximo de 30 (trinta) dias, salvo em caso que
natureza, o local, as condições do serviço e o vencimento do fun- obrigue a realização de diligência ou de estudo especial.
cionário. § 3º - A autoridade que receber o pedido de reconsideração
Art. 196 – Não se concederá diária: poderá processá-lo como recurso hierárquico, encaminhando-o à
I – durante o período de trânsito; autoridade superior.
II – quando o deslocamento se constituir em exigência perma- Art. 202 – Caberá recurso hierárquico:
nente do exercício do cargo ou da função; I – do indeferimento do pedido de reconsideração;
III – quando o município para o qual se deslocar o funcionário II – das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos.
seja contíguo ao da sua sede, constituindo-se, em relação a este, § 1º - Ressalvado o disposto no Decreto-Lei nº 114, de 22 de
em unidade urbana e apresentando facilidade de transporte, res- maio de 1975, o recurso será decidido pela autoridade imediata-
salvadas as hipóteses do inciso III do artigo 194; mente superior àquela que tiver expedido o ato ou proferido a de-
IV – quando as despesas do deslocamento correrem por conta cisão, sucessivamente, em escala ascendente, pelas demais auto-
de outras entidades subordinadas ou vinculadas à Administração ridades.
Pública. § 2º - No processamento do recurso observar-se-á o disposto
Art. 197 – Ao regressar à sede, o funcionário restituirá, dentro no § 2º do artigo 201.
do prazo de 48 (quarenta e oito) horas, as importâncias recebidas Art. 203 – O pedido de reconsideração e o recurso hierárquico
em excesso. não têm efeito suspensivo, mas o que for provido retroagirá, em
Parágrafo único – O descumprimento do disposto neste artigo seus efeitos, à data do ato impugnado.
ocasionará o desconto em folha das importâncias recebidas em ex- Art. 204 – O direito de pleitear na esfera administrativa pres-
cesso pelo funcionário, sem prejuízo das sanções disciplinares apli- creverá:
cáveis à espécie. I – em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão, cassação de
Art. 198 – A concessão indevida de diárias sujeitará a autori- aposentadoria ou disponibilidade e quanto às questões que envol-
dade que as conceder à reposição de importância correspondente, vam direitos patrimoniais;
aplicando-se-lhe, e ao funcionário que as receber, as cominações II – em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, ressalvados
estatutárias pertinentes. os previstos em leis especiais.
§ 1º - Se consumada a prescrição administrativa, poderá a Ad-
CAPÍTULO VI ministração relevá-la caso seja ilegal o ato impugnado e não estiver
DO DIREITO DE PETIÇÃO exaurido o acesso à via judicial.
§ 2º - Os prazos de prescrição estabelecidos neste artigo con-
Art. 199 – É assegurado ao funcionário o direito de petição em tar-se-ão da data da ciência do interessado, a qual se presumirá
toda a sua amplitude, assim como o de representar. da publicação do ato impugnado, ou quando este for de natureza
Art. 200 – O requerimento será dirigido à autoridade compe- reservada, da data da ciência do interessado, que deverá constar
tente para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a quem sempre do processo respectivo.
estiver imediatamente subordinado o requerente. § 3º - O pedido de reconsideração e o recurso hierárquico,
§ 1º - O erro na indicação da autoridade não prejudicará a par- quando cabíveis, interrompem a prescrição até duas vezes.
te, devendo o processo ser encaminhado, por quem o detiver, à au- § 4º - A prescrição interrompida recomeça a correr, pela meta-
toridade competente. de do prazo, da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do
§ 2º - Do requerimento constará: processo para a interromper.
1) o nome, cargo, matrícula, unidade administrativa em que é § 5º - Não correrá a prescrição enquanto o processo estiver em
lotado o funcionário, e sua residência; estudo.
2) os fundamentos, de fato e de direito, da pretenção; Art. 205 – Após despacho decisório, ao funcionário interessa-
3) o pedido, formulado com clareza. do ou a seu representante legal é assegurado o direito de vista do
§ 3º - Não será recebido, e se o for, não será despachado, sem a processo administrativo, no recinto do órgão competente e durante
prévia satisfação da exigência, o requerimento que não contiver as seu horário de expediente.
indicações do item 1, do parágrafo anterior. Art. 206 – É assegurada a expedição de certidões de atos ou pe-
§ 4º - O requerimento será instruído com os documentos ne- ças de processos administrativos, requeridas para defesa de direito
cessários, facultando-se ao funcionário, mediante petição funda- do funcionário ou para esclarecimento de situações.
mentada, a respectiva anexação no curso do processo. Art. 207 – A certidão deverá ser requerida com indicação de fi-
§ 5º - Os documentos poderão ser apresentados por cópia, fo- nalidade específica a que se destina, a fim de que se possa verificar
tocópia, xerocópia ou reprodução permanente por processo aná- o legítimo interesse do requerente na sua obtenção.
logo, autenticada em cartório ou conferida na apresentação pelo § 1º - Quando a finalidade da certidão for instruir processo
servidor que a receber. judicial, deverão ser mencionados o direito em questão, o tipo de
§ 6º - Excetuam-se da disposição de que trata o parágrafo pre- ação, o nome das partes e o respectivo juízo, se a ação já tiver sido
cedente as certidões de tempo de serviço, que serão apresentadas
proposta.
sempre em seus originais, e outros documentos que assim sejam
§ 2º - Se o requerimento for assinado por procurador, deverá
exigidos pela Administração.
ser juntado o competente instrumento de mandato.
§ 7º - Nenhum documento será devolvido sem que dele fique,
no processo, cópia ou reprodução autenticada pela repartição.

36
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
Art. 208 – A competência para decidir sobre o pedido de cer- soramento Superiores – DAS ou da função gratificada de Chefia e
tidão é do Secretário de Estado, das autoridades do mesmo nível e Assistência Intermediárias – CAI, que tiver exercido na Administra-
dos presidentes das autarquias a quem estiver subordinada a auto- ção Direta ou Autárquica no mínimo por um ano, desde que:
ridade incumbida de expedi-la, podendo ser delegada. I – sem interrupção, nos últimos 5 (cinco) anos imediatamente
Art. 209 – O pedido de certidão será indeferido quando: anteriores à passagem para a inatividade, o exercício de cargos em
I – o requerente não tiver interesse legítimo no processo; comissão ou funções gratificadas;
II – a matéria a certificar se referir a: II – com interrupção, mas por 10 (dez) anos, o referido exercí-
a) assunto cuja divulgação afete a segurança pública; cio.
b) pareceres ou informações, salvo se a decisão proferida aos § 1º - Em se tratando de cargo em comissão, a incorporação
mesmos se reporte; da vantagem se fará no valor correspondente a 70% (setenta por
c) processo sem decisão final da Administração. cento) do fixado no respectivo símbolo; tratando-se de função gra-
Art. 210 – Caberá o pronunciamento da Procuradoria Geral do tificada, a vantagem será integralmente incorporada.
Estado: § 2º - Para os efeitos deste artigo considerar-se-ão, igualmen-
I – nos pedidos de certidões formulados pelo Poder Judiciário; te, quaisquer gratificações deferidas ao funcionário na qualidade
II – no caso de certidões para prova em juízo, se o Estado for de ocupante de função de confiança, as quais se incorporarão ao
parte na ação em curso ou a ser proposta; respectivo provento pelo valor efetivamente percebido.
III – se a autoridade competente para autorizar a certidão tiver Art. 222 – Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008.
dúvidas sobre o requerimento, os documentos que o instruem ou Art. 223 – Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008.
sobre a maneira de atendê-lo. Art. 224 – Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008.
Parágrafo único – Nas hipóteses previstas nos incisos I e III, em
que o aludido pronunciamento é obrigatório, a autoridade, ao en- TÍTULO VI
caminhar o processo, deverá instruí-lo previamente com a minuta DAS CONCESSÕES
da certidão a ser expedida.
Art. 211 – As certidões sobre matéria de pessoal só serão for- CAPÍTULO I
necidas pelo Órgão Central do Sistema de Pessoal Civil, à vista de DISPOSIÇÕES GERAIS
dados e elementos constantes dos seus registros.
Art. 225 - Sem prejuízo do vencimento, direitos e vantagens,
CAPÍTULO VII o funcionário poderá faltar ao serviço até (oito) dias consecutivos
DA INATIVIDADE por motivo de:
I - casamento;
SEÇÃO I II - falecimento do cônjuge, companheiro ou companheira,
DA DISPONIBILIDADE pais, filhos ou irmãos.
§ 1º- Computar-se-ão, para os efeitos deste artigo, os sábados,
Art. 212 – Extinto o cargo, ou declarada sua desnecessidade, domingos e feriados compreendidos no período.
por ato do Poder Executivo, será o funcionário, se estável, colocado § 2º - A qualidade de companheiro ou companheira, exclusiva-
em disponibilidade. mente para esse efeito, será demonstrada pela coabitação por prazo
§ 1º - O funcionário em disponibilidade perceberá provento mínimo de 02 (dois) anos, desnecessária em havendo filho comum.
proporcional ao tempo de serviço e poderá ser aproveitado em car- Art. 226 - Ao licenciado para tratamento de saúde em virtude
go de natureza e vencimento compatíveis com os do anteriormente de acidente em serviço ou doença profissional, que deva ser deslo-
ocupado. cado de sua sede para qualquer ponto do território nacional, por
§ 2º - Restabelecido o cargo, ainda que modificada a sua de- exigência do laudo médico, será concedido transporte à conta dos
nominação, poderá nele ser aproveitado o funcionário posto em cofres estaduais, inclusive para um acompanhante.
disponibilidade, quando de sua extinção ou da declaração de sua § 1º - Será, ainda, concedido transporte à família do funcioná-
desnecessidade, ressalvado o direito de optar por outro cargo em rio falecido no desempenho do serviço, fora da sede de seus traba-
que já tenha sido aproveitado. lhos, inclusive quando no exterior.
Art. 213 – O funcionário em disponibilidade poderá ser apo- § 2º - Correrão, também, por conta do Estado, as despesas com
sentado. a remoção e com o sepultamento do funcionário falecido no de-
sempenho do serviço.
SEÇÃO II Art. 227 - Ao funcionário estudante matriculado em estabele-
DA APOSENTADORIA cimento de ensino de qualquer grau, oficial ou reconhecido, será
permitido faltar ao serviço, sem prejuízo do seu vencimento ou de
Art. 214 – Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008. quaisquer direitos e vantagens, nos dias de provas ou de exames,
Art. 215 – Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008. mediante apresentação de atestado fornecido pelo respectivo es-
Art. 216 – Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008. tabelecimento.
Art. 217 – Será aposentado o funcionário que for considerado Art. 228 - Ao estudante que necessitar mudar de domicílio para
inválido para o serviço e não puder ser readaptado, conforme o pre- passar a exercer cargo ou função pública, será assegurada trans-
visto no artigo 57. ferência do estabelecimento de ensino que estiver cursando, para
Art. 218 – A aposentadoria por invalidez será sempre precedida outro da nova residência, onde será matriculado em qualquer épo-
de licença por período não inferior a 24 (vinte e quatro) meses, sal- ca, independentemente de vaga, se integrante do sistema estadual
vo quando ocorrer a hipótese prevista no artigo 112. de ensino.
Art. 219 – Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008. Art. 229 - Os atos que deslocarem ex-offício os funcionários es-
Art. 220 – Revogado pela Lei Complementar nº 121/2008. tudantes de uma para outra cidade ficarão suspensos, se, na nova
Art. 221 – O funcionário que completar condições para aposen- sede ou em localidade próxima, não existir estabelecimento congê-
tadoria voluntária fará jus à inclusão, no cálculo do provento, das nere, oficial, reconhecido ou equiparado àquele em que o interes-
vantagens do mais elevado cargo em comissão de Direção e Asses- sado esteja matriculado.

37
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 1º - Efetivar-se-á deslocamento se o funcionário concluir o Art. 237 – A cota de salário-família por dependente inválido
curso, for reprovado, ou deixar de renovar sua matrícula. corresponderá ao triplo da cota normal.
§ 2º - Anualmente o interessado deverá fazer prova, perante Parágrafo único – A invalidez que caracteriza a dependência é
o órgão setorial de pessoal a que esteja subordinado, de que está a comprovada incapacidade total e permanente para o trabalho; ou
matriculado. presumida, em caso de ancianidade.
Art. 230 - O funcionário estudante matriculado em estabeleci- Art. 238 – O salário-família será pago independentemente de
mento de ensino que não possua curso noturno, poderá, sempre freqüência do funcionário e não poderá sofrer qualquer desconto,
que possível, ser aproveitado em serviços cujo horário não colida nem ser objeto de transação ou consignação em folha de pagamen-
com o relativo ao período das aulas. to.
Parágrafo único - Sendo impossível o aproveitamento a que se Parágrafo único – O salário-família não está, também, sujeito a
refere o presente artigo, poderá o estudante, com assentimento do qualquer imposto ou taxa, nem servirá de base para qualquer con-
respectivo chefe, iniciar o serviço uma hora depois do expediente tribuição, ainda que de finalidades previdenciária e assistencial.
ou dele se retirar uma hora antes do seu término, conforme o caso, Art. 239 – O salário-família será pago mesmo nos casos em que
desde que a compense, prorrogando ou antecipando o expediente o funcionário ou inativo deixar de receber o respectivo vencimento
normal. ou provento.
Art. 231 - O funcionário terá preferência, para sua moradia, na Art. 240 – Nos casos de acumulação legal de cargos, o salário-
locação de imóvel pertencente ao Estado. -família será pago somente em relação a um deles.
Parágrafo único - A locação se fará pelo aluguel que for fixado Art. 241 – Em caso de falecimento do funcionário ou inativo, o
e mediante concorrência, que versará sobre as qualificações prefe- salário-família continuará a ser pago aos seus beneficiários.
renciais dos candidatos, relativas ao número de dependentes, re- Parágrafo único – Se o funcionário ou inativo falecido não se
muneração e tempo de serviço público. houver habilitado ao salário-família, a Administração, mediante re-
Art. 232 - As concessões estabelecidas neste Título aplicam-se: querimento de seus beneficiários, providenciará o seu pagamento,
I - aos servidores contratados no exercício de função gratifica- desde que atendidos os requisitos necessários à concessão desse
da, as constantes dos artigos 225, 226 e 227 e as dos Capítulos II, III, benefício.
IV, VI e VII, do Título VI; Art. 242 – O cancelamento do salário-família será feito de ofí-
II - aos estagiários, as dos artigos 225 e 226 e as dos Capítulos cio nos casos de implemento da idade pelo dependente, salvo se o
IV, VI e VII, do Título VI. funcionário ou inativo, no caso de filho estudante que não exerça
atividade remunerada, apresentar comprovação de freqüência de
CAPÍTULO II curso secundário ou superior até 30 (trinta) dias antes de completar
21 (vinte e um) anos, e anualmente, por ocasião da matrícula esco-
DO SALÁRIO-FAMÍLIA
lar, até que atinja 24 (vinte e quatro) anos.
Parágrafo único – O cancelamento será feito, a requerimento
Art. 233 – Salário-família é o auxílio pecuniário especial conce-
do interessado, nos casos de exercício de atividade remunerada,
dido pelo Estado ao funcionário ou inativo, como contribuição ao
falecimento, abandono de lar, casamento, separação judicial ou di-
custeio das despesas de manutenção de sua família.
vórcio do dependente, respondendo o funcionário ou inativo, civil,
Parágrafo único – A cada dependente relacionado no artigo se-
penal e administrativamente pela omissão ou inexatidão de suas
guinte corresponderá uma cota de salário-família.
declarações.
Art. 234 – Conceder-se-á salário-família: Art. 243 – O salário-família, relativo a cada dependente, será
I – por filho menor de 21 (vinte e um) anos, que não exerça devido a partir do mês em que tiver ocorrido o fato ou ato que lhe
atividade remunerada; deu origem, embora verificado no último dia do mês.
II – por filho inválido; Art. 244 – Deixará de ser devido o salário-família, relativo a
III – por filha solteira, separada judicialmente ou divorciada cada dependente, no mês seguinte ao em que se tenha verificado o
sem economia própria; ato ou fato que haja determinado a sua supressão, embora ocorrido
IV – por filho estudante que freqüente curso médio ou supe- no primeiro dia do mês.
rior e que não exerça atividade lucrativa, até a idade de 24 (vinte e
quatro) anos; CAPÍTULO III
V – pelo ascendente, sem rendimento próprio, que viva a ex- DO AUXÍLIO-DOENÇA
pensas do funcionário;
VI – pela esposa que não exerça atividade remunerada; Art. 245 – Após cada período de 12 (doze) meses consecutivos
VII – pelo esposo que não exerça atividade remunerada, por de licença para tratamento de saúde, o funcionário terá direito a
motivo de invalidez permanente; um mês de vencimento, a título de auxílio-doença.
VIII – pela companheira, assim conceituada na lei civil. § 1º - Quando ocorrer o falecimento do funcionário, o auxílio-
Parágrafo único – Compreendem-se neste artigo o filho de -doença a que tiver feito jus será pago de acordo com as normas
qualquer condição, o enteado, o adotivo e o menor que comprova- que regulam o pagamento de vencimento não recebido.
damente viva sob a guarda e o sustento do funcionário. § 2º - O auxílio-doença não sofrerá descontos de qualquer es-
Art. 235 – Quando pai e mãe forem funcionários ou inativos de pécie, ainda que para fins de previdência e assistência.
qualquer órgão público federal, estadual ou municipal, e viverem Art. 246 – O tratamento do funcionário acidentado em serviço,
em comum, o salário-família será concedido exclusivamente ao pai. acometido de doença profissional ou internado compulsoriamente
Parágrafo único – Se não viverem em comum, será concedido para tratamento psiquiátrico, correrá integralmente por conta dos
ao que tiver os dependentes sob sua guarda; se ambos os tiverem, cofres do Estado, e será realizado, sempre que possível, em estabe-
de acordo com a distribuição dos dependentes. lecimento estadual de assistência médica.
Art. 236 – Ao pai e à mãe equiparam-se o padrasto e a madras- § 1º - Ainda que o funcionário venha a ser aposentado em
ta e, na falta deste, os representantes legais dos incapazes ou os decorrência de acidente em serviço, de doença profissional ou de
que, mediante autorização judicial, tenham sob sua guarda e sus- internação compulsória para tratamento psiquiátrico, as despesas
tento os dependentes a que se refere o artigo 234. previstas neste artigo continuarão a correr pelos cofres do Estado.

38
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º - Nas hipóteses deste artigo não será devido ao funcioná- CAPÍTULO VI
rio o pagamento do auxílio-doença. DA PENSÃO ESPECIAL EM CASO DE MORTE POR ACIDENTE
Art. 247 – O titular do órgão competente para a concessão de EM SERVIÇO OU DOENÇA PROFISSIONAL
licenças médicas aos funcionários do Estado decidirá sobre os pe-
didos de pagamento do auxílio-doença e do tratamento a que se Art. 256 – Aos beneficiários do funcionário falecido em conse-
refere o artigo anterior. qüência de acidente ocorrido em serviço ou doença nele adquiri-
Art. 248 – Nos casos de acumulação legal de cargos, o auxílio- da, é assegurada pensão mensal equivalente ao vencimento mais
-doença devido será pago somente em relação a um deles, e calcu- as vantagens percebidas em caráter permanente, por ocasião do
lado sobre o de maior vencimento, se ambos forem estaduais. óbito.
Art. 257 – A prova das circunstâncias do falecimento será feita
CAPÍTULO IV por junta médica oficial, que se valerá, se necessário, de laudo mé-
DO AUXÍLIO-FUNERAL dico-legal, além da comprovação a que se refere o § 3º do artigo
115, quando for o caso.
Art. 249 – À família do funcionário ou inativo falecido será con- Art. 258 – Do valor da pensão concedida serão abatidas as im-
cedido auxílio-funeral. portâncias correspondentes à pensão recebida do IPERJ.
§ 1º - o auxílio será pago: Parágrafo único – Em nenhuma hipótese, a soma das pensões
1) no valor correspondente a 10 (dez) UFERJs, quando o do será inferior ao valor do salário-mínimo vigente na capital do Esta-
vencimento e vantagens ou proventos do falecido for igual ou infe- do.
rior a esse quantitativo; Art. 259 – O disposto neste Capítulo aplica-se, também, aos
2) no valor correspondente a 20 (vinte) UFERJs, nos demais ca- beneficiários do inativo, quando o evento morte for conseqüência
sos. direta de acidente em serviço ou doença profissional.
§ 2º - A despesa com auxílio-funeral correrá à conta de dotação
orçamentária própria. CAPÍTULO VII
Art. 250 – Aplica-se ao auxílio-funeral a norma estabelecida no DO PRÊMIO POR SUGESTÕES DE INTERESSE DA ADMINISTRA-
artigo 248. ÇÃO
§ 1º - Se as despesas do funeral não forem ocorridas por pessoa
da família do funcionário ou inativo, o respectivo auxílio será pago a Art. 260 – A Administração estimulará a apresentação, por par-
quem as tiver comprovadamente realizado. te de funcionários, de sugestões e trabalhos que visem ao aumen-
§ 2º - O pagamento do auxílio-funeral obedecerá a processo to da produtividade e à redução de custos operacionais do serviço
sumaríssimo, concluído no prazo de 48 (quarenta e oito) horas da público.
apresentação da certidão de óbito e documentos que comprovem Art. 261 – Será estabelecido um prêmio anual, em importância
a satisfação da despesa pelo requerente, incorrendo em pena de a ser fixada pelo Governador, destinado ao trabalho que melhor se
suspensão o responsável pelo retardamento. ajustar às finalidades de sua instituição, nos termos de regulamen-
tação própria a ser baixada pelo Secretário de Estado de Adminis-
CAPÍTULO V tração.
DO AUXÍLIO-MORADIA Art. 262 – Caberá a uma Comissão, composta de 5 (cinco)
membros, de reconhecida competência em técnicas de administra-
Art. 251 – Será concedido auxílio-moradia ao funcionário que ção, avaliar e julgar os trabalhos recebidos.
for designado ex officio para ter exercício definitivo em nova sede § 1º - Anualmente será designada a Comissão por ato do Se-
e nesta não vier a residir em imóvel pertencente ao Poder Público. cretário de Estado de Administração, que indicará seu Presidente.
Art. 252 – O auxílio-moradia corresponderá a 20% (vinte por § 2º - Integração a Comissão, indicados pelos respectivos titu-
cento) do vencimento-base do funcionário. lares, além do seu Presidente, representantes das Secretarias de
Art. 253 – O pagamento do auxílio-moradia é devido a partir Governo, de Planejamento e Coordenação Geral e de Fazenda e da
da data em que o funcionário passar a ter exercício na nova sede Fundação Escola de Serviço Público do Estado do Rio de Janeiro.
e cessará: § 3º - O julgamento da Comissão será irrecorrível.
I – quando completar 1 (um) ano de serviço na nova sede; Art. 263 – Ao autor do trabalho premiado se reconhecerá a
II – quando passar a residir em imóvel pertencente ao Poder relevância do serviço e o respectivo prêmio será entregue em ato
Público. solene, no dia 28 de outubro.
Art. 254 – O auxílio-moradia, pago mensalmente junto com Art. 264 – Não será distribuído o prêmio no ano em que os tra-
vencimento do funcionário, será suspenso nas hipóteses previstas balhos apresentados forem julgados insatisfatórios pela Comissão.
nos incisos III, IV, V, XVIII e XX do artigo 79.
Parágrafo único – Será ainda suspenso o pagamento do auxílio TÍTULO VII
quando o funcionário: DA PREVIDÊNCIA E DA ASSISTÊNCIA
1) exercer mandato legislativo ou executivo, federal ou esta-
dual; CAPÍTULO ÚNICO
2) exercer mandato municipal e este importar no afastamento
do funcionário do exercício de seu cargo; Art. 265 – O Estado prestará assistência ao funcionário, ao ina-
3) for convocado para prestação de serviço militar. tivo, e a suas famílias.
Art. 255 – O período de 1 (um) ano a que se refere o inciso I do Art. 266 – Entre as formas de assistência incluem-se:
artigo 253 começa a ser contado a partir da data em que o funcio- I – assistência médica, farmacêutica, dentária e hospitalar, além
nário iniciar o exercício na nova sede, recomeçando a contagem do de outras julgadas necessárias, inclusive em sanatórios e creches;
prazo a cada nova designação. II – a manutenção obrigatória dos sistemas previdenciários e de
seguro social, em favor de todos os funcionários e inativos;

39
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
III – plano de seguro compulsório para complementação de Parágrafo único – Exceto quanto ao exercício de mandato ele-
proventos e pensões; tivo, o disposto neste artigo não se aplica ao aposentado compul-
IV – assistência judiciária; soriamente, nem ao aposentado por invalidez, se não cessadas as
V – financiamento para aquisição de imóvel destinado à resi- causas determinantes de sua aposentadoria.
dência; Art. 274 – Não se compreende na proibição de acumular, nem
VI – auxílio para a educação dos dependentes; está sujeita a quaisquer limites, a percepção:
VII – cursos e centros de treinamento, aperfeiçoamento e espe- I – conjunta, de pensões civis ou militares;
cialização profissional; II – de pensões, com vencimento ou salário;
VIII – centros de aperfeiçoamento moral e cultural dos funcio- III – de pensões, com provento de disponibilidade, aposentado-
nários e suas famílias, fora das horas de trabalho. ria, jubilação ou reforma;
Art. 267 – A assistência, sob qualquer das formas, será prestada IV – de proventos resultantes de cargos legalmente acumulá-
diretamente pelo Estado ou através de instituições próprias, criadas veis;
por lei, às quais poderá o funcionário ou inativo ser obrigatoriamen- V – de provento, com vencimento nos casos de acumulação
te filiado. legal.
Parágrafo único – Para execução do disposto neste artigo pode- Art. 275 – Cargo técnico ou científico é aquele para cujo exercí-
rão ser celebrados convênios com entidades públicas ou privadas. cio seja indispensável e predominante a aplicação de conhecimento
Art. 268 – Legislação especial estabelecerá os planos, bem científico ou artístico de nível superior de ensino.
como as condições de organização e funcionamento dos serviços Parágrafo único – Considera-se, também, como técnico ou
assistenciais referidos neste Título. científico:
Art. 269 – Nos trabalhos insalubres executados pelos servido- 1) o cargo para cujo exercício seja exigida habilitação em curso
res do Estado, este é obrigado a fornecer-lhes, gratuitamente, os legalmente classificado como técnico, de segundo grau ou de nível
equipamentos próprios exigidos pelas disposições específicas rela- superior de ensino;
tivas à higiene e segurança do trabalho. 2) o cargo de direção, privativo de ocupante de cargo técnico
Parágrafo único – Os equipamentos de que trata este artigo ou científico.
serão de uso obrigatório pelos servidores do Estado, sob pena de Art. 276 – Cargo de Professor é o que tem como atribuição prin-
suspensão. cipal e permanente lecionar em qualquer grau ou ramo de ensino
Art. 270 – Aos servidores contratados no exercício de função legalmente previsto.
gratificada, e aos estagiários, aplicam-se as disposições dos incisos Parágrafo único – Inclui-se, também, para efeito de acumula-
IV, VII e VIII, do artigo 266, e as do artigo 269. ção, o cargo de direção privativo de professor.
Parágrafo único – Aplica-se, ainda, aos servidores contratados Art. 277 – A simples denominação de “técnico” ou “científico”
quando no exercício de função gratificada, e aos estagiários a que não caracteriza como tal o cargo que não satisfizer às condições dos
se refere o § 1º, do artigo 10, o estabelecido nos incisos I e VI, do artigos 275 e 276.
artigo 266. Parágrafo único – As atribuições do cargo, para efeito de reco-
nhecimento de seu caráter técnico ou científico, serão consideradas
TÍTULO VIII na forma do parágrafo único do artigo 278.
DO REGIME DISCIPLINAR Art. 278 – A correlação de matéria pressupõe a existência de
relação íntima e recíproca entre os conhecimentos específicos, cujo
CAPÍTULO I ensino ou aplicação constitua atribuição principal dos cargos acu-
DA ACUMULAÇÃO muláveis, de sorte que o exercício simultâneo favoreça o melhor
desempenho de ambos os cargos.
Art. 271 – É vedada a acumulação remunerada de cargos e fun- Parágrafo único – Tal relação não se haverá por presumida,
ções públicas, exceto a de: mas terá de ficar provada mediante consulta a dados objetivos, tais
I – um cargo de juiz com outro de magistério superior; como os programas de ensino, no caso de professor, e as atribui-
II – dois cargos de professor; ções legais, regulamentares ou regimentais do cargo, no caso de
III – um cargo de professor com outro técnico ou científico cargo técnico ou científico.
IV – dois cargos privativos de médico. Art. 279 – Para os efeitos deste Capítulo, a expressão “cargo”
§ 1º - A acumulação, em qualquer dos casos, só é permitida compreende os cargos, funções ou empregos referidos no § 2º do
quando haja correlação de matérias e compatibilidade de horários. artigo 271.
§ 2º - A proibição de acumular se estende a cargos, funções de Art. 280 – A compatibilidade de horários será reconhecida
qualquer modalidade ou empregos no Poder Público Federal, Esta- quando houver possibilidade do exercício dos dois cargos, em ho-
dual ou Municipal, da Administração Centralizada ou Autárquica, rários diversos, sem prejuízo do número regulamentar de horas de
inclusive em sociedade de economia mista e empresas públicas. trabalhos determinado para cada um.
§ 3º - A supressão do pagamento relativo a um dos cargos, fun- § 1º - A verificação dessa compatibilidade far-se-á tendo em
ções ou empregos referidos no parágrafo anterior, não descaracteri- vista o horário do servidor na unidade administrativa em que es-
za a proibição de acumular, salvo nas hipóteses previstas no § 1º do tiver lotado, ainda que ocorra a hipótese de estar dela legalmente
artigo 10, nos artigos 23 e 24, e no § 4º, do artigo 35. afastado.
Art. 272 – O funcionário não poderá participar de mais de um § 2º - No caso de cargos a serem exercidos no mesmo local
órgão de deliberação coletiva, com direito à remuneração, seja qual ou em municípios diferentes, levar-se-á em conta a necessidade de
for a natureza desta, nem exercer mais de uma função gratificada. tempo para a locomoção entre um e outro.
Art. 273 – Fica excluído da proibição de acumular provento o Art. 281 – O funcionário que ocupe dois cargos em regime de
aposentado quanto ao exercício de mandato eletivo, cargo em co- acumulação legal poderá ser investido em cargo em comissão, des-
missão, função gratificada, ou ao contrato para prestação de ser- de que, com relação a um deles, continue no exercício de suas atri-
viços técnicos ou especializados, bem quanto à participação em buições, observado sempre o disposto no artigo anterior.
órgão de deliberação coletiva.

40
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 1º - Ocorrendo a hipótese, o ato de provimento do funcioná- I – referir-se de modo depreciativo, em informação, parecer ou
rio mencionará em qual das duas condições funcionais está sendo despacho, às autoridades e atos da Administração Pública, ou cen-
nomeado para que, em relação ao outro cargo, seja observado o surá-los, pela imprensa ou qualquer outro órgão de divulgação pú-
disposto neste artigo. blica, podendo, porém, em trabalho assinado, criticá-los, do ponto
§ 2º - O tempo de serviço, bem como quaisquer direitos ou de vista doutrinário ou da organização do serviço;
vantagens adquiridos em função de determinada situação jurídica, II – retirar, modificar ou substituir livro ou documento de órgão
são insuscetíveis de serem computados ou usufruídos em outras, estadual, com o fim de criar direito ou obrigação, ou de alterar a
salvo se extinto seu fato gerador. verdade dos fatos, bem como apresentar documento falso com a
§ 3º - Se computados na hipótese do parágrafo anterior, in fine, mesma finalidade;
em determinada situação, a ela ficarão indissoluvelmente ligados, III – valer-se do cargo ou função para lograr proveito pessoal
ressalvado o caso de ocorrer também sua extinção. em detrimento da dignidade da função pública;
Art. 282 – Verificada, em processo administrativo disciplinar, a IV – coagir ou aliciar subordinados com objetivo de natureza
acumulação proibida, e provada a boa fé, o funcionário optará por partidária;
um dos cargos, sem obrigação de restituir. V – participar de diretoria, gerência, administração, conselho
§ 1º - Provada a má fé, além de perder ambos os cargos, resti- técnico ou administrativo, de empresa ou sociedade:
tuirá o que tiver percebido indevidamente pelo exercício do cargo 1) contratante, permissionária ou concessionária de serviço
que gerou a acumulação. público;
§ 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, se o cargo gerador da 2) fornecedora de equipamento ou material de qualquer natu-
acumulação proibida for de outra esfera de Poder Público, o funcio- reza ou espécie, a qualquer órgão estadual;
nário restituirá o que houver percebido desde a acumulação ilegal. 3) de consultoria técnica que execute projetos e estudos, inclu-
§ 3º - Apurada a má fé do inativo, este sofrerá a cassação de sua sive de viabilidade, para órgãos públicos.
aposentadoria ou disponibilidade, obrigado, ainda, a restituir o que VI – praticar a usura, em qualquer de suas formas, no âmbito
tiver recebido indevidamente. do serviço público;
Art. 283 – A inexatidão das declarações feitas pelo funcionário VII – pleitear, como procurador ou intermediário, junto aos ór-
no cumprimento da exigência constante do inciso IV, do artigo 15, gãos estaduais, salvo quando se tratar de percepção de vencimen-
constituirá presunção de má fé, ensejando, de logo, a suspensão to, remuneração, provento ou vantagem de parente, consangüíneo
do pagamento do respectivo vencimento e vantagens, ou provento. ou afim, até o segundo grau civil;
Art. 284 – As acumulações serão objeto de estudo e parecer in- VIII – exigir, solicitar ou receber propinas, comissões, presentes
dividuais por parte do órgão estadual para esse fim criado, que fará ou vantagens de qualquer espécie em razão do cargo ou função, ou
a apreciação de sua legalidade, ainda que um dos cargos integre os aceitar promessa de tais vantagens;
quadros de outra esfera de poder. IX – revelar fato ou informação de natureza sigilosa, de que te-
nha ciência em razão do cargo ou função, salvo quando se tratar de
CAPÍTULO II depoimento em processo judicial, policial ou administrativo;
DOS DEVERES X – cometer à pessoa estranha ao serviço do Estado, salvo nos
casos previstos em lei, o desempenho de encargo que lhe competir
Art. 285 – São deveres do funcionário: ou a seus subordinados;
I – assiduidade; XI – dedicar-se, nos locais e horas de trabalho, a palestras, lei-
II – pontualidade; turas ou quaisquer outras atividades estranhas ao serviço, inclusive
III – urbanidade; ao trato de interesses de natureza particular;
IV – discrição; XII – deixar de comparecer ao trabalho sem causa justificada;
V – boa conduta; XIII – empregar material ou quaisquer bens do Estado em ser-
VI – lealdade e respeito às instituições constitucionais e admi- viço particular;
nistrativas a que servir; XIV – retirar objetos de órgãos estaduais, salvo quando autori-
VII – observância das normas legais e regulamentares; zado por escrito pela autoridade competente;
VIII – observância às ordens superiores, exceto quando mani- XV – fazer cobranças ou despesas em desacordo com o estabe-
festamente ilegais; lecido na legislação fiscal e financeira;
IX – levar ao conhecimento de autoridade superior irregulari- XVI – deixar de prestar declaração em processo administrativo
dades de que tiver ciência em razão do cargo ou função; disciplinar, quando regularmente intimado;
X – zelar pela economia e conservação do material que lhe for XVII – exercer cargo ou função pública antes de atendidos os re-
confiado; quisitos legais, ou continuar a exercê-lo, sabendo-o indevidamente.
XI – providenciar para que esteja sempre em ordem, no assen-
tamento individual, sua declaração de família; CAPÍTULO IV
XII – atender prontamente às requisições para defesa da Fazen- DA RESPONSABILIDADE
da Pública e à expedição de certidões para defesa de direito;
XIII – guardar sigilo sobre a documentação e os assuntos de Art. 287 – Pelo exercício irregular de suas atribuições, o funcio-
natureza reservada de que tenha conhecimento em razão do cargo nário responde civil, penal e administrativamente.
ou função; Art. 288 – A responsabilidade civil decorre de procedimento
XIV – submeter-se à inspeção médica determinada por autori- doloso ou culposo que importe em prejuízo da Fazenda Estadual ou
dade competente, salvo justa causa. de terceiros.
§ 1º - Ressalvado o disposto no artigo 148, in fine, o prejuízo
CAPÍTULO III causado à Fazenda estadual, no que exceder os limites da fiança,
DAS PROIBIÇÕES poderá ser ressarcido mediante desconto em prestações mensais
não excedentes da décima parte do vencimento ou remuneração, à
Art. 286 – Ao funcionário é proibido: falta de outros bens que respondam pela indenização.

41
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o II – incontinência pública e escandalosa ou prática de jogos
funcionário perante a Fazenda Estadual em ação regressiva propos- proibidos;
ta depois de transitar em julgado a decisão que houver condenado III – embriaguez, habitual ou em serviço;
a Fazenda a indenizar o terceiro prejudicado. IV – ofensa física, em serviço, contra funcionário ou particular,
Art. 289 – A responsabilidade penal abrange os crimes e con- salvo em legítima defesa;
travenções imputados ao funcionário nessa qualidade. V – abandono de cargo;
Art. 290 – A responsabilidade administrativa resulta de atos VI – ausência ao serviço, sem causa justificada, por 60 (sessen-
praticados ou omissões ocorridas no desempenho do cargo ou fun- ta) dias, interpoladamente, durante o período de 12 (doze) meses;
ção, ou fora dele, quando comprometedores da dignidade e do de- VII – insubordinação grave em serviço;
coro da função pública. VIII – ineficiência comprovada, com caráter de habitualidade,
Art. 291 – As cominações civis, penais e disciplinares poderão no desempenho dos encargos de sua competência;
cumular-se, sendo umas e outras independentes entre si, bem as- IX – desídia no cumprimento dos deveres.
sim as instâncias civil, penal e administrativa. § 1º - Considera-se abandono de cargo a ausência ao serviço,
Parágrafo único – Só é admissível, porém, a ação disciplinar ul- sem justa causa, por 30 (trinta) dias consecutivos.
terior à absolvição no juízo penal, quando, embora afastada a quali- § 2º - Entender-se-á por ausência ao serviço, com justa causa, a
ficação do fato com crime, persista, residualmente, falta disciplinar. que assim for considerada após a devida comprovação em processo
administrativo disciplinar, caso em que as faltas serão justificadas
CAPÍTULO V apenas para fins disciplinares
DAS PENALIDADES § 3º - A demissão aplicada nas hipóteses previstas nos incisos I
a IX, quando estas tiverem uma configuração penal típica, será can-
Art. 292 – São penas disciplinares: celada e o funcionário reintegrado administrativamente, se e quan-
I – advertência; do o pronunciamento da Justiça for favorável ao indiciado, sem pre-
II – repreensão; juízo, porém, da ação disciplinar que couber, na forma do parágrafo
III – suspensão; único do artigo 291.
VI – multa; § 4º - Será, ainda, demitido o funcionário que, nos termos da
V – destituição de função; lei penal, incorrer na pena acessória de perda da função pública.
VI – demissão; Art. 299 – O ato de demissão mencionará sempre a causa da
VII – cassação de aposentadoria, jubilação e disponibilidade. penalidade.
Art. 293 – Na aplicação das penas disciplinares serão consi- Art. 300 – Conforme a gravidade da falta, a demissão poderá
deradas a natureza e a gravidade da infração, os danos que dela ser aplicada com a nota “a bem do serviço público”.
provierem para o serviço público e os antecedentes funcionais do Art. 301 – A pena de cassação de aposentadoria, jubilação ou
servidor. de disponibilidade será aplicada se ficar provado, em processo ad-
Parágrafo único – As penas impostas ao funcionário serão regis- ministrativo disciplinar, que o aposentado ou disponível:
tradas em seus assentamentos. I – praticou, quando ainda no exercício do cargo, falta suscetível
Art. 294 – A pena de advertência será aplicada verbalmente em de determinar demissão;
casos de negligência e comunicada ao órgão de pessoal. II – aceitou, ilegalmente, cargo ou função pública, provada a
Art. 295 – A pena de repreensão será aplicada por escrito em má fé;
casos de desobediência ou falta de cumprimento dos deveres, bem III – perdeu a nacionalidade brasileira, ou, se português, for
como de reincidência específica em transgressão punível com pena de declarada extinta a igualdade de direitos e obrigações civis e do
de advertência. gozo de direitos políticos.
Parágrafo único – Havendo dolo ou má fé, a falta de cumpri- Parágrafo único – Será cassada a disponibilidade do funcionário
mento dos deveres será punida com pena de suspensão.
que não assumir, no prazo legal, o exercício do cargo ou função em
Art. 296 – A pena de suspensão será aplicada nos casos de:
que for aproveitado.
I – falta grave;
Art. 302 – São competentes para aplicação de penas discipli-
II – desrespeito a proibições que, pela sua natureza, não ense-
nares:
jarem pena de demissão;
I – O Governador, em qualquer caso e, privativamente, nos ca-
III – reincidência em falta já punida com repreensão.
sos de demissão, cassação de aposentadoria, jubilação ou disponi-
§ 1º - A pena de suspensão não poderá exceder a 180 (cento e
bilidade;
oitenta) dias.
§ 2º - O funcionário suspenso perderá todas as vantagens e di- II – os Secretários de Estado e demais titulares de órgãos direta-
reitos decorrentes do exercício do cargo. mente subordinados ao Governador em todos os casos, exceto nos
§ 3º - Quando houver conveniência para o serviço, a pena de de competência privativa do Governador;
suspensão, por iniciativa do chefe imediato do funcionário, poderá III – os dirigentes de unidades administrativas em geral, nos ca-
ser convertida em multa, na base de 50% (cinqüenta por cento) por sos de penas de advertência, repreensão, suspensão até 30 (trinta)
dia de vencimento ou remuneração, obrigado, nesse caso, o fun- dias e multa correspondente.
cionário a permanecer no serviço durante o número de horas de § 1º - A aplicação da pena de destituição de função caberá à
trabalho normal. autoridade que houver feito a designação do funcionário.
Art. 297 – A destituição de função dar-se-á quando verificada § 2º - Nos casos dos incisos II e III, sempre que a pena decorrer
falta de exação no cumprimento do dever. de processo administrativo disciplinar, a competência para decidir e
Parágrafo único – O disposto neste artigo não impede a apli- para aplicá-la é do Secretário de Estado de Administração.
cação da pena disciplinar cabível quando o destituído for, também, Art. 303 – Prescreverá:
ocupante de cargo efetivo. I – em 2 (dois) anos, a falta sujeita às penas de advertência,
Art. 298 – A pena de demissão será aplicada nos casos de: repreensão, multa ou suspensão;
I – falta relacionada no art. 286, quando de natureza grave, a II – em 5 (cinco) anos, a falta sujeita:
juízo da autoridade competente, e se comprovada má fé; 1) à pena de demissão ou destituição de função;

42
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
2) à cassação da aposentadoria, jubilação ou disponibilidade. Art. 309 – A prisão administrativa e a suspensão preventiva são
§ 1º - A falta também prevista como crime na lei penal prescre- medidas acautelatórias e não constituem pena.
verá juntamente com este. Art. 310 – O funcionário, afastado em decorrência das medidas
§ 2º - O curso da prescrição começa a fluir da data do evento acautelatórias referidas no artigo anterior, terá direito:
punível disciplinarmente, ou do seu conhecimento, e interrompe-se I – à contagem de tempo de serviço relativo ao afastamento,
pela abertura de processo administrativo disciplinar. desde que reconhecida sua inocência afinal;
II – à contagem do tempo de serviço relativo à suspensão pre-
TÍTULO IX ventiva, se do processo resultar pena disciplinar de advertência ou
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E DA SUA repreensão;
REVISÃO III – à contagem do período de afastamento que exceder do
prazo da suspensão disciplinar aplicada.
CAPÍTULO I § 1º - O cômputo do tempo de serviço nos termos deste artigo
DISPOSIÇÕES GERAIS implica o direito à percepção do vencimento e vantagens no perío-
do correspondente.
Art. 304 – Poder disciplinar é a faculdade conferida ao Admi- § 2º - Será computado na duração da pena ou suspensão dis-
nistrador Público com o objetivo de possibilitar a prevenção e re- ciplinar imposta o período de afastamento decorrente de medida
pressão de infrações funcionais de seus subordinados, no âmbito acautelatória.
interno da Administração. § 3º - Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, o funcioná-
Art. 305 – Constitui infração disciplinar toda ação ou omissão rio restituirá, na proporção do que houver recebido, o vencimento
do funcionário capaz de comprometer a dignidade e o decoro da e vantagens percebidos na forma do disposto no inciso I, do artigo
função pública, ferir a disciplina e a hierarquia, prejudicar a eficiên- 145.
cia do serviço ou causar dano à Administração Pública.
Art. 306 – A autoridade que tiver ciência de qualquer irregu- CAPÍTULO III
laridade no serviço público é obrigada a promover-lhe a apuração DA APURAÇÃO SUMÁRIA DE IRREGULARIDADE
imediata, por meios sumários ou mediante processo administrativo
disciplinar. Art. 311 – A apuração sumária por meio de sindicância não fi-
cará adstrita ao rito determinado para o processo administrativo
CAPÍTULO II disciplinar, constituindo-se em simples averiguação.
DA PRISÃO ADMINISTRATIVA E DA SUSPENSÃO PREVENTIVA Parágrafo único – A critério da autoridade que a instaurar, e
segundo a importância maior ou menor do evento, a sindicância po-
Art. 307 – Cabe aos Secretários de Estado e demais dirigen- derá ser realizada por um único funcionário ou por uma Comissão
tes de órgãos diretamente subordinados ao Governador ordenar, de 3 (três) servidores, preferivelmente efetivos.
fundamentalmente e por escrito, a prisão administrativa do funcio- Art. 312 – A instauração de sindicância não impede a adoção
nário responsável pelo alcance, desvio ou omissão em efetuar as imediata, através de comunicação à autoridade competente, das
entradas, nos devidos prazos, de dinheiro ou valores pertencentes medidas acautelatórias previstas no Capítulo II, deste Título.
à Fazenda Estadual ou que se acharem sob a guarda desta. Art. 313 – Se, no curso da apuração sumária, ficar evidencia-
§ 1º - A autoridade que ordenar a prisão comunicará imedia- da falta punível com pena superior à de suspensão por mais de 30
tamente o fato à autoridade judiciária competente e providenciará (trinta) dias, ou multa correspondente, o responsável pela apuração
no sentido de ser realizado, com urgência, o processo de tomada comunicará o fato ao superior imediato que solicitará, pelos canais
de contas.
competentes, a instauração de processo administrativo disciplinar.
§ 2º - A prisão administrativa, que será cumprida em estabele-
Art. 314 – São competentes para determinar a apuração sumá-
cimento especial e não excederá de 90 (noventa) dias, será relaxada
ria de irregularidades, ocorridas no serviço público do Estado, os di-
tão logo seja efetuada a reposição do quantum relativo ao alcance
rigentes de unidades administrativas até o nível de Chefe de Seção.
ou desfalque.
§ 1º - Se o fato envolver a pessoa do chefe da unidade admi-
§ 3º - Não se ordenará a prisão administrativa quando o valor
nistrativa, a abertura de sindicância caberá ao superior hierárquico
da fiança seja suficiente para garantir o ressarcimento de prejuízo
imediato.
causado à Fazenda Estadual, ou quando o responsável pela malver-
sação, alcance ou desfalque haja oferecido as necessárias garantias § 2º - Em qualquer caso, a designação será feita por escrito.
de indenização. Art. 315 – O sindicante deverá colher todas as informações ne-
Art. 308 – A suspensão preventiva até 30 (trinta) dias será or- cessárias, ouvindo o denunciante, à autoridade que ordenou a sin-
denada pelas autoridades mencionadas no artigo 308, desde que o dicância, quando conveniente; o suspeito, se houver; os servidores
afastamento do funcionário seja necessário para que este não ve- e os estranhos eventualmente relacionados com o fato, bem como
nha a influir na apuração da falta. procedendo à juntada do expediente de instauração da sindicância
§ 1º - A suspensão de que trata este artigo poderá, ainda, ser e de quaisquer documentos capazes de bem esclarecer o ocorrido.
ordenada pelo Secretário de Estado de Administração, no ato de Art. 316 – Por se tratar de apuração sumária, as declarações do
instauração de processo administrativo disciplinar, e estendida até servidor suspeito serão recebidas também como defesa, dispensa-
90 (noventa) dias, findos os quais cessarão automaticamente os da a citação para tal fim, assegurada, porém, a juntada pelo mesmo, no
efeitos da mesma, ainda que o processo não esteja concluído. prazo de 5 (cinco) dias, de quaisquer documentos que considere úteis.
§ 2º - O funcionário suspenso preventivamente poderá ser ad- Art. 317 – A sindicância não poderá exceder o prazo de 30 (trin-
ministrativamente preso. ta) dias, prorrogável uma única vez até 8 (oito) dias em caso de força
§ 3º - Não estando preso administrativamente, o funcionário maior, mediante justificativa à autoridade que houver determinado
que responder por malversação ou alcance de dinheiro ou valores a sindicância.
públicos será sempre suspenso preventivamente, e seu afastamen- Art. 318 – Comprovada a existência ou inexistência de irregu-
to se prolongará até a decisão final do processo administrativo dis- laridades deverá ser, de imediato, apresentado relatório de caráter
ciplinar. expositivo, contendo, exclusivamente, de modo claro e ordenado,

43
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
os elementos fáticos colhidos ao curso da sindicância, abstendo-se Art. 329 – Ultimada a instrução, será feita, no prazo de 3 (três)
o relator de quaisquer observações ou conclusões de cunho jurídi- dias, a citação do indiciado para apresentação de defesa no pra-
co, deixando à autoridade competente a capitulação das eventuais zo de 10 (dez) dias, sendo-lhe facultada vista do processo, durante
transgressões disciplinares verificadas. todo esse período, na sede da Comissão.
Art. 319 – Recebido o relatório, caso tenha sido configurada § 1º - Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum e
irregularidade e identificado o seu autor, a autoridade que houver de 20 (vinte) dias.
promovido a sindicância aplicará, de imediato, a pena disciplinar § 2º - Estando o indiciado em lugar incerto, será citado por edi-
cabível, ressalvada a hipótese prevista no artigo 313. tal, publicado 3 (três) vezes no órgão oficial de imprensa durante 15
(quinze) dias, contando-se o prazo de 10 (dez) dias para a defesa da
CAPÍTULO IV última publicação.
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR § 3º - O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo dobro,
para diligências consideradas imprescindíveis.
Art. 320 – O processo administrativo disciplinar precederá sem- Art. 330 – Nenhum acusado será julgado sem defesa, que po-
pre a aplicação das penas de suspensão por mais de 30 (trinta) dias, derá ser produzida em causa própria.
destituição de função, demissão, cassação de aposentadoria, jubila- Parágrafo único – A constituição de defensor independerá de
ção ou disponibilidade. instrumento de mandato, se o acusado o indicar por ocasião do in-
Art. 321 – A determinação de instauração do processo admi- terrogatório.
nistrativo disciplinar é da competência do Secretário de Estado de Art. 331 – Sempre que o acusado requeira, será designado pelo
Administração, inclusive em relação a servidores autárquicos. Presidente da Comissão um funcionário estável, bacharel em Direi-
Art. 322 – Promoverá o processo uma das Comissões Perma- to, para promover-lhe a defesa, ressalvado o seu direito de, a todo
nentes de Inquérito Administrativo da Secretaria de Estado de Ad- tempo, nomear outro de sua confiança ou a si mesmo, na hipótese
ministração. da parte final do caput do artigo anterior.
Parágrafo único – Não se aplica a regra estabelecida neste arti- Art. 332 – Em caso de revelia, o Presidente da Comissão desig-
go aos casos previstos no parágrafo único do artigo anterior. nará, de ofício, um funcionário efetivo, bacharel em Direito, para
Art. 323 – Se, de imediato ou no curso do processo adminis- defender o indiciado.
trativo disciplinar, ficar evidenciado que a irregularidade envolve § 1º - O defensor do acusado, quando designado pelo Presi-
crime, a autoridade instauradora ou o Presidente da Comissão a dente da Comissão, não poderá abandonar o processo senão por
comunicará ao Ministério Público. motivo imperioso, sob pena de responsabilidade.
Parágrafo único – Quando a autoridade policial tiver conheci- § 2º - A falta de comparecimento do defensor, ainda que moti-
mento de crime praticado por funcionário público com violação de vada, não determinará o adiantamento de ato algum do processo,
dever inerente ao cargo, ou com abuso de poder, fará comunicação devendo o Presidente da Comissão designar substituto, ainda que
do fato à autoridade administrativa competente para a instauração provisoriamente ou para só o efeito do ato.
do processo disciplinar cabível. Art. 333 – Para assistir pessoalmente aos atos processuais, fa-
Art. 324 – O processo administrativo disciplinar deverá estar zendo-se acompanhar de defensor, se assim o quiser, o acusado
concluído no prazo de 90 (noventa) dias, contados da data em que será sempre intimado, e poderá, nas inquirições, levantar contradi-
os autos chegarem à Comissão prorrogáveis sucessivamente por ta, formular perguntas e reinquirir testemunhas; nas perícias apre-
períodos de 30 (trinta) dias, até o máximo de 3 (três), em caso de sentar assistente e formular quesitos cujas respostas integrarão o
força maior e a juízo do Secretário de Estado de Administração. laudo; e fazer juntada de documentos em qualquer fase do pro-
§ 1º - A não observância desses prazos não acarretará nulidade cesso.
do processo, importando, porém, quando não se tratar de sobres- Parágrafo único – Se, nas perícias, o assistente divergir dos re-
tamento, em responsabilidade administrativa dos membros da Co- sultados, poderá oferecer observações escritas que serão examina-
missão. das no relatório final e na decisão.
§ 2º - O sobrestamento do processo administrativo disciplinar Art. 334 – No interrogatório do acusado, seu defensor não po-
só ocorrerá em caso de absoluta impossibilidade de prosseguimen- derá intervir de qualquer modo nas perguntas e nas respostas.
to, a juízo do Secretário de Estado de Administração. Art. 335 – Antes de indiciado, o funcionário intimado a prestar
Art. 325 – Os órgãos estaduais, sob pena de responsabilidade declarações à Comissão poderá fazer-se acompanhar de advogado,
de seus titulares, atenderão com a máxima presteza às solicitações que, entretanto, observará o disposto no artigo anterior.
da Comissão, inclusive requisição de técnicos e peritos, devendo Parágrafo único – Não se deferirá, nessa fase, qualquer diligên-
comunicar prontamente a impossibilidade de atendimento em caso cia requerida.
de força maior. Art. 336 – Concluída a defesa, a Comissão remeterá o processo
Art. 326 – A Comissão assegurará, no processo administrativo à autoridade competente, com relatório onde será exposta a maté-
disciplinar, o sigilo necessário à elucidação do fato ou o exigido pelo ria de fato e de direito, concluindo pela inocência ou responsabili-
interesse da Administração. dade do indiciado, indicando, no último caso, as disposições legais
Art. 327 – Quando a infração deixar vestígio, será indispensável que entender transgredidas e a pena que julgar cabível.
o exame pericial, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confis- Art. 337 – Recebido o processo, o Secretário de Estado de Ad-
são do acusado. ministração proferirá a decisão no prazo de 20 (vinte) dias, ou o sub-
Parágrafo único – A autoridade julgadora não ficará adstrita ao meterá, no prazo de 8 (oito) dias, ao Governador, para que julgue
laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte. nos 20 (vinte) dias seguintes ao seu recebimento.
Art. 328 – A acareação será admitida entre acusados, entre Parágrafo único – A autoridade julgadora decidirá à vista dos
acusados e testemunhas e entre testemunhas, sempre que divergi- fatos apurados pela Comissão, não ficando, todavia, vinculada às
rem em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias relevantes. conclusões do relatório.
Parágrafo único – Os acareados serão reperguntados, para que Art. 338 – Quando a autoridade julgadora entender que os fa-
expliquem os pontos de divergência, reduzindo-se a termo o ato de tos não foram apurados devidamente, determinará o reexame do
acareação. processo.

44
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA
§ 1º - Na hipótese do artigo, os autos retornarão à Comissão Art. 352 – Quando, para efeitos específicos, não estiver defini-
para cumprimento das diligências expressamente determinadas e do de forma diversa, consideram-se pertencentes à família do fun-
consideradas indispensáveis à decisão da autoridade julgadora. cionário, além do cônjuge e filhos, quaisquer pessoas que, necessá-
§ 2º - As diligências determinadas na forma do parágrafo ante- ria e comprovadamente, vivam a suas expensas e constem do seu
rior serão cumpridas no prazo máximo de 30 (trinta) dias. assentamento individual.
§ 3º - Verificado o caso tratado neste artigo, o prazo de julga- Art. 353 – Os prazos previstos neste Regulamento serão conta-
mento será contado da data do novo recebimento do processo. dos por dias corridos.
Art. 339 – Em caso de abandono de cargo ou função, a Comis- Parágrafo único – Na contagem dos prazos observar-se-á ainda:
são iniciará seu trabalho fazendo publicar, por 3 (três) vezes, edital 1) Os prazos dependentes de publicação serão dilatados de
de chamada do acusado, no prazo máximo de 20 (vinte) dias. tantos dias quantos forem os relativos ao atraso na circulação do
§ 1º - O prazo para apresentação da defesa pelo acusado come- órgão oficial;
çará a correr da última publicação do edital no órgão oficial. 2) Excluir-se-á o dia do começo e incluir-se-á o do vencimen-
§ 2º - Findo o prazo do parágrafo anterior e não havendo ma- to, prorrogando-se este para o primeiro dia útil seguinte, quando
nifestação do faltoso, ser-lhe-á designado pelo Presidente da Co- incidir em Sábado, Domingo, feriado ou ponto facultativo, ou por
missão defensor, que se desincumbirá do encargo no prazo de 15 qualquer motivo não houver ou for suspenso o expediente nas re-
(quinze) dias, contados da data de sua designação. partições públicas.
Art. 340 – A Comissão, recebendo a defesa, fará a sua aprecia- Art. 354 – É vedado ao funcionário e ao contratado servir sob a
ção sobre as alegações e encaminhará relatório à autoridade instau- direção imediata do cônjuge ou parente até o segundo grau, salvo
radora, propondo o arquivamento do processo ou a expedição do em funções de confiança ou livre escolha, não podendo, neste caso,
ato de demissão, conforme o caso. exceder de 2 (dois) o seu número.
Art. 341 – O processo administrativo disciplinar de abandono Art. 355 – A função de jornalista profissional é compatível com
de cargo observará, no que couber, as disposições deste Capítulo. a de servidor público, desde que este não exerça aquela atividade
Art. 342 – O funcionário só poderá ser exonerado a pedido no órgão onde trabalha e não incida em acumulação ilegal.
após a conclusão do processo administrativo disciplinar a que res- Art. 356 – Aos servidores do Estado regidos por legislação es-
ponder e do qual não resultar pena de demissão. pecial não se reconhecerão direitos nem se deferirão vantagens pe-
cuniárias previstos neste regulamento, quando, por força do regime
CAPÍTULO V especial a que se achem sujeitos, fizerem jus a direitos e vantagens
DA REVISÃO com a mesma finalidade, ressalvado o caso de acumulação legal.
Art. 357 – Por motivo de convicção filosófica, religiosa ou políti-
Art. 343 – Poderá ser requerida a revisão do processo adminis- ca, nenhum servidor poderá ser privado de qualquer de seus direi-
trativo de que haja resultado pena disciplinar, quando forem adu- tos, nem sofrer alteração em sua atividade funcional.
zidos fatos ainda não conhecidos, comprobatórios da inocência do Art. 358 – Com a finalidade de elevar a produtividade dos ser-
funcionário punido. vidores e ajustá-los às suas tarefas e ao seu meio de trabalho, o
Parágrafo único – Tratando-se de funcionário falecido, desapa- Estado promoverá o treinamento necessário, na forma de regula-
recido ou incapacitado de requerer, a revisão poderá ser solicitada mentação própria.
por qualquer pessoa. Art. 359 – Mediante seleção e concurso adequados, poderão
Art. 344 – A revisão processar-se-á em apenso ao processo ori- ser admitidos servidores de capacidade física reduzida, inclusive os
ginário. portadores de cegueira parcial ou total, para cargos ou empregos
Art. 345 – Não constitui fundamento para a revisão a simples especificados em lei.
alegação de injustiça da penalidade. Parágrafo único – Aos servidores admitidos na forma deste ar-
Art. 346 – O requerimento devidamente instruído será encami- tigo, não se concederão quaisquer benefícios, direitos ou vantagens
nhado ao Governador que decidirá sobre o pedido. em razão da deficiência física já existente ao tempo de sua admis-
Art. 347 – Autorizada a revisão, o processo será encaminhado são.
à Comissão Revisora, que concluirá o encargo no prazo de 90 (no- Art. 360 – O funcionário que, sem justa causa, deixar de aten-
venta) dias, prorrogável pelo período de 30 (trinta) dias, a juízo do der a qualquer exigência para cujo cumprimento seja assinado pra-
Secretário de Estado de Administração. zo certo, terá suspenso o pagamento do vencimento e vantagens,
Parágrafo único – No desenvolvimento de seus trabalhos a Co- até que satisfaça essa exigência, sem prejuízo das sanções discipli-
missão Revisora observará as disposições do Capítulo anterior, no nares cabíveis.
que couber, e não colidir com as deste. Art. 361 – Ao funcionário será fornecida, gratuita e obrigatoria-
Art. 348 – O julgamento caberá ao Governador, no prazo de 30 mente, carteira de identificação funcional.
(trinta) dias, podendo, antes, o Secretário de Estado de Administra- Parágrafo único – A carteira a que se refere este artigo será
ção determinar diligências, concluídas as quais se renovará o prazo. padronizada para todos os funcionários do Estado, segundo modelo
Art. 349 – Julgada procedente a revisão, será tornada sem efei- a ser aprovado pelo Secretário de Estado de Administração, salvo
to a pena imposta, restabelecendo-se todos os direitos por ela atin- quando, pela natureza da atividade exercida, deva obedecer o mo-
gidos. delo próprio.
Art. 362 – É vedada a prestação de serviços gratuitos, salvo os
TÍTULO X excepcionalmente prestados, que surtirão apenas efeito honorífico.
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Art. 363 – Este Regulamento é extensivo, no que lhes for aplicá-
vel, aos funcionários das autarquias estaduais.
Art. 350 – O Secretário de Estado de Administração expedirá Art. 364 – As disposições regulamentares de natureza estatutá-
os atos complementares de natureza procedimental necessários à ria que decorrerem do Plano de Cargos, lavrado para cumprimento
plena execução das disposições do presente Regulamento. ao artigo 18 da Lei Complementar nº 20, de 1º de julho de 1974,
Art. 351 – O dia 28 de outubro será consagrado ao Servidor bem como do Plano de Vencimentos que lhe corresponde, integrar-
Público do Estado. -se-ão, para todos os efeitos, neste Regulamento.

45
LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

_____________________________________________________ _____________________________________________________

_____________________________________________________ _____________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

46
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
1. Orçamento público. Conceito. Técnicas orçamentárias. Princípios orçamentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Ciclo orçamentário. Processo orçamentário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3. O orçamento público no Brasil. Sistema de planejamento e de orçamento federal. Plano plurianual. Diretrizes orçamentárias. Or-
çamento anual. Sistema e processo de orçamentação. Classificações orçamentárias. Estrutura programática. Créditos ordinários e
adicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
4. Programação e execução orçamentária e financeira. Descentralização orçamentária e financeira. Acompanhamento da execução.
Sistemas de informações. Alterações orçamentárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
5. Receita pública. Conceito e classificações. Estágios. Fontes. Dívida ativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
6. Despesa pública. Conceito e classificações. Estágios. Restos a pagar. Despesas de exercícios anteriores. Dívida flutuante e fundada.
Suprimento de fundos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
7. Lei Complementar nº 101/2000 e suas alterações (Lei de Responsabilidade Fiscal) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
8. Lei nº 4.320/1964 e suas alterações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
9. Transferências voluntárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
É fundamental que a peça orçamentária seja convertida em
ORÇAMENTO PÚBLICO. CONCEITO.TÉCNICAS ORÇA- valores constantes, permitindo avaliar o montante real de recursos
MENTÁRIAS. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS envolvidos.
Uma outra forma de alteração do valor real é através das mar-
Tradicionalmente o orçamento é compreendido como uma gens de suplementação. Para garantir flexibilidade na execução
peça que contém apenas a previsão das receitas e a fixação das do orçamento, normalmente são previstas elevadas margens de
despesas para determinado período, sem preocupação com planos suplementação, o que permite um uso dos recursos que modifica
governamentais de desenvolvimento, tratando-se assim de mera profundamente as prioridades estabelecidas. Com a indexação or-
peça contábil - financeira. Tal conceito não pode mais ser admitido, çamentária mensal à inflação real, consegue-se o grau necessário
pois, conforme vimos no módulo anterior, a intervenção estatal na de flexibilidade na execução orçamentária, sem permitir burlar o
vida da sociedade aumentou de forma acentuada e com isso o pla- orçamento através de elevadas margens de suplementação. Pode-
nejamento das ações do Estado é imprescindível. -se restringir a margem a um máximo de 3%.
Hoje, o orçamento é utilizado como instrumento de planeja- Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É preciso apre-
mento da ação governamental, possuindo um aspecto dinâmico, ao sentar as condições que permitiram os níveis previstos de entrada
contrário do orçamento tradicional já superado, que possuía cará- e dispêndio de recursos.
ter eminentemente estático. No caso da receita, é importante destacar o nível de evolução
Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato pelo qual econômica, as melhorias realizadas no sistema arrecadador, o nível
o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo de inadimplência, as alterações realizadas na legislação, os meca-
período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcio- nismos de cobrança adotados.
namento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política No caso da despesa, é importante destacar os principais custos
econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas unitários de serviços e obras, as taxas de juros e demais encargos
já criadas em lei”. financeiros, a evolução do quadro de pessoal, a política salarial e a
política de pagamento de empréstimos e de atrasados.
A função do Orçamento é permitir que a sociedade acompa- Os resultados que a simplificação do orçamento geram são,
nhe o fluxo de recursos do Estado (receitas e despesas). Para isto, o fundamentalmente, de natureza política. Ela permite transformar
governo traduz o seu plano de ação em forma de lei. Esta lei passa um processo nebuloso e de difícil compreensão em um conjunto de
a representar seu compromisso executivo com a sociedade que lhe atividades caracterizadas pela transparência.
delegou poder. Como o orçamento passa a ser apresentado de forma mais sim-
O projeto de lei orçamentária é elaborado pelo Executivo, e ples e acessível, mais gente pode entender seu significado. A socie-
submetido à apreciação do Legislativo, que pode realizar alterações dade passa a ter mais condições de fiscalizar a execução orçamen-
no texto final. A partir daí, o Executivo deve promover sua imple- tária e, por extensão, as próprias ações do governo municipal. Se,
mentação de forma eficiente e econômica, dando transparência pú- juntamente com esta simplificação, forem adotados instrumentos
blica a esta implementação. Por isso o orçamento é um problema efetivos de intervenção da população na sua elaboração e controle,
quando uma administração tem dificuldades para conviver com a a participação popular terá maior eficácia.
vontade do Legislativo e da sociedade: devido à sua força de lei, o Os orçamentos sintéticos, ao apresentar o orçamento (ou par-
orçamento é um limite à sua ação. tes dele, como o plano de obras e os orçamentos setoriais) de forma
Em sua expressão final, o orçamento é um extenso conjunto resumida, fornecem uma informação rápida e acessível. A análise
de valores agrupados por unidades orçamentárias, funções, pro- vertical permite compreender o que de fato influencia a receita e
gramas, atividades e projetos. Com a inflação, os valores não são para onde se destinam os recursos, sem a “poluição numérica” de
imediatamente compreensíveis, requerendo vários cálculos e o dezenas de rubricas de baixo valor. Funciona como um demonstra-
conhecimento de conceitos de matemática financeira para seu en- tivo de origens e aplicações dos recursos da prefeitura, permitindo
tendimento. Isso tudo dificulta a compreensão do orçamento e a identificar com clareza o grau de dependência do governo de re-
sociedade vê debilitada sua possibilidade de participar da elabora- cursos próprios e de terceiros, a importância relativa das principais
ção, da aprovação, e, posteriormente, acompanhar a sua execução. despesas, através do esclarecimento da proporção dos recursos
Pode-se melhorar a informação oferecida aos cidadãos sem di- destinada ao pagamento do serviço de terceiros, dos materiais de
ficultar o entendimento, através da técnica chamada análise verti- consumo, encargos financeiros, obras, etc.
cal, agrupando as receitas e despesas em conjuntos (atividade, gru- A análise horizontal facilita as comparações com governos e
po, função), destacando-se individualmente aqueles que tenham anos anteriores.
participação significativa. É apresentada a participação percentual A evidenciação das premissas desnuda o orçamento ao públi-
dos valores destinados a cada item no total das despesas ou recei- co, trazendo possibilidades de comparação. Permite perguntas do
tas. Em vez de comunicar um conjunto de números de difícil enten- tipo: “por que a prefeitura vai pagar x por este serviço, se o seu
dimento ou valores sem base de comparação, é possível divulgar preço de mercado é metade de x ?”. Contribui para esclarecer os
informações do tipo “a prefeitura vai gastar 15% dos seus recursos motivos de ineficiência da prefeitura nas suas atividades-meio e na
com pavimentação”, por exemplo. execução das políticas públicas.
Uma outra análise que pode ser realizada é a análise horizontal Apesar dos muitos avanços alcançados na gestão das contas
do orçamento. Esta técnica compara os valores do orçamento com públicas no Brasil, a sociedade ainda não se desfez da sensação de
os valores correspondentes nos orçamentos anteriores (expressos caixa preta quando se trata de acompanhar as contas públicas.
em valores reais, atualizados monetariamente, ou em moeda forte). A gestão das contas públicas brasileiras passou por melhorias
Essas técnicas e princípios de simplificação devem ser aplica- institucionais tão expressivas que é possível falar-se de uma verda-
dos na apresentação dos resultados da execução orçamentária (ou deira revolução. Mudanças relevantes abrangeram os processos e
seja, do cumprimento do orçamento), confrontando o previsto com ferramentas de trabalho, a organização institucional, a constituição
o realizado em cada período e para cada rubrica. Deve-se apresen- e capacitação de quadros de servidores, a reformulação do arca-
tar, também, qual a porcentagem já recebida das receitas e a por- bouço legal e normativo e a melhoria do relacionamento com a so-
centagem já realizada das despesas. ciedade, em âmbito federal, estadual e municipal.

1
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Os diferentes atores que participam da gestão das finanças pú- rias adquirirem crescente eficácia, ou seja, que produzissem o efei-
blicas tiveram suas funções redefinidas, ampliando-se as prerroga- to desejado, tivessem efetividade social, e fossem realmente ob-
tivas do Poder Legislativo na condução do processo decisório perti- servadas pelos receptores da norma, em especial o agente público.
nente à priorização do gasto e à alocação da despesa. Esse processo Como princípios informadores do direito - e são na verdade as
se efetivou fundamentalmente pela unificação dos orçamentos do idéias centrais do sistema dando-lhe sentido lógico - foram sendo,
Governo Federal, antes constituído pelo orçamento da União, pelo gradativa e cumulativamente, incorporados ao sistema normativo.
orçamento monetário e pelo orçamento da previdência social. Os princípios orçamentários, portanto, projetam efeitos sobre
Criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional, em processo em que a criação - subsidiando o processo legislativo -, a integração - possi-
foram redefinidas as funções do Banco do Brasil, do Banco Central bilitando a colmatagem das lacunas existentes no ordenamento - e
e do Tesouro Nacional. a interpretação do direito orçamentário, auxiliando no exercício da
Consolidou-se a visão de que o horizonte do planejamento função jurisdicional ao permitir a aplicação da norma a situação não
deve compreender a elaboração de um Plano Plurianual (PPA) e, a regulada especificamente.
cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que por sua Alguns desses princípios foram adotados em certo momento
vez deve preceder a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA). por condizerem com as necessidades da época e posteriormente
Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal, reconhe- abandonados, ou pelo menos transformados, relativizados, ou mes-
cendo-se que os resultados fiscais e, por consequência, os níveis de mo mitigados, e o que ocorreu com o princípio do equilíbrio orça-
endividamento do Estado, não podem ficar ao sabor do acaso, mas mentário, tão precioso ao estado liberal do século XIX, e que foi em
devem decorrer de atividade planejada, consubstanciada na fixação parte relativizado com o advento do estado do bem estar social no
de metas fiscais. Os processos orçamentário e de planejamento, se- período pós guerra.
guindo a tendência mundial, evoluíram das bases do orçamento- Nos anos oitenta e noventa, em movimento pendular, o prin-
-programa para a incorporação do conceito de resultados finalísti- cípio do equilíbrio orçamentário foi revigorado e dada nova roupa-
cos, em que os recursos arrecadados devem retornar à sociedade gem em face dos crescentes déficits estruturais advindos da dificul-
na forma de bens e serviços que transformem positivamente sua dade do Estado em financiar os extensos programas de segurança
realidade. social e de alavancagem do desenvolvimento econômico.
A transparência dos gastos públicos tornou-se possível graças Nossas Constituições, desde a Imperial até a atual, sempre de-
à introdução de modernos recursos tecnológicos, propiciando re- ram tratamento privilegiado à matéria orçamentária.
gistros contábeis mais ágeis e plenamente confiáveis. A execução De maneira crescente, foram sendo incorporados novos princí-
orçamentária e financeira passou a contar com facilidades opera- pios orçamentários às várias cartas constitucionais reguladoras do
cionais e melhores mecanismos de controle. Por consequência, a Estado brasileiro.
atuação dos órgãos de controle tornou-se mais eficaz, com a ado- Instaura-se a ordem constitucional soberana em nosso Impé-
ção de novo instrumental de trabalho, como a introdução do SIAFI rio, e a Carta de 1824, em seus arts.171 e 172, institui as primeiras
normas sobre o orçamento público no Brasil .
e da conta única do Tesouro Nacional, acompanhados de diversos
Estatui-se a reserva de lei - a aprovação da peça orçamentária
outros aperfeiçoamentos de ferramentas de gestão.
deve observar regular processo legislativo - e a reserva de parla-
mento - a competência para a aprovação é privativa do Poder Le-
Evolução histórica dos princípios orçamentários constitucio-
gislativo, sujeita à sanção do Poder Executivo - para a aprovação do
nais
orçamento.
Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú-
Insere-se O PRINCÍPIO DA ANUALIDADE, ou temporalidade-
blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela
significa que a autorização legislativa do gasto deve ser renovada a cada
doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá- exercício financeiro - o orçamento era para viger por um ano e sua elabo-
rias adquirirem crescente eficácia. ração competência do Ministro da Fazenda, cabendo à Assembléia-Geral
Assim, os princípios, sendo enunciados em sua totalidade de - Câmara dos Deputados e Senado - sua discussão e aprovação.
maneira genérica que quase sempre se expressam em linguagem Pari passu com a inserção da anualidade, fixa-se o PRINCÍPIO
constitucional ou legal, estão entre os valores e as normas na escala DA LEGALIDADE DA DESPESA - advindo do princípio geral da sub-
da concretização do direito e com eles não se confundem. missão da Administração à lei, a despesa pública deve ter prévia
Os princípios representam o primeiro estágio de concretização autorização legal. Entretanto, no período de 1822 a 1829, o Brasil
dos valores jurídicos a que se vinculam. A justiça e a segurança jurí- somente teve orçamentos para a Corte e a Província do Rio de Ja-
dica começam a adquirir concretitude normativa e ganham expres- neiro, não sendo observado o PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE - o
são escrita. orçamento deve conter todas as receitas e despesas da entidade,
Mas os princípios ainda comportam grau elevado de abstração de qualquer natureza, procedência ou destino, inclusive a dos fun-
e indeterminação. dos, dos empréstimos e dos subsídios.
Os princípios financeiros são dotados de eficácia, isto é, produ- O primeiro orçamento geral do Império somente seria apro-
zem efeitos e vinculam a eficácia principiológica, conducente à nor- vado oito anos após a Independência, pelo Decreto Legislativo de
mativa plena, e não a eficácia própria da regra concreta, atributiva 15.12.1830, referente ao exercício 1831-32.
de direitos e obrigações. Este orçamento continha normas relativas à elaboração dos
Assim, os princípios não se colocam, pois, além ou acima do orçamentos futuros, aos balanços, à instituição de comissões parla-
Direito (ou do próprio Direito positivo); também eles - numa visão mentares para o exame de qualquer repartição pública e à obrigato-
ampla, superadora de concepções positivistas, literalista e absoluti- riedade de os ministros de Estado apresentarem relatórios impres-
zantes das fontes legais - fazem parte do complexo ordenamental. sos sobre o estado dos negócios a cargo das respectivas pastas e a
Não se contrapõem às normas, contrapõem-se tão-somente utilização das verbas sob sua responsabilidade.
aos preceitos; as normas jurídicas é que se dividem em normas- A reforma na Constituição imperial de 1824, emendada pela Lei
-princípios e normas-disposições. de 12.08.1834, regulou o funcionamento das assembléias legislati-
Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú- vas provinciais definindo-lhes a competência na fixação das receitas
blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela e despesas municipais e provinciais, bem como regrando a reparti-
doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá- ção entre os municípios e a sua fiscalização.

2
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
A Constituição republicana de 1891 introduziu profundas alte- O princípio da especialidade abrange tanto o aspecto qualita-
rações no processo orçamentário. A elaboração do orçamento pas- tivo dos créditos orçamentários quanto o quantitativo, vedando a
sou à competência privativa do Congresso Nacional. concessão de créditos ilimitados.
Embora a Câmara dos Deputados tenha assumido a responsa- Tal princípio só veio a ser expresso na Constituição de 1934,
bilidade pela elaboração do orçamento, a iniciativa sempre partiu encerrando a explicitação da finalidade e da natureza da despesa
do gabinete do ministro da Fazenda que, mediante entendimentos e dando efetividade à indicação do limite preciso do gasto, ou seja,
reservados e extra-oficiais, orientava a comissão parlamentar de fi- a dotação.
nanças na confecção da lei orçamentária. Norma no sentido da limitação dos créditos orçamentários
A experiência orçamentária da República Velha revelou-se ina- permaneceu em todas as constituições subseqüentes à reforma de
dequada. Os parlamentos, em toda parte, são mais sensíveis à cria- 1926, com a exceção da Super lei de 1937.
ção de despesas do que ao controle do déficit. O princípio da especificação tem profunda significância para a
A reforma Constitucional de 1926 tratou de eliminar as distor- eficácia da lei orçamentária, determinando a fixação do montan-
ções observadas no orçamento da República. Buscou-se, para tanto, te dos gastos, proibindo a concessão de créditos ilimitados, que na
promover duas alterações significativas: a proibição da concessão Constituição de 1988, como nas demais anteriores, encontra-se ex-
de créditos ilimitados e a introdução do princípio constitucional da presso no texto constitucional, art. 167, VII (art. 62, § 1º, “b”, na de
exclusividade, ao inserir-se preceito prevendo: “Art. 34. § 1º As leis 1969 e art. 75 na de 1946).
de orçamento não podem conter disposições estranhas à previ- Pode ser também de caráter qualitativo, vedando a transposi-
são da receita e à despesa fixada para os serviços anteriormente ção, remanejamento ou a transferência de recursos de uma cate-
criados. Não se incluem nessa proibição: a) a autorização para goria de programação para outra ou de um órgão para outro, como
abertura de créditos suplementares e para operações de crédito hoje dispõe o art. 167, VI (art. 62, §1º, “a”, na de 1969 e art. 75 na
como antecipação da receita; b) a determinação do destino a dar de 1946).
ao saldo do exercício ou do modo de cobrir o deficit.” Ou, finalmente pode o princípio referir-se ao aspecto tempo-
O PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE, ou da pureza orçamentá- ral, limitando a vigência dos créditos especiais e extraordinários
ria, limita o conteúdo da lei orçamentária, impedindo que nela se ao exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato
pretendam incluir normas pertencentes a outros campos jurídicos, de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
como forma de se tirar proveito de um processo legislativo mais exercício, caso em que reabertos nos limites dos seus saldos, serão
rápido, as denominadas “caudas orçamentárias”, tackings dos in- incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente, ex
gleses, os riders dos norte-americanos, ou os Bepackungen dos vi do atual art. 167, § 2º (art. 62, § 4º, na de 1969 e sem previsão
alemães, ou ainda os cavaliers budgetaires dos franceses. Prática na de 1946).
essa denominada por Epitácio Pessoa em 1922 de “verdadeira ca- Exceção a este princípio basilar foi a Constituição de 1937, que
lamidade nacional”. No dizer de Ruy Barbosa, eram os “orçamentos previa a aprovação pelo Legislativo de verbas globais por órgãos e
rabilongos”, que introduziram o registro de hipotecas no Brasil e até entidades. A elaboração do orçamento continuava sendo de res-
a alteração no processo de desquite propiciaram. Essa foi a primei- ponsabilidade do Poder Executivo - agora a cargo de um departa-
ra inserção deste princípio em textos constitucionais brasileiros, já mento administrativo a ser criado junto à Presidência da República
na sua formulação clássica, segundo a qual a lei orçamentária não - e seu exame e aprovação seria da competência da Câmara dos
deveria conter matéria estranha à previsão da receita e à fixação Deputados e do Conselho Fiscal. Durante o Estado Novo, entretan-
da despesa, ressalvadas: a autorização para abertura de créditos to, nem mesmo essa prerrogativa chegou a ser exercida, uma vez
suplementares e para operações de crédito como antecipação de que as casas legislativas não foram instaladas e os orçamentos do
receita; e a determinação do destino a dar ao saldo do exercício ou período 1938-45 terminaram sendo elaborados e aprovados pelo
do modo de cobrir o déficit. Presidente da República, com o assessoramento do recém criado
O princípio da exclusividade sofreu duas modificações na Cons- Departamento Administrativo do Serviço Público-DASP.
tituição de 1988. Na primeira, não mais se autoriza a inclusão na lei O período do Estado Novo marca de forma indelével a ausência
orçamentária de normas sobre o destino a dar ao saldo do exercício do estado de direito, demonstrando cabalmente a importância da
como o fazia a Constituição de 1967. existência de uma lei orçamentária, soberanamente aprovada pelo
Na segunda, podem ser autorizadas quaisquer operações de Parlamento, para a manutenção da equipotência dos poderes cons-
crédito, por antecipação de receita ou não. tituídos, esteio da democracia.
A mudança refletiu um aprimoramento da técnica orçamen- A Constituição de 1946 reafirmaria a competência do Poder
tária, com o advento principalmente da Lei 4.320, de 1964, que Executivo quanto à elaboração da proposta orçamentária, mas de-
regulou a utilização dos saldos financeiros apurados no exercício volveria ao Poder Legislativo suas prerrogativas quanto à análise e
anterior pelo Tesouro ou entidades autárquicas e classificou como aprovação do orçamento, inclusive emendas à proposta do gover-
receita do orçamento o produto das operações de crédito. no.
A Constituição de 1934 restaurou, no plano constitucional, a Manteria, também, intactos os princípios orçamentários até
competência do Poder Executivo para elaboração da proposta, que então consagrados. Sob a égide da Constituição de 1946 foi apro-
passou à responsabilidade direta do Presidente da República. Cabia vada e sancionada a Lei nº 4.320, de 17.03.64, estatuindo “Normas
ao Legislativo a análise e votação do orçamento, que podia, inclusi- Gerais de Direito Financeiro para a elaboração e controle dos or-
ve, ser emendado. çamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Além disso, a Constituição de 1934, como já mencionado an- Distrito Federal”.
teriormente, estabelecia que a despesa deveria ser discriminada, Verdadeiro estatuto das finanças públicas, levando mais de dez
obedecendo, pelo menos a parte variável, a rigorosa especialização. anos sua tramitação legislativa, tal lei incorporou importantes avan-
Trata-se do PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, ou especialidade, ços em termos de técnica orçamentária, inclusive com a introdução
ou ainda, da discriminação da despesa, que se confunde com a pró- da técnica do orçamento-programa a nível federal. A Lei 4.320/64,
pria questão da legalidade da despesa pública e é a razão de ser art. 15, estabeleceu que a despesa fosse discriminada no mínimo
da lei orçamentária, prescrevendo que a autorização legislativa se por elementos.
refira a despesas específicas e não a dotações globais.

3
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
A Constituição de 1967 registrou pela primeira vez em um tex- A aplicação do PRINCÍPIO DA UNIDADE foi elastecido na Cons-
to constitucional o PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO. tituição de 1988, embora o art. 165 § 5º diga “A lei orçamentária
O axioma clássico de boa administração para as finanças públicas anual compreenderá”, porquanto deixou de fora do orçamento fis-
perdeu seu caráter absoluto, tendo sido abandonado pela doutrina cal as ações de saúde e assistência social, tipicamente financiadas
o equilíbrio geral e formal, embora não se deixe de postular a busca com os recursos ordinários do Tesouro, para compor com elas um
de um equilíbrio dinâmico. Inserem-se neste contexto as normas orçamento distinto, em relação promíscua com as prestações da
que limitam os gastos com pessoal, acolhidas nas Constituições de Previdência Social.
67 e de 88 (CF art. 169) e a vedação à realização de operações de Esta última sim, e somente esta, merecedora de tratamento
créditos que excedam o montante das despesas de capital (CF art. em documento separado, observadas em seu âmbito a unidade e
167, III). a universalidade, já que se trata de um sistema distinto de presta-
Hoje não mais se busca o equilíbrio orçamentário formal, mas ções e contraprestações de caráter continuado, que deve manter
sim o equilíbrio amplo das finanças públicas. um equilíbrio econômico- financeiro auto-sustentado.
O grande princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal é o princí- Outra inovação da Constituição de 1988 foi o orçamento de
pio do equilíbrio fiscal. Esse princípio é mais amplo e transcende o investimentos das empresas estatais. Não há aqui, entretanto, que-
mero equilíbrio orçamentário. Equilíbrio fiscal significa que o Estado bra da unidade orçamentária, uma vez que se trata, obviamente, de
deverá pautar sua gestão pelo equilíbrio entre receitas e despesa. um segmento nitidamente distinto do orçamento fiscal, a não ser
Dessa forma, toda vez que ações ou fatos venham a desviar a gestão no que se refere àquelas unidades empresariais dependentes de
da equalização, medidas devem ser tomadas para que a trajetória recursos do Tesouro para sua manutenção, caso em que devem ser
de equilíbrio seja retomada. incluídas integralmente no orçamento fiscal, como vem ocorrendo
Os PRINCÍPIOS DA UNIDADE E DA UNIVERSALIDADE tam- por força de disposições contidas na últimas LDOs.
bém sofreriam alterações na Constituição de 1967. Esses princípios A adoção do Orçamento de Investimento nas empresas nas
são complementares: todas as receitas e todas as despesas de to- quais a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capi-
dos os Poderes, órgãos e entidades devem estar consignadas num tal com direito a voto, nos termos do art. 165, § 5º, correspondeu a
único documento, numa única conta, de modo a evidenciar a com- um avanço na aplicação do princípio da universalidade dos gastos,
pleta situação fiscal para o período. ainda que excluídos os dispêndios relativos à manutenção destas
A partir de 1967, a Constituição deixou de consignar expres- entidades.
samente o mandamento de que o orçamento seria uno, inserto O PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO DE RECEITAS determina
no texto constitucional desde 1934. Coincidentemente, foi nessa que essas não sejam previamente vinculadas a determinadas des-
Constituição que, ao lado do orçamento anual, se introduziu o or- pesas, a fim de que estejam livres para sua alocação racional, no
çamento plurianual de investimentos. Desta maneira, introduziu-se momento oportuno, conforme as prioridades públicas.
um novo PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL-ORÇAMENTÁRIO, O DA A Constituição de 1967 o adotou, relativamente aos tributos,
PROGRAMAÇÃO - a programação constante da lei orçamentária ressalvados os impostos únicos e o disposto na própria Constituição
relativa aos projetos com duração superior ao exercício financeiro e em leis complementares.
devem observar o planejamento de médio e longo prazo constante A Carta de 1988, por sua vez, restringe a aplicação do princípio
de outras normas preordenadoras. Sem ferir o princípio da unida- aos impostos, observadas as exceções indicadas na Constituição e
de, por se tratar de instrumento de planejamento, complementar somente nesta, não permitindo sua ampliação mediante lei com-
à autorização para a despesa contida na lei orçamentária anual, ou plementar.
o princípio da universalidade, que diz respeito unicamente ao or- A emenda constitucional revisional nº 1, de 1994, ao criar o
çamento anual, veio propiciar uma ligação entre o planejamento Fundo Social de Emergência-FSE e desvincular, ainda que somente
de médio e longo prazo com a orçamentação anual. O Orçamen- para os exercícios financeiros de 1994 e 1995, 20% dos impostos e
to Plurianual de Investimentos - OPI não chegou a ter eficácia, não contribuições da União, demonstrou a necessidade de se permitir
encontrando abrigo na Constituição de 1988, que estabeleceu, ao a flexibilidade na alocação dos recursos na elaboração e execução
invés, um plano plurianual (PPA). orçamentária.
Não obstante o fato das Constituições e normas a ela inferiores A Constituição de 1988 inovou em termos de constitucionali-
alardearem os princípios da universalidade e unidade orçamentá- zação de princípios regentes dos atos administrativos em geral e
ria, na prática, até meados dos anos oitenta, parcela considerável aplicando-os à matéria orçamentária, elevando a nível constitucio-
dos dispêndios da União não passavam pelo Orçamento Geral da nal os PRINCÍPIOS DA CLAREZA E DA PUBLICIDADE, a exemplo
União - OGU. O orçamento discutido e aprovado pelo Congresso do previsto no art. 165, § 6º - que determina que o projeto da lei
Nacional não incluía os encargos da dívida mobiliária federal, os orçamentária venha acompanhado de demonstrativo regionalizado
gastos com subsídios e praticamente a totalidade das operações de do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções,
crédito de responsabilidade do Tesouro, como fundos e programas. anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira,
Tais despesas eram realizadas autonomamente pelo Banco Central tributária e creditícia - e no art. 165, §3º - que estipula a publicação
e Banco do Brasil por intermédio do denominado “Orçamento Mo- bimestralmente de relatório resumido da execução orçamentária.
netário-OM” E “Conta-movimento”, respectivamente. Ainda tinha-
-se o Orçamento-SEST, que consistia no orçamento de investimento Princípios Orçamentários
das empresas públicas, de economia mista, suas subsidiárias e con- Os princípios orçamentários básicos para a elaboração, execu-
troladas direta ou indiretamente pela União. ção e controle do orçamento público, válidos para todos os pode-
Todos estes documentos eram aprovados exclusivamente pelo res e nos três níveis de governo, estão definidos na Constituição
Presidente da República. Somente a partir de 1984, com a gradativa Federal de 1988 e na Lei nº 4.320/1964, que estatui normas gerais
inclusão no OGU do OM, extinção da “conta-movimento” no Banco de direito financeiro, aplicadas à elaboração e ao controle dos or-
do Brasil e de outras medidas administrativas, coroadas pela pro- çamentos.
mulgação da carta constitucional de 1988, passou-se a dar efetivi-
dade ao princípio da unidade e universalidade orçamentária.

4
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Princípio Orçamentário da Unidade O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um deter-
De acordo com este princípio previsto no artigo 2º da Lei nº minado período de tempo, geralmente um ano. No Brasil, o exercí-
4.320/1964, cada ente da federação (União, Estado ou Município) cio financeiro coincide com o ano civil, conforme dispõe o artigo 34
deve possuir apenas um orçamento, estruturado de maneira uni- da Lei nº 4320/1964:
forme. “Art. 34.O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.”
Tal princípio é reforçado pelo princípio da “unidade de caixa”,
previsto no artigo 56 da referida Lei, segundo o qual todas as recei- Observa-se, entretanto, que os créditos especiais e extraordi-
tas e despesas convergem para um fundo geral (conta única), a fim nários autorizados nos últimos quatro meses do exercício podem
de se evitar as vinculações de certos fundos a fins específicos. ser reabertos, se necessário, e, neste caso, serão incorporados ao
O objetivo é apresentar todas as receitas e despesas numa só orçamento do exercício subseqüente, conforme estabelecido no §
conta, a fim de confrontar os totais e apurar o resultado: equilíbrio, 3º do artigo 167 da Carta Magna.
déficit ou superávit. Atualmente, o processo de integração planeja-
mento-orçamento tornou o orçamento necessariamente multi-do- Princípio Orçamentário da Exclusividade
cumental, em virtude da aprovação, por leis diferentes, de vários Tal princípio tem por objetivo impedir a prática, muito comum
documentos (Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentá- no passado, da inclusão de dispositivos de natureza diversa de ma-
rias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA), uns de planejamento téria orçamentária, ou seja, previsão da receita e fixação da despe-
e outros de orçamento e programas. Em que pese tais documentos sa. Previsto no artigo 165, § 8º da Constituição Federal, estabelece
serem distintos, inclusive com datas de encaminhamento diferen- que a Lei Orçamentária Anual não conterá dispositivo estranho à
tes para aprovação pelo Poder Legislativo, devem, obrigatoriamen- previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proi-
te ser compatibilizados entre si, conforme definido na própria Cons- bição a autorização para abertura de créditos suplementares e a
tituição Federal. contratação de operações de crédito, inclusive por antecipação de
O modelo orçamentário adotado a partir da Constituição Fe- receita orçamentária (ARO), nos termos da lei. As leis de créditos
deral de 1988, com base no § 5º do artigo165 da CF 88 consiste em adicionais também devem observar esse princípio.
elaborar orçamento único, desmembrado em: Orçamento Fiscal, da
Seguridade Social e de Investimento da Empresas Estatais, para me- Princípio Orçamentário do Equilíbrio
lhor visibilidade dos programas do governo em cada área. O artigo Esse princípio estabelece que o montante da despesa autori-
165 da Constituição Federal define em seu parágrafo 5º o que deve- zada em cada exercício financeiro não poderá ser superior ao total
rá constar em cada desdobramento do orçamento: de receitas estimadas para o mesmo período. Havendo reestimativa
de receitas com base no excesso de arrecadação e na observação
“§ 5º –A lei orçamentária anual compreenderá: da tendência do exercício, pode ocorrer solicitação de crédito adi-
cional. Nesse caso, para fins de atualização da previsão, devem ser
I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fun-
considerados apenas os valores utilizados para a abertura de crédi-
dos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
to adicional.
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
Conforme o caput do artigo 3º da Lei nº 4.320/1964, a Lei de
II – o orçamento de investimento das empresas em que a União,
Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de opera-
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com
ções de crédito autorizadas em lei.
direito a voto;
Assim, o equilíbrio orçamentário pode ser obtido por meio de
III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as
operações de crédito. Entretanto, conforme estabelece o artigo
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou in- 167, III, da Constituição Federal é vedada a realização de operações
direta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo de crédito que excedam o montante das despesas de capital, dispo-
Poder Público.” sitivo conhecido como “regra de ouro”. De acordo com esta regra,
cada unidade governamental deve manter o seu endividamento
Princípio Orçamentário da Universalidade vinculado à realização de investimentos e não à manutenção da
Segundo os artigos 3º e 4º da Lei nº 4.320/1964, a Lei Orça- máquina administrativa e demais serviços.
mentária deverá conter todas as receitas e despesas. Isso possibilita A Lei de Responsabilidade Fiscal também estabelece regras li-
controle parlamentar sobre todos os ingressos e dispêndios admi- mitando o endividamento dos entes federados, nos artigos 34 a 37:
nistrados pelo ente público. “ Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da
dívida pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei
“Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, Complementar.
inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo,
as operações de crédito por antecipação da receita, as emissões de autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, in-
papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo clusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob
financeiros. a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas contraída anteriormente.
próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, § 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as opera-
ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o dispos- ções entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação,
to no artigo 2°.” inclusive suas entidades da administração indireta, que não se des-
tinem a:
Tal princípio complementa-se pela “regra do orçamento bru- I – financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;
to”, definida no artigo 6º da Lei nº4.320/1964: II – refinanciar dívidas não contraídas junto à própria institui-
“Art. 6º.Todas as receitas e despesas constarão da lei de orça- ção concedente.
mento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.” § 2º O disposto no caput não impede Estados e Municípios de
comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo-
Princípio Orçamentário da Anualidade ou Periodicidade nibilidades.

5
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição Princípio Orçamentário da Não-Afetação da Receita
financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na quali- Tal princípio encontra-se consagrado, como regra geral, no in-
dade de beneficiário do empréstimo. ciso IV, do artigo 167, da Constituição Federal de 1988, quando veda
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa:
financeira controlada de adquirir, no mercado,títulos da dívida “Art. 167. São vedados: [...]
pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios. despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos
Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados: impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recur-
I – captação de recursos a título de antecipação de receita de sos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e
tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorri- desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da ad-
do, sem prejuízo do disposto no § 7 o do art. 150 da Constituição; ministração tributária, como determinado, respectivamente, pelos
II – recebimento antecipado de valores de empresa em que o arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às opera-
Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do ca- ções de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §
pital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada pela
da legislação; Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); [...]
III – assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou § 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pe-
operação assemelhada, com fornecedor de bens,mercadorias ou los impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de
serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação
não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes; de garantia ou contra garantia à União e para pagamento de dé-
IV – assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, bitos para com esta. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de
com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e servi- 1993).”
ços.” As ressalvas são estabelecidas pela própria Constituição e es-
tão relacionadas à repartição do produto da arrecadação dos im-
Princípio Orçamentário da Legalidade postos (Fundos de Participação dos Estados – FPE e dos Municípios
Tem o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplica- – FPM e Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste
do à administração pública, segundo o qual cabe ao Poder Público e Centro-Oeste), à destinação de recursos para as áreas de saúde e
fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressamente educação, além do oferecimento de garantias às operações de cré-
autorizar, ou seja, se subordina aos ditames da lei. dito por antecipação de receitas.
A Constituição Federal de 1988, no artigo 37 estabelece os Trata-se de medida de bom-senso, uma vez que possibilita ao
princípios da administração pública, dentre os quais o da legalidade administrador público dispor dos recursos de forma mais flexível
e, no seu art. 165 estabelece a necessidade de formalização legal para o atendimento de despesas em programas prioritários.
No âmbito federal, a Constituição reforça a não-vinculação das
das leis orçamentárias:
receitas por meio do artigo 76 do Ato das Disposições Constitucio-
“ Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
nais Transitórias – ADCT, ao criar a “Desvinculação das Receitas da
I – o plano plurianual;
União – DRU”, abaixo transcrito:
II – as diretrizes orçamentárias;
“Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31
III – os orçamentos anuais.”
de dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da arrecadação da
União de impostos, contribuições sociais e de intervenção no do-
Princípio Orçamentário da Publicidade
mínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a
O princípio da publicidade está previsto no artigo 37 da Consti- referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais.
tuição Federal e também se aplica às peças orçamentárias. Justifica- § 1º O disposto no caput deste artigo não reduzirá a base de
-se especialmente no fato de o orçamento ser fixado em lei, e esta, cálculo das transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios
para criar, modificar, extinguir ou condicionar direitos e deveres, na forma dos arts. 153, § 5º; 157, I; 158, I e II; e 159, I, a e b; e II, da
obrigando a todos, há que ser publicada.Portanto, o conteúdo or- Constituição, bem como a base de cálculo das destinações a que se
çamentário deve ser divulgado nos veículos oficiais para que tenha refere o art. 159, I, c, da Constituição.
validade. § 2º Excetua-se da desvinculação de que trata o caput deste
artigo a arrecadação da contribuição social do salário-educação a
Princípio Orçamentário da Especificação ou Especialização que se refere o art. 212, § 5 o, da Constituição.”
Segundo este princípio, as receitas e despesas orçamentárias
devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em parcelas discrimi- Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias
nadas e não pelo seu valor global, facilitando o acompanhamento (LDO), Lei Orçamentária Anual (LOA), outros planos e programas.
e o controle do gasto público. Esse princípio está previsto no artigo O Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento legal
5º da Lei nº 4.320/1964: (aprovado por lei) contendo a previsão de receitas e a estimativa de
“Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais despesas a serem realizadas por um Governo em um determinado
destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, ma- exercício, geralmente compreendido por um ano. No entanto, para
terial, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras [...]” que o orçamento seja elaborado corretamente, ele precisa se ba-
sear em estudos e documentos cuidadosamente tratados que irão
O princípio da especificação confere maior transparência ao compor todo o processo de elaboração orçamentária do governo.
processo orçamentário, possibilitando a fiscalização parlamentar, No Brasil (Orçamento Geral da União) inicia-se com um texto
dos órgãos de controle e da sociedade, inibindo o excesso de flexi- elaborado pelo Poder Executivo e entregue ao Poder Legislativo
bilidade na alocação dos recursos pelo poder executivo. Além disso, para discussão, aprovação e conversão em lei. O documento con-
facilita o processo de padronização e elaboração dos orçamentos, tém a estimativa de arrecadação das receitas federais para o ano
bem como o processo de consolidação de contas. seguinte e a autorização para a realização de despesas do Governo.
Porém, está atrelado a um forte sistema de planejamento público
das ações a realizar no exercício.

6
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
O Orçamento Geral da União é constituído de três peças em tas para a consecução de políticas condizentes com as exigências de
sua composição: o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade uma sociedade democrática e participativa, cujos membros devem
Social e o Orçamento de Investimento das Empresas Estatais Fede- ser partes integrantes do processo de gestão dos recursos públicos.
rais. A origem da palavra orçamento é de origem italiana: “orzare”,
Existem princípios básicos que devem ser seguidos para ela- que significa “fazer cálculos”.
boração e controle dos Orçamentos Públicos, que estão definidos Lembra o professor CELSO RIBEIRO BASTOS que a finalidade
no caso brasileiro na Constituição, na Lei 4.320/64, no Plano Plu- última do orçamento “é de se tornar um instrumento de exercício
rianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na recente Lei de Res- da democracia pelo qual os particulares exercem o direito, por in-
ponsabilidade Fiscal. termédio de seus mandatários, de só verem efetivadas as despesas
É no Orçamento que o cidadão identifica a destinação dos re- e permitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas
cursos que o governo recolhe sob a forma de impostos. Nenhuma na lei orçamentária”
despesa pública pode ser realizada sem estar fixada no Orçamento. O citado jurista conclui afirmando que “o orçamento é, por-
O Orçamento Geral da União (OGU) é o coração da administração tanto, uma peça jurídica, visto que aprovado pelo legislativo para
pública federal. vigorar como lei cujo objeto disponha sobre a atividade financeira
do Estado, quer do ponto de vista das receitas, quer das despesas. O
DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS seu objeto, portanto, é financeiro”
No Brasil, as principais normas jurídicas relativas ao Orçamento Definindo como jurídica a natureza do orçamento, tem-se que
Público encontram-se contidas nos seguintes dispositivos legais: o mesmo encontra fundamento constitucional nos arts. 165 a 169.
● Constituição Federal da República, de 1988, nos seus artigos Vamos conferir:
163 a 169 (Capítulo II – Das Finanças Públicas);
● Lei Federal nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito CAPÍTULO II
Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços DAS FINANÇAS PÚBLICAS
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal;
● Lei Complementar nº 101/2000– Lei de Responsabilidade Fis- SEÇÃO II
cal – LRF–Estabelece Normas de Finanças Públicas voltadas para a DOS ORÇAMENTOS
responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências;
●Portaria nº 42/99 do Ministério do Planejamento, Orçamento Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
e Gestão –Atualiza a discriminação da despesa por funções de que I - o plano plurianual;
trata a Lei 4.320/64,estabelece os conceitos de função, subfunção, II - as diretrizes orçamentárias;
programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras pro- III - os orçamentos anuais.
vidências; § 1º - A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de for-
● Portaria Interministerial nº163/2001 da Secretaria do Tesou- ma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração
ro Nacional– STN e Secretaria de Orçamento Federal – SOF, consoli- pública federal para as despesas de capital e outras delas decorren-
dada com as Portarias 212/2001, 325/2001 e 519/2001. tes e para as relativas aos programas de duração continuada.
§ 2º - A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas
ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. e prioridades da administração pública federal, incluindo as despe-
O Estado Nacional, por meio de seus órgãos administrativos, é sas de capital para o exercício financeiro subseqüente, orientará a
o ente responsável pela gestão da máquina pública, e, mais recen- elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações
temente, pela consecução do bem-estar social da população, sobre- na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das
agências financeiras oficiais de fomento.
tudo no que diz respeito à execução da política de atendimento de
§ 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o en-
suas necessidades básicas.
cerramento de cada bimestre, relatório resumido da execução or-
Nesse sentido, o legislador constitucional originário houve por
çamentária.
bem traçar objetivos a serem alcançados pelo Estado brasileiro, es- § 4º - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais
tabelecendo-os no art. 3º da Carta Magna, a saber: previstos nesta Constituição serão elaborados em consonância com
o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.
«Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Fe- § 5º - A lei orçamentária anual compreenderá:
derativa do Brasil: I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fun-
I - construir uma sociedade livra, justa e solidária; dos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
II - garantir o desenvolvimento nacional; fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- II - o orçamento de investimento das empresas em que a União,
gualdades sociais e regionais; direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, direito a voto;
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.” III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as
entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou in-
Muito mais do que um rol casuístico, o citado dispositivo legal direta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
é, na verdade, uma norma constitucional dirigente, pois presta-se Poder Público.
a estabelecer um plano para a evolução política do Estado, ocupan- § 6º - O projeto de lei orçamentária será acompanhado de de-
do-se, assim, não com uma situação presente, mas com um ideal monstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas,
futuro, visto que condiciona a atividade estatal à sua concreta rea- decorrente de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios
lização. de natureza financeira, tributária e creditícia.
Tais objetivos constituem, por assim dizer, as razões fundamen- § 7º - Os orçamentos previstos no § 5º, I e II, deste artigo, com-
tais para a existência do planejamento e do orçamento no âmbito patibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de
do setor público, pois estes mecanismos são as principais ferramen- reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critério populacional.

7
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
§ 8º - A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações dire-
à previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na tas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais;
proibição a autorização para abertura de créditos suplementares e III - a realização de operações de créditos que excedam o mon-
contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de tante das despesas de capital, ressalvadas as autorizadas mediante
receita, nos termos da lei. créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprova-
§ 9º - Cabe à lei complementar: dos pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
I - dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou
elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos
orçamentárias e da lei orçamentária anual; impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de re-
II - estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da cursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manuten-
administração direta e indireta bem como condições para a institui- ção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades
ção e funcionamento de fundos. da administração tributária, como determinado, respectivamente,
Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às di- pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às
retrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicio- operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
nais serão apreciados pelas duas Casas do Congresso Nacional, na 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;
forma do regimento comum. V - a abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia
§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores autorização legislativa e sem indicação dos recursos corresponden-
e Deputados: tes;
I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste VI - a transposição, o remanejamento ou a transferência de
artigo e sobre as contas apresentadas anualmente pelo Presidente recursos de uma categoria de programação para outra ou de um
da República; órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
II - examinar e emitir parecer sobre os planos e programas na- VII - a concessão ou utilização de créditos ilimitados;
cionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituição e exercer VIII - a utilização, sem autorização legislativa específica, de
o acompanhamento e a fiscalização orçamentária, sem prejuízo da recursos dos orçamentos fiscal e da seguridade social para suprir
atuação das demais comissões do Congresso Nacional e de suas Ca- necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, in-
sas, criadas de acordo com o art. 58. clusive dos mencionados no art. 165, § 5º;
§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que IX - a instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia
sobre elas emitirá parecer, e apreciadas, na forma regimental, pelo autorização legislativa.
Plenário das duas Casas do Congresso Nacional. X - a transferência voluntária de recursos e a concessão de em-
§ 3º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos préstimos, inclusive por antecipação de receita, pelos Governos Fe-
projetos que o modifiquem somente podem ser aprovadas caso: deral e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de despesas com pessoal ativo, inativo e pensionista, dos Estados, do
diretrizes orçamentárias; Distrito Federal e dos Municípios.
II - indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os pro- XI - a utilização dos recursos provenientes das contribuições so-
venientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam sobre: ciais de que trata o art. 195, I, a, e II, para a realização de despesas
a) dotações para pessoal e seus encargos; distintas do pagamento de benefícios do regime geral de previdên-
b) serviço da dívida; cia social de que trata o art. 201
c) transferências tributárias constitucionais para Estados, Mu- § 1º - Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exer-
nicípios e Distrito Federal; ou cício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano
III - sejam relacionadas: plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de
a) com a correção de erros ou omissões; ou responsabilidade.
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei. § 2º - Os créditos especiais e extraordinários terão vigência
§ 4º - As emendas ao projeto de lei de diretrizes orçamentá- no exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato
rias não poderão ser aprovadas quando incompatíveis com o plano de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
plurianual. exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão
§ 5º - O Presidente da República poderá enviar mensagem ao incorporados ao orçamento do exercício financeiro subsequente.
Congresso Nacional para propor modificação nos projetos a que se § 3º - A abertura de crédito extraordinário somente será ad-
refere este artigo enquanto não iniciada a votação, na Comissão mitida para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as
mista, da parte cuja alteração é proposta. decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade pública,
§ 6º - Os projetos de lei do plano plurianual, das diretrizes orça- observado o disposto no art. 62.
mentárias e do orçamento anual serão enviados pelo Presidente da § 4.º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pe-
República ao Congresso Nacional, nos termos da lei complementar los impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de
a que se refere o art. 165, § 9º. que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de
§ 7º - Aplicam-se aos projetos mencionados neste artigo, no garantia ou contragarantia à União e para pagamento de débitos
que não contrariar o disposto nesta seção, as demais normas relati- para com esta.
vas ao processo legislativo. Art. 168. Os recursos correspondentes às dotações orçamentá-
§ 8º - Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rias, compreendidos os créditos suplementares e especiais, destina-
rejeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despe- dos aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, do Ministério
sas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, me- Público e da Defensoria Pública, ser-lhes-ão entregues até o dia 20
diante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica de cada mês, em duodécimos, na forma da lei complementar a que
autorização legislativa. se refere o art. 165, § 9º.
Art. 167. São vedados: Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos
I - o início de programas ou projetos não incluídos na lei orça- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os
mentária anual; limites estabelecidos em lei complementar.

8
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remu- As despesas fixadas no orçamento são cobertas com o produto
neração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de da arrecadação dos impostos federais, como o Imposto de Renda
estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de (IR) e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), bem como
pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administra- das contribuições, como a Contribuição para Financiamento da Se-
ção direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas guridade Social (Cofins). Além das receitas tributárias, os gastos do
pelo poder público, só poderão ser feitas: governo podem ainda ser financiados por operações de crédito -
I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para aten- que nada mais são do que o endividamento do Tesouro Nacional
der às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela de- junto ao mercado financeiro interno e externo.
correntes; As receitas são estimadas pelo governo. Por isso mesmo, elas
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orça- podem ser maiores ou menores do que foram inicialmente previs-
mentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de tas. Se a economia crescer durante o ano mais do que se esperava,
economia mista. a arrecadação com os impostos tende a aumentar. O movimento
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar refe- inverso também pode ocorrer.
rida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, se- Com base na receita prevista, são fixadas as despesas dos po-
rão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais deres Executivo, Legislativo e Judiciário. Depois que o Orçamento é
ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que aprovado pelo Congresso, o governo passa a gastar o que foi auto-
não observarem os referidos limites. rizado. Se a receita do ano for superior à previsão inicial, o governo
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base encaminha ao Congresso um projeto de lei solicitando autorização
neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida para incorporar e executar o excesso de arrecadação. Nesse proje-
no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios to, definem-se as despesas que serão custeadas pelos novos recur-
adotarão as seguintes providências: sos. Se, ao contrário, a receita cair, o governo fica impossibilitado de
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com executar o orçamento na sua totalidade, o que exigirá corte nas des-
cargos em comissão e funções de confiança; pesas programadas, constituindo o chamado “contingenciamento”.
II - exoneração dos servidores não estáveis.
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior
PLANEJAMENTO PÚBLICO
não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determi-
O plano plurianual (PPA) estabelece os projetos e os programas
nação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável
de longa duração do governo, definindo objetivos e metas da ação
poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada
pública para um período de quatro anos.
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou uni-
A LDO tem a finalidade precípua de orientar a elaboração dos
dade administrativa objeto da redução de pessoal.
orçamentos fiscal e da seguridade social e de investimento das em-
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo ante-
presas estatais. Busca sintonizar a Lei Orçamentária Anual - LOA
rior fará jus a indenização correspondente a um mês de remunera-
com as diretrizes, objetivos e metas da administração pública, es-
ção por ano de serviço.
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anterio- tabelecidas no PPA. De acordo com o parágrafo 2º do art. 165 da
res será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego CF, a LDO:
ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de - compreenderá as metas e prioridades da administração pú-
quatro anos. § 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem blica, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro
obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. subsequente;
- orientará a elaboração da LOA;
Da análise dos citados dispositivos depreende-se a instituição - disporá sobre as alterações na legislação tributária; e
de uma moderna estrutura, que abre amplas possibilidades de in- - estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras
tegração das esferas referentes ao planejamento e à questão orça- oficiais de fomento.
mentária (esta tomada numa acepção de instrumento de apoio à
consecução dos respectivos programas de governo). O orçamento anual visa concretizar os objetivos e metas pro-
Com efeito, para a gestão de recursos públicos, considerando postas no PPA, segundo as diretrizes estabelecidas pela LDO.
principalmente as finalidades últimas do Estado, mister a existência
de um estudo prévio consolidado sobre o montante da receita e o A proposta da LOA compreende os três tipos distintos de orça-
quantitativo de despesas necessários à execução do plano de ação mentos da União, a saber:
governamental. Dessa necessidade foi que surgiu o orçamento, cujo a) Orçamento Fiscal: compreende os poderes da União, os Fun-
conceito prestar-se a espelhar a situação financeira de um país em dos, Órgãos, Autarquias, inclusive as especiais e Fundações instituí-
determinado período de tempo. das e mantidas pela União; abrange, também, as empresas públicas
Importante ressaltar que nos Estados que adotam a forma e sociedades de economia mista em que a União, direta ou indireta-
federativa a repartição de competências observa, antes de tudo, mente, detenha a maioria do capital social com direito a voto e que
a autonomia dos entes federados. Tal característica encontra-se recebam desta quaisquer recursos que não sejam provenientes de
presente, inclusive, no tocante ao orçamento, de modo que União, participação acionária, pagamentos de serviços prestados, transfe-
Estados-membros, Distrito Federal e Municípios podem e devem rências para aplicação em programas de financiamento atendendo
definir seus orçamentos, levando em conta suas prioridades e ca- ao disposto na alínea “c” do inciso I do art. 159 da CF e refinancia-
racterísticas. Isso, contudo, não impede que alguns aspectos de mento da dívida externa;
interesse geral exijam ações conjuntas que acabam por criar uma b) Orçamento de Seguridade Social: compreende todos os ór-
interdependência e, por conseguinte, exigir uma coordenação en- gãos e entidades a quem compete executar ações nas áreas de saú-
tre os orçamentos. de, previdência e assistência social, quer sejam da Administração
O Orçamento Geral da União (OGU) prevê todas as receitas e Direta ou Indireta, bem como os fundos e fundações instituídas e
fixa todas as despesas do Governo Federal, referentes aos Poderes mantidas pelo Poder Público; compreende, ainda, os demais sub-
Legislativo, Executivo e Judiciário. projetos ou subatividades, não integrantes do Programa de Traba-

9
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
lho dos Órgãos e Entidades mencionados, mas que se relacionem 03) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser
com as referidas ações, tendo em vista o disposto no art. 194 da o relator-geral do projeto de lei orçamentária deve elaborar Relató-
CF; e rio Preliminar sobre a matéria, o qual, aprovado pela CMO, passa a
c) Orçamento de Investimento das Empresas Estatais: previsto denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer estabelece os parâ-
no inciso II, parágrafo 5º do art. 165 da CF, abrange as empresas pú- metros e critérios a serem obedecidos na apresentação de emen-
blicas e sociedades de economia mista em que a União, direta ou in- das e na elaboração do relatório pelo relator-geral e pelos relatores
diretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto. setoriais.
O Relatório Preliminar é composto de duas partes. A primeira
O processo orçamentário compreende as fases de elaboração e parte – geral – apresenta análise das metas fiscais, exame da com-
execução das leis orçamentárias – PPA, LDO e LOA. Cada uma des- patibilidade com o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentá-
sas leis tem ritos próprios de elaboração, aprovação e implementa- rias e a lei de responsabilidade fiscal, avaliação das despesas por
ção pelos Poderes Legislativo e Executivo. área temática, incluindo a execução recente, entre outros temas.
Vamos verificar como ocorre o processo orçamentário em cada A segunda parte – especial – contém as regras para a atuação dos
uma de suas fases. relatores setoriais e geral e as orientações específicas referentes à
apresentação e apreciação de emendas, inclusive as de relator. De-
ORÇAMENTO ANUAL: fine, também, a composição da Reserva de Recursos a ser utilizada
Na lei orçamentária anual (LOA) estão estimadas as receitas para o atendimento das emendas apresentadas.
que serão arrecadadas durante o ano e definidas as despesas que Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por
o governo espera realizar com esses recursos, conforme aprovado parlamentares e pelas Comissões Permanentes das duas Casas do
pelo Legislativo. A LOA contém três orçamentos, previstos na Cons- Congresso Nacional.
tituição Federal: o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade
social (previdência, assistência e saúde) e o orçamento de investi- 04) EMENDAS: As emendas à despesa são classificadas como
mentos das empresas estatais. de remanejamento, de apropriação ou de cancelamento.
01) PROJETO DE LEI: O projeto de lei orçamentária é elaborado Emenda de remanejamento é a que propõe acréscimo ou in-
pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF) e encaminhado ao Con- clusão de dotações e, simultaneamente, como fonte exclusiva de
gresso Nacional pelo Presidente da República. O Executivo possui recursos, a anulação equivalente de dotações constantes do proje-
exclusividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo to, exceto as da Reserva de Contingência. Com isso, somente pode-
texto da lei, quadros orçamentários consolidados e anexos dos Or- rá ser aprovada com a anulação das dotações indicadas na própria
çamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento das Empre- emenda, observada a compatibilidade das fontes de recursos.
sas Estatais, o projeto de lei deve ser encaminhado para apreciação Emenda de apropriação é a que propõe acréscimo ou inclusão
do Congresso Nacional até 31 de agosto de cada ano. de dotações e, simultaneamente, como fonte de recursos, a anula-
Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto é publicado e ção equivalente de valores da Reserva de Recursos ou outras dota-
encaminhado à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e ções definidas no Parecer Preliminar.
Fiscalização – CMO. A Resolução nº. 01, de 2006 – CN regula a tra- Emenda de Cancelamento é a que propõe, exclusivamente, a
mitação legislativa do orçamento. redução de dotações constantes do projeto.
Para conhecer o conteúdo do projeto e promover o debate ini- A emenda ao projeto que propõe acréscimo ou inclusão de do-
cial sobre a matéria, a CMO realiza audiências públicas com Minis- tações somente será aprovada se:
tros ou representantes dos órgãos de Planejamento, Orçamento e I) estiver compatível com o plano plurianual e com a lei de di-
Fazenda do Executivo e com representantes das diversas áreas que retrizes orçamentárias;
compõem o orçamento. Nessa oportunidade os parlamentares co- II) indicar os recursos necessários;
meçam a avaliar a proposta apresentada e têm a possibilidade de III) não for constituída de várias ações que devam ser objeto de
ouvir tanto as autoridades governamentais como a sociedade. emendas distintas; e
IV) não contrariar as normas regimentais sobre a matéria. Não
02) RELATÓRIO DA RECEITA: Cabe ao relator da receita, com o serão aprovadas emendas em valor superior ao solicitado, ressalva-
auxílio do Comitê de Avaliação da Receita, avaliar, inicialmente, a dos os casos de remanejamento entre emendas individuais, respei-
receita prevista pelo Executivo no projeto de lei orçamentária. O tado o limite global.
objetivo é verificar se o montante estimado da receita está de acor-
do com os parâmetros econômicos previstos para o ano seguinte. As bancadas estaduais no Congresso Nacional e as comissões
Caso encontre algum erro ou omissão, é facultado ao Legislativo permanentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados po-
reavaliar a receita e propor nova estimativa. dem apresentar emendas ao projeto nas matérias diretamente liga-
O relator da receita apresenta suas conclusões no Relatório da das às suas áreas de atuação.
Receita. Esse documento deve conter, entre outros assuntos, o exa- Cada parlamentar pode apresentar até 25 emendas indivi-
me da conjuntura macroeconômica e do impacto do endividamen- duais, no valor total definido pelo Parecer Preliminar. Os relatores
to sobre as finanças públicas, a análise da evolução da arrecadação somente podem apresentar emendas para corrigir erros e omissões
das receitas nos últimos exercícios e da sua estimativa no projeto, o de ordem técnica e legal, recompor, total ou parcialmente, dota-
demonstrativo das receitas reestimadas e os pareceres às emendas ções canceladas e atender às especificações do Parecer Preliminar.
apresentadas.
O Relatório da Receita deve ser aprovado pela CMO. O relator 05) CICLO SETORIAL: O projeto de lei orçamentária anual é di-
da receita pode propor atualização do Relatório da Receita aprova- vido em 10 áreas temáticas, com o objetivo de dar atenção às par-
do pela CMO, no caso de alterações nos parâmetros utilizados para ticularidades dos diversos temas que permeiam a proposta, como
a projeção ou na legislação tributária ocorridas durante a tramita- educação, saúde, transporte, agricultura, entre outros. Para cada
ção do projeto no Congresso. O prazo máximo para propor altera- área temática é designado um relator setorial, que deve avaliar o
ções é de até dez dias após a votação do último relatório setorial. projeto encaminhado, analisar as emendas apresentadas e elaborar
relatório setorial com as suas conclusões e pareceres.

10
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Os Relatores Setoriais devem debater o projeto nas Comissões DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
Permanentes, antes de apresentar o relatório, podendo ser convi- A lei de diretrizes orçamentárias - LDO define as metas e prio-
dados, na oportunidade, representantes da sociedade civil. ridades do governo para o ano seguinte, orienta a elaboração da lei
Na elaboração dos relatórios setoriais, serão observados, es- orçamentária anual, dispõe sobre alterações na legislação tributária
tritamente, os limites e critérios fixados no Parecer Preliminar. O e estabelece a política das agências de desenvolvimento (Banco do
Relator deve verificar a compatibilidade do projeto com o PPA, a Nordeste, Banco do Brasil, BNDES, Banco da Amazônia, etc.).
LDO e a Lei de Responsabilidade Fiscal, a execução orçamentária re- Também fixa limites para os orçamentos dos Poderes Legislati-
cente e os efeitos dos créditos adicionais dos últimos quatro meses. vo e Judiciário e do Ministério Público e dispõe sobre os gastos com
Os critérios utilizados para a distribuição dos recursos e as medidas pessoal. A Lei de Responsabilidade Fiscal remeteu à LDO diversos
adotadas quanto às obras e serviços com indícios de irregularidades outros temas, como política fiscal, contingenciamento dos gastos,
graves apontadas pelo TCU também devem constar do relatório. Os transferências de recursos para entidades públicas e privadas e po-
relatórios setoriais são discutidos e votados individualmente na lítica monetária
CMO.
01) PROJETO DE LEI: O projeto de LDO (PLDO) é elaborado pela
06) CICLO GERAL: Após a aprovação dos relatórios setoriais, é Secretaria de Orçamento Federal e encaminhado ao Congresso Na-
tarefa do Relator Geral compilar as decisões setoriais em um único cional pelo Presidente da República, que possui exclusividade na
documento, chamado Relatório Geral, que será submetido à CMO. iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo texto da lei e di-
O papel do relator geral é verificar a constitucionalidade e legali- versos anexos, o projeto de lei deve ser encaminhado ao Congresso
dade das alocações de recursos e zelar pelo equilíbrio regional da Nacional até 15 de abril de cada ano.
distribuição realizada. Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a tramita-
No relatório geral, assim como nos setoriais, são analisados a ção legislativa, observadas as normas constantes da Resolução nº.
compatibilidade do projeto com o PPA, a LDO e a Lei de Responsa- 01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publicado e encaminhado à Co-
bilidade Fiscal, a execução orçamentária recente e os efeitos dos missão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO.
créditos adicionais dos últimos quatro meses. Os critérios utiliza-
dos pelo relator na distribuição dos recursos e as medidas adotadas 02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser
quanto às obras e serviços com indícios de irregularidades graves o relator do projeto de diretrizes orçamentárias (PLDO) deve, pri-
apontadas pelo TCU também devem constar do relatório. meiramente, elaborar Relatório Preliminar sobre o projeto, o qual,
Integram, ainda, o Relatório Geral os relatórios dos Comitês aprovado pela CMO, passa a denominar-se Parecer Preliminar. Esse
Permanentes e daqueles constituídos para assessorar o relator parecer estabelece regras e parâmetros a serem observados quan-
geral. As emendas ao texto e as de cancelamento são analisadas do da análise e apreciação do projeto, tais como:
exclusivamente pelo relator geral, que sobre elas emite parecer. A I) condições para o cancelamento de metas constantes do pro-
apreciação do Relatório Geral, na CMO, somente terá início após a jeto;
aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto de plano plurianual II) critérios para o acolhimento de emendas; e
ou de projeto de lei que o revise. III) disposições sobre apresentação e apreciação de emendas
O Relatório Geral é lido, discutido e votado no plenário da individuais e coletivas.
CMO. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em
separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres Além disso, o parecer preliminar avalia os cenários econômico-
propostos pelo Relator. O relatório aprovado em definitivo pela Co- -fiscal e social, bem como os parâmetros macroeconômicos utiliza-
missão constitui o parecer da CMO, o qual será encaminhado à Se- dos na elaboração do projeto e as informações constantes de seus
cretaria-Geral da Mesa do Congresso Nacional, para ser submetido anexos, com o objetivo de promover análises prévias ao conteúdo
à deliberação das duas Casas, em sessão conjunta. apresentado. Como complemento à análise inicial, a CMO realiza
audiência pública com o Ministro do Planejamento, Orçamento e
07) AUTÓGRAFOS E LEIS: O parecer da CMO é submetido à Gestão, antes da apresentação do Relatório Preliminar.
discussão e votação no Plenário do Congresso Nacional. Os Con- Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por
gressistas podem solicitar destaque para a votação em separado parlamentares e pelas Comissões Permanentes da Câmara e do Se-
de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres aprovados nado.
na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um décimo dos
congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Nacional até o 03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, abre-se
dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria no Plenário prazo para a apresentação de emendas ao projeto de lei de diretri-
do Congresso Nacional. zes orçamentárias, com vistas a inserir, suprimir, substituir ou modi-
Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re- ficar dispositivos constantes do projeto.
dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do Cada parlamentar, Comissão Permanente do Senado Federal e
substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina- da Câmara dos Deputados e Bancada Estadual do Congresso Nacio-
do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da nal pode apresentar até cinco emendas ao anexo de metas e priori-
Presidência da República para sanção. dades. Não se incluem nesse limite as emendas ao texto do projeto
O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou de lei. Para essa finalidade, as emendas são ilimitadas.
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do As emendas são apresentadas perante a CMO, que sobre elas
recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os emite parecer conclusivo e final, que somente poderá ser modifi-
motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial da cado mediante a aprovação de destaque no Plenário do Congresso
União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Nacional. Nacional.

04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de diretrizes


orçamentárias e as emendas apresentadas, tendo como orientação
as regras estabelecidas no Parecer Preliminar, e formalizar, em re-

11
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
latório, as razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas. Deve I) condições para o remanejamento e cancelamento de valores
também justificar quaisquer outras alterações que tenham sido financeiros constantes do projeto;
introduzidas no texto do projeto de lei. O produto final desse tra- II) critérios para alocação de eventuais recursos adicionais de-
balho, contendo as alterações propostas ao texto do PLDO, decor- correntes da reestimativa das receitas; e
rentes das emendas acolhidas pelo relator e das por ele apresenta- III) orientações sobre apresentação e apreciação de emendas.
das, constitui a proposta de substitutivo. O relatório e a proposta Em complemento à análise inicial, a CMO pode realizar audiên-
de substitutivo são discutidos e votados no Plenário da CMO, sendo cias públicas regionais para debater o projeto.
necessário para aprová-los a manifestação favorável da maioria dos
membros de cada uma das Casas, que integram a CMO. Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por
A Constituição Federal não estabelece prazo final para a apro- parlamentares, Comissões Permanentes da Câmara e do Senado e
vação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. No entanto, Bancadas Estaduais.
determina que o Congresso Nacional não tenha direito a recesso a
partir de 17 de julho enquanto o PLDO não for aprovado. O relatório 03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, abre-se
aprovado em definitivo pela Comissão constitui o parecer da CMO, prazo para a apresentação de emendas ao projeto de plano pluria-
o qual será encaminhado à Secretaria-Geral da Mesa do Congresso nual, com vistas a inserir, suprimir, substituir ou modificar dispositi-
Nacional, para ser submetido à deliberação das duas Casas, em ses- vos constantes do projeto.
são conjunta. Ao projeto podem ser apresentadas até dez emendas por par-
lamentar, até cinco emendas por Comissão Permanente da Câmara
05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer da CMO é e do Senado e até cinco emendas por Bancada Estadual.
submetido à discussão e votação no Plenário do Congresso Nacio- As emendas são apresentadas perante a CMO, que sobre elas
nal. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em emite parecer conclusivo e final, o qual somente poderá ser modifi-
separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres cado mediante a aprovação de destaque no Plenário do Congresso
aprovados na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um Nacional.
décimo dos congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Na-
cional até o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria 04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de plano plu-
no Plenário do Congresso Nacional. rianual e as emendas apresentadas, tendo como orientação as re-
Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re- gras estabelecidas no Parecer Preliminar, e formalizar, em relatório,
dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do as razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas. Deve também
substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina- justificar quaisquer outras alterações que tenham sido introduzidas
do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da no texto do projeto de lei. O produto final desse trabalho, contendo
Presidência da República para sanção. as alterações propostas ao texto do PPPA, decorrentes das emendas
O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou acolhidas pelo relator e das por ele apresentadas, constitui a pro-
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do posta de substitutivo.
recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os O relatório e a proposta de substitutivo são discutidos e vota-
motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial da dos no Plenário da CMO, sendo necessário para aprová-los a mani-
União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Nacional. festação favorável da maioria dos membros de cada uma das Casas,
que integram a CMO.
PLANO PLURIANUAL O relatório aprovado em definitivo pela Comissão constitui o
O plano plurianual – PPA é instrumento de planejamento de parecer da CMO, o qual será encaminhado à Secretaria-Geral da
médio prazo, que estabelece as diretrizes, objetivos e metas do Mesa do Congresso Nacional, para ser submetido à deliberação das
governo para os projetos e programas de longa duração, para um duas Casas, em sessão conjunta.
período de quatro anos. Nenhuma obra de grande vulto ou cuja
execução ultrapasse um exercício financeiro pode ser iniciada sem 05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer da CMO é
prévia inclusão no plano plurianual. submetido à discussão e votação no Plenário do Congresso Nacio-
nal. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em
01) PROJETO DE LEI: O projeto de PPA (PPPA) é elaborado pela separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres
Secretaria de Investimentos e Planejamento Estratégico (SPI) do Mi- aprovados na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um
nistério do Planejamento, Orçamento e Gestão e encaminhado ao décimo dos congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Na-
Congresso Nacional pelo Presidente da República, que possui exclu- cional até o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria
sividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo texto no Plenário do Congresso Nacional.
da lei e diversos anexos, o projeto de lei deve ser encaminhado ao Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re-
Congresso Nacional até 31 de agosto do primeiro ano de mandato dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do
presidencial, devendo vigorar por quatro anos. substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina-
Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a tramita- do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da
ção legislativa, observadas as normas constantes da Resolução nº. Presidência da República para sanção.
01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publicado e encaminhado à Co- O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou
missão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO. parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do
recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os
02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser o motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial da
relator do projeto de plano plurianual (PPPA) deve, primeiramente, União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Nacional.
elaborar Relatório Preliminar sobre o projeto, o qual, aprovado pela A Lei 4320/64 estabelece dois sistemas de controle da execu-
CMO, passa a denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer esta- ção orçamentária: interno e externo. A Constituição Federal de 1988
belece regras e parâmetros a serem observados quando da análise manteve essa concepção e deu-lhe um sentido ainda mais amplo.
e apreciação do projeto, tais como:

12
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Enquanto a Constituição anterior enfatizava a fiscalização fi- Os limites para elaboração da proposta orçamentária dos po-
nanceira e orçamentária, a atual ampliou o conceito, passando a deres judiciário e legislativo
abranger, também, as áreas operacional e patrimonial, além de co- Na União, o prazo para envio do projeto de Lei da LDO pelo
brir de forma explicita, o controle da aplicação de subvenções e a Executivo ao Legislativo é até o dia 15 de abril do exercício anterior
própria política de isenções, estímulos e incentivos fiscais. Ficou de- ao da Lei Orçamentária Anual.
monstrado, igualmente de forma clara, a abrangência do controle A sessão legislativa ordinária não será interrompida até que o
constitucional sobre as entidades de administração indireta, ques- projeto de Lei da LDO seja aprovado.
tão controversa na sistemática anterior. Vale lembrar que, conforme a Emenda Constitucional nº 50,
O controle da execução orçamentária compreenderá: de14/02/2006, a sessão legislativa vai do período de 02 de fevereiro
I - a legalidade dos atos que resultem a arrecadação da receita a 17 de julho, e de 1º. de agosto a 22 de dezembro.
ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos
e obrigações; A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL – LOA
II- a fidelidade funcional dos agentes da administração respon- A composição da Lei Orçamentária Anual está prevista na
sáveis por bens e valores públicos; CF/88, art. 165, § 5°:
III- o cumprimento do programa de trabalho, expresso em ter- ●Orçamento fiscal, incluindo todas as receitas e despesas, re-
mos monetários e em termos de realização de obras e prestação ferentes aos Poderes do Estado, seus fundos, órgãos da administra-
de serviços. ção direta, autarquias, fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público;
AVALIAÇÃO ORÇAMENTÁRIA ●Orçamento de investimento das empresas em que o Estado,
A avaliação orçamentária é a parte do controle orçamentário direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital com direito
que analisa a eficácia e eficiência dos cursos de ação cumpridos e a voto;
proporciona elementos de juízo aos responsáveis da gestão admi- ●Orçamento da seguridade social, abrangendo todos os órgãos
nistrativa para adotar as medidas tendentes à consecução de seus e entidades da administração direta ou autárquica, bem como os
objetivos e à otimização do uso dos recursos colocados à sua dispo- fundos e fundações instituídas pelo Poder Público, vinculados à
sição, o que contribui para realimentar o processo de administração saúde, previdência e assistência social.
orçamentária. Esta definição traz dois critérios de análise eficiência
e eficácia que são conceituados a seguir: Constitui matéria exclusiva da lei orçamentária a previsão da
O teste da eficiência na avaliação das ações governamentais receita e a fixação da despesa, podendo conter, ainda segundo a
busca considerar os resultados em face dos recursos disponíveis. norma constitucional:
Busca-se representar as realizações em índices e indicadores, para ●Autorização para abertura de créditos suplementares;
possibilitar comparação com parâmetros técnicos de desempenho ● Autorização para contratação de operações de crédito, inclu-
e com padrões já alcançados anteriormente. sive por antecipação de receita orçamentária (ARO) na forma da lei.
Tais medidas demonstram a maior ou menor capacidade de
consumir recursos escassos, disponíveis para a realização de uma Os orçamentos fiscais e de investimentos serão compatibiliza-
tarefa determinada. Ou, em outras palavras, indicam a justeza e dos com o PPA; terão a função de reduzir as desigualdades inter-re-
propriedade com que a forma de elaboração de determinado pro- gionais, segundo critérios de população e renda per capita.
duto final foi selecionada, de modo a que se minimize o seu custo As emendas ao projeto de LOA ou aos projetos que o modi-
respectivo. fiquem terão que ser compatíveis com o PPA e com a LDO, para
A avaliação da eficácia procura considerar o grau em que os serem aprovadas.
objetivos e as finalidades do progresso alcançado dentro da progra- O prazo para envio do projeto da LOA ao Poder Legislativo é até
mação de realizações governamentais. Tanto a análise da eficácia 31 de agosto.
como da eficiência são possibilidades pelas formas modernas de No prazo de trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
estruturação dos orçamentos. A classificação por programas, pro- o Poder Executivo publicará relatório resumido da execução orça-
jetos e atividades e a explicitação das metas físicas orçamentárias mentária.
viabilizam os testes de eficácia, enquanto a incorporação de custos,
estimativos (no orçamento) e efetivos ( na execução), auxilia as ava- Ciclo do Orçamento Anual
liações da eficiência. Uma vez que a cada exercício será preciso uma nova Lei Orça-
mentária Anual, verifica-se que o processo orçamentário se dá na
A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO forma de um verdadeiro ciclo, com quatro fases bem distintas:
A LDO, devidamente compatibilizada com o PPA, deverá con-
ter: 1. Elaboração da Proposta Orçamentária
● As metas e prioridades da Administração Pública, incluindo Trata-se do momento em que cada um dos diversos órgãos e
as despesas de capital, para o exercício seguinte; entidades que compõem a Administração Pública faz o levantamen-
● Orientações para a elaboração da Lei Orçamentária Anual; to das suas necessidades de e cursos para o exercício seguinte, le-
● Disposições sobre alterações na Legislação Tributária; vando em consideração os programas do Governo e os objetivos de
● A política de aplicação das agências financeiras oficiais de desenvolvimento econômico e social do país.
fomento; O órgão central de planejamento recebe todas estas demandas
● Autorização específica para a concessão de qualquer vanta- e as consolida num único documento, compatibilizando-o com a es-
gem ou aumento de remuneração, criação de cargos ou alteração de timativa das receitas esperadas para o próximo ano.
estrutura de carreiras,bem como admissão de pessoal, a qualquer Em seguida, redistribui a previsão de gastos de acordo com os
título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, parâmetros macroeconômicos, estabelecendo as quotas finais de
inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, res- recursos para cada órgão.
salvadas as empresas públicas e as sociedades de economia mista;

13
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Finalmente, é produzido o texto do projeto da Lei Orçamen- Programas de Gestão de Políticas Públicas - volta
tária Anual, juntamente com os diversos anexos que irão detalhar Os programas de gestão de políticas públicas assumirão deno-
todas as receitas e despesas, de acordo com classificação orçamen- minação específica de acordo com a missão institucional de cada
tária própria. órgão. Portanto, haverá apenas um programa dessa natureza por
O projeto da LOA é então remetido ao Poder Legislativo, junto órgão. Exemplo: “Gestão da Política de Saúde”.
com mensagem do chefe do Poder Executivo, para aprovação.
Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, órgão(s),
2. Discussão e Aprovação da Lei Orçamentária unidades orçamentárias e unidade responsável pelo programa Na
Ao chegar no Poder Legislativo, o projeto da LOA será aprecia- Presidência da República e nos Ministérios que constituam órgãos
do pelos congressistas, que poderão propor emendas ao texto ini- centrais de sistemas (Orçamento e Gestão, Fazenda), poderá haver
cial, dando origem a um texto substitutivo. mais de um programa desse tipo.
O projeto da LOA cumprirá um rito semelhante ao das demais Os Programas de Gestão de Políticas Públicas abrangem as
leis que tramitam pelo Congresso Nacional, sendo exigido apenas ações de gestão de Governo e serão compostos de atividades de
maioria simples para sua aprovação. planejamento, orçamento, controle interno, sistemas de informa-
Após a devida aprovação da LOA, com ou sem emendas, o Po- ção e diagnóstico de suporte à formulação, coordenação, supervi-
der Legislativo devolve para o Poder Executivo, para sanção ou veto. são, avaliação e divulgação de políticas públicas. As atividades deve-
Sendo sancionada pelo Presidente da República, a LOA agora rão assumir as peculiaridades de cada órgão gestor setorial.
será promulgada, e com sua publicação no Diário Oficial da União,
estará produzindo os seus devidos efeitos legais. Programas de Serviços ao Estado
Programas de Serviços ao Estado são os que resultam em bens
3. Execução Orçamentária e serviços ofertados diretamente ao Estado, por instituições criadas
Esta fase transcorre durante todo o exercício financeiro, pois para esse fim específico. Seus atributos básicos são: denominação,
consiste na efetiva arrecadação, por parte do Governo, das diversas objetivo, indicador(es), órgão(s), unidades orçamentárias e unidade
receitas previstas, bem como a realização das despesas programa- responsável pelo programa.
das para o período.
Programas de Apoio Administrativo
4. Controle e Avaliação Os programas de Apoio Administrativo correspondem ao con-
O controle se inicia junto com a execução do orçamento, uma junto de despesas de natureza tipicamente administrativa e outras
vez que o próprio Governo, através dos seus órgãos de controle in- que, embora colaborem para a consecução dos objetivos dos pro-
terno ou de controle externo, iniciam a fiscalização sobre os gesto- gramas finalísticos e de gestão de políticas públicas, não são passí-
res públicos, com relação à legalidade dos procedimentos executa- veis de apropriação a esses programas. Seus objetivos são, portan-
dos. to, os de prover os órgãos da União dos meios administrativos para
No tocante à avaliação, trata-se de preocupação específica com a implementação e gestão de seus programas finalísticos.
os resultados efetivos dos programas realizados durante o ano, em
termos de benefícios gerados para a população. O Sistema de Orçamento compreende as atividades de acom-
panhamento e avaliação de planos, programas e orçamentos no
Outros planos e programas âmbito de cada esfera de Poder.
O programa é o instrumento de organização da atuação gover- Ao Órgão Central de Orçamento cabe a responsabilidade de
namental. Articula um conjunto de ações que concorrem para um coordenar o processo de preparação, elaboração e avaliação do Or-
objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores esta-
çamento Anual, normatizando e supervisionando a ação dos outros
belecidos no plano plurianual, visando à solução de um problema
órgãos que compõem o sistema de orçamento.
ou o atendimento de uma necessidade ou demanda da sociedade.
O Órgão Setorial do Orçamento é o articulador entre o órgão
Toda a ação finalística do Governo Federal deverá ser estru-
central e os órgãos executores, dentro de um sistema, sendo res-
turada em programas, orientados para consecução dos objetivos
ponsável pela coordenação das ações na sua esfera de atuação.
estratégicos definidos, para o período, no PPA. A ação finalística é
a que proporciona bem ou serviço para atendimento direto às de-
SIAFI e SIOF
mandas da sociedade.
Os programas de ações não finalísticas são programas consti-
tuídos predominantemente de ações continuadas, devendo conter SIOP
metas de qualidade e produtividade a serem atingidas em prazo Com a finalidade de dar suporte às rotinas desenvolvidas no
definido. Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, foram implan-
São quatro os tipos de programas previstos: tados o Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR) e o Sis-
- Programas finalísticos; tema de Informações Gerenciais e de Planejamento (SIGPLAN), nos
- Programas de gestão das políticas públicas; anos de 1987 e 2000, respectivamente.
- Programas de serviços ao Estado; Estes dois sistemas informatizados foram substituídos a partir
- Programa de apoio administrativo. de 2009, de forma gradativa, pelo Sistema Integrado de Planeja-
mento e Orçamento (SIOP), com os seguintes objetivos:
Programas Finalísticos I. prover mecanismos adequados ao registro e controle dos
São programas que resultam em bens e serviços ofertados di- processos de planejamento e orçamento;
retamente à sociedade. Seus atributos básicos são: denominação, II. fornecer meios para agilizar os processos de elaboração do
objetivo, público-alvo, indicador(es), fórmulas de cálculo do índice, PPA, LDO, LOA e tramitação de pedidos de alterações orçamentá-
órgão(s), unidades orçamentárias e unidade responsável pelo pro- rias;
grama O indicador quantifica a situação que o programa tenha por III. fornecer fonte segura e tempestiva de informações orça-
fim modificar, de modo a explicitar o impacto das ações sobre o mentárias;
público alvo.

14
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
IV. integrar e compatibilizar as informações disponíveis nos di- - Emprego de métodos rudimentares e inadequados de traba-
versos órgãos e entidades participantes; lho, onde, na maioria dos casos, os controles de disponibilidades or-
V. permitir aos segmentos da sociedade obter a necessária çamentárias e financeiras eram exercidos sobre registros manuais;
transparência das informações orçamentárias (BRASIL, 2013). - Falta de informações gerenciais em todos os níveis da Admi-
nistração Pública e utilização da Contabilidade como mero instru-
Dessa forma, o SIOP é o sistema informatizado (artefato) que mento de registros formais;
dá suporte às rotinas orçamentárias do Governo Federal em tempo - Defasagem na escrituração contábil de pelo menos, 45 dias
real. Por meio do acesso à internet, os usuários dos órgãos setoriais entre o encerramento do mês e o levantamento das demonstrações
e unidades orçamentárias integrantes do Sistema de Planejamento Orçamentárias, Financeiras e Patrimoniais, inviabilizando o uso das
e de Orçamento Federal, bem como de outros sistemas automati- informações para fins gerenciais;
zados, registram suas operações e efetuam suas consultas on-line - Inconsistência dos dados utilizados em razão da diversidade
(BRASIL, 2013). de fontes de informações e das várias interpretações sobre cada
Assim, a implantação e, principalmente, o uso do SIOP têm re- conceito, comprometendo o processo de tomada de decisões;
flexos nas diversas rotinas orçamentárias desenvolvidas no âmbito - Despreparo técnico de parte do funcionalismo público, que
do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, uma vez que desconhecia técnicas mais modernas de administração financeira e
a sua interação com estas rotinas pode influenciar tanto a flexibili- ainda concebia a contabilidade como mera ferramenta para o aten-
zação quanto a estabilidade das mesmas. dimento de aspectos formais da gestão dos recursos públicos;
De acordo com D’Adderio (2011), concentrar-se na relação en- - Inexistência de mecanismos eficientes que pudessem evitar o
tre artefatos e aspecto ostensivo possibilita captar a dinâmica pela desvio de recursos públicos e permitissem a atribuição de respon-
qual as visões ostensivas específicas são selecionadas e incorpora- sabilidades aos maus gestores;
das em artefatos de rotinas, ou seja, regras e procedimentos, e, por - Estoque ocioso de moeda dificultando a administração de
outro lado, concentrar-se sobre as relações entre artefatos e per- caixa, decorrente da existência de inúmeras contas bancárias, no
formances possibilita captar a micro dinâmica pela qual artefatos âmbito do Governo Federal. Em cada Unidade havia uma conta
influenciam e são influenciados por performances. Dessa forma, o bancária para cada despesa. Exemplo: Conta Bancária para Material
Permanente, Conta bancária para Pessoal, conta bancária para Ma-
SIOP, como artefato criado com base nos aspectos ostensivos das
terial de Consumo, etc.
rotinas orçamentárias da União e que, por meio do seu uso, man-
tém interação com tais rotinas.
A solução desses problemas representava um verdadeiro de-
A tecnologia da informação é indispensável para que as orga-
safio à época para o Governo Federal. O primeiro passo para isso
nizações aprimorem sua agilidade, efetividade e inteligência (RE-
foi dado com a criação da Secretaria do Tesouro Nacional - STN,
ZENDE, 2008). No que tange ao Sistema de Planejamento e de Or-
em 10 de março de 1986., para auxiliar o Ministério da Fazenda na
çamento Federal, a implantação do SIOP deve corresponder a tal
execução de um orçamento unificado a partir do exercício seguinte.
expectativa, uma vez que mudanças nas rotinas orçamentárias são A STN, por sua vez, identificou a necessidade de informações
necessárias para dinamizar um sistema caracterizado por arranjos que permitissem aos gestores agilizar o processo decisório, tendo
institucionais mais estáveis, como, por exemplo, a Lei no 4.320, de sido essas informações qualificadas, à época, de gerenciais. Dessa
1964, que completou cinquenta anos de vigência em 2014. forma, optou-se pelo desenvolvimento e implantação de um siste-
Tendo em vista que o SIOP envolve uma série de custos ope- ma informatizado, que integrasse os sistemas de programação fi-
racionais, é importante verificar as mudanças geradas com a sua nanceira, de execução orçamentária e de controle interno do Poder
implantação, principalmente as que se referem ao aperfeiçoamento Executivo e que pudesse fornecer informações gerenciais, confiá-
da gestão das rotinas orçamentárias no âmbito da União, as quais veis e precisas para todos os níveis da Administração.
viabilizam a implementação das políticas públicas desenvolvidas no Desse modo, a STN definiu e desenvolveu, em conjunto com
âmbito do Governo Federal, com impactos em outras esferas de go- o SERPRO, o Sistema Integrado de Administração Financeira do
verno, na economia e, sobretudo, na sociedade. Governo Federal – SIAFI em menos de um ano, implantando-o em
Dentre as rotinas orçamentárias desenvolvidas no âmbito do janeiro de 1987, para suprir o Governo Federal de um instrumento
Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal (SPOF), cabe des- moderno e eficaz no controle e acompanhamento dos gastos pú-
tacar a rotina de elaboração das alterações orçamentárias, a qual blicos.
tem significativa importância no contexto orçamentário federal, Com o SIAFI, os problemas de administração dos recursos pú-
uma vez que envolve todos os órgãos dos três Poderes e uma consi- blicos que apontamos acima ficaram solucionados. Hoje o Governo
derável quantidade de profissionais, que atuam de forma contínua Federal tem uma Conta Única para gerir, de onde todas as saídas
e integrada nesta rotina ao longo de todo o exercício financeiro.1 de dinheiro ocorrem com o registro de sua aplicação e do servidor
público que a efetuou. Trata-se de uma ferramenta poderosa para
SIAF executar, acompanhar e controlar com eficiência e eficácia a correta
SIAFI - É o Sistema Integrado de Administração Financeira do utilização dos recursos da União.
Governo Federal;
Órgão Gestor: Secretaria do Tesouro Nacional - STN / Ministério Objetivos do siafi
da Fazenda - MF; O SIAFI é o principal instrumento utilizado para registro, acom-
Função: registro, acompanhamento e controle da execução or- panhamento e controle da execução orçamentária, financeira e pa-
çamentária, financeira e patrimonial do Governo Federal. trimonial do Governo Federal. Desde sua criação, o SIAFI tem alcan-
çado satisfatoriamente seus principais objetivos:
A história do SIAFI a) prover mecanismos adequados ao controle diário da execu-
Até o exercício de 1986, o Governo Federal convivia com uma ção orçamentária, financeira e patrimonial aos órgãos da Adminis-
série de problemas de natureza administrativa que dificultavam a tração Pública;
adequada gestão dos recursos públicos e a preparação do orçamen- b) fornecer meios para agilizar a programação financeira, oti-
to unificado, que passaria a vigorar em 1987: mizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, através da
unificação dos recursos de caixa do Governo Federal;
1 Fonte: www.repositorio.unb.br

15
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
c) permitir que a contabilidade pública seja fonte segura e tempestiva de informações gerenciais destinadas a todos os níveis da Ad-
ministração Pública Federal;
d) padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à gestão dos recursos públicos, sem implicar rigidez ou restrição a essa atividade,
uma vez que ele permanece sob total controle do ordenador de despesa de cada unidade gestora;
e) permitir o registro contábil dos balancetes dos estados e municípios e de suas supervisionadas;
f) permitir o controle da dívida interna e externa, bem como o das transferências negociadas;
g) integrar e compatibilizar as informações no âmbito do Governo Federal;
h) permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos recursos públicos; e
i) proporcionar a transparência dos gastos do Governo Federal.

Vantagens do siafi
O SIAFI representou tão grande avanço para a contabilidade pública da União que ele é hoje reconhecido no mundo inteiro e reco-
mendado inclusive pelo Fundo Monetário Internacional. Sua performance transcendeu de tal forma as fronteiras brasileiras e despertou
a atenção no cenário nacional e internacional, que vários países, além de alguns organismos internacionais, têm enviado delegações à
Secretaria do Tesouro Nacional, com o propósito de absorver tecnologia para a implantação de sistemas similares.
Veja os ganhos que a implantação do SIAFI trouxe para a Administração Pública Federal :
- Contabilidade: o gestor ganha tempestividade na informação, qualidade e precisão em seu trabalho;
- Finanças: agilização da programação financeira, otimizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, por meio da unificação dos
recursos de caixa do Governo Federal na Conta Única no Banco Central;
- Orçamento: a execução orçamentária passou a ser realizada tempestivamente e com transparência, completamente integrada a
execução patrimonial e financeira;
- Visão clara de quantos e quais são os gestores que executam o orçamento : os números da época da implantação do SIAFI indicavam
a existência de aproximadamente 1.800 gestores. Na verdade, eram mais de 4.000 que hoje estão cadastrados e executam seus gastos
através do sistema de forma “on-line”;
- Desconto na fonte de impostos: hoje, no momento do pagamento, já é recolhido o imposto devido;
- Auditoria: facilidade na apuração de irregularidades com o dinheiro público;
- Transparência: poucas pessoas tinham acesso às informações sobre as despesas do Governo Federal antes do advento do SIAFI. A
prática da época era tratar essas despesas como “assunto sigiloso”. Hoje a história é outra, pois na democracia o cidadão é o grande acio-
nista do estado; e
- Fim da multiplicidade de contas bancárias: os números da época indicavam 3.700 contas bancárias e o registro de aproximadamente
9.000 documentos por dia. Com a implantação do SIAFI, constatou-se que existiam em torno de 12.000 contas bancárias e se registravam
em média 33.000 documentos diariamente. Hoje, 98% dos pagamentos são identificados de modo instantâneo na Conta Única e 2% deles
com uma defasagem de, no máximo, cinco dias.

Além de tudo isso, o SIAFI apresenta inúmeras vantagens que o distinguem de outros sistemas em uso no âmbito do Governo Federal:
- Sistema disponível 100% do tempo e on-line;
- Sistema centralizado, o que permite a padronização de métodos e rotinas de trabalho;
- Interligação em todo o território nacional;
- Utilização por todos os órgãos da Administração Direta (poderes Executivo, Legislativo e Judiciário);
- Utilização por grande parte da Administração Indireta; e
- Integração periódica dos saldos contábeis das entidades que ainda não utilizam o SIAFI, para efeito de consolidação das informações
econômico-financeiras do Governo Federal - à exceção das Sociedades de Economia Mista, que têm registrada apenas a participação acio-
nária do Governo - e para proporcionar transparência sobre o total dos recursos movimentados.

Principais atribuições do siafi


O SIAFI é um sistema informatizado que processa e controla, por meio de terminais instalados em todo o território nacional, a exe-
cução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil dos órgãos da Administração Pública Direta federal, das autarquias, fundações e
empresas públicas federais e das sociedades de economia mista que estiverem contempladas no Orçamento Fiscal e/ou no Orçamento da
Seguridade Social da União.
O sistema pode ser utilizado pelas Entidades Públicas Federais, Estaduais e Municipais apenas para receberem, pela Conta Única do
Governo Federal, suas receitas (taxas de água, energia elétrica, telefone, etc) dos Órgãos que utilizam o sistema. Entidades de caráter pri-
vado também podem utilizar o SIAFI, desde que autorizadas pela STN. No entanto, essa utilização depende da celebração de convênio ou
assinatura de termo de cooperação técnica entre os interessados e a STN, que é o órgão gestor do SIAFI.
Muitos são as facilidades que o SIAFI oferece a toda Administração Pública que dele faz uso, mas podemos dizer, a título de simplifica-
ção, que essas facilidades foram desenvolvidas para registrar as informações pertinentes às três tarefas básicas da gestão pública federal
dos recursos arrecadados legalmente da sociedade:
- Execução Orçamentária;
- Execução Financeira; e
- Elaboração das Demonstrações Contábeis, consolidadas no Balanço Geral da União.2

2 Fonte: www.ceap.br – Por Glaucio Bezerra

16
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO

CICLO ORÇAMENTÁRIO. PROCESSO ORÇAMENTÁRIO

Ciclo e Processo Orçamentário

A CF 88 determina a elaboração do contrato orçamentário com base em três leis ordinárias:


• Plano Plurianual (PPA), a cada 4 anos;
• Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), anualmente;
• Lei Orçamentária Anual (LOA).

Visando fortalecer a interligação dos processos de planejamento e orçamento (alocação de recursos), a CF 88 exigiu que o PPA, a LDO
e a LOA fossem articulados, interdependentes e compatíveis.
A LDO recebeu a função unir o PPA e a LOA. Por isso, a LDO pode ser considerada um “esqueleto” da lei orçamentária anual: estabe-
lece, anualmente, a estrutura para a elaboração do orçamento. Por sua vez, a própria elaboração da LDO deve obedecer aos princípios do
PPA.
Essa sobreposição entre as três leis está disposto prioritariamente nos artigos 165, 166 e 167 da CF.
O artigo 165 da Constituição determina que os orçamentos anuais, neste caso tanto a LOA como a LDO, precisam ser compatíveis com
o PPA.
Art. 165. (...)
§ 7° Os orçamentos previstos no § 5°, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a de
reduzir desigualdades inter regionais, segundo critério populacional (CF, art. 165, § 7°). Compreendendo o ciclo orçamentário
O artigo 167 da CF exige que emendas que modifiquem a LOA, ou projetos no mesmo sentido, precisam ser compatíveis tanto em
relação ao PPA como naquilo que determina a LDO:
Art. 166. (...)
§ 3° As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o modifiquem somente podem ser aprovados caso:
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Compreendendo o ciclo orçamentário.O super-
-ordenamento do PPA sobre à LOA está claro no art. 167, da CF:
Art. 167. (...)
§1° Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plu-
rianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob crime de responsabilidade (CF, art. 167,§ 1°).Esse super-ordenamento também aparece
em outros trechos da Constituição, como a necessidade de que a LOA observe a LDO:
§ 5° Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que
extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a abertura de
créditos suplementares ou especiais (CF, art 99, § 5°; CF, art. 127, § 6°).
Enfim, a Constituição determina que a elaboração da LDO ocorra à luz das diretrizes fixadas no PPA (CF, art. 166, § 4°). Esta mesma
orientação vale para a elaboração da LOA (CF, art. 165, § 7°; CF, art. 166, § 3°, inciso I).
O ciclo orçamentário tem início com a elaboração da proposta do Plano Plurianual (PPA) pelo poder Executivo. Isso ocorre no primeiro
ano de governo do presidente, governador ou prefeito recém-empossado ou reeleito.
O exercício financeiro, no Brasil, é um período de doze meses (um ano). O exercício financeiro coincidirá com o ano civil (Lei 4.320/64,
Art. 34). O exercício financeiro define o período para fins de organização dos registros relativos à arrecadação de receitas, a execução de
despesas.
Entende-se por ciclo orçamentário uma séria de rotinas, contínuas, dinâmicas e flexíveis, visando à elaboração, aprovação, execução,
controle e avaliação do orçamento, em um determinado período tempo que não se deve confundir ao exercício financeiro.

17
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Para a realização desse processo devem ser cumpridas as se- Sendo a peça orçamentária o documento que cristaliza todo o
guintes etapas: processo de gestão dos recursos públicos, devem ser contempla-
a) Elaboração dos, na fase de elaboração orçamentária, todos os elementos que
b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação facilitem a análise sob os aspectos da eficiência e da eficácia dos
c) Execução projetos.
d) Controle e Cabe destacar, ainda, que o Poder Executivo, para fins de ela-
e) Avaliação boração da Proposta Orçamentária, vale-se, anualmente, das ins-
truções contidas no Manual Técnico de Orçamento, MTO-02, cujo
a) Elaboração objetivo é orientar os participantes do processo.
Essa fase é de responsabilidade essencialmente do Poder Exe-
cutivo, que realiza estudos para preparação dos projetos das leis b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação
orçamentárias que são: PPA, LDO e LOA. Seguindo o curso do processo legislativo, caberá ao Poder Le-
Na etapa de elaboração da PLOA são estabelecidas as metas gislativo, por meio da Comissão Mista Permanente de Orçamento
e prioridades, compatíveis com a LDO, define programas, obras e e Finanças, apreciar os termos da proposta enviada pelo Chefe do
estimativa das receitas, bem como consolida as propostas parciais Poder Executivo, podendo, segundo certos critérios, emendá-la e,
elaboradas pelo Judiciário, Legislativo e Ministério Público, visando em situações extremas, rejeitá-la.
o envio ao Congresso Nacional para apreciação e votação. Observa-se que o Presidente da República poderá propor alte-
Naturalmente, os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério rações aos projetos, desde que não tenha sido iniciada a votação
Público têm autonomia para a elaboração de suas propostas, den- pela comissão mista, da parte proposta.
tro das condições e limites já estabelecidos nos planos e diretrizes. Importante observar que as seguintes despesas não podem so-
O órgão central do Sistema de Orçamento (o Ministério do Pla- frer anulação:
nejamento, Orçamento e Gestão) fixa os parâmetros a serem adota- a) pagamento de pessoal e seus encargos;
dos no âmbito de cada órgão/unidade orçamentária. b) serviço da dívida pública;
Há dois níveis de compatibilização e consolidação: o primeiro c) transferências tributárias constitucionais ao FPE e FPM.
decorre das discussões entre as unidades de cada órgão; o segun-
do, no âmbito do órgão central do Sistema de Orçamento, entre os Os projetos de lei do PPA, LDO e LOA serão votadas pelas duas
vários órgãos da Administração Pública. Casas do Congresso Nacional, que após será enviado ao Presidente
Dentre os parâmetros que se deve utilizar nessa fase, também da República para promulgação e sanção no prazo de 15 dias úteis,
conhecida como pré-proposta, destacamos: devendo publicá-las a seguir.
- análise histórica da execução do orçamento (saber o que, Por fim, ressalta-se que mesmo depois de votado o orçamento
como e quanto se gastou); e já se tendo iniciada a sua execução, o processo legislativo poderá
- quantificação dos gastos, recursos e estabelecimento de limi- novamente ser desencadeado em virtude projeto de lei destinado a
tes (verificar a LRF); solicitar autorizações para a abertura de créditos adicionais.
- compatibilização dos programas e ajustes dos gastos (adequa-
ção do planejamento aos gastos). Fluxo do Processo de Elaboração e Aprovação da LOA
Disso resulta a proposta consolidada que o Presidente da Re- 1. Secretaria de Orçamento Federal
pública encaminha, anualmente, ao Congresso Nacional, por meio Aprova instruções para a elaboração das propostas do Orça-
de mensagem ao Congresso Nacional, com a função de esclarecer mento Anual, divulga parâmetros, limites e prazos para a elabora-
e apresentar os principais pontos e questões relativos à situação
ção das propostas orçamentárias setoriais.
financeira do Estado.
Vale notar que, antes da etapa de elaboração da proposta or-
2 Secretaria Executiva/Subsecretaria de Planejamento, Orça-
çamentária, o órgão central de orçamento indica o volume de dis-
mento e Administração
pêndios coerente com a meta de resultado primário e parâmetros
Orienta e coordena a elaboração das propostas das unidades
estabelecidos na LDO, e em conformidade com as orientações es-
orçamentárias.
tratégicas estabelecidas no Plano Plurianual.
Fixa prazo para a entrega das propostas no âmbito de cada Mi-
O volume assim estabelecido determinará a quantificação da
demanda financeira e servirá para formular o limite da expansão ou nistério.
retração do dispêndio.
Os recursos financeiros serão determinados em função das re- 3. Unidades Gestoras
comendações da LDO sobre: Elabora a proposta orçamentária e encaminha-a a SPOA do ór-
• comportamento da arrecadação tributária; gão.
• política de endividamento; 4. Secretaria Executiva/Subsecretaria de Planejamento, Orça-
• participação das fontes internas e externas no financiamento mento e Administração
das despesas; Analisa preliminarmente, faz correções, revisa e consolida as
• crescimento econômico; e propostas parciais das unidades.
• alteração na legislação tributária. Encaminha-as à Secretaria de Orçamento Federal – SOF/MP.

No processo de programação, busca-se uma igualdade entre 5. Secretaria de Orçamento Federal- SOF/MP
a demanda e a oferta financeira quando da consolidação das pro- Faz análises, cortes, correções, bem como, revisa e consolida as
postas setoriais (princípio do equilíbrio entre receitas e despesas propostas parciais recebidas dos órgãos.
públicas). A SOF/MP junta as propostas parciais às estimativas do orça-
Na consolidação das propostas, nos níveis setoriais ou central, mento de Receita e forma a proposta orçamentária geral, a qual é
pode-se conduzir a alterações nos dispêndios ou nas disponibilida- encaminhada ao Presidente da República.
des financeiras.

18
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
6. Presidência da República Esse papel atualmente é exercido pela SPI/MP.
Encaminha a proposta orçamentária ao Congresso Nacional até
o dia 31 de agosto do ano vigente. Processo Orçamentário
O processo orçamentário compreende:
7. Comissão Mista de Orçamento - conjunto de regras e procedimentos dirigidas aos agentes pú-
Recebe o projeto de lei e as emendas dos congressistas. Ana- blicos;
lisa, emite parecer, discute e vota o mesmo. Elabora redação final - solução de conflitos de interesse nos diversos planos;
do projeto de lei. - interesse políticos relacionados ao processo decisório;
- nível de endividamento x investimentos e crescimento;
8. Congresso Nacional - eficiência na alocação orçamentária;
Discute e vota o relatório final da Comissão Mista de Orçamen-
to, bem como as emendas pendentes de decisão. Aprova a Lei Orça- Onde há um orçamento público, há sempre um processo orça-
mentária. Devolve-a ao Presidente da República para sanção. mentário, seja numa ditadura ou numa democracia desenvolvida.
Porém, eles se revestem de características completamente diferen-
9. Presidente da República tes. No Brasil, durante o regime militar, por exemplo, o Executivo
Sanciona ou promulga a Lei Orçamentária. Determina a sua pu- enviava um orçamento para o Legislativo, que deveria aprová-lo
blicação no Diário Oficial da União. sem possibilidade de emendas ou maior discussão. Já numa demo-
cracia, espera-se que a aprovação do orçamento público gere um
10. Secretaria de Orçamento Federal jogo de negociação dentro do Legislativo e entre este e o Executivo.
Providência a disponibilização da fita do orçamento para pro- O desenho do processo orçamentário visa justamente a aper-
cessamento no Sistema Integrado de Administração Financeira do feiçoar esse jogo, procurando o máximo possível criar condições
Governo Federal (SIAFI). para que os seus resultados sejam gerados em um ambiente com
algumas importantes propriedades. Tais propriedades, que visua-
c) Execução lizamos aqui como Pontos Cardiaisdo Processo Orçamentário, são
Essa fase inicia-se logo após a publicação da lei orçamentária, listadas abaixo sem ordem de precedência:
e caracterizada pela efetivação na arrecadação das receitas e o pro- 1) Legitimidade
cessamento da despesa. 2) Simplicidade
Ademais, nos termos da LRF, art. 8º, o Poder Executivo deverá 3) Efetividade
no prazo de 30 dias, publicar o decreto de programação financeira 4) Temporalidade
e o cronograma de execução mensal de desembolso, que tem por
objetivos: A caracterização pragmática e detalhada de cada um destes
I – assegurar as unidades orçamentárias, em tempo hábil, a termos variará de sociedade para sociedade. Seu significado con-
soma de recursos necessários para a melhor execução do programa ceitual subjacente, entretanto, ponto mais importante, é facilmente
de trabalho; inteligível:
II – manter durante o exercício financeiro o equilíbrio entre 1) Legitimidade: Baseia-se nas noções de transparência, equi-
receita arrecadada e despesa realizada, visando reduzir eventuais dade, universalidade e obediência à norma legal, a população acre-
insuficiências de recursos. ditando na justeza da forma e do volume de acordo com os quais
são obtidos e alocados os recursos públicos.
d) Controle 2) Simplicidade: Objetiva o desenvolvimento da percepção e do
Uma vez realizada a execução orçamentária, os órgãos dos sis- pleno entendimento, pela população em geral, dos mecanismos e
temas de controle interno e externo iniciam o processo de aprecia- da importância do processo orçamentário como um todo.
ção e julgamento da aplicação dos recursos públicos nos termos das Regras claras e simples são mais compreensíveis. Isto ajuda a
leis orçamentárias e com base em regulamentos específicos. criar uma cultura de escolhas objetivas, onde cada indivíduo se tor-
Durante essa fase, devem ser observados os seguintes princí- na realmente interessado no acompanhamento do uso dos recur-
pios: sos públicos, passando a vigiar e ponderar sobre as ações do Exe-
● a legalidade; cutivo e do Legislativo de uma forma mais exigente. Espera-se um
● a economicidade; aumento da consciência sobre as vantagens e custos das opções de
● a correta aplicação das receitas e, política traduzidas em verbas pelo orçamento público.
● suas renúncias. 3) Efetividade: Tal propriedade visa a assegurar que o processo
O controle aqui estudado pode ser realizado nos seguintes mo- orçamentário ajude o bom funcionamento do Estado, servindo de
mentos: instrumento, e não empecilho, à implementação das políticas públi-
I – a priori ou prévio: antes da execução do orçamento. cas legitimamente aprovadas.
II – concomitante: durante a execução do orçamento. 4) Temporalidade: Traduz-se aqui por temporalidade a utiliza-
III – a posteriori ou subsequente: após o encerramento do exer- ção do processo orçamentário como um dos instrumentos princi-
cício financeiro. pais de permeabilização e sujeição dos gastos públicos às preferên-
cias intertemporais da sociedade.
Ademais, cabe ao gestor público a apresentação da prestação
de contas, que tem como finalidade apresentar os fatos ocorridos O processo orçamentário deve ser capaz de gerar, ano a ano,
na sua gestão. uma sucessão de orçamentos, nos quais a realização de investi-
mentos possa manter, se a determinação política assim dispuser, os
e) Avaliação focos de longo prazo previamente determinados. No Brasil, a Cons-
Essa é a última fase, às vezes não consideradas por alguns dou- tituição de 1988 tentou fazer isto, alocando um certo percentual
trinadores, permite a revisão e a melhora do planejamento orça- das despesas para fins específicos. Para a educação, por exemplo,
mentário pelo Governo, onde são observadas as metas atingidas houve alocação de 18% dos recursos tributários. Os resultados des-
comparadas aos recursos utilizados. sa experiência, entretanto, são polêmicos.

19
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Denotamos os quatro pontos acima como Pontos Cardiais do legais e constitucionais), o restante destina-se às despesas discricio-
Processo Orçamentário porque eles estabelecem um conjunto mí- nárias (fixadas em conformidade com disponibilidade de recursos
nimo de condições ao bom funcionamento da prática orçamentária financeiros).
pública. Tais condições, porém, são necessárias, mas não suficien- Classificam-se como despesas discricionárias as despesas pri-
tes. Países com boa estrutura de processo orçamentário podem ou márias de execução não obrigatória no âmbito dos três Poderes e
não gerar um bom orçamento público. Todavia, países onde o pro- do Ministério Público. Por meio dessas despesas, o Governo mate-
cesso orçamentário não possui uma ou algumas das propriedades rializa as políticas setoriais, viabilizando sua plataforma de “campa-
acima têm demonstrado, em maior ou menor grau, menor resiliên- nha”, pois possui a discricionariedade de alocação e execução das
cia na manutenção do desenvolvimento. dotações orçamentárias de acordo com suas metas e prioridades.

O processo orçamentário é composto das seguintes etapas: 6) elaboração das propostas setoriais
1) fixação das metas de resultado fiscal (constante do anexo de As diversas unidades elaboram simultaneamente as propostas
metas fiscais da LDO e tem por finalidade garantir a redução gradual e definem sua programação orçamentária, resultando numa es-
da relação dívida pública ⁄ PIB. O limite do endividamento corres- trutura programática formada pelos programas e suas respectivas
ponderá a um percentual da RECEITA CORRENTE LÍQUIDA). Depois ações (projetos, atividades e operações especiais).
de estabelecida a meta fiscal, inicia-se a elaboração do orçamento Após a definição da estrutura programática, é feito o detalha-
com a estimativa da receita, possibilitando, a seguir, fixar o valor da mento da proposta setorial, onde será enviado ao Órgão Central
despesa. do Sistema Orçamentário para realizar os ajustes, que serão nego-
2) previsão ou estimativa da receita (observarão normas téc- ciados com os órgãos setoriais do Poder Executivo, decorrentes de
nicas e legais, considerando os efeitos das alterações na legislação, revisão das estimativas de receitas e fixação de despesas.
da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
qualquer outro fatos relevante e serão acompanhadas de demons- 7) processo legislativo
trativos de sua evolução e da metodologia de cálculo e premissas 8) sanção da lei
utilizadas). 9) execução orçamentária
LEGISLAÇÃO, PREÇO e RENDA, configuram-se como parâme- 10) alterações orçamentárias3
tros fundamentais para estimativas das receitas.

3) cálculo da necessidade de financiamento (as necessidades


O ORÇAMENTO PÚBLICO NO BRASIL.SISTEMA DE PLA-
são apuradas nas três esferas de governo: federal, estadual e mu-
NEJAMENTO E DE ORÇAMENTO FEDERAL. PLANO PLU-
nicipal. Cada ente da Federação deverá indicar os resultados fiscais
RIANUAL. DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS. ORÇAMENTO
pretendidos para o exercício financeiro a que a LDO se referir e os
ANUAL. SISTEMA E PROCESSO DE ORÇAMENTAÇÃO.
dois seguintes).
As necessidades de financiamento do setor público são apura-
CLASSIFICAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS.ESTRUTURA PRO-
das separadamente pelos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social GRAMÁTICA. CRÉDITOS ORDINÁRIOS E ADICIONAIS
e pelo Orçamento de Investimento das Estatais.
As necessidades de financiamento do Governo Central corres- ESTRUTURA PROGRAMÁTICA
ponde ao resultado dos orçamentos fiscais e da seguridade social, e A Classificação Funcional Programática representou um grande
se expressam por meio do resultado primário e resultado nominal. avanço na técnica de apresentação orçamentária.
A soma das necessidades de financiamento do governo central Ela permite a vinculação das dotações orçamentárias a objeti-
com as das empresas estatais, correspondem as necessidades de vos de governo. Os objetivos são viabilizados pelos Programas de
financiamento da União. Governo. Esse enfoque permite uma visão de “o que o governo faz”,
O resultado primário de determinado ente representa a dife- o que tem um significado bastante diferenciado do enfoque tradi-
rença entre cional, que visualiza “o que o governo compra”.
A) RECEITAS PRIMÁRIAS (impostos, taxas, contribuições e de- Os programas, na classificação funcional-programática, são
mais receitas, EXCLUINDO-SE: operações de crédito, receitas de desdobramentos das funções básicas de governo. Fazem a ligação
rendimentos de aplicações financeiras, empréstimos concedidos, entre os planos de longo e médio prazos e representam os meios
privatizações, superávit financeiro) e instrumentos de ação, organicamente articulados para o cumpri-
B) DESPESAS PRIMÁRIAS (despesas orçamentárias, EXCLUIN- mento das funções.
DO-SE: amortizações, juros e encargos da dívida, aquisição de títu- Os programas geralmente representam os produtos finais da
los de capital integralizado, concessão de empréstimos)
ação governamental. Esse tipo de orçamento é normalmente deno-
Superávit primário = receitas primárias > despesas primárias
minado Orçamento-Programa.
No Brasil, o Orçamento-Programa está estruturado em diversas
4) fixação dos valores para despesas obrigatórias (são despe-
categorias programáticas, ou níveis de programação, que represen-
sas obrigatórias: as transferência constitucionais – fundo de partici-
tam objetivos da ação governamental em diversos níveis decisórios.
pação dos estados e dos municípios, programas de financiamento
Assim, a classificação funcional programática apresenta:
do setor produtivo das regiões norte, nordeste e centro-oeste – as
despesas de pessoal e encargos sociais, benefícios previdenciários,
as decorrentes de dívidas públicas, contratuais e mobiliárias, e as Função
relacionadas com sentenças judiciais transitadas em julgado (pre- A função representa o maior nível de agregação das diversas
catórios). áreas de despesa que competem ao setor público.
A função “Encargos Especiais” engloba as despesas em relação
5) determinação dos limites para despesas discricionárias às quais não se possa associar um bem ou serviço a ser gerado no
Após estimadas todas as receitas, considerando-se a meta de processo produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, in-
resultado primário prevista na LDO, e determinadas as despesas
3 Texto adaptado de Carlos Ivan Simonsen Leal (http://interessenacional.uol.
obrigatórias (que têm seu montante determinado por disposições
com.br)/Alessandro Lopez (http://alessandrolopez.blogspot.com.br

20
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
denizações e outras afins, representando, portanto, uma agregação CRÉDITOS ORDINÁRIOS E ADICIONAIS
neutra. No caso da função “Encargos Especiais” os programas cor- Crédito orçamentário inicial ou ordinário é aquele aprovado
responderão a um código vazio, do tipo “0000”. pela lei orçamentária anual e que consta dos orçamentos fiscal, da
seguridade social e do investimento das empresas estatais.
Subfunção O crédito orçamentário é portador de uma dotação, e essa re-
A subfunção representa uma partição da função, visando presenta a quantia monetária que limita o recurso financeiro au-
agregar determinado subconjunto de despesas do setor público. torizado. Desse modo, em virtude do princípio da eficiência, que
Na nova classificação a subfunção identifica a natureza básica das orienta toda a atividade estatal, inclusive a financeira, pode haver
ações que se aglutinam em torno das funções. gastos menores, assim como, dentro da discricionariedade e nor-
As subfunções poderão ser combinadas com funções diferen- matividade mínima do orçamento, fatores devidamente motivados
tes daquelas a que estão relacionadas, segundo a Portaria n.º 42. podem levar a gastos menores, isso porque, o gestor público preci-
Assim a classificação funcional será efetuada por intermédio da sa de alguma flexibilidade, já que medeia prazo entre a elaboração
relação da ação (projeto, atividade ou operação especial) com a e a execução do orçamento. Pode-se constatar que despesas não
subfunção e a função. A partir da ação, classifica-se a despesa de são mais necessárias e mesmo o surgimento de situações impre-
acordo com a especificidade de seu conteúdo e produto, em uma visíveis e urgentes, de modo que os créditos orçamentários iniciais
subfunção, independente de sua relação institucional. Em seguida podem sofrer alterações qualitativa e quantitativa por meio de cré-
será feita a associação com a função, associação esta voltada à área ditos adicionais.
de atuação característica do órgão/ unidade em que as despesas O orçamento anual é resultado de um processo de planeja-
estão sendo efetuadas. mento, sendo que, durante a execução da LOA é possível que haja
Exemplo 1: uma atividade de pesquisa na FIOCRUZ do Ministé- situações que não foram apontadas na fase de elaboração, o que
rio da Saúde deve ser classificada – de acordo com sua característi- leva a se criar mecanismos que retifiquem o orçamento, os chama-
ca – na subfunção n.° 571 “Desenvolvimento Científico” e na função dos “Mecanismos Retificadores do Orçamento”, que também são
n.° 10 “Saúde”. conhecidos como Créditos Adicionais e que estão previstos na Lei
Exemplo 2: um projeto de treinamento de servidores no Minis- º 4320/64.
tério dos Transportes será classificado na subfunção n.° 128 “For-
CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS
mação de Recursos Humanos” e na função n.° 26 “Transportes”.
Expressão utilizada para designar o montante de recursos dis-
Exemplo 3: uma operação especial de financiamento da produ-
poníveis numa dotação orçamentária seja ela consignada na Lei Or-
ção que contribui para um determinado programa proposto para
çamentária ou num crédito adicional, para aplicação por uma uni-
o Ministério da Agricultura será classificada na subfunção n.° 846
dade orçamentária na finalidade e natureza das despesas indicadas
“Outros Encargos Especiais” e na função n.° 20 “Agricultura”.
através das respectivas classificações.
Estrutura Programática CRÉDITOS ADICIONAIS: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E VIGÊN-
Como já assinalado anteriormente, os programas deixam de CIA.
ter o caráter de classificador e cada nível de governo passará a ter Créditos Adicionais são as autorizações para despesas não
a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus problemas, computadas ou insuficientemente dotadas na Lei Orçamentária
e originária do processo de planejamento desenvolvido durante a Anual, visando atender:
formulação do Plano Plurianual – PPA, ora em fase de elaboração. • Insuficiência de dotações ou recursos alocados nos orça-
Haverá convergência entre as estruturas do plano plurianual e mentos;
do orçamento anual a partir do programa, “módulo” comum inte- • Necessidade de atender a situações que não foram previs-
grador do PPA com o Orçamento. Em termos de estruturação, o pla- tas, inclusive por serem imprevisíveis, nos orçamentos.
no termina no programa e o orçamento começa no programa, o que
confere a esses documentos uma integração desde a origem, sem Os créditos adicionais, portanto, constituem-se em procedi-
a necessidade, portanto, de buscar-se uma compatibilização entre mentos previstos na Constituição e na Lei 4.320/64 para corrigir ou
módulos diversificados. O programa, como único módulo integra- amenizar situações que surgem, durante a execução orçamentária,
dor, e os projetos e as atividades, como instrumento de realização por razões de fatos de ordem econômica ou imprevisíveis. Os crédi-
dos programas. tos adicionais são incorporados aos orçamentos em execução.
Cada programa deverá conter, no mínimo, objetivo, indicador
que quantifique a situação que o programa tenha por fim modificar Modalidades de créditos
e os produtos (bens e serviços) necessários para atingir o objetivo.
Os produtos dos programas darão origem aos projetos e atividades. Adicionais
A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto, a) Créditos Suplementares: são destinados ao reforço de do-
que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta. tações orçamentárias existentes, dessa forma, eles aumentam as
Os programas serão compostos por atividades, projetos e uma despesas fixadas no orçamento. Quanto à forma processual, eles
nova categoria de programação denominada operações especiais. são autorizados previamente por lei, podendo essa autorização le-
Essas últimas poderão fazer parte dos programas quando entendido gislativa constar da própria lei orçamentária, e aberta por decreto
que efetivamente contribuem para a consecução de seus objetivos. do Poder Executivo.
Quando não, as operações especiais não se vincularão a programas. A vigência do crédito suplementar é restrita ao exercício finan-
ceiro referente ao orçamento em execução.
A estruturação de programas e respectivos produtos, consubs-
tanciados em projetos e em atividades, está sendo definida no atual b) Créditos Especiais: São destinados a autorização de des-
momento, na etapa de validação SOF/SPI e Setoriais, e seu resulta- pesas não previstas ou fixadas nos orçamentos aprovados. Sendo
do será disponibilizado para que os órgãos setoriais e as unidades assim, o crédito especial cria um novo projeto ou atividade, o uma
orçamentárias apresentem as suas propostas orçamentárias. categoria econômica ou grupo de despesa inexistente em projeto
ou atividade integrante do orçamento vigente.

21
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Os créditos especiais são sempre autorizados por lei específica
e abertos por decreto do Executivo.
PROGRAMAÇÃO E EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FI-
A sua vigência é no exercício em que forem autorizados, salvo
NANCEIRA.DESCENTRALIZAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E
se o ato autorizativo for promulgado nos últimos quatro meses (se-
FINANCEIRA. ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO.
tembro a dezembro) do referido exercício, caso em que, é facultada
SISTEMAS DE INFORMAÇÕES.ALTERAÇÕES ORÇAMEN-
sua reabertura no exercício subsequente, nos limites dos respecti-
TÁRIAS
vos saldos, sendo incorporados ao orçamento do exercício financei-
ro subsequente (CF, art. 167, § 2°). A Programação Financeira compreende um conjunto de ativi-
dades com o objetivo de ajustar o ritmo de execução do orçamento
c) Créditos Extraordinários: São destinados para atender a des- ao fluxo provável de recursos financeiros. Assegurando a execução
pesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, co- dos programas anuais de trabalho, realizados por meio do SIAFI,
moção interna ou calamidade pública (CF. art. 167, § 3). com base nas diretrizes e regras estabelecidas pela legislação vi-
Os créditos extraordinários, quanto à forma procedimental, gente.
são abertos por Decreto do Poder Executivo, que encaminha para Logo após a sanção presidencial à Lei Orçamentária aprovada
conhecimento do Poder Legislativo, devendo ser convertido em lei pelo Congresso Nacional, o Poder Executivo mediante decreto esta-
no prazo de trinta dias. belece em até trinta dias a programação financeira e o cronograma
Com relação à vigência, os créditos extraordinários vigoram de desembolso mensal por órgãos, observadas as metas de resulta-
dentro do exercício financeiro em que foram abertos, salvo se o ato dos fiscais dispostas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
da autorização ocorrer nos meses (setembro a dezembro) daquele A Programação Financeira se realiza em três níveis distintos,
exercício, hipótese pela qual poderão ser reabertos, nos limites dos sendo a Secretaria do Tesouro Nacional o órgão central, contan-
seus saldos, incorporando-se ao orçamento do exercício seguinte. do ainda com a participação das Subsecretárias de Planejamento,
Orçamento e Administração (ou equivalentes os órgãos setoriais -
Recursos para financiamento dos Créditos Adicionais OSPF) e as Unidades Gestoras Executoras (UGE).
Os recursos financeiros disponíveis para abertura de crédi- Compete ao Tesouro Nacional estabelecer as diretrizes para
tos suplementares e especiais estão listados no art. 43 da Lei n° a elaboração e formulação da programação financeira mensal e
4.320/64, no art. 91 do Decreto-Lei n°200/67 e no § 8° do art. 166 anual, bem como a adoção dos procedimentos necessários a sua
da Constituição Federal: execução. Aos órgãos setoriais competem a consolidação das pro-
• O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do postas de programação financeira dos órgãos vinculados (UGE) e a
exercício anterior, sendo a diferença positiva entre o ativo financei- descentralização dos recursos financeiros recebidos do órgão cen-
ro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos crédi- tral. Às Unidades Gestoras Executoras cabem a realização da despe-
tos adicionais reaberto sou transferidos, no exercício da apuração, sa pública nas suas três etapas, ou seja: o empenho, a liquidação e
e as operações de créditos a eles vinculadas. o pagamento.
• O excesso de arrecadação, constituído pelo saldo positivo A execução financeira representa o fluxo de recursos financei-
das diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arrecadação previs- ros necessários à realização efetiva dos gastos dos recursos públicos
ta e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. para a realização dos programas de trabalho definidos. Lembre-se
Do referido saldo será deduzida a importância dos créditos extraor- de que RECURSO é dinheiro ou saldo de disponibilidade bancária
dinários abertos no exercício. (enfoque da execução financeira) e que CRÉDITO é dotação ou au-
• A anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou torização de gasto ou sua descentralização (enfoque da execução
de créditos adicionais autorizados em lei, adicionando àquelas con- orçamentária).
sideradas insuficientes. De acordo com a Lei 4.320/64 o exercício financeiro no Brasil
• Neste tipo, inclui-se a anulação da reserva de contingên- é o espaço de tempo compreendido entre 1º de janeiro e 31 de
cia, conceituada como a dotação global não destinada especifica- dezembro de cada ano, no qual a administração promove a exe-
mente a órgão, unidade orçamentária ou categoria econômica e cução orçamentária e demais fatos relacionados com as variações
natureza da despesa; qualitativas e quantitativas que tocam os elementos patrimoniais
• O produto das operações de crédito, desde que haja con- da entidade ou órgão público.
dições jurídicas para sua realização pelo Poder Executivo. O dispêndio de recursos financeiros oriundos do Orçamento
• Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou re- Geral da União se faz exclusivamente por meio de Ordem Bancária
jeição do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas - OB e da Conta Única do Governo Federal e se destina ao pagamen-
correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, median- to de compromissos, bem como a transferência de recursos entre
te créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica au- as Unidades Gestoras, tais como liberação de recursos para fins de
torização legislativa. (CF, art. 166, §8°). adiantamento, suprimento de fundos, cota, repasse, sub-repasse e
afins. A Ordem Bancária é portanto o único documento de transfe-
O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a sua rência de recursos financeiros.
espécie e a classificação da despesa. O ingresso de recursos se dá quando o contribuinte efetua o
pagamento de seus tributos por meio de DARF, junto à rede ban-
Esses créditos tem sua vigência, ou seja, no caso dos créditos cária, que deve efetuar o recolhimento dos recursos arrecadados,
suplementares, como são destinados a cobrir uma insuficiência do ao BACEN, no prazo de um dia. Com o DARF Eletrônico e a GRPS
orçamento anual, eles serão extintos no final do exercício financei- Eletrônica, os usuários do sistema podem efetuar o recolhimento
ro. Já os Especiais ou Extraordinários, poderão ter vigência até o dos tributos federais e contribuições previdenciárias diretamente à
final do exercício subsequente. Conta Única, sem trânsito pela rede bancária. Ao mesmo tempo, a
Secretaria da Receita Federal recebe informações da receita bruta
arrecadada, que é classificada decendialmente (ou seja, a cada 10
dias) no SIAFI. Esse valor classificado deve corresponder ao mon-
tante registrado no BACEN no período.

22
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Uma vez tendo recursos em caixa, começa a fase de saída desses recursos, para pagamentos diversos. O pagamento entre Unidades
Gestoras ocorre mediante a transferência de limite de saque, que é a disponibilidade financeira da UG on-line, existente na Conta Única.

DESCENTRALIZAÇÃO
A descentralização orçamentária é o mecanismo de transferência de créditos orçamentários para as unidades gestoras cuja execução
da despesa (empenho, liquidação e pagamento) ocorre de forma descentralizada, de acordo com delegação de competência. O lançamen-
to é feito por intermédio de documento do SIAFI denominado Nota de Crédito, podendo se processar da seguinte maneira:
a) Programação anual com descentralização semestral realizada de acordo com o planejamento realizado pelas Secretaria localizadas
nos estados e pelo ISC;
b) em processos específicos de autorização de despesas (ressarcimento, dívida de exercícios anteriores);
c) mensagens via SIAFI das Unidades Gestoras (SECEXs e ISC) para complementação das dotações;
d) autorização do ISC para a descentralização orçamentária relativo às despesas com a execução de cursos nos estados PTRES (039667);
e) autorização da SETEC para envio de recursos de “Ações de Informática” (PTRES 811050).

São consideradas Unidades de Origem (SECEX, ISC, SETEC, SEGEDAM, SECOF, DICON, SPR).
A Unidade do Tribunal responsável pela descentralização orçamentária é a Secretaria de Orçamento, Finanças e Contabilidade - SECOF,
por subdelegação de competência da SEGEDAM.

ACOMPANHAMENTO DA EXECUÇÃO
Com a nova estrutura do Plano Plurianual – PPA 2012-2015, que apresenta Programas Temáticos, Objetivos, Metas e Iniciativas, além
dos Programas de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado, buscou-se evitar a sobreposição entre o Plano e o Orçamento, verificada
anteriormente entre os dois instrumentos, e priorizar a relação de complementaridade existente entre eles. Os programas possuem Indi-
cadores e Objetivos. Cada Objetivo é composto por Metas e Iniciativas que, no seu conjunto, expressa o que será feito, em que intensidade
e quais os resultados pretendidos. As Iniciativas do PPA 2012-2015 asseguram o vínculo com as ações orçamentárias, agora detalhadas
apenas nas Leis Orçamentárias Anuais – LOAs, vinculadas diretamente aos Programas (Temáticos ou de Gestão), quando se observa so-
mente as LOAs, conforme figura abaixo:

Como as ações constam apenas nos Orçamentos, e o Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento – SIGPlan utilizado para
registro e apoio às etapas do ciclo de gestão do PPA 2012-2015 foi desativado, as informações acerca domonitoramento e avaliação do
Plano foram incluídas em um novo módulo desenvolvido no Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento – SIOP.

Entretanto, permanecia a necessidade do acompanhamento físico-financeiro das ações orçamentárias, principalmente porque os
bens e serviços ofertados à sociedade, oriundos das despesas orçamentárias, precisam ser mensurados. Ademais, é necessário verificar
se o produto especificado e sua respectiva meta estão adequados com a descrição e implementação previstas nos atributos da ação. Para
tanto, evidenciar o valor físico executado torna-se uma questão indispensável para que, entre outras finalidades, se possa aperfeiçoar
os próximos orçamentos públicos a serem elaborados, com foco, sobretudo, em resultados. Por isso, a partir de 2012, a Secretaria de

23
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Orçamento Federal - SOF implementa um processo de acompanha- A informação proporcionada pelo acompanhamento é perene
mento físico-financeiro das ações orçamentárias, apoiado por uma e contribui para realização de monitoramento e avaliação. Por sua
solução em Tecnologia de Informação - TI, implementada em um vez, as informações do monitoramento são transitórias (dinâmicas)
módulo adicional no SIOP. e servem como subsídio para a avaliação.
Para que o acompanhamento seja bem-sucedido, é necessária Em relação à responsabilidade por executar o acompanhamen-
a participação dos Órgãos Setoriais de Orçamento (OS) e das Uni- to, esta recai legalmente sobre os administradores e demais res-
dades Orçamentárias (UO). Assim, é de fundamental importância a ponsáveis por bens, dinheiro e valores públicos. No caso do moni-
capacitação das pessoas envolvidas no preenchimento do módulo toramento, é atribuída aos administradores que precisam priorizar
do SIOP correspondente. os projetos da sua pasta para garantir a efetiva realização.
Esse trabalho de acompanhamento também servirá para o Ór- O quadro abaixo apresenta o resumo das diferenças entre
gão de Controle, cujo interesse é verificar se o que realmente foi acompanhamento e monitoramento.
previsto foi efetivamente realizado, ou seja, poderá acompanhar a
execução da lei orçamentária (e suas alterações).
DIMENSÕES ACOMPANHAMENTO MONITORAMENTO
Este orientador está dividido em nove partes, a primeira é a
introdução. Em seguida, apresenta-se a diferença entre acompa- Pressupõe Visão Pressupõe
Amplitude
nhamento e monitoramento.A terceira descreve o processo, como Geral Especificidade
é desenvolvido e quais suas características. A seguir, são elencadas Dados para
as responsabilidades da SOF e do Órgão Setorial no Acompanha- Dados de
intervenções
mento Orçamentário. A quinta refere-se aos indicadores que serão Conformidade –
corretivas/proativas –
utilizados no processo. A parte seguinte explicará como deverá ser Controle (Estático)
Aplicação Gerencial (Dinamico)
preenchido o campo comentários do subtítulo/localizador. Os indi-
cadores citados anteriormente precisarão ser compilados e a for- Subsidios para
Subsidios para a
ma como isso será feito é apresentada na sétima parte. A oitava Prestação de Contas
tomada de decisão
versará sobre o sistema: seus campos, os momentos existentes, as e Transparencia
tramitações possíveis, os perfis e papéis existentes e o histórico. Na Indicadores de
última parte, há um cronograma das etapas do Acompanhamento Forma de Indicadores de eficácia e sinais
Orçamentário para 2012/2013. O orientador também conta com 4
Medição eficiência e eficacia para a efetividade,
anexos, que apresentam os exemplos dos relatórios que serão gera-
resultados impactos
dos automaticamente pelo sistema.
Perene:
DIFERENÇA ENTRE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO contribui para o Transitória: subsídios
Informação
Em um contexto de limitação de recursos e de foco em resul- Monitoramento e para avaliação
tados, a importância do acompanhamento e do monitoramento se Avaliação
maximiza. Atribuida legalmente Atribuida aos
Para auxiliar a compreensão dos dois conceitos, poder-se-ia
aos administradores e administradores que
comparar o acompanhamento a uma foto e o monitoramento a Responsabili-
demais responsáveis precisam priorizar os
uma filmagem. O acompanhamento retrata uma situação passa- dade
por bens, dinheiro e projetos para garantir
da que pode, portanto, não ser mais verdadeira no presente, mas
valores públicos. a efetiva realização
que é de grande valia quando o recorte temporal se aproxima do
período em que recursos são utilizados (ao final de um exercício
financeiro, por exemplo). Já o monitoramento busca detectar as ALTERAÇÕES ORÇAMENTÁRIAS
dificuldades que ocorrem durante a programação para corrigi-las Desde seu nascimento, o orçamento público – traduzido na
oportunamente. lei orçamentária anual (LOA) – mostrou-se merecedor de especial
Quando se considera a amplitude, o foco está na extensão pro- atenção sob diversas perspectivas, dada sua relevância intrínseca.
porcionada por cada um dos conceitos. As palavras do ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres
Assim, o acompanhamento das ações orçamentárias pressu- Britto (BRASIL, 2008), permitem que se note a exata dimensão que
põe uma visão geral do que está sendo acompanhado e o monito- toma a lei de meios no contexto fático-normativo nacional: “A Cons-
ramento, por sua vez, busca a Especificidade. tituição confere ao orçamento proteção especialíssima. O orçamen-
Com relação à aplicação, o acompanhamento permite a obten- to, depois dela própria, a Constituição, é a lei que mais influencia os
ção de subsídios úteis para prestação de contas e transparência exi- destinos da coletividade, o quotidiano de todos nós”.
gida pela sociedade, tal qual como previsto na Constituição. Como De fato, o orçamento “visa a permitir a implementação de po-
os dados fornecidos pelo acompanhamento são de conformidade líticas públicas e a atualização dos programas e do planejamento
para controle, eles são estáticos. O monitoramento traz subsídios governamental” (TORRES, 1995, p. 85). Ocorre que, durante o pro-
para a tomada de decisão. Ao se identificar tempestivamente os cesso de execução orçamentária, determinadas premissas conside-
pontos frágeis e as restrições, os dados são importantes para pro- radas quando da elaboração do programa de gastos para o exercício
porcionar intervenções corretivas por meio de uma ação proativa podem não se confirmar. É possível que, surjam, ainda, circunstân-
do gestor. Essa é uma atividade gerencial que maximiza os resulta- cias que exigem mudanças na estratégia de atuação de governo e,
dos. Os dados, por conseguinte, são dinâmicos. consequentemente, realinhamento das despesas cuja execução se
Para fazer o acompanhamento orçamentário, que considera os fixou para um dado exercício. Essas, entre outras hipóteses, justifi-
valores físicos e financeiros das ações, são utilizados, como forma cam a atuação do Estado no sentido de modificar os termos da pro-
de medição, indicadores de eficiência e eficácia. O monitoramento, curação dada pelo parlamento, por meio da lei orçamentária anual,
por sua vez, faz uso de indicadores de eficácia e os instrumentali- tornando-a mais consentânea à nova realidade observada.
za para uma análise posterior na busca de sinais para efetividade, Ao administrador público, enquanto gestor orçamentário é
resultados e impactos, que são comumente buscados quando da dada a possibilidade de propor, ou mesmo efetivar diretamente,
avaliação de uma política pública. alterações nos parâmetros delineados pela lei de meios aprovada

24
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
para determinado exercício, de modo a melhor atender às neces-
sidades governamentais. Diversos diplomas legais cuidam da cita-
RECEITA PÚBLICA.CONCEITO E CLASSIFICAÇÕES.ESTÁ-
da matéria, impondo limites e condições para se levar a efeito tais
GIOS.FONTES. DÍVIDA ATIVA
operações modificativas. Considerando os objetivos do presente
estudo, elencam-se quatro instrumentos normativos fundamentais RECEITA PÚBLICA
à análise, passando-se a discorrer brevemente sobre cada um deles. Os recursos financeiros canalizados para os cofres públicos os-
tentam, na prática, natureza e conteúdo bastante diversificados.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE Nem sempre derivam da atividade impositiva do Estado - cam-
1988 po de abrangência do Direito Tributário - podendo resultar de con-
tratos firmados pela administração, com caráter de bilateralidade.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – Uns e outros devem ser tidos como receitas públicas, cujo es-
CF/88 (BRASIL, 1988) é fundamento de validade de todo o orde- tudo amplo, pertence ao campo do Direito Financeiro, e mais remo-
namento jurídico existente no país, fato que justifica seu destaque tamente, ao da Ciência das Finanças.
nesta seção. Além disso, desde a primeira constituição pátria – con- Por isso, ao definirmos o Direito Financeiro como ramo do
feccionada à época do império – , o orçamento público e todo o Direito Administrativo que regula a atividade desenvolvida pelo
procedimental que lhe cerca receberam atenção especial. Nessa Estado na obtenção, gestão e aplicação dos recursos financeiros,
linha, a CF/88 cuidou em Seção específica da matéria orçamentária, referimo-nos à receita pública como um dos capítulos dessa disci-
dispondo inclusive sobre créditos adicionais, a exemplo das previ- plina: justamente aquele que versa sobre a captação de recursos
sões do inc. V e § 2º, ambos do art. 167. Por oportuno, transcreve- financeiros.
-se o texto do citado inc. V: “[São vedados] a abertura de crédito Entrada ou ingresso é todo dinheiro recolhido aos cofres públi-
suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem cos, mesmo sujeito à restituição.
indicação dos recursos correspondentes” (BRASIL, 1988). A vedação A noção compreende as importâncias e valores realizados a
em comento, expressamente, proíbe as alterações orçamentárias qualquer título. Assim, os tributos (impostos, taxas, e contribuição
nela previstas cuja fonte não seja explicitada. Ao referir- se à fonte de melhoria) e as rendas da atividade econômica do Estado (pre-
de recursos, tal norma traz à baila a Lei 4.320/1964, objeto da pró- ços), não restituíveis, são ingressos ou entradas.
xima subseção. À semelhança, as fianças, cauções, empréstimos públicos, pos-
to que restituíveis.
LEI 4.320/1964 Receita é a quantia recolhida aos cofres públicos não sujeita a
restituição, ou, por outra, a importância que integra o patrimônio
A Lei 4.320/1964 (BRASIL, 1964), que estatui normas gerais de do Estado em caráter definitivo.
Direito Financeiro, traz em seu art. 43 a seguinte disposição: Na lição de Aliomar Baleeiro receita pública é a entrada que,
Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais de- integrando-se no patrimônio público sem quaisquer reservas, con-
pende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa dições ou correspondência no passivo vem acrescer o seu vulto
e será precedida de exposição justificativa. como elemento novo e positivo Associando os princípios expostos,
§ 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que concluímos que toda receita (em sentido estrito) é entrada, mas a
não comprometidos: recíproca não é verdadeira.
I -o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do
exercício anterior; Contabilização Da Receita Pública
[...] Conforme a variação na situação patrimonial que possa provo-
§ 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva car, sendo:
entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ain- - Receita pública efetiva; e
da, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de - Receita pública não-efetiva.
credito a eles vinculadas.
Receita Publica Efetiva
LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS (LDO) - Não representam obrigação do ente público
- Alteram a situação líquida patrimonial incorporando-se defi-
Como instrumento normativo que se presta a orientar a elabo- nitivamente ao patrimônio público.
ração da LOA, a LDO tem cuidado também das alterações do orça-
mento anual. A referida lei (Lei 12.309/2010) (BRASIL, 2010a) – no
art. 55 acima, dessarte, uma autorização a que se proceda à mo- Receita Pública Não-Efetiva
dificação de fonte de recursos orçamentários, inclusive com o uso - São as que possuem reconhecimento do direito
de fontes de exercícios anteriores, isto é, apuradas em superávit - Não alteram a situação patrimonial líquida do ente.
financeiro. O § 10, de outro lado, especifica os requisitos a serem - No momento da entrada do recurso, registra-se, também,
observados quando da abertura de créditos adicionais à conta do já uma obrigação.
referido superávit.
Classificação das Receitas Públicas
PORTARIA SOF 5/2012
a) Quanto à Origem: Originárias X Derivadas
De modo a uniformizar prazos e procedimentos para a solicita- Receitas Originárias são aquelas provenientes da exploração
ção e posterior efetivação das alterações orçamentárias, a Secreta- do patrimônio da pessoa jurídica de direito público, ou seja, o Esta-
ria de Orçamento Federal edita, anualmente, portaria que normati- do coloca parte do seu patrimônio a disposição de pessoas físicas
za a questão, em atendimento à disposição das LDOs anuais. ou jurídicas, que poderão se beneficiar de bens ou de serviços, me-
diante pagamento de um preço estipulado.

25
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Elas independem de autorização legal e pode ocorrer a qual- ●Transferências se dão quando a sua arrecadação se processa
quer momento, e são oriundas da exploração do patrimônio mo- através de outras entidades, em virtude de dispositivos constitucio-
biliário ou imobiliário, ou do exercício de atividade econômica, in- nais e/ou legais, ou ainda, mediante celebração de acordos e/ou
dustrial, comercial ou de serviços, pelo Estado ou suas entidades. convênios. Exemplo: cota parte de Tributos Federais aos Estados e
Exemplos: Rendas obtidas sobre os bens sujeitos à sua propriedade Municípios (FPE e FPM), Cota parte de Tributos Estaduais aos Muni-
(aluguéis, dividendos, aplicações financeiras). cípios (ICMS e IPV A), convênios, etc.
●Financiamentos são as operações de crédito realizadas com
Receitas Derivadas são aquelas cobradas pelo Estado, por força destinação específica, vinculadas à comprovação da aplicação dos
do seu poder de império, sobre as relações econômicas praticadas recursos. São exemplos os financiamentos para implantação de par-
pelos particulares, pessoas físicas ou jurídicas, ou sobre seus bens. ques industriais, aquisição de bens de consumo durável, obras de
Na atualidade, constitui-se na instituição de tributos, que serão saneamento básico, etc.
exigidos da população, para financiar os gastos da administração
pública em geral, ou para o custeio de serviços públicos específicos f) Segundo a Categoria Econômica: Receitas Correntes X Re-
prestados ou colocados a disposição da comunidade. Exemplos: Ta- ceitas de Capital
xas, Impostos e Contribuições de Melhoria. ●Receitas Correntes são destinadas a financiar as Despesas
Correntes. Classificam-se em:
b) Quanto à Natureza: Receitas Orçamentárias X Receitas Ex- ●Receitas Tributárias que são provenientes da cobrança de im-
tra Orçamentárias postos, taxas e contribuições de melhoria.
Receitas Orçamentárias são todos os ingressos financeiros de ●Receitas de Contribuições que são provenientes da arreca-
caráter não devolutivo auferidos pelo Poder Público. A receita orça- dação de contribuições sociais e econômicas; por exemplo: con-
mentária se subdivide ainda nas seguintes categorias econômicas: tribuições para o PIS/PASEP, contribuições para fundo de saúde de
receitas correntes e receitas de capital. servidores públicos, etc.
Receita Extra Orçamentária correspondem aos valores prove- ●Receita Patrimonial são proveniente do resultado financeiro
nientes de toda e qualquer arrecadação que não figurem no orça- da fruição do patrimônio, decorrente da propriedade de bens mo-
mento público e, consequentemente, que não lhe pertencem. O biliários ou imobiliários; por exemplo: Aluguéis, dividendos, receita
Governo fica como mero depositário dos valores recebidos. Exem- oriunda de aplicação financeira, etc.
plos: Depósitos recebidos, Cauções em dinheiro recebidas, Consig- ●Receita Agropecuária decorre da exploração das atividades
nações retidas a pagar, etc. agropecuárias; por exemplo: receita da produção vegetal, receita
da produção animal e derivados.
c) Quanto à Repercussão Patrimonial: Efetivas X Não efetivas ●Receita Industrial obtida com atividades ligadas à indústria
Receitas Públicas Efetivas são aquelas em que os ingressos de de transformação. Exemplos: indústria editorial e gráfica, recicla-
disponibilidades de recursos não foram precedidos de registro de gem de lixo, etc.
reconhecimento do direito e não constituem obrigações correspon- ●Receitas de Serviços são provenientes de atividades caracte-
dentes: Por isso, aumentam a situação liquida do patrimônio finan- rizadas pela prestação se serviços por órgãos do Estado; por exem-
ceiro e a situação líquida patrimonial. Exemplos: Receita Tributária, plo: serviços comerciais (compra e venda de mercadorias), etc.
Receita Patrimonial, Receita de Serviços, etc. ●Transferências Correntes são recursos recebidos de outras
Receitas Públicas Não efetivas são aquelas em que os ingres- pessoas de direito público ou privado, destinados ao atendimento
sos de disponibilidades de recursos foram precedidos de registro de de despesas correntes.
reconhecimento do direito. Por isso, aumentam a situação líquida
do patrimônio financeiro, mas não altera a situação líquida patri- Outras Receitas Correntes são o grupo que compreende as
monial. São exemplos: Alienação de bens; Operações de crédito; Receitas de Multas e Juros de Mora, Indenizações e Restituições,
Amortização de empréstimo concedido; Cobrança de dívida ativa. Receita da Dívida Ativa, etc.

d) Quanto à Regularidade: Ordinárias X Extraordinárias Receitas de Capital são aquelas provenientes de realização de
Receitas Ordinárias são aquelas que representam certa regu- recursos oriundos da contratação de dívidas; da conversão em es-
laridade na sua arrecadação, sendo normatizadas pela Constituição pécie de bens (alienação de bens móveis e imóveis); dos recursos
ou por leis específicas. Exemplos: Arrecadação de Impostos (Fede- recebidos de outras pessoas de direito público ou privados destina-
rais, Estaduais ou Municipais), Transferências do Fundo de Partici- dos a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital. São
pação dos Estados e do Distrito Federal, do Fundo de Participação destinadas ao atendimento das Despesas de Capital e classificam-se
dos Municípios, Cota parte do ICMS destinado aos Municípios, etc. em:
• Operações de Crédito são os financiamentos obtidos dentro
Receitas Extraordinárias são aquelas inconstantes, esporá- e fora do País; trata-se de recursos captados de terceiros para obras
dicas, às vezes excepcionais, e que, por isso, não se renovam de ano e serviços públicos. Exemplos: colocação de títulos públicos, contra-
a ano na peça orçamentária. Como exemplo mais típico, costuma-se tação de empréstimos e financiamentos, etc.;
citar o imposto extraordinário, previsto no art. 76 do Código Tributá- • Alienação de Bens são receitas provenientes da venda de
rio Nacional, e decretado, em circunstâncias anormais, nos casos de bens móveis e imóveis;
guerra ou sua iminência. As receitas patrimoniais devem, também, ser
• Amortização de Empréstimos são receitas provenientes do
consideradas como extraordinárias, sob o aspecto orçamentário.
recebimento do principal mais correção monetária, de emprésti-
mos efetuados a terceiros;
e) Quanto à forma de sua realização: Receitas Próprias, de
• Transferências de Capital são recursos recebidos de outras
Transferência se de Financiamentos.
entidades; aplicação desses recursos deverá ser em despesas de
●Receitas Próprias se dão quando seu ingresso é promovido
capital. O recebimento desses recursos não gera nenhuma contra-
pela própria entidade, diretamente, ou através de agentes arrecada-
prestação direta em bens e serviços;
dores autorizados. Exemplo: tributos, aluguéis, rendimento de apli-
cações financeiras, multas e juros de mora, alienação de bens, etc.

26
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Outras Receitas de Capital são as que envolvem as receitas de DÍVIDA ATIVA
capital não classificáveis nas anteriores. Dívida ativa corresponde a uma RECEITA, o que justifica ser
chamada de ATIVA.
Estágios ou Fases Da Receita Pública Representa um conjunto de créditos ou direitos de distintas
A realização da receita pública se dá mediante uma sequencia naturezas em favor da Fazenda Pública, sendo que esses créditos
de atividades, cujo resultado é o recebimento de recursos financei- ou direitos possuem prazos estabelecidos na legislação pertinen-
ros pelos cofres públicos. Os estágios são os seguintes: te e que, caso não sejam pagos ao vencimento, terá sua cobrança
realizada por meio de órgão ou unidade específica instituída em lei.
a) Previsão Sendo assim, a inscrição de créditos em Dívida Ativa representa
Compreende a estimativa das receitas para compor a proposta um fato permutativo que resulta da transferência de um valor não
orçamentária e aprovação do orçamento público pelo legislativo, recebido no prazo estabelecido, representando um aumento da si-
transformando-o em Lei Orçamentária. tuação líquida patrimonial.
Na previsão de receita devem ser observadas as normas téc-
nicas e legais,considerados os efeitos das alterações na legislação, *** Para a Dívida Ativa ser considerada presume-se a legalida-
da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de de ao crédito como dívida passível de cobrança e a inscrição equiva-
qualquer outro fator relevante, sendo acompanhada de demonstra- le a uma prova pré-constituída contra o devedor.
tivo de sua evolução nos três últimos anos, da projeção para os dois *** Outro aspecto relevante quanto à esse crédito é que, sen-
seguintes àquele a que se referir a estimativa, e da metodologia de do ele passível de cobrança, essa gerará um custo, que por vez gera
cálculo e premissas utilizadas, segundo dispõe o art. 12 da LRF. uma despesa, PORÉM, essa despesa não transita pelas contas rela-
b) Lançamento (aplicável às receitas tributárias) tivas à Dívida Ativa.
É o ato da repartição competente que verifica a procedência
do crédito fiscal, identifica a pessoa que é devedora e inscreve o Essa inscrição poderá ser cancelada e esse cancelamento está
débito desta. relacionado ao raciocínio de extinção e consequente diminuição na
Compreende os procedimentos determinação da matéria tri- situação líquida patrimonial.
butável, cálculo do imposto, identificação do sujeito passivo e no- *** Outra forma de cancelamento da inscrição da dívida ativa
tificação. pode ser percebida através de registros de abatimentos, anistia e
As importâncias relativas a tributos, multas e outros créditos da outros valores, DESDE QUE essa diminuição não seja decorrente do
Fazenda Pública, lançadas mas não cobradas ou não recolhidas no recebimento efetivo da dívida ativa.
exercício de origem, constituem Dívida Ativa a partir da sua inscri-
ção pela repartição competente.
DESPESA PÚBLICA. CONCEITO E CLASSIFICAÇÕES. ES-
c) Arrecadação TÁGIOS.RESTOS A PAGAR.DESPESAS DE EXERCÍCIOS
É o ato pelo qual o Estado recebe os tributos, multas e demais ANTERIORES.DÍVIDA FLUTUANTE E FUNDADA. SUPRI-
créditos, sendo distinguida em; MENTO DE FUNDOS
•Direta, a que é realizada pelo próprio Estado ou seus servi-
dores e;
•Indireta, a que é efetuada sob a responsabilidade de terceiros DESPESA PÚBLICA
credenciados pelo Estado. Despesa pública é o conjunto de dispêndios do Estado ou de
Os agentes da arrecadação são devidamente autorizados para outra pessoa de direito público a qualquer título, a fim de saldar
receberem os recursos e entregarem ao Tesouro Público, sendo di- gastos fixados na lei do orçamento ou em lei especial, visando à
vididos em dois grupos: realização e ao funcionamento dos serviços públicos. Nesse senti-
•Agentes públicos (coletorias, tesourarias, delegacias, postos do, a despesa é parte do orçamento, ou seja, aquela em que se
fiscais, etc); encontram classificadas todas as autorizações para gastos com as
•Agentes privados (bancos autorizados). várias atribuições e funções governamentais. Em outras palavras,
as despesas públicas formam o complexo da distribuição e emprego
das receitas das receitas para custeio e investimento em diferentes
d) Recolhimento setores da administração governamental.
Consiste na entrega do numerário, pelos agentes arrecadado- Quanto à sua natureza, classificam-se em:
res, públicos ou privados, diretamente ao Tesouro Público ou ao Despesa Orçamentária: é aquela que depende de autorização
banco oficial. legislativa para ser realizada e que não pode ser efetivada sem a
O recolhimento de todas as receitas deve ser feito com a ob- existência de crédito orçamentário que a corresponda suficiente-
servância do princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer mente.
fragmentação para a criação de caixas especiais. (art.56 da Lei Despesa Extra Orçamentária: trata-se dos pagamentos que não
4.320/64). dependem de autorização legislativa, ou seja, não integram o orça-
Os recursos de caixa do Tesouro Nacional serão mantidos no mento público. Correspondem à restituição ou entrega de valores
Banco do Brasil S/A, somente sendo permitidos saques para o paga- arrecadados sob o titulo de receita extra orçamentária.
mento de despesas formalmente processadas e dentro dos limites Ex.: devolução de fianças e cauções; recolhimento de imposto
estabelecidos na programação financeira; A conta única do Tesouro de renda retido na fonte, etc.
Nacional é mantida no Banco Central, mas o agente financeiro é o
Banco do Brasil, que deve receber as importâncias provenientes da
arrecadação de tributos ou rendas federais e realizar os pagamen-
tos e suprimentos necessários à execução do Orçamento Geral da
União.

27
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
A despesa Orçamentária se divide ainda conforme figura abaixo:

Despesa Efetiva e Não Efetiva


Para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser classificada quanto ao impacto na situação líquida patrimonial em: - Despesa
Orçamentária Efetiva - aquela que, no momento de sua realização, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil
modificativo diminutivo. - Despesa Orçamentária Não Efetiva – aquela que, no momento da sua realização, não reduz a situação líquida
patrimonial da entidade e constitui fato contábil permutativo. Neste caso, além da despesa orçamentária, registra-se concomitantemente
conta de variação aumentativa para anular o efeito dessa despesa sobre o patrimônio líquido da entidade.
Em geral, a despesa orçamentária efetiva é despesa corrente. Entretanto, pode haver despesa corrente não efetiva como, por exem-
plo, a despesa com a aquisição de materiais para estoque e a despesa com adiantamentos, que representam fatos permutativos. A despesa
não efetiva normalmente se enquadra como despesa de capital. Entretanto, há despesa de capital que é efetiva como, por exemplo, as
transferências de capital, que causam variação patrimonial diminutiva e, por isso, classificam-se como despesa efetiva.
Segundo o Professor Garrido Neto, aideia da classificação das despesas em efetivas ou não efetivas é saber qual a afetação patrimonial
trazida pelas mesmas, em virtude da execução do orçamento. A LOA é uma lei de execução financeira, onde constam fluxos de caixa de en-
tradas e saídas de recursos, autorizados por lei pelo poder legislativo. Por natureza, receitas deveriam aumentar o patrimônio da entidade
que as reconhece e as despesas deveriam diminuí-lo.
Mas essa lógica não funciona em sua totalidade na execução orçamentária, em virtude do conceito de receita e despesa, sob o ponto de
vista do patrimônio, ser diferente daquele conceito orçamentário, de fluxo de caixa. No patrimônio, receita representa o acréscimo definitivo de
recursos, sem o surgimento de um passivo correspondente ou o consumo de um ativo. Já a despesa representa a diminuição de um ativo, em
virtude de seu consumo, ou a transferência de propriedade de um bem, necessário para obtenção de receitas. No orçamento, receita é entrada,
em dinheiro e disponível para atendimento das políticas públicas. Já a despesa é uma saída, em dinheiro e que consome recursos disponíveis,
autorizados através do empenho de despesas. Quando o conceito de receita, sob o aspecto patrimonial, coincide com o conceito orçamentário,
de fluxo de caixa de entrada, temos uma receita efetiva, que afeta o patrimônio positivamente. EX: arrecadação de impostos.
Quando o conceito de despesa, sob o aspecto patrimonial, coincide com o conceito orçamentário, de fluxo de caixa de saída, autori-
zado por um empenho, temos uma despesa efetiva, que afeta o patrimônio negativamente. EX: reconhecimento de despesas com serviços
de terceiros. Ocorre que nem toda receita orçamentária tem afetação positiva no patrimônio, porque tem como contrapartida um consu-

28
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
mo de um ativo ou o surgimento de um passivo. Ex: arrecadação da sificação de aplicação comum e obrigatória, no âmbito da União,
dívida ativa (entra dinheiro, mas se baixa o direito a receber, previa- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o que permite
mente contabilizado quando da inscrição), obtenção de emprésti- a consolidação nacional dos gastos do setor público. A classifica-
mos (entra dinheiro, mas surge um passivo - empréstimos a pagar). ção funcional é representada por cinco dígitos. Os dois primeiros
Do mesmo modo, nem toda despesa orçamentária tem afe- referem-se à função, enquanto que os três últimos dígitos represen-
tação negativa no patrimônio, porque tem como contrapartida o tam a subfunção, que podem ser traduzidos como agregadores das
surgimento de um ativo ou a baixa de um passivo. Ex: aquisição de diversas áreas de atuação do setor público, nas esferas legislativa,
bens (sai o dinheiro, com uma despesa empenhada previamente, executiva e judiciária.
mas entra o bem adquirido. Note que não há despesa no patrimô- Função - A função é representada pelos dois primeiros dígitos
nio, já que ocorre ingresso de um bem), amortização da dívida (sai o da classificação funcional e pode ser traduzida como o maior nível
dinheiro, mas há uma baixa concomitante no passivo, empréstimos de agregação das diversas áreas de atuação do setor público. A fun-
a pagar. Note que não há despesa no patrimônio, já que houve dimi- ção quase sempre se relaciona com a missão institucional do órgão,
nuição de um passivo, tornando o ente menos devedor. por exemplo, cultura, educação, saúde, defesa, que, na União, guar-
Ou seja, a saída de dinheiro compensa com a diminuição da da relação com os respectivos Ministérios.
dívida. Não há despesa). Por isso, a despesa não efetiva é aquela A função “Encargos Especiais” engloba as despesas orçamentá-
que afeta o orçamento, mas, como gera um fato permutativo, não rias em relação às quais não se pode associar um bem ou serviço a
afeta a situação líquida patrimonial do ente. Vamos ver mais uma ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas, res-
vez o exemplo da aquisição de bens; Quando se compra um bem, sarcimentos, indenizações e outras afins, representando, portanto,
é preciso empenhar/pagar a despesa orçamentária. Portanto essa uma agregação neutra. Nesse caso, na União, as ações estarão as-
despesa diminui o ativo disponível da entidade. Caso se verificasse sociadas aos programas do tipo “Operações Especiais” que consta-
apenas essa diminuição, a despesa seria efetiva, pois reduziria um rão apenas do orçamento, não integrando o PPA. A dotação global
ativo de forma definitiva. Mas a operação contábil não está concluí- denominada “Reserva de Contingência”, permitida para a União no
da, pois é preciso dar entrada no bem. art. 91 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, ou em
Quando contabilizamos o bem, aumentamos outro ativo, o atos das demais esferas de Governo, a ser utilizada como fonte de
ativo permanente bens móveis/imóveis. Portanto, vendo isolada- recursos para abertura de créditos adicionais e para o atendimento
mente esse segundo registro, houve aumento do patrimônio, pela ao disposto no art. 5º, inciso III, da Lei Complementar nº 101, de
entrada do item, causando uma mutação (conjugando a diminuição 2000, sob coordenação do órgão responsável pela sua destinação,
do caixa com o aumento do bem) ativa (pela entrada de um ativo será identificada nos orçamentos de todas as esferas de Governo
no patrimônio do governo). Daí o porquê da questão ter utilizado pelo código “99.999.9999.xxxx.xxxx”, no que se refere às classifica-
essas expressões, beleza? Para maiores detalhes, consulte o manual ções por função e subfunção e estrutura programática, onde o “x”
da receita/despesa nacional, encontrado no site da STN, e procure representa a codificação da ação e o respectivo detalhamento.
pelo item reconhecimento de receitas/despesas pelo aspecto orça- Subfunção - A subfunção, indicada pelos três últimos dígitos da
mentário e patrimonial. classificação funcional, representa um nível de agregação imedia-
tamente inferior à função e deve evidenciar cada área da atuação
Classificação Institucional e Funcional governamental, por intermédio da agregação de determinado sub-
A classificação institucional reflete a estrutura de alocação dos conjunto de despesas e identificação da natureza básica das ações
créditos orçamentários e está estruturada em dois níveis hierárqui- que se aglutinam em torno das funções. As subfunções podem ser
cos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. Constitui unidade combinadas com funções diferentes daquelas às quais estão rela-
orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo cionadas na Portaria MOG nº 42/1999. Deve-se adotar como fun-
órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias ção aquela que é típica ou principal do órgão. Assim, a programação
(art. 14 da Lei nº 4.320/1964). Os órgãos orçamentários, por sua de um órgão, via de regra, é classificada em uma única função, ao
vez, correspondem a agrupamentos de unidades orçamentárias. As passo que a subfunção é escolhida de acordo com a especificidade
dotações são consignadas às unidades orçamentárias, responsáveis de cada ação governamental. A exceção à combinação encontra-se
pela realização das ações. No caso do Governo Federal, o código na função 28 – Encargos Especiais e suas subfunções típicas que só
da classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, sendo os podem ser utilizadas conjugadas.
dois primeiros reservados à identificação do órgão e os demais à
unidade orçamentária. Não há ato que estabeleça , sendo definida Classificação por Estrutura Programática
no contexto da elaboração da lei orçamentária anual ou da abertura Toda ação do Governo está estruturada em programas orienta-
de crédito especial. dos para a realização dos objetivos estratégicos definidos no Plano
Cabe ressaltar que uma unidade orçamentária não correspon- Plurianual (PPA) para o período de quatro anos. Conforme estabe-
de necessariamente a uma estrutura administrativa, como ocorre, lecido no art. 3º da Portaria MOG nº 42/1999, a União, os Estados,
por exemplo, com alguns fundos especiais e com as Unidades Orça- o Distrito Federal e os Municípios estabelecerão, em atos próprios,
mentárias “Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios”, suas estruturas de programas, códigos e identificação, respeitados
“Encargos Financeiros da União”, “Operações Oficiais de Crédito”, os conceitos e determinações nela contidos. Ou seja, todos os entes
“Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal” e “Reserva devem ter seus trabalhos organizados por programas e ações, mas
de Contingência” cada um estabelecerá seus próprios programas e ações de acordo
A classificação funcional segrega as dotações orçamentárias com a referida Portaria.
em funções e subfunções, buscando responder basicamente à in- 1. Programa - Programa é o instrumento de organização da
dagação “em que” área de ação governamental a despesa será rea- atuação governamental que articula um conjunto de ações que
lizada. A atual classificação funcional foi instituída pela Portaria nº concorrem para a concretização de um objetivo comum preesta-
42, de 14 de abril de 1999, do então Ministério do Orçamento e belecido, mensurado por indicadores instituídos no plano, visan-
Gestão, e é composta de um rol de funções e subfunções prefixa- do à solução de um problema ou ao atendimento de determinada
das, que servem como agregador dos gastos públicos por área de necessidade ou demanda da sociedade. O programa é o módulo
ação governamental nas três esferas de Governo. Trata-se de clas- comum integrador entre o plano e o orçamento. O plano termina

29
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
no programa e o orçamento começa no programa, o que confere que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta.
a esses instrumentos uma integração desde a origem. O progra- Os programas serão compostos por atividades, projetos e uma
ma age como módulo integrador, e as ações, como instrumentos nova categoria de programação denominada operações especiais.
de realização dos programas. A organização das ações do governo Essas últimas poderão fazer parte dos programas quando entendido
sob a forma de programas visa proporcionar maior racionalidade que efetivamente contribuem para a consecução de seus objetivos.
e eficiência na administração pública e ampliar a visibilidade dos Quando não, as operações especiais não se vincularão a programas.
resultados e benefícios gerados para a sociedade, bem como elevar A estruturação de programas e respectivos produtos, consubs-
a transparência na aplicação dos recursos públicos. Cada progra- tanciados em projetos e em atividades, está sendo definida no atual
ma deve conter objetivo, indicador que quantifica a situação que momento, na etapa de validação SOF/SPI e Setoriais, e seu resulta-
o programa tenha como finalidade modificar e os produtos (bens e do será disponibilizado para que os órgãos setoriais e as unidades
serviços) necessários para atingir o objetivo. A partir do programa orçamentárias apresentem as suas propostas orçamentárias.
são identificadas as ações sob a forma de atividades, projetos ou
operações especiais, especificando os respectivos valores e metas A despesa pública é executada em três estágios: empenho, li-
e as unidades orçamentárias responsáveis pela realização da ação. quidação e pagamento.
A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto,
que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta. 1º ESTÁGIO – EMPENHO DA DESPESA
Os programas da União constam no Plano Plurianual e podem ser - Ordinário – despesas normais
visualizados no sítio www.planejamento.gov.br. - Estimativa – despesas variáveis
2. Ação - As ações são operações das quais resultam produtos - Global – despesas contratuais e sujeitas a parcelamentos
(bens ou serviços), que contribuem para atender ao objetivo de um
programa. Incluem-se também no conceito de ação as transferên- Empenho é o primeiro estágio da despesa e “é o ato emana-
cias obrigatórias ou voluntárias a outros Entes da Federação e a pes- do de autoridade competente que cria para o Estado obrigação
soas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, auxílios, de pagamento pendente ou não de implemento de condição”. O
contribuições e financiamentos, dentre outros. As ações, conforme empenho é prévio, ou seja, precede a realização da despesa e está
suas características podem ser classificadas como atividades, proje- restrito ao limite de crédito orçamentário (art. 59). É vedada a rea-
tos ou operações especiais. lização da despesa sem prévio empenho (art. 60). A formalização
a) Atividade É um instrumento de programação utilizado para do empenho se dá com a emissão do pedido de empenho, pelos
alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de setores competentes, e devidamente autorizados, no Módulo Fi-
operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das nanceiro. A emissão da Nota de Empenho representa uma garantia
quais resulta um produto ou serviço necessário à manutenção da para o fornecedor ou para o prestador de serviço contratado pela
ação de Governo. Exemplo: “Fiscalização e Monitoramento das Administração Pública de que a parcela referente a seu contrato
Operadoras de Planos e Seguros Privados de Assistência à Saúde”. foi bloqueada para honrar os compromissos assumidos. Pode-se
b) Projeto É um instrumento de programação utilizado para deduzir, portanto, que o orçamento é compromissado através do
alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de empenho. O empenho da despesa é o instrumento de utilização de
operações, limitadas no tempo, das quais resulta um produto que créditos orçamentários.
concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de Go- Entende-se por nota de empenho o documento utilizado para
verno. Exemplo: “Implantação da rede nacional de bancos de leite fins de registro da operação de empenho de uma despesa. Para
humano”. cada empenho será extraída uma nota de empenho, que indicará
c) Operação Especial Despesas que não contribuem para a ma- o nome do credor (beneficiário do empenho), a especificação e a
nutenção, expansão ou aperfeiçoamento das ações de governo, das importância da despesa.
quais não resulta um produto, e não gera contraprestação direta O empenho para compras, obras e serviços só pode ser emi-
sob a forma de bens ou serviços.4 tido após a conclusão da licitação, salvo nos casos de dispensa ou
inexigibilidade, desde que haja amparo legal na legislação que re-
Estrutura Programática gulamenta as licitações (Lei nº 8.666/93). As despesas só podem ser
Como já assinalado anteriormente, os programas deixam de empenhadas até o limite dos créditos orçamentários iniciais e adi-
ter o caráter de classificador e cada nível de governo passará a ter cionais, e de acordo com o cronograma de desembolso da unidade
a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus problemas, gestora, devidamente aprovado.
e originária do processo de planejamento desenvolvido durante a O empenho deverá ser anulado:
formulação do Plano Plurianual – PPA, ora em fase de elaboração. • no decorrer do exercício:
Haverá convergência entre as estruturas do plano plurianual e – parcialmente, quando seu valor exceder o montante da des-
do orçamento anual a partir do programa, “módulo” comum inte- pesa realizada; ou – totalmente, quando o serviço contratado não
grador do PPA com o Orçamento. Em termos de estruturação, o pla- tiver sido prestado, quando o material encomendado não tiver sido
no termina no programa e o orçamento começa no programa, o que entregue ou quando o empenho tiver sido emitido incorretamente.
confere a esses documentos uma integração desde a origem, sem • no encerramento do exercício, quando o empenho referir-se
a necessidade, portanto, de buscar-se uma compatibilização entre a despesas não liquidadas, salvo aquelas que se enquadrarem nas
módulos diversificados. O programa, como único módulo integra- condições previstas para a inscrição em restos a pagar.
dor, e os projetos e as atividades, como instrumento de realização O valor correspondente ao empenho anulado reverte ao cré-
dos programas. dito, tornando-se disponível para novo empenho ou descentraliza-
Cada programa deverá conter, no mínimo, objetivo, indicador ção, respeitado o regime de exercício.
que quantifique a situação que o programa tenha por fim modificar
e os produtos (bens e serviços) necessários para atingir o objetivo. 2º ESTÁGIO – LIQUIDAÇÃO
Os produtos dos programas darão origem aos projetos e atividades. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito ad-
A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto, quirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos com-
probatórios do respectivo crédito.
4 Fonte: www.eventos.fecam.org.br

30
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
A liquidação tem por fim apurar: Despesa Pública no Período Clássico e no Período Moderno
- a origem e o objeto do que se deve pagar; No período clássico o Estado realizava o mínimo possível de
- a importância exata a ser paga e despesas públicas porque restringia as suas atividades somente ao
- a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obriga- desempenho das denominadas atividades essenciais, em razão de
ção ser encarado apenas como consumidor, deixando a maior parte das
atividades para o particular.
O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, todos os Assim, a despesa pública tinha apenas a finalidade de possibili-
atos de verificação e conferência, desde a entrada do material ou a tar ao Estado o exercício das mencionadas atividades básicas.
prestação do serviço até o reconhecimento da despesa. Mas, nos dias de hoje, ocorre uma análise preponderante da
A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou por servi- natureza econômica das despesas públicas, que são também utiliza-
ços prestados terá por base: das para outros fins, como o combate ao desemprego. Em suma, no
- Contrato, ajuste ou acordo respectivo; período clássico das finanças públicas, em razão da prevalência da
- A nota de empenho; escola liberal, o Estado procurava comprimir as despesas aos seus
- Os comprovantes da entrega de material ou da prestação efe- menores limites, e era encarado apenas como consumidor. Tal po-
tiva do serviço. lítica se devia à absoluta supremacia da iniciativa privada e à teoria
da imutabilidade das leis financeiras.
3º ESTÁGIO – PAGAMENTO As despesas visavam apenas a cobrir os gastos essenciais do
A ordem de pagamento é o despacho exarado pela autoridade governo.
competente determinando que a despesa seja paga. Por outro lado, na concepção moderna das finanças públicas, o
A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos Estado funciona como um órgão de redistribuição da riqueza, con-
processados pelos serviços de contabilidade. correndo com a iniciativa privada. O Estado passa a realizar despe-
O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pa- sas que, embora não sejam úteis sob o ponto de vista econômico,
gadoria regularmente instituído por estabelecimentos bancários são úteis sob o ponto de vista da coletividade, como, por exemplo,
credenciados, ou em casos excepcionais, por meio de adiantamento as despesas de guerra, vigendo, pois, hoje, a regra de que a neces-
Não confundir ordem de pagamento com ordem bancária.A sidade pública faz a despesa.
ordem de pagamento é despacho exarado pela autoridade compe-
tente, determinando que a despesa seja paga. Ordem bancária é o Elementos Da Despesa Pública
documento emitido através do Siaf, que transfere o recurso finan- Os elementos da despesa pública são os seguintes:
ceiro para a conta do credor. a) De natureza econômica: o dispêndio, incidente em um gas-
Vale ressaltar que, a Secretaria do Tesouro Nacional considera, to para os cofres do Estado e em consumo para os beneficiados; a
durante o exercício financeiro, a despesa pela sua liquidação, en- riqueza pública, bem econômico, representada pelo acervo originá-
tretanto, para fins de encerramento do exercício financeiro, toda a rio das rendas do domínio privado do Estado e da arrecadação dos
despesa empenhada e não anulada até 31 de dezembro, será consi- tributos;
derada despesa nas demonstrações contábeis. b) De natureza jurídica: a autorização legal dada pelo poder
O exame da despesa pública deve anteceder ao estudo da re- competente para a efetivação da despesa;
ceita pública, pois não pode mais ser compreendida apenas vincu- c) De natureza política: a finalidade de satisfação da necessi-
lada ao conceito econômico privado, isto é, de que a despesa deva dade pública pelo Estado, o que é feita pelo processo do serviço
ser realizada após o cálculo da receita, como ocorre normalmente público, como medida de sua política financeira.
com as empresas particulares. É universal o princípio de que a escolha do objetivo da despe-
Aliás, hoje em dia, os particulares recorrem ao empréstimo sa pública envolve um ato político, referente à determinação das
sempre que a receita se apresenta deficiente em relação à despesa. necessidades públicas que deverão ser satisfeitas pelo processo do
O Estado tem como objetivo, no exercício de sua atividade serviço público.
financeira, a realização de seus fins, pelo que procura ajustar a re-
ceita à programação de sua política, ou seja, a despesa precede a Despesa Pública e a Constituição Federal De 88
esta. Tal ocorre porque o Estado cuida primeiro de conhecer as ne- A Constituição de 1988 demonstra que o constituinte se preo-
cessidades públicas ditadas pelos reclamos da comunidade social, cupou com o problema do limite da despesa pública.
ao contrário do que acontece com o particular, que regula as suas
despesas em face de sua receita. Assim, o art. 169 revela a preocupação do constituinte com a
Deve-se conceituar a despesa pública sob os pontos de vista limitação de despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Es-
orçamentário e científico. tados do Distrito Federal e dos Municípios, que não poderá exceder
Aliomar Baleeiro ensina que a despesa pública, sob o enfoque os limites estabelecidos em lei complementar.
orçamentário, é “a aplicação de certa quantia em dinheiro, por par-
te da autoridade ou agente público competente, entro de uma au- “Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos
torização legislativa, para execução de um fim a cargo do governo”. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os
Assim a despesa pública é a soma de gastos realizados pelo limites estabelecidos em lei complementar.
Estado para a realização de obras e para a prestação de serviços § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remu-
públicos. neração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de
Por outro lado, há o entendimento que, por despesa pública estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de
deve-se entender a inversão ou distribuição de riqueza que as en- pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administra-
tidades públicas realizam, objetivando a produção dos serviços re- ção direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas
clamados para satisfação das necessidades públicas e para fazer em pelo poder público, só poderão ser feitas:
face de outras exigências da vida pública, as quais não são chama- I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para aten-
das propriamente serviços. der às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela de-
correntes;

31
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orça- bens ou serviços do setor privado em proveito do setor público;
mentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de corresponde, pois, à vida dos serviços públicos e à atividade das
economia mista. administrações, caracterizando-se pela contraprestação que é feita
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar refe- em favor do Estado;
rida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, se- b) Despesa de transferência, que é aquela que é efetivada pelo
rão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais Estado sem que receba diretamente qualquer contraprestação a
ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que seu favor, tendo o propósito meramente redistributivo, já que o
não observarem os referidos limites. dinheiro de uns se transfere para outros, como, por exemplo, no
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base pagamento de pensões e de subvenções a atividades ou empresas
neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida privadas;
no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
adotarão as seguintes providências Quanto ao ambiente
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com a) Despesa interna é a feita para atender às necessidades de
cargos em comissão e funções de confiança; ordem interna do país e se realiza em moeda nacional e dentro do
II - exoneração dos servidores não estáveis. território nacional;
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior b) Despesa externa, que se realiza fora do país, em moeda es-
não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determi- trangeira e visa a liquidar dívidas externas;
nação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável
poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada Quanto à duração
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou uni- a) Despesa ordinária, que visa a atender às necessidades pú-
dade administrativa objeto da redução de pessoal. blicas estáveis, permanentes e periodicamente previstas no orça-
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo ante- mento, constituindo mesmo uma rotina no serviço público, como,
rior fará jus a indenização correspondente a um mês de remunera- por exemplo, a despesa relativa ao pagamento do funcionalismo
ção por ano de serviço. público;
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anterio- b) Despesa extraordinária, que objetiva satisfazer necessida-
res será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego des públicas acidentais, imprevisíveis e, portanto, não constantes
ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de do orçamento, não apresentando, por outro lado, regularidade em
quatro anos sua verificação, e estão mencionadas na Constituição Federal (art.
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obede- 167, §3º) como sendo as despesas decorrentes de guerra, comoção
cidas na efetivação do disposto no § 4º.” interna ou calamidade pública, que por serem urgentes e inadiáveis
Por outro lado, a concessão de qualquer vantagem ou aumento não podem esperar o processo prévio da autorização legal;
de remuneração, a criação de cargos ou alterações de estruturas de c) Despesa especial, que tem por finalidade permitir o aten-
carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título, pe- dimento de necessidades públicas novas, surgidas no decorrer do
exercício financeiro e, portanto, após a aprovação do orçamento,
los órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive
embora não apresentem as características de imprevisibilidade e
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão
urgência; assim, dependem de prévia lei para a sua efetivação, sen-
ser feitas se atendidos os pressupostos constantes dos incisos I e II
do de se citar, como exemplo, a despesa que o Estado é obrigado a
do art. 169 da CF.
fazer em decorrência de sentença judicial;
Por sua vez, o art. 38 do ADCT estabelece que até “a promulga-
ção da lei complementar referida no art. 169, a União, os Estados,
Quanto à importância de que se revestem
o Distrito Federal e os Municípios não poderão despender com o
a) Despesa necessária é aquela intransferível em face da neces-
pessoal mais do que sessenta e cinco por cento do valor das respec- sidade pública, sendo sua efetivação provocada pela coletividade;
tivas receitas correntes”. b) Despesa útil é aquela que, embora não seja reclamada pela
O parágrafo único do mesmo art. 38 determina que os mencio- coletividade e não vise a atender necessidades públicas premen-
nados entes políticos, quando a respectiva despesa de pessoal ex- tes,é feita pelo Estado para produzir uma utilidade à comunidade
ceder o limite previsto no caput do artigo, deverão retornar àquele social, como as despesas de assistência social; portanto, à luz deste
limite, reduzindo o percentual excedente à razão de um quinto por critério, não se pode falar em despesa inútil, e mesmo as despesas
ano. de guerra podem produzir uma utilidade, como a independência
nacional e a realização de unidade nacional, podendo, inclusive;
Espécies De Despesa Pública esta utilidade ser de caráter econômico, pois o Estado quando evita
ou limita uma invasão ao seu território, impede ou diminui um pre-
Quanto à forma juízo econômico.
a) Despesa em espécie, que constitui hoje a forma usual de sua
execução, embora, como já se disse anteriormente, ainda existam Quanto aos efeitos econômicos
alguns serviços públicos que não são remunerados pelo Estado; a) Despesa produtiva, que, além de satisfazer necessidades pú-
b) Despesa em natureza, forma que predominava na antiguida- blicas, enriquece o patrimônio do Estado ou aumenta a capacidade
de mas que hoje está praticamente abolida, embora ainda ocorra, econômica do contribuinte, como as despesas referentes à constru-
como no caso de indenização pela desapropriação de imóvel rural ção de portos, estradas de ferro, etc.;
mediante títulos da dívida pública com cláusula de correção mone- b) Despesa improdutiva é aquela que não gera um benefício de
tária (CF, art.184);2) ordem econômica em favor da coletividade;

Quanto ao aspecto econômico em geral Quanto à mobilidade


a) Despesa real ou de serviço é a efetivamente realizada pelo a) Despesa fixa é aquela que consta do orçamento e é obrigató-
Estado em razão da utilização de bens e serviços particulares na sa- ria pela Constituição, não podendo ser alterada a não ser por uma
tisfação de necessidades públicas, havendo uma amputação desses lei anterior, e não pode deixar de ser efetivada pelo Estado;

32
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
b) Despesa variável é aquela que não é obrigatória pela Cons- Material permanente -Participação em constituição ou aumento de
tituição, sendo limitativa, isto é, o Poder Executivo fica obrigado a capital de empresas ou entidades industriais ou agrícolas.
respeitar seu limite, mas não imperativa; daí o Estado ter a faculda- b) Despesas de inversões financeiras são as que correspondem
de de realizá-la ou não, dependendo de seus critérios administrati- a aplicações feitas pelo Estado e suscetíveis de lhe produzir rendas
vo e de oportunidade, sendo de se citar, como exemplo, um auxílio (art. 12, § 5º, e art. 13): - Aquisição de imóveis - Participação em
pecuniário em favor de uma instituição de caridade, não gerando, constituição ou aumento de capital de empresas ou entidades co-
por outro lado, direito subjetivo em favor do beneficiário; merciais ou financeiras - Aquisição de títulos representativos de ca-
pital de empresas em funcionamento - Constituição de fundos rota-
Quanto à competência tivos - Concessão de empréstimos - Diversas inversões financeiras.
a) Despesa federal, que visa a atender a fins e serviços da União c) Despesas de transferências de capital são as que correspon-
Federal, em cujo orçamento está consignada; dem a dotações para investimentos ou inversões financeiras a se-
b) Despesa estadual, que objetiva atender a fins e serviços do rem realizadas por outras pessoas jurídicas de direito público ou
Estado, estando fixada em seu orçamento; de direito privado, independentemente de contraprestação direta
c) Despesa municipal, que tem por finalidade atender a fins e em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou
serviços do Município, sendo consignada no orçamento municipal; contribuições, segundo derivem diretamente da lei de orçamento
ou de lei especial anterior, bem como dotações para amortização
Quanto ao fim da dívida pública (art. 12, § 6º, e art. 13):
a) Despesa de governo é a despesa pública própria e verdadei- - Amortização da dívida pública
ra, pois se destina à produção e à manutenção do serviço público, - Auxílios para obras públicas
estando enquadrados nesta categoria os gastos com os pagamentos - Auxílios para equipamentos e instalações
dos funcionários, militares, magistrados, etc., à aplicação de rique- - Auxílios para inversões financeiras
zas na realização de obras públicas e emprego de materiais de ser- - Outras contribuições.
viçoe à conservação do domínio público;
b) Despesa de exercício é a que se destina à obtenção e utili- Princípios Da Legalidade Da Despesa Pública
zação da receita, como a despesa para a administração do domínio Noções Gerais
fiscal (fiscalização de terras, de bosques, das minas, manutenção A despesa pública somente pode ser realizada mediante prévia
de fábricas, etc.) e para a administração financeira (arrecadação e autorização legal, conforme prescrevem os arts. 165, § 8º, e 167, I,
fiscalização de receitas tributárias, serviço de dívida pública, com o II, V, VI e VII da Constituição Federal.
pagamento dos juros e amortização dos empréstimos contraídos). Tal regra aplica-se inclusive às despesas que são objeto de cré-
ditos adicionais e visam a atender a necessidades novas, não pre-
Classificação da Lei nº4.320/64 vistas (créditos especiais), ou insuficientemente previstas no orça-
Finalmente, deve ser mencionada a classificação adotada pela Lei mento (créditos suplementares), em razão do disposto no art. 167,
nº 4.320, de 17/03/64, que estatui normas de direito financeiro para a V, da CF.
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, Estados,
Municípios e Distrito Federal, tendo a referida lei procedido à classifica- As Despesas Ordinárias
ção com base nas diversas categorias econômicas da despesa pública: São aquelas que visam a atender a necessidades públicas está-
veis, permanentes, que têm um caráter de periodicidade, e sejam
I) Despesas correntes são aquelas que não enriquecem o patri- previstas e autorizadas no orçamento, como o pagamento do fun-
mônio público e são necessárias à execução dos serviços públicos e cionalismo público.
à vida do Estado, sendo, assim, verdadeiras despesas operacionais Daí, se tais despesas não foram previstas, ou foram insuficien-
e economicamente improdutivas: temente previstas, a sua execução dependerá também da prévia
a) Despesas de custeio são aquelas que são feitas objetivan- autorização do Poder Legislativo.
do assegurar o funcionamento dos serviços públicos, inclusive às Tal exigência justifica-se plenamente, pois caso o Poder Execu-
destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens tivo pudesse livremente aumentar as despesas a votação do orça-
imóveis, recebendo o Estado, em contraprestação, bens e serviços mento pelo Poder Legislativo não passaria, segundo Gaston Jèze, de
(art. 12, §12, e art. 13): Pessoal civil - Pessoal militar - Material de uma formalidade meramente ilusória.
consumo - Serviços de terceiros - Encargos diversos.
b) Despesas de transferências correntes são as que se limitam As Despesas Extraordinárias
a criar rendimentos para os indivíduos, sem qualquer contrapresta- A exigência da prévia autorização legal não se aplica a estas,
ção direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e sub- porque sendo urgentes e imprevisíveis, não admitem delongas na
venções destinadas a atender à manifestação de outras entidades sua satisfação, como as decorrentes de calamidade pública, como-
de direito público ou privado, compreendendo todos os gastos sem ção interna e guerra externa (CF, art. 167, § 3º).
aplicação governamental direta dos recursos de produção nacional Nestes casos, a autoridade realizará a despesa, cabendo ao Po-
de bens e serviços (art. 12, § 2º, Ebert. 13): Subvenções sociais - der Legislativo ratificá-la ou não (Lei nº 4.320/64, art. 44).
Subvenções econômicas – Inativos – Pensionistas - Salário-família Observe-se que a autoridade pública deve ter muito cuidado
e Abono familiar - Juros da dívida pública - Contribuições de Previ- na efetivação de tais despesas, uma vez que ficará sujeita a sanções,
dência Social - Diversas transferências correntes. caso realize uma despesa considerando-a como extraordinária, sem
que a necessidade pública atendida se revista das características
II) Despesas de capital são as que determinam uma modifica- exigidas.
ção do patrimônio público através de seu crescimento,sendo, pois, Como um corolário do princípio da legalidade da despesa pú-
economicamente produtivas, e assim se dividem: blica, a autoridade somente pode efetivar a despesa se for compe-
a) Despesas de investimentos são as que não revelam fins re- tente para tal e se cinja ao limite e fim previstos na lei.
produtivos (art. 12, § 42, e art. 13): Obras públicas - Serviços em
regime de programação especial - Equipamentos e instalações -

33
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Despesas de Exercícios Anteriores Formalização
O assunto está regulado pelo art. 37 da Lei nº 4.320/64, regu- Constituem elementos próprios e essenciais à instrução do
lamentada pelo Decreto nº 93.872, de 23/12/86, que incorporou os processo relativo a despesas de exercícios anteriores, para fins de
conceitos do Decreto nº 62.115, de 15/01/68. autorização do pagamento:
Além desse dispositivo, cada ente da Federação poderá regu- a) nome do credor, CGC/CPF e endereço;
lamentar a matéria visando atender às suas peculiaridades, desde b) importância a pagar;
que, é evidente, observe os limites traçados pelo Diploma Legal. c) data do vencimento do compromisso;
d) causa da inobservância do empenho prévio de despesa;
Conceito e) indicação do nome do ordenador da despesa à época do fato
Despesas de Exercícios Anteriores são as dívidas resultantes de gerador do compromisso; e
compromissos gerados em exercícios financeiros anteriores àqueles f) reconhecimento expresso do atual ordenador de despesa.
em que ocorreram os pagamentos.
O regime de competência exige que as despesas sejam conta- Prescrição
bilizadas conforme o exercício a que pertençam, ou seja, em que As dívidas de exercícios anteriores, que dependam de reque-
foram geradas. Se uma determinada despesa tiver origem, por rimento do favorecido, prescrevem em 05 (cinco) anos, contados
exemplo, em 1987 e só foi reconhecida e paga em 1989, a sua con- da data do ato ou fato que tiver dado origem ao respectivo direito.
tabilização deverá ser feita à “Conta de Despesas de Exercícios An- O início do período da dívida corresponde à data constante do
teriores” para evidenciar o regime do exercício. fato gerador do direito, não devendo ser considerado, para fins de
prescrição quinquenal, o tempo de tramitação burocrática e o de
Ocorrência providências administrativas a que estiver sujeito o processo.
Poderão ser pagas à conta de despesas de exercício anteriores,
mediante autorização do ordenador de despesa, respeitada a cate- Consoante doutrina dominante, o dispositivo em causa foi in-
goria econômica própria: serido no texto da referida lei a fim de se tentar coibir a prática
a) as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orça- (comum entre nós) de, a cada virada de mandato, os governantes
mento respectivo consignava crédito próprio com saldo suficiente transferirem para seus sucessores dívidas constituídas no último
para atendê-las, que não se tenham processado na época própria; ano de seus mandatos. A partir da Lei de Responsabilidade Fiscal,
assim entendidas aquelas cujo empenho tenha sido considerado mencionada prática, a princípio, deveria ter sido obstada ante à
insubsistente e anulado no encerramento do exercício correspon- proibição legal. Dizemos “deveria” porque o que se observa é que
dente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cum- muitos governantes, a fim de fugirem ao regramento em referência,
prido sua obrigação; passaram a incorporar a prática (nociva) de cancelar os empenhos
b) os restos a pagar com prescrição interrompida; retomando a emitidos em sua gestão deixando tão-somente, no último ano de
situação descrita no item precedente, na hipótese de o administra- seus mandatos, aqueles com suficiente disponibilidade financeira.
dor público, entretanto, optar por manter o empenho correspon- Com tal prática, acabam “atendendo” ao comando legal, mas con-
dente, inscrevendo-o em restos a pagar, também é possível, por tinuando a transferir as dívidas por eles constituídas a seus suces-
razões diversas, que o fornecedor não implemente a prestação que sores.
se obrigou durante todo o transcorrer do exercício seguinte. Nessa
SUPRIMENTO DE FUNDOS
hipótese, o administrador público poderá cancelar o valor inscrito.
O suprimento de fundos (também denominado de regime de
Se assim ocorrer, o valor que vier a ser reclamado no futuro
adiantamento) é caracterizado por ser um adiantamento de valores
pelo fornecedor, também poderá ser reempenhado à conta de Des-
a um servidor para futura prestação de contas. Esse adiantamento
pesas de Exercícios Anteriores ; e
constitui despesa orçamentária, ou seja, para conceder o recurso
c) os compromissos decorrentes de obrigação de pagamento
ao suprido é necessário percorrer os três estágios da despesa orça-
criada em virtude de lei e reconhecidos após o encerramento do
mentária: empenho, liquidação e pagamento.
exercício - em dadas situações, alguns compromissos são reconhe- Apesar disso, não representa uma despesa pelo enfoque pa-
cidos pelo administrador público após o término do exercício em trimonial, pois no momento da concessão não ocorre redução no
que foram gerados. Um bom exemplo dessas situações é o caso patrimônio líquido. Na liquidação da despesa orçamentária, ao
de um servidor público cujo filho tenha nascido em dezembro de mesmo tempo em que ocorre o registro de um passivo, há também
um ano qualquer mas que somente veio a solicitar o benefício do a incorporação de um ativo, que representa o direito de receber um
salário-família em janeiro do ano subsequente. Para proceder ao bem ou serviço, objeto do gasto a ser efetuado pelo suprido, ou a
pagamento das despesas relativas ao mês de dezembro, é preci- devolução do numerário adiantado.
so, primeiramente, reconhecê-las e, após, empenhá-las à conta de O artigo 37 da Lei nº 4.320/64 dispõe que as despesas de exer-
Despesas de Exercícios Anteriores. Tais despesas, portanto, sofrem cícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava
o empenho pela primeira vez, diferentemente das outras duas si- crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se
tuações apontadas, cujos objetos já sofreram empenhos no pas- tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar
sado. Quanto às despesas relativas ao mês de janeiro e seguintes, com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após
serão empenhadas no elemento de despesa correspondente. o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à
Pode-se citar como exemplo dessa última situação: o caso de conta de dotação específica consignada no orçamento, discrimina-
um servidor, cujo filho tenha nascido em setembro e somente re- da por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cro-
quereu o benefício do salário-família em março do ano seguinte. nológica.
As despesas referentes aos meses de setembro a dezembro irão à O reconhecimento da obrigação de pagamento das despesas
conta de despesas de exercícios anteriores, classificados, como de com exercícios anteriores cabe à autoridade competente para em-
transferências correntes; as dos demais meses no elemento de des- penhar a despesa.
pesa próprio. A promoção de um funcionário com data retroativa e As despesas que não se tenham processado na época própria
que alcance anos anteriores ao exercício financeiro, também é caso são aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e
de despesa de exercícios anteriores. anulado no encerramento do exercício correspondente, mas que,

34
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cumprido sua obri- Quando do seu uso, é necessário observar o seguinte:
gação. Os restos a pagar com prescrição interrompida são aqueles
cancelados, mas ainda vigente o direito do credor. A) NA AQUISIÇÃO DE MATERIAL DE CONSUMO
Os compromissos reconhecidos após o encerramento do exer- - Inexistência de fornecedor contratado/registrado. Atualmen-
cício são aqueles cuja obrigação de pagamento foi criada em virtu- te, com a possibilidade de registrar-se preços - Ata de Registro de
de de lei, mas somente reconhecido o direito do reclamante após o Preços, é possível ter fornecedores registrados para a grande maio-
encerramento do exercício correspondente. ria das necessidades de material de consumo da unidade;
Portanto, Suprimento de Fundos consiste na entrega de nu- - Se não se trata de aquisições de um mesmo objeto, passíveis
merário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação de planejamento, e que ao longo do exercício possam vir a ser ca-
própria, para o fim de realizar despesas que não possam subordi- racterizadas como fracionamento de despesa e, consequentemen-
nar-se ao processo normal de aplicação. Os artigos 68 e 69 da Lei te, como fuga ao processo licitatório; e
nº 4.320/1964 definem e estabelecem regras gerais de observância - Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às ativi-
obrigatória para a União, Estados, Distrito Federal e Municípios apli- dades da unidade e, como é óbvio, se servem ao interesse público.
cáveis ao regime de adiantamento. Segundo a Lei nº 4.320/1964,
não se pode efetuar adiantamento a servidor em alcance e nem a B) NA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS
responsável por dois adiantamentos. - Inexistência de cobertura contratual;
Por servidor em alcance, entende-se aquele que não efetuou, - Se não se trata de contratações de um mesmo objeto, pas-
no prazo, a comprovação dos recursos recebidos ou que, caso tenha síveis de planejamento, e que ao longo do exercício possam vir a
apresentado a prestação de contas dos recursos, a mesma tenha ser caracterizadas como fracionamento de despesa e, consequen-
sido impugnada total ou parcialmente. temente, como fuga ao processo licitatório; e
Cada ente da federação deve regulamentar o seu regime de adian- - Se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às ativi-
tamento, observando as peculiaridades de seu sistema de controle dades da unidade e, como é óbvio, se servem ao interesse público;
interno, de forma a garantir a correta aplicação do dinheiro público.
Destacam-se algumas regras estabelecidas para esse regime: C) LIMITES PARA CONCESSÃO
O suprimento de fundos deve ser utilizado nos seguintes casos: Os limites para concessão de Suprimento de Fundos são os se-
• Para atender despesas de pequeno vulto. (item I, do art. 2º guintes, de acordo com o Decreto Estadual nº 1.180/08:
do Decreto Estadual nº 1.180/08);
• Para atender despesas eventuais, inclusive em viagens e com
serviços especiais, que exijam pronto pagamento em espécie. (item TIPO DE
VALOR (EM R$) DISPOSITIVO LEGAL
II, do art. 2º do Decreto Estadual nº 1.180/08); DESPESA
• Para atender despesas de caráter secreto ou reservado, reali- Pequeno
zadas pela Secretaria de Segurança Pública, Secretaria de Estado de Até 2.000,00 Art. 2º, item I, §1º, alínea “a”.
Vulto
Justiça e Direitos Humanos, pelo Gabinete da Governadoria ou pela
Casa Militar, conforme dispuser regulamento. (item II, do art. 2º do Despesas
Até 4.000,00 Art. 2º, item I, §1º, alínea “b”.
Decreto Estadual nº 1.180/08). Eventuais

Despesas de pequeno vulto devem ser entendidas como des- D) PRAZO PARA APLICAÇÃO E PRESTAÇÃO DE CONTAS
pesas não rotineiras ou normais, cujo valor do suprimento não Para prestação de contas do Suprimento de Fundos o prazo é
poderá exceder a R$-2.000,00(dois mil reais) e cujo comprovante de até15(quinze) dias após o período de aplicação.
de despesa não poderá ultrapassar o valor de R$-200,00(duzentos
reais), consoante preveem as alíneas “a” e “b” do §1º do art. 2º do NOTA: Os suprimentos de fundos concedidos no mês de de-
Decreto Estadual nº 1.180/08, como por exemplo gastos com pos- zembro devem ser aplicados até o dia 31 deste mês, não podendo
tagem e autenticação de documentos, reconhecimento de firmas, em nenhuma hipótese ser utilizados no exercício financeiro seguin-
confecção de carimbos, pequenos reparos etc., desde que não aco- te. A recomendação é que, caso haja saldo, o suprido o deposite
bertados por contratos. na conta da instituição, sob pena de ter que devolver o numerário
É importante esclarecer que quando se solicita suprimento de gasto em desacordo com a legislação.
fundos para pagamento de despesas de pequeno vulto deve-se sem-
pre atestar a falta momentânea dos materiais a adquirir ou a necessi- E) FORMA DE CONCESSÃO
dade imperiosa de contratação do serviço, encontrando o seu limite Será concedido através de Portaria assinada pelo Ordenador de
para cada comprovante de despesa no valor de R$-200,00. Despesas e publicada no Diário Oficial do Estado, emitida em nome
Sendo assim, o suprimento de fundos é um instrumento de do servidor sempre precedida de Nota de Empenho, onde irá cons-
exceção ao qual pode recorrer o Ordenador de Despesas, em situa- tar o nome completo, posto ou graduação, cargo ou função e matrí-
ções que não permitam o processo normal de execução da despesa cula do suprido; destinação ou a finalidade da despesa a realizar; o
pública, isto é, licitação, dispensa ou inexigibilidade, empenho, li- valor do suprimento, em algarismos e por extenso, da importância
quidação e pagamento, Por isso, é recomendável muita prudência a ser entregue; a classificação funcional e a natureza de despesa;
na sua concessão, no sentido de evitar a generalização do seu uso. prazo de aplicação e prestação de contas.
b) Não se concederá suprimento de fundos:
I. A responsável por dois suprimentos; F) ELEMENTOS DE DESPESA QUE PODEM SER UTILIZADOS
II. A servidor que tenha a seu cargo a guarda ou utilização do O suprimento de fundos será concedido nos seguintes elemen-
material a adquirir, salvo quando não houver na repartição outro tos de despesa:
servidor; 3390.30 – Material de Consumo;
III. A responsável por suprimento de fundos que, esgotado o 3390.36 – Serviços de Terceiros/Pessoa Física;
prazo, não tenha prestado contas de sua aplicação; e 3390.39 – Serviços de Terceiros/Pessoa Jurídica;
IV. A servidor declarado em alcance. 339033 – Passagem e Locomoção.

35
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
NOTA: A aplicação de suprimentos de fundos em elemento de J) IRREGULARIDADES NA APLICAÇÃO
despesa diverso dos que foram citados acima, como, por exemplo, São consideradas irregularidades na aplicação e comprovação
para aquisição de Equipamentos ou Material Permanente (339052) de recursos liberados a título de suprimento de fundos:
constitui irregularidade insanável, estando o suprido obrigado a de- a) Qualquer despesa realizada anteriormente ou posterior ao
volver o recurso gasto incorretamente. Por isso, quando o suprido prazo de aplicação;
esteja em dúvida quanto à classificação correta do material a adqui- b) Quando forem aplicados em projeto ou atividade incompatí-
rir, recomendamos que antes de realizar a compra, procure obter veis com a finalidade de sua concessão;
informações junto à Coordenação de Prestação de Contas – CPC, ao c) Quando forem aplicados em desacordo com o elemento de
Departamento de Administração de Recursos Materiais – DARM ou despesa especificado no ato da concessão e na Nota de Empenho;
à Coordenação de Controle Interno. d) Quando aplicado em outro exercício financeiro do ato con-
Da mesma forma terá a prestação de contas impugnada, isto cessivo;
é, considerada IRREGULAR, não sujeita à aprovação pelo Ordena- e) Quando constatado o parcelamento de despesa na aplica-
dor de Despesas, o suprido que utilizar recurso de uma rubrica para ção do numerário, ou seja, a soma das Notas Fiscais com o mesmo
pagamento de produto ou serviço classificado em outra. Por exem- objeto;
plo, utilizar recurso da rubrica 339039(Serviços de Terceiro Pessoa f) Realizar os pagamentos que não seja em dinheiro e à vista,
Jurídica) pagar despesas classificadas na rubrica339030 (Material dada a vedação legal para aquisição/contratação a prazo.
de Consumo). Portanto, a recomendação é que se evite terminan-
temente este tipo de prática. Se configurada alguma das situações acima previstas, o suprido
terá que devolver o numerário gasto em desacordo com as normas
G) SERVIDOR IMPEDIDO DE RECEBER legais, independentemente de outras sanções disciplinares cabí-
a) Responsável por dois Suprimentos de Fundos ainda não veis.
comprovados;
b) Declarado em alcance, assim entendido aquele que tenha co- Registro de passivos sem execução orçamentária
metido apropriação indevida, extravio, desvio ou falta verificada na A característica fundamental da despesa orçamentária é de ser
prestação de contas, de dinheiro ou valores confiados à sua guarda; precedida de autorização legislativa, por meio do orçamento.
c) Que esteja respondendo a inquérito administrativo; A Constituição Federal veda, no inciso II do artigo 167, a realiza-
d) Que exerça as funções de Ordenador de Despesas; ção de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam
e) Responsável pelo setor financeiro; os créditos orçamentários ou adicionais.
f) Que esteja de licença, férias ou afastado. Não obstante a exigência constitucional, para evidenciar a real
situação patrimonial da entidade, todos os fatos devem ser registra-
H)DOCUMENTOS QUE DEVEM COMPOR A PRESTAÇÃO DE CON- dos na sua totalidade e no momento em que ocorrerem.
TAS Assim, mesmo pendente de autorização legislativa, deve haver
O processo de comprovação de suprimento de fundos deve ser o reconhecimento de obrigação pelo enfoque patrimonial no mo-
organizado com os documentos comprobatórios da efetivação da mento do fato gerador, observando-se o regime de competência e
despesa em ordem cronológica e com a rubrica do responsável pelo da oportunidade da despesa, conforme estabelece a Resolução do
referido suprimento, contendo as seguintes peças e nesta ordem: Conselho Federal de Contabilidade nº 750/93 que trata dos Princí-
a) Memorando de encaminhamento da prestação de contas; pios Fundamentais de Contabilidade. Como apresentado no início
b) Cópia da Portaria de concessão do Suprimento de Fundos; deste Manual, o Princípio da Competência estabelece que as despe-
c) Cópia da Ordem de Saque ou do extrato bancário; sas deverão ser incluídas na apuração do resultado do período em
d) Demonstrativos de Comprovação do Suprimento de Fundos,
que ocorrerem, independentemente do pagamento e o Princípio
preenchidos de acordo com o elemento de despesa;
da Oportunidade dispõe que os registros no patrimônio e das suas
e) Originais dos documentos comprobatórios da despesa (No-
mutações devem ocorrer de imediato e com a extensão correta, in-
tas Fiscais de vendas, Notas Fiscais de prestação de serviços – pes-
dependentemente das causas que as originaram.
soa jurídica, faturas e recibos de pessoas físicas) sem emendas, ra-
O momento de reconhecimento da despesa por competência
suras, acréscimos ou entrelinhas;
também foi adotado pela Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, no
f) Cópia da Guia de Recolhimento (GR) do saldo não aplicado
inciso II, do artigo 50, reforçando entendimento patrimonialista so-
(se houver).
bre a utilização da ocorrência do fato gerador como o momento
É importante frisar que os documentos fiscais deverão obser- determinante para o registro da despesa.
var ainda as seguintes exigências: A LRF também determina que o Anexo de Metas Fiscais de-
a) Serem emitidos em nome da UEPA por quem forneceu o ma- monstre a real evolução do patrimônio líquido do exercício e dos
terial ou prestou o serviço; últimos três.
b) Serem obrigatoriamente emitidos sempre igual ou posterior Para que essa informação seja útil e confiável é necessário que
à data da concessão do suprimento de fundos; os lançamentos observem os Princípios Fundamentais de Contabi-
c) Conterem o detalhamento do material fornecido ou do ser- lidade.
viço prestado (discriminação da quantidade de produto ou serviço), Portanto, ocorrendo o fato gerador de uma despesa e não ha-
evitando generalizações ou abreviaturas que impeçam o conheci- vendo dotação no orçamento, a contabilidade, em observância aos
mento da natureza das despesas e da unidade fornecida. Princípios Fundamentais de Contabilidade e às legislações citadas,
deverá registrá-la no sistema patrimonial.
I) ATESTO DOS COMPROVANTES DE DESPESAS O reconhecimento dessa despesa ocorrerá com a incorporação
Para comprovar o efetivo recebimento do material e da presta- de passivo em contrapartida ao registro no Sistema Patrimonial de
ção de serviço no que concerne à quantidade e à qualidade adqui- variação passiva.
rida, os comprovantes de despesas deverão ser atestados por servi- Ressalta-se que esse passivo pertence ao Sistema Patrimonial,
dor suficientemente identificado (cargo, função, assinatura legível) portanto depende de autorização legislativa para amortização.
que não seja necessariamente o suprido.

36
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
No momento do registro da despesa orçamentária, o passivo em fase de verificação do direito adquirido pelo credor ou quando o
patrimonial deve ser baixado em contrapartida de variação ativa prazo para cumprimento da obrigação assumida pelo credor estiver
patrimonial. Simultaneamente, ocorre o registro de passivo cor- vigente.
respondente no Sistema Financeiro em contrapartida da despesa Observando-se o Princípio da Anualidade Orçamentária, as par-
orçamentária, em substituição ao passivo do Sistema Patrimonial. celas dos contratos e convênios somente deverão ser empenhadas
Logo, tendo ocorrido a contraprestação de bens e serviços ou e contabilizadas no exercício financeiro se a execução for realizada
qualquer outra situação que enseje obrigação a pagar para uma até 31 de dezembro ou se o prazo para cumprimento da obrigação
determinada unidade gestora, mesmo sem previsão orçamentária, assumida pelo credor estiver vigente.
esta deverá registrar o passivo correspondente, sem prejuízo das As parcelas remanescentes deverão ser registradas nas Contas
possíveis responsabilidades e providências previstas na legislação, de Compensação e incluídas na previsão orçamentária para o exer-
inclusive as citadas pela Lei de Crimes Fiscais. cício financeiro em que estiver prevista a competência da despesa.
Caso o crédito orçamentário conste em orçamento de exer- A inscrição de despesa em Restos a Pagar não processados é
cício posterior à ocorrência do fato gerador da obrigação, deverá procedida após a depuração das despesas pela anulação de empe-
ser utilizada natureza de despesa com elemento 92 – Despesas de nhos, no exercício financeiro de sua emissão, ou seja, verificam-se
Exercícios Anteriores, em cumprimento à Portaria Interministerial quais despesas devem ser inscritas em Restos a Pagar, anulam-se as
STN/SOF nº 163/01 e ao artigo 37 da Lei nº4.320/1964, que dispõe: demais e inscrevem-se os Restos a Pagar não processados do exer-
cício.
“Art. 37.As despesas de exercícios encerrados, para os quais o No momento do pagamento de Restos a Pagar referente à des-
orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo sufi- pesa empenhada pelo valor estimado, verifica-se se existe diferença
ciente para atendê-las, que não se tenham processados na época entre o valor da despesa inscrita e o valor real a ser pago; se existir
própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida diferença, procede-se da seguinte forma:
e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício Se o valor real a ser pago for superior ao valor inscrito, a di-
correspondente, poderão ser pagos à conta de dotação específica ferença deverá ser empenhada a conta de despesas de exercícios
consignada no orçamento, discriminada por elemento, obedecida, anteriores;
sempre que possível, a ordem cronológica.” Se o valor real for inferior ao valor inscrito, o saldo existente
A falta de registro de obrigações oriundas de despesas já in- deverá ser cancelado.
corridas resultará em demonstrações incompatíveis com as normas A inscrição de Restos a Pagar deve observar aos limites e condi-
de contabilidade, além da geração de informações incompletas em ções de modo a prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar
demonstrativos exigidos pela LRF, a exemplo do Demonstrativo da o equilíbrio das contas públicas, conforme estabelecido na Lei de
Dívida Consolidada Líquida, tendo como consequência análise dis- Responsabilidade Fiscal – LRF.
torcida da situação fiscal e patrimonial do ente. A LRF determina ainda, em seu artigo 42, que qualquer despesa
empenhada nos últimos oito meses do mandato deve ser totalmen-
RESTOS A PAGAR te paga no exercício, acabando por vetar sua inscrição ou parte dela
No final do exercício, as despesas orçamentárias empenhadas e em Restos a Pagar, a não ser que haja suficiente disponibilidade de
não pagas serão inscritas em Restos a Pagar e constituirão a Dívida caixa para viabilizar seu correspondente pagamento.
Flutuante. Observa-se que, embora a Lei de Responsabilidade Fiscal não
Podem-se distinguir dois tipos de Restos a Pagar, os Processa- aborde o mérito do que pode ou não ser inscrito em Restos a Pagar,
dos e os Não processados. veda contrair obrigação no último ano do mandato do governante
Os Restos a Pagar Processados são aqueles em que a despesa sem que exista a respectiva cobertura financeira, eliminando desta
orçamentária percorreu os estágios de empenho e liquidação, res- forma as heranças fiscais, conforme disposto no seu artigo 42:
tando pendente, apenas, o estágio do pagamento. “Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no
Os Restos a Pagar Processados não podem ser cancelados, art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair
tendo em vista que o fornecedor de bens/serviços cumpriu com a obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente
obrigação de fazer e a administração não poderá deixar de cumprir dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício se-
coma obrigação de pagar sob pena de estar deixando de cumprir os guinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este
Princípios da Moralidade que rege a Administração Pública e está efeito.
previsto no artigo 37 da Constituição Federal, abaixo transcrito. Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de cai-
O cancelamento caracteriza, inclusive, forma de enriquecimen- xa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a
to ilícito, conforme Parecer nº 401/2000 da Procuradoria-Geral da pagar até o final do exercício.”
Fazenda Nacional.
É prudente que a inscrição de despesas orçamentárias em Res-
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer tos a Pagar não processados observe a disponibilidade de caixa e a
competência da despesa.
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
Reconhecimento da despesa orçamentária inscrita em restos a
nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
pagar não processados no encerramento do exercício.
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”.
A norma legal estabeleceu que, no encerramento do exercício,
a parcela da despesa orçamentária que se encontrar em qualquer
Somente poderão ser inscritas em Restos a Pagar as despesas
fase de execução posterior à emissão do Empenho e anterior ao
de competência do exercício financeiro, considerando-se como des-
Pagamento será considerada restos a pagar.
pesa liquidada aquela em que o serviço, obra ou material contra-
O raciocínio implícito na lei é de que a receita orçamentária
tado tenha sido prestado ou entregue e aceito pelo contratante, e
a ser utilizada para pagamento da despesa empenhada em deter-
não liquidada, mas de competência do exercício, aquela em que o minado exercício já foi arrecadada ou ainda será arrecadada no
serviço ou material contratado tenha sido prestado ou entregue e mesmo ano e estará disponível no caixa do governo ainda neste
que se encontre, em 31 de dezembro de cada exercício financeiro, exercício.

37
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Logo, como a receita orçamentária que ampara o empenho pertence ao exercício e serviu de base, dentro do princípio orçamentário
do equilíbrio, para a fixação da despesa orçamentária autorizada pelo congresso, a despesa que for empenhada com base nesse crédito
orçamentário também deverá pertencer ao exercício.
Supondo que determinada receita tenha sido arrecadada e permaneça no caixa, portanto, integrando o ativo financeiro do ente pú-
blico no final do exercício.
Existindo concomitantemente uma despesa empenhada, que criou para o estado uma obrigação pendente do cumprimento do pro-
gramo de condição, terá que ser registrada também numa conta de passivo financeiro, senão o ente público estará apresentando em seu
balanço patrimonial, ao final do exercício, superávit financeiro (ativo financeiro – passivo financeiro), que poderia ser objeto de abertura
de crédito adicional no ano seguinte na forma prevista na lei.
No entanto, a receita que permaneceu no caixa na virada do exercício já está comprometida com o empenho que foi inscrito em restos
a pagar e, portanto, não poderia ser utilizada para abertura de novo crédito.
Dessa forma, o registro do passivo financeiro é inevitável, mesmo não se tratando de um passivo consumado, pois falta o cumprimen-
to do programo de condição, mas por força do artigo 35 da Lei 4.320/1964 e da apuração do superávit financeiro tem que ser registrado.
Assim, suponha os seguintes fatos a serem registrados na contabilidade de um determinado ente público:
1) recebimento de receitas tributárias no valor de $1000 unidades monetárias
2) empenho da despesa no valor de $900 unidades monetárias
3) liquidação de despesa corrente no valor de $ 700 unidades monetárias
4) pagamento da despesa no valor de $ 400
5) inscrição de restos a pagar, sendo $300 de restos a pagar processado ($700-$400) e $200de restos a apagar não processado ($900-
700).

O ingresso no caixa será registrado no sistema financeiro em contrapartida de receita orçamentária.


(1). O empenho da despesa é um ato que potencialmente poderá afetar o patrimônio após o cumprimento do implemento de condi-
ção e a verificação do direito adquirido pelo credor,devendo então ser registrado no ativo e passivo compensado
(2).O reconhecimento da despesa orçamentária ao longo do exercício deve ser realizado no momento da liquidação, em contrapartida
da assunção de uma obrigação a pagar (passivo)
(3). Ao efetuar o pagamento de parte da despesa liquidada o saldo na conta movimento diminuirá no mesmo valor da diminuição do
passivo.
(4). Registrando de forma simplificada as operações na contabilidade do ente teríamos a seguinte apresentação das contas num ba-
lancete

1 – ATIVO 2 – PASSIVO
Conta Movimento – 1.000 (D) (1) Fornecedores – 700 (C) (3)
400 (C) (4) 400 (D) (4)
Saldo – 600 (D) Saldo –300 (C)
1.9 – ATIVO COMPENSADO 2.9 – PASSIVO COMPENSADO
Empenhos a Liquidar – R$ 900 (C) (2)
3 – DESPESA Crédito Disponível – R$900 (D) (2)
Despesa Corrente – 700 (D) (3) 4 – RECEITA
Total 2.200 (C) (1+2+3+4) Receitas Tributárias – 1.000 (C) (1)
Total 2.200 (D) (1+2+3+4)

Se ao final do exercício somente existiram essas operações serão inscritos em restos a pagar a despesa empenhada e não paga ($900-
$400), separando-se a liquidada da não liquidada.
Assim o total de restos a pagar inscrito será de $500, sendo $300 ($700-400) referente a restos a pagar processados (liquidados) e
$200 ($900-$700) restos a apagar não processado (liquidado).
Os restos apagar processado já está registrado no passivo financeiro em contrapartida da despesa ($700), resta agora registrar a ins-
crição de restos a pagar não processado.
Verifica-se que na situação anterior ao momento da inscrição dos restos a pagar, o ente está apresentando um superávit financeiro
(ativo financeiro - passivo financeiro) de $300 ($600-$300), pois possui saldo na conta movimento de $600 e passivo com fornecedores de
$300. No entanto, do total empenhado ($900) permanecem ($200) que ainda não foram liquidados até o final do exercício, mas que tem
um compromisso assumido entre o ente e o fornecedor.
Assim, o superávit financeiro real não é de $300, mas de $100, pois parte do saldo de caixa está comprometido com o empenho que
está a liquidar. Dessa forma, a contabilidade deve reconhecer um passivo financeiro quando da inscrição do resto a pagar não processado,
em contrapartida de despesa, como foi explicado anteriormente.

38
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
1. ATIVO 2. PASSIVO 300 (C)
600 (C) 200 (C)
Conta Movimento Fornecedores 500(C)
(5) Saldo
1.9 Ativo Compensado 900 (C)
2.9 Passivo Compensado 900 (D)
Empenhos a Liquidar
700 (D) Crédito Disponível
3. Despesa 200 (D)
Despesa Corrente 900 (D) 4 -Receita 1.000 (C)
(5) Receitas Tributárias
Saldo Total
2400 (D)
Total

(5) Agora, após o lançamento da inscrição do restos a pagar não processado o superávit financeiro será de $100 (Saldo Conta Movi-
mento – Saldo Fornecedores), ou seja, a contabilidade informa para o gestor que somente $100 unidades monetárias estão livres para
consecução de novas despesas, a partir da abertura de novos créditos orçamentários, pois o empenho não liquidado é um compromisso
assumido que só depende agora do cumprimento do implemento de condição por parte do fornecedor, que quando acontecer deverá ser
reconhecido pela entidade e registrado na contabilidade para posterior pagamento com a receita ingressada no ano anterior, ou seja, no
mesmo exercício da despesa.
O Balanço Financeiro simplificado ao final do exercício em cumprimento ao artigo 103 da Lei4.320/1964 será:

INGRESSOS 1.000 DISPÊNDIOS 400


500
Receita Orçamentária (Saldo Atual) 300 Despesa Orçamentária
200 (Saldo Atual)
Inscrição de Restos A Pagar (Saldo
Atual) Paga 600
0 Não Paga
Processados (Fornecedor)
Não processados Disponível saldo atual 1.500
1.500
Disponível (Saldo Anterior) Total

Total

Ao determinar que, no final do exercício, fosse reconhecida como despesa orçamentária aquela empenhada, independentemente de
sua liquidação, observa-se claramente que o legislador deu mais importância ao princípio da legalidade da despesa e da anualidade do
Orçamento, em detrimento do registro da despesa sob o regime da competência restrita.
Porém, para atender ao Princípio da Competência e aos Princípios da Legalidade da Despesa e da Anualidade do Orçamento, é neces-
sário fazer alguns ajustes no encerramento do exercício, a saber:
Com o objetivo de evitar demonstrar um superávit financeiro inexistente, que pode ser utilizado para abertura de créditos adicionais
sem lastro, comprometendo a situação financeira do ente, é recomendável que se proceda a execução da despesa orçamentária mesmo
faltando o cumprimento do implemento de condição.
Tal procedimento é concebido mediante o registro da despesa orçamentária em contrapartida com uma conta de passivo no sistema
financeiro. Observa-se que tal registro criou um passivo “fictício” e, portanto, deve-se registrar, simultaneamente, uma conta redutora
deste passivo, no sistema patrimonial.

CONTA ÚNICA DO TESOURO


A Conta Única do Tesouro Nacional, mantida no Banco Central do Brasil, acolhe todas as disponibilidades financeiras da União, inclu-
sive fundos, de suas autarquias e fundações.
Constitui importante instrumento de controle das finanças públicas, uma vez que permite a racionalização da administração dos recur-
sos financeiros, reduzindo a pressão sobre a caixa do Tesouro, além de agilizar os processos de transferência e descentralização financeira
e os pagamentos a terceiros.
O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que promoveu a organização da Administração Federal e estabeleceu as diretrizes
para Reforma Administrativa, determinou ao Ministério da Fazenda que implementasse a unificação dos recursos movimentados pelo
Tesouro Nacional, através de sua Caixa junto ao agente financeiro da União, de forma a garantir maior economia operacional e a raciona-
lização dos procedimentos relativos a execução da programação financeira de desembolso.
Tal determinação legal só foi integralmente cumprida com a promulgação da Constituição de 1988, quando todas as disponibilidades
do Tesouro Nacional, existentes nos diversos agentes financeiros, foram transferidas para o Banco Central do Brasil, em Conta Única cen-
tralizada, exercendo o Banco do Brasil a função de agente financeiro do Tesouro.

39
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
As regras dispondo sobre a unificação dos recursos do Tesou- b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por deter-
ro Nacional em Conta Única foram estabelecidas pelo Decreto nº. minação constitucional;
93.872, de 23 de dezembro de 1986. c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos
servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistên-
cia social e as receitas provenientes da compensação financeira ci-
LEI COMPLEMENTAR Nº 101/2000 E SUAS ALTERAÇÕES tada no § 9º do art. 201 da Constituição.
(LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL) § 1º Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os
valores pagos e recebidos em decorrência da Lei Complementar no
87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60 do
LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000 Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
§ 2º Não serão considerados na receita corrente líquida do
Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a respon- Distrito Federal e dos Estados do Amapá e de Roraima os recursos
sabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- inciso V do § 1º do art. 19.
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: § 3º A receita corrente líquida será apurada somando-se as
receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores,
CAPÍTULO I excluídas as duplicidades.
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO II
Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças DO PLANEJAMENTO
públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com am-
paro no Capítulo II do Título VI da Constituição. SEÇÃO I
§ 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação pla- DO PLANO PLURIANUAL
nejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem des-
vios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o Art. 3º (VETADO)
cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a
SEÇÃO II
obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita,
DA LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dí-
vidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por
Art. 4º A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no
antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos
§ 2o do art. 165 da Constituição e:
a Pagar.
I - disporá também sobre:
§ 2º As disposições desta Lei Complementar obrigam a União,
a) equilíbrio entre receitas e despesas;
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada
§ 3º Nas referências: nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art.
I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, 9o e no inciso II do § 1o do art. 31;
estão compreendidos: c)(VETADO)
a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os d)(VETADO)
Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público; e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos re-
b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, sultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;
fundações e empresas estatais dependentes; f) demais condições e exigências para transferências de recur-
II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal; sos a entidades públicas e privadas;
III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da II -(VETADO)
União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de III -(VETADO)
Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município. § 1º Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Ane-
Art. 2º Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se xo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em
como: valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, re-
I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal sultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o
e cada Município; exercício a que se referirem e para os dois seguintes.
II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital so- § 2º O Anexo conterá, ainda:
cial com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano ante-
Federação; rior;
III - empresa estatal dependente: empresa controlada que re- II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e
ceba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos,
despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluí- comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evi-
dos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de partici- denciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da
pação acionária; política econômica nacional;
IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três
de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de servi- exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos
ços, transferências correntes e outras receitas também correntes, com a alienação de ativos;
deduzidos: IV - avaliação da situação financeira e atuarial:
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servi-
por determinação constitucional ou legal, e as contribuições men- dores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;
cionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natu-
239 da Constituição; reza atuarial;

40
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia § 3º Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil con-
de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de terão notas explicativas sobre os custos da remuneração das dis-
caráter continuado. ponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das reservas
§ 3º A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos, destacando os
Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros ris- de emissão da União.
cos capazes de afetar as contas públicas, informando as providên-
cias a serem tomadas, caso se concretizem. SEÇÃO IV
§ 4º A mensagem que encaminhar o projeto da União apre- DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E
sentará, em anexo específico, os objetivos das políticas monetária, DO CUMPRIMENTO DAS METAS
creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para
seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, Art. 8º Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos
para o exercício subsequente. termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias e obser-
vado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo
SEÇÃO III estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execu-
DA LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL ção mensal de desembolso.(Vide Decreto nº 4.959, de 2004)(Vide
Decreto nº 5.356, de 2005)
Art. 5º O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalida-
compatível com o plano plurianual, com a lei de diretrizes orçamen- de específica serão utilizados exclusivamente para atender ao ob-
tárias e com as normas desta Lei Complementar: jeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em
I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da que ocorrer o ingresso.
programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes Art. 9º Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização
do documento de que trata o § 1o do art. 4o; da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de re-
II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do sultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fis-
art. 165 da Constituição, bem como das medidas de compensação cais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio
a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de e nos montantes necessários, nos trinta dias subsequentes, limita-
caráter continuado; ção de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão § 1º No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda
estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao: que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram
a)(VETADO) limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e § 2º Não serão objeto de limitação as despesas que constituam
eventos fiscais imprevistos. obrigações constitucionais e legais do ente, inclusive aquelas desti-
§ 1º Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou nadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei
contratual, e as receitas que as atenderão, constarão da lei orça- de diretrizes orçamentárias.
mentária anual. § 3º No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministé-
rio Público não promoverem a limitação no prazo estabelecido no
§ 2º O refinanciamento da dívida pública constará separada-
caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financei-
mente na lei orçamentária e nas de crédito adicional.
ros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
§ 3º A atualização monetária do principal da dívida mobiliária
(Vide ADIN 2.238-5)
refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços pre-
§ 4º Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o
visto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica. Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das metas
§ 4º É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finali- fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão re-
dade imprecisa ou com dotação ilimitada. ferida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas
§ 5º A lei orçamentária não consignará dotação para investi- Legislativas estaduais e municipais.
mento com duração superior a um exercício financeiro que não es- § 5º No prazo de noventa dias após o encerramento de cada se-
teja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclu- mestre, o Banco Central do Brasil apresentará, em reunião conjunta
são, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição. das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avalia-
§ 6º Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei ção do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária,
orçamentária, as do Banco Central do Brasil relativas a pessoal e creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas
encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a operações e os resultados demonstrados nos balanços.
benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos. Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os bene-
§ 7º (VETADO) ficiários de pagamento de sentenças judiciais, por meio de sistema de
Art. 6º (VETADO) contabilidade e administração financeira, para fins de observância da
Art. 7º O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após ordem cronológica determinada no art. 100 da Constituição.
a constituição ou reversão de reservas, constitui receita do Tesou-
ro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil subsequente à CAPÍTULO III
aprovação dos balanços semestrais. DA RECEITA PÚBLICA
§ 1º O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro
para com o Banco Central do Brasil e será consignado em dotação SEÇÃO I
específica no orçamento. DA PREVISÃO E DA ARRECADAÇÃO
§ 2º O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo
Banco Central do Brasil serão demonstrados trimestralmente, nos Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade
termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias da União. na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos
os tributos da competência constitucional do ente da Federação.

41
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências volun- CAPÍTULO IV
tárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se DA DESPESA PÚBLICA
refere aos impostos.
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técni- SEÇÃO I
cas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, DA GERAÇÃO DA DESPESA
da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demons- Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e le-
trativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os sivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de
dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cál- obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.
culo e premissas utilizadas. Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação go-
§ 1º Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só vernamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado
será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem técnica de:
ou legal. I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício
§ 2º O montante previsto para as receitas de operações de cré- em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;
dito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem
do projeto de lei orçamentária.(Vide ADIN 2.238-5) adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual
§ 3º O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes
demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes orçamentárias.
do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentá- § 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
rias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício sub- I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto
sequente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por cré-
de cálculo. dito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma
Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho,
desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arre- não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;
cadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orça-
medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valo- mentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos,
res de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja
evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobran- qualquer de suas disposições.
ça administrativa. § 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompa-
nhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.
SEÇÃO II § 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considera-
DA RENÚNCIA DE RECEITA da irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orça-
mentárias.
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de § 4o As normas do caput constituem condição prévia para:
natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou
acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro execução de obras;
no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o
atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo me- do art. 182 da Constituição.
nos uma das seguintes condições:(Vide Medida Provisória nº 2.159,
de 2001)(Vide Lei nº 10.276, de 2001) SUBSEÇÃO I
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi con- DA DESPESA OBRIGATÓRIA DE CARÁTER CONTINUADO
siderada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do
art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a des-
no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; pesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato adminis-
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no pe- trativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua
ríodo mencionado no caput, por meio do aumento de receita, pro- execução por um período superior a dois exercícios.
veniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, § 1º Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata
majoração ou criação de tributo ou contribuição. o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso
§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédi- I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.
to presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração § 2º Para efeito do atendimento do § 1º, o ato será acompa-
de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redu- nhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não
ção discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido
que correspondam a tratamento diferenciado. no § 1º do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos
seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita
§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou bene- ou pela redução permanente de despesa.
fício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida § 3º Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de
no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base
as medidas referidas no mencionado inciso. de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§ 3o O disposto neste artigo não se aplica: § 4º A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo pro-
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos in- ponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas,
cisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1º; sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as de-
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao mais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentá-
dos respectivos custos de cobrança. rias.

42
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
§ 5º A despesa de que trata este artigo não será executada an- a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legisla-
tes da implementação das medidas referidas no § 2o, as quais inte- tivo, incluído o Tribunal de Contas da União;
grarão o instrumento que a criar ou aumentar. b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
§ 6º O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para
ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pes- o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas
soal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição. com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do
§ 7º Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19,
criada por prazo determinado. repartidos de forma proporcional à média das despesas relativas
a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente
SEÇÃO II líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente
DAS DESPESAS COM PESSOAL anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;(Vide Decreto
nº 3.917, de 2001)
SUBSEÇÃO I d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da
DEFINIÇÕES E LIMITES União;
II - na esfera estadual:
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de
como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente Contas do Estado;
da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;
como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proven- III - na esfera municipal:
tos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gra- a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de
tificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, Contas do Município, quando houver;
bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às b) 54% (cinquenta e quatro por cento) para o Executivo.
entidades de previdência. § 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os li-
§ 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra mites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à
que se referem à substituição de servidores e empregados públicos média das despesas com pessoal, em percentual da receita corren-
serão contabilizados como “Outras Despesas de Pessoal”. te líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente
§ 2o A despesa total com pessoal será apurada somando-se a anteriores ao da publicação desta Lei Complementar.
realizada no mês em referência com as dos onze imediatamente § 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão:
anteriores, adotando-se o regime de competência. I - o Ministério Público;
Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Consti- II - no Poder Legislativo:
tuição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;
e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas;
da receita corrente líquida, a seguir discriminados: c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Con-
I - União: 50% (cinqüenta por cento); tas do Distrito Federal;
II - Estados: 60% (sessenta por cento); d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas
III - Municípios: 60% (sessenta por cento). do Município, quando houver;
§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste III - no Poder Judiciário:
artigo, não serão computadas as despesas: a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados; b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.
II - relativas a incentivos à demissão voluntária; § 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciá-
III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do rio, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da Constitui-
art. 57 da Constituição; ção, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o.
IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de perío- § 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Mu-
do anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18; nicípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do
V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4%
Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma (quatro décimos por cento).
dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emen- § 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega
da Constitucional no 19; dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com pes-
VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específi- soal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percen-
co, custeadas por recursos provenientes: tuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes
a) da arrecadação de contribuições dos segurados; orçamentárias.
b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 § 6o(VETADO)
da Constituição;
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vin- SUBSEÇÃO II
culado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, DO CONTROLE DA DESPESA TOTAL COM PESSOAL
direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.
§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da
com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no despesa com pessoal e não atenda:
limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20. I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constitui-
exceder os seguintes percentuais: ção;
I - na esfera federal:

43
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas da, para este cálculo, a receita corrente líquida do quadrimestre
com pessoal inativo. correspondente do ano anterior atualizada monetariamente.(In-
Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que cluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) Produção de efeitos
resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oi-
tenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo SEÇÃO III
Poder ou órgão referido no art. 20. DAS DESPESAS COM A SEGURIDADE SOCIAL
Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabeleci-
dos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre. Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade so-
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% cial poderá ser criado, majorado ou estendido sem a indicação da
(noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou ór- fonte de custeio total, nos termos do § 5o do art. 195 da Constitui-
gão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso: ção, atendidas ainda as exigências do art. 17.
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de § 1o É dispensada da compensação referida no art. 17 o au-
remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença ju- mento de despesa decorrente de:
dicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de
prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; habilitação prevista na legislação pertinente;
II - criação de cargo, emprego ou função; II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços pres-
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento tados;
de despesa; III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação preservar o seu valor real.
de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de § 2o O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de
aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde, previdência e assistência social, inclusive os destinados aos
saúde e segurança; servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no in-
ciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na CAPÍTULO V
lei de diretrizes orçamentárias. DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão re-
ferido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por
sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual exce- transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de ca-
dente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sen- pital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou
do pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as assistência financeira, que não decorra de determinação constitu-
providências previstas nos §§ 3º e 4o do art. 169 da Constituição. cional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
§ 1o No caso do inciso I do § 3º do art. 169 da Constituição, o § 1o São exigências para a realização de transferência voluntá-
objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e fun- ria, além das estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias:
ções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos.(Vide ADIN I - existência de dotação específica;
2.238-5) II - (VETADO)
§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Cons-
com adequação dos vencimentos à nova carga horária. (Vide ADIN tituição;
2.238-5) IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:
§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquan- a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos,
to perdurar o excesso, o ente não poderá: empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem
I - receber transferências voluntárias; como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; recebidos;
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educa-
ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução ção e à saúde;
das despesas com pessoal. c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária,
§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a des- de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de
pesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;
do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos d) previsão orçamentária de contrapartida.
no art. 20. § 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalida-
§ 5º As restrições previstas no § 3º deste artigo não se apli- de diversa da pactuada.
cam ao Município em caso de queda de receita real superior a 10% § 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de trans-
(dez por cento), em comparação ao correspondente quadrimestre ferências voluntárias constantes desta Lei Complementar, exce-
do exercício financeiro anterior, devido a:(Incluído pela Lei Comple- tuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência
mentar nº 164, de 2018)Produção de efeitos social.
I – diminuição das transferências recebidas do Fundo de Partici-
pação dos Municípios decorrente de concessão de isenções tributá- CAPÍTULO VI
rias pela União; e(Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS
Produção de efeitos PARA O SETOR PRIVADO
II – diminuição das receitas recebidas de royalties e participa-
ções especiais.(Incluído pela Lei Complementar nº 164, de 2018) Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamen-
Produção de efeitos te, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas
§ 6º O disposto no § 5º deste artigo só se aplica caso a despesa jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condi-
total com pessoal do quadrimestre vigente não ultrapasse o limite ções estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar previs-
percentual previsto no art. 19 desta Lei Complementar, considera- ta no orçamento ou em seus créditos adicionais.

44
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
§ 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração in- § 4o O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não
direta, inclusive fundações públicas e empresas estatais, exceto, no excederá, ao término de cada exercício financeiro, o montante do
exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito au-
o Banco Central do Brasil. torizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas,
§ 2o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, acrescido de atualização monetária.
financiamentos e refinanciamentos, inclusive as respectivas prorro-
gações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a SEÇÃO II
participação em constituição ou aumento de capital. DOS LIMITES DA DÍVIDA PÚBLICA E DAS OPERAÇÕES DE
Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pes- CRÉDITO
soa física, ou jurídica que não esteja sob seu controle direto ou in-
direto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei
não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação. Complementar, o Presidente da República submeterá ao:
Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante
prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo
de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financia- o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como
mentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio correspon- de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo
dente consignado na lei orçamentária. artigo;
Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utili- II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites
zados recursos públicos, inclusive de operações de crédito, para para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inci-
socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que so XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração
mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financia- de sua adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da
mentos para mudança de controle acionário. União, atendido o disposto no inciso I do § 1o deste artigo.
§ 1o A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo § 1o As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas
de fundos, e outros mecanismos, constituídos pelas instituições do alterações conterão:
Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei. I - demonstração de que os limites e condições guardam coe-
§ 2o O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil rência com as normas estabelecidas nesta Lei Complementar e com
de conceder às instituições financeiras operações de redesconto e os objetivos da política fiscal;
de empréstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias. II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma
das três esferas de governo;
CAPÍTULO VII III - razões de eventual proposição de limites diferenciados por
DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO esfera de governo;
IV - metodologia de apuração dos resultados primário e no-
SEÇÃO I minal.
DEFINIÇÕES BÁSICAS § 2o As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput tam-
bém poderão ser apresentadas em termos de dívida líquida, evi-
Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas denciando a forma e a metodologia de sua apuração.
as seguintes definições: § 3o Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera
apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação
Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites máximos.
tratados e da realização de operações de crédito, para amortização § 4o Para fins de verificação do atendimento do limite, a apu-
em prazo superior a doze meses; ração do montante da dívida consolidada será efetuada ao final de
II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por
cada quadrimestre.
títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil,
§ 5o No prazo previsto no art. 5o, o Presidente da República
Estados e Municípios;
enviará ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional, conforme o
III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido
caso, proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições
em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título,
previstos nos incisos I e II do caput.
aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores
§ 6o Sempre que alterados os fundamentos das propostas de
provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento
que trata este artigo, em razão de instabilidade econômica ou alte-
mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de
derivativos financeiros; rações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente da Repúbli-
IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de ca poderá encaminhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional
obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação solicitação de revisão dos limites.
ou entidade a ele vinculada; § 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução
V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos do orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida
para pagamento do principal acrescido da atualização monetária. consolidada, para fins de aplicação dos limites.
§ 1o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reco-
nhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem SEÇÃO III
prejuízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16. DA RECONDUÇÃO DA DÍVIDA AOS LIMITES
§ 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a
relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco Central Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultra-
do Brasil. passar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser
§ 3o Também integram a dívida pública consolidada as ope- a ele reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo
rações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas te- o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no pri-
nham constado do orçamento. meiro.

45
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
§ 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver § 4o Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e
incorrido: do Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda efetuará o regis-
I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou tro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna
externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinan- e externa, garantido o acesso público às informações, que incluirão:
ciamento do principal atualizado da dívida mobiliária; I - encargos e condições de contratação;
II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívi- II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada
da ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de em- e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.
penho, na forma do art. 9o. § 5o Os contratos de operação de crédito externo não conte-
§ 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e en- rão cláusula que importe na compensação automática de débitos
quanto perdurar o excesso, o ente ficará também impedido de re- e créditos.
ceber transferências voluntárias da União ou do Estado. § 6o O prazo de validade da verificação dos limites e das condi-
§ 3o As restrições do § 1o aplicam-se imediatamente se o mon- ções de que trata este artigo e da análise realizada para a concessão
tante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último de garantia pela União será de, no mínimo, 90 (noventa) dias e, no
ano do mandato do Chefe do Poder Executivo. máximo, 270 (duzentos e setenta) dias, a critério do Ministério da
§ 4o O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a rela- Fazenda. (Incluído pela Lei Complementar nº 159, de 2017)
ção dos entes que tenham ultrapassado os limites das dívidas con- Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de cré-
solidada e mobiliária. dito com ente da Federação, exceto quando relativa à dívida mobi-
§ 5o As normas deste artigo serão observadas nos casos de liária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação
descumprimento dos limites da dívida mobiliária e das operações atende às condições e limites estabelecidos.
de crédito internas e externas. § 1o A operação realizada com infração do disposto nesta Lei
Complementar será considerada nula, procedendo-se ao seu cance-
SEÇÃO IV lamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento
DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO de juros e demais encargos financeiros.
§ 2o Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso
SUBSEÇÃO I dos recursos, será consignada reserva específica na lei orçamentá-
DA CONTRATAÇÃO ria para o exercício seguinte.
§ 3o Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortização,
Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos ou constituída a reserva, aplicam-se as sanções previstas nos incisos
limites e condições relativos à realização de operações de crédito do § 3o do art. 23.
de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles contro- § 4o Também se constituirá reserva, no montante equivalente
ladas, direta ou indiretamente. ao excesso, se não atendido o disposto no inciso III do art. 167 da
§ 1o O ente interessado formalizará seu pleito fundamentan- Constituição, consideradas as disposições do § 3o do art. 32.
do-o em parecer de seus órgãos técnicos e jurídicos, demonstrando
a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da opera- SUBSEÇÃO II
ção e o atendimento das seguintes condições: DAS VEDAÇÕES
I - existência de prévia e expressa autorização para a contra-
tação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida
específica; pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Comple-
II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos re- mentar.
cursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um
antecipação de receita; ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autar-
III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado quia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive
Federal; suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma
IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída
de operação de crédito externo; anteriormente.
V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons- § 1o Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as opera-
tituição; ções entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação,
VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei inclusive suas entidades da administração indireta, que não se des-
Complementar.
tinem a:
§ 2o As operações relativas à dívida mobiliária federal autori-
I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;
zadas, no texto da lei orçamentária ou de créditos adicionais, serão
II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição
objeto de processo simplificado que atenda às suas especificidades.
concedente.
§ 3o Para fins do disposto no inciso V do § 1o, considerar-se-á,
§ 2o O disposto no caput não impede Estados e Municípios de
em cada exercício financeiro, o total dos recursos de operações de
comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo-
crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas,
nibilidades.
observado o seguinte:
I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição
sob a forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte, com financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualida-
o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de de de beneficiário do empréstimo.
competência do ente da Federação, se resultar a diminuição, direta Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição fi-
ou indireta, do ônus deste; nanceira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida públi-
II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I ca para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida
for concedido por instituição financeira controlada pelo ente da Fe- de emissão da União para aplicação de recursos próprios.
deração, o valor da operação será deduzido das despesas de capital; Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:
III - (VETADO)

46
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
I - captação de recursos a título de antecipação de receita de § 2o O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente
tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido, títulos emitidos pela União para refinanciar a dívida mobiliária fede-
sem prejuízo do disposto no § 7o do art. 150 da Constituição; ral que estiver vencendo na sua carteira.
II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o § 3o A operação mencionada no § 2o deverá ser realizada à
Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capi- taxa média e condições alcançadas no dia, em leilão público.
tal social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da § 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida
legislação; pública federal existentes na carteira do Banco Central do Brasil,
III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mo-
operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou biliária.
serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não
se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes; SEÇÃO V
IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, DA GARANTIA E DA CONTRAGARANTIA
com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.
Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de
SUBSEÇÃO III crédito internas ou externas, observados o disposto neste artigo,
DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO POR ANTECIPAÇÃO DE RECEITA as normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as
ORÇAMENTÁRIA condições estabelecidos pelo Senado Federal.
§ 1o A garantia estará condicionada ao oferecimento de con-
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita des- tragarantia, em valor igual ou superior ao da garantia a ser concedi-
tina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício finan- da, e à adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas
ceiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as obrigações junto ao garantidor e às entidades por este controladas,
seguintes: observado o seguinte:
I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do
exercício; próprio ente;
II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos inciden- II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município,
tes, até o dia dez de dezembro de cada ano; ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação
III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de
que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garan-
ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir; tidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da
IV - estará proibida: dívida vencida.
a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não § 2o No caso de operação de crédito junto a organismo finan-
integralmente resgatada; ceiro internacional, ou a instituição federal de crédito e fomento
b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou para o repasse de recursos externos, a União só prestará garantia a
Prefeito Municipal. ente que atenda, além do disposto no § 1o, as exigências legais para
§ 1o As operações de que trata este artigo não serão computa- o recebimento de transferências voluntárias.
das para efeito do que dispõe o inciso III do art. 167 da Constituição, § 3o (VETADO)
desde que liquidadas no prazo definido no inciso II do caput. § 4o (VETADO)
§ 2o As operações de crédito por antecipação de receita reali- § 5o É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo
zadas por Estados ou Municípios serão efetuadas mediante abertu- Senado Federal.
ra de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo § 6o É vedado às entidades da administração indireta, inclusive
competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil. suas empresas controladas e subsidiárias, conceder garantia, ainda
§ 3o O Banco Central do Brasil manterá sistema de acom- que com recursos de fundos.
panhamento e controle do saldo do crédito aberto e, no caso de § 7o O disposto no § 6o não se aplica à concessão de garantia
inobservância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição por:
credora. I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à
prestação de contragarantia nas mesmas condições;
SUBSEÇÃO IV II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei.
DAS OPERAÇÕES COM O BANCO CENTRAL DO BRASIL § 8o Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada:
I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às
Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, de acordo
Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e com a legislação pertinente;
mais às seguintes: II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza
I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no financeira por ela controladas, direta e indiretamente, quanto às
mercado, ressalvado o disposto no § 2o deste artigo; operações de seguro de crédito à exportação.
II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de institui- § 9o Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de ga-
ção financeira ou não, de título da dívida de ente da Federação por rantia prestada, a União e os Estados poderão condicionar as trans-
título da dívida pública federal, bem como a operação de compra e ferências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento.
venda, a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à § 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela
permuta; União ou por Estado, em decorrência de garantia prestada em ope-
III - concessão de garantia. ração de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou finan-
§ 1o O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de ciamentos até a total liquidação da mencionada dívida.
Letras do Banco Central do Brasil, Série Especial, existente na cartei-
ra das instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante
novas operações de venda a termo.

47
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
SEÇÃO VI SEÇÃO III
DOS RESTOS A PAGAR DAS EMPRESAS CONTROLADAS PELO SETOR PÚBLICO

Art. 41. (VETADO) Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. em que se estabeleçam objetivos e metas de desempenho, na for-
20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obri- ma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e finan-
gação de despesa que não possa ser cumprida integralmente den- ceira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5o do art. 165 da
tro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte Constituição.
sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balan-
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa ços trimestrais nota explicativa em que informará:
serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pa- I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com res-
gar até o final do exercício. pectivos preços e condições, comparando-os com os praticados no
mercado;
CAPÍTULO VIII II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, espe-
DA GESTÃO PATRIMONIAL cificando valor, fonte e destinação;
III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de em-
SEÇÃO I préstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos ou condições
DAS DISPONIBILIDADES DE CAIXA diferentes dos vigentes no mercado.

Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação CAPÍTULO IX


serão depositadas conforme estabelece o § 3o do art. 164 da Cons- DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO
tituição.
§ 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência SEÇÃO I
social, geral e próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas DA TRANSPARÊNCIA DA GESTÃO FISCAL
a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e 250 da Cons-
tituição, ficarão depositadas em conta separada das demais dispo- Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal,
nibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrôni-
com observância dos limites e condições de proteção e prudência cos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes or-
financeira. çamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio;
§ 2o É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de
§ 1o em: Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.
I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como § 1o A transparência será assegurada também mediante: (Re-
dação dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
em ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo
I – incentivo à participação popular e realização de audiências
respectivo ente da Federação;
públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos pla-
II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao
nos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei
Poder Público, inclusive a suas empresas controladas.
Complementar nº 131, de 2009).
II - liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da
SEÇÃO II
sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a
DA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso
público; e (Redação dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada III – adoção de sistema integrado de administração financeira
da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido
para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído
lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores pela Lei Complementar nº 131, de 2009) (Vide Decreto nº 7.185,
públicos. de 2010)
Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5o, a lei orçamen- § 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dis-
tária e as de créditos adicionais só incluirão novos projetos após ponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários
adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos
despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser
que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público. (Incluído
Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes § 3o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminha-
orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao cum- rão ao Ministério da Fazenda, nos termos e na periodicidade a se-
primento do disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divul- rem definidos em instrução específica deste órgão, as informações
gação. necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado
Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imó- e atualizado das dívidas públicas interna e externa, de que trata o
vel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3o do § 4o do art. 32. (Incluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da in- § 4o A inobservância do disposto nos §§ 2o e 3o ensejará as
denização. penalidades previstas no § 2o do art. 51. (Incluído pela Lei Comple-
mentar nº 156, de 2016)
§ 5o Nos casos de envio conforme disposto no § 2o, para todos
os efeitos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
cumprem o dever de ampla divulgação a que se refere o caput. (In-
cluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)

48
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
§ 6o Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta
autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes e de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das con-
fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de tas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua
execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público.
Poder Executivo, resguardada a autonomia. (Incluído pela Lei Com- § 1o Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao
plementar nº 156, de 2016) Poder Executivo da União nos seguintes prazos:
Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo
único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer Estado, até trinta de abril;
pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Incluí- II - Estados, até trinta e um de maio.
do pela Lei Complementar nº 131, de 2009). § 2o O descumprimento dos prazos previstos neste artigo im-
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades pedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente da Fede-
gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua ração receba transferências voluntárias e contrate operações de
realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atua-
número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao ser- lizado da dívida mobiliária.
viço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento
e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; (Incluí- SEÇÃO III
do pela Lei Complementar nº 131, de 2009). DO RELATÓRIO RESUMIDO DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda
a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos ex- Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Constitui-
traordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). ção abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:
ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria eco-
Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para nômica, as:
consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade. a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem
Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá de- como a previsão atualizada;
monstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação
de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Eco- para o exercício, a despesa liquidada e o saldo;
nômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos
II - demonstrativos da execução das:
concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da segu-
a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a
ridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circuns-
previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita rea-
tanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.
lizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar;
b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da
SEÇÃO II
despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício,
DA ESCRITURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DAS CONTAS
despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício;
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade c) despesas, por função e subfunção.
pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes: § 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobi-
I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de liária constarão destacadamente nas receitas de operações de cré-
modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obriga- dito e nas despesas com amortização da dívida.
tória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada; § 2o O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita
II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas o ente às sanções previstas no § 2o do art. 51.
segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter com- Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos
plementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa; relativos a:
III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no
conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou inciso IV do art. 2o, sua evolução, assim como a previsão de seu
entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusi- desempenho até o final do exercício;
ve empresa estatal dependente; II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso
IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas IV do art. 50;
em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos; III - resultados nominal e primário;
V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o;
as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art.
junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar.
montante e a variação da dívida pública no período, detalhando, § 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será
pelo menos, a natureza e o tipo de credor; acompanhado também de demonstrativos:
VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Cons-
à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de tituição, conforme o § 3o do art. 32;
ativos. II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social,
§ 1o No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as geral e próprio dos servidores públicos;
operações intragovernamentais. III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ati-
§ 2o A edição de normas gerais para consolidação das contas vos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.
públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, en- § 2o Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:
quanto não implantado o conselho de que trata o art. 67. I - da limitação de empenho;
§ 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que II - da frustração de receitas, especificando as medidas de com-
permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, bate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações
financeira e patrimonial. de fiscalização e cobrança.

49
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
SEÇÃO IV I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e
DO RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais;
II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, con-
Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titu- solidando as dos demais tribunais.
lares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão § 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será
Fiscal, assinado pelo: proferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão mista perma-
I - Chefe do Poder Executivo; nente referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente
II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão das Casas Legislativas estaduais e municipais. (Vide ADIN 2324)
decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do § 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação
Poder Legislativo; das contas, julgadas ou tomadas.
III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclu-
Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimen- sivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se
tos internos dos órgãos do Poder Judiciário; outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas
IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados. leis orgânicas municipais.
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas auto- § 1o No caso de Municípios que não sejam capitais e que te-
ridades responsáveis pela administração financeira e pelo controle nham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de cento e
interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada oitenta dias.
Poder ou órgão referido no art. 20. § 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto
Art. 55. O relatório conterá: existirem contas de Poder, ou órgão referido no art. 20, pendentes
I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Comple- de parecer prévio.
mentar, dos seguintes montantes: Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da
a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e arrecadação em relação à previsão, destacando as providências
pensionistas; adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sone-
b) dívidas consolidada e mobiliária; gação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias adminis-
c) concessão de garantias; trativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; das receitas tributárias e de contribuições.
e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se SEÇÃO VI
ultrapassado qualquer dos limites; DA FISCALIZAÇÃO DA GESTÃO FISCAL
III - demonstrativos, no último quadrimestre:
a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos
de dezembro; Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Po-
b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas: der e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas
1) liquidadas; desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a: (Vide ADIN
2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a 2324)
uma das condições do inciso II do art. 41; I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes or-
3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo çamentárias;
da disponibilidade de caixa; II - limites e condições para realização de operações de crédito
4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos e inscrição em Restos a Pagar;
empenhos foram cancelados; III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com
c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;
inciso IV do art. 38. IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31,
§ 1o O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos in- para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliá-
cisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informações relativas ria aos respectivos limites;
à alínea a do inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III. V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos,
§ 2o O relatório será publicado até trinta dias após o encerra- tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Comple-
mento do período a que corresponder, com amplo acesso ao públi- mentar;
co, inclusive por meio eletrônico. VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos mu-
§ 3o O descumprimento do prazo a que se refere o § 2o sujeita nicipais, quando houver.
o ente à sanção prevista no § 2o do art. 51. § 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos
§ 4o Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser ela- referidos no art. 20 quando constatarem:
borados de forma padronizada, segundo modelos que poderão ser I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no in-
atualizados pelo conselho de que trata o art. 67. ciso II do art. 4o e no art. 9o;
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou
SEÇÃO V 90% (noventa por cento) do limite;
DAS PRESTAÇÕES DE CONTAS III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária,
das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram
Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, acima do limite definido em lei;
referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separada- V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos
mente, do respectivo Tribunal de Contas. (Vide ADIN 2324) programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.
§ 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âm- § 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálcu-
bito: los dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão
referido no art. 20.

50
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
§ 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumpri- § 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real
mento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39. acumulada do Produto Interno Bruto inferior a 1% (um por cento),
no período correspondente aos quatro últimos trimestres.
CAPÍTULO X § 2o A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Ins-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS tituto Brasileiro de Geografia e Estatística ou outro órgão que vier a
substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB
Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores nacional, estadual e regional.
àqueles previstos nesta Lei Complementar para as dívidas consoli- § 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as me-
dada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias. didas previstas no art. 22.
Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente § 4o Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na con-
escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia, po- dução das políticas monetária e cambial, reconhecidas pelo Senado
derão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado
em outras transações previstas em lei, pelo seu valor econômico, em até quatro quadrimestres.
conforme definido pelo Ministério da Fazenda. Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma perma-
Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despe- nente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão reali-
sas de competência de outros entes da Federação se houver: zados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes
I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orça- de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e
mentária anual; de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a:
II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua le- I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação;
gislação. II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência
Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a na alocação e execução do gasto público, na arrecadação de recei-
cinquenta mil habitantes optar por: tas, no controle do endividamento e na transparência da gestão
I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do art. 30 ao final do fiscal;
semestre; III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, pa-
II - divulgar semestralmente: dronização das prestações de contas e dos relatórios e demonstra-
a) (VETADO) tivos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas
b) o Relatório de Gestão Fiscal; e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como
c) os demonstrativos de que trata o art. 53; outros, necessários ao controle social;
III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.
Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de dire- § 1o O conselho a que se refere o caput instituirá formas de
trizes orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5o a premiação e reconhecimento público aos titulares de Poder que
partir do quinto exercício seguinte ao da publicação desta Lei Com- alcançarem resultados meritórios em suas políticas de desenvolvi-
plementar. mento social, conjugados com a prática de uma gestão fiscal pauta-
§ 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser da pelas normas desta Lei Complementar.
realizada em até trinta dias após o encerramento do semestre. § 2o Lei disporá sobre a composição e a forma de funciona-
§ 2o Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com mento do conselho.
pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar esta situação, Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo
o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Ministério da
retorno ao limite definidos para os demais entes. Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recur-
Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação fi- sos para o pagamento dos benefícios do regime geral da previdên-
nanceira aos Municípios para a modernização das respectivas admi- cia social.
nistrações tributária, financeira, patrimonial e previdenciária, com § 1o O Fundo será constituído de:
vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar. I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacio-
§ 1o A assistência técnica consistirá no treinamento e desen- nal do Seguro Social não utilizados na operacionalização deste;
volvimento de recursos humanos e na transferência de tecnologia, II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados
bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei;
art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público. III - receita das contribuições sociais para a seguridade social,
§ 2o A cooperação financeira compreenderá a doação de bens previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 da Consti-
e valores, o financiamento por intermédio das instituições financeiras tuição;
federais e o repasse de recursos oriundos de operações externas. IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou
Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo jurídica em débito com a Previdência Social;
Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembleias Legis- V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;
lativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a VI - recursos provenientes do orçamento da União.
situação: § 2o O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições Social, na forma da lei.
estabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70; Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir
II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a regime próprio de previdência social para seus servidores conferir-
limitação de empenho prevista no art. 9o. -lhe-á caráter contributivo e o organizará com base em normas de
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de esta- contabilidade e atuária que preservem seu equilíbrio financeiro e
do de defesa ou de sítio, decretado na forma da Constituição. atuarial.
Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão du- Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total
plicados no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto com pessoal no exercício anterior ao da publicação desta Lei Com-
Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual plementar estiver acima dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20
ou superior a quatro trimestres. deverá enquadrar-se no respectivo limite em até dois exercícios, eli-

51
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
minando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
(cinquenta por cento ao ano), mediante a adoção, entre outras, das
medidas previstas nos arts. 22 e 23. Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para
Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no pra- elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Es-
zo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3o do art. 23. tados, dos Municípios e do Distrito Federal, de acordo com o dis-
Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da Cons- posto no art. 5º, inciso XV, letra b, da Constituição Federal.
tituição, até o término do terceiro exercício financeiro seguinte à
entrada em vigor desta Lei Complementar, a despesa total com pes- TÍTULO I
soal dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em DA LEI DE ORÇAMENTO
percentual da receita corrente líquida, a despesa verificada no exer-
cício imediatamente anterior, acrescida de até 10% (dez por cento), CAPÍTULO I
se esta for inferior ao limite definido na forma do art. 20. DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e
órgãos referidos no art. 20 não poderá exceder, em percentual da Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita
receita corrente líquida, a do exercício anterior à entrada em vigor e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e
desta Lei Complementar, até o término do terceiro exercício seguin- o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princípios de
te. unidade universalidade e anualidade.
Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar § 1° Integrarão a Lei de Orçamento:
serão punidas segundo o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções
de 1940 (Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950; o do Governo;
Decreto-Lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei no 8.429, de 2 II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Ca-
de junho de 1992; e demais normas da legislação pertinente. tegorias Econômicas, na forma do Anexo nº 1;
Art. 73-A. Qualquer cidadão, partido político, associação ou III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva
sindicato é parte legítima para denunciar ao respectivo Tribunal de legislação;
Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumpri- IV - Quadro das dotações por órgãos do Governo e da Admi-
mento das prescrições estabelecidas nesta Lei Complementar. (In- nistração.
cluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009). § 2º Acompanharão a Lei de Orçamento:
Art. 73-B. Ficam estabelecidos os seguintes prazos para o cum- I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos
primento das determinações dispostas nos incisos II e III do pará- fundos especiais;
grafo único do art. 48 e do art. 48-A: (Incluído pela Lei Complemen- II - Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos
tar nº 131, de 2009). nºs 6 a 9;
I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do
os Municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído Governo, em termos de realização de obras e de prestação de ser-
pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
viços.
II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000
Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas,
(cinquenta mil) e 100.000 (cem mil) habitantes; (Incluído pela Lei
inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.
Complementar nº 131, de 2009).
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo
III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000
as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de
(cinquenta mil) habitantes. (Incluído pela Lei Complementar nº 131,
papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo
de 2009).
financeiros . (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
Parágrafo único. Os prazos estabelecidos neste artigo serão
contados a partir da data de publicação da lei complementar que Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas
introduziu os dispositivos referidos no caput deste artigo. (Incluído próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, ou
pela Lei Complementar nº 131, de 2009). que, por intermédio deles se devam realizar, observado o disposto
Art. 73-C. O não atendimento, até o encerramento dos prazos no artigo 2°.
previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais
do parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o ente à sanção destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, ma-
prevista no inciso I do § 3o do art. 23. (Incluído pela Lei Comple- terial, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, res-
mentar nº 131, de 2009). salvado o disposto no artigo 20 e seu parágrafo único.
Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua Art. 6º Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orça-
publicação. mento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.
Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar no 96, de 31 de maio § 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva trans-
de 1999. ferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da entidade
obrigada a transferência e, como receita, no orçamento da que as
deva receber.
§ 2º Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, o
LEI Nº 4.320/1964 E SUAS ALTERAÇÕES
calculo das cotas terá por base os dados apurados no balanço do
exercício anterior aquele em que se elaborar a proposta orçamen-
LEI N° 4.320, DE 17 DE MARÇO DE 1964 tária do governo obrigado a transferência. (Veto rejeitado no DOU,
de 5.5.1964)
Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração Art. 7° A Lei de Orçamento poderá conter autorização ao Exe-
e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos cutivo para:
Municípios e do Distrito Federal. I - Abrir créditos suplementares até determinada importância
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a obedecidas as disposições do artigo 43; (Veto rejeitado no DOU, de
seguinte Lei; 5.5.1964)

52
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
II - Realizar em qualquer mês do exercício financeiro, operações RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES
de crédito por antecipação da receita, para atender a insuficiências RECEITA PATRIMONIAL
de caixa. RECEITA AGROPECUÁRIA
§ 1º Em casos de déficit, a Lei de Orçamento indicará as fontes RECEITA INDUSTRIAL
de recursos que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para RECEITA DE SERVIÇOS
atender a sua cobertura. TRANSFERÊNCIAS CORRENTES
§ 2° O produto estimado de operações de crédito e de aliena- OUTRAS RECEITAS CORRENTES
ção de bens imóveis somente se incluirá na receita quando umas RECEITAS DE CAPITAL
e outras forem especificamente autorizadas pelo Poder Legislativo OPERAÇÕES DE CRÉDITO
em forma que juridicamente possibilite ao Poder Executivo realizá- ALIENAÇÃO DE BENS
-las no exercício. AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS
§ 3º A autorização legislativa a que se refere o parágrafo ante- TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
rior, no tocante a operações de crédito, poderá constar da própria OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL
Lei de Orçamento.
Art. 8º A discriminação da receita geral e da despesa de cada CAPÍTULO III
órgão do Governo ou unidade administrativa, a que se refere o arti- DA DESPESA
go 2º, § 1º, incisos III e IV obedecerá à forma do Anexo nº 2.
§ 1° Os itens da discriminação da receita e da despesa, mencio- Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias
nados nos artigos 11, § 4°, e 13, serão identificados por números de econômicas: (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
códigos decimal, na forma dos Anexos nºs 3 e 4. DESPESAS CORRENTES
§ 2º Completarão os números do código decimal referido no Despesas de Custeio
parágrafo anterior os algarismos caracterizadores da classificação Transferências Correntes
funcional da despesa, conforme estabelece o Anexo nº 5. DESPESAS DE CAPITAL
§ 3° O código geral estabelecido nesta lei não prejudicará a Investimentos
adoção de códigos locais. Inversões Financeiras
Transferências de Capital
CAPÍTULO II
DA RECEITA § 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações
para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as
Art. 9º Tributo é a receita derivada instituída pelas entidades destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens
de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contri- imóveis.
buições nos termos da constituição e das leis vigentes em matéria § 2º Classificam-se como Transferências Correntes as dotações
financeira, destinado-se o seu produto ao custeio de atividades ge- para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em
rais ou especificas exercidas por essas entidades (Veto rejeitado no bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções desti-
DOU, de 5.5.1964) nadas a atender à manutenção de outras entidades de direito pú-
Art. 10. (Vetado). blico ou privado.
Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias eco- § 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as
nômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. (Redação dada transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entida-
pelo Decreto Lei nº 1.939, de 1982) des beneficiadas, distinguindo-se como:
§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contri- I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públi-
buições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras cas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade
e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de ou- lucrativa;
tras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a II - subvenções econômicas, as que se destinem a empresas
atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. (Redação públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou
dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 1982) pastoril.
§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de § 4º Classificam-se como investimentos as dotações para o pla-
recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da con- nejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisi-
versão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de ção de imóveis considerados necessários à realização destas últi-
outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender mas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição
despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit de instalações, equipamentos e material permanente e constituição
do Orçamento Corrente. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter co-
de 1982) mercial ou financeiro.
§ 3º - O superávit do Orçamento Corrente resultante do balan- § 5º Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações
ceamento dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na destinadas a:
demonstração a que se refere o Anexo nº 1, não constituirá item I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização;
de receita orçamentária. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, II - aquisição de títulos representativos do capital de empresas
de 1982) ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a opera-
§ 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esque- ção não importe aumento do capital;
ma: (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 1982) III - constituição ou aumento do capital de entidades ou em-
RECEITAS CORRENTES presas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive
RECEITA TRIBUTÁRIA operações bancárias ou de seguros.
Impostos. § 6º São Transferências de Capital as dotações para investimen-
Taxas. tos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público
Contribuições de Melhoria. ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação

53
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxí- SEÇÃO I
lios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Or- DAS DESPESAS CORRENTES
çamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações
para amortização da dívida pública. SUBSEÇÃO ÚNICA
Art. 13. Observadas as categorias econômicas do art. 12, a dis- DAS TRANSFERÊNCIAS CORRENTES
criminação ou especificação da despesa por elementos, em cada
unidade administrativa ou órgão de governo, obedecerá ao seguin- I) Das Subvenções Sociais
te esquema: Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades
DESPESAS CORRENTES financeiras a concessão de subvenções sociais visará a prestação
Despesas de Custeio de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional,
Pessoa Civil sempre que a suplementação de recursos de origem privada aplica-
Pessoal Militar dos a esses objetivos, revelar-se mais econômica.
Material de Consumo Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que possível,
Serviços de Terceiros será calculado com base em unidades de serviços efetivamente
Encargos Diversos prestados ou postos à disposição dos interessados obedecidos os
Transferências Correntes padrões mínimos de eficiência previamente fixados.
Subvenções Sociais Art. 17. Somente à instituição cujas condições de funcionamen-
Subvenções Econômicas to forem julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização
Inativos serão concedidas subvenções.
Pensionistas II) Das Subvenções Econômicas
Salário Família e Abono Familiar Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas
Juros da Dívida Pública públicas, de natureza autárquica ou não, far-se-á mediante subven-
Contribuições de Previdência Social ções econômicas expressamente incluídas nas despesas correntes
Diversas Transferências Correntes. do orçamento da União, do Estado, do Município ou do Distrito Fe-
deral.
DESPESAS DE CAPITAL Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como subvenções
Investimentos econômicas:
Obras Públicas a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços
Serviços em Regime de Programação Especial de mercado e os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros ali-
Equipamentos e Instalações mentícios ou outros materiais;
Material Permanente b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a pro-
Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empre- dutores de determinados gêneros ou materiais.
sas ou Entidades Industriais ou Agrícolas Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a
Inversões Financeiras qualquer título, a empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar
Aquisição de Imóveis de subvenções cuja concessão tenha sido expressamente autoriza-
Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empre- da em lei especial.
sas ou Entidades Comerciais ou Financeiras
Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Empresa em SEÇÃO II
Funcionamento DAS DESPESAS DE CAPITAL
Constituição de Fundos Rotativos
Concessão de Empréstimos SUBSEÇÃO PRIMEIRA
Diversas Inversões Financeiras DOS INVESTIMENTOS
Transferências de Capital
Amortização da Dívida Pública Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orça-
Auxílios para Obras Públicas mento segundo os projetos de obras e de outras aplicações.
Auxílios para Equipamentos e Instalações Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por
Auxílios para Inversões Financeiras sua natureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas
Outras Contribuições. gerais de execução da despesa poderão ser custeadas por dotações
globais, classificadas entre as Despesas de Capital.
Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de ser-
viços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão con- SUBSEÇÃO SEGUNDA
signadas dotações próprias. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964) DAS TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL
Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consignadas do-
tações a unidades administrativas subordinadas ao mesmo órgão. Art. 21. A Lei de Orçamento não consignará auxílio para inves-
Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se- timentos que se devam incorporar ao patrimônio das emprêsas pri-
-á no mínimo por elementos. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964) vadas de fins lucrativos.
§ 1º Entende-se por elementos o desdobramento da despesa Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se às transfe-
com pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se rências de capital à conta de fundos especiais ou dotações sob regi-
serve a administração publica para consecução dos seus fins. (Veto me excepcional de aplicação.
rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
§ 2º Para efeito de classificação da despesa, considera-se mate-
rial permanente o de duração superior a dois anos.

54
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
TÍTULO II Parágrafo único. Consideram-se metas os resultados que se
DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA pretendem obter com a realização de cada programa.
Art. 26. A proposta orçamentária conterá o programa anual
CAPÍTULO I atualizado dos investimentos, inversões financeiras e transferências
CONTEÚDO E FORMA DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA previstos no Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital.

Art. 22. A proposta orçamentária que o Poder Executivo enca- SEÇÃO SEGUNDA
minhará ao Poder Legislativo nos prazos estabelecidos nas Consti- DAS PREVISÕES ANUAIS
tuições e nas Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á:
I - Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da si- Art. 27. As propostas parciais de orçamento guardarão estri-
tuação econômico-financeira, documentada com demonstração da ta conformidade com a política econômica-financeira, o programa
dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a anual de trabalho do Govêrno e, quando fixado, o limite global má-
pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e jus- ximo para o orçamento de cada unidade administrativa.
tificação da política econômica-financeira do Govêrno; justificação Art. 28 As propostas parciais das unidades administrativas, or-
da receita e despesa, particularmente no tocante ao orçamento de ganizadas em formulário próprio, serão acompanhadas de:
capital; I - tabelas explicativas da despesa, sob a forma estabelecida no
II - Projeto de Lei de Orçamento; artigo 22, inciso III, letras d, e e f;
III - Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de II - justificação pormenorizada de cada dotação solicitada, com
receita e despesa, constarão, em colunas distintas e para fins de a indicação dos atos de aprovação de projetos e orçamentos de
comparação: obras públicas, para cujo início ou prosseguimento ela se destina.
a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores Art. 29. Caberá aos órgãos de contabilidade ou de arrecadação
àquele em que se elaborou a proposta; organizar demonstrações mensais da receita arrecadada, segundo
b) A receita prevista para o exercício em que se elabora a pro- as rubricas, para servirem de base a estimativa da receita, na pro-
posta; posta orçamentária.
c) A receita prevista para o exercício a que se refere a proposta; Parágrafo único. Quando houver órgão central de orçamento,
d) A despesa realizada no exercício imediatamente anterior; essas demonstrações ser-lhe-ão remetidas mensalmente.
e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a pro- Art. 30. A estimativa da receita terá por base as demonstra-
posta; e ções a que se refere o artigo anterior à arrecadação dos três últimos
f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta. exercícios, pelo menos bem como as circunstâncias de ordem con-
IV - Especificação dos programas especiais de trabalho cus- juntural e outras, que possam afetar a produtividade de cada fonte
teados por dotações globais, em termos de metas visadas, decom- de receita.
postas em estimativa do custo das obras a realizar e dos serviços a Art. 31. As propostas orçamentárias parciais serão revistas e
prestar, acompanhadas de justificação econômica, financeira, social coordenadas na proposta geral, considerando-se a receita estimada
e administrativa. e as novas circunstâncias.
Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para cada
unidade administrativa, descrição sucinta de suas principais finali- TÍTULO III
dades, com indicação da respectiva legislação. DA ELABORAÇÃO DA LEI DE ORÇAMENTO
CAPÍTULO II Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixa-
DA ELABORAÇÃO DA PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA do nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder
Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.
SEÇÃO PRIMEIRA
Art. 33. Não se admitirão emendas ao projeto de Lei de Orça-
DAS PREVISÕES PLURIENAIS
mento que visem a:
a) alterar a dotação solicitada para despesa de custeio, salvo
Art. 23. As receitas e despesas de capital serão objeto de um
quando provada, nesse ponto a inexatidão da proposta;
Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital, aprovado por decre-
b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto não es-
to do Poder Executivo, abrangendo, no mínimo um triênio.
teja aprovado pelos órgãos competentes;
Parágrafo único. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capi-
c) conceder dotação para instalação ou funcionamento de ser-
tal será anualmente reajustado acrescentando-se-lhe as previsões
de mais um ano, de modo a assegurar a projeção contínua dos pe- viço que não esteja anteriormente criado;
ríodos. d) conceder dotação superior aos quantitativos previamente fi-
Art. 24. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital abran- xados em resolução do Poder Legislativo para concessão de auxílios
gerá: e subvenções.
I - as despesas e, como couber, também as receitas previstas
em planos especiais aprovados em lei e destinados a atender a re- TÍTULO IV
giões ou a setores da administração ou da economia; DO EXERCÍCIO FINANCEIRO
II - as despesas à conta de fundos especiais e, como couber, as
receitas que os constituam; Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.
III - em anexos, as despesas de capital das entidades referidas Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:
no Título X desta lei, com indicação das respectivas receitas, para as I - as receitas nele arrecadadas;
quais forem previstas transferências de capital. II - as despesas nele legalmente empenhadas.
Art. 25. Os programas constantes do Quadro de Recursos e de Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenha-
Aplicação de Capital sempre que possível serão correlacionados a das mas não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as pro-
metas objetivas em termos de realização de obras e de prestação cessadas das não processadas.
de serviços.

55
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e im-
com vigência plurienal, que não tenham sido liquidados, só serão previstas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pú-
computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do cré- blica.
dito. Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autoriza-
Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o dos por lei e abertos por decreto executivo.
orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo sufi- Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais de-
ciente para atendê-las, que não se tenham processado na época pende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa
própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e será precedida de exposição justificativa. (Veto rejeitado no DOU,
e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício de 5.5.1964)
correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica § 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que
consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, não comprometidos: (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
sempre que possível, a ordem cronológica. (Regulamento) I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do
Art. 38. Reverte à dotação a importância de despesa anulada exercício anterior; (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
no exercício; quando a anulação ocorrer após o encerramento des- II - os provenientes de excesso de arrecadação; (Veto rejeitado
te considerar-se-á receita do ano em que se efetivar. no DOU, de 5.5.1964)
Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributá- III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações
ria ou não tributária, serão escriturados como receita do exercício orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei; (Veto
em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
(Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.735, de 1979) IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma
§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo trans- que juridicamente possibilite ao poder executivo realiza-las. (Veto
curso do prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legisla- rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
ção própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a § 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva
sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ain-
título. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 1979) da, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de
§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública credito a eles vinculadas. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos § 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste
e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês entre
os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a ten-
de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, dência do exercício. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, § 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes
laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, pre- de excesso de arrecadação, deduzir-se-a a importância dos crédi-
ços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indeniza- tos extraordinários abertos no exercício. (Veto rejeitado no DOU,
ções, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitiva- de 5.5.1964)
mente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto
em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou do Poder Executivo, que deles dará imediato conhecimento ao Po-
outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações le- der Legislativo.
gais. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 1979) Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exer-
§ 3º - O valor do crédito da Fazenda Nacional em moeda estran- cício financeiro em que forem abertos, salvo expressa disposição
geira será convertido ao correspondente valor na moeda nacional à legal em contrário, quanto aos especiais e extraordinários.
taxa cambial oficial, para compra, na data da notificação ou intima- Art. 46. O ato que abrir crédito adicional indicará a importân-
ção do devedor, pela autoridade administrativa, ou, à sua falta, na cia, a espécie do mesmo e a classificação da despesa, até onde for
data da inscrição da Dívida Ativa, incidindo, a partir da conversão, a possível.
atualização monetária e os juros de mora, de acordo com preceitos
legais pertinentes aos débitos tributários. (Incluído pelo Decreto Lei TÍTULO VI
nº 1.735, de 1979) DA EXECUÇÃO DO ORÇAMENTO
§ 4º - A receita da Dívida Ativa abrange os créditos menciona-
dos nos parágrafos anteriores, bem como os valores corresponden- CAPÍTULO I
tes à respectiva atualização monetária, à multa e juros de mora e DA PROGRAMAÇÃO DA DESPESA
ao encargo de que tratam o art. 1º do Decreto-lei nº 1.025, de 21
de outubro de 1969, e o art. 3º do Decreto-lei nº 1.645, de 11 de Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orça-
dezembro de 1978. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 1979) mento e com base nos limites nela fixados, o Poder Executivo apro-
§ 5º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procu-
vará um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada unidade
radoria da Fazenda Nacional. (Incluído pelo Decreto Lei nº 1.735,
orçamentária fica autorizada a utilizar.
de 1979)
Art. 48 A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior
atenderá aos seguintes objetivos:
TÍTULO V
a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil a soma
DOS CRÉDITOS ADICIONAIS
de recursos necessários e suficientes a melhor execução do seu pro-
grama anual de trabalho;
Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não
computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento. b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equi-
Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em: líbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a
I - suplementares, os destinados a reforço de dotação orçamen- reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de tesouraria.
tária; Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para efeito
II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja do disposto no artigo anterior, levará em conta os créditos adicio-
dotação orçamentária específica; nais e as operações extra-orçamentárias.

56
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas durante o § 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo mon-
exercício, observados o limite da dotação e o comportamento da tante não se possa determinar.
execução orçamentária. § 3º É permitido o empenho global de despesas contratuais e
outras, sujeitas a parcelamento.
CAPÍTULO II Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento de-
DA RECEITA nominado “nota de empenho” que indicará o nome do credor, a
representação e a importância da despesa bem como a dedução
Art. 51. Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que desta do saldo da dotação própria.
a lei o estabeleça, nenhum será cobrado em cada exercício sem Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando or-
prévia autorização orçamentária, ressalvados a tarifa aduaneira e o denado após sua regular liquidação.
imposto lançado por motivo de guerra. Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do di-
Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos e quais- reito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos
quer outras rendas com vencimento determinado em lei, regula- comprobatórios do respectivo crédito.
mento ou contrato. § 1° Essa verificação tem por fim apurar:
Art. 53. O lançamento da receita é ato da repartição competen- I - a origem e o objeto do que se deve pagar;
te, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é II - a importância exata a pagar;
devedora e inscreve o débito desta. III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obri-
Art. 54. Não será admitida a compensação da obrigação de gação.
recolher rendas ou receitas com direito creditório contra a Fazenda § 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou servi-
Pública. ços prestados terá por base:
Art. 55. Os agentes da arrecadação devem fornecer recibos das I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
importâncias que arrecadarem. II - a nota de empenho;
§ 1º Os recibos devem conter o nome da pessoa que paga a III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação
soma arrecadada, proveniência e classificação, bem como a data efetiva do serviço.
Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por au-
a assinatura do agente arrecadador. (Veto rejeitado no DOU, de
toridade competente, determinando que a despesa seja paga.
5.5.1964)
Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada
§ 2º Os recibos serão fornecidos em uma única via.
em documentos processados pelos serviços de contabilidade (Veto
Art. 56. O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita
rejeitado no DOU, de 5.5.1964)
observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qual-
Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria
quer fragmentação para criação de caixas especiais.
ou pagadoria regularmente instituídos por estabelecimentos ban-
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3.
cários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adian-
desta lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as ru- tamento.
bricas próprias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as prove- Art. 66. As dotações atribuídas às diversas unidades orçamentárias
nientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orça- poderão quando expressamente determinado na Lei de Orçamento ser
mento. (Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964) movimentadas por órgãos centrais de administração geral.
Parágrafo único. É permitida a redistribuição de parcelas das
CAPÍTULO III dotações de pessoal, de uma para outra unidade orçamentária,
DA DESPESA quando considerada indispensável à movimentação de pessoal
dentro das tabelas ou quadros comuns às unidades interessadas, a
Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade que se realize em obediência à legislação específica.
competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pen- Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em vir-
dente ou não de implemento de condição. (Veto rejeitado no DOU, tude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem de apresentação
de 5.5.1964) dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, sendo proibida
Art. 59 - O empenho da despesa não poderá exceder o limite a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e
dos créditos concedidos. (Redação dada pela Lei nº 6.397, de 1976) nos créditos adicionais abertos para esse fim.
§ 1º Ressalvado o disposto no Art. 67 da Constituição Federal, Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de
é vedado aos Municípios empenhar, no último mês do mandato do despesas expressamente definidos em lei e consiste na entrega de
Prefeito, mais do que o duodécimo da despesa prevista no orça- numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação
mento vigente. (Incluído pela Lei nº 6.397, de 1976) própria para o fim de realizar despesas, que não possam subordi-
§ 2º Fica, também, vedado aos Municípios, no mesmo período, nar-se ao processo normal de aplicação.
assumir, por qualquer forma, compromissos financeiros para exe- Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem
cução depois do término do mandato do Prefeito. (Incluído pela Lei a responsável por dois adiantamento. (Veto rejeitado no DOU, de
nº 6.397, de 1976) 5.5.1964)
§ 3º As disposições dos parágrafos anteriores não se aplicam Art. 70. A aquisição de material, o fornecimento e a adjudica-
nos casos comprovados de calamidade pública. (Incluído pela Lei ção de obras e serviços serão regulados em lei, respeitado o princí-
nº 6.397, de 1976) pio da concorrência.
§ 4º Reputam-se nulos e de nenhum efeito os empenhos e atos
praticados em desacordo com o disposto nos parágrafos 1º e 2º TÍTULO VII
deste artigo, sem prejuízo da responsabilidade do Prefeito nos ter- DOS FUNDOS ESPECIAIS
mos do Art. 1º, inciso V, do Decreto-lei n.º 201, de 27 de fevereiro
de 1967. (Incluído pela Lei nº 6.397, de 1976) Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas espe-
Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. cificadas que por lei se vinculam à realização de determinados
§ 1º Em casos especiais previstos na legislação específica será objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de
dispensada a emissão da nota de empenho. aplicação.

57
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a § 2º Quando, no Município não houver Tribunal de Contas ou
fundos especiais far-se-á através de dotação consignada na Lei de órgão equivalente, a Câmara de Vereadores poderá designar peri-
Orçamento ou em créditos adicionais. tos contadores para verificarem as contas do prefeito e sobre elas
Art. 73. Salvo determinação em contrário da lei que o instituiu, emitirem parecer.
o saldo positivo do fundo especial apurado em balanço será transfe-
rido para o exercício seguinte, a crédito do mesmo fundo. TÍTULO IX
Art. 74. A lei que instituir fundo especial poderá determinar DA CONTABILIDADE
normas peculiares de controle, prestação e tomada de contas, sem
de qualquer modo, elidir a competência específica do Tribunal de CAPÍTULO I
Contas ou órgão equivalente. DISPOSIÇÕES GERAIS

TÍTULO VIII Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública


DO CONTROLE DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem recei-
tas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela perten-
CAPÍTULO I centes ou confiados.
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 84. Ressalvada a competência do Tribunal de Contas ou ór-
gão equivalente, a tomada de contas dos agentes responsáveis por
Art. 75. O controle da execução orçamentária compreenderá: bens ou dinheiros públicos será realizada ou superintendida pelos
I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da re- serviços de contabilidade.
ceita ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de for-
direitos e obrigações; ma a permitirem o acompanhamento da execução orçamentária,
II - a fidelidade funcional dos agentes da administração, res- o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos
ponsáveis por bens e valores públicos; custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais,
III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em ter- a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros.
mos monetários e em termos de realização de obras e prestação Art. 86. A escrituração sintética das operações financeiras e pa-
de serviços. trimoniais efetuar-se-á pelo método das partidas dobradas.
Art. 87. Haverá controle contábil dos direitos e obrigações
CAPÍTULO II oriundos de ajustes ou contratos em que a administração pública
DO CONTROLE INTERNO for parte.
Art. 88. Os débitos e créditos serão escriturados com individua-
Art. 76. O Poder Executivo exercerá os três tipos de controle a ção do devedor ou do credor e especificação da natureza, impor-
que se refere o artigo 75, sem prejuízo das atribuições do Tribunal tância e data do vencimento, quando fixada.
de Contas ou órgão equivalente. Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à adminis-
Art. 77. A verificação da legalidade dos atos de execução orça- tração orçamentária, financeira patrimonial e industrial.
mentária será prévia, concomitante e subsequente.
Art. 78. Além da prestação ou tomada de contas anual, quando CAPÍTULO II
instituída em lei, ou por fim de gestão, poderá haver, a qualquer DA CONTABILIDADE ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA
tempo, levantamento, prestação ou tomada de contas de todos os
responsáveis por bens ou valores públicos. Art. 90 A contabilidade deverá evidenciar, em seus registros,
Art. 79. Ao órgão incumbido da elaboração da proposta orça- o montante dos créditos orçamentários vigentes, a despesa em-
mentária ou a outro indicado na legislação, caberá o controle esta- penhada e a despesa realizada, à conta dos mesmos créditos, e as
belecido no inciso III do artigo 75. dotações disponíveis.
Parágrafo único. Esse controle far-se-á, quando for o caso, em Art. 91. O registro contábil da receita e da despesa far-se-á de
termos de unidades de medida, previamente estabelecidos para acordo com as especificações constantes da Lei de Orçamento e dos
cada atividade. créditos adicionais.
Art. 80. Compete aos serviços de contabilidade ou órgãos equi- Art. 92. A dívida flutuante compreende:
valentes verificar a exata observância dos limites das cotas trimes- I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;
trais atribuídas a cada unidade orçamentária, dentro do sistema II - os serviços da dívida a pagar;
que for instituído para esse fim. III - os depósitos;
IV - os débitos de tesouraria.
CAPÍTULO III Parágrafo único. O registro dos restos a pagar far-se-á por exer-
DO CONTROLE EXTERNO cício e por credor distinguindo-se as despesas processadas das não
processadas.
Art. 81. O controle da execução orçamentária, pelo Poder Le- Art. 93. Todas as operações de que resultem débitos e créditos
gislativo, terá por objetivo verificar a probidade da administração, de natureza financeira, não compreendidas na execução orçamentária,
a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos e o cumprimento serão também objeto de registro, individuação e controle contábil.
da Lei de Orçamento.
Art. 82. O Poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Po- CAPÍTULO III
der Legislativo, no prazo estabelecido nas Constituições ou nas Leis DA CONTABILIDADE PATRIMONIAL E INDUSTRIAL
Orgânicas dos Municípios.
§ 1º As contas do Poder Executivo serão submetidas ao Poder Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter
Legislativo, com Parecer prévio do Tribunal de Contas ou órgão permanente, com indicação dos elementos necessários para a per-
equivalente. feita caracterização de cada um deles e dos agentes responsáveis
pela sua guarda e administração.

58
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
Art. 95 A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens § 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas
móveis e imóveis. e outras que dependam de autorização legislativa para amortização
Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá ou resgate.
por base o inventário analítico de cada unidade administrativa e os § 5º Nas contas de compensação serão registrados os bens,
elementos da escrituração sintética na contabilidade. valores, obrigações e situações não compreendidas nos parágrafos
Art. 97. Para fins orçamentários e determinação dos devedo- anteriores e que, mediata ou indiretamente, possam vir a afetar o
res, ter-se-á o registro contábil das receitas patrimoniais, fiscalizan- patrimônio.
do-se sua efetivação. Art. 106. A avaliação dos elementos patrimoniais obedecerá as
Art. 98. A divida fundada compreende os compromissos de exi- normas seguintes:
gibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a dese- I - os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo seu
quilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos. valor nominal, feita a conversão, quando em moeda estrangeira, à
(Veto rejeitado no DOU, de 5.5.1964) taxa de câmbio vigente na data do balanço;
Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com indi- II - os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo
viduação e especificações que permitam verificar, a qualquer mo- custo de produção ou de construção;
mento, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos servi- III - os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das
ços de amortização e juros. compras.
Art. 99. Os serviços públicos industriais, ainda que não organi- § 1° Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos,
zados como emprêsa pública ou autárquica, manterão contabilida- quando em moeda estrangeira, deverão figurar ao lado das corres-
de especial para determinação dos custos, ingressos e resultados, pondentes importâncias em moeda nacional.
sem prejuízo da escrituração patrimonial e financeira comum. § 2º As variações resultantes da conversão dos débitos, crédi-
Art. 100 As alterações da situação líquida patrimonial, que tos e valores em espécie serão levadas à conta patrimonial.
abrangem os resultados da execução orçamentária, bem como as § 3º Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e imóveis.
variações independentes dessa execução e as superveniências e
insubsistência ativas e passivas, constituirão elementos da conta TÍTULO X
patrimonial. DAS AUTARQUIAS E OUTRAS ENTIDADES

CAPÍTULO IV Art. 107. As entidades autárquicas ou paraestatais, inclusive de


DOS BALANÇOS previdência social ou investidas de delegação para arrecadação de
contribuições parafiscais da União, dos Estados, dos Municípios e
Art. 101. Os resultados gerais do exercício serão demonstrados do Distrito Federal terão seus orçamentos aprovados por decreto
no Balanço Orçamentário, no Balanço Financeiro, no Balanço Patri- do Poder Executivo, salvo se disposição legal expressa determinar
monial, na Demonstração das Variações Patrimoniais, segundo os que o sejam pelo Poder Legislativo. (Vide Decreto nº 60.745, de
Anexos números 12, 13, 14 e 15 e os quadros demonstrativos cons- 1967)
tantes dos Anexos números 1, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 16 e 17. Parágrafo único. Compreendem-se nesta disposição as empre-
Art. 102. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e sas com autonomia financeira e administrativa cujo capital perten-
despesas previstas em confronto com as realizadas. cer, integralmente, ao Poder Público.
Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a des- Art. 108. Os orçamentos das entidades referidas no artigo an-
pesa orçamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos terior vincular-se-ão ao orçamento da União, dos Estados, dos Mu-
de natureza extra-orçamentária, conjugados com os saldos em es- nicípios e do Distrito Federal, pela inclusão:
pécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem I - como receita, salvo disposição legal em contrário, de saldo
para o exercício seguinte. positivo previsto entre os totais das receitas e despesas;
Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão computa- II - como subvenção econômica, na receita do orçamento da
dos na receita extra-orçamentária para compensar sua inclusão na beneficiária, salvo disposição legal em contrário, do saldo negativo
despesa orçamentária. previsto entre os totais das receitas e despesas.
Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais eviden- § 1º Os investimentos ou inversões financeiras da União, dos
ciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou inde- Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, realizados por inter-
pendentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patri- médio das entidades aludidas no artigo anterior, serão classificados
monial do exercício. como receita de capital destas e despesa de transferência de capital
Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará: daqueles.
§ 2º As previsões para depreciação serão computadas para
I - O Ativo Financeiro;
efeito de apuração do saldo líquido das mencionadas entidades.
II - O Ativo Permanente;
Art. 109. Os orçamentos e balanços das entidades compreen-
III - O Passivo Financeiro;
didas no artigo 107 serão publicados como complemento dos or-
IV - O Passivo Permanente;
çamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
V - O Saldo Patrimonial;
Distrito Federal a que estejam vinculados.
VI - As Contas de Compensação.
Art. 110. Os orçamentos e balanços das entidades já referidas,
§ 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores
obedecerão aos padrões e normas instituídas por esta lei, ajustados
realizáveis independentemente de autorização orçamentária e os
às respectivas peculiaridades.
valores numerários. Parágrafo único. Dentro do prazo que a legislação fixar, os ba-
§ 2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e lanços serão remetidos ao órgão central de contabilidade da União,
valores, cuja mobilização ou alienação dependa de autorização le- dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, para fins de incor-
gislativa. poração dos resultados, salvo disposição legal em contrário.
§ 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e
outras pagamento independa de autorização orçamentária.

59
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
TÍTULO XI Governo para aplicação naquele setor de acordo com regras prees-
DISPOSIÇÕES FINAIS tabelecidas. O Fundeb ainda recebe os recursos da chamada Com-
plementação da União, por intermédio do orçamento do Ministério
Art. 111. O Conselho Técnico de Economia e Finanças do Minis- da Educação.
tério da Fazenda, além de outras apurações, para fins estatísticos, Cabe ao Tesouro Nacional, em cumprimento aos dispositivos
de interesse nacional, organizará e publicará o balanço consolidado constitucionais, efetuar as transferências dos recursos aos entes
das contas da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas federados, nos prazos legalmente estabelecidos. No caso do Fun-
autarquias e outras entidades, bem como um quadro estrutural- deb, compete ao Fundo Nacional da Educação (FNDE), entidade do
mente idêntico, baseado em dados orçamentários. Ministério da Educação, realizar os repasses, na condição de agen-
§ 1º Os quadros referidos neste artigo terão a estrutura do Ane- te daquele fundo. Em relação aos Fundos de Participação (FPE e
xo nº 1. FPM), compete ainda ao Tesouro Nacional divulgar aos estados e
§ 2 O quadro baseado nos orçamentos será publicado até o municípios as previsões de receita e os valores liberados com as
último dia do primeiro semestre do próprio exercício e o baseado respectivas bases de cálculo.
nos balanços, até o último dia do segundo semestre do exercício Além das transferências constitucionais, leis específicas po-
imediato àquele a que se referirem. dem determinar o repasse de recursos a estados e municípios. O
Art. 112. Para cumprimento do disposto no artigo precedente, Tesouro Nacional efetuou repasses, nos últimos anos, de recursos
a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal remeterão a estados e municípios a título de Auxílio Financeiro para Fomento
ao mencionado órgão, até 30 de abril, os orçamentos do exercício, das Exportações, neste site tradicionalmente denominado FEX. Em
e até 30 de junho, os balanços do exercício anterior. 2009, efetuou extraordinariamente repasse aos municípios a título
Parágrafo único. O pagamento, pela União, de auxílio ou con- de Apoio Financeiro aos Municípios.
tribuição a Estados, Municípios ou Distrito Federal, cuja concessão
não decorra de imperativo constitucional, dependerá de prova do As Transferências Voluntárias são definidas pelo art. 25 da Lei
atendimento ao que se determina neste artigo. de Responsabilidade Fiscal (LRF) como a entrega de recursos finan-
Art. 113. Para fiel e uniforme aplicação das presentes normas, ceiros a outro ente da federação, a título de cooperação, auxílio ou
o Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fa- assistência financeira, que não decorra de determinação constitu-
zenda atenderá a consultas, coligirá elementos, promoverá o inter- cional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
câmbio de dados informativos, expedirá recomendações técnicas,
quando solicitadas, e atualizará sempre que julgar conveniente, os Esses recursos são repassados a Municípios, Estados, Entida-
anexos que integram a presente lei. des da administração pública federal integrantes dos Orçamentos
Parágrafo único. Para os fins previstos neste artigo, poderão ser Fiscal e da Seguridade Social da União e a Organizações da Socieda-
promovidas, quando necessário, conferências ou reuniões técnicas, de Civil (OSC), mediante a celebração dos seguintes Instrumentos:
com a participação de representantes das entidades abrangidas por
estas normas. Convênio: instrumento que disciplina a transferência de recur-
Art. 114. Os efeitos desta lei são contados a partir de 1º de sos financeiros de órgãos ou entidades da Administração Pública
Federal, direta ou indireta, para órgãos ou entidades da Adminis-
janeiro de 1964 para o fim da elaboração dos orçamentos e a partir
tração Pública Estadual, Distrital ou Municipal, direta ou indireta,
de 1º de janeiro de 1965, quanto às demais atividades estatuídas.
consórcios públicos, ou ainda, entidades privadas sem fins lucrati-
(Redação dada pela Lei nº 4.489, de 1964)
vos, visando à execução de projeto ou atividade de interesse recí-
Art. 115. Revogam-se as disposições em contrário.
proco, em regime de mútua cooperação, disciplinado pelo Decreto
nº 6.170, de 25 de julho de 2007 e pela Portaria nº 424, de 30 de
dezembro de 2016;
TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS Termo de Fomento: instrumento por meio do qual são forma-
lizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com
organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades
A Constituição prevê a partilha de determinados tributos arre- de interesse público e recíproco propostas pelas organizações da
cadados pela União com os estados, o Distrito Federal e os muni- sociedade civil, que envolvam a transferência de recursos financei-
cípios. As principais transferências constitucionais nessa categoria ros, disciplinado pela Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014 e pelo
são os denominados Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e Decreto nº 8.726, de 27 de abril de 2016;
Fundo de Participação dos Estados (FPE), constituídos de parcelas Termo de Colaboração: instrumento por meio do qual são for-
arrecadadas do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre a Produ- malizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública
ção Industrial (IPI). com organizações da sociedade civil para a consecução de finalida-
Outros tributos arrecadados pela União e partilhados entre des de interesse público e recíproco propostas pela administração
os entes federados são o Imposto sobre a Propriedade Territorial pública que envolvam a transferência de recursos financeiros, dis-
Rural (ITR), o Imposto sobre a Produção Industrial Proporcional às ciplinado pela Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014 e pelo Decreto
Exportações (IPI-Exportação), a Contribuição de Intervenção no nº 8.726, de 27 de abril de 2016;
Domínio Econômico sobre Combustíveis (CIDE-Combustíveis) e o Acordo de Cooperação: instrumento por meio do qual são for-
Imposto sobre Operações Relativas ao Metal Ouro como Ativo Fi- malizadas as parcerias estabelecidas pela administração pública com
nanceiro (IOF-Ouro). organizações da sociedade civil para a consecução de finalidades de
Destacam-se ainda como transferências constitucionais a Lei interesse público e recíproco que não envolvam a transferência de re-
Complementar n° 87, de 1996, também chamada de Lei Kandir, que cursos financeiros, disciplinado pela Lei nº 13.019, de 31 de julho de
tratou do repasse de recursos por conta da desoneração do ICMS 2014 e pelo Decreto nº 8.726, de 27 de abril de 2016; e
incidente nas exportações, e as retenções e transferências para o Termo de Execução Descentralizada: Instrumento por meio do
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de qual a descentralização de créditos entre órgãos e entidades inte-
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que centrali- grantes dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União é
za parcela de tributos (20%) arrecadados por todas as esferas de ajustada, com vistas à execução de programas, de projetos e de ati-

60
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO
vidades, nos termos estabelecidos no plano de trabalho e observa- 7. Segundo o regramento para a programação de despesa na
da a classificação funcional programática, disciplinado pelo Decreto Lei 4.320/1964, no título da execução do orçamento, imediatamen-
nº 10.426, de 16 de julho de 2020”. te após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos limites
Contrato de Repasse: Instrumento administrativo, de interesse nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas da
recíproco, por meio do qual a transferência dos recursos financei- despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar.
ros se processa por intermédio de instituição ou agente financeiro Essas cotas serão:
público federal, que atua como mandatário da União, disciplinado (A) quadrimestrais.
pleo Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007 e pela Portaria nº (B) semestrais.
424, de 30 de dezembro de 2016. (C) trimestrais.
(D) Nenhuma das alternativas.
EXERCÍCIOS 8. Em relação ao balanço assinale a alternativa correta de acor-
do com a Lei no 4.320/1964:
1. Segundo o regramento para a programação de despesa na (A) O balanço patrimonial deve demonstrar o passivo perma-
Lei 4.320/1964, no título da execução do orçamento, imediatamen- nente, que compreenderá os bens, créditos e valores, cuja mo-
te após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos limites bilização ou alienação dependa de autorização legislativa.
nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas da (B) O balanço patrimonial deve demonstrar o ativo permanen-
despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar. te que compreenderá as dívidas fundadas e outras cujo paga-
Essas cotas serão: mento independa de autorização orçamentária.
(A) quadrimestrais. (C) O balanço patrimonial deve demonstrar o ativo financeiro,
(B) semestrais. que compreenderá os créditos e valores realizáveis indepen-
(C) trimestrais. dentemente de autorização orçamentária e os valores nume-
(D) Nenhuma das alternativas. rários.
(D) O balanço patrimonial deve demonstrar o passivo financei-
2. Com relação aos dispositivos da Lei Federal no 4.320/64 que ro, que compreenderá as dívidas fundadas e outras que depen-
tratam da concessão de suprimentos de fundos, é correto afirmar dam de autorização legislativa para amortização ou resgate.
que o regime de adiantamentos
(A) dispensa a obrigatoriedade de licitação. 9. A contabilidade deverá evidenciar, em seus registros, o mon-
(B) não concede recursos para servidores em estágio probató- tante dos créditos orçamentários vigentes, a despesa empenhada
rio e a despesa realizada, à conta dos mesmos créditos, e as dotações
(C) é aplicável a qualquer tipo de despesa disponíveis. De acordo com a Lei no 4.320/1964, assinale a alterna-
(D) é aplicável a despesas urgentes, sem prévio empenho. tiva correta sobre a contabilidade orçamentária e financeira:
(E) é aplicável a servidor declarado em alcance. (A) O registro dos restos a pagar é feito por mês e em conjunto
de credores, inexistindo distinção entre as despesas processa-
3. As etapas da receita orçamentária, nos termos da Lei Federal das e as não processadas.
no 4.320/64 e da Lei Complementar no 101/2000, podem ser assim (B) As operações de que resultem débitos e créditos de natu-
especificadas: reza financeira, não compreendidas na execução orçamentária,
(A) previsão, arrecadação, liquidação e contabilização. não serão objeto de registro, individuação e controle contábil.
(B) contabilização, lançamento, arrecadação e recolhimento. (C) Os débitos de tesouraria não fazem parte da dívida flutuan-
(C) previsão, lançamento, arrecadação e recolhimento. te.
(D) arrecadação, contabilização, lançamento e liquidação. (D) O registro contábil da receita e da despesa far-se-á de acor-
(E) lançamento, arrecadação, liquidação e contabilização. do com as especificações constantes da Lei de Orçamento e dos
créditos adicionais.
4. Sobre receita pública na Lei 4.320/1964, o recolhimento de
todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio: 10. Sobre o empenho de despesa, julgue os itens a seguir de
(A) de unidade de tesouraria. acordo com a Lei n° 4.320/1964:
(B) da transparência do orçamento público. I. É permitida a realização de despesa sem prévio empenho;
(C) da publicidade. II. O empenho da despesa poderá exceder o limite dos créditos
(D) Nenhuma das alternativas. concedidos;
III. É permitido o empenho global de despesas contratuais e
5. Sobre despesas na Lei 4.320/1964, Art.70 Na aquisição de outras, sujeitas a parcelamento;
material, o fornecimento e a adjudicação de obras e serviços, serão IV. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade
regulados em lei respeitando o: competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pen-
(A) princípio da universalidade. dente ou não de implemento de condição.
(B) princípio da anualidade.
(C) princípio da concorrência. Dos itens acima:
(D) Nenhuma das alternativas. (A) Apenas os itens II e III estão corretos.
(B) Apenas os itens I e II estão corretos.
6. Conforme a Lei 4.320/1964, Art.69 Não se fará adiantamento (C) Apenas os itens I e IV estão corretos.
a servidor em alcance nem a responsável por: (D) Apenas os itens III e IV estão corretos.
(A) três adiantamentos.
(B) dois adiantamentos.
(C) cinco adiantamentos.
(D) Nenhuma das alternativas.

61
ADMINISTRAÇÃO ORÇAMENTÁRIA E FINANCEIRA E ORÇAMENTO PÚBLICO

GABARITO ANOTAÇÕES

1 C ______________________________________________________

2 A ______________________________________________________
3 C
______________________________________________________
4 A
______________________________________________________
5 C
6 B ______________________________________________________
7 C ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 D
10 D ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ _____________________________________________________

______________________________________________________ _____________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

62
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. Conceito, tipos e formas de controle.Controle interno e externo.Controle parlamentar. Controle pelos tribunais de contas.Controle
administrativo. Sistemas de controle jurisdicional da administração pública. Contencioso administrativo e sistema da jurisdição una.
Controle jurisdicional da administração pública no Direito brasileiro. Controle da atividade financeira do Estado: espécies e sistemas.
Tribunal de Contas da União (TCU), Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Lei nº 8.429/1992 e suas alterações (Lei de Improbidade Administrativa) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
• Controle externo: é realizado por órgão estranho à estru-
CONCEITO, TIPOS E FORMAS DE CONTROLE.CONTRO- tura do Poder controlado. Verificamos tal fato, em termos práti-
LE INTERNO E EXTERNO.CONTROLE PARLAMENTAR. cos, quando por exemplo, um Tribunal de Contas Estadual passa
CONTROLE PELOS TRIBUNAIS DE CONTAS.CONTROLE a julgar as contas no âmbito dos poderes legislativo ou judiciário.
ADMINISTRATIVO. SISTEMAS DE CONTROLE JURISDI-
CIONAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONTENCIOSO Controle Judicial
ADMINISTRATIVO E SISTEMA DA JURISDIÇÃO UNA. Registremos, a princípio, que o controle judicial da Adminis-
CONTROLE JURISDICIONAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚ- tração Pública, trata-se daquele exercido pelo Poder Judiciário,
BLICA NO DIREITO BRASILEIRO. CONTROLE DA ATIVI-
quando em exercício de função jurisdicional, sobre os atos admi-
DADE FINANCEIRA DO ESTADO: ESPÉCIES E SISTEMAS.
nistrativos do Poder Executivo, do Poder Legislativo e do próprio
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), TRIBUNAIS DE
Poder Judiciário. O controle judicial é aquele por meio do qual,
CONTAS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL
o Poder Judiciário, ao exercer de a função jurisdicional, aprecia a
juridicidade que engloba a regularidade, a legalidade e a consti-
Controle exercido pela Administração Pública (controle in- tucionalidade da conduta administrativa.
terno) Denota-se que o controle externo da Administração por
A princípio, infere-se que a teoria da separação dos poderes meio do Poder Judiciário foi majorado e fortalecido pela Cons-
possui em sua essência, de acordo com Montesquieu, o objetivo tituição Federal de 1988, tendo previsto novos instrumentos de
certo de limitar arbítrios de maneira que venha a proteger os controle, como por exemplo, o mandado de segurança coletivo,
direitos individuais. Isso por que, grande parte dos detentores o mandado de injunção e o habeas data.
do Poder tende a adquirir mais poder, situação tal, que, caso O Brasil, contemporaneamente adota o sistema de unidade
não esteja sujeita a controle, culminará no abuso, ou até no ab- de jurisdição, também conhecido por sistema de monopólio de
solutismo. jurisdição ou sistema inglês, por intermédio do qual o Poder Ju-
Para evitar esse tipo de distorção, Montesquieu propôs a te- diciário possui a exclusividade da função jurisdicional, vindo a
oria dos freios e contrapesos, por meio da qual os poderes cons- inferir que somente as decisões judiciais fazem coisa julgada em
tituídos possuem a incumbência de controlar, freando e contra- sentido próprio, vindo a tornar-se juridicamente insuscetíveis de
balanceando as atuações dos demais poderes, de maneira que serem modificadas.
cada um deles tenha autonomia, possua liberdade, porém, uma Desta maneira, percebe-se que a decisão que é proferida
liberdade sob vigilância. Nesse sentido, o Poder Legislativo edita pela Administração Pública ou, ainda, qualquer ato administrati-
leis que podem ser vetadas ou freadas pelo Poder Executivo, que
vo encontram-se passíveis de revisão pelo Poder Judiciário.
poderá ter seu veto derrubado ou freado pelo Poder Legislati-
É importante registrar que o fundamento da adoção do sis-
vo. Ou seja, não concordando o Executivo com a derrubada de
tema de unidade jurisdicional no Brasil é a previsão que se en-
um veto vindo a entender que a lei aprovada seja inconstitucio-
contra inserida no art. 5º, XXXV, da CFB/1988, por meio da qual
nal, deterá o poder de incumbir a matéria à análise do Poder
Judiciário que irá dirimir o conflito, como por exemplo, uma ADI ficou estabelecido que “a lei não excluirá da apreciação do Poder
ajuizada pelo Presidente da República. O Judiciário contém os Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
membros de sua cúpula (STF), que são indicados pelo chefe de Há países, que de forma diferente do Brasil, adotam o sis-
outro Poder, no caso, o Presidente da República, sendo a indica- tema de dualidade de jurisdição ou sistema do contencioso ad-
ção restrita à aprovação de uma das Casas do Parlamento (Sena- ministrativo ou sistema francês. Denota-se que nesses países, a
do Federal), o que acaba por ser uma espécie de controle prévio. função jurisdicional é exercida por duas estruturas orgânicas que
Desta maneira, percebe-se que no Estado Democrático de são regidas de forma independente, sendo elas a Justiça Judiciá-
Direito, o próprio ordenamento jurídico dispõe de mecanismos ria e a Justiça Administrativa, posto que cada uma profere deci-
que possibilitam o controle de toda a atuação do Estado. Tais ins- são com força de coisa julgada no âmbito de suas competências.
trumentos tem como objetivo, garantir que tal atuação se man- Referente à Justiça Administrativa, explica-se que no siste-
tenha sempre consolidada com o direito, visando ao interesse ma de dualidade de jurisdição, esta é composta por juízes e tri-
público e mantendo o respeito aos direitos dos administrados. bunais administrativos cuja competência cuida-se em geral, de
Em relação à localização do órgão de controle, infere-se que resolver litígios nos quais o Poder Público seja parte. Pareando
pode ser interno ou externo. Vejamos: a Justiça Administrativa, está a Justiça Judiciária, composta por
• Controle interno: é realizado por órgãos de um Poder so- órgãos do Poder Judiciário, tendo competência para julgar com
brepondo condutas que são praticadas na direção desse mesmo definitividade conflitos que envolvam somente particulares.
Poder, ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica da Admi- Pondera-se que o controle exercido pelo Poder Judiciário,
nistração indireta sobre atos que foram praticados pela própria via de regra, será sempre um controle de legalidade ou legitimi-
pessoa jurídica da qual faz parte. No controle interno o órgão dade do ato administrativo. No exercício da função jurisdicional,
controlador encontra-se inserido na estrutura administrativa os Magistrados não apreciam o mérito do ato administrativo,
que deve ser controlada. não analisando a conveniência e a oportunidade da prática do
Em alguns casos, o controle interno decorre da hierarquia, ato.
pois esta possibilita aos órgãos hierarquicamente superiores Devido ao fato de se tratar de um controle de legalidade ou
controlar os atos praticados pelos que lhe são subordinados. Em de legitimidade, sempre que o ato estiver eivado de algum vício,
resumo, o controle interno que venha a depender da existência a decisão judicial será revertida no sentido de anulação do ato
de hierarquia entre controlador e controlado, é aquele exerci- administrativo que se encontra viciado. Vale enfatizar que não é
do pelas chefias sobre seus subordinados, sendo o tradicional
cabível no exercício da função jurisdicional a revogação do ato
“sistema de controle interno” é organizado por lei incumbida de
administrativo, tendo em vista que esta pressupõe a análise do
lhe definir as atribuições, não dependendo de hierarquia para o
mérito do ato.
exercício de suas prerrogativas.

1
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
É de suma importância destacar que o controle judicial pos- Levando em conta o princípio da simetria de organização,
sui abrangência tanto em relação aos atos vinculados quanto aos as regras mencionadas também devem ser aplicadas, no que
discricionários, posto que ambos devem obedecer aos requisitos lhes couber, ao Poder Legislativo em âmbito estadual, municipal
de validade como a competência, a forma e a finalidade. Desta e distrital, desde que realizadas as devidas adaptações, princi-
forma, é possível que tanto os atos administrativos vinculados palmente aquelas que advém do fato de nos planos estadual,
quanto os discricionários venham a apresentar vícios de legali- municipal e distrital a organização do Poder Legislativo serem do
dade ou ilegitimidade, em decorrência dos quais poderão vir a tipo unicameral.
ser anulados pelo Poder Judiciário quando estiver no exercício Com fundamento no princípio da autotutela, o Poder Legis-
do controle jurisdicional. lativo também possui o poder de exercer o controle interno so-
Explicita-se que o controle judicial da Administração, de bre os seus próprios atos. Nessa situação, aduz-se que o Poder
modo geral, é sempre provocado, isso por que ele depende da Legislativo estará realizando um controle administrativo interno.
iniciativa de alguma pessoa, que poderá ser física ou jurídica. Esse é o motivo pelo qual quando falamos no controle parla-
Qualquer pessoa que tenha a pretensão de provocar o contro- mentar, estamos abordando somente o controle externo exerci-
le da administração pelo Poder Judiciário, deverá, de antemão, do pelo Poder Legislativo.
propor judicialmente a ação cabível para o alcance desse obje- Destaca-se que o controle que o Poder Legislativo detém so-
tivo. bre a Administração Pública, encontra-se limitado às hipóteses
Por fim, diga-se de passagem, que existem várias espécies previstas na Constituição Federal. Isso ocorre, por que porque
de ações judiciais que permitem ao Judiciário apreciar lesão ou caso contrário, haveria inferiorização do princípio da separação
ameaça a direito decorrente de ato administrativo. Exemplos: o dos poderes. Acontece que em razão disso, não podem leis or-
habeas corpus, o habeas data, o mandado de injunção, etc. A dinárias, complementares ou Constituições Estaduais predispor
relação das ações que dão possibilidade ao controle judicial da outras modalidades de controle diversas das que são previstas
Administração será sempre a título de exemplificação, tendo em na Constituição Federal, sob risco de ferir o mesmo princípio.
vista que o controle pode ser exercido, inclusive, por intermédio De modo geral, a doutrina diferencia dois tipos de controle
de ação judicial ordinária sem denominação especial ou especí- legislativo: o político e o financeiro.
fica. O controle financeiro é exercido com o auxílio dos tribunais
de contas. Já o controle político, alcança aspectos de legalidade
Nota: a Emenda Constitucional 45/2004 ao introduzir no di- e de mérito, vindo a ser preventivo, concomitante ou repressivo,
reito brasileiro o instituto das súmulas vinculantes, inaugurou conforme o caso.
um novo mecanismo de controle judicial da Administração Pú-
blica, ato por meio do qual passou-se a admitir o cabimento de Formas de controle político:
reclamação ao STF contra ato administrativo que contrarie sú- 1. Da competência exclusiva do Congresso Nacional (CF,
mulas vinculantes editadas pela Corte Suprema. art. 49): resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou
atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos
Controle Legislativo gravosos ao patrimônio nacional; autorizar o Presidente da Re-
O controle legislativo é aquele executado pelo Poder Legisla- pública a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças
tivo sobre as autoridades e os órgãos dos outros poderes, como estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma-
ocorre por exemplo, nos casos de convocação de autoridades neçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
com o objetivo de prestar esclarecimentos ou, ainda, do controle complementar; autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da
externo exercido pelo Poder Legislativo auxiliado pelo Tribunal República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a
de Contas. quinze dias; aprovar o estado de defesa e a intervenção federal,
O controle legislativo, também denominado de controle autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas
parlamentar, se refere àquele no qual o Poder Legislativo exerce medidas; sustar os atos normativos do Poder Executivo que exor-
poder sobre os atos do Poder Executivo e sobre os atos do Poder bitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legis-
Judiciário, sendo este último somente no que condiz ao desem- lativa; julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da
penho da função administrativa. Trata-se assim, o controle parla- República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos
mentar de um controle externo sobre os demais Poderes. de governo; fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer
Infere-se que a estrutura do Poder Legislativo Brasileira de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da admi-
deve ser verificada com atenção às peculiaridades de cada ente nistração indireta; apreciar os atos de concessão e renovação de
federado, posto que não somente o princípio da simetria, como concessão de emissoras de rádio e televisão; aprovar iniciativas
também as regras específicas que a Constituição Federal predis- do Poder Executivo referentes a atividades nucleares; autorizar,
põe para os âmbitos federal, estadual, municipal e distrital. em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recur-
Em análise ao plano federal, verifica-se que vigora o bicame- sos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; aprovar,
ralismo federativo, sendo o Poder Legislativo Federal composto previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com
por duas Casas: a Câmara dos Deputados que é composta por área superior a dois mil e quinhentos hectares.
representantes do povo e o Senado Federal que é composto por
representantes dos Estados-membros e do Distrito Federal. 2. Da competência privativa do Senado Federal (CF, art.
De acordo com o sistema constitucional, o controle parla- 52): processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re-
mentar pode ser exercido: a) por uma das Casas isoladamente; pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros
b) pelas duas Casas reunidas em sessão conjunta; c) pela mesa de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Ae-
diretora do Congresso Nacional ou de cada Casa; d) pelas comis- ronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;
sões do Congresso Nacional ou de cada Casa. processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os
membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacio-

2
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
nal do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o terço de seus membros, com o objetivo de apurar fato determi-
Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; au- nado e por prazo certo, sendo que as suas conclusões, quando
torizar operações externas de natureza financeira, de interesse for preciso, serão encaminhadas ao Ministério Público, para que
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos este órgão promova a responsabilidade civil ou criminal dos in-
Municípios; fixar, por proposta do Presidente da República, li- fratores, nos termos dispostos no art. 58, § 3º da CFB/1988.
mites globais para o montante da dívida consolidada da União, Em decorrência do exercício dos seus poderes de investiga-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; dispor sobre ção, a CPI é dotada de ato próprio, sem a necessidade de autori-
limites globais e condições para as operações de crédito externo zação judicial para:
e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni- • realizar as diligências que entender necessárias;
cípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo • convocar e tomar o depoimento de autoridades, inquirir
Poder Público federal; dispor sobre limites e condições para a testemunhas sob compromisso e ouvir indiciados;
concessão de garantia da União em operações de crédito exter- • requisitar de órgãos públicos informações e documentos
no e interno; estabelecer limites globais e condições para o mon- de qualquer natureza;
tante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos • requerer ao Tribunal de Contas da União a realização de
Municípios; aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a inspeções e auditorias que entender necessárias.
exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes Ademais, conforme decisão do STF, por autoridade própria,
do término de seu mandato; aprovar previamente, por voto se- a CPI pode sem necessidade de intervenção judicial, porém,
creto, após arguição pública, a escolha de: sempre por meio de decisão fundamentada e motivada, obser-
• Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; vadas todas as formalidades da legislação, determinar a quebra
• Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo de sigilo fiscal, bancário e de dados do investigado. (MS 23.452/
Presidente da República; RJ).
• Governador de Território; Em esquema básico, temos:
• Presidente e diretores do Banco Central;
• Procurador-Geral da República; Financeiro: é exercido com o auxílio dos tribu-
• Titulares de outros cargos que a lei determinar. nais de contas.
CONTROLE
• Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em
LEGISLATIVO Político: alcança aspectos de legalidade e de
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de
ESPÉCIES mérito, vindo a ser preventivo, concomitante
caráter permanente;
ou repressivo.
3. Da competência privativa da Câmara dos Deputados
(CF, art. 51): autorizar, por dois terços de seus membros, a ins- Controle pelos Tribunais de Contas
tauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente Previstos na Constituição Federal, os Tribunais de Contas são
da República e os Ministros de Estado; proceder à tomada de órgãos com a finalidade de auxiliar o Poder Legislativo na execu-
contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao ção do exercício do controle externo da Administração Pública.
Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da São órgãos especializados e não integram a estrutura adminis-
sessão legislativa. trativa do Parlamento e também não mantém com ele mantém
qualquer espécie de relação hierárquica.
4. Outros controles políticos (CF, art. 50): a Câmara dos Denota-se que a Carta Magna de 1988 preservou a estrutura
Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, de organização dos Tribunais de Contas vigente nos diversos en-
poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de tes da federação à época de sua promulgação. Com isso, nos ter-
órgãos diretamente subordinados à Presidência da República mos do art. 31, § 4º da CFB/1988, tornou-se proibida a criação
para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto pre- de novos tribunais, conselhos ou órgãos de contas municipais.
viamente determinado, importando crime de responsabilidade Em seguimento a essa diretriz, em âmbito federal, temos o
a ausência sem justificação adequada; as Mesas da Câmara dos TCU (Tribunal de Contas da União); no plano estadual, os Tribu-
Deputados e do Senado Federal poderão encaminhar pedidos nais de Contas dos Estados; no Distrito Federal, o TCDF (Tribunal
escritos de informações a Ministros de Estado ou a quaisquer de Contas do Distrito Federal), sendo que na esfera municipal,
titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da percebe-se a organização dos tribunais de contas não ocorre de
República, importando em crime de responsabilidade a recusa, maneira uniforme. Devido ao fato da maioria dos municípios ter
ou o não atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a pres- criado até a CF/1988 o seu próprio Tribunal de Contas, a função
tação de informações falsas. de prestar auxílio ao Poder Legislativo municipal no exercício do
Por fim, em relação ao controle político legislativo, cabe es- controle externo é normalmente repassada ao Tribunal de Con-
pecial destaque referente ao controle exercido pelas comissões tas do respectivo Estado que é dotado de atribuições de controle
parlamentares de inquérito (CPIs). ao das administrações estadual e municipal.
As CPIs são comissões temporárias designadas a investigar Em relação à sua composição, verificamos com afinco que
fato certo e determinado e fazem parte do contexto de uma das os Tribunais de Contas são órgãos colegiados, com quadro de
funções típicas do Parlamento que é a função de fiscalização. pessoal próprio (inspetores, procuradores, analistas, técnicos
De acordo com a Constituição Federal, as comissões parla- etc.), sendo o TCU composto por nove ministros, ao passo que
mentares de inquérito possuem poderes de investigação que são os demais Tribunais de contas são compostos, em regra, por sete
próprios das autoridades judiciais, além de outros poderes que conselheiros, número sempre observado nos Estados, com exce-
estão previstos nos regimentos das Casas Legislativa. As CPIs são ção do Tribunal de Contas do Município de São Paulo que conta
criadas pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, seja com apenas cinco conselheiros, nos parâmetros do art. 49 da Lei
em conjunto ou de forma separada mediante pugnação de um Orgânica daquele Município.

3
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Embora, não obstante a existência dos chamados “tribunais” A) Subvenções sociais: são destinadas ao custeio de ins-
de contas, as cortes de contas também não exercem jurisdição tituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultu-
em sentido próprio, isso por que suas decisões não possuem o ral, que não possuem finalidade lucrativa, nos ditames da Lei
caráter de definitividade, vindo a sofrer a possibilidade de serem 4.320/1964, art. 12, § 3º, I.
anuladas pelo Poder Judiciário. Entretanto, o processo ajuizado B) Subvenções econômicas: são as destinadas ao custeio de
com o fito de anular a decisão da corte de contas é distinto do empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial,
processo de natureza administrativa em que foi proferida tal de- agrícola ou pastoril, nos termos da Lei 4.320/1964, art. 12, § 3º, II.
cisão. Desta forma, o interessado não poderá interpor um re- Registra-se, que o controle externo também se incumbe de
curso para o Judiciário em desfavor da decisão final do Tribunal apreciar a regularidade da renúncia de receita. Há vários me-
de Contas com o fulcro de reformá-la, mas sim ajuizar processo canismos que tornam possível a renúncia de receita, como por
autônomo perante o órgão jurisdicional competente com o obje- exemplo: a remissão, o subsídio, a isenção e a modificação da
tivo de anular o mencionado julgado. alíquota ou da base de cálculo de tributo que implique sua re-
Registra-se que em relação ao controle externo financeiro dução.
e as atribuições dos tribunais de contas, a Constituição Federal Nos ditames constitucionais, a cargo de Congresso Nacio-
criou um sistema harmonizado de controle, que prevê a existên- nal, o controle externo, será exercido com a ajuda do Tribunal
cia de um controle externo associada a um controle interno exe- de Contas da União, ao qual compete, nos parâmetros do art. 71
cutado por cada órgão sobre seus agentes e seus atos. da CFB/1988:
O controle exercido pelo Poder Legislativo é uma forma de A) Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente
controlar de maneira externa os atos dos órgãos dos outros Po- da República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado
deres e das entidades da administração indireta. Esse controle, em sessenta dias a contar de seu recebimento;
além de controlar a parte financeira dos outros órgãos, também B) Julgar as contas dos administradores e demais respon-
abrange de forma ampla o controle contábil, financeiro, orça- sáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração
mentário, operacional e patrimonial, levando em conta os as- direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas
pectos da legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
das subvenções e renúncia de receitas. derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que
No campo contábil a análise abrange o registro dos fatos resulte prejuízo ao erário público; apreciar, para fins de regis-
contábeis e a elaboração de demonstrativos. Em âmbito finan- tro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
ceiro, é verificado o verdadeiro ingresso das receitas, através de título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações
comprovantes de depósito ou transferência de recursos, bem instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nome-
como a realização de forma efetiva de despesas, vindo a compro- ações para cargo de provimento em comissão, bem como a das
var os seus tradicionais estágios de licitação, empenho, liquida- concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas
ção e pagamento. Por sua vez, o controle orçamentário é aquele as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do
que acompanha a execução do orçamento, que é a legislação em ato concessório;
que se encontram as receitas previstas e também as despesas fi- C) Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados,
xadas. Em referência ao controle operacional, ressaltamos que o do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspe-
mesmo trata de diversos aspectos do desempenho da atividade ções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
administrativa, como por exemplo, numa auditoria operacional, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Po-
pode ser computado o tempo médio que o usuário usa esperan- deres Legislativo, Executivo e
do por atendimento médico em uma unidade do sistema público Judiciário, e demais entidades referidas na letra b;
de saúde. Finalmente, temos o controle patrimonial, que cuida D) fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacio-
da fiscalização do patrimônio público. nais de cujo capital social a União participe, de forma direta ou
Analisando a legalidade do controle externo, observamos indireta, nos termos do tratado constitutivo;
que este investiga se a conduta administrativa está de acordo E) Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados
com as diversas normas jurídicas. pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instru-
O controle de legitimidade atua complementando o con- mentos congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;
trole de legalidade, permitindo a apreciação de outros aspectos F) Prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacio-
além da adequação formal da conduta à legislação pertinente. nal, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas
Nesse diapasão, são passíveis de averiguação aspectos como a Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentá-
finalidade do ato e a obediência aos princípios constitucionais ria, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e
como a moralidade administrativa, por exemplo. inspeções realizadas;
Em continuidade, o controle de economicidade é relativo à G) Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des-
utilização dos recursos de forma racional, uma vez que com ele, pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei,
pretende-se averiguar se a despesa realizada atende aos aspec- que estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional
tos da melhor relação custo-benefício. ao dano causado ao erário;
Destaca-se que o controle externo também investiga se hou- H) Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro-
ve a aplicação de forma correta das subvenções, que se tratam vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada
de transferências de recursos feitas pelo governo com o fito de ilegalidade;
cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas. I) sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado,
As subvenções podem ser de duas espécies. São elas: sub- comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado
venções sociais e subvenções econômicas. Federal;
J) Representar ao Poder competente sobre irregularidades
ou abusos apurados.

4
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
no art. 71, III da CFB/1988.
Observação: As normas retro mencionadas acima relativas Outro ponto importante a ser destacado, é o fato de que
ao Tribunal de Contas da União aplicam-se, no que couber, à or- ao julgar as contas dos gestores públicos e demais agentes que
ganização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos causarem danos ao erário, em diversos casos, os tribunais de
Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Con- contas imputam débito com o objetivo de ressarcir o dano, ou
selhos de Contas dos Municípios, onde houver, nos termos do multa com caráter de punição. Denota-se que decisões das Cor-
art.75 da CFB/1988. tes de Contas que imputam débito ou multa terão validade de
título executivo nos termos do art. 71, § 3º da CFB/198. Ou seja,
Aspectos importantes sobre as atribuições dos Tribunais de caso a pessoa a quem foi imputada a multa ou o débito não vier
Contas a adimplir a referida importância dentro do prazo estipulado por
Vejamos a diferença entre os atributos de “apreciar contas” lei, poderá sofrer a cobrança judicial da importância diretamente
e “julgar contas”. por intermédio de uma ação de execução, sendo desnecessário
Em relação às contas do chefe do Poder Executivo, os Tribu- o ajuizamento de uma ação de conhecimento para rediscutir a
nais de Contas têm atribuição para “apreciá-las”, desde que haja matéria que já foi objeto de decisão da corte de contas.
a emissão de parecer conclusivo, que deverá ser elaborado no Pelo fato das decisões definitivas dos tribunais de contas
prazo de 60 dias a contar de seu recebimento (art. 71, I), sendo que imputam débito ou aplicam multa terem, por si só, força de
que é competência do Poder título executivo, sua execução independe da inscrição em dívida
Legislativo julgar as contas de cada ente federado. Desta ativa. Entretanto, os entes federados têm o costume de inscre-
maneira, as contas anuais do Presidente da República são julga- ver todos os seus créditos passíveis de execução em dívida ativa,
das pelo Congresso Nacional nos ditames do art. 49, IX, CF/1988; o que ocorre por dois motivos. Em primeiro lugar, por que a ins-
as dos Governadores, pela Assembleia Legislativa do respectivo crição dá possibilidade para que a execução siga o rito estabele-
Estado; a do Governador do Distrito Federal, pela Câmara Legis- cido na Lei 6.830/1980, Lei das Execuções Fiscais, trazendo uma
lativa do Distrito Federal; e as contas dos Prefeitos, pelas respec- série de vantagens para o exequente. Em segundo lugar, a inscri-
tivas câmaras municipais. ção acaba por submeter o crédito a um controle mais amplo, na
Existe uma particularidade em relação ao parecer que o tri- medida em que ele fica registrado em sistemas informatizados
bunal de contas do Estado ou do município emite a respeito das criados para a administração, controle de prazos e cobrança dos
contas anuais do chefe do Poder Executivo municipal. Nos ter- valores inscritos.
mos do previsto no art. 31, § 2º, da CF/1988, o parecer prévio,
emitido pelo tribunal de contas sobre as contas que o Prefeito
deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão
de dois terços dos membros da Câmara Municipal. Assim sendo, LEI Nº 8.429/1992 E SUAS ALTERAÇÕES (LEI DE IMPRO-
é por essa razão que grande parte da doutrina afirma que nessa BIDADE ADMINISTRATIVA)
hipótese, o parecer prévio é relativamente vinculante, não sen-
do absolutamente vinculante pelo fato de poder ser superado, LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992
porém, como a superação depende de quórum qualificado, tem-
-se uma vinculação relativa. Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática
Em relação a esse assunto, o STF explicou que a expressão de atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do
“só deixará de prevalecer”, contida no mencionado § 2º, não art. 37 da Constituição Federal; e dá outras providências. (Re-
quer dizer que o parecer conclusivo do tribunal de contas pode- dação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
ria produzir efeitos imediatos, que se poderiam se tornar perma-
nentes em caso do silêncio da casa legislativa. Para a Suprema O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso
Corte, o parecer do Tribunal de Contas que rejeita as contas do Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
chefe do executivo possui natureza opinativa, só podendo pro-
duzir o efeito de inelegibilidade do prefeito (LC 64/1990, art. 1º, CAPÍTULO I
I, alínea “g”) após transcorrido o julgamento das contas pela res- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
pectiva Câmara de Vereadores (RE 729.744/MG e RE 848.826/
DF). Art. 1º O sistema de responsabilização por atos de improbi-
De outro ângulo, o parecer antecedente emitido pela Corte dade administrativa tutelará a probidade na organização do Es-
de Contas é indispensável ao julgamento das contas anuais dos tado e no exercício de suas funções, como forma de assegurar a
Prefeitos. Foi justamente por esse motivo que o STF julgou in- integridade do patrimônio público e social, nos termos desta Lei.
constitucional dispositivo de constituição estadual que permitia (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
às Câmaras Legislativas apreciarem as contas anuais prestadas Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
pelos prefeitos, independentemente do parecer do Tribunal de 14.230, de 2021)
Contas do Estado, quando este não fosse oferecido no prazo de § 1º Consideram-se atos de improbidade administrativa as
180 dias. (ADI 3.077/SE). condutas dolosas tipificadas nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei, res-
Os Tribunais de Contas possuem competência distinta para salvados tipos previstos em leis especiais. (Incluído pela Lei nº
julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por 14.230, de 2021)
verba pública, bens e valores públicos da administração direta e § 2º Considera-se dolo a vontade livre e consciente de alcan-
indireta, inclusive das fundações e sociedades instituídas e man- çar o resultado ilícito tipificado nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei,
tidas pelo Poder Público, e ainda, as contas dos entes que ense- não bastando a voluntariedade do agente. (Incluído pela Lei nº
jarem e derem causa à perda, extravio ou outra irregularidade 14.230, de 2021)
de que resulte prejuízo ao erário público, nos termos do disposto

5
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 3º O mero exercício da função ou desempenho de compe- Art. 7º Se houver indícios de ato de improbidade, a autori-
tências públicas, sem comprovação de ato doloso com fim ilícito, dade que conhecer dos fatos representará ao Ministério Público
afasta a responsabilidade por ato de improbidade administrati- competente, para as providências necessárias. (Redação dada
va. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º Aplicam-se ao sistema da improbidade disciplinado nes- Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº
ta Lei os princípios constitucionais do direito administrativo san- 14.230, de 2021)
cionador. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 8º O sucessor ou o herdeiro daquele que causar dano ao
§ 5º Os atos de improbidade violam a probidade na organi- erário ou que se enriquecer ilicitamente estão sujeitos apenas à
zação do Estado e no exercício de suas funções e a integridade obrigação de repará-lo até o limite do valor da herança ou do pa-
do patrimônio público e social dos Poderes Executivo, Legislativo trimônio transferido. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
e Judiciário, bem como da administração direta e indireta, no Art. 8º-A A responsabilidade sucessória de que trata o art.
âmbito da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Fe- 8º desta Lei aplica-se também na hipótese de alteração contra-
deral. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tual, de transformação, de incorporação, de fusão ou de cisão
§ 6º Estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbi- societária. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
dade praticados contra o patrimônio de entidade privada que Parágrafo único. Nas hipóteses de fusão e de incorporação,
receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de a responsabilidade da sucessora será restrita à obrigação de re-
entes públicos ou governamentais, previstos no § 5º deste arti- paração integral do dano causado, até o limite do patrimônio
go. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) transferido, não lhe sendo aplicáveis as demais sanções previs-
§ 7º Independentemente de integrar a administração indi- tas nesta Lei decorrentes de atos e de fatos ocorridos antes da
reta, estão sujeitos às sanções desta Lei os atos de improbidade data da fusão ou da incorporação, exceto no caso de simulação
praticados contra o patrimônio de entidade privada para cuja ou de evidente intuito de fraude, devidamente comprovados.
criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra no seu (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
patrimônio ou receita atual, limitado o ressarcimento de prejuí-
zos, nesse caso, à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos CAPÍTULO II
cofres públicos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
§ 8º Não configura improbidade a ação ou omissão decor- SEÇÃO I
rente de divergência interpretativa da lei, baseada em jurispru- DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE IM-
dência, ainda que não pacificada, mesmo que não venha a ser PORTAM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO
posteriormente prevalecente nas decisões dos órgãos de con-
trole ou dos tribunais do Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº Art. 9º Constitui ato de improbidade administrativa impor-
14.230, de 2021) tando em enriquecimento ilícito auferir, mediante a prática de
Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se agente públi- ato doloso, qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em
co o agente político, o servidor público e todo aquele que exerce, razão do exercício de cargo, de mandato, de função, de emprego
ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, ou de atividade nas entidades referidas no art. 1º desta Lei, e
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de notadamente: (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou
entidades referidas no art. 1º desta Lei. (Redação dada pela Lei imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica, direta ou in-
nº 14.230, de 2021) direta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou pre-
Parágrafo único. No que se refere a recursos de origem pú- sente de quem tenha interesse, direto ou indireto, que possa
blica, sujeita-se às sanções previstas nesta Lei o particular, pes- ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das
soa física ou jurídica, que celebra com a administração pública atribuições do agente público;
convênio, contrato de repasse, contrato de gestão, termo de II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
parceria, termo de cooperação ou ajuste administrativo equiva- facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem móvel ou imó-
lente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) vel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no
Art. 3º As disposições desta Lei são aplicáveis, no que cou- art. 1° por preço superior ao valor de mercado;
ber, àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para
concorra dolosamente para a prática do ato de improbidade. facilitar a alienação, permuta ou locação de bem público ou o
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao
§ 1º Os sócios, os cotistas, os diretores e os colaboradores valor de mercado;
de pessoa jurídica de direito privado não respondem pelo ato de IV - utilizar, em obra ou serviço particular, qualquer bem mó-
improbidade que venha a ser imputado à pessoa jurídica, salvo vel, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades
se, comprovadamente, houver participação e benefícios diretos, referidas no art. 1º desta Lei, bem como o trabalho de servido-
caso em que responderão nos limites da sua participação. (Inclu- res, de empregados ou de terceiros contratados por essas enti-
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) dades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º As sanções desta Lei não se aplicarão à pessoa jurídica, V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, di-
caso o ato de improbidade administrativa seja também sancio- reta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática de jogos
nado como ato lesivo à administração pública de que trata a Lei de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura
nº 12.846, de 1º de agosto de 2013. (Incluído pela Lei nº 14.230, ou de qualquer outra atividade ilícita, ou aceitar promessa de
de 2021) tal vantagem;
Art. 4° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, di-
Art. 5° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) reta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre qualquer dado
Art. 6° (Revogado pela Lei nº 14.230, de 2021) técnico que envolva obras públicas ou qualquer outro serviço ou

6
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
sobre quantidade, peso, medida, qualidade ou característica de VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a ob-
mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades refe- servância das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
ridas no art. 1º desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de à espécie;
2021) VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de proces-
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de manda- so seletivo para celebração de parcerias com entidades sem fins
to, de cargo, de emprego ou de função pública, e em razão deles, lucrativos, ou dispensá-los indevidamente, acarretando perda
bens de qualquer natureza, decorrentes dos atos descritos no patrimonial efetiva; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
caput deste artigo, cujo valor seja desproporcional à evolução IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autori-
do patrimônio ou à renda do agente público, assegurada a de- zadas em lei ou regulamento;
monstração pelo agente da licitude da origem dessa evolução; X - agir ilicitamente na arrecadação de tributo ou de renda,
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) bem como no que diz respeito à conservação do patrimônio pú-
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de blico; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou jurídica XI - liberar verba pública sem a estrita observância das nor-
que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por mas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua aplica-
ação ou omissão decorrente das atribuições do agente público, ção irregular;
durante a atividade; XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se en-
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a libe- riqueça ilicitamente;
ração ou aplicação de verba pública de qualquer natureza; XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular,
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, di- veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer na-
reta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, providência ou tureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entida-
declaração a que esteja obrigado; des mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o trabalho de
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas
rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades.
entidades mencionadas no art. 1° desta lei; XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valo- objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão as-
res integrantes do acervo patrimonial das entidades menciona- sociada sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído
das no art. 1° desta lei. pela Lei nº 11.107, de 2005)
SEÇÃO II XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE CAU- suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem observar as
SAM PREJUÍZO AO ERÁRIO formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de
2005)
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a in-
causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão dolosa, que corporação, ao patrimônio particular de pessoa física ou jurídi-
enseje, efetiva e comprovadamente, perda patrimonial, desvio, ca, de bens, rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou have- administração pública a entidades privadas mediante celebração
res das entidades referidas no art. 1º desta Lei, e notadamente: de parcerias, sem a observância das formalidades legais ou re-
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) gulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019,
I - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a indevida de 2014) (Vigência)
incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física ou jurí- XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi-
dica, de bens, de rendas, de verbas ou de valores integrantes do ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores públicos trans-
acervo patrimonial das entidades referidas no art. 1º desta Lei; feridos pela administração pública a entidade privada mediante
(Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) celebração de parcerias, sem a observância das formalidades le-
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídi- gais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº
ca privada utilize bens, rendas, verbas ou valores integrantes do 13.019, de 2014) (Vigência)
acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta XVIII - celebrar parcerias da administração pública com enti-
lei, sem a observância das formalidades legais ou regulamenta- dades privadas sem a observância das formalidades legais ou re-
res aplicáveis à espécie; gulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019,
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente des- de 2014) (Vigência)
personalizado, ainda que de fins educativos ou assistências, XIX - agir para a configuração de ilícito na celebração, na
bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das fiscalização e na análise das prestações de contas de parcerias
entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem observância das firmadas pela administração pública com entidades privadas;
formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela administra-
bem integrante do patrimônio de qualquer das entidades referi- ção pública com entidades privadas sem a estrita observância
das no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte das normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a sua
delas, por preço inferior ao de mercado; aplicação irregular. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014, com a
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
bem ou serviço por preço superior ao de mercado; XXI - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
VI - realizar operação financeira sem observância das nor- XXII - conceder, aplicar ou manter benefício financeiro ou
mas legais e regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A
inidônea; da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído
pela Lei nº 14.230, de 2021)

7
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 1º Nos casos em que a inobservância de formalidades le- inequívoco enaltecimento do agente público e personalização de
gais ou regulamentares não implicar perda patrimonial efetiva, atos, de programas, de obras, de serviços ou de campanhas dos
não ocorrerá imposição de ressarcimento, vedado o enriqueci- órgãos públicos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
mento sem causa das entidades referidas no art. 1º desta Lei. § 1º Nos termos da Convenção das Nações Unidas contra a
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) Corrupção, promulgada pelo Decreto nº 5.687, de 31 de janeiro
§ 2º A mera perda patrimonial decorrente da atividade eco- de 2006, somente haverá improbidade administrativa, na aplica-
nômica não acarretará improbidade administrativa, salvo se ção deste artigo, quando for comprovado na conduta funcional
comprovado ato doloso praticado com essa finalidade. (Incluído do agente público o fim de obter proveito ou benefício indevido
pela Lei nº 14.230, de 2021) para si ou para outra pessoa ou entidade. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021)
SEÇÃO III § 2º Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo a quaisquer
DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA QUE ATEN- atos de improbidade administrativa tipificados nesta Lei e em
TAM CONTRA OS PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLI- leis especiais e a quaisquer outros tipos especiais de improbida-
CA de administrativa instituídos por lei. (Incluído pela Lei nº 14.230,
de 2021)
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que § 3º O enquadramento de conduta funcional na categoria
atenta contra os princípios da administração pública a ação ou de que trata este artigo pressupõe a demonstração objetiva da
omissão dolosa que viole os deveres de honestidade, de impar- prática de ilegalidade no exercício da função pública, com a indi-
cialidade e de legalidade, caracterizada por uma das seguintes cação das normas constitucionais, legais ou infralegais violadas.
condutas: (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) § 4º Os atos de improbidade de que trata este artigo exi-
II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) gem lesividade relevante ao bem jurídico tutelado para serem
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em ra- passíveis de sancionamento e independem do reconhecimento
zão das atribuições e que deva permanecer em segredo, pro- da produção de danos ao erário e de enriquecimento ilícito dos
piciando beneficiamento por informação privilegiada ou colo- agentes públicos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
cando em risco a segurança da sociedade e do Estado; (Redação § 5º Não se configurará improbidade a mera nomeação ou
dada pela Lei nº 14.230, de 2021) indicação política por parte dos detentores de mandatos eleti-
IV - negar publicidade aos atos oficiais, exceto em razão de vos, sendo necessária a aferição de dolo com finalidade ilícita
sua imprescindibilidade para a segurança da sociedade e do Es- por parte do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tado ou de outras hipóteses instituídas em lei; (Redação dada
pela Lei nº 14.230, de 2021) CAPÍTULO III
V - frustrar, em ofensa à imparcialidade, o caráter concor- DAS PENAS
rencial de concurso público, de chamamento ou de procedimen-
to licitatório, com vistas à obtenção de benefício próprio, direto Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do
ou indireto, ou de terceiros; (Redação dada pela Lei nº 14.230, dano patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de
de 2021) responsabilidade, civis e administrativas previstas na legislação
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fa- específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito
zê-lo, desde que disponha das condições para isso, com vistas às seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada ou
a ocultar irregularidades; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato: (Redação
2021) dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de medida acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública,
política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, suspensão dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamen-
bem ou serviço. to de multa civil equivalente ao valor do acréscimo patrimonial
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, fiscaliza- e proibição de contratar com o poder público ou de receber be-
ção e aprovação de contas de parcerias firmadas pela adminis- nefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indireta-
tração pública com entidades privadas. (Redação dada pela Lei mente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja
nº 13.019, de 2014) (Vigência) sócio majoritário, pelo prazo não superior a 14 (catorze) anos;
IX - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
X - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou va-
XI - nomear cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, lores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta
colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da au- circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos
toridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica in- políticos até 12 (doze) anos, pagamento de multa civil equivalen-
vestido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o te ao valor do dano e proibição de contratar com o poder público
exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, di-
função gratificada na administração pública direta e indireta em reta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurí-
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal dica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 12
e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações (doze) anos; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
recíprocas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa
XII - praticar, no âmbito da administração pública e com re- civil de até 24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração per-
cursos do erário, ato de publicidade que contrarie o disposto no cebida pelo agente e proibição de contratar com o poder público
§ 1º do art. 37 da Constituição Federal, de forma a promover ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, di-

8
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
reta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurí- CAPÍTULO IV
dica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 4 DA DECLARAÇÃO DE BENS
(quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
IV - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam con-
Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº dicionados à apresentação de declaração de imposto de renda e
14.230, de 2021) proventos de qualquer natureza, que tenha sido apresentada à
§ 1º A sanção de perda da função pública, nas hipóteses dos Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil, a fim de ser ar-
incisos I e II do caput deste artigo, atinge apenas o vínculo de quivada no serviço de pessoal competente. (Redação dada pela
mesma qualidade e natureza que o agente público ou político Lei nº 14.230, de 2021)
detinha com o poder público na época do cometimento da in- § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
fração, podendo o magistrado, na hipótese do inciso I do caput § 2º A declaração de bens a que se refere o caput deste ar-
deste artigo, e em caráter excepcional, estendê-la aos demais tigo será atualizada anualmente e na data em que o agente pú-
vínculos, consideradas as circunstâncias do caso e a gravidade da blico deixar o exercício do mandato, do cargo, do emprego ou da
infração. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) função. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º A multa pode ser aumentada até o dobro, se o juiz con- § 3º Será apenado com a pena de demissão, sem prejuízo de
siderar que, em virtude da situação econômica do réu, o valor outras sanções cabíveis, o agente público que se recusar a pres-
calculado na forma dos incisos I, II e III do caput deste artigo é tar a declaração dos bens a que se refere o caput deste artigo
ineficaz para reprovação e prevenção do ato de improbidade. dentro do prazo determinado ou que prestar declaração falsa.
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º Na responsabilização da pessoa jurídica, deverão ser § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
considerados os efeitos econômicos e sociais das sanções, de
modo a viabilizar a manutenção de suas atividades. (Incluído CAPÍTULO V
pela Lei nº 14.230, de 2021) DO PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO E DO PROCESSO
§ 4º Em caráter excepcional e por motivos relevantes devi- JUDICIAL
damente justificados, a sanção de proibição de contratação com
o poder público pode extrapolar o ente público lesado pelo ato Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à autoridade
de improbidade, observados os impactos econômicos e sociais administrativa competente para que seja instaurada investiga-
das sanções, de forma a preservar a função social da pessoa ju- ção destinada a apurar a prática de ato de improbidade.
rídica, conforme disposto no § 3º deste artigo. (Incluído pela Lei § 1º A representação, que será escrita ou reduzida a termo
nº 14.230, de 2021) e assinada, conterá a qualificação do representante, as informa-
§ 5º No caso de atos de menor ofensa aos bens jurídicos tu- ções sobre o fato e sua autoria e a indicação das provas de que
telados por esta Lei, a sanção limitar-se-á à aplicação de multa, tenha conhecimento.
sem prejuízo do ressarcimento do dano e da perda dos valores § 2º A autoridade administrativa rejeitará a representação,
obtidos, quando for o caso, nos termos do caput deste artigo. em despacho fundamentado, se esta não contiver as formalida-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) des estabelecidas no § 1º deste artigo. A rejeição não impede a
§ 6º Se ocorrer lesão ao patrimônio público, a reparação do representação ao Ministério Público, nos termos do art. 22 desta
dano a que se refere esta Lei deverá deduzir o ressarcimento lei.
ocorrido nas instâncias criminal, civil e administrativa que tiver § 3º Atendidos os requisitos da representação, a autoridade
por objeto os mesmos fatos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de determinará a imediata apuração dos fatos, observada a legisla-
2021) ção que regula o processo administrativo disciplinar aplicável ao
§ 7º As sanções aplicadas a pessoas jurídicas com base nesta agente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei e na Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, deverão obser- Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao Mi-
var o princípio constitucional do non bis in idem. (Incluído pela nistério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas da existên-
Lei nº 14.230, de 2021) cia de procedimento administrativo para apurar a prática de ato
§ 8º A sanção de proibição de contratação com o poder pú- de improbidade.
blico deverá constar do Cadastro Nacional de Empresas Inidô- Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou Conse-
neas e Suspensas (CEIS) de que trata a Lei nº 12.846, de 1º de lho de Contas poderá, a requerimento, designar representante
agosto de 2013, observadas as limitações territoriais contidas para acompanhar o procedimento administrativo.
em decisão judicial, conforme disposto no § 4º deste artigo. (In- Art. 16. Na ação por improbidade administrativa poderá
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ser formulado, em caráter antecedente ou incidente, pedido de
§ 9º As sanções previstas neste artigo somente poderão ser indisponibilidade de bens dos réus, a fim de garantir a integral
executadas após o trânsito em julgado da sentença condenató- recomposição do erário ou do acréscimo patrimonial resultante
ria. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) de enriquecimento ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
§ 10. Para efeitos de contagem do prazo da sanção de sus- 2021)
pensão dos direitos políticos, computar-se-á retroativamente o § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
intervalo de tempo entre a decisão colegiada e o trânsito em § 1º-A O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere
julgado da sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, o caput deste artigo poderá ser formulado independentemente
de 2021) da representação de que trata o art. 7º desta Lei. (Incluído pela
Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º Quando for o caso, o pedido de indisponibilidade de
bens a que se refere o caput deste artigo incluirá a investigação,
o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e aplicações fi-

9
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
nanceiras mantidas pelo indiciado no exterior, nos termos da lei § 14. É vedada a decretação de indisponibilidade do bem
e dos tratados internacionais. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de família do réu, salvo se comprovado que o imóvel seja fruto
de 2021) de vantagem patrimonial indevida, conforme descrito no art. 9º
§ 3º O pedido de indisponibilidade de bens a que se refere o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
caput deste artigo apenas será deferido mediante a demonstra- Art. 17. A ação para a aplicação das sanções de que trata
ção no caso concreto de perigo de dano irreparável ou de risco esta Lei será proposta pelo Ministério Público e seguirá o pro-
ao resultado útil do processo, desde que o juiz se convença da cedimento comum previsto na Lei nº 13.105, de 16 de março
probabilidade da ocorrência dos atos descritos na petição inicial de 2015 (Código de Processo Civil), salvo o disposto nesta Lei.
com fundamento nos respectivos elementos de instrução, após (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
a oitiva do réu em 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de § 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
2021) § 2º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 4º A indisponibilidade de bens poderá ser decretada sem a § 3º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
oitiva prévia do réu, sempre que o contraditório prévio puder com- § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
provadamente frustrar a efetividade da medida ou houver outras § 4º-A A ação a que se refere o caput deste artigo deverá ser
circunstâncias que recomendem a proteção liminar, não podendo a proposta perante o foro do local onde ocorrer o dano ou da pes-
urgência ser presumida. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) soa jurídica prejudicada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 5º Se houver mais de um réu na ação, a somatória dos § 5º A propositura da ação a que se refere o caput deste
valores declarados indisponíveis não poderá superar o montante artigo prevenirá a competência do juízo para todas as ações pos-
indicado na petição inicial como dano ao erário ou como enri- teriormente intentadas que possuam a mesma causa de pedir
quecimento ilícito. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ou o mesmo objeto. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 6º O valor da indisponibilidade considerará a estimativa § 6º A petição inicial observará o seguinte: (Redação dada
de dano indicada na petição inicial, permitida a sua substituição pela Lei nº 14.230, de 2021)
por caução idônea, por fiança bancária ou por seguro-garantia I - deverá individualizar a conduta do réu e apontar os ele-
judicial, a requerimento do réu, bem como a sua readequação mentos probatórios mínimos que demonstrem a ocorrência das
durante a instrução do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, hipóteses dos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei e de sua autoria, salvo
de 2021) impossibilidade devidamente fundamentada; (Incluído pela Lei
§ 7º A indisponibilidade de bens de terceiro dependerá da nº 14.230, de 2021)
demonstração da sua efetiva concorrência para os atos ilícitos II - será instruída com documentos ou justificação que con-
apurados ou, quando se tratar de pessoa jurídica, da instaura- tenham indícios suficientes da veracidade dos fatos e do dolo
ção de incidente de desconsideração da personalidade jurídica, imputado ou com razões fundamentadas da impossibilidade de
a ser processado na forma da lei processual. (Incluído pela Lei nº apresentação de qualquer dessas provas, observada a legislação
14.230, de 2021) vigente, inclusive as disposições constantes dos arts. 77 e 80 da
§ 8º Aplica-se à indisponibilidade de bens regida por esta Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Ci-
Lei, no que for cabível, o regime da tutela provisória de urgência vil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo § 6º-A O Ministério Público poderá requerer as tutelas pro-
Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) visórias adequadas e necessárias, nos termos dos arts. 294 a 310
§ 9º Da decisão que deferir ou indeferir a medida relativa da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
à indisponibilidade de bens caberá agravo de instrumento, nos Civil (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
termos da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de § 6º-B A petição inicial será rejeitada nos casos do art. 330
Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo
§ 10. A indisponibilidade recairá sobre bens que assegurem Civil), bem como quando não preenchidos os requisitos a que
exclusivamente o integral ressarcimento do dano ao erário, sem se referem os incisos I e II do § 6º deste artigo, ou ainda quan-
incidir sobre os valores a serem eventualmente aplicados a título do manifestamente inexistente o ato de improbidade imputado.
de multa civil ou sobre acréscimo patrimonial decorrente de ati- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
vidade lícita. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 7º Se a petição inicial estiver em devida forma, o juiz man-
§ 11. A ordem de indisponibilidade de bens deverá priorizar dará autuá-la e ordenará a citação dos requeridos para que a
veículos de via terrestre, bens imóveis, bens móveis em geral, contestem no prazo comum de 30 (trinta) dias, iniciado o prazo
semoventes, navios e aeronaves, ações e quotas de sociedades na forma do art. 231 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015
simples e empresárias, pedras e metais preciosos e, apenas na (Código de Processo Civil). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
inexistência desses, o bloqueio de contas bancárias, de forma a 2021)
garantir a subsistência do acusado e a manutenção da atividade § 8º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
empresária ao longo do processo. (Incluído pela Lei nº 14.230, § 9º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) § 9º-A Da decisão que rejeitar questões preliminares susci-
§ 12. O juiz, ao apreciar o pedido de indisponibilidade de tadas pelo réu em sua contestação caberá agravo de instrumen-
bens do réu a que se refere o caput deste artigo, observará os to. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
efeitos práticos da decisão, vedada a adoção de medida capaz § 10. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
de acarretar prejuízo à prestação de serviços públicos. (Incluído § 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual, po-
pela Lei nº 14.230, de 2021) derão as partes requerer ao juiz a interrupção do prazo para a
§ 13. É vedada a decretação de indisponibilidade da quantia contestação, por prazo não superior a 90 (noventa) dias. (Incluí-
de até 40 (quarenta) salários mínimos depositados em caderneta do pela Lei nº 13.964, de 2019)
de poupança, em outras aplicações financeiras ou em conta-cor- § 10-B. Oferecida a contestação e, se for o caso, ouvido o
rente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) autor, o juiz: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

10
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
I - procederá ao julgamento conforme o estado do processo, IV - o reexame obrigatório da sentença de improcedência
observada a eventual inexistência manifesta do ato de improbi- ou de extinção sem resolução de mérito. (Incluído pela Lei nº
dade; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
II - poderá desmembrar o litisconsórcio, com vistas a otimi- § 20. A assessoria jurídica que emitiu o parecer atestando
zar a instrução processual. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) a legalidade prévia dos atos administrativos praticados pelo ad-
§ 10-C. Após a réplica do Ministério Público, o juiz proferirá ministrador público ficará obrigada a defendê-lo judicialmente,
decisão na qual indicará com precisão a tipificação do ato de caso este venha a responder ação por improbidade administra-
improbidade administrativa imputável ao réu, sendo-lhe vedado tiva, até que a decisão transite em julgado. (Incluído pela Lei nº
modificar o fato principal e a capitulação legal apresentada pelo 14.230, de 2021)
autor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 21. Das decisões interlocutórias caberá agravo de instru-
§ 10-D. Para cada ato de improbidade administrativa, deve- mento, inclusive da decisão que rejeitar questões preliminares
rá necessariamente ser indicado apenas um tipo dentre aqueles suscitadas pelo réu em sua contestação. (Incluído pela Lei nº
previstos nos arts. 9º, 10 e 11 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021) Art. 17-A. (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 10-E. Proferida a decisão referida no § 10-C deste artigo, I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
as partes serão intimadas a especificar as provas que pretendem II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
produzir. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) III - (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 10-F. Será nula a decisão de mérito total ou parcial da ação § 1º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de improbidade administrativa que: (Incluído pela Lei nº 14.230, § 2º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
de 2021) § 3º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - condenar o requerido por tipo diverso daquele definido § 4º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
na petição inicial; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 5º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
II - condenar o requerido sem a produção das provas por ele Art. 17-B. O Ministério Público poderá, conforme as circuns-
tempestivamente especificadas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de tâncias do caso concreto, celebrar acordo de não persecução
2021)
civil, desde que dele advenham, ao menos, os seguintes resulta-
§ 11. Em qualquer momento do processo, verificada a ine-
dos: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
xistência do ato de improbidade, o juiz julgará a demanda impro-
I - o integral ressarcimento do dano; (Incluído pela Lei nº
cedente. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
14.230, de 2021)
§ 12. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - a reversão à pessoa jurídica lesada da vantagem indevida
§ 13. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
obtida, ainda que oriunda de agentes privados. (Incluído pela Lei
§ 14. Sem prejuízo da citação dos réus, a pessoa jurídica in-
nº 14.230, de 2021)
teressada será intimada para, caso queira, intervir no processo.
§ 1º A celebração do acordo a que se refere o caput deste ar-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
tigo dependerá, cumulativamente: (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 15. Se a imputação envolver a desconsideração de pessoa
jurídica, serão observadas as regras previstas nos arts. 133, 134, de 2021)
135, 136 e 137 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código I - da oitiva do ente federativo lesado, em momento anterior
de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ou posterior à propositura da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230,
§ 16. A qualquer momento, se o magistrado identificar a de 2021)
existência de ilegalidades ou de irregularidades administrativas II - de aprovação, no prazo de até 60 (sessenta) dias, pelo
a serem sanadas sem que estejam presentes todos os requisi- órgão do Ministério Público competente para apreciar as promo-
tos para a imposição das sanções aos agentes incluídos no polo ções de arquivamento de inquéritos civis, se anterior ao ajuiza-
passivo da demanda, poderá, em decisão motivada, converter a mento da ação; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ação de improbidade administrativa em ação civil pública, regu- III - de homologação judicial, independentemente de o acor-
lada pela Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído pela Lei do ocorrer antes ou depois do ajuizamento da ação de improbi-
nº 14.230, de 2021) dade administrativa. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 17. Da decisão que converter a ação de improbidade em § 2º Em qualquer caso, a celebração do acordo a que se re-
ação civil pública caberá agravo de instrumento. (Incluído pela fere o caput deste artigo considerará a personalidade do agente,
Lei nº 14.230, de 2021) a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social
§ 18. Ao réu será assegurado o direito de ser interrogado so- do ato de improbidade, bem como as vantagens, para o inte-
bre os fatos de que trata a ação, e a sua recusa ou o seu silêncio resse público, da rápida solução do caso. (Incluído pela Lei nº
não implicarão confissão. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 14.230, de 2021)
§ 19. Não se aplicam na ação de improbidade administrati- § 3º Para fins de apuração do valor do dano a ser ressarcido,
va: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) deverá ser realizada a oitiva do Tribunal de Contas competente,
I - a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor que se manifestará, com indicação dos parâmetros utilizados, no
em caso de revelia; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) prazo de 90 (noventa) dias. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
II - a imposição de ônus da prova ao réu, na forma dos §§ § 4º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá
1º e 2º do art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 ser celebrado no curso da investigação de apuração do ilícito, no
(Código de Processo Civil); (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) curso da ação de improbidade ou no momento da execução da
III - o ajuizamento de mais de uma ação de improbidade ad- sentença condenatória. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
ministrativa pelo mesmo fato, competindo ao Conselho Nacio- § 5º As negociações para a celebração do acordo a que se
nal do Ministério Público dirimir conflitos de atribuições entre refere o caput deste artigo ocorrerão entre o Ministério Público,
membros de Ministérios Públicos distintos; (Incluído pela Lei nº de um lado, e, de outro, o investigado ou demandado e o seu
14.230, de 2021) defensor. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

11
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
§ 6º O acordo a que se refere o caput deste artigo poderá § 3º Não haverá remessa necessária nas sentenças de que
contemplar a adoção de mecanismos e procedimentos internos trata esta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de integridade, de auditoria e de incentivo à denúncia de irregu- Art. 17-D. A ação por improbidade administrativa é repres-
laridades e a aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta siva, de caráter sancionatório, destinada à aplicação de sanções
no âmbito da pessoa jurídica, se for o caso, bem como de outras de caráter pessoal previstas nesta Lei, e não constitui ação civil,
medidas em favor do interesse público e de boas práticas admi- vedado seu ajuizamento para o controle de legalidade de políti-
nistrativas. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) cas públicas e para a proteção do patrimônio público e social, do
§ 7º Em caso de descumprimento do acordo a que se refere meio ambiente e de outros interesses difusos, coletivos e indivi-
o caput deste artigo, o investigado ou o demandado ficará im- duais homogêneos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
pedido de celebrar novo acordo pelo prazo de 5 (cinco) anos, Parágrafo único. Ressalvado o disposto nesta Lei, o controle
contado do conhecimento pelo Ministério Público do efetivo de legalidade de políticas públicas e a responsabilidade de agen-
descumprimento. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tes públicos, inclusive políticos, entes públicos e governamen-
Art. 17-C. A sentença proferida nos processos a que se refere tais, por danos ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direi-
esta Lei deverá, além de observar o disposto no art. 489 da Lei tos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico,
nº 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil): a qualquer outro interesse difuso ou coletivo, à ordem econômi-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) ca, à ordem urbanística, à honra e à dignidade de grupos raciais,
I - indicar de modo preciso os fundamentos que demons- étnicos ou religiosos e ao patrimônio público e social submetem-
tram os elementos a que se referem os arts. 9º, 10 e 11 desta -se aos termos da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. (Incluído
Lei, que não podem ser presumidos; (Incluído pela Lei nº 14.230, pela Lei nº 14.230, de 2021)
de 2021) Art. 18. A sentença que julgar procedente a ação funda-
II - considerar as consequências práticas da decisão, sempre da nos arts. 9º e 10 desta Lei condenará ao ressarcimento dos
que decidir com base em valores jurídicos abstratos; (Incluído danos e à perda ou à reversão dos bens e valores ilicitamente
pela Lei nº 14.230, de 2021) adquiridos, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica preju-
III - considerar os obstáculos e as dificuldades reais do gestor dicada pelo ilícito. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo § 1º Se houver necessidade de liquidação do dano, a pessoa
dos direitos dos administrados e das circunstâncias práticas que jurídica prejudicada procederá a essa determinação e ao ulterior
houverem imposto, limitado ou condicionado a ação do agente; procedimento para cumprimento da sentença referente ao res-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) sarcimento do patrimônio público ou à perda ou à reversão dos
IV - considerar, para a aplicação das sanções, de forma isola- bens. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
da ou cumulativa: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º Caso a pessoa jurídica prejudicada não adote as provi-
a) os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade; (In- dências a que se refere o § 1º deste artigo no prazo de 6 (seis)
cluído pela Lei nº 14.230, de 2021) meses, contado do trânsito em julgado da sentença de proce-
b) a natureza, a gravidade e o impacto da infração cometida; dência da ação, caberá ao Ministério Público proceder à respec-
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) tiva liquidação do dano e ao cumprimento da sentença referente
c) a extensão do dano causado; (Incluído pela Lei nº 14.230, ao ressarcimento do patrimônio público ou à perda ou à rever-
de 2021) são dos bens, sem prejuízo de eventual responsabilização pela
d) o proveito patrimonial obtido pelo agente; (Incluído pela omissão verificada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
Lei nº 14.230, de 2021) § 3º Para fins de apuração do valor do ressarcimento, deve-
e) as circunstâncias agravantes ou atenuantes; (Incluído pela rão ser descontados os serviços efetivamente prestados. (Incluí-
Lei nº 14.230, de 2021) do pela Lei nº 14.230, de 2021)
f) a atuação do agente em minorar os prejuízos e as conse- § 4º O juiz poderá autorizar o parcelamento, em até 48 (qua-
quências advindas de sua conduta omissiva ou comissiva; (Inclu- renta e oito) parcelas mensais corrigidas monetariamente, do
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) débito resultante de condenação pela prática de improbidade
g) os antecedentes do agente; (Incluído pela Lei nº 14.230, administrativa se o réu demonstrar incapacidade financeira de
de 2021) saldá-lo de imediato. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
V - considerar na aplicação das sanções a dosimetria das Art. 18-A. A requerimento do réu, na fase de cumprimento
sanções relativas ao mesmo fato já aplicadas ao agente; (Incluí- da sentença, o juiz unificará eventuais sanções aplicadas com
do pela Lei nº 14.230, de 2021) outras já impostas em outros processos, tendo em vista a even-
VI - considerar, na fixação das penas relativamente ao tercei- tual continuidade de ilícito ou a prática de diversas ilicitudes,
ro, quando for o caso, a sua atuação específica, não admitida a observado o seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
sua responsabilização por ações ou omissões para as quais não I - no caso de continuidade de ilícito, o juiz promoverá a
tiver concorrido ou das quais não tiver obtido vantagens patri- maior sanção aplicada, aumentada de 1/3 (um terço), ou a soma
moniais indevidas; (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) das penas, o que for mais benéfico ao réu; (Incluído pela Lei nº
VII - indicar, na apuração da ofensa a princípios, critérios ob- 14.230, de 2021)
jetivos que justifiquem a imposição da sanção. (Incluído pela Lei II - no caso de prática de novos atos ilícitos pelo mesmo su-
nº 14.230, de 2021) jeito, o juiz somará as sanções. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
§ 1º A ilegalidade sem a presença de dolo que a qualifique 2021)
não configura ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, Parágrafo único. As sanções de suspensão de direitos políti-
de 2021) cos e de proibição de contratar ou de receber incentivos fiscais
§ 2º Na hipótese de litisconsórcio passivo, a condenação ou creditícios do poder público observarão o limite máximo de
ocorrerá no limite da participação e dos benefícios diretos, veda- 20 (vinte) anos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
da qualquer solidariedade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)

12
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CAPÍTULO VI CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES PENAIS DA PRESCRIÇÃO

Art. 19. Constitui crime a representação por ato de impro- Art. 23. A ação para a aplicação das sanções previstas nesta
bidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o Lei prescreve em 8 (oito) anos, contados a partir da ocorrência
autor da denúncia o sabe inocente. do fato ou, no caso de infrações permanentes, do dia em que
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. cessou a permanência. (Redação dada pela Lei nº 14.230, de
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está 2021)
sujeito a indenizar o denunciado pelos danos materiais, morais I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
ou à imagem que houver provocado. II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos direitos III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021)
políticos só se efetivam com o trânsito em julgado da sentença § 1º A instauração de inquérito civil ou de processo adminis-
condenatória. trativo para apuração dos ilícitos referidos nesta Lei suspende o
§ 1º A autoridade judicial competente poderá determinar o curso do prazo prescricional por, no máximo, 180 (cento e oiten-
afastamento do agente público do exercício do cargo, do empre- ta) dias corridos, recomeçando a correr após a sua conclusão ou,
go ou da função, sem prejuízo da remuneração, quando a medi- caso não concluído o processo, esgotado o prazo de suspensão.
da for necessária à instrução processual ou para evitar a iminen- (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
te prática de novos ilícitos. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) § 2º O inquérito civil para apuração do ato de improbidade
§ 2º O afastamento previsto no § 1º deste artigo será de será concluído no prazo de 365 (trezentos e sessenta e cinco)
até 90 (noventa) dias, prorrogáveis uma única vez por igual pra- dias corridos, prorrogável uma única vez por igual período, me-
zo, mediante decisão motivada. (Incluído pela Lei nº 14.230, de diante ato fundamentado submetido à revisão da instância com-
2021) petente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei
Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei indepen- orgânica. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
de: § 3º Encerrado o prazo previsto no § 2º deste artigo, a ação
I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público, sal- deverá ser proposta no prazo de 30 (trinta) dias, se não for caso
vo quanto à pena de ressarcimento e às condutas previstas no de arquivamento do inquérito civil. (Incluído pela Lei nº 14.230,
art. 10 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 14.230, de 2021) de 2021)
II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de con- § 4º O prazo da prescrição referido no caput deste artigo
trole interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas. interrompe-se: (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 1º Os atos do órgão de controle interno ou externo serão I - pelo ajuizamento da ação de improbidade administrativa;
considerados pelo juiz quando tiverem servido de fundamento (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
para a conduta do agente público. (Incluído pela Lei nº 14.230, II - pela publicação da sentença condenatória; (Incluído pela
de 2021) Lei nº 14.230, de 2021)
§ 2º As provas produzidas perante os órgãos de controle e as III - pela publicação de decisão ou acórdão de Tribunal de
correspondentes decisões deverão ser consideradas na forma- Justiça ou Tribunal Regional Federal que confirma sentença con-
ção da convicção do juiz, sem prejuízo da análise acerca do dolo denatória ou que reforma sentença de improcedência; (Incluído
na conduta do agente. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) pela Lei nº 14.230, de 2021)
§ 3º As sentenças civis e penais produzirão efeitos em rela- IV - pela publicação de decisão ou acórdão do Superior Tri-
ção à ação de improbidade quando concluírem pela inexistên- bunal de Justiça que confirma acórdão condenatório ou que re-
cia da conduta ou pela negativa da autoria. (Incluído pela Lei nº forma acórdão de improcedência; (Incluído pela Lei nº 14.230,
14.230, de 2021) de 2021)
§ 4º A absolvição criminal em ação que discuta os mesmos V - pela publicação de decisão ou acórdão do Supremo Tri-
fatos, confirmada por decisão colegiada, impede o trâmite da bunal Federal que confirma acórdão condenatório ou que refor-
ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os ma acórdão de improcedência. (Incluído pela Lei nº 14.230, de
fundamentos de absolvição previstos no art. 386 do Decreto-Lei 2021)
nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). § 5º Interrompida a prescrição, o prazo recomeça a correr
(Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) do dia da interrupção, pela metade do prazo previsto no caput
§ 5º Sanções eventualmente aplicadas em outras esferas deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
deverão ser compensadas com as sanções aplicadas nos termos § 6º A suspensão e a interrupção da prescrição produzem
desta Lei. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) efeitos relativamente a todos os que concorreram para a prática
Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta Lei, o Mi- do ato de improbidade. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nistério Público, de ofício, a requerimento de autoridade admi- § 7º Nos atos de improbidade conexos que sejam objeto do
nistrativa ou mediante representação formulada de acordo com mesmo processo, a suspensão e a interrupção relativas a qual-
o disposto no art. 14 desta Lei, poderá instaurar inquérito civil quer deles estendem-se aos demais. (Incluído pela Lei nº 14.230,
ou procedimento investigativo assemelhado e requisitar a ins- de 2021)
tauração de inquérito policial. (Redação dada pela Lei nº 14.230, § 8º O juiz ou o tribunal, depois de ouvido o Ministério Pú-
de 2021) blico, deverá, de ofício ou a requerimento da parte interessada,
Parágrafo único. Na apuração dos ilícitos previstos nesta Lei, reconhecer a prescrição intercorrente da pretensão sancionado-
será garantido ao investigado a oportunidade de manifestação ra e decretá-la de imediato, caso, entre os marcos interruptivos
por escrito e de juntada de documentos que comprovem suas referidos no § 4º, transcorra o prazo previsto no § 5º deste arti-
alegações e auxiliem na elucidação dos fatos. (Incluído pela Lei go. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021)
nº 14.230, de 2021)

13
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Art. 23-A. É dever do poder público oferecer contínua capa- 4. O Brasil, contemporaneamente adota o sistema de unida-
citação aos agentes públicos e políticos que atuem com preven- de de jurisdição, também conhecido por sistema de monopólio
ção ou repressão de atos de improbidade administrativa. (Inclu- de jurisdição ou sistema inglês, por intermédio do qual o Poder
ído pela Lei nº 14.230, de 2021) Judiciário possuia exclusividade da função jurisdicional, vindo a
Art. 23-B. Nas ações e nos acordos regidos por esta Lei, não inferir que somenteas decisões judiciais fazem coisa julgada em
haverá adiantamento de custas, de preparo, de emolumentos, sentido próprio, vindo a tornar-se juridicamente insuscetíveis de
de honorários periciais e de quaisquer outras despesas. (Incluído serem modificadas.
pela Lei nº 14.230, de 2021) ( ) CERTO.
§ 1º No caso de procedência da ação, as custas e as demais ( ) ERRADO.
despesas processuais serão pagas ao final. (Incluído pela Lei nº
14.230, de 2021) 5. Dentro do sistema de dualidade de jurisdição, é composta
§ 2º Haverá condenação em honorários sucumbenciais em por juízes e tribunais administrativos cuja competência cuida-
caso de improcedência da ação de improbidade se comprovada -se em geral, de resolver litígios nos quais o Poder Público seja
má-fé. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) parte.
Art. 23-C. Atos que ensejem enriquecimento ilícito, perda Esta afirmação se refere à justiça administrativa.
patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapida- ( ) CERTO.
ção de recursos públicos dos partidos políticos, ou de suas fun- ( ) ERRADO.
dações, serão responsabilizados nos termos da Lei nº 9.096, de
19 de setembro de 1995. (Incluído pela Lei nº 14.230, de 2021) 6. O TCE/SC poderá aplicar determinadas sanções aos ad-
ministradores e demais responsáveis, no âmbito estadual e
CAPÍTULO VIII municipal. Quando o responsável for julgado em débito, além
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS do ressarcimento a que está obrigado, poderá ainda o Tribunal
aplicar-lhe multa. Assinale a alternativa que se refere ao valor
Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. máximo para a multa na situação aqui tipificada (envolvendo
Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de ressarcimento), conforme previsto na Lei Orgânica do TCE/SC e
1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições em seu Regimento Interno.
em contrário. (A) Multa de até 5 (cinco) salários mínimos.
(B) Multa de até 10 (dez) salários mínimos.
(C) Multa de até 100% (cem por cento) do dano causado ao
EXERCÍCIOS erário.
(D) Multa de até 500% (quinhentos por cento) do dano cau-
1. Controle interno é aquele realizado por órgãos de um Po- sado ao erário, após os acréscimos legais.
der sobrepondo condutas que são praticadas na direção desse (E) Multa de até 5.000,00 (cinco mil reais) – valor este que
mesmo Poder, ou, ainda, por um órgão de uma pessoa jurídica poderá ser atualizado pelo Tribunal com base na variação de
da Administração indireta sobre atos que foram praticados pela índice oficial de correção monetária adotado pelo Estado.
própria pessoa jurídica da qual faz parte. No controle interno o
órgão controlador encontra-se inserido na estrutura administra- 7. Sobre a atuação do Tribunal de Contas do Estado de Santa
tiva que deve ser controlada. Catarina pode-se afirmar:
( ) CERTO. I. Julgadas irregulares as contas, e havendo débito, o Tribu-
( ) ERRADO. nal condenará o responsável ao pagamento da dívida atualizada
monetariamente, acrescida dos juros de mora devidos, poden-
2. Controle externo é aquele realizado por órgão estranho à do, ainda, aplicar-lhe a multa de até cem por cento do valor do
estrutura do Poder controlado. Verificamos tal fato, em termos dano causado ao erário.
práticos, quando por exemplo, um Tribunal de Contas Estadual II. Ao julgar as contas, o Tribunal decidirá se estas são regu-
passa a julgar as contas no âmbito dos poderes legislativo ou lares, regulares com ressalva ou irregulares, definindo, conforme
judiciário. o caso, a responsabilidade civil dos gestores.
( ) CERTO. III. Ao julgar as contas regulares, o Tribunal dará quitação
( ) ERRADO. plena ao responsável.
IV. A decisão em processo de prestação ou tomada de contas
3. O controle judicial da Administração Pública, trata-se pode ser preliminar, definitiva ou terminativa.
daquele exercido pelo Poder Judiciário, quando em exercício A sequência correta é:
de função jurisdicional, sobre os atos administrativos do Poder (A) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
Executivo, do Poder Legislativo e do próprio Poder Judiciário. O (B) Apenas as assertivas I, II e IV estão corretas.
controle judicial é aquele por meio do qual, o Poder Judiciário, (C) Apenas a assertiva II está correta.
ao exercer de a função jurisdicional, aprecia a juridicidade que (D) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.
engloba a regularidade, a legalidade e a constitucionalidade da
conduta administrativa.
( ) CERTO.
( ) ERRADO.

14
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

GABARITO
______________________________________________________

______________________________________________________
1 CERTO
______________________________________________________
2 CERTO
3 CERTO ______________________________________________________
4 CERTO
5 CERTO ______________________________________________________
6 C
______________________________________________________
7 D
______________________________________________________

______________________________________________________
ANOTAÇÕES
______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

_____________________________________________________ ______________________________________________________

_____________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

15
CONTROLE EXTERNO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

16
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
1. Conceito, objeto e regime. Campo de aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
2. Patrimônio nas entidades públicas: bens públicos, classificação dos bens públicos, dívida pública fundada ou consolidada, dívida flu-
tuante, patrimônio financeiro e patrimônio permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3. Receita e Despesa públicas: definições, estágios (etapas), procedimentos contábeis e divulgação (evidenciação). Receitas e despesas
orçamentárias e extraorçamentárias. Restos a pagar. Dívida Pública. Despesas de exercícios anteriores. Operações de Crédito . . 21
4. Demonstrativos: Balancetes, Balanço Orçamentário, Balanço Financeiro; Balanço Patrimonial, Demonstração das Variações Patrimo-
niais, Relatório Resumido de Execução Orçamentária e Relatório de Gestão Fiscal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5. Noções de orçamento: Orçamento Público: tipos. Plano Plurianual. Lei de Diretrizes Orçamentárias. Lei Orçamentária Anual. Ciclo
orçamentário. Princípios orçamentários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 01
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
• Insuficiência de dotações ou recursos alocados nos orçamen-
CONCEITO, OBJETO E REGIME. CAMPO DE APLICAÇÃO. tos;
NOÇÕES DE ORÇAMENTO: ORÇAMENTO PÚBLICO: • Necessidade de atender a situações que não foram previstas,
TIPOS. PLANO PLURIANUAL. LEI DE DIRETRIZES ORÇA- inclusive por serem imprevisíveis, nos orçamentos.
MENTÁRIAS. LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL.CICLO ORÇA-
MENTÁRIO. PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS Os créditos adicionais, portanto, constituem-se em procedi-
mentos previstos na Constituição e na Lei 4.320/64 para corrigir ou
Orçamento público é o instrumento utilizado pelo Governo amenizar situações que surgem, durante a execução orçamentária,
Federal para planejar a utilização do dinheiro arrecadado com os por razões de fatos de ordem econômica ou imprevisíveis. Os crédi-
tributos (impostos, taxas, contribuições de melhoria, entre outros). tos adicionais são incorporados aos orçamentos em execução.
Esse planejamento é essencial para oferecer serviços públicos ade-
quados, além de especificar gastos e investimentos que foram prio- Modalidades de créditos
rizados pelos poderes.
Essa ferramenta estima tanto as receitas que o Governo espera Adicionais
arrecadar quanto fixa as despesas a serem efetuadas com o dinhei- a) Créditos Suplementares: são destinados ao reforço de do-
ro. Assim, as receitas são estimadas porque os tributos arrecadados tações orçamentárias existentes, dessa forma, eles aumentam as
(e outras fontes) podem sofrer variações ano a ano, enquanto as despesas fixadas no orçamento. Quanto à forma processual, eles
despesas são fixadas para garantir que o governo não gaste mais são autorizados previamente por lei, podendo essa autorização le-
do que arrecada. gislativa constar da própria lei orçamentária, e aberta por decreto
Uma vez que o orçamento detalha as despesas, pode-se acom- do Poder Executivo.
panhar as prioridades do governo para cada ano, como, por exem- A vigência do crédito suplementar é restrita ao exercício finan-
plo: o investimento na construção de escolas, a verba para trans- ceiro referente ao orçamento em execução.
porte e o gasto com a saúde. Esse acompanhamento contribui para
fiscalizar o uso do dinheiro público e a melhoria da gestão pública b) Créditos Especiais: São destinados a autorização de despe-
e está disponível aqui, no Portal da Transparência do Governo Fe- sas não previstas ou fixadas nos orçamentos aprovados. Sendo as-
deral. sim, o crédito especial cria um novo projeto ou atividade, o uma
categoria econômica ou grupo de despesa inexistente em projeto
Elaboração do Orçamento ou atividade integrante do orçamento vigente.
Os créditos especiais são sempre autorizados por lei específica
O processo de elaboração do orçamento é complexo, pois en-
e abertos por decreto do Executivo.
volve as prioridades do Brasil, um país com mais de 200 milhões de
A sua vigência é no exercício em que forem autorizados, sal-
habitantes. Se já é difícil planejar e controlar os gastos em nossa
vo se o ato autorizativo for promulgado nos últimos quatro meses
casa, imagine a complexidade de planejar as prioridades de um país
(setembro a dezembro) do referido exercício, caso em que, é fa-
do tamanho do Brasil. No entanto, o planejamento é essencial para
cultada sua reabertura no exercício subsequente, nos limites dos
a melhor aplicação dos recursos públicos.
respectivos saldos, sendo incorporados ao orçamento do exercício
O processo de planejamento envolve várias etapas, porém três
financeiro subsequente (CF, art. 167, § 2°).
delas se destacam: a aprovação da Lei do Plano Plurianual (PPA), da
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual c) Créditos Extraordinários: São destinados para atender a des-
(LOA). pesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, co-
Cada uma dessas leis é proposta pelo Poder Executivo, a par- moção interna ou calamidade pública (CF. art. 167, § 3).
tir de objetivos específicos, e depende da aprovação do Congresso Os créditos extraordinários, quanto à forma procedimental,
Nacional. Isso permite que os deputados e senadores eleitos como são abertos por Decreto do Poder Executivo, que encaminha para
nossos representantes influenciem o orçamento, adequando as leis conhecimento do Poder Legislativo, devendo ser convertido em lei
às necessidades mais críticas da população que representam. no prazo de trinta dias.
Para organizar e viabilizar a ação pública, o PPA declara as po- Com relação à vigência, os créditos extraordinários vigoram
líticas e metas previstas para um período de 4 anos, assim como os dentro do exercício financeiro em que foram abertos, salvo se o ato
caminhos para alcançá-las. A LDO e a LOA devem estar alinhadas às da autorização ocorrer nos meses (setembro a dezembro) daquele
políticas e metas presentes no PPA, e, por sua vez, são elaboradas exercício, hipótese pela qual poderão ser reabertos, nos limites dos
anualmente. seus saldos, incorporando-se ao orçamento do exercício seguinte.
A LDO determina quais metas e prioridades do PPA serão trata-
das no ano seguinte - além de trazer algumas obrigações de trans- Recursos para financiamento dos Créditos Adicionais
parência. A partir daí, a LOA é elaborada, detalhando todos os gas- Os recursos financeiros disponíveis para abertura de crédi-
tos que serão realizados pelo governo: quanto será gasto, em que tos suplementares e especiais estão listados no art. 43 da Lei n°
área de governo (saúde, educação, segurança pública) e para que. 4.320/64, no art. 91 do Decreto-Lei n°200/67 e no § 8° do art. 166
A ideia é terminar cada ano com a LOA aprovada para o ano da Constituição Federal:
seguinte, ou seja, com todo o detalhamento dos gastos e receitas. - O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do
A LOA é o que chamamos, de fato, de orçamento anual. A lei por exercício anterior, sendo a diferença positiva entre o ativo financei-
si só também é grande e complexa, por isso é estruturada em três ro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos crédi-
documentos: orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e tos adicionais reaberto sou transferidos, no exercício da apuração,
orçamento de investimento das estatais. e as operações de créditos a eles vinculadas.
- O excesso de arrecadação, constituído pelo saldo positivo das
Créditos adicionais diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e
Créditos Adicionais são as autorizações para despesas não a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. Do
computadas ou insuficientemente dotadas na Lei Orçamentária referido saldo será deduzida a importância dos créditos extraordi-
Anual, visando atender: nários abertos no exercício.

1
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
- A anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de ra ou conta correspondente, acompanhada da primeira via da nota
créditos adicionais autorizados em lei, adicionando àquelas consi- de empenho, devendo o funcionário competente atestar o recebi-
deradas insuficientes. mento do material ou a prestação do serviço correspondente, no
- Neste tipo, inclui-se a anulação da reserva de contingência, verso da nota fiscal, fatura ou conta.
conceituada como a dotação global não destinada especificamente
a órgão, unidade orçamentária ou categoria econômica e natureza Terceiro Estágio: Pagamento
da despesa; O último estágio da despesa é o pagamento e consiste na en-
- O produto das operações de crédito, desde que haja condi- trega de numerário ao credor do Estado, extinguindo dessa forma o
ções jurídicas para sua realização pelo Poder Executivo. débito ou obrigação. Esse procedimento normalmente é efetuado
- Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição por tesouraria, mediante registro no SIAFI do documento Ordem
do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas cor- Bancária – OB, que deve ter como favorecido o credor do empenho.
respondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, mediante Este pagamento normalmente é efetuado por meio de crédito
créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica auto- em conta bancária do favorecido uma vez que a OB especifica o
rização legislativa. (CF, art. 166, §8°). domicílio bancário do credor a ser creditado pelo agente financei-
ro do Tesouro Nacional, ou seja, o Banco do Brasil S/ª. Se houver
O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a sua importância paga a maior ou indevidamente, sua reposição aos ór-
espécie e a classificação da despesa. gãos públicos deverá ocorrer dentro do próprio exercício, mediante
Esses créditos tem sua vigência, ou seja, no caso dos créditos crédito à conta bancária da UG que efetuou o pagamento. Quando
suplementares, como são destinados a cobrir uma insuficiência do a reposição se efetuar em outro exercício, o seu valor deverá ser
orçamento anual, eles serão extintos no final do exercício financei- restituído por DARF ao Tesouro Nacional.1
ro. Já os Especiais ou Extraordinários, poderão ter vigência até o
final do exercício subsequente. Orçamento
Tradicionalmente o orçamento é compreendido como uma
Execução Orçamentária peça que contém apenas a previsão das receitas e a fixação das
Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de execução despesas para determinado período, sem preocupação com planos
orçamentária e de programação financeira da União estabelecidas governamentais de desenvolvimento, tratando-se assim de mera
para o exercício e lançadas as informações orçamentárias, forneci- peça contábil - financeira. Tal conceito não pode mais ser admitido,
das pela Secretaria de Orçamento Federal, no SIAFI , por intermé- pois, conforme vimos no módulo anterior, a intervenção estatal na
dio da geração automática do documento Nota de Dotação – ND, vida da sociedade aumentou de forma acentuada e com isso o pla-
cria-se o crédito orçamentário e, a partir daí, tem-se o início da exe- nejamento das ações do Estado é imprescindível.
cução orçamentária propriamente dita. Hoje, o orçamento é utilizado como instrumento de planeja-
Executar o Orçamento é, portanto, realizar as despesas públi- mento da ação governamental, possuindo um aspecto dinâmico, ao
cas nele previstas, seguindo à risca os três estágios da execução contrário do orçamento tradicional já superado, que possuía cará-
das despesas previstos na Lei nº 4320/64 : empenho, liquidação e ter eminentemente estático.
pagamento. Para Aliomar Baleeiro, o orçamento público “é o ato pelo qual
o Poder Executivo prevê e o Poder Legislativo autoriza, por certo
Primeiro Estágio: Empenho período de tempo, a execução das despesas destinadas ao funcio-
Pois bem, o empenho é o primeiro estágio da despesa e pode namento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política
ser conceituado como sendo o ato emanado de autoridade compe- econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas
tente que cria para o Estado a obrigação de pagamento, pendente já criadas em lei”.
ou não, de implemento de condição. A função do Orçamento é permitir que a sociedade acompa-
Todavia, estando a despesa legalmente empenhada, nem as- nhe o fluxo de recursos do Estado (receitas e despesas). Para isto, o
sim o Estado se vê obrigado a efetuar o pagamento, uma vez que o governo traduz o seu plano de ação em forma de lei. Esta lei passa
implemento de condição poderá estar concluído ou não. Seria um a representar seu compromisso executivo com a sociedade que lhe
absurdo se assim não fosse, pois a Lei 4320/64 determina que o delegou poder.
pagamento de qualquer despesa pública, seja ela de que importân- O projeto de lei orçamentária é elaborado pelo Executivo, e
cia for, passe pelo crivo da liquidação. É nesse segundo estágio da submetido à apreciação do Legislativo, que pode realizar alterações
execução da despesa que será cobrada a prestação dos serviços ou no texto final. A partir daí, o Executivo deve promover sua imple-
a entrega dos bens, ou ainda, a realização da obra, evitando, dessa mentação de forma eficiente e econômica, dando transparência
forma, o pagamento sem o implemento de condição. pública a esta implementação. Por isso o orçamento é um proble-
ma quando uma administração tem dificuldades para conviver com
Segundo Estágio: Liquidação a vontade do Legislativo e da sociedade: devido à sua força de lei, o
O segundo estágio da despesa pública é a liquidação, que con- orçamento é um limite à sua ação.
siste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base Em sua expressão final, o orçamento é um extenso conjunto
os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. de valores agrupados por unidades orçamentárias, funções, pro-
Ou seja, é a comprovação de que o credor cumpriu todas as gramas, atividades e projetos. Com a inflação, os valores não são
obrigações constantes do empenho. A finalidade é reconhecer ou imediatamente compreensíveis, requerendo vários cálculos e o
apurar a origem e o objeto do que se deve pagar, a importância conhecimento de conceitos de matemática financeira para seu en-
exata a pagar e a quem se deve pagar para extinguir a obrigação tendimento. Isso tudo dificulta a compreensão do orçamento e a
e é efetuado no SIAFI pelo documento Nota de Lançamento – NL. sociedade vê debilitada sua possibilidade de participar da elabora-
Ele envolve, portanto, todos os atos de verificação e conferên- ção, da aprovação, e, posteriormente, acompanhar a sua execução.
cia, desde a entrega do material ou a prestação do serviço até o
reconhecimento da despesa. Ao fazer a entrega do material ou a
1 Fonte: www.danielgiotti.com.br/www.tesouro.fazenda.gov.br/ www.portal-
prestação do serviço, o credor deverá apresentar a nota fiscal, fatu-
transparencia.gov.br

2
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Pode-se melhorar a informação oferecida aos cidadãos sem di- das principais despesas, através do esclarecimento da proporção
ficultar o entendimento, através da técnica chamada análise verti- dos recursos destinada ao pagamento do serviço de terceiros, dos
cal, agrupando as receitas e despesas em conjuntos (atividade, gru- materiais de consumo, encargos financeiros, obras, etc.
po, função), destacando-se individualmente aqueles que tenham A análise horizontal facilita as comparações com governos e
participação significativa. É apresentada a participação percentual anos anteriores.
dos valores destinados a cada item no total das despesas ou recei- A evidenciação das premissas desnuda o orçamento ao públi-
tas. Em vez de comunicar um conjunto de números de difícil enten- co, trazendo possibilidades de comparação. Permite perguntas do
dimento ou valores sem base de comparação, é possível divulgar tipo: “por que a prefeitura vai pagar x por este serviço, se o seu
informações do tipo “a prefeitura vai gastar 15% dos seus recursos preço de mercado é metade de x ?”. Contribui para esclarecer os
com pavimentação”, por exemplo. motivos de ineficiência da prefeitura nas suas atividades-meio e na
Uma outra análise que pode ser realizada é a análise horizontal execução das políticas públicas.
do orçamento. Esta técnica compara os valores do orçamento com Apesar dos muitos avanços alcançados na gestão das contas
os valores correspondentes nos orçamentos anteriores (expressos públicas no Brasil, a sociedade ainda não se desfez da sensação de
em valores reais, atualizados monetariamente, ou em moeda for- caixa preta quando se trata de acompanhar as contas públicas.
te). A gestão das contas públicas brasileiras passou por melhorias
Essas técnicas e princípios de simplificação devem ser aplica- institucionais tão expressivas que é possível falar-se de uma verda-
dos na apresentação dos resultados da execução orçamentária (ou deira revolução. Mudanças relevantes abrangeram os processos e
seja, do cumprimento do orçamento), confrontando o previsto com ferramentas de trabalho, a organização institucional, a constituição
o realizado em cada período e para cada rubrica. Deve-se apresen- e capacitação de quadros de servidores, a reformulação do arca-
tar, também, qual a porcentagem já recebida das receitas e a por- bouço legal e normativo e a melhoria do relacionamento com a so-
centagem já realizada das despesas. ciedade, em âmbito federal, estadual e municipal.
É fundamental que a peça orçamentária seja convertida em Os diferentes atores que participam da gestão das finanças pú-
valores constantes, permitindo avaliar o montante real de recursos blicas tiveram suas funções redefinidas, ampliando-se as prerroga-
envolvidos. tivas do Poder Legislativo na condução do processo decisório perti-
Uma outra forma de alteração do valor real é através das mar- nente à priorização do gasto e à alocação da despesa. Esse processo
gens de suplementação. Para garantir flexibilidade na execução se efetivou fundamentalmente pela unificação dos orçamentos do
do orçamento, normalmente são previstas elevadas margens de Governo Federal, antes constituído pelo orçamento da União, pelo
suplementação, o que permite um uso dos recursos que modifica orçamento monetário e pelo orçamento da previdência social.
profundamente as prioridades estabelecidas. Com a indexação or- Criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional, em processo em
çamentária mensal à inflação real, consegue-se o grau necessário que foram redefinidas as funções do Banco do Brasil, do Banco Cen-
de flexibilidade na execução orçamentária, sem permitir burlar o tral e do Tesouro Nacional.
orçamento através de elevadas margens de suplementação. Pode- Consolidou-se a visão de que o horizonte do planejamento
-se restringir a margem a um máximo de 3%. deve compreender a elaboração de um Plano Plurianual (PPA) e, a
Não basta dizer quanto será arrecadado e gasto. É preciso cada ano, uma Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) que por sua
apresentar as condições que permitiram os níveis previstos de en- vez deve preceder a elaboração da Lei Orçamentária Anual (LOA).
trada e dispêndio de recursos. Introduziu-se o conceito de responsabilidade fiscal, reconhe-
No caso da receita, é importante destacar o nível de evolução cendo-se que os resultados fiscais e, por consequência, os níveis
de endividamento do Estado, não podem ficar ao sabor do acaso,
econômica, as melhorias realizadas no sistema arrecadador, o nível
mas devem decorrer de atividade planejada, consubstanciada na
de inadimplência, as alterações realizadas na legislação, os meca-
fixação de metas fiscais. Os processos orçamentário e de plane-
nismos de cobrança adotados.
jamento, seguindo a tendência mundial, evoluíram das bases do
No caso da despesa, é importante destacar os principais custos
orçamento-programa para a incorporação do conceito de resulta-
unitários de serviços e obras, as taxas de juros e demais encargos
dos finalísticos, em que os recursos arrecadados devem retornar à
financeiros, a evolução do quadro de pessoal, a política salarial e a
sociedade na forma de bens e serviços que transformem positiva-
política de pagamento de empréstimos e de atrasados.
mente sua realidade.
Os resultados que a simplificação do orçamento geram são, A transparência dos gastos públicos tornou-se possível graças
fundamentalmente, de natureza política. Ela permite transformar à introdução de modernos recursos tecnológicos, propiciando re-
um processo nebuloso e de difícil compreensão em um conjunto de gistros contábeis mais ágeis e plenamente confiáveis. A execução
atividades caracterizadas pela transparência. orçamentária e financeira passou a contar com facilidades opera-
Como o orçamento passa a ser apresentado de forma mais cionais e melhores mecanismos de controle. Por consequência, a
simples e acessível, mais gente pode entender seu significado. A atuação dos órgãos de controle tornou-se mais eficaz, com a ado-
sociedade passa a ter mais condições de fiscalizar a execução orça- ção de novo instrumental de trabalho, como a introdução do SIAFI
mentária e, por extensão, as próprias ações do governo municipal. e da conta única do Tesouro Nacional, acompanhados de diversos
Se, juntamente com esta simplificação, forem adotados instrumen- outros aperfeiçoamentos de ferramentas de gestão.
tos efetivos de intervenção da população na sua elaboração e con-
trole, a participação popular terá maior eficácia. Evolução histórica dos princípios orçamentários constitucio-
Os orçamentos sintéticos, ao apresentar o orçamento (ou par- nais
tes dele, como o plano de obras e os orçamentos setoriais) de for- Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú-
ma resumida, fornecem uma informação rápida e acessível. blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela
A análise vertical permite compreender o que de fato influen- doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá-
cia a receita e para onde se destinam os recursos, sem a “poluição rias adquirirem crescente eficácia.
numérica” de dezenas de rubricas de baixo valor. Funciona como Assim, os princípios, sendo enunciados em sua totalidade de
um demonstrativo de origens e aplicações dos recursos da prefei- maneira genérica que quase sempre se expressam em linguagem
tura, permitindo identificar com clareza o grau de dependência do constitucional ou legal, estão entre os valores e as normas na escala
governo de recursos próprios e de terceiros, a importância relativa da concretização do direito e com eles não se confundem.

3
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Os princípios representam o primeiro estágio de concretização Pari passu com a inserção da anualidade, fixa-se o PRINCÍPIO
dos valores jurídicos a que se vinculam. A justiça e a segurança jurí- DA LEGALIDADE DA DESPESA - advindo do princípio geral da sub-
dica começam a adquirir concretitude normativa e ganham expres- missão da Administração à lei, a despesa pública deve ter prévia
são escrita. autorização legal. Entretanto, no período de 1822 a 1829, o Brasil
Mas os princípios ainda comportam grau elevado de abstração somente teve orçamentos para a Corte e a Província do Rio de Ja-
e indeterminação. neiro, não sendo observado o PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE - o
Os princípios financeiros são dotados de eficácia, isto é, produ- orçamento deve conter todas as receitas e despesas da entidade,
zem efeitos e vinculam a eficácia principiológica, conducente à nor- de qualquer natureza, procedência ou destino, inclusive a dos fun-
mativa plena, e não a eficácia própria da regra concreta, atributiva dos, dos empréstimos e dos subsídios.
de direitos e obrigações. O primeiro orçamento geral do Império somente seria apro-
Assim, os princípios não se colocam, pois, além ou acima do vado oito anos após a Independência, pelo Decreto Legislativo de
Direito (ou do próprio Direito positivo); também eles - numa visão 15.12.1830, referente ao exercício 1831-32.
ampla, superadora de concepções positivistas, literalista e absoluti- Este orçamento continha normas relativas à elaboração dos
zantes das fontes legais - fazem parte do complexo ordenamental. orçamentos futuros, aos balanços, à instituição de comissões par-
Não se contrapõem às normas, contrapõem-se tão-somente lamentares para o exame de qualquer repartição pública e à obri-
aos preceitos; as normas jurídicas é que se dividem em normas- gatoriedade de os ministros de Estado apresentarem relatórios im-
-princípios e normas-disposições. pressos sobre o estado dos negócios a cargo das respectivas pastas
Resultado da experiência histórica da gestão dos recursos pú- e a utilização das verbas sob sua responsabilidade.
blicos, os princípios orçamentários foram sendo desenvolvidos pela A reforma na Constituição imperial de 1824, emendada pela
doutrina e pela jurisprudência, permitindo às normas orçamentá- Lei de 12.08.1834, regulou o funcionamento das assembléias le-
rias adquirirem crescente eficácia, ou seja, que produzissem o efei- gislativas provinciais definindo-lhes a competência na fixação das
to desejado, tivessem efetividade social, e fossem realmente ob- receitas e despesas municipais e provinciais, bem como regrando a
servadas pelos receptores da norma, em especial o agente público. repartição entre os municípios e a sua fiscalização.
Como princípios informadores do direito - e são na verdade as A Constituição republicana de 1891 introduziu profundas alte-
idéias centrais do sistema dando-lhe sentido lógico - foram sendo, rações no processo orçamentário. A elaboração do orçamento pas-
gradativa e cumulativamente, incorporados ao sistema normativo. sou à competência privativa do Congresso Nacional.
Os princípios orçamentários, portanto, projetam efeitos sobre Embora a Câmara dos Deputados tenha assumido a responsa-
a criação - subsidiando o processo legislativo -, a integração - pos- bilidade pela elaboração do orçamento, a iniciativa sempre partiu
sibilitando a colmatagem das lacunas existentes no ordenamento do gabinete do ministro da Fazenda que, mediante entendimentos
- e a interpretação do direito orçamentário, auxiliando no exercício reservados e extra-oficiais, orientava a comissão parlamentar de
da função jurisdicional ao permitir a aplicação da norma a situação finanças na confecção da lei orçamentária.
não regulada especificamente. A experiência orçamentária da República Velha revelou-se ina-
Alguns desses princípios foram adotados em certo momento dequada. Os parlamentos, em toda parte, são mais sensíveis à cria-
por condizerem com as necessidades da época e posteriormen- ção de despesas do que ao controle do déficit.
te abandonados, ou pelo menos transformados, relativizados, ou A reforma Constitucional de 1926 tratou de eliminar as distor-
mesmo mitigados, e o que ocorreu com o princípio do equilíbrio ções observadas no orçamento da República. Buscou-se, para tan-
orçamentário, tão precioso ao estado liberal do século XIX, e que to, promover duas alterações significativas: a proibição da conces-
foi em parte relativizado com o advento do estado do bem estar são de créditos ilimitados e a introdução do princípio constitucional
social no período pós guerra. da exclusividade, ao inserir-se preceito prevendo: “Art. 34. § 1º As
Nos anos oitenta e noventa, em movimento pendular, o prin- leis de orçamento não podem conter disposições estranhas à pre-
cípio do equilíbrio orçamentário foi revigorado e dada nova roupa- visão da receita e à despesa fixada para os serviços anteriormen-
gem em face dos crescentes déficits estruturais advindos da dificul- te criados. Não se incluem nessa proibição: a) a autorização para
dade do Estado em financiar os extensos programas de segurança abertura de créditos suplementares e para operações de crédito
social e de alavancagem do desenvolvimento econômico. como antecipação da receita; b) a determinação do destino a dar
Nossas Constituições, desde a Imperial até a atual, sempre de- ao saldo do exercício ou do modo de cobrir o deficit.”
ram tratamento privilegiado à matéria orçamentária. O PRINCÍPIO DA EXCLUSIVIDADE, ou da pureza orçamentá-
De maneira crescente, foram sendo incorporados novos princí- ria, limita o conteúdo da lei orçamentária, impedindo que nela se
pios orçamentários às várias cartas constitucionais reguladoras do pretendam incluir normas pertencentes a outros campos jurídicos,
Estado brasileiro. como forma de se tirar proveito de um processo legislativo mais
Instaura-se a ordem constitucional soberana em nosso Impé- rápido, as denominadas “caudas orçamentárias”, tackings dos in-
rio, e a Carta de 1824, em seus arts.171 e 172, institui as primeiras gleses, os riders dos norte-americanos, ou os Bepackungen dos ale-
normas sobre o orçamento público no Brasil . mães, ou ainda os cavaliers budgetaires dos franceses. Prática essa
Estatui-se a reserva de lei - a aprovação da peça orçamentária denominada por Epitácio Pessoa em 1922 de “verdadeira calamida-
deve observar regular processo legislativo - e a reserva de parla- de nacional”. No dizer de Ruy Barbosa, eram os “orçamentos rabi-
mento - a competência para a aprovação é privativa do Poder Le- longos”, que introduziram o registro de hipotecas no Brasil e até a
gislativo, sujeita à sanção do Poder Executivo - para a aprovação do alteração no processo de desquite propiciaram. Essa foi a primeira
orçamento. inserção deste princípio em textos constitucionais brasileiros, já
Insere-se O PRINCÍPIO DA ANUALIDADE, ou temporalidade- na sua formulação clássica, segundo a qual a lei orçamentária não
significa que a autorização legislativa do gasto deve ser renovada a deveria conter matéria estranha à previsão da receita e à fixação
cada exercício financeiro - o orçamento era para viger por um ano da despesa, ressalvadas: a autorização para abertura de créditos
e sua elaboração competência do Ministro da Fazenda, cabendo à suplementares e para operações de crédito como antecipação de
Assembléia-Geral - Câmara dos Deputados e Senado - sua discussão receita; e a determinação do destino a dar ao saldo do exercício ou
e aprovação. do modo de cobrir o déficit.

4
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
O princípio da exclusividade sofreu duas modificações na Cons- período 1938-45 terminaram sendo elaborados e aprovados pelo
tituição de 1988. Na primeira, não mais se autoriza a inclusão na lei Presidente da República, com o assessoramento do recém criado
orçamentária de normas sobre o destino a dar ao saldo do exercício Departamento Administrativo do Serviço Público-DASP.
como o fazia a Constituição de 1967. O período do Estado Novo marca de forma indelével a ausência
Na segunda, podem ser autorizadas quaisquer operações de do estado de direito, demonstrando cabalmente a importância da
crédito, por antecipação de receita ou não. existência de uma lei orçamentária, soberanamente aprovada pelo
A mudança refletiu um aprimoramento da técnica orçamen- Parlamento, para a manutenção da equipotência dos poderes cons-
tária, com o advento principalmente da Lei 4.320, de 1964, que tituídos, esteio da democracia.
regulou a utilização dos saldos financeiros apurados no exercício A Constituição de 1946 reafirmaria a competência do Poder
anterior pelo Tesouro ou entidades autárquicas e classificou como Executivo quanto à elaboração da proposta orçamentária, mas de-
receita do orçamento o produto das operações de crédito. volveria ao Poder Legislativo suas prerrogativas quanto à análise e
A Constituição de 1934 restaurou, no plano constitucional, a aprovação do orçamento, inclusive emendas à proposta do gover-
competência do Poder Executivo para elaboração da proposta, que no.
passou à responsabilidade direta do Presidente da República. Cabia Manteria, também, intactos os princípios orçamentários até
ao Legislativo a análise e votação do orçamento, que podia, inclu- então consagrados. Sob a égide da Constituição de 1946 foi apro-
sive, ser emendado. vada e sancionada a Lei nº 4.320, de 17.03.64, estatuindo “Normas
Além disso, a Constituição de 1934, como já mencionado an- Gerais de Direito Financeiro para a elaboração e controle dos or-
teriormente, estabelecia que a despesa deveria ser discriminada, çamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
obedecendo, pelo menos a parte variável, a rigorosa especializa- Distrito Federal”.
ção. Verdadeiro estatuto das finanças públicas, levando mais de
Trata-se do PRINCÍPIO DA ESPECIFICAÇÃO, ou especialidade, dez anos sua tramitação legislativa, tal lei incorporou importantes
ou ainda, da discriminação da despesa, que se confunde com a pró- avanços em termos de técnica orçamentária, inclusive com a in-
pria questão da legalidade da despesa pública e é a razão de ser trodução da técnica do orçamento-programa a nível federal. A Lei
da lei orçamentária, prescrevendo que a autorização legislativa se 4.320/64, art. 15, estabeleceu que a despesa fosse discriminada no
refira a despesas específicas e não a dotações globais. mínimo por elementos.
O princípio da especialidade abrange tanto o aspecto qualita- A Constituição de 1967 registrou pela primeira vez em um tex-
tivo dos créditos orçamentários quanto o quantitativo, vedando a to constitucional o PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ORÇAMENTÁRIO.
concessão de créditos ilimitados. O axioma clássico de boa administração para as finanças públicas
Tal princípio só veio a ser expresso na Constituição de 1934, perdeu seu caráter absoluto, tendo sido abandonado pela doutrina
encerrando a explicitação da finalidade e da natureza da despesa e o equilíbrio geral e formal, embora não se deixe de postular a busca
dando efetividade à indicação do limite preciso do gasto, ou seja, de um equilíbrio dinâmico. Inserem-se neste contexto as normas
a dotação. que limitam os gastos com pessoal, acolhidas nas Constituições de
Norma no sentido da limitação dos créditos orçamentários 67 e de 88 (CF art. 169) e a vedação à realização de operações de
permaneceu em todas as constituições subseqüentes à reforma de créditos que excedam o montante das despesas de capital (CF art.
1926, com a exceção da Super lei de 1937. 167, III).
O princípio da especificação tem profunda significância para a Hoje não mais se busca o equilíbrio orçamentário formal, mas
eficácia da lei orçamentária, determinando a fixação do montante sim o equilíbrio amplo das finanças públicas.
dos gastos, proibindo a concessão de créditos ilimitados, que na O grande princípio da Lei de Responsabilidade Fiscal é o prin-
Constituição de 1988, como nas demais anteriores, encontra-se ex- cípio do equilíbrio fiscal. Esse princípio é mais amplo e transcende
presso no texto constitucional, art. 167, VII (art. 62, § 1º, “b”, na de o mero equilíbrio orçamentário. Equilíbrio fiscal significa que o Es-
1969 e art. 75 na de 1946). tado deverá pautar sua gestão pelo equilíbrio entre receitas e des-
Pode ser também de caráter qualitativo, vedando a transposi- pesa. Dessa forma, toda vez que ações ou fatos venham a desviar
ção, remanejamento ou a transferência de recursos de uma cate- a gestão da equalização, medidas devem ser tomadas para que a
goria de programação para outra ou de um órgão para outro, como trajetória de equilíbrio seja retomada.
hoje dispõe o art. 167, VI (art. 62, §1º, “a”, na de 1969 e art. 75 na Os PRINCÍPIOS DA UNIDADE E DA UNIVERSALIDADE tam-
de 1946). bém sofreriam alterações na Constituição de 1967. Esses princípios
Ou, finalmente pode o princípio referir-se ao aspecto tempo- são complementares: todas as receitas e todas as despesas de to-
ral, limitando a vigência dos créditos especiais e extraordinários dos os Poderes, órgãos e entidades devem estar consignadas num
ao exercício financeiro em que forem autorizados, salvo se o ato único documento, numa única conta, de modo a evidenciar a com-
pleta situação fiscal para o período.
de autorização for promulgado nos últimos quatro meses daquele
A partir de 1967, a Constituição deixou de consignar expres-
exercício, caso em que reabertos nos limites dos seus saldos, serão
samente o mandamento de que o orçamento seria uno, inserto
incorporados ao orçamento do exercício financeiro subseqüente,
no texto constitucional desde 1934. Coincidentemente, foi nessa
ex vi do atual art. 167, § 2º (art. 62, § 4º, na de 1969 e sem previsão
Constituição que, ao lado do orçamento anual, se introduziu o or-
na de 1946).
çamento plurianual de investimentos. Desta maneira, introduziu-se
Exceção a este princípio basilar foi a Constituição de 1937, que
um novo PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL-ORÇAMENTÁRIO, O DA
previa a aprovação pelo Legislativo de verbas globais por órgãos e
PROGRAMAÇÃO - a programação constante da lei orçamentária
entidades. A elaboração do orçamento continuava sendo de res-
relativa aos projetos com duração superior ao exercício financeiro
ponsabilidade do Poder Executivo - agora a cargo de um departa- devem observar o planejamento de médio e longo prazo constante
mento administrativo a ser criado junto à Presidência da República de outras normas preordenadoras. Sem ferir o princípio da unida-
- e seu exame e aprovação seria da competência da Câmara dos de, por se tratar de instrumento de planejamento, complementar
Deputados e do Conselho Fiscal. Durante o Estado Novo, entretan- à autorização para a despesa contida na lei orçamentária anual, ou
to, nem mesmo essa prerrogativa chegou a ser exercida, uma vez o princípio da universalidade, que diz respeito unicamente ao or-
que as casas legislativas não foram instaladas e os orçamentos do çamento anual, veio propiciar uma ligação entre o planejamento

5
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
de médio e longo prazo com a orçamentação anual. O Orçamento contribuições da União, demonstrou a necessidade de se permitir
Plurianual de Investimentos - OPI não chegou a ter eficácia, não a flexibilidade na alocação dos recursos na elaboração e execução
encontrando abrigo na Constituição de 1988, que estabeleceu, ao orçamentária.
invés, um plano plurianual (PPA). A Constituição de 1988 inovou em termos de constitucionali-
Não obstante o fato das Constituições e normas a ela inferiores zação de princípios regentes dos atos administrativos em geral e
alardearem os princípios da universalidade e unidade orçamentá- aplicando-os à matéria orçamentária, elevando a nível constitucio-
ria, na prática, até meados dos anos oitenta, parcela considerável nal os PRINCÍPIOS DA CLAREZA E DA PUBLICIDADE, a exemplo
dos dispêndios da União não passavam pelo Orçamento Geral da do previsto no art. 165, § 6º - que determina que o projeto da lei
União - OGU. O orçamento discutido e aprovado pelo Congresso orçamentária venha acompanhado de demonstrativo regionalizado
Nacional não incluía os encargos da dívida mobiliária federal, os do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções,
gastos com subsídios e praticamente a totalidade das operações de anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira,
crédito de responsabilidade do Tesouro, como fundos e programas. tributária e creditícia - e no art. 165, §3º - que estipula a publicação
Tais despesas eram realizadas autonomamente pelo Banco Central bimestralmente de relatório resumido da execução orçamentária.
e Banco do Brasil por intermédio do denominado “Orçamento Mo-
netário-OM” E “Conta-movimento”, respectivamente. Ainda tinha- Princípios Orçamentários
-se o Orçamento-SEST, que consistia no orçamento de investimen- Os princípios orçamentários básicos para a elaboração, execu-
to das empresas públicas, de economia mista, suas subsidiárias e ção e controle do orçamento público, válidos para todos os pode-
controladas direta ou indiretamente pela União. res e nos três níveis de governo, estão definidos na Constituição
Todos estes documentos eram aprovados exclusivamente pelo Federal de 1988 e na Lei nº 4.320/1964, que estatui normas gerais
Presidente da República. Somente a partir de 1984, com a gradativa de direito financeiro, aplicadas à elaboração e ao controle dos or-
inclusão no OGU do OM, extinção da “conta-movimento” no Banco çamentos.
do Brasil e de outras medidas administrativas, coroadas pela pro-
mulgação da carta constitucional de 1988, passou-se a dar efetivi- Princípio Orçamentário da Unidade
dade ao princípio da unidade e universalidade orçamentária. De acordo com este princípio previsto no artigo 2º da Lei nº
A aplicação do PRINCÍPIO DA UNIDADE foi elastecido na 4.320/1964, cada ente da federação (União, Estado ou Município)
Constituição de 1988, embora o art. 165 § 5º diga “A lei orçamentá- deve possuir apenas um orçamento, estruturado de maneira uni-
ria anual compreenderá”, porquanto deixou de fora do orçamento forme.
fiscal as ações de saúde e assistência social, tipicamente financia- Tal princípio é reforçado pelo princípio da “unidade de caixa”,
das com os recursos ordinários do Tesouro, para compor com elas previsto no artigo 56 da referida Lei, segundo o qual todas as recei-
um orçamento distinto, em relação promíscua com as prestações tas e despesas convergem para um fundo geral (conta única), a fim
da Previdência Social. de se evitar as vinculações de certos fundos a fins específicos.
Esta última sim, e somente esta, merecedora de tratamento O objetivo é apresentar todas as receitas e despesas numa só
em documento separado, observadas em seu âmbito a unidade e conta, a fim de confrontar os totais e apurar o resultado: equilíbrio,
a universalidade, já que se trata de um sistema distinto de presta- déficit ou superávit. Atualmente, o processo de integração planeja-
ções e contraprestações de caráter continuado, que deve manter mento-orçamento tornou o orçamento necessariamente multi-do-
um equilíbrio econômico- financeiro auto-sustentado. cumental, em virtude da aprovação, por leis diferentes, de vários
Outra inovação da Constituição de 1988 foi o orçamento de documentos (Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentá-
investimentos das empresas estatais. Não há aqui, entretanto, que- rias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA), uns de planejamento
bra da unidade orçamentária, uma vez que se trata, obviamente, de e outros de orçamento e programas. Em que pese tais documentos
um segmento nitidamente distinto do orçamento fiscal, a não ser serem distintos, inclusive com datas de encaminhamento diferen-
no que se refere àquelas unidades empresariais dependentes de tes para aprovação pelo Poder Legislativo, devem, obrigatoria-
recursos do Tesouro para sua manutenção, caso em que devem ser mente ser compatibilizados entre si, conforme definido na própria
incluídas integralmente no orçamento fiscal, como vem ocorrendo Constituição Federal.
por força de disposições contidas na últimas LDOs. O modelo orçamentário adotado a partir da Constituição Fe-
A adoção do Orçamento de Investimento nas empresas nas deral de 1988, com base no § 5º do artigo165 da CF 88 consiste em
quais a União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capi- elaborar orçamento único, desmembrado em: Orçamento Fiscal,
tal com direito a voto, nos termos do art. 165, § 5º, correspondeu a da Seguridade Social e de Investimento da Empresas Estatais, para
um avanço na aplicação do princípio da universalidade dos gastos, melhor visibilidade dos programas do governo em cada área. O ar-
ainda que excluídos os dispêndios relativos à manutenção destas tigo 165 da Constituição Federal define em seu parágrafo 5º o que
entidades. deverá constar em cada desdobramento do orçamento:
O PRINCÍPIO DA NÃO AFETAÇÃO DE RECEITAS determina
que essas não sejam previamente vinculadas a determinadas des- “§ 5º –A lei orçamentária anual compreenderá:
pesas, a fim de que estejam livres para sua alocação racional, no I – o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fun-
momento oportuno, conforme as prioridades públicas. dos, órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive
A Constituição de 1967 o adotou, relativamente aos tributos, fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público;
ressalvados os impostos únicos e o disposto na própria Constituição II – o orçamento de investimento das empresas em que a
e em leis complementares. União, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social
A Carta de 1988, por sua vez, restringe a aplicação do princípio com direito a voto;
aos impostos, observadas as exceções indicadas na Constituição e III – o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as
somente nesta, não permitindo sua ampliação mediante lei com- entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou in-
plementar. direta, bem como os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo
A emenda constitucional revisional nº 1, de 1994, ao criar o Poder Público.”
Fundo Social de Emergência-FSE e desvincular, ainda que somente
para os exercícios financeiros de 1994 e 1995, 20% dos impostos e

6
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Princípio Orçamentário da Universalidade cada unidade governamental deve manter o seu endividamento
Segundo os artigos 3º e 4º da Lei nº 4.320/1964, a Lei Orça- vinculado à realização de investimentos e não à manutenção da
mentária deverá conter todas as receitas e despesas. Isso possi- máquina administrativa e demais serviços.
bilita controle parlamentar sobre todos os ingressos e dispêndios A Lei de Responsabilidade Fiscal também estabelece regras li-
administrados pelo ente público. mitando o endividamento dos entes federados, nos artigos 34 a 37:
“Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, “ Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da
inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei. dívida pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei
Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo Complementar.
as operações de crédito por antecipação da receita, as emissões de Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre
papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo,
financeiros. autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, in-
Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá todas as despesas clusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob
próprias dos órgãos do Governo e da administração centralizada, a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida
ou que, por intermédio deles se devam realizar, observado o dispos- contraída anteriormente.
to no artigo 2°.” § 1º Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as ope-
rações entre instituição financeira estatal e outro ente da Federa-
Tal princípio complementa-se pela “regra do orçamento bru- ção, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se
to”, definida no artigo 6º da Lei nº4.320/1964: destinem a:
“Art. 6º.Todas as receitas e despesas constarão da lei de orça- I – financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;
mento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.” II – refinanciar dívidas não contraídas junto à própria institui-
ção concedente.
Princípio Orçamentário da Anualidade ou Periodicidade § 2º O disposto no caput não impede Estados e Municípios de
O orçamento deve ser elaborado e autorizado para um deter- comprar títulos da dívida da União como aplicação de suas dispo-
minado período de tempo, geralmente um ano. No Brasil, o exercí- nibilidades.
cio financeiro coincide com o ano civil, conforme dispõe o artigo 34 Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma institui-
da Lei nº 4320/1964: ção financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na
“Art. 34.O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.” qualidade de beneficiário do empréstimo.
Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição
Observa-se, entretanto, que os créditos especiais e extraordi- financeira controlada de adquirir, no mercado,títulos da dívida
nários autorizados nos últimos quatro meses do exercício podem pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da
ser reabertos, se necessário, e, neste caso, serão incorporados ao dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios.
orçamento do exercício subseqüente, conforme estabelecido no § Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão veda-
3º do artigo 167 da Carta Magna. dos:
I – captação de recursos a título de antecipação de receita de
Princípio Orçamentário da Exclusividade tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorri-
Tal princípio tem por objetivo impedir a prática, muito comum do, sem prejuízo do disposto no § 7 o do art. 150 da Constituição;
no passado, da inclusão de dispositivos de natureza diversa de ma- II – recebimento antecipado de valores de empresa em que o
téria orçamentária, ou seja, previsão da receita e fixação da despe- Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do ca-
sa. Previsto no artigo 165, § 8º da Constituição Federal, estabelece pital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma
que a Lei Orçamentária Anual não conterá dispositivo estranho à da legislação;
previsão da receita e à fixação da despesa, não se incluindo na proi- III – assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou
bição a autorização para abertura de créditos suplementares e a operação assemelhada, com fornecedor de bens,mercadorias ou
contratação de operações de crédito, inclusive por antecipação de serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito,
receita orçamentária (ARO), nos termos da lei. As leis de créditos não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;
IV – assunção de obrigação, sem autorização orçamentária,
adicionais também devem observar esse princípio.
com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e servi-
ços.”
Princípio Orçamentário do Equilíbrio
Esse princípio estabelece que o montante da despesa autori-
Princípio Orçamentário da Legalidade
zada em cada exercício financeiro não poderá ser superior ao total
Tem o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplica-
de receitas estimadas para o mesmo período. Havendo reestimati-
do à administração pública, segundo o qual cabe ao Poder Público
va de receitas com base no excesso de arrecadação e na observa-
fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressamente
ção da tendência do exercício, pode ocorrer solicitação de crédito
autorizar, ou seja, se subordina aos ditames da lei.
adicional. Nesse caso, para fins de atualização da previsão, devem A Constituição Federal de 1988, no artigo 37 estabelece os
ser considerados apenas os valores utilizados para a abertura de princípios da administração pública, dentre os quais o da legalidade
crédito adicional. e, no seu art. 165 estabelece a necessidade de formalização legal
Conforme o caput do artigo 3º da Lei nº 4.320/1964, a Lei de das leis orçamentárias:
Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de opera- “ Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
ções de crédito autorizadas em lei. I – o plano plurianual;
Assim, o equilíbrio orçamentário pode ser obtido por meio de II – as diretrizes orçamentárias;
operações de crédito. Entretanto, conforme estabelece o artigo III – os orçamentos anuais.”
167, III, da Constituição Federal é vedada a realização de operações
de crédito que excedam o montante das despesas de capital, dispo-
sitivo conhecido como “regra de ouro”. De acordo com esta regra,

7
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Princípio Orçamentário da Publicidade § 1º O disposto no caput deste artigo não reduzirá a base de
O princípio da publicidade está previsto no artigo 37 da Cons- cálculo das transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios
tituição Federal e também se aplica às peças orçamentárias. Justi- na forma dos arts. 153, § 5º; 157, I; 158, I e II; e 159, I, a e b; e II, da
fica-se especialmente no fato de o orçamento ser fixado em lei, e Constituição, bem como a base de cálculo das destinações a que
esta, para criar, modificar, extinguir ou condicionar direitos e deve- se refere o art. 159, I, c, da Constituição.
res, obrigando a todos, há que ser publicada.Portanto, o conteúdo § 2º Excetua-se da desvinculação de que trata o caput deste
orçamentário deve ser divulgado nos veículos oficiais para que te- artigo a arrecadação da contribuição social do salário-educação a
nha validade. que se refere o art. 212, § 5 o, da Constituição.”

Princípio Orçamentário da Especificação ou Especialização Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias
Segundo este princípio, as receitas e despesas orçamentárias (LDO), Lei Orçamentária Anual (LOA), outros planos e programas.
devem ser autorizadas pelo Poder Legislativo em parcelas discrimi- O Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento
nadas e não pelo seu valor global, facilitando o acompanhamento legal (aprovado por lei) contendo a previsão de receitas e a esti-
e o controle do gasto público. Esse princípio está previsto no artigo mativa de despesas a serem realizadas por um Governo em um
5º da Lei nº 4.320/1964: determinado exercício, geralmente compreendido por um ano. No
“Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais entanto, para que o orçamento seja elaborado corretamente, ele
destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, ma- precisa se basear em estudos e documentos cuidadosamente trata-
terial, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras [...]” dos que irão compor todo o processo de elaboração orçamentária
O princípio da especificação confere maior transparência ao do governo.
processo orçamentário, possibilitando a fiscalização parlamentar, No Brasil (Orçamento Geral da União) inicia-se com um tex-
dos órgãos de controle e da sociedade, inibindo o excesso de flexi- to elaborado pelo Poder Executivo e entregue ao Poder Legislativo
bilidade na alocação dos recursos pelo poder executivo. Além disso, para discussão, aprovação e conversão em lei. O documento con-
facilita o processo de padronização e elaboração dos orçamentos, tém a estimativa de arrecadação das receitas federais para o ano
bem como o processo de consolidação de contas. seguinte e a autorização para a realização de despesas do Governo.
Porém, está atrelado a um forte sistema de planejamento público
Princípio Orçamentário da Não-Afetação da Receita das ações a realizar no exercício.
Tal princípio encontra-se consagrado, como regra geral, no O Orçamento Geral da União é constituído de três peças em
inciso IV, do artigo 167, da Constituição Federal de 1988, quando sua composição: o Orçamento Fiscal, o Orçamento da Seguridade
veda a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou des- Social e o Orçamento de Investimento das Empresas Estatais Fe-
pesa: derais.
“Art. 167. São vedados: [...] Existem princípios básicos que devem ser seguidos para ela-
IV – a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou boração e controle dos Orçamentos Públicos, que estão definidos
despesa, ressalvadas a repartição do produto da arrecadação dos no caso brasileiro na Constituição, na Lei 4.320/64, no Plano Plu-
impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de re- rianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na recente Lei de Res-
cursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manuten- ponsabilidade Fiscal.
ção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades
É no Orçamento que o cidadão identifica a destinação dos re-
da administração tributária, como determinado, respectivamente,
cursos que o governo recolhe sob a forma de impostos. Nenhuma
pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às
despesa pública pode ser realizada sem estar fixada no Orçamento.
operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art.
O Orçamento Geral da União (OGU) é o coração da administração
165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo; (Redação dada
pública federal.
pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); [...]
§ 4º É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos
DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que
tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garan- No Brasil, as principais normas jurídicas relativas ao Orçamen-
tia ou contra garantia à União e para pagamento de débitos para com to Público encontram-se contidas nos seguintes dispositivos legais:
esta. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993).” ● Constituição Federal da República, de 1988, nos seus artigos
As ressalvas são estabelecidas pela própria Constituição e es- 163 a 169 (Capítulo II – Das Finanças Públicas);
tão relacionadas à repartição do produto da arrecadação dos im- ● Lei Federal nº 4.320/64 – Estatui Normas Gerais de Direito
postos (Fundos de Participação dos Estados – FPE e dos Municípios Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços
– FPM e Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte, Nordeste da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal;
e Centro-Oeste), à destinação de recursos para as áreas de saúde ● Lei Complementar nº 101/2000– Lei de Responsabilidade Fis-
e educação, além do oferecimento de garantias às operações de cal – LRF–Estabelece Normas de Finanças Públicas voltadas para a
crédito por antecipação de receitas. responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências;
Trata-se de medida de bom-senso, uma vez que possibilita ao ●Portaria nº 42/99 do Ministério do Planejamento, Orçamento
administrador público dispor dos recursos de forma mais flexível e Gestão –Atualiza a discriminação da despesa por funções de que
para o atendimento de despesas em programas prioritários. trata a Lei 4.320/64,estabelece os conceitos de função, subfunção,
No âmbito federal, a Constituição reforça a não-vinculação das programa, projeto, atividade, operações especiais, e dá outras pro-
receitas por meio do artigo 76 do Ato das Disposições Constitucio- vidências;
nais Transitórias – ADCT, ao criar a “Desvinculação das Receitas da ● Portaria Interministerial nº163/2001 da Secretaria do Tesou-
União – DRU”, abaixo transcrito: ro Nacional– STN e Secretaria de Orçamento Federal – SOF, conso-
“Art. 76. É desvinculado de órgão, fundo ou despesa, até 31 lidada com as Portarias 212/2001, 325/2001 e 519/2001.
de dezembro de 2011, 20% (vinte por cento) da arrecadação da
União de impostos, contribuições sociais e de intervenção no do-
mínio econômico, já instituídos ou que vierem a ser criados até a
referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais.

8
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
ORÇAMENTO NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. O orçamento anual visa concretizar os objetivos e metas pro-
O Estado Nacional, por meio de seus órgãos administrativos, é postas no PPA, segundo as diretrizes estabelecidas pela LDO.
o ente responsável pela gestão da máquina pública, e, mais recen-
temente, pela consecução do bem-estar social da população, so- A proposta da LOA compreende os três tipos distintos de orça-
bretudo no que diz respeito à execução da política de atendimento mentos da União, a saber:
de suas necessidades básicas. a) Orçamento Fiscal: compreende os poderes da União, os
Nesse sentido, o legislador constitucional originário houve por Fundos, Órgãos, Autarquias, inclusive as especiais e Fundações
bem traçar objetivos a serem alcançados pelo Estado brasileiro, es- instituídas e mantidas pela União; abrange, também, as empresas
tabelecendo-os no art. 3º da Carta Magna, a saber: públicas e sociedades de economia mista em que a União, direta
«Art. 3º - Constituem objetivos fundamentais da República Fe- ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a
derativa do Brasil: voto e que recebam desta quaisquer recursos que não sejam prove-
I - construir uma sociedade livra, justa e solidária; nientes de participação acionária, pagamentos de serviços presta-
II - garantir o desenvolvimento nacional; dos, transferências para aplicação em programas de financiamento
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi- atendendo ao disposto na alínea “c” do inciso I do art. 159 da CF e
gualdades sociais e regionais; refinanciamento da dívida externa;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, b) Orçamento de Seguridade Social: compreende todos os ór-
raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimina- gãos e entidades a quem compete executar ações nas áreas de saú-
ção.” de, previdência e assistência social, quer sejam da Administração
Direta ou Indireta, bem como os fundos e fundações instituídas e
Muito mais do que um rol casuístico, o citado dispositivo legal mantidas pelo Poder Público; compreende, ainda, os demais sub-
é, na verdade, uma norma constitucional dirigente, pois presta-se a projetos ou subatividades, não integrantes do Programa de Traba-
estabelecer um plano para a evolução política do Estado, ocupan- lho dos Órgãos e Entidades mencionados, mas que se relacionem
do-se, assim, não com uma situação presente, mas com um ideal com as referidas ações, tendo em vista o disposto no art. 194 da
futuro, visto que condiciona a atividade estatal à sua concreta rea- CF; e
lização. c) Orçamento de Investimento das Empresas Estatais: previs-
Tais objetivos constituem, por assim dizer, as razões fundamen- to no inciso II, parágrafo 5º do art. 165 da CF, abrange as empresas
tais para a existência do planejamento e do orçamento no âmbito públicas e sociedades de economia mista em que a União, direta
do setor público, pois estes mecanismos são as principais ferramen- ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito
tas para a consecução de políticas condizentes com as exigências de a voto.
uma sociedade democrática e participativa, cujos membros devem
ser partes integrantes do processo de gestão dos recursos públicos. O processo orçamentário compreende as fases de elaboração
A origem da palavra orçamento é de origem italiana: “orzare”, e execução das leis orçamentárias – PPA, LDO e LOA. Cada uma
que significa “fazer cálculos”. dessas leis tem ritos próprios de elaboração, aprovação e imple-
Lembra o professor CELSO RIBEIRO BASTOS que a finalidade mentação pelos Poderes Legislativo e Executivo.
última do orçamento “é de se tornar um instrumento de exercício Vamos verificar como ocorre o processo orçamentário em cada
da democracia pelo qual os particulares exercem o direito, por in- uma de suas fases.
termédio de seus mandatários, de só verem efetivadas as despesas
e permitidas as arrecadações tributárias que estiverem autorizadas ORÇAMENTO ANUAL:
na lei orçamentária” Na lei orçamentária anual (LOA) estão estimadas as receitas
O citado jurista conclui afirmando que “o orçamento é, por- que serão arrecadadas durante o ano e definidas as despesas que
tanto, uma peça jurídica, visto que aprovado pelo legislativo para o governo espera realizar com esses recursos, conforme aprovado
vigorar como lei cujo objeto disponha sobre a atividade financeira pelo Legislativo. A LOA contém três orçamentos, previstos na Cons-
do Estado, quer do ponto de vista das receitas, quer das despesas. tituição Federal: o orçamento fiscal, o orçamento da seguridade
O seu objeto, portanto, é financeiro” social (previdência, assistência e saúde) e o orçamento de investi-
Definindo como jurídica a natureza do orçamento, tem-se que mentos das empresas estatais.
o mesmo encontra fundamento constitucional nos arts. 165 a 169. 01) PROJETO DE LEI: O projeto de lei orçamentária é elabo-
Vamos conferir: rado pela Secretaria de Orçamento Federal (SOF) e encaminhado
ao Congresso Nacional pelo Presidente da República. O Executivo
PLANEJAMENTO PÚBLICO possui exclusividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto
O plano plurianual (PPA) estabelece os projetos e os programas pelo texto da lei, quadros orçamentários consolidados e anexos dos
de longa duração do governo, definindo objetivos e metas da ação
Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e de Investimento das Em-
pública para um período de quatro anos.
presas Estatais, o projeto de lei deve ser encaminhado para apre-
A LDO tem a finalidade precípua de orientar a elaboração dos
ciação do Congresso Nacional até 31 de agosto de cada ano.
orçamentos fiscal e da seguridade social e de investimento das em-
Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto é publicado e
presas estatais. Busca sintonizar a Lei Orçamentária Anual - LOA
encaminhado à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
com as diretrizes, objetivos e metas da administração pública, es-
Fiscalização – CMO. A Resolução nº. 01, de 2006 – CN regula a tra-
tabelecidas no PPA. De acordo com o parágrafo 2º do art. 165 da
mitação legislativa do orçamento.
CF, a LDO:
- compreenderá as metas e prioridades da administração pú- Para conhecer o conteúdo do projeto e promover o debate
blica, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro inicial sobre a matéria, a CMO realiza audiências públicas com Mi-
subsequente; nistros ou representantes dos órgãos de Planejamento, Orçamento
- orientará a elaboração da LOA; e Fazenda do Executivo e com representantes das diversas áreas
- disporá sobre as alterações na legislação tributária; e que compõem o orçamento. Nessa oportunidade os parlamentares
- estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras começam a avaliar a proposta apresentada e têm a possibilidade
oficiais de fomento. de ouvir tanto as autoridades governamentais como a sociedade.

9
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
02) RELATÓRIO DA RECEITA: Cabe ao relator da receita, com IV) não contrariar as normas regimentais sobre a matéria. Não
o auxílio do Comitê de Avaliação da Receita, avaliar, inicialmente, serão aprovadas emendas em valor superior ao solicitado, ressal-
a receita prevista pelo Executivo no projeto de lei orçamentária. O vados os casos de remanejamento entre emendas individuais, res-
objetivo é verificar se o montante estimado da receita está de acor- peitado o limite global.
do com os parâmetros econômicos previstos para o ano seguinte.
Caso encontre algum erro ou omissão, é facultado ao Legislativo As bancadas estaduais no Congresso Nacional e as comissões
reavaliar a receita e propor nova estimativa. permanentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados po-
O relator da receita apresenta suas conclusões no Relatório da dem apresentar emendas ao projeto nas matérias diretamente li-
Receita. Esse documento deve conter, entre outros assuntos, o exa- gadas às suas áreas de atuação.
me da conjuntura macroeconômica e do impacto do endividamen- Cada parlamentar pode apresentar até 25 emendas individuais,
to sobre as finanças públicas, a análise da evolução da arrecadação no valor total definido pelo Parecer Preliminar. Os relatores somen-
das receitas nos últimos exercícios e da sua estimativa no projeto, o te podem apresentar emendas para corrigir erros e omissões de
demonstrativo das receitas reestimadas e os pareceres às emendas ordem técnica e legal, recompor, total ou parcialmente, dotações
apresentadas. canceladas e atender às especificações do Parecer Preliminar.
O Relatório da Receita deve ser aprovado pela CMO. O relator
da receita pode propor atualização do Relatório da Receita aprova- 05) CICLO SETORIAL: O projeto de lei orçamentária anual é di-
do pela CMO, no caso de alterações nos parâmetros utilizados para vido em 10 áreas temáticas, com o objetivo de dar atenção às par-
a projeção ou na legislação tributária ocorridas durante a tramita- ticularidades dos diversos temas que permeiam a proposta, como
ção do projeto no Congresso. O prazo máximo para propor altera- educação, saúde, transporte, agricultura, entre outros. Para cada
ções é de até dez dias após a votação do último relatório setorial. área temática é designado um relator setorial, que deve avaliar o
projeto encaminhado, analisar as emendas apresentadas e elabo-
03) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser rar relatório setorial com as suas conclusões e pareceres.
o relator-geral do projeto de lei orçamentária deve elaborar Rela- Os Relatores Setoriais devem debater o projeto nas Comissões
tório Preliminar sobre a matéria, o qual, aprovado pela CMO, passa Permanentes, antes de apresentar o relatório, podendo ser convi-
a denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer estabelece os pa- dados, na oportunidade, representantes da sociedade civil.
râmetros e critérios a serem obedecidos na apresentação de emen- Na elaboração dos relatórios setoriais, serão observados, es-
das e na elaboração do relatório pelo relator-geral e pelos relatores tritamente, os limites e critérios fixados no Parecer Preliminar. O
setoriais. Relator deve verificar a compatibilidade do projeto com o PPA, a
O Relatório Preliminar é composto de duas partes. A primeira LDO e a Lei de Responsabilidade Fiscal, a execução orçamentária re-
parte – geral – apresenta análise das metas fiscais, exame da com- cente e os efeitos dos créditos adicionais dos últimos quatro meses.
patibilidade com o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentá- Os critérios utilizados para a distribuição dos recursos e as medidas
rias e a lei de responsabilidade fiscal, avaliação das despesas por adotadas quanto às obras e serviços com indícios de irregularida-
área temática, incluindo a execução recente, entre outros temas. des graves apontadas pelo TCU também devem constar do relató-
A segunda parte – especial – contém as regras para a atuação dos rio. Os relatórios setoriais são discutidos e votados individualmente
relatores setoriais e geral e as orientações específicas referentes à na CMO.
apresentação e apreciação de emendas, inclusive as de relator. De-
fine, também, a composição da Reserva de Recursos a ser utilizada 06) CICLO GERAL: Após a aprovação dos relatórios setoriais, é
para o atendimento das emendas apresentadas. tarefa do Relator Geral compilar as decisões setoriais em um único
Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por documento, chamado Relatório Geral, que será submetido à CMO.
parlamentares e pelas Comissões Permanentes das duas Casas do O papel do relator geral é verificar a constitucionalidade e legali-
Congresso Nacional. dade das alocações de recursos e zelar pelo equilíbrio regional da
distribuição realizada.
04) EMENDAS: As emendas à despesa são classificadas como No relatório geral, assim como nos setoriais, são analisados a
de remanejamento, de apropriação ou de cancelamento. compatibilidade do projeto com o PPA, a LDO e a Lei de Responsa-
Emenda de remanejamento é a que propõe acréscimo ou in- bilidade Fiscal, a execução orçamentária recente e os efeitos dos
clusão de dotações e, simultaneamente, como fonte exclusiva de créditos adicionais dos últimos quatro meses. Os critérios utiliza-
recursos, a anulação equivalente de dotações constantes do proje- dos pelo relator na distribuição dos recursos e as medidas adotadas
to, exceto as da Reserva de Contingência. Com isso, somente pode- quanto às obras e serviços com indícios de irregularidades graves
rá ser aprovada com a anulação das dotações indicadas na própria apontadas pelo TCU também devem constar do relatório.
emenda, observada a compatibilidade das fontes de recursos. Integram, ainda, o Relatório Geral os relatórios dos Comitês
Emenda de apropriação é a que propõe acréscimo ou inclu- Permanentes e daqueles constituídos para assessorar o relator
são de dotações e, simultaneamente, como fonte de recursos, a geral. As emendas ao texto e as de cancelamento são analisadas
anulação equivalente de valores da Reserva de Recursos ou outras exclusivamente pelo relator geral, que sobre elas emite parecer. A
dotações definidas no Parecer Preliminar. apreciação do Relatório Geral, na CMO, somente terá início após
Emenda de Cancelamento é a que propõe, exclusivamente, a a aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto de plano pluria-
redução de dotações constantes do projeto. nual ou de projeto de lei que o revise.
A emenda ao projeto que propõe acréscimo ou inclusão de do- O Relatório Geral é lido, discutido e votado no plenário da
tações somente será aprovada se: CMO. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação
I) estiver compatível com o plano plurianual e com a lei de di- em separado de emendas, com o objetivo de modificar os parece-
retrizes orçamentárias; res propostos pelo Relator. O relatório aprovado em definitivo pela
II) indicar os recursos necessários; Comissão constitui o parecer da CMO, o qual será encaminhado à
III) não for constituída de várias ações que devam ser objeto de Secretaria-Geral da Mesa do Congresso Nacional, para ser submeti-
emendas distintas; e do à deliberação das duas Casas, em sessão conjunta.

10
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
07) AUTÓGRAFOS E LEIS: O parecer da CMO é submetido à Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por
discussão e votação no Plenário do Congresso Nacional. Os Con- parlamentares e pelas Comissões Permanentes da Câmara e do Se-
gressistas podem solicitar destaque para a votação em separado nado.
de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres aprovados
na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um décimo dos 03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, abre-se
congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Nacional até o prazo para a apresentação de emendas ao projeto de lei de dire-
dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria no Plenário trizes orçamentárias, com vistas a inserir, suprimir, substituir ou
do Congresso Nacional. modificar dispositivos constantes do projeto.
Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re- Cada parlamentar, Comissão Permanente do Senado Federal e
dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do da Câmara dos Deputados e Bancada Estadual do Congresso Nacio-
substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina- nal pode apresentar até cinco emendas ao anexo de metas e priori-
do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da dades. Não se incluem nesse limite as emendas ao texto do projeto
Presidência da República para sanção. de lei. Para essa finalidade, as emendas são ilimitadas.
O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou As emendas são apresentadas perante a CMO, que sobre elas
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do emite parecer conclusivo e final, que somente poderá ser modifi-
recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os cado mediante a aprovação de destaque no Plenário do Congresso
motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial Nacional.
da União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Na-
cional. 04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de diretrizes
orçamentárias e as emendas apresentadas, tendo como orientação
DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS as regras estabelecidas no Parecer Preliminar, e formalizar, em re-
A lei de diretrizes orçamentárias - LDO define as metas e prio- latório, as razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas. Deve
ridades do governo para o ano seguinte, orienta a elaboração da lei também justificar quaisquer outras alterações que tenham sido in-
orçamentária anual, dispõe sobre alterações na legislação tributá- troduzidas no texto do projeto de lei. O produto final desse traba-
ria e estabelece a política das agências de desenvolvimento (Banco lho, contendo as alterações propostas ao texto do PLDO, decorren-
do Nordeste, Banco do Brasil, BNDES, Banco da Amazônia, etc.). tes das emendas acolhidas pelo relator e das por ele apresentadas,
Também fixa limites para os orçamentos dos Poderes Legislati- constitui a proposta de substitutivo. O relatório e a proposta de
vo e Judiciário e do Ministério Público e dispõe sobre os gastos com substitutivo são discutidos e votados no Plenário da CMO, sendo
pessoal. A Lei de Responsabilidade Fiscal remeteu à LDO diversos necessário para aprová-los a manifestação favorável da maioria dos
outros temas, como política fiscal, contingenciamento dos gastos, membros de cada uma das Casas, que integram a CMO.
transferências de recursos para entidades públicas e privadas e po- A Constituição Federal não estabelece prazo final para a apro-
lítica monetária vação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias. No entanto, de-
termina que o Congresso Nacional não tenha direito a recesso a partir
01) PROJETO DE LEI: O projeto de LDO (PLDO) é elaborado pela de 17 de julho enquanto o PLDO não for aprovado. O relatório aprovado
Secretaria de Orçamento Federal e encaminhado ao Congresso Na- em definitivo pela Comissão constitui o parecer da CMO, o qual será en-
cional pelo Presidente da República, que possui exclusividade na caminhado à Secretaria-Geral da Mesa do Congresso Nacional, para ser
iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo texto da lei e di- submetido à deliberação das duas Casas, em sessão conjunta.
versos anexos, o projeto de lei deve ser encaminhado ao Congresso
Nacional até 15 de abril de cada ano. 05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer da CMO é
Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a tramita- submetido à discussão e votação no Plenário do Congresso Nacio-
ção legislativa, observadas as normas constantes da Resolução nº. nal. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em
01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publicado e encaminhado à Co- separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres
missão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO. aprovados na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um
décimo dos congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Na-
02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser cional até o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria
o relator do projeto de diretrizes orçamentárias (PLDO) deve, pri- no Plenário do Congresso Nacional.
meiramente, elaborar Relatório Preliminar sobre o projeto, o qual, Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re-
aprovado pela CMO, passa a denominar-se Parecer Preliminar. Esse dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do
parecer estabelece regras e parâmetros a serem observados quan- substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina-
do da análise e apreciação do projeto, tais como: do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da
I) condições para o cancelamento de metas constantes do pro- Presidência da República para sanção.
jeto; O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou par-
II) critérios para o acolhimento de emendas; e cialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do recebi-
III) disposições sobre apresentação e apreciação de emendas mento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os motivos
individuais e coletivas. do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial da União
como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Nacional.
Além disso, o parecer preliminar avalia os cenários econômico-
-fiscal e social, bem como os parâmetros macroeconômicos utiliza- PLANO PLURIANUAL
dos na elaboração do projeto e as informações constantes de seus O plano plurianual – PPA é instrumento de planejamento de
anexos, com o objetivo de promover análises prévias ao conteúdo médio prazo, que estabelece as diretrizes, objetivos e metas do
apresentado. Como complemento à análise inicial, a CMO realiza governo para os projetos e programas de longa duração, para um
audiência pública com o Ministro do Planejamento, Orçamento e período de quatro anos. Nenhuma obra de grande vulto ou cuja
Gestão, antes da apresentação do Relatório Preliminar. execução ultrapasse um exercício financeiro pode ser iniciada sem
prévia inclusão no plano plurianual.

11
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
01) PROJETO DE LEI: O projeto de PPA (PPPA) é elaborado pela aprovados na CMO. Esse requerimento deve ser assinado por um
Secretaria de Investimentos e Planejamento Estratégico (SPI) do décimo dos congressistas e apresentado à Mesa do Congresso Na-
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e encaminhado cional até o dia anterior ao estabelecido para discussão da matéria
ao Congresso Nacional pelo Presidente da República, que possui no Plenário do Congresso Nacional.
exclusividade na iniciativa das leis orçamentárias. Composto pelo Concluída a votação, a matéria é devolvida à CMO para a re-
texto da lei e diversos anexos, o projeto de lei deve ser encami- dação final. Recebe o nome de Autógrafo o texto do projeto ou do
nhado ao Congresso Nacional até 31 de agosto do primeiro ano de substitutivo aprovado definitivamente em sua redação final assina-
mandato presidencial, devendo vigorar por quatro anos. do pelo Presidente do Congresso, que será enviado à Casa Civil da
Recebido pelo Congresso Nacional, o projeto inicia a tramita- Presidência da República para sanção.
ção legislativa, observadas as normas constantes da Resolução nº. O Presidente da República pode vetar o autógrafo, total ou
01, de 2006 – CN. O projeto de lei é publicado e encaminhado à Co- parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, contados da data do
missão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização – CMO. recebimento. Nesse caso, comunicará ao Presidente do Senado os
motivos do veto. A parte não vetada é publicada no Diário Oficial
02) PARECER PRELIMINAR: O parlamentar designado para ser da União como lei. O veto deve ser apreciado pelo Congresso Na-
o relator do projeto de plano plurianual (PPPA) deve, primeiramen- cional.
te, elaborar Relatório Preliminar sobre o projeto, o qual, aprovado A Lei 4320/64 estabelece dois sistemas de controle da exe-
pela CMO, passa a denominar-se Parecer Preliminar. Esse parecer cução orçamentária: interno e externo. A Constituição Federal de
estabelece regras e parâmetros a serem observados quando da 1988 manteve essa concepção e deu-lhe um sentido ainda mais
análise e apreciação do projeto, tais como: amplo.
I) condições para o remanejamento e cancelamento de valores Enquanto a Constituição anterior enfatizava a fiscalização fi-
financeiros constantes do projeto; nanceira e orçamentária, a atual ampliou o conceito, passando a
II) critérios para alocação de eventuais recursos adicionais de- abranger, também, as áreas operacional e patrimonial, além de
correntes da reestimativa das receitas; e cobrir de forma explicita, o controle da aplicação de subvenções e
III) orientações sobre apresentação e apreciação de emendas. a própria política de isenções, estímulos e incentivos fiscais. Ficou
Em complemento à análise inicial, a CMO pode realizar audiên- demonstrado, igualmente de forma clara, a abrangência do con-
cias públicas regionais para debater o projeto. trole constitucional sobre as entidades de administração indireta,
Ao relatório preliminar podem ser apresentadas emendas por questão controversa na sistemática anterior.
parlamentares, Comissões Permanentes da Câmara e do Senado e
O controle da execução orçamentária compreenderá:
Bancadas Estaduais.
I - a legalidade dos atos que resultem a arrecadação da receita
ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos
03) EMENDAS: Após aprovado o parecer preliminar, abre-se
e obrigações;
prazo para a apresentação de emendas ao projeto de plano pluria-
II- a fidelidade funcional dos agentes da administração respon-
nual, com vistas a inserir, suprimir, substituir ou modificar disposi-
sáveis por bens e valores públicos;
tivos constantes do projeto.
III- o cumprimento do programa de trabalho, expresso em ter-
Ao projeto podem ser apresentadas até dez emendas por par-
mos monetários e em termos de realização de obras e prestação
lamentar, até cinco emendas por Comissão Permanente da Câmara
e do Senado e até cinco emendas por Bancada Estadual. de serviços.
As emendas são apresentadas perante a CMO, que sobre elas
emite parecer conclusivo e final, o qual somente poderá ser modifi- AVALIAÇÃO ORÇAMENTÁRIA
cado mediante a aprovação de destaque no Plenário do Congresso A avaliação orçamentária é a parte do controle orçamentário
Nacional. que analisa a eficácia e eficiência dos cursos de ação cumpridos e
proporciona elementos de juízo aos responsáveis da gestão admi-
04) RELATÓRIO: O relator deve analisar o projeto de plano plu- nistrativa para adotar as medidas tendentes à consecução de seus
rianual e as emendas apresentadas, tendo como orientação as re- objetivos e à otimização do uso dos recursos colocados à sua dis-
gras estabelecidas no Parecer Preliminar, e formalizar, em relatório, posição, o que contribui para realimentar o processo de adminis-
as razões pelas quais acolhe ou rejeita as emendas. Deve também tração orçamentária. Esta definição traz dois critérios de análise
justificar quaisquer outras alterações que tenham sido introduzidas eficiência e eficácia que são conceituados a seguir:
no texto do projeto de lei. O produto final desse trabalho, contendo O teste da eficiência na avaliação das ações governamentais
as alterações propostas ao texto do PPPA, decorrentes das emen- busca considerar os resultados em face dos recursos disponíveis.
das acolhidas pelo relator e das por ele apresentadas, constitui a Busca-se representar as realizações em índices e indicadores, para
proposta de substitutivo. possibilitar comparação com parâmetros técnicos de desempenho
O relatório e a proposta de substitutivo são discutidos e vota- e com padrões já alcançados anteriormente.
dos no Plenário da CMO, sendo necessário para aprová-los a mani- Tais medidas demonstram a maior ou menor capacidade de
festação favorável da maioria dos membros de cada uma das Casas, consumir recursos escassos, disponíveis para a realização de uma
que integram a CMO. tarefa determinada. Ou, em outras palavras, indicam a justeza e
O relatório aprovado em definitivo pela Comissão constitui o propriedade com que a forma de elaboração de determinado pro-
parecer da CMO, o qual será encaminhado à Secretaria-Geral da duto final foi selecionada, de modo a que se minimize o seu custo
Mesa do Congresso Nacional, para ser submetido à deliberação das respectivo.
duas Casas, em sessão conjunta. A avaliação da eficácia procura considerar o grau em que os
objetivos e as finalidades do progresso alcançado dentro da progra-
05) AUTÓGRAFOS E LEIS: Após aprovado, o parecer da CMO é mação de realizações governamentais. Tanto a análise da eficácia
submetido à discussão e votação no Plenário do Congresso Nacio- como da eficiência são possibilidades pelas formas modernas de
nal. Os Congressistas podem solicitar destaque para a votação em estruturação dos orçamentos. A classificação por programas, pro-
separado de emendas, com o objetivo de modificar os pareceres jetos e atividades e a explicitação das metas físicas orçamentárias

12
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
viabilizam os testes de eficácia, enquanto a incorporação de cus- No prazo de trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
tos, estimativos (no orçamento) e efetivos ( na execução), auxilia as o Poder Executivo publicará relatório resumido da execução orça-
avaliações da eficiência. mentária.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO Ciclo do Orçamento Anual


Uma vez que a cada exercício será preciso uma nova Lei Orça-
A LDO, devidamente compatibilizada com o PPA, deverá con- mentária Anual, verifica-se que o processo orçamentário se dá na
ter: forma de um verdadeiro ciclo, com quatro fases bem distintas:
● As metas e prioridades da Administração Pública, incluindo
as despesas de capital, para o exercício seguinte; 1. Elaboração da Proposta Orçamentária
● Orientações para a elaboração da Lei Orçamentária Anual; Trata-se do momento em que cada um dos diversos órgãos
● Disposições sobre alterações na Legislação Tributária; e entidades que compõem a Administração Pública faz o levanta-
● A política de aplicação das agências financeiras oficiais de mento das suas necessidades de e cursos para o exercício seguinte,
fomento; levando em consideração os programas do Governo e os objetivos
● Autorização específica para a concessão de qualquer vanta- de desenvolvimento econômico e social do país.
gem ou aumento de remuneração, criação de cargos ou alteração O órgão central de planejamento recebe todas estas demandas
de estrutura de carreiras,bem como admissão de pessoal, a qual- e as consolida num único documento, compatibilizando-o com a
quer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou estimativa das receitas esperadas para o próximo ano.
indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Pú- Em seguida, redistribui a previsão de gastos de acordo com os
blico, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de econo- parâmetros macroeconômicos, estabelecendo as quotas finais de
mia mista; recursos para cada órgão.
Finalmente, é produzido o texto do projeto da Lei Orçamen-
Os limites para elaboração da proposta orçamentária dos po- tária Anual, juntamente com os diversos anexos que irão detalhar
deres judiciário e legislativo todas as receitas e despesas, de acordo com classificação orçamen-
Na União, o prazo para envio do projeto de Lei da LDO pelo tária própria.
Executivo ao Legislativo é até o dia 15 de abril do exercício anterior O projeto da LOA é então remetido ao Poder Legislativo, junto
ao da Lei Orçamentária Anual. com mensagem do chefe do Poder Executivo, para aprovação.
A sessão legislativa ordinária não será interrompida até que o
projeto de Lei da LDO seja aprovado. 2. Discussão e Aprovação da Lei Orçamentária
Vale lembrar que, conforme a Emenda Constitucional nº 50, Ao chegar no Poder Legislativo, o projeto da LOA será apre-
de14/02/2006, a sessão legislativa vai do período de 02 de feverei- ciado pelos congressistas, que poderão propor emendas ao texto
ro a 17 de julho, e de 1º. de agosto a 22 de dezembro. inicial, dando origem a um texto substitutivo.
O projeto da LOA cumprirá um rito semelhante ao das demais
A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL – LOA leis que tramitam pelo Congresso Nacional, sendo exigido apenas
A composição da Lei Orçamentária Anual está prevista na maioria simples para sua aprovação.
CF/88, art. 165, § 5°: Após a devida aprovação da LOA, com ou sem emendas, o
●Orçamento fiscal, incluindo todas as receitas e despesas, re- Poder Legislativo devolve para o Poder Executivo, para sanção ou
ferentes aos Poderes do Estado, seus fundos, órgãos da administra- veto.
ção direta, autarquias, fundações instituídas e mantidas pelo Poder Sendo sancionada pelo Presidente da República, a LOA agora
Público; será promulgada, e com sua publicação no Diário Oficial da União,
●Orçamento de investimento das empresas em que o Estado, estará produzindo os seus devidos efeitos legais.
direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital com direito
a voto; 3. Execução Orçamentária
●Orçamento da seguridade social, abrangendo todos os ór- Esta fase transcorre durante todo o exercício financeiro, pois
gãos e entidades da administração direta ou autárquica, bem como consiste na efetiva arrecadação, por parte do Governo, das diversas
os fundos e fundações instituídas pelo Poder Público, vinculados à receitas previstas, bem como a realização das despesas programa-
saúde, previdência e assistência social. das para o período.

Constitui matéria exclusiva da lei orçamentária a previsão da 4. Controle e Avaliação


receita e a fixação da despesa, podendo conter, ainda segundo a O controle se inicia junto com a execução do orçamento, uma vez
norma constitucional: que o próprio Governo, através dos seus órgãos de controle interno ou
●Autorização para abertura de créditos suplementares; de controle externo, iniciam a fiscalização sobre os gestores públicos,
● Autorização para contratação de operações de crédito, inclu- com relação à legalidade dos procedimentos executados.
sive por antecipação de receita orçamentária (ARO) na forma da lei. No tocante à avaliação, trata-se de preocupação específica
com os resultados efetivos dos programas realizados durante o
Os orçamentos fiscais e de investimentos serão compatibiliza- ano, em termos de benefícios gerados para a população.
dos com o PPA; terão a função de reduzir as desigualdades inter-re-
gionais, segundo critérios de população e renda per capita. Outros planos e programas
As emendas ao projeto de LOA ou aos projetos que o modi- O programa é o instrumento de organização da atuação gover-
fiquem terão que ser compatíveis com o PPA e com a LDO, para namental. Articula um conjunto de ações que concorrem para um
serem aprovadas. objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores esta-
O prazo para envio do projeto da LOA ao Poder Legislativo é belecidos no plano plurianual, visando à solução de um problema
até 31 de agosto. ou o atendimento de uma necessidade ou demanda da sociedade.

13
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Toda a ação finalística do Governo Federal deverá ser estru- O Órgão Setorial do Orçamento é o articulador entre o órgão
turada em programas, orientados para consecução dos objetivos central e os órgãos executores, dentro de um sistema, sendo res-
estratégicos definidos, para o período, no PPA. A ação finalística ponsável pela coordenação das ações na sua esfera de atuação.
é a que proporciona bem ou serviço para atendimento direto às
demandas da sociedade. SIAFI e SIOF
Os programas de ações não finalísticas são programas consti-
tuídos predominantemente de ações continuadas, devendo conter SIOP
metas de qualidade e produtividade a serem atingidas em prazo Com a finalidade de dar suporte às rotinas desenvolvidas no
definido. Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, foram implan-
São quatro os tipos de programas previstos: tados o Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDOR) e o Sis-
- Programas finalísticos; tema de Informações Gerenciais e de Planejamento (SIGPLAN), nos
- Programas de gestão das políticas públicas; anos de 1987 e 2000, respectivamente.
- Programas de serviços ao Estado; Estes dois sistemas informatizados foram substituídos a partir
- Programa de apoio administrativo. de 2009, de forma gradativa, pelo Sistema Integrado de Planeja-
mento e Orçamento (SIOP), com os seguintes objetivos:
Programas Finalísticos I. prover mecanismos adequados ao registro e controle dos
São programas que resultam em bens e serviços ofertados di- processos de planejamento e orçamento;
retamente à sociedade. Seus atributos básicos são: denominação, II. fornecer meios para agilizar os processos de elaboração do
objetivo, público-alvo, indicador(es), fórmulas de cálculo do índice, PPA, LDO, LOA e tramitação de pedidos de alterações orçamentá-
órgão(s), unidades orçamentárias e unidade responsável pelo pro- rias;
grama O indicador quantifica a situação que o programa tenha por III. fornecer fonte segura e tempestiva de informações orça-
fim modificar, de modo a explicitar o impacto das ações sobre o mentárias;
público alvo. IV. integrar e compatibilizar as informações disponíveis nos di-
versos órgãos e entidades participantes;
Programas de Gestão de Políticas Públicas - volta V. permitir aos segmentos da sociedade obter a necessária
Os programas de gestão de políticas públicas assumirão deno- transparência das informações orçamentárias (BRASIL, 2013).
minação específica de acordo com a missão institucional de cada
órgão. Portanto, haverá apenas um programa dessa natureza por Dessa forma, o SIOP é o sistema informatizado (artefato) que
órgão. Exemplo: “Gestão da Política de Saúde”. dá suporte às rotinas orçamentárias do Governo Federal em tempo
real. Por meio do acesso à internet, os usuários dos órgãos setoriais
Seus atributos básicos são: denominação, objetivo, órgão(s), e unidades orçamentárias integrantes do Sistema de Planejamento
unidades orçamentárias e unidade responsável pelo programa Na e de Orçamento Federal, bem como de outros sistemas automati-
Presidência da República e nos Ministérios que constituam órgãos zados, registram suas operações e efetuam suas consultas on-line
centrais de sistemas (Orçamento e Gestão, Fazenda), poderá haver (BRASIL, 2013).
mais de um programa desse tipo. Assim, a implantação e, principalmente, o uso do SIOP têm re-
Os Programas de Gestão de Políticas Públicas abrangem as flexos nas diversas rotinas orçamentárias desenvolvidas no âmbito
ações de gestão de Governo e serão compostos de atividades de do Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal, uma vez que
planejamento, orçamento, controle interno, sistemas de informa- a sua interação com estas rotinas pode influenciar tanto a flexibili-
ção e diagnóstico de suporte à formulação, coordenação, supervi- zação quanto a estabilidade das mesmas.
são, avaliação e divulgação de políticas públicas. As atividades de- De acordo com D’Adderio (2011), concentrar-se na relação en-
verão assumir as peculiaridades de cada órgão gestor setorial. tre artefatos e aspecto ostensivo possibilita captar a dinâmica pela
qual as visões ostensivas específicas são selecionadas e incorpora-
Programas de Serviços ao Estado das em artefatos de rotinas, ou seja, regras e procedimentos, e, por
Programas de Serviços ao Estado são os que resultam em bens outro lado, concentrar-se sobre as relações entre artefatos e per-
e serviços ofertados diretamente ao Estado, por instituições criadas formances possibilita captar a micro dinâmica pela qual artefatos
para esse fim específico. Seus atributos básicos são: denominação, influenciam e são influenciados por performances. Dessa forma, o
objetivo, indicador(es), órgão(s), unidades orçamentárias e unida- SIOP, como artefato criado com base nos aspectos ostensivos das
de responsável pelo programa. rotinas orçamentárias da União e que, por meio do seu uso, man-
tém interação com tais rotinas.
Programas de Apoio Administrativo A tecnologia da informação é indispensável para que as orga-
Os programas de Apoio Administrativo correspondem ao con- nizações aprimorem sua agilidade, efetividade e inteligência (RE-
junto de despesas de natureza tipicamente administrativa e outras ZENDE, 2008). No que tange ao Sistema de Planejamento e de Or-
que, embora colaborem para a consecução dos objetivos dos pro- çamento Federal, a implantação do SIOP deve corresponder a tal
gramas finalísticos e de gestão de políticas públicas, não são passí- expectativa, uma vez que mudanças nas rotinas orçamentárias são
veis de apropriação a esses programas. Seus objetivos são, portan- necessárias para dinamizar um sistema caracterizado por arranjos
to, os de prover os órgãos da União dos meios administrativos para
institucionais mais estáveis, como, por exemplo, a Lei no 4.320, de
a implementação e gestão de seus programas finalísticos.
1964, que completou cinquenta anos de vigência em 2014.
Tendo em vista que o SIOP envolve uma série de custos opera-
O Sistema de Orçamento compreende as atividades de acom-
cionais, é importante verificar as mudanças geradas com a sua im-
panhamento e avaliação de planos, programas e orçamentos no
plantação, principalmente as que se referem ao aperfeiçoamento
âmbito de cada esfera de Poder.
da gestão das rotinas orçamentárias no âmbito da União, as quais
Ao Órgão Central de Orçamento cabe a responsabilidade de
viabilizam a implementação das políticas públicas desenvolvidas no
coordenar o processo de preparação, elaboração e avaliação do Or-
çamento Anual, normatizando e supervisionando a ação dos outros âmbito do Governo Federal, com impactos em outras esferas de
órgãos que compõem o sistema de orçamento. governo, na economia e, sobretudo, na sociedade.

14
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Dentre as rotinas orçamentárias desenvolvidas no âmbito do o SERPRO, o Sistema Integrado de Administração Financeira do
Sistema de Planejamento e de Orçamento Federal (SPOF), cabe Governo Federal – SIAFI em menos de um ano, implantando-o em
destacar a rotina de elaboração das alterações orçamentárias, a janeiro de 1987, para suprir o Governo Federal de um instrumento
qual tem significativa importância no contexto orçamentário fede- moderno e eficaz no controle e acompanhamento dos gastos pú-
ral, uma vez que envolve todos os órgãos dos três Poderes e uma blicos.
considerável quantidade de profissionais, que atuam de forma con- Com o SIAFI, os problemas de administração dos recursos pú-
tínua e integrada nesta rotina ao longo de todo o exercício finan- blicos que apontamos acima ficaram solucionados. Hoje o Governo
ceiro.2 Federal tem uma Conta Única para gerir, de onde todas as saídas
de dinheiro ocorrem com o registro de sua aplicação e do servidor
SIAF público que a efetuou. Trata-se de uma ferramenta poderosa para
SIAFI - É o Sistema Integrado de Administração Financeira do executar, acompanhar e controlar com eficiência e eficácia a corre-
Governo Federal; ta utilização dos recursos da União.
Órgão Gestor: Secretaria do Tesouro Nacional - STN / Ministé-
rio da Fazenda - MF; Objetivos do siafi
Função: registro, acompanhamento e controle da execução or- O SIAFI é o principal instrumento utilizado para registro, acom-
çamentária, financeira e patrimonial do Governo Federal. panhamento e controle da execução orçamentária, financeira e
patrimonial do Governo Federal. Desde sua criação, o SIAFI tem al-
A história do SIAFI cançado satisfatoriamente seus principais objetivos:
Até o exercício de 1986, o Governo Federal convivia com uma a) prover mecanismos adequados ao controle diário da execu-
série de problemas de natureza administrativa que dificultavam a ção orçamentária, financeira e patrimonial aos órgãos da Adminis-
adequada gestão dos recursos públicos e a preparação do orça- tração Pública;
mento unificado, que passaria a vigorar em 1987: b) fornecer meios para agilizar a programação financeira, oti-
- Emprego de métodos rudimentares e inadequados de traba- mizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, através da
lho, onde, na maioria dos casos, os controles de disponibilidades or- unificação dos recursos de caixa do Governo Federal;
çamentárias e financeiras eram exercidos sobre registros manuais; c) permitir que a contabilidade pública seja fonte segura e tem-
- Falta de informações gerenciais em todos os níveis da Admi- pestiva de informações gerenciais destinadas a todos os níveis da
nistração Pública e utilização da Contabilidade como mero instru- Administração Pública Federal;
mento de registros formais; d) padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à gestão
- Defasagem na escrituração contábil de pelo menos, 45 dias dos recursos públicos, sem implicar rigidez ou restrição a essa ativi-
dade, uma vez que ele permanece sob total controle do ordenador
entre o encerramento do mês e o levantamento das demonstra-
de despesa de cada unidade gestora;
ções Orçamentárias, Financeiras e Patrimoniais, inviabilizando o
e) permitir o registro contábil dos balancetes dos estados e
uso das informações para fins gerenciais;
municípios e de suas supervisionadas;
- Inconsistência dos dados utilizados em razão da diversidade
f) permitir o controle da dívida interna e externa, bem como o
de fontes de informações e das várias interpretações sobre cada
das transferências negociadas;
conceito, comprometendo o processo de tomada de decisões;
g) integrar e compatibilizar as informações no âmbito do Go-
- Despreparo técnico de parte do funcionalismo público, que
verno Federal;
desconhecia técnicas mais modernas de administração financeira e h) permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos recur-
ainda concebia a contabilidade como mera ferramenta para o aten- sos públicos; e
dimento de aspectos formais da gestão dos recursos públicos; i) proporcionar a transparência dos gastos do Governo Federal.
- Inexistência de mecanismos eficientes que pudessem evitar o
desvio de recursos públicos e permitissem a atribuição de respon- Vantagens do siafi
sabilidades aos maus gestores; O SIAFI representou tão grande avanço para a contabilidade
- Estoque ocioso de moeda dificultando a administração de pública da União que ele é hoje reconhecido no mundo inteiro e
caixa, decorrente da existência de inúmeras contas bancárias, no recomendado inclusive pelo Fundo Monetário Internacional. Sua
âmbito do Governo Federal. Em cada Unidade havia uma conta performance transcendeu de tal forma as fronteiras brasileiras e
bancária para cada despesa. Exemplo: Conta Bancária para Mate- despertou a atenção no cenário nacional e internacional, que vá-
rial Permanente, Conta bancária para Pessoal, conta bancária para rios países, além de alguns organismos internacionais, têm enviado
Material de Consumo, etc. delegações à Secretaria do Tesouro Nacional, com o propósito de
absorver tecnologia para a implantação de sistemas similares.
A solução desses problemas representava um verdadeiro de- Veja os ganhos que a implantação do SIAFI trouxe para a Admi-
safio à época para o Governo Federal. O primeiro passo para isso nistração Pública Federal :
foi dado com a criação da Secretaria do Tesouro Nacional - STN, - Contabilidade: o gestor ganha tempestividade na informação,
em 10 de março de 1986., para auxiliar o Ministério da Fazenda na qualidade e precisão em seu trabalho;
execução de um orçamento unificado a partir do exercício seguinte. - Finanças: agilização da programação financeira, otimizando a uti-
A STN, por sua vez, identificou a necessidade de informações lização dos recursos do Tesouro Nacional, por meio da unificação dos
que permitissem aos gestores agilizar o processo decisório, tendo recursos de caixa do Governo Federal na Conta Única no Banco Central;
sido essas informações qualificadas, à época, de gerenciais. Dessa - Orçamento: a execução orçamentária passou a ser realizada
forma, optou-se pelo desenvolvimento e implantação de um sis- tempestivamente e com transparência, completamente integrada
tema informatizado, que integrasse os sistemas de programação a execução patrimonial e financeira;
financeira, de execução orçamentária e de controle interno do Po- - Visão clara de quantos e quais são os gestores que executam
der Executivo e que pudesse fornecer informações gerenciais, con- o orçamento : os números da época da implantação do SIAFI indica-
fiáveis e precisas para todos os níveis da Administração. vam a existência de aproximadamente 1.800 gestores. Na verdade,
Desse modo, a STN definiu e desenvolveu, em conjunto com eram mais de 4.000 que hoje estão cadastrados e executam seus
2 Fonte: www.repositorio.unb.br
gastos através do sistema de forma “on-line”;

15
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
- Desconto na fonte de impostos: hoje, no momento do pagamento, já é recolhido o imposto devido;
- Auditoria: facilidade na apuração de irregularidades com o dinheiro público;
- Transparência: poucas pessoas tinham acesso às informações sobre as despesas do Governo Federal antes do advento do SIAFI.
A prática da época era tratar essas despesas como “assunto sigiloso”. Hoje a história é outra, pois na democracia o cidadão é o grande
acionista do estado; e
- Fim da multiplicidade de contas bancárias: os números da época indicavam 3.700 contas bancárias e o registro de aproximadamente
9.000 documentos por dia. Com a implantação do SIAFI, constatou-se que existiam em torno de 12.000 contas bancárias e se registravam
em média 33.000 documentos diariamente. Hoje, 98% dos pagamentos são identificados de modo instantâneo na Conta Única e 2% deles
com uma defasagem de, no máximo, cinco dias.

Além de tudo isso, o SIAFI apresenta inúmeras vantagens que o distinguem de outros sistemas em uso no âmbito do Governo Federal:
- Sistema disponível 100% do tempo e on-line;
- Sistema centralizado, o que permite a padronização de métodos e rotinas de trabalho;
- Interligação em todo o território nacional;
- Utilização por todos os órgãos da Administração Direta (poderes Executivo, Legislativo e Judiciário);
- Utilização por grande parte da Administração Indireta; e
- Integração periódica dos saldos contábeis das entidades que ainda não utilizam o SIAFI, para efeito de consolidação das informações
econômico-financeiras do Governo Federal - à exceção das Sociedades de Economia Mista, que têm registrada apenas a participação acio-
nária do Governo - e para proporcionar transparência sobre o total dos recursos movimentados.

Principais atribuições do siafi


O SIAFI é um sistema informatizado que processa e controla, por meio de terminais instalados em todo o território nacional, a exe-
cução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil dos órgãos da Administração Pública Direta federal, das autarquias, fundações e
empresas públicas federais e das sociedades de economia mista que estiverem contempladas no Orçamento Fiscal e/ou no Orçamento
da Seguridade Social da União.
O sistema pode ser utilizado pelas Entidades Públicas Federais, Estaduais e Municipais apenas para receberem, pela Conta Única do
Governo Federal, suas receitas (taxas de água, energia elétrica, telefone, etc) dos Órgãos que utilizam o sistema. Entidades de caráter
privado também podem utilizar o SIAFI, desde que autorizadas pela STN. No entanto, essa utilização depende da celebração de convênio
ou assinatura de termo de cooperação técnica entre os interessados e a STN, que é o órgão gestor do SIAFI.
Muitos são as facilidades que o SIAFI oferece a toda Administração Pública que dele faz uso, mas podemos dizer, a título de simplifica-
ção, que essas facilidades foram desenvolvidas para registrar as informações pertinentes às três tarefas básicas da gestão pública federal
dos recursos arrecadados legalmente da sociedade:
- Execução Orçamentária;
- Execução Financeira; e
- Elaboração das Demonstrações Contábeis, consolidadas no Balanço Geral da União.3

Ciclo e Processo Orçamentário

A CF 88 determina a elaboração do contrato orçamentário com base em três leis ordinárias:


• Plano Plurianual (PPA), a cada 4 anos;
• Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), anualmente;
• Lei Orçamentária Anual (LOA).
3 Fonte: www.ceap.br – Por Glaucio Bezerra

16
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Visando fortalecer a interligação dos processos de planejamen- a) Elaboração
to e orçamento (alocação de recursos), a CF 88 exigiu que o PPA, a Essa fase é de responsabilidade essencialmente do Poder Exe-
LDO e a LOA fossem articulados, interdependentes e compatíveis. cutivo, que realiza estudos para preparação dos projetos das leis
A LDO recebeu a função unir o PPA e a LOA. Por isso, a LDO orçamentárias que são: PPA, LDO e LOA.
pode ser considerada um “esqueleto” da lei orçamentária anual: Na etapa de elaboração da PLOA são estabelecidas as metas
estabelece, anualmente, a estrutura para a elaboração do orça- e prioridades, compatíveis com a LDO, define programas, obras e
mento. Por sua vez, a própria elaboração da LDO deve obedecer estimativa das receitas, bem como consolida as propostas parciais
aos princípios do PPA. elaboradas pelo Judiciário, Legislativo e Ministério Público, visando
Essa sobreposição entre as três leis está disposto prioritaria- o envio ao Congresso Nacional para apreciação e votação.
mente nos artigos 165, 166 e 167 da CF. Naturalmente, os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério
O artigo 165 da Constituição determina que os orçamentos Público têm autonomia para a elaboração de suas propostas, den-
anuais, neste caso tanto a LOA como a LDO, precisam ser compatí- tro das condições e limites já estabelecidos nos planos e diretrizes.
veis com o PPA. O órgão central do Sistema de Orçamento (o Ministério do Pla-
Art. 165. (...) nejamento, Orçamento e Gestão) fixa os parâmetros a serem ado-
§ 7° Os orçamentos previstos no § 5°, I e II, deste artigo, com- tados no âmbito de cada órgão/unidade orçamentária.
patibilizados com o plano plurianual, terão entre suas funções a Há dois níveis de compatibilização e consolidação: o primeiro
de reduzir desigualdades inter regionais, segundo critério popula- decorre das discussões entre as unidades de cada órgão; o segun-
cional (CF, art. 165, § 7°). Compreendendo o ciclo orçamentário do, no âmbito do órgão central do Sistema de Orçamento, entre os
O artigo 167 da CF exige que emendas que modifiquem a LOA, vários órgãos da Administração Pública.
ou projetos no mesmo sentido, precisam ser compatíveis tanto em Dentre os parâmetros que se deve utilizar nessa fase, também
relação ao PPA como naquilo que determina a LDO: conhecida como pré-proposta, destacamos:
Art. 166. (...) - análise histórica da execução do orçamento (saber o que,
§ 3° As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou aos como e quanto se gastou);
projetos que o modifiquem somente podem ser aprovados caso: - quantificação dos gastos, recursos e estabelecimento de limi-
I - sejam compatíveis com o plano plurianual e com a lei de di- tes (verificar a LRF);
retrizes orçamentárias. Compreendendo o ciclo orçamentário.O su- - compatibilização dos programas e ajustes dos gastos (ade-
per-ordenamento do PPA sobre à LOA está claro no art. 167, da CF: quação do planejamento aos gastos).
Art. 167. (...)
§1° Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exer- Disso resulta a proposta consolidada que o Presidente da Re-
cício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano pública encaminha, anualmente, ao Congresso Nacional, por meio
plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob crime de res- de mensagem ao Congresso Nacional, com a função de esclarecer
ponsabilidade (CF, art. 167,§ 1°).Esse super-ordenamento também e apresentar os principais pontos e questões relativos à situação
aparece em outros trechos da Constituição, como a necessidade de financeira do Estado.
que a LOA observe a LDO: Vale notar que, antes da etapa de elaboração da proposta or-
§ 5° Durante a execução orçamentária do exercício, não po- çamentária, o órgão central de orçamento indica o volume de dis-
derá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações pêndios coerente com a meta de resultado primário e parâmetros
que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orça- estabelecidos na LDO, e em conformidade com as orientações es-
mentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante a aber- tratégicas estabelecidas no Plano Plurianual.
tura de créditos suplementares ou especiais (CF, art 99, § 5°; CF, O volume assim estabelecido determinará a quantificação da
art. 127, § 6°). demanda financeira e servirá para formular o limite da expansão
Enfim, a Constituição determina que a elaboração da LDO ou retração do dispêndio.
ocorra à luz das diretrizes fixadas no PPA (CF, art. 166, § 4°). Esta Os recursos financeiros serão determinados em função das re-
mesma orientação vale para a elaboração da LOA (CF, art. 165, § 7°; comendações da LDO sobre:
CF, art. 166, § 3°, inciso I). • comportamento da arrecadação tributária;
O ciclo orçamentário tem início com a elaboração da propos- • política de endividamento;
ta do Plano Plurianual (PPA) pelo poder Executivo. Isso ocorre no • participação das fontes internas e externas no financiamento
primeiro ano de governo do presidente, governador ou prefeito das despesas;
recém-empossado ou reeleito. • crescimento econômico; e
O exercício financeiro, no Brasil, é um período de doze me- • alteração na legislação tributária.
ses (um ano). O exercício financeiro coincidirá com o ano civil (Lei
4.320/64, Art. 34). O exercício financeiro define o período para fins No processo de programação, busca-se uma igualdade entre
de organização dos registros relativos à arrecadação de receitas, a a demanda e a oferta financeira quando da consolidação das pro-
execução de despesas. postas setoriais (princípio do equilíbrio entre receitas e despesas
públicas).
Entende-se por ciclo orçamentário uma séria de rotinas, contí- Na consolidação das propostas, nos níveis setoriais ou central,
nuas, dinâmicas e flexíveis, visando à elaboração, aprovação, exe- pode-se conduzir a alterações nos dispêndios ou nas disponibilida-
cução, controle e avaliação do orçamento, em um determinado des financeiras.
período tempo que não se deve confundir ao exercício financeiro. Sendo a peça orçamentária o documento que cristaliza todo o
Para a realização desse processo devem ser cumpridas as se- processo de gestão dos recursos públicos, devem ser contemplados,
guintes etapas: na fase de elaboração orçamentária, todos os elementos que facilitem
a) Elaboração a análise sob os aspectos da eficiência e da eficácia dos projetos.
b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação Cabe destacar, ainda, que o Poder Executivo, para fins de ela-
c) Execução boração da Proposta Orçamentária, vale-se, anualmente, das ins-
d) Controle e truções contidas no Manual Técnico de Orçamento, MTO-02, cujo
e) Avaliação objetivo é orientar os participantes do processo.

17
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
b) Apreciação, aprovação, sanção e publicação 8. Congresso Nacional
Seguindo o curso do processo legislativo, caberá ao Poder Le- Discute e vota o relatório final da Comissão Mista de Orça-
gislativo, por meio da Comissão Mista Permanente de Orçamento mento, bem como as emendas pendentes de decisão. Aprova a Lei
e Finanças, apreciar os termos da proposta enviada pelo Chefe do Orçamentária. Devolve-a ao Presidente da República para sanção.
Poder Executivo, podendo, segundo certos critérios, emendá-la e,
em situações extremas, rejeitá-la. 9. Presidente da República
Observa-se que o Presidente da República poderá propor alte- Sanciona ou promulga a Lei Orçamentária. Determina a sua pu-
rações aos projetos, desde que não tenha sido iniciada a votação blicação no Diário Oficial da União.
pela comissão mista, da parte proposta.
Importante observar que as seguintes despesas não podem 10. Secretaria de Orçamento Federal
sofrer anulação: Providência a disponibilização da fita do orçamento para pro-
a) pagamento de pessoal e seus encargos; cessamento no Sistema Integrado de Administração Financeira do
b) serviço da dívida pública; Governo Federal (SIAFI).
c) transferências tributárias constitucionais ao FPE e FPM.
c) Execução
Os projetos de lei do PPA, LDO e LOA serão votadas pelas duas Essa fase inicia-se logo após a publicação da lei orçamentária, e
Casas do Congresso Nacional, que após será enviado ao Presidente caracterizada pela efetivação na arrecadação das receitas e o pro-
da República para promulgação e sanção no prazo de 15 dias úteis, cessamento da despesa.
devendo publicá-las a seguir. Ademais, nos termos da LRF, art. 8º, o Poder Executivo deverá
Por fim, ressalta-se que mesmo depois de votado o orçamento no prazo de 30 dias, publicar o decreto de programação financeira
e já se tendo iniciada a sua execução, o processo legislativo poderá e o cronograma de execução mensal de desembolso, que tem por
novamente ser desencadeado em virtude projeto de lei destinado a objetivos:
solicitar autorizações para a abertura de créditos adicionais. I – assegurar as unidades orçamentárias, em tempo hábil, a
soma de recursos necessários para a melhor execução do progra-
Fluxo do Processo de Elaboração e Aprovação da LOA ma de trabalho;
II – manter durante o exercício financeiro o equilíbrio entre
1. Secretaria de Orçamento Federal receita arrecadada e despesa realizada, visando reduzir eventuais
Aprova instruções para a elaboração das propostas do Orça- insuficiências de recursos.
mento Anual, divulga parâmetros, limites e prazos para a elabora-
ção das propostas orçamentárias setoriais. d) Controle
Uma vez realizada a execução orçamentária, os órgãos dos sis-
2 Secretaria Executiva/Subsecretaria de Planejamento, Orça- temas de controle interno e externo iniciam o processo de apre-
mento e Administração ciação e julgamento da aplicação dos recursos públicos nos termos
Orienta e coordena a elaboração das propostas das unidades das leis orçamentárias e com base em regulamentos específicos.
orçamentárias. Durante essa fase, devem ser observados os seguintes princí-
Fixa prazo para a entrega das propostas no âmbito de cada Mi- pios:
nistério. ● a legalidade;
● a economicidade;
3. Unidades Gestoras ● a correta aplicação das receitas e,
Elabora a proposta orçamentária e encaminha-a a SPOA do ór- ● suas renúncias.
gão.
O controle aqui estudado pode ser realizado nos seguintes mo-
4. Secretaria Executiva/Subsecretaria de Planejamento, Orça- mentos:
mento e Administração I – a priori ou prévio: antes da execução do orçamento.
Analisa preliminarmente, faz correções, revisa e consolida as II – concomitante: durante a execução do orçamento.
propostas parciais das unidades. III – a posteriori ou subsequente: após o encerramento do
Encaminha-as à Secretaria de Orçamento Federal – SOF/MP. exercício financeiro.

5. Secretaria de Orçamento Federal- SOF/MP Ademais, cabe ao gestor público a apresentação da prestação
Faz análises, cortes, correções, bem como, revisa e consolida de contas, que tem como finalidade apresentar os fatos ocorridos
as propostas parciais recebidas dos órgãos. na sua gestão.
A SOF/MP junta as propostas parciais às estimativas do orça-
mento de Receita e forma a proposta orçamentária geral, a qual é e) Avaliação
encaminhada ao Presidente da República. Essa é a última fase, às vezes não consideradas por alguns dou-
trinadores, permite a revisão e a melhora do planejamento orça-
6. Presidência da República mentário pelo Governo, onde são observadas as metas atingidas
Encaminha a proposta orçamentária ao Congresso Nacional comparadas aos recursos utilizados.
até o dia 31 de agosto do ano vigente. Esse papel atualmente é exercido pela SPI/MP.

7. Comissão Mista de Orçamento Processo Orçamentário


Recebe o projeto de lei e as emendas dos congressistas. Ana- O processo orçamentário compreende:
lisa, emite parecer, discute e vota o mesmo. Elabora redação final - conjunto de regras e procedimentos dirigidas aos agentes pú-
do projeto de lei. blicos;
- solução de conflitos de interesse nos diversos planos;

18
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
- interesse políticos relacionados ao processo decisório; não gerar um bom orçamento público. Todavia, países onde o pro-
- nível de endividamento x investimentos e crescimento; cesso orçamentário não possui uma ou algumas das propriedades
- eficiência na alocação orçamentária; acima têm demonstrado, em maior ou menor grau, menor resiliên-
cia na manutenção do desenvolvimento.
Onde há um orçamento público, há sempre um processo orça-
mentário, seja numa ditadura ou numa democracia desenvolvida. O processo orçamentário é composto das seguintes etapas:
Porém, eles se revestem de características completamente diferen- 1) fixação das metas de resultado fiscal (constante do anexo
tes. No Brasil, durante o regime militar, por exemplo, o Executivo de metas fiscais da LDO e tem por finalidade garantir a redução
enviava um orçamento para o Legislativo, que deveria aprová-lo gradual da relação dívida pública ⁄ PIB. O limite do endividamento
sem possibilidade de emendas ou maior discussão. Já numa demo- corresponderá a um percentual da RECEITA CORRENTE LÍQUIDA).
cracia, espera-se que a aprovação do orçamento público gere um Depois de estabelecida a meta fiscal, inicia-se a elaboração do or-
jogo de negociação dentro do Legislativo e entre este e o Executivo. çamento com a estimativa da receita, possibilitando, a seguir, fixar
O desenho do processo orçamentário visa justamente a aper- o valor da despesa.
feiçoar esse jogo, procurando o máximo possível criar condições
para que os seus resultados sejam gerados em um ambiente com 2) previsão ou estimativa da receita (observarão normas téc-
algumas importantes propriedades. Tais propriedades, que visua- nicas e legais, considerando os efeitos das alterações na legislação,
lizamos aqui como Pontos Cardiaisdo Processo Orçamentário, são da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de
listadas abaixo sem ordem de precedência: qualquer outro fatos relevante e serão acompanhadas de demons-
1. Legitimidade trativos de sua evolução e da metodologia de cálculo e premissas
2. Simplicidade utilizadas).
3. Efetividade LEGISLAÇÃO, PREÇO e RENDA, configuram-se como parâme-
4. Temporalidade tros fundamentais para estimativas das receitas.

A caracterização pragmática e detalhada de cada um destes 3) cálculo da necessidade de financiamento (as necessidades
termos variará de sociedade para sociedade. Seu significado con- são apuradas nas três esferas de governo: federal, estadual e mu-
ceitual subjacente, entretanto, ponto mais importante, é facilmen- nicipal. Cada ente da Federação deverá indicar os resultados fiscais
te inteligível: pretendidos para o exercício financeiro a que a LDO se referir e os
1) Legitimidade: Baseia-se nas noções de transparência, equi- dois seguintes).
dade, universalidade e obediência à norma legal, a população acre- As necessidades de financiamento do setor público são apura-
ditando na justeza da forma e do volume de acordo com os quais das separadamente pelos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social
são obtidos e alocados os recursos públicos. e pelo Orçamento de Investimento das Estatais.
2) Simplicidade: Objetiva o desenvolvimento da percepção e As necessidades de financiamento do Governo Central corres-
do pleno entendimento, pela população em geral, dos mecanismos ponde ao resultado dos orçamentos fiscais e da seguridade social, e
e da importância do processo orçamentário como um todo. se expressam por meio do resultado primário e resultado nominal.
A soma das necessidades de financiamento do governo central
com as das empresas estatais, correspondem as necessidades de
Regras claras e simples são mais compreensíveis. Isto ajuda a
financiamento da União.
criar uma cultura de escolhas objetivas, onde cada indivíduo se tor-
O resultado primário de determinado ente representa a dife-
na realmente interessado no acompanhamento do uso dos recur-
rença entre
sos públicos, passando a vigiar e ponderar sobre as ações do Exe-
A) RECEITAS PRIMÁRIAS (impostos, taxas, contribuições e de-
cutivo e do Legislativo de uma forma mais exigente. Espera-se um
mais receitas, EXCLUINDO-SE: operações de crédito, receitas de
aumento da consciência sobre as vantagens e custos das opções de
rendimentos de aplicações financeiras, empréstimos concedidos,
política traduzidas em verbas pelo orçamento público.
privatizações, superávit financeiro)
3) Efetividade: Tal propriedade visa a assegurar que o processo B) DESPESAS PRIMÁRIAS (despesas orçamentárias, EXCLUIN-
orçamentário ajude o bom funcionamento do Estado, servindo de DO-SE: amortizações, juros e encargos da dívida, aquisição de títu-
instrumento, e não empecilho, à implementação das políticas pú- los de capital integralizado, concessão de empréstimos)
blicas legitimamente aprovadas.
4) Temporalidade: Traduz-se aqui por temporalidade a utiliza- Superávit primário = receitas primárias > despesas primárias
ção do processo orçamentário como um dos instrumentos princi-
pais de permeabilização e sujeição dos gastos públicos às preferên- 4) fixação dos valores para despesas obrigatórias (são despe-
cias intertemporais da sociedade. sas obrigatórias: as transferência constitucionais – fundo de parti-
O processo orçamentário deve ser capaz de gerar, ano a ano, cipação dos estados e dos municípios, programas de financiamento
uma sucessão de orçamentos, nos quais a realização de investi- do setor produtivo das regiões norte, nordeste e centro-oeste – as
mentos possa manter, se a determinação política assim dispuser, despesas de pessoal e encargos sociais, benefícios previdenciários,
os focos de longo prazo previamente determinados. No Brasil, a as decorrentes de dívidas públicas, contratuais e mobiliárias, e as
Constituição de 1988 tentou fazer isto, alocando um certo percen- relacionadas com sentenças judiciais transitadas em julgado (pre-
tual das despesas para fins específicos. Para a educação, por exem- catórios).
plo, houve alocação de 18% dos recursos tributários. Os resultados
dessa experiência, entretanto, são polêmicos. 5) determinação dos limites para despesas discricionárias
Após estimadas todas as receitas, considerando-se a meta de
Denotamos os quatro pontos acima como Pontos Cardiais do resultado primário prevista na LDO, e determinadas as despesas
Processo Orçamentário porque eles estabelecem um conjunto mí- obrigatórias (que têm seu montante determinado por disposições
nimo de condições ao bom funcionamento da prática orçamentária legais e constitucionais), o restante destina-se às despesas discri-
pública. Tais condições, porém, são necessárias, mas não suficien- cionárias (fixadas em conformidade com disponibilidade de recur-
tes. Países com boa estrutura de processo orçamentário podem ou sos financeiros).

19
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Classificam-se como despesas discricionárias as despesas pri- subfunção e a função. A partir da ação, classifica-se a despesa de
márias de execução não obrigatória no âmbito dos três Poderes e acordo com a especificidade de seu conteúdo e produto, em uma
do Ministério Público. Por meio dessas despesas, o Governo mate- subfunção, independente de sua relação institucional. Em seguida
rializa as políticas setoriais, viabilizando sua plataforma de “campa- será feita a associação com a função, associação esta voltada à área
nha”, pois possui a discricionariedade de alocação e execução das de atuação característica do órgão/ unidade em que as despesas
dotações orçamentárias de acordo com suas metas e prioridades. estão sendo efetuadas.
Exemplo 1: uma atividade de pesquisa na FIOCRUZ do Ministé-
6) elaboração das propostas setoriais rio da Saúde deve ser classificada – de acordo com sua característi-
As diversas unidades elaboram simultaneamente as propostas ca – na subfunção n.° 571 “Desenvolvimento Científico” e na função
e definem sua programação orçamentária, resultando numa es- n.° 10 “Saúde”.
trutura programática formada pelos programas e suas respectivas Exemplo 2: um projeto de treinamento de servidores no Minis-
ações (projetos, atividades e operações especiais). tério dos Transportes será classificado na subfunção n.° 128 “For-
Após a definição da estrutura programática, é feito o detalha- mação de Recursos Humanos” e na função n.° 26 “Transportes”.
mento da proposta setorial, onde será enviado ao Órgão Central Exemplo 3: uma operação especial de financiamento da produ-
do Sistema Orçamentário para realizar os ajustes, que serão nego- ção que contribui para um determinado programa proposto para
ciados com os órgãos setoriais do Poder Executivo, decorrentes de o Ministério da Agricultura será classificada na subfunção n.° 846
revisão das estimativas de receitas e fixação de despesas. “Outros Encargos Especiais” e na função n.° 20 “Agricultura”.

7) processo legislativo Estrutura Programática


8) sanção da lei Como já assinalado anteriormente, os programas deixam de
9) execução orçamentária ter o caráter de classificador e cada nível de governo passará a ter
10) alterações orçamentárias4 a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus problemas,
e originária do processo de planejamento desenvolvido durante a
ESTRUTURA PROGRAMÁTICA formulação do Plano Plurianual – PPA, ora em fase de elaboração.
A Classificação Funcional Programática representou um grande Haverá convergência entre as estruturas do plano plurianual
avanço na técnica de apresentação orçamentária. e do orçamento anual a partir do programa, “módulo” comum in-
Ela permite a vinculação das dotações orçamentárias a objeti- tegrador do PPA com o Orçamento. Em termos de estruturação, o
vos de governo. Os objetivos são viabilizados pelos Programas de plano termina no programa e o orçamento começa no programa, o
Governo. Esse enfoque permite uma visão de “o que o governo que confere a esses documentos uma integração desde a origem,
faz”, o que tem um significado bastante diferenciado do enfoque sem a necessidade, portanto, de buscar-se uma compatibilização
tradicional, que visualiza “o que o governo compra”. entre módulos diversificados. O programa, como único módulo in-
Os programas, na classificação funcional-programática, são tegrador, e os projetos e as atividades, como instrumento de reali-
desdobramentos das funções básicas de governo. Fazem a ligação zação dos programas.
entre os planos de longo e médio prazos e representam os meios Cada programa deverá conter, no mínimo, objetivo, indicador
e instrumentos de ação, organicamente articulados para o cum- que quantifique a situação que o programa tenha por fim modificar
primento das funções. Os programas geralmente representam os e os produtos (bens e serviços) necessários para atingir o objetivo.
produtos finais da ação governamental. Esse tipo de orçamento é Os produtos dos programas darão origem aos projetos e atividades.
normalmente denominado Orçamento-Programa. A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto,
No Brasil, o Orçamento-Programa está estruturado em diver- que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta.
sas categorias programáticas, ou níveis de programação, que re- Os programas serão compostos por atividades, projetos e uma
presentam objetivos da ação governamental em diversos níveis nova categoria de programação denominada operações especiais.
decisórios. Assim, a classificação funcional programática apresenta: Essas últimas poderão fazer parte dos programas quando enten-
dido que efetivamente contribuem para a consecução de seus ob-
Função jetivos. Quando não, as operações especiais não se vincularão a
A função representa o maior nível de agregação das diversas programas.
áreas de despesa que competem ao setor público. A estruturação de programas e respectivos produtos, con-
A função “Encargos Especiais” engloba as despesas em relação substanciados em projetos e em atividades, está sendo definida no
às quais não se possa associar um bem ou serviço a ser gerado no atual momento, na etapa de validação SOF/SPI e Setoriais, e seu
processo produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, resultado será disponibilizado para que os órgãos setoriais e as uni-
indenizações e outras afins, representando, portanto, uma agrega- dades orçamentárias apresentem as suas propostas orçamentárias.
ção neutra. No caso da função “Encargos Especiais” os programas
corresponderão a um código vazio, do tipo “0000”. CRÉDITOS ORDINÁRIOS E ADICIONAIS
Crédito orçamentário inicial ou ordinário é aquele aprovado
Subfunção pela lei orçamentária anual e que consta dos orçamentos fiscal, da
A subfunção representa uma partição da função, visando seguridade social e do investimento das empresas estatais.
agregar determinado subconjunto de despesas do setor público. O crédito orçamentário é portador de uma dotação, e essa re-
Na nova classificação a subfunção identifica a natureza básica das presenta a quantia monetária que limita o recurso financeiro au-
ações que se aglutinam em torno das funções. torizado. Desse modo, em virtude do princípio da eficiência, que
As subfunções poderão ser combinadas com funções diferen- orienta toda a atividade estatal, inclusive a financeira, pode haver
tes daquelas a que estão relacionadas, segundo a Portaria n.º 42. gastos menores, assim como, dentro da discricionariedade e nor-
Assim a classificação funcional será efetuada por intermédio da matividade mínima do orçamento, fatores devidamente motivados
relação da ação (projeto, atividade ou operação especial) com a podem levar a gastos menores, isso porque, o gestor público preci-
sa de alguma flexibilidade, já que medeia prazo entre a elaboração
4Texto adaptado de Carlos Ivan Simonsen Leal (http://interessenacional.uol.
e a execução do orçamento. Pode-se constatar que despesas não
com.br)/Alessandro Lopez (http://alessandrolopez.blogspot.com.br

20
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
são mais necessárias e mesmo o surgimento de situações imprevi- Os créditos extraordinários, quanto à forma procedimental,
síveis e urgentes, de modo que os créditos orçamentários iniciais são abertos por Decreto do Poder Executivo, que encaminha para
podem sofrer alterações qualitativa e quantitativa por meio de cré- conhecimento do Poder Legislativo, devendo ser convertido em lei
ditos adicionais. no prazo de trinta dias.
O orçamento anual é resultado de um processo de planeja- Com relação à vigência, os créditos extraordinários vigoram
mento, sendo que, durante a execução da LOA é possível que haja dentro do exercício financeiro em que foram abertos, salvo se o ato
situações que não foram apontadas na fase de elaboração, o que da autorização ocorrer nos meses (setembro a dezembro) daquele
leva a se criar mecanismos que retifiquem o orçamento, os chama- exercício, hipótese pela qual poderão ser reabertos, nos limites dos
dos “Mecanismos Retificadores do Orçamento”, que também são seus saldos, incorporando-se ao orçamento do exercício seguinte.
conhecidos como Créditos Adicionais e que estão previstos na Lei
º 4320/64. Recursos para financiamento dos Créditos Adicionais
Os recursos financeiros disponíveis para abertura de crédi-
CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS tos suplementares e especiais estão listados no art. 43 da Lei n°
Expressão utilizada para designar o montante de recursos dis- 4.320/64, no art. 91 do Decreto-Lei n°200/67 e no § 8° do art. 166
poníveis numa dotação orçamentária seja ela consignada na Lei Or- da Constituição Federal:
çamentária ou num crédito adicional, para aplicação por uma uni- • O superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do
dade orçamentária na finalidade e natureza das despesas indicadas exercício anterior, sendo a diferença positiva entre o ativo financei-
através das respectivas classificações. ro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos crédi-
tos adicionais reaberto sou transferidos, no exercício da apuração,
CRÉDITOS ADICIONAIS: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E VIGÊN- e as operações de créditos a eles vinculadas.
CIA. • O excesso de arrecadação, constituído pelo saldo positivo das
Créditos Adicionais são as autorizações para despesas não diferenças, acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e
computadas ou insuficientemente dotadas na Lei Orçamentária a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. Do
Anual, visando atender: referido saldo será deduzida a importância dos créditos extraordi-
• Insuficiência de dotações ou recursos alocados nos orçamen- nários abertos no exercício.
tos; • A anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de
• Necessidade de atender a situações que não foram previstas, créditos adicionais autorizados em lei, adicionando àquelas consi-
inclusive por serem imprevisíveis, nos orçamentos. deradas insuficientes.
• Neste tipo, inclui-se a anulação da reserva de contingência,
Os créditos adicionais, portanto, constituem-se em procedi- conceituada como a dotação global não destinada especificamente
mentos previstos na Constituição e na Lei 4.320/64 para corrigir ou a órgão, unidade orçamentária ou categoria econômica e natureza
amenizar situações que surgem, durante a execução orçamentária, da despesa;
por razões de fatos de ordem econômica ou imprevisíveis. Os crédi- • O produto das operações de crédito, desde que haja condi-
tos adicionais são incorporados aos orçamentos em execução. ções jurídicas para sua realização pelo Poder Executivo.
• Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejei-
Modalidades de créditos ção do projeto de lei orçamentária anual, ficarem sem despesas
correspondentes poderão ser utilizados, conforme o caso, median-
Adicionais te créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica au-
a) Créditos Suplementares: são destinados ao reforço de do- torização legislativa. (CF, art. 166, §8°).
tações orçamentárias existentes, dessa forma, eles aumentam as
despesas fixadas no orçamento. Quanto à forma processual, eles O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a sua
são autorizados previamente por lei, podendo essa autorização le- espécie e a classificação da despesa.
gislativa constar da própria lei orçamentária, e aberta por decreto Esses créditos tem sua vigência, ou seja, no caso dos créditos
do Poder Executivo. suplementares, como são destinados a cobrir uma insuficiência do
A vigência do crédito suplementar é restrita ao exercício finan- orçamento anual, eles serão extintos no final do exercício financei-
ceiro referente ao orçamento em execução. ro. Já os Especiais ou Extraordinários, poderão ter vigência até o
b) Créditos Especiais: São destinados a autorização de des- final do exercício subsequente.5
pesas não previstas ou fixadas nos orçamentos aprovados. Sendo
assim, o crédito especial cria um novo projeto ou atividade, o uma
categoria econômica ou grupo de despesa inexistente em projeto RECEITA E DESPESA PÚBLICAS: DEFINIÇÕES, ESTÁGIOS
ou atividade integrante do orçamento vigente. (ETAPAS), PROCEDIMENTOS CONTÁBEIS E DIVULGAÇÃO
Os créditos especiais são sempre autorizados por lei específica (EVIDENCIAÇÃO). RECEITAS E DESPESAS ORÇAMENTÁ-
e abertos por decreto do Executivo. RIAS E EXTRAORÇAMENTÁRIAS. RESTOS A PAGAR. DÍ-
A sua vigência é no exercício em que forem autorizados, sal- VIDA PÚBLICA. DESPESAS DE EXERCÍCIOS ANTERIORES.
vo se o ato autorizativo for promulgado nos últimos quatro meses OPERAÇÕES DE CRÉDITO
(setembro a dezembro) do referido exercício, caso em que, é fa-
cultada sua reabertura no exercício subsequente, nos limites dos
respectivos saldos, sendo incorporados ao orçamento do exercício DESPESA PÚBLICA
financeiro subsequente (CF, art. 167, § 2°). Despesa pública é o conjunto de dispêndios do Estado ou de
outra pessoa de direito público a qualquer título, a fim de saldar
c) Créditos Extraordinários: São destinados para atender a gastos fixados na lei do orçamento ou em lei especial, visando à
despesas imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, realização e ao funcionamento dos serviços públicos. Nesse sen-
comoção interna ou calamidade pública (CF. art. 167, § 3). tido, a despesa é parte do orçamento, ou seja, aquela em que se
5Texto adaptado deProfessor Daniel Giotti (www.danielgiotti.com.br)

21
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
encontram classificadas todas as autorizações para gastos com as várias atribuições e funções governamentais. Em outras palavras, as
despesas públicas formam o complexo da distribuição e emprego das receitas das receitas para custeio e investimento em diferentes
setores da administração governamental.
Quanto à sua natureza, classificam-se em:
Despesa Orçamentária: é aquela que depende de autorização legislativa para ser realizada e que não pode ser efetivada sem a exis-
tência de crédito orçamentário que a corresponda suficientemente.
Despesa Extra Orçamentária: trata-se dos pagamentos que não dependem de autorização legislativa, ou seja, não integram o orça-
mento público. Correspondem à restituição ou entrega de valores arrecadados sob o titulo de receita extra orçamentária. Ex.: devolução
de fianças e cauções; recolhimento de imposto de renda retido na fonte, etc.

A despesa Orçamentária se divide ainda conforme figura abaixo:

Despesa Efetiva e Não Efetiva


Para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser classificada quanto ao impacto na situação líquida patrimonial em: - Despesa
Orçamentária Efetiva - aquela que, no momento de sua realização, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil
modificativo diminutivo. - Despesa Orçamentária Não Efetiva – aquela que, no momento da sua realização, não reduz a situação líquida
patrimonial da entidade e constitui fato contábil permutativo. Neste caso, além da despesa orçamentária, registra-se concomitantemente
conta de variação aumentativa para anular o efeito dessa despesa sobre o patrimônio líquido da entidade.
Em geral, a despesa orçamentária efetiva é despesa corrente. Entretanto, pode haver despesa corrente não efetiva como, por exem-
plo, a despesa com a aquisição de materiais para estoque e a despesa com adiantamentos, que representam fatos permutativos. A despe-
sa não efetiva normalmente se enquadra como despesa de capital. Entretanto, há despesa de capital que é efetiva como, por exemplo, as
transferências de capital, que causam variação patrimonial diminutiva e, por isso, classificam-se como despesa efetiva.
Segundo o Professor Garrido Neto, aideia da classificação das despesas em efetivas ou não efetivas é saber qual a afetação patrimo-
nial trazida pelas mesmas, em virtude da execução do orçamento. A LOA é uma lei de execução financeira, onde constam fluxos de caixa
de entradas e saídas de recursos, autorizados por lei pelo poder legislativo. Por natureza, receitas deveriam aumentar o patrimônio da
entidade que as reconhece e as despesas deveriam diminuí-lo.
Mas essa lógica não funciona em sua totalidade na execução orçamentária, em virtude do conceito de receita e despesa, sob o ponto
de vista do patrimônio, ser diferente daquele conceito orçamentário, de fluxo de caixa. No patrimônio, receita representa o acréscimo
definitivo de recursos, sem o surgimento de um passivo correspondente ou o consumo de um ativo. Já a despesa representa a diminuição
de um ativo, em virtude de seu consumo, ou a transferência de propriedade de um bem, necessário para obtenção de receitas. No orça-
mento, receita é entrada, em dinheiro e disponível para atendimento das políticas públicas. Já a despesa é uma saída, em dinheiro e que
consome recursos disponíveis, autorizados através do empenho de despesas. Quando o conceito de receita, sob o aspecto patrimonial,
coincide com o conceito orçamentário, de fluxo de caixa de entrada, temos uma receita efetiva, que afeta o patrimônio positivamente.
EX: arrecadação de impostos.
Quando o conceito de despesa, sob o aspecto patrimonial, coincide com o conceito orçamentário, de fluxo de caixa de saída, au-
torizado por um empenho, temos uma despesa efetiva, que afeta o patrimônio negativamente. EX: reconhecimento de despesas com
serviços de terceiros. Ocorre que nem toda receita orçamentária tem afetação positiva no patrimônio, porque tem como contrapartida
um consumo de um ativo ou o surgimento de um passivo. Ex: arrecadação da dívida ativa (entra dinheiro, mas se baixa o direito a receber,
previamente contabilizado quando da inscrição), obtenção de empréstimos (entra dinheiro, mas surge um passivo - empréstimos a pagar).

22
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Do mesmo modo, nem toda despesa orçamentária tem afe- funcional é representada por cinco dígitos. Os dois primeiros refe-
tação negativa no patrimônio, porque tem como contrapartida o rem-se à função, enquanto que os três últimos dígitos representam
surgimento de um ativo ou a baixa de um passivo. Ex: aquisição de a subfunção, que podem ser traduzidos como agregadores das di-
bens (sai o dinheiro, com uma despesa empenhada previamente, versas áreas de atuação do setor público, nas esferas legislativa,
mas entra o bem adquirido. Note que não há despesa no patrimô- executiva e judiciária.
nio, já que ocorre ingresso de um bem), amortização da dívida (sai o Função - A função é representada pelos dois primeiros dígitos
dinheiro, mas há uma baixa concomitante no passivo, empréstimos da classificação funcional e pode ser traduzida como o maior ní-
a pagar. Note que não há despesa no patrimônio, já que houve di- vel de agregação das diversas áreas de atuação do setor público. A
minuição de um passivo, tornando o ente menos devedor. função quase sempre se relaciona com a missão institucional do ór-
Ou seja, a saída de dinheiro compensa com a diminuição da gão, por exemplo, cultura, educação, saúde, defesa, que, na União,
dívida. Não há despesa). Por isso, a despesa não efetiva é aquela guarda relação com os respectivos Ministérios.
que afeta o orçamento, mas, como gera um fato permutativo, não A função “Encargos Especiais” engloba as despesas orçamentá-
afeta a situação líquida patrimonial do ente. Vamos ver mais uma rias em relação às quais não se pode associar um bem ou serviço a
vez o exemplo da aquisição de bens; Quando se compra um bem, ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas, res-
é preciso empenhar/pagar a despesa orçamentária. Portanto essa sarcimentos, indenizações e outras afins, representando, portanto,
despesa diminui o ativo disponível da entidade. Caso se verificasse uma agregação neutra. Nesse caso, na União, as ações estarão as-
apenas essa diminuição, a despesa seria efetiva, pois reduziria um sociadas aos programas do tipo “Operações Especiais” que consta-
ativo de forma definitiva. Mas a operação contábil não está concluí- rão apenas do orçamento, não integrando o PPA. A dotação global
da, pois é preciso dar entrada no bem. denominada “Reserva de Contingência”, permitida para a União no
Quando contabilizamos o bem, aumentamos outro ativo, o art. 91 do Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, ou em
ativo permanente bens móveis/imóveis. Portanto, vendo isolada- atos das demais esferas de Governo, a ser utilizada como fonte de
mente esse segundo registro, houve aumento do patrimônio, pela recursos para abertura de créditos adicionais e para o atendimento
entrada do item, causando uma mutação (conjugando a diminuição ao disposto no art. 5º, inciso III, da Lei Complementar nº 101, de
do caixa com o aumento do bem) ativa (pela entrada de um ativo 2000, sob coordenação do órgão responsável pela sua destinação,
no patrimônio do governo). Daí o porquê da questão ter utilizado será identificada nos orçamentos de todas as esferas de Governo
essas expressões, beleza? Para maiores detalhes, consulte o ma- pelo código “99.999.9999.xxxx.xxxx”, no que se refere às classifi-
nual da receita/despesa nacional, encontrado no site da STN, e pro- cações por função e subfunção e estrutura programática, onde o
cure pelo item reconhecimento de receitas/despesas pelo aspecto “x” representa a codificação da ação e o respectivo detalhamento.
orçamentário e patrimonial. Subfunção - A subfunção, indicada pelos três últimos dígitos da
classificação funcional, representa um nível de agregação imedia-
Classificação Institucional e Funcional tamente inferior à função e deve evidenciar cada área da atuação
A classificação institucional reflete a estrutura de alocação dos governamental, por intermédio da agregação de determinado sub-
créditos orçamentários e está estruturada em dois níveis hierárqui- conjunto de despesas e identificação da natureza básica das ações
cos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. Constitui unida- que se aglutinam em torno das funções. As subfunções podem ser
de orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mes- combinadas com funções diferentes daquelas às quais estão rela-
mo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias cionadas na Portaria MOG nº 42/1999. Deve-se adotar como fun-
(art. 14 da Lei nº 4.320/1964). Os órgãos orçamentários, por sua ção aquela que é típica ou principal do órgão. Assim, a programação
vez, correspondem a agrupamentos de unidades orçamentárias. As de um órgão, via de regra, é classificada em uma única função, ao
dotações são consignadas às unidades orçamentárias, responsáveis passo que a subfunção é escolhida de acordo com a especificidade
pela realização das ações. No caso do Governo Federal, o código da de cada ação governamental. A exceção à combinação encontra-se
classificação institucional compõe-se de cinco dígitos, sendo os dois na função 28 – Encargos Especiais e suas subfunções típicas que só
primeiros reservados à identificação do órgão e os demais à unida- podem ser utilizadas conjugadas.
de orçamentária. Não há ato que estabeleça , sendo definida no
contexto da elaboração da lei orçamentária anual ou da abertura Classificação por Estrutura Programática
de crédito especial. Toda ação do Governo está estruturada em programas orienta-
Cabe ressaltar que uma unidade orçamentária não correspon- dos para a realização dos objetivos estratégicos definidos no Plano
de necessariamente a uma estrutura administrativa, como ocorre, Plurianual (PPA) para o período de quatro anos. Conforme estabe-
por exemplo, com alguns fundos especiais e com as Unidades Or- lecido no art. 3º da Portaria MOG nº 42/1999, a União, os Estados,
çamentárias “Transferências a Estados, Distrito Federal e Muni- o Distrito Federal e os Municípios estabelecerão, em atos próprios,
cípios”, “Encargos Financeiros da União”, “Operações Oficiais de suas estruturas de programas, códigos e identificação, respeitados
Crédito”, “Refinanciamento da Dívida Pública Mobiliária Federal” e os conceitos e determinações nela contidos. Ou seja, todos os entes
“Reserva de Contingência” devem ter seus trabalhos organizados por programas e ações, mas
cada um estabelecerá seus próprios programas e ações de acordo
A classificação funcional segrega as dotações orçamentárias com a referida Portaria.
em funções e subfunções, buscando responder basicamente à in- 1. Programa - Programa é o instrumento de organização da
dagação “em que” área de ação governamental a despesa será rea- atuação governamental que articula um conjunto de ações que
lizada. A atual classificação funcional foi instituída pela Portaria nº concorrem para a concretização de um objetivo comum preesta-
42, de 14 de abril de 1999, do então Ministério do Orçamento e belecido, mensurado por indicadores instituídos no plano, visan-
Gestão, e é composta de um rol de funções e subfunções prefixa- do à solução de um problema ou ao atendimento de determinada
das, que servem como agregador dos gastos públicos por área de necessidade ou demanda da sociedade. O programa é o módulo
ação governamental nas três esferas de Governo. Trata-se de clas- comum integrador entre o plano e o orçamento. O plano termina
sificação de aplicação comum e obrigatória, no âmbito da União, no programa e o orçamento começa no programa, o que confere
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o que permite a a esses instrumentos uma integração desde a origem. O progra-
consolidação nacional dos gastos do setor público. A classificação ma age como módulo integrador, e as ações, como instrumentos

23
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
de realização dos programas. A organização das ações do governo dido que efetivamente contribuem para a consecução de seus ob-
sob a forma de programas visa proporcionar maior racionalidade jetivos. Quando não, as operações especiais não se vincularão a
e eficiência na administração pública e ampliar a visibilidade dos programas.
resultados e benefícios gerados para a sociedade, bem como elevar A estruturação de programas e respectivos produtos, con-
a transparência na aplicação dos recursos públicos. Cada progra- substanciados em projetos e em atividades, está sendo definida no
ma deve conter objetivo, indicador que quantifica a situação que atual momento, na etapa de validação SOF/SPI e Setoriais, e seu
o programa tenha como finalidade modificar e os produtos (bens e resultado será disponibilizado para que os órgãos setoriais e as uni-
serviços) necessários para atingir o objetivo. A partir do programa dades orçamentárias apresentem as suas propostas orçamentárias.
são identificadas as ações sob a forma de atividades, projetos ou
operações especiais, especificando os respectivos valores e metas A despesa pública é executada em três estágios: empenho, li-
e as unidades orçamentárias responsáveis pela realização da ação. quidação e pagamento.
A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto,
que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta. 1º ESTÁGIO – EMPENHO DA DESPESA
Os programas da União constam no Plano Plurianual e podem ser - Ordinário – despesas normais
visualizados no sítio www.planejamento.gov.br. - Estimativa – despesas variáveis
2. Ação - As ações são operações das quais resultam produtos - Global – despesas contratuais e sujeitas a parcelamen-
(bens ou serviços), que contribuem para atender ao objetivo de um tos
programa. Incluem-se também no conceito de ação as transferên-
cias obrigatórias ou voluntárias a outros Entes da Federação e a Empenho é o primeiro estágio da despesa e “é o ato emana-
pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsídios, subvenções, auxí- do de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de
lios, contribuições e financiamentos, dentre outros. As ações, con- pagamento pendente ou não de implemento de condição”. O em-
forme suas características podem ser classificadas como atividades, penho é prévio, ou seja, precede a realização da despesa e está
projetos ou operações especiais. a) Atividade É um instrumento de restrito ao limite de crédito orçamentário (art. 59). É vedada a rea-
programação utilizado para alcançar o objetivo de um programa, lização da despesa sem prévio empenho (art. 60). A formalização
envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo do empenho se dá com a emissão do pedido de empenho, pelos
contínuo e permanente, das quais resulta um produto ou serviço setores competentes, e devidamente autorizados, no Módulo Fi-
necessário à manutenção da ação de Governo. Exemplo: “Fiscaliza- nanceiro. A emissão da Nota de Empenho representa uma garantia
ção e Monitoramento das Operadoras de Planos e Seguros Privados para o fornecedor ou para o prestador de serviço contratado pela
de Assistência à Saúde”. b) Projeto É um instrumento de programa- Administração Pública de que a parcela referente a seu contrato
ção utilizado para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo foi bloqueada para honrar os compromissos assumidos. Pode-se
um conjunto de operações, limitadas no tempo, das quais resulta deduzir, portanto, que o orçamento é compromissado através do
um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento empenho. O empenho da despesa é o instrumento de utilização de
da ação de Governo. Exemplo: “Implantação da rede nacional de créditos orçamentários.
bancos de leite humano”. c) Operação Especial Despesas que não Entende-se por nota de empenho o documento utilizado para
contribuem para a manutenção, expansão ou aperfeiçoamento das fins de registro da operação de empenho de uma despesa. Para
ações de governo, das quais não resulta um produto, e não gera cada empenho será extraída uma nota de empenho, que indicará
contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços.6 o nome do credor (beneficiário do empenho), a especificação e a
importância da despesa.
Estrutura Programática O empenho para compras, obras e serviços só pode ser emi-
Como já assinalado anteriormente, os programas deixam de tido após a conclusão da licitação, salvo nos casos de dispensa ou
ter o caráter de classificador e cada nível de governo passará a ter inexigibilidade, desde que haja amparo legal na legislação que re-
a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus problemas, gulamenta as licitações (Lei nº 8.666/93). As despesas só podem ser
e originária do processo de planejamento desenvolvido durante a empenhadas até o limite dos créditos orçamentários iniciais e adi-
formulação do Plano Plurianual – PPA, ora em fase de elaboração. cionais, e de acordo com o cronograma de desembolso da unidade
Haverá convergência entre as estruturas do plano plurianual gestora, devidamente aprovado.
e do orçamento anual a partir do programa, “módulo” comum in- O empenho deverá ser anulado:
tegrador do PPA com o Orçamento. Em termos de estruturação, o • no decorrer do exercício:
plano termina no programa e o orçamento começa no programa, o – parcialmente, quando seu valor exceder o montante da des-
que confere a esses documentos uma integração desde a origem, pesa realizada; ou – totalmente, quando o serviço contratado não
sem a necessidade, portanto, de buscar-se uma compatibilização tiver sido prestado, quando o material encomendado não tiver sido
entre módulos diversificados. O programa, como único módulo in- entregue ou quando o empenho tiver sido emitido incorretamente.
tegrador, e os projetos e as atividades, como instrumento de reali- • no encerramento do exercício, quando o empenho referir-se
zação dos programas. a despesas não liquidadas, salvo aquelas que se enquadrarem nas
Cada programa deverá conter, no mínimo, objetivo, indicador condições previstas para a inscrição em restos a pagar.
que quantifique a situação que o programa tenha por fim modificar O valor correspondente ao empenho anulado reverte ao cré-
e os produtos (bens e serviços) necessários para atingir o objetivo. dito, tornando-se disponível para novo empenho ou descentraliza-
Os produtos dos programas darão origem aos projetos e atividades. ção, respeitado o regime de exercício.
A cada projeto ou atividade só poderá estar associado um produto,
que, quantificado por sua unidade de medida, dará origem à meta. 2º ESTÁGIO – LIQUIDAÇÃO
Os programas serão compostos por atividades, projetos e uma A liquidação da despesa consiste na verificação do direito ad-
nova categoria de programação denominada operações especiais. quirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos com-
Essas últimas poderão fazer parte dos programas quando enten- probatórios do respectivo crédito.
A liquidação tem por fim apurar:
6 Fonte: www.eventos.fecam.org.br - a origem e o objeto do que se deve pagar;

24
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
- a importância exata a ser paga e Despesa Pública no Período Clássico e no Período Moderno
- a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obri- No período clássico o Estado realizava o mínimo possível de
gação despesas públicas porque restringia as suas atividades somente ao
desempenho das denominadas atividades essenciais, em razão de
O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, todos os ser encarado apenas como consumidor, deixando a maior parte das
atos de verificação e conferência, desde a entrada do material ou a atividades para o particular.
prestação do serviço até o reconhecimento da despesa. Assim, a despesa pública tinha apenas a finalidade de possibili-
A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou por servi- tar ao Estado o exercício das mencionadas atividades básicas.
ços prestados terá por base: Mas, nos dias de hoje, ocorre uma análise preponderante da
- Contrato, ajuste ou acordo respectivo; natureza econômica das despesas públicas, que são também utili-
- A nota de empenho; zadas para outros fins, como o combate ao desemprego. Em suma,
- Os comprovantes da entrega de material ou da prestação efe- no período clássico das finanças públicas, em razão da prevalência
tiva do serviço. da escola liberal, o Estado procurava comprimir as despesas aos
seus menores limites, e era encarado apenas como consumidor.
3º ESTÁGIO – PAGAMENTO Tal política se devia à absoluta supremacia da iniciativa privada e à
A ordem de pagamento é o despacho exarado pela autoridade teoria da imutabilidade das leis financeiras.
competente determinando que a despesa seja paga. As despesas visavam apenas a cobrir os gastos essenciais do
A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos governo.
processados pelos serviços de contabilidade. Por outro lado, na concepção moderna das finanças públicas, o
O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pa- Estado funciona como um órgão de redistribuição da riqueza, con-
gadoria regularmente instituído por estabelecimentos bancários correndo com a iniciativa privada. O Estado passa a realizar despe-
credenciados, ou em casos excepcionais, por meio de adiantamen- sas que, embora não sejam úteis sob o ponto de vista econômico,
to são úteis sob o ponto de vista da coletividade, como, por exemplo,
Não confundir ordem de pagamento com ordem bancária.A as despesas de guerra, vigendo, pois, hoje, a regra de que a neces-
ordem de pagamento é despacho exarado pela autoridade compe- sidade pública faz a despesa.
tente, determinando que a despesa seja paga. Ordem bancária é o
documento emitido através do Siaf, que transfere o recurso finan- Elementos Da Despesa Pública
ceiro para a conta do credor. Os elementos da despesa pública são os seguintes:
Vale ressaltar que, a Secretaria do Tesouro Nacional considera, a) De natureza econômica: o dispêndio, incidente em um gasto
durante o exercício financeiro, a despesa pela sua liquidação, en- para os cofres do Estado e em consumo para os beneficiados; a
tretanto, para fins de encerramento do exercício financeiro, toda a riqueza pública, bem econômico, representada pelo acervo origi-
despesa empenhada e não anulada até 31 de dezembro, será con- nário das rendas do domínio privado do Estado e da arrecadação
siderada despesa nas demonstrações contábeis. dos tributos;
O exame da despesa pública deve anteceder ao estudo da re- b) De natureza jurídica: a autorização legal dada pelo poder
competente para a efetivação da despesa;
ceita pública, pois não pode mais ser compreendida apenas vincu-
c) De natureza política: a finalidade de satisfação da necessi-
lada ao conceito econômico privado, isto é, de que a despesa deva
dade pública pelo Estado, o que é feita pelo processo do serviço
ser realizada após o cálculo da receita, como ocorre normalmente
público, como medida de sua política financeira.
com as empresas particulares.
É universal o princípio de que a escolha do objetivo da despe-
Aliás, hoje em dia, os particulares recorrem ao empréstimo
sa pública envolve um ato político, referente à determinação das
sempre que a receita se apresenta deficiente em relação à despesa.
necessidades públicas que deverão ser satisfeitas pelo processo do
O Estado tem como objetivo, no exercício de sua atividade
serviço público.
financeira, a realização de seus fins, pelo que procura ajustar a re-
ceita à programação de sua política, ou seja, a despesa precede a Despesa Pública e a Constituição Federal De 88
esta. Tal ocorre porque o Estado cuida primeiro de conhecer as ne- A Constituição de 1988 demonstra que o constituinte se preo-
cessidades públicas ditadas pelos reclamos da comunidade social, cupou com o problema do limite da despesa pública.
ao contrário do que acontece com o particular, que regula as suas Assim, o art. 169 revela a preocupação do constituinte com a
despesas em face de sua receita. limitação de despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Es-
Deve-se conceituar a despesa pública sob os pontos de vista tados do Distrito Federal e dos Municípios, que não poderá exceder
orçamentário e científico. os limites estabelecidos em lei complementar.
Aliomar Baleeiro ensina que a despesa pública, sob o enfoque “Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos
orçamentário, é “a aplicação de certa quantia em dinheiro, por par- Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os
te da autoridade ou agente público competente, entro de uma au- limites estabelecidos em lei complementar.
torização legislativa, para execução de um fim a cargo do governo”. § 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remu-
Assim a despesa pública é a soma de gastos realizados pelo neração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de
Estado para a realização de obras e para a prestação de serviços estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de
públicos. pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administra-
Por outro lado, há o entendimento que, por despesa públi- ção direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas
ca deve-se entender a inversão ou distribuição de riqueza que as pelo poder público, só poderão ser feitas:
entidades públicas realizam, objetivando a produção dos serviços I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para aten-
reclamados para satisfação das necessidades públicas e para fazer der às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela de-
em face de outras exigências da vida pública, as quais não são cha- correntes;
madas propriamente serviços. II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orça-
mentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de
economia mista.

25
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar refe- corresponde, pois, à vida dos serviços públicos e à atividade das
rida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, se- administrações, caracterizando-se pela contraprestação que é feita
rão imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais em favor do Estado;
ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que b) Despesa de transferência, que é aquela que é efetivada pelo
não observarem os referidos limites. Estado sem que receba diretamente qualquer contraprestação a
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base seu favor, tendo o propósito meramente redistributivo, já que o
neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida dinheiro de uns se transfere para outros, como, por exemplo, no
no caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pagamento de pensões e de subvenções a atividades ou empresas
adotarão as seguintes providências privadas;
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com
cargos em comissão e funções de confiança; Quanto ao ambiente
II - exoneração dos servidores não estáveis. a) Despesa interna é a feita para atender às necessidades de
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior ordem interna do país e se realiza em moeda nacional e dentro do
não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determi- território nacional;
nação da lei complementar referida neste artigo, o servidor estável b) Despesa externa, que se realiza fora do país, em moeda es-
poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada trangeira e visa a liquidar dívidas externas;
um dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou uni-
dade administrativa objeto da redução de pessoal. Quanto à duração
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo an- a) Despesa ordinária, que visa a atender às necessidades pú-
terior fará jus a indenização correspondente a um mês de remune- blicas estáveis, permanentes e periodicamente previstas no orça-
ração por ano de serviço. mento, constituindo mesmo uma rotina no serviço público, como,
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos ante- por exemplo, a despesa relativa ao pagamento do funcionalismo
riores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, empre- público;
go ou função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo b) Despesa extraordinária, que objetiva satisfazer necessida-
de quatro anos des públicas acidentais, imprevisíveis e, portanto, não constantes
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obede- do orçamento, não apresentando, por outro lado, regularidade em
cidas na efetivação do disposto no § 4º.” sua verificação, e estão mencionadas na Constituição Federal (art.
167, §3º) como sendo as despesas decorrentes de guerra, comoção
Por outro lado, a concessão de qualquer vantagem ou aumen- interna ou calamidade pública, que por serem urgentes e inadiáveis
to de remuneração, a criação de cargos ou alterações de estruturas não podem esperar o processo prévio da autorização legal;
de carreiras, bem como a admissão de pessoal, a qualquer título, c) Despesa especial, que tem por finalidade permitir o aten-
pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclu- dimento de necessidades públicas novas, surgidas no decorrer do
sive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só pode- exercício financeiro e, portanto, após a aprovação do orçamento,
rão ser feitas se atendidos os pressupostos constantes dos incisos I embora não apresentem as características de imprevisibilidade e
e II do art. 169 da CF. urgência; assim, dependem de prévia lei para a sua efetivação, sen-
Por sua vez, o art. 38 do ADCT estabelece que até “a promulga- do de se citar, como exemplo, a despesa que o Estado é obrigado a
ção da lei complementar referida no art. 169, a União, os Estados, fazer em decorrência de sentença judicial;
o Distrito Federal e os Municípios não poderão despender com o
pessoal mais do que sessenta e cinco por cento do valor das respec- Quanto à importância de que se revestem
tivas receitas correntes”. a) Despesa necessária é aquela intransferível em face da neces-
O parágrafo único do mesmo art. 38 determina que os mencio- sidade pública, sendo sua efetivação provocada pela coletividade;
nados entes políticos, quando a respectiva despesa de pessoal ex- b) Despesa útil é aquela que, embora não seja reclamada pela
ceder o limite previsto no caput do artigo, deverão retornar àquele coletividade e não vise a atender necessidades públicas premen-
tes,é feita pelo Estado para produzir uma utilidade à comunidade
limite, reduzindo o percentual excedente à razão de um quinto por
social, como as despesas de assistência social; portanto, à luz deste
ano.
critério, não se pode falar em despesa inútil, e mesmo as despesas
de guerra podem produzir uma utilidade, como a independência
Espécies De Despesa Pública
nacional e a realização de unidade nacional, podendo, inclusive;
esta utilidade ser de caráter econômico, pois o Estado quando evi-
Quanto à forma
ta ou limita uma invasão ao seu território, impede ou diminui um
a) Despesa em espécie, que constitui hoje a forma usual de sua
prejuízo econômico.
execução, embora, como já se disse anteriormente, ainda existam
alguns serviços públicos que não são remunerados pelo Estado; Quanto aos efeitos econômicos
b) Despesa em natureza, forma que predominava na antiguida- a) Despesa produtiva, que, além de satisfazer necessidades pú-
de mas que hoje está praticamente abolida, embora ainda ocorra, blicas, enriquece o patrimônio do Estado ou aumenta a capacidade
como no caso de indenização pela desapropriação de imóvel rural econômica do contribuinte, como as despesas referentes à cons-
mediante títulos da dívida pública com cláusula de correção mone- trução de portos, estradas de ferro, etc.;
tária (CF, art.184);2) b) Despesa improdutiva é aquela que não gera um benefício de
ordem econômica em favor da coletividade;
Quanto ao aspecto econômico em geral
a) Despesa real ou de serviço é a efetivamente realizada pelo Quanto à mobilidade
Estado em razão da utilização de bens e serviços particulares na sa- a) Despesa fixa é aquela que consta do orçamento e é obrigató-
tisfação de necessidades públicas, havendo uma amputação desses ria pela Constituição, não podendo ser alterada a não ser por uma
bens ou serviços do setor privado em proveito do setor público; lei anterior, e não pode deixar de ser efetivada pelo Estado;

26
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
b) Despesa variável é aquela que não é obrigatória pela Cons- b) Despesas de inversões financeiras são as que correspondem
tituição, sendo limitativa, isto é, o Poder Executivo fica obrigado a a aplicações feitas pelo Estado e suscetíveis de lhe produzir rendas
respeitar seu limite, mas não imperativa; daí o Estado ter a faculda- (art. 12, § 5º, e art. 13): - Aquisição de imóveis - Participação em
de de realizá-la ou não, dependendo de seus critérios administrati- constituição ou aumento de capital de empresas ou entidades co-
vo e de oportunidade, sendo de se citar, como exemplo, um auxílio merciais ou financeiras - Aquisição de títulos representativos de ca-
pecuniário em favor de uma instituição de caridade, não gerando, pital de empresas em funcionamento - Constituição de fundos rota-
por outro lado, direito subjetivo em favor do beneficiário; tivos - Concessão de empréstimos - Diversas inversões financeiras.
c) Despesas de transferências de capital são as que correspon-
Quanto à competência dem a dotações para investimentos ou inversões financeiras a se-
a) Despesa federal, que visa a atender a fins e serviços da União rem realizadas por outras pessoas jurídicas de direito público ou
Federal, em cujo orçamento está consignada; de direito privado, independentemente de contraprestação direta
b) Despesa estadual, que objetiva atender a fins e serviços do em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou
Estado, estando fixada em seu orçamento; contribuições, segundo derivem diretamente da lei de orçamento
c) Despesa municipal, que tem por finalidade atender a fins e ou de lei especial anterior, bem como dotações para amortização
serviços do Município, sendo consignada no orçamento municipal; da dívida pública (art. 12, § 6º, e art. 13):

Quanto ao fim - Amortização da dívida pública


a) Despesa de governo é a despesa pública própria e verdadei- - Auxílios para obras públicas
ra, pois se destina à produção e à manutenção do serviço público, - Auxílios para equipamentos e instalações
estando enquadrados nesta categoria os gastos com os pagamen- - Auxílios para inversões financeiras
tos dos funcionários, militares, magistrados, etc., à aplicação de ri- - Outras contribuições.
quezas na realização de obras públicas e emprego de materiais de
serviçoe à conservação do domínio público; Princípios Da Legalidade Da Despesa Pública
b) Despesa de exercício é a que se destina à obtenção e utili-
zação da receita, como a despesa para a administração do domínio Noções Gerais
fiscal (fiscalização de terras, de bosques, das minas, manutenção A despesa pública somente pode ser realizada mediante prévia
de fábricas, etc.) e para a administração financeira (arrecadação e autorização legal, conforme prescrevem os arts. 165, § 8º, e 167, I,
fiscalização de receitas tributárias, serviço de dívida pública, com o II, V, VI e VII da Constituição Federal.
pagamento dos juros e amortização dos empréstimos contraídos). Tal regra aplica-se inclusive às despesas que são objeto de cré-
ditos adicionais e visam a atender a necessidades novas, não pre-
Classificação da Lei nº4.320/64 vistas (créditos especiais), ou insuficientemente previstas no orça-
Finalmente, deve ser mencionada a classificação adotada pela Lei mento (créditos suplementares), em razão do disposto no art. 167,
nº 4.320, de 17/03/64, que estatui normas de direito financeiro para a V, da CF.
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, Estados,
Municípios e Distrito Federal, tendo a referida lei procedido à classifica- As Despesas Ordinárias
ção com base nas diversas categorias econômicas da despesa pública: São aquelas que visam a atender a necessidades públicas está-
I) Despesas correntes são aquelas que não enriquecem o patri- veis, permanentes, que têm um caráter de periodicidade, e sejam
mônio público e são necessárias à execução dos serviços públicos e previstas e autorizadas no orçamento, como o pagamento do fun-
à vida do Estado, sendo, assim, verdadeiras despesas operacionais
cionalismo público.
e economicamente improdutivas:
Daí, se tais despesas não foram previstas, ou foram insuficien-
a) Despesas de custeio são aquelas que são feitas objetivan-
temente previstas, a sua execução dependerá também da prévia
do assegurar o funcionamento dos serviços públicos, inclusive às
autorização do Poder Legislativo.
destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens
Tal exigência justifica-se plenamente, pois caso o Poder Execu-
imóveis, recebendo o Estado, em contraprestação, bens e serviços
tivo pudesse livremente aumentar as despesas a votação do orça-
(art. 12, §12, e art. 13): Pessoal civil - Pessoal militar - Material de
mento pelo Poder Legislativo não passaria, segundo Gaston Jèze,
consumo - Serviços de terceiros - Encargos diversos.
b) Despesas de transferências correntes são as que se limitam de uma formalidade meramente ilusória.
a criar rendimentos para os indivíduos, sem qualquer contrapresta-
ção direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e sub- As Despesas Extraordinárias
venções destinadas a atender à manifestação de outras entidades A exigência da prévia autorização legal não se aplica a estas,
de direito público ou privado, compreendendo todos os gastos sem porque sendo urgentes e imprevisíveis, não admitem delongas na
aplicação governamental direta dos recursos de produção nacional sua satisfação, como as decorrentes de calamidade pública, como-
de bens e serviços (art. 12, § 2º, Ebert. 13): Subvenções sociais - ção interna e guerra externa (CF, art. 167, § 3º).
Subvenções econômicas – Inativos – Pensionistas - Salário-família Nestes casos, a autoridade realizará a despesa, cabendo ao Po-
e Abono familiar - Juros da dívida pública - Contribuições de Previ- der Legislativo ratificá-la ou não (Lei nº 4.320/64, art. 44).
dência Social - Diversas transferências correntes. Observe-se que a autoridade pública deve ter muito cuidado
na efetivação de tais despesas, uma vez que ficará sujeita a san-
II) Despesas de capital são as que determinam uma modifica- ções, caso realize uma despesa considerando-a como extraordiná-
ção do patrimônio público através de seu crescimento,sendo, pois, ria, sem que a necessidade pública atendida se revista das caracte-
economicamente produtivas, e assim se dividem: rísticas exigidas.
a) Despesas de investimentos são as que não revelam fins re- Como um corolário do princípio da legalidade da despesa pú-
produtivos (art. 12, § 42, e art. 13): Obras públicas - Serviços em blica, a autoridade somente pode efetivar a despesa se for compe-
regime de programação especial - Equipamentos e instalações - tente para tal e se cinja ao limite e fim previstos na lei.
Material permanente -Participação em constituição ou aumento de
capital de empresas ou entidades industriais ou agrícolas.

27
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Despesas de Exercícios Anteriores Formalização
O assunto está regulado pelo art. 37 da Lei nº 4.320/64, regu- Constituem elementos próprios e essenciais à instrução do
lamentada pelo Decreto nº 93.872, de 23/12/86, que incorporou os processo relativo a despesas de exercícios anteriores, para fins de
conceitos do Decreto nº 62.115, de 15/01/68. autorização do pagamento:
Além desse dispositivo, cada ente da Federação poderá regu- a) nome do credor, CGC/CPF e endereço;
lamentar a matéria visando atender às suas peculiaridades, desde b) importância a pagar;
que, é evidente, observe os limites traçados pelo Diploma Legal. c) data do vencimento do compromisso;
d) causa da inobservância do empenho prévio de despesa;
Conceito e) indicação do nome do ordenador da despesa à época do fato
Despesas de Exercícios Anteriores são as dívidas resultantes de gerador do compromisso; e
compromissos gerados em exercícios financeiros anteriores àque- f) reconhecimento expresso do atual ordenador de despesa.
les em que ocorreram os pagamentos.
O regime de competência exige que as despesas sejam conta- Prescrição
bilizadas conforme o exercício a que pertençam, ou seja, em que As dívidas de exercícios anteriores, que dependam de reque-
foram geradas. Se uma determinada despesa tiver origem, por rimento do favorecido, prescrevem em 05 (cinco) anos, contados
exemplo, em 1987 e só foi reconhecida e paga em 1989, a sua con- da data do ato ou fato que tiver dado origem ao respectivo direito.
tabilização deverá ser feita à “Conta de Despesas de Exercícios An- O início do período da dívida corresponde à data constante do
teriores” para evidenciar o regime do exercício. fato gerador do direito, não devendo ser considerado, para fins de
prescrição quinquenal, o tempo de tramitação burocrática e o de
Ocorrência providências administrativas a que estiver sujeito o processo.
Poderão ser pagas à conta de despesas de exercício anteriores,
mediante autorização do ordenador de despesa, respeitada a cate- Consoante doutrina dominante, o dispositivo em causa foi in-
goria econômica própria: serido no texto da referida lei a fim de se tentar coibir a prática
a) as despesas de exercícios encerrados, para as quais o orça- (comum entre nós) de, a cada virada de mandato, os governantes
mento respectivo consignava crédito próprio com saldo suficiente transferirem para seus sucessores dívidas constituídas no último
para atendê-las, que não se tenham processado na época própria; ano de seus mandatos. A partir da Lei de Responsabilidade Fiscal,
assim entendidas aquelas cujo empenho tenha sido considerado mencionada prática, a princípio, deveria ter sido obstada ante à
insubsistente e anulado no encerramento do exercício correspon- proibição legal. Dizemos “deveria” porque o que se observa é que
dente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cum- muitos governantes, a fim de fugirem ao regramento em referên-
prido sua obrigação; cia, passaram a incorporar a prática (nociva) de cancelar os em-
b) os restos a pagar com prescrição interrompida; retomando a penhos emitidos em sua gestão deixando tão-somente, no último
situação descrita no item precedente, na hipótese de o administra- ano de seus mandatos, aqueles com suficiente disponibilidade fi-
dor público, entretanto, optar por manter o empenho correspon- nanceira. Com tal prática, acabam “atendendo” ao comando legal,
dente, inscrevendo-o em restos a pagar, também é possível, por mas continuando a transferir as dívidas por eles constituídas a seus
razões diversas, que o fornecedor não implemente a prestação que sucessores.
se obrigou durante todo o transcorrer do exercício seguinte. Nessa
hipótese, o administrador público poderá cancelar o valor inscrito.
Se assim ocorrer, o valor que vier a ser reclamado no futuro
pelo fornecedor, também poderá ser reempenhado à conta de Des- PATRIMÔNIO NAS ENTIDADES PÚBLICAS: BENS PÚ-
pesas de Exercícios Anteriores ; e BLICOS, CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS, DÍVIDA
c) os compromissos decorrentes de obrigação de pagamento PÚBLICA FUNDADA OU CONSOLIDADA, DÍVIDA FLU-
criada em virtude de lei e reconhecidos após o encerramento do TUANTE, PATRIMÔNIO FINANCEIRO E PATRIMÔNIO
exercício - em dadas situações, alguns compromissos são reconhe- PERMANENTE
cidos pelo administrador público após o término do exercício em
que foram gerados. Um bom exemplo dessas situações é o caso
de um servidor público cujo filho tenha nascido em dezembro de NOÇÕES DE PATRIMÔNIO
um ano qualquer mas que somente veio a solicitar o benefício do O Patrimônio é um conjunto de bens. Esse conjunto de bens
salário-família em janeiro do ano subsequente. Para proceder ao pode pertencer a uma pessoa física ou jurídica.
pagamento das despesas relativas ao mês de dezembro, é preci- Enquanto pessoas físicas possuem um conjunto de bens e con-
so, primeiramente, reconhecê-las e, após, empenhá-las à conta de sumo (caneta, televisão, relógio, etc..) as entidades, pessoas jurí-
Despesas de Exercícios Anteriores. Tais despesas, portanto, sofrem dicas de fins lucrativos (empresas) ou de fins ideais (instituições),
o empenho pela primeira vez, diferentemente das outras duas si- possuem outros tipos de bens (mercadorias, máquinas, instalações,
tuações apontadas, cujos objetos já sofreram empenhos no pas- etc..).
sado. Quanto às despesas relativas ao mês de janeiro e seguintes, Considerando o Patrimônio de uma empresa, ele pode se apre-
serão empenhadas no elemento de despesa correspondente. sentar de três formas diferentes:
Pode-se citar como exemplo dessa última situação: o caso de Os bens da empresa, que estão em seu poder (computador,
um servidor, cujo filho tenha nascido em setembro e somente re- prédio, casa, carro, dinheiro em sua mão, maquinas e etc..).
quereu o benefício do salário-família em março do ano seguinte. Os bens da empresa, em poder de terceiros, ou seja, os seus
As despesas referentes aos meses de setembro a dezembro irão à DIREITOS (uma venda feita a prazo (é direito seu receber esse di-
conta de despesas de exercícios anteriores, classificados, como de nheiro, como esse dinheiro ainda não está contigo, ele não é um
transferências correntes; as dos demais meses no elemento de des- bem, e sim um direito, direito de recebê-lo), o dinheiro no banco
pesa próprio. A promoção de um funcionário com data retroativa e (ele não está com você) entre outros).
que alcance anos anteriores ao exercício financeiro, também é caso
de despesa de exercícios anteriores.

28
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Podemos entender que o que diferencia BENS de DIREITO é a Em se tratando de bens que façam parte de um conjunto, a
posse. Pois na verdade tudo que está nos dois exemplos acima po- identificação dos componentes será realizada separadamente e o
dem ser avaliados em dinheiro, o que diferencia é se está ou não valor atribuído a cada um deles terá necessariamente de ser espe-
com você. cificado na nota fiscal.
Os bens de terceiros, em poder da empresa, – as suas OBRIGA- Os bens cuja constituição física não permita que seja afixada
ÇÕES (é o inverso de DIREITOS, ou seja, é algo avaliável em dinheiro etiqueta de identificação, tais como: obras de arte, instrumentos
que não lhe pertence mais está contigo). médico odontológicos, armas, algemas, coletes, semoventes, boti-
Exemplo: jões de gás, cilindros de oxigênio, extintores de incêndio etc. devem
– COMPRA À PRAZO – seu fornecedor lhe vendeu mercadorias receber um número de registro patrimonial, porém a identificação
a prazo, é um direito dele receber e uma OBRIGAÇÃO sua de pagar; dos mesmos dependerá das características do bem.
– UM EMPRÉSTIMO – é um direito do banco ou financeira e Os bens patrimoniais deverão ser tombados antes de serem
uma OBRIGAÇÃO sua pagar. usados, devendo o servidor da unidade de patrimônio fazer o devi-
do registro junto ao almoxarifado e exigir o termo de recebimento
Assim, definimos o Patrimônio como “o conjunto de bens, di- do bem.
reitos e obrigações, avaliável em moeda e pertencente a uma pes-
soa física ou jurídica”. Cadastramento
É o procedimento de registro do bem patrimonial, especifican-
Primeiras Noções de Balanço Patrimonial do suas características físicas, financeiras e localização, permitindo
O Balanço Patrimonial é uma demonstração que evidencia a identificação exata do bem, utilizando para isso um documento
todo o patrimônio de uma entidade em um determinado momen- “Ficha Cadastral de Bens Móveis”.
to, ou seja, ela vai mostrar todos os BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES - Descrição do bem: É o procedimento de especificar de forma
numa certa data. clara o bem, para facilitar a identificação do mesmo, com todas as
Primeiro ela registra esses dados, depois processa os relatórios suas características
e demonstrações. Uma das principais demonstrações é chamada de
Balanço Patrimonial. Controle
Mais para ficar mais apresentável, ao invés de misturar tudo, O bem depois de tombado e cadastrado será disponibilizado
ela preocupou-se em deixar isso de uma maneira mais fácil de se para a unidade, sendo obrigatoriamente necessário o documento
entender. de termo de responsabilidade, o qual será posto sob a guarda e con-
servação do bem pelo servidor responsável, deverá ainda constar a
O Patrimônio está divido em duas partes: um positivo chamado localidade e as condições do mesmo.
ATIVO outro negativo chamado PASSIVO. A função do termo de responsabilidade é responsabilizar os
No ATIVO estão o conjunto de BENS e DIREITOS e no PASSIVO servidores pelas informações dos bens ao patrimônio, tais como:
suas OBRIGAÇÕES ou DEVERES. danificação, inservibilidade, necessidade de reparo, desapareci-
A diferença entre o Ativo (+) e o Passivo (-), denomina-se PATRI- mento, etc.
MÔNIO LIQUIDO que aparece vinculado ao Passivo, para que haja Deverão ser relacionados no termo de responsabilidade todos
uma igualdade entre este e o Ativo, que chamamos de Equação ou os bens, inclusive os provenientes de doação, cessão e locação, ten-
Equilíbrio Patrimonial. do em vista a necessidade de um controle minucioso dos bens, e
das localidades que estão relacionados.
Carga e Descarga
Toda movimentação de entrada e saída de carga deve ser obje- Todo bem móvel pertencente ao acervo patrimonial de um ór-
to de registro nos setores de Almoxarifado, para materiais de consu- gão tem uma origem caracterizada através de um documento con-
mo, e Patrimônio ou equivalente, quando se tratar de equipamento forme as situações previstas nos subitens abaixo. Este documento
ou material permanente em uso pelo setor competente. é de grande importância porque vai possibilitar a incorporação do
Por isso, considera-se: bem e permitir um perfeito controle do mesmo durante toda a sua
a. Carga: a efetiva responsabilidade pela guarda e uso de mate- vida útil.
rial pelo seu consignatário;
É a relação de material permanente vinculada a um servidor, Aquisição
que será objeto de prestação de contas através de inventários Ocorre quando a entidade tem a posse do bem, passando a
anuais, de rotina ou de transferência de setor. registrar no patrimônio através de nota fiscal, empenho etc.
b. Descarga: a transferência desta responsabilidade; Doação
É a transferência de carga patrimonial vinculada a um servidor Ocorre quando o bem é doado por terceiro (pessoa física, ju-
para outro. A descarga pode ocorrer no próprio campus, quanto
rídica) pública ou privada, sendo a mesma precedida de Termo de
ocorre mudança de carga localmente de um servidor para outro,
Doação de Bens, avaliação técnica dos bens quanto aos benefícios
ou através de nota de transferência, quando o bem permanente é
que gerarão para o órgão, como também o órgão de controle inter-
enviado a outro campus.
no deverá emitir um documento de aceitação.
Incorporações de bens patrimoniais
Produção própria
É o processo pelo qual o bem fica incorporado ao acervo do
Ocorre quando o bem é produzido dentro do próprio órgão e
município e está divido em três fases, Tombamento, Cadastramento
e Controle. o valor do mesmo será igual a soma dos custos com matéria-prima,
mão-de-obra, desgaste dos equipamentos, energia consumida na
Tombamento produção, etc. A origem são Notas Fiscais dos materiais adquiridos
É o procedimento de registro de bem, tendo como atribuição para a construção do bem e/ou Recibo de Prestação de Serviços do
um número para o devido controle dos bens profissional que construiu o bem e Nota de Empenho.

29
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Empréstimo Dação em pagamento
Ocorre quando o bem é deslocado por um período de tempo •Conceito: quando o credor aceita que o devedor dê fim à re-
determinado, sendo o órgão cedente não pertencente à adminis- lação de obrigação existente entre eles pela substituição do objeto
tração direta. da prestação, ou seja, o devedor realiza o pagamento na forma de
algo que não estava originalmente na obrigação estabelecida, mas
Cessão que extingue-a da mesma forma. É uma forma de extinção da obri-
Ocorre quando o bem é deslocado por um período de tempo gação.
determinado, sendo o órgão cedente não pertencente à adminis-
tração direta. Redistribuição
•Realizada pela Gerência de Patrimônio, mediante autorização
Reaproveitamento do Secretário de Estado de Gestão e Recursos Humanos para ou-
Ocorre quando o bem é reincorporado pelo mesmo órgão ou tros órgãos da Administração Estadual dos bens patrimoniais que
não da administração direta. tenham sido recolhidos ao Almoxarifado de bens inservíveis.

Locação O órgão recebedor deverá conferir e examinar o bem patrimo-


Ocorre quando o bem é dado em locação pelo órgão que não nial à vista da descrição constante do documento de origem. Ele
pertença a administração direta. também será tombado de acordo com sua origem.

Adjudicação MOVIMENTAÇÃO DO BEM PATRIMONIAL


•O bem somente estará disponível para uso ou alienação após É o processo pelo qual há o deslocamento do bem, podendo
sentença judicial em favor do Estado confirmada por carta ou Ter- ser por sete tipos diferentes de movimentação: por Transferência,
mo de Adjudicação. Cessão, Empréstimo, Manutenção ou reparo, Retorno, Recolhimen-
•Transfere-se ou concede-se ao Estado todos os direitos de do- to e Reaproveitamento.
mínio e posse de determinado bem, por decisão judicial (sentença
judicial em favor do Estado). Deve ser confirmada pela carta ou Ter- Por Transferência
mo de Adjudicação. A movimentação por transferência caracteriza-se pelo desloca-
•Bens que ingressarem desta forma de modalidade nos órgãos mento definitivo do bem dentro do próprio órgão ou entre órgãos
estaduais, serão disponibilizados à Gerência de Patrimônio. da administração direta. Neste caso, o documento a ser utilizado
é o Termo de Movimentação, onde deverá ser indicada como Tipo
• Apenas será autorizada quando atender à conveniência e in- de Movimentação a Transferência. Este deverá ser emitido em três
teresse imediatos dos Órgãos envolvidos. vias, ficando uma com a unidade recebedora do bem, uma com a
• Deverá ser autorizada pelo Secretário ou autoridade equiva- unidade de origem do bem e a outra com a unidade de patrimônio
lente do órgão cedente. do órgão. Nenhum bem poderá ser transferido sem prévia ciência
• A entrega do bem será mediante Termo de Responsabilidade do responsável pelo patrimônio e emissão de termo formalizando a
mudança de responsável pela guarda do bem, devendo ser utilizado
Convênios ou contratos um documento (Termo de Movimentação de Bens Móveis) com o
Os adquiridos com recursos de convênios ou contratos, possui- tipo Transferência.
rão um período de carência determinado onde serão cadastrados e Quando o bem for transferido deverão permanecer com o nú-
mantidos sob controle especial. Encerrando o prazo, os bens rece- mero de tombamento original a fim de ser preservado o seu histó-
berão o registro patrimonial do Estado, como se fossem adquiridos rico.
nesta data.
Por Cessão
Cessão Ocorre quando o bem é dado como cessão de uso temporaria-
• É a transferência gratuita de posse de um bem patrimonial de mente para outro órgão da administração direta, utilizando para o
uma entidade ou órgão para outro da Administração Pública (direta mesmo um documento (Termo de Movimentação de Bens Móveis)
ou indireta) com troca de responsabilidade, por tempo determina- com o tipo Cessão, contendo um novo Termo de Responsabilidade
do. do bem.

Concessão de uso Por Empréstimo


É a disponibilização de um bem patrimonial através de contrato Ocorre quando o bem é dado em empréstimo temporariamen-
administrativo, oneroso ou gratuito, com prazo determinado, pelo te para outro órgão da administração direta, utilizando para o mes-
qual o órgão público atribui utilização exclusiva de um bem do seu mo um documento (Termo de Movimentação de Bens Móveis) com
domínio a particular, com finalidade pública definida. o tipo Empréstimo contendo um novo Termo de Responsabilidade
do bem.
Transferência:
• Quando for de uma Secretaria para outra (autorização do Se- Por Manutenção/Reparo
cretário do órgão cedente); Ocorre quando o bem necessita de serviços de manutenção ou
• É confeccionado um Termo de Transferência reparo dentro e fora do órgão, neste caso o Responsável pela guar-
• Tem caráter permanente (o bem será incorporado ao acervo da do bem deverá acompanhar toda movimentação, preenchendo
do órgão a que se destina, com baixa no cedente); o Termo de Movimentação de Bens Móveis com o tipo Manuten-
• Na Administração Direta e Indireta ção/Reparo, para o envio e retorno do bem, devendo ainda, notifi-
car a unidade de Patrimônio sobre a referida movimentação.

30
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Por Retorno CONTABILIZAÇÃO:
Ocorre quando o bem retorna para o local de origem, utilizan- D- Crédito Empenhado em Liquidação
do-se para este procedimento um Termo de Movimentação de Bens C- Crédito empenhado liquidado a pagar
Móveis com o tipo Retorno, devendo ser atualizado o Termo de Respon-
sabilidade exceto quanto o retorno for por manutenção/reparo, quando PAGAMENTO
o retorno se tratar de Cessão, Empréstimo e Manutenção/Reparo. CONTABILIZAÇÃO:
D- Fornecedores a Pagar)
Por Recolhimento C- Caixa e Equivalente de Caixa) – evento de máquina
Ocorre quando o bem se torna inservível na sua localidade e D- Crédito empenhado liquidado a pagar
retorna para a unidade de patrimônio através do Termo de Movi- C- Crédito empenhado pago
mentação de Bens Móveis com o tipo Recolhimento, devendo ser
atualizado o Termo de Responsabilidade. Quando o Fato Gerador Ocorrer Depois do Empenho e Antes da
Liquidação da Despesa
Por Reaproveitamento Incorporação e Reconhecimento do Passivo Antes da Liquida-
Ocorre quando o bem se torna inservível ou disponibilizado ção da Despesa
para alienação e torna-se reaproveitado pela unidade de patrimô- Em atendimento aos princípios contábeis da oportunidade e
nio, e disponibilizado para outra localidade, sempre preservando o competência faz-se o lançamento de incorporação dos bens de es-
número de tombamento original, o documento utilizado para esse toque adquiridos, antes da liquidação da despesa. Ressalta-se que
processo é o Termo de Movimentação de Bens Móveis com o tipo nesse caso, houve o recebimento dos bens.
Reaproveitamento, devendo ser atualizado o Termo de Responsa-
bilidade. CONTABILIZAÇÃO:
D- Estoque Interno – Almoxarifado
Bens de Estoque C- Fornecedores a Pagar (F)*
* passivo com atributo (F) para cálculo do superávit financeiro,
Incorporação em razão de a despesa já ter sido empenhada.

Por Aquisição RECONHECIMENTO DA FASE EM LIQUIDAÇÃO


Quando o Fato Gerador Ocorrer Antes do Empenho Visando evitar a duplicidade no cálculo do superávit financeiro,
Incorporação no Ativo e Reconhecimento do Passivo tendo em vista o reconhecimento do passivo com atributo (F), ne-
Neste caso houve o recebimento dos bens antes da emissão cessário se faz o remanejamento da conta
do empenho. “Crédito Empenhado a Liquidar” para a conta “Crédito Empe-
nhado em Liquidação”.
CONTABILIZAÇÃO:
D- Estoque Interno – Almoxarifado CONTABILIZAÇÃO:
C- Fornecedores a Pagar (P)* D- Crédito Empenhado a liquidar
* passivo com atributo (P) para cálculo do superávit financeiro, C- Crédito Empenhado em Liquidação
em razão de ainda não ter sido empenhado.
LIQUIDAÇÃO
Execução Orçamentária da Despesa No momento da liquidação não há incorporação no Ativo e no
Passivo. Esse procedimento foi realizado no ato do recebimento do
EMPENHO bem. Dessa forma, nesta fase há apenas o reconhecimento da des-
CONTABILIZAÇÃO: pesa orçamentária.
D- Crédito Disponível
C- Crédito Empenhado a liquidar
CONTABILIZAÇÃO:
D- Crédito Empenhado em Liquidação
TRANSFERÊNCIA DA OBRIGAÇÃO E RECONHECIMENTO DA
C- Crédito empenhado liquidado a pagar
FASE EM LIQUIDAÇÃO
Tendo em vista que a despesa foi empenhada, faz-se necessá-
PAGAMENTO
rio o remanejamento do passivo com atributo (P) para o atributo
(F). Em decorrência, necessário se faz ainda o remanejamento da
CONTABILIZAÇÃO:
conta “Crédito Empenhado a Liquidar” a conta “Crédito Empenha-
do em Liquidação”, de modo a evitar a duplicidade no cálculo do D- Fornecedores a Pagar
superávit financeiro. C- Caixa e Equivalente de Caixa – evento de máquina
D- Crédito empenhado liquidado a pagar
CONTABILIZAÇÃO: C- Crédito empenhado pago
D- Fornecedores a Pagar - (P)
C- Fornecedores a Pagar – (F) Quando o Fato Gerador Ocorrer Concomitante à Liquidação da
D- Crédito Empenhado a liquidar Despesa
C- Crédito Empenhado em Liquidação
LIQUIDAÇÃO DA DESPESA E INCORPORAÇÕ DO MATERIAL DE
LIQUIDAÇÃO ESTOQUE
No momento da liquidação não há incorporação no Ativo e no
Passivo. Esse procedimento foi realizado no ato do recebimento do CONTABILIZAÇÃO:
bem. Dessa forma, nesta fase há apenas o reconhecimento da des- D- Estoque Interno – Almoxarifado
pesa orçamentária. C- Fornecedores a Pagar (F)

31
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
D- Crédito Empenhado a liquidar CONTABILIZAÇÃO:
C- Crédito empenhado liquidado a pagar D- Estoque Interno – Almoxarifado
C- Ajustes de Exercícios Anteriores
PAGAMENTO
Por Retorno de Material Devolvido a Fornecedores
CONTABILIZAÇÃO: Registra a incorporação de bem de almoxarifado em substitui-
D- Fornecedores a Pagar ção ao produto com defeito.
C- Caixa e Equivalente de Caixa – evento de máquina Ressalte-se que quando da baixa do produto em razão de devo-
D- Crédito empenhado liquidado a pagar lução ao fornecedor houve a inscrição de um direito junto ao mes-
C- Crédito empenhado pago mo. Dessa forma, concomitante à incorporação do novo produto
deverá ser baixado o direito anteriormente registrado.
Por Acerto Contábil
Para os casos de aquisições de bens de almoxarifado por meio CONTABILIZAÇÃO:
de Suprimento de Fundos, no qual a incorporação em contas do D- Estoque Interno – Almoxarifado
ativo ocorre posteriormente, bem como quando da realização de C – Crédito a Receber de Fornecedores
inventário, mediante formalização de processo. Por Doação

Suprimento de Fundos CONTABILIZAÇÃO:


Incorporar o bem de almoxarifado em contrapartida da baixa D- Estoque Interno – Almoxarifado
do direito junto ao suprido (adiantamento). C – Doação Recebida de Bem de Almoxarifado

CONTABILIZAÇÃO: BAIXA
D- Estoque Interno – Almoxarifado
C- Adiantamento - Suprimento de Fundos Por Requisição
D- Adiantamentos Concedidos a Comprovar Quando o material for consumido deverá ser reconhecida a Va-
C- Adiantamentos Concedidos a Aprovar riação Patrimonial Diminutiva – VPD correspondente.
Inventário
CONTABILIZAÇÃO:
CONTABILIZAÇÃO: D- Material de Consumo
D- Estoque Interno – Almoxarifado C- Bens de Estoque
C – Ajustes por Inventários
Por Perda/Extravio
Observação: ressaltamos a necessidade de abertura de Pro- Registra o valor das perdas (data da validade expirada, por
cesso Administrativo para fins de utilização do evento “ajustes por exemplo) e roubos de materiais estocados.
inventários”. Curso: Gestão e Execução do SIAFEM
CONTABILIZAÇÃO:
Por Arredondamento D- Perdas com Extravio
Registra o valor dos arredondamentos a maior realizados nos C- Estoque Interno – Almoxarifado
bens estocados, ocasionados em razão do método de avaliação de
estoque utilizado: Preço Médio Ponderado das Compras. Por Arredondamento
Registra o valor dos arredondamentos a menor realizados nos
CONTABILIZAÇÃO: bens estocados, em razão do método de avaliação de estoque utili-
D- Estoque Interno – Almoxarifado zado: Preço Médio Ponderado das Compras.
C- Ajustes Preço Médio Ponderado
CONTABILIZAÇÃO:
Observação: - evento utilizado tanto para arredondamento de D- Ajuste Preço Médio Ponderado
bens de estoque quanto para as mercadorias para doação; C- Estoque Interno – Almoxarifado
- as incorporações por arredondamento não poderão exceder
a R$ 1,00. Observação: - evento utilizado tanto para arredondamento de
bens de estoque quanto para as mercadorias para doação;
Por Retorno de Material Requisitado e Não Consumido - as baixas por arredondamento não poderão exceder a R$
Registra o valor dos retornos de materiais requisitados e não 1,00.
consumidos. Ressalte-se que quando o bem foi requisitado houve o
reconhecimento da Variação Patrimonial Diminutiva – VPD. Por Quebra
Registra o valor das quebras de materiais estocados.
No Exercício
Quando se tratar de reposição de aquisições de bens de es- CONTABILIZAÇÃO:
toque dentro do exercício, estornar o lançamento de consumo do D- Quebra ou Destruição
bem. C- Estoque Interno – Almoxarifado

Exercícios Anteriores Por Devolução a Fornecedores


Incorporar o material devolvido em contrapartida de Ajustes Registra a baixa de bem de almoxarifado devolvido ao forne-
de Exercícios Anteriores, de modo a afetar diretamente o resultado cedor em razão de defeito, em contrapartida de um direito junto
do exercício anterior, momento no qual foi reconhecida a VPD. ao mesmo.

32
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
CONTABILIZAÇÃO: O valor de reposição de um ativo depreciado pode ser esta-
D- Crédito a Receber de Fornecedores belecido por referência ao preço de compra ou construção de um
C- Estoque Interno – Almoxarifado ativo semelhante com similar potencial de serviço.
Os acréscimos ou os decréscimos do valor do ativo em decor-
Por Inservibilidade rência, respectivamente, de reavaliação ou redução ao valor recu-
Registra o valor das baixas de produtos considerados inserví- perável (impairment) devem ser registrados em contas de resulta-
veis, imprestáveis por obsoletismo ou desuso. do.

CONTABILIZAÇÃO: Compras com resto a pagar


D- Inservibilidade O conceito de Restos a Pagar está na Lei 4.320/64, que estatui
C- Estoque Interno – Almoxarifado Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos
orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do
Por Doação Distrito Federal.
Registra as baixas de bens de estoque por doação. O artigo 36 dessa norma diz o seguinte:
CONTABILIZAÇÃO: Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenha-
D- Doações Concedidas de Bens de Almoxarifado das  mas não pagas  até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as
C- Estoque Interno – Almoxarifado processadas das não processadas.
Começamos a clarear o conceito, mas ainda precisamos enten-
Por Inventário der mais detalhadamente algumas coisas. Por exemplo: você sabe
CONTABILIZAÇÃO: o que é uma despesa empenhada?
D- Ajustes por Inventários O que são despesas processadas e não-processadas? A seguir,
C – Estoque Interno – Almoxarifado três conceitos importantes para dominar o que diz esse artigo:
- Empenho
Indenizações e reposições - Liquidação
É obrigação de todos a quem tenha sido confiado material para - Pagamento
a guarda ou uso, zelar pela sua boa conservação e diligenciar no
sentido da recuperação daquele que se avariar. Empenho
Todo servidor público é responsável pelo dano que causar, ou É a fase em que a Administração Pública se compromete a re-
para o qual concorrer, a qualquer bem de propriedade do Estado servar o valor para cobrir despesas com a aquisição de bens e ser-
que esteja ou não sob sua guarda, sendo vedado a utilização de viços contratados.
qualquer bem para uso particular. É uma garantia para o credor de que há recurso orçamentário
Nos casos de extravio ou destruição por acidente, deverá ser para pagar a despesa.
aberto processo de sindicância ou inquérito.
Para indenização e quando se tratar de material de procedên- Liquidação
cia estrangeira, esta será feita com base no valor de avaliação con- Fase anterior ao pagamento, em que a Administração Pública
vertido pelo câmbio vigente na data da indenização. verifica o direito adquirido pelo credor ao recebimento, identifican-
Para indenização de bens de produção interna deve ser efetua- do a origem, o objeto do que se deve pagar, para quem pagar e a
da por valor correspondente aos custos de produção de outro bem importância exata a ser quitada
com as mesmas características.
O valor de avaliação a ser indenizado pode, mediante autoriza- Pagamento
ção da Diretoria, ser dividido, observando-se o disposto sobre inde- É a fase em que administração pública efetivamente desem-
nizações e reposições ao erário na Lei nº 8.112/90 e suas alterações. bolsa recursos para a quitação do débito, por meio da Ordem de
1 - conforme acordo com o servidor, a indenização pode ser Pagamento.
descontada em folha de pagamento. Em se tratando de conselheiro É precedida pela liquidação. O pagamento depende de progra-
ou colaborador, a indenização poderá se dar através de depósito mação financeira e da disponibilidade financeira.
identificado; Ou seja, temos aqui um passo-a-passo para a execução das des-
2 - os valores indenizados devem ser comunicados pela Unida- pesas públicas: 1. Empenho; 2. Liquidação; 3. Pagamento.
de de Patrimônio à Unidade de Contabilidade. É bom lembrar que um dos princípios do Orçamento Público é a
anualidade, que determina a vigência do orçamento para somente
As reavaliações devem ser feitas utilizando-se o valor justo ou o o exercício ao qual se refere, não sendo permitida a sua transferên-
valor de mercado na data de encerramento do Balanço Patrimonial, cia para o exercício seguinte.
pelo menos: Por isso a Lei 4.420/64 é clara ao dizer que “o registro dos res-
1 - anualmente, para as contas ou grupo de contas cujos valo- tos a pagar far-se-á por exercício”.
res de mercado variarem significativamente em relação aos valores
anteriormente registrados; O papel das compras em relação a Restos a Pagar está relacio-
2 - a cada quatro anos, para as demais contas ou grupos de nado com os aspectos: Restos a Pagar processados e Restos a Pagar
contas. não-processados. Vejamos:

Na impossibilidade de se estabelecer o valor de mercado, o Restos a pagar processados


valor do ativo pode ser definido com base em parâmetros de refe- São os restos a pagar liquidadas e não pagas. Isso significa que
rência que considerem características, circunstâncias e localizações o credor já realizou seu serviço e/ou entregou os materiais previs-
assemelhadas. tos em contrato dentro do exercício, tendo o direito líquido de re-
Em caso de bens imóveis específicos, o valor justo pode ser ceber o pagamento.
estimado utilizando-se o valor de reposição do ativo devidamente
depreciado.

33
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Restos a pagar não-processados Por que esse cálculo é importante?
Já os restos a pagar não-processados são aqueles em que as Conhecer o valor do retorno sobre investimento em estoque é
despesas estão empenhados, mas não estão liquidadas. Nesse fundamental para entender um pouco mais sobre os impactos do
caso, ainda não foi apurado se o credor realizou o serviço ou entre- estoque nos seus lucros.
gou o material. Quando o ROI é nulo, significa que o seu estoque não está
De acordo com o Decreto 7.654/2011, “os restos a pagar ins- dando prejuízo, mas também não oferece retorno. Por outro lado,
critos na condição de não-processados e não liquidados posterior- quanto maior ele for, melhor é o desempenho do seu estoque.
mente terão validade até 30 de junho do segundo ano subsequente Já quando ele é negativo, há um indicativo de que o estoque
ao de sua inscrição“. está fazendo com que o seu negócio perca dinheiro. Isso pode ser
O Gestor de Almoxarifado deverá acompanhar o prazo da en- causado tanto por um estoque com giro baixo — ou seja, os produ-
trega dos bens, devendo informar, imediatamente, a expiração dos tos estão encalhando — ou pela venda de itens muito baratos.
prazos para o imediato processo de notificação ao fornecedor e Sabendo como chegar a esse valor, inclusive, você nota que
cancelamento do empenho da despesa. há duas possibilidades para aumentar o ROI: ou você aumenta a
margem de contribuição ao aumentar a margem de lucro líquido
Retorno ao estoque ou então você aumenta o número de receita gerada por meio do
Fazer o gerenciamento de estoque da forma adequada é fun- aumento de vendas.
damental para garantir que o seu negócio tenha sucesso. Muitas Ao aplicar essa fórmula, você não apenas vai saber como cal-
vezes, entretanto, os dados são mascarados por algumas análises cular o retorno sobre investimento em estoque de produtos como
e fazem parecer que o estoque é mais vantajoso do que realmente também vai garantir uma gestão que favoreça os resultados do seu
acontece. negócio.
Para evitar situações como essas, a melhor maneira é conhe-
cendo qual é o retorno desses produtos quando ainda estão ar- Diferencial de incorporações
mazenados. Por isso, veja a seguir como calcular o retorno sobre A necessidade do tratamento das informações orçamentárias
investimento em estoque de produtos. torna a contabilidade governamental mais complexa do que a do
setor privado (Poljašević et al., 2019).  Brusca e Condor (2002) descrevem 3 modelos
O que é o retorno sobre investimento em estoque? para o tratamento das informações orçamentárias e patrimoniais:
O retorno sobre investimento (ROI) em estoque de produtos é (i) um sistema contábil limitado ao registro de operações orçamen-
uma métrica que indica qual é a assertividade do seu estoque e quão tárias; (ii) um sistema orçamentário e um sistema patrimonial inte-
benéfico ele é para o seu negócio dentro de terminado período. grados; e (iii) sistemas de contabilidade orçamentária e patrimonial
Em geral, o ROI é calculado para que se conheça qual é a as- independentes. O segundo modelo é o que chamamos de contabi-
sertividade de um determinado investimento, ou seja, quanto de lidade dual.
retorno ele gera a partir de um investimento inicial. O controle orçamentário “registra, processa e evidencia os
No caso de estoque, o retorno, financeiramente falando, diz atos e os fatos relacionados ao planejamento e à execução orça-
respeito à margem de lucro. Com isso, o ROI de estoque leva em mentária”, enquanto o controle patrimonial “registra, processa e
consideração um fator muito importante do ponto de vista do esto- evidencia os fatos financeiros e não financeiros relacionados com
que: o giro de ativos.
as variações qualitativas e quantitativas do patrimônio público” (Se-
cretaria do Tesouro Nacional [STN], 2018, p. 383). Algumas transações
Como calcular o retorno sobre investimento em estoque de
são registradas apenas na visão orçamentária (p. ex., empenho de
produtos?
uma despesa), enquanto outras apenas na patrimonial (p. ex., reco-
Para entender como calcular o retorno sobre investimento em
nhecimento de um passivo) e, ainda, podem ser registradas simul-
estoque de produtos é preciso definir alguns pontos.
taneamente em ambas (p. ex., recebimento de dívida ativa).
Primeiramente, margem operacional é o resultado da relação:
Portanto, a contabilidade dual efetua o registro contábil de fa-
• Margem operacional = Lucro líquido / Receita de vendas
tos administrativos que apresentam reflexos orçamentários e patri-
Imagine que você teve uma venda total de R$ 400,00 em um moniais, de modo concomitante, em partidas dobradas. Tal prática
mês e um lucro líquido de R$ 200,00. Nesse caso, a margem opera- foi introduzida na legislação do governo central da Itália por meio
cional do período é de 50%. do Regulamento do Código de Contabilidade da Itália (Regio Decre-
Em segundo lugar, é necessário entender o que é o giro de ati- to n. 3.074, 1885) e discutida em livros (D’Alvise, 1912; Gitti, 1921; Massa, 1912).7
vo. Basicamente, ele é dado pela relação:
• Giro de ativo = Valor de venda / Valor de investimento rea- Descargas do almoxarifado e do patrimônio
lizado para o estoque Descarga Patrimonial - se efetiva com a transferência de res-
ponsabilidade pela guarda do material. Ao servidor responsável
Na mesma situação, imagine que a sua receita de vendas foi de pela Carga Patrimonial cabe zelar pelo uso, guarda e conservação,
R$ 400,00 e o investimento em estoque de R$ 150,00. Nesse caso, o devendo comunicar qualquer irregularidade ocorrida com o bem.
giro de estoque é dado por, aproximadamente, 267%.
Finalmente, o cálculo do ROI em estoque é dado por: Quebra de estoque
• ROI = Margem de contribuição x Giro de ativo O conceito de quebra de estoque é abordado em duas áreas: a
tributária e a de gestão de recursos materiais.
No caso desse exemplo, o ROI é igual a: Geralmente, os pequenos empreendedores já estão familiari-
• ROI = 0,5 x 2,67 zados com o significado de quebra dessa última área. Ela acontece
• ROI = 133% quando há falta de um item em estoque, seja por uma demanda
além da prevista, problemas com os fornecedores, erros nos regis-
Isso significa que para cada R$ 1,00 investido no estoque, hou- tros da armazenagem, etc.
ve um retorno líquido de R$ 1,33.
7 Fonte:www.portaldeauditoria.com.br/www.segredosdeconcurso.com.br/
http://natumcosmeticos.com.br/www.central3.to.gov.br/www.confen.gov.br

34
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Entretanto, a Receita Federal tem uma visão diferente. O Pare- b. Enquanto o material permanecer no almoxarifado da UG,
cer Normativo CST nº 35/1971 estabelece o seguinte conceito para fica mantido o registro na Conta Contabil 1.1.5.6.1.01.00;
a quebra de estoque: c. Apos a movimentacao do material do almoxarifado para a su-
“Entende-se por quebra a redução quantitativa do estoque do bunidade/dependencia, devera ser gerado um lancamento, inserin-
produto industrializado, por motivo de acidente, deterioração, ou do um documento “PA – Lancamento Patrimonial” para classifica-lo
defeito, devidamente comprovados, que o inutilize ou torne impró- na conta 1.2.3.1.1.99.10; e
prio para consumo.” d. Apos constatada a inservibilidade do material e o fato ad-
Ou seja: por mais que a quebra de estoque seja um fator de ministrativo ter sido publicado em Boletim Interno, emitir o docu-
preocupação para a gestão financeira do seu negócio, ela também é mento habil PA, passando, obrigatoriamente, pela conta contábil
uma questão de legislação. Afinal, é na armazenagem que se de- 1.2.3.1.1.08.05 – Bens Moveis Inserviveis (Situacao: IMB051) e bai-
senrolam muitos dos fatos geradores de impostos. xa (Situacao: IMB076).

A quebra de estoque é despesa operacional? Exemplos de materiais classificados como de uso duradouro:
A quebra de estoque pode ou não ser vista como despesa ope- material bibliografico, pecas de fardamento, roupa de cama, mate-
racional. A chave para definir se isso é possível é o tipo de quebra: rial individual (Classe II – Intendencia), material de seguranca, ban-
se ela é uma consequência natural do processo produtivo, é incor- deiras e insignias, guarda-sol, cortinas e bando, entre outros.
porada aos custos.
Inservibilidade
Quais são os diferentes tipos de quebra de estoque? Bens inservíveis - quando o bem não tem mais utilização para
A quebra de estoque pode ser inerente ao processo produtivo. a repartição, órgão ou entidade que detém a sua posse, em decor-
Sob o ponto de vista da legislação, há mais de um tipo de que- rência de ter sido considerado:
bra de estoque. Isso é importante: a devida identificação da raiz da ¬ Ocioso (desuso) - quando, embora em perfeitas condições de
quebra  tem um forte impacto sobre as finanças do negócio, pois uso, não estiver sendo aproveitado;
influencia na contabilidade. ¬ Obsoleto - quando tornar-se antiquado, caindo em desuso,
Há situações nas quais a perda é inevitável para o processo pro- sendo a sua operação considerada onerosa;
dutivo. Por exemplo: em indústrias químicas, há compostos extre- ¬ Destruição por uso (dano) - desaparecimento de um bem em
mamente voláteis, que evaporam rapidamente, sem que ninguém razão de causa fortuita ou natural (resulta em sucata);
possa evitar. Como essa perda é inerente à produção, ela é consi- ¬ antieconômico (imprestabilidade) - quando sua manutenção
derada um custo operacional. Consequentemente, não precisa ser for onerosa, ou seu rendimento precário, em virtude do uso prolon-
comunicada à Receita e não causa nenhuma mudança nos impostos gado, desgaste prematuro, obsoletismo ou em razão da inviabilida-
devidos. de econômica de sua recuperação; e
Agora, também é possível que a quebra aconteça por motivos ¬ irrecuperável - quando não mais puder ser utilizado para o
que não têm a ver com as operações. Alguns exemplos são furtos, fim a que se destina devido à perda de suas características.8
roubos, desvios de carga, incêndios, danos por armazenamento ina-
Da cessão e permissão dos bens públicos
dequado, etc. Quando um desses fatos acontece, é preciso comuni-
Os bens públicos municipais de uso especial podem ser utiliza-
car a Receita e fazer a devida contabilização da quebra de estoque.
dos por particulares, de acordo com o interesse da Administração
Pública. A esta forma de utilização chama-se cessão e é estabele-
Como é feita a contabilização da quebra de estoque?
cida através de ato administrativo e tem caráter de exclusividade
A raiz da quebra de estoque é o que define se ela tem influência
(BERNARDI, 2011, p. 75).
tributária ou não.
O cessionário, por não ser dono, não pode consumi-los, des-
Quando a quebra de estoque não é uma decorrência natural do
truí-lo ou inutilizá-los, mas apenas fazer uso do mesmo, de forma a
processo produtivo, ela deve ser contabilizada. Afinal, se um item não dilapidar o patrimônio público. São diversas as formas de uso
é inutilizado e não pode ser vendido, o fato gerador dos impostos destes bens por particulares, quais sejam: autorização, permissão,
(a venda) não acontece. Basicamente, a perda incorre na obrigação concessão, cessão de uso e concessão de direito real de uso, e que
de estornar o crédito de ICMS a que o negócio tinha direito. pode se dá de forma onerosa ou mesmo gratuita, por tempo certo
O que varia é como o responsável deve informar a Receita.  ou indeterminado, por simples ato ou contrato administrativo.
Material de Consumo de Uso Duradouro (Macrofuncao Desta feita quando se trata da Autorização de Uso, trata-se da
021135 do SIAFI) forma de utilização pelo particular de um bem público em caráter
E aquele que, apesar de normalmente ser considerado como precário, que é concedido pelo poder público em caráter unilateral
material de consumo, necessita ser controlado como material per- e discricionário. A maneira de Autorização não requer maiores for-
manente, devido a sua maior durabilidade, quantidade utilizada ou malidades, uma vez que é transitória e não gera obrigações contra
valor monetario relevante, seu registro devera ser efetuado atraves o Poder Público e nem privilégio para quem a recebe.
de situacao especifica (Norma de Execucao no 4 – C Cont/STN, de Para que exista, basta uma simples autorização por escrito.
31 Out 97). Como no exemplo citado pelo eminente professor BERNARDI (2011,
Enquanto permanecer no almoxarifado, o mesmo fica classifi- p. 75): “a associação de moradores solicita à diretora da escola que
cado na conta 1.1.5.6.1.01.00. ceda o auditório, em determinado dia e hora, para a realização de
Apos a sua distribuicao, sera classificado na conta 1.2.3.1.1.99.10 uma reunião”. Esta, atendendo ao pedido, expedirá um documen-
– Material de Uso Duradouro. to de Autorização de Uso, informando os detalhes da autorização,
Seguem algumas orientacoes quanto ao controle do material como data, horário e formas de utilização e responsabilização pelo
de consumo de uso duradouro: particular, caso venham a danificar algum móvel ou imóvel público,
a. O material de uso duradouro recebido dos orgaos provedo- durante sua utilização.
res ou mesmo adquirido de terceiros sera registrado na UG, na Con-
ta Contabil 1.1.5.6.1.01.00 – Material de Consumo; 8 Fonte: www.blog.connectplug.com.br/www.seger.es.gov.br/www.1icfex.eb.mil.
br/

35
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
A permissão de uso é um ato administrativo com caráter ne- cobre, para os fins que, prévia e determinadamente, o justificaram.
gocial, pelo qual a administração consente que o particular utilize Essa forma de concessão é regulada expressamente pelo Decreto-
privativamente bem público, podendo ser gratuita ou onerosa para -lei nº 2271, de 28.2.1967 (CARVALHO FILHO, 2014, p. 1197)
o particular, por tempo certo ou indeterminado. Também é um ato Entre os objetivos do instituto, cujo caráter é eminentemen-
unilateral, discricionário e precário. Não depende de autorização te social, estão: a construção de moradias, regularização fundiária,
legislativa e nem de licitação. aproveitamento sustentável das várzeas, fins comerciais, indus-
No entanto, segundo Carvalho Filho (2014, p. 1193), “a licita- triais, educacionais e agrícolas; a preservação das comunidades tra-
ção deve entender-se necessária sempre que for possível e houver dicionais e seus meios de subsistência, entre outros, conforme art.
mais de um interessado na utilização do bem, evitando-se favoreci- 7º do citado Decreto.
mentos ou preterições ilegítimas.” O direito oriundo da Concessão é transmissível por ato inter vi-
É formalizada através de um ato próprio, que fixe as condições, vos ou causa mortis (sucessão), sendo que os fins da concessão con-
que deverão ser respeitadas pelo permissionário, caso contrário, o tinuarão os mesmos, e pode reverter ao ente que fez a concessão,
uso não será permitido. Sendo um ato unilateral, a permissão pode caso não sejam cumpridas as finalidades estabelecidas no contrato
ser revogada a qualquer tempo pela administração, sem que gere de concessão. “O instrumento de formalização pode ser escritura
indenização. pública ou termo administrativo, devendo o direito real ser inscrito
No entanto, como é um ato negocial, que se encontra entre a no competente Registro de Imóveis” (CARVALHO FILHO, 2014, p.
autorização e a concessão, ela pode gerar direitos subjetivos que 1199, apud MEIRELLES, p. 439).
poderão ser reivindicados pelo permissionário na justiça. É possível
que a legislação própria fixe formas e critérios para que o permis- Comodato
sionário possa ceder sua permissão para terceiros. Como exemplo Classifica-se o Comodato como um contrato unilateral gratuito,
temos os pontos de comércio ambulante, feiras livres, feiras de ar- pelo qual o comodante cede um bem não fungível, que deverá ser
tesanato, bancas de revistas etc (BERNARDI, 2011, p. 76). devolvido da mesma forma em que foi emprestado em determina-
do lapso de tempo. Efetiva – se pela entrega do bem, ou seja, pela
Quando se trata de Concessão de uso, trata-se de um contra- tradição.
to administrativo entre o ente público e o particular, para que este O Comodato, é um contrato assemelhado à locação, salvo
possa utilizar um bem público de forma privativa e com finalidade quanto a onerosidade deste a gratuidade daquele, regula-se pela
específica. Possui caráter contratual permanente e também pode lei civil – art. 579 e 585. Mas, na esfera pública há a concessão de
ser gratuito ou oneroso, por tempo certo ou indeterminado. Como uso do bem público, instituto de Direito Público, que se presta ao
exemplo temos as lojas em mercados municipais, shoppings públi- mesmo fim objetivado pelo comodato: empréstimo de coisa infun-
cos, terminais rodoviários, entre outros (BERNARDI, 2011, p. 76). gível, razão pela qual deve ser preferido em detrimento daquele.
A Concessão de uso apresenta alguns elementos que claramen- (Jose M. P. Madeira, 2006).
te a diferencia da permissão e da autorização de uso, como a forma Segundo o autor, o comodato possui particularidades que se
jurídica: a concessão de uso é formalizada por contrato adminis- traduzem em benefícios ao comandante, pois o comodatário terá
trativo, ao passo que a autorização e a permissão se formalizam que cuidar da coisa como se fosse sua; não poderá reclamar das
por atos administrativos. Outro aspecto de diferenciação é a bila- despesas efetuadas e se concedido a varias pessoas simultanea-
teralidade da concessão, enquanto que na permissão e autorização mente, considerar-se-ão solidárias.
remonta o aspecto da unilateralidade (CARVALHO FILHO, 2014, p. O comodato no direito administrativo tem como intuito encon-
1195). trar seu sucedâneo na concessão de uso não remunerada, regida
BERNARDI (2011, p. 77) salienta que deve haver uma Lei que pelo direito público e com as características próprias dos contratos
estabeleça as normas da concessão, na qual são expressas as for- administrativos, segundo Viviane P. Rocha, 2012, a Administração
mas e os critérios para que o bem seja cedido a terceiros. A conces- pública não deve utilizar-se do comodato quando dispõe, para o
são não é um contrato precário ou discricionário, pois obedece a re- mesmo fim, da concessão gratuita de uso.9
gras fixas, que geram direitos e obrigações entre as partes, devendo
Tipos de inventários físicos
sempre o interesse público prevalecer.
Realiza-se inventário na Administração Pública para fins de con-
trole, preservação, realocação, distribuição, reavaliação, avaliação,
Cessão de Uso uma medida gratuita de colaboração entre os
doação, destruição, etc., dos bens públicos passíveis de registro
entes da Administração Pública, e ocorre quando a posse de um
contábil, bem como evidenciá-los adequadamente nas demonstra-
bem público é transmitida de forma gratuita de um para outro ór-
ções contábeis.
gão público, da mesma pessoa jurídica ou de pessoa jurídica diver-
É dever do agente público comunicar, imediatamente, a quem
sa, por tempo certo ou indeterminado, e a utilização do bem deve
de direito, qualquer irregularidade ocorrida com o material que lhe
se dar de acordo com condições preestabelecidas no termo próprio
foi entregue ou colocado sob sua guarda e controle. O termo in-
da Cessão (BERNARDI 2011, p. 77). ventário também é utilizado como sendo o próprio controle perma-
Quando a cessão ocorrer entre órgãos da mesma pessoa ju- nente de bens, ou seja, a lista de todos os bens permanentes de um
rídica não precisará de autorização legislativa, por exemplo: entre órgão pode ser denominada como inventário de bens permanentes
órgãos de um Município. Mas quando acontecer entre órgãos de do órgão.
esferas diferentes, por exemplo, entre Município e Estado ou entre A realização de um inventário se dá em função da finalidade
Estado e União, será necessária uma lei emanada pelo ente ceden- instituída, seja para apuração de resultados, controle e prestação
te, autorizando a cessão. Como é de regra, apenas a posse do bem de contas, exigências de ordem legal ou natureza estritamente fis-
passa de um órgão para outro, enquanto o domínio continua com cal.
o órgão cedente. O inventário é o instrumento de controle para a verificação dos
Concessão de Direito Real de Uso é o contrato administrativo bens móveis permanentes em uso que irá permitir:
pelo qual o Poder Público confere ao particular o direito real reso-
lúvel de uso de terreno público ou sobre o espaço aéreo que o re-
9 Fonte: www.elizomar.jusbrasil.com.br/www.siteantigo.portaleducacao.com.br

36
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
– o levantamento e a identificação dos bens visando à compro- d) estado (bom, ocioso, recuperável, antieconômico ou irrecu-
vação da existência física e integridade das informações contábeis; perável);
– o levantamento da responsabilidade dos agentes patrimo- e) outros elementos julgados necessários.
niais pela guarda de bens;
– o levantamento do estado de conservação dos bens e da ne- Desfazimento de bens inservíveis
cessidade de manutenção e reparos;
– a atualização das informações dos bens inventariados con- Alienação
forme seu estado de inservibilidade (ociosidade ou irrecuperabili- Consiste na operação de transferência do direito de proprie-
dade); dade do material, mediante venda, permuta ou doação. Os bens a
– a identificação dos bens com localização indevida; serem alienados deverão ter seu valor reavaliado conforme preços
– a identificação de bens permanentes eventualmente não re- atualizados e praticados no mercado. O material classificado como
gistrados no não tombados; ocioso ou recuperável será cedido a outros órgãos que dele neces-
– a emissão de relatório final acerca das observações anotadas sitem.
ao longo do processo do inventário;
– a emissão dos termos de responsabilidade atualizados após Venda
o inventário; Os bens inservíveis classificados como irrecuperáveis ou antie-
- a análise do desempenho das atividades de gestão patrimo- conômicos poderão ser vendidos mediante concorrência, leilão ou
nial através dos resultados obtidos nos levantamentos físicos. convite.

Dessa forma, a doutrina consagra alguns tipos usuais para a Ad- Permuta
ministração Pública, a saber: A permuta com particulares poderá ser realizada sem limita-
I - Anual: realizado para comprovar a exatidão dos registros de ção de valor, desde que as avaliações dos lotes sejam coincidentes
controle patrimonial de todo o patrimônio, demonstrando o acervo e haja interesse público. Nesse caso, devidamente justificado pela
de cada unidade, constituído do inventário anterior e das variações autoridade competente, o material a ser permutado poderá entrar
patrimoniais ocorridas durante o exercício; como parte do pagamento de outro a ser adquirido, condição que
II - Eventual: realizado a qualquer tempo, com o objetivo de deverá constar do edital de licitação ou do convite.
verificar qualquer bem ou conjunto de bens, por iniciativa do diri-
gente de determinada unidade;
III - De transferência de responsabilidade: realizado quando Doação
da mudança de um titular de Cargo, Função Gratificada ou Função A doação poderá ser efetuada após a avaliação de sua oportu-
Comissionada responsável por carga patrimonial; nidade e conveniência, relativamente à escolha de outra forma de
IV - Inicial: realizado quando da criação de uma nova unidade, alienação. Material classificado como ocioso poderá ser doado para
para identificação e registro dos bens; outro órgão ou entidade da Administração Pública Federal direta,
V - De extinção ou transformação: realizado quando da extin- autárquica ou fundacional ou para outro órgão integrante de qual-
ção ou transformação de uma unidade. Sempre que houver tran- quer dos demais Poderes da União. Se o material for classificado
sição de cargos em comissão, deverá ser realizado o inventário de como antieconômico, a doação poderá ser realizada para Estados e
transferência de responsabilidade. Municípios mais carentes, Distrito Federal, empresas públicas, so-
VI - Relação-carga: controle realizado por meio da relação do ciedade de economia mista, instituições filantrópicas, reconhecidas
material de forma simplificada, medindo apenas aspectos qualitati- de utilidade pública pelo Governo Federal, e Organizações da So-
vos e quantitativos, não havendo necessidade de controle por meio ciedade Civil de Interesse Público. O material irrecuperável poderá
de número patrimonial. ser doado para instituições filantrópicas, reconhecidas de utilidade
pública pelo Governo Federal, e as Organizações da Sociedade Civil
A Lei 4.320/64 informa os seguintes aspectos: de Interesse Público.
Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter
permanente, com indicação dos elementos necessários para a per- Inutilização ou abandono
feita caracterização de cada um deles e dos agentes responsáveis Verificada a impossibilidade ou a inconveniência da alienação
pela sua guarda e administração. de material classificado como irrecuperável, a autoridade compe-
Art. 95. A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens tente determinará sua descarga patrimonial e sua inutilização ou
móveis e imóveis. Inventário de Bens Públicos abandono, após a retirada das partes economicamente aproveitá-
Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá veis, porventura existentes, que serão incorporados ao patrimônio.
por base o inventário analítico de cada unidade administrativa e os A inutilização consiste na destruição total ou parcial de material que
elementos da escrituração sintética na contabilidade. ofereça ameaça vital para pessoas, risco de prejuízo ecológico, ou
Registro Analítico: É aquele que traz informações analíticas, ou inconveniente de qualquer natureza, para a Administração Pública
seja, informações detalhadas acerca do bem, com suas característi- Federal. O desfazimento por inutilização e abandono deverão ser
cas e sobre os servidores responsáveis por sua guarda e utilização. documentados mediante Termos de Inutilização ou de Justificativa
Registro Sintético: É aquele que traz informações em síntese, de Abandono, os quais integrarão o respectivo processo de desfa-
ou seja, em resumo, informando, por exemplo, simplesmente a zimento.10
quantidade total de determinado bem e seu valor.
No inventário analítico, para a perfeita caracterização do ma- Relatório de movimentação de bens móveis (RMB
terial, figurarão: É um Relatório extraído do aplicativo SISCOFIS OM e destina-se
a) descrição padronizada; a demonstrar a movimentação do material permanente em uso.
b) número de registro;
c) valor (preço de aquisição, custo de produção, valor arbitrado
ou preço de avaliação); 10 Fonte: www.blog.oriontec.com.br/www.hu.ufsc.br/www.gestao.mt.gov.br/
https://qcon-assets-production.s3.amazonaws.com/www.reitoria.ifpr.edu.br

37
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
O relatório de movimentação de bens apresenta todos os bens Destarte, a Macrofunção SIAFI nº 02.11.01 excetua o envio do
que ingressaram e  permaneceram em uma UG específica num RMA e RMB para as unidades que possuem Conformidade de Re-
determinado período.  Para o período informado (compreendido gistro de Gestão.
entre a data inicial e a data final, inclusive), o relatório levará em
consideração apenas os bens que ingressaram na UG especificada Há alguma unidade que não possui conformidade de Registro
e permaneceram na UG até o final do período indicado. Ou seja, os de Gestão?
bens que ingressaram na UG especificada e saíram desta, dentro do A IN STN nº 06, de 31/10/2007, traz as seguintes informações:
período informado, serão desconsiderados. “art.17 as unidades gestoras “off-line” não se sujeitam às dis-
posições desta norma, devendo a documentação relativa aos atos e
O Conformista, o RMA e o RMB! fatos da gestão permanecer arquivados na respectiva setorial con-
Até que ponto o  Conformista/Conformador precisa analisar tábil.”
mensalmente o RMA – Relatório de Movimentação de Almoxarifa- (...)
do – e o RMB – Relatório de Movimentação de Bens Móveis. art.21  “as atribuições e procedimentos definidos nesta instru-
Para esclarecer essa demanda, precisamos verificar a  Ins- ção são aplicáveis a todos os órgãos que utilizam o siafi para regis-
trução Normativa da Secretaria do Tesouro Nacional nº 06, de tro da execução orçamentária, financeira e patrimonial.”
31/10/20107, que disciplina os procedimentos relativos aos regis- Além disso, o item 3.5 da Macrofunção SIAFI 02.03.14 – Con-
tros das  Conformidades Contábil e de Registro de Gestão, quando formidade de Registro de Gestão – estabelece que “Será admitida
no artigo 14 estabelece: exceção ao registro da conformidade de gestão às empresas públi-
  “Art. 14  Os demonstrativos mensais da movimentação de cas não dependentes do orçamento fiscal e da seguridade social.”
almoxarifado, de bens móveis, imóveis e      intangíveis de selos Deste modo, podemos constatar que o arcabouço normativo
de controle de mercadorias apreendidas, da conciliação bancária e que envolve o tema determina que toda unidade gestora “on-line”,
demais demonstrativos de controle patrimonial, deverão ser arqui- pertencente ao orçamento fiscal e de seguridade social, possui um
vados pela Unidade Gestora Executora. servidor responsável para atuar como conformista/conformador e
Parágrafo único. Os demonstrativos referidos no caput deste ar- por consequente deve receber até o 5º dia útil do mês subsequen-
tigo deverão ser arquivados por ordem cronológica de competência te o RMA e o RMB para fins de conciliação dos saldos existentes
e sua ausência ensejará restrição na Conformidade dos Registros de no SIAFI.
Gestão do último dia útil do mês a que se refere.” (grifo nosso) Com o objetivo de ressaltar a veracidade desse entendimento,
Portanto, por esse dispositivo podemos afirmar que os Relató- pode-se analisar a relação de códigos de restrição da conformi-
rios são encaminhados ao Setor de Conformidade de Registro de dade de registro de gestão, transação >CONRESTREG, no SIAFI, e
Gestão para fins de arquivo e a ausência desse procedimento impli- constatar a presença das quatro restrições abaixo que retratam a
ca restrição no último dia do mês. obrigatoriedade do envio do RMA e do RMB pelos Setores de Al-
moxarifado e Patrimônio à Conformidade de Registro de Gestão,
Contudo, a dúvida permanece: e a inconsistência conciliatória entre os dados constantes nesses
O Conformista simplesmente arquiva o RMA e o RMB recebi- relatórios e o SIAFI:
do ou precisa fazer algum trabalho? 901     FALTA DE REMESSA DE RM
Para responder essa indagação, faz-se necessária à leitura 903     FALTA DE REMESSA DO RMB
da Macrofunção SIAFI Nº 02.11.01, que trata do Relatório de Mo- 920     SALDO CONTABIL DO ALMOX. NAO CONFERE C/RMA  
vimentação de Almoxarifado (RMA) e Relatório de Movimentação 921     SALDO CONTABIL BENS MOVEIS NAO CONFERE C/RMB11
de Bens Móveis (RMB), quando assim dispõe:
“2.2 - Após a emissão pela UG, os RMA e RMB são encami-
nhados às Unidades Setoriais de Contabilidade em que a UG esteja
jurisdicionada, até o 5(quinto) dia útil do mês subsequente ao de DEMONSTRATIVOS: BALANCETES, BALANÇO ORÇAMEN-
referência, juntamente com cópias dos seguintes Termos de Rema- TÁRIO, BALANÇO FINANCEIRO; BALANÇO PATRIMO-
nejamento: de Cessão, de Transferência e de Doação, exceto para NIAL, DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS,
os órgãos que utilizam a conformidade documental descrito neste RELATÓRIO RESUMIDO DE EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
manual. E RELATÓRIO DE GESTÃO FISCAL
2.3 - As Unidades Setoriais de Contabilidade procedem mensal-
mente à conciliação dos saldos apontados nos RMA e RMB com os BALANÇO ORÇAMENTÁRIO
saldos existentes no SIAFI; De acordo com a Lei nº 4.320/1964, art. 102, o Balanço Orça-
2.4 - Ao final do exercício financeiro, a UG deve consolidar as
mentário (BO) apresentará as receitas e as despesas previstas em
informações dos RMA no Demonstrativo Sintético da Movimenta-
confronto com as realizadas. As receitas e as despesas são classifi-
ção do Material, peça componente da Tomada de Contas do Órgão;
cadas de acordo com a natureza econômica: Correntes e de Capital.
e
Pertencem ao exercício as receitas nele arrecadadas e as despesas
2.5 - Os documentos comprobatórios que deram origem aos
nele empenhadas:
RMA e RMB devem permanecer arquivados nas UG que os emiti-
- Estágio orçamentário das receitas: Previsão, Lançamento, Ar-
ram, à disposição dos Órgãos de Controle Interno e Externo.”
recadação e Recolhimento;
Desta forma, observa-se no item 2.2 que os RMA e RMB  de-
vem ser encaminhados às Unidades Setoriais de Contabilidade, até - Estágio orçamentário das despesas: Fixação, Empenho, Liqui-
o 5º dia útil do mês subsequente, excetuando os órgãos que utili- dação e Pagamento.
zam a conformidade documental.
Todavia, a Conformidade de Registro de Gestão, por força do
Acórdão TCU nº 286/2007, é resultado da união das antigas confor-
midades diária e documental.  Logo, apesar da terminologia “con-
formidade documental” ainda ser costumeiramente utilizada ela foi
substituída pela Conformidade de Registro de Gestão.
11 Fonte: www.mmpcursos.com.br

38
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Modelo válido para o exercício de 2014

Previsão Previsão Excesso/ Dotação Dotação Economia/


RECEITAS Realização DESPESAS Execução
Inicial Atuaaa Insuficiência Inicial Atualizada Excesso
RECEITAS
CORRENTES
Receitas Tribu-
tárias Receitas CRÉD. INICIAIS E
de Contribui- SUPLEM. DESPESAS
ção Receitas CORRENTES
Patrimoniais Pessoal e Encargos
Receitas Sociais Juros e
Agropecuárias Encargos da Dívida
Receitas Indus- Outras Despesas
triais Receitas Correntes DESPE-
de Serviços SAS DE CAPITAL
Transferências Investimentos
Correntes Inversões Financei-
Outras Receitas ras Amortizações da
Correntes Dívida
RECEITAS CRÉDITOS ESPE-
DE CAPITAL CIAIS DESPESAS
Operações de CORRENTES DESPE-
Crédito Aliena- SAS DE CAPITAL
ções de Bens CRÉD. EXTRAORDI-
Amortização NÁRIOS DESPESAS
de Emprést. CORRENTES DESPE-
Transferências SAS DE CAPITAL
de Capital
Outras Rec. de
Capital
SUBTOTAL SUBTOTAL
DÉFICITS SUPERÁVITS
TOTAL TOTAL

Principais características:
As receitas são classificadas por categoria econômica e por origem da receita;
As despesas são classificadas por tipo de crédito (Iniciais e Suplementares, Especiais e Extraordinários), por categoria econômica e
por grupo de despesa;
O cálculo do excesso / da insuficiência da receita é o seguinte: previsão atualizada – realização. Logo, o excesso é negativo e a insufi-
ciência é positiva;
O cálculo da economia / do excesso da despesa é o seguinte: dotação atualizada – execução. Logo, o excesso é negativo e a economia é positiva.

Balanço Financeiro
Segundo a Lei 4.320/64, O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias bem como os recebimentos e os paga-
mentos de natureza extra-orçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem
para o exercício seguinte.Assim, o Balanço Financeiro é um quadro com duas seções: Ingressos (Receitas Orçamentárias e Recebimentos
Extra-Orçamentários) e Dispêndios (Despesa Orçamentária e Pagamentos Extra-Orçamentários), que se equilibram com a inclusão do
saldo em espécie do exercício anterior na coluna dos ingressos e o saldo em espécie pra o exercício seguinte na coluna dos dispêndios.
O resultado financeiro do exercício corresponde à diferença entre o somatório dos ingressos orçamentários com os extra-orçamentá-
rios e dos dispêndios orçamentários e extra-orçamentários. Se os ingressos forem maiores que os dispêndios, ocorrerá um superávit; caso
contrário, ocorrerá um déficit. Este resultado não deve ser entendido como superávit ou déficit financeiro do exercício, cuja apuração é
obtida por meio do Balanço Patrimonial. O resultado financeiro do exercício pode ser também apurado pela diferença entre o saldo em
espécie para o exercício seguinte e o saldo em espécie do exercício anterior.
O Balanço Financeiro evidencia a movimentação financeira das entidades do setor público no período a que se refere, e discrimina:
(a) a receita orçamentária realizada por destinação de recurso (destinação vinculada e/ou destinação ordinária);
(b) a despesa orçamentária executada por destinação de recurso (destinação vinculada e/ou destinação ordinária);
(c) os recebimentos e os pagamentos extra-orçamentários;
(d) as transferências ativas e passivas decorrentes, ou não, da execução orçamentária; e
(e) o saldo inicial e o saldo final em espécie. Deverão ser apresentadas as destinações ordinárias e as destinações vinculadas. O de-
talhamento das vinculações deverá ser feito de acordo com as características específicas de cada ente, como por exemplo, as vinculações
para a previdência social, transferências obrigatórias para outro ente e outras vinculações constitucionais e legais. Caso o ente resolva
agrupar algumas vinculações em um grupo chamado de “Outras Vinculações”, esse não deverá ultrapassar 10% do total da Receita Orça-
mentária ou da Despesa Orçamentária.

39
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA

Ingressos Dispêndios
Exercício Exercício
ESPECIFICAÇÃO Exercício Atual ESPECIFICAÇÃO Exercício Atual
Anterior Anterior
Receita Orçamentária
Despesa Orçamentária
(I) Ordinária Vinculada
(VI)
Previdência Social
Ordinária Vinculada
Transferências
Previdência Social
obrigatórias de outro
Transferências
ente Convênios (...)
obrigatórias de outro
ente Convênios (...)
Deduções da Receita
Orçamentária
Transferências
Financeiras Concedidas
Transferências
(VII)
Financeiras Recebidas
(II)
Pagamentos
ExtraOrçamentários
Recebimentos
(VIII)
ExtraOrçamentários
(III)
Saldo em Espécie para
o Exercício Seguinte
Saldo em Espécie do
(IX)
Exercício Anterior (IV)
TOTAL (X) =
TOTAL (V) = (I+II+III+IV)
(VI+VII+VIII+IX)

BALANÇO PATRIMONIAL
O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que evidencia, qualitativa e quantitativamente, a situação patrimonial da entidade
pública, por meio de contas representativas do patrimônio público, além das contas de compensação, conforme as seguintes definições:
(a) Ativo - são recursos controlados pela entidade como resultado de eventos passados e dos quais se espera que resultem para a
entidade benefícios econômicos futuros ou potencial de serviços.
(b) Passivo - são obrigações presentes da entidade, derivadas de eventos passados, cujos pagamentos se esperam que resultem para
a entidade saídas de recursos capazes de gerar benefícios econômicos ou potencial de serviços.
(c) Patrimônio Líquido - é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos seus passivos.
(d) Contas de Compensação - compreende os atos que possam vir a afetar o patrimônio.

No Patrimônio Líquido, deve ser evidenciado o resultado do período segregado dos resultados acumulados de períodos anteriores,
além de outros itens.
A classificação dos elementos patrimoniais considera a segregação em “circulante” e “não circulante”, com base em seus atributos de
conversibilidade e exigibilidade.
Os ativos devem ser classificados como circulantes quando satisfizerem a um dos seguintes critérios:
(a) estarem disponíveis para realização imediata;
(b) tiverem a expectativa de realização até o término do exercício seguinte.

Os demais ativos devem ser classificados como não circulantes.


Os passivos devem ser classificados como circulantes quando satisfizerem um dos seguintes critérios:
(a) corresponderem a valores exigíveis até o final do exercício seguinte;
(b) corresponderem a valores de terceiros ou retenções em nome deles, quando a entidade do setor público for a fiel depositária,
independentemente do prazo de exigibilidade.

Os demais passivos devem ser classificados como não circulantes.


As contas do ativo devem ser dispostas em ordem decrescente de grau de conversibilidade; as contas do passivo, em ordem decres-
cente de grau de exigibilidade.
A Lei nº 4.320/1.964, artigo 105, confere viés orçamentário ao Balanço Patrimonial, já que separa o Ativo e Passivo em dois grandes
grupos em função da dependência ou não de autorização orçamentária para realização dos itens que o compõem:

“O Balanço Patrimonial demonstrará:


I - O Ativo Financeiro;
II - O Ativo Permanente;
III - O Passivo Financeiro;
IV - O Passivo Permanente;
V - O Saldo Patrimonial;
VI - As Contas de Compensação.

40
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
§ 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores Para que serve um Balanço Patrimonial
realizáveis independentemente de autorização orçamentária e os O Balanço Patrimonial é a forma de representar todos os re-
valores numerários. gistros contábeis para que o empreendedor possa utilizar as suas
§ 2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e informações. Ele organiza e classifica as informações em blocos
valores, cuja mobilização ou alienação dependa de autorização le- para o empresário. Com isso se espera aproximar as informações
gislativa. contábeis para os gestores da empresa.
§ 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e Com o Balanço é possível:
outros pagamento independa de autorização orçamentária. - Ter uma posição patrimonial da empresa e conhecer todos os
§ 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas bens, direitos e obrigações em determinado período;
e outras que dependam de autorização legislativa para amortização - Entender as fontes de recursos para os investimentos da em-
ou resgate. presa;
§ 5º Nas contas de compensação serão registrados os bens, - Observar a sua evolução história para o planejamento e ação
valores, obrigações e situações não compreendidas nos parágrafos futura;
anteriores e que, imediata ou indiretamente, possam vir a afetar o - Permitir e dar lastro ao pagamento de dividendos aos sócios
patrimônio.” (Lei nº 4.320/1.964). da empresa;
- Permitir o Planejamento Tributária da Empresa;
Pode-se dizer que o Balanço Patrimonial é estático, pois apre- - Fornecer informações úteis para as partes interessadas (sta-
senta a posição patrimonial em determinado momento, funcionan- keholders)
do como uma “fotografia” do patrimônio da entidade para aquele - Identificou alguma necessidade sua nos itens acima? Vamos
momento. continuar nossa jornada para você entender melhor como o Balan-
ço Patrimonial poderá te ajudar.
Balanço Patrimonial
Dentre os principais relatórios de gestão de uma empresa está Qual é a composição de um Balanço Patrimonial
o Balanço Patrimonial ou o Balanço Contábil. Embora tenha toda O BP tem na sua constituição duas colunas: a coluna do lado
essa importância, muitas vezes ele é negligenciado pelo empreen- esquerdo é a do Ativo e a coluna do lado direito é a do Passivo (de-
dedor. terminado por convenção).
Isso não ocorre por acaso, a falta de entendimento sobre como No lado esquerdo são discriminados os bens e direitos, espe-
ele é formado e o que representa, afasta o empresário na hora de cificando-se qualitativamente cada componente e indicando seu
sua utilização. Uma parte da culpa é nossa, dos contadores… preci- valor monetário (aspecto quantitativo).
samos aproximar o empresário deste documento. No lado direito são discriminadas as obrigações (dívidas) que
Vale lembrar que ele é item obrigatório para as empresas se- a empresa possui para com terceiros, por sua natureza e por sua
gundo a legislação. expressão monetária.
Também no lado direito são discriminadas as contas do Patri-
O que é um Balanço Patrimonial ou Contábil mônio Líquido, sendo as obrigações para com a empresa. São os
O Balanço Patrimonial é um relatório contábil gerado após o recursos que os acionistas, sócios investiram na entidade. Ex.: in-
registro de todas as movimentações financeiras de uma empresa vestimento feito pelos proprietários (dinheiro aplicado), reserva de
em determinado período. Esses registros dos fatos contábeis são lucros, etc.
aqueles que constam no livro diário da empresa.
Essa demonstração informa toda a situação patrimonial, ou
seja, os bens, direitos e obrigações de uma empresa. Além disso,
é possível identificar todos os investimentos e suas fontes de re-
cursos.
Por esses motivos e outros que ele, junto com uma Demonstra-
ção de Resultado do Exercício é uma excelente fonte de informação
para o planejamento e ação nas empresas.
No Balanço, o Patrimônio se encontra em equilíbrio, equilibra
os bens e direitos com as obrigações e as participações dos acio-
nistas. Desta forma, ele é a igualdade patrimonial. O BP mostra o
Patrimônio da entidade tanto quantitativa quanto qualitativamente
(apresenta cada item que faz parte do Patrimônio e quanto se tem Os valores são agrupados em contas para facilitar a análise e a
de cada um). sua ordem é determinada pela situação de liquidez. As mais líqui-
O termo “Balanço” origina-se do equilíbrio Ativo = Passivo + PL; das, ou seja, as que se transformam mais rapidamente em dinheiro
Aplicações = Origens; Bens + Direitos = Obrigações. Parte da ideia vem primeiro, na parte de cima do Balanço. Conforme elas fiquem
de uma balança de dois pratos, onde sempre há a igualdade de um menos liquidas, ou seja, mais difícil a sua transformação rápida em
lado com o outro (se não estiver em igualdade, significa que há er- dinheiro, vão ficando mais abaixo.
ros na contabilidade da entidade). O Balanço permite duas visões claras, sendo uma patrimonial e
O BP demonstra, de maneira organizada, quais são (aspecto outra de fontes e aplicação de recursos.
qualitativo) e quanto valem (aspecto quantitativo) os bens, direitos
e obrigações. Visão Patrimonial do Balanço Contábil
Em resumo, o Balanço Patrimonial é a demonstração contábil Nesta visão do Balanço é possível identificar os Bens, Direitos e
destinada a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, numa de- Obrigações da Empresa.
terminada data, a posição patrimonial e financeira da entidade. Bens no Balanço, são tudo o que se possa satisfazer alguma
necessidade da empresa, que tenha um valor e que possamos dizer
que a empresa tenha sua posse.

41
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Recomendamos para você:Dicas para sua empresa apurar o in- As partidas dobradas é o que garante o equilíbrio entre os Ati-
ventário sem erros vos e Passivos, já que para que ocorra o registro é necessário reali-
Um exemplo disso, são maquinas e equipamentos utilizados zar um débito e um crédito.
pela empresa na produção de produtos e serviços. Débito e Crédito, são uma daquelas palavras que tem um signi-
Agora, quando a empresa possui um Bem, porém ele não está ficado muito particular para a profissão, do tipo Superávit e Déficit
sobre o seu poder ele é um Direito. Vamos pensar sobre os recursos para os economistas.
depositados em um Banco. O dinheiro é um Bem da empresa, mas Nos registros contábeis, por exemplo, os débitos possuem sig-
ele não está sobre o seu poder. O fato do Banco estar com um Bem nificado de Destino, e os Créditos o significado de Origem. É por isso
da empresa o transforma em Direito. que um débito na conta bancos para um contador significa entrada
Isso ocorre por exemplo com o Contas a Receber. Você vendeu de dinheiro, e se você pensar em um débito na sua conta, provavel-
uma mercadoria com a condição de receber um dinheiro. O dinhei- mente ficará preocupado com uma saída.
ro é seu, porém o comprador da mercadoria ainda não entregou Todos esses registros realizados vão seguir os preceitos contá-
ele a você. beis e tem uma diferença básica muito importante para um fluxo de
Já as Obrigações vêm dos Bens que não são seus e estão so- caixa: o regime de competência.
bre o seu poder. Quando um funcionário trabalha para você com a Por seguir este regime, o Balanço consegue apurar o que real-
condição de pagamento mensal, aquele valor é do empregado, mas mente aconteceu na empresa em determinado período, ampliando
somente vai para ele no final do mês. o poder de análise.
Na visão patrimonial, todos os bens e direitos da empresa, es- Feito todos esses registros, eles de forma agregada formaram o
tão em equilíbrio com suas obrigações, sejam com terceiros, como Balanço Patrimonial e Contábil da Empresa.
governo, fornecedores e bancos (passivos), como com os sócios É por todas as questões técnicas acima descritas que esses do-
(patrimônio líquido). cumentos possuem competência exclusiva de um contador habilita-
do. Desconfie se um outro profissional te entregar um documento
Visão de Recursos em Investimento como este.
Para você, rentabilizar uma empresa é necessário investir re- Essa é uma parte importante deste texto, pois, resgatando lá
cursos, sejam máquinas ou equipamentos, sejam em estoques, cor- na introdução, esse é um tema bastante negligenciado por alguns
reto? empreendedores. E por isso é importante falar da obrigatoriedade
Pois bem, essa visão mais dinâmica você encontrará em um ba- dos registros contábeis.
lanço patrimonial. Os ativos nada mais são que investimentos que O registro contábil é obrigatório segundo as normas do CFC
você realiza na empresa a fim de obter lucro. (Conselho Federal de Contabilidade) e aplicado sobre qualquer tipo
Já os Passivos e o Patrimônio Líquido são as fontes de recursos de empresa. O Código Civil em seu artigo 1.179 também obriga as
para tais investimentos. Deste equilíbrio, entre as fontes e aplica- empresas a terem seus fatos registrados.
ções de recursos é que são maximizadas as rentabilidades. Isso inclui empresas optantes do Simples Nacional, como po-
Estrutura dos Ativos e Passivos deremos observar na Resolução 10/2007 do Comitê Gestor onde
Embora separados por contas, os agrupamentos em blocos de determinar em seu art. 3º – As ME e as EPP optantes pelo Simples
contas ajudam na análise e leitura do relatório. Nacional deverão adotar para os registros e controles das opera-
ções e prestações por elas realizadas.
Como já vimos anteriormente, só pra recapitular, os Ativos são Os únicos dispensados da escrituração contábil segundo a Le-
separados em; gislação é o MEI, mas ainda assim é recomendável.
- Ativos Circulantes: Estes são os direitos que a empresa possui
Por isso empresário, não deixe de enviar os documentos e re-
e que consegue realizar, ou seja, transformar em dinheiro em um
gistros de fatos ao seu contador, ele te agradecerá e poderá ela-
período inferior a um ano.
borar esses importantes registros. Para saber mais sobre os docu-
As principais contas do circulante são, Caixa, Bancos, Contas a
mentos necessários acesse: Documentos que eu tenho que enviar
Receber e Estoques.
mensalmente para o contador.
- Ativos não Circulantes: Já os ativos não circulantes compões
Já comentei sobre a obrigatoriedade da escrituração, mas você
de bens e direitos com realização acima de um ano. Nele estão os
direitos de mais longo prazo, no Realizável de Longo Prazo e os bens sabe o que pode acontecer se você não tiver um Balanço Contábil?
da empresa, como o Imobilizado e os Investimentos. Vamos a alguns itens:
O Passivo também é separado em lógica semelhante, em: 1- Impossibilidade de utilizar a informação para defesa de pro-
- Passivo Circulante: obrigações com vencimento de um prazo cessos tributários.
de até um ano, tais como: Fornecedores, Empréstimos e Impostos; O Balanço constitui importante prova em processos de discus-
- Passivo não Circulante: composto de obrigações com venci- são de causas tributárias. Sem ele sua defesa ficará frágil já que
mento superior a um ano, como Empréstimos de Longo Prazo; você está não compliance com a legislação.
- Patrimônio Líquido: Aonde estão os recursos diretamente in- 2- Impossibilidade de distribuir Lucro Isentos acima da Presunção.
vestidos pelos sócios e as Reservas de Capital realizadas. A legislação do Imposto de Renda determina que sem Demons-
trações Contábeis que evidenciem o lucro, os rendimentos isentos
Como o relatório contábil é elaborado se limitem a presunção que é de 8% do faturamento para empresas
O que antecede a elaboração do Balanço Patrimonial são os comerciais/industriais e de 32% para empresas de serviços.
registros dos fatos contábeis. Esses fatos, são todas as alterações e 3- Impossibilidade de analisar o desempenho da empresa con-
movimentações envolvendo os bens, direitos e obrigações da em- siderando a competência, visão que muitas vezes o Fluxo de Caixa
presa. não permitirá.
De posse dos documentos que comprovem os fatos que ocor- 4- Não possibilitará o requerimento de recuperação judicial da
reram, o contador realiza a escrituração destes no livro diário. O empresa, já que ele é imprescindível conforme a Lei 11.101/2005.
livro diário mantém todo o registro destes fatos ocorridos através – Terá problemas para levantar haveres dos sócios em uma
de lançamentos contábeis em partidas dobradas. possível saída da empresa.

42
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Quais são as análises possíveis através de Balanço Patrimonial

Estrutura das fontes de recursos


Uma das coisas mais importantes do Balanço é analisar as fontes e aplicações de recursos.
Para que você tenha rentabilidade é importante que suas fontes de recursos tenham um custo menor do que a rentabilidade trazida
pela aplicação do investimento.
Em exemplo prático, o que vale mais a pena, conseguir mais prazo com o fornecedor para comprar mercadorias ou pegar uma linha
de crédito onerosa no banco?
Estamos vendo acima, em exemplo prático de como o Balanço pode ajudar na análise da nossa empresa. Com certeza é melhor ter
mais prazo com o fornecedor se ele não custar mais por isso. Com isso podemos fazer o estoque, revender, receber e ter o lucro.
Esse lucro seria menor do que se tivéssemos que pagar um empréstimo no Banco.
Outra questão da análise de recursos é o prazo de maturação dos investimentos. Em exemplo para entender o que eu digo é, se você
vai comprar uma máquina que terá sua utilização por um bom tempo, não adianta se financiar no curto prazo. O melhor é conseguir uma
linha de crédito mais longa e poder pagar os empréstimos com o resultado do investimento.
Tudo isso é possível analisar olhando para o Balanço Contábil. Outro ponto gerencial importante é a análise do Capital de Giro, para
esse vou indicar um artigo mais completo em nosso site: Capital de Giro: O que é e como calcular?

Calculando os principais indicadores com o Balanço


Uma forma de analisar o Balanço é contar com indicadores que facilitem a visualização da situação econômica e financeiro da empresa.

Indicadores de Rentabilidade
- Retorno sobre os Ativos = Lucro Líquido /Ativo Total
- Giro de Ativos = Vendas /Ativo Total
- Retorno sobre o Patrimônio Líquido = Lucro Líquido /Patrimônio Líquido.

Indicadores de Liquidez
- Liquidez Corrente = Ativo Circulante / Passivo Circulante
- Liquidez Seca = (Ativos Circulantes – Estoques) / Passivos Circulantes
- Liquidez Geral = (Ativos Circulantes + Realizável a Longo Prazo) / (Passivo Circulantes + Exigível a Longo Prazo)
- Liquidez Imediata = Disponível /Passivos Circulantes

Indicadores de Endividamento
- Endividamento = Passivo Total /Ativo Total
- Grau de Endividamento = Passivo / Patrimônio Líquido

Classificação das Contas no BP


Todos as contas do Ativo encontram-se discriminadas no lado esquerdo do Balanço Patrimonial e são classificadas em ordem decres-
cente do grau de liquidez dos elementos patrimoniais que representam. Ou seja, de acordo com a rapidez com que podem ser convertidas
em dinheiro (ordem de liquidar as dívidas, de pagar os compromissos). Os itens de maior liquidez aparecem no começo do Ativo, já os de
menor liquidez aparecem em último lugar. Ex.: a conta Caixa é a de maior liquidez, encontrando-se no topo. Já a conta Máquinas e Equi-
pamentos tem uma liquidez menor, encontrando-se classificada mais abaixo, pois não possui o mesmo potencial que a conta Caixa para
ser convertida em dinheiro.

43
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
Todas as contas do Passivo encontram-se discriminadas no lado
direito do Balanço Patrimonial e são classificadas segundo a ordem
decrescente de exigibilidade. As contas são originadas de recursos
de terceiros e são classificadas de acordo com o seu vencimento,
isto é, aquelas contas que serão liquidadas mais rapidamente (curto
prazo) aparecem no topo da coluna do Passivo, e as que serão pagas
em um prazo maior (longo prazo) aparecem mais para o final.
Já no Patrimônio Líquido (PL) (que faz parte do Passivo), tam-
bém do lado direito do Balanço Patrimonial, as contas são origina-
das de recursos próprios, como investimentos feitos pelos proprie-
tários (dinheiro aplicado) para abertura da empresa, por reserva de
lucros, prejuízos ou lucros acumulados, etc. Quando o saldo do PL
aumenta, significa que a empresa ficou mais rica. Quando o saldo
do PL diminui, significa que ela ficou mais pobre.
IMPORTANTE.: É importante saber que os Lucros Acumulados
só podem existir em empresas de pequeno porte. Nas Sociedades
por Ações (SAs, Companhias, empresas de grande porte), deve ha-
ver distribuição de lucros, sendo a conta Lucros Acumulados uma
conta transitória usada para a transferência do lucro apurado do
exercício. De acordo com a Lei 11.638/07, torna-se obrigatória a
destinação total dos Lucros nas SAs e empresas de grande porte.
IMPORTANTE: Sociedades de Grande Porte são empresas que
apresentaram faturamento superior a 300 milhões de reais no exer-
cício imediatamente anterior ao que estamos encerrando. Adicio-
nalmente, são também consideradas de grande porte empresas
com ativos iguais ou superiores a 240 milhões de reais.
De acordo com o artigo 178 da Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades
por Ações), as contas são classificadas nos seguintes grupos, segun-
do os elementos do patrimônio que representam:
Fonte: https://capitalsocial.cnt.br/balanco-patrimonial/
https://www.socontabilidade.com.br/conteudo/BP

EXERCÍCIOS

1. (FCC/2017 – ARTESP - Especialista em Regulação de Trans-


porte I) No ciclo orçamentário do setor público,
(A) as metas fiscais são estabelecidas na Lei Orçamentária Anual
e cumpridas na execução da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
(B) o Plano Plurianual fixa o planejamento para o curto e médio
prazos.
(C) o Plano Plurianual considera as despesas de duração con-
tinuada.
(D) as metas fiscais são estabelecidas para os quatro anos se-
guintes, na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
(E) a Lei de Diretrizes Orçamentárias não se comunica com a Lei
Orçamentária Anual.

02. (VUNESP/2017 - Câmara de Mogi das Cruzes – SP - Procu-


rador Jurídico) Segundo a Constituição Federal do Brasil, no seu ca-
pítulo II – Das Finanças Públicas -, a lei complementar disporá sobre
(A) as finanças públicas.
(B) o plano plurianual.
O artigo 179 da Lei 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações) (C) as diretrizes orçamentárias.
fala sobre como as contas deverão ser classificadas. Porém, pode- (D) os orçamentos anuais.
mos classificá-las da seguinte forma para um melhor entendimento: (E) o orçamento fiscal referente aos Poderes da União.

3. ( UFMT/2017 – UFSBA – CONTADOR) É característica do Or-


çamento-Prograa:
(A) Elaboração empírica, com base no que foi gasto a priori nas
necessidades financeiras das unidades gestoras.
(B) As decisões orçamentárias são tomadas com base em ava-
liações e análises técnicas das alternativas possíveis.

44
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA
(C) Efetua um reexame crítico dos dispêndios de cada área go- (D) especiais, os quais não poderão ser utilizados no exercício
vernamental, acrescendo apenas uma projeção de inflação. seguinte.
(D) Criação de alternativas que facilitam a escala de prioridades (E) suplementares, os quais não poderão ser utilizados no exer-
a serem consideradas para o próximo exercício financeiro. cício seguinte.

4. (CS-UFG/2017 – IF-GO – ADMINISTRADOR) A Lei Orçamentária 9. (FGV/2018 – AL/RO CONSULTOR LEGISLATIVO) De acordo
Anual (LOA) compreende três tipos de orçamentos. Quais são eles? com a Lei da Responsabilidade Fiscal, para obtenção da receita cor-
(A) Orçamento base zero, orçamento programa e orçamento rente líquida deve-se deduzir alguns valores do somatório das re-
ajustado. ceitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agro-
(B) Orçamento tradicional, orçamento de desempenho e orça- pecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas
mento estático. também correntes.
(C) Orçamento fiscal, orçamento de investimentos e orçamento Entre os valores a serem deduzidos não estão
da seguridade social. (A) os valores transferidos a entidades filantrópicas, nos Mu-
(D) Orçamento flexível, controle matricial e orçamento contí- nicípios.
nuo. (B) as parcelas entregues aos municípios por determinação
constitucional, nos Estados.
5. (FGV/2018 – AL/RO – ANALISTA LEGISLATIVO) O conceito (C) os valores transferidos aos Estados e Municípios por deter-
de receita corrente líquida foi estabelecido com a intenção de se- minação legal, na União.
parar as receitas disponíveis de um Governo das vinculadas a uma (D) os valores transferidos aos Estados e Municípios por deter-
função. minação constitucional, na União.
Consonante à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), não serão (E) a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema
deduzidos do cálculo da receita corrente líquida de previdência e assistência social, na União, nos Estados e nos
(A) da União, os valores entregues aos Estados e Municípios Municípios.
por determinação constitucional ou legal.
(B) dos Estados, os valores entregues aos Municípios por deter- 10. (FCC/2018 – PREFEITURA DE MACAPA/AP – ADMINISTRA-
minação constitucional. DOR) A Lei de Responsabilidade Fiscal constitui um inegável marco
(C) dos Município, as contribuições dos servidores para o cus- para a gestão responsável das finanças públicas. Nesse diapasão,
teio do Sistema de Previdência e Assistência Social. entre outros controles, introduziu um tratamento bastante restrito
(D) do DF, os recursos transferidos pela União para organizar e para as operações de crédito, elencando, de um lado, as situações
manter o Poder Judiciário e a Defensoria Pública. equiparáveis a operações de crédito e, de outro, as operações ve-
(E) Nos territórios, recursos transferidos pela União para orga- dadas. De acordo com o referido diploma legal, constituem exem-
nizar o Ministério Público. plos de operações expressamente vedadas,
(A) compromisso financeiro assumido em razão de recebimen-
6. (FUNRIO/2018 – AL/RR – CONTADOR) Considera-se como to antecipado de valores provenientes da venda a termo de
uma Receita Corrente, a bens e serviços.
(A) operação de Crédito. (B) recebimento de dividendos acima do mínimo legal de em-
(B) alienação de Bens. presa da qual o ente detenha o controle acionário.
(C) amortização de Empréstimo. (C) captação de recursos a título de antecipação de receita tri-
(D) contribuição de melhoria. butária com fato gerador já realizado.
(D) operação de crédito por antecipação de receita orçamen-
7. (FGV/2018 – AL/RO – CONSULTOR LEGISLATIVO) Assinale a tária destinada à insuficiência de caixa e liquidada no mesmo
opção que indica a denominação que recebem as dotações para ma- exercício financeiro.
nutenção de serviços criados anteriormente, inclusive as destinadas a (E) assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com
atender obras de conservação e adaptação de bens imóveis. fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.
(A) Operações de crédito.
(B) Investimentos.
(C) Inversões Financeiras.
(D) Despesas de capital. GABARITO
(E) Despesas de custeio.

8. (FGV/2018 – PREFEITURA DE NITEROI/RJ) Em meio a uma 1 C


obra pública, o prefeito de um município percebe que determinado
procedimento terá um custo maior do que o previsto e solicita ao 2 A
legislativo municipal, com sucesso, a abertura de créditos adicio- 3 B
nais.
4 C
Considerando que o decreto de abertura desses créditos foi
feito em novembro e constará na própria Lei Orçamentária Anual 5 D
(LOA), é correto afirmar que a modalidade será a de créditos 6 D
(A) especiais, os quais poderão ser utilizados no exercício se-
guinte. 7 E
(B) suplementares, os quais poderão ser utilizados no exercício 8 E
seguinte. 9 A
(C) extraordinários, os quais poderão ser utilizados no exercício
seguinte. 10 E

45
NOÇÕES DE CONTABILIDADE PÚBLICA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

_____________________________________________________ _____________________________________________________

_____________________________________________________ _____________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

46

Você também pode gostar